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Como podemos ensinar para transformar?

A preocupação de quem ensina a Bíblia deve sempre ir além da transmissão de


informação e chegar até o desejo de que a verdade mude a vida de quem a ouviu. Ora, se
Deus governa seu povo através de sua Palavra, ela deve ser cada vez mais internalizada,
em toda a sua abrangência e profundidade por este povo, e manifesta em obediência
crescente como resultado autoatestador. Essa interiorização da Palavra ocorre pela
meditação.
Não quero que a compreensão do termo seja direcionada a repetições de sílabas
ou ao esvaziar da mente. Meditação, aqui, trata-se de lutar com – não contra – a
revelação bíblica até que ela se torne pessoal. Esse processo envolve oração, busca por
paralelos atuais, respeito ao enfoque da passagem, rememoração de doutrinas, etc, sem
nunca desprezar a ação invisível do Espírito Santo. É claro que a meditação deve ser feita
primeiro por quem ensina, seja enquanto prepara a aula ou após ter concluído a estrutura
dela.
A grande vantagem da meditação é que ela torna o ensino mais vívido, pois faz um
link entre a verdade da Escritura e a experiência de vida (acumulada em leituras,
memórias ou feitos) do professor. Dessa forma, proporciona base sólida – enraizada no
texto e no coração como algo que pertence a ele, não só do qual ouviu falar – para ser
usada em situações semelhantes no futuro tanto de quem ensina como de quem aprende.
Ninguém costuma admitir que facilmente desvia a atenção, que perde o foco
enquanto outra pessoa fala, ainda mais se apenas uma fala por certo tempo, mas isso
acontece. Prontamente desviamos a atenção de professores prolixos, confusos, pouco
teóricos e/ou pouco práticos, mas não de um professor que ensina com paixão. Foi dito
de David Hume, filósofo cético escocês, que saiu correndo às cinco da manhã para ouvir
George Whitefield pregar. Perguntado se ele acreditava no que o pregador dizia,
respondeu: “eu não, mas ele acredita!”, esta é a marca de quem ensina para transformar.
Finalizo lembrando uma frase que me marcou: “ninguém pode dar o que não tem”.
Se não tenho a doutrina ardendo de forma real e atestada pessoalmente em minha vida,
então não há transmissão contagiante e legítima. Quem dá o crescimento é Deus, mas
isso não oportuniza os jardineiros ao desleixo.

“Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite”
Salmo 1.2

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