Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
09 MS Unidade 07 Capacidade de Carga 2013 PDF
09 MS Unidade 07 Capacidade de Carga 2013 PDF
Marangon
Mecânica dos Solos II
179
Faculdade de Engenharia – NuGeo/Núcleo de Geotecnia Prof. M. Marangon
Mecânica dos Solos II
Para este estudo são previamente definidos dois critérios de ruptura: ruptura
“generalizada” – frágil (curva C1) e ruptura “localizada” – plástica (curva C2), definidos
mais adiante no item 7.4 , ilustrado na figura 7. 06.
* Capacidade de carga de ruptura (ou limite) – Qr: é a carga limite (ou máxima) a
partir da qual a fundação provoca a ruptura do terreno e se desloca sensivelmente (ruptura
frágil ou “generalizada”), ou se desloca excessivamente (ruptura plástica ou “localizada”),
o que pode provocar a ruína da superestrutura.
No caso de fundações diretas tanto se pode trabalhar com carga Q como pressões
médias p, sendo a pressão média:
Q Q
p= =
área base BxL
Não são muito comuns os acidentes de fundação devidos à ruptura do terreno. Mais
comuns são os causados por recalques excessivos. Um exemplo clássico da literatura
180
Faculdade de Engenharia – NuGeo/Núcleo de Geotecnia Prof. M. Marangon
Mecânica dos Solos II
técnica, relatado pelo professor Homero Pinto Caputo, é o caso indicado esquematicamente
na figura 7. 03. Trata-se de um conjunto de silos construído sobre um radier geral, com 23
x 57 m.
O cálculo da capacidade de carga do solo pode ser feito por diferentes métodos e
processos, embora nenhum deles seja matematicamente exato.
Tendo em vista que os dados básicos necessários para o projeto e execução de uma
fundação provêm de fontes mais diversas, a escolha do coeficiente de segurança é de
grande responsabilidade. A tabela 7. 01 resume os principais fatores a considerar, e a tabela
7. 02 apresenta valores sugeridos de fatores de segurança a considerar.
181
Faculdade de Engenharia – NuGeo/Núcleo de Geotecnia Prof. M. Marangon
Mecânica dos Solos II
182
Faculdade de Engenharia – NuGeo/Núcleo de Geotecnia Prof. M. Marangon
Mecânica dos Solos II
ϕ
σ' = p r .tg 2 . 45º − e
2
ϕ
σ' ' = σ'.tg 2 . 45º −
2
Como se sabe, quando uma massa de solo se expande (pressões ativas) ou se contrai
(pressões passivas), segundo Rankine, formam-se planos de ruptura definidos por um
ϕ ϕ
ângulo de 45º + ou 45º − com a horizontal, de acordo com a Figura 7. 05.
2 2
Ativo Passivo
p r = γ.h.K 2p +
c
tgϕ
( )
. K 2p − 1
que é expressão para o empuxo.
183
Faculdade de Engenharia – NuGeo/Núcleo de Geotecnia Prof. M. Marangon
Mecânica dos Solos II
Para seu estudo foram definidos dois critérios de ruptura: ruptura “generalizada” –
frágil (curva C1) e ruptura “localizada” – plástica (curva C2), definidos na figura 7. 06.
Como já visto na unidade 05, nos solos de ruptura tipo C1, à medida que a carga (ou
pressão) aumenta, o material resiste, deformando-se relativamente pouco, vindo a ruptura
acontecer quase que bruscamente. É como se toda a massa rompesse a um só tempo,
generalizadamente. A pressão de ruptura é, nesse caso, bem definida, dado pelo valor pr do
gráfico. Quando atingida, os recalques tornam-se incessantes e é denominada por ruptura
generalizada, sendo típica de solos pouco compressíveis (compactos ou rijos).
Nos solos de ruptura tipo C2, as deformações são sempre grandes e aceleradamente
crescentes. Não há uma ruptura definida. É como se o processo de ruptura fosse dado
paulatina e constantemente, desde o início do carregamento, em regiões localizadas e
dispersas na massa do solo. A pressão de ruptura para este caso é dada por p’r que, segundo
Terzaghi, corresponde ao ponto “a”, em que há uma mudança no gráfico, com passagem da
curva inicial para um trecho aproximadamente retilíneo final. Este tipo de ruptura é
denominado por ruptura localizada, sendo típica de solos muito compressíveis (fofos ou
moles).
184
Faculdade de Engenharia – NuGeo/Núcleo de Geotecnia Prof. M. Marangon
Mecânica dos Solos II
Recentemente tem sido mencionado um outro tipo de ruptura, que ocorre por
puncionamento. A teoria de Terzaghi parte de considerações semelhantes às de Prandtl,
relativas à ruptura plástica dos metais por puncionamento. Retomando esses estudos,
Terzaghi aplicou-os ao cálculo da capacidade de carga de um solo homogêneo que suporta
uma fundação corrida e superficial.
185
Faculdade de Engenharia – NuGeo/Núcleo de Geotecnia Prof. M. Marangon
Mecânica dos Solos II
b
AB = , onde ϕ é o ângulo de atrito inteiro do solo.
cos(ϕ)
Sobre AB , além do empuxo passivo Ep, atua a força de coesão:
b.c
C = c . AB =
cos(ϕ )
Ou ainda:
b
P = 2. .sen (ϕ) + 2.E p − .(2.b.b.tg(ϕ)).γ ou
1
cos(ϕ) 2
Ep 1
= c.tg(ϕ) + − .γ.b.tg(ϕ)
P
Daí: Pr =
2.b b 2
Entrando-se com a consideração do valor de Ep, que omitiremos para não alongar, a
expressão final obtida por Terzaghi escreve-se:
ϕ
N q = e π.tg (ϕ ) .tg 2 . 45º +
2
Segundo Reisnner (1924), adotado
186
Faculdade de Engenharia – NuGeo/Núcleo de Geotecnia Prof. M. Marangon
Mecânica dos Solos II
187
Faculdade de Engenharia – NuGeo/Núcleo de Geotecnia Prof. M. Marangon
Mecânica dos Solos II
- Casos particulares
Para os solos puramente coesivos, tem-se ϕ = 0º. Logo, Nq = 1,0; Nγ = 0 e Nc = 5,7,
obtendo-se:
p r = 5,7.c + γ.h
- Ocorrência do N.A.
Abaixo do nível d’água deve-se usar o peso específico de solo submerso, o que
reduzirá o valor da capacidade de carga.
Fundações corridas
Para fundações corridas de comprimento L e largura 2b, em argilas (ϕ = 0º):
p r = c.N c + γ.h
2.b h
Introduzindo, agora, as razões e (que deverá ser menor que 2,5), o valor
L 2.b
de Nc é obtido pela fórmula de Skempton:
2.b h
Nc = 5 + .1 +
L 10.b
Pela fórmula de Terzaghi vimos que para carga vertical centrada e fundação
alongada, a capacidade de carga dos solos é dada pela fórmula:
1
p r = c.N c + .γ.B.N γ + γ.h.N q , onde B, neste caso, é a largura total da fundação.
2
Obs.: Veja que b = ½ B, sendo “b” a semi-largura
188
Faculdade de Engenharia – NuGeo/Núcleo de Geotecnia Prof. M. Marangon
Mecânica dos Solos II
189
Faculdade de Engenharia – NuGeo/Núcleo de Geotecnia Prof. M. Marangon
Mecânica dos Solos II
As tabelas a seguir (7. 05 e 7. 06), publicadas pela Maria José Porto, em Prospecção
Geotécnica do Subsolo (1979), traduzem relações entre o índice de resistência à penetração
(SPT) com taxas admissíveis para solos argilosos e arenosos.
190
Faculdade de Engenharia – NuGeo/Núcleo de Geotecnia Prof. M. Marangon
Mecânica dos Solos II
1º EXERCÍCIO
Determine a capacidade de carga para uma sapata corrida, assente no horizonte de areia
(para a mínima escavação), com 2,0 m de largura (em seguida será feito o cálculo
considerando a hipótese dos materiais de subsolo ocorrem em posição inversa).
γ = 1,6 t/m³
c = 2,5 t/m³
φ=0
b) Areia
N = 9 => “med. compacta”
γ = 1,9 t/m³
c=0
φ = 35º
191
Faculdade de Engenharia – NuGeo/Núcleo de Geotecnia Prof. M. Marangon
Mecânica dos Solos II
capacidade de carga ?
qr = c . Nc + γa . ha . Nq + γb . b*. Nγ Sc = 1 Nc = 58
qr = 0 +1,6 x 1,5 x 41 + 1,9 x 1,0 x 42 Sγ = 1 Nγ = 42
qr = 98,4 + 79,8 = 178,2 t/m² Sq = 1 Nq = 41
qr
σ adm = para FS = 3,0 (Prédio de Apartamentos – Prospecção limitada -
FS
Parâmetros estimados por tabelas)
17,8
σ = = 5,9kgf / cm 2
3
2º EXERCÍCIO
Determine a capacidade de carga para o exemplo anterior considerando um NA na base
da camada de areia (ao nível de assentamento).
3º EXERCÍCIO
Dimensione agora esta sapata corrida para o valor da capacidade de carga (taxa
admissível σ ) calculado no exemplo anterior, para suportar 30t/m.
F F
σ = ⇒ A= F - carregamento na fundação (adotado = 30 t/m)
A σ
σ - taxa (calculada = 4,66 kgf/cm²)
192
Faculdade de Engenharia – NuGeo/Núcleo de Geotecnia Prof. M. Marangon
Mecânica dos Solos II
pr
Só que σ = e pr = f (b) (pela teoria de Terzaghi)
FS
dimensão da Fundação
Desta forma faz-se necessário arbitra um valor esperado para “b” e calcular o valor de σ
F
A partir de σ , calcula-se a área necessária A = e b
σ
b) areia
a) argila
qr = ca .N c + γ a .hb .N q + γ a .b.Nγ 0
parcela parcela da
da coesão sobrecarga
193
Faculdade de Engenharia – NuGeo/Núcleo de Geotecnia Prof. M. Marangon
Mecânica dos Solos II
5º EXERCÍCIO
Refaça o exercício anterior (40) para argila com N-SPT = 12, no nível da sapata
N = 12 consistência “rija”
Parâmetros γ adotado 1,9 t/m³
c c ≅ 0,75 kg / cm 2 = 7,5 t/m²
4,58
σ = = 1,52 kgf / cm 2
3
obs.:
O dimensionamento da capacidade de carga (e conseqüente taxa
admissível σ ) pode ser calculado para uma argila – desconsiderado o ângulo de atrito
(φ=0), independente da dimensão da fundação.
A partir do valor de σ obtém-se a sua dimensão b, calculando-se a área
F
necessária A = .
σ
Conclusões:
A capacidade de carga de uma “argila” não é proporcional à dimensão da
Fundação, só sendo função da pressão de “sobrecarga” e do valor da “coesão”.
A capacidade de carga de uma “areia” é proporcional à dimensão da Fundação e
da pressão de “sobrecarga”.
6º EXERCÍCIO
Qual a dimensão que deve ter uma sapata quadrada para uma carga centrada de 11,8 t, a
uma profundidade de 1,5 m, em uma argila que se pode adotar uma coesão de 50 kPa.
Argila
Parâmetros φ = 0 (desprezado)
γ = 1,8 t/m³ (Valor adotado)
c = 50 kPa = 5,0 t/m²
0
qr = 1,3 . c . Nc + γ . h . Nq + 0,8 . γ . b . Nγ
qr = 1,3 x 5 x 5,7 + 1,8 x 1,5 x 1 + 0 Sc = 1,3
qr = 37,05 + 2,7 = 39,75 t/m² obs. Sq = 1,0
=3,97 gf/cm² Sγ = 0,8
194
Faculdade de Engenharia – NuGeo/Núcleo de Geotecnia Prof. M. Marangon
Mecânica dos Solos II
pr 3,97
σ = = = 1,32kgf / cm 2 Valores práticos “empíricos” utilizados
FS 3
para argilas = 1,0 a 1,5 Kgf/cm²
Cálculo da área necessária e de “L”
F F 11800 kg
σ = ⇒ A= ⇒ A= = 8939,4 cm 2
A σ 1,32 kgf / cm 2
L = A ⇒ L = 94,5 cm
Logo:
(Segundo a NBR 6489, apresentado por Bueno, B.S. e outros, Pub. 204 - UFV)
196
Faculdade de Engenharia – NuGeo/Núcleo de Geotecnia Prof. M. Marangon
Mecânica dos Solos II
neste estádio, calculado entre duas leituras sucessivas). O dispositivo de leitura dos
recalques deve estar acoplado em barras apoiadas a uma distância de 1,5 vezes o diâmetro
da placa, distância esta medida a partir do centro da placa.
O ensaio deverá ser levado até, pelo menos, observar-se um recalque total de
25mm ou até atingir-se o dobro da taxa admitida para o solo.
A carga máxima alcançada no ensaio, caso não se vá até a ruptura, deverá ser
mantida, pelo menos, durante 12 horas.
A descarga deverá ser feita em estádios sucessivos, não superiores a 25% da carga
total, lendo-se os recalques de maneira idêntica à do carregamento e mantendo-se cada
estádio até a estabilização dos recalques, dentro da precisão requerida. A figura 7. 15
ilustra os resultados obtidos de uma prova de carga.
p
σ= r ; FS=2,0
FS
197
Faculdade de Engenharia – NuGeo/Núcleo de Geotecnia Prof. M. Marangon
Mecânica dos Solos II
Figura 7. 16 – Curvas tensão x recalque obtidas para diferentes solos, quanto ao tipo
de ruptura verificado para o solo de fundação.
δmax = ?
σδ = 25mm
δmax = 25 mm σ=
σδ = 10mm
FS ; FS = 2,0
A taxa de trabalho será o menor valor dentre a tensão que provoca um recalque de
25 mm reduzida por um fator de segurança e a tensão que provoca um recalque de 10mm.
σ ≤ σδ = 10mm
Fim
M. Marangon, 13/01/2013
198