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ISBN 978-653 iii Johann Gustav Droysen Manual de teoria da histéria Dados Internacionais de Catalogagio na Publicag (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil} (CIP) Traduci Sara Baldus ¢ Julio Bentivoglio Droyson, Johann Gustav, 1808-1884 Manwal de teoria da histria/ Johann Gustav Droysen ; tradu jaa Baldus © Juli Fentivoglio ; apresentagiio © nots Bentivoglio.~ Petropolis, RJ : Voces, 2009 Titulo original : Grunsdriss der Histor, Bibliogratia ISBN 978-85-326-3762-8 1. Histéria ~ Estudo e ensino 2. Histéiria — ‘losofia 3, Histdria — Metodolo 4, Historiografia . Bennivogti Apresentag ye notas: Julio Bentivoglio Julio. 11. Titulo, cpp.901 7. y EDITORA Indices para catélogo sistemiticn: VOZES 1, Histéria : Filosofia e teoria 901 = Petropolis © 2009, Ecitorn Voces Lic Rusa Frei Luis, 100 25689-900 Petnipois, RJ Tntemet: hetp://www.vozes.com be Titulo original lero: Gruntriss der Histor, ‘Todos os dircitos reservados, Neshuma parte desta obra podera ser reproduzida ou transmitida por qualquee furma efou quaisquer meios (eletrdnico ou mecanico, incluinde foroeépia ¢ gravagi) ‘ou arguivadia em qualquer sistema oy banco de dads sem pesanissio eserita da Editora, Diretor editorial Fret Antinia Maser Editores Anat Paula Santos Matos José Mana da Silvia Lido Peret Marilac Loraine Oleniki Secretirio exeeutivo Joo Batista Krewch Editoragdo: Fernando Sergio Olivetti da Rocka Projeto grdfica: AGSR Deseny. Grifica ‘Cape: Maria Fernanda de Novaes ISBN 978-85-326-3762.8 Edivorado conforme @ nowo scorde ortogmifico, Este lives fil composto e impress peta Edtora Vines Lala SUMARIO Aprewentagio, 7 Cronolagia, 27 Prefacto a primeira edigai, 29 Incvoalugiio, 35 1. A histéria, 35 11, © méwdo histérico, 38 111. A tarefa da teoria da histnia, 42 A Metiidiva, 45 1A heuristica, 46 IL A critica, 49 IIL, A interpretagiio, 53 A Sistennitica, 61 LO trabalho histérico segundo suas niatérias, 63, IL O trabalho historico segundo suas formas, 64 IIL. O trabalho histirico segundo seus trabalhadores, 71 TV, O trabalho bistcrico sejumdo seus fins, 74 A Vopica, 77 Cilisscinio, 87 Hibliografia, 91 APRESENTACAQ Johann Gustav Droysen foi flélogo, tradutor, historiador ¢ teé Hoo da histéria. Nasceu em Teptow em 6 de julho de 1808 ¢ more fv minha de 19 de junho de 1884, nos arredores de Berlim, reco- nhecido como um dos maiores histariadores alemaes do séeulo XIX. 1i¢ inacreditavel, dadaa dimensie ¢ profundidade de sua obra, que sev bome seja tio pouco mencionado pelos estudliosos da hist6ria tho Brasil, Seu concributo para a fundamentagio teérica e metodo- Aispica desta diseiplina € norével, seus estudos sobre a helenisme siio funwladores © seus dislogos com Hegel (1770-1831), Kant (1724- [soM), von Humboldt (1767-1835), Herder (1744-1803) e Goeche (1749-1832) sempre oportunos, ao tratar de temas relacionados 1 idealismo, ao historicisme, d razio histérica, A hermenéutica wismio, Nao-bastnsse isso, sua obra abriunovas perspecti- lefinigao do método histdrico e paraa automomia da his- lado das demais ciéncias humanas, ao conferie-Ihe um esta- rigoroso esuficiente que, em se tratando das exigencias de fun- Jnnentagan epistemoldgica, nada deixavan dever ts cifncias naru- tuts: Segundo Grondin, para corroborar a evidéncia metodlyica da histra, Droy sen recuse dois possiveis desvios: de um ado. pasttvsta, que pretonde submetera histtria ane mérods matemsticos dascigncias naturis, adimoestando-a na sentido de encom ‘ror algo semelhante a leis estatisticas da hisiias be outro lado o da concep da histiris comoarte meramente nar- ativa, de passitcinpo, em sum, dilctante! Droysen e sua obta podem, pottanta, ser reconheeides como.a -expressio maxima de Um momento impar de reflesiie a respeito dos cestudos sobre o pasado. Descrevendo aguele contexto Kaselleck srevela que, a citneia da histéria, que alcangou sets apogeu ma Ale rmanha no século XIX, unificou-se em uas etopas pre view. Em primeim lugar, a laborioss arividade dle recom- Pillagao ¢ edueagao par parte das cléncias ausilianes que tomaram curso desde o Humanistao. Em segundo lugar, svrellexdo teGrca e critica com jue a Usstragieshavia te- agido frente a seus predecessares. Ambas etapas encon. trarem uma fecunda sintese na historingeaia alemi a partir de Nicbuh! Neste momento, o Iéxico tomado de empréstimer ao grego His- toric, que significava relato ou narrativa de alga acantecido, fol substituido por Geschichte ern meados de 1750. E neste mesmo mo- vimento, Universullistori foi peeterida pela Weligeschichte, E Gese chichee passou a identificar tanto o acontecimentorem si quanto seu relato. A férmula de Droysen, “acima das histdrins esti a histéria”, heranga de Niebuhr, expressa uma verdadeign inflextio, uo distin- guir Geschichte de Historik, termo crindo antetiormente por G.G. 1 GRONDIN 3 Immediso 9 hamn ut fons, Sho exp: Unsno, 198, 2,"La Getusa de a itor, gue akcanah su agegca en Alemania evel siglo XI, eum fd en so etapa previan En perro tga fn lnbornsa wetved Ue recompison Y ‘duced por pare de las cleneis Buiares gue 2c habian do ponienda en camino ieee el Humatiaria En segunda lagor, Is reflriontercay rien con que ia Ista ‘in aia racic rie 9 fi pradedasoren Anos wlagersencoirran une fe ‘nds intone itgeafa slemana a pars de Mich (KOSELLEER, st ‘ancora. Mads Tretta, 2004, p, 207. ‘ " 3. Wer neste ie 0 § 73 Giervinus em seu Grundziige der Historik de 18374, usndo exclusiva: nte com a acepedo de teoria da histiria. B Geschichte passou a sets ao- mesmo tempo, historiam renin gestarim e ares estas? ‘Ao lado de Droysen, couhe a outmas historiadores da chamacdla Foul Histdrica Alema, como Ranke (1795-1886) © Mommsen (1817-1903), elevar a histéria 4 categoria de ciéneia, Mas, embors cj sempre rclacionado a esta escola, sua insergde nao pode sex fe seo restriges, visto Droysen colocar sérias reservas | maneira comoseus colegas pensavam e escreviam a histéria, Bosta ver, neste setvticks suas duras crfticas & perspectiva de Leopold van Ranke em relagdo ao métode-e & produg3n do conhecimenta histérico, Con- temporineos na Universidade de Berlim, os dois jansais tiveram boa ‘omwivéneia, E, ao passo qué o nome de Ranke teaha marcado njucla geragio, o de Droysen parece ter cafdo em esyuecimento.O uilénicio de Nictasche (1844-1900) a seu respeito é revelador. Nos srivagos seauintes send aquilacado o peso da contribuigio droysiae sthistoriografia e, em seguida, levantar-se-fo-algumias pistas i respeito de seu esquecimento. Raramente citado, Droysen é um case curioso na histariograta. F evidente que no Brasil, face & enorme influéneia da historiografia incesa, seu nome seja pouce eonheciido. E, embora tenha sido lei- x obrigatéria pata 08 historiadores metdiicos, algo que fica ex- ‘lieiny no didlogo que Langlois © Seignobos erm sun introdugdis aos sues histories exfabelecem com a istorik, Draysen foi. pratica- ite jgnorado pelas geragies subse quentes na Franga. Langlois & Scinobos seguiram os passos de Droysen, utilizands procedimen- inemetodolsgicos pareeidos no tocante Bs fontes: critica segundo a | HOSELLEGK, R. Futu/o passant. Rise Janeiro: Contraparta, 20C6, p, 48. id, 9. 59. ‘sina das prmalrastradugies de Grund or Histor fl tena ni Fronca em 1887: idol el Sooper de Fitstane cam traauno deP.-A. Dosmoy, apart da teroaira Bo Valen de 4889, em Part, pela Editor E- Uroux €poca, o lugar, a origem, o contesido ¢ a forma’. Mas defenderam algo bastante distinte der alemao ac dizer que “a histGria nos faz compreender 0 presente, explicando-nos onsle for possivel, as oti- gensdo atual estado das coisas" E, ainda que reconhecam certa die vida com a centralidade dos pracedimentos hermenduticas 10 mie todo hist6rico, desenvolvides por Droysen, postularam uma herme- néutica da suspeita, que duivida e dedus, a priori, que se deve sempre desconfiar de qualquer informagio dada por um autor”. Nogfinal do século XIX, Droysen constitufa um maren nos estudlos clissioos © uma passagem obrigatéria para todos os estuioscsde teoria da hiseéria. B, como apontou Erich Rothseker em sua intredugao a0 ‘Grurdriss de 1925, sua contribuigtio é tio categdriea que o pensimen- tede Droysen toma-se uma referéncia para se avaliae a formulagdo de sconceitos decisivos como os de hist ertica textual, compreensive filosofia da histéria em autores como Rickert (1863-1936), Dilthey (1833-1911), Simmel (1858-1918) & Weber (1864-1920)", © Gnindriss der Historie resulta das anatagéies publicadas por Droysen em 1858 das aulas de Enciclopédia e Metodologia da His- 16ria que ministrou na Universidade de Tena e depois na Universi- dade de Berlim e que fez circular restritamente entre seus alunos & colems, conforme indica Alexandre Escudier''. Poste mente, 2. Mer nota 74 do LANGLDIS, CH.-V 8 SEIGNOBOS, V, Entrodugdo 205 estudos hist 98. Sp Paula: Renaseanga, 1944, p. 75. B.tble.,p. 223, 9.bis,,p. 112, 10. Para Rothacker, “dle Droyzen’scha Gegenibersteiung van Natur und Geschichte lund ie Oberaus geeteicne Fragestatung ‘we ou den Caschisften Geachichese wt lst na Rickers Wendung zur formaien Geachientsphloscahe um seinern Begiff der is ‘orschen Begristicung nit minder Beteiat wie na Simmels wrgineler Unertragung erkenntnstveortischer Frayen aut da Netorische Verfahren In den ‘Probleien der Goschichisphilesophie’; urs iene zulzut dure unser Wlekechen aueh na der Rall, Ge in ciecer sirmouchan Serie der Bagntt Oss "Varstehars’ arsmalls wilt seiner ‘Anco haben” (ROTHACKER, €. Zur Eefuhrung, in; BAOYSEN, 1.6, Histor: Hale: Max ermeyer, 1925, 9. NIII-IX}. 21, ESCUDIER, A. Présentation, In: DROVSEN, 1.6 Pris de thdorie de hist. Paris Ou Cent, 2003. Dro ysen ampliatia suas reflextes na Histortk, cuja melhor edigie foi sliboenda por Peter Leyh cm 1977. Escudier revela que Droysen 1a visto.como um epigone tardio de Hegel um precursor malstce- hilo de Dilthey. E revela que somente esforgos tardies ¢feitos re ‘entemente restitufram a Droysen seu papel na fundamentagae: spistemokigica da historia, bem como destacaram sia cones sos estudos contempariineos que marcaram o surgimento das cién- ‘ame x representa uma verdadeira cso funder no énte- ior dahistéria da teorine da metedologia da histria. Eo primeigs tratade- de envergadura a formalizar em deva- thee as diferentes fases da operagto historiageafica: dessa forina, ele constitui ainda hoje um ponto de referencia ccujp atuatidade no deixa de surpreencler' Ou seja, Droysen antecipa wirins das questOes que ainda hoje se colocany aos historiadores, ¢ sua Jeituta continua atual. Ele foi, por ‘e) A pergunta é se o material ainda permanece inalteradamen- fe 0 mesmo que era originalmente e ainda pretende ser, ou quais as ‘muudangas que poxtem ser zeconhecidas nele e que devem permane- cet deseonsideradas, Quem da Tesposta a isso é a critica do ante- tier” ¢ do posterior (método, digcritico). 92. Exprasto cara Jahan Salon) Samir (1725-1701) ex August Luchlg Se (1738-2809): hafrere Keil 2 sina BE RASHE #Eoaca Des ihren Céca amar) e ds sedleren (doce poster) Em getal,o resultado deste processo é.a comprovaciio do chama- Jo “desenvolvimento”, desde as primeiras formas até a configuracito vresentemente dispanivel, na qual as partes desconexas se esclare- com e se verificam reciprocamente (Ferdinand Christian Baur), $32 ©) A pergunta & sc o material, que j4 foi produzido, realmente sudicou e podia indicar a comprovagio, pela qual ou pretende ver considerado ou se, logo que passou a existir, s6 podia ou que- ser relativamente exato, somente parcialmente, apenasde cer to maneira. A resposta a isso é dada pela critica da exaridao. Esta forma de critica terdi que colocar ao material disponivel as seguintes perguntas: 1) Se o que é relatado é posstvel em si, levando em conta os ale cances da experiéncia humana. 2) Se € possivel sob as condliges e nas cireunstincias dadas Em ambos os casos, a critica estabelece a veracidade das per- cepgies a partir dos abjetas considerados; 3) Se, nos motives, nas finalidades ¢ nas condigdcs pessonis do. relator pode-ser reconhecida uma deformagéo na opiniso. 4) Se, na insuficiéncia de metos de observacio e interpretagio, considerando-se o levantamento de dados, foi inevitavel uma inexatidao, Nestes dois casos, a critica mede essa interpretagio ¢ sua exati- lio pelo método e, igualmente, pelo instrumento de interpret $33 A ctitica das fontes consiste na aplic mientos denominades fontes. ola crew wo dg 24 (1782-1860), Tedlago protestant, striae cana fine & hud SseR201 erfhes de Tubingen TT Quande a critica das fontes é compreendida como se fosse a comprovasiin de modo como um autor deve recorrer a um outro, entio esse é apenas um meio parcial —um entre outros de solucioe nar ou preparar sta tarefa: a comprovagio-da exatidio. A critica das fontes distingue: 1) oqueessa fonte fixou c reproduz mediantea apresentagio {acontecimentos, negécios, documentos, fontes mais anti- gas, etc.); 2) qual coloragao geral ela recebeu do imagindrio dominante na respectiva época e lugar (por exemplo, a coloragio demanologi ca noséculo XV, oesnobismo epigonico na époen alexandrina) 3) qual tonalidade particular pertence ao préprio autor da fon- te, por suas inclinagGes, sta formacio, seu caries etc. $34 Aonte primeira nfio consiste na caGtica confusio das opinides simultiineas, das noticias, hoatos; esse é somente o process atmos- {erica das brumase vapotes que sobem e se precipitam, que se repe- tem diariamente-e, a partit dos quais, se originaram as fontes. ‘Geralmente é 0 primeiro sentido hististien que governa sob sua tradigio subsequente. No melhor dos casos, esse sentido ocorme no presente histérico dos respectivos eventos, 04 Sea, antes que-os efeitos decomrentes te- ham alterado a “ideia” que formamos dos fatos ¢ pessoas atuantes, ‘om antes, ainda que um nove acontecimento caracterizadorde uma época tenha engendrado um novo entendimento. §35 d) Resta a pergunta se o material, tal como se apresenta, ainda -contém todos os momentos das quais 2 pesquisa est procurando testemunho, ow em qual medida esta incompleto, A resposta a sso ‘dada pela classificagio critica do ruinerial analisado, a Sempre, au quase sempre, restam somente detalhes das realida- des antigas, somente percepcdes isoladas do que era e do que acon- teceu. Todo material histéricn apresenta facunay e também a pes- «juisa mais apurada no esta isenta de falhass 0 rigor na identifica ‘gio das lacunas ¢ dos possfveis enganoséa medida para a seguranga ala pesquisa. A classificagao critica nia tem somente a incumbéncia de guiar sob o ponto de vista da sequéncia temporal cronolégica. Dependen- do de como ela consegue agrupar os mesmos materiais de acordo com mais variados pontes de vista, tanto mais pontos fixos resulta- rio das linhas cruzadas sucessivas (como 0s registros do Corpus ins- eriptioni latina), $36 © resultado da critica nio € 0 “fato histérico propriamente dito", mas o fato de que o material foi preparado de tal forma a per- mitir uma interpretagio relativamente segura € cormeta. ‘Aqucles que pelo excesso escrunuilosa de probidade recwsam ir além da critica se equivocar naguilo que abandonam & imagina~ 40, em lugar de trabalhar com os resultados da critica ¢ buscar re- gras que assegutem sua exatidio também para continua o trabalho subsequente. 3. A interpretagdo (Die Interpretation) $37 Nema critica procura as origens, nem a interpretaglo as exige. No mundo ético nada existe que no tena sido mediado. olen de incre ts Eades er Brin gor Tsar Momsen (1817-1998) 5p Cagis ca ncaa Rea de neon Pron, oy ‘Appesquisa histérica no tem por ambigao explicar, ou seja, no pretende deduzir de anterior o posterior; os fenémenos necessaria- mente como efeitos de cvolugées ¢ leis que os regem. 5 ‘Sea necessidade logica do posterior residisse no anterior, entio cexistiria, no invés do mundo ético, um amilogo d i , ygo da matéria ete da transformagio dos materiais. - Se-a vida hisérica fesse somente uma nova geragio do que & sempre igual, entio ela seria sem liberdade e sem responsabilidade, desprovida de conterido ético; ela seria apenas de natureza onginica, A esséncia da interpretagia 6 ver realidades nos acontecimen- tos passados, com toda a abundtincin das condligées que exigiram sua concretizagtio © existéncia, $38 Assim como estiio reunidos durante uma caminhada a) 0 meca- nismo dos membros em movimento; h) a tensa muscular condicio- nada & uniformidade ow irregularidade do solo, sua lisura, dureca, cece) vontade que movimenta © corp d) a finaldade de quem assim odeseja, de cuja vontade se trata; assim também aincerpreta- ho se processa de acordo com quatro pontos de vista. (Que seja tornada valida a prevaléncia de um ow outro, comoes- sencial, como exclusivamente determinante, essa é a fonte demi tos enganas priticas ¢ tedricos; isso ¢ doucrindrio (§ 92). $39 aA interpretagéio pragmatica abrange o fato critico, ou seja, os vestigios © as descrigies de ocorréncias reais ers tempos rematos, verificadas c clussficados pela crftica, de acordo com 0 nexo causal que reside na natureza desse andamento dos eventos, a fim de ree construir o desentolar real desses episédios de tempos remotes. ‘Havendo riqueza de material, basta o simples método demons- trative. Se o material for insuficiente, entéa a natureza do assunte ©0- abceida em casos semelhantes Ieva-nos 3 analgin, ou! sejay 3 uma ceqquagio entre o conbecido-e este porto. ‘A anologia entre dois pontos, desde que se complersentem reti- procamente, forna-se 0 método comparativo. Anceessidadede uma contextualizagéio, na qual oexistente em. fragmentos se mostra de forma ajustada na curva dessa cone0 & Jesse mado, confirma sua viabilidade; € a hipdtese. $0 +b) A interpretagao das condigies esté fondamentada no fato dle que as condigoes estavam contidas de forma ideal na ocorrén- ‘cin de eventos feais ern tempos remotos, ocorréncia que s¢ fOMOU possfvel © passou a existir e, come sempre ocorre a fragmenta- go, ainda existiré nas inretpretagdes ¢ nos vestsios. (Como pode ser recoaheetdo, por exemplo, na linha da facha- Jalateral com a posigio em si mesma feia do gladiador na Galeria Borghese, para.a qual a estétua estava destinada.) ‘Ascondigées do espace fisice - desconsiderando as intime- ras pequenas condigdes — explicam-se pela geografia (do teatro de truerra, do.campo de batatha, dos limites naturals, ete. da formagio vice valea do Egito, dos rerras de aluviio no Mar do Norte, ete.), “As condigdes do tempo decompéem-se no estado ent exts- tente, no qual o fato ocorreu & HAS simultaneidades que exerceram maint ou menor influéncia sobre o mesmo. {Uma terceira série de condigies sio os seins, canto materials _quanto morais, através dos quais 0 fato tomou-se possivel ese cot cretizou. ‘(Os meios materiais incluem uma variedade de substineias ¢ ins- trumentos, ¢, com isso, um imensurdvel campo de interpretagio teenaligica, que praticamente ainda estd intocado; na esfera dos meios moras incluem-se as palxdes humanas, huimores das massas, = preconceitos ou pontos de vista dominantes, ete; omarechal, 6 ho= mem de Estado, oattista, que quer atuar sobre eles e através deles, é influencfadky na mesma medida por eles. S41 €) A interptetagin psicolégica pracura tio fato os atos de vonta- de que o produziram, Ela é eapaz de reconhecer o sujeito que desejou ¢ a enengia de ‘sua vontade, tanto- quanto influenciou no eutso das acontecimen- tos; a sua forga intelectual, tanto quanto ela influenciou seu inter esse. Mas, nem o sujeito da vontade dedicou-se integralmente ao desenrolar dos fatos, tampouco 0 que passou a existir veio a existir apenas por meio da intensidade deste homem, de sua vontade ou Sua inteligéncia; nfioé nem a pura, nema completa expresso dessa personalidad, A personalidade, como tal, no tem seu fndice de valor na his: ‘ria, naquilo que ali ela desempenha, faz ow sofre, A ela fica preser- vado um clreulo proprio, no qual ela, seja rica ou pobre em dotes, significariva ow desprovida de efeitos ou éxitos, comunga sozinha ‘consigo mesma e com seu Deus—um circulo pnfprio, no qual ela é.a fonte propriamente dita de seu querer ¢ de seu existir, no qual ela realize o que ela justifica perante Deus, ou é amaldigoada. Para o ser individual, é 0 que ha de mais certo, € a venlade de seu ser, a sua conseiéncia. Nessa santidade, o olhar da pesquisa no-entra. E bem verdade que os¢t humano reconhece o ser humano, thas apenas superficialmente ele percebe seus ats, sun fala, sua expressio facial, porém sempre somente nesse momente; comprowar que ele compreendeu total e corretamente, isso cle ndo € capaz, Diferente & quando um amigo acredita no. amigo, quand, no.amor, umveré no eu verdadeiro do outro, como sendo sua imagem: “Assim tu deves ser, ‘pols éassim que te entendo. Esse é 0 segredo de toxla a eduicagiao, Os poetas —como Shakespeare — desenvolvem, a partir das ca: racteres das pessoas, a ocoréncia dos fatos que representam; eles compen uma interpretagio psicolégica do acontecimento. Nox seontecimentos presentes, porém, acuam conjuntamente outros clementos que apenas personalidades, As coisas seguem seu tumo, apesar da vontade boa ou ma da- queles por meio dos quais se realizam. Nos poderes éticos encontram-se-a continuidade da histéria, 0 seu trahalhoe seu prosseguimento (§ 15), neles toclos fazem parte, cada um em seu lugar; através deles, indiretamente também o mais inferior, o mais pobre, vive junto com a historia. Mas tambén.o maior génio, o ce maior forcade vontade,o mais paderoso é pens um-memento neste movimento dos poderes éti- cos, ainda que por sua posigio seja um elemento especialmente im- portante e atuante. Como tal, esomente como tal, ee € interpreta- do pela histdria, nfio por amor At sua pessaa, mas pela sua posigia-c realizagio naqueles poderes étieos, pelo amar das ideins das quats {oi portador. 42 d) A interpretagio das ideias entra na lacuna deixada pela in- cexpretagio psicoligiea. Pois o ser individual consteoi seu mundo na medida em que compartilha dos poderes éticos. E, A medida que ele construiu com maior afineo-¢ desempenhero seu lugar no curto tempo de sua via, ele promoveu a constituigae de comunidades que vive e viveram nele; ele concribuiu, com sua parcela, para os poderes éticos. que perduram por mais tempo do que ele. Sem estes, o ser humano nao-seria ser humano, mas eles exise tem, crescem e se desenvolvem somente no trabalho conjunto de pessoas, povas, épocas da historia pesquisads, cujo devire crescer é o-desdobramento desse trabalho. w ‘Ossistema ética de uma época qualquer ¢ apenas a.constatagiio especulativa e a sintese do que até entdo era desconectado, € sa: ‘mente uma tentativa de somar e expressar 0 seu contetide teéirico. (Cada época 6 um complexe de conctetizagdes de todos seus poe deres éticos, ndo importando a intensidade ou a caréneia de sua fragmentagio, ou 0 quanto o mais elevado ainda esté envolvide: pelo-mais baixo (o Estado em forma de familia, ete). $43 Na variedade das esferas éticas, nas quais esté enraizada e se move a vida humana, a pesquisa dispde da sétie de perguntas, com as quais ela se aproxima do material histérico disponivel, a fim de interpreti-lo de acorda com seu contetido ético. 'Nés poderemos fazélo por meio de das formas de interpretagio: a) Ou observamos naqueles materiais oestado das circunstnecias éticas sob uma perspectiva extitica, assim como se configuram na respectiva atualidade € no perfodo transcorrido até essa atualidade. Assim, obtetemos o horizonte ético, dentro do qual se eneon- trava tudo o que ecorreu naquela época ¢ com aquele pave c, assim, temos 2 medida para cada ocorréneia isolada — da respectiva época, ‘povo, etc, b) Ou, dinamicamente, procuramos e abarcamos os momentos ‘progressivos daquele estado de coisas. E, no correlacionar esses momentos, com o “para ande eles cone dluziram, como eles se realizaram", obtemos aquilo que nos indica 0 movimento daquela época, daquele povo, os desejos ¢ lutas dos res- pectivosseres humanos, a sua vit6ria ou sua dertata S44 esse movimento, ora predomina mais um ou outro dos pode- res éricos —muitas yezes como se apenas um liderasse soxinbo toda a poténcia como se 6 préiximo passo fundamental a ser dado depen- desse somente dele —, os espiritos inflamadas impulsionando, con- duzindo, dominando, como expressio do respectivo tempo, do res: pectivo pove, do respectivo homem. O pensamento ou a complexidade dos pensamentos que a in- rerpretagdo salienta, em qualquer curso de eventos, € para nés a verdade daquele curso de acontecimentos, Nesse pensamento com- preendemos 0 respectivo acontecimento ¢ a partit dele compreen- slemos essa ideia. Nas exatidées do evento obtide por meio da metodologia, a ideia doevento deve se confirmar ¢ 0 fato deve justificar essa ideia, Para nds é verdadeira aideis que corresponde a uma existéncia e verdadeiro o-existie que comesponde a um pensamento, A SISTEMATICA (DIE SYSTEMATIK) $45 © campo do método histdrico 0 universo do mundo ético. © mundo ético é, em seu momento presente de constante mu- danga, uma confusio caética intermindvel de negéclos, estadlos de coisas, interesses, conflitos, paixdes, etc. Pode ser observadoe trata- do cientificamente de acarda com varios pontos de vista técnicos, juridicos, religinsos, politicos, ete, © que nele ocorre diariamente nfio é feito ou desejado por ne- nhum estucioso como histéria. Somente o modo peculiar de enca- taro acontecimento vivide diferente dos feitos oomuns “faz do pas- sade histéria™. ‘Apreender os sentidos do mundo ético, apreendé-tos de acordo com seu desenvolvimento e sucesso, de acorda com sequéncia causal de seu movimento, denomina-se aprender historicamente (§ 15). $46 O mistério de todo-o movimento ¢ sua finalidade (rd dev H xf- vngis)®. Quando a interpretagio historica observa, no movimento do mundo tice, o seu desentolar, reconhece a sua diregio, xé 0 obj tivo das finalidades a se realizar © a se desnudar, ela tira conclusies 96. Aguile que exginsuo rravimento, ANsttsles. Metafsca, 1.0336. sobre a finalidade dltima, na qual o movimento s¢ completa, na qual agquilo que move omundo humano, impulsionando-on seguir sempre em frente, sem parada, é paz, perfeigcia, presente eterno. S47 (Osser humano, de acordo coma sua “semelhanga a Deus" tema tarefa de ser, para o tempo de sua vida no finito, um sujeito infinito, uuma totalidade em si, ser medida e finalidade para si mesmo: nde, porém, como a clivindade, que é também a origem de si mesmo; ele deve tornar-se nquilo que deve set, Somente nas poténcias éticas ele se constitul como set huma- ‘no; 9s poderes éticos o formam (§ 12). Eles vivem nele,e ele neles. Nascid dentro do mundo étice que jf estava formado —a prie ‘meira ctianga jé tinha pai e mae —a fim de tornarse ser humano consciente, livre ¢ responsivel, cada ser humano cria, com sua par- cela (§ 42), em sua comunidade ética, ¢ usando-a como auxiliar, 0 seu pequeno mundo, a célula da colmeia de seu eu. (Cada uma dessas eéhulas € condicionada e suportada pelas que the esto préximas, condicionando-as-¢ suportando-as também; t0- das juntas formam um edificio, crescendo sem parar, condicionade ela existéncia das pequenas ¢ mais infimas partes. S48 Construindo ¢ formando em seus individuos, passande a existir através do trabalho, « humanidade cria o universo do mundo ético. ‘Sem o incansével crescimento ¢ desenvolvimento de suas co- munidades éticas, isto é, sem historia, esse trabalho seria uma mon- tanha de cascas fugnzes, ‘Sem a consciéncia de sua conrinnidade, sem hisedria, esse trabae Iho se toma infrtffero como arela das dunas, a mercé dos vents, a de seus fins e do fim maior, sem 9 teodicein tdria, sua continuidade seria somente um movimento circular $49 © mundo ético deve ser observado historicamente: Ide acordo-com a matéria, na qual ele forma; IL de acordo.com as formas, nas quais ele se constitui; IM. de acordo com os trabalhadores, através dos quais ele se constroi; TV. de acordo com os fins que, através de seu movimento, se coneretizam. 1. 0 trabalho histérico segundo suas matérias (Die geschichtliche Arbeit nach ihren Stoffen) 50 ai dlo teabalho hist6rico ¢ a matéria dada pela naturezs © a materia que passou a existir, fruto do devir histérico; ambas io simultaneamente condigio © meio; tarefa e limitagio para ela. ‘A-ampliagto incessante de suas matérias & a medida de seu de- senvolvimento. $51 a) Pesquisando e compreendendo a natuteza, dominando-a ¢ cconfigurando-a visande fins humanos,o trabalho-dahistértaa eleva para a esfera ética € coloca sobre a esfera terrestre o aenugo nobilis"? do querer e do poder humane. (Descobrimentos descobertas... livoura, agricultura, minera- io... damesticagho de animais.. modificagao ce paises e palsagens através da muda de plantas, animais.. 0 circulo das ciéacias...) st por Oroysen 97, Lteralmenteferupem notre. & dela a contmuitage suger agul por cruel natura musi dee asume ar tor mic em Plaga 2 um Cor Soskivar a enti hor dencns nature gue ele hanes deou de comnts a $52 4) © trabalho da histéria permite ao homem reconhecer "nd suor de seu rosto” aquilo que ele é por suas aptiddées naturais e, 20 tomar-se o que & ao passar a se reconhecer; ele faz do gets home © ser humano histérico, ou seja, ético. (Antropologia, etnografia; a questio das ragas, eruzamento rae lal; propagagao do género humano, etc.) $53 ©) As formagdes” éticas humanas, resultado do trabalho hists+ rica (do estado de coisas) tornam-se sempre novamente norma, im- pulso e meio para nave trabalho, (Estartstica, necessidades e relacionamentos, ete. is jacionamentos, ete., 1 chamud: histéria da cultura.) i 554 DA partie das finalidades bumanas, do fervor ou da paixio coma qual se vive, a histéria constizui suas forgas impulsionadoras, Scus atrativos, seus efeitos sobre as massas. {Espicito nacionalista, particularismo, fanatismo, rivalidades, ete.) ‘ TL O trabatho histérico segundo suas formas (Die geschichtliche Arbeit nach ihren Formen) $55 As formas, nas quais 0 trabalho da histéria se move, so-as co- ‘munidades éticas, cujos tipos slo padres éticos no eoragio e na consciéncia do ser humano (0 8€ prj Buvduevog Kolwuvety 98. Eepécie humana. 99. Ko original Gestaltuncen, jndév Bedpevosst cai td - Onplov H Beds Eom. ARIS- VOTELES, Polluca. 1, cap. 1, $ L)". Nos poderes éticos situa-se © poder educadar da histéria. E end uum tem participagio na vida da histéria, na medida em que dela par- ticipa (§ 41). As telagdes humanas se éticas na medida em que edu- 1; ¢ elas eduucam na medida ema que nelas 0 érico é imperativo. ‘Cada um desses paderes éticos ctia sua esfera, seu mundo pro- prio, fechadoem si mesmo, exigindo de cada um o dever de irae seu iuvxilio-e de trabalhar por ele, ao mesmo tempo elaborat € ativar 0 sen valor ético-moral nele. O individuo nde € um dtomo dz humanidade. Cada uma das moléculas que, reunidas em nimero infinivo, resultariam na huma- nidade. Ele pertence aessa familia, esse powo, esse Estado, et inente um membro vivo desse, assim como “a mao separada do cor- mt po nao é mais mao Addoutrina dos direitos humanosnatos ulttapassa suas proprias premissas; ela esquece que sem dever nao existe direito, que em ‘cada ser humai j4 foram atendidas milhares de obrigagoes, antes «que ele mesmo tenha tide possibilidede de adquirir um direito. $56 ‘As comunidades originamese, deacondo com a natures do ser humane, de uma necessidade natural, ou ideal, ou se situam entre ambas. Sendo podetes éricas, elas reforgam seu devir e sua histéria tanto em si mesmas como em relagao a outras potencias e comuniciades. 100, Aquele qua nie é caper de estar em Sociedade ou é uma basta sevagem au & um tous. 1201. Na orders natural, « pois se antepe & feria © a cata ingvidue [] Lewantai {odor dese nao restara im mga send no nem, coma ze pede afar, for Sxerlo, que a mao separada da corpo nilo & mais mio Senko pelo nome [gritos ‘oe adutnees]- LES. Poitica, Io 1. cap. 2) 81s $57 A) Nas comunidades naturais, o natural deve tormar-se ético ‘mediante um processo primeiro de desejo, por amor, fidelidade, de- ver, ete, A partirdetuma necessidade humana natural, a comunidade es- piritual irrompe, a partir do instinto de querer e dever, forma-se uma ligagéo permanente; isso difetencia o ser humano de outras criaturas. $58 a) A familia. No espago fisico mais estreito, mas formas mais se- melhantes 8s criaturas, fundam-se os lagos éticos mais intensos, as ‘mais profundas formagées sociais. — As etapas do matrimdnio até a ‘monogamia. A sutoridade paterna. Q lar. A chamada ordem patri- arcal. A vinganga de sangue, ou b) A visinhanga, Aqui sungem os primeiros atritasmo espago em ‘conjunte. A fundago de uma comunidade come sendo uma gran- de familia, Os mais velhos; a comunidade provincial; os campos cultivadas, ete. $60 ©) A wibo. Parentesco no @Sae1, mas O£0e1 5B Ti}couvé= Sov" (Dicacrea de Messina)". © herdi da tbo, penuicia sacra, 102. Maneira de ser, 103.0 apresentar do desejo de seu grupo. 104.350-290 a.C, Pensader © geigrafo grego, dicfpulo de Arititeles 105. Peesoss Sagrada. ete, Geragées e constituigao de clits (cognationes et propinguitaves!™, uerras e tempos de par), a) O pov. Estado natural, reigifo natural, ete. era étmica versal. A rigide: ¢ a mobilidade dos tipos de povos. A chamada psico- ogi dos povos. A “cdemonologia”. © principio da nacionaliiade. $62 B) Nas comunidades ideais, o espiritual, adquirindo expresso, deve penetrar nas realidades a fim de tomar-se, de modo percept!- vele compreensivel, um elo entre as almas, um tesouraem comm, $63 a) A fala eas linguagens. Todoo pensar ¢ falar, movendo-se nas formas que a linguagem envolve e conduz adiante. A mimese audi- vel ndio é somente imitagio- de sons, mas manifestagao das percep- Bes em expresso audivel, — A seqiiéncia do desenvolvimento da linguagem, formando abundancia de formas, complicagoes sintiti- cas, especializagto léxica. Portanto, de maneira nenkuma “a vida dda linguagem cessa onde a vida da histéria inicia” (Schleicher). Fonema e escrita. A variedade de formas de pensar das linguagens com escrita fonética ¢ hierSglifos (linguagens aftélmicas}. $64 . ‘by O belo c as artes, A imitagio artistica, nao apenas como o6- pia das formas, reflexo, eco, mas reprodugio das impresses animi- eas, até a representagio de um para outrosentidecam hase na escu- 106, Pargbas de tera exupatas por grupos miltares germnicos como eram genormina- {das por Cesar (cagnationas) « depots plo histoniador Técka (propingultates). 107, SCHLEICIGER (1821-1966). Ole deutsche Sprache, Stuttgart: Catta, 1860, p. 35. te observagio atentas (a dangarina que danga ia primavera). Q ideal ¢ o contentamento gerado pele britho (Rumohe)"™. © técnica 0 musical aqui se incluem, $05 ©) A vendade e as ciéneias. A verdade clentifica. A amplitude dealeance dos métodes. A nacureza do ceticismo, da doutrina, da hip6tese, exc. Nominalisme e realismo, ete. $66 d) Osagradoe as religi6es, Cada relipiiio ¢ uma expresivioda ca- rénciae dedesamparo na existncia finiea e da necessidade de saber que se esta dentro de uma existncia infinita.—Uma expresso en- salada para o pressentimento da divindade, para a confianga na cura e na salvage através dela, visando a certeza do eterno, perfei- to, absolute, —Fé e culto. Religina e tealogia. — A historia do sagra- do em cada religito. §67 (C).Nas comunidades priiticas, movimentam-se os interesses em lucie os interesses conflitantes, sempre ligados pelas necessidades & impulsos naturais, sempre denominades para pressionar com suas metas ou finalidades ideais, embora essa pressiio se realize apenas para atingir um estado perdeito finalmente acabsado, um clescanso fie nalmente satisfeito, $68 D) Acsfera da sociedade, A sociedade tem a pretensio de ofe- recer a cada um © seu posto, no qual as comunidades ética: atendidas e no qual as preenche. 108, RUMOMR, KF. von. Rallenlcche Forschurwgen. Berm; Nicole, 1827-1851. A diferenga das classes, do sanguee, dle cultura, da propriedade. Tradigiio ¢ costumes, os cletentos conservadores"™ da sociedade, ‘os partidos, a opiniée publica, ete. A repdblica social. $69 E) Aesfera da economia", © dominio dos bens e das mercado- vias e as posses materiais far a exigéncia de abranget ¢ determinar todlas a5 condig6es e meios necessirios ds cormunidades éticas. Aquisigio ¢ concorréncia, capital ¢ trabalho, riqueza e pobreza, economia natural e economia monetitia. Movimento dos valores, evolugao do crédito, Plucocracia © classes trabalhadoras, etc. Q Estado como comunismo, $70 F) A cafera do Diteito. O direito pretende dar a regulamenta- 40 e a fundamentago de toxias as formas, nas quais as comunids- des éticas se movimentam. Dominio da esfera do direito, "Direico deve permanceet ditei- to"), mas também deve querer ser somente direito. As modalida- cles de sua fundamentagio, de sua atuagio, set: aperfeigoamento, etc, O Estado de direito. gz. G) Acesfera do pader, © Estado faz a exigéncia de ser a soma, a votalidade organica de todias as comunidades éticas, sero abrigo ©. -amparo destase, tanto quanto possivel, sun utilidade. O Estado é o poder pablico de protecio ¢ resisténcia, interna € externa, 108. Ne crginal Die érgen Elemente, ox elementes natives, conzervaderes, 140, Ne orginal Wott, Rteratmante Ber-eter. 1d Expresso ental de Inradugio da Bibsa de Liters. ry Na vida do Estada ¢ dos Estados, a nutoridade é 0 elemento principsl, assim como na area da familia é 0 amor, na 4rea da Igre- ja, a f8, no campo da arte, o belo, etc. No mundo polftico, a lei da poder tem a mesma validade da lei da gravidade do mundo fisie co. “Uma carmuagem sem grandeza nem é uma carruagem"", Somente o Estado tem o direito e o dever de ser poder. Quando o direito, a caridade, a sociedade, quando até mesmo a lgreja, a povo ea comunidade assumem o lugar do poder, a esséncia do Esta- do-ainda nao foi enconcrads ou se perden por corrupgao. O poder é maior quando é slimentado pelo maior afince no tra- balho, pela satide ¢ liberdade de todas as esferas éticas, © Estada nfiose comporta somente como qualquer uma das outras esferas em relacio as demais, mas em seu campo ele abrange todas ¢ todas se mover sob sua prote¢o e direito, sob sua guarda e respansabilida- de, para sua salvagio ou perdigtio, © Estado nao é a soma dos individuos que dele fazem parte, nem surge a partirda vontade daqueles, nem est af por vonrade da- queles. Quanto mals grosseira a formado Estado, mais reside nele a for« a s0invés do poder, tanto mais pobre em liberdade ele é A partido caos de metos pavos, cristaliza-se Estado sobre Esta- do, O seu relacionamento reciproco progride a partir do adversus hoster aeterna auctoritas esto", para um regime de tratadas e rela- g0es pactficas, até odireito do povo. O Estado federal, a confedera- fo de Estados, o sistema de Estados, sistema de Estados em escala mundial so sempre efrculos de ondas desse movimento, abrangen- do amplitudes cada ver maiores. 112, Droysen substiuly © temo barca do original na Etica a Nicimaco de Aristdteles por carrunger. Na texto ern questaa, em melo & temaesiade surge a dime: joger & arga oa mar au artiscar-se com ea, 113. "Contra oestrangeiro sun autoridade serS eterna”, TAbue IT Ll das Daze Tébuss. Roma, 451-450 ac. TIL. © trabalho histérico segundo seus trabalhadores (Die weschichtliche Arbeit nach ihren Arbeiten) §72 Todos os eventos ¢ as mudangas no mundo ético-moral se reali- sam através de atos de vontade, assim como no mundo organico tudo se forma a partir da eélula. ‘Também através de atos de vontade, onde dizemos: 0 Estado, © povo, a Igeeja, a arte, ete. fazem isso @ aquilo. 373 Cada pessoa é um sujeito ético; somente através disso ele & ser human. Ele precisa construir para siseu proprio mundo ético (8-47). Cada individuo, como personalidade que se formoue ainda irf «« formar, é para n6s de infinito interesse, assim como a poesia e 0 romance so insaciéveis em acompanhar e realirar esse interesse. “Tombém ar relagdes kumanas estreitas ¢ as mais estreitas aspi rages e atividades humanas, etc. t8m uma evolugSo, uma histéria, So histGricas para os envolvidos (histécias de familias, histirias Lo- cis, histdrias especiais). Mas acima das bistrias estd a Histéria, 84 ‘Assim como esse matrimOnio, essa obea de arte, esse Estado permanece relaciongdo & ideia de familia, de belo, de poder, assim esti a eu empirico, efémero (§ 55) em relagie ao cu, no qual o filé- safo pensa, o artista trabalha, o juiz julga, o historiador pesquisa, Essa generalidade, o-cu da humanicade, € 0 sujeito da historia, Ahistéria é 0 yvue oavTév'" da humanidade, sua consciéncia. 114, Conhece-te 2 memo, Mfxama do Ordeule de Daltos, Templo de Anco, na Grd “antiga. Uma curlosidade da frase © que verbo est em um mao verbal ehaeado a0 Fist. Este mace ¢usado para expressor a idels de foto consumade. Er $75 © pulso vital do movimento histérice ¢ a liberdade, A palavea liberdade foi entencdida de forma diferente em outros tempos. No inicio teve somente um significado negativo. Liberiade significa niio ser impedido de participar e viver junto ‘em cada uma das esferas, no ser perturbado ou reduzido por algue ima delas, no ser exclufdo de neshuma Cada uma delas exige @ melhor de cada um, nfio raramente de modo exclusivo. Na colisio dos deveres, em seu andamento sempre daloroso e,muitas vezes, em seu final temerdrio, anatureza humana findivel sucumbe ao postulade da liberdade, $76 Nao na falsa alternativa entre liberdade e necessidace que re- side o problema da vida histérica. ‘A necessidade € 0 contrivio da arbitrariedade, la casualicade, da futildale, 0 “dever-ser” do bem, €0 ético, que nao podeser domado, ‘A maior iberdade é: viver o bem mais elevado, viver para a fina lidade dastinalidades (846), viverna diregiio do movimento de todas ‘as mudangas~e suacitncin é 0 histérks. Par isso a “libercade integral clo ser humano ético” (Fichte); por isso a expressin da comsagrag io: *perchtio re sopra de como emuitrio (DANTE, Puergatério, XXVIL, 142)", 877 Toda mudanga no mundo histérice se realiza a partir de um. dado estado de coisas que desenvolvem uma contraimagert!'* ideal, 115. AitagSo da todo o rece {ano btu arbtea, /« fallo fara non fare avo sen: fe mite [gros dostraxtores] vennur outrocon Foto eso, Grease pena juisa [sabre 9 corpe @ sobre a marca]. 116, a cormaste, um megane ~ com urna conotacso fotogréfce (M.-). isto & a ideia de comoas coisas deveriam ser, € tudo fica impresna- cdo dessa ideia, desses caracteres que procuiram preencher esse pa drio. ‘A coniigio. do st, assim impregnaddo, € da ondem da prixiio (ndBog), que vem sch a obrigagio e responsabilidade ¢ em agio e pen samento, de acardo com o velbo provérbio: SpdcaavTi qd@etv'. §78 Os pensamentos slo a erftica daquilo que & © que ni é coma deveria ser, No mamento em que os pensamentos concretizadios se aperfeigoam criando novas siuagbes, ¢ depois se condensam, tor- nnando-se hibito, inecin,rigides, a erftica érenovadamente desafia~ da, ¢ assim por diante. ‘A continuidade desses pensamentos ~ AapndéSa zxovres 81- cddooverv dhadpois!! é a dialética da histéria ("Filosofia da His- ia” de Hegel). 879 ‘A partir das situagOes se formam novasidetas e a partir das idelas se formam novassituagies, isto constituio trabalho-doser humano, ‘Acmaioria, stendendo semente os seus interesses e negécins, i vendo somente o presente, voltados iis necessidades do cotidiano, dos habitos, da cortente da massa, seguindo somente os aconteet- mentos mais préximos, trabalha para. histéria sem escolha ¢ von- tade, sem liberdade, como massa. Esses slo as “Thyrsophoren" ba- rufhentas na passeata de Deus, Béxgot 8é ye Traujpou!, L17.A0 eupede, @punigo. ESQUILO. Les Chadphores, Ope, 313. te: agucles que cat atcha tranirsta-Sesosoutor. PLATAO. Apacs, Tom mip. dee 199. As bacantas ms pens. PLATAO, Feo a Pressentir, expressar, concretizar no movimento do mundo éti- co as novas ideias é grandeza histériea, € “imprimir sua marca no tempo que passa"®, TV. 0 trabalho histérico segundo seus fins (Die geschichtliche Arbeit nach ihren zwecken) $80 ‘Toda evolugo ¢ crescimento € movimento em direglo a uma finalidade, qué, realizando-se no movimento, quer chegar & cons. cigncia de si mesma (§ 46). No mundo ético, as finalidades enfileiram-sc uma & outra numa cadeia infindével de a ‘Cada um destes fins tem inicialmente o seu caminho ¢ a sua for- magiio propria; mas, simultaneamente, cada um deles condicionao outro e & condicionado por este. Frequentemente, os fins se blogueiam, perturbam, disputam centre si; muitas vezes, surgem aqui ali, temporariamente, parcial- mente, retrocessos; sempre, somente para depois disso, retomar o trabalho com arrancada mais intensa, com orga propulsora aumen- tada, em novo ponto, em nova configuragio, cada um impulsionan- doo outto e sendo impelido pelos demais. $81 © fim mais elevado, 0 que condiciona incondicionalmente, aquele que move a todos, abrange todos, esclarece todas, este €a fim supremo (§ 15), que nuio pode ser descoherto empiricamente. Da certeza intima da existéncia de nosso "eu" (§ 12), do nosso clo ético de nossa vontade moral e de nosso senso dos deveres (§ 1320, SCHILLER," Die Brout van Messina ed dle Fnlichen Brier: ein Traw ft Ghoren, Fublngens Cot, 08 cs 76), do anseio pela perfeigio, pela unidade c eternidade, uma nos talgia de nosso ser carente, efémero, ftagmentario primeiro sente quilo que the falta, disso nos resulta, em adigio ds demais “provas” da existéncia de Deus, aquilo que para nés é o mais plausivel. © mal é inerente ao espirito finito, ¢ a sombra de sua finitude queesté-voltada para a lus. Ele pertence & economia do movisnento historico, mas somente como “o que desaparece no proceso das coisas ¢ que esta destinado a sucumbir"™* $82 ‘Oque o conceito de espécie € para os animais e as plantas— pois aespécie € (vet TOU Get Kal TOb Oefou peréxworv'?— isso é pars o-ser humane a Historia. A étiea € a doutrina dos poderes étices, néio apenas dos modos de comportamento em relagio a cles eem tomo deles. ‘A éticaea teoria da histéria sio simultaneumentecoordenadas. Pois a histéria fornece a génese do “postulado da raze pritica”, que, para a “razio puta”, permaneceu nfio demonstrivel!™. $83 ‘A hist6ria é 2 humanidade tornando-se um ser consciente de si mesmo. ‘As épocas da histéria nfio constituem a idade desse eu da huma- nidade—empiricamente nig sabemasse ela envelhece ou se rejuve- nesce, somente sabemos que ela no permanece senclo como era ou ‘como é —, mas sao estigios de seu autorreconhecimento, do-conhe- cimento de mundo, de seu conhecimento de Deus. 1.21, 44 agul urna slado a0 Fausto, de Goethe. 122, Pols eles particpam da wternidade do divine, ARISTOTELES. Ds aims, 415. $23, Droysen refere-se neste techo aa pansamerito de lmearwel Kant (1724-1804), jtnunctende 8 oitea de razio Mistérca, que posteriohente seria realzada por Wi fret Dithey (1483-1911), $84 De acorde.com a medida desses estgios mensurados, a expres sfo humana cresce pata a finalidade das finalidades, para o anseio- por ela, para o caminho até ela. © Fao é que em cada estigio esta expressio se amplia, aumen- ta, se aprofunda, é somenteisso que pode s¢ chamarde progresso da ‘humanidade. $85 ‘Ao ole finito, 0 comego eo fim esto encobertos. Mas median te pesquisa ele poderd reconhecer a diregao do movimento core rente, Afastada a estreita barreira entre o aqui: liza o de onde, e » para onde, Oolho finito vé aquilo que vé, preenchido de uma luz, naqualle da qual tudo existe; eo que vé é um reflexo distance daquela luz. ‘Qalho nfo suportaria.o brilho dessa luz, mas nas esferas tres- passadas dé luz, quese abrem para ele, treinandoe inflamandoa sua visio, ele pressente amplitudes cada ver maiorcs, horizontes cada vez mais abrangentes, ‘Omundo dos homens ¢ sua historia constitui apenas um centre no interior desse embotamento concéntrico, ¢ esse que é provide de rpranddesa histrica , cho- somente, uma particala skit ssi tena, -agora, ele visuae $86 A historia € o saber da humanidade de si mesma", a certeza de si mesma, Ela nao é a “luz e a verdade”, mas um procurar por ela, um sere mio sobre ela, uma consagragio sobre ela, segunde Joao Batista: otk Hy 15 aig GAR S71 popruprian mepi To puréig!™, 324, Autoconseitncia. 325. undo era a lux verdadera, mas aquele que fa testannunhé-Ls (20,9), 76 A TOPICA (DIE TOPIK) §87 Da mesma maneita como tudo que move o nosso espirito exige ‘a sua respectiva expressiio para que se configure, assim também 0 que ¢ historicamente pesquisado exige formas de apresentagiio ((atop ing déndderic. HERODOTO. Hisidnia, 1, 1)", para que nessas formas a pesquisa fornega, por assim dizer, a prestagio de contas de seu propésito e de seus resultados. $88 ‘As formas de apresentago no so determinadas por analogia ‘ou dedugdo com a poesia épica, a lirica, dramitica (Gervinus) nem “pala liherdade humana concedida pelo Estado para determi rnacas ages humanas ao longo do “espago tempo” (Wachstnuth)"%, nem por todo tipo de crénicas casumis, reminiscencias, imagens do passado pré-historicas, memérias (quibus rebus agendis interfuerit is 126, A pra do canhecimento, Oraysen cita Harédota refenndo-se b exposicio das re- sade 63 pesquisa 127. Grunazige der Histon (Fundamentos ta teora da hist}. Obra pubicada em 1857, 128. WACKSMUTH, W. Entwurf einer Theone der Geschichte. 1620, p. 10, W qui narret, A. Gellius'®), mas pela natureza dupla des ebjetos da pesquisa histérica, Pois a pesquisa, que utiliza elementos ainda dispontveis, par- tindo do tempo presente ¢ de certas elementos que ela usa como material histérico, ¢ de ideias sobre ocorréncias ¢ estado de coisas no passado, sfio.as duas coisas a0 mesmo tempo: enriquecimento ¢ aprofundamento do presente, mediante esclarecimento sobre sew passado, ¢ esclarecimento sobre o passado mediante exploracio © desdobramento daquilo que disso, muitas vezes, ainda est dispo- nivel:no tempo presente em estado latente, Mas sempre, no importa o-quanto a pesquisa tenha tido éxito, as ideias obtidas dessa forma no cobrem nem de longe a abundin- ciade contetido, de movimento, de variedade de configuragbese de energia real que as coisas tinham quando estavam em scu tempo presente. E sempre, seja qual for a forma escolhida para apresentar 0s n¢- sultados obtidos na pesquisa, a apresentagio sempre s6 poder cor- tesponder e querer corresponder apenas parcialmente, de certa for- ma, de acordo com determinados pontos de vista (dle manetra and loga is apresentacdes cartognificas) ao estado das coisas assim como ‘eram em sua respectiva €poca ¢ ds pessoas que naquela época vive- fame atuaram. $89 Durante longo tempo, a exposico histérica se contentou em recontar, numa narrativa mais ou menos nova, as percepgies exis: tentes em fontes arais ou escritas; ¢ e88a ilusio dos fatos transmitie dos valeu coma sendo a histéria (mais ou menos como se a época 129, De exploracties em qui 0 narradar patticipou pesseaimente. GELUUS; A. Nuits Atviques: ‘historian ab anraibue quae efere 22 putant, Quad, cis utraraale ‘rum gastarum narra, earur tamer propia rerun sk hers, dubs rebus gare fs iterrverie i, qu rater. 7 dos sucessoes de Alexandre, o Grande, nfo passassem de uma stt- cessio de guerras, ja que frossas fortes falam quase somente de s erfodo). sence undo rcrinces én omaranenos te tigios como material hist6rico, passando-se a aprovelté-los metouli- ccamente, a pesquisa sobreo passado renetiou maisprofundamente, fundamentando-se com mais seguranca. E com 0 reconhecimento das imensurdvels lacunas do nossa saber histérico, que a pesquisa ainda ngo pide preencher, abrem-se sempre perspectivas mais am- plas dos doratnins com os quis ela precisa lidar, assim igualmente se abre mais o seu contesido antigamerte cheio de: vida. ‘A exposigio dos resultados da pesquisa ser mais correca na medida em que se conscientiza tanto do que mio sabe quanto do que jf sabe ($35). §90 a) A exposigho intertogativa requer a forma da pesquisa, a fim de apresenar 0s resultados. Flando€ o exposto ouoaverharsento do andamentoda pesqui- «a real, incluindo suas falhas, eres ¢ insucessos, mas ela procede como s¢ 0 que finalmente foi encontrado na investigagiio deve ser ainda encontrado ou melhor pesquisado, Ela é uma mimese do ate de pracurar, sendo que: * ow procuta.o resultado seguro a partir de uma incertera, de uma pergunta, de um dilema, assim como o pleiteante procede diante do tribunal quando precisa comprovar o chamado fato subjetivo a partir do objetivo; ; ‘* ou de modo que ela, partindo de uma situagao segura, rastre- ando seus indicios ¢ vestigios, encomtra sempre Novos fatores, até que finalmente tudo se encontre dispontvel de forma carn pleta e coerente. Do mesmo mode que o juiz de uma causa procede quando pre- cisa tirar conclusies sobre o chamado fato subjetivo a partir do ob- jetivo. ‘A primeira maneita é mais convincente e forcada, e a segunda é mais expressiva e cativa mais; para ambas é essencial que uma desor- dem de inconveniéneias eventualmente inchusas no traga luz ape- nas a vaidade de erudigo do autor do que-e assunte em questo. 591 b) A exposigio narrativa apresenta oassunte pesquisada como sendo uma sequéncia de fates segundo a mimese de seu devir; ela configura, partindo da investigacae, um quadro da génese desassun- to tratado pela pesquisa. Aqui € somente de modo aparente que os “faros” falam por si, socinhos, exclusivamente, “objetivamente”. Eles seriam mudos sem se narrador que os debxa falar! Niod a “objetividade" que a melhor gléria do historiador, Sua maior justiga é buscar compreender. A exposigtio narrativa existe de quatro maneiras possiveis: 1) A pragmitica mostra como um resultado premeditade, ou predeterminado pelo destino, pode se concretisar e teve que se concretizar dessa maneira, devido ao movimento das coisas convergind em sua ditecio. 2) A monogrtifica mostra como em seu desenvolvimento e cres- cimento uma formagao histérica se fundamentou ¢ aprofundou em si mesma e produsiu, por assim dizer, o seu génio. 1120. Qenderaso da critica aqul &aro: Leopold von tank @a mékima por ele proferida dz que'os hisoriadores deveriam narrar os folds como eles psarreram ("wa es elon Eich gewesen) a im de eslabelecerem eabjesvitade daeonhecimerta bustin. Esta ‘expresedo tantas vezes cltada fora de seu contexto original leyau wie comgreensao Tem aemre eata do oe Qve Rare srs soe Nitra gres Pa oe nhecimento. ad 3) A biografica mostra como 0 génio de uma personalidad his tdrica determinow o seu agire seu sofrer desde o-comego, como se manifestou e se testermunhou a si mesma simulcaneamente 4) A catastréfica mostra paderes, tendéncias, diregées, interes: ses, partidos, etc, ~ todos parcialmente legitimos — engajados em uma batalha, de cujos momentos ou lados os opostos # apresentam lutando, vencendo ou se reconciliando. Ela mostra como de lutas entre titas passama existir un nove mundo-e mo- vos deuses. 92 : A exposigfo didética abrange o pesquisado na ideia da gran- de continuidade histérica, de acorde com sua importneia instruti- va para 0 presente, ‘A hist6ria nilo € instrutiva porque fomece modelos para imita .gho ou regras para.o uso, mas porque ela € vivida ¢ revivicl ems espi- Tito; “c'est un répertaie d'idées qu fowrnit de lamaterie que le jugernent doit passer au creuset pour Fepurer” (Frederico o Grande. Qcwrs. 1, p. XVID Oexercicio espititual vivenciade é a formagio militar, juridics, teclégica, quando destinada para essas profissdes, & formagiio geral quando sua finatidade no for algo em particular ou téenico, mas exercitar em ns o humano de forma geral (humanitas), iha, através da qual o género humano chega a sua perfeigio, que cada ser bumano precisa percorter sozinho"™ (Lessing). Na iideia da educagio do género humano, a formagie—excettt- ando a especificae técnica ~ reoebe da histéria. us suas formas. 5038 matérias (#6), Eque as grandes transformagies da histria se reali- Ma trie 131. um renee de ideias que fornece matérie que o juigamanta seve colocar 8 ‘brava pare purifiear. 132. Bie Eralchang das Manschangeschiacnes [7801, p83. sam num pequeno circulo de configuragdes tipicas, o movimento das maiores no interior de um cfreulo ainda mais restrito, isso toma possivel o aproveitamento diditico, tanto para as necessidades mai- ores ¢ mais elevadas quanto também para as elementares. Existem formas de apresentacSo histérica para essa finalidade? Asaptesentagées importantes da histéria universal, de Herder!” ou de Schlécer', de John Muller! ou Leo”, ou vor Ranke™, sic moxlelos pars. essa forma de considerar a historia! Nilo se medird o valor de um sermiio na igreja evangélica pelos sermées impressos, menos ainda se desejard que se determine final- mente um clone de oragdes que assegure uma eloquéncia modelar no pilpito. Pelo contrario, cada sermfo deve ser um testemunho do espitito evangélice vivo da nossaigreja e, tantoquanto a comunida- de constrdi nela, tanto ela o testemunhari. A forma adequada da exposigao diddtica ¢ o ensino histérico da juvencude, e isso por um professor que se movimente o mais hi. vremente possivel e que realize pesquisas auténomas nos campos da histéria, dominando-os, dando testemunhe do espfrito medi- ante constantes renovagées, espirito esse que anima e realiza a vida histériea, $93 d) A exposigdo discussiva direciona a abundancia do pesquisa- do a essas matizes, como reunindo tudo num espelhn convexo, so- 133, HERDER, 1.6, Idem zur Philosophie der Gaschicte der Menschhet: Riga: Hart nach, 1784-1785, 1787-1761. 134, SCHLAZER, A, Verstellng seiner Universal-Histore, 2 wol. Gotingen-Gotha: Die eon, 1772-178 135. MOLLER, 1. won. Vienundewanaly Blcher allgereiner Geschichten Besonders der Europaischen Mensch. 3 val. Tubingen: Cofta, 1810 [Edigee péstuma). 138: LEO, WM. Lehrbuch eer Universaigeschichte zum Gabravena M NSreren MEET ‘aniston, 6 vol. Halle: Akan, 1E35-1944 157, VOMRANKE, L. Wertgecchichte. 17 va Lalpsg: Duncker & Humble, 1861-1988. e2 bre um determinade ponto no presente, que ela ilumina e dessa for- ma “tora claro”. Eo foca sobre uma pergunta a ser decidida, sobre uma alternativa, para.a qual deve ser tomada uma de bre um nova fendimeno, cuja compreensio deve ser descoberta. ‘Um esforgo continuad de explicitage ¢ comparagio histéricas deve reinsctever toda novidade—nio somente fatos da politica, mas também novas constaragées (novas realizagdes na arte e na ciéneia, ete.}, no lugar e no seo do interior do- movimento e do trabalho his- rico (ver aeritica cientifica, estética, do jornalismo, etc.) ‘Os pontos a seren validados na discussio situsam-se em parte no sujeito de qual se trata ~ portanto, essa nagio, esse poder, essa igreja, ete, foram definidos dessa ou daquela forma por seus antece- dentes histéricos (pcx. sint wt sunt cat-non sint®) — em parte nas coisas qué se aproximam condicionande ¢ determinanda, © tam- ‘bém em como dever ser encontrados, esclarecides ¢ aproveitados ‘os momentos que continuam determinando cada fato momentineo deacordo com sua comelagie histérica. Acesséncia da tecria 6 que ela confere a forma e a exigéneia de uma concluso normativa, um prinefpio, para o resultado das fore images © elaboragies histéricas. Quanto menos ela tiver somado todos os fatores, quanto mais unilateralmente ela fizer sobressatr 0 que se situa © mais pedximo ou o que foi o mais awante no final, tanto mais doutringria ela se tora (§ 38); isto-aparece maqueles ele- mentos determinantes, que em cada dado espago de tempo leva a0 préximo passo, cm outras palavras, com sua natureza favordvel (§ 43), presente e operative somente para aquele caso, sob aquelas cir- ‘cunstincias, para aquele fim. 10, 50" 138. "foram com ales sd0 2 nba forrn exprossdo pronvneiada em 1773 peo gene ‘ada Companhia gs Jesu, -orenaa Rice: (1703-1774) aa recuxsr ax reforms da eons ‘Sulgie de sua order sob & pentifiesds de Clemente XIV (1705-1774). ease ies (8362 conduziu a supressio tots #3 orcem dor Jesutas 68 1773 a 1914, por causa dos Shinos e dessbeainsa # Sones £2. ry Cada Estado tem sta politica, tanto interna quanto externa. A discussfio— também na imprensa, no Gansetho de Estade, no Parla- mento ~€ tanto mais eonfidvel quanto mais bistoricn ela for, ¢ mais ‘corrompida quanto mais se fundamenta em doutrinas, em idola the- ari, for, specus, anbus!™. A significagio pritica dos estudos histéricos reside no fato de que eles — ¢ somente eles ~ fornecem para o Estado, para 0 Povo, para 0 exército, etc. a imagem deles mesmos, Ocstudo hist6ricoé o findamento para a instrugde e formagio- politica. O homem de Estado é historiador prittico: BeupnTixds Tuy dvtwy Kal npaxtixds Tuy bedvTwvi, (Estado ¢ somente 2 mais complexa dencre as instituigtes dos poderes éticos; cada entidade de porte exige autocontrole discussi vo semelhante: por exemplo, o regime da igreja, a gestBo de indi trias, a organizagio de uma expedigio clentifica, ete. $94 Com a-tltima forma de exposigio,a nossa cincia adentra nos _vastos territérios, nos quais nfo pode igualmente debear cle fanda- mentar sua competéneia —da mesma forma como as cigncias natu- rais nfo tém reservas em fazer-se valer tanto quanto os seus méto- dos se mostram eficazes. E também as pesquisas ¢ resultados das ciéncias naturais no sfo obra de observacio abstrata ¢ de experimentos, como se falas- sem somente as realidades observadas e interrogadas, masé somen- tea totafidade de repetigies e expansdes de vivéneias, evidenciadas nna continuidade da histéria, que fornecem ss mentes investigado- ras de seu campo aabrangéncia ¢ o nivel de-olhares ¢ saberes habeis 138. fdolas do teatro, da peace publica, da cavern, 63 tbo, BACON, F. Novum pa ‘rar Uva 1,533. 1140, Habtideso para ver a reatiade © dail ene 5 que tim necessidao, ARISTO- eLES, Potice, para observar e colocar em questo as coisas, e, dessa maneira, pars combinar e-concluir. © mesme vale para us ciéneias especulativas. Pois toda atividade de pensamento ou de order postica, todo ato de cringe, de vontade e poder do ser humane se-desenvolve (§ 6) deacordo com as formas de mode exclusivo, ede acordo com (og materiais em sua maiof parte, a partir dessas vivencias © elabo- rages, € 0 estudo dessas gradagbes & tarefa da histéria $95 “Nossa ciéneia nio pretende que seu métode de pesquisa seja 0 finico a reger sun atividade cientifica (§ 14). E ela tem abumildade de reconhecer que, em suas exposighes de resultados, nfo tem cone digées de oferecer mais do que faz parte de seu dominte-de pesquisa, ‘nem além do que seus métodes possibilitam. Eno momento em que ela tem conscigncia de niio poder mais responder, cu no oferecer respostas de forma satisfat6ria hs muitas penguntas de seu campo, entio ela redobrard seus cuidados,afim de que 0 que ela fornega nfo parega ter mais valor do que realmente tem ou pode ter, a saber: uma representagio mais préxima o possi: vel de coisas distantes nu muito remotas que foram. um presente que agora sin parte integrante de nossa realidade ¢ ainda vivem e convivem no conhecimento dos homens. = GLOSSARIO Abbild, das: reflexo. Begriff, der: conceito, ‘Almueng, die; pressentimento. __Begriinding, cic: fundamento, Anfang, der: ofigen. Bereich, der: campo, dominio. Anschauung, die: intuigio. Bewegung: movimento. Anspruch, der: ambigaio, Bildung. die: formagio, Pretensio, Bildurgen, die: produgSes. Arbeit, ‘abalho. Darlegung, die: aprescitagio. affassen: conceber, apreender. Darstelhing, die: exposigio. Auffassung, die: percepges. _Dennailer, die: monumentos, “Ausbileheng, die: formacio diskussi: discussivo. profissional. doctrindr: dogméitico. Ausdruck, der: expresso, Bingelne, das: singularidade Aussenong, die: manifestagio. Emp finding, Bedeutung, die: significagio. Ende, das: firm. bedingen: determinar. entfalten: desenvolver. Bedingung, die: condigio, Entwicklung, die: evolugao. sensagio, = eforschen: explora. cerfiilen: realizar-se. Eninneneng, die: lembranga, erkermem: conhecer. erkdanen: explicar. erweitern, sich erwettern: ampliar-se, erhlen: narrar. Feld, das: campo. forschen: pesquisar. Gatterysbegrif, der: nome da espécie. Gebict, das: campo, esfera, Gedanke, der: a Kein. Gigenild, das: negativo, contraimagem, Gegenwart, die: 0 presente:

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