Você está na página 1de 10

ARTIGO ARTICLE 2695

Vulnerabilidade social e risco ambiental:


uma abordagem metodológica para
avaliação de injustiça ambiental

Social vulnerability and environmental risk:


a methodological approach for evaluating
environmental injustice

Ruy Cartier 1
Christovam Barcellos 1
Cristiane Hübner 2
Marcelo Firpo Porto 3

Abstract Introdução

1 Instituto de Comunicação The aim of this article was to evaluate socio- Nas últimas décadas, percebemos uma cres-
e Informação Científica
e Tecnológica em Saúde,
environmental vulnerability by selecting and cente preocupação de inúmeros pesquisadores
Fundação Oswaldo Cruz, analyzing socioeconomic, demographic, and com relação às injustiças ambientais, principal-
Rio de Janeiro, Brasil. infrastructural indicators around the Fazenda mente no que se refere à distribuição dos riscos
2 Programa de Pós-graduação

em Urbanismo, Universidade Botafogo Industrial Park in the city of Rio de ambientais frente às populações de baixa renda
Federal do Rio de Janeiro, Janeiro, Brazil, taking this work as a case study. e grupos étnicos 1,2,3,4,5,6,7. Mais especificamen-
Rio de Janeiro, Brasil.
3 Escola Nacional de Saúde
The study aimed to determine whether there is a te essas pesquisas avaliam se certos segmentos
Pública Sergio Arouca, correlation between socially vulnerable groups populacionais sofrem um dano desproporcional
Fundação Oswaldo Cruz, and environmental risk, thus shaping a situation dos riscos ambientais. A recente atenção sobre
Rio de Janeiro, Brasil.
of environmental injustice. The study features a a questão tem sua origem nos estudos da U.S.
Correspondência quantitative and spatial analysis based on the General Accounting Office 8 e da United Church
R. Cartier use of a geographic information system (GIS). The of Christ’s Commission for Racial Justice 9. Esses
Laboratório de Informação
em Saúde, Instituto de
analyses show a strong correlation between social estudos forneceram evidências de que havia uma
Comunicação e Informação vulnerability and environmental risk, based on discriminação baseada na raça ou etnia, mos-
Científica e Tecnológica em residents’ proximity to factories in the target area. trando que a distribuição espacial dos depósitos
Saúde, Fundação Oswaldo
Cruz.
The indicators show that the populations with de resíduos químicos perigosos, bem como a lo-
Av. Brasil 4365, the worst socioeconomic conditions tend to live calização de indústrias poluentes, não se fazia de
Rio de Janeiro, RJ closest to the industrial sources of environmen- modo aleatório: ao contrário, se sobrepunham
21045-900, Brasil.
ruycartier@gmail.com
tal risks. Inversely, the population groups with e acompanhavam a distribuição territorial das
the best socioeconomic conditions tend to live the etnias pobres nos Estados Unidos.
farthest from such sources. No Brasil, nos últimos anos, movimentos
sociais e acadêmicos passaram a se dedicar às
Environment Risks; Social Vulnerability; Geograph- questões ligadas à justiça ambiental, o que re-
ic Information Systems sultou, em 2001, na criação da Rede Brasileira de
Justiça Ambiental (RBJA) 10. A partir desse mo-
mento, surgiu a necessidade de ampliação do es-
copo do conceito de injustiça ambiental, de mo-
do a ultrapassar meramente as questões raciais e
de localização de riscos provenientes de origem
química presentes no debate norte-americano.

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 25(12):2695-2704, dez, 2009


2696 Cartier R et al.

Desse modo, a RBJA passou a conceituar in- da populacional mais pobre não tem opção de
justiça ambiental como: “o mecanismo pelo qual saída destes espaços, fortalecendo o laço entre
sociedades desiguais, do ponto de vista econômico vulnerabilidade social e vulnerabilidade ambien-
e social, destinam a maior carga dos danos am- tal. Além da financeira, discriminações étnicas
bientais do desenvolvimento às populações de podem influenciar a concentração e segregação
baixa renda, aos grupos sociais discriminados, aos de determinados grupos populacionais em áreas
povos étnicos tradicionais, aos bairros operários, de maior degradação e risco ambiental 2.
às populações marginalizadas e vulneráveis” 11 O mesmo poder de atração que os terrenos
(p. 14). de baixo valor exercem nas camadas populacio-
Em metrópoles brasileiras como São Paulo, nais mais pobres também influencia na alocação
Rio de Janeiro e Belo Horizonte (Minas Gerais) de investimentos industriais. As indústrias por
as parcelas mais pobres da população tendem necessitarem de terrenos extensos e baratos vão
a viver próximas a lixões, aterros sanitários, áre- criar uma estreita relação com as classes eco-
as inundáveis, plantas industriais, entre outros, nomicamente fragilizadas. Ao mesmo tempo, a
constituindo um quadro de injustiça ambiental. necessidade de mão-de-obra de baixo custo pe-
Contudo, até o momento poucos estudos têm las indústrias, aliada à necessidade de emprego
sido desenvolvidos visando a comprovar empiri- destas massas populacionais, cria um ambiente
camente essa distribuição. Os danos decorrentes propício à perpetuação desta lógica.
das atividades industriais são a base para os es- Segundo Préteceille 15, as análises sobre tais
tudos norte-americanos sobre injustiça ambien- processos devem identificar as diferentes realida-
tal. No entanto, as particularidades da estrutura des locais. Para o autor, as novas tecnologias são
sócio-espacial brasileira tornam necessária a um aliado forte para a implementação de aná-
ampliação do escopo das investigações, que de- lises empíricas para evidenciar tais realidades.
vem incluir a falta de infra-estrutura e de serviços Entre as novas tecnologias adotadas destaca-se
urbanos adequados 12. o uso de sistemas de informações geográficas
A vulnerabilidade socioambiental pode ser (SIG). No entanto, Préteceille nos aponta para a
conceituada como uma coexistência ou sobre- dificuldade de acesso a dados estatísticos neces-
posição espacial entre grupos populacionais po- sários aos diferentes tipos de estudo, o que gera
bres, discriminados e com alta privação (vulnera- um obstáculo na ampliação dessas tecnologias.
bilidade social), que vivem ou circulam em áreas A solução apontada para esse impasse se dá no
de risco ou de degradação ambiental (vulnerabi- recorte espacial a ser escolhido em uma análise,
lidade ambiental). Bullard 3, denomina essas re- que deve coadunar com a escala corresponden-
giões onde as populações pobres e discriminadas te à prática social da qual se quer privilegiar a
são forçadas a viver como “zonas de sacrifício”. análise.
Normalmente, o conceito de vulnerabilidade so- Como enfatizaram Harner et al. 16, os pesqui-
cial no campo ambiental ou dos desastres está sadores há décadas vêm se empenhando na ten-
associado a uma exposição diferenciada frente tativa de mensuração das injustiças ambientais
aos riscos, e designa a maior susceptibilidade de em outros países. Tais pesquisas têm utilizado di-
certos grupos populacionais preverem, enfrenta- versas unidades de análises geográficas, tipos de
rem ou sofrerem as conseqüências decorrentes testes estatísticos e indicadores. As variáveis co-
de algum tipo particular de perigo 12,13. mumente usadas para a mensuração de injusti-
A incorporação da temática da vulnerabili- ças ambientais incluem, entre outras: a média da
dade contribui para tornar visíveis as dificulda- renda familiar 17; a população de não-brancos 18;
des adicionais que certas regiões, sociedades e o percentual da população de não-brancos 18,19;
populações têm em relação aos problemas am- o percentual da população abaixo do nível de po-
bientais 13,14, e ao mesmo tempo colabora para breza 19,20,21; a população de afro-americanos e
o esclarecimento de que certos problemas de hispânicos 21; a renda doméstica média e o per-
ordem sócio-ambiental são decorrentes do atu- centual de negros 19. A EPA (Environmental Pro-
al modelo de desenvolvimento econômico, dos tection Agency, dos Estados Unidos), por exem-
processos de deslocalização e desregulamenta- plo, desenvolveu um índice em que as diferentes
ção, que intensificam as relações entre grupos categorias para os graus de exposição (baseados
vulneráveis e áreas de risco ambiental. na densidade populacional) foram multiplicados
A escolha de moradia frente aos riscos am- pelo grau de vulnerabilidade (com base na mino-
bientais geralmente está relacionada com a ca- ria e no ranking econômico) 23.
pacidade financeira dos grupos sociais. Se por As unidades de análise utilizadas em pes-
um lado os grupos economicamente mais abas- quisas anteriores incluem os condados (muni-
tados podem abandonar áreas cujo ambiente cípios) 24,25, países 20, zonas de postagem (CEP
oferece algum tipo de risco, por outro a cama- ou zip codes) 9, setores censitários (census tracts)

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 25(12):2695-2704, dez, 2009


ABORDAGEM METODOLÓGICA PARA AVALIAÇÃO DE INJUSTIÇA AMBIENTAL 2697

17,24,26 e grupos destes setores (census block Área de estudo


groups) 19,21,24.
Nos Estados Unidos, existe um consenso aca- Oliveira 30, entende por DI uma área industrial
dêmico e governamental de que uma unidade planejada, estreitamente vinculada a um núcleo
espacial apropriada depende do objetivo da pes- urbano e dotada de infra-estrutura física e de ser-
quisa e da escala na qual os dados são disponi- viços de apoio necessários para a indução de um
bilizados, uma vez que as questões de injustiça processo de desenvolvimento. Segundo o mes-
ambiental, nesse país, são questões locais foca- mo autor, os distritos industriais proliferaram em
das na menor unidade de área possível capaz de diferentes países, por iniciativa governamental, a
ser isolada para o estudo 27. partir da década de 1950, com o objetivo de es-
De acordo com Zandberg e Chakraborty 28, timular o desenvolvimento industrial em novas
uma alternativa de aproximação para especifi- áreas. Os DIs, dentre eles o da Fazenda Botafogo,
car o limite de uma região impactada consiste foram criados no final dos anos 60 pelo Estado
na construção de uma área de influência con- do Rio de Janeiro, por meio da Companhia de
cêntrica (concentric ring buffer) para a fonte de Distritos Industriais (CODIN). A tendência mun-
poluição potencial. dial de incentivar o desenvolvimento industrial
Muitos estudos têm usado tais buffers ao re- pela concentração de empresas dentro de áreas
dor da fonte a ser analisada para estimar áreas e delimitadas no entorno das cidades foi o fator
populações em risco 19,21,29. Embora um buffer preponderante na escolha de tais projetos. A
circular forneça uma delineação mais realista da constituição de DIs apresenta como vantagens
área de exposição potencial de poluição, existem para as empresas os incentivos governamentais
duas limitações associadas com esta aplicação oferecidos e o rateio dos custos de infra-estrutu-
na análise de exposição ambiental: (a) o raio do ra, tais como serviço bancário, de comunicação,
buffer circular é escolhido arbitrariamente (por energia e parqueamento 31.
exemplo, como 1.000 jardas, 1 milha, 1 quilôme- A localização do DI Fazenda Botafogo (Figu-
tro etc.); e (b) a dimensão das áreas de influência ra 1) seguiu uma estratégia que buscava aliar a
pode variar com a natureza e porte da fonte de proximidade de grandes redes viárias com áreas
risco. capazes de fornecer mão-de-obra para as indús-
No Brasil, os estudos que buscam utilizar trias que lá se instalavam. Um dos objetivos da
abordagens metodológicas quantitativas ainda CODIN ao implementar o distrito industrial nes-
são escassos. Assim, este trabalho busca avaliar sa localidade era melhorar o perfil social da re-
as condições e a configuração socioeconômica, gião 32. Se considerarmos que, segundo Abreu 33,
demográfica e ambiental no entorno do Distrito a área já era ocupada por uma população de
Industrial (DI) Fazenda Botafogo, no Município baixa renda, podemos ter como resultado o que
do Rio de Janeiro. Procura-se articular o objeto Gould 34 denomina “comunidades de desespero
teórico-conceitual de vulnerabilidade socioam- econômico”. Segundo esse conceito, as comuni-
biental e justiça ambiental com uma abordagem dades pobres e operárias estão estruturalmente
metodológica por meio do uso de um SIG que coagidas a aceitar qualquer iniciativa de desen-
possa ser utilizado para a avaliação das possí- volvimento econômico que prometa um aumen-
veis disparidades sócio-econômicas em áreas de to no emprego local.
risco. No ano de 2004, havia 33 indústrias instaladas
Adaptaremos a metodologia proposta, entre na área do DI Fazenda Botafogo. Essas empresas
outros autores, por Mohai e Bryant 26, que ela- atuam em diversos setores industriais, como:
boraram estudos para verificar a correlação en- química, metalurgia, vidro, máquinas e equipa-
tre raça e renda com risco ambiental. Para isso, mentos, plástico, material de limpeza etc. 32. O DI
os autores usaram uma abordagem pautada na Fazenda Botafogo localiza-se entre os bairros de
criação de diferentes áreas de influência concên- Acari, Coelho Neto e Fazenda Botafogo, na zona
tricas (ring buffers) para analisar a composição norte da Cidade do Rio de Janeiro. Historicamen-
étnica e o nível de renda no entorno de áreas de te, tais bairros ocupavam a função de engenho de
risco em Detroit e Chicago (Estados Unidos). A açúcar e a partir da década de 50, impulsionados
distância entre os habitantes e o distrito indus- com a construção da Avenida Brasil, passaram a
trial é utilizada como proxy para risco ambiental. pertencer ao subúrbio da cidade, abrigando mo-
Ressaltamos que a proposta é uma aborda- radias de baixa renda 33. Atualmente, o bairro de
gem que possa ser usada para quantificar desi- Acari apresenta um dos maiores índices de po-
gualdades sócio-ambientais, tendo consciência breza do município 36.
de que os processos que geram as vulnerabili- No entorno do DI referido neste trabalho já se
dades e injustiças possuem natureza de ordem verificou diversos conflitos ambientais envolven-
política, econômica e cultural. do populações locais e algumas indústrias aloca-

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 25(12):2695-2704, dez, 2009


2698 Cartier R et al.

Figura 1

Localização do Distrito Industrial Fazenda Botafogo com relação ao Município do Rio de Janeiro.

São João de Meriti

Nilópolis

Distrito Industrial
Fazenda Botafogo

0 2,5 5

km

O L Rio de Janeiro

Legenda: Distrito Industrial Fazenda Botafogo em cinza e as cinco áreas de influência concêntricas (concetric ring buffers) em
linhas tracejadas.

das no mesmo 36. As denúncias revelavam danos De acordo com a Lei nº. 466 38, de 21 de outu-
referentes ao lançamento indevido de resíduos bro de 1981, os distritos industriais têm a obriga-
tóxicos em áreas abandonadas do seu entorno, toriedade, por suas características, de estarem lo-
bem como nos corpos hídricos da região. O rio calizados em uma Zona Estritamente Industrial
Acari, que corta o do distrito industrial, apresen- (ZEI). Segundo a lei: “I – Zonas de Uso Estrita-
ta altos níveis de contaminação, principalmente mente Industrial – ZEI: destinadas à localização
por esgotos domésticos e pelos dejetos indus- de estabelecimentos industriais cujos resíduos
triais despejados das fábricas do DI 37. sólidos, líquidos e gasosos, ruídos, vibrações,

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 25(12):2695-2704, dez, 2009


ABORDAGEM METODOLÓGICA PARA AVALIAÇÃO DE INJUSTIÇA AMBIENTAL 2699

emanações e radiações que possam causar pe- obtidos neste estudo. Outro fator preponderante
rigo à saúde, ao bem-estar e à segurança das po- na escolha do DI foi o fato de o mesmo se encon-
pulações mesmo depois da aplicação de métodos trar distante dos demais distritos, não havendo
adequados de controle de tratamento de efluentes, assim interferência entre DI na análise realizada.
nos termos da legislação vigente” (grifo nosso). Para este trabalho foram consideradas as
A caracterização do DI Fazenda Botafogo co- seguintes variáveis (obtidas nos dados censi-
mo uma ZEI revela as contradições e conflitos do tários do ano de 2000 do Instituto Brasileiro de
processo de planejamento urbano no contexto Geografia e Estatística – IBGE; http://www.ibge.
metropolitano brasileiro: implantam-se fábricas gov.br): proporção de população residente em
perigosas em áreas já povoadas, e posteriormen- favelas (setores subnormais), percentual dos
te intensifica-se, por meio de políticas públicas domicílios com esgotamento inadequado, per-
oficiais, o processo de ocupação para fins de mo- centual dos domicílios com coleta de lixo inade-
radia na região. quada, percentual dos domicílios sem rede geral
de abastecimento de água, renda média mensal
dos responsáveis pelos domicílios, percentual
Metodologia dos responsáveis pelos domicílios particulares
permanente com renda de 0 a 2 salários míni-
Como as injustiças ambientais são mediadas por mos, percentual dos responsáveis pelos domi-
processos de segregação espacial e concentração cílios com renda mensal maior que 20 salários
de populações pobres no entorno de fontes po- mínimos e percentual dos responsáveis pelos do-
tenciais de risco, torna-se necessário adotar al- micílios particulares permanentes com terceiro
guns instrumentos que permitam a análise de di- grau completo e nível de escolaridade (anos de
ferenciais sócio-econômicos no espaço urbano. estudo).
Este estudo foi realizado com a criação de As análises espaciais e a gerência dos da-
cinco áreas concêntricas ao DI Fazenda Botafogo dos obtidos foram realizadas com o programa
(Figura 1), distando 1km entre si até o limite de MapInfo (MapInfo Corp., New York, Estados Uni-
5km. A definição do tamanho e limite das áreas dos), assim como os coeficientes de correlação
concêntricas utilizadas é controversa e ampla na de Pearson (r) entre as variáveis estudadas e a
literatura 39. A escolha de raios de 1km permitiu variável discreta referente à distância (km) dos
a criação de áreas com populações acima de 30 buffers em relação ao DI foram obtidas usando-
mil habitantes, o que garante maior estabilidade se o programa estatístico SPSS (SPSS Inc., Chica-
estatística aos indicadores calculados. Por outro go, Estados Unidos).
lado, foi adotado o limite de 5km em torno do
DI, considerando que esta distância permite a
identificação de um gradiente dos indicadores Resultados
socioambientais e a verificação da correlação
entre estes indicadores e a proximidade da área De acordo com Tabela 1, os 5km circuncêntri-
de estudo. Cabe ressaltar que os setores que não cos ao DI Fazenda Botafogo, contidos apenas no
estão completamente contidos nas áreas de in- Município do Rio de Janeiro, possuem um total
fluência (buffers) foram distribuídos pelas áreas de 232.522 domicílios particulares. Como cada
proporcionalmente à superfície do setor coberta domicílio particular permanente possui um res-
por cada área. Esse critério estima a população ponsável, conseqüentemente os números de do-
contida em cada área supondo sua distribuição micílios são os mesmos que os de responsáveis
uniforme no setor. Foi avaliada a diferença en- pelos domicílios próprios permanentes. A popu-
tre estimativas de população segundo critérios lação total estimada foi de 785.455 habitantes.
(setores totalmente contidos nas áreas e setores Podemos verificar que, no que tange às infra-
parcialmente contidos nas áreas), chegando-se a estruturas urbanas, os dados revelam que existe
um erro estimado de 2%. efetivamente uma relação intrínseca entre a pre-
A escolha do local de estudo baseou-se na cariedade de serviços, a infra-estrutura e a proxi-
análise prévia dos cinco DIs do Município do Rio midade ao DI.
de Janeiro (Santa Cruz, Campo Grande, Paciên- O percentual de domicílios com esgotamento
cia, Palmares e Fazenda Botafogo). O DI Fazenda inadequado é mais elevado nos dois primeiros
Botafogo foi escolhido por estar instalado em área buffers (1km e 2km), revelando, respectivamente,
altamente urbanizada, o que não ocorre com os valores de 25,18% e 27,51%, contra 20,72% para o
outros distritos, muitas vezes com características terceiro buffer (3km), 20,42% para o quarto (4km)
rurais. Os setores censitários nas áreas adjacen- e 15,44% para o quinto (5km).
tes ao DI Fazenda Botafogo possuem dimensões Analisando os serviços de coleta de lixo ina-
semelhantes, o que reduz a distorção dos dados dequados, verifica-se que os maiores percentuais

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 25(12):2695-2704, dez, 2009


2700 Cartier R et al.

Tabela1

Valores dos indicadores utilizados referentes aos cinco buffers.

Indicadores Buffer (km)

1 2 3 4 5

População total 37.970 124.694 194.825 202.141 225.825

Domicílios particulares permanentes 11.178 35.618 57.838 60.057 67.831

Responsável pelo domicílio 11.178 35.618 57.838 60.057 67.831

Domicílios com esgotamento inadequado 2.814 (25,18%) 9.759 (27,51%) 11.982 (20,72%) 12.263 (20,42%) 10.774 (15,44%)

Domicílios com coleta de lixo inadequada 391 (3,5%) 810 (2,27%) 1.293 (2,24%) 717 (1,19%) 214 (0,31%)

Domicílios sem banheiro 150 (1,34%) 288 (0,81%) 400 (0,69%) 325 (0,54%) 358 (0,38%)
Domicílios sem rede geral de abastecimento 97 (0,87%) 517 (1,45%) 949 (1,64%) 1.543 (2,57%) 398 (0,59%)
de água
Média de anos de estudo do responsável pelo 6,64 6,31 7,32 7,76 7,86
domicílio
Responsável pelo domicílio analfabeto 757 (6,77%) 2.752 (7,73%) 2.735 (4,73%) 2.262 (3,77%) 2.411 (3,55%)
Responsável pelo domicílio com o terceiro grau 623 (5,58%) 1.871 (5,25%) 5.319 (9,2%) 7.531 (12,54%) 8.828 (13,02%)
completo
Renda média mensal do responsável pelo 3,61 3,26 4,39 5,3 5,53
domicílio (salários mínimos)
Responsável pelo domicílio com renda mensal 4.130 (36,95%) 15.097 (42,39%) 18.221 (31,15%) 16.367 (27,25%) 17.966 (26,49%)
de 0 a 2 salários mínimos
Responsável pelo domicílio com renda mensal 56 (0,5%) 173 (0,49%) 673 (1,16%) 1.258 (2,09%) 1.732 (2,55%)
maior que 20 salários mínimos
População residente em favelas 15.244 (40,15%) 52.742 (42,3%) 34.316 (17,61%) 20.648 (10,21%) 21.221 (9,41%)

foram encontrados nos dois primeiros buffers, 1,45%, do terceiro com 1,64%, e do quarto bu-
com valores respectivamente de 3,5% e 2,27%. ffer com 2,57% dos domicílios sem rede geral de
No terceiro buffer foi obtido o valor intermediá- abastecimento de água.
rio de 2,24%. Os menores valores registrados, ou O grau de escolaridade dos responsáveis pe-
seja, melhores qualidades no serviço de coleta de los domicílios em torno do DI Fazenda Botafogo
lixo, foram encontrados nas áreas mais distantes é analisado neste estudo, pois permite verificar
do DI e referem-se ao quarto buffer, com 1,19%, se o alto grau de instrução está relacionado com
e ao quinto, com 0,31%. a escolha do local de moradia. Quanto ao núme-
Outra variável fortemente ligada à precarie- ro médio de anos de estudo dos responsáveis
dade de condições de vida e saneamento bási- pelo domicílio, observa-se que quanto maior a
co foi o percentual de domicílios sem banheiro. distância em relação ao DI maior é o número
Novamente temos nos dois primeiros buffers os de anos de estudo do responsável. Os maiores
maiores valores, respectivamente, 1,34% e 0,81%, valores obtidos encontram-se no quinto buffer
contra os menores valores de 0,54% e 0,38% no com 7,86 anos de estudo, diminuindo para 7,76
penúltimo e último buffers, respectivamente. O anos quando observamos o quarto buffer. O valor
terceiro buffer registrou o valor intermediário de intermediário de 7,32 anos de estudo foi encon-
0,69%. trado no terceiro buffer. Os menores valores ob-
O percentual de domicílios sem rede geral de servados encontram-se no segundo buffer, 6,31
abastecimento de água revelou uma tendência anos de estudo; seguido de 6,64 anos referentes
de crescimento quando aumentamos a distân- ao primeiro buffer. Apesar de a variável referente
cia relativa ao DI Fazenda Botafogo até ao quarto aos anos de estudo já apontar dados relevantes
buffer. Tal observação, apesar dos valores rela- entre uma redução do nível de escolaridade e a
tivamente baixos, nos indica que, excetuando o proximidade do DI, torna-se importante uma es-
quinto buffer (menor valor observado: 0,59%), as tratificação para observar o comportamento de
melhores condições de abastecimento de água duas camadas populacionais extremas.
podem ser verificadas no primeiro buffer, apenas A variação do percentual de responsáveis pe-
0,87% dos domicílios, seguido do segundo com los domicílios com o terceiro grau completo indi-

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 25(12):2695-2704, dez, 2009


ABORDAGEM METODOLÓGICA PARA AVALIAÇÃO DE INJUSTIÇA AMBIENTAL 2701

ca uma correlação entre o aumento da distância do, respectivamente, 40,15% e 42,3%. O tercei-
do DI. Os maiores percentuais de responsáveis ro buffer apresentou-se como intermediário no
com o terceiro grau completo encontram-se nas que diz respeito ao percentual da população
áreas mais afastadas. O maior percentual obti- residente em favelas apresentando um valor de
do está relacionado com o quinto buffer, no qual 17,61, bastante inferior quando comparado aos
13,02% têm o terceiro grau completo. O segundo dois primeiros buffers. O quarto buffer seguiu a
maior percentual encontra-se no quarto buffer, tendência de queda revelando um percentual
com 12,54%. Os dois primeiros buffers são carac- de 10,21%. O quinto apresentou o menor valor
terizados pelos menores valores percentuais, os percentual de populações residentes em favelas,
quais são: 5,25% para o segundo, e 5,58% para o 9,41%.
primeiro. O valor intermediário ficou com o ter- Na Tabela 2 são verificados os coeficientes de
ceiro buffer, 9,2%. correlação entre os indicadores utilizados e a dis-
Quando observamos a distribuição de renda tância dos buffers em relação ao DI.
nos diferentes buffers, podemos observar que a De acordo com os resultados, os dois primei-
renda média mensal dos responsáveis apresenta ros buffers, mais próximos do distrito, apresenta-
uma correlação positiva com o distanciamento ram as piores condições de saneamento básico,
do DI Fazenda Botafogo. O segundo buffer carac- nível de renda e escolaridade, além dos maiores
terizou-se por apresentar a menor renda média percentuais de população residente em favelas.
mensal (3,26 salários mínimos), e o quinto buffer Os dois buffers mais distantes da área analisada,
apresentou a maior renda média mensal (5,33 referentes às distâncias de 4km e 5km, apresen-
salários mínimos), o que representou uma renda taram melhores condições de vida, baseadas nos
65% maior que a do segundo buffer. O primeiro, indicadores aqui utilizados; o terceiro buffer (de
terceiro e quarto buffers apresentaram, respecti- 3km) se apresentou como área de características
vamente, as rendas médias mensais de 3,61, 4,39 intermediárias entre as duas melhores áreas e as
e 5,30 salários mínimos. duas piores, segundo os dados analisados.
Analisando o percentual dos responsáveis De igual modo, todos os indicadores apre-
pelos domicílios com renda de 0 a 2 salários mí- sentaram coeficiente de correlação estatistica-
nimos podemos perceber que o maior percentu- mente significativo (p < 0,05), com exceção do
al se encontra no segundo buffer, com 42,39%. percentual dos domicílios com rede geral de
O segundo maior valor observado (36,95%) está abastecimento de água e do percentual dos res-
relacionado com o primeiro buffer. A partir do se- ponsáveis pelos domicílios com renda de 0 a 2
gundo buffer temos os seguintes valores decres- salários mínimos, que não apresentaram corre-
centes, respectivamente relacionados ao terceiro, lação significativa com a distância no nível de
quarto e quinto buffers: 31,5%, 27,25% e 26,49%. significância de 0,05.
De algum modo há uma tendência de uma maior
concentração, em termos percentuais, de popu-
lações com renda de 0 a 2 salários mínimos nos Discussão
buffers mais próximos do DI Fazenda Botafogo.
A variável relacionada com o grupo popula- Com base na análise dos resultados deste traba-
cional de maior capacidade financeira, consi- lho podemos concluir que há uma forte correla-
derada aqui como o percentual de responsáveis ção entre os indicadores selecionados e a proxi-
pelos domicílios com rendimento maior que 20 midade do DI. Verificamos que, no que tange às
salários mínimos mensais, apresentou correla- infra-estruturas urbanas, os dados revelam que
ção estatisticamente significativa com a distân- existe efetivamente uma relação entre a preca-
cia em relação ao DI. O menor valor observado riedade dos serviços, a infra-estrutura e a proxi-
foi de 0,49%, referente ao segundo buffer, segui- midade ao DI.
do por um valor bastante próximo (0,5%) corres- Os dados mostram que as populações com
pondente ao primeiro. O valor intermediário de menores níveis de instrução tendem a estar loca-
1,16% caracteriza o terceiro buffer, bem como os lizadas nas áreas mais próximas ao risco. De mo-
valores de 2,09% e 2,55% referem-se, respectiva- do inverso, temos as populações com os níveis de
mente, ao quarto e ao quinto buffers. instrução mais elevados se alocando prioritaria-
Torna-se igualmente interessante verificar mente em áreas com menor risco ambiental.
se há ou não uma maior concentração de po- Analisando a capacidade financeira dos res-
pulação residente em setores censitários deno- ponsáveis pelos domicílios observamos uma
minados pelo IBGE de “subnormais” (favelas) tendência similar ao que acontece com o nível
no entorno do DI. Pode-se observar que os dois de instrução escolar. A capacidade financeira dos
primeiros buffers apresentam um percentual da responsáveis pelos domicílios esteve fortemente
população residente em favelas bastante eleva- correlacionada com a distância em relação ao DI.

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 25(12):2695-2704, dez, 2009


2702 Cartier R et al.

Tabela 2

Coeficientes de correlação entre os indicadores utilizados e a distância dos buffers em relação ao Distrito Industrial.

Indicadores utilizados Coeficiente de correlação (r) Valor de p

Domicílios com esgotamento inadequado (%) -0,898 0,038


Domicílios com coleta de lixo inadequada (%) -0,976 0,005
Domicílios sem banheiro (%) -0,946 0,015
Domicílios sem rede geral de abastecimento de água (%) 0,115 0,854
Média de anos de estudo do responsável pelo domicílio 0,900 0,037
Responsáveis pelo domicílio com o terceiro grau completo (%) 0,950 0,013
Renda média mensal dos responsáveis pelos domicílios 0,929 0,023
Responsáveis pelos domicílios com renda de 0 a 2 salários mínimos (%) -0,847 0,07
Responsáveis pelos domicílios com renda acima de 20 salários mínimos (%) 0,965 0,008
População residente em favelas (%) -0,918 0,028

Melhores condições de renda estiveram relacio- nerabilidade socioambiental da área de estudo,


nadas às áreas mais afastadas. bem como tornou possível uma integração entre
Entendemos que os indicadores analisados os dados provenientes dos setores censitários e a
neste estudo apresentam correlações entre si. distância referente ao DI.
No entanto, priorizamos aqui a apresentação É importante ressaltar que as variáveis aqui
das correlações observadas apenas com relação inseridas normalmente não estão presentes nos
à distância da área de estudo, uma vez que isto debates norte-americanos, os quais prioritaria-
possibilita verificar o processo de segregação es- mente dão enfoque às relações entre a distribui-
pacial com maior especificidade. ção dos riscos e danos provenientes de atividades
O conjunto dos achados deste estudo pode antropogênicas poluentes e a espacialização de
revelar um padrão similar em outras realidades minorias étnicas e populações de baixa renda. A
no Brasil. Tal padrão se refere a uma lógica de ur- inserção de outras variáveis, além de raça e nível
banização envolvendo a demarcação de distritos de renda, é capaz de trazer à tona elementos adi-
ou zonas industriais, que idealmente deveriam cionais característicos das realidades locais do
estar distantes de áreas de moradia. Diversos fa- espaço urbano brasileiro, como falta de serviços,
tores nesses locais – infra-estrutura de transpor- infra-estrutura urbana e nível de escolaridade.
tes, possibilidades econômicas do mercado in- Tal inserção fortalece o movimento pela justiça
formal, existência de terrenos vazios para ocupa- ambiental, uma vez que amplia e territorializa as
ção, dentre outros – atraem as populações mais relações entre risco ambiental, vulnerabilidade,
pobres e sem condições de se candidatar a pro- direitos e cidadania.
gramas oficiais de moradia ou aluguéis formais. De todo modo, o debate teórico acerca da me-
Nesse caso, a implantação de um distrito ou pólo lhor metodologia para quantificar as disparidades
industrial, ou mesmo uma fábrica ou instalação socioambientais no território está longe de ser
isolada de alto risco, ao mesmo tempo em que encerrado. Enquanto não existe uma solução me-
produz diversas situações de risco – como desas- todológica definitiva, os esforços deste trabalho
tres, poluição atmosférica, contaminação hídrica devem ser considerados como uma aproximação
e dos solos –, propicia novas formas irregulares metodológica para estudos de desigualdade so-
de ocupação do solo por parte das populações cial e justiça ambiental. Sua principal contribui-
mais pobres e excluídas da sociedade. ção reside no fato de ampliar a discussão meto-
A metodologia utilizada, bem como os indi- dológica, bem como inseri-la no cenário nacio-
cadores escolhidos e o local de estudo, nos for- nal, contribuindo assim para o fortalecimento do
necem evidências da possibilidade de mensu- movimento pela justiça ambiental, fornecendo
ração das desigualdades sócio-espaciais frente dados palpáveis que possam ser utilizados como
aos riscos ambientais, sendo eficaz para avaliar suporte complementar para os argumentos te-
desigualdades sócio-ambientais e evidenciar óricos dissertados na literatura referente às de-
quadros de injustiças ambientais. A utilização de sigualdades ambientais, vulnerabilidades socio-
um SIG foi fundamental para a análise da vul- ambientais, e (in)justiças ambientais.

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 25(12):2695-2704, dez, 2009


ABORDAGEM METODOLÓGICA PARA AVALIAÇÃO DE INJUSTIÇA AMBIENTAL 2703

Resumo Colaboradores

O objetivo deste artigo é avaliar a vulnerabilidade R. Cartier elaborou o estudo e redigiu o artigo. C. Bar-
sócio-ambiental por meio da seleção e análise de in- cellos organizou os dados, participou das discussões
dicadores sócio-econômicos, demográficos e de infra- sobre os resultados e revisou o artigo. C. Hübner co-
estrutura no entorno do Distrito Industrial Fazenda laborou com a coleta e análise dos dados e revisou o
Botafogo, no Município do Rio de Janeiro, Brasil, uti- artigo. M. F. Porto participou da análise e discussão dos
lizado neste trabalho como estudo de caso. Buscou-se resultados e revisou o artigo.
verificar nesse espaço se existe alguma correlação en-
tre grupos socialmente vulneráveis e risco ambiental,
conformando um quadro de injustiça ambiental. O
estudo caracteriza-se por ser uma análise quantitati-
va e espacial pautado na utilização de um Sistema de
Informações Geográficas (SIG). As análises evidenciam
uma forte correlação entre vulnerabilidade social e
risco ambiental, tendo por referência a proximida-
de das indústrias na região escolhida. Os indicadores
mostram que, na região analisada, as populações com
as piores condições sócio-econômicas tendem a se lo-
calizar mais próximas às fontes industriais de riscos
ambientais. De modo inverso, também foi verificado
que os grupos populacionais com melhores condições
sócio-econômicas tendem a se localizar mais distantes
de tais espaços.

Riscos Ambientais; Vulnerabilidade Social, Sistemas de


Informação Geográfica

Referências

1. Bryant B. Environmental justice: issues, policies 8. U.S. General Accounting Office. Siting of hazard-
and solutions. Washington DC: Island Press; 1995. ous waste landfills and their correlations with ra-
2. Bullard RD. Environmental racism and land use. cial and economic status of surrounding commu-
Land Use Forum: A Journal of International Law nities. Washington DC: U.S. General Accounting
1993; 18:6-11. Office; 1983.
3. Bullard RD. Unequal protection: environmental 9. Commission for Racial Justices, United Church of
justices and communities of color. San Francisco: Christ. Toxic wastes and race in the United States:
Sierra Club Books; 1996. a national report on the racial and socioeconomic
4. Bullard RD. Enfrentando o racismo ambiental no characteristics of communities with hazardous
século XXI. In: Acselrad H, Herculano S, Pádua JA, wastes sites. New York: United Church of Christ;
organizadores. Justiça ambiental e cidadania. Rio 1987.
de Janeiro: Editora Relume-Dumará; 2004. p. 41-66. 10. Acselrad H, Herculano S, Pádua JA, organizadores.
5. Haughton G. Environmental justice and sustain- Justiça ambiental e cidadania. Rio de Janeiro: Edi-
able city. In: Satterhwaite D, editor. Sustainable cit- tora Relume-Dumará; 2004.
ies. London: Earthscan; 1999. p. 62-79. 11. Acselrad H, Herculano S, Pádua JA. A justiça am-
6. Marcondes MJA. Cidade e natureza. Proteção dos biental e a dinâmica das lutas socioambientais no
mananciais e exclusão social. São Paulo: Funda- Brasil – uma introdução. In: Acselrad H, Herculano
ção de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo/ S, Pádua JA, organizadores. Justiça ambiental e ci-
Edusp/Studio Nobel; 1999. dadania. Rio de Janeiro: Editora Relume-Dumará;
7. Martinez-Alier J. Justiça ambiental (local e global). 2004. p. 14.
In: Cavalcanti C. organizador. Meio ambiente, de- 12. Porto MFS. Uma ecologia política dos riscos. Rio
senvolvimento sustentável e políticas públicas. 2a de Janeiro: Editora Fiocruz; 2007.
Ed. São Paulo: Cortez Editora; 1999. p. 215-31.

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 25(12):2695-2704, dez, 2009


2704 Cartier R et al.

13. Herculano S. Riscos e desigualdade social: a te- 26. Mohai P, Bryant B. Environmental racism: review-
mática da Justiça Ambiental e sua construção no ing evidence. In: Bryant B, Mohai P, editor. Race
Brasil. In: I Encontro da ANPPAS – GT Teoria e Am- and the incidence of environmental hazards. Boul-
biente [CD-ROM]. São Paulo: Associação Nacio- der: Westview Press; 1992. p. 163-246.
nal de Pós-graduação em Ambiente e Sociedade; 27. Kumar CM. GIS methods for screening potential
2002. environmental justice areas in New England [Mas-
14. Freitas CM, Porto MFS. Discutindo o papel da ci- ters Thesis]. Boston: Massachusetts Institute of
ência frente à justiça ambiental. In: II Encontro da Technology; 2002.
ANPPAS – GT Justiça Ambiental, Conflito Social e 28. Zandberg PA, Chakraborty J. Improving environ-
Desigualdade [CD-ROM]. São Paulo: Associação mental exposure analysis using cumulative distri-
Nacional de Pós-graduação em Ambiente e Socie- bution functions and individual geocoding. Int J
dade; 2004. Health Geogr 2006; 5:5-23.
15. Préteceille E. A construção social da segregação 29. Newmann CM, Forman DL, Rothlein JE. Hazard
urbana: convergências e divergências. Espaço & screening of chemical releases and environmental
Debates 2004; 24:11-23. equity analysis of populations proximate to toxic re-
16. Harner J, Warner K, Pierce J, Huber T. Urban en- lease inventory facilities in Oregon. Environ Health
vironmental justice indices. Prof Geogr 2002; 54: Perspect 1998; 106:217-26.
318-31. 30. Oliveira ACM. Distritos industriais: a experiência
17. Yandle T, Burton D. Reexamining environmental brasileira. Rio de Janeiro: Confederação Nacional
justice: a statistical analysis of historical hazard- da Indústria; 1976.
ous waste landfill siting patterns in metropolitan 31. Dias R. Gestão ambiental: responsabilidade social
Texas. Soc Sci Q 1996; 77:477-92. e sustentabilidade. São Paulo: Editora Atlas; 2006.
18. Glickman TS. Measuring environmental equity with 32. Feichas SAQ, Abdalla JJA. Modelo “HACKEFORS”
Geographical Information Systems. Renewable Re- para obtenção de certificado ambiental ISO 14.000
sources Journal 1994; 12:17-21. em pequenas e médias empresas: uma discussão
19. Chakraborty J, Armstrong MP. Exploring the use sobre sua aplicação em empresas brasileiras. Ca-
of buffer analysis for the identification of impacted dernos EBAPE.BR 2005; (3). http://www.ebape.
areas in environmental equity assessment. Cartogr fgv.br/cadernosebape/asp/dsp_texto_completo.
Geogr Inf Sci 1997; 24:145-57. asp?cd_pi=335684 (acessado em 13/Set/2009).
20. Cutter S, Holm D, Clark L. The role of scale in 33. Abreu MA. Evolução urbana do Rio de Janeiro. Rio
monitoring environmental justice. Risk Anal 1996; de Janeiro: IplanRio/Jorge Zahar Editor; 1987.
16:517-26. 34. Gould KA. Classe social, justiça ambiental e conflito
21. Sheppard E, Leitner H, McMaster RB, Hongguo T. político. In: Acselrad H, Herculano S, Pádua JA, or-
GIS-based measures of environmental equity: Ex- ganizadores. Justiça ambiental e cidadania. Rio de
ploring their sensitivity and significance. J Expo Janeiro: Editora Relume-Dumará; 2004. p. 69-80.
Anal Environ Epidemiol 1999; 9:18-28. 35. Alvito M. As cores de Acari [Tese de Doutorado].
22. Lester JP, Allen DW. Environmental justice in the Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas; 2001.
U.S.: myths and realities. In: Western Political Sci- 36. Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e
ence Association Annual Meeting. Seattle: West- Regional, Universidade Federal do Rio de Janei-
view Press; 1999. p. 57-79. ro/Federação de Órgãos para Assistência Social e
23. Environmental Protect Agency. EPA risk screening Educacional. Mapa dos conflitos ambientais do
guide. v. 1. The process. Washington DC: Federal Rio de Janeiro [CD-ROM]. Rio de Janeiro: Institu-
Printing Office; 1989. to de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional,
24. Cutter S, Clark L, Glickman TS, Golding D, Hersch R. Universidade Federal do Rio de Janeiro/Federação
GIS-based environmental equity analysis: a case de Órgãos para Assistência Social e Educacional;
study of TRI facilities in the Pittsburgh area. In: 2004.
Wallace WA, Beroggi EG, editors. Computer sup- 37. Rego VS, Pfeiffer WC, Barcellos C, Rezende CE,
ported risk management. Dordrecht: Kluwer Aca- Malm O, Souza CMM. Heavy metal transport in
demic Publishers; 1995, p. 95-114. the Acari – São João de Meriti River System, Brazil.
25. Stockwell JR, Sorensen JW, Eckert Jr. JW, Carreras Environ Technol 1993; 14:167-74.
EM. The U.S. EPA geographic information sys- 38. Lei nº. 466. Dispõe sobre o Zoneamento Industrial
tem for mapping environmental releases of Toxic na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Diário
Chemical Release Inventory (TRI) chemicals. Risk Oficial do Estado do Rio de Janeiro 1981; 21 out.
Anal 1993; 13:155-64. 39. Mennis J. Using geographic information systems
to create and analyze statistical surfaces of popu-
lation and risk for environmental justice analysis.
Soc Sci Q 2002; 83:281-97.

Recebido em 22/Abr/2009
Versão final reapresentada em 29/Jul/2009
Aprovado em 03/Set/2009

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 25(12):2695-2704, dez, 2009

Você também pode gostar