2011
SUMÁRIO
UNIDADE I - FORRAGICULTURA
1. INTRODUÇÃO
2. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA
- Pasto – Comunidade vegetal, que pode prover alimento para animais em pastejo.
Forrageira que está disponível na pastagem.
- Pastagem – Área de pasto, geralmente circundada por uma cerca e utilizada para a
produção de forragem a ser consumida primariamente pelo animal em pastejo.
indesejável do fato do animal estar numa dada área em pastejo. Utilizar simplesmente o
termo: pastagem.
- Piquete – Área de pastejo correspondente a uma sub-divisão da pastagem, fechada e
separada de outras áreas.Uma das subdivisões de uma pastagem, quando for o caso.
- Pastejo: Ato de desfolhar a planta enraizada no campo, realizada pelo ruminante. Para
o animal envolve busca, apreensão e ingestão.
- Campo de feno – Área constituída por uma ou mais plantas forrageiras utilizada
exclusivamente para corte e produção de feno.
- Índice de área foliar (IAF) – É o total de área de um lado de todas as lâminas foliares
verdes contidas em 1 m2 de solo (é adimensional).
- Senescência de forragem – É o processo de morte de células, tecidos e órgãos de
plantas forrageiras, ao final da sua vida útil. Nas lâminas foliares, o processo de
senescência inicia-se do ápice em direção à base, pois as células mais velhas são as do
ápice foliar.
- Acúmulo de forragem – É o resultado do balanço entre os processos de produção de
forragem e de senescência de forragem. É o que efetivamente está “disponível” para o
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5.1 Gramíneas
As gramíneas pertencem ao Reino vegetal, divisão angiospermae, classe
monocotiledoneae e ordem gramínelas. As mesmas estão agrupadas em 600 gêneros e
5000 espécies; 75% das forrageiras são desta família, que constitui no verdadeiro
sustentáculo da sobrevivência universal, onde são incluídas as ervas designadas pelos
nomes de capins e gramas. O porte é muito variável, indo desde as rasteiras (gramas),
passando pelas de porte médios (capins), até as de porte alto (milho, sorgo etc.). São
utilizadas na forma de pastagens, fenos ou silagens. As características morfológicas de
seus órgãos são:
Raiz: fasciculada (cabeleira) e adventícias;
5.2 Leguminosas
Reino vegetal, divisão angiospermae, classe dicotiledonea e ordem rosales.
Porte variável, onde as utilizadas como forrageiras são herbáceas, muito ricas em
proteína. As características morfológicas de seus órgãos são:
Raiz: axial, pivotante (Apresenta nódulos formados através do contato da raiz
com as bactéria do gênero Rhizobium. Todas as espécies da família apresentam
simbiose de suas raízes com bactérias, com as quais fixam o nitrogênio da
atmosfera.
PRINCIPAIS FORRAGEIRAS
1 - Gênero Brachiaria
Brachiaria brizantha cv. Marandu
Nome científico: Brachiaria brizantha (A. Rich.) Stapf vr. Marandu.
Origem: África Tropical e do Sul.
Ciclo: perene.
Precipitação pluviométrica requerida: acima de 500 mm/ano.
Forma de crescimento: touceiras, semi-ereta.
Altura da planta: crescimento livre até 1,0 a 1,20 m.
Digestibilidade: satisfatória.
Palatabilidade: satisfatória.
Tolerância à seca: média.
Forma de uso: pastejo e eventualmente, produção de feno.
Tolerância a insetos: resistente à cigarrinha das pastagens.
Produção de forragem: 10 a 17 t MS/ha/ano.
Nível de fertilidade do solo: acima de média fertilidade
Acidez no solo: tolerante.
Forma de plantio: sementes.
Modo de plantio: a lanço.
Sementes necessárias: 7 a 14 kg/ha.
Profundidade de plantio: 2 cm.
Tolerância a solos mal drenados: baixa.
Tolerância a insetos: resistente á cigarrinha da pastagem
Tempo para a utilização: 90 a 120 dias após o plantio
Consorciação: todas as leguminosas
Adubação: de acordo com as recomendações técnicas determinadas pela análise
de solo
Altitude: nível do mar até 3.000 m
Latitude: 30° N e S
Temperatura ótima: 30 a 35°C
Dormência da semente: desprezível
Pureza: mínima 40%
Germinação: mínima 60%
Composição bromatológica do capim Brachiaria brizantha cv Marandu
Composição bromatológica %
Idade e/ou forma da forragem e digestibilidade
MS PB FB P Ca EE
Até 60 dias de crescimento - jovem 29,5 10,5 28,6 0,38 0,29 1,1
Figura 1 - B. brizantha cv. Marandú e detalhe das espiguetas e cariopses com glumas e
deglumadas.
Brachiaria humidicola
Nome científico: Brachiaria humidicola (Rendle) Schweick vr. Lanero (ex
Brachiaria dictyoneura).
Origem: África Equatorial.
Ciclo vegetativo: perene.
Altura da planta: crescimento livre até 1,20 m.
Forma de crescimento: cespitoso (touceiras).
Forma de uso: pastejo.
Digestibilidade: satisfatória.
Palatabilidade: satisfatória.
Precipitação pluviométrica requerida: 800 mm/ano.
Teor de proteína na matéria seca: 12% no verão e 5% no inverno.
Tolerância a insetos: tolerante à cigarrinha da pastagem.
Produção de matéria seca: 15 t/ha/ano.
Número de cromossomos: 2n = 72.
Dormência: alto índice de dormência, recomendável tratamento.
Utilização - Própria de pastoreio. Planta perene, permite os primeiros pastejos
de 120 a 150 dias. Suporta alta carga animal.
A digestibilidade e a palatabilidade está classificada como média a baixa.
Resistência a seca – Alta.
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Até 60 dias de crescimento - jovem 27,5 8,0 30,6 0,20 0,20 1,0
2 – Gênero Panicum;
Panicum maximum cv. Tanzânia
Hábito de Crescimento: cespitoso
Altura: 1,60 m
Palatabilidade: excelente
Capacidade Suporte/Lotação: 2,0 U.A./ha
Produção de Matéria Seca: 20 a 26 t/ha/ano
Resistência à Seca: média
Resistência à Cigarrinha: Superior ao Tobiatã e Colonião
Proteína Bruta nas Folhas: 12 a 16%
Porcentagem de Folhas: 80%
Exigência em Solo: média a alta
3 - Gênero Pennisetum;
Pennisetum purpureum Capim Elefante
Hábito de Crescimento: cespitoso
Utilização: Pastejo, corte e ensilagem
Capacidade Suporte/Lotação: 4,0 U.A./ha
Produção de Matéria Seca: 40 t/ha/ano
Resistência à Seca: boa
Resistência à Cigarrinha: Suscetível
Proteína Bruta: 13 %
Digestibilidade: 60 %
Exigência em Solo: média a alta
Plantio: mudas ( 3 a 4 t/ha)
Cultivares: Napier, Cameroon, Roxo, Guaçu, Mineiro
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5 - Andropogon gayanus;
Capim andropogon
Nome científico: Andropogon gayanus Kunth
Origem: África Ocidental
Ciclo vegetativo: perene
Precipitação pluviométrica requerida: 400 a 1.400mm/ano
Forma de crescimento: semi-ereta
Altura da planta: até 2m em crescimento livre
Digestibilidade: boa quando jovem
Palatabilidade: boa quando jovem
Produção de matéria seca: 8 a 14 ton. MS/ha/ano
Número de cromossomos: 2n = 40 (20, 35, 40, 42, 43, 44)
Nível de fertilidade do solo: tolera solos pobres e ácidos.
Forma de plantio: sementes
Modo de plantio: a lanço
Formas de uso: pastejo e fenação
Tolerância à seca: alta
Tolerância a solos mal drenados: baixa
Sementes necessárias: 13 a 16kg por hectare
Profundidade de plantio: 1,0cm
Consorciação: Stylosanthes e Centrosema pubescens
Tempo para a utilização: 90 a 120 dias após a germinação
Adubação: de acordo com as recomendações técnicas determinadas pela análise
de solo
Altitude: nível do mar até 2.000m.
Temperatura: ótima 25° C
Latitude: 20° N e S
Dormência: a germinação melhora com o tempo de estocagem
Pureza: mínima 40%
Germinação: mínima 25%
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6 - Cenchrus ciliares;
Capim Búffel
Nome científico: Cenchrus ciliaris (L)
Ciclo Vegetativo: perene
Altura da planta: até 1,20 m em crescimento livre
Forma de crescimento: cespitosa (touceiras)
Formas de uso: pastejo e fenação
Digestibilidade: satisfatória
Palatabilidade: satisfatória
Teor de proteína na matéria seca: 12% no verão e 6% no inverno.
Precipitação pluviométrica requerida: 375 a 750 mm/ano.
Temperatura: ótima para crescimento: 30°C.
Tolerância a insetos: não tolera a cigarrinha.
Produção da matéria seca: 10 a 12 t MS/ha/ano.
Número de cromossomos: 2n = 32, 36, 40, 54.
Fertilidade do solo: média/alta.
Forma de plantio: sementes.
Modo de plantio: a lanço.
Sementes necessárias: 1 a 4 kg/ha de sementes puras e viáveis.
Profundidade de plantio: 2 cm
Tolerância à seca: alta.
Tolerância ao frio: baixa.
Tolerância a solos mal drenados: baixa.
Profundidade de plantio: 2 – 3 cm.
Tempo para a utilização: 90 a 120 dias após a germinação.
Consorciação: Stylosanthes.
Adubação: De acordo com as recomendações técnicas determinadas pela análise
de solo.
Altitude: nível do mar até 2.000 m
Dormência da semente: presença de antocianinas e fenóis que afetam sua
germinação.
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Até 60 dias de crescimento - jovem 23,0 14,0 21,0 0,16 0,21 1,2
PRINCIPAIS LEGUMINOSAS
Estabelecimento
Pastagens de estilosantes são estabelecidas através de pequenas sementes e o
aspecto mais importante para garantir um bom estabelecimento é a realização de
semeadura superficial, evitando solos muito trabalhados e fofos. A profundidade de
semeadura máxima é de 2 cm e é importante a prática da compactação do solo após a
semeadura. A taxa de semeadura para estilosantes Campo Grande é de 2 a 2,5 kg/ha na
formação de novas pastagens e 2,5 a 3,0 kg na recuperação de pastagens.
O estilosantes tem boa associação com rizóbios nativos e, portanto não é
necessária a inoculação.
Manejo
A formação de pastagens consorciadas foi a principal forma de utilização dessa
leguminosa no Brasil e na América Latina. A manutenção do balanço adequado entre
leguminosas e gramíneas na pastagem depende do tipo de mecanismo de persistência
apresentado pela leguminosa e da capacidade competitiva da gramínea associada e, em
função dessas duas características, do manejo adotado.
Os principais mecanismos de persistência sob pastejo em Stylosanthes são a
ressemeadura natural e sobrevivência de plantas. Na Embrapa Cerrados os sistemas de
manejo que propiciaram melhor persistência da leguminosa e os melhores ganhos de
peso em uma pastagem de Andropogon gayanus cv. Planaltina consorciada com mistura
de estilosantes, foram o contínuo, rotativo com 7 dias de pastejo por 21 dias de
descanso, e alternado com manejo flexível (variando de 21 por 21 dias a 7 por 21 dias)
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(Leite et al., 1992). Com estas estratégias de manejo, foi possível manter uma
porcentagem de leguminosa entre 20 e 50%.
O banco de proteína é uma área com leguminosa pura, usada para pastejo
durante a estação seca objetivando a suplementação de animais em pastagens de
gramíneas pura ou em pastagens nativas. A área com banco de proteína de estilosantes
deverá ser de 30% da área total do pasto.
Entre as diversas técnicas de recuperação das pastagens degradadas, a
recuperação direta com a reposição de nutrientes, principalmente fósforo, na forma de
adubo químicos associada à introdução de uma leguminosa, para fornecimento de
nitrogênio biológico ao sistema, é a mais barata e, por isso, a que teria condições de ser
mais facilmente adotada pela maioria dos produtores. Por suas características de
resistência à seca, adaptação a solos de baixa fertilidade e capacidade de associação com
rizóbios nativos.
Da maneira simplificada, a técnica de recuperação usando estilosantes envolve a
distribuição do adubo fosfatado, seguida de uma gradagem para incorporação do adubo,
rompimento das camadas de solo compactadas, redução da competição inicial da
gramínea estabelecida para permitir o desenvolvimento das plantas de leguminosas.
2 - Leucena;
Características gerais
O gênero Leucaena pertence à família Leguminosae, subfamília Mimosoideae, tribo
Minoseae, e foi estabelecido por Benthan em 1842. A espécie mais utilizada em
sistemas agrícolas é a L. Leucocephala. Essa espécie é dividida em três espécies:
leucocephala, glabrata e ixtahuacana, sendo a mais difundida a L. leucocephala subsp.
glabrata.
A L. leucocephala é utilizada em todo mundo na alimentação animal. Adubação
verde e como fonte de madeira para confecção de postes e para lenha. A espécie é
tetraplóide (2n = 104), autocompatível, apresentando porte arbóreo, com altura variando
de 3 a 20 metros, e grandes produções de madeira, forragem e sementes. As flores
formam inflorescências brancas, globosas, que resultam em cachos de vagens. As
sementes, que são elípticas, marrons e se abrem longitudinalmente lançando as
sementes, que são elípticas, marrons e apresentam um revestimento impermeável que
impede a embebição, conferindo a chamada “dormência exógena” ou “dureza da
semente”. Possui excelente capacidade de rebrote e a forragem produzida é de alta
qualidade, apresentando teores de proteína bruta nas folhas ao redor de 24%. Por outro
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lado essa espécie apresenta algumas limitações como: pouca tolerância à geada e à seca,
pouco crescimento em solos ácidos, pouca durabilidade da madeira, presença de fatores
de anti-qualidade para o consumo animal (minosina) e em locais com solos de boa
fertilidade, a planta pode se tornar uma praga, pois possui alta capacidade de produção
de sementes, que além disso, possuem dormência.
Estabelecimento
Recomenda-se o plantio no início da estação chuvosa, atrasos no plantio levam a
má formação da leguminosa e impedem a sua utilização no primeiro ano.
A quantidade de sementes recomendada é de 4 kg de sementes viáveis por
hectare. As sementes devem ser escarificadas antes do plantio. Esse procedimento pode
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ser feito da seguinte forma: A semente pode ser colocada em água quente (80ºC) por
dois minutos. Após o tratamento, as sementes devem ser secas à sombra e inoculadas
com rizóbios (estirpes DF – 10 e DF – 15).
O plantio de leucena em áreas cultivadas anualmente com grãos pode minimizar
o problema com formigas e cupins, já que o revolvimento anual do solo diminui a
população desses insetos. Um preparo profundo é recomendado, principalmente em
terrenos com pastagens degradadas, com grande população de cupins e formigas.
Nessas áreas recomenda-se também o controle desses insetos durante as estações de
chuva e de seca anteriores ao plantio.
Manejo
A semeadura feita em conjunto com cultura anual é desejada, pois aumenta a
eficiência de uso da área e gera renda adicional durante o período de implantação da
eficiência de uso da área e gera renda adicional durante o período de implantação da
área de leucena. Zoby (1990) recomendam o plantio simultâneo com arroz para a
formação de banco de proteína. O espaçamento entre as linhas de leucena deve ser de 2
m e nas entrelinhas das leguminosas devem ser semeadas três linhas de arroz espaçadas
de 0,5 m. A densidade de plantio de leucena deve ser de 10 a 14 sementes por metro (4
kg/ha) e de arroz de 60 sementes por metro (30 kg/ha). Nesse caso, a produção do arroz
não é o plantio em faixas de duas linhas de leucena, espaçadas de 1 m e com um
espaçamento de 4 a 5 m entre as faixas, dependendo da cultura a ser implantada entre as
faixas e da maquinaria disponível. Na Embrapa Cerrados, adotou-se um sistema onde no
primeiro ano foi plantada soja entre as faixas de leucena. No segundo ano, nas entre
faixas onde estava a soja, foi feita a semeadura de milheto com B. brizantha cv.
Marandu para a formação da pastagem consorciada.
Lourenço (1991) estudou o ganho de peso de animais mantidos em pastagens de
colonião mais banco de proteína de leucena. Os animais com livre acesso ao banco de
proteína de leucena apresentaram no 1º ano ganho de peso vivo de 601g/animais/dia, no
2º ano de 562 g/animais/dia e 3º ano de 390 g/animais/dia.
Estabelecimento
O guandu se desenvolve melhor em solos bem preparados, através de aração
profunda e controle de invasoras. Cresce em solos com pH entre 5 e 8, mas apresenta
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Manejo
Para a implantação de banco de proteína, a semeadura deve ser feita em linhas,
para permitir o cultivo e facilitar a colheita mecanizada. As linhas podem ser espaçadas
de 2 m com seis sementes por metro linear, emprega-se 4,5 kg/ha de sementes (70%
valor cultural). Para silagem recomenda o espaçamento de 35 cm entre linhas, com 12
kg/ha de sementes.
Para utilização do guandu na renovação de pastagem, deve-se utilizar
semeadoras que sulcam o terreno. Recomenda-se em pastagens de pangola o
espaçamento de 2 m entre sulcos.
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Para corte, são usados espaçamentos que não ultrapassam 1m entre linhas e uma
cova a cada 20 cm na linha. Uma vez estabelecido, o guandu pode persistir na lavoura
por 2 a 3 anos, dependendo do sistema utilizado adotado pelo produtor. Recomendam-se
cortes a cada 90 dias, a uma altura de 60 cm do nível do solo.
O plantio do guandu em faixas em pastagens como gramíneas possibilita
oferecer forragem suplementar para o gado, ao mesmo tempo em que promove o
melhoramento do solo com a leguminosa. Neste sistema, são arados e gradeadas faixas
dentro da pastagem, por exemplo, 5 m de largura, com plantio de linhas de guandu
espaçadas de 1 m entre linhas. Estas faixas poderão ser mantidas separadas por uma
faixa de 20 m de largura, ocupada com a gramínea pré-existente (Seiffert, 1988).
A profundidade de semeadura pode variar de 2,5 a 10 cm e deverá efetuar o
plantio na primavera ou início do verão. A semente não necessita ser escarificadas, nem
inoculadas, a não ser em regiões novas ou em solos pobres. O inoculante comercial
indicado para o guandu é o do grupo I (Cowpea), sendo empregado na proporção de um
pacote de 200 g para 50 kg de sementes (Seiffert, 1988).
O guandu deve ser semeado na primavera ou início do verão. A quantidade de
sementes a ser empregada depende da variedade utilizada, da porcentagem de
germinação do lote de sementes e do espaçamento empregado.
As produções de matéria seca variam em torno de 4,5 t MS/ha/ano e entre 600
kg de PB/ha/ano. Ocorre redução significativa no estande de plantas no segundo ano,
após ter sido formado. Os teores de PB oscilam entre 13% e 20%.
4 - Gliricídia;
Características gerais – Gliricidia
O nome científico é em referência ao pó da casca e das sementes usado como
veneno para ratos nas regiões tropicais. Espécie tipo G. sepium.
Há cerca de 6 a 9 espécies de Gliricídias conhecidas, selvagens e cultivadas,
compreendendo arbustos e pequenas árvores. A espécie-tipo pode chegar a 12 m de
altura. A inflorescência é do tipo racemosa, muito vistosa, usualmente rósea,
aparecendo no início da primavera, antes da brotação das folhas, conferindo às árvores
certa semelhança com os pessegueiros em flor e tornando-as bastante atraentes.
As Gliricídias são nativas das regiões tropicais da América Central onde são
comuns nas encostas e matas e em áreas montanhosas até a altitude de 1.500 a 2.000 m.
São bastante tolerantes a estiagem, mas não toleram geadas. As espécies se propagam
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Estabelecimento
- Arar e gradear o terreno no começo das chuvas.
- Abrir sulcos rasos (5 cm) afastados em 1 metro.
- Preparar misturas de adubos com a seguinte composição para cada 100 kg1:
78 kg de esterco de curral.
16 kg de superfosfato simples.
6 kg de cloreto de potássio.
- Distribuir a mistura de adubos no fundo dos sulcos na quantidade de 1,5 kg para
cada 10 m de sulco. Isto pode ser feito com facilidade pesando-se 1,5 kg da mistura,
colocando em uma garrafa pet que deve ser cortada na linha correspondente ao nível
em que se encontra esta quantidade da mistura. Estará feita assim uma medida para
cada 10 m de sulco. Não é necessário um rigor muito grande na distribuição. Os 10
m ao longo do sulco podem ser convertidos em 10 passos largos de uma pessoa.
- Colocar dentro dos sulcos duas sementes a cada 50 cm. Cobrir com um pouco de
terra.
- No caso de sementes de gliricídia não há necessidade de quebra de dormência. As
sementes devem ser plantadas sem nenhum tratamento.
- Dependendo da facilidade na obtenção de sementes ou no preparo de solo, o plantio
poderá também ser efetuado através de mudas, usando-se o mesmo espaçamento
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Manejo
- Começar as colheitas pelo menos 1 ano após o plantio, colhendo-se folhas e ramos
tenros acima de 50 cm do solo. Os galhos mais grossos devem ser cortados e
deixados na superfície do solo para reciclagem do material.
- Realizar colheitas a cada 75 a 90 dias na estação chuvosa e a cada 110 a 120 dias na
estação seca. Se irrigada a legumineira pode ser colhida na estação seca com a
mesma freqüência da estação chuvosa ou até com maior assiduidade, dependendo do
seu desenvolvimento.
- Aplicar todos os anos ao longo das filas de plantas, metade da adubação em
cobertura utilizada no plantio, mas sem o uso do esterco.
- A forragem colhida pode ser oferecida aos animais na forma in natura, fenada ou
ensilada.
5 - Amendoim forrageiro.
Características gerais – Arachis pintoi
O amendoim forrageiro (A. pintoi cv. Belmonte) é uma leguminosa herbácea
perene, com 20 a 60 cm de altura. O hábito de crescimento rasteiro faz com que esta
leguminosa produza uma camada densa de estolões com entrenós curtos e os pontos de
crescimento bem protegidos do pastejo. Entretanto, em pastagens consorciadas, o
amendoim forrageiro eleva suas folhas em longos pecíolos, permitindo a competição
com gramíneas dos gêneros Brachiaria e Cynodon, ficando os entrenós e pontos de
crescimento expostos ao pastejo pelos animais (Argel & Pizarro, 1992; Barcellos et al.,
2000).
Os estolões se fixam ao solo por meio de raízes abundantes que ocorrem nos
nós. Esta espécie possui sistema radicular pivotante e 82% das raízes são encontradas
até a profundidade de 80 cm do solo. Entretanto, podem-se encontrá-las até 1,8 m de
profundidade. Aos 18 meses após o plantio, a massa de raízes até 30 cm de
profundidade é superior a 10 t/ha (Argel & Pizarro, 1992; Barcellos et al., 2000).
As folhas são alternas, com dois pares de folíolos ovalados, glabros, mas com pêlos
sedosos nas margens (Fig. 1). O caule é ramificado, cilíndrico, ligeiramente achatado,
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com entrenós curtos e estolões que podem chegar a 1,5 m de comprimento (Argel &
Pizarro, 1992).
Figura 5 – Folhas e flores do amendoim forrageiro (A. pintoi cv. Belmonte). Rio
Branco, AC, 2001.
Estabelecimento
A taxa de semeadura a ser usada depende da rapidez com o que o produtor
deseja ter a pastagem formada, do nível de infestação com ervas daninhas da área, do
tipo de solo e do grau de preparo do solo.
O estabelecimento também pode ser feito por pedaços de estolões, (com no
mínimo 2 meses de idade) contendo 3 a 5 entrenós (20 a 30 cm de comprimento).
A adubação de estabelecimento deve seguir recomendações de Vilela et al.
(1998) e é baseada nos teores dos nutrientes presentes no solo e na textura indicados por
análises química e física do solo.
O manejo de pastagens consorciadas geralmente visa dar melhor condição de
estabelecimento à leguminosa em relação à gramínea. Zimmer et al. (1994)
recomendam a redução na taxa de plantio da gramínea em 30% a 40%. Adubação
estratégica para a leguminosa e o plantio em faixas alternadas, ou ainda, o plantio
defasado do capim em relação à leguminosa também têm proporcionado bons resultados
no estabelecimento de pastagens consorciadas.
O A. pintoi se caracteriza por uma alta produção de matéria seca. Avaliações de
diversos acessos feitas durante dois anos na Embrapa Cerrados mostraram produções
variando entre 5 a 13 t/ha no primeiro ano e de 3 a 11 t/ha no segundo ano. A produção
acumulada nos dois anos variou entre 9 e 24 t/ha para os diversos acessos avaliados
(Pizarro & Rincón, 1994).
A persistência sob pastejo é uma das principais características de A. pintoi. Esta
persistência é garantida pela grande quantidade de sementes que permanecem viáveis no
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solo (banco de sementes) e pelo crescimento estolonífero com enraizamento nos nós,
que proporciona proteção aos pontos de crescimento contra o pastejo e pisoteio pelo
gado. Em pastagens de A. pintoi cv. Amarilho consorciado com B. humidicola ou com
B. dictyoneura com dois anos de idade, a densidade de sementes presentes no solo era
de aproximadamente 650 sementes/m².
Manejo
Entre os fatores de manejo, a pressão de pastejo é o que mais influi na
persistência da leguminosa. Nas condições de clima e solo, recomendam-se períodos de
descanso: 1) entre 20 e 25 dias no período chuvoso e 25 e 30 dias no período seco, para
pastagens consorciadas com as gramíneas B. humidicola e Estrela Africana Roxa; e 2)
entre 28 e 35 dias para pastagens consorciadas com B. brizantha, B. decumbens e
Massai (P. maximum) no período chuvoso e seco.
Estudos desenvolvidos sob pastejo demonstram que o Arachis pintoi cv.
Belmonte mostrou-se persistente, mesmo quando submetido a taxas de lotação de 4
novilhos/ha, após mais de três anos de avaliações. A proporção de leguminosa no pasto
ao final do experimento foi sempre superior à proporção inicial.
Segundo Ibrahim (dados não publicados), citado por Argel (1994), A. pintoi Ciat
17434 persistiu por mais de quatro anos quando consorciado com Brachiaria brizantha
em um sistema de pastejo rotacionado com 5 dias de pastejo e 30 de descanso, com
taxas de lotação entre 1,75 e 3,0 UA/ha. A leguminosa estabilizou-se com 22% na
pastagem, com baixa ocorrência de plantas invasoras.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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KERRIDGE, P. C.; HARDY, B. eds. Biology and Agronomy of Forage Arachis. Cali,
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ARGEL, P. J.; PIZARRO, E. A. Germplasm case study: Arachis pintoi. In: CIAT.
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5, p. 57 – 73.
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sepium: leguminosa promissora para regiões semi-áridas. Petrolina:
EMBRAPACPATSA, 1997. 17 p. il. (EMBRAPA-CPATSA. Circular Técnica, 35).
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FRANCO, A. A. Contribution of the legume-Rhizobium symbiosis to the ecosystem and
food prodution. In: DOBEREINER, J. et al. Limitations and potentials for biological
nitrogen fixation in the tropics. London, Plenum, p; 191-220, 1978.
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I - FORMAÇÃO DE PASTAGENS
1. INTRODUÇÃO
As pastagens tropicais representam o principal recurso forrageiro na produção
animal em todo o mundo, cerca de 50% de toda produção de carne e leite é proveniente
de ambientes pastoris. No Brasil, pelo último senso do IBGE, são mais de 172 milhões
de hectares, ocupando 20% do território nacional e 80% da área agricultável. Ao mesmo
tempo em que as pastagens representam uma importante fonte de alimentação, a
realidade das áreas de pastagem é preocupante. Estima-se que metade dessas áreas
encontra-se em algum estágio de degradação. Essa degradação está associada entre
outras coisas ao uso de monoculturas e escolha inadequada da espécie forrageira
associada ao manejo inadequado e superpastejo.
Um bom processo de formação de pastagem traz como conseqüências a melhoria
das propriedades físicas do solo, pela contribuição do sistema radicular que melhora a
aeração e enriquece o solo com matéria orgânica; minimização do aquecimento global
pelo seqüestro de carbono no solo; fornece ambiente agradável para os animais quando
arborizada, fonte barata de alimentação para os rebanhos a maior parte do ano.
O processo de formação de uma pastagem nos dias atuais deve ter como
principal objetivo a manutenção da sustentabilidade do ecossistema pastoril, garantindo
assim a produtividade do pasto por tempo indeterminado. Para isso, a escolha da
espécie forrageira, o preparo do solo, método de semeadura, além dos tratos culturais
devem ser baseados nas condições bióticas e abióticas do local e do sistema de produção
onde o pasto será implantado.
O histórico da área é um fator que deve ser considerado. Uma vez que se
houver grande banco de semente de outras espécies, faz-se necessária
intervenção mais severa, com uso de maquinário mais pesado ou até controle
químico. Sob pena de que não realizar estas práticas pode levar a má formação
e até mesmo degradação da área cultivada.
IMPORTANTE!!!!!!
SE A ÁREA FOR MUITO IRREGULAR, RECOMENDA-SE
QUE SEJA COLETADA UMA AMOSTRA COMPOSTA
REPRESENTATIVA DE CADA UMA DAS ÁREAS.
Figura 2. Sequência de operações na coleta de amostra de solo, utilizando-se enxadão e pá reta (pá de
corte). Foto: MAPA (2009).
IMPORTANTE!!!!!
IDENTIFIQUE BEM A AMOSTRA CONTENDO INFORMAÇÕES
DA ÁREA (FAZENDA, LOCAL DA FAZENDA, TIPO DE SOLO
SE SOUBER) E DO TIPO DE CULTURA QUE SERÁ
PLANTADA.
47
Figura 3. Gradagem (esquerda, Foto: Ana Clara Cavalcante) e sulcagem da área para o plantio (direita,
Foto: Núcleo de Ensino e Estudos em Forragicultura).
48
1 - Pureza
Quantidade de sementes puras existentes em 1 kg de sementes.
2 - Germinação
Quantidade de sementes que se tornarão plântulas.
Para o teste de germinação o ideal é que as sementes provenham de uma porção
de sementes puras previamente selecionadas no teste de pureza. As sementes devem ser
acomodadas no substrato (pode ser papel de pão molhado diariamente) sem
agrupamento destas sementes por tamanho ou outra característica, ou seja, devem ser
distribuídas ao acaso. As sementes não devem se tocar a fim de evitar contaminação por
fungo e também facilitar a retirada das plântulas que forem surgindo.
O teste de germinação pode variar de 5 a 28 dias. Menor tempo é gasto na
germinação de leguminosas. O período em geral é de 10-14 dias. Para erva de ovelha
esse período é de apenas cinco dias. Para gramíneas esse período varia de 21-28 dias até
a última contagem.
As plântulas que germinam devem ser retiradas do substrato. A contagem pode
ser periódica ou envolver apenas contagem no inicio ou final, esta escolha fica a critério
de quem estiver fazendo o teste. Na ocasião da contagem, devem ser retiradas as
plântulas normais, anormais e sementes deterioradas. Dividindo-se o número de
50
sementes normais germinadas pelo total de sementes (100) e multiplicando-se por 100,
tem-se o percentual de germinação. É importante que durante o período do teste, o
substrato esteja sempre úmido.
3 - Valor Cultural
Quantidade de sementes, em valor percentual, que germinará em condições
normais de umidade temperatura e luminosidade.
VC = % Germinação X % Pureza
100
“cova em cova”. É um sistema muito utilizado em áreas com alto declive e de difícil
acesso com máquinas. Este tipo de semeadura é feito com espaçamento de
aproximadamente 50 cm entre linhas e 20 cm entre covas. É necessário lembrar que, ao
optar por plantio com matraca, é necessário soldar uma chapa horizontal distante 2 cm
da “boca” para evitar o aprofundamento excessivo das sementes. É preciso tomar
cuidado com o espaçamento para que a densidade de plantas não fique baixa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MATTA,P.M.; Sombreamento de Estilosantes Campo Grande. Disponível em :
http://www.cnpab.embrapa.br/publicacoes/artigos/sombreamento-estilosantes.html.
Acesso em 13 de outubro de 2009.
EVAGELISTA, A.R.; LIMA, J.A. Formação da pastagem: primeiro passo para a
sustentabilidade.In: SIMPOSIO SOBRE MANEJO ESTRATÉGICO DA PASTAGEM,
Anais...Viçosa. UFV: Viçosa, 2002, 1-42p. 2002.
FRANCO,A.A. Sistemas silvipastoril proporciona na época seca mais produção e
qualidade de Brachiaria brizantha cv. Marandu que no sistema em monocultivo.
Disponível em: http://www.cnpab.embrapa.br/publicacoes/artigos/sistema-
sivipastoril.html. Acesso em: 13 de outubro de 2009.
NEIVA, J.N.M. Formação de Pastagem Cultivada. In: CAMPOS, A.C.N (Ed.). DO
CAMPUS PARA O CAMPO:TECNOLOGIAS PARA A PRODUÇÃO DE CAPINOS
E OVINOS. Fortaleza: Gráfica Universitária. 2005. 57-64p. 2005.
PUPO, N.I.H. Manual de pastagens e de forrageiras. Campinas: Instituto Campineiro
de Ensino Agrícola, 1979. 343p.
SILVA, L.L.G.G.; RESENDE,A.S.; DIAS, P.F.;SOUTO, S.M.; MIRANDA,C.H.B.;
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Brachiaria brizantha cv. Marandu que no sistema em monocultivo. Disponível em:
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Acesso em 14 de outubro de 2009.
VIEIRA, M.S.; SOUTO, S.M..; DIAS, P.F.;COLOMBARI,A.A.; AZEVEDO,
B.C.;MATTA,P.M.. Sombreamento de Panicum maximum cv. Massai. Diponível em:
http://www.cnpab.embrapa.br/publicacoes/artigos/sombreamento-panicum.html. Acesso
em 13 de outubro de 2009.
54
IV - MANEJO DE PASTAGENS
1 – INTRODUÇÃO
O baixo potencial das pastagens em termos de quantidade, qualidade e
persistência, tem sido um dos fatores da baixa produtividade animal no Brasil.
CAUSAS: Baixa fertilidade natural dos solos; pouco uso de fertilizantes; manejo
inadequado das pastagens; utilização de espécies pouco produtivas.
Aumentando aumentando
<-------------------------Pressão de pastejo---------------------------- >
2º) “O tempo total de ocupação de um piquete deve ser suficientemente curto para que
uma forrageira pastada no I dia, não seja de novo pastada antes do gado deixá-la.”
4º) “Para que a vaca dê produções regulares, é necessário que não fique mais do que 3
dias no mesmo piquete.”
a) Pecuária de leite
Suas características principais, as quais vão influenciar o dimensionamento dos pastos,
são as seguintes:
a) O rebanho é formado por um número relativamente pequeno de animais quando
comparado com o rebanho de corte;
b) Uma parte do rebanho (vacas em lactação) permanece e é mantida nas proximidades
do estábulo, sendo menor sua movimentação, se bem que diária;
c) Os animais são mais indolentes, isto é, mais mansos e conseqüentemente mais fáceis
de serem manejados;
d) Exigem alimentação mais rica e equilibrada o que implica em ter um manejo mais
racional e pastos em boas condições (produzindo boa quantidade e qualidade de
forragem e com boa cobertura vegetal);
e) E fundamental a suplementação de pastagens na época seca do ano, principalmente
para as vacas em produção;
f) O Sempre que possível, deve-se evitar que as vacas em lactação façam longas
caminhadas, seja para irem do estábulo aos pastos ou vice-versa, ou caminhando em
direção aos bebedouros e cochos de sal e minerais, etc., fatos estes que refletem na
diminuição da produção leiteira;
58
g) Sempre, que possível, todas as divisões ou piquetes deve ter água à disposição dos
animais em local de fácil acesso.
a) Divisão técnica
Tecnicamente seria desejável a divisão do rebanho nas seguintes categorias:
1) Bezerras do nascimento ao desmame;
59
2) Bezerras desmamadas no ponto de cobertura (14 meses, com peso vivo mínimo de
300 kg);
3) Novilhas e vacas secas até 2 meses antes da parição;
4) Vacas em lactação;
5) Touros;
6) Os bezerros machos não são considerados nesta classificação porque, em geral, são
vendidos quando nascem ou na desmama.
b) Divisão rotineira
Quando feita pelo pecuarista apresenta, em geral, as seguintes categorias:
a) Bezerras até o desmame;
b) Vacas secas e novilhas de todas as idades;
c) Vacas em lactação;
d) Os touros ficam com as vacas secas e as novilhas, conforme letra (b), apesar de
receber alguma atenção especial, não constitui nesta divisão uma categoria separada;
e) Também os bezerros machos não são considerados nesta divisão em categorias.
São vários os fatores que determinam a separação do rebanho em categorias,
podendo cada produtor ter uma determinada divisão. O critério para separação do
rebanho em categorias está condicionado ao número total de animais, ao tipo de
manejo, a finalidade da criação, a estrutura da propriedade, disponibilidade de mão-de-
obra e, aos interesses do proprietário.
Unidade de Manejo
Unidade de Manejo é o conjunto formado por vários piquetes, corredores, instalações,
etc., a ser utilizado por uma ou mais categorias de animais, devendo apresentar a
característica de ser independente e auto-suficiente das demais unidades da propriedade.
A separação dos animais, de cada Unidade de Manejo, em 2 lotes pode ser da seguinte
maneira: 1°) lote de pastoreio de ponta e 2°) lote de repasse.
b) Pecuária de corte
Suas características principais são:
a) O número de animais que compõe o rebanho é geralmente grande quando comparado
com o rebanho leiteiro;
b) Em geral, se localiza em áreas de menor valor, mais afastadas dos centros urbanos,
devido principalmente ao caráter extensivo da atividade;
c) Predominando o caráter extensivo na exploração, a movimentação é menos intensa,
sendo o contacto com o tratador mais espaçado dando condições para que os
animais se tomem mais selvagens e nervosos, de difícil manejo e trato;
d) Predomina, ainda, em certas regiões as grandes áreas de pastagens com 5.000, 10.000
e até mais de 25.000 hectares, do tipo invernada, condicionado pelo número de
animais e pelo tipo de manejo empregado (Lotação continua);
e) São animais menos exigentes quanto à alimentação em, relação ao rebanho leiteiro;
62
Em vista das múltiplas variações que pode apresentar a pecuária de corte nas
atuais áreas de exploração, quer seja de cria, recria ou simplesmente engorda, quer nas
diversas regiões como o Brasil Central, toma-se difícil generalizar as recomendações.
Portanto, as mesmas serão feitas para as condições de explorações com caráter mais
intensivo, seja pela valorização das terras, seja pela própria estrutura econômica e
financeira das propriedades e/ou pelos recursos e facilidades encontradas.
Assim, recomenda-se:
a) Para declividade até 5% - não há necessidade de práticas conservacionistas,
porquanto mantendo o pasto bem formado e manejo racional, é suficiente para a
defesa e conservação do solo;
b) Para declividades de 5 a 12% - já são necessárias algumas práticas, como cordão de
contorno, locação dos piquetes em curva de nível, terraceamento,etc. Deve-se ter o
cuidado em manter a área sempre coberta pela vegetação (forrageiras) sem áreas
descobertas ou desnudas, exigindo portanto um manejo mais cuidadoso e técnico;
c) Para declividades entre 12 e 18% - há necessidade e práticas especiais de
conservação do solo e manejo mais cuidadoso. Deve-se evitar, principalmente
quando as terras são fracas e bastantes erodidas, quaisquer operações com o solo,
tais como: aração, gradagem e mesmo uso continuado de fogo. Nestas condições e
no caso de pastagens nativas, recomenda-se dar condições para que a planta
forrageira possa se estabelecer definitivamente na área e vencer a competição com
as plantas invasoras através de um pastoreio leve, com baixa lotação e descanso
durante o período de florescimento e frutificação da planta (outono), vedando-se o
pasto à entrada de animais. Quando a área se apresenta com baixa porcentagem de
65
1) A distância entre o ponto mais afastado do pasto e a aguada ou bebedouro não deve
ultrapassar de 3.000 metros quando em terreno plano ou levemente ondulado. Para
terrenos de topografia bastante acentuada e declividade superior a 10%, essa
distância deve ser reduzida para 1.000 a 1.500 metros;
2) Quando a aguada é natural (riachos, córregos, rios ou açudes) deve-se ter o cuidado
de preparar bem o local para evitar a formação de lodos e atoleiros;
3) Quando a tomada de água é feita num só ponto do rjo ou córrego recomenda-se fazer
uma estiva a qual será construída durante o tempo da seca, ocasião em que o nível
da água está mais baixo. O local deve ser cercado, tendo de 20 a 30 metros de
comprimento por 5 a 10 metros de largura, conforme o lugar, no sentido da margem
para dentro do rio. Dependendo da profundidade da água, a cerca que fica no meio
do rio poderá ser fixa ou flutuante;
4) Quando a água é levada aos pastos, recomenda-se localizar o bebedouro no ponto
mais central da área ou na linha divisória de 2 ou mais pastos, servindo a todos
concomitantemente;
5) Os bebedouros devem ter um dimensionamento suficiente para os animais mantidos
naquela área, tendo em vista que o consumo médio por dia e por cabeça é da ordem
de 40 a 60 litros.
66
d) Número de piquetes
Uma vez estabelecido à área necessária para cada parcela ou piquete da
propriedade, o segundo passo vem a ser a determinação do número de piquetes para
cada Unidade de Manejo.
69
O tempo de ocupação de cada piquete pode variar desde algumas horas até no
máximo 7 dias, dependendo principalmente da intensidade com que aquela área vai ser
pastoreada e o tipo de manejo empregado. Recomenda-se, em média, períodos de
ocupação de 1 a 3 dias para gado de leite e de 1 a 7 dias para gado de corte.
Há uma correlação inversamente proporcional entre o período de pastejo
determinado e o número de piquetes, ou seja, quanto menor for o tempo de ocupação
estabelecido maior será o número de piquetes necessários para a rotação nas Unidades
de Manejo.
Por outro lado, no entanto, é preciso considerar que á medida que o animal
permanece mais tempo no pasto (tempo de pastejo maior) a qualidade e a quantidade de
forragem disponível vão decrescendo e chega a tal ponto que passa a interferir na
produção animal.
3) para manejo mais extensivo, o tempo de pastejo poderá ser mais dilatado não
ultrapassando, porém, de 7 dias;
4) ter sempre em mente que a maior divisão das pastagens traz como conseqüência
maior gasto em cercas, maiores cuidados na distribuição e localização das áreas de
pastagens com relação às aguadas e bebedouros, localização dos corredores e
passagens de animais, porteiras, etc. e conservação dos mesmos.
Uma vez estabelecido o período de descanso e o de ocupação dos piquetes,
calcula-se o número de piquetes necessários para a Unidade de Manejo. Com base
nesses dados, procura-se ajustar a lotação ou o número de animais dentro do esquema
proposto. Para isto, é preciso ter inicialmente uma base sobre a produção forrageira
daquela área. É possível que na aplicação deste método o pecuarista de início não
acerte, sendo necessário fazer ajustes na lotação animal, porém, com a prática poderá ir
conhecendo cada vez melhor a qualidade dos pastos de tal modo que possa estabelecer
um número suficiente de animais com capacidade de consumir toda a forragem dentro
do prazo determinado e respeitando a altura de corte indicada para aquela forrageira.
É mais aconselhável regular o período de descanso do pasto em termos de dias do
que pela altura da planta forrageira como é adotado por alguns técnicos e pecuaristas.
Regulando-se o tempo de repouso da planta forrageira pelo número de dias, tem-
se a certeza de que ela será sempre pastoreada com a mesma “idade fisiológica”, ou
seja, o corte é efetuado sempre no mesmo estádio de desenvolvimento da planta.
Quando se estabelece determinado tempo de repouso (dias) torna-se mais fácil na
prática à aplicação de sistema de manejo rotacionado uma vez que o pecuarista pode
elaborar a programação do rodízio dos pastos antecipadamente.
A determinação da época de pastejo pela altura do pasto é muito subjetiva, pois
depende em grande parte do critério e julgamento utilizado pelo pecuarista.
crescimento da planta forrageira e 2°) saber quando os animais devem sair do pasto,
indicado principalmente pela altura da planta. Estes dois fatores determinam a
freqüência e intensidade de corte da espécie forrageira.
A produção está correlacionada a altura e freqüência de corte. Assim é que, para
menores intervalos de cortes devem corresponder maiores alturas de corte, enquanto
que, para cortes menos freqüentes, os maiores rendimentos são obtidos quando a altura
de corte é baixa No caso de pastoreio, entretanto, onde as colheitas são mais freqüentes,
deve-se elevar a altura de utilização da forragem para evitar a eliminação do meristema
apical e garantir melhores rendimentos através de uma rebrota mais vigorosa.
Entretanto, para algumas espécies forrageiras, baseadas nessas características e no
hábito de crescimento, pode-se estabelecer a altura de corte mínima recomendada
(Quadro 3).
No período das águas ter-se-á 50 vacas em um piquete de 5.882 m2 por dois dias,
com cada vaca tendo 117,6 m2 de pasto disponível. Por outro lado, no período seco do
ano (180 dias), essa quantidade de animais cairá entre 70 e 90%, dependendo das
condições climáticas. Logo para a manutenção do mesmo rebanho deverá ser feito um
plano para suplementação (capim-elefante, cana-de-açúcar, guandu, silagem ou feno),
além de concentrados.
f) Para o rebanho total: 138,90 m2 x 100 cab = 1,39 ha ou, praticamente 1,4
ha/3dias/100 animais. Isto significa que cada piquete terá no mínimo 1,4 ha para
comportar o rebanho total de 100 cabeças durante 3 dias, por 4 vezes durante o
período das águas.
g) Número total de piquetes: NP=(40:3)4-1=14,3 ou, praticamente 15 piquetes.
h) Área total: I5 piquetes x 1,4 ha = 21 hectares.
Em resumo:
1) Área total necessária = 21 hectares
2) Arca de cada piquete = 1,4 hectares
3) Número total de piquetes = 15
4) Número de rotação em cada área durante as águas 4 vezes
5) Período de ocupação = 3 dias
6) Período de descanso = 40 dias
7) Número total de animais = 100 cabeças.
4.7.2. Desfolha intermitente: caracterizada pela desfolha rápida, que pode ser realizada
tanto pelo corte como pelo pastejo, antes dos animais serem transferidos para uma nova
área.
77
Decidir qual método de pastejo a adotar não é tarefa fácil. Para se obter sucesso no
empreendimento é indispensável elaborar um bom planejamento, além de escolher e
manejar certo o pasto.
4.9. CONCLUSÕES
a) Há uma tendência natural, por parte dos criadores, a não aceitar inovações,
sobretudo, se as mesmas vão requerer maior emprego de capital, fato que tem
limitado a utilização de sistemas especializados de condução de pastagens.
b) A sofisticação que envolve certos sistemas, muitas vezes desnecessária, exigindo
constante acompanhamento técnico, além de muito freqüentes decisões de manejo, é
fator limitante á sua adoção de vez que resultados semelhantes podem ser obtidos
79
queda da produtividade. Neste ponto está o grande desafio que a pesquisa terá que
esclarecer para a compreensão e solução do problema da degradação das pastagens.
Os produtores muitas vezes se deixam levar pela aparência momentânea do
estado da pastagem e não usam as ferramentas importantes de predição de queda da
produção, tais como variáveis componentes da fertilidade, de propriedades físicas do
solo e do estado nutricional das plantas.
Uma das características indicativas mais notadas no processo de degradação das
pastagens é a capacidade de suporte animal ao longo do tempo. Quando a exploração
pecuária é monitorada com certo grau de organização e critério é freqüente observar-se
que num primeiro momento diminui a capacidade de suporte para a mesma oferta de
forragem. Ao proceder-se um descanso ou veda da pastagem, o crescimento no período
não é suficiente para manter a lotação anterior. Posteriormente, caso’ nenhuma ação de
manejo seja tomada, decresce simultaneamente a quantidade e a qualidade da forragem
e o reflexo passa a ser mais acentuado no desempenho individual dos animais. Nesta
fase é possível que o relvado já não seja uniforme, possuindo áreas descobertas, sem
forragem e com o solo exposto. Ocorrências de invasoras e pragas também podem ser
notadas, pois a pastagem cultivada introduzida começa a perder a capacidade de
recuperação natural pela competição exercida pelas espécies nativas.
Causas da degradação
As causas mais importantes da degradação das pastagens podem ser as seguintes:
• Germoplasma inadequado ao local;
• Má formação inicial - causada pela ausência ou mau uso de alguns dos itens:
práticas de conservação e de preparo do solo
correção da acidez e/ou adubação;
sistemas e métodos de plantio:
manejo animal na fase de formação;
• Manejo e práticas culturais:
uso de fogo como rotina;
métodos, épocas e excesso de roçagens;
ausência ou uso inadequado de adubação de manutenção;
• Ocorrência de pragas, doenças e plantas invasoras;
• Manejo animal
excesso de lotação;
sistemas inapropriados de pastejo;
• Ausência ou aplicação incorreta de práticas de conservação do solo após uso relativo
ou uso prolongado de pastejo.
anterior. Esta competição pode ser elevada na fase inicial do estabelecimento da nova
espécie ou no decorrer da utilização da pastagem, principalmente se houver alta
seletividade sob pastejo animal.
Pode-se citar como exemplo de espécies agressivas e possuidoras de grandes
bancos de sementes no solo as do gênero Brachiaria. Uma renovação direta de
pastagem muito utilizada recentemente tem sido a substituição de espécies de
Brachiaria spp. por espécies do gênero Cynodon (Coastcross, Tiftons, etc.). Como estas
últimas são implantadas por propagação vegetativa, a utilização de herbicidas do grupo
das trifluralinas tem sido bastante eficiente para retardar o crescimento de novas plantas
de Brachiaria através de sementes e permitir o fechamento do estande com maior
rapidez.
INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA
Recentemente, tem crescido a cada ano, nos Cerrados do Brasil, uma alternativa
bastante eficiente de manutenção da produtividade de pastagens e de
recuperação/renovação indireta de pastagens que é o sistema de integração lavoura-
pecuária.
Este sistema permite um uso mais racional de insumos, máquinas e mão-de-obra
na propriedade agrícola, além de diversificar a produção e o fluxo de caixa dos
produtores. Evidentemente que alguns requisitos são necessários para implementar o
sistema, tais como, máquinas e implementos agrícolas, infra-estrutura de estradas e
armazéns, mão-de-obra qualificada e domínio da tecnologia de lavouras anuais e
pecuária.
A integração lavoura-pecuária permite um sistema de exploração em esquema de
rotação, onde se alternam anos ou períodos de pecuária com a produção de grãos ou
fibras, etc.
O Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte, da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa Gado de Corte), vem desenvolvendo desde 1993/1994
um experimento de longa duração onde estão sendo estudados sistemas de rotação
lavoura-pecuária, comparados a sistemas contínuos de pecuária e lavoura, O objetivo é
comparar a eficiência agronômica e econômica e avaliar a sustentabilidade da produção
dos diferentes sistemas. Tem-se também como objetivo determinar alguns indicadores
da sustentabilidade.
É importante ressaltar que esse projeto foi implantado em uma área de pastagens
degradadas de Brachiaria decumbens, as quais foram recuperadas ou renovadas por
meio de diferentes tratamentos: adubação, calagem e tratos mecânicos; renovação com
troca de espécies: Brachiaria brizantha e Panicum maximum, com plantio de soja ou
milho, etc. Uma área de vegetação natural e uma área de pastagem degradada estão
sendo mantidas como testemunhas para comparações:
Os resultados até o momento têm demonstrado que, enquanto a pastagem
degradada está produzindo ao redor de 45-60 kg de carne equivalente carcaça/ha/ano, as
pastagens recuperadas ou renovadas estão produzindo 150—225 kg carne/ha/ano, em
sistema de recria de animais anelorados. Os tratamentos de integração lavoura-pecuária
têm apresentado um custo benefício favoráveis em função da venda de grãos e da
adubação residual deixada pelas lavouras anuais de milho e soja.
87
animais que se alimentarão no cocho. Isso porque o manejo da capineira sob corte
demanda mão-de-obra, além da quantidade de forragem a ser transportada que
normalmente é muito grande, elevando demasiadamente os custos de produção quando
o transporte for feito a longas distâncias.
Topografia
Deve-se dar preferência a áreas com relevo plano, que facilitarão o processo de
colheita diária da forragem, principalmente quando feita mecanicamente.
Tipo de solo
O solo deve ter boa fertilidade, pois as gramíneas normalmente utilizadas como
capineiras são relativamente exigentes em fertilidade, além do fato de que o manejo sob
cortes de toda a parte aérea promove uma extração de nutrientes muito elevada a cada
ano. Assim, os solos de baixio são os mais apropriados. É importante, entretanto, dar
preferência a solos com boa drenagem, principalmente no caso do capim-elefante.
Condições climáticas
As gramíneas normalmente usadas como capineiras não crescem sob baixas
temperaturas. Além disso, são relativamente exigentes em termos de água. Assim, deve-
se dar preferência a solos de baixio que retêm um pouco mais de umidade. Também,
sempre que possível, deve-se considerar a possibilidade de fornecer água suplementar
(via irrigação), tanto durante veranicos como durante a seca e adubações periódicas,
pois dessa forma, se tirará o máximo proveito do manejo intensivo a que uma capineira
pode ser submetida. Na região Nordeste, como a disponibilidade de água nas
propriedades é um fator de grande limitação, um dos critérios mais importantes para a
definição da localização da capineira deve ser a possibilidade e facilidade de irrigação
da mesma.
Época
A época mais adequada para o plantio da capineira é no início das chuvas.
Infelizmente no Nordeste, devido à grande irregularidade na distribuição das chuvas
dentro da estação chuvosa, nem sempre a primeira chuva seria o momento ideal para o
plantio, pois logo a seguir pode vir um veranico (alguns ou até semanas sem a
ocorrências de chuvas dentro da estação chuvosa). Assim, deve-se aguardar a ocorrência
de algumas chuvas seguidas, quando inclusive o solo já terá um teor de umidade maior
91
(podendo suportar alguns dias sem chuva, sem causar estresse hídrico nas plantas), para
se proceder ao plantio da capineira.
Fertilidade do solo
O capim-elefante é pouco adaptado à baixa fertilidade do solo, portanto, elevada
produtividade só será obtida quando se fizer a correção do solo e o manejo da sua
fertilidade corretamente, desde a implantação da capineira.
Em termos de correção do solo, cita-se principalmente a calagem, a qual deve ser
efetuada sob condições de acidez do solo. Para o cálculo da quantidade de calcário a ser
aplicado, podem ser utilizados dois métodos:
Método da saturação de bases: elevar até 60%;
Método do alumínio: elevar Ca e Mg até 2 meq/100 cm3
Em termos de adubação mineral de fundação (no estabelecimento da capineira),
deve se adotar a seguinte dosagem, supondo produtividade de 100 t MV/ha (Tabela ).
Escolha da cultivar
Na escolha da cultivar, deve-se priorizar aquelas que apresentem elevado
rendimento forrageiro (kg MS/ha x ano) e elevado valor nutritivo. Devido à dificuldade
de obtenção de mudas e à incapacidade do capim-elefante ser propagado por sementes,
um terceiro critério tem tomado grande importância, podendo ser mais decisivo que os
dois acima: disponibilidade de mudas o mais próximo possível da área onde se
implantará a capineira. Esse critério é de suma importância para a redução nos custos de
92
Espaçamento de plantio
Para definir o espaçamento de plantio, deve-se definir se este será efetuado em
sulcos ou em covas. Em sulcos, utiliza-se o espaçamento de 80 - 100 cm entre linhas. Já
no plantio em covas, adota-se o espaçamento de 80 – 100 cm entre fileiras de covas e de
50 – 80 cm entre covas.
A definição do método de plantio a ser usado dependerá do grau de
disponibilidade de mudas e de mão-de-obra na propriedade. Quando houver grande
disponibilidade de mudas e/ou pouca mão-de-obra, deve-se preferir o plantio em sulcos
(precisa de 3 a 4 t de muda/ha), que requer menor mão-de-obra. Porém, quando houver
pouca disponibildade de mudas, deve-se fazer o plantio em covas, pois economiza um
pouco na quantidade de mudas, embora haja maior gasto com mão-de-obra para se
efetuar o plantio.
Para se tirar o máximo proveito da capineira, esta deve ser manejada visando à
obtenção de altos rendimentos de forragem de satisfatório valor nutritivo e a uma
melhor distribuição da produção forrageira durante o ano. Neste segundo aspecto, como
93
Deve-se ter em mente ainda a forte interação que existe entre altura e freqüência
de corte. Segundo Santana (1989), para se obter maior produção do capim-elefante,
deve se aguardar pelo menos 12 semanas após o corte quando este é efetuado próximo
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ao solo. Contudo, quando o corte ocorre a 15-30 cm, o capim pode ser novamente
cortado a partir das 4 semanas.
Massa seca de forragem total consumível pelo animal no cocho/hectare x ano = MSST
+ MSFT = 14700 kg MS/ha nas águas + 31590 kg MS/ha na seca = 46290 kg MS/ha x
ano
Para se calcular a área da capineira necessária para a alimentação daquele
rebanho por ano, divide-se a demanda total de forragem advinda da capineira para
alimentar o rebanho durante a estação seca do ano pelo rendimento (produtividade) de
massa seca de forragem total consumível produzido por hectare, por ano:
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A cana embora seja pobre em proteína (1 a 3% na matéria seca, MS), é uma fonte
de carboidratos não-fibrosos, principalmente sacarose (açúcar), os quais são altamente
solúveis no rúmen dos animais, podendo causar desequilíbrio proteína x energia. Por
outro lado, apesar de ter uma fibra de baixa digestibilidade, quando esse problema é
corrigido mediante uma picagem adequada da forragem, pelo seu sabor adocicado, a
cana-de-açúcar é facilmente consumida pelos animais, mesmo quando misturada à
uréia, que é amarga.
A uréia, por sua vez, é uma fonte de nitrogênio de rápida liberação ruminal. Para
não haver intoxicação do ruminante pelo excesso de amônia no rúmen, a liberação da
amônia no rúmen deve ser sincronizada com a liberação dos carboidratos não-fibrosos,
daí porque há uma combinação perfeita do uso da cana com uréia para animais em
mantença ou com nível de produção não muito elevado.
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2ª semana
marcado, sacos de ráfia etc.) para não haver grandes erros na proporção entre os
ingredientes.
Um dos motivos da descrença no uso dessa técnica deve-se à ocorrência de
intoxicação, que geralmente é fatal para o animal. As causas mais freqüentes são:
Utilização da uréia acima da dose recomendada;
Má homogeneização (mistura) da uréia com cana;
Não observância do período de adaptação.
Caso haja intoxicação, diagnosticada visualmente pela ocorrência de convulsões,
tremores e liberação de espuma pela boca, deve-se ministrar por via oral 8 a 10 L de
ácido acético (a forma mais comum é o vinagre de cozinha) por animal, imediatamente,
ou água gelada à vontade.
Finalmente, no uso da técnica da cana-de-açúcar com uréia, algumas
recomendações podem ser seguidas para obter a máxima resposta biológica do rebanho:
Usar variedades de cana-de-açúcar produtivas, com altos teores de açúcar;
Usar cochos bem dimensionados, permitindo acesso a todos os animais ao
mesmo tempo;
Eliminar sobras de forragem do dia anterior que tenham restado no fundo do
cocho;
Manter água e sal mineral à disposição dos animais, à vontade;
Fornecer concentrado em função do nível de produção de leite ou ganho de peso
desejado.
3 ENSILAGEM
Desvantagens:
Estrutura especial de armazenamento - Apesar de poder ser armazenada em
silos horizontais do tipo superfície, estruturas como silo trincheira podem
favorecer o enchimento, a compactação e o armazenamento.
Alta umidade significando grande quantidade de água transportada e
armazenada.
Redução da matéria orgânica e exposição do solo à erosão - Esse problema
pode ser minorado com a adoção de técnica de plantio direto.
Custo elevado em relação ao custo das pastagens - um dos fatores que mais
influem no custo final da silagem é a produção por hectare. Por isso, o
produtor deve cuidar o melhor possível de suas áreas de produção de forragem.
Silo cincho
Silo em cisternas
Silo trincheira
Silo superfície
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Girassol - tem sido recomendado para cultivo de safrinha, sendo sua maior
limitação o excesso de umidade no ponto de corte.
ano, em dois cortes; possibilidade de uso da rebrota; corte mais fácil e mais
uniforme; maior facilidade de compactação durante o processo de ensilagem.
É mais indicado para regiões sem aptidão agrícola, podendo ser uma boa
alternativa para aumentar o estoque de forragem para seca, particularmente para
categorias menos exigentes, como animais de cria e de recria, ou para regiões que
disponham de concentrados baratos.
Forragens com teores de matéria seca abaixo de 25% precisam sofrer algum
tratamento extra antes ou durante sua estocagem no silo.
Fig. Período ideal da colheita do milho para ensilagem (entre 1/2 e 3/4 linha de leite).
Material com alta umidade resulta em muita perda no silo por lixiviação (perda
por escorrimento de material aquoso). A compactação resultará em eliminação de água
e o seu carreamento para fora do silo. Esse chorume contém nutrientes importantes para
a fermentação da silagem e para o animal que irá consumi-la. A ocorrência de chuvas
durante a ensilagem pode causar esses mesmos efeitos.
110
3.6 Compactação
3.7 Vedação
Observações:
No caso de silos mais largos do que a largura da lona, deve-se usar várias
lonas paralelamente umas às outras, dobrando-as de maneira a minimizar a
penetração do ar.
Deve-se manter o silo fechado pelo período mínimo de 30 dias. Esse é o tempo
mínimo necessário para que o material seja completamente fermentado. Um
silo enchido de maneira correta, bem vedado e protegido pode ser mantido
fechado por muitos anos.
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Tamanho da fatia
18,11 kg/ani/dia x 30 vacas = 543,3 kg
1m³ 500 kg
x 543,3 kg
x = 1,08 m³
V=AxC
C = V/A
C = 1,08/20
C = 0,06 cm
4 FENAÇÃO
A estacionalidade na produção de forragem é uma realidade recorrente em
todos os sistemas de produção animal em pastejo, trazendo sérios prejuízos para o
produtor com o fenômeno da safra e entressafra. Na maior parte do Nordeste do Brasil,
esse fato é agravado pela curta estação chuvosa, em média de quatro meses, havendo
escassez de forragem no restante do ano. Para minimizar tais problemas há a
necessidade de se conservar forragem para a época da seca, na forma de feno ou
silagem. A produção de feno no Nordeste, por meio da técnica da fenação, apresenta
grande potencial, devido à sua alta insolação, altas temperaturas e umidade relativa do
ar baixa nessa região.
A fenação constitui-se em uma das alternativas recomendáveis, especialmente
pela possibilidade de estar associada ao programa de manejo das pastagens,
aproveitando para fenar o excedente de pasto produzido no período das águas.
A fenação ocupa importante papel no manejo das pastagens, permitindo o
aproveitamento dos excedentes de forragem ocorridos em períodos de crescimento
acelerado de forrageiras, visto que alterações da carga animal são geralmente difíceis de
serem realizadas.
O princípio básico da fenação resume-se na conservação do valor nutritivo da
forragem através da rápida desidratação, uma vez que a atividade respiratória das
plantas, bem como a dos microrganismos é paralisada. Assim, a qualidade do feno está
associada a fatores relacionados com as plantas que serão fenadas, às condições
climáticas ocorrentes durante a secagem e ao sistema de armazenamento empregado
(REIS et al., 2001).
A fenação é uma técnica de conservação de forragens extremamente versátil,
pois desde que o feno seja armazenado adequadamente, apresenta as seguintes
vantagens: pode ser armazenado por longos períodos com pequenas alterações no valor
117
nutritivo, grande número de espécies forrageiras podem ser usadas no processo, pode
ser produzido e utilizado em grande e pequena escala, pode ser colhido armazenado e
fornecido aos animais manualmente ou num processo inteiramente mecanizado e pode
atender o requerimento nutricional de diferentes categorias animais (Reis et al., 2001).
Como desvantagens podemos citar: o elevado custo de aquisição de máquinas
adequadas e elevado custo com mão-de-obra por quilo de feno produzido em pequenas
propriedades.
cultivadas para este fim. Ainda podemos citar a soja perene, feijão-guandu, centrosema,
alfafa, leucena, maniçoba, parte aérea da mandioca, sabiá e mata-pasto e diversas outras
plantas.
É possível ainda fazer o uso da altura, em conjunto com outras variáveis, para
determinar o momento do corte. O capim-tifton 85, deve apresentar entre 45 a 50cm de
altura no momento do corte para alcançar rendimentos satisfatórios, o que corresponde
ao intervalo do número de folhas vivas/perfilho preconizado. Acima desse valor é
possível se observar diminuição no valor nutritivo, devido à diminuição na relação
folha/haste que se acentua com o alongamento das hastes. Para o capim-elefante,
verificou-se altura uma altura média de corte de 1,80cm, o que corresponde ao intervalo
do número de entrenós preconizado.
As condições ambientais estão ligadas ao momento do corte. É importante
realizar os cortes em dias ensolarados, pouca nebulosidade, baixa umidade relativa do
ar, ocorrência de ventos e temperaturas elevadas.
O corte pode ser manual ou mecânico e, deve ser feito nas primeiras horas da
manhã, após o orvalho, pois facilita o corte e possibilita maior desidratação ao final do
dia. Caso a planta ainda contenha o orvalho no momento do corte, haverá um acúmulo
de água na massa depositada sobre o solo, requerendo um maior número de
revolvimento mecânico necessário a secagem, que por sua vez aumentará os custos com
mão-de-obra e hora/máquina. (Souza, 2000). A quantidade de material a ser cortado
depende da capacidade de processamento, observada a disponibilidade de máquina e/ou
mão-de-obra. O corte manual pode ser feito empregando-se alfange, foice ou roçadeira
costal.
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4.3 Secagem
Esta fase é considerada a mais importante no processo de fenação para a
conservação dos princípios nutritivos. O feno, para ser conservado satisfatoriamente,
sem aquecimento e fermentação, deve ter o teor de água reduzido a uma média de 15%
(doze a dezoito por cento de umidade), quando será enfardado e armazenado.
As condições ambientais que favorecem a secagem são: dias ensolarados, com
pouca nebulosidade, baixa umidade relativa do ar, ocorrência de ventos e temperaturas
elevadas. O processo de secagem a campo pode ser dividido em três fases:
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2ª Fase – Nesta fase a perda de água é mais lenta e o teor de umidade, no qual se
encontra em torno de 60 a 65%, cai para uma faixa de 45% de umidade.
3ª Fase - Inicia-se quando a planta apresenta cerca de 45% de umidade. É o
momento em que a planta é mais susceptível às condições climáticas
(Moser, 1995), observando- se maiores perdas na qualidade do material fenado
quando há grandes oscilações climáticas (chuvas, aumento da umidade do ar). É
nesta fase que a forragem torna-se mais susceptível aos danos causados pelo
processamento, onde as folhas apresentam-se mais quebradiças, com o caule
apresentando alto teor de umidade. Nesta fase,a forragem desidrata até atingir o
ponto definido do feno que é em torno de 15 a 20% de umidade.
animal. O material picado deve ser colocado sobre uma lona plástica ou solários de
cimento liso em camadas não superiores a 10 cm, virando sempre que possível.
A viragem do material dever iniciar logo após o corte e, ser repetida tantas
vezes quanto possível. Pode ser feita manualmente ou com o uso de ancinhos de tração
mecânica de vários tipos que, dependendo da regulagem, podem realizar também as
práticas de enleiramento e espalhamento.
umidade, que é o chamado "ponto de feno". A determinação do ponto de feno pode ser
feita por equipamentos adequados ou por maneiras práticas, sendo que a umidade final
deverá estar entre 10 e 20%. Dentre as maneiras práticas de verificação podemos citar o
processo de torcer um feixe de forragem e observar: se surgir umidade e, ao soltar, o
material voltar à posição inicial rapidamente, ainda não está no ponto; se houver
rompimento das hastes, passou do ponto e, se não eliminar umidade e, ao soltar o
material voltar lentamente à posição inicial, sem rompimento de hastes, está no ponto.
Com a prática, pelo tato e cor, a pessoa identifica o ponto do feno. Deve-se
também cravar a unha nos nós dos talos, de onde saem às folhas: o nó deve apresentar
consistência de farinha, sem umidade. Nesse ponto, o feno já está pronto, restando
enfardá-lo e armazená-lo em local ventilado, a salvo da chuva. Em caso de plantas que
precisam ser picadas antes de serem desidratadas, o ponto de feno é dado esfregando-se
um pouco do material entre as mãos e caso este se desprenda facilmente da palma da
mão, temos ai o momento em que o feno deve ser ensacado. Outra técnica consiste em
colocar a forragem picada em um vidro com capacidade aproximada de 1 litro e
adicionar uma colher das de chá de sal fino. Tampar o vidro e agitar cerca de 100 vezes.
Se o feno estiver no ponto, o sal ficará em grânulos. Ficando o sal aglutinado ou
umedecido é sinal que a forrageira está com mais de 18% de umidade, devendo-se
continuar com a secagem. O sal usado tem que ser bem seco sem umidade e sem
sujeiras (areia, pedaços de madeira etc.).
4.4 Armazenamento
secagem, haja vista a dificuldade de enfardar tal material. Esses sacos são colocados
sobre estrados que podem ficar em diversos locais (fenil), sendo preferível próximo ao
local de fornecimento aos animais. O ensacamento torna-se um método mais prático e
menos oneroso, mas apresenta uma maior dificuldade de acomodação e maiores perdas
armazenados por longo período.
REFERÊNCIAS