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Programa Operacional Inclusão Social e Emprego

Tipologia 3.03 Formação Modular para DLD

MANUAL DE PRIMEIROS SOCORROS


UFCD - 3564

Curso/Ação: Nº3 – Curso Modular de Agente


em Geriatria

Formadora: Ana Luísa Machado Ferreira


“Primeiro socorro é o tratamento inicial e temporário ministrado a
acidentados e/ou vítimas de doença súbita, num esforço de preservar a
vida, diminuir a incapacidade e minorar o sofrimento.”
Direção Geral de Saúde, 2015

“Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem


medo e nunca se arrepende.”
Leonardo da Vinci

Curso: Modular de Agente em Geriatria


Módulo/UFCD: Primeiros Socorros/3564
Formador/a: Ana Ferreira
ÍNDICE

INTRODUÇÃO
ÂMBITO DO MANUAL
OBJETIVOS DA APRENDIZAGEM
CARGA HORÁRIA

1. TIPOS DE ACIDENTE
1.1. COMPORTAMENTO PERANTE O SINISTRADO
1.1.1. PREVENÇÃO DO AGRAVAMENTO DO ACIDENTE
1.1.2. ALERTA DOS SERVIÇOS DE SOCORRO PÚBLICO
1.1.3. EXAME DO SINISTRADO
1.1.4. SOCORROS DE URGÊNCIA
1.1.4.1. POSIÇÃO LATERAL DE SEGURANÇA
1.1.5. PRIMEIROS SOCORROS E CONSELHOS DE PREVENÇÃO NOS
DIFERENTES CASOS DE DIFICULDADE RESPIRATÓRIA
1.1.5.1. DIFICULDADES RESPIRATÓRIAS – DESCRIÇÃO
1.1.6. SOCORROS DE URGÊNCIA
1.1.6.1. PANCADAS INTER-ESCAPULARES
1.1.6.2. MANOBRA DE HEIMLICH (COMPRESSÕES ABDOMINAIS)
1.1.7. REANIMAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA
1.1.7.1. SUPORTE BÁSICO DE VIDA (SBV) - ADULTO
1.2. FERIDAS, FRATURAS, ACIDENTES RESPIRATÓRIOS, ACIDENTES
DIGESTIVOS, ACIDENTES PELOS AGENTES FÍSICOS, ENVELHECIMENTO
1.3. ACIDENTES INERENTES À PROFISSÃO
1.3.1. QUEIMADURAS
1.3.2. HEMORRAGIA EXTERNA POR FERIMENTO (CORTE)
1.3.3. COMPORTAMENTO A SEGUIR
1.3.4. ESTERILIZAÇÃO DOS INSTRUMENTOS
1.3.5. PREVENÇÃO DOS ACIDENTES DE TRABALHO, SUPRESSÃO DE
RISCO, PROTEÇÃO COLETIVA, PROTEÇÃO INDIVIDUAL, SINALIZAÇÃO
2. SERVIÇO NACIONAL DE PROTEÇÃO CIVIL
2.1. SOCORRISMO E REALIDADE
3. A PROFISSÃO CONFRONTADA COM A DOENÇA
3.1. PREVENÇÃO DE ACIDENTES E DOENÇAS PROFISSIONAIS

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3.1.1.HIGIENE DO PROFISSIONAL
3.1.2.HIGIENE DO MEIO AMBIENTE
3.2. REVISÃO DE ATUAÇÃO EM DIFERENTES CASOS
3.2.1. REVISÃO DOS EFEITOS TARDIOS EM CERTOS ACIDENTES
BIBLIOGRAFIA

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Formador/a: Ana Ferreira
INTRODUÇÃO

ÂMBITO DO MANUAL

O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à unidade de formação de


curta duração nº 3564 – Primeiros socorros, de acordo com o Catálogo Nacional de
Qualificações.

OBJETIVOS DA APRENDIZAGEM

✓ Identificar os diferentes tipos de acidentes;


✓ Reconhecer o Serviço Nacional de Proteção Civil;
✓ Reconhecer a importância da prevenção de acidentes e de doenças profissionais.

CARGA HORÁRIA

✓ O módulo tem uma carga horária correspondente a 25 horas.

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1. TIPOS DE ACIDENTE
Acidente é definido como sendo um acontecimento casual, fortuito e inesperado, que
envolva dano, perda, lesão, sofrimento ou morte. Acidentes acontecem e estamos expostos a
inúmeras situações de risco que poderiam ser evitadas se, no momento do acidente, a primeira
pessoa a ter contacto com o sinistrado soubesse proceder corretamente na aplicação dos
primeiros socorros.

1.1. COMPORTAMENTO PERANTE O SINISTRADO

1.1.1. PREVENÇÃO DO AGRAVAMENTO DO ACIDENTE


Quando o acidente acontece o comportamento perante o sinistrado toma o nome de
“Primeiros Socorros”.
Primeiros Socorros definem-se como a prestação de ajuda imediata a uma pessoa
doente ou ferida até à chegada de ajuda profissional.
É da responsabilidade de qualquer pessoa a prestação de primeiros socorros.
Deve ter-se em atenção que a implementação dos primeiros socorros não substitui nem
deve atrasar a ativação de ajuda diferenciada, mas sim impedir ações desadequadas/incorretas,
alertar e ajudar, evitando o agravamento do acidente. A prestação de primeiros socorros poderá
contribuir para que o processo de cura e/ou recuperação seja mais rápido, e evitar ou minimizar
riscos de vida. Os princípios gerais do Socorrismo:
• Prevenir: o agravamento do estado da vítima e acidente;
• Alertar: corretamente o 112 (número europeu de socorro);
• Socorrer: a vítima até à chegada de pessoal especializado na emergência.

Perante uma ocorrência da qual tenha resultado uma vítima o socorrista deve ter em
consideração uma sequência de procedimentos a tomar, segundo uma ordem específica. Estes
procedimentos visam manter a integridade do socorrista, permitindo a prestação de primeiros
socorros de uma forma rápida e eficaz. Assim sendo, os princípios básicos de atuação perante
uma vítima são:

1. Garantir a segurança do socorrista;


2. Garantir a segurança da vítima;
3. Solicitar ajuda dos circulantes;
4. Determinar prioridades;
5. Pedir Ajuda Diferenciada – 112.

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1.1.2. ALERTA DOS SERVIÇOS DE SOCORRO PÚBLICO
O pedido de ajuda é realizado através do contacto telefónico para o número 112:

• Número Europeu de Emergência: pode ser utilizado em situações de emergência


relacionados com a saúde, incêndios, assaltos, entre outros;
• Chamada gratuita e acessível de qualquer ponto do país e a qualquer hora, através dos
telefones fixos ou móveis;
• O número 112 só deve ser utilizado em situações de
emergência;
• A chamada será atendida por um operador da Central
de Emergência, que enviará os meios de socorro
apropriados, acionando os sistemas médicos, policiais
e de incêndio, consoante a situação verificada.

Ao ligar 112 devemos estar preparados para responder de forma clara e exata:
o Local exato do acidente/vítima de doença súbita;
o Tipo de ocorrência (ex. acidente, parto, falta de ar, dor no peito);
o Número de vítimas;
o Condição em que se encontra(m) a(s) vítima(s);
o Se já foi feita alguma coisa (ex. controlo de hemorragia);
o Qualquer outro dado que lhe seja solicitado (ex. se a vítima sofre de alguma doença
ou se as vítimas de um acidente estão encarceradas).
Devemos seguir sempre as instruções que sejam dadas, uma vez que elas constituem o
pré-socorro e são fundamentais para ajudar a(s) vítima(s). A chamada só deve ser desligada
quando for indicado pela central de emergência e devemos estar preparados para ser contactados
posteriormente para algum esclarecimento adicional.

1.1.3. EXAME DO SINISTRADO


Antes de iniciar qualquer procedimento o socorrista deve avaliar o sinistrado com o intuito
de identificar as lesões sofridas e definir as prioridades da sua atuação. Até que possa realizar
uma avaliação adequada da ocorrência deve mover o mínimo possível o sinistrado.
As prioridades durante a avaliação de uma vítima são as seguintes:

• Garantir a segurança da vítima, de terceiros e da equipa durante toda a intervenção;

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• Identificar e corrigir as situações que implicam risco de vida;
• Não agravar o estado da vítima;
• Limitar o tempo no local ao mínimo necessário para estabilizar a vítima, iniciar a
correção das situações que carecem de intervenção e preparar o seu transporte em segurança;
• Recolher informações relevantes: Circunstâncias, História, Alergias, Medicação e
Última refeição.

Existem 5 etapas constituem a avaliação inicial ou primária da vítima, pela seguinte ordem
de prioridade:
ABCDE
A. Airway: Permeabilização da Via Aérea com controlo da coluna Cervical;
B. Breathing: Ventilação e Oxigenação;
C. Circulation: Assegurar a Circulação com controlo da Hemorragia;
D. Disability: Disfunção Neurológica;
E. Expose/Environment: Exposição com controlo de Temperatura.

Qualquer condição com risco de vida deve ser imediatamente abordada e se possível
resolvida antes de continuar o processo de avaliação (avaliação vertical).
A única exceção a esta regra é a hemorragia de uma artéria de grande calibre, em que a
prioridade é o controlo imediato da mesma.
A avaliação inicial deve demorar apenas 60-90 segundos a realizar, no entanto, se forem
necessárias intervenções e/ou procedimentos poderá levar mais tempo.

Vítima Crítica vs Não Crítica:


Para além de categorizar a vítima pelo mecanismo de lesão ou natureza da doença,
devemos com base em indicadores clínicos objetivos determinar se a vítima é crítica ou não
crítica.
• Crítica: vítima instável que requer intervenções imediatas e uma abordagem mais
célere e enérgica. Necessita frequentemente de um transporte mais precoce para o local onde
ocorrerá o tratamento definitivo.

Em resumo, independentemente de ser uma situação, a base da abordagem à vítima deve


ser a avaliação primária (ABCDE) que permitirá identificar ou excluir situações com risco de vida.

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1.1.4. SOCORROS DE URGÊNCIA
No nosso dia-a-dia são várias as situações que podem precisar de primeiros socorros. As
situações mais comuns são: incêndios, afogamentos, acidentes de viação, acidentes industriais,
convulsões, etc. No entanto, existe uma situação que é a mais frequente: a Perda de Consciência
(Sincope). Perda de Consciência, ou vulgarmente chamada de Desmaio, é causada por uma
redução momentânea do fluxo sanguíneo que irriga o cérebro:
• Pode ser uma reação nervosa à dor ou ao susto, o resultado de uma perturbação
emocional, exaustão, fraqueza alimentar, ou até o resultado de uma quebra de tensão;
• Frequente depois de grandes períodos de inatividade física, em que a concentração
de sangue nos membros inferiores, reduz a concentração no resto do organismo;
• Por norma só duram uns segundos e o paciente recupera normalmente a sua
lucidez.

Sinais e Sintomas?
• Fraqueza, sensação de desmaio;
• Náuseas ou vómitos;
• Sede;
• Pele fria, húmida e pálida;
• Pulsação lenta e fraca;
• Pode sobrevir o estado de inconsciência.
Como atuar?
a) Posicione a vítima de forma que a gravidade faça fluir o sangue ao cérebro. Se a
vítima sentir falta de equilíbrio, ajude-a a sentar-se e a inclinar-se para a frente com a cabeça
entre os joelhos.
b) Aconselhe-a a inspirar profundamente. Se a vítima ficar inconsciente, mas respirar
normalmente, deite-a com as pernas levantadas e, se não recuperar logo, coloque-a em posição
lateral de segurança;
c) Desaperte quaisquer peças de roupas justas no pescoço, peito e cintura;
d) Certifique-se que a vítima tem bastante ar fresco para respirar;
e) Sossegue a vítima quando esta recuperar a consciência. Levante-a gradualmente
até a sentar;
f) Examine a vítima e socorra qualquer lesão que possa ter feito ao cair;
g) Se a vítima não recuperar a consciência rapidamente, proceda à reanimação e
coloque-a em posição lateral de segurança, até chegar a assistência médica;

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h) Não dê nada à vítima, por via oral, até que esta tenha recuperado totalmente a
consciência. Nessa altura dê-lhe apenas pequenos goles de água (com uma colher ou um pacote
de açúcar, pois os desmaios podem ocorrer por baixo nível de açúcar no sangue). Nunca dê
bebidas alcoólicas.

1.1.4.1. POSIÇÃO LATERAL DE SEGURANÇA


Se a vítima respira normalmente mas está inconsciente, deve ser colocada em Posição
Lateral de Segurança (PLS).
Quando uma vítima se encontra inconsciente em decúbito dorsal, mesmo que respire
espontaneamente, pode desenvolver um quadro de obstrução da via aérea e deixar de respirar.
Neste caso a vítima deve ser colocada numa posição que mantenha a perm eabilidade da via
aérea, garantindo a não obstrução por queda da língua e que permita a livre drenagem de
qualquer líquido da cavidade oral, evitando a entrada do mesmo nas vias respiratórias,
nomeadamente no caso de a vítima vomitar.

A PLS deve respeitar deve respeitar os seguintes princípios:


a) Ser uma posição estável e o mais “lateral” possível, e para que a cabeça fique
numa posição em que a drenagem da cavidade oral se faça livremente;
b) Não causar pressão no tórax que impeça a respiração normal;
c) Possibilitar a observação e acesso fácil à via aérea;
d) Ser possível voltar a vítima em decúbito dorsal de forma fácil e rápida;
e) Não causar nenhuma lesão à vítima.

Como deve proceder para colocar uma vítima em PLS:

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a) Retirar os óculos e objetos volumosos (chaves, telefones, canetas, etc.) dos bolsos
da vítima;
b) Alargar roupa à volta da região do pescoço e peito;
c) Ajoelhar ao lado da vítima e estender-lhe os braços e as pernas;
d) Permeabilizar a via aérea, efetuando a extensão da cabeça e elevação do maxilar
inferior;
e) Colocar o braço da vítima, mais próximo de si, dobrado a nível do cotovelo, de
forma a fazer um ângulo reto com o corpo da vítima
ao nível do ombro e com a palma da mão virada para
cima:

f) Dobrar o outro braço da vítima sobre o tórax e encostar a face dorsal da mão à face
da vítima, do lado do reanimador;
g) Manter a mão da vítima nesta posição
segurando com a palma da mão do reanimador:

h) Com a outra mão segurar a coxa da vítima, do lado oposto ao reanimador,


imediatamente acima do joelho e levantá-la, mantendo o pé no chão, de forma a dobrar a perna
da vítima a nível do joelho;
i) Manter uma mão a apoiar a cabeça e
puxar a perna, a nível do joelho, rolando o corpo da
vítima na direção do reanimador:

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j) Ajustar a perna que fica por cima de modo a formar um ângulo reto a nível da coxa
e do joelho;
k) Se necessário ajustar a mão sob a face da vítima para que a cabeça fique em
extensão
l) Verificar se a via aérea se mantém permeável, certificando-se que a vítima respira
sem fazer ruído; se necessário reposicionar a cabeça;
m) Vigiar regularmente.

Notas Importantes:
• Se a vítima tiver que permanecer em PLS por um longo período de tempo,
recomenda-se que ao fim de 30 minutos seja colocada sobre o lado oposto, para diminuir o risco
de lesões resultantes da compressão sobre o ombro;
• Mulheres grávidas devem ser sempre colocadas para o lado esquerdo;
• Se a vítima deixar de respirar espontaneamente é necessário voltar a colocá-la em
decúbito dorsal.

1.1.5. PRIMEIROS SOCORROS E CONSELHOS DE PREVENÇÃO NOS DIFERENTES


CASOS DE DIFICULDADE RESPIRATÓRIA

1.1.5.1. DIFICULDADES RESPIRATÓRIAS – DESCRIÇÃO


Dificuldade para respirar envolve uma sensação de sufocamento e angústia por não
conseguir cumprir um dos movimentos involuntários do corpo e que é essencial para a vida: a
respiração. Pode ser somente um desconforto, que pode passar com o tempo, como pode
também ser a interrupção total da respiração, podendo levar a problemas gravíssimos de saúde.
Pode ter causas variadas.

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Causas?
• Bloqueio das passagens do ar: nariz, boca ou garganta. Por exemplo: obstrução da
via aérea por engasgamento;
• Doenças cardíacas. Por exemplo: insuficiência cardíaca; arritmia cardíaca; angina
de peito; enfarte agudo do miocárdio, entre outras;
• Doença pulmonares/respiratórias: bronquite; asma; pneumonia; DPOC; entre
outras;
• Tensão emocional. Por exemplo: ansiedade ou ataques de pânico;
• Exercício físico intenso;
• Obesidade.
Sinais e sintomas:
• Respiração ofegante, rápida e superficial;
• Sensação de aperto no peito;
• Tosse;
• Pele e mucosas pálidas e/ou cianosadas – azulada;
• Hipersudurese;
• Adejo nasal;
• Recurso aos músculos acessórios da respiração.
Como atuar?
• Verificar a existência de doença cardíaca ou pulmonar prévia;
• Verificar a existência de alergias;
• Manter uma atitude calma e confiante de modo a acalmar a vítima e os familiares;
• Remover a vítima do local onde se encontra, no caso de suspeitar da existência de
substâncias alergénicas;
• Otimizar o posicionamento, colocando a pessoa em posição que permita ventilar
adequadamente: por exemplo, fowler elevado;
• Transportar ao hospital e/ ou chamar ajuda 112.

Obstrução da Via Aérea


A obstrução da via aérea é uma emergência absoluta que, se não for reconhecida e
resolvida rapidamente, leva à morte em minutos. Uma das formas mais frequentes de obstrução
da via aérea resulta de uma causa “extrínseca” – alimentos, sangue ou vómito. Qualquer objeto
sólido, pode funcionar como corpo estranho e causar obstrução – obstrução mecânica.

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A obstrução da via aérea por um corpo estranho, nos adultos, ocorre habitualmente
durante as refeições, com os alimentos. É muito comum em pessoas idosas, com problemas de
deglutição e da mastigação. Quando a obstrução é grave provoca aquilo a que chamamos de
asfixia - impedimento total da passagem do ar. Existem dois tipos de obstrução:
• Obstrução ligeira: vítima consegue responder à pergunta: “Está engasgado?”; é
capaz de falar, tossir e respirar.
o Nestas situações, devemos incentivar o utente a tossir vigorosamente e
desapertar as roupas para que se sinta mais à vontade.
• Obstrução grave: Não consegue falar; Não consegue respirar; Tentativas de tosse
sem sucesso.

1.1.6. SOCORROS DE URGÊNCIA

1.1.6.1. PANCADAS INTER-ESCAPULARES


1. Colocar-se ao lado e ligeiramente atrás da vítima;
2. Suportar o corpo da vítima ao nível do tórax, com inclinação para a frente;
3. Dar uma pancada com a base da outra mão na parte superior das costas, na região
interescapular;
4. Repetir até 5 pancadas interescapulares;
5. Após cada pancada verificar se a obstrução foi resolvida.

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No caso de a obstrução não ser resolvida iniciar a manobra de heimlich.

1.1.6.2. MANOBRA DE HEIMLICH (COMPRESSÕES ABDOMINAIS)


1. Colocar-se atrás da vítima;
2. Colocar os braços à volta da vítima ao nível da cintura;
3. Fechar uma das mãos, em punho, e colocar a mão com o polegar encostado ao
abdómen da vítima, na linha média um pouco acima do umbigo e bem afastada do apêndice
xifóide (extremidade inferior do esterno);
4. Com a outra mão, agarrar o punho da colocada anteriormente e puxar, com um
movimento rápido e vigoroso, para dentro e para cima;
5. Cada compressão deve ser um movimento claramente separado do anterior e
efetuado com a intenção de resolver a obstrução;
6. Repetir as compressões abdominais até 5 vezes, vigiando sempre se ocorre ou não
resolução da obstrução e o estado de consciência da vítima.

Notas Importantes:
o Alternar entre 5 pancadas interescapulares e 5
manobras abdominais até reverter obstrução;
o No caso da vítima ficar inconsciente devem ser iniciadas
de imediato as manobras de reanimação cardiorrespiratória (vamos
aprender mais à frente), tendo em atenção a vigilância da via aérea;
o Se não for possível rodear a vítima com os braços
(grávidas ou obsessos), deitar a vítima no chão e efetuar compressões
torácicas (vamos aprender mais à frente).

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1.1.7. REANIMAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA

Cadeia de Sobrevivência
Não será improvável que no nosso quotidiano nos deparemos com pessoas em situação
de paragem cardiorrespiratória. A nossa atuação precoce, perante essa situação pode ser um
pequeno, mas vital, contributo para salvar uma vida. Considera-se que há três atitudes que
modificam os resultados no socorro às vítimas de paragem cardiorrespiratória:
• Pedir ajuda, acionando de imediato o sistema de emergência médica;
• Iniciar de imediato manobras de SBV;
• Aceder à desfibrilhação tão precocemente quanto possível, quando indicado.
Estes procedimentos sucedem-se de uma forma encadeada e constituem uma cadeia de
atitudes em que cada elo articula o procedimento anterior com o seguinte. Surge assim o conceito
de cadeia de sobrevivência composta por quatro elos, ou ações, em que o funcionamento
adequado de cada elo e a articulação eficaz entre os vários elos é vital para que o resultado final
possa ser uma vida salva.

Os quatro elos da cadeia:

• Acesso Precoce: O rápido acesso à ajuda especializada assegura o início da


Cadeia de Sobrevivência. É fundamental que quem presencia uma determinada ocorrência seja
capaz de reconhecer a gravidade da situação e ativar o sistema, ligando adequadamente 112;
• Suporte Básico de Vida (SBV) precoce: Para que uma vítima em perigo de vida
tenha maior hipótese de sobrevivência é fundamental que sejam iniciadas, de imediato e no local
onde ocorreu a situação, manobras de SBV. O SBV permite ganhar tempo, mantendo alguma
circulação e ventilação na vítima, até à chegada de socorro mais diferenciado.
• Desfibrilhação Precoce: realizada pelas equipas especializadas;
• Suporte Avançado de Vida (SAV) precoce: realizada pelas equipas
especializadas.

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1.1.7.1. SUPORTE BÁSICO DE VIDA (SBV) – ADULTO
O Suporte Básico de Vida é o “conjunto de procedimentos bem definidos e com
metodologias padronizadas” que tem como objetivos:
• Reconhecer as situações em que há risco de vida eminente;
• Saber quando e como pedir ajuda;
• Saber iniciar e sem recurso a qualquer equipamento, manobras que contribuam
para preservar a oxigenação e circulação até à chegada das equipas diferenciadas e,
eventualmente, o restabelecimento do normal funcionamento cardíaco e respiratório.
O SBV inclui as seguintes etapas:
• Avaliação inicial;
• Manutenção de via aérea permeável;
• Ventilação com ar expirado;
• Compressões torácicas.

ETAPAS DO SBV

1. AVALIAR AS CONDIÇÕES DE SEGURANÇA:


Antes de se aproximar de alguém que possa eventualmente estar em perigo de vida, o
reanimador deve assegurar-se primeiro de que não irá correr nenhum risco. Deve aproximar-se da

vítima com cuidado garantindo que não existe perigo para si, para a vítima ou para terceiros
(atenção a perigos como por exemplo: tráfego, eletricidade, gás ou outros).

2. AVALIAR ESTADO DE CONSCIÊNCIA DA VÍTIMA:


Coloque-se lateralmente em relação à vítima, se possível. • Abane os ombros com
cuidado e pergunte em voz alta: “Está bem?” “Está-me a ouvir?”.
• No caso de vítima não responder: GRITAR POR AJUDA e permeabilizar a via
aérea.

Nota:
• Se houver alguém perto peça para ficar ao pé de si, pois pode
precisar de ajuda.
• Se estiver sozinho grite alto para chamar a atenção, mas sem
abandonar a vítima.

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3. PERMEABILIZAR A VIA AÉREA

Se vítima inconsciente a queda da língua pode bloquear a VA, pelo que esta deve ser
permeabilizada:

• Desaperte a roupa à volta do pescoço da vítima e exponha o tórax;


• Verifique se a vítima tem qualquer corpo estranho dentro da boca (comida, próteses
dentárias soltas, secreções) que devem ser retirados, mas só se os conseguir ver;
• Coloque a palma de uma mão na
testa da vítima e os dedos indicador e médio da
outra mão no bordo do maxilar inferior;
• Efetue simultaneamente a extensão
da cabeça (inclinação da cabeça para trás) e
elevação do maxilar inferior (queixo).

4. AVALIAR RESPIRAÇÃO

Para verificar se a vítima respira deve manter a permeabilidade da via aérea, aproximar
a sua face da face da vítima e, olhando para o tórax, e fazer o VOS até 10 segundos:

• Ver: se existem movimentos torácicos;


• Ouvir: se existem ruídos de saída de ar pela boca e nariz da vítima;
• Sentir: na sua face se há saída de ar pela boca e nariz da vítima;

Posteriormente devemos palpar o pulso, na região do pescoço, durante 10 segundos. Se


a vítima respira normalmente deverá ser colocada em posição lateral de segurança.

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5. LIGAR 112
• Se a vítima não responde e não tem respiração normal ligue de imediato o 112:
o Se estiver sozinho, pode abandonar a vítima para pedir ajuda se necessário,
ou utilizar o sistema de alta voz de um telemóvel.
o Se estiver alguém junto a si, deve pedir a essa pessoa que ligue 112.

6. REALIZAR COMPRESSÕES TORÁCICAS

30 COMPRESSÕES

• Posicionar-se lateralmente à vítima;


• Certificar-se que a vítima está deitada sobre uma superfície firme e plana;
• Afastar/remover as roupas que cobrem o tórax da vítima;
• Posicionar-se verticalmente acima do tórax da vítima;
• Colocar a base de uma mão no centro do tórax (sobre a metade inferior do esterno)
e a outra mão sobre a primeira entrelaçando os dedos;
• Manter os braços e cotovelos esticados;
• Aplicar pressão sobre o esterno, deprimindo-o 5-6 cm a cada compressão;
• Aplicar 30 compressões de forma rítmica a uma frequência de pelo menos 100 por
minuto, mas não mais do que 120 por minuto (ajuda se contar as compressões em voz alta);
• Nunca interromper as compressões mais do que 10 segundos (com o coração
parado, quando não se comprime o tórax, o sangue não circula).

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7. REALIZAR INSUFLAÇÕES

2 INSUFLAÇÕES

Insuflações boca-a-boca:

• Permeabilizar a Via Aérea (VA);


• Comprima as narinas usando o dedo indicador e o polegar da mão que colocou na
testa;
• Inspire normalmente e coloque os seus lábios em torno da boca da vítima;
• Sopre a uma velocidade regular e controlada para a boca da vítima enquanto
observa a elevação do tórax (deve durar cerca de 1 segundo, tal como na respiração normal);
• Mantendo a inclinação da cabeça e o queixo elevado, afaste-se da boca da vítima e
observe o tórax a baixar quando o ar sai;
• Inspire novamente e volte a soprar na boca da vítima para conseguir um total de
duas insuflações.

Notas Importantes:

• Se não se sentir capaz ou tiver relutância em fazer insuflações, faça apenas


compressões torácicas;
• Se apenas fizer compressões, estas devem ser contínuas, não existindo momentos
de pausa entre cada 30 compressões;
• Se estiver presente mais de um reanimador, devem alternar a realização de
compressões torácicas a cada 2 minutos para prevenir a fadiga. A troca deve ser efetuada
demorando o menor tempo possível.

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As manobras de SBV, uma vez iniciadas, devem ser continuadas sem
interrupção até que:
✓ Chegue ajuda diferenciada e tome conta da ocorrência;
✓ A vítima inicie respiração normal;
✓ O reanimador esteja exausto.

ALGORÍTMO DE SUPORTE BÁSICO DE VIDA NO

ADULTO

1.2. FERIDAS, FRATURAS, ACIDENTES RESPIRATÓRIOS, ACIDENTES


DIGESTIVOS, ACIDENTES PELOS AGENTES FÍSICOS, ENVELHECIMENTO

Feridas
• Lesões fechadas: lesões internas em que a pele se mantém intacta e
normalmente estão associadas a uma hemorragia interna. Este tipo de lesões é, na maior parte
dos casos, originado por impacto, mas pode surgir também em determinadas situações de
doença. Podem ser:

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o Hematoma: surge aquando do rompimento de vasos sanguíneos,
provocando o acumular de sangue nos tecidos. Em muitos casos pode estar associado a outros
traumatismos, como fraturas. Este acumular de sangue vai dar origem a um inchaço doloroso de
cor escura;
o Equimose: normalmente conhecida por nódoa negra, é o resultado do
rompimento de vasos capilares, levando a uma acumulação de sangue em pequena quantidade
nos tecidos.

Como atuar?
Os cuidados de emergência são iguais para ambos os tipos de lesão, mas é preciso
lembrar que este tipo de lesão pode estar associado a outras mais graves. Por isso, deve ser
sempre efetuado o exame ao doente. Quando da presença de uma destas lesões, proceder da
seguinte forma:
a. Acalmar o doente, explicando o que vai ser feito;
b. Suspeitar de outras lesões associadas;
c. Fazer aplicação de frio sobre o local;
d. Imobilizar a região afetada;
e. Procurar antecedentes pessoais;
f. Ligar ao 112 e aguardar pelo socorro, mantendo a vigilância do doente.

Lesões abertas: lesões com perda de pele e com exposição das camadas da pele.
Normalmente com perda de sangue. Por exemplo: esfacelos; feridas traumáticas; escoriações;
cortes; amputações.
Como atuar?
Quando da presença de uma destas lesões, proceder da seguinte forma:
a. Controlar a perda de sangue;
b. Lavar a ferida com soro fisiológico, preferencialmente;
c. Colocar penso compressivo com compressas esterilizadas;
d. Procurar ajuda profissional.
Como atuar - Amputação?
Quando da presença de uma destas lesões, proceder da seguinte forma:
a. As mesmas indicações dadas anteriormente;
b. A parte amputada deve acompanhar a vítima até ao hospital;
c. Deve ser mantida limpa, num local de preferência estéril.

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Formador/a: Ana Ferreira
Lesões ósseas:
O esqueleto é o suporte e proteção do corpo humano. Quando submetido a uma força
energética superior à sua capacidade de absorção podem existir fraturas. A fratura define-se
quando existe toda e qualquer alteração da continuidade de um osso. As fraturas podem
classificar-se da seguinte forma:
• Fraturas abertas (expostas): quando existe exposição dos topos ósseos, podendo
facilmente infetar;
• Fraturas fechadas: a pele encontra-se intacta, não se visualizando os topos
ósseos.

Sinais e sintomas de fraturas?


• Dor localizada na zona da fratura, normalmente intensa e aliviando após a
imobilização;
• Perda da mobilidade. Pode, em alguns casos, existir alteração da sensibilidade;
• Existe normalmente deformação, podendo não estar presente em todos os tipos de
fratura;
• Edema (inchaço);
• Exposição dos topos ósseos, no caso da fratura exposta, não deixa dúvidas em
relação à existência da mesma;
• Alteração da coloração do membro. Surge no caso de existir compromisso da
circulação sanguínea.

Cuidados a ter no manuseamento de fraturas?


• Não efetuar qualquer pressão sobre o foco de fratura;
• Imobilizar a fratura, mantendo o alinhamento do membro, não forçando no caso de
a fratura ser ao nível do ombro, cotovelo, mão, joelho e pés;
• No caso de fraturas abertas, lavar a zona com recurso a soro fisiológico antes de
imobilizar;
• Não efetuar movimentos desnecessários.

Imobilizações: Para imobilizar a fratura deve:


• Expor o membro. Retirar o calçado e roupa;
• Se existirem feridas, limpá-las e desinfetá-las antes de imobilizar;
• Se a fratura for num osso longo, alinhar o membro;

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• Imobilizar a fratura, utilizando preferencialmente talas de madeira, devendo estas estar
obrigatoriamente almofadadas;
• No caso da fratura ocorrer numa zona articular, não forçar o alinhamento. Se
necessário, imobilizá-lo na posição em que este se encontra.

Lesões Articulares

• Entorse: Rotura ou torção dos ligamentos que reforçam uma articulação,


provocada por um repuxamento violento ou movimento forçado a esse nível.

Sinais e Sintomas?
o Dor forte, no momento do acidente, que aumenta com o movimento;
o Edema (inchaço) na região articular;
o Equimose (“nódoa negra”), em alguns casos.
Primeiro Socorro:
o Instalar a vítima em posição confortável;
o Fazer aplicações frias no local;
o Conferir apoio à articulação, envolvendo-a em camada espessa de algodão que se
fixa com uma ligadura;
o Em caso de dúvida, imobilizar a articulação como se de uma fratura se tratasse e
promover transporte ao hospital.

• Luxação: Perda de contacto das superfícies articulares por deslocação dos ossos
que formam uma articulação, o que acontece quando esta sofre uma violência direta ou indireta.

Sinais e Sintomas?
o Dor violenta;
o Impotência funcional;
o Deformação;
o Edema.
Primeiro Socorro:
o Instalar a vítima em posição confortável;
o Imobilizar sem fazer qualquer redução;
o Prevenir/combater o choque;
o Promover o transporte ao hospital.

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Lesões Musculares

• Distensão: Rotura das fibras que compõem os músculos, resultante de um esforço


para além da sua resistência (ex: levantar pesos).

Sinais e Sintomas?
o Dor local de instalação súbita;
o Rigidez muscular;
o Edema.

Primeiro Socorro:
o Instalar a vítima em posição confortável;
o Se o acidente é recente, fazer aplicações frias;
o Repouso absoluto do músculo, mantendo-o imóvel;
o Se houver dúvidas sobre o estado da vítima promover o transporte ao hospital.

• Cãibra: Contração sustentada, involuntária e dolorosa de um músculo ou de um


conjunto de músculos, provocada por situações de fadiga muscular, sudação abundante ou
qualquer outra situação que provoque desidratação.

Sinais e Sintomas?
o Dor local de instalação súbita;
o Rigidez muscular;
o Edema.

Primeiro Socorro:
o Distender os músculos afetados forçando o seu relaxamento;
o Massajar suavemente o local;
o Aplicar, localmente e de forma indireta, calor.

Intoxicações
As intoxicações podem essencialmente ter três origens: acidental, voluntária ou
profissional, sendo a mais frequente a intoxicação acidental e normalmente por uso ou
acondicionamento incorreto dos produtos. O agente tóxico pode entrar no organismo humano por
uma das seguintes vias:

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• Via digestiva: É a mais frequente, normalmente associada a ingestão de alimentos
deteriorados ou a ingestão de medicamentos;
• Via respiratória: Resulta da inalação de gases, fumos ou vapores, ocorrendo na
maioria dos casos em situações de incêndio ou de uma deficiência nas instalações de gás para
uso doméstico;
• Via cutânea: Quando o produto entra em contacto com o organismo através da
pele;
• Via ocular: Surge geralmente por acidente, quando um jato de um produto atinge
os olhos;
• Picada de animal: Em Portugal as mais frequentes devem-se às picadas do
escorpião, alguns insetos, víboras e peixes;
Quando se estiver perante uma intoxicação importa lembrar que, em muitos casos, o
melhor socorro é não intervir, devendo ter sempre presente que, em caso de dúvida, deve ser
contactado o Centro de Informação Antivenenos (CIAV) ou ligar para o número europeu de
socorro 112. No contacto com o CIAV ou com o 112 indicar:
a) Em relação ao tóxico:
• Identificar o tóxico: Nome do produto; cor; cheiro; tipo de embalagem e fim a que se
destina.
b) Em relação à vítima: Idade; sexo; peso e doenças anteriores.
As embalagens devem acompanhar o doente à unidade de saúde, para facilitar a
identificação do agente tóxico e assim permitir uma intervenção no tempo mais curto possível.

Atuação para intoxicação por via respiratória: Antes de se atuar, verificar se o local é
seguro e arejado. Caso seja possível abordar o doente em segurança, retirá-lo do local para uma
zona arejada, se possível administrar oxigénio e contactar os meios de socorro.
Atuação para intoxicações por via digestiva: Muitas das intoxicações por via digestiva
são de fácil resolução pela remoção do conteúdo gástrico através da indução do vómito, no
entanto, a sua realização está dependente do tempo decorrido e do produto em causa. Assim,
somente deve ser efetuada quando lhe for dada indicação pelo CIAV ou pelo operador da central
112.
Atuação para intoxicações por via cutânea: Nestes casos, remover as peças do
vestuário que estiverem em contacto com o tóxico e lavar a zona atingida durante pelo menos 15
minutos. Logo que possível contactar o CIAV.

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Atuação para intoxicações por via ocular: Nestes casos, lavar o olho atingido, com
recurso a água. A lavagem deve ser efetuada do canto interno do olho para o canto externo e
deve ser mantida durante 15 minutos. Assim que possível contactar o CIAV – 112.

Os restantes casos, devido a sua especificidade, poderão apenas ser socorridos com
intervenção médica. Assim, devem ser acionados os meios de socorro o mais precocemente
possível.

1.3. ACIDENTES INERENTES À PROFISSÃO


1.3.1.QUEIMADURAS
As queimaduras são lesões da pele e/ou tecidos subjacentes, resultantes do contacto
com o calor e/ou frio, substâncias químicas, eletricidade e radiações. Embora as queimaduras
atinjam principalmente a pele, podem em alguns casos ser profundas atingindo músculos e outras
estruturas ósseas. As queimaduras constituem um dos acidentes mais frequentes, ocorrendo em
variadíssimas circunstâncias e em todas as idades.

Classificação das queimaduras:


As queimaduras classificam-se em relação a:
• Extensão: dimensão da área atingida;
• Causa da queimadura: calor, frio, agente químico, eletricidade;
• Profundidade: grau de destruição dos tecidos:
o 1.º Grau – Trata-se de uma queimadura em que apenas foi atingida a
primeira camada da pele. A pele apresenta-se vermelha, quente, sensível e dolorosa;
o 2.º Grau – Trata-se de uma queimadura em que é atingida a primeira
(epiderme) e segunda (derme) camadas da pele. Caracteriza-se por ser dolorosa e apresenta
flitenas (bolhas);
o 3.º Grau – Trata-se de uma queimadura em que existe a destruição de toda
a espessura da pele e de outros tecidos subjacentes. Apresenta-se com uma cor acastanhada,
branca, carbonizada ou preta (tipo carvão). O doente, na maioria dos casos, não refere dor devido
ao facto de existir destruição dos terminais nervosos existentes na pele. Neste grau estão
incluídas todas as queimaduras elétricas.
Os perigos de uma queimadura são a infeção e a dor.

Primeiros socorros nas queimaduras de primeiro grau:


• Lavar abundantemente com água corrente;

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• Não fazer fricção;
• Tapar a zona com um penso humedecido e esterilizado, se necessário;
• Nas zonas articulares (mãos, pés, etc.) proteger as zonas de contacto.

Primeiros socorros nas queimaduras de segundo grau:


• Lavar abundantemente com água corrente;
• Não fazer fricção;
• Tapar a zona com um penso humedecido e esterilizado, se necessário;
• Se presença de flitenas, não rebentar;
• Nas zonas articulares (mãos, pés, etc.) proteger as zonas de contacto;
• Se necessário recorrer ao serviço de urgência;

Primeiros socorros nas queimaduras de terceiro grau:


• Remover roupas apertadas e joias (podem ficar ainda mais apertadas no caso,
muito provável, de ocorrência de edema). No caso de roupa agarrada à pele não remover ou
arrancar;
• Arrefecer rapidamente a zona queimada com água corrente se possível, ou aplicar
compressas húmidas e frias (com um pano limpo). Se possível com água corrente; V
• Aplicar compressas ou panos embebidos em água. Nota: Em casos de
queimaduras de terceiro grau nos dedos (tanto dos pés como das mãos), a realização do penso
implica a separação dos dedos, para que estes não fiquem colados.
• Ligar de imediato ao 112. Situação urgente.

Primeiros socorros nas queimaduras químicas:


• Remover roupas e adornos contaminados;
• Lavar abundantemente com água corrente;
• Aplicar compressas frias e húmidas;
• Recorrer ao serviço de urgência mais próximo.

Primeiros socorros nas queimaduras inalatórias:


• Remover roupas e adornos;
• Arejar imediatamente o local;
• Mover a pessoa para local fresco e arejado;
• Recorrer ao serviço de urgência mais próximo.

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Primeiros socorros nas queimaduras elétricas:
• Não se precipitar para socorrer a vítima;
• Cortar a corrente elétrica de imediato no disjuntor;
• Afastar da vítima a tomada ou fio tocando-lhe com um objeto não condutor de
eletricidade (madeira ou plástico);
• Chamar de imediato o 112.

Suspeitar que existe queimadura da via aérea quando:


• História de queimadura em espaço fechado;
• História de inalação de vapores (queimadura inalatória);
• História de perda de conhecimento, eventualmente provocada por má oxigenação
do cérebro;
• Queimadura da face, pelos nasais, língua, lábios e cavidade oral;
• Respiração ruidosa, rouquidão ou tosse;
• Expetoração que apresente cinzas ou carvão;
• Chamar de imediato o 112.

NOTAS IMPORTANTES:
• Nas queimaduras nunca usar gelo; não rebentar flitenas; nunca aplicar manteiga,
pasta dos dentes e/ou cremes gordurosos;
• Queimaduras da cabeça, face, pescoço, tórax e órgãos genitais são sempre
consideradas queimaduras urgentes e graves – Recorrer ao serviço de urgência;

1.3.2.HEMORRAGIA EXTERNA POR FERIMENTO (CORTE)


A probabilidade de acontecer um ferimento devido a um corte é normal e comum no dia a
dia. Sempre que o sangue sai do espaço vascular estamos perante uma hemorragia. As
hemorragias sendo uma emergência necessitam de um socorro rápido e imediato, uma vez que a
perda de grande quantidade de sangue é uma situação perigosa que pode rapidamente causar a
morte. As hemorragias podem ser:
o Externas: fáceis de observar e de serem reconhecidas;
o Internas: são de difícil reconhecimento e identificação.

• Tendo em conta o tipo de vaso sanguíneo danificado podem ser:

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o Arterial: é o tipo de hemorragia mais grave e deve ser sempre socorrida em
primeiro lugar. O sangue é vermelho vivo e saí em jato. Hemorragia abundante e difícil de
controlar;
o Venosa: O sangue é vermelho escuro e sai de uma forma regular e mais ou
menos constante. Não sendo tão grave como a arterial, a hemorragia venosa poderá ser fatal se
não for detetada atempadamente. De um modo geral, estas hemorragias são mais fáceis de
controlar;
o Capilar: têm uma cor intermédia entre o vermelho vivo e o escuro. O sangue
saí lentamente. É de fácil controlo, podendo parar espontaneamente. São as mais comuns. Um
pequeno penso adesivo será suficiente. Se a hemorragia persistir, aplique uma compressão direta
com uma gaze.

Se estivermos perante uma hemorragia arterial esta deve ser estancada de imediato,
pela seguinte ordem de atuação:
a. Pressão direta;
b. Elevação do membro;
c. Garrote;
d. Compressão indireta;
e. Se necessário ligar ao 112.

1.3.3.COMPORTAMENTO A SEGUIR

Avaliação da ferida:
A primeira atenção deverá ser dirigida para a avaliação da ferida de forma a determinar
as prioridades da atuação. Assim, independentemente das diferentes classificações das feridas,
nesta unidade elas poderão ser divididas em:
• Superficiais: envolvem a epiderme; não atingem totalmente a derme;
• Profundas: estendem-se à derme e tecido subcutâneo e podem envolver tendões,
músculos e ossos.

Proteção da ferida e promoção da ferida limpa:

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A atuação perante doentes com ferimentos deve ter sempre presente que a proteção da
ferida envolve vários aspetos, como o conforto do doente para reduzir a dor.
A escolha dos materiais que se utilizam na realização de um penso não deve ter como
finalidade o tratamento. A utilização de soluções desinfetantes nas feridas deve ser limitada, pois
podem resultar num novo traumatismo para a ferida. Não sendo o tratamento o objetivo da
intervenção pré-hospitalar, o produto de eleição a utilizar é o soro fisiológico.
A promoção da limpeza da ferida é da inteira responsabilidade do socorrista, sendo
obrigatório que tudo o que entra em contacto com a ferida seja esterilizado.
Os movimentos de limpeza de uma ferida deverão ser dirigidos do centro para a periferia
impedindo o arrastamento de detritos dos tecidos circundantes para a ferida. Ou seja, a limpeza
da ferida deverá ser feita da zona mais limpa para a mais suja.

1.3.4.ESTERILIZAÇÃO DOS INSTRUMENTOS

As infecções continuam a ter um papel relevante em todo o mundo, não só pela


morbilidade que representam ao nível das populações, como também pelos gastos exorbitantes
que determinam no sistema de saúde. Deve-se recorrer a métodos e técnicas de trabalho que
visem impedir o circuito da contaminação cruzada. Isto consegue-se pela adoção de normas e
regras de trabalho que tenham por objetivo eliminar o risco de contaminação. A contaminação
pode definir-se como a presença de microrganismos patogénicos ou potencialmente nocivos
sobre pessoas e/ou animais. Da descontaminação fazem parte essencialmente três processos:

• Limpeza: processo de remoção de sujidade que inclui a remoção e alguma destruição


de microrganismos pelo seu arrastamento através da utilização de água e detergente. O
detergente deverá ser adequado à área a limpar e não devem ser misturados com desinfetantes.
• Desinfeção: conjunto de medidas que procuram conseguir a remoção e destruição de
microrganismos potencialmente patogénicos. O desinfetante é qualquer agente químico ou
biológico, que consegue destruir os microrganismos patogénicos ou reduzir a sua capacidade de
multiplicação e proliferação. No entanto, para que seja eficaz, as superfícies/equipamentos antes
de desinfetadas devem ser lavadas adequadamente. Os desinfetantes podem necessitar de
diluição, que deve ser feita de acordo com o fabricante. O álcool a 70º é um bom desinfetante,
mas não pode ser utilizado para todas as superfícies e equipamentos.
• Esterilização: conjunto de medidas que visam a destruição de todos os
microrganismos patogénicos e não patogénicos que se encontram nos materiais.

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2.3.1. PREVENÇÃO DOS ACIDENTES DE TRABALHO, SUPRESSÃO DE
RISCO, PROTEÇÃO COLETIVA, PROTEÇÃO INDIVIDUAL, SINALIZAÇÃO

Segundo a definição dada pelo Dec. Lei 100/97 DE 13/09 – “É acidente de trabalho
aquele que se verifique no local e no tempo de trabalho e produza direta ou indiretamente lesão
corporal, perturbação funcional ou doença de que resulte redução na capacidade de trabalho ou
de ganho, ou a morte”.
Geralmente, os acidentes, resultam de uma combinação de fatores, dos quais se
destacam as falhas humanas e as falhas materiais. Quanto aos acidentes de trabalho,
especificamente, ocorrem na sua maioria porque os trabalhadores não se encontram preparados
para enfrentar os riscos inerentes à profissão.

Prevenção:
• Evitar, Eliminar, Minimizar, Controlar: Os riscos profissionais através de um
conjunto de ações ou medidas que devem ser tomadas ou em todas as fases da atividade da
empresa, do estabelecimento ou do serviço. A prevenção é o melhor processo de reduzir ou
eliminar as possibilidades de ocorrerem problemas de segurança com o trabalhador.

Proteção coletiva e proteção individual:


• Proteção coletiva: através de equipamentos de proteção coletiva. Exemplo:
sistema de ventilação adequado;
• Proteção individual: equipamentos de proteção individual do trabalhador
destinados a proteger a integridade física e de saúde do mesmo. Garante a proteção contra
acidentes de trabalho e doenças profissionais. Esta proteção não evita os acidentes, mas poderá
diminuir ou evitar lesões/contaminações. São exemplos de equipamentos de proteção individual:
Luvas; máscaras de proteção das vias respiratórias; máscaras com viseira para proteger a parte
respiratória e os olhos; avental/bata completa descartáveis; touca; entre outros.
o No contacto diário com o utente o uso de luvas é obrigatório, para qualquer
atividade que vá realizar. Por exemplo: para alimentar utente; para trocar fraldas; para posicionar
o utente no cadeirão ou no leito;
o Para realizar os cuidados de higiene totais ou parciais (banho completo ou
parcial): uso obrigatório de avental descartável e luvas.
o Outro tipo de equipamentos de proteção individual deverão ser utilizados e
ajustados perante a situação de saúde/doença do utente. Por exemplo: doença contagiosa ou
transmissível através do contacto; através da via aérea.

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• Podem acontecer de existirem utentes em situações de isolamento. No entanto, a
equipa médica e de enfermagem é responsável por informar a equipa de agentes de geriatria qual
o tipo de isolamento e que medidas de prevenção individual deverão usar. Os três tipos de
isolamento são:
o Isolamento de contacto;
o Isolamento de partícula;
o Isolamento de gotícula.
NOTA: as luvas devem ser utilizadas e trocadas a cada procedimento ou de cada vez que
passamos de um utente para outro. Entre troca de utentes devemos sempre realizar a
higienização e desinfeção das mãos.

Sinalização:
• No interior e exterior das instalações das instituições, devem existir formas de aviso
e informação rápida, que possam ajudar os profissionais. Existem um conjunto de símbolos e
sinais de fácil identificação, específicos para garantir a prevenção dos riscos . São eles os sinais
de perigo, de obrigação, proibição e emergência.

Sinais de proibição Sinais de emergência

2. SERVIÇO NACIONAL DE PROTEÇÃO CIVIL

A proteção civil é a atividade desenvolvida pelo Estado, Regiões Autónomas e Autarquias


Locais, pelos cidadãos e por todas as entidades públicas e privadas, com a finalidade de prevenir

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riscos coletivos inerentes a situações de acidente grave ou catástrofe, de atenuar os seus efeitos,
proteger e socorrer as pessoas e bens em perigo quando aquelas situações ocorram.

2.2. SOCORRISMO E REALIDADE

Os primeiros socorros são a primeira ajuda e/ou assistência dada a uma vítima de
acidente ou doença súbita antes da chegada de ajuda especializada (DGS, 2015). Tem como
finalidade preservar a vida; evitar o agravamento do estado da vítima e promover o seu
restabelecimento.

Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM):


Conjunto de meios e ações que visa uma resposta atempada a qualquer ocorrência em
que exista risco de vida. É um sistema composto por uma sequência de procedimentos que
permitem que os meios de socorro sejam ativados, mas também que estes sejam os mais
adequados à ocorrência em causa (INEM, 2013). Um sistema de emergência médica depende de
tudo e de todos. Por esta razão depende de um conjunto de intervenientes e de fases:

• Intervenientes do SIEM:
o Público em geral;
o Operadores das Centrais de Emergência 112 e técnicos do CODU;
o Agentes da autoridade: PSP, GNR;
o Bombeiros;
o Tripulantes de ambulância e Técnicos de ambulância de emergência;
o Médico e enfermeiros;
o Pessoal técnico hospitalar;
o Pessoal técnico de telecomunicações e de informática.
• Fases do SIEM:

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o Deteção: momento em que alguém se apercebe da existência de uma ou mais
vítimas de doença súbita ou acidente;
o Alerta: fase em que se contactam os serviços de emergência, através do 112,
número europeu de emergência;
o Pré-Socorro: conjunto de gestos simples executados e mantidos até à
chegada de meios de socorro especializados;
o Socorro: cuidados de emergência iniciais efetuados às vítimas de doença
súbita ou de acidente, com o objetivo de as estabilizar diminuindo assim a morbilidade e a
mortalidade;
o Transporte: transporte assistido da vítima numa ambulância com
características, pessoal e carga definidos, garantindo a continuação dos cuidados de
emergência necessários;
o Transferência e tratamento definitivo: Após a entrada no estabelecimento de
saúde mais próximo a vítima é avaliada e são iniciadas as medidas de diagnóstico e terapêutica
com vista ao seu restabelecimento. Se necessário pode considerar-se posteriormente um novo
transporte para outro hospital.

Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM):


Organismo do Ministério da Saúde responsável pela coordenação do funcionamento, em
território português, do SIEM, de forma a garantir aos sinistrados ou vítimas de doença súbita a
pronta e correta prestação de cuidados de saúde. As tarefas principais do INEM são:

• Prestação de socorro no local da ocorrência;


• Transporte adequado das vítimas;
• Articulação entre os vários intervenientes no SIEM.

O INEM através do 112, dispõe de vários meios para responder com eficácia, a
qualquer hora a situações de emergência. A organização desta resposta é fundamental para a
cadeia de sobrevivência e para uma resposta adequada à situação.
Quando ligamos para o 112, a chamada é atendida pela Polícia de Segurança Pública,
que orienta a resposta à chamada tendo em conta a situação. Por exemplo, se for uma
emergência de saúde a chamada será encaminhada para os Centros de Orientação de Doentes
Urgentes (CODU), do INEM. Ocorrência de um incêndio reencaminham a chamada para os
bombeiros.

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Os CODU (Centros de Orientação de Doentes Urgentes) são centrais de rádio e
telefónicas coordenadas por um médico e que, dentro da área da saúde, fazem a gestão dos
pedidos de ajuda e dos meios de socorro disponíveis em cada momento na sua zona de atuação.
Fundamentalmente, compete ao CODU prestar, em tempo útil, orientação e apoio médico
necessário ao eficiente socorro do doente, na área da sua responsabilidade, quer em situações de
emergência médica quer de doença súbita ou acidentes.

Subsistemas do SIEM:

Desde 1981, o INEM tem vindo a ampliar a sua rede de atuação através da criação de
subsistemas para a prestação de socorros com características específicas, como por exemplo:

• Centro de informação antivenenos (CIAV) - Telefone: 808 250 143;


• Transporte de recém-nascidos de alto risco;
• Centro de orientação de doentes urgentes (CODU);
• Centro de orientação de doentes urgentes – Mar (CODU Mar);
• Serviço de Helicópteros de Emergência Médica (SHEM);
• Transporte Inter-Hospitalar Pediátrico (TIP);
• Motas;
• A unidade móvel de intervenção psicológica de emergência (UMIPE).

3. A PROFISSÃO CONFRONTADA COM A DOENÇA

3.2. PREVENÇÃO DE ACIDENTES E DOENÇAS PROFISSIONAIS


A higiene do meio de trabalho e do profissional são fundamentais para a prevenção de
acidentes e de doenças profissionais. Uma vez que acompanham o profissional durante todo o
seu percurso e porque se influenciam diretamente. No fundo, o objetivo é o controlo dos agentes
físicos, químicos e biológicos presentes no nosso local de trabalho.

3.2.1. HIGIENE DO PROFISSIONAL


A falta de higiene do profissional no local de trabalho influencia não só a nossa
disposição e atitude pessoal, bem como a relação que estabelecemos com outros colegas e com
os nossos clientes. É fundamental que o profissional mantenha uma boa higiene corporal e uma
boa apresentação pessoal, uma vez que a nossa aparência é o primeiro contacto com o outro.
Uma boa higiene pessoal:

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• Proporciona um ambiente de trabalho salutar (pela ausência de odores/maus
cheiros, por exemplo);
• Protege e promove a saúde do trabalhador (pelo aumento da nossa imunidade,
aumento da disposição e autoestima;
• Protege o meio ambiente, os restantes trabalhadores e clientes pela diminuição do
risco de transmissão de doenças (presença de microrganismos que aderem às unhas, pele e
cabelos, por exemplo).

Condições de higiene a observar num agente de geriatria:


• Usar farda completa, limpa e asseada. Idealmente esta deverá ser trocada todos os
dias. Verificar a ausência de manchas, odores e descostura no caso de não ser possível trocar
diariamente. No caso de levar a farda para lavar em casa, esta deve ser lavada à parte da roupa
doméstica;
• Calçado adequado, confortável e lavável. Devem ser fechados e impermeáveis de
modo a proteger o pé;
• Cabelos limpos e se comprimidos bem presos, de modo a não entrar em contacto
com a farda;
• Unhas limpas, rentes e arranjadas. Preferencialmente não usar verniz ou unhas de
gel;
• No final do dia de trabalho ter o cuidado de tomar banho completo, pois só assim
conseguirá remover suor, odores, sujidade/microrganismos;
• Uso de brincos discretos, pequenos e junto à orelha;
• Não deve usar fios, pulseiras, anéis, relógios ou piercings;
• Pele cuidada. Poderá usar maquilhagem leve, para um aspeto natural e saudável;
• Uso de perfume, se assim o desejar, suave e subtil;
• Boa higienização e desinfeção das mãos. Sobretudo após entrar em contacto com
o cliente (alimentar o cliente, troca de fraldas, auxílio no uso do wc, etc.);
• Uso de luvas descartáveis em todos os procedimentos que realizar (alimentar o
cliente, troca de fraldas, auxílio no uso do wc, etc.). Uso de avental, touca e máscara apenas
quando necessário.

3.2.2. HIGIENE DO MEIO AMBIENTE


O meio ambiente refere-se ao local de trabalho, sendo que deverá ser um local
organizado, limpo e arejado. É da obrigação do profissional conservá-lo e preservá-lo. Sabe-se

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Módulo/UFCD: Primeiros Socorros/3564
Formador/a: Ana Ferreira
hoje que a desorganização do espaço de trabalho é uma das principais causas de acidentes de
trabalho. Por isso, deverá ser sempre mantido organizado e arrumado.
É também, dever da instituição/empresa empregadora garantir as condições mínimas de
proteção de saúde e higiene no trabalho. No entanto, a participação voluntária e efetiva dos
trabalhadores, por encarem as medidas de prevenção como melhorias das condições de trabalho,
beneficiam não só os clientes, mas, acima de tudo, os próprios trabalhadores. Proporcionam
assim, um ambiente de trabalho seguro e sadio contribuindo para a prosperidade do negócio e da
prevenção da saúde.

Instalações e Equipamentos vs Higiene e Limpeza:


• Os locais de trabalho devem ser dotados, se possível, de boa iluminação natural ou
complementar quando necessário;
• Deverá existir uma zona de vestiário para o pessoal, dotado de armários
individuais;
• Deverá existir instalação sanitária para homens e mulheres; zona de refeição;
• Deverão existir lavatórios destinados à lavagem frequente das mãos, com torneiras
de comando não manuais e secagem das mãos;
• Deverão existir em diversos locais antisséptico de mãos (por exemplo à saída dos
quartos, zonas comuns, etc.);
• As superfícies de trabalho, os pisos e as paredes devem ser lisas, fáceis de
higienizar e resistentes;
• Todas as divisões deverão ser devidamente ventiladas e arejadas;
• Todos os equipamentos deverão ter o protocolo de higienização, desinfeção,
verificação e manutenção;
• É obrigatório a existência de um plano de higiene das instalações, no qual estejam
descritos procedimentos de modo a salvaguardar as instalações, os profissionais e os clientes ;
• Nos procedimentos de higienização devem ser utilizados produtos e utensílios que
assegurem uma limpeza e desinfeção eficazes;
• Os utensílios ou materiais que não representem risco em potencial para a saúde
deverão ser sujeitos a processos de limpeza;
• Todos os utensílios que entrem em contacto com o paciente devem de ser
preferencialmente descartáveis. Se não for o caso, devem ser adotadas as devidas medidas de
esterilização.

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Resíduos:
• Deverão existir baldes do lixo com tampa movida a pedal e em diferentes locais
(quartos, wc, zonas comuns);
• Deverão existir diferentes tipos de lixos, obedecendo a uma triagem,
acondicionamento, transporte e eliminação adequados.

3.3. REVISÃO DE ATUAÇÃO EM DIFERENTES CASOS

3.3.1. REVISÃO DOS EFEITOS TARDIOS EM CERTOS ACIDENTES


Quando estamos perante um acidente ou situação de doença súbita, a vontade de
ajudar a vítima pode fazer com que ignoremos os riscos inerentes à situação. Se não forem
garantidas as condições de segurança antes de abordarmos a vítima, podemos colocar-nos em
situações de perigo grave. Por esta razão, sempre que nos aproximamos de alguém que
necessite de socorro, deveremos garantir em primeiro lugar, que não existe nenhum risco:
• Ambiental (ex. choque elétrico, explosão, derrocada);
• Toxicológico (ex. exposição a gás, fumo, tóxicos, venenos);
• Infecioso (ex. tuberculose, hepatite, HIV).
No caso de sabermos da existência desde tipo de produtos ou riscos infeciosos,
deveremos evitar o contacto recorrendo às medidas de proteção individuais (luvas, máscara, ou o
material adequado). É fundamental que o agente de geriatria tenha conhecimento do estado de
saúde dos clientes, de modo a prevenir riscos para a sua saúde e de modo a prevenir a
contaminação cruzada de outros utentes.

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BIBLIOGRAFIA

Manuais/Normas Consultadas:
• ABORDAGEM À VÍTIMA (Manual TAS/ TAT, 2013);
• Alves, Ana Paula et al. Noções de Saúde: Manual do Formando, Projeto Delfim, GICEA
- Gabinete de Gestão de Iniciativas Comunitárias do Emprego, 2000;
• Emergência e Primeiros Socorros em Saúde Ocupacional , Ed.Direcção-Geral da
Saúde: Programa Nacional de Saúde Ocupacional, 2010
• EMERGÊNCIAS MÉDICAS (Manual TAS, 2013).
• EMERGÊNCIAS TRAUMA (Manual TAS, 2013).
• Manual de Suporte Avançado de Vida (2013). Instituto Nacional de Emergência Médica.
• Manual de Emergência e Primeiros Socorros (2010). Instituto da Mobilidade e
Transportes Terrestres
• NORMAS, EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS E OBSTÉTRICAS (Manual TAS, 2013).
• PINTO, Luís: Manual de Socorrismo (2014).
• SITUAÇÃO DE EXCESSÃO (Manual TAS, 2013).
• TÉCNICAS DE EXTRAÇÃO E IMOBILIZAÇÃO DE VÍTIMAS DE TRAUMA (MANUAL
TAS, 2013).

Sites consultados
• Autoridade Nacional de Proteção Civil - http://www.prociv.pt/
• Como enfrentar as doenças cardiovasculares e pulmonares (2001). Disponível em
http://www.dgs.pt/upload/membro.id/ficheiros/i005646.pdf
• Como proceder em caso de intoxicação (sem data). Disponível em www.inem.pt
• Eis alguns conselhos para prevenir acidentes (sem data). http://www.min-
saude.pt/portal/conteudos/enciclopedia+da+saude/idosos/preveniracidentesidosos.htm
• Guia prático do cuidador (2008). Disponível em
http://bvms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_pratico_cuidador.pdf
• INEM – Instituto Nacional de Emergência Média - http://www.inem.pt

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