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FORRAGICULTURA

Prof. Dr. Luciano Cavalcante Muniz


Prof. Dr. José Antônio Alves Cutrim Júnior

2011
SUMÁRIO

UNIDADE CONTEÚDO Pag.


FORRAGICULTURA .................................................................... 1
I 1 - Introdução .................................................................................... 1
2 - Importância econômica ............................................................... 2
3 - Terminologias utilizadas em Forragicultura ................................ 3
4 - Classificação das espécies forrageiras ......................................... 9
5 - Características morfológicas de plantas forrageiras .................... 12
PRINCIPAIS FORRAGEIRAS E LEGUMINOSAS .................. 17
II PRINCIPAIS FORRAGEIRAS ........................................................ 17
1 - Gênero Brachiaria (B. brizantha e B. humidicola) ..................... 17
2 - Gênero Panicum (P.maximum - Tanzânia, Mombaça e Massai) 21
3 - Gênero Pennisetum (P. purpureum - Capim elefante) ................ 23
4 - Gênero Cynodon spp. (Coast-cross, Tifton 85) ………………... 24
5 - Andropogon gayanus (Capim andropogon) ................................ 25
6 - Cenchrus ciliares (Capim Búffel) ............................................... 26
PRINCIPAIS LEGUMINOSAS .................................................... 27
1 - Estilosante campo grande ............................................................ 27
2 - Leucena ........................................................................................ 29
3 - Feijão guandu .............................................................................. 31
4 – Gliricídia ..................................................................................... 34
5 - Amendoim forrageiro .................................................................. 36
FORMAÇÃO, MANEJO, RECUPERAÇÃO E RENOVAÇÃO
III DE PASTAGENS ............................................................................ 38
I - Formação de pastagens ............................................................. 38
II - Qualidades das sementes (pureza, germinação e valor cultural) 45
III - Métodos de semeadura .............................................................. 46
IV - Manejo das pastagens ................................................................ 50
IV - Recuperação e renovação de pastagens degradadas .................. 76
PRODUÇÃO DE VOLUMOSOS .................................................. 84
IV 1 - Formação utilização de capineiras ............................................... 84
2 - Utilização da cana-de-açúcar na alimentação de ruminantes ...... 92
3 - Ensilagem .................................................................................... 98
3.1 - Vantagens e desvantagens do processo de ensilagem .............. 98
3.2 - Tipos de silos ............................................................................ 99
3.3 - Forrageiras para ensilagem ....................................................... 102
3.4 - Época de corte para ensilagem ................................................. 105
3.5 - Enchimento do silo ................................................................... 106
3.6 - Compactação ............................................................................ 106
3.7 - Vedação .................................................................................... 108
3.8 - Dimensionamento de um silo ................................................... 110
3.9 - Etapas a serem seguidas na produção de silagem .................... 111
4 - Fenação ........................................................................................ 112
4.1 - Escolha da forrageira para fenação ........................................... 113
4.2 - Corte da Forragem .................................................................... 114
4.3. Secagem ..................................................................................... 117
4.4. Armazenamento ......................................................................... 120
4.5. Quantidade de feno a ser fornecida ............................................ 121
4.6 Perdas na fenação e aspectos de um bom feno ........................... 122
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UNIDADE I - FORRAGICULTURA

1. INTRODUÇÃO

Em um sistema de exploração pecuária com base na utilização de pastagens, a


planta forrageira assume papel primordial, uma vez que tanto a rentabilidade quanto a
sustentabilidade do sistema dependem da escolha correta da forrageira.
O Brasil, pais de dimensão continental, contém uma série de biomas
diferenciados, o que torna imprescindível a existência de grande número de espécies
forrageiras, gramíneas ou leguminosas, para que todos esses ecossistemas sejam
contemplados quando o objetivo for o estabelecimento de pastagens. O grande número
de espécies forrageiras disponíveis aos pecuaristas realça a necessidade e esforços dos
pesquisadores para distinguir suas principais características, bem como aumenta a
responsabilidade dos pecuaristas quanto à sua escolha, já que as opções são diversas.
Estima-se que no Brasil existam cerca de 170 milhões de hectares de
pastagens, sendo 100 milhões de pastagens cultivadas e 70 milhões de pastagens
naturais (IBGE, 2010). A produção nacional de carne e leite é baseada quase que
exclusivamente em pastagens de gramíneas e leguminosas forrageiras. Devido à
importância da pecuária para a economia brasileira, o cultivo de plantas forrageiras
assume papel relevante para a cadeia produtiva de carne e leite.
Assim sendo, a formação de boas pastagens e capineiras assumem real
importância, tornando-se a melhor opção para a alimentação do rebanho nacional, pois,
além de se constituir no alimento mais barato disponível, oferece todos os nutrientes
necessários para um bom desempenho dos animais.
Felizmente, a mentalidade de reservar os piores terrenos para a formação das
pastagens, já está sendo substituída por outra, muito mais atual e tecnificadas, onde a
escolha das glebas e forragens, adubações, combate às pragas e plantas invasoras e,
principalmente, um bom manejo, são práticas que vêm recebendo o devido crédito dos
pecuaristas.
O elevado custo dos insumos modernos, a grande valorização das terras
próximas aos grandes centros, a necessidade de se conseguir altas produtividades a
baixos custos, para que os lucros também sejam maiores, fazem das pastagens um dos
principais elementos de uma pecuária tecnicamente evoluída.
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2. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA

A pecuária brasileira caracteriza-se pela exploração extensiva das pastagens,


com baixos índices zootécnicos e de produtividade, em comparação aos países
exportadores de carne. Entretanto, o Brasil detém o maior rebanho comercial de bovinos
do mundo, com cerca de 160 milhões de cabeças, sendo que 88% da carne bovina
produzida no país tem origem nos rebanhos mantidos exclusivamente em pastos
(ESTANISLAU e CANÇADO JR., 2000).
Portanto, as pastagens são a forma mais econômica e prática de alimentação de
bovinos. Com isso, torna-se prioridade aumentar a utilização das forragens via
otimização do consumo e da disponibilidade de seus nutrientes (Zanine e Macedo Jr.,
2006). Na avaliação da produção animal sob pastejo diversos aspectos são bastante
relevantes, dentre os quais, sobressaem: o desempenho animal, a capacidade de suporte
da pastagem, a produção animal por hectare, a composição botânica da pastagem, bem
como a estabilidade da cobertura vegetal.
A pastagem tem que estar devidamente inserida no sistema de produção como
um dos principais fatores produtivos. Porém um sistema de produção é muito mais
complexo e dinâmico do que se possa parecer, existem diversos fatores fazendo parte
desse sistema que interagem entre si, tais como, solo, planta, clima, animais e o próprio
homem. É normal que mudanças num desses componentes gerem modificações num
outro. Dentro desse contexto que devemos estabelecer sistemas de suprimento de
forragem de modo a tornar a atividade pecuária de corte uma alternativa competitiva e
interessante do ponto de vista econômico (GARCEZ NETO, 2001; ZANINE, 2005).
No entanto, a degradação das pastagens é um dos maiores problemas da
pecuária de corte brasileira, por ser desenvolvida basicamente a pasto, afetando
diretamente a sustentabilidade do sistema produtivo. Considerando-se apenas a fase de
engorda de bovinos, a produtividade de carne de uma pastagem degradada está em torno
de 2 arrobas/ha/ano, enquanto, numa pastagem em bom estado podem-se atingir, em
média, 16 arrobas/ha/ano (Kichel et al., 2000). Há, portanto, necessidade de se evitar a
degradação das pastagens e também intensificar a sua produtividade, a fim de tornar a
pecuária de corte mais rentável e mais competitiva frente a alternativas de uso do solo,
principalmente nas terras mais valorizadas (CORRÊA et al., 2000).
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3. TERMINOLOGIAS UTILIZADAS EM FORRAGICULTURA


Para melhor entender as bases do manejo das pastagens, deve-se visualizar
inicialmente a organização de um perfilho, a unidade estrutural básica de uma pastagem
de gramínea.
Ademais, para um bom entendimento das técnicas e de se manejar animais no
pasto, os termos precisam ser utilizados de modo coerente com o que se desejar
realmente expressar.
- Forragem: Partes aéreas de uma população de plantas herbáceas, que podem servir na
alimentação dos animais em pastejo, ou colhidas e fornecidas.
- Dossel: Porção do pasto acima do solo, apresentando um arranjo espacial apropriado
para a continuidade do seu crescimento ou, pelo menos, para sua perpetuação. Parte
aérea caracterizada pelo arranjo dos seus componentes: perfilhos, folhas, caules e
inflorescência.

- Pasto – Comunidade vegetal, que pode prover alimento para animais em pastejo.
Forrageira que está disponível na pastagem.
- Pastagem – Área de pasto, geralmente circundada por uma cerca e utilizada para a
produção de forragem a ser consumida primariamente pelo animal em pastejo.

- Pastagem para pisoteio – Termo inapropriado, visto que nenhuma pastagem é


implantada ou manejada com o objetivo do pisoteio. O pisoteio é uma conseqüência
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indesejável do fato do animal estar numa dada área em pastejo. Utilizar simplesmente o
termo: pastagem.
- Piquete – Área de pastejo correspondente a uma sub-divisão da pastagem, fechada e
separada de outras áreas.Uma das subdivisões de uma pastagem, quando for o caso.

- Pastejo: Ato de desfolhar a planta enraizada no campo, realizada pelo ruminante. Para
o animal envolve busca, apreensão e ingestão.

- Método de pastejo - É o procedimento de alocação do rebanho na pastagem. Dentro de


um sistema de pastejo podem ser utilizados um ou mais métodos de pastejo. Os métodos
de pastejo mais usuais são: a lotação contínua e a rotativa.
- Lotação contínua – Método de pastejo em que o rebanho tem acesso irrestrito e
ininterrupto a toda à pastagem, durante toda a estação de pastejo, cujo comprimento
deve ser especificado.
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- Lotação rotativa – Método de pastejo que usa períodos recorrentes de descanso e de


pastejo entre dois ou mais piquetes numa pastagem durante a estação de pastejo.

- Capineira – Área cultivada com uma gramínea de alta produção, utilizada


exclusivamente para corte.

- Campo de feno – Área constituída por uma ou mais plantas forrageiras utilizada
exclusivamente para corte e produção de feno.

- Índice de área foliar (IAF) – É o total de área de um lado de todas as lâminas foliares
verdes contidas em 1 m2 de solo (é adimensional).
- Senescência de forragem – É o processo de morte de células, tecidos e órgãos de
plantas forrageiras, ao final da sua vida útil. Nas lâminas foliares, o processo de
senescência inicia-se do ápice em direção à base, pois as células mais velhas são as do
ápice foliar.
- Acúmulo de forragem – É o resultado do balanço entre os processos de produção de
forragem e de senescência de forragem. É o que efetivamente está “disponível” para o
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animal em pastejo, considerando que o material morto ainda na planta (o “feno-em-pé”),


já não tem grande valor nutritivo e é rejeitado pelo animal.
- Pseudocolmo – Feixe concêntrico (“cartucho”) de bainhas foliares que dão
sustentação ao perfilho antes do desenvolvimento do colmo verdadeiro.
- Hastes – Termo genérico utilizado para designar estruturas que dão sustentação ao
perfilho e que apresentam valor forrageiro secundário. Incluem bainhas foliares,
pseudocolmo e colmo.
- Massa de forragem – É o total de forragem, na matéria fresca ou seca, presente acima
do nível do solo ou acima de uma altura pré-determinada.
- Desfolhação – Ao pé-da-letra, seria somente a remoção de tecidos foliares, porém, na
ausência de um termo mais apropriado, tem representado a remoção de uma porção ou
de toda a parte aérea da planta. É um termo genérico que representa tanto o processo de
corte (manual ou mecânico) como o de pastejo (pelo animal).
- Manejo da desfolhação – Conjunto de estratégias adotadas para a remoção de toda ou
parte da forragem produzida, em busca de um objetivo definido em termos do animal,
da planta, solo ou mesmo respostas econômicas.
- Freqüência de desfolhação (corte ou pastejo) – Um dos componentes do manejo da
desfolhação. Refere-se ao intervalo de tempo entre duas desfolhações sucessivas. É
inversamente proporcional ao período de descanso.
- Intensidade de desfolhação (corte ou pastejo) - É a razão entre a massa de forragem
removida e a massa de forragem original (%). Para uma mesma massa de forragem
original, é inversamente proporcional à massa de forragem residual. De modo mais
prático, sem considerar a massa de forragem original, pode ser determinada pela altura
de corte ou pastejo da planta. Quanto mais alto o corte ou pastejo, menor é a quantidade
de forragem removida por unidade de planta, e conseqüentemente menor é a intensidade
(CÂNDIDO, 2010).
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- Rebrotação – Processo de crescimento das plantas após a desfolhação.


- Vigor da rebrotação – Magnitude com que são desencadeados os diversos processos
que redundam no crescimento das plantas após a desfolhação.
- Resíduo de forragem ou forragem residual – É a massa de forragem remanescente
numa dada área, como conseqüência do corte ou do pastejo. É inversamente
proporcional à intensidade de corte ou pastejo (kg/ha).
- Pressão de pastejo - É a relação entre o número de unidades-animal, em termos de
peso vivo ou peso metabólico, em pastejo e a massa seca de forragem da pastagem
(kg PV/kg MS  dia ou kg PV0,75/kg MS  dia). É inversamente relacionada à oferta de
forragem e diretamente relacionada à intensidade de desfolhação.
- Oferta de forragem – É a relação entre a massa seca de forragem por unidade de área
e o número de unidades animal (peso vivo ou peso metabólico) em um dado ponto no
tempo. É uma característica da interface planta-animal (kg de MS/100 kg PV. Também
pode ser expressa em termos de porcentagem). É o inverso da pressão de pastejo.

- Período de pastejo – período em que um rebanho em pastejo ocupa uma área de


pastagem específica. É o termo mais apropriado para manejo sob lotação rotativa com
apenas um grupo de animais.
- Período de permanência – É o período de tempo que um grupo particular de animais
ocupa uma área específica. Apesar de não ser tão apropriado para lotação rotativa, já
que não invoca necessariamente o ato de pastejar, é útil quando do uso de mais de um
grupo de animais, pastejando em sucessão, para caracterizar o período de pastejo de
cada grupo.
- Período de ocupação - É o período de tempo que uma área específica é ocupada por
um ou mais grupos de animais, sucessivamente. Em um sistema de lotação rotativa com
apenas um grupo de animais, o período de permanência é igual ao de ocupação. Com
mais de um grupo, o período de ocupação em cada piquete é a soma dos períodos de
permanência de todos os grupos de animais.
- Período de descanso - É o período de tempo em que não se permite a utilização de
uma área de pastagem, ou seja, permite-se o descanso da área.
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- Ciclo de pastejo – Tempo decorrido entre o início de dois períodos de pastejo


sucessivos em um mesmo piquete, numa pastagem manejada sob lotação rotativa.
- Unidade animal – Uma vaca adulta não lactante, pesando 450 kg e num estado de
mantença, ou seu equivalente, expresso em kg PV0,75.. Sua importância ainda será
comentada.
- Taxa de lotação - É a relação entre o número de animais e a unidade de área utilizada
durante um período especificado de tempo (UA/ha).
- Densidade de lotação ou taxa de lotação instantânea - É a relação entre o número de
animais e a unidade de subdivisão da pastagem sendo utilizada em qualquer instante
(UA/ha  dia). Na lotação contínua, a taxa de lotação e a densidade de lotação são as
mesmas. Na lotação rotativa, quanto maior o número de subdivisões (piquetes), para
uma mesma taxa de lotação, maior é a densidade de lotação.
- Capacidade de suporte - É a taxa de lotação máxima que irá permitir determinado
nível de desempenho animal em um método de pastejo especificado, o qual poderá ser
aplicado durante um período de tempo definido sem causar deterioração do sistema. É
uma característica extremamente dinâmica, variando de estação para estação e de ano
para ano (UA/ha  ano, UA/ha  na estação chuvosa ou UA/ha  na estação seca etc.).
- Super-pastejo - Caracteriza-se pelo pastejo intensivo e freqüente das pastagens,
acarretando danos à vegetação, com possíveis perdas de espécies forrageiras valiosas.
- Sub-pastejo - O pastejo se realiza a uma baixa pressão, o que permite a seleção da
dieta pelo animal e o acúmulo de forragem.

- Forrageira x picadeira – Forrageira é a planta que serve de alimento para o rebanho.


A máquina que utilizamos para picar a planta forrageira é a picadeira, quando compõe-
se apenas de facas.
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- Trituradeira – É a máquina utilizada para o preparo e mistura de ingredientes para


formulação de rações. Compõe-se de facas e martelos. É inadequada para processar
plantas forrageiras, por causar grandes perdas de nutrientes presentes no conteúdo
celular.
- Ensiladeira – Tipo especial de picadeira, utilizada para colheita (quando for o caso),
picagem e enchimento do silo.
- Fenação – Técnica de conservação de forragens que consiste na desidratação rápida e
quase total da planta (em alguns casos, até 95% da água pode ser extraída), sem a perda
de seu valor nutritivo.
- Feno – Qualquer forrageira que tenha sofrido um processo de fenação.
- Ensilagem – Técnica de conservação de forragens por meio de uma fermentação
anaeróbia, ou seja, sem a presença do oxigênio.
- Silagem – Alimento volumoso obtido quando é feita a ensilagem.
- Silo – Local onde é produzida e armazenada a silagem.

4. CLASSIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES FORRAGEIRAS


As espécies forrageiras apresentam características peculiares, que podem ser
agrupadas de acordo com a duração de seu ciclo, família, época de crescimento e hábito
de crescimento.
4.1 Duração do Ciclo
O ciclo diz respeito ao tempo de vida das plantas numa pastagem. Dividi-se em
anuais, são as que duram menos de um ano, e perenes, as que duram vários anos. Esta
classificação é regional, uma mesma espécie pode ser selecionada como anual numa
localidade, e perene em outra.
 Anuais: são plantas que germinam, desenvolvem e reproduzem em menos de
um ano, e priorizam a produção de sementes para atravessam períodos
desfavoráveis. Ocorrem, normalmente, em áreas de campo alteradas por
distúrbios naturais (seca, herbicidas).
 Perenes: são plantas que sobrevivem por vários anos, em geral apresentam um
crescimento inicial mais lento, priorizando a acumulação de reservas.
Geralmente produzem menos sementes que as espécies anuais, e estas são
indispensáveis para a renovação da pastagem em períodos extremamente
desfavoráveis como secas prolongadas.
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4.2 Época de Crescimento


Diz respeito à época em que uma determinada espécie concentra seu
crescimento, distinguem-se dois grupos: de estação fria e de quente. Não existe um
pasto que produza o ano inteiro, sempre há um período em que a produção de massa é
reduzida.
 Estação fria, hibernais de inverno ou temperadas: são espécies que crescem
nos meses mais frios do ano. Germinam ou rebrotam no outono, desenvolvem
durante o inverno, floresce na primavera. Durante o verão, as elevadas
temperaturas aliadas a períodos secos determinam a morte dessas plantas,
quando anuais, ou redução do seu crescimento, quando perenes.
 Estação Quente, Estivas de verão ou tropicais: são espécies que crescem
durante os meses mais quentes do ano, iniciam seus rebrote na primavera,
crescem e frutificam no período verão-outono. Com a chegada do frio podem
morrer (anuais) ou paralisar seu crescimento (perenes).
4.3 Hábito de crescimento
O hábito de crescimento diz respeito à forma que se desenvolve a parte
vegetativa das plantas, e deve ser conhecido para adequação do manejo de pastagem. Os
tipos mais comuns presentes na pastagem são:
 Estolonífero: as espécies de pasto com este hábito de crescimento expandem
seus caules no sentido horizontal, enraizando-se ao solo e suas folhas são
emitidas na vertical. Ao nível do solo existem gemas de renovação protegidas
por folhas mortas. Ex: tifton 85, coast-cross, etc.
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 Rizomatoso: plantas com caule e gemas subterrâneas.

 Cespitoso: plantas que se desenvolvem em forma de touceira e apresentam


pouca expansão lateral. A maioria dos capins e macegas são aqui representados,
normalmente são plantas de qualidade inferior as demais. Ex: mombaça,
tanzânia, capim-elefante, etc.

 Decumbente: plantas com estas características apresentam, numa fase inicial,


crescimento estolonífero e, posteriormente, em competição com outras plantas,
ereta. Ex; brachiaria decumbens, tango, etc.
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5. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DE PLANTAS FORRAGEIRAS

As espécies forrageiras apresentam características peculiares, que podem ser


agrupadas de acordo com a duração de seu ciclo, família, época de crescimento e hábito
de crescimento. As forrageiras que mais contribuem para alimentação do rebanho
pertencem às famílias das Gramíneas e Leguminosas.

5.1 Gramíneas
As gramíneas pertencem ao Reino vegetal, divisão angiospermae, classe
monocotiledoneae e ordem gramínelas. As mesmas estão agrupadas em 600 gêneros e
5000 espécies; 75% das forrageiras são desta família, que constitui no verdadeiro
sustentáculo da sobrevivência universal, onde são incluídas as ervas designadas pelos
nomes de capins e gramas. O porte é muito variável, indo desde as rasteiras (gramas),
passando pelas de porte médios (capins), até as de porte alto (milho, sorgo etc.). São
utilizadas na forma de pastagens, fenos ou silagens. As características morfológicas de
seus órgãos são:
 Raiz: fasciculada (cabeleira) e adventícias;

 Caule: colmo- típico, com nós e entre-nós


o Rizomas: subterrânea, nas perenes
o Estolões: estoloníferas e decumbentes, de comprimento variável;
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 Folhas: séssil, invaginantes, de disposição dística, cuja lígula caracteriza a


espécie. Lâmina comprida, lanceolada, com nervuras paralelinérveas.

 Flores: unissexuadas ou hermafroditas, aclamídeas, superovariadas, com


androceutrímero. Estão dispostos em estruturas características, chamadas
espiguetas.
o Espiguetas: duas brácteas na base (gluma I e gluma II) duas
brácteasrelacionadas diretamente com a flor (lema e pálea) e eixo interno
(ráquila);

 Inflorescência: as espiguetas estão dispostas em panículas, espigas e rácemos;


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 Fruto: tipo cariopse.

 Exemplos: milho, cana, brachiaria, mombaça, andropogon, etc...

5.2 Leguminosas
Reino vegetal, divisão angiospermae, classe dicotiledonea e ordem rosales.
Porte variável, onde as utilizadas como forrageiras são herbáceas, muito ricas em
proteína. As características morfológicas de seus órgãos são:
 Raiz: axial, pivotante (Apresenta nódulos formados através do contato da raiz
com as bactéria do gênero Rhizobium. Todas as espécies da família apresentam
simbiose de suas raízes com bactérias, com as quais fixam o nitrogênio da
atmosfera.

 Caule: variável (herbáceo, arbustivo e arbóreo);


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 Folhas compostas, alternadas e estipuladas (Folíolos, Pecíolo e Estípula);


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 Flores: diclamídeas (cálice e corola)- unicarpelares e multiovuladas;

 Inflorescência: pániculada, rácemo, etc.;


 Fruto: tipo legume (vagem)

 Exemplo: leucena, amendoim forrageiro, stilosantes, etc.


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UNIDADE II – PRINCIPAIS FORRAFEIRAS E LEGUMINOSAS

PRINCIPAIS FORRAGEIRAS
1 - Gênero Brachiaria
Brachiaria brizantha cv. Marandu
 Nome científico: Brachiaria brizantha (A. Rich.) Stapf vr. Marandu.
 Origem: África Tropical e do Sul.
 Ciclo: perene.
 Precipitação pluviométrica requerida: acima de 500 mm/ano.
 Forma de crescimento: touceiras, semi-ereta.
 Altura da planta: crescimento livre até 1,0 a 1,20 m.
 Digestibilidade: satisfatória.
 Palatabilidade: satisfatória.
 Tolerância à seca: média.
 Forma de uso: pastejo e eventualmente, produção de feno.
 Tolerância a insetos: resistente à cigarrinha das pastagens.
 Produção de forragem: 10 a 17 t MS/ha/ano.
 Nível de fertilidade do solo: acima de média fertilidade
 Acidez no solo: tolerante.
 Forma de plantio: sementes.
 Modo de plantio: a lanço.
 Sementes necessárias: 7 a 14 kg/ha.
 Profundidade de plantio: 2 cm.
 Tolerância a solos mal drenados: baixa.
 Tolerância a insetos: resistente á cigarrinha da pastagem
 Tempo para a utilização: 90 a 120 dias após o plantio
 Consorciação: todas as leguminosas
 Adubação: de acordo com as recomendações técnicas determinadas pela análise
de solo
 Altitude: nível do mar até 3.000 m
 Latitude: 30° N e S
 Temperatura ótima: 30 a 35°C
 Dormência da semente: desprezível
 Pureza: mínima 40%
 Germinação: mínima 60%
Composição bromatológica do capim Brachiaria brizantha cv Marandu
Composição bromatológica %
Idade e/ou forma da forragem e digestibilidade
MS PB FB P Ca EE

Até 60 dias de crescimento - jovem 29,5 10,5 28,6 0,38 0,29 1,1

Após florescimento - madura 35,0 6,2 31,0 0,15 0,14 1,5

Feno 88,2 8,8 30.3 0,26 0,18 5,0

Digestibilidade (%) - jovem 66,5 -- -- -- -- --

Digestibilidade (%) - madura 46,0 -- -- -- -- --

Digestibilidade (%) - feno 50,0 -- -- -- -- --


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Figura 1 - B. brizantha cv. Marandú e detalhe das espiguetas e cariopses com glumas e
deglumadas.

Brachiaria brizantha cv. Xaraés


 Nome científico: Brachiaria brizantha Hochst Stapf cv Xaraés.
 Origem: África Equatorial.
 Ciclo vegetativo: Perene.
 Altura da planta: crescimento livre até 1,50 m.
 Forma de crescimento: cespitosa (touceiras).
 Forma de uso: pastejo.
 Digestibilidade: satisfatória.
 Palatabilidade: satisfatória.
 Precipitação pluviométrica requerida: 800 mm/ano.
 Teor de proteína na matéria seca: 13% no verão e 6% no inverno.
 Tolerância a insetos: moderadamente, tolerante à cigarrinha da Pastagem.
 Produção de matéria seca: 23 t MS/ha/ano.
 Fertilidade do solo: alta fertilidade.
 Época de plantio: durante a estação chuvosa.
 Forma de plantio: sementes.
 Modo de plantio: a lanço.
 Sementes necessárias: 8 a 14 kg/ha.
 Tolerância ao frio: alta.
 Tolerância à seca: alta.
 Profundidade de plantio: 2 cm.
 Tempo para a utilização: 90 a 120 dias após o plantio.
 Consorciação: Soja perene, Calopogônio, Estilosante etc.
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 Adubação: de acordo com as recomendações técnicas determinadas pela análise


de solo.
 Dormência da semente: inexistente

Figura 2 - B. brizantha cv. Xaraés: inflorescências, área de pastagem e detalhe das


espiguetas e cariopses com glumas e deglumadas.

Brachiaria humidicola
 Nome científico: Brachiaria humidicola (Rendle) Schweick vr. Lanero (ex
Brachiaria dictyoneura).
 Origem: África Equatorial.
 Ciclo vegetativo: perene.
 Altura da planta: crescimento livre até 1,20 m.
 Forma de crescimento: cespitoso (touceiras).
 Forma de uso: pastejo.
 Digestibilidade: satisfatória.
 Palatabilidade: satisfatória.
 Precipitação pluviométrica requerida: 800 mm/ano.
 Teor de proteína na matéria seca: 12% no verão e 5% no inverno.
 Tolerância a insetos: tolerante à cigarrinha da pastagem.
 Produção de matéria seca: 15 t/ha/ano.
 Número de cromossomos: 2n = 72.
 Dormência: alto índice de dormência, recomendável tratamento.
 Utilização - Própria de pastoreio. Planta perene, permite os primeiros pastejos
de 120 a 150 dias. Suporta alta carga animal.
 A digestibilidade e a palatabilidade está classificada como média a baixa.
 Resistência a seca – Alta.
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 Resistência ao frio – Média.


 Proteína bruta na matéria seca - 3 a 6%.
 Produção de forragem: cerca de 10 ton. MS/ha/ano (aprox. 35 ton. massa
verde/ha/ano).
 Fertilidade do solo: baixa fertilidade.
 Época de plantio: durante a estação chuvosa.
 Forma de plantio: sementes.
 Modo de plantio: a lanço.
 Sementes necessárias: 8 a 14 kg/ha.
 Tolerância ao frio: alta.
 Tolerância à seca: alta.
 Profundidade de plantio: 2 cm.
 Tempo para a utilização: 90 a 120 dias após o plantio.
 Consorciação: Java, Calopogônio, Estilosantes etc.
 Adubação: de acordo com as recomendações técnicas determinadas pela análise
de solo.
 Altitude: 1.000 a 2.000 m.
 Temperatura: 32 a 35°C.
 Latitude: 29° N e S.
 Pureza: mínima 40%.
 Germinação: mínimo 25%.

Figura 3 - B. humidicola e detalhe das espiguetas e cariopses com


glumas e deglumadas.
21

Composição bromatológica e digestibilidade da ms da Brachiaria humidicola


Composição bromatológica %
Idade e/ou forma da forragem e digestibilidade
MS PB FB P Ca EE

Até 60 dias de crescimento - jovem 27,5 8,0 30,6 0,20 0,20 1,0

Após Florescimento - madura 34,0 5,2 33,0 0,13 0,12 1,0

Feno 88,2 5,0 31,0 0,17 0,13 2,0

Digestibilidade (%) - jovem 56,5 -- -- -- -- --

Digestibilidade (%) - madura 40,0 -- -- -- -- --

Digestibilidade (%) - feno 45,0 -- -- -- -- --

2 – Gênero Panicum;
Panicum maximum cv. Tanzânia
 Hábito de Crescimento: cespitoso
 Altura: 1,60 m
 Palatabilidade: excelente
 Capacidade Suporte/Lotação: 2,0 U.A./ha
 Produção de Matéria Seca: 20 a 26 t/ha/ano
 Resistência à Seca: média
 Resistência à Cigarrinha: Superior ao Tobiatã e Colonião
 Proteína Bruta nas Folhas: 12 a 16%
 Porcentagem de Folhas: 80%
 Exigência em Solo: média a alta

Figura 4 - Planta de Panicum maximum cv. Tanzânia em estádio vegetativo.


22

Panicum maximum cv. Mombaça


 Hábito de Crescimento: cespitoso
 Altura: 1,6 a 2,0 m
 Palatabilidade: excelente
 Capacidade Suporte/Lotação: 2,3 U.A./ha
 Produção de Matéria Seca: 20 a 28 t/ha/ano
 Resistência à Seca: média
 Proteína Bruta: 12 a 16%
 Digestibilidade: Excelente
 Percentagem de Folhas: 82%
 Exigência em Solo: média a alta

Figura 5 - Planta de Panicum maximum cv. Mombaça em estádio vegetativo.

Panicum maximum cv. Massai


 Origem: Materiais africanos, selecionados EMBRAPA
 Hábito de Crescimento: cespitoso e semi-prostrado
 Altura: 60 a 80 cm
 Palatabilidade: muito boa
 Capacidade Suporte/Lotação: 2,11 nov/ha na seca e 5,61 nov./ha nas águas e
4,45 nov./ha anual
 Produção de Matéria Seca: 16 t/ha/ano
 Resistência à Seca: muito boa
 Resistência à Cigarrinha: boa
 Digestibilidade: alta - 65 a 70% DIVMS
 Proteína Bruta nas Folhas: 12,5%
 Aceitabilidade: Bovinos, desmama bezerros e Eqüinos
 Exigência em Solo: média a alta
23

Figura 6 - Planta de Panicum maximum cv. Massai em estádio reprodutivo.

Características morfológicas de alguns cultivares de P. maximum


Característica Tanzânia Mombaça Massai
Altura da planta (m) 1,2 1,7 0,6
Largura das folhas (cm) 2,7 3,0 0,9
Manchas roxas nas espiguetas muitas poucas média
Pilosidade nas folhas ausente pouca média
Pilosidade nos colmos ausente ausente média
Cerosidade nos colmos ausente ausente ausente
Tipo de folhas decumbente quebradiça quebradiça

3 - Gênero Pennisetum;
Pennisetum purpureum Capim Elefante
 Hábito de Crescimento: cespitoso
 Utilização: Pastejo, corte e ensilagem
 Capacidade Suporte/Lotação: 4,0 U.A./ha
 Produção de Matéria Seca: 40 t/ha/ano
 Resistência à Seca: boa
 Resistência à Cigarrinha: Suscetível
 Proteína Bruta: 13 %
 Digestibilidade: 60 %
 Exigência em Solo: média a alta
 Plantio: mudas ( 3 a 4 t/ha)
 Cultivares: Napier, Cameroon, Roxo, Guaçu, Mineiro
24

Figura 8 - Diferenças morfológicas entre genótipos de capim-elefante.

4 - Gênero Cynodon spp.;


Cynodon ssp. cv. Coast-cross
 Hábito de Crescimento: estolonífero, rizomatoso
 Palatabilidade: boa
 Utilização: Pastejo e Fenação
 Capacidade Suporte/Lotação: 2,0 U.A./ha
 Produção de Matéria Seca: 15 t/ha/ano
 Resistência à Seca: boa
 Resistência à Cigarrinha: boa
 Proteína Bruta: 12 %
 Digestibilidade: 60 %
 Exigência em Solo: média a alta
 Plantio: mudas (20.000 / ha)

Cynodon ssp. cv. Tifton-85


 Hábito de Crescimento: estolonífero, rizomatoso
 Palatabilidade: Excelente
 Utilização: Pastejo e Fenação
 Capacidade Suporte/Lotação: 2,7 U.A./ha
 Produção de Matéria Seca: 18 t/ha/ano
 Resistência à Seca: Muito boa
 Resistência à Cigarrinha: Moderadamente resistente
 Resistência à Geada: Muito boa
 Proteína Bruta: 15 %
 Exigência em Solo: média a alta
 Plantio: mudas (20.000 / ha)
25

Figura 7 - Planta de Cynodon ssp. cv. tifton – 85 em estádio vegetativo

5 - Andropogon gayanus;
Capim andropogon
 Nome científico: Andropogon gayanus Kunth
 Origem: África Ocidental
 Ciclo vegetativo: perene
 Precipitação pluviométrica requerida: 400 a 1.400mm/ano
 Forma de crescimento: semi-ereta
 Altura da planta: até 2m em crescimento livre
 Digestibilidade: boa quando jovem
 Palatabilidade: boa quando jovem
 Produção de matéria seca: 8 a 14 ton. MS/ha/ano
 Número de cromossomos: 2n = 40 (20, 35, 40, 42, 43, 44)
 Nível de fertilidade do solo: tolera solos pobres e ácidos.
 Forma de plantio: sementes
 Modo de plantio: a lanço
 Formas de uso: pastejo e fenação
 Tolerância à seca: alta
 Tolerância a solos mal drenados: baixa
 Sementes necessárias: 13 a 16kg por hectare
 Profundidade de plantio: 1,0cm
 Consorciação: Stylosanthes e Centrosema pubescens
 Tempo para a utilização: 90 a 120 dias após a germinação
 Adubação: de acordo com as recomendações técnicas determinadas pela análise
de solo
 Altitude: nível do mar até 2.000m.
 Temperatura: ótima 25° C
 Latitude: 20° N e S
 Dormência: a germinação melhora com o tempo de estocagem
 Pureza: mínima 40%
 Germinação: mínima 25%
26

Composição bromatológica do capim andropogon em função da idade


COMPOSIÇÃO BROMATOLÓGICA % DIGESTIBILIDADE %
PERIODO VEGETATIVO E/OU
FORMA DE USO
MS PB FB EE ENN CINZA FB

Quatro semanas 21,0 7,7 21,5 -- -- 9,3 52,3

Seis semanas 19,9 12,9 25,6 -- -- 8,5 ---

Oito semanas 19,9 12,9 25,6 -- -- 8,5 ---

Doze semanas 19,1 12,1 26,5 -- -- 8,5 ---

Dezesseis semanas 30,9 8,4 29,2 -- -- 6,6 41,5

Vinte e quatro semanas 59,4 5,4 29,9 -- -- 5,5 ---

Feno 88,5 6,1 35,1 1,7 49,2 7,9 54,1

Silagem 25 5,8 37,4 1,9 47,5 7,4 63,9

6 - Cenchrus ciliares;
Capim Búffel
 Nome científico: Cenchrus ciliaris (L)
 Ciclo Vegetativo: perene
 Altura da planta: até 1,20 m em crescimento livre
 Forma de crescimento: cespitosa (touceiras)
 Formas de uso: pastejo e fenação
 Digestibilidade: satisfatória
 Palatabilidade: satisfatória
 Teor de proteína na matéria seca: 12% no verão e 6% no inverno.
 Precipitação pluviométrica requerida: 375 a 750 mm/ano.
 Temperatura: ótima para crescimento: 30°C.
 Tolerância a insetos: não tolera a cigarrinha.
 Produção da matéria seca: 10 a 12 t MS/ha/ano.
 Número de cromossomos: 2n = 32, 36, 40, 54.
 Fertilidade do solo: média/alta.
 Forma de plantio: sementes.
 Modo de plantio: a lanço.
 Sementes necessárias: 1 a 4 kg/ha de sementes puras e viáveis.
 Profundidade de plantio: 2 cm
 Tolerância à seca: alta.
 Tolerância ao frio: baixa.
 Tolerância a solos mal drenados: baixa.
 Profundidade de plantio: 2 – 3 cm.
 Tempo para a utilização: 90 a 120 dias após a germinação.
 Consorciação: Stylosanthes.
 Adubação: De acordo com as recomendações técnicas determinadas pela análise
de solo.
 Altitude: nível do mar até 2.000 m
 Dormência da semente: presença de antocianinas e fenóis que afetam sua
germinação.
27

 Pureza: mínima 40%. Germinação: mínima 30%.

Composição bromatológica e digestibilidade da ms do capim búffel


Idade e/ou forma da forragem Composição bromatológica %
e digestibilidade MS PB FB P Ca EE

Até 60 dias de crescimento - jovem 23,0 14,0 21,0 0,16 0,21 1,2

Após florescimento – madura 21,0 9,0 29,2 0,15 0,14 3,5

Feno 89,3 12,0 26,5 0,26 0,18 3,2

Digestibilidade (%) - jovem 45,5 -- -- -- -- --

Digestibilidade (%) – madura 32,8 -- -- -- -- --

Digestibilidade (%) – feno 40,5 -- -- -- -- --

PRINCIPAIS LEGUMINOSAS

Em função da sua capacidade de fixação simbiótica do nitrogênio, as


leguminosas têm a capacidade de aumentar a qualidade e a quantidade de forragem das
pastagens. Este aspecto é especialmente importante em regiões com uma estação seca
demarcada, como ocorre no Estado do Maranhão, por exemplo. Pois, nesse período do
ano a disponibilidade de forragem em pastos de gramíneas puras não atende as
exigências nutricionais de bovinos. Embora essas vantagens sejam de amplo
conhecimento entre técnicos e pecuaristas, o uso de leguminosas forrageiras tropicais na
alimentação do rebanho é insignificante. São diversas as razões para este fato.
Possivelmente, uma das mais importantes seja a repercussão negativa dos insucessos
com o uso de leguminosas ocorrido no início da década de 70. Na época criou-se uma
grande expectativa quanto aos resultados do uso dessa tecnologia, entretanto o uso de
cultivares exótica e não adaptadas ou susceptíveis às doenças, as experiências dos
fazendeiros, em sua maioria, fracassaram.
Neste período diversas leguminosas e tecnologia de implantação foram
diretamente importados da Austrália, e foram implantados em solos ácidos do Brasil em
consorcio com gramíneas extremamente agressivas e que obviamente resultam em
fracassos.
Atualmente, no entanto, existem claros sinais que essa situação esteja
mudando e existe um renovado interesse por leguminosas. O avanço tecnológico da
produção pecuária, a necessidade de redução de custos de produção e principalmente a
busca de fontes baratas de nitrogênio para uso na recuperação de pastagens degradadas
28

têm levado muitos pecuaristas a se interessarem por leguminosas. Esse interesse, no


entanto, deve ser suportado por informações técnicas que forneçam aos produtores uma
visão crítica e realista das vantagens e desvantagens do uso dessas plantas.
Na atualidade diversos gêneros de leguminosas apresentam bom potencial
como Stylosanthes (estilosantes), Leucaena (Leucena), Cajanus (Guandu), Gliricídia, e.
Arachis (amendoim forrageiro).

1 - Estilosantes campo grande;


 Características gerais
O gênero Stylosanthes possui 44 espécies, sendo que 25 ocorrem no Brasil,
principalmente na região do Cerrado. É o gênero com maior número de cultivares dentre
as leguminosas tropicais usadas como pastagens.
A cultivar Campo Grande foi desenvolvida pela Embrapa Gado de Corte, através
de uma mistura de sementes com 80% (em peso) de linhagens de S. capitata tolerantes à
antracnose e 20% de linhagens de S. macrocephala. A cv. Campo Grande originou-se
de plantas sobreviventes de um antigo campo de seleção de acessos de Stylosanthes,
localizado em uma fazenda em Campo Grande, MS, que após o término do
experimento, foi submetido ao manejo normal da fazenda. Após vários anos, as plantas,
selecionadas naturalmente, se apresentaram altamente vigorosas e tolerantes à
antracnose. Posteriormente, foram incorporadas mais linhagens das duas espécies para a
composição da cultivar.
Os teores de proteína bruta na leguminosa variam ao longo do ano de 11,5% a
14,5 % com uma queda no final do período seco, para 5,9%. Esta cultivar se caracteriza
por apresentar alta capacidade de fixação de nitrogênio 180 kg/ha/ano e em
consorciação com B. decumbens, ciclar 130 kg/ha de N em seis meses contra somente
48 kg/ha na braquiária pura e o crescimento de forragem foi 60% a mais na
consorciação na terceira estação de chuvas de pastagem (Miller & Grof, 1997).
29

Figura 1 - Stylosanthes capitata Vog., componente do cultivar Campo Grande. Planta


em fase vegetativa (A) e detalhe das inflorescências (B).
Fotos: A - Celso Dornelas Fernandes; B - Cláudio T. Karia.

 Estabelecimento
Pastagens de estilosantes são estabelecidas através de pequenas sementes e o
aspecto mais importante para garantir um bom estabelecimento é a realização de
semeadura superficial, evitando solos muito trabalhados e fofos. A profundidade de
semeadura máxima é de 2 cm e é importante a prática da compactação do solo após a
semeadura. A taxa de semeadura para estilosantes Campo Grande é de 2 a 2,5 kg/ha na
formação de novas pastagens e 2,5 a 3,0 kg na recuperação de pastagens.
O estilosantes tem boa associação com rizóbios nativos e, portanto não é
necessária a inoculação.

 Manejo
A formação de pastagens consorciadas foi a principal forma de utilização dessa
leguminosa no Brasil e na América Latina. A manutenção do balanço adequado entre
leguminosas e gramíneas na pastagem depende do tipo de mecanismo de persistência
apresentado pela leguminosa e da capacidade competitiva da gramínea associada e, em
função dessas duas características, do manejo adotado.
Os principais mecanismos de persistência sob pastejo em Stylosanthes são a
ressemeadura natural e sobrevivência de plantas. Na Embrapa Cerrados os sistemas de
manejo que propiciaram melhor persistência da leguminosa e os melhores ganhos de
peso em uma pastagem de Andropogon gayanus cv. Planaltina consorciada com mistura
de estilosantes, foram o contínuo, rotativo com 7 dias de pastejo por 21 dias de
descanso, e alternado com manejo flexível (variando de 21 por 21 dias a 7 por 21 dias)
30

(Leite et al., 1992). Com estas estratégias de manejo, foi possível manter uma
porcentagem de leguminosa entre 20 e 50%.
O banco de proteína é uma área com leguminosa pura, usada para pastejo
durante a estação seca objetivando a suplementação de animais em pastagens de
gramíneas pura ou em pastagens nativas. A área com banco de proteína de estilosantes
deverá ser de 30% da área total do pasto.
Entre as diversas técnicas de recuperação das pastagens degradadas, a
recuperação direta com a reposição de nutrientes, principalmente fósforo, na forma de
adubo químicos associada à introdução de uma leguminosa, para fornecimento de
nitrogênio biológico ao sistema, é a mais barata e, por isso, a que teria condições de ser
mais facilmente adotada pela maioria dos produtores. Por suas características de
resistência à seca, adaptação a solos de baixa fertilidade e capacidade de associação com
rizóbios nativos.
Da maneira simplificada, a técnica de recuperação usando estilosantes envolve a
distribuição do adubo fosfatado, seguida de uma gradagem para incorporação do adubo,
rompimento das camadas de solo compactadas, redução da competição inicial da
gramínea estabelecida para permitir o desenvolvimento das plantas de leguminosas.

2 - Leucena;
 Características gerais
O gênero Leucaena pertence à família Leguminosae, subfamília Mimosoideae, tribo
Minoseae, e foi estabelecido por Benthan em 1842. A espécie mais utilizada em
sistemas agrícolas é a L. Leucocephala. Essa espécie é dividida em três espécies:
leucocephala, glabrata e ixtahuacana, sendo a mais difundida a L. leucocephala subsp.
glabrata.
A L. leucocephala é utilizada em todo mundo na alimentação animal. Adubação
verde e como fonte de madeira para confecção de postes e para lenha. A espécie é
tetraplóide (2n = 104), autocompatível, apresentando porte arbóreo, com altura variando
de 3 a 20 metros, e grandes produções de madeira, forragem e sementes. As flores
formam inflorescências brancas, globosas, que resultam em cachos de vagens. As
sementes, que são elípticas, marrons e se abrem longitudinalmente lançando as
sementes, que são elípticas, marrons e apresentam um revestimento impermeável que
impede a embebição, conferindo a chamada “dormência exógena” ou “dureza da
semente”. Possui excelente capacidade de rebrote e a forragem produzida é de alta
qualidade, apresentando teores de proteína bruta nas folhas ao redor de 24%. Por outro
31

lado essa espécie apresenta algumas limitações como: pouca tolerância à geada e à seca,
pouco crescimento em solos ácidos, pouca durabilidade da madeira, presença de fatores
de anti-qualidade para o consumo animal (minosina) e em locais com solos de boa
fertilidade, a planta pode se tornar uma praga, pois possui alta capacidade de produção
de sementes, que além disso, possuem dormência.

Figura 2 - Leucaena híbrida em consórcio com B. brizantha cv. Marandu na estação


chuvosa (pré e pós-pastejo) e na estação seca (pré-pastejo), em Planaltina-
DF.

No Brasil o genótipo mais plantado é a cultivar australiana Cunnungham. Essa


cultivar é altamente produtiva em solos de boa fertilidade, tem porte baixo, com alta
capacidade de ramificar-se, não cresce em solos pobres, com alto teor de alumínio e
baixos teores de cálcio.

 Estabelecimento
Recomenda-se o plantio no início da estação chuvosa, atrasos no plantio levam a
má formação da leguminosa e impedem a sua utilização no primeiro ano.
A quantidade de sementes recomendada é de 4 kg de sementes viáveis por
hectare. As sementes devem ser escarificadas antes do plantio. Esse procedimento pode
32

ser feito da seguinte forma: A semente pode ser colocada em água quente (80ºC) por
dois minutos. Após o tratamento, as sementes devem ser secas à sombra e inoculadas
com rizóbios (estirpes DF – 10 e DF – 15).
O plantio de leucena em áreas cultivadas anualmente com grãos pode minimizar
o problema com formigas e cupins, já que o revolvimento anual do solo diminui a
população desses insetos. Um preparo profundo é recomendado, principalmente em
terrenos com pastagens degradadas, com grande população de cupins e formigas.
Nessas áreas recomenda-se também o controle desses insetos durante as estações de
chuva e de seca anteriores ao plantio.

 Manejo
A semeadura feita em conjunto com cultura anual é desejada, pois aumenta a
eficiência de uso da área e gera renda adicional durante o período de implantação da
eficiência de uso da área e gera renda adicional durante o período de implantação da
área de leucena. Zoby (1990) recomendam o plantio simultâneo com arroz para a
formação de banco de proteína. O espaçamento entre as linhas de leucena deve ser de 2
m e nas entrelinhas das leguminosas devem ser semeadas três linhas de arroz espaçadas
de 0,5 m. A densidade de plantio de leucena deve ser de 10 a 14 sementes por metro (4
kg/ha) e de arroz de 60 sementes por metro (30 kg/ha). Nesse caso, a produção do arroz
não é o plantio em faixas de duas linhas de leucena, espaçadas de 1 m e com um
espaçamento de 4 a 5 m entre as faixas, dependendo da cultura a ser implantada entre as
faixas e da maquinaria disponível. Na Embrapa Cerrados, adotou-se um sistema onde no
primeiro ano foi plantada soja entre as faixas de leucena. No segundo ano, nas entre
faixas onde estava a soja, foi feita a semeadura de milheto com B. brizantha cv.
Marandu para a formação da pastagem consorciada.
Lourenço (1991) estudou o ganho de peso de animais mantidos em pastagens de
colonião mais banco de proteína de leucena. Os animais com livre acesso ao banco de
proteína de leucena apresentaram no 1º ano ganho de peso vivo de 601g/animais/dia, no
2º ano de 562 g/animais/dia e 3º ano de 390 g/animais/dia.

3 - Feijão guandu (Cajanus cajan);


 Características gerais
O guandu é uma leguminosa tropical arbustiva de origem africana, anual a bianual,
adaptada a ampla faixa de condições de solo, principalmente a solos profundos, apenas
33

não tolera solos alagados. Apresenta bom desenvolvimento em condições de clima


quente e úmido, com temperatura entre 20 e 40ºC. É cultivada desde a região tropical
até a sub-tropical, sob condição de precipitação que vão de 500 mm até 1.500 mm/ano.
É tolerante à seca, pois apresenta sistema radicular profundo, embora possa perder as
folhas nestas condições.
É utilizada para pastejo direto no período seco, para a produção de feno e
silagem e para a formação de bancos de proteínas para suplementar pastagens durante o
período seco. Têm sido recomendada para a rotação de culturas ou para recuperação de
pastagens de gramíneas degradadas. Sua capacidade de fixação de N esta entre 90 e 150
kg de N/ha/ano (Franco, 1978).
Apresenta boa produção de semente (aproximadamente 1.5000 kg/ha), o que
proporciona condições de fácil propagação, sendo de estabelecimento rápido. A
produção de matéria seca é alta no primeiro ano, porém no segundo ano ocorre
expressiva redução no estande de plantas, diminuindo a produção. Outro aspecto
agronômico para sua utilização é a alta porcentagem de material lenhoso que não é
consumido pelos animais, que pode atingir 50% (Lourenço, 1993).

Figura 3 - Plantas de Cajanus cajan (guandu) em estádio vegetativo.

 Estabelecimento
O guandu se desenvolve melhor em solos bem preparados, através de aração
profunda e controle de invasoras. Cresce em solos com pH entre 5 e 8, mas apresenta
34

melhor desempenho em solos aproximadamente neutros. O calcário necessário para a


correção do solo pode ser calculado a partir de análise de solo, multiplicando o valor do
alumínio por dois. O resultado da multiplicação é obtido em toneladas de calcário por
hectares e visa elevar o pH para próximo de 6. A distribuição do calcário deverá ser
efetuada dois a três meses antes do plantio, devendo ser incorporado por aração
profunda.
O P é um elemento crítico para a nutrição das leguminosas e as produções de
sementes, obtendo-se resposta positiva com sua aplicação. A distribuição do
superfosfato com micronutrientes poderá ser efetuada por ocasião da semeadura.
O S é essencial para a formação de proteínas e normalmente apresenta níveis
insuficientes em solos arenosos. Com o emprego de superfosfato simples sua deficiência
é corrigida, pois este adubo possui 12% de S em sua formulação. Outros nutrientes,
como Zn e Cu, são deficientes em solos arenosos e necessitam ser adicionados. O
molibdênio é um micronutriente essencial para a bactéria fixadora de nitrogênio e, em
solos com deficiência ocorre a formação de nódulos que não são efetivos na fixação de
nitrogênio. Na Tabela 1 são feitas recomendações de adubação de acordo com o tipo de
solo para assegurar boa produção de forragem de guandu (Seiffert, 1988).
Tabela 1 – Recomendações gerais para adubação de guandu cultivado em solos pobres
(Seiffert, 1988).
Tipo de solo/textura (kg/ha)
Nutrientes Adubos
Arenosa Média Argilosa
Ca e Mg Calcário
500 2.000 4.000
dolomítico
PeS Superfosfato
200 300 550
simples
Mo, Cu, Zn FTE Br 16 40 40 40

 Manejo
Para a implantação de banco de proteína, a semeadura deve ser feita em linhas,
para permitir o cultivo e facilitar a colheita mecanizada. As linhas podem ser espaçadas
de 2 m com seis sementes por metro linear, emprega-se 4,5 kg/ha de sementes (70%
valor cultural). Para silagem recomenda o espaçamento de 35 cm entre linhas, com 12
kg/ha de sementes.
Para utilização do guandu na renovação de pastagem, deve-se utilizar
semeadoras que sulcam o terreno. Recomenda-se em pastagens de pangola o
espaçamento de 2 m entre sulcos.
35

Para corte, são usados espaçamentos que não ultrapassam 1m entre linhas e uma
cova a cada 20 cm na linha. Uma vez estabelecido, o guandu pode persistir na lavoura
por 2 a 3 anos, dependendo do sistema utilizado adotado pelo produtor. Recomendam-se
cortes a cada 90 dias, a uma altura de 60 cm do nível do solo.
O plantio do guandu em faixas em pastagens como gramíneas possibilita
oferecer forragem suplementar para o gado, ao mesmo tempo em que promove o
melhoramento do solo com a leguminosa. Neste sistema, são arados e gradeadas faixas
dentro da pastagem, por exemplo, 5 m de largura, com plantio de linhas de guandu
espaçadas de 1 m entre linhas. Estas faixas poderão ser mantidas separadas por uma
faixa de 20 m de largura, ocupada com a gramínea pré-existente (Seiffert, 1988).
A profundidade de semeadura pode variar de 2,5 a 10 cm e deverá efetuar o
plantio na primavera ou início do verão. A semente não necessita ser escarificadas, nem
inoculadas, a não ser em regiões novas ou em solos pobres. O inoculante comercial
indicado para o guandu é o do grupo I (Cowpea), sendo empregado na proporção de um
pacote de 200 g para 50 kg de sementes (Seiffert, 1988).
O guandu deve ser semeado na primavera ou início do verão. A quantidade de
sementes a ser empregada depende da variedade utilizada, da porcentagem de
germinação do lote de sementes e do espaçamento empregado.
As produções de matéria seca variam em torno de 4,5 t MS/ha/ano e entre 600
kg de PB/ha/ano. Ocorre redução significativa no estande de plantas no segundo ano,
após ter sido formado. Os teores de PB oscilam entre 13% e 20%.

4 - Gliricídia;
 Características gerais – Gliricidia
O nome científico é em referência ao pó da casca e das sementes usado como
veneno para ratos nas regiões tropicais. Espécie tipo G. sepium.
Há cerca de 6 a 9 espécies de Gliricídias conhecidas, selvagens e cultivadas,
compreendendo arbustos e pequenas árvores. A espécie-tipo pode chegar a 12 m de
altura. A inflorescência é do tipo racemosa, muito vistosa, usualmente rósea,
aparecendo no início da primavera, antes da brotação das folhas, conferindo às árvores
certa semelhança com os pessegueiros em flor e tornando-as bastante atraentes.
As Gliricídias são nativas das regiões tropicais da América Central onde são
comuns nas encostas e matas e em áreas montanhosas até a altitude de 1.500 a 2.000 m.
São bastante tolerantes a estiagem, mas não toleram geadas. As espécies se propagam
36

facilmente por sementes ou por meio de estacas. As plantas apresentam excelente


capacidade de rebrota mesmo quando severamente podadas.
O uso mais conhecido das gliricídias é no sombreamento das culturas de café e
cacau e como suporte nas plantações de baunilha (planta epífita). As gliricídias são
usadas como cerca - viva, quebra-vento e mourão vivo, além de serem consideradas
excelentes como plantas melíferas.
Uma boa opção em termos de leguminosa arbórea fixadora de nitrogênio para
constituição de sistemas de integração Lavoura/Pecuária/Floresta (ILPF) no Nordeste
brasileiro é a gliricídia (Gliricidia sepium).
A queda da folhagem, que ocorre na época seca e da abundante floração,
promove anualmente, a incorporação ao solo sob as copas, de cerca de 60 a 70 kg de
matéria orgânica rica em nitrogênio. As folhas têm odor adocicado devido à ocorrência
de cumarina (substância aromática encontrada em alguns condimentos). São usadas
como forragem para bovinos, suínos, ovinos e caprinos mas têm a reputação de serem
venenosas para cavalos. Têm alto teor de proteína (15 a 30%). As flores são comestíveis
e contém cerca de 3% de nitrogênio. São usadas na alimentação humana, principalmente
na forma de fritada. A madeira é densa e bastante durável. É usada principalmente na
confecção de implementos agrícolas e moirões. As gliricídias podem ser exploradas
como lenha. Os ramos apresentam um poder calorífero bastante alto (4.900 kcal/kg). O
uso potencial das espécies deste gênero inclui o controle de erosão em encostas e
revegetação de solos degradados.
37

Figura 4. Legumineira de gliricídia sob coqueiral.

 Estabelecimento
- Arar e gradear o terreno no começo das chuvas.
- Abrir sulcos rasos (5 cm) afastados em 1 metro.
- Preparar misturas de adubos com a seguinte composição para cada 100 kg1:
78 kg de esterco de curral.
16 kg de superfosfato simples.
6 kg de cloreto de potássio.
- Distribuir a mistura de adubos no fundo dos sulcos na quantidade de 1,5 kg para
cada 10 m de sulco. Isto pode ser feito com facilidade pesando-se 1,5 kg da mistura,
colocando em uma garrafa pet que deve ser cortada na linha correspondente ao nível
em que se encontra esta quantidade da mistura. Estará feita assim uma medida para
cada 10 m de sulco. Não é necessário um rigor muito grande na distribuição. Os 10
m ao longo do sulco podem ser convertidos em 10 passos largos de uma pessoa.
- Colocar dentro dos sulcos duas sementes a cada 50 cm. Cobrir com um pouco de
terra.
- No caso de sementes de gliricídia não há necessidade de quebra de dormência. As
sementes devem ser plantadas sem nenhum tratamento.
- Dependendo da facilidade na obtenção de sementes ou no preparo de solo, o plantio
poderá também ser efetuado através de mudas, usando-se o mesmo espaçamento
38

recomendado para o plantio por sementes, distribuindo-se as mudas ao longo dos


sulcos, colocando solo para cobrir as raízes e dar sustentação às plantas.

 Manejo
- Começar as colheitas pelo menos 1 ano após o plantio, colhendo-se folhas e ramos
tenros acima de 50 cm do solo. Os galhos mais grossos devem ser cortados e
deixados na superfície do solo para reciclagem do material.
- Realizar colheitas a cada 75 a 90 dias na estação chuvosa e a cada 110 a 120 dias na
estação seca. Se irrigada a legumineira pode ser colhida na estação seca com a
mesma freqüência da estação chuvosa ou até com maior assiduidade, dependendo do
seu desenvolvimento.
- Aplicar todos os anos ao longo das filas de plantas, metade da adubação em
cobertura utilizada no plantio, mas sem o uso do esterco.
- A forragem colhida pode ser oferecida aos animais na forma in natura, fenada ou
ensilada.

5 - Amendoim forrageiro.
 Características gerais – Arachis pintoi
O amendoim forrageiro (A. pintoi cv. Belmonte) é uma leguminosa herbácea
perene, com 20 a 60 cm de altura. O hábito de crescimento rasteiro faz com que esta
leguminosa produza uma camada densa de estolões com entrenós curtos e os pontos de
crescimento bem protegidos do pastejo. Entretanto, em pastagens consorciadas, o
amendoim forrageiro eleva suas folhas em longos pecíolos, permitindo a competição
com gramíneas dos gêneros Brachiaria e Cynodon, ficando os entrenós e pontos de
crescimento expostos ao pastejo pelos animais (Argel & Pizarro, 1992; Barcellos et al.,
2000).
Os estolões se fixam ao solo por meio de raízes abundantes que ocorrem nos
nós. Esta espécie possui sistema radicular pivotante e 82% das raízes são encontradas
até a profundidade de 80 cm do solo. Entretanto, podem-se encontrá-las até 1,8 m de
profundidade. Aos 18 meses após o plantio, a massa de raízes até 30 cm de
profundidade é superior a 10 t/ha (Argel & Pizarro, 1992; Barcellos et al., 2000).
As folhas são alternas, com dois pares de folíolos ovalados, glabros, mas com pêlos
sedosos nas margens (Fig. 1). O caule é ramificado, cilíndrico, ligeiramente achatado,
39

com entrenós curtos e estolões que podem chegar a 1,5 m de comprimento (Argel &
Pizarro, 1992).

Figura 5 – Folhas e flores do amendoim forrageiro (A. pintoi cv. Belmonte). Rio
Branco, AC, 2001.

 Estabelecimento
A taxa de semeadura a ser usada depende da rapidez com o que o produtor
deseja ter a pastagem formada, do nível de infestação com ervas daninhas da área, do
tipo de solo e do grau de preparo do solo.
O estabelecimento também pode ser feito por pedaços de estolões, (com no
mínimo 2 meses de idade) contendo 3 a 5 entrenós (20 a 30 cm de comprimento).
A adubação de estabelecimento deve seguir recomendações de Vilela et al.
(1998) e é baseada nos teores dos nutrientes presentes no solo e na textura indicados por
análises química e física do solo.
O manejo de pastagens consorciadas geralmente visa dar melhor condição de
estabelecimento à leguminosa em relação à gramínea. Zimmer et al. (1994)
recomendam a redução na taxa de plantio da gramínea em 30% a 40%. Adubação
estratégica para a leguminosa e o plantio em faixas alternadas, ou ainda, o plantio
defasado do capim em relação à leguminosa também têm proporcionado bons resultados
no estabelecimento de pastagens consorciadas.
O A. pintoi se caracteriza por uma alta produção de matéria seca. Avaliações de
diversos acessos feitas durante dois anos na Embrapa Cerrados mostraram produções
variando entre 5 a 13 t/ha no primeiro ano e de 3 a 11 t/ha no segundo ano. A produção
acumulada nos dois anos variou entre 9 e 24 t/ha para os diversos acessos avaliados
(Pizarro & Rincón, 1994).
A persistência sob pastejo é uma das principais características de A. pintoi. Esta
persistência é garantida pela grande quantidade de sementes que permanecem viáveis no
40

solo (banco de sementes) e pelo crescimento estolonífero com enraizamento nos nós,
que proporciona proteção aos pontos de crescimento contra o pastejo e pisoteio pelo
gado. Em pastagens de A. pintoi cv. Amarilho consorciado com B. humidicola ou com
B. dictyoneura com dois anos de idade, a densidade de sementes presentes no solo era
de aproximadamente 650 sementes/m².

 Manejo
Entre os fatores de manejo, a pressão de pastejo é o que mais influi na
persistência da leguminosa. Nas condições de clima e solo, recomendam-se períodos de
descanso: 1) entre 20 e 25 dias no período chuvoso e 25 e 30 dias no período seco, para
pastagens consorciadas com as gramíneas B. humidicola e Estrela Africana Roxa; e 2)
entre 28 e 35 dias para pastagens consorciadas com B. brizantha, B. decumbens e
Massai (P. maximum) no período chuvoso e seco.
Estudos desenvolvidos sob pastejo demonstram que o Arachis pintoi cv.
Belmonte mostrou-se persistente, mesmo quando submetido a taxas de lotação de 4
novilhos/ha, após mais de três anos de avaliações. A proporção de leguminosa no pasto
ao final do experimento foi sempre superior à proporção inicial.
Segundo Ibrahim (dados não publicados), citado por Argel (1994), A. pintoi Ciat
17434 persistiu por mais de quatro anos quando consorciado com Brachiaria brizantha
em um sistema de pastejo rotacionado com 5 dias de pastejo e 30 de descanso, com
taxas de lotação entre 1,75 e 3,0 UA/ha. A leguminosa estabilizou-se com 22% na
pastagem, com baixa ocorrência de plantas invasoras.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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KERRIDGE, P. C.; HARDY, B. eds. Biology and Agronomy of Forage Arachis. Cali,
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Pastures for the tropical lowlands: CIAT’s contribution. Cali, CIAT, 1992, Chapter
5, p. 57 – 73.
CARVALHO FILHO, O. M. de; DRUMOND, M. A.; LANGUIDEY, P. H. Gliricidia
sepium: leguminosa promissora para regiões semi-áridas. Petrolina:
EMBRAPACPATSA, 1997. 17 p. il. (EMBRAPA-CPATSA. Circular Técnica, 35).
FONSECA, D. M. da; MARTUCELLO, J. A. Plantas Forrageiras. Viçosa, MG: ED.
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food prodution. In: DOBEREINER, J. et al. Limitations and potentials for biological
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41

LOURENÇO, A. J. Leguminosas tropicais como banco de proteína em pastagens:


efeitos no solo, na dieta e no ganho de peso de bovinos. ESALQ/USP, 1991. 171. Tese
de doutorado.
LOURENÇO, A. J. Produção animal com leguminosas arbóreas/arbustivas. In: Anais
do Simpósio sobre usos múltiplos de leguminosas arbustivas e arbóreas. P. 131-146,
1993.
MILLER, J. F.; GROF, B. Recent advances in studies of anthracnose of Stylosanthes.
Tropical Grasslands, v. 31, p. 28-62. 1995.
PIZARRO, E. A.; RINCÓN, A. Regional experiences with forage Arachis in South
America. In: KERRIDGE, P. C.; HARDY, B. eds. Biology and Agronomy of Forage
Arachis. Cali, CIAT, 1994. Chapter 13, p. 144-157.
SEIFERT, N. F. Manejo de leguminosas forrageiras arbustivas de clima tropical. In:
PEIXOTO, A, M.; MOURA, J. C.; FARIA, V. P. eds. Anais do 9 Simpósio sobre
Manejo da Pastagem. P. 285-314, 1988.
VILELA, L.; SOARES, W. V.; SOUSA, D. M. G. de; MACEDO, M. C. M. Calagem e
adubação para pastagens na região do Cerrado. Planaltina. Embrapa Cerrados, 1998.
ZIMMER. A. H.; MACEDO, M. C. M.; BARCELLOS, A. O.; KICHEL. A. N. 1994.
Estabelecimento e recuperação de pastagens de Brachiaria. In: Anais do 110 Simpósio
Sobre Manejo da Pastagem. FEALQ. Piracicaba, SP. p. 153-208.
ZOBY, J. L.; KORNELIUS, E. Sistema integrado de utilização de pastagem nativa de
Cerrado sob diferentes cargas, complementada com banco de proteína na recria de
fêmeas. In: Relatório Técnico Anual do Centro de Pesquisa Agropecuária dos
Cerrados. p. 297-300. 1994.
42

UNIDADE III - FORMAÇÃO, MANEJO, RECUPERAÇÃO E RENOVAÇÃO DE


PASTAGENS

I - FORMAÇÃO DE PASTAGENS

1. INTRODUÇÃO
As pastagens tropicais representam o principal recurso forrageiro na produção
animal em todo o mundo, cerca de 50% de toda produção de carne e leite é proveniente
de ambientes pastoris. No Brasil, pelo último senso do IBGE, são mais de 172 milhões
de hectares, ocupando 20% do território nacional e 80% da área agricultável. Ao mesmo
tempo em que as pastagens representam uma importante fonte de alimentação, a
realidade das áreas de pastagem é preocupante. Estima-se que metade dessas áreas
encontra-se em algum estágio de degradação. Essa degradação está associada entre
outras coisas ao uso de monoculturas e escolha inadequada da espécie forrageira
associada ao manejo inadequado e superpastejo.
Um bom processo de formação de pastagem traz como conseqüências a melhoria
das propriedades físicas do solo, pela contribuição do sistema radicular que melhora a
aeração e enriquece o solo com matéria orgânica; minimização do aquecimento global
pelo seqüestro de carbono no solo; fornece ambiente agradável para os animais quando
arborizada, fonte barata de alimentação para os rebanhos a maior parte do ano.
O processo de formação de uma pastagem nos dias atuais deve ter como
principal objetivo a manutenção da sustentabilidade do ecossistema pastoril, garantindo
assim a produtividade do pasto por tempo indeterminado. Para isso, a escolha da
espécie forrageira, o preparo do solo, método de semeadura, além dos tratos culturais
devem ser baseados nas condições bióticas e abióticas do local e do sistema de produção
onde o pasto será implantado.

2. CRITÉRIOS PARA A FORMAÇÃO E MANUTENÇAO DE ÁREAS DE


PASTO
2.1 Escolha da área
É importante observar alguns parâmetros para escolha do local para
implantação de um sistema de pastejo. Dar preferência a terrenos regulares de
preferência já desmatados, com solos fisicamente bons e com boa fertilidade; área plana
ou levemente ondulada; acesso fácil a máquinas, energia elétrica e água; próximo ao
centro de manejo, casa do morador e mercados consumidores.
43

2.2 Escolha da Espécie Forrageira


É bastante comum nos dias atuais observar canais de televisão vendendo para o
Brasil inteiro uma série de espécies forrageiras, que assim como eletrodomésticos,
prometem revolucionar a vida de quem as adquire. No entanto, precisa-se ter cautela e
levar em conta critérios de natureza técnica para escolher a espécie mais adequada ao
seu sistema de produção e não a mais produtiva ou a que tenha o maior teor de
proteína bruta.

O histórico da área é um fator que deve ser considerado. Uma vez que se
houver grande banco de semente de outras espécies, faz-se necessária
intervenção mais severa, com uso de maquinário mais pesado ou até controle
químico. Sob pena de que não realizar estas práticas pode levar a má formação
e até mesmo degradação da área cultivada.

Fatores como clima e solo são fundamentais para a escolha da forrageira.

De acordo com o IPCC, que é o painel internacional de mudanças climáticas,


define-se clima como sendo num sentido restrito, o 'tempo meteorológico médio', ou
mais precisamente, como a descrição estatística de quantidades relevantes de mudanças
do tempo meteorológico num período de tempo, que vai de meses a milhões de anos. O
período clássico é de 30 anos, definido pela Organização Mundial de Meteorologia
(OMM). Essas quantidades são geralmente variações de superfície como temperatura,
precipitação e vento. O clima num sentido mais amplo é o estado, incluindo as
descrições estatísticas do sistema global.
Das variáveis climáticas, a temperatura e precipitação são os fatores de maior
impacto sobre o crescimento de plantas no planeta, sendo que a radiação solar também
influi conjuntamente com as variáveis acima mencionadas.
A grande maioria das gramíneas tropicais só irá apresentar crescimento se a
temperatura média for superior a 17oC. Para a grande maioria dos produtores da região
Nordeste do Brasil, a temperatura não é um fator limitante para o crescimento de seus
pastos, uma vez que a temperatura média da região gira em torno dos 30oC. O outro
fator climático é a água. Na região Nordeste pode-se atribuir a falta de água como
principal responsável pela estacionalidade na produção de forragem. Em locais onde é
possível fazer uso da irrigação, pode-se contornar esse limitante e manter constantes as
produções ao longo do ano.
44

Também devemos levar em consideração a declividade do terreno para tal


escolha, onde gramíneas como o Tifton-85 e Coast cross são recomendadas para áreas
de maior declividade (devido ao hábito de crescimento estolonífero, “enramar”) e
Tanzânia, Massai, e Aruana para área de menor declividade. Segue abaixo a tolerância a
seca (Tabela 1) exigência a fertilidade (Tabela 2) e atributos físicos (Quadro 1) de
algumas gramíneas.

Tabela 2. Classificação de plantas forrageiras por exigência em fertilidade do solo.


Baixa Média Alta
Capim-andropogon Capim-rhodes Capim-elefante
(Andropogon gayanus) (Chloris gayana) (Pennisetum purpureum)
Capim-buffel Capim-massai Capim-aruaua
(Cenchrus ciliaris) (P. maximum x (Panicum maximum cv
P.infestum) Aruana)
Capim-corrente Capim-gramão Capim-tanzânia
(Urochloa mocambicensis) (Cynodon (Panicum maximum cv
dactilon) Tanzânia)
Capim-marandu Capim-Tifton 85
(Brachiaria brizantha cv Marandu) (Cynodon spp.)
Capim-piatã
(Brachiaria brizantha cv Piatã)
Capim-xaraés
(Brachiaria brizantha cv Xaraés)
Fonte: Cavalcante e Reis (2010).

Quadro 1 – Grau de tolerância de plantas forrageiras para atributos físicos do solo


Planta Textura Profundidade Encharcamento
Forrageira Argilosa Média Arenosa Raso Médio Profun Boa Média Baixa
Capim- X X X
andropogon
Capim- X X X
buffel
Capim- X X X
corrente
Capim- X X X
tanzânia
Capim- X X X
mombaça
Capim- X X X
massai
Capim- X X X
elefante
Capim- X X X
tifton
Fonte: adaptado de Evangelista e Lima (2002)
45

Tabela 2. Classificação de plantas forrageiras por tolerância a seca.


Alta Média Baixa
(300-450mm) (500-700mm) (acima de 700mm)
Capim-andropogon Capim-rhodes Capim-marandu
(Andropogon gayanus) (Chloris gayana) (Brachiaria brizantha cv Marandu)
Capim-buffel Capim-massai Capim-piatã
(Cenchrus ciliaris) (P. maximum x (Brachiaria brizantha cv Piatã)
P.infestum)
Capim-corrente Capim-tanzânia Capim-xaraés
(Urochloa mocambicensis) (Panicum maximum cv (Brachiaria brizantha cv Xaraés)
Tanzânia)
Capim-gramão Capim-mombaça Capim-aruaua
(Cynodon dactilon) (Panicum maximum cv (Panicum maximum cv Aruana)
Mombaça)
Fonte: Cavalcante e Reis (2010).

2.3 Preparo da área


O preparo da área tem como principais finalidades o controle de plantas invasoras, a
homogeneização da superfície e a eliminação de qualquer irregularidade no terreno,
onde, posteriormente, poderá haver acúmulo de água em demasia ou até mesmo a
ocorrência de erosão.
O método mais comum de preparo de área é utilizando a aração com arado de disco
ou tipo aiveca e, posteriormente, a passagem de grade niveladora por duas ou mais
vezes, dependendo da condição de compactação do solo e presença de invasoras. Neste
método de preparo deve-se ter cuidado para que o solo não fique muito pulverizado
(“fofo”), ocasionando diminuição na emergência devido ao fato de que as sementes
poderem atingir grandes profundidades após a incorporação.
O preparo do solo tem por objetivos:
1. Fornecer as condições necessárias ao bom arejamento e umidade para o bom
desenvolvimento do sistema radicular.
2. Incorporação de restos culturais, incorporando matéria orgânica e melhorando as
condições físicas do solo.
3. Controle de plantas daninhas
4. Eliminação de camadas compactadas
5. Incorporação de corretivos e fertilizantes
6. Fornecer o substrato adequado para a germinação e crescimento das plantas
cultivadas via sementes ou mudas.

O Para declividade acima de 3% construa


terraços de base larga.
46

2.3.1 Coleta de solo


Para que os pastos a serem estabelecidos permaneçam sustentáveis é preciso que
os solos sejam corrigidos por meio de aplicações de fertilizantes e corretivos. Para que
essas aplicações sejam efetivas e tenham resultado positivo em termos ambientais e
econômicos, a coleta e análise de solo são fundamentais.

IMPORTANTE!!!!!!
SE A ÁREA FOR MUITO IRREGULAR, RECOMENDA-SE
QUE SEJA COLETADA UMA AMOSTRA COMPOSTA
REPRESENTATIVA DE CADA UMA DAS ÁREAS.

Esta coleta é feita inicialmente identificando machas de diferentes tipos de solo


existentes na área, quando houver, dividindo assim a área em glebas e as coletas feitas
em zig zag em cada gleba, coletando-se em cada ponto até uma profundidade de 20 cm
dez amostras simples/ha e depois as misturando para formar uma amostra composta em
torno de 500g que será identificada com informações relevantes da área atual e seu
histórico e levada ao laboratório de solos mais próximo. Os materiais necessários para
tal operação são: enxadão para abrir o perfil do solo; trado, tubo para amostragem, pá ou
qualquer outro material que possa ser utilizado para coletar o solo; balde de 20L para
colocar as amostras simples e efetuar a homogeneização; saco plástico ou caixa de
papelão para envio da amostra de solo ao laboratório (MAPA, 2009).

Figura 2. Sequência de operações na coleta de amostra de solo, utilizando-se enxadão e pá reta (pá de
corte). Foto: MAPA (2009).

IMPORTANTE!!!!!
IDENTIFIQUE BEM A AMOSTRA CONTENDO INFORMAÇÕES
DA ÁREA (FAZENDA, LOCAL DA FAZENDA, TIPO DE SOLO
SE SOUBER) E DO TIPO DE CULTURA QUE SERÁ
PLANTADA.
47

A análise do solo deve ser realizada por profissional de agronomia ou zootecnia


que deverá fazer a recomendação da quantidade adequada de adubo a ser utilizada tanto
para a correção quanto para a produção, que normalmente é baseada no nível
tecnológico do produtor.

2.4 Correção e adubação na formação das pastagens


Para que os pastos a serem estabelecidos permaneçam sustentáveis é preciso que
os solos sejam corrigidos por meio de aplicações de corretivos e fertilizantes, pois estes
auxiliam na germinação e crescimento inicial da planta até seu pronto estabelecimento e
uso pelos animais. Para que essas aplicações sejam efetivas e tenham resultado positivo
em termos ambientais e econômicos, a coleta e análise de solo são fundamentais.
A interpretação dos resultados das análises dos solos realizada em laboratórios
assim como os cálculos de doses de calcário e adubos deve ser feitos sob a orientação de
um engenheiro agrônomo. Esse profissional, com base nas recomendações oficiais por
Estado, de calagem e adubação para as mais diversas culturas, das informações que
constam do questionário sobre o ambiente geral da gleba ou talhão e do histórico de
manejo irá ajudá-lo na tomada de decisão que seja técnica e economicamente mais
adequada.
Caso seja necessário, a calagem deve ser feita pelo menos 60 dias antes do
plantio para que possa ocorrer às reações necessárias com o solo. A aplicação é feita em
toda área e incorporada na camada 0-20 cm do solo. Deve-se realizar o preparo da terra
antes do plantio com aração e gradagem e em casos de solos muito compactados o uso
de um subsolador. Tais práticas facilitam no processo de plantio, mantendo a semente
em contato com o solo a uma profundidade adequada para melhores índices de
germinação.

Figura 3. Gradagem (esquerda, Foto: Ana Clara Cavalcante) e sulcagem da área para o plantio (direita,
Foto: Núcleo de Ensino e Estudos em Forragicultura).
48

A adubação de formação dever ocorrer concomitantemente com a semeadura.


Em plantios mecanizados isso ocorre facilmente, pois há compartimentos tanto para
semente quanto para o adubo. Em plantio manual após a abertura do sulco ou da cova, o
adubo pode ser colocado tanto em um sulco paralelo ou no fundo da cova, coberto com
uma camada de terra e por cima, a semente. Seque abaixo (Tabela 3) um exemplo de
recomendação de adubação levando em consideração o nível tecnológico empregado e a
disponibilidade de nutrientes, avaliada através da análise de solo.

Tabela 3. Recomendação de adubação (kg/ha) de plantio conforme disponibilidade do


nutriente e nível tecnológico
Nível Tecnológico
Adubo Nutrientes Disponibilidade
Baixo Média Alto
Super triplo Fósforo Baixa 189,2 243,2 297,3
Média 94,6 189,2 243,2
Alta - - 108,1
Super simples Fósforo Baixa 437,5 562,5 687,5
Média 218,8 437,5 562,5
Alta - - 250,0
Cloreto
33,3 66,7 100,0
Potássio Potássio Baixa
Média - 33,3 66,7
Alta - - -
Uréia s/r - 111,1 277,8
Nitrogênio
Sulfato Amônia s/r 250,0 625,0
FTE BR 12 Micronutrientes s/r - 30,0 50,0
Fonte: Adaptado de Recomendação para uso de corretivos e fertilizantes de Minas Gerais (5ª/Aproximação, 1999)

II - Qualidade das Sementes (pureza, germinação e valor cultural);


Após a escolha da espécie é fundamental o uso de sementes de qualidade. Esse
fator é preponderante para o sucesso da implantação de pastagens. São características
que devem ser observadas nas sementes:
49

1 - Pureza
Quantidade de sementes puras existentes em 1 kg de sementes.

Figura 1 – Sementes de capim - Tanzânia com 85% de pureza.


Por não haver a comercialização em escala de sementes das principais gramíneas
indicadas para a região Nordeste é comum a aquisição de sementes com baixo valor
cultural. Métodos físicos e químicos podem ser utilizados para aumentar o valor
cultural de espécies forrageiras. O peneiramento (Figura 4) pode ser utilizado para pelo
menos separar as impurezas maiores (talos, palhadas, etc) das sementes.

2 - Germinação
Quantidade de sementes que se tornarão plântulas.
Para o teste de germinação o ideal é que as sementes provenham de uma porção
de sementes puras previamente selecionadas no teste de pureza. As sementes devem ser
acomodadas no substrato (pode ser papel de pão molhado diariamente) sem
agrupamento destas sementes por tamanho ou outra característica, ou seja, devem ser
distribuídas ao acaso. As sementes não devem se tocar a fim de evitar contaminação por
fungo e também facilitar a retirada das plântulas que forem surgindo.
O teste de germinação pode variar de 5 a 28 dias. Menor tempo é gasto na
germinação de leguminosas. O período em geral é de 10-14 dias. Para erva de ovelha
esse período é de apenas cinco dias. Para gramíneas esse período varia de 21-28 dias até
a última contagem.
As plântulas que germinam devem ser retiradas do substrato. A contagem pode
ser periódica ou envolver apenas contagem no inicio ou final, esta escolha fica a critério
de quem estiver fazendo o teste. Na ocasião da contagem, devem ser retiradas as
plântulas normais, anormais e sementes deterioradas. Dividindo-se o número de
50

sementes normais germinadas pelo total de sementes (100) e multiplicando-se por 100,
tem-se o percentual de germinação. É importante que durante o período do teste, o
substrato esteja sempre úmido.

3 - Valor Cultural
Quantidade de sementes, em valor percentual, que germinará em condições
normais de umidade temperatura e luminosidade.

VC = % Germinação X % Pureza
100

No tocante a taxa de semeadura, quantidade de sementes a ser usada/ha, é


importante verificar o valor cultural (VC) da semente a ser utilizada, onde quanto maior
for menor será a quantidade de semente. Em capins propagados por muda, estima-se
para uma boa formação da área o uso de 3000 kg de mudas/ha. Segue abaixo a taxa de
semeadura dos principais gêneros de gramíneas cultivadas.

Tabela 4. Taxa de semeadura (kg/ha) para os principais gêneros cultivados de gramíneas


Condição de cultivo Profundidade
Gênero
Ideal Média Adversa de plantio (cm)
Andropogon 240/VC 320/VC 480/VC 01
Brachiaria 240/VC 320/VC 480/VC 02
Cenchrus 240/VC 320/VC 480/VC 01
Panicum 180/VC 240/VC 340/VC 01
Urochloa 200/VC 220/VC 300/VC 01
Fonte: Neiva, 2005

III - Métodos de Semeadura


1 - Lanço
A semeadura a lanço é a mais utilizada entre os pecuaristas brasileiros. Este tipo
de semeadura é feito normalmente com equipamentos de distribuição de calcário, ou na
mistura com outros adubos como superfosfato simples em um balde.
A preocupação neste sistema é fazer com que ele seja homogêneo, para não
haver falhas de emergência na área. Após o plantio, é necessário passar um rolo
compactador para uma leve incorporação das sementes, fazendo com que elas tenham
maior contato com o solo e maior absorção de umidade. O rolo no sistema de pequena
produção pode ser um tambor com água.
51

Figura 10 – área semeada a lanço


2 - Sulcos ou linhas
Neste sistema é possível utilizar várias máquinas para fazer o plantio, como a
semeadora, a “plantadeira” de cereais, entre outras. Este método é bastante utilizado,
pois a regulagem do equipamento permite maior precisão na distribuição da semente. O
espaçamento deve ser de 60 cm entre linhas e profundidade de, no máximo, 2 cm para
as Brachiarias e 1 cm para Panicum.
Se, após o plantio, as sementes não forem devidamente incorporadas ao solo
(ficando expostas), utilize grade niveladora fechada (onde os discos fiquem em posição
paralela) somente para efetuar uma leve cobertura ou faça uma compactação com rolo
compactador.

Figura 11 – área semeada em sulco.


3 - Em covas
É um plantio que pode ser feito utilizando uma matraca ou manualmente. A
operação de semeadura é feita por uma pessoa e a distribuição das sementes é feita de
52

“cova em cova”. É um sistema muito utilizado em áreas com alto declive e de difícil
acesso com máquinas. Este tipo de semeadura é feito com espaçamento de
aproximadamente 50 cm entre linhas e 20 cm entre covas. É necessário lembrar que, ao
optar por plantio com matraca, é necessário soldar uma chapa horizontal distante 2 cm
da “boca” para evitar o aprofundamento excessivo das sementes. É preciso tomar
cuidado com o espaçamento para que a densidade de plantas não fique baixa.

PRESERVE ALGUMAS ÁRVORES. É IMPORTANTE NO INICIO PARA


CONTROLE DE EROSÃO E TAMBÉM PARA FORNECIMENTO DE
SOMBRA PARA OS ANIMAIS

OBS: CUIDADOS PARA GARANTIR BOA FORMAÇÃO DE PASTAGEM


1. Esperar o material orgânico fermentar, para fazer a semeadura. Ao semear
durante esse processo, o aumento na temperatura do solo pode causar queda na
germinação.
2. Usar a taxa de semeadura adequada ao tipo de espécie e o método de plantio
preconizado.
3. Usar equipamentos adequados e bem regulados
4. Não semear em profundidades mais altas do que o recomendado
5. Fazer a incorporação da semente
6. Plantar quanto houver maior probabilidade de chuvas de modo a garantir
umidade suficiente para germinação das sementes
7. A cobertura das sementes é importante também para evitar ataque de pragas e
insetos.
8. Evitar a adubação nitrogenada junto com a semente no momento da semeadura,
porque pode causar dano ao processo de germinação.
9. Armazenamento adequado das sementes antes do plantio
10. Utilização de sementes certificadas com altos teores de pureza e germinação, ou
seja, com valor cultural de no mínimo 35% para gramíneas.
53

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZEVEDO, B.C.; SOUTO, S.M..; DIAS, P.F.;COLOMBARI,A.A.; VIEIRA, M.S.;
MATTA,P.M.; Sombreamento de Estilosantes Campo Grande. Disponível em :
http://www.cnpab.embrapa.br/publicacoes/artigos/sombreamento-estilosantes.html.
Acesso em 13 de outubro de 2009.
EVAGELISTA, A.R.; LIMA, J.A. Formação da pastagem: primeiro passo para a
sustentabilidade.In: SIMPOSIO SOBRE MANEJO ESTRATÉGICO DA PASTAGEM,
Anais...Viçosa. UFV: Viçosa, 2002, 1-42p. 2002.
FRANCO,A.A. Sistemas silvipastoril proporciona na época seca mais produção e
qualidade de Brachiaria brizantha cv. Marandu que no sistema em monocultivo.
Disponível em: http://www.cnpab.embrapa.br/publicacoes/artigos/sistema-
sivipastoril.html. Acesso em: 13 de outubro de 2009.
NEIVA, J.N.M. Formação de Pastagem Cultivada. In: CAMPOS, A.C.N (Ed.). DO
CAMPUS PARA O CAMPO:TECNOLOGIAS PARA A PRODUÇÃO DE CAPINOS
E OVINOS. Fortaleza: Gráfica Universitária. 2005. 57-64p. 2005.
PUPO, N.I.H. Manual de pastagens e de forrageiras. Campinas: Instituto Campineiro
de Ensino Agrícola, 1979. 343p.
SILVA, L.L.G.G.; RESENDE,A.S.; DIAS, P.F.;SOUTO, S.M.; MIRANDA,C.H.B.;
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Brachiaria brizantha cv. Marandu que no sistema em monocultivo. Disponível em:
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SEIFERT, N.F. métodos de escarificação de sementes de leguminosas forrageiras
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Acesso em 14 de outubro de 2009.
VIEIRA, M.S.; SOUTO, S.M..; DIAS, P.F.;COLOMBARI,A.A.; AZEVEDO,
B.C.;MATTA,P.M.. Sombreamento de Panicum maximum cv. Massai. Diponível em:
http://www.cnpab.embrapa.br/publicacoes/artigos/sombreamento-panicum.html. Acesso
em 13 de outubro de 2009.
54

IV - MANEJO DE PASTAGENS

1 – INTRODUÇÃO
O baixo potencial das pastagens em termos de quantidade, qualidade e
persistência, tem sido um dos fatores da baixa produtividade animal no Brasil.

CAUSAS: Baixa fertilidade natural dos solos; pouco uso de fertilizantes; manejo
inadequado das pastagens; utilização de espécies pouco produtivas.

OBJETIVO: A necessidade de aumentar a produtividade animal no Brasil é


incontestável e o sucesso desse objetivo depende, principalmente, de três fatores:

1º) produção de elevada quantidade de forragem;


2º) redução das perdas, pelo consumo animal de maior quantidade de forragem
produzida;
3º) conversão eficiente da forragem em produto animal.

2 – PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO


a) Extensiva exclusivamente a pasto;
b) Extensiva a pasto com suplementação volumosa na época seca do ano;
c) Intensiva somente a pasto;
d) Intensiva a pasto com suplementação volumosa na época seca do ano.

3 – TERMOS MAIS USADOS EM MANEJO DAS PASTAGENS


PASTEJO: ato de PASTEJAR, ou seja, ato do animal retirar diretamente da pastagem
seu alimento. Ex.: Pastejo com carga fixa ou variável. Lotação contínua. Pastejo
diferido ou protelado. Desfolha intermitente (Pastejo rotacionado).
PASTOREIO: ato de PASTOREAR ou de guiar o animal na pastagem. Ex. Pastoreio
leve, normal ou pesado.
PASTO: alimento para o gado, retirado da pastagem. Relaciona-se com a espécie
forrageira utilizada. Ex.: Pasto de braquiária, de Jaraguá, de tifton.
INTENSIDADE DE CORTE OU PASTEJO: é determinada pela altura de corte ou
pastejo da planta.
55

FREQUÊNCIA DE CORTE: refere-se ao intervalo entre cortes ou pastejos


sucessivos.
PERSISTÊNCIA: é a habilidade de uma planta sobreviver numa pastagem.
PALATABILIDADE: é uma expressão que indica a aceitabilidade de uma planta, ou
parte de uma planta, pelo animal em pastejo.
DISPONIBILIDADE DE FORRAGEM: é a quantidade de forragem presente numa
pastagem e que está disponível para o animal.
CONSUMO ANIMAL: é a quantidade de forragem ingerida por um animal.
PRESSÃO DE PASTEJO: é a relação entre o número ou peso vivo dos animais em
pastejo e a quantidade de forragem disponível na pastagem.
1UA 1UA 1UA 2UA 3UA
50 kg MS 70 kg MS 50 kg MS 50 kg MS 50 kg MS

Aumentando aumentando
<-------------------------Pressão de pastejo---------------------------- >

4 – LEIS DO PASTEJO UNIVERSAL:


1º) “Para que um pasto cortado dê sua produtividade máxima, é preciso que entre dois
cortes sucessivos haja tempo suficiente para permitir ao pasto:
a) acumular em suas raízes reservas necessárias para um começo de rebrota; b) propiciar
um poder de rebrota com intensa produção diária por hectare.”

2º) “O tempo total de ocupação de um piquete deve ser suficientemente curto para que
uma forrageira pastada no I dia, não seja de novo pastada antes do gado deixá-la.”

3º) “E preciso auxiliar o gado em suas necessidades alimentares, dando a pastar a


melhor qualidade e a maior quantidade de pasto.”

4º) “Para que a vaca dê produções regulares, é necessário que não fique mais do que 3
dias no mesmo piquete.”

5 – MANEJO DAS PASTAGENS: O manejo das pastagens consiste no ajustamento


dos fatores do ECOSSISTEMA DAS PASTAGENS, principalmente do binômio
PLANTA x ANIMAL, conservando a capacidade de suporte das pastagens.
56

O manejo correto das pastagens deve ter por objetivos:


a) a produção forrageira;
b) a eficiência do uso das forrageiras produzidas;
c) a estabilidade das pastagens;
d) o desenvolvimento animal;
e) a produção animal por hectare.

A adequada escolha da espécie forrageira, face às condições de meio: pluviosidade,


temperatura da região e fertilidade do solo, constitui o ponto de partida para o sucesso
da exploração da pastagem.

Práticas de manejo corno: adubação, irrigação, suplementação, métodos de pastejo e,


sobretudo, a capacidade de suporte da pastagem, desempenham papel relevante.

6 - DIMENSIONAMENTO DAS ÁREAS DE PASTAGENS: PLANEJAMENTO,


DIMENSIONAMENTO E RECOMENDAÇÃO PARA A DIVISÃO
O estabelecimento de normas ou de regras para o dimensionamento das pastagens é
tarefa difícil, visto que o assunto é bastante complexo em vista dos inúmeros fatores que
atuam e se inter-relacionam modificando de maneira acentuada as condições de
planejamento, divisão e distribuição das áreas de pastagens.
O técnico por ocasião do planejamento ou modificação da estrutura atual de uma
propriedade pecuária tem que, inicialmente, pensar e definir alguns dos fatores que mais
influência exercem sobre o dimensionamento, como por exemplo, o tipo de exploração
(se é de leite, carne ou mista, etc.); a localização e a distribuição das aguadas naturais e
possibilidades de canalização da água aos pastos; o manejo a ser dado (se intensivo,
semi-intensivo ou extensivo); os recursos da região em termos de mão-de-obra,
materiais para construção das instalações, cercas, currais, etc., e assim por diante.
Por outro lado, enquanto alguns destes fatores imprimem modificações e
dimensionamentos de origem geral os quais podem ser aplicados para toda a região
outros há, que determinam condições tão especificas, que só podem ser aplicados àquele
local, e como tal ser considerado, estudado e planejado como um caso em particular
pelo técnico. Assim, por exemplo, uma área cortada por um curso d’água poderá ter um
determinado delineamento em uma de suas margens, enquanto que, para a margem
57

oposta, este poderá ser completamente diferente, seja em virtude da topografia


acentuada ou da impossibilidade de se usar como aguada natural toda a extensão do
manancial de água. Para este caso é aconselhável preparar devidamente o melhor ponto
do manancial para ser utilizado como bebedouro e elaborar uma distribuição tal que
permita, através de corredores e passagens fazer com que os diversos pastos tenham
acesso a esse local.
Apesar da aparente complexidade, pode-se estabelecer algumas regras gerais, as quais
serão apresentadas à medida que os fatores forem sendo discutidos.

6.1. EXPLORAÇÃO PECUÁRIA


O fator que aparece em primeiro lugar influenciando o dimensionamento de pastos é o
tipo de exploração pecuária e, dentro deste assunto será considerada apenas a pecuária
de leite e de corte, visto apresentarem cada qual, características próprias as quais
determinam planejamentos diferentes às áreas de pastagens.

a) Pecuária de leite
Suas características principais, as quais vão influenciar o dimensionamento dos pastos,
são as seguintes:
a) O rebanho é formado por um número relativamente pequeno de animais quando
comparado com o rebanho de corte;
b) Uma parte do rebanho (vacas em lactação) permanece e é mantida nas proximidades
do estábulo, sendo menor sua movimentação, se bem que diária;
c) Os animais são mais indolentes, isto é, mais mansos e conseqüentemente mais fáceis
de serem manejados;
d) Exigem alimentação mais rica e equilibrada o que implica em ter um manejo mais
racional e pastos em boas condições (produzindo boa quantidade e qualidade de
forragem e com boa cobertura vegetal);
e) E fundamental a suplementação de pastagens na época seca do ano, principalmente
para as vacas em produção;
f) O Sempre que possível, deve-se evitar que as vacas em lactação façam longas
caminhadas, seja para irem do estábulo aos pastos ou vice-versa, ou caminhando em
direção aos bebedouros e cochos de sal e minerais, etc., fatos estes que refletem na
diminuição da produção leiteira;
58

g) Sempre, que possível, todas as divisões ou piquetes deve ter água à disposição dos
animais em local de fácil acesso.

Com base nestas características, recomenda-se:


1) Separação do rebanho leiteiro em várias categorias ou grupos de animais a serem
distribuídos pelas unidades de Manejo ou Setores da propriedade;
2) Divisão das áreas de pastagens da propriedade em Unidades de Manejo segundo as
categorias de animais estipuladas previamente;
3) Distribuição das Unidades de Manejo pelas áreas de pastagens da propriedade,
localizando de preferência a Unidade ou Setor das vacas em lactação próximo ao
estábulo e à sede e as demais, nas áreas adjacentes ou, mais afastadas e, finalmente,
os grupos constituídos pelos animais menos exigente nos pontos extremos da
propriedade;
4) Divisão das pastagens em pequenas áreas (piquetes) variando de 1 a 5 ha, no
máximo, e quando em manejo intensivo, subdivisões dessas áreas em faixas menores
através de cercas elétricas (Pastoreio em faixas);
5) A distância do estábulo aos piquetes das vacas em lactação não deve ultrapassar de
1.000 a 1.500 metros (nos pastos mais extremos);
6) Os piquetes destinados aos animais doentes (cuja lotação é variável durante o ano),
aos touros, corredores, áreas de serviço, etc., em geral próximo ao estábulo, devem
ser formados com espécies de forrageiras resistentes ao pisoteio (tipo estoloníferas),
a fim de evitar o desnudamento do solo e erosão pelo pisoteio mais intenso a que
estão submetidas essas áreas;
7) Cada categoria ou, grupo de animais, destinados a cada Unidade de Manejo poderá
ser dividida em 2 ou mais lotes de animais com a finalidade de melhorar o pastoreio
do piquete (tomar mais uniforme) e melhor aproveitamento da forragem produzida
(redução das perdas).

Divisão do rebanho em categorias ou grupos

a) Divisão técnica
Tecnicamente seria desejável a divisão do rebanho nas seguintes categorias:
1) Bezerras do nascimento ao desmame;
59

2) Bezerras desmamadas no ponto de cobertura (14 meses, com peso vivo mínimo de
300 kg);
3) Novilhas e vacas secas até 2 meses antes da parição;
4) Vacas em lactação;
5) Touros;
6) Os bezerros machos não são considerados nesta classificação porque, em geral, são
vendidos quando nascem ou na desmama.

b) Divisão rotineira
Quando feita pelo pecuarista apresenta, em geral, as seguintes categorias:
a) Bezerras até o desmame;
b) Vacas secas e novilhas de todas as idades;
c) Vacas em lactação;
d) Os touros ficam com as vacas secas e as novilhas, conforme letra (b), apesar de
receber alguma atenção especial, não constitui nesta divisão uma categoria separada;
e) Também os bezerros machos não são considerados nesta divisão em categorias.
São vários os fatores que determinam a separação do rebanho em categorias,
podendo cada produtor ter uma determinada divisão. O critério para separação do
rebanho em categorias está condicionado ao número total de animais, ao tipo de
manejo, a finalidade da criação, a estrutura da propriedade, disponibilidade de mão-de-
obra e, aos interesses do proprietário.

Unidade de Manejo
Unidade de Manejo é o conjunto formado por vários piquetes, corredores, instalações,
etc., a ser utilizado por uma ou mais categorias de animais, devendo apresentar a
característica de ser independente e auto-suficiente das demais unidades da propriedade.

Divisão em lotes de animais


Recomenda-se aos animais de cada Unidade de Manejo, podendo ser constituídos por
uma ou mais categorias, ser separados em 2 ou mais lotes para fazerem o pastejo através
dos piquetes, o que permite oferecer as seguintes vantagens:
a) Melhor utilização das pastagens através de um pastoreio mais uniforme;
b) Melhorar aproveitamento da forragem produzida, reduzindo as perdas de - pasto ao
mínimo possível;
60

c) Dar melhor distribuição de alimento aos animais segundo suas necessidades, ou


seja, àqueles mais produtivos e exigentes, alimento de melhor qualidade e assim por
diante.

A separação dos animais, de cada Unidade de Manejo, em 2 lotes pode ser da seguinte
maneira: 1°) lote de pastoreio de ponta e 2°) lote de repasse.

Lote de pastoreio de ponta


É o lote formado pelos animais melhores e mais produtivos dentre aqueles que
compõem o rebanho de cada Unidade de Manejo. Se este rebanho é formado por uma só
categoria de animais (por exemplo — vacas em lactação) este primeiro lote será
composto pelos melhores do grupo (as mais produtivas). Quando apresentam duas ou
mais categorias, compõe este lote aqueles mais exigentes.

No pastoreio obedece aos seguintes critérios:


a) Utilizará a Unidade de Manejo mais próximo ao estábulo e sempre nos piquetes de
melhor qualidade;
b) Será o lote que seguirá sempre na frente fazendo o pastoreio do piquete em primeiro
lugar,
c) O tempo de permanência em cada piquete poderá ser de horas ou máximo 2 dias;
d) A utilização dos piquetes da Unidade de Manejo não precisa obedecer
necessariamente sempre a mesma ordem ou seqüência, e sim dando preferência
àquele (s) cuja cobertura vegetal estiver (em) em melhor (es) condição (ões) e mais
produtivo (s);
e) O manejo para este lote de animais deverá ser sempre mais cuidadoso;
f) Estes animais deverão consumir apenas uma parte da forragem existente no piquete (a
fração mais nutritiva e de maior aceitabilidade).

Lote de pastoreio de repasse


O segundo lote será constituído por animais das outras categorias, cuja função
principal é a terminação e homogeneização do pastejo bem como o melhor
aproveitamento da forragem deixada pelo primeiro lote.
Este lote de animais pode também receber a denominação de rapadores porém, isto não
significa que o pastejo por estes animais deve ser conduzido até o máximo, ou seja, até
61

raparem e consumirem toda a forragem do piquete. Este lote faz a complementação do


pastejo levando em conta principalmente à altura mínima de corte segundo a espécie
forrageira.

O lote de repasse é caracterizado pelo seguinte:


a) Este lote fará o pastejo pelos piquetes que compõe a Unidade de Manejo
acompanhando o primeiro lote e entrando nos pastos logo após a retirada do
primeiro;
b) O tempo de permanência nos piquetes é variável; segundo as condições do pasto e o
número de animais (lotação) podendo ficar de 2 até 4 dias no máximo;
c) Os animais que formam este lote serão aqueles menos exigentes com relação às
condições nutricionais, quando comparado com o primeiro lote.
A divisão em dois ou mais lotes de animais pode ser aplicado dentro das Unidades de
Manejo a cada grupo de animais, independentemente da categoria dos mesmos. Por
exemplo, o rebanho de vacas em lactação pode ser dividido em 2 lotes, fazendo parte
do primeiro (pastoreio de ponta) as mais produtivas e do segundo (repasse) aquelas
menos produtivas e/ou vacas secas em gestação. Poderá ser formado ainda um terceiro
lote de animais, incluindo nestes os eqüinos e muares.

b) Pecuária de corte
Suas características principais são:
a) O número de animais que compõe o rebanho é geralmente grande quando comparado
com o rebanho leiteiro;
b) Em geral, se localiza em áreas de menor valor, mais afastadas dos centros urbanos,
devido principalmente ao caráter extensivo da atividade;
c) Predominando o caráter extensivo na exploração, a movimentação é menos intensa,
sendo o contacto com o tratador mais espaçado dando condições para que os
animais se tomem mais selvagens e nervosos, de difícil manejo e trato;
d) Predomina, ainda, em certas regiões as grandes áreas de pastagens com 5.000, 10.000
e até mais de 25.000 hectares, do tipo invernada, condicionado pelo número de
animais e pelo tipo de manejo empregado (Lotação continua);
e) São animais menos exigentes quanto à alimentação em, relação ao rebanho leiteiro;
62

Em vista das múltiplas variações que pode apresentar a pecuária de corte nas
atuais áreas de exploração, quer seja de cria, recria ou simplesmente engorda, quer nas
diversas regiões como o Brasil Central, toma-se difícil generalizar as recomendações.
Portanto, as mesmas serão feitas para as condições de explorações com caráter mais
intensivo, seja pela valorização das terras, seja pela própria estrutura econômica e
financeira das propriedades e/ou pelos recursos e facilidades encontradas.

Pode-se recomendar para a pecuária de corte o seguinte:


1) Divisão das áreas de pastagens em várias Unidades de Manejo, independentes e auto-
suficientes, cada uma delas tendo seu próprio rebanho;
2) Separação do rebanho das Unidades de Manejo em vários grupos ou categorias;
3) Divisão das grandes áreas de pastagens em piquetes menores, variando de 5 a 15 ha
no máximo. Estes limites estão em função do número de animais que compõe o
rebanho das Unidades de Manejo.
4) Sempre que possível, fazer o pastoreio dos piquetes com pelo menos 2 lotes de
animais: o lote de pastoreio de ponta e o de repasse;
5) Sempre que as condições permitirem, utilizar-se de cerca elétrica para possibilitar
pastejo mais eficiente e minimizar as perdas de forragem pelos animais. Deste
modo, cria condições para o reajuste das áreas de pastagens em função do número
de animais no piquete (lotação) e da produtividade do pasto, quando do início da
utilização do pastoreio rotacional.
6) Localizar a Unidade de Manejo, destinada aos animais em fase final de acabamento
(engorda), de preferência, próximo à sede ou a rodovia de acesso à propriedade e
distribuir as demais nas áreas mais afastadas ou extremas da propriedade;
7) Prever e prover a suplementação de forragem para o período das secas pelo menos
para a categoria de bezerros e/ou animais na fase final de engorda.

Divisão do rebanho em categorias ou grupos


Quando se divide o rebanho em 2 grupos, poderá estabelecer o seguinte critério:
a) Primeiro grupo composto pelos animais mais pesados (a cabeceira do rebanho) ou
por aqueles que estão na fase final de engorda (300 kg ou mais);
b) Os animais restantes farão parte do segundo grupo, em geral compostos pelos menos
exigentes, refugos, etc.;
63

c) Os rebanhos, de eqüinos e muares, poderão constituir um terceiro grupo para fazer o


pastoreio final dos piquetes;
d) Em geral, a divisão em grupo e as categorias dos animais que irão compor esses
grupos estão na dependência do manejo adotado, da finalidade da exploração e dos
interesses e conveniência do pecuarista, havendo, portanto, um critério diferente
para cada criação ou exploração.

Divisão dos pastos em áreas menores


Recomenda-se limitar as áreas de pastagens em piquetes com máximo de 15 ha,
com base nas seguintes vantagens:
a) Permite melhor visualização de toda a área do pasto pelo empregado ou pecuarista e,
portanto, melhor controle do seu manejo, acompanhando de perto os problemas que
surgem na área;
b) As aguadas e bebedouros se localizam a distâncias menores dos pontos extremos do
pasto, não ultrapassando de 500 a 1.000 m;
c) Diminuição das plantas invasoras pela melhor facilidade na sua erradicação (área
pequena), bem como pelo seu controle através da própria planta forrageira;
d) Permitem realizar melhor manejo nas áreas de pastagens com diminuição das perdas
de forragem através de maior uniformidade no pastejo e melhor utilização da
forragem produzida;
e) Conseqüentemente, cria condições para aumentar a capacidade de lotação do pasto
(número de animais por unidade de área).

6.2. TOPOGRAFIA DA REGIÃO


A topografia da área vai influir de maneira marcante na divisão (tamanho e forma)
na distribuição e disposição das áreas de pastagens na propriedade, bem como no
manejo e tratos dispensados a cada parcela de pasto em particular.
De modo geral, segundo a topografia da área, pode-se recomendar o seguinte:
1) Tanto quanto permitem as condições locais, os pastos e piquetes devem ter sua
maior dimensão (comprimento) no sentido das curvas de nivel do terreno;
2) Os piquetes e pastos deverão estar dispostos no sentido da maior declividade do
terreno até o nível de 12%, Acima deste valor, recomenda-se locá-los no sentido das
curvas de nível e utilizar-se de corredores para acesso à água e movimentação dos
animais;
64

3) Os corredores e passagens dos animais, quando dispostos no sentido da declividade


do terreno, deverão ser largos e com bom escoamento para água das chuvas. Por
constituírem áreas de maior trânsito e pisoteio pelos animais, devem ser formados
com forrageiras resistentes a essas condições (tipo estolonífero) e mantidas sempre,
que possível, em bom estado de vegetação (ausência de áreas descobertas);
4) As cercas, tanto quanto permitem as condições, devem estar localizadas nos locais
mais altos (espigões), de fácil acesso e seguindo as curvas de nível;
5) As porteiras e as passagens dos animais devem estar bem localizadas para
movimentação eficiente dos animais, de fácil acesso e largas para evitar acidentes e
atropelos dos animais por ocasião da mudança de pastos;
6) Deve-se evitar que a passagem dos animais de uma área para outra seja feita através
dos pastos. Para tanto, recomenda-se planejar a distribuição dos pastos e piquetes de
tal modo que todos eles tenham acesso direto aos corredores o que vem em muito
facilitar a movimentação e manejo dos animais;
7) Algumas práticas conservacionistas e manejos especiais, são necessários à medida
que a declividade do terreno se torna maior.

Assim, recomenda-se:
a) Para declividade até 5% - não há necessidade de práticas conservacionistas,
porquanto mantendo o pasto bem formado e manejo racional, é suficiente para a
defesa e conservação do solo;
b) Para declividades de 5 a 12% - já são necessárias algumas práticas, como cordão de
contorno, locação dos piquetes em curva de nível, terraceamento,etc. Deve-se ter o
cuidado em manter a área sempre coberta pela vegetação (forrageiras) sem áreas
descobertas ou desnudas, exigindo portanto um manejo mais cuidadoso e técnico;
c) Para declividades entre 12 e 18% - há necessidade e práticas especiais de
conservação do solo e manejo mais cuidadoso. Deve-se evitar, principalmente
quando as terras são fracas e bastantes erodidas, quaisquer operações com o solo,
tais como: aração, gradagem e mesmo uso continuado de fogo. Nestas condições e
no caso de pastagens nativas, recomenda-se dar condições para que a planta
forrageira possa se estabelecer definitivamente na área e vencer a competição com
as plantas invasoras através de um pastoreio leve, com baixa lotação e descanso
durante o período de florescimento e frutificação da planta (outono), vedando-se o
pasto à entrada de animais. Quando a área se apresenta com baixa porcentagem de
65

área basal, faz-se a semeadura a lanço ou por covas dando, posteriormente,


condições para a espécie forrageira se estabelecer;
d) Para declividades acima de 18% - nestas condições é desaconselhável o uso para
pastagens, sendo estas áreas mais indicadas para reflorestamento ou para condições
de vida silvestre;
e) Para os tipos de solos arenosos recomendam-se cuidados especiais na conservação do
solo quando a declividade for acima de 7%.

6.3 – AGUADAS E BEBEDOUROS


Quase que a totalidade do planejamento, a divisão e distribuição dos piquetes e
áreas de pastagens estão na dependência deste importante fator. Apesar da grande
variação encontrada na prática com relação á disponibilidade e recursos das aguadas
bem como das condições econômicas e financeiras necessárias para levar água aos
vários pontos dos pastos, pode-se estabelecer algumas regras gerais, quais sejam:

1) A distância entre o ponto mais afastado do pasto e a aguada ou bebedouro não deve
ultrapassar de 3.000 metros quando em terreno plano ou levemente ondulado. Para
terrenos de topografia bastante acentuada e declividade superior a 10%, essa
distância deve ser reduzida para 1.000 a 1.500 metros;
2) Quando a aguada é natural (riachos, córregos, rios ou açudes) deve-se ter o cuidado
de preparar bem o local para evitar a formação de lodos e atoleiros;
3) Quando a tomada de água é feita num só ponto do rjo ou córrego recomenda-se fazer
uma estiva a qual será construída durante o tempo da seca, ocasião em que o nível
da água está mais baixo. O local deve ser cercado, tendo de 20 a 30 metros de
comprimento por 5 a 10 metros de largura, conforme o lugar, no sentido da margem
para dentro do rio. Dependendo da profundidade da água, a cerca que fica no meio
do rio poderá ser fixa ou flutuante;
4) Quando a água é levada aos pastos, recomenda-se localizar o bebedouro no ponto
mais central da área ou na linha divisória de 2 ou mais pastos, servindo a todos
concomitantemente;
5) Os bebedouros devem ter um dimensionamento suficiente para os animais mantidos
naquela área, tendo em vista que o consumo médio por dia e por cabeça é da ordem
de 40 a 60 litros.
66

6.4. DIMENSIONAMENTO PROPRIAMENTE DITO


É com base nos fatores anteriormente discutidos que se pode estabelecer a forma,
tamanho e número de piquetes dentro de cada Unidade de Manejo.

a) Forma e perímetro dos piquetes


A primeira preocupação do pecuarista ao planejar a divisão de seus pastos ou
estudar a implantação do sistema rotacionado de manejo, o qual implica na divisão e
subdivisão das áreas, é a extensão de cerca a ser construída e seu custo operacional. Sob
este ponto de vista, o perímetro pode apresentar uma variação muito grande dependendo
exclusivamente da forma dada ao pasto.
Na prática, as formas das pastagens são as mais variadas possíveis, desde as
quadradas e retangulares até as irregulares, formando figuras não geométricas, com
grande predomínio destas duas últimas. Porém dentre todas, é a quadrada que permite
fechar maior área com menor perímetro, sendo, portanto o formato ideal para os pastos
e piquetes. No entanto, uma série de fatores condiciona a disposição e divisão das áreas
de pastagens impossibilitando o técnico de dar, muitas vezes, a melhor configuração
(quadrada). Tais fatores são: topografia, os acidentes geográficos (rios, lagos, elevações,
depressões e grutas, etc.), a disponibilidade e distribuição das aguadas, tipo de manejo
empregado, posição e localização das instalações, condições econômicas do pecuarista,
etc.
Os dados do Quadro 1 mostram claramente a forma dada aos pastos afeta o seu
perímetro, ou seja a extensão de cerca necessária para o seu fechamento, variando
segundo a unidade de área e ressalta a importância deste fato no planejamento da
exploração pecuária.
Deste modo verifica-se que à medida que os pastos diferenciam-se da forma
quadrada. a relação perímetro por unidade de superfície fechada torna-se maior.
Quadro 1 — Perímetros das diferentes formas e áreas de pastos
Forma Dimensões (m) Área (ha) Perímetro (m)
A 400x400 16,00 1.600
B 800x200 16,00 2.000
C 1.600x 100 16,00 3.400
D 400 x 200 8,00 1.200
E 200x200 4,00 800
F 200x 100 2,00 600
G 100 x 100 1,00 400
H 200 X 50 1,00 500
67

Em resumo, pode-se dizer que:


1) Sempre que houver possibilidade e as condições o permite recomenda-se á forma
quadrada aos piquetes;
2) Desde que não seja possível dar essa forma (quadrada) aos pastos, é preferível usar a
retangular, porém sem grande desproporção entre suas dimensões (comprimento e
largura);
3) Deve-se evitar a disposição em forma de leque aos pastos (pasto irrigado por pivô),
pela disparidade de utilização nos vários pontos da área e pelo fato de que as cercas
vão formar cantos estreitos e ângulos fechados contribuindo para um pastejo
desuniforme nessas áreas;
4) De modo geral, o bom senso deve indicar a forma mais conveniente para os
piquetes, segundo as condições de cada local e cada propriedade;
5) Não há necessidade de que todos os piquetes e pastos da propriedade sejam do
mesmo tamanho e formato, podendo haver variações até mesmo dentre os pastos
que compõe uma Unidade de Manejo.
b) Tamanho da área
Em geral, as áreas de pastagens recebem várias denominações segundo o tamanho
que apresentam. Assim, nas criações extensivas, onde predominam as grandes áreas de
pastagens que chegam o ter 500, 1.000, 2.000 hectares ou até mais, são chamadas de
invernadas. Por outro lado, têm-se as pequenas áreas que recebem a denominação de
piquetes, as quais são mais empregadas no sistema intensivo de pastoreio e manejo
rotacional, As áreas de tamanho intermediárias (médias), onde se aplica mais o sistema
semi-intensivo de pastejo e são chamadas simplesmente de pastos. Na realidade não
existe uma regra ou dimensionamento que indique aquela denominação, sendo que na
prática define-se mais pelos usos e costumes dos pecuaristas e tratadores.
Os diversos pastos de uma propriedade podem apresentar tamanhos diferentes e
esta variação é resultante de vários fatores, quais sejam:
a) da área total em pastagens da propriedade;
b) do tipo de exploração pecuária existente ou a ser adotada;
e) do tipo de manejo empregado ou a ser dado ao rebanho;
d) do número total de animais que compõe o rebanho;
e) do número de Unidade de Manejo e da divisão dos animais em categorias ou grupos;
f) da disponibilidade das aguadas e sua distribuição pelas várias partes da propriedade;
68

g) das condições topográficas da região;


h) da espécie forrageira de cada área e sua capacidade de produção e lotação;
i) das condições de infra-estrutura apresentada pela propriedade (mão-de-obra,
instalações, maquinarias, etc.).

Para a determinação do tamanho dos pastos (área) é necessário, inicialmente, ficar


alguns fatores, quais sejam:
a) Número de animais que irão compor cada Unidade de Manejo (tamanho do lote).
Em média pode ser de 200 a 250 cabeças;
b) Carga animal ou lotação de cada área;
c) Tempo total de ocupação pelos lotes daquele rebanho.

c) Carga animal ou lotação das áreas


O aspecto mais importante no manejo de pastagens é fazer com que a quantidade
de forragem existente naquela área seja colhida pelos animais no período de tempo pré-
determinado. Para tal, pode-se lançar mão de dois meios: 1°) ajustar o número de
animais (lotação) àquela área, reduzindo ou aumentando se for o caso; 2°) ajustar a área
ao rebanho existente através de cercas móveis, o que somente é viável quando se utiliza
cercas elétricas e em manejo intensivo ou no sistema de pastejo em faixas.
Quando se conhece a produção forrageira das várias espécies existentes na
propriedade, pode-se dimensionar as áreas de pastagens segundo a intensidade de
produção de cada uma. Assim, por exemplo, os piquetes formados com espécies
forrageiras mais produtivas poderão ter área menor que àquelas formadas com
forrageiras menos produtivas. Com isto poder-se-á fazer o rodízio por todos os piquetes
daquela Unidade de Manejo obedecendo sempre o mesmo tempo de ocupação em cada
um.
Por outro lado, pequenas diferenças de tamanho entre os piquetes, mesmo quando
formados com mesma espécie forrageira e semelhante potencial de produção não vão
alterar ou prejudicar o manejo.

d) Número de piquetes
Uma vez estabelecido à área necessária para cada parcela ou piquete da
propriedade, o segundo passo vem a ser a determinação do número de piquetes para
cada Unidade de Manejo.
69

O número de piquetes é determinado segundo o período de descanso (de


crescimento) dado ao pasto, ao período de ocupação ou de pastoreio e do número de lote
de animais que irão utilizar àquela Unidade. E calculado pela fórmula:
Número de piquetes = [Período de descanso (PD):Período de ocupação (P0)] + 1

Quando o rebanho é separado em dois ou mais lotes na utilização da Unidade de


Manejo a fórmula é a seguinte:
NP = [(PD:PO) + 1] x categoria de animais

e) Período de descanso (PD)


O período de descanso ou repouso dos piquetes corresponde ao intervalo de tempo
no qual a área permanece sem animais, dando condições para o desenvolvimento e
crescimento da planta forrageira. A determinação deste período está na dependência de
vários fatores, tais como:
a) da espécie forrageira;
b) das condições de clima da região;
c) das condições do ano e crescimento estacional das plantas forrageiras;
d) do tipo de solo e condições de fertilidade da área;
e) das condições de tempo após o pastoreio ou retirada dos animais da área;
f) do tipo de manejo a ser dado na área.

Na prática torna-se muito difícil e mesmo trabalhoso a determinação do ponto de


máximo crescimento da planta forrageira para as diferentes épocas do ano. No entanto,
para algumas espécies, com base nas suas características fisiológicas e nas observações
realizadas quanto ao seu desenvolvimento, pode-se estabelecer os períodos de descanso
que mais se aproximam do estádio ideal de corte (Quadro 2).

Quadro 2 — Períodos de descanso recomendados para algumas gramíneas em pastejo


rotativo
Gramíneas Período de descanso (dias)
Capim Elefante 45 (3 5-45)
Panicum maximum 35 (30-35)
Andropogon 30 (25-30)
Braquiarão 35 (30-35)
Brachiaria decumbens 30 (25-30)
Gênero Cynodon 25 (20-28)
Fonte: CORREA (1999)
70

f) Período de ocupação (P0)


O período de ocupação ou de pastoreio corresponde ao tempo em que cada área
ou piquete permanece com animais durante aquele rodízio, podendo esse período ser
preenchido pelo pastejo de 1 ou mais grupo de animais.
O tempo de permanência dos animais na área está na dependência de vários
fatores, tais como:
a) da espécie forrageira;
b) da quantidade e qualidade de forragem disponível na área;
c) da carga animal ou lotação da área em função da disponibilidade de forragem;
d) do tamanho da área;
e) da variação estacional da forrageira durante as estações do ano;
f) da altura mínima de corte recomendada segundo a espécie forrageira.

O tempo de ocupação de cada piquete pode variar desde algumas horas até no
máximo 7 dias, dependendo principalmente da intensidade com que aquela área vai ser
pastoreada e o tipo de manejo empregado. Recomenda-se, em média, períodos de
ocupação de 1 a 3 dias para gado de leite e de 1 a 7 dias para gado de corte.
Há uma correlação inversamente proporcional entre o período de pastejo
determinado e o número de piquetes, ou seja, quanto menor for o tempo de ocupação
estabelecido maior será o número de piquetes necessários para a rotação nas Unidades
de Manejo.
Por outro lado, no entanto, é preciso considerar que á medida que o animal
permanece mais tempo no pasto (tempo de pastejo maior) a qualidade e a quantidade de
forragem disponível vão decrescendo e chega a tal ponto que passa a interferir na
produção animal.

Com base nestas considerações, pode-se recomendar:


1) o tempo de ocupação não pode ser muito pequeno, o que irá implicar em grande
número de piquetes, como também não pode ser muito dilatado tendo em vista as
considerações feitas anteriormente;
2) quanto mais intenso é o sistema de manejo empregado menor poderá ser o período
de ocupação
71

3) para manejo mais extensivo, o tempo de pastejo poderá ser mais dilatado não
ultrapassando, porém, de 7 dias;
4) ter sempre em mente que a maior divisão das pastagens traz como conseqüência
maior gasto em cercas, maiores cuidados na distribuição e localização das áreas de
pastagens com relação às aguadas e bebedouros, localização dos corredores e
passagens de animais, porteiras, etc. e conservação dos mesmos.
Uma vez estabelecido o período de descanso e o de ocupação dos piquetes,
calcula-se o número de piquetes necessários para a Unidade de Manejo. Com base
nesses dados, procura-se ajustar a lotação ou o número de animais dentro do esquema
proposto. Para isto, é preciso ter inicialmente uma base sobre a produção forrageira
daquela área. É possível que na aplicação deste método o pecuarista de início não
acerte, sendo necessário fazer ajustes na lotação animal, porém, com a prática poderá ir
conhecendo cada vez melhor a qualidade dos pastos de tal modo que possa estabelecer
um número suficiente de animais com capacidade de consumir toda a forragem dentro
do prazo determinado e respeitando a altura de corte indicada para aquela forrageira.
É mais aconselhável regular o período de descanso do pasto em termos de dias do
que pela altura da planta forrageira como é adotado por alguns técnicos e pecuaristas.
Regulando-se o tempo de repouso da planta forrageira pelo número de dias, tem-
se a certeza de que ela será sempre pastoreada com a mesma “idade fisiológica”, ou
seja, o corte é efetuado sempre no mesmo estádio de desenvolvimento da planta.
Quando se estabelece determinado tempo de repouso (dias) torna-se mais fácil na
prática à aplicação de sistema de manejo rotacionado uma vez que o pecuarista pode
elaborar a programação do rodízio dos pastos antecipadamente.
A determinação da época de pastejo pela altura do pasto é muito subjetiva, pois
depende em grande parte do critério e julgamento utilizado pelo pecuarista.

g) Altura mínima de corte


A altura mínima de corte é um fator bastante importante no manejo de pasto,
porquanto influi sobre o rendimento, recuperação e manutenção do estande e qualidade
da forragem colhida.
Entretanto, para se obter a melhor utilização do pasto em sistema rotacional,
atendendo não só as exigências animal como também as condições de sobrevivência da
planta forrageira é preciso conciliar dois importantes aspectos: 1°) saber quando os
animais podem e devem entrar no pasto, fixando o período de repouso ou de
72

crescimento da planta forrageira e 2°) saber quando os animais devem sair do pasto,
indicado principalmente pela altura da planta. Estes dois fatores determinam a
freqüência e intensidade de corte da espécie forrageira.
A produção está correlacionada a altura e freqüência de corte. Assim é que, para
menores intervalos de cortes devem corresponder maiores alturas de corte, enquanto
que, para cortes menos freqüentes, os maiores rendimentos são obtidos quando a altura
de corte é baixa No caso de pastoreio, entretanto, onde as colheitas são mais freqüentes,
deve-se elevar a altura de utilização da forragem para evitar a eliminação do meristema
apical e garantir melhores rendimentos através de uma rebrota mais vigorosa.
Entretanto, para algumas espécies forrageiras, baseadas nessas características e no
hábito de crescimento, pode-se estabelecer a altura de corte mínima recomendada
(Quadro 3).

Quadro 3 – Altura mínima de corte para algumas forrageiras


Gramíneas Altura (cm) de saída dos animais
Capim Elefante 35-40
Tobiatã 50-80
Colonião e Tanzânia 40-50
Mombaça 40-50
Andropogon 20-30
Braquiarão 20-25
Brachiaria decumbens 10-15
Brachiaria humidicola 5-8
Gênero Cynodon 5-8
Fonte: CORRËA (199)

h) Cálculo da área necessária e número de piquetes


Exemplo de cálculo: calcular o número de piquetes e a área de cada um para um
rebanho de 50 vacas em lactação, com peso médio de 550 kg de PV, visando um
consumo médio de 3,5% do PV/dia/em MS, num pasto de Brachiaria brizantha com
produção de 15 t de MS/ha/ano, perdas de pastejo de 30% e produção na época da seca
de 10% (estacionalidade). O período de descanso será de 33 dias e o de ocupação de 2
dias.

Para dimensionar a área total, o primeiro passo é transformar o número de animais


em kg de peso vivo:
Kg PV=50x550=27.500
Em seguida calcula-se a quantidade de pasto (Qp) consumida por dia:
73

Qp 27.750 x 3,5%=962,5 kg de MS/dia, logo a quantidade necessária de MS por ano


[N(MS/ano)] será de:
N(MS/ano)= (Quantidade de pasto ingerida/dia x 180 dias):[1-(perdas de pastejo +
estacionalidade)].
N(MS/ano)=(962,5 x 180):[1-(0,3+0,1)]=288.750 kg, portanto necessitar-se-á de uma
área total (At) de:
At= [N(MS/ano)]:[P(MS/ha)=288.750:15.000=19,25 ha, logo o número piquetes será:
NP=[(PD):(PO)+1=(33:2)+1=18 piquetes com área de:
Ap=(At):(NP)=19,25:18= 1,07 ha =10700m²

No período das águas ter-se-á 50 vacas em um piquete de 5.882 m2 por dois dias,
com cada vaca tendo 117,6 m2 de pasto disponível. Por outro lado, no período seco do
ano (180 dias), essa quantidade de animais cairá entre 70 e 90%, dependendo das
condições climáticas. Logo para a manutenção do mesmo rebanho deverá ser feito um
plano para suplementação (capim-elefante, cana-de-açúcar, guandu, silagem ou feno),
além de concentrados.

Calcular a área necessária para alimentar um rebanho composto de 100 animais e


sabendo-se que o pasto produz cerca de 12 toneladas de matéria seca por hectare ano:
a) Produção de verão: Produção total anual = 12 t MS/ha, sendo que a produção das
águas (90% do total anual) = 12 t x 0,90= 10,8 t MS/há/águas
b) Produção por corte: o período das águas corresponde a 180 dias, logo nesse período e
fixado em 40 dias o tempo de repouso e de 3 dias o de ocupação, dá um total de 43
dias de rodízio. Portanto, 180 dias:43 dias=4, significa que durante o período das
águas essa área será pastoreada por 4 vezes, logo: 10,8t MS:4 cortes=2,7 t
MS/ha/corte nas águas.
c) Perdas na colheita: considerando que as perdas em forragem são de aproximadamente
de 20%, a produção por corte nas águas será de: 2,7 x 0,8=2,16 t MS
d) Consumo médio animal: sendo o consumo médio animal de 10 kg de MS, a
produção das águas (2,16 t) dará para 216 refeições. Como o período de ocupação é
de 3 dias, 216:3=72 rações/ha/corte nas águas.
e) Área necessária por animal e total: se a produção de MS de 1 ha dá 216 refeições,
portanto são necessários 46,30 m2 por cabeça e por dia ou, 46,30m2/cab/dia x 3 dias
de ocupação = 138,90 m2.
74

f) Para o rebanho total: 138,90 m2 x 100 cab = 1,39 ha ou, praticamente 1,4
ha/3dias/100 animais. Isto significa que cada piquete terá no mínimo 1,4 ha para
comportar o rebanho total de 100 cabeças durante 3 dias, por 4 vezes durante o
período das águas.
g) Número total de piquetes: NP=(40:3)4-1=14,3 ou, praticamente 15 piquetes.
h) Área total: I5 piquetes x 1,4 ha = 21 hectares.
Em resumo:
1) Área total necessária = 21 hectares
2) Arca de cada piquete = 1,4 hectares
3) Número total de piquetes = 15
4) Número de rotação em cada área durante as águas 4 vezes
5) Período de ocupação = 3 dias
6) Período de descanso = 40 dias
7) Número total de animais = 100 cabeças.

i) Cálculo da capacidade de suporte de uma pastagem:


Inicialmente deve-se fazer uma amostragem da produção de matéria verde (MV),
que posteriormente deverá ser transformada em matéria seca (MS). Isto fornecerá com
bastante aproximação, a capacidade de suporte em kg de PV/ha, no período pré-
estabelecido. Para tal operação, deverá ser utilizado um quadrado de 1 m de lado,
jogado ao acaso por 15 vezes na área que se quer determinar a capacidade de suporte.
Cada 5 m2 de área cortada constituirão uma amostra.
As forrageiras deverão ser cortadas à altura de pastejo (dependerá de cada
espécie), somente das plantas que estiverem dentro do quadrado, colocadas em saco
plástico e em seguida pesadas. De posse das pesagens das amostras, tira-se à média de
peso da forragem colhida e procede-se aos cálculos de MS (quando não for possível a
determinação da MS real a mesma poderá ser estimada entre 18 a 25%, dependendo da
idade ou do estágio de desenvolvimento das plantas), considerar um aproveitamento de
60 a 70% e consumo de MS/PV entre 1,5 a 3,5%.

Exemplificação dos cálculos:


a) Amostragens:
Amostra 1 (pesagem de 5 cortes)=1000g:5=200g/m2
Amostra 2 (pesagem de 5 cortes)=1200g:5=:240 g/m2
75

Amostra 3 (pesagem de 5 cortes)=1100g:5=220g/m2


Peso das 3 amostras médias=660g/m2
Média=660:3=220g/m2 (matéria verde)

b) Estimativa da MS=220 g/m2 x 25%=55 g MS/m2 (considerou-se 25 %);


c) Aproveitamento de 60% (40% perdas)=55 g/m2 x 60%=33 g de MS disponível/m2;
d) Cálculo/ha=33 g MS/m2 x 10 000 m2 =330.000 g MS/ha;
e) Capacidade de suporte: se 100 kg de PV consomem 2000 g de MS/dia, logo 330.000g
de MS/ha permitem alimentar 16.500 kg de PV/ha/dia. Considerando-se um período
de pastejo de 30 dias, ter-se-á:
16.500 kg PV/ha/dia: 30 dias=550 kg de PV/ha/30dias, como 450 kg de PV=1,0 UA,
a pastagem terá uma capacidade de suporte de 1,2 UA/ha/30 dias.

Observação: deve-se lembrar que a produção de MS é variável durante o ano, como


por exemplo, para o capim colonião.
NOV=65,1 kg de MS/ha/dia DEZ=62,9 kg de MS/ha/dia
JAN=53,3 kg de MS/ha/dia FEV=43,0 kg de MS/ha/dia
MAR=36,5 kg de MS/ha/dia ABR=30,0 kg de MS/ha/dia
O pastejo deve ser conduzido de forma a não haver um rebaixamento excessivo da
forrageira, tanto em lotação contínua como na desfolha intermitente (Quadro 2).
As alturas recomendadas visam preservar folhas remanescentes, o meristema
apical (ponto de crescimento) e as reservas do sistema radicular para favorecer a rebrota
rápida das forrageiras e evitar a degradação das pastagens.

6.5. ETAPAS NO PLANEJAN1ENTO DAS ÁREAS DE PASTACENS


Antes de elaborar o planejamento deve-se proceder ao levantamento de ordem geral das
condições da região e em particular da propriedade, isto é, um inventário completo a fim
de avaliar os recursos e detectar os pontos fracos e deficientes que necessitam ser
reformados ou melhorados. Os pontos principais para esse levantamento são:
1) Levantamento geral da região
2) Levantamento geral da propriedade
3) Levantamento geral das áreas de pastagens
4) Levantamento geral do rebanho
5) Levantamento geral dos problemas
76

6) Elaboração das modificações recomendadas


7) Introdução das técnicas sugeridas

6.6. ANOTAÇÕES PARA CONTROLE DO PASTO


Tem a finalidade de coletar dados e informações que permitam não só melhorar as
condições das pastagens como poder compará-las entre si, Para tal é necessário que
sejam anotadas algumas informações, em ficha própria, referente a cada piquete ou
pasto, isoladamente.

4.7. MÉTODOS DE PASTEJO


4.7.1. Lotação contínua: caracterizada pela permanência de animais no pasto por várias
semanas ou mesmo durante uma estação de crescimento, Porém, isso não implica que as
plantas estejam sob constante desfolha, pois o intervalo entre desfolha pode variar de 5
dias a 3 - 4 semanas.
a) Taxa de lotação fixa — o número de animais que permanece na área por um
determinado período é constante.
b) Taxa de lota variável — o número de animais pode variar dentro de uma determinada
área durante o período de pastejo.

Características da lotação contínua:


a) é a forma mais comum, para gado de corte;
b) permanência dos animais em áreas fixas, por longos períodos;
c) mais indicado para grandes áreas e fazendas com menor controle gerencial;
d) possibilita baixas taxas de lotação (1,0 a 1,5 UA/ha/ano) com carga animal constante;
e) carga animal variável permite maiores taxas de lotação (maior produção de forragens
nas águas;
f) oferece baixo risco â lucratividade do produtor;
g) menor produtividade;
h) adequado a forrageiras de hábito de crescimento rasteiro.

4.7.2. Desfolha intermitente: caracterizada pela desfolha rápida, que pode ser realizada
tanto pelo corte como pelo pastejo, antes dos animais serem transferidos para uma nova
área.
77

a) Pastejo rotacionado - caracterizado por uma seqüência regular entre o pastejo


(Período de ocupação) e o descanso (Período de descanso) sobre um número
determinado de piquetes.
PD=Período de descanso PD+P0=ciclo de pastejo
P0=Período de ocupação (PD:P0)+1=número de piquetes

Características do pastejo rotacionado:


a) permanência dos animais nos pastos por curtos intervalos;
b) período de ocupação (P0): variável de acordo com a forrageira e o manejo adotado;
c) período de descanso (PD): é o intervalo de tempo entre dois pastejos no mesmo
pasto (variável com a forrageira e o manejo adotado);
d) adequado a forrageiras com hábitos de crescimento cespitoso;
e) é essencial a aplicação de fertilizantes (grande remoção);
f) exige mão-de-obra mais treinada;
g) exige maior capacidade gerencial;
h) maiores problemas com a estacionalidade;
i) aumento dos riscos de produção: veranicos, pragas e erros de manejo podem
comprometer seriamente a lucratividade do sistema.
Comparação entre sistemas de lotação contínua e rotacionado, sendo as vantagens ou
pontos positivos (+) e as desvantagens ou pontos negativos (-).
LOTAÇÃO CONTÍNUA ROTACIONADO
INVESTIMENTOS
Cercas e aguadas + -
Mão de obra + -
MANEJO DAS PASTAGENS
Ajuste da carga animal - +
Pressão de pastejo - +
Aproveitamento da forrageira - +
Consumo seletivo + -
Obs: E comportamento dos animais - +
PRODUÇÃO DIRETA
Ganho/animal/dia + -
Ganho/ha - +
Economicidade - +
PRODUÇÃO INDIRETA
Sistema radicular + +
Controle de invasoras - +
Distribuição dos dejetos - +
Sustentabilidade das pastagens - +
78

As pesquisas mostram que qualquer forrageira que apresente bom desempenho em


pastejo continuo, apresentará também bom desempenho em pastejo rotacional. Porém,
o contrário não é verdadeiro.

Decidir qual método de pastejo a adotar não é tarefa fácil. Para se obter sucesso no
empreendimento é indispensável elaborar um bom planejamento, além de escolher e
manejar certo o pasto.

4.8. CONSIDERAÇÕES FINAIS


a) Embora as gramíneas forrageiras tropicais não sejam de excelente qualidade, a
produtividade animal pode ser elevada, devido ao seu grande potencial de produção
de matéria seca durante as águas.
b) Pastagens de alta produção, quando utilizadas intensivamente por meio do pastejo,
devem estar associadas a sistemas de alimentação do rebanho durante o período de
escassez dê produção de forragem.
c) O manejo correto da pastagem é de fundamental importância para garantir produção
de matéria seca, qualidade da forragem e persistência da forragem.
d) Das variáveis de manejo, a taxa de lotação (número de animais por unidade de área)
é a mais importante, pois ela determina o crescimento da planta, as composições
botânica e morfológica da pastagem e, conseqüentemente, a qualidade e a
quantidade de forragem disponível.
e) O manejo das pastagens determina o estabelecimento ou não do equilíbrio SOLO-
PLANTA-ANIMAL, logo manejos inadequados não só resultam em diminuição da
produção animal, mas também, e principalmente, à degradação das pastagens e do
solo.

4.9. CONCLUSÕES
a) Há uma tendência natural, por parte dos criadores, a não aceitar inovações,
sobretudo, se as mesmas vão requerer maior emprego de capital, fato que tem
limitado a utilização de sistemas especializados de condução de pastagens.
b) A sofisticação que envolve certos sistemas, muitas vezes desnecessária, exigindo
constante acompanhamento técnico, além de muito freqüentes decisões de manejo, é
fator limitante á sua adoção de vez que resultados semelhantes podem ser obtidos
79

por processos mais simples e de menor custo. A flexibilidade e a simplicidade são


condições que não devem ser esquecidas em um sistema de manejo.
c) Em virtude de requer menor investimento e mais baixo custo operacional relativo, o
sistema de lotação contínua é, sem dúvida, o menos afetado pelas oscilações de
mercado e outros fatores de ordem econômica.
d) A produção de leite ou carne depende fundamentalmente da taxa de lotação utilizada
e do grau de seletividade da planta. Lotações iguais podem proporcionar produções
semelhantes, mesmo para diferentes sistemas de pastejo.
e) O ganho de peso diário e por animal será semelhante em qualquer sistema de pastejo
se houver quantidade e qualidade de forragem disponível. Alta lotação provoca
redução na seletividade e conseqüente redução no ganho de peso do animal. Baixa
lotação estimula a seletividade e aumenta o ganho por animal. E por isso que no
sistema rotacionado sempre se observam menores ganhos por animal.
f) Aumentos na produção por unidade de área em pastejo rotacionado precisam Ser
cuidadosamente calculados para verificar se compensam os custos adicionais de sua
implantação.
g) O sistema de pastejo tem influência marcante sobre a composição botânica da
pastagem.
h) Comunidades vegetais compostas de espécies cespitosas altas se adaptam melhor no
sistema rotacionado enquanto que as estoloníferas são mais eficientes no sistema
continuo.
4.10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GOMIDE, J. A. As interfases solo-planta-animal da exploração da pastagem. In:
EVANGELISTA, A. R.; REIS, S. T.; GOMIDE, E. M. Forragicultura e pastagens.
Temas em evidência: sustentabilidade. Lavras: Editora UFLA, 2003. p. 75-116.
CORSI, M. & AGIJIAR, R. N. Sistema de manejo de pastagem e sustentabilidade.
EVANGELISTA, A. R.; REIS, S. T.; GOMIDE, E. M. Forragicultura e pastagens.
Temas em evidência: sustentabilidade. Lavras:Editora UFLA, 2003. p. 227-267.
SILVA, S. C. & CORSI, M. Manejo do pastejo. In: PEIXOTO, A, M.; MOURA, J. C.;
SILVA, S. C. et al. Produção animal em pastagens. Piracicaba:FEALQ, 2003. p. 155-
186.
NASCIMENTO JÚNIOR, D.; GARCEZ NETO, A. F.; BARBOSA, R. A. Fundamentos
para o manejo de pastagens. In: OBEID, J. A.; PEREIRA, O. G.; FONSECA, D. M. et
al. Manejo estratégico da pastagem. Viçosa:UFVIDZ, 2002. p.149-196.
PEDREIRA, C. G. S.; SILVA, S. C.; BRAGA, G. J. et al. Sistemas de pastejo na
exploração pecuária brasileira. In: OBEID, J. A.; PEREIRA, O. G.; FONSECA, D. M.
et al. Manejo estratégico da pastagem. Viçosa:UFVIDZ, 2002. p.197-234.
HERLING, V. R.; RODRIGUES, L. R. A.; LUZ, P. H. C. Manejo do pastejo.
PEIXOTO, A. M.; MOURA, J. C.; SILVA, S. C. et aI. Planejamento de sistemas de
produção em pastagens. Piracicaba:FEALQ, 2001. p. 157-192.
80

VI - RECUPERAÇÃO E RENOVAÇÃO DE PASTAGENS DEGRADADAS

A degradação das pastagens pode ser explicada como um processo dinâmico de


degeneração ou de queda relativa da produtividade, e, portanto é interpretada de
diferentes formas por produtores e técnicos.
Neste sentido observa-se que após a implantação ou renovação de uma pastagem
a produtividade é normalmente sempre maior no primeiro e segundo anos de
exploração. Estima-se que a produção das pastagens e a produção animal sejam 30%-
40%, em média, superiores no primeiro ano de exploração em relação aos 3 ou 4 anos
subseqüentes, quando o potencial produtivo não é limitado por problemas de clima, solo
ou manejo animal inadequado.
Após essa fase mais produtiva nota-se uma queda natural da produtividade com
o tempo. Esta queda pode ser mais intensa, rápida e constante, até atingir um
determinado ponto de equilíbrio, caso não seja aplicada uma ação de manejo visando à
manutenção da produção. Alguns autores ponderam que o estresse do pastejo e a
constante desfolhação da planta modificam o hábito de crescimento causado
principalmente, pela alteração na estrutura do relvado. Assim, são alterados o número
de perfilhos, tamanho e número de folhas e relação parte aérea e raiz. Esse novo perfil
morfológico conduz a diferentes relações fisiológicas e nutricionais na planta, que se
não manejadas adequadamente, para cada situação específica, alteram o equilíbrio solo-
planta-animal e dão inicio ao processo de degradação das pastagens.
Recomenda-se que antes do início do processo de degradação seja introduzida
uma ação de manejo que vise a manutenção da produtividade. Esta pouca estar
relacionada ao manejo animal, como um ajuste da lotação ou ao manejo da pastagem,
através de práticas culturais, tais como a calagem, gessagem e adubação.
A “degradação de pastagens” é o processo evolutivo de perda de vigor, de
produtividade, de capacidade de recuperação natural das pastagens para sustentar os
níveis de produção e qualidade exigida pelos animais, assim como, o de superar os
efeitos nocivos de pragas, doenças e invasoras, culminando com a degradação avançada
dos recursos naturais, em razão de manejos inadequados (Macedo, 1995).
Esta versão simples e didática de degradação está baseada num processo
contínuo de alterações da pastagem que tem inicio com a queda do vigor e da
produtividade da pastagem. Poder-se-ia comparar este processo a uma escada, onde no
topo estariam as maiores produtividades e à medida que se descem os degraus com a
81

utilização da pastagem, avança-se no processo de degradação. Até um determinado


ponto, ou certo degrau, haveria condições de se conter a queda de produção e manter a
produtividade através de ações mais simples, diretas e com menores custos
operacionais. A partir desse ponto, passar-se-ia para o processo propriamente de
degradação, onde só ações de recuperação ou de renovação, muitas vezes mais drásticas
e dispendiosas apresentariam respostas adequadas.
O final do processo culminaria com a ruptura dos recursos naturais, representado pela
degradação do solo com alterações em sua estrutura, evidenciadas pela compactação e a
conseqüente diminuição das taxas de infiltração e capacidade de retenção de água,
causando erosão e assoreamento de nascentes, lagos e rios. A Fig. 1 ilustra essa visão.

Figura 1 – Representação gráfica simplificada do processo de degradação de pastagens


cultivadas em suas diferentes etapas no tempo (Macedo, 1999).

Estas considerações sobre o processo de degradação, que estão apresentadas


numa seqüência lógica, na realidade não são tão simples e nem sempre ocorrem nessa
mesma ordem, podendo apresentar-se em diferentes seqüências e graus, dependendo do
ecossistema e do manejo utilizado. O próprio limite entre a fase de manutenção e o
início da degradação, ainda é objeto de pesquisa, pois para cada sistema de produção
pode-se ter uma situação diferente. E razoável a suposição de que estes limites,
estabelecidos por indicadores, sejam diferentes e se situem em faixas e não em valores
fixos e pontuais.
A verificação e determinação de indicadores da sustentabilidade da produção em
pastagens e na produção animal tem sido tema de vários projetos de pesquisa, pois é
fundamental para a tomada de decisões de manejo a fim de prevenir e/ou reverter a
82

queda da produtividade. Neste ponto está o grande desafio que a pesquisa terá que
esclarecer para a compreensão e solução do problema da degradação das pastagens.
Os produtores muitas vezes se deixam levar pela aparência momentânea do
estado da pastagem e não usam as ferramentas importantes de predição de queda da
produção, tais como variáveis componentes da fertilidade, de propriedades físicas do
solo e do estado nutricional das plantas.
Uma das características indicativas mais notadas no processo de degradação das
pastagens é a capacidade de suporte animal ao longo do tempo. Quando a exploração
pecuária é monitorada com certo grau de organização e critério é freqüente observar-se
que num primeiro momento diminui a capacidade de suporte para a mesma oferta de
forragem. Ao proceder-se um descanso ou veda da pastagem, o crescimento no período
não é suficiente para manter a lotação anterior. Posteriormente, caso’ nenhuma ação de
manejo seja tomada, decresce simultaneamente a quantidade e a qualidade da forragem
e o reflexo passa a ser mais acentuado no desempenho individual dos animais. Nesta
fase é possível que o relvado já não seja uniforme, possuindo áreas descobertas, sem
forragem e com o solo exposto. Ocorrências de invasoras e pragas também podem ser
notadas, pois a pastagem cultivada introduzida começa a perder a capacidade de
recuperação natural pela competição exercida pelas espécies nativas.

Considerando-se a degradação das pastagens conforme as seguintes etapas:


Implantação e estabelecimento das pastagens

Utilização das pastagens

ação climática e biótica


práticas culturais e manejo animal

Queda do vigor e da produtividade → efeito na capacidade de suporte

Queda na qualidade nutricional → efeito no ganho de peso animal

Degradação dos recursos naturais

Pode-se concluir que o acompanhamento criterioso da capacidade de suporte, em


principio, permite antecipar etapas mais graves do processo de degradação
83

A observação da queda da capacidade de suporte, no entanto, não tem sido


suficiente para conscientizar a adoção de ações de manejo de manutenção, o que tem
obrigado posteriormente a utilização de alternativas de recuperação ou renovação mais
onerosas e de difícil realização do ponto de vista financeiro.
Enquanto está se preconizando o uso de adubação e/ou calagem apenas com
aplicação superficial e à lanço, os custos podem estar ao redor de US$ 60 a USS 120/ha,
mas quando o processo de degradação está mais avançado e exige revolvimento do solo,
práticas de conservação, etc. os custos podem exceder a USS 220/ha.

Causas da degradação
As causas mais importantes da degradação das pastagens podem ser as seguintes:
• Germoplasma inadequado ao local;
• Má formação inicial - causada pela ausência ou mau uso de alguns dos itens:
 práticas de conservação e de preparo do solo
 correção da acidez e/ou adubação;
 sistemas e métodos de plantio:
 manejo animal na fase de formação;
• Manejo e práticas culturais:
 uso de fogo como rotina;
 métodos, épocas e excesso de roçagens;
 ausência ou uso inadequado de adubação de manutenção;
• Ocorrência de pragas, doenças e plantas invasoras;
• Manejo animal
 excesso de lotação;
 sistemas inapropriados de pastejo;
• Ausência ou aplicação incorreta de práticas de conservação do solo após uso relativo
ou uso prolongado de pastejo.

MÉTODOS DE RECUPERAÇÃO E RENOVAÇÃO

Recuperação e renovação direta


Entende-se por recuperação direta de pastagens as práticas mecânicas e
químicas aplicadas a uma pastagem com o intuito de revigorá-la sem substituir a espécie
forrageira existente.
84

Entre as operações mecânicas incluem-se a aplicação superficial à lanço de


insumos, escarificação, subsolagem, gradagem, aração, etc. Nas opções químicas estão a
calagem, a gessagem e a adubação.
A escolha da operação depende, principalmente, do estádio de degradação da
pastagem. Quanto mais avançado o grau de degradação mais drástica deverá ser a ação
mecânica.
Assim, pastagens com erosão laminar, grande incidência de invasoras de porte
alto, cupins de montículo e baixa cobertura vegetal poderão exigir operações de
revolvimento de solo com grade, arado, terraceador e/ou uso de subsolador.
Por outro lado, pastagens no estádio inicial de degradação, onde apenas se
observa perda de vigor e produtividade, podem ser recuperadas por meio de simples
aplicação superficial de fertilizantes, corretivos e/ou escarificação/subsolagem.
Antes da tomada de qualquer decisão, deve-se proceder a uma análise histórica
da área e suas implicações na produção global da propriedade, assim como das
repercussões econômicas. Recomenda-se também um levantamento agronômico geral,
com avaliações do potencial produtivo atual, do estado nutricional da pastagem, de
propriedades físicas do solo e de componentes da fertilidade do solo. Um levantamento
cuidadoso permitirá a escolha de quais atividades mecânicas e químicas serão mais
eficientes em cada caso, assim como as épocas e formas de realizá-las. As fontes, doses
e épocas de aplicação de corretivos e fertilizantes, também deverão ser realizadas de
forma orientada para cada caso.

Renovação direta de pastagens


Renovação direta de pastagens seriam as ações relativas às práticas agronômicas
aplicadas sobre pastagens degradadas no sentido de substituir a espécie presente e
reverter o processo de degradação através da implantação de uma nova espécie
forrageira. A renovação direta de pastagens é caracterizada principalmente pela
tentativa de substituição de forrageiras sem a utilização de uma cultura intermediária.
Esta alternativa apresenta, de uma forma geral, problemas de ordem prática e
econômica pois as espécies forrageiras tropicais, mesmo quando a pastagem está em
degradação, possuem um elevado banco de sementes no solo e taxas altas de
crescimento relativo. Portanto, nem sempre as ações mecânicas de preparo do solo ou
de dessecação das plantas por herbicidas são eficientes para permitir a implantação de
uma nova espécie evitando a competição com plantas remanescentes da espécie
85

anterior. Esta competição pode ser elevada na fase inicial do estabelecimento da nova
espécie ou no decorrer da utilização da pastagem, principalmente se houver alta
seletividade sob pastejo animal.
Pode-se citar como exemplo de espécies agressivas e possuidoras de grandes
bancos de sementes no solo as do gênero Brachiaria. Uma renovação direta de
pastagem muito utilizada recentemente tem sido a substituição de espécies de
Brachiaria spp. por espécies do gênero Cynodon (Coastcross, Tiftons, etc.). Como estas
últimas são implantadas por propagação vegetativa, a utilização de herbicidas do grupo
das trifluralinas tem sido bastante eficiente para retardar o crescimento de novas plantas
de Brachiaria através de sementes e permitir o fechamento do estande com maior
rapidez.

Recuperação e renovação indireta


A recuperação indireta de pastagens degradadas pode ser compreendida como
aquela efetuada através de práticas mecânicas, químicas e culturais, utilizando-se de
uma pastagem anual (milheto, aveia) ou de uma lavoura anual de grãos (milho, soja,
arroz) por certo período de tempo a fim de revigorar a espécie forrageira existente.
As técnicas agronômicas podem variar desde a dessecação da pastagem com um
herbicida e plantio direto de um pasto anual ou de uma lavoura anual, com cultivo
mínimo, até o preparo do solo e plantio convencional dos mesmos. Após a utilização do
pasto anual ou colheita de grãos da lavoura, deixa-se a pastagem retornar através do
banco de sementes existente ou procede-se a uma semeadura complementar para
uniformizar a população de plantas.
O objetivo principal desta técnica é o de aproveitar a adubação residual
empregada no pasto anual ou lavoura para recuperar a espécie de pastagem existente
com menores custos. As produções de carne ou de leite obtidas com o pasto anual, de
forma intensiva, ou da venda dos grãos da lavoura amortizam em parte os custos de
recuperação/renovação da pastagem.
A renovação indireta de pastagens, por sua vez, pode ser entendida como
aquela efetuada através de práticas mecânicas, químicas e culturais, utilizando-se de
uma pastagem anual (milheto, aveia) ou de uma lavoura anual de grãos (milho, soja,
arroz) por certo período de tempo, a fim de substituir a espécie forrageira existente por
outra de melhor valor nutritivo ou com diferentes características que as da espécie em
degradação.
86

INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA
Recentemente, tem crescido a cada ano, nos Cerrados do Brasil, uma alternativa
bastante eficiente de manutenção da produtividade de pastagens e de
recuperação/renovação indireta de pastagens que é o sistema de integração lavoura-
pecuária.
Este sistema permite um uso mais racional de insumos, máquinas e mão-de-obra
na propriedade agrícola, além de diversificar a produção e o fluxo de caixa dos
produtores. Evidentemente que alguns requisitos são necessários para implementar o
sistema, tais como, máquinas e implementos agrícolas, infra-estrutura de estradas e
armazéns, mão-de-obra qualificada e domínio da tecnologia de lavouras anuais e
pecuária.
A integração lavoura-pecuária permite um sistema de exploração em esquema de
rotação, onde se alternam anos ou períodos de pecuária com a produção de grãos ou
fibras, etc.
O Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte, da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa Gado de Corte), vem desenvolvendo desde 1993/1994
um experimento de longa duração onde estão sendo estudados sistemas de rotação
lavoura-pecuária, comparados a sistemas contínuos de pecuária e lavoura, O objetivo é
comparar a eficiência agronômica e econômica e avaliar a sustentabilidade da produção
dos diferentes sistemas. Tem-se também como objetivo determinar alguns indicadores
da sustentabilidade.
É importante ressaltar que esse projeto foi implantado em uma área de pastagens
degradadas de Brachiaria decumbens, as quais foram recuperadas ou renovadas por
meio de diferentes tratamentos: adubação, calagem e tratos mecânicos; renovação com
troca de espécies: Brachiaria brizantha e Panicum maximum, com plantio de soja ou
milho, etc. Uma área de vegetação natural e uma área de pastagem degradada estão
sendo mantidas como testemunhas para comparações:
Os resultados até o momento têm demonstrado que, enquanto a pastagem
degradada está produzindo ao redor de 45-60 kg de carne equivalente carcaça/ha/ano, as
pastagens recuperadas ou renovadas estão produzindo 150—225 kg carne/ha/ano, em
sistema de recria de animais anelorados. Os tratamentos de integração lavoura-pecuária
têm apresentado um custo benefício favoráveis em função da venda de grãos e da
adubação residual deixada pelas lavouras anuais de milho e soja.
87

PLANTIO DIRETO SOBRE PASTAGENS


O sistema de plantio direto sobre pastagens também é uma tecnologia alternativa
de manutenção da produtividade e de recuperação/renovação de pastagens em estádios
iniciais de degradação. Este sistema pode ser utilizado para o plantio de pastagens
anuais (milheto ou sorgo forrageiro) leguminosas, como o estilosantes ou guandu, ou
culturas anuais de grãos, como a soja ou milho, sobre pastagens de Brachiaria ou
Panicum.
O sucesso da produção da cultura utilizada no plantio direto será tanto maior
quanto menos degradada estiver a pastagem. Pastagens em estádios avançados de
degradação. com problemas de erosão, altas populações de invasoras, solos com baixa
saturação por bases (< 30% na camada arável), baixos teores de fósforo (< 3 mg/dm3 em
Mehlich-1) e problemas de compactação, podem comprometer a produção da cultura e
atrasar a amortização dos custos almejada no processo de recuperação ou renovação de
pastagens. A insistência do uso do plantio direto nessas condições tem frustado os
objetivos de muitos produtores e desestimulado a utilização desta importante tecnologia.
A utilização do plantio direto de culturas anuais em rotação com pastagens, em
sistemas de integração lavoura-pecuária, quando bem planejado tem proporcionado
excelentes resultados na região dos Cerrados, com vantagens para o produtor e melhor
manejo dos recursos naturais.

LITERATURA CITADA E CONSULTADA


EUCLIDES, V. P. B.; MACEDO, M. C. M.; OLIVEIRA, M. P. 1994. Recuperação de
pastagens pela calagem e adubação- In: Anais da XXXI Reunião Anual da SBZ, Julho
de 1994, Maringá. PR, p. 381.
KLUTHCOUSKI, J.; PACHECO, A. R.; TEIXEIRA, S. M.; OLIVEIRA, E. T. 1991.
Renovação de pastagens de Cerrado com Arroz. 1- Sistema Barrirão. Goiânia:
EMBRAPA-CNPAF, 20 p. Documentos, 31.
MACEDO, M. C. M. 1995. Pastagens no Ecossistema Cerrado: Pesquisas para o
Desenvolvimento Sustentável. In: Anais do simpósio sobre pastagens nos Ecossistemas
brasileiros: Pesquisas para o Desenvolvimento Sustentável, Brasília. XXXII Reunião
Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Julho de 1995.
p.28-62.
MACEDO, M. C. M.; ZIMMER, A. [1. 1993. Sistema pasto-lavoura e seus efeitos na
produtividade agropecuária. In: 2° Simpósio sobre Ecossistema de Pastagens. FUNEP.
UNESP, JABOTICABAL, SP, p. 216-245
ZIMMER, A. H.; CORREA. E. 5. 1993. A Pecuária Nacional, uma pecuária de pasto?
In: Anais do Encontro Sobre Recuperação de Pastagens, Nova Odessa, SP. p. 1-25.
ZIMMER. A. H.; MACEDO, M. C. M.; BARCELLOS, A. O.; KICHEL. A. N. 1994.
Estabelecimento e recuperação de pastagens de Brachiaria. In: Anais do 110 Simpósio
Sobre Manejo da Pastagem. FEALQ. Piracicaba, SP. p. 153-208.
88

UNIDADE IV - PRODUÇÃO DE VOLUMOSOS

1 FORMAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE CAPINEIRAS


Capineira é uma área cultivada com uma gramínea de alta produção, utilizada sob
cortes, podendo a gramínea ser fornecida verde picada no cocho imediatamente, ou
então ser fenada ou ensilada para utilização posterior, em épocas críticas. Sua
importância decorre da forte estacionalidade na produção de forragens verificada no
Brasil. Na época da chuva, que dependendo da região, pode variar de 3 até 9 meses, os
pastos crescem vigorosamente, mas na época da seca, seu crescimento é diminuído ou
até paralisado, constituindo grande obstáculo para a produção de leite e/ou carne nessas
épocas, criando o fenômeno da safra/entressafra. Assim, as capineiras constituem
importante estratégia de manejo, a fim de garantir uma alimentação de qualidade para o
rebanho nas épocas críticas. Isso mantém a produção durante a entressafra e eleva assim
a lucratividade, já que nessa época o preço do leite e da carne terá aumentado, em razão
da redução na oferta desses produtos no mercado.
1.1 Gramíneas comumente utilizadas
Uma planta pra ser usada na forma de capineira deve ter algumas características
específicas:
 Bom valor nutritivo;
 Alto potencial de produção de matéria seca;
o Capim-elefante: até 80 t MS/ha x ano (445 t MV/ha x ano)
o Normalmente: 20-30 t MS/ha x ano (85% no verão)
 Boa resposta à adubação;
 Boa resposta à irrigação;
 Boa aceitabilidade;
 Alto vigor de rebrotação (recuperação rápida após o corte ou pastejo);
 Facilidade de propagação;
 Resistência a pragas e doenças;
 Tolerância ao corte intenso;
A gramínea mais utilizada para a formação de capineiras no Brasil como um todo
e no Nordeste em particular é o capim-elefante (Pennisetum purpureum). Contudo,
outras podem ser utilizadas para a formação de uma capineira, como o capim-guatemala
(Tripsacum facciculatum), o capim-imperial ou Venezuela (Axonopus scoparius) e a
cana-de-açúcar (Saccharum officinarum). No Nordeste, em algumas áreas mais sujeitas
89

a encharcamentos ou alagamentos periódicos, tem sido utilizada com bastante sucesso a


Paulistinha ou Canarana (Echinochloa polystachya). Embora essa gramínea sob
condições normais tenha um rendimento (produtividade) menor que o capim-elefante,
nesses tipos de solo ela produzirá mais, já que este não tolera encharcamento ou
alagamento.
Algumas características que fazem do capim-elefante a principal gramínea
utilizada para formação de capineiras no Brasil são:
 Elevada resistência a pragas e doenças;
 Alta aceitabilidade;
 Bom valor nutritivo;
 Relativa tolerância à seca e ao frio, porém, não tolerando geadas;
 Elevado potencial de produção:
o Até 80 t MS/ha x ano (445 t MV/ha x ano)
o Normalmente: 20-30 t MS/ha x ano

Capim-elefante roxo (esq) napier (dir) Capim-canarana

1.2 Estabelecimento da capineira


1.2.1 Escolha do local
Na escolha do local para o estabelecimento da capineira, é importante
considerar alguns fatores:

Proximidade do curral ou estábulo


A capineira deve ser formada o mais próximo possível do estábulo, onde os
animais receberão o volumoso (capim verde-picado, silagem ou feno do capim). Ou de
outra forma, deve-se procurar um local que permita, ao mesmo tempo formar
adequadamente a capineira e, bem próximo, construir o estábulo onde ficarão os
90

animais que se alimentarão no cocho. Isso porque o manejo da capineira sob corte
demanda mão-de-obra, além da quantidade de forragem a ser transportada que
normalmente é muito grande, elevando demasiadamente os custos de produção quando
o transporte for feito a longas distâncias.

Topografia
Deve-se dar preferência a áreas com relevo plano, que facilitarão o processo de
colheita diária da forragem, principalmente quando feita mecanicamente.

Tipo de solo
O solo deve ter boa fertilidade, pois as gramíneas normalmente utilizadas como
capineiras são relativamente exigentes em fertilidade, além do fato de que o manejo sob
cortes de toda a parte aérea promove uma extração de nutrientes muito elevada a cada
ano. Assim, os solos de baixio são os mais apropriados. É importante, entretanto, dar
preferência a solos com boa drenagem, principalmente no caso do capim-elefante.

Condições climáticas
As gramíneas normalmente usadas como capineiras não crescem sob baixas
temperaturas. Além disso, são relativamente exigentes em termos de água. Assim, deve-
se dar preferência a solos de baixio que retêm um pouco mais de umidade. Também,
sempre que possível, deve-se considerar a possibilidade de fornecer água suplementar
(via irrigação), tanto durante veranicos como durante a seca e adubações periódicas,
pois dessa forma, se tirará o máximo proveito do manejo intensivo a que uma capineira
pode ser submetida. Na região Nordeste, como a disponibilidade de água nas
propriedades é um fator de grande limitação, um dos critérios mais importantes para a
definição da localização da capineira deve ser a possibilidade e facilidade de irrigação
da mesma.

1.2.2 Plantio da capineira

Época
A época mais adequada para o plantio da capineira é no início das chuvas.
Infelizmente no Nordeste, devido à grande irregularidade na distribuição das chuvas
dentro da estação chuvosa, nem sempre a primeira chuva seria o momento ideal para o
plantio, pois logo a seguir pode vir um veranico (alguns ou até semanas sem a
ocorrências de chuvas dentro da estação chuvosa). Assim, deve-se aguardar a ocorrência
de algumas chuvas seguidas, quando inclusive o solo já terá um teor de umidade maior
91

(podendo suportar alguns dias sem chuva, sem causar estresse hídrico nas plantas), para
se proceder ao plantio da capineira.

Fertilidade do solo
O capim-elefante é pouco adaptado à baixa fertilidade do solo, portanto, elevada
produtividade só será obtida quando se fizer a correção do solo e o manejo da sua
fertilidade corretamente, desde a implantação da capineira.
Em termos de correção do solo, cita-se principalmente a calagem, a qual deve ser
efetuada sob condições de acidez do solo. Para o cálculo da quantidade de calcário a ser
aplicado, podem ser utilizados dois métodos:
 Método da saturação de bases: elevar até 60%;
 Método do alumínio: elevar Ca e Mg até 2 meq/100 cm3
Em termos de adubação mineral de fundação (no estabelecimento da capineira),
deve se adotar a seguinte dosagem, supondo produtividade de 100 t MV/ha (Tabela ).

Tabela ___: Adubação mineral (kg/ha)


Textura N e K2O
Arenosa Média Argilosa (em cobertura)
P2O5 50 75 100 100

Deve-se ressaltar que as doses recomendadas referem-se a solos com textura


arenosa com até 5,0 ppm de P2O5 e para solos argilosos ou textura média, com até 3,0
ppm de P2O5. Por outro lado, as doses de 100 Kg de N e K2O/ha devem ser parceladas
em duas aplicações, no ano de formação da capineira. Ademais, deve-se aplicar 20-40
kg S/ha x ano, quando os fertilizantes utilizados não fornecerem essa quantidade de
enxofre.
Em termos de adubação orgânica, deve-se adicionar 30-40 ton/ha de esterco de
curral, após calagem e aração.

Escolha da cultivar
Na escolha da cultivar, deve-se priorizar aquelas que apresentem elevado
rendimento forrageiro (kg MS/ha x ano) e elevado valor nutritivo. Devido à dificuldade
de obtenção de mudas e à incapacidade do capim-elefante ser propagado por sementes,
um terceiro critério tem tomado grande importância, podendo ser mais decisivo que os
dois acima: disponibilidade de mudas o mais próximo possível da área onde se
implantará a capineira. Esse critério é de suma importância para a redução nos custos de
92

implantação da capineira. Além disso, há oferta de cultivares de elevados rendimento e


valor nutritivo na maior parte das fazendas do Nordeste.

Espaçamento de plantio
Para definir o espaçamento de plantio, deve-se definir se este será efetuado em
sulcos ou em covas. Em sulcos, utiliza-se o espaçamento de 80 - 100 cm entre linhas. Já
no plantio em covas, adota-se o espaçamento de 80 – 100 cm entre fileiras de covas e de
50 – 80 cm entre covas.
A definição do método de plantio a ser usado dependerá do grau de
disponibilidade de mudas e de mão-de-obra na propriedade. Quando houver grande
disponibilidade de mudas e/ou pouca mão-de-obra, deve-se preferir o plantio em sulcos
(precisa de 3 a 4 t de muda/ha), que requer menor mão-de-obra. Porém, quando houver
pouca disponibildade de mudas, deve-se fazer o plantio em covas, pois economiza um
pouco na quantidade de mudas, embora haja maior gasto com mão-de-obra para se
efetuar o plantio.

Preparo e colocação das mudas


As mudas devem se constituir de plantas (colmos) inteiras, com idade de 3 a 4
meses (~100 dias). Deve-se aparar as pontas e remover as folhas (se possível), para
facilitar a brotação das gemas presentes ao longo dos colmos. Após colocar as mudas
nos sulcos, pode-se fazer o corte com facão das mudas em segmentos menores, tanto
para auxiliar na brotação de mais gemas (perfilhos primários), como para diminuir
problemas com arqueamento dos colmos.

1.2.3 Manejo da capineira de capim-elefante

Para se tirar o máximo proveito da capineira, esta deve ser manejada visando à
obtenção de altos rendimentos de forragem de satisfatório valor nutritivo e a uma
melhor distribuição da produção forrageira durante o ano. Neste segundo aspecto, como
93

na região Nordeste o grande entrave à produção animal reside na escassez de forragem


na época da seca, o capim cortado na época chuvosa deve ser conservado, sob a forma
de feno ou silagem, para utilização na seca (suplementação ou alimentação volumosa).
No manejo da capineira de capim-elefante é fundamental observar corretamente o
intervalo de cortes. O capim-elefante apresenta elevado valor nutritivo quando jovem,
no entanto, para se tirar proveito da sua grande capacidade de produção, deve-se
permitir que seu crescimento se prolongue um pouco mais, a fim de acumular um pouco
mais de massa por área, até porque no manejo como capineira, o capim será picado
antes de ser fornecido aos animais, compensando possível redução na relação
folha/colmo em relação aos períodos de descanso normalmente utilizados para o capim-
elefante sob pastejo (30 a 45 dias). Sendo assim a idade ideal de corte do capim-elefante
seria quando ele tivesse formado de 8 a 10 entrenós com mais de 2,5 cm. Essa condição
fisiológica é mais precisa que a idade cronológica, pois um capim com 50 dias
crescendo sob condições favoráveis (água, luz, temperatura e nutrientes), pode ter mais
forragem produzida que o mesmo capim com 70 dias crescendo sob condições
desfavoráveis. De qualquer modo, outras duas recomendações de cunho mais prático
seriam cortar o capim com 1,70 a 1,80 m de altura, ou com 60 a 70 dias.

Deve-se ter em mente ainda a forte interação que existe entre altura e freqüência
de corte. Segundo Santana (1989), para se obter maior produção do capim-elefante,
deve se aguardar pelo menos 12 semanas após o corte quando este é efetuado próximo
94

ao solo. Contudo, quando o corte ocorre a 15-30 cm, o capim pode ser novamente
cortado a partir das 4 semanas.

Assim, a altura de corte afetará o vigor da rebrotação e o tempo de descanso


necessário para o capim antes de ser novamente cortado. Gomide (1994) recomendou o
corte a 20-30 cm do solo, para propiciar rebrotação vigorosa. A dificuldade prática de
tal manejo reside na intensa lignificação verificada nesse colmo remanescente, tornando
difícil a manutenção de uma altura de corte residual constante a cada novo corte. Assim,
recomenda-se na prática o corte rente ao solo, o que acarretará rebrotação mais lenta,
mas não trará maiores problemas quanto à manutenção da altura de corte após vários
ciclos.
Em termos de irrigação, não há trabalhos relatando a produtividade do capim-
elefante sob tal manejo no Nordeste. Entretanto, devido à intensa radiação solar presente
nesta Região, imagina-se que o uso da irrigação propiciaria um manejo bem mais
intensivo da capineira.

1.2.4 Dimensionamento de uma capineira de capim-elefante

Considere uma propriedade onde o produtor trabalha com um rebanho de 50


vacas leiteiras (PV = 450 kg) e utiliza a vegetação da Caatinga (250 ha, considerando
uma capacidade de suporte dessa Caatinga para utilização somente nas chuvas de 5
ha/vaca) durante 140 dias na época chuvosa. O produtor deseja estabelecer uma
capineira de capim-elefante, a qual será irrigada na época seca e o objetivo é manter o
rebanho estabulado, recebendo exclusivamente o capim-elefante durante 225 dias de
seca. Qual é a área de capineira necessária para atingir tal objetivo?
Cálculo da demanda de alimento para o rebanho nos 225 dias da seca (será
suprida exclusivamente pela capineira):
CMS diário individual = 450 kg PV x 3,5/100 = 15,75 kg MS/vaca x dia
95

CMS diário rebanho = (15,75 kg MS/vaca x dia) x 50 vacas = 787,5 kg MS/rebanho x


dia
CMS rebanho seca = (787,5 kg MS/rebanho x dia) x 225 dias seca=177187,5 kg
MS/rebanho x seca
Demanda de forragem do rebanho = 177187,5 kg MS/rebanho x seca + 15% de sobra no
cocho = 203765,6 kg MS/rebanho x seca
Cálculo da quantidade de forragem produzida pela capineira por hectare ao
longo de 1 ano:
Nas chuvas (140 dias)  ensilagem do capim (140 dias ÷ 70 dias/corte = 2 cortes p/
ensilar)
Taxa de crescimento cultural (TCC) ou taxa de produção de forragem (TPF) do capim-
elefante adubado nas chuvas  140 kg MS/ha x dia
Massa Seca de Forragem Total (MSFT)/corte=(140 kgMS/ha x dia) x 70
dias/corte=9800 kg MS/ha
MSFT nas águas = (9800 kg MS/ha x corte) x 2 cortes = 19600 kg MS/ha nas águas
Massa Seca de Silagem Total (MSST) = (19600 kg MS/ha nas águas) - 25% perdas na
ensilagem = 14700 kg MS/ha nas águas

Na seca (225 dias)  capim verde-picado no cocho


Taxa de crescimento cultural (TCC) ou taxa de produção de forragem (TPF) do capim-
elefante adubado e irrigado na seca  156 kg MS/ha x dia
Massa Seca de Forragem Total (MSFT)/seca=(156 kgMS/ha x dia) x 225 dias/seca =
35100 kg MS/ha na seca – 10% de perda no corte, transporte e picagem do capim =
31590 kg MS/ha na seca

Massa seca de forragem total consumível pelo animal no cocho/hectare x ano = MSST
+ MSFT = 14700 kg MS/ha nas águas + 31590 kg MS/ha na seca = 46290 kg MS/ha x
ano
Para se calcular a área da capineira necessária para a alimentação daquele
rebanho por ano, divide-se a demanda total de forragem advinda da capineira para
alimentar o rebanho durante a estação seca do ano pelo rendimento (produtividade) de
massa seca de forragem total consumível produzido por hectare, por ano:
96

Área da capineira = 203765,6 kg MS/rebanho x seca = 4,40 ha


46290 kg MS/ha x ano
Portanto, a área de capineira necessária para manter o rebanho estabulado,
recebendo exclusivamente o capim-elefante durante 225 dias de seca, será de 4,40 ha.

2 UTILIZAÇÃO DA CANA-DE-AÇÚCAR NA ALIMENTAÇÃO DE


RUMINANTES
O Brasil é hoje o maior produtor mundial de cana-de-açúcar (Saccharum
officinarum L.). A área cultivada supera 5 milhões de hectares. Estima-se,
informalmente, que 10% destes sejam destinados à produção animal, de onde podemos
estimar uma produção de aproximadamente 30 milhões de toneladas de massa fresca, o
que seriam suficientes para alimentar 15 milhões de bovinos, durante 150 dias no ano
(LANDELL et al., 2002).

As vantagens do uso da cana como suplemento volumoso para bovinos são


amplamente difundidas e já tradicionais, havendo alguns problemas principalmente
ligados a erros de manejo, que se traduzem em baixo consumo voluntário dos animais,
decorrente de limitações nutricionais (proteína, lipídios e minerais) e físicas (tamanho
de partículas). Nesse sentido, muitos produtores submetem seus animais à subnutrição,
com o fornecimento de cana picada como suplemento, sem a adoção de práticas simples
como a correção no teor protéico com uréia.
A facilidade em conduzir a cultura, a coincidência da safra com a escassez de
forragem no campo, a manutenção das qualidades nutritivas por longo tempo e a grande
aceitação por parte dos animais explicam a grande difusão da cana-de-açúcar como
recurso forrageiro, notadamente para os ruminantes.
Atualmente, a utilização da cana-de-açúcar como volumoso suplementar para a
seca baseia-se, sobretudo, em critérios econômicos, por constituir-se em opção
competitiva quando comparada às outras fontes de volumosos. Em simulações de
sistemas de produção animal, a cana tem apresentado resultados que a mantém como
uma das opções mais interessantes para minimizar o custo das rações e do produto
animal e maximizar a projeção de receita líquida da atividade.
Contudo, alguns questionamentos são pertinentes: até onde se pode seguir com
a utilização da cana-de-açúcar como fonte de volumoso na ração de ruminantes? Qual o
potencial de desempenho individual de animais que esse volumoso pode proporcionar?
Como reduzir o custo de produção nas glebas cultivadas? Há possibilidade de
97

ganhos/produções competitivas que se traduzam em boa rentabilidade ao produtor?


Como oferecer agilidade logística e operacional no manejo da cana e das rações que a
contém?

2.1 Formas de oferta da cana-de-açúcar

Forragem fresca ou armazenada em montes

A utilização da cana-de-açúcar como fonte de forragem fresca picada e fornecida


diariamente é amplamente divulgada e conhecida pelos produtores e comunidade
científica. Todavia a logística operacional necessária para seu corte e processamento
diário tem se constituído em motivo para o desinteresse dessa fonte de forragem.
Tratamentos químicos hidrolíticos, que tradicionalmente são propostos com
objetivo de romper a estrutura da fibra e elevar a taxa de digestão dos componentes da
parede celular têm sido testados com o propósito de, proporcionar retardamento do
aquecimento da massa de forragem picada.
Atualmente, grande atenção tem sido dada à aplicação de óxido de cálcio (cal
virgem) como possível substituto dessa iniciativa para tratamento da forragem que é
mantida amontada até o dia do fornecimento, com relativo poder de hidrólise desse
material. Pouco se sabe com relação à dose recomendada para que a cal virgem seja
efetiva em melhorar o valor nutritivo. O conjunto dessas alterações sugere ganhos
discretos em valor nutritivo, possivelmente resultante de um balanço energético
ocorrido durante o tratamento da forragem, mas, sobretudo, questiona a intensidade de
hidrolise efetiva a que o volumoso de fato se submete, e a própria designação "cana
hidrolisada".

Fig. Detalhe da cana-de-açúcar após a aplicação da cal virgem ou hidratada


98

A hidrólise da cana-de-açúcar com a cal virgem (94,1% de CaO) ou hidratada


(95% de Ca(OH)2), é uma técnica simples e econômica podendo ser utilizada pelos
produtores rurais com o intuito de alimentar diferentes espécies animais, principalmente
vacas leiteiras. A hidrólise da cana com cal virgem ou hidratada (0,5 kg de cal
misturado com 2 litros de água para cada 100 kg de cana picada) proporciona algumas
vantagens: melhora a digestibilidade, o consumo, possibilita a prevenção de acidose
ruminal, evita a presença de abelhas e mosquitos, reduz o custo e o desperdício da
ração, possibilita o uso da cana armazenada por até 3 dias.
Também a forma de aplicação da cal virgem, seca ou diluída em água, é outra das
dúvidas dessa nova técnica de conservação de forragem. A dúvida da diluição
provavelmente não recorra à capacidade de ação desse agente por conta da adição de
água, uma vez que pouco pode alterar em função do teor médio de água de 65 a 70%
encontrado na cana-de-açúcar, apesar desta não ser água-livre. Com a diluição poderia
haver melhor homogeneização da aplicação.
Como se pode verificar a aditivação da cana-de-açúcar com cal virgem (óxido de
cálcio) ainda é uma linha de pesquisa recente, que necessita de muitas investigações
para que as recomendações sejam estabelecidas definitivamente.

2.2 Cana-de-açúcar com uréia na alimentação de ruminantes

A cana embora seja pobre em proteína (1 a 3% na matéria seca, MS), é uma fonte
de carboidratos não-fibrosos, principalmente sacarose (açúcar), os quais são altamente
solúveis no rúmen dos animais, podendo causar desequilíbrio proteína x energia. Por
outro lado, apesar de ter uma fibra de baixa digestibilidade, quando esse problema é
corrigido mediante uma picagem adequada da forragem, pelo seu sabor adocicado, a
cana-de-açúcar é facilmente consumida pelos animais, mesmo quando misturada à
uréia, que é amarga.
A uréia, por sua vez, é uma fonte de nitrogênio de rápida liberação ruminal. Para
não haver intoxicação do ruminante pelo excesso de amônia no rúmen, a liberação da
amônia no rúmen deve ser sincronizada com a liberação dos carboidratos não-fibrosos,
daí porque há uma combinação perfeita do uso da cana com uréia para animais em
mantença ou com nível de produção não muito elevado.
99

Para o uso correto da tecnologia da cana-de-açúcar com uréia, alguns princípios


devem ser conhecidos. Inicialmente avaliar o uso da uréia pecuária, pois esta torna a
mistura inviável devido ao seu alto custo. E a presença de uma fonte de enxofre
(normalmente Sulfato de amônia), para que ocorra a devida eficiência da mistura. A
mistura de Uréia e Sulfato de Amônia deve ser realizada antes da mistura com a cana-
de-açúcar na relação de nove partes de Uréia para uma parte de Sulfato. Para preparar
1,0 kilograma da mistura deve ser misturado 900 gramas de Uréia e 0,100 gramas de
Sulfato.

No fornecimento da cana-de-açúcar com uréia, deve ser respeitado um período de


adaptação de pelo menos uma semana, onde será fornecida uma proporção de 0,5% de
uréia na matéria fresca (natural) da cana. Assim, para cada 100 kg de cana-de-açúcar
picada, serão adicionados 0,5 kg de uréia, os quais deverão ser diluídos em 4,0 L de
água, para facilitar a homogeneização. Após esse período de adaptação, a proporção
deve ser elevada para 1,0%, ou seja, para cada 100 kg de cana-de-açúcar picada, será
adicionado 1,0 kg de uréia, que deverá ser diluído também em 4,0 L de água, para
facilitar a homogeneização.
 1ª semana
100

 2ª semana

 Dissolução da mistura Uréia+Sulfato+Cana

Para evitar problemas com o uso da técnica, algumas recomendações devem


ser seguidas, por ocasião do fornecimento do alimento no cocho:
 Usar regador plástico, para evitar a ação corrosiva da uréia
 Evitar excesso de água no fundo do cocho
 A cana não deve ser misturada com água no cocho, devendo ser fornecida da
forma como estava, ou in natura, ou desidratada
 Animais que fiquem por mais de 24 h sem receber a dieta devem ser readaptados
 Evitar fornecer essa dieta a animais famintos
 A mistura uréia com sulfato de amônia pode ser feita antecipadamente
 A cana-de-açúcar deve ser cortada no máximo 3 a 4 dias antes do fornecimento
 Efetuar a picagem da cana-de-açúcar no momento de fornecer aos animais
 A mistura cana-de-açúcar com uréia deve ser feita diariamente, se possível
poucas horas antes de fornecer ao rebanho;
 Misturar uniformemente a uréia à cana picada;
A cana-de-açúcar e a mistura uréia mais fonte de enxofre não necessitam ser
pesadas diariamente, no entanto, deve-se ter uma medida calibrada (balde ou tambor
101

marcado, sacos de ráfia etc.) para não haver grandes erros na proporção entre os
ingredientes.
Um dos motivos da descrença no uso dessa técnica deve-se à ocorrência de
intoxicação, que geralmente é fatal para o animal. As causas mais freqüentes são:
 Utilização da uréia acima da dose recomendada;
 Má homogeneização (mistura) da uréia com cana;
 Não observância do período de adaptação.
Caso haja intoxicação, diagnosticada visualmente pela ocorrência de convulsões,
tremores e liberação de espuma pela boca, deve-se ministrar por via oral 8 a 10 L de
ácido acético (a forma mais comum é o vinagre de cozinha) por animal, imediatamente,
ou água gelada à vontade.
Finalmente, no uso da técnica da cana-de-açúcar com uréia, algumas
recomendações podem ser seguidas para obter a máxima resposta biológica do rebanho:
 Usar variedades de cana-de-açúcar produtivas, com altos teores de açúcar;
 Usar cochos bem dimensionados, permitindo acesso a todos os animais ao
mesmo tempo;
 Eliminar sobras de forragem do dia anterior que tenham restado no fundo do
cocho;
 Manter água e sal mineral à disposição dos animais, à vontade;
 Fornecer concentrado em função do nível de produção de leite ou ganho de peso
desejado.

Fig. Ciclo do fornecimento da mistura Uréia e Cana-de-açúcar


102

2.3 Ensilagem da cana-de-açúcar

A ensilagem da cana-de-açúcar tem se consolidado como opção alternativa ao


manejo tradicional da cana em capineira, principalmente em decorrência dos benefícios
operacionais trazidos pela ensilagem. A adoção da ensilagem da cana-de-açúcar tem
sido crescente, principalmente em rebanhos de maior porte.
Os principais apelos à adoção dessa tecnologia são: concentração de atividades
de colheita, podendo essa ser terceirizada em um período curto, redução de custos com
transporte interno na fazenda e redução na necessidade diária de mão-de-obra. Ainda, o
aumento na longevidade do talhão, devido à melhor execução de práticas agronômicas
de manejo, é um benefício adicional que deve ser considerado.
Contudo, estimativas do custo de produção de silagens de cana-de-açúcar
realizadas por Nussio e Schmidt (2004) apontam elevações entre 85 e 95% no custo da
tonelada de MS da cana-de-açúcar após a ensilagem, embora essa ainda seja uma opção
bastante competitiva.
Há, assim como para a cana-de-açúcar fresca, grande variação na composição
química dentre as amostras submetidas à ensilagem. Essa variação ocorre tanto em
função dos aspectos já mencionados, como também em conseqüência dos tratamentos
aplicados à forragem, do cuidado no armazenamento, dentre muitos outros fatores que
podem afetar o valor nutritivo dessa silagem.

3 ENSILAGEM

O processo de ensilagem consiste em cortar a forragem no campo, picá-la em


pedaços de 2 a 3 cm e ir colocando a forragem picada no fundo do silo. A cada camada
colocada o material deve ser compactado, ou com "pesos de socar", ou com animais
pisoteando a forragem ou com trator. A compactação bem feita é um dos segredos da
boa ensilagem. Ela serve para expulsar o ar de dentro da massa de forragem. A presença
de ar prejudica a fermentação, e é por isso também que é importante vedar bem o silo
depois de cheio. A última camada deve ter forma abaulada e, no caso do silo-trincheira,
ela deve ser acima da superfície para que a água da chuva não fique parada em cima do
silo e possa escorrer para fora deste.

3.1 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO PROCESSO DE ENSILAGEM


Vantagens:
103

 Produção de 30% a 50% mais de nutrientes em comparação à produção de


grãos.
 Manutenção do valor nutritivo, quando ensilado adequadamente.
 Liberação de área mais cedo, para uso de safrinha ou formação de pastagem.
 Requer menos espaço de armazenagem, por unidade de matéria seca, do que a
fenação.
 Alta aceitabilidade.
 Processo totalmente mecanizado.
 Menor custo das máquinas em relação à fenação.
 Menor dependência das condições climáticas.

Desvantagens:
 Estrutura especial de armazenamento - Apesar de poder ser armazenada em
silos horizontais do tipo superfície, estruturas como silo trincheira podem
favorecer o enchimento, a compactação e o armazenamento.
 Alta umidade significando grande quantidade de água transportada e
armazenada.
 Redução da matéria orgânica e exposição do solo à erosão - Esse problema
pode ser minorado com a adoção de técnica de plantio direto.
 Custo elevado em relação ao custo das pastagens - um dos fatores que mais
influem no custo final da silagem é a produção por hectare. Por isso, o
produtor deve cuidar o melhor possível de suas áreas de produção de forragem.

3.2 TIPOS DE SILOS


Convencionalmente, cinco tipos de silos podem ser construídos em
propriedades rurais, e são denominados: bobonas plásticas, cincho, cisterna, trincheira e
de superfície. Recentemente, os silos cilíndricos de plástico, conhecidos como
"salsicha", vêm ganhando espaço. A escolha do tipo de silo a construir depende,
principalmente, da quantidade de silagem a ser armazenada, da topografia, máquinas e
equipamentos disponíveis, custo de cada unidade e a preferência do produtor. Cada tipo
de silo apresenta uma série de vantagens e desvantagens, sendo as principais
apresentadas na Tabela 1.
Geralmente, os silos devem ficar próximos ao local de trato dos animais para
maior facilidade na distribuição da silagem e economia no transporte. Entretanto, em
104

situações especiais, os silos poderão ser construídos próximos ao local de produção da


forragem a ser ensilada, para que haja maior rapidez no enchimento e fechamento,
práticas essenciais à produção de silagem de boa qualidade. Nesta situação, os silos de
plástico apresentam vantagem relativa sobre os demais, por ser de fácil transporte.

Tabela 1 – Vantagens e desvantagens dos principais tipos de silos.


Vantagens Desvantagens
1. Silo cincho
 As mesmas do silo em bobonas  As mesmas do silo em bobonas plásticas;
plásticas.  Necessita de bastante mão-de-obra.
2. Silo-cisterna
 Carregamento e compactação fáceis;  Descarga mais difícil;
 Baixo custo.  Não pode ser de grande capacidade,
necessita ser feito em forma de baterias,
devido à sua profundidade (máxima 7 m);
 Não pode ser construído em baixadas,
devido ao lençol freático superficial;
 Revestimento indispensável.
3. Silo-trincheira
 Construção mais simples e barata;  Grande superfície exposta e possibilidade
 Possibilidade de máquinas na de maiores perdas (10%);
abertura;  Compactação mais difícil;
 Máquinas de ensilar mais simples;  Grande quantidade de terra para cobertura;
 Necessidade de cerca em volta para
proteger contra animais;
 Dificuldade de barranco próximo ao local
do trato. Obs.: Este item pode ser omitido,
fazendo-se o silo todo escavado no solo,
subterrâneo.
4. Silo de superfície
 Mais opção de escolha de local para  Maiores perdas de qualidade (> 15%);
ensilagem;  Compactação mais difícil.
 Máquinas ensiladeiras mais simples;
 Fechamento rápido;
 Pode ser mudado de local, quando
necessário, sem perdas de investimento.
5. Silos em bobonas plásticas
 Possibilidade de transporte;  Confecção de varias baterias para suprir
 Maior quantidade de silagem grandes necessidades.
armazenada por m³.
 Baixo custo;
 Fácil confecção em pequenas
propriedades
105

Silo cincho

Silo em cisternas

Silo trincheira

Silo superfície
106

Silo em bobonas plásticas

3.3 FORRAGEIRAS PARA ENSILAGEM

O milho e o sorgo são culturas mais adaptadas ao processo de ensilagem,


resultando geralmente em silagens de boa qualidade sem uso de aditivos ou pré-
murchamento. O milho é a cultura mais indicada para locais de solos mais férteis e
clima mais favorável e com alta tecnologia, enquanto que o sorgo, que contém 80% a
90% do valor energético do milho, tem sido indicado para locais de solos pobres,
sujeitos a veranicos ou próximos de centros urbanos. Outras forrageiras que podem ser
utilizadas no processo de ensilagem:
107

 Milheto - inferior ao milho e ao sorgo por conter menor quantidade de grãos.

 Girassol - tem sido recomendado para cultivo de safrinha, sendo sua maior
limitação o excesso de umidade no ponto de corte.

 Raiz e parte aérea da mandioca - a parte aérea da mandioca é considerada um


alimento superior à maioria dos capins empregados na ensilagem.

 Sorgo – Apresenta maior rusticidade em relação ao milho; menor custo de


produção; elevado potencial de produção, até 100 t/ha de massa verde, por
108

ano, em dois cortes; possibilidade de uso da rebrota; corte mais fácil e mais
uniforme; maior facilidade de compactação durante o processo de ensilagem.

 Capim-elefante - bastante utilizado para produção de silagem em regiões de


pecuária leiteira por causa de sua produtividade, elevado número de
variedades, grande adaptabilidade. O corte, quando feito entre 60-70 dias,
pode produzir silagem de boa qualidade, desde que cuidados sejam tomados
para reduzir o problema do excesso de umidade.

 Capins tropicais - pelo menor custo (geralmente 50% do custo da silagem


fresca de milho ou de sorgo) tem aumentado o interesse dos produtores pelas
silagens de outros capins, como o mombaça, tanzânia, marandú e outros.

É mais indicado para regiões sem aptidão agrícola, podendo ser uma boa
alternativa para aumentar o estoque de forragem para seca, particularmente para
categorias menos exigentes, como animais de cria e de recria, ou para regiões que
disponham de concentrados baratos.

A possibilidade de mais de um corte/ano e posterior aproveitamento do rebrote


para pastejo podem compensar as dificuldades encontradas na confecção da silagem de
capim.

Dentre essas, as de maior importância são os baixos teores de matéria seca e de


carboidratos solúveis nesse tipo de forragem. Pode-se aumentar o teor de matéria seca
na planta, fazendo-se um corte mais tardio.

Entretanto, isto vai resultar numa redução do teor de carboidratos solúveis e da


digestibilidade. A recomendação é que cortes sejam sempre feitos antes da florada, e
quando a planta apresenta alta presença de folhas verdes (entre 60 e 85 dias de
crescimento). Isto deveria coincidir com o teor de matéria seca próximo ou superior a
25% no momento do corte.
109

Forragens com teores de matéria seca abaixo de 25% precisam sofrer algum
tratamento extra antes ou durante sua estocagem no silo.

3.4 Época de corte para ensilagem

O milho e o sorgo devem ser ensilados quando as plantas apresentarem 28% a


38% de matéria seca. A observação do estágio dos grãos nos dá uma boa indicação do
momento de fazer a ensilagem. Já o capim-elefante deve ser cortado quando a planta
está com 1,5 a 2,0 m de altura.
Após o enchimento das espigas (milho) e das panículas (sorgo), verificar
freqüentemente (a cada sete dias para o milho e a cada quatro dias para o sorgo) o
estágio em que os grãos se encontram.
O milho deve ser ensilado quando, ao se abrirem algumas espigas, for
verificado que os grãos se encontram perfeitamente dentados e com textura meio dura
(também chamada de textura farinácea). O sorgo também deve ser ensilado quando os
grãos apresentarem a mesma textura recomendada para o milho. Verificar algumas
panículas apertando os grãos tanto da parte superior e inferior como das partes interna e
externa da panícula. O milho deve ser colhido com aproximadamente 30 – 32% de
matéria-seca. Isso pode ser observado pela linha do leite, quando ela estiver entre 1/2 e
3/4 do grão a colheita já pode ser feita.

Fig. Período ideal da colheita do milho para ensilagem (entre 1/2 e 3/4 linha de leite).

Material com alta umidade resulta em muita perda no silo por lixiviação (perda
por escorrimento de material aquoso). A compactação resultará em eliminação de água
e o seu carreamento para fora do silo. Esse chorume contém nutrientes importantes para
a fermentação da silagem e para o animal que irá consumi-la. A ocorrência de chuvas
durante a ensilagem pode causar esses mesmos efeitos.
110

Material com baixa umidade é de difícil compactação. Essa má compactação


possibilita a permanência de ar no material ensilado, o que irá favorecer fermentações
indesejáveis e queda na qualidade da silagem.

3.5 Enchimento do silo

No silo trincheira, inicia-se o enchimento pela parte de trás do silo de maneira


a permitir uma inclinação que facilite a entrada do trator para fazer a compactação.
Após cada carreta descarregada, se necessário, o material deve ser espalhado com um
garfo para manter um certo ângulo de inclinação que permita a passagem de um trator.

Ao se usar picadeira estacionária, deve-se estar preparado para mudá-la


sempre de lugar para facilitar a distribuição do material dentro do silo.

Já no silo superfície, inicialmente deve-se limpar a área para fazer o silo e


forrá-lo com uma lona plástica (geralmente a utilizada nos silos dos anos anteriores). É
o mais simples de encher, uma vez que o armazenamento é feito ao ar livre sobre a
superfície do solo. Inicia-se pelo meio da área que se quer utilizar para o silo.
Descarrega-se e distribui-se o material picado de maneira que a largura dele fique, após
compactado, 3 a 4 vezes a altura.

3.6 Compactação

No silo cincho, cisterna ou em bobonas plásticas, é necessário que se


mantenha alguns homens dentro do silo para pisotear e fazer a compactação do material.
No de superfície, após o descarregamento de algumas carretas, é feita a compactação
com o trator mais pesado que tiver, passando-o várias vezes sobre o material. Pode-se
também usar animais para o pisoteio. A freqüência de passagens do trator ou dos
animais para a compactação vai depender de cada situação. Assim, é importante que o
pessoal envolvido no processo de ensilagem tenha experiência nesse tipo de trabalho.
No caso do silo-trincheira, quando o material já estiver chegando à entrada (boca) do
silo, este deve ser fechado com achas de madeira e lona plástica.
111

Como já comentado anteriormente, o objetivo da compactação é expulsar o ar


de dentro do material ensilado e o da vedação é evitar, após o fechamento do silo, a
penetração do ar no material ensilado.

Na ausência de ar, as fermentações que ocorrem no silo irão conservar o


material adequadamente para o consumo pelos animais. Se houver presença de ar
devido à má compactação ou vedação, irão ocorrer outros tipos de fermentação
(fermentações indesejáveis). O material que sofre fermentações indesejáveis não deve
ser fornecido aos animais e representa perdas no processo de ensilagem.
112

A compactação é mais bem feita quando o silo é do tipo aéreo ou trincheira.


Nesses tipos de silo, as perdas são menores do que nos silos de superfície.

3.7 Vedação

Após o enchimento do silo, é necessário vedá-lo para evitar a entrada de ar e


garantir, assim, uma boa fermentação. O material utilizado para a vedação é a lona
plástica (preta com 200 microns de espessura ou a branca de polietileno) encontrada nas
casas especializadas. Essa lona irá evitar que a forrageira armazenada entre em contato
com o ar. Após a colocação da lona, deve-se depositar uma camada de 20 a 25 cm de
terra sobre a mesma. A camada de terra ajudará, com o seu peso, a manter a lona
comprimida ao material ensilado e, no caso dos silos de superfície e trincheira, irá
também evitar que a radiação solar o aqueça.

O enterramento das extremidades da lona ajuda a impedir a penetração de ar e


deve ser feito para impedir que a água de chuva escorra para dentro do silo.

Observações:

 No caso de silos mais largos do que a largura da lona, deve-se usar várias
lonas paralelamente umas às outras, dobrando-as de maneira a minimizar a
penetração do ar.

 O enchimento do silo em excesso constitui um artifício bastante usado para


compensar o rebaixamento ou o acamamento que normalmente ocorre na
massa ensilada após as primeiras semanas de fermentação. Sem esse excesso,
surgirá inevitavelmente uma depressão.
113

 Deve-se proteger o silo (principalmente o trincheira e superfície), para evitar a


entrada de animais, água etc., utilizando cercas, dreno etc.

 Deve-se manter o silo fechado pelo período mínimo de 30 dias. Esse é o tempo
mínimo necessário para que o material seja completamente fermentado. Um
silo enchido de maneira correta, bem vedado e protegido pode ser mantido
fechado por muitos anos.
114

3.8 Dimensionamento de um silo


Para se dimensionar um silo, inicialmente deve-se calcular a demanda total de
alimentos para todo o rebanho, para um determinado período de tempo. Acrescente a
essa demanda individual de alimento 15% de sobras do animal no cocho e 10%
relacionado às perdas durante o processo de ensilagem.
Sendo assim segue o seguinte cálculo:
Demanda de alimento: 30 vacas de 450 kg consumindo 3,5% do seu peso vivo, durante
180 dias.
Cálculo: 450 x (3,5/100) = 15,75 kg/dia + 15% de sobras = 18,11 kg/dia/animal
18,11 kg/ani/dia x 30 vacas x 180 dias = 97807,5 kg de silagem + 10% de
perdas = 107588,3 kg total de silagem.

Tamanho do silo trincheira


A= B + b x h , onde: A:área da face do silo
2 B: base superior do silo
b: base inferior do silo
h: altura do silo

Portanto: A = 6,0 + 4,0 x 4,0 = 20m²


2
Considerando que 1m³ armazena 500 kg de silagem, temo:
Volume do silo = quantidade total de silagem  107588,3 = 215,17m³
500 500

Comprimento do silo (C): V = A x C


C = V/A = 215,17/20 = 10,75m

Tamanho da fatia
18,11 kg/ani/dia x 30 vacas = 543,3 kg
1m³ 500 kg
x 543,3 kg
x = 1,08 m³
V=AxC
C = V/A
C = 1,08/20
C = 0,06 cm

Tamanho do silo cincho


Considerando a mesma demanda de alimento temos:
115

Volume do silo (V): V = 3,14 x R² x H  V = 3,14 x 1,50² x 1,50 = 10,6 m³


Considerando Densidade (D) de 1m³ = 500 kg de silagem compactada, temo:
Capacidade do silo (C): C = D/V = 500/10,6 = 5301,5 kg de silagem
Quantidade de silos: 107588,3 kg total de silagem/5301,5 kg de silagem = 21 silos

3.9 Etapas a serem seguidas na produção de silagem

Para que a silagem produzida seja de boa qualidade, é de extrema importância


que sejam seguidas algumas etapas, como por exemplo:
 Organização de equipamentos e materiais: ensiladeiras, carretas, ferramentas,
lona para fechamento. Vale ressaltar que, a lona plástica de cor preta não é
recomendada para cobrir o silo após aberto. Pois, esquenta muito, elevando
assim a temperatura o que pode a vir desencadear processos bioquímicos
desagradáveis na silagem. Em algumas localidades utilizam-se de deixar a
silagem descoberta ou até mesmo utilizam proteções móveis no local sobre o
material e limpeza do silo ou da área na qual será realizada a atividade;
 Verificação de todo equipamento a ser utilizado;
 Uso de mão-de-obra especializada, para que o processo de produção de silagem
seja o mais rápido possível;
 Calcular a quantidade de silagem que será necessária para alimentar os animais
durante o período no qual se pretende fazer uso dessa fonte de alimentação;
 Escolha do tipo de silo, que será escolhido de acordo com a necessidade da
propriedade;
 Ponto de corte da planta (estádio adequado para ser ensilada);
 Realização do corte, do transporte e da compactação que devem ser feitas
simultaneamente;
 Picagem da planta, que deve variar de 0,6 a 0,8 cm, com o objetivo de facilitar o
acondicionamento da planta dentro do silo (CAVALCANTE, et al. 2005);
 A compactação, que deve ser feita em camadas, com uma espessura de mais ou
menos 20 cm;
 Fechamento do silo, após o silo estar cheio deve-se cobri-lo com uma lona, e
sobre a lona deve-se colocar uma camada de terra de 10cm, para que seja
expelido todo o ar. È de extrema importância que se faça canaletas ao redor do
silo para evitar possíveis infiltrações;
 Isolamento da área do silo, impedindo acesso de animais;
 Abertura do silo, na qual pode ocorrer com 21 dias após o fechamento;
116

 Após à abertura, é de extrema importância que se observe se há presença de


fungos, odores desagradáveis ou material apodrecido.
Além de observar o aspecto da silagem, deve-se coletar uma amostra para que
seja enviada para laboratório para que seja determinada a composição bromatológica da
silagem. Para usar a silagem, é interessante que seja cortadas fatias de no mínimo 15
cm, no sentido vertical, com o intuito de amenizar as perdas.

4 FENAÇÃO
A estacionalidade na produção de forragem é uma realidade recorrente em
todos os sistemas de produção animal em pastejo, trazendo sérios prejuízos para o
produtor com o fenômeno da safra e entressafra. Na maior parte do Nordeste do Brasil,
esse fato é agravado pela curta estação chuvosa, em média de quatro meses, havendo
escassez de forragem no restante do ano. Para minimizar tais problemas há a
necessidade de se conservar forragem para a época da seca, na forma de feno ou
silagem. A produção de feno no Nordeste, por meio da técnica da fenação, apresenta
grande potencial, devido à sua alta insolação, altas temperaturas e umidade relativa do
ar baixa nessa região.
A fenação constitui-se em uma das alternativas recomendáveis, especialmente
pela possibilidade de estar associada ao programa de manejo das pastagens,
aproveitando para fenar o excedente de pasto produzido no período das águas.
A fenação ocupa importante papel no manejo das pastagens, permitindo o
aproveitamento dos excedentes de forragem ocorridos em períodos de crescimento
acelerado de forrageiras, visto que alterações da carga animal são geralmente difíceis de
serem realizadas.
O princípio básico da fenação resume-se na conservação do valor nutritivo da
forragem através da rápida desidratação, uma vez que a atividade respiratória das
plantas, bem como a dos microrganismos é paralisada. Assim, a qualidade do feno está
associada a fatores relacionados com as plantas que serão fenadas, às condições
climáticas ocorrentes durante a secagem e ao sistema de armazenamento empregado
(REIS et al., 2001).
A fenação é uma técnica de conservação de forragens extremamente versátil,
pois desde que o feno seja armazenado adequadamente, apresenta as seguintes
vantagens: pode ser armazenado por longos períodos com pequenas alterações no valor
117

nutritivo, grande número de espécies forrageiras podem ser usadas no processo, pode
ser produzido e utilizado em grande e pequena escala, pode ser colhido armazenado e
fornecido aos animais manualmente ou num processo inteiramente mecanizado e pode
atender o requerimento nutricional de diferentes categorias animais (Reis et al., 2001).
Como desvantagens podemos citar: o elevado custo de aquisição de máquinas
adequadas e elevado custo com mão-de-obra por quilo de feno produzido em pequenas
propriedades.

4.1 Escolha da forrageira para fenação


Para escolha da planta a ser fenada devemos levar em consideração a sua
produtividade, tolerância ao corte, capacidade de rebrotação, qualidade, além da
facilidade de secagem (GOMIDE, 1980).
Ao escolher a forrageira a ser fenada, deve-se observar a sua composição
químico bromatológica, destacando-se os teores de fósforo, cálcio e a digestibilidade da
matéria seca. O valor nutritivo varia com a espécie botânica, idade da planta, fertilidade
do solo.
Em geral, as leguminosas são mais ricas em proteína e cálcio que as gramíneas.
À medida que a planta se desenvolve, ocorre redução do valor nutritivo em função da
diminuição das percentagens de proteína, fósforo, digestibilidade e consequentemente,
do consumo. A influência da fertilidade do solo reflete-se nos teores de proteína,
fósforo, potássio, digestibilidade e consumo, sendo importante a sua manutenção que,
além disso, garante maior produtividade por unidade de área.
Algumas plantas dificultam o trabalho da segadeira, devido às suas
características estruturais, ou ao seu hábito de crescimento. Neste caso, são mais fáceis
de serem cortadas as plantas cespitosas, quando comparadas às estoloníferas e
decumbentes. No entanto, a maioria dos capins cespitosos é mais vulnerável ao corte
rente ao solo, sendo uma das principais exceções o capim-elefante, que possui rizomas
(colmos subterrâneos com gemas viáveis).
O potencial de produção talvez seja o fator mais importante a ser considerado
na escolha da espécie forrageira. Esse fato pode ter influência na diminuição dos custos
de produção, visto que na mesma área pode-se obter uma maior quantidade de feno.
Várias são as forrageiras passível de serem fenadas, as mais adequadas são:
capim rhodes, estrela africana, coast cross, tifton-85, jaraguá, pangola, colonião,
tanzânia, buffel, kikuio, capim-elefante, braquiárias entre outras que podem ser
118

cultivadas para este fim. Ainda podemos citar a soja perene, feijão-guandu, centrosema,
alfafa, leucena, maniçoba, parte aérea da mandioca, sabiá e mata-pasto e diversas outras
plantas.

4.2 Corte da Forragem


O período mais indicado para prática da fenação é a estação das águas, isto é,
de Fevereiro a Junho, no caso do Maranhão, ou o ano todo, quando houver possibilidade
de irrigação. Com o solo úmido (devido à chuva ou ao uso da irrigação), as forrageiras
apresentam uma elevada concentração de nutrientes, além de um bom rendimento de
forragem. Isso ocorre geralmente ainda no estádio vegetativo, quando é maior a
proporção de folhas, a porção mais nutritiva da planta (PAZ et al., 2000).
A época ideal de corte seria aquela em que a forrageira estaria com o maior
equilíbrio entre quantidade e qualidade. Portanto esta época não pode ser definida em
termos somente de crescimento ou de datas de cortes pré-fixadas, mas sim em períodos
de descanso da cultura, condições locais do meio, aspectos econômicos, etc. Convém,
portanto, enfatizar que a qualidade da forragem à época do corte é de importância
primária na qualidade do feno.
Ao estabelecer o manejo de corte, deve-se também levar em conta as condições
que asseguram a persistência da forrageira, tais como a freqüência e a altura de corte.
De maneira geral, os capins de crescimento prostrado como aqueles dos gêneros
Brachiaria e Digitaria podem ser cortados de 10 a 15 cm, do gênero Cynodon de 5 a 10
cm (Figura 1), enquanto que plantas de crescimento ereto como Avena, Hyparrhenia,
Panicum e Pennisetum as alturas de corte são de 10 a 20 cm. Em termos de
leguminosas, a altura de corte normalmente utiliza-se 8 a 10 cm do nível do solo. Outro
parâmetro fisiológico que pode ser utilizado facilmente para determinar o momento de
corte é a contagem do número de folhas vivas/perfilho ou mesmo o número de entrenós
da planta. Para o capim-tifton 85, em condições de Nordeste e adubado com nitrogênio
na dose equivalente a 600 kg/ha x ano, irrigado em sistema de baixa pressão, preconiza-
se o corte quando a planta atingir entre 8,5 e 10,5 folhas vivas/perfilho. Para o capim-
elefante, recebendo a mesma dose de nitrogênio e na mesma região, é possível utilizá-lo
para feno quando apresentar entre 8 e 10 entrenós (CÂNDIDO, et al. 2008).
119

É possível ainda fazer o uso da altura, em conjunto com outras variáveis, para
determinar o momento do corte. O capim-tifton 85, deve apresentar entre 45 a 50cm de
altura no momento do corte para alcançar rendimentos satisfatórios, o que corresponde
ao intervalo do número de folhas vivas/perfilho preconizado. Acima desse valor é
possível se observar diminuição no valor nutritivo, devido à diminuição na relação
folha/haste que se acentua com o alongamento das hastes. Para o capim-elefante,
verificou-se altura uma altura média de corte de 1,80cm, o que corresponde ao intervalo
do número de entrenós preconizado.
As condições ambientais estão ligadas ao momento do corte. É importante
realizar os cortes em dias ensolarados, pouca nebulosidade, baixa umidade relativa do
ar, ocorrência de ventos e temperaturas elevadas.
O corte pode ser manual ou mecânico e, deve ser feito nas primeiras horas da
manhã, após o orvalho, pois facilita o corte e possibilita maior desidratação ao final do
dia. Caso a planta ainda contenha o orvalho no momento do corte, haverá um acúmulo
de água na massa depositada sobre o solo, requerendo um maior número de
revolvimento mecânico necessário a secagem, que por sua vez aumentará os custos com
mão-de-obra e hora/máquina. (Souza, 2000). A quantidade de material a ser cortado
depende da capacidade de processamento, observada a disponibilidade de máquina e/ou
mão-de-obra. O corte manual pode ser feito empregando-se alfange, foice ou roçadeira
costal.
120

O corte mecânico propriamente dito é feito com segadeira de barra, segadeira


de tambor, segadeira condicionadora ou colhedeira de forragem. Cada maquinário tem
altura de corte regulável, largura de corte variável de acordo com o modelo e
rendimento.
Pereira (1998) relatou que quando se trabalha com uma forrageira com alta
relação folha/haste (ex.: Brachiaria, Tanzânia), ou colmos mais grossos (ex.: capim-
elefante), é adequado o uso de segadeira de barra ou condicionadora para promover
secagem mais rápida e uniforme, reduzindo os riscos de perda.
Mini-tratores com lâminas frontais também podem ser utilizados para o corte
da forrageira. Eles apresentam um elevado rendimento, fácil manuseio e baixo custo
operacional, promovendo um corte uniforme e um espalhamento da forragem em toda
área, facilitando a secagem.

4.3 Secagem
Esta fase é considerada a mais importante no processo de fenação para a
conservação dos princípios nutritivos. O feno, para ser conservado satisfatoriamente,
sem aquecimento e fermentação, deve ter o teor de água reduzido a uma média de 15%
(doze a dezoito por cento de umidade), quando será enfardado e armazenado.
As condições ambientais que favorecem a secagem são: dias ensolarados, com
pouca nebulosidade, baixa umidade relativa do ar, ocorrência de ventos e temperaturas
elevadas. O processo de secagem a campo pode ser dividido em três fases:
121

 1ª Fase – Inicia-se após o corte e espalhamento da planta forrageira no campo.


Normalmente esta fase é rápida e envolve intensa perda de água. O teor de
umidade que se encontra em torno de 70 a 90% cai ficando em uma faixa de 60 a
65%.

 2ª Fase – Nesta fase a perda de água é mais lenta e o teor de umidade, no qual se
encontra em torno de 60 a 65%, cai para uma faixa de 45% de umidade.
 3ª Fase - Inicia-se quando a planta apresenta cerca de 45% de umidade. É o
momento em que a planta é mais susceptível às condições climáticas
(Moser, 1995), observando- se maiores perdas na qualidade do material fenado
quando há grandes oscilações climáticas (chuvas, aumento da umidade do ar). É
nesta fase que a forragem torna-se mais susceptível aos danos causados pelo
processamento, onde as folhas apresentam-se mais quebradiças, com o caule
apresentando alto teor de umidade. Nesta fase,a forragem desidrata até atingir o
ponto definido do feno que é em torno de 15 a 20% de umidade.

A taxa de secagem é favorecida pela presença de maior proporção de folhas e


de caules finos. O adequado processamento da forragem, espalhamento, viragem e
enleiramento, contribuem para acelerar e uniformizar a desidratação da planta. Nessas
condições e com tempo bom, dois ou três dias serão suficientes para se produzir um
feno de boa qualidade, desde que a forrageira seja colhida no momento ideal.
Em forragens com maior quantidade de colmo a picagem é fundamental para
facilitar a desidratação da planta. Deve ser feita em máquina picadeira adequada, com
lâminas devidamente afiadas para proporcionar um tamanho de partícula ideal (entre 2,5
e 3,0 cm) tanto para a secagem quanto para otimizar os processos de ruminação do
122

animal. O material picado deve ser colocado sobre uma lona plástica ou solários de
cimento liso em camadas não superiores a 10 cm, virando sempre que possível.

A viragem do material dever iniciar logo após o corte e, ser repetida tantas
vezes quanto possível. Pode ser feita manualmente ou com o uso de ancinhos de tração
mecânica de vários tipos que, dependendo da regulagem, podem realizar também as
práticas de enleiramento e espalhamento.

Se o material permanecer no campo por mais de um dia, este deverá ser


enleirado à tarde e esparramado no dia seguinte, evitando assim o efeito do orvalho e
melhorando homogeneidade da desidratação (CÂNDIDO, 2008).
Ocorrendo chuva durante o dia, o material também deverá estar enleirado,
voltando ao processo de viragens após enxugar os espaços entre as leiras, onde o
material é espalhado novamente. O maior número de reviragens no dia acelera o
processo de desidratação, fazendo com que a forragem passe um menor tempo no
campo secando.
No instante do corte, a forragem contém aproximadamente 85% de umidade.
Com as sucessivas viragens e afofamentos, ela vai sendo secada, até atingir 12-15% de
123

umidade, que é o chamado "ponto de feno". A determinação do ponto de feno pode ser
feita por equipamentos adequados ou por maneiras práticas, sendo que a umidade final
deverá estar entre 10 e 20%. Dentre as maneiras práticas de verificação podemos citar o
processo de torcer um feixe de forragem e observar: se surgir umidade e, ao soltar, o
material voltar à posição inicial rapidamente, ainda não está no ponto; se houver
rompimento das hastes, passou do ponto e, se não eliminar umidade e, ao soltar o
material voltar lentamente à posição inicial, sem rompimento de hastes, está no ponto.
Com a prática, pelo tato e cor, a pessoa identifica o ponto do feno. Deve-se
também cravar a unha nos nós dos talos, de onde saem às folhas: o nó deve apresentar
consistência de farinha, sem umidade. Nesse ponto, o feno já está pronto, restando
enfardá-lo e armazená-lo em local ventilado, a salvo da chuva. Em caso de plantas que
precisam ser picadas antes de serem desidratadas, o ponto de feno é dado esfregando-se
um pouco do material entre as mãos e caso este se desprenda facilmente da palma da
mão, temos ai o momento em que o feno deve ser ensacado. Outra técnica consiste em
colocar a forragem picada em um vidro com capacidade aproximada de 1 litro e
adicionar uma colher das de chá de sal fino. Tampar o vidro e agitar cerca de 100 vezes.
Se o feno estiver no ponto, o sal ficará em grânulos. Ficando o sal aglutinado ou
umedecido é sinal que a forrageira está com mais de 18% de umidade, devendo-se
continuar com a secagem. O sal usado tem que ser bem seco sem umidade e sem
sujeiras (areia, pedaços de madeira etc.).

4.4 Armazenamento

O feno pode ser armazenado, solto, em sacos ou enfardado em locais


ventilados e livres de umidade. Podem ser aproveitadas as construções já existentes ou
construir galpões rústicos no campo, levando-se em consideração as facilidades
encontradas na propriedade e o tempo que o feno deverá permanecer armazenado. As
formas de armazenamento mais comuns são o armazenamento em forma de fardos.
Na forma de fardos, o armazenamento pode ser feito em galpões especiais ou a
campo, cobertos com lona ou sapé. O material enfardado ocupa menor espaço, tem
melhor conservação, facilita o transporte e possibilita o controle da disponibilidade de
feno. Este método requer enfardadeira que pode ser manual ou mecânica, arame ou
cordão apropriado para amarrio, sendo, portanto, mais caro e trabalhoso do que o
armazenamento do feno solto.
124

O enfardamento pode ser feito de forma manual ou mecânica automática. O


enfardamento manual é feito utilizando-se enfardadeiras que usam o sistema de prensa
manual diferenciado, que reduz consideravelmente o esforço do operador durante a
produção dos fardos. Tal equipamento produz fardos de 13 a 15 kg medindo 40 cm de
altura, 45 cm de largura e 65 cm de comprimento, tendo uma produção média de 100
fardos por dia com o uso de 3 operadores.

Os fardos prensados pesam de 13 a 15 kg e pode ser prensado por qualquer


trabalhador dentro da propriedade e apenas um homem pode confeccionar
aproximadamente 150 fardos por dia.
No armazenamento se o teor de umidade estiver acima de 25% haverá perdas,
elevação da temperatura e rejeição pelos animais ao serem alimentados com o produto.
No galpão com ou sem paredes os fardos deverão ser empilhados sobre
estrados de madeira a 10 ou 15 cm do piso. As pilhas de até 5 metros de altura apoiado
sobre estrados de madeira distante aproximadamente 30 cm da parede.
Outra forma de armazenamento é feita em sacos de sarrapilho, prática muito
usada para armazenar fenos que são previamente picados para facilitar o processo de
125

secagem, haja vista a dificuldade de enfardar tal material. Esses sacos são colocados
sobre estrados que podem ficar em diversos locais (fenil), sendo preferível próximo ao
local de fornecimento aos animais. O ensacamento torna-se um método mais prático e
menos oneroso, mas apresenta uma maior dificuldade de acomodação e maiores perdas
armazenados por longo período.

4.5 Quantidade de feno a ser fornecida

O fornecimento para bovinos e eqüinos de feno deve ser feito em fenil ou em


cocho. Para os rebanhos mantidos a campo, podem-se espalhar os fardos com as
amarras cortadas, em quantidade suficiente para 2 ou 3 dias.
A quantidade de feno que pode ser fornecida vai depender da quantidade
existente, da disponibilidade de outros alimentos e da categoria do animal.
A capacidade de consumo diário de feno pelos bovinos adultos, de um modo
geral, será entre 1,7% e 3%, calculando sobre o peso vivo. Para ovinos e caprinos usar
4% do peso vivo e para os eqüinos, 2% do peso vivo. Acrescentar 5 a 10% para as
sobras no cocho.
Abaixo segue um cálculo para o armazenamento e fornecimento de feno para
ovinos:
Piquete: 1 ha
Produção = 4232 kg MS – 10% = 3809 kg feno ÷ 13,5 kg/fardo = 282 fardos
Área do galpão: 4232 kg MS de feno ÷ 106 kg MS/m³ = 40 m³
Rebanho:
Consumo = 4% Peso Vivo (PV) = 0,04
1 ovino 25 kg PV x 0,04: Consumo = 1,0 kg/dia
1,0 kg/dia de feno consumido + 5% sobra = 1,05 kg/(ovino x dia) x 30 dias = 31,5 kg
feno/mês ÷ 13,5 kg/fardo = 2,3 fardos
4232 kg MS de feno ÷ 31,5 kg de feno/ovino x mês = 134 ovinos
Ração com 50% volumoso = 134 ovinos x 2 = 268 ovinos

4.6 Perdas na fenação e aspectos de um bom feno


126

Embora se tomando todo cuidado, alguns nutrientes são perdidos durante a


fenação a campo. Essas perdas podem ocorrer tanto durante a fenação como depois do
armazenamento e na distribuição aos animais. Essas perdas são: glicídios, proteínas e
vitaminas. O feno é um alimento que deve ter boa qualidade, quando fornecido para
animais bovinos e eqüinos. Logo, é importante que apresente as seguintes
características:
a) Relação folha/colmo – O feno de boa qualidade deve apresentar maior
quantidade de folhas em relação ao caule, pois a folha e o caule não apresentam
a mesma composição química. As folhas são as partes mais ricas em nutrientes.
Conseqüentemente a parte mais nobre do vegetal. Logicamente quanto maior for
à proporção da folha com relação ao caule, melhor será a qualidade do feno.
b) Caule - Os caules, quando são finos e macios, também indicam um feno de boa
qualidade.
c) Cor verde – A cor verde indica menos perdas, principalmente de caroteno.
d) Estágio vegetativo - O feno deve ter sido elaborado de uma forrageira em estágio
vegetativo ideal, quando a mesma está com os teores mais elevados de nutrientes
nobres.
e) Contaminação - Não deve ter substâncias estranhas como plantas daninhas,
plantas tóxicas, terra ou outros componentes. As forrageiras também não devem
ter bolores (fungos) e fermentações.
f) Cheiro - deve ser agradável.
g) Paladar - Deve ter boa aceitação pelos animais.

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