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procuza publicagdes, entre clas imagens. Cadz pul exige que sejz por ele criticada, isto & que posse ser inte- grada as informaroes nele acumuladas (informasées hisd- ricas). Quanto mais dificil de se integrar uma publicaga nas informacdes acumsulaéas, mais original da €, ou seia mais interessante. E quanto menos “ezipiaal” ela for, m. conforievelmence podera ser incorporada. Esse € 0 eritério para toda critica da informagao, ¢ também para. critica das imagens. Se o cidadio quiser enriqueccr, poder comprar uma imagen original e levé-la para casa a fim de processé- ’a. As informagdes que ele acumula (ou ja, ele proprio) serdo assim modificadas. Se quiser, no entanto, evitar ser vitimz de compra, entae poderd se setisfazer ndoes ‘ca infoemagdes imagéticas somente ao passar por elas, Bese & © risco que core o pintor, f que vive de suas vitimes, O funcioné+io pés-industrial (homem e sculher) e seus fi thos deixar=-se alcancar peles imagens das telas eletrénicas Como oassim chamade “tempo livre” ( eja, 0 tempo apa- rentemente sem furngao) se toma cada voz mais emplo, entao esse alcance adquire dimensées cada vex: maiores © compro vva ser efetive em termas funcionais, O f vig apaven- emente fora de sua funcae (por exemplo, 0 cxecativo que se acomoda muma cadeira muito confortével e acaba se tar- ‘0 um ebjete) € progres do pelas ingens para funcie nar coo produtor = consumidor de coisas e de 9p deterrinado tipo. E com isso as imagens sto programadss de forma a reduzirao minisco toda ertica por aerte do recep- tor. Esse objetive é alcancacn por meio de divervos =nérodos, conto, por exemplo, a inflacio de imagens, que Snpossibiita qualquer escolha, oc entao 2 aceleracdo da soqiténcia de Sma- gens. Ni sao simplesmente desligando 0 seu apare condigao de sujeizo. 10 @ passer, assim, da condita de objeto ava isso cle to- Quando se comparam aqui as trés sicuagdes entre si, s@ lastims cue em todas elas se tenha falado de A palavra, ex: cads situagao, tem um sentido completamen- primeira, ela significa into do mundo. Na segunda, ela xo diferer sida, gracas aur afastas representa uma contribuigio parsicular paea a histéria yri- blica, cue exige ser processada por outros. Na terceita situa s4o, significa um método pata se programar o comporte: mento dos fancionarios da sociedace pos-industriel. Mas & inevitével, nesses trés casos, que sé fale de imagers, nfo soments porque 3¢ trata de superficies que portam tais fignificado histérico informages, mes sabretu: © pré-hiscorice de “imagem” reporcute no significado con ‘As imagens qne brilham na temperanes ("pos-histizico tela escondem em si restos da sacralidade pré inisvérica edo engajamenty histérico {¢ isso, a verdade, tanto nosentido pol que toma o julgamento da presente sitzagdo tho eicil, 9 quanto estético da palavrs). & tao precisamente Ha uma tendéncia a se confundir a vecepgio das telas coma das imagens éas agens se precipitassem sobre nds em uma condigao pré-bistérica porque acr‘tica, e come se por isso fossem despol::izacas. saben a tendéncia a se confundir essa recepcio com aquela dos quadros na exposicio, como se as novas ime- gens continuassez senda apenas emissdes de pessoas enge jadas estética e politicamente, © como se nao fossem mais aqueles originais venda, mas simn cépias genevicamente acessiveis. Cada uma dessas tendéncias condua a outro jul- gamento da sit 20, a um julgamento pessimista da pri- meiva ¢ otimista da segunda. Ambos sao um erro. ‘Temos que tentar julgar 2 situacgo presente conforme as caracte risticas que lhes sao propriss, se no quisermos perde: de vista 0s significedos anteriores de “imagem”, Entao talvez chegaemos a concl a0 a sete, Da forma como as imagens sao transportadas atualmen te. clas dove preencher a fineSe descrita com programas de comportamento: tém que transformar os seus recepto- yes em objetos. f essa a intencio que esta po: tris desse transportar. Mas 0 métado de transporte atual no cozres- ponde necessariamente 2 técnica dos novos meias, mas apenas 4 intencio subjacente a eles, Os meios podem ser dispostos dferentemente 6 mesmo para so torneze= mais efizazes), a saber, nao como feixes que ligain 9 emis- sor a inimeros receptores, mas como uma rede que co necta 0s individuos uns com os cutros, gragas 20s cabos is. Portanto, nao como a televis4o, mas come a rede telefonica. B isco significa que as imagens ni tm de ser transmitidas de maneiva necessariamente técnica, mas podem ser tanto enviedas quanto recebidas tecnicamente. A condicdo atual das imagens deve ser considerada, pox- tanto, apenas uma entre oxtras possibilidades céenicas. A intengao que esta por tras do transporte das imagens é na verdade enorme, mas nao indomindvel. Em todos os luga- vos}é existem indicios de mudancas em relagdoao transporte yens compstadori- ssmitidas por de imagens, sobretudo ne campo das im: zadas, Ai podemos observar como elas sic tr um emissor a um receptor para serem processadas por esse receptor € retransmitidas de volta. Esses y mostrar come é teeaicamente possivel encontrar wm cam is pasos nho pave superar a situacio atual da emissao das imagens: Esses primeires passos mnostram que @ possivel neutealizar de modo técaice © "poder" politico, econdmico e social Se essa mudanca fosse alcangada (e em parte ele jé eet = quarte entiio o conceito “images” ganharia nificado, Entraria em jogo assim uma superficie 16 de muitos parti- e nov cados de ixagees anteriores seriam “slevados" (auiehoben 2 um novo nivel. A imagem, como nas condigbes atuais, permaneceria genericamente acessivel; seria uma cépia confortavel de se transpoztar. Hla zecobraria seu potencial politico, epistemolégien e estético, como naquele tempo em que eram os pintores que as produziam. E talvez clas até mesmo recobrassem algo de seu carter sagrado origi nal, Tudo isso é teenicemente possivel hoje em dia (O que se procura dizer aqui faz sentide nao apenas pera as imagens, mes também para a/eniatdéncia futura. Dita de modo sucinto: os noves meios, da maneire como funcio nam hoje, transformam es imagens em verdadeiros mode- s de comportamento e fazem dos homens meros abjetes. Mas as =eics podem funcionarde maneira diferente, a fim de transformar as imagens em portadovas eos homens em designers de significados A singular cepacidade do homex: de exiar imagens para si mesmo & para os outros rer side, pele menos desde Platao, am dos temas das rellexdes flosdiicas e teolégicas. Essa capacidade parece de fate algo préprio da espécie humana, pois nenbuma outa espécie anterior 4 nossa produziu cei- sas que pudessem ser comparadas com: as imayens vupes- tres da Dord por exemplo, Na tradicao acima men cionada, a reflexao sobre essa competéncia é retratads, na maiori das vezes, de forma expeculativa, sob 9 nome de imapinacio” (Umaginati sldade imaginativa” dildungskrajt: ela € compreendida quase sempre como alge dado, como um fato, Na verdade, pressupde-se que exista algo como uma “faculdade imaginativa”, ¢ encéo se discute sobve ela, Desde Husserl aprendemos a eliminar tais pres- suposigées @ a falar do fondmeno propriamente. 3, ness «aso especifico, a0 fazermos isco, 2 imaginacio (Kinbildumgs- kraft) manifesta-se coro um gest camplexo, deliberado (Cintencionsl”), com o qual o homes se posiciona em seu ambiente. Se esse gesto for considerado de maneiva mais precisa, veremos que as imagens devez: seu surgimento nao apenas aux iinico gesto, masa dois gestos exatamente opostosum ao outro. A tradigao filosdfica e teologica pense exclusivamente um desses gestos, e isso por um bom mo- tivo: o segundo gesto da criagao de imagens (Bildermachen) tornou-se factivel apenas na passado recente, Pazece neces sé portant, diferenciar da forma -nais precisa possivel eses dois gestos, contrapor essas duzs “faculdades imagi- nativas’ (Linbildungshrdfte) para que se possa compreender a revolugao cultural contemporanea @ 0 novo mode de es tar no undo. c aungural da eri cao de imagens. A Figurario do cavalo na gruta de Peche- sideremons, em primeire lngar. 0 gest Merle pode nos sevvir de exemplo, Quando se tenta com- preender o gesto de um esses primeiros configuradores Ge imayens, é preciso dizer o seguinte: ele se afastoude um cavalo, olhou para ele ¢ depois fixou essa visto fugidia na parede da caverna, exat mente para Que outros pudessem reconhecé-a, © pvopisito desse esto complexe prov: crente era usar visio Exadz coma modelo pare uma a postericr (uma cacada de cavalo, por exemple}. Cada fase esse gesto dove ser obsecvada em detalies. A queotao fundesnental é para onde we vai quando se ie suf afasta do cavalo, Talvez se pudesse pensar que Gente distanciarse dele em direcéo a uim lugar bem afas tado, por exemplo © topo de um morta, No entento, a expe- ncia nos diz que isso no é tudo, Para fazer aimagem de umn cevalo é preciso, dz algum modo, que se volta ee nese tempo para si mesmo. (Se néo tiv nos uma experiénci propria nesse sentido, nao acveditariamos nessa afir (Ao.} Base raro na to do manée das abjetes ¢ de recuo para a subjetividede a capacidade de se tornax sujeito de um mun Du ainda, ¢ 2s ular capacidade ce ex-sistir (ekesistieven) em vez de in-sistir ( stieren). Esse gesto co- mega, digamos, com um movimento da abstrario, de afas- tamento-de-si, de reeno. © ponto de visra que se alcanca com esse recuo 0 mi ima desconfortavel. Entve ele eo mundo objetive (objeltive abru-se um abismo, ha uma grande distancia encre 0s dois. Nosses bragos nao séo suficicntemente longos para atravessar esse abismo entre nés, sujeitos, e @ mundo dos objotos. Os objetos deixaram de ser alcangiveis €, por s0, no sentido estrito da palavia, no sho mais “objetivos" fick), mas apenas “fenoménices”; eles agora s0- mente aparecem, pessam a ser J esse ponto de vista, porque nos faz du- vidar da objetividade desse mundo que apenas aparece € iweis apenas. Por isso @ desconfort niio tnais se =anifeste, No entanto, ele oferece uma vanta~ gem agove que nic obs Agora que nao eebarramos mals numa arvore apés 2 outra, havramos mais nas coisas, podemos las, é-las cm seu contexto; pademos deduzir fatos. podemos ver a floresta. E é exatamente esse © propdsito ssse gesto de chstracio, ou seje, dedszir as civcunstancia: Exé-las ¢ utiliza-las como modelo para ag6es futuras, para casas melhores de cavalos. Trata-se de “ pour misnx recur para salter melhor]: tais imagens sio visdes ixadas dos fatos ¢ servem de quadros ovientedores para ages futuras. 4 fol contescada al Essa afirmagao, ne entanto, vezes, Seri que 0 propésite por tras da imagem do cavalo teria sido nica e exclusivamente proporcionar melhores cagadas de cavalo? Supondo que sim (e suy existissem motivagSes puramente estévicas escondidas nes- fo que a0. sas imagens), o que se poderia dizer nesse sentido com re tratas” lagio a cutras imagens? As chamades imagens 5? E, casy as enten- seriam também visies fixadas de fa damos como quadres orientadoves, serviriam de modelos para que vipa de acées? Padeviamos fazor frente a todas essas contestagdes da estética tradicional, mas isso nao € absclutamente importante neste ensaio, Trata-se agui de diferancer os gestos de criacio de imagens, e para essa Sina- li plifique indevidamente o estado das coisas (Sacila Porém, em centrapartida, deve-se acrescentar que esse de 6 suficionte a afirmagéo acima, mesmo cue ela sim- afzstamento de cbjato, esse recuc necessdvio para a abstra- Go, 240 € swSiciente para a criagée de imagens. A "magi- nacao" (E ugskrafe) por si s6 nao é swficiente para criar imagens, Aquilo que é viste (9 fato, a cixcunstancia) deve ser fixads eas tornar acessivel pare outros. Deve sur co: dificada em simbolos, e esse cédigo deve ser alimentado em ume meméria (ums pavede rupestre, por exemplo); 0 codis existe para ser decifrado por outzos, Dito de outya forma: aquilo que é visto dz maneira privada tem de ser publicado, © gne é visto subjetivemente tem de ser inter- subjetivado, Isso coloca problemas complexos, que no s80 ainda de todo evidentes. Embora as teories da comunica: gfe da info! enham se empenhada nesse se: consequentemente, eliminado do caminhe certas rellexdes tradicionais (por exemplo ficarenn como ideclogi- cas conceitoscome cao" ou spiragio"), née sepode afirmar que tenhamos coaseguido de fate compreender essa fase do gesto de criagdo de imagens. Mas felizmente nao vemos necessidade neste momente de uma anélise profunda desse problema. O quese trata aqui nao é da cria (Go de imagens, mas da diferenciacao entre dois tigos de ago imagetica, Para fazer essa diferenciagao € suficiente pensar na primeira fase da crisgio imagética (ou sejz, no afzstamento do munde objetivo, no vecuo abetvativo). Ae outvas fases nio serio tratadas agora. égica, dafsmo, cantestou esse tipo de figuracéo . Essa contestagao pode ser sintatizada da inte forma: as imagens assim produzidas nao sio qua Idermache! dros de crientacao dignos de confianga. (E como a tradigac descanhece outro made de nrodscio, essa resisténcia aca- bou levande & proibigao de imagens.) Se trowxéssemos ox sas zesisténciss e contesteg6es para uma terminologia atual, entSo elas pederiam ser agrupzdas em teés argumentos principais: (2) O ponto de viste a partir do qual se imagina (de onde se criam as imagens) ¢ ontolagica ¢ ep’ gicamente duvidoso; ele faz com que se duvide da odjetivi- dade (Gogenstandlichkeit) dequilo que é visto. (2) Os eédiges Ds S80 neck imager! terpretagdes contraditévias) e por is: neles como modelos de comportamento. (3) nao se pode confiar imagens sii mediagées entre 0 sujeito co munde objetive, = come tas, estao submetidas a uma dialética interna: elas imaginam 98 objetos que apresentam. O arguments (3) importante sobretwlo para a tradicio t nto oargumento G@) tem, por sua vez, um peso maior na tradigio Lilosofica Como a tradicao teoldgica secede ex importincic histé- tradicao ontologica, 0 argumento (5) deve ser mais bem analisado, ‘As imagens (como toda mediago} tendem a cbstruir 9 ‘caminho ex directo aquilo que é mediada por eles. E com isso seu posicionamento ontolgica vira de ponta-cabeca: de placas indicativas elas s¢ tornam obstaculos. A conse giténcia é uma inverse nocva do homem em face das ima- gens, Apora, em vez de se utilizar da circunstancia expressa, nas imagens como modelo para ums. orientacie ne manda dos abjetos, 9 hem comeca. a empregar sua experiéncia concreta nesse mundo para se orientar nes imagens, Em ‘vex de basear-se nelas para dar com 0 meade dos objetos, ele comeca a tomar como base sua experiéncia com, do concrero para poder lidar com as imagens. Essa inversao ae chams “idolatris", » 0 comportamenta resultante dessa idolatria & chamade de “magico”. Entende-se euto que as imagens devem ser proibides porque necessariamente alie~ nam c homer, o levam a loucuwa de idolatrie e do compor tamento magico. Mas, diante desses trés exgamentos (sobretudo do tercei- 10), pede-se deferder um ponto de vista que evite a proibi- cao de imagens. Pede-se dizer o seguinte: que aio & po: vel se orientar no mundo semi que s¢ faca antes uma ima- gem dele ( divel para nossas acdes 2 a compresnsia de Mas 98 argumentos contra as imagens sio corretos. Portanto, née é oportuno cue se proiba a criacdo de imagens, mas certamente 4 oportuno que as imagens produzidas sejam submetidas & critica, Tal exitica devera esclarecer antologica ¢ epistemologicamen- seo dw 1eso ponto de vista da imaginas3o (arg deverd interpretar os cédigos imagéticos em cédigos deno tativos (ergumente 2}, ¢ deverd também tomar as imagens uansparentes para aquilo que é representado por =neio delas (argumento 3). Para conseguir isso. assa deve se afastar das imagens (am passo ainda mais dis- ‘a critica como +tante com velagao ac mundo dos objetos). Esse ponto de vista foi ado:edo no Ocidente ha pelo cultura ocidental como um todo pode menos 3.500 an ser considevada una tentati imaginacio (de explicar as imagens). F pava isso foi criada progressiva de explicar a a cscrita lines, cédigo que permite denotar os cédigos ima- _géticos ¢ assim clarear o panto de vista da imaginagso, tor nando as imagens transparentes ce novo para o mundo ao 3. Esse fato pode se nar primeivze plaquatas ssesopotamizas. La se torna ms nifesta a inteng mantos imagéticos isolados (pels) tela para serem ordenados numa soqiiéncia de pictogrames. Imente constatado por trés dos gastos da escrita linear. Fle 0 assim retivados da © propésite af & decodificar as imagens bidimensionais em linhas unidimensionais, submet®-las a uma critica que enumera, que conta, Essa trtengio iconoclistica subjacente aos gestos de escrita linear se torna sais vi bet as imagens nao 6 apenas aguela que nara, mas também do que com os pictopzamas. La a critica que descrave aguela que discute Aintencao esclarecedora por tras daescrita linear (como profetas jadeus e também na filosoSa ¢ na teolopia) prova que ai fai acancado um nivel de pensamento mais abstva to do que aquele a partir Go qual as imagens s30 proéuzi- ). A partir dai o munde dos objetos nao é mais visto como um contesto de cicunstincizs, mas entendido como um feixe de praces- sos. As regras escritas so hem claras; ¢ os simbolos da es ciita sao bastante denotativos, de modo que o mando dos abjetes pode ser entendido como um feixe de processos & tratado de modo hastante metédico, ou soja, clentifiea ow tecnicamente. Fm resus, treta-se de explicar de maneira causal « légica as imagens para poder teatar o mundo de forma metédica, por meio das Imagens que se tornaram assim transpezentes Como se pode constatar,uma critica des imagens, porser escrite, nao ¢ suficientemente radical. Pezxcebe-se também que os discursos neares (sobretudo as explicacdes caulsais 6.08 processos lgicne do pensamenco) nem sempze podem ser usades como modelos para uma abordagem met do mundo. Essa “crise da citncia’ (essa eritica c que furdamentalmente ¢ uma critica do Hurainisme) nto apenas comera com Hume # Kant como acompanka sotts ace todo o discavso do Cridente. Da perspectiva das refle x28 aqui propostas relacionadas & maginacio, essa critica & critica das imagens pode ser formulada da seguinte n neira: na verdade, o gesto linear da eserita retire os isoladas da tela ¢, no entanto, tram: cionadosa sto de escrever nega sua inten¢ao critica, pois eccita & mente de um elemento cultural muito antigo: os mariscos agem em estrutura linear de forma aczitica. Aqui, trata-se prova sempre se desenvolvere™ em trama, como uma cerrente, Se o propésito for fazer uma critica radical as imagens, en- tao elas deve ser analisedas, E isso significa processar formelmente os bites exrancades, em ver de ordena las de acordo com estruturas lineares preestabelecidas. B preciso ieuld-los’, Somento uma imaginacac totalmente calcula da pode ser considerada explicada Um cédige apropriado para uma anélise desse tipo, a saber, 0 cédige numérico, esté a disposigaa ha bastante tempo: E hé muito esse cédigo foi efetivamente incorpora do ao cédigo alfabético, Com certera, devido ac fatoantigo (essa critica feita por de o homes ser consciente da crit meio da escrita alfabética) insuficientemente radical das imagens, pelo menos a partir da préxis, Tvala-se no entan to, nessa incorporacao, de se introduzir um corpo estranho 0 6 iatrinsecamente contra- na linha, O cbdigo alfanum um movimento ditévio, poia» geato da notagdo numérica bem diferente daquele da escrita linear, Nao 6 um gesto deslizante, mas interrepto, um gesto de escolha. A “visto” cha cente de elementos adinensionais, de pontas, feneménica mostra esse gesto como © processa- (Kerner). Trata-se de outva intenciv, Gferente daquele de quandw se escreve, ou seja, trete-se de uma intengdo an: Hea, desagregante, separados. E af o pensamento tera gal- gado ume altura clevada ¢ insuseravel de abstragio. “Ter saido do mundo e pisado no nada (nos elementos pontuais sem dimetisao, separados uns dos outros por intervalos) Ede ld (iste &, de lugar nenhum) podera analisar primeira- menteos processos, depois os acontecimentos e, por fim, 0 mundo des objetas, asn70 0 cédigo numerico permaneceu preso ao codi go alfabetico {isto &, durante quase coda a histévia ocide! ta, eta Seu poder denotativo (a clareaa ca disting3o de seus simbolos) cue colocava de mancira rara dificuldades aparen- temente intransponiveis, Quanda sé analisa sma imager (ou outra coisa), ela é cestruida ex elementos pont tre 08 quais se abrem intervales, e através dessee intervaloe deve escapar aguilo que é analisado, 0 cédigo numézico € “vazio’, um pensamenta cifrade nesse cba et di que 6 pensado, Descartes p dade corm a geometria anélit ta perceptia) deve necessariamente perder aqailo corou remediar essa dificul- ca, ¢ Newton ¢ Leibniz pro- curaram fazer isso por meio da integeagiio de diferencisis: Eles querram, graces a artificios cada vez mais complexos, inserir o cédige numézico na estrutava do cédige linear & forgar, por exemplo, equegées diferenciais a descrever pro- cacsos Apasar do: pensamento numérico de elevads she- sragdo, 0 propésito era permanecer no pansamenta lincer, processual (historico”), No entant , essa situacio madou vecentemente, de for- ma radical. © cédigo numézico evailiu-se do eédigo alfabé- tico, e com 50 a6de livrar-se da obrigacdo de lincavidade e passat dos admneros pare as informacoes digitais, Dessa, uma yelocidede sobre-humana, ja que foram inventadasas maquinas de caleular automaticas. A mudanga no pensa svento (¢ na ago), provocada per essas invengdes, ainda esta em curso ¢ nao chegas a0 fim. Do ponto de vista da re- flexdo proposta aqui, as imagens, gracas & rapicez possivel da contage=: com 05 dedos, se tornaram compleramente analisdveis, e com isso todas as objectes avvesentadas pela tradicao filoséfica e teolégica contra as imagens se torna- 2 sem fundamento. Pedemos agora, a partir de nossa smaginagia, yoltar a uma abstracso absoluta, # a partir dat tratar os objetos por mei desse tipo de Imaginagéo rene~ vada. Finalmente podemes vealizar cagadas de cavalos de ancira correta ¢ matédica ato de retivar o cidigo numérico do codigo alfabetico (e, com isco, a vetirada do pensamento gue calcula do pensa- am resultado mento histOrice e linear) teve, no entanto, jmprevisto pela tradigie: possibilitou um novo geste de eriagdo de imagens, contrério ao gesto antigo e intel nal, Surgi derivam inmagens contea as queis as objecdes da fil ma nova imaginacso, contrévia 4 antiga, 2 dela fia e Ga teolngia nio podem ser aplicadas. Ao analisar esse gesto de criacao de imagens de modo fenomenoldgi ele se mostra como um gesto de ajuntamento de elemen. iculado} para a formacao de imagens; mostra'se como uma computacao. Poderiamos pensar que as objecoes fil to no cuso das imagens desse género, pois se trata, com igicas seriaim sem fundamen relate a élas, de uma ittaginagio desde o micio comple- tamente criticada e analisada. Nem mesmo © mais ortodo- xo talimudiste teria alguma objecto contra essas imagens pois elas nao induzem ao erro ontolégice de confundir o (ue se Szagina com o que se imaginou, E nem mesma o ) mais ortodoxo erie alga contra, pois 19 ocultam seu cavatey de simulacao, Nem ‘essas imagens mesmo Plato teria algo a opor, pois essas imagens sio as “idéias puras" e sua contemplacae 4, em consecténcia, te oria ~ conduz & sahedoriae nfo 4 opiniao. Mas quando se pensa assim & porque ainda nao se aprecinw a inversio da imaginacao com relacSe a essas imagens. B necessz 0, por- tanto, analisar esse novo gesto de crlacio de imagens mais detalhademente. Eum gesto que concretiza: rene elementos adimensio- nas para rec sem ema superficie, valo entve esses pontos. # nisso esse gesto se diferencia do esto Epurativo que veia sendo tratade até aqui: nao é um gesto de abstracao nem de recuo, mas, ao contrario, ele concretiza, projeta, Na verdade, esses dois gestos leva: & ingao de imagens (e poriese podem ez chamados de “ima ginacio"), mas se trata, em ambos os casos, de outro tipo je 880 bidi- mensionais porque foram abscraidas do mundo, dgamos, de imagem. As imagens da imaginacio até quadridimensional; e as imagens da nova imaginacio sto bidimensionais porque foram projetedas por céleulos adi- mensionais (mul }. © primeira tipo de imagens iniension faz2 mediagio entre o homem escu munda; 0 segundo tipo, entre céleulos e sua possivel aplicagao no entoro. O pri meiro significa 9 mundo; 0 segundo, cileulos. O primeiro é copia de fatos, de cireunstincas; © segundo, de cileulos. imaginacdes indicam di- Os wetores sign recdes opostas, ¢ as imagens do primeira tiga devem signi- ficar coisas diversas das do segundo, Esca 6 propriamente 2 rezio por que a éitica tradicional nesse campo passa 20 largo das novas imagens. 0 moda come acontece esse nave gesto que concretiza e cria imagens pode ser obscrvado na sintetizagaa dague- las computadorizadss. © computador 6 uma calcsladora podem ser inseridos provida de meméria, Nessa memor 08 calczlos, caso tenham sido passados do codigo numé. case esses célculos te- rico para 0 cédigo digital, o= nhazn sido buscados no cédigo alfamemérica. Agora senta~ se diante de um teclado, busca-se na meméria, a partir de cada toque ne teclado, um eleriente pontual apés 0 outro, a fim de integrar uma imagem xa tela, de computéla. Essa busca feita passo a passo pode ser automatizada ¢ acon- tecer muito rapidamente, As imagens aparecerio na tela numa velocidade estonteante, observar essa sequéncia de imagens ¢ s€ a imaginegao Uvesse se autonomizada, como se Hvesse se deslocade de dentro (digenos, da cabeca) para fora (para 0 computador), come se pudéssemos ver nossos préprios sonhos dolado de fora. De fatoalgemas dessas imagens reluzentes podem nos surpreender: 58 métia do compscador). Desse modo, as imagens fi Poder ser fixadas na-tela (e inesperadas, xadas podem ser alteradas, pode se iniciar uma espécie de didlogo entre 2 propria imaginacio aquela que foi intra duzida no computader. Uma vez, alteradas, as imagens po- dem ser encaminhadas para outzos produtores de imagens (x40 importa » lugar em que estes se encontrem), e podem ser novamente modificadas por esses prorutores pare & rem zeencami das a0 rewsetente. Pade se ver que o> vo gesto de criacao imagética tex: uma estrutura diferente da. quele ce Peche-Meri embora alguns elementos ai possam ser reconhecides: Mase que é de fet0 novo é que os propésitos (as intencio. nalidades) das dois gestos sto diferentes. O propésite por tris de Poche Mevle é criaruma copia de uma creumstancia cue possa servir de modele para agdes futuras. A intengio por tds da imagem sintetizada pode ser scmelhante: criar ume cépia de um céleulo (por exemplo, o calcula de um vic) que possa sevvir de modelo para agdes faturas (por exempls, para a preducio de avides nor =eio de robés). Se 2s novas imagens forem feltas, no entanto, com tal inten- (fo, eildo se terd colocade a nova im agao a sezvico da antiga, #a tual revolugdo em andamento ainda nie se tera consumade, Pois essencialmente as novas imagens sto cria- das para que se busque, entre as possibilidades dadas, inesperado (2 saber, no diglogo com outros), de modo que a vealizagie dese inesperade wontada apenas come experi uma espécio de manifestacdo pavalela que acorve quando tratamos do ssundo dos odjetos. Um exemp express! desse nove propésita é oferecido pelas imagens das char das “equagies fractals": trata-se de cépize de edlesios que aralisam istemas extraordinariamente complexos ¢ “auté- nomos" (digamos cadticos),Zsses célculos resultam ema ime~ ecom elas pode-se gens inesperarlas (infovmativas, "bela: brincar quase infinitamente. B verdade que algumas delas parece: cépias de circunstincias (quando essas circums- tais como fo yong out tra aches geclogices, anc também ‘08, possuem uma estrutura fractal, 08 arti é verdade que algumas dessas imagens podem servic de modelo para agdes (por exemplo, para a producao de =e. dicamentos que tenham estrutura fractal oposia 4 do vi- vias essa € uma manifestagio paralela na verdadeire intengao é buscar prodi situagdes ineeperadas mam campo de possibi magens. A propria intencionalidade por tris da nova imaginarao so chamava de “esté ilo que a te Por isso pode-se dizer, entio, que o que diferencia a nova imaginacio da antiga é ¢ fato de que nela se desdo- ga, e de que ela pode fazer isso porque a nova imaginacio se bra a “estética pura” que se encontra instalada na 2 encontra num ponto de viste de ebstragio insuperdy partir do qual as *agens poder ser criticadas ¢ anelisadas, Dito de outro mode: somente quende as imagens sac feitas a partir de céleuls, e nfo mais de circunstancias (mes que essas cixcunstinciss sejam bem “absteatas"), é que a “ostética pura” (0 prazer ne jogo com “formes puras’) sede ce desdlobrar; somento ascim 6 que o Homo faber pode se desprender do Homo Nessa tentativa de diferenciar as duas formas de imagina- Gao falamios de ume série de gestos que, vistos =m sua totalidade, oferecem um retrato do desenvolvimento da humanidade. Ago mais cu menos assim; primeivamente recuamos do mundo para poder imagind-lo, E entio nos afastamos da imaginacAo para poder destrevé-lo, Depois nos afastamos da critica escritis¢ linear para poder analisa Jo. £, finalmente, projetamos imagens sintetizadas a partir ¢, gfacas a uma nova imaginacao, Claro que essa sequénca de gestos nao deve ser vista como uma sequién- cig: near. Os gestos isolados nao se desfaze=: nem se sol tam uns dos outros, mas se sobrepder @ prendem-se une 20s outros, Paralelamente sintetizacio das imagens, con- tinua-se pintando, escrevendo e analisando, e esses entrario numa tensio imprevisivel e em feutificacées opos- tas. Mas o que agora nos diz reepelto existencialmence ¢ 0 near a0 adimensional jmenstoneal, penoso salto do a0 “quintico”, ao sintetizivel (ao computavel), esse selto que temos que day. A exigncia que se nas coloca € a de ousavmos dar o salzo Sem duvids algu nova imaginacao, 1 isso € Uma ousediz, Celocamos em jogo e! todas as nogsas categcrias histdricas (portanto, tude o que nos apdia) e desenvolvemos novas categorias. O que tems de colocar em jogo née sao apenas as categorias epis a razao pratica ¢ a faculéade de julgar deve: ser postas, esta em em cena) No caso da categoria epistem pleno andamento, ¢ € 0 minime temos qze aprender a renunciar ac explicaces causais em favor de célculo de probabilidades, e precisamos aprender a renunciar ds operagdes légicas cional. No caso das categorias de valor e de vivénci & bem mais dificil. Por cxemplo, somos desafiados a traha~ Thar um novo con: de liberdade quando nio se trata mais de superar as condigdes, mas sim de trazer ordem a0 caos, Devernos aprender a perguntar nao mais por “iber~ dade de qué?”, mas por “liberdade para qué?”, Outro exem- plo: somos desafiados a substituir nossa moral de trabalho Grbeitsmoral) por outra, quando nio se trata mais de mo- dificaras realidaces dadas mas de realizar as possibilidades dadas. Em outras palavras: 2 exigéncia que nos ¢ colocada é rel de exis- ada"), Sem diivica alguma isso é uma ousadia, mas nic temos ade seltar do nivel da exisénci inear para um 2 téncia totalmente abstrato, adimonsional (para 9 escolha: devemes ousar. Independentemente de querermos ou No, a nova imaginagio entrou em cena. E é¢ uma ousa dia empelgante: os niveis de existéncia que temos de galpar gtecas 2 ess2 nova imaginasao promete-nos vivéncias, re- presentacées (Yorsteliungen), seatimentos, conceitas, valo- res e decisdes ~ coisas que até agora si pudemes sonhar, no melhor dos ¢ essa ousadia promete colocey cm cona as capacidades que até agora apenas dormitavam em nds

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