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Curso
Aproveitamento dos Alimentos
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Conteúdo

Alimentação ......................................................................................................... Pág.7


Alimentação saudável .......................................................................................... Pág.10
Pirâmide alimentar ............................................................................................... Pág.17
Desperdício de alimentos ..................................................................................... Pág.20
A fome e o desperdício de alimentos ................................................................... Pág.23
Resíduos sólidos urbanos: resíduos alimentares ................................................. Pág.28
O que podemos fazer com resíduos orgânicos .................................................... Pág.31
Horta em casa ...................................................................................................... Pág.38
Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS.................................................... Pág.42
Os alimentos ........................................................................................................ Pág.45
A importância das partes não convencionais dos alimentos ................................ Pág.46
Aproveitando integralmente os alimentos ............................................................ Pág.47
Higiene e manipulação de alimentos ................................................................... Pág.49
Cuidados no preparo e armazenamento .............................................................. Pág.55
Cuidados nos estabelecimentos que comercializam alimentos ........................... Pág.58
Sugestões de receitas .......................................................................................... Pág.64
Bibliografia........................................................................................................... Pág.72
.

1.1 – Alimentação

A alimentação é um ato que faz parte de nossas vidas e da vida de


todos os seres vivos. É por meio dela que se conseguem nutrientes
necessários para nosso desenvolvimento.

Um bebê quando nasce precisa se alimentar do leite de sua mãe, pois


nele há todos os nutrientes que ele precisa para crescer e formar seus
anticorpos. Caso contrário, essa criança pode obter crescimento e
desenvolvimento insatisfatórios, correndo o risco de adquirir algumas
doenças no futuro. O mesmo ocorre com os outros animais quando nascem,
já que todos os seres vivos precisam se desenvolver com saúde.

Em relação à obtenção de alimentos, os seres vivos se dividem entre


autótrofos e heterótrofos.

Os seres autótrofos (auto significa por si mesmo e trofos significa


alimento, alimentação, nutrição) são aqueles que, por meio de um processo
que ocorre em seu organismo, conseguem produzir seus próprios nutrientes.

Um exemplo de ser autótrofo são as plantas que realizam a


fotossíntese para se alimentar. A fotossíntese ocorre com a captação de luz
solar, gás carbônico e água, usados na obtenção de glicose, elemento que
confere energia às plantas. Nesse processo, há a liberação de oxigênio.
Entre outros seres autótrofos podemos citar as algas e algumas bactérias.

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Os seres que não produzem seu próprio alimento são chamados de
heterótrofos (hetero significa diferente, outro), por isso comem outros seres
vivos, animais e plantas ou, no caso dos humanos, produzem alguns de
seus alimentos.

Para que os nutrientes de determinado alimento sejam absorvidos por


nosso organismo, é preciso que eles sejam digeridos. A digestão começa
logo quando colocamos o alimento na boca, onde ele é mastigado e
engolido.

A saliva contribui para o início da quebra de moléculas dos alimentos.


O alimento mastigado que vai ao estômago também é chamado de bolo
alimentar.

Ao ser engolido o alimento passa pela faringe e pelo esôfago até


chegar ao estômago, órgão onde será dissolvido. Veja uma ilustração desse
trajeto.

É no estômago que o alimento entra em contato com o suco gástrico,


líquido ácido que quebra mais algumas moléculas do alimento,
especialmente as proteínas.

Em seguida, o bolo alimentar segue para o duodeno, parte inicial do


intestino delgado, onde recebe secreções vindas do fígado, o bile (ou bílis),
e do pâncreas, o suco pancreático. Aqui os nutrientes são novamente
reduzidos para sua absorção através da corrente sanguínea.

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Aquilo que nosso organismo não aproveita é transformado em fezes
que serão eliminadas.
É dessa maneira que retiramos dos alimentos aquilo que podem
fornecer para diversas finalidades, ou seja, se precisamos de vitamina C,
devemos ingerir alimentos ricos nessa vitamina, como laranja, acerola,
limão, entre outros, por exemplo.
Além de ser a maneira como retiramos os nutrientes dos alimentos, a
alimentação também sofre influência de fatores culturais, ideológicos e
religiosos.
Você já reparou como a alimentação que temos no Brasil é muito
diferente da alimentação que se tem no Japão? Provavelmente também já
deve ter assistido a alguns filmes norte-americanos em que o café da manhã
dos personagens é composto de bacon, ovos e panquecas.
Essas diferenças na alimentação podem ocorrer de país para país, ou
mesmo dentro de um mesmo país. A comida típica de Minas Gerais é
diferente da comida típica da Bahia.
Todas essas mudanças sofrem influência da cultura do local, do
clima, se foram colonizados, se há muitos imigrantes, entre outros fatores
determinantes.
Há também hábitos culturais que podem ser cultivados em grande
parte do mundo. É o exemplo dos aniversários em que o bolo é símbolo de
sua comemoração.
Além das questões culturais, algumas ideologias regem a alimentação
de algumas pessoas. Há muitas pessoas que não usam produtos de origem
animal em sua dieta por uma questão de saúde ou até de solidariedade com
os animais.

Decidir comer ou não comer determinado tipo de alimento devido a


uma ideia, ou algo em que se acredita, é ter a alimentação influenciada por
uma ideologia.

A religião também é capaz de determinar a alimentação de um povo.


Há religiões em que, por certo período, é feito um jejum. Em outras, há dias
específicos para não ingerir determinado alimento.

Na Índia, por exemplo, não se come nada oriundo da vaca, nem


mesmo seu leite é tomado. Isso é uma prática religiosa que tomou
proporções culturais, já que a vaca é considerada sagrada para os indianos
e pode circular livremente pelas ruas.

Todos esses significados que envolvem os alimentos devem ser


considerados, pois os alimentos não são simplesmente fonte de nutrientes e
há uma série de valores e sentimentos envolvidos.

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Na Constituição Federal Brasileira, documento de maior importância
legal em nosso país, há a menção da alimentação como um direito social do
cidadão trabalhador. Direitos sociais são aqueles que visam garantir aos
cidadãos condições para que usufruam de todos os outros direitos. São
conferidos pelo Poder Público com o objetivo de buscar uma igualdade
social.

Entre outros direitos sociais podemos citar o direito à vida, à


igualdade, à educação, à imigração e emigração, direito de poder escolher
suas associações econômicas, políticas e culturais, direito ao lazer, à saúde,
entre outros.

O texto que fala da alimentação como um direito social pode ser lido
no Capítulo II, Artigo 7º, item IV. Vejamos:

Capítulo II - Dos Direitos Sociais

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,


além de outros que visem à melhoria de sua condição
social:

IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado,


capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às
de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde,
lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social,
com reajustes periódicos que lhe preservem o poder
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;

Portanto, o Poder Público deve estar encarregado de prover os


direitos citados aos cidadãos e entre eles está a alimentação. Por esse
ponto de vista, a alimentação é vista como uma necessidade de
sobrevivência e não sofre influência ideológica, cultural ou religiosa.

Assim, a alimentação pode ser vista por diversos prismas, desde uma
necessidade física dos seres vivos até uma prática com reflexos da cultura
de um povo.

1.2 – Alimentação saudável

Considerando a alimentação como fonte de nutrição dos seres vivos,


ela pode beneficiar, ou não sua saúde. Quando os alimentos ingeridos
suprirem as necessidades orgânicas sem trazerem malefícios para a saúde,
é possível dizer que a pessoa tem uma alimentação saudável.

Tudo o que é saudável é benéfico para a pessoa, mas não é possível


estabelecer uma receita única de alimentação saudável, já que cada
organismo reage de uma maneira diferente à alimentação, além de haver as
questões culturais, ideológicas e religiosas citadas anteriormente.

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De acordo com o Ministério da Saúde, “uma alimentação saudável é
aquela que reúne os seguintes atributos: é acessível e não é cara, valoriza a
variedade, as preparações alimentares usadas tradicionalmente, é
harmônica em quantidade e qualidade, naturalmente colorida e segura
sanitariamente.”. (BRASIL, 2012).

Veja a ilustração:

Uma alimentação saudável pode trazer grandes benefícios à pessoa,


no entanto ela deve estar aliada a outros hábitos saudáveis, tais como evitar
o consumo excessivo de álcool e tabaco, além de praticar exercícios físicos.

Os benefícios conseguidos com uma alimentação saudável são


inúmeros. Podemos citar a prevenção de doenças como o diabetes, as que
afetam o coração, o câncer, dentre outras; a prevenção da obesidade e das
doenças relacionadas a ela, além da melhora na qualidade de vida.

Para sentir os benefícios de bons hábitos alimentares é importante


que eles sejam praticados ao longo da vida e não somente por determinado
período.

No Brasil, o Ministério da Saúde em parceria com a Comissão


Intersetorial de Alimentação e Nutrição, a CIAN, lançou em 1999 a Política
Nacional de Alimentação e Nutrição, a PNAN, que age “por meio de um
conjunto de políticas públicas que propõem respeitar, proteger, promover e
prover os direitos humanos à saúde e à alimentação”. (BRASIL, 2012).

Esse projeto teve início devido a uma mudança em alguns hábitos de


vida e consequentemente alimentares dos brasileiros. A alimentação
melhorou, entretanto, foi possível observar um aumento no peso dos
cidadãos.

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O órgão responsável pela implementação de ações em relação ao
PNAN é a Coordenação Geral de Alimentação, a CGAN, que faz parte do
Departamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à Saúde do
Ministério da Saúde.

As principais tarefas da Coordenação Geral de Alimentação são:

I - planejar, orientar, coordenar, supervisionar e avaliar o


processo de implementação da Política Nacional de
Alimentação e Nutrição, visando a melhoria das condições
nutricionais da população no curso da vida e observando
os princípios e diretrizes do SUS;
II - propor, planejar, normalizar, gerenciar, monitorar e
avaliar, em âmbito nacional, a execução de planos,
programas, projetos, ações e atividades necessárias à
concretização da Política Nacional de Alimentação e
Nutrição;
III - articular-se com os Estados, Municípios e o Distrito
Federal, de modo a estimular sua adesão aos programas e
projetos na área da Alimentação e Nutrição e prestar-lhes
cooperação técnica para o aperfeiçoamento da capacidade
gerencial e operacional nessa área;
VI - promover a articulação com órgãos, entidades e
agências de fomento, de financiamento e de pesquisa,
nacionais e internacionais, para o desenvolvimento de
projetos de cooperação, estudos e pesquisas em
alimentação e nutrição;
VII - promover e incentivar a educação continuada dos
recursos humanos envolvidos na implementação de todos
os programas e projetos componentes da Política Nacional
de Alimentação e Nutrição;
VIII - fomentar e participar de atividades intersetoriais para
o planejamento e implementação da política e de planos,
programas, projetos e atividades de segurança alimentar e
nutricional sustentável.
Assim, promover uma alimentação saudável faz parte das atribuições
da Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Uma das ações que faz
parte dessa Política é a distribuição de um livreto chamado de Guia
Alimentar para a População Brasileira, onde há os Dez Passos para uma
Alimentação Saudável.

A intenção desse Guia é buscar uma melhoria na qualidade de vida


da população brasileira por meio de uma alimentação saudável e com isso
prevenir algumas doenças, obesidade e desnutrição.

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O Guia também pode ser acessado pela internet no site do Ministério
da Saúde pelo endereço www.saude.gov.br/nutricao.

Veja os Dez Passos para uma Alimentação Saudável disponibilizados


pelo Ministério da Saúde:

1 – “Faça pelo menos três refeições (café da manhã, almoço e


jantar) e dois lanches saudáveis por dia. Não pule as refeições”.

O estômago, quando fica muito tempo vazio é mais propenso a


adquirir gastrite, além de você comer mais do que o necessário por estar
sentindo fome, o que também não é bom.

Para um melhor controle do peso, evite comer entre as refeições, as


famosas “beliscadas”. No momento de suas refeições, coma sem pressa e
mastigue bem os alimentos para facilitar sua digestão.

Os alimentos industrializados, ricos em sal, açúcar e gordura podem


causar doenças do coração, câncer, diabetes, obesidade, entre outros
problemas. Por isso, adquira o hábito de ler a composição nutricional dos
alimentos comprados e verificar seus valores nutricionais.

Também para evitar doenças, lave bem os alimentos como frutas,


verduras e legumes, pois essa higienização elimina alguns micro-
organismos nocivos à nossa saúde.

2 – “Inclua diariamente seis porções do grupo de cereais (arroz,


milho, trigo, pães e massas), tubérculos como as batatas e raízes como
a mandioca/macaxeira/aipim nas refeições. Dê preferência aos grãos
integrais e aos alimentos na sua forma mais natural”.

Esses alimentos são ricos em carboidratos e, por isso, são nossa


maior fonte de energia. As seis porções podem ser distribuídas ao longo de
nossas refeições e deve-se procurar variar as fontes de carboidratos.

Nas principais refeições, que são café da manhã, almoço e jantar,


esses alimentos devem compor metade do prato. Tome o cuidado de evitar
biscoitos muito gordurosos ou com grande quantidade de sódio.

3 – Coma diariamente pelo menos três porções de legumes e


verduras como parte das refeições e três porções ou mais de frutas nas
sobremesas e lanches.

Esses alimentos são os principais agentes na prevenção de doenças,


pois são ricos em fibras, vitaminas e sais minerais e, por isso, devem fazer
parte de todas as refeições.

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Quanto mais variada for a sua escolha nas porções de frutas,
legumes e verduras, você estará ingerindo maiores e diferentes quantidades
de nutrientes, já que cada alimento é rico em algum deles.

No seu prato, coloque vegetais de diferentes cores, pois cada cor


indica a presença de um nutriente específico. Por exemplo, as verduras de
folhas verde-escuras indicam que o alimento é rico em cálcio, já os
alimentos de cor amarela e alaranjada são ricos em vitamina C e A.

Consuma preferencialmente alimentos crus e sucos feitos com as


frutas. Embora as polpas congeladas ainda sejam melhores que sucos de
caixinha ou em pó, elas perdem alguns nutrientes no congelamento.

4 – “Coma feijão com arroz todos os dias ou, pelo menos, cinco
vezes por semana. Esse prato brasileiro é uma combinação completa
de proteínas e bom para a saúde”.

O recomendado pelo Ministério da Saúde é uma parte de feijão para


duas de arroz. Ou seja, se você colocou em seu prato quatro colheres de
sopa de arroz, coloque duas colheres de sopa de feijão.

Há uma grande variedade de feijões atualmente, procure consumi-los


e prepará-los de diferentes formas. Em vez de comer o feijão cozido de
forma tradicional, faça, por exemplo, uma salada de feijão.

Em substituição ao feijão, é possível incluir nas refeições outros tipos


de leguminosas como o grão-de-bico, a ervilha, a soja, a lentilha, entre
outras.

5 – “Consuma diariamente três porções de leite e derivados e


uma porção de carnes, aves, peixes ou ovos. Retirar a gordura
aparente das carnes e a pele das aves antes da preparação torna esses
alimentos mais saudáveis”.

O leite e seus derivados como queijo, requeijão, iogurtes são


alimentos ricos em cálcio, substância fundamental para o fortalecimento dos
ossos e dentes. Já as carnes e os ovos contêm proteína que ajuda na
reconstrução dos músculos, além de oferecerem energia e outros benefícios
ao organismo.

Para evitar consumir muita gordura nesses alimentos, prefira os leites


e derivados na versão desnatada, entretanto essa regra não vale para as
gestantes, que devem preferir sua versão integral, com exceção apenas de
orientação médica.

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É preferível consumir as carnes brancas às carnes vermelhas,
principalmente os peixes, por conterem ômega 3 e 6, ácidos graxos
essenciais, importantes na prevenção de doenças do coração, diabetes,
artrite e doenças degenerativas, como o mal de Alzheimer e Parkinson.

Algumas partes como fígado de boi, moela e coração de galinha são


ricas em ferro, nutriente que ajuda a prevenir a anemia.

Aqueles que decidiram ter uma dieta sem carne, ou mesmo sem
qualquer produto de origem animal como ovo e leite devem procurar um
nutricionista para que sejam orientados a fazer uma alimentação completa.

6 – “Consuma, no máximo, uma porção por dia de óleos vegetais,


azeite, manteiga ou margarina. Fique atento aos rótulos dos alimentos
e escolha aqueles com menores quantidades de gorduras trans”.

As gorduras podem ser divididas em gorduras boas e ruins. As


gorduras ruins são as saturadas e as gorduras trans, presentes em alguns
alimentos industrializados e algumas carnes gordurosas. As gorduras boas
são as gorduras insaturadas que são encontradas em alimentos como
abacate, semente de linhaça, alguns peixes, azeite de oliva, entre outros.

As gorduras trans e saturadas não são benéficas para nosso


organismo, pois podem causar problemas de colesterol e cardiovasculares,
já que podem se depositar nas artérias, causando entupimento.

As gorduras insaturadas ajudam na redução do colesterol, além de


prevenirem algumas doenças como as citadas no item 5.

Por isso, invista mais em alimentos ricos em gorduras insaturadas e


evite alimentos que contêm gordura saturada. Procure preparar seus
alimentos com menos óleo e verifique no rótulo de margarinas, óleos e
outros produtos a quantidade e o tipo de gorduras.

7 – “Evite refrigerantes e sucos industrializados, bolos, biscoitos


doces e recheados, sobremesas doces e outras guloseimas como regra
da alimentação”.

Esses alimentos contêm muito açúcar e devem ser evitados ou


consumidos em poucas quantidades eventualmente, pois o excesso de
açúcar pode causa obesidade e contribuir para o surgimento da diabete.

Os refrigerantes, principalmente os escuros, contêm corantes,


aromatizantes e outras substâncias que não são benéficas para nossa
saúde.

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Prefira os bolos sem recheio ou cobertura e feitos em casa, assim
sabe-se a procedência dos ingredientes. Para os biscoitos, opte pelos sem
recheio e com menos açúcar.

8 – “Diminua a quantidade de sal na comida e retire o saleiro da


mesa. Evite consumir alimentos industrializados com muito sal (sódio)
como hambúrguer, charque, salsicha, linguiça, presunto, salgadinhos,
conservas de vegetais, sopas, molhos e temperos prontos”.

O Ministério da Saúde recomenda que a quantidade de sal consumida


diariamente deve ser de uma colher de chá rasa, distribuída entre todas as
refeições.

Alguns alimentos industrializados contém muito sal em sua


composição, que na tabela nutricional vai aparecer como sódio. Leia o rótulo
e prefira aqueles com a menor quantidade de sal.

O sal pode causar problemas nos rins e hipertensão, já que ele retém
muitos líquidos.

Para realçar o sabor de seus alimentos, use alternativas como cebola,


alho, ervas, limão, entre outros temperos, evitando grandes quantidades de
sal ou de temperos industrializados.

9 – “Beba pelo menos dois litros (seis a oito copos) de água por
dia. Dê preferência ao consumo de água nos intervalos das refeições”.

Cerca de 75% de nosso corpo é composto por líquidos, por isso, a


água é muito importante em nossa alimentação.

Quando ingerimos a quantidade recomendada de água, nosso


organismo funciona melhor e se mantém hidratado. Aqueles que bebem
mais água sofrem menos problemas renais e de pressão.

É importante lembrar que outras bebidas como café, chá,


refrigerantes e sucos industrializados não substituem a água.

10 – “Torne sua vida mais saudável. Pratique pelo menos 30


minutos de atividade física todos os dias e evite as bebidas alcoólicas
e o fumo. Mantenha o peso dentro de limites saudáveis”.

Aliados a uma alimentação saudável, a prática de exercícios físicos


traz uma grande melhora na qualidade de vida. O sedentarismo tem sido
uma das principais causas de problemas de saúde como a obesidade e os
de coração.

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Algumas medidas simples podem ser tomadas como ir trabalhar a pé
ou de bicicleta, subir escadas em vez de tomar o elevador ou escadas
rolantes, fazer uma pequena caminhada até o mercado ou a padaria em vez
de usar sempre o carro, entre outras.

Trinta minutos diários de prática já trazem muitos resultados. Até o


humor melhora, já que os exercícios físicos liberam endorfina, hormônio
capaz de causar bem estar e diminuir o estresse.

Para que a qualidade de vida fique completa, evite o cigarro e o


excesso de álcool, pois eles podem causar doenças ao longo do tempo, tais
como câncer e cirrose.

Observe que, juntamente com dicas de uma alimentação saudável, o


Ministério da Saúde recomenda a ingestão de cerca de dois litros de água
por dia, além da prática de exercícios físicos regularmente.

Esses Dez Passos são dicas mais práticas sobre alimentação e que
podem ser seguidas por pessoas saudáveis a partir dos dois anos. Em
alguns casos específicos, como pessoas portadoras de diabetes, colesterol
alto, anemia, desnutrição, entre outros, é importante consultar um
nutricionista.

Para começar a seguir essas orientações não é necessário fazê-lo de


uma só vez, caso seus hábitos sejam completamente diferentes. Você pode
escolher um ou mais passos e cumpri-los aos poucos, até que consiga
cumprir toda ou grande parte da lista.

Também é importante esclarecer que os números dos passos não


significam uma ordem, ou seja, não é necessário adotar o passo número 1,
em seguida o passo número 2 e assim por diante. A escolha dos passos a
serem seguidos pode ser aleatória.

1.3 – Pirâmide Alimentar

As pirâmides alimentares são instrumentos que funcionam como uma


representação do que seria uma alimentação saudável. Não existe uma
única pirâmide alimentar, pois, como mencionamos anteriormente, a
alimentação segue diversas regras culturais, ideológicas e religiosas.

Assim, os vegetarianos que tomam leite e comem ovo têm uma


pirâmide com alimentos que substituem os nutrientes da carne. Já aqueles
vegetarianos que não consomem nada de origem animal, têm em sua
pirâmide alimentos que substituem os nutrientes dos ovos, leite e carnes.

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Em outros países, a pirâmide alimentar terá alimentos típicos da
região ou da cultura. O que haverá na pirâmide alimentar brasileira, pode
não ter em pirâmides alimentares de outros países, já que aqui temos um
clima propício para certas frutas, verduras e legumes e comemos alguns
pratos que não existem em outras culinárias.
Cada pessoa também pode montar sua pirâmide alimentar baseada
em um modelo e com ajuda de um nutricionista que indique quais alimentos
podem ser consumidos como fonte de determinado nutriente. Os atletas, por
exemplo, precisam de maiores fontes de proteína, por isso, em sua pirâmide
alimentar haverá mais alimentos ricos em proteínas.
O primeiro órgão a distribuir os alimentos no formato de uma pirâmide
foi o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos no ano de 1992. A
intenção era fazer com que as pessoas se alimentassem com uma maior
variedade de alimentos, mas que consumissem menos gorduras, açúcar, sal
e alimentos industrializados como salgadinhos, refrigerantes, alimentos
congelados, entre outros.
Vejamos um exemplo de pirâmide alimentar:

Essa ilustração é apenas um modelo genérico que pode ser seguido


com algumas adaptações. É sempre importante consultar um nutricionista
para que sua própria pirâmide seja montada baseada em sua altura, peso,
se pratica algum esporte, se tem alguma restrição alimentar, entre outras
informações.

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O formato da pirâmide foi escolhido por ter a base maior e o topo
menor, representando dessa forma os alimentos que devem ser consumidos
em maior quantidade na base e os que devem ser consumidos em menor
quantidade no topo.

Essas indicações de porções são de consumo diário e, por isso,


podem vir distribuídas em suas refeições, não apenas em uma. Se em uma
de suas refeições você consumiu mais alimentos ricos em proteínas, para
balancear, na próxima refeição prefira aqueles que contêm mais
carboidratos. Dessa forma, ao final do dia, você ingeriu a quantidade
necessária de nutrientes de acordo com sua pirâmide.

Na base da pirâmide, local onde ficam os alimentos que podem ser


consumidos em maior quantidade estão os cereais, os pães, as massas, as
raízes, entre outros.

Esses são alimentos ricos em carboidratos, mas suas versões


integrais também contêm fibras. Os carboidratos são responsáveis por nos
dar energia e devem fazer parte de metade de nossa alimentação, podendo
chegar até a 60% do nosso cardápio diário.

Acima e à esquerda dos alimentos da base estão as verduras e os


legumes como alface, couve, brócolis, agrião, abobrinha, cenoura, entre
outros. Esse grupo de alimentos precisa ser bem variado, pois quanto mais
diferente e colorido for seu prato diferentes tipos de nutrientes estão sendo
consumidos. Eles são ricos em vitaminas, sais minerais e fibras.

Vale lembrar que para que as fibras cumpram seu papel em nosso
organismo, entre eles o bom funcionamento de nosso intestino, é importante
beber água.

Ao lado desse grupo está o grupo das frutas, o qual devemos


consumir de duas a quatro porções por dia e também são ricos em
vitaminas, sais minerais e fibras. A regra da variação também vale para esse
grupo, pois cada fruta é rica em determinado nutriente. As frutas também
podem ser usadas para fazer sucos.

Na parte de cima do grupo das frutas e hortaliças há o grupo do leite e


derivados, carnes e ovos e leguminosas. O grupo do leite e derivados tem
alimentos ricos em cálcio e devem ser consumidos de duas a três porções
diárias.

O grupo das carnes e ovos tem alimentos ricos em proteínas, ferro e


zinco e devem ser consumidos de duas a três porções diárias com
preferência pelas carnes brancas. As leguminosas são os feijões, lentilha,
grão de bico, ervilha, entre outras.

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No topo da pirâmide estão as gorduras e os açúcares que devem ter
seu consumo restrito, ou seja, devem ser consumidos na menor quantidade
possível.

É importante lembrar que existem alimentos saudáveis, mas até


mesmo eles devem ser consumidos com moderação, pois tudo em excesso
pode fazer mal a saúde.

1.4 – Desperdício de alimentos

Para tratar do assunto “desperdício” inicialmente é preciso entender o


conceito de sustentabilidade. De acordo com o dicionário Aulete Digital, a
sustentabilidade é um “modelo de desenvolvimento que busca conciliar as
necessidades econômicas, sociais e ambientais de modo a garantir seu
atendimento por tempo indeterminado e a promover a inclusão social, o
bem-estar econômico e a preservação dos recursos naturais”.

Em palavras simples é economizar hoje para que tenhamos por mais


tempo e para mais pessoas.

Já o desperdício é um gasto excessivo, desnecessário e sem


proveito. Quando desperdiçamos algo, jogamos fora aquilo que poderia ser
aproveitado por nós mesmos ou por outras pessoas. O desperdício pode ser
de água, de energia, de alimentos, ou de outros itens, mas suas
consequências são sempre negativas.

Um desenvolvimento sustentável é aquele que atende às


necessidades das pessoas hoje sem prejudicar o atendimento às
necessidades das pessoas no futuro. E essas necessidades podem ser de
alimentação, de água, de moradia, e outros fatores de qualidade de vida.

Portanto, se houver desperdício, seja do que for, o desenvolvimento


sustentável estará comprometido, já que se as gerações atuais não
cuidarem dos recursos de hoje, amanhã eles cessarão e as gerações futuras
sofrerão as consequências.

Para que haja um desenvolvimento sustentável, é necessário fazer


um planejamento e pensar em alternativas para os produtos que usamos,
tais como: diminuição do uso de matérias primas na produção; além de
reutilizar e reciclar tudo o que for possível.

O desperdício de alimentos ainda é um grave problema mundial, já


que anualmente são desperdiçadas cerca de 1,3 bilhão de toneladas de
alimentos em todo o mundo.

O Brasil é um país que desperdiça muitos alimentos, já que é também


um grande produtor, chegando a exportar toneladas de alimentos plantados
aqui.

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A Fundação Getúlio Vargas publicou uma pesquisa que aponta que
no Brasil são desperdiçadas por ano 26,3 milhões de toneladas de
alimentos. Esse é um número alarmante, pois ainda existem muitas pessoas
passando fome, além do dinheiro investido na plantação e cultivo desses
alimentos que é perdido.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, realizou um
estudo dos Indicadores Agropecuários que mediu as perdas nas principais
lavouras brasileiras, que são arroz, feijão, milho, soja e trigo, no período de
1996 a 2002.

As perdas que ocorrem nas lavouras do plantio até a pré-colheita


podem ser provocadas por fatores climáticos, chamados de adversidades
abióticas, por doenças e pragas nas plantações, chamados de adversidades
bióticas ou por fatores de ordem econômica como a desvalorização de
determinado produto, que pode até mesmo fazer com que seu produtor
destrua as plantações para evitar prejuízos maiores.
Na colheita, as perdas ocorrem por adversidades climáticas como
excesso de fortes chuvas, ou a falta dela, e também por problemas
mecânicos das colheitadeiras, máquinas que realizam a colheita.
Na pós-colheita, ou seja, no transporte e no armazenamento dos
grãos as perdas podem ocorrer devido a problemas nos equipamentos que
tratam os grãos, como secadores e aeradores, ataque de insetos, umidade,
quedas pelo caminho no transporte, entre outros fatores que comprometam
a qualidade e a quantidade da colheita.
Esses são problemas que podem ocorrer desde o plantio até a venda
do alimento, mas há também o desperdício causado pelo próprio consumidor
final. Algumas pessoas compram alimentos em excesso que acabam
estragando, ou até mesmo em feiras e supermercados alimentos são
jogados fora quando não são vendidos.

Veja essa tabela que traz a produção potencial e realizada, e as


perdas até a pré-colheita das safras de arroz, feijão, milho, soja e trigo no
Brasil, entre 1996 e 2002:

Produção Perdas até a pré-colheita

Ano Potencial (t) Realizada(t) Total (t) Índice (%)


1996 70 328 507 67 131 023 3 197 484 4,55
1997 76 407 475 73 020 470 3 387 005 4,43
1998 76 878 826 73 086 283 3 792 543 4,93
1999 84 132 663 80 229 420 3 903 243 4,64
2000 87 730 265 81 057 420 6 672 845 7,61
2001 97 910 621 95 840 649 2 069 972 2,11
2002 99 566 222 94 684 839 4 881 383 4,90

(t) = tonelada

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Nessa tabela constam os índices de desperdício que os alimentos
destacados sofreram do plantio até a pré-colheita, isso sem mencionar o
desperdício que ocorre no transporte, armazenamento e mesmo na
residência do consumidor final. Portanto, os dados apresentados são apenas
uma parcela do desperdício real que os alimentos sofreram nesse período.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a Embrapa, também


realizou um estudo sobre o desperdício de alimentos no Brasil e chegou-se a
conclusão de que no ano de 2006, o cidadão brasileiro desperdiçou, em
média, 37 quilos de hortaliças, ou seja, verduras, legumes e frutas.

Essa quantidade é muito maior do que a consumida, que é de 35


quilos anualmente. Infelizmente, tem-se desperdiçado mais do que se tem
consumido e, em alguns casos, são jogados no lixo alimentos que poderiam
muito bem ser aproveitados para o consumo.

Dicas para evitar o desperdício de alimentos

Evitar o desperdício dos alimentos é um ato que deve ser realizado


por todos, não somente por iniciativas públicas ou privadas, mas também
pelos cidadãos. À medida que passamos a tomar algumas dessas
providências, elas se tornarão parte de nossa rotina.

Vejamos então como podemos contribuir para evitar o desperdício de


alimentos e fazer nossa parte:

- Antes de comprar, verifique se é necessário comprar aquele


alimento naquela quantidade, se ele será de fato consumido no tempo
indicado, ou seja, faça um planejamento de suas compras para evitar o
desperdício, já que o que não for consumido irá para o lixo, e isso evitará
também o gasto desnecessário.

- Lave bem os alimentos como frutas, legumes e verduras em sua


totalidade, ou seja, folhas, talos e cascas. Existem soluções de higienização
em que os alimentos são submersos para uma maior limpeza, assim,
diminui-se a quantidade de micro-organismos que fazem o alimento
apodrecer.

- Cada alimento requer uma forma diferente de conservação. Alguns


podem ser congelados, outros podem permanecer fora da geladeira e por
isso é importante saber como conservar os alimentos, especialmente os
perecíveis. Dessa forma, eles demoram mais tempo para entrar em
decomposição, podendo ser consumidos em um prazo maior.

- Ao preparar seus alimentos, evite tirar as cascas de forma que


fiquem grossas, ou então as utilize em outras receitas. O mesmo serve para
talos e folhas que podem ser usados para outras finalidades. Não cozinhe
mais do que o necessário, faça um cálculo de quanto alimento será
consumido para evitar que sobre muito.

22
- Se sobrar alimentos, você pode reaproveitá-los em outras receitas
em vez de jogá-los fora. Por exemplo, se sobrou um pouco de arroz faça
bolinhos. Se sobrar muita carne, use-a como recheio de torta, por exemplo.

Essas são pequenas dicas que podem ser incorporadas aos seus
hábitos diários e serão aprofundadas mais adiante.

1.5 – A fome e o desperdício de alimentos

A fome é um problema que atinge o Brasil e muitas outras partes do


mundo. Em lugares onde há pessoas vivendo em situação de extrema
pobreza, haverá a fome.

Quando a quantidade de alimentos que se tem é muito pequena ou


inexistente, há a fome e consequentemente a desnutrição, doenças e até
mesmo a morte.

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, a


FAO (sigla em Inglês para Food and Agriculture Organization), em seu último
Relatório Mundial sobre a fome, estimou que há no mundo cerca de 925
milhões de pessoas subnutridas devido a falta de alimentação adequada. O
Relatório apontou ainda que quase 30 mil pessoas morrem diariamente por
não terem o que comer.

Juntamente com a fome, outro grande problema mundial é o


desperdício de alimentos. Grandes quantidades de alimentos são perdidas
ou jogadas no lixo em todo o mundo.

É um grande contraste de realidades um mundo onde há tantas


pessoas passando fome, mas tantos alimentos sendo descartados e
deixados para apodrecer.

Pensando nessa situação irônica, algumas organizações


desenvolveram programas para ajudar pessoas que vivem nessa situação.
Atualmente existe uma série de programas voltados à diminuição do
desperdício e ao combate à fome mundial.

Um deles, elaborado pela Organização das Nações Unidas para


Agricultura e Alimentação, a FAO, é o projeto “Salve a Comida”. O objetivo
do projeto é diminuir a quantidade de alimentos desperdiçados, que como
dito anteriormente é de 1,3 bilhão de toneladas, contando com a ajuda de
empresas privadas e organizações não governamentais, as ONGs.

Outra iniciativa também das Organizações das Nações Unidas é o


Programa Mundial de Alimentos, também chamado de Programa Alimentar
Mundial ou Programa Mundial de Alimentação (em Inglês chamado de World
Food Programme).

23
Esse programa abrange cerca de 80 países do mundo todo levando
alimentos às pessoas necessitadas desde 1963. Os principais beneficiados
do Programa são pessoas refugiadas ou em meio a guerras e desastres,
pessoas que vivem em situação de extrema pobreza, entre outras.

Entre os objetivos do Programa estão: ajudar as comunidades a


produzirem seus alimentos, reduzir a mortalidade e a desnutrição infantis,
melhorar a saúde de portadores do vírus HIV, de mulheres grávidas e de
seus recém-nascidos, pessoas que precisam de uma alimentação mais
saudável, além de outras iniciativas contra a fome.

No Brasil, uma iniciativa que tem trazido bons resultados no combate


à fome é o Fome Zero. Esse programa tem o objetivo de levar alimentação
adequada para as pessoas com dificuldades de acesso a ela, fazendo com
que essas pessoas tenham acesso a esse direito, exercendo sua cidadania.

O Fome Zero é composto por quatro eixos articuladores e cada um é


formado por uma série de programas com objetivos semelhantes. São eles:

24
Vejamos com detalhes cada um dos eixos:

- Acesso à alimentação: por meio de programas como o Bolsa


Família, o Alimentação Escolar, os Restaurantes Populares, entre outros, a
população tem acesso direto e indireto à alimentação.

Um desses programas é o Banco de Alimentos que procura diminuir o


desperdício de alimentos recolhendo aqueles que não são adequados para
comercialização, mas podem ser consumidos sem nenhuma restrição. O
Banco de Alimentos distribui o que recebe para organizações sem fins
lucrativos para que preparem refeições e sirvam às pessoas que precisam.

- Fortalecimento da agricultura familiar: é composto por programas


como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
(Pronaf), o Seguro da Agricultura Familiar, entre outros. Esses programas
incentivam a produção de alimentos na agricultura familiar, ou seja, lavouras
de porte reduzido em que trabalham famílias.

- Geração de Renda: é formado por programas como Qualificação


social e profissional, Economia Solidária e inclusão produtiva,
Desenvolvimento de cooperativa de catadores, entre outros. Esses
programas têm o objetivo de qualificar a mão de obra, ampliar ofertas de
trabalho e incentivar o empreendedorismo.

- Articulação, mobilização e controle social: desse eixo fazem


parte os programas Casa das Famílias - Centro de Referência de
Assistência Social (CRAS), Capacitação de agentes públicos e sociais,
Mutirões e doações, entre outros que visam fornecer melhor qualidade de
vida à população.

Todos esses programas distribuídos entre os 4 eixos compõem o


Fome Zero que no período de 2002 a 2008 diminuiu a desnutrição infantil em
73%.

Embora grandes iniciativas venham sendo tomadas, ainda há muitos


alimentos sendo jogados no lixo. A revista Superinteressante realizou uma
pesquisa que levantou dados alarmantes.

Os alimentos de boa qualidade que sobram de feiras, mercados,


restaurantes e outros estabelecimentos seriam suficientes para três
refeições diárias de 19 milhões de pessoas.

25
Leitura Complementar

O que você precisa saber sobre a fome em 2012


4 de janeiro de 2012 - Destaque

Quantas pessoas passam fome no mundo e onde a maioria delas vive?


Quais são os efeitos da desnutrição sobre a mente e o corpo e o que
podemos fazer para ajudar essas pessoas? O Programa Mundial de
Alimentos (PMA) preparou uma lista com dez fatos essenciais para
entender por que a fome é o maior problema solucionável que o mundo
enfrenta hoje.

1. Aproximadamente 925 milhões de pessoas no mundo não comem o


suficiente para serem consideradas saudáveis. Isso significa que uma em
cada sete pessoas no planeta vai para a cama com fome todas as noites.
(Fonte: FAO, 2012).

2. Embora o número de pessoas com fome tenha aumentado, na


comparação com o percentual da população mundial, a fome na verdade
caiu de 37% da população em 1969 para pouco mais de 16% da
população em 2010. (Fonte: FAO, 2010).

3. Bem mais que a metade dos famintos do mundo – cerca de 578


milhões de pessoas – vive na Ásia e na região do Pacífico. A África
responde por pouco mais de um quarto da população com fome do
mundo. (Fonte: FAO, O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo,
2010).

4. A fome é o número um na lista dos 10 maiores riscos para a saúde.


Ela mata mais pessoas anualmente do que AIDS, malária e tuberculose
juntas. (Fonte: UNAIDS, Relatório Global de 2010; OMS, Fome no mundo
e Estatística Pobreza, 2011).

26
5. Um terço das mortes entre crianças menores de cinco anos de idade
nos países em desenvolvimento estão ligadas à desnutrição. (Fonte:
UNICEF, Relatório sobre Nutrição Infantil, 2006).

6. Os primeiros 1.000 dias da vida de uma criança, desde a gravidez até


os dois anos de idade, são a janela crítica para combater a desnutrição.
Uma dieta adequada neste período pode protegê-las contra o nanismo
mental e físico, duas consequências da desnutrição. (Fonte: Comitê
Permanente da ONU sobre Nutrição, 2009).

7. Custam apenas 25 centavos de dólar por dia alimentar uma criança


com todas as vitaminas e os nutrientes de que ela precisa para crescer
saudável. (Fonte: PMA, 2011).

8. Mães desnutridas muitas vezes dão à luz bebês abaixo do peso.


Essas crianças têm 20% mais probabilidade de morrer antes dos cinco
anos de idade. Cerca de 17 milhões de crianças nascem abaixo do peso
a cada ano. (Fonte: UNICEF, Um Mundo para as Crianças, 2007).

9. Em 2050, as alterações climáticas e os padrões climáticos irregulares


levarão mais de 24 milhões de crianças à fome. Quase metade dessas
crianças vive na África Subsaariana. (Fonte: PMA, Mudanças Climáticas
e Combate à Fome: Respondendo ao Desafio, 2009).

10. A fome é o único grande problema solucionável que o mundo


enfrenta hoje.

27
2.1 – Resíduos sólidos urbanos: resíduos alimentares

Em todos os estabelecimentos, sejam comerciais, industriais,


hospitalares, residenciais dentre outros há a geração de resíduos, que seria
o lixo produzido das atividades diárias.

A Agência Brasileira de Normas Técnicas, a ABNT, em sua norma


NBR 10004 conceitua resíduos sólidos como “aqueles resíduos nos estados
sólido e semissólido, que resultam de atividades da comunidade de origem
industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de
varrição”.

Já os resíduos sólidos urbanos (RUS) são aqueles produzidos nas


cidades, em qualquer tipo de estabelecimento que nela se encontre.

Ainda de acordo com a NBR 10004, os resíduos sólidos podem ter


diversas classificações. Vejamos:

De acordo com a origem do resíduo:

- Resíduo de Serviços de Saúde: popularmente conhecido como lixo


hospitalar, os resíduos de serviços de saúde são aqueles gerados em
hospitais, farmácias, clínicas e consultórios médicos e odontológicos. São
compostos por materiais como ampolas, seringas, curativos, e outros
materiais que possam causar algum tipo de contaminação.

28
- Resíduo Domiciliar: é o lixo produzido em casa e é composto por
uma série de itens, tais como restos de alimentos, papéis, plásticos, vidros,
resíduos sanitários como papel higiênico, fraldas, absorventes, entre outros
resíduos.

- Resíduo Agrícola: são os resíduos provenientes de atividades


como plantações, criação de gado ou outras executadas em sítios, chácaras
e fazendas. Nesse lixo podem estar embalagens de pesticidas, adubo, sacos
plásticos e restos orgânicos como ração, animais mortos, estrume e outros.

- Resíduo Comercial: é o lixo proveniente de lojas e mercados, tais


como caixas de papelão, sacos plásticos, embalagens e até restos de
alimentos.

- Resíduo Industrial: são os resíduos resultantes de atividades


industriais e podem conter material contaminante, já que algumas empresas
trabalham com processos químicos em larga escala. Nesse lixo pode ter
papel, borracha, óleo, restos de processos de filtragem, entre outros
resíduos.

- Entulho: são as sobras de construções e reformas tais como pisos e


azulejos, tijolos, metais, fios, pedras, entre outros. Dependendo da qualidade
do entulho, ele pode ser reaproveitado.

- Resíduo Público ou de Varrição: é todo o lixo recolhido pelos


varredores, os chamados garis, em ruas, feiras, praças e outros locais
públicos. Esse tipo de resíduo é composto por embalagens plásticas, papéis,
alimentos, folhas, sacolas e até animais mortos.

- Resíduos de Mineração: são os resíduos retirados de minas de


extração e pode conter pedras, produtos químicos, metais, entre outros.

- Resíduo de Portos, Aeroportos, Terminais Rodoviários e


Ferroviários: os resíduos dessa natureza são semelhantes aos resíduos
comerciais, entretanto pela rotatividade de pessoas vindas de outras partes
do mundo, corre-se o risco de algum resíduo estar contaminado com uma
doença de outro país.

Os resíduos também podem ser classificados de acordo com seu tipo


como sendo recicláveis e não recicláveis:

- Resíduo Reciclável: é aquele que pode passar por um processo de


reaproveitamento para se transformar em novos produtos. São tipos de
resíduos recicláveis: vidro, papel, plástico e alguns metais.

- Resíduo Não Reciclável: é aquele que não pode ser reaproveitado


ou por conta de seu material ou por estar contaminado. São tipos de
resíduos não recicláveis: restos de comida, lixo potencialmente
contaminado, entre outros.

29
Há também a classificação baseada na composição química do
resíduo, que podem ser:

- Orgânicos: os resíduos orgânicos são aqueles que têm relação com


os seres vivos, ou seja, são restos de comida, animais mortos, folhas,
madeira, entre outros.

- Inorgânicos: são os feitos com matéria prima sem relação com


seres vivos como vidros, borrachas, plásticos, entre outros.

Os resíduos ainda podem ser Perigosos ou Não Perigosos:

- Perigosos: são aqueles que podem causar danos ao meio ambiente


ou prejudicar a saúde das pessoas. São aqueles resíduos que podem pegar
fogo, que podem transmitir doenças, que são corrosivos, entre outros.

- Não Perigosos: são aqueles que não causam danos ao meio


ambiente, nem podem prejudicar a saúde das pessoas.

Os restos de alimentos são, portanto, resíduos orgânicos, domiciliares


e não recicláveis e, se não forem corretamente tratados, podem ser
perigosos ao meio ambiente, pois em sua decomposição é produzido o
chorume, líquido escuro e mal cheiroso que pode oferecer riscos ao meio
ambiente e à saúde das pessoas.

O chorume é espalhado pelas chuvas e assim contamina solos,


tornando-os inférteis e os lençóis freáticos, que são um acúmulo de água
presente no subsolo, tornando a água imprópria para o consumo.

Esse líquido que confere ao lixo o odor desagradável deve ser


corretamente tratado para que não entre em contato com o solo. O cheiro do
lixo com restos de comida também pode atrair baratas, ratos e moscas,
animais capazes de disseminar doenças.

Alguns cuidados devem ser tomados em casa para tratar dos


resíduos alimentares. São eles:

- Separe os restos de alimentos para que não se misturem com o lixo


reciclável. Metais, vidros, plásticos e papéis devem ser descartados em lixos
específicos para que seja feita a coleta seletiva e posteriormente ocorra sua
reciclagem.

- Os recipientes dos resíduos alimentares devem ter tampa e estar


revestidos com sacos plásticos. Dê preferência aos recipientes que a tampa
levanta por meio de um pedal para evitar que os micro-organismos que
ficam nas mãos entrem em contato com a tampa.

30
- Lembre-se de lavar bem as mãos após o manuseio do lixo, já que
podem conter muitos micro-organismos nocivos, especialmente se estiverem
entrando em decomposição.

- Mantenha o recipiente com os resíduos alimentares em locais de


temperatura amena, longe de fogões ou outras fontes de calor, já que altas
temperaturas ajudam a acelerar sua decomposição.

- O recipiente com resíduos alimentares deve sempre estar longe do


local onde os alimentos são preparados, assim não se corre o risco de
contaminação.

- Aquele lixinho que em muitas casas fica na cozinha deve ser retirado
assim que estiver cheio. Prefira lixinhos pequenos para evitar permanecer na
cozinha por muito tempo, pois se houver a decomposição, o cheiro dos
alimentos pode atrair ratos, baratas e moscas.

- O balde onde ficam os resíduos alimentares, mesmo que com a


proteção do saco plástico, deve ser higienizado com frequência, usando
produtos desinfetantes.

Normalmente os municípios possuem serviços de coleta que tratam


os resíduos alimentares de forma adequada prevenindo a contaminação do
solo, mas é importante que essas medidas sejam tomadas, pois assim
estaremos fazendo nossa parte.

2.2 – O que podemos fazer com resíduos orgânicos

A quantidade de lixo que produzimos atualmente é muito alta e os


aterros sanitários estão cada vez mais lotados de lixo. Assim, o quanto mais
pudermos fazer para diminuir a quantidade de lixo, melhor será.

O lixo orgânico é produzido em todas as residências, em algumas


mais em outras menos, dependendo da quantidade de pessoas que lá vivem
e quanto tempo passam em casa.

O lixo reciclável, como dito anteriormente, deve ser separado e


enviado à coleta seletiva. Mas e o que fazer com os restos de alimentos que
não podem ser reciclados?

Uma ótima alternativa tem sido as composteiras, também chamadas


de minhocários. Nesses aparelhos alguns tipos de alimentos sofrem um
processo de decomposição e se transformam em adubo. Veja um modelo de
composteira:

31
Essa composteira é formada por três recipientes, sendo que nos dois
primeiros há terra e no último fica o adubo pronto.

Para montar sua própria composteira, o diretor do projeto Canto da


Horta, Renato Goshima, dá as dicas:

Você vai precisar de:

- Lixo orgânico.

- Serragem.

- Palha de grama seca

- Um recipiente grande, pode ser uma assadeira grande, uma vasilha,


uma bacia, ou outra de sua preferência.

O primeiro passo é misturar o lixo que pode ir para a composteira.


Esse lixo pode conter restos de alimentos preferencialmente crus como
cascas, talos e folhas, folhas e gramas caídas ou podadas, sachê de chá e
borra de café, grande aliada para evitar formigas.

Lembre-se de cortar o lixo orgânico em pequenos pedaços, pois


quanto menor, mais fácil e rápido é sua decomposição.

Não deve ser colocado em sua composteira frutas cítricas como


laranja, limão e outras, pois são ácidas e podem alterar o PH da terra, alho e
cebola, fezes de animais domésticos, laticínios como queijo e iogurte e
alimentos com muito sal, açúcar ou óleo.

As carnes podem ser colocadas desde que em mínimas quantidades


e sem nenhum tempero. O problema em colocar carnes é que sua
decomposição é lenta e seu cheiro é forte, podendo atrair insetos ou outros
animais como ratos, gatos e cachorros. Por isso, se puder, evite colocá-las
na composteira.

32
Veja esse primeiro passo:

Em seguida, a serragem deve ser adicionada ao lixo orgânico. A


serragem vai ajudar a evitar o mau cheiro que atrai os animais indesejados.

Essa serragem deve ser misturada ao lixo orgânico de forma


homogênea e em porções iguais, ou seja, para cada porção de lixo, uma
porção de serragem.

Feita a mistura, acumule-a em um canto do recipiente e cubra com a


palha de grama seca. Coloque uma quantidade suficiente para cobrir toda a
mistura, pois ela vai funcionar como um “cobertor”.

33
Sempre que for necessário adicionar mais lixo orgânico, deve-se
retirar essa cobertura de palha de grama seca, colocar o lixo, adicionar mais
serragem para que as proporções sejam as mesmas, e mexer essa mistura
para que ela fique arejada.

Lembre-se de mexer o lixo com a serragem a cada dois ou três dias,


pois os fungos e bactérias que promovem a decomposição dos alimentos
precisam de oxigênio e, ao mexer o lixo, o oxigênio entra na mistura. O
oxigênio também vai ajudar a evitar o mau cheiro causado pela
decomposição.

Na primeira vez que você fizer essa mistura, coloque um pouco de


terra ou de produto pronto de uma composteira mais antiga. A terra ou o
produto pronto são ricos em fungos e bactérias que causam a
decomposição, acelerando a nova compostagem.

O produto da compostagem fica pronto entre 45 e 60 dias e é escuro,


leve e não possui mau cheiro.

34
Depois desse período, você pode adicionar minhocas para que o
produto da compostagem tenha melhor qualidade como adubo. As minhocas
se alimentam do lixo e produzem o húmus, terra escura rica em nutrientes
para plantações. O húmus fica pronto em aproximadamente dois meses.

É preciso estar atento à umidade da composteira, já que as minhocas


gostam de ambientes úmidos, ou seja, nem secos nem encharcados. Por
isso, se chover, cubra sua composteira ou retire o excesso de água. Deixá-la
sob o sol pode ajudar a secar.

Esse exemplo de composteira é mais adequado para espaços


pequenos e sem quintal como apartamentos. Mas também existem as
composteiras maiores que podem ser confeccionadas com tijolos ou
tambores plásticos. Também é possível adquirir uma composteira pronta em
lojas de produtos agrícolas.

Veja mais duas formas de construir sua composteira, mais adequadas


a quintais:

35
As composteiras podem produzir um chorume, mas esse chorume
não é prejudicial ao solo. Ele pode ser usado como fertilizante para plantas
quando diluído em água.

Aqueles alimentos que não vão para a composteira também podem


ser aproveitados de outras maneiras.

O óleo de cozinha pode ser usado para fazer sabão, por exemplo,
mas se preferir descartá-lo não o faça na pia, pois o óleo pode contaminar
muitos litros de água. Procure em sua cidade um serviço de coleta de óleo
de cozinha.

A casca do abacaxi, uma fruta cítrica, não deve ir para a composteira,


mas pode ser usado para fazer geleia, por exemplo. As cascas de laranja e
limão podem virar aquelas lasquinhas açucaradas e serem consumidas
como sobremesa ou até com chá.

36
O artesanato também pode ser uma boa opção para alguns resíduos
alimentares, principalmente as cascas. Com as cascas da laranja, é possível
fazer velas e outros acessórios. Veja:

Embora as cascas de ovo possam ir para a composteira, é possível


fazer artesanato com elas. As cascas podem ser pintadas por inteiro ou
serem quebradas para decorar quadros, porta-retratos, caixas de madeira,
entre outras peças. Veja:

37
Existem inúmeras possibilidades de aproveitar as partes dos
alimentos que não podem ir para a composteira. No caso dos artesanatos,
você pode oferecer como presente ou mesmo vendê-los. Por isso, só jogue
no lixo aquilo que de fato não puder aproveitar, assim, a quantidade de lixo
nos aterros sanitários será menor e todos sairão ganhando.

2.3 – Horta em casa

Com uma horta em casa as vantagens são várias. Você sabe a


procedência dos alimentos e que neles não foi pulverizado nenhum
agrotóxico e acaba economizando seu dinheiro. Além disso, o húmus
conseguido com sua composteira terá grande utilidade em sua horta caseira.

Mesmo as pessoas que moram em casas pequenas ou em


apartamentos podem ter sua própria horta, só será necessário adaptá-las ao
tamanho do espaço.

Se você tem interesse em montar sua horta em casa, nem que seja
para plantar alguns poucos temperos, veja o que é necessário:

- O primeiro passo é verificar se o clima de sua região é adequado


para as plantas que deseja cultivar. Há plantas que só crescem em climas
frios e outras que se adaptam melhor a climas quentes.

- Depois veja qual espaço de sua casa pode receber sua horta
considerando o alcance da luz solar, se há o acesso de animais domésticos
que possam comer sua plantação, se é possível regar, entre outras
considerações.

- Escolha as espécies que se adequam à sua horta, e se existe a


possibilidade de plantar mais de uma espécie no mesmo vaso, pois há
algumas espécies que não devem ser plantadas com outras.

38
Se sua horta for dentro de casa, escolha um espaço que tenha luz
solar. Suas plantas ficarão dentro de vasos que devem ter furos na parte de
baixo. Escolhidos o local e o vaso, siga essas instruções:

- Coloque primeiro brita ou pó de brita, que são pequenas pedrinhas,


no fundo do vaso chegando a cobrir cerca de um terço. Elas vão ajudar a
drenar o excesso de água.

- Em seguida misture terra ao húmus resultante de sua compostagem.


Caso não tenha o húmus pronto, pode acrescentar apenas o composto
orgânico. A mistura deve ser feita com duas porções de terra para uma de
húmus ou composto orgânico. Encha o restante do vaso.

- Espalhe um pouco de areia e plante as mudas de acordo com as


instruções de cada espécie. A areia ajuda a terra a ficar mais permeável.

As hortas pequenas não comportam hortaliças maiores nem legumes,


por isso prefira temperos como coentro, salsa, hortelã, manjericão, entre
outros.

Para hortas de médio porte, normalmente plantadas em pequenos


quintais, você pode optar por vasos maiores ou, se houver terra, no próprio
solo. Siga essas instruções para plantar um canteiro no quintal:

- Deixe a terra bem fofa e úmida, mexendo com uma pá ou um arado.

- Acrescente um pouco de húmus ou composto orgânico a essa terra.

- A altura do canteiro deve ser de aproximadamente vinte centímetros


em relação ao chão. Para isso, você pode fazer um cercadinho e colocar a
terra dentro.

39
- O espaço entre uma planta e outra deve ser compatível com seu
tamanho, plantas maiores como alface, por exemplo, devem ter uma
distância de mais ou menos 30 centímetros.

- As mudas devem estar posicionadas em forma de triângulo para


evitar que sejam carregadas com fortes chuvas.

- Ao plantar, misture as sementes com um pouco de areia e arrume a


terra para que fique bem uniforme.

- Até que nasçam as primeiras plantas, sua horta deve ser regada
todos os dias de preferência pela manhã. Se o tempo estiver muito quente,
regue duas vezes.

Para hortas em grandes quintais, onde é possível plantar qualquer


espécie de hortaliça, siga essas instruções:

- Escolha um local onde haja o alcance da luz solar e com pouco


movimento. Se você tiver animais domésticos que possam comer ou
pisotear sua horta, faça um cercado.

- O local da plantação deve estar livre de capim, ervas daninhas,


pedras e outras sujeiras.

- Deixe a terra bem fofa e úmida, mexendo com uma pá ou um arado.

- Misture o húmus ou o composto orgânico. Uma camada de quatro


centímetros é suficiente para misturar a terra.

40
- Verifique qual a distância que uma espécie deve ter de outra e se
podem ser plantadas lado a lado.

- Faça pequenos buracos com uma distância de 30 centímetros entre


um e outro e plante as sementes com um pouco de areia.

- Regue sua horta todos os dias de preferência pela manhã. Se o


tempo estiver muito quente, regue duas vezes.

Em hortas maiores é possível crescerem ervas daninhas entre suas


plantas e é preciso retirá-las pois elas podem consumir a água e os
nutrientes de suas plantas. Use algum pesticida, de preferência natural, para
proteger sua horta de pragas e insetos.

Veja agora um calendário de plantio para que você semeie suas


hortaliças na época certa:

41
Calendário de plantio

2.4 – Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS

A Política Nacional de Resíduos Sólidos, PNRS, é uma lei que


modifica algumas práticas na coleta e tratamento dos resíduos sólidos no
Brasil.

Essa lei já vinha sendo discutida no Congresso Nacional desde 1989


e só após 21 anos ela foi sancionada durante o mandato do então
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 02 de agosto de 2010.

42
A lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos é a nº 12.305 e dispõe
sobre o tratamento que cada tipo de resíduo deve receber, com exceção do
lixo radioativo.

A lei faz distinção entre resíduos e rejeitos, sendo que o primeiro é


aquele lixo que pode ser reciclado ou reaproveitado e o último é o lixo que
não pode ser reciclado nem aproveitado.

A PNRS tem entre seus objetivos:

- Promover a não-geração, a redução, a reutilização e o tratamento do


lixo produzido. Para isso, conta-se com o auxílio dos fabricantes de produtos
e da sociedade.

- Incentivar a reciclagem no país para que matérias primas sejam


economizadas, além de água e energia empregadas na fabricação de alguns
produtos.

- Instaurar ações de educação ambiental para que os cidadãos


tenham conhecimento sobre tratamento de lixo e preservação ambiental.

- Aumentar as ofertas e qualidade de emprego dos catadores de


materiais recicláveis.

A lei é bastante ampla e trata, além das citadas, de outras ações que
visam melhorar a qualidade do meio ambiente por meio da redução e
tratamento dos resíduos sólidos.

Um ponto importante da PNRS é a chamada logística reversa, que


pretende que os fabricantes de pilhas, baterias, produtos eletrônicos, entre
outros, providenciem uma rede de coleta de seus aparelhos velhos para que
não sejam descartados no lixo comum, já que podem conter materiais
contaminantes.

Com essa lei, os lixões estarão extintos dando lugar aos aterros, mais
adequados ao tratamento dos resíduos. A responsabilidade de recolher os
resíduos é do município.

Sobre os resíduos orgânicos, categoria que fazem parte os restos de


alimentos, a lei afirma que os responsáveis pela coleta do lixo podem
implantar alguns programas, entre eles o sistema de compostagem de lixo
orgânico, como aponta o item V do artigo 36. Veja o texto:

Art. 36. No âmbito da responsabilidade compartilhada pelo


ciclo de vida dos produtos, cabe ao titular dos serviços
públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos
sólidos, observado, se houver, o plano municipal de
gestão integrada de resíduos sólidos:

43
V - implantar sistema de compostagem para resíduos
sólidos orgânicos e articular com os agentes econômicos
e sociais formas de utilização do composto produzido;

A lei ainda prevê que os consumidores, ou seja, as pessoas comuns


devem fazer sua parte em relação à coleta seletiva e à devolução de
produtos antigos a seus fabricantes.

Com a instauração dessa Política o Poder Público, as empresas, o


comércio, as indústrias, os cidadãos e todos aqueles que geram resíduos
têm responsabilidade com a preservação do meio ambiente.

Leitura Complementar

Cidade sueca gera energia através de desperdício de comida

(Imagem: metaefficient.com)

A cidade de Linköping, na Suécia, se tornou um exemplo de inovação no


que diz respeito à produção de energia limpa associada à gestão de
resíduos alimentares. Lá, os restos de comida, provenientes de residências
e restaurantes, são transformados em energia e fertilizantes.

As sobras de comida, que outrora iriam para o lixo, são transformadas em


biogás e também contribuem com a agricultura local. Este projeto foi
implantado em 2001, pela prefeitura de Linköping, e o resultado foi uma
redução considerável na quantidade de resíduos, que antes eram
incinerados, e hoje são transformados em combustível limpo, usado no
transporte público da cidade e em biofertilizantes destinados à agricultura.

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O combustível, feito de maneira mais ecologicamente correta do que os
fósseis e menos poluente também, é destinado principalmente para o setor
de transporte público. Através dessa tecnologia foi possível aumentar a
produção do biofertilizante para uma média de três mil toneladas anuais.
Para instaurar o projeto, o primeiro passo foi a instalação de uma máquina
que tritura os resíduos, juntamente com um tanque de armazenamento.

O sistema sueco pode ser facilmente desenvolvido e aplicado em outros


grandes centros urbanos do mundo, para aproveitar a comida que
normalmente é descartada e enviada para lixões ou aterros sanitários. De
acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o mundo desperdiça
milhões de toneladas de alimentos todos os anos. Somente no Brasil,
segundo dados do IBGE, mais de 60% de tudo o que é plantado acaba
tendo como destinos os lixões em consequência do desperdício e da falta do
consumo consciente.

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3.1 – A importância das partes não convencionais dos alimentos

Como vimos anteriormente, é por meio da alimentação que tiramos


dos alimentos os nutrientes para nossa sobrevivência. A alimentação é
também responsável por manter nossa boa saúde, e quando feita de forma
saudável, pode evitar uma série de doenças.

Também vimos que o desperdício de alimentos ainda é muito grande


e que há milhões de pessoas passando fome em todo o mundo. Pensar em
um desenvolvimento sustentável em relação à alimentação é planejá-la hoje
para que não faltem alimentos futuramente.

Para fazer nossa parte em evitar o desperdício, podemos aproveitar


dos alimentos suas partes não convencionais, ou seja, aquelas que não
costumamos comer, embora sejam ricas em diversos nutrientes.

Jogar fora algumas partes dos alimentos é um ato cultural, afinal, nem
todos sabem que muitos alimentos podem ser aproveitados integralmente e
acabam jogando no lixo ricas fontes de nutrientes por falta de conhecimento.

Quando um alimento é aproveitado em sua totalidade, além de nos


alimentarmos melhor também estamos reduzindo a quantidade de lixo
orgânico produzido e evitando assim o desperdício.

Veja algumas partes não convencionais de alimentos que podem ser


consumidas:

 Beterraba
 Nabo
 Couve-flor
Folhas
 Cenoura
 Abóbora
Entre outras.
 Couve-flor
 Brócolis
Talos  Salsa
 Beterraba
Entre outros.
 Abóbora
 Jaca
Sementes
 Melão
Entre outras.

Além das citadas no quadro, ainda podem ser aproveitadas a nata do


leite, o tutano do boi, algumas partes do frango como pés e pescoço, a parte
que fica entre a fruta e a casca da melancia e do maracujá, entre outras.

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Temos o hábito de jogar essas partes no lixo, mas elas podem e
devem ser aproveitadas para diversas finalidades. Com a utilização das
partes não convencionais dos alimentos podemos ter uma dieta mais
variada, já que aumentam as possibilidades de receitas. Ao utilizarmos o
alimento integralmente podemos com ele preparar refogados, saladas,
sobremesas, entre outros pratos.

Veja uma tabela com o valor nutricional de algumas partes não


convencionais de alimentos:

Percentual de Nutrientes contidos em partes não convencionais


dos alimentos em relação à parte convencional:

Observe que o número de nutrientes presentes nas partes que


costumam ser desprezadas é muito maior do que o contido nas partes que
são aproveitadas.

Com isso, é possível ter uma alimentação mais saudável, além de


economizar dinheiro e produzir menos lixo orgânico, responsável por
contaminar o solo e os lençóis freáticos.

3.2 Aproveitando integralmente os alimentos

Um ser humano que busca uma boa saúde deve se alimentar bem, já
que os alimentos são nossa principal fonte de energia, além de prevenirem
algumas doenças.

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Quando não se sabe do valor nutritivo que possui um talo ou uma
folha, por exemplo, ela acaba sendo jogada no lixo e com ela, sendo
desprezadas grandes quantidades de nutrientes, além de gerar lixo
desnecessariamente.

Dessa forma, o consumidor perde saúde e dinheiro, já que jogou fora


algo que poderia ser aproveitado de forma satisfatória.

Como vimos, o desperdício é um sério problema no mundo, além de


haver milhões de pessoas sem acesso a uma alimentação adequada. O
problema da fome poderia ser amenizado, quem sabe até sanado, se não
houvesse tanto desperdício de alimentos.

Com isso, é necessário adquirir novos hábitos alimentares, pois todos


somos responsáveis por esse quadro alarmante. Entre esses novos hábitos
está o aproveitamento integral de alimentos, ou seja, aproveitar os alimentos
ao máximo e jogar no lixo o mínimo possível.

E é muito simples fazer isso, basta, antes de jogarmos algum alimento


no lixo, pensar se é possível reutilizá-lo. Por exemplo, se em seu almoço foi
servido macarrão e sobrou uma quantidade considerável, faça uma salada
de macarrão acrescentando salsa, presunto, tomate, maionese ou outros
ingredientes de sua preferência.

O pão é um alimento que normalmente sobra muito, entretanto é


muito versátil. Se o pão está amanhecido, é possível fazer um pudim ou uma
rabanada. Se endurecer, é possível fazer farinha de rosca ou torradas. Se
quiser, antes de assar, acrescente manteigas aromatizadas ou queijo para
que fiquem mais saborosas.

Vejamos agora algumas dicas que podem ajudar a aproveitar os


alimentos de forma integral evitando, assim, o desperdício:

- Os talos de algumas hortaliças como couve, beterraba, salsa, agrião,


entre outros, são ricos em fibras, nutriente que auxilia no bom funcionamento
de nosso intestino. Por isso, podem ser usados em pratos como patês,
refogados, sopas, tortas, e muitos outros.

- O talo do agrião também é rico em vitamina C que ajuda o


organismo a melhorar seu sistema imunológico. Ele pode ser usado em
refogados, sucos, molhos, e em outras receitas.

- Quando vamos à feira ou ao mercado, normalmente compramos as


cenouras já sem as folhas. Se encontrar para vender as cenouras ainda com
folhas, dê preferência a essas, pois são muito ricas em vitamina A,
substância importante para o crescimento, para a visão, para a pele e
cabelos. Use as folhas em sucos, temperos, saladas, entre outros pratos.

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- Quando cozinhar as batatas, não jogue fora a água, use-a para
cozinhar seu arroz, ou para substituir o leite na receita do purê
acrescentando leite em pó. No processo de cozimento, algumas vitaminas
se dissolvem na água e elas podem ser aproveitadas.

- Ao cozinhar beterraba, use a água do cozimento para preparar


gelatinas de coloração vermelha. A água vai conferir mais cor à sobremesa
além de torná-la mais nutritiva.

- Para servir como lanche, entrada ou aperitivo você pode fritar as


cascas de alimentos como batata, beterraba, cenoura ou outras. Depois
você pode temperar com sal, orégano, pimenta ou outros temperos.

- A parte da melancia que fica entre a casca e a parte vermelha pode


ser usada em doces, como cocadas, compotas, geleias, entre outros. Ela
também pode ser preparada em pratos salgados como refogados
acrescentando outros temperos.

- Cascas de frutas que iriam para o lixo como as da goiaba, da maçã


e do abacaxi, por exemplo, podem, depois de bem lavadas, serem batidas
no liquidificador e substituir uma parte do leite usado em receitas de bolos,
deixando-os com um sabor característico.

Outras partes dos alimentos também podem ser reaproveitadas em


receitas ou para outras finalidades. Mais adiante veremos algumas
sugestões de receitas para que você aproveite melhor seus alimentos
beneficiando sua saúde e o meio ambiente.

3.3 – Higiene e manipulação de alimentos

A higiene pode ser considerada um conjunto de atitudes que nos leva


a boas condições de saúde e ao bem-estar. Tudo a nossa volta contém
fungos e bactérias que podem fazer mal a nossa saúde e, por isso, manter
certos cuidados, especialmente com aquilo que comemos, pode evitar
alguns transtornos.
A higiene dos alimentos tem por objetivo protegê-los contra a
multiplicação de micro-organismos nocivos a nossa saúde e também destruir
os que já estão presentes em alguns alimentos antes de serem consumidos.
Ao manipular seus alimentos, você deve observar suas condições, ou
seja, se estão dentro do prazo de validade ou se não apresentam início de
apodrecimento e também a condição de higiene do local da manipulação,
geralmente a cozinha.
Caso contrário, é possível que os alimentos causem uma DTA,
Doença Transmitida por Alimentos. Os principais sintomas de uma DTA são
dores na barriga, diarreias, vômitos, em alguns casos febre e dores de
cabeça.

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Esses sintomas são menos perigosos para os adultos saudáveis,
desaparecendo em alguns dias sem maiores problemas, entretanto em
crianças, gestantes e idosos, que têm a imunidade mais sensível, é possível
que haja sequelas e até mesmo a morte se não forem tratados a tempo.

Os alimentos que causam as DTAs são aqueles contaminados por


alguma substância tóxica ou algum micro-organismo nocivo à nossa saúde.
A contaminação, ou seja, o contato desses itens com os alimentos ocorre
durante a manipulação e o preparo dos alimentos.

Por isso, tanto em restaurantes, lanchonetes, padarias, indústrias


alimentícias quanto dentro de nossa casa é necessário tomar uma série de
cuidados para evitar que os alimentos se contaminem, prejudicando a saúde
das pessoas.

No caso dos micro-organismos, que são pequenos seres vivos não


visíveis a olho nu, eles podem ser vírus, bactérias ou fungos. A maioria das
Doenças Transmitidas por Alimentos são causadas por bactérias.

Quando encontram boas condições de sobrevivência, como umidade,


nutrientes e temperatura, os micro-organismos se multiplicam rapidamente,
de forma que uma bactéria consiga se transformar em 130.000 em seis
horas, de acordo com informações da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária, a Anvisa.

A temperatura mais propícia para a proliferação de micro-organismos


é entre 5ºC e 60ºC. Por isso é importante deixar os alimentos na geladeira,
ou bem quentes.

Abaixo de 5ºC, os micro-organismos têm sua atividade diminuída,


fazendo com que os alimentos demorem mais tempo para estragar. Mas
quando em contato com altas temperaturas, acima de 60ºC, eles são mortos
e não vão oferecer riscos à saúde. Veja a ilustração:

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Essa regra vale para os alimentos perecíveis, que são aqueles que
possuem maior umidade e por isso estragam com mais facilidade. Os
alimentos secos como farinhas, grãos, entre outros, os não perecíveis,
podem permanecer na temperatura ambiente.

Não compre alimentos cujas embalagens estejam amassadas,


estufadas, enferrujadas, abertas ou com outro defeito, pois assim os micro-
organismos podem entrar e contaminar os alimentos.

A embalagem estufada pode indicar que o alimento foi contaminado


por bactérias que produzem algum tipo de gás. Veja também o prazo de
validade dos alimentos e não compre alimentos vencidos.

O local onde os alimentos serão preparados também deve ser limpo e


desinfetado. A sujeira e a umidade são ambientes favoráveis à
contaminação dos alimentos, pois é nessas condições que os micro-
organismos se multiplicam.

Por isso, assim que terminar de usar a cozinha ou o local do preparo


dos alimentos, limpe e desinfete. Antes de usar, também faça uma limpeza.
É importante também se atentar se há no ambiente entradas de umidade
como goteiras, infiltrações, mofos, entre outras.

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Lave os alimentos para retirar a terra, pois na terra há muitas
bactérias. Para se ter uma ideia, uma colher de chá de terra contém cerca
de 1 milhão de bactérias, de acordo com a Anvisa.

Outro cuidado a ser tomado em relação à higiene é a possível entrada


de ratos, baratas e moscas no ambiente, já que eles transmitem doenças.
Eles são atraídos pelo cheiro dos alimentos em decomposição nos lixos ou
sobre pias e mesas. Tenha cuidado em colocar telas nas janelas e
armazenar seu lixo de forma adequada.

Quando estiver preparando seus alimentos tenha cuidado para não


tossir, espirrar, assoviar ou falar em cima deles, pois nas mucosas como
nariz, boca e ouvidos se encontra um grande número de micro-organismos.

Antes de manusear seus alimentos, lave bem suas mãos. A mão suja
de uma pessoa contém milhares de micro-organismos, pois encosta-se a
diversas superfícies.

Por isso, lave bem suas mãos sempre que for ao banheiro, atender ao
telefone, chegar da rua, abrir portas, brincar com animais, cumprimentar
outra pessoa, pegar em dinheiro e em outras diversas situações. Se estiver
com as mãos feridas ou se estiver doente é melhor que não cozinhe, pois há
maiores chances de contaminação dos alimentos.

A Anvisa dá as seguintes recomendações para a lavagem correta das


mãos:

- Molhe suas mãos com água corrente.

- Esfregue todas as regiões da mão, inclusive as unhas e entre os


dedos. Você pode usar uma escovinha para auxiliá-lo. Esse processo deve
durar aproximadamente 15 segundos.

- Enxágue em água corrente parar retirar todo o sabonete.

- Prefira secar suas mãos com um papel toalha ou outra forma


eficiente de secagem. Evite deixar as toalhas úmidas para secagem das
mãos.

- Passe produto antisséptico nas mãos e esfregue.

Veja a ilustração:

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Com esses cuidados de higiene é possível evitar a contaminação dos
alimentos e também das pessoas que o consumirão. São medidas simples,
mas muito eficazes quando tomadas.

Veja o quadro que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária


disponibiliza sobre os principais micro-organismos que contaminam os
alimentos e quais suas consequências em nosso organismo:

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3.4 – Cuidados no preparo e armazenamento

Os cuidados no preparo dos alimentos são tão importantes quanto os


cuidados que devemos ter com a higiene e manipulação. Com o preparo e o
armazenamento corretos, prevenimos que os micro-organismos nocivos
encontrem um ambiente favorável a sua proliferação.

Sempre lave suas mãos antes de cozinhar. Se no meio do processo


você precisou ter o contato com outras superfícies fora da cozinha, como
telefones, portas ou dinheiro, por exemplo, volte a lavar suas mãos.

O cuidado com as hortaliças deve ser, além de lavá-las em água


corrente para tirar terra e outras sujidades maiores, mergulhá-las em uma
solução de um litro de água mais dez mililitros de água sanitária sem
perfume.

Existe também o cloro em pó indicado para essa finalidade. As


medidas devem ser as que estiverem no rótulo do produto. As folhas devem
ficar submersas por quinze minutos, seja na solução com cloro ou água
sanitária.

Depois dessa imersão, as hortaliças podem ser mergulhadas em


outra solução preparada com um litro de água e uma colher de sopa de
vinagre. O vinagre não tem a finalidade de matar micro-organismos, mas
ajuda a desgrudar sujidades que possam ter permanecido no alimento.

Como dito anteriormente, os micro-organismos não resistem a altas


temperaturas, por isso, ao cozinhar seus alimentos, certifique-se de que
todas as partes alcançaram uma temperatura mínima de 70ºC.

O alimento cozido muda de cor e de textura, por isso, observe se


houve essas mudanças no interior do seu alimento, indicando assim, seu
completo cozimento.

Quando for cozinhar, assar ou fritar carnes, especialmente as bovinas


e suínas, comece com uma temperatura mais baixa e depois vá elevando.
Se você introduzir a carne na panela já muito quente, é provável que ela
queime por fora, mas permaneça crua por dentro.
Existe uma forma de contaminação entre os alimentos que se chama
contaminação cruzada. Ela ocorre quando os alimentos crus entram em
contato com alimentos já cozidos, normalmente quando usamos os mesmos
talheres e recipientes para manuseá-los.
Os alimentos crus ainda não tiveram os micro-organismos destruídos,
por isso, devem ficar longe dos alimentos já cozidos. Se usar uma faca para
cortar uma carne crua, lave-a antes de cortar uma carne assada, por
exemplo.

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No cozimento de seus alimentos use água potável para evitar a
contaminação mesmo depois de cozidos. Se a água estiver contaminada
com substâncias tóxicas, as altas temperaturas não serão capazes de inibir
seus efeitos.
O óleo utilizado para frituras não deve ser reutilizado por muitas
vezes, pois, quando isso acontece, algumas substâncias tóxicas se formam
no óleo e podem prejudicar a saúde.

Quando perceber que seu óleo forma espuma ou solta muita fumaça,
saiba que é o momento de trocá-lo. Se puder evitar que ele chegue a esse
estado, melhor ainda.

Os alimentos que devem ficar conservados na geladeira não devem


permanecer muito tempo fora dela, especialmente se já estiverem gelados,
pois no degelo cria-se muita umidade.

Se tirar um alimento da geladeira, utilize-o imediatamente e guarde o


que restou. Se for descongelar um alimento, não o faça em temperatura
ambiente, deixe-o na geladeira até que esteja descongelado ou coloque-o no
micro-ondas se tiver pressa.

Para congelar legumes ou verduras que serão usados em pratos


cozidos é recomendado antes fazer um processo chamado de
branqueamento. O branqueamento consiste em mergulhar por alguns
segundos os legumes ou verduras em água fervente e, em seguida, colocá-
los na água gelada.

Em seguida, coloque os alimentos em sacos plásticos apropriados e


retire todo o ar de dentro, pois é na presença do oxigênio que as bactérias
trabalham. Leve ao freezer ou ao congelador. Esse processo faz com que o
alimento dure por até doze meses.
Para utilizar esse alimento congelado basta retirá-lo do freezer ou
congelador e cozinhá-lo, não há a necessidade de descongelamento. É
importante lembrar que o alimento que passou pelo branqueamento não está
pronto para o consumo, é necessário usá-lo em alguma receita cozida.
No congelamento de frutas ao natural, é necessário retirar seus talos
e caroços para que não estraguem. Lave-as, coloque-as em um saco
plástico, retire todo o ar e congele. Dessa maneira, as frutas podem durar
por até nove meses.
Também é possível congelar a polpa das frutas, fazendo um suco
com elas batidas no liquidificador. Assim, elas poderão ser usadas em
receitas de sucos ou outras receitas.
Para organizar sua geladeira siga as seguintes dicas:
- Deixe os alimentos crus, verduras, legumes e frutas longe de
alimentos que já foram cozidos ou fritos e longe daqueles com cheiro forte,
como peixe, alimentos temperados, entre outros.

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- Na primeira prateleira, a que fica mais no alto, coloque os alimentos
que já estão prontos para o consumo, tais como saladas, sobremesas, entre
outros. Essa parte costuma ser mais fria que as partes de baixo e esses
alimentos prontos precisam de maior refrigeração.

- No meio da geladeira coloque os alimentos que necessitam de


menos refrigeração que os que ficam na primeira prateleira, tais como
alimentos semi- prontos que necessitam ainda de um cozimento.

- Nas prateleiras de baixo, coloque os alimentos crus, como verduras,


legumes e frutas. Normalmente as geladeiras vêm com uma gaveta na parte
de baixo indicada para esse tipo de alimentos.

- Evite deixar os ovos na porta, pois com a movimentação, eles


podem estragar com maior rapidez.

A temperatura da geladeira também é um fator determinante na


qualidade dos alimentos. Veja essa tabela sobre o tempo e a temperatura
adequados para a permanência dos alimentos:

Tipo de Alimento Temperatura Máxima Tempo


Frutas, verduras e legumes 10ºC 72h
Frios e laticínios 8ºC 24h
Carnes, aves 6ºC 48h
Peixes 4ºC 72h
Peixes cozidos 4ºC 72h
Alimentos cozidos 2ºC 24h
Alimentos industrializados 4ºC 24h
Sobremesas 4ºC 72h

Sua geladeira também deve ser limpa com frequência para evitar a
contaminação e também odores desagradáveis nos alimentos.

Em relação à saúde de sua alimentação, prefira usar temperos


naturais a temperos industrializados, já que esses últimos contêm muito
sódio, podendo causar hipertensão.

Ao fritar alguns alimentos, prefira óleos a azeites. Embora os azeites


possuam gorduras boas, quando expostos a altas temperaturas essas
gorduras são modificadas, tornando-se prejudiciais a nossa saúde.

Varie muito seus alimentos, pois assim você consumirá diferentes


tipos de nutrientes, cada um necessário a uma função de nosso organismo.
Lembre-se de consultar um nutricionista, especialmente se decidir modificar
sua dieta.

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3.5 – Cuidados nos estabelecimentos que comercializam alimentos

Os estabelecimentos que comercializam alimentos, tais como


restaurantes, padarias, lanchonetes, cafeterias, entre outros devem ter um
grande cuidado com higiene e manipulação dos alimentos, pois há muitas
pessoas envolvidas no processo de cozimento, além de haver muitos
consumidores finais.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, lançou no ano


de 2004 a Resolução 216, que tem o objetivo de estabelecer condutas a
serem seguidas por esses estabelecimentos em relação à higiene e cuidado
no preparo dos alimentos.

Essas condutas são chamadas de Boas Práticas para Serviços de


Alimentação e são hábitos de higiene, manipulação, armazenagem e
preparo dos alimentos tomados nesses estabelecimentos para prevenirem
doenças por meio de alimentos contaminados.

Como dito anteriormente, para uma melhor conservação, os alimentos


precisam estar na temperatura adequada. Nos restaurantes, lanchonetes,
cantinas, entre outros locais deverá haver uma estufa ou um balcão de servir
alimentos que os mantenha a uma temperatura superior a 60ºC.

O local de trabalho, tanto a cozinha quanto o local onde são servidos


os alimentos, deve ser limpo, pois a sujeira e a umidade são ambientes
propícios para a propagação dos micro-organismos nocivos à nossa saúde.

O manipulador de alimentos nesses estabelecimentos deve sempre


lavar as mãos antes de cozinhar ou ter contato com os alimentos, e usar
touca para que não caiam cabelos sobre a comida.

Ele também deve manter seu asseio tomando banho diariamente,


pois há em todo nosso corpo micro-organismos, especialmente no nariz, nos
cabelos, no suor, no sapato, nas mãos e nas fezes.

O manipulador de alimentos não deve usar barba grande, pois os fios


podem cair nos alimentos e, diferentemente dos cabelos, não há toucas para
barbas. Os cabelos devem sempre ser cobertos por toucas específicas que
impeçam que os fios caiam.

Se o manipulador de alimentos estiver doente, especialmente com


diarreia, ou com cortes nas mãos, deverá ficar afastado de suas atividades
até que se recupere totalmente.

Suas roupas também devem ser limpas sempre e, se usar uniforme


ou avental, use-o somente em seu local de trabalho, não vá para a rua
usando a roupa que usa para cozinhar, pois na rua há uma enorme
quantidade de micro-organismos nocivos.

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Suas unhas devem ser curtas para não acumular sujeira por debaixo.
Não use esmaltes nem adornos como brincos, anéis, pulseiras, colares,
relógios e nem maquiagem. Os adornos acumulam sujeira e podem cair nos
alimentos, assim como a maquiagem, especialmente cílios postiços.

Na armazenagem de alimentos, tanto os que ainda não foram


cozidos, ou seja, as matérias-primas, quanto os que já estão prontos,
também é preciso estar atento a alguns cuidados:

- Nunca guarde produtos de limpeza junto com os alimentos, pois eles


podem vazar e suas substâncias tóxicas podem contaminar os alimentos.

- Não coloque venenos contra ratos ou outros animais no mesmo local


onde ficam os alimentos. Essas substâncias são altamente tóxicas, podendo
contaminar os alimentos.

- Os banheiros e vestiários devem ficar distantes da cozinha e do


estoque de alimentos, pois são locais onde há muitas bactérias.

- Não deixe alimentos no chão, pois ratos, baratas e outros insetos


têm mais fácil acesso àquilo que está no chão.

- Esteja atento ao prazo de validade de seus alimentos. Se


necessário, coloque uma etiqueta grande com a data de validade do
alimento e use primeiro aquilo que foi comprado primeiro, evitando que se
acumulem alimentos com data de vencimento próxima.

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- Se um produto foi aberto, mas não foi utilizado totalmente, coloque-o
em outro recipiente na geladeira com uma etiqueta identificando qual o
alimento, data de retirada da embalagem original e prazo de validade depois
de aberto, que será diferente do prazo estipulado na embalagem na hora da
compra. Não se esqueça de limpar as embalagens antes de abri-las.

- Cuide de seu estoque evitando deixar produtos abertos ou vazando


para que não sujem o local, nem atraiam animais indesejados.

As regras de limpeza mencionadas no item anterior também valem


para os estabelecimentos que comercializam alimentos. Sempre que as
atividades forem encerradas, limpe a cozinha e não deixe nada úmido ou
molhado para evitar a proliferação de micro-organismos nocivos à nossa
saúde.

A cozinha deve ter lixeiras com pedais para evitar o contato entre as
mãos e a tampa e devem estar envoltas com saco de lixo. Evite deixar o lixo
muito tempo na cozinha para não entrar em decomposição e contaminar o
ambiente ou atrair ratos, baratas e moscas.

Sempre que retirar o lixo da cozinha, feche bem o saco plástico e lave
as mãos após o manuseio. Se usar luvas para essa tarefa, não as reutilize
para outras finalidades.

Quando for comprar seus alimentos, compre apenas de


estabelecimentos que estejam limpos, organizados e que a procedência dos
alimentos não seja duvidosa.

Não compre alimentos de origem animal, como as carnes, se eles não


tiverem o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da
Agricultura ou do serviço de inspeção de seu estado ou município.

Ao cozinhar seus alimentos, certifique-se de que ele está cozido por


completo e que todas suas partes estão na mesma temperatura.

Na hora de guardá-los, comece pelos alimentos que devem ficar nos


freezers, congeladores, e geladeiras, para depois estocar os produtos não-
perecíveis.

O transporte dos alimentos prontos deve ser feito em recipientes bem


vedados, com especificações sobre o nome do alimento, a data em que foi
feito e seu prazo de validade.

Caso o local de destino seja longe e o transporte demorado, use


embalagens térmicas apropriadas para alimentos, evitando que sua
temperatura oscile muito.

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O veículo que transporta os alimentos deve ser adequado ao
transporte de alimentos e estar sempre limpo e desinfetado. Não transporte
nada junto com os alimentos, especialmente substâncias tóxicas, como
produtos de limpeza, remédio ou veneno.

Ao servir seus alimentos, certifique-se de que as mesas, balcões e


estufas estão limpos. Não pegue os alimentos com a mão, use uma espátula
ou outro acessório.

Os alimentos prontos têm uma durabilidade menor. Quando estão


prontos para serem servidos os alimentos frios que estiverem em
temperatura de 5ºC ou inferior duram até cinco dias. Já os alimentos
quentes que estiverem em temperatura de 60º ou mais, duram por até seis
horas em perfeitas condições de consumo.

Avise seus clientes para não conversarem, espirrarem, assoviarem ou


tossirem enquanto estiverem se servindo. Há muitos micro-organismos em
nossa boca, nariz e consequentemente em suas secreções. Também peça
que não mecham nos cabelos para que os fios não caiam na comida.

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Normalmente, os estabelecimentos que produzem e comercializam
alimentos possuem um Procedimento Operacional Padronizado, o POP,
que é um documento elaborado pelo responsável do estabelecimento que
contém as regras a serem seguidas no local e quem deve executar cada
tarefa. Todos devem seguir as indicações do POP.

No POP deve conter:

- Como e quando é feita a limpeza dos equipamentos, móveis e


utensílios do estabelecimento.

- Como e quando ocorre o controle de vetores e pragas, ou seja, a


dedetização.

- Como e quando deve ser feita a limpeza da caixa d’água.

- Como deve ser a higiene dos manipuladores de alimentos, desde


seu uniforme até seu asseio.

Esse documento deve estar em um local de fácil acesso para todos os


colaboradores.

Existe também o Manual de Boas Práticas, que é um documento


que mostra como o trabalho no estabelecimento deve ser executado. Ele é
semelhante ao Procedimento Operacional Padronizado, mas pode conter
detalhes mais específicos, como por exemplo, a correta lavagem das mãos,
a correta retirada do lixo, entre outros.

Se algum consumidor constatar alguma irregularidade nesses


estabelecimentos ou passar mal depois de comer, pode acionar a vigilância
sanitária. É direito do consumidor ser indenizado se sofrer alguma doença
por conta do alimento consumido e também pode ter o reembolso de
despesas com médicos e medicamentos.

A Anvisa é o órgão responsável por fiscalizar as condições de higiene


e manipulação de alimentos dos estabelecimentos que comercializam e os
produzem. Por isso, é importante estar atento às regras indicadas por ela.

62
Leitura Complementar

Nutricionista revela que as sobras de comida dos restaurantes vão para


o lixo

Infelizmente, a doação das sobras dos restaurantes é mais complicada do


que parece. No Brasil, a responsabilidade pelo alimento doado é de quem
produz. Se a comida estragar e fizer mal a alguém, o restaurante é o único
culpado.

Uma multidão lota os restaurantes todo santo dia. São 15h30, fim do horário
de almoço nos restaurantes. As mesas já estão vazias, mas o bufê ainda
está cheio. E toda a comida aqui vai ter um destino só. Tudo o que sobrou
do cardápio do dia vai virar lixo.

“Tudo o que sobra do nosso bufê do almoço vai por lixo, não é reaproveitado
e não é doado para ninguém”, diz a nutricionista Carolina Rodrigues.

À primeira vista, um absurdo: de um lado tanta gente passando fome e, no


restaurante, uma quantidade grande de comida indo para o lixo. Mas a
doação das sobras dos restaurantes é mais complicada do que parece. “O
nosso medo é como esse receptor vai armazenar, mantendo as suas
condições corretas, ele pode consumir, vir a passar mal e, aí, temos a nossa
responsabilidade como produtor”, fala a nutricionista.

No Brasil, a responsabilidade pelo alimento doado é de quem produz. Se a


comida estragar e fizer mal a alguém, o restaurante é o único culpado.

“Se você tiver 10, 20, 30 bactérias ela vai se multiplicando a cada 15
minutos, a cada hora, quando chega entre seis a oito horas tem mais de dois
milhões e precisam apenas 100 mil para causar uma gastroenterite”, explica
o microbiologista Eneo Alves da Silva Júnior.

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Depois de preparados, os alimentos quentes devem ser conservados a mais
de 60ºC. E os frios, a menos de 10º. Fora destas condições, eles não
resistem a mais de duas horas. É por isso que o microbiologista aconselha.
“Comam antes das bactérias. Se adiante, coma antes que ela comece a se
multiplicar”.

Parar de desperdiçar é um grande desafio. Para o presidente do Conselho


Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) Renato Maluf há
muito o que fazer. É preciso melhorar o sistema de transporte dos alimentos,
o armazenamento, reduzir as distâncias entre o campo e o consumidor, mas,
acima de tudo, é preciso mudar velhos hábitos.

“Eu começaria pela educação. As pessoas precisam entender o seguinte:


que as perdas e os desperdícios têm diferentes causas e uma parte delas
deve ao seu próprio comportamento. Aproveitar melhor os alimentos pode
significar uma alimentação de melhor qualidade. O desperdício tem uma
tradução que é o lixo, nós estamos usando recursos da natureza que já é
sobre pressionada e botando fora na forma de lixo o que é absolutamente
insustentável”, explica Renato Maluf.

3.5 – Sugestões de receitas

Neste tópico veremos algumas ótimas receitas que utilizam as partes


não convencionais dos alimentos para que você possa começar a praticar
seu aproveitamento integral diminuindo assim o desperdício e melhorando
sua qualidade de alimentação.

Vamos a elas:

Ravioli recheado de casca de melão e salmão

Rendimento: 10 porções

Tempo de Preparo: 60 minutos

Tempo de Confecção: 20 minutos

Pronta em: 1 hora e 20 minutos

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I NG RE DI E NTE S:

Para a massa

 3 xícaras de chá de farinha de trigo


 2 ovos
 9 colheres de sopa de água
 2 colheres de chá de sal

Para o recheio

 manteiga a gosto
 100 gramas de salmão
 ¼ de casca de melão cozida
 pimenta do reino e sal a gosto

Para o molho branco

 ¼ de cebola
 2 colheres de chá de noz moscada em pó
 4 colheres de chá de sal
 2 dentes de alho
 5 colheres de sopa de azeite
 1 litro de leite integral
 ¼ xícara de chá de queijo parmesão ralado
 ½ xícara de chá de xícara de chá de manteiga
 1 xícara de chá de xícara de chá de farinha de trigo

I NS TRUÇÕ E S

Para a massa: juntar todos os ingredientes e sovar bem até a massa ficar
homogênea; Abrir com um rolo de macarrão e montar o ravioli (cortar a
massa no formato de um quadrado, colocar o recheio no meio e dobrar
formando um triângulo. Pressionar as bordas com o garfo).

Para o molho: juntar a manteiga, farinha, o sal, fazer uma farofa (roux) e
antes de amarelar, reservar; Cortar a cebola e o alho em cubinhos; Dourar a
cebola e o alho no azeite, juntar o roux, acrescentar o leite aos poucos, o
queijo parmesão, noz moscada, sal e leite, deixar ferver, sem parar de
mexer, até engrossar.

Para o recheio: cortar a casca do melão em cubos pequenos e levar para


cozinhar em água fervente por 10 a 15 minutos ou até que fique macia;
Cortar o salmão em cubos pequenos e temperar com um pouco de pimenta
do reino; Grelhar o salmão, reservar; Coar a casca e amassar no garfo
formando uma pasta, adicionar o salmão e macerar junto. Temperar com sal
e reservar.

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Para a montagem: rechear a massa com o recheio de salmão com casca e
levar para cozinhar; Servir com o molho branco.
Valor Nutricional: Cálcio, ômega 3, CHO, PTN e fibras

Batata assada recheada com talos

Rendimento: 5 porções

Tempo de preparo: 30 minutos

Tempo de confecção: 25 minutos

Pronta em: 55 minutos

I NG RE DI E NTE S

 5 batatas monalisa com casca


 150 gramas de queijo mussarela ralado
 125 gramas de bacon picado
 ½ maço de talos de rúcula
 ¼ de peito de frango cozido e desfiado
 ½ copo de requeijão cremoso
 ¼ de cebola picada
 80 gramas de molho de tomate
 ¼ cubo de caldo de galinha
 sal, alho, óleo e pimenta do reino a gosto

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I NS TRUÇÕ E S

Lavar e escovar bem as batatas. Higienizar em solução de hipoclorito de


sódio, seguindo as instruções de rotulagem; Cozinhar em uma panela de
pressão as batatas inteiras e com casca; Cortar as batatas ao meio e retirar
a polpa, deixando apenas uma fina camada;
Fazer um purê com a polpa da batata que foi retirada, misturando 50%
desse purê com o recheio abaixo e com o queijo mussarela; Voltar a rechear
as batatas com essa mistura e antes de juntar as partes, colocar mais queijo
mussarela entre elas;

Embrulhar no papel alumínio as batatas, uma a uma, e colocar numa forma.


Levar ao forno 180ºC durante 25 minutos e servir quente.

Para o recheio:

Numa panela fritar o bacon, quando este estiver quase no ponto, adicionar a
cebola e o alho e deixar dourar; Após, colocar os talos de rúcula e deixar
fritar. Fazer o mesmo com o frango desfiado, colocar o tomate picado e o
molho de tomate e o requeijão cremoso; Colocar o cubo de caldo de galinha
e a pimenta do reino a gosto. Temperar com sal, se necessário.

Valor Nutricional: Cálcio, ácido fólico, ferro, vit C, carboidrato, proteína,


gorduras e fibras.

Muffin de Sementes

Rendimento: 12 porções

Tempo de preparo: 20 minutos

Tempo de confecção: 30 minutos

Pronta em: 50 minutos

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I NG RE DI E NTE S

 1 ½ xícaras de chá de farinha de trigo


 1 xícara de chá de sementes de moranga, melão ou melancia secas e
moídas em processador ou liquidificador
 2 colheres de chá de fermento em pó
 ¾ xícara de chá de açúcar refinado
 1 colher de chá de bicarbonato de sódio sal
 2 bananas amassadas
 canela em pó a gosto
 1 ½ xícaras de chá de iogurte natural
 ½ xícara de chá de margarina derretida
 2 colheres de chá de coco ralado

I NS TRUÇÕ E S

Misturar os secos (farinha, sementes processadas, açúcar, fermento, coco,


bicarbonato e sal); Misturar os líquidos: pasta de banana, iogurte, margarina
além da canela; Misturar tudo bem rapidamente; Untar forminhas de muffin
com margarina sem sal e encher com a massa até a borda; Assar em forno
200ºC por 25 a 30 minutos.

Cocada de Beterraba com Cenoura

Rendimento: 20 porções

Tempo de preparo: 40 minutos

Tempo de confecção: 20 minutos

Pronta em: 1 hora

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INGREDIENTES DO SUCO:

Primeiro fazer um suco com:

 6 cenouras
 8 beterrabas
 1 litro de água
 Açúcar a gosto

MODO DE PREPARO DO SUCO:

Coloque no liquidificador a cenoura, a beterraba e a água e bata. Em


seguida peneire a mistura e reserve as fibras que ficarem na peneira. Suco:
No líquido que é retirado, colocar mais água (cerca de 500ml) e adoçar a
gosto.

INGREDIENTES DA COCADA:

 1 pacote de 100 gramas de coco ralado


 1 kg de açúcar (aproximadamente)
 Fibras reservadas

MODO DE PREPARO DA COCADA:

Coloque os ingredientes em uma panela em fogo médio. Cozinhe, mexendo


sempre até que a cocada desprenda do fundo da panela. Retire do fogo e
deixe esfriar. Modele as cocadas com uma colher ou com as mãos.

Patê de casca de berinjela e talo de espinafre

Rendimento: 20 porções

Tempo preparo: 20 minutos

Tempo de confecção: 10 minutos

Pronta em: 30 minutos

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INGREDIENTES:

 1 dente de alho picado


 1 cebola grande picada
 3 colheres (sopa) de azeite
 2 xícaras (chá) de casca de berinjela
 2 xícaras (chá) de talo de espinafre
 ½ colher (sopa) de sal

MODO DE PREPARO:

Refogue no azeite o alho e a cebola. Acrescente as cascas de berinjela, o


espinafre, o sal e deixe cozinhar por 15 minutos. Retire do fogo e bata no
liquidificador. Sirva quente ou frio.

Quiche de aproveitamento de legumes e folhas

Rendimento: 8 porções

Tempo de preparo: 55 minutos

Tempo de confecção: 25 minutos

Pronta em: 1 hora e 20 minutos

INGREDIENTES DA MASSA:

 1 ½ xícara (chá) de farinha de trigo


 2 gemas
 Sal a gosto
 3 colheres (sopa) de margarina
 3 colheres (sopa) de água

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INGREDIENTES DO RECHEIO:

 2 colheres (sopa) de óleo


 2 dentes de alho picado
 ½ cebola picada
 2 tomates bem maduros picados
 3 xícaras de vagem picada
 3 xícaras de casca de batata (lavada e picada)
 3 xícaras de folhas de acelga
 ½ xícara (chá) de água
 Sal a gosto

Obs: Os legumes e folhas podem ser substituídos

INGREDIENTES DO CREME DE QUEIJO:

 2 ovos
 ½ xícara (chá) de leite
 2 colheres (sopa) de queijo
 parmesão ralado

MODO DE PREPARO DA MASSA:

Misture a farinha, as gemas, o sal, a margarina e por último a água. Amasse


bem até obter uma massa homogênea. Abra a massa sobre o fundo de uma
assadeira com a ajuda de um rolo e filme plástico, deixando a borda. Leve
para pré-assar por mais ou menos 15 minutos.

MODO DE PREPARO DO RECHEIO:

Em uma panela coloque o óleo e refogue o alho com a cebola. Acrescente


os legumes, as folhas, a água e o sal e cozinhe por 10 minutos
aproximadamente. Deixe esfriar. Coloque o recheio sobre a massa já pré-
assada. Reserve.

MODO DE PREPARO DO CREME DE QUEIJO:

Bata os ovos no liquidificador, acrescente o leite e o queijo parmesão ralado.


Despeje sobre o recheio e leve ao forno já aquecido e deixe assar até o
creme de queijo dourar, aproximadamente por 45 minutos.

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Bibliografia

Portal Toda Biologia.com. Sistema Digestório – Digestão.

BRASIL. Ministério da Saúde. Cuidados e Prevenção – Saúde.

Portal WWF Brasil. O que é desenvolvimento sustentável?

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Índices de perdas do plantio à pré-colheita


dos principais grãos cultivados no País 1996-2002.

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