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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

PROGRAMA DE ENGENHARIA CIVIL - COPPE


COC885 – ESTABILIDADE ESTRUTURAL

ANÁLISE DE CARGAS E MODOS CRÍTICOS DE


PÓRTICOS 2D
Trabalho de Estabilidade Estrutural

Joao Alfredo De Lazzari


Professor: Ricardo Valeriano

12 DE DEZEMBRO DE 2018
COPPE/UFRJ
COC885 - Estabilidade Estrutural
SUMÁRIO
1 Introdução ............................................................................................................................1
2 Metodologia .........................................................................................................................3
2.1 Análise Linear ...............................................................................................................3
2.2 Análise Não-linear ........................................................................................................5
2.3 Cargas e Modos críticos ................................................................................................7
3 Resultados ..........................................................................................................................10
3.1 Análise Linear – P2D.FOR............................................................................................10
3.1.1 Mão Francesa em Perfil Cantoneira....................................................................10
3.1.2 Pórtico Bi-apoiado ..............................................................................................12
3.1.3 Pórtico Bi-apoiado com viga rígida .....................................................................16
3.1.4 Coluna de Euler – Barra chata 1” x ¼” ................................................................18
3.2 Análise Não-linear - P2INC.FOR ..................................................................................21
3.2.1 Pórtico Bi-apoiado ..............................................................................................22
3.2.2 Pórtico Bi-apoiado com viga rígida .....................................................................25
3.2.3 Coluna de Euler – Barra chata 1” x ¼” (Modelo Perfeito) ...................................28
3.2.4 Coluna de Euler – 2 Elementos – P = 1.25 kN (Modelo Imperfeito) ....................31
3.2.5 Coluna de Euler – 4 Elementos – P = 5.00 kN (Modelo Imperfeito) ....................34
3.3 Cargas e Modos críticos - P2CRT.FOR .........................................................................39
3.3.1 Coluna de Euler – P = 1.00 kN .............................................................................39
3.3.2 Pórtico com 2 Barras ..........................................................................................43
3.3.3 Pórtico com 3 Barras ..........................................................................................45
3.3.4 Pórtico com 4 Barras ..........................................................................................46
4 Conclusão ...........................................................................................................................50
Referências.................................................................................................................................51
1 Introdução

Não é necessário ser um engenheiro estrutural para ter um senso do que significa uma
estrutura estável. No geral, todos temos um conceito inerente de instabilidade – uma pequena
mudança na carga irá causar um grande deslocamento. Se a variação do deslocamento for
grande o suficiente em um elemento crítico do sistema estrutural, podendo ser um elemento
local ou um subsistema, apresentando assim uma instabilidade estrutural, pode-se então
conduzir toda a estrutura ao colapso. Dessa forma, o estudo da teoria da estabilidade, ou de
mecanismos que explicam a causa da instabilidade em estruturas, é um subconjunto particular
da engenharia mecânica que é de suma importância aos engenheiros que trabalham com
dimensionamento de estruturas com segurança. (GALAMBOS, 2008)

Estruturas esbeltas estão sujeitas a um tipo de comportamento conhecido como


flambagem. Enquanto uma carga axial de compressão aplicada a um elemento estrutural do
tipo coluna for relativamente pequena, e aumentando essa carga aos poucos, irá resultar em
apenas um deslocamento axial. Porém, quando em um certo momento uma carga crítica for
atingida, o elemento estrutural repentinamente apresenta um deslocamento grande em um
curto aumento de carga. Esse deslocamento é no plano perpendicular ao eixo do elemento.
Com o aumento desse deslocamento, a estrutura começa a apresentar excentricidade e
momento fletor, que aumenta junto com o deslocamento, fazendo com que a estrutura atinge
ao colapso. Essa carga crítica então, é largamente utilizada como critério de dimensionamento
para elementos submetidos a compressão axial. (CHAJES, 1974)

A formulação para a teoria da estabilidade é comumente apresentada utilizando métodos


de energia. Todo sistema estrutural possui uma energia potencial total, que é por definição
formado pela soma do trabalho interno causado pelas forças internas mais o trabalho externo
causado pelas forças externas. Essa energia potencial total é formulada em função dos graus
de liberdade da estrutura, e a partir dessa equação geral é derivada a formulação da teoria da
estabilidade.

Com a energia potencial total, é possível determinar o estado da estrutura, sendo ele
estável, instável e neutro. Quando é obtido o valor mínimo da energia potencial total em
relação a um grau de liberdade, tem-se um estado de equilíbrio estável, e para mudar o
estado, energia deve ser adicionada. Quando é obtido o valor máximo da energia potencial
total em relação e um grau de liberdade, tem-se outro estado, chamado de equilíbrio instável,
e para mudar de estado o sistema necessita apenas de uma perturbação pequena e energia é
liberada. E por último, temos o equilíbrio neutro que é obtido quando temos uma situação de
inflexão, mudando do estado de energia mínima para o estado de energia máxima, e neste
estado não há mudança quantitativa na energia potencial total. Na tabela 1 abaixo, é ilustrado
os estados de energia aqui descritos.

1
Tabela 1 – Estados de Estabilidade para equilíbrio estável, instável e neutro. FONTE: GALAMBOS, 2008

O presente trabalho tem como objetivo principal desenvolver um código em


linguagem FORTRAN para encontrar as cargas e modos críticos de uma estrutura de pórticos
planos com cargas nodais. Para isso, será utilizado como base um código de análise linear para
pórticos planos fornecido pelo professor Ricardo Valeriano, professor do curso de pós-
graduação em engenharia civil da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Como forma de
validar o programa aqui desenvolvido, será modelado exemplos presentes nas notas de aula
do professor Ricardo Valeriano, e ainda os mesmos exemplos serão modelados no software
MASTAN2.

2
2 Metodologia

No presente trabalho será abordado uma análise estrutural utilizando ferramentas


computacionais. A partir da formulação aqui exposta, será desenvolvido um código em
linguagem FORTRAN, para fornecer a análise linear (P2D.FOR), análise não linear incremental
(P2INC.FOR) e análise de estabilidade (P2CRT.FOR).

Para validar as formulações, resultados de exemplos presentes nas notas de aula do


Ricardo Valeriano, professor de engenharia civil da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
serão comparados. Ainda será comparado os resultados com um software chamado
MASTAN2, desenvolvido por Ronald D. Ziemian, professor de engenharia civil da Bucknell
University e William McGuire, professor aposentado de engenharia civil da Cornell University.

2.1 Análise Linear


A análise linear será deduzida com base na formulação por energia. Para isso será
considerado o caso mais geral para estrutural no plano 2D, que são pórticos. Considerando
deslocamento nos dois eixos ortogonais e rotação para um nó, tem-se 3 graus de liberdade por
nó. Dessa forma, para uma barra, será considerado um total de 6 graus de liberdade.

Para a formulação por energia, a função de deslocamentos na barra, será aproximado


por uma função ̃ que representa o deslocamento axial e por ̃ que representa o
deslocamento perpendicular ao eixo a barra. Essas funções ficaram em função dos
deslocamentos nos nós. Aproximando o deslocamento axial por uma função do primeiro grau,
e o deslocamento transversal por uma função do terceiro grau, e aplicando as variáveis de
contorno, é possível obter as seguintes equações:

̃ ( ) (1)

̃ * + * + (2)

Onde x é o eixo longitudinal da barra, L é o comprimento da barra, e é o deslocamento


axial da barra no nó 1 e nó 2, e é o deslocamento transversal da barra no nó 1 e 2, e
é a rotação da barra no nó 1 e 2.

Assim, com essas equações, podemos aproximar o campo de deslocamentos pela


seguinte equação:

*̃ ̃ + (3)

Com o campo de deslocamentos, é possível determinar a energia de deformação


pela equação (4), que quando desenvolvida, chega-se na equação (5):

∰ (∫ ) (4)

3
[ ]

(5)

Onde é o volume do elemento estrutural, E é modulo de elasticidade, I o momento de


inercia da seção transversal o qual irá sofrer flexão e A a área da seção.

Além da energia de deformação, para a formulação de energia, é necessário


determinar a energia potencial das cargas, que pode ser equacionada pela equação (6).

( ) (6)

Onde e são as cargas axiais nos nós 1 e 2, e são as cargas transversais nos nós
1 e 2, e e são os momentos nos nós 1 e 2.

Dessa forma, a energia potencial total, é definida pela soma da energia potencial das
cargas mais a energia de deformação:

(7)

Assim, a formulação da análise linear pode ser obtida diretamente com a extremização
da Energia Potencial Total (EPT). Para isso, a EPT é derivada em relação a cada grau de
liberdade da barra, e igualada a zero, para se obter os extremos da função de energia.

̅
(8)

Sendo, ̅ ,̅ ,̅ ,̅ ,̅ ,̅ .

Para cada índice é gerada uma equação, que compõe uma análise linear, Ax=b.
Abaixo, na equação (9), é formulado o método.

(9)

{ } { }
[ ]

A equação (9) é apenas para os eixos locais da barra. E na maioria dos casos, a
estrutura é composta por vários elementos. Assim, é necessário determinar uma matriz global,
de toda a estrutura, com base em cada conexão entre os nós a cada barra. A partir dessa
conexão, a matriz global pode ser formada, com auxílio da matriz de rotação. A matriz de

4
rotação leva em conta a orientação espacial do elemento em um referencial comum a todas a
barras da estrutura global. Assim, as equações que permitem fazer essa transformação do
espaço vetorial local para o global pode ser mostrada nas equações (10), (11) e (12).

(10)

(11)

(12)

Onde e são os vetores de forças local e global, e são os vetores de


deslocamentos local e global, e são as matrizes de rigidez local e global, e é a matriz
de rotação, podendo ser a matriz de rotação do elemento ou do nó.

A metodologia da análise linear está implementada em FORTRAN, no programa


P2D.FOR. O programa foi fornecido pelo professor Ricardo Valeriano, como base para o
desenvolvimento dos softwares de análise não linear e de estabilidade. Esse programa de
análise linear, basicamente informa a deformada e deslocamentos da estrutura, os esforços
nodais em cada elementos e as reações de apoio.

2.2 Análise Não-linear


A análise não linear também será formulada por energia. E a análise aqui abordada será
a de incremental apenas.

Primeiramente, define-se o campo de deslocamentos, exatamente como mostrado na


equação (3), utilizando as funções de deslocamentos (1) e (2). Entretanto, para essa nova
análise, será considerado ainda que o elemento barra esteja sujeito a tensões iniciais normais,
definido por: , onde P é uma força axial na barra, que gera as tensões iniciais de
compressão. A partir dessa consideração, a expressão da energia potencial total para a viga-
coluna fica definida como:

̃ ̃ ̃
∫ [ ( ) ( ) ( ) ] (
) (13)

Observe que a equação (13) é formada pela soma da energia de deformação, para
flexão e extensional, com a energia potencial das cargas, para a força interna ao longo da barra
e para as forças nas extremidades da barra. É importante destacar que o valor da carga P
positivo sempre irá indicar compressão, caso contrário, tração.

Repetindo o mesmo processo que descrito na equação (8), chega-se na matriz


tangente ( ), considerando a carga axial de compressão P. Subtraindo essa matriz de rigidez
pela obtida na equação (9) (conhecida como matriz ), é possível obter a matriz que
representa o efeito da carga axial na rigidez a flexão (CHAJES, 1974). Essa matriz também é
chamada de matriz de tensões iniciais, descrita pela equação (14).

5
P P P P
1 1

P P P P
1 1 1
(14)

P P P P
1 1

P P P P
[ 1 1 1 ]

Onde é a matriz de tensões iniciais, é a matriz tangente, é a matriz de rigidez do


pórtico 2D de constante elástica de ordem 0, é o comprimento do elemento e P é a força
interna ao elemento que gera tensões normais inicias ( ⁄ ).

Assim, o novo sistema fica definido como:

(15)

A análise incremental será formulada utilizando a matriz de tensões iniciais (14), para
um passo de carga constante. Abaixo está o algoritmo da análise não linear incremental que
foi implementado em FORTRAN, originando o programa P2INC.FOR.

Algoritmo 1 – Pseudocódigo da análise não linear incremental utilizado no P2INC.FOR.


Formar vetor de forças incrementais:

Para = 1 até (Número de Incrementos)

Calcular Força Axial:

Formar a matriz tangente


Resolver Sistema para obter os deslocamentos incrementais:
Atualizar Coordenadas:

Acumular Deslocamento:
Fim

Primero, o passo de carga é definido com base no número total de incrementos. Dessa
forma, para cada passo de carga igualmente espaçados, a análise é executada. Com o início do
processo incremental, a carga P de tensões iniciais, é calculada de acordo com a variação no
comprimento da barra ao longo de cada incremento de carga. Definido a força P, calcula-se a
matriz tangente, formada pela soma da matriz de tensões iniciais, mais a matriz de rigidez do
pórtico 2D. Definindo assim a matriz do sistema, determina-se os deslocamentos resolvendo o

6
sistema linear . Esses deslocamentos para cada incremento serão utilizados
para atualizar as coordenadas dos nós dos elementos, e para determinar o deslocamento final,
a partir de um somatório. Com isso, o programa termina a análise não linear incremental ao
final do número total de incrementos. Como resposta é obtido o deslocamento da estrutura, e
o caminho de equilíbrio de um grau de liberdade específico fornecido como dado de entrada.

2.3 Cargas e Modos críticos


Para a determinação das cargas e modos críticos, será abordada uma metodologia
utilizando a analise incremental linearizada. Dessa forma, partindo da equação (15), utilizando
o vetor de forças e o vetor de deslocamentos como uma parcela incremental, podemos obter
o caminho de equilíbrio não linear aproximado.

Porém, partindo de uma aproximação onde o incremento de força é único, em outras


palavras, essa força possui um fator unitário de amplificação e/ou redução, pode-se aproximar
do caminho fundamental. Com essa suposição, é possível determinar os deslocamentos, já que
o sistema fica restrito a um problema de análise linear. Assim, as solicitações normais, que
geram as tensões axiais, podem ser obtidas de acordo com a equação (16).

(16)

Onde e são os deslocamentos axiais no nó 1 e 2 gerados pela aproximação do caminho


de equilíbrio não linear, como descrito no vetor de deslocamentos na equação (9).

Com o valor da carga axial inicial, é possível determinar uma aproximação para a
matriz de tensões inicias ( ̅ ), para o carregamento equivalente a . Assim, admite-se que o
vetor de forças fique em função de um parâmetro de amplificação e/ou redução chamado de
, pode-se escrever a equação de equilíbrio incremental linearizada pela equação (17).

̅ (17)

Observe que ̅ é obtido pelos deslocamentos quando . Assim, com essa equação
pode-se aproximar da solução de caminho não linear. Essa equação (17) é chamada de
equação linearizada pelo fato de a matriz de tensões iniciais ser linearmente variável com a
intensidade do vetor de forças.

Entretanto, essa aproximação possui algumas vantagens e desvantagens. Em casos onde o


comportamento é extensional essa aproximação é válida por ser um caminho primário linear.
Porém, em casos onde o comportamento é flexional, a solução pode fornecer respostas
defasadas, devido ao caminho fundamental não ser linear. A principal vantagem dessa
equação linearizada, é a análise incremental sem a necessidade de determinar as solicitações
axiais em cada passo de carga.

Com a equação (17), pode-se assim determinar as cargas críticas. Essas cargas críticas
possuem formas modais associadas a essas cargas. Para determinar as cargas será formulada
uma aproximação o quanto suficiente para efetuar as análises de estabilidade.

7
Primeiramente, para se determinar a carga crítica, analisam-se as proximidades de um
ponto de equilíbrio, utilizando e como parâmetros de controle. Como será um
parâmetro importante, indicando a forma modal da estrutura em cada caminho, será chamado
de .

Para analisarmos as proximidades, será utilizado a equação (17). Assim, considerando que
o ponto crítico será atingido quando for obtido deslocamentos para nenhum acréscimo de
carga ( ) temos a seguinte equação:

̅ (18)

Assim, tem-se um problema de autovalor generalizado, onde os autovalores são os


fatores de carga crítico e os autovetores são os modos críticos associados aos deslocamentos
provocados pela carga crítica ( ).

Observe que o sistema possui as dimensões das matrizes de rigidez e de tensões iniciais,
que tem tamanho baseado no número de graus de liberdade do sistema estrutural. Ainda,
note que o modo distinto do caminho fundamental é detectado mesmo em estruturas
perfeitamente retilíneas e perfeitas, sem a necessidade de ter cargas que perturbam outros
modos. Por fim, observe que esta é uma metodologia aproximada, sendo que a precisão do
método fica dependente da aproximação linear feita para caminho fundamental e pela
quantidade de graus de liberdade da estrutura (estruturas mais discretizadas por nós,
apresentam melhor resultado).

Para resolver esse problema de autovalor generalizado, será utilizado um algoritmo que
pode ser facilmente implementando em qualquer linguagem de programação. O problema de
autovalor generalizado será separado em dois problemas de autovalor fundamental, que pode
ser resolvido usando o método de Jacobi. Abaixo segue o algoritmo que foi implementado em
FORTRAN, originando o programa P2CRT.FOR.

Algoritmo 2 – Pseudocódigo para determinação das cargas e modos críticos utilizado no P2CRT.FOR.
Formar a matriz do pórtico 2D:
Resolver Sistema para obter os deslocamentos do caminho fundamental:

Calcular a força axial interna:

Formar a matriz de tensões iniciais aproximada: ̅


Resolver problema de autovalor [1]: ̅

Normalizar autovetores: ̅ ⁄
até NGL (graus de liberdade)

Alterar a base da matriz de ordem 0: ̅ ̅ ̅

Resolver problema de autovalor [2]: ̅


Calcular modos críticos pela combinação linear: ̅

Onde é o vetor com os fatores de carga crítica. Por exemplo, utilizando a carga no modelo
estrutural igual a um valor unitário, o valor de será a própria carga crítica ( ).

8
Como na análise linear, na análise de cargas e modos críticos, primeiramente é
calculado a matriz de rigidez do pórtico 2D. Com essa matriz, determina-se os deslocamentos,
que serão utilizados como uma aproximação do caminho fundamental. Com o caminho
fundamental definido, define-se a força de compressão inicial na barra, utilizando a variação
do deslocamento axial da barra nesse incremento único utilizado para aproximar o caminho
primário. Com essa força, é possível determinar a matriz de tensões iniciais. A partir desse
ponto já temos todas as variáveis necessária para determinar as cargas e modos críticos.
Assim, resolve-se o primeiro problema de autovalor [1], com auxílio do algoritmo de Jacobi.
Esse problema de autovalor irá gerar e modos e cargas que deveram sofrer normalização e
mudança de base, para servirem de parâmetros de entrada para o segundo problema de
autovalor [2]. Então, resolvendo o segundo problema de autovalor, é possível obter as cargas
críticas, e os modos críticos são obtidos com a combinação linear dos modos resultantes dos
problemas [1] e [2].

9
3 Resultados

Os resultados serão organizados de acordo com o tipo de análise feita. Será abordada
uma análise linear, análise não linear, e análise de estabilidade para determinar cargas e
modos críticos. Para cada exemplo em cada análise, será exposto os resultados obtidos pelas
notas de aula do Prof. Ricardo Valeriano, e os resultados obtidos pela rotina implementada em
FORTRAN e pelo software MASTAN2.

Em todos os exemplos aqui abordado, o material será o mesmo, possuindo modulo de


elasticidade igual a 21000 kN/cm2. A seção geométrica irá variar apenas em um exemplo (Mão
Francesa em Perfil Cantoneira), enquanto nos outros será composto todos pela mesma seção,
composta por área igual a 1.613 cm2 e momento de inércia igual a 0.0542 cm4.

3.1 Análise Linear – P2D.FOR


A análise linear foi feita utilizando o programa P2D.FOR fornecida pelo professor Ricardo
Valeriano. A metodologia da análise linear está toda formulada no item 2.1 deste trabalho. O
programa informa os deslocamentos de cada nó em x, y e rotação em z, e as solicitações nas
extremidades de cada elemento.

3.1.1 Mão Francesa em Perfil Cantoneira


Para o primeiro exemplo, tem-se uma estrutura com 3 barras, com dois tipos de perfis:
1”x1/ ” e ”x1/8”. Nas figuras 4, 5 e 6 estão os modelos estruturais de três diferentes
fontes. Este modelo consiste de apoio de segundo gênero no nó 1 e primeiro gênero no nó 2 e
aplicação de uma força concentrada no eixo y apontando para baixo no valor de 10 kN no nó 3
e um momento em z, no valor de 250 kN.cm aplicado no mesmo nó.

Este modelo estrutural, será abordado como forma de avaliar uma estrutura com
diferentes tipos de seções, e com elementos estruturais inclinados. Assim, espera-se que para
este exemplo seja validado a matriz de rotação, deslocamentos e rotações.

Figura 1 – Resultados da Mão Francesa em Perfil Cantoneira fornecido pelas notas de aula.

10
SOLICITAÇÕES
N V M
ELEMENTO NÓ
DESLOCAMENTOS [kN] [kN] [Kn.cm]
DESL.X DESL.Y ROT.Z

[cm] [cm] [rad] 1 1 -10.136 0.412 15.001
3 10.136 -0.412 34.449
1 0 0 -0.00621
2 0 -0.02776 -0.0263 2 2 13.861 1.589 22.782
3 0.03913 -0.13317 0.06073 3 -13.861 -1.589 215.551

3 2 -9.588 -0.42 -22.782


1 9.588 0.42 -15.001

Figura 2 – Resultados da Mão Francesa em Perfil Cantoneira fornecido pelo programa P2D.FOR.

Figura 3 – Resultados da Mão Francesa em Perfil Cantoneira fornecido pelo programa MASTAN2.

Observe pelas figuras 1, 2 e 3 que os deslocamentos obtidos no programa P2D.FOR e


no MASTAN2 foram os mesmos que o obtido na literatura, validando a metodologia aqui
adotada.

Figura 4 – Deformada da Mão Francesa em Perfil Cantoneira fornecido pelas notas de aula.

11
Figura 5 – Deformada da Mão Francesa em Perfil Cantoneira fornecido pelo programa P2D.FOR.

Figura 6 – Deformada da Mão Francesa em Perfil Cantoneira fornecido pelo programa MASTAN2.

Ainda, observe pelas figuras 4, 5 e 6 que a forma da deformada foram idênticas. É


importante destacar que os deslocamentos entre nós são interpolados por uma função cúbica.
Dessa forma é de se esperar que os deslocamentos entre nós não são precisos. Caso necessite
de um valor preciso do deslocamento em determinado nó, recomenda-se que seja criado um
nó adicional nesse ponto, para se obter o valor do deslocamento de forma precisa.

3.1.2 Pórtico Bi-apoiado


Neste exemplo, será analisado um pórtico, composto por 3 peças estruturais: dois
pilares e uma viga. Sendo que o modelo estrutural terá dois elementos por peça. O pórtico
terá apoios de segundo gênero, apenas liberando a rotação. Nesse exemplo será verificado a
análise linear, porém este mesmo exemplo será verificado para a análise não linear no item
3.2.1. Na figura 7 está o modelo do pórtico, fornecido pelas notas de aula do prof. Ricardo
Valeriano. E nas figuras 8, 9 e 10 estão os resultados da análise linear.

12
Figura 7 – Modelo do Pórtico Bi-apoiado fornecido pelas notas de aula.

Figura 8 – Resultados do Pórtico Bi-apoiado fornecido pelas notas de aula.

13
SOLICITAÇÕES
N V M
ELEMENTO NÓ
DESLOCAMENTOS [kN] [kN] [Kn.cm]
DESL.X DESL.Y ROT.Z

[cm] [cm] [rad] 1 1 0.25 0.0 0.0
2 -0.25 0.0 0.006
1 0.00000 0.00000 -0.00073
2 0.03432 -0.00037 -0.00059 2 2 0.25 0.0 -0.006
3 0.05491 -0.00074 -0.00018 3 -0.25 0.0 0.013
4 0.05491 -0.00074 0.00009
5 0.05491 -0.00074 -0.00018 3 3 0.0 0.0 -0.013
6 0.03432 -0.00037 -0.00059 4 0.0 0.0 0.0
7 0.00000 0.00000 -0.00073
4 4 0.0 0.0 0.0
5 0.0 0.0 -0.012

5 5 0.25 0.0 0.012


6 -0.25 0.0 -0.006

6 6 0.25 0.0 0.006


7 -0.25 0.0 0.0

Figura 9 – Resultados do Pórtico Bi-apoiado fornecido pelo programa P2D.FOR.

Figura 10 – Resultados do Pórtico Bi-apoiado fornecido pelo programa MASTAN2.

Observe pelos resultados das figuras 8, 9 e 10, que os deslocamentos obtidos foram
idênticos, mostrando a validade da análise aqui desenvolvida.

14
Figura 11 – Deformada do Pórtico Bi-apoiado fornecido pelas notas de aula.

Figura 12 – Deformada do Pórtico Bi-apoiado fornecido pelo programa P2D.FOR.

Figura 13 – Deformada do Pórtico Bi-apoiado fornecido pelo programa MASTAN2.

Nas figuras 11, 12 e 13, estão as deformadas do pórtico, fornecidos pelas notas de
aula, pelo programa P2D.FOR e pelo programa MASTAN2, respectivamente. Observe que as
formas ficaram de acordo, mostrando a validade dos modelos e da análise.

15
3.1.3 Pórtico Bi-apoiado com viga rígida
Este exemplo, tem a mesma tipologia do exemplo anterior. Entretanto, neste exemplo
foi considerado que a viga do pórtico esteja rígida, isto é, a sua rigidez é grande, impedindo
deformações. Assim, uma forma de modelar esse caso é aumentando o produto EI que
representa a rigidez a flexão. Dessa forma, considerou uma viga com momento inércia igual a
1000 cm4, caracterizando uma viga rígida.

Na figura 14 está o modelo da estrutura fornecido pelas notas de aula do prof. Ricardo
Valeriano. Este exemplo também será utilizado na análise não linear, no item 3.2.2. Nas figuras
15, 16 e 17 estão os resultados, obtidos por meio de deslocamentos e solicitações.

Figura 14 – Modelo do Pórtico Bi-apoiado com viga rígida fornecido pelas notas de aula.

Figura 15 – Resultados do Pórtico Bi-apoiado com viga rígida fornecido pelas notas de aula.

16
SOLICITAÇÕES
N V M
ELEMENTO NÓ
DESLOCAMENTOS [kN] [kN] [Kn.cm]
DESL.X DESL.Y ROT.Z

[cm] [cm] [rad] 1 1 0.25 0.0 0.0
2 -0.25 0.0 0.0
1 0.00000 0.00000 -0.00055
2 0.02517 -0.00037 -0.00041 2 2 0.25 0.0 -0.006
3 0.03661 -0.00074 0.0000 3 -0.25 0.0 0.0
4 0.03661 -0.00074 0.0000
5 0.03661 -0.00074 0.0000 3 3 0.0 0.0 -0.013
6 0.02517 -0.00037 -0.00041 4 0.0 0.0 0.0
7 0.00000 0.00000 -0.00055
4 4 0.0 0.0 0.0
5 0.0 0.0 0.0

5 5 0.25 0.0 0.012


6 -0.25 0.0 0.0

6 6 0.25 0.0 0.006


7 -0.25 0.0 0.0

Figura 16 – Resultados do Pórtico Bi-apoiado com viga rígida fornecido pelo programa P2D.FOR.

Figura 17 – Resultados do Pórtico Bi-apoiado com viga rígida fornecido pelo programa MASTAN2.

Observe pelos resultados obtidos nas figuras 15, 16 e 17, que eles se mostraram
idênticos. De fato, como foi verificado nos exemplos anteriores, a análise foi verificada, e
validada.

Figura 18 – Deformada do Pórtico Bi-apoiado com viga rígida fornecido pelas notas de aula.

17
Figura 19 – Deformada do Pórtico Bi-apoiado com viga rígida fornecido pelo programa P2D.FOR.

Figura 20 – Deformada do Pórtico Bi-apoiado com viga rígida fornecido pelo programa MASTAN2.

Nas figuras 18, 19 e 20, estão as deformadas dos modelos. Observe que todos se
comportaram da mesma forma que a deformada fornecida pelas notas de aula do prof.
Ricardo Valeriano. Observe ainda, que a viga do pórtico se mostrou intacta, mostrando que se
trata de um elemento rígido. Comparando a figura 11 com a 18, observe que a viga não rígida,
apresenta duas meias ondas de deformada, e a viga rígida não apresenta nenhuma deformada
referente a flexão.

3.1.4 Coluna de Euler – Barra chata 1” x ¼”


Para o último exemplo referente a análise linear, será a de uma coluna com 10
elementos. Na figura 21 está o modelo e os dados físicos e geométricos da estrutura. Para esse
exemplo o valor da carga P = 5kN. Para esse mesmo exemplo será analisado na análise não
linear, no item 3.2.3 e na análise de estabilidade com carga P=1kN no item 3.3.1.

18
Figura 21 – Modelo da Coluna de Euler – Barra chata 1” x ¼” fornecido pelas notas de aula.

Figura 22 –Resultados da Coluna de Euler – Barra chata 1” x ¼” fornecido pelas notas de aula.

19
SOLICITAÇÕES
N V M
ELEMENTO NÓ
DESLOCAMENTOS [kN] [kN] [Kn.cm]
DESL.X DESL.Y ROT.Z

[cm] [cm] [rad] 1 1 5.0 0.00 0.0
2 -5.0 0.00 0.0
1 0.0000 -0.01476 0.0000
2 0.0000 -0.01328 0.0000 2 2 5.0 0.00 0.0
3 0.0000 -0.01181 0.0000 3 -5.0 0.00 0.0
4 0.0000 -0.01033 0.0000
5 0.0000 -0.00886 0.0000 3 3 5.0 0.00 0.0
6 0.0000 -0.00738 0.0000 4 -5.0 0.00 0.0
7 0.0000 -0.00590 0.0000
8 0.0000 -0.00443 0.0000 4 4 5.0 0.00 0.0
9 0.0000 -0.00295 0.0000 5 -5.0 0.00 0.0
10 0.0000 -0.00148 0.0000
11 0.0000 0.00000 0.0000 5 5 5.0 0.00 0.0
6 -5.0 0.00 0.0

6 6 5.0 0.00 0.0


7 -5.0 0.00 0.0

7 7 5.0 0.00 0.0


8 -5.0 0.00 0.0

8 8 5.0 0.00 0.0


9 -5.0 0.00 0.0

9 9 5.0 0.00 0.0


10 -5.0 0.00 0.0

10 10 5.0 0.00 0.0


11 -5.0 0.00 0.0

Figura 23 –Resultados da Coluna de Euler – Barra chata 1” x ¼” fornecido pelo programa P2D.FOR.

Figura 24 - Resultados da Coluna de Euler – Barra chata 1” x ¼” fornecido pelo programa MASTAN2.

20
Note pelos resultados nas figuras 22, 23 e 24 que todos apresentaram deformação
apenas extensional (eixo y). De fato, quando a análise linear é aplicada, para colunas com força
axial de compressão aplicada em uma das extremidades, espera-se que a estrutura apenas
sofra compressão no eixo da estrutura. Assim, tem-se a falsa impressão de que a estrutura
esteja em um caminho fundamental. Entretanto, deve-se atentar que a estrutura possui uma
carga crítica que no geral, quando atingida, a estrutura apresenta um modificação súbita e
expressiva do modo de deformação, chamado de “buckling”. Para esse exemplo, coluna de
euler, essa carga círitica é obtida em um ponto que pode ser chamado de bifurcarção,
indicando uma resposta completamente diferente do que a que foi apresentada durante o
caminho de equilíbrio. Esse novo comportamente será mostrado nos proximos exemplos.

Com a finalidade de mostrar esse comportamteno extensional da coluna, na figura 25


tem os modelos das deformadas fornecidos pelas notas de aula, pelo MASTAN2 e pelo
P2D.FOR.

(a) (b) (c)


Figura 25 – Modelo e Deformada da Coluna de Euler – Barra chata 1” x ¼” fornecido por: (a) notas de
aula; (b) programa MASTAN2; (c) programa P2D.FOR.

3.2 Análise Não-linear - P2INC.FOR


A análise não linear foi feita utilizando como base o programa P2D.FOR fornecida pelo
professor Ricardo Valeriano. A metodologia da análise não linear incremental está toda
formulada no item 2.2 deste trabalho.

21
Resumidamente, utilizando o algoritmo 1, pode-se determinar os deslocamentos da
estrutura para um passo de carga, induzindo a estrutura a se deformar da forma mais realista
possível. Dessa forma foi desenvolvido o programa P2INC.FOR, onde em cada valor de
incremento i, os deslocamentos são calculados e guardados. O programa P2INC.FOR fornece
um arquivo de saída em formato .XLS com os dados do deslocamento de um grau de liberdade
informado pelo usuário, em função do incremento de carga normalizado, variando de 0% a
100%. Os dois primeiros valores informados pelo programa são referentes a análise linear,
para servir de comparação com os resultados da análise não linear.

3.2.1 Pórtico Bi-apoiado


O modelo estrutural para esse exemplo é o mesmo adotado na figura 7, no item 3.1.2.
Só que para esse caso, será estudado a análise não linear incremental. Na figura 26 (a) e (b)
estão os resultados do primeiro exemplo, pórtico bi apoiado, fornecidos pelas notas de aula e
pelo programa P2INC.FOR. Os resultados foram obtidos com o deslocamento vertical no nó 3
da estrutura (nó 3 descrito na figura 7) para cada passo de carga, e com um total número de
incrementos de 250.

P max = 0.25 kN
Análise Desloc. P/Pmax
[] [cm] [%]
0.000E+00 0.00%
Linear
7.373E-04 100.00%
0.000E+00 0.00%
2.949E-06 0.40%
5.899E-06 0.80%
8.849E-06 1.20%
1.180E-05 1.60%
1.475E-05 2.00%
1.770E-05 2.40%
2.066E-05 2.80%
2.361E-05 3.20%
2.656E-05 3.60%
2.952E-05 4.00%
3.247E-05 4.40%
3.543E-05 4.80%
3.838E-05 5.20%
...

Não Linear 1.427E-02 93.6%


1.478E-02 94.0%
1.530E-02 94.4%
1.583E-02 94.8%
1.637E-02 95.2%
1.692E-02 95.6%
1.748E-02 96.0%
1.805E-02 96.4%
1.863E-02 96.8%
1.921E-02 97.2%
1.981E-02 97.6%
2.042E-02 98.0%
2.103E-02 98.4%
2.166E-02 98.8%
2.230E-02 99.2%
2.294E-02 99.6%
2.359E-02 100.0%

(a) (b)
Figura 26 – Deslocamentos do nó 3 na direção y da Análise não linear incremental do Pórtico Bi-apoiado
fornecido por: (a) notas de aulas, (b) programa P2INC.FOR.

22
Note que o valor do deslocamento é idêntico, para cada passo de carga. Ainda, de
forma mais ilustrativa, os valores presentes na figura 26 foram expostos graficamente nas
figuras 27 e 28.

Figura 27 – Caminho de equilíbrio do Pórtico Bi-apoiado no nó 3 e na direção vertical fornecido pelas


notas de aula.

Figura 28 – Caminho de equilíbrio do Pórtico Bi-apoiado no nó 3 e na direção vertical fornecido pelo


programa P2INC.FOR.

Note que os resultados se mostraram idênticos, tanto o valor do deslocamento na


análise linear quanto na não linear. Ainda, note que a variação do deslocamento teve uma
maior amplitude durante os incrementos de carga de 80% a 100%. Possivelmente a estrutura
já começou apresentar comportamento instável, onde uma pequena variação da carga
provoca grandes deslocamentos.

23
Com a finalidade de estudar melhor esse comportamento, o pórtico foi modelado no
programa MASTAN2, e foi efetuado a análise não linear “simple step” e a análise de carga
crítica. Na figura 29 está o caminho de equilíbrio da análise linear e não linear.

Figura 29 – Caminho de equilíbrio do Pórtico Bi-apoiado no nó 3 e na direção vertical fornecido pelo


programa MASTAN2.

Observe que o caminho de equilíbrio da análise não linear chegou a um patamar,


diferente do obtido pelo programa P2INC.FOR na figura 28. Isso ocorreu, pois, o MASTAN2
possui uma análise não linear mais refinada, chegando mais próximo do caminho de equilíbrio
real. Observe que o patamar tende a um valor específico de carga. Essa carga é a carga crítica
da estrutura, que obteve como fator 0.827. Assim, com a finalidade de comparar esse
resultado da carga crítica obtida na análise não linear, o modelo foi submetido a análise de
modo e carga crítica no próprio MASTRAN2. Na figura 30 está a deformada do modelo.

Figura 30 – Deformada do Pórtico Bi-apoiado com análise de carga crítica pelo programa MASTAN2.

24
Note que a carga crítica da estrutura foi de 0.829, valor bem próximo ao encontrado
com a análise não linear, e ainda, observe que o primeiro modo corresponde a deformada
obtida na análise não linear (figura 27).

3.2.2 Pórtico Bi-apoiado com viga rígida


O modelo estrutural para esse exemplo é o mesmo adotado na figura 14, no item
3.1.3. Assim como no exemplo anterior, aqui será estudado a análise não linear incremental.
Na figura 31 (a) e (b) estão os resultados do segundo exemplo, pórtico bi apoiado com viga
rígida, fornecidos pelas notas de aula e pelo programa P2INC.FOR. Os resultados foram obtidos
também com o deslocamento vertical no nó 3 da estrutura (nó 3 descrito na figura 14) para
cada passo de carga, e com um total número de incrementos de 250.

P max = 0.25 kN
Análise Desloc. P/Pmax
[] [cm] [%]
0.000E+00 0.00%
Linear
7.373E-04 100.00%
0.000E+00 0.00%
2.949E-06 0.40%
5.899E-06 0.80%
8.848E-06 1.20%
1.180E-05 1.60%
1.475E-05 2.00%
1.770E-05 2.40%
2.065E-05 2.80%
2.360E-05 3.20%
2.655E-05 3.60%
2.950E-05 4.00%
3.246E-05 4.40%
3.541E-05 4.80%
...

8.537E-04 92.4%
8.649E-04 92.8%
Não Linear 8.765E-04 93.2%
8.887E-04 93.6%
9.014E-04 94.0%
9.149E-04 94.4%
9.290E-04 94.8%
9.439E-04 95.2%
9.596E-04 95.6%
9.762E-04 96.0%
9.938E-04 96.4%
1.012E-03 96.8%
1.032E-03 97.2%
1.053E-03 97.6%
1.076E-03 98.0%
1.100E-03 98.4%
1.126E-03 98.8%
1.153E-03 99.2%
1.183E-03 99.6%
1.214E-03 100.0%

(a) (b)
Figura 31 – Deslocamentos do nó 3 na direção y da Análise não linear incremental do Pórtico Bi-apoiado
com viga rígida fornecido por: (a) notas de aulas, (b) programa P2INC.FOR

25
Note que o valor do deslocamento é idêntico, para cada passo de carga. Ainda, de
forma mais ilustrativa, os valores presentes na figura 31 foram expostos graficamente nas
figuras 32 e 33.

Figura 32 – Caminho de equilíbrio do Pórtico Bi-apoiado com viga rígida no nó 3 e na direção vertical
fornecido pelas notas de aula.

Figura 33 – Caminho de equilíbrio do Pórtico Bi-apoiado com viga rígida no nó 3 e na direção vertical
fornecido pelo programa P2INC.FOR.

Note que os resultados se mostraram idênticos, tanto o valor do deslocamento na


análise linear quanto na não linear. Ainda, note que a variação do deslocamento teve uma

26
maior amplitude durante os incrementos de carga de 90% a 100%. Possivelmente a estrutura
já começou apresentar comportamento próximo de sua instabilidade, onde uma pequena
variação da carga provoca grandes deslocamentos.

Assim como no exemplo anterior, com a finalidade de estudar melhor esse


comportamento, o pórtico foi modelado no programa MASTAN2, e foi efetuado a análise não
linear “simple step” e a análise de carga crítica. Na figura 34 está o caminho de equilíbrio da
análise linear e não linear.

Figura 34 – Caminho de equilíbrio do Pórtico Bi-apoiado com viga rígida no nó 3 e na direção vertical
fornecido pelo programa MASTAN2.

Observe que o comportamento foi o mesmo que ilustrado na figura 33, sendo que pelo
MASTAN2 chegou-se a um deslocamento de 0.00127 cm ao fim da análise não linear e pelo
programa P2INC.FOR chegou-se a um deslocamento de 0.00121 cm. A diferença foi pouca,
mas como foi mostrado no exemplo anterior, o programa do MASTAN2 tem uma análise não
linear mais refinada. Note que foi possível chegar na mesma carga máxima executada na
análise linear, sem apresentar deslocamentos grandes, como foi ilustrado na figura 29. Isso
ocorreu, pois, a carga crítica está acima do valor da carga máxima. Para provar, a estrutura foi
submetida a análise de carga crítica no próprio MASTAN2, e na figura 35 é possível visualizar a
deformada da estrutura e o valor do fator da carga crítica.

27
Figura 35 - Deformada do Pórtico Bi-apoiado com viga rígida com análise de carga crítica pelo programa
MASTAN2.

De fato, pela figura 35, o valor do fator da carga crítica é de 1.1239, ou seja, a carga
crítica está acima de 0.25 kN que é a carga máxima aplicada na estrutura. Observe então que o
método incremental desenvolvido no programa P2INC.FOR perde precisão quando a carga na
estrutura está próxima da carga crítica, tornando assim a análise incremental com baixa
precisão em deslocamentos grandes.

Outra análise interessante é comparar os resultados do pórtico bi apoiado sem e com a


viga rígida. Observe que tornando a viga do pórtico um elemento com rigidez grande, faz com
que a sua carga crítica aumente, e de fato, estruturas com elementos mais rígidos tendem a
sofrerem instabilidade em cargas muito maiores.

3.2.3 Coluna de Euler – Barra chata 1” x ¼” (Modelo Perfeito)


O modelo estrutural para esse exemplo é o mesmo adotado na figura 21, no item
3.1.4, e também ilustrado na figura 36 (a). Esse modelo trata-se de um modelo perfeito, com
10 elementos. Assim como no exemplo anterior, aqui será estudado a análise não linear
incremental.

Nas figuras 36 (b) e 37 estão os resultados da coluna de Euler fornecidos pelas notas
de aula e pelo programa P2INC.FOR respectivamente. Os resultados estão ilustrados por meio
do caminho de equilíbrio através do deslocamento vertical no nó 1 da estrutura para cada
passo de carga, e com um total número de incrementos de 500.

28
(a) (b)
Figura 36 – Coluna de Euler com barra chata 1” x ¼” (a) modelo, (b) caminho de equilíbrio fornecido
pelas notas de aula.

Figura 37 – Caminho de equilíbrio da Coluna de Euler – Barra chata 1” x ¼” no nó 1 e na direção vertical


fornecido pelo programa P2INC.FOR.

Observe que os resultados foram idênticos, obtendo um deslocamento de


aproximadamente 0.015 cm ao final de 500 incrementos de carga. Note pela figura 37 que o
caminho fundamental foi completamente linear, característica de estruturas geometricamente

29
perfeitas, onde o comportamento extensional é único presente. Em estruturas de barras,
como essa, as cargas são resistidas exclusivamente por solicitação axial. Dessa forma, a
estrutura irá se deformar apenas no eixo axial, sem apresentar nenhum indício de
instabilidade, e apresentando um resultado equivocado do que acontece na realidade.
Observe que a carga crítica para o 1º modo ocorre para um fator de carga de 0.224, e a
solução do caminho de equilíbrio mostrou-se estável até o seu número máximo de
incrementos, passando até da carga crítica do segundo modo, com um fator de 0.899.

Assim como no exemplo anterior, com a finalidade de estudar melhor esse


comportamento do caminho fundamental e pós-crítico, a barra foi modelada no programa
MASTAN , e foi efetuado a análise não linear “simple step”. Na figura 8 está o caminho de
equilíbrio da análise não linear.

Figura 38 - Caminho de equilíbrio Coluna de Euler – Barra chata 1” x ¼” no nó 1 e na direção vertical


fornecido pelo programa MASTAN2.

Note que o MASTAN2 apresentou os resultados até um fator de carga de 0.225, e


parou por chegar a uma carga “limite”. Essa carga limite é de fato a carga crítica do primeiro
modo ( kN). De fato, o caminho fundamental vai até a carga crítica, após esse
ponto tem-se o caminho pós-crítico ou também chamado de caminho pôs-bifurcação. A
análise não linear efetuada pelo MASTAN2 verifica se a carga atingiu a carga crítica antes de
continuar. Essa é a solução mais próxima da realidade. Entretanto, observe que a solução da
deformada obtida pela MASTAN2 nesse caminho fundamental é apenas extensional, sem
apresentar nenhum comportamento originado de “imperfeições”.

30
3.2.4 Coluna de Euler – 2 Elementos – P = 1.25 kN (Modelo Imperfeito)
O modelo estrutural para esse exemplo terá as mesmas dimensões do modelo do
exemplo anterior, entretanto com a aplicação de um momento na extremidade inferior da
barra. O modelo pode ser visualizado melhor na figura 39 (a).

Observe que agora o modelo tem apenas dois elementos, e um momento aplicado na
extremidade para induzir a “destruição” do caminho de equilíbrio perfeito e provocar o efeito
de flexão na barra.

Nas figuras 39 (b) e 40 estão os resultados da coluna de Euler imperfeita com 2


elementos fornecidos pelas notas de aula e pelo programa P2INC.FOR respectivamente. Os
resultados estão ilustrados por meio do caminho de equilíbrio através do deslocamento
vertical no nó 1 da estrutura para cada passo de carga, e com um total número de incrementos
de 125.

(a) (b)
Figura 39 – Coluna de Euler imperfeita com 2 elementos (a) modelo, (b) caminho de equilíbrio fornecido
pelas notas de aula.

31
Figura 40 – Caminho de equilíbrio da Coluna de Euler imperfeita com 2 elementos no nó 1 e na direção
vertical fornecido pelo programa P2INC.FOR.

Os resultados obtidos foram os mesmos, mostrando que o programa desenvolvido


P2INC.FOR está validado. Observe pela figura 40 que para essa “imperfeição”, com o momento
de pequena magnitude aplicado na extremidade inferior da barra, induziu a barra a um
caminho assintótico “imperfeito” (pós-bifurcação). Esse caminho pode ser facilmente
observado tanto na figura 40 quanto na figura 39 (b), onde após uma carga crítica, em um
ponto de bifurcação, a coluna se deforma em um modo preponderante flexional. Esse ponto
crítico ocorre para um fator de carga de 0.22468, obtendo uma carga crítica de 1.1234 kN que
é exatamente a carga crítica de flambagem elástica de Euler para a coluna, justificando assim
esse ponto como um ponto de bifurcação.

É importante destacar que no caminho fundamental, a estrutura apresenta modo de


deformação puramente extensional. Após atingir a carga crítica, no ponto de bifurcação, a
estrutura entra no caminho pós-crítico (pós-bifurcação), e apresenta deformação
predominantemente flexional, como mostra na imagem da deformada na figura 39 (b) e na
figura 40.

Ainda, note que a análise linear manifesta a continuação do caminho fundamental


após a carga crítica, dando a entender que a estrutura se comporta com deslocamento apenas
extensional, o que é incorreto.

Assim como no exemplo anterior, com a finalidade de estudar melhor esse


comportamento do caminho fundamental e pós-crítico, a barra foi modelada no programa
MASTAN , e foi efetuado a análise não linear “simple step”. Na figura 41 (a) está o caminho de
equilíbrio da análise não linear, e na figura 41 (b) está a deformada dessa estrutura ao fim do
número total de incrementos na análise não linear.

32
(a) (b)
Figura 41 – Resultados da Coluna de Euler imperfeita com 2 elementos fornecido pelo programa
MASTAN2r: (a) Caminho de equilíbrio no nó 1 e na direção vertical, (b) Deformada.

Os resultados da análise não linear obtido pelo MASTAN2 foram iguais aos fornecidos
pelo programa P2INC.FOR. Assim como nos resultados anteriores, a solução apresenta um
caminho fundamental em grande parte extensional até o ponto crítico, e após esse ponto,
apresenta comportamento de flexão. Ao final do número total de incrementos, a deformada
mostra o modo de flambagem que foi o esperado pela “imperfeição” aplicada na coluna.

Nos resultados mostrados nas figuras 39 (b), 40 e 41 (a) são em relação ao grau de
liberdade no nó 1 na direção vertical (v). Essa direção nesse nó é caraterizada por
comportamento extensional em seu caminho fundamental. Assim, é interessante analisar o
comportamento do grau de liberdade referente ao deslocamento no meio do vão da coluna.
Na figura 42, está a comparação do caminho de equilíbrio para os graus de liberdade u e v.

Figura 42 – Caminho de equilíbrio da Coluna de Euler imperfeita com 2 elementos para os graus de
liberdade u e v, fornecido pelo programa P2INC.FOR.

33
Observe que o caminho fundamental referente ao grau de liberdade v, é praticamente
que extensional, pois apresenta comportamento muito próximo da linearidade. Agora o
comportamento do grau de liberdade u mostra-se totalmente não-linear justificando sua
origem flexional.

Note que o caminho primário referente ao grau de liberdade u deveria ser uma reta
retilínea no eixo Y, e quando atingisse a carga crítica, o deslocamento aumentaria com
pequenos acréscimos de carga, como mostra a solução em tracejado em negrito da figura 43.
Entretanto, é importante lembrar que para este exemplo foi aplicado um momento fletor na
extremidade inferior, para que a análise não linear conduzisse a deformada da estrutura para
o primeiro modo de flambagem. Esse momento fletor pode ser encarado como uma
“imperfeição” na estrutura. A figura 43 ilustra essa influencia das imperfeições na estrutura.

Figura 43 – Interferência das Imperfeições (geométricas ou de cargas) no comportamento do caminho de


equilíbrio.

Observe que na figura 42 tivemos um comportamento análogo ao presente na figura


43. De fato, a aplicação do momento em umas das extremidades caracteriza um tipo de
imperfeição, que altera o comportamento desse caminho de equilíbrio, originando caminhos
de equilíbrios assintóticos aos caminhos fundamentais e pós-bifurcação.

3.2.5 Coluna de Euler – 4 Elementos – P = 5.00 kN (Modelo Imperfeito)


O modelo estrutural para esse exemplo terá as mesmas dimensões do modelo do
exemplo anterior, entretanto com a aplicação de dois momentos nas extremidades da barra. O
modelo pode ser visualizado melhor na figura 39 (a).

Observe o modelo tem agora quatro elementos, e dois momentos aplicados nas
extremidades para induzir a “destruição” do caminho de equilíbrio perfeito e provocar o efeito
de flexão na barra.

Nas figuras 44 (b) e 45 estão os resultados da coluna de Euler imperfeita com 4


elementos fornecidos pelas notas de aula e pelo programa P2INC.FOR respectivamente. Os
resultados estão ilustrados por meio do caminho de equilíbrio através do deslocamento
vertical no nó 1 da estrutura para cada passo de carga, e com um total número de incrementos
de 500.

34
(a) (b)
Figura 44 – Coluna de Euler imperfeita com 4 elementos (a) modelo, (b) caminho de equilíbrio fornecido
pelas notas de aula.

Figura 45 – Caminho de equilíbrio da Coluna de Euler imperfeita com 4 elementos no nó 1 e na direção


vertical fornecido pelo programa P2INC.FOR.

35
Note que como foi esperado, os resultados deram os mesmos. Observe que agora as
“imperfeições” conduziram a estrutura para um caminho assintótico que estimula o segundo
modo de flambagem da estrutura. O ponto crítico para essa “imperfeição” ocorre para um
fator de carga de 0.89868, que gera uma carga crítica de 4.4934 kN, que é a carga crítica de
Euler para o segundo modo (apresentado por duas meias ondas, na imagem da deformada da
figura 44 (b) e figura 45).

Assim como nos exemplos anteriores, com a finalidade de estudar melhor esse
comportamento do caminho fundamental (estável e instável) e pós-crítico, a barra foi
modelada no programa MASTAN , e foi efetuado a análise não linear “simple step”. Na figura
46 está o caminho de equilíbrio da análise não linear.

Figura 46 – Caminho de equilíbrio no nó 1 e na direção vertical da Coluna de Euler imperfeita com 4


elementos fornecido pelo programa MASTAN2.

Observe que os resultados aqui obtidos foram apenas ao ponto crítico do primeiro
modo ( kN). Entretanto, esses resultados foram idênticos aos obtidos na figura 38.
De fato, o programa MASTAN2 faz a análise não linear até ao ponto crítico. É importante
observar que após atingir a carga crítica do primeiro modo, a estrutura “continua” no caminho
fundamental, porém, apesar do caminho possuir tangente positiva, esse segmento do caminho
é considerado instável. Esse caminho instável é bem comum após um ponto crítico do tipo
bifurcação, onde ocorre incremento de deslocamentos sem acréscimo de carga,
caracterizando uma perda de rigidez do modo fundamental.

Devido a isso, o programa MASTAN2 atingiu o limite da análise por ter atingido a um
caminho instável. Para mostrar melhor o que o programa MASTAN2 faz, na figura 47 está
ilustrado a deformada da estrutura para esse caso, além do seu resultado pela análise de carga
crítica.

36
(a) (b) (c)
Figura 47 – Deformadas para a coluna de Euler Imperfeita com 4 elementos com carga máxima de 5 kN,
sendo: (a) Deformada com escala de 103 vezes calculada com análise não linear incremental (load fator
0.225); (b) Deformada com escala de 104 vezes calculada com análise não linear incremental (load fator
0.225); (c) Deformada do segundo modo calculada por análise de carga crítica (load fator 0.90545);

Note pela figura 47 (a), que aparentemente a estrutura apresenta deformação


puramente extensional no ponto crítico para o primeiro modo. Entretanto, aumentando a
escala da estrutura (figura 47 (b)), observe que a coluna apresenta pequenos deslocamento de
flexão respeitando o segundo modo. Essa flexão do segundo modo foi induzida pelos
momentos nas extremidades, e é muito pequena, por isso é desprezível em relação a
deformada extensional nesse ponto. Na figura 47 (c), foi executada a análise de carga crítica,
observe que o segundo modo de fato é formado por duas meias ondas, e com um fator de
0.90545 que gera uma carga crítica de 4.52725 kN, valor bem próximo da carga crítica de Euler
(4.4934 kN). Essa carga do MASTAN2 converge mais precisamente para a carga crítica de Euler,
quando a estrutura é melhor discretizada.

De forma geral, observe que todos os exemplos de colunas de Euler obtiveram o


caminho primário linear. Entretanto, quando se trata de estruturas como pórticos, o caminho
fundamental é não-linear por apresentar modos com alguma flexão, como foi ilustrado nos
exemplos dos pórticos bi apoiados.

37
Figura 48 - Caminho de equilíbrio das Colunas de Euler no nó 1 e na direção vertical fornecido pelas notas
de aula.

Figura 49 – Caminho de equilíbrio das Colunas de Euler no nó 1 e na direção vertical fornecido pelo
programa P2INC.FOR
.
Nas figuras 48 e 49 estão os resultados das colunas de Euler de 2 e 4 elementos
sobrepostos. Observe que a estrutura quando imposta as condições de cargas de magnitude
baixa, resultou em caminhos fundamentais acima da carga crítica aos modos inferiores, dando

38
a falsa ideia de que o caminho atingido é estável. Entretanto, como foi dito anteriormente,
esse caminho é instável, e é apenas teórico.

Em situações com estruturas mais robustas, com muitos graus de liberdade, essa
análise dos modos superiores utilizando a análise incremental e aplicando as cargas para
induzir a esses modos, fica mais complicada, pois a estrutura fica mais sensível e complexa.
Desse modo, é interessante utilizar uma análise que forneça as cargas e modos críticos para
que o projetista possa prever possíveis modos de colapso por instabilidade da estrutura.
Assim, no próximo tópico, estão alguns exemplos de análise de cargas e modos críticos de
estruturas aporticadas.

3.3 Cargas e Modos críticos - P2CRT.FOR


A análise de cargas e modos críticos foi feita utilizando como base o programa P2D.FOR
fornecida pelo professor Ricardo Valeriano. A metodologia da análise de cargas e modos
críticos está toda formulada no item 2.3 deste trabalho.

Resumidamente, utilizando o algoritmo 2, pode-se determinar os modos e cargas críticas


da estrutura. Primeiramente é considerado uma aproximação linearizada do caminho de
equilíbrio da estrutura, para que a matriz de tensões fique linear e assim sendo possível fazer a
análise incremental sem determinar a solicitação em cada passo de carga. A partir disso, por
definição, considera que o ponto crítico é obtido quando o passo de carga é zero, assim chega-
se a um problema de autovalor generalizado. Esse problema é divido em dois problemas de
autovalores fundamentais. Quando resolvidos, são obtidos os modos críticos de instabilidade e
as cargas críticas.

Para formular esse problema, foi criado o programa P2CRT.FOR. O programa informa os
modos críticos associados ao seu fator de carga crítico. O usuário pode inserir a quantidade de
modos que quer visualizar. Lembrando que o programa calcula todos os modos possíveis,
totalizando ao número total de graus de liberdade. O programa irá informar resultados mais
precisos para uma maior discretização da estrutura.

3.3.1 Coluna de Euler – P = 1.00 kN


O primeiro exemplo consiste na mesma coluna estudada nos exemplos anteriores.
Entretanto, nesse caso especificamente, essa coluna será modelada variando a quantidade de
elementos. Os resultados de carga e modos críticos são obtidos com a discretização da
estrutura de 1, 2, 4 e 8 elementos. Na figura 50, 51 e 52, estão os resultados para apenas o
primeiro modo, fornecidos pelas notas de aula, pelo programa P2CRT.FOR e pelo programa
MASTAN2, respectivamente.

39
Figura 50 – Primeiro Modo e fatores de cargas críticas para a coluna de Euler, considerando 1, 2, 4 e 8
elementos, fornecidos pelas notas de aula.

Figura 51 – Primeiro Modo e fatores de cargas críticas para a coluna de Euler, considerando 1, 2, 4 e 8
elementos, fornecidos pelo programa P2CRT.FOR.

Load Ratio = 1.3658 Load Ratio = 1.1318 Load Ratio = 1.1239 Load Ratio = 1.1234
Figura 52 – Primeiro Modo e fatores de cargas críticas para a coluna de Euler, considerando 1, 2, 4 e 8
elementos, fornecidos pelo programa MASTAN2.

40
Observe que pelas figuras 50, 51 e 52, que os fatores de carga crítica ficaram iguais.
Dessa forma o programa P2CRT.FOR foi validado. Note ainda que o valor desse fator
corresponde ao valor da carga crítica teórica de Euler, quando a estrutura possui 8 elementos.
Com o acréscimo de incrementos, a carga crítica foi se aproximando da solução analítica.

Outro importante detalhe a ser destacado, é a forma modal. Observe que a forma
modal do primeiro modo é um senoide com apenas uma meia onda. Entretanto, observe que a
forma modal é resultante do problema de autovalor, assim, essa forma modal é interpretada
matematicamente, como o autovetor associado ao seu autovalor. Assim por definição, esse
autovetor será composto sempre de um múltiplo qualquer. Veja então que a forma modal
pode apresentar diferentes amplitudes, dependendo do seu múltiplo. Assim, o sentido o qual a
coluna apresenta a flambagem não importa, mas sim a sua forma modal. E como mostra nas
figuras 51 e 52, algumas apresentaram o fenômeno da flambagem para direções opostas, mas
que na realidade representam a mesma forma modal.

Nas figuras 50, 51 e 52 foram ilustradas as cargas e formas modais do primeiro modo.
Agora, para exemplificar o segundo modo, nas figuras 53, 54 e 55 estão os resultados
fornecidos pelas notas de aula, pelo programa P2CRT.FOR e pelo programa MASTAN2,
respectivamente.

Figura 53 – Segundo Modo e fatores de cargas críticas para a coluna de Euler, considerando 1, 2, 4 e 8
elementos, fornecidos pelas notas de aula.

41
Figura 54 – Segundo Modo e fatores de cargas críticas para a coluna de Euler, considerando 1, 2, 4 e 8
elementos, fornecidos pelo programa P2CRT.FOR.

Load Ratio = 6.8292 Load Ratio = 5.4634 Load Ratio = 4.5272 Load Ratio = 4.4957
Figura 55 – Segundo Modo e fatores de cargas críticas para a coluna de Euler, considerando 1, 2, 4 e 8
elementos, fornecidos pelo programa MASTAN2.

Observe que pelas figuras 53, 54 e 55, que os fatores de carga crítica ficaram iguais.
Dessa forma o programa P2CRT.FOR foi validado para o segundo modo. Note ainda que o valor
desse fator corresponde ao valor da carga crítica teórica de Euler para o segundo modo,
quando a estrutura possui 8 elementos. Com o acréscimo de incrementos, a carga crítica foi se
aproximando da solução analítica. Entretanto, note que o valor de carga crítica para o segundo
modo utilizando 1 elemento ficou bem acima do analítico do que a carga crítica do 1 modo
para 1 elemento. De fato, a estrutura converge mais rapidamente os fatores de carga crítica
para os primeiros modos do que para os demais. Na figura 56 é ilustrado um gráfico que
mostra essa convergência do fator da carga crítica.

42
Figura 56 – Convergência do fator de carga crítica para a coluna de Euler.

Observe que o fator de carga crítica para o primeiro modo converge com uma boa
precisão para uma coluna com apenas 2 elementos, enquanto o fator de carga crítica para o
segundo modo converge com uma boa precisão apenas após 4 elementos na coluna.

3.3.2 Pórtico com 2 Barras


O segundo exemplo consiste em um exemplo retirado da literatura (TIMOSHENKO &
GERE, 1961). O modelo está ilustrado na figura 57 e apresenta uma carga crítica para o
primeiro modo igual a aproximadamente 1.67 kN. A seção e o material é o mesmo que nos
exemplos anteriores.

Os resultados de carga e modos críticos são obtidos com a discretização da estrutura


de 1, 2, 4 elementos por barra (total de 2, 4 e 8 elementos). Na figura 58, 59 e 60, estão os
resultados para apenas o primeiro modo, fornecidos pelas notas de aula, pelo programa
P2CRT.FOR e pelo programa MASTAN2, respectivamente.

𝑘𝑁

Figura 57 - Modelo do Pórtico com 2 barras fornecido pelas notas de aula.

43
Figura 58 – Primeiro modo e fator de carga crítico do pórtico de 2 barras com 1, 2 e 4 elementos por
barra, fornecido pelas notas de aula.

Figura 59 - Primeiro modo e fator de carga crítico do pórtico de 2 barras com 1, 2 e 4 elementos por
barra, fornecido pelo programa P2CRT.FOR.

8 Elementos
2 Elementos 4 Elementos

Load Ratio = 2.2764 Load Ratio = 1.6869 Load Ratio = 1.6701

Figura 60 - Primeiro modo e fator de carga crítico do pórtico de 2 barras com 1, 2 e 4 elementos por
barra, fornecido pelo programa MASTAN2.

Note que os fatores de carga crítica obtidos no programa P2CRT.FOR (figura 59) foram
exatamente os mesmos que os presentes nas notas de aula (figura 58) e os fornecidos pelo
programa MASTAN2 (figura 60), para cada modelo com o mesmo número de elementos. Dessa
forma o programa P2CRT.FOR foi validado.

Observe ainda que o valor do fator carga para o pórtico com 8 elementos convergiu
muito próximo ao valor analítico presente em TIMOSHENKO & GERE (1961). De fato, quanto
mais discretizado é o modelo, mais graus de liberdade a estrutura possui, e assim mais preciso
é a carga e os modos críticos.

Como discutido no exemplo anterior, a forma modal é o autovetor resultante do


problema de autovalor. Assim a forma modal pode apresentar diferentes amplitudes,

44
dependendo do seu múltiplo. Assim, o sentido o qual o pórtico apresenta a flambagem não
importa, mas sim a sua forma modal. E como mostra nas figuras 59 e 60, algumas
apresentaram o fenômeno da flambagem em direções opostas, mas que na realidade
representam a mesma forma modal.

3.3.3 Pórtico com 3 Barras


O terceiro exemplo também consiste em um exemplo retirado da literatura
(TIMOSHENKO & GERE, 1961). O modelo está ilustrado na figura 61 e apresenta uma carga
crítica para o primeiro modo igual a aproximadamente 0.207 kN. A seção e o material é o
mesmo que nos exemplos anteriores.

Os resultados de carga e modos críticos são obtidos com a discretização da estrutura


de 1, 2, 4 elementos por barra (total de 3, 6 e 12 elementos). Na figura 62, 63 e 64, estão os
resultados para apenas o primeiro modo, fornecidos pelas notas de aula, pelo programa
P2CRT.FOR e pelo programa MASTAN2, respectivamente.

𝑘𝑁

Figura 61 - Modelo do Pórtico com 3 barras fornecido pelas notas de aula.

Figura 62 - Primeiro modo e fator de carga crítico do pórtico de 3 barras com 1, 2 e 4 elementos por
barra, fornecido pelas notas de aula.

45
Figura 63 - Primeiro modo e fator de carga crítico do pórtico de 3 barras com 1, 2 e 4 elementos por
barra, fornecido pelo programa P2CRT.FOR.

6 Elementos 12 Elementos
3 Elementos

Load Ratio = 0.20734 Load Ratio = 0.2073


Load Ratio = 0.20769
Figura 64 - Primeiro modo e fator de carga crítico do pórtico de 3 barras com 1, 2 e 4 elementos por
barra, fornecido pelo programa MASTAN2.

Observe que os fatores de carga crítica obtidos no programa P2CRT.FOR (figura 63)
foram exatamente os mesmos que os presentes nas notas de aula (figura 62) e os fornecidos
pelo programa MASTAN2 (figura 64), para cada modelo com o mesmo número de elementos.
Dessa forma o programa P2CRT.FOR foi novamente validado.

Note ainda que o valor do fator carga para o pórtico com 12 elementos convergiu
muito próximo ao valor analítico presente em TIMOSHENKO & GERE (1961). De fato, quanto
mais discretizado é o modelo, mais graus de liberdade a estrutura possui, e assim mais preciso
é a carga e os modos críticos.

Assim como discutido no exemplo anterior, a forma modal é o autovetor resultante do


problema de autovalor. Ou seja, a forma modal pode apresentar diferentes amplitudes,
dependendo do seu múltiplo. Dessa forma, o sentido o qual o pórtico apresenta a flambagem
não importa, mas sim a sua forma modal. Entretanto, nesse exemplo, as formas em todos os
modelos apresentaram o mesmo sentido de deformada. Lembrando que o efeito da
flambagem do pórtico pode ser tanto para a direita quanto para a esquerda.

3.3.4 Pórtico com 4 Barras


O quarto e último exemplo também consiste em um exemplo retirado da literatura
(TIMOSHENKO & GERE, 1961). O modelo está ilustrado na figura 65 e apresenta uma carga
crítica para o primeiro modo igual a aproximadamente 1.87 kN. A seção e o material é o
mesmo que nos exemplos anteriores.

Os resultados de carga e modos críticos são obtidos com a discretização da estrutura


de 1, 2, 4 elementos por barra (total de 4, 8 e 16 elementos). Na figura 62, 63 e 64, estão os

46
resultados para apenas o primeiro modo, fornecidos pelas notas de aula, pelo programa
P2CRT.FOR e pelo programa MASTAN2, respectivamente.

𝑘𝑁

Figura 65 - Modelo do Pórtico com 4 barras fornecido pelas notas de aula.

Figura 66 - Primeiro modo e fator de carga crítico do pórtico de 4 barras com 1, 2 e 4 elementos por
barra, fornecido pelas notas de aula.

Figura 67 - Primeiro modo e fator de carga crítico do pórtico de 4 barras com 1, 2 e 4 elementos por
barra, fornecido pelo programa P2CRT.FOR.

47
16 Elementos
4 Elementos 8 Elementos

Load Ratio = 2.7317 Load Ratio = 1.8915 Load Ratio = 1.8756

Figura 68 - Primeiro modo e fator de carga crítico do pórtico de 4 barras com 1, 2 e 4 elementos por
barra, fornecido pelo programa MASTAN2.

Note que os fatores de carga crítica obtidos no programa P2CRT.FOR (figura 67) foram
exatamente os mesmos que os presentes nas notas de aula (figura 66) e os fornecidos pelo
programa MASTAN2 (figura 68), para cada modelo com o mesmo número de elementos. Dessa
forma o programa P2CRT.FOR foi validado.

Observe ainda que o valor do fator carga para o pórtico com 16 elementos convergiu
muito próximo ao valor analítico presente em TIMOSHENKO & GERE (1961). De fato, quanto
mais discretizado é o modelo, mais graus de liberdade a estrutura possui, e assim mais preciso
é a carga e os modos críticos.

Como discutido nos exemplos anteriores, a forma modal é o autovetor resultante do


problema de autovalor. Assim a forma modal pode apresentar diferentes amplitudes,
dependendo do seu múltiplo. Assim, o sentido o qual o pórtico apresenta a flambagem não
importa, mas sim a sua forma modal. E como mostra nas figuras 67 e 68, algumas
apresentaram o fenômeno da flambagem em direções opostas, mas que na realidade
representam a mesma forma modal.

Como foi discutido nos exemplos anteriores, ficou claro observar que a discretização é
diretamente proporcional a precisão da carga crítica. Na figura 69, está ilustrado um gráfico
que mostra a convergência dos modelos, a medida que os elementos são inseridos, o que
consequentemente aumenta os graus de liberdade da estrutura.

Figura 69 - Convergência do fator de carga crítica para os pórticos com 2, 3 e 4 barras.

48
No geral, o problema de autovalor fornece uma aproximação das cargas e modos
críticos de um modelo estrutural, sem a necessidade de conhecer o estado do caminho pós-
critico. Essa aproximação das cargas e modos críticos se deve a linearização do caminho
fundamental e pela discretização da estrutura. Ainda, observe que em todas as estruturas foi
possível obter um modo distinto do caminho primário, sem a necessidade de aplicar as
imperfeições de cargas, como foi feito na análise não linear. Tornando assim um método mais
simples para encontrar as cargas e os modos críticos.

49
4 Conclusão
No presente trabalho foi proposto criar rotinas computacionais com o objetivo de analisar
as cargas e modos críticos de uma estrutura de pórticos planos. Com isso foi possível analisar
vários exemplos presentes na literatura, como forma de validar os programas. E como foi
apresentado, todos os exemplos apresentaram resultados condizentes com os apresentados
na literatura.

Além disso, com esse trabalho, foi possível concluir alguns tópicos importantes, que
merecem destaque, são eles:

 Imperfeições geométricas descaracterizam o ponto de bifurcação induzindo a não


linearidade no caminho primário.
 Cargas de pequenas magnitudes podem ser aplicadas na estrutura para induzir a
flexão de estruturas puramente extensionais, no caso da análise não linear
incremental, conduzindo assim a um caminho assintótico “imperfeito”. Um exemplo
são as colunas de Euler e aplicando momentos nas extremidades da barra.
 O caminho fundamental não linear é característico de estruturas com deformação
flexional, como exemplo os pórticos, já os caminhos fundamentais lineares são
característicos de estruturas com deformação extensional, como exemplo as colunas
de Euler.
 A análise de estabilidade utilizando o problema de autovalor para determinar as cargas
e modos críticos é possível mesmo em estruturas perfeitas, sem a necessidade de
aplicar cargas de pequenas magnitudes para induzir a algum modo. Tornando assim
um método interessante para estruturas mais complexas, com muitos graus de
liberdade.
 A análise de cargas e modos críticos utilizando o problema de autovalor permite
chegar a uma aproximação das cargas e modos críticos de uma estrutura sem a
necessidade de saber sobre a estabilidade do caminho pós-crítico.
 O problema de autovalor na análise de estabilidade é uma forma aproximada de
determinar as cargas e modos, o qual a precisão depende da linearidade do caminho
fundamental e da quantidade de graus de liberdade da estrutura, sendo assim,
necessário discretizar a estrutura com mais nós para obter resultados com maior
precisão.
 Quando a carga crítica é o único parâmetro de interesse, a teoria de pequenos
deslocamentos é uma ótima aproximação para simplificar os cálculos.

50
Referências

CHAJES, A., 1974, Principles of Structural Stability Theory, Civil engineering and engineering
mechanics series, Department of Civil Engineering, University of Massachusetts, Prentice-Hall,
New Jersey.

GALAMBOS, T. V., SUROVEK, A. E., 2008, Structural Stability of Steel: Concepts and
Applications for Structural Engineers, John Wiley & Sons, New Jersey, page 14.

McGUIRE, W., GALLAGHER, R. H., ZIEMIAN, R. D., 2014, Matrix Structural Analysis, Second
Edition, Disponivel em <http://www.mastan2.com/> Acesso em 05 nov. 2018.

TIMOSHENKO, S.P.; GERE, J.M., 1961, Theory of Elastic Stability, 2 ed., McGrawHill, New
York.

VALERIANO, R., 2018, Notas de Aula do curso de Estabilidade Estrutural, Instituto Luiz Alberto
Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro.

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