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INTRODUÇÃO

Liberdade é uma condição humana que é exercida sem coação, imposição ou qualquer
outra forma que tire do indivíduo a condição de agir, de ir, vir e poder estar onde lhe é
permitido por lei. Ser livre implica dizer que é condição necessária a se exercer seus
direitos dentro de uma sociedade juridicamente organizada e, quando o contrário
acontece, quando o direito de transitar seja ele físico ou moral é retirado, impedido ou
ameaçado de forma injusta, o estado, sai em defesa deste bem jurídico para garantir a
igualdade e a normalidade entre os membros da sociedade que lhe recorrem por maio de
dispositivos jurídicos ou pela própria iniciativa do órgão estatal responsável por assegurar
a proteção do bem tutelado.

Neste trabalho, trataremos sobre os CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL,


previstos em nosso ordenamento jurídico e indicados em nosso Código Penal , bem como
na Carta Magna de 1988. Estes crimes são atos de ação/omissão que impelem a vítima a
fazer ou não fazer o que é permitido pelo ordenamento jurídico, privam ou obrigam ao
sujeito passivo de seguir seu curso natural, ou de sair fora de sua trajetória por meio de
grave ameaça, intimidação, coação física ou abuso de sua condição de superior
hierárquico ou garante.

O CP ao definir tais condutas como contrárias e prever suas sanções, procurou coibir, e
combater a prática danosa moral e física que é, restringir um individuo de sua liberdade,
algo que historicamente custou caro para ser conquistado e exercido de forma plena,
ampla e reconhecidamente necessária ao desenvolvimento da civilização.

Nosso trabalho seguirá a análise dos crimes contra a liberdade individual até a
inviolabilidade de domicílio, previstos entre os artigos 146 a 150 do Código Penal
brasileiro.

1- DESENVOLVI,ENTO

1.1 Constrangimento ilegal – Art. 146 CP.

Art. 146. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou


depois de lhe haver reduzido, por' qualquer outro meio, a capacidade de
resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
Pena- detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
§ 1º As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a
execução do crime, se
reúnem mais de 3 (três) pessoas, ou há emprego de armas.
§ 22 Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência.
§ 3º Não se compreendem na disposição deste artigo:
1- a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de
seu representante
legal, se justificada por iminente perigo de vida;
11- a coação exercida para impedir suicídio

Sujeitos do crime:

Segundo Rogério Sanches, não existe qualidade específica do sujeito ativo mas, se o
agente for funcionário público recai sobre ele o Art. 350 do CP ou a lei 4.898/65(abuso
de autoridade)

Segundo o autor, qualquer pessoa capaz de decidir sobre seus atos poder ser vítima
excluindo-se só menores de pouca idade, loucos e ébrios.

A conduta:

O delito possuir três meios de ação segundo a doutrina que são: violência grave, ameaça
e outros meios capazes.

Voluntariedade

O dolo é consistente na vontade consciente em coagir a vítima, obrigando-a a fazer ou


não fazer o que a lei proíbe ou manda. O motivo que leva a coação é irrelevante. (o crime
pode ser excluído se praticado por estado de necessidade de terceiro)

Ação Penal

Ação penal pública incondicionada

1.2 AMEAÇA

Art. 147. Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro
meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Pena- detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
Parágrafo único. Somente se procede mediante representação.
É crime contra a liberdade individual, é uma manifestação idônea da intenção de causar
a outrem qualquer mal injusto. Nas palavras de (SANCHES 2016), vemos uma definição
clara e concisa do que é e em que consiste o crime de ameaça.

O crime é justificado por atacar a liberdade da pessoa ameaçada, gerando intranquilidade


jurídica e abalando sua faculdade de considera-se livre.

Sujeitos do crime:

Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo (crime comum). Tratando-se de funcionário
público, outro poderá ser o crime (art. 3° da Lei 4.898/65).

Conduta:
Segundo Paulo José da Costa, citado por (SANCHES 2016 p, 206) é:

"Consiste o delito de ameaça (menaces, Bedrohung) em promessa de


causar a alguém um dano injusto. O verbo contido no tipo ameaçar
significa intimidar, anunciar um mal injusto e grave. Para que possa
intimidar, o mal anunciado deverá ser grave. E para que se configure o crime,
deverá o mal ser injusto, contra jus. "

(Sanches2016 p,206) ainda descreve que a ameaça pode ser:

I) explícita: clara e induvidosa;


2) implícita: de forma velada;
3) direta: o mal prometido atinge a própria vítima da ameaça;
4) indireta: o mal prometido será causado em terceira pessoa;
5) incondicional: não depende, para efetivar-se, de acontecimento futuro;
6) condicional: depende, para efetivar-se, de um acontecimento futuro.
O mal deve ser injusto e grave. Jamais será injusto o exercício de um direito.

Voluntariedade:
É o dolo causado por vontade consciente do agente; não há forma culposa, como bem fala
(SANCHES 2016, p.206)
Consumação e tentativa:

Trata-se de delito formal, consumando-se no mento em que a vítima se torna


conhecedora do fato.

Ação Penal:

Como expresso no parágrafo único, a pena será perseguida mediante representação da


vítima ou seu representante legal (ação penal pública condicionada)

1.3 SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO

Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere


privado: Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente
ou maior de 60 (sessenta) anos; II - se o crime é praticado mediante
internação da vítima em casa de saúde ou hospital;
III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.
IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos;
V – se o crime é praticado com fins libidinosos.
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção,
grave sofrimento físico ou moral:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Sujeitos do Crime:

Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo ou passivo( crime comum) nas palavras de
(SANCHES 2016p .209)

Conduta:

Consiste na privação total/parcial da liberdade de alguém. Nas palavras de Nélson


Hungria:

"Dá-se a privação da liberdade por dois modos: mediante sequestro ou cárcere


privado. A doutrina costuma distinguir os termos 'sequestro' e 'cárcere privado';
contudo, na prática, recebem o mesmo tratamento penal. No sequestro
(gênero), a privação da liberdade de locomoção não implica confinamento (p.
ex., manter uma pessoa em um sítio, em uma praia). Já no cárcere privado (que
constitui uma espécie do gênero sequestro), a privação da liberdade ocorre em
recinto fechado, enclausurado, confinado (p. ex., manter a vítima em um quarto
fechado). Note-se que a privação da liberdade não precisa ser total; basta que
a vítima não possa desvencilhar-se do sequestrador sem que corra perigo
pessoal para que se configure o crime em tela.(SANCHES 2016 P,210)

Voluntariedade:

É o dolo, consistente na vontade consciente de privar a vítima de sua liberdade de


locomover-se, dispensando um fim especial. Aliás, dependendo da finalidade do agente,
outro poderá ser o tipo penal (ex.: redução à condição análoga de escravo, extorsão
mediante sequestro, tortura etc.).( SANCHES 2016 P.210)

Consumação e Tentativa:

Considera-se consumado o crime com a privação da liberdade da vítma. É crime de


natureza permanente, só cessará com a devolução da liberdade da vítima.

Ação penal:

A ação é pública e incondicionada

1.4 REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAV0

Sujeitos do Crime:

Conduta:

Voluntariedade:

Consumação e Tentativa:

Ação penal:

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