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UFT

Curso de Direito

Disciplina Direito
Empresarial I

Prof. Msc. Paulo Benincá


Aula 02

 Conteúdos:

- Conceitos básicos do direito de empresa.


- Fontes do Direito de Empresa.
- Empresários e suas espécies.
- Desconsideração da pessoa Jurídica.
- Condições para o exercício da atividade.
Conceitos básicos

 Direito de Empresa:
Conjunto de normas e princípios que regem a
atividade econômica organizada para a produção
e circulação de bens e serviços exercida,
profissionalmente, pelo empresário, por meio do
estabelecimento, no interesse da coletividade.
(Maria Helena Diniz)

 Tem por objeto a própria empresa, ou seja, a


atividade econômica.
Direito de Empresa: conteúdo
(Maria Helena Diniz)
 Complexo de normas voltadas:

 À atividade econômica;
 Ao empresário;
 Ao registro empresarial;
 À personificação da sociedade;
 À Sociedade simples.
 À sociedade empresária;
 Às formas societárias, personificadas ou não;
 Ao estabelecimento;
 Ao nome empresarial;
Direito de Empresa: conteúdo

 Complexo de normas voltadas:

 Ao preposto; e ao gerente;
 Ao contabilista e à escrituração;

 À dissolução e liquidação da sociedade;

 À reestruturação societária através da fusão, cisão,

transformação e incorporação;
 Ao título de crédito (*);

 Ao comércio eletrônico

 À Falência e Recuperação Judicial e extrajudicial.

(*) Pelo menos para parte da doutrina.


Fontes do Direito Empresarial

 Primárias:

 Constituição Federal especialmente sobre a


Ordem econômica e financeira.
 Código Civil.

 Código Comercial.

 Leis Comerciais em geral.


Fontes do Direito Empresarial
 Secundárias:

 Jurisprudência
 Princípios Gerais do Direito
 Costume Comercial
 Usos e Costumes
 Observação: Costume Contra a Lei e art. 376 do
NCPC.
“A parte que alegar direito municipal, estadual,
estrangeiro ou consuetudinário, provar-lhe-á o teor e a
vigência, se assim o determinar o juiz.”
Conceitos básicos

 Concepção Atual de empresa:

 O novo CC ao prescrever no art. 966 quem é o


empresário, adotou a teoria da empresa
abandonando a teoria dos atos de comércio.

 Entretanto, o novo CC não definiu o que é


empresa.
Conceitos básicos

 Conceito de empresa:
É a atividade econômica organizada para a
produção e circulação de bens e serviços,
exercida profissionalmente, pelo
empresário através do estabelecimento.
 Delimitação:
 Atividade
 Econômica
 Organizada
Aspectos jurídicos da empresa:

 Segundo Waldírio Bulgarelli:

 Subjetivo: confunde-se com o


empresário.
 Objetivo: confunde-se com o
estabelecimento.
 Funcional: seria sinônimo de atividade
(adotado pelo NCC).
Conceitos Básicos
 Não se considera empresário quem exerce
profissão intelectual, de natureza
científica, literária ou artística, ainda com o
concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo
se o exercício da profissão constituir
elemento de empresa.

 Neste caso a atividade intelectual se enquadra


como sendo de natureza econômica, ficando
caracterizada como atividade empresarial.
Conceitos Básicos

 No ordenamento Civil só há três tipos de empresários:

 O empresário Individual.
 A Sociedade Empresária.
 A EIRELI – Empresa Individual de Responsabilidade
Limitada - Lei 12.441/11. (* Em vigor desde
09.01.12).
 A nova norma alterou a Lei 10.406 que, em 2002,
instituiu o novo Código Civil. O código teve agora
acrescentados o inciso VI ao artigo 44,o artigo 980-A ao
Livro II da Parte Especial e alterado o parágrafo único do
artigo 1.033.
Não são empresários:

 Profissional Intelectual: art. 966, p.


único.

 Empresário Rural: a não ser que


requeira registro próprio (art. 971).

 Sociedade Cooperativa: Arts. 1.093 a


1.096.
Observações Importantes

 A sociedade personificada é “sujeito” de direitos


e obrigações, com existência diversa das
pessoas que a constituíram.
 Tem patrimônio próprio, que não se confunde
com o dos sócios.
 Responde sempre ilimitadamente pelas
obrigações sociais.
 A personalidade jurídica tem início com o
registro do ato constitutivo.
Desconsideração da Personalidade Jurídica

 Art. 50 do NCC:
“Em caso de abuso da personalidade jurídica,caracterizado pelo
desvio finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz
decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando
lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e
determinadas relações de obrigações, sejam estendidos aos bens
particulares dos administradores ou sócios da pessoa
jurídica.”
 Importante: Incidente de desconsideração da pessoa jurídica –
NCPC – arts. 132 a 137.
 Desconsideração da pessoa jurídica invertida.
 Desconsideração na relação de consumo.
 Desconsideração na relação Trabalhista.
 Aspectos controvertidos em questões tributárias.
Desconsideração - Decisões do STJ:

CIVIL E PROCESSUAL. AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE


INSTRUMENTO. CAUTELAR. ARRESTO.PERSONALIDADE JURÍDICA.
DESCONSIDERAÇÃO. REQUISITOS. AUSÊNCIA. DESPROVIMENTO.
I. "Nos termos do Código Civil, para haver a desconsideração da
personalidade jurídica, as instâncias ordinárias devem,
fundamentadamente, concluir pela ocorrência do desvio de
sua finalidade ou confusão patrimonial desta com a de seus
sócios, requisitos objetivos sem os quais a medida torna-se
incabível.“ (REsp 1.098.712/RS, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior,
Quarta Turma, unânime, DJe: 04/08/2010). II. Agravo regimental
desprovido. AgRg no Ag 1190932 / SP 2009/0093528-1 – Julgamento
01/10/2010
FALÊNCIA. ARRECADAÇÃO DE BENS PARTICULARES DE SÓCIOS DIRETORES DE
EMPRESA CONTROLADA PELA FALIDA. DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADEJURÍDICA (DISREGARD DOCTRINE). TEORIA MAIOR. NECESSIDADE
DE FUNDAMENTAÇÃO ANCORADA EM FRAUDE, ABUSO DE DIREITO OU CONFUSÃO
PATRIMONIAL. RECURSO PROVIDO.1. A teoria da desconsideração da personalidade
jurídica – disregard doctrine -, conquanto encontre amparo no direito positivo brasileiro
(art. 2º da Consolidação das Leis Trabalhistas, art. 28 do Código de Defesa do
Consumidor, art. 4º da Lei n. 9.605/98, art. 50 do CC/02, dentre outros), deve ser
aplicada com cautela, diante da previsão de autonomia e existência de
patrimônios distintos entre as pessoas físicas e jurídicas. 2. A jurisprudência da
Corte, em regra, dispensa ação autônoma para se levantar o véu da pessoa
jurídica, mas somente em casos de abuso de direito - cujo delineamento conceitual
encontra-se no art. 187 do CC/02 -, desvio de finalidade ou confusão
patrimonial, é que se permite tal providência. Adota-se, assim, a "teoria maior"
acerca da desconsideração da personalidade jurídica, a qual exige a configuração
objetiva de tais requisitos para sua configuração.3. No caso dos autos, houve a
arrecadação de bens dos diretores de sociedade que sequer é a falida, mas apenas
empresa controlada por esta, quando não se cogitava de sócios solidários, e mantida a
arrecadação pelo Tribunal a quo por "possibilidade de ocorrência de desvirtuamento da
empresa controlada", o que, à toda evidência, não é suficiente para a superação da
personalidade jurídica. Não há notícia de qualquer indício de fraude, abuso de
direito ou confusão patrimonial, circunstância que afasta a possibilidade de
superação da pessoa jurídica para atingir os bens particulares dos sócios. (Recurso
especial conhecido e provido. REsp 693235 / MT – 4ª Turma - Julgamento
Condições para o exercício da atividade
empresarial – REGISTRO

 Art. 967 – Obrigatoriedade.


 Art. 968 – Inscrição – requisitos mínimos.
 Art. 969 – Inscrição no domicílio de filiais,
sucursais ou agências.
 Art. 970 – Tratamento diferenciado ao
empresário rural, e pequeno empresário
(ME e EPP).
 Art. 971 – Produtor Rural com inscrição de
empresário - possibilidade.
Condições para o exercício da atividade
empresarial - CAPACIDADE

 ART. 972 do CC

“ Podem exercer a atividade de empresário os


que estiverem em pleno gozo da capacidade
civil e não forem legalmente impedidos.”
Impedidos de exercer empresa:

 Agentes Públicos - a lei expressamente proíbe os


membros do MP e Magistrados, salvo se acionista ou
cotista – art. 128, § 5º II, DA CF e Lei 8.625/93 (LOMP)
– art. 44, III; LOM – LC 35/79, art. 36.
 Deputados e senadores e vereadores – art. 54, II
da C.F. C/C 29, IX.
 Presidente da república, ministros de estado,
secretários de estado e prefeitos municipais, já
que norma é restritiva (art. 54, II da C.F.).
 Ver art. 6º III, da lei 8.884/94 (Membros do CADE)
Impedidos de exercer empresa:
 Servidores Públicos – tais restrições encontram-se
amparadas pelas legislações correspondentes, como
estatutos dos funcionários públicos.
 Falido Não Reabilitado – em virtude da ausência de
idoneidade financeira. – art. 181, §1º - vide a
reabilitação penal – art. 93 a 95 C.P.
 Penalmente Proibidos – além dos condenados por
crime falimentar, o C.P. (art. 47 e 56) estabelece como
penas de interdição temporária de direitos a proibição de
exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam
de habilitação especial, de licença ou autorização do
poder público. Vide art. 1011 CC..
Impedidos de exercer empresa:
 Estrangeiros - via de regra não estão proibidos de
exercer a atividade empresarial, salvo em algumas
hipóteses: proceder a pesquisa e a lavra de recursos
minerais e o aproveitamento do potencial de energia
hidráulica – art. 176, §1º da CF; estrangeiro não
naturalizado há pelo menos 10 anos para explorar empresa
jornalística, de radiodifusão sonora e de sons e imagens –
art. 222 CF; estrangeiro com amparo de visto de turista –
arts. 98 e 99 – do estatuto do estrangeiro – lei 6.815/80
(Revogado pela lei 13.445/17 – Ver. Art. 14 – visto
temporário)
 Devedores do INSS – LEI 8.212/91 – ART. 95§2º, “d”
 Militares na ativa.
Obrigações do Empresário: Registro da
Atividade Empresarial – Lei 8.934/94 – LRE

 Finalidade do Registro: Dar garantia, publicidade


autenticidade, segurança e eficácia aos atos
jurídicos das empresas mercantis. Art. 1º, I.
 Cadastrar as empresas nacionais e

estrangeiras em funcionamento no Brasil e


manter atualizadas as informações pertinentes. Art.
1º, II.
 Proceder a matrícula dos agentes auxiliares do

comércio, bem como seu cancelamento. Art. 1º,


III.
Efeitos Jurídicos do Registro

 Empresário Individual: proteção jurídica e gozo


das prerrogativas próprias de empresário; tratamento
favorecido e diferenciado quando se tratar de pequeno
empresário – art. 970 CC.

 Sociedade Empresária: Prerrogativa de empresário


e faz a sociedade empresária nascer no mundo como
pessoa jurídica (vide art. 44 CC), garantindo-lhe
personalidade jurídica.
Falta de Registro - Consequências:
 ilegitimidade ativa para requerer falência de seu devedor – art. 97, IV e
§1º da - LEI 11.101/2005 –, contudo poderá ter sua própria falência
requerida e decretada e poder requerer a própria falência.
 ilegitimidade para requerer recuperação judicial, na medida em que a lei
elege a inscrição no registro de empresa como condição para ter acesso ao favor
legal – ART 48 esta lei dispõe que somente poderão requerer recuperação
judicial, os empresários que exerçam regulamente suas atividades há mais de 2
anos;
 não pode ter os seus livros autenticados no Registro de Empresa, art.
1.181 CC, portanto não poderá valer-se da eficácia probatória que a legislação
processual atribui a esses instrumentos, no art. 379 do CPC;
 na falência a fraude é presumida, incorrendo o empresário no crime
falimentar previsto no art. 178 da LF ou configurar aumento de pena para o
crime de fraude contra credores quando o agente comete um das condutas
descritas no art. 168;
 impossibilidade de obter enquadramento de microempresa;
 impossibilita a participação do empresário em licitações públicas – art.
28, II e III da Lei 8.666/93.
 impede o registro no CNPJ e INSS acarretando a impossibilidade de
contratar com o poder público – vide art. 195, § 3º da CF – o que o sujeita a pena
de multa (Lei 8.121/91, art. 49, I).
Órgãos de Registro da Atividade
Empresarial
 SINREM – Sistema Nacional de Registro de Empresas
Mercantis criou:
 DNRC – Departamento Nacional de Registro de Comércio,
que é o órgão central vinculado ao Ministério do Desenvolvimento,
indústria e Comércio Exterior, a quem ompete a supervisão,
orientação, coordenação e Normatização, no plano técnico e
supletiva no plano administrativo. (Ver www.dnrc.gov.br)
 Juntas Comerciais como órgãos Locais, que têm como função
a execução e administração dos serviços de registro, podendo criar
Delegacias ou outras Unidades desconcentradas (atribuições:
art. 8º LRE).
 Observação – não confundir:

◦ CNPJ
◦ INSCRIÇÃO ESTADUAL
◦ NIRE
Atos sujeitos a registro:

 Matrícula: para tradutores públicos e intérpretes


comerciais (indicados pelas JCEs) e dos trapicheiros,
leiloeiros e administradores de armazéns gerais.
 Arquivamento: registro da empresa individual, da
constituição, alteração contratual e dissolução das
sociedades empresariais e a guarda desses documentos.
Engloba também o registro das Sociedades
Cooperativas, ME, EPP, Soc. Estrangeiras, Consórcio de
Empresas e Grupos de Sociedades.
 Autenticação: diz respeito à autenticação dos
documentos relativos à escrituração, como os livros
empresariais e fichas escriturais, entre outros.
Proibições ao Arquivamento:

 As JCEs em regra, não podem negar o registro dos


documentos que lhe compete, salvo se existirem vícios
formais (Art. 35 da LRE). São eles:
 impedimento em razão da pessoa que contrata:
arts. 35, II e 35, VII, “b”.
 impedimento em defesa dos sócios contratantes:
art. 35 VI.
 impedimento em defesa de terceiros: Art. 35, V.
 impedimento intrínsecos ao contrato: Arts. 35, IV e
35, I, “in fine”.
 impedimentos formais: Arts. 35, I, primeira parte,
35, III, 35 VII, “a” e 35 VIII.
Atos sujeitos a registro:

 Matrícula: para tradutores públicos e intérpretes


comerciais (indicados pelas JCEs) e dos trapicheiros,
leiloeiros e administradores de armazéns gerais.
 Arquivamento: registro da empresa individual, da
constituição, alteração contratual e dissolução das
sociedades empresariais e a guarda desses documentos.
Engloba também o registro das Sociedades
Cooperativas, ME, EPP, Soc. Estrangeiras, Consórcio de
Empresas e Grupos de Sociedades.
 Autenticação: diz respeito à autenticação dos
documentos relativos à escrituração, como os livros
empresariais e fichas escriturais, entre outros.
Para Refletir:

Entre um Governo que faz o mal e o povo


que o consente, há uma certa
cumplicidade vergonhosa.

(Victor Hugo)
Para Refletir:

Entre um Governo que faz o mal e o povo


que o consente, há uma certa
cumplicidade vergonhosa.

(Victor Hugo)

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