Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Bons estudos!!!
1. TOCCATA E FUGA EM DM ‐ J.S.BACH(SOLO SOBRE O TEMA)
¾ Origem da Técnica:
¾ Conceito:
Várias pessoas perguntam se há diferença entre Tapping e Two-Hands; não há diferença alguma.
Os dois são a mesma coisa, ou uma maneira abreviada de “Two-Handed Tapping”. Ainda há um outro termo
que é mais utilizado nos Estados Unidos: “Touchstyle”. Mas também tem o mesmo significado de Tapping.
Como definição, eu costumo dizer que:
“Tapping é usar a mão direita para a mesma função da esquerda, ambas juntas.”
É uma definição bastante simplista, mas servirá como um resumo. Afinal, é uma definição; e como
toda definição, ela deve ser clara e concisa.
Para uma explicação mais profunda e detalhada faz-se necessário a abordagem de duas
ferramentas, que juntas formam o “pilar” fundamental do Tapping: Hammer-on e Pull-off.
¾ Hammer-on/Pull-off:
O Hammer-on consiste em “martelar” a corda no braço do instrumento(em uma das “casas”) com
qualquer um dos dedos da mão esquerda ou direita. Ao fazer isso, o impacto da corda com o traste emitirá a
nota da casa correspondente, mesmo sem o ataque convencional(pizzicato); isso é o início e a base do
Tapping.
O Pull-off é o complemento do Hammer-on. Consiste em “puxar” a corda com o mesmo dedo que
outrora havia “martelado”, mas desta vez segurando qualquer casa anterior àquela com outro dedo.
Por isso, é de EXTREMA IMPORTÂNCIA que se exercite com máxima dedicação os dois!
¾ Posicionamento da MÃO DIREITA:
Outro fator preponderante e ao mesmo tempo controverso do nosso estudo, é a posição correta da
mão direita, mais especificamente do polegar, no braço do Baixo.
A grande maioria dos “Tappistas” afirmam que o posicionamento correto do polegar da mão direita
ao executar o Tapping é na borda superior do braço do Baixo usando-a como um “trilho” para o
polegar(fig.1); essa é uma opção, mas não a única. Em um Baixo de 6 cordas que tenha um espaçamento
de cordas extra(≥18mm) esse posicionamento torna-se quase impraticável. Você teria muita dificuldade para
alcançar a primeira corda(C) com sua mão direita.
Quando defini Tapping como: “A mão direita imitando a esquerda.”, isso inclui também o seu
posicionamento! Portanto, outra opção de posição do polegar da mão direita é mesma do polegar da
esquerda(fig.2); só que, obviamente, invertido.
Fig.1 Fig.2
¾ Estilos/Variações:
Existem diversas maneiras de executar o Tapping. Pode-se dizer que existem verdadeiras
“Escolas” ou “Vertentes” do Tapping. Além disso, como veremos no decorrer deste curso, o Tapping pode
ser aplicado nos mais diversos estilos musicais(Rock, Blues, Jazz, Samba, Funk...etc...), ao contrário do que
muitos pensam.
Um exemplo de uma vertente do Tapping é a “Escola” do Billy Sheehan, onde são executados solos
utilizando escalas e arpejos com incrível velocidade como se fosse uma guitarra. Nessa forma de tocar
exige-se muito de Hammer-on e Pull-off.
Outra vertente importante, que é bem diferente da descrita acima, é a “Escola” Stuart Hamm. Esse
famoso Baixista usa o Tapping tentando imitar um Piano em seu Fender, executando duas vozes ao mesmo
tempo. Essa forma de tocar exige do baixista muita coordenação motora e independência das mãos.
Existem muitos outros baixistas que usam o Tapping de maneira bastante peculiar a eles. Vejamos
alguns exemplos de baixistas que usam Tapping(Tappers... ou Tappistas).
¾ Padrões escalares:
Apesar de ser muito utilizado para executar arpejos, o Tapping pode ser usado para execução de
padrões escalares. Na parte inicial desse solo eu utilizei um padrão em Am Harmônico. Na escala menor
harmônica, temos a sétima aumentada em um semitom, ficando assim uma 7M(sétima maior ou sensível).
É uma escala que tem um padrão de fácil execução para Tapping pois, como verão no exemplo
abaixo, utilizam-se apenas os dedos Indicadores e Médios de ambas as mãos.
Obedeça a digitação e
verá que não é um
padrão difícil, justamente
por usar apenas dois
dedos de cada mão. Não
esqueça também de
transpor a escala para
várias outras tonalidades,
testando assim outras
posições no braço do
Baixo.
¾ Nota “Pedal”:
Quando numa frase há uma nota que se repete alternadamente no meio de uma melodia, chamamos
essa nota de “Pedal”. Essa nota funciona como uma base harmônica para a melodia sobreposta. Esse
recurso foi muito utilizado por J.S.Bach e por outros compositores do período Barroco pois davam a idéia
ou a impressão de que
havia um outro instrumento
fazendo a base harmônica.
No exemplo ao lado
vemos facilmente que a
nota pedal é ‘E’, e a melodia
segue nos baixos, na escala
de A menor; sempre com
padrões em semicolcheias.
Perceba também, que o
compasso é ternário.
O próximo exemplo(abaixo) é nada menos que uma variação do anterior. A melodia continua a
mesma; a nota pedal também, só que agora acrescentamos à mesma a sua oitava. Temos então o mesmo
tema do exemplo anterior só que em sextinas(6 notas por pulso), dando assim o efeito de “trinado”
existente no famoso arranjo para violão de Andrés Segóvia.
*Obs: as notas marcadas com um “T” são tocadas com os dedos Indicador e Médio da mão direita.
3. FLIGHT OF THE BUMBLEBASS ‐ RIMSKY‐KORSAKOV(ARRANJO P/ BAIXO SOLO)
¾ Cromatismo/Padrões Cromáticos:
Existem três tipos básicos de escalas: Diatônicas, Cromáticas, e Simétricas. Darei um pequeno
conceito de cada uma com exemplos.
A Tablatura a seguir é o tema principal da peça. Note que o tema, como na música inteira, tem um
padrão totalmente cromático mas que sempre “passeia” por uma idéia de Em. O andamento é 170bpm; mas
não se preocupem com velocidade agora. O mais importante é deixar todas as notas o mais claras possível.
Esse solo exigirá muito do seu Pull-off, mas ao mesmo tempo é um ótimo exercício para o mesmo.
¾ De quantas notas realmente precisamos?
Já viram aquele comercial de um pneu que diz: “Velocidade não é nada sem controle”?
Pois não há frase melhor para ser aplicada a nós instrumentistas! “Engatinhar” antes de “correr” é realmente
a melhor maneira de alcançarmos a perfeição na execução de nosso instrumento.
Tenha em mente que seu cérebro é quem “toca”, não suas mãos. As mãos apenas obedecem às
ordens vindas dele. Toda a habilidade e destreza de um músico estão em seu cérebro, e não em suas
mãos. Pouco se adquire em condicionamento “físico” das mãos ao praticar seu instrumento. Na verdade se
adquire condicionamento mental e coordenação motora na região do cérebro que controla as mãos. O
processo de aprendizado de um instrumento é 99% mental, por isso é certo dizer que estudamos música.
O nosso cérebro funciona de uma maneira bastante interessante; quando nos concentramos em
alguma coisa, o cérebro começa a processar informações, e continua (subconscientemente) mesmo depois
de você para de dar atenção àquilo! Até quando dormimos! Já deve ter acontecido a vocês de não
conseguir êxito em alguma coisa (uma questão de Física, um problema pessoal, uma parte difícil de um
solo...etc...), e depois de uma semana, sem ter sequer pensado naquilo, a solução vem com extrema
facilidade. Isso acontece porque mesmo sem trabalhar conscientemente no problema, seu cérebro
continuou(subconscientemente) a processar as informações referentes ao problema durante toda a semana!
Mesmo quando estamos distraídos ou dormindo o cérebro continua aprendendo!
Cada indivíduo tem seu próprio tempo de assimilação. É importante respeitar seus limites, pois você
poderá estar forçando suas mãos desnecessariamente, já que seu cérebro necessita de mais tempo para
“aprender”.
Esteja ciente que, é melhor estudar 1 hora TODO DIA que 8 horas uma vez por semana. Ter uma
rotina diária e constante torna a evolução bem mais rápida e o aproveitamento é maior.
1. 1 hora por dia é suficiente; desde que seja realmente TODO DIA (isso inclui Domingos).
2. Durante o estudo isole-se de tudo (TV, telefone, geladeira...) Concentre-se!
3. Nenhuma postura ao tocar é 100% correta, portanto sempre alterne as posturas.
4. Elabore/organize um programa de estudos semanal.
5. Proponha metas a si mesmo!
6. Faça disso tudo uma rotina!
4. ALL BLUES ‐ MILES DAVIS(ACOMPANHAMENTO)
¾ Função do Baixo:
Isso resume tudo o que tenho pra falar nesse tópico! O zagueiro(baixista) faz parte do alicerce
principal de um time(banda). Todo bom defensor deve estar ciente de sua função no time; em algumas
oportunidades ele pode subir ao ataque e marcar um belo gol; mas sabendo que alguém lhe deu cobertura e
que terá que voltar o mais rápido possível à defesa para que a mesma não fique desfalcada de sua posição.
Assim também trabalha o bom Baixista! Nossa principal função(junto com o Baterista) é formar o
alicerce Harmônico e rítmico do grupo. Essa missão é tão importante e bonita quanto a dos solistas.
Aproveitarei essa música e esse tópico para falar sobre o Tapping sendo usado para acompanhar e
harmonizar um tema.
¾ Tapping no acompanhamento:
6. LAZY ‐ MARK SABATELA(ACOMPANHAMENTO)
¾ Formação de Tétrades:
Para melhor compreensão do conteúdo a seguir deve-se ter ao menos
uma noção básica de construção de Tétrades.
Um acorde em sua forma mais simples(maior/menor) é formado a
partir de uma Tríade, que por sua vez é formada por três notas: Tônica, Terça,
e Quinta. A Tônica é o que dá nome ao acorde. A Terça indica o modo(maior ou
menor). Note que toda Tríade é formada por Terças “sobrepostas”; tomando o
exemplo de uma Tríade de C: Do-Mi-Sol Æ de Do(T) para Mi(3M) temos,
obviamente, uma Terça maior, e de Mi(3M) para Sol(5J) temos uma Terça
menor; se “empilharmos” mais uma Terça maior em relação à Quinta justa da
nossa Tríade de C teremos uma Tétrade de Cmaj7!
Procure entender observando os exemplos dados. Para uma
explicação mais detalhada seria necessário todo o capítulo de um livro;
sugiro ao aluno que ainda não tenha esse conhecimento a respeito de
Tríades e Tétrades que procure um bom livro de Teoria para um maior
esclarecimento sobre o assunto.
¾ Walking-Bass:
Ao ouvir um Jazz mais tradicional(Bebop) ou mesmo um Blues você deve ter ouvido uma
interessante linha de baixo que pulsa quase sempre junto com o andamento da música formando uma linha
melódica em torno da Harmonia. Essa maneira de tocar o Baixo, bastante peculiar ao Jazz tradicional
Americano, é chamada de Walking-Bass. Como a própria tradução diz: “ Baixo caminhando” é uma linha de
baixo que “caminha” por semínimas; na maioria dos casos a semínima é utilizada como unidade de tempo
no pulso da música.
Assim como no tópico anterior, esse também é um vasto campo da Harmonia, ficando difícil de
entrar em detalhes como deflexões, finalizações Bebop, aproximações cromáticas...etc... com o pouco
espaço e tempo que temos em nosso Workshop de Tapping. Portanto vemos apenas o básico de Tétrades
e Walking-Bass para que possamos aplicá-los com o uso do Tapping.
Vale também lembrar que o uso do Walking-Bass na mão esquerda junto com a Harmonia da direita,
nos Estados Unidos também é conhecido por “Comping”.
¾ Regulagem:
Sem dúvida nenhuma, um dos fatores mais importantes para um bom estudo e execução da técnica
de Tapping(e qualquer outra) é o setup de nosso Baixo. Uma boa regulagem além de facilitar na hora de
executar passagens mais complexas também previne o músico de diversas lesões que vão desde pequenas
dores até Tendinites que podem impedi-lo de tocar por um longo período, durante o qual terá que passar por
uma série de tratamentos muitas vezes dispendiosos.
A regulagem de um instrumento afeta dois aspectos: Timbre e Tocabilidade, sendo esse último
fundamental. Tudo em um Baixo influencia seu timbre e sua tocabilidade, mas esses são os itens em que
vamos focar nossa discussão:
*Nota: é normal haver uma pequeníssima curvatura na escala para que as cordas possam vibrar livremente. Para
verificar se essa curvatura está em níveis normais, pressione a corda no primeiro traste como você faria se fosse tocá-
la, e então pressione a corda no último traste da escala. Deve haver um pequeno espaço entre a corda e o 10º traste
(cerca de 0.5mm). Se não houver esse espaço, ou se o mesmo for muito grande, você terá que fazer um pequeno
ajuste no tensor até que a escala fique com sua curvatura natural.
- TRASTES -
No caso dos trastes eu sempre sugiro os “Jumbos”, que são os maiores e mais resistentes à ação do
tempo. Eles também influenciam bastante tanto no timbre como na tocabilidade; com os trastes em boas
condições você consegue uma sustentação bem maior, além de mais presença de brilho e harmônicos já
que as freqüências agudas ficam mais claras.
O traste é sempre a parte do instrumento em que menos se dá a manutenção necessária; com o
tempo sujeira e impurezas vão acumulando-se nos trastes prejudicando muito o timbre e dificultando
consideravelmente a execução de “bends” pois essas impurezas aumentam muito o atrito da corda com o
traste. Além de diminuir a vida útil do traste.
É de extrema importância dar manutenção nos trastes periodicamente; essa manutenção é feita com
uma limpeza dos mesmos com uma palha de aço(“Bombril” ou similar) umedecida com qualquer produto
para polimento de metais(“Brasso” ou similar). Na ocasião da limpeza dos trastes deve-se tomar muito
cuidado com a escala do instrumento já que essa é, na grande maioria dos casos, de madeira que por sua
vez é muito sensível à química abrasiva do polidor de metais. Uma boa dica é proteger a escala com dois
pedaços de fita isolante, um em cada casa, deixando assim apenas o traste sob a ação da palha de aço. Ao
terminar de limpá-lo com a palha de aço use um pano limpo e seco para não deixar resíduos do produto.
Repita esse procedimento em cada traste aproveitando os mesmos pedaços de fita isolante nos outros.
- CORDAS -
Seria inviável fazer uma corda de baixo totalmente sólida; mas se tivermos um núcleo central
revestido/enrolado por outro fio metálico, então teremos uma corda com peso suficiente para o Baixo
elétrico. Essas cordas são do tipo “wound”. Em cordas de aço, o núcleo é feito de aço; em cordas de nylon,
o núcleo é feito de nylon; e assim por diante. Também existe diversas tensões e bitolas de cordas; sugiro
uma tensão leve ou no máximo média, para as cordas; quanto mais leve melhor para Tapping.
O material no qual o revestimento é feito varia: aço inoxidável, liga de nickel, cobre, bronze, latão, e
varias outras ligas. Há também novas tecnologias que prometem uma maior durabilidade do revestimento
com por exemplo a Nanoweb. Cordas do tipo “wound” ainda subdividem-se em 3 tipos, que variam de
acordo com a textura que o revestimento dá à corda. Abaixo seguem as explicações de cada tipo:
Quando falamos em Tapping sempre pensamos que é um privilégio de baixistas que usam Baixos de
5-6 cordas. De fato um baixo com mais de 4 cordas facilita muito para quem utiliza essa técnica. Veja que
principalmente quando executamos arpeggios o uso das cordas “extras” muitas vezes é indispensável. O
uso também de acordes executados com Tapping fica dificultado na ausência de uma corda “C”.
Porém, devo lembrar a vocês que grandes nomes do Tapping usam APENAS baixos de 4 cordas:
Billy Sheehan, Michael Manring, Wally Voss. Há também baixistas que não são conhecidos por seus
Tappings mas que também se aventuram e só usam 4 cordas: Jeff Berlin, Victor Wooten...etc...
Muito do que estamos estudando aqui não é facilmente executável em um Baixo de 4 cordas, mas a
maioria pode ser transposta e tocada tranqüilamente! Além disso, temos que o que realmente nos interessa
é a idéia; ou seja, o conteúdo aqui ministrado é totalmente flexível e adaptável, podendo assim ser
modificado de acordo com o equipamento que está sendo utilizado.
Mas não fique desanimado se seu baixo não for um de 6 cordas; se você tem um de 5 cordas existe
uma ótima solução: mudar as cordas que você usa. Veja só:
Em alguns casos será necessária a troca do “nut”(capotraste) do instrumento; isso só será realmente
necessário se houver folgas que prejudiquem a afinação e entonação do Baixo. Essa troca com certeza não
é cara, mas só deve ser realizada por um Luthier especializado e de confiança. Terminada a adaptação
você terá um instrumento com uma excelente extensão de escala para a prática do Tapping.
¾ Ativo/Passivo:
¾ Periféricos:
Até então tratamos o Tapping como uma técnica para solos e acompanhamento, utilizando diversas
músicas e arranjos para demonstrar as diversas variações. Agora veremos nesse exemplo como extrair uma
sonoridade realmente semelhante a um Piano usando o Tapping. No começo desse solo você notará um
maior uso de acordes bastante abertos, bem característicos do Impressionismo de Debussy; a primeira
parte é justamente o começo de uma peça para Piano de autoria dele chamada Clair De Lune, na qual são
usadas sonoridades que caracterizaram totalmente aquele período da música Erudita. Logo após temos
uma passagem em Ab com arpejos dedilhados, os quais nos levam ao próximo tema: Linus and Lucy. É
sobre esse tema, que já foi tocado no Baixo pelo grande Stu Hamm, que trabalharemos no próximo tópico.
Uma das partes que mais caracterizam esse solo como um solo de sonoridade Pianística é a parte
em que toco o tema Linus and Lucy, trilha sonora do desenho animado Snoopy. Nesse tema fica clara a
sonoridade de um Piano por causa da independência rítmica das mãos na execução. O tema, em Ab Maior,
é formado por uma linha melódica, tocada pela mão direita, usando apenas 3 notas da escala: Ab, Bb, C.
Acompanhada por um linha de baixo *Ostinato variando em 2 acordes: Ab e Ab6; e depois B e B6.
Se você analisar as 2 vozes(Baixo & Melodia) em separado, verás que nenhuma das duas propõem
dificuldades técnicas em sua execução, lembrando, se tocadas separadamente. Mesmo sendo duas vozes
extremamente fáceis em separado, ao tentar tocá-las ao mesmo tempo, a real dificuldade aparece; por se
tratar de ritmos diferentes e sincopados, é muito difícil a assimilação, principalmente para o iniciante. Mas
não devemos temer, pois independência das mãos é algo bastante comum aos Pianistas, e não é
necessário ter 2 cérebros para lidar com tal situação. Então é nesse ponto que atacaremos: tocar cada voz
individualmente até que sejam totalmente assimiladas, uma de cada vez. Logo então, tentar aos poucos
tocá-las ao mesmo tempo, sempre devagar, aumentando com o tempo a velocidade.
*Nota: baixo Ostinato é quando uma linha de baixo repete-se “obstinadamente” durante um certo tempo.
9. A NEW BEGINING ‐ ROBERTO WILLIAM
¾ Processos de composição:
Decidi incluir aqui também uma música de minha autoria, e então aproveitar para falar um pouco
sobre processos básicos de composição musical. É uma música bastante simples, desenvolvida em cima de
“colagens” de idéias sem repetição de temas(que já é uma maneira de compor). Veremos também no
decorrer dessa música, composta para ser tocada totalmente em Tapping, vários recursos os quais já foram
amplamente comentados e estudados no decorrer do nosso curso; além disso, faço uso de Harmônicos
Artificiais nos quais ainda vou explicar amplamente no próximo tópico.
Primeiramente devemos abster-nos da obrigação de usar qualquer regra que nos impeça de fazer
um boa música original; essa primeira “regra” de excluir as regras convencionais é de fato a mais importante
de todas. Devemos usar regras da Harmonia e “teorias” musicais apenas como ferramentas, e não como
cartilhas “ditatoriais”, repressoras da arte. Lembrem-se que os maiores compositores da História da Música
se destacaram por terem quebrado regras e iniciado novos períodos da Música Erudita.
Para começarmos uma música temos que partir de uma idéia; essa idéia pode ser qualquer
elemento sonoro: um ritmo, um simples acorde, um pequeno motivo melódico, ou simplesmente a união
deles contida em um tema básico. Dessa “célula” composicional, desenvolvemos temas e variações usando
elementos como: imprevisibilidade, repetição, variação, contrastes...etc...
¾ Harmônicos:
Os Harmônicos de que vamos falar estão diretamente ligados à Série Harmônica. Cada nota ou som
que é emitido tem sua própria Série Harmônica que são intervalos quase imperceptíveis ao ouvido humano.
Produzir um som em um instrumento musical significa colocar algum elemento em vibração para que esta
vibração seja transmitida ao ar. A freqüência ou altura do som produzido vai depender das características do
meio vibratório (uma corda, coluna de ar, etc); os sistemas físicos não vão vibrar de uma única forma, mas
sim emitindo diversas freqüências, todas múltiplas da nota fundamental. Estas outras freqüências são os
harmônicos ou parciais, e sua composição é o que vai caracterizar o timbre do instrumento.
No exemplo ilustrado são mostrados os primeiros quinze harmônicos da nota dó. As notas pretas
representam sons que estão fora da afinação. A
natureza da série harmônica influencia
grandemente a teoria musical, estando no âmago
da formação das escalas e da nossa atual
Harmonia, por exemplo.
Ok, agora que temos uma noção básica da Série Harmônica veremos então como funcionam os
Harmônicos Naturais em instrumentos de cordas em geral. Para extrair Harmônicos naturais do Baixo temos
que achar os pontos corretos da corda onde eles são audíveis. Abaixo temos um mapa resumido com os
pontos mais comuns onde encontramos e tocamos Harmônicos Naturais:
Æ Note que todos os pontos encontram-se exatamente em cima dos trastes; o que nem sempre ocorre com
alguns Harmônicos mais difíceis de extrair; alguns são encontrados entre dois trastes distintos por exemplo.
Agora que sabemos a localização de vários Harmônicos Naturais, veremos
então como tocá-los. Observe na figura que o seu dedo deve apenas “triscar” na
corda exatamente no ponto onde queremos tirar o Harmônico(geralmente em cima
de um traste); ou seja, não devemos pressionar a corda como se fossemos tocá-la
normalmente, e sim encostar levemente como que tangenciando-a, sem que a
mesma encoste no traste. Feito isso no ponto de algum Harmônico, ataque a corda
normalmente com a mão direita. Se tiver feito tudo corretamente você ouvirá um som
macio e com um timbre diferente do comum. Esse é o Harmônico Natural daquele
ponto da corda.
Quando você toca qualquer corda pressionando o 12º traste, você está diminuindo o tamanho da
corda que está sendo tocada, conseguindo assim uma nota mais alta; logicamente, a corda vibrará apenas
do 12º traste, onde seu dedo a pressiona, até a ponte. Veja como mostra a figura:
Mas, se você tocar o Harmônico do 12º traste a corda estará de fato, vibrando em ambos os lados do
ponto de onde você tirou o Harmônico. A única parte da corda que não estará vibrando é onde você
encostou, ou seja, no ponto do Harmônico. Esse ponto da corda que não vibra(o ponto de onde tiramos o
Harmônico) é chamado de “nó”. Resumindo, a corda estará vibrando em duas seções(no caso do 12º traste)
idênticas em tamanho. Veja a ilustração do que acontece:
Agora toque o Harmônico do 7º traste. Dessa vez a corda vibrará em 3 partes idênticas. Haverá
então dois “nós”, um onde você tirou o Harmônico no 7º traste, e outro no 19º traste. Isso mesmo! Mesmo
sem tocar no 19º traste ele não vibrará naquele ponto. Se você tocar o Harmônico do 19º traste, verá que é
exatamente o mesmo do 7º traste. Depois de tocar o Harmônico do 7º traste, ainda com a corda vibrando,
tente encostar na corda em cima do 19º traste. Nada acontecerá, e o Harmônico continuará soando. Isso
porque a corda não estará vibrando exatamente naquele ponto(nó). Veja a figura:
Passamos então para o Harmônico do 5º traste. Nesse caso a corda vibrará em 4 partes idênticas.
Ao tocar os Harmônicos no 7º e no 19º traste, você notou que eles são idênticos. Nesse caso, somente o 5º
e o 24º traste soarão iguais, e o 12º traste soará uma oitava abaixo. Assim, mesmo o 12º traste sendo um
nó, você não terá o mesmo Harmônico do 5º traste aqui. Veja a figura a seguir e entenda melhor:
Eu sei que tudo isso pode parecer um pouco confuso. Na verdade tudo isso nos levaria a uma aula
de Física. Se você pegar uma corda mantendo a mesma tensão, e dividi-la ao meio, você subirá 1 oitava.
Se continuares a dividir a corda ao meio, a próxima oitava será mais curta ainda, e mais curta a cada
divisão. Tocar o Harmônico do 12º traste divide a corda ao meio, então a nota que soará será uma oitava
acima da corda solta. Tocar o Harmônico do 5º ou do 24º traste divide novamente a corda ao meio(metade
da metade), sendo assim soará uma oitava acima do Harmônico do 12º traste. É por esse motivo que os
trastes vão ficando mais próximos uns dos outros a medida que se aproximam da ponte. Levará sempre
menos distância para alcançar a próxima nota.
*Note que nem todos os Baixos têm 24 trastes, mas o nó correspondente está onde o 24º traste deveria estar.
Æ Notação dos Harmônicos:
*Obs1: para conseguir extrair todos esses Harmônicos, principalmente os mais próximos ao nut, é necessário
sobretudo cordas novas e um Baixo bem regulado; cordas velhas já perderam todo seu timbre brilhante e dão
problemas de entonação; Baixos desregulados podem estar desoitavados, com curvas na escala, e com os captadores
baixos demais para captar os Harmônicos.
*Obs2: é possível também “caminhar” com os Harmônicos; basta que você tire o Harmônico e imediatamente
pressione a corda fazendo um “slide” para frente ou para trás na escala. Esse efeito fica bem mais interessante em
Baixos fretless, pois não há os trastes para causar ruídos nos slides.
Æ Pentatônica de Em:
Voltando...
Æ Harmônicos Artificiais:
Lembrem-se que cada nota que você pressiona na escala, muda as posições dos “nós” que são os
pontos onde você deverá encostar a ponta do indicador direito ou a lateral do polegar direito. Portanto, ao
tocar uma melodia usando Harmônicos Artificiais a mão direita deve acompanhar ligeiramente o movimento
da mão esquerda; é necessário bastante treino para assimilar todas as posições.
INTRODUÇÃO DE “BIRDLAND”
Æ Harmônicos no Tapping:
*Ouçam “Birdland” com Jaco Pastorius e assitam “Bass Extremes” vídeo com Steve Bailey & Victor Wooten.
SOBRE O AUTOR
Nascido em 02 de Outubro de 1979, em Fortaleza-
CE, Roberto William inicia sua vida musical apenas em
1997 aos 17 anos de idade. Vindo de uma família onde
não há nenhum músico ou mesmo fonte de inspiração
musical, Roberto descobriu a música ocasionalmente por
influência amigos que tocavam em bandas de Rock e
Heavy Metal. No início o que mais ele ouvia eram bandas
de Hard Rock e Progressivo Setentistas como Deep
Purple, Rush, Led Zeppelin, AC/DC, Alice Cooper,
Rainbow, Whitesnake...
Exatamente em 25 de Dezembro de 1996 colocou
um Baixo em seu colo pela primeira vez; um Strinberg de
5 cordas. Durante o ano de 97 tocou com vários amigos
em alguns projetos; mas foi só em Outubro que entrou em
uma banda com formação e objetivos mais sólidos.
Durante o mesmo ano, conheceu diversos outros estilos
musicais ampliando ainda mais seu leque de
conhecimentos, mas ainda mantendo as mesmas
influências básicas baseadas nas diversas variações do
Rock Setentista.
Ao ter contato pela primeira vez com a música
Erudita, ele logo assimilou sua essência; Ainda em 97
ouviu e descobriu a técnica que até hoje é característica marcante em seu estilo de tocar: Two-
Handed Tapping. A descoberta veio por intermédio do disco de estréia do guitarrista Joey Taffola
chamado “Out Of The Sun”(1987). O falecido Baixista que tocou nesse disco(Wally Voss), até hoje
é uma das maiores fontes de inspiração de Roberto. Imediatamente começou a pesquisar e
estudar sobre essa técnica de Tapping. Os anos que se seguiram sempre trouxeram muitas
inovações e evoluções. Durante os anos de 1998-99 adquiriu bastante experiência tocando com
várias bandas/artistas locais e nos mais diversos estilos musicais. Em meados de Julho de 1999,
comprou um Baixo Tagima de 6 cordas que lhe trouxe muita evolução principalmente no Tapping;
além de ser um Baixo bem superior àquele que possuía anteriormente. Ao final do ano abandonou
o curso de Edificações na Escola Técnica, onde então estudava, e seu trabalho relacionado à
Engenharia, para dedicar-se exclusivamente à Música.
Mesmo sem tempo para estudar, passou no teste de Aptidão e no vestibular para
Bacharelado em Música de 2000. No início daquele ano começou seu curso onde ainda se
encontra em processo de conclusão. Ingresso na Universidade, ampliou ainda mais seus
conhecimentos e seu círculo de amizades que agora era composto na sua maioria por músicos
estudantes e profissionais. Com esses contatos ele pôde trocar idéias e compartilhar conhecimento
com músicos de diversos estilos. Em 2002 teve o grande prazer de participar do famoso e
badalado Festival de Jazz & Blues de Guaramiranga, acompanhando uma banda de Blues.
Hoje, depois de passar por diversas experiências musicais, que vão do Classic Rock até
Música Contemporânea de Conjunto, Roberto William continua suas experimentações e pesquisas
principalmente voltadas à técnica de Tapping no Baixo. Atualmente está cursando Bacharelado em
Música pela UECE(Universidade Estadual do Ceará), está preparando repertório para a gravação
de seu 1º disco solo, além de outros trabalhos na área de Didática do Baixo-Elétrico.
Agradecimentos