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Departamento de Ciências Jurídicas

Direito Bancário
Professor: Nelson Nery Costa
Aluno: Lucas Monteiro Oliveira

1) O direito bancário é público ou privado? É um conhecimento autônomo?


O direto bancário é tradicionalmente de direito privado, sendo um desdobramento do
direito comercial (ramo desenvolvido durante o medievo para a resolução dos conflitos na
prática comercial). Ele é assim considerado, a princípio, pois as instituições financeiras têm
na base de sua organização as sociedades (direito societário) e as operações bancárias, ambas
regidas pelos contratos comerciais que na atividade bancária adquirem especial revestimento
jurídico. Pela natureza do crédito de circular, o que leva a sua internacionalização, vemos
também a influência do direito internacional privado, como se pode ver pela Lei Uniforme de
Genebra.
A atividade bancária, em seu cerne, é regida pelo direito privado e seus diversos
ramos, contudo, a expansão das operações que envolvem os bancos levaram seus domínios
para além das relações privadas. Assim podemos ver a influência do direito público,
especialmente quando relacionadas a questões de sistema financeiro, e de seus diversos
ramos, como o: direito constitucional, direito administrativo, direito tributário, direito
financeiro e os ramos processuais.
Em síntese o direito bancário é um amalgama de institutos do direito privado, por
vezes modificados e adaptados, com influência paralela dos institutos do direito público, na
medida em que as operações se alargam e complexificam. Tal mistura, profunda e solidificada
no cotidiano contemporâneo, não admite uma simples separação: constitui o direito bancário
uma independente área do conhecimento e da prática jurídica, mesmo que de difícil
caracterização científica.

2) Como a Constituição Federal de 1988 tratou o direito bancário?


A Constituição Federal de 1988 trata o direito bancário no seu artigo 192 de modo que
o sistema financeiro nacional deveria ser guiado a fim de promover para o país um
desenvolvimento equilibrado com vista sempre no bem da coletividade e não nos interesses
individuais. O artigo contava com diversas disposições, inclusive delimitando taxa de juros
limite e que previa punição para o crime de usura, e demandava lei complementar que deveria
dispor sobre aspectos como: autorização de funcionamento dos estabelecimento de
previdência e capitalização,seguro e de um órgão de fiscalização; das atribuições e
organização do Banco Central do Brasil e das demais instituições; participação do capital
estrangeiro; fundo de seguro para proteger a economia popular,autorização para
funcionamento das intuições financeiras entre outras medidas. A emenda constitucional
número 40 de 29/03/2003 eliminou as disposições do art.192 deixando apenas a previsão e lei
complementar, a Lei n.4595 de 1964 foi recepcionada como a lei complementar até nova
disposição.

3) Explique a formação do negócio bancário na antiguidade.


O desenvolvimento das atividades humanas depende de um processo cumulativo que
perpassa as distinções culturais e temporais. Com a atividade bancária não foi diferente: os
templos da região mesopotâmia já realizavam atividades de depósito de grãos e outros bens.
É especial a contribuição dos gregos: no princípio a atividade bancária era ligada aos
templos, tendo seus primeiros centros em Delfos e Éfeso, pois estes eram locais seguros para
o depósito e que realizavam empréstimos, posteriormente há um processo de laicização, sendo
trapezite a denominação do bancário laico, que praticava um juros de 12 a 30%. É importante
para compreender o movimento bancário grego que se tenha em mente a baixa produtividade
agrícola, especialmente na região da Ática, a mineração e o comércio, bem como a indústria
naval, bem desenvolvida, e o movimento das diásporas que formaram colônias gregas pelo
mediterrâneo, facilitando ainda mais o movimento de monetização econômica.
O impacto de Roma na história do desenvolvimento bancário também não pode ser
negligenciada. A civilização romana é agrária e que torna a expansão como uma das principais
fontes de riqueza. Um de seus principais legados ´civilizacionais é o desenvolvimento do
direito, sendo utilizada a técnica jurídica para a pacificação do direito dos contratos e
obrigações o que contribuiu para a história da atividade bancária.

4) Como eram as atividades bancárias na idade média? E os primeiros bancos?


Na Alta Idade Média, período que se inicia no século V após a queda do Império
Romano Ocidental, a atividade bancária é limitada à troca de bens com uma gradual
substituição pela moeda, pois há uma redução no comércio e uma mudança do núcleo social
para o campo. Com o retorno à vida urbana a partir do século XI há um ressurgimento do
comércio e da indústria há um novo impulso para o desenvolvimento da atividade bancária,
pois é necessário um padrão de valores que não pode ser alcançado pela permuta de gêneros.
A cunhagem de moedas é exercida por diversos senhores e prelados, o que leva uma
grande variedades de moedas circulando pela Europa, o que exigiu uma profissional
específico: o cambista, responsável por analisar o valor real das moedas. A atividade
comercial é dominada a princípio pelos judeus, superados pelos banqueiros cristãos no século
XIII, em vista de certas dificuldades sociais, inclusive a Ordem dos Cavaleiros Templários
acaba por exercer papel bancário nesse primeiro momento, ate sua destruição no século XIV.
Com toda essa renovação comercial e urbana, com a abertura de novas rotas de
comércio e outras mudanças culturais, sociais e materiais (como a revolução agrária) as
cidades retornam ao centro do poder, e é aqui que as corporações de ofício desenvolvem o
embrião do direito comercial, é importante a menção de Gênova de Veneza como
representantes máximas desse movimento. No Renascimento a atividade bancária de
consolida e as famílias de banqueiros alcançam lugares nos governos, além de patrociná-los,
com essa enorme concentração de renda, tais famílias espalham suas atividades para o
comércio, mineração e produção de bens, é daqui que surge o capital que funda o estado
moderno e os bancos apresentam as principais atividades e uma forma que prototípica do que
viriam a se tornar.
5) Como se deu a compensação bancária? Qual sua importância para o negócio
bancário?
A compensação bancária iniciou no século XVIII, com a Clearinghouse, em 1775,
esse processo é facilitado e se torna diário. Esse processo é importante pois torna a circulação
dos títulos e dos papéis-moedas, inicialmente emitidos pelos bancos privados, mais simples e
direta, interligando a economia e tronando o “dinheiro” mais fácil.
6) Descreva a formação do negócio bancário no Brasil.
No Brasil colônia não se pode falar de negócio bancário, o que existia era apenas o
empréstimo entre indivíduos, o início da atividade bancária se dá com a vinda de Dom João
VI, em 1808, que logo com sua chegada começa a reestruturar a capital provisório do Império
português, tendo como marco o Álvara Régio do dia 12/10/1808 que cria o Banco do Brasil,
que começa a operar em 1809 e acaba liquidado no dia 23/09/1829. Sem sucesso o governo
tenta novamente uma criação de banco estatal em 1833, a iniciativa privada, contudo, tem
sucesso com os bancos comerciais abertos em diversas capitais a partir de 1842. Em 1851 o
Banco do Brasil é recriado pelo Visconde de Mauá, um ano após a criação do código
comercial, que tem disposições sobre o binômio bancário, juros e as outras atividades
relacionadas a atividade bancária, que não fossem sobre o mútuo e o depósito, (estas foram
ganhando legislação mais robusta com o tempo).
No século XX é que se pode falar de um verdadeiro sistema bancário no Brasil. As
operações financeiras começar a se popularizar, aqui os títulos de crédito tem especial
importância, destacando-se o conhecimento de depósito eu warrant que tiveram legislação já
em 1903, em 1908 se regulam outros títulos de crédito, como a letra de câmbio e a nota
promissória. Em 1916 entra em vigor o Código Civil, que vigora até 2002, que regula os
contratos e diversos outros aspectos do direito privado. A legislação sobre os bancos cresce na
medida que se adentra pelo século, tendo especial papel para os governos desenvolvimentistas
que criam diversas encarnações dos bancos de desenvolvimento, há também um cuidado de se
proteger legalmente a economia popular, em especial na CF de 1988, e em determinar o papel
do Banco Central do Brasil, que a priori se confunde com o Banco do Brasil, mas que ganha
corpo e importância com as mudanças políticas do país.
7) Qual a natureza da Caixa Econômica Federal? E do Banco do Nordeste?
A Caixa Econômica Federal é uma empresa pública (banco publico) que se caracteriza
como um saving bank (banco voltado para depósitos e que visa estimular a poupança). Ela é
responsável também pela gerência das loterias federais e de recursos do Estado, também tem
participação no mercado imobiliário, e ferindo recursos públicos voltados para a infraestrutura
e saneamento básico. Pode ser também considerada com um banco múltiplo limitado.
O Banco do Nordeste é um banco de desenvolvimento regional sendo uma sociedade
de economia mista, cuja principal atividade é o gerenciamento de um fundo constitucional
para o fomento do Nordeste. Além disso ele desenvolve atividades de crédito e aceita
depósitos à vista.
8) Quais são os elementos da formação da taxa de juros?
A formação da taxa de juros deriva de quatro fatores principais: oportunidade de
produção, preferência pelo consumo, risco e inflação. A oportunidade produção se refere a
capacidade de retorno econômico ao capital investido para produção em uma determinada
economia, o que resulta em novo capital. Preferência pelo consumo é o que em determinado
tempo os consumidores preferem em detrimento de outros. Risco é a possibilidade de
determinado capital deslocado para empréstimo ser pago da forma determinada. Inflação é a
desvalorização da moeda e o aumento dos preços com o passar do tempo.
9) Qual a diferença entre liquidação extrajudicial e administração especial temporária?
A administração especial temporária é um processo pela qual o poder público através
do Banco Central do Brasil, em caso de funcionamento anômalo de instituição financeira,
pode nomear nova diretoria com poderes de conselho de administração (com prazo
estabelecido), como indicado pela Lei das Sociedades Anonimas. Tal processo cessa caso: a
União Federal assuma controle acionário; caso ocorra transformação, fusão, cisão ou
transferência do controle acionário; se o Banco Central do Brasil entender que a situação se
normalizou. A liquidação extrajudicial é um procedimento administrativo análogo à falência
mas que se da fora do poder judiciário e em contato direto com o Banco Central do Brasil, que
leva a paralisação da instituição, pode ser declarado de ofício. A diferença majoritária entre os
dois institutos é que administração temporária visa a preservação da instituição na liquidação
há um processo efetivo de falência com a tutela especial do Banco Central.
10) Como se dá a fiscalização das entidades de previdência fechada?
Quem fiscaliza a previdência privada é a PREVIC (Superintendência Nacional de
Previdência Complementar).

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