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ELEITORAL - PIMENTEIRAS-PI
Processo nº 1-14.2017.6.18.0055
Impugnante: GEAM LUCAS DA SILVA MOURA
Impugnados: ADJACIR RODRIGUES NORONHA E OUTROS
Processo nº 1-14.2017.6.18.0055
Recorrentes: ADJACIR RODRIGUES NORONHA, AMYSTHANIO RODRIGUES ALVES, ALCIONE
PACHECO DA SILVA, CLEMILTON DE SOUSA DIAS, CONCEIÇÃO DE MARIA MARTINS, IVONEIDE
OLIVEIRA DA SILVA, JANDER MARTINS NOGUEIRA, MÁRCIO LIMA VIEIRA E PEDRINA TEIXEIRA
BARBOSA
Recorrido: GEAM LUCAS DA SILVA MOURA
1 – DOS FATOS
Versam os autos sobre Ação de Impugnação de Mandato Eletivo -AIME,
ajuizada em face dos Recorrentes, concorrentes ao pleito eleitoral pela Coligação “Pimenteiras:
Nossa Terra Nossa Gente” por suposta prática de fraude eleitoral consistente no lançamento de
candidaturas femininas fictícias, apresentadas com o único intuito de dar a aparência do
cumprimento da regra insculpida no art. 10, § 3º da Lei nº 9.504/97.
Com efeito, dos 10 (dez) requerimentos de registro de candidaturas ao cargo de
vereadores formulados pelos Recorrentes, 03 (três) requerimentos de candidaturas do sexo
feminino foram feitas simplesmente objetivando preencher a cota de 30% (trinta por cento)
prevista na legislação eleitoral de vigência, eis que referidas candidatas não realizaram atos de
campanha, sendo que uma delas não obteve qualquer voto e as duas outras obtiveram votação
inexpressiva.
Ato contínuo, a MM. Juíza a quo, proferiu julgamento no qual conheceu dos
embargos de declaração, mas negou-lhe provimento, tendo em vista inexistir omissão,
obscuridade, contradição ou erro material na decisão embargada. Além disso, condenou os
Embargantes/Recorrentes ao pagamento da multa prevista no art. 275, § 6º, do Código Eleitoral.
2 – DO MÉRITO
2.1 - DAS RAZÕES PARA MANUTENÇÃO DA SENTENÇA RECORRIDA
Asseveram, também, que a lei não fora descumprida pelos Recorrentes, posto
que no DRAP fora verificado a regularidade de todos os candidatos, tendo sido aferida a cota
de gênero prevista na legislação eleitoral. Além disso, sustentam que não há como se condenar
toda uma coligação por suposta fraude com base no único fato de que algumas candidatas do
sexo feminino teriam obtido votação inexpressiva, principalmente porque, no caso, “a votação
inexpressiva adveio de decisões pessoais e de cunho íntimo das candidatas”.
Por fim, reclamam que a sentença de piso não levou em conta as questões
pessoais e financeiras das candidatas, nem, tampouco, se ateve aos testemunhos acostados aos
autos, tendo a MM. Juiz a quo tomado sua decisão baseada única e exclusivamente na baixa
votação das candidatas, nos gastos ínfimos nas campanhas e pouco envolvimento das
candidatas na campanha eleitoral.
Nobre Julgadores, as justificativas apresentadas pelos recorrentes não merecem
prosperar, devendo a sentença a quo ser mantida incólume, senão vejamos:
Cumpre assinalar, uma vez mais, que a soma dos votos de todas as mulheres
integrantes da “Coligação Pimenteiras: Nossa Terra Nossa Gente” limitou-se a irrisórios 04
(quatro) votos, isto num universo de 9.561 (nove mil quinhentos e sessenta e um) eleitores,
o que reforça a conclusão de que as candidaturas lançadas pelos Recorrentes foram eivadas de
ilegalidades, desde o seu nascedouro. Assim, os candidatos masculinos eleitos pela indigitada
coligação não possuem legitimidade para assumir o cargo para o qual foram eleitos, devendo
os votos a eles conferidos serem declarados nulos, posto que frutos de insofismável ilegalidade.
Se por um lado é correto afirmar que nenhum candidato pode ser obrigado a
fazer campanha, por outro lado não se pode tolerar que candidatas sejam usadas somente para
cumprir a cota de gênero, sobretudo quando as candidaturas femininas são apresentadas com o
único objetivo de privilegiar candidaturas masculinas, o que compromete o pleito eleitoral e o
desequilibra com relação às coligações que cumpriram a lei. Devendo o Judiciário, pois, tomar
atitudes enérgicas quando verificadas fraudes que atentem contra a normalidade e legalidade
do pleito eleitoral.
Assim, o julgador deverá analisar o caso diante da gravidade dos fatos. A esse
respeito, merece destaque a lição da ministra Lautira Vaz, in verbis:
Necessário, ainda, apontar que a fraude é o ilícito por excelência, o mais grave
de todos, pois atenta contra o próprio sistema e contra o processo eleitoral propriamente dito.
Nesse sentido, é o v. acórdão paradigma proferido no Recurso Contra Expedição de Diploma
nº 698, de relatoria do Ministro Cezar Peluso do c. TSE1, ao consignar que “há casos, porém,
em que a violação não é direta. É o caso típico da chamada fraude à lei, em que a palavra
fraude, evidentemente, não tem nenhum sentido pejorativo de intencionalidade, mas significa,
1
TSE, Recurso contra Expedição de Diploma nº 698, Relator Ministro José Delgado
pura e simplesmente, a frustração do objetivo normativo. Nela há comportamento que frustra,
frauda o alcance da norma”.
É exatamente o que ocorreu no caso dos autos, tendo em vista que os Recorrentes
impossibilitaram que o artigo 10, § 3º, da Lei nº 9.504/97 fosse rigorosamente respeitado,
burlando-o para obter benefício eleitoral.
Isto posto, fraude eleitoral, dada a sua gravidade, deve ser combatida por todas
as formas, pois atenta contra os princípios básicos do sistema eleitoral, quais sejam, a liberdade
de voto, a soberania popular e a igualdade entre os candidatos.
3 – DOS PEDIDOS