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Listas de MAT0334 - Análise Funcional - 2015=1

Ivo Terek Couto

Neste texto faremos as resoluções das listas de exercícios do curso de Análise


Funcional ministrado pelo prof. Antonio de Pádua, no primeiro semestre de 2015. Os
enunciados foram transcritos o mais fielmente possível das listas originais. Os
exercícios das provas eram retirados das listas, então também deixaremos indicado se
algum item do exercício foi para alguma avaliação, e qual.
Notação: Se V é um espaço vetorial, V irá denotar o seu espaço dual topológico (não
o algébrico).
As resoluções são despretensiosas e sujeitas a erros. Avisos de erros, e sugestões
podem ser enviadas para terek@ime.usp.br.

Sumário
1 Lista 1 2
1.1 Topologia de Espaços Normados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Séries de Fourier . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.3 Espaços de Banach . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

2 Lista 2 23

3 Lista 3 35

4 Lista 4 53
4.1 Aplicações do teorema de extensão de Hahn-Banach . . . . . . . . . . . 62
4.2 Teorema da Aplicação Aberta e do Gráfico Fechado . . . . . . . . . . . . 67
4.3 Princípio da Limitação Uniforme e o Teorema de Banach-Steinhaus . 71
4.4 Convergência de Séries de Fourier . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

1
1 Lista 1
1.1 Topologia de Espaços Normados
Exercício 1. Seja X um espaço normado.

(a) Mostre que toda sequência convergente em X é limitada, de Cauchy e possui um


único limite.
(b) Mostre que se uma sequência (xn)n 0 X é convergente, então qualquer sub-
sequência de (xn)n 0 converge para o mesmo limite.
(c) Mostre que se uma sequência de Cauchy possui uma subsequência convergente,
então ela é convergente.

Exercício 2. Se X é um espaço normado sobre R, prove:

(a) A função k k : X ! [0; +1[ é contínua.

(b) A operação adição definida sobre X X é contínua.

(c) A operação multiplicação por escalar definida sobre X R é contínua.

Exercício 3. Dizemos que duas normas k k1 e k k2 num espaço X são equivalentes se


existem constantes c1; c2 > 0 tais que:

akxk1 kxk2 bkxk1; 8 x 2 X:


Prove que:

(a) A relação acima é de equivalência.

(b) Normas equivalentes definem as mesmas sequências de Cauchy.


Exercício 4 (Corolário). Se k k e k k0 são duas normas equivalentes sobre um espaço vetorial X então
(X; k k) é um espaço de Banach se, e só se, (X; k k0) o for.
Exercício 5. Seja X um espaço normado.

(a) Prove que para cada a 2 X, a aplicação x 2 X !7 x + a 2 X é um homeomor-fismo. Prove que, para
cada 2 K, 6= 0, a aplicação x 2 X !7 x 2 X é um homeomorfismo.

(b) Conclua que um subconjunto A de X é aberto se, e só se, x0 + A = fx0 + a j a 2 Ag é aberto.

(c) Mostre que se K é compacto e F é fechado (em X), então F+K = ff+k j f 2 F; k 2 Kg é fechado.
Sugestão: use a caracterização de compacidade por sequências, válida para espaços métricos.

Exercício 6 (Conjuntos Convexos). Um subconjunto C de um espaço vetorial X é convexo se, para


todo escalar 2 [0; 1], e x; y 2 C temos que x + (1 - y) 2 C.
(a) Mostre que as bolas de um espaço normado são convexas.
(b) Mostre que se C é um subconjunto convexo de um espaço normado então seu fecho também é
convexo.

Exercício 7 (Distância de ponto a conjunto). Se A é um subconjunto de um espaço


normado X, definimos a distância de x 2 X a A pondo d(x; A) = inffkx - ak j a 2 Ag.
Prove que x 2 A () d(x; A) = 0.

1.2 Séries de Fourier


Exercício 1 (P1). Desenvolver as funções:
(1) f(x) = 1.
(2) f(x) = 1 se x 0
-1 se x < 0

(3) f(x) = x

g (g1= (x)) = g
(4) f(x) = jxj
2
(5) f(x) = x
(6) f(x) = j sen xj =)
+ +
- 1 3 35 5 7 +
2 4 cos(2x) cos(4x) cos(6x)

em séries de Fourier, senos e cossenos no intervalo [- ; ].

Solução:
(1) f(x) = 1. Temos:
an =
1 Z
- cos(nx) dx = n
1
sen (nx) - = 0; 8n 1

1 1
Z
bn = sen(nx) dx = - n
- cos(nx ) - =0; 8n 1
a
1 1 0
Z
a0 = - dx = 2 =2 = 2 = 1:
)
Então a expansão de Fourier de f 1é1 .

f(x) = 1 se x 0 n a = n f
(2) -1 se x < 0 . Seja 1. Temos n 0 para todo 0, pois
2
é uma função ímpar e assim x !7 f(x) cos(nx) é uma função ímpar. Também, x !7 f(x)
sen(nx) é uma função par, e portanto:
1 2
bn = Z- f(x) sen(nx) dx = Z 0 sen(nx) dx
= 2
-n cos(nx) 0 2 2
= -n (cos(n ) - 1) = n (1 - cos(n ))

4 se n é ímpar
= n

0 se n é par
Portanto:
4 4 4 4X sen((2n + 1)x)

f(x) = sen x + 3 sen(3x) + 5 sen(5x) + = n 0 2n + 1


2
Na verdade é igual a uma função ímpar q.t.p. e portanto a integral não se altera. Faremos isso
mais vezes se necessário sem comentar.

7
(3) f(x) = x. Temos que f é uma função ímpar, donde x !7 f(x) cos(nx) é ímpar e assim an
= 0 para todo n 0. Do mesmo modo, x !7 f(x) sen(nx) é uma função par, logo:

1 2
Z Z
bn = - f(x) sen(nx) dx = 0 x sen(nx) dx
= !
2 -x cos(nx)
n 0
+Z 0 cosn (nx)
dx

=
2
-
cos
n
(n ) + sen
n 2(nx) ! 0

2 - 2 se n é par
=- cos(n ) = n
2
n n se n é ímpar
Portanto
X
n+1
2 1 (-1)
f(x) = 2 sen x - sen(2x) + 3 sen(3x) - 2 sen(4x) + + = 2 n sen(nx):
n 1

(4) f(x) = jxj. A função f é par, donde x !7 f(x) cos(nx) é par e x !7 f(x) sen(nx) é ímpar.
Portanto bn = 0 para todo n 1, e aí:
1 1 a
2
0
:
a0 = Z- jxj dx = == 2 =2

E também: )
1 2
Z dx
an = - f(x) cos(nx) dx = Z0 x cos(nx)
Z !
=
2 x sen(nx)
n 0
- 0 sen(nx)
n dx

= n2 cos(nx) =
2
n
(cos(n ) - 1)
2 2

0
= 0 se n é par
4
-n 2 se n é ímpar
Desta forma:

4 4 4 4X cos((2n + 1)x)
2
f(x) = 2 - cos x - 9 cos(3x) - 25 cos(5x) - = 2 -n 0 (2n + 1)
2
(5) f(x) = x . A função f é par, assim x !7 f(x) cos(nx) é par, e x !7 f(x) sen(nx) é ímpar,
donde bn = 0 para todo n 1. Temos:
3 2 2
a0 = 1 2 2 2 = a
Z
- x
2
dx =
Z
0 x
2
dx = 3
=
3 0
2 = 3:

)
8
E também:
1 2
Z 2
an = - f(x) cos(nx) dx = Z 0 x cos(nx) dx
= 2 x 2 sen(nx)
n 0
-n 2
Z 0 x sen(nx) dx!

4 -4 -
= - n Z 0 x sen(nx ) dx = n n cos(n )
4
4 se n é par n
2

= 4
n cos(n ) = - n
2
se n é ímpar, 2

aproveitando os cálculos do item (3). Assim obtemos:


2 2 n
4 X (-1)
2
f(x) = 3 - 4 cos x + cos(2x) - 9 cos(3x) + = 3 +4 n cos(nx)
n 1

(6) f(x) = j sen xj.


• Expansão de Fourier: aqui temos que f é uma função par, donde x !7 f(x)
cos(nx) é par e x !7 f(x) sen(nx) é ímpar. Assim, b n = 0 para todo n 1. Temos:

Z Z
1 2 2 4 a 2
a0 = - j sen xj dx = 0 sen x dx = - cos x 0 == 20 =

E para n 1: )
1 2
an = Z- f(x) cos(nx) dx = Z0 sen x cos(nx) dx
Em geral:
sen x sen(nx) 1
Z Z
sen x cos(nx) dx = n -n cos x sen(nx) dx
= sen x sen(nx)-
Z
- nn n -n sen x cos(nx) dx
1 - cos x cos(nx) 1

sen x sen(nx) cos x cos(nx) 1


Z
2 2 sen x cos(nx) dx
= n + n + n
Isolando, vem:
2
n sen x sen(nx) cos x cos(nx)
Z
sen x cos(nx) dx = n2 - 1 n + n
2
:
Com isto:
2 1 + cos(n ) 0 se n é ímpar
an = 2 = 4 1
1-n 1-n
2
se n é par
Portanto a expansão de Fourier é:
2 4 4 2 4X cos(2nx)
2
f(x) = - 3 cos(2x) - 15 cos(4x) - = - n 1 4n - 1 :
9
• Expansão em senos: Façamos a expansão considerando a extensão ímpar de j
sen xj, que é apenas sen x. Evidentemente a expansão será apenas sen x. De
fato, os detalhes são: temos an = 0 para todo n 0, e:
2
bn = Z 0 sen x sen(nx) dx
Como anteriormente, calculemos uma primitiva geral:
- sen x cos(nx) 1
Z
Z sen x sen(nx) dx = n +n cos x cos(nx) dx
= - sen x cos(nx) +
n
1 cos x sen(nx) 1 Z
+n n + n sen x sen(nx) dx
- sen x cos(nx) cos x sen(nx) 1
2 2
Z
= n + n +n sen x sen(nx) dx
Isolando, vem:
2
n - sen x cos(nx) cos x sen(nx)
Z
sen x cos(nx) dx = n2 - 1 n + n
2
;
e disto segue que bn = 0 para todo n 1.

• Expansão em cossenos: coincide com a expansão de Fourier.

Exercício 2. Obter as séries dos senos em [0; ] para f(x) = cos x, f(x) = sen(x=2), f(x) =
senh ax.

Solução: Como consideramos extensões ímpares, teremos an = 0 para todo n 0 em


todos os casos.

• f(x) = cos x. Temos que:


2
Z
bn = 0 cos x sen(nx) dx; 8 n 1:
Vamos achar uma primitiva primeiro:
Z - cos x cos(nx) 1Z
cos x sen(nx) dx = n - n sen x cos(nx) dx
Z
= n -n sen n -n cos x sen(nx) dx
- cos x cos(nx) 1 x sen(nx) 1

- cos x cos(nx) sen x sen(nx) 1


2 2
Z
= n - n +n cos x sen(nx) dx
Isolando e supondo n 6= 1, temos:
n2 - cos x cos(nx) sen x sen(nx)
Z
cos x sen(nx) dx = n2 - 1 n - n2 :
10
Com isto:
2
2 n cos(n ) 1 2 n 0 se n for ímpar
n -1
bn = 4 n

n -1
2 n +n = n2 - 1(1 + cos(n )) = 2 se n for par
Para n = 1:
Z
2 1 1
b1 = 0 cos x sen x dx = Z 0 sen(2x) dx = -2 cos(2x)0 = 0:

Assim temos a expansão:


42 44 4X 2n
2
f(x) = 3 sen(2x) + 15 sen(4x) + = n 1 4n - 1 sen(2nx):
• f(x) = sen(x=2). Temos:
2 x
bn = Z0 sen 2 sen(nx) dx; 8 n 1:
Calculemos uma primitiva:
x - sen (x=2) cos (nx) 1 x
Z
sen 2 sen(nx) dx = n + 2n Z cos 2 cos(nx) dx
= - sen(x=2) cos(nx) +
n 1 Z
+ 21n cos(
2nsen +2 n sen 2 sen(nx) dx
x= ) (nx) x

= - sen(x=2) cos(nx) + cos(x=2) sen(nx)


n 2n2
Z
1 sen x
2
+ 4n 2 sen(nx) dx
Isolando, obtemos:
2
x 4n - sen(x=2) cos(nx) cos (x=2) sen(nx)
Z 2 2
sen 2 sen(nx) dx = 4n - 1 n + 2n
Disto segue que:
2 -2 4n
2 4n - cos(n ) 2 4n 4n -1
2
4n -1 se n é par
bn = =- 2 4n
2 2
4n - 1 n 4n - 1 cos(n ) = 2 se n é ímpar
A expansão procurada é:
24 28 2 12 2 X 4n

n+1 2
f(x) = 3 sen x- 15 sen(2x)+ 35 sen(3x)+ = (-1) 4n - 1 sen(nx):
n 1

• f(x) = senh(ax). Suponha que a 6= 0, caso contrário não há o que fazer. Temos
que:
2

bn = Z 0 senh(ax) sen(nx) dx; 8 n 1


11
Calculemos uma primitiva:

Z - senh( ax ) cos(
nx ) a
Z
senh(ax) sen(nx) dx = n +n cosh(ax) cos(nx) dx

= - senh(ax) cos(nx)+ n
Z
+n cosh( nsen -n senh(ax) sen(nx) dx

a ax) (nx) a

= - senh(ax) cos(nx) + a cosh(ax) sen(nx)-


nn2
2
a
2
Z
-n senh(ax) sen(nx) dx
Isolando:
2
n - senh( ax nx a cosh( ax) sen (nx)
Z ) cos( )

senh(ax) sen(nx) dx = a2 + n2 n + n
2

Disto segue que:


2
2 n - senh(a ) cos(n ) - n
bn =
2

a 2
+n 2
n = a + n2
2
senh(a ) cos(n )
= - 2 a2+nn2 senh(a ) se n é par
2 n
2 2 senh(a ) se n é ímpar
a +n

Logo, a expansão procurada é:

2 1 2 2
2 2
f(x) = 1+a senh(a ) sen x - 4+a senh(a ) sen(2x) +
n+1 n
=2 senh(a ) n 1
(-1) 2
n +a
2
sen(nx):

Exercício 3. Desenvolver, no intervalo [0; ] em séries de cossenos:

(a) f(x) = cos ax

(b) f(x) = cosh ax

(c) f(x) =

1 se 0

=2
0 se

=2 < x

Solução: Como consideramos extensões pares, teremos bn = 0 para todo n 1, em todos


os casos.
(a) f(x) = cos(ax). Suponha a 6= 0, caso contrário o problema já está resolvido no item
(1) do exercício 1. Temos:

a0 =
1 Z
- cos(ax) dx =
2 Z 0 2
cos(ax) dx = a sen(ax) 0 = 2
sen(a )
a
=
a 20
=
sen(a )
a
:
)
12
E também:
2
an = Z 0 cos(ax) cos(nx) dx:
Achemos uma primitiva primeiro:

Z cos (ax) sen(nx) a Z


cos(ax) cos(nx) dx = n + n sen(ax) sen(nx) dx
= cos(ax) sen(nx)+ n
+ Z
n - sen( n cos +n cos(ax) cos(nx) dx

a ax) (nx) a
2
cos (ax) sen(nx) a a
2 2 Z
= n - n sen(ax) cos(nx) + n cos(ax) cos(nx) dx
Isolando:
2
n cos (ax) sen(nx) a
Z 2 2 2
cos(ax) cos(nx) dx = n - a n - n sen(ax) cos(nx) :
Com isto, vem:
2
2 n a 2 a
an = n2 -a 2
- n2 sen(a ) cos(n ) = a2 - n2 sen(a ) cos(n )
2 a
2 2 sen(a ) se n é par
= a -n
2 a
- a2- n2 sen(a ) se n é ímpar
E assim obtemos a expansão procurada:
sen(a ) 2 a 2 a
2 2
f(x) = a - a - 1 sen(a ) cos x + a - 4 sen(a ) cos(2x) +
n
sen(a ) 2a (-1)
= + sen(a ) cos(nx):
n 1
a a 2 - n2

X
(b) f(x) = cosh(ax). Temos:
a = 0
0
2
Z 0 cosh(ax) dx = 2 senh(ax)
a 0
= 2 senh(a )
a = a
2 = a
senh(a )
:
)

Para n 1: 2
an = Z 0 cosh(ax) cos(nx) dx:
Calculemos uma primitiva:
ax) (nx) a
Z cosh( sen Z
cosh(ax) cos(nx) dx = n -n senh(ax) sen(nx) dx
= cosh(ax) sen(nx) -
n Z
-n - senh( n) cos(nx) + n cosh(ax) cos(nx) dx
a ax a
2
ax) (nx) a senh( ax nx ) a
cosh( sen ) cos(

2 2
Z
= n - n -n cosh(ax) cos(nx) dx
13
Isolando:
2
Z n cosh(ax) sen(nx) a senh(ax) cos(nx)
2 :
2 2 n
cosh(ax) cos(nx) dx = n + a n -
Desta forma:
2
2 n a senh(a ) cos(n ) 2 a
a n = n2 + a 2 n
2
= 2
n +a
2 senh(ax) cos(n )
2 a
2 2 senh(a ) se n é par
= n +a
2 a
- n2+ a2 senh(a ) se n é ímpar
Com isto obtemos a expansão:
senh(a ) 2 a 2 a
2 2
f(x) = a - 1 + a senh(a ) cos x 4+a senh(a ) cos(2x) +
n
senh(a ) 2a (-1)
= + senh(a ) cos(nx):
n 1
a n2 + a2

X
(c) f(x) = 1 se 0 x=2 . Para n = 0 temos:
0 se =2 < x

2 =2 2 a 1
0

a0 = Z0 dx = 2 =1 = 2 =2 :

E para n 1: )
a
Z =2 =2 2n
n= 0 0 2 se n é par
2 2 2 n n se n é ímpar

cos(nx) dx = n sen(nx) = n sen = -2

Assim a expansão procurada é:


2 X (-1)
n+1
1 2 1 2 1

f(x) = 2 + cos x - cos(2x) + 3 cos(3x) + = 2 + n 1 n cos(nx):

Exercício 4. Use (5) do exercício 1 e calcule a soma:


X 1 2
2
n = 6
n 1

Solução: Obtivemos:
X n
2 2 (-1)
x = +4 2 cos(nx):
3 n
n 1
n
Faça x = . Notando que cos(n ) = (-1) , temos:
2 X 1 2 X X 2
2 1 1
= =4 2
= +4 = = :

3 n
2 ) 3 n
2 ) n
2
6
n 1 n 1 n 1

14
1.3 Espaços de Banach
Exercício 1. Mostre que c, o espaço vetorial das sequências convergentes, munido da
norma do supremo é um espaço de Banach.
(n)
Solução: Seja ( n)n 0 = ((xk )k 0)n 0 uma sequência de k k -Cauchy. Dado > 0,

existe n0 2 N tal que: 1


kn- mk < ; 8 m; n > n0
(n) 1
sup jx - x(m )j ; m; n; > n0
k k 8
k 0

(n) (m)
jxk - xk j ; 8 m; n > n0; 8 k 0;
(n)
então fixado k, (xk )n 0 é uma sequência de Cauchy em C, logo converge. Ponha
(n)
xk = limn +
= (x )
xk . c
!1
Defina . Provemos que
k k 0 . Como cada n converge (por estar em
(n)
(n) 2
c), existe o limite x = limk + kx (n)
. Afirmo que (x )n 0 é de Cauchy. Existem
n;n N tais que m; n > n implica jx(n) - x(m)j < =3, pois (x(n)) n 0
é de Cauchy, e
1 2
2 1 !1 k k k
(n) (n) (n) k!+1 (n)
k > n2 implica jx - xk j < =3, pois xk x . Se n0 = maxfn1; n2g, m; n > n0,
k > n temos que:
,
e fixamos um certo 0 (n) (n) (m) ! (m)
(n) (m) (n) (m)
jx - x j jx - xk j + jxk - xk j + jxk - x j< 3 + 3 +3 = :
(n)
Como C é completo, existe o limite x = limn + x . ;n;n N tais que:
x Seja > 0. Existem n

Agora afirmo que converge para . !1 1 2 32

(n) (n) n!+1


n > n1 = jxk - xk j < 3 ; pois xk xk
(n) (n) k ! + 1
)
- x(n)j < ; pois xk !
3

k > n2 = jxk x(n)


) n +!
n > n3 = jx(n) - xj < ; pois x(n) x
!!1 ) 3
Se n0 = maxfn1; n2; n3g e n; k > n0, valem todas as condições acima simultaneamente.
Daí:
( n) ( n) (n) (n)
jxk - xj jxk - x k j + jx k - x j + jx - xj < 3 + 3 + 3 = :
k k1
Portanto 2 c. Agora falta verificar que n . Seja > 0. Existe n0 2 N tal que:
kn- mk < ; 8!
m; n > n 0
(n) 1
sup jx - x(m )j < ; m; n > n0
k k 8
k 0
(n) (m)
jxk - xk j < ; 8 m; n > n0; 8 k 0
(n)
lim jx - x(m)j ; n>n ; k
m + k k 8 0 8 0
(n)
!1 jxk - xkj ; n > n0; k 0
(n)
8 8
sup jxk - xkj ; 8 n > n0
k 0

! k n - k1 ; 8 n > n0;
2

k k1
logo n c. Assim c é um espaço de Banach.
15
Exercício 2 (Soma direta externa). Sejam (X; k k) e (Y; k k0) espaços normados.

(a) Mostre que kj kj : X Y ! R 0 dada por kj(x; y)kj = maxfkxk; kyk0g é uma norma em X
Y. Mostre também que tal norma gera a topologia produto em X Y.
(b) Se X e Y são espaços de Banach, mostre que (X Y; kj kj) é um espaço de Banach.

(X Y; kj kj) é chamado de soma direta externa de X e Y.


Solução:
0 0
(a) Vamos mostrar que kj kj é uma norma. Fixe (x; y); (x ; y ) 2 X Y e 2 C. Temos que
kj(x; y)kj 0 por ser o máximo entre dois termos não-negativos. E kj(x; y)kj = maxfkxk;
kyk0g = 0 implica que kxk = kyk0 = 0, onde x = 0 e y = 0. Logo (x; y) = 0. Ainda,
temos que:

kj (x; y)kj = kj( x; y)kj = maxfk xk; k yk0g = maxfj jkxk; j jkyk0g
= j j maxfkxk; kyk0g = j jkj(x; y)kj:
E por fim, temos que:

0 0 0 0
kx + x k kxk + kx k kj(x; y)kj + kj(x ; y )kj;
0
e analogamente partindo de ky + y k0. Tomando o máximo obtemos:

0 0 0 0 0 0
kj(x; y) + (x ; y )kj = kj(x + x ; y + y )kj kj(x; y)kj + kj(x ; y )kj:

Agora vamos provar que esta norma gera a topologia produto. Uma base desta é
B = fU V j U 2 k k; V 2 k k0 g. Primeiro, provemos que fixado r > 0, vale que:
Bkj kj((x; y); r) = Bk k(x; r) Bk k0 (y; r):

Rapidamente, se (p1; p2) 2 Bk k(x; r) Bk k0 (y; r), então kx - p1k; ky - p2k0 < r,
e daí kj(x; y) - (p1; p2)kj < r, e segue que (p 1; p2) 2 Bkj kj((x; y); r). E por outro lado, se
(p1; p2) 2 Bkj kj((x; y); r), então maxfkx - p1k; ky - p2k0g < r implica que
kx - p1k; ky - p2k0 < r, logo p1 2 Bk k(x; r) e y 2 Bk k0 (y; r). Concluímos que (p1; p2)
2 Bk k(x; r) Bk k0 (y; r). Assim, vale a igualdade proposta.
Em vista disto, toda bola aberta segundo kj kj está em B. Agora vamos provar que
todo elemento não-vazio de B contém alguma bola aberta segundo kj kj. Se U V 2 B
é não vazio, fixe x 2 U e v 2 V. Como U e V são abertos nos seus respectivos
espaços, existem r1; r2 > 0 tais que Bk k(x; r1) U e Bk k0 (y; r2) V. Seja r = minfr1; r2g.
Então temos que:
Bkj kj((x; y); r) = Bk k(x; y) Bk k0 (y; r) Bk k(x; r1) Bk k0 (y; r2) U V:

Portanto as topologias geradas são as mesmas.

16
(b) Seja (zn = (xn; yn))n 0 uma sequência de kj kj-Cauchy em X Y. Então dado
> 0, existe n0 2 N tal que se m; n > n0, temos:
kxn - xmk; kyn - ymk0 kjzn - zmkj < ;
donde (xn)n 0 e (yn)n 0 são sequências de Cauchy em X e Y, respectivamente.
Como estes são espaços de Banach, existem x 2 X e y 2 Y tais que x n
y y k k0 z kj kj (x; y) > n
kk xe
N grande

n ! . Afirmo que n ! . Com efeito, seja 0. Existe 0 2 !


3
o suficiente tal que n > n0 implica kxn - xk; kyn - yk < . Tomando o máximo vem que
kjzn - (x; y)kj < , portanto (zn)n 0 converge e X Y é um espaço de Banach também.

Exercício 3.

(a) Mostre que:


1

Z
kfk1 = 0 jf(x)j dx
é uma norma em C([0; 1]), mas é apenas uma semi-norma no espaço das funções
Riemann-Integráveis.

(b) Verifique se (C([0; 1]); k k1) é um espaço de Banach.

(c) Qual é a relação (no sentido da inclusão) entre as topologias geradas por k k1 e k

k1?

Solução:
1
(a) É claro que kfk1 = 0 jf(x)j dx 0 qualquer que seja f 2 C([0; 1]). Agora se
1 R
kfk = 0 jf(x)j dx = 0, podemos concluir seguramente que f = 0 se f for contínua.
Caso R 2

contrário, podemos apenas concluir que f = 0 q.t.p.. Se C, temos:


1 1 1

Z Z Z
k fk1 = 0 j f(x)j dx = 0 j jjf(x)j dx = j j 0 jf(x)j dx = j jkfk1:
E se f; g 2 C([0; 1]), vale que:
j(f + g)(x)j = jf(x) + g(x)j jf(x)j + jg(x)j; 8 x 2 [0; 1];

e integrando, temos:
1 1 1 1

Z
kf+gk1 = 0 j(f+g)(x)j dx Z 0 jf(x)j+jg(x)j dx = Z0 jf(x)j dx+ Z 0 jg(x)j dx = kfk1+kgk1:
As verificações de k fk1 = j jkfk1 e kf + gk1 kfk1 + kgk1 também valem para
f; g 2 R([0; 1]).
3
Um para cada sequência coordenada e já tomamos o máximo.

17
(b) O espaço não é completo. Seja (fn)n 0 C([0; 1]), dada por:
0 se x < 1 - 1
2n
2

1 1 1 1 1
fn(x) = 8n x - 2 + 2n se 2 - 2n x 2 +
>>
2
1
2n
1

+
:

<1 se x >
1
2n
Vejamos que a sequência é de Cauchy. Temos que se p 2 N, vale que:
1 1 1 1
f -f 2 + 2n 2 + 2n
n+p n 1 = jfn+p(x) - fn(x)j dx jfn+p(x)j + jfn(x)j dx
1 Z 1
k k Z 1
2 - 2n
1
2 - 2n
1
1 1 1 1 2n
1

2 + 2n +

+ -
Z 1 1

!1
2 dx = 2 2 2n 2 + 2n =n2 ! 0: - 2n
Agora suponha por absurdo que a sequência convirja para uma função contínua f 2
C([0; 1]). Então devemos ter limn!+1 kfn - fk1 = 0. Isto é:
kfn - fk1 =
- 1 + 1 f(x) - n x -
1
2
0
2n
jf(x)j dx +
1 1 Z1 1
2
2
1
- 21 n
2n
2 + 2n dx +

Z Z

jf(x) - 1j dx;
1 1
2 +2 n

e passando ao limite temos:


1=2 1

Z0 jf(x)j dx + Z 1=2 jf(x) - 1j dx = 0


Como as integrais são não-negativas, cada uma é zero. Por continuidade, f deve ser
0 em [0; 1=2] e 1 em [1=2; 0], um absurdo.
(c) Afirmo que a topologia gerada por k k 1 não está contida na topologia gerada por k
k1. Considere B1(0; 1). Vamos mostrar que B 1(0; 1) tem interior vazio na topologia
4
gerada por k k1. Vamos mostrar que nenhuma bola B 1(’; r) está contida em B 1(0; 1).
Suponha agora que r 1. Defina fn : [0; 1] ! R pondo:

2
p 1
fn(x) = ’(x) + r (-n x + n) se x n
1

’(x) se x > n
p
Como r 1, temos que kf n - ’k1 = r=2 para todo n 1, donde f n - ’ 2 B1(0; r) para todo n 1. Como
estamos em um espaço normado, temos f n 2 Bp1(’; r) qualquer que seja n. Porém
escolhendo n 2 N grande o suficiente tal que n r > 1, temos que pfn 62B1(0; 1). Se 0 < r < 1, é
2
feita uma construção análoga com r ao invés de r e repete-se o argumento. Portanto B 1(0;
1) não é um aberto segundo
k k1.
Por outro lado, todo aberto segundo k k1 é um aberto segundo k k1. Com
efeito, dada uma bola qualquer B1(’; r), vale que B1(’; r) B1(’; r), pois se
f 2 B1(’; r), temos que:
Z1 Z1 Z1
kf - ’k1 = jf(x) - ’(x)j dx kf - ’k1 dx r dx = r:
0 0 0

Concluímos que 1 ( 1. A topologia 1 é estritamente mais fina que a topologia


1.
4
Na verdade estamos exagerando, pois basta mostrar que B1(0; 1) 6= intk k1 (B1(0; 1)).

18
Exercício 4. Definimos ‘1 = fx = (xn)n 0 j kxk1 = supn 0 jxnj < +1g, o espaço das
sequências limitadas munido da norma do supremo k k1.
(a) Mostre que ‘1 é um espaço de Banach.
(b) Mostre que c é um subespaço de ‘1. Conclua que se c é fechado (mostre), então c é
um espaço de Banach, utilizando o resultado abaixo.
(c) Mostre que c0 = fx = (xn)n 0 j limn!+1 xn = 0g, o espaço das sequências conver-gentes
a zero, com a norma do supremo, é um subespaço fechado de c, e portanto
completo.
Solução:
(a) Seja ( n)n 0 = ((x(kn))k 0)n 0 uma sequência de k k1-Cauchy. Dado > 0, existe n0 2 N tal
que:
kn- mk < ; 8 m; n > n0
(n) 1
sup jx k
- x(m )j
k
; 8 m; n; > n0
k 0
(n) (m)
jxk - xk j ; 8 m; n > n0; 8 k 0;
( n)
então fixado k, (x k )n 0 é uma sequência de Cauchy em C, logo converge. Ponha
(n)
xk = limn!+ 1 xk . kk N
Defina = (xk)k 0. Verifiquemos que n 1 . Seja > 0. Existe n0 tal

que: ! 2
kn- mk < ; 8 m; n > n0
(n) 1
sup jx k
- x(m )j < ; 8 m; n > n0
k

k 0
(n) (m)
jxk - xk j < ; 8 m; n > n0; 8 k 0
(n)
lim jx - x(m)j ; n>n ; k
m + k k 8 0 8 0
1 (n)
! jxk - xkj ; n > n0 ; k 0
(n)
8 8
sup jxk - xkj ; 8 n > n0
k 0

logo n k k1 . k n - k1 ; 8 n > n0;


!
Só falta verificar que 2 ‘ 1. Pelo feito acima, existe n 0 2 N tal que k n0 - k1 < 1, donde
n0 - 2 ‘1. Com isto, = n0 - ( n0 - ) 2 ‘1, e assim c é um espaço de Banach.

(b) Primeiro vejamos que c é um subespaço de ‘ 1. Temos que 0 = (0)n 0 2 c, e se (xn)n 0;


(yn)n 0 2 c e 2 C, temos xn ! x e yn ! y, donde xn+ yn ! x+ y, logo (xn + yn)n 0 2 c.
Vejamos agora que c é fechado. Se 2 c, existe uma sequência em c que converge
para . Esta sequência, em particular, é uma sequência de Cauchy, e pelo feito no
exercício 1 desta seção, converge para um elemento de c. Por unicidade dos limites
5
em espaços normados , esse elemento deve ser 2 c.
5
Em geral, em espaços topológicos de Hausdorff.

19
Concluímos novamente que c é um espaço de Banach.

(c) Primeiro vejamos que c0 é um subespaço de c. Temos que 0 = (0) n 0 2 c, e se (x n)n

0;(yn)n 0 2 c e 2 C, temos xn ! 0 e yn ! 0, donde xn+ yn ! 0+ 0 = 0, logo (xn + yn)n 0 2 c.


Vejamos agora que c0 é fechado. Seja = (xk)k 0 2 c0. Então existe ( n)n 0 =
k k1
c0 tal que n ! . Dado > 0, existe n0 2 N tal que n n0
( n)
((x k )k 0)n 0
( n)
implica k n - k1 < =2, isto é, temos então que jx k - xkj < =2 para todo
n
n > n0, para todo k 0. Porém n0 2 c0, então existe k0 2 N tal que k > k0 implica jx k0 j
< =2. Então nestas condições temos que:

( n0) ( n ) ( n ) n 0
jxkj = jxk - x k +xk 0j jxk - x k 0 j + jx k j<2+2= :

Assim 2 c0 e c0 c0 c0 nos dá que c0 = c0, isto é, que c0 é fechado.


Concluímos que c0 é um espaço de Banach com a norma k k 1.

Exercício 5 (Resultado). Todo subespaço fechado de um espaço de Banach é um


espaço de Banach. Reciprocamente, todo subespaço de Banach de um espaço
normado é fechado.

Solução: Seja (X; k k) um espaço de Banach e F X.


Se F é fechado, tome (xn)n 0 uma sequência de Cauchy em F. Então (x n)n 0 é, com
maior razão, uma sequência de Cauchy em X, e portanto converge, x n ! x 2 X. Mas
como xn 2 F para todo n, xn ! x 2 F = F, pois F é fechado. Logo F é completo.
Se F é Banach, tome x 2 F. Então existe (x n)n 0 em F tal que xn ! x. Como F é

completo, a sequência deve convergir para algum valor de F. Por unicidade dos limites,

x 2 F. Portanto F F F =) F = F e F é fechado.

Exercício 6. Dizemos que um espaço métrico M é separável se existe um subconjunto


D M denso e enumerável. Mostre que se X é separável, qualquer subconjunto de X é
separável. Consequentemente, qualquer subespaço de X é separável.

Solução: A solução disto se baseia do fato de que para espaços métricos, ter base
enumerável é equivalente a ser separável. Com efeito, suponha que M tenha uma base
de abertos enumerável, fUn j n 0g. Fixe xn 2 Un, para cada n. Então afirmo
que D =
for um S 0 n0 n0 2 \

fxn j n 0g é denso e enumerável. Que é enumerável é claro. E se


aberto não vazio, existe n 0 tal que U , e assim x D . Esta
implicação vale para espaços topológicos quaisquer.
Agora suponha que M seja um espaço métrico separável. Afirmo que: B =
fB(p; 1=n) j p 2 D; n 1g é uma base enumerável de abertos para M. Que B é
enumerável é claro. Vejamos que é base. Seja um aberto não vazio e fixe x 2 .

Como é aberto, existe r > 0 tal que B(x; r) . Agora tome n 1 tal que

20
1=n < r=2. Como D é denso, existe p 2 B(x; 1=n) \ D. Por simetria, se p 2 B(x; 1=n),
então x 2 B(p; 1=n). Agora seja z 2 B(p; 1=n). Temos:
1 1 r r
d(x; z) d(x; p) + d(p; z) < n +n <2 +2 = r;
donde temos que z 2 B(x; r) e portanto B(p; 1=n) B(x; r). Disto segue que x 2
B(p; 1=n)e B é base.
E se M tem base enumerável, qualquer subespaço de M também tem - uma base é
dada pela interseção dos elementos da base de M, com o subespaço.
Então se A X e X é separável, X tem base enumerável. Logo A tem base enumerável,
e daí A é separável.

Exercício 7. Dado K um espaço topológico compacto, definimos C(K) = ff : K ! C j f é


contínuag. Mostrar que C(K) equipado com a norma do sup, kfk1 = supfjf(x)j j x 2 Kg, a
usual, é um espaço de Banach.
Solução: De fato C(K) é um espaço vetorial com as operações definidas pontual-mente,
pois todas as propriedades das operações são herdadas das operações de C, e ainda
mais, a soma de funções contínuas é contínua, e o produto de uma função contínua por
um escalar é contínua. Verifiquemos isso: sejam f; g 2 C(K) e 2 C. Se = 0, f + g = f 2
6
C(K). Se 6= 0, seja > 0 e x 0 2 K arbitrário. Existe uma vizinhança pequena o suficiente ,
V, tal que se x 2 V valem:

jf(x) - f(x0)j < 2 e jg(x) - g(x0)j < 2j j


simultaneamente. Nestas condições:

j(f + g)(x) - (f + g)(x0)j = jf(x) + g(x) - f(x0) - g(x0)j = jf(x) - f(x0) + (g(x) - g(x0))j jf(x) - f(x0)j + j
(g(x) - g(x0))j = jf(x) - f(x0)j + j jjg(x) - g(x0)j

< 2 + j j 2j j = ;
e assim f + g 2 C(K), pois x0 2 K era qualquer.
Vejamos agora que k k 1 é norma. Fixemos f; g 2 C(K) e 2 C novamente. Claro
que k k 0 por ser o k k
f 12 máximo entre números não-negativos.
2
E f 1 = 0 implica
que supx K jf(x)j = 0, e assim jf(x)j = 0 para todo x K. Isto é, f(x) = 0 para todo
x 2 K e concluímos que f = 0. Também temos:
k fk = sup j f(x)j = sup j jjf(x)j = j j sup jf(x)j = j jkfk :
1 x2K x2K x2K 1
E por fim, temos:
jf(x) + g(x)j jf(x)j + jg(x)j kfk1 + kgk1

para todo x 2 K, então tomando o supremo no lado esquerdo segue que kf + gk 1 kfk1 +
kgk1.
6
Uma vizinhança para cada função, e já tomamos a interseção, que continua sendo uma
vizinhança de x0.

21
Agora vejamos que C(K) é completo com essa norma. Seja ff ngn 0 uma sequência de
k k1-Cauchy in C(K). Seja > 0. Então existe n0 2 N tal que:
kfn - fmk 1 < ; 8 m; n > n0
sup n( ) - m( 8 0
jf x f x)j < ; m; n > n
x2K

jfn(x) - fm(x)j < ; 8 m; n > n0; 8 x 2 K


Assim, fixado x 2 K, ff n(x)gn 0 é uma sequência de Cauchy em C, e portanto converge.
Chame f(x) = limn!+1 fn(x) o limite. Então temos definida uma função f : K ! C
dada pela regra acima. Agora provaremos que fn k k1 f. Seja > 0. Então existe

n0 2 N tal que: !
kfn - fmk 1 < ; 8 m; n > n0
sup n( )- m( 8 0
jf x f x)j < ; m; n > n
x2K
jfn(x) - fm(x)j < ; 8 m; n > n0; 8 x 2 K
lim jf (x) - f (x)j ; n>n ; x K
m + n m 8 0 8 2

!1 jfn(x) - f(x)j ; 8 n > n0; 8 x 2 X


sup jfn(x) - f(x)j ; 8 n > n0
x2K

kfn - fk1 ; 8 n > n0


Por fim, verificaremos que f 2 C(K), isto é, que f é contínua em um ponto x 0 2 K
arbitrário. Seja > 0. Então existe n 0 2 N tal que kfn0 - fk1 < =3, pelo feito acima. Esta
particular fn0 é contínua, então existe uma vizinhança V de x 0 tal que x 2 V =) jfn0 (x) - fn0
(x0)j < =3. Desta forma, se x 2 V temos:

jf(x) - f(x0)j jf(x) - fn0 (x)j + jfn0 (x) - fn0 (x0)j + jfn0 (x0) - f(x0)j < 3 +3 + 3 = ;
! 2 2
k k1
donde f é contínua em x0 e assim fn f C(K), visto que x0 K era qualquer.

22
2 Lista 2
Exercício 1. Mostre que a função
p
j j : C ! R dada por jzj = zz

é uma norma, e que (C; j j) é um espaço de Banach (completo).

Solução: Que C é um espaço vetorial com as operações usuais é claro. Se z = x+iy,


p
2 2
tem-se jzj = x + y . Claro que jzj 0 para todo z 2 C. E:
p
2 2 2 2
jzj = x + y = 0 =) x + y = 0 =) x = y = 0 =) z = 0;
2 2
usando que x; y 2 R e que x ; y 0. Ainda:
p
p p
p
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
j zj = ( x) + ( y ) = x + y = (x + y ) = j j x + y = j jjzj;
para todo 2 R. E se w 2 C, tem-se:
2
jz + wj = (z + w)(z + w) = (z + w)(z + w)
2 2
= zz + zw + zw + ww = jzj + 2 Re(zw) + jwj
2 2 2 2
jzj + 2jzwj + jwj = jzj + 2jzjjwj + jwj
2
= (jzj + jwj) ;
e extraindo raízes obtemos jz + wj jzj + jwj. Assim j j é norma. Agora vamos provar que
(C; j j) é Banach. Seja (zn)n 0 C uma sequência de Cauchy. Para cada n, ponha z n = xn +
iyn. Dado > 0, existe n0 2 N tal que se m; n > n0, então:
p p
2 2 2
jxn - xmj = (xn - xm) (xn - xm) + (yn - ym) = jzn - zmj < ;
donde (xn)n 0 e, analogamente, (yn)n 0 são sequências de Cauchy em R, que assumi-
remos completo. Portanto existem x; y 2 R com xn x e yn y. Se z = x + iy 2 C,
2. !

afirmo que zn z. 7
p 2N ! n j jj
Seja > 0. Existe n0 grande o suficiente tal que n > !0 implica xn -x ; yn -

yj < = Nestas condições:


s
jzn - zj = p
(x n - x)2 + (y n
- y)2 p2 + p2 =
r =
p
2 = :

2 2
2 +2

2 2

Logo zn ! z e C é completo.

Exercício 2. Seja K um espaço compacto. Indicamos por C(K) o conjunto das funções
contínuas do espaço K em C, munido da norma:

kfk1 = supfjf(x)j j x 2 Kg:

Para K = [a; b] R mostre que (C([a; b]); k k1) é um espaço completo.


7
Um n0 para cada sequência e já tomamos o máximo.

23
Solução: Feito anteriormente (no caso geral).

Exercício 3 (P1). Sejam E e F espaços normados e f : E ! F uma aplicação linear.


Mostre que as seguintes sentenças são equivalentes:
(i) f é contínua na origem 0 2 E.

(ii) supkxk 1 kf(x)k = M < +1

(iii) Existe C > 0 tal que kf(x)k Ckxk para todo x 2 E.


(iv) f é contínua.

Solução:

(i) =) (ii): Dado = 1 > 0, existe > 0 tal que kxk < =) kf(x)k < 1. Sendo x 2 E com kxk, o
vetor x=2 satisfaz k x=2k = =2 < , portanto vale que kf( x=2)k < 1, daí kf(x)k < 2= .
Como x nestas condições é arbitrário, tomando o sup vem que sup kxk 1 kf(x)k 2= <
+1.
(ii) =) (iii): Fixe M = supkxk 1 kf(x)k < +1. Seja x 2 E qualquer, com x 6= 0 (pois se x =
0 a desigualdade vale trivialmente). Então x=kxk tem norma 1 e daí kf(x=kxk)k M,
donde kf(x)k Mkxk, para qualquer x 2 E.
(iii) =) (iv): Se C = 0 nada há o que fazer. Se C > 0, seja > 0, fixe x0 2 E, e tome = =C
> 0. Se x 2 E é tal que kx - x0k < , então:

kf(x) - f(x0)k = kf(x - x0)k Ckx - x0k < CC = :


Portanto f é contínua em x0 2 E, e como x0 é arbitrário, f é contínua.

(iv) =) (i): Trivial.

Exercício 4. Seja (E; h ; i) um espaço vetorial sobre C equipado com um produto


interno. Mostre que para todos os x; y 2 E:

jhx; yij kxkkyk:


i i
Sugestão: hx; yi = e jhx; yij e calcule o quadrado da norma de x + e y.

Solução: Se hx; yi = 0, nada há o que fazer. Suponha que hx; yi 6= 0. Para todo
2 C vale que hx - y; x - yi 0. Assim:
hx; xi - hx; yi - hy; xi + hy; yi 0
2 2 2
kxk - hx; yi - hx; yi + j j kyk 0
2 2 2
kxk - 2 Re( hx; yi) + j j kyk 0

24
8 2
Se vale para todo 2 C, vale para os da forma = tjhx; yij=hx; yi, com t 2 R. Note que j j =
2 2
jtj = t . Temos que:
h i ! 2 2 2 2 2
kxk2 - 2 Re t x; y hx; yi + t kyk 0 = kxk - 2t jhx; yij + t kyk 0
j x; y j

h i )
A expressão acima é um polinômio de segundo grau em t que nunca troca de sinal,
portanto seu discriminante é menor ou igual a zero:
2 2 2
4jhx; yij - 4kxk kyk 0 =) jhx; yij kxkkyk;

após dividir por 4 e extrair raízes.

Exercício 5. Mostre que a aplicação fy(x) = hx; yi é linear e contínua, para cada y 2 E
fixado, e que
kfyk1 = sup jfy(x)j = kyk:
kxk 1

Solução: Que fy é linear segue da bilinearidade de h ; i. De fato, dados x1; x2 2 E e 2 C,


temos:
fy(x1 + x2) = hx1 + x2; yi = hx1; yi + h x2; yi
= hx1; yi + hx2; yi = fy(x1) + fy(x2)
Se y = 0, então fy é a função nula, logo é contínua trivialmente. Se y 6= 0, seja
> 0, = =kyk > 0, x0 2 E qualquer, e x 2 E com kx - x0k < . Daí:
jfy(x) - fy(x0)j = jhx; yi - hx0; yij = jhx - x0; yij

x-x y < y = ;
k 0 kk k kykk k
e portanto fy é contínua.
Note que kyk é uma cota superior de conjunto fjf y(x)j j kxk 1g, pois por Cauchy-
Schwarz temos que jfy(x)j = jhx; yij kxkkyk kyk, se kxk 1. Agora vejamos que o valor de
fato é atingido. Ora, o vetor y=kyk tem norma 1 e vale que:
fy y = y ;y = y hy; yi = y kyk2 = kyk:
y
kk
y
kk
1 kk
1
kk

Portanto supkxk 1 jfy(x)j = kyk.

Exercício 6. Sejam (xn)n 0 e (yn)n 0 duas sequências convergentes, xn ! x; yn ! y, de um


espaço pré-Hilbertiano E. Mostre que hxn; yni ! hx; yi.
8 Esta escolha de não é aleatória - é feita para que o termo dentro da parte real na expressão acima torne-se de
fato real, e recaímos na demonstração conhecida da desigualdade para o caso real.

25
Solução: Sabemos que toda sequência é limitada. Então existe M > 0 tal que kxnk; kyk
9
< M para todo n 0. Dado > 0 qualquer, existe n 0 2 N suficientemente grande tal que n >
n0 =) kxn - xk; kyn - yk < =(2M). Então se n > n0:
jhxn; yni - hx; yij = jhxn; yni - hxn; yi + hxn; yi - hx; yij = jhxn; yn - yi + hxn - x; yij jhxn; yn
- yij + jhxn - x; yij kxnkkyn - yk + kxn - xkkyk

< Mkyn - yk + kxn - xkM < M 2M + 2M M

= 2 +2 = ;

portanto hxn; yni ! hx; yi.

Exercício 7. Seja (M; d) um espaço métrico. Dizemos que um subconjunto A M é


-denso em M, se para todo x 2 M
B(x; ) \ A 6= ?:

(i) Mostre que a reunião


[
A1 =D
n+1

é densa em M, onde é claro, cada A1=(n+1) é 1=(n + 1)-denso em M.


(ii) Suponha que M tenha base enumerável de abertos. Mostre que todo subconjunto
D M que for fechado e discreto é enumerável. Mostre que se An M é um conjunto
satisfazendo:
1
8 x; y 2 A ; x 6= y =) d(x; y) ;
n n+1
então An é fechado e discreto.

(iii) Assuma a seguir que estes subconjuntos An são conjuntos 1=(n+1)-densos (maxi-
mais) em M e mostre que a sentença "todo subconjunto fechado e discreto D M é
enumerável"implica que M tem uma base de abertos que é enumerável.

Solução:

(i) Seja M um aberto não vazio. Tome x 2 . Como é aberto existe r > 0
tal que B(x; r) . Como R é arquimediano, existe n 2 N tal que 1=(n + 1) < r, de modo
que B(x; 1=(n + 1)) B(x; r) , e aí:
1 \ An+1\ A =) \ An+1 6= ?;
? 6= B x; n + 1 n+1
1 1 1

S
e daí segue de A1=(n+1) A1=(n+1) = D que \ D 6= ?, logo D é denso.
9
Um n0 para cada sequência e já tomamos o máximo - é uma passagem que costuma ser pulada
depois de se ter uma certa prática com esse tipo de demonstração.
26
(ii) Como M tem base enumerável, M é um espaço de Lindelöf. Como D é fechado, D
também é Lindelöf. Visto que D é discreto, para cada x 2 D existe r x > 0 tal que B(x;
rx) \ D = fxg. Então fB(x; rx)gx2D é uma cobertura aberta de D. Pela propriedade de
Lindelöf, existe I enumerável tal que:
!
DB(x; rx) = D B(x; rx) \ D = DB(x; rx) \ D;
[ ) [ ) [
x2I x2I x2I

isto é, D x2Ifxg.
também.
Como D está contido em um conjunto enumerável, D é
enumerável S
Para a segunda parte, basta notar que dada a condição do enunciado, para todo x
2 An tem-se que B(x; 1=(n+1))\A n = fxg, donde An é discreto. Para ver que é
fechado, seja p 2 An. Então existe (pn)n 0 An tal que pn ! p. Em particular, (pn)n 0 é
uma sequência de Cauchy. Dado = 1=(n + 1) > 0, existe n 0 2 N tal que n > n0
implica d(pn; pn0 ) < 1=(n + 1), e daí pn = pn0 para todo n > n0. Em outras palavras,
a sequência (pn)n 0 é eventualmente constante e igual a p n0 . Com isto, p = p n0 2 An
e An é fechado.
(iii) Suponha que todo fechado e discreto é enumerável. Pelo item (ii), cada A n é
enumerável. Com a hipótese de que cada An é 1=(n + 1)-denso, temos pelo item
S

(i) que D = n 0 An é denso. Mas D é a reunião enumerável de conjuntos


enumeráveis, portanto enumerável. Logo M é um espaço métrico separável (possui
um subconjunto enumerável e denso), e assim tem uma base de abertos
enumerável, a saber, fB(x; 1=n) j x 2 D; n > 1g.

Exercício 8.

(a) Estudar o espaço E das funções x definidas em toda a reta real R que admitem uma
P irt P
representação na forma x(t) = 2 cre , onde indica que somente um
rR
número finito dos cr é não nulo. Isto é:

fr 2 R j cr 6= 0g é finito.
Demonstrar que dados x; y 2 E, a expressão define um produto interno em E. O
espaço (E; h ; i) é completo?
(b) Mostre que E não é separável.

Solução:
2
(a) Vejamos que h ; i é um produto interno. Temos que x(t)x(t) = jx(t)j 0 para todo t 2
RT 2
R, donde - T jx(t)j dt 0 para todo T > 0. Dividindo por 2T e fazendo
T ! +1, a quantidade permanece não-negativa.
2
Por outro lado, se x 6= 0, existe um intervalo ]a; b[ onde jx(t)j não se anula,
donde existe T0 > 0 tal que jT0j maxfjaj; jbjg e:
1 b (b - a)m
Z 2
hx; xi 2T0 a jx(t)j dt 2T0 6= 0;
27
2
onde m > 0 é o mínimo de jx(t)j em ]a; b[.
Agora vejamos que h ; i é hermiteano. Para todo T > 0 vale que:

T T T

Z Z Z
-T x(t) y(t) dt = -T x(t) y(t) dt = -T x(t) y(t) dt:
Dividindo por 2T e fazendo T + segue que y; x = x; y .

A bilinearidade segue de: ! 1 h i h i


T T T

Z Z Z
(x(t) + y(t)) z(t)
-T dt = -T x(t) z(t) dt + -T y(t) z(t) dt;
dividindo por 2T e fazendo T + .
completo. Para cada n 1, ponha x (t) = P n
1 eikt

Afirmo que o espaço não é !1 n k=1 k .


É claro que xn 2 E para todo n 1. Vejamos que a sequência (x n)n 1 é de Cauchy. Para
todo p 2 N temos que:

x -x x -x ; x -x n+p 1 eikt; n+p 1 eijt


n+p n = n+p n n+p n =v
k k qh i u *
k=n+1 k j=n+1 j +
u X X
t
=
v =
v n+p 1
n + 0;

uX
1 eikt; eijt

i
n+p n+p 2

uXX
u
k =n +1 j =n +1
h
kj
u
k =n +1 k
!1

t t !
int
usando o exercício 15 adiante. Mas x x, com x(t) = 1 e ,ex E (pois
P
a soma não é finita). n! n 1n 62
(b) Novamente apelaremos para o exercício 15 a seguir. Considere o conjunto A = fe irt j r
2 Rg. O conjunto é não-enumerável, e dados r; s 2 R, com r 6= s, temos:
p
p
irt ist h i

keirt - eistk = eirt - eist; eirt - eist = p 1 - 2 0+ 1 = 2>1:


Como ke -e k>1 para todos os r; s 2 R com r 6= s, o conjunto A inicial
é discreto. Se D for denso, então conseguimos injetar A em D do seguinte modo:
para cada x 2 A existe rx > 0 com B(x; rx) \ A = fxg. Como D é denso, B(x; rx=2) \ D 6=
?, então fixe y nesta última interseção e defina f : A ! D pondo f(x) = y. Vejamos que f
é injetora. Sejam x1; x2 2 A e suponha por absurdo que y = f(x1) = f(x2). Então:

r 1 r 2
kx1 - x2k kx1 - yk + ky - x2k < 2 + 2 maxfr1; r2g;

onde r1 e r2 são os raios correspondentes a x1 e x2 na definição de f. Se r1 r2, temos


kx1 - x2k < r1 e logo x2 2 B(x1; r1). Como ambos estão em D, segue que x 2 = x1,
absurdo. Se r2 > r1 o tratamento é análogo. Portanto f é injetora.
Mas D era um denso qualquer, e que não pode ser enumerável pelo argumento
acima. Portanto E não possui nenhum subconjunto denso e enumerável, logo não é
separável.

28
Exercício 9. Mostre que num espaço pré-Hilbertiano real temos

2 2 2
kx + yk = kxk + kyk =) hx; yi = 0:

Mostre que o mesmo não vale para um espaço pré-Hilbertiano complexo. Sugestão:
y = ix.

Solução: Temos que:

2 2 2
kx + yk = kxk + kyk =) hx + y; x + yi = hx; xi + hy; yi =)
=) hx; xi + 2hx; yi + hy; yi = hx; xi + hy; yi =) 2hx; yi = 0;
donde hx; yi = 0, e usamos que o espaço é real.
Se o espaço for complexo, tome x 6= 0 e y = ix. Por um lado:
2 2 2 2 2
kx + ixk = k(1 + i)xk = j1 + ij kxk = 2kxk :
Por outro:
2 2 2 2 2 2 2 2
kxk + kixk = kxk + jij kxk = kxk + kxk = 2kxk :
Porém hx; ixi = -ihx; xi 6= 0.

Exercício 10 (P1). Seja fxigi2I uma família de números reais positivos. Suponha que
exista um número real > 0 tal que:
X
<!
8 F 2 [I] valha xi :
i2F
Mostre que esta família é somável e que tem por soma:

i2I
xi = sup i2F
xi j F 2 [I]<! :10

X X
Solução : Se denotarmos o supremo dado por
<!
M , então i2F xi para todo F 2
[I] implica que M < + . Agora basta verificar a definição de somabilidade.
P
Seja > 0. Então M - não é o supremo e daí existe F I, finito, tal que
1
M- < i 2
F xi. Agora se F I é finito e F F , como todos os xi são positivos,
temos que:

P
M - < xixi M<M+ = M - xi < :
i2F i2F i2F
X X )
X

Como F nas condições dadas é arbitrário, fx igi2I é somável e tem por soma M.

10 <!
A notação [I] indica a coleção de todos os subconjuntos de I com cardinalidade menor que !, isto
é, todos os subconjuntos finitos de I.

29
Exercício 11. Se fxigi2I e fyigi2I são famílias somáveis em um espaço normado, então fxi
+ yigi2I e f xigi2I, para todo 2 C, são tambem somáveis.
Solução >
P
x =x
P
y =y F(1); F(2) I
que: : Seja 0. Se i2I i e i2I i , existem , finitos, tais
(1)
F F ; finito = x- xi < 2
X
i2F

(2) )
F F y- yi < 2

X
; finito =

i2F
)

(1 ) (2)
Chame F = F [F . Então F I é finito, por ser uma união de dois conjuntos
finitos, e se F I é finito com F F , vale que:
(x + y) - (xi + yi) = x + y - xi - yi = x - xi + y - yi
X
i2F
X i2F
X
i2F
Xi2F
X i2F

x - xi + y - yi <2+2= ;
Xi2F
X i2F

logo i i i2I é somável e


fx + y g tem por soma x + y.
Agora seja fxigi2I somável com soma x e 2 C. Se = 0, então a soma é o vetor nulo e
nada há o que fazer. Caso contrário, existe F I, finito tal que se F I é finito com F F , vale
que:
< !
x - xi jj = j j x - xi < = x - xi <
X X X
) )
i2F i2F i2F

X X x < :
= x -xi < =) x - i
=

i2F i2F
é somável e tem por
Como F nas condições dadas é arbitrário, temos que f x igi2I
soma x.
Exercício 12. Dizemos que uma família fxigi2I de um espaço normado é absolutamente
somável se a família fkxikgi2I é somável. Mostre que num espaço normado e completo,
toda família absolutamente somável é uma família somável. Mostre que se E = R ou E =
C, vale a recíproca. Mostre que em ‘2(N) existem famílias somáveis não absolutamente
somáveis.

Solução: Primeiro provemos que absolutamente somável implica somável, em geral. Se


(xi)i2I é absolutamente somável, então (kx ik)i2I é somável e daí verifica a condição
de Cauchy. Dado > 0, existe F 2 [I]<! tal que se F0 2 [I]<! e F0 \ F , vale que:

X X
kxik = kxik < :
i2F0 i2F0

30
Nestas condições, vale que:
xi kxik < ;
X
i2F0
X i2F0

(x ) condição de Cauchy. Como o espaço é completo, segue


e daí i i2I também verifica a
que (xi)i2I é somável.
Para a recíproca, façamos a prova primeiro para R. Seja (x i)i2I uma família
somável em R. Então verifica a condição de Cauchy. Provemos que é absolutamente
somável. Seja > 0. Existe F 2 [I]<! tal que se F0 2 [I]<! e F0 \ F = ?, vale que
P

xi < =2. Seja F0 nas condições acima. Chame P = fi 2 I j x i 0g e N = I n P as partes


i2F0
positiva e negativa de I. Temos:
jxij = jxij + jxij jxij + jxij
X X X i2F0
X X i2F0\P i2F0\N i2F0\P i2F0\N

X
= X 0
i2F \P
xi + 2
0
i F \N
-xi = 0
i2F
X \P
xi + X 0
i2F \N
xi

< 2 +2 = ;
0 0
pois (F \ P) \ F = (F \ N) \ F = ?. Então (xi)i2I verifica a condição de Cauchy, e como R é
completo, (jxij)i2I é somável e daí (xi)i2I é absolutamente somável.
Agora seja (zj)j2I uma família somável em C. Afirmo que (Re(zj))j2I e (Im(zj))j2I
11
são somáveis . Se z = zj, afirmo que Re(z) = Re(zj), e analogamente para
2 [I] 2 [I] F , vale
j2I <! j2I <! verifica F
a outra. Seja > 0. Então existe F tal que se F
que z - i2F
P P
zj < . Daí nestas condições vale que:

Re(z) -
P Re(z j) = Re(z) - Re zj ! = Re z - z j! z - zj < :

Xj2I
Xj2F
X j2F
X i2F

Do mesmo modo para (Im(zj))j2I. Pelo trabalho feito em R, temos que (Re(z j))j2I e
(Im(zj))j2I são absolutamente somáveis, e assim as famílias dos seus respectivos
módulos verificam a condição de Cauchy.
Seja > 0. Então existem F(1); F(2) 2 [I]<! tais que:
0 <! 0 (1)
F 2 [I] ; F \ F =?= jRe(zj)j = jRe(zj)j < 2
X
)
j2F0
X
j2F0

F0 2[I] ; F0
<!
\F
(2) =?= X
j2F
0
jIm(zj)j =
j2F
0
jIm(zj)j < 2
)

(1 ) (2) <! <!


0 0
Então F = F [F 2 [I] . Se F 2 [I] e F \ F = ?; valem ambas as condições
11
Na verdade vale a recíproca, como corolário do exercício 11, mas não precisaremos disso.

31
acima. Com isto:
jzjj = jRe(zj) + i Im(zj)j = jRe(zj) + i Im(zj)j
X
j2F0
X j2F0
X j2F0

j j j j j j j Im(z ) j
Re(zj) + iIm(zj) = Re(zj) + j
X X X
0 0 0
j2F j2F j2F

2 +2 = :
Portanto (jzjj)j2I verifica a condição de Cauchy, e como R é completo, (jz jj)j2I é somável e
(zj)j2I é absolutamente somável.
Finalmente, vejamos um contra-exemplo para a recíproca em ‘ 2(N). Seja en 2 ‘2(N) o
elemento cujo n-ésimo termo seja 1 e o resto 0. Considere a sequência (e n=n)n 1 em
1
‘2(N). De fato, ken=nk2 = n . Temos que (en=n)n 1 é somável e tem por soma:
1 1 1
x= 1; 2 ; 3 ; ;n ;;
P
1
e n 1 n 2 < +1, donde x 2 ‘2(N). Mas a sequência não é absolutamente somável.
Temos que: e
X n = X 1 = + 1:
n 1 n n 1 n

Exercício 13 (P1). Sejam E um espaço de Hilbert, e feigi2I um sistema ortonormal.


Mostre que X
xe
i i
i2I

é a projeção de x 2 E no subespaço vetorial fechado F gerado por feigi2I


x e F, x e F.
Solução: Note que para todo J I finito, i2J i i 2 portanto i2I i i2
Estenda o sistema dado para um sistema
ortonormal maximal fe g , com I A.
P
P i i2A
P
Como E é um espaço de Hilbert, x = i2A xiei. Fixe j 2 I. Daí temos:
* + * + +
x - xiei; ej = xiei - xiei; ej = * xiei; ej =xihei; eji = 0;

X X X X X
i2I i2A i2I i2AnI i2AnI

P
pois (A n I) \ I = ?: Como j 2 I era qualquer, i2I xiei é a projeção de x em F.

Exercício 14. Em (E; h ; i) seja feigi2I um sistema ortonormal. Mostre que o funcional
linear
y x
y 2 E f(y) = hy; xi - i i
i2I .
é contínuo, onde 2 está fixado e vale que P
6 i2I i i

x E ! x= Xx e
32
Solução: Vejamos que f é a soma de duas funções contínuas: temos que E 3 y !7 hy; xi
2 C é contínua pelo exercício (5). E se nas condições dadas, definirmos
P
g : E ! C por g(y) = i2I yixi, temos que g é linear. Provemos que é contínua verificando
que é limitada na esfera. Suponha que kyk = 1. Temos que:
jg(y)j = y ix i = * y ie i ; x ie i + y ie x ie i kykkxk = kxk;

X
i2I
X i2I
X
i2I
X i2I
X
i2I

onde usamos, em ordem, a identidade de Parseval, a desigualdade de Cauchy-


Schwarz, e a desigualdade de Bessel.

irt
Exercício 15. Mostre que as funções e , r 2 R formam uma base ortonormal do espaço
pré-hilbertiano definido no exercício (8).
Solução: Que formam uma base é claro, da forma dos elementos do espaço.
Vejamos que é ortonormal. Sejam r; s 2 R, com r =6 s. Temos que:
T T T
1 1 irt -ist
lim eirt eist dt = lim e e dt = lim 1 ei(r-s)t dt
Z 2
T + 2T -T T + 2T Z -T T + T Z -T

! 1
= !1 1 i(r-s)t T ! 1 1 1 (e i(r-s)T - e -i(r-s)T
)=0;
lim e = lim
T + i(r - s) -T T + 2T i(r - s)

!1 !1
pois 1=(i(r - s)) é constante, a diferença das exponenciais é limitada, e 1=(2T) vai pra
zero. Por outro lado:
T T T
1 1 1 1
2T Z -T eirt eirt dt = 2T Z -T eirte-irt dt = 2T Z -T dt = 2T 2T=1:
Fazendo T ! +1 o resultado ainda é 1.

Exercício 16. Sejam E um espaço de Hilbert e F pré-Hilbertiano. Demonstrar que para


cada funcional linear contínuo u de E em F, existe um único funcional linear contínuo u
de F em E tal que para todosos x 2 E e y 2 F tenhamos:
hu(x); yi = hx; u (y)i:
Sugestão: indicar por u (y) o elemento de E que determina o funcional linear contínuo x
2 E !7 hu(x); yi 2 C.
Solução: Como u é contínuo e h ; yi também é (pelo exercício 5 desta mesma lista),
temos que x !7 hu(x); yi é um funcional linear contínuo. Pelo Teorema da Representação
de Riesz, existe um único vetor, que chamaremos de u (y), tal que hu(x); yi = hx; u (y)i.
Se y1; y2 2 E e 2 C, mesmo argumento dá a existência de um único vetor u (y 1 + y2) tal
que:

hx; u (y1 + y2)i = hu(x); y1 + y2i:

33
Mas:

hu(x); y1 + y2i = hu(x); y1i + hu(x); y2i = hu(x); y1i + hu(x); y2i
= hx; u (y1)i + hx; u (y2) = hx; u (y1)ii + hx; u (y2)i
= hx; u (y1) + u (y2)i

Como x é arbitrário, por unicidade, segue que u (y 1 + y2) = u (y1) + u (y2), e assim u é
linear. Resta ver que temos u contínuo. Façamos isto verificando que u é limitado na
bola. Tome y 2 F com kyk 1. Temos:
2
ku (y)k = hu (y); u (y)i = hy; u(u (y))i
kykku(u (y))k ku(u (y))k
kukku (y)k:
Se u (y) = 0, vale ku (y)k kuk trivialmente. Caso contrário, dividimos ambos os lados da
desigualdade por ku (y)k e novamente obtemos ku (y)k kuk. Mas y 2 F com kyk 1 nestas
12
condições era arbitrário, portanto u é limitado e ku k kuk.

12
Na verdade vale a igualdade, pelo mesmo argumento.

34
3 Lista 3
Exercício 1. Seja (fn)n 0 uma sequência de funções contínuas do espaço compacto K
no espaço dos números complexos C. Dê um exemplo onde fn(x) converge pontual-
mente para uma função f que não é contínua.
n
Solução: Considere, para todo n 0, fn : [0; 1] ! C dada por fn(x) = x , Então é claro que
(fn)n 0 C([0; 1]), e [0; 1] é compacto. Mas (f n)n 0 converge pontualmente para f : [0; 1] ! C
dada por:

0; se x 2 [0; 1)
f(x) =
1; se x = 1;
e f 62C([0; 1]).

Exercício 2 (P2, Sub). Mostre que C(K), o espaço das funções contínuas de um espaço
compacto K em C, com a norma:
kfk1 = supfjf(x)j j x 2 Kg

é um espaço linear completo, isto é, C(K) é um espaço de Banach quando equipado


com a topologia da convergência uniforme.
Solução: Feito anteriormente.

Exercício 3. Mostre que: se uma sequência (fn)n 0 de funções contínuas, de um


espaço compacto X em R converge uniformemente para uma função f : X ! R, então f 2
C(X).
Solução: Fixe x0 2 X. Vamos provar que f é contínua em x0. Seja > 0. Como
k k1

fn ! f, existe n0 2 N tal que n n0 =) kfn - fk1 < =3, donde temos que jfn(x) - f(x)j < =3 para
todo x 2 X (em particular para x0). Como fn0 é contínua em x0, existe uma vizinhança V
de x0 tal que x 2 V =) jfn0 (x) - fn0 (x0)j < =3. Então
se x 2 V, temos que:

jf(x) - f(x0)j jf(x) - fn0 (x)j + jfn0 (x) - fn0 (x0)j + jfn0 (x0) - f(x0)j < 3 + 3 + 3 = :

Exercício 4. Calcule limn!+1 fn na norma:


Z2

kfk1 = 0 kf(t)j dt
para a sequência:
n
f (x) = x se 0 x 1
n 1 se 1 x 2:

35
Solução: Seja f : [0; 2] ! R dada por:

0 se 0 x<1
f(x) =
1 se 1 x 2

k k1 n +

!1
Afirmo que fn ! f: De fato, temos que kfn - fk1 = 1=(n + 1) ! f.

Exercício 5 (P2). Mostre que CL2 ([0; 2]), o espaço das funções contínuas de um espaço
compacto [0; 2] em C, com a norma:
Z2 1=2
2
kfk2 = jf(x)j dx
0

não é um espaço completo.

Solução: Considere a sequência e o limite do exercício anterior. Vejamos que


n!+1

(fn)n 0 é de k k2-Cauchy. Seja p 2 N qualquer. Então kfn+p - fnk2 ! 0 indepen-dentemente


de p. Com efeito:
s
Z2
2
kfn+p - fnk2 = jfn+p(x) - fn(x)j dx
0
s
Z1
= (xn+p - xn)2 dx
0

s Z1
= x2(n+p) - 2x2n+p + x2n dx
0
=s 1 - 2
2(n + p) + 1 2n + p + 1 2n + 1
+ 1
n + 0

!
! 1

Porém f 62CL2 ([0; 2]), pois se f fosse contínua, pelo Teorema do Valor Intermediário, f
deveria assumir todos os valores entre 0 e 1, o que não ocorre. Vejamos que
k k2

fn ! f. Temos que:
Z0 Z0 r
s 2 2 1 1
kfn - fk2 = jfn(x) - f(x)j dx = s x2n dx = 2n + 1 0:

Exercício 6 (P2, Sub).

(a) Mostre que:


jx j < +
‘1(N) = (xn)n2N j n2 N n
X 1 (x ) N = jx j
k P
é um espaço vetorial normado e completo para a norma k n n2 1 n2N n .
36
(b) Mostre que:
X 1 2
jx j2
‘2(N) = (xn)n2N j n2 N
n <+
pP
é um espaço vetorial normado e completo para a norma k(xn)n2Nk2 = n2N jxnj . (c)
Vale a inclusão ‘1(N) ‘2(N)? Vale a inclusão ‘2(N) ‘1(N)?

Solução:

(a) Recorde que as operações em ‘1(N) são definidas termo a termo, então as pro-
priedades das operações são herdadas das operações de C. Provemos que x = (x n)n
0; y = (yn)n 0 2 ‘1(N) =) x + y 2 ‘1(N). Diretamente:
X X X
) jx + y j jx j + jynj < + 1:
jx + y j jx j + jy j; 8 n 0 =
n n n n n n n
n 0 n 0 n 0

E se 2 C, temos:
X
X 1 ) X 1 ) 1 ;
jxnj < + = jj jxnj < + = j xnj < +
n 0 n 0 n 0

logo x 2 ‘1(N) também.


Façamos uma rápida verificação de que k k 1 é norma. Temos que kxk1 0 por
consistir de uma soma de termos positivos. Se kxk1 = 0, então jxnj = 0 e logo
xn = 0 para todo n, então x = 0.
Se 2 C, temos:
X X X
k xk1 = j xnj = j jjxnj = j j jxnj = j jkxk1:
n 0 n 0 n 0

E a desigualdade triangular segue do cálculo feito para verificar que x; y 2


‘1(N) = x + y 2 ‘1(N).
)
Vejamos agora que (‘1(N); k k1) é um espaço de Banach. Seja
(n)
( n)n 0 = ((xk )k 0)n 0 ‘1(N)
uma sequência de k k1-Cauchy. Dado > 0, existe n0 2 N tal que:
(m)
k n - mk1 < 8 m; n > n0 = X - xk j < 8 m; n > n0: jx k(n)

)
k 0

Mas: X
(n) (m) (n) (m)
jxk - xk jjxk - xk j < 8 m; n > n0; 8 k 0:
k 0
k (x(n)) sequência de j j-Cauchy em C.
Portanto temos que fixado , k n 0é uma (n)
Como C é completo, existe o limite x = lim x . Defina = (x ) . Afirmo
então que ‘1(N) e que n k k1 . k n!1 k kk 0

2 !
37
Seja > 0. Existe n0 2 N tal que:

kn- mk1 < ; 8 m; n > n0


X
(n) (m)
jxk - xk j < ; 8 m; n > n0
k 0
r
X

(n) (m)
jxk - xk j < ; 8 m; n > n0; 8 r 0
k 0
r
X

(m)
lim jx(n) -x j ; n > n; r 0
m !
+ 1 r
k k 8 0 8
k 0
X
(n)
jxk - xkj ; 8 n > n0; 8 r 0
k 0
X
(n)
jxk - xkj ; 8 n > n0
k 0

k n - k1 ; 8 n > n0;
-( 1
portanto
0
n k k1
!
. Isto também nos dá que = n0 n0 - ) 2 ‘ (N), fixado o
n correspondente a, digamos, = 1.
(b) Recorde que as operações em ‘ 2(N) são definidas termo a termo, então as pro-
priedades das operações são herdadas das operações de C. Provemos que x = (x n)n
2
0; y = (yn)n 0 2 ‘2(N) =) x + y 2 ‘ 2(N). Temos que para todo n 0 vale que (x n + yn) (jxnj
2
+ jynj) . Com efeito:
2 2 2 2 2 2
(xn+yn) (jxnj+jynj) () x n+2xnyn+y n jxnj +2jxnynj+jynj () xnyn jxnynj; o que é verdade.
2 2 2
Ainda mais, vale que (jxnj + jynj) 4jxnj + 4jynj (a análise pode ser feita sem perder
generalidade se jxnj jynj, diretamente). Isto vale para todo n, portanto:

2 2 2 2 2
!
jxn+ynj (jxnj+jynj) 4jxnj +4jynj = 4 jxnj +jynj2 <+ ;
X X X X X
1
n 0 n 0 n 0 n 0 n 0

daí x + y 2 ‘2(N). E se 2 C, temos:


X jx j2 < + 1 ) X <+ 1 ) X <+ 1 ;
n = j j2 jxnj2 = j xnj2

n 0 n 0 n 0

logo x 2 ‘2(N) também.


Façamos uma rápida verificação de que k k 2 é norma. Com efeito, ela é induzida
x
pela aplicação ; i : ‘2(N) ‘2(N) C dada por hx; yi = n 0 nyn , que veremos
h
ser um produto interno. ! N P
Temos que hx; xi 0 qualquer que seja x 2 ‘2( ) por ser uma soma de termos
positivos. E:
2 2
hx; xi = jxnj = 0 = jxnj = 0 8 n 0 = xn = 0; 8 n 0;
X
n 0

) )
38
daí x = 0. E também:
X X X

hx; yi = xn yn = xn y n = xn yn = hy; xi:


n 0 n 0 n 0

E dado z 2 ‘2(N), e 2 C, temos:


X X X
hx + y; zi = (xn + yn) zn = xn zn +yn zn = hx; zi + hy; zi:
n 0 n 0 n 0

Isto, juntamente com o fato de h ; i ser hermiteana, nos dá a sesquilinearidade de h ;


i. Portanto h ; i é um produto interno, que induz k k 2. Então k k2 é automaticamente
uma norma.
Vejamos agora que (‘2(N); k k2) é um espaço de Banach. Seja
( n)
( n)n 0 = ((x k )k 0)n 0 ‘2(N)

uma sequência de k k2-Cauchy. Dado > 0, existe n0 2 N tal que:


kn- mk2 < 8 m; n > n0 = (n) (m) 2 < 2 8 m; n > n0:
X
k 0

Mas: )
jxk(n) - xk(m)j2jxk(n) - xk(m)j2 < k 0
2
8 m; n > n0; 8 k 0:

X
k (x(n)) é uma sequência de j j-Cauchy em C.
Portanto temos que fixado , k n 0 (n)
Como C é completo, existe o limite x = lim x . Defina = (x ) . Afirmo

então que 2 ‘2(N) e que n k k2 . k n!1 k kk 0


Seja > 0. Existe n N tal que:
0 2 !
k n - mk2 < ; 8 m; n > n0
k 0
jx k
(n) (m) j 2
- xk <
2 ; 8 m; n > n0

X
r (n) (m) 2 2
k 0
jxk - xk j < ; 8 m; n > n0; 8 r 0

X
r
(m) 2
lim
m +
k 0
jx(n) k
- x j2k
; 8n > n 0
; 8r 0

X
!1 r
k 0
jxk(n) - xkj2 2
; 8 n > n 0; 8 r 0

X
k 0
jxk(n) - xkj2 2
; 8 n > n0

X
k n - k2 ; 8 n > n0;
-( 2
portanto n k k2 . Isto também nos dá que = n0 n0 - ) 2 ‘ (N), fixado o
n correspondente a, digamos, = 1.

0 !
39
P
(c) Vale a inclusão ‘1(N) ‘2(N). Seja x = (xn)n 0 2 ‘1(N). Então n 0 jxnj < +1,
e portanto jxnj ! 0. Assim existe n0 2 N tal que n > n0 implica que jxnj < 1. Nestas
2
condições jxnj < jxnj e daí:
X X X jx j < + 1
jxnj2 < jxnj n ;
n>n0 n>n0 n 0
P
2
e daí n 0 jxnj < +1 (desprezamos apenas uma quantidade finita de termos).
Não vale a inclusão contrária. A sequência (1=n) n 1 está em ‘2(N) pois:

X1 2

= < +1;
n 1 n2 6
mas não está em ‘1(N) pois: X1
=+1:
n
n 1

Exercício 7. Seja X um espaço de Banach. Se E X é um subespaço de dimensão finita,


então E é um subespaço fechado de X.
Solução: Vamos primeiro provar que se um espaço vetorial qualquer V tem dimen-
são finita, então todas as normas sobre V são equivalentes. Fixe uma base fe 1; : : : ; eng
uma base de V. Então todo x 2 V se escreve unicamente como x = ni=1 xiei. Defina
kk por k k max i 1 . Claramente k k é P
:V R x = fjx jj i ng uma norma. Agora

!
seja p : V R outra norma qualquer. Por um lado, temos:

!
p(x) = p xiei jxijp(ei)kxkp(ei) = bkxk;
X1 X1 X1
! n n n
i= i= i=
2 kP
n
onde b = i =1 p(ei). Por outro lado, como V tem dimensão finita, a esfera S =
fx V j xk = 1g é compacta. Como p é uma norma, p é contínua. Pelo teorema
do extremo de Weierstrass, p atinge um mínimo em S, digamos em x 0, e chame a =
p(x0). Como x0 2 S, temos kx0k = 1 6= 0, então x 0 6= 0 e daí a > 0. Seja x 2 V qualquer, x
6= 0 (se x = 0 nada há o que fazer). Então:
p kxk a = akxk p(x):

Como obtivemos a desigualdade: )

akxk p(x) bkxk;


temos que p e k k são equivalentes. Como p era qualquer, todas as normas em V são
equivalentes a k k, e portanto equivalentes entre si.
De volta ao contexto do exercício, aproveitemos a notação e fixemos fe1; : : : ; eng
n n n
uma base de E. Então defina T : C E, pondo T (xj)j =1 = j =1 xjej. É claro que
é linear. Temos que é injetora pois
n
T T fe g linearmente independente, e T é
é
j n j=1 P n
E se escreve como P x e , e aí a n-upla (x ) é

sobrejetora pois todo elemento de ! j=1 j j j j=1


40
n
levada no elemento por T. Assim T é bijetora, e portanto um isomorfismo entre C e E.
n
Defina k kT : C ! R pondo kxkT = kTxk. Vejamos rapidamente que k kT é uma norma em
n
C . Que kxkT 0 para todo x é claro. E:
kxkT = 0 =) kTxk = 0 =) Tx = 0 =) x = 0; pois T é
n
injetora. Se 2 C e x 2 C temos:
k xkT = kT( x)k = k Txk = j jkTxk = j jkxkT :
n
E por fim, dados x; y 2 C , vale que:

kx + ykT = kT(x + y)k = kTx + Tyk kTxk + kTyk = kxkT + kykT :


n
Assim k kT é uma norma em C . E note que pela construção de k k T , T é um
n
isomorfismo isométrico entre (C ; k kT ) e (E; k k). Pelo início da discussão, temos que k
n
k é equivalente, digamos à norma do máximo ou a norma canônica em C , que o torna
n n
um espaço de Banach. Portanto (C ; k kT ) é também um espaço de Banach. Como C
e E com as tais normas são isometricamente isomorfos, segue que E é um espaço de
Banach com a norma induzida de X. Porém, como X é um espaço de Banach, para
começar, concluímos que E é fechado em X.

Exercício 8. Mostre que a aderência de qualquer subespaço vetorial F X ainda é um


subespaço vetorial deste espaço normado X.
Solução: Basta mostrar que F é fechado para as operações de X. Notamos que 0 2 F F.
E ainda, dados x; y 2 F e 2 C, existem sequências (x n)n 0; (yn)n 0 F tais que xn ! x e yn ! y.
Como F é um subespaço vetorial de X, F é fechado para as operações de X, portanto
para cada n 0, temos que xn + yn 2 F. Desta forma
xn + yn ! x + y 2 F.

Exercício 9. Seja E um espaço vetorial de dimensão finita dim E = n e fe1; : : : ; eng


uma base de E. Para cada x 2 E, escreva:
x = 1e1 + + nen:
Mostre que:
x 2 E !7 kxk = maxfj kj j 1 k ng 2 R
é uma norma sobre E.
n
Solução: Primeiro notamos que como fekg k=1 é uma base de E, x 2 E se escreve de
forma única como explicitado no enunciado, e sendo assim, a aplicação k k está bem
definida. Que k k 0 para todo x 2 E é claro, pois j kj 0 para todo k = 1; : : : ; n. E:

kxk = 0 =) maxfj kj j 1 k ng = 0
=) j kj = 0; 8 k = 1; : : : ; n
=) k = 0; 8 k = 1; : : : ; n:

41
Assim, x = n e = 0. Ainda, se C, temos que x = n e = x=
n k=1 k k 2 k=1 k k
e donde:
,
k=1k k P P
P k x k = max j j = max j jj
1 k n k 1 k n k
j = j j max j j = j j x
1 k n
k
kk
: )

Pn Pn
E por fim, se y = k=1 kek, temos que x + y = k=1( k + k)ek, e assim, fixado k entre 1 e
n qualquer, vale:

j k + kj j kj + j kj kxk + kyk:
Tomando o máximo em k segue que kx + yk kxk + kyk: Portanto k k é uma norma em E.

13
Exercício 10 (P2). Seja E um espaço vetorial, B = (ei)i2I uma base algébrica de E.
Portanto, para cada x 2 E existe finito F I e f i 2 C j i 2 Fg, tais que:
X
x= iei:
i2F

Mostre que existe uma norma para E.

Solução: Seja x 2 E. Suponha que dados F1; F2 I, finitos, tenhamos


X X
x = aiei = biei:
i2F1 i2F2
Então: X
2
X
2X 2

a ie i + (ai - bi)ei + (-bi)ei = 0:


i F1nF2 i F1\F2 i F2nF1

Por independência linear dos (ei)i2F1[F2 , segue que:


a i = 0; i F n F2
8
ai = bi; 8 i F1 F2 1
2

> 8 2 \
:> 8 2 2 1
<
bi = 0; i F nF
Em outras palavras, a combinação finita é única módulo coeficientes nulos. Assim,
P
maxfjaij j i 2 F1g = maxfjbij j i 2 F2g. Portanto, se F I é finito e x = i2F xiei, está bem-
definida a aplicação k k : E ! R dada por kxk = max i2F jxij. Isto é, o valor de kxk não
depende do conjunto F usado para escrever a combinação. Agora só falta verificar que
esta aplicação k k de fato funciona.
Que kxk 0 para todo x 2 E é claro. E:
k k 0 iF i i 8 2 i 8 2
x = = max jx j = 0 = jx j = 0; i F= x = 0; i F;
2
P 2 2
logo x = xe = :
C temos:
i F i i Se
)0 , ) )
k x k = max j x j = max j jjx j = j j max jx j = j j x
i F i i F i i F i kk
:
2 2 2
13
Base de Hamel. A existência de uma tal base para qualquer espaço segue do Axioma da
Escolha, portanto o resultado desse exercício também!

42
E para a desigualdade triangular, escreva x = xe y= ye F; F
P P
I, finitos. Podemos escrever: X i2F1 i i e i2F2 i
X
i, com 1 2
X X 2 X 2

x + y = x ie i + y ie i = xiei + (xi + yi)ei + yiei;


i2F1 i2F2 i F1nF2 i2F1\F2 i F2nF1

isto é:
i F n F2
xi;
8 2 1
x+y= i F1
ciei; com ci = 8 xi + yi; i
2 F1 \ F 2
F2 > 8
:
[ < yi; i F nF
Assim: 2X > 8 2 2 1

se i F1 n F2; jcij = jxij jxij + kyk kxk + kyk


> 2 F1 \ F2; jcij = jxi + yij jxij + jyij k k + kyk
<
8
se i 2 x

se i 2 F2 n F1; jcij = jyij kxk + jyij kxk + kyk


:i kk k k 2 1[ 2
>
Então como jc j x + y para todo i F F , tomamos o máximo e obtemos
kx + yk kxk + kyk: Portanto k k é uma norma sobre E.

Exercício 11. Dados espaços vetoriais normados E e F, seja:

L(E; F) = ff : E ! F j f é linear e contínuag:

(a) Mostre que L(E; F) é um espaço vetorial.

(b) Defina:
f 2 L(E; F) !7 kfk = sup kf(x)k:
kxk 1

Mostre que (L(E; F); k k) é um espaço normado.

(c) Mostre que kf(x)k kfkkxk para todo x 2 E e toda f 2 L(E; F).

Solução:

(a) Se f; g 2 L(E; F) e 2 C, definimos f + g e f por (f + g)(x) = f(x) + g(x) e ( f)(x) = f(x),


para todo x 2 E. As propriedades das operações em L(E; F) são herdadas das
operações de F, que já sabemos ser um espaço vetorial. Verifiquemos que f + g 2
L(E; F).
Linearidade: Sejam x; y 2 E; k 2 C. Temos:

(f + g)(x + ky) = f(x + ky) + ( g)(x + ky) = f(x + ky) + g(x + ky)
= f(x) + kf(y) + (g(x) + kg(y)) = f(x) + kf(y) + g(x) + kg(y)
= f(x) + g(x) + k(f(y) + g(y)) = f(x) + ( g)(x) + k(f(y) + ( g)(y))
= (f + g)(x) + k(f + g)(y);

portanto f + g é linear.

43
Continuidade: Se = 0 nada há o que fazer. Suponha 6= 0. Seja > 0. Fixe

x0 2 E qualquer. Existem 1; 2 > 0 tais que:


x - x0 < 1 = f(x) - f(x0)k < =2
k k
k
kx - x0 < 2 =
) k g(x) - g(x0) k < =2j j
k

)
Chame = minf 1; 2g > 0. Se kx - x0k < , então valem as duas condições
acima e:

k(f + g)(x) - (f + g)(x0)k = kf(x) + g(x) - f(x0) - g(x0)k


= kf(x) - f(x0) + (g(x) - g(x0))k
kf(x) - f(x0)k + j jkg(x) - g(x0)k

< 2 + j j 2j j = ;
portanto f+ g é contínua em x0 2 E. Como x0 é arbitrário, f+ g é contínua.

Concluímos que f + g 2 L(E; F), portanto L(E; F) é um espaço vetorial.

(b) Seja f 2 L(E; F) qualquer. Como kf(x)k 0 qualquer que seja x 2 E, segue que kfk =

supkxk 1 kf(x)k 0. Se kfk = 0, então kf(x)k = 0 e logo f(x) = 0 qualquer que seja x com
kxk. É claro que f(0) = 0. E se x 6= 0, x=kxk tem norma 1 e daí f(x=kxk) = f(x)=kxk =
0 =) f(x) = 0. Portanto f = 0.
Seja agora 2 C. Temos:
k fk = sup k f(x)k = sup j jkf(x)k = j j sup kf(x)k = j jkfk:
kxk 1 kxk 1 kxk 1

Para a desigualdade triangular, tome x 2 E com kxk 1, qualquer. Temos:

k(f + g)(x)k = kf(x) + g(x)k kf(x)k + kg(x)k kfk + kgk:


Agora passe ao supremo no lado esquerdo e obtemos kf + gk kfk + kgk.
(c) Seja x 2 E qualquer. Se x = 0 a desigualdade vale trivialmente. Caso contrário x=kxk
tem norma 1 e daí:
f x kfk = x f(x) kfk = k x k kfk = kf(x)k kfkkxk:
xkk
) 1
kk
) f(x)
kk
)

Exercício 12 (P2, extra). Seja m 0 um número natural fixado. Mostre que entre
todos os polinômios P 2 C[X] de grau m tais que P(0) = 1, existe um que torna mínimo o valor:

Z1
jP(t)j dt:
0

44
m
Solução: Seja P (C) o espaço dos polinômios com coeficientes complexos e grau
m 1
mm . Temos que k k : P (C)m R dada por kPk = 0 jP(t)j dt é uma norma em
. Como a dimensão de é finita ( 1,
P (C) P (C) m+ para ser exato), a bola unitária:

! 1 R

m Z
B[0; 1] = P 2 P (C) j 0 jP(t)j dt = 1
é compacta, e k m k é contínua por ser uma norma.
que: !
2 m 2
Defina T : P (C) C pondo T(P) = P(0). Dados P; Q P (C) e C, temos
T(P + Q) = (P + Q)(0) = P(0) + Q(0) = T(P) + T(Q);
m
donde T é linear. Como além de P (C), C também tem dimensão finita, segue que T
também é contínua. Desta forma, o conjunto:
-1 m
T (f1g) = fP 2 P (C) j P(0) = 1g
é a pré-imagem de um conjunto fechado por uma função contínua, portanto é fechado
m
também. Como P (C) é um espaço normado, e portanto Hausdorff, temos que B[0; 1] \
-1
T (f1g) é a interseção de um compacto com um fechado, logo compacto.
-1
Pelo teorema do extremo de Weierstrass, existe P 0 2 B[0; 1] \ T (f1g) que minimiza k k
-1
em B[0; 1] \ T (f1g). Mas evidentemente kP0k kPk se kP k 1 (isto é, se P 62B[0; 1]).
-1
Portanto P0 minimiza k k em T (f1g) e é o polinômio procurado.

Exercício 13. Seja E um espaço normado, e Ee o espaço das sequências de Cauchy


de
E, e a aplicação:
(xn)n 0 2 Ee !7 k(xn)n 0k = sup kxnk
n 0

(a) Mostre que esta aplicação é uma norma.

(b) Mostre que o subespaço Ee0 das sequências de E que convergem para 0 é fechado
em Ee.
14
(c) Mostre que o espaço quociente Eb = E=eEe0 é completo para a norma quociente.

(d) A aplicação I : E ! Eb tal que I(x) = [x] (a classe das sequências tais que xn = x para
todo n) é uma isometria linear de E em um subespaço denso de Eb.
Solução:
(a) Sejam x = (xn)n 0; y = (yn)n 0 2 Ee e 2 C. É claro que kxk 0, por ser o supremo entre
números não-negativos. E se kxk = sup n 0 kxnk = 0, então temos kxnk, e logo xn
iguais a zero para todo n, donde x = 0. Também:
k xk = sup k xnk = sup j jkxnk = j j sup kxnk = j jkxk:
n 0 n 0 n 0

E por fim, temos:

kxn + ynk kxnk + kynk kxk + kyk; 8 n 0;


então podemos tomar o supremo no lado esquerdo e obtemos kx + yk kxk+ kyk.
14 Neste item e no seguinte, utilizamos uma outra norma, mais factível de ser trabalhada. Você pode me enviar ma resolução direta

usando a norma quociente, caso ache (será acrescentada com o devido agradecimento).

45
( n)
(b) Seja ( n)n 0 = ((x k )k 0)n 0 uma sequência em Ee0, com n ! = (xk)k 0. Vamos provar
que (xk)k 0 converge para zero também. Seja > 0. Como n ! , existe n0 2 N tal que k
( n0) n
n0 - k < =2, isto é, kx k - xkk < =2 para todo k 0. Mas como (x k0 )k 0 converge para
( n )
zero, existe k0 2 N tal que kx k 0 k < =2 para todo k > k0. Então se k > k0 temos:

n 0 ( n ) n n 0
kxkk = kxk - x k +xk 0k kxk - x 0
k k + kx k k<2+2= ;

donde (xk)k 0 converge para zero, e daí n! 2 Ee0. Portanto Ee0 é fechado.

(c) Se [ ] 2 E=eEe0, colocamos:


k[ ]k = lim kxkk;
k!+1

onde (xk)k 0 2 [ ]. Vejamos que o valor acima não depende da escolha de repre-
sentante (xk)k 0. Mais exatamente, vejamos que se (yk)k 0; (zk)k 0 2 [(xk)k 0], en-tão
15
limk!+1 kykk = limk!+1 kzkk. Seja > 0. Existe k0 2 N grande o suficiente tal que se k >
k0, temos kxk -ykk; kxk -zkk < =2, pois (yk)k 0; (zk)k 0 2 [(xk)k 0]. Nestas condições:

jkykk - kzkkj kyk - zkk kyk - xkk + kxk - zkk < 2 + 2 = :


Agora façamos a verificação de que realmente temos uma norma. Como sem-pre, é
claro que k[(xk)k 0]k 0 para qualquer sequência (x k)k 0 2 Ee. E se k[(xk)k 0]k = 0,
temos que limk!+1 kxkk = 0, e disto segue que lim k!+1 xk = 0, assim (xk)k 0 2 Ee0 = [0],
e temos que [(xk)k 0] = [0]. As outras propriedades seguem das propriedades da
norma em Ee, aplicando limk!+1.
Se I : E ! E=eEe0 é dada por I(x) = [(x)], onde (x) é a sequência constante e igual a x,
veremos no item a seguir que I(E) é denso em E=eEe 0. É claro que I é linear (veja
por exemplo o exercício 17 adiante). E ainda I preserva normas pois:
kI(x)k = k[(x)]k = lim kxk = kxk:
k!+1

Vejamos com isto que E=eEe0 é completo.


Seja ([ ]n)n 0 uma sequência de Cauchy em E=eEe0 e > 0. Como I(E) é denso, para
cada n 0 existe yn 2 E tal que k[ ]n - Iynk < =3. Vejamos que a sequência (yn)n 0 é de
Cauchy. Temos que existe n0 2 N tal que m; n > n0 implica k[ ]n - [ ]mk < =3. Aí:

kyn - ymk = kI(yn - ym)k = kIyn - Iymk

kIyn - [ ]nk + k[ ]n - [ ]mk + k[ ]m - Iymk < 3 + 3 + 3 = :

Chame = (yn)n 0. E agora teremos que ([ ]n)n 0 converge para [ ] em E=eEe0, pela
construção dos yn, pois k[ ]n - [ ]k = k[ ]n - Iynk vai pra zero quando
n ! +1.
15
Um para cada sequência e tomamos o máximo.

46
(d) Só resta mostrar que I(E) é denso em E=eEe 0. Seja [ ] 2 E=eEe0 qualquer classe.
Tome um representante (x n)n 0 2 [ ]. Como o representante é uma sequência de
Cauchy, dado > 0 existe n0 2 N tal que n > n0 implica kxn - xn0 k < . Então considere
(xn0 ; xn0 ; ) = Ixn0 2 I(E). Temos:
k[ ] - Ixn0 k = k[(xn)n 0] - [(xn0 )]k = k[(xn - xn0 )n 0]k = lim kxn - xn0 k ;
n!+1

pois kxn - xn0 k < para todo n > n0 implica limn !+1 kxn - xn0 k ). Portanto Ixn0 está na
bola centrada em [ ] de raio , o que conclui o argumento.

n 2
Exercício 14. Seja C com a norma uniforme k k1. Para x = (x1; x2; : : : ; xn) defina:
!
n n
X X
T(x) = 1jxj; :::; njxj :
j=1 j=1

Mostre que T é um operador linear limitado e calcule a sua norma.


n n n
Solução: Sejam x = (xj) j=1; (yj) j=1 2C e 2 C. Vejamos que T é linear.
!
T(x + y) = n 1j(xj + yj); : : : ; n nj(xj + y j)
X X
1 1
j= j=
!
= n 1jxj + 1jyj; :::; n njxj + njyj
X1 X1
j= j=

n
!
= n 1jxj + n 1jyj; :::; n njxj + njyj
X X X X
1 1 1 1
j= j= j= j=

x ! !
= n 1jxj; :::; n nj j + n 1jyj; :::; n njyj
X1 X1 X1 X1
j= j= j= j=

= T(x) + T(y):
Agora vejamos que T é limitado. Fixe um índice i entre 1 e n qualquer. Temos:
ij j ij j X ij k k ij
!
kk 1 in ij
!
kk
n n n n n
X X X X

j=1 j=1 j=1 j=1 j=1


x j j jx j j jx 1 = j j x 1 max j j x 1:

Tomando o máximo em i do lado esquerdo, temos:


k k 1 i n ij
!
kk
n
T(x) max j j x :
1 X1 1
j=
Pn
Portanto T é limitado e kTk max1 i n j=1 j ijj. Vejamos que vale a igualdade. Seja i o
n
índice que realiza o máximo. Então seja x 2 C o vetor cuja j-ésima coordenada seja i j=j
i jj se i j 6= 0, e 0 caso contrário. Então temos que kxk 1 = 1 (pois o módulo de todas as
suas entradas é 1), e a i -ésima coordenada de T(x) verifica:
X X X n n
i j
j i jj = j i jj = ij X ij 1 i n X ij

nj=1
ij n
j=1
j i jj 2
n
j=1
j j =
j=1 j j = max
j=1 j
j:

Pn
Portanto kTk = max1 i n j=1 j ijj.

47
Exercício 15. Para x = (xn)n 0 2 ‘2(N), defina:

T(x) = (xn+1)n 0 2 ‘2(N):


Mostre que T é um operador linear limitado e calcule a sua norma.
Solução: Sejam x = (xn)n 0; y = (yn)n 0 2 ‘2(N), e 2 C. Vejamos que T é linear.
Temos:
T(x + y) = (xn+1 + yn+1)n 0 = (xn+1)n 0 + (yn+1)n 0 = T(x) + T(y):
E também temos:
2 ! !
kT(x)k2 = xn +1 1=2 xn2 1=2 = kxk 2;

X X
n 0 n 0
2
pois apenas estamos acrescentando o termo x 0 na soma. Assim T é limitado e kTk 1.
Para ver que a igualdade ocorre basta considerar x = (0; 1; 0; : : :) 2 ‘ 2(N). Claramente
temos kxk2 = 1, T(x) = (1; 0; 0; ) e por fim kT(x)k 2 = 1. Assim kTk = 1.

Exercício 16. Seja BC(]0; +1[) o espaço linear das funções limitadas na semi-reta ]0;
+1[, equipado com a norma uniforme. Defina T 2 L(BC(]0; +1[)) por:
1 Zt
(Tx)(t) = x( ) d :
t0
Mostre que T é um operador linear limitado e calcule a sua norma.
Solução Sejam x; y BC(]0; + [) R. T é linear. Temos,
:
qualquer que seja t > 0: 2 t 1 e 2 Vejamost que
1 1
(T(x + y))(t) = t Z 0 (x + y)( ) d = t Z0 x( ) + y( ) d
1 t 1 t
= t Z 0 x( ) d + t Z 0 y( ) d
1 t 1 t
Z
= t Z 0 x( ) d + t 0 y( ) d
= (Tx)(t) + (Ty)(t) = (Tx)(t) + ( Ty)(t)
= (Tx + Ty)(t):
Logo T(x + y) = Tx + Ty. Agora vejamos que T é limitado. Temos:
1 Zt 1 Z t 1 Zt 1 1

x( ) d
jTx(t)j =t 0t 0 jx( )j d t 0 kxk d = kxk :
k k k k k k
Tomando o sup em t obtemos Tx x ; portanto T é limitado e T 1.
1 Considere x :]0; + [ R dado por x(t) = 1
Vejamos agora que vale a igualdade. 1
para todo t > 0. Claramente kxk = 1. E:t 1!
1 1 Z 1

jTx(t)j = t 0 d = t t = 1:
Portanto T = 1.

k k
48
Exercício 17. Seja P([0; 1]) o conjunto dos polinômios no intervalo [0; 1] equipado com
a norma uniforme:
kxk1 = maxfjx(t)j j t 2 [0; 1]g:
Para x 2 P([0; 1]), seja:
0 dx ( t)
(Tx)(t) = x (t) = dt :
Mostre que T é um operador linear não limitado.

Solução: Sejam x; y 2 P([0; 1]) e 2 C. Então:

0 0 0
(T(x + y))(t) = (x + y) (t) = x (t) + y (t) = Tx(t) + Ty(t) = (Tx + Ty)(t):
Como t 2 [0; 1] é qualquer, T(x + y) = Tx + Ty, e T é linear. Para verificar que T não é
limitado, vejamos que T não é limitado na esfera: para cada n 2 N, considere x n : [0; 1] !
n n-1
C dado por xn(t) = t . Então temos kxnk1 = 1 qualquer que seja n, porém (Tx n)(t) = nt e
daí kTxnk1 = n.

Exercício 18. Seja X um espaço normado e F um subespaço fechado de X. Defina a


função quociente:
q:X X=F q(x) = [x] = x + F:
q limitado cuja norma é q = 1.

Mostre que é um operador ! k k


Solução: Sejam x; y 2 X e 2 C. Temos:
q(x + y) = (x + y) + F = (x + F) + ( y + F) = (x + F) + (y + F) = q(x) + q(y);
portanto q é linear. Por um lado, temos que kq(x)k = kx + Fk kxk, tomando y = 0 2 F e
recordando a definição de kx + F k como o ínfimo das normas dos representantes da
classe. Disto segue que q é limitado e kqk 1. Agora seja 2]0; 1[. Aí 1= > 1 e:

1
kx + Fk > kx + Fk:
Então existe y 2 F tal que:
1
kx + Fk > kx + yk:
Chame z = x + y. Então temos que q(x) = q(z); pois y 2 F. Reorganizando a última
expressão temos:
1
kz + Fk > kzk =) kq(z)k > kzk:
Como entre 0 e 1 era qualquer, segue que kqk 1. Concluímos que kqk = 1.

Exercício 19. Mostre que: se Y é um espaço de Banach, então (B(X; Y); k k1) é um
espaço de Banach.
49
Solução: Que B(X; Y) com as operações definidas pontualmente é um espaço vetorial e
é normado com k k 1 segue do exercício 11. Resta ver que é completo. Seja (T n)n 0 B(X;
Y) uma sequência de k k1-Cauchy. Vamos provar que para todo x 2 E, (Tnx)n 0 é uma
sequência de Cauchy em Y. Se x = 0 é óbvio. Suponha x 6= 0
e seja > 0. Existe n0 2 N tal que m; n > n0 implica kTn - Tmk1 =kxk. Então se m; n > n0,
temos:

kTnx - Tmxk = k(Tn - Tm)(x)k kTn - Tmk1kxk < kxkkxk = :


Assim (Tnx)n 0 é uma sequência de Cauchy em Y, e como Y é Banach, existe y = lim n!+1
Tnx. Defina T : X ! Y pondo Tx = y. Vejamos que T é linear. Sejam x; y 2 X
e 2 C:

T(x + y) = lim Tn(x + y) = lim Tnx + Tny = lim Tnx + lim Tny = Tx + Ty:

n!+1 k k1 n!+1 n!+1 n!+1


!
Agora vejamos que Tn T e que T 2 B(X; Y).

Seja > 0. Existe n0 2 N tal que:


kTn - Tmk < ; 8 m; n > n0
1
Tnx - Tmx
k k
sup x < ; 8 m; n > n0
x6=0 k k
kTnx - Tmxk < ; m; n > n ; x=
8 0 8 6 0
k xk
lim kTnx - Tmxk ; n>n ; x=0
m + xk 8 0 8 6
k
!1 kTn x - Txk ; 8 n > n 0; x =
x 8 60

k k
sup kTnx - Txk x
; 8n > n 0

x6=0 k k
kTn - Tk1 ; 8 n > n0;
k k1
fixado, digamos, = 1 e -
portanto Tn ! T. O argumento acima também mostra que
o n0 correspondente, Tn0 - T 2 B(X; Y), donde T = Tn0 - (Tn0 T) 2 B(X; Y). Portanto

B(X; Y) é um espaço de Banach com a norma k k1.


Exercício 20 (Teorema de Baire). Seja M um espaço métrico completo. Se (Un)n 0 é
uma sequência de abertos densos em M, então:
\
G = Un
n 0

é um conjunto G denso em M.

Solução: Seja A um aberto não vazio. Então A \ U0 6= ? pois U0 é denso em M. Tome


x0 2 A \ U0, que é aberto por ser a interseção de dois abertos. Então existe
0 < r0 < 1 tal que:
x0 2 B(x0; r0) B(x0; r0) A \ U0:
50
Então como U1 é denso em M e B(x0; r0) é aberto, a interseção é aberta e não vazia,
donde podemos escolher x1 2 B(x0; r0) \ U1 e 0 < r1 < 1=2 tal que:
x1 2 B(x1; r1) B(x1; r1) B(x0; r0) \ U1:

Prosseguindo indutivamente, conseguimos xn 2 B(xn-1; rn-1) \Un e 0 < rn < 1=(n + 1)


tal que:
xn 2 B(xn; rn) B(xn; rn) B(xn-1; rn-1) \ Un:
Então temos que fB(xn; rn)gn 0 é uma sequência de fechados encaixados, e:
n!+1
0 diam(B(xn; rn)) 1=(n + 1) 0;
? n 0 n n M n n
T B(x ;r)=

donde os diâmetros vão pra zero. Como é completo, ! n 0 n n 6


T
: Fixe x 2 B(x ; r ). Então para todo n 0, x 2B(x ; r ) Un, donde x 2 G.
E também x 2 B(x0; r0) A. Então x 2 A \ G, e assim concluímos que G é denso em M.

Exercício 21. Seja C([a; b]). Para cada x 2 C([a; b]) defina f : X ! R por:

Zb
f(x) = x(t) dt:
a

Mostre que f é um funcional linear limitado cuja norma é igual a b - a.

Solução: Sejam x; y 2 C([a; b]) e 2 C. Temos:


b b b b

Z Z Z Z
f(x+ y) = a (x+ y)(t) dt = a x(t)+ y(t) dt = a x(t) dt+ a y(t) dt = f(x)+ f(y):
Portanto f é um funcional
Z
linear. E também:
Z Z
b b b
jf(x)j =a x(t) dt a jx(t)j dt a kxk dt = (b - a)kxk ;

1 1 R
portanto f é limitado e f b - a. Agora considere a função x : [a; b] dada
k k
por x(t) = 1 para todo t. É claro que kxk =1. E: !
Z Z
b 1 b
jf(x)j = a x(t) dt =a dt = b - a:

Concluímos que kfk = b - a.

Exercício 22. Seja C([a; b]). Fixe t 2 [a; b] e defina t : C([a; b]) ! R por:

t(x) = x(t):
Mostre que o funcional linear chamado de avaliação no ponto t, é um funcional linear
limitado cuja norma é igual a 1.

51
Solução: Sejam x; y 2 C([a; b]) e 2 R. Temos:

t(x + y) = (x + y)(t) = x(t) + y(t) = t(x) + t(y);

portanto té um funcional linear. Temos:

j t(x)j = jx(t)j kxk1;

daí t é um funcional linear limitado e k tk 1. Agora considere x : [a; b] ! R dado por x(t) = 1
para todo t. É claro que kxk1 = 1. E j t(x)j = jx(t)j = 1 = kxk1. Concluímos que k tk = 1.

Exercício 23. Seja C([a; b]). Fixe c1; c2; : : : ; c n números reais. Defina f : C([a; b]) ! R
por:
Xn
f(x) = cjx(tj) para t1; t2; : : : ; tn 2 [a; b]:
j=1
Mostre que f é um funcional linear limitado.

Solução: Sejam x; y 2 C([a; b]) e 2 C. Temos:


X1 X1
n n
f(x + y) = cj(x + y)(tj) = cj(x(tj) + y(tj))
j=
X1
j=
X1
X1
n n n
= cjx(tj) + cjy(tj) = cjx(tj) + cjy(tj)
j= j= j=

= f(x) + f(y);

portanto f é um funcional linear. E também: !


jf(x)j =
n n
cjx(tj) jcjjjx(tj)j n jcjjkxk = n jcjj kxk ;
j=1
X X
j=
1
X
j=
1
X
j=
1

1 1

P
portanto f é um funcional limitado e kfk j=1 jcjj.

52
4 Lista 4
Exercício 1. Mostre que o espaço dual de ‘ (N) é isometricamente isomorfo a ‘ (N),

isto é, ‘1(N) = ‘1(N). 1 1


Solução: Fixe (en)n 1 a base de Schauder usual de ‘1(N). Defina : ‘1(N) ! ‘1(N)
pondo (f) = (f(en))n 1. Vejamos que (f) de fato está em ‘1(N). Temos:
jf(en)j kfkkenk1 = kfk; 8n 1 =) k (f)k1 = sup jf(en)j kfk < +1:
n 1

Agora afirmo que é linear. Se f; g 2 ‘1(N) e 2 C, temos:

(f + g) = ((f + g)(en))n 1 = (f(en) + g(en))n 1


= (f(en))n 1 + ( g(en))n 1 = (f(en))n 0 + (g(en))n 1
= (f) + (g)

Então é um operador linear limitado.


Vejamos que é sobrejetor. Seja y = (yn)n 1 2‘ 1 (N). Queremos f 2 ‘1(N)
nn
!
x y
tal que (f) = y. Sendo x = (x n) n 1 , defina f : ‘1 (N) C por f(x) = n 1

f(x) C converge. Temos:


Devemos verificar que de fato 2 , isto é, que a série anterior !
P
jf(x)j = xnynjxnjjynjjxnjkyk = jxnj kyk = kxk1kyk < + :
X X X X
1
n 1 n 1 n 1 n 1

1 1 1

Isto já nos dá que f assume valores em C, e tomando o supremo na bola unitária,


(1) (1) (2) (2)
que kfk kyk1. Vejamos que f é linear. Chame x = (xn )n 1; x = (xn )n 1 2 ‘1(N)

e 2 C. X X
(1) (2) (1) (2) (1) (2)
f(x + x ) = (xn + xn )yn = xn yn + x n yn
n 1 n 1
X X X X
(1) (2) (1) (2)
= xn yn +xn )yn = xn yn + xn )yn
n 1 n 1 n 1 n 1
(1) (2)
= f(x ) + f(x ):
Assim f é um funcional linear limitado, em outras palavras, f 2 ‘ 1(N) . Isto prova que é
sobrejetora.
Verificar que preserva normas também garante injetividade de . Fixe f 2 ‘ 1(N)
qualquer. Já temos a desigualdade k (f)k1 kfk. Por outro lado, tome x = (xn)n 1 2 ‘1(N)
qualquer. Temos: !
jf(x)j = f xnen = xnf(en)

X
n 1
X
n 1

j xn
jjf(en) j j xn j (f)
k k
X X 1

n 1 n 1

1X 1
k (f)k jxnj = k (f)k kxk1 :
n 1

53
Assim:
kfk = sup jf(x)j k (f)k1:
kxk 1

Concluímos que kfk = k (f)k1 qualquer que seja f 2 ‘1(N) . Assim é também injetora, e

portanto um isomorfismo isométrico entre ‘ 1(N) e ‘1(N).

Exercício 2. Mostre que o espaço dual de c0(N) é isometricamente isomorfo a ‘1(N), isto é, c (N)
‘ (N).
0 =1
Solução: Defina:

: ‘1(N) c0(N) 7
! 17
! 0 ! 1

x = (xn)n (x) : c(N) C


! X
y = (yn)n (x)(y) = xnyn:
n 1

Repetindo os passos do exercício anterior, temos que é uma aplicação linear, e (x)
também, para cada x 2 ‘1(N). Vejamos agora que (x) é limitada e que de fato assume
valores em C (isto é, a série converge):
!
j (x)(y)j = xnyn jxnjjynjjxnjkyk = jxnj kyk = kxk1kyk ;
X X X X
1 1 1
n 1 n 1 ]n 1 n 1

k
k kk
donde (x) x 1: Vejamos agora que vale a igualdade. Para cada m 1, defina
uma sequência truncada y = (y n)n 1, por yn = xn=jxnj se n m e jxnj 6= 0, yn = 1 se xn = 0 e
n m, e por fim yn = 0 para todo n > m. Por construção, y 2 c0(N) e
kyk 1= 1. E temos: k (x)k = k (x)kkyk j (x)(y)j =
xnyn = m
jxnj; 8 m 1:
X X
1
n 1 n=1

Fazendo m ! +1 obtemos k (x)k kxk1, portanto preserva normas e é injetora. Agora só


resta ver que é sobrejetora. Para isto, seja f 2 c 0(N) . Fixe (en)n 1 =
(( ) )
nm m 1 n 1
1, defina
uma base de Schauder de c0(N). Como antes, para cada m
Pm f(en)
uma sequência truncada en, convencionando que o coeficiente de ek seja 1
n=1 jf(en)j
se f(ek) = 0. É claro que esta última sequência unitária está em c 0(N) e tem norma 1.
Temos:
f jf(en)jen != jf(en)j kfk jf(en)jen = kfk; 8 m 1:
X m
f(en) X m
X m
f(en)
n=1 n=1 n=1

N
Fazendo !1 obtemos 1 , de modo que (f(e
jf(e )j k k 2 ).
n 1 n n 1
m + f < )) ‘ (

n 1

P
c N

Finalmente, se y = (yn)n 1 2 0( ) é qualquer, vale que:


f(y) = f ynen ! = ynf(en) = ((f(en))n 1)(y);
X X
n 1 n 1
e assim f = ((f(en))n 1). Concluímos que é sobrejetora. Portanto é um
isomorfismo isométrico entre c (N) e ‘ (N), isto é, c (N) ‘ (N).
0 1 0 =1

54
Observação 4.1. À primeira vista pode parecer que é um isomorfismo isométrico entre
‘1(N) e ‘1(N). Não é o caso, pois a sequência (en)n 1 = (( nm)m 1)n 1 é uma base de

Schauder de c0(N), mas não de ‘1(N), então a construção feita para verificar a

sobrejetividade de falha para ‘1(N).

Exercício 3. Enuncie e mostre a desigualdade de Hölder para ‘p(N) e ‘q(N). Solução:


Sejam p e q tais que 1 < p; q < +1 e (1=p) + (1=q) = 1. Então dado
x = (xn)n 1 2 ‘p(N) e y = (yn)n 1 2 ‘q(N), vale que:
X
jxnynj kxkpkykq:
n 1

Primeiro provaremos a desigualdade de Young: se a; b 0 e p; q são como acima,


então vale que:
p q
ab a +b :
p q
Se a ou b forem zero, é trivial. Então suponha que são ambos não nulos. Considere f : R
s 00 s
! R dada por f(s) = e . Então f (s) = e > 0 e f é convexa, portanto dados ; 2 R, e t 2 (0;
1), vale que:
f(t + (1 - t) ) tf( ) + (1 - t)f( )
Isto é:
t (1-t)
e e te + (1 - t)e :
p q
Como a; b > 0, tome = ln a , = ln b , e escolha t = 1=p, de modo que 1 - t = 1=q.
Substituição direta nos dá:
1 p 1 q eln ap eln bq ap bq
ln a ln b

ep eq p + q = ab p+ q :
Faça na desigualdade de Young a =
Agora provemos a desigualdade de Hölder. )
jxnj=kxkp e b = jynj=kykq. Temos: p q
jxnynj 1 jxnj 1 jynj
p q
kxkpkykq p kxkp + q kykq ; 8 n 1:
Então podemos fazer a soma:
X jxnynj X 1 jxnj
p
1 jynj
q

x y p q
n 1 k kpk kq n 1p kxkp +q kykq
X X 1 jxnj
p X 1 jynjq
1
x y p q
k kpk kq n 1 jxnynj n 1p kxkp +n 1 q kykq
X X X
1 1 1
x y p
jx jp + q
jy jq
k kpk kq n 1 jxnynj pkxkp n 1 n qkykq n 1 n

1 X 1 1
x y p p q q
k kpk kq n 1 jxnynj pkxkp kxkp + qkykq kykq
1 X 1 1

x y
k kpk kq n 1 jxnynj p + q
= 1:

55
Multiplicando tudo por kxkpkykq segue que:
X
jxnynj kxkpkykq:
n 1

Exercício 4. Mostre que o espaço dual de ‘p(N) é isometricamente isomorfo à ‘q(N), isto é, ‘ (N) ‘ (N),
onde:
p =q
1 1

p +q = 1 e 1 < p; q < +1:


Solução: Vamos nos organizar com o:
Lema 4.1. < p; q < + 1 + 1 = x = (x ) ‘ (N)
Então: Sejam 1 1 tais que k kp
p y q=q
q 1, e n n
n n 1 2 p qualquer.
x =kk sup
X n 1
xy ;
y = (y )

.
onde nn 1
Demonstração: Pela Desigualdade de Hölder temos que:
xnyn jxnynj kxkpkykq; 8 y 2 ‘q(N);
X X
n 1 n 1

xy
e tomando o supremo obtemos a desigualdade supkykq=1 n 1 n n kxkp. Pa
p=q
realizar a igualdade, considere y = (yn)n 1 , com yn = xn jxnj(p=q)-1= x p . Entã
P
k k
p p
x
n jxnj q -1 jxnj q +1 1 1 p-
p

x p
n x pp=q = x pp=q = x pp=q jxnjp = x pp=q kxkp = kxkp q
= kx
X kk X kk kk X kk
n 1 n 1 n 1

Defina:

: ‘q(N) ‘p(N) C
! 1 7
x = (x n)n (x): ‘p(N)

y = (yn)n 7 (x)(y) = xnyn:


! ! 1 n 1

Temos que: ! X

j (x)(y)j = n 1 xnyn kxkqkykp = k (x)k kxkq;


X )

pela Desigualdade de Hölder. Então pelo Lema, temos:


k kq y p =1 n n y p =1 k k
x =
kk
sup
X
n 1

xy
= kk sup
j (x)(y)j = (x) :
56
Desta forma, preserva normas e é injetora. Agora vejamos que é sobrejetora.
Tome f 2 ‘p(N) e fixe uma base de Schauder, a canônica: (en)n 1 = (( nm)m 1)n 1.
Para qualquer y 2 ‘p(N), temos:
f(y) = f ye
!
= ynf(en) = ((f(en))n 1)(y); n n

X X
n 1 n 1

donde temos que f = ((f(en))n 1). Para concluir, só precisamos verificar que
m ynf(en)
P
(f(en))n 1 2 ‘q(N). Considere, para cada m 1, as sequências truncadas n=1 jynf(en)j ynen,
convencionando que o coeficiente de ek seja 1 se ykf(ek) = 0. Na expressão anterior, isto nos dá:
y e ! y e
f n n
jynf(en)j = jy f(e )j kfk n n kfkkyk ; 8 m 1 n n jynf(en)j p
X y f(e ) X X
m n=1
n n m
n=1
m
n=1
ynf(en) p

Tomando o supremo sobre os y 2 ‘p(N) com kykp = 1, e fazendo m ! +1, pelo


Lema temos que:
k(f(en))n 1kq kfk < + :
também sobrejetora, e concluímos que é um isomorfismo isométrico
é
Assim N N N 1N
entre ‘p( ) e ‘q( ). Em outras palavras, ‘p( ) = ‘q( ).

Exercício 5. Seja H um espaço de Hilbert sobre o corpo R. Mostre que H é isome-


tricamente isomorfo a H.
Solução: Defina : H ! H , pondo (x) : H ! R, definida por (x)(y) = hx; yi.
Fixado x, e dados y1; y2 2 H, 2 R, temos:
(x)(y1 + y2) = hx; y1 + y2i = hx; y1i + hx; y2i
hx; y1i + hx; y2i = (x)(y1) + (x)(y2):
=
Assim (x) é linear. Ainda mais:

j (x)(y)j = jhx; yij kxkkyk;


logo (x) é limitada e vale k (x)k kxk. Isto garante que de fato temos (x) 2 H .
Agora, tome y qualquer em H. Temos que dados x1; x2 2 H e 2 R, vale:
(x1 + x2)(y) = hx1 + x2; yi = hx1; yi + h x2; yi
hx1; yi + hx2; yi = (x1)(y) + (x2)(y): =
Como y era arbitrário temos (x 1 + x2) = (x1) + (x2), assim é linear. Se verificarmos que
preserva normas, a injetividade de segue imediatamente. Temos que k (0)k = k0k = 0
trivialmente. Se x 6= 0, temos que x=kxk tem norma 1 e:
x x x; x x 2
(x) = x; = h x i k
= k k = kxk:
x
k k
x
k kk
x
kk

Isto juntamente com a desigualdade k (x)k kxk nos dá que k (x)k = kxk, para todo x 2 H.
A sobrejetividade de segue do fato de H ser um espaço de Hilbert, pelo Teorema da
Representação de Riesz. Portanto é um isomorfismo isométrico entre H e H .

57
Exercício 6. Seja H um espaço de Hilbert sobre o corpo C. Mostre que H é isometri-
camente isomorfo a um subespaço de H .

Solução: A estratégia anterior falha pois a aplicação será linear-conjugada, e não linear.
Façamos o caso em que H é separável e temos um sistema ortonormal

completo (en)n 1. É suficiente mostrar que H = ‘2 (N), pois isto nos dá que:
H ‘ (N)‘ (N) H;
= 2 = 2 =
pelo exercício 4.
Defina : H‘2(N) por (x) = (hx; eni)n 1. A linearidade de segue da
linearidade de h ; i na primeira entrada: com efeito, sejam x; y 2 H e 2 C. Temos:

(x + y) = (hx + y; eni)n 1 = (hx; eni + hy; eni)n 1 =


(hx; eni)n 1 + (hy; eni)n 1 = x + y:
Pela Identidade de Parseval, temos que:
X
2 2
jhx; enij = kxk < +1;
n 1

de modo que de fato assume valores em ‘ 2(N). Ainda mais, preserva produtos intern os, e
logo normas:
* +
h x; yi = hx; enihy; eni = hx; enien; hy; enien = hx; yi;
X X X

n 1 n 1 n 1

novamente pela Identidade de Parseval. Segue que é injetora. Só resta ver que é
sobrejetora. Tome (an)n 1 2 ‘2(N). Então temos que dado p > 0, vale que:
n+p akek - n akek = n+p v
u Xn+p
X X X u n!+1
ak ek = t 2
k=1 k=1 k=n+1

jakj ! 0;
k=n+1

Pn
pois (an)n 1 2 ‘2(N). Assim ( k=1 akek)n 1 H éPuma sequência de Cauchy em H. Mas H
é um espaço de Hilbert, logo existe x = n 1 anen 2 H. Porém, para cada n 1, temos hx; eni
= an, de modo que x = (an)n 1, e portanto é sobrejetora.
Observação 4.2. Se não supormos H separável, basta tomarmos um sistema ortonor-
mal maximal fe j j 2 Jg e repetir os argumentos acima para ‘ (J) = f(x ) 2 Hj
P j 2 jjJ
2
j2J jxjj < +1g. Analogamente define-se ‘p(J) e provam-se os resultados análogos

enunciados para ‘p(N).

Exercício 7. Sejam X e Y espaços lineares normados sobre um mesmo corpo K.


Mostre que se T 2 B(X; Y), então ker T é um subespaço linear fechado de X.

58
Solução: As operações de ker T são induzidas das de X, então todas as propriedades
valem automaticamente. Se x; y 2 ker T e 2 K, vale que:
T(x + y) = Tx + Ty = 0 + 0 = 0;

assim x + y 2 ker T. E finalmente, reconheça que:

-1
ker T = fx 2 X j Tx = 0g = T (f0g)

é fechado, por ser a pré-imagem de um conjunto fechado, f0g, por uma função

contínua, T (pois T 2 B(X; Y)).

Exercício 8 (P3). Mostre que o operador "right-shift" R : ‘2(N) ! ‘2(N) definido por:

R((x1; x2; ; xn; )) = (0; x1; x2; ; xn; )

é um operador limitado em ‘2(N) e ache sua norma.

Solução: Vejamos que R é linear. Dadas sequências x = (xn)n 1; y = (yn)n 1 2 ‘2(N), e 2


R, temos:
R(x + y) = (0; x1 + y1; ; xn + yn; )
= (0; x1; ; xn; ) + ( 0; y1; ; yn; )
= (0; x1; ; xn; ) + (0; y1; ; yn; )
= Rx + Ry:

Mantendo a notação acima, escreva Rx = ((Rx)n)n 1, com (Rx)1 = 0 e (Rx)n = xn-1


se n > 1. Temos:
X X X X
2 2 2 2 2 2
kRxk2 = j(Rx)nj = j(Rx)nj = jxn-1j = jxnj = kxk2 :
n 1 n 2 n 2 n 1

Extraindo raízes, vem kRxk2 = kxk2. Como x 2 ‘2(N) era arbitrário, segue que R é

limitado e kRk = 1.

Exercício 9. Fixe x 2 C(] - ; [). Mostre que o operador "multiplicação" Mx :


L (]- ; [) L (] - ; [) definido por:

2
2 ! M x(y) = xy onde Mx(y)(t) = x(t)y(t); 8 t 2] - ; [
é um operador limitado em L2(] - ; [).

Solução: Se o intervalo for aberto o resultado é falso, basta tomar x(t) = 1=(t - ) e y 1 2

L2(] - ; [) para que a integral não seja finita. Então troquemos o intervalo

59
aberto pelo fechado. Vejamos que Mx é linear. Fixe y1; y2 2 L2([- ; ]) e 2 C.
Fixado t 2 [- ; ] qualquer, vale:

Mx(y1 + y2)(t) = x(t)(y1 + y2)(t) = x(t)(y1(t) + ( y2)(t))


= x(t)(y1(t) + y2(t)) = x(t)y1(t) + x(t)( y2(t))
= x(t)y1(t) + x(t)y2(t) = Mx(y1)(t) + Mx(y2)(t)
= (Mx(y1) + Mx(y2)(t):

Como t é arbitrário vem que Mx(y1 + y2) = Mx(y1) + Mx(y2). E por fim, temos:

M (y) 2 =Z jx(t)y(t)j2 dt = Z jx(t)j2jy(t)j2 dt


k x k2 [- ; ] [- ; ]

Z 2 2 2 Z 2
[- ; ] kxk1 jy(t)j dt = kxk1 [- ; ] jy(t)j dt
2 2
= kxk 1kyk 2

Extraíndo raízes vem que kMx(y)k2 kxk1kyk2, portanto Mx é um operador limitado


e kMxk kxk1.

Exercício 10 (P3). Fixe x = (x1; x2; : : : ; xn; : : :) 2 ‘1(N). Mostre que o operador
Mx : ‘2(N) ! ‘2(N) definido por:
Mx(y) = (x1y1; x2y2; : : : ; xnyn; : : :)

é um operador limitado em ‘2(N) e que kMxk = kxk1.

Solução: Vejamos que Mx é linear. Dados y = (yn)n 0; z = (zn)n 0 e 2 C, temos:

Mx(y + z) = (xn(yn + zn))n 0 = (xnyn + xnzn)n 0


= (xnyn)n 0 + ( xnzn)n 0 = (xnyn)n 0 + (xnzn)n 0
= Mxy + Mxz:

Agora vamos verificar que Mx é limitado. Temos:


X X 1 1X 1
2 2 2 2 2 2 2 2
kMxyk2 = jxnynj kxk jynj = kxk jynj = kxk kyk2 ;
n 0 n 0 n 0

e extraíndo raízes vem que kMxyk2 kxk1kyk2. Portanto kMxk kxk1. O cálculo acima
também mostra que Mx de fato assume valores em ‘2(N).
Agora, seja > 0. Por definição de kxk 1, existe n0 0 tal que jxn0 j > kxk1 - . Agora defina
uma sequência y = (yn)n 0 pondo yn0 = 1, e yn = 0 para todo n 6= n0.
Claramente y 2 ‘2(N) e kyk2 = 1. E daí:
s X 2 1
kMxk = kMxkkyk2 kMxyk2 = n 0
jy j2
n = jxn0 j = jxn0 j > kxk - :
q
Como para todo > 0 temos kMxk > kxk - , concluímos que kMxk kxk . Desta

forma obtemos kMxk = kxk1. 1 1


60
Exercício 11. Defina f : ‘2(N) C por:
X xn
f(x) = onde x = (x ; x ; : : : ; x ; : : :) ‘ (N):
2 ! 1 2 n 2
n 1 n 2
2
Mostre que f é um funcional linear limitado e que kfk = =(3 p 10 ).

Solução: Se x = (xn)n 1; y = (yn)n 1 2 ‘2(N) e 2 C, temos:


X xn + y X xn y
n
n
f(x + y) = n
2
= n + n
2 2
n 1 n 1
X xn X yn
= n2 + n2 = f(x) + f(y):
n 1 n 1
Agora, pela desigualdade de Cauchy-Schwarz temos:
s x =r x = p x :
jf(x)j = n 1 n2 n 1 n4 k k2 90k k2 3 10k k2
X X 4 2
xn 1

2 p
Portanto f é um operador linear limitado e kfk =(3 10). Podemos encarar f
como: x y ; y= ;
Xf(x) = hx; yi = n 1
n n n2 1
n 1

2 16
de modo que kfk = kyk2 = =(3 p 10), por exercícios anteriores.

16 P 1 4
O cálculo de n 1 4 = utiliza Séries de Fourier, o teorema de Parseval, e está fora do escopo
n 90
da resolução deste exercício.

61
4.1 Aplicações do teorema de extensão de Hahn-Banach
Exercício 12 (P3). Seja M um subespaço do espaço linear normado (X; k k) e x 2 X tal
que
d = d(x; M) = inf kx - yk > 0:
y2M

Mostre que existe x 2 X tal que kx k = 1, x (x) = d e finalmente x (m) = 0 para cada m 2
M.
Solução: A ideia é definir um funcional linear limitado apenas em M Cx e então estendê-
lo pelo Teorema de Hahn-Banach. Cada elemento de M Cx se escreve unicamente
como m + x, com m 2 M e 2 C, e portanto está caracterizado pelo coeficiente . Defina f :
M Cx ! C pondo f(m + x) = d(x; M). Vejamos que f é linear. Dados 1; 2; 2 C, e dados m1;
m2 2 M, temos:
f(m1 + 1x + (m2 + 2x)) = f(m1 + m2 + ( 1 + 2)x)
= ( 1 + 2)d(x; M)
= 1d(x; M) + 2 d(x; M)
= f(m1 + 1x) + f(m2 + 2x):
Se m 2 M, temos f(m) = f(m + 0 x) = 0 d(x; M) = 0: E também temos que:

f(x) = f(0 + 1 x) = 1 d(x; M) = d(x; M):

Vejamos agora que f é limitado e que tem norma 1. Se m 2 M, claro que f(m) kmk. Se
tomarmos um elemento que não está em M, então o coeficiente é não nulo e podemos escrever:
km + xk = j j m + x j jd(x; M) = j d(x; M)j = jf(m + x)j:
1

Assim f é limitado e kfk 1. Para a outra desigualdade, seja > 0. Pela definição de d(x; M),
existe m 2 M tal que 0 < kx - m k < d(x; M) + . Então:
kfk = kfk 1 = kfk x-m f x-m
x-m x-m
k k
1 jf(x - m )j
= x-m f( - ) = x-m
k k
x m k k

d(x; M) d(x; M)
=

kx - m k d(x; M) +
Como > 0 era qualquer, 0 nos dá kfk 1, e então concluímos que kfk = 1. !

Pelo Teorema de Hahn- !


Banach, existe um funcional linear x : X C que estende

f preservando a norma, isto é, x M Cx = f e kx k = 1. Em particular x M = 0 e x (x) = d(x;


M).

Exercício 13. Seja o espaço linear normado (X; k k). Dados y; z 2 X com y 6= z, mostre
que existe x 2 X tal que x (y) 6= x (z).
62
Solução: Temos dois casos a analisar. Suponha que y e z sejam paralelos, e sem
perder generalidade que y 6= 0. Todo elemento de Cy se escreve unicamente como y e
está caracterizado por este coeficiente . Defina f : Cy ! C dado por f( y) = kyk. Vejamos
rapidamente que f é linear: sejam 1; 2; 2 C. Temos:
f( 1y + 2y) = f(( 1 + 2)y) =( 1 + 2)kyk = 1kyk + 2kyk = f( 1y) + f( 2y):
Ainda mais, f é injetora:

y 2 ker f =) f( y) = 0 =) kyk = 0 =) = 0 =) ker f = f0g;

já que y 6= 0. Em particular f(y) 6= f(z). Agora vejamos que f é limitado e calculemos a


sua norma:
jf( y)j = j kykj = j jkyk = k yk:
Como y 2 Cy era qualquer, segue que f é limitado e kfk = 1. Pelo Teorema de Hahn-
Banach, existe x 2 X que estende f preservando a norma. Em particular
x (y) 6= x (z).
Se y e z não são paralelos, temos que d(z; Cy) > 0. Pelo exercício acima, existe
x 2 X com x (z) = d(z; Cy) > 0 e x Cy = 0. Em particular x (y) = 0, pois y 2 Cy.
Assim x (y) 6= x (z).

Exercício 14. Seja o espaço linear normado (X; k k). Mostre que se o dual X deste
espaço é separável, então X também é separável.
Sugestão: Tome um denso enumerável e enumere S = fxn j kxnk = 1g. Mostre que
existe xn 2 X de norma 1 e que xn(xn) > 1=2. Gere M = span(fxng) e mostre que é denso
em X.

Solução: Como X é separável, temos que a esfera unitária de X também é, então


podemos fixar um subconjunto denso e enumerável desta esfera:

S = fxn 2 X j kxnk = 1; 8 n 0g:

Pela definição de kxnk como supremo, existe xn 2 X tal que kxnk = 1 e jxn(xn)j > 1=2.
Considere agora M = span(fx ngn 0). Então M é separável, pois o conjunto de todas as
combinações lineares dos fxngn 0 com coeficientes racionais (no caso real), ou cujas
partes reais e imaginárias dos coeficientes sejam racionais (no caso complexo),
é denso em M e enumerável. Agora afirmo que M = X. Suponha por absurdo que
não. Então existe x 2 X n M, e como M é fechado, temos d(x; M) > 0. Pelo exercício
12 existe x 2 X tal que x M = 0 e kx k = 1. Então como todos os x n estão em M, segue
que, para todo n 0:

1
2 < jxn(xn)j = jxn(xn) - x (xn)j = k(xn - x )(xn)k kxn - x k:
Isto contradiz a densidade de S na esfera unitária de X , pois kx k = 1. Uma bola
centrada em x com raio, digamos, 1=4, não contém elementos de S. Portanto M = X.

63
Exercício 15. Seja M um subespaço do espaço linear normado (X; k k). O aniquilador
?
(annihilator) de M é indicado por M e é o subespaço:
?
M = fx 2 X j x (y) = 0 para todo y 2 Mg:
?
(i) Mostre que M é um subespaço linear fechado de X .
(ii) Mostre que a função:
?
(x + M ) = x M
?
do espaço quociente X =M em M está bem definida, é linear, e que ela é
sobrejetora.
? ?
(iii) Mostre que k (x + M )k = kx + M k, e portanto é uma isometria linear.
Solução:
(i) Para cada y 2 M, defina avaly : X ! C pondo avaly(x ) = x (y). Afirmo que avaly 2 X .
Com efeito, dados x1 ; x2 2 X e 2 C, temos:
avaly(x1 + x2) = (x1 + x2)(y) = x1 (y) + x2(y) = avaly(x1 ) + avaly(x2):
E também:
javaly(x )j = jx (y)j kx kkyk =) kavalyk kyk:
Então para cada y 2 M, avaly é um funcional linear limitado, e portanto é contínuo.
?
Pela definição de M , basta notar que: \

? - 1
M = aval y (f0g)
y2M

é a interseção de uma família de fechados, portanto é fechado. Com efeito, cada


- 1
aval y (f0g) é a pré-imagem de um fechado, f0g, por uma função contínua, aval y,
logo é fechada.
? ?
Agora vejamos que M também é subespaço de X . Claro que 0 2 M , e dados x1 ;
?
x2 2 M e 2 C, temos que dado y 2 M qualquer, vale:
?
(x1 + x2)(y) = x1 (y) + x2(y) = 0 + 0 = 0 =) x1 + x2 2 M :
(ii) Visto que restrições de aplicações lineares continuam lineares, kx Mk kx k
pois M X, e x 2 X , segue que x M 2 M , então realmente assume valores em M .
?
Agora vejamos que está bem definida. Sejam x ; y 2 X tais que x y mod M . Então
?
x - y 2 M . Com isto:

(x - y ) M = 0 =) x M - y M = 0 =) x M = y M;
e assim está bem definida.
? ? ?
Agora vamos verificar a linearidade. Sejam x + M ; y + M 2 X =M e 2 C.
Temos:
? ? ? ?
((x + M ) + (y + M )) = ((x + M ) + ( y + M ))
?
= (x + y + M )
= (x + y ) M
=xM+(y)M
=xM+ yM
? ?
= (x + M ) + (y + M )

64
E por fim, verifiquemos que é sobrejetora. Seja y 2 M . Pelo Teorema de Hahn-
? ?
Banach, existe ye 2 X que estende y . Então temos ye + M 2 X =M e podemos
calcular:
?
(ye + M ) = ye M = y M:
?
(iii) Provaremos duas desigualdades. Seja y 2 M qualquer. Temos:
?
k (x + M )k = kx Mk = kx M + y Mk = k(x + y ) Mk kx + y k
Tomando o ínfimo entre todos os y 2 M?, vem:
? ?
(x + M ) inf x+y = x+M
k k y 2M k
?
k k k
?
Para a outra desigualdade, notamos que (x + M ) 2 M , e pelo Teorema de
?
Hahn-Banach existe x 2 X que estende (x + M ) preservando a norma.
? ?
Afirmo que x + M = x + M . Com efeito, basta notar que:
?
(x -x)M= x M- x M = (x + M ) - x M = 0:
Apelando para a primeira desigualdade, temos:
? ? ? ?
kx + M k = k x + M k k x k = k (x + M )k kx + M k;
? ?
pois 0 2 M e usamos a definição de kx + M k como ínfimo. Concluímos que k (x +
? ?
M )k = kx + M k, e portanto é um isomorfismo isométrico.

Exercício 16 (Sub). Sejam X e Y espaços lineares normados e T 2 B(X; Y). O adjunto


de T é T 2 B(Y ; X ) definido por:
T (y )(x) = y (T(x)); para todo y 2 Y e todo x 2 X:
(Em dimensão finita, sem normas, é a transposta, caso real, e a adjunta no caso
complelxo de operadores lineares)
(i) Mostre que T é efetivamente um operador linear e que é limitado.

(ii) Mostre que : B(X; Y) ! B(Y ; X ) definido por (T) = T é uma isometria linear.

Solução:

(i) Sejam y1 ; y2 2 Y e 2 C. Seja x 2 X qualquer. Temos:


T (y1 + y2)(x) = (y1 + y2)(Tx) = y1 (Tx) + y2(Tx)
= T (y1 )(x) + T (y2)(x) = (T (y1 ) + T (y2))(x); e daí
T (y1 + y2) = T (y1 ) + T (y2). Para ver que T é limitado, temos:
kT (y )(x)k = ky (Tx)k ky kkTxk ky kkTkkxk:
Tomando o supremo sobre os x 2 X com kxk = 1 vem que:
kT (y )k kTkky k:
Tomando o supremo sobre os y 2 Y com ky k = 1 vem que:
kT k kTk;
e T é limitado.

65
(ii) Vejamos que é linear. Tome T1; T2 2 B(X; Y) e 2 C. Tome y 2 Y e x 2 X quaisquer.
Temos que:

(T1 + T2)(y )(x) = (T1 + T2) (y )(x) = y ((T1 + T2)(x))


= y (T1x + T2x) = y (T1x) + y ( T2x)
= y (T1x) + y (T2x) = T1 (y )(x) + T2 (y )(x)
= (T1)(y )(x) + (T2)(y )(x)
= ( (T1)(y ) + (T2)(y ))(x)

Como x 2 X é qualquer, temos:

(T1 + T2)(y ) = (T1)(y ) + (T2)(y ) = ( (T1) + (T2))(y );

e como y é qualquer segue que (T1 + T2) = (T1) + (T2). Agora só resta ver que dado
T 2 B(X; Y), tem-se kT k = kTk: Do item acima, já temos que
kT k kTk.
Façamos a verificação da outra desigualdade. Se T = 0, então segue da definição
de T que também temos T = 0, e aí a igualdade vale trivialmente. Caso
contrário, tome x0 2 X tal que Tx0 6= 0. Pelo exercício 12 aplicado com M = f0g,
existe y 2 Y tal que ky k = 1 e y (Tx0) = kTx0k. Então:
kTx0k = y (Tx0) = T (y )(x0) kT (y )kkx0k kT kky kkx0k = kT kkx0k;

e daí segue que kTk kT k. Concluímos então que kTk = kT k = k (T)k e daí é uma
imersão isométrica.

66
4.2 Teorema da Aplicação Aberta e do Gráfico Fechado
Exercício 17 (Teorema da Aplicação Aberta). Sejam X e Y espaços de Banach, e
T 2 B(X; Y). Mostre que para todo aberto U X, a imagem T(U) é um aberto de Y.
Solução: Vamos nos organizar com o:

Lema 4.2. Sejam X e Y espaços de Banach, e T 2 B(X; Y) sobrejetora. Então TBX(0; 1)


contém alguma bola aberta de Y, centrada na origem.
Demonstração: Note inicialmente que:
k = kB 0;
X=k 1 BX 0; 2 k 1 X 21 :
[ [

Como T é sobrejetora, temos:


1
Y=T(X)=T k 1 kBX 0; 1
2 ! =k 1 kTBX 0; 2 = k 1 kTBX 0; 21 ;
[ [ [

onde no penúltimo passo usamos que T é linear, e no último apenas acrescentamos


pontos. Como Y é um espaço de Banach, Y é um espaço de Baire, portanto existe k 1
1
tal que intY kTBX 0; 2 6= ?: Assim existem y0 2 Y e r > 0 tais que:
BY(y0; r) kTBX 0; 2 = kBY(y0; r) TBX 0; 2 = B
Y y0 ;k TBX 0; 2 :

1 1 1 r 1

) )
Chame r = r=k. Transladando tudo para a origem, temos:

1
BY(y0; r) - y0 = BY(0; r)TBX 0; 2 - y0:

Agora afirmo que BY(0; r)


1
TBX(0; 1). Provemos isto verificando que na verdade 1
y TBX 0; 2 -y0, de modo que y + y0 TBX 0; 2 . Então:
1
temos TBX 0; 2 - y0 TBX(0; 1), e esta verificação será feita diretamente. Seja

2 2
1 1
y0 2 TBX
2 0; 2 =
2
existe (un)n 1 TBX 0; 2
2
tal que un
! y
0
1
y + y0 TB X 0; = existe (vn )n 1 TB X 0; 1 tal que vn y 0:

Para cada n 1, podemos escrever u = Tw v = Tz , as sequências


1 ) n n e n n com !
(wn)n 1; (zn)n 1 em BX 0; 2 : Temos:
1 1
kw - z k kw k + kz k < + = 1;
n n n n 2 2
de modo que para todo n 1 temos wn - zn 2 BX(0; 1). Com isto: T(wn

- zn) = Twn - Tzn = un - vn 2 TBX(0; 1);


para todo n 1. Então:

un - vn ! y0 - (y + y0) = -y 2 TBX(0; 1);

67
e daí y 2 TBX(0; 1). Concluímos que BY(0; r) TBX(0; 1).
1
Agora, para cada n 1 considere a bola BX 0; 2 n . Como T é linear, temos:
1 1
TBX 0; = TBX(0; 1) :
2n 2n
n
Aí, dividindo tudo por 2 , temos:

1 1 r 1
BY(0; r) TBX(0; 1) = 2n BY (0; r) 2n TBX(0; 1) = BY 0; 2n TBX 0; 2n ;

para todo n 1.
Y 2
) r )
X 2
r
x
Agora vejamos que BY 0; 2 é a bola procurada, isto é, que BY 0; 2 TBX(0; 1).
2 B X(0; 1 ) com ky - Tx1k < 4 .

1
1
2

17
2 r

r
Seja y B 0; . Pelas inclusões acima, y TB 0; , então podemos tomar
tomar x2 2BX 0; 4 com ky - Tx 1 - Tx 2k < 8 .
1 r
y - Tx B Y 0 ; , e pelas inclusões acima, y - Tx 1 TB ;
Assim 1 1 4 r 2
X 0 4 . Podemos

este 2 n X 2
1 n
2 1 . Chame n k=0 k . Afirmo que nn 1 é uma

Repetindo processo, podemos, para cada n 1, tomar x B 0; 1n tal que

k k
r
P
n 2
y - Tx - Tx < n+ z = x (z ) sequência
de Cauchy. De fato, supondo n > m, temos que:
1
kzn - zmk = n xk - m xk =n xk n kxkk < n 2 k
n +
0:
X X
X X X
k=1 k=1 k=m+1 k=m+1 k=m+1 !1
!

Como é um n n 1
X espaço de Banach, a sequência (z ) converge para um elemento
P
x= n 1 xn 2 X. Afirmo que x 2 BX(0; 1). Temos: 1
kxk = xnkxnk < 2 n = 1:
X X X
n 1 n 1 n 1

É claro que Tzn ! y, por construção. E como T é contínuo, z n ! x nos dá Tzn ! Tx. Por
unicidade dos limites, temos que y = Tx 2 TB X(0; 1).

O principal da demonstração se resume ao lema. Agora provemos o teorema. Seja U X


aberto, e x 2 U. Queremos provar que existe uma bola centrada em Tx contida em T(U).

Como U é aberto, existe a > 0 tal que B X(x; a) U. Então como B X(x; a) = x + BX(0; 1),
temos:
1
x+BX(0; a) U =) BX(0; a) U-x =) aBX(0; 1) U-a =) BX(0; 1) (
a U-x)
Aplicando T e usando linearidade, temos:
1
TBX(0; 1) (
a T(U) - Tx):
17 Existe uma sequência em TBX 0; 2
1
que converge para y, basta tomar um elemento próximo o suficiente de y nesta sequência.

68
Pelo Lema, existe r > 0 tal que BY(0; r) TBX(0; 1). Então:
1

BY(0; r) (
a T(U) - Tx) =) aBY(0; r) T(U) - Tx =)
BY(0; ra) T(U) - Tx =) Tx + BY(0; ra) T(U)
=) BY(Tx; ra) T(U):

Como Tx era um elemento arbitrário de T(U), concluímos que T(U) é aberto.

Exercício 18. Todo subespaço vetorial fechado F de C([a; b]) formado por funções
continuamente diferenciáveis é de dimensão finita.
Solução: Defina D : F ! C([a; b]) o operador derivada. Vejamos que D é um operador
fechado. Como F é fechado, F é um espaço de Banach. Sejam (f n)n 1 F e g 2 C([a; b])
tais que fn ! f 2 C1([a; b]) e Dfn ! g. Como F é fechado, f 2 F . Como as funções tem derivadas
contínuas, vale o Teorema Fundamental do Cálculo e temos:
( Z (
n ) = n(0) + 0
x n )d 8 1 )
! 1 0 Z x 0
d

f x f Df t t; n n + = f(x) = f( ) + g(t) t;
observando que convergência uniforme permite o passo:
Z
x x x
n
lim Dfn(t) dt = Z0 lim Df+ n
(t) d t = Z 0
g(t) d t:
n!+1 0

Por outro lado, temos que: ! 1

Zx
f(x) = f(0) + Df(t) dt;
0

donde concluímos que Df = g. Pelo Teorema do Gráfico Fechado à seguir, temos que D
é um operador contínuo, e assim limitado. Então existe K > 0 tal que:

kfkC1 KkfkC0 ; 8 f 2 F:
n+1
n Z tal que n > K(b - a). Defina : F C pondo:

Tome 2 >0 f fa;f a b-a ;f a ! b-a ; ;fb :


( )= () + n +2 n ()
Considere o subespaço:
Fn = ker = f 2 F j f a + k n = 0; 8 0 k n :
b-a

Temos que:
dim F = dim Fn + dim Im( ) dim Fn + n + 1:

Afirmo que Fn = f0g. Suponha por absurdo que não, e tome f 2 F n com kfkC0 = 1:
Suponha que o módulo máximo seja realizado em t 2 [a; b]. Aplicando o Teorema do

69
Valor Médio, e notando que a maior distância entre t e o próximo ponto da forma p k = a
b- a b - a
+k n é 2n , temos que existe x 2 [a; b] tal que:

0 0 0 b - a 0
jf(t) - f(pk)j = jf (x)jjt - pkj =) jf(t)j = jf (x)jjt - pkj jf (x)j 2 n =) jf (x)j

2n 0
b - a =) jf (x)j > 2K =) kfkC1 > 2KkfkC0 ;

contradizendo que kfkC1 KkfkC0 . Portanto Fn = f0g, logo dim Fn = 0 e concluímos que

dim F n + 1 < +1.

Exercício 19 (Teorema do Gráfico Fechado). Sejam X e Y espaços de Banach, e


T 2 B(X; Y) cujo gráfico é fechado no produto X Y. Mostre que T é contínua.

Solução: Consideremos em X Y a norma da soma. Defina a projeção : G(T) ! X, onde


G(T) = f(x; Tx) 2 X Y j x 2 Xg é o gráfico de T. Temos que é linear, pela estrutura de G(T),
e contínua:

k (x; Tx)k = kxk kxk + kTxk = k(x; Tx)k;


logo k k 1.
Ainda mais, é uma bijeção entre G(T) e X, logo existe -1. Como G(T) e X são
18
espaços de Banach , é uma aplicação aberta, pelo Teorema da Aplicação Aberta.
-1 -1
Segue que é contínua, logo limitada. Digamos, k xk Ckxk para algum C 0.
Finalmente temos:
-1
kTxk kxk + kTxk = k(x; Tx)k = k xk Ckxk;

e T é limitada. Concluímos que T é contínua, como queríamos.

18
Já vimos que X Y é Banach com a norma da soma, e G(T) é fechado em X Y, por hipótese.

70
4.3 Princípio da Limitação Uniforme e o Teorema de Banach-
Steinhaus
Exercício 20 (Princípio da Limitação Uniforme). Sejam X um espaço de Banach e
Y um espaço normado, e B B(X; Y). Se, para todo x 2 X tem-se supT2B kTxk < +1, então

vale supT2B kTk < +1.


Solução: Para cada n 1, chame Bn = fx 2 X j supT2B kTxk ng. Então temos que para
cada n 1: \

Bn = fx 2 X j kTxk ng:
T2B

Como cada T 2 B é contínuo, temos que B n é a interseção de uma família de


19
fechados , e logo é fechado também. Note então que X, por ser um espaço de Banach,
é um espaço de Baire. A igualdade:
[
X = Bn
n 1

nos dá, pelo Teorema de Baire, que existe n 0 1 tal que Bn0 tem interior não vazio em X.
Mais exatamente, existem x0 2 X e r > 0 tais que B(x 0; r) Bn0 . Sejam x 2 X e T 2 B
rx
quaisquer. Se x = 0 nada há o que fazer. Se x 6= 0, então o vetor 2k xk + x0
está em Bn0 , e daí:
T 2 x + x0 n 0
rx = 2 rx Tx + Tx0 n0 = 2 rx Tx n0 + kTx0k:
kk
k k k k

n0 0k 0 2B
Mas note que o próprio x0
k n

prosseguir: ) )
está em B , donde Tx para todo T . Podemos
Tx n
4 0
2 rx Tx 2n 0 = r 2k x k 2n0 = kTxk r kxk; 8 x 2 X; 8 T 2 B:

kk kk

nos vetores unitários, temos que:

Tomando o supremo ) )
4n0
kTk r ; 8T2B:
Tomando o supremo em B resulta:
4n0
sup kTk < +1;
r
T2B
como queríamos.

Exercício 21 (Teorema - Banach-Steinhaus). Sejam X um espaço de Banach e Y um


espaço normado, e seja (fn)n 1 B(X; Y) uma sequência de aplicações lineares contínuas
tal que para todo x 2 X, existe o limite f(x) = limn!+1 fn(x). Então
f 2 B(X; Y) e:
kfk lim inf kfnk:
n!1

19 -1
As pré-imagens dos fechados T [0; n].

71
Solução: Que f 2 B(X; Y) já vimos no exercício 19 da lista 3, os passos são os mesmos.

Como para todo x 2 X existe o limite limn!+1 fn(x), temos que:

B = ffn 2 B(X; Y) j n 1g
é pontualmente limitado. Como X é Banach, pelo Princípio da Limitação Uniforme,
temos que supn 1 kfnk < +1. Em particular, isto implica que lim inf n!+1 kfnk < +1. Então
temos que:
kn k k nkk k 8 1 n + kn k n + k nkk k k k n + k nk k k
f x f x ; n = lim inf f x lim inf f x = fx lim inf f x ;
) !1 !1 ) !1
donde segue que kfk lim infn + kfnk, pois fnx fx = fnx fx e

! 1
lim infn!+1 kfnxk = limn!+1 kfnx k. ! ) k k !k k

Exercício 22. Sejam E; F e G espaços normados. Se B : E F ! G é uma aplicação

bilinear separadamente contínua e E ou F é completo, então B é contínua.


Solução: Suponha sem perder generalidade que E é um espaço de Banach. Vejamos
que B é contínua, verificando que é limitada. Para os pares (x; 0) 2 E F nada há o que
B( ;y)
fazer. Caso contrário, para cada y, considere a aplicação . Temos que:
kyk
)k
(y ) kB(y kyk = kB(x; )k < + ; 8 x 2 E;
B x; y
k k k
x; k
1

B(
pois B é separadamente contínua. Pelo mesmo motivo, para cada y 2 F n f0g, temos que
;y)
é contínua. Já que E é Banach, pelo Princípio da Limitação Uniforme,
kyk
temos:
y Fnf0g y 8 2 y Fnf0g
sup
2
B(x; y) kk
<+ ; x E= sup
2
B( ; y) =C<+ :
y
1 )
kk

Com isto, finalmente temos que se y 6= 0, vale:


)
kB(x; y)k = B( y ) kyk (y kxkkyk Ckxkkyk; 8 x 2 E; 8 y 2 F n f0g:
x; y B ;y
k k k k

obtemos k B(x; y)k Ckxkkyk para todo par (x; y) 2E F


Assim , já que os pares
(x; 0) são triviais. Como B é limitada, B é contínua.

72
4.4 Convergência de Séries de Fourier
Exercício 23 (P3, Sub). Determinar os pontos em que podemos assegurar a conver-
gência da série de Fourier das seguintes funções, definidas no intervalo [- ; [, e dar o
valor da soma de sua série de Fourier:
3
• f(t) = t ;
at
• f(t) = e ;
• f(t) = sen(at);

• f(t) = 1 para -t 0 ;
cos t para 0 < t <
• f(t) = j sen tj;
1
• f(t) = t sen t ;
2
• f(t) = t - 1;
3 1
• f(t) = t sen t 2 .
Solução: Vamos sempre considerar extensões periódicas. Em quase todos os casos, tal
extensão introduzirá descontinuidades de salto nos pontos x = + 2k , k 2 Z. O argumento
principal a ser feito é que se a função é derivável em um intervalo aberto, então ela é
derivável à direita e à esquerda em cada ponto. Assim é Lipschitz à direita e à esquerda
em cada ponto, e daí o Critério de Lipschitz garante a convergência desejada, em
média. Sendo a função contínua neste intervalo aberto, a série de Fourier converge para
a função no ponto. Em detalhes:
3
• f(t) = t : A função f é derivável em ] - ; [, portanto a sua série de Fourier converge
3
para a função em todos os pontos e a soma é t .
Para o ponto t = - , temos que f é derivável à direita e à esquerda (com as
2
derivadas valendo 3 ), portanto a série de Fourier converge em média para a
função no ponto, isto é:

1 - + 1 3 3
sm[f](- ) ! 2 (f(- ) + f(- )) = 2 ( + (- ) ) = 0:
30

20

10

-10 -5 5 10

-10

-20

-30

3
Figura 1: Extensão periódica de t .
73
at
• f(t) = e : A função f é derivável em ] - ; [, portanto a sua série de Fourier converge
at
para a função em todos os pontos e a soma é e .
Para o ponto t = - , temos que f é derivável à direita e à esquerda (com as
-a a
derivadas valendo ae e ae ), portanto a série de Fourier converge em média
para a função no ponto, isto é:
1 - + 1 a -a
sm[f](- ) ! 2 (f(- ) + f(- )) = 2 (e + e ) = cosh(a );

pela definição de cosh.

2.5

2.0

1.5

1.0

0.5
-10 -5 5 10

0:3t
Figura 2: Extensão periódica de e .

• f(t) = sen(at): A função f é derivável em ] - ; [, portanto a sua série de


Fourier converge para a função em todos os pontos e a soma é sen(at).
Para o ponto t = - , temos que f é derivável à direita e à esquerda (com as
derivadas valendo a cos(a )), portanto a série de Fourier converge em média
para a função no ponto, isto é:
1 - + 1
sm[f](- ) (f(- ) + f(- )) = (sen(a ) + sen(-a )) = 0;

!
pois f é ímpar. 2 2
1.0

0.5

-10 -5 5 10

-0.5

-1.0

Figura 3: Extensão periódica de sen(0:6t).

74
f(t) = 1 para -t 0 f ]-;[
• cos t para 0 < t < : A função é contínua e derivável em .

Se x 6= 0 isto é claro, e para x = 0 temos:


lim f(h) - f(0) = lim cos h - 1 = 0; lim f(h) - f(0) = lim 1-1 = 0;
h!0
+
h h!0
+
h h!0
-
h h!0
-
h
0
donde f (0) = 0. Então a série de Fourier converge para a função em todos os
pontos: em ] - ; 0] a soma é 1 e em ]0; [ a soma é cos t.
Para o ponto t = - , temos que f é derivável à direita e à esquerda (com as
derivadas valendo 0), portanto a série de Fourier converge em média para a
função no ponto, isto é:
1 - + 1
sm[f](- ) ! 2 (f(- ) + f(- )) = 2 (-1 + 1) = 0:

1.0

0.5

-10 -5 5 10

- 0.5

- 1.0

Figura 4: Extensão periódica de f.

• f(t) = j sen tj: A função f é contínua em ] - ; [. Em ] - ; 0[ a função é derivável, e aí a


sua série de Fourier converge para a função em todos os pontos, e a soma é - sen
t.
Em ]0; [ a função também é derivável, e também temos que a sua série de Fourier
converge para a função em todos os pontos, com soma sen t.
Para t = 0, temos que f é derivável à direita e à esquerda (com as derivadas
valendo 1 e -1), portanto a série de Fourier converge em média para a função no
ponto. Como a função é contínua em 0, o valor da soma é f(0) = 0.
Para t = - , temos que f é derivável à direita e à esquerda (com as derivadas
valendo 1 e -1), portanto a série de Fourier converge em média para a função no
ponto, isto é:
1 - + 1
sm[f](- ) ! 2 (f(- ) + f(- )) = 2 (0 + 0) = 0:

75
1.0

0.8

0.6

0.4

0.2

-10 -5 5 10

Figura 5: Extensão periódica de j sen tj.

1
• f(t) = t sen t : A expressão não está definida para t = 0, mas extendemos
1
primeiro a função pondo f(0) := limt!0 t sen t = 0. Em ] - ; 0[ e ]0; [ a função
é derivável e assim a sua série de Fourier converge para a função nestes pontos,
1
com soma t sen t .
A função f não é derivável em t = 0, porém é Lipschitziana à direita e à
+ + 1
esquerda de 0. Com efeito, f(0 ) = 0, e jf(s + 0) - f(0 )j = js sen s j s para todo s 2 ]
0; [, e assim f é Lipschitziana à direita de 0. Analogamente verifica-se que é
Lipschitziana à esquerda de 0. Pelo Critério de Lipschitz, a série de Fourier
converge em média para a função no ponto:
1 - + 1
sm[f](0) ! 2 (f(0 ) + f(0 )) = 2 (0 + 0) = 0:

Para t = - , temos que f é derivável à direita e à esquerda (com as derivadas


1 1 1 1 1 1
valendo - sen + cos e sen - cos ), portanto a série de Fourier converge
em média para a função no ponto, isto é:
sm[f](- ) 2(f(- ) + f(- )) = 2
- +
sen + sen = sen :
1 1 1 1 1

!
1.0

0.8

0.6

0.4

0.2

-10 -5 5 10

-0.2

1
Figura 6: Extensão periódica de t sen .
t

76
2
• f(t) = t - 1: A função f é derivável em ] - ; [, portanto a sua série de Fourier
2
converge para a função em todos os pontos e a soma é t - 1.
Para o ponto t = - , temos que f é derivável à direita e à esquerda (com as
derivadas valendo 2 e -2 ), portanto a série de Fourier converge em média para a
função no ponto, isto é:

1 2 2 2
sm[f](- ) ! 2 ( - 1 + (- ) - 1) = - 1:
8

-10 -5 5 10

2
Figura 7: Extensão periódica de t - 1.

3 1
• f(t) = t sen t 2 : A expressão não está definida para t = 0, mas extendemos
3 1
primeiro a função pondo f(0) := limt 0 t sen = 0. Em ] - ; 0[ e ]0; [ t2
série de Fourier converge para a função

a função é derivável e assim a sua !


3 1
nestes pontos, com soma t sen t 2 .
A função f não é derivável em t = 0, porém é Lipschitziana à direita e à
+ + 3 1 3
esquerda de 0. Com efeito, f(0 ) = 0, e jf(s + 0) - f(0 )j = js sen s 2 j s < s para
todo s 2 ]0; 1[, e assim f é Lipschitziana à direita de 0. Analogamente verifica-se
que é Lipschitziana à esquerda de 0. Pelo Critério de Lipschitz, a série de Fourier
converge em média para a função no ponto:
1 - + 1
sm[f](0) ! 2 (f(0 ) + f(0 )) = 2 (0 + 0) = 0:

Para t = - , temos que f é derivável à direita e à esquerda (com as derivadas


2 1 1
valendo 3 sen 2 - 2 cos 2 ), portanto a série de Fourier converge em média para
a função no ponto, isto é:

1 - +
sm[f](- ) ! 2 (f(- ) + f(- )) sen
2 sen 2
+ (- ) (- )2
1 3 1 1
= 3
2 3 2
= 2 3 sen - sen = 0:
1 1 1

77
3

-10 -5 5 10

-1

-2

-3

3 1
Figura 8: Extensão periódica de t sen 2 .
t

78

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