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VOCÊ S/A - 09/02/2010

ESPERE PARA DAR O PRÓXIMO PASSO.


O colunista Gustavo Cerbasi recomenda manter um padrão de vida
abaixo de sua faixa de remuneração

Há alguns dias, eufórico, meu sobrinho me procurou com a boa notícia: aos 15 anos, foi
contratado como jogador profissional de um grande time de futebol. Ele então queria
orientações sobre como gastar o dinheiro de forma inteligente, pois acredita que está
com a vida feita. E foi logo prometendo comprar videogame, minicarro e camisas
oficiais para os irmãos.

Após algumas perguntas minhas e poucos minutos de reflexão, os irmãos já não


estavam tão felizes, pois recomendei cancelar os presentes. Meu sobrinho acabara de
levar um banho de água fria. Perguntei: “E se você quebrar a perna e se aposentar logo
na primeira temporada? Que renda está garantida até o final de sua carreira? Ao se
aposentar, daqui a 20 anos, qual será seu patrimônio?”. Ele começa a carreira com um
salário mínimo e garantias de receber um piso crescente até os 35 anos de idade, caso se
mantenha ativo. Pensa em poupar 100 reais mensais e torrar o resto.

Viva um passo atrás da sua condição financeira

À medida que for ganhando mais, poupará mais. O problema seria se sua carreira
estagnasse. Propus a ele começar a poupar 100% do novo salário e viver da mesma
forma que vive hoje (com a mesada do pai), até obter o primeiro aumento. Passando a
ganhar dois salários mínimos, a recomendação é adotar um padrão de vida que custe
apenas um salário. Ou seja, ele deve ignorar o passo dado e assumir o padrão de vida
que poderia ser assumido agora apenas depois do próximo aumento. Ao fazer isso,
considerando o piso pago pelo clube, ele chegaria aos 35 anos com um patrimônio de
cerca de 4 milhões de reais.

Se estagnasse em dois salários mínimos e continuasse poupando metade da renda, se


aposentaria com um patrimônio de cerca de 200 000 reais, suficientes para montar um
pequeno negócio. Pense bem nas escolhas que decorrem de cada novo passo dado na
carreira. A maioria dos que estão com problemas financeiros iniciou sua história triste
em uma celebração de sucesso seguida de más escolhas. Para obter segurança, não há
receita mais simples do que viver um passo atrás de suas possibilidades financeiras.

Gustavo Cerbasi é consultor financeiro pessoal, sócio-diretor da Cerbasi & Associados


Planejamento Financeiro e autor do livro Casais Inteligentes Enriquecem Juntos.
www.maisdinheiro.com.br
AVALIAÇÃO DE MIM MESMO?
O colunista Luiz Carlos Cabrera mostra como avaliar o seu progresso
na carreira e na vida

Como avalio o meu progresso nos últimos anos? Esta é uma pergunta que um mentor
costuma receber e para a qual eu gostaria muito de poder ajudar você, leitor, a obter
uma resposta. Para começar, é importante conceituarmos que existem três grandes áreas
de progresso: a material, a intelectual e a espiritual. Começando a avaliação pelo mais
concreto, que é o progresso material, basta definir um horizonte de tempo — os últimos
cinco anos — e verificar o que você acumulou.

Aqui, contam os bens que adquiriu. É como se você estivesse preenchendo a declaração
de Importo de Renda, mas com a lembrança de cada vitória e conquista. Já o progresso
intelectual complica um pouco. Pense e responda: quantos livros você leu nos últimos
dois anos? Nunca me esqueço que, ao terminar meu curso de extensão em
administração, em 1975, na University of Southern California, em Los Angeles, nos
Estados Unidos, tive o privilégio de ter o Peter Drucker como paraninfo. Ao final da
palestra, eu perguntei o que deveria ler para ser um bom profissional na área de recursos
humanos.

Avalie seu progresso intelectual, material e espiritual

Ele, do alto de sua sabedoria, respondeu: “Recomendo que você estude muito filosofia e
história”. Só depois percebi a profundidade do conselho. Outra medida do progresso
intelectual é avaliar se as pessoas à sua volta estão evoluindo. Não existe crescimento
intelectual sem compartilhamento. Outra importante característica da sua evolução
intelectual é o progresso de suas competências. Quanto maior o desafio, maior a
competência desenvolvida. Esteja disponível.

Por fim, vamos falar do seu progresso espiritual. Comece pensando em como você
encara os fatos da vida, como entende o seu papel na comunidade e suas atitudes
perante o próximo. É uma avaliação difícil, eu sei, mas o mundo moderno está exigindo
profissionais que sejam inteiros e íntegros. O primeiro significa estar progredindo
material, intelectual e espiritualmente. Já ser íntegro quer dizer ser um só, em qualquer
circunstância. Feita a avaliação, a próxima etapa é o plano de ação. Não deixe de fazê-
lo. Com isso, certamente seu balanço de 2010 vai ser melhor do que o do ano que
acabou.

Luiz Carlos Cabrera é professor da Eaesp-FGV, diretor da PMC Consultores e


membro da Amrop Hever Group
O TALENTO APRENDE, SEMPRE
A capacidade de aprender é uma das competências mais valorizadas
hoje pelos empregadores e líderes. O colunista Eugenio Mussak
fala sobre o assunto

Conversei com um presidente de empresa que gosta de se envolver nos processos


seletivos de seus executivos. Quando lhe perguntei o que ele valorizava nos candidatos,
ele respondeu sem titubear: — São duas as variáveis: capacidade de entregar resultado e
vontade de aprender permanentemente. Campeão de assertividade, esse presidente. Ele
sabe que a empresa vive de resultados, mas está interessado em resultados sustentáveis e
crescentes, e isso só se consegue com gente que está evoluindo sempre.

Por isso o desejo genuíno de aprender passou a ser uma qualidade desejada no mundo
corporativo. Em função de visões como esta é que as companhias estão virando escolas.
Há, porém, uma diferença entre elas e a faculdade que você cursou. Lá, havia um
professor que compartilhava com você a responsabilidade por sua formação. Na
empresa, essa responsabilidade está sobre seus ombros.

As empresas valorizam quem não espera ser ensinado.

Se as companhias apreciam quem quer aprender, têm especial predileção por quem não
espera que alguém venha ensinar. Aprender é seu ofício. Nesse sentido, a curiosidade, a
inquietação intelectual e a busca do conhecimento contínuo passaram a ser as
características apreciadas nas empresas. Bem, pelo menos nas organizações bem
administradas. Considerando o que disse o presidente, temos duas variáveis, portanto
são quatro as possibilidades.

Vejamos: quem tem baixo desempenho e grande vontade de aprender é um potencial —


a empresa investe. Quem tem bom desempenho, mas perdeu a vontade de aprender, está
acomodado — a empresa se preocupa. Quem tem desempenho alto e grande vontade de
aprender é um talento — a empresa reconhece e quer reter. E quem tem baixas essas
duas variáveis não tem mais espaço — a empresa elimina.

Perceba que no mundo dos recursos humanos ser um talento não significa ter uma
habilidade especial, um dom artístico ou uma inteligência superior. Ser um talento
significa ser possuidor da combinação entre o desempenho e o desejo de aprender e
evoluir. Ser um talento, portanto, é uma questão de vontade.

Eugenio Mussak é professor do MBA da FIA e consultor da Sapiens Sapiens.


eugenio@ssdi.com.br

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