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Disciplina: SOL03405 Classificação e Potencial de Uso das Terras (Pré-requisito: SOL03304 Fertilidade do Solo)
Professor: Cláudio Roberto Marciano – Laboratório de Solos-CCTA/UENF
Para ser classificado, um solo precisa ser suficientemente conhecido quanto a seus aspectos mineralógicos,
morfológicos, químicos e físicos, aspectos esses decorrentes dos fatores e processos envolvidos em sua
formação. Em um sistema de classificação esses aspectos são apresentados na forma de “atributos diagnósticos”,
a partir dos quais se identifica a presença ou ausência de “horizontes diagnósticos” e/ou de “classes de solo”.
O fato da classificação do solo depender de conhecimentos advindos das diversas especialidades da Ciência do
Solo justifica a sua alocação em uma fase mais avançado da grade curricular do curso de agronomia, antecedendo
apenas aquelas matérias relacionadas à “capacidade de uso” e “aptidão agrícola” das terras.
A seguir são apresentados os atributos diagnósticos constantes na 2a edição do Sistema Brasileiro de
Classificação de Solos (Embrapa, 2006), bem como alguns que compunham a edição anterior (Embrapa, 1999) ou,
ainda, eram empregadas em aproximações anteriores (Embrapa, 1988a; Embrapa, 1988b), buscando-se fazer uma
análise crítica da evolução dos conceitos.
Far-se-á, também, uma tentativa de agrupar os atributos diagnósticos em função da especialidade da Ciência do
Solo da qual advém, não devendo ser isto assumido como necessário e/ou mesmo estritamente adequado para o
entendimento dos conceitos. Neste contexto, aproveitar-se-á para a reapresentar, para cada uma dessas
especialidades, os conceitos básicos e/ou mais aplicados aos atributos diagnósticos em questão.
A. NATUREZA DO MATERIAL QUE COMPÕE O SOLO
Material orgânico: É aquele constituído por compostos orgânicos, podendo comportar proporção maior ou menor
de material mineral, desde que tenha, no mínimo, 8% ou mais de carbono orgânico (expresso em peso).
Critério anterior: Material orgânico é constituído por compostos orgânicos, 14
material sáprico é usualmente classificado na escala de decomposição de von Post, na classe 7 ou mais alta.
Apresenta cores, pelo pirofosfato de sódio, com valores menores que 7, exceto as cores 5/1, 6/1, 6/2, 7/1, 7/2, ou
7/3.
C. ATRIBUTOS QUÍMICOS DO SOLO
C.1. ATIVIDADE DA FRAÇÃO ARGILA (VALOR T): A atividade da fração argila é obtida a partir da equação
T = CTCpH=7 x 100 / %argila, onde CTCpH=7 é a capacidade de troca de cátions do solo determinada a pH 7,0
(determinada pela soma H+ + Al3+ + Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+). A obtenção do valor T justifica-se pela concepção de
que as cargas do solo são provenientes integralmente de sua fração argila, sendo consideradas desprezíveis as
contribuições das frações areia e silte. Esta concepção baseia-se a contribuição pouco significativa destas últimas
frações à superfície especifica do solo, exceto para os das classes texturais areia e areia franca (para estes, o
critério atividade da fração argila não se aplica). Pelo equacionamento atual, se considerada como fração argila
não só a argila propriamente dita, mas também a matéria orgânica do solo (poderia, portanto, ser camada de
“atividade da fração coloidal”). Pelo critério anterior, havia uma correção na qual se atribuía parte da CTC do solo à
matéria orgânica (4,5 cmolc a cada 1% de Corg) e o restante à fração argila propriamente dita, de modo que para o
cálculo da atividade da utilizava-se a equação T = (CTCpH=7 - 4,5 x %Corg) x 100 / %argila.
Atividade alta (Ta): designa valor T igual ou superior a 27 cmolc/kg de argila (pelo critério anterior, somente era Ta
se o valor T ≥ 24 cmolc/kg de argila).
Atividade baixa (Tb): designa valor T inferior a 27 cmolc/kg de argila (pelo critério anterior, somente era Tb se o
valor T < 24 cmolc/kg de argila).
Caráter ácrico: refere-se a materiais de solos altamente intemperizados, com baixa CTCefetiva (sendo CTCefetiva =
Al3+ + SB, onde SB = Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+), de tal forma que, sendo esta atribuída integralmente à fração argila,
resulta em valor igual ou menor que 1,5 cmolc/kg de argila (este valor poderia ser chamado de “atividade efetiva da
fração argila” - ou, melhor, de “atividade efetiva da fração coloidal”- e ser identificado como Valor Tef). Além disso,
deve apresentar pelo menos uma das seguintes condições: (i) pH em KCl 1 N igual ou superior a 5,0; ou (ii) ∆pH
positivo ou nulo (sendo ∆pH = pHKCl - pHágua). Particularmente esta última condição refere-se a solos com saldo de
cargas positivas, de tal forma que têm maior capacidade de retenção de ânions (CTA) que de cátions (CTC).
C.2. QUANTIDADE E PROPORÇÃO DE BASES TROCÁVEIS: A saturação por bases (valor V%) refere-se à proporção
percentual de cátions básicos trocáveis em relação à capacidade de troca determinada a pH 7,0, sendo calculada
pela expressão V% = SB x 100 / CTCpH=7, onde SB representa a soma de bases e é calculada por
SB = Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+. No caso de solos ricos em sódio trocável, o valor da saturação não deve ser levado
em consideração devido à presença desse elemento que é nocivo à maioria das plantas cultivadas, além de
provocar condições físicas desfavoráveis nos solos. O valor V% também não deve ser levado em conta nos solos
com caráter ácrico (altamente intemperizados, que tendem a ter, ou têm, saldo de cargas positivas).
Caráter eutrófico: distingue solos com alta saturação especifica, ou seja, com saturação de bases igual ou
superior a 50%.
Caráter distrófico: distingue solos com baixa saturação especifica, ou seja, com saturação de bases inferior a
50%.
Caráter êutrico: distingue solos que apresentem pHágua ≥ 5,7, conjugado com soma de bases ≥ 2 cmolc/kg de
solo, em alguma parte da seção de controle que defina a classe.
C.3. QUANTIDADE E PROPORÇÃO DE ALUMÍNIO TROCÁVEL: A saturação por alumínio (valor m%) refere-se à
proporção percentual de alumínio trocável em relação à capacidade de troca de cátions determinada ao pH natural
do solo (CTCefetiva), sendo calculada pela expressão m% = Al3+ x 100 / CTCefetiva, onde CTCefetiva = Al3+ + SB.
Caráter álico (atualmente não explicitado entre os atributos diagnósticos): distingue solos com alta saturação por
alumínio, referindo-se à condição em que a saturação por alumínio é ≥ 50%..
Caráter alumínico: Refere-se à condição em que o solo com valor T < 20 cmolc/kg de argila se encontra em
estado dessaturado e caracterizado por teor de alumínio extraível maior ou igual a 4 cmolc/kg de solo, além de
apresentar caráter álico (m ≥ 50%) e/ou distrófico (V ≥ 50%). Para a distinção de solos mediante este critério é
considerado o teor de alumínio extraível no horizonte B.
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Caráter alítico: Refere-se à condição em que o solo com valor T ≥ 20 cmolc/kg de argila se encontra em estado
dessaturado e caracterizado por teor de alumínio extraível maior ou igual a 4 cmolc/kg de solo, além de apresentar
caráter álico (m ≥ 50%) e/ou distrófico (V ≥ 50%). Para a distinção de solos mediante este critério é considerado o
teor de alumínio extraível no horizonte B.
C.4. PROPORÇÃO DE SÓDIO TROCÁVEL: A saturação por sódio (valor Na%, ou PST – percentagem, ou proporção, de
sódio trocável) refere-se à proporção percentual de sódio trocável em relação à capacidade de troca determinada a
pH 7,0, sendo calculada pela expressão PST = Na% = Na+ x 100 / CTCpH=7.
Caráter sódico: O termo sódico é usado para distinguir horizontes ou camadas que apresentem saturação por
sódio maior ou igual a 15%, em alguma parte da seção de controle que defina a classe.
Caráter solódico: O termo solódico é usado para distinguir horizonte ou camadas que apresentem saturação por
sódio (%Na = 100 x Na+ / CTCpH=7) entre 6% e 15% em alguma parte da seção de controle que defina a classe.
C.5. CONDUTIVIDADE ELÉTRICA DO EXTRATO DE SATURAÇÃO DO SOLO (PASTA SATURADA): A condutividade elétrica
do extrato de saturação (CE) apresenta-se altamente correlacionado com a quantidade de sais solúveis presentes
no solo (o termo “solúvel” designa os sais mais solúveis em água fria que o sulfato de cálcio – ou gesso).
Caráter salino: Distingue solos que, em alguma época do ano, apresentam CE igual ou maior que 4 dS/m e menor
que 7 dS/m (a 250C), condição esta em que os sais solúveis apresentam-se em quantidade tal que interferem no
desenvolvimento da maioria das culturas.
Caráter sálico: Distingue solos que, em alguma época do ano, apresentam CE igual ou maior que 7 dS/m (a
250C), condição esta em que os sais solúveis se apresentam em quantidade tóxica à maioria das culturas.
C.6. PROPORÇÃO DE CARBONATOS NA MATERIAL DO SOLO:
Caráter carbonático: Propriedade referente à presença de 15% ou mais de CaCO3 equivalente (% por peso), sob
qualquer forma de segregação, inclusive concreções.
Caráter com carbonato: Propriedade referente à presença de CaCO3 equivalente (% por peso), sob qualquer
forma de segregação, inclusive concreções, igual ou superior a 5% e inferior a 15%; esta propriedade discrimina
solos sem caráter carbonático, mas que possuem horizonte com CaCO3.
C.7. PRESENÇA DE MATERIAIS SULFÍDRICOS: materiais sulfídricos são aqueles que contém compostos de enxofre
oxidáveis e ocorrem em solos de natureza mineral ou orgânica, localizados em áreas encharcadas, com valor de
pH maior que 3,5, os quais, se incubados na forma de camada com 1 cm de espessura, sob condições aeróbicas
úmidas (capacidade de campo), em temperatura ambiente, mostram um decréscimo no pH de 0,5 ou mais
unidades para um valor de 4,0 ou menor (1:1 por peso em água, ou com um mínimo de água para permitir a
medição) no intervalo de 8 semanas. Materiais sulfídricos se acumulam em solo ou sedimento permanentemente
saturado, geralmente com água salobra. Os sulfatos na água são reduzidos biologicamente a sulfetos à medida em
que os materiais se acumulam. Materiais sulfídricos, muito comumente, se acumulam em alagadiços costeiros,
próximo a foz de rios que transportam sedimentos não calcários, mas podem ocorrer em alagadiços de água fresca
se houver enxofre na água. Materiais sulfídricos de áreas altas podem ter se acumulado de maneira similar no
passado geológico. Se um solo contendo materiais sulfídricos for drenado, ou se os materiais sulfídricos forem
expostos de alguma outra maneira às condições aeróbicas, os sulfetos oxidam-se e formam ácido sulfúrico. O valor
de pH, que normalmente está próximo da neutralidade antes da drenagem ou exposição, pode cair para valores
abaixo de 3,0. O ácido pode induzir a formação de sulfatos de ferro e alumínio. O sulfato de ferro, jarosita, pode
segregar, formado mosqueados amarelos que comumente caracterizam o horizonte sulfúrico. A transição de
materiais sulfídricos para horizonte sulfúrico normalmente requer poucos anos e pode ocorrer dentro de poucas
semans. Uma amostra de materiais sulfídricos submetida à secagem ao ar à sombra, por cerca de 2 meses com
reumedecimento ocasional, torna-se extremamente ácida. Apesar em não haver especificação de critério de cor
para materiais sulfídricos, os materiais de solo mineral (ou da coluna geológica) que se qualificam como sulfídricos
apresentam, quase sempre, cores de croma 1 ou menor (cores neutras N). Por outro lado, materiais de solo
orgânico sulfídrico comumente tem croma mais alta (2 ou maior). O valores são 5 ou menores, mais comumente 4
ou menor. Os matizes são 10 YR ou mais amarelados, ocasionalmente com matizes esverdeados ou azulados.
Materiais sulfídricos geralmente não tem mosqueados, exceto por diferentes graus de cinza ou preto, a não ser que
estejam iniciando um processo de oxidação, o qual pode causar a formação de óxidos de ferro em fendas ou
canais.
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Caráter argilúvico: usado para distinguir solos que têm concentração de argila no horizonte B, expressa em
gradiente textural B/A igual ou maior que 1,4 e/ou iluviação de argila evidenciada pela presença de cerosidade
moderada ou forte e/ou presença no sequum de horizonte E sobrejacente a horizonte B (não espódico), dentro da
seção de controle que defina a classe.
Caráter Flúvico: Inerente a solos com forte influência de sedimentos aluvionares, apresentando (i) distribuição
irregular (errática) do conteúdo de carbono orgânico em profundidade, não relacionada a processos pedogenéticos,
e/ou (ii) camadas estratificadas em 25% ou mais do volume do solo.
Contato lítico: Termo empregado para designar material subjacente ao solo (exclusive horizonte petrocálcico,
horizonte litoplíntico, duripã e fragipã). Sua coesão é de tal ordem que mesmo quando úmido torna a escavação
com a pá reta impraticável ou muito difícil e impede o livre crescimento do sistema radicular, o qual fica muito
limitado às fendas que por ventura ocorram. Tais materiais são representados pela rocha sã e por rochas
sedimentares parcialmente consolidadas (R), tais como arenito, siltito, marga, folhelho ou ardósia, ou por saprólito
pouco alterado (CR).
Contato litóide (atualmente não explicitado entre os atributos diagnósticos): Constitui o limite entre o solo e o
material subjacente contínuo coeso. Difere do contato lítico porque o material subjacente quando constituído por
um único mineral tem a dureza menor que três pela escala de Mohs. Se o material for constituído por mais de um
mineral, pedaços (tamanho de calhaus) que possam ser fragmentados, dispersam mais ou menos completamente
mediante dispersão por 15 horas em água ou em solução de hexametafosfato de sódio. Quando úmido, o material
pode, com dificuldade, ser escavado com a pá , que fica muito limitado às fendas que por ventura ocorram. São
exempos a rocha sã e sedimentares parcialmente consolidadas (R), como arenito, siltito, marga, folhelho ou
ardósia, ou ainda saprólito pouco alterado (CR).
Contato lítico fragmentário: Refere-se a um tipo de contato lítico em que o material endurecido subjacente ao
solo encontra-se fragmentado, usualmente, em função de fratiras naturais, possibilitando a penetração de raízes e
a livre circulação da água
Caráter plânico: Distingue solos com horizonte adensado com permeabilidade lenta ou muito lenta, cores
acinzentadas ou escurecidas neutras ou próxima delas ou com mosqueados de redução, que não satisfazem os
requisitos para horizonte plânico e que ocorrem em toda a extensão do horizonte, excluindo-se horizonte com
caráter plíntico.
Caráter epiáquico: Este caráter ocorre em solos que apresentam lençol freático superficial temporário resultante
da má condutividade hidráulica de alguns horizontes do solo. Esta condição de saturação com água permite que
ocorram os processos de redução e segregação de ferro nos horizontes que antecedem ao B e/ou no topo deste.
Um solo apresenta caráter epiáquico se ele é, temporariamente, completamente saturado com água na superfície,
a menos que tenha sido drenado, por um período suficientemente longo para possibilitar o aparecimento de
condições de redução (isto pode variar de alguns dias nos trópicos a algumas semanas em outras áreas), exibindo
padrões de cores provenientes de estagnação de água. As condições de redução são evidenciadas por:
Valor de rH na solução do solo de 19 ou menos; ou
Presença de Fe+2 demonstrada pelo aparecimento de:
⇒ Cor azul bem definida, resultante da borrifação, com solução de 1% de cianida férrica de potássio
(K3Fe(III)(CN)6), na superfície de uma amostra partida e recentemente exposta ao ar e naturalmente
molhada, em condições de campo; ou
⇒ Cor vermelha forte desenvolvida após borrifação, com solução 0,2% de dipiridil em 10% de ácido acético,
de uma amostra partida recentemente e exposta ao ar e naturalmente molhada, em condições de campo.
Os padrões de cores provenientes de água estagnada na superfície do solo apresentam mosqueados nas
superfícies dos elementos da estrutura (ou na matriz do solo) de acordo com os seguintes ítens:
⇒ mais claros (uma unidade ou mais em valor na escala de Munsell) do que as partes não reduzidas; ou
⇒ mais pálidos (uma unidade ou menos em croma na escla de Munsell), e o interior dos elementos da
estrutura (ou partes da matriz do solo) é mais vermelho (uma unidade ou mais de matiz do solo) e mais
claro (uma unidade ou mais em croma), do que as partes não reduzidas;
⇒ o croma dominante na superfície das unidades estruturais ou na matriz do solo sempre aumenta com a
profundidade.
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O padrão de mosqueado pode ocorrer abaixo do horizonte A ou da camada arável (horizonte Ap), ou
imediatamente abaixo de um horizonte E, topo do horizonte B, ou no próprio horizonte E.
O padrão de distribuição das características de redução e oxidação, com concentrações de óxidos de ferro e/ou
manganês no interior dos elementos estruturais (ou na matriz do solo se os elementos da estrutura estão
ausentes), constitui uma boa indicação do caráter epiáquico.
G. ATRIBUTOS RELACIONADOS À PRESENÇA DE NÓDULOS, CONCREÇÕES E/OU CONSISTÊNCIA DURA
NO SOLO
Plintita: É uma formação constituída de mistura de argila, pobre em carbono orgânico e rica em ferro, ou ferro e
alumínio, com quartzo e outros materiais. Ocorre comumente sob a forma de mosqueados vermelhos, vermelho
amarelado e vermelho escuro, com padrões usualmente laminares, poligonais ou reticulados. É caráter inerente às
formações dessa natureza transformarem-se irreversivelmente, por consolidação, sob efeito de ciclos alternados
de umedecimento e secagem, resultando na produção de material geralmente nodular. Quanto a gênese, a plintita
se forma pela segregação de compostos de ferro, importando em mobilização, transporte e concentração final dos
compostos de ferro, que pode se processar em qualquer solo onde o teor de ferro for suficiente para permitir a
segregação do mesmo, sob a forma de manchas vermelhas brandas. A plintita não endurece irreversivelmente
como resultado de um único ciclo de umedecimento e secagem. Depois de uma única secagem, ela se reumedece
e pode ser dispersa em grande parte por agitação em água com agente dispersante. No solo úmido a plintita é
suficientemente macia, podendo ser cortada com a pá. Após sofrer endurecimento irreversível, essa formação não
é mais considerada plintita, mas reconhecida como material concrecionário ferruginoso semiconsolidado ou
consolidado (ironstone) que vem a ser reconhecido como petroplintita. Tais concreções podem ser quebradas ou
cortadas com a pá, mas não podem ser dispersas por agitação em água com agente dispersante. A plintita é um
corpo distinto de material rico em óxido de ferro, e pode ser separada das concreções ferruginosas consolidadas
("ironstone") que são extremamente firmes ou extremamente duras, sendo que a plintita é firme quando úmida e
dura ou muito dura quando seca, tendo diâmetro maior que 2 mm e podendo ser separada da matriz, isto é, do
material envolvente. Ela suporta ser quebrada com a mão. A plintita quando submersa em água, por espaço de
duas horas não esboroa, mesmo submetida a suaves agitações periódicas, mas pode ser quebrada ou amassada
após ter sido submersa em água por mais de duas horas. As cores da plintita variam nos matizes 10 R e 7,5 YR,
estando comumente associadas a mosqueados que não são considerados com plintita, como os bruno-
amarelados, vermelho amarelados ou corpos que não são quebradiços ou friáveis ou firmes, mas desintegram-se
quando pressionados pelo polegar e o indicador, e esboroam na água. A plintita pode ocorrer em forma laminar,
nodular, esferoidal ou irregular.
Petroplintita: Material normalmente proveniente da plintita, que sob efeito de ciclos repetitivos de umedecimento e
secagem sofre consolidação irreversível, dando lugar à formação de concreções ferruginosas ("ironstone",
concreções lateríticas, canga, tapanhocanga) de dimensões e formas variáveis (laminar, nodular, esferoidal ou
irregular) individualizadas ou aglomeradas.
Caráter plíntico: Caracteriza solos com plintita em quantidade ou espessura insuficientes para caracterizar
horizonte plíntico. A quantidade mínima de plintita requerida é de 5% ou mais, por volume.
Caráter concrecionário: Caracteriza solos com petroplintita na forma de nódulos ou concreções em quantidade ou
espessura insuficientes para caracterizar horizonte concrecionário. A quantidade mínima de petroplintita requerida
é de 5% ou mais, por volume.
Caráter litoplíntico: Caracteriza solos com petroplintita na forma contínua e consolidada em que o material
ferruginoso se apresenta em quantidade ou espessura insuficientes para caracterizar horizonte litoplintico.
Caráter petroplíntico (atualmente não explicitado entre os atributos diagnósticos): Horizonte constituído de 50%
ou mais, por volume, de petroplintita, que são concreções de ferro ou ferro e alumínio, numa matriz terrosa de
textura variável ou matriz de material mais grosseiro, identificado como horizonte Ac, Ec, Bc ou Cc. O horizonte
com caráter petroplíntico, para ser diagnóstico, deve apresentar no mínimo 15 cm de espessura.
Caráter coeso: resistência muito grande à penetração (faca, martelo ou trado), de estrutura maciça, consistência
muito ou extremamente dura quando seco e friável, ou no máximo firme, quando úmido. Quando pressionado, uma
amostra úmida não é quebradiça (no que do fragipã), mas sim sofre lenta deformação. Desmancha-se ao ser
imerso em água.
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Caráter dúrico: caracteriza solos que apresentem cimentação forte em um ou mais horizontes, incluindo-se solos
com presença de duripã, ortstein e outros horizontes com cimentação forte que não se enquadrem na definição de
horizonte litoplíntico, concrecionário e petrocálcico.
Caráter Plácico (atualmente não explicitado entre os atributos diagnósticos): O caráter plácico (do grego plax,
pedra chata, significando um fino pã cimentado) é um horizonte fino, de cor preta a vermelho escuro que é
cimentado por ferro (ou ferro e manganês), com ou sem matéria orgânica. Este horizonte constitui um impedimento
à passagem de água e da raízes das plantas. O horizonte plácico deve atender aos seguintes requisitos:
O horizonte é cimentado ou endurecido por ferro ou ferro e manganês, com ou sem matéria orgânica,
acompanhados ou não de outros agentes cimentantes;
O horizonte é contínuo lateralmente, exceto por fendas verticais espaçadas de, pelo menos, 10 cm através das
quais pode haver penetração do sistema radicular;
O horizonte tem um espessura mínima de 0,5 cm e, quando associado com materiais espódicos, a espessura é
< 2,5 cm.