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BIOSSEGURANÇA

HOSPITALAR:
A CAMINHO DE UM TRABALHO
INTERDISCIPLINAR

Paulo Starling
‘Co-coordenador do Curso de Especialização em
Biossegurança em Instituições de Saúde do
IPEC/FIOCRUZ
‘Núcleo de Saúde do Trabalhador do IEISS/SES-RJ
‘Mestre em Saúde Trabalho e Ambiente
CESTEH/ENSP/FIOCRUZ
paulosb1@brfree.com.br
BIOSSEGURANÇA

‘Biossegurança Legal
Lei 8974/1995 - M.C.T.
- Trata do uso das técnicas de engenharia
Genética dos OGM´S
Decreto 1752/95 cria a CTNBio
- Regulação, controle e fiscalização dos
OGM´S
- CIBio´s (Caso da Fiocruz)
BIOSSEGURANÇA

‘Biossegurança Praticada
- Programas de Biossegurança em
Instituições de Saúde em geral
CONCEITO. Comissão de Biosseg./Fiocruz (Valle&Teixeira, 1996)
‘Conjunto de ações voltadas para
prevenção, minimização ou eliminação de riscos;
‘Inerentes as atividades de pesquisa, produção, ensino,
desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços;
‘Riscos que podem comprometer a saúde do homem
(Biopsicossocial), dos animais, do meio ambiente ou a
qualidade dos trabalhos desenvolvidos”.
INSTITUIÇÃO HOSPITALAR
(Geral, Ensino, Pesquisa, Especialidades...)

‘ VIDA NO AMBIENTE HOSPITALAR


(Trabalhadores de Saúde, Pacientes e Visitantes)
Um complexo Biosicossocial que envolve emoções,
sentimentos, fantasias, desejos e expectativas, portanto deve ser visto
globalmente.

‘ EXPERIÊNCIA SUBJETIVA DO TRABALHO


O trabalho é uma atividade tão específica do homem que
funciona como fonte de construção, satisfação, riqueza, bens
materiais e serviços úteis à sociedade humana. Entretanto, o trabalho
também pode significar escravidão, exploração, sofrimento, doença e
morte. (Machado, A.C.S.; Cruz, D.D. & Aguiar, W.M. 1998)
DIMENSÕES DOS RISCOS NO
AMBIENTE HOSPITALAR

Variado elenco de Riscos:


Biológicos, Químicos, Físicos,
Ergonômicos, Psicossociais e de Acidentes
A análise dos acidentes, doenças ocupacionais, licenças e
outras questões associadas ao:
Processo, Organização e Condições de Trabalho
Demanda uma abordagem interdisciplinar e a participação
de uma equipe multidisciplinar no manejo destes
problemas (Starling, 2003)
INSTITUIÇÕES HOSPITALARES

O HOSPITAL
‘ Presta serviços específicos à população em geral;
‘ Variedade de ações que expõe seus trabalhadores:
- Destaca-se a exposição a doenças infecciosas
(contato direto com pacientes e/ou artigos e equipamentos
contaminados com material orgânico).

DIVERSIDADES DE SERVIÇOS:
- Administrativos, lavanderia, refeitório, manutenção, caldeiras,
transporte, almoxarifado, laboratório, centro cirúrgico, raio X,
isolamento, UTI, etc., impõe uma antecipada tomada de posição
face a possibilidade de ocorrência de acidentes e doenças (Starling,
2000).
ALGUMAS FERRAMENTAS DA
BIOSSEGURANÇA EM SAÚDE
LEIS E NORMAS

NBR`S 7500/2000 Simbol. Riscos (ABNT) 8080/1990 (M.S)


ISO´S/ACREDITAÇÃO (QUALIDADE) CCIH
RDC50/2002, 33/2003, 306/2004 (ANVISA) MANUAIS/POP´S
283/2001, 358/2005 (CONAMA) NR`s - NR32 (M.Tb)
NUAPSS/2002 (SES-RJ) CNEN
CTNBio/1995, CTBio&CIBio/Fiocruz EPI´S/EPC´S

EDUCAÇÃO ÉTICA
(CONTINUADA) BIOSSEGURANÇA CULTURA

PROCESSO, ORGANIZAÇÃO E CONDIÇÕES DE TRABALHO


RISCOS NA INSTITUIÇÃO DE
SAÚDE
⇒Exposição à material biológico;

¾ Exigência cada vez maior de desempenho, não pagamento de


º
13 salário, férias, PCCS, condições de trabalho precária,
terceirização;
¾ Riscos sociais (distância do trabalho, violência, ameaças,
proximidade com conflitos armados...);
¾ Organização do trabalho: plantões de 24hs, 12 por 36hs que
por vezes se desdobram por contingências do serviço, salários,
múltiplos empregos;
¾ Pressões de toda ordem que elevam o nível de ESTRESSE
com repercussões no SONO, METABOLISMO...
¾ Rotina desgastante com múltiplas atividades;
¾ Deficiências de Infraestrutura - arranjo físico.

™ Alta incidência de acidentes e doenças entre profissionais


de saúde;
™ Acidente com material biológico, LER, doenças
cardiovasculares, osteomusculares, exposição á vírus e
bactérias, estresse, alcoolismo, tabagismo, uso de drogas...
ALGUMAS MEDIDAS DE
BIOSSEGURANÇA EM
HOSPITAL
ADMINISTRATIVAS
‘ Treinamento dos profissionais periodicamente;
‘ Normas de isolamento;
‘ Uso de EPI´S e EPC´S;
‘ Inquérito Tuberculínico (admissional e periódico), PCMSO e PPRA.

CONTROLE AMBIENTAL
‘ Ventilação e pressão negativa nos locais de risco
- (isolamento, sala de broncoscopia, indução de escarro, laboratório de
micobactérias...);
‘ Filtro HEPA e Irradiação Ultravioleta.

PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA
‘ Máscaras N95/NIOSH;
‘ Máscaras cirúrgicas.
MAPA DE RISCO EM HOSPITAL

REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE UM CONJUNTO DE FATORES


DE RISCO PRESENTES NOS LOCAIS DE TRABALHO, CAPAZES
DE ACARRETAR PREJUÍZOS À SAÚDE: ACIDENTES E DOENÇAS

1) RISCOS DE ACIDENTE 2) RISCOS BIOLÓGICOS


(AZUL) (MARROM)
3) RISCOS ERGONÔMICOS 4) RISCOS QUÍMICOS
(AMARELO) (VERMELHO)
5) PSICOSSOCIAIS 6) RISCOS FÍSICOS
(VINHO) (VERDE)

ORIGEM - MODELO OPERÁRIO ITALIANO/FINAL DA DEC.60


‘ GRUPO OPERÁRIO HOMOGÊNEO
‘ EXPERIÊNCIA OU SUBJETIVIDADE OPERÁRIA
‘ VALIDAÇÃO CONSENSUAL
‘ NÃO - DELEGAÇÃO
NUAPSS / SAÚDE DO TRABALHADOR

NVH / CCIH do IEISS

NÚCLEO DE
DIVISÃO MÉDICA PESSOAL
/ENFERMAGEM DIREÇÃO – IEISS

ASSOCIAÇÃO
BIOSEGURANÇA DOS
SERVIDORES

QUALIDADE
DE
VIDA NO TRABALHO

ASSISTÊNCIA PESQUISA PREVENÇÃO

BIOPSICOSSOCIAL
PCMSO RISCOS RISCOS
BIOLÓGICOS QUÍMICOS

ACIDENTES
BIOLÓGICOS PPD

RISCOS RISCOS
FÍSICOS PSICOSSOCIAIS
VACINAS

DOENÇAS RISCOS RISCOS


OCUPACIONAIS DE ERGONÔMICOS
ACIDENTES

EQUIPE MULTIDISCIPLINAR
LOCAL . AMBULATÓRIO – 2º . ANDAR (EM FRENTE AO SERVIÇO SOCIAL)
Fluxograma do Acidente com Material Biológico do IEISS

Cliente
Acidentado
(Interno ou
Externo)

ADMISSÃO
(Plantonista Médico)
(2)
Notificação ( FN * ) Com medicação
ou
Sem medicação

Laboratório Núcleo de Saúde do Farmácia


Teste rápido anti- Trabalhador (NUAPSS) (4)
HIV (5)
FN + acidentado • Fornecimento de
do Pac. Fonte e Orientação Psicossocial Medicação
outros Exames de • Encaminhamentos
ref. p/o acidentado
* FN – Ficha de Notificação

Cliente externo Núcleo de Saúde do


Núcleo de pessoal
No caso de HBV+ Referendar à Trabalhador
Comunicação de
do pac. Fonte: Encaminhar instituição (NUAPSS)
Acidente de
o acidentado p/o de origem para -Acompanhamento
acompanhamento Trabalho (CAT)
Hosp. Jesus Clínico e Psicossocial
(HepatiteB)
DOENÇAS INFECCIOSAS
“A descoberta de doenças graves gera pesquisas e procedimentos de
vigilância que são um avanço para humanidade”(Amato
Neto,V.,USP,2003)

‘ Emergentes
- Enfermidades novas como SARS, AIDS, Nilo Ocidental (EUA), Ebola...
‘ Reemergentes
Ressurgem apesar de terem desaparecido; cólera, dengue e febre amarela.
‘ Permanecentes
Já existem há algum tempo e continuam grassando: doença de chagas,
leishmanioses, malária, esquistossomose mansônica e hanseníase.
- Doença de Chagas - transmissões por acidentes em laboratórios.
‘ Recrudescente
Não desapareceram mas não aumentaram: tuberculose, doenças
meningocócicas e leptospirose.
‘ Transparecentes
Já existiam, mas não eram identificadas: hepatite B e C. A quantidade de
infectados é espantosa assustando o número de casos que irão evoluir para
hepatite crônica.
CONCLUSÃO

‘ “Eu estou cansada, desanimada porque nós estamos sobrecarregados


no trabalho, temos pacientes demais, funcionário de menos, então tá todo o
setor, tá todo mundo muito cansado, fica um alto índice de licença médica,
porque um tá fazendo o trabalho de dois, três, então o que acontece nós
estamos estressados e desanimados com o setor. As máquinas são de última
geração mas o fator humano está cansado”. (enfermeira)

‘ SE OS RISCOS SÃO ASSUMIDOS COMO PECULIARIDADES


“NATURALIZADAS” DE OBJETOS E MEIOS DE TRABALHO,
DESCONTEXTUALIZADOS DO PROCESSO DE TRABALHO EM
SAUDE; AS MEDIDAS DE PREVENÇÃO ACABAM POR
RESTRINGIR-SE A INTERVENÇÕES PONTUAIS SOBRE OS
RISCOS MAIS EVIDENTES.

‘ ENFATIZAM A UTILIZAÇÃO DE EPI`S, NORMATIZAM-SE


FORMAS DE TRABALHAR CONSIDERADAS SEGURAS, O QUE
EM DETERMINADAS CIRCUNSTÂNCIAS, CONFORMA APENAS
UM QUADRO DE PREVENÇÃO SIMBÓLICA.
CONCLUSÃO

A visão da Medicina do Trabalho ainda é predominante


nas análises de acidentes em instituições de saúde,
individualizando-os e prevalecendo a concepção de “ato
inseguro”. Privilegiam as normas de condutas individuais
reforçando a responsabilidade individual do trabalhador
pelo acidente.
‘ A parceria entre os técnicos e os trabalhadores facilitaria a
compreensão, participação e desenvolvimento do processo de
Biossegurança nas Instituições de Saúde.

⇒ Um dos grandes problemas é que a Dimensão Psicossocial não é


incorporada na compreensão dos acidentes.

‘ Isso justifica a necessidade de maior difusão de conhecimento e


formação de trabalhadores na área de Biossegurança em que a
Dimensão Psicossocial seja um aspecto operante neste campo.

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