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Conselho Nacional do Meio Ambiente, pois a Câmara e seu Comitê

Executivo são integrados exclusivamente por representantes de órgãos


do Governo Federal. Assim, nem a sociedade civil e nem os Estados
terão voz e voto nesses dois colegiados.
Dupla é a competência da Câmara: formular políticas públicas e
diretrizes relacionadas com os recursos naturais. A tarefa de traçar as
linhas das políticas públicas dos recursos naturais está ligada à estrutu­
ração da estratégia e ao plano de governo. Antes de debater os assuntos
com a Comunidade no foro do c o n a m a , não é nocivo o debate e o
ajustamento das ações envolvendo os recursos naturais no interior do
próprio governo federal. Será nocivo, contudo, esse colegiado se pre­
tender alijar e menosprezar o c o n a m a que, desde 1984, presta eficiente
serviço ao Brasil, com reconhecimento internacional. Saliente-se que
as competências estabelecidas no art. 8a da Lei 6.938/81 não sofreram
qualquer alteração.
Ao definir as políticas públicas dos recursos naturais, evidentemente,
a Câmara está vinculada às regras constitucionais, notadamente as normas
do meio ambiente (art. 225), da saúde (arts. 196-200), da política urbana
(arts. 182-183), agrícola, fundiária e da reforma agrária (arts. 184-191).
Dentro da competência da União, será importante o pronunciamento da
Câmara sobre os planos nacionais e regionais de ordenação do território e
de desenvolvimento econômico (art. 21, IX, da CF) e do aproveitamento
energético dos cursos d’água (art. 21, XII, b, da CF).
No âmbito desta Câmara foi criada a Comissão de Políticas de
Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Brasileira3.

-.2 Os Conselhos am bientais no M inistério do M eio Am biente

Quatro Conselhos integram o Ministério do Meio Ambiente: Conse­


lho Nacional do Meio Ambiente, Conselho Nacional da Amazônia Legal,
Conselho Nacional de Recursos Hídricos4 e Comitê do Fundo Nacional
do Meio Ambiente.5

1.2,1 Conselho Nacional do Meio Ambiente-coNAMA

Em 1973 era criada a SEMA-Secretaria Especial do Meio Ambiente,6


.'elo Decreto federal 73.030, de 30 de outubro. No art. 32 foi instituído

3. Decreto (não num erado) de 3.2.2004 (D O U 4.2.2004, p. 4).


4. O Conselho N acional de Recursos Hídricos é tratado no Tít. VII, Cap. I.
5. MP 2.216-37, de 31.8.2001.
6. V., neste capítulo, n. 4, “O meio ambiente na Adm inistração Federal” .
o Conselho Consultivo do Meio Ambiente ( c c m a ) , com nove membros
a serem nomeados pelo Presidente da República, por proposição do
Ministro do Interior. Contudo, esse Conselho foi extinto na prática.
Com a Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, cria-se o
coNAMA-Conselho Nacional do Meio Ambiente. Interessa no momento
focalizar a competência dos organismos ambientais, tanto federal como
dos Estados.
Como instrumentos da política do meio ambiente foram propostos:
o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental, o zoneamento
ambiental, a avaliação de impactos ambientais, o licenciamento e a
revisão de atividade efetiva ou potencialmente poluidora, os incentivos
à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de
tecnologia voltados para a melhoria da qualidade ambiental, a criação
de Estados ecológicos e áreas de proteção ambiental, sistema nacional
de informações sobre o ambiente, cadastro técnico federal das atividades
e instrumentos de defesa ambiental e penalidades disciplinares ou com­
pensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação
ou correção da delegação ambiental.
A Lei 8.028/1990, ao dar nova redação ao art. 6a da Lei 6.938/1981.
deu a seguinte redação para o art. 6a, II: “Órgão Consultivo e Delibera­
tivo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente-coNAMA, com a finalidade
de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de
políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e
deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões com­
patíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial a
sadia qualidade de vida”. Aredação da Lei 8.028/1990 somente substituiu
a expressão “Conselho Superior do Meio Ambiente”, que fora criada
pela Lei 7.804/1989, por “Conselho de Governo”.
Interessa apontar que estão bem marcadas as competências do u.-
dividindo-se entre as de assessoramento do Conselho de Governi
íj a m a ,

e as de deliberação. Exercendo já a última função desde 5.6.1984. es>*


conselho tem tido uma atuação digna de elogios. Se maior não foi a >t:.
atuação, atribua-se ao restrito número de suas reuniões (quatro reuni iV
ordinárias ao ano) e a brevidade de seus encontros.
O estabelecimento de normas e critérios para o licenciamento, com..
também, o estabelecimento de padrões de controle do ambiente é compe­
tência do c o n a m a , consoante o art. 8e, I, da Lei 6.938/1981. Esse aniç-
diz que a competência do colegiado é “estabelecer, mediante propon­
do i b a m a No art. 8a, V, há também a mesma expressão. Acredi:..-
mos que esses dois incisos que compõem o total de sete incisos aeei\
da competência do c o n a m a não visam a manietar o referido Conseli:
Assim, não fica vedado aos componentes do Conselho propor normas e
critérios para o licenciamento diferentes daqueles propostos pelo i b a m a ,
como, também, em relação a perda e restrição de benefícios fiscais. O
ib a m a opinará sobre as proposições, e, então, o c o n a m a cumprirá uma

de suas atribuições, deliberando. Entender-se o contrário seria fazer o


Conselho caudatário do órgão de execução.
O art. 8fi, II, da Lei 6.938/1981 teve sua redação modificada pelo art.
35 da Lei 8.028/1990, passando a constar: “determinar, quando julgar
necessário, a realização de estudo das alternativas e das possíveis conse­
qüências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando aos
órgãos federais, estaduais e municipais, bem assim a entidades privadas,
as informações indispensáveis para a apreciação dos Estudos de Impacto
Ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de
significativa degradação ambiental, especialmente nas áreas consideradas
patrimônio nacional”. Desde o início de suas atividades o c o n a m a teve a
competência de determinar a realização de Estudo de Impacto Ambien­
tal e, portanto, de apreciá-lo após sua elaboração. Entretanto, é de ser
■!Centuado que essa com petência não exclui a mesma com petência dos
orgãos estaduais e municipais e nem invade as atribuições dos colegiados
estaduais. Nos casos de licenciamento federal, com a prévia elaboração
ue Estudo de Impacto, competente é também o c o n a m a para apreciar
v.sse estudo e, inclusive, em todos os casos, converter o julgamento em
diligência para complementação de dados.
Temos que fazer reparo à constitucionalidade do art. 82, VI, da
'..ei 6.938/1981, quando dá atribuição ao c o n a m a de “estabelecer, pri-
■aiivamente, normas e padrões nacionais de controle da poluição por
eiculos automotores, aeronaves e embarcações, mediante audiência
.ws ministérios competentes”. O c o n a m a não tem a atribuição dessas
■amas e padrões de forma privativa. O c o n a m a , pelo art. 24, § l 2, da
F. tem competência para estabelecer normas e padrões gerais, que,
.•:viretanto, poderão ser suplementados pelos Estados, conforme o art.
I- í 2fi, da mesma CF.
Como acentuou o Juiz Anthony Kennedy, da Suprema Corte dos
: CA: “Respeitar a Constituição tem um preço. Nós pagamos o preço,
. iiuna frustração, alguma irritação quando vemos os direitos constitu-
. iinis terem força”.7
Vcompetência do c o n a m a não foi atingida pelo disposto no art. 25
Disposições Constitucionais Transitórias. Diz o caput do art. 25:
'-'■-cam'revogados, a partir de 180 dias da promulgação da Constituição,
- ko este prazo a prorrogação por lei, todos os dispositivos legais que

' . Folha de S, P aulo, ed. 21.8.1990, pp. 4-9.


atribuam ou deleguem a órgão do Poder Executivo competência assi­
nalada pela Constituição ao Congresso Nacional, especialmente no que
tange a: I - ação normativa; II - alocação ou transferência de recurso
de qualquer espécie”.
E necessário verificar as competências assinaladas pela Constituição
ao Congresso Nacional e as competências do c o n a m a previstas no art. 8
da Lei 6.938, de 31.8.1981, pois somente foram abrangidos os órgãos do
Poder Executivo que estivessem exercendo funções que a Constituição
reservou para o Congresso Nacional.
As atribuições do Congresso Nacional estão inseridas no Tít. IV, Cap.
I - Do Poder Legislativo, Seção II, arts. 48 e 49. Constata-se que nenhu­
ma das atribuições do Congresso Nacional são exercidas pelo c o n a m v.
Aliás, a matéria que tem uma clara conotação ambiental - “iniciativas
do Poder Executivo referente a atividades nucleares” (art. 49, XIV. da
CF) - é atribuição do cNEN-Conselho Nacional de Energia Nuclear. Por­
tanto, inobstante meu grande apreço ao Prof. Toshio Mukai, que pens.i
diferentemente,8 entendo que o art. 25 das Disposições Constitucionais
Transitórias não revogou as resoluções do c o n a m a .

2.2.2 Comitê do Fundo Nacional do Meio Ambiente

O Fundo Nacional do Meio Ambiente tem como objetivo desen­


volver os projetos que visem o uso racional e sustentável de recurso^
naturais, incluindo a manutenção, melhoria ou recuperação da qualidade
ambiental no sentido de elevar a qualidade de vida da população. Fo,
instituído pela Lei 7.797, de 10.7.1989.
Serão consideradas prioritárias as aplicações de recursos financeiro.'
em projetos nas seguintes áreas: unidades de conservação; pesquisas e
desenvolvimento tecnológico; educação ambiental; manejo e extensà>
florestal; desenvolvimento institucional; controle ambiental; aproveita­
mento econômico racional e sustentável da flora e fauna nativas. Seiv.
prejuízo das ações de âmbito nacional, será dada prioridade a projete"
que tenham sua área de atuação na Amazônia Legal.
O Decreto 3.524/2000, que regulamentou o Fundo Nacional d>
Meio Ambiente, teve o art. 4a modificado pelo Decreto 5.877/20IX
que estabeleceu a seguinte composição do Conselho Deliberativo: iiv-
representantes do Ministério do Meio Ambiente; um representante do
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; dois representante'
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos N aturai'
Renováveis-iBAMA; um representante da Agência Nacional de Agua>-

8. Direito A m biental Sistematizado, 1992, p. 94.

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