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- Conto do Patinho Feio e falar da minha experiência e do meu lugar de fala, enquanto

gay e enquanto negro;


- “Parece simples definir quem é negro no Brasil. Mas, num país que desenvolveu o desejo
de branqueamento, não é fácil apresentar uma definição de quem é negro ou não. Há
pessoas negras que introjetaram o ideal de branqueamento e não se consideram como
negras. Assim, a questão da identidade do negro é um processo doloroso. Os conceitos
de negro e de branco têm um fundamento etno-semântico, político e ideológico, mas não
um conteúdo biológico” Munanga, 2004.
- O sujeito, previamente vivido como tendo uma identidade unificada e estável, está se
tornando fragmentado; composto não de uma única, mas de várias identidades, algumas
vezes contraditórias ou não resolvidas. Correspondentemente, as identidades, que
compunham as paisagens sociais "lá fora" e que asseguravam nossa conformidade
subjetiva com as "necessidades" objetivas da cultura, estão entrando em colapso, como
resultado de mudanças estruturais e institucionais. O próprio processo de identificação,
através do qual nós projetamos em nossas identidades culturais, tornou-se mais
provisório, variável e problemático. Stuart Hall – A identidade cultural na pós-
modernidade.
- Dentro de nós há identidades contraditórias, empurrando em diferentes direções, de tal
modo que nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas. Se sentimos que
temos uma identidade unificada desde o nascimento até a morte é apenas porque
construímos uma cômoda estória sobre nós mesmos ou uma confortadora "narrativa do
eu" (veja Hall, 1990). A identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é
uma fantasia. Stuart Hall – A identidade cultural na pós-modernidade.
- Psicologia sócio-histórica: pág. 111 – González Rey
- Psicologia sócio-histórica: pág. 113 – Odair Furtado

Kimberlé Williams Crenshaw (advogada, feminista negra e especialista em questões


raciais e de gênero) desenvolveu na década de 90 o Conceito de
Interseccionalidade, conceito que, mesmo considerado recente pela acadêmia, vem sendo
discutido dentro de muitos movimentos sociais.

A Interseccionalidade trata sobre o corpo do individuo diante de Estruturas de Opressões,


essas opressões que cercam esse corpo irão se encontrar (formando a Interseccionalidade)
e juntas formarão uma espécie de carga de opressões (Identidades Múltiplas). Ou seja, um
homem, antropologicamente, um indivíduo, socialmente, um representante de uma
estrutura de poder. Agora pense em um homem pobre, negro e gay, ele não é só um
homem, ele é um homem de Identidades Múltiplas, um homem que sofrerá com o
racismo, com o classismo e a homofobia, ou seja, o diálogo sobre indivíduo e sociedade
precisa ser erguido em um alicerce de estudos sobre Raça, Classe, Gênero, Etnicidade e
Sexualidade para que em nossas abordagens discursivas não atropelemos silenciosamente
indivíduos que possuem Identidades Múltiplas.

Azealia Banks sobre a Comunidade LGBT:


“A misoginia de homens gays está me matando. Não quero mais estar associada a nada
LGBT. Porque na verdade não é LGBT como aparenta ser, é GGGG e estou cansada de
homens gays brancos controlarem toda a comunidade LGBT. Não quero estar
relacionada a nada gay, especialmente quando vocês TODOS acham que bissexualidade
é algo falso. Gays brancos não apoiam ninguém da comunidade além deles mesmos, estou
cansada disso. Me deixem fora disso por favor.”

Esse apagamento histórico construído pelo homem branco europeu não é representado
apenas em uma reconfiguração artística mas também está presente na militância LGBT
cotidiana e enquanto pessoas pretas não-heterossexuais, precisamos reconhecer a
problemática racial nesses espaços para a partir disso construir espaços para nós, espaços
que questões raciais possam ser realmente consideradas e nossa existência não seja só mais
uma invisibilidade disfarçada de recorte racial.

Uma pesquisa do Grupo Gay da Bahia (GGB) registrou em 2017 um aumento de


30% nos homicídios de LGBTs em relação a 2016. De acordo com o estudo, 445
pessoas LGBTs foram assassinadas ou cometeram suicídio no Brasil neste período.
Entre essas pessoas, 34% eram negras.

“A interseccionalidade como ferramenta de pensamentos nos ajuda a perceber que uma


mulher negra lésbica, bissexual ou trans, por exemplo, vai sentir o peso do sistema raça-
gênero-classe de uma forma completamente diferente. Recai todo o peso histórico do
marcador raça, uma vez que todos nós nos subjetivamos a partir de uma racialidade que,
articulada com o gênero-classe e sexualidade, nos coloca em lugares diferentes, portanto
com perspectivas diferenciadas sobre o que nos oprime”, explica Flávia Danielle.

Munanga Todos nos, homens e mulheres somos feitos de diversidade. Esta, embora
esconda também a semelhança, é geralmente traduzida em diferenças de raças, de
culturas, de classe, de sexo ou de gênero, de religião, de idade,etc. A diferença está na
base de diversos fenômenos que atormentam as sociedades humanas. As construções
racistas, machistas, classistas e tantas outras não teriam outro embasamento material, a
não ser as diferenças e as relações diferenciais entre seres e grupos humanos. As
diferenças unem e desunem ; são fontes de conflitos e de manipulações sócio-econômicas
e político-ideológicas. Quanto mais crescem, as diferenças favorecem a formação dos
fenômenos de etnocentrismo que constituem o ponto de partida para a construção de
estereótipos e preconceitos diversos.

A tomada de consciência das diferenças desemboca em processo de formação das


identidades contrastivas hetero-atribuídas e auto-atribuídas. Os processos identitários,
sabese, são estritamente ligados à própria história da humanidade.

a falta de reconhecimento da identidade não apenas revela o esquecimento do respeito


normalmente devido.Ela pode infligir uma ferida cruel ao oprimir suas vítimas de um
ódio de si paralisante. O reconhecimento não é apenas uma cortesia que se faz à uma
pessoa: é uma necessidade humana vital (Taylor, Charles, Op.Cit.). Um dos autores
defensores dessa idéia da exigência do reconhecimento é sem dúvida Frantz Fanon. Em
seu famosos livro “Os condenados da Terra”, ele sustenta a idéia de que a arma essencial
dos colonizadores era a imposição aos povos colonizados das imagens negativas contra
eles forjadas. Para se libertarem, os povos colonizados devem, antes de mais nada, se
desembaraçarem dessas imagens em si depreciativas. Essa idéia tornou-se fatal em
algumas correntes feministas e constitui hoje um elemento muito importante no debate
contemporâneo sobre o multiculturalismo. O mundo da educação constitui o lugar
essencial e privilegiado, onde se desenvolve o debate sobre o multiculturalismo.

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