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CAPÍTULO XIII – BANCOS E OPERAÇÕES BANCÁRIAS

Considerações Gerais.
Os bancos são instituições financeiras que podem ser privadas ou públicas que fornecem serviços
financeiros à sociedade.

O que os bancos fazem?

Bancos são instituições intermediárias entre agentes superavitários e os agentes deficitários, que exercem,
além de outras, a função de captar os recursos dos superavitários e emprestá-los a juros aos deficitários,
gerando a margem de ganho denominada de Spread bancário.

Spread refere-se à diferença entre o preço de compra (procura) e venda (oferta) de uma ação, título
ou transação monetária. Analogamente, quando o banco empresta dinheiro a alguém, cobra uma
taxa pelo empréstimo - uma taxa que será certamente superior à taxa de captação. A diferença entre
as duas taxas é o chamado spread bancário.

Spread bancário, em termos simplificados, é a diferença entre a taxa de juros cobrada aos
tomadores de crédito e a taxa de juros paga aos depositantes pelos bancos. Em outras palavras, é a
diferença entre a remuneração que o banco paga ao aplicador para captar um recurso e o quanto
esse banco cobra para emprestar o mesmo dinheiro. O cliente que deposita dinheiro no banco, em
poupança ou outra aplicação, está de facto fazendo um empréstimo ao banco. Portanto o banco
remunera os depósitos de clientes a uma certa taxa de juros (chamada taxa de juros de captação ou
simplesmente taxa de captação). Analogamente, quando o banco empresta dinheiro a alguém,
cobra uma taxa pelo empréstimo - uma taxa que será certamente superior à taxa de captação. A
diferença entre as duas taxas é o chamado spread bancário.

Todo banco, público ou privado, apresenta estas características. Os bancos têm também por funções
depositar capital em formas de poupança, financiar automóveis e casas, trocar moedas internacionais,
realizar pagamentos, entre outros.

O dinheiro captado (depositado) dos clientes (pessoas físicas, empresas, indústrias e/ou governo) é utilizado
pelos bancos para conceder empréstimos a outros clientes, desta forma os bancos cobram juros e assim
ajudam para a circulação do dinheiro.

Os bancos são instituições essenciais à manutenção do comércio (atividades comerciais), porque além de
oferecer serviços financeiros, facilitam transações de pagamento e oferecem crédito pessoal, ajudando no
desenvolvimento do comércio nacional e internacional.

Como os bancos sobrevivem?

Os bancos conseguem obter lucros, através dos juros e das taxas cobradas pelas transações efetuadas.

Exemplos: Taxa de manutenção de conta, juros de empréstimos, investimentos, etc.

História dos Bancos


Existem relatos de sistemas financeiros desde a antiguidade, onde os povos fenícios já utilizavam várias
formas diferentes de realizar pagamentos, como documentos de créditos.

Mas, foi no século XVII que os bancos se firmaram, com o lançamento do dinheiro de papel (papel-moeda)
pelo Banco de Estocolmo.

Nesta época, vários países europeus começaram a produzir sua própria moeda.
Outros tipos de bancos surgiram a partir do século XIX, quando o progresso econômico, provocado pela
Revolução Industrial, ajudou na criação do banco industrial, cuja função era de mobilizar valores autos
(grandes somas) de dinheiro para auxiliar o desenvolvimento industrial.

Hoje, os bancos são regulados pelo Banco Central de cada país, o Banco Central possui a função de emitir
dinheiro, capturar recursos financeiros e regularem os bancos comerciais e industriais. Assim, eles
estabelecem regras e controlam o sistema financeiro geral de cada país.

Além disso, hoje já existem os chamados – bancos internacionais – que concedem empréstimos a bancos
centrais de países necessitados e ajudam no desenvolvimento de vários países (Bird - Banco Interamericano
de Reconstrução e Desenvolvimento).

Principais Tipos de Bancos


Banco central
É uma entidade independente ou ligada ao Estado cuja função é gerir a política econômica, ou seja,
garantir a estabilidade e o poder de compra da moeda de cada País e do sistema financeiro como
um todo. Além disso tem como objetivo definir as políticas monetárias (taxa de juros e câmbio,
entre outras) e aquelas que regulamentam o sistema financeiro local. O banco faz isso interferindo
mais ou menos no mercado financeiro, vendendo papéis do tesouro, regulando juros e avaliando
os riscos econômicos para o país.
História
O primeiro banco central de que se tem notícia foi o Banco da Inglaterra. Ele surgiu
em 1694 como uma sociedade anônima privada. Como contrapartida de
empréstimos para financiar a guerra contra a França o Rei William de Orange
(Guilherme III & II: - foi o Príncipe de Orange e Estatuder da Holanda, Zelândia,
Utreque, Guéldria e Overíssel da República dos Países Baixos como Guilherme
III de 1672 até sua morte, e também Rei da Inglaterra e Irlanda como Guilherme
III e Rei da Escócia como Guilherme II a partir de 1689. Ele herdou ao nascer o
Principado de Orange de seu pai Guilherme II, que havia morrido duas semanas
antes. Sua mãe Maria, Princesa Real, era a filha do rei Carlos I da Inglaterra)
concedeu ao banco o monopólio de emissão de moeda na região de Londres, dando-
lhe assim duas das funções clássicas de um banco central: Era banqueiro do governo
e também detinha monopólio de emissão (apesar de restrito).
Devido ao grande prestígio e confiabilidade alcançados pelo Banco da Inglaterra,
os outros bancos começaram a prática de ali manter depósitos e garantias. Nos
séculos XVIII e XIX houve uma proliferação de pequenos bancos rurais na
Inglaterra, que para evitar quebras e crises de confiança, mantinham depósitos de
garantia nos grandes bancos de Londres, que por sua vez mantinham seus depósitos
de garantia no Banco da Inglaterra. Com isso ele se destacou como o eixo do sistema
bancário inglês. Por volta de meados do século XIX o Banco da Inglaterra começou
a fazer liquidações de saldos entre os depósitos que os outros bancos mantinham
junto a ele, criando as bases dos sistemas de compensação bancária e assumindo
enfim o terceiro papel tradicional de um banco central: o de Banco dos Bancos.
Seguiu-se que ele era o único banco habilitado a servir como prestamista de última
instância quando surgiam crises no sistema financeiro, evitando assim a reação em
cadeia provocada pelas falências bancárias e as crises de confiança. Assim, assumia
também o mais este papel dentre os vários papéis clássicos de um banco central.
Em 1946 a sua importância para o sistema financeiro da Inglaterra foi finalmente
reconhecida, e o banco foi estatizado, assumindo oficialmente o status de Banco
Central.
Nos moldes do Banco da Inglaterra, os outros bancos centrais da Europa também
passaram por diversas fases de evolução até chegarem no nível de evolução actual,
como o Banco Central Europeu.
Papéis de um banco central
Os papéis tradicionais de um banco central são:
1. Banqueiro do governo: é ele quem guarda as reservas internacionais em ouro ou
moeda estrangeira do governo.
2. Autoridade emissora de moeda, ou monopólio de emissão: é o banco central
quem, com exclusividade, emite ou autoriza a emissão de papel-moeda daquele
país.
3. Executor da política monetária e cambial: é o banco central quem insere ou retira
moeda do mercado, regula as taxas de juros e regula a quantidade de moeda
estrangeira em circulação no país. Essas operações são conhecidas como open-
market ou operações de mercado aberto, e consistem principalmente na compra e
venda de títulos públicos ou de moeda estrangeira para instituições financeiras
previamente escolhidas.
4. Banco dos Bancos, ou prestamista de última instância: o banco central provê
empréstimos exclusivos aos membros do sistema financeiro a fim de regular a
liquidez ou mesmo evitar falências que poderiam causar uma reação em cadeia de
falências bancárias. Ele também mantém os depósitos compulsórios dos bancos
comerciais, regulando assim a multiplicação da moeda escritural no mercado.
Além desses papéis, alguns bancos centrais (como por exemplo o Banco de
Moçambique) acumulam também o papel de supervisor do sistema financeiro.
Banco comercial
Instituições de crédito caracterizadas pela captação de fundos, através de operações passivas como
os depósitos à vista, a prazo e com pré-aviso, os certificados de depósitos e os fundos de
investimentos, e pela cedência de fundos (crédito bancário), através de operações ativas de curto,
médio e longo prazos, podendo estas serem de carácter comercial (letras) ou financeiro (relação
cliente/banco); finalmente, pela prestação de serviços (proveitos), como as garantias bancárias, a
venda de moeda, pagamentos periódicos, guarda de valores e custódia de títulos.

Banco de investimento
Instituições que auxiliam pessoas físicas ou jurídicas a alocar o seu capital nos mais diversos tipos
de investimento, como por exemplo no mercado financeiro ou na BVM (Bolsa de valores).

Banco de desenvolvimento
Instituições que financiam projetos cuja finalidade é promover o desenvolvimento econômico de
uma dada região.
Operações ativas, passivas e acessórias dos bancos
Os bancos tem uma participação ativa na vida de toda a sociedade. Seja empresa privada, órgãos
públicos e pessoas físicas, todos de uma maneira ou outra necessitam dos serviços oferecidos pelas
instituições bancárias, seja para o pagamento de contas, abertura de contas, contratação de
financiamento, empréstimos e muitos outros serviços.

São muitos os serviços oferecidos pelos bancos, e em muitos casos certas operações só podem ser
feitas através da intermediação de uma agência bancária, como a transferência de dinheiro entre
contas, por exemplo.

Para os clientes bancários, é importante saber as taxas de juros cobradas, os serviços oferecidos e
as vantagens que se pode obter ao se tornar cliente de um determinado banco. Contudo, por outro
lado, quem trabalha ou pretende trabalhar em bancos deve possuir um conhecimento ainda maior,
para poder atender os clientes de maneira satisfatória. Por esse motivo, principalmente para quem
vai prestar concurso para bancos, é importante saber, pelo menos, as principais atividades e
serviços prestados pelos bancos.

Um tema que é bastante comum em provas de concursos diz respeito às operações exercidas pelos
bancos, que dividem-se em operações ativas e operações passivas. É comum vermos nas
definições de banco essas expressões, que geralmente deixam em dúvida os estudantes que irão
tentar uma vaga no concurso público.

Normalmente o lucro dos bancos resultam da diferença entre as operações passivas e ativas.

Operações ativas
As operações ativas são aquelas em que o banco oferece crédito aos clientes, ou seja, aquelas em
que a instituição bancária empresta dinheiro. São elas:
1. Abertura de crédito, simples e em conta-corrente;
2. Desconto de títulos;
3. Concessão de crédito rural;
4. Concessão de empréstimo para capital de giro;
5. Aplicações (próprias) em títulos e valores mobiliários;
6. Depósitos interfinanceiros;
7. Operações de repasses e refinanciamentos
8. Concessões de financiamentos de projetos do Programa de Fomento à
Competitividade Industrial.

Operações passivas
As operações passivas são aquelas em que os clientes deixam seu dinheiro sob responsabilidade
ou administração dos bancos, seja depositando em conta, investindo em CDB (Certificado de
Depósito Bancário: são títulos que os bancos emitem para captar dinheiro das pessoas. Dessa
forma, o banco remunera com juros, que varia de acordo com o valor emprestado, a quem
emprestou), etc.
1. Depósitos a vista (de pessoas físicas ou jurídicas);
2. Depósitos a prazo fixo (de pessoas físicas ou jurídicas);
3. Obrigações contraídas no País e no exterior relativo a repasses e refinanciamentos;
4. Emissões de certificados de Depósitos Interfinanceiros (CDIs).

Operações acessórias ou especiais


As operações tidas como acessórias ou especiais geralmente são aquelas em o banco atua como
intermediador entre duas pessoas, sejam físicas ou jurídicas.
1. Operações de câmbio;
2. Custódia de títulos e valores;
3. Prestação de fianças e outras garantias;
4. Operações compromissadas (de mercado aberto ou open market)
5. Compra e venda no mercado (físico) de ouro;
6. Administração de fundos de investimentos.

Encargos financeiros
Definição
São os juros e taxas cobradas pelas instituições ou até mesmo sobre empréstimos e financiamentos
concedidos. Juros remuneratórios, juros moratórios, multa, correção monetária, capitalização de
juros e comissão de permanência são encargos bancários.
São além das despesas de juros, todas as despesas (e receitas) incrementais que se originaram das
operações de captação, tais como:
1. Comissões;
2. Prêmios;
3. Intermediações financeiras;
4. Consultores para elaboração de projetos;
5. Auditores;
6. Advogados;
7. Viagens.

Em síntese, os encargos financeiros são a diferença entre os valores recebidos e os valores pagos.

Conceito de Rácio de Cobertura dos Encargos Financeiros


O Rácio de Cobertura dos Encargos Financeiros é um indicador económico que procura medir a
capacidade de uma empresa gerar resultados suficientes para suportar as suas obrigações de
natureza financeira.

O Rácio de cobertura de encargos financeiros é um rácio financeiro que representa uma medida
de risco quanto à capacidade de uma entidade conseguir satisfazer os seus compromissos
financeiros. Esse rácio relaciona os juros financeiros que a empresa suporta, com o resultado
operacional que gera. Ou seja, quanto mais elevado o rácio, maior a probabilidade de que o
resultado operacional gere dinheiro suficiente para cumprir as obrigações financeiras.

Assim, o rácio de cobertura de encargos financeiros, mais não é que o número de vezes que o
resultado operacional cobre os juros financeiros a que a empresa está sujeita devido ao seu
endividamento.
O seu cálculo é efetuado pela divisão dos resultados antes de encargos financeiros e de impostos
sobre os resultados (RAEFI, ou na sigla inglesa, EBIT) pelo total de encargos financeiros.
Alternativamente, em lugar dos RAEFI, pode ser utilizado o Cash Flow Operacional (também
conhecido pela sigla inglesa EBITDA), o qual, pelo facto de expurgar as amortizações dos
resultados, dá uma informação melhor sobre a capacidade da empresa em libertar dinheiro com a
sua actividade operacional. Por outro lado, os encargos financeiros, além do custo financeiro,
poderão incluir também as amortizações de capital de forma a proporcionar informação completa
sobre todas as exigências financeiras associadas ao financiamento.
Fórmula de cálculo do Rácio de Cobertura dos Encargos Financeiros (CEF):

CEF = RAEFI / EF
em que CEF é o Rácio de Cobertura dos Encargos Financeiros, o RAEFI os
Resultados Antes de Encargos Financeiros e de Impostos sobre os Resultados
e EF os Encargos Financeiros.

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