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Eu sorrio.

Eu sorrio. Mesmo que só por um segundo. Nos momentos em que, de


repente, me aparece uma certeza de que você gosta de mim. É uma
certeza boa. Tão boa que sorrio. Pena que é tão efêmera, de repente
aquele gesto some. Passa. Deixa de existir. Fica só na memória,
guardado e muito bem conservado, e eu fico dando replay, por quantas
vezes for possível. E sorrio de novo. Ainda que não seja a mesma
coisa, é bom. E é tudo o que eu tenho de mais precioso. Os sorrisos
que eu ganho quando, mexendo nas lembranças, acabo esbarrando num
sorriso seu. Ou num gesto. Um toque. Um olhar. Queria poder te encarar
por um bom tempo, até eu me distrair com alguma ideia qualquer, ou
melhor, queria que você me encarasse mais vezes. O sorriso é tão
instantâneo que não dá pra disfarçar. Eu guardo esses momentos também.

Eu sorrio. Sorrio quando te faço rir. É como uma missão cumprida. É


meio que um dever te fazer feliz. Um dever bom. Complicado, mas bom.
Outro dia mesmo estava relembrando aquele diálogo, mas acho que
esqueci uma parte. Você podia me avisar quando vai dizer algo que vai
me balançar, algo que faz parecer que você gosta de mim. Mas não tem
aviso. E eu acabo esquecendo. Droga. Não queria me apegar tanto a
essas memórias, mas como eu vou saber se algo assim vai se repetir?
Essa parte da vida não é feita de certezas, é melhor prevenir. E então
eu sorrio.

Eu sorrio. Naqueles momentos em que tudo está desabando. Tudo está


meio despedaçado por dentro. Meio quebrado. Meio perdido. Nos momentos
em que o amor entra em crise e você não consegue se amar. Não consegue
se perdoar. Não consegue acreditar que alguém é capaz de te amar. E
então eu sorrio. Quando estou a ponto de chorar e você mexe no meu
cabelo. E então eu esqueço. Esqueço-me de me odiar. Esqueço os trincos
e rachaduras da minha alma. Esqueço até de guardar este momento, e
então tenho que recria-lo, da maneira mais realista o possível.

Eu sorrio. Quando de repente você encontra um pretexto para me


abraçar. Uma pena que eu não encontrei pretexto para não te soltar. É
preciso deixar ir. Acabar. Mas eu me lembro, de novo e de novo, só
para sorrir. Sorrio quando você faz parecer que gosta de mim. E sorrio
quando eu consigo mostrar que gosto de você. Espero que você saiba.
Saiba que muitos dos meus sorrisos são por você. E quando aquela
sensação estranha me invade. Sensação que diz que sou apenas mais uma
em tua vida. Vejo meu celular vibrar, é mais uma mensagem tua. E
então, eu sorrio.

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