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Jó 1.20.
Exórdio: Gostaria de compartilhar convoco algo íntimo, uma tragédia
recentemente ocorrida na minha família. Eu tenho um primo, em Alto Caparaó,
de 20 anos chamado Rômulo. Desde criança sempre foi um pouco diferente de
mim em relação a alguns gostos. Rômulo, nunca jogou bola, nunca se interessou
em jogos, corrida, carrinho, até hoje ele não sabe andar de bicicleta...
Mas algo despertava este meu primo, o som, a música. E este interesse
veio crescendo dia após dia, despertando na família uma curiosidade e um
interesse em incentiva-lo na carreira musical.
Mal começou estudar piano e destacou-se entre todos, logo já era o
pianista da igreja e também professor particular de música. Mas a história não
para por aí, em um concurso de Música clássica no Rio de Janeiro ele ganhou
grande destaque classificando-se em 3º lugar a nível nacional. Logo começou a
lecionar no conservatório e fazer Faculdade de Música.
Até algumas semanas atrás era também o responsável pelo coral do
município, mas no dia 03 de maio, num sábado, ao voltar de um casamento em
um carro sofre um acidente e fragmentos de ossos de sua coluna alojam-se na
medula óssea.
Hoje, ele está em um hospital em Brasília, em estado de observação
correndo o risco de não mais poder andar, sua coordenação também já não é
mais a mesma. Quando fiquei sabendo disto fiquei arruinado, moído, sem forças
inclusive para qualquer atividade. Ele é para mim, como um irmão. Eu cresci
junto dele, eu vivi os seus sonhos, lembro-me de quando lhe ensinei a tocar a
escala de sol.
No auge do meu desespero recebo uma ligação do meu pastor, que me diz
entre outras, mais ou menos estas palavras: “O Rômulo está em um quadro
estável, ele está bem. Ele disse que Deus foi muito bom para ele e que este
acidente foi uma oportunidade dada a ele para refletir a sua vida. Ele disse que
não sabe se voltará andar, mas que quer ser instrumento nas mãos de Deus
independentemente de seu estado, com ou sem ou movimento das pernas”
Ele tem 20 anos,uma vida inteira de sonhos pela frente...
Transição: Ao voltarmos os olhos para o texto que acabamos de ler,
vemos uma experiência semelhante, similar, de alguém que no espaço de um dia
vê sua vida destruída e volta-se para Deus.
Narrativa: Este versículo retrata a reação de Jó depois de receber uma
série de trágicas notícias. Pensem comigo a respeito de Jó. Nós não sabemos
muito sobre Jó, sabemos que era um homem íntegro e reto habitante de Uz.
Era um homem riquíssimo, possuidor de várias ovelhas, camelos,
jumentas; tendo a sua disposição um numeroso grupo de empregados, sua
riqueza era tamanha que a bíblia o descreve como o maior de todos os homens
do Oriente em sua época.
Tinha uma família invejável, possuía 10 filhos que segundo as escrituras
gozavam de uma belíssima comunhão entre si. Seus sete filhos faziam banquetes
entre eles, se alegravam juntos, tinham prazer na companhia um do outro,
chamavam as suas três irmãs para festejarem com ele. Após os banquetes se
reuniam com o seu pai para os santificar. Que harmonia valorosa tinham entre
eles!
Mas de repente o que acontece? Num certo dia, tão claro como os demais,
surge o inesperado, inacreditável. Os bois lavravam, as jumentas pasciam,
quando surge um grupo de salteadores que roubam a criação e mata os servos
que a pastoreava. Como se não bastasse, de modo também tão repentino desce
fogo do céu e consome suas ovelhas e os pastores que delas cuidavam, dali a
pouco surge um grupo de caldeus que roubam seus camelos e matam seus
servos. Mas esta não era a última, nem a pior de todas as notícias... Mais um
servo vem e diz a Ló que durante um banquete na casa de seu filho primogênito
um vento derruba a casa e esmaga seus preciosos filhos.
Irmãos, no espaço de um só dia Jó viu tudo o que possuía, tudo o que
tinha investido, conquistado, anos de sua vida arruinados em um só momento.
Seus filhos a quem devotava um carinho e um cuidado tão especial, pelos quais
levantava de madrugada para interceder, abençoar estavam mortos.
Jó recebe esta notícia, sente esta notícia, absorve cada palavra proferida
pelos seus últimos quatro servos. A dor certamente invadiu o seu coração, o
sofrimento naquele momento invade a sua alma e ele se prostra, rasga suas
vestes, raspa sua cabeça. Sua atitude reflete não somente o seu pesar, mas
converte-se em atos de adoração ao Senhor. Ele se humilha perante Deus e o
adora. Jó converte a tribulação em adoração Como?
Que atitude mais incomum, até mesmo o próprio Satanás esperava uma
outra atitude. O que moveu Jó a adorar ao Senhor?
Transição: O que é preciso para que possamos converter a tribulação em
adoração ao Senhor? O que pode nos mover para termos a mesma fé
demonstrada pelo Rômulo, por Jó e por outros valorosos homens que
encontraram nas aflições um motivo de adoração ao Senhor?
Como pode o Crente converter a tribulação em adoração? Este portanto,
será o meu tema nesta noite:
III – Entender que existe algo muito maior reservado a nós (Rm 8.18)
De uma coisa podemos ter certeza, por maior que seja o nosso sofrimento,
a nossa angústia, aflição ou tribulação, seja a nossa vida aqui como for; de modo
algum poderá ela ser igualada ao que Deus tem reservado para nós. Ou seja, não
importa tudo o que passamos ou passaremos neste mundo tendo em vista que o
eterno gozo com Cristo compensará todos males.
Infelizmente, neste mundo tão imediatista em que vivemos é muito difícil
esperar. Queremos qualquer tipo de compensação agora. E é exatamente por isso
que vemos tantas pessoas desesperadas diante das más situações da vida, sem
soluções e totalmente sem esperança. Vemos hoje em dia o crescimento de
igrejas que propõe a solução de todos os problemas da noite para o dia. Igreja
que oferecem um evangelho fácil, sem obstáculos, dificuldades, que chegam ao
ponto de dizerem que quem passa por tribulações na verdade está debaixo de
maldição, que crente não pode passar por aflições. Tudo por que a visão do
mundo tem sido no agora e nunca no depois. Ninguém quer saber o que vai
ocorrer amanhã, o que importa é o hoje. É por isso, por exemplo que o homem
não se importa em poluir a Terra, afinal as conseqüências só virão depois de
alguns anos...
Os crentes devem ter os seus olhos voltados para o que os aguarda, devem
ansiar pelo grande Dia, olhar com desejo para as coisas lá do alto.
O apóstolo Paulo vivenciava esta ardente expectativa da vida futura com
Cristo, Paulo sonhava com o reino celestial e o desejava com muita força. Se
analisarmos suas cartas veremos que em praticamente todas elas ele faz alguma
citação ou alusão a nossa glorificação.
É ele mesmo que diz: que tinha o desejo de partir e estar com Cristo, o
que era incomparavelmente melhor.
Sabemos muito bem quantas aflições, quantas tribulações enfrentou Paulo
durante o seu ministério, ele mesmo diz que: “Tanto sei estar honrado, quanto
humilhado, já tenho experiência, tanto de fartura, como de fome, assim de
abundância como de escassez”
Ele foi perseguido, maltratado, apedrejado, preso, caluniado, sentiu na
pele o que era sofrer por amor de Cristo. Mas não o vemos reclamando de suas
tribulações, pelo contrário, no final de sua vida ao olhar para trás e ver tudo o
que tinha passado, ao olhar para o presente e ver o martírio que o aguardava
Paulo fita com orgulho os olhos para o futuro e diz: “Combati, o bom combate,
completei a carreira e guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está
guardada, a qual o Senhor me dará naquele grande dia” Tudo o que ele passara,
valera a pena pelo fato de que havia para ele algo muito maior que tudo o que
tinha experimentado durante toda a sua vida.
Irmãos, há um céu reservado para nós, uma morada confirmada pelo
próprio Senhor para todos os seus eleitos. Poderemos desfrutar da presença de
Deus de modo completo, pleno. Teremos um relacionamento perfeitamente
íntimo com o nosso Deus, viveremos em comunhão com os nossos semelhantes.
Já livres de todo egoísmo, maldade, perversão, aptos para amá-los como a nós
mesmo.
Seremos glorificados com Cristo, seremos semelhantes a Ele. Reinaremos
sobre a natureza em Cristo e sob Cristo. Viveremos em um lugar onde a morte já
não mais existe, onde o pecado foi de todo banido e não há dor, tristeza,
amargura ou decepções. Não sabemos definir com clareza o que exatamente nos
espera lá na glória, não posso dizer aos irmãos o que será de fato esta nova vida
celestial, mas posso garanti-los a luz da Palavra que esta nova vida, com a
imagem de Deus totalmente restaurada em nós será muito melhor do que tudo o
que a nossa mente humana pode imaginar. Pensem no que seria o paraíso para
vocês... Deus tem algo infinitamente melhor.
Cito-lhes o exemplo do próprio Senhor Jesus Cristo. Teve alguém que
sofreu mais que ele? Acaso existiu algum homem que tenha passado por tudo o
que passou o nosso Mestre? Vocês conhecem muito bem a história, ouviram o
cântico que foi entoado retratando um dos momentos de maior dor de Cristo.
Sem dúvida ninguém passou por momentos de aflição como Cristo, mas por
outro lado quem também passou por tamanha glorificação? Acaso sua glória
após a ressurreição não foi algo que sufocou qualquer aflição que tenha passado?
Igualmente acontecerá conosco, e digo isto no sentido de que após a
transformação de nossos corpos nosso estado de glória sufocará toda a nossa
tribulação.
Grande é o nosso Deus, que tem algo muito maior que a nossa tribulação
reservado para nós.