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- Introdução -

Olá irmãos do Grave! Nesse Workshop abordaremos a técnica de


Two-Handed Tapping aplicada ao Baixo Elétrico. Esse recurso é utilizado
hoje por inúmeros guitarristas e Baixistas; até mesmo violonistas se
enveredam pelos caminhos dessa técnica em seus arranjos e composições.

Explicarei desde os princípios básicos(pré-requisitos), intermediários,


até execuções mais avançadas. A princípio, a técnica de Two-Handed
Tapping pode parecer complexa e de difícil execução; mas se forem
seguidos os princípios básicos passo-a-passo, com dedicação e paciência,
vocês descobrirão que não é nenhum “bicho-de-sete-cabeças”. Verão
também que, o efeito obtido executando um Tapping é, no mínimo, muito
interessante; e aos poucos lhes serão revelado o verdadeiro e incrível
“poder de fogo” do nosso tão querido Baixo Elétrico!
Espero que apreciem a nossa viagem!

Bons estudos!!!

 
 
1. TOCCATA E FUGA EM DM ‐ J.S.BACH(SOLO SOBRE O TEMA)  

¾ Origem da Técnica:

Muitos afirmam que o criador e pioneiro da


técnica de Tapping foi o guitarrista Eddie Van Halen
no final dos anos ’70, em seu álbum de estréia. Na
verdade, o idealizador, ou ‘Pai’, de tudo foi o
guitarrista Emmett Chapman no final dos anos ’60.
Como sabemos, toda grande idéia ou
invenção surge de uma necessidade. Chapman,
sentindo a necessidade de tocar a Harmonia e a
Melodia ao mesmo tempo, levou sua mão
direita(antes com a função de “palhetar”) ao braço de
sua guitarra, plantando assim a “semente” do que
seria uma nova era nos instrumentos elétricos de
cordas, e que logo ganharia muitos seguidores.
Vale também ressaltar que Chapman
posteriormente inventou um instrumento chamado
“Chapman Stick”, ou apenas “Stick”, que é O criador... ...e suas criaturas!
pouquíssimo conhecido aqui no Brasil. Esse
instrumento é tocado apenas com Tapping e tem 8,
10, ou 12 cordas. Mas isso já é outra história!

¾ Conceito:

Várias pessoas perguntam se há diferença entre Tapping e Two-Hands; não há diferença alguma.
Os dois são a mesma coisa, ou uma maneira abreviada de “Two-Handed Tapping”. Ainda há um outro termo
que é mais utilizado nos Estados Unidos: “Touchstyle”. Mas também tem o mesmo significado de Tapping.
Como definição, eu costumo dizer que:

“Tapping é usar a mão direita para a mesma função da esquerda, ambas juntas.”
É uma definição bastante simplista, mas servirá como um resumo. Afinal, é uma definição; e como
toda definição, ela deve ser clara e concisa.
Para uma explicação mais profunda e detalhada faz-se necessário a abordagem de duas
ferramentas, que juntas formam o “pilar” fundamental do Tapping: Hammer-on e Pull-off.

¾ Hammer-on/Pull-off:

O Hammer-on consiste em “martelar” a corda no braço do instrumento(em uma das “casas”) com
qualquer um dos dedos da mão esquerda ou direita. Ao fazer isso, o impacto da corda com o traste emitirá a
nota da casa correspondente, mesmo sem o ataque convencional(pizzicato); isso é o início e a base do
Tapping.
O Pull-off é o complemento do Hammer-on. Consiste em “puxar” a corda com o mesmo dedo que
outrora havia “martelado”, mas desta vez segurando qualquer casa anterior àquela com outro dedo.

O Hammer-on e o Pull-off são os dois pilares fundamentais para a execução do Tapping!

Por isso, é de EXTREMA IMPORTÂNCIA que se exercite com máxima dedicação os dois!
¾ Posicionamento da MÃO DIREITA:

Outro fator preponderante e ao mesmo tempo controverso do nosso estudo, é a posição correta da
mão direita, mais especificamente do polegar, no braço do Baixo.
A grande maioria dos “Tappistas” afirmam que o posicionamento correto do polegar da mão direita
ao executar o Tapping é na borda superior do braço do Baixo usando-a como um “trilho” para o
polegar(fig.1); essa é uma opção, mas não a única. Em um Baixo de 6 cordas que tenha um espaçamento
de cordas extra(≥18mm) esse posicionamento torna-se quase impraticável. Você teria muita dificuldade para
alcançar a primeira corda(C) com sua mão direita.
Quando defini Tapping como: “A mão direita imitando a esquerda.”, isso inclui também o seu
posicionamento! Portanto, outra opção de posição do polegar da mão direita é mesma do polegar da
esquerda(fig.2); só que, obviamente, invertido.

Fig.1 Fig.2

¾ Estilos/Variações:

Existem diversas maneiras de executar o Tapping. Pode-se dizer que existem verdadeiras
“Escolas” ou “Vertentes” do Tapping. Além disso, como veremos no decorrer deste curso, o Tapping pode
ser aplicado nos mais diversos estilos musicais(Rock, Blues, Jazz, Samba, Funk...etc...), ao contrário do que
muitos pensam.
Um exemplo de uma vertente do Tapping é a “Escola” do Billy Sheehan, onde são executados solos
utilizando escalas e arpejos com incrível velocidade como se fosse uma guitarra. Nessa forma de tocar
exige-se muito de Hammer-on e Pull-off.
Outra vertente importante, que é bem diferente da descrita acima, é a “Escola” Stuart Hamm. Esse
famoso Baixista usa o Tapping tentando imitar um Piano em seu Fender, executando duas vozes ao mesmo
tempo. Essa forma de tocar exige do baixista muita coordenação motora e independência das mãos.
Existem muitos outros baixistas que usam o Tapping de maneira bastante peculiar a eles. Vejamos
alguns exemplos de baixistas que usam Tapping(Tappers... ou Tappistas).

¾ Baixistas que usam Tapping:

• Billy Sheehan(Talas, Mr.Big, Niacin)


• Stu Hamm(Joe Satriani)
• Wally Voss(Yngwie Malmsteen, Joe Taffola)
• Jeff Berlin(Alan Holdsworth)
• Les Claypool(Primus)
• Luís Mariutti(Angra, Shaman)
• Zuzo Moussawer
• Chico Gomes
2. ASTURIAS ‐ ISAAC ALBENIZ(SOLO SOBRE O TEMA)

¾ Padrões escalares:

Apesar de ser muito utilizado para executar arpejos, o Tapping pode ser usado para execução de
padrões escalares. Na parte inicial desse solo eu utilizei um padrão em Am Harmônico. Na escala menor
harmônica, temos a sétima aumentada em um semitom, ficando assim uma 7M(sétima maior ou sensível).
É uma escala que tem um padrão de fácil execução para Tapping pois, como verão no exemplo
abaixo, utilizam-se apenas os dedos Indicadores e Médios de ambas as mãos.

Obedeça a digitação e
verá que não é um
padrão difícil, justamente
por usar apenas dois
dedos de cada mão. Não
esqueça também de
transpor a escala para
várias outras tonalidades,
testando assim outras
posições no braço do
Baixo.

¾ Nota “Pedal”:

Quando numa frase há uma nota que se repete alternadamente no meio de uma melodia, chamamos
essa nota de “Pedal”. Essa nota funciona como uma base harmônica para a melodia sobreposta. Esse
recurso foi muito utilizado por J.S.Bach e por outros compositores do período Barroco pois davam a idéia
ou a impressão de que
havia um outro instrumento
fazendo a base harmônica.
No exemplo ao lado
vemos facilmente que a
nota pedal é ‘E’, e a melodia
segue nos baixos, na escala
de A menor; sempre com
padrões em semicolcheias.
Perceba também, que o
compasso é ternário.

O próximo exemplo(abaixo) é nada menos que uma variação do anterior. A melodia continua a
mesma; a nota pedal também, só que agora acrescentamos à mesma a sua oitava. Temos então o mesmo
tema do exemplo anterior só que em sextinas(6 notas por pulso), dando assim o efeito de “trinado”
existente no famoso arranjo para violão de Andrés Segóvia.
 
 

*Obs: as notas marcadas com um “T” são tocadas com os dedos Indicador e Médio da mão direita.
3. FLIGHT OF THE BUMBLEBASS ‐ RIMSKY‐KORSAKOV(ARRANJO P/ BAIXO SOLO)

¾ Cromatismo/Padrões Cromáticos:

Existem três tipos básicos de escalas: Diatônicas, Cromáticas, e Simétricas. Darei um pequeno
conceito de cada uma com exemplos.

Diatônicas são escalas onde não há repetição


de nenhuma nota em sua extensão; são as
escalas Maiores, Menores, e todos os seus
Modos correspondentes. Veja o exemplo ao
lado em A Maior.

Cromáticas são escalas que seguem por


semitons. Escalas cromáticas não têm
tonalidade. Elas simplesmente vão de uma
nota a outra formando um Cromatismo. Veja o
exemplo ao lado de um cromatismo que vai de
C até outro C sendo uma oitava acima.

Simétricas são escalas onde o padrão é


sempre o mesmo. São exemplos de
simétricas: escalas Diminutas e Whole-Tone
Scale ou(traduzindo) Tons inteiros. Essa
escala também é conhecida por Hexafônica,
por conter apenas 6 notas. O exemplo ao lado
ilustra uma Hexafônica de A.

Caracterizada pelo Cromatismo e pela extrema velocidade(170bpm.), “Flight Of The Bumblebee”,


conhecida também como “O Vôo do Besouro”, é uma peça composta no período Romântico(Séc.IX) por
Nicolai Rimsky-Korsakov. Originalmente ela foi composta para uma grande orquestra; no Romantismo era
muito comum compor para orquestras enormes, com mais de 90 músicos, e também é considerado o
período dos virtuoses.
Sendo uma obra de grande exibição técnica, muitos instrumentistas fizeram arranjos solo para seus
respectivos instrumentos. Pianistas, Clarinetistas, Violoncelistas, Violonistas, Guitarristas, Baixistas... todos
já utilizaram essa peça para demonstrar sua habilidade com seu instrumento. Até então, nunca vi baixista
nenhum tocá-la usando Tapping; foi então que decidi fazer o arranjo: “Flight Of The BumbleBASS”.

A Tablatura a seguir é o tema principal da peça. Note que o tema, como na música inteira, tem um
padrão totalmente cromático mas que sempre “passeia” por uma idéia de Em. O andamento é 170bpm; mas
não se preocupem com velocidade agora. O mais importante é deixar todas as notas o mais claras possível.
Esse solo exigirá muito do seu Pull-off, mas ao mesmo tempo é um ótimo exercício para o mesmo.
¾ De quantas notas realmente precisamos?

Já viram aquele comercial de um pneu que diz: “Velocidade não é nada sem controle”?
Pois não há frase melhor para ser aplicada a nós instrumentistas! “Engatinhar” antes de “correr” é realmente
a melhor maneira de alcançarmos a perfeição na execução de nosso instrumento.
Tenha em mente que seu cérebro é quem “toca”, não suas mãos. As mãos apenas obedecem às
ordens vindas dele. Toda a habilidade e destreza de um músico estão em seu cérebro, e não em suas
mãos. Pouco se adquire em condicionamento “físico” das mãos ao praticar seu instrumento. Na verdade se
adquire condicionamento mental e coordenação motora na região do cérebro que controla as mãos. O
processo de aprendizado de um instrumento é 99% mental, por isso é certo dizer que estudamos música.
O nosso cérebro funciona de uma maneira bastante interessante; quando nos concentramos em
alguma coisa, o cérebro começa a processar informações, e continua (subconscientemente) mesmo depois
de você para de dar atenção àquilo! Até quando dormimos! Já deve ter acontecido a vocês de não
conseguir êxito em alguma coisa (uma questão de Física, um problema pessoal, uma parte difícil de um
solo...etc...), e depois de uma semana, sem ter sequer pensado naquilo, a solução vem com extrema
facilidade. Isso acontece porque mesmo sem trabalhar conscientemente no problema, seu cérebro
continuou(subconscientemente) a processar as informações referentes ao problema durante toda a semana!
Mesmo quando estamos distraídos ou dormindo o cérebro continua aprendendo!
Cada indivíduo tem seu próprio tempo de assimilação. É importante respeitar seus limites, pois você
poderá estar forçando suas mãos desnecessariamente, já que seu cérebro necessita de mais tempo para
“aprender”.

Esteja ciente que, é melhor estudar 1 hora TODO DIA que 8 horas uma vez por semana. Ter uma
rotina diária e constante torna a evolução bem mais rápida e o aproveitamento é maior.

Algumas dicas importantes:

1. 1 hora por dia é suficiente; desde que seja realmente TODO DIA (isso inclui Domingos).
2. Durante o estudo isole-se de tudo (TV, telefone, geladeira...) Concentre-se!
3. Nenhuma postura ao tocar é 100% correta, portanto sempre alterne as posturas.
4. Elabore/organize um programa de estudos semanal.
5. Proponha metas a si mesmo!
6. Faça disso tudo uma rotina!
4. ALL BLUES ‐ MILES DAVIS(ACOMPANHAMENTO)  
 
 
¾ Função do Baixo:

Nunca esquecerei uma citação do grande Arthur Maia:

“O Baixista é o ‘zagueiro’ da banda, mas zagueiros também fazem bonitos gols!”

Isso resume tudo o que tenho pra falar nesse tópico! O zagueiro(baixista) faz parte do alicerce
principal de um time(banda). Todo bom defensor deve estar ciente de sua função no time; em algumas
oportunidades ele pode subir ao ataque e marcar um belo gol; mas sabendo que alguém lhe deu cobertura e
que terá que voltar o mais rápido possível à defesa para que a mesma não fique desfalcada de sua posição.
Assim também trabalha o bom Baixista! Nossa principal função(junto com o Baterista) é formar o
alicerce Harmônico e rítmico do grupo. Essa missão é tão importante e bonita quanto a dos solistas.
Aproveitarei essa música e esse tópico para falar sobre o Tapping sendo usado para acompanhar e
harmonizar um tema.

¾ Tapping no acompanhamento:

Além de uma excelente ferramenta para


solos o Tapping também pode ser utilizado em
bases e acompanhamentos em diversos ritmos e
levadas.
Nessa variação da técnica você utilizará a
mão direita para tocar as Harmonias, enquanto a
mão esquerda toca os baixos dos acordes. Em
algumas poucas situações será preciso fugir
dessa regra e inverter os papeis das mãos.
Esse exemplo que toquei (All Blues) ilustra
perfeitamente essa variação do Tapping. A
levada, como o próprio nome da música sugere, é
um Blues.

No trecho ao lado temos dois acordes: G7


e C7. Note que a mão esquerda preocupa-se
apenas com a linha de baixo, enquanto que a
mão direita executa um tema rítmico/harmônico
utilizando intervalos e notas de passagem dos
acordes. Por cima de tudo isso há um solista
tocando o tema principal e depois improvisando
sobre a mesma Harmonia.
5. DUO Nº1 ‐ ADRIANO GIFFONI(ACOMPANHAMENTO/BASE)  
 
 
¾ Linha de Baixo + Harmonia:

Seguindo o exemplo da música anterior, aqui teremos também


o Tapping sendo usado como acompanhamento; só que dessa vez
numa levada de Samba.
Esse tema é de autoria de Adriano Giffoni, Baixista Cearense
natural de Quixadá. Giffoni é bastante conhecido no cenário musical
Brasileiro como um músico de qualidade notável; tendo tocado e
gravado com vários músicos de renome nacional, além de muito
contribuir com vasto trabalho didático voltado ao Contrabaixo,
principalmente com estudos e pesquisas sobre ritmos Brasileiros e
Nordestinos.
Nos exemplos que seguem separei os acordes em mão
esquerda e mão direita. Mão esquerda fazendo os baixos e a direita
completando os acordes utilizando terças e sétimas. A levada, como
vocês já sabem, é Samba.
O segredo aqui é pensar na mão esquerda como se ela
fosse o bumbo do baterista e a mão direita a caixa. O Samba é um
ritmo tradicionalmente sincopado. Significa que em sua célula
rítmica básica os acentos são deslocados para os tempos fracos do
compasso.
A princípio pode parecer um pouco difícil acompanhar uma
levada de Samba, mas não se intimide, siga o baterista e tente variar
sempre os baixos usando as inversões de terça(primeira inversão) e de
quinta(segunda inversão). Lembre-se também de manter uma levada
precisa na mão direita acompanhando a caixa e variando sempre que
possível para que não pareça ‘mecânico’.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6. LAZY ‐ MARK SABATELA(ACOMPANHAMENTO)  
 
 
¾ Formação de Tétrades:
 
 
  Para melhor compreensão do conteúdo a seguir deve-se ter ao menos
uma noção básica de construção de Tétrades.
Um acorde em sua forma mais simples(maior/menor) é formado a
partir de uma Tríade, que por sua vez é formada por três notas: Tônica, Terça,
e Quinta. A Tônica é o que dá nome ao acorde. A Terça indica o modo(maior ou
menor). Note que toda Tríade é formada por Terças “sobrepostas”; tomando o
exemplo de uma Tríade de C: Do-Mi-Sol Æ de Do(T) para Mi(3M) temos,
obviamente, uma Terça maior, e de Mi(3M) para Sol(5J) temos uma Terça
menor; se “empilharmos” mais uma Terça maior em relação à Quinta justa da
nossa Tríade de C teremos uma Tétrade de Cmaj7!
Procure entender observando os exemplos dados. Para uma
explicação mais detalhada seria necessário todo o capítulo de um livro;
sugiro ao aluno que ainda não tenha esse conhecimento a respeito de
Tríades e Tétrades que procure um bom livro de Teoria para um maior
esclarecimento sobre o assunto.
 
 
¾ Walking-Bass:
 
 
Ao ouvir um Jazz mais tradicional(Bebop) ou mesmo um Blues você deve ter ouvido uma
interessante linha de baixo que pulsa quase sempre junto com o andamento da música formando uma linha
melódica em torno da Harmonia. Essa maneira de tocar o Baixo, bastante peculiar ao Jazz tradicional
Americano, é chamada de Walking-Bass. Como a própria tradução diz: “ Baixo caminhando” é uma linha de
baixo que “caminha” por semínimas; na maioria dos casos a semínima é utilizada como unidade de tempo
no pulso da música.
Assim como no tópico anterior, esse também é um vasto campo da Harmonia, ficando difícil de
entrar em detalhes como deflexões, finalizações Bebop, aproximações cromáticas...etc... com o pouco
espaço e tempo que temos em nosso Workshop de Tapping. Portanto vemos apenas o básico de Tétrades
e Walking-Bass para que possamos aplicá-los com o uso do Tapping.
Vale também lembrar que o uso do Walking-Bass na mão esquerda junto com a Harmonia da direita,
nos Estados Unidos também é conhecido por “Comping”.

¾ Regras básicas de Walking-Bass:


 
1. Nos tempos fortes(1 e 3) usar somente notas pertencentes ao acorde.
2. Use basicamente semínimas.
3. Tocar de maneira mais linear possível evitando saltos muito grandes.
4. Tentar resolver as tensões por semitom.
 
 
 
7. EQUIPAMENTO  

¾ Regulagem:

Sem dúvida nenhuma, um dos fatores mais importantes para um bom estudo e execução da técnica
de Tapping(e qualquer outra) é o setup de nosso Baixo. Uma boa regulagem além de facilitar na hora de
executar passagens mais complexas também previne o músico de diversas lesões que vão desde pequenas
dores até Tendinites que podem impedi-lo de tocar por um longo período, durante o qual terá que passar por
uma série de tratamentos muitas vezes dispendiosos.
A regulagem de um instrumento afeta dois aspectos: Timbre e Tocabilidade, sendo esse último
fundamental. Tudo em um Baixo influencia seu timbre e sua tocabilidade, mas esses são os itens em que
vamos focar nossa discussão:

1. Ação das cordas


2. Trastes
3. Cordas

- AÇÃO DAS CORDAS -

Sempre costumo dizer que o ideal é


ter um Baixo regulado apenas para
Tapping. Um Baixo regulado para beneficiar
o uso do Tapping não atende bem outras
técnicas como por exemplo um pizzicato
com uma pregada mais forte. É certo que
nem todos têm a possibilidade de ter dois
instrumentos e até mesmo seria impossível
mudar de baixo no meio de uma música pra
executar um Tapping.
No que diz respeito ao Tapping, o
fator mais importante para uma boa
tocabilidade é o da ação das cordas. Deve
haver bastante discernimento ao regular a
altura das cordas em relação aos trastes,
pois se ficarem muito altas prejudicarão
bastante a tocabilidade qualquer que seja a
maneira de tocar; já se ficarem muito baixas diversos outros problemas surgirão: trastejamento,
comprometimento do timbre do instrumento, e perca de sustain. No Tapping quanto mais baixa a ação das
cordas melhor, mas como disse antes devemos achar um meio termo e também respeitar os limites de cada
instrumento, mesmo porque alguns Baixos não são ideais para o uso do Tapping.
A altura das cordas deve ser regulada somente depois de uma prévia regulagem do Tensor(parafuso
que atravessa todo o comprimento do braço) e de certificar-se de que não há nenhum tipo de flexão no
braço do instrumento*, estando a escala totalmente plana e alinhada. Tendo essa certeza, a regulagem da
altura das cordas é feita nos parafusos dos saddles que são os carrinhos que ficam na ponte(figura). Essa
regulagem deve ser feita corda por corda com uma chave Allen ou chave “L”. Sempre que baixar ou
aumentar a altura da corda lembre-se de afiná-la antes de testar.

*Nota: é normal haver uma pequeníssima curvatura na escala para que as cordas possam vibrar livremente. Para
verificar se essa curvatura está em níveis normais, pressione a corda no primeiro traste como você faria se fosse tocá-
la, e então pressione a corda no último traste da escala. Deve haver um pequeno espaço entre a corda e o 10º traste
(cerca de 0.5mm). Se não houver esse espaço, ou se o mesmo for muito grande, você terá que fazer um pequeno
ajuste no tensor até que a escala fique com sua curvatura natural.
- TRASTES -

No caso dos trastes eu sempre sugiro os “Jumbos”, que são os maiores e mais resistentes à ação do
tempo. Eles também influenciam bastante tanto no timbre como na tocabilidade; com os trastes em boas
condições você consegue uma sustentação bem maior, além de mais presença de brilho e harmônicos já
que as freqüências agudas ficam mais claras.
O traste é sempre a parte do instrumento em que menos se dá a manutenção necessária; com o
tempo sujeira e impurezas vão acumulando-se nos trastes prejudicando muito o timbre e dificultando
consideravelmente a execução de “bends” pois essas impurezas aumentam muito o atrito da corda com o
traste. Além de diminuir a vida útil do traste.
É de extrema importância dar manutenção nos trastes periodicamente; essa manutenção é feita com
uma limpeza dos mesmos com uma palha de aço(“Bombril” ou similar) umedecida com qualquer produto
para polimento de metais(“Brasso” ou similar). Na ocasião da limpeza dos trastes deve-se tomar muito
cuidado com a escala do instrumento já que essa é, na grande maioria dos casos, de madeira que por sua
vez é muito sensível à química abrasiva do polidor de metais. Uma boa dica é proteger a escala com dois
pedaços de fita isolante, um em cada casa, deixando assim apenas o traste sob a ação da palha de aço. Ao
terminar de limpá-lo com a palha de aço use um pano limpo e seco para não deixar resíduos do produto.
Repita esse procedimento em cada traste aproveitando os mesmos pedaços de fita isolante nos outros.

- CORDAS -

Seria inviável fazer uma corda de baixo totalmente sólida; mas se tivermos um núcleo central
revestido/enrolado por outro fio metálico, então teremos uma corda com peso suficiente para o Baixo
elétrico. Essas cordas são do tipo “wound”. Em cordas de aço, o núcleo é feito de aço; em cordas de nylon,
o núcleo é feito de nylon; e assim por diante. Também existe diversas tensões e bitolas de cordas; sugiro
uma tensão leve ou no máximo média, para as cordas; quanto mais leve melhor para Tapping.
O material no qual o revestimento é feito varia: aço inoxidável, liga de nickel, cobre, bronze, latão, e
varias outras ligas. Há também novas tecnologias que prometem uma maior durabilidade do revestimento
com por exemplo a Nanoweb. Cordas do tipo “wound” ainda subdividem-se em 3 tipos, que variam de
acordo com a textura que o revestimento dá à corda. Abaixo seguem as explicações de cada tipo:

Roundwound: são as mais comumente utilizadas e são também


fáceis de serem encontradas. Esse tipo de corda tem o seu
núcleo de aço revestido por um longo fio enrolado em forma de
espiral. O enrolamento é feito automaticamente por uma
máquina. Cordas Roundwound produzem um bom timbre e
volume, e quando novas dão um brilho límpido bom tanto para
Baixos elétricos como acústicos. Recomendo para Tapping.

Flatwound: também conhecidas como “Tapewound”, Flatwounds


têm uma superfície mais macia que as Roundwounds. Isso se
deve ao fato do revestimento ser uma espécie de “fita” metálica.
Flatwounds foram projetadas para acabar com o problema do
ruído causado pelo atrito dos dedos com as cordas. A superfície
lisa desse tipo de corda proporciona um timbre suave e “morno”
sendo, por esse motivo, muito utilizada por Jazzistas. Elas
tendem a não serem muito populares entre Baixistas de Rock,
pois não têm o brilho percussivo de uma Roundwound.

Groundwound: esse tipo de corda tenta combinar as vantagens


das anteriores. Elas são feitas da mesma maneira da
Roundwound - mas a sua superfície é então polida dando uma
superfície “meio-flat”. Por isso são também conhecidas como
"Half-Flat". Como dito anteriormente, ela traz algumas vantagens
da Roundwound aliadas a algumas vantagens da Flatwound.
¾ Nº de cordas:

Quando falamos em Tapping sempre pensamos que é um privilégio de baixistas que usam Baixos de
5-6 cordas. De fato um baixo com mais de 4 cordas facilita muito para quem utiliza essa técnica. Veja que
principalmente quando executamos arpeggios o uso das cordas “extras” muitas vezes é indispensável. O
uso também de acordes executados com Tapping fica dificultado na ausência de uma corda “C”.
Porém, devo lembrar a vocês que grandes nomes do Tapping usam APENAS baixos de 4 cordas:
Billy Sheehan, Michael Manring, Wally Voss. Há também baixistas que não são conhecidos por seus
Tappings mas que também se aventuram e só usam 4 cordas: Jeff Berlin, Victor Wooten...etc...
Muito do que estamos estudando aqui não é facilmente executável em um Baixo de 4 cordas, mas a
maioria pode ser transposta e tocada tranqüilamente! Além disso, temos que o que realmente nos interessa
é a idéia; ou seja, o conteúdo aqui ministrado é totalmente flexível e adaptável, podendo assim ser
modificado de acordo com o equipamento que está sendo utilizado.
Mas não fique desanimado se seu baixo não for um de 6 cordas; se você tem um de 5 cordas existe
uma ótima solução: mudar as cordas que você usa. Veja só:

1. A afinação usada em um 5 cordas é a seguinte: G-D-A-E-B(da mais aguda p/ a mais grave)


2. Já no 6 cordas você tem: C-G-D-A-E-B
3. Basta que você compre um novo jogo de cordas c/ 6 unidades
4. Instale então as 5 cordas mais agudas ficando com essa afinação: C-G-D-A-E

Em alguns casos será necessária a troca do “nut”(capotraste) do instrumento; isso só será realmente
necessário se houver folgas que prejudiquem a afinação e entonação do Baixo. Essa troca com certeza não
é cara, mas só deve ser realizada por um Luthier especializado e de confiança. Terminada a adaptação
você terá um instrumento com uma excelente extensão de escala para a prática do Tapping.

¾ Ativo/Passivo:

Outro recurso que vemos em muitos Baixos modernos é o Circuito Ativo e


o Captador Ativo. A quantidade de modelos existentes é muito grande e também
muitos são seus recursos e possibilidades. Quando o captador é ativo o mesmo
vem com um circuito interno que, ao captar o sinal, ele filtra e já o envia ao
amplificador com um certo ganho, funcionando como um pré-amp e reduzindo
bastante os ruídos muito comuns em baixos com captadores passivos.
Quando temos um Circuito Ativo significa, na maioria das vezes, que o
captador é passivo mas com um circuito ativo separado que atua como um filtro
ou como um pré-amp de equalização. Nesse caso há a vantagem de poder
escolher entre um timbre ativo ou passivo; a desvantagem é que em alguns
circuitos há ruído na saída. Os primeiros baixos a utilizar a tecnologia de circuito
ativo foram os Alembics no início dos anos 70’.
¾ Abafador:

Para executar um Tapping com clareza deve-se atentar para


as “sobras” que ocorrem sempre, ainda mais quando usando uma
técnica tão avançada como essa. As sobras de que estou falando é
nada menos que as notas e os harmônicos indesejados que soam
junto com o que você está tocando. Para sanar esses problemas,
muitos Baixistas procuram abafar as cordas que não estão sendo
tocadas com o indicador da mão esquerda ou mesmo a parte próxima
do pulso na palma da mão direita; isso limita consideravelmente a
execução; porém, existe um outro recurso que podemos lançar mão:
um abafador.
Com certeza esse é um item que não se encontra para vender
em nenhuma loja especializada em instrumentos musicais, mas para
adeptos do Tapping é uma ferramenta de extrema importância.
Muitos não usam esse recurso, porém se quisermos realmente ter um
som límpido e claro no Tapping sem preocupar-nos em abafar as
cordas soltas enquanto tocamos essa realmente é a melhor opção.
O abafador pode ser uma liga de cabelo, daquelas bem
felpudas e macias para obter um melhor resultado. Ou pode-se
mandar fazer por encomenda(por um alfaiate); dessa forma você pode pedir para que seja feito com um
fecho de Velcro® podendo assim ser retirado com facilidade.
Como podem ver na figura, esse é o posicionamento correto do abafador quando executamos um
Tapping, aproximadamente em cima do 1º traste. Não há uma regra rígida, você deverá julgar se nessa
posição ele consegue abafar as tão indesejadas “sujeiras”; quanto mais você avança o abafador, mais
apertado ele ficará, até que se consiga um resultado satisfatório. Lembre que ao avançar com o abafador
você estará também perdendo as primeiras casas da escala, portanto use o bom senso.
Veja que também há desvantagens no uso desse recurso: toda vez que for efetuar um Tapping você
terá que, no meio da música, colocar o abafador em posição para que cumpra sua função; e quando
terminar o Tapping terá que pô-lo novamente na posição do capotraste(nut), pois no caso de precisar usar
cordas soltas ele, logicamente, atrapalharia o sustain das mesmas.

¾ Periféricos:

Mais uma vez me limitarei a falar apenas o indispensável por


uma questão de tempo/espaço. Existem inúmeros tipos e categorias
de periféricos que podem ser usados: racks, multi-fx, simuladores de
amp, pedais analógicos...etc... é um vasto estudo e suas
possibilidades no Tapping são muitas. Portanto ilustrarei apenas o
mais importante dos periféricos para um Tapper: o Compressor.
Se você outrora já havia tentado tocar algo em Tapping deve
ter percebido que era difícil tocar todas as notas/cordas deixando-as
com a mesma intensidade. Isso é normal ao tentar tocar com essa
técnica, pois cada corda responde de uma maneira diferente ao
hammer-on e pull-off. Para isso usamos pedais Compressor
Sustainer que, com o ajuste correto, deixam todas as notas com a
mesma intensidade; é como se, ao tocar um teclado, desligássemos
a sensibilidade das teclas. Essa não é a real função do Compressor,
porém o resultado obtido é muito útil para quem toca usando técnicas
como Tapping e Slap.
Os melhores Compressores para essa finalidade são os em
forma de pedais; existem muitas marcas(Boss, Oliver, Ibanez, DOD,
Zoom, Sansamp...) e a grande maioria tem um excelente
desempenho no Tapping.
O modelo da figura é o CS-3 da Boss que eu uso até hoje;
essa configuração é a que eu uso para Tapping.
8. CLAIR DE LUNE ‐ CLAUDE DEBUSSY  
 
¾ O Baixo como um Piano:

Até então tratamos o Tapping como uma técnica para solos e acompanhamento, utilizando diversas
músicas e arranjos para demonstrar as diversas variações. Agora veremos nesse exemplo como extrair uma
sonoridade realmente semelhante a um Piano usando o Tapping. No começo desse solo você notará um
maior uso de acordes bastante abertos, bem característicos do Impressionismo de Debussy; a primeira
parte é justamente o começo de uma peça para Piano de autoria dele chamada Clair De Lune, na qual são
usadas sonoridades que caracterizaram totalmente aquele período da música Erudita. Logo após temos
uma passagem em Ab com arpejos dedilhados, os quais nos levam ao próximo tema: Linus and Lucy. É
sobre esse tema, que já foi tocado no Baixo pelo grande Stu Hamm, que trabalharemos no próximo tópico.

¾ Independência das mãos:

Uma das partes que mais caracterizam esse solo como um solo de sonoridade Pianística é a parte
em que toco o tema Linus and Lucy, trilha sonora do desenho animado Snoopy. Nesse tema fica clara a
sonoridade de um Piano por causa da independência rítmica das mãos na execução. O tema, em Ab Maior,
é formado por uma linha melódica, tocada pela mão direita, usando apenas 3 notas da escala: Ab, Bb, C.
Acompanhada por um linha de baixo *Ostinato variando em 2 acordes: Ab e Ab6; e depois B e B6.
Se você analisar as 2 vozes(Baixo & Melodia) em separado, verás que nenhuma das duas propõem
dificuldades técnicas em sua execução, lembrando, se tocadas separadamente. Mesmo sendo duas vozes
extremamente fáceis em separado, ao tentar tocá-las ao mesmo tempo, a real dificuldade aparece; por se
tratar de ritmos diferentes e sincopados, é muito difícil a assimilação, principalmente para o iniciante. Mas
não devemos temer, pois independência das mãos é algo bastante comum aos Pianistas, e não é
necessário ter 2 cérebros para lidar com tal situação. Então é nesse ponto que atacaremos: tocar cada voz
individualmente até que sejam totalmente assimiladas, uma de cada vez. Logo então, tentar aos poucos
tocá-las ao mesmo tempo, sempre devagar, aumentando com o tempo a velocidade.

Linus and Lucy

*Nota: baixo Ostinato é quando uma linha de baixo repete-se “obstinadamente” durante um certo tempo.
9. A NEW BEGINING ‐ ROBERTO WILLIAM  
 
¾ Processos de composição:

Decidi incluir aqui também uma música de minha autoria, e então aproveitar para falar um pouco
sobre processos básicos de composição musical. É uma música bastante simples, desenvolvida em cima de
“colagens” de idéias sem repetição de temas(que já é uma maneira de compor). Veremos também no
decorrer dessa música, composta para ser tocada totalmente em Tapping, vários recursos os quais já foram
amplamente comentados e estudados no decorrer do nosso curso; além disso, faço uso de Harmônicos
Artificiais nos quais ainda vou explicar amplamente no próximo tópico.
Primeiramente devemos abster-nos da obrigação de usar qualquer regra que nos impeça de fazer
um boa música original; essa primeira “regra” de excluir as regras convencionais é de fato a mais importante
de todas. Devemos usar regras da Harmonia e “teorias” musicais apenas como ferramentas, e não como
cartilhas “ditatoriais”, repressoras da arte. Lembrem-se que os maiores compositores da História da Música
se destacaram por terem quebrado regras e iniciado novos períodos da Música Erudita.
Para começarmos uma música temos que partir de uma idéia; essa idéia pode ser qualquer
elemento sonoro: um ritmo, um simples acorde, um pequeno motivo melódico, ou simplesmente a união
deles contida em um tema básico. Dessa “célula” composicional, desenvolvemos temas e variações usando
elementos como: imprevisibilidade, repetição, variação, contrastes...etc...

¾ Harmônicos:

Os Harmônicos de que vamos falar estão diretamente ligados à Série Harmônica. Cada nota ou som
que é emitido tem sua própria Série Harmônica que são intervalos quase imperceptíveis ao ouvido humano.
Produzir um som em um instrumento musical significa colocar algum elemento em vibração para que esta
vibração seja transmitida ao ar. A freqüência ou altura do som produzido vai depender das características do
meio vibratório (uma corda, coluna de ar, etc); os sistemas físicos não vão vibrar de uma única forma, mas
sim emitindo diversas freqüências, todas múltiplas da nota fundamental. Estas outras freqüências são os
harmônicos ou parciais, e sua composição é o que vai caracterizar o timbre do instrumento.
No exemplo ilustrado são mostrados os primeiros quinze harmônicos da nota dó. As notas pretas
representam sons que estão fora da afinação. A
natureza da série harmônica influencia
grandemente a teoria musical, estando no âmago
da formação das escalas e da nossa atual
Harmonia, por exemplo.

Ok, agora que temos uma noção básica da Série Harmônica veremos então como funcionam os
Harmônicos Naturais em instrumentos de cordas em geral. Para extrair Harmônicos naturais do Baixo temos
que achar os pontos corretos da corda onde eles são audíveis. Abaixo temos um mapa resumido com os
pontos mais comuns onde encontramos e tocamos Harmônicos Naturais:

Æ Note que todos os pontos encontram-se exatamente em cima dos trastes; o que nem sempre ocorre com
alguns Harmônicos mais difíceis de extrair; alguns são encontrados entre dois trastes distintos por exemplo.
Agora que sabemos a localização de vários Harmônicos Naturais, veremos
então como tocá-los. Observe na figura que o seu dedo deve apenas “triscar” na
corda exatamente no ponto onde queremos tirar o Harmônico(geralmente em cima
de um traste); ou seja, não devemos pressionar a corda como se fossemos tocá-la
normalmente, e sim encostar levemente como que tangenciando-a, sem que a
mesma encoste no traste. Feito isso no ponto de algum Harmônico, ataque a corda
normalmente com a mão direita. Se tiver feito tudo corretamente você ouvirá um som
macio e com um timbre diferente do comum. Esse é o Harmônico Natural daquele
ponto da corda.

Æ Vejamos agora como funcionam os Harmônicos Naturais:

Quando você toca qualquer corda pressionando o 12º traste, você está diminuindo o tamanho da
corda que está sendo tocada, conseguindo assim uma nota mais alta; logicamente, a corda vibrará apenas
do 12º traste, onde seu dedo a pressiona, até a ponte. Veja como mostra a figura:

Mas, se você tocar o Harmônico do 12º traste a corda estará de fato, vibrando em ambos os lados do
ponto de onde você tirou o Harmônico. A única parte da corda que não estará vibrando é onde você
encostou, ou seja, no ponto do Harmônico. Esse ponto da corda que não vibra(o ponto de onde tiramos o
Harmônico) é chamado de “nó”. Resumindo, a corda estará vibrando em duas seções(no caso do 12º traste)
idênticas em tamanho. Veja a ilustração do que acontece:

Agora toque o Harmônico do 7º traste. Dessa vez a corda vibrará em 3 partes idênticas. Haverá
então dois “nós”, um onde você tirou o Harmônico no 7º traste, e outro no 19º traste. Isso mesmo! Mesmo
sem tocar no 19º traste ele não vibrará naquele ponto. Se você tocar o Harmônico do 19º traste, verá que é
exatamente o mesmo do 7º traste. Depois de tocar o Harmônico do 7º traste, ainda com a corda vibrando,
tente encostar na corda em cima do 19º traste. Nada acontecerá, e o Harmônico continuará soando. Isso
porque a corda não estará vibrando exatamente naquele ponto(nó). Veja a figura:

Passamos então para o Harmônico do 5º traste. Nesse caso a corda vibrará em 4 partes idênticas.
Ao tocar os Harmônicos no 7º e no 19º traste, você notou que eles são idênticos. Nesse caso, somente o 5º
e o 24º traste soarão iguais, e o 12º traste soará uma oitava abaixo. Assim, mesmo o 12º traste sendo um
nó, você não terá o mesmo Harmônico do 5º traste aqui. Veja a figura a seguir e entenda melhor:

Eu sei que tudo isso pode parecer um pouco confuso. Na verdade tudo isso nos levaria a uma aula
de Física. Se você pegar uma corda mantendo a mesma tensão, e dividi-la ao meio, você subirá 1 oitava.
Se continuares a dividir a corda ao meio, a próxima oitava será mais curta ainda, e mais curta a cada
divisão. Tocar o Harmônico do 12º traste divide a corda ao meio, então a nota que soará será uma oitava
acima da corda solta. Tocar o Harmônico do 5º ou do 24º traste divide novamente a corda ao meio(metade
da metade), sendo assim soará uma oitava acima do Harmônico do 12º traste. É por esse motivo que os
trastes vão ficando mais próximos uns dos outros a medida que se aproximam da ponte. Levará sempre
menos distância para alcançar a próxima nota.

*Note que nem todos os Baixos têm 24 trastes, mas o nó correspondente está onde o 24º traste deveria estar.
Æ Notação dos Harmônicos:

A ilustração ao lado, mostra a forma mais moderna de escrever


Harmônicos Naturais em uma partitura ou tablatura. Nos dois tipos de
escrita existem maneiras de simbolizar um Harmônico, porém, apesar da
partitura ser o meio mais completo de escrita musical já desenvolvido, a
tablatura para esse fim é bem mais precisa, pois ela indica a digitação dos
trastes; e como sabemos, os Harmônicos dependem do traste em que você
toca. Além disso, os Harmônicos nem sempre são precisamente em cima do
traste; alguns mais difíceis de tirar são extraídos um pouco deslocados de
cima do traste. Vejam os exemplos:

Tocar um pouco depois do 3º traste


Soa 2 oitavas + uma 5ª acima da corda solta
Soa 1 oitava acima do Harmônico do 7º traste.

Tocar um pouco antes do 3º traste.


Soa 2 oitavas + uma 7m acima da corda solta.

Tocar um pouco depois do 2º traste


Soa 3 oitavas acima da corda solta.

Tocar um pouco antes do 2º traste.


Soa 1 oitava acima do Harmônico do 4º traste.

*Obs1: para conseguir extrair todos esses Harmônicos, principalmente os mais próximos ao nut, é necessário
sobretudo cordas novas e um Baixo bem regulado; cordas velhas já perderam todo seu timbre brilhante e dão
problemas de entonação; Baixos desregulados podem estar desoitavados, com curvas na escala, e com os captadores
baixos demais para captar os Harmônicos.

*Obs2: é possível também “caminhar” com os Harmônicos; basta que você tire o Harmônico e imediatamente
pressione a corda fazendo um “slide” para frente ou para trás na escala. Esse efeito fica bem mais interessante em
Baixos fretless, pois não há os trastes para causar ruídos nos slides.

Æ Pentatônica de Em:

Voltando...
Æ Harmônicos Artificiais:

São basicamente a mesma coisa; a diferença fica sendo na


forma de tirá-los. Nos Harmônicos Naturais, tocamos sempre cordas
soltas; já nos Harmônicos Artificiais, pressionamos a corda com a
mão esquerda em qualquer casa e tiramos o Harmônico com a mão
direita, usando a lateral do polegar, a ponta do dedo indicador, ou
Tapping. Nesse caso é possível tirar Harmônicos de qualquer lugar
do braço, pois ao pressionar a corda normalmente na 14ª casa, por
exemplo, mudamos as posições de todos os “nós” daquela corda.
Com esse recurso, é possível tocar melodias inteiras em
Harmônicos*.
Na figura de cima, vemos o uso do indicador para tirar o
Harmônico, enquanto o dedo médio ou o anelar ataca a corda; essa
técnica é utilizada com extrema maestria por Steve Bailey em seus
baixos fretless de 6 cordas, inclusive tocando acordes inteiros com
Harmônicos Artificiais, criando uma sonoridade única.
Já na figura de baixo, vemos o uso da lateral do polegar para
tirar o Harmônico, enquanto o dedo indicador ataca a corda; Jaco
Pastorius usou desse artifício no tema/melodia da introdução de
“Birdland” no álbum ‘Heavy Weather’ do Weather Report.

Lembrem-se que cada nota que você pressiona na escala, muda as posições dos “nós” que são os
pontos onde você deverá encostar a ponta do indicador direito ou a lateral do polegar direito. Portanto, ao
tocar uma melodia usando Harmônicos Artificiais a mão direita deve acompanhar ligeiramente o movimento
da mão esquerda; é necessário bastante treino para assimilar todas as posições.

INTRODUÇÃO DE “BIRDLAND”

Æ Harmônicos no Tapping:

No Tapping os procedimentos em nada mudam; só que ao invés de atacar a corda normalmente,


você “martelará” a corda em cima do “nó”. Nós sabemos que na grande maioria dos casos o nó está
posicionado em cima de um traste, o que facilita muito, pois “martelar” uma corda em cima de um traste
proporciona um timbre com mais ataque e brilho. Um exemplo de Harmônico com Tapping é na música
“Anesthesia(pulling teeth)” do saudoso Cliff Burton no 1º álbum do Metallica “Kill’em All”.

*Ouçam “Birdland” com Jaco Pastorius e assitam “Bass Extremes” vídeo com Steve Bailey & Victor Wooten.
SOBRE O AUTOR
Nascido em 02 de Outubro de 1979, em Fortaleza-
CE, Roberto William inicia sua vida musical apenas em
1997 aos 17 anos de idade. Vindo de uma família onde
não há nenhum músico ou mesmo fonte de inspiração
musical, Roberto descobriu a música ocasionalmente por
influência amigos que tocavam em bandas de Rock e
Heavy Metal. No início o que mais ele ouvia eram bandas
de Hard Rock e Progressivo Setentistas como Deep
Purple, Rush, Led Zeppelin, AC/DC, Alice Cooper,
Rainbow, Whitesnake...
Exatamente em 25 de Dezembro de 1996 colocou
um Baixo em seu colo pela primeira vez; um Strinberg de
5 cordas. Durante o ano de 97 tocou com vários amigos
em alguns projetos; mas foi só em Outubro que entrou em
uma banda com formação e objetivos mais sólidos.
Durante o mesmo ano, conheceu diversos outros estilos
musicais ampliando ainda mais seu leque de
conhecimentos, mas ainda mantendo as mesmas
influências básicas baseadas nas diversas variações do
Rock Setentista.
Ao ter contato pela primeira vez com a música
Erudita, ele logo assimilou sua essência; Ainda em 97
ouviu e descobriu a técnica que até hoje é característica marcante em seu estilo de tocar: Two-
Handed Tapping. A descoberta veio por intermédio do disco de estréia do guitarrista Joey Taffola
chamado “Out Of The Sun”(1987). O falecido Baixista que tocou nesse disco(Wally Voss), até hoje
é uma das maiores fontes de inspiração de Roberto. Imediatamente começou a pesquisar e
estudar sobre essa técnica de Tapping. Os anos que se seguiram sempre trouxeram muitas
inovações e evoluções. Durante os anos de 1998-99 adquiriu bastante experiência tocando com
várias bandas/artistas locais e nos mais diversos estilos musicais. Em meados de Julho de 1999,
comprou um Baixo Tagima de 6 cordas que lhe trouxe muita evolução principalmente no Tapping;
além de ser um Baixo bem superior àquele que possuía anteriormente. Ao final do ano abandonou
o curso de Edificações na Escola Técnica, onde então estudava, e seu trabalho relacionado à
Engenharia, para dedicar-se exclusivamente à Música.
Mesmo sem tempo para estudar, passou no teste de Aptidão e no vestibular para
Bacharelado em Música de 2000. No início daquele ano começou seu curso onde ainda se
encontra em processo de conclusão. Ingresso na Universidade, ampliou ainda mais seus
conhecimentos e seu círculo de amizades que agora era composto na sua maioria por músicos
estudantes e profissionais. Com esses contatos ele pôde trocar idéias e compartilhar conhecimento
com músicos de diversos estilos. Em 2002 teve o grande prazer de participar do famoso e
badalado Festival de Jazz & Blues de Guaramiranga, acompanhando uma banda de Blues.

Hoje, depois de passar por diversas experiências musicais, que vão do Classic Rock até
Música Contemporânea de Conjunto, Roberto William continua suas experimentações e pesquisas
principalmente voltadas à técnica de Tapping no Baixo. Atualmente está cursando Bacharelado em
Música pela UECE(Universidade Estadual do Ceará), está preparando repertório para a gravação
de seu 1º disco solo, além de outros trabalhos na área de Didática do Baixo-Elétrico.
Agradecimentos

Acima de tudo e de todos eu agradeço e louvo a Deus por me permitir


ser o profissional que sou; muito obrigado à Núbia por ser a engrenagem que
faltava em minha vida; agradeço especialmente à minha Mãe por fazer o
papel de toda uma família; ao Júnior, Rodrigo, Thiago, e toda a equipe da
Seven Digital; Lívio meu grande e sempre fiel amigo; aos excelentes músicos
que me acompanham: Rodrigo Gondin e Marcelo Holanda; Daniel Cortez
Carlos Beckman, André Souza e JR; a todas as bandas e músicos com quem
um dia trabalhei; Marcos Maia e todo o corpo docente e discente do
Departamento de Artes da Universidade Estadual do Ceará; Samuel
Vignoli e toda a comunidade do Fórum pelo respeito a mim ofertado; a
todos os participantes do GuitarBattle; to all forumites at Harmony
Central Bass Forum(you guys Rocks!!!); Daniel “Chubby Ninja” Ljunggren
from Sweden(Hey mate! Let’s drink some Absolute?); aos meus alunos; aos
meus verdadeiros amigos, e aos que se consideram meus inimigos
também(Deus os abençoe); e a todos que de maneira direta ou indireta
ajudaram e deram apoio aos meus sonhos e projetos; se esqueci de alguém
por favor me perdoe.

Deus abençoe a todos!!!


 
 
 
 
 
 
 

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