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IMMANUEL WALLERSTEIN

OSISTEMA MUNDIAL MODERNO


YOL. 1
A agricultura capitalista e as origens
da economia-mundo europeia no século XVI

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IMMANUEL WALLERSTEIN

OSISTEMA MUNDIAL MODERNO


YOL. 1
A agricultura capitalista e as origens
da economia-mundo europeia no século XVI

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1 tfu.lv. O ~i~ ti.1 .,,. . ;funJ1.:1J Mudemo - 1.


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N.' dt r<liçlio: U I
1:n.'<: ij12 -:•o-022~-.

U p<hltu l<r•I: JJ 17'11'10


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AGRADECIMENTOS

É sempre difícil enumerar as fontes imediatas de ideias e apoios recebidos-de autores, colegas
e alunos- na concepção e escrita de um livro, particulannente um livro que pretende sintetiz.aro trabalho
~mpírico de outras pessoas. O grande risco é o esquecimento.
No caso do presente volume, os dois autores cujos volumosos escritos me inspiraram mais
imediatamente na via que finalmente decidi seguir foram Femand Braudel e Marian MalowisL
Ass.im 4ue completei um rascunho, Femand Braudel leu-o cuidadosamente e encorajou-me num
momento em que eu necessitava de confirmara minha segurança no trabalhoefectuado. CharlesTilly leu-
-o também cuidadosamente e ao colocar questões pertinentes obrigou-me a clarificar a minha tese. Isto
aconteceu particularmente em relação ao papel do poder estatal e do •absolutismo~ em geral, e ao <eu
contraponto com o fenómeno do banditismo em particular. Douglas Dowd pôs-me em contacto com
Frederic Lane, pelo que ·lhe estou grato visto que vale francamente a pena contactar com ele.
Quanto a Terence Hopkins, a minha dívida respeita aos nossos vinte anos de mútua discussão e
colaboração intelectual. Não há frase que possa resumir uma tal dívida.
Este livro foi escrito durante uma estadia de um ano no Center for Advanced Study in the
Behavioral Sciences. Inúmeros autores lhe prestaram os seus louvores. Para além da sua esplêndida
envolvência, ilimitada biblioteca e apoio secretarial, e de uma gama variada de especialistas prontos a
serem consultados sem aviso prévio, o que o centro oferece é deixar o estudioso à sua vontade. para o bem
e para o mal. Tivessem todos os homens tal sabedoria! A versão final foi completada com a ajuda de uma
bolsa do Social Sciences Grants Subcommittee da Faculty of Graduate Studies and Research da MacGill
University.

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AGRADECIMENTOS

É sempre difícil enumerar as fontes imediatas de ideias e apoios recebidos-de autores, colegas
e alunos- na concepção e escrita de um livro, particulannente um livro que pretende sintetiz.aro trabalho
~mpírico de outras pessoas. O grande risco é o esquecimento.
No caso do presente volume, os dois autores cujos volumosos escritos me inspiraram mais
imediatamente na via que finalmente decidi seguir foram Femand Braudel e Marian MalowisL
Ass.im 4ue completei um rascunho, Femand Braudel leu-o cuidadosamente e encorajou-me num
momento em que eu necessitava de confirmara minha segurança no trabalhoefectuado. CharlesTilly leu-
-o também cuidadosamente e ao colocar questões pertinentes obrigou-me a clarificar a minha tese. Isto
aconteceu particularmente em relação ao papel do poder estatal e do •absolutismo~ em geral, e ao <eu
contraponto com o fenómeno do banditismo em particular. Douglas Dowd pôs-me em contacto com
Frederic Lane, pelo que ·lhe estou grato visto que vale francamente a pena contactar com ele.
Quanto a Terence Hopkins, a minha dívida respeita aos nossos vinte anos de mútua discussão e
colaboração intelectual. Não há frase que possa resumir uma tal dívida.
Este livro foi escrito durante uma estadia de um ano no Center for Advanced Study in the
Behavioral Sciences. Inúmeros autores lhe prestaram os seus louvores. Para além da sua esplêndida
envolvência, ilimitada biblioteca e apoio secretarial, e de uma gama variada de especialistas prontos a
serem consultados sem aviso prévio, o que o centro oferece é deixar o estudioso à sua vontade. para o bem
e para o mal. Tivessem todos os homens tal sabedoria! A versão final foi completada com a ajuda de uma
bolsa do Social Sciences Grants Subcommittee da Faculty of Graduate Studies and Research da MacGill
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do Jt 41ut' 1111 d<lt'rw1açdl1l'J l•HU o tn la1xo1r

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A d r scol><1ta Út' our.J r prata"" AN 1u·u. o t'.atnn1f1'U•, u r1rr·,1'i:a~4'• ' a


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KARl.. M AkX

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OORODUCAO

SOBRE O ESTUDO DA MUDANÇA SOCIAL

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OORODUCAO

SOBRE O ESTUDO DA MUDANÇA SOCIAL

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/

A mudança é elema. Nada muda, nunca. Ambos es1es ~cli c hês • são ~'·erdadeiros •.
As cstruluras silo como recifes de cor.il de relações humanas que 1ém uma existência estável
duranle períodos de lempo relativamente longos. Mas mesmo as estruturas nascem. desen-
volvem-se e morrem.
A não ser que utilizemos o estudo da mudança social como sinónimo da totalidade das
ciências sociais. o seu significado deveria ser restringido ao estudo das mudanças nos
fenómenos que são mais duráveis - sendo. é claro. a própria noção de durabilidade sujeita a
mudança de acordo com o local e o lempo histórico.
Uma das mais importantes afirmações das ciências sociais mundiais é que exi stem
algumas grandes marcas divisórias na hislória do homem. Uma dessas marcas divisórias
geralmenle reconhecida. embora esludada apenas por uma minoria dos cientis1as sociais. é a
chamada revolução neolíliea ou agrícola. A oulra grande marca divisória é a criação do mundo
moderno.
Es1e úhimo acontecimento está no centro da maior pane da teoria das ciências sociais
contemporãneas e, na'verdade, na do século XIX igualmente. É claro que o debate sobre quais
as características definidoras dos tempos modernos (e logo sobre quais as suas fronteiras
temporais) é imenso. Além disso. há amplo desacordo sobre os molores deste processo de
mudança. Mas parece haver um consenso genera!i1.ado de que algumas grandes mudanças
estruturais ocorreram realmente no mundo nas úhima~ cenlenas de anos, mudanças que
fazem com que o mundo de hoje seja qualitalivamente diferente do mundo de ontem. Mesmo
os que rejeitam as teses evolucionis1as do progresso determinado admitem a diferença nas
estruturas.
Quais serão as unidades apropriadas a estudar se se desejar descrever esta o:diferença ~
e explicá-la? Num certo senlido. muitos dos mais importantes debates teóricos do nosso tempo
podem ser reduzidos a discussões sobre esle ponlo. Ele é a grande questão das ciências
sociais conlemporâneas. É por isso adequado começar um trabalho que passa por analisar
o processo da mudança social no mundo moderno com um ilinerário intelectual da nossa
investigação conceptual.
Comecei por me interessar pelas bases sociais do coníli10 polí1ico na minha p~pri_a
sociedade. Pensei que compreendendo as modalidades de tal confluo eu pude;~se contnbu~r
como homem racional para a moldagem dessa sociedade. Isso condu~iu-me ao amago de dois
grandes debates. Um deles foi 0 grau segundo o qual ~ ioda a h1stóna é a h1stóna da luta de

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/

A mudança é elema. Nada muda, nunca. Ambos es1es ~cli c hês • são ~'·erdadeiros •.
As cstruluras silo como recifes de cor.il de relações humanas que 1ém uma existência estável
duranle períodos de lempo relativamente longos. Mas mesmo as estruturas nascem. desen-
volvem-se e morrem.
A não ser que utilizemos o estudo da mudança social como sinónimo da totalidade das
ciências sociais. o seu significado deveria ser restringido ao estudo das mudanças nos
fenómenos que são mais duráveis - sendo. é claro. a própria noção de durabilidade sujeita a
mudança de acordo com o local e o lempo histórico.
Uma das mais importantes afirmações das ciências sociais mundiais é que exi stem
algumas grandes marcas divisórias na hislória do homem. Uma dessas marcas divisórias
geralmenle reconhecida. embora esludada apenas por uma minoria dos cientis1as sociais. é a
chamada revolução neolíliea ou agrícola. A oulra grande marca divisória é a criação do mundo
moderno.
Es1e úhimo acontecimento está no centro da maior pane da teoria das ciências sociais
contemporãneas e, na'verdade, na do século XIX igualmente. É claro que o debate sobre quais
as características definidoras dos tempos modernos (e logo sobre quais as suas fronteiras
temporais) é imenso. Além disso. há amplo desacordo sobre os molores deste processo de
mudança. Mas parece haver um consenso genera!i1.ado de que algumas grandes mudanças
estruturais ocorreram realmente no mundo nas úhima~ cenlenas de anos, mudanças que
fazem com que o mundo de hoje seja qualitalivamente diferente do mundo de ontem. Mesmo
os que rejeitam as teses evolucionis1as do progresso determinado admitem a diferença nas
estruturas.
Quais serão as unidades apropriadas a estudar se se desejar descrever esta o:diferença ~
e explicá-la? Num certo senlido. muitos dos mais importantes debates teóricos do nosso tempo
podem ser reduzidos a discussões sobre esle ponlo. Ele é a grande questão das ciências
sociais conlemporâneas. É por isso adequado começar um trabalho que passa por analisar
o processo da mudança social no mundo moderno com um ilinerário intelectual da nossa
investigação conceptual.
Comecei por me interessar pelas bases sociais do coníli10 polí1ico na minha p~pri_a
sociedade. Pensei que compreendendo as modalidades de tal confluo eu pude;~se contnbu~r
como homem racional para a moldagem dessa sociedade. Isso condu~iu-me ao amago de dois
grandes debates. Um deles foi 0 grau segundo o qual ~ ioda a h1stóna é a h1stóna da luta de

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relevante neste momento é que ~e tomei ponan .
classes•. Dito de outra fonna. scr.1o as clns cs as únicas unidaJcs operacionais significativas
corno abstracção estava fortemente limitada a s;::ienr~. 00 grau .em que a sociec!adel
nns arenas sociai< e políticas'? Ou. com<' Weber argumentou. são elas apenas uma de uma
empírica. Era uma fal sa perspectiva tomar um .dad pohtic~Jurid1cos como realidade
trindade de unidades - classes. grupos <k swrus e panidos - cujas intcracçõcs e., pli cam o ª unt e como a *tnbo
suas operações sem refcréncia ao facto que, numa situ· ilo col . . ~e procurar analiw as
·
pnx:e' ' º político'~ Emlxlra tivc>se os meus prccunccitos sobre o assunto. descobri, como outros
nam a «tribo», longe de serem usobcrana.,. est· v· aç amai. as tn\1Jlu1çõci. que gover-
antes de mim. que nem a dcfiniçiio dcstc·s tcnnos nem a ck scriçilo das suas relações eram fáceis
cosiumes) de uma entidade mais vasta de q~e c;:r,m c aramente Cffctmi.critas pela.1 lei' (e-
1
Jc eluc idar. Senti cada vez mais fonemcntc 4uc este crj um probkma conceptual muito mais . d . uma pane t nd1ssoc~,e1 · a colónia. Na
que um prohkmu empírico. e que para c;d.,rcccr o dchate. pelo menos no meu próprio espírito, verdade isto con uztu-me à gcncrali»cão mais aL-an t d · .
• . -... UJ< gen e e que o estudo da 0tgantzação
teria dt' colocar as questões num contexto intelectual mais vasto. soc ial era francamente deficiente por não se con, iderar 0 · d 1 ai· • . .
. ~mqe~=no-~
O segundo grande <kbate. ali~s ligado com o prime iro, era acerca do grau em que podia qual tanto as o~gamzações como os seus membr0> operavam.
exi stir. ou na real idade existia mesmo. um consenso de valores no seio de uma dada soc iedade, Procurei d1scem1r_os atributos gerai~ de uma •iruaçào colonial e descre•cr 0 qt.P.: eu~
e. m mL-<lida em que tal conse nso existisse, o grau cm que a sua presença ou ausência era de pensava ser a sua «htstóna natural •. Dcpre'sa se romou claro para mim que leria de manter
facto um llctrrminante imponante das acções humanas. Este debate está ligado ao primeiro constantes pelo menos alguns factores do sistema mund ial. Por i•so limitei-me a ama análise
poniue apenas se se rejeitar o cadcter primordial da luta social na sociedade civil faz sentido de co~o ~perava o s~stema colonial para º' pahes que eram. no século XIX e XX. colóniai.
te :mtar a que, tão. de potencias europeias e os. que eram ~ posse•Mics ultramarinas• dcs!>as po!éncias. Dada
O valore s3o. obviamente. um objecto de observação esquivo e eu senti-me pouco esta constante, senti _que podia, de forma genericamente aplicável. fazer exposi~ sobre 0
confon:ívd com grjnde pane da teorização sobre valores, que parecia combinar frequente- impacto da 1mpos 1~a~ da autondade colonial sobre a vida social. sobre as motivações e
mente a falta de uma ba e empírica ri goroo;a com a afronta ao senso comum. Apesar disso, era modalidades de res1stencta a esta autondade, sobre os mecanismos pel°"' quais as potências
claro que homens e grupos justificavam mesmo as suas acções por referência a ideologias. coloniais se defendiam e tentavam legitimar o seu pcxler, sobre a natureza contradi!6ria das
Além di"º· parecia igualmente claro que os grupos se tomavam mais coerentes e portanto forças capazes de operar no int.erior deste quadro. wbre as razões porque os homens eram
rnai' efica1.es politicamente na medida em que ti nham consciência de si próprios, o que signi- levados a constituir organizações que desafiavam o pcxler colonial e sobre os elemcnios cruu-
fi cava que de.envolviam uma linguagem comum e uma we/tanschauun>:. turais que conduziram à expansão e finalment.e ao triunfo político dos mcwimentos ar:ti-
De loquei a área das minha' preocupações empíricas da minha própria sociedade para coloniais. A unidade de análise em todas estas questões era o t.erritório colonial tal como era_
África, na espe rança tanto de que veria várias teorias confirmadas pelo que ali encontrasse legalmente definido pela potência admini stradora.
corno de que uma ob.ervação de climas db lantes aguçaria a minha percepção, dirigindo a Estava igualmente interessado no que acontecia a esses «novos estados• depois Ih-
minha a ten~ào para que.tões que de outra forma cu ignoraria. Esperava que fosse a primeira independência. Tal como o estudo dos territórios coloniais parecia centrar-se nas Olllsas do
hipótese a con firmar- se. Ma.\ foi a segunda que veio a dar-se. colapso da ordem política existente, o estudo do período da pós-independência parecia cen-
Fui para África primeiro durante a era colonial, e testemunhei o processo de udescoloni- trar-se na questão oposta: como se estabelece uma autoridade legítima e se expande entre os
zação· e depoi~ o de independência de uma cascata de estados soberanos. Branco como era, cidadãos um sentido de pencnça à entidade nacional.
fui bfJmbarde~do pela.\ inveMidas da mentalidade colonial de europeus há muito residentes Este último estudo, no entanto, conduz a alguns problemas. Em primeiro lugar. c:swdar
em África. E <;impatizant.e que era dos movimentos nacionalistas, fui cúmplice das análises a política pós- independência dos estados afro-asiáticos parecia ser um processo de ro=r atr.ll
ir.ida' e da' pai xõe> oplimi ' ta' de jovens militantes dos mov imentos africanos. Não levou dos títulos jornalísticos. Pouca profundidade hi ~tórica estaria ncccssariamcnt.e envolvida nisso.
muito tempo a compreender que não só est.e>doi' gru pos cMavam em desacordo sobre questões Além do mai s, hav ia a questão traiçoeira da América Larina. De muitos modos parccími as
política\. ma' também que avaliavam a situação com quadros conceptuais inteiramente situações serem aí semelhantes, e cada vez mais pessoas começavam a pensar os três conti-
diferent.e,. nentes como um «Terceiro Mundo•. Mas os países da América Latina eram poliácamen:.e
l'um conflilD profundo, os oll10>d()'; oprimido' são geralmente mais perspicazes acerca independentes há 150 anos. As suas culturas esravam muito mais inámamente ligadas à trd·
da realidade: <ln pre<>Cnle. poi' é do ..cu int.e ressc pcrcebé -Ja claramente para poderem tomar dição europeia do que qualquer uma das de África ou da Ásia. Toda a empresa r=ia hesi-
clarasª' hipocri,ias dos dirigente,. Eles tém menos interesse no desvio ideológico. Foi o que tante em solo muito movediço.
aconlCCeu ncst.e caw . O; nacionali ' ta' enca ravam a realidade em que viviam como uma Na busca de uma unidade de análise apropriada. debrucei-me sobre os «estados no
• airuação colonial • , 1'10 é. uma \i tuaçào cm que tanto a ' ua acção social com.o a dos europeus período após a independência formal mas antes de terem conseguido algo que pu.dcsse ser
que vi viam a .cu lado c<imo admini,tradorc; , mi s~ ionár i os , profe s;ores e mercadores era designado por integração nacional .. Esta definição podia ser usada de modo a incluir a ~or
determinada pcJr,, çon.\l rangime nto\ de uma única entidade lega l e soc ial. Viam também que pan e ou todos os países da América Latina até à actualidade. ou qu=. 1'-~as incluia obvia-
o aparelh11de fa tado M: ba!>Cava num ,;,Lema de casta no qual o posto e ponanro a recom· mente também outras áreas. lncluia por exemplo os Estados Unidos da Amcnca. pelo menos.
digamos no período antes ela Guerra Civil. Incluia seguramenteª Europa Oriental.~l·':iemen;'5
pensa eram arrihuídos na ba.e da raça.
Os nacíorus li ' ta.' africanos C!tavam dct.erm inadD! a mudar as estrururas políticas no seio até ao séc ulo XX e possivelmente até à actualidade. E incluia mesmoª. Europa
1
nta e
das quai< viviam. Já contei eçta história noutro local e não é relevante referi -la aqui. O que é
Meridional, pelo menos para períodos históricos antenorcs.

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relevante neste momento é que ~e tomei ponan .
classes•. Dito de outra fonna. scr.1o as clns cs as únicas unidaJcs operacionais significativas
corno abstracção estava fortemente limitada a s;::ienr~. 00 grau .em que a sociec!adel
nns arenas sociai< e políticas'? Ou. com<' Weber argumentou. são elas apenas uma de uma
empírica. Era uma fal sa perspectiva tomar um .dad pohtic~Jurid1cos como realidade
trindade de unidades - classes. grupos <k swrus e panidos - cujas intcracçõcs e., pli cam o ª unt e como a *tnbo
suas operações sem refcréncia ao facto que, numa situ· ilo col . . ~e procurar analiw as
·
pnx:e' ' º político'~ Emlxlra tivc>se os meus prccunccitos sobre o assunto. descobri, como outros
nam a «tribo», longe de serem usobcrana.,. est· v· aç amai. as tn\1Jlu1çõci. que gover-
antes de mim. que nem a dcfiniçiio dcstc·s tcnnos nem a ck scriçilo das suas relações eram fáceis
cosiumes) de uma entidade mais vasta de q~e c;:r,m c aramente Cffctmi.critas pela.1 lei' (e-
1
Jc eluc idar. Senti cada vez mais fonemcntc 4uc este crj um probkma conceptual muito mais . d . uma pane t nd1ssoc~,e1 · a colónia. Na
que um prohkmu empírico. e que para c;d.,rcccr o dchate. pelo menos no meu próprio espírito, verdade isto con uztu-me à gcncrali»cão mais aL-an t d · .
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teria dt' colocar as questões num contexto intelectual mais vasto. soc ial era francamente deficiente por não se con, iderar 0 · d 1 ai· • . .
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O segundo grande <kbate. ali~s ligado com o prime iro, era acerca do grau em que podia qual tanto as o~gamzações como os seus membr0> operavam.
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e. m mL-<lida em que tal conse nso existisse, o grau cm que a sua presença ou ausência era de pensava ser a sua «htstóna natural •. Dcpre'sa se romou claro para mim que leria de manter
facto um llctrrminante imponante das acções humanas. Este debate está ligado ao primeiro constantes pelo menos alguns factores do sistema mund ial. Por i•so limitei-me a ama análise
poniue apenas se se rejeitar o cadcter primordial da luta social na sociedade civil faz sentido de co~o ~perava o s~stema colonial para º' pahes que eram. no século XIX e XX. colóniai.
te :mtar a que, tão. de potencias europeias e os. que eram ~ posse•Mics ultramarinas• dcs!>as po!éncias. Dada
O valore s3o. obviamente. um objecto de observação esquivo e eu senti-me pouco esta constante, senti _que podia, de forma genericamente aplicável. fazer exposi~ sobre 0
confon:ívd com grjnde pane da teorização sobre valores, que parecia combinar frequente- impacto da 1mpos 1~a~ da autondade colonial sobre a vida social. sobre as motivações e
mente a falta de uma ba e empírica ri goroo;a com a afronta ao senso comum. Apesar disso, era modalidades de res1stencta a esta autondade, sobre os mecanismos pel°"' quais as potências
claro que homens e grupos justificavam mesmo as suas acções por referência a ideologias. coloniais se defendiam e tentavam legitimar o seu pcxler, sobre a natureza contradi!6ria das
Além di"º· parecia igualmente claro que os grupos se tomavam mais coerentes e portanto forças capazes de operar no int.erior deste quadro. wbre as razões porque os homens eram
rnai' efica1.es politicamente na medida em que ti nham consciência de si próprios, o que signi- levados a constituir organizações que desafiavam o pcxler colonial e sobre os elemcnios cruu-
fi cava que de.envolviam uma linguagem comum e uma we/tanschauun>:. turais que conduziram à expansão e finalment.e ao triunfo político dos mcwimentos ar:ti-
De loquei a área das minha' preocupações empíricas da minha própria sociedade para coloniais. A unidade de análise em todas estas questões era o t.erritório colonial tal como era_
África, na espe rança tanto de que veria várias teorias confirmadas pelo que ali encontrasse legalmente definido pela potência admini stradora.
corno de que uma ob.ervação de climas db lantes aguçaria a minha percepção, dirigindo a Estava igualmente interessado no que acontecia a esses «novos estados• depois Ih-
minha a ten~ào para que.tões que de outra forma cu ignoraria. Esperava que fosse a primeira independência. Tal como o estudo dos territórios coloniais parecia centrar-se nas Olllsas do
hipótese a con firmar- se. Ma.\ foi a segunda que veio a dar-se. colapso da ordem política existente, o estudo do período da pós-independência parecia cen-
Fui para África primeiro durante a era colonial, e testemunhei o processo de udescoloni- trar-se na questão oposta: como se estabelece uma autoridade legítima e se expande entre os
zação· e depoi~ o de independência de uma cascata de estados soberanos. Branco como era, cidadãos um sentido de pencnça à entidade nacional.
fui bfJmbarde~do pela.\ inveMidas da mentalidade colonial de europeus há muito residentes Este último estudo, no entanto, conduz a alguns problemas. Em primeiro lugar. c:swdar
em África. E <;impatizant.e que era dos movimentos nacionalistas, fui cúmplice das análises a política pós- independência dos estados afro-asiáticos parecia ser um processo de ro=r atr.ll
ir.ida' e da' pai xõe> oplimi ' ta' de jovens militantes dos mov imentos africanos. Não levou dos títulos jornalísticos. Pouca profundidade hi ~tórica estaria ncccssariamcnt.e envolvida nisso.
muito tempo a compreender que não só est.e>doi' gru pos cMavam em desacordo sobre questões Além do mai s, hav ia a questão traiçoeira da América Larina. De muitos modos parccími as
política\. ma' também que avaliavam a situação com quadros conceptuais inteiramente situações serem aí semelhantes, e cada vez mais pessoas começavam a pensar os três conti-
diferent.e,. nentes como um «Terceiro Mundo•. Mas os países da América Latina eram poliácamen:.e
l'um conflilD profundo, os oll10>d()'; oprimido' são geralmente mais perspicazes acerca independentes há 150 anos. As suas culturas esravam muito mais inámamente ligadas à trd·
da realidade: <ln pre<>Cnle. poi' é do ..cu int.e ressc pcrcebé -Ja claramente para poderem tomar dição europeia do que qualquer uma das de África ou da Ásia. Toda a empresa r=ia hesi-
clarasª' hipocri,ias dos dirigente,. Eles tém menos interesse no desvio ideológico. Foi o que tante em solo muito movediço.
aconlCCeu ncst.e caw . O; nacionali ' ta' enca ravam a realidade em que viviam como uma Na busca de uma unidade de análise apropriada. debrucei-me sobre os «estados no
• airuação colonial • , 1'10 é. uma \i tuaçào cm que tanto a ' ua acção social com.o a dos europeus período após a independência formal mas antes de terem conseguido algo que pu.dcsse ser
que vi viam a .cu lado c<imo admini,tradorc; , mi s~ ionár i os , profe s;ores e mercadores era designado por integração nacional .. Esta definição podia ser usada de modo a incluir a ~or
determinada pcJr,, çon.\l rangime nto\ de uma única entidade lega l e soc ial. Viam também que pan e ou todos os países da América Latina até à actualidade. ou qu=. 1'-~as incluia obvia-
o aparelh11de fa tado M: ba!>Cava num ,;,Lema de casta no qual o posto e ponanro a recom· mente também outras áreas. lncluia por exemplo os Estados Unidos da Amcnca. pelo menos.
digamos no período antes ela Guerra Civil. Incluia seguramenteª Europa Oriental.~l·':iemen;'5
pensa eram arrihuídos na ba.e da raça.
Os nacíorus li ' ta.' africanos C!tavam dct.erm inadD! a mudar as estrururas políticas no seio até ao séc ulo XX e possivelmente até à actualidade. E incluia mesmoª. Europa
1
nta e
das quai< viviam. Já contei eçta história noutro local e não é relevante referi -la aqui. O que é
Meridional, pelo menos para períodos históricos antenorcs.

16 17

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Fui portanto forçado por estJ lógica a dirigir a minha atenção para a Europa do início de um e~cmplo desta unidade na é.poca moderna. Suponhamos na verdade que eu estava ccno,
da Era foderna . Isto conduzi u-me cm primeiro lugar à questão do que adoptaria como ponto que a umdade co'.1'ect.a de análise era o sistema mundial. e que os estados wbcranos devem ser
de partida deste pro<.-esso. que pro\'isoriamente designei. na falta de um melhor instrumento visros como um tipo de estrutura organizacional entre outra• no seio clcstt: sistema social único~
conceptual. por processo de modernização. Mas eu tinha não só de considerar a questão dos Podia eu enrão fazer outra coisa mais do que escrever a sua história?
pontos de p:mida mas tJmbém a dos pontos tenni nais. a não ser que quisesse incluir a Grã- Eu não estava interessado cm escrever a sua his tória, nem comecei por ter o conheci-·
· Bretanha ou a Alcmanh 3 do século XX como exemplos deste mesmo processo social. mento empírico necessário para tal tarefa. (E pela sua própria natureza poucos indivíduos o
Dado q~c à primeira \'ista isto parecia duvidoso, a questão dos pontos terminais tinha de teriam). Mas poderá haver leis acerca do único? Num sentido rigoroso. é ób,·io que não. Uma ·
ser nl3is bem pensada. afirmação de causalidade ou probabilidade é fciLl cm termos de uma série de fenómenos ou
Neste ponto das minhas retle., ões. eu estava claramente envolvido em questões de de exemplos idênticos . Mesmo que se incluísse em 1.11 série os que provavclmentt:, ou mesmo
desenvolvimento e com alguma noção implícita de estádios de desenvolvimento, o que por possivelmente, ocorreriam no futuro, o que aqui se podia propor não era adicionar uma sé.rie
sua ' 'ez colocava dois problemas: os critérios para a detenninação dos esrádios e a compara- de exemplos possíveis futuros à rede dos presentes e passados, era adicionar uma série de
bilidJde das unidades ao longo do rempo histórico. exemplos possíveis futuros a um único do pas$3do-presente. ;
Quantos estádios tinha havido? Quantos poderia haver? Será a industrialização um Apenas houve um «mundo moderno». Talvez algum dia se descubra existirem fenó-·
momento decisivo ou a consequênciJ dum ponto de viragem polírico? Qual seria, neste con- menos comparáveis noutros planetas, ou ourros sistemas mundiais modernos no nosso. M as
texto, o significado empírico de um tenno como «revolução», tal como na Revolução Fran- aqui e agora, a realidade era clara - apenas um. Foi neste ponto que fui inspirado pela ana-
cesJ ou na Revolução Russa? Seriam esses estádios unilineares. ou poderia uma unidade logia com a astronomia, que passa por explicar as leis que governam o universo embora (ramo
• re.trogrodar• º Parecia que eu tinha deparado com um vasto pântano conceptual. quanto sabemos) apenas exisLl um único universo.
Além do mais. sair desse pân tano conceptual era muito difícil dada a ausência de O que fazem então os astrónomos? Tal como a entendo. a lógica dos seus argumentos
instrumento. de medida razoáveis. Como poderia dizer-se. digamos. que a França do século envolve duas operações separadas. Eles utilizam as leis derivadas do estudo de entidades físi-
XVII era. em algum sentido, equivalente à Índia do século XX? Um leigo podia considerar cas menores, as leis da Física. e então defendem que essas leis (eventualmente com certas
tal afirmação absu rdJ. EstariJ assim tão errado? Estava muito bem recorrer às fónnulas das excepções especificadas) são, por analogia, válidas para o sistema como um todo. Em segundo
virtudes da abstracção científica contidas nos manuais. mas as dificuldades práricas de com- . lugar, argumentam a posteriori. Se o sistema como um todo experimentava um dado estado
p1ração parec iam imensas. no momento y, muito provavelmente tinha um certo estado no momento x. ,
Uma fo rma de manejar a ideia «absurda• de comparar duas unidades tão díspares era Ambos os métodos são traiçoeiros, e é por esta razão que no campo da cosmologia.
acei tar a legitimidade da objecção e adicionar uma outra variável - o contexto mundial de que é o estudo do funcionamento do sistema como um todo. existem hipóteses violentamentt:
uma época dada . ou o que Wolfram Eberhard designou por «tempo mundial». Isto signifi- opostas defendidas por astrónomos reputados. Da mesma forma, existe nas explicações do
cava que embora a França do século XVII pudesse compartilhar algumas características estru- sistema mundial da Idade Moderna um estado de coisas com possibilidades de pennanecer
turais com a Índia do século XX. deveriam ser vistas como muito diferentes à dimensão do como tal durante um certo período de rempo. Na verdade, os estudiosos do funcionamento do
contexto mundial. Isto era conceptualmente clarificador, mas tomava a mensuração ainda mais sistema mundial têm possivelmente a vida mais facilitada do que os estudiosos do funcio-
complicada. namento do universo, em tennos do volume de dados empíricos à sua disposição.
· Finalmente. parecia haver uma outra dificuldade. Se cenas sociedad_es passavam por De qualquer modo, inspirei-me no epigrama de T . J. G. Locher: •Não deve confun-'
vários ~estádios • . ou seja, tinham uma «história natural •, o que acontecia com o próprio sistema dir-se totalidade com plenitude. O todo é mais do que a reunião das panes, mas ccnamcntt:
mundial' Não teria ele também • estádios• , ou pelo menos uma «história natural •? E se assi m é-o também menos» 111•
fosse, não estaríamos nós a estudar evoluções dentro de evoluções? E sendo assim, não Eu procurava descrever o sisrcma mundial a um certo nível de abstracção. o da
estaria J teoria a tomar-se demasiado canegada de epiciclos? Não exigia ela um impulso evolução de esrruturas do sistema global. Estava interessado cm descrever acontecimentos
simplificador'? particulares apenas na medida ém que eles lançassem luz sobre? ~istema como exe~plos tlp1-
: A mim. pareceu-me que de facto o exigia. Foi neste ponto que abandonei a ideia de cos de um qualquer mecanismo ou fossem os momentos dec1SJvos cm alguma importante
adoptar como unidade de _análise quer o Estado soberano quer esse conceito mais vago de
mudança institucional. . . · J
sociedade nacional. Decidi que nenhum dos dois era um sistema social e que se podia apenas Este tipo de projecto é operacional na medida cm que e~tsta uma boa porção de mate-
falar de mudança social em sistemas sociais. Neste esquema, o único sistema social era o rial empírico e cm que este marerial assuma, pelo menos parcialmente, a forma de trabalho
sistema mundial.
contrapontualmente controverso. Afortunadamente parece ser este o caso neste momento para
Isto e ra obviamente extremamente simplificador. Lidava agora com um tipo de unidade,
um grande número de temas de História Moderna.
mais do que com unidades dentro de unidades. Podia explicar as mudanças nos estados sobe-
lllllOI como consequência da evolução e interacção do sistema rrlun'diaL Mas, ao mesmo rempo,
(!) Dit Übtrwindung dtS turoplloztntrischtn Gtschi<htsbildts (19~). IS, ci~ ':' G. Bunclough in
,en também cau$3dor de uma muito maior complexidade. Provavelmente, eu apenas dispunha H. P. R. Finbcrg, ed., /lpproachts to History: /1 SympoSJum (Un1v. of Toronlo ~ss. 196 ). .

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Fui portanto forçado por estJ lógica a dirigir a minha atenção para a Europa do início de um e~cmplo desta unidade na é.poca moderna. Suponhamos na verdade que eu estava ccno,
da Era foderna . Isto conduzi u-me cm primeiro lugar à questão do que adoptaria como ponto que a umdade co'.1'ect.a de análise era o sistema mundial. e que os estados wbcranos devem ser
de partida deste pro<.-esso. que pro\'isoriamente designei. na falta de um melhor instrumento visros como um tipo de estrutura organizacional entre outra• no seio clcstt: sistema social único~
conceptual. por processo de modernização. Mas eu tinha não só de considerar a questão dos Podia eu enrão fazer outra coisa mais do que escrever a sua história?
pontos de p:mida mas tJmbém a dos pontos tenni nais. a não ser que quisesse incluir a Grã- Eu não estava interessado cm escrever a sua his tória, nem comecei por ter o conheci-·
· Bretanha ou a Alcmanh 3 do século XX como exemplos deste mesmo processo social. mento empírico necessário para tal tarefa. (E pela sua própria natureza poucos indivíduos o
Dado q~c à primeira \'ista isto parecia duvidoso, a questão dos pontos terminais tinha de teriam). Mas poderá haver leis acerca do único? Num sentido rigoroso. é ób,·io que não. Uma ·
ser nl3is bem pensada. afirmação de causalidade ou probabilidade é fciLl cm termos de uma série de fenómenos ou
Neste ponto das minhas retle., ões. eu estava claramente envolvido em questões de de exemplos idênticos . Mesmo que se incluísse em 1.11 série os que provavclmentt:, ou mesmo
desenvolvimento e com alguma noção implícita de estádios de desenvolvimento, o que por possivelmente, ocorreriam no futuro, o que aqui se podia propor não era adicionar uma sé.rie
sua ' 'ez colocava dois problemas: os critérios para a detenninação dos esrádios e a compara- de exemplos possíveis futuros à rede dos presentes e passados, era adicionar uma série de
bilidJde das unidades ao longo do rempo histórico. exemplos possíveis futuros a um único do pas$3do-presente. ;
Quantos estádios tinha havido? Quantos poderia haver? Será a industrialização um Apenas houve um «mundo moderno». Talvez algum dia se descubra existirem fenó-·
momento decisivo ou a consequênciJ dum ponto de viragem polírico? Qual seria, neste con- menos comparáveis noutros planetas, ou ourros sistemas mundiais modernos no nosso. M as
texto, o significado empírico de um tenno como «revolução», tal como na Revolução Fran- aqui e agora, a realidade era clara - apenas um. Foi neste ponto que fui inspirado pela ana-
cesJ ou na Revolução Russa? Seriam esses estádios unilineares. ou poderia uma unidade logia com a astronomia, que passa por explicar as leis que governam o universo embora (ramo
• re.trogrodar• º Parecia que eu tinha deparado com um vasto pântano conceptual. quanto sabemos) apenas exisLl um único universo.
Além do mais. sair desse pân tano conceptual era muito difícil dada a ausência de O que fazem então os astrónomos? Tal como a entendo. a lógica dos seus argumentos
instrumento. de medida razoáveis. Como poderia dizer-se. digamos. que a França do século envolve duas operações separadas. Eles utilizam as leis derivadas do estudo de entidades físi-
XVII era. em algum sentido, equivalente à Índia do século XX? Um leigo podia considerar cas menores, as leis da Física. e então defendem que essas leis (eventualmente com certas
tal afirmação absu rdJ. EstariJ assim tão errado? Estava muito bem recorrer às fónnulas das excepções especificadas) são, por analogia, válidas para o sistema como um todo. Em segundo
virtudes da abstracção científica contidas nos manuais. mas as dificuldades práricas de com- . lugar, argumentam a posteriori. Se o sistema como um todo experimentava um dado estado
p1ração parec iam imensas. no momento y, muito provavelmente tinha um certo estado no momento x. ,
Uma fo rma de manejar a ideia «absurda• de comparar duas unidades tão díspares era Ambos os métodos são traiçoeiros, e é por esta razão que no campo da cosmologia.
acei tar a legitimidade da objecção e adicionar uma outra variável - o contexto mundial de que é o estudo do funcionamento do sistema como um todo. existem hipóteses violentamentt:
uma época dada . ou o que Wolfram Eberhard designou por «tempo mundial». Isto signifi- opostas defendidas por astrónomos reputados. Da mesma forma, existe nas explicações do
cava que embora a França do século XVII pudesse compartilhar algumas características estru- sistema mundial da Idade Moderna um estado de coisas com possibilidades de pennanecer
turais com a Índia do século XX. deveriam ser vistas como muito diferentes à dimensão do como tal durante um certo período de rempo. Na verdade, os estudiosos do funcionamento do
contexto mundial. Isto era conceptualmente clarificador, mas tomava a mensuração ainda mais sistema mundial têm possivelmente a vida mais facilitada do que os estudiosos do funcio-
complicada. namento do universo, em tennos do volume de dados empíricos à sua disposição.
· Finalmente. parecia haver uma outra dificuldade. Se cenas sociedad_es passavam por De qualquer modo, inspirei-me no epigrama de T . J. G. Locher: •Não deve confun-'
vários ~estádios • . ou seja, tinham uma «história natural •, o que acontecia com o próprio sistema dir-se totalidade com plenitude. O todo é mais do que a reunião das panes, mas ccnamcntt:
mundial' Não teria ele também • estádios• , ou pelo menos uma «história natural •? E se assi m é-o também menos» 111•
fosse, não estaríamos nós a estudar evoluções dentro de evoluções? E sendo assim, não Eu procurava descrever o sisrcma mundial a um certo nível de abstracção. o da
estaria J teoria a tomar-se demasiado canegada de epiciclos? Não exigia ela um impulso evolução de esrruturas do sistema global. Estava interessado cm descrever acontecimentos
simplificador'? particulares apenas na medida ém que eles lançassem luz sobre? ~istema como exe~plos tlp1-
: A mim. pareceu-me que de facto o exigia. Foi neste ponto que abandonei a ideia de cos de um qualquer mecanismo ou fossem os momentos dec1SJvos cm alguma importante
adoptar como unidade de _análise quer o Estado soberano quer esse conceito mais vago de
mudança institucional. . . · J
sociedade nacional. Decidi que nenhum dos dois era um sistema social e que se podia apenas Este tipo de projecto é operacional na medida cm que e~tsta uma boa porção de mate-
falar de mudança social em sistemas sociais. Neste esquema, o único sistema social era o rial empírico e cm que este marerial assuma, pelo menos parcialmente, a forma de trabalho
sistema mundial.
contrapontualmente controverso. Afortunadamente parece ser este o caso neste momento para
Isto e ra obviamente extremamente simplificador. Lidava agora com um tipo de unidade,
um grande número de temas de História Moderna.
mais do que com unidades dentro de unidades. Podia explicar as mudanças nos estados sobe-
lllllOI como consequência da evolução e interacção do sistema rrlun'diaL Mas, ao mesmo rempo,
(!) Dit Übtrwindung dtS turoplloztntrischtn Gtschi<htsbildts (19~). IS, ci~ ':' G. Bunclough in
,en também cau$3dor de uma muito maior complexidade. Provavelmente, eu apenas dispunha H. P. R. Finbcrg, ed., /lpproachts to History: /1 SympoSJum (Un1v. of Toronlo ~ss. 196 ). .

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gerais, dos quais se i_'°ssam finalmente fa 7..cr aplicações paniculares. l'este sentido, não há
l!m dos mais importantes impulsos d3S ciências sociai s modernas tem sido o csforç~
área de e studo que nao SCJa «re levante ... Pois a correcta compreen~o da dinâmica social do
para se con,eguir a quantificação dos processos de pesquisa. A utili zação de pesad;L~ narra11 -
presente exige uma _compreemão teórica que &ó pode basear-se no e~tudo da mais vasta gama
"ªç pe la maior p:irte dJ in,.csti ga~·3o hi"órica nào parece prestar-se a tal quantificaçàn. Qual de fenómenos poss1ve l. e ao longo de todo o tempo e espaço hi\ t&-icos.
é. então. a fiabilid ade dos seus dados. e cm que medida se pode reti rar conclusões seguras de
Qua ndo refiro a «realidade actual ~ dO'I fenómenos . não quero dizer que para reforçar
tal materi 1 sobre funcionamento do si<tema enquanto tal'! Uma da~ maiores tragédias das
as reivindicações políticas de um governo um arqueólogo. por exemplo. de\' a afirmar que os
ciência.~ ..;ociai do »<.'cu lo XX é uma proporção t:io grande dos seus praticantes ter des istido
artefactos que descobre pertencem a um grupo quando de facto ele acrediia penencerem a um
ao cnfre:llar c'te dilema. Os dados hi. tó ricos pareci am-lhes vagos e crus. e portanto não fiáveis.
outro. Que ro é significar que toda a empresa arqueológica. de$dc o se u~ - o in,·es-1
Sentiam que pouco havia a fJ 1cr com ele s e que portanto era melhor evi1ar utilizá-los . E_ o
timcnto social neste ramo de actividade científica. a oricnt.ação da pesquisa,°" iostrumemos
melhor modo de n:io os utih7.arern era fonnu!Jrem problemas de tal forma que o seu uso nao
fos.'>C ind icadü. conceptuais, os modos de se sintetizar e comunicar os resultados - são fu rn;ões do pre..ente
A~s im. a quantificahilidade dos dados de tcnninava a escolha dos problemas a investi-
social. Pensar de outra forma é, na melhor das hipóteses, auto- ilusão. Nesu: contexto. objec-
gar que . e n1 ~0. detcnninava o< aparelhos concept uai s com os quais se defi niam e manuseavam tividade é sinónimo de honestidade. _,
o; dadc>S cmríricos. Deveria ser claro. mesmo numa rápida refl exão. que isto é uma inversão A objectividade é função da totalidade do sistema social. Na medida em que o si}tema
do prucc,so cien tifico. A concep1u a l i1.a~ão deve de1crminar os instrumentos de pesquisa, pelo seja a~s im étrico, concentrando certos tipos de actividade de pesquisa nas mão<>. de grupos
men~ na maior pan e do tempo. e não vice-versa. O grau de quantificação deve refl cctir apenas particulares, os resultados serão. «enviesados» e":' favor desses. grupos. A objet.-Uv1dade é .º
e, m:ix1mo de precisão que é po,sívd r ara problemas e métodos dados. em dados pontos do vector de uma distribuição de mvest1men10 social em tal acuvtdade de forma a que SCJa
tempo. É . empre dcsej:ivc l mai< quantificação. e não menos. na med ida cm que e la responda desempenhada por pessoas enraizadas em todos os grupos imporun'.:s do sis 1~ma mun~1al
:._, ques1õc' que derivam do exercício conccp1ual. Nes te estádio da análi se do sistema mun- duma forma equilibrada. Dada esta definição, não temos hoje uma c1enc1a social obJCCll»a.
dial. o gr.iu de quantificação alcançado e imediatamente realizado é limi1ado. Fazemos o melhor Mas, por outro lado, ela não é um objectivo inatingível num futuro previsí\'el.
que podemos e ª ''ança'llos a partir daí. Já sugerimos que o estudo de sistemas mundiais é particularmente espinhoso Jl01: causa
Finalmente. há a questão da objectividade e do comprometimento. Não acredito que da impossibilidade de encontrar exemplos comP,ará\·eis. E também pan.icularmente espinhoso
C\ista uma ciência 'ocial nlü comprometida. Isto não significa. contudo, que não seja possível porque 0 impacto social de afirmações acerca do sist:ma mundial é clara ': 1medrnt.;imente
cr objectivn. É antes de mais uma questão de definição clara dos nossos lermos. No século evidente para iodes os actores importantes na arena_J>l?huca. Por isso as pressoes soc1.a1s sobre
XIX. cm rebelião contra os 10ns melodiosos, dignos de contos de fadas, de tantos escritos estudiosos e cientistas, na forma de um controlo social sobre as suas actividad.ei; relauvamentc
his1órico' anteri ores . trans mitiram -nos o ideal de contar a hi stória wie es ei,i:e11tlich ,i:ewese11 apertado, são particularmente grandes neste campo. Is10. fornece uma expl~cação ad~.c1onal
isr. Mas a realidade social é efémera. Existe no presente e desaparece à med ida que se move à dos dilemas metodológicos para a relutância dos estudiosos em prosseguirem actl\ tdades
par.i o p-Jssado. O passado apenas podu ser contado como realmente é, não como realm!!nte neste domínio. .. _
f oi. Pois recontar o passado é um acto social do presente, feito por homens do prese nte e Mas reciprocamente, est.a é a verdadeira razão por que e 1mportan.te faze -lo. A cap:-
afec tando o sistema social do presente. c idade hum~na para participar inteligentemente na evolução do seu própno sistema depenf e
A ~ ve rdade,, muda porque a soc iedade muda. Em qualquer momento dado, nada é da sua capacidade para compreender o todo. quanto mais difícil reconhecemos _se r.a tare ª·
suce,sivo: tudn é contemporâneo. mesmo o que é passado. E no presente nós todos somos tanto mai s urgente é começá-la quanto antes. E claro que nem todos os gru~ s tem interesse
irremediavelmente o prod uto do nosso backi:ro1111d. do nosso treino, da nossa personalidade • . 0 . 0 empenhamento Ele depende da nossa imagem
cm que isto seja feito. E e aqui que entra noss remos um ~undo mais igualitário e mais
e papel social e das pressões estrumradas no se io das quai s operamos. Isto não quer dizer
do que é a boa sociedade. Na medida em _qu.e que . estados do ser são realizáveis.
que não haja opções. Muito pelo comr:lrio. Um sistema social e todas.as instituições que o
libertário, temos de compreender as cond1çoes sob ~s quais estes olução do sistema mundial
constituem. incluindo os estados soberanos do mundo moderno, são os loca is de uma gama
Fazê-lo requer antes de mais uma exposição clara a natureza e evsente e no .futuro Este tipo
variada de gru pos sociai s - em contacto. cm confronto e. acima de tudo. em conflito uns . d . - e·s
1 desenvolvimentos no pre ·
com os outros. Dado que todos pertencemos a grupos múltiplos. temos frequentemente de moderno até hoje e a gama os possiv · d d empenhamenm constituiria um
de conhecimento representaria poder. E no qua ro
0
m~u • interesses das fracções mais
tomar decisões relativas às prioridades c., i gidas pelas nossas lealdades. Estudiosos e cien -
tistas não estào de algum modo isentos desta ex igência. Nem csla é limitada aos se us papéis
poder da maior utilidade para aqueles grupos que rcpresen ª '
111 0

numerosas e oprimidas da população mun~ ~\m mente que. me envolvi neste esforço para
1
, não ckntificos. aos seus papéis directamcnte políticos no sistema social.
- É claro que ser um estudioso ou um cienti sta é desempenhar um papel particular no Foi portanto com estas conside~çoema mundial da Idade Moderna. Serão necessários
sisrema social. um pape l muito diferente do de ser um defensor de qualquer grupo rarticular . analisar os elementos determmantes do sis•:smo no formato preliminar que este trabalho tem
vários volumes para concluir esta tarefa, m
. Nio estou a denegrir o papel do advogado. Ele é essencial e honroso, mas não se confunde
«lri! o do ~tudioso ou do cienti sta. O papel destes é discernir, no quadro dos seus compro- de assumir. . . . !mente em quatro partes principais. corres-
missos, a ~idade p..i:escnte dos fenómenos que estudam, derivar do seu estudo princípios Dividi o meu trabalho. pelo menos micia ~mais significati\'aS épocas. até hoje,
pondendo cada uma delas às que eu penso serem as qua

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gerais, dos quais se i_'°ssam finalmente fa 7..cr aplicações paniculares. l'este sentido, não há
l!m dos mais importantes impulsos d3S ciências sociai s modernas tem sido o csforç~
área de e studo que nao SCJa «re levante ... Pois a correcta compreen~o da dinâmica social do
para se con,eguir a quantificação dos processos de pesquisa. A utili zação de pesad;L~ narra11 -
presente exige uma _compreemão teórica que &ó pode basear-se no e~tudo da mais vasta gama
"ªç pe la maior p:irte dJ in,.csti ga~·3o hi"órica nào parece prestar-se a tal quantificaçàn. Qual de fenómenos poss1ve l. e ao longo de todo o tempo e espaço hi\ t&-icos.
é. então. a fiabilid ade dos seus dados. e cm que medida se pode reti rar conclusões seguras de
Qua ndo refiro a «realidade actual ~ dO'I fenómenos . não quero dizer que para reforçar
tal materi 1 sobre funcionamento do si<tema enquanto tal'! Uma da~ maiores tragédias das
as reivindicações políticas de um governo um arqueólogo. por exemplo. de\' a afirmar que os
ciência.~ ..;ociai do »<.'cu lo XX é uma proporção t:io grande dos seus praticantes ter des istido
artefactos que descobre pertencem a um grupo quando de facto ele acrediia penencerem a um
ao cnfre:llar c'te dilema. Os dados hi. tó ricos pareci am-lhes vagos e crus. e portanto não fiáveis.
outro. Que ro é significar que toda a empresa arqueológica. de$dc o se u~ - o in,·es-1
Sentiam que pouco havia a fJ 1cr com ele s e que portanto era melhor evi1ar utilizá-los . E_ o
timcnto social neste ramo de actividade científica. a oricnt.ação da pesquisa,°" iostrumemos
melhor modo de n:io os utih7.arern era fonnu!Jrem problemas de tal forma que o seu uso nao
fos.'>C ind icadü. conceptuais, os modos de se sintetizar e comunicar os resultados - são fu rn;ões do pre..ente
A~s im. a quantificahilidade dos dados de tcnninava a escolha dos problemas a investi-
social. Pensar de outra forma é, na melhor das hipóteses, auto- ilusão. Nesu: contexto. objec-
gar que . e n1 ~0. detcnninava o< aparelhos concept uai s com os quais se defi niam e manuseavam tividade é sinónimo de honestidade. _,
o; dadc>S cmríricos. Deveria ser claro. mesmo numa rápida refl exão. que isto é uma inversão A objectividade é função da totalidade do sistema social. Na medida em que o si}tema
do prucc,so cien tifico. A concep1u a l i1.a~ão deve de1crminar os instrumentos de pesquisa, pelo seja a~s im étrico, concentrando certos tipos de actividade de pesquisa nas mão<>. de grupos
men~ na maior pan e do tempo. e não vice-versa. O grau de quantificação deve refl cctir apenas particulares, os resultados serão. «enviesados» e":' favor desses. grupos. A objet.-Uv1dade é .º
e, m:ix1mo de precisão que é po,sívd r ara problemas e métodos dados. em dados pontos do vector de uma distribuição de mvest1men10 social em tal acuvtdade de forma a que SCJa
tempo. É . empre dcsej:ivc l mai< quantificação. e não menos. na med ida cm que e la responda desempenhada por pessoas enraizadas em todos os grupos imporun'.:s do sis 1~ma mun~1al
:._, ques1õc' que derivam do exercício conccp1ual. Nes te estádio da análi se do sistema mun- duma forma equilibrada. Dada esta definição, não temos hoje uma c1enc1a social obJCCll»a.
dial. o gr.iu de quantificação alcançado e imediatamente realizado é limi1ado. Fazemos o melhor Mas, por outro lado, ela não é um objectivo inatingível num futuro previsí\'el.
que podemos e ª ''ança'llos a partir daí. Já sugerimos que o estudo de sistemas mundiais é particularmente espinhoso Jl01: causa
Finalmente. há a questão da objectividade e do comprometimento. Não acredito que da impossibilidade de encontrar exemplos comP,ará\·eis. E também pan.icularmente espinhoso
C\ista uma ciência 'ocial nlü comprometida. Isto não significa. contudo, que não seja possível porque 0 impacto social de afirmações acerca do sist:ma mundial é clara ': 1medrnt.;imente
cr objectivn. É antes de mais uma questão de definição clara dos nossos lermos. No século evidente para iodes os actores importantes na arena_J>l?huca. Por isso as pressoes soc1.a1s sobre
XIX. cm rebelião contra os 10ns melodiosos, dignos de contos de fadas, de tantos escritos estudiosos e cientistas, na forma de um controlo social sobre as suas actividad.ei; relauvamentc
his1órico' anteri ores . trans mitiram -nos o ideal de contar a hi stória wie es ei,i:e11tlich ,i:ewese11 apertado, são particularmente grandes neste campo. Is10. fornece uma expl~cação ad~.c1onal
isr. Mas a realidade social é efémera. Existe no presente e desaparece à med ida que se move à dos dilemas metodológicos para a relutância dos estudiosos em prosseguirem actl\ tdades
par.i o p-Jssado. O passado apenas podu ser contado como realmente é, não como realm!!nte neste domínio. .. _
f oi. Pois recontar o passado é um acto social do presente, feito por homens do prese nte e Mas reciprocamente, est.a é a verdadeira razão por que e 1mportan.te faze -lo. A cap:-
afec tando o sistema social do presente. c idade hum~na para participar inteligentemente na evolução do seu própno sistema depenf e
A ~ ve rdade,, muda porque a soc iedade muda. Em qualquer momento dado, nada é da sua capacidade para compreender o todo. quanto mais difícil reconhecemos _se r.a tare ª·
suce,sivo: tudn é contemporâneo. mesmo o que é passado. E no presente nós todos somos tanto mai s urgente é começá-la quanto antes. E claro que nem todos os gru~ s tem interesse
irremediavelmente o prod uto do nosso backi:ro1111d. do nosso treino, da nossa personalidade • . 0 . 0 empenhamento Ele depende da nossa imagem
cm que isto seja feito. E e aqui que entra noss remos um ~undo mais igualitário e mais
e papel social e das pressões estrumradas no se io das quai s operamos. Isto não quer dizer
do que é a boa sociedade. Na medida em _qu.e que . estados do ser são realizáveis.
que não haja opções. Muito pelo comr:lrio. Um sistema social e todas.as instituições que o
libertário, temos de compreender as cond1çoes sob ~s quais estes olução do sistema mundial
constituem. incluindo os estados soberanos do mundo moderno, são os loca is de uma gama
Fazê-lo requer antes de mais uma exposição clara a natureza e evsente e no .futuro Este tipo
variada de gru pos sociai s - em contacto. cm confronto e. acima de tudo. em conflito uns . d . - e·s
1 desenvolvimentos no pre ·
com os outros. Dado que todos pertencemos a grupos múltiplos. temos frequentemente de moderno até hoje e a gama os possiv · d d empenhamenm constituiria um
de conhecimento representaria poder. E no qua ro
0
m~u • interesses das fracções mais
tomar decisões relativas às prioridades c., i gidas pelas nossas lealdades. Estudiosos e cien -
tistas não estào de algum modo isentos desta ex igência. Nem csla é limitada aos se us papéis
poder da maior utilidade para aqueles grupos que rcpresen ª '
111 0

numerosas e oprimidas da população mun~ ~\m mente que. me envolvi neste esforço para
1
, não ckntificos. aos seus papéis directamcnte políticos no sistema social.
- É claro que ser um estudioso ou um cienti sta é desempenhar um papel particular no Foi portanto com estas conside~çoema mundial da Idade Moderna. Serão necessários
sisrema social. um pape l muito diferente do de ser um defensor de qualquer grupo rarticular . analisar os elementos determmantes do sis•:smo no formato preliminar que este trabalho tem
vários volumes para concluir esta tarefa, m
. Nio estou a denegrir o papel do advogado. Ele é essencial e honroso, mas não se confunde
«lri! o do ~tudioso ou do cienti sta. O papel destes é discernir, no quadro dos seus compro- de assumir. . . . !mente em quatro partes principais. corres-
missos, a ~idade p..i:escnte dos fenómenos que estudam, derivar do seu estudo princípios Dividi o meu trabalho. pelo menos micia ~mais significati\'aS épocas. até hoje,
pondendo cada uma delas às que eu penso serem as qua

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do sistema mundial da Idade Moderna. Este primeiro volume ocupar-se-á das origens e das
condições iniciais do sistema mundial, então ainda apenas limitado à Europa. As suas datas
aproximadas são 1450-16-lO. O segundo volume dedicar-se-á à consolidação deste sistema,
sensivelmente entre 1640 e 1815. O terceiro ocupar-se-á da conversão da economia-mundo
num empreendimento global. tomado possível pela transformação tecnológica do industria-
li smo moderno. Esta expansão foi tão repentina e vasta que o sistema teve na verdade de ser
recriado. O período relevante é aqui, grosso modo, 1815-1917. O quarto volume ocupar-se-á
da consolidação desta economia-mundo capitalista desde 1917 até à actualidade e das tensões
•revolucionirias» particulares que esta consolidação provocou.
Muita da ciência social contemporânea se transformou no estudo de grupos e organi-
zações . quando não é simplesmente psicologia social disfarçada. Este trabalho, contudo,
envolve não o estudo de grupos mas o de sistemas sociais. Quando se estuda um sistema social,
as linhas clássicas de divisão no seio das ciências sociais são irrelevantes. Antropologia,
economia, ciência política, sociologia-e história - são divisões ancoradas numa concepção
liberal do Estado e na sua relação com sectores funcionais e geográficos da ordem social. Têm
algum sentido se o foco de estudo forem as organizações. Perdem-no completamente se o foco
1
de estudo for o sistema social. Não estou a apelar para uma abordagem multidisciplinar do
estudo dos sistemas sociais, mas antes para uma abordagem unidisciplinar. O conteúdo
PRELÚDIO MEDIEVAL
substantivo deste livro, espero, tomará claro o que pretendo significar com esta frase e quão
, seriamente eu a assumo.

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do sistema mundial da Idade Moderna. Este primeiro volume ocupar-se-á das origens e das
condições iniciais do sistema mundial, então ainda apenas limitado à Europa. As suas datas
aproximadas são 1450-16-lO. O segundo volume dedicar-se-á à consolidação deste sistema,
sensivelmente entre 1640 e 1815. O terceiro ocupar-se-á da conversão da economia-mundo
num empreendimento global. tomado possível pela transformação tecnológica do industria-
li smo moderno. Esta expansão foi tão repentina e vasta que o sistema teve na verdade de ser
recriado. O período relevante é aqui, grosso modo, 1815-1917. O quarto volume ocupar-se-á
da consolidação desta economia-mundo capitalista desde 1917 até à actualidade e das tensões
•revolucionirias» particulares que esta consolidação provocou.
Muita da ciência social contemporânea se transformou no estudo de grupos e organi-
zações . quando não é simplesmente psicologia social disfarçada. Este trabalho, contudo,
envolve não o estudo de grupos mas o de sistemas sociais. Quando se estuda um sistema social,
as linhas clássicas de divisão no seio das ciências sociais são irrelevantes. Antropologia,
economia, ciência política, sociologia-e história - são divisões ancoradas numa concepção
liberal do Estado e na sua relação com sectores funcionais e geográficos da ordem social. Têm
algum sentido se o foco de estudo forem as organizações. Perdem-no completamente se o foco
1
de estudo for o sistema social. Não estou a apelar para uma abordagem multidisciplinar do
estudo dos sistemas sociais, mas antes para uma abordagem unidisciplinar. O conteúdo
PRELÚDIO MEDIEVAL
substantivo deste livro, espero, tomará claro o que pretendo significar com esta frase e quão
, seriamente eu a assumo.

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Foi nos finais do século XV e princípios do século XVI que apareceu aquilo a que
podemos chamar uma economia-mundo europeia. Ela não era um império mas. no entanto.
era tão extensa como um grande império e panilhava algumas das suas características. Mas
era diferente, e nova. Era uma espécie de sistema social que o mundo ainda não conhecera
realmente antes e que conslitui a característica distintiva do sistema mundial moderno. Era
uma entidade económica mas não política, ao contrário dos impérios, cidades-estados e nações-
-estados. De facto, ela continha precisamente dentro dos seus limites (é difícil falar de fron-
teiras) impérios, cidades-estados e «nações-estados• em a.<eensão. Era um sistema-mundial•_
não porque contivesse todo o mundo. mas porque era mais lata do que qualquer uni~ política
juridicamente definida. E era uma «economia-mundo• . porque as ligações básicas entre as
partes do sistema eram económicas, embora fossem reforçadas em alguma medida por laços
culturais e eventualmente, como teremos ocasião de ver, por arranjos políticos e inclusivamente
estruturas confederadas.
Um império, em contraste, é uma unidade política. Shmuel Eisenstadt. por exemplo.
definiu-o desta maneira:
O tenno " império• tem sido normalmente usado para designar um sistema político contendo -
rcrritórios extensos e altamente centralizados, nos quais o centro. personificado quer na pcssoo
do imperador quer nas instituições políticas centrais. constitui uma entidade autónoma. Para além
disso, embora os impérios se tenham nonnalmente baseado na legitimaç3o tradicional. eles ·
absorveram frequentemente orientações culturais e políticas mais vastas. poccncialmeruc uni-
versais, que ultrapassaram qualquer dos seus elementos componentes 111 •
Neste sentido, os impérios foram um elemento constante na cena mundial durante 5000
anos. Existiram continuamente vários impérios desse tipo em diferentes partes do mundo
qualquer que seja o período de tempo considerado. A centrafü.ação política de um império
era simultaneamente a sua força e a sua fraqueza. A sua força residia no facto de que garantia
íluxos económicos da periferia para o centro. pela força (tributos e taxa,) e pelas vantagens
monopolísticas no comércio. A sua fraqueza residia no facto de que .ª burocracia tomada
necessária pela estrutura política tendia a absorver uma parte excessiva dos lucros. espe-
cialmente quando a repressão e a exploração originavam revoltas que aumentav.am as dcs-

1. s. N. Eisensladt, .. Empires•, /ntmiational Enryrlo~dia o/ tlr~ Social Scit"nt' t s (Nova Iorque: MacMi1·
lanefrecPress. t968). V,41.

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Foi nos finais do século XV e princípios do século XVI que apareceu aquilo a que
podemos chamar uma economia-mundo europeia. Ela não era um império mas. no entanto.
era tão extensa como um grande império e panilhava algumas das suas características. Mas
era diferente, e nova. Era uma espécie de sistema social que o mundo ainda não conhecera
realmente antes e que conslitui a característica distintiva do sistema mundial moderno. Era
uma entidade económica mas não política, ao contrário dos impérios, cidades-estados e nações-
-estados. De facto, ela continha precisamente dentro dos seus limites (é difícil falar de fron-
teiras) impérios, cidades-estados e «nações-estados• em a.<eensão. Era um sistema-mundial•_
não porque contivesse todo o mundo. mas porque era mais lata do que qualquer uni~ política
juridicamente definida. E era uma «economia-mundo• . porque as ligações básicas entre as
partes do sistema eram económicas, embora fossem reforçadas em alguma medida por laços
culturais e eventualmente, como teremos ocasião de ver, por arranjos políticos e inclusivamente
estruturas confederadas.
Um império, em contraste, é uma unidade política. Shmuel Eisenstadt. por exemplo.
definiu-o desta maneira:
O tenno " império• tem sido normalmente usado para designar um sistema político contendo -
rcrritórios extensos e altamente centralizados, nos quais o centro. personificado quer na pcssoo
do imperador quer nas instituições políticas centrais. constitui uma entidade autónoma. Para além
disso, embora os impérios se tenham nonnalmente baseado na legitimaç3o tradicional. eles ·
absorveram frequentemente orientações culturais e políticas mais vastas. poccncialmeruc uni-
versais, que ultrapassaram qualquer dos seus elementos componentes 111 •
Neste sentido, os impérios foram um elemento constante na cena mundial durante 5000
anos. Existiram continuamente vários impérios desse tipo em diferentes partes do mundo
qualquer que seja o período de tempo considerado. A centrafü.ação política de um império
era simultaneamente a sua força e a sua fraqueza. A sua força residia no facto de que garantia
íluxos económicos da periferia para o centro. pela força (tributos e taxa,) e pelas vantagens
monopolísticas no comércio. A sua fraqueza residia no facto de que .ª burocracia tomada
necessária pela estrutura política tendia a absorver uma parte excessiva dos lucros. espe-
cialmente quando a repressão e a exploração originavam revoltas que aumentav.am as dcs-

1. s. N. Eisensladt, .. Empires•, /ntmiational Enryrlo~dia o/ tlr~ Social Scit"nt' t s (Nova Iorque: MacMi1·
lanefrecPress. t968). V,41.

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E.F~mand Braudel acrescenta que h to ~ria ser dito do 1
pesas militarc Ili. Os impéri os políticos são um meio primitivo de dominação económica. mediterramco no século XVI !61. C<lUC: ICmpora] do mundo
Dito de outra forma . é uma ~ali7.ação social do mundo moderno o ter inventado a tecnologia
As origens e .º funcionam ento de uma tal economia-mundo europeia de dias m no
qu toma possível aumentar o fluxo de exccdenres dos estralos mais baixos para os estratos 60
superiore•. d.! pcrifrria para o centro. da maioria para a minoria. pela eliminação dos «des- século X~I cons11.w1 a nossa pr_eocupação aqui . É vital 00 ent.anio que nos recorde.'l'IOS ue a
pcrdícioi.• de uma supcrsi.rutura política tão pesada. Europa nao era a umca economia-mundo da altura Existiam ou~ tT, M Eq
embarcou no padrão de desem·olvimento capitalista que~ Ih
3
.b· . . as !.O!llelnte uropa
Afirmei que uma economia-mundo é uma invenção do mundo moderno. Não é bem • . . e ~s1 11JlOIJ u trapassar es!>a.S
a 1m. fa isriram C<"onomias-m undo antes. Mas transformaram -se sempre em impérios: China, outras. Como e porque aconteceu mo? Comecemos por ver 0 que aconteceu no mundo nos
Pérsia_ Roma. A economia-mundo moderna poderia ler ido na mesma direcção - na rea- três séculos antenores a 1450. No século XII , o hemisfério oriental contin!UI uma !.éric de
lid3de pareceu csporadicame nce que assim aconreceria - mas as técnicas do capitalismo impérios e pequenos mund.os, ~iuitos dos quai ~ tinham as suas margem mu!uamente interl i-
moderno e a tec-r.ologia da C'i ência moderna. que estão, como sabemos, ligadas por alguma gadas. Nessa altura, o Med1terraneo era um foco de comércio onde Bizâ.'lCio. as cidades-c~ta ·
forma. permi tiram que esta economia-mundo prosperasse, produzisse e se expandisse sem a dos italianas e em cena medida algumas panes do Non e de Áfri ca se encontravam. o com- ·
emerg~m:ia de uma estrutu ra política unificada"'. plexo Oc.eano Índico-Mar ~ermelho f?rmª"ª outro foco do mesmo tipo. A região chinesa era
O que o capitalismo faz é oferecer uma fonte de apropriação de excedenres alternativa um terceiro. A massa contmental da Asia Central desde a Mongólia à Rússia era um qnano.
e nuis lucrativa !pelo menos mais lucrativa a longo prazo). Um império é um mecanismo para A área do Báltico estava em vésperas de consliluir um qui.nto foco. A Europa do N~te era
a recolha de tributos que. na sugestiva imagem de Frederic Lane. «significa pagamentos em então uma área muito marginal em termos económicos. O principal modo social c!e org;ini-
troca de pro1ecção. mas pagamentos que excedem o custo de produção dessa protecção» "'· zação era aí o que viria a chamar-se feudalismo .
Numa economia-mundo capital ista. a energia política é utilizada para garantir direitos monopo- Temos que ser muito precisos sobre o que o feudalismo não foi. Não foi uma ~ecooo- -
listas tou Ião próximo deles quanto possível). O Estado toma-se menos a empresa económica mia natural», ou seja, uma economia de auto-subsistência. O feudali5mo da Europa (kid..'"tl-
central do que o meio de asseg urar cenos tennos de troca em outras transacções económicas. tal cresceu sobre a desintegração de um império. uma desintegração que nunca foi IO!al quer
~ra fonna. o funcionamento do mercado (não o funcionamento lirre mas mesmo assim 0 na realidade quer mesmo de jure ">. O mito do Império Romano continuou a foro= uma ·
seu funcionarnenro) cria incenti vos para uma produtividade crescente e iodas as demais con-
sequéoci:is do desenvolvimento económico moderno. A economia-mundo é a arena dentro 6. Ver Braudcl, la Mlditerranit, I. 339-340. Quantoà Europa do srotlo XV, G = M.1!ting.iy .,....___..,.,,,.
da qual ~tes processos ocorrem. que ela requeria unidades ainda de menor escala: •No início do sb:u1o XV, a socied.adé:' ocidetnal não un1:i !l!l"id:J.
recursos suficientes para organizar esta.dos esú••etS aescala nacional. J.fas pOC.i3 faz.é-lo à escala d.J cid3':k-c31!do
Uma economia-mundo parece estar limitada no seu tamanho. Ferdinand Fried obser- italiana. lntemamcnte, as distâncias mais cunas a uanspor fazi.!.'ll cem que os problemas dos rra..~s e du
\'OU que: comunicações. e por isso os problemas da colecta de impos1os e da manutenção d3: auroricbde centnl pu::1cssem ~
uma solução prá1ic ... Renaissance Diplomary (Londres: Jonalhan Cape. 1955). 59.
& 1om.armos •m. coma 1odos os fac1ores. chegamos à conclusão que o espaço da economia Mas. diz Maningly, este cenário mud3 no .stculo seguinte: •Em termos ck' rtlriom:rnctIO comc:r=iU. dr
"""""".••I·"" anugu1dade romana poderia ser percorrido em quaren1a a sessenla dias, util izando logCstica militar ou mesmo de comunicação diplomática.. as distincias curoprias eram francamente~ no (éc:uk:>
XIV do que no século XVI • (lbid .. 60).
os melnores meios de 1ranspone... Agora. nos nossos dias l 1939]. também são necessários qua- 7. • Quando faJamos de "mundo·· com referência. ao século XVI {... ). de f3Cl0 rd~ ~ te l
renta a sessenli! dias para percorrer o espaço da moderna economia mundial, se usarmos os Europa. (... ) Numa escala mundial, geograficamcnle falando. a economia re=tisa t um aspeao rcVorut pri-
cana..1s de trarup:>ne de mercadorias normais•"'· mordial sem dúvida, ma.~ apesar disso regional ... Michel MoUat. •Y a+ il une écooomi:e de li Rer..a..ll.santt! • . in
Actu du Colloque sur la Renaissanct <Paris: Lib. Philosophique J. Vrin. 1958). 40.
8. • Antes da constituição duma economia verdadeir.unentc mundial (ainc:b incompJeu no século XX>. ada
S N ~ e~oo~ u.~i_'iCUSsào_ cLu contradições internas que explicam o declínio dos im~rios em núcleo da população se enconira no centro de uma r.de de comunicaçbes. C...) Cadl U.'11 destes mlJl'ldm ~
I~"'~· n.' J.l . V;.,.o de 1961. 8~- ICl7.'ruegm100 a!ld f ali of Ernpires: Soc:iological and His1orical Analyscs., Dio- (...) a um núcleo com uma alta densidade populacional . Eslá limitado por desertos. por m.ares. por tcrT'IS Yirgeru. 0
exemplo da Europa e o da China s.ão particularmente claros• . Plem Ouunu. L' ~xpans1on twopit.nr.L d11 XII~ au
rcnu.i ~-~i:"v:::~~~~ política ler compreendido isro. Um_~rimeiro sintoma de taJ sabedoria foi a xv~ si~clt. collection Nouvellc Clio. n.º 26 CParis: Presses Uni\·trsiuires de Fran....--c. 1969). 255.
~!mo Abra!< oiun·a: lo XTIJ. de tomar conu d.is responsab11'dades polf1icas do Império Bizantino. 9. Mm: Bloc:h ali!cou a confusão gencraliud.l: •Na verdade.do facto de uma tranSJCÇ!oC'SripuUt =. ptt.,"<> - --
cm cquivalenres monetários ou em espécie não pode legitimamente deduziMC' . sem pro-.·as rn1i:s precisn. se o
··O orp:iiuno político que emergiu da 4! Cruz.ada.. o 1 .. . .
~dr sobre\·hr~~ ru continui_d.adc dos seus laços com o ~~~ti:tmo do Ocidente, colocou toda a sua pagamento foi ou não realmente fe ito cm dinheiro.
Tal como as ins1ituiçõcs políticas do feudalismo. caracterizadas por um cnfraqu<ctmcn!o pror.mlooo Esado.
. Veneza. a potrncUa nava.J que unha ap:iUdo a cruzada e fornecido os me . . pressupunham, apesar disso. a memória e man ifestavam os vcsúgios de um passado em que o E.s!ado unha Sldo fone .
...., ..i..c.rr.1u-><: com o Fa> emo poliuco dnImpério ld• faa d En . ios navais para a sua condução. não
' b mas a.™'gurou. e qua.'< au1om.1icameme o - ~lo ~e nco Dandolo recusou o trono que lhe
""""'1do).
tam~m a economia. mesmo quando as trocas se tinham tomado núr.imas, nunca conou_os St'US l.lças com~ esquema
• ~ cs lenióios OX:tr'Obdo\ pelo novo Domí~io· La=~ ~o s com~lCações. mari1i':1as e dos mercados monetário, cujos princípios foram herdados de civiliz.ações pttecdcntes •. ·~IN\2.ttm ou e-conomie·a.rgent:
&--.. t --1a: IV. 3, Jufüo-Set 1957. 25 I. · reta. coloma veneziana "'" sccoli Xlll-Xf\/ • , un pseudo-dilemmc•, Annaln ãhistoirt .socialt, 1. 1939. 13-14. Bloch afi~ ma~s: ""º f~ e~ropeu_ deve
4 por isso ser visto como o resultado da dissolução violenta das s.ocicdade5 mus ana~. Saii ~ _facto mmtehgh·~I
· ....._ · ""*'ic C. Une, • The Ec0!10rnic Meaning of w & .,__ · .
~ a.,tioo Plea. 1966), :189. . ar nutection•, '" Venice and His1ory (Bahimorc: sem as grandes convulsões da.ç inva.sõc.s gcmtánicas que ._ unindo ~ la força duas~~ ongm:i~~t~ ~ do1s
estádios muito diferentes de desenvolvimento. as dcstrWu a ambl.s•. FtlMial 5oc1'1) (Q ncago. tllinou.: Uruv. of

---J.
'~ 2.-* ~
. S. Fadiamd Friod. Ú '°""""'' de Ticonomie mond '
3».
... d f lpoque de Philippe li . ~!e:/;!:~Z).
. ,,_,
·
cuado in femand Braudel, la Midiur-
aumentada
rcv1s1a e Lib. Annand
(Paris:
Chicago= 1961), 44.t . onctária.ver tambtm l>l M. Poswl: • M>im. do por~ode visa da história
inglesa. e mcsr:o~:to ~~=~~:tória medieval e anglo--snóaiCJ. a nncrgénda d.t economia monctkria. no

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E.F~mand Braudel acrescenta que h to ~ria ser dito do 1
pesas militarc Ili. Os impéri os políticos são um meio primitivo de dominação económica. mediterramco no século XVI !61. C<lUC: ICmpora] do mundo
Dito de outra forma . é uma ~ali7.ação social do mundo moderno o ter inventado a tecnologia
As origens e .º funcionam ento de uma tal economia-mundo europeia de dias m no
qu toma possível aumentar o fluxo de exccdenres dos estralos mais baixos para os estratos 60
superiore•. d.! pcrifrria para o centro. da maioria para a minoria. pela eliminação dos «des- século X~I cons11.w1 a nossa pr_eocupação aqui . É vital 00 ent.anio que nos recorde.'l'IOS ue a
pcrdícioi.• de uma supcrsi.rutura política tão pesada. Europa nao era a umca economia-mundo da altura Existiam ou~ tT, M Eq
embarcou no padrão de desem·olvimento capitalista que~ Ih
3
.b· . . as !.O!llelnte uropa
Afirmei que uma economia-mundo é uma invenção do mundo moderno. Não é bem • . . e ~s1 11JlOIJ u trapassar es!>a.S
a 1m. fa isriram C<"onomias-m undo antes. Mas transformaram -se sempre em impérios: China, outras. Como e porque aconteceu mo? Comecemos por ver 0 que aconteceu no mundo nos
Pérsia_ Roma. A economia-mundo moderna poderia ler ido na mesma direcção - na rea- três séculos antenores a 1450. No século XII , o hemisfério oriental contin!UI uma !.éric de
lid3de pareceu csporadicame nce que assim aconreceria - mas as técnicas do capitalismo impérios e pequenos mund.os, ~iuitos dos quai ~ tinham as suas margem mu!uamente interl i-
moderno e a tec-r.ologia da C'i ência moderna. que estão, como sabemos, ligadas por alguma gadas. Nessa altura, o Med1terraneo era um foco de comércio onde Bizâ.'lCio. as cidades-c~ta ·
forma. permi tiram que esta economia-mundo prosperasse, produzisse e se expandisse sem a dos italianas e em cena medida algumas panes do Non e de Áfri ca se encontravam. o com- ·
emerg~m:ia de uma estrutu ra política unificada"'. plexo Oc.eano Índico-Mar ~ermelho f?rmª"ª outro foco do mesmo tipo. A região chinesa era
O que o capitalismo faz é oferecer uma fonte de apropriação de excedenres alternativa um terceiro. A massa contmental da Asia Central desde a Mongólia à Rússia era um qnano.
e nuis lucrativa !pelo menos mais lucrativa a longo prazo). Um império é um mecanismo para A área do Báltico estava em vésperas de consliluir um qui.nto foco. A Europa do N~te era
a recolha de tributos que. na sugestiva imagem de Frederic Lane. «significa pagamentos em então uma área muito marginal em termos económicos. O principal modo social c!e org;ini-
troca de pro1ecção. mas pagamentos que excedem o custo de produção dessa protecção» "'· zação era aí o que viria a chamar-se feudalismo .
Numa economia-mundo capital ista. a energia política é utilizada para garantir direitos monopo- Temos que ser muito precisos sobre o que o feudalismo não foi. Não foi uma ~ecooo- -
listas tou Ião próximo deles quanto possível). O Estado toma-se menos a empresa económica mia natural», ou seja, uma economia de auto-subsistência. O feudali5mo da Europa (kid..'"tl-
central do que o meio de asseg urar cenos tennos de troca em outras transacções económicas. tal cresceu sobre a desintegração de um império. uma desintegração que nunca foi IO!al quer
~ra fonna. o funcionamento do mercado (não o funcionamento lirre mas mesmo assim 0 na realidade quer mesmo de jure ">. O mito do Império Romano continuou a foro= uma ·
seu funcionarnenro) cria incenti vos para uma produtividade crescente e iodas as demais con-
sequéoci:is do desenvolvimento económico moderno. A economia-mundo é a arena dentro 6. Ver Braudcl, la Mlditerranit, I. 339-340. Quantoà Europa do srotlo XV, G = M.1!ting.iy .,....___..,.,,,.
da qual ~tes processos ocorrem. que ela requeria unidades ainda de menor escala: •No início do sb:u1o XV, a socied.adé:' ocidetnal não un1:i !l!l"id:J.
recursos suficientes para organizar esta.dos esú••etS aescala nacional. J.fas pOC.i3 faz.é-lo à escala d.J cid3':k-c31!do
Uma economia-mundo parece estar limitada no seu tamanho. Ferdinand Fried obser- italiana. lntemamcnte, as distâncias mais cunas a uanspor fazi.!.'ll cem que os problemas dos rra..~s e du
\'OU que: comunicações. e por isso os problemas da colecta de impos1os e da manutenção d3: auroricbde centnl pu::1cssem ~
uma solução prá1ic ... Renaissance Diplomary (Londres: Jonalhan Cape. 1955). 59.
& 1om.armos •m. coma 1odos os fac1ores. chegamos à conclusão que o espaço da economia Mas. diz Maningly, este cenário mud3 no .stculo seguinte: •Em termos ck' rtlriom:rnctIO comc:r=iU. dr
"""""".••I·"" anugu1dade romana poderia ser percorrido em quaren1a a sessenla dias, util izando logCstica militar ou mesmo de comunicação diplomática.. as distincias curoprias eram francamente~ no (éc:uk:>
XIV do que no século XVI • (lbid .. 60).
os melnores meios de 1ranspone... Agora. nos nossos dias l 1939]. também são necessários qua- 7. • Quando faJamos de "mundo·· com referência. ao século XVI {... ). de f3Cl0 rd~ ~ te l
renta a sessenli! dias para percorrer o espaço da moderna economia mundial, se usarmos os Europa. (... ) Numa escala mundial, geograficamcnle falando. a economia re=tisa t um aspeao rcVorut pri-
cana..1s de trarup:>ne de mercadorias normais•"'· mordial sem dúvida, ma.~ apesar disso regional ... Michel MoUat. •Y a+ il une écooomi:e de li Rer..a..ll.santt! • . in
Actu du Colloque sur la Renaissanct <Paris: Lib. Philosophique J. Vrin. 1958). 40.
8. • Antes da constituição duma economia verdadeir.unentc mundial (ainc:b incompJeu no século XX>. ada
S N ~ e~oo~ u.~i_'iCUSsào_ cLu contradições internas que explicam o declínio dos im~rios em núcleo da população se enconira no centro de uma r.de de comunicaçbes. C...) Cadl U.'11 destes mlJl'ldm ~
I~"'~· n.' J.l . V;.,.o de 1961. 8~- ICl7.'ruegm100 a!ld f ali of Ernpires: Soc:iological and His1orical Analyscs., Dio- (...) a um núcleo com uma alta densidade populacional . Eslá limitado por desertos. por m.ares. por tcrT'IS Yirgeru. 0
exemplo da Europa e o da China s.ão particularmente claros• . Plem Ouunu. L' ~xpans1on twopit.nr.L d11 XII~ au
rcnu.i ~-~i:"v:::~~~~ política ler compreendido isro. Um_~rimeiro sintoma de taJ sabedoria foi a xv~ si~clt. collection Nouvellc Clio. n.º 26 CParis: Presses Uni\·trsiuires de Fran....--c. 1969). 255.
~!mo Abra!< oiun·a: lo XTIJ. de tomar conu d.is responsab11'dades polf1icas do Império Bizantino. 9. Mm: Bloc:h ali!cou a confusão gencraliud.l: •Na verdade.do facto de uma tranSJCÇ!oC'SripuUt =. ptt.,"<> - --
cm cquivalenres monetários ou em espécie não pode legitimamente deduziMC' . sem pro-.·as rn1i:s precisn. se o
··O orp:iiuno político que emergiu da 4! Cruz.ada.. o 1 .. . .
~dr sobre\·hr~~ ru continui_d.adc dos seus laços com o ~~~ti:tmo do Ocidente, colocou toda a sua pagamento foi ou não realmente fe ito cm dinheiro.
Tal como as ins1ituiçõcs políticas do feudalismo. caracterizadas por um cnfraqu<ctmcn!o pror.mlooo Esado.
. Veneza. a potrncUa nava.J que unha ap:iUdo a cruzada e fornecido os me . . pressupunham, apesar disso. a memória e man ifestavam os vcsúgios de um passado em que o E.s!ado unha Sldo fone .
...., ..i..c.rr.1u-><: com o Fa> emo poliuco dnImpério ld• faa d En . ios navais para a sua condução. não
' b mas a.™'gurou. e qua.'< au1om.1icameme o - ~lo ~e nco Dandolo recusou o trono que lhe
""""'1do).
tam~m a economia. mesmo quando as trocas se tinham tomado núr.imas, nunca conou_os St'US l.lças com~ esquema
• ~ cs lenióios OX:tr'Obdo\ pelo novo Domí~io· La=~ ~o s com~lCações. mari1i':1as e dos mercados monetário, cujos princípios foram herdados de civiliz.ações pttecdcntes •. ·~IN\2.ttm ou e-conomie·a.rgent:
&--.. t --1a: IV. 3, Jufüo-Set 1957. 25 I. · reta. coloma veneziana "'" sccoli Xlll-Xf\/ • , un pseudo-dilemmc•, Annaln ãhistoirt .socialt, 1. 1939. 13-14. Bloch afi~ ma~s: ""º f~ e~ropeu_ deve
4 por isso ser visto como o resultado da dissolução violenta das s.ocicdade5 mus ana~. Saii ~ _facto mmtehgh·~I
· ....._ · ""*'ic C. Une, • The Ec0!10rnic Meaning of w & .,__ · .
~ a.,tioo Plea. 1966), :189. . ar nutection•, '" Venice and His1ory (Bahimorc: sem as grandes convulsões da.ç inva.sõc.s gcmtánicas que ._ unindo ~ la força duas~~ ongm:i~~t~ ~ do1s
estádios muito diferentes de desenvolvimento. as dcstrWu a ambl.s•. FtlMial 5oc1'1) (Q ncago. tllinou.: Uruv. of

---J.
'~ 2.-* ~
. S. Fadiamd Friod. Ú '°""""'' de Ticonomie mond '
3».
... d f lpoque de Philippe li . ~!e:/;!:~Z).
. ,,_,
·
cuado in femand Braudel, la Midiur-
aumentada
rcv1s1a e Lib. Annand
(Paris:
Chicago= 1961), 44.t . onctária.ver tambtm l>l M. Poswl: • M>im. do por~ode visa da história
inglesa. e mcsr:o~:to ~~=~~:tória medieval e anglo--snóaiCJ. a nncrgénda d.t economia monctkria. no

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(sediados muitas ve 7,es nas cidades-estados do None de lt~lia e rnais tarde na< cidades hanseá-
cena cocrencia c ultural e mesmo lega l a esta tlrea. A Cristandade serviu como um conjunto ticas) que _c apttahzavam em se u favor a defi ciente rede de comunicaç(~ e a.< subsequentes
de par..imc1ros dcm ro dos quais a acção social te ve lugar. A Europa feudal foi uma ~civili­ grande s_ d1 spandadcs de preços de uma área p~a (l'Jtra, especialmente quando algumas delas
zação~ . ma< não um sistema-mundo. eram afectadas por cal amidades naturais'"'. A medida que as cidades crei.ciam, ofereciam
Nilo fa ria qualq u,·r sentido rnnr cocr as drcas cm que o fe udalismo existiu como tendo um passível refúgio e um local de emprego para camponeses que começavam a alterar alguns
duas ~con omi a . uma economi a de mercado nas cidades e uma economia de subsistê ncia nos dos termos das relações domirnais' " '. ,
domínios ru r.i is. No século XX . com referência ao mundo subdesenvolvido. esta abordagem O feudalismo como sistema não deverá ser pensado como algo antitético ao comércio. ~
pa sou sob o n\ tulo de teoria da ~econom i a du alista• . Ou melhor. como Daniel Thomer sugere: Pelo contrário. até um ccno ponto, o feudalismo e a ex panr..ão do comércio evoluem a par.
T l"m<'"' 3 cc- rtC'Z3 de nos il udi rmos ao pe n ~ann os as economias camponesa-; como estando exclu~ Claude Cahen sugere que se os estudiosos observaram frequentemenlt ei.lt fenómeno em ou~
si,·amcntr ori('ntadas par:i a sua própria subsist..:ncia e ao dcsignannos de «capitalista» qualquer áreas que não a Europa Ocidental" ' '. só não o detectaram no feudalismo ocidental possi-
C'lricntaç:io c-m di recção ao .. mercado~). É mais rawávcl começar por assumir que, durante
mui1os. sé-c uias. a~ economia.s camponesas tivc rJm as duas oriemações 110>. num mei;mo contexto em que o são os mt rcatorn ou os nt ~Miarort s em outros re g:is~ . Se o abade de Re\.chenau,
no ano de 1075. pode, com uma penada, transformar os campon~i de Al!en!J'Jach e os !ICU\ desccndc:n:!:S em r.lCf ·
Durante muitos séculos? QL1antos? B. H. Slichcr van Bath, no seu imponante trabalho cadores (ia ip:;i tt eorum plJlltri 5int mercot~res ) ncn~um~ ingenuidade de in1crprc:uçlio cooccbt\ e! pode etpld·
sobre a históri a agr..íria europei a. mar«a o ponto de mudança cerca de 1150. Mesmo antes disso, -lo se Livennoli em mente homens de comércio profü.s1onaJS. Que. de fac10. mcrc-adof s1gn1fteava qua.k;uc:r homem
ele não rnnsidera a Europa Ocidental como estando empenhada numa agricultura de sub- uc vendesse produtos no mercado. quer ele próprio o~ 1ive.s!.C produzido quer m·e ~~ compndo_.1 mJOO:" pa.n.t dd c:s..
~ev idente. por exemplo. de uma decl aração não public~ do Con~lho de FrarU. fun . de 1: 20. a ~spe 1t:i tU.poru- ...
sistência. mas antes. desde 500 até cerca de 11 50, naquilo que designa por «consumo agrícola gem designada por Markreclu (in Li vro n.11 3 dos Arquivos ~1un ic1pais. n. WJ. Aí dc:scobnffiO'\ que 00 inklo OSI
direc10 ... ou seja. um sistema de auto-suficiência parc ial em que, embora a maior parte das ortagem devia se r paga por tt.todo o mercador que ,·ender.na .rll:ª a ~.u a mertadon..1, qua ~Jtf qve r'ta $CJ.1'". Se-~·
pessoas produza a sua própria alimentação, também a fornece à população não agrícola por ~se-lhe. especifi cados detalhadamente, os .i mercadore.s• md1\· 1duai~ ou as ... merc-adon a.s · afecud.a:o;. P'" es.u porta·
em. Dessa longa lista podem dar-se os seguintes e xemplo~: r~gocianle~ ~ l'O'J p;li \e lhas. pa.udetros. ~ndcdoln
troca dircc ta. Desde 11 50 em diante. e le considera que a Euro pa Oc idental alcançou o estádio ~e comida, fabri cames dt.: cordas, vendedores de: a_vclà.\, de ovo~ e de: que1J0 com O!. ~u, CMrr~ . vende&;ire'i de a~o
de • Consumo ag rícola indireCIO• . um estádio em que ainda hoje nos encontramos' "'· ue carregavam os seus cestos às cosias, estrange iros que ti vc:~sem na SU.l pos~ m~ ... do que uma cer..i quanudã.ic
Aquil o a que devemos então referir-nos quando fal amos do feudalismo da Europa ~e queijo. sapateiros. cambistas, padeiros que usassem bancas do mercado. ~.strang~ 1f0\ com carrO!. de pio. µos.os.
carros de forrage m. palha, feno. couves, todos os vendedores de roupa ~ hnho:cal'\h.am0. 11. de\de~ '~
Ocidental é a uma série de pequenos nódulo> económicos cuja população e produtividade us produtos na rua. Temos aqui uma mistura de pequenos negociante~ da c1cbdc. anes.ãcr.. e CJ.!,.~K!i . O-...:
aume ntavam lentamente e em que os mecani smos legais asseguravam que a maior pane dos :n~ ~s compradores como os nndedores no mcrtado eram designados por Kaufleuu (mercadores ! é evidente cm
excedentes fos sem para proprietários de estatuto nobre que controlavam a máquina jurídica. numerosos regi stos: de facto, ~em citar-.se pasr.agens cm que. quando §e fa l1 do~~· é o compndDr que
parece ser mencionado». J,idusmaf fa·olurw n (Nova Iorque: Holt. 190 1). 117· 11 8. n. -l . . rméd.
Uma vez que grande pane desses excedentes era em espécie, de pouco serviam se não pudes-
13. Havia comércio «a_lon~a di stância" .e comérc~u ~crdack i. ramcn~e local. m~ nlo~ ~:~~"J. 1 e~
sem ser ve ndidos. As cidades cresceram. apoiando anesãos que compravam os excedentes e Cario Cipolla fornece esta eitpl1caçao: .. u ma mi stura cunosa de um\ ersal1smo _c par1 te ub.n.;_ . .ão
os trocavam pelos se us produtos. Uma classe mercantil surgiu de duas fomes : por um lado, Era economicamente vantajoso obter sedas prec iosas d:t Chi na ~ c~tes prec1os.a1o ~ PTó.t~°':"~e=~c
agentes senhori ais que por vezes se tomaram independentes, bem como camponeses media- era geralmente vantajoso obter mercadorias mais pobres de uma d1 stanc1a de: 1! gum~ m1ltu.s. ai ~ .-warme:rur
de massa era impossível, por razões técnic~. os custos d~s fmes pc:rm~~~ relauv=~~~ t~r.talmmtc .
quando o transporte por águ~ erJ impos.s1vel. o comércio a Jong~ d1st~oc~:;;~::: td.~Ka.s. qualquer ccmun.Ubde
namente abastados que retinham excedentes para, depois de pagarem aos seus senhores, os
poderem ve nde r no mercado "": por outro lado. agentes fixos de mercadores de longa distância senão cxclus1vamentc. em ob1ec-tos preciosos. P~.i .as suas ~e~css~ q o trabalho linha de recair funda.me:n· -
tinha se mpre de ser tão au1.o-suficicnte quanto ~ss1vel. A d1.., 1~ '".te:~!:":I d dcs5Cm ser fritas k>c:1.lmentr ou nào
sentido da sua primcir.l aparição. não tem signifi cado histórico. O dinheiro eslava já em uso quando começou a his- talmente cm objectos preciosos ou cm outras coisas q~e ~\ne~ : ª ar s.c f!;;emente 00 com.umo arismcritico de
fosse m susceplfvc is de substituição f~c ~l.. E~ c~mo. tltnd .' se i~·orlJ · Fifth 10 s~,·en ru1t1h Ct'tt.'M0 CNon
1
tón3 documcn1ada. e o seu aparec imento não pode ser ad uzido como e,;plicação de qualquer fenómeno poslerior».
• Thc Ri.se ofa Money Economy• , Economic llis ton • Re1·iew, XIV, 2, 19-44, 127. bens de lu xo ... M oney , Pricr5 and Cml1:ation '" the ~ t iterrantan .
10. Daniel Thomcr. •L 'économie pays.ann~: concepl pour rhisroire économique", AnnaJu E.S.C., XIX, forque : Gordian Prcss, 1967). 57 · ~ . 1 por toda a Europa fez muito rmi) do que
3. Maio-Junho 1964, ·122. 14 . Ver Paul Sweezy: "!' ascensão das ddadc~~u:o ~~~~o: ela alterou i!ual ~te a pcMição dos que
11. B. H. Slicher van Ba lh . The Agrarian /Jistory of Wes rern Europe. A.D. 500- 1850 (Nova Iorque: oferece r apenas um ponto de ~bngo aos ~os que fu g de sal ários baix os. também se ti veram de f.azcr ~
Sl. "-b.n in's. 1963. 24J. O autor assinala que cerca de 1859 corTieÇa uma segunda fase de produção agrícola indi- ficaram.( ... ) Tal como os salários tém de su~ 1 .r .º~ma~~ deslocarem para as cid 3 ~ • • • Thc Transition from Fcu·
rec:u na qual a nw10áa da população jj não está. empregue na prod ução ag rícola. aos servos quando puderam encarar a ~s1b1!idade e : 1950 145. De ve a!'sinal..Jr-se que no derurso de\ te
12. Karl Bücher avisa-nos da con fu ~âo que a palavra .. mercador.. provoca no contexlo medi eval: tt. A lite- dalism to Capitalism• , Scirnce and.Sonet~·. XI V. ~~1':sª~: esti\'e.ram de acordo numa long1 hSla de u suntos.
dlWa recrnze rel atiu à ori g ~ m da coos_1i1 uiçào das cid~des a l ~ m ãs descurou o mu ito amplo significado da palavra longo debate entre Swcczy e M aun~c Dobb. no ~ntciramcnle com a importante consideração !K'C'ntua.cia por 5.,.·ec.1y
Kml/mallll e imaginou que as in úmeras cidades q u~ e x i ~t• a m no 1mpé rioalcmão nos finais da Idade Média de Colónia Dobb salienta neste ponto: ·~ propósito, conco~~ cidade s uc fo i MgnifKaliva. mas q~ :s ameJÇa de: ela w: poder
..e Aapburao att Medebach e Radolfzel l. eram hab_itat.las por inercadores no se mido moderno do termo'. isto é, por de que não foi tanlo a mag1111ude da fu ga_ para 11! q vuncnto) pode ter sido ~ufte1cnte pan. .forçar ~
. . . dane especializada de comercian tes profis s 1o n ai ~ que gerJ lmeme .~ represe ntam ainda como mercadores cfecluar (acompanhada tat ... ez por não mais do ~ue :~~~~ud~~mo ..... Reply by MJ.uncc ()obb ....krn ia und
~Toda 1 história económica ~ rc ..·oJta con1r.1 1al concepção. Em que é que cs1a genle negoc ia va e como é ~nhore s a faJ..cr concessões. enfraquecendo se crJ _
4lllD pDCaUYa os Japmenlos pel o~ ~us produtos'! Aliás. os próprios tem10s utili zados são opostos a tal srntido. Sociery, XIV, 2, Primavera 1950, 160. oda a sua força fo nnss muito próAima~ do fe~lismo. taOIO '
A Cll'ldCdllica mais marcanre do ~rca d or profissional na ~u a relação com o público não é o ac10 de compra. mas 15 .... Não há dúvida de que apareceram cm t tos de e:\ pans!io comercial e nlo nos de dctllmo. O m~mo é '
ode Wftdl. ~o \.-endcdor (Kaufmann) da Jda~c Média é designado a panir da paJavra que significa comprar em Bizâncio como no mundo muçulmano. cm momcn particularidade de qut M oomeru. que org.w i7.a\·am
"'-"-/tttL NDI repsa:w de Estado de Otào IH relativos a Donmund entre 990 e 1000, os t!mptoru Trotmamri~. sem dú vida verdadeiro Pai:' os m~dos rusron: !:;1~ac~~';;,=ioria cstrangciros (mcrcsdore.s hansd1K'os). enquanto
CIÍllJllil ....... cano•deColóniae Mainz, se pensa terem servido de modelo a outra' cidade~. são referidos materialmente ocomérc10 mtemac1onal eram g

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(sediados muitas ve 7,es nas cidades-estados do None de lt~lia e rnais tarde na< cidades hanseá-
cena cocrencia c ultural e mesmo lega l a esta tlrea. A Cristandade serviu como um conjunto ticas) que _c apttahzavam em se u favor a defi ciente rede de comunicaç(~ e a.< subsequentes
de par..imc1ros dcm ro dos quais a acção social te ve lugar. A Europa feudal foi uma ~civili­ grande s_ d1 spandadcs de preços de uma área p~a (l'Jtra, especialmente quando algumas delas
zação~ . ma< não um sistema-mundo. eram afectadas por cal amidades naturais'"'. A medida que as cidades crei.ciam, ofereciam
Nilo fa ria qualq u,·r sentido rnnr cocr as drcas cm que o fe udalismo existiu como tendo um passível refúgio e um local de emprego para camponeses que começavam a alterar alguns
duas ~con omi a . uma economi a de mercado nas cidades e uma economia de subsistê ncia nos dos termos das relações domirnais' " '. ,
domínios ru r.i is. No século XX . com referência ao mundo subdesenvolvido. esta abordagem O feudalismo como sistema não deverá ser pensado como algo antitético ao comércio. ~
pa sou sob o n\ tulo de teoria da ~econom i a du alista• . Ou melhor. como Daniel Thomer sugere: Pelo contrário. até um ccno ponto, o feudalismo e a ex panr..ão do comércio evoluem a par.
T l"m<'"' 3 cc- rtC'Z3 de nos il udi rmos ao pe n ~ann os as economias camponesa-; como estando exclu~ Claude Cahen sugere que se os estudiosos observaram frequentemenlt ei.lt fenómeno em ou~
si,·amcntr ori('ntadas par:i a sua própria subsist..:ncia e ao dcsignannos de «capitalista» qualquer áreas que não a Europa Ocidental" ' '. só não o detectaram no feudalismo ocidental possi-
C'lricntaç:io c-m di recção ao .. mercado~). É mais rawávcl começar por assumir que, durante
mui1os. sé-c uias. a~ economia.s camponesas tivc rJm as duas oriemações 110>. num mei;mo contexto em que o são os mt rcatorn ou os nt ~Miarort s em outros re g:is~ . Se o abade de Re\.chenau,
no ano de 1075. pode, com uma penada, transformar os campon~i de Al!en!J'Jach e os !ICU\ desccndc:n:!:S em r.lCf ·
Durante muitos séculos? QL1antos? B. H. Slichcr van Bath, no seu imponante trabalho cadores (ia ip:;i tt eorum plJlltri 5int mercot~res ) ncn~um~ ingenuidade de in1crprc:uçlio cooccbt\ e! pode etpld·
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ele não rnnsidera a Europa Ocidental como estando empenhada numa agricultura de sub- uc vendesse produtos no mercado. quer ele próprio o~ 1ive.s!.C produzido quer m·e ~~ compndo_.1 mJOO:" pa.n.t dd c:s..
~ev idente. por exemplo. de uma decl aração não public~ do Con~lho de FrarU. fun . de 1: 20. a ~spe 1t:i tU.poru- ...
sistência. mas antes. desde 500 até cerca de 11 50, naquilo que designa por «consumo agrícola gem designada por Markreclu (in Li vro n.11 3 dos Arquivos ~1un ic1pais. n. WJ. Aí dc:scobnffiO'\ que 00 inklo OSI
direc10 ... ou seja. um sistema de auto-suficiência parc ial em que, embora a maior parte das ortagem devia se r paga por tt.todo o mercador que ,·ender.na .rll:ª a ~.u a mertadon..1, qua ~Jtf qve r'ta $CJ.1'". Se-~·
pessoas produza a sua própria alimentação, também a fornece à população não agrícola por ~se-lhe. especifi cados detalhadamente, os .i mercadore.s• md1\· 1duai~ ou as ... merc-adon a.s · afecud.a:o;. P'" es.u porta·
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troca dircc ta. Desde 11 50 em diante. e le considera que a Euro pa Oc idental alcançou o estádio ~e comida, fabri cames dt.: cordas, vendedores de: a_vclà.\, de ovo~ e de: que1J0 com O!. ~u, CMrr~ . vende&;ire'i de a~o
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Aquil o a que devemos então referir-nos quando fal amos do feudalismo da Europa ~e queijo. sapateiros. cambistas, padeiros que usassem bancas do mercado. ~.strang~ 1f0\ com carrO!. de pio. µos.os.
carros de forrage m. palha, feno. couves, todos os vendedores de roupa ~ hnho:cal'\h.am0. 11. de\de~ '~
Ocidental é a uma série de pequenos nódulo> económicos cuja população e produtividade us produtos na rua. Temos aqui uma mistura de pequenos negociante~ da c1cbdc. anes.ãcr.. e CJ.!,.~K!i . O-...:
aume ntavam lentamente e em que os mecani smos legais asseguravam que a maior pane dos :n~ ~s compradores como os nndedores no mcrtado eram designados por Kaufleuu (mercadores ! é evidente cm
excedentes fos sem para proprietários de estatuto nobre que controlavam a máquina jurídica. numerosos regi stos: de facto, ~em citar-.se pasr.agens cm que. quando §e fa l1 do~~· é o compndDr que
parece ser mencionado». J,idusmaf fa·olurw n (Nova Iorque: Holt. 190 1). 117· 11 8. n. -l . . rméd.
Uma vez que grande pane desses excedentes era em espécie, de pouco serviam se não pudes-
13. Havia comércio «a_lon~a di stância" .e comérc~u ~crdack i. ramcn~e local. m~ nlo~ ~:~~"J. 1 e~
sem ser ve ndidos. As cidades cresceram. apoiando anesãos que compravam os excedentes e Cario Cipolla fornece esta eitpl1caçao: .. u ma mi stura cunosa de um\ ersal1smo _c par1 te ub.n.;_ . .ão
os trocavam pelos se us produtos. Uma classe mercantil surgiu de duas fomes : por um lado, Era economicamente vantajoso obter sedas prec iosas d:t Chi na ~ c~tes prec1os.a1o ~ PTó.t~°':"~e=~c
agentes senhori ais que por vezes se tomaram independentes, bem como camponeses media- era geralmente vantajoso obter mercadorias mais pobres de uma d1 stanc1a de: 1! gum~ m1ltu.s. ai ~ .-warme:rur
de massa era impossível, por razões técnic~. os custos d~s fmes pc:rm~~~ relauv=~~~ t~r.talmmtc .
quando o transporte por águ~ erJ impos.s1vel. o comércio a Jong~ d1st~oc~:;;~::: td.~Ka.s. qualquer ccmun.Ubde
namente abastados que retinham excedentes para, depois de pagarem aos seus senhores, os
poderem ve nde r no mercado "": por outro lado. agentes fixos de mercadores de longa distância senão cxclus1vamentc. em ob1ec-tos preciosos. P~.i .as suas ~e~css~ q o trabalho linha de recair funda.me:n· -
tinha se mpre de ser tão au1.o-suficicnte quanto ~ss1vel. A d1.., 1~ '".te:~!:":I d dcs5Cm ser fritas k>c:1.lmentr ou nào
sentido da sua primcir.l aparição. não tem signifi cado histórico. O dinheiro eslava já em uso quando começou a his- talmente cm objectos preciosos ou cm outras coisas q~e ~\ne~ : ª ar s.c f!;;emente 00 com.umo arismcritico de
fosse m susceplfvc is de substituição f~c ~l.. E~ c~mo. tltnd .' se i~·orlJ · Fifth 10 s~,·en ru1t1h Ct'tt.'M0 CNon
1
tón3 documcn1ada. e o seu aparec imento não pode ser ad uzido como e,;plicação de qualquer fenómeno poslerior».
• Thc Ri.se ofa Money Economy• , Economic llis ton • Re1·iew, XIV, 2, 19-44, 127. bens de lu xo ... M oney , Pricr5 and Cml1:ation '" the ~ t iterrantan .
10. Daniel Thomcr. •L 'économie pays.ann~: concepl pour rhisroire économique", AnnaJu E.S.C., XIX, forque : Gordian Prcss, 1967). 57 · ~ . 1 por toda a Europa fez muito rmi) do que
3. Maio-Junho 1964, ·122. 14 . Ver Paul Sweezy: "!' ascensão das ddadc~~u:o ~~~~o: ela alterou i!ual ~te a pcMição dos que
11. B. H. Slicher van Ba lh . The Agrarian /Jistory of Wes rern Europe. A.D. 500- 1850 (Nova Iorque: oferece r apenas um ponto de ~bngo aos ~os que fu g de sal ários baix os. também se ti veram de f.azcr ~
Sl. "-b.n in's. 1963. 24J. O autor assinala que cerca de 1859 corTieÇa uma segunda fase de produção agrícola indi- ficaram.( ... ) Tal como os salários tém de su~ 1 .r .º~ma~~ deslocarem para as cid 3 ~ • • • Thc Transition from Fcu·
rec:u na qual a nw10áa da população jj não está. empregue na prod ução ag rícola. aos servos quando puderam encarar a ~s1b1!idade e : 1950 145. De ve a!'sinal..Jr-se que no derurso de\ te
12. Karl Bücher avisa-nos da con fu ~âo que a palavra .. mercador.. provoca no contexlo medi eval: tt. A lite- dalism to Capitalism• , Scirnce and.Sonet~·. XI V. ~~1':sª~: esti\'e.ram de acordo numa long1 hSla de u suntos.
dlWa recrnze rel atiu à ori g ~ m da coos_1i1 uiçào das cid~des a l ~ m ãs descurou o mu ito amplo significado da palavra longo debate entre Swcczy e M aun~c Dobb. no ~ntciramcnle com a importante consideração !K'C'ntua.cia por 5.,.·ec.1y
Kml/mallll e imaginou que as in úmeras cidades q u~ e x i ~t• a m no 1mpé rioalcmão nos finais da Idade Média de Colónia Dobb salienta neste ponto: ·~ propósito, conco~~ cidade s uc fo i MgnifKaliva. mas q~ :s ameJÇa de: ela w: poder
..e Aapburao att Medebach e Radolfzel l. eram hab_itat.las por inercadores no se mido moderno do termo'. isto é, por de que não foi tanlo a mag1111ude da fu ga_ para 11! q vuncnto) pode ter sido ~ufte1cnte pan. .forçar ~
. . . dane especializada de comercian tes profis s 1o n ai ~ que gerJ lmeme .~ represe ntam ainda como mercadores cfecluar (acompanhada tat ... ez por não mais do ~ue :~~~~ud~~mo ..... Reply by MJ.uncc ()obb ....krn ia und
~Toda 1 história económica ~ rc ..·oJta con1r.1 1al concepção. Em que é que cs1a genle negoc ia va e como é ~nhore s a faJ..cr concessões. enfraquecendo se crJ _
4lllD pDCaUYa os Japmenlos pel o~ ~us produtos'! Aliás. os próprios tem10s utili zados são opostos a tal srntido. Sociery, XIV, 2, Primavera 1950, 160. oda a sua força fo nnss muito próAima~ do fe~lismo. taOIO '
A Cll'ldCdllica mais marcanre do ~rca d or profissional na ~u a relação com o público não é o ac10 de compra. mas 15 .... Não há dúvida de que apareceram cm t tos de e:\ pans!io comercial e nlo nos de dctllmo. O m~mo é '
ode Wftdl. ~o \.-endcdor (Kaufmann) da Jda~c Média é designado a panir da paJavra que significa comprar em Bizâncio como no mundo muçulmano. cm momcn particularidade de qut M oomeru. que org.w i7.a\·am
"'-"-/tttL NDI repsa:w de Estado de Otào IH relativos a Donmund entre 990 e 1000, os t!mptoru Trotmamri~. sem dú vida verdadeiro Pai:' os m~dos rusron: !:;1~ac~~';;,=ioria cstrangciros (mcrcsdore.s hansd1K'os). enquanto
CIÍllJllil ....... cano•deColóniae Mainz, se pensa terem servido de modelo a outra' cidade~. são referidos materialmente ocomérc10 mtemac1onal eram g

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, velmcnte por causa das suas barreiras ideológicas. «Tendo assim notado a possibilidade eram cultivada~. Novas cidades fundada.~ . A população crescia. ,u crw,adas acarretaram
··de convergência. apenas até um certo esrádio de desenl'<'lvimenro, da expansão do comércio algumas das vantagens da pilhagem colonial. E depois. a uma dada altura do século XJV, esta
e do feudali smo. deveríamos reconsiderar, deste ponto de vista, a história do próprio Oci- expansão cessou. As áreas cultivada~ retraíram- se. A população diminuiu. E por toda a Europa
dente ~' "'· feudal e para além dela parecia existir uma ~cri se~. marcada pela guerra. pela doença e por
No entanto. um sistema feudal apenas podia suportar um volume limitado de comércio dificuldades económicas. Donde proveio esta vcrise,, e quais foram a.s ~u as c:-0nse4uências?
longínquo cm comraposição ao comé rcio local. Isto porque o comércio a longa distância era Primeiramente, em que sentido se pode falar de crise? Há a este re~peito algumas .
um comércio de bens de luxo. não de bens essenciais. Era um comércio que beneficiava das discordâncias. não tanto em relação à descrição do processo ma~ antes em relação à ênfase
disparidades de preços e dependia da indulgência política e das possibilidades económicas colocada na explicação causal. Edouard Perroy vê esta questão fundamentalmente como o '
do, verdadeiramente ricos. Somente com a expansão da produção no se io da estrutura de uma atingir de um ponto óptimo no processo de expansão. uma saiuração populacional , • uma _ -.1
economia-mundo mode rna o comércio a longa distância se pôde converter parcialmente em enorme densidade dado o estado primitivo da tecnologia agrícola e anesana1• ' 11 '. E na falta .
comércio fundam ental. alimentando por seu turno o processo de produção em expansão. Até de melhores cavas e fertili zantes pouco poderia ser feito para melhorar a situação. Isto con-
então. como Owen L:mimore salienta. ele não correspondia verdadeiramente à nossa concepção duziu à escassez de alimentos, que por seu turno conduziu a epidemias. Com uma oferta de _
moderna de comércio: dinheiro estável, houve uma subida moderada dos preços, que atingiu os que viviam de ren-
Mesmo no lcmpo de Marco Polo (pelo menos) o comércio do mercador que se aventurava para das. A lenta deterioração da si tuação tornou-se aguda pelos começos da Guerra dos Cem Anos. ,:_·.""'._ - ·;.·'.
em 1335-1345, que transformou os sistemas estatais da Europa Ocidental em economias de . _
além da sua própria área ficava na dependência delicada dos caprichos dos poten1ados (...). Os
cmprcendimenlos a longa di stiincia es1avam menos ligados à disponibilidade de grandes quan- guerra, com o resultado particular de aumentar as necessidades de impostos. fases impos-
tidades de mercadorias do que às curiosidades, raridades e luxos. (... )Os mercadores procura- tos, sobrepondo-se a direitos feudai s por si já pesados. eram excessivos para os produtores. • - •>r
vam aqueles que lhes podiam oferecer favores e proiecção. (... )Se fossem mal sucedidos. poderiam criando uma crise de liquidez que por seu turno conduziu a um regresso a impostos indirecws . , .. _!,-
ser saqueados ou tributados até à ruína; mas se fossem bem sucedidos receberiam pelos seus e a impostos em espécie. Assim começou um ciclo descendente: o fardo fi scal levou a uma
bens não 1a1110 um preço cm sentido económ ico mas uma magnanimidade munificeme. (... ) A redução da produção e da circulação monetária. que aumentou ainda mais as dificuldades de · • ' L,.
CSlru lura do Comércio da seda. bem como a de mui los OU(TOS produlOS, era mai s uma estrulura de liquidez, levando aos empréstimos régios e eventualmente à insolvência dos limitadO!> tesouros
tributo do que uma estrutura comercial <111. reais, o que por seu turno originou uma crise de crédito que conduziu ao entesouramento do_ . , • •
Assim. o nível da act ividadc comercial era limitado. A principal actividade comercial ouro, o que alterou os padrões do comércio internacional. Ocorreu uma rápida subida dos ~.~ ..- .-
cominuav a a ser a da alimentação e do artesanato, desenvolvida dentro de pequenas regiões preços, maiores diminuições da margem de subsistência e tudo isto começou a recair sobre a ·-
económicas. No emamo. a escala desta actividade económica estava em lenta expansão. E, população. O proprietário perdeu compradores e rendeiros. O artesão perdeu clientes. Con- _, , -- '"
consequcmememe, os variados núcleos económicos expandiam-se. Novas terras de fronteira verteu-se terra arável em pastos porque estes requeriam menos mão-de-obra. Mas permanecia · · .. , ,.
o problema de encontrar compradores para a lã. Os salários aumentaram constituindo um fardo
particular para os pequenos e médios proprietários agrícolas que se viraram para o E~tado
o~ ~prieúrios indí~enas se encarregavam da produção e da reunião dos objcclos de comércio. Os lucros eram
dw.1d1dos e~trc m. dois grupos. estim ulando ai;sim a ascensão da classe senhorial ao tomá~la capaz de adq uirir os solicitando protecção contra os aumentos salariais. «A desagregação da produção dom1mal.
~~:. ~:~~,7~~: ã~ ~~~~neses• . Cl:iude Cahcn. «A propos de la discuss ion sur la féodalité1>, La PenJée, que se torna cada-vez mais severa depois de 1350, é a prova de uma depressão contínua, (.._)
15 [de] mediocridade na estagnação»'"'·
I ~. ~ahcn . ihid .. 96. A. B. Híb.ben argumema de mexia idén1ico: "Tanto a real idade como a recria sugerem
que nos pn~1 r~!t rempos da Idade Média o co"'.1érc io não fo i de f~nna alguma um agente de dissolução da sociedade
A estagnação é, face a isto, uma consequência curiosa. Poder-se-ia esperar o segu in~
íe~al . ~~ - <l'ntes um prod uto na~ ural dessa _:;oc 1edade. e que os dlfigentes feudais favoreceram, a1é um certo ponto, cenário. Uma população reduzida conduz a um aumento de salários que. com rendas relati-
~seu L re~ 1r~h: n.1 0. (... )O feudalismo _não põdc ~unca di spensar os mercadores.( ... ) E islo por duas razões.{ ...) Eles vamente inelásticas, significaria uma alteração na composição da procura. deslocando uma
Unh.1IT1 '~ ab.-u1~ccr gran~cs _euabclec~mcmos privados e públicos. e queriam retir.ir lucros do comércio e da indústria,
~u:~ _io:nan~-~ eles ~ropnos negoc1ante'i quer san grando cm seu favor a riqueza produzida pelo comércio e pela parte dos excedentes dos senhores para os camponeses. assegurando consequentemente que
:n u,tn a_a_u aves de rnbu_ros e ~ncargos ~o~rr: as mercado rias ou sobre aque les que as produziam e disiriburam ,.. uma menor parte deles seria poupada. Para além disso, uma redução da população numa
"The Orig1_n1r. of lh.e Med1~va l l o~n Patnc1a1c"'. Pasr &. Presem, 11.1.> 3, Fev. 1953 , 17. economia largamente agrícola deveria ter conduzido a reduções paralelas na ofei:a e ~a pro-
H1 b~ n d1scu1e ainda mai-. _longamente as dua.f fontes dos esrratos dom inantes nas cidades·
- ~1s procesw s estão relacionados <:um a fonnaçào de um patri ciado: 3 transforma ão intcm~ · cura. Mas uma vez que tipicamente um produtor reduz normalmente a sua p_roduçao detxan~o
classe dommanrc e o rec~rnmcn10 de no.... as famílias nas fi lcirJs dos mercadores e artesão~ mai s be de um~-:;1t1ga de utilizar os terrenos menos fértei s, deveria haver um aumento da produt1V1dade, que devena
que eram fre~uemc~eme imigrantes e descendentes de imi grJJltcsn (p. 23). . m suce l os, e
de ... (Est.a c x pl!c ~çAo J toma cm comi~e raçào uma fome de capital mercantil suplementar aos oi s d l8. Edouard Pcrroy, •A rori gine d'unc économic contractéc : les crises du XIV~ siécle• . .An_nal~.'i E.S.C. .
pequenos bufannhi:1ros e alm ocreves. Finalmente, leva em conra a ide ia de que 3 lé . . g pc e sonc IV. 2. Abril-Junho 1949. 168. Um elemento de prova de que Perroy deve es_tor cena acerca da saturaçao da popula-
mrrcados ~sem ser explorad os prim~iro por no ....os homens que, para se cxpandir:m.~'~":::~n~e~;~s:;~vos çào é 0 facto de 05 arquivos ingleses indicarem que, na Jdade Média. ~m d1 ~ de crabalha ~a agncultura s1gm fícava
: : : .~, ~ ;:)~epuLaJfão rna1s anuga. de modo que o capital se transferia gradualmenrc de um uso an~igo pç~ de facto •do nascer do Sol ao meio-dia ... Ver Slicher van ~ath , A~rarran H_ucory. 1 8~ . Na verdade. Ester Boserup
deriva desrc facto 3 conclusão de que um aspecto significal1'1'? .do desenvolm~nto agncola_~mo ~ «Um gradual
I~. Owen Unímore, •The Frontier in History•, in Re/azioni dt l X e · . alongamento das horas de trabalho na agricultura,.. The Condwons ofEnmomzcGrowrh (011cago. Aldme. 1965) . .S3.
~ -Probkm/ ftnero/i -Scienzi ausi/iari dei/a storia (Florença: G. ~~~:•:0 ~'1 :~~~~~~J:f~he I: • 19. Perroy, ibid.. t82.

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, velmcnte por causa das suas barreiras ideológicas. «Tendo assim notado a possibilidade eram cultivada~. Novas cidades fundada.~ . A população crescia. ,u crw,adas acarretaram
··de convergência. apenas até um certo esrádio de desenl'<'lvimenro, da expansão do comércio algumas das vantagens da pilhagem colonial. E depois. a uma dada altura do século XJV, esta
e do feudali smo. deveríamos reconsiderar, deste ponto de vista, a história do próprio Oci- expansão cessou. As áreas cultivada~ retraíram- se. A população diminuiu. E por toda a Europa
dente ~' "'· feudal e para além dela parecia existir uma ~cri se~. marcada pela guerra. pela doença e por
No entanto. um sistema feudal apenas podia suportar um volume limitado de comércio dificuldades económicas. Donde proveio esta vcrise,, e quais foram a.s ~u as c:-0nse4uências?
longínquo cm comraposição ao comé rcio local. Isto porque o comércio a longa distância era Primeiramente, em que sentido se pode falar de crise? Há a este re~peito algumas .
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disparidades de preços e dependia da indulgência política e das possibilidades económicas colocada na explicação causal. Edouard Perroy vê esta questão fundamentalmente como o '
do, verdadeiramente ricos. Somente com a expansão da produção no se io da estrutura de uma atingir de um ponto óptimo no processo de expansão. uma saiuração populacional , • uma _ -.1
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então. como Owen L:mimore salienta. ele não correspondia verdadeiramente à nossa concepção duziu à escassez de alimentos, que por seu turno conduziu a epidemias. Com uma oferta de _
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em 1335-1345, que transformou os sistemas estatais da Europa Ocidental em economias de . _
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particular para os pequenos e médios proprietários agrícolas que se viraram para o E~tado
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A estagnação é, face a isto, uma consequência curiosa. Poder-se-ia esperar o segu in~
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classe dommanrc e o rec~rnmcn10 de no.... as famílias nas fi lcirJs dos mercadores e artesão~ mai s be de um~-:;1t1ga de utilizar os terrenos menos fértei s, deveria haver um aumento da produt1V1dade, que devena
que eram fre~uemc~eme imigrantes e descendentes de imi grJJltcsn (p. 23). . m suce l os, e
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deriva desrc facto 3 conclusão de que um aspecto significal1'1'? .do desenvolm~nto agncola_~mo ~ «Um gradual
I~. Owen Unímore, •The Frontier in History•, in Re/azioni dt l X e · . alongamento das horas de trabalho na agricultura,.. The Condwons ofEnmomzcGrowrh (011cago. Aldme. 1965) . .S3.
~ -Probkm/ ftnero/i -Scienzi ausi/iari dei/a storia (Florença: G. ~~~:•:0 ~'1 :~~~~~~J:f~he I: • 19. Perroy, ibid.. t82.

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conjuntural, de um ponto nM altO!i e lY•i~o' da: tc:odtnc . _ •.
ter reduz.ido os preços. Qualquer destes desenvolvimentos dcvcriu ter cncomjado e não culminar de 1000 anos de dc ~ n vol vimc nto a :r· <lec"~ ckhc:;ii. Pelo contrànu, era o
desc!\corapd o,. mérc io. No cnt3nto. o comén:io «estagnou» de facto. . . U
' l1i mos séculos do Império komano be.m ~.-~''<'
·
d' . l \ tva de 1:m si
~ • -'> ur4!ltc: a Idade Méd"
• Durante <X=·
f ·
' o qu t,, t:I errado nestas hipóteses é a assunç:io implícita sobre a clas11c1dadc da pro- parai isada pe las dc~pcsas crescentes de urrui ~Upcí\lrut .aJ · "'· wx:i~adc 01 ª
cura . Nonh e ·111oma' r.-cmtlam -nos 4uc, dado ( > estado ela tec1.1ologia e u variedade e o não correspondiam qu~ isqucr aumenio~ compen~tóri ur: : t e polfttta. de<.pei.a• a q~
volume do comércio internac ional. os custos de trJnsponc e ram muno altos e qualquer t2'1 H' 1 . . d· ~ recurW'\ p<(".dut1v°" da wcie-
dadc» . _1 ton conw r a com Pcrroy em que a cau'M! imediata <k> di~mz de'.cr~ ~r pm-
redução no ·cu volume (dcvidú a um declínio da população) dari a i~1 íci? a um processo de cumda.nas ltm1taçõcs tecnológica \, a falt.a de fcniliz.antes e a iocapai.;id<lde de aumcnw a ofena
elevação dos custos que condu ziria a uma maior redução no comércio. Eles descrevem este de fert1lt zan1e_s pel a_expan~ão do númemde cabr...ças de gado. porque 0 chma lirntta\•a a cun-
4
processo da segui nte forma: ttdade ~e forrag~m invernal para a ~ua ahment.ação. Ma.' •O q e l'lÓ\ <leverms ~ui>!mhar é que
lAnt<ri<'rmcnl< los merc 3dorcs julg•vam pro\'citoso red u~ir os cuslos de tran spon~ colocand.o não ex1 s11am remvesttmentos s1gn1ficat1vos dO<i lucros na ag,ricultura por f = a w=nw
a~cntcs num3 cid.ide Jist3ntc p:tr3 ob1crcm infom1ações sobre os preços e possíve is oponum- significati vamente a prod u1 iv idade ~ •lj•. Isto por cau; a dM limitarõe1 im:ren e ~ &1> ,i~~= de
d~des romerciai : à mcdid 3 que o volume do comé rcio diminuía, csle deixava de ser um expe- incentivos da o rganização social feudal. '
diente possível. Os flu xos de infomt3Çãú sec3v 3m e o volume de comércio reduzia-se ai~da mais. O que a ênfase de Hilton na cri se geral do feudalismo l'lO'i oferece de ll'.elhor em rela- ~
Em consequênc ia. n5o surpr<endc que os historiadores económicos encontrem uma depressão ção ao sentido conjuntural de Perroy é o facto de poder dar conta da\ tran form...-.,.ões s.oc:i:ii
(que p.lr> eles ,igni fi cava um3 diminuiç:io no volume total de actividade_económica_) mesmo no que essas situações envol vem. Pois se o grau ópti mo de produti vicilde foi ult.rapa>.sado m:.-n
S<io d«te mundo onde rendimentos per capita mais altos tenam presumivelmente sido a conse-
sistema e se as dificuldades económicas conduziam a uma guerra de cla.i.= generah 7~ entre
qu<ncia do aumento re!Jti\'O dos salários reais que camponeses e trabalhadores estavam a expe-
senhores e camponeses, bem como a ruinosos conflitos no seio das das~ ..cnhoriai ·."cri •
rir:tl('ntJI 120,_
a única solução que poderia retirar a Europa Ocidental da c•tagnação e dizimação i.eria z
R. H. Hillon aceita a descrição que Perroy faz dos acontecimentos ' 2' '· Mas exceptua a expansão do bolo económico a repanir. solução que requeria, uma vc-1. dada a tecnologil da
forma de an:ilisc que toma a crise comparável a uma das crises recorrentes do sistema capi- época, uma expansão da área culti váve l e da base populacional nec~ a para a su:i cxplt>-
t:l.li ta de envolvido. cx2gerando assim o grau em que os dilemas monetários e fi nanceiros ração. Isto foi o que de fac to aconteceu nos séculos XV e XV I.
afretam o sistema feudal, no qual estes elementos têm um pape l mu ito mais reduzido na Que as revoltas camponesas se generalizaram na Europa Ocidental t ntre i.éculoS" °"
inter:icçào humana do que na soc iedade capitali sta "''. Para além disso, ele sugere que Perroy XIII e XV parece não estar hoje em causa. Hilton encontr.l a expl icação imedi:ua p:;l1ll o caso
omite tocb a discussão de um outro fenómeno que resulta dos próprios acontecimentos que inglês no fac to de que «no séc ulo XIII a maior pme do' grandes proprietirio . laic.os ou não.
Perroy descreve , e que segundo Hilton é central , o do grau inusit ado de conflito social, o «clima ex pandi ram a produção da reserv a parn aumentarem a sua produção agrícola p:ira o mercado.
de revolta endémica». as insurreições camponesas que tomaram a forma de uma «revolta contra ( ... ) [Como resultado di sso[, as corveias foran1 aumentada . muitas "ezes par.1 o dobro• '·
o ~ i s tema social enquanto tal .. m•. Para Hilton, não se tratava consequentemente de uma cri se Kosminsky fa la igualmente sobre este período como sendo o da ~ maior e mai; intensa explo-
ração do campesinato inglês»"''· No conti nente, houve uma série de re"oltas camponesas: tu
20. Douglass C. ~o rth e Robcn Paul Thomas. «An Economic Thcory of the Growth of the Wcstem World it, Itália do None e na Flandres costeira, no virar do ~t'c ul o XIV; na Dinamarca cm 1340: em
E.ronomic l!isrr.r.1· Rt\"lt"" 2.' >éric. XXlll . 1. Abril t970. 12- 13. B. H. Slichcr van Bath aponra para uma pressão
semdhar.1c cm direcção à ,.cMai; n:lçáo ... DiL ele: ~ Ape s a r da dim inuição da árc:a culti vada e da redução nos factore s
de produç.:io - que de\ cm ter indiciado uma grJ.ndc diminuição na produção 1ota l de: ce reais - o preço dos cereais 24. lbid .• p. 27.
r..lo llUbiu na proporç3o dos de o ut r~ mt'.' rcadoria~ . Revelou me!imo uma ligeira tendência para a baixa·. O que ind ica
que o conwmo regrediu m a i~ do que :.i produção .. ... Les probl i:: mcs fondamenlaux de la sociélé pré-industrie lle en ~~: ~-i~:l. ~i~l~n
.• Peasant Mornncnts in England lkfon: 138 1•. in E.. M. Caru,-Wibon. <d.. [ uay> in
Europc: Occ1denule•. Afdel111R A~ra risd1e Geschiedenis hijdrage11 . nY 12. 1965, 40. Economic l/isrory (Nova Iorque: Se. Manin's, 1966). li . 79. ltihon n:f<r< qt1< >ubidss de: r<ron. no raso das ca::>-
Quão !iignti.:ati\·a foi a .. estagnaçâoioo t. em si mesma. uma oulra questão. Eugen A. Kosminski du vida que poncses pobres, podiam cus1ar-lhcs as !luas rtservas par.i o in,·cmo. P..rra os camp«lCSt nc~. o rnuluô;.) ~ dife-
3 de'1ôC..:nç5o ~ja ,.iJida forJ de Inglaterra e, em alguma medid:.i, da frança. Ver «Peul-on considérer le XIV ' et le XV' rente: • Mais irritantes para eles devem te r sido o!<. obstá~ulos à acumul~ào. e mlo o recete dt motTacr:' ~ forr.c:.
siê:cks comme l"t poquc de la décadcnce de l'économie européenne?:., Studi ;,, onort tli Arma11do Sapori (M ilão: (p. 86). Além disso, a legislação destinada a man1cr ban.os os custos atr.i,·ts do congd~to das salirios bcnc:-
lslituto Edit. C1 salpmo, 1957). 1. 562-3. ficiava os gran<l"'o: propriétários rnais do que <>' campoll('S.C ~ ricos. · A~1.1ra uma grande qu inu t mual ir.('m m1os
21. A descrição de Michael Po;"lan é igualmente próxima da de Perroy. Ver M. M. Po.ian, «Some Econo- que a trabalhem, J'-.11 iSSO O rc:ndc ir1l t"Sl3\' 3 preparado rant pl~ar um prC'ÇO elevado relo trab.Jit-,o q'.J('. r.Jri ~lllC
~~~-~~~encc of Dechning Population in lhe Later Middlc Ages ... , fro11omic Uistory Rcview, 2.1 série. li, 3. 1950, ob1er por outra forma. Ao fazê-lo. 1cmk ri :l também a fatn sublf o rrcçu do tra OOlho p:!.T3 °' i.t'nhorrll di:::r.. domímo:i..
Mas não haxia qualquer necessidade de ~ scnhori:s ~f~re m com u ~unci~~to d:b k n. r'C'CMl6m h . ~
1

- 22. Marc Bloch apoia a argumentação de Hi ltonquando nos adverte contra o eitagero da cit tensão do declínio tinham à sua disposição o poder polltico que lhes pe nn111a ;od<á·l». Tmtum ainda "'"'"'15 dc: tnlxllho ~1" 1 e
· dos rcndimemos ~nhori:iis que resulta de .&e sobresti mar o papel dos flu xos monetários. É ve rdade que na medida controlavam a distribuição do trabalho assalariado disponi..-el. na ~ua quahd:Kk de Ju fz.C' da Pu ·ou dos f rab:l-
au qucas rcnda.s eram fi u .s. uma desva lon1.ação da praia signi ficaria na realidade um agravamento para o rende iro,
lhadorcs• (p. 88). . f Ih< Xhh 1 Ih< XV1h C=uries• ..,
IC ale pegasse cm praia. Bloch recorda-nos que nessa época havia • uma fa lta terrivel de moeda metálica (a um tal 27. Eugen A. Kosminsky, -<Thc fao lutionof fcudal Re~ll m Englmd rom . o ou a exaurir~
,_., qae~ an Inglaterra. alguns camponeses, incapa1.c s de ob1er a prata de que precisavam para pagar as suas ren- Pasr & Prtsent , n.' 7, Abril 1955. 32. Continua ele:_• Ü crcmm: nio ~ci:~t~i~:i =destruindo ..
álinhlm ~ para pagá-las em espéci_e) ~. Seigneurie fram;aiu et manoir anglais (Paris: Lib. Annand Colin, agricuhura camponesa e, ao mesmo 1cmpo. a de:sgmstar as f~rça prod racb ( ) cncooltuu a sua upttuào
~~ difiz Bloch, resulrava um •hmue (paliu\ de preços mais bai•o. vantajoso, obviamente, para os que condições para a reprodução da fof\"• de trabalho. (... ) fa1a luta ongamen« pn:p:i ···
....--
n R. H.·~·
Hibon, .y CUHI. une cnse
. générale de la féodalité?», Amiales E.S.C .. VI, Jan.-Março 1951. 25. ma is clara no levantamento de 13~H •.

33

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conjuntural, de um ponto nM altO!i e lY•i~o' da: tc:odtnc . _ •.
ter reduz.ido os preços. Qualquer destes desenvolvimentos dcvcriu ter cncomjado e não culminar de 1000 anos de dc ~ n vol vimc nto a :r· <lec"~ ckhc:;ii. Pelo contrànu, era o
desc!\corapd o,. mérc io. No cnt3nto. o comén:io «estagnou» de facto. . . U
' l1i mos séculos do Império komano be.m ~.-~''<'
·
d' . l \ tva de 1:m si
~ • -'> ur4!ltc: a Idade Méd"
• Durante <X=·
f ·
' o qu t,, t:I errado nestas hipóteses é a assunç:io implícita sobre a clas11c1dadc da pro- parai isada pe las dc~pcsas crescentes de urrui ~Upcí\lrut .aJ · "'· wx:i~adc 01 ª
cura . Nonh e ·111oma' r.-cmtlam -nos 4uc, dado ( > estado ela tec1.1ologia e u variedade e o não correspondiam qu~ isqucr aumenio~ compen~tóri ur: : t e polfttta. de<.pei.a• a q~
volume do comércio internac ional. os custos de trJnsponc e ram muno altos e qualquer t2'1 H' 1 . . d· ~ recurW'\ p<(".dut1v°" da wcie-
dadc» . _1 ton conw r a com Pcrroy em que a cau'M! imediata <k> di~mz de'.cr~ ~r pm-
redução no ·cu volume (dcvidú a um declínio da população) dari a i~1 íci? a um processo de cumda.nas ltm1taçõcs tecnológica \, a falt.a de fcniliz.antes e a iocapai.;id<lde de aumcnw a ofena
elevação dos custos que condu ziria a uma maior redução no comércio. Eles descrevem este de fert1lt zan1e_s pel a_expan~ão do númemde cabr...ças de gado. porque 0 chma lirntta\•a a cun-
4
processo da segui nte forma: ttdade ~e forrag~m invernal para a ~ua ahment.ação. Ma.' •O q e l'lÓ\ <leverms ~ui>!mhar é que
lAnt<ri<'rmcnl< los merc 3dorcs julg•vam pro\'citoso red u~ir os cuslos de tran spon~ colocand.o não ex1 s11am remvesttmentos s1gn1ficat1vos dO<i lucros na ag,ricultura por f = a w=nw
a~cntcs num3 cid.ide Jist3ntc p:tr3 ob1crcm infom1ações sobre os preços e possíve is oponum- significati vamente a prod u1 iv idade ~ •lj•. Isto por cau; a dM limitarõe1 im:ren e ~ &1> ,i~~= de
d~des romerciai : à mcdid 3 que o volume do comé rcio diminuía, csle deixava de ser um expe- incentivos da o rganização social feudal. '
diente possível. Os flu xos de infomt3Çãú sec3v 3m e o volume de comércio reduzia-se ai~da mais. O que a ênfase de Hilton na cri se geral do feudalismo l'lO'i oferece de ll'.elhor em rela- ~
Em consequênc ia. n5o surpr<endc que os historiadores económicos encontrem uma depressão ção ao sentido conjuntural de Perroy é o facto de poder dar conta da\ tran form...-.,.ões s.oc:i:ii
(que p.lr> eles ,igni fi cava um3 diminuiç:io no volume total de actividade_económica_) mesmo no que essas situações envol vem. Pois se o grau ópti mo de produti vicilde foi ult.rapa>.sado m:.-n
S<io d«te mundo onde rendimentos per capita mais altos tenam presumivelmente sido a conse-
sistema e se as dificuldades económicas conduziam a uma guerra de cla.i.= generah 7~ entre
qu<ncia do aumento re!Jti\'O dos salários reais que camponeses e trabalhadores estavam a expe-
senhores e camponeses, bem como a ruinosos conflitos no seio das das~ ..cnhoriai ·."cri •
rir:tl('ntJI 120,_
a única solução que poderia retirar a Europa Ocidental da c•tagnação e dizimação i.eria z
R. H. Hillon aceita a descrição que Perroy faz dos acontecimentos ' 2' '· Mas exceptua a expansão do bolo económico a repanir. solução que requeria, uma vc-1. dada a tecnologil da
forma de an:ilisc que toma a crise comparável a uma das crises recorrentes do sistema capi- época, uma expansão da área culti váve l e da base populacional nec~ a para a su:i cxplt>-
t:l.li ta de envolvido. cx2gerando assim o grau em que os dilemas monetários e fi nanceiros ração. Isto foi o que de fac to aconteceu nos séculos XV e XV I.
afretam o sistema feudal, no qual estes elementos têm um pape l mu ito mais reduzido na Que as revoltas camponesas se generalizaram na Europa Ocidental t ntre i.éculoS" °"
inter:icçào humana do que na soc iedade capitali sta "''. Para além disso, ele sugere que Perroy XIII e XV parece não estar hoje em causa. Hilton encontr.l a expl icação imedi:ua p:;l1ll o caso
omite tocb a discussão de um outro fenómeno que resulta dos próprios acontecimentos que inglês no fac to de que «no séc ulo XIII a maior pme do' grandes proprietirio . laic.os ou não.
Perroy descreve , e que segundo Hilton é central , o do grau inusit ado de conflito social, o «clima ex pandi ram a produção da reserv a parn aumentarem a sua produção agrícola p:ira o mercado.
de revolta endémica». as insurreições camponesas que tomaram a forma de uma «revolta contra ( ... ) [Como resultado di sso[, as corveias foran1 aumentada . muitas "ezes par.1 o dobro• '·
o ~ i s tema social enquanto tal .. m•. Para Hilton, não se tratava consequentemente de uma cri se Kosminsky fa la igualmente sobre este período como sendo o da ~ maior e mai; intensa explo-
ração do campesinato inglês»"''· No conti nente, houve uma série de re"oltas camponesas: tu
20. Douglass C. ~o rth e Robcn Paul Thomas. «An Economic Thcory of the Growth of the Wcstem World it, Itália do None e na Flandres costeira, no virar do ~t'c ul o XIV; na Dinamarca cm 1340: em
E.ronomic l!isrr.r.1· Rt\"lt"" 2.' >éric. XXlll . 1. Abril t970. 12- 13. B. H. Slichcr van Bath aponra para uma pressão
semdhar.1c cm direcção à ,.cMai; n:lçáo ... DiL ele: ~ Ape s a r da dim inuição da árc:a culti vada e da redução nos factore s
de produç.:io - que de\ cm ter indiciado uma grJ.ndc diminuição na produção 1ota l de: ce reais - o preço dos cereais 24. lbid .• p. 27.
r..lo llUbiu na proporç3o dos de o ut r~ mt'.' rcadoria~ . Revelou me!imo uma ligeira tendência para a baixa·. O que ind ica
que o conwmo regrediu m a i~ do que :.i produção .. ... Les probl i:: mcs fondamenlaux de la sociélé pré-industrie lle en ~~: ~-i~:l. ~i~l~n
.• Peasant Mornncnts in England lkfon: 138 1•. in E.. M. Caru,-Wibon. <d.. [ uay> in
Europc: Occ1denule•. Afdel111R A~ra risd1e Geschiedenis hijdrage11 . nY 12. 1965, 40. Economic l/isrory (Nova Iorque: Se. Manin's, 1966). li . 79. ltihon n:f<r< qt1< >ubidss de: r<ron. no raso das ca::>-
Quão !iignti.:ati\·a foi a .. estagnaçâoioo t. em si mesma. uma oulra questão. Eugen A. Kosminski du vida que poncses pobres, podiam cus1ar-lhcs as !luas rtservas par.i o in,·cmo. P..rra os camp«lCSt nc~. o rnuluô;.) ~ dife-
3 de'1ôC..:nç5o ~ja ,.iJida forJ de Inglaterra e, em alguma medid:.i, da frança. Ver «Peul-on considérer le XIV ' et le XV' rente: • Mais irritantes para eles devem te r sido o!<. obstá~ulos à acumul~ào. e mlo o recete dt motTacr:' ~ forr.c:.
siê:cks comme l"t poquc de la décadcnce de l'économie européenne?:., Studi ;,, onort tli Arma11do Sapori (M ilão: (p. 86). Além disso, a legislação destinada a man1cr ban.os os custos atr.i,·ts do congd~to das salirios bcnc:-
lslituto Edit. C1 salpmo, 1957). 1. 562-3. ficiava os gran<l"'o: propriétários rnais do que <>' campoll('S.C ~ ricos. · A~1.1ra uma grande qu inu t mual ir.('m m1os
21. A descrição de Michael Po;"lan é igualmente próxima da de Perroy. Ver M. M. Po.ian, «Some Econo- que a trabalhem, J'-.11 iSSO O rc:ndc ir1l t"Sl3\' 3 preparado rant pl~ar um prC'ÇO elevado relo trab.Jit-,o q'.J('. r.Jri ~lllC
~~~-~~~encc of Dechning Population in lhe Later Middlc Ages ... , fro11omic Uistory Rcview, 2.1 série. li, 3. 1950, ob1er por outra forma. Ao fazê-lo. 1cmk ri :l também a fatn sublf o rrcçu do tra OOlho p:!.T3 °' i.t'nhorrll di:::r.. domímo:i..
Mas não haxia qualquer necessidade de ~ scnhori:s ~f~re m com u ~unci~~to d:b k n. r'C'CMl6m h . ~
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- 22. Marc Bloch apoia a argumentação de Hi ltonquando nos adverte contra o eitagero da cit tensão do declínio tinham à sua disposição o poder polltico que lhes pe nn111a ;od<á·l». Tmtum ainda "'"'"'15 dc: tnlxllho ~1" 1 e
· dos rcndimemos ~nhori:iis que resulta de .&e sobresti mar o papel dos flu xos monetários. É ve rdade que na medida controlavam a distribuição do trabalho assalariado disponi..-el. na ~ua quahd:Kk de Ju fz.C' da Pu ·ou dos f rab:l-
au qucas rcnda.s eram fi u .s. uma desva lon1.ação da praia signi ficaria na realidade um agravamento para o rende iro,
lhadorcs• (p. 88). . f Ih< Xhh 1 Ih< XV1h C=uries• ..,
IC ale pegasse cm praia. Bloch recorda-nos que nessa época havia • uma fa lta terrivel de moeda metálica (a um tal 27. Eugen A. Kosminsky, -<Thc fao lutionof fcudal Re~ll m Englmd rom . o ou a exaurir~
,_., qae~ an Inglaterra. alguns camponeses, incapa1.c s de ob1er a prata de que precisavam para pagar as suas ren- Pasr & Prtsent , n.' 7, Abril 1955. 32. Continua ele:_• Ü crcmm: nio ~ci:~t~i~:i =destruindo ..
álinhlm ~ para pagá-las em espéci_e) ~. Seigneurie fram;aiu et manoir anglais (Paris: Lib. Annand Colin, agricuhura camponesa e, ao mesmo 1cmpo. a de:sgmstar as f~rça prod racb ( ) cncooltuu a sua upttuào
~~ difiz Bloch, resulrava um •hmue (paliu\ de preços mais bai•o. vantajoso, obviamente, para os que condições para a reprodução da fof\"• de trabalho. (... ) fa1a luta ongamen« pn:p:i ···
....--
n R. H.·~·
Hibon, .y CUHI. une cnse
. générale de la féodalité?», Amiales E.S.C .. VI, Jan.-Março 1951. 25. ma is clara no levantamento de 13~H •.

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Maiorca em 13:5 J; 3 Jacquerie em França em 1358; rebeliões di spersas na Alemanha m~i~o
anres da grande guerrn camponesa de 1525. Repúblicas campo~esas ergueram-se na Fnsia um fenómeno muito mais limitado cm Fran a"'; .
no séculos XII e XIII e na Su íça no sécu lo XIII. Para 8 . H. Sltcher van Barh, «as revolras cado pelo faclo de a França ser mais d ç · Sem dúvida que tal facto é em pane expli-
mai s cedo do que qualquer .outra áreae~sarnenre povoada e ter procedido aos arroteamentos
camponesas correr.im a par da rc:cessão económica» " ' 1. Do~b su.gere que quando tal reces-
pedológicas. uropeia, quer por razões históricas quer por razões
são ocorreu foi particularmente dura não para os estralos mais ba1rns d.os rrabalhadores, que
provavelmente nunca estiveram muiro bem. mas para «OS estralos supenores dos camponeses Nesta altura em que a procura de produtos , , 1 .
rios urbanos e consequentemente os re . agr1co as estava em contracç.ão. os salá-
prósperos que estavam em posição de alargar o culrivo para novas terras e de as melhorar, e d b Ih p ços mdusrna1s estavam a ~ ub ir, por causa da escas-
que nessa medida tendiam a ser a ponra de lança da revolta » 1291. sez e Ira a 0 provocada pelo decréscimo populacional. Isto. por l>Cu rumo aumentava
o súbito declínio da prosperidade implicou mais do que o descontentamento dos os cuslos do trabalho agrícola reduzindo ~imultaneamente as rendas (na medida em ue
camponeses. O despovoamento que o acompanhou - provocado por guerras, fomes e epide- estas eram fixas perante uma inílação dos preços nominais). 0 que conduzi u ao que M~
mias - conduzi u às ll'üs11mgen. à recessão do povoamento nas terras marginais, por vezes B.loch :hamou «empobrecimento momentâneo da classe senhorial. '"''· !\ão só os lucros
ao desaparecimento de aldeias inteiras. O abandono de aldeias não deve ser visto exclusi· dtmtnut,am co~? os <~~s_tos de exploraçã.o ~umentavarn, tal como normalmente acontece
vamente como s.inal de recessão. pois exi srem pelo menos duas outras importantes razões que nos penodo~ d1f1ce1s • levando os propnetanos a considerarem a possibilidade de abdicar ·
o explicam. A primeira. de incidência contínua. era a procura de segurança física quando a da exploraçao direc~. ~ aperto económico conduziu a um aumento das exacções sobre 0
guerra afectava uma região• JO•. A segunda, menos «acidental » e mais estrutural, era uma campe~ mato que, prejudicando então a produtividade. provocou a fuga dos camponeses l»•_
mudança na estrurura social agrária, a «vedação» ou «absorção» de terras. Parece claro que Uma v~a para a nobreza restaurar os seus rendimentos, frequentemente eficaz para os estra-
-também este processo continuava na Baixa Idade Média 1311. E é de certo modo difícil no t~s mats nc~s •. con<~!~t1u no ~e u envolvimento em novas e remuneradoras carreiras ao ser-
presente estádio dos nossos conhecimentos destrinçar as três. viço d_os pnnc1pes . Ela nao era no entanto suficiente para contrabalançar os efeitos da
Duas coisas nos parecem claras no rocante ao fim dos arroreamentos e à recessão dos recessao e consequentemente para conter o declínio dos seus domínios , .. e. ao afastar os
povoamentos. Eles foram , como Karl Helleiner salienta, «processos selectivos no que diz
respeito à dimensão das explorações. A percentagem de pequenas explorações abandonadas _ 35. Pese.z e Le Roy Ladurie propõem um número de 5 a 7% dt aldtias abandonadas 00 lm!."""loc oric:m.al
durante a Baixa Idade Média parece ter sido maior do que a de explorações de dimensão apro- enrre l 328 e os dias de hoje. Dizem eles: - Estes números não são insignificantes. mas estamos longe da taxa de .l&l-
observada por Abel na Alemanha e também dos números cakuLados por Beresford.-. \ 'illagt1 db..enb. 1 ~. A dife-
priada" '"'· Foram também selectivos por regiões. As Wiistungen parecem ter sido extensas rença de tax.a tende a con~nnar º .tema da reorganização agrária mais do que o do declínio d.a poputaç.ãu. Sa.bcmm
não só na Alemanha e na Europa Central 1331, mas também em Inglaterra <341. Foram no entanto que hou ve d1ferenças consideráveis na reorganização agrária. e que em Fra.~ por eumplo. se criuam muito menos
gran~~s domínios do que quer em lngla[erra quer na Alemanha. É claro que JXX1e ter tii"·ido dif~ na u xa de
declm1~ ~ pop~lação no~ séculos xrv e XV. mas aqui mO\'Cm~nos em terrenos mais frágeis. dado que muitos dos
28. Slich<r van Bath. AA.G.B .. n.• 12, 190. Ele descreve o processo desta fonna: •Os camponeses sen- dados sao. mfendos. precisamente , de fenómenos como as aldeias abandonadas. f\Jo pcxkmos por w..:, utiliur l3is
cllm·sc descontentes por verem os baixos preços dos produtos agrícolas, e compara vam-nos com os altos preços e dados, pois nos envolveríamos num raciocínio circular.
os SJ.iirios rel.a.r.i\•amcnte elevados que obtinham na indústria. Frequentemenre, algum aumento adicional dos rribu- 36. Marc Bloch , l u caracteres originau.r dd histoire rura/e /rançais e (Paris: Annand Cotin. t %-!). L Jll.-
los que o go,·emo ou o proprietário pensavam poder ainda ser suportado era a faísca que inflamava ressentimentos 37. Henri Lefebvrc, «Une discussion historique: du f~odalisme au capitalisme: Obscrntians.• . ÚJ Prruü.
há muito latmtc:s •. n.• 65, Jan.-Fe v. 1956, 22.
~- 29. Mauritt Dobb, Paptrs on Capitalism, D~\·elopmelll and Planning (Nova Iorque: fmemarionaJ Publ., 38. • O resultado des1a pressão acrescida foi não só exaurir a galinha~ punha os o»os de ouro IJ3!ll oca=lo.
196h li. mas provocar, por desespero puro e simples, um mo,»imento de emigração ilegal das se:nhori:is_(... J o probJema dos
30. Ver, por exemplo, a discussão relativa à França nos séculos xrv e XV por Jean-Marie ·Pesez e fugiti vos tomou-se tão considerável e a fome para os que rraba.lhanm tão granck: que. apesar dos ual3das e d.is
Em:'1'1aD~.1 Lc Ro~ Ladurie. • lc cas français: vue d'ensembfe,., Vil/ages désertés el histoire économique, X/"- promessas mútuas, se desenvolveu uma concorrência efectiva para a1rair e roubar os servos dos dominios ,.izinhos
-X\ 1/t sud<S.(Paris: S.E. V.P.E.N., 1965). 155. Também eles assinalam que a procura de segurança pôde algumas - uma concorrência que (.. .) envolvia a oferta de algumas concessões e cujJ u ist&x:ia impunha os sew própnos
•-cus ter >ido imposta aos camponeses por cidades vizinhas, por considerações esLratégicas (ver p. 156). Ver Cario limites a aumen1os adicionais da ex ploração feudal •. Maurice Dobb. Srudies in the Dewloprntnt of Capilalüm
Cipoll>. Clocts aruJCulruu. 1300-1700 (Nova Iorq ue: Walker & Co., 1967a): J 15. (Londres: Routledge & Kegan Paul , 1946). 46-47.
• • 31. .verª ~iscussão desie 3'.sunto por Goorges Duby em • Démographie et villages déscrtés•, Vil/ages 39. «-De facto. a queda dos pagamemos fixos.j untamente com o declínio da administração dirttta e a neces-...,
dismes <t lusroire econom1que. X/•. )(VIJI• siedes (Paris: S.E.V.P.E.N., 1965). 18-23. sidade de gastar dinheiro em reparações, afectou significativamente a situ3Çào financeira de todos os senhores {durante
in Ca~~t ~::~~!~ :;;~:
1
~:~lation ~f Euro~ from lhe Bl.ack Deaúi to the Eve of the Vital Revolution•. os séculos XIV e XV] . Por lodo o lado pareciam can:nlcs de dinheiro e à cspn-i u dc lucros extcnores. e por esta
razão se lançavam em correrias e aventuras que os leva\•am para longe dos seus domínios. Contudo, as \/árias formas
;,, tht 16rh and 17 h C . '> >/ pe. IV. E. E. R1ch e C H. Wilson, eds., Tire Economy o/ Expanding Europe
dismis 14 16· ;<se;:';';'~(~ e ~º1~ª lorqu~: Cambridge Un ivorsity Press, 1967), 15. Ver Duby. Vil/ages
de complerarem os seus rendimentos. tais como a aceitação de cargos junto de princi pies mais poderosos que pro-
v;,
.33.. \l.'ílhclm oy . e.,_ . agesdesmés. 181 -183. . curavam aliados ou a via inccna da intriga polí1ica e das alianças mauimoniais. asseguraram a manutenção de quase
todas as grandes fonunas aristocráticas•. Georges Duby. Rural Economy and Counrry Lift in tht Mtdie\·a l wes1
1955). S-12. Abel, Du lhsrungen dts Ausgeherulen Mrtre/a/ters, 2.' ed. (Es1ugarda: Verlag,
(Columbia: Univ. of South Carolina Press. 1968), 330. _,
: 3-1. Ver Maurice W Bcrcsford, Th lo V.,/ >/E 40. O declínio cada \'Cl. mais pronundado do preço dos cereais quando compando com os salários rurais.
ford d.>ta o ztnite do despo»~nlO (wuo'o .~~~:!"o ngland (Londres: Lu1terworth Press, 1954). Beres- que eram mantidos a um nível tão elevado pe la concorrência da indústria urbana e a dispersão dos trabalhadores
1440e 1520(verp. 166). Con• idera as enclosur total de aldeias como a redução da sua população) entre
1êxteis em muitos distritos rurais da Europa. selou o destino de todas ao; empresas agrícolas uccssi vamcme grandes.
processo grad""I: ·O despovoamento deu-se :~ ªa1~\~ explicação simples para esle fenómeno. que vê como um De facto, parece que o eclipse do domínio e o grande dec línio do cultivo dominial din:c10 ocorrem nos anos a
a ""':' .UU dccre.ccrite destinada ao cultivo de cerca· . onde havia Já uma boa po,.,-ão de pas1os paralelamente seguir a t 380, J>Clo menos na França e em lngla1err.i•. Duby. ibid.. 3 11 .
L armg1do •perus lentamente• (p. 210). " · ( ... )as enclosurer e o despovoamento [são) um objcctivo
Uma afumação anterior de Duby era mais cautelosa: · Parece pro»ávcl, porlllnto, ( ...) que a grande propriedade..
no decurso da ~gunda metade do ~culo XIV e durante o século XV. se não se reduziu nota\·elmente cm tamanho
34
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Maiorca em 13:5 J; 3 Jacquerie em França em 1358; rebeliões di spersas na Alemanha m~i~o
anres da grande guerrn camponesa de 1525. Repúblicas campo~esas ergueram-se na Fnsia um fenómeno muito mais limitado cm Fran a"'; .
no séculos XII e XIII e na Su íça no sécu lo XIII. Para 8 . H. Sltcher van Barh, «as revolras cado pelo faclo de a França ser mais d ç · Sem dúvida que tal facto é em pane expli-
mai s cedo do que qualquer .outra áreae~sarnenre povoada e ter procedido aos arroteamentos
camponesas correr.im a par da rc:cessão económica» " ' 1. Do~b su.gere que quando tal reces-
pedológicas. uropeia, quer por razões históricas quer por razões
são ocorreu foi particularmente dura não para os estralos mais ba1rns d.os rrabalhadores, que
provavelmente nunca estiveram muiro bem. mas para «OS estralos supenores dos camponeses Nesta altura em que a procura de produtos , , 1 .
rios urbanos e consequentemente os re . agr1co as estava em contracç.ão. os salá-
prósperos que estavam em posição de alargar o culrivo para novas terras e de as melhorar, e d b Ih p ços mdusrna1s estavam a ~ ub ir, por causa da escas-
que nessa medida tendiam a ser a ponra de lança da revolta » 1291. sez e Ira a 0 provocada pelo decréscimo populacional. Isto. por l>Cu rumo aumentava
o súbito declínio da prosperidade implicou mais do que o descontentamento dos os cuslos do trabalho agrícola reduzindo ~imultaneamente as rendas (na medida em ue
camponeses. O despovoamento que o acompanhou - provocado por guerras, fomes e epide- estas eram fixas perante uma inílação dos preços nominais). 0 que conduzi u ao que M~
mias - conduzi u às ll'üs11mgen. à recessão do povoamento nas terras marginais, por vezes B.loch :hamou «empobrecimento momentâneo da classe senhorial. '"''· !\ão só os lucros
ao desaparecimento de aldeias inteiras. O abandono de aldeias não deve ser visto exclusi· dtmtnut,am co~? os <~~s_tos de exploraçã.o ~umentavarn, tal como normalmente acontece
vamente como s.inal de recessão. pois exi srem pelo menos duas outras importantes razões que nos penodo~ d1f1ce1s • levando os propnetanos a considerarem a possibilidade de abdicar ·
o explicam. A primeira. de incidência contínua. era a procura de segurança física quando a da exploraçao direc~. ~ aperto económico conduziu a um aumento das exacções sobre 0
guerra afectava uma região• JO•. A segunda, menos «acidental » e mais estrutural, era uma campe~ mato que, prejudicando então a produtividade. provocou a fuga dos camponeses l»•_
mudança na estrurura social agrária, a «vedação» ou «absorção» de terras. Parece claro que Uma v~a para a nobreza restaurar os seus rendimentos, frequentemente eficaz para os estra-
-também este processo continuava na Baixa Idade Média 1311. E é de certo modo difícil no t~s mats nc~s •. con<~!~t1u no ~e u envolvimento em novas e remuneradoras carreiras ao ser-
presente estádio dos nossos conhecimentos destrinçar as três. viço d_os pnnc1pes . Ela nao era no entanto suficiente para contrabalançar os efeitos da
Duas coisas nos parecem claras no rocante ao fim dos arroreamentos e à recessão dos recessao e consequentemente para conter o declínio dos seus domínios , .. e. ao afastar os
povoamentos. Eles foram , como Karl Helleiner salienta, «processos selectivos no que diz
respeito à dimensão das explorações. A percentagem de pequenas explorações abandonadas _ 35. Pese.z e Le Roy Ladurie propõem um número de 5 a 7% dt aldtias abandonadas 00 lm!."""loc oric:m.al
durante a Baixa Idade Média parece ter sido maior do que a de explorações de dimensão apro- enrre l 328 e os dias de hoje. Dizem eles: - Estes números não são insignificantes. mas estamos longe da taxa de .l&l-
observada por Abel na Alemanha e também dos números cakuLados por Beresford.-. \ 'illagt1 db..enb. 1 ~. A dife-
priada" '"'· Foram também selectivos por regiões. As Wiistungen parecem ter sido extensas rença de tax.a tende a con~nnar º .tema da reorganização agrária mais do que o do declínio d.a poputaç.ãu. Sa.bcmm
não só na Alemanha e na Europa Central 1331, mas também em Inglaterra <341. Foram no entanto que hou ve d1ferenças consideráveis na reorganização agrária. e que em Fra.~ por eumplo. se criuam muito menos
gran~~s domínios do que quer em lngla[erra quer na Alemanha. É claro que JXX1e ter tii"·ido dif~ na u xa de
declm1~ ~ pop~lação no~ séculos xrv e XV. mas aqui mO\'Cm~nos em terrenos mais frágeis. dado que muitos dos
28. Slich<r van Bath. AA.G.B .. n.• 12, 190. Ele descreve o processo desta fonna: •Os camponeses sen- dados sao. mfendos. precisamente , de fenómenos como as aldeias abandonadas. f\Jo pcxkmos por w..:, utiliur l3is
cllm·sc descontentes por verem os baixos preços dos produtos agrícolas, e compara vam-nos com os altos preços e dados, pois nos envolveríamos num raciocínio circular.
os SJ.iirios rel.a.r.i\•amcnte elevados que obtinham na indústria. Frequentemenre, algum aumento adicional dos rribu- 36. Marc Bloch , l u caracteres originau.r dd histoire rura/e /rançais e (Paris: Annand Cotin. t %-!). L Jll.-
los que o go,·emo ou o proprietário pensavam poder ainda ser suportado era a faísca que inflamava ressentimentos 37. Henri Lefebvrc, «Une discussion historique: du f~odalisme au capitalisme: Obscrntians.• . ÚJ Prruü.
há muito latmtc:s •. n.• 65, Jan.-Fe v. 1956, 22.
~- 29. Mauritt Dobb, Paptrs on Capitalism, D~\·elopmelll and Planning (Nova Iorque: fmemarionaJ Publ., 38. • O resultado des1a pressão acrescida foi não só exaurir a galinha~ punha os o»os de ouro IJ3!ll oca=lo.
196h li. mas provocar, por desespero puro e simples, um mo,»imento de emigração ilegal das se:nhori:is_(... J o probJema dos
30. Ver, por exemplo, a discussão relativa à França nos séculos xrv e XV por Jean-Marie ·Pesez e fugiti vos tomou-se tão considerável e a fome para os que rraba.lhanm tão granck: que. apesar dos ual3das e d.is
Em:'1'1aD~.1 Lc Ro~ Ladurie. • lc cas français: vue d'ensembfe,., Vil/ages désertés el histoire économique, X/"- promessas mútuas, se desenvolveu uma concorrência efectiva para a1rair e roubar os servos dos dominios ,.izinhos
-X\ 1/t sud<S.(Paris: S.E. V.P.E.N., 1965). 155. Também eles assinalam que a procura de segurança pôde algumas - uma concorrência que (.. .) envolvia a oferta de algumas concessões e cujJ u ist&x:ia impunha os sew própnos
•-cus ter >ido imposta aos camponeses por cidades vizinhas, por considerações esLratégicas (ver p. 156). Ver Cario limites a aumen1os adicionais da ex ploração feudal •. Maurice Dobb. Srudies in the Dewloprntnt of Capilalüm
Cipoll>. Clocts aruJCulruu. 1300-1700 (Nova Iorq ue: Walker & Co., 1967a): J 15. (Londres: Routledge & Kegan Paul , 1946). 46-47.
• • 31. .verª ~iscussão desie 3'.sunto por Goorges Duby em • Démographie et villages déscrtés•, Vil/ages 39. «-De facto. a queda dos pagamemos fixos.j untamente com o declínio da administração dirttta e a neces-...,
dismes <t lusroire econom1que. X/•. )(VIJI• siedes (Paris: S.E.V.P.E.N., 1965). 18-23. sidade de gastar dinheiro em reparações, afectou significativamente a situ3Çào financeira de todos os senhores {durante
in Ca~~t ~::~~!~ :;;~:
1
~:~lation ~f Euro~ from lhe Bl.ack Deaúi to the Eve of the Vital Revolution•. os séculos XIV e XV] . Por lodo o lado pareciam can:nlcs de dinheiro e à cspn-i u dc lucros extcnores. e por esta
razão se lançavam em correrias e aventuras que os leva\•am para longe dos seus domínios. Contudo, as \/árias formas
;,, tht 16rh and 17 h C . '> >/ pe. IV. E. E. R1ch e C H. Wilson, eds., Tire Economy o/ Expanding Europe
dismis 14 16· ;<se;:';';'~(~ e ~º1~ª lorqu~: Cambridge Un ivorsity Press, 1967), 15. Ver Duby. Vil/ages
de complerarem os seus rendimentos. tais como a aceitação de cargos junto de princi pies mais poderosos que pro-
v;,
.33.. \l.'ílhclm oy . e.,_ . agesdesmés. 181 -183. . curavam aliados ou a via inccna da intriga polí1ica e das alianças mauimoniais. asseguraram a manutenção de quase
todas as grandes fonunas aristocráticas•. Georges Duby. Rural Economy and Counrry Lift in tht Mtdie\·a l wes1
1955). S-12. Abel, Du lhsrungen dts Ausgeherulen Mrtre/a/ters, 2.' ed. (Es1ugarda: Verlag,
(Columbia: Univ. of South Carolina Press. 1968), 330. _,
: 3-1. Ver Maurice W Bcrcsford, Th lo V.,/ >/E 40. O declínio cada \'Cl. mais pronundado do preço dos cereais quando compando com os salários rurais.
ford d.>ta o ztnite do despo»~nlO (wuo'o .~~~:!"o ngland (Londres: Lu1terworth Press, 1954). Beres- que eram mantidos a um nível tão elevado pe la concorrência da indústria urbana e a dispersão dos trabalhadores
1440e 1520(verp. 166). Con• idera as enclosur total de aldeias como a redução da sua população) entre
1êxteis em muitos distritos rurais da Europa. selou o destino de todas ao; empresas agrícolas uccssi vamcme grandes.
processo grad""I: ·O despovoamento deu-se :~ ªa1~\~ explicação simples para esle fenómeno. que vê como um De facto, parece que o eclipse do domínio e o grande dec línio do cultivo dominial din:c10 ocorrem nos anos a
a ""':' .UU dccre.ccrite destinada ao cultivo de cerca· . onde havia Já uma boa po,.,-ão de pas1os paralelamente seguir a t 380, J>Clo menos na França e em lngla1err.i•. Duby. ibid.. 3 11 .
L armg1do •perus lentamente• (p. 210). " · ( ... )as enclosurer e o despovoamento [são) um objcctivo
Uma afumação anterior de Duby era mais cautelosa: · Parece pro»ávcl, porlllnto, ( ...) que a grande propriedade..
no decurso da ~gunda metade do ~culo XIV e durante o século XV. se não se reduziu nota\·elmente cm tamanho
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. pod t ocasio1nlmen1e e.ncorajaclo o seu des interesse pel a ?'IV t.... r, um rcvc!s que foi mais !arde ullrapassado Eu cn K .
senhores das suas residências. e er • • necessário para o dcscnvolvirnenlo de uma e . : g . . osmrnsky vê-o como um passo
e,, plorJçào. . _ . , ides ro riedadcs'? Foram vendidas ou arrendadas A perspccli va 1eórica é difcren1e. ·conomia capualisra "''· Os fac tos são os mesmos.
o que acontL'l"CU enrno às gr:n • p p . . do p·iri se envol ver c m rnl rrnnsac-
AI~ aqui , raramcn1e mencionamos nesta di scussão as Iram formações na es fera política
r
. •· . 1 , po capaz e prepara • • . _ .
mone~Jri:unenle ao pnn~ ipa i;rud . • ·rw:un cm posição de obter cond1çocs lavo-
ção. os can1poneses mais abasta os. que cs • . e cn~ ~'. 1rt1 cul~r ~ l~nla ascensào de um:1 burocracia de fa tadu ccn1r.iliz.ada. No apogeu d~'
feuda li smo oc1_d~ n1al , quando o Es1ado atingira a sua máxima debi lidade. 0 proprietári o, 0
. r.iveis '" '·
'" o..-,·emos con1udo ;c:
• rei· uc .1 organi zação social da produção agrícola não crn
~ ·~ . c~m ';,1aiores na Europa Oc idenral , em parte porque
idêntica.por 10clo ~ lado. ~ i:~~~s ueria a maio~ efic iência relativa de grandes unidades.
sc_n_h or do domin10, prosperava. Por muuo que, mais tarde. a máq uina es1atal pudesse vi r a ser
uuh~da pela nobreza para ampliar os seus inlcrcsscs. ela estava então indiscuti vdmenJe melhor '
s_erv1da pela fraqueza d~s reis e imperadores. Não só os nobres estavam pcssoalrncn1e mais,·
'-uma ma1o·r ~em1d~d~ ~fe~:~~ da rec·e~sào económica conduziram ao mesmo abandono das livres do controlo e da lnburaçào como es ta vam tam bém mais livres para conlrolarem e rribu -
Na Europa . e~rra . '. '""iº1se destas Wiisr1111~en é complicada pelo facto de representarem lare~ os camponeses. Nessas sociedades. onde não existia qualquer ligação efectiva entre a
rerrJs man?m:us. mas ~~·"" • . l <421 M .
-roce ·so de vedação como um processo de abandono puro e sm1p es . ais para aulondade cenlrnl'. com a sua ordem legal, e as massas, o cfciw da violênCia era duplo. uma J
tllllO wn ~ d: nburgo e na Polónia. como veremos mais tarde, onde a densidade populacional vez que, como sahen1ou Bloch. «pela acção do costume. um abuso pode sem pre transmu-
Leste:. ndao ranenor os senhores que em conjunto possuíam menos terra que os camponeses, tar-se num precedente, e um precedente num direi lo" '""'·
era :un · m • · • ' b' 1 d
«\·iram os seus domínios adquirirem !Odas as terras abandonadas pelo su 110 co apso emo- Por isso, os senhores nunca encarariam bem o reforço da máquina central ~e não csti -~ '...
l!Tifico~ " l'. . · · vessem numa !ai siruação de enfraquecimento que lhes era mais difícil resistir às rei vin-
r- Quão vantajoso isto viria a ser para eles no sé~ulo XVI, q~ão P':°.fundamente 1s10 vma dicações da auwridade cenlral e os tomava mais disposws a aceitar os benefícios da ordem
3
alter.ir a estrutura social da Europa Oriental, quão importante 1s1~ v'.na ª. ser para o desen- imposta. Uma tal si luação era originada pelas dificuldades económicas dos séculos XIV e XV
volvimento da Europa Ociden1al - todas estas questões estavam md1s~u11v:lmen1e . fo~a do e pelo declínio dos rendimentos senhoriais.
aJc.111ce dos proragonisras nos séculos XIV e XV. Mas nas terras aráveis nao mar~11ia1s ~a Paralelamente com os dilemas económicos verificou -se uma alleração tecnológica n/ .
Europa Ocidemal. a reserva senhorial excessil'amellle grande dá lu~ar a ex~l~raçoes mais aite da guerra, do arco de llecha para o canhão e o mosquete, da guerra de cavalaria para uma
pequenas. Assim, simul1aneamen1e, dá-se a ascensão de um campesmalo ~e~10 nas terras guerra em que a infantaria carregava e que portamo requeria uma maior disciplina e treino.
aráveis da Europa Ocidenral e o início das vedações das terras menos arave1s na Europa Tudo isto significava que os custos da guerra aumentavam, o número de homens nec essári os
Ocidental (que viriam a ser a base da expansão da criação de gado) e da concentração da crescia e a necessidade de um exército permanente em vez de formações ad hoc tomava-se
propriedade em grandes domínios na Europa Orienral (que viria a desempenhar uma nova cada vez mais clara. Dadas as novas exigências, nem os senhores feudais isoladamen1e. nem
, função como área exportadora de cereais). as cidades-estados, podiam realmente suportar as despesas ou recrutar os homens necessários,
- Esre período de «colapso» económico ou de «esragnação» foi bom ou mau para o especialmente numa época de crise populacional t•7J. Na verdade, mesmo os csrados territo-
desenvolvimento de uma economia-mundo capitalista? Depende da profundidade da nossa
perspectiva. Michael Postan vê o século XV como uma regressão no desenvolvimento do século 44. •A grande época geradora do capiralismo inglês foi a fase inicial da Guerra dos Cem Anos. qW1J1do a<
exigências das finanças reais, as novas experiências na tributação, emprccndirnenms espc:culuivos com a lã.. o
coJapso das finanças italianas e a gestação de uma nova indústria têxtil se combinaram para d.1r existência a-uma.
e, por vezes, pelo contrário, aumentou, perdeu pelo menos a sua coesão>. • l.e grand domaine de la fm du moyen ãge nova raça de financeiros de guerra e de especuladores comerciais. fornecedores de armas e monopolistas de lã. Mas
esta raça vi veu ranto quanto era nova. As grandes fonunas perdiam-se tão fa c ilm~ntc como se faziam. e o periodo de
:=~ ~;~:=~ ,~°;[/~;~• lnrunationa/e d' Hirtoire Économique, Eslocolmo, AgoSlo de 1960: Contribu-
imprudência financeira e de gigantescas experiências fiscais desapareceu com o primeiro esúdio da guerra. (._)
. _ , .....

!.''·• · -: ·
'.,t
r

~
= wn. .41 · •O es~bcle.cimcnto final de rendas monetárias teve lugar em circunstâncias não lucrativas para os que
Ele foi-lhes em grande medida impoSI?, pois foi a ascensão do movimenlo popular que comP.,liu os
:~~-se -~s acomodatícms>t. Kosmmsky, Past & Presem, n.R 7, 33.
A classe mercadora inglesa respondeu à estabilidade e à recessão do comércio da mesma fDm13 que todos
os mercadores. Adaptou uma política de regulação e restrição, imped indo a entr:ida de no\'os recrutas no comércio
e rentando repanir enrre si o comércio disponíve l. (...) O que frequenremente t encarado como um.a prova de regu-
grupamento de rodo1b[~ub;:;od~~~~c;'~tan1emen1e precavidos para não _considerarmos o abandono e o rea-
lação tipicamenre medieval é, de faclo. nada mais do que exemplos do abandono. no stculo XV. das condições mais
livres e mais especulati vas dos séculos anteriores». M. M. Postan. ·«Thc: Fifte-e:nth Ccnrury•. Eronnmic Hisrory
constrangimcntos agrários estriro séc · .]x":~ampos em pciu_cos 1em1ónos de aldeia consistentes sujeitos a
1 Review, IX, 2, Maio 1939, 165-166.
r!grlcola ou de um súbiro declínio~~ ';:pul~ãos p e XV~como sinais de mal-estar económico, de incapacidade
1 45. ((Pensamos que não foi o despovoamento. mas antes a liquidação da economia dominial. a comutação
crítica no crescimcn10 da economia cerealífe o. d~ ~ con1r o, estas lrans f~réncias topográficas reflccrem uma fase
e a diminuição da renda feudal, que implicou a melhoria da siruação dos camponeses e a expansão da produção
dcsenvqlvimcnto e natureza aos que no sécul~·; u i3/ f:°r u~ século ou dois, _mas perfeitamente comparável no seu
1

noroeste, os senhores vedaram as suas flO{Cstas . m tmr1 o a sua sede na Ile de France. Assim, na Gennânia do
comercial simples, que preparo u o caminho para as relações capiialisras. Umo redução moderada da população (...)
podia apenas intensificar e modificar (... ) o refor>o deste desenvol vimento• . Eugen A. Kosminst y. Studi in onore di
aos porcos dos camponeses. pro ibindo a partir~';~~~ or au~~ntav~. Cercaram-nas de sebes, impediram a entrada
Armando Sapori, 1, 567.
poder~ senhores IOmava esLt vedação inevilável as f::,~~o a penódica de lenha para aquecimen10. Dado que o 46. Marc Bloch, • The Rise of Dependenl Cullivarion and Seigncurial lnstirutions• . in M. M. Postan, ed.,
;.:,,,~~°"'"'· da criação de animais e do~ cullivos ~oqu~ nesiasdzonas ílorestadas retiravam muito da sua Cambridge Economic History o/ Europe, 1: The Agrarian Lift of tht Middle Ages (Londres e Nova Iorque: Cam-
estabelecido em a alterar a sua forma de vida e o Waldbaueri:=~~~a os llveram de alterar os ~us objectivos. bridge Universi1y Press, 1966), 269. . :r
43. /hid~":,V::3P(s":'anen1es•. Rural Economy , 309. se um Ackermann, um culttvador genuíno 47. • Rival da cidade-estado, o Esiado 1erritorial, rico cm esperanças e cm homens, mosrrou-se mais capaz
de suponar os custos da guerra moderna; financiou c•ércitos mercenários, garantiu a disposição dos dispendiosos

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. pod t ocasio1nlmen1e e.ncorajaclo o seu des interesse pel a ?'IV t.... r, um rcvc!s que foi mais !arde ullrapassado Eu cn K .
senhores das suas residências. e er • • necessário para o dcscnvolvirnenlo de uma e . : g . . osmrnsky vê-o como um passo
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o que acontL'l"CU enrno às gr:n • p p . . do p·iri se envol ver c m rnl rrnnsac-
AI~ aqui , raramcn1e mencionamos nesta di scussão as Iram formações na es fera política
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. •· . 1 , po capaz e prepara • • . _ .
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• rei· uc .1 organi zação social da produção agrícola não crn
~ ·~ . c~m ';,1aiores na Europa Oc idenral , em parte porque
idêntica.por 10clo ~ lado. ~ i:~~~s ueria a maio~ efic iência relativa de grandes unidades.
sc_n_h or do domin10, prosperava. Por muuo que, mais tarde. a máq uina es1atal pudesse vi r a ser
uuh~da pela nobreza para ampliar os seus inlcrcsscs. ela estava então indiscuti vdmenJe melhor '
s_erv1da pela fraqueza d~s reis e imperadores. Não só os nobres estavam pcssoalrncn1e mais,·
'-uma ma1o·r ~em1d~d~ ~fe~:~~ da rec·e~sào económica conduziram ao mesmo abandono das livres do controlo e da lnburaçào como es ta vam tam bém mais livres para conlrolarem e rribu -
Na Europa . e~rra . '. '""iº1se destas Wiisr1111~en é complicada pelo facto de representarem lare~ os camponeses. Nessas sociedades. onde não existia qualquer ligação efectiva entre a
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tllllO wn ~ d: nburgo e na Polónia. como veremos mais tarde, onde a densidade populacional vez que, como sahen1ou Bloch. «pela acção do costume. um abuso pode sem pre transmu-
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«\·iram os seus domínios adquirirem !Odas as terras abandonadas pelo su 110 co apso emo- Por isso, os senhores nunca encarariam bem o reforço da máquina central ~e não csti -~ '...
l!Tifico~ " l'. . · · vessem numa !ai siruação de enfraquecimento que lhes era mais difícil resistir às rei vin-
r- Quão vantajoso isto viria a ser para eles no sé~ulo XVI, q~ão P':°.fundamente 1s10 vma dicações da auwridade cenlral e os tomava mais disposws a aceitar os benefícios da ordem
3
alter.ir a estrutura social da Europa Oriental, quão importante 1s1~ v'.na ª. ser para o desen- imposta. Uma tal si luação era originada pelas dificuldades económicas dos séculos XIV e XV
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aJc.111ce dos proragonisras nos séculos XIV e XV. Mas nas terras aráveis nao mar~11ia1s ~a Paralelamente com os dilemas económicos verificou -se uma alleração tecnológica n/ .
Europa Ocidemal. a reserva senhorial excessil'amellle grande dá lu~ar a ex~l~raçoes mais aite da guerra, do arco de llecha para o canhão e o mosquete, da guerra de cavalaria para uma
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aráveis da Europa Ocidenral e o início das vedações das terras menos arave1s na Europa Tudo isto significava que os custos da guerra aumentavam, o número de homens nec essári os
Ocidental (que viriam a ser a base da expansão da criação de gado) e da concentração da crescia e a necessidade de um exército permanente em vez de formações ad hoc tomava-se
propriedade em grandes domínios na Europa Orienral (que viria a desempenhar uma nova cada vez mais clara. Dadas as novas exigências, nem os senhores feudais isoladamen1e. nem
, função como área exportadora de cereais). as cidades-estados, podiam realmente suportar as despesas ou recrutar os homens necessários,
- Esre período de «colapso» económico ou de «esragnação» foi bom ou mau para o especialmente numa época de crise populacional t•7J. Na verdade, mesmo os csrados territo-
desenvolvimento de uma economia-mundo capitalista? Depende da profundidade da nossa
perspectiva. Michael Postan vê o século XV como uma regressão no desenvolvimento do século 44. •A grande época geradora do capiralismo inglês foi a fase inicial da Guerra dos Cem Anos. qW1J1do a<
exigências das finanças reais, as novas experiências na tributação, emprccndirnenms espc:culuivos com a lã.. o
coJapso das finanças italianas e a gestação de uma nova indústria têxtil se combinaram para d.1r existência a-uma.
e, por vezes, pelo contrário, aumentou, perdeu pelo menos a sua coesão>. • l.e grand domaine de la fm du moyen ãge nova raça de financeiros de guerra e de especuladores comerciais. fornecedores de armas e monopolistas de lã. Mas
esta raça vi veu ranto quanto era nova. As grandes fonunas perdiam-se tão fa c ilm~ntc como se faziam. e o periodo de
:=~ ~;~:=~ ,~°;[/~;~• lnrunationa/e d' Hirtoire Économique, Eslocolmo, AgoSlo de 1960: Contribu-
imprudência financeira e de gigantescas experiências fiscais desapareceu com o primeiro esúdio da guerra. (._)
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Ele foi-lhes em grande medida impoSI?, pois foi a ascensão do movimenlo popular que comP.,liu os
:~~-se -~s acomodatícms>t. Kosmmsky, Past & Presem, n.R 7, 33.
A classe mercadora inglesa respondeu à estabilidade e à recessão do comércio da mesma fDm13 que todos
os mercadores. Adaptou uma política de regulação e restrição, imped indo a entr:ida de no\'os recrutas no comércio
e rentando repanir enrre si o comércio disponíve l. (...) O que frequenremente t encarado como um.a prova de regu-
grupamento de rodo1b[~ub;:;od~~~~c;'~tan1emen1e precavidos para não _considerarmos o abandono e o rea-
lação tipicamenre medieval é, de faclo. nada mais do que exemplos do abandono. no stculo XV. das condições mais
livres e mais especulati vas dos séculos anteriores». M. M. Postan. ·«Thc: Fifte-e:nth Ccnrury•. Eronnmic Hisrory
constrangimcntos agrários estriro séc · .]x":~ampos em pciu_cos 1em1ónos de aldeia consistentes sujeitos a
1 Review, IX, 2, Maio 1939, 165-166.
r!grlcola ou de um súbiro declínio~~ ';:pul~ãos p e XV~como sinais de mal-estar económico, de incapacidade
1 45. ((Pensamos que não foi o despovoamento. mas antes a liquidação da economia dominial. a comutação
crítica no crescimcn10 da economia cerealífe o. d~ ~ con1r o, estas lrans f~réncias topográficas reflccrem uma fase
e a diminuição da renda feudal, que implicou a melhoria da siruação dos camponeses e a expansão da produção
dcsenvqlvimcnto e natureza aos que no sécul~·; u i3/ f:°r u~ século ou dois, _mas perfeitamente comparável no seu
1

noroeste, os senhores vedaram as suas flO{Cstas . m tmr1 o a sua sede na Ile de France. Assim, na Gennânia do
comercial simples, que preparo u o caminho para as relações capiialisras. Umo redução moderada da população (...)
podia apenas intensificar e modificar (... ) o refor>o deste desenvol vimento• . Eugen A. Kosminst y. Studi in onore di
aos porcos dos camponeses. pro ibindo a partir~';~~~ or au~~ntav~. Cercaram-nas de sebes, impediram a entrada
Armando Sapori, 1, 567.
poder~ senhores IOmava esLt vedação inevilável as f::,~~o a penódica de lenha para aquecimen10. Dado que o 46. Marc Bloch, • The Rise of Dependenl Cullivarion and Seigncurial lnstirutions• . in M. M. Postan, ed.,
;.:,,,~~°"'"'· da criação de animais e do~ cullivos ~oqu~ nesiasdzonas ílorestadas retiravam muito da sua Cambridge Economic History o/ Europe, 1: The Agrarian Lift of tht Middle Ages (Londres e Nova Iorque: Cam-
estabelecido em a alterar a sua forma de vida e o Waldbaueri:=~~~a os llveram de alterar os ~us objectivos. bridge Universi1y Press, 1966), 269. . :r
43. /hid~":,V::3P(s":'anen1es•. Rural Economy , 309. se um Ackermann, um culttvador genuíno 47. • Rival da cidade-estado, o Esiado 1erritorial, rico cm esperanças e cm homens, mosrrou-se mais capaz
de suponar os custos da guerra moderna; financiou c•ércitos mercenários, garantiu a disposição dos dispendiosos

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relem como a frequ ência d as revoltas campo. produção liq uida, e~ ~r?"ução era baixa, tal como a quantjdade de moeda e a sua circulação.
riais enfrentavam dificuldades para manter a o ' Era ex'.r.emamcntc d1f1crl con1 rolar os impoMos , quer por causa da falta de pessoal quer pela
141
.nesas demonstra ' · stemunhou 0 aparecimento de grandes restauradores da insufic1enc1a de reg istos quan11ficados. Não é por is!>O de e' tranhar que os govemanl.e s recor-
' O século XV. conlUdo. te J· L . XI em França. Henrique VII cm Inglaterra e Fer- ressem con ~ta nlem en tc a fontes alternativas de rendimento. de!>de a confi '>Caç~o ao empréstimo.
ordem interna na Europa Ocidenta · ui s E panha Os mecanismos mais importantes à sua passando pela venda de cargos e pelo avi ltamen to da moeda . Mas qualquer destas aJtemati-
• Isabe l de Caste 1a em s · vas, embora pudesse reso lver os dilemas financeirO\ do momen to. tinha efe itos n~ga1h·os a
nando de A ragao e · cus predecessores menos bem sucedidos, eram
. . - ·ta tarefo como para os s . longo prazo no poderio político-económico do rei '"'. t.1esmo a<isim . seria errado dar exces-
disposiçao nes .· _ d b rocracia (civil e armada) suficientemente forte para
financeiros· a árdua cnaçao e uma u . . . } E siva importáncia às dificuldades. É a magnitude das reali7.açõe~ neste campo que é impres-
tribuur e · nanto para financiar uma estrulUra burocrática ainda ma is. orte. s te ~rece sso
sionante. Os múltiplos compromis~os podem ser vistos como passos essenciai s na estrada do
"á se inici: nos séculos XII e XIII. Com o fim das invas~s, que unh~m anteriormente
sucesso. O arrendamento da cobrança de impostos'"• e a venalidade dos cargos ' ' podem ser
J ocu ado e exaurido os príncipes . 0 crescimento da populaçao'. o renascimento do co"."1ér-
vistos precisament e como exemplo de compromi\sos úteis. Para além disso. o flu xo crescente
pre p · 1 • monetária mais abundante, const1tu1u-se uma base para a tnbu-
c10 e ponanto uma circu açao . ,.,, á. de fundos c m direcção ao rei não prejudicou só a nobreza por forialecer o E.!.tado. mas também
tação que podia financiar 0 pagamento de fun cionários e tropa~ assalariados . Isto era v lido
por enfraquecer as suas próprias fontes de rendimento, especialmente na economi a mais difícil
não só cm França, Inglaterra e Espanha. mas também nos ~ri~ci~ados da Aleman.ha. dos séculos XIV e XV, e particularmente para todos quantos não estavam ligados à.s novas
Os impostos são sem dúvida a questão chave. E nao e facil começar o ciclo asce ~­ burocracias. Como diz Duby: «Uma grande parte dos rendimentos extraídos do solo pelos
dcntc '"''· Os obstáculos para a criação de um sistema fi scal eficaz na Bai x~ l~a~e Média camponeses a inda ia parar às mãos dos senhores, mas os progresw s infindáveis da tributação
parecem retrospectivamente difíceis de ultrapassar. A tributação apenas pode mc1d1r sobre a tinham a largado grandemente a parcela absorvida pelos agentes do Estado-. '" '·
E à medida que o Estado se fortalecia a manipulação monetária tomava-!oe mais ren-
nutcruit para a a11ilharia e dcprcsu se permitiu o grande Juxo da guen:a ~aríli~a cm grande escala. A sua ascensão dosa. Quando, nos séculos XIV e XV, as crises finan cei ras do Estado. acompanhadas pe la
fon durante mui10 tempo um fenómeno irreve~ível •. Braudel, ÚJ Mtdt1irranu, II, p. 8. . .
L Claro que n.W devemos antc:cipar. Sir Charles Oman .\ilUa apenas cm 1494 a mutação hi stórica na ane da guerra, se combinavam com baixas margens de lucro nos campos passíveis de serem tributa·
gucm.. Ver A /!iJfllr)' of 1h' Art o/ Wor in the Sütunth Ctntury íLondrc_s: ~ethue? , 1_937). p. 30. Para Oman as dos, os Estados tinham de descobrir outras fontes de rendimento. especialmente desde o
duJ.ti •tcn&:ncia:1o .. fno1e- 'loC bem e\ ta palavra) marcani es foram ... a progresi.1va 1mportanc1a dali armas de fogo, e (em momento cm que o despovoamento obrigou os príncipes a oferecer isenções de impostos aos
pvte dcvldo a cs~ progrc:1o..o) a u11Ji1..ação dati 1rinc:hcíras, que iriam mmar as carga, de cavalaria cada v~z m~?os
pr.iuchc1:1o fp. J3 J•. De fac10, algum isuiorc\ vão mah longe e sugerem que o impacto da nova tecnologia mJ11~ que reco lonizassem áreas devastadas. A manipulação monetária tinha assi m muitas vantagens.
t. cu gcrado. me.uno c:m rel~ãn ar> :..éculo XVI. Ver, por exemplo, H. M . Colvrn , "Cas1les and Govcmmenl rn Léopold Génicot assinala que há três explicações possíveis para os frequenres aviltamentos-
Tudor Engfand ... Ens:IM1 J/iJllirir.ol lfr~frw. LX XX JJI, 1968. p. 226. No cnlaJ"lto, se 1ívcnnos em menle que estamos deste período: a redução dos débitos do Estado (embora o aviltamenlo da moeda reduzisse
dcv:revcndo ctment.c't ou Jcndéncia, , podcrcmo4i comtalM um impaclO cumulati vo e contínuo que começa já no
também simultaneamente os rendimentos fixos, que constituíam a maior parte do rendimento
.t.:ul'' XIV.
4 ~ . • Ü\ oon Gll i"'°' .tculr" da ldatk M~dia, na Europa Ccnlral e Ocidenral, foram uma ~poca de inquie·
l>Ç.I<> nm.J e de de•povoamcnto. ( ... )A• grande• medida• palflica• do período preceden!e ( ...)• urgi ram prov isoria· O primeiro ri po , a i.olução feudal. muitas veze s precedida por uma economia senhori al e pda v-ma.J_idarle
menti:' conM"Jíncapa1.c:1 de dew:mpcnh.u a ~ua mhtiãt> de: polidamenro e de ordem que con.ui tu íam a sua verdadeira dos funcionários, 1endia a resull.ir num número relevantt de casos no cfectio.·o desmembramento do E§Udo.
111.kJ dt t.t:r... Bloch. Carartlrt J oriP,lnoux, pp. 117- 11 8. A e5tas fórmulas podemo'> opor o emprés1imo e a inflaç:lo, c:.a:pcdientes fínancc:irO"i que. coroo "ercmos.
4'J. •A-1• im , o falado cCJmeÇou a partir dc\ta ~poca a adquirir o elemento c~ sencia l da sua supremacia tam ~ m dependem da cslfu!Ura da economia.
- rtrofWIC fínancc irO'li inc1Jmpara..,elmcntc maiorc1 do que os da.t pcssou prívad•H ou das comunidades,,. Bloch, fatamos cen.imc:ntc: a resumir JXJlfl ica\, de dimensões bastante di\'cn as. pelas quais o Estado transforma a
f,t«kJ / Sucl,,y, p. 422. organi1..açílo social da ~ocicdadcH . Th forie Jocioloxiqur de /'impór (Paris: S.E.V .P.E.N .. 196S>. l. pp. 5-i 1 e u .
!>O. (T4vid l...()(.twuod dctLacou o prnblcma tcórico implfci10: 11A relação cnrre a burocracia e o fisco ~ de S 1. Por exemplo, a'i~i nala Ardant: .. rara obter os créd itos considerados nccesWios no âmbito dunu situaÇ:ão
1J'2nde mterdcpc~nci~. A eficácia da burocracia dcprndc dJ eficácia do 1eu i isiema Íl!l.Cal; e a eficác ia do seu sistema financeira dc~favortivc l , um fatado podia ser levado a empc:nhar-M:. no sentido do termo que indica uma restrição de
li\otil depende: da c:ítdci.ai do IJ"'.src:lho Durocr61ico. Au im. qualquer que r.cja a sua origem, qualquer aumento da soberania: uma fonlc c~pccífica de recei ta podia ser dewiada para crtdorcs extemos: os CTC"dorc s. ou o b~ que os
U ttll hur(..u~r Ka nu d«rt~ imo n~ capac id;Jdc uiburáría pode gerílr um drculo víciow de dcM:entralí1.ação do poder. apoiava, podiam cxcrc:er um ceno grau de vigi lância sobre a administração das finanças . e.1.tcnsinl à admmn tração
E'>c f41l.tll, ~.dia 1ou~1c~l.il.f·\C que a «ritie "füca l" d.a bumcracía pa1rímonii1I é c~t.cncia lmcnle análoga à crise de polf1ica. ele. flhid .. pp. 549.550 1.. .
~r~~àti do captt~lllrwJ. L.J ~h poritn\ ~ic 1cnú o fllitJ :iquclc ~ que repreti.et1I<im umil <1c.:tuílli1.ação do potcncíal .52. Max W eber. opondo a Europa Oc:ídcntal à fnd ia , su.su:nt.a: .:Tam~m nos es1ados do Oc1drnLC.. no
pida " ft:.udalr1..ç1'1 : a ltndéncu dlx furK.11m6t10\ pílra \e "apropriarem " d<'1 recuri.o'i ec:onómícoic e polflicos da principio dos tempos modernos. surgiu o arrcndam~nlo de impo'ilOSe a nom~ação de encarregados_ da rec~mcnto
furv,~o: • l~la ~)'t 1,.1;mdc, lcm1tcncn1e\ pau 11h1ercrn i'l-Cnçr.ie, fücai \ e/ou uwrparem a,; funçt>es fhcai5 e poll1icu; milirar - encarregados aos quai s as finanças tinham de ser cm grande medi~ co~fi.a <!3-'i · Na f~ 1a. 1odav1a._wh o
eª dr.pendoenu~ c<..onlJm lCa e_,_..,lfrM. 11 a 11uc ,5,, f11l"ç<J1J<,, '" Cí.lrrtponc M;11 ao procurarem pmtccç:lo contra a carga domínio dos grandes rein os não houve condições para i;e desen volvc:rc?1 .essas.ms11.1~ 1çocs centr.11 ~ que no Oc~~te
rí\Cal ~J "::nrm huruc:,árko. l~I<•\ lcndérK: 1a'I "cco1rffuga.\" podem l'.Cr \'iMa.11 como causa e 1ambc!m como consc· foram pcnni1indo que o.'i príncipe s roma.'isem <lc novo cm mãos li adm 1ms1raçao m1htar e fi nanceira •. Thr Rt'l1g10,,
Q~n<.ia <JtJ ~.>oívtl """-"-'1 ' ° de'" m«~nÍ!llJH~ para a m:111utcnçãtJ duma capacidade fiscal e dum con trolo ccnlral of /11dia ( Nova Iorque: Frec Pre<s, l 'J58J, 69.
:,.~:~v~; (~~:;;', ::~~;~ ~;;~,~~1~~,;~~1.1~~,;~~~"" · in George K. 7.oJbchan e Walter Jfirsch, cds. , Exp/ora/ÍfJll .H . ., A vena lidade dos cargos. ;1pcsar dos muitos obsl:iculos w~ que depara"·ª· tC:\'C ~tio como con·
sequência políri ca lo reforço do fawdo J. hto era, para a ad~inL'itr~:lo civil. o eq uivalente do !1-IS~cma das tropa..~
fatm .11 ~,;~muJ~~~ dc•~c dilema P''' ( i<1bricl "'~""' JKX: m11i1 ~nfoJt.C cm -'C'rcm a.• opções de polírica li s.ca l do as salariadas, .. mercenári as" - um siMcma denunciado com igual vigor ( ... ) ma.'> no ~~anta assoc iado à grande e
IY"'1t "CJ,,1fn4U:,1~1~q1~'i;,./',';!;,~~';::~;~')(:1 que omvcrw , cm~1r11 i.cjadifícil ~pará-lu. Diz Ardanr: 11Pondo de crcscenre fortuna do poder rea l. que a'>~im n3o dependia mais unicamenle da força mllnar d:3 no_brc:za . feudal ~. F.
cai, . rna' que- :.r.oe-nn lhc11 daiva JC<I rw I lt ntuu.'". govcrnoi 1nc11paze1 de reM>lvcram .u rwas dificuldadeic Íll· Chabod, ,.y ~+il un c!lat de la Rcnaissance?• . in AcltJ Ju Colloqut sur la Renainanu (Paris: L1b. Ptulosoph1que
lt-"rlA ou de (..nnqu1 \l.1n ~c.11:propr1~~:.ue em:!1m11adoi ~10 ~empoe mui1as vc1.c s e~banjadoic, quer M: 1ra1c de J. Vri n. 1958). p. 66.
riu ".ciai,, <•fcrcci:.m.. ~ du;i_, MJluçõc• ài~ ~~~~~~;tde~ cdc."4"ica ou da pcr§Cguiç4c1 ii111cmá1ica <lc certas calcgo· ~4. Duby. Rural Economy, p. 331.

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relem como a frequ ência d as revoltas campo. produção liq uida, e~ ~r?"ução era baixa, tal como a quantjdade de moeda e a sua circulação.
riais enfrentavam dificuldades para manter a o ' Era ex'.r.emamcntc d1f1crl con1 rolar os impoMos , quer por causa da falta de pessoal quer pela
141
.nesas demonstra ' · stemunhou 0 aparecimento de grandes restauradores da insufic1enc1a de reg istos quan11ficados. Não é por is!>O de e' tranhar que os govemanl.e s recor-
' O século XV. conlUdo. te J· L . XI em França. Henrique VII cm Inglaterra e Fer- ressem con ~ta nlem en tc a fontes alternativas de rendimento. de!>de a confi '>Caç~o ao empréstimo.
ordem interna na Europa Ocidenta · ui s E panha Os mecanismos mais importantes à sua passando pela venda de cargos e pelo avi ltamen to da moeda . Mas qualquer destas aJtemati-
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sionante. Os múltiplos compromis~os podem ser vistos como passos essenciai s na estrada do
"á se inici: nos séculos XII e XIII. Com o fim das invas~s, que unh~m anteriormente
sucesso. O arrendamento da cobrança de impostos'"• e a venalidade dos cargos ' ' podem ser
J ocu ado e exaurido os príncipes . 0 crescimento da populaçao'. o renascimento do co"."1ér-
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pre p · 1 • monetária mais abundante, const1tu1u-se uma base para a tnbu-
c10 e ponanto uma circu açao . ,.,, á. de fundos c m direcção ao rei não prejudicou só a nobreza por forialecer o E.!.tado. mas também
tação que podia financiar 0 pagamento de fun cionários e tropa~ assalariados . Isto era v lido
por enfraquecer as suas próprias fontes de rendimento, especialmente na economi a mais difícil
não só cm França, Inglaterra e Espanha. mas também nos ~ri~ci~ados da Aleman.ha. dos séculos XIV e XV, e particularmente para todos quantos não estavam ligados à.s novas
Os impostos são sem dúvida a questão chave. E nao e facil começar o ciclo asce ~­ burocracias. Como diz Duby: «Uma grande parte dos rendimentos extraídos do solo pelos
dcntc '"''· Os obstáculos para a criação de um sistema fi scal eficaz na Bai x~ l~a~e Média camponeses a inda ia parar às mãos dos senhores, mas os progresw s infindáveis da tributação
parecem retrospectivamente difíceis de ultrapassar. A tributação apenas pode mc1d1r sobre a tinham a largado grandemente a parcela absorvida pelos agentes do Estado-. '" '·
E à medida que o Estado se fortalecia a manipulação monetária tomava-!oe mais ren-
nutcruit para a a11ilharia e dcprcsu se permitiu o grande Juxo da guen:a ~aríli~a cm grande escala. A sua ascensão dosa. Quando, nos séculos XIV e XV, as crises finan cei ras do Estado. acompanhadas pe la
fon durante mui10 tempo um fenómeno irreve~ível •. Braudel, ÚJ Mtdt1irranu, II, p. 8. . .
L Claro que n.W devemos antc:cipar. Sir Charles Oman .\ilUa apenas cm 1494 a mutação hi stórica na ane da guerra, se combinavam com baixas margens de lucro nos campos passíveis de serem tributa·
gucm.. Ver A /!iJfllr)' of 1h' Art o/ Wor in the Sütunth Ctntury íLondrc_s: ~ethue? , 1_937). p. 30. Para Oman as dos, os Estados tinham de descobrir outras fontes de rendimento. especialmente desde o
duJ.ti •tcn&:ncia:1o .. fno1e- 'loC bem e\ ta palavra) marcani es foram ... a progresi.1va 1mportanc1a dali armas de fogo, e (em momento cm que o despovoamento obrigou os príncipes a oferecer isenções de impostos aos
pvte dcvldo a cs~ progrc:1o..o) a u11Ji1..ação dati 1rinc:hcíras, que iriam mmar as carga, de cavalaria cada v~z m~?os
pr.iuchc1:1o fp. J3 J•. De fac10, algum isuiorc\ vão mah longe e sugerem que o impacto da nova tecnologia mJ11~ que reco lonizassem áreas devastadas. A manipulação monetária tinha assi m muitas vantagens.
t. cu gcrado. me.uno c:m rel~ãn ar> :..éculo XVI. Ver, por exemplo, H. M . Colvrn , "Cas1les and Govcmmenl rn Léopold Génicot assinala que há três explicações possíveis para os frequenres aviltamentos-
Tudor Engfand ... Ens:IM1 J/iJllirir.ol lfr~frw. LX XX JJI, 1968. p. 226. No cnlaJ"lto, se 1ívcnnos em menle que estamos deste período: a redução dos débitos do Estado (embora o aviltamenlo da moeda reduzisse
dcv:revcndo ctment.c't ou Jcndéncia, , podcrcmo4i comtalM um impaclO cumulati vo e contínuo que começa já no
também simultaneamente os rendimentos fixos, que constituíam a maior parte do rendimento
.t.:ul'' XIV.
4 ~ . • Ü\ oon Gll i"'°' .tculr" da ldatk M~dia, na Europa Ccnlral e Ocidenral, foram uma ~poca de inquie·
l>Ç.I<> nm.J e de de•povoamcnto. ( ... )A• grande• medida• palflica• do período preceden!e ( ...)• urgi ram prov isoria· O primeiro ri po , a i.olução feudal. muitas veze s precedida por uma economia senhori al e pda v-ma.J_idarle
menti:' conM"Jíncapa1.c:1 de dew:mpcnh.u a ~ua mhtiãt> de: polidamenro e de ordem que con.ui tu íam a sua verdadeira dos funcionários, 1endia a resull.ir num número relevantt de casos no cfectio.·o desmembramento do E§Udo.
111.kJ dt t.t:r... Bloch. Carartlrt J oriP,lnoux, pp. 117- 11 8. A e5tas fórmulas podemo'> opor o emprés1imo e a inflaç:lo, c:.a:pcdientes fínancc:irO"i que. coroo "ercmos.
4'J. •A-1• im , o falado cCJmeÇou a partir dc\ta ~poca a adquirir o elemento c~ sencia l da sua supremacia tam ~ m dependem da cslfu!Ura da economia.
- rtrofWIC fínancc irO'li inc1Jmpara..,elmcntc maiorc1 do que os da.t pcssou prívad•H ou das comunidades,,. Bloch, fatamos cen.imc:ntc: a resumir JXJlfl ica\, de dimensões bastante di\'cn as. pelas quais o Estado transforma a
f,t«kJ / Sucl,,y, p. 422. organi1..açílo social da ~ocicdadcH . Th forie Jocioloxiqur de /'impór (Paris: S.E.V .P.E.N .. 196S>. l. pp. 5-i 1 e u .
!>O. (T4vid l...()(.twuod dctLacou o prnblcma tcórico implfci10: 11A relação cnrre a burocracia e o fisco ~ de S 1. Por exemplo, a'i~i nala Ardant: .. rara obter os créd itos considerados nccesWios no âmbito dunu situaÇ:ão
1J'2nde mterdcpc~nci~. A eficácia da burocracia dcprndc dJ eficácia do 1eu i isiema Íl!l.Cal; e a eficác ia do seu sistema financeira dc~favortivc l , um fatado podia ser levado a empc:nhar-M:. no sentido do termo que indica uma restrição de
li\otil depende: da c:ítdci.ai do IJ"'.src:lho Durocr61ico. Au im. qualquer que r.cja a sua origem, qualquer aumento da soberania: uma fonlc c~pccífica de recei ta podia ser dewiada para crtdorcs extemos: os CTC"dorc s. ou o b~ que os
U ttll hur(..u~r Ka nu d«rt~ imo n~ capac id;Jdc uiburáría pode gerílr um drculo víciow de dcM:entralí1.ação do poder. apoiava, podiam cxcrc:er um ceno grau de vigi lância sobre a administração das finanças . e.1.tcnsinl à admmn tração
E'>c f41l.tll, ~.dia 1ou~1c~l.il.f·\C que a «ritie "füca l" d.a bumcracía pa1rímonii1I é c~t.cncia lmcnle análoga à crise de polf1ica. ele. flhid .. pp. 549.550 1.. .
~r~~àti do captt~lllrwJ. L.J ~h poritn\ ~ic 1cnú o fllitJ :iquclc ~ que repreti.et1I<im umil <1c.:tuílli1.ação do potcncíal .52. Max W eber. opondo a Europa Oc:ídcntal à fnd ia , su.su:nt.a: .:Tam~m nos es1ados do Oc1drnLC.. no
pida " ft:.udalr1..ç1'1 : a ltndéncu dlx furK.11m6t10\ pílra \e "apropriarem " d<'1 recuri.o'i ec:onómícoic e polflicos da principio dos tempos modernos. surgiu o arrcndam~nlo de impo'ilOSe a nom~ação de encarregados_ da rec~mcnto
furv,~o: • l~la ~)'t 1,.1;mdc, lcm1tcncn1e\ pau 11h1ercrn i'l-Cnçr.ie, fücai \ e/ou uwrparem a,; funçt>es fhcai5 e poll1icu; milirar - encarregados aos quai s as finanças tinham de ser cm grande medi~ co~fi.a <!3-'i · Na f~ 1a. 1odav1a._wh o
eª dr.pendoenu~ c<..onlJm lCa e_,_..,lfrM. 11 a 11uc ,5,, f11l"ç<J1J<,, '" Cí.lrrtponc M;11 ao procurarem pmtccç:lo contra a carga domínio dos grandes rein os não houve condições para i;e desen volvc:rc?1 .essas.ms11.1~ 1çocs centr.11 ~ que no Oc~~te
rí\Cal ~J "::nrm huruc:,árko. l~I<•\ lcndérK: 1a'I "cco1rffuga.\" podem l'.Cr \'iMa.11 como causa e 1ambc!m como consc· foram pcnni1indo que o.'i príncipe s roma.'isem <lc novo cm mãos li adm 1ms1raçao m1htar e fi nanceira •. Thr Rt'l1g10,,
Q~n<.ia <JtJ ~.>oívtl """-"-'1 ' ° de'" m«~nÍ!llJH~ para a m:111utcnçãtJ duma capacidade fiscal e dum con trolo ccnlral of /11dia ( Nova Iorque: Frec Pre<s, l 'J58J, 69.
:,.~:~v~; (~~:;;', ::~~;~ ~;;~,~~1~~,;~~1.1~~,;~~~"" · in George K. 7.oJbchan e Walter Jfirsch, cds. , Exp/ora/ÍfJll .H . ., A vena lidade dos cargos. ;1pcsar dos muitos obsl:iculos w~ que depara"·ª· tC:\'C ~tio como con·
sequência políri ca lo reforço do fawdo J. hto era, para a ad~inL'itr~:lo civil. o eq uivalente do !1-IS~cma das tropa..~
fatm .11 ~,;~muJ~~~ dc•~c dilema P''' ( i<1bricl "'~""' JKX: m11i1 ~nfoJt.C cm -'C'rcm a.• opções de polírica li s.ca l do as salariadas, .. mercenári as" - um siMcma denunciado com igual vigor ( ... ) ma.'> no ~~anta assoc iado à grande e
IY"'1t "CJ,,1fn4U:,1~1~q1~'i;,./',';!;,~~';::~;~')(:1 que omvcrw , cm~1r11 i.cjadifícil ~pará-lu. Diz Ardanr: 11Pondo de crcscenre fortuna do poder rea l. que a'>~im n3o dependia mais unicamenle da força mllnar d:3 no_brc:za . feudal ~. F.
cai, . rna' que- :.r.oe-nn lhc11 daiva JC<I rw I lt ntuu.'". govcrnoi 1nc11paze1 de reM>lvcram .u rwas dificuldadeic Íll· Chabod, ,.y ~+il un c!lat de la Rcnaissance?• . in AcltJ Ju Colloqut sur la Renainanu (Paris: L1b. Ptulosoph1que
lt-"rlA ou de (..nnqu1 \l.1n ~c.11:propr1~~:.ue em:!1m11adoi ~10 ~empoe mui1as vc1.c s e~banjadoic, quer M: 1ra1c de J. Vri n. 1958). p. 66.
riu ".ciai,, <•fcrcci:.m.. ~ du;i_, MJluçõc• ài~ ~~~~~~;tde~ cdc."4"ica ou da pcr§Cguiç4c1 ii111cmá1ica <lc certas calcgo· ~4. Duby. Rural Economy, p. 331.

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. . ;unento numa époc:i em ~u~ o comérci~ crescia
d d mini os reai ): a escassez de meios de~; em ue as desordens publicas encoraia~am o meados do séc ulo Xll e os inícios do século XIV, em resumo no apogeu da prosperidade
a um ritmo uperior :iodas res ervas de pra ~. onómica del iberada no senudo do agrícola e comercia l da Idade Média, que podemos datar a tran\fomlaçiio da .Europa. _ .
emeso=mento dos meiai preciosos: ou uma po~uica ecbater os entesouradores. facilitar as Porquê nações-es tados e não im péri o<;? Devemos ~r prudentes na nossa tennjnolo- , ·
. bº an com 3 ddlaçao. com . _ .
abaiumento da ta.'-ª de c:un m P ~. • io Qual uer que seja 3 exphcaçao para os av1 1- gia. Talvez devêssemos pensa r a França do~ i.éculos XV e XVI como urn império e a do r.éculo
-e:otpottações e de te modo esumul ar 0 comerc fl · . .q·os e " reduziam desta fonna o valor XVII novamente como uma nação-estado . Isto é o que Fernand Braudel parece pens.ar ' "·
~nt da moeda. ele· eram .,aJra.me.nte. m a=;:s d»e rendimentos fi xos eram as classes Porquê este padrão de transformação? Braudel sugere que ~eJlisüa . com a expansão económica
real dos rendimentO'I lhos• '". Os pnnc1~.s : r: lativamenie ao Estado. dos séculos XV e XVI, uma conjuntura teimosamente favorável par~ O\ va tm . mesmo mui to
senhoriais e de:sta forma el:ls se enf~~u~cia . ra 0 príncipe. 0 príncipe cuja reputação vastos, estados, para estes "espessos" estado\.( ... ) De facto. a hi\túria é alternadamente fa\"o-
- o Esudory O que en E tado · N~ta epoca. ~coa pouco era afastado dos seus súbdi-
° rável e desfavorável a estrulura5 políticas vastas» ' 62 '. Fritz Hart ung e R. Mou\ni~ sugerem a
era loU\·ada. cuja maie;tade era prese i"' ª · e que po m grupo social distinto com característi- necessidade de uma dimensão mínima (ma5 também de um máx imo'! J para o ~tabeleórnento
b · que emero1a aeora como u
10s'"'. E era a urocracia. . i eal aliado do príncipe 'S'>. e que , apesar disso, como vere- de uma monarquia absoluta, uma fórmula que não foi bem sucedida em õt.ad~ pequ<:Tl05.
cas e in~resses elipec1a1s, o pnnc p b. , 1 t E eram os vários corpos parlamentares que «Sem dúvida, estes .últimos não podiam constituir unidades econ6micas e militares >.ufu:ien-
mos. pennanecena um grupo social .;un I' a araen eo. s auxi liarem na legislação que permitia o temente grandes para sustentar uma monarquia absoluta> ' 03 1• Estas ideias não pa.\= de _
,_ · ram como mecanismos p · . sugestões de resposta a um problema de considerável importância teórica. V. G. Kiem.an é · ,. ·. ·.
os so~~rano-s ena _ postos mu ito maioritariamente por nobres , que os reis
lançamento de impostos. corpo> com • va usar contra o rei tm. talvez quem nos ajuda mais nesse sentido mediante a seguinte clarificação concc:ptual:
tentav:mt u~r contra a nobrez.a e e:ta t.ntanão data do séc ulo XVl mas do século Xlll na Nenhuma dinastia procurou construir uma nação-estado; todas elas aspirara.'11 à <:xpa.~ ili-
Este Estado era uma cnaçao que . . . d
Euro· Oci<kntal. Yves Renouard reconstituiu a forma como as hnhas frontemças que ete~- mitada( ...) e quanto mais prosperavam tanlo mais o resu ltado era um império mulufaoe1ado
mi~ alé à actualidade as fronteiras da França, In glaterra e Espanha se estabel~~~~'mFaJ~ manqué. Ele linha que ser suficienlemente grande para sobreviver e aguçar as .ua.• garra> cm
relação aos seus vizinhos. mas suficientemente pequeno para poder ser organi zado d~ um
ou =nos definith·amente numa série de batalhas que ocorreram entre 1212 e : 01
centro, e para se sentir como uma entidade. Nas zonas rnai5 ocidentai5 da Europa urm C">. ~'1.1.âo
com base nessa\ linhas. mais do que em quaisquer outras (por exemplo: u~ Estad? aqu!tano
territorial excessiva estava limitada pela concorrência e pelos limitcS geográficos''"''·
mediterrânico que incluísse a Provença e a Catal unha; ou um Estado atla~t1co que m~lu1sse a
França Ocidental dos angevinos como parte da Inglaterra).' q_ue s~ :onstru1ram os senttmentos A não ser, claro está, que expandissem os seus impérios ultramarinos.
nacionalista.\ ulte ri ores. Primeiro as fronteiras, depois as paixoes, e tao verdade1r~ para a Eu~opa O que aconteceria a esses impérios manqués seria que. desenvolveriam rais01u ã état
do início dos tempos modernos como. digamos. para a Africa .d o século ~X . Foi neste pen~o diferentes das dos impérios, ideologias diferente s. Uma nação-estado é uma unidade territo-
que não só se definiram as linhas de fronteira como, o que é amda mais importante, se dec1d1u rial cujos governantes procuram (algumas vezes procuram . muitas vezes procuram. certamente
que ieriam de existi r li nhas de fronteira. Isto é o que Edouard Perroy designa .por ~alteração nem sempre procuram ) transformar numa sociedade nacion al - por razões que discutiremo~
fundamental • na estrutura pol ítica da Europa Ocidental '"'l. Na sua perspecuva, e entre os mais tarde. Este assumo é ainda mai s confuso quando nos lembramos que a partir do século
XVI as nações-estados da Europa Ocidental procuraram criar sociedades nacionai relaü-
55. Uopo!d Gén ic'". • Crisi.: From thc ~l iddle Age• to Modem Ti me•-. in Camhridxt Economic /fotory of vamente homogéneas no centro dos impérios, usando o empreendimento imperial como urrta
f.ivopt . l: Tót Axrarian Lift o/ Middlt AX"· 2.' ed. (Londtes e Nova Iorque: Cambrid ge Univ. Pres" 1966). P· 699. ajuda, talvez uma ajuda indi spensável, para a criação da sociedade nacional.
56. ·A im~ia atribuída â r~pUJação do principie. ranto por teóncos como por homens de acção ~por
cscrr..pkJ, Richelicu). tem a ver com a preocupação crescente pela "Maje51adc'::_tudo aqui lo qu~ .ª°:5 poucos cnava
din.i."lCta cntte o príncipe e O\ c.cus 1ioúbditos, colocando-O num plano que não adm111a qualquer fam1l1andadc• . 01abod. 61. .-De facto. a roda da fortuna mudara. O r.tcu lo (XVI]. nos seus primeif'O:\ ~ fa.,·on:cc1J OI grandes
A<r<s.p.72. . . . estados !Espanha, Império 01omano). que eram, como diriam os ccCJOOmistas, o 1ipo de emprcu. políúc:a com
51 . .. A par drJ poder do principc. outro poder crescia tambtm: u do ··corpo" burocrático. As.'1m surgiu o dimensões óptima.". Com o decur.;.o do século, e por razões que não podemos upllcar c-~te . c~.ses gnndcs
upnt d~ corp1. vinculando-<>'\ um êiO outro, apc~ar de todas a.\ disputas pe'IOOai~ e privadas, e não só entre os offi~ corpos foram sendo traídos pelas circuns1ãncias. A cri~ foi de traruição ou cstrulUra.I? fnqucu ou deadtncia? A
cius d~ j uwu. ~ ma.is proem1nenteS burocrata.<;. mas também entre oi; resta ntes.( ... ) verdade é que no início do século XVII apenas O!ir. c~Lldos de dimensões. medianas pareciam 5.er Vl&~· Tal foi o
fau: poder crescente do .. quarto estado ... o aliado - cm termos políticos - do poder do príncipe. que (ora caso da França de Henrique IV . de hrui.co e' plcndor, ou da pequena Inglaterra de Isabel. bc licO'>• e r.idwuc: ou dJ>
c.res.cendo umultan.e..amente (s.tndo portamo "imult.ànea1; a cent rali zação admini!l.lratíva e o absolut ismo polftico), é Holanda organizada cm tomo de Amc ~ l crdão: ou da Alemanha invad ida pela quietude- matcnal desde 15S 5 a.tf aos
de [actD o clemcn!o fundamental em que oos dcvemO\ concentrar llhid., pp. 68-69. 72) ... anos que precederam a Guerra dos Trinta Anos, cm que atolaria o seu COfJX> e a sua aJma.. S o Mcd 1\C1Tánco, tal é o
~8. Edward ~ i tler di!l.Cute brei.·crm:mc a quc!o..là<> de como os ag.or<s mu ito mais complexos jogos de intc- caso de Marrocos. de novo rico em ouro. e da Regência de Argel. a história duma cid>de que s.t" tornou um E...udo
re\SCI corr~nt.'Tl a ganhar forma no fim da época medieval em vários estadO\ europeus. Ver .. Govcmmcnt and 1crri1orial. ~também o caso de Veneza. radiante, rc~plandeccnie de lu,;o, de beleza. de intc.ligCncl;s.: ou da Tos.c.an3.
E.conormc Polkie.!i and Publíc Financc~. 9CXJ- 15{JJ ... Fontwra Econnmic' fli s 111r y o/ Europt. l , 8. 1970, 34-40. do Grão-Duque Ftmando. ( ... )
.59. Ver Y\·C!I. Renouard. ., 1212-1216: Comment lts trai1s durableir; de l"Europe occidentalc modcme se sont Por outras pal av r a.~ . 05 lmpt rios devem ler sofrido mais do que os estados de dnneru...-'\rs
. inl~dW com
cltfmis au cltbmdu XUJ •iécle • . Annales dr /"Uni\'ersiti de Pam , XXV III . 1. Jan.-Março, 1958, 5-21. a regressão de 1595-1 62 1•. Braudcl, l.a Mldirlrranit, li, p. 47.
60.. •Um ·grande corpo unificado. mais ou menos coincidente com a Cristandade Latina. e composto por 62. lbid., li, p. 1u.
vma Q'..Jafttidade de pequena! cé lula-; au16ooma'i, ª" senhorias. deu lugar à justaposição de vastas w beranias teni· 63. Fr. Hanung & R. Mou..nier, • Qu<lques probl~mes conccm >.n1 la monorc:hie at..olue•. in Rtlazilmi
toriaii. bastanlie dínimu entre ~i. CK cm~riõcs dos e~tados da Europa moderna:.. Edouard Pcrroy ~t ai., U Moytn dei X Conxresso /nttrna zionalt di Scimu Storicht , IV: Storia Modtrna (Flomiça: G. 8. Saruoni, 1955). 47.
Agt , vol. IIl dJi·Hútoirt Glnlralt d" Cn•ilisatioru !Paris: Pre•scs Universitaires de France, 1955). 369-370. 64. V. G. Kieman, · SJate and Nations in Westem Europc-. Past & Prrun1. n.• 3 1, Julho 1965, 35·36.

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. . ;unento numa époc:i em ~u~ o comérci~ crescia
d d mini os reai ): a escassez de meios de~; em ue as desordens publicas encoraia~am o meados do séc ulo Xll e os inícios do século XIV, em resumo no apogeu da prosperidade
a um ritmo uperior :iodas res ervas de pra ~. onómica del iberada no senudo do agrícola e comercia l da Idade Média, que podemos datar a tran\fomlaçiio da .Europa. _ .
emeso=mento dos meiai preciosos: ou uma po~uica ecbater os entesouradores. facilitar as Porquê nações-es tados e não im péri o<;? Devemos ~r prudentes na nossa tennjnolo- , ·
. bº an com 3 ddlaçao. com . _ .
abaiumento da ta.'-ª de c:un m P ~. • io Qual uer que seja 3 exphcaçao para os av1 1- gia. Talvez devêssemos pensa r a França do~ i.éculos XV e XVI como urn império e a do r.éculo
-e:otpottações e de te modo esumul ar 0 comerc fl · . .q·os e " reduziam desta fonna o valor XVII novamente como uma nação-estado . Isto é o que Fernand Braudel parece pens.ar ' "·
~nt da moeda. ele· eram .,aJra.me.nte. m a=;:s d»e rendimentos fi xos eram as classes Porquê este padrão de transformação? Braudel sugere que ~eJlisüa . com a expansão económica
real dos rendimentO'I lhos• '". Os pnnc1~.s : r: lativamenie ao Estado. dos séculos XV e XVI, uma conjuntura teimosamente favorável par~ O\ va tm . mesmo mui to
senhoriais e de:sta forma el:ls se enf~~u~cia . ra 0 príncipe. 0 príncipe cuja reputação vastos, estados, para estes "espessos" estado\.( ... ) De facto. a hi\túria é alternadamente fa\"o-
- o Esudory O que en E tado · N~ta epoca. ~coa pouco era afastado dos seus súbdi-
° rável e desfavorável a estrulura5 políticas vastas» ' 62 '. Fritz Hart ung e R. Mou\ni~ sugerem a
era loU\·ada. cuja maie;tade era prese i"' ª · e que po m grupo social distinto com característi- necessidade de uma dimensão mínima (ma5 também de um máx imo'! J para o ~tabeleórnento
b · que emero1a aeora como u
10s'"'. E era a urocracia. . i eal aliado do príncipe 'S'>. e que , apesar disso, como vere- de uma monarquia absoluta, uma fórmula que não foi bem sucedida em õt.ad~ pequ<:Tl05.
cas e in~resses elipec1a1s, o pnnc p b. , 1 t E eram os vários corpos parlamentares que «Sem dúvida, estes .últimos não podiam constituir unidades econ6micas e militares >.ufu:ien-
mos. pennanecena um grupo social .;un I' a araen eo. s auxi liarem na legislação que permitia o temente grandes para sustentar uma monarquia absoluta> ' 03 1• Estas ideias não pa.\= de _
,_ · ram como mecanismos p · . sugestões de resposta a um problema de considerável importância teórica. V. G. Kiem.an é · ,. ·. ·.
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Este Estado era uma cnaçao que . . . d
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centro, e para se sentir como uma entidade. Nas zonas rnai5 ocidentai5 da Europa urm C">. ~'1.1.âo
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que não só se definiram as linhas de fronteira como, o que é amda mais importante, se dec1d1u rial cujos governantes procuram (algumas vezes procuram . muitas vezes procuram. certamente
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XVI as nações-estados da Europa Ocidental procuraram criar sociedades nacionai relaü-
55. Uopo!d Gén ic'". • Crisi.: From thc ~l iddle Age• to Modem Ti me•-. in Camhridxt Economic /fotory of vamente homogéneas no centro dos impérios, usando o empreendimento imperial como urrta
f.ivopt . l: Tót Axrarian Lift o/ Middlt AX"· 2.' ed. (Londtes e Nova Iorque: Cambrid ge Univ. Pres" 1966). P· 699. ajuda, talvez uma ajuda indi spensável, para a criação da sociedade nacional.
56. ·A im~ia atribuída â r~pUJação do principie. ranto por teóncos como por homens de acção ~por
cscrr..pkJ, Richelicu). tem a ver com a preocupação crescente pela "Maje51adc'::_tudo aqui lo qu~ .ª°:5 poucos cnava
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A<r<s.p.72. . . . estados !Espanha, Império 01omano). que eram, como diriam os ccCJOOmistas, o 1ipo de emprcu. políúc:a com
51 . .. A par drJ poder do principc. outro poder crescia tambtm: u do ··corpo" burocrático. As.'1m surgiu o dimensões óptima.". Com o decur.;.o do século, e por razões que não podemos upllcar c-~te . c~.ses gnndcs
upnt d~ corp1. vinculando-<>'\ um êiO outro, apc~ar de todas a.\ disputas pe'IOOai~ e privadas, e não só entre os offi~ corpos foram sendo traídos pelas circuns1ãncias. A cri~ foi de traruição ou cstrulUra.I? fnqucu ou deadtncia? A
cius d~ j uwu. ~ ma.is proem1nenteS burocrata.<;. mas também entre oi; resta ntes.( ... ) verdade é que no início do século XVII apenas O!ir. c~Lldos de dimensões. medianas pareciam 5.er Vl&~· Tal foi o
fau: poder crescente do .. quarto estado ... o aliado - cm termos políticos - do poder do príncipe. que (ora caso da França de Henrique IV . de hrui.co e' plcndor, ou da pequena Inglaterra de Isabel. bc licO'>• e r.idwuc: ou dJ>
c.res.cendo umultan.e..amente (s.tndo portamo "imult.ànea1; a cent rali zação admini!l.lratíva e o absolut ismo polftico), é Holanda organizada cm tomo de Amc ~ l crdão: ou da Alemanha invad ida pela quietude- matcnal desde 15S 5 a.tf aos
de [actD o clemcn!o fundamental em que oos dcvemO\ concentrar llhid., pp. 68-69. 72) ... anos que precederam a Guerra dos Trinta Anos, cm que atolaria o seu COfJX> e a sua aJma.. S o Mcd 1\C1Tánco, tal é o
~8. Edward ~ i tler di!l.Cute brei.·crm:mc a quc!o..là<> de como os ag.or<s mu ito mais complexos jogos de intc- caso de Marrocos. de novo rico em ouro. e da Regência de Argel. a história duma cid>de que s.t" tornou um E...udo
re\SCI corr~nt.'Tl a ganhar forma no fim da época medieval em vários estadO\ europeus. Ver .. Govcmmcnt and 1crri1orial. ~também o caso de Veneza. radiante, rc~plandeccnie de lu,;o, de beleza. de intc.ligCncl;s.: ou da Tos.c.an3.
E.conormc Polkie.!i and Publíc Financc~. 9CXJ- 15{JJ ... Fontwra Econnmic' fli s 111r y o/ Europt. l , 8. 1970, 34-40. do Grão-Duque Ftmando. ( ... )
.59. Ver Y\·C!I. Renouard. ., 1212-1216: Comment lts trai1s durableir; de l"Europe occidentalc modcme se sont Por outras pal av r a.~ . 05 lmpt rios devem ler sofrido mais do que os estados de dnneru...-'\rs
. inl~dW com
cltfmis au cltbmdu XUJ •iécle • . Annales dr /"Uni\'ersiti de Pam , XXV III . 1. Jan.-Março, 1958, 5-21. a regressão de 1595-1 62 1•. Braudcl, l.a Mldirlrranit, li, p. 47.
60.. •Um ·grande corpo unificado. mais ou menos coincidente com a Cristandade Latina. e composto por 62. lbid., li, p. 1u.
vma Q'..Jafttidade de pequena! cé lula-; au16ooma'i, ª" senhorias. deu lugar à justaposição de vastas w beranias teni· 63. Fr. Hanung & R. Mou..nier, • Qu<lques probl~mes conccm >.n1 la monorc:hie at..olue•. in Rtlazilmi
toriaii. bastanlie dínimu entre ~i. CK cm~riõcs dos e~tados da Europa moderna:.. Edouard Pcrroy ~t ai., U Moytn dei X Conxresso /nttrna zionalt di Scimu Storicht , IV: Storia Modtrna (Flomiça: G. 8. Saruoni, 1955). 47.
Agt , vol. IIl dJi·Hútoirt Glnlralt d" Cn•ilisatioru !Paris: Pre•scs Universitaires de France, 1955). 369-370. 64. V. G. Kieman, · SJate and Nations in Westem Europc-. Past & Prrun1. n.• 3 1, Julho 1965, 35·36.

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. . . . I feud alismo oc identa l nos séculos XIV e XV como o cenário Georgcs Duby reconhece que esta hipótci.e deve c(Jns iderar-s<: ser iamente. Certamente
D1 cu tuno' Já <1 cn sc e~ d E · . • . su·i trans fomtaç~o económica a panir do século que alguns dos abandonos de explorações agrícola~ no s.éc.ulo XIV (cercais na lsl:lndia•.as
pa.ra, o pre lúdio p:ira. a c:i:pan,:io .ª ·_u Pª_c ·• tê ~ s.id~ fornecid as largamente em lennos de
!
0
colóni as C5Cand inavas na Gronelândia. o progre~ '>O da n!)rCJta l",lJS Sudetas. o fim da vi1 k.11l-
XVI Até a••ui a discu' ão e as JUSU 11caçoes · /. ·
, . ". . , . . ~ o da rod u ão a máqu ina estatal. as re lações entre os van os grupos tura na Inglaterra e a sua regressão na Alemanha) ~o plau\Íve!men1e explicáveis por alterações
estrutura lo!X: lal (a oq;arm.aça P ç · . d ·culo XIV e a «ex pansão » do séc ulo climatéri cas. Mas exist.em expli cações allemat ivas igualmente plau..,íveis . Signifi carh·amaite.-
· · ·) r-; 0 entanto muit o~ seniirjo que a «cme » 0 se . .
~~\ª'~criam ser c~pl icados. digamos que cm pane signifi cativa. por fa ctores_merentes ao Duby recorda-nos que a « reces~ào agrária, tal como o colap<,o demográfico, comi:çarnm
ambi~ntc foico·- dima. epidemi ologia. cond ições do solo. Estes argumentos nao podem ser an tes dos inícios do século XIV" !"'> e con~u entemente anteio da\ pr~umíi.cís all.er.lções cli-
afastado, de modo li geiro , devendo estes fac tores ser avahados, atnbumdo-se-lhes o peso matéricas. Alternati vamente Duby veria posteriormente <X factOfCS dímátiros e a epidemi o· 1
logia como ca lamidades cumulativas que, no século XIV, «deram um golpe demolidor oa já
devido na expl icação das transfu nnações soc iais que ocorreram. . .
A c.k fe>a da impon.ãn cia do clima fo i fe ita de um modo mais firm e por Gustaf Utters-
por si frágil estrutura demográfi ca;. mi_ Um cepricismo idêntico sobre ;i primazia 1emporal
das alternçõcs climatéricas na ex plicação dos altos e bai ÃOS foi cxpresw por llelleinCT 111' ,
trom. A sua argume ntação re1..a sumariamente assim :
Slicher van Bath 1731 e Emmanuel Le Roy Ladurie 1"'.
Grnças "º industrialismo. graça' não menos ao progresso técnico. o home~ .dos noss~s di as es.tá Obviamente, na medida em que tenha havido alterações climatérica, , e~t.iu afretariam -,
mffios exposio aos desíg ni os da na1ureza do que acontecia em séculos passados. Mas quamas o funcion amento do sistema social. No entanto. é igualmente óbvio que afectaria."!l diferentes
vezes iomamo< em linha de conta esse outro faciorquc é o v1vennos numa é~a.e m que o cl tma, sistem a~ de fo rma di ferenci ada. Embora as opiniões div irjam. é prová, e! que uma glaciação
especialmcnie 113 Eu ropa do None. é anomtalmeme temperado' Durante os ulumos 1000 anos,
como a que ocorreu se tenha estendido por todo o Hemisfério Norte. apesar de os dc'>Co·
(... J 0 , pcriodo>de prosperidade nos negóc ios humanos têm globalmente, e~bo ~a com _impor-
tante excepçõcs, ocorrido durante os intervalos quentes entre as grandes glactaçoes. Fot nestes volvimentos sociais na Ásia e na América do Non e terem sido claramente divergentes dos
mesmos intervalos que quer a vida económica quer o tamanho das populações fi zeram os maiores europeus. Teri a sido útil , consequentemente. voltar ao factor crónico do esgotamento de-
ª"·anços iM i . recursos implicado pelo sistema de organi zação social feudal. de sobreconsumo par uma
minori a dado o baixo nível generali zado de prod utividade. Norrnan Pounds recorda- nos "'quão
ParJ dar maior coesão à sua argumentação, Utterstõrm recorda-nos que as alterações peq uena era a margem de segurança para o camponês medieval mes mo em condições q ue
cl im áticas podem ter tido uma imponânci a espec ial nos primeiros períodos de transform ação poderiam ser consideradas norm ais ou médias"''"· Sl icher van Bath tende a corroborar estas
da Eu ropa. «A agricult ura prim iti va da Idade Média deve ter sido muito mais dependente de hipóteses de subnutrição prolongada observando que foi precisamente nas regiões produtor"-~
condições de clima favoráve is do que a ag ricultura moderna, com os seus altos padrões de proteínas que os homens se mostraram mais res istentes à peste 116' . _
tecnoló!!icos., '""'· Se no entanto houve primeiro a recessão económica por causa da sobreexpl o~o­
Utterstõrrn salienta por exem plo os severos in vernos do sécul o XIY e inícios do século crónica e das rebe liões consequentes que já discutimos. tendo posteriormente os fact ores
XV, os invernos suaves desde 1460 até meados do século XVI , os severos invernos da seg unda climáticos agravado quer a fa lta de alimentos quer as pestes. é fáci l vermos como a conj un-
metade do século XVll ' 67 ' , que correspondem grosso modo à recessão económi ca, expansão tu ra sócio-física poderia atingir proporções de ~ cri se ». A crise por seu turno seria agra\•ada <
e, novament e. rece ssão.
Encarar a pressão populacional como um facto r decisivo não fornece uma explicação satisfatória 70. Duby. Rural Econom_y, p. 307.
para es1es desenvolvi men1os económicos. O facto de a população aumentar no sentido em que o 7 1. lhid .• p. 308 .
72. Hellciner. Cambridge Economic 1-fütory of Europe , I V ~ p. 76.
fez levanta a questão que até agora não foi ainda colocada: porque é que a popul ação aumentou? 73. <t Não parece provável que os altos e baixos periódicos r~ g istad05 na vida económic2 d! Europol Ociden-
( ... ) O grande aum ento da população fo i(. .. ) ge nerali zado por Ioda a Europa. Na Europa do None 1al após 1200 sejam o rcsullado de allerações climáticas •. S!icher ,.an Ba1h. AA .G.B .. n.• 12. p. 8.
e Central ele deu- se du rante o pe ríodo cm 4uc o cl ima fo i anorm almeme temperado. Dificilmente 74. Tendo assinalado que algumas das provas de Utccrstrüm não são a prion climitt..'.: as. Jdc.ttifiC'3. falhas
i' to poderá ser considerado como uma coincidê ncia: tem que haver uma conexão causal ••RI. metodológicas no uso dos dados meteoro lógicos. Sugere que Uuerstrõm não forneceu st~!' de dados i.uficic-nte-
me.ntc ex tensas para apoiar as suas generali7...ações . .. imagin emo" u111 his1onador ou um econom.isu pretendendo
Adic ionalm ente, Uuerstõrrn transforma os fac tores epidem iológicos em vari áveis intervenien- demonstrar um longo e dur.tdouro acréscimo nos pn:ços ba.~ an do-~ em :1penas algun' pctntOS - cíclicos- ~xccpcio-­
tes. Ex plica a Peste Negra pelos verões quentes que originaram a multiplicação do rato negro, nais da curva que deseja interpretar. enquanio dcscur:i. , ou até ignora. a form a geral da curva em questão•. Ernma·
nuel Le Roy Laduric , Histoire du climar depuis f'o n mil (Paris: Fl:unmarion. 1%7), 17 .
< portador da pul ga do rato, um dos dois transmissores da peste <•91. 15 . Nomrnn J. G. Pound"I. «Üverpopulation in Francc and the Low Countrics in lhe L:ucr Middlc Ages_..,- ,
Journa l o/ Social Hisrory . 111 . 3. Prima,·c:ra 1970. 245. Pounds fala duma MCondiçào permanente de subnutriç.ão• .
65. Gu.s1av_ U ne rs1ró~ , .. Climatic Fluctu ations and Populat ion Problems in Early Modem Hislory >), Scandi- Femand BrJ.ude l adopta uma posição idên1 ica: "! (Numa economia ba.s lcamente agricola ], o rirmo. a qualidade, a
na11ian Eco,wn11c 1-flstory Re\•1ew, IlI. 1. 1955 , 47. insuficiência das colhe itas detem1inam a totalidad e: da vida ml titri al. Delas podem resultar d.lJlos bruscos. como
6ó. lhid., p. 5. morcfüld as, na entn."Casca das árvores ou na carne dos homens..,. . C ivilisarion marl riel/e t'I capiralisme (Paris: Armand
67. lbid., p. 24. Colin. t967). 32-33. "
68. lhid .. p. 39. 76. • Ü povo das regiões costeiras da Holanda. que vivia na sua maior Jl"fle da criação de gado e da pesca"
r 69. V<r ihid., pp. _14-15 . No entanto, Karl Hellcincr. citando a obra de Ernst Rodenwaldi, dá a entender que e por consequência comia mais produtos anima.is e gorduras do que os p:>vos das regiões de lavoura. talvez por essa
~ a!""~ humana se;a um factor menos 1mportan1e da peste bubónica do que a pulga do rato, ela pode ler sido razão n:lo su.:umbiu ~s epidemias do século XIV de forma comparável [à dos outros <Uropeus]•. Slicner \·an Ba1h,
- • s11111fic:a11~a na Idade Média, reduzindo assim a importância da hipótese de Utterstrõm. Ver Helleiner, Cam- AA.G.B., n.' 12. pp. 89-90. . .
t..bridg' Ec~1c llmory of Europe, IV, p. 7.

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. . . . I feud alismo oc identa l nos séculos XIV e XV como o cenário Georgcs Duby reconhece que esta hipótci.e deve c(Jns iderar-s<: ser iamente. Certamente
D1 cu tuno' Já <1 cn sc e~ d E · . • . su·i trans fomtaç~o económica a panir do século que alguns dos abandonos de explorações agrícola~ no s.éc.ulo XIV (cercais na lsl:lndia•.as
pa.ra, o pre lúdio p:ira. a c:i:pan,:io .ª ·_u Pª_c ·• tê ~ s.id~ fornecid as largamente em lennos de
!
0
colóni as C5Cand inavas na Gronelândia. o progre~ '>O da n!)rCJta l",lJS Sudetas. o fim da vi1 k.11l-
XVI Até a••ui a discu' ão e as JUSU 11caçoes · /. ·
, . ". . , . . ~ o da rod u ão a máqu ina estatal. as re lações entre os van os grupos tura na Inglaterra e a sua regressão na Alemanha) ~o plau\Íve!men1e explicáveis por alterações
estrutura lo!X: lal (a oq;arm.aça P ç · . d ·culo XIV e a «ex pansão » do séc ulo climatéri cas. Mas exist.em expli cações allemat ivas igualmente plau..,íveis . Signifi carh·amaite.-
· · ·) r-; 0 entanto muit o~ seniirjo que a «cme » 0 se . .
~~\ª'~criam ser c~pl icados. digamos que cm pane signifi cativa. por fa ctores_merentes ao Duby recorda-nos que a « reces~ào agrária, tal como o colap<,o demográfico, comi:çarnm
ambi~ntc foico·- dima. epidemi ologia. cond ições do solo. Estes argumentos nao podem ser an tes dos inícios do século XIV" !"'> e con~u entemente anteio da\ pr~umíi.cís all.er.lções cli-
afastado, de modo li geiro , devendo estes fac tores ser avahados, atnbumdo-se-lhes o peso matéricas. Alternati vamente Duby veria posteriormente <X factOfCS dímátiros e a epidemi o· 1
logia como ca lamidades cumulativas que, no século XIV, «deram um golpe demolidor oa já
devido na expl icação das transfu nnações soc iais que ocorreram. . .
A c.k fe>a da impon.ãn cia do clima fo i fe ita de um modo mais firm e por Gustaf Utters-
por si frágil estrutura demográfi ca;. mi_ Um cepricismo idêntico sobre ;i primazia 1emporal
das alternçõcs climatéricas na ex plicação dos altos e bai ÃOS foi cxpresw por llelleinCT 111' ,
trom. A sua argume ntação re1..a sumariamente assim :
Slicher van Bath 1731 e Emmanuel Le Roy Ladurie 1"'.
Grnças "º industrialismo. graça' não menos ao progresso técnico. o home~ .dos noss~s di as es.tá Obviamente, na medida em que tenha havido alterações climatérica, , e~t.iu afretariam -,
mffios exposio aos desíg ni os da na1ureza do que acontecia em séculos passados. Mas quamas o funcion amento do sistema social. No entanto. é igualmente óbvio que afectaria."!l diferentes
vezes iomamo< em linha de conta esse outro faciorquc é o v1vennos numa é~a.e m que o cl tma, sistem a~ de fo rma di ferenci ada. Embora as opiniões div irjam. é prová, e! que uma glaciação
especialmcnie 113 Eu ropa do None. é anomtalmeme temperado' Durante os ulumos 1000 anos,
como a que ocorreu se tenha estendido por todo o Hemisfério Norte. apesar de os dc'>Co·
(... J 0 , pcriodo>de prosperidade nos negóc ios humanos têm globalmente, e~bo ~a com _impor-
tante excepçõcs, ocorrido durante os intervalos quentes entre as grandes glactaçoes. Fot nestes volvimentos sociais na Ásia e na América do Non e terem sido claramente divergentes dos
mesmos intervalos que quer a vida económica quer o tamanho das populações fi zeram os maiores europeus. Teri a sido útil , consequentemente. voltar ao factor crónico do esgotamento de-
ª"·anços iM i . recursos implicado pelo sistema de organi zação social feudal. de sobreconsumo par uma
minori a dado o baixo nível generali zado de prod utividade. Norrnan Pounds recorda- nos "'quão
ParJ dar maior coesão à sua argumentação, Utterstõrm recorda-nos que as alterações peq uena era a margem de segurança para o camponês medieval mes mo em condições q ue
cl im áticas podem ter tido uma imponânci a espec ial nos primeiros períodos de transform ação poderiam ser consideradas norm ais ou médias"''"· Sl icher van Bath tende a corroborar estas
da Eu ropa. «A agricult ura prim iti va da Idade Média deve ter sido muito mais dependente de hipóteses de subnutrição prolongada observando que foi precisamente nas regiões produtor"-~
condições de clima favoráve is do que a ag ricultura moderna, com os seus altos padrões de proteínas que os homens se mostraram mais res istentes à peste 116' . _
tecnoló!!icos., '""'· Se no entanto houve primeiro a recessão económica por causa da sobreexpl o~o­
Utterstõrrn salienta por exem plo os severos in vernos do sécul o XIY e inícios do século crónica e das rebe liões consequentes que já discutimos. tendo posteriormente os fact ores
XV, os invernos suaves desde 1460 até meados do século XVI , os severos invernos da seg unda climáticos agravado quer a fa lta de alimentos quer as pestes. é fáci l vermos como a conj un-
metade do século XVll ' 67 ' , que correspondem grosso modo à recessão económi ca, expansão tu ra sócio-física poderia atingir proporções de ~ cri se ». A crise por seu turno seria agra\•ada <
e, novament e. rece ssão.
Encarar a pressão populacional como um facto r decisivo não fornece uma explicação satisfatória 70. Duby. Rural Econom_y, p. 307.
para es1es desenvolvi men1os económicos. O facto de a população aumentar no sentido em que o 7 1. lhid .• p. 308 .
72. Hellciner. Cambridge Economic 1-fütory of Europe , I V ~ p. 76.
fez levanta a questão que até agora não foi ainda colocada: porque é que a popul ação aumentou? 73. <t Não parece provável que os altos e baixos periódicos r~ g istad05 na vida económic2 d! Europol Ociden-
( ... ) O grande aum ento da população fo i(. .. ) ge nerali zado por Ioda a Europa. Na Europa do None 1al após 1200 sejam o rcsullado de allerações climáticas •. S!icher ,.an Ba1h. AA .G.B .. n.• 12. p. 8.
e Central ele deu- se du rante o pe ríodo cm 4uc o cl ima fo i anorm almeme temperado. Dificilmente 74. Tendo assinalado que algumas das provas de Utccrstrüm não são a prion climitt..'.: as. Jdc.ttifiC'3. falhas
i' to poderá ser considerado como uma coincidê ncia: tem que haver uma conexão causal ••RI. metodológicas no uso dos dados meteoro lógicos. Sugere que Uuerstrõm não forneceu st~!' de dados i.uficic-nte-
me.ntc ex tensas para apoiar as suas generali7...ações . .. imagin emo" u111 his1onador ou um econom.isu pretendendo
Adic ionalm ente, Uuerstõrrn transforma os fac tores epidem iológicos em vari áveis intervenien- demonstrar um longo e dur.tdouro acréscimo nos pn:ços ba.~ an do-~ em :1penas algun' pctntOS - cíclicos- ~xccpcio-­
tes. Ex plica a Peste Negra pelos verões quentes que originaram a multiplicação do rato negro, nais da curva que deseja interpretar. enquanio dcscur:i. , ou até ignora. a form a geral da curva em questão•. Ernma·
nuel Le Roy Laduric , Histoire du climar depuis f'o n mil (Paris: Fl:unmarion. 1%7), 17 .
< portador da pul ga do rato, um dos dois transmissores da peste <•91. 15 . Nomrnn J. G. Pound"I. «Üverpopulation in Francc and the Low Countrics in lhe L:ucr Middlc Ages_..,- ,
Journa l o/ Social Hisrory . 111 . 3. Prima,·c:ra 1970. 245. Pounds fala duma MCondiçào permanente de subnutriç.ão• .
65. Gu.s1av_ U ne rs1ró~ , .. Climatic Fluctu ations and Populat ion Problems in Early Modem Hislory >), Scandi- Femand BrJ.ude l adopta uma posição idên1 ica: "! (Numa economia ba.s lcamente agricola ], o rirmo. a qualidade, a
na11ian Eco,wn11c 1-flstory Re\•1ew, IlI. 1. 1955 , 47. insuficiência das colhe itas detem1inam a totalidad e: da vida ml titri al. Delas podem resultar d.lJlos bruscos. como
6ó. lhid., p. 5. morcfüld as, na entn."Casca das árvores ou na carne dos homens..,. . C ivilisarion marl riel/e t'I capiralisme (Paris: Armand
67. lbid., p. 24. Colin. t967). 32-33. "
68. lhid .. p. 39. 76. • Ü povo das regiões costeiras da Holanda. que vivia na sua maior Jl"fle da criação de gado e da pesca"
r 69. V<r ihid., pp. _14-15 . No entanto, Karl Hellcincr. citando a obra de Ernst Rodenwaldi, dá a entender que e por consequência comia mais produtos anima.is e gorduras do que os p:>vos das regiões de lavoura. talvez por essa
~ a!""~ humana se;a um factor menos 1mportan1e da peste bubónica do que a pulga do rato, ela pode ler sido razão n:lo su.:umbiu ~s epidemias do século XIV de forma comparável [à dos outros <Uropeus]•. Slicner \·an Ba1h,
- • s11111fic:a11~a na Idade Média, reduzindo assim a importância da hipótese de Utterstrõm. Ver Helleiner, Cam- AA.G.B., n.' 12. pp. 89-90. . .
t..bridg' Ec~1c llmory of Europe, IV, p. 7.

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r d;i tomar cndémica <in. Para além disso, embora dCJ No r1e e outra m~Í.5 basé«da na\ cidade~~ da Flandro e da Almlan.ha do Nort:. A
pelo facto de a pate, uma vez gcncra iza · se. d;id á ea culti váve l permanecia a
rncnO'I pes'>Oi!S dc'·c~1em ~ign i fic;ir mais conud;i. o que r ª maior pane da Europa não c~t.ava d ircctame~ envolvida n=s ro:ée1. .
me.sina ~~diminuição s.igni fi cava umbém umJ conversão de terras cm pastagens e por· De cerca de 11 50 a 1300 houve umaex parua<J r.a Europ:i r.o~i<Jda efül• ·~aéomodÕ
ramo~ redu ão do produto calórico. O declínio demográfico tomou-se assim tam~m e le de produção feud al. umae.11pansão ~i rn ultaneamentt geográfica. romttciál e ~:ráfica De
endém;ro'"'' i.ene Chaunu acrescenta que ., 0 colapso do~ rendimentos. a_d1mmu1çao. dos 1300 a 1450 o que se expandira contra iu-se. nova.'JlCnte n~ trél níveis da g~lfft.a. rom6rcio
J~r~ ~ 0 a[~a•·uncnto dos encargos senhori ais~ pode m ter pio rado a snuaç~o amd~·ma1 s ao e demografia.
afastarem da terra°' inve_~timent~ de capital ""'· E Dobb 5ugere que o fenomeno a coi:iiu- Esta contracção subsequente il expamão provocou uma « cri Y-~. visí>el não~ n::i nfera ' _.
i.açãn res ul=•c pode t.e r aumentado ainda mais o fardo do5 camponeses em ve_z de o n:•t1g~r económica ma\ também na ~ fera política (se.n do as gu..'"Tra.s in~1.inas entre " ~ e as
como norm.:úmenl~ se pcn_ça, complicando assim 0 dilema '"''· Assim. a mtroduçao de vanáve1s revoltas camponesa.5 os se us dois ma iore5 sin tomas). roi t.ambérn .-i..\n-el r.o pla:-.o cullura!.
que iraduwm 0 ambiente füi 0 não altera a nos...a análi se anten or. ~n_nq uece-a ao ad1c10- A síntese cristã medieval estava a ser submetida a mú ltiplos ataqu...--s ~ todas M forni~
m r-lhe um novo elemento par.1 ajudar a explicar uma conjuntura h1stonca pr_enhe de conse- que mais tarde viriam a concretizar-se nas primeiras mznjfest:tyóes do pcm:a.-n._"1110 ocidana!
qui:ncia~ p:!ra a história futura do mundo, mais um exemplo d_e como as estabilidades de longo v modemo ~.
pra.w e a- lcn!.a'o transfonnações seculares podem ser con s 1dc rn~ como coniuntura:' com Existem três explicações principais da crise. Uma afinna que ela foi esseocízl=le o- !. ,,
c:pacicbde para alterar as estruturas sociais. que são mtenned1an as numa perspecuva de produto de tendências económicas cíclicas. O ponto óptimo de expansi!o pa.-:! u:mz cbrla t:c-
dlJraç~otemporal. . _. . . . .. nologia tinha sido atingido, seguindo-se a contracção. A segunda afirma que ela foi =n-
Até aqui a análise é como M:gue. Na Europa da Baixa Idade Media eJost1a uma <1C1v'.h· cialmente o produto de uma tendência secular. Apó; mil an0<; de apropri"T-ã-0 fourl21 do
w rão. cri ~tã mas não exi.stia nem um império-mundo nem uma econom ia-mundo. A mator excedente, atingira-se um ponto de rendimentm decrescentes. Enquanto a y.oáa: i,·idarle
pa~e da Europa em feudal. ou seja, co ns istia cm nódulos económicos re_lativamente i:x:qu:- se mantinha estáve l (ou mesmo possive lmente declinava como re ul!ado d.a ex.atm.ão dos
mx e au t o-~ufic ientes baseados numa forma de exploração que envolvia uma apropnaçao solos) devido à ausência de moti vações estruturadas para o progresso tecnológico. o fardo
relativamente direc.ti dos peq uenos excedentes agrícolas produzidos no seio de uma econo- a suponar pelos produtores de excedentes tinha aumentado con tantemcme devido ao
mia senhorial por uma pequena cl asse no bre. Den tro da Europa ex istiam pelo menos duas número de membros da cl asse dominante e ao seu nível de despesas. Nada mais pod..-rin ser
pcqu~na.s economi a~-mundo , uma de tamanho médio ba\ cada na5 c idades-estados da Itália espremido. A terceira ex plicação é climatológica A alteração das condições me=mlóg.i-
cas europeias foi tal que baixou a produtividade dos solO'i aumentando simultaneamente a .
77. ·É lfUC .a pt: \t! , uma "'ez. inuoduz ída Jem 1347-13511 não derw pareceu da Europa senão cerca de 350 epidemias.
·a.'Vh 11rXn o bot.1.1 primciru "uno. Em forma endém ica ou ep1dém1ca ela con1ín uou a exercer uma profunda íníluéncia A primeira e a terceira ex plicações sofrem do facto de alterações clim:uológicas e
tMJ!u m rrédia ~ longo pr"w cumi:J na!i flu1uaçõc "i a rnrto prazo da tau de mortalidade• . Helleiner, Camhrídgt
cíclicas similares terem ocorrido nouuos lugares e noutras épocas sem produzirem a conse·
Er1mvn1it lfulor.' o/ Eumpt, IV, p. 5.
7:.i. K.)rl l l(' lleincr adianta a ~ g u mt.e hipótei,c: • (Osl próprios progre ssos na si1u açãoeconómica das classes quência da criação de uma economia-mundo capitalista como solução pan os problemas. A
man baiu' (\uc..edcndn ao dc!io povoamcnto cau\ado pela Pcsle Ncgrn Jpodem ler obstado a uma rápida recuperação explicação secul ar da crise pode ser correcta. mas exige. o que é difíc il. a cri 3ção do tipo de
ckmogrJfica lf:i qu.t: suprx a rn iori. e 1emo!o, prova'i ba~tan t t!'i cm apoio deste: ponto de vi\ ta, que esta recuperação
análise estatística séria que demonstraria que ela constitui uma explicação suficiente cb mms-
k\'O-.J;, um~ mdhorm d1 >nível de vi da , impli<:ando urn a mudança parcial dum con~ um o baseado cm cereais para um
outm b.1\eadr, na <.ame. [ .,ta modi fici1çâo nci prefe rência doi; rnmumidorcs n:fl ecle- sc no mov ime n10 dos preços formação social. Acredito que é mais plausível trabalhar na base d:i hipótese de que :i «erise.., ~ ·
n:la11v r)'\ do\ protlu10\ animai-. e do., c:ere<i is, que deve ter intcmilicado o procc\SO d<ls Wüstunxen ( ... ).um dos do feudalismo » representou uma conjuntura de tendênc ias seculares. uma crise cícljca ime- • · :
il.'l pcc10~ du 4un.I fo i a "de~e 1 c-a li1..ação" parcia l d3 Europa cm hcncfíciu da criação de ~ado . Todavia. dado um certo
diata e um declínio climatológico. ,
nivcl de 1ernol0ttia ~ gr ár i .a, para !-.C obter uma ca loria animal é pr~c i s o U[ili zar cinco a seis vezes mais terra do que
~ara oblt'r urna c<ilon;, vcgernl. Daí que 4u<tlquer qu e Í<J:,se o alívio <la prc~são demográfica sobre a 1crra que a quebra Foram precisamente as imensas pressões desta conjuntura que tornaram possí,•el ~ · -·
minai da popula~ão pennitiri.a. ck deve ter sido parcia lrm:n1t: an ulado pela alte ra~·ãu no padrão de consumo e de magnitude da transformação social. Pois o que a Europa des envolveria e manteria então foi :~,.
produção. fata lnpótese pcnn11c e"' plicar um facto dou1ro modo inexpli cável. ou seja. que nos finais da Idade Média uma nova forma de apropriação do excederue, uma economia-mundo c:i.pitalisra. Esu teria ·-
i.e tenha.,1oofndo pou~o rneno~ do 4u~ no!-. ~culos anteriores de mune e de fome, apesar de a superfície de 1erra fénil
. per capua !<oer mduh1tavclmcntc muno ma1~ elevada neste período (lbid., pp. 68-69J ,. , que basear-se em algo que não a apropriação directa dos excedentes agrícolas. que r na forma · · ., ·· •
79. • O r~cu o d:t po~ul.açcl.o nos séculos XIV e XV agravou. cm ve z de:: reso lver, a questão da carência de tributo (como tinha sido o caso dos impérios-mundo) quer na de renda feudal (como tinha ;•'· .. ' ,-
de csp;_.ço. Daf cfa não ler d1mrnu1~0 &1 pressão que se fiz.em e"'crcer durante o séc ulo XIII. Até a 1erá aumen- sido o sistema do feudalismo europeu). Pelo contrário. o que se desenvolveria então foi a ; ,-
tado. co~1 a 4ucda da renda. a d1m~n uiç5o dos Ju~ros e o agravamcnlo dos encargos senhoriais. o capital que
se p«l ena ler \IOlr ado para a terra foi cm certa medida atraído por outros huri w ntes''· Chaunu , l ' expansion euro- apropriação de um excedente originado numa produtividade acrescid!I e mais eficiente (pri- l · ., •. .
ph nnr, p. 3-19. meiro na agricultura e depois na indústria) por intermédio de um mecanismo de mercado · · · -
. Í"' . 80. · M ~ l~mtXm. houve .in úmeros ca~s em que a comutação implicou não um a redução mas um aumento mundial com a assistência «anificial» (ou seja, não mercantil) dos aparelhos de Estado, nenhum , - .. .. ,.,
. dv' em:argos fe~da1 s . '~~ ut ela fo1meramente urna alicma tiva à impo~ ição direcla de serviços adicionais. A comu- 1
1açao _estava mu.1to ~.1~ S. ca: JXJ.~ l a a ~ste .car:ic1er quando o re...: ursu a ela dependia em grande pane dos senhores: a
dos quais controlava o mercado mundial inteir.unente. _ .~·i-.·<
. ~1v1 de aumentar a~ rcc~ 1tas feud ais tomava essa fonna talve7_devido a uma relativa abundância de mão-de- A tese deste li vro será que três coisas foram essenc'iais para o estabelecimento de umã • e.~ , .. _
. ~( ••. )Provavelmente foi a pr~ssão da popu l ~ão sobre a terra disponível da aldeia, tomando mais árdua a sub- tal economia-mund!l. capitalista: uma expansão com a dimensão geogr:ífica do mundo em . ..- · : · -· ~·
liltfncta do aldeão e ponamo mais barato e rcla11vamente abu ndante 0 aluguer de mão d" b { ) · ·
: :...- comulJIÇIO•. Dobb. Studies, pp. 63-64. - e-o ra ... que msllgou . questão, o desenvolvimento de métodos diferenciados de controlo do trabalho para diferentes ·: ::~ · ;·· ' •

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r d;i tomar cndémica <in. Para além disso, embora dCJ No r1e e outra m~Í.5 basé«da na\ cidade~~ da Flandro e da Almlan.ha do Nort:. A
pelo facto de a pate, uma vez gcncra iza · se. d;id á ea culti váve l permanecia a
rncnO'I pes'>Oi!S dc'·c~1em ~ign i fic;ir mais conud;i. o que r ª maior pane da Europa não c~t.ava d ircctame~ envolvida n=s ro:ée1. .
me.sina ~~diminuição s.igni fi cava umbém umJ conversão de terras cm pastagens e por· De cerca de 11 50 a 1300 houve umaex parua<J r.a Europ:i r.o~i<Jda efül• ·~aéomodÕ
ramo~ redu ão do produto calórico. O declínio demográfico tomou-se assim tam~m e le de produção feud al. umae.11pansão ~i rn ultaneamentt geográfica. romttciál e ~:ráfica De
endém;ro'"'' i.ene Chaunu acrescenta que ., 0 colapso do~ rendimentos. a_d1mmu1çao. dos 1300 a 1450 o que se expandira contra iu-se. nova.'JlCnte n~ trél níveis da g~lfft.a. rom6rcio
J~r~ ~ 0 a[~a•·uncnto dos encargos senhori ais~ pode m ter pio rado a snuaç~o amd~·ma1 s ao e demografia.
afastarem da terra°' inve_~timent~ de capital ""'· E Dobb 5ugere que o fenomeno a coi:iiu- Esta contracção subsequente il expamão provocou uma « cri Y-~. visí>el não~ n::i nfera ' _.
i.açãn res ul=•c pode t.e r aumentado ainda mais o fardo do5 camponeses em ve_z de o n:•t1g~r económica ma\ também na ~ fera política (se.n do as gu..'"Tra.s in~1.inas entre " ~ e as
como norm.:úmenl~ se pcn_ça, complicando assim 0 dilema '"''· Assim. a mtroduçao de vanáve1s revoltas camponesa.5 os se us dois ma iore5 sin tomas). roi t.ambérn .-i..\n-el r.o pla:-.o cullura!.
que iraduwm 0 ambiente füi 0 não altera a nos...a análi se anten or. ~n_nq uece-a ao ad1c10- A síntese cristã medieval estava a ser submetida a mú ltiplos ataqu...--s ~ todas M forni~
m r-lhe um novo elemento par.1 ajudar a explicar uma conjuntura h1stonca pr_enhe de conse- que mais tarde viriam a concretizar-se nas primeiras mznjfest:tyóes do pcm:a.-n._"1110 ocidana!
qui:ncia~ p:!ra a história futura do mundo, mais um exemplo d_e como as estabilidades de longo v modemo ~.
pra.w e a- lcn!.a'o transfonnações seculares podem ser con s 1dc rn~ como coniuntura:' com Existem três explicações principais da crise. Uma afinna que ela foi esseocízl=le o- !. ,,
c:pacicbde para alterar as estruturas sociais. que são mtenned1an as numa perspecuva de produto de tendências económicas cíclicas. O ponto óptimo de expansi!o pa.-:! u:mz cbrla t:c-
dlJraç~otemporal. . _. . . . .. nologia tinha sido atingido, seguindo-se a contracção. A segunda afirma que ela foi =n-
Até aqui a análise é como M:gue. Na Europa da Baixa Idade Media eJost1a uma <1C1v'.h· cialmente o produto de uma tendência secular. Apó; mil an0<; de apropri"T-ã-0 fourl21 do
w rão. cri ~tã mas não exi.stia nem um império-mundo nem uma econom ia-mundo. A mator excedente, atingira-se um ponto de rendimentm decrescentes. Enquanto a y.oáa: i,·idarle
pa~e da Europa em feudal. ou seja, co ns istia cm nódulos económicos re_lativamente i:x:qu:- se mantinha estáve l (ou mesmo possive lmente declinava como re ul!ado d.a ex.atm.ão dos
mx e au t o-~ufic ientes baseados numa forma de exploração que envolvia uma apropnaçao solos) devido à ausência de moti vações estruturadas para o progresso tecnológico. o fardo
relativamente direc.ti dos peq uenos excedentes agrícolas produzidos no seio de uma econo- a suponar pelos produtores de excedentes tinha aumentado con tantemcme devido ao
mia senhorial por uma pequena cl asse no bre. Den tro da Europa ex istiam pelo menos duas número de membros da cl asse dominante e ao seu nível de despesas. Nada mais pod..-rin ser
pcqu~na.s economi a~-mundo , uma de tamanho médio ba\ cada na5 c idades-estados da Itália espremido. A terceira ex plicação é climatológica A alteração das condições me=mlóg.i-
cas europeias foi tal que baixou a produtividade dos solO'i aumentando simultaneamente a .
77. ·É lfUC .a pt: \t! , uma "'ez. inuoduz ída Jem 1347-13511 não derw pareceu da Europa senão cerca de 350 epidemias.
·a.'Vh 11rXn o bot.1.1 primciru "uno. Em forma endém ica ou ep1dém1ca ela con1ín uou a exercer uma profunda íníluéncia A primeira e a terceira ex plicações sofrem do facto de alterações clim:uológicas e
tMJ!u m rrédia ~ longo pr"w cumi:J na!i flu1uaçõc "i a rnrto prazo da tau de mortalidade• . Helleiner, Camhrídgt
cíclicas similares terem ocorrido nouuos lugares e noutras épocas sem produzirem a conse·
Er1mvn1it lfulor.' o/ Eumpt, IV, p. 5.
7:.i. K.)rl l l(' lleincr adianta a ~ g u mt.e hipótei,c: • (Osl próprios progre ssos na si1u açãoeconómica das classes quência da criação de uma economia-mundo capitalista como solução pan os problemas. A
man baiu' (\uc..edcndn ao dc!io povoamcnto cau\ado pela Pcsle Ncgrn Jpodem ler obstado a uma rápida recuperação explicação secul ar da crise pode ser correcta. mas exige. o que é difíc il. a cri 3ção do tipo de
ckmogrJfica lf:i qu.t: suprx a rn iori. e 1emo!o, prova'i ba~tan t t!'i cm apoio deste: ponto de vi\ ta, que esta recuperação
análise estatística séria que demonstraria que ela constitui uma explicação suficiente cb mms-
k\'O-.J;, um~ mdhorm d1 >nível de vi da , impli<:ando urn a mudança parcial dum con~ um o baseado cm cereais para um
outm b.1\eadr, na <.ame. [ .,ta modi fici1çâo nci prefe rência doi; rnmumidorcs n:fl ecle- sc no mov ime n10 dos preços formação social. Acredito que é mais plausível trabalhar na base d:i hipótese de que :i «erise.., ~ ·
n:la11v r)'\ do\ protlu10\ animai-. e do., c:ere<i is, que deve ter intcmilicado o procc\SO d<ls Wüstunxen ( ... ).um dos do feudalismo » representou uma conjuntura de tendênc ias seculares. uma crise cícljca ime- • · :
il.'l pcc10~ du 4un.I fo i a "de~e 1 c-a li1..ação" parcia l d3 Europa cm hcncfíciu da criação de ~ado . Todavia. dado um certo
diata e um declínio climatológico. ,
nivcl de 1ernol0ttia ~ gr ár i .a, para !-.C obter uma ca loria animal é pr~c i s o U[ili zar cinco a seis vezes mais terra do que
~ara oblt'r urna c<ilon;, vcgernl. Daí que 4u<tlquer qu e Í<J:,se o alívio <la prc~são demográfica sobre a 1crra que a quebra Foram precisamente as imensas pressões desta conjuntura que tornaram possí,•el ~ · -·
minai da popula~ão pennitiri.a. ck deve ter sido parcia lrm:n1t: an ulado pela alte ra~·ãu no padrão de consumo e de magnitude da transformação social. Pois o que a Europa des envolveria e manteria então foi :~,.
produção. fata lnpótese pcnn11c e"' plicar um facto dou1ro modo inexpli cável. ou seja. que nos finais da Idade Média uma nova forma de apropriação do excederue, uma economia-mundo c:i.pitalisra. Esu teria ·-
i.e tenha.,1oofndo pou~o rneno~ do 4u~ no!-. ~culos anteriores de mune e de fome, apesar de a superfície de 1erra fénil
. per capua !<oer mduh1tavclmcntc muno ma1~ elevada neste período (lbid., pp. 68-69J ,. , que basear-se em algo que não a apropriação directa dos excedentes agrícolas. que r na forma · · ., ·· •
79. • O r~cu o d:t po~ul.açcl.o nos séculos XIV e XV agravou. cm ve z de:: reso lver, a questão da carência de tributo (como tinha sido o caso dos impérios-mundo) quer na de renda feudal (como tinha ;•'· .. ' ,-
de csp;_.ço. Daf cfa não ler d1mrnu1~0 &1 pressão que se fiz.em e"'crcer durante o séc ulo XIII. Até a 1erá aumen- sido o sistema do feudalismo europeu). Pelo contrário. o que se desenvolveria então foi a ; ,-
tado. co~1 a 4ucda da renda. a d1m~n uiç5o dos Ju~ros e o agravamcnlo dos encargos senhoriais. o capital que
se p«l ena ler \IOlr ado para a terra foi cm certa medida atraído por outros huri w ntes''· Chaunu , l ' expansion euro- apropriação de um excedente originado numa produtividade acrescid!I e mais eficiente (pri- l · ., •. .
ph nnr, p. 3-19. meiro na agricultura e depois na indústria) por intermédio de um mecanismo de mercado · · · -
. Í"' . 80. · M ~ l~mtXm. houve .in úmeros ca~s em que a comutação implicou não um a redução mas um aumento mundial com a assistência «anificial» (ou seja, não mercantil) dos aparelhos de Estado, nenhum , - .. .. ,.,
. dv' em:argos fe~da1 s . '~~ ut ela fo1meramente urna alicma tiva à impo~ ição direcla de serviços adicionais. A comu- 1
1açao _estava mu.1to ~.1~ S. ca: JXJ.~ l a a ~ste .car:ic1er quando o re...: ursu a ela dependia em grande pane dos senhores: a
dos quais controlava o mercado mundial inteir.unente. _ .~·i-.·<
. ~1v1 de aumentar a~ rcc~ 1tas feud ais tomava essa fonna talve7_devido a uma relativa abundância de mão-de- A tese deste li vro será que três coisas foram essenc'iais para o estabelecimento de umã • e.~ , .. _
. ~( ••. )Provavelmente foi a pr~ssão da popu l ~ão sobre a terra disponível da aldeia, tomando mais árdua a sub- tal economia-mund!l. capitalista: uma expansão com a dimensão geogr:ífica do mundo em . ..- · : · -· ~·
liltfncta do aldeão e ponamo mais barato e rcla11vamente abu ndante 0 aluguer de mão d" b { ) · ·
: :...- comulJIÇIO•. Dobb. Studies, pp. 63-64. - e-o ra ... que msllgou . questão, o desenvolvimento de métodos diferenciados de controlo do trabalho para diferentes ·: ::~ · ;·· ' •

: '
1~ · ;·::·:·'. :~ ..
•• ,. .. . ..... !~

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e diferentes zonas da economia-mundo e a criação de a~arelhos de Estado relati.
produtos \'iriam a romar-se os estados centrais desta economia-mundo
vamente fortes naque.1es que Na Idade Média, a Europa cri;tã e o m undo árabe mantinham um relacionamento, ·
simbiótico ern tcnnos de ouro e prata. Segundo Andrew Watson, • cm questões monetária~ :
_capitalis!J. d tercci·ro aspectos estavam largamente dependentes do s ucesso do pri-
0 seeun o e o . . . •. ( ... ) as duas regiões deveriam se r tratadas como um todoh iu,_ A primeira cunhava prata. a '
'. ' ''1"· ., ' · meiro. A expansão territorial da Europa era consequentem:nte um pr:e-requis_rto te~nco chave seg unda ouro. Como resullado de um descquihb rio de longo prazo nos preços. cujas origens
para a solução da • crise do feudalismo ». s .em ela a s1tuaçao europeia poden a muno ~m ter são complexas e não necessitam de nos ocupar aqui , a prata tluia em direcção ao Oriente.
entrado cm colapso no sentido de uma relauva e constante anarqma e de uma contracçao mais levando à s ua ab undância no mundo ~ ra be . As cxportaçõe; de praia já não cond uzi am a ·:
- profunda. Como foi então que a Europa lanço~ mão da a ltemau va que a v1~a a salvar? A importações de ouro. Em 1252 Florença e Génova cunharam por i;'° novas moedas de · .
1
~' · · : resposta é que não foi 3 Europa que o fez mas sim Ponugal , ou pelo menos fo1 Ponugal que ouro. Era esse o moti vo. Um facto que o tomou possível foi a expan!>iio do comércio de ouro
, 1omou a liderança. transariano no século XIJl 1"''· Watson pensa que não é portanlo plausí,·e l falar de e!>Ca.Ssez de
-: Vejamos agora qual era a situação social em Portugal que pode explicar o impulso para ouro na Europa Ocidental entre 1250 e 1500, uma vez que se trata de um período de o ferta
3 e., ploração ultram:uina que este país iniciou bem no meio da «crise ». Para compreender crescente. Mesmo assim, continuava uma saída constante de metais prec iosos da Europa para
este fenómeno de\'emos começar por relembrar que a expansão geográfica da Europa se ini- a Índia e China via Bizãncio e mundo árabe, embora o desequilíbrio se esti vesse a atenuar.
ciou. uJ como já sugerimos. mais cedo. Archibald Lewis argumenta que «desde o século XI Watson fala. de fonna algo misteriosa, do «fone poder da Índia e da China para atraírem os
até meados do século XIII a Europa Ocidental teve um desenvolvimento fronteiriço metais preciosos das outras partes do mundo""" · A procura de metal precioso mantinha-se
yr...tiamente cl:issico• "''.Refere a reconquista gradual da Espanha aos mouros, a recuperação
pela Europa cris!.i das Ilhas Baleares. da Sardenha e da Córsega, a conquista normanda do
83. Andrew M. Watson, «Back to Gold - and Sih·er•. Econo1rJc History Rn i rM·. 2.! loérie, XX. 1.
Sul da Itália e da Sicilia. Refere as Cruzadas, com a apropriação de Chipre. da Palestina e da 1967. 1.
Síria. primeiro. e de Creta e das ilhas do mar Egeu, depois. Na Europa do Noroeste, houve a 84. •Nós esquecemos que, ru1 antiguidade e durdllte a Idade Média as minas que hoje c.omidcramos pobro
eram então 1idas como de primeira quaJidade. O Sudão ocidental foi. desde o século VJIJ até i de.scobcf".a da América.
eJ<p:!ll2o inglesa para Gales. Escócia e Irlanda. E na Europa Oriental os alemães e os escandi-
o principal fornecedor de ouro para o mundo ocidentaJ; o comé rc i o.~ início lid---rado pelo Gana.. passou com est~
rta\OS penetraram nas terras de bálticos e es lavos. conquistaram-nos e converteram-nos ao nome para o M edi1errâneo e reforçou o prcsrígio dos reis quC' possuíam t.aJ fonte de riqueza•. R.. A. ~tumy. · ~
-cristiani5IDO. •A frorueira mais importante [no entanto] era a interna, de florestas, pãntanos. Question of Ghana• . A/rica . XXIV, 3. Julho 1954. 209.
Marian MaJowisl sustenta que foi a procura norte-africana&:: ouro (para "'endê-lo aos europe~) e não a
p:uíis. charnecas e brejos. Foi toda esta terra desaproveitada que os camponeses europeus carência do Sudão ocidenral em sal, que era fornecido em troca. o principaJ móbil desta c~ pansão- Ver ..Qudquo
co1~'11 e começaram em grande parte a c ultivar entre os anos J 000 e J 250» 182 )_ Depois, observations sur Jc commerce de ror <Ians Je Soudan occidental au moyen ãge•. Annales ES.C _ XXV. 6 . 1'~·. -D::z.
rorno Ja nmos. esta apansão e esta prosperidade chegaram ao fim por intermédio de uma 1970, 1630-1636. -
85. Watson, Economic Hisrory· Re1-iew. XX, p. 34. Ver o notável anigo feito de cobboração pl.-Y R. S. Lopez.
<m.«:" qu~ foi também uma contracção. Em tennos políticos isto envolveu o retomar do H. A. Mis kimin e Abmham Udovitch em que esres sustentam com·inccntementc que os ar.os 1350- 1SCO assistiram
=nlx!!: coni;: os mocn:os
em Granada, a expulsão d?5 cruzados do Levante, a reconquista de a uma grande sangria do ouro do noroesre da Europa para a h.á..lia. para o Levante e para a indi.a:
• Tanro o consumo de luxo pela população não-agrícola (da lnglatcrra) como os in,·cs:tim:ntos e1tm.sivos
-1

Cooru.nrioop pelos bizantmos em 126 1. a conquista mongol das planícies russas. lnter- na omamenLlção de igrejas (... JexacerbarJm a já aguda ca.rfocia de artífices experientes que se SC'gu.iu à Peste ~cpa.
L= -.e. na Europa. aconteceram as IVüstungen. ao provocarem uma relati\'a elevação da procura dos seus ~rviços. Daí resultou um cons Kie.rl\·el aumen.to dos salinos
As g:rzndes explorações. a expansão arlãnrica. constituíram assim não o primeiro mas dos anífices especializados.. e pane da nova procura de bens de IUAO, não s;itisf.:ita internamente. foi dcsviath pa..ã
0 áreas fora da Europa do Nane por necess idade económ ica e também em busca do exótico; o resuJudo ine,·iú\·el
segundo impulso da Europa. que foi bem afdo
b;,se social e tecnol' ·ca
_. . . sue 1 porque o seu ímpeto era ma ior, a sua desta procura foi um aumento da exportacão de dinheiro. A1ém disso. como o uso di! escassa mào--de-obrll na pro-

r·. - .- pe71S2'b cm.Porrusral


_ 0 i.«-.oo XX.
=lso
0 ~ mmal ~· mais sol!da, ªsua mouvação mais intensa Porque é que, no entanto.
fot P~gal? ~ 1250 ou mesmo 1350 poucos poderiam ter
- barra um candidato ~··avel a este papel. E retrospectivamente desde
dução de bens de lu.lo imemos impedia a sua urihzação na manufactura de artigos de e1porução. os _çanhos e.xter-
nos potenciais das economia~ do None foram reduzidos.( ... )
Para onde fora (o djnhciro ]? (... )O papado era de facto um dos maiores soo ·cdouros d.a ofc:rtJ de meuJ da

sotR opais~oque';:~
_toda a t.is:ória.
n:so
se~tido de probabilidades, com o nosso -preconceito
g tem sido nos tempos modernos e na verdade ao longo de
Europa do Noné. Para além das cransfc.rências dircctas de dinheiro. os canais do comérr10 m.J..is con,-encionJ..1 trndWn.
através do consumo de luxo, a produzir o mesmo resultado. {... ) Os términos continentais da rota !\one-Sul !com
origem nas cidades hanseáticas j eram Milão. Gén0\'3 e Veneza: ( ... ) d.ir-se-ia que um comércio 3...--tivo e PfU\'3.\'cl-
menle unilateral li ga\'a a economia do None com a do Sul. fazendo escoar os meu.is prttiosos oeste sentido.
;_· Teniamnos responder a elita qu - . Também em França ass iscimos a um grande alarg:amenco no consumo de arti gos de lu.'to do Sul durante o
lllO!Í>'a;õcs eram emnn.. · estao em .tennos de motivações e capacidades. As século XIV e princípios do século XV. (... )
- •, • sido --..-.zas, em termos do seu ob)Caivo
bo ai A Ingla1c:rra e a França queixavam-se amargamente da ht-morragia de metais preciosos ~a Júlia. mas
. pa:tiai.Imneme sentidas em Ponu ai • em ra gumas delas possam ter esta era em grande pane a contrapanida da hemorrag ia da Itália para o Le»ante. (...) Apesar d3s imponações de ouro
0
CIOSOS e~ segundo nos d" g . qu~ procuravam os e){ploradores? Metais pre- do Noroesie da Europa. da modesta produção d3s minas da Europa Central e d3s qtllUltid:Jdes mais !Ubsunciais
Lmas só a!é ceno ~to. izem os manll3Js escolares. E isto era verdade, certamente, prove.nientes do Senegal. abundam pro\'as de que a oferta de ouro atingia na melhor das hipóteses o indispcnsá ..·el e
muitas \'Cll'S nem isso. Embora a fome: humana de ouro 5eJ3. cronicamente insacijxel. o CT'fto é que o comércio com
o Levante nos sécu los XIV e XV foi rei.irando à Itália uma quantidade crescerne de ouro.( ...) O cre5eimeruo com-

~ ~7~ Ln.n. •The Cloring or lhe Ecropcan Froruitt>


parativo do comércio de luxo comou a hália mais dependente: do Levante e aumentou a hemorragia~ ~tais precio-
sos nessa direcção. (. ..)
. "Speculwn, XXXIll 4. 0uL 1958, 475. [Há] um retraimento absoluto da economia egípcia em fiO.lis do século XIV e ( ... ) um declínio quantiutivo
absoluto de todos os seus sectores. (... ) A crise económica do Egipto fez-se acompanhar por uma qucbr.t do seu sistem3

47 ·., '

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e diferentes zonas da economia-mundo e a criação de a~arelhos de Estado relati.
produtos \'iriam a romar-se os estados centrais desta economia-mundo
vamente fortes naque.1es que Na Idade Média, a Europa cri;tã e o m undo árabe mantinham um relacionamento, ·
simbiótico ern tcnnos de ouro e prata. Segundo Andrew Watson, • cm questões monetária~ :
_capitalis!J. d tercci·ro aspectos estavam largamente dependentes do s ucesso do pri-
0 seeun o e o . . . •. ( ... ) as duas regiões deveriam se r tratadas como um todoh iu,_ A primeira cunhava prata. a '
'. ' ''1"· ., ' · meiro. A expansão territorial da Europa era consequentem:nte um pr:e-requis_rto te~nco chave seg unda ouro. Como resullado de um descquihb rio de longo prazo nos preços. cujas origens
para a solução da • crise do feudalismo ». s .em ela a s1tuaçao europeia poden a muno ~m ter são complexas e não necessitam de nos ocupar aqui , a prata tluia em direcção ao Oriente.
entrado cm colapso no sentido de uma relauva e constante anarqma e de uma contracçao mais levando à s ua ab undância no mundo ~ ra be . As cxportaçõe; de praia já não cond uzi am a ·:
- profunda. Como foi então que a Europa lanço~ mão da a ltemau va que a v1~a a salvar? A importações de ouro. Em 1252 Florença e Génova cunharam por i;'° novas moedas de · .
1
~' · · : resposta é que não foi 3 Europa que o fez mas sim Ponugal , ou pelo menos fo1 Ponugal que ouro. Era esse o moti vo. Um facto que o tomou possível foi a expan!>iio do comércio de ouro
, 1omou a liderança. transariano no século XIJl 1"''· Watson pensa que não é portanlo plausí,·e l falar de e!>Ca.Ssez de
-: Vejamos agora qual era a situação social em Portugal que pode explicar o impulso para ouro na Europa Ocidental entre 1250 e 1500, uma vez que se trata de um período de o ferta
3 e., ploração ultram:uina que este país iniciou bem no meio da «crise ». Para compreender crescente. Mesmo assim, continuava uma saída constante de metais prec iosos da Europa para
este fenómeno de\'emos começar por relembrar que a expansão geográfica da Europa se ini- a Índia e China via Bizãncio e mundo árabe, embora o desequilíbrio se esti vesse a atenuar.
ciou. uJ como já sugerimos. mais cedo. Archibald Lewis argumenta que «desde o século XI Watson fala. de fonna algo misteriosa, do «fone poder da Índia e da China para atraírem os
até meados do século XIII a Europa Ocidental teve um desenvolvimento fronteiriço metais preciosos das outras partes do mundo""" · A procura de metal precioso mantinha-se
yr...tiamente cl:issico• "''.Refere a reconquista gradual da Espanha aos mouros, a recuperação
pela Europa cris!.i das Ilhas Baleares. da Sardenha e da Córsega, a conquista normanda do
83. Andrew M. Watson, «Back to Gold - and Sih·er•. Econo1rJc History Rn i rM·. 2.! loérie, XX. 1.
Sul da Itália e da Sicilia. Refere as Cruzadas, com a apropriação de Chipre. da Palestina e da 1967. 1.
Síria. primeiro. e de Creta e das ilhas do mar Egeu, depois. Na Europa do Noroeste, houve a 84. •Nós esquecemos que, ru1 antiguidade e durdllte a Idade Média as minas que hoje c.omidcramos pobro
eram então 1idas como de primeira quaJidade. O Sudão ocidental foi. desde o século VJIJ até i de.scobcf".a da América.
eJ<p:!ll2o inglesa para Gales. Escócia e Irlanda. E na Europa Oriental os alemães e os escandi-
o principal fornecedor de ouro para o mundo ocidentaJ; o comé rc i o.~ início lid---rado pelo Gana.. passou com est~
rta\OS penetraram nas terras de bálticos e es lavos. conquistaram-nos e converteram-nos ao nome para o M edi1errâneo e reforçou o prcsrígio dos reis quC' possuíam t.aJ fonte de riqueza•. R.. A. ~tumy. · ~
-cristiani5IDO. •A frorueira mais importante [no entanto] era a interna, de florestas, pãntanos. Question of Ghana• . A/rica . XXIV, 3. Julho 1954. 209.
Marian MaJowisl sustenta que foi a procura norte-africana&:: ouro (para "'endê-lo aos europe~) e não a
p:uíis. charnecas e brejos. Foi toda esta terra desaproveitada que os camponeses europeus carência do Sudão ocidenral em sal, que era fornecido em troca. o principaJ móbil desta c~ pansão- Ver ..Qudquo
co1~'11 e começaram em grande parte a c ultivar entre os anos J 000 e J 250» 182 )_ Depois, observations sur Jc commerce de ror <Ians Je Soudan occidental au moyen ãge•. Annales ES.C _ XXV. 6 . 1'~·. -D::z.
rorno Ja nmos. esta apansão e esta prosperidade chegaram ao fim por intermédio de uma 1970, 1630-1636. -
85. Watson, Economic Hisrory· Re1-iew. XX, p. 34. Ver o notável anigo feito de cobboração pl.-Y R. S. Lopez.
<m.«:" qu~ foi também uma contracção. Em tennos políticos isto envolveu o retomar do H. A. Mis kimin e Abmham Udovitch em que esres sustentam com·inccntementc que os ar.os 1350- 1SCO assistiram
=nlx!!: coni;: os mocn:os
em Granada, a expulsão d?5 cruzados do Levante, a reconquista de a uma grande sangria do ouro do noroesre da Europa para a h.á..lia. para o Levante e para a indi.a:
• Tanro o consumo de luxo pela população não-agrícola (da lnglatcrra) como os in,·cs:tim:ntos e1tm.sivos
-1

Cooru.nrioop pelos bizantmos em 126 1. a conquista mongol das planícies russas. lnter- na omamenLlção de igrejas (... JexacerbarJm a já aguda ca.rfocia de artífices experientes que se SC'gu.iu à Peste ~cpa.
L= -.e. na Europa. aconteceram as IVüstungen. ao provocarem uma relati\'a elevação da procura dos seus ~rviços. Daí resultou um cons Kie.rl\·el aumen.to dos salinos
As g:rzndes explorações. a expansão arlãnrica. constituíram assim não o primeiro mas dos anífices especializados.. e pane da nova procura de bens de IUAO, não s;itisf.:ita internamente. foi dcsviath pa..ã
0 áreas fora da Europa do Nane por necess idade económ ica e também em busca do exótico; o resuJudo ine,·iú\·el
segundo impulso da Europa. que foi bem afdo
b;,se social e tecnol' ·ca
_. . . sue 1 porque o seu ímpeto era ma ior, a sua desta procura foi um aumento da exportacão de dinheiro. A1ém disso. como o uso di! escassa mào--de-obrll na pro-

r·. - .- pe71S2'b cm.Porrusral


_ 0 i.«-.oo XX.
=lso
0 ~ mmal ~· mais sol!da, ªsua mouvação mais intensa Porque é que, no entanto.
fot P~gal? ~ 1250 ou mesmo 1350 poucos poderiam ter
- barra um candidato ~··avel a este papel. E retrospectivamente desde
dução de bens de lu.lo imemos impedia a sua urihzação na manufactura de artigos de e1porução. os _çanhos e.xter-
nos potenciais das economia~ do None foram reduzidos.( ... )
Para onde fora (o djnhciro ]? (... )O papado era de facto um dos maiores soo ·cdouros d.a ofc:rtJ de meuJ da

sotR opais~oque';:~
_toda a t.is:ória.
n:so
se~tido de probabilidades, com o nosso -preconceito
g tem sido nos tempos modernos e na verdade ao longo de
Europa do Noné. Para além das cransfc.rências dircctas de dinheiro. os canais do comérr10 m.J..is con,-encionJ..1 trndWn.
através do consumo de luxo, a produzir o mesmo resultado. {... ) Os términos continentais da rota !\one-Sul !com
origem nas cidades hanseáticas j eram Milão. Gén0\'3 e Veneza: ( ... ) d.ir-se-ia que um comércio 3...--tivo e PfU\'3.\'cl-
menle unilateral li ga\'a a economia do None com a do Sul. fazendo escoar os meu.is prttiosos oeste sentido.
;_· Teniamnos responder a elita qu - . Também em França ass iscimos a um grande alarg:amenco no consumo de arti gos de lu.'to do Sul durante o
lllO!Í>'a;õcs eram emnn.. · estao em .tennos de motivações e capacidades. As século XIV e princípios do século XV. (... )
- •, • sido --..-.zas, em termos do seu ob)Caivo
bo ai A Ingla1c:rra e a França queixavam-se amargamente da ht-morragia de metais preciosos ~a Júlia. mas
. pa:tiai.Imneme sentidas em Ponu ai • em ra gumas delas possam ter esta era em grande pane a contrapanida da hemorrag ia da Itália para o Le»ante. (...) Apesar d3s imponações de ouro
0
CIOSOS e~ segundo nos d" g . qu~ procuravam os e){ploradores? Metais pre- do Noroesie da Europa. da modesta produção d3s minas da Europa Central e d3s qtllUltid:Jdes mais !Ubsunciais
Lmas só a!é ceno ~to. izem os manll3Js escolares. E isto era verdade, certamente, prove.nientes do Senegal. abundam pro\'as de que a oferta de ouro atingia na melhor das hipóteses o indispcnsá ..·el e
muitas \'Cll'S nem isso. Embora a fome: humana de ouro 5eJ3. cronicamente insacijxel. o CT'fto é que o comércio com
o Levante nos sécu los XIV e XV foi rei.irando à Itália uma quantidade crescerne de ouro.( ...) O cre5eimeruo com-

~ ~7~ Ln.n. •The Cloring or lhe Ecropcan Froruitt>


parativo do comércio de luxo comou a hália mais dependente: do Levante e aumentou a hemorragia~ ~tais precio-
sos nessa direcção. (. ..)
. "Speculwn, XXXIll 4. 0uL 1958, 475. [Há] um retraimento absoluto da economia egípcia em fiO.lis do século XIV e ( ... ) um declínio quantiutivo
absoluto de todos os seus sectores. (... ) A crise económica do Egipto fez-se acompanhar por uma qucbr.t do seu sistem3

47 ·., '

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· J 450 as minas de prata na Sérvia e na Bósnia começaram
1350 0 vestuário das class~s aristocrátic~s da Ásia. e as pedras preciosas e as especiarias encami- "
i_'onsequentementealta. Entre e a importante fonte até à invasão turca do século XV
d !ver se 186> e tomaram-se um • nhavam-sc pa~a 0 Ocidente. Os acidentes da história cultural (talvez mais do que a escassez ' · ~- · ' ·
46
a esenvo -
que as separou da Europa 1 cn · Similannente, com1 iníciod em 1 ' O,1 verifica-se
. Oc'd tal
1
uma física) determinaram estas preferências complementares. Henri Pirenne e mais tarde Paul ' •· - ·•· ·
ex ansão súbita da mineração de prata na Europa Centra ._toma a p~ss1ve pe .ª s '.11elhorias Sweezy colocaram esta procura de bens de luxo num lugar de honra da expansão do comércio ,. .-·. · · ~- '
tec':.oló icas que pemiitiram 3 exploração das que até.enta~ eram mmas marginais. Perroy europeu< • En~ar~ no ent~nto com cepticismo que a troca de preciosidades. por mai s que -, · - ~ ,. -;
901
87
.. g 1460 1530 a produção de prata qumtuphcou na Europa Central < >. Em pesasse na avahaçao consciente das classes superiores europeias, pudesse ter sustentado uma :'~ · ..,·,.~ · ·
ravaha qued entre ;ena não acompanhava a procura, e a pesquisa do ouro pela via marí- empr,esa tão colo~sa~ como a expansão_ do mundo atlântico e muiw menos que tive~e con- ·~~ ;;r! :· ' ·
qualquer os casos. a o ., . f · ··
. ( · do ouro do Sudão rodeando os intenned1anos norte-a ncanos) foi mquestio- tribmdo para a cnaçao de uma economia-mundo europeia. .
~:~l~e~t~:m argumento para ~s primeiros navegadores portugue~es.188 '. Quando, por isso, A longo prazo, os bens essenciais têm um peso maior nas motivações económicas dó" .--·
a descobena das Américas forneceu à Europa uma fonte de ouro mais nca do que a sudanesa, homem do que os bens de luxo. O que a Europa Ocidental necessitava nos séculos XJV e XV ~~
e especialmente uma fonte de prata muito mais rica do que a da Europa Central, as conse- era comida (mais calorias e uma melhor distribuição dos valores alimentares) e combustível. ;,,.:
89
quências económicas seriam muito maiores' ' . A expansão para o Mediterrâneo e para as ilhas do Atlântico, daí para a África do Norte e ,.;.- _ - r"'"
"- f= Os metais preciosos destinavam-se a fornecer a base monetária para a circulação dentro Ocidental e atravé~ do Atlântico, bem como a expansão para a Europa Oriental, as estepes ,... ·" º·
da Europa e mais ainda a serem exportados para o Oriente. Para quê? Mais uma vez qualquer russas e por fim a Asia Central, forneceram comida e combustível. Expandiu-se a base 1erri- ' · , .. , '
~··' estudante o sabe: para obter especiarias e pedras preciosas. Para·quem? Para os ricos que as torial do consumo europeu pela construção de uma economia política em que esta base de 1
cc--•: ',
usavam como símbolos do seu consumo ostentatório. As especiarias eram transformadas em recursos era consumida desigualmente, desproporcionadamente, pela Europa Ocidental. Esta ,. · -- •
afrodisíacos como se a aristocracia não pudesse fazer amor doutra maneira. Nesta época, as não era a única alternativa. Existiram também inovações tecnológicas que aumentaram o ·'. ..- -. "'
P. :,. t r 1.. relações entre a Europa e a Ásia podem ser resumidas como uma trc;>ca ~reciosidades. Os rendimento da agricultura, inovações que começaram na Flandres já no século Xlll e que se • ,,. ::

'.
~-. r' ;.,-.. metais preciosos acorriam ao Oriente para decorarem os templos, os p~Mcios, ;;'ornamentarem
,.~ . '-·· ·_· - -- - -
monetário. A moeda cm ouro e prata foi-se tomando escassa, e a moeda de cobre predominava na circulação inlema
estenderam a Inglaterra,. mas somente no século XVI (9 n_ Mas tais inovações técnjcas eram · ' r ~ - •
mais prováveis precisamente onde existia uma forte densidade populacional e crescimento .:.·.'. •. ~ . ·
industrial, tal como na Flandres medieval, zonas onde se tomava realmente mills rentável 1 .. . _ _
e a todos os níveis de transa.,.ão. (... )
cqnverter a exploração da terra em produções comercializáveis, criação de gado e horticul- ,.,... , · ·
Entre os numerosos factoies contribuindo para a escassez de dinheiro no Egipto dos finais do século XIV e
durante o stculo XV, o principal. era o per>istente desequilíbrio da sua balança de pagamentos no comércio inter- tura, que consequentemente «originavam a necessidade de importar cereais [trigo] em gran-
nocional. H no stculo XIII as minas de ouro da Núbia estavam exaustas, ao ponto de o ouro extraído mal chegar des quantidades. Só então podia funcionar em pleno o complicado sistema de inter-relaciona- .
t;""" cobrir as des pesas. Um comércio acuvo e lucrativo com o Sudão Ocidental manteve o Egipto com ouro até ao mento entre a indústria e a agricultura» 192 ' . Por isso, o progresso da inovação na agricultura .·.·.-··- ..
ulumo quartel do século x.1v: altura cm q~e este comércio declinou e o ouro africano foi sorvido pela Europa. ( ... )
Se P?r um lado a oferta eg1pc1a d: ouro se ia ~duzindo, nada indica que uma correspondente redução se verificasse alimentou mais do que impediu a necessidade de expansão. .. ·'··
:=~~~-dr°.~rodutos cstrange1ros e de an1gos de luxo, ou uma limitação paralela das despesas do Estado com as
90. •Em todas as direcções para onde o comtrcio se espalhou, ele criou o desejo dos novos anigos d<: con- ·.-·. .1.
rávcl. (...~~~~~:~~~d~ ~~r: ~o~ªvúnica área com a qual o Egipto manteve uma balança comercial favo- sumo que lhe estavam associados. Como sempre acontece, a aristocracia d<:sejou rodear-se do luxo ou pelo menos · · • ·· • ·
Europa. (...)Mas apenas uma frac ão dessa ; o:ª praticamente dos rendimento~ do comércio de especiarias com a do confono próprio à sua condição social•. Henii Piicnne, Economic anti Social Hinory o{kt.din·a/ Euro(>' (l.ondres: · · • • • '' "
de trânsito. Além disso, o Egipto coçntribuia tambén!'°nnan~cia no pais. O coméfu10 das especiarias era um comércio Routlcdge & Kegan, 1936), 81. '-• '"'" '·"'
interno de cs.peciarias e de outras imponações do l.:~o ';;~;~~eo~ro)para a dia! através do seu próprio consumo • Quando temos em conta o facto de que a gucm1 cobrava o seu maior quinhão das ordens clcvadns (ji que ;;w , • • v
. ,1 Assim, pelo menos urna boa parte do ouro . ... . só a elas era pem1itido o uso das armas) isso permite-nos duvidar que houvesse um crescimento re/arfro importante
Europa cm busca de produtos de luxo, viajandoatrav~~e come.çava a sua longajomada para Sul a panir do Nonc da da dimensão da classe parasitária. ( ... ) Por oulro lado, não há razão para duvidar da realidade das cresccnte:s extrava-
ao >=sccntar-sc à já incrível acumulação d d 1~ Itália e do Eg1pto, encontrava o seu ponto final de repouso gâncias da classe dirigenre feudal.( ... ) Mas seria essa crescente extravagância uma tendência explicável pela natureza '
Long-<iistancc Trade•, in M. A. Cook, cd S~u";:~ inªthn 'ª"· • Englan.d to Egypt, 1350-1500; Long-term Trends and do sistema feudal, ou reflectiria ela algo que estava acontecendo fora do sistema feudal? ( ... ) A rápida extensão do
to rht Prtstnr Day (Londres e Nova Iorq~c· O ·~ d U e Ec::::,om1c H1S1ory of lhe Middle East from lhe Rise ofJs/am comércio a panir do século XI pôs ao alcance dessa classe uma quantidade e uma .-ariedadc: sempre crescente de
86. Ver Desanka Kovaccvic, • D.,;s 1; ;;, . mv. ss._1970)'. 101-105, 109-1 IO, 114, 117, 123, 126-128. anigos•. Paul Sweezy, Science and Society, XIV, pp. 139-140. .J
- r ES.C., XV, 2. Març<>-Abril 1960, 248-258. b1e ct la Bosme méd1évales: les mines d·or et d 'argent», Annales Maurice Dobb, todavia, argumenta: •A transição da extracção coerciva de sobrctraOOlho pelos se$<Jres , ~'>
; :; dom!nio 87. [Deu-se um) repentino suno de produção mineral a . para o uso de mão-de-obra livremente contratada deve ter dependido da existência de mão-de-obra b3rata (i.e., da
tomou Po:s\cc';ologia tomou-se cientifica. A invenção de melho::'" ::.: 460, sobretudo na Europa Central. Neste existência de.elementos prolerários ou semi-proletários). Creio que este terá sid~ um fac_tor muito 11lllis fundamental
dadc: o cre:e a <xploração das minas na Saxónia, na Boémia ~ t º.s de ~rfuração, drenagem e ventilação do que a proximidade de mercados para determinar se as velhas relações sociais havcnam d<: sobreviver ou de ser
pudcramdcsc":;~recurso à energia hidráulica aumentou a fon;:d:a f ~ngnadaté cerca de 200 melros de profundi- dissolvidas». Science and Society, XIV. p. 161 .
triplicouaca aci:ostaselocalizar-senos vales. A constru ãod~ o ~s ~ as bro:c:as de tal forma que os fomos R. H. Hilton alinha com Dobb: •Ü progresso económico, que foi insep:u:lvel da luta inicial cm tomo da MI L' " '
,quintupli~ na Euro~~~:l~o~omos antigos. É de admitfrque e:i~e~~~seaJlr~;;;omos de três meITT!s de altura renda e da estabilização polltica do feudalismo, caracrcrizou-se por um aumento do exced<:nte social total _d~ pro-
dução relativamente às necessidades de subsistêncía. Foi isto, e não o ch31llado recrudesctmcnto do comtrc10 inter-
88. Ver V. M. Godinho . •nro.y, ú Moyen Agt, Ili, pp. 559-562 a extracção de mmtno lenha
ES.C.,V,l,Jan.-Março 1950 . • Cn!auonctdynamismetconomi ued . nacional de sedas e especiarias, que constituiu a base para o desenvolvimento da produção de mercadorias•. •The
89. A Amtrica, que ',~ ~~ crre Chaunu ..Sivi//e et l'Atlanli!e (1;~~7~;;~";tiq~e ( 1420-1670)>, An_nales
3
. 1
•ml'Ottante da• minas de ouro da Ate"'"· ~o Mcd1tenânco, as fontes do ouro afri ~~· S.E.V.P.E.N., 1959), 57.
Transition from Feudalism 10 Capitalism• . Science & Sociery. XVII. 4, Outono 1953, 347. . .
91. Ver B. H. Slicher van Bath. •The Rise of lntcnsivc Husbandry m the Low Countnes•, m J. S. Bromlcy
J

man ª "· Braudel, La Méd;,lrranée, I, p. 43c;o, oi um substituto aindâ mais & E. H. Kossman, eds., Britain and the Netherlands (Londres: Olatto, 1960). 130-153:
92. Jbid., p. 137.
~4'8)

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· J 450 as minas de prata na Sérvia e na Bósnia começaram
1350 0 vestuário das class~s aristocrátic~s da Ásia. e as pedras preciosas e as especiarias encami- "
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d !ver se 186> e tomaram-se um • nhavam-sc pa~a 0 Ocidente. Os acidentes da história cultural (talvez mais do que a escassez ' · ~- · ' ·
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que as separou da Europa 1 cn · Similannente, com1 iníciod em 1 ' O,1 verifica-se
. Oc'd tal
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uma física) determinaram estas preferências complementares. Henri Pirenne e mais tarde Paul ' •· - ·•· ·
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87
.. g 1460 1530 a produção de prata qumtuphcou na Europa Central < >. Em pesasse na avahaçao consciente das classes superiores europeias, pudesse ter sustentado uma :'~ · ..,·,.~ · ·
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. ( · do ouro do Sudão rodeando os intenned1anos norte-a ncanos) foi mquestio- tribmdo para a cnaçao de uma economia-mundo europeia. .
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a descobena das Américas forneceu à Europa uma fonte de ouro mais nca do que a sudanesa, homem do que os bens de luxo. O que a Europa Ocidental necessitava nos séculos XJV e XV ~~
e especialmente uma fonte de prata muito mais rica do que a da Europa Central, as conse- era comida (mais calorias e uma melhor distribuição dos valores alimentares) e combustível. ;,,.:
89
quências económicas seriam muito maiores' ' . A expansão para o Mediterrâneo e para as ilhas do Atlântico, daí para a África do Norte e ,.;.- _ - r"'"
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usavam como símbolos do seu consumo ostentatório. As especiarias eram transformadas em recursos era consumida desigualmente, desproporcionadamente, pela Europa Ocidental. Esta ,. · -- •
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86. Ver Desanka Kovaccvic, • D.,;s 1; ;;, . mv. ss._1970)'. 101-105, 109-1 IO, 114, 117, 123, 126-128. anigos•. Paul Sweezy, Science and Society, XIV, pp. 139-140. .J
- r ES.C., XV, 2. Març<>-Abril 1960, 248-258. b1e ct la Bosme méd1évales: les mines d·or et d 'argent», Annales Maurice Dobb, todavia, argumenta: •A transição da extracção coerciva de sobrctraOOlho pelos se$<Jres , ~'>
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pudcramdcsc":;~recurso à energia hidráulica aumentou a fon;:d:a f ~ngnadaté cerca de 200 melros de profundi- dissolvidas». Science and Society, XIV. p. 161 .
triplicouaca aci:ostaselocalizar-senos vales. A constru ãod~ o ~s ~ as bro:c:as de tal forma que os fomos R. H. Hilton alinha com Dobb: •Ü progresso económico, que foi insep:u:lvel da luta inicial cm tomo da MI L' " '
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dução relativamente às necessidades de subsistêncía. Foi isto, e não o ch31llado recrudesctmcnto do comtrc10 inter-
88. Ver V. M. Godinho . •nro.y, ú Moyen Agt, Ili, pp. 559-562 a extracção de mmtno lenha
ES.C.,V,l,Jan.-Março 1950 . • Cn!auonctdynamismetconomi ued . nacional de sedas e especiarias, que constituiu a base para o desenvolvimento da produção de mercadorias•. •The
89. A Amtrica, que ',~ ~~ crre Chaunu ..Sivi//e et l'Atlanli!e (1;~~7~;;~";tiq~e ( 1420-1670)>, An_nales
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•ml'Ottante da• minas de ouro da Ate"'"· ~o Mcd1tenânco, as fontes do ouro afri ~~· S.E.V.P.E.N., 1959), 57.
Transition from Feudalism 10 Capitalism• . Science & Sociery. XVII. 4, Outono 1953, 347. . .
91. Ver B. H. Slicher van Bath. •The Rise of lntcnsivc Husbandry m the Low Countnes•, m J. S. Bromlcy
J

man ª "· Braudel, La Méd;,lrranée, I, p. 43c;o, oi um substituto aindâ mais & E. H. Kossman, eds., Britain and the Netherlands (Londres: Olatto, 1960). 130-153:
92. Jbid., p. 137.
~4'8)

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- o trigo foi um pôlo da nova pro<luçiio e comfrci? nos séct'.los ~~~X.VI.. h.1icialrncmc silo atlàntica foi simplesmente a ua continuação 16gica. a realidade , E. E. Rich remonta a 1 , , , •
a Europa encont rou nas llorcstas do Norte e nas plam~:cs meduc~am.c:ts as s~as '.~A":1ért­
escravatura africana cm Portugal ao ano 1000, sendo os e.aavos adquiridos por comércio
c:1s internas >'. na expressiva frase de Fcm:md Braudd " '. Ma' Amcncas mtc ma:' nao c~am co~ c~~!~ios árabcs P•o. O açúcar era um produto muito lucratho e procurado. expulsando
suficicnrcs. E'istia exlJ'lnsão par.1 rq:iocs pró.<imas . primeiro que tud o para as '.!~as. Vt~o­ o tngo mas exaunndo subsequentemente o solo. de modo que requeria cor.tínuamcntc nov:is
rino Magalhiics Godinho avançou como hip<ltesc de traballm que a agncuhura .fot a maior terras (para não falannos da exaustão da força de trabalho que o seu cul1h·o •~arretava).
motivaçiio d:t coloni zaç:io po rtuguesa das ilhas atlânticas. uma h1pôtese prosseguida por Joel O peixe e a carne localizam -se a um nível mais alto da hierMquia de lknnen . Mas eram.
Serrão. que salientou que 0 dcsenrnl vimcnlo destas ilhas foi rápido e cm termos da «tctralo- fontes desejadas de proteínas. Godinho refere a exir.ru.ão das :ltcas pi<eatóna5 como uma das · •• ,
gia cereais . 31·úcar. timos e vinho ( ... ). 1llouve 1 sempre uma tendência para a monocultura, dinâmicas fundamentais do início da exploração portuguesa '""'. A carne era ~ dú•·ida menos •
scnJo sempre um ou outro dos quarro produtos o preferido»•"'>. O novo trigo produzido importante do que os cereais. e a sua importânc ia reduzi u-!>e comidcrá-el e rapidamente no
começou a circular por todo o conl inentc europeu. desde a área báltica até aos Países Baixos, período que medeia entre 1400 e 1750'""' - uma prova de um pomo a q"" teremos oca•i:lo
desde o séc ulo XIV '' ' ' e :11é aringir Portugal no século XV ""''. desde o Mediterrâneo até de voltar, o de que os trabalhadores europeu~ suportaram parte dos custos do de~m olv imento
lnglatcrrJ e Paísc> Bai' º' nos séculos XIV e XV ;m. económico da Europa' "'''· De qualquer modo, o desejo de carne foi urna da' motivações do
o, alimentos podem se r colocados numa hierarquia em termos do seu cusm por 1000 comércio de especiarias. não das especiarias as iáticas desti nadas a afrocfüíacos dos ricos mas
c:1lorias. M. K. Bcnnen pcnsJ que esta hi erarquia é basrante estável ao longo do tempo e do da malagueta da África Ocidental (Amonum me/egueta ) usada como subsútuto da pimenta
espaço. Farinh a~. farin:iceo, e tubérculos estão no fund o da escala, isto é, são os mais baratos, bem como para o vinho condimentado conhecido corno hipocraz'"'''. Estas ~iarias eram
a b3Se dos bens essencia is '°' '. Mas não se pode construir uma boa dieta apenas com base em «quase capazes de tomar aceitáveis papas de aveia di luídas• ""''.
cerea is. Um dos mais im poruntes complemenms da dicra europeia era o açúcar, útil quer como Se as necessidades alimentares ditaram a expansão geográfica da El.:ropa. os bene- · .
fonte calórica quer como substituto para as gorduras . Além disso. também pode ser usado para fícios alimentares resultaram ainda maiores do que seria previsí,·el. A ecologia mundial -
bebidas alcoólicas (part icularmente rum). E mais rarde viria a ser usado no fabrico de choco- alterou-se de uma forma que. por causa da organização social da economia-mundo euro-
late. uso que os espanhói' aprenderam dos aztecas e que se tomaria uma bebida altamente peia emergente, viria a beneficiar primordialmente a Europa " '. Além da comida. a outra
apreciada. pelo menos em Espanha. du rante o século XVII "'"·
O açúcar fo i também um dos principai s motivos da expansão para as ilhas. E devido à fom~ccram o capital e as técnicas de: moagem e de impçio para a in:roduçio do arç:úcar oos. Açttei e r~ l.1~
forma como era produzido. a escravatura acom panhou o aç úcar. Este processo iniciou-se no e que o expona.ram das ilhas para re giões tão distarnes como a Ai~ e CooswtriTlopb.. Ajo.1anrn i~ a -
Medi~rrânco Ori.ental no sécu lo XII . movendo-se a partir de então para Ocidente ""''· A expan- fornecer a mão--de-obra necessária: AntonK> da Noli. por e'templo. rn.._'"IS.porta' -a gvinc:ensa ~ n :as de Cabo ·
Verde cerca de 1460. · Slavcry and Slaving in lhe Porru~ Atb::iric (to .&boo:t l 5C.01• . m C~ oi Africrl Slv-
dies. Univer.;i1 y of Edinburgh. The Traruat/anric Slau Tradt from K-"t-.rt Afnca <n-.imeo. 196.!i }, 76.
101. Ver E. E. Rich... Colonial Senlcmen1 and its Ltbour Probkm.v. in Cambndu Erono-;( Hmoiry of
Europe. IV . E. E Rich e C. JL Wilson. cds .. Tht E<onomy of E.xpa.ndznt Elm~ in W 16lh an.:l J7rh Cu..I;Lrin
(Londres e ~ ova Iorque : Cambridg:e Un1v. Pttsl.. 1967) . .308_
102. Por uemplo_ Serrão ob~:i x-cn:-a da ~1adeira; ·Cem de 147.S . o ciclo do rrip ~ (_, O- .,
.açúcar tinha mono o rrigo ... Anna/ts E SC.. IX. p. 34()_ Sarao usina!a que~ isto sucedeu os Aç:or:s se IOf·
naram a principal .área para cul tivo de trigo de Ponupl. suptanu.-Mio a ~1.ade111.. Eue pad:-:Jo ti::hoo cn .n:aJ no
século XVI . no s&-olo XVII e ainda no s<rulo XVIII· . fbül.. p. ?41.
103. Ver Godinho. ,\nnaln ESC.. V. p. 33.
104. •Do que as pes\.Oa!i c ~tão gcratmentc menos consoente.1 é qae a ~it-"'3Çio e ~ crn 1 ~ - Ç"L"'r
ck~ raçõe' de pão e um pedac ito de CafTIC' f... 1era ela mesma o f"e1:ult3do de U11"..l detcrioDção e r..Jo se• '10 <;ttm&'.io
recua~ no tempo até à Idade ~f édi a • . Femand Bra'.Jde l e Fr.ink C Spooncr. • Price1 in Europr frorn l -&:5010 17.50-.
in CombridRe F.cnnomic- HiW•") of Eu,opt, IV. E_E. Ru:h e C. H_ W'il5on. ed.\_ ~ Ú O.N_llfr;\' oj ~llidint EJi1roipe
;,. the 16th ond /lrh Ce111une.f fl...nodres e 1".ova Iorque: Cirnbridie Univ . Prr:ss. 196Ti. -i t.i.
105 . · De l4(l0a ?75ú.a Eu ropa foiumagr.mdeconsumidondc pjo c: e:m nuis dc:me"~ '~~ •-)
SóC"Ote rcgímc ··auii-\ado"' permitiu que a Europa ag~ll(' o fardodUl'N. popul~'ÇCTnpre C"fe:SC'mce. 1..:l o comc:mo
de~ rdcgoo o de carne pan o,cgundo pl3.n0 a.té meados do ~lo XIX~ . l bid_, p. .t l3. Vr-1 U.":'1.bérn w _Abe l.
.. Wa.ndlungen cki fle1 schvcrbr;iuch' und der fleisch\·nwrgung in Deut:sd;land•. Benchr ti.btr /...an;;i,.,rr:Ki,,aft. n .........
22. J9315. 4 11-45 2. t il.ado cm Shchcr van Ba!h. A"'ª''°" /l utory . p. 2()4_ ,
106. ~"-' pri me: ira..'i u. ploraç·ÕC'' dcx portu gucs.e\ ao longo da cosu ocldenul 1fnc'2n3 troo "Ccnm l'pc7'D!I..
uma planta _de mtc:rcv.c:- 1mc:d1at0 . iíll p1"1!"n~ da Guiné. fata podia agora. te:r obtld.i r:uu mtau do qtJ(' &1DVfs da
rota tnm.anana, e- o comtrc 10 deu o !leu nome a -crn.tiíll. da Pane.nu"": rr-2\ b pb..'"'lus ~ fUdr:n:n &C'1 adir:n:r
uda.'\ à Europa•. Ma..\Cfic ld. Camlmdit E.rorVJmu llotory nJ E'"ºPt . f\I, p. 276.
IITT. Otaunu . L'uparu rt.m t 1H ophnrie. p. ).S.i .
um. G._B. M&.\oefidda nm•b como o laço entreª" Amtric:'.ll eo hcmU.f&iooricm:JJ .11ltaoo Om:lpl ·~io~ •._ ..
do ~!u~ : •A dn~rüo d.a..• cult ura...~ t do gado que ~ K guíu ao a:ut:i.ekcimmto ~ bçm foi. a truiJ. mrporunu: "!tT'
na h" lóna humana, e talvn renha üdo eftiim de mai• k>ng.o ala:nc-e do que ~i:iqacr oo:trb ~' ~

51

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r
- o trigo foi um pôlo da nova pro<luçiio e comfrci? nos séct'.los ~~~X.VI.. h.1icialrncmc silo atlàntica foi simplesmente a ua continuação 16gica. a realidade , E. E. Rich remonta a 1 , , , •
a Europa encont rou nas llorcstas do Norte e nas plam~:cs meduc~am.c:ts as s~as '.~A":1ért­
escravatura africana cm Portugal ao ano 1000, sendo os e.aavos adquiridos por comércio
c:1s internas >'. na expressiva frase de Fcm:md Braudd " '. Ma' Amcncas mtc ma:' nao c~am co~ c~~!~ios árabcs P•o. O açúcar era um produto muito lucratho e procurado. expulsando
suficicnrcs. E'istia exlJ'lnsão par.1 rq:iocs pró.<imas . primeiro que tud o para as '.!~as. Vt~o­ o tngo mas exaunndo subsequentemente o solo. de modo que requeria cor.tínuamcntc nov:is
rino Magalhiics Godinho avançou como hip<ltesc de traballm que a agncuhura .fot a maior terras (para não falannos da exaustão da força de trabalho que o seu cul1h·o •~arretava).
motivaçiio d:t coloni zaç:io po rtuguesa das ilhas atlânticas. uma h1pôtese prosseguida por Joel O peixe e a carne localizam -se a um nível mais alto da hierMquia de lknnen . Mas eram.
Serrão. que salientou que 0 dcsenrnl vimcnlo destas ilhas foi rápido e cm termos da «tctralo- fontes desejadas de proteínas. Godinho refere a exir.ru.ão das :ltcas pi<eatóna5 como uma das · •• ,
gia cereais . 31·úcar. timos e vinho ( ... ). 1llouve 1 sempre uma tendência para a monocultura, dinâmicas fundamentais do início da exploração portuguesa '""'. A carne era ~ dú•·ida menos •
scnJo sempre um ou outro dos quarro produtos o preferido»•"'>. O novo trigo produzido importante do que os cereais. e a sua importânc ia reduzi u-!>e comidcrá-el e rapidamente no
começou a circular por todo o conl inentc europeu. desde a área báltica até aos Países Baixos, período que medeia entre 1400 e 1750'""' - uma prova de um pomo a q"" teremos oca•i:lo
desde o séc ulo XIV '' ' ' e :11é aringir Portugal no século XV ""''. desde o Mediterrâneo até de voltar, o de que os trabalhadores europeu~ suportaram parte dos custos do de~m olv imento
lnglatcrrJ e Paísc> Bai' º' nos séculos XIV e XV ;m. económico da Europa' "'''· De qualquer modo, o desejo de carne foi urna da' motivações do
o, alimentos podem se r colocados numa hierarquia em termos do seu cusm por 1000 comércio de especiarias. não das especiarias as iáticas desti nadas a afrocfüíacos dos ricos mas
c:1lorias. M. K. Bcnnen pcnsJ que esta hi erarquia é basrante estável ao longo do tempo e do da malagueta da África Ocidental (Amonum me/egueta ) usada como subsútuto da pimenta
espaço. Farinh a~. farin:iceo, e tubérculos estão no fund o da escala, isto é, são os mais baratos, bem como para o vinho condimentado conhecido corno hipocraz'"'''. Estas ~iarias eram
a b3Se dos bens essencia is '°' '. Mas não se pode construir uma boa dieta apenas com base em «quase capazes de tomar aceitáveis papas de aveia di luídas• ""''.
cerea is. Um dos mais im poruntes complemenms da dicra europeia era o açúcar, útil quer como Se as necessidades alimentares ditaram a expansão geográfica da El.:ropa. os bene- · .
fonte calórica quer como substituto para as gorduras . Além disso. também pode ser usado para fícios alimentares resultaram ainda maiores do que seria previsí,·el. A ecologia mundial -
bebidas alcoólicas (part icularmente rum). E mais rarde viria a ser usado no fabrico de choco- alterou-se de uma forma que. por causa da organização social da economia-mundo euro-
late. uso que os espanhói' aprenderam dos aztecas e que se tomaria uma bebida altamente peia emergente, viria a beneficiar primordialmente a Europa " '. Além da comida. a outra
apreciada. pelo menos em Espanha. du rante o século XVII "'"·
O açúcar fo i também um dos principai s motivos da expansão para as ilhas. E devido à fom~ccram o capital e as técnicas de: moagem e de impçio para a in:roduçio do arç:úcar oos. Açttei e r~ l.1~
forma como era produzido. a escravatura acom panhou o aç úcar. Este processo iniciou-se no e que o expona.ram das ilhas para re giões tão distarnes como a Ai~ e CooswtriTlopb.. Ajo.1anrn i~ a -
Medi~rrânco Ori.ental no sécu lo XII . movendo-se a partir de então para Ocidente ""''· A expan- fornecer a mão--de-obra necessária: AntonK> da Noli. por e'templo. rn.._'"IS.porta' -a gvinc:ensa ~ n :as de Cabo ·
Verde cerca de 1460. · Slavcry and Slaving in lhe Porru~ Atb::iric (to .&boo:t l 5C.01• . m C~ oi Africrl Slv-
dies. Univer.;i1 y of Edinburgh. The Traruat/anric Slau Tradt from K-"t-.rt Afnca <n-.imeo. 196.!i }, 76.
101. Ver E. E. Rich... Colonial Senlcmen1 and its Ltbour Probkm.v. in Cambndu Erono-;( Hmoiry of
Europe. IV . E. E Rich e C. JL Wilson. cds .. Tht E<onomy of E.xpa.ndznt Elm~ in W 16lh an.:l J7rh Cu..I;Lrin
(Londres e ~ ova Iorque : Cambridg:e Un1v. Pttsl.. 1967) . .308_
102. Por uemplo_ Serrão ob~:i x-cn:-a da ~1adeira; ·Cem de 147.S . o ciclo do rrip ~ (_, O- .,
.açúcar tinha mono o rrigo ... Anna/ts E SC.. IX. p. 34()_ Sarao usina!a que~ isto sucedeu os Aç:or:s se IOf·
naram a principal .área para cul tivo de trigo de Ponupl. suptanu.-Mio a ~1.ade111.. Eue pad:-:Jo ti::hoo cn .n:aJ no
século XVI . no s&-olo XVII e ainda no s<rulo XVIII· . fbül.. p. ?41.
103. Ver Godinho. ,\nnaln ESC.. V. p. 33.
104. •Do que as pes\.Oa!i c ~tão gcratmentc menos consoente.1 é qae a ~it-"'3Çio e ~ crn 1 ~ - Ç"L"'r
ck~ raçõe' de pão e um pedac ito de CafTIC' f... 1era ela mesma o f"e1:ult3do de U11"..l detcrioDção e r..Jo se• '10 <;ttm&'.io
recua~ no tempo até à Idade ~f édi a • . Femand Bra'.Jde l e Fr.ink C Spooncr. • Price1 in Europr frorn l -&:5010 17.50-.
in CombridRe F.cnnomic- HiW•") of Eu,opt, IV. E_E. Ru:h e C. H_ W'il5on. ed.\_ ~ Ú O.N_llfr;\' oj ~llidint EJi1roipe
;,. the 16th ond /lrh Ce111une.f fl...nodres e 1".ova Iorque: Cirnbridie Univ . Prr:ss. 196Ti. -i t.i.
105 . · De l4(l0a ?75ú.a Eu ropa foiumagr.mdeconsumidondc pjo c: e:m nuis dc:me"~ '~~ •-)
SóC"Ote rcgímc ··auii-\ado"' permitiu que a Europa ag~ll(' o fardodUl'N. popul~'ÇCTnpre C"fe:SC'mce. 1..:l o comc:mo
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.. Wa.ndlungen cki fle1 schvcrbr;iuch' und der fleisch\·nwrgung in Deut:sd;land•. Benchr ti.btr /...an;;i,.,rr:Ki,,aft. n .........
22. J9315. 4 11-45 2. t il.ado cm Shchcr van Ba!h. A"'ª''°" /l utory . p. 2()4_ ,
106. ~"-' pri me: ira..'i u. ploraç·ÕC'' dcx portu gucs.e\ ao longo da cosu ocldenul 1fnc'2n3 troo "Ccnm l'pc7'D!I..
uma planta _de mtc:rcv.c:- 1mc:d1at0 . iíll p1"1!"n~ da Guiné. fata podia agora. te:r obtld.i r:uu mtau do qtJ(' &1DVfs da
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uda.'\ à Europa•. Ma..\Cfic ld. Camlmdit E.rorVJmu llotory nJ E'"ºPt . f\I, p. 276.
IITT. Otaunu . L'uparu rt.m t 1H ophnrie. p. ).S.i .
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do ~!u~ : •A dn~rüo d.a..• cult ura...~ t do gado que ~ K guíu ao a:ut:i.ekcimmto ~ bçm foi. a truiJ. mrporunu: "!tT'
na h" lóna humana, e talvn renha üdo eftiim de mai• k>ng.o ala:nc-e do que ~i:iqacr oo:trb ~' ~

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rande necessidade básic:1 era a nrndeirJ - para combus1fvcl e para a conslrução naval (e llá várias ra1..ties que e'-plicam cs~ fac10. Os que aconselhavam os governos tinham ·," .... r'
~ivil) 0 dcs~;ivoh· imcnto económico da Idade Médi:t - não devemos :squcccr-nos das suas interesses na manutenção do sistema ' 1" ' · Não devemos e..<quecet-11()<, que na Baixa lcl:icle Média · , , • ,.~
técni~a$ sil:·fco lns rudimcnlarcs - linha conduzido a uma dcs~ore~I''.!ªº .'~nla mas ~onlfnua a cunhagem de moeda resuhava ainda de proposia.\ comcrciaj' que serviam in1e resscs priva- ·
da Euro a Ocidenial. hália e Espanha. bem como das ilhas m_cd11~rramcas. O carvalho to r- dos"" '· Mas mais íundamental do que o in1cres<.c próprio e ra a psicologia co!ectiva do medo. · ·
p . . . . ''"'' No século XVl. a área b:lluca linha começado a exportar baseada na realidade cslrulural de um sistema económico dc:fü icntemcntc aniculado. A moeda ·
nou -sc part1culam1cn1e csc.''"º . . . . •I · . e Península Ibérica.
madeim cm grandes 4 uanudadcs p:irn a Hol.md.1. lng a1crr.1 . . de conta poderia entrar em colapso em qualquer ahura. Não estava seguramente nas mãos de · ... --:-·· • · ~
1
Uma t•ulra ncccssidaM de aprov isionamcnlo. a necessidade de 1ec1d~s, deve ~er um qualquer homem . por mais rico que fosse. controlá-la. quer isolada.'l'ICnle quer ele acordo · ·
mencionada . É claro que ex isiia 0 comércio de luxo'. a _procura d~ sedas'. C~Jª h1s1óna a~uga com ou1ros. Na realidade, quem garaniia que Ioda a economia monetária não entraria em
estava ligada :1 procura de pedras preciosas e cspecrnnas. A mduslna 1ext1I em ascensao, a colapso novamen1e? A moeda de pagamenlo podia ser sempre us.ada como uma mercadoria
primeira indiíslria im pon ante no desenvolvimen10 mdus 1~ial europeu, e~a m:1s do que um desde que os dois usos da moeda, como meio de pagamcn10 e medida d<'. valor. não se afastas-
comércio de luxo e exigia matérias-primas: lin1os para os 1exte1s de algodao e la e goma uuh- sem demasiado"ll'. Para isso o uso dos melais preci~s era essencial. E por i ~o s,cm ele.• '.
zada para dar consis1ência às sedas no seu processo de acabame nlO '"ºl. . teria faltado à Europa a confiança colecliva para desenvolver um sistema capitafüla. onde o
, Os melais preciosos eram desejados como um.a precws1dade. _para consumo no mte- lucro é baseado em vários deferimentos de valor realizado. Isto é a fon iori \'erdadeiro dado o - · • '·
rior da Europa e ai nda mais para o comércio com a Asia. mas eram 1gualmen1e uma neces- sistema de uma economia-mundo não imperial que. por outras razões. era essencia l. Dado .. •·
sidade para a expansão da economia europeia. Devemos inlerrogar-nos sobre as causas deste este fenómeno de psicologia colectiva. um elemento integrante da estrutura wcial da época. ,
facto. No fim de contas. moeda como meio de pagamento pode ser feila de qualq uer coisa, os metais preciosos devem ser considerados como um eleme.nlo fundamental par• uma eco-
desde que os homens a respeile m. E na verdade utilizamos hoje em dia quase exclusivamente nomia-mundo próspera. _
itens nfo preciosos como meios de pagamenlo. Para alé.m disso, a Europa começava a fazê-lo As causas da exploração podem ser encontradas não só nos produlOS que a Europa-
na Baixa Idade Média com o desenvolvimenlo da «moeda de conta», por vezes ilusoriamente desejava obter mas também nas necessidades de emprego de vários grupos !>Ociais na Europa._
designada por «moeda imaginária». Como H. V. Liverrnore nos recorda. foram os cronistas ibéricos desse tempo e os imediatamente
Seriam necessários no emanlo vários séculos para que a moeda metálica se aproximasse posteriores que primeiro salienlaram que •a ideia de levar a cabo a Reconquista do l'one de · -
do es1a1uto de moeda simbólica""'. o que ainda hoje não acontece totalmente. Como resul- África foi sugerida pe la necessidade de enconlrar um emprego útil para aqueles que tinham :
1ado, a Europa deparou com constanles mutações de valor devidas ao aviltamento da moeda, vivido de raides fronleiriços durante quase um quano de século• 1"•1•
tão conslantes que Marc Bloch lhes chama «O fio conduior uni versal da hi slória monetária»""'· Temos de relomar o problema chave do declínio dos rendimentos senhoriais _nos sécu-- .... , _ .•
No emanto. ninguém sugeriu seriamenle na allura que se dispensassem os metais preciosos . los XJV e XV. M. M. Poslan designou o componamenlo consequen1e da nobreza mglesa. o . . . •
uso de violênc ia ilegal para recuperar um padrão de rendimento perdido. por •gangsterismo• . . .
descobrimentos. Sem as plama."i da América, a Europa não teria si do capaz de sustentar populações tão avultadas Um fenómeno semelhante ocorreu na Suécia. Dinamarca e Alemanha. Uma das formas desta •.•
como veio a ser e os trópicos do Velho Mundo não se leriam desenvolvido tão rapidamente. Sem o gado europeu, e violência foi cenamenle a expansão""'· O princípio geral que pode ser inrncado é que .se os · -
cspecialmenle cavai~ e mulas para o transporte e o cultivo, o continente americano n3.o se poderia ter desenvolvido
~o ri1mo que se 't'erificou•. Cambâdge Econmnic History of Europe, IV , p. 276.
109. Br11udel fala duma ..fome de madeira• referindo-se a várias pan.es da Itália. •As marinhas medirerrãni- 113. •A maioria. senão a totaJidadc, dos periros cocuul.tados pelos últimos C'Pdin!.i os en:s::a mer..:adorcs.~
cas acos1umaram-sc aos poucos a procurar cada vez mai s longe o que não conseguiam encontrar nas suas próprias qua.~ todos ttahanos ~ s1multancamt:nte mercadores 1 lonµ distância e financi~~ de r::ls e de 1lOÚ\ ciJ: cam
noresta.\. No século XVI , a madeira nórdica chegava a Sevi lha em barcos abarrotados com pranchas e vigas•. Lo tam~m com frequência cunhadores de moeda e vendedores de mct3JJ ptte~ lBkx.b. tbfd_ p 52) • _
Mlditérranlt . 1. p. 131. J 14. •Na maior parte dos ca.\OS as moedas não eram C11Ilhadas duect.mlc"nte pe lo E.uado. sendo 1 cunhqem

Ve r Fred.crie Lane: •Quando esta razia dos carva lhais foi pela primeira vez daramenfe reconhecida - na arrendada a pcsM>aS privadas que cunhavam dinheiro a pattjr do meul que ouuas ~soa.s prh ad.Js lhes coofuvam.
segunda meude do século XV -a carência parece ler sido mais patente cm Vene1.a. Pelo rMnos tanto os ragusanos O interesse determinante desses cunhadores era naturalmente o lucro pnvado. não a utd1d.ade ptiblía.. ~ asos cm
como os bascos possuíam uma oferta suficiente. pelo que a sua concorrência se fazia sentir scveramenle . Em finais que um rei 1omava ele mesmo a inicialiva da cunhagem , agia tambtm ma.is como cmpre\.1..-io pnvJdo do que Cor."WJ
do séc~lo X~I ~ escas~z de madeira d~ carvalho ~arece 1c: r-sc genc:raliz.ado a todos os países do Mediterrâneo• . cabeça do E.citado ... Cipolla, M<mty: Pria1, p. 28. ....
• Venc11an Sh1ppmg Dunng lhe Commerctal Revoluuonio, in Vt'niu and f/islory (Bal1imorc, Maryland; Johns Hopkins 115. l\farc Bloch cita o nôl'j._·el exemplo da própria Chombr~ du CompttJ f~ q:l!!. no ioécu k> XV.
Prcss. 1966). 21. • quando ca lculava ~ transferências duma conta rt gia para outra. em vez de in"'1C"ter ~m-ip.teunc:ntc a ~ UZ'\i-
~ H. e..Darby faz a mcsm~ o~n.·açào a respei10 da Inglaterra; fl' Ü cresc imento da marinha mercante inglesa ferida cm /frrts, J()U.f e dt'ni~rs, tinha o cuidado de lhe afC(.-W um coefic:icmc ~rüado a rC! em C()(l;U: ti JTMxh·
e o ~se~vol v 1~~?t~. da armada rnglesa a partir~ Cpoca Tudor dependeram da disponibilidade de carvalhos para ficaçõe \ havidas cnuetanto no valor metálico ~us unidades. "' OevMjoda coou precedcite ~ 16 fün1 ICJ Jt>Mt IO~ r ·
os o<;eos d?S "ª' 1os. a~1 os pan. os ma~uos, ass im como pez e aJcatrão. eram imponados das regi ões do Báltico... nois de moeda fraca( ... ) que . cm moeda fone ( i.~ . corrente) valem 319 /ivrt'J 19 JO tH IO'ilrnni!- .. . bquuK d'"nt
1.;h~~~:~~~~c~~~U~i~1t"~i~a:~;: :~s~:.lliam L. Thomas, Ir.. cd.. Man·s Role in CluJnging 1ht Face o/ hü toiu, p. 49.
116. H. V. Li\'ermore, •Portugue!IC H~tory•, in H. V. Livermorc. cd. . Port<.1ral ONl 8,,.a:.i l. a1t l n1rrK1uc-
11 0. Ver Godinho, Annales E.S.C. V. p. 33. 1íon (Londres e No"a Iorque: Oxford Univ. Press, 1953). S9.
. 111 . O_ele_mcnt~ dcci s_ivo ~ara tomar a moeda metálica simbólica~ fazer moedas com um valor real mai5 Vitorino Magalhic:-. Godinho \lê UIT\3 re lação direcu enue a CCMaÇio <!~" .-~ ~~ VJCÍat.S em Por-
h:u~o (de prefere?'•ª muno maL~ bal:mJdo q~ o seu valor facial. No entanto Cario Cipolla assinala que este pro- rugal (1383-1385) e a uped1ção portuguesa a Ceuta em 1415. Ver l' tr~t ~ ft71!piu porrw,, aizaia XV• er
::.::: ~~J~~~Y:~c~J~~~ moeda.' em Inglaterra scn&> a partir de 1816 e nos Estados Unidos só XVI'Jiic!% ~P~: ~i~;;~~·~= ~,:-relação entre as ~' guara..' dos ~ XN e XV fincJufodo í · -:-..
11 2. Marc Bk>ch. Esqui.Jse óun~ hiJ1oir~ tNJnitoiu ck f Europe (Paris: Líb. Armand Colin. 1954). 50 . incuBão franceu na ltá.Ji.a) e a queda dos nfvci5 de rcndimemo dJ nobrc:u.. (_ ) Nlo pa'.auri o início dr.x ~~ :i.r

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rande necessidade básic:1 era a nrndeirJ - para combus1fvcl e para a conslrução naval (e llá várias ra1..ties que e'-plicam cs~ fac10. Os que aconselhavam os governos tinham ·," .... r'
~ivil) 0 dcs~;ivoh· imcnto económico da Idade Médi:t - não devemos :squcccr-nos das suas interesses na manutenção do sistema ' 1" ' · Não devemos e..<quecet-11()<, que na Baixa lcl:icle Média · , , • ,.~
técni~a$ sil:·fco lns rudimcnlarcs - linha conduzido a uma dcs~ore~I''.!ªº .'~nla mas ~onlfnua a cunhagem de moeda resuhava ainda de proposia.\ comcrciaj' que serviam in1e resscs priva- ·
da Euro a Ocidenial. hália e Espanha. bem como das ilhas m_cd11~rramcas. O carvalho to r- dos"" '· Mas mais íundamental do que o in1cres<.c próprio e ra a psicologia co!ectiva do medo. · ·
p . . . . ''"'' No século XVl. a área b:lluca linha começado a exportar baseada na realidade cslrulural de um sistema económico dc:fü icntemcntc aniculado. A moeda ·
nou -sc part1culam1cn1e csc.''"º . . . . •I · . e Península Ibérica.
madeim cm grandes 4 uanudadcs p:irn a Hol.md.1. lng a1crr.1 . . de conta poderia entrar em colapso em qualquer ahura. Não estava seguramente nas mãos de · ... --:-·· • · ~
1
Uma t•ulra ncccssidaM de aprov isionamcnlo. a necessidade de 1ec1d~s, deve ~er um qualquer homem . por mais rico que fosse. controlá-la. quer isolada.'l'ICnle quer ele acordo · ·
mencionada . É claro que ex isiia 0 comércio de luxo'. a _procura d~ sedas'. C~Jª h1s1óna a~uga com ou1ros. Na realidade, quem garaniia que Ioda a economia monetária não entraria em
estava ligada :1 procura de pedras preciosas e cspecrnnas. A mduslna 1ext1I em ascensao, a colapso novamen1e? A moeda de pagamenlo podia ser sempre us.ada como uma mercadoria
primeira indiíslria im pon ante no desenvolvimen10 mdus 1~ial europeu, e~a m:1s do que um desde que os dois usos da moeda, como meio de pagamcn10 e medida d<'. valor. não se afastas-
comércio de luxo e exigia matérias-primas: lin1os para os 1exte1s de algodao e la e goma uuh- sem demasiado"ll'. Para isso o uso dos melais preci~s era essencial. E por i ~o s,cm ele.• '.
zada para dar consis1ência às sedas no seu processo de acabame nlO '"ºl. . teria faltado à Europa a confiança colecliva para desenvolver um sistema capitafüla. onde o
, Os melais preciosos eram desejados como um.a precws1dade. _para consumo no mte- lucro é baseado em vários deferimentos de valor realizado. Isto é a fon iori \'erdadeiro dado o - · • '·
rior da Europa e ai nda mais para o comércio com a Asia. mas eram 1gualmen1e uma neces- sistema de uma economia-mundo não imperial que. por outras razões. era essencia l. Dado .. •·
sidade para a expansão da economia europeia. Devemos inlerrogar-nos sobre as causas deste este fenómeno de psicologia colectiva. um elemento integrante da estrutura wcial da época. ,
facto. No fim de contas. moeda como meio de pagamento pode ser feila de qualq uer coisa, os metais preciosos devem ser considerados como um eleme.nlo fundamental par• uma eco-
desde que os homens a respeile m. E na verdade utilizamos hoje em dia quase exclusivamente nomia-mundo próspera. _
itens nfo preciosos como meios de pagamenlo. Para alé.m disso, a Europa começava a fazê-lo As causas da exploração podem ser encontradas não só nos produlOS que a Europa-
na Baixa Idade Média com o desenvolvimenlo da «moeda de conta», por vezes ilusoriamente desejava obter mas também nas necessidades de emprego de vários grupos !>Ociais na Europa._
designada por «moeda imaginária». Como H. V. Liverrnore nos recorda. foram os cronistas ibéricos desse tempo e os imediatamente
Seriam necessários no emanlo vários séculos para que a moeda metálica se aproximasse posteriores que primeiro salienlaram que •a ideia de levar a cabo a Reconquista do l'one de · -
do es1a1uto de moeda simbólica""'. o que ainda hoje não acontece totalmente. Como resul- África foi sugerida pe la necessidade de enconlrar um emprego útil para aqueles que tinham :
1ado, a Europa deparou com constanles mutações de valor devidas ao aviltamento da moeda, vivido de raides fronleiriços durante quase um quano de século• 1"•1•
tão conslantes que Marc Bloch lhes chama «O fio conduior uni versal da hi slória monetária»""'· Temos de relomar o problema chave do declínio dos rendimentos senhoriais _nos sécu-- .... , _ .•
No emanto. ninguém sugeriu seriamenle na allura que se dispensassem os metais preciosos . los XJV e XV. M. M. Poslan designou o componamenlo consequen1e da nobreza mglesa. o . . . •
uso de violênc ia ilegal para recuperar um padrão de rendimento perdido. por •gangsterismo• . . .
descobrimentos. Sem as plama."i da América, a Europa não teria si do capaz de sustentar populações tão avultadas Um fenómeno semelhante ocorreu na Suécia. Dinamarca e Alemanha. Uma das formas desta •.•
como veio a ser e os trópicos do Velho Mundo não se leriam desenvolvido tão rapidamente. Sem o gado europeu, e violência foi cenamenle a expansão""'· O princípio geral que pode ser inrncado é que .se os · -
cspecialmenle cavai~ e mulas para o transporte e o cultivo, o continente americano n3.o se poderia ter desenvolvido
~o ri1mo que se 't'erificou•. Cambâdge Econmnic History of Europe, IV , p. 276.
109. Br11udel fala duma ..fome de madeira• referindo-se a várias pan.es da Itália. •As marinhas medirerrãni- 113. •A maioria. senão a totaJidadc, dos periros cocuul.tados pelos últimos C'Pdin!.i os en:s::a mer..:adorcs.~
cas acos1umaram-sc aos poucos a procurar cada vez mai s longe o que não conseguiam encontrar nas suas próprias qua.~ todos ttahanos ~ s1multancamt:nte mercadores 1 lonµ distância e financi~~ de r::ls e de 1lOÚ\ ciJ: cam
noresta.\. No século XVI , a madeira nórdica chegava a Sevi lha em barcos abarrotados com pranchas e vigas•. Lo tam~m com frequência cunhadores de moeda e vendedores de mct3JJ ptte~ lBkx.b. tbfd_ p 52) • _
Mlditérranlt . 1. p. 131. J 14. •Na maior parte dos ca.\OS as moedas não eram C11Ilhadas duect.mlc"nte pe lo E.uado. sendo 1 cunhqem

Ve r Fred.crie Lane: •Quando esta razia dos carva lhais foi pela primeira vez daramenfe reconhecida - na arrendada a pcsM>aS privadas que cunhavam dinheiro a pattjr do meul que ouuas ~soa.s prh ad.Js lhes coofuvam.
segunda meude do século XV -a carência parece ler sido mais patente cm Vene1.a. Pelo rMnos tanto os ragusanos O interesse determinante desses cunhadores era naturalmente o lucro pnvado. não a utd1d.ade ptiblía.. ~ asos cm
como os bascos possuíam uma oferta suficiente. pelo que a sua concorrência se fazia sentir scveramenle . Em finais que um rei 1omava ele mesmo a inicialiva da cunhagem , agia tambtm ma.is como cmpre\.1..-io pnvJdo do que Cor."WJ
do séc~lo X~I ~ escas~z de madeira d~ carvalho ~arece 1c: r-sc genc:raliz.ado a todos os países do Mediterrâneo• . cabeça do E.citado ... Cipolla, M<mty: Pria1, p. 28. ....
• Venc11an Sh1ppmg Dunng lhe Commerctal Revoluuonio, in Vt'niu and f/islory (Bal1imorc, Maryland; Johns Hopkins 115. l\farc Bloch cita o nôl'j._·el exemplo da própria Chombr~ du CompttJ f~ q:l!!. no ioécu k> XV.
Prcss. 1966). 21. • quando ca lculava ~ transferências duma conta rt gia para outra. em vez de in"'1C"ter ~m-ip.teunc:ntc a ~ UZ'\i-
~ H. e..Darby faz a mcsm~ o~n.·açào a respei10 da Inglaterra; fl' Ü cresc imento da marinha mercante inglesa ferida cm /frrts, J()U.f e dt'ni~rs, tinha o cuidado de lhe afC(.-W um coefic:icmc ~rüado a rC! em C()(l;U: ti JTMxh·
e o ~se~vol v 1~~?t~. da armada rnglesa a partir~ Cpoca Tudor dependeram da disponibilidade de carvalhos para ficaçõe \ havidas cnuetanto no valor metálico ~us unidades. "' OevMjoda coou precedcite ~ 16 fün1 ICJ Jt>Mt IO~ r ·
os o<;eos d?S "ª' 1os. a~1 os pan. os ma~uos, ass im como pez e aJcatrão. eram imponados das regi ões do Báltico... nois de moeda fraca( ... ) que . cm moeda fone ( i.~ . corrente) valem 319 /ivrt'J 19 JO tH IO'ilrnni!- .. . bquuK d'"nt
1.;h~~~:~~~~c~~~U~i~1t"~i~a:~;: :~s~:.lliam L. Thomas, Ir.. cd.. Man·s Role in CluJnging 1ht Face o/ hü toiu, p. 49.
116. H. V. Li\'ermore, •Portugue!IC H~tory•, in H. V. Livermorc. cd. . Port<.1ral ONl 8,,.a:.i l. a1t l n1rrK1uc-
11 0. Ver Godinho, Annales E.S.C. V. p. 33. 1íon (Londres e No"a Iorque: Oxford Univ. Press, 1953). S9.
. 111 . O_ele_mcnt~ dcci s_ivo ~ara tomar a moeda metálica simbólica~ fazer moedas com um valor real mai5 Vitorino Magalhic:-. Godinho \lê UIT\3 re lação direcu enue a CCMaÇio <!~" .-~ ~~ VJCÍat.S em Por-
h:u~o (de prefere?'•ª muno maL~ bal:mJdo q~ o seu valor facial. No entanto Cario Cipolla assinala que este pro- rugal (1383-1385) e a uped1ção portuguesa a Ceuta em 1415. Ver l' tr~t ~ ft71!piu porrw,, aizaia XV• er
::.::: ~~J~~~Y:~c~J~~~ moeda.' em Inglaterra scn&> a partir de 1816 e nos Estados Unidos só XVI'Jiic!% ~P~: ~i~;;~~·~= ~,:-relação entre as ~' guara..' dos ~ XN e XV fincJufodo í · -:-..
11 2. Marc Bk>ch. Esqui.Jse óun~ hiJ1oir~ tNJnitoiu ck f Europe (Paris: Líb. Armand Colin. 1954). 50 . incuBão franceu na ltá.Ji.a) e a queda dos nfvci5 de rcndimemo dJ nobrc:u.. (_ ) Nlo pa'.auri o início dr.x ~~ :i.r

.52 53

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1 ,. • • •
nobre' fcudui • obiinharn 11 m rcndimcnlo n1cnnr ""' ~ u n~ !erras pnx:urariam ac1ivarnen1c rnai~
rerru' ti." quais pud ·~sem obter r ciiclilllcnlo~. rccoluc:111rlo a.\\illl o seu rcndimcn10 rea l no nível rncnlo do campc~ inat.o foce á nohrct:i , e con'>t:qucntemenie um fact.or do declínio dos rendi·
d:t' füa ex pccral iva' ,oci<ti \. Se. c 11 1: n, pcrgunlannm porque é 11uc l'ortugal se expa ndiu para mcnl<'.s 'c nhnriai ~. na crise do íeudal i~mo. A' MXic<.ladc>europeias poderiam ter rl!!.pondido · 1
0 uhrnmar e mi n.io acontece u w m 11u1rm paf,cs curnpcus, uma rc•posta s1mple> é que os de vá na ~ maneira ~. lima mane ira comi, ria cm de fin irem -\C lpelo rrir.n<>'> implícitasncnl!:) como .
11001 ~ no' outro• paf\cs tinh11 111 mai\ , onc. Tinham t'xp:ui'ÔC• mni' si mpl es ao seu alc;mcc, so!Jrepovoada\, e co11\cqucntcmcn1c wm necc,>idade de uma maior baY.: territorial ''" '. Real-
1 n;ii ~ pr61 i11111 ~ tlc cu,a. u1ili1.;mcln cav:i lm cm vez de h:m:os. Portugal, devido à sua geografia, mente. o que a nohrcza (e a hurguc>iaJ nec:c,, ítava, e aquilo <jUe con'><: guín.a, era uma força de ,
11:'10 linha c,coll m. lrnhalho mai>dócil. O tamanho da popu l aç ~o náo e•taYa em c;w~ ; o que c\tava e111 JO&O eram -.'
Srm tlúvida ,1uc a cx pan •ilo ullramarina tem sido lradi cionalmente relacionada com ª·' ª'
1cl;1çõc> \utiab que regia m a interncção enlrc cla\ses altas e as CW '>I:\ b<üx~s. ;_" •
"' interesse' cln' 111crc:1d111c,, que pcnsaviim benefi cia r da c~ p a n sií n do comércio, e com os Finalmcnle, poderia a cxpamão uflramarina .cr explicada pelo •eipfri Lo de cruz.ada~: '·~ •.. ,,
d o~ numarc:i\, qul" prurn rav;1111 ''"(·gurar quer glória quer rcncl imcnlm p:ira o lronn. Mas pode a necess idade de evange li zar'! Mai> uma vez. a P': rgunta ob<.curece o problema. Sem dúvida
muito hem ler acontecido qu~ '" nm1ivo' i11iciais para as ex plorações ibérica' provi e,sem que o cristianismo tomou uma forma pan icu larmcntc mili tante n• Península Ibérica. onde CK
primnnli ahnc11te dn<intcre"e' 1!a nohrct.a, particulanncntc dos mai ' destacados «filhos mais conllitt» nacionais tinham •ido desde há muito definido' em termos religi~. Sem d úvid ~ . ·-
novo>•, ,cm J<•rra, e que ,ó uma va cslahc lccida e 11 fun cionar a rede de comérc io é que os que esta era uma época de drrrora cri>tã pelos turcos muçulmanos no 'u~te euro;ieu raté às ·
1fü·1cadorcs. mai' prudc111e' (fr<·quentcmcnlc menos cmprc•ariai s do que os nohrcs ameaçados própria; porta' de Viena). E a expan~ão atlãnlica pode muiio bem ter reflecti.do uma reacção '·
de dc~ pn11111 x;:tn social). se mrnaram cn1usi(i'i1icos11 1111 • psicológ ica a csles acon1ecimen1os. • um fenómeno de com pen~ ção. uma e-;pécie de fuga
1'1Kler(o a 'nbrc popul açilo ser con•idcrada causa da expa nsão'! Es1<1 é urna daquelas para a frente ,,, como sugere Chaunu ' ""· Sem dúvida que as paixões da Cristandade explicam
pc.· 1i:unlt1' que •·11nl11mlcm a quc,tiin. Braudcl di z-no' que cx islia de facto sohrcporulação no muitas das dccisücs rarticulares tomadas pelos ponugucscs e espanhóis. talvez al guma d.a
Mcditcrrf111c.·o ocidc nlal. e como prova refere as íl'PClidas expulsões de judeus e mais tarde de intensidade do seu cmpcnhamenlo ou sobre-empcnhamcnro. Mas parece ma i' plall.'i ível peri.-
mouros ele v:irio' pa ísc., •11 " 1• Mas E. E. Ri ch garanlc-11os que, como cau sa para a expansão pectivar este cnlusiasmo religioso como uma racionalização, sem dúvida in1criori1..ad.1 por
rins "~ cu l n> XV e X VI."º transhordar de população excessiva foi neg lii:cnci ável. /\ proba- mui1os dos actorcs. sendo assim reforçada e mantida - e cconomicamen1c desfigurada. Ma~
. r hi hd:uk lporqu<· n:lo pode passa r disso) é que a população crescente parliu ou para a gucrr:t a história tem visto a paixão transformar-se cm ci nismo com dema, iada regularidade para que
ou para n> ci1!:idcs 0
' " Sim, 1alvcz, ma' rnmo é que os que foram rara as cidades (ou para
'' . não se tome suspeito invocar-se tais sistemas de crença como factorcs primários n ~ cxpl icaçlio
"' g u erra~ ) forn m ulinll'ntados - e vestidos e alojados. cic.? l lavia espaço fís ico para a da génese e da persistência a longo prazo de acções sociais de grande esca la. __,
pop1 il 111·•in, 111rsn111 para u111a 110pula,·:ln Cfl'Sl'L'nlc. na Europa . Na realidade issn fa zia parte do Tudo o que di ssemos sobre rnotivaçflcs não fo mecc uma resposta conclusiva: porqui:~ ~­
pniprio prnhlc111:1 que rnnduziu à expansão. O espa\'O físico era um elemento no fortaleci- os portugueses? Falamos das necessidades materiais da Europa. de uma crise geral do rendi- -
mcnlos senhoriai s. De facto. atribuímos a Portuga l um interesse panicular cm sol ucionar este
problema pela exploração atlântica; mas isto não é suficienremente convinccnle. Temos por
isso tle deslocar-nos do tema das motivações para o tema d as capacidades. Porque foi Ponu-
gal, de Iodas as potências da Eurora. a mais capaz de condu7.ir o impulso inicial? Uma re,."
posia óhvia pode ser encontrada cm qualquer mapa. Portugal está locali zado no Atlântico. ·
mesmo jun10 a Áfri ca. Em tcm10s da colonização das ilhas utlânlicas e da ex ploraçào da cosrn
ocidental de África ern ohviamenle o mai s pró~imo . Para além di sso, as correntes oc:eánicru;
são tais que era mais fácil, especialmente dada a tecnologia do tempo. panir de pon o' ponu-
gucscs (como dos da Espanha do sudoeste)"'·' '·

121 . [=...;ta nu10-<l l'fi ni1.,·flu 1evc evidcn1rmcnt(' uma longa hi s tó ri ~ n~ Pcnin.sul:. JN'rica. Vtr OmrlC'!t Juti:in
Bi!<o hko: «Esses oi10 !rléculns de i.lvanç.u para Sul contra os mouros. orn lcnro orn rápido, não foram meu.mente uma
llfalla de comhal t militar e político, ma-. sohre1udo uma n:colonizaçào mçdu:val da P(' n ín ~u la l ~riC1J• . "'Tht:- C.asti-
li:tn U'i Plainsman: ·n1c Mcdicv31 Ranching Fmnlier in La Mancha and EJ. lrtmadura • . in Arrh1bald R. LC"~; "' 111\d
1110ma.s F. ~kGunn, Clls., Tl1í' New Wor/J Lm 1h ut l1s J/ iJtnrJ (AU!-lin: Uni v. of Tr u s Pre~. t96Q" 47.
122 . Chaunu. Sh'illr , VIII ( I ), p. 60.
1:n ... Nãn nistc, l'lll ll\tlu o Atlán1irn Norll', um lcx:al mai s itk:i lmcnre <1dapmJo ~ nit\'C'g:tç:\o n:t cfücq5o l
das águas qu c nh.~s do 4lll' a foix:t CU)oti:ira 4uc: vai d1.> Nonc lh: Li),OOa uté Gibrnhar ou pr0\'3\'C'hnC'ntc: dt!sdc l.i ioboo.
até ~ ~mia nonl' de M :urnL'OS. Só :ti se c-ncontrn . ahcnm.d:unr:ntc. um \'t' nlo C('no pJ.nt no" 1 ran~poni1.r da costa parJ
o mar l:trgu, no rnr;.1çãu do oceano, rai z dos \'Cnlos t1Hscos. no momtnm do MJll\tk 10 de Vrr:l.o. ' um \'t'OIO par.t no.\
1ra1.rr de: volta. o K'ílu:rn das hlliludes medianas desde o Outono ~lé ;m dc-sponlar da l"nmavcra•. Pu:rrc: Olilunu,
Sérillt. VIH ( 1), p. 52. Podemos cnconlrnr um mapa ba.staiuc: útil in Char les R. Bo ..l"r. 1hC' f t1rtu g 14f_Ç(' Srahnnu-
Empirr, /./1 5 · 1815 (Nova Iorque: K.nopf. 1969). 54·55 . Ver Draudd . Cinfl.<ation niatbfrflc "' r up1ltllismt,
pp. 310·3 12.

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1 ,. • • •
nobre' fcudui • obiinharn 11 m rcndimcnlo n1cnnr ""' ~ u n~ !erras pnx:urariam ac1ivarnen1c rnai~
rerru' ti." quais pud ·~sem obter r ciiclilllcnlo~. rccoluc:111rlo a.\\illl o seu rcndimcn10 rea l no nível rncnlo do campc~ inat.o foce á nohrct:i , e con'>t:qucntemenie um fact.or do declínio dos rendi·
d:t' füa ex pccral iva' ,oci<ti \. Se. c 11 1: n, pcrgunlannm porque é 11uc l'ortugal se expa ndiu para mcnl<'.s 'c nhnriai ~. na crise do íeudal i~mo. A' MXic<.ladc>europeias poderiam ter rl!!.pondido · 1
0 uhrnmar e mi n.io acontece u w m 11u1rm paf,cs curnpcus, uma rc•posta s1mple> é que os de vá na ~ maneira ~. lima mane ira comi, ria cm de fin irem -\C lpelo rrir.n<>'> implícitasncnl!:) como .
11001 ~ no' outro• paf\cs tinh11 111 mai\ , onc. Tinham t'xp:ui'ÔC• mni' si mpl es ao seu alc;mcc, so!Jrepovoada\, e co11\cqucntcmcn1c wm necc,>idade de uma maior baY.: territorial ''" '. Real-
1 n;ii ~ pr61 i11111 ~ tlc cu,a. u1ili1.;mcln cav:i lm cm vez de h:m:os. Portugal, devido à sua geografia, mente. o que a nohrcza (e a hurguc>iaJ nec:c,, ítava, e aquilo <jUe con'><: guín.a, era uma força de ,
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primnnli ahnc11te dn<intcre"e' 1!a nohrct.a, particulanncntc dos mai ' destacados «filhos mais conllitt» nacionais tinham •ido desde há muito definido' em termos religi~. Sem d úvid ~ . ·-
novo>•, ,cm J<•rra, e que ,ó uma va cslahc lccida e 11 fun cionar a rede de comérc io é que os que esta era uma época de drrrora cri>tã pelos turcos muçulmanos no 'u~te euro;ieu raté às ·
1fü·1cadorcs. mai' prudc111e' (fr<·quentcmcnlc menos cmprc•ariai s do que os nohrcs ameaçados própria; porta' de Viena). E a expan~ão atlãnlica pode muiio bem ter reflecti.do uma reacção '·
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1'1Kler(o a 'nbrc popul açilo ser con•idcrada causa da expa nsão'! Es1<1 é urna daquelas para a frente ,,, como sugere Chaunu ' ""· Sem dúvida que as paixões da Cristandade explicam
pc.· 1i:unlt1' que •·11nl11mlcm a quc,tiin. Braudcl di z-no' que cx islia de facto sohrcporulação no muitas das dccisücs rarticulares tomadas pelos ponugucscs e espanhóis. talvez al guma d.a
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mouros ele v:irio' pa ísc., •11 " 1• Mas E. E. Ri ch garanlc-11os que, como cau sa para a expansão pectivar este cnlusiasmo religioso como uma racionalização, sem dúvida in1criori1..ad.1 por
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. r hi hd:uk lporqu<· n:lo pode passa r disso) é que a população crescente parliu ou para a gucrr:t a história tem visto a paixão transformar-se cm ci nismo com dema, iada regularidade para que
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' " Sim, 1alvcz, ma' rnmo é que os que foram rara as cidades (ou para
'' . não se tome suspeito invocar-se tais sistemas de crença como factorcs primários n ~ cxpl icaçlio
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pop1 il 111·•in, 111rsn111 para u111a 110pula,·:ln Cfl'Sl'L'nlc. na Europa . Na realidade issn fa zia parte do Tudo o que di ssemos sobre rnotivaçflcs não fo mecc uma resposta conclusiva: porqui:~ ~­
pniprio prnhlc111:1 que rnnduziu à expansão. O espa\'O físico era um elemento no fortaleci- os portugueses? Falamos das necessidades materiais da Europa. de uma crise geral do rendi- -
mcnlos senhoriai s. De facto. atribuímos a Portuga l um interesse panicular cm sol ucionar este
problema pela exploração atlântica; mas isto não é suficienremente convinccnle. Temos por
isso tle deslocar-nos do tema das motivações para o tema d as capacidades. Porque foi Ponu-
gal, de Iodas as potências da Eurora. a mais capaz de condu7.ir o impulso inicial? Uma re,."
posia óhvia pode ser encontrada cm qualquer mapa. Portugal está locali zado no Atlântico. ·
mesmo jun10 a Áfri ca. Em tcm10s da colonização das ilhas utlânlicas e da ex ploraçào da cosrn
ocidental de África ern ohviamenle o mai s pró~imo . Para além di sso, as correntes oc:eánicru;
são tais que era mais fácil, especialmente dada a tecnologia do tempo. panir de pon o' ponu-
gucscs (como dos da Espanha do sudoeste)"'·' '·

121 . [=...;ta nu10-<l l'fi ni1.,·flu 1evc evidcn1rmcnt(' uma longa hi s tó ri ~ n~ Pcnin.sul:. JN'rica. Vtr OmrlC'!t Juti:in
Bi!<o hko: «Esses oi10 !rléculns de i.lvanç.u para Sul contra os mouros. orn lcnro orn rápido, não foram meu.mente uma
llfalla de comhal t militar e político, ma-. sohre1udo uma n:colonizaçào mçdu:val da P(' n ín ~u la l ~riC1J• . "'Tht:- C.asti-
li:tn U'i Plainsman: ·n1c Mcdicv31 Ranching Fmnlier in La Mancha and EJ. lrtmadura • . in Arrh1bald R. LC"~; "' 111\d
1110ma.s F. ~kGunn, Clls., Tl1í' New Wor/J Lm 1h ut l1s J/ iJtnrJ (AU!-lin: Uni v. of Tr u s Pre~. t96Q" 47.
122 . Chaunu. Sh'illr , VIII ( I ), p. 60.
1:n ... Nãn nistc, l'lll ll\tlu o Atlán1irn Norll', um lcx:al mai s itk:i lmcnre <1dapmJo ~ nit\'C'g:tç:\o n:t cfücq5o l
das águas qu c nh.~s do 4lll' a foix:t CU)oti:ira 4uc: vai d1.> Nonc lh: Li),OOa uté Gibrnhar ou pr0\'3\'C'hnC'ntc: dt!sdc l.i ioboo.
até ~ ~mia nonl' de M :urnL'OS. Só :ti se c-ncontrn . ahcnm.d:unr:ntc. um \'t' nlo C('no pJ.nt no" 1 ran~poni1.r da costa parJ
o mar l:trgu, no rnr;.1çãu do oceano, rai z dos \'Cnlos t1Hscos. no momtnm do MJll\tk 10 de Vrr:l.o. ' um \'t'OIO par.t no.\
1ra1.rr de: volta. o K'ílu:rn das hlliludes medianas desde o Outono ~lé ;m dc-sponlar da l"nmavcra•. Pu:rrc: Olilunu,
Sérillt. VIH ( 1), p. 52. Podemos cnconlrnr um mapa ba.staiuc: útil in Char les R. Bo ..l"r. 1hC' f t1rtu g 14f_Ç(' Srahnnu-
Empirr, /./1 5 · 1815 (Nova Iorque: K.nopf. 1969). 54·55 . Ver Draudd . Cinfl.<ation niatbfrflc "' r up1ltllismt,
pp. 310·3 12.

55

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r Adicion:1lmcnte. Portugal tinha j:\ gr:mdc c.xpcrii'ncia de comércio long~nquo._ Neste
·· campo se Portu)!al não podia cquip:irnr- sc uos venezianos ou aos. genoveses. a mvcsllgução
Um outro a.\pccto da economia comercial contribu iu para a ousadia de Portug11f •
quando comparada, di gamos. com a da Franç.a ou lnglate1Ta: o facto algo irónico de que Portu- " ·' ·" ·
ga l não foi tanro absorvido pela zona que daria origem à econom ia-mundo europeia como
rccent~ ;cm
<km~nstrJdo que os seus ;mte.:cdentcs eram signilicauvos e provavdmcmc para-
amarrado de forma significativa à zona i ~ l á mica do Mediterrâneo. Em ron.scquência, a sua
lelos aos das cidades da Europa do Norte""'· . . economi a estava rclativament(' ma.is monctarizada e a sua população rcla1ivamcntt" mais
Um tcn-ciro foctor era a disponibilidade de capital. Os genoveses. os grandes ~tvats
urbani7.ada 1112 '.
dos venezianos. dccidirmn mai s cedo investir na e111prcs:1 comercial ibérica e cncora1ar os
Não foi somente a forç a geográfica ou mercamil. contudo. qut con!ri buiu para á
seus esfol\·os d~ exp:1nsão ultr.unarina "~'l. Nos fins do século XV. os genoveses vmam a
demarcação de Portugal. Foi também a força do seu apJiclho de Estado. este a<pccto. Por- '· ''
preferir os espanhc\is aos portugueses. mas. isto aconteceu f~r~dament:~'.n e me ~orque estes
tugal era muito diferente dos outros estados do Ocidente europeu, isto no que respeita ao ~c ulo ·
último podiam então dar-se ao luxo de se libertar do p:11roc11110 genoves, da su.1 tutela e da
XV. Conheceu a paz quando os outros conheceram guerras int erna~ " "· A ~tabilidaclc do ·
sua participaç:lo nos lucros. Vcrlindcn chama à Itália «a única nação vcrdade1ramcntc colo-
Estado foi importante não só porque criou o clima em que os empresftrios podiam flore scer
niZ3dora durante a ldJde Média » "'• 1• A chegada dos genoveses e pisanos à Catalunha no
mas também porque encorajou a nobreza a encontrar escape~ para as w as energias que não
século XII' " " · a sua chegada no século XIII a Portugal" "'· representam os esforços dos ita-
guerras internas ou intra-europeias. A estabilidade do Est.ado era crucial também por-que ele
lianos parn atraírem os povos ibéricos ao comércio internacional da época. Mas uma vez aí,
próprio era de muitas fomrns o principal empresário " -"'. Quando o E tado era e t:ivel. podia .
os ita.li:mos começariam a desempenhar um papel iniciador dos esforços colonizadores ibé-
devotar as suas energias a emprccndime.ntos comerciais proveitosos. Par.i Porlugal. conforme
riros porque, 1endo chegado tão cedo, «puderam conquistar as posições chave na própria
vimos, a lógica da sua geo-história indicava a expansão atlântica como o empreendimento
Penins ub Ibérica" ""''. J:lem 13 17. segundo Virgínia Rau. «a cidade e o porto de Lisboa seriam
comercial mais razoável para o Estado.
o grande centro de> comércio genovês » 1'-10 '. O que é certo é que nos fins do século XIV e inícios
Porquê Portugal ? Porque foi o único dos estados europeus a maximiur vontade e" 1.
do século XV os mercadores portugueses começaram a queixar-se da «intervenção indevida
poss ibilidade. A Europa necessi tava de uma b~ territorial mais »ai.ta para ap01ar a expansão
[d s i1ali:rnos] no comércio a reralh a do reino. que ameaçava a posição dominante dos mer-
da sua economia. uma base que pudesse recompensar o crítico declínio dos rendimentos
cadores nacionais nesse ramo de comércio"'" 11• A solução era si mples e em alguma medida
senhoriais e que pudesse cortar rente as guerras de classe nascentes e po1enciabnente virukn·
Jjssica. Os italianos foram absorvidos pelo casamento e tomaram-se aristocratas territoriais
tas que a crise do feudalismo implicava. A Europa precisa"ª de mui tas coisas: ar..tai.s precio-
quer em Ponupl quer na Made ira.
sos. bens essenciais, proteínas. formas de consen ·ar as proteínas. alimentos. madeira_ maiénas
para a produção têx til. E necessitava de uma força de trabalho mais dócil. _ ...
1~4 . ·É in...-001esci, el que o prodigioso de:scm·olvimento colonial e comercial dos pai~s ibéricos no Mas a «Europa» não deve ser reificada. Não existia nenhum organismo central que ~
dc!-;ar.t:ir da ld.ld! ~ toderna ~ tornou ressível em gr.inde medid:l por um crescimento gradual do seu comércio actuasse em termos destes objectivos de longo prazo. As verdadeiras decisõe.s eram tomadas _.
~\tano du.-::i.._11te O!i ülti~ séculos d.a Jcbde ~f~di3• . Olarks \'eri inden. · ~u.\ aspccts de l"expmsion commer- por grupos de homens que actuavam em termos dos seus interesses imedi3tos. No caso de ,
~ du Ponu,p.1 1!.l moym ã~e ... Rnis1a Portug1usa dr História. IV. 19-.19. 170. Ver um~m Charles Vcrlinden.
• ~ Ri~ of Sj'r1ish Trad~ in lhe Middle Ages• . Eronomir History Rrn"e-...._ X. 1, 1940. 44·59. Idêntico ponto Portugal. parecia existirem vantagens no «negócio das descoberus• par.! muitos grupos - ,
c:k' \ JSU t ~UuJo por ~iic.hc: I Mollat in .. L.êconomie europé-tnne au.x d~u.' de.m iers si~cles du ~foyen-Age • ,
ia Rt!.J::ior.i é rl X C().."'igrrsso lr.urn.a: ior.:J/e di Srirn:e Storirhe (Florença: G. B. S:insoni, 1955). m. Sroria dei
cd:oc.o. r- 55 .
132. 9(A criação do mercado interno {em Ponuglll] .ttingiu o seu aut?C' e seruiu a.s ~laS pimc:L.~ limiuçôei'·
Ar.!Mio H. d: Oli ...cira .'.\farques ~lam:-c a n3ture.z.:t do comércio português com a fhndres nos séculos bruuiis no século :\1V. Provavelmenrc foi porqui: Ponup.I penencii à rica 1..on.a islimica qi...e CCfl!C~U mant~ as
X.l U e ~TY tn "~Of.!S pa.'"l a hlstória d3 feitoria ponuguesa na A3Ildre.s no sêculo X\'•. Studi in onore di Amintore trocas a um aho nívd de acth·idadc. m.lis ekvado qlM! o do rr.S l3..lt~ ac;dente ~- e CC!m l:!r.3 prt'~in.Jric~
Fa_,;,,,.J . Il . .\l r-Ji on'<' ( ~lilão: Don. A. Giufüt-Ed.. 1962). ~37~76. Obs<rva que j:l em 1308 havia uma •nação• dos p::tgamentos em mocd.3. (... ) Foi assim que o campesina.to. des.cnraizado. re' clt..ado cor..tnt a Ctt'X'Ctl~ ,,~iencu.
~upo.a tt"l Br.i: g::s e .ue .?.S merradorlls en..rn tr:msponadas em barros ponuguest.s (ver p. 451). Ver Godinho. da cxploraç:io senhorial. arruinado pc:l.!1. quebrJ. na capa.:idade aquisiti\·a do dtnhoro. a1r.lido f"'~ gnndes e~
- L f"O'lttflC"'..: t" por.» ~::ÍS<, p. 37.
costeiras. contribuiu para o enriquecimento dessas cidlde.!' mt"rc:intis e para a C"\tcnsão do comérc.10-... J...G. da S 1l~a..
1~. K. ~L P= UM assinili o desejo de Gtno,., de se apropriar do comért"io da !ndia a partir do século • L' au1oconsomma1ion au Portugal (XJV•-xx• siócle>)-. A"na/rs ES.C.. XXTV.1. M ~Abril 1969. 25:!. O 1lll-
~~ "'~I:lll:ncc.i:. LtT-:.? \ és_6. ~'l.i_'u e de Portugal. os p:erxweses conseguiram romper o monopólio vC'nezi:mo e o lico ~ nosso. J
~:Je"lO m.'~.l~....:J.."lV• .•'dic ~ oi.;i" tsurn D~.;.'r.ar.a (~: Allen & Unwin. 1953). 26-27. Embora esra consta· 133. •Um foctor imponante (p3ra o avanço português] foi que durante tod..:l o s6..-ulo X\ ' P'ortugal se r:can--
~~~~~".:-~:;-nplisn..como , ..,..mos no D.pítulo 6. Panillartem raz!oao apontar tc vc um reino unido. praticamente li vre de dispuus intcstiJU.S. :10 f'li.'º qu~ a Fr.a...'"ÇI ~ .ac-mn cmpcn.~ na fase
fino! da Gum:i dos Cem Anos - t ~ 15 foi o ano d.l b:t1alh• de AzincQUrt e tm:!X:n o da ccoqu isu de c.,.o - '
~"XXIIL ~~~~~~~-~~,.j:n. •lt2fun lnflucnce in (beri!.n C.Oloniotion ... Hispanic Amer"ica.n Historiral R~,·irri.·, afec tada pela rival idade com a Borgonha. a lnglaiemt tiniu a lu!ll com a Fm.'>1'3 e • Gtrrn <bs Rosas. ' a Espa.'lla
C' a lúlia Yivi3IT1 3gitada.s por ccn\·ul Mles din:istic:is e outras.•. C. R. Bo\..e:t. F ()W' Ct ~C'.dl <J cf Ponu_g!4ae E.q>a11 ·
1:::;. IX!. ;>. :000.
sion. 1415-1825 (Joane.skirgo: Wi t~ w 31ersrJ.nd l!ni\·. Prr ~. 1961). 6. _:
. l:?S.. \':r \ ',,.mi•Rlll.. •A F= .i!y ofl!lilian_...l=!wus in Ponug>J inthc FifteenthCenrury- thel..omcllin' 1~ - ·Sob o fruda lisrno um Est1<.fo e~ em crru r!X'did.l 3 pro~ade privada du..~ prm.:ipir da mes.-na
DJ ' '" " " â .>Vr=.do Se,.,,..; . ll!3Q: ~O EdJt. Cisa!pino. 1957). 7t8. . I• , forma que o feudo era 3 rropricdade privadl dum vassalo. l ... ) Os príncipes 'C' os~ \ :!.Ss.a.los en1endi3.m a juris-
1
-. ~;;,.\:!: :::,~:= ',;.";=.,;;;·p. ~·.ver wn~ Charle> Vertinden. •la ml<>- dição dos seus juízos. o culth·o d..-.s S-l!US campos e as cooquist:\S dos ~u.' c1érci1os corno empreendimentos em busca
de lucro. "1ais tarde . muito docspiritoe d:ts formas legais do feucbliSJTXl foi. apliC3do na e:<p;ir'.sâo°'-.."'Cânit:a•. Medc:r'k
16 _ . , S.:,- xn O!i.&: L..,.,...::~ ih ~ !957). L 6 l~liuine ca colorua.Jc pcnugaisc-. St1"1i in ar.ore
e. Lane, • f orce md Enterpris.e in lhe Creation of the Ocanic Commerce•. in \ 'm ice in H istory (Baltimore, Ma.")· ~
~ ~~'_"-";'"~~ :=oS.:.?Ori. p. 7 18. lmd: Johns Hopkins Press. 19661. 401-402.

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·· campo se Portu)!al não podia cquip:irnr- sc uos venezianos ou aos. genoveses. a mvcsllgução
Um outro a.\pccto da economia comercial contribu iu para a ousadia de Portug11f •
quando comparada, di gamos. com a da Franç.a ou lnglate1Ta: o facto algo irónico de que Portu- " ·' ·" ·
ga l não foi tanro absorvido pela zona que daria origem à econom ia-mundo europeia como
rccent~ ;cm
<km~nstrJdo que os seus ;mte.:cdentcs eram signilicauvos e provavdmcmc para-
amarrado de forma significativa à zona i ~ l á mica do Mediterrâneo. Em ron.scquência, a sua
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Um tcn-ciro foctor era a disponibilidade de capital. Os genoveses. os grandes ~tvats
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Não foi somente a forç a geográfica ou mercamil. contudo. qut con!ri buiu para á
seus esfol\·os d~ exp:1nsão ultr.unarina "~'l. Nos fins do século XV. os genoveses vmam a
demarcação de Portugal. Foi também a força do seu apJiclho de Estado. este a<pccto. Por- '· ''
preferir os espanhc\is aos portugueses. mas. isto aconteceu f~r~dament:~'.n e me ~orque estes
tugal era muito diferente dos outros estados do Ocidente europeu, isto no que respeita ao ~c ulo ·
último podiam então dar-se ao luxo de se libertar do p:11roc11110 genoves, da su.1 tutela e da
XV. Conheceu a paz quando os outros conheceram guerras int erna~ " "· A ~tabilidaclc do ·
sua participaç:lo nos lucros. Vcrlindcn chama à Itália «a única nação vcrdade1ramcntc colo-
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mas também porque encorajou a nobreza a encontrar escape~ para as w as energias que não
século XII' " " · a sua chegada no século XIII a Portugal" "'· representam os esforços dos ita-
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lianos parn atraírem os povos ibéricos ao comércio internacional da época. Mas uma vez aí,
próprio era de muitas fomrns o principal empresário " -"'. Quando o E tado era e t:ivel. podia .
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devotar as suas energias a emprccndime.ntos comerciais proveitosos. Par.i Porlugal. conforme
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vimos, a lógica da sua geo-história indicava a expansão atlântica como o empreendimento
Penins ub Ibérica" ""''. J:lem 13 17. segundo Virgínia Rau. «a cidade e o porto de Lisboa seriam
comercial mais razoável para o Estado.
o grande centro de> comércio genovês » 1'-10 '. O que é certo é que nos fins do século XIV e inícios
Porquê Portugal ? Porque foi o único dos estados europeus a maximiur vontade e" 1.
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senhoriais e que pudesse cortar rente as guerras de classe nascentes e po1enciabnente virukn·
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1~4 . ·É in...-001esci, el que o prodigioso de:scm·olvimento colonial e comercial dos pai~s ibéricos no Mas a «Europa» não deve ser reificada. Não existia nenhum organismo central que ~
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~ du Ponu,p.1 1!.l moym ã~e ... Rnis1a Portug1usa dr História. IV. 19-.19. 170. Ver um~m Charles Vcrlinden.
• ~ Ri~ of Sj'r1ish Trad~ in lhe Middle Ages• . Eronomir History Rrn"e-...._ X. 1, 1940. 44·59. Idêntico ponto Portugal. parecia existirem vantagens no «negócio das descoberus• par.! muitos grupos - ,
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costeiras. contribuiu para o enriquecimento dessas cidlde.!' mt"rc:intis e para a C"\tcnsão do comérc.10-... J...G. da S 1l~a..
1~. K. ~L P= UM assinili o desejo de Gtno,., de se apropriar do comért"io da !ndia a partir do século • L' au1oconsomma1ion au Portugal (XJV•-xx• siócle>)-. A"na/rs ES.C.. XXTV.1. M ~Abril 1969. 25:!. O 1lll-
~~ "'~I:lll:ncc.i:. LtT-:.? \ és_6. ~'l.i_'u e de Portugal. os p:erxweses conseguiram romper o monopólio vC'nezi:mo e o lico ~ nosso. J
~:Je"lO m.'~.l~....:J.."lV• .•'dic ~ oi.;i" tsurn D~.;.'r.ar.a (~: Allen & Unwin. 1953). 26-27. Embora esra consta· 133. •Um foctor imponante (p3ra o avanço português] foi que durante tod..:l o s6..-ulo X\ ' P'ortugal se r:can--
~~~~~".:-~:;-nplisn..como , ..,..mos no D.pítulo 6. Panillartem raz!oao apontar tc vc um reino unido. praticamente li vre de dispuus intcstiJU.S. :10 f'li.'º qu~ a Fr.a...'"ÇI ~ .ac-mn cmpcn.~ na fase
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~"XXIIL ~~~~~~~-~~,.j:n. •lt2fun lnflucnce in (beri!.n C.Oloniotion ... Hispanic Amer"ica.n Historiral R~,·irri.·, afec tada pela rival idade com a Borgonha. a lnglaiemt tiniu a lu!ll com a Fm.'>1'3 e • Gtrrn <bs Rosas. ' a Espa.'lla
C' a lúlia Yivi3IT1 3gitada.s por ccn\·ul Mles din:istic:is e outras.•. C. R. Bo\..e:t. F ()W' Ct ~C'.dl <J cf Ponu_g!4ae E.q>a11 ·
1:::;. IX!. ;>. :000.
sion. 1415-1825 (Joane.skirgo: Wi t~ w 31ersrJ.nd l!ni\·. Prr ~. 1961). 6. _:
. l:?S.. \':r \ ',,.mi•Rlll.. •A F= .i!y ofl!lilian_...l=!wus in Ponug>J inthc FifteenthCenrury- thel..omcllin' 1~ - ·Sob o fruda lisrno um Est1<.fo e~ em crru r!X'did.l 3 pro~ade privada du..~ prm.:ipir da mes.-na
DJ ' '" " " â .>Vr=.do Se,.,,..; . ll!3Q: ~O EdJt. Cisa!pino. 1957). 7t8. . I• , forma que o feudo era 3 rropricdade privadl dum vassalo. l ... ) Os príncipes 'C' os~ \ :!.Ss.a.los en1endi3.m a juris-
1
-. ~;;,.\:!: :::,~:= ',;.";=.,;;;·p. ~·.ver wn~ Charle> Vertinden. •la ml<>- dição dos seus juízos. o culth·o d..-.s S-l!US campos e as cooquist:\S dos ~u.' c1érci1os corno empreendimentos em busca
de lucro. "1ais tarde . muito docspiritoe d:ts formas legais do feucbliSJTXl foi. apliC3do na e:<p;ir'.sâo°'-.."'Cânit:a•. Medc:r'k
16 _ . , S.:,- xn O!i.&: L..,.,...::~ ih ~ !957). L 6 l~liuine ca colorua.Jc pcnugaisc-. St1"1i in ar.ore
e. Lane, • f orce md Enterpris.e in lhe Creation of the Ocanic Commerce•. in \ 'm ice in H istory (Baltimore, Ma.")· ~
~ ~~'_"-";'"~~ :=oS.:.?Ori. p. 7 18. lmd: Johns Hopkins Press. 19661. 401-402.

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h , •. ·. otnt•rdal (naci onal e cslrnngcirn) , e inclu-
p;ira o Estado. p.1r.1 a n,1bn.•1.:t. para a "'.i;uc".1 e rarur~ hi~róricu nos permirc comJ'fcendé-lo: o fu:trer:.o Orirn-..: C<JmO entJ!hrlt comparável ao
~ivamcntc p:ir,1 n st·mi -pruklnrimlo das cidadt·s .. , . • . óbvia /\ expansão cm o caminho Med11crranco (... ) não t de forma alguma 1nlm.Jr, rcfo ffiCOO\ wpcrlicíahnecte, ao txlremo
oc idcnral do conllnenlc curoa•iático"l6•.
P:tm" fata,t0, 11111 Est adC11~·que/lf•. ª v:mr.ii:' • era I· "io ;, • 1•lória. E o Estado ponu-
11 1
. s ~~ dns n:nd11nt•nros e a arnmu a~• ~ "'
1
mais pro' vel para ' cxp:m. ·' ' . 1 . h Europa da <'poca. n~o estava pcrturb:1do por De forma alguma inferior? _Isto requer a tradicional comparação de tecnologia. e a~te "::
i:.u~<. pr.1tic:imc111t• iscil!lchi ,·nrn·. '1' c,rn, .";1;,;lidadc ~il íri,·a mcxk r:1da pelo menos um século
cnn tl i t<'~ ullemo. ... Trnha C<'n:-1c:piic1l' um., i.: ~ • 1 respei to os estudiosos estão d1v1d1dol\. Para Lynn White Jr. a Europa c.xpandíu·se 00 sécuJo ·~ t:i " - ;.-_,-
XVI porque ultrapassou o rcMo do mundo no locante à tecnologia agricola de..dt 0 ;éculo IX: , _ -. _·• "
m:ii, "'" lo qut· a Espanha. Frnn1·:1 e lngl31crr.t. . C f
· foi pm:isamcnte csra ,·sr:ibilid:uk 4uc criou o nnpulso para_a nobreza. on rontada Entre a primeira metade do !>éculo VI e o fim do !oéculo IX • Eu:opa <lo ,..,on< cnou O'J rcub<u
cum os mesmos, ar<·rtos finan ceiros que a resta111t· nobreza europe ia. _ela e~tava no entanto uma série de invenções que rap idamen~ se conglomtraram nem m= dt • .i<:u!tu111 radi·
privada do ('ütcnl'ial finance iro e suporífirn (se g:mhassd das guerras m~e s tma s. Nem poclta calmen1e novo. Em lermos do trabalho campont• ele foi de longe o rnan çrc,.:Ju11>·0 "o mundo
viu. (White refere-se à charrua. ao siilema de ofolha'l'la\lo trienal. !l()S ""'"?OS abenos ""'"' crar,Jo ·
scqucr esperar 3 m:upcrnção d:1 sua posiç:io financ:ir:i pela co l o~~zaçao mtem;. Po~u?al
de gado, ao arreio e ferradura moderno..] LJ. À medidl que"'' árioo e '=<><~ ""'1> , ; ema
tinha falm de rerr.1. A ·sim os nobres mostrJrJm-se atr:udos pelo conceito d~ exp:nsao oce~mca
foram aperfeiçoados e difundidos, mai> alimentos se tomarzm dispcmfrn• e• IYJP"-'lL\Çlio immcn-
e ofrrccernm os . cus .-filhos mais no\'os» para ocuparem os cargos de d1recçao necessanos tou. (... )E a nova produtividade de coda C2rnponê. do r>one da f-"fo;>il pmnai·J q!K: c-:n número
3$ C.t~içõcs. . . cada vez maior deles pudesse abandonar a ~rra pa.'ll as cida<k,, indl.iri!l e ror.brio ""'-
Os interesses da burguesia. por uma vez. não eram conflituais com o: ~a nobreza.
Prcp;midos p;irJ 0 capit3lismo moderno por uma longa apre nd1 ~agem _ do comercto de long_a White afirma também que a Europa do Korte se distanciO'J na temologi:a milita: no
di;t.in ia e rd~ experiência de viverem numa das áreas europeias ~a~s alta'?1el)te moneta_n- século XIII. e na produção industrial no século XI. Se se perguntar porqu~ é qu~ teri3 que~
zad3s (de,ido ao envol\'imento económico com o mundo med1terran1co 1 sl~ 1co) , tam~m ssim. White responderá que foi devido às profundas convulsões pro•.oca6s pel~ m ,· ~
os burcueses procurJJ111T1 e' adir-se aos limites do pequeno mercado ponugues. Na medida ~árbaras, às quai s o Ocidente te ve presumivelmente uma reacçãocriati,·a à Toynbee ' '-
cm qu~ lhes falla ,·a capital, encontraram-no rapidamente disponível por parte dos genoveses Outros estudiosos, no entanto, discordam desta argumentação factual. Tom<'~ C• .

. 1 que. por razõe que eram suas e que tinham a ver com a sua rivalidade com.Veneza. estav~ exemplo da tecnologia militar. Cario Cipolla argumenta:
dispostos a fmmciaros ponugueses. E o conflito potencial das burgues1as nacional e estrangeira É provável que as armas chinesas fossem pelo men0<; !ão boas como asod!kn~._~ a~ oevno
foi ileru:iado ~ 13 boa ,·ontade que os genoveses manifestaram em assimilar a cultura ponu- melhores, aré aos inícios do século XV. So en!JJlto. no decorrer d ~ X\. • '"°'°logll
guesa w longo do tempo. europeia fez progressos substanciais.( ._) A artilh:ID.a curope-ia e:ra incor.:~o! \ C~'"'ti:-e ~
Finalmente. a exploração e as correntes comerciais subsequentes forneceram opor- poderosa do que qualquer espécie de =hão :i.Jguma '"' coostnií r.o ~~e
enconrrar cm textos {do século XVI] CCO<; de wna mistura de L"TIO! e ~ =o
'"."'..:'..!2:
runidades de emprego para o semi -proletariado urbano. grande parte do qual tinha acorrido às
ci~s d;:,·ido à exploração crescente que era resul tado da crise senhorial. Mais uma vez, um surgimenro da anilharia europeia ""'· _
po~nciil de discórdia interna ern minimizado pela expansão externa. Identi camente. Joseph Needham, que está ainda embrenhado no seu rnonu!remcl le-
E se todas estas conjunturas de vontade e possibi li dade não fossem suficiente s, Portu- vantamento da história da ciência e tecnologia chinõaS, data º ,:-:men~ da~::::::
gal tinru o dom da melhor localização geográfica possível para o empreendimento. a melhor dustrial e tecnol ógica da Europa sobre a Chma somente de 1-i50 · O cp: c~p .
pcmfrel quer por causa da sua projecção para o Atlântico e para o Sul, quer por causa da frente da Europa? Não um único factor, diz l'\eedham. mas «Um todo orgmico. um roniunto
oon' ergência de correntes occãnicas fa,·or.heis. Não parece assim surpreendente, dum ponto de mudanças».
d: ,·ista re="jlet'üvo. que Ponugal desse o sal to.
Há unu última q~tão que remos de abordar antes de podennos entrar na parte prin-
O facto é que no desenvolvimento autÓCIDll< espont.i.11eo da~- ro;r,~
qualquer transfonnação drástica paralela ao Renascimento e à •l'C'\'Oloçao orn: i a •
::e: ' .
cipal de~ li,m. Até aqui preocupamo-nos em expl icar o que é que cond uziu a Europa à via
de criaç"..o de uma economia-mundo capitali sta. Dado que o nosso objectivo é demonstrar que
o cz:pi!alismo .só é possível denrro do enquadramento de uma economia-mundo e não dentro 136. Chaunu. Sfrillt , VIII OJ, P· 50. iog· I Pwpn> in \<'c<t..-m Midd:< AI,'«~•. in A. C.' ..
. 137. Ly_nn White. Ir.. •":'hat Acce ".ra~d T= . l ~J.277 . .
do que é próprio a um império-mundo. temos que justificar rapidamente porque é que isto Cromb1<, cd., Sntmific Chan~t (:-.;"".a Iorque. B;nic unidade ~ um> """'aç;o a=>CJt Apl><:n:lo <><> lupá.c>e
de-. e:i= a<isi:n. A cornp;;nção mais apropriada é a da Europa com a China, que teve aproxi - 138. •Ü principal fact0< de llKJ>ação numa com . .ncJc · ~doOcxlon:< rd.><:IO'l>t< """1
mzdzmeme a mewna popu l~ão tntal entre o século Xlll e o século XVI '"''· Na afinnação à Idade Média como um todo. vcrifica·!o< qu< cm ceru medida• IJ' b>l: do<;-"' 0 Orxr-,. {Bllin<io e ldãol ~
~ g;t.'l!e de Pierre Chaur.u: o fõK.10 de que a CrL~tandadc la~ina foi muito mai.s pro~=t:rrupç.00. do~ lU ~ ~cukl X t- l O Oci·
vagas !iouccssívas de in~a1tÕC\ bárban ... que )C c~:~. !>C' ~ 110\ O\ mokk\.. Er.J wnpah:meo&c ~ 1 muda..~a. e
O f.2cto <!e Cri>WvãoCo!otroo o V..=da Ga1na(_.) n2o~em chi~.( ... ) é algo que merece dcnu: ( ... J era uma "°"icdadt candcn~. pronu • . llill
,._ 1 Piiaur{Ewopean~. JS-'•">-1 700. Lord:a. CD •.
I _) rz=• ~de refk.üo. /'iu fun dt: CO!'llaJ . O(X fim do s«uJo XV, tanto quanro a IÍIC- di'P<"lo •ela• (l bid.. p. 2821. • .
139. Car10Cippoll.Gumar.dSa1/J mlf"'~' 1
196S, 106- 107. n V.'hite, Jr .. · w 1w Accelcr>r.ed Tect~ Dwl&e
140. Ver l"'"'Ph N~. ·~: t~~r.fl/i< Changt \~°"" Jonpc: !1.,ic fjoob , 1963•). p.32.
in thc Wc>tem Middlc Ages?"•. mA. C. Crom e. ·

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h , •. ·. otnt•rdal (naci onal e cslrnngcirn) , e inclu-
p;ira o Estado. p.1r.1 a n,1bn.•1.:t. para a "'.i;uc".1 e rarur~ hi~róricu nos permirc comJ'fcendé-lo: o fu:trer:.o Orirn-..: C<JmO entJ!hrlt comparável ao
~ivamcntc p:ir,1 n st·mi -pruklnrimlo das cidadt·s .. , . • . óbvia /\ expansão cm o caminho Med11crranco (... ) não t de forma alguma 1nlm.Jr, rcfo ffiCOO\ wpcrlicíahnecte, ao txlremo
oc idcnral do conllnenlc curoa•iático"l6•.
P:tm" fata,t0, 11111 Est adC11~·que/lf•. ª v:mr.ii:' • era I· "io ;, • 1•lória. E o Estado ponu-
11 1
. s ~~ dns n:nd11nt•nros e a arnmu a~• ~ "'
1
mais pro' vel para ' cxp:m. ·' ' . 1 . h Europa da <'poca. n~o estava pcrturb:1do por De forma alguma inferior? _Isto requer a tradicional comparação de tecnologia. e a~te "::
i:.u~<. pr.1tic:imc111t• iscil!lchi ,·nrn·. '1' c,rn, .";1;,;lidadc ~il íri,·a mcxk r:1da pelo menos um século
cnn tl i t<'~ ullemo. ... Trnha C<'n:-1c:piic1l' um., i.: ~ • 1 respei to os estudiosos estão d1v1d1dol\. Para Lynn White Jr. a Europa c.xpandíu·se 00 sécuJo ·~ t:i " - ;.-_,-
XVI porque ultrapassou o rcMo do mundo no locante à tecnologia agricola de..dt 0 ;éculo IX: , _ -. _·• "
m:ii, "'" lo qut· a Espanha. Frnn1·:1 e lngl31crr.t. . C f
· foi pm:isamcnte csra ,·sr:ibilid:uk 4uc criou o nnpulso para_a nobreza. on rontada Entre a primeira metade do !>éculo VI e o fim do !oéculo IX • Eu:opa <lo ,..,on< cnou O'J rcub<u
cum os mesmos, ar<·rtos finan ceiros que a resta111t· nobreza europe ia. _ela e~tava no entanto uma série de invenções que rap idamen~ se conglomtraram nem m= dt • .i<:u!tu111 radi·
privada do ('ütcnl'ial finance iro e suporífirn (se g:mhassd das guerras m~e s tma s. Nem poclta calmen1e novo. Em lermos do trabalho campont• ele foi de longe o rnan çrc,.:Ju11>·0 "o mundo
viu. (White refere-se à charrua. ao siilema de ofolha'l'la\lo trienal. !l()S ""'"?OS abenos ""'"' crar,Jo ·
scqucr esperar 3 m:upcrnção d:1 sua posiç:io financ:ir:i pela co l o~~zaçao mtem;. Po~u?al
de gado, ao arreio e ferradura moderno..] LJ. À medidl que"'' árioo e '=<><~ ""'1> , ; ema
tinha falm de rerr.1. A ·sim os nobres mostrJrJm-se atr:udos pelo conceito d~ exp:nsao oce~mca
foram aperfeiçoados e difundidos, mai> alimentos se tomarzm dispcmfrn• e• IYJP"-'lL\Çlio immcn-
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. 1 que. por razõe que eram suas e que tinham a ver com a sua rivalidade com.Veneza. estav~ exemplo da tecnologia militar. Cario Cipolla argumenta:
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Gosto muitaS ,·czes de esboç3! a c\·oluç:io chinesa c~mo uma curva de ascensão rclativam~ntc século XV• as funções do Departamento dos Juncos de Comércio. uma instituição cscatal desde
lcnu. desen\'Qh-tndo-sc notoriamente a um nível m11110 mais alto do q11e o e11rope11 cnlr~. diga- 0 sécul~ VIII, passaram d~ co~ecta de .direitos alfandegários (que se tomaram numa função =:~· -·
mos. os séculos 11 e XV. Mas depois do início do rcnasc1mento.c1en1ffico com a revoluçao gah- provincial) para a de canahzaçao dos ~butos, que era certamente de importància considerável - · r • ... · · •
laica. com 0 que se pode considem a descoberta .da base t.écmca da descoberta científica pro- na época de Cheng H?. Chang, refenndo-se à descentralização da colecca de direitos alfan- : ~· · .-
priamente dita. então a cun•a d3 ciência e tecn~log1a europeias começa. •.elevar-se de uma fo~a degário~, que ~resum1velmente.perrni1iu barreiras mais baixas em certas regiões, pergunta: '-~ '. ~ ·-_--
vioknta. qua._<e exponencial, uhrapass:indo o mvel das sociedades as1át1cas. ( ... )Esta perturbaçao «[Não unha o imperador] em vista o encorajamento do comércio externo, cuja imponáncia -·- ,
está a.gora a corrigir-se ""l. para a China era por demais evidenle?,,!146>. ~· e· .'
Alinms eruditos insiscem no papel crucial do desenvolvimento do leme na Europa quatro- Era por demais evidente, mas, no encanto, o encorajamento cessou rapidamente. Porquê? r -,., ' ..
centista uc .. Mas Needham refere a e;i;istência de um leme na China apro;i;imadamente desde Para William Willetts, isto tem algo a ver com a We/1amchauung dos chineses. Faltava-lhes, :. . -, •
11 segundo ele, uma espécie de missão colonizadora, precisamente porque. na sua arrogância. - · " -..· - · ' .
0 século J d.C .. urna invenção provavelmente difundida da China para a Europa no século XII 1 • i.
Se 0 relato de Needham sobre a competência e superioridade da tecnologia chinesa em eles eram já o mundo <14 7J. Adicionalmente, Willetts encontra mais duas explicações imedia- , •.
relação à ocidental até ao súbito avanço desta última é correcto, é então ainda mais espantoso tas para o fim das explorações: o «ódio patológico da oficialidade confuciana pelos eunu- ,, -~ ,~
que. tendo chineses e portugueses iniciado a exploração marítima vinualmente ao mesmo cos» c1••> e a «drenagem dos fundos do Tesouro qcasionada pelos preparativos das missões
tempo. apenas 28 anos depois os chineses recuassem para um refúgio continental e desistis- oceânicas» c149 >. Esta última parece uma razão estranha, uma vez que essa drenagem teria sido -o ._,_:,_
sem de quaisquer centativas adicionais. E não por terem sido mal sucedidos. As sete viagens presumivelmente compensada pelos rendimentos que os empreendimentos coloniais poderiam - -; '- -··-
do almir:mte eunuco Cheng Ho entre 1405 e 1433 foram um grande êxito. Ele viajou a toda a ter gerado. Pelo menos foi o que pareceu aos tesouros europeus da mesma época. ,_ ..~·: ~. "-
largura do Oceano Índico, desde Java a Ceilão e à África Oriental nas suas sete viagens, trazendo Há outras explicações que argumentam em termos de focos alternativos de aten- r. _ 1
tributos e produtos exóticos para a corte chinesa, que o cumulou de louvores. As viagens ção política que teriam afastado o interesse inicial na exploração do Oceano Índico. ~or • - - .. · ,
terminaram quando Cheng Ho morreu em 1434. Para além disso, quando em 1479 Wang Chin, exemplo, G. F. Hudson argumenta que a transferência da capital para o Norte. de Nanquun •-~ ·- 'l·-:
também um eunuco. interessado em desencadear uma expedição militar a Anã, solicitou aos para Pequim, em 1421, como consequência da crescente ameaça d~ bárbaros n~madas . _ _ , .. __
arquivos a consulca dos papéis de Cheng Ho sobre Anã, foi-lhe recusado o acesso a eles. Os mongóis, pode ter atraído a atenção imperiaJ! 150 '. Bo;i;er acha que o mouvo de arracçao fm a .......
yapéis foram suprimidos. como se se quisesse apagar a própria memória de Cheng Ho< 144l. ameaça proveniente do leste personificada pelos Waco , ou bandos de piracas japoneses que ·:·~.·,- ~.:-'
· As origens descas expedições e as causas da sua cessação são igualmente obscuras. faziam presa das costas chinesasº">. M. A. P. Meilink-Roelofsz sugere que o movunento de :'-- _ .
Parece ter-se dado o caso de terem sido constantemente contrariadas pe_la burocracia oficial
dos mandarins confucianos º"'· O problema é saber porquê. Parece, pelo contrário, que
146. T'ien-Tsê Chang, Sino-Porruguese Trade From /5U to 1644 (kiden: Brill. 1934). 30. ue ~' "
. foram apoiadas pelo Imperador. Como poderiam ter sido desencadeadas se tal não fosse o 147. «Pode pôr-se a questão: quais foram os resultados práuoos destas espantosas experl1ções. em q ,.•
-caso? J\fais indícios foram encontrados por Tien-Tsê Chang no facto de que, nos inícios do empregues centenas de jun_cos de long_o cui:o e ~árias dezenas de milhar de ho~~'! A~: s:l::ru:l~::
lutamente nenhuns. Os chineses da dmasua Ming não ei:m cons~tores de 1_mpe~_?S· . tido :miss.ão
. 141 . ~oscph Nccdham, •Povenies anel Triumphs of Chinese Scientific Tradition». in Crombie. ed .. Scitn- não tinham ideia dos horrores da real-politi~ inseparáve1~ dum reg_ime ~o;~;ial~~=~:.~-i~n Juia . ..tud~
rific Cliangt !l'ova Iorque: Basic Books. 1963b), p. 139. O itálico é nosso. nem qualquer ideia de stur"! 11nd dran?. Teonca~ente o Filho do Ceu m~em :S
olhos dos estranhos bârbaros nos
vzrd uru!4~e~.°rt~~~~ i~"'.;~: Travtl and Disco•"ry in the Renaissance. 1420-1620 (Cambridge, Mass.: Har- sob os céus» e os seus enviados consideravam isso o baseante para swg d0 Filb0 dos Céus scn-
confins do mundo civilizado, anunciando-lhes um milénio p~ficado pela serena presença
1

l
1961 16~43 .7 Ver Joseph,Necdham. •Thc Chinese Contributions to Yessel Control•, Scientia, XCVJ, p. 99, Maio tado no Trono•. Willetts. Papers on Early Southeast Asian H1story. PP· 30-31. ~
~ .. • • 16 ·Quando Needham apresenrou esta comunicação ao 5.• Colóquio Internacional de História Marftima 148. /bid .• p. 37.
:::=g~~U:~i~i:"ente sobre a possibilidade. d<.invenção indepe~dente por W. G. L. Randles. Responde~ 149. lbid., p. 38. . . Am !d. 1931) 197 Poderá também ter sido ela o1
la communication de !\t N::!:~·i~: d~s;;, SCJa mtnnsecame~tc ?1fíc1I ~ro~ar o contrário. Ver «Discussion
Colloque inurnational d' hiltofre . ·1· p 5• ~:· • Les comn~uons chmo1ses à l'art de gouvemer les na vires",
de 150. Ver G. F. ~udson, E11roi:e and China ?(Londres. áliseºre ional ,;,~que a pen1a de população da
resultado duma deslocaçao da populaçao para None . ·Es~ an N g'm) foi icam<:nte oontrab.llançada pelo
r 144. Ver William Wille1:':':.;;;':~1.ri1i~ nne, 1960 (Pans, 1966), 129-lJl . China do Sul [durante a dinastia Ming] (! 2 milhões. exclumd~ " : ) Ottr:: van der Sprailcl. ·Population
aumento na China do None (9 milhões) e do Oeste e Sudoeste m~
i ed... Po{HN on Eorl)' Sourli -East As1~an H" ; <S " e Adven~urcs of the Great Eunuch Ho », in Colin Jack-Hinton, 06 •. · -'
Statistics of Ming China•, Bulle11n of the SOAS, XV. Pan 2;/ 953 · 0· R'o das Ptrolas foi comp:irado pelos histo-,
r' . . 145 .. •Cerca de 1405, o almirant~eºu~uco1~":,,ura: oumal of Southeast Asian Hisiory. 1964), 38.
•Mar.un munas panes dos maies do S l ( ) D g Ho Plllllu com uma fro1a de 63 Juncos de longo curso que 1
151 .• o trabalho de fonificação das costas entre 0 an~ e rr:i
os invasores tártaros do None. Isio era
cas. regrts,.Wldo de cada "ez com abu~d~r;;~ . furante ~s 39banos segumtes organizaram-se sete expedições idênci- riadores chineses contemporâneos à construção da Grande I> u ~~~ costeiras para enfrenw essas crónica.•
g!'3"des quanri~des do'S produtos das i/ha'i e ~º~~ç ~ obviamenle um exagero. mas a necesS1dade de mante~.":o~:':os Ming e pode (... ) ter contribuído para o aban·
1 50
ªre geografia e as rotas marírimas, assim como com
diçõe~: elas_podiam.destinar-~ a compensar o com~r~~~ e·~·:e~sconhccem-se as r~õcs que levaram a estas expe· incursões era sem dúvida uma severa pre~são sobre~ ico l 1261 ; , e. R. Boxer. Tht Chrisrian Ctntury inJapan
cone impenaJ. ou amda. como diziam os anai!I. ofi . . o lerrestre, que decaira, ou a aumentar a grandeza da dono das grandes expedições mariumas chinesas ao d P· 7'
de fac10, se ocultara como monge budista e foi enc~c~:~d~ =~~~; antece~so: do imperador e o seu sobrinho (que,
1
(Berkeley: Univ. ofCalifomia Press. 1967). 7. . - encontraum sugestivoparaleloeuropeu. «Nãó ",C
IUdo parou Ião bruscamcnie como começara d • os depois.Já noutro regime). De qualquer fonna Georges Sansom. observando este fenómeno do lado JO~":d.ções dos Wako. (...)A culpa foi em pane dos ' "•
c::nda. entre os eunucos e os burocraras ~=p~:~po~ra~~que hoje nos são obscuras. Houvesse ou não algum~
• aos árabe~ e aos ponuguescs•. Jose h Nccdh e ..n uc10. o re.sultado foi que o comércio do indico foi dei-
!
há dúvida de que tanto a China como a C~re1a sofreram~: asue autoridades japonesas ansiavam por promover 0
chineses, porque se opunham ao comércio externo. ao p r u~ o Bakufu (a autoridade centr.".japonesal se '."ostrava
L Cambridge Univ. Press. 1954).. 143-144.p am. Suenc. and CIVlitzution in China, 1(Londres e Nova Iorque: comércio legítimo. Mas esta~ eram tam.bé~ as .raz~~ ~~estava inteiramente convicto das mtenções pacificas dos
relutante em chegar ao extremo de supnm1r a piratan ·
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Gosto muitaS ,·czes de esboç3! a c\·oluç:io chinesa c~mo uma curva de ascensão rclativam~ntc século XV• as funções do Departamento dos Juncos de Comércio. uma instituição cscatal desde
lcnu. desen\'Qh-tndo-sc notoriamente a um nível m11110 mais alto do q11e o e11rope11 cnlr~. diga- 0 sécul~ VIII, passaram d~ co~ecta de .direitos alfandegários (que se tomaram numa função =:~· -·
mos. os séculos 11 e XV. Mas depois do início do rcnasc1mento.c1en1ffico com a revoluçao gah- provincial) para a de canahzaçao dos ~butos, que era certamente de importància considerável - · r • ... · · •
laica. com 0 que se pode considem a descoberta .da base t.écmca da descoberta científica pro- na época de Cheng H?. Chang, refenndo-se à descentralização da colecca de direitos alfan- : ~· · .-
priamente dita. então a cun•a d3 ciência e tecn~log1a europeias começa. •.elevar-se de uma fo~a degário~, que ~resum1velmente.perrni1iu barreiras mais baixas em certas regiões, pergunta: '-~ '. ~ ·-_--
vioknta. qua._<e exponencial, uhrapass:indo o mvel das sociedades as1át1cas. ( ... )Esta perturbaçao «[Não unha o imperador] em vista o encorajamento do comércio externo, cuja imponáncia -·- ,
está a.gora a corrigir-se ""l. para a China era por demais evidenle?,,!146>. ~· e· .'
Alinms eruditos insiscem no papel crucial do desenvolvimento do leme na Europa quatro- Era por demais evidente, mas, no encanto, o encorajamento cessou rapidamente. Porquê? r -,., ' ..
centista uc .. Mas Needham refere a e;i;istência de um leme na China apro;i;imadamente desde Para William Willetts, isto tem algo a ver com a We/1amchauung dos chineses. Faltava-lhes, :. . -, •
11 segundo ele, uma espécie de missão colonizadora, precisamente porque. na sua arrogância. - · " -..· - · ' .
0 século J d.C .. urna invenção provavelmente difundida da China para a Europa no século XII 1 • i.
Se 0 relato de Needham sobre a competência e superioridade da tecnologia chinesa em eles eram já o mundo <14 7J. Adicionalmente, Willetts encontra mais duas explicações imedia- , •.
relação à ocidental até ao súbito avanço desta última é correcto, é então ainda mais espantoso tas para o fim das explorações: o «ódio patológico da oficialidade confuciana pelos eunu- ,, -~ ,~
que. tendo chineses e portugueses iniciado a exploração marítima vinualmente ao mesmo cos» c1••> e a «drenagem dos fundos do Tesouro qcasionada pelos preparativos das missões
tempo. apenas 28 anos depois os chineses recuassem para um refúgio continental e desistis- oceânicas» c149 >. Esta última parece uma razão estranha, uma vez que essa drenagem teria sido -o ._,_:,_
sem de quaisquer centativas adicionais. E não por terem sido mal sucedidos. As sete viagens presumivelmente compensada pelos rendimentos que os empreendimentos coloniais poderiam - -; '- -··-
do almir:mte eunuco Cheng Ho entre 1405 e 1433 foram um grande êxito. Ele viajou a toda a ter gerado. Pelo menos foi o que pareceu aos tesouros europeus da mesma época. ,_ ..~·: ~. "-
largura do Oceano Índico, desde Java a Ceilão e à África Oriental nas suas sete viagens, trazendo Há outras explicações que argumentam em termos de focos alternativos de aten- r. _ 1
tributos e produtos exóticos para a corte chinesa, que o cumulou de louvores. As viagens ção política que teriam afastado o interesse inicial na exploração do Oceano Índico. ~or • - - .. · ,
terminaram quando Cheng Ho morreu em 1434. Para além disso, quando em 1479 Wang Chin, exemplo, G. F. Hudson argumenta que a transferência da capital para o Norte. de Nanquun •-~ ·- 'l·-:
também um eunuco. interessado em desencadear uma expedição militar a Anã, solicitou aos para Pequim, em 1421, como consequência da crescente ameaça d~ bárbaros n~madas . _ _ , .. __
arquivos a consulca dos papéis de Cheng Ho sobre Anã, foi-lhe recusado o acesso a eles. Os mongóis, pode ter atraído a atenção imperiaJ! 150 '. Bo;i;er acha que o mouvo de arracçao fm a .......
yapéis foram suprimidos. como se se quisesse apagar a própria memória de Cheng Ho< 144l. ameaça proveniente do leste personificada pelos Waco , ou bandos de piracas japoneses que ·:·~.·,- ~.:-'
· As origens descas expedições e as causas da sua cessação são igualmente obscuras. faziam presa das costas chinesasº">. M. A. P. Meilink-Roelofsz sugere que o movunento de :'-- _ .
Parece ter-se dado o caso de terem sido constantemente contrariadas pe_la burocracia oficial
dos mandarins confucianos º"'· O problema é saber porquê. Parece, pelo contrário, que
146. T'ien-Tsê Chang, Sino-Porruguese Trade From /5U to 1644 (kiden: Brill. 1934). 30. ue ~' "
. foram apoiadas pelo Imperador. Como poderiam ter sido desencadeadas se tal não fosse o 147. «Pode pôr-se a questão: quais foram os resultados práuoos destas espantosas experl1ções. em q ,.•
-caso? J\fais indícios foram encontrados por Tien-Tsê Chang no facto de que, nos inícios do empregues centenas de jun_cos de long_o cui:o e ~árias dezenas de milhar de ho~~'! A~: s:l::ru:l~::
lutamente nenhuns. Os chineses da dmasua Ming não ei:m cons~tores de 1_mpe~_?S· . tido :miss.ão
. 141 . ~oscph Nccdham, •Povenies anel Triumphs of Chinese Scientific Tradition». in Crombie. ed .. Scitn- não tinham ideia dos horrores da real-politi~ inseparáve1~ dum reg_ime ~o;~;ial~~=~:.~-i~n Juia . ..tud~
rific Cliangt !l'ova Iorque: Basic Books. 1963b), p. 139. O itálico é nosso. nem qualquer ideia de stur"! 11nd dran?. Teonca~ente o Filho do Ceu m~em :S
olhos dos estranhos bârbaros nos
vzrd uru!4~e~.°rt~~~~ i~"'.;~: Travtl and Disco•"ry in the Renaissance. 1420-1620 (Cambridge, Mass.: Har- sob os céus» e os seus enviados consideravam isso o baseante para swg d0 Filb0 dos Céus scn-
confins do mundo civilizado, anunciando-lhes um milénio p~ficado pela serena presença
1

l
1961 16~43 .7 Ver Joseph,Necdham. •Thc Chinese Contributions to Yessel Control•, Scientia, XCVJ, p. 99, Maio tado no Trono•. Willetts. Papers on Early Southeast Asian H1story. PP· 30-31. ~
~ .. • • 16 ·Quando Needham apresenrou esta comunicação ao 5.• Colóquio Internacional de História Marftima 148. /bid .• p. 37.
:::=g~~U:~i~i:"ente sobre a possibilidade. d<.invenção indepe~dente por W. G. L. Randles. Responde~ 149. lbid., p. 38. . . Am !d. 1931) 197 Poderá também ter sido ela o1
la communication de !\t N::!:~·i~: d~s;;, SCJa mtnnsecame~tc ?1fíc1I ~ro~ar o contrário. Ver «Discussion
Colloque inurnational d' hiltofre . ·1· p 5• ~:· • Les comn~uons chmo1ses à l'art de gouvemer les na vires",
de 150. Ver G. F. ~udson, E11roi:e and China ?(Londres. áliseºre ional ,;,~que a pen1a de população da
resultado duma deslocaçao da populaçao para None . ·Es~ an N g'm) foi icam<:nte oontrab.llançada pelo
r 144. Ver William Wille1:':':.;;;':~1.ri1i~ nne, 1960 (Pans, 1966), 129-lJl . China do Sul [durante a dinastia Ming] (! 2 milhões. exclumd~ " : ) Ottr:: van der Sprailcl. ·Population
aumento na China do None (9 milhões) e do Oeste e Sudoeste m~
i ed... Po{HN on Eorl)' Sourli -East As1~an H" ; <S " e Adven~urcs of the Great Eunuch Ho », in Colin Jack-Hinton, 06 •. · -'
Statistics of Ming China•, Bulle11n of the SOAS, XV. Pan 2;/ 953 · 0· R'o das Ptrolas foi comp:irado pelos histo-,
r' . . 145 .. •Cerca de 1405, o almirant~eºu~uco1~":,,ura: oumal of Southeast Asian Hisiory. 1964), 38.
•Mar.un munas panes dos maies do S l ( ) D g Ho Plllllu com uma fro1a de 63 Juncos de longo curso que 1
151 .• o trabalho de fonificação das costas entre 0 an~ e rr:i
os invasores tártaros do None. Isio era
cas. regrts,.Wldo de cada "ez com abu~d~r;;~ . furante ~s 39banos segumtes organizaram-se sete expedições idênci- riadores chineses contemporâneos à construção da Grande I> u ~~~ costeiras para enfrenw essas crónica.•
g!'3"des quanri~des do'S produtos das i/ha'i e ~º~~ç ~ obviamenle um exagero. mas a necesS1dade de mante~.":o~:':os Ming e pode (... ) ter contribuído para o aban·
1 50
ªre geografia e as rotas marírimas, assim como com
diçõe~: elas_podiam.destinar-~ a compensar o com~r~~~ e·~·:e~sconhccem-se as r~õcs que levaram a estas expe· incursões era sem dúvida uma severa pre~são sobre~ ico l 1261 ; , e. R. Boxer. Tht Chrisrian Ctntury inJapan
cone impenaJ. ou amda. como diziam os anai!I. ofi . . o lerrestre, que decaira, ou a aumentar a grandeza da dono das grandes expedições mariumas chinesas ao d P· 7'
de fac10, se ocultara como monge budista e foi enc~c~:~d~ =~~~; antece~so: do imperador e o seu sobrinho (que,
1
(Berkeley: Univ. ofCalifomia Press. 1967). 7. . - encontraum sugestivoparaleloeuropeu. «Nãó ",C
IUdo parou Ião bruscamcnie como começara d • os depois.Já noutro regime). De qualquer fonna Georges Sansom. observando este fenómeno do lado JO~":d.ções dos Wako. (...)A culpa foi em pane dos ' "•
c::nda. entre os eunucos e os burocraras ~=p~:~po~ra~~que hoje nos são obscuras. Houvesse ou não algum~
• aos árabe~ e aos ponuguescs•. Jose h Nccdh e ..n uc10. o re.sultado foi que o comércio do indico foi dei-
!
há dúvida de que tanto a China como a C~re1a sofreram~: asue autoridades japonesas ansiavam por promover 0
chineses, porque se opunham ao comércio externo. ao p r u~ o Bakufu (a autoridade centr.".japonesal se '."ostrava
L Cambridge Univ. Press. 1954).. 143-144.p am. Suenc. and CIVlitzution in China, 1(Londres e Nova Iorque: comércio legítimo. Mas esta~ eram tam.bé~ as .raz~~ ~~estava inteiramente convicto das mtenções pacificas dos
relutante em chegar ao extremo de supnm1r a piratan ·
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u3 e.~pu.l s:io do ()çeano Índic o pel os mercado res muçul - O " arranque• ocidental d.i-se presumi ,•elmcl~ n:i ~ <'po-_-a <~I<-"' Xl -XlllJ du q ~ o
recuo pcxk ta sido e ti muiado peln •a rr anque ~ chines na produç3o de arrot . mas~ infÍnii::.men e r.iais revol11e1on1no. n:i medicU!
!1U1l0$' " : '. . . ·S3s sc ·:un verdadeiras. e las n:io pa recem s uficientes. Por em que condena a grande área medite.rrãnica l conqiu~ é.a Terra. L .J
~k _10 que .tod.:15 es tas_: º \niem; ue pcnnit isse e m::ir.ir e tas dific ulda des e xternas De todas as forma.~. o frarasso chinês do !oéculo XV resu!:a ~ de t.-ma reWÍY3 penúria d<"
qu rll.!o n.lo ex1>11 u a m~tn a\ ao _ _ q < inultra :is;.:í,•e is? Te r.i sid o . como a lg uns escri- meios do que das motÍV:J.\ÕCS. A principal moc1vaçáo rontuc..:a .a ~r a ~enidlde . mui ta~ ' eze.
' m impk;; ren~ses e n:10 c mo oh t:iculo . . ·. ex pandir "1J >~ Pie rre Cha unu
inconsciente. de espaço 1 •)(>>.
.- p .
t res sugerir._n1, o :;implt"s fac to de que 3 Chin:i n:w '~ .quc.·~t~a lt~va à C h ina era a ex istê nc ia Aqui. pel o menos. tem os uma e itpli~çào plall!.Í\'e l das rv..ões porque a O i!na pode
fom~ :e-nos uma pi. t3 q uando s uge re q ue uma d:is.coi ~ ~~,';, Isto é ta nto mais sig nific ativo não ter querido expandir-se pe lo mar. A Ch ina estava de facto a e xpand ir-ic. mas inte.m amenlt.
de - crupo:> com vo ntades onveri;entes» par.ia expan>ao . . , .
a largando a s ua produção de arroz dentro das s uas fronieiras. As -< A ml-ri~ in:emas• da Europa
u~o n _ n-conbmos que em Port ugal 0 que é notável sã~ os mte.resses paralelo s na e_xplo-
no século XV esgotaram-se ra pidamente, dada uma agricultura qtie ~peDdia de mais espaço.
-~- -ão e exp:msão ultr:lJTl:irinas m anffes l3dos por i,:ru~s soc1~1s ran ados. Passemos e ntao em Nem os homens nem as sociedades se em pe nham em tarefas difíceis gratUJtzmaite_ A e itp lo-
re>Üti. form:i.s por que os mundo s europeu e c hmes d 1fe n:un; . _ . _ .
ração e a colonização são tarefas d ifíceis. _.
H:í uma primeir:i d iferenÇ3 sign ifi cativa na agronomi a. J_a d1sc ~t1mos a 1m portanc aa do
Uma última consideração pode ser a de que. por al guma rati!o. o !-é:culo XV mara:i
consumo de c:une n:i Europ;i. que cresce u c-om a «cnse» do seculo Xl V. E e nqu a~ to o con-
para a China o que Van der Sprenlcel chama uma • concra-coloni.zaçi!o• , ur:u deslocação da
surr.o de c~e p:ira 3 ma ior p:me d a população ,·iria mai s tarde~ declm~ desd: o seculo XVI
população para fora das áreas produtoras de arroz ""'- Embora iSUJ pos!.2 ter ali> íado a
~t 30 s.."-culo XIX. isto ru1o significou n~e ssariamente um decltmo na unhzaçao d a te rra para
«sobrepopul ação,., um tenno sempre condicionado por uma definição i.ociat pode ler e nfra -
3 cri:?;:io de pdo em fa vor d cuh ivo de cereai s. Tendo as classes _s upen ores c rescido na quecido o potencial industrializador chinês sem as vantagens compensauSri de um império
Europ:i_ em tennos absolutos . a p:irtir do século XV I. dev ido 30 ~rarn anc o aume nt~ d~.popu­
colonial. O «arranque» pode ass im ter entrado em colapso. ,
bçio. a mesma :ífe:i de te rr:i podiJ estar a ser usada para a produçao de carn e. Tal nao e m c.on-
Há uma segunda grande diferença entre a Europa e a Chin:L :\ Ch in:? é um \ ' iISW império. -
si ente com um declínio re!Jtivo do cons umo de carne pelas classes ma is baixas. que obtenam
tal como o mundo turco-muçulmano o e ra nesta época. A Europa não. Ela era e.ma econo- •
os ;eus cere:!is quer import:mdo-os de áreas periféricas que r por um culti vo m a is inte nsivo na
mia-mundo nascente, composta por pequenos império • nações-es tados e cidadi:s-esudos._ .
Europa Oc1dent:ll como result:ido do progresso tecnológ ico.
Há muitos aspectos em que es ta d iferen ça é importante . _
Pelo comr:irio. a China procur:i va uma base agrícola ma is forte desenvol vendo a pro-
Comecemos pelos arg umentos que Weber produz so bre as implicaçõe das du:is for- , ..
duç3o de 3!TOZ nas zon:is do sueste do país. A imponãncia d o gado na E uropa conduz iu ao
m as de desintegração de um império: feudalização. como na Europa Ocidental. e prebendali-
u;;o e ~tensi'o do püde r ce rracçiio an imal como meio de prod ução. O arroz é muito m a is
zação, como na China ' " " · Ele afinna que um novo Estado central izado é m ai s u;cc-ptive l de
rentável em c-.ilorias por acre m as muito ma is e xigente e m m ão-de-obra. surg ir a partir de um sistema feudal do que de um sistema prebenda.L A argum~o.,<-ão de W eber-' - :
- .\ ssim. nora Chaunu . o uso da força animal na Europa significa que « O ho me m eu- é a seguinte:
ropeu possuía no sêc ulo X\" uma força motri z mai s ou menos cinco vezes ma is pode rosa do
que a do homem ch inês. que ainda assim era o seg undo ma is favorec ido no mundo ao tempo A senhoril ocidental, como a da indi3 Oriental. deseO\·ol\·eu-se al rn\·és d:! de mle~ da
autoridade central do poder estatal patrimonial - a desintefr.?ção do Império C:uol.in~o no
das descolxrta5" ' "'·.
Ocidente. a desintegração dos califas e dos marajás ou dos gr.io-mogóis ru Índia_ . ' Impé-
Mas ainda mais importante para este nosso problema do que este avanço tecnológ ico
rio Carolíngio. contudo. os novos estratos desenvolveram-se n:i base de um• economi:i rural
é a implicação destas diferentes re lações e nt re o homem e a té cnica. T a l como Chaunu afirma: de subsistê~c ia. (Presumive lmente. pon;mto. a um nível de desen, olvimcnto económico nub
Os europeus <ksperdiçam o espaço. Mesmo na depressão demográfi ca dos inícios do século XV. baixo do que as su3s contrapanidas orientais!. Através cb v3s.sohgem por j ur:irneruo. ~ene­
faltava espaço à Europa. (...) lllas se à Europa faltava espaço, à Ch ina faltavam homens. ( ...) rali zado como conscquê nci ~ da g uerra. o e strato senh orial agregara·se ao rei ~ int~rpu.s...-n·se
entre este e os homens livres. Relações feudais podem também encontr:lr-se n:t ÍndiJ.. o.lo =
foram decisivas para a fo rmação quer de uma nobreza quer de um senhorilllísmo.
chine-scs. e \ ia pro•.-3 \·elmeme os chefes piratas como ar.linha Isabel \ Ú Sir Franc is Drake - fli busteiro ou capitão
de ma..-rinha. conforme ~ cin.:unstãncias. Além do m:ús. a acç:'io contn os piratas dependia do domínio do Bakufu t56. lhid., pp. 338-339.
sobre os senhoru da. guern oc ick:ntai.s. e ar~ 1-+00 Yoshim itSu ai nda não esta''ª firme no poder•. A /l istorv o/ Japan. 151 . • Uma vez o poder dos mong,óis qucbradu. o período Ming p.1I'C'CC •cr assistido a urna fone rcacç5o
_Vol. li. /JJ-1-/6/5 1St:m ford: S<:mford Univ . Press, 196 1). 177-1 78. · contra estas condições de pressão por pane do Sul $0brtpo\•rodo•. Bull~rin ,y 1l?C SO.ti. XV. Va.n dcT Spre:ntrl.
. . 152. •f ic3-;e surp':"ndido com o imporun te p3pc l de,.,mpenh3do pelos chineses no arquipé lago )da ln- p. 308. De notar que van der Sprenkel. em contr.l..<iõ lC' com Hudson. <11 a am<:1p r m Jrdinio dos. mcmgô1 ~ ('orno
done.51:.i} durante o século. X J\' . (. .. ) Com a passagem d.3 h~gemonfa do comércio neste oce.1110 p:tra as mãos dos c xp1ica<;3o para a mud:i.nça de ênfase cm din:-c,·ão ~o None. _
nwçulnumo:. os barros chine_ses começaram 3 desaparecer. E pro\' áve l que neste pan ic ular as coisas se relac ionem». 158. No glossário a M.u WcD:r. Tlie Rtl(~io 11 o/ ChinLJ1l"ova Iorque: Frtt Prcss.. 195 1).. H ~ Gcnh escreve:· ..... . . . , ..:
~ :;;~11,"~:ac;e_~~I~fti1;~2 ~r~~~- 7~~d European ln/ fo ena in the lndonesian Ardlipelugo beni·een / 500 and • Prcbenda: dire ito de um funcionário receber d:i Igreja ou do Es1ado terras ou outro rcn.Jime-n1os pt.iblic~ . \\'eber
chama a 1ais funcionários .. prebenJ:.irios ... A um si ~tcma p-.llitico-socia.l lxlsc' aOO num COJl'"'l de- prebendirios Weber o#
11-• 6. ~i ~'. ~5;."·oise. • Les rel3tions entre la Chine « l"Afrique au XV' siecle•, u mois en Afrique , chama '"prrbcndalismo" {p. 305 1"· Eric Wolf d i ~ u tc as dife renças enlft' um dom fnio patrimomal (ou · feudal•) e
um domín io prrbendário segundo a pe.rspccliva do seu signi ficado par..i o C!lfTlpont-s C'm Peasan/J ( Engkwood Cliffs.
154. Cbaunu. l ' e:rpansion europitnne , p. 335. Nc w Jersey: Prenticc-Hall. 1967 ), 131 - 13~.
1.55. lbúl., p. 336.

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u3 e.~pu.l s:io do ()çeano Índic o pel os mercado res muçul - O " arranque• ocidental d.i-se presumi ,•elmcl~ n:i ~ <'po-_-a <~I<-"' Xl -XlllJ du q ~ o
recuo pcxk ta sido e ti muiado peln •a rr anque ~ chines na produç3o de arrot . mas~ infÍnii::.men e r.iais revol11e1on1no. n:i medicU!
!1U1l0$' " : '. . . ·S3s sc ·:un verdadeiras. e las n:io pa recem s uficientes. Por em que condena a grande área medite.rrãnica l conqiu~ é.a Terra. L .J
~k _10 que .tod.:15 es tas_: º \niem; ue pcnnit isse e m::ir.ir e tas dific ulda des e xternas De todas as forma.~. o frarasso chinês do !oéculo XV resu!:a ~ de t.-ma reWÍY3 penúria d<"
qu rll.!o n.lo ex1>11 u a m~tn a\ ao _ _ q < inultra :is;.:í,•e is? Te r.i sid o . como a lg uns escri- meios do que das motÍV:J.\ÕCS. A principal moc1vaçáo rontuc..:a .a ~r a ~enidlde . mui ta~ ' eze.
' m impk;; ren~ses e n:10 c mo oh t:iculo . . ·. ex pandir "1J >~ Pie rre Cha unu
inconsciente. de espaço 1 •)(>>.
.- p .
t res sugerir._n1, o :;implt"s fac to de que 3 Chin:i n:w '~ .quc.·~t~a lt~va à C h ina era a ex istê nc ia Aqui. pel o menos. tem os uma e itpli~çào plall!.Í\'e l das rv..ões porque a O i!na pode
fom~ :e-nos uma pi. t3 q uando s uge re q ue uma d:is.coi ~ ~~,';, Isto é ta nto mais sig nific ativo não ter querido expandir-se pe lo mar. A Ch ina estava de facto a e xpand ir-ic. mas inte.m amenlt.
de - crupo:> com vo ntades onveri;entes» par.ia expan>ao . . , .
a largando a s ua produção de arroz dentro das s uas fronieiras. As -< A ml-ri~ in:emas• da Europa
u~o n _ n-conbmos que em Port ugal 0 que é notável sã~ os mte.resses paralelo s na e_xplo-
no século XV esgotaram-se ra pidamente, dada uma agricultura qtie ~peDdia de mais espaço.
-~- -ão e exp:msão ultr:lJTl:irinas m anffes l3dos por i,:ru~s soc1~1s ran ados. Passemos e ntao em Nem os homens nem as sociedades se em pe nham em tarefas difíceis gratUJtzmaite_ A e itp lo-
re>Üti. form:i.s por que os mundo s europeu e c hmes d 1fe n:un; . _ . _ .
ração e a colonização são tarefas d ifíceis. _.
H:í uma primeir:i d iferenÇ3 sign ifi cativa na agronomi a. J_a d1sc ~t1mos a 1m portanc aa do
Uma última consideração pode ser a de que. por al guma rati!o. o !-é:culo XV mara:i
consumo de c:une n:i Europ;i. que cresce u c-om a «cnse» do seculo Xl V. E e nqu a~ to o con-
para a China o que Van der Sprenlcel chama uma • concra-coloni.zaçi!o• , ur:u deslocação da
surr.o de c~e p:ira 3 ma ior p:me d a população ,·iria mai s tarde~ declm~ desd: o seculo XVI
população para fora das áreas produtoras de arroz ""'- Embora iSUJ pos!.2 ter ali> íado a
~t 30 s.."-culo XIX. isto ru1o significou n~e ssariamente um decltmo na unhzaçao d a te rra para
«sobrepopul ação,., um tenno sempre condicionado por uma definição i.ociat pode ler e nfra -
3 cri:?;:io de pdo em fa vor d cuh ivo de cereai s. Tendo as classes _s upen ores c rescido na quecido o potencial industrializador chinês sem as vantagens compensauSri de um império
Europ:i_ em tennos absolutos . a p:irtir do século XV I. dev ido 30 ~rarn anc o aume nt~ d~.popu­
colonial. O «arranque» pode ass im ter entrado em colapso. ,
bçio. a mesma :ífe:i de te rr:i podiJ estar a ser usada para a produçao de carn e. Tal nao e m c.on-
Há uma segunda grande diferença entre a Europa e a Chin:L :\ Ch in:? é um \ ' iISW império. -
si ente com um declínio re!Jtivo do cons umo de carne pelas classes ma is baixas. que obtenam
tal como o mundo turco-muçulmano o e ra nesta época. A Europa não. Ela era e.ma econo- •
os ;eus cere:!is quer import:mdo-os de áreas periféricas que r por um culti vo m a is inte nsivo na
mia-mundo nascente, composta por pequenos império • nações-es tados e cidadi:s-esudos._ .
Europa Oc1dent:ll como result:ido do progresso tecnológ ico.
Há muitos aspectos em que es ta d iferen ça é importante . _
Pelo comr:irio. a China procur:i va uma base agrícola ma is forte desenvol vendo a pro-
Comecemos pelos arg umentos que Weber produz so bre as implicaçõe das du:is for- , ..
duç3o de 3!TOZ nas zon:is do sueste do país. A imponãncia d o gado na E uropa conduz iu ao
m as de desintegração de um império: feudalização. como na Europa Ocidental. e prebendali-
u;;o e ~tensi'o do püde r ce rracçiio an imal como meio de prod ução. O arroz é muito m a is
zação, como na China ' " " · Ele afinna que um novo Estado central izado é m ai s u;cc-ptive l de
rentável em c-.ilorias por acre m as muito ma is e xigente e m m ão-de-obra. surg ir a partir de um sistema feudal do que de um sistema prebenda.L A argum~o.,<-ão de W eber-' - :
- .\ ssim. nora Chaunu . o uso da força animal na Europa significa que « O ho me m eu- é a seguinte:
ropeu possuía no sêc ulo X\" uma força motri z mai s ou menos cinco vezes ma is pode rosa do
que a do homem ch inês. que ainda assim era o seg undo ma is favorec ido no mundo ao tempo A senhoril ocidental, como a da indi3 Oriental. deseO\·ol\·eu-se al rn\·és d:! de mle~ da
autoridade central do poder estatal patrimonial - a desintefr.?ção do Império C:uol.in~o no
das descolxrta5" ' "'·.
Ocidente. a desintegração dos califas e dos marajás ou dos gr.io-mogóis ru Índia_ . ' Impé-
Mas ainda mais importante para este nosso problema do que este avanço tecnológ ico
rio Carolíngio. contudo. os novos estratos desenvolveram-se n:i base de um• economi:i rural
é a implicação destas diferentes re lações e nt re o homem e a té cnica. T a l como Chaunu afirma: de subsistê~c ia. (Presumive lmente. pon;mto. a um nível de desen, olvimcnto económico nub
Os europeus <ksperdiçam o espaço. Mesmo na depressão demográfi ca dos inícios do século XV. baixo do que as su3s contrapanidas orientais!. Através cb v3s.sohgem por j ur:irneruo. ~ene­
faltava espaço à Europa. (...) lllas se à Europa faltava espaço, à Ch ina faltavam homens. ( ...) rali zado como conscquê nci ~ da g uerra. o e strato senh orial agregara·se ao rei ~ int~rpu.s...-n·se
entre este e os homens livres. Relações feudais podem também encontr:lr-se n:t ÍndiJ.. o.lo =
foram decisivas para a fo rmação quer de uma nobreza quer de um senhorilllísmo.
chine-scs. e \ ia pro•.-3 \·elmeme os chefes piratas como ar.linha Isabel \ Ú Sir Franc is Drake - fli busteiro ou capitão
de ma..-rinha. conforme ~ cin.:unstãncias. Além do m:ús. a acç:'io contn os piratas dependia do domínio do Bakufu t56. lhid., pp. 338-339.
sobre os senhoru da. guern oc ick:ntai.s. e ar~ 1-+00 Yoshim itSu ai nda não esta''ª firme no poder•. A /l istorv o/ Japan. 151 . • Uma vez o poder dos mong,óis qucbradu. o período Ming p.1I'C'CC •cr assistido a urna fone rcacç5o
_Vol. li. /JJ-1-/6/5 1St:m ford: S<:mford Univ . Press, 196 1). 177-1 78. · contra estas condições de pressão por pane do Sul $0brtpo\•rodo•. Bull~rin ,y 1l?C SO.ti. XV. Va.n dcT Spre:ntrl.
. . 152. •f ic3-;e surp':"ndido com o imporun te p3pc l de,.,mpenh3do pelos chineses no arquipé lago )da ln- p. 308. De notar que van der Sprenkel. em contr.l..<iõ lC' com Hudson. <11 a am<:1p r m Jrdinio dos. mcmgô1 ~ ('orno
done.51:.i} durante o século. X J\' . (. .. ) Com a passagem d.3 h~gemonfa do comércio neste oce.1110 p:tra as mãos dos c xp1ica<;3o para a mud:i.nça de ênfase cm din:-c,·ão ~o None. _
nwçulnumo:. os barros chine_ses começaram 3 desaparecer. E pro\' áve l que neste pan ic ular as coisas se relac ionem». 158. No glossário a M.u WcD:r. Tlie Rtl(~io 11 o/ ChinLJ1l"ova Iorque: Frtt Prcss.. 195 1).. H ~ Gcnh escreve:· ..... . . . , ..:
~ :;;~11,"~:ac;e_~~I~fti1;~2 ~r~~~- 7~~d European ln/ fo ena in the lndonesian Ardlipelugo beni·een / 500 and • Prcbenda: dire ito de um funcionário receber d:i Igreja ou do Es1ado terras ou outro rcn.Jime-n1os pt.iblic~ . \\'eber
chama a 1ais funcionários .. prebenJ:.irios ... A um si ~tcma p-.llitico-socia.l lxlsc' aOO num COJl'"'l de- prebendirios Weber o#
11-• 6. ~i ~'. ~5;."·oise. • Les rel3tions entre la Chine « l"Afrique au XV' siecle•, u mois en Afrique , chama '"prrbcndalismo" {p. 305 1"· Eric Wolf d i ~ u tc as dife renças enlft' um dom fnio patrimomal (ou · feudal•) e
um domín io prrbendário segundo a pe.rspccliva do seu signi ficado par..i o C!lfTlpont-s C'm Peasan/J ( Engkwood Cliffs.
154. Cbaunu. l ' e:rpansion europitnne , p. 335. Nc w Jersey: Prenticc-Hall. 1967 ), 131 - 13~.
1.55. lbúl., p. 336.

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N3 lndia. como no Orienle em gcr:il. uma senhoria c3racleríslic3 desenvolveu-se mais a panir
do arttndamenio d3 cokct 3 de impos1os {presumivelmenlc devido ao facto de o poder central um processo social totalmente contr:lrio ao da China .
vez de a contrair. Em Ponugal, e cm geral na Euro a pudesse hbenar a força da expansão ~m
.cr aincb suficlcntr:mcnt(' fartr para insistir cm impostos e a rconomia suficientemente desen- pação do protocapitalismo do feudali s d P Ocidental. deu-se um processo de exur-
mfrida e com suficien1e circul>ção monetária parJ prcporçionar o excedente b:lsico para tribu-
taç3o. quando comparados com os do Ocidcnlc presumivelmente menos desenvolvido do inicio
bastante diferente da pcrsis1ência n
ª
e;º'"ª
cd e erosão.do feudal ismo. E C>IC foi um processo
e uma soc iedade burocri( - f udal d
tivo do feudali smo - e do capilalismo também 1161,:. ica ""º e . um se a-
d• lchde Média! e d3S pr<bendls milillres e fiscais de um Estado muito mais burocr:llico. A
~enhoria oni:-ntal mantew-se por isso essencialmente ccprebendária ~ e não . .: feudabl: não ocor-
Temos aqui .um argume~to que encontramos frequentemente: a receptividade inicia(
reu uma feudali1.ai·ão mas antes uma prebendali zação do Esiado pa1rimonial. O paralelo ociden-
de um sisiema ª no\ as forma_s ~ao co~duz a alterações contínua. e graduais mas sim ao abafar
tal compar:lvel . embora não desenvolvido. não é o feudo medieval mls a compra de cargos e
prebendas durante o seire1110 papal ou durante os dias da Nob/e.ue de Robe francesa . (... ) Um ª
da mudança. enquanto resistencta m1c1al muitas vezes conduz mais tarde à irrupção dessa
mudança .
factor puramenle milit37 é {também ) imponanle para a explicação dos diferentes desenvolvimen-
tos do Ocidente e do Oriente. Nl Europa o cavaleiro era tecnicamente um pilar do feudalismo . A ~eud~lização trouxe consigo o desmantelamento da estrutura impenal. enquanto i
Na Índia. apeSJ.r do seu número, os cavaleires eram rela1ivamen1e menos imponantes e eficien- prebendahzaçao a manteve. O ~er e o rendimento estavam distribuídos no primeiro caso
tes do que a infantaria. que desempenhara um papel fundamental nos exérci1os desde Alexandre por se~hores cada vez mai s autonomos, enrai zados numa dc1errninada área. ligados a um
a1é aos mogóis 11 "'' determinado campesmato, e no outro a um vasto estrato imperi al dcliberndamente não conec-
tado com a área local. semi-universalístico no recrutamento. mas por isso dependente dos
A lógica da argumentação weberiana desenvolve-se sensivelmente assim: um factor
favores do centro. Reforçar o centro de um império era uma tarefa colossal que começou apenas
técnico (a imponãncia da cavalari a) leva ao reforço do papel dos guerreiros intermédios face
no século XX sob o Partido Comunista Chinês. Criar unidades ce ntralizadas em áreas mais
ao centro durante o processo de desintegração de um império. Assim, a nova forma social que
restritas era impossível enquanto o centro mantivesse qualquer espécie de coerência. como
emerge é o feudalismo mai s do que um Estado prebendal. no qual o centro é relativamente
manteve sob os Ming e sob a dinastia Manchu, sua sucessora, ao passo que a criação de unidades
mai s fone do que no sistema feudal. Da mesma forma , a economia de um sistema feudal é
centralizadas num sistema feudal era, como sabemos, possível embora difícil. Weber expôs .
menos desenvolvida do que a dum sistema prebendal. (Mas isto é uma causa ou uma conse-
as razões de forma bastante clara: -
quência? Weber não é claro). A curto prazo. a feudalização é obv iamente melhor do ponto de
vis1a dos senhores. uma vez que lhes dá mais poder (e mais rendimentos?). A longo prazo, Um resultado geral do patrimonialismo oriental com as suas prebendas pec uniária; era que ,
contudo, uma classe que controla a terra prebendalmente pode resistir melhor ao crescimento tipicamenle, só a conquista mili1ar ou as revoluções religiosas podiam abalar a firme estrutura
de uma monarquia verdadeiramente centrali zada do que uma classe proprietária feudal , porque dos interesses prebcndários, criando assim novas distribuições de poder e consequcntemenie novas
o sistema de valores feudal pode ser usado pelo rei. na medida em que ele se possa transfor- condições eoonómicas. Qualquer tentativa de inovação interna. contudo. era destruída pelos
mar no vénice de um sistema hierárquico único de relações feudais (os capetos levaram vários obstáculos acima mencionados. A Europa moderna. como já se disse. é uma grande excepção
. séculos a ronseguirem-no), para construir um sistema de lealdade para consigo que, uma vez histórica a este respeito porque, acima de ludo. faltava a pacificação de um império unificado .
Podemos recordar que, nos estados guerreiros, o próprio estrato dos prebcndários do Estado. que
c:onstruído. pode simplesme nte ocultar o elemento pessoal e transformar-se em lealdade para
bloqueava a racionalização adminislrativa no império mundial, foi o seu mais poderoso promo-
com uma nação de que o rei é a incarnação. O prebendali smo, sendo de longe um sistema tor. Então. o estímulo desapareceu. Tal como a concorrência pelos mercados compeliu J racio-
muito mais contratual do que o feudalismo, não pode se r edificado por tais laços místicos. na/izaçãn da empresa prirada, também a concorrência pelo poder político compeliu à racio-
(Em c:ujo caso. incidentalmente e de passagem, podemos ver o prebendalismo crescente da nalizaçãn da economia do Estado e da política económica. quer no Ocidente quer na China dos
~do século XVIII como uma regressão e a Revolução Francesa como uma tentativa de estados guerreiros. Na economia privada, a canelização enfraquece o.cálculo racional que é a
peração dessa regressão). alma do capitalismo; entre os estados. o monopólio do poder debilila a gcslão racional na admi-
Joseph Lcvenson, num livro dedicado à questão «porque não a China?», avança com nistração, finanças e política económica. (... ) A juntar às diferenças acima mencionadas. no
resposta não muito diferente da de Weber: Ocidente existiam forças poderosas e independentes. Com estas, o poder dos príncipes podia aliar-
-se por forma a destruir os grilhões tradicionais; ou, debaixo de condições muito especiais. estas
Ideal e logicamente. o feudali smo como •lipo ideal• soc iológico é claramente oposto ao capi- forças podiam usar o seu próprio poderio militar para derrubar os laços do poder patrimonial "'"·
talismo. Mas histórica e cronologicamente estimulou-o. A própria ausência de constrangimen-
tos feudais na China colocou um maior obst:lculo no caminho da expansão do capitalismo (e Há um outro factor a considerar ao encararmos a relação do centro regional oµ do <)
dae~pansão mundial capitali sta) do que a sua presença na Europa, pois a sociedade burocrática ponto mais avançado de um sistema com a periferia numa economia-mundo e num império.
alo f~I da China. uma sociedade aula-sustentada e persistente, precisamente na medida em Um império é responsável pela administração e defesa de uma _enorme _mas~ populacional
que era idealmente mais apropriada para as formas capitalislas elementares do que a sociedade e de território. Isto requer atenções. energias e lucros que podenam ser mvest1dos no desen-
leadal,KUl!Odou e abafou o capital ismo embrionário e arruinou o seu potencial revolucionário.
Nlofdeestnnhar, então. que mesmo em Ponugal, atinai uma das potências capitalistas menores,
160. Joseph R. Lcvcnson. ed .• Europran Exp01uion and 1ht Coun1tr-E.r:pansim1 of A.~[a . 1300-160()
(Englewood Cliffs, New Jmey: Prcntice-Hall. t967). 131_- 132.
161. Weber, ReliRion o/China, pp. 61·62. O 11~IK:o é nosso.

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N3 lndia. como no Orienle em gcr:il. uma senhoria c3racleríslic3 desenvolveu-se mais a panir
do arttndamenio d3 cokct 3 de impos1os {presumivelmenlc devido ao facto de o poder central um processo social totalmente contr:lrio ao da China .
vez de a contrair. Em Ponugal, e cm geral na Euro a pudesse hbenar a força da expansão ~m
.cr aincb suficlcntr:mcnt(' fartr para insistir cm impostos e a rconomia suficientemente desen- pação do protocapitalismo do feudali s d P Ocidental. deu-se um processo de exur-
mfrida e com suficien1e circul>ção monetária parJ prcporçionar o excedente b:lsico para tribu-
taç3o. quando comparados com os do Ocidcnlc presumivelmente menos desenvolvido do inicio
bastante diferente da pcrsis1ência n
ª
e;º'"ª
cd e erosão.do feudal ismo. E C>IC foi um processo
e uma soc iedade burocri( - f udal d
tivo do feudali smo - e do capilalismo também 1161,:. ica ""º e . um se a-
d• lchde Média! e d3S pr<bendls milillres e fiscais de um Estado muito mais burocr:llico. A
~enhoria oni:-ntal mantew-se por isso essencialmente ccprebendária ~ e não . .: feudabl: não ocor-
Temos aqui .um argume~to que encontramos frequentemente: a receptividade inicia(
reu uma feudali1.ai·ão mas antes uma prebendali zação do Esiado pa1rimonial. O paralelo ociden-
de um sisiema ª no\ as forma_s ~ao co~duz a alterações contínua. e graduais mas sim ao abafar
tal compar:lvel . embora não desenvolvido. não é o feudo medieval mls a compra de cargos e
prebendas durante o seire1110 papal ou durante os dias da Nob/e.ue de Robe francesa . (... ) Um ª
da mudança. enquanto resistencta m1c1al muitas vezes conduz mais tarde à irrupção dessa
mudança .
factor puramenle milit37 é {também ) imponanle para a explicação dos diferentes desenvolvimen-
tos do Ocidente e do Oriente. Nl Europa o cavaleiro era tecnicamente um pilar do feudalismo . A ~eud~lização trouxe consigo o desmantelamento da estrutura impenal. enquanto i
Na Índia. apeSJ.r do seu número, os cavaleires eram rela1ivamen1e menos imponantes e eficien- prebendahzaçao a manteve. O ~er e o rendimento estavam distribuídos no primeiro caso
tes do que a infantaria. que desempenhara um papel fundamental nos exérci1os desde Alexandre por se~hores cada vez mai s autonomos, enrai zados numa dc1errninada área. ligados a um
a1é aos mogóis 11 "'' determinado campesmato, e no outro a um vasto estrato imperi al dcliberndamente não conec-
tado com a área local. semi-universalístico no recrutamento. mas por isso dependente dos
A lógica da argumentação weberiana desenvolve-se sensivelmente assim: um factor
favores do centro. Reforçar o centro de um império era uma tarefa colossal que começou apenas
técnico (a imponãncia da cavalari a) leva ao reforço do papel dos guerreiros intermédios face
no século XX sob o Partido Comunista Chinês. Criar unidades ce ntralizadas em áreas mais
ao centro durante o processo de desintegração de um império. Assim, a nova forma social que
restritas era impossível enquanto o centro mantivesse qualquer espécie de coerência. como
emerge é o feudalismo mai s do que um Estado prebendal. no qual o centro é relativamente
manteve sob os Ming e sob a dinastia Manchu, sua sucessora, ao passo que a criação de unidades
mai s fone do que no sistema feudal. Da mesma forma , a economia de um sistema feudal é
centralizadas num sistema feudal era, como sabemos, possível embora difícil. Weber expôs .
menos desenvolvida do que a dum sistema prebendal. (Mas isto é uma causa ou uma conse-
as razões de forma bastante clara: -
quência? Weber não é claro). A curto prazo. a feudalização é obv iamente melhor do ponto de
vis1a dos senhores. uma vez que lhes dá mais poder (e mais rendimentos?). A longo prazo, Um resultado geral do patrimonialismo oriental com as suas prebendas pec uniária; era que ,
contudo, uma classe que controla a terra prebendalmente pode resistir melhor ao crescimento tipicamenle, só a conquista mili1ar ou as revoluções religiosas podiam abalar a firme estrutura
de uma monarquia verdadeiramente centrali zada do que uma classe proprietária feudal , porque dos interesses prebcndários, criando assim novas distribuições de poder e consequcntemenie novas
o sistema de valores feudal pode ser usado pelo rei. na medida em que ele se possa transfor- condições eoonómicas. Qualquer tentativa de inovação interna. contudo. era destruída pelos
mar no vénice de um sistema hierárquico único de relações feudais (os capetos levaram vários obstáculos acima mencionados. A Europa moderna. como já se disse. é uma grande excepção
. séculos a ronseguirem-no), para construir um sistema de lealdade para consigo que, uma vez histórica a este respeito porque, acima de ludo. faltava a pacificação de um império unificado .
Podemos recordar que, nos estados guerreiros, o próprio estrato dos prebcndários do Estado. que
c:onstruído. pode simplesme nte ocultar o elemento pessoal e transformar-se em lealdade para
bloqueava a racionalização adminislrativa no império mundial, foi o seu mais poderoso promo-
com uma nação de que o rei é a incarnação. O prebendali smo, sendo de longe um sistema tor. Então. o estímulo desapareceu. Tal como a concorrência pelos mercados compeliu J racio-
muito mais contratual do que o feudalismo, não pode se r edificado por tais laços místicos. na/izaçãn da empresa prirada, também a concorrência pelo poder político compeliu à racio-
(Em c:ujo caso. incidentalmente e de passagem, podemos ver o prebendalismo crescente da nalizaçãn da economia do Estado e da política económica. quer no Ocidente quer na China dos
~do século XVIII como uma regressão e a Revolução Francesa como uma tentativa de estados guerreiros. Na economia privada, a canelização enfraquece o.cálculo racional que é a
peração dessa regressão). alma do capitalismo; entre os estados. o monopólio do poder debilila a gcslão racional na admi-
Joseph Lcvenson, num livro dedicado à questão «porque não a China?», avança com nistração, finanças e política económica. (... ) A juntar às diferenças acima mencionadas. no
resposta não muito diferente da de Weber: Ocidente existiam forças poderosas e independentes. Com estas, o poder dos príncipes podia aliar-
-se por forma a destruir os grilhões tradicionais; ou, debaixo de condições muito especiais. estas
Ideal e logicamente. o feudali smo como •lipo ideal• soc iológico é claramente oposto ao capi- forças podiam usar o seu próprio poderio militar para derrubar os laços do poder patrimonial "'"·
talismo. Mas histórica e cronologicamente estimulou-o. A própria ausência de constrangimen-
tos feudais na China colocou um maior obst:lculo no caminho da expansão do capitalismo (e Há um outro factor a considerar ao encararmos a relação do centro regional oµ do <)
dae~pansão mundial capitali sta) do que a sua presença na Europa, pois a sociedade burocrática ponto mais avançado de um sistema com a periferia numa economia-mundo e num império.
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que era idealmente mais apropriada para as formas capitalislas elementares do que a sociedade e de território. Isto requer atenções. energias e lucros que podenam ser mvest1dos no desen-
leadal,KUl!Odou e abafou o capital ismo embrionário e arruinou o seu potencial revolucionário.
Nlofdeestnnhar, então. que mesmo em Ponugal, atinai uma das potências capitalistas menores,
160. Joseph R. Lcvcnson. ed .• Europran Exp01uion and 1ht Coun1tr-E.r:pansim1 of A.~[a . 1300-160()
(Englewood Cliffs, New Jmey: Prcntice-Hall. t967). 131_- 132.
161. Weber, ReliRion o/China, pp. 61·62. O 11~IK:o é nosso.

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. . . . . T le-<c xir e xemplo 0 caso dos IV<1r11 japoneses e o seu presumido que no enta nto não conseguiu " de~nvol ve r ·k complotamente~"'"'. ºio inala o indivi -
111
volv11ncnto de capital. _e ·E 1 . ·í . os ll'arn eram um pro hkma meno r para o s chi-
- l chinesa -m pn nc p10 . . dualismo enquan to ideologia a força de uma burg u~ía emergenu:. e não a defcmk ele contra
impacto na <·xpansa< · · . ' t h n p·ir·i .1 Euro pa . Mas quando os turcos ava nçaram no
as forças tradicionais?
11 0 1 11
n~q·s do que o qur os tun:os cons: i '\ · ~ • ~ • ~ que pudesse fa zer regressar as ex pedições
Pel o co ntrário. ao que parece. de acordo com Rofand Moumkr. .A\ •U<1" a.-úli~ :;obre
Oriente n:io hJv ia 4 '.tºcn_t:lpcr:lll~ J~s s u·i< w e nturas ult ramarinas para a defesa de Viena
11 3 1
i rtm:.ucs.:.is. Por1ug.;t1 nan lm u~ s v 1.1u l . . . •. • . - . . .. . . . os conflitos sociais na China dos M ing de fendem que o indivíduo foi a ~= dos m:1rn:lariM .
p< r ,;e p,,nugal não ti nha obrigaç:io polítir :1 de o lazer e nao e~xtsti.~ qua lque r mec ams mo p_o r confucianos, a classe burocrática que era tãfJ "mod..-m.a~ exteriormente conua os eunucos.
\:e~nédio do qual pudesse ser induzido a fa zê- lo. bem como nao ex tslla,qua lquer grupo social que eram simultaneam ente «empresaria isi. e · fe.udaís-• e q ue foram a b:lsoe cio imp<Jl:w «nacio- '
l:ifl!ado 113 Europa ,. 111 nome de cujos interesses _ial desvio pudess: .reali zar-se . nalista» da China dos Ming '"''· Mousnier argumenta da y:guin:e fe>ml3:
3
- Nem 3 expansão teri a parecido romo nncd1atamentc bené fi caª- um impe rador europeu
Para prog redir na sua carreira [na China~ .\.l ing ). urru g.rand<: porte d.u cb"'° ib.<::-.é1<. cu; a
como parcreu a um rei pon uguês. Di sc utimos como o imperado r clnnes-pode ter visto e como origem era de cl asse média. aceitou \ Oluntarimirnte ser castrada.. Dendo a i.ua edi,,::..y~o . c=-
a burocrJc ia chinesa vi u a exped ição de C hen Ho como um esgotam ento d.o tesouro, enquanto vam aptos a desempenhar um papel preponderanie e o Império era na r!2.l>C!ade g".l'-erra:lo por
que a necessidade de implementar as finanças do fütado foi um dos pn~ c tp a ts mouvos da estes eunucos.
n p:ms:io europeia. Um império não pode ser concebido. co~o um empresan o d a form a con_io Uma vez tendo obtido al1os cargos. ajudavam as """" familias.. cr'..ndo P""' • Í pr<'..-prios Ul'T'.3
um E>taJo 0 pode nu ma economia-mundo. Porque um 1mpe no assume-se co m? o ~°'.1º· Nao clientela pela distribuição de cargos e feudos. cransfomu.nóo-sc cm --~m.. pottnl~
ro<k enriquecl·r a sua economia através da drenagem de outras. uma vez que e a umca eco- dcnuo do próprio Império. O grande papel desempenhado por c1'1lUCO!> pa.'=" ser conY-:Q""'1-
nom ia. (Era esta scgur:imente a ideolog ia chinesa e provavelme nte a sua cre nça). Pode com temente uma função do aparecimento da burguesia. Os principes de = i = i :o e "' l:wm<:m
ce ncu aume ntar-se a parte do Imperador nos mecani smos redi stributivos da economi a. Mas de importância procuraram defender-se criando uma d ieotd> coosütuida I."-~ por ~
i, 50 signific;i que o Estado não procura lucros empresariai s mas sim tributos aumentados. E a
ilustrados originários da classe média que faziam progredir no !.ttViço º'
il 1--J. [ f.s1~ !i.l:imo
grupo) era por vezes compos10 por discípulos de W;u1g Yani-mir.g e im ·oan.:n o; ;c.i• pre ·
própri a fo m1a tri butária pode tom ar-se econom icamente contraproducente logo que a força ceitas para se oporem aos eunucos que ocup.avaJn o pod:e-r. Os eunucos erar:i pz..rud..L--ms ~ C-:ll
política do cen tro decli ne. porq ue em tais c ircunstânc ias o pagamento de «tnbuto» pode ser Hi, defenso'r da trad ição e autoridade [3 qual os eun uco~ tinham ne u alt n a ;rn..'"fl~U.:Z d..1
uma fonn:i camu llad:i de comércio desfavorável para o império " 6 " . acesso J. Estes conflitos eram Lanto mais sérios quanto os príncipes ck ri.is.cimento. ()!) hamen.s;
Exi>te tam bém uma ligação entre :i tecnolog ia militar e a presença de uma estrutura de importância e os eunucos cinham uma base de poder como senhores d.a t~.. ~ ML""lg p:-o--
impe rial. Cario Cipolla levanta a questão de saber porque é que os chineses não adoptaram as curaram re forçar a sua pos ição criando uma espéde de feud:alim10 com base em pa.~1-tl e
,·antJgens da tecnologia m ilitar que constatar= possuírem os ponugueses,. Sugere a seguinte apoiantes. (... ) A vítima desce estado de coisas foi o camponês. As d<spc:sas do Es:ado a=i.Im
explicaç:io: • Temendo t:in to os bandidos internos quanto os inimigos externos, e os levan- incessantemente (166).
tamentos internos tanto q uanto as im·asões externas. a con e imperia l fez os seus possíveis O mesmo. é claro. aconteceu na Europa. m as na Europ:i. estas d~spes;ü apoi:i.ram !!ma
pJra limitar quer a divulgação dos conhec imentos sobre armas de fogo quer a prol iferação de burgues ia nascente e uma aristocracia que proc ura va em última insüncia. como veremos., ·
artesãos \"Crsados nessa ane .. "º''·
Na Eu ropa , com a sua multipl icidade de soberanias. não salvar-se tom ando-se burguesa. tal como os burguese s se tomavam aristocratas. Na China d~ ' ·
existia qualq uer esperança para a lim itação da di vul gação das am1as . Na China. apare ntemente. Ming, a ideologia que serviu à burguesia ocidem:i.I para alcançar a sua conquista úh.im3 do
el3 era ainda possível. e consequentemente o s istema centra li zado reprimiu um a vanço poder. foi diri gida contra a pró pria burguesia que \por ter alcançado algum pockr d."""ma iada -
tecnológico essencial a longo prazo para a man utenção do seu poder. Uma vez mais, a forma me nte cedo?) fo i encurralada no pape l de defen sora da trad ição e da autori<ilde. Hi m uita
imperial pode te r serv ido como restrição estrutural. neste caso para o desenvolvimento coi sa que fa lta e lucidar a este respeito. mas o que fo i dito permite pôr em d1h ·id:i uma corre-
tecnológico. lação simplista entre a ideologia do individualism o e o nascimento do capitalismo. ~m dú vida
- Uma última interrogação se mantém . Emergiu na China desta época uma ideolog ia de que põe em causa qualquer relação causal que atribua um papel primário à emergên::ia d.a
individualismo. a da escola Wang Yang-ming. que Willi am T . Ou Bary vê como comparável ideologia.
às doutrinas hum:inistas do Ocidente. designando-a por «uma quase revolução no pensamento>>.
16-t. William Theodore de 83.I)•. ed.. alntroduction-.. in Seff ar.d So<itry. in Mmi Thot..gi-.t l~'-ova Jorque:-
Colum bia Univ . Press. 1970). 24. Ekdcscn\·oh·e nuis este 1t:m.3 no seu ens.iio ncS.!"(" \ Otumc. utt:Jtubrlo ... tnd:v~.
lism and Hum:mism in Late Ming Thought•: •Surg iu um tipo di: pensamento irxiwidu:ahsu com fügrun~ traços
16! . ~·en La_nimort_mostra predsame me como funcionava essa rel:lç.3.o rributári :.i entre a ~·t anc húri a e a modernos. cm conjugação com forças sociais (" culturais ma.is amplas. :i p.Mt ir dtJm mo,·\mcnt..."' t-:ununiti.<io e libcn.l
C'luru .-\lmg no_seculo X~1 : · ~o pttriodõdo ckclínio ~ l i ng as ··missões de trihu 10 .. recebidas na cone passaram a ser no imcrior da esco la de Wang Y an~-m in ~ . no século XV I. A ssim u mbém o ronfu.:iorusmo. cmtxx:i tradJ~;io domj .
um ~t~~ t_rrar_~,·er!O dos chlneses. Os ·-ix:~s de tribut?s·· chega \•am com com i tiva.~ de centena.o;; , a expensas nante e. par3 uma "i5.ão moderna. um sistema autoritário. mostr.L'5C ser n p;l.I. de ~n...·~r de a.!guni modo a mesma
d3s !l~M'\rhJ3Ucsch mcS3.S . que :n~nJ , a.rn a sua 1mponanciJ polit1ca. Ao mesmo tempo traz iam bens "não LributIDos.. função da( ... ) Cristandade me-die...-al no surgimento do individual ismo "-.lóml3.i {p. .233)•. .
~r:i l)('~OCl itr.•? q~ Íl.7.J J d immu~r os l ~cros do: rn:ge3':i:mtes frontC" iri\·os chineses •. /nna Asian Frontiers o/Chi11a. 165. · A insurreição que denubou do trono cm 1368 a dinasti3 mongol dos Ylli"l e 111 subidi ao poder dos-
~~::~!!:.:~on-~~!-;~~1 ~:~;;~\~~ Publishm~ Co. and ~~nican Geog rJph ical Society. 19-tO), 124. Com- Ming foram reacções nacionais chinesas corura os bárbaros•. Rob.nd ~1 ooYiicr. Ln ..\T'/.. ~r X\ ·w Í ii d n , VoL IV
~ po _ o com o franco colornahs_mo qu~ Ponusrnl e outro~ países europeus prati- da Histoire G én éral~ des Ci\•ili.sations (Pari s: Presses Uni \·ersiu ircs de F~ . 1954). S20.
~,~am ~.~=~~s 3~é::;-s::;. ~~~ ~Vetxr cham:iva • Cap1Ulismo de pilhagem... 1bid ..-p. 135.
7 166. l bid.• pp. 527 ·5~ 8.

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. . . . . T le-<c xir e xemplo 0 caso dos IV<1r11 japoneses e o seu presumido que no enta nto não conseguiu " de~nvol ve r ·k complotamente~"'"'. ºio inala o indivi -
111
volv11ncnto de capital. _e ·E 1 . ·í . os ll'arn eram um pro hkma meno r para o s chi-
- l chinesa -m pn nc p10 . . dualismo enquan to ideologia a força de uma burg u~ía emergenu:. e não a defcmk ele contra
impacto na <·xpansa< · · . ' t h n p·ir·i .1 Euro pa . Mas quando os turcos ava nçaram no
as forças tradicionais?
11 0 1 11
n~q·s do que o qur os tun:os cons: i '\ · ~ • ~ • ~ que pudesse fa zer regressar as ex pedições
Pel o co ntrário. ao que parece. de acordo com Rofand Moumkr. .A\ •U<1" a.-úli~ :;obre
Oriente n:io hJv ia 4 '.tºcn_t:lpcr:lll~ J~s s u·i< w e nturas ult ramarinas para a defesa de Viena
11 3 1
i rtm:.ucs.:.is. Por1ug.;t1 nan lm u~ s v 1.1u l . . . •. • . - . . .. . . . os conflitos sociais na China dos M ing de fendem que o indivíduo foi a ~= dos m:1rn:lariM .
p< r ,;e p,,nugal não ti nha obrigaç:io polítir :1 de o lazer e nao e~xtsti.~ qua lque r mec ams mo p_o r confucianos, a classe burocrática que era tãfJ "mod..-m.a~ exteriormente conua os eunucos.
\:e~nédio do qual pudesse ser induzido a fa zê- lo. bem como nao ex tslla,qua lquer grupo social que eram simultaneam ente «empresaria isi. e · fe.udaís-• e q ue foram a b:lsoe cio imp<Jl:w «nacio- '
l:ifl!ado 113 Europa ,. 111 nome de cujos interesses _ial desvio pudess: .reali zar-se . nalista» da China dos Ming '"''· Mousnier argumenta da y:guin:e fe>ml3:
3
- Nem 3 expansão teri a parecido romo nncd1atamentc bené fi caª- um impe rador europeu
Para prog redir na sua carreira [na China~ .\.l ing ). urru g.rand<: porte d.u cb"'° ib.<::-.é1<. cu; a
como parcreu a um rei pon uguês. Di sc utimos como o imperado r clnnes-pode ter visto e como origem era de cl asse média. aceitou \ Oluntarimirnte ser castrada.. Dendo a i.ua edi,,::..y~o . c=-
a burocrJc ia chinesa vi u a exped ição de C hen Ho como um esgotam ento d.o tesouro, enquanto vam aptos a desempenhar um papel preponderanie e o Império era na r!2.l>C!ade g".l'-erra:lo por
que a necessidade de implementar as finanças do fütado foi um dos pn~ c tp a ts mouvos da estes eunucos.
n p:ms:io europeia. Um império não pode ser concebido. co~o um empresan o d a form a con_io Uma vez tendo obtido al1os cargos. ajudavam as """" familias.. cr'..ndo P""' • Í pr<'..-prios Ul'T'.3
um E>taJo 0 pode nu ma economia-mundo. Porque um 1mpe no assume-se co m? o ~°'.1º· Nao clientela pela distribuição de cargos e feudos. cransfomu.nóo-sc cm --~m.. pottnl~
ro<k enriquecl·r a sua economia através da drenagem de outras. uma vez que e a umca eco- dcnuo do próprio Império. O grande papel desempenhado por c1'1lUCO!> pa.'=" ser conY-:Q""'1-
nom ia. (Era esta scgur:imente a ideolog ia chinesa e provavelme nte a sua cre nça). Pode com temente uma função do aparecimento da burguesia. Os principes de = i = i :o e "' l:wm<:m
ce ncu aume ntar-se a parte do Imperador nos mecani smos redi stributivos da economi a. Mas de importância procuraram defender-se criando uma d ieotd> coosütuida I."-~ por ~
i, 50 signific;i que o Estado não procura lucros empresariai s mas sim tributos aumentados. E a
ilustrados originários da classe média que faziam progredir no !.ttViço º'
il 1--J. [ f.s1~ !i.l:imo
grupo) era por vezes compos10 por discípulos de W;u1g Yani-mir.g e im ·oan.:n o; ;c.i• pre ·
própri a fo m1a tri butária pode tom ar-se econom icamente contraproducente logo que a força ceitas para se oporem aos eunucos que ocup.avaJn o pod:e-r. Os eunucos erar:i pz..rud..L--ms ~ C-:ll
política do cen tro decli ne. porq ue em tais c ircunstânc ias o pagamento de «tnbuto» pode ser Hi, defenso'r da trad ição e autoridade [3 qual os eun uco~ tinham ne u alt n a ;rn..'"fl~U.:Z d..1
uma fonn:i camu llad:i de comércio desfavorável para o império " 6 " . acesso J. Estes conflitos eram Lanto mais sérios quanto os príncipes ck ri.is.cimento. ()!) hamen.s;
Exi>te tam bém uma ligação entre :i tecnolog ia militar e a presença de uma estrutura de importância e os eunucos cinham uma base de poder como senhores d.a t~.. ~ ML""lg p:-o--
impe rial. Cario Cipolla levanta a questão de saber porque é que os chineses não adoptaram as curaram re forçar a sua pos ição criando uma espéde de feud:alim10 com base em pa.~1-tl e
,·antJgens da tecnologia m ilitar que constatar= possuírem os ponugueses,. Sugere a seguinte apoiantes. (... ) A vítima desce estado de coisas foi o camponês. As d<spc:sas do Es:ado a=i.Im
explicaç:io: • Temendo t:in to os bandidos internos quanto os inimigos externos, e os levan- incessantemente (166).
tamentos internos tanto q uanto as im·asões externas. a con e imperia l fez os seus possíveis O mesmo. é claro. aconteceu na Europa. m as na Europ:i. estas d~spes;ü apoi:i.ram !!ma
pJra limitar quer a divulgação dos conhec imentos sobre armas de fogo quer a prol iferação de burgues ia nascente e uma aristocracia que proc ura va em última insüncia. como veremos., ·
artesãos \"Crsados nessa ane .. "º''·
Na Eu ropa , com a sua multipl icidade de soberanias. não salvar-se tom ando-se burguesa. tal como os burguese s se tomavam aristocratas. Na China d~ ' ·
existia qualq uer esperança para a lim itação da di vul gação das am1as . Na China. apare ntemente. Ming, a ideologia que serviu à burguesia ocidem:i.I para alcançar a sua conquista úh.im3 do
el3 era ainda possível. e consequentemente o s istema centra li zado reprimiu um a vanço poder. foi diri gida contra a pró pria burguesia que \por ter alcançado algum pockr d."""ma iada -
tecnológico essencial a longo prazo para a man utenção do seu poder. Uma vez mais, a forma me nte cedo?) fo i encurralada no pape l de defen sora da trad ição e da autori<ilde. Hi m uita
imperial pode te r serv ido como restrição estrutural. neste caso para o desenvolvimento coi sa que fa lta e lucidar a este respeito. mas o que fo i dito permite pôr em d1h ·id:i uma corre-
tecnológico. lação simplista entre a ideologia do individualism o e o nascimento do capitalismo. ~m dú vida
- Uma última interrogação se mantém . Emergiu na China desta época uma ideolog ia de que põe em causa qualquer relação causal que atribua um papel primário à emergên::ia d.a
individualismo. a da escola Wang Yang-ming. que Willi am T . Ou Bary vê como comparável ideologia.
às doutrinas hum:inistas do Ocidente. designando-a por «uma quase revolução no pensamento>>.
16-t. William Theodore de 83.I)•. ed.. alntroduction-.. in Seff ar.d So<itry. in Mmi Thot..gi-.t l~'-ova Jorque:-
Colum bia Univ . Press. 1970). 24. Ekdcscn\·oh·e nuis este 1t:m.3 no seu ens.iio ncS.!"(" \ Otumc. utt:Jtubrlo ... tnd:v~.
lism and Hum:mism in Late Ming Thought•: •Surg iu um tipo di: pensamento irxiwidu:ahsu com fügrun~ traços
16! . ~·en La_nimort_mostra predsame me como funcionava essa rel:lç.3.o rributári :.i entre a ~·t anc húri a e a modernos. cm conjugação com forças sociais (" culturais ma.is amplas. :i p.Mt ir dtJm mo,·\mcnt..."' t-:ununiti.<io e libcn.l
C'luru .-\lmg no_seculo X~1 : · ~o pttriodõdo ckclínio ~ l i ng as ··missões de trihu 10 .. recebidas na cone passaram a ser no imcrior da esco la de Wang Y an~-m in ~ . no século XV I. A ssim u mbém o ronfu.:iorusmo. cmtxx:i tradJ~;io domj .
um ~t~~ t_rrar_~,·er!O dos chlneses. Os ·-ix:~s de tribut?s·· chega \•am com com i tiva.~ de centena.o;; , a expensas nante e. par3 uma "i5.ão moderna. um sistema autoritário. mostr.L'5C ser n p;l.I. de ~n...·~r de a.!guni modo a mesma
d3s !l~M'\rhJ3Ucsch mcS3.S . que :n~nJ , a.rn a sua 1mponanciJ polit1ca. Ao mesmo tempo traz iam bens "não LributIDos.. função da( ... ) Cristandade me-die...-al no surgimento do individual ismo "-.lóml3.i {p. .233)•. .
~r:i l)('~OCl itr.•? q~ Íl.7.J J d immu~r os l ~cros do: rn:ge3':i:mtes frontC" iri\·os chineses •. /nna Asian Frontiers o/Chi11a. 165. · A insurreição que denubou do trono cm 1368 a dinasti3 mongol dos Ylli"l e 111 subidi ao poder dos-
~~::~!!:.:~on-~~!-;~~1 ~:~;;~\~~ Publishm~ Co. and ~~nican Geog rJph ical Society. 19-tO), 124. Com- Ming foram reacções nacionais chinesas corura os bárbaros•. Rob.nd ~1 ooYiicr. Ln ..\T'/.. ~r X\ ·w Í ii d n , VoL IV
~ po _ o com o franco colornahs_mo qu~ Ponusrnl e outro~ países europeus prati- da Histoire G én éral~ des Ci\•ili.sations (Pari s: Presses Uni \·ersiu ircs de F~ . 1954). S20.
~,~am ~.~=~~s 3~é::;-s::;. ~~~ ~Vetxr cham:iva • Cap1Ulismo de pilhagem... 1bid ..-p. 135.
7 166. l bid.• pp. 527 ·5~ 8.

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' .
. • • l\ China l'l.'SUrt H.'· :ill' no scµui111..:. É d11vid ust 1 qm; ~xi s1i sscrn
/\ <~rh<.•'.~''. « ~n~''.'.~i :"'' C llll~ a Europa e a Chilla 11,, s~c u l u XV noqm: d11. rcsp«iln
- lo11 g11 d u CX l)("Í\·ílo . Ser(, clll;io 1>0 \ Ívcl reve r a 1 J<>l1d<1dc d.. rn ..\a tc<,c a um nf\ cJ ma i
ah. 1ra ç1~1 . Prc f~ rirn oc; ÍiJ1.cr i '. fO no fim e não,.,. prrndJWJ. n:at, \(, ri.::i <.rcnç~ de que C\t.. 1cse
ql1a1 ~qucr<l1f ·1t·m~ .l~ ~ 1 : 11 ~.' "~, ,uJ a .,,\,, :\n.·:i. nin·I tt:cnnh giln (qui.::r na agnculll1ra quer na
1
~cr:í "'ª' ~ . co n v in<..:: 111 c uma vc:. 1. tiprc\.CntacJr, o ma1crial cmpíri c.«, (CY.n" também na ccm.,.i ão
a crrtos ~.1:.1x'l't~ ~ b~..,t~l::·) I~ u~ l' X~'ti,:i-c m difrn·oi;as. :-.l'ria difíc il u1ili t:i ·las p:i~a cxpli c~~~ a
1
de qu e a lormul a1·ao final de urna teoria deve rc\Ultar do ton lri,nto tvm • r<:4ilda<k empírica.
c1~._.'('nh:u1:1 n.1 , .11~ ~ 1~~.,'d~· dll'!-Cl1Vl'lvi1111:11tu llllS !-fr ul n~ Sl'J.!llillh..'S. Para al ét n d1~so, as d1.lc- desde l)U C C' IC confronto lcnh11\ido infonnado J>Or Urna J>C r~Jl<X ll ~ bá ·.ICd jUC lí>f'OC OOS,f\ci
m.tp.mtUlk l~· 1 dih:n.: \ . • . . t ·r ·i ln ·unha~ !-! r;,tmklllcntc exagerada s L'. 11 a mcd1<la
r·nça' m" '1~tl•111.1~ "k 'ªl'l rc~ p.trlll lll l ~ l . .. ~ . 1, a pcrccpçao dcs"' realidade .
~n uc lt'nh:;111 C\ ÍS litk'.11ll\ amcnll' 1nc;1pall'S de l'x 11lira r :1, d 1 t ~fl'_n~cs l'l1fl SL'ljllCJlL'_1as. o~quc.
1..'01t~' u.·nt.mh'-' demonslr.u. os sistt:ma" de id1.· ias po<~cm sc_r u11l_1 nulu~ .~ '.º ~c.r ~ 1~·0 d~ ~n~c­
re~•;r , ronl rJm'S . p:issívc i.' de $1.·rem asslJ\.· i:1dos n'm 1111pulsos. cstrurur.11s h.tst.mtc tlifcren-
tc:: Ü~ <..kferhL'~s d.a prim:tzia dos v;llorl'S, na sua ;ins ia Jc rcltHarcm os ~~rgt~mcnt~s mat:-
ri:llistas. plrecrm cks pnl prios cul pados de assumin.!Tll uma 1.:orrcspondenc 1a mu110 mais
liternl <nlrl" " ickol<'~ i a e :i estrutura soci:1l (embor.1 inve rt:1111 a ordem causal) do 4uc alguma
'a o mani~mo \.'l .issico o fcz. . .
A Jifrrl"n\·a essencia l enlrl" a Ch ina e a Europa relkctc uma vez m:tt s a conjugação de
umJ tt"nd~ncia Sl'cubr com um ciclo económico m:ii s imediato. A tendência secul ar de longo
prazo rt"mon t:i 30 s irnp.'rios 3n1igos de Rom:i e da China. às fo:'nas e graus_em q_ue se dcsin-
le~r.ir.im . Enquanto :1 estrutura rom:i na ixnnant•ceu uma tenuc memóna cup realidade
m~iev:il foi Jan.~.am:: ntc med iati z:.ida por urna igreja comum , os chineses conseguiram reter
uma estrutur.i ~ líti ca imperial. emboí!I enfraquec ida. Esta era a diferença entre um si stema
feudal e um império-mundo baseado numa burocracia prebendal. A China podio manter uma
economia mais ª'·anç3d3 do que a europeia em muitos aspectos como resultado deste facto . E
muito possi,·elmen1e 1:untx'm o grau de exploração do campesinalo durante mi 1anos foi menor.
Cheg:idos a este ponto. devemos ac rescentar os impul sos agronómicos mais recentes
de cada uma ddas. a Europa em direcção à cri ação de gado e ao cultivo do trigo. a China em
direcçiio ao cultivo do arroz. Como o último requeri a menos espaço mas mai s homens. a pressão
ecula.r empurrou os dois sistemas para caminhos diferentes . A Europa necessitou mais do
que a China de uma ex pans3o geográfica. E na medida em que alguns grupos na China
poss:un ter achado a expansão recompensadora, foram inibidos pelo facto de as decisões
cruciais eswem cemralizad:is numa estrutura impe rial que se tinha de preocupar primeiro e
fundamenulmente com a manutenção do equi líbrio político de curto prazo do seu sistema-
-mundo.
Assim. a China. se de alguma fo nna parecia melhor colocada paraprimafacie avançar
pa.ra o capitali smo devido ao facto de já possu ir uma grande burocrac ia de Estado . estando
mais . avançada em lennos de monetarização da economia bem como das possibilidades
tecnológic:is. estava no entamo pior colocada no fim de comas. Ela suporta va o peso de uma
esuurura política imperial. Suporta,·a o peso da «irracio nalidade » do seu sis tema de valores
que negava ao Estado a capacidade para a mudança (quisesse ele fazê-lo) que os monarcas
europeus encomraram no misticismo das lealdades feudais europei as.
Estamos ago ra em cond ições de desenvolve r a nossa tese. Já em 1450 o palco estava
preparado na Europa - e em mais nenhum lado - para a criação de uma economia-mundo
capiulista. O sistema estava baseado em duas instituições chave, uma divi são «mundial» do
trabalho e máquinas estatais burocráticas em certas áreas. Trataremos cada uma delas suces-
siva e globalmente. Depoi~ exam inaremos as três zonas da economia-mundo uma de cada
vez: o que designaremos por semiperi feria . o centro e a periferia. Tratá-las-~mos por esta
ordem. fundan1entalmente por razões de sequência hi stórica que se tornarão mais claras ao

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f
' .
. • • l\ China l'l.'SUrt H.'· :ill' no scµui111..:. É d11vid ust 1 qm; ~xi s1i sscrn
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A Jifrrl"n\·a essencia l enlrl" a Ch ina e a Europa relkctc uma vez m:tt s a conjugação de
umJ tt"nd~ncia Sl'cubr com um ciclo económico m:ii s imediato. A tendência secul ar de longo
prazo rt"mon t:i 30 s irnp.'rios 3n1igos de Rom:i e da China. às fo:'nas e graus_em q_ue se dcsin-
le~r.ir.im . Enquanto :1 estrutura rom:i na ixnnant•ceu uma tenuc memóna cup realidade
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muito possi,·elmen1e 1:untx'm o grau de exploração do campesinalo durante mi 1anos foi menor.
Cheg:idos a este ponto. devemos ac rescentar os impul sos agronómicos mais recentes
de cada uma ddas. a Europa em direcção à cri ação de gado e ao cultivo do trigo. a China em
direcçiio ao cultivo do arroz. Como o último requeri a menos espaço mas mai s homens. a pressão
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que a China de uma ex pans3o geográfica. E na medida em que alguns grupos na China
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fundamenulmente com a manutenção do equi líbrio político de curto prazo do seu sistema-
-mundo.
Assim. a China. se de alguma fo nna parecia melhor colocada paraprimafacie avançar
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europeus encomraram no misticismo das lealdades feudais europei as.
Estamos ago ra em cond ições de desenvolve r a nossa tese. Já em 1450 o palco estava
preparado na Europa - e em mais nenhum lado - para a criação de uma economia-mundo
capiulista. O sistema estava baseado em duas instituições chave, uma divi são «mundial» do
trabalho e máquinas estatais burocráticas em certas áreas. Trataremos cada uma delas suces-
siva e globalmente. Depoi~ exam inaremos as três zonas da economia-mundo uma de cada
vez: o que designaremos por semiperi feria . o centro e a periferia. Tratá-las-~mos por esta
ordem. fundan1entalmente por razões de sequência hi stórica que se tornarão mais claras ao

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2
A NOVA DIVISÃO DO TRABALHO EUROPEIA
e. t450-I640

NI G RIT AO EXH A\' ST!S \· E~IS ME T .H!. IC'I\


<:oníic1cnJo G.;,h.i:o opcnm d.it:. ddxri t.

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2
A NOVA DIVISÃO DO TRABALHO EUROPEIA
e. t450-I640

NI G RIT AO EXH A\' ST!S \· E~IS ME T .H!. IC'I\


<:oníic1cnJo G.;,h.i:o opcnm d.it:. ddxri t.

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Fo~ no sé:ul~ XVI que se constituiu uma economia-mundo europeia basea1fa no modo
de produçao cnpnahsta. O aspecto mais curioso deste período inicial é que os capitali stas não
se pavoneavam diante do mundo. A ideologia reinante não era a da li vre empresa ou mesmo
do individualismo, do cientismo, do naturalismo ou do nacionalismo. Estas ideologias não
amadureceriam como visões do mundo senão nos séculos XVIII ou XIX. Se alguma predomi-
nou foi a do estatismo. a da raison d 'érar. Por que teria o capitalismo. um fenómeno que não
conhecia fronteiras, sido apoiado pelo desenvolvimento de estados fones? Esta é uma per--
gunta que não tem uma resposta única. Mas não é um paradoxo: muito pelo contrário. A ~
característica distintiva de uma economia-mundo capitali sta é a de que as decisões económi -
cas estão orientadas primariamente para a arena da economia-mundo. enquanto as decisões
políticas estão primariamente orientadas para as estrutu ras mais pequenas que têm controlo
legal. os estados (nações-estados, cidades-estados. impérios ) dentro d.l economia-mundo.
Esta dupla orientação. esta «distinção» se assim o quiserem . do económico e do político-
é a fonte da confusão e mistificação relativas à identificação adequada de grupos. às manifes-
tações razoáveis e lógicas dos interesses de grupo. No entanto. uma vez que as decisões políti-
cas e económicas não podem ser significativamente dissociadas ou di scutidas em separado.
colocam-se-nos agudos problemas analíticos. Tratá-los-emas tentanto abordá-los de forma
consecutiva, aludindo às suas interligações e implorando ao leitor que suspenda o seu juizo-
até que possa ver o conjunto de provas em síntese. Sem dúvida que . propositadJ.mente ou não.
violaremos a nossa própria regra de consecutividade muitas vezes. mas pelo menos este é o
nosso princípio organizativo de apresentação. Se parecer que lidJ.mos com o sistema mais lato
como sendo uma expressão do capitalismo e com os sistemas mais restritos como sendo
expressões do estatismo (ou. para utilizar a terminologia agora em voga. do desenvolvimento
nacional), tal não significa que neguemos a unidade do desenvolvimento histórico concreto.
Os estados não se desenvolvem e não podem ser compreendidos senão no contexto do desen-
volvimento do sistema mundial. 1
O mesmo é verdadeiro quer em relação a classes sociais quer a agrupamentos (nacio-
nais, religiosos) étnicos. Também eles se constituíram no contexto de csudos e do sistema
mundial. simultaneamente e por vezes de formas contraditórias. São uma função _d a organi-
zação social da época. O sistema de classes moderno começou a_ton:ar_ form a no seculo XVI.
No entanto, quando foi o século XVI? Esta pergunta nao e tao simples como pode
parecer se nos lembrarmos que os séculos da história não são neccssanamcnte cronológtcos.

73

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Fo~ no sé:ul~ XVI que se constituiu uma economia-mundo europeia basea1fa no modo
de produçao cnpnahsta. O aspecto mais curioso deste período inicial é que os capitali stas não
se pavoneavam diante do mundo. A ideologia reinante não era a da li vre empresa ou mesmo
do individualismo, do cientismo, do naturalismo ou do nacionalismo. Estas ideologias não
amadureceriam como visões do mundo senão nos séculos XVIII ou XIX. Se alguma predomi-
nou foi a do estatismo. a da raison d 'érar. Por que teria o capitalismo. um fenómeno que não
conhecia fronteiras, sido apoiado pelo desenvolvimento de estados fones? Esta é uma per--
gunta que não tem uma resposta única. Mas não é um paradoxo: muito pelo contrário. A ~
característica distintiva de uma economia-mundo capitali sta é a de que as decisões económi -
cas estão orientadas primariamente para a arena da economia-mundo. enquanto as decisões
políticas estão primariamente orientadas para as estrutu ras mais pequenas que têm controlo
legal. os estados (nações-estados, cidades-estados. impérios ) dentro d.l economia-mundo.
Esta dupla orientação. esta «distinção» se assim o quiserem . do económico e do político-
é a fonte da confusão e mistificação relativas à identificação adequada de grupos. às manifes-
tações razoáveis e lógicas dos interesses de grupo. No entanto. uma vez que as decisões políti-
cas e económicas não podem ser significativamente dissociadas ou di scutidas em separado.
colocam-se-nos agudos problemas analíticos. Tratá-los-emas tentanto abordá-los de forma
consecutiva, aludindo às suas interligações e implorando ao leitor que suspenda o seu juizo-
até que possa ver o conjunto de provas em síntese. Sem dúvida que . propositadJ.mente ou não.
violaremos a nossa própria regra de consecutividade muitas vezes. mas pelo menos este é o
nosso princípio organizativo de apresentação. Se parecer que lidJ.mos com o sistema mais lato
como sendo uma expressão do capitalismo e com os sistemas mais restritos como sendo
expressões do estatismo (ou. para utilizar a terminologia agora em voga. do desenvolvimento
nacional), tal não significa que neguemos a unidade do desenvolvimento histórico concreto.
Os estados não se desenvolvem e não podem ser compreendidos senão no contexto do desen-
volvimento do sistema mundial. 1
O mesmo é verdadeiro quer em relação a classes sociais quer a agrupamentos (nacio-
nais, religiosos) étnicos. Também eles se constituíram no contexto de csudos e do sistema
mundial. simultaneamente e por vezes de formas contraditórias. São uma função _d a organi-
zação social da época. O sistema de classes moderno começou a_ton:ar_ form a no seculo XVI.
No entanto, quando foi o século XVI? Esta pergunta nao e tao simples como pode
parecer se nos lembrarmos que os séculos da história não são neccssanamcnte cronológtcos.

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A ui n:io fa rei mai do que acciwr a opini ão de Fcrnand Bra~del , ta~to po~ causa da sol.idez
daqerudiçiio cm que se baseia como porque parece a3us1ar-:e tao bem à forma como eu ve30 os em que o crescimento demográfico na E é
decl ínio cm imensos secrorcs exrra-curouropa "'•largamente anulado ao nfrel planetário pelo
dado disponíveis. Diz Braudd: -mundo europeia aumentou imensamcnt:Cus. .· A35 im. 0 rácio lel'Tll/lrabalho da economia·
Sou n'ptico (...) sobrt' um século XVI acerca do qual se não especifique ~e é uno.ou vário, acerca europeia para manter um crescimento eco~~:sruumd~ um factor fundament.al na capacidade I
do qual "' dá a entender que constitu i uma unidade. VeJO o «nosso» seculo d1v1d1do em dois, moderna. Mas a expansão implica . . d ico co~tmuo neste período crítico inicial da era I
como Lucien Fcbvrc e 0 meu not:lvcl profe ssor Henri Hauser fi zeram , um primeiro século
vama1s oque umrac1o terra/trabalho lhorado E!
possível a acumulação em larga escala de cap"tal bá. ' . noe · ª tomou 1
com<'\'ando por volta de 1~50 e acabando por \'Olta de 1550. um segundo começando aí e durando racionalização da produção agrícola. Uma das 'car t i~o _que era_uul1z.ado para fi nancia: a 1
Jté 1620 ou !(>.l() '"- -mundo europeia do século XVI foi uma inílação se~ ,enst1c: ma:;;: óbvias ~esta erononua·
Os pontos de início e termo \'ari am de acordo com a perspectiva nac ional a partir da u ar. a lc ~md revo!luçao d?" preços. A
relação enlre esra inílação específica e o processo de ac j
. . umu açao e capita tem sido um rr:ma
qual se anali se este ;éculo. No entanto. para a economia-mundo europeia como um rodo, con- central na moderna ht stonogra~a. Propomo-nos tentar filtrar as comple•idades deste debate ''
1
sideramo> 1450- 1640 como a unidade remporal significariva durante a qual foi criada uma por '.orrna a que, à luz dos. padroes que observamos, possamos explicar a divisão de rrabalho / ,:
economia-mundo capitalista. um a economia-mundo que era com certeza, na frase de Braudel, particular a que a economia-mundo europeia chegou no fim desta época.
... vJ.Sl.3 m:.1s fraca,.. 1 ~ '. O padrão cíclico dos preços europeus tem uma volumosa história por rrás de si. e embora
os 7rud11os dtVJrJam sobre datas e ainda mais sobre causas. há acordo snbre a realidade do 1'
E onde se siruava esra economia-mundo europeia? Também a islo é difícil responder
porque os conti nentes históricos não são necessari amenre .geográficos. A economia-mundo fenómeno. Se junlarrnos duas sínreses de preços de cereais recentemente apresenwlas "1.
europeiJ incluía no fim do século XVI não só o noroesre europeu e o Medilerrâneo crisrão obremos o seguinte quadro:
(incluindo a Ibéri a) mas também a Europa Central e a região do Bállico. Incluía também 1160- 1260 - subida rápida
algumas regiões das Américas: a Nova Espanha. as Antilhas, a Terraferma. o Peru, o Chile, o 1260- 13!0 (1330. 1380) - alta estável
Brasil - ou antes aquelas panes dessas reg iões que estavam submet idas a um controlo 13!0(1330, 1380)-1480- quebragradual lfi
administrativo eficaz por pane dos espanhóis ou dos portugueses. As ilhas atlti.nricas e talvez 1480- 1620 (1650)- alia
uns pouco< de encla\'es na costa africana podem também ser incluídos. mas não as áreas do 1620 (1650)- 1734 (1755) - recessão 1
Occ:rno Índico: também não o Ex tremo Oriente. excepro . ralvez . por algum rempo, uma parte 1734 (1755)- 1817 - subida !j
das Filipinas: também não o Império Otomano: e lambém não a Rúss ia. ou quando muilo a Se considerarmos o segmenlo mais esrreito que nos ocupa de momento. o século XVI.
Rússia fo i incl uída apenas breve e marginalmente. Não e xisrem linhas de demarcação claras que aparece nesra lista como de «alta• , é claro que houve ílutuações económicas no seu
e simp les de estabe lecer. mas penso que é extremamente frutu oso pen sar-se o mundo europeu decorrer. Pierre Chaunu derectou o ciclo que se segue. baseado no seu estudo monu= nul
do século XVI como sendo construido pela interligação de doi s sis temas anteriorrnenle mais dos regisros da Casa de Contraración de Sevilha. o entrepostocha,·e do com<'rcio uanu tlântico.
separados. o sistema mediterrânico cri stão'". centrado nas cidades da liália do Norte e na rede Utilizando medidas de volume (quer globais quer para men:adorias específicas) e de valor.
comercial íl amengo- hanseática do Norte e Noroeste europeu, e a ligação a este novo com- Chaunu refere quatro períodos:
plexo dJ região oriental do Elba. da Polónia e de algumas áreas da Europa Oriental. por um
lado, e. por outro. a das ilhas atlânticas e de panes do Novo Mundo. 1504 - 1550 - subida firme
Em poucas pa lavras . traia-se de uma expansão norável. Mesmo tendo em conra as 1550 - 1562/3 - recessão relativamente pouco importante
colónias ultramarinas formalm ente ligadas às potências europeias. Chaunu refere que, nos cinco 1562/3 - 16!0 - expansão
anos qu: medeiam entre 1535 e 1540. a Espanha conseguiu conlrolar mais de metade da 1610 - 1650 - recessão <".
populaç 30 do hemisfério ocidental, e que entre essa data e 1670-1680 a área sob controlo
europeu_aumentou de_cerca ?e três milhões de quilómcrros quadrados para cerca de sele (para
se es~1 bil 17_a r ª esse mvcl ate ao fim do século XVIII) '' '. Contudo. a expansão geográfic a não
signi icava ex pansão populacional. Chaunu fala de um «movimenlo de tesoura demográfico »

· . 1. Fem3nJBraudd, .. Qu'es(-<.·equc lc XV Je · :1. 1··•


Slichcr van lia1h diMin~uc os períodos de 145 Q. JSSO s i1.:~ .cj ;5 Aimtile.,· E.S.C. , VHI . 1, Jan.-Março 1953, 73. D. JI.
"subida lisei~.t ~ .l" .. !> uhufa accn1u:1t.fa ... Agrarú,,, J-iisio~\', ~'· ~~ !650 em lcm1os de níveis de preços dus cerc ais:
11
. : · l~cmand ~mudd, .. F.uropc:m Ex p:tn !!. ion and (."1 i1 ·1lism· 1450 .
11m1. I. 3. edição ( Nov~ _Jorqul': Columbia Univ. Pre'is. (.f).'
19 260
· · · 1650.-, rn Chapter5 ;,, ~Vt·.ftern Cfriliia ·
" l ParJ uma d1scussào da na1u n:1a i: d;i C.\ len sno da á . . . - .
Eamonur llürory nf Spain (Princcton. New Jc: ri>e •: Princc10 rca.mcd n~ rraneu cns1J. ver Jaime Vil:ens Vi v~s . A11
0
' 4. Chaun u. Sfr,lfe. VIII ( 1). p. t 48 _ J Un< v. Prcss , t 96 1). 260.

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A ui n:io fa rei mai do que acciwr a opini ão de Fcrnand Bra~del , ta~to po~ causa da sol.idez
daqerudiçiio cm que se baseia como porque parece a3us1ar-:e tao bem à forma como eu ve30 os em que o crescimento demográfico na E é
decl ínio cm imensos secrorcs exrra-curouropa "'•largamente anulado ao nfrel planetário pelo
dado disponíveis. Diz Braudd: -mundo europeia aumentou imensamcnt:Cus. .· A35 im. 0 rácio lel'Tll/lrabalho da economia·
Sou n'ptico (...) sobrt' um século XVI acerca do qual se não especifique ~e é uno.ou vário, acerca europeia para manter um crescimento eco~~:sruumd~ um factor fundament.al na capacidade I
do qual "' dá a entender que constitu i uma unidade. VeJO o «nosso» seculo d1v1d1do em dois, moderna. Mas a expansão implica . . d ico co~tmuo neste período crítico inicial da era I
como Lucien Fcbvrc e 0 meu not:lvcl profe ssor Henri Hauser fi zeram , um primeiro século
vama1s oque umrac1o terra/trabalho lhorado E!
possível a acumulação em larga escala de cap"tal bá. ' . noe · ª tomou 1
com<'\'ando por volta de 1~50 e acabando por \'Olta de 1550. um segundo começando aí e durando racionalização da produção agrícola. Uma das 'car t i~o _que era_uul1z.ado para fi nancia: a 1
Jté 1620 ou !(>.l() '"- -mundo europeia do século XVI foi uma inílação se~ ,enst1c: ma:;;: óbvias ~esta erononua·
Os pontos de início e termo \'ari am de acordo com a perspectiva nac ional a partir da u ar. a lc ~md revo!luçao d?" preços. A
relação enlre esra inílação específica e o processo de ac j
. . umu açao e capita tem sido um rr:ma
qual se anali se este ;éculo. No entanto. para a economia-mundo europeia como um rodo, con- central na moderna ht stonogra~a. Propomo-nos tentar filtrar as comple•idades deste debate ''
1
sideramo> 1450- 1640 como a unidade remporal significariva durante a qual foi criada uma por '.orrna a que, à luz dos. padroes que observamos, possamos explicar a divisão de rrabalho / ,:
economia-mundo capitalista. um a economia-mundo que era com certeza, na frase de Braudel, particular a que a economia-mundo europeia chegou no fim desta época.
... vJ.Sl.3 m:.1s fraca,.. 1 ~ '. O padrão cíclico dos preços europeus tem uma volumosa história por rrás de si. e embora
os 7rud11os dtVJrJam sobre datas e ainda mais sobre causas. há acordo snbre a realidade do 1'
E onde se siruava esra economia-mundo europeia? Também a islo é difícil responder
porque os conti nentes históricos não são necessari amenre .geográficos. A economia-mundo fenómeno. Se junlarrnos duas sínreses de preços de cereais recentemente apresenwlas "1.
europeiJ incluía no fim do século XVI não só o noroesre europeu e o Medilerrâneo crisrão obremos o seguinte quadro:
(incluindo a Ibéri a) mas também a Europa Central e a região do Bállico. Incluía também 1160- 1260 - subida rápida
algumas regiões das Américas: a Nova Espanha. as Antilhas, a Terraferma. o Peru, o Chile, o 1260- 13!0 (1330. 1380) - alta estável
Brasil - ou antes aquelas panes dessas reg iões que estavam submet idas a um controlo 13!0(1330, 1380)-1480- quebragradual lfi
administrativo eficaz por pane dos espanhóis ou dos portugueses. As ilhas atlti.nricas e talvez 1480- 1620 (1650)- alia
uns pouco< de encla\'es na costa africana podem também ser incluídos. mas não as áreas do 1620 (1650)- 1734 (1755) - recessão 1
Occ:rno Índico: também não o Ex tremo Oriente. excepro . ralvez . por algum rempo, uma parte 1734 (1755)- 1817 - subida !j
das Filipinas: também não o Império Otomano: e lambém não a Rúss ia. ou quando muilo a Se considerarmos o segmenlo mais esrreito que nos ocupa de momento. o século XVI.
Rússia fo i incl uída apenas breve e marginalmente. Não e xisrem linhas de demarcação claras que aparece nesra lista como de «alta• , é claro que houve ílutuações económicas no seu
e simp les de estabe lecer. mas penso que é extremamente frutu oso pen sar-se o mundo europeu decorrer. Pierre Chaunu derectou o ciclo que se segue. baseado no seu estudo monu= nul
do século XVI como sendo construido pela interligação de doi s sis temas anteriorrnenle mais dos regisros da Casa de Contraración de Sevilha. o entrepostocha,·e do com<'rcio uanu tlântico.
separados. o sistema mediterrânico cri stão'". centrado nas cidades da liália do Norte e na rede Utilizando medidas de volume (quer globais quer para men:adorias específicas) e de valor.
comercial íl amengo- hanseática do Norte e Noroeste europeu, e a ligação a este novo com- Chaunu refere quatro períodos:
plexo dJ região oriental do Elba. da Polónia e de algumas áreas da Europa Oriental. por um
lado, e. por outro. a das ilhas atlânticas e de panes do Novo Mundo. 1504 - 1550 - subida firme
Em poucas pa lavras . traia-se de uma expansão norável. Mesmo tendo em conra as 1550 - 1562/3 - recessão relativamente pouco importante
colónias ultramarinas formalm ente ligadas às potências europeias. Chaunu refere que, nos cinco 1562/3 - 16!0 - expansão
anos qu: medeiam entre 1535 e 1540. a Espanha conseguiu conlrolar mais de metade da 1610 - 1650 - recessão <".
populaç 30 do hemisfério ocidental, e que entre essa data e 1670-1680 a área sob controlo
europeu_aumentou de_cerca ?e três milhões de quilómcrros quadrados para cerca de sele (para
se es~1 bil 17_a r ª esse mvcl ate ao fim do século XVIII) '' '. Contudo. a expansão geográfic a não
signi icava ex pansão populacional. Chaunu fala de um «movimenlo de tesoura demográfico »

· . 1. Fem3nJBraudd, .. Qu'es(-<.·equc lc XV Je · :1. 1··•


Slichcr van lia1h diMin~uc os períodos de 145 Q. JSSO s i1.:~ .cj ;5 Aimtile.,· E.S.C. , VHI . 1, Jan.-Março 1953, 73. D. JI.
"subida lisei~.t ~ .l" .. !> uhufa accn1u:1t.fa ... Agrarú,,, J-iisio~\', ~'· ~~ !650 em lcm1os de níveis de preços dus cerc ais:
11
. : · l~cmand ~mudd, .. F.uropc:m Ex p:tn !!. ion and (."1 i1 ·1lism· 1450 .
11m1. I. 3. edição ( Nov~ _Jorqul': Columbia Univ. Pre'is. (.f).'
19 260
· · · 1650.-, rn Chapter5 ;,, ~Vt·.ftern Cfriliia ·
" l ParJ uma d1scussào da na1u n:1a i: d;i C.\ len sno da á . . . - .
Eamonur llürory nf Spain (Princcton. New Jc: ri>e •: Princc10 rca.mcd n~ rraneu cns1J. ver Jaime Vil:ens Vi v~s . A11
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' 4. Chaun u. Sfr,lfe. VIII ( 1). p. t 48 _ J Un< v. Prcss , t 96 1). 260.

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ã , om certeza idênticas. «0 índice de volume , . Por volta de, 1960, ªteoria d~ Hamilton tinha já sido submetida a muitos ataques. tanto
As medidas de volume e de valor n. 0 sa_o ~ reços A curva de preços típica é mais empmcos como tconcos. Apesar di sso, ele reafi rmou-a ainda mai s vigorosamente:
está ligado. de uma fom1a exagemda. ~ fl~tu~.~ª~ ~~n~ consldera que o seu ponto de inflexão
1 1
espalmada do que a do volume de comerci,o» · h· ( 1627 ) e ao de Posthumus para os Países [O aumemo da ofena de metais preciosos desde 1500) foi provavelmenle percentualmen1e muito
ma1ordo que a s ubi~a de preços. P?r isso, mais do que procurar as causas remotas da Revolução
de 1610 se adequ~ ao de Elsas pam ªAde~~~ ~eu-se em alturas diferentes nas diferentes dos Preços,(. .. ) pr~c1sam~s de explicar a incapacidade de ~ preços se manterem a par do aumento
Baixos (1637), pois. como veremos. o ec mio
do s t ~k de ~Cli!IS preciosos. A utilização crescente do ouro e da prata na baixela. omamen-
• zonas da Europa'"· - . s tem rJis recordam-nos que a economia-mundo estava ainda n~m tação ,Joa lhar1 a e outros usos não monetários à medida que se tomavam rclati\·amcntc mais baratos
Estas d1scre~an.c1a po r e no século XV as três áreas comerc1a1s europeias pela subida dos preços das mercadorias neu1ralizou algum de.se aumen1o (... ). Saldar a balança
processo de cmergenc1a. Chaunu rei ere qu • , . d.f comercial desfavorável [com o Orienle) absorveu grandes quanlidades de moeda. (...) A con-
. - · - N Europa Oriental) tinham tres mve1s de preços 1 eren-
(o Med11errJneo cnstao •.o or~s~ ea~tos a baixos A criação de uma economia-mundo pode versão de rendas em. espécie cm pagamentos monetários, uma substitui ção de salários pagos par-
tes. escalonados respect1vamen e e .· _ . d . , · [d , 1 ] c ialmente em espécie por remunerações monetárias e um declínio da troca directa contribuíram
ser medida precisamente pela «fantástica general1zaçao dos preços o m1c10 o secu o 'e a também para contrabalançar o aumemo da ofena de ouro e de praia ' " '·
'-longo prazo pelo desaparecimento das diferenças»n°'., Embora este longo prazo ultrapasse o
século XVI, a diminuição dessas diferenças é percept1vel. Se em 1500 a diferença de preços Como muitos dos seus críticos observaram. Hamilton trabalha com a teoria quantita-
entre 0 Mediterrãneo cri stão e a Europa Oriental era da ordem de 6: I ,_em l 6~_era so~ente tiva da moeda de Fisher, que afirma que PQ=MV e assume implicitamente que V e Q se mantém
de 4: 1" " e em 1750 apenas de 2: 1. Henryk Samsonowicz diz que a parttr dos m1cms do secul.o constantes (P designa os preços; Q a quantidade de bens e serviços; M a quantidade de moeda
XVI os preços e os salários prussianos se aproximaram «Cada vez mais». dos da Europa .oci- em circulação; e V é a velocidade de circulação da moeda). Eles puseram em causa esse
dental. «apesar das direcções diametralmente opostas do seu desenvolvimento económico e pressuposto e exigiram investigações empíricas.
social• •"l. Apesar de? Ou «por causa de»? Num significativo ataque a Hamilton, Ingrid Harnmarstrõm afirmou que Hamilton se
Uma importante explicação da subida dos preços no século XVI foi a de Earl J. tinha enganado na sequência, poi s fora o aumento da actividade económica que levara a um
aumento dos preços, o que por sua vez explica as actividades mineiras que deram origem ao
.r Hamilton. Propô-la inicialmente em relação aos preços andaluzes do século XVI e mai s tarde
generalizou-a para a Europa Ocidental: aumento da oferta de metais preciosos. Ao que Hamilton responde: ",. : l
1
Ao longo do período em análise ex istiu uma ligação estreita entre as importações de ouro e Obviamente que a «subida de preços» habitualmente resultante de uma • actividade económica r, 1•
praia americanos e os preços andaluzes. (... ) Iniciando-se com o período 1503-1505, houve que de uma maneira ou de outra acontece >> ( ... ) refrearia, e não aumentaria. a mineração de meta.is
urna lendência ascendente nas chegadas dos metais preciosos até 1595, enquanto de 1503 preciosos através de um aumento dos custos de produção em conjunção com paridades de
a 1597 se verificou uma subida contínua nos preços andaluzes. As maiores subidas de preços cunhagem fi xas dos metais prec iosos. Para além disso. o aumento de preços viria a diminuir.
coincidem com os maiores aumentos na importação de ouro e prata. A correlação entre impor- não a aumentar, a amoedação dos metais existentes ao embaratecê-los relativamente para usos
tações de metais preciosos e preços persiste depois de 1600 quando ambos estão em decl(- não monetários t151 •
nio11 )).
Mas porque é que as paridades de cunhagem tinham que ser fixas? Esta era uma
decisão política e dificilmente teria beneficiado aqueles que lucrariam com o fluxo dos metais
8. Chaunu. Sfrillt, VIII (2). p. 19. preciosos numa era de expansão (que incluíam a Coroa espanhola), desencorajando a sua
-e 9. • Em lermos gerais. a mudança na curva em 1600 afinnou-se para a Espanha. a Itália e o Sul de França. produção quando uma tão grande quantidad~ estava repentinamente disponível a um custo
Ela só ocorreu em 1650 nas 1erras do Nonc, particularmen1e nos Países Baixos , onde Amesterdão haveria de afinnar real tão baixo (dada a forma de trabalho). Como Hammarstrõm indica. a questão fundamen-
o seu domínio na cena mundial ... Braudel, in Chapras, J, p. 263.
"' 10. Chaunu. L'exponsion europérn11e, p. 343. tal é o que explica o uso que era dado aos metais preciosos:
~ < 11. .. No final do ~c ui a XV, as três Europas estavam num ratio [de preços) relarivo de 100, 77 e J6; pelo
fi~ do s&ul o XVI. o ra11~ era de. H_>O. ?6 e 25. O movimento para a aproximação tinha começado. mas afec1ava Porque é que a Europa Ocidental precis.ava dos metais preciosos americanos, não para serem
a
~:~:n:~~~;:i~r/~~;_1,e~1.º~~J~'.stanc1a entre a Europa med iterrânica e a Europa intennédia pennaneceu mesma arrecadados como tesouros nem para serem usados como omarnemo nos lugares sagrados (uso
a que eram consagrados na Ásia e entre os nativos americanos), mas para formar um contri-
Brau&I :~~i~ercnças em. relação a áreas mais periféricas podem contudo permanecer muito grandes. como buto adicional importante ao seu corpo de moedas em circulação - ou seja, como mci~ de
sobrcstimad~ Quan10 .maior era o auto-fechamento dessas economias arcaicas, tanto mais o ouro e a prata são
quatro ou cincoq::': ;.;~spc~dame~te surgem em .cena. ': vida na Sardenha, nota um v·eneziano em 1558, é _p3g_a~e,n!_o? n•>. ...J
ranh. I. p. 352. os d1spend1osa que na Itália, obviamente para alguém com a bolsa cheia .... La Meditér-
.. 12. HeN)•k Samsonowicz. •Salilire 1 • dan 14. Earl J. Hamilton. «lbe History of Priccs Bcfore 1750•, in Inurnariona l Con~res.s of Historical "'
da.ns la premiCre moitié du XVI• siCcle T~ ~d 7rv1ces . s les finances citadincs de la Prusse au xv• siêcle et
( Paris:Mouton, 1968), 550. •. lr nternallonal Conference of Economic History, Munique, 1965 Scit11ces, Estocolmo, 1960. Ropports : / . Méthodologit, histoire dts uniursitl s. hisroirt dts pri:c O\'Onl 1750 (Go-

-< • 13: Eart J. Hamilton. •American Treasurc and Andai . .


temburgo: Almqvist & Wiksell. 1960), 156.
~usrn('u H1story. 1, 1. Nov. 1928, 34-35. Para uma biblio rafi~s1an Prices, 1503-J~_~ . ~ournal o/ Economic and
:~: g:~:i· r~:ri~ ~~~!,:~~· •Thc ""Pricc Rcvolution" of lhe Sixittnth Ccn1ury: Some Swcdish :
\er Braudcl e Spoor>rr. in Cambridge Economic History o} Euro~~~ ~~~~;.~~~l~~c1pa1s pontos desta literatura,
Evidcnce», Sca ndinavian Economic History Rtview, V, 1. 1957, 131.

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ã , om certeza idênticas. «0 índice de volume , . Por volta de, 1960, ªteoria d~ Hamilton tinha já sido submetida a muitos ataques. tanto
As medidas de volume e de valor n. 0 sa_o ~ reços A curva de preços típica é mais empmcos como tconcos. Apesar di sso, ele reafi rmou-a ainda mai s vigorosamente:
está ligado. de uma fom1a exagemda. ~ fl~tu~.~ª~ ~~n~ consldera que o seu ponto de inflexão
1 1
espalmada do que a do volume de comerci,o» · h· ( 1627 ) e ao de Posthumus para os Países [O aumemo da ofena de metais preciosos desde 1500) foi provavelmenle percentualmen1e muito
ma1ordo que a s ubi~a de preços. P?r isso, mais do que procurar as causas remotas da Revolução
de 1610 se adequ~ ao de Elsas pam ªAde~~~ ~eu-se em alturas diferentes nas diferentes dos Preços,(. .. ) pr~c1sam~s de explicar a incapacidade de ~ preços se manterem a par do aumento
Baixos (1637), pois. como veremos. o ec mio
do s t ~k de ~Cli!IS preciosos. A utilização crescente do ouro e da prata na baixela. omamen-
• zonas da Europa'"· - . s tem rJis recordam-nos que a economia-mundo estava ainda n~m tação ,Joa lhar1 a e outros usos não monetários à medida que se tomavam rclati\·amcntc mais baratos
Estas d1scre~an.c1a po r e no século XV as três áreas comerc1a1s europeias pela subida dos preços das mercadorias neu1ralizou algum de.se aumen1o (... ). Saldar a balança
processo de cmergenc1a. Chaunu rei ere qu • , . d.f comercial desfavorável [com o Orienle) absorveu grandes quanlidades de moeda. (...) A con-
. - · - N Europa Oriental) tinham tres mve1s de preços 1 eren-
(o Med11errJneo cnstao •.o or~s~ ea~tos a baixos A criação de uma economia-mundo pode versão de rendas em. espécie cm pagamentos monetários, uma substitui ção de salários pagos par-
tes. escalonados respect1vamen e e .· _ . d . , · [d , 1 ] c ialmente em espécie por remunerações monetárias e um declínio da troca directa contribuíram
ser medida precisamente pela «fantástica general1zaçao dos preços o m1c10 o secu o 'e a também para contrabalançar o aumemo da ofena de ouro e de praia ' " '·
'-longo prazo pelo desaparecimento das diferenças»n°'., Embora este longo prazo ultrapasse o
século XVI, a diminuição dessas diferenças é percept1vel. Se em 1500 a diferença de preços Como muitos dos seus críticos observaram. Hamilton trabalha com a teoria quantita-
entre 0 Mediterrãneo cri stão e a Europa Oriental era da ordem de 6: I ,_em l 6~_era so~ente tiva da moeda de Fisher, que afirma que PQ=MV e assume implicitamente que V e Q se mantém
de 4: 1" " e em 1750 apenas de 2: 1. Henryk Samsonowicz diz que a parttr dos m1cms do secul.o constantes (P designa os preços; Q a quantidade de bens e serviços; M a quantidade de moeda
XVI os preços e os salários prussianos se aproximaram «Cada vez mais». dos da Europa .oci- em circulação; e V é a velocidade de circulação da moeda). Eles puseram em causa esse
dental. «apesar das direcções diametralmente opostas do seu desenvolvimento económico e pressuposto e exigiram investigações empíricas.
social• •"l. Apesar de? Ou «por causa de»? Num significativo ataque a Hamilton, Ingrid Harnmarstrõm afirmou que Hamilton se
Uma importante explicação da subida dos preços no século XVI foi a de Earl J. tinha enganado na sequência, poi s fora o aumento da actividade económica que levara a um
aumento dos preços, o que por sua vez explica as actividades mineiras que deram origem ao
.r Hamilton. Propô-la inicialmente em relação aos preços andaluzes do século XVI e mai s tarde
generalizou-a para a Europa Ocidental: aumento da oferta de metais preciosos. Ao que Hamilton responde: ",. : l
1
Ao longo do período em análise ex istiu uma ligação estreita entre as importações de ouro e Obviamente que a «subida de preços» habitualmente resultante de uma • actividade económica r, 1•
praia americanos e os preços andaluzes. (... ) Iniciando-se com o período 1503-1505, houve que de uma maneira ou de outra acontece >> ( ... ) refrearia, e não aumentaria. a mineração de meta.is
urna lendência ascendente nas chegadas dos metais preciosos até 1595, enquanto de 1503 preciosos através de um aumento dos custos de produção em conjunção com paridades de
a 1597 se verificou uma subida contínua nos preços andaluzes. As maiores subidas de preços cunhagem fi xas dos metais prec iosos. Para além disso. o aumento de preços viria a diminuir.
coincidem com os maiores aumentos na importação de ouro e prata. A correlação entre impor- não a aumentar, a amoedação dos metais existentes ao embaratecê-los relativamente para usos
tações de metais preciosos e preços persiste depois de 1600 quando ambos estão em decl(- não monetários t151 •
nio11 )).
Mas porque é que as paridades de cunhagem tinham que ser fixas? Esta era uma
decisão política e dificilmente teria beneficiado aqueles que lucrariam com o fluxo dos metais
8. Chaunu. Sfrillt, VIII (2). p. 19. preciosos numa era de expansão (que incluíam a Coroa espanhola), desencorajando a sua
-e 9. • Em lermos gerais. a mudança na curva em 1600 afinnou-se para a Espanha. a Itália e o Sul de França. produção quando uma tão grande quantidad~ estava repentinamente disponível a um custo
Ela só ocorreu em 1650 nas 1erras do Nonc, particularmen1e nos Países Baixos , onde Amesterdão haveria de afinnar real tão baixo (dada a forma de trabalho). Como Hammarstrõm indica. a questão fundamen-
o seu domínio na cena mundial ... Braudel, in Chapras, J, p. 263.
"' 10. Chaunu. L'exponsion europérn11e, p. 343. tal é o que explica o uso que era dado aos metais preciosos:
~ < 11. .. No final do ~c ui a XV, as três Europas estavam num ratio [de preços) relarivo de 100, 77 e J6; pelo
fi~ do s&ul o XVI. o ra11~ era de. H_>O. ?6 e 25. O movimento para a aproximação tinha começado. mas afec1ava Porque é que a Europa Ocidental precis.ava dos metais preciosos americanos, não para serem
a
~:~:n:~~~;:i~r/~~;_1,e~1.º~~J~'.stanc1a entre a Europa med iterrânica e a Europa intennédia pennaneceu mesma arrecadados como tesouros nem para serem usados como omarnemo nos lugares sagrados (uso
a que eram consagrados na Ásia e entre os nativos americanos), mas para formar um contri-
Brau&I :~~i~ercnças em. relação a áreas mais periféricas podem contudo permanecer muito grandes. como buto adicional importante ao seu corpo de moedas em circulação - ou seja, como mci~ de
sobrcstimad~ Quan10 .maior era o auto-fechamento dessas economias arcaicas, tanto mais o ouro e a prata são
quatro ou cincoq::': ;.;~spc~dame~te surgem em .cena. ': vida na Sardenha, nota um v·eneziano em 1558, é _p3g_a~e,n!_o? n•>. ...J
ranh. I. p. 352. os d1spend1osa que na Itália, obviamente para alguém com a bolsa cheia .... La Meditér-
.. 12. HeN)•k Samsonowicz. •Salilire 1 • dan 14. Earl J. Hamilton. «lbe History of Priccs Bcfore 1750•, in Inurnariona l Con~res.s of Historical "'
da.ns la premiCre moitié du XVI• siCcle T~ ~d 7rv1ces . s les finances citadincs de la Prusse au xv• siêcle et
( Paris:Mouton, 1968), 550. •. lr nternallonal Conference of Economic History, Munique, 1965 Scit11ces, Estocolmo, 1960. Ropports : / . Méthodologit, histoire dts uniursitl s. hisroirt dts pri:c O\'Onl 1750 (Go-

-< • 13: Eart J. Hamilton. •American Treasurc and Andai . .


temburgo: Almqvist & Wiksell. 1960), 156.
~usrn('u H1story. 1, 1. Nov. 1928, 34-35. Para uma biblio rafi~s1an Prices, 1503-J~_~ . ~ournal o/ Economic and
:~: g:~:i· r~:ri~ ~~~!,:~~· •Thc ""Pricc Rcvolution" of lhe Sixittnth Ccn1ury: Some Swcdish :
\er Braudcl e Spoor>rr. in Cambridge Economic History o} Euro~~~ ~~~~;.~~~l~~c1pa1s pontos desta literatura,
Evidcnce», Sca ndinavian Economic History Rtview, V, 1. 1957, 131.

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Y. s. Brcnncr argumcnia que um relance pelos dados inglcs~s confinna Hammarstrüm . que a «primitiva obsessão mcrcaniilista
É ua opini ão que as alteraçôes no nível de preços das m ercadonas resuhou «menos de um porque com os Ouxos de mct . .
aumento ou falt a de aumento do stock europeu de metais do que da maneira como este stock ª' ~ preciosas. tinha s.en1ido
fo i uiilizado» ""- Ek nota que o aume nto de preços é anterior à chegada dos tesouros ameri- ~n ~x~s de me tais prr:cio~os levéjriam r .
r c:inos •" '· Brcnncr afimia que deveríamos ter consciência de que todos os factores da equação s~s.' e.~o ~c~mo tempo tenderiam a au1~e~~um1 ~·clmcn1c a uma aft(;taç~ de
tais, dim inuindo conscquc lar os fu ndo< dispoof . homens e de recur-
de Fisher eram variáveis nessa época: . nlcmcnie o CUMo da.s guerras. ve1 ~ para. as fi~.s go·.emamcn·
. Caso em que podemos anali sar u . .
Em conc lusãn. 0 aumcnlo dos preços duramc a primeira metade do século XVI deveu-se a uma
mais efi cientemente q ais os paises que utili:aram 0 metaiJ. precio.os
nimbi naçâo cmrc uma velocidade de circulaçào e um volume de moeda em circulação acres-
ciJos com uma oferta rclativamcnlc diminuída de, e maior pressão da procura de, produtos em termos das c?p~cidades docada país, detenni . . .
acrícolas (. .. ). para alargar os limt1es do pleno emprego ri nOOa..quer ins11tucmnalmeme qutr fo.ic-.ur,.nit
À veloc idade (V) de circulação aumentou com o desenvolvimento da indústria e a e<pansão do crcsc1mento económico rcaJ12 11_ po onna ª con\'erter o anuxo dt metais predosm ~
comórcio: o nítido aumento da especulação fundiária e no mercado de capitais legalizados; e
pela transição de maiores sec tores d3 socicdad_e de auto-suficiênci.a rural ~a~~ comunidades E quant~aos limites da velocidade? W. C. Ro .
urhan izadas dependentes de mercados (monetanzados) para a sua ahmentaçao 9 '· levanta a questao de saber se os Ouxos d
• •
. bi~son. no seu debate com Mid1ad p0,tan.
e metais preciosos pod .
para a deprcssao do seculo XIV. Afirma que numa economia comem po1enc1ar uma _ex plica;ão ''
Assim, como Brenncr argumenta, fo i o aumento generali zado da actividade capitalista uvos «a V estava algo próxima da rotação física real r mecanismos de crcdtto primi- 11
1

que explica o uso dado aos metai s preciosos. isso, a expansão do século Xlll , que tinha sido estimula:: moeda por umdade de tempo • . Por
A lcoria bul ion isla da ex pansão económica presume, senão velocidades (V) e quanti- ,I
los na velocidade de circulação da moeda, estav . . pelo descntesournmentocpor aumen-
a Sujeita aos constrangimento\ inerentes:
dade de bens (Q) fi xas, pe lo menos lim ites superiores. Haverá algumas provas dislo? No que
respe ita às quant idades de bens e serviços tal não parece muito plausível. lslo porque ela
implica. como Jorge Nadai nos recorda, a hipótese de pleno emprego:
A oferta de moeda acabou por alcançaro seu limi1e superior sal
e a veloc ida~e de circulação não podia aumcnt.a r mais. N~sta ;i~=:.u=~~r::~;Oi.
. l 1

-1 e uma pressa~ descend~me sobre os preços fazia-se sentir. O ale~re optimismo e o~ ~ad:
Só então, quando o volume de bens produzidos não pode ser aumentado, é que qualquer aumen10 lucros do penodo antenor foram substituídos pelo pessimismo e pela retracção. 0 ~resoura­
das despesas (equivalente ao prod u10 da quantidade de moeda pela ve loc idade fia masa mo11e- me~to de moeda ~omcço~..como barreira contra a queda dos preços. Em resuma. a depres:~a 1
1aria en circulaciónj) se transform ará num aumento proporcional dos preços 1201• poclza auto·consol1dar-se<-- 1.

É melhor então não assumirmos que um aumento do volume de metais preciosos . Postan, na s~a resposta, argumenta que Robinson está factualmente errado sobre 0 ter- 1.
tenha conduzido di rectamente a um aumento de preços mas apenas por intennédio da sua -se atmg1do um hm1te, uma vez que o desentesouramento continuava, os mecanismos de crédito
capacidade ou i_ncapacidade de aumentar o emprego. Miskimin argumenta, por e)(emplo, era":' mais fl edv~i s do que o que Robinson sugeria e as atitudes psicológicas dos homens de
negocios const1tmam uma van ável económica insignifican le nessa época'"'· Mas basicamente
1
1•
17. Y . S. Brenne r. • Thc Inna1ion of Priccs in Si xleenth-Century England », Ec:onomic f/istory Re,·iew,
ele não põe em causa o conceito de um limile. Miskimin fá-lo. e a meu ver eficazmente: !
2.' !-érie. XI\' , 2. 196 1. 231.
É também verdade, com toda a probabilidade, que, dado o nível de descnrnlvirnenJo d3S in., ti-
H. A. Miskimin. comentando as opin iões de Brcnner. diz: ..cEu iria mesmo mais longe e insisliria em que a
distribuição da popu!Jçào e a sua relação com uma oferta fixa de 1errJ. tinha mu ito a ver com a propensão dum país tuiçõcs de crédito, existia um limite físico superior à velocidade de circulação de uma quanti· j
para rerC' r o ouro e a prata 4uc enlra\'am pe las suas fronte ir.is. \'isto que quanto maior era a pressão da popul ação dade dada de melal prec ioso. uma vez que estivesse cunhado num número finito de moedas.
,:obre as le rr:i.s que prod uLiam al imC"nlo, maior era a proporção n:l a1iva do slock monetário do país dirigida para bens Contudo. o aviltamento da moeda. através da redução do valor facial das unidades cm que os 1
agríco las produ1.idol\ in1cmamente:.. . ... Agenda for Early Modem Economic History:.., Jounial o/ Economic l/istory , me tais prec iosos circulavam, leria o cfei10 de elevar os limi tes físicos e ins1i1Ucionais sur.-:riore5
XXX l. I. ~1ar1 0 197 1. 179. impostos à ve locidade de circulação dos metais preciosos. Sob as prrssôes combinadas pro,·e·
18. Y . 5 . Brenncr. Ernnomic llm nry Rel'il'H", X IV , p. 229.
nicntes das migrações internas, da urbanização e da cspccializ.ação. teria parecido possí,·cl r: :ué
Fema.mJ Braudcl faz a mesma observação: «(Se ) as minas do Novo Mundo s:lo um factor, é (X>rque a
E~ropa possu i os meios d~ beneficiar dos (seus produtos!.,. La Médiu·rra11ét> , ll, p. 27. R. S. Lopez e H . A . Miski · prováve l que quando a depreciação elevava os limi1es tfrnicos da velocidade. a nova lit:ic.rcbdc
mm realçam no_en1an10 .que o cr~sc i me ~to económico de cerca de 1645 até à .c Rcfonna.. foi um processo de era usada, e que as muitas depreciações europeias do século X\'l act~ar:im atra"és_dessa
• l cn~a recu~rª.\" ªº'" · As:-. 1m, a subida rjp1da após 1520 é compa1ível com os argumentos de Hamilton. totThe Eco- ve loc idade para aumentar os preços mais do que proJX.lrcionalmente. relauvamente ao ni,·el da
nom1c Ot prC'\).100 of thc Renaissancc .. , Ernncm1 ir" 1-fi.Hory Rei'ic.-.·. 2 .~ ~éric, X I V . J. 1962, 4 17 .
própria depreciação '"'·
. 19. Brcnncr: Ec011omic l fo tory Reriew. pp. 238·339. Braudd e Spooner também argumentam que há um
mcrc~nto c1~1 w l~x 1dadc: .., fata aceler.1~-ã~ [d.: ':d ocidade ). cs1e aumento no custo de vida , são o aspecm mais
not;hc_I Jo RtnaM" 1mcn10. ou melhor. do scculo X Vl. quando comparJdo com tempos 31lteriores, ( ... ) mas havia
um.t di fr·n.·nça em p~opt~rçõc-.. { ... ) (Havia ) na Europa um arr.mquc de ··crescimento". (. .. ) Mas este "crescimento.. 2 1. Miskimin. Journol o/ Eco11omic lli~tot)". XXX l. p. ~ ~]Cti e in La1r Medj~val Europt•. Economic ~
22. W. C. Robinson, • Moncy, Poputauon and Economu; ant
~'~~::~: º.:~,~~~º i mc~ro paraº" } i~.1.i 1cs do _JX.K)ii\ cl .e d~ impossivel. isto ê, para a beirJ da catástrofe:... oi lcs métaux llistory Rn irw, 2.' série, XII. 1, 1959, 67. . . R .· , , stric Xlt. t, 1959. 78-79.
Swrw mndt·rn~ 1.:t~~~~:~-~d~a~~~i.!I~~~~~;: ~~ 5~~~"~.wm Jt>l X Congresso lmema:ionulc de Scir11:e Storicht , IV: 23. Ver M . M . Postan, .. No1e», El'onormc /11swry tH~iJ2. .
20. 1'adJl. llispania. XIX. p. 517.
24. Miskimin. Jourtwl o/ Economic Jlistory. XXXI. p. .

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Y. s. Brcnncr argumcnia que um relance pelos dados inglcs~s confinna Hammarstrüm . que a «primitiva obsessão mcrcaniilista
É ua opini ão que as alteraçôes no nível de preços das m ercadonas resuhou «menos de um porque com os Ouxos de mct . .
aumento ou falt a de aumento do stock europeu de metais do que da maneira como este stock ª' ~ preciosas. tinha s.en1ido
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r c:inos •" '· Brcnncr afimia que deveríamos ter consciência de que todos os factores da equação s~s.' e.~o ~c~mo tempo tenderiam a au1~e~~um1 ~·clmcn1c a uma aft(;taç~ de
tais, dim inuindo conscquc lar os fu ndo< dispoof . homens e de recur-
de Fisher eram variáveis nessa época: . nlcmcnie o CUMo da.s guerras. ve1 ~ para. as fi~.s go·.emamcn·
. Caso em que podemos anali sar u . .
Em conc lusãn. 0 aumcnlo dos preços duramc a primeira metade do século XVI deveu-se a uma
mais efi cientemente q ais os paises que utili:aram 0 metaiJ. precio.os
nimbi naçâo cmrc uma velocidade de circulaçào e um volume de moeda em circulação acres-
ciJos com uma oferta rclativamcnlc diminuída de, e maior pressão da procura de, produtos em termos das c?p~cidades docada país, detenni . . .
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À veloc idade (V) de circulação aumentou com o desenvolvimento da indústria e a e<pansão do crcsc1mento económico rcaJ12 11_ po onna ª con\'erter o anuxo dt metais predosm ~
comórcio: o nítido aumento da especulação fundiária e no mercado de capitais legalizados; e
pela transição de maiores sec tores d3 socicdad_e de auto-suficiênci.a rural ~a~~ comunidades E quant~aos limites da velocidade? W. C. Ro .
urhan izadas dependentes de mercados (monetanzados) para a sua ahmentaçao 9 '· levanta a questao de saber se os Ouxos d
• •
. bi~son. no seu debate com Mid1ad p0,tan.
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para a deprcssao do seculo XIV. Afirma que numa economia comem po1enc1ar uma _ex plica;ão ''
Assim, como Brenncr argumenta, fo i o aumento generali zado da actividade capitalista uvos «a V estava algo próxima da rotação física real r mecanismos de crcdtto primi- 11
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que explica o uso dado aos metai s preciosos. isso, a expansão do século Xlll , que tinha sido estimula:: moeda por umdade de tempo • . Por
A lcoria bul ion isla da ex pansão económica presume, senão velocidades (V) e quanti- ,I
los na velocidade de circulação da moeda, estav . . pelo descntesournmentocpor aumen-
a Sujeita aos constrangimento\ inerentes:
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e a veloc ida~e de circulação não podia aumcnt.a r mais. N~sta ;i~=:.u=~~r::~;Oi.
. l 1

-1 e uma pressa~ descend~me sobre os preços fazia-se sentir. O ale~re optimismo e o~ ~ad:
Só então, quando o volume de bens produzidos não pode ser aumentado, é que qualquer aumen10 lucros do penodo antenor foram substituídos pelo pessimismo e pela retracção. 0 ~resoura­
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1aria en circulaciónj) se transform ará num aumento proporcional dos preços 1201• poclza auto·consol1dar-se<-- 1.

É melhor então não assumirmos que um aumento do volume de metais preciosos . Postan, na s~a resposta, argumenta que Robinson está factualmente errado sobre 0 ter- 1.
tenha conduzido di rectamente a um aumento de preços mas apenas por intennédio da sua -se atmg1do um hm1te, uma vez que o desentesouramento continuava, os mecanismos de crédito
capacidade ou i_ncapacidade de aumentar o emprego. Miskimin argumenta, por e)(emplo, era":' mais fl edv~i s do que o que Robinson sugeria e as atitudes psicológicas dos homens de
negocios const1tmam uma van ável económica insignifican le nessa época'"'· Mas basicamente
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1•
17. Y . S. Brenne r. • Thc Inna1ion of Priccs in Si xleenth-Century England », Ec:onomic f/istory Re,·iew,
ele não põe em causa o conceito de um limile. Miskimin fá-lo. e a meu ver eficazmente: !
2.' !-érie. XI\' , 2. 196 1. 231.
É também verdade, com toda a probabilidade, que, dado o nível de descnrnlvirnenJo d3S in., ti-
H. A. Miskimin. comentando as opin iões de Brcnner. diz: ..cEu iria mesmo mais longe e insisliria em que a
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para rerC' r o ouro e a prata 4uc enlra\'am pe las suas fronte ir.is. \'isto que quanto maior era a pressão da popul ação dade dada de melal prec ioso. uma vez que estivesse cunhado num número finito de moedas.
,:obre as le rr:i.s que prod uLiam al imC"nlo, maior era a proporção n:l a1iva do slock monetário do país dirigida para bens Contudo. o aviltamento da moeda. através da redução do valor facial das unidades cm que os 1
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XXX l. I. ~1ar1 0 197 1. 179. impostos à ve locidade de circulação dos metais preciosos. Sob as prrssôes combinadas pro,·e·
18. Y . 5 . Brenncr. Ernnomic llm nry Rel'il'H", X IV , p. 229.
nicntes das migrações internas, da urbanização e da cspccializ.ação. teria parecido possí,·cl r: :ué
Fema.mJ Braudcl faz a mesma observação: «(Se ) as minas do Novo Mundo s:lo um factor, é (X>rque a
E~ropa possu i os meios d~ beneficiar dos (seus produtos!.,. La Médiu·rra11ét> , ll, p. 27. R. S. Lopez e H . A . Miski · prováve l que quando a depreciação elevava os limi1es tfrnicos da velocidade. a nova lit:ic.rcbdc
mm realçam no_en1an10 .que o cr~sc i me ~to económico de cerca de 1645 até à .c Rcfonna.. foi um processo de era usada, e que as muitas depreciações europeias do século X\'l act~ar:im atra"és_dessa
• l cn~a recu~rª.\" ªº'" · As:-. 1m, a subida rjp1da após 1520 é compa1ível com os argumentos de Hamilton. totThe Eco- ve loc idade para aumentar os preços mais do que proJX.lrcionalmente. relauvamente ao ni,·el da
nom1c Ot prC'\).100 of thc Renaissancc .. , Ernncm1 ir" 1-fi.Hory Rei'ic.-.·. 2 .~ ~éric, X I V . J. 1962, 4 17 .
própria depreciação '"'·
. 19. Brcnncr: Ec011omic l fo tory Reriew. pp. 238·339. Braudd e Spooner também argumentam que há um
mcrc~nto c1~1 w l~x 1dadc: .., fata aceler.1~-ã~ [d.: ':d ocidade ). cs1e aumento no custo de vida , são o aspecm mais
not;hc_I Jo RtnaM" 1mcn10. ou melhor. do scculo X Vl. quando comparJdo com tempos 31lteriores, ( ... ) mas havia
um.t di fr·n.·nça em p~opt~rçõc-.. { ... ) (Havia ) na Europa um arr.mquc de ··crescimento". (. .. ) Mas este "crescimento.. 2 1. Miskimin. Journol o/ Eco11omic lli~tot)". XXX l. p. ~ ~]Cti e in La1r Medj~val Europt•. Economic ~
22. W. C. Robinson, • Moncy, Poputauon and Economu; ant
~'~~::~: º.:~,~~~º i mc~ro paraº" } i~.1.i 1cs do _JX.K)ii\ cl .e d~ impossivel. isto ê, para a beirJ da catástrofe:... oi lcs métaux llistory Rn irw, 2.' série, XII. 1, 1959, 67. . . R .· , , stric Xlt. t, 1959. 78-79.
Swrw mndt·rn~ 1.:t~~~~:~-~d~a~~~i.!I~~~~~;: ~~ 5~~~"~.wm Jt>l X Congresso lmema:ionulc de Scir11:e Storicht , IV: 23. Ver M . M . Postan, .. No1e», El'onormc /11swry tH~iJ2. .
20. 1'adJl. llispania. XIX. p. 517.
24. Miskimin. Jourtwl o/ Economic Jlistory. XXXI. p. .

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. o seu todo. com as suas fo~as de pre_ssão Cons ideremos cm primeiro lugar a oferta de bens alimentares. Dada uma expan-
. . . ao facto de que é o s1s1c'."ª n r exemplo, as que dizem respe1t~ a são económica generalizada, porque é que se verificou uma mt'fior oferta de produtos ··
,\ss1m. i·~lt~:s ti s de decisões pahucas (~ ansão. Não foram os metais prec10- ag rícolas? Dom , cm primeiro lugar, isso não aconteceu em termos absolutos '"''· É apenas
es1ru1uradas para cc d ) ":'é
crucial para explicar a e. P ·a mundo capitahsta, que foram quando consideramos os valores rc, peitantcs a países como a Ing late rra o u a E'1>anha
aviltamcn1os da moe ~ . quc"-1osos no contexto de uma econon;_• m-i•s monopolistas de cani ta- wmados isoladamente, em vez de nos referim10' à economia-m undo europeia como uma
. s metais pre · ·fi amente as 10 u • -
7
soscms1.masoC.I 1 Vcrlinden foram espcc1 JC á ..pclai n!Íaçãocontínua dos prcços: entidade. que se verifica uma diminuição da oferta rcl ati,·amcntc a uma população crescente.
. cruciais. ParJ "''. e'. e forJm as grandes respons veis Nos países em que a indústria se expandiu, tomou-se necessário reconverter uma maior
tismo. nesla fase 1mc1al. qu . vemos reservar um lugar importante para a especulação. O proporção da terra à necessidade que havia de cavalos•Y1•. Mas os homen s cominua,·am a exis-
Na explic:tçào das crises cícl icas. d~ los de reços. (( Dcsrcgu\ ava·OS» no ~ urto prazo, co~ tir; só que eram agora alimentados de forma crescente pelos cereais do Báltico '"'· Estes
.. monopólio .. nlo r~gu\ava o~ mav1~~~0). É re~ponsávcl pelo asp:cto catast;ofico de~tes movi· eram, no entanto, mais caros, dada a aparente escassez, os custos de trans porte e os lucros
c:i.cepção dr cc nos prod utos de Jux.o ( ombra de dúvidas o movimento pecuha:. Depois de ca~a
dos intermediários.
men1os. lndirect:uncnte .. afe.cta~·a s~m ~s não reg ressavam ao nível anteri o~ à cn se. O mono~~~
subida pMcialmcn1( artific ial. os p C.'Ç • .li ão e acele ração cb subida no lo ngo prazo . Pode daq ui concl uir-se que a oferta crescente de metai s preciosos era ent:io irrelevante?
contribu ía assim. cm ccrtJ medida. para a mtens1 icaç ~ Nem por sombras. De fac to, ela desempenhou imponantes funções na economia-mundo
. . ntão bom ou mau? Não estamos a por uma questão europeia em expansão. Manteve o ímpeto da expansão. protegendo este sistema ainda fraco 1
o afl uxo de me1a1s pre~=~~~~sequências do afluxo de metais preciosos s_alutarcs contra os assa ltos da natureza. Michel Morineau salienta que na Europa medieval os pre~·os
mornl abs1rae1a. Ou melhor, f . . r 1 ., Hamilton parece certamente di zer que do trigo s ubi am e baixavam como resposta directa ao resultado das colheitas. O que aconte-
para a criação da nova cconomia~mundo capHa is a . á ..
sim. Joseph Schumpe1er. comudo. pensa exactamente o contr no. ce u no século XVI não foi tanto os metais preciosos terem provocado a subida dos preços
ento da oferta de metais amoedáveis não produz. mais do ~ue os aum~ntos aut!~ino~os da
ºu:~d:idc de uai ucr outra espéc ie de dinheiro. efeitos económ icos detcnn1nado~. E.óbv1~ q ue sidadcs a taxas de ju ro rdativamcnlt: mais baixas sr m rnmpctirem com a indústria priv::uh. desencorajando o rein-
~stes depcnde~o i~rciramente do uso que é dado às novas quan t'.dades. ( ... )A pnmc.ira coisa a vcsti men10 de lucros e criando uma cla.t0\e que vivia de rendas? Pcnnitiriam por su3 \·ez cus1os mais bai,.os de capital
terem conta {acerca do séc ulo XV II é que. no que respe ita à própna Es panha. a nova nq~eza ( ... ) que indústria.\ como a conslruçào naval man1ivcssc:m stocks de madeira e de maltria.~·prim as maiores ou que a indúo;tria
SC'f"\o'iU para finJ.nciar a polit icados Habsbu rgo. ( .._.)O afluxo forneceu( ... ) uma ~1em~uva para
inglesa de cunumcs consen ·assc: a ~u a mâo-dc--obra por ler mais pe les nas cubas. c'le\·ando a.!is im a produtividade: do
trab3lho? T alvez e.).la análise possa proporcionar conhecimcn1os (ru1uosos quanto às causai dn h no económico
a depreciação da moeda. a que de outra forma tena sido neces~irio recorrer m~1t o mais cedo, e comparali\'O da Jng lalerra e dos Pafscs Ba iims e do relali\'O fracasso da Espanh3 e da França. e a r anir de"les con·
lomou·~ assim 0 instrumenc o da innação de guerra t: o ve iculo do conhecido proce sso de verta o termo ''inflação pclo<ii lucros·· duma má conccpç;io analít ica num im Lrumen10 muito mai!t Ut il (p. 183 )•.
empobrecimento e de organização social correlativa. O espec tac ~lar aumenro d os p reços que se 29. E 1er:1 mes mo hav ido num sentido relati vo? Robi nson argumenta que a !erra rcccnlcme ntc de.!. bra~· ada "'
se!!uiu foi um cio não menos fami liar naquela cadeia de aconh:c 1mentos. ( .. . ) . não é nccessari 11mcnte marginal no sentido de menos produtiva ou fénil. Ver Econamic Hisrory Re\·iew. p. 68. Postan
Todos esles elementos innuenciaram a evolução do capitalismo. mas no fim de contas m:us no replica q ue. seja qua l for a 1eoria , o focco é que os novos estabclecimcn1os 1endi:im a faze r-se cm • solos inferiores•.
Economic llistory RevieM". XII . p. 8 1.
sen1ido de a a1rasar do que no de a acelerar. pela expansão dos meios de circu lação. Os casos da
30. .. Um factor secundário que pode ter contribuído para a subida dos preços d~ cercais (no século XVI J 1
França e da ln~ Ja1erra foram difere n1es na cxacta medida em q ue os efe ilos foram mais diluídos. foi o número cada vez maior de ca ... alos (na Europa OcidcnralJ. A grande expansão do combcio e d:1 indús:lria, com
( ... )Todas as reafü.açõcs duradouras da indústria e do comé rcio ingleses podem se r explicadas as necess idades de tiansporte concomitantes. exigiam mai s reboque e força. que recaíam principalmente nos cavalos.
sem quaisque r referências à plétora de met.ais preciosos 1261 • Mais cavalos significavam uma maior procura de forragens. É óbvio que a rerra usada para plantar (Of'Tagen.s nlo
fi ca daí em diame di sponf\•el para ãli mentar os homens•. SlichC'r van BaLh.. A.11.ror;an l/isrury. p. 195. .1
Este argumento radica na firme convicção de Schumpeter de que • a influência da 3 J. Ver Josef Pctrán . ..: A propos de la fonna tion des rc!gions de la producti\·i1t sptcialiséc en Europe
infl ação - que considero 1er •ido exagerada quer no plano histórico quer no plano teórico, Ccntrale .. , in De1txiême Conférena l nrernationale J ºHistoire Ecunomique, Aix ·en·ProYence. 1962, Vol. II.
Middle Ages and Modtrn Times (Paris: Mouton, 1965 ). 219·220.
mas que não nego - fo i globalmente quase destru tiva• "' '· Mesmo sem acei tarmos a
Diz·s.c por \'ezes que os cereais do Báltico não podiam 1cr sido assim tão impunanle"i visto representarem
preferência de Schumpeter pelas consequências racionalmente controladas da inflação face só uma pequena pcrccnta~em do consumo totaJ. Há duas re<iiposlaS para is10. Para cenas ~.s da Europa. os ce.reaU
às consequências possivelmente esponláneas e por vezes imprevisíveis desta, a sua tirada do Báhico eram uma imponante fo n1e de abastecimento ... Um ou doi s por cento Ido cons umo lotai d.:t Europa] era
obriga-nos a !ornar consciência de que os efeitos globais da inflação são muito menos signi- ainda ass im cxccpciona lmen le im portante , tanlo pe la prosperidade que i~so trazi a a homens do mar como os holan·
ficam·os do que os seus efeitos diferenciais c2A1 _ deses como porq ue representava a margem de sobre"·i"ência de cidades capi1aiscomo Lisboa•. Char le~ Till y. • Food
Supply and Public Orde r in Modem Eu rope .. (mi meo. 45). Ver Piem: Jcannin . .. Lcscomp1cs du Sund commc sourcc
pour la com1 ruction d'indiccs généraux de l 'act ivit~ économique cn Europc (XVl··XVIJI • siCcles),.. , Re rl.le histnn-
que. CCXXX I, Jan .. ~far. 1964 , 62. Jeannin cita E. Scholliers como dizendo q~ . enrn~ 1562 e 1569. os cereais do
E.S C.. X.lji. ~l~~~~~nl~~~/.. ·Moovemenu des pri.x e1 dcs salaircs en Be lgiquc au XVJ• si«:.lc•. Anna/u Bállico forneciam 23 % do consumo ho landês.
A segunda re sposta é que e le era marginalmente crucial para a economia -mundo como um lodo: • O 1rifico
~: ~:.::.;: ~~~:~r. B1wntll C.w:lts. I (~ova Iorque: McGra .... · Hill. 1939). 23 1·23 2. local e internacional de ce reais eM.i ine:uricavelmentc interl igado. Se.ria errado. no caso duma me rcadoria como os
. 2S. ~I W.unin,h,urNJ/ofúonomic llút XXXI su · . . . cereais, pensar -~ ..: cm lermos dum a economia dual com dois scc lor~ murnam(.nte di s1in1os. Se ('Sle argumento~
··Ccr:.S:iJenndc, a e~tru.tura dJ. indihtme:,,.
m~'
~cvJo X\°!. podem<~ bem ind.?.gar qual 0 papel de::s · . gere linhas pos.11iive1s para se prosseguirne.sta questão:
~":,™>S de produção~ longo do dilacerado pela guerra
Terá• i...'VmubçMJ <k cap1ul ind1m nal pri\'ado )ido fac~ucta ~ 1~ 1 r~ mais abu~tc _e tal\'eZ ma.is barato.
correc10. enlâo os fornecimentos a pan ir do B.illico eram marginais cm relaç!io à procura e à ofen.l totai.s. Daqui se
segue que aheraçõe!> relati\·amente hrJ.Odas na.1, quantidades toOli.). fornec idas e/ou procurad.Js podem origi nar
mudanças rclath·amente grande"i w bre aqude o;.ector marginal em que os cereais do B ~luco se cnconrr.tv;1m•. Gla-
q go\cmos podiam sa usfaz.c r a.~ suas neces- mann, •Europcan Tradc. 1500- 17()) .... Fm11ana Economit· Jlistory o/ E11mpt. li. 6. 197 1. 44.
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. o seu todo. com as suas fo~as de pre_ssão Cons ideremos cm primeiro lugar a oferta de bens alimentares. Dada uma expan-
. . . ao facto de que é o s1s1c'."ª n r exemplo, as que dizem respe1t~ a são económica generalizada, porque é que se verificou uma mt'fior oferta de produtos ··
,\ss1m. i·~lt~:s ti s de decisões pahucas (~ ansão. Não foram os metais prec10- ag rícolas? Dom , cm primeiro lugar, isso não aconteceu em termos absolutos '"''· É apenas
es1ru1uradas para cc d ) ":'é
crucial para explicar a e. P ·a mundo capitahsta, que foram quando consideramos os valores rc, peitantcs a países como a Ing late rra o u a E'1>anha
aviltamcn1os da moe ~ . quc"-1osos no contexto de uma econon;_• m-i•s monopolistas de cani ta- wmados isoladamente, em vez de nos referim10' à economia-m undo europeia como uma
. s metais pre · ·fi amente as 10 u • -
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soscms1.masoC.I 1 Vcrlinden foram espcc1 JC á ..pclai n!Íaçãocontínua dos prcços: entidade. que se verifica uma diminuição da oferta rcl ati,·amcntc a uma população crescente.
. cruciais. ParJ "''. e'. e forJm as grandes respons veis Nos países em que a indústria se expandiu, tomou-se necessário reconverter uma maior
tismo. nesla fase 1mc1al. qu . vemos reservar um lugar importante para a especulação. O proporção da terra à necessidade que havia de cavalos•Y1•. Mas os homen s cominua,·am a exis-
Na explic:tçào das crises cícl icas. d~ los de reços. (( Dcsrcgu\ ava·OS» no ~ urto prazo, co~ tir; só que eram agora alimentados de forma crescente pelos cereais do Báltico '"'· Estes
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c:i.cepção dr cc nos prod utos de Jux.o ( ombra de dúvidas o movimento pecuha:. Depois de ca~a
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men1os. lndirect:uncnte .. afe.cta~·a s~m ~s não reg ressavam ao nível anteri o~ à cn se. O mono~~~
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. . ntão bom ou mau? Não estamos a por uma questão europeia em expansão. Manteve o ímpeto da expansão. protegendo este sistema ainda fraco 1
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para a criação da nova cconomia~mundo capHa is a . á ..
sim. Joseph Schumpe1er. comudo. pensa exactamente o contr no. ce u no século XVI não foi tanto os metais preciosos terem provocado a subida dos preços
ento da oferta de metais amoedáveis não produz. mais do ~ue os aum~ntos aut!~ino~os da
ºu:~d:idc de uai ucr outra espéc ie de dinheiro. efeitos económ icos detcnn1nado~. E.óbv1~ q ue sidadcs a taxas de ju ro rdativamcnlt: mais baixas sr m rnmpctirem com a indústria priv::uh. desencorajando o rein-
~stes depcnde~o i~rciramente do uso que é dado às novas quan t'.dades. ( ... )A pnmc.ira coisa a vcsti men10 de lucros e criando uma cla.t0\e que vivia de rendas? Pcnnitiriam por su3 \·ez cus1os mais bai,.os de capital
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empobrecimento e de organização social correlativa. O espec tac ~lar aumenro d os p reços que se 29. E 1er:1 mes mo hav ido num sentido relati vo? Robi nson argumenta que a !erra rcccnlcme ntc de.!. bra~· ada "'
se!!uiu foi um cio não menos fami liar naquela cadeia de aconh:c 1mentos. ( .. . ) . não é nccessari 11mcnte marginal no sentido de menos produtiva ou fénil. Ver Econamic Hisrory Re\·iew. p. 68. Postan
Todos esles elementos innuenciaram a evolução do capitalismo. mas no fim de contas m:us no replica q ue. seja qua l for a 1eoria , o focco é que os novos estabclecimcn1os 1endi:im a faze r-se cm • solos inferiores•.
Economic llistory RevieM". XII . p. 8 1.
sen1ido de a a1rasar do que no de a acelerar. pela expansão dos meios de circu lação. Os casos da
30. .. Um factor secundário que pode ter contribuído para a subida dos preços d~ cercais (no século XVI J 1
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( ... )Todas as reafü.açõcs duradouras da indústria e do comé rcio ingleses podem se r explicadas as necess idades de tiansporte concomitantes. exigiam mai s reboque e força. que recaíam principalmente nos cavalos.
sem quaisque r referências à plétora de met.ais preciosos 1261 • Mais cavalos significavam uma maior procura de forragens. É óbvio que a rerra usada para plantar (Of'Tagen.s nlo
fi ca daí em diame di sponf\•el para ãli mentar os homens•. SlichC'r van BaLh.. A.11.ror;an l/isrury. p. 195. .1
Este argumento radica na firme convicção de Schumpeter de que • a influência da 3 J. Ver Josef Pctrán . ..: A propos de la fonna tion des rc!gions de la producti\·i1t sptcialiséc en Europe
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Middle Ages and Modtrn Times (Paris: Mouton, 1965 ). 219·220.
mas que não nego - fo i globalmente quase destru tiva• "' '· Mesmo sem acei tarmos a
Diz·s.c por \'ezes que os cereais do Báltico não podiam 1cr sido assim tão impunanle"i visto representarem
preferência de Schumpeter pelas consequências racionalmente controladas da inflação face só uma pequena pcrccnta~em do consumo totaJ. Há duas re<iiposlaS para is10. Para cenas ~.s da Europa. os ce.reaU
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que. CCXXX I, Jan .. ~far. 1964 , 62. Jeannin cita E. Scholliers como dizendo q~ . enrn~ 1562 e 1569. os cereais do
E.S C.. X.lji. ~l~~~~~nl~~~/.. ·Moovemenu des pri.x e1 dcs salaircs en Be lgiquc au XVJ• si«:.lc•. Anna/u Bállico forneciam 23 % do consumo ho landês.
A segunda re sposta é que e le era marginalmente crucial para a economia -mundo como um lodo: • O 1rifico
~: ~:.::.;: ~~~:~r. B1wntll C.w:lts. I (~ova Iorque: McGra .... · Hill. 1939). 23 1·23 2. local e internacional de ce reais eM.i ine:uricavelmentc interl igado. Se.ria errado. no caso duma me rcadoria como os
. 2S. ~I W.unin,h,urNJ/ofúonomic llút XXXI su · . . . cereais, pensar -~ ..: cm lermos dum a economia dual com dois scc lor~ murnam(.nte di s1in1os. Se ('Sle argumento~
··Ccr:.S:iJenndc, a e~tru.tura dJ. indihtme:,,.
m~'
~cvJo X\°!. podem<~ bem ind.?.gar qual 0 papel de::s · . gere linhas pos.11iive1s para se prosseguirne.sta questão:
~":,™>S de produção~ longo do dilacerado pela guerra
Terá• i...'VmubçMJ <k cap1ul ind1m nal pri\'ado )ido fac~ucta ~ 1~ 1 r~ mais abu~tc _e tal\'eZ ma.is barato.
correc10. enlâo os fornecimentos a pan ir do B.illico eram marginais cm relaç!io à procura e à ofen.l totai.s. Daqui se
segue que aheraçõe!> relati\·amente hrJ.Odas na.1, quantidades toOli.). fornec idas e/ou procurad.Js podem origi nar
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q go\cmos podiam sa usfaz.c r a.~ suas neces- mann, •Europcan Tradc. 1500- 17()) .... Fm11ana Economit· Jlistory o/ E11mpt. li. 6. 197 1. 44.
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. . ed mi N verdade Cario Cipolla mostra-se céptico mesmo
Lmas o tere.m ;mpedido sua bi~a ,:ai dosª preços tH>, Acredita antes que o que é verdadeira-
ª aqui a controvérsia é grande, quer sobre a sua existência quer sobre as suas.causas!"> Hamil-
sobre a ext~tenc~a de uma su. . à estrutura financeira do século XVI não é a subida ton argumentou que à med'.da que os ~reços ~ubiam: os salários e as rendas não con~eguiam
mente s1gmficat1vo n? ~ued diz resdpeJ~Uloro Argumenta que nos finais da Idade Média a taxa de a:ompanhar os ~~~ços, devido a res1stenc1~s ms111uc1on~is _em Inglaterra e na França, mas
d ços mas 0 dechnm a taxa e · . . nao em Espanha . Isto cnou ~m d1ferenc1al, uma espécie de lucro inesperado, que foi a mais ~
. os pre · , . . d m máximo de 5,5% entre 1520 e 1570, camdo de seguida
JUro era de cerca de 4- 5010 , atmgm ou . . impotlante fonte de acumulaçao de capital no século XVI:
,- bruscamente, entre 1570 e 1620, para um valor médio de 2%. Os melais preciosos tomaram
Na Inglalerra e na França, a discrepância substancial enlre preços e salários, nascida da revo-
o dinheiro mais barato 1,.'. • • • •
lução dos preços, pnvou os trabalhadores de uma grande pane dos rendimentos de que até aí
:e 0 que isto parece indicar é que 0 factor crítico foi a emergencia de um _sistema cap1- beneficiavam, e desvwu esta nqueza para os beneficiários de outros 1ipos de rendimenro. (...)As
1alista que, como Marx disse, dataria «da criação no século ~VI de u~ comemo e de um rendas, bem como os salários. perderam terreno em relação aos preços; assim, os proprietários
mercado englobando 0 mundo inteiro» OI>. A vanável chave foi a emergencia do caplla,hsmo de terras não beneficiaram das perdas do trabalho. (... )
como a fomia dominante de organização social da economia. Provavelmente, podenamos Os lucros assim recebidos, juntamente com os lucros do comércio da fndia Oriental, forneceram
dizer. a única forma, no sentido de que, uma vez estabelecida, outros «modos de _produçà?» os meios para a construção de bens de capilal, e os lucros estupendos que se podiam assim oblcr
só sobreviveram em função da forma como se ajustaram ao enquadramento poh11c~-soc1~I forneciam um incenlivo para a prossecução febril da empresa capitalista"'"·
derivado do capitalismo. É no entanto sa lutar recordar que, pelo menos nesta fase, «nao havia
A afirmação de que as rendas não acompanhavam os preços tem sido submetida
só um capitalismo, mas vários capitalismos europeus, cada qual com a sua zona e os seus
a ataques particularmente fortes, nomeadamente por Eric ~erridge no que diz respeito à
circuitos» "'"· Na realidade, é preci samente esta existência de vários capitalismos que dá
Inglaterra do século XVI"''. bem como por outros autores no tocante a outros locais e épo-
importância ao maior stock de metais preciosos, dado que a velocidade da sua circulaçã_o
era precisamente menor, inicialmente, no Noroeste da Europa do que na Europa med11erra-
nica. Como concluem Braudel e Spooner, «a cearia quantitativa da moeda tem significado 38. Pierluigi Ciocca diz mesmo, ao concluir o seu muito longo pn~ de anigos sobre a hipótese d~ . ª~ "
dos ~árias. que a questão é menos difícil de resolver do que a das causas da mnaç.1.o no século XVI. Ve~ .. L 1potes1
1. "quando relacionada com a velocidade de circulação e no contexto das disparidades da eco-
dei ''rirardo" dei salari rispetto ai prezzi in pcriodi di innazione: alcune considerazioni generali•, Banrarta, XXV, 5.
i.1· nomia europeia» 137>. 19
~~·. J~r~e
5
r Isto leva-nos à segunda parte do argumento de Hamilton. Houve não somente um Maio Nadai nega 3 verdade empfrica desia afinnação de Hamillon, argumentando que os números de .(
Hamilton têm uma ba.çc metOOológica defeituosa, JX>r ler usado dados de peso para a lngla1.erra e para a F~n~a ~
aumento dos preços mas também um retardamento na subida dos salários fwage-lag ]. Também outros de natureza diferente para a Espanha. Ele assinala que quando Phclps-Bro1;1,11 e Ho~kms 1omaram os unicos
números publicados como termo de comparação para os salários dos pedreiros, t~os avaJ~ados. do mesmo modo, a
anjJise foi fundamentalmente alterada. «A lição des1cs números é Ião cl~ quanlo ms~spena~. ao lon~o do sé~l~
32. «No séc ulo XVI, a chegada de melais preciosos "sustcn1a" a moeda. conduzindo à desvalori zação do XVI 0 poder de compra dos salários nominais recebidos pelo pedreiro em ValCn~1a (o umco salário _csp_a ?
melal em vez da da moeda. Os melais preciosos são responsáveis pelo aumento do preço-prara (prix-argtnt) mas comPutável) sofreu um declínio progressivo e deveras drástico, segundo as mesma.~ linhas que o do pedreiro mg 1es
não pelo aumento do preço real•. Michcl Morincau. "" D'Ams1crdam à Scville; de quelle rtalité l'hisroirc dcs prix
est.clle le miroir?•.Am1a/es ES.C., XXIII, 1, Jan.-Fev. 1968, 195. ou francê;;.' ~~~i~;,~~~~.p~~~~~;:~ Treasure and rlic Rise of Capiralism•, Economica, IX. 27, Nov. 1929,
Ruggicro Romano indica que a crise aparece e dcsotparecc consoante nós calcularmos o aumento de preços
em lermos de preçm--ouro e prara ou em 1cnnos de moeda de conta: .c [Os result3dos da in vestigação sobre os preços 355-356.Walter Prescou Webb acrescenta a útil disiinção concep1ual enlIC golpes de fortuna primários e serundá-1 < -
do século XVI] são cm grande parte o frulo duma transfonnílçào arbitrária cm preços metálicos de preços origi-
rios, ambos tendo ocorrido como resultado da conquista europeia das~méric~r~~~~sd::~~~ ~ :~c~n':~~ ~'.
1
níllmeme expressos cm moeda de conta: estes não são portamo preços, mas preços-prata e preços-ouro e, para
se rmos cxac1os, são eà pressões di: aspectos não de hi stória monetária mas de história "metálica". [Quanto à dis- de rodos os golpes de fortuna - consideramos. 0 o~ro eª pra}~·n~~n~ er:~osos mais ra'pidos de atingir, coisas que
cussão sobre se houve ou não uma depressão no século XVJ, as ral.ões para as interpretações opostas são devidas cm numa primeira categoria. ( ...) Os pr~utos ~nm~os dessa b lho preliminar. Os secundários envolviam
grande parte precisamente às diferemes consrruçõcs e.las curvas de preço. Preços em prata? "Crise.. do século XVI; podiam ser conseguidas com um mínimo de rnvest imenlo e po~e~lio~~;sas, demasiado grandes para~ ~sistênci.a
preços cm moeda de con1a? A "cri se" dissolvc·se ... c.Tra XVI e XVII sccolo. Una crisi economica: 1619· 1622.,. um elem~nto de espera a longo prazo, e frcquenrcmente gran . ár"os que deram ímpeto ao capuahsmo nos
1
Rivisto sroric:a italiana, LXXJV, 3. Sei. 1962. 481-482.
3
dum investidor di stante e impaciente. Foram os .golpes de fo~u~. pnm ~damenlo atravts dos stculos XVIII e
33... [Os melais preciosos americanos) criaram um patamar abaixo do qual os preços não podiam mais s&:ulos XV e XVI. e os secundários que manuveram 0 capital~~~ el~l-! 82 _
cair no decurso das longa~ fases de depressão. A sua função era in1ensificar ou atenuar as rendéncias Rerais. Esta XIXJIJ. The Great Frontiu (Boston, Massachusetts: Houghlond - ' uropcia uma fonna antiga de procura de
era rralmcnte uma função imponan1e, mas que apenas pode ser explicada e existir atraYés de outras ttndências: Fritz Redtich lembra-nos que a pilhagem resulranle a;uerr:ç~o de ca~iral no .tculo XVJ .. •De Praeda
tendências de inves limento, por exemplo. Estas são os verdadeiros espelhos (da mudançaJ. Não se pode ignorá-los golpes de fortuna, «também permaneceu º":1ª f.onte im~~~~eo.,. i:~nund Wirtrchafugeschicl1tt, Supl. n.11 39. 1956;
ou confiná-los a uma função secundária•. Cario M. Cipolla, • La pré1endue "révofurion des prix"it. Annalts ES.C., Mili"1ri: Looting and Booty, 1500-1.8 t5 •, Viert1ohrschrifruma redislribuição da riqucu jã exisrenre na Europa. MO
X. 4, Our.-Dcz. 1955. 5 t 5. 54-57. A diferença está em que a pilhagem represenrava . .J •

. . 3~ ... se se tomar pois o período 1570-1620 na sua globalidade. um pcrfodo considerado no seu todo como um acrl!scimo de recursos. . 640 ,. in E. M. Caros-Wilson, ed .• Essays m Ero· ~
mnacionário.- tanto que os historiado:es lhe r~m chamado uma ''revolução dos preços" - tem-se a.iluião óptica 41 . Ver Eric Kerridge, .cThc Movement m Re.nt, 15~~ncia i~prcssa até aqui disponível para o ~studo ~e
dum _dcc:~scimo paradoxal na_~xa d~ JUro durante a fase inflacionária». Cario M. Cipolla. «Note suita sloria dei nomic Hisrory li 208-226. Ver também Ian Blanchard. ·~ e~1 i ambígua e cm nenhum outro lado C!itá isso mais
::~~:~;;r;::,;,s~ ~=ºj :~;'.d;;:_1. e sconto dei dividendi dei Banco di S. Giorgio dei seco lo XVI•, Economia
2: mudanças nas ~n.das durante o período 1485· 1547 nãodeix:r e se .of Englo~dundWu/es, Vot. IVI onde lna p. 2~1
claramente ilustrado do que em !Joan Thirsk. ed .. A~ranan . istn~to nas n:ndas da 1c:rra ar.ivcl. enquanto que na
i~: ~:~::r:: ~z=:~,;~.~~~ ~~~ue: lnremarionat Publishcrs, 1%7).1, Cap. IV, 146. t declarado que de 1470 em diante houve um assmalá~el au~mhcmdcntrodoséculoXVl.Pararesolver.esracontra­
p. 690] t afirmado que não.houve movimento claro~ s~b1da ~iculares. mas poucos existem•. •_Populau~i'11ªº&e.
37. Braudel e Spooner, Combridg< ú onomic HiSlory o/ Europe, IV, p. 449. dição verosímil é preciso consulraresrudos de propnedad;l~:,ory RevitW, 2.' .trie, xxm. 3, Dez. 1970, .
Enclosures, and lhe Early Tudor Economy•. Eronomic
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p •
. . ed mi N verdade Cario Cipolla mostra-se céptico mesmo
Lmas o tere.m ;mpedido sua bi~a ,:ai dosª preços tH>, Acredita antes que o que é verdadeira-
ª aqui a controvérsia é grande, quer sobre a sua existência quer sobre as suas.causas!"> Hamil-
sobre a ext~tenc~a de uma su. . à estrutura financeira do século XVI não é a subida ton argumentou que à med'.da que os ~reços ~ubiam: os salários e as rendas não con~eguiam
mente s1gmficat1vo n? ~ued diz resdpeJ~Uloro Argumenta que nos finais da Idade Média a taxa de a:ompanhar os ~~~ços, devido a res1stenc1~s ms111uc1on~is _em Inglaterra e na França, mas
d ços mas 0 dechnm a taxa e · . . nao em Espanha . Isto cnou ~m d1ferenc1al, uma espécie de lucro inesperado, que foi a mais ~
. os pre · , . . d m máximo de 5,5% entre 1520 e 1570, camdo de seguida
JUro era de cerca de 4- 5010 , atmgm ou . . impotlante fonte de acumulaçao de capital no século XVI:
,- bruscamente, entre 1570 e 1620, para um valor médio de 2%. Os melais preciosos tomaram
Na Inglalerra e na França, a discrepância substancial enlre preços e salários, nascida da revo-
o dinheiro mais barato 1,.'. • • • •
lução dos preços, pnvou os trabalhadores de uma grande pane dos rendimentos de que até aí
:e 0 que isto parece indicar é que 0 factor crítico foi a emergencia de um _sistema cap1- beneficiavam, e desvwu esta nqueza para os beneficiários de outros 1ipos de rendimenro. (...)As
1alista que, como Marx disse, dataria «da criação no século ~VI de u~ comemo e de um rendas, bem como os salários. perderam terreno em relação aos preços; assim, os proprietários
mercado englobando 0 mundo inteiro» OI>. A vanável chave foi a emergencia do caplla,hsmo de terras não beneficiaram das perdas do trabalho. (... )
como a fomia dominante de organização social da economia. Provavelmente, podenamos Os lucros assim recebidos, juntamente com os lucros do comércio da fndia Oriental, forneceram
dizer. a única forma, no sentido de que, uma vez estabelecida, outros «modos de _produçà?» os meios para a construção de bens de capilal, e os lucros estupendos que se podiam assim oblcr
só sobreviveram em função da forma como se ajustaram ao enquadramento poh11c~-soc1~I forneciam um incenlivo para a prossecução febril da empresa capitalista"'"·
derivado do capitalismo. É no entanto sa lutar recordar que, pelo menos nesta fase, «nao havia
A afirmação de que as rendas não acompanhavam os preços tem sido submetida
só um capitalismo, mas vários capitalismos europeus, cada qual com a sua zona e os seus
a ataques particularmente fortes, nomeadamente por Eric ~erridge no que diz respeito à
circuitos» "'"· Na realidade, é preci samente esta existência de vários capitalismos que dá
Inglaterra do século XVI"''. bem como por outros autores no tocante a outros locais e épo-
importância ao maior stock de metais preciosos, dado que a velocidade da sua circulaçã_o
era precisamente menor, inicialmente, no Noroeste da Europa do que na Europa med11erra-
nica. Como concluem Braudel e Spooner, «a cearia quantitativa da moeda tem significado 38. Pierluigi Ciocca diz mesmo, ao concluir o seu muito longo pn~ de anigos sobre a hipótese d~ . ª~ "
dos ~árias. que a questão é menos difícil de resolver do que a das causas da mnaç.1.o no século XVI. Ve~ .. L 1potes1
1. "quando relacionada com a velocidade de circulação e no contexto das disparidades da eco-
dei ''rirardo" dei salari rispetto ai prezzi in pcriodi di innazione: alcune considerazioni generali•, Banrarta, XXV, 5.
i.1· nomia europeia» 137>. 19
~~·. J~r~e
5
r Isto leva-nos à segunda parte do argumento de Hamilton. Houve não somente um Maio Nadai nega 3 verdade empfrica desia afinnação de Hamillon, argumentando que os números de .(
Hamilton têm uma ba.çc metOOológica defeituosa, JX>r ler usado dados de peso para a lngla1.erra e para a F~n~a ~
aumento dos preços mas também um retardamento na subida dos salários fwage-lag ]. Também outros de natureza diferente para a Espanha. Ele assinala que quando Phclps-Bro1;1,11 e Ho~kms 1omaram os unicos
números publicados como termo de comparação para os salários dos pedreiros, t~os avaJ~ados. do mesmo modo, a
anjJise foi fundamentalmente alterada. «A lição des1cs números é Ião cl~ quanlo ms~spena~. ao lon~o do sé~l~
32. «No séc ulo XVI, a chegada de melais preciosos "sustcn1a" a moeda. conduzindo à desvalori zação do XVI 0 poder de compra dos salários nominais recebidos pelo pedreiro em ValCn~1a (o umco salário _csp_a ?
melal em vez da da moeda. Os melais preciosos são responsáveis pelo aumento do preço-prara (prix-argtnt) mas comPutável) sofreu um declínio progressivo e deveras drástico, segundo as mesma.~ linhas que o do pedreiro mg 1es
não pelo aumento do preço real•. Michcl Morincau. "" D'Ams1crdam à Scville; de quelle rtalité l'hisroirc dcs prix
est.clle le miroir?•.Am1a/es ES.C., XXIII, 1, Jan.-Fev. 1968, 195. ou francê;;.' ~~~i~;,~~~~.p~~~~~;:~ Treasure and rlic Rise of Capiralism•, Economica, IX. 27, Nov. 1929,
Ruggicro Romano indica que a crise aparece e dcsotparecc consoante nós calcularmos o aumento de preços
em lermos de preçm--ouro e prara ou em 1cnnos de moeda de conta: .c [Os result3dos da in vestigação sobre os preços 355-356.Walter Prescou Webb acrescenta a útil disiinção concep1ual enlIC golpes de fortuna primários e serundá-1 < -
do século XVI] são cm grande parte o frulo duma transfonnílçào arbitrária cm preços metálicos de preços origi-
rios, ambos tendo ocorrido como resultado da conquista europeia das~méric~r~~~~sd::~~~ ~ :~c~n':~~ ~'.
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níllmeme expressos cm moeda de conta: estes não são portamo preços, mas preços-prata e preços-ouro e, para
se rmos cxac1os, são eà pressões di: aspectos não de hi stória monetária mas de história "metálica". [Quanto à dis- de rodos os golpes de fortuna - consideramos. 0 o~ro eª pra}~·n~~n~ er:~osos mais ra'pidos de atingir, coisas que
cussão sobre se houve ou não uma depressão no século XVJ, as ral.ões para as interpretações opostas são devidas cm numa primeira categoria. ( ...) Os pr~utos ~nm~os dessa b lho preliminar. Os secundários envolviam
grande parte precisamente às diferemes consrruçõcs e.las curvas de preço. Preços em prata? "Crise.. do século XVI; podiam ser conseguidas com um mínimo de rnvest imenlo e po~e~lio~~;sas, demasiado grandes para~ ~sistênci.a
preços cm moeda de con1a? A "cri se" dissolvc·se ... c.Tra XVI e XVII sccolo. Una crisi economica: 1619· 1622.,. um elem~nto de espera a longo prazo, e frcquenrcmente gran . ár"os que deram ímpeto ao capuahsmo nos
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Rivisto sroric:a italiana, LXXJV, 3. Sei. 1962. 481-482.
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dum investidor di stante e impaciente. Foram os .golpes de fo~u~. pnm ~damenlo atravts dos stculos XVIII e
33... [Os melais preciosos americanos) criaram um patamar abaixo do qual os preços não podiam mais s&:ulos XV e XVI. e os secundários que manuveram 0 capital~~~ el~l-! 82 _
cair no decurso das longa~ fases de depressão. A sua função era in1ensificar ou atenuar as rendéncias Rerais. Esta XIXJIJ. The Great Frontiu (Boston, Massachusetts: Houghlond - ' uropcia uma fonna antiga de procura de
era rralmcnte uma função imponan1e, mas que apenas pode ser explicada e existir atraYés de outras ttndências: Fritz Redtich lembra-nos que a pilhagem resulranle a;uerr:ç~o de ca~iral no .tculo XVJ .. •De Praeda
tendências de inves limento, por exemplo. Estas são os verdadeiros espelhos (da mudançaJ. Não se pode ignorá-los golpes de fortuna, «também permaneceu º":1ª f.onte im~~~~eo.,. i:~nund Wirtrchafugeschicl1tt, Supl. n.11 39. 1956;
ou confiná-los a uma função secundária•. Cario M. Cipolla, • La pré1endue "révofurion des prix"it. Annalts ES.C., Mili"1ri: Looting and Booty, 1500-1.8 t5 •, Viert1ohrschrifruma redislribuição da riqucu jã exisrenre na Europa. MO
X. 4, Our.-Dcz. 1955. 5 t 5. 54-57. A diferença está em que a pilhagem represenrava . .J •

. . 3~ ... se se tomar pois o período 1570-1620 na sua globalidade. um pcrfodo considerado no seu todo como um acrl!scimo de recursos. . 640 ,. in E. M. Caros-Wilson, ed .• Essays m Ero· ~
mnacionário.- tanto que os historiado:es lhe r~m chamado uma ''revolução dos preços" - tem-se a.iluião óptica 41 . Ver Eric Kerridge, .cThc Movement m Re.nt, 15~~ncia i~prcssa até aqui disponível para o ~studo ~e
dum _dcc:~scimo paradoxal na_~xa d~ JUro durante a fase inflacionária». Cario M. Cipolla. «Note suita sloria dei nomic Hisrory li 208-226. Ver também Ian Blanchard. ·~ e~1 i ambígua e cm nenhum outro lado C!itá isso mais
::~~:~;;r;::,;,s~ ~=ºj :~;'.d;;:_1. e sconto dei dividendi dei Banco di S. Giorgio dei seco lo XVI•, Economia
2: mudanças nas ~n.das durante o período 1485· 1547 nãodeix:r e se .of Englo~dundWu/es, Vot. IVI onde lna p. 2~1
claramente ilustrado do que em !Joan Thirsk. ed .. A~ranan . istn~to nas n:ndas da 1c:rra ar.ivcl. enquanto que na
i~: ~:~::r:: ~z=:~,;~.~~~ ~~~ue: lnremarionat Publishcrs, 1%7).1, Cap. IV, 146. t declarado que de 1470 em diante houve um assmalá~el au~mhcmdcntrodoséculoXVl.Pararesolver.esracontra­
p. 690] t afirmado que não.houve movimento claro~ s~b1da ~iculares. mas poucos existem•. •_Populau~i'11ªº&e.
37. Braudel e Spooner, Combridg< ú onomic HiSlory o/ Europe, IV, p. 449. dição verosímil é preciso consulraresrudos de propnedad;l~:,ory RevitW, 2.' .trie, xxm. 3, Dez. 1970, .
Enclosures, and lhe Early Tudor Economy•. Eronomic
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• no respe itante às rendas. mas insistiu em que dos que os que original~entc uti lizou, incl uindo as que Phelps-Brown e Hopkins produziram .
c:is'" '. PonollJ d~ 1960. HJmi lton rc1~1~~~~:nio: . • tendem a conftnnar a hipótese geral de que houve um declí · d lári · E
i so rüo altt"r.1\lll <' funJament.tl do seu a~ . Ocidental do século XVI'" '· "'º °'
sa os rcai~ na uropa
. •• . t" no..; inilil>S d:t n:'\'oluç:io dos preços os salános representavam
1':'1: ~n-st ~º. pni~ipio :iu ·:i~. { ...l hmtginoquce m 1500 :i rcndJ d!l l~rr~ pudc:ssc ter sido . A que~a dos .salários .~~~is está notavelmente exemplificada no Quadro f. cornpiladÓJ
ll"'C'S~~mtos dV..\ l ~l.:- l~~ dC' ~-ion3~ l"nl ln\!tJtCrrJ e 03 Fr:m\"l e 4ue. com J 1cnJcnc1a r:ira o aumento a panir de Shcher ' an ~alh · Trata-se dos salários reais de um carpinteiro inglês. pagos
1 1
um qumto Jo rc"'t'. mt • ~;· ~ ' ('" 3.\!ril'~l:l.S ,n:sccnics e t.iaifa a denúncia pouco !requente dos ao dia. expressos em quilogramas de trigo:
dl.S n: nJ:i.s mvt:\ :iJJ ~ Pn...~c~lij1.1 dJ sua ~~tixa. as rendas aumcnt;u:un tão rapid:imcntc como
c.."\~itrJt.:l:~~:;~:~:~~:~u\:l.o dllj Pn:-,·,JS. o n:m:inesccnte quin10 do rendimento nac iona l ia QUADRO 1
os~~ lu~rtl.'. indu indo os juros. Com tn:s quinto~ do~ custos nà? a~omp:m~an~o nc: m ~e: long~ Salários reais de um carpinteiro inglês •
.. ~ t"m Js.·cn,jo (. ..'· l's luc.·n 1s J~vem tcr atmg1do altos rnve1s e~1 lngl~h.:rr.t e na França
:
0
3\' :~o i.!o =. -ulo \st. m:111t ido um nin~l ele,,ado durante ~uatro ou cmco decadas e pennane-
125 1 - 1300 81.0
1300 - 1350 94.6
ci.ki :1.iws at~ ao fi nal JiJ ~c ulo XVll. me~mo dur.uue o pcnodo cm que o fosso entre os preços
1351 - 1400 121.8
t W.iri<':'. cm b..'\f'l ~'lde. d~ lin.?v3 1 -'J•.
1401 - 1450 155. I
lloU\'< outr.is crític 3s 3 hipótese de Hamilton sobre o lag salarial '" '. ~ma imponante 145 1 - 1500 143.5
linha ,k :m:umeni3 1.;;0 foi apre-<entada por John Nef. que sugenu q_ue_ os sal:i_n.os monetá~os 150 1 - 1550 122.4
rt1!iSlJJo~ ~;k1 er-m c-qui' alentes J\.'S s:ilirios totais. uma \'eZ que ex_1stiam s::d~nos em es~c1e 1551 - 1600 83.0
; , po•.kri.llll ttr-se "PJ.ndido no ~entido de prrencher esse lag. e. 1gualmen1e. a elevaçao do 1601 - 1650
0 48.3
pm;o do tri~ o r<'kria n:lo ter sido 3companhada por aumentos dos preços de todos os bens 1651 - 1700 RI
~C'f'll·i.Jis: 170 1 - 1750 94.6
Em pnmC'mJ luf1f. os m.imeros-lndh:c 1t ~ Jqui compilados e:ugcr.im o :.i.umenro r.os custos ~as 1751 - 1800 79.6
ubsi-stêncW dur..n!C' 3 Re' oluçk.. dos Pn-ços. Em segW1dO lugar. o aumento dos custos da die ta 1801 - 1850 94.6
d..-ó ~foi _q x"'ft.:ldo C'm anJ. mcdidJ n3o ror eles mas ~lo' seus p3.trões. Em ter- 1
• 1721-45= 100
.."'l:im [u!:ll'. mu.n s trJN.i tudorcs de cinti~m ~ucn:is parcelas de tem. com 00.se nas quais 1

EL""l...-.:i.!.=r ~e dJ sUJ suhs!stê~1 1. D:iqui se ~guc que C"les cstJ.\'Wl prova,·clmente cm con-
~\'\.'iõ d..· pst:!.! uml p~. .-t~ n3o ~g:lige-nc il ' el dos se us l'":'ndimcntos monet:irios em mercadorias
oJ.o a.!:moeno..~ · '~.
Três factos devem ser deduzidos deste quadro. Os salários reais de um carpinteiro inglês
em 1850 não são notoriamente diferentes dos de 1251. O ponto mais cle,·ado dos salários
( 155.1) verificou-se imed iatamente antes do «longo• século XVI, e o ponto mais baixo (48.3)

1

Phdps-Brou n, Hopkins conrord:lm que a d.ieriorJçào dos salários pode ler sido menos no fim desse século. A queda durante o século XVI foi imensa. Ela é tanto mais significati\'a
3<1, ,,.... do qU< p;i=i.l. cbrlo que os preços do; cereais subir.im na verd:ide mai s r:ipidamente quanto nos apercebemos de que os salinos ingleses no período 1601-1650 não estavam de
oo "" · <!.: produt : m:lllufa.cturJdos. ..\ssim. os produtos alimentares lr:insfonnados. de fonna alguma no fundo da escala dos salários urbanos europeus.
""ro<t- "'-' ll c=-ente. ' ir>_m os '-"US preços menos 3umentados do que os cereais b:isicos. e Esta queda dran1á1ica dos salários foi ela própria consequência de três factorcs e.stru-
3..' ~lhori~ rus mr.ui:li.."'!Un..' reduzi r..un lind!l miis os custos dos referidos produtos trnns- tur:iis que cr:im trJços remanescentes de uma economia pré-capitalista 3inda não elimin3d3
form:ido> " . ~ ks!Ilo :i.;sim, inform:i,ões mais recentes ( 1968), baseadas em dados melhores no século XVI. Pierluigi Ciocc3 explicita pormenorizadamente como ope.r:ivarn estas estru-
turas no sentido da redução dos salários re3i s numa época de inflação aguda e porque é que
.a :. ~ \-\!: -... f'rt..~ 1..YIÔr!"~YlC\i°C3f.u!ism • . f>1.JJt& Prtunt .n.~ 10.~o\" . l 9~6 . !5.Adem3.is. cada um destes factore s estruturais foi substancialmente eliminado em séculos posteriores .
' .-a1>!..t .k' L-;-.r:..r '"~ \X'.K~ f1ll\"»."6 ! t"t'CC~. C'm l1X'!S-..-io a H.lmil100. ~li fasi: inflocK:vúri:a roo foi cksfa- Os três foctore s são: ilusões monetárias, bem como a descontinuidade na procura de trabalho
'"=D'"tl .lt"' ~ t~:~ · · c<;u.-- ~~ · H ~~~ - .\lX. P~ 5~ 6..
.t:;: ~ - :c.. J'fJ e.~ .:. L t -1«.l. ;:-.. iro ·
.u c..v ..~ ~,'Se= s. ~-'"-"Wt ..;. X.X\'. J . At-nl 1060. J~5...J~ 6 (n. 13>. n ccpçio: a d.3s. u,·as pass3s entrt' 1610 e 1619. E nlC'smo .ij trata-~ duma uctpção que confirma 1 regna.. pois o

~ij~;g~ª~~~~Iêt~~~
~o dessas U\'llS era anomu1lmen1e alto pe-lo fim do século XV I e rortlC'ÇO do XVII• . \ ·;e lrnnnmiqu< n .wdalt' de
Romt" d.im la J('COndt' mnirit du .n ·· sihlr (Paris: Broc.·cW). 11. 7-11-7.tl.
47. Phelps· Brown e.- Hopkins aprtSC"ntam dados quanlo ao autên1ko n-.tr.l.iTTl('nto dos s.ilirius no sk"ulo >..''l •
P3.r3 o Sul de In 2la1erra. fr.inça. AI Qcia. Mun,.1cr..·\ugsbur~o. Val~nci:J C" Viena. in Quadro 11. •Builtkn Wa~·
r.J.tt'.S. Prices and ~Popul:nion : Some Funh(r E\'idence•. Ec11n.mti•o. XX\"1. n.C' 101. f C"\I. 195Q. ~I . kan Founs1ié e
Rtné Gr.\nd:imy nlo tê-m a Ct'rUl3 3'.'tl'\.' :1 de qu:k... n:-JI foi a quc.J.!1 do nh·d de \ idJ d!.) ~uto ~V p.:lf3 o ~\lJo XVI.
"'° \ a E. H. ~·B.'"t'I.., !~ttl V. Hoflins. .. W1~-RatC".S W Pri..-t·..s: b Kien..-eforPopubtiM Pres- mas indicou que entre o .stt·ulo X\" e os s(-cu lL">!'i XVl1 e XVIII o J"'f'("ÇO rt":i.I do tngo q~rupltl"OU. ·R.cm.JtqUC'i ~ur
:..: -~~~ ~:::~-.. E. .ç:..._ · XXl\". n.' Q6. ~ov. _1957. _~3. \ "cr J("lll lkl~3-U ~preços em lcs prix sal:iri3.u '\ cks ct'rfa les ti la prOOucti\' ilé du tn,·3illeur apicok cn Eul"Of't" du XV ' t'I ).'V I~ S~ b•. Tlt mi
..X::-:"fi .. ~· ~ '" de-..~ 00 rm.-o do tn1"\J f°' kmpre rm.is ek\·sdQ 00 que o dt tcxk"IS os l nrmun ional Confrunrr f1/ Eromlfnic H iJUJI)' . Mun tque . 1965 (P3ris: Mourm. l<lt>S ). 650.
• ~ t-.."\"'ClC':SO\ et>\'Í..11.."l!i... \ r<:h..1• b.!u..ctn)30klf\~00s -10mosdt 1590116...~. comunu Unio. possi\-d 48. Slichtr \ ' M B.:ith. -~.(rarian lfwnry, QJ3dro L p. 321. . ..

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• no respe itante às rendas. mas insistiu em que dos que os que original~entc uti lizou, incl uindo as que Phelps-Brown e Hopkins produziram .
c:is'" '. PonollJ d~ 1960. HJmi lton rc1~1~~~~:nio: . • tendem a conftnnar a hipótese geral de que houve um declí · d lári · E
i so rüo altt"r.1\lll <' funJament.tl do seu a~ . Ocidental do século XVI'" '· "'º °'
sa os rcai~ na uropa
. •• . t" no..; inilil>S d:t n:'\'oluç:io dos preços os salános representavam
1':'1: ~n-st ~º. pni~ipio :iu ·:i~. { ...l hmtginoquce m 1500 :i rcndJ d!l l~rr~ pudc:ssc ter sido . A que~a dos .salários .~~~is está notavelmente exemplificada no Quadro f. cornpiladÓJ
ll"'C'S~~mtos dV..\ l ~l.:- l~~ dC' ~-ion3~ l"nl ln\!tJtCrrJ e 03 Fr:m\"l e 4ue. com J 1cnJcnc1a r:ira o aumento a panir de Shcher ' an ~alh · Trata-se dos salários reais de um carpinteiro inglês. pagos
1 1
um qumto Jo rc"'t'. mt • ~;· ~ ' ('" 3.\!ril'~l:l.S ,n:sccnics e t.iaifa a denúncia pouco !requente dos ao dia. expressos em quilogramas de trigo:
dl.S n: nJ:i.s mvt:\ :iJJ ~ Pn...~c~lij1.1 dJ sua ~~tixa. as rendas aumcnt;u:un tão rapid:imcntc como
c.."\~itrJt.:l:~~:;~:~:~~:~u\:l.o dllj Pn:-,·,JS. o n:m:inesccnte quin10 do rendimento nac iona l ia QUADRO 1
os~~ lu~rtl.'. indu indo os juros. Com tn:s quinto~ do~ custos nà? a~omp:m~an~o nc: m ~e: long~ Salários reais de um carpinteiro inglês •
.. ~ t"m Js.·cn,jo (. ..'· l's luc.·n 1s J~vem tcr atmg1do altos rnve1s e~1 lngl~h.:rr.t e na França
:
0
3\' :~o i.!o =. -ulo \st. m:111t ido um nin~l ele,,ado durante ~uatro ou cmco decadas e pennane-
125 1 - 1300 81.0
1300 - 1350 94.6
ci.ki :1.iws at~ ao fi nal JiJ ~c ulo XVll. me~mo dur.uue o pcnodo cm que o fosso entre os preços
1351 - 1400 121.8
t W.iri<':'. cm b..'\f'l ~'lde. d~ lin.?v3 1 -'J•.
1401 - 1450 155. I
lloU\'< outr.is crític 3s 3 hipótese de Hamilton sobre o lag salarial '" '. ~ma imponante 145 1 - 1500 143.5
linha ,k :m:umeni3 1.;;0 foi apre-<entada por John Nef. que sugenu q_ue_ os sal:i_n.os monetá~os 150 1 - 1550 122.4
rt1!iSlJJo~ ~;k1 er-m c-qui' alentes J\.'S s:ilirios totais. uma \'eZ que ex_1stiam s::d~nos em es~c1e 1551 - 1600 83.0
; , po•.kri.llll ttr-se "PJ.ndido no ~entido de prrencher esse lag. e. 1gualmen1e. a elevaçao do 1601 - 1650
0 48.3
pm;o do tri~ o r<'kria n:lo ter sido 3companhada por aumentos dos preços de todos os bens 1651 - 1700 RI
~C'f'll·i.Jis: 170 1 - 1750 94.6
Em pnmC'mJ luf1f. os m.imeros-lndh:c 1t ~ Jqui compilados e:ugcr.im o :.i.umenro r.os custos ~as 1751 - 1800 79.6
ubsi-stêncW dur..n!C' 3 Re' oluçk.. dos Pn-ços. Em segW1dO lugar. o aumento dos custos da die ta 1801 - 1850 94.6
d..-ó ~foi _q x"'ft.:ldo C'm anJ. mcdidJ n3o ror eles mas ~lo' seus p3.trões. Em ter- 1
• 1721-45= 100
.."'l:im [u!:ll'. mu.n s trJN.i tudorcs de cinti~m ~ucn:is parcelas de tem. com 00.se nas quais 1

EL""l...-.:i.!.=r ~e dJ sUJ suhs!stê~1 1. D:iqui se ~guc que C"les cstJ.\'Wl prova,·clmente cm con-
~\'\.'iõ d..· pst:!.! uml p~. .-t~ n3o ~g:lige-nc il ' el dos se us l'":'ndimcntos monet:irios em mercadorias
oJ.o a.!:moeno..~ · '~.
Três factos devem ser deduzidos deste quadro. Os salários reais de um carpinteiro inglês
em 1850 não são notoriamente diferentes dos de 1251. O ponto mais cle,·ado dos salários
( 155.1) verificou-se imed iatamente antes do «longo• século XVI, e o ponto mais baixo (48.3)

1

Phdps-Brou n, Hopkins conrord:lm que a d.ieriorJçào dos salários pode ler sido menos no fim desse século. A queda durante o século XVI foi imensa. Ela é tanto mais significati\'a
3<1, ,,.... do qU< p;i=i.l. cbrlo que os preços do; cereais subir.im na verd:ide mai s r:ipidamente quanto nos apercebemos de que os salinos ingleses no período 1601-1650 não estavam de
oo "" · <!.: produt : m:lllufa.cturJdos. ..\ssim. os produtos alimentares lr:insfonnados. de fonna alguma no fundo da escala dos salários urbanos europeus.
""ro<t- "'-' ll c=-ente. ' ir>_m os '-"US preços menos 3umentados do que os cereais b:isicos. e Esta queda dran1á1ica dos salários foi ela própria consequência de três factorcs e.stru-
3..' ~lhori~ rus mr.ui:li.."'!Un..' reduzi r..un lind!l miis os custos dos referidos produtos trnns- tur:iis que cr:im trJços remanescentes de uma economia pré-capitalista 3inda não elimin3d3
form:ido> " . ~ ks!Ilo :i.;sim, inform:i,ões mais recentes ( 1968), baseadas em dados melhores no século XVI. Pierluigi Ciocc3 explicita pormenorizadamente como ope.r:ivarn estas estru-
turas no sentido da redução dos salários re3i s numa época de inflação aguda e porque é que
.a :. ~ \-\!: -... f'rt..~ 1..YIÔr!"~YlC\i°C3f.u!ism • . f>1.JJt& Prtunt .n.~ 10.~o\" . l 9~6 . !5.Adem3.is. cada um destes factore s estruturais foi substancialmente eliminado em séculos posteriores .
' .-a1>!..t .k' L-;-.r:..r '"~ \X'.K~ f1ll\"»."6 ! t"t'CC~. C'm l1X'!S-..-io a H.lmil100. ~li fasi: inflocK:vúri:a roo foi cksfa- Os três foctore s são: ilusões monetárias, bem como a descontinuidade na procura de trabalho
'"=D'"tl .lt"' ~ t~:~ · · c<;u.-- ~~ · H ~~~ - .\lX. P~ 5~ 6..
.t:;: ~ - :c.. J'fJ e.~ .:. L t -1«.l. ;:-.. iro ·
.u c..v ..~ ~,'Se= s. ~-'"-"Wt ..;. X.X\'. J . At-nl 1060. J~5...J~ 6 (n. 13>. n ccpçio: a d.3s. u,·as pass3s entrt' 1610 e 1619. E nlC'smo .ij trata-~ duma uctpção que confirma 1 regna.. pois o

~ij~;g~ª~~~~Iêt~~~
~o dessas U\'llS era anomu1lmen1e alto pe-lo fim do século XV I e rortlC'ÇO do XVII• . \ ·;e lrnnnmiqu< n .wdalt' de
Romt" d.im la J('COndt' mnirit du .n ·· sihlr (Paris: Broc.·cW). 11. 7-11-7.tl.
47. Phelps· Brown e.- Hopkins aprtSC"ntam dados quanlo ao autên1ko n-.tr.l.iTTl('nto dos s.ilirius no sk"ulo >..''l •
P3.r3 o Sul de In 2la1erra. fr.inça. AI Qcia. Mun,.1cr..·\ugsbur~o. Val~nci:J C" Viena. in Quadro 11. •Builtkn Wa~·
r.J.tt'.S. Prices and ~Popul:nion : Some Funh(r E\'idence•. Ec11n.mti•o. XX\"1. n.C' 101. f C"\I. 195Q. ~I . kan Founs1ié e
Rtné Gr.\nd:imy nlo tê-m a Ct'rUl3 3'.'tl'\.' :1 de qu:k... n:-JI foi a quc.J.!1 do nh·d de \ idJ d!.) ~uto ~V p.:lf3 o ~\lJo XVI.
"'° \ a E. H. ~·B.'"t'I.., !~ttl V. Hoflins. .. W1~-RatC".S W Pri..-t·..s: b Kien..-eforPopubtiM Pres- mas indicou que entre o .stt·ulo X\" e os s(-cu lL">!'i XVl1 e XVIII o J"'f'("ÇO rt":i.I do tngo q~rupltl"OU. ·R.cm.JtqUC'i ~ur
:..: -~~~ ~:::~-.. E. .ç:..._ · XXl\". n.' Q6. ~ov. _1957. _~3. \ "cr J("lll lkl~3-U ~preços em lcs prix sal:iri3.u '\ cks ct'rfa les ti la prOOucti\' ilé du tn,·3illeur apicok cn Eul"Of't" du XV ' t'I ).'V I~ S~ b•. Tlt mi
..X::-:"fi .. ~· ~ '" de-..~ 00 rm.-o do tn1"\J f°' kmpre rm.is ek\·sdQ 00 que o dt tcxk"IS os l nrmun ional Confrunrr f1/ Eromlfnic H iJUJI)' . Mun tque . 1965 (P3ris: Mourm. l<lt>S ). 650.
• ~ t-.."\"'ClC':SO\ et>\'Í..11.."l!i... \ r<:h..1• b.!u..ctn)30klf\~00s -10mosdt 1590116...~. comunu Unio. possi\-d 48. Slichtr \ ' M B.:ith. -~.(rarian lfwnry, QJ3dro L p. 321. . ..

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. , salúios pe lo cosiumc. contrnlo ou e ta!u!O; e a!~~os n ~ pagamcn- e~paço aM rccém-chegact.:x que a.; levariam de ver.cida: OI> da 11.olr..da, O\ da IJigla!trra e •
..,>J!m.:>e!o: !Í<3Ç•O ~ . (' ni•nde 3 incap3cid3de de C apreender claramente as em menor medida. os da frança.
l'\)r il"""lõ ~iooeúrUS . iocc~ e er-cm pon!O' de 1empo desconlínuos. Contudo. mesmo A idda de q ue alguns trabalhadore1 lpreci-.amrnu: <>!>dos v...ctJY.es f:UÍJ ~ a-.L~ • J
"" ·Ji mtla.::i0f'.-'fl 35 gradum ~::s só poderi am ser negoc iados de tempos a tempos. Para
3
padiam rem ur à deteri oração dtX
'3lári°' melhor do qu.: quaisq-.zr OO!tO. 1,ei.>a~ a consi -
« dli f0><em po:rc-ep<~~~ · ~~:do int~rvi nha frcquen1emen1e. onde o costume ou o contrato derar o que eram os dife1:enc1a1s nas pndm ,,., oc:uiúnado<. v.la int'iação a longo pnw.
al<m d1~. no "'culo . º. b. os aumentos sJ lariais. Finalmente. nesse lempo muitos tra- Pierre Vilar sugere uma simples al temauva centro- peri feri~ '-'". Esta é 00 cr.=:c ema diccr
f0><em irxbrados. pa'.".pro~n:~ umJ vez por ano. o que numa época de inflação significava 10 mia de m a~ iado simpli.çta, dado que ni:o ~ Mi °'
trabalhadorc\ da perrfena. os q~ l!oC
b:! ltu<lor« mdmnh~gos ~~~eciJdo. No século XX. a ilusão monetária seri a contrariada pela empenham. como veremos. n.o trabalho na Améri::a Espanho~ e na Eu,-opa OrietJU! 00
qun eceb1am ' ciro p . - 1 . . . d . d.
orvniução de ,indica!O'i. po:la generaVização da ms:ruçao. pe ~ exis1enc1a e m . 1~e~ de pr:ços século X VI. os que perdem. Simultaneamente. °"
t:abalt.adore' ª '"' lariarlcr; na pan.e =
e pelJ acumuilção da e<periéncia de vida em mflaçao._ P_Ma alem ~t sso. a º.rgamzaçao po~1t1~a da Europa Ocidental também perderam . talvez tanto - como \a bé ·lo" _ q'\lar.!D t..- P:l· °'
, tr.l!xllhadcr« difi cul!a ainda mais ao Estado a resinçao dos ~al anos . E. e claro. a freq.uenc1a Jhadores da Europa Oriental (não sendo a • perda. men\urá el para °' traba!!iaéo<~ s da Amé-
00
do papmento dos salári o; é um direito há longo tempo adquindo. Mas ~;~ta era capitalista rica Espanhola. uma vez que não tinham nunca estado integrad°' num tal ,;si.ema ecorJÓ<TlicoJ.
pnmili,a. os tr.lbalhJdore; não linham a mesma_capac idade de manobra . . E J. H. Elli ou argumenta que a po; içiio do trabalhador °'panho! n~te d..'"Clínio se apromna
o que fonalece a plausibi lidade des1a analise. de que ?ouve um lag salarial por causa mais da do tra balhador do leste europeu do que do da ln2laterra ""·
dõ' factores estruturais da economia-mundo europe ia do secu lo XVl baseada nas formas Assim. se numa espécie de cominuum o trabalhad; r polaco era quem gar.hava menos.
pnmiii va. do capi13l ismo mundial. não é somence a evidência empírica que a confirma. mas seguindo-se-lhe o espanhol e, digamos, se era o veneziano quem ganha,·a rnali. onde s~ locali-
também as duas excepções empíricas conhecidas: as cidades da ltália central e setentrional e zava exactamente o trabalhador inglês, representando as áreas semiperifc'ricas em vias ~ se
as d3 Flandres. Cario Cipolla refe re que nos finais do século XVI e inícios do século XVII, tomarem centrais? Phc lps-B rown e Hopkins sugerem que uma forma de pensar 0 que aconu -
•OS custos do trabal ho parecem ter sido excessivamenle altos na hália quando comparados cia naqueles países é ver que "ª contracção elo cabaz de compras do as>afariado [ in g.J~s j se devia
com os níwis salari ais dos países concorrentes». Isto porque, de acordo com Cipolla, •as fundamentalmente a uma alteração nos termos de troca entre a produção manufai:u.'r.lda e a
organizações de trabalhadores foram bem sucedidas em impor níveis salariais desproporcio- agricultura»"º'. Por um lado. a alteração dos termos de troca pesa mais sobre os ª ' salariados-
nados em relação a própria produtividade do trabalho» 1'°'. Da mesma forma, Charles Verlin- (sobre os que não têm !erra como sobre os que recebem u.m rendimento subsidiári o da terra).
den pensa que nas cidades be lgas os sa lários acompanharam o preço do trigo e seus derivados Phelps-Brown e Hopkins estimam o número de tais assalariados como sendo já de um ~o
durante o século XVI'"'. Porquê estas duas excepções? Precisamente porque se !ralava de da população activa inglesa na primeira metade do século XVI. Nas suas palavras . .:o rever;o
•vel hos» centros de comércio '" '. e por isso os trabalhadores es!avam relativamente fortaleci-
dos do ponto de vista político-económico. Por esla razão, estes trabalhadores podiam resistir 53. fa tamos a referi r diferenciais segundo o pais. Hou ve cename.nte umbém difennc:Ws ~ pi..rpos ...
melhor aprocura de senfreada de lucros. Adicionalmente. o «avanço» das prá1icas capitalistas sociais por país. que se rcílcctem na nossa discussão sobre a rr laçào entre- rendas. lucros e fnd b..."C's de salános. Contudo.
destrui ra parcialmente as velhas estruturas. Se ri a, con!udo, precisamente como resul!ado da entre calegorias de a..~salari ados parece não 1er havido tais diferencia.is. Ou J>(' lo me-nos este era o Ca30 pa.' 2 o wldo
rel ati vo de artífices e traba lhadores da construção civil em Inglaterra. onde • O indice dos sal:i.rios dos tnh.1.thadorn
• força. dos trabalhadores e do progresso das práticas do capitalismo que tanto as cidades da da construção civil [vari ou! consis1cntemenle na mesma proporç:io que o dos artífices desde: a Pesk ri-:egra à Pri-
Itália do None como as da Fl andres declinariam como centros industriais no século xv1;dando meira Guerra Mu ndial». E. H. Phclp s- B ro~TI e Shcila V. Uopliru . .. Sc..-cn Ccnturies of dlC' ?N:e;. of Coruumables.
Compan:d wi1h Builder' s Wagc-rates», in E. M. Caros-W ilson. cd .. Essays i11 EconofP'lir H iJro0 (!'O"'ª Iorque: St
Martin's , 1966). 11 . 189 .
49. Ciocca. Banrnria. XXV, pp. 578.579 54 . .c Mas pod íamos nós não ver (a.o;; "ondas longas" de preços e activlcbdes ~onómica.sl em termos du!!'.a.... "'
50 Cario Clpolla <o(Thc F...conom1c Dec li ne of fla.ly», m Bn an Pu ll an, ed, Crms and Change m tht Vene - aJtcmância hi slórica entre um aumento na c.,,; plor.1ção do trabalho colonial e do trabalho europeu , lcmbnodo a ~
. '::aE~:::::n lhe SrAtre111h and Sriemu mh Cem1m es (Londres Mcthucn, 1968). 139, 140 Ver Bnan Pullan,
11
profundamente sugestiva de Marx: "A cscra1,·a1 ura ve lada dos trabalhadores assal::ui.:Klos na Europa precis.:1,-1. p3...F3
26
-4 ~Domcmco~ll~c.. ~m:uan F.conomy, I SS0- ~630.-., Econom1c Hw ory Rev1e.... . 2 1 sénc, XVI, 3, 1964, 407- seu pedestal da escravatura pura e simples no Novo Mundo''?•. Vilar, Pas1 & Puunt. n.• 10, p. 3-t. 1

E.S C . XI II 1. Jan -Mar l~~~uc~ç,cmcn 1 s longs de l mdustne la1mCre à Vcn1 se aux. XVI ~ et X VIII~ s1Ccles• , Annales 55 . • A hjpótese Ide .Hamilton] de que os salários espanhóis se mantiveram lado a lado com os preços <
ongmado por • rendas pesadas ~ al~os~i1n:~e;~a chama a Veneza uma • Cidade nca:. onde o alto custo de vida era pareceri a. nessa medida, infundada. Realmente , inves1igações posteriores podem bem mostrar uma detenora..,-ão acm-
tuada dos padrões de vida da massa da população castelhana Juranh: a r rimeira md3de do stculo. Uma u i dete-
51 . Ver Vt:rlinden er oi. An11alrs E S C X 198 V H rioração. combinada com o alto n í,·cl dos pn.-ços cast c lhan~ em re/uçâo a(IJ de outros n rod<'Sri.ropeuJ . mu ito con-
sofreu um colapso carnstrôfico n~s rcndimen·t ~s ~~ai~~~ · .er ennan v~ der Wce: · ~or isso o Brabante não
europe us durante o s~cu l u XVl)O Tht G h ,, h ·A as massas de assa lariados. como foi o caso noutros países tribuiria para explicar a estrutu ra peculiar da economia de Castela por volta do fim do sk"ulo. 1.mu economia de
1963). II, 386. · rowr ºJ r e nrwtrp Morktl and the European Economy (Haia: Nijhofí. muitos modos mais apro Jti mada da dt: um Estado europeu d.: Lts1e como a Polónia. n pommdo marCri"·primas
básicas e importando produtos de luxo. do que das economias dos esl3dos europeus ocidcnuis. T.nto quanto~ ­
é, comud!~~~: ~~;1~-~~s;)~l:~~i~ qucstão d: porque~ ~ue os centros eram os • velhos,. centros de comérci o Esta viveram indústrias em Castela, elas tendi am a ser indústrias de bens de: lu>.o p.ar.:1 pro,·er às necessidades dos poucos
as áreas mai' imcrcssani~s por cau;~~ ~t'~~da~;ad~x~icação breve: ~~ Flandres e o Nan e de Itália são de iongc ricos e a estar sujeitas à cre~ente concorrência estrangeira •. J. H. Elhott . • The Decli~ of Sp:iin... Pa.fl & Prr.sem.
supbnemar de regiões "celeiro" \'it.:inhas linha fa"orcci~:olo, e a .fac~h~dl! com que pod iam importar alimento n.º 20, Nov. 196 1, 62. O irálico é nosso. Os dcSCO\'Ol\'iOlt"ntos na Cau lunha foram 3Jli logos. Ver os • Comcntúiosi.
:~nas u~a. grande ~c~rva de trJbalho camponês em part- l im~;i~ alia_densidade da população. Isso dava-lhes ntto de Jaime Vicens Vives fcilos ao «Rappo rt de M. Malowish in /X' Congris lntunatiorUJ/~ du Sriences lfisroriques .
.re ~111a urb..1nizar uma maior proporção da sua _ pomve l_para trabalho mdustria l ru ra l. mas rambé m li. Ac1es (Paris: Li b. Armand Colin, t 95 1). nos quais Viccns faz a comp3!'3Çâo entre o .:sc~undo feudalismo,. na
_!!(lfmc llw ory of F.ur{)ptt. I. 6. 1971. 47. . popu laçao1'. • Med ieval lndustry, 1000-1 500 .. , F onrana Eco- Catalunha e na. Polónia.
56. Phc lps- Brown e Hopkins, Eco11omica. XXIV. p. 298.

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. , salúios pe lo cosiumc. contrnlo ou e ta!u!O; e a!~~os n ~ pagamcn- e~paço aM rccém-chegact.:x que a.; levariam de ver.cida: OI> da 11.olr..da, O\ da IJigla!trra e •
..,>J!m.:>e!o: !Í<3Ç•O ~ . (' ni•nde 3 incap3cid3de de C apreender claramente as em menor medida. os da frança.
l'\)r il"""lõ ~iooeúrUS . iocc~ e er-cm pon!O' de 1empo desconlínuos. Contudo. mesmo A idda de q ue alguns trabalhadore1 lpreci-.amrnu: <>!>dos v...ctJY.es f:UÍJ ~ a-.L~ • J
"" ·Ji mtla.::i0f'.-'fl 35 gradum ~::s só poderi am ser negoc iados de tempos a tempos. Para
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padiam rem ur à deteri oração dtX
'3lári°' melhor do qu.: quaisq-.zr OO!tO. 1,ei.>a~ a consi -
« dli f0><em po:rc-ep<~~~ · ~~:do int~rvi nha frcquen1emen1e. onde o costume ou o contrato derar o que eram os dife1:enc1a1s nas pndm ,,., oc:uiúnado<. v.la int'iação a longo pnw.
al<m d1~. no "'culo . º. b. os aumentos sJ lariais. Finalmente. nesse lempo muitos tra- Pierre Vilar sugere uma simples al temauva centro- peri feri~ '-'". Esta é 00 cr.=:c ema diccr
f0><em irxbrados. pa'.".pro~n:~ umJ vez por ano. o que numa época de inflação significava 10 mia de m a~ iado simpli.çta, dado que ni:o ~ Mi °'
trabalhadorc\ da perrfena. os q~ l!oC
b:! ltu<lor« mdmnh~gos ~~~eciJdo. No século XX. a ilusão monetária seri a contrariada pela empenham. como veremos. n.o trabalho na Améri::a Espanho~ e na Eu,-opa OrietJU! 00
qun eceb1am ' ciro p . - 1 . . . d . d.
orvniução de ,indica!O'i. po:la generaVização da ms:ruçao. pe ~ exis1enc1a e m . 1~e~ de pr:ços século X VI. os que perdem. Simultaneamente. °"
t:abalt.adore' ª '"' lariarlcr; na pan.e =
e pelJ acumuilção da e<periéncia de vida em mflaçao._ P_Ma alem ~t sso. a º.rgamzaçao po~1t1~a da Europa Ocidental também perderam . talvez tanto - como \a bé ·lo" _ q'\lar.!D t..- P:l· °'
, tr.l!xllhadcr« difi cul!a ainda mais ao Estado a resinçao dos ~al anos . E. e claro. a freq.uenc1a Jhadores da Europa Oriental (não sendo a • perda. men\urá el para °' traba!!iaéo<~ s da Amé-
00
do papmento dos salári o; é um direito há longo tempo adquindo. Mas ~;~ta era capitalista rica Espanhola. uma vez que não tinham nunca estado integrad°' num tal ,;si.ema ecorJÓ<TlicoJ.
pnmili,a. os tr.lbalhJdore; não linham a mesma_capac idade de manobra . . E J. H. Elli ou argumenta que a po; içiio do trabalhador °'panho! n~te d..'"Clínio se apromna
o que fonalece a plausibi lidade des1a analise. de que ?ouve um lag salarial por causa mais da do tra balhador do leste europeu do que do da ln2laterra ""·
dõ' factores estruturais da economia-mundo europe ia do secu lo XVl baseada nas formas Assim. se numa espécie de cominuum o trabalhad; r polaco era quem gar.hava menos.
pnmiii va. do capi13l ismo mundial. não é somence a evidência empírica que a confirma. mas seguindo-se-lhe o espanhol e, digamos, se era o veneziano quem ganha,·a rnali. onde s~ locali-
também as duas excepções empíricas conhecidas: as cidades da ltália central e setentrional e zava exactamente o trabalhador inglês, representando as áreas semiperifc'ricas em vias ~ se
as d3 Flandres. Cario Cipolla refe re que nos finais do século XVI e inícios do século XVII, tomarem centrais? Phc lps-B rown e Hopkins sugerem que uma forma de pensar 0 que aconu -
•OS custos do trabal ho parecem ter sido excessivamenle altos na hália quando comparados cia naqueles países é ver que "ª contracção elo cabaz de compras do as>afariado [ in g.J~s j se devia
com os níwis salari ais dos países concorrentes». Isto porque, de acordo com Cipolla, •as fundamentalmente a uma alteração nos termos de troca entre a produção manufai:u.'r.lda e a
organizações de trabalhadores foram bem sucedidas em impor níveis salariais desproporcio- agricultura»"º'. Por um lado. a alteração dos termos de troca pesa mais sobre os ª ' salariados-
nados em relação a própria produtividade do trabalho» 1'°'. Da mesma forma, Charles Verlin- (sobre os que não têm !erra como sobre os que recebem u.m rendimento subsidiári o da terra).
den pensa que nas cidades be lgas os sa lários acompanharam o preço do trigo e seus derivados Phelps-Brown e Hopkins estimam o número de tais assalariados como sendo já de um ~o
durante o século XVI'"'. Porquê estas duas excepções? Precisamente porque se !ralava de da população activa inglesa na primeira metade do século XVI. Nas suas palavras . .:o rever;o
•vel hos» centros de comércio '" '. e por isso os trabalhadores es!avam relativamente fortaleci-
dos do ponto de vista político-económico. Por esla razão, estes trabalhadores podiam resistir 53. fa tamos a referi r diferenciais segundo o pais. Hou ve cename.nte umbém difennc:Ws ~ pi..rpos ...
melhor aprocura de senfreada de lucros. Adicionalmente. o «avanço» das prá1icas capitalistas sociais por país. que se rcílcctem na nossa discussão sobre a rr laçào entre- rendas. lucros e fnd b..."C's de salános. Contudo.
destrui ra parcialmente as velhas estruturas. Se ri a, con!udo, precisamente como resul!ado da entre calegorias de a..~salari ados parece não 1er havido tais diferencia.is. Ou J>(' lo me-nos este era o Ca30 pa.' 2 o wldo
rel ati vo de artífices e traba lhadores da construção civil em Inglaterra. onde • O indice dos sal:i.rios dos tnh.1.thadorn
• força. dos trabalhadores e do progresso das práticas do capitalismo que tanto as cidades da da construção civil [vari ou! consis1cntemenle na mesma proporç:io que o dos artífices desde: a Pesk ri-:egra à Pri-
Itália do None como as da Fl andres declinariam como centros industriais no século xv1;dando meira Guerra Mu ndial». E. H. Phclp s- B ro~TI e Shcila V. Uopliru . .. Sc..-cn Ccnturies of dlC' ?N:e;. of Coruumables.
Compan:d wi1h Builder' s Wagc-rates», in E. M. Caros-W ilson. cd .. Essays i11 EconofP'lir H iJro0 (!'O"'ª Iorque: St
Martin's , 1966). 11 . 189 .
49. Ciocca. Banrnria. XXV, pp. 578.579 54 . .c Mas pod íamos nós não ver (a.o;; "ondas longas" de preços e activlcbdes ~onómica.sl em termos du!!'.a.... "'
50 Cario Clpolla <o(Thc F...conom1c Dec li ne of fla.ly», m Bn an Pu ll an, ed, Crms and Change m tht Vene - aJtcmância hi slórica entre um aumento na c.,,; plor.1ção do trabalho colonial e do trabalho europeu , lcmbnodo a ~
. '::aE~:::::n lhe SrAtre111h and Sriemu mh Cem1m es (Londres Mcthucn, 1968). 139, 140 Ver Bnan Pullan,
11
profundamente sugestiva de Marx: "A cscra1,·a1 ura ve lada dos trabalhadores assal::ui.:Klos na Europa precis.:1,-1. p3...F3
26
-4 ~Domcmco~ll~c.. ~m:uan F.conomy, I SS0- ~630.-., Econom1c Hw ory Rev1e.... . 2 1 sénc, XVI, 3, 1964, 407- seu pedestal da escravatura pura e simples no Novo Mundo''?•. Vilar, Pas1 & Puunt. n.• 10, p. 3-t. 1

E.S C . XI II 1. Jan -Mar l~~~uc~ç,cmcn 1 s longs de l mdustne la1mCre à Vcn1 se aux. XVI ~ et X VIII~ s1Ccles• , Annales 55 . • A hjpótese Ide .Hamilton] de que os salários espanhóis se mantiveram lado a lado com os preços <
ongmado por • rendas pesadas ~ al~os~i1n:~e;~a chama a Veneza uma • Cidade nca:. onde o alto custo de vida era pareceri a. nessa medida, infundada. Realmente , inves1igações posteriores podem bem mostrar uma detenora..,-ão acm-
tuada dos padrões de vida da massa da população castelhana Juranh: a r rimeira md3de do stculo. Uma u i dete-
51 . Ver Vt:rlinden er oi. An11alrs E S C X 198 V H rioração. combinada com o alto n í,·cl dos pn.-ços cast c lhan~ em re/uçâo a(IJ de outros n rod<'Sri.ropeuJ . mu ito con-
sofreu um colapso carnstrôfico n~s rcndimen·t ~s ~~ai~~~ · .er ennan v~ der Wce: · ~or isso o Brabante não
europe us durante o s~cu l u XVl)O Tht G h ,, h ·A as massas de assa lariados. como foi o caso noutros países tribuiria para explicar a estrutu ra peculiar da economia de Castela por volta do fim do sk"ulo. 1.mu economia de
1963). II, 386. · rowr ºJ r e nrwtrp Morktl and the European Economy (Haia: Nijhofí. muitos modos mais apro Jti mada da dt: um Estado europeu d.: Lts1e como a Polónia. n pommdo marCri"·primas
básicas e importando produtos de luxo. do que das economias dos esl3dos europeus ocidcnuis. T.nto quanto~ ­
é, comud!~~~: ~~;1~-~~s;)~l:~~i~ qucstão d: porque~ ~ue os centros eram os • velhos,. centros de comérci o Esta viveram indústrias em Castela, elas tendi am a ser indústrias de bens de: lu>.o p.ar.:1 pro,·er às necessidades dos poucos
as áreas mai' imcrcssani~s por cau;~~ ~t'~~da~;ad~x~icação breve: ~~ Flandres e o Nan e de Itália são de iongc ricos e a estar sujeitas à cre~ente concorrência estrangeira •. J. H. Elhott . • The Decli~ of Sp:iin... Pa.fl & Prr.sem.
supbnemar de regiões "celeiro" \'it.:inhas linha fa"orcci~:olo, e a .fac~h~dl! com que pod iam importar alimento n.º 20, Nov. 196 1, 62. O irálico é nosso. Os dcSCO\'Ol\'iOlt"ntos na Cau lunha foram 3Jli logos. Ver os • Comcntúiosi.
:~nas u~a. grande ~c~rva de trJbalho camponês em part- l im~;i~ alia_densidade da população. Isso dava-lhes ntto de Jaime Vicens Vives fcilos ao «Rappo rt de M. Malowish in /X' Congris lntunatiorUJ/~ du Sriences lfisroriques .
.re ~111a urb..1nizar uma maior proporção da sua _ pomve l_para trabalho mdustria l ru ra l. mas rambé m li. Ac1es (Paris: Li b. Armand Colin, t 95 1). nos quais Viccns faz a comp3!'3Çâo entre o .:sc~undo feudalismo,. na
_!!(lfmc llw ory of F.ur{)ptt. I. 6. 1971. 47. . popu laçao1'. • Med ieval lndustry, 1000-1 500 .. , F onrana Eco- Catalunha e na. Polónia.
56. Phc lps- Brown e Hopkins, Eco11omica. XXIV. p. 298.

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<U e
~ !::U fé, ,·mix> ,..,.,-i ento dos :iss:i.hriad si o e~riquecimento do que vendem pro-
J:.ico..h: 3 ~n .. ! , •'.:J llrrt :J,;m t1.'rrllS ptlr rt·nJas s11sceptl\'1."ts de· serem aumentadas>)m, _ Isto
1-~ \J .tlp!m.I< Ju' id.L< l:>re o art:umemo de Hamilwn de que o lag salarial era uma fonte
Para além disso, Nef a\sinala que não,,., refere '=
a Inglaterra. uma vez ~ue em tenno, de descn•oh ;.; itc ª. uma compata,-ão <f'.:rc a França e
"r' ·t.1 J: e ·umubçl,, d~ c-.1piul ou. ix·lo menos. akna-no · para o fac to de que o proprietário cgundo ele, rnmparavel com a da Alemanha mcrid~~~ >n<!. \tml a ;i· -ç~ c1a Frarw;.a cn,
~. tm:1, m Euro O.: i,kntal er.1 um imemu.·diário lundamemal na acumulação do capital. enquanto que a tnglesa era compará vel 1., da ll olanda.. ~I e_ ~ 00:
P•:"" Ba1 u,., e.pa;-.hó!•.
\ k<iH ' a~ir.1. o ar!'.umento funJamental de Hamilton. subscrito por John '.\lay nard pnme1ros todos ab randaram em comparação com •era- tlci •. S ~cu e L1cge. C)'.ier d11.er,"'
2
i-;~ , r. ,_e r<m , isto ...\ intl~çã ri.1' a uma redistribuição de rendimentos - complicada aceleraram. No entanto. a made ira e o trabalho eram ma1~º Ren.::.~1m;n~r, •. e °' ú!timcA todos
, id.> j~ mu!t1pLb c-am.'!J1S dJ. ~onomü-mun Jo europeia. Eh er.J mesmo issim uma fonn~ do que na Inglaterra. Pos.ivelmente o problema r•>ide e haratM. e na<J maiscarr1'. = F!a:-.ça
de rril:>ut..;.r os ;ecto,..,.s roliticamente mais frJcos para criar um fundo de acumulação de capi- Mas esta comparação de l'ef apena' de\~onta: ~': ~ e'."-'11 <k .,..awufo ra:os ·~ .
t:ll qu:: p.._'1~ri.l 'er enc.io in' estido por :.ilg.uim 1 ~~ · . Os terrntc-nences. em pan icu l:u, conti- França forem comparadas in racuo. Se. no entanto ior•m tom ~am1lton se a b;la:e= e a
r.u.lr.l J. J.~s ot:-rir no' J.s 'ias p.J.r..:i e~toni_uirem ºº'os pag:imentos aos camponeses 1 ~~ 1. o -mundo europeia. esta comparação limitJ -;.e a c~loc;; 0 ní' : ' "" "'.nexto da ewnomia-
:i:~umemo. r~orde-se. ~ de que não só e\istiu uma quebra nos lucros m:is que a inflação al!rures entre o espanhol e o inglês. o que pod•ríam _ do-, "' 1an"' r.:a" frarn:esc•
t" r..N rJi"u o iO\~Stimento ~ · . ec~nomi a- mundo como um todo se produziu.. uma ~~;nr.:_o argu:,en:ar ~ q~e ~o_conte\tn ~
!~to l<' .t-nos a uma nova objecção à hipótese do lag s:ilarial. :ide John Nef. Segundo ele. mento produzido a favor dos trabalhadores As t>x~ vuançao agu daf dtstn '~º do_ rer.rlí-
. . . . · .... aram con orme o p:m. A nu.ação
'' ; u:n~mo c:ii d" ido ao a;o d:i Franç:i.. onde. apes:ir de se ter verificado o mesmo lag salarial op~t~3 p~a uma classe mves~1~ora local seria a de ter acesso a lucros resultam.e·s de \2.lin™'
4 -;: ~ m lng l:n~rr..i. se não \erific:.lr'J.m progressos sign ificat ivos na indústri:i. nessa época16n. med1os baixos (por contrapos1çao a altos ) na su:i própria área. Cm nível medio de '21ários era
óptimo uma vez que se por um lado um nível salarial excessivamente alto tVeneu) diminuía
5-. /f.d. r. ~99 O 1ul -o e nosso. dem_as1ado a ma_rgem de lucro. po_r outro lado um nível excessiramenie baixo tFrança e a f or-
&u :lf'..il1'ie t" .. u muito çro ümJ J..J de °'-"'bb: • Pock perfUntJI-sc:: nesus circunstinci:.is. se o consumo real tron Espanha) limitava a d1mensao do mercado local para novas indústri l5 . ..\ In da:erra e 2
d.J. .. ill.! .... _-i:, ckdm.i, :i . ..: orno~ que j:X."'<iia o ni' ::1 de pn:ços ter subido e ~rmit ido que os gnndes lucros deste período Holanda foram as que se aproximaram mais desta situação óptima no conte.to ;uropcu. o
11.krcndcr.do es'C'n.:-11lmente d.J mJrgc:m entrr: pre,·0s e s:il:irios monetirios. mult iplic:idos pela ro1:iç3o das merca-
d...'\fl.:L-.. l f1..'\<,,-.cm n:.11!1.iJQ') c1.'m .. ucesso > Por outr.iS pata' r.is. de onde provmh:l :l el>p:ms:io d:i procura'? A resposl3
facto de se tratar de uma economia-mundo. contudo. foi a condição sine q11a non pan que
º'
rc-s1.!e :!p.!rer:tcmeme no fJ.:to de yue enm pstos dos ricos e dos med1:ln.:imc:nh! JbJ.stados t i.c. :i º º 'a burguesia luc ros provenientes da in ílação pudessem ser proveitosamente investidos em novas indústrias.
e:i Core>.!. e umb:m acl.!._.. -,c e1T1erg_-::-n1e de r:iri1:ilistas ele pro' inciae Jo~ m:iiore'\ yt'nr11<'111 que aliment.:i.,·am o mercado A inflação fo i assim imponante quer por ter sido um mecan ismo de poupança forçacb ~
em ~\Ç;Jr.....:io . c nanJ-0- e m çe no ,emido 1s des~.;as cn:scen1es neste <s:C'C lor as condições p ::ir:i a realização de lucros.
e pon anto de acum ul ação de capital quer por ter servido para distribuir esses lucros de fonna
~t ul1:l~d.is mdú~m1' i:m e,p.:m~o deste P'='riNo pro' i:i.m ao con,umo de lu\ O dos mais ab:ist.:i.dos. Ha,·ia t::imbém
um maior 1memmemo n.J consU1.1ç.10 nJ' aJ. nJ con~1ruç:10 CJ\ il e tnum.:i. muito p<quen.:i. medid.:i. ) em maquin:iri.:i. e desigual pelas várias panes do sistema. desproporciomdamente em favor do que temos ,-indo
k~nta.s. e t :lm~m l"m ani!h:.i..riJ e equipamento m11il::ir. A isrn se de' e ad1cion::ir o importante efeito do comércio a designar por centro em ascensão da economia-mundo e em desfavor da sua periferia e semi-
C"\ temo - kvaCo a cabo em termos alt::imente favor.iveis e equ ilibrJdo por uma enlracb aprec iável de ouro e prata peri feria. as « ve l has>~ áreas desenvolvidas. ,
oo reino•. S!udif5, p 120.
BrJudel ac.·re"-Cenl3 uma :in.ili~ da razão porque os terr.itenentes n:io er.im necessariame nte prejudicados pela
O outro aspecto deste quadro. como o leitor j:i pode ter inferido da discuss3o sobre o
mfhç:lü do~ prl'Ç~ do modo miciJ!mente ddendido por H.:i.mihon: .. A rc"olução dos preços( ... ) n5.o en, como por impacto da inflação. é que emergiu no seio da economia-mundo uma divisão do trabalho não
m11Jgre . ob.;11nad.:i.men1e d.emocrdtica. El:i ahvi:i"a os encargos. e as rendas do campesinam que enm pag:iveis em só entre tarefas ind ustriais e tarefas agrícolas mas também entre as própri•s tarefa agrícolas.
dmíK"1ro esuv.:i.m fic\d.a..; ~mames d:i descobe na da América. De facto. a.s exigências feudais sobre as parcelas E juntamente com esta espec ialização decorreram fonn3s dife renciadas de controlo do tra-
c:unpo~sas cf1m fn:ljut"ntememc ligeira~. por "ezes menos que nada. Mas nem sempre . E especialmente dado o
facto Je que o ' C' nhor r~..:c:bia t::i.mt:im frequentemenie os pagame ntos em espécie e estes seguiam o curso do mer-
balho e padrões diferenciados de estratificação que. por se u turno. tiveram consequências
cado (... ) \ bi_., ainJj, tamo na :irea do Medi terrâneo corno na Europa. a divisão da !erra nunca foi fci 1a num:i. base políticas di fe renciadas para os «estados », isto é. as arenas da acção f'Olitica. .
de "umJ vez p.irJ se mpre: ..... La .\fddirerranh·. 11. p. 5 1. Até aqui tentamos explicar porque é que foi a Europa a expand!T-<e (em vez. drg:im~s. ,
58 . .-.Ocapit:ili"-mo reljut:na cup11ul. e não seria fác il imaginar-se um instrumento mai s poderoso para o tomar da China). porque é que. na Europa. Ponugal tomou a dianteira e porque é que esta e_xpansao
disponi\e l do que poup:mç~ forçad.J.S por meio dum rario preços-saJ:irios altamen1e ÍJ.\'Or..he l1t. Earl J. Hamilton.
Journa t of En>ncmuc lf1Jtor.\ . XIII. p. 33 . Ver J. \t. Keynes: •Assi m. uma inílação por via dos lucros implica quase teria necessari amente que ser acompanhada pela inflação. Não enfrentamos verdadeiramente
de cen a.:i. unn di"lnbu1çào m:.11~ dc~igu;ll d:.i riqueza - a não ser que os se us efei tos sejam contnbalançados por a questão do porque é que esta expansão viria a ser tiio imponante. Quer.dizer. ~rque é que
uma uibutação direna do 1ipo lJ UC cJ.r.lc lc riza a Inglaterra moderna ( 1930 ) mas não ou tro lugar ou período•. A Trea· a criação desta economi a-mundo fo i o prenúncio do desenvol\'imento industnal moderno.
rsse on A/o11e .\ <Londn.:$: r-.k\l illan. 1950). 11. 162.
59. Se es1a classe proprietária dom ina a Europa no começo do século XV II é porque ela pe rdeu menos conlrolo
r . rolon •ado nos salários ~ai s. embora SC"jlJ indubirnve l-
do quc: é comummc:nie afirm.:i.do. ~ ão era ponanto loucu ra tantos mercadores e habitantes ricos das cidades com-
51 5 0
62. • A história francesa sugere que um dcc mio p . ~ um•; iníluéncill suficientemente podercK:t pans
prarem l('ITilS ou propried:ide~"'- Braudel. La Médiurranét.1. p. 479. .. mente um incentivo à capacidade cmprcendedo~. não~ ':r _m t É possivcl que duranie 0 ú\limo quand do stculo
60. • Preço!'\ a.-,cenMni es pcnalil.a"am demoras no investimento e ao provocare m a baixa da taxa efecliva de causar uma grande aceleração na taxa de crcscime nlo m u~lna · evitasse aumenios nu procura de alguns produtos
juro C"nconjavam os empréstimos p:ira investimt'nto com a perspectiva de ganhos. Em resumo. preços a subir e sa lários XVI a queda do níve l de vid.:i. do trab~lhado~ fosse ~io gran e ~~ss.c 0 progresso dos fobricamc-~ durante- as gucmu
1 abrJnd.:i.r proporc ionav.:i.m capi1al e incemi ''ª ' 'am fonemente o seu usoca pita lisrn..... Ham ilton. Jmmial nf Economic indu striais e que a miséria dos pobres 1mpcd1ss.e mais do que 3JU • •
1/uuiry. XII, p. 339. religiosas (Nef, ihid., p. 2671"'· . . Profit lníla1ion and lndus1rial Growth: Thc H1s1om:_Rccord
61 .. Q que lemos a explicar no caso da Fr.tnça não é como no da Ingla1crra porque é que o cap1tahsmo Nef é também apoiado por David fellx~a~ of Eronomirs. 1.XX. 3. Ago:-to 1956. Vc-r c.s~ml mentc
1ndu~ 1 na l fez lanto"' progre:-."'OS na idade da re,oluçfo do~ preços. mas sim porque fez 1:10 pouco!I .. Ncf, Tli e Cou· and Contcmporary Analogics•, Quarterly l our
quest t{ tht' ,\fareriJ / n ·ar/.I. p. 2-$2. pp. 443-45 1.
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J:.ico..h: 3 ~n .. ! , •'.:J llrrt :J,;m t1.'rrllS ptlr rt·nJas s11sceptl\'1."ts de· serem aumentadas>)m, _ Isto
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Para além disso, Nef a\sinala que não,,., refere '=
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"r' ·t.1 J: e ·umubçl,, d~ c-.1piul ou. ix·lo menos. akna-no · para o fac to de que o proprietário cgundo ele, rnmparavel com a da Alemanha mcrid~~~ >n<!. \tml a ;i· -ç~ c1a Frarw;.a cn,
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i-;~ , r. ,_e r<m , isto ...\ intl~çã ri.1' a uma redistribuição de rendimentos - complicada aceleraram. No entanto. a made ira e o trabalho eram ma1~º Ren.::.~1m;n~r, •. e °' ú!timcA todos
, id.> j~ mu!t1pLb c-am.'!J1S dJ. ~onomü-mun Jo europeia. Eh er.J mesmo issim uma fonn~ do que na Inglaterra. Pos.ivelmente o problema r•>ide e haratM. e na<J maiscarr1'. = F!a:-.ça
de rril:>ut..;.r os ;ecto,..,.s roliticamente mais frJcos para criar um fundo de acumulação de capi- Mas esta comparação de l'ef apena' de\~onta: ~': ~ e'."-'11 <k .,..awufo ra:os ·~ .
t:ll qu:: p.._'1~ri.l 'er enc.io in' estido por :.ilg.uim 1 ~~ · . Os terrntc-nences. em pan icu l:u, conti- França forem comparadas in racuo. Se. no entanto ior•m tom ~am1lton se a b;la:e= e a
r.u.lr.l J. J.~s ot:-rir no' J.s 'ias p.J.r..:i e~toni_uirem ºº'os pag:imentos aos camponeses 1 ~~ 1. o -mundo europeia. esta comparação limitJ -;.e a c~loc;; 0 ní' : ' "" "'.nexto da ewnomia-
:i:~umemo. r~orde-se. ~ de que não só e\istiu uma quebra nos lucros m:is que a inflação al!rures entre o espanhol e o inglês. o que pod•ríam _ do-, "' 1an"' r.:a" frarn:esc•
t" r..N rJi"u o iO\~Stimento ~ · . ec~nomi a- mundo como um todo se produziu.. uma ~~;nr.:_o argu:,en:ar ~ q~e ~o_conte\tn ~
!~to l<' .t-nos a uma nova objecção à hipótese do lag s:ilarial. :ide John Nef. Segundo ele. mento produzido a favor dos trabalhadores As t>x~ vuançao agu daf dtstn '~º do_ rer.rlí-
. . . . · .... aram con orme o p:m. A nu.ação
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4 -;: ~ m lng l:n~rr..i. se não \erific:.lr'J.m progressos sign ificat ivos na indústri:i. nessa época16n. med1os baixos (por contrapos1çao a altos ) na su:i própria área. Cm nível medio de '21ários era
óptimo uma vez que se por um lado um nível salarial excessivamente alto tVeneu) diminuía
5-. /f.d. r. ~99 O 1ul -o e nosso. dem_as1ado a ma_rgem de lucro. po_r outro lado um nível excessiramenie baixo tFrança e a f or-
&u :lf'..il1'ie t" .. u muito çro ümJ J..J de °'-"'bb: • Pock perfUntJI-sc:: nesus circunstinci:.is. se o consumo real tron Espanha) limitava a d1mensao do mercado local para novas indústri l5 . ..\ In da:erra e 2
d.J. .. ill.! .... _-i:, ckdm.i, :i . ..: orno~ que j:X."'<iia o ni' ::1 de pn:ços ter subido e ~rmit ido que os gnndes lucros deste período Holanda foram as que se aproximaram mais desta situação óptima no conte.to ;uropcu. o
11.krcndcr.do es'C'n.:-11lmente d.J mJrgc:m entrr: pre,·0s e s:il:irios monetirios. mult iplic:idos pela ro1:iç3o das merca-
d...'\fl.:L-.. l f1..'\<,,-.cm n:.11!1.iJQ') c1.'m .. ucesso > Por outr.iS pata' r.is. de onde provmh:l :l el>p:ms:io d:i procura'? A resposl3
facto de se tratar de uma economia-mundo. contudo. foi a condição sine q11a non pan que
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e:i Core>.!. e umb:m acl.!._.. -,c e1T1erg_-::-n1e de r:iri1:ilistas ele pro' inciae Jo~ m:iiore'\ yt'nr11<'111 que aliment.:i.,·am o mercado A inflação fo i assim imponante quer por ter sido um mecan ismo de poupança forçacb ~
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e pon anto de acum ul ação de capital quer por ter servido para distribuir esses lucros de fonna
~t ul1:l~d.is mdú~m1' i:m e,p.:m~o deste P'='riNo pro' i:i.m ao con,umo de lu\ O dos mais ab:ist.:i.dos. Ha,·ia t::imbém
um maior 1memmemo n.J consU1.1ç.10 nJ' aJ. nJ con~1ruç:10 CJ\ il e tnum.:i. muito p<quen.:i. medid.:i. ) em maquin:iri.:i. e desigual pelas várias panes do sistema. desproporciomdamente em favor do que temos ,-indo
k~nta.s. e t :lm~m l"m ani!h:.i..riJ e equipamento m11il::ir. A isrn se de' e ad1cion::ir o importante efeito do comércio a designar por centro em ascensão da economia-mundo e em desfavor da sua periferia e semi-
C"\ temo - kvaCo a cabo em termos alt::imente favor.iveis e equ ilibrJdo por uma enlracb aprec iável de ouro e prata peri feria. as « ve l has>~ áreas desenvolvidas. ,
oo reino•. S!udif5, p 120.
BrJudel ac.·re"-Cenl3 uma :in.ili~ da razão porque os terr.itenentes n:io er.im necessariame nte prejudicados pela
O outro aspecto deste quadro. como o leitor j:i pode ter inferido da discuss3o sobre o
mfhç:lü do~ prl'Ç~ do modo miciJ!mente ddendido por H.:i.mihon: .. A rc"olução dos preços( ... ) n5.o en, como por impacto da inflação. é que emergiu no seio da economia-mundo uma divisão do trabalho não
m11Jgre . ob.;11nad.:i.men1e d.emocrdtica. El:i ahvi:i"a os encargos. e as rendas do campesinam que enm pag:iveis em só entre tarefas ind ustriais e tarefas agrícolas mas também entre as própri•s tarefa agrícolas.
dmíK"1ro esuv.:i.m fic\d.a..; ~mames d:i descobe na da América. De facto. a.s exigências feudais sobre as parcelas E juntamente com esta espec ialização decorreram fonn3s dife renciadas de controlo do tra-
c:unpo~sas cf1m fn:ljut"ntememc ligeira~. por "ezes menos que nada. Mas nem sempre . E especialmente dado o
facto Je que o ' C' nhor r~..:c:bia t::i.mt:im frequentemenie os pagame ntos em espécie e estes seguiam o curso do mer-
balho e padrões diferenciados de estratificação que. por se u turno. tiveram consequências
cado (... ) \ bi_., ainJj, tamo na :irea do Medi terrâneo corno na Europa. a divisão da !erra nunca foi fci 1a num:i. base políticas di fe renciadas para os «estados », isto é. as arenas da acção f'Olitica. .
de "umJ vez p.irJ se mpre: ..... La .\fddirerranh·. 11. p. 5 1. Até aqui tentamos explicar porque é que foi a Europa a expand!T-<e (em vez. drg:im~s. ,
58 . .-.Ocapit:ili"-mo reljut:na cup11ul. e não seria fác il imaginar-se um instrumento mai s poderoso para o tomar da China). porque é que. na Europa. Ponugal tomou a dianteira e porque é que esta e_xpansao
disponi\e l do que poup:mç~ forçad.J.S por meio dum rario preços-saJ:irios altamen1e ÍJ.\'Or..he l1t. Earl J. Hamilton.
Journa t of En>ncmuc lf1Jtor.\ . XIII. p. 33 . Ver J. \t. Keynes: •Assi m. uma inílação por via dos lucros implica quase teria necessari amente que ser acompanhada pela inflação. Não enfrentamos verdadeiramente
de cen a.:i. unn di"lnbu1çào m:.11~ dc~igu;ll d:.i riqueza - a não ser que os se us efei tos sejam contnbalançados por a questão do porque é que esta expansão viria a ser tiio imponante. Quer.dizer. ~rque é que
uma uibutação direna do 1ipo lJ UC cJ.r.lc lc riza a Inglaterra moderna ( 1930 ) mas não ou tro lugar ou período•. A Trea· a criação desta economi a-mundo fo i o prenúncio do desenvol\'imento industnal moderno.
rsse on A/o11e .\ <Londn.:$: r-.k\l illan. 1950). 11. 162.
59. Se es1a classe proprietária dom ina a Europa no começo do século XV II é porque ela pe rdeu menos conlrolo
r . rolon •ado nos salários ~ai s. embora SC"jlJ indubirnve l-
do quc: é comummc:nie afirm.:i.do. ~ ão era ponanto loucu ra tantos mercadores e habitantes ricos das cidades com-
51 5 0
62. • A história francesa sugere que um dcc mio p . ~ um•; iníluéncill suficientemente podercK:t pans
prarem l('ITilS ou propried:ide~"'- Braudel. La Médiurranét.1. p. 479. .. mente um incentivo à capacidade cmprcendedo~. não~ ':r _m t É possivcl que duranie 0 ú\limo quand do stculo
60. • Preço!'\ a.-,cenMni es pcnalil.a"am demoras no investimento e ao provocare m a baixa da taxa efecliva de causar uma grande aceleração na taxa de crcscime nlo m u~lna · evitasse aumenios nu procura de alguns produtos
juro C"nconjavam os empréstimos p:ira investimt'nto com a perspectiva de ganhos. Em resumo. preços a subir e sa lários XVI a queda do níve l de vid.:i. do trab~lhado~ fosse ~io gran e ~~ss.c 0 progresso dos fobricamc-~ durante- as gucmu
1 abrJnd.:i.r proporc ionav.:i.m capi1al e incemi ''ª ' 'am fonemente o seu usoca pita lisrn..... Ham ilton. Jmmial nf Economic indu striais e que a miséria dos pobres 1mpcd1ss.e mais do que 3JU • •
1/uuiry. XII, p. 339. religiosas (Nef, ihid., p. 2671"'· . . Profit lníla1ion and lndus1rial Growth: Thc H1s1om:_Rccord
61 .. Q que lemos a explicar no caso da Fr.tnça não é como no da Ingla1crra porque é que o cap1tahsmo Nef é também apoiado por David fellx~a~ of Eronomirs. 1.XX. 3. Ago:-to 1956. Vc-r c.s~ml mentc
1ndu~ 1 na l fez lanto"' progre:-."'OS na idade da re,oluçfo do~ preços. mas sim porque fez 1:10 pouco!I .. Ncf, Tli e Cou· and Contcmporary Analogics•, Quarterly l our
quest t{ tht' ,\fareriJ / n ·ar/.I. p. 2-$2. pp. 443-45 1.
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nu~ A expansão também implica um descnvolvimcn ~ .
: o.i\l.1ll:o m .•.,,• .,._impm3t
· · ·s •3 nterinre<· mi hi tóri3 do mundo.
. . aparentemente
. . r:I . baseadas
. ... .
~.,,. d>."Tirnla n:lilÍV:J..11nl e frodUti\'O C numa m:\q~ina pohtica b~roc tica relat1vamente Mntro de camadas. cada uma da.' quais polar·'""·· to igual e~wfiado. de e~
'"""" em termos dt d . ....... ·
f ·• n_k, , ~u ir:un wc-etar css:i via? Dizer que fm a tecnologia e 3!J<!~as le\ ar-nos 3 per. das recompensas. Ass im. concretamente no ·é 1 X
. . ·
uma 1\ln wlÇ'Jo bimodal
s CU o VI. havia o d ; ~ · 1d
~.,;.~ :.>e c<~ ie d~ :;i, tenu é ,-,;:;e q u~ enror.1j<'u.t:in to o a\'anço _tecn~ logico. (Recordemo. economia-mundo europeia rersus a sua, área ~ ·ré . · erenc:ia o centro da ~·
· ~!l{ . d3 met3 ú,n d~ :\n-Jham sobre 0 sunn rqxntlíll' da t~rnol ogi_a ocidental). E. L. Jones e entre estados. dentro dos estados entre regiões. e~~t n~-as: dentro do ccntr0 eoropc:u lwlvia-0 -
' ' "ª OS M>Cta1s dentro~ - "dade
S. J. Woolf , ~em as C'.Lr.Jt t<ÓSticas distinti\'as do s_éculo XY_J preci samente no facto de. pela e campo e. finalmente . havia--0 no contex to d• u ·d· "- d . , . reg1CJes entre c1 .
. . . . . m aucs e caracter ma1l lcx:aJ '6 1 1

pnmcin , l na hi<tóri:i.. 3 e' pans.fo da produn\'1dade agncola ter abeno cammho para a A soltdanedade do sistema estava baseada em úlúma aná. li~ ~te fe~oo de
c'r.:in:sJo do rendimento real: desenvol v1menw des igual. ~ma vez que a complexidade de''" estratificação criava a , j.
bitidade de uma. 1dent1ficaçao estrntificada e 0 cons'"'"t . h pcl'
~ • e rea 1in amemo das forças polltl"ólS
L·m;1 d:i~ l i\~ m<:M)S 53 ~"'ros.J. . d.:t históri ::i e :i de que as ag ri c ~ltur.is 1e-cnicamente avançadas e
fi . · :-:L'Tlenk"~ uti \ a..s n3o prov('IC':!.i"Tl ine\' it3,·elmente um cresc1mento sustentado do rendimento
que g~rava s1multaneament': a turbulência subjacente que permitiu 0 descnrnh ,m:n~
re.ll r er CrI?fro. e:- mui1o menos promo,·em J industriali zação. As.civil izações da Ant iguidade, tecnologico e as transformaçoe s políticas. bem como a confusão ideológica que continha a;
curn as sius !t.r!Culruns elabcrad:is. fomccrm-nos um pon10 dl! p:in1cb. Nenhuma delas. no ~·fédio revoltas. quer estas fossem de apatia. de força ou de fu ga. Um tal sistema de ca.'Tlada' múlti-
Onrn~c. rm R~m.l. nJ Chim .. n3 ;\fcso--...\mêrica (... ). conduziu a uma economia industrial. plas de estatutos e_reco:npensas sociais está grosseiramente correlacionado com um ;islrn'.J ·
Tecnirmnentc:. 3 sul o~anizJ.ç:ão agricola ~r3 soberba.( ... ) Do mesmo modo. o volume físico de complexo de d1stnbu1çao das tarefas produtivas: esquematicamente. aq uele\ que produziam
C'C'rc,;iis que pil\duziam er3 irnpressionm!c-. Contudo. as suas his!órias sociais são fábulas terríveis força de trabalho sustentavam os que produziam alimentos. que por seu turno sustentavam
de ciclo;. pwduthos sem uma ele vação persistente nos rendimentos reais da grande massa da os que prc~cfoziam outras ".1atérias~prim ~. que sustenta\'31Tl os que estavam empenhados
pt.."'PU-laçfo t.mto nas. fa.'._C'S a.~endentcs como nas descendentes.( ...) na prod_uçao mdustnal (e. e claro. a medida que o industriali smo progride. esta hierarquia
O facto comum. nomeadamen1c nos impüios com agriculturas de irrigação, era o imenso poder de serviços produtivos toma-se mais complexa. uma vez que esta última categoria se vai
de ur.i Jp;!Telho de Es<ado b:i.=do numa burocr:icia preocupada com a defesa contra as ameaças refinando).
e·u er:ias e: a mJ.nutenç3o intcm:i. da sua prôpri:i posição. Lançando um olhar panorâmico sobre A economia-mundo incluía nesta época várias espécies de trabalhadores: havia os-
3 hi5tór'i3. se-ria l~git irno concluir que estas burocracias procuraram e conseguiram manter num
escravos. que trabalhavam nas plantações de açúcar e em formas simples de operação mineira
f.\ tado de~ hrinieflsrase drtual m stas sod edades camponesas ao lon.~o de períodos de tempo
que implicavam uma escavação superficial do solo. Havia •servos•. que trabalhavam cm
considercfreis e a rodas os nfre is de densidade populaciona/(631•
grandes domínios onde os cereais eram cultivados e as flore stas exploradas. Ha"ia •campo-
Os autores argumentam que. num tal sistema. o aumento da produção.bruta resulta neses» ligados a operações variadas com produtos agrícolas (incluindo cereais) destinados
simplesmente cm •. expansão estática• '"''. ou seja. num aumento da população suponável com ao mercado. e trabalhadores assalariados em algumas produções agricolas. Isto englobava
a manutenção da mesma distribuição absoluta de bens nas mesmas proporções relativas às 90-95 % da população da economia-mundo europeia. Havia uma no"a classe de ye(ln:en .
diferentes cla>Ses da soc iedade. Adicionalmente. havia uma pequena camada de pessoal intermédio - supervisores. anesãos
O que é que na estrutura social da economia-mundo do século XVI permite explicar independentes. uns poucos de trabalhadores especializados - e uma estreita camada de classes
uma transfom1ação social de dibcnte natureza. que dificilmente pode ser considerada homeos- dirigentes. ocupadas cm supervisar grandes áreas. cm administrar impon:1ntes instituições da
táti ca? Sem dúvida que as burocracias do século XVI não tinham motivações muito diferen- ordem social, em alguma medida em promover o seu próprio lazer. Este último grupo incluía
tes das que fones e Woolf atribuem às anteriores. Se o resultado foi diferente, deverá ter sido quer a nobreza existente quer o patriciado burguês (bem como. é claro. o clero cristão e a
porque a economia- mundo es tava organi zad;J diferentemente dos impérios antigos. e de tal burocracia estatal).
- fom1a 4ue nela ex istiam pressões sociais de diferente espécie. Especificamente. podemos debru· Mesmo uma análise sumária revelará que estas categorias ocupacionais não estavam
çar-nos sobre os tipos de ten. õcs que um tal sistema gerou entre as classes dirigentes e conse· distribuídas aleatoriamente. quer do ponto de vista geográfico quer do ponto de vista étnico.
quentemen_te os tipos de oponunidades que elas forneceram à grande massa da população. no interior da economia-mundo em crescimento. Depois de algumas fal sas panidas. este quadro
Já ti vemos ocasião de indicar quai s as pressões que. em nosso entender, levaram à evoluiu rapidamente de uma classe escrava de origens africanas localizada no hemisfério
expansão da Europa. A expansão acarreta os se us próprios imperativos. A capacidade para ocidental para uma classe «Servil » dividida em dois segmentos: um. mais imponani.. na
uma expan, ão bem sucedida é uma função quer da capacidade de manter uma relativa soli· Europa Oriental e um outro. mais pequeno. de índios americanos no hemisft'rio ocidental.
dariedade social interr~a (função por seu turno dos mecanismos de distribuição de recompen· Os camponeses da Europa Ocidental e Meridional eram na sua maior pa_ne rendei ros. Os assa-
sas) ~uer das d1 spos1çoes que possam ser tomada' P"ª utilizar trabalho barato em paragens lariados eram quase exclusivamente oeste-europeus. Os yeo111e11 _provmham _pnnc1palm_ente
long'.nquas (sendo_sobremaneira 1mponan1e que este seja tanto mais barato quanto mais do noroeste da Europa. As classes intermédias eram pan-europe1as na sua on_gem (mais os
longinquo for. dev ido aos custos de transponc). mestiços e os mulatos) e distribuíam-se geograficamente por todo este cenário. As classes

63 E L JooeseS J Wootf • ThcH 1SI R fA


65. Ver discussão em Frédéric Mauro. u XVI' si~cle rurO(lérn: asfW 1.f lcoM miqun (Paris: Prc.\SC'S Uni·
J
and Woolf eds Agranan Cha ·d E onc 0 e 0 graraan Change m Econom1c Developmen1 ~. m Jones ...
64 lh1;f . p. 2 ng~ an connm1c Dt\·~lopm~m (Londres: Mcrhuen. 1969). 1. O it.11.tco ~nosso. vcrsi1aire s de Francc, 1966 - Colltelion Nou\•cllc O io, 32}. 285-286.

( 9l

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nu~ A expansão também implica um descnvolvimcn ~ .
: o.i\l.1ll:o m .•.,,• .,._impm3t
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. . aparentemente
. . r:I . baseadas
. ... .
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'"""" em termos dt d . ....... ·
f ·• n_k, , ~u ir:un wc-etar css:i via? Dizer que fm a tecnologia e 3!J<!~as le\ ar-nos 3 per. das recompensas. Ass im. concretamente no ·é 1 X
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· ~!l{ . d3 met3 ú,n d~ :\n-Jham sobre 0 sunn rqxntlíll' da t~rnol ogi_a ocidental). E. L. Jones e entre estados. dentro dos estados entre regiões. e~~t n~-as: dentro do ccntr0 eoropc:u lwlvia-0 -
' ' "ª OS M>Cta1s dentro~ - "dade
S. J. Woolf , ~em as C'.Lr.Jt t<ÓSticas distinti\'as do s_éculo XY_J preci samente no facto de. pela e campo e. finalmente . havia--0 no contex to d• u ·d· "- d . , . reg1CJes entre c1 .
. . . . . m aucs e caracter ma1l lcx:aJ '6 1 1

pnmcin , l na hi<tóri:i.. 3 e' pans.fo da produn\'1dade agncola ter abeno cammho para a A soltdanedade do sistema estava baseada em úlúma aná. li~ ~te fe~oo de
c'r.:in:sJo do rendimento real: desenvol v1menw des igual. ~ma vez que a complexidade de''" estratificação criava a , j.
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táti ca? Sem dúvida que as burocracias do século XVI não tinham motivações muito diferen- ordem social, em alguma medida em promover o seu próprio lazer. Este último grupo incluía
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long'.nquas (sendo_sobremaneira 1mponan1e que este seja tanto mais barato quanto mais do noroeste da Europa. As classes intermédias eram pan-europe1as na sua on_gem (mais os
longinquo for. dev ido aos custos de transponc). mestiços e os mulatos) e distribuíam-se geograficamente por todo este cenário. As classes

63 E L JooeseS J Wootf • ThcH 1SI R fA


65. Ver discussão em Frédéric Mauro. u XVI' si~cle rurO(lérn: asfW 1.f lcoM miqun (Paris: Prc.\SC'S Uni·
J
and Woolf eds Agranan Cha ·d E onc 0 e 0 graraan Change m Econom1c Developmen1 ~. m Jones ...
64 lh1;f . p. 2 ng~ an connm1c Dt\·~lopm~m (Londres: Mcrhuen. 1969). 1. O it.11.tco ~nosso. vcrsi1aire s de Francc, 1966 - Colltelion Nou\•cllc O io, 32}. 285-286.

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, o-europeias. mas creio poder demonstrar-se que despropor. produção, exigem ~m pequeno investimento cm &upervisáo. Foi principalmente 0 a 'car e'
dirigentes eram iambém ela~ PJ . mais tarde o algodao, que se prestou à reunião de tra balhador• , rfi çu . ·
cionadlmentc da Europa Ocidcnta1· . ·'o do trabalho - escrnvatura, «fcudalismoM irolo de supervi sores brutais""''. es °"°
qua ' icado\ sob o coo-
,- Porquê diferentes modos de organi~~-~do numa mesma época no seio da economia'. 0 c~l_t'.v<~ do -~çúca~ 'i.niciou-sc na~ ilha< mediterránicas. de~kx:oo-sc po:.teriormeme
1 1
trabalho a. salarfado. aum-emprcgo - cloe~ :' trabalho se ajusta melhor a tipos de produção para as 1llhas atlan11ca~ e_ dai atr~vc,~ou? Allántico cm direcção ao Brasil e à. /O{f Ociden-
-mundo' Porque cada modo de controo:; \onccntrados em zona~ diferentes da economia- 1ais. A escravatura seguiu o ª~,~car ' "· A med ida que M: de' loca,·a. a comptr;Í)'.âo éuiit:a da-
E rquc csta>arn estes m os 1 . d
porticulm:s. • po • ·udalisrno " na periferia. trabalho assa ana o e auto-emprego no classe esc~ava transfonnou-se '· Mas porque 'ão os africano. os no,·o~ cscra'oos? PC>! causa
-mundo - escravatura ~ fc arceria na semiperiferia? Porque as fonnas de controlo do lra- da exaustao da ofena de trabalhadore' indígena. da região das plantar;õe~. porque 3 Europa
precisava de uma fonte de t~balho de uma região razoavelmente bem povoada que fos1oe
rolho alectam sigmficati a:
c-cntro e: como i_remos_,e:,· Pente 0 sistema político (em particular a força_ do aparelho de
uma burl!uesia indígena prosperar. A economia-mundo estava
Estado) e as possibih~esressuposto d~ que realmente existiam estas t_rês z~nas e de q~e es~
acessível e rela11vamente próxima da região de uso. Mas teria de ser de uma regi.ã.o ex.t.erior à

precisamente baseada n p f de controlo do trabalho. Se assim nao fosse, nao tena 69. Eric Wolf :issinala qu~ a exploraçã? mineira rm ptqu~na r sca la e 0 cu l:ncJ d.a.o.r~ '"'" ~qWNl nca!a ' ·
possufam de facto diferentes ;n;;::o dos excedentes que permitiu que o sistema capilalista se revelavam am~~ _na~ econó micos por mot1\~0s tc:coo16ricos na Arr..tnc.a Ccr.tr•! e cr...c ~~!lou ccdet'l-"ll 0
sido possível a~segurar o llpo e · passo a empresa!'! c.r.apnal~stas de grande cscaJa. r\ o caM> da_c•pl~ mir.ein:. 0 av·a.!')Ç o ltrr.JCo fOl'i :t r.-.rod.AJ-3'.o
do processo ~e am í1~gama cm _ 1557. no qual a prata é e' n.rda do mulério com a aJudJ do memirJO ~ 'P'- requerU:
"visse 3 luz do dia. maqui~ria d1 spe ~d10sa. e~1almc_ntc de~ que com o no':º ~.euo ~ tomou re:nt.ivd .a e..::L~âo cm r.lZJOt'a
. fomias de controlo do trabalho e vejamos a sua relação com
1
P::_ssemos : re_".~~das Poderemos então ver como isso afecta a ascensão dos ele- profundidades. Na p;oduçao do açucar. fo1 o momho de tnturaçãO cm pa:nde o.ca.la. O'J eng,~r-~. que r.::Q~-11.i
igualmenlc uma ap l 1caçJo e~ ~ande escala. Requ isitos tecnoLóg"ic°' Miênacm tivcnm COOi.C<t~i.l... v.icrai\
produçao ~-~· p ucuv1 acee~os com a escravatura. A escravatura não era desconhe-
ªmemos si milares para a produção de md1go. Ver Som of tht ShaJ:i.nx Earr>i (Ch M::zgo. Iíl~.ot..i.: Ln~. of Oâan Pre!.J..
cap1i.u1stas. orne
cida na Europa me.dieval ,..,_ mas 0 seu papel era irrelevante quando _comparado com o que 1959). 177-1 80. .
70 . .-:O primeiro resultado da extensão d.a produção da cana-dc·açócu ã ~ladeira e às Cm:!ri4il 00 ~- k> .
viria a ter na economia-mundo europeia entre o século XVI e o s~culo XVIII. Uma das XV foi uma sevcrJ. concorrência.com os produtores europeus ex istt:ntes. Ela accnruou-ioe à ITl!°di1'.Ü que u ~
razões para este facto reside na anterior fraqueza militar europeia. Como Marc Bloch americanas começaram a produzir. Por volta de 1580. (... ) a indústria ~1.:r.,.4i moribuncb na StcíliJ... (_J Em 8~
a indústria definhava. L .) As pequenas indústrias de açúcar medievais do Sul de ft!JIL de: ~ta lu . da ?\.!areia.. de
afinnou: Rodes. de Creta e d e Chipre Iodas passaram por um declínio !>imilar e acabaram por de-\J.~ . ,
A experiência provou-0: de todas as formas de criação, a de gado humano é das mais difíceis. Tanto na Madeira como nas Canárias a produção de açücar envoJ, ia ou~ de L'ilbafraO ~''O úÔC""-!10.. ( _.) •
Este uso de escravos pode ter ajudado os habitantes das ilhas a \·ender a ~o mais tnUo cr.ie outros prod:n~l de' .
Pan a e!.Cravatura ser compensadora quando aplicada a empreendimentos de grande dimen-
açúcar europeus. mas a Madeira e as Canárias a S( U tempo sucumbiram rc!>pcctivamen.te a conconinci.a bn.sile.tn e
são. 1em que haver muita carne humana barata no mercado. Esta só pode ser obtida através da à das Índias Ocidentais. C...)
guern ou da pilhagem de escravos. Assim, uma sociedade dificilmente poderá basear a maior Nos trópicos americanos a história do açúcar e da cscr.warura esti. aind.3 ma.is i."'Uinumcn~ lipd:L De iod.l.s
pane da sua economia em seres humanos domesticados se não tiver à mão sociedades mais as cxponações agrico las tropicai s deste período. era a cana-Oe·a;úcar a que requeria m:li~ trab31ho mi."1U3..L espe-
cialmente para a colheita. A necess ickuk dum engenho na. proximidade dos cam~. p:ir.! o c;!.!CJ o trampon.e dJ a:u
fracas para derrotar ou pilhar ' 67 '. precisa de ser organizado a pouca..;; horas do cone. requeria ~la primeira vez o cstabclcc imcnco do sistema de pbn-
taçào. ( •.. ) Sem dúvida que a cana-de-aç úcar foi o principal rcsponsâsel pe ta es....'lil,arura ag.râria DOS ttópx"OS • .
Um modo de produção tão rudimentar só é rentável se o mercado for de tal modo grande
Mascfield. Camhridge Economic fliltory o/ Europe. IV. pp. 289 <!90.
que o pequeno lucro per capita seja compensado pelo elevado volume de produção. Foi por As ilhas como trampolim para a colonização trans:nlã.ntica não são um fe nómeno uclush':!.·nm.te ibtnro.
isw que a escravatura pôde flore scer no Império Romano e é também por isso que ela é fun- A. L. Rowse defende que a mesma coisa s,c d.1 na Europa sct(' ntriona.1 cm uês passos.: do Coru.inent: ~ J. Grã-
damentalmente uma instituição capitalista. relacionada com os estádios pré-industriais ini- - Bretanha. da GrJ-Bretanha para a Irlanda. e depois da Grl· Bn:l3nha pa.r:i a Améric:i do '."orte.
<toC fodem os considerar o po\·oamemo da América do ~one como uma C.1.tens:lo a.rra'"b do Ailbtiro do
ciais de uma economia-mundo capitalista '61l. processo, mil anos an1erior , do tempo da.." Volkerwanderwtgrn. pc-lo qual a Bretanh.J foi colonil!lds pelos contin-
Os escravos. no entanto, não são utilizáveis em empreendimentos de larga escala gentes an glo-saxó nicos originais.( ... )
sempre que é necessária perícia. Não se pode esperar que os escravos façam mais do que A unificação das ilhas [Grã-Bretanha e Irlanda) forneceu a base para.a gnndc in' e:stid:t atr.lvésdo Atlâ..'ltico.
o êxodo de grandes comingentcs para a América do ~fone, a rorta abcru pela qU3l os i.ubcli~ tinh..a..-n buda.<--~
aquilo a que são forçados. Uma vez que a perícia esteja em causa, é mais económico encon- Obse rve-se. o que aliás não tem sido feito pelos historiadon:s. que foram os q~ rruis profundamente c:sti,rmun liga·
trar métodos de controlo de trabalho alternativos. pois de outra fonna os baixos custos são dos à plantação e colonizaç ão da Irlanda meridional - Humphrey Gtlben. WJ.ltcr Raleigh. Rictwd Grrnvillc -
anulados por u_ma produtividade extremamente baixa. Os produtos que podem verdadeira- quem tomou a inic iativa principal de instalar a.'lõ primeiras colóni as na Virgínia. É como se a bl.ind.3 fos._{,,(: 3 ma.triz
da América•. Rowse, •Tudor E.xpansion: The Transition fmm Mcdic,·al to Modem HistOf)""· U'i!IJCm and Mary
mente ser consid~rados trabalho-intensivos são os que, porque requerem pouca perícia na sua Q11arrer/y, 3.' série. XIV.) Julho. 1957, )to. 315. •
71. .:A esc rava1ura e o tráfico de escravos tinh31Tl floresc ido no Med iterrâneo murto!! sf..culos ~-n~ de os ' " •
europeus se começarem a expandir para África. e o tráfico a1lântico que se dc~n ..·oh·eu du:ar.i!e o ~ k> X\' não foi
• ~· Ver Cliarles V~rtindcn. l ' E~rop~ midifrale, 2 vols. rBrugcs: De Tempcl. 1955). de modo algum um mero e aciden ial .subproduto da ck!>Coberu afric3na. (... )A mud.;inça ma1 1mpo.-t:inre. i do rrifico
'"lnventiom:.. ~l;xh, Cambrid?t' E~oruN111.c llmory of Europr , ], p. 247. Ver também Marc Bloch, • Mediaeval para consumo principalmente doméstico pan o tr:ílico predomin~1cmc~1 e desnnàdo às planta.;õcs e men-ados
coloniais, e stava já bem cm andamento antes da descobtna da Amém:a. ~o gcraJ . a cor do es.crl'º mudou chJ~u:
~ 6S. Â ~1:n~~~~~~:~n~~~:lt'\'~ Europ~ f~erieley: ~.Jniv . o.fCalifomia r>r:css. 1967), 180.
o sécu lo XV de branco para preto, e havi a uma tendência crescente para tratar~ cscrav~ m.x-JÇunente :onioobJC~-
Dcutsch. l~)- Pm um juíz.o concordant~m~is de vma é de Er:1c W1l~1ams. Capitalism and Sl~\'tf)' (Lon~s:
tos impessoais de comércio. em vez d(: indivíduos que trabalhavam .para farmlias ou qu~nta.s CC'lmo SCf' os domtsu -
P~tUamiu:,10 crírito. n." n . Abr. l%9, S)-61. recente, d . Scrgio Bagu. •la E.conomfa de la socicdad colorual•,
cos ou trabalhadores agricolas•. An1hony Luttrell, Th~ Tronsa1lant1c SW1•t Tradt. PP· . 8-79 .

92 93

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, o-europeias. mas creio poder demonstrar-se que despropor. produção, exigem ~m pequeno investimento cm &upervisáo. Foi principalmente 0 a 'car e'
dirigentes eram iambém ela~ PJ . mais tarde o algodao, que se prestou à reunião de tra balhador• , rfi çu . ·
cionadlmentc da Europa Ocidcnta1· . ·'o do trabalho - escrnvatura, «fcudalismoM irolo de supervi sores brutais""''. es °"°
qua ' icado\ sob o coo-
,- Porquê diferentes modos de organi~~-~do numa mesma época no seio da economia'. 0 c~l_t'.v<~ do -~çúca~ 'i.niciou-sc na~ ilha< mediterránicas. de~kx:oo-sc po:.teriormeme
1 1
trabalho a. salarfado. aum-emprcgo - cloe~ :' trabalho se ajusta melhor a tipos de produção para as 1llhas atlan11ca~ e_ dai atr~vc,~ou? Allántico cm direcção ao Brasil e à. /O{f Ociden-
-mundo' Porque cada modo de controo:; \onccntrados em zona~ diferentes da economia- 1ais. A escravatura seguiu o ª~,~car ' "· A med ida que M: de' loca,·a. a comptr;Í)'.âo éuiit:a da-
E rquc csta>arn estes m os 1 . d
porticulm:s. • po • ·udalisrno " na periferia. trabalho assa ana o e auto-emprego no classe esc~ava transfonnou-se '· Mas porque 'ão os africano. os no,·o~ cscra'oos? PC>! causa
-mundo - escravatura ~ fc arceria na semiperiferia? Porque as fonnas de controlo do lra- da exaustao da ofena de trabalhadore' indígena. da região das plantar;õe~. porque 3 Europa
precisava de uma fonte de t~balho de uma região razoavelmente bem povoada que fos1oe
rolho alectam sigmficati a:
c-cntro e: como i_remos_,e:,· Pente 0 sistema político (em particular a força_ do aparelho de
uma burl!uesia indígena prosperar. A economia-mundo estava
Estado) e as possibih~esressuposto d~ que realmente existiam estas t_rês z~nas e de q~e es~
acessível e rela11vamente próxima da região de uso. Mas teria de ser de uma regi.ã.o ex.t.erior à

precisamente baseada n p f de controlo do trabalho. Se assim nao fosse, nao tena 69. Eric Wolf :issinala qu~ a exploraçã? mineira rm ptqu~na r sca la e 0 cu l:ncJ d.a.o.r~ '"'" ~qWNl nca!a ' ·
possufam de facto diferentes ;n;;::o dos excedentes que permitiu que o sistema capilalista se revelavam am~~ _na~ econó micos por mot1\~0s tc:coo16ricos na Arr..tnc.a Ccr.tr•! e cr...c ~~!lou ccdet'l-"ll 0
sido possível a~segurar o llpo e · passo a empresa!'! c.r.apnal~stas de grande cscaJa. r\ o caM> da_c•pl~ mir.ein:. 0 av·a.!')Ç o ltrr.JCo fOl'i :t r.-.rod.AJ-3'.o
do processo ~e am í1~gama cm _ 1557. no qual a prata é e' n.rda do mulério com a aJudJ do memirJO ~ 'P'- requerU:
"visse 3 luz do dia. maqui~ria d1 spe ~d10sa. e~1almc_ntc de~ que com o no':º ~.euo ~ tomou re:nt.ivd .a e..::L~âo cm r.lZJOt'a
. fomias de controlo do trabalho e vejamos a sua relação com
1
P::_ssemos : re_".~~das Poderemos então ver como isso afecta a ascensão dos ele- profundidades. Na p;oduçao do açucar. fo1 o momho de tnturaçãO cm pa:nde o.ca.la. O'J eng,~r-~. que r.::Q~-11.i
igualmenlc uma ap l 1caçJo e~ ~ande escala. Requ isitos tecnoLóg"ic°' Miênacm tivcnm COOi.C<t~i.l... v.icrai\
produçao ~-~· p ucuv1 acee~os com a escravatura. A escravatura não era desconhe-
ªmemos si milares para a produção de md1go. Ver Som of tht ShaJ:i.nx Earr>i (Ch M::zgo. Iíl~.ot..i.: Ln~. of Oâan Pre!.J..
cap1i.u1stas. orne
cida na Europa me.dieval ,..,_ mas 0 seu papel era irrelevante quando _comparado com o que 1959). 177-1 80. .
70 . .-:O primeiro resultado da extensão d.a produção da cana-dc·açócu ã ~ladeira e às Cm:!ri4il 00 ~- k> .
viria a ter na economia-mundo europeia entre o século XVI e o s~culo XVIII. Uma das XV foi uma sevcrJ. concorrência.com os produtores europeus ex istt:ntes. Ela accnruou-ioe à ITl!°di1'.Ü que u ~
razões para este facto reside na anterior fraqueza militar europeia. Como Marc Bloch americanas começaram a produzir. Por volta de 1580. (... ) a indústria ~1.:r.,.4i moribuncb na StcíliJ... (_J Em 8~
a indústria definhava. L .) As pequenas indústrias de açúcar medievais do Sul de ft!JIL de: ~ta lu . da ?\.!areia.. de
afinnou: Rodes. de Creta e d e Chipre Iodas passaram por um declínio !>imilar e acabaram por de-\J.~ . ,
A experiência provou-0: de todas as formas de criação, a de gado humano é das mais difíceis. Tanto na Madeira como nas Canárias a produção de açücar envoJ, ia ou~ de L'ilbafraO ~''O úÔC""-!10.. ( _.) •
Este uso de escravos pode ter ajudado os habitantes das ilhas a \·ender a ~o mais tnUo cr.ie outros prod:n~l de' .
Pan a e!.Cravatura ser compensadora quando aplicada a empreendimentos de grande dimen-
açúcar europeus. mas a Madeira e as Canárias a S( U tempo sucumbiram rc!>pcctivamen.te a conconinci.a bn.sile.tn e
são. 1em que haver muita carne humana barata no mercado. Esta só pode ser obtida através da à das Índias Ocidentais. C...)
guern ou da pilhagem de escravos. Assim, uma sociedade dificilmente poderá basear a maior Nos trópicos americanos a história do açúcar e da cscr.warura esti. aind.3 ma.is i."'Uinumcn~ lipd:L De iod.l.s
pane da sua economia em seres humanos domesticados se não tiver à mão sociedades mais as cxponações agrico las tropicai s deste período. era a cana-Oe·a;úcar a que requeria m:li~ trab31ho mi."1U3..L espe-
cialmente para a colheita. A necess ickuk dum engenho na. proximidade dos cam~. p:ir.! o c;!.!CJ o trampon.e dJ a:u
fracas para derrotar ou pilhar ' 67 '. precisa de ser organizado a pouca..;; horas do cone. requeria ~la primeira vez o cstabclcc imcnco do sistema de pbn-
taçào. ( •.. ) Sem dúvida que a cana-de-aç úcar foi o principal rcsponsâsel pe ta es....'lil,arura ag.râria DOS ttópx"OS • .
Um modo de produção tão rudimentar só é rentável se o mercado for de tal modo grande
Mascfield. Camhridge Economic fliltory o/ Europe. IV. pp. 289 <!90.
que o pequeno lucro per capita seja compensado pelo elevado volume de produção. Foi por As ilhas como trampolim para a colonização trans:nlã.ntica não são um fe nómeno uclush':!.·nm.te ibtnro.
isw que a escravatura pôde flore scer no Império Romano e é também por isso que ela é fun- A. L. Rowse defende que a mesma coisa s,c d.1 na Europa sct(' ntriona.1 cm uês passos.: do Coru.inent: ~ J. Grã-
damentalmente uma instituição capitalista. relacionada com os estádios pré-industriais ini- - Bretanha. da GrJ-Bretanha para a Irlanda. e depois da Grl· Bn:l3nha pa.r:i a Améric:i do '."orte.
<toC fodem os considerar o po\·oamemo da América do ~one como uma C.1.tens:lo a.rra'"b do Ailbtiro do
ciais de uma economia-mundo capitalista '61l. processo, mil anos an1erior , do tempo da.." Volkerwanderwtgrn. pc-lo qual a Bretanh.J foi colonil!lds pelos contin-
Os escravos. no entanto, não são utilizáveis em empreendimentos de larga escala gentes an glo-saxó nicos originais.( ... )
sempre que é necessária perícia. Não se pode esperar que os escravos façam mais do que A unificação das ilhas [Grã-Bretanha e Irlanda) forneceu a base para.a gnndc in' e:stid:t atr.lvésdo Atlâ..'ltico.
o êxodo de grandes comingentcs para a América do ~fone, a rorta abcru pela qU3l os i.ubcli~ tinh..a..-n buda.<--~
aquilo a que são forçados. Uma vez que a perícia esteja em causa, é mais económico encon- Obse rve-se. o que aliás não tem sido feito pelos historiadon:s. que foram os q~ rruis profundamente c:sti,rmun liga·
trar métodos de controlo de trabalho alternativos. pois de outra fonna os baixos custos são dos à plantação e colonizaç ão da Irlanda meridional - Humphrey Gtlben. WJ.ltcr Raleigh. Rictwd Grrnvillc -
anulados por u_ma produtividade extremamente baixa. Os produtos que podem verdadeira- quem tomou a inic iativa principal de instalar a.'lõ primeiras colóni as na Virgínia. É como se a bl.ind.3 fos._{,,(: 3 ma.triz
da América•. Rowse, •Tudor E.xpansion: The Transition fmm Mcdic,·al to Modem HistOf)""· U'i!IJCm and Mary
mente ser consid~rados trabalho-intensivos são os que, porque requerem pouca perícia na sua Q11arrer/y, 3.' série. XIV.) Julho. 1957, )to. 315. •
71. .:A esc rava1ura e o tráfico de escravos tinh31Tl floresc ido no Med iterrâneo murto!! sf..culos ~-n~ de os ' " •
europeus se começarem a expandir para África. e o tráfico a1lântico que se dc~n ..·oh·eu du:ar.i!e o ~ k> X\' não foi
• ~· Ver Cliarles V~rtindcn. l ' E~rop~ midifrale, 2 vols. rBrugcs: De Tempcl. 1955). de modo algum um mero e aciden ial .subproduto da ck!>Coberu afric3na. (... )A mud.;inça ma1 1mpo.-t:inre. i do rrifico
'"lnventiom:.. ~l;xh, Cambrid?t' E~oruN111.c llmory of Europr , ], p. 247. Ver também Marc Bloch, • Mediaeval para consumo principalmente doméstico pan o tr:ílico predomin~1cmc~1 e desnnàdo às planta.;õcs e men-ados
coloniais, e stava já bem cm andamento antes da descobtna da Amém:a. ~o gcraJ . a cor do es.crl'º mudou chJ~u:
~ 6S. Â ~1:n~~~~~~:~n~~~:lt'\'~ Europ~ f~erieley: ~.Jniv . o.fCalifomia r>r:css. 1967), 180.
o sécu lo XV de branco para preto, e havi a uma tendência crescente para tratar~ cscrav~ m.x-JÇunente :onioobJC~-
Dcutsch. l~)- Pm um juíz.o concordant~m~is de vma é de Er:1c W1l~1ams. Capitalism and Sl~\'tf)' (Lon~s:
tos impessoais de comércio. em vez d(: indivíduos que trabalhavam .para farmlias ou qu~nta.s CC'lmo SCf' os domtsu -
P~tUamiu:,10 crírito. n." n . Abr. l%9, S)-61. recente, d . Scrgio Bagu. •la E.conomfa de la socicdad colorual•,
cos ou trabalhadores agricolas•. An1hony Luttrell, Th~ Tronsa1lant1c SW1•t Tradt. PP· . 8-79 .

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, . mi·i uc n EurtJp•• se pudesse.: sentir desli gada d~s consequências :ifri ~ anos. embora ~rande, não era ilimitada. E porque a.~ ecomJtT1ia~ da supervi ~ão durna
.
ccono111~3 -rnundo." J: t_.~1
cconó1111cas para.1 rcg i.iof0
to ~c~dnra ik urna rcmoçao cm lnrg_a _c:scala de força _d e lrnbalho,
Z:. ª
população c~crava lllllfl:i t'. 11 (dado que o montanti: de trab-41ho e=avo não indlgena mun-
Oc idental pree nchia estes rcqu1 s1tos da me lhor fom1aP> 1• dialmente dt sponfvcl fazia com que esra fl,.,sc a únic.a outra J>fJ\~Íbilidade ra..w:h cl). dailil
na fom1a de escr.ivos. A ,\t ' . lc tmbalho é dara. As monoc ul!uras impostas nas a alta probabilidade de ocorrência de revol u~ . fazia com que ela não \·ale <e a pena. Este foi ·
' A e~ausfü> de ok~a_s a lt~mau;:ª~~.•: .n-;s 'pc:dologicamcntc e cm tcnnos de popul ação particularmente o caso desd; que a produção de ~rea i ~ . a cri ação de µdo e a mineraçilo
11
ilhas ut l~nt icas e meditcrr.imcas ' .''~'ª s : ~s s u~s ;,,ipula~:iies morriam (por exemplo, os guan-
1
1

o- .. . solo eram arruin.1 l º'· . . . '"' começa ram a req uerer um mvel de qual1ficação mai s eleva.do para 01 uab-:i1hadorei-. emprc·
humana . . 's< us . -) • . •r·iv·irn paw fu girem à pressãom •. As populações índias das gues nas operações bás icas do que o exigido pela produção de açúcar. POt" iJ...w . e e' trab;i -
<'hO · Ja, ilh as Canánas .' ~ '. ~.rm;ir;tc~nlmentc . A Nova Espanha (México) sofreu uma quebra
1
lhadores tinham que ser compensados por uma forma levemente menos cmer~ de controlo
ilhas dasCamib:is dcsa~:1 n_:ccr.t11c rns:~u de ce rca de 11 milhões cm 1519 para cerca de 1,5 do trabalho 177 '.
d':'m:it irn 11 ª s~:i r:,r~ ~~~~~. l6 íl~;sil e 0 Pcrn parecem ter sofrido um declínio igualmente
1

6 Uma vez que quer a «seg unda ~ervidão . na Europa Orienul q ~r a eric<Jmur.da na
, ~~.~~~:;o;,,~~~~du~is c~plic~ç&s imed iatas para este decl_ínio demográ~co parecem ter sido América Espanhola - note-se que simultaneamente - têm 5ido de ignadas por mui · pes-
a doença e os danos causados aos culli v~s índios pelos animais -~omésl1co_s _qu~ ~s- europeus soas como «fe udali smo », muita controvérs ia inútil se tem gerado no sentido de d~rmina.r
cria"am "º'· l\las a si mples ex;iustão da torça de trabalho. especialmen~c nas mmas, também se, e cm que medida, es tes sistemas são ou não comparáveis com o fcudali5mo •cl.:íssi • da
deve ter sido si"nifi caiiva. Conscquen1cmentc. num momento relativamente precoce, os Europa medieval. O debate desenrola -!.C essencialmente em tomo de se saber 5e a earn::-.eri~t•ca
e, p:inhllis e os ;,rtugucscs desi stiram de lentar recrnlar índios c_omo esc~avos no hemisfério definidora do feudali smo é a relação hierárquica de propriedade (a con ccs.~ de um feu do a
ocidental e começaram a depender exc lusivamente da 1mportaçao de africanos para as plan- um vassalo, a troca de protecção por rendas e serviços). a jurisdição polítiC3 ~ um !.enhor
laç<'Xs tr.iba lhadas por escravos. Presumivelmente. o custo de transporte não elevava ainda os sobre o seu campcsinato. ou a existência de grandes domínio, de terra sobre ~ qu J1~ um
custos a um ponto mai s alto do que o potencial custo de ev itar as fugas da população indígena camponês é por alguma fonna «constrangido» a rrabalhar durante pelo men uma p:m e do
rem:incscenie. Para além do mais. es ta úlrima estava a morrer rapidamente. se u ano em troca de alguma espécie de pagamento mínimo (seja na form a de dinheiro. e pf.cie
E. mesmo ass im. a escrava1ura não era utilizada em todo o lado. Não o era na Europa ou o direito de utilização da tcrr-.1 para a sua própria produção para uso ou venda )_Eób,·io que
Orien tal. que conheceu urna «Segunda serv idão». Não o era na Europa Ocidental, que conhe- todas as combinações são possíveis'"'· Além do mais. nào é só a forma ela obrigaç'"dO do
l' ce u no,·as fom1as de «renda » e a ascensão du trabalho assalariado. Não o era sequer em muitos subordinado parn com o superior que pode variar. mas também o próprio grau de ~ubord i ­
sectores da econom ia da Améri ca Espanhola onde, em vez de plantações esclavagistas, os nação. e, como salienta Dobb. «Uma mudança na primeira não está de forma algum:i sempre
espanhóis usavam um sistema conhecido por e11comie11da . E porque não se usava a escrava- ligada a uma mudança no último» 179 ' .
rura em toda a produção da América Espanhola? Provavelmente porque a oferta de escravos Do ponto de vista que aqui de senvolvemos. ex iste uma diferença fu ndamenr.al enm: o
feudalismo da Europa medieval e os «feudali smos» da Europa Oriental e da América Espa- -
72. Encontram-se provas confim1:ui \'as do facto de que os escrai.·os provêm de fora da nossa própriaecono- nhola do século XVI. No primeiro, o proprietário (o senhor) produzia primordialmente p:ira
mia·mundo no es1udo de Charles Vcrlim.len sobre Crer.a nos sécu los XIV e XV. Creia em então uma colónia VC'ne- a e.conomia local e retirava o seu poder da fraqueza da autoridade central. Os limite5 e-conó- .
z.i3n.a. st n•i~do como cen tro de uma agricultura \'i rada para o me.reado e como entreposto. Nest~ úllima qualidade
el:1 era um cuo pa_r:i o tr:ifüu dt: escravo-.. Os cscra vos eram trazidos dt! vária..:; panes da Europa de Sudcs11.:. da Rússia micos da sua pressão exploradota eram detem1inados pe la su:i necess idade de abastecer a _ u;i '
e do S~doestc da As1:J ítodas ó.n.~35 forJ da 1.·ntão cçonomia·mundo medi1err.lnica) para uso em Creta e noutra.'\ colónias casa com o limitado grau de lu xo imposto como socialmen te óptimo e pelos c u ~tos d:i guerra
VC'neuma.s e P~ revenda ao Egipto, Fran\':J meridional e Espanha ori ental. Ver ..:La Crête. débouché e t plaquc (que variavam ao longo do tempo). Nos últimos. o propri etário (senhor) produzi:i pl!ra uma
IOLimilOll."dc! l::i lr.i1lcdes c: sc la\CS 3U,t; x 1v~ e l xvc siC-clcs,. ,Suu/i ;,, OflOf tdi Amimore Fa11fani, lll: Medioe\'O (Milão:
Don. A . Giuffrt-Ed .. 1962). 59 1-6 19. economia-mundo cap italisla. Os limites económicos da sua pressão cxplor.1dora eram deter-
73 . Ver Araudcl. la Méditerranh-. 1. pp. l~ - 1~ 5. minados pelas curvas de oferta e procura de um mercado. Ele mantinh:i-se no pcxler m:iis peb
14 . Sherbum= F. Cook e Leslic Boyd Simp>on doc um entam uma queda de l I milhõe s cm t 5 l 9 no México
par.1 ct.rca de 6.5 mill~oes em 15~0. cerca de -1 ,5 milhões em J 565 e t·erca de 2 5 milhões em 1600 Ver The Popu-
força do que pela fraqueza da autoridade central. pelo menos pela sua força perJnte o trab:i.-
~~7~ 0{Ct!ntral .A.fe~icn in rlre Süu:cnth (t'f/fury. lbero-Amerkan~: 31 (Berkcl~y: Univ. of Califo~ia Press, 1948).
D • · ~· 4 3. 46. \\ ~row Bnrah arn:scema o númao de 15 milhões para 1650. Ver New Spain '.t Cen1uri,• of 77. Ver Gabriel Ardam ac.crca do elo entre n:quisiws de ca pJcidadC" e form.1s de ronuulC't do t;.iN.lho. n.a ·
-.... t>premnn. lbero-Am~n~ana : 35 (Berkelc)' : Uni v. ofCalifomia Prcss. 1951). 3. · sua discussão da elim inação gradual de restrições k pis: ..o A lóg ica dum i;i stcm:i que pc:-d1J ao ~r'\·o P3.t3 ~JJ'
à do Mé:<~~~]~~ ~~~:~:~~~:ª~";~i~~a~t°la~ão abo~!gen: do Brasil foi igualmenle drástica [comparati vamente mais e para organ izar 0 seu próprio programa de 1r.ibllho c0ndu1ia a um ~i su·ma d~ .p.lf? ~ ntos fixos e ~ ~10r
h:I ,·ime ano!<. <Ué hoje CI o; 8 ~J par e . d se:-ou qu~ 0 numero de pessoa\ consumidas ncsrc lugar (Bala) desde Ji bcraJização. ( .. .)Que a substituição de fXl!?-3fll~ nl O~ ~ m/1•.\ '11'1CCJ ! P:°r r:QU IS IÇ\\t°S p!.-~la .~U nlC".n tar a pn"'iidU ll'' l<1~t ·
da popul~ào numa .:~;,; idê ~i ~cae ~·'~'.~ d~ nao : ediiar". ~passa 3 fornece r números que revelam uma dcmtJição era concebido pelos própri os ~cnhores,. . Théon r son ("l/og1que dt I z_mr~'· l. PP· 46:"4 7. \ ('f t 311 ~ht"~ i hl~ · .~· 1. ·..

2
Am~nca (Londres e No,·a Iorque: Car.icb~~d~c:ª ~~iv. ~c~é'~~;~;· ;e~so Furtado. Economic Dnelopment of Lati11 78. Ver as discussões c:m Ru sh1on Coulboum. ed .. Femfa/i.i;m m /11 sl<1:.-· tPnr...""C'ton. '\ ,~\ :i JC'_rsc:~ · ~·n:c- .
~ara o Pcrú . ver Alvaro Jara: ... A d~\'astador~ em. d. . . . . - . .
lon Univ. Press, 1956). Ver Claudi.:-CahC"n, .. Au seu il lk la truis1Cme annfr: R~ tle.\lOns ~ur rus.:igc du ~1t 'irocL.a~11é • :
não c~i st1ssem as re ;;crva\ duma massa po 1 . d presa ~ ex ploraçao mineira ter-se-ia desmoronado caso l ournal of lhe Ecmrnm ic arui Sr•cial fli.unr.'' nf 11i~~ Orif1ff, Ili : Pt. 1. Abnl 1960. ~-:O: Dobb. St~u;e.s. fP'. . 3-37.
1
dec línio úa cur\'a ~cmográfica . •falruct!r~~ª~;na e. 11 ª. dc:nsadade. capaz de suponar durante alg um tempo o
ª Lcfebvre, La Prnsér . n.Q 65; Henryk Lowmiansii . .:Thc Russ tan PC"3S3ntr~ ... . Pa.cr ,,_<,. PuurJ. n. -6 ..No\ . _1 963 .
1
pancr~e~~~» . ·~ &1 -~~and;s l'Oits niaritimeJc:fa~~·~a~:~~J' m;!alida~e~ de tnltico en cl Pacífico Sur His- 102-109; Joshua Prawer e S. N. Eisensiadl, .,. feudali sm.... in / ntt.'r n<lrioflal Enndopr'!1a ~/ rlir Socwl Scunus
. t<mauoo~~- d::;~º~"' ~fantimc !Paris: S.E.V.PEI'\ .. 1965). 25r X\ -XIX
s1ecles. Vil' Colloque. Comission ln- <Nova Iorque: Mac Millan e Free Press. 1968). V. 393-W3: Gror~< Ve~ky. -~d:l.hsm_ m Russu•.rySr_cul~m .
XIV, 3, Julho t939, 300-323: Ma x Weber, Eco11om)· a11d St><·iny (foto'" · Bcdm.m~tcr Prc"-'- 1968). l. _ 5 25 .
. . arry. Tlie Agr n[Reco11naissa11cc (Nova Iorque: Mentor Books, 1963), 245-246.
79. Dobb. Srudirs. p. 66. "

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, . mi·i uc n EurtJp•• se pudesse.: sentir desli gada d~s consequências :ifri ~ anos. embora ~rande, não era ilimitada. E porque a.~ ecomJtT1ia~ da supervi ~ão durna
.
ccono111~3 -rnundo." J: t_.~1
cconó1111cas para.1 rcg i.iof0
to ~c~dnra ik urna rcmoçao cm lnrg_a _c:scala de força _d e lrnbalho,
Z:. ª
população c~crava lllllfl:i t'. 11 (dado que o montanti: de trab-41ho e=avo não indlgena mun-
Oc idental pree nchia estes rcqu1 s1tos da me lhor fom1aP> 1• dialmente dt sponfvcl fazia com que esra fl,.,sc a únic.a outra J>fJ\~Íbilidade ra..w:h cl). dailil
na fom1a de escr.ivos. A ,\t ' . lc tmbalho é dara. As monoc ul!uras impostas nas a alta probabilidade de ocorrência de revol u~ . fazia com que ela não \·ale <e a pena. Este foi ·
' A e~ausfü> de ok~a_s a lt~mau;:ª~~.•: .n-;s 'pc:dologicamcntc e cm tcnnos de popul ação particularmente o caso desd; que a produção de ~rea i ~ . a cri ação de µdo e a mineraçilo
11
ilhas ut l~nt icas e meditcrr.imcas ' .''~'ª s : ~s s u~s ;,,ipula~:iies morriam (por exemplo, os guan-
1
1

o- .. . solo eram arruin.1 l º'· . . . '"' começa ram a req uerer um mvel de qual1ficação mai s eleva.do para 01 uab-:i1hadorei-. emprc·
humana . . 's< us . -) • . •r·iv·irn paw fu girem à pressãom •. As populações índias das gues nas operações bás icas do que o exigido pela produção de açúcar. POt" iJ...w . e e' trab;i -
<'hO · Ja, ilh as Canánas .' ~ '. ~.rm;ir;tc~nlmentc . A Nova Espanha (México) sofreu uma quebra
1
lhadores tinham que ser compensados por uma forma levemente menos cmer~ de controlo
ilhas dasCamib:is dcsa~:1 n_:ccr.t11c rns:~u de ce rca de 11 milhões cm 1519 para cerca de 1,5 do trabalho 177 '.
d':'m:it irn 11 ª s~:i r:,r~ ~~~~~. l6 íl~;sil e 0 Pcrn parecem ter sofrido um declínio igualmente
1

6 Uma vez que quer a «seg unda ~ervidão . na Europa Orienul q ~r a eric<Jmur.da na
, ~~.~~~:;o;,,~~~~du~is c~plic~ç&s imed iatas para este decl_ínio demográ~co parecem ter sido América Espanhola - note-se que simultaneamente - têm 5ido de ignadas por mui · pes-
a doença e os danos causados aos culli v~s índios pelos animais -~omésl1co_s _qu~ ~s- europeus soas como «fe udali smo », muita controvérs ia inútil se tem gerado no sentido de d~rmina.r
cria"am "º'· l\las a si mples ex;iustão da torça de trabalho. especialmen~c nas mmas, também se, e cm que medida, es tes sistemas são ou não comparáveis com o fcudali5mo •cl.:íssi • da
deve ter sido si"nifi caiiva. Conscquen1cmentc. num momento relativamente precoce, os Europa medieval. O debate desenrola -!.C essencialmente em tomo de se saber 5e a earn::-.eri~t•ca
e, p:inhllis e os ;,rtugucscs desi stiram de lentar recrnlar índios c_omo esc~avos no hemisfério definidora do feudali smo é a relação hierárquica de propriedade (a con ccs.~ de um feu do a
ocidental e começaram a depender exc lusivamente da 1mportaçao de africanos para as plan- um vassalo, a troca de protecção por rendas e serviços). a jurisdição polítiC3 ~ um !.enhor
laç<'Xs tr.iba lhadas por escravos. Presumivelmente. o custo de transporte não elevava ainda os sobre o seu campcsinato. ou a existência de grandes domínio, de terra sobre ~ qu J1~ um
custos a um ponto mai s alto do que o potencial custo de ev itar as fugas da população indígena camponês é por alguma fonna «constrangido» a rrabalhar durante pelo men uma p:m e do
rem:incscenie. Para além do mais. es ta úlrima estava a morrer rapidamente. se u ano em troca de alguma espécie de pagamento mínimo (seja na form a de dinheiro. e pf.cie
E. mesmo ass im. a escrava1ura não era utilizada em todo o lado. Não o era na Europa ou o direito de utilização da tcrr-.1 para a sua própria produção para uso ou venda )_Eób,·io que
Orien tal. que conheceu urna «Segunda serv idão». Não o era na Europa Ocidental, que conhe- todas as combinações são possíveis'"'· Além do mais. nào é só a forma ela obrigaç'"dO do
l' ce u no,·as fom1as de «renda » e a ascensão du trabalho assalariado. Não o era sequer em muitos subordinado parn com o superior que pode variar. mas também o próprio grau de ~ubord i ­
sectores da econom ia da Améri ca Espanhola onde, em vez de plantações esclavagistas, os nação. e, como salienta Dobb. «Uma mudança na primeira não está de forma algum:i sempre
espanhóis usavam um sistema conhecido por e11comie11da . E porque não se usava a escrava- ligada a uma mudança no último» 179 ' .
rura em toda a produção da América Espanhola? Provavelmente porque a oferta de escravos Do ponto de vista que aqui de senvolvemos. ex iste uma diferença fu ndamenr.al enm: o
feudalismo da Europa medieval e os «feudali smos» da Europa Oriental e da América Espa- -
72. Encontram-se provas confim1:ui \'as do facto de que os escrai.·os provêm de fora da nossa própriaecono- nhola do século XVI. No primeiro, o proprietário (o senhor) produzia primordialmente p:ira
mia·mundo no es1udo de Charles Vcrlim.len sobre Crer.a nos sécu los XIV e XV. Creia em então uma colónia VC'ne- a e.conomia local e retirava o seu poder da fraqueza da autoridade central. Os limite5 e-conó- .
z.i3n.a. st n•i~do como cen tro de uma agricultura \'i rada para o me.reado e como entreposto. Nest~ úllima qualidade
el:1 era um cuo pa_r:i o tr:ifüu dt: escravo-.. Os cscra vos eram trazidos dt! vária..:; panes da Europa de Sudcs11.:. da Rússia micos da sua pressão exploradota eram detem1inados pe la su:i necess idade de abastecer a _ u;i '
e do S~doestc da As1:J ítodas ó.n.~35 forJ da 1.·ntão cçonomia·mundo medi1err.lnica) para uso em Creta e noutra.'\ colónias casa com o limitado grau de lu xo imposto como socialmen te óptimo e pelos c u ~tos d:i guerra
VC'neuma.s e P~ revenda ao Egipto, Fran\':J meridional e Espanha ori ental. Ver ..:La Crête. débouché e t plaquc (que variavam ao longo do tempo). Nos últimos. o propri etário (senhor) produzi:i pl!ra uma
IOLimilOll."dc! l::i lr.i1lcdes c: sc la\CS 3U,t; x 1v~ e l xvc siC-clcs,. ,Suu/i ;,, OflOf tdi Amimore Fa11fani, lll: Medioe\'O (Milão:
Don. A . Giuffrt-Ed .. 1962). 59 1-6 19. economia-mundo cap italisla. Os limites económicos da sua pressão cxplor.1dora eram deter-
73 . Ver Araudcl. la Méditerranh-. 1. pp. l~ - 1~ 5. minados pelas curvas de oferta e procura de um mercado. Ele mantinh:i-se no pcxler m:iis peb
14 . Sherbum= F. Cook e Leslic Boyd Simp>on doc um entam uma queda de l I milhõe s cm t 5 l 9 no México
par.1 ct.rca de 6.5 mill~oes em 15~0. cerca de -1 ,5 milhões em J 565 e t·erca de 2 5 milhões em 1600 Ver The Popu-
força do que pela fraqueza da autoridade central. pelo menos pela sua força perJnte o trab:i.-
~~7~ 0{Ct!ntral .A.fe~icn in rlre Süu:cnth (t'f/fury. lbero-Amerkan~: 31 (Berkcl~y: Univ. of Califo~ia Press, 1948).
D • · ~· 4 3. 46. \\ ~row Bnrah arn:scema o númao de 15 milhões para 1650. Ver New Spain '.t Cen1uri,• of 77. Ver Gabriel Ardam ac.crca do elo entre n:quisiws de ca pJcidadC" e form.1s de ronuulC't do t;.iN.lho. n.a ·
-.... t>premnn. lbero-Am~n~ana : 35 (Berkelc)' : Uni v. ofCalifomia Prcss. 1951). 3. · sua discussão da elim inação gradual de restrições k pis: ..o A lóg ica dum i;i stcm:i que pc:-d1J ao ~r'\·o P3.t3 ~JJ'
à do Mé:<~~~]~~ ~~~:~:~~~:ª~";~i~~a~t°la~ão abo~!gen: do Brasil foi igualmenle drástica [comparati vamente mais e para organ izar 0 seu próprio programa de 1r.ibllho c0ndu1ia a um ~i su·ma d~ .p.lf? ~ ntos fixos e ~ ~10r
h:I ,·ime ano!<. <Ué hoje CI o; 8 ~J par e . d se:-ou qu~ 0 numero de pessoa\ consumidas ncsrc lugar (Bala) desde Ji bcraJização. ( .. .)Que a substituição de fXl!?-3fll~ nl O~ ~ m/1•.\ '11'1CCJ ! P:°r r:QU IS IÇ\\t°S p!.-~la .~U nlC".n tar a pn"'iidU ll'' l<1~t ·
da popul~ào numa .:~;,; idê ~i ~cae ~·'~'.~ d~ nao : ediiar". ~passa 3 fornece r números que revelam uma dcmtJição era concebido pelos própri os ~cnhores,. . Théon r son ("l/og1que dt I z_mr~'· l. PP· 46:"4 7. \ ('f t 311 ~ht"~ i hl~ · .~· 1. ·..

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Am~nca (Londres e No,·a Iorque: Car.icb~~d~c:ª ~~iv. ~c~é'~~;~;· ;e~so Furtado. Economic Dnelopment of Lati11 78. Ver as discussões c:m Ru sh1on Coulboum. ed .. Femfa/i.i;m m /11 sl<1:.-· tPnr...""C'ton. '\ ,~\ :i JC'_rsc:~ · ~·n:c- .
~ara o Pcrú . ver Alvaro Jara: ... A d~\'astador~ em. d. . . . . - . .
lon Univ. Press, 1956). Ver Claudi.:-CahC"n, .. Au seu il lk la truis1Cme annfr: R~ tle.\lOns ~ur rus.:igc du ~1t 'irocL.a~11é • :
não c~i st1ssem as re ;;crva\ duma massa po 1 . d presa ~ ex ploraçao mineira ter-se-ia desmoronado caso l ournal of lhe Ecmrnm ic arui Sr•cial fli.unr.'' nf 11i~~ Orif1ff, Ili : Pt. 1. Abnl 1960. ~-:O: Dobb. St~u;e.s. fP'. . 3-37.
1
dec línio úa cur\'a ~cmográfica . •falruct!r~~ª~;na e. 11 ª. dc:nsadade. capaz de suponar durante alg um tempo o
ª Lcfebvre, La Prnsér . n.Q 65; Henryk Lowmiansii . .:Thc Russ tan PC"3S3ntr~ ... . Pa.cr ,,_<,. PuurJ. n. -6 ..No\ . _1 963 .
1
pancr~e~~~» . ·~ &1 -~~and;s l'Oits niaritimeJc:fa~~·~a~:~~J' m;!alida~e~ de tnltico en cl Pacífico Sur His- 102-109; Joshua Prawer e S. N. Eisensiadl, .,. feudali sm.... in / ntt.'r n<lrioflal Enndopr'!1a ~/ rlir Socwl Scunus
. t<mauoo~~- d::;~º~"' ~fantimc !Paris: S.E.V.PEI'\ .. 1965). 25r X\ -XIX
s1ecles. Vil' Colloque. Comission ln- <Nova Iorque: Mac Millan e Free Press. 1968). V. 393-W3: Gror~< Ve~ky. -~d:l.hsm_ m Russu•.rySr_cul~m .
XIV, 3, Julho t939, 300-323: Ma x Weber, Eco11om)· a11d St><·iny (foto'" · Bcdm.m~tcr Prc"-'- 1968). l. _ 5 25 .
. . arry. Tlie Agr n[Reco11naissa11cc (Nova Iorque: Mentor Books, 1963), 245-246.
79. Dobb. Srudirs. p. 66. "

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. . uer confusões. designaremos esta forma de ~<se~idão» pela · nomia-mundo europeia. Os aspectos cruciais, segundo a nossa perspectiva. têm duas verten-í 7.
lhador rural. Para evitar qu_aisq em roduções mercantis», embora esta sei a imperfeita e tes. Uma delas reside em ver-se que ~ trabalho coercivo em produções mercantis» não é, como ·
expressão «trabalho coercivo p
Pietro Vaccari afinna, «uma forma que possa ser definida como uma verdadeira reconstituição
grosseira. . od - mercantis» é um sistema de controlo do trabalho da servidão feudal anterior»'"'; ela é uma nova forma de organização social. Em segundo lugar,
r «Trabalho coercivo em pr uçoes es por meio de processos legais impostos pelo não se trata do caso de duas formas de organização social, capitalista e feudal. existirem lado
agrícola em que se exige aos campone:rt~ do seu tempo num grande domínio produzindo a lado, ou poderem alguma vez coexistir sob esta forma. A economia-mundo ou tem uma forma
E. d t balhem pelo menos uma P • . _
sta o. que ra mercado mundial. Normalmente, o dom1m~ era a «possessao» .de um ou tem a outra. Se esta é capitalista, as relações que possuem algumas semelhanças formais
produtos para venda no d _. _ do Estado mas não necessanarnente uma propnedade com as relações feudai s são necessariamente redefinidas segundo os princípios orientadores
0
indivíd_uo: ge ralmente por gi~n~~o podia ser ~le próprio 0 proprietário directo de um tal de um sistema capitalista""· Isto é verdadeiro tanto para a encomienda na América Espa-
transn11ss1vel por herança. . . st.a a tendência para transformar os mecanismos de controlo nhola como para o chamado «segundo feudalismo ~ na Europa Oriental. _
domínio mas neste caso exislla um
do trabaiho ''~'. Usando uma tal definição. esta forma de co~trolo do trabalho toma-.se a dol11i- A encomienda na América Espanhola foi uma criação directa da Coroa. A sua justifi-- ·
nante na rodução agrícola das áreas periféricas da economia-mundo europeia do_s:culo XVI. cação ideológica era a Cristianização. A sua função principal era fornecer a força de trabalho
'· H~nri H. Stahl toma perfeitamente clara a razão porque a «segunda ~erv1~~~» a leste necessária para as minas e para os ranchos de criação de gado, bem como para o cultivo da
do Elba (e mai s gene ricamente na Europa Ori~ntal) é «capitalista» na sua ~ngem . Alg~ns seda e dos produtos agrícolas necessários para os encomenderos e para os trabalhadores nas
outros autores reconhecem que aq uilo que designamos por «trnbalho _coercivo e_m produçoes cidades e nas minas"" · A e11comie11da era originalmente um privilégio feudal, o dire ito de
mercanti s" é uma fo rma de controlo do trabalho numa economia cap1tahsta e nao _numa eco- obter dos índios serviços em trabalho"'°'·
nomia feudal. Sergio Bagú. falando da América Espanhola. chama:lhe «capitahs~o :olo- Quando os exageros dos primeiros encomenderos ameaçou a oferta - por exemplo.-
os índios das ilhas das Índias Ocidentais morreram -um decreto real de 1549 modificou as
nial>""'· Lui gi Bul fe reui . falando da Lombardia do sé~_ulo X_Vll. des 1 ~na-a por «Cap1tahsmo
feudal •"''· Lui s Vitalc. fal ando dos latifúndios espanho1s . insi ste que sao «verdadeiras empre- obrigações da e11comie11da. que passaram de trabalho a tributos, transformando assim um sis-
tema aparentado com a escravatura num sistema a que pudemos chamar «trabalho coercivo
sas capitalistas••"''. Eric Wolf não vê qualquer contr:i~ição no facto de um senhor manter «Co~­
ein produções mercantis» . Como assinala Silvio Zavala, a nova versão da encomienda era
trol os patrimoniais dentro dos limites do seu dommio» e gen-lo «Como uma empresa cap1-
«livre• . mas a ameaça de coerção latente mantinha-se <91 '. Quando a «liberdade~ resultou numa
tali sta))m1.
Este padrão iniciara-se com os venezianos em Creta e em outros locais no século
XIV '"'' e generalizou-se durante o século XVI por toda a periferia e semiperiferia da eco- 87. Pielro Vaccari , .. J lavoratori della terra ncll'occidentc e ncll 'oriente dell'Europa nella età modema •, ~
Srudi in onorr di Arma11do Sapori (Milão: lstituto Edit. Cisalpino, 1957). 11; 969.
88. Henri S1ahl. U.s oncienne.s rnmnwnouris : etCada "época hi slórica" é caracleriza.da pela c.oc xisténcia.., .. "'
80. Ver a análi 5e de Charles Gibw n em que ele indica como as encomitndas que estavam directamcn1e numa única área cultural de vários países com níveis desiguais de desenvolvimento. Há sempre pa(ses na ponta do
sob jurisdição da Coroa e que eram geridas por homens chamad_os cnrreR~dorts cvoluiram do .que temos designadQ progresso e países atrasados. Uma ..época"' toma necessariam ente o carácter que lhe é imposto pelo~ pafscs mais
por tr:ibalho coerci,•o cm prod uçõe$ mercantis para um mecanis mo de tnbutação do campe mato no qual ?5 r~r­ avançados. Os país.c s que fi cam para irás têm de se submeter à lei da ··época" em causa (p. 17) ». _,
rt'gídore1 se tomavam de fac to arrendadores de impostos. The A:recs Under Span ish Rule (Stan ford. Cahforma: 89 ... o encomendem investia o tribulo cm empresa.11 de todas as espécies: minas. agricultura. pecuária. 1
S1anford Uni v. P re ~s. l 9M ). 82-97. indústria. comércio. Ma.'i os in ves1imentos eram mais concentrados. como se poderia e~ pcrar . na_.., explorações mineiras
li! 1. • Esta renovação da !<tef'•idào. que ocorreu ass im na Alemanha. não era um retomo ao anterior estado e, mais tarde, na pec uária•. José ~-1iranda. E/ tributo indíxena em la Nuera Espwía durantr e/ siglo XVI ( Mhico: EI
de coisas. nem 3 simples repetição. a Leste do Elba. de fonna.." medievai s ultrapassadas. As influências do mc~­ Colégio de Mé1dco, 1957). 186. Sobre a rel ação do tributo com a produção de sed a, \"er páginas 19 7- 20-t Sobre a
cado mundial capita lista. que tinha desencadeado "a ~gunda serv idão", impuseram nov as le is aos desenvolv1- relação do tributo com a sat isfação das necessidades da população não agrícola. ve r p~ginas 2~ - 223 .
me.n1os !'OCiais loca i'. 90 . .. Em princípio legal. a encomie11da era um agenle benigno da hi spaniJ..aç;lo do!. índios. A sua cara.e:· ·
Em pnme1ro lugar. era necessário a~segurar uma maior quantidade de produtos cerealíferos. Para que isso teristica essencial era a consignação ofi cial dt g ru pos de índios a co lonos espanhó is privilegiado!o.. Os don atári~.
f~sc po!!.s lvel. a 1écnica de Dreife/J.....·irt.K haft. que dat.ava da Alta Jdade Média, tinha de ser posta de lado em favor chamados l'nrnmtnJem.s, esta va m habi litados a receber tributos e trabalho da pane dos índios que lhes estavam
duma lfr nica ma1., mode rna introduzida pelos j unkers e ori~ inária da Holancb, a de Kopptlvi:irtschaft. que eles delegados. Os índios. embora sujeitos 3s ex igências de tributos e de trabalho durante o período declivo da concessão.
itdaptaram às 11ua' nl'.'CC-.\sid:tdes <a Preu.r n.lt ht> Schlag wirtK haft). eram considerad os li vres pela razão de não serem possuídos como propriedade pelos rnw mt•n<lrros . A sua libe r-
Em ~gundo lu gar. o objcctivo da produç ão agríco la de ixara de ~ r os bens de co nsumo para uma economia dade es tabelecia uma distinção legal enlre cncomienda e escravatura. ( ...) Uma concessão de enromitntla não con-
de sut». is1Cncia. para PJ.!.llar a c.c:r me rcadonas com preço no mercado mundia l. feria propriedade em terra. jurisd ição. domínio o u se1iorfo ... G ibson, Tht A;recs, p. 58 . Ver a descrição da juris -
Co mo rc,u hado. a~ e x acçõc~ íeudai ~ sobre o campesinato to maram o carácter de ··acumulação primitiva dição, d a condição sociat ·e eco nómica dos índ ios nas encomitndu.s . em J. M. Ots Ca pdcquí, E/ t.stado t spaiiol rn las
de capita l.... Henri H. S1ahl. l~s a11rn?1111e1 commtmautés 1·illaJwoi.tes roumaines - a.sstnissemtnt tt p l nl trution JndiaJ (MéA ico: Fondo de Cultura Económica. 1941 ). 24-33 . .
1
_capiralüte CBuca re~1c : Ed . de r A(:adémie! de La République Soc ialiste de Roumanie , 1969). 15. 91. ocO object ivo f...J era estabe lecer um !<.istema de trabalho assalariado \'Oluntán o com tarefas modera- -..
82. Ver HagU. Prnsamientn criticu. n io 27, pp. 34-35. 42-53, 61. da'i; mas antec ipando que os índios pudessem não oferece r os se us serviços volunwiamcn1c . a ordem iMtrufa
8'3. Ver Luigi liulfc rc111 , .. L·oro. la terra da socictà: une interpretazione dei nostro Scicento ... Archivin depoís as autoridades reais na co lón ia a enlrcgar trabalhadores ao!<. colo nos que precisassem deles. Dum ponto de
srnriro lomhardn, 8.' série , IV. 1953, ra uim. vista, esta ordem era dc slinada a evitar abusos que poderiam surg ir duma relação d irecta entre o patrão espanhol e o s
enc:omendero.s lndios para compelir os índios ao trabalho. No cn1anto, doutro ponto de vista. o seu significado rc~ide
l%9.
12 ~ · Luis Vitalc , .. ~pana antes Yde~pu( s de la conqui~ta de Americ.a.-, Ptruami~nro cr ftico. n.' 27. Abri l
no facto de que se o esforço em estabe lecer um sistema voluntário falhasse pela recusa dos índios em aceitar tra-
85. Wolf. Pra.<an/S, p. 54. balho, o Estado estava então pronto a actuar como mediador e a proteger o in1eresse púhl ico, compel indo o traba-
lhador ao trabalho• . Silvio Zavala, Ntw Vitwpoims nn tht SpaniJh Colonizarion of Amrrica (Fi ladt:lfla: Univ. of
~. 86 · ""ºfeudo era c~tcedido la.os venezianos ) com inteira liberdade de uso; pedia pon.anto ser rrocado OU
•l1enado, excepi:o a gregos e Judeus • . Abra1e , Economia t storia. IV. p. 262.

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. . uer confusões. designaremos esta forma de ~<se~idão» pela · nomia-mundo europeia. Os aspectos cruciais, segundo a nossa perspectiva. têm duas verten-í 7.
lhador rural. Para evitar qu_aisq em roduções mercantis», embora esta sei a imperfeita e tes. Uma delas reside em ver-se que ~ trabalho coercivo em produções mercantis» não é, como ·
expressão «trabalho coercivo p
Pietro Vaccari afinna, «uma forma que possa ser definida como uma verdadeira reconstituição
grosseira. . od - mercantis» é um sistema de controlo do trabalho da servidão feudal anterior»'"'; ela é uma nova forma de organização social. Em segundo lugar,
r «Trabalho coercivo em pr uçoes es por meio de processos legais impostos pelo não se trata do caso de duas formas de organização social, capitalista e feudal. existirem lado
agrícola em que se exige aos campone:rt~ do seu tempo num grande domínio produzindo a lado, ou poderem alguma vez coexistir sob esta forma. A economia-mundo ou tem uma forma
E. d t balhem pelo menos uma P • . _
sta o. que ra mercado mundial. Normalmente, o dom1m~ era a «possessao» .de um ou tem a outra. Se esta é capitalista, as relações que possuem algumas semelhanças formais
produtos para venda no d _. _ do Estado mas não necessanarnente uma propnedade com as relações feudai s são necessariamente redefinidas segundo os princípios orientadores
0
indivíd_uo: ge ralmente por gi~n~~o podia ser ~le próprio 0 proprietário directo de um tal de um sistema capitalista""· Isto é verdadeiro tanto para a encomienda na América Espa-
transn11ss1vel por herança. . . st.a a tendência para transformar os mecanismos de controlo nhola como para o chamado «segundo feudalismo ~ na Europa Oriental. _
domínio mas neste caso exislla um
do trabaiho ''~'. Usando uma tal definição. esta forma de co~trolo do trabalho toma-.se a dol11i- A encomienda na América Espanhola foi uma criação directa da Coroa. A sua justifi-- ·
nante na rodução agrícola das áreas periféricas da economia-mundo europeia do_s:culo XVI. cação ideológica era a Cristianização. A sua função principal era fornecer a força de trabalho
'· H~nri H. Stahl toma perfeitamente clara a razão porque a «segunda ~erv1~~~» a leste necessária para as minas e para os ranchos de criação de gado, bem como para o cultivo da
do Elba (e mai s gene ricamente na Europa Ori~ntal) é «capitalista» na sua ~ngem . Alg~ns seda e dos produtos agrícolas necessários para os encomenderos e para os trabalhadores nas
outros autores reconhecem que aq uilo que designamos por «trnbalho _coercivo e_m produçoes cidades e nas minas"" · A e11comie11da era originalmente um privilégio feudal, o dire ito de
mercanti s" é uma fo rma de controlo do trabalho numa economia cap1tahsta e nao _numa eco- obter dos índios serviços em trabalho"'°'·
nomia feudal. Sergio Bagú. falando da América Espanhola. chama:lhe «capitahs~o :olo- Quando os exageros dos primeiros encomenderos ameaçou a oferta - por exemplo.-
os índios das ilhas das Índias Ocidentais morreram -um decreto real de 1549 modificou as
nial>""'· Lui gi Bul fe reui . falando da Lombardia do sé~_ulo X_Vll. des 1 ~na-a por «Cap1tahsmo
feudal •"''· Lui s Vitalc. fal ando dos latifúndios espanho1s . insi ste que sao «verdadeiras empre- obrigações da e11comie11da. que passaram de trabalho a tributos, transformando assim um sis-
tema aparentado com a escravatura num sistema a que pudemos chamar «trabalho coercivo
sas capitalistas••"''. Eric Wolf não vê qualquer contr:i~ição no facto de um senhor manter «Co~­
ein produções mercantis» . Como assinala Silvio Zavala, a nova versão da encomienda era
trol os patrimoniais dentro dos limites do seu dommio» e gen-lo «Como uma empresa cap1-
«livre• . mas a ameaça de coerção latente mantinha-se <91 '. Quando a «liberdade~ resultou numa
tali sta))m1.
Este padrão iniciara-se com os venezianos em Creta e em outros locais no século
XIV '"'' e generalizou-se durante o século XVI por toda a periferia e semiperiferia da eco- 87. Pielro Vaccari , .. J lavoratori della terra ncll'occidentc e ncll 'oriente dell'Europa nella età modema •, ~
Srudi in onorr di Arma11do Sapori (Milão: lstituto Edit. Cisalpino, 1957). 11; 969.
88. Henri S1ahl. U.s oncienne.s rnmnwnouris : etCada "época hi slórica" é caracleriza.da pela c.oc xisténcia.., .. "'
80. Ver a análi 5e de Charles Gibw n em que ele indica como as encomitndas que estavam directamcn1e numa única área cultural de vários países com níveis desiguais de desenvolvimento. Há sempre pa(ses na ponta do
sob jurisdição da Coroa e que eram geridas por homens chamad_os cnrreR~dorts cvoluiram do .que temos designadQ progresso e países atrasados. Uma ..época"' toma necessariam ente o carácter que lhe é imposto pelo~ pafscs mais
por tr:ibalho coerci,•o cm prod uçõe$ mercantis para um mecanis mo de tnbutação do campe mato no qual ?5 r~r­ avançados. Os país.c s que fi cam para irás têm de se submeter à lei da ··época" em causa (p. 17) ». _,
rt'gídore1 se tomavam de fac to arrendadores de impostos. The A:recs Under Span ish Rule (Stan ford. Cahforma: 89 ... o encomendem investia o tribulo cm empresa.11 de todas as espécies: minas. agricultura. pecuária. 1
S1anford Uni v. P re ~s. l 9M ). 82-97. indústria. comércio. Ma.'i os in ves1imentos eram mais concentrados. como se poderia e~ pcrar . na_.., explorações mineiras
li! 1. • Esta renovação da !<tef'•idào. que ocorreu ass im na Alemanha. não era um retomo ao anterior estado e, mais tarde, na pec uária•. José ~-1iranda. E/ tributo indíxena em la Nuera Espwía durantr e/ siglo XVI ( Mhico: EI
de coisas. nem 3 simples repetição. a Leste do Elba. de fonna.." medievai s ultrapassadas. As influências do mc~­ Colégio de Mé1dco, 1957). 186. Sobre a rel ação do tributo com a produção de sed a, \"er páginas 19 7- 20-t Sobre a
cado mundial capita lista. que tinha desencadeado "a ~gunda serv idão", impuseram nov as le is aos desenvolv1- relação do tributo com a sat isfação das necessidades da população não agrícola. ve r p~ginas 2~ - 223 .
me.n1os !'OCiais loca i'. 90 . .. Em princípio legal. a encomie11da era um agenle benigno da hi spaniJ..aç;lo do!. índios. A sua cara.e:· ·
Em pnme1ro lugar. era necessário a~segurar uma maior quantidade de produtos cerealíferos. Para que isso teristica essencial era a consignação ofi cial dt g ru pos de índios a co lonos espanhó is privilegiado!o.. Os don atári~.
f~sc po!!.s lvel. a 1écnica de Dreife/J.....·irt.K haft. que dat.ava da Alta Jdade Média, tinha de ser posta de lado em favor chamados l'nrnmtnJem.s, esta va m habi litados a receber tributos e trabalho da pane dos índios que lhes estavam
duma lfr nica ma1., mode rna introduzida pelos j unkers e ori~ inária da Holancb, a de Kopptlvi:irtschaft. que eles delegados. Os índios. embora sujeitos 3s ex igências de tributos e de trabalho durante o período declivo da concessão.
itdaptaram às 11ua' nl'.'CC-.\sid:tdes <a Preu.r n.lt ht> Schlag wirtK haft). eram considerad os li vres pela razão de não serem possuídos como propriedade pelos rnw mt•n<lrros . A sua libe r-
Em ~gundo lu gar. o objcctivo da produç ão agríco la de ixara de ~ r os bens de co nsumo para uma economia dade es tabelecia uma distinção legal enlre cncomienda e escravatura. ( ...) Uma concessão de enromitntla não con-
de sut». is1Cncia. para PJ.!.llar a c.c:r me rcadonas com preço no mercado mundia l. feria propriedade em terra. jurisd ição. domínio o u se1iorfo ... G ibson, Tht A;recs, p. 58 . Ver a descrição da juris -
Co mo rc,u hado. a~ e x acçõc~ íeudai ~ sobre o campesinato to maram o carácter de ··acumulação primitiva dição, d a condição sociat ·e eco nómica dos índ ios nas encomitndu.s . em J. M. Ots Ca pdcquí, E/ t.stado t spaiiol rn las
de capita l.... Henri H. S1ahl. l~s a11rn?1111e1 commtmautés 1·illaJwoi.tes roumaines - a.sstnissemtnt tt p l nl trution JndiaJ (MéA ico: Fondo de Cultura Económica. 1941 ). 24-33 . .
1
_capiralüte CBuca re~1c : Ed . de r A(:adémie! de La République Soc ialiste de Roumanie , 1969). 15. 91. ocO object ivo f...J era estabe lecer um !<.istema de trabalho assalariado \'Oluntán o com tarefas modera- -..
82. Ver HagU. Prnsamientn criticu. n io 27, pp. 34-35. 42-53, 61. da'i; mas antec ipando que os índios pudessem não oferece r os se us serviços volunwiamcn1c . a ordem iMtrufa
8'3. Ver Luigi liulfc rc111 , .. L·oro. la terra da socictà: une interpretazione dei nostro Scicento ... Archivin depoís as autoridades reais na co lón ia a enlrcgar trabalhadores ao!<. colo nos que precisassem deles. Dum ponto de
srnriro lomhardn, 8.' série , IV. 1953, ra uim. vista, esta ordem era dc slinada a evitar abusos que poderiam surg ir duma relação d irecta entre o patrão espanhol e o s
enc:omendero.s lndios para compelir os índios ao trabalho. No cn1anto, doutro ponto de vista. o seu significado rc~ide
l%9.
12 ~ · Luis Vitalc , .. ~pana antes Yde~pu( s de la conqui~ta de Americ.a.-, Ptruami~nro cr ftico. n.' 27. Abri l
no facto de que se o esforço em estabe lecer um sistema voluntário falhasse pela recusa dos índios em aceitar tra-
85. Wolf. Pra.<an/S, p. 54. balho, o Estado estava então pronto a actuar como mediador e a proteger o in1eresse púhl ico, compel indo o traba-
lhador ao trabalho• . Silvio Zavala, Ntw Vitwpoims nn tht SpaniJh Colonizarion of Amrrica (Fi ladt:lfla: Univ. of
~. 86 · ""ºfeudo era c~tcedido la.os venezianos ) com inteira liberdade de uso; pedia pon.anto ser rrocado OU
•l1enado, excepi:o a gregos e Judeus • . Abra1e , Economia t storia. IV. p. 262.

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ps
. . • . Ih deu-se uma outra mudança legal , a _instituição ~o
0
queda signi fica ttva da oferta Lk .t:ab.t · r nwtcqm? na Nova Espanha e por mira no Pe ru''-'. quando percebemos como eram de facto pagos os 1rabalhadores. Alvaro Ja ra de~creve o sis-
trabalho assalariado forçado, dcsi gna~o ~dadc ue 3 encomienda-na América Espanhola (bem 1ema es1abelcc1do cm 1559, ral_como ele funcionava no Chile. Aí. 0 5 índios que trabalha-
,- Consequentemente· embora scp . _ . q . •em cm concessões feudais, cedo se trans- vam na lavagem do o uro !ccebiam um sex to do seu valor. Este pagamento. des ignado por
como a tlmrawria no Brasil) possa ter udo ,1 , ua on g . capitalistas'""· Isto parece confirmado sesmo. e ra conludo fe110 nao aos índios indiv idualme nte ma\ à colcctividade de que eles eram
fonnaram. por meio de rdom1as k gats. :, empc~;;;tcr centrífugo de um sistema feudal que
1971
membros • Podem imaginar-se as form as de divisão desigual que eram consequência deste
0
pelo facto _de 4 uc foi prec i samc~te :.~:< ~'. ir • sis1ema de pagamento global.
' o c11a1rq111/ e a m1w for.1.111 m,1P~.111t s~u ca ital e na coerção sobre o trabalho campones que A fomia?ão do sistema de «trabalho coerci vo em produções mercantis" na Europa
ão era apena> 11.1 cn.tçao do · ph . atrás de si Eles tinham normalmente acordos Oriental foi mais gradual do que na América Espanhola, onde tinha sido instituído como
1
os !!randes proprietários ti nham c~:~;~~~a ~~ qu~ est~ ~dicionava a s ua autoridade à dos
3
resultado da conquista. Nos séculos XII e XIII , a ma ior pa11e da Europa O riental (is10 é. a
com o ~hcf: 1r~d 1c 1onal da c;:~~"° de coerção''"· A força da chefatura era: é claro, em grande região a leste do Elba, a Polónia, a Boémia, a Silésia, a Hungria. a Li1uánia) passava pelo
govem:mte> coloma1s n:•se p . l . . """ O interesse do chefe ou cacique toma-se claro mesmo processo de concessões crescentes ao campesinato e de transformação acelerada de
escala. função de padroes pre-co a mais . obrigações 'em trabalho fe udais em obrigações monelárias que se observou na Europa O l'i -
denta l e Iam bém na Rússia '98 '. Este processo deu-se em todo o lado pelas mesmas razões: o
. lãs · ÚJ tncomienda indiana (Madrid: Ce ntro de Esrndios
?-l.
Penni;yh·an ia Pn:ss . 19-' 31. Ve r també md 0 ~e u e b s ic~<;tc as sunto e m Jo hn f. B a nnon. cd .• /r1dia11 Labor i n 1/ie impacto da pros peridade e da expansão económica sobre a re lação de regaleio e ntre o servo e
Hi.storicos. '·9351 ..~er o con1unm de ponl~\; vl~~~:~1 r~li~. Indiana: Heath . 1966).
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b~d1t's: u.. aJ The~r Anoth rr
Ver ta~\bém Ah ~ro J ~r~ .so re/ "
. .
n~·~miendu ~o Chile: nativo era conslrangido a pa.n1c1par num s1 s-

à Es anha um excedente que ultrapassava cons1de ravcl mcn1c as
. o senhor ""». A recessão dos séculos XIV e XV, contudo , conduziu a co nsequênci as opo tas
na Europa Ocide ntal e na Europa Oriental. No Ocidenle, como vi mos. ela levou à cri se do sis-
iem:i de produçao "º. quJ I se e~1g 1a que dom.~cesscG r~e et Sociét( au Clzili: Essai de sodolo.~ie coloniale (Paris: tema feuda!. No Oriente, levou a uma «reacção senhori al" " 'x" que culminou no século XV I
suas própril.S ncccss 1dad~s . que eram rc UZI ~·· ur com a «segunda serv idão» e uma no\'O classe proprietária "º"·
Institui dcs H:rn1cs Études de I' AmC riquc La1 me. 196 1). 46 .
~~· ~;3 ~~~;~'o\~::'o\:~~~~'~/B::~.
3
Ver Pe11samiento crírico. n.9 27. pp. 32-33. O equivalente no Brasil à
aboli !lo da. scrviJi o pess~a l na ~ ncomicndtJ pe la Coroa espan hola en: 15-l9 foi o processo ~lo .qual a Coroa ponu~ 97. • A panirdo decreto da Ta sa de Santillan em 1559. quc atribu la um sex to dos pláctres de ouro. o 1nmo . ••
ucs; ehmi~ou as capiwnias hereditárias. tran sformando-as cm capitanias da .C<~r~ . A p~me1ra destas acç~s foi aos índios de cada encomin1da co mo paga an ual pelos seus trabalhos, foi possivc l estabe lecer-se que ui p:utki ·
~c ita no mesmi'\s imo ano de 15.-l9. Ve r J. Capristanp de Ab reu. Capítulos de l11stona colomal ( 1500-1800) (Rio de paçào adqu iria a carac terísti ca defi:niti va d um salário soc i:il ou com unal, q ue entrava como quantiJ globalmente
Jane iro: Ed. da Soe. Capri stano de Abreu. T ip. Leuzi nger. 1928). 63-76. . . entregue no teso uro de cada comunidade ou aldeia índia .. . Alvaro Jara, .. u na investipción so~ los problemas dei
9.-l. Luis Vitale a.rgumenrn : .. ouran1c os primei ros anos d~ c~nqu 1sta os ~ncomn1de1 0.'i tentaram afirmar a trabajo en Chile d uran te e l período co lonial* . Hispanic American llistorical Rnirv.-. XXXLX, 2. Maio 1959. 2.$0.
sua independênc ia. ,\ CoroJ espanhola. ansiosa de evi1 ar a cmergcncta na Aménca de um ~rui:'° de senh~res que 98. A lgumas áreas . propriamente fa lando. não tiveram de 1000 um sistema fe udal durarue a 1d.3de Médii ,
pudesse cvc:nl u:ilmeme repudiar a sua auloridade. montou uma admini stração fort e. com o ob~ect~vo de reagi.~ c~nt~ Conhece ram apenas o ocscgundo,.. nunca o primdro feuda lismo . Stahl defende q ue is10 se aplica à ~lold.hia e à
qualquer irrupção fe ud.J.J. ' ... )o t!na>mt'ridt•ro ~ão erJ o patrJo dos índ ios. ~em podia exe_rce r JU~llça . ~r~ue o md10 Valáqu ia. Ve r Lcs ar1d cn11eJ nmm11111tJ111és . pp. 2~ 1- 2~ .
nl o era 0 .;:crvo do e'1comendt•ro. mas o súbd ito do rei". Assim. a enconuendu de sen· 1 ço~ f~1 subst11~1da J>:C'ª t n- 99. «As riquc1.as natu ra is da Europa Oriental ( ...) req ueriam muito esforço para se Lirar pron ito delas. Um, ·
rnmitnda de tr iboios monetários. ( ... ) O 1rabalhado r assalari ado significav a uma relação eap1ta l1Sta embnonária entre ce rto equilíbri o de pOOe r entre os es1ad9s q ue ~ ti nham formado nos séculos Xll e XIII queria dizer que as in..-asões
as ct a~scs . C' . fo m1 ;1 \' :l uma nova d asse d~ 1raba lhadores1t. Latin America. PP· 37-38: . rec íprocas não podiam rrazcr ganhos sig nifi cati vos para ninguém. E a press.io alemã na Boémia e n3 Po lóm.:i consti·
Ver Jo~ê Miranda : .. Q t•tiromt• 11 Jero é. ante s do mai s . mo vido por um desejo de lu~ ro: e ennqu ece~ f o se u lu fam uma a meaça muito séria . Nestas cin; un stãncias. os prínc ipes. a aristocracia llica e ec les iástica. enm forçados
objccti\'o. Para º" seus contemporâneos. o encome11dero é o homem de acção n? qual as ide ias. e ? s descJOS dui:i a interess ar-se ma is no desenvolvimen10 dos seus pró pri os recursos. Contudo. isso só era passivei com a cooperação
novo mundú se refl cc1em mais fo rtemente. Ek é muito difcren1e do ho mem medie val. ( ...) Não lt mna as suas aspi- dos camponeses. Enquanto as obri gações dos camponeses foSM:m incen as e estes ti v('~s,em rece io dC' ~ r des pojados
rações. como fa1 ia o 'iii:nhor feu dal. ao mero gozo de 1ribu1os e se rviços. ma.-. conv ene-~s n~ fu ndame nto de ganhos da sua produção e ~cede nrária . ne nhu m interesse linham em melhorar os ~ u~ mt todos de- trabalho . Os ~ nhores. por
múl11plos. ( ... ) Assi m. o encnn:endero dá a primazi a ao ckmen10 de recrutamento ca~11ahs1a de trabalh? na t nco- outro lado, não estavam em posição de aume ntar as suas exigênc ias sobre os sen ·os. poi s e stes pod iam facil mente
mitnda. que ê o Unico que pode conduzi-lo ao objeclivo que perseg: ue com ardor - a nq ucza •. • La fu nc16n ec~nó­ debandar. Os principcs e os se nhores que q ui!-c sscm desen"olver econo micame-nte as suas propriedades c-ram assim
mica dei encomendem en lo~ or ígenc:~. dei rcgimén colon ial. Nueva Esp3fla (15 25- 153 1).o. Ana fes dt l l nsm utn compe li dos a e ncorajar os se us súbdi tos a traba lhar mais in 1en..,i \'amenh.~ e a introduzir nm·os rnttodos. panicularme:nte
Nacional dr Attthropologia t• Hisroria . ll. 19.-l l - 19-l6. -l 23-424. Um capi1a li s1a e1!' perspccti~as e modo de o perar. em li gação com a agricu ltura. Consegui ram -no com a imruduçio do cos1umc ale mio. o u ames. ocu:kno.l. s.egundo
mas n!i.o. como indic:i Mirand;1 {ve r pp. 43 1-44-11. um capitalista que injecte cap11 al fi nance iro na empre sa. O seu o qua l o s de vcre~ dos campone ses eram não só regu lados m:is també m red uzidos. A co mu1Jç.ão de 'iC f'\' ÍÇOS e prcs-
capital inicial erJ o que o Estado lhe dava. e o seu cap ital supleme ntar o q ue extraía dos seus lucros. lações em espéc ie por re ndas monetári as. começada na IlO( m ia cm começos do s(cul o Xlll e c ntr.1d.:I. cm ,·igo r um
95. Fernando Gu illên Mart inez vai ao pomo de d izer: .. Q facto é que a "e11comie11da " e a "mita" podiam pouco m ais larde na Polón ia. reflectiam já o desenvolvimento da agricultllf3 e o progresso da d iYisão soci al do tra-
a~na~ sobrcvi \·er como in.;:1i1 uições naque las áre:is em que. por força dos números o u por força de inércia, as insti- balho ••. M. Ma lo wist, .-lne Social and Economic Stabi lity of lhe Westem Sudan in the Middle Age s•. Pas r d: Prt·
tuições mbais fosst"m preS< f'\.'Jdas. Se ho u,·esse uma afinidade m:'.i gica da chefia (caciq11e) e a escravatu ra colectiva sem, n.1> 33, Abri l 1966 . 1-1-- 15 . Ve r Jeromc Bium . · Rise of Serfdorn in Ea.stem Europc • . Amtriran H ürorical
est i \·e~S( na alma do povo. o índio ia sole ne e res ignadamente para o tr:ibalho e para a sua própria chac ina. Mas R"'ie"" LX ll , 4. Julho t957. 807 -836.
quando a cvang.diLaçào cris1ã e a mestiçagem desin1cgrarJm a tribo. abrindo cami nho ao individ uali smo. o índio 100. O GnmdJ/ierr . um colcc1or de rendas, tomou-se um Gmsherr. um produ1or d irec10. \'er d1scustlo cm- ...
nOO mais se de ixa.ria subordinar a uma S<: r.-ictlo organi zada ... Rai: y fu turo dt la re rn fo rión (Bogotá: Ed. Tercc r Hans Rose nberg. 8 11remu:racy. Aristocra cy and AutocracJ : The Prussian Expt'rienu. J000- 1815 (Cambrid e:e.
_Mundo. 19631. 80. Sobre a dc:-fin ição e a o rigem da .. mi l a .. . ver ÜL~ Capdequí. EI estado espaiiol. pp. J 1-32. l\'tassachuse ns : Harvard Univ. Pre ss. 1966), Cap . 1. Ver a disc ussão a rcspci10 de como na Eslm ·ênb os no~s
96. Fun ado. Eco'1nmic Dl'\'elopmenl of Lorin America . de fe nde que. de fac to. onde a classe dom inante ve nce ram as suas dificul dades fi nance iras a largando os se us dominios. le vantando rendas que lhes era m de-v idas e
tradicion:il era frac a. "' ª tncomi~nda reve lava-se ineficaz como fo nna de o rgan iução social e o t ncomendero recor- apropriando-se do comé rcio. c m Ferdo Gestrin . .- Economie et soc iét~ cn S lo,·énie au XVl c siCclc•. Anr1afes E.S.C .•
ria a form3s mais di~ta.s de esc rav31ur.i. forçando os ho mens a fornecer tr::J.balho intensivo cm condições mu ito XVII , 4, Julho-Agosio 1962. 665.
difercn1es daque las a que tinh3m estado acostumados. Este sistema resulta,·a num r.ipido esgotamento da população 101. ... A Élbia do Leste coloniaJ tinha (an les do sêculo XV l] os seus j unttrs indh· idua ~. mas ndo uma
lpp. 1(). 111 •. c lasse junktr. excepto no e.aso dos Cavaleiros Teu tónicos. A formação duma classe de se,ahores nobres muito fechada.
e com grancle.s ambições políticas e sociais. usufruindo de solidez e consciê.nc ia de cl3SSC, dumis vonr3dc colectiva

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. . • . Ih deu-se uma outra mudança legal , a _instituição ~o
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queda signi fica ttva da oferta Lk .t:ab.t · r nwtcqm? na Nova Espanha e por mira no Pe ru''-'. quando percebemos como eram de facto pagos os 1rabalhadores. Alvaro Ja ra de~creve o sis-
trabalho assalariado forçado, dcsi gna~o ~dadc ue 3 encomienda-na América Espanhola (bem 1ema es1abelcc1do cm 1559, ral_como ele funcionava no Chile. Aí. 0 5 índios que trabalha-
,- Consequentemente· embora scp . _ . q . •em cm concessões feudais, cedo se trans- vam na lavagem do o uro !ccebiam um sex to do seu valor. Este pagamento. des ignado por
como a tlmrawria no Brasil) possa ter udo ,1 , ua on g . capitalistas'""· Isto parece confirmado sesmo. e ra conludo fe110 nao aos índios indiv idualme nte ma\ à colcctividade de que eles eram
fonnaram. por meio de rdom1as k gats. :, empc~;;;tcr centrífugo de um sistema feudal que
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membros • Podem imaginar-se as form as de divisão desigual que eram consequência deste
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pelo facto _de 4 uc foi prec i samc~te :.~:< ~'. ir • sis1ema de pagamento global.
' o c11a1rq111/ e a m1w for.1.111 m,1P~.111t s~u ca ital e na coerção sobre o trabalho campones que A fomia?ão do sistema de «trabalho coerci vo em produções mercantis" na Europa
ão era apena> 11.1 cn.tçao do · ph . atrás de si Eles tinham normalmente acordos Oriental foi mais gradual do que na América Espanhola, onde tinha sido instituído como
1
os !!randes proprietários ti nham c~:~;~~~a ~~ qu~ est~ ~dicionava a s ua autoridade à dos
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resultado da conquista. Nos séculos XII e XIII , a ma ior pa11e da Europa O riental (is10 é. a
com o ~hcf: 1r~d 1c 1onal da c;:~~"° de coerção''"· A força da chefatura era: é claro, em grande região a leste do Elba, a Polónia, a Boémia, a Silésia, a Hungria. a Li1uánia) passava pelo
govem:mte> coloma1s n:•se p . l . . """ O interesse do chefe ou cacique toma-se claro mesmo processo de concessões crescentes ao campesinato e de transformação acelerada de
escala. função de padroes pre-co a mais . obrigações 'em trabalho fe udais em obrigações monelárias que se observou na Europa O l'i -
denta l e Iam bém na Rússia '98 '. Este processo deu-se em todo o lado pelas mesmas razões: o
. lãs · ÚJ tncomienda indiana (Madrid: Ce ntro de Esrndios
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Penni;yh·an ia Pn:ss . 19-' 31. Ve r també md 0 ~e u e b s ic~<;tc as sunto e m Jo hn f. B a nnon. cd .• /r1dia11 Labor i n 1/ie impacto da pros peridade e da expansão económica sobre a re lação de regaleio e ntre o servo e
Hi.storicos. '·9351 ..~er o con1unm de ponl~\; vl~~~:~1 r~li~. Indiana: Heath . 1966).
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b~d1t's: u.. aJ The~r Anoth rr
Ver ta~\bém Ah ~ro J ~r~ .so re/ "
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n~·~miendu ~o Chile: nativo era conslrangido a pa.n1c1par num s1 s-

à Es anha um excedente que ultrapassava cons1de ravcl mcn1c as
. o senhor ""». A recessão dos séculos XIV e XV, contudo , conduziu a co nsequênci as opo tas
na Europa Ocide ntal e na Europa Oriental. No Ocidenle, como vi mos. ela levou à cri se do sis-
iem:i de produçao "º. quJ I se e~1g 1a que dom.~cesscG r~e et Sociét( au Clzili: Essai de sodolo.~ie coloniale (Paris: tema feuda!. No Oriente, levou a uma «reacção senhori al" " 'x" que culminou no século XV I
suas própril.S ncccss 1dad~s . que eram rc UZI ~·· ur com a «segunda serv idão» e uma no\'O classe proprietária "º"·
Institui dcs H:rn1cs Études de I' AmC riquc La1 me. 196 1). 46 .
~~· ~;3 ~~~;~'o\~::'o\:~~~~'~/B::~.
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Ver Pe11samiento crírico. n.9 27. pp. 32-33. O equivalente no Brasil à
aboli !lo da. scrviJi o pess~a l na ~ ncomicndtJ pe la Coroa espan hola en: 15-l9 foi o processo ~lo .qual a Coroa ponu~ 97. • A panirdo decreto da Ta sa de Santillan em 1559. quc atribu la um sex to dos pláctres de ouro. o 1nmo . ••
ucs; ehmi~ou as capiwnias hereditárias. tran sformando-as cm capitanias da .C<~r~ . A p~me1ra destas acç~s foi aos índios de cada encomin1da co mo paga an ual pelos seus trabalhos, foi possivc l estabe lecer-se que ui p:utki ·
~c ita no mesmi'\s imo ano de 15.-l9. Ve r J. Capristanp de Ab reu. Capítulos de l11stona colomal ( 1500-1800) (Rio de paçào adqu iria a carac terísti ca defi:niti va d um salário soc i:il ou com unal, q ue entrava como quantiJ globalmente
Jane iro: Ed. da Soe. Capri stano de Abreu. T ip. Leuzi nger. 1928). 63-76. . . entregue no teso uro de cada comunidade ou aldeia índia .. . Alvaro Jara, .. u na investipción so~ los problemas dei
9.-l. Luis Vitale a.rgumenrn : .. ouran1c os primei ros anos d~ c~nqu 1sta os ~ncomn1de1 0.'i tentaram afirmar a trabajo en Chile d uran te e l período co lonial* . Hispanic American llistorical Rnirv.-. XXXLX, 2. Maio 1959. 2.$0.
sua independênc ia. ,\ CoroJ espanhola. ansiosa de evi1 ar a cmergcncta na Aménca de um ~rui:'° de senh~res que 98. A lgumas áreas . propriamente fa lando. não tiveram de 1000 um sistema fe udal durarue a 1d.3de Médii ,
pudesse cvc:nl u:ilmeme repudiar a sua auloridade. montou uma admini stração fort e. com o ob~ect~vo de reagi.~ c~nt~ Conhece ram apenas o ocscgundo,.. nunca o primdro feuda lismo . Stahl defende q ue is10 se aplica à ~lold.hia e à
qualquer irrupção fe ud.J.J. ' ... )o t!na>mt'ridt•ro ~ão erJ o patrJo dos índ ios. ~em podia exe_rce r JU~llça . ~r~ue o md10 Valáqu ia. Ve r Lcs ar1d cn11eJ nmm11111tJ111és . pp. 2~ 1- 2~ .
nl o era 0 .;:crvo do e'1comendt•ro. mas o súbd ito do rei". Assim. a enconuendu de sen· 1 ço~ f~1 subst11~1da J>:C'ª t n- 99. «As riquc1.as natu ra is da Europa Oriental ( ...) req ueriam muito esforço para se Lirar pron ito delas. Um, ·
rnmitnda de tr iboios monetários. ( ... ) O 1rabalhado r assalari ado significav a uma relação eap1ta l1Sta embnonária entre ce rto equilíbri o de pOOe r entre os es1ad9s q ue ~ ti nham formado nos séculos Xll e XIII queria dizer que as in..-asões
as ct a~scs . C' . fo m1 ;1 \' :l uma nova d asse d~ 1raba lhadores1t. Latin America. PP· 37-38: . rec íprocas não podiam rrazcr ganhos sig nifi cati vos para ninguém. E a press.io alemã na Boémia e n3 Po lóm.:i consti·
Ver Jo~ê Miranda : .. Q t•tiromt• 11 Jero é. ante s do mai s . mo vido por um desejo de lu~ ro: e ennqu ece~ f o se u lu fam uma a meaça muito séria . Nestas cin; un stãncias. os prínc ipes. a aristocracia llica e ec les iástica. enm forçados
objccti\'o. Para º" seus contemporâneos. o encome11dero é o homem de acção n? qual as ide ias. e ? s descJOS dui:i a interess ar-se ma is no desenvolvimen10 dos seus pró pri os recursos. Contudo. isso só era passivei com a cooperação
novo mundú se refl cc1em mais fo rtemente. Ek é muito difcren1e do ho mem medie val. ( ...) Não lt mna as suas aspi- dos camponeses. Enquanto as obri gações dos camponeses foSM:m incen as e estes ti v('~s,em rece io dC' ~ r des pojados
rações. como fa1 ia o 'iii:nhor feu dal. ao mero gozo de 1ribu1os e se rviços. ma.-. conv ene-~s n~ fu ndame nto de ganhos da sua produção e ~cede nrária . ne nhu m interesse linham em melhorar os ~ u~ mt todos de- trabalho . Os ~ nhores. por
múl11plos. ( ... ) Assi m. o encnn:endero dá a primazi a ao ckmen10 de recrutamento ca~11ahs1a de trabalh? na t nco- outro lado, não estavam em posição de aume ntar as suas exigênc ias sobre os sen ·os. poi s e stes pod iam facil mente
mitnda. que ê o Unico que pode conduzi-lo ao objeclivo que perseg: ue com ardor - a nq ucza •. • La fu nc16n ec~nó­ debandar. Os principcs e os se nhores que q ui!-c sscm desen"olver econo micame-nte as suas propriedades c-ram assim
mica dei encomendem en lo~ or ígenc:~. dei rcgimén colon ial. Nueva Esp3fla (15 25- 153 1).o. Ana fes dt l l nsm utn compe li dos a e ncorajar os se us súbdi tos a traba lhar mais in 1en..,i \'amenh.~ e a introduzir nm·os rnttodos. panicularme:nte
Nacional dr Attthropologia t• Hisroria . ll. 19.-l l - 19-l6. -l 23-424. Um capi1a li s1a e1!' perspccti~as e modo de o perar. em li gação com a agricu ltura. Consegui ram -no com a imruduçio do cos1umc ale mio. o u ames. ocu:kno.l. s.egundo
mas n!i.o. como indic:i Mirand;1 {ve r pp. 43 1-44-11. um capitalista que injecte cap11 al fi nance iro na empre sa. O seu o qua l o s de vcre~ dos campone ses eram não só regu lados m:is també m red uzidos. A co mu1Jç.ão de 'iC f'\' ÍÇOS e prcs-
capital inicial erJ o que o Estado lhe dava. e o seu cap ital supleme ntar o q ue extraía dos seus lucros. lações em espéc ie por re ndas monetári as. começada na IlO( m ia cm começos do s(cul o Xlll e c ntr.1d.:I. cm ,·igo r um
95. Fernando Gu illên Mart inez vai ao pomo de d izer: .. Q facto é que a "e11comie11da " e a "mita" podiam pouco m ais larde na Polón ia. reflectiam já o desenvolvimento da agricultllf3 e o progresso da d iYisão soci al do tra-
a~na~ sobrcvi \·er como in.;:1i1 uições naque las áre:is em que. por força dos números o u por força de inércia, as insti- balho ••. M. Ma lo wist, .-lne Social and Economic Stabi lity of lhe Westem Sudan in the Middle Age s•. Pas r d: Prt·
tuições mbais fosst"m preS< f'\.'Jdas. Se ho u,·esse uma afinidade m:'.i gica da chefia (caciq11e) e a escravatu ra colectiva sem, n.1> 33, Abri l 1966 . 1-1-- 15 . Ve r Jeromc Bium . · Rise of Serfdorn in Ea.stem Europc • . Amtriran H ürorical
est i \·e~S( na alma do povo. o índio ia sole ne e res ignadamente para o tr:ibalho e para a sua própria chac ina. Mas R"'ie"" LX ll , 4. Julho t957. 807 -836.
quando a cvang.diLaçào cris1ã e a mestiçagem desin1cgrarJm a tribo. abrindo cami nho ao individ uali smo. o índio 100. O GnmdJ/ierr . um colcc1or de rendas, tomou-se um Gmsherr. um produ1or d irec10. \'er d1scustlo cm- ...
nOO mais se de ixa.ria subordinar a uma S<: r.-ictlo organi zada ... Rai: y fu turo dt la re rn fo rión (Bogotá: Ed. Tercc r Hans Rose nberg. 8 11remu:racy. Aristocra cy and AutocracJ : The Prussian Expt'rienu. J000- 1815 (Cambrid e:e.
_Mundo. 19631. 80. Sobre a dc:-fin ição e a o rigem da .. mi l a .. . ver ÜL~ Capdequí. EI estado espaiiol. pp. J 1-32. l\'tassachuse ns : Harvard Univ. Pre ss. 1966), Cap . 1. Ver a disc ussão a rcspci10 de como na Eslm ·ênb os no~s
96. Fun ado. Eco'1nmic Dl'\'elopmenl of Lorin America . de fe nde que. de fac to. onde a classe dom inante ve nce ram as suas dificul dades fi nance iras a largando os se us dominios. le vantando rendas que lhes era m de-v idas e
tradicion:il era frac a. "' ª tncomi~nda reve lava-se ineficaz como fo nna de o rgan iução social e o t ncomendero recor- apropriando-se do comé rcio. c m Ferdo Gestrin . .- Economie et soc iét~ cn S lo,·énie au XVl c siCclc•. Anr1afes E.S.C .•
ria a form3s mais di~ta.s de esc rav31ur.i. forçando os ho mens a fornecer tr::J.balho intensivo cm condições mu ito XVII , 4, Julho-Agosio 1962. 665.
difercn1es daque las a que tinh3m estado acostumados. Este sistema resulta,·a num r.ipido esgotamento da população 101. ... A Élbia do Leste coloniaJ tinha (an les do sêculo XV l] os seus j unttrs indh· idua ~. mas ndo uma
lpp. 1(). 111 •. c lasse junktr. excepto no e.aso dos Cavaleiros Teu tónicos. A formação duma classe de se,ahores nobres muito fechada.
e com grancle.s ambições políticas e sociais. usufruindo de solidez e consciê.nc ia de cl3SSC, dumis vonr3dc colectiva

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Estas reacções opostas ao mesmo fenómeno (recessão económica) ocorreram porque,
van Bath data a criação <.lc um mercado internacional de u reai.!. centrado rwx Países Baixos.
r r.tzões ~ue cxplic:lmos anteriomiente. as duas ;íreas se tom•~ram partes complementares somente em 1544 " IJJ'.
e' :;:: um sis;ema único mais complexo. a economia -mundo europeia: na qu~I a _Europa ~riental Se tomarmos a ~ério a expressão ufre.iuente5 altera~- de (jraude l. w.emos cnt!io
desempenhava 0 pape l de produtor de matérias-primas pam .um Ocidente cm mdustnahzaçào, obrigados a perguntar.·nos corno é que u= determ inada área se pa~~ a ddin rr como perife-
ficando :i..ssim . na cxpn:s,;ão de Malowist. com «uma economia que, no fundo. !linha) afi~t~ades ria em vez de se defimr como centro. Na Idade Média. me~mo na Baixa Idade Média. não era
com 0 padrão colonial i:lissico" ' ""'. Um olhar sobre. a natureza do comércio do Bahi.co é de forma alguma dar~ que a Europa Oriental e~ti vesse d~tinada a V-r a periferia de uma eco-
suficiente para 0 \'Criticarmo,;. Desde o sécu lo XV em diante, os produtos qu: flu1am ~e Onente nomia-mundo europeia. Ba~tantes escritores realçaram a ~ i m i l i tude dos desenvolvimentos '
para Ocidente consistiam primordialmente em pro~utos vo lumosos (cereais, madeira e mais oriental e ocidental. Reginald R. Bens. por exemplo. diz, do século XIV: ~curío..amcou (úd).
tarde lã). embora continuassem as velhas exportaçoes de pe_les e cera. ~ do Ocidente para 0 os pagamentos em espécie eram preferidos não w pelos grandes proprirtários fr~ e
Oriente flui am têxteis (quer de luxo quer de quahdade media}. sal, v mho_s ~ sedas. Pelos ingleses( ... ) mas igualmente pelos proprietários checos. polacos e húngaros• ""''· [)3 mesma
finais do século XV a Holanda encontrava-se dependente dos cereais do Bah1co, a marinha forma. Zs. S. Pach argumenta que ai nda no século XV "ªtendência de deserwolVJmento rural
inl!lesa e dos Países Baixos era impensável sem a madeira, o cânhamo, o breu e o sebo da (na Hungria] coincidia no essencial com a dos países europeus ociden tais,. ""'·
E~ropa Oriental. Por seu turno. o trigo tinh~-se tomad? a expo~a.ç~~ ~ais importante do leste
europeu . alcançando inclusivamente a Pemnsula lbénca e a Itaha .
3 Porquê então a divergência? Podemos responder em termos dos fa.ctorcs - ~fi ~­
e sociais - que contribuíram para o arranque da Europa Ocidental. Em a lguma medida j-J o
Para ser mais preciso. esta espécie de padrão colonial de comércio existi a a nterior- fizemos. Podemos igualmente responder parcialmente em termos das caranerü ticas específi-
mente na Europa em 1ermos de relações comerciais. Existia a relação de Veneza com as cas da Europa Oriental. Por uma razão, a fraque1.a das cidades era um fa~tor impona.~ 111 -.
suas col ónias mais a sua esfera de influência 0 "'> . Existia a Catalunha como centro comer- Esta era uma pequena diferença no século XIII que se tomou uma grande diferença no século
cial na Baixa Idade Média "º' >. Nos séculos XIII e XIV Portugal era um produtor de pro- XVI, uma vez que, como resultado das divergências complemenures. as cidad!:.s ocídenws
dutos primários para a Flandres 61 ºº
, tal como a Inglaterra o era para a Hansa
007
>. A pro- se fortaleceram cada vez mai s e as orientais se tomaram relatirnmente mais fracas. Ou pode-
dução de produtos primários para serem trocados por produtos manufacturados origi- mos ainda sublinhar o facto de que já existia um cultivo da terra relativamente mai e xtenso
nários de áreas mais avançadas foi sempre , como Braudel refere em relação aos cereais, um na Europa Ocidental nos finais do século Xlll. enquanto subsistia um espaço \'ago m ui to maior
«fenómeno marginal. sujeito a frequentes al terações [geográficas]». E, como ele diz, «de na Europa Oriental 11131• Um processo de trabalho coercivo em produção mercantis era relati-
cada vez. a isca (era] o dinheiro»" º''· O que diferia no século XVI era a existência de um vamente mais fácil de implantar nas terras •novas ~ .
_mercado para produtos primários que acompanhava uma grande economia-mundo. Slicher Mas então temos de analisar o porquê mesmo destas pequenas diferenças ent,n, o::
Ocidente e o Oriente europeus. Talvez exista urna e:l\plicação geopolítica úni= as im·asõe
fo rj;Jda na d e íc ~ a e ataque concretos e duma aum-arinnação do ripo de casra e de esprir de corps foi trabalho dos turcas e tártaro-mongóis dos finais da Idade Média, que destruíram muito. provocaram emi-
~cul o s XV e XVI. L. J Cronologicamenl e ela coincide com a ascensão da Rentry na Inglaterra e na Hungria, da
nobreza da 1crr.:i na Boémia e n:1 ~forá via . e da .d achta na Polónia, 1;.11como com o declínio económico e político da
nobrc1.a oci~ de arrendadores srnhori ais na frJnça e na Alemanha Ocidenral ». Hans Rosenberg. «The Ri se of lhe 109. B. H. Slichervan Bath.AA.GB .. n.' 12. p. 28. Ver Karl He lleiner: • Pon ·olu dost..-,,Jo X'\'1. o com!rrio- • -
Jun krrs in Brandcnburg- Pruss ia. 1410-1653.o1, Amrriran ffi.mJrical Rel'iew. XLIX . t. Ou1. 1943, 4. De notar que int~r-regioml marítimo de víverc!i linha já uma long3 história alrás de si. ( ...) O que pode no enunto ~ rmind:"ic3do
Ro~n bcrg inclui a lnglaterm nos países europeus orientais. Como veremo s mais tarde, isto é compreensíve l mas é que agora , devido a um meca ni smo de mercado mais elaborado, e sobreruOO dc" idJ 3 um \ ol:umc- l!:r.l-"Ydcmier.tc
con fuso . Uma da.s bases para fa r.er-se esta ligação da ;:t•rury inglesa com os senhore s da Europa Oriental é dada por acrescido de cxccden1es di sponíveis na Élbia Oriental. na Pol ónia e na Es1óni3.. áre:is com défl«"S ó: c;~:J.J pe.rma-
Zs. P.. Pach. qu: diz que_ambas eram ..: burguc:sasn. Ver fol Die Abbiegun der Ungarischen Agrarenentwicklung von nen1es ou temporários podiam ser abas!ecidas mai s amplamente d~ fo ra e com m3.ior rrgularid.lck 00 q ~ rm t empo~
der\\ csteuropa1sc hen• . m l111a 11a1innal Cn11,1t.ress of /listorical Scirnces, Estocolmo. 1960. Résumés drs communi- anteriores. Por meados do séc ulo XVI. a quantidade de Ctrt'31 e., ponad.3 an ual fllC"nte a1ravés do pcl'!"tO de Di'Uig aa
carinns (Gotemburgo: A. lmq vis1 & Wikse ll. 1960). 155. de seis a dez vezes mai or que a média nos anos 149()..92. (...) 0Wls ou três import.l!ltes OO\"li fon1e.s de alnncnto
102. \.i . Malowis1. " Poland. Ru ss ia and Wes1cm Trade in the 15th and J6th Ccnturies », Past & Present, animal abriram- se ::io homem europeu neste período: os ritos bancos de pesc.3 do Cabo COO :l('I La,T3:dof da\•am
:u_.
n.{r 13. ~ bril 1958. Ver Llmbé m M. Malo wi st. 4< The Problem of the Inequ ality of Economic Devc lopmenl in quan1idades cada vez maiores de rica.e;. protcina.o;., enquanro que as plan íc ie s húngara e n.13quiamL llSS im como as
Euro~ 1? lhe Latcr M1ddle Ages "' . En momic llistory Rniew. 2 .1sé rie . XIX. 1, Abri l 1966. 15-28. Stanislaw Hos- terras bai xas dinamarquesas. se tinham uns lcmpos an1es tomado Cml ~ de cri aç5o de gr;mJ(' n ú ~ro dC' bois para
z~ws k i C"1ta um dipl~mat3 inglê s da primeim in etade do século XVII . Si r George Carew, que dis se: «A Polónia tinha- exportar para a Áustria. Alemanha e Holanda•. Cambrid~e Economic llisron- Pf Eur~. lV. pp. n-78. 1

-se tomado nu ce le1r~ da Eu ropa e no am1azé m de materiais para a conslrução naval ». (~The Po li sh Baltic Trade in 110. Reginald R. Betts . .e la soc ié1é dans l' EuroPe centr.ile et d3ns rÊ.uropt- Ol.""'C"idcnra.lei. . Rri·we ã histoirt·-""
the .15th- 181h ~e n1un~ s -* . in Pnla_rrd at rhe Xlth /111eniatio11a/ Cmrgress o/ Historical Sciences in Srocf.:.lwlm (Var- comparée, n.s., VII, 1948, 173.
sóv ia: The Poi1 5h AcadC'm_y of Sc1 cnces. The (ns1itu1c of Hi story, 1960), 11 8. 111 . Zs. P. Pach, • The Dcve.lopment offeudal Rent in Hung.:uy in the Fífte'rnth Ccnrury•. Econ.omir flirrory ,~
10.3. Ye. r ~·t aJ ow1st. Past & Present, n.9 13, pp. 26-27. Rniew, 2.1 série, XIX, 1. Abril 1966, 13.
Th . . I04. A_trc:x=a ~e. ~rotlut~ primários das colónias por bens manufacturados da metrópole é descrita em Fressy 112 . «A ascensão económica da Europa Ocidental tomou-se uma das cau.\llS nu is poderas.as do declínio ,.
. ; e.t. la Romame •wm1eririt! cm Moye11 Age (Paris: Boccard. 1959), 304-305. Creta é descrita como o «Celeiro do das cidades na Europa Orien1aJ,.. H::inung e Mousnier. Rela:ioni dt'l X Congrrsso lnte,..na=innale di Scün::t Storicht ,
~~fic~~ ~...~~:~·~,?~;;r~;;,elações idênticas com paf~s ex1eriores ao im pério• .cos cercais do império não sendo
1 IV, p. 46 . .cDc meados do ~éculo XV I a meados do século XV III . o U"3ÇO Cilr.Ktcristico da «onom ia polac.2 foi a
difusão da economia dominial baseada no trabalho scn 'il. Por su3 ..-ez. C"sta impediu o dcsem ·olvimento d.as c idades
: :05. Ver Jai_me_ Vice~s Vives . A~ ~conomic History o[Spai11, cap. 17, esp. 2 11 -215. e, duma maneira geral, teve efeitos negativos sobre as cond içõe~ económic3."i e Sl"C iais no país • . Hoszov.•sl:i, Poland
-<
1 ~: ~:~ ~~~~1~1ra Mar~ues. Srud1 m onore di Arma~1º Sapori, _U, p. 449. ar the Xlth l nurnational Con.~rtss o/ Historical Scirnces in S1ncJ:hol"' · p. 117 .
• 108. Bmudel, ci',.:~ ;;:~·~10~r%~,:~•p!x::.-xvw siec/es) (Pans: Monta igne, 1964), 76-80.
1 113. Ver Dorccn Warriner, • Some Contrm·ersial Is.sues in lhe J·li.s1ory of Agr.uian Europe·• . Slal'Dnic A-
and Ea51 E11ropean R•"ifw, XXJO , n.978, Dez. 1953. 174- 175.

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Estas reacções opostas ao mesmo fenómeno (recessão económica) ocorreram porque,
van Bath data a criação <.lc um mercado internacional de u reai.!. centrado rwx Países Baixos.
r r.tzões ~ue cxplic:lmos anteriomiente. as duas ;íreas se tom•~ram partes complementares somente em 1544 " IJJ'.
e' :;:: um sis;ema único mais complexo. a economia -mundo europeia: na qu~I a _Europa ~riental Se tomarmos a ~ério a expressão ufre.iuente5 altera~- de (jraude l. w.emos cnt!io
desempenhava 0 pape l de produtor de matérias-primas pam .um Ocidente cm mdustnahzaçào, obrigados a perguntar.·nos corno é que u= determ inada área se pa~~ a ddin rr como perife-
ficando :i..ssim . na cxpn:s,;ão de Malowist. com «uma economia que, no fundo. !linha) afi~t~ades ria em vez de se defimr como centro. Na Idade Média. me~mo na Baixa Idade Média. não era
com 0 padrão colonial i:lissico" ' ""'. Um olhar sobre. a natureza do comércio do Bahi.co é de forma alguma dar~ que a Europa Oriental e~ti vesse d~tinada a V-r a periferia de uma eco-
suficiente para 0 \'Criticarmo,;. Desde o sécu lo XV em diante, os produtos qu: flu1am ~e Onente nomia-mundo europeia. Ba~tantes escritores realçaram a ~ i m i l i tude dos desenvolvimentos '
para Ocidente consistiam primordialmente em pro~utos vo lumosos (cereais, madeira e mais oriental e ocidental. Reginald R. Bens. por exemplo. diz, do século XIV: ~curío..amcou (úd).
tarde lã). embora continuassem as velhas exportaçoes de pe_les e cera. ~ do Ocidente para 0 os pagamentos em espécie eram preferidos não w pelos grandes proprirtários fr~ e
Oriente flui am têxteis (quer de luxo quer de quahdade media}. sal, v mho_s ~ sedas. Pelos ingleses( ... ) mas igualmente pelos proprietários checos. polacos e húngaros• ""''· [)3 mesma
finais do século XV a Holanda encontrava-se dependente dos cereais do Bah1co, a marinha forma. Zs. S. Pach argumenta que ai nda no século XV "ªtendência de deserwolVJmento rural
inl!lesa e dos Países Baixos era impensável sem a madeira, o cânhamo, o breu e o sebo da (na Hungria] coincidia no essencial com a dos países europeus ociden tais,. ""'·
E~ropa Oriental. Por seu turno. o trigo tinh~-se tomad? a expo~a.ç~~ ~ais importante do leste
europeu . alcançando inclusivamente a Pemnsula lbénca e a Itaha .
3 Porquê então a divergência? Podemos responder em termos dos fa.ctorcs - ~fi ~­
e sociais - que contribuíram para o arranque da Europa Ocidental. Em a lguma medida j-J o
Para ser mais preciso. esta espécie de padrão colonial de comércio existi a a nterior- fizemos. Podemos igualmente responder parcialmente em termos das caranerü ticas específi-
mente na Europa em 1ermos de relações comerciais. Existia a relação de Veneza com as cas da Europa Oriental. Por uma razão, a fraque1.a das cidades era um fa~tor impona.~ 111 -.
suas col ónias mais a sua esfera de influência 0 "'> . Existia a Catalunha como centro comer- Esta era uma pequena diferença no século XIII que se tomou uma grande diferença no século
cial na Baixa Idade Média "º' >. Nos séculos XIII e XIV Portugal era um produtor de pro- XVI, uma vez que, como resultado das divergências complemenures. as cidad!:.s ocídenws
dutos primários para a Flandres 61 ºº
, tal como a Inglaterra o era para a Hansa
007
>. A pro- se fortaleceram cada vez mai s e as orientais se tomaram relatirnmente mais fracas. Ou pode-
dução de produtos primários para serem trocados por produtos manufacturados origi- mos ainda sublinhar o facto de que já existia um cultivo da terra relativamente mai e xtenso
nários de áreas mais avançadas foi sempre , como Braudel refere em relação aos cereais, um na Europa Ocidental nos finais do século Xlll. enquanto subsistia um espaço \'ago m ui to maior
«fenómeno marginal. sujeito a frequentes al terações [geográficas]». E, como ele diz, «de na Europa Oriental 11131• Um processo de trabalho coercivo em produção mercantis era relati-
cada vez. a isca (era] o dinheiro»" º''· O que diferia no século XVI era a existência de um vamente mais fácil de implantar nas terras •novas ~ .
_mercado para produtos primários que acompanhava uma grande economia-mundo. Slicher Mas então temos de analisar o porquê mesmo destas pequenas diferenças ent,n, o::
Ocidente e o Oriente europeus. Talvez exista urna e:l\plicação geopolítica úni= as im·asõe
fo rj;Jda na d e íc ~ a e ataque concretos e duma aum-arinnação do ripo de casra e de esprir de corps foi trabalho dos turcas e tártaro-mongóis dos finais da Idade Média, que destruíram muito. provocaram emi-
~cul o s XV e XVI. L. J Cronologicamenl e ela coincide com a ascensão da Rentry na Inglaterra e na Hungria, da
nobreza da 1crr.:i na Boémia e n:1 ~forá via . e da .d achta na Polónia, 1;.11como com o declínio económico e político da
nobrc1.a oci~ de arrendadores srnhori ais na frJnça e na Alemanha Ocidenral ». Hans Rosenberg. «The Ri se of lhe 109. B. H. Slichervan Bath.AA.GB .. n.' 12. p. 28. Ver Karl He lleiner: • Pon ·olu dost..-,,Jo X'\'1. o com!rrio- • -
Jun krrs in Brandcnburg- Pruss ia. 1410-1653.o1, Amrriran ffi.mJrical Rel'iew. XLIX . t. Ou1. 1943, 4. De notar que int~r-regioml marítimo de víverc!i linha já uma long3 história alrás de si. ( ...) O que pode no enunto ~ rmind:"ic3do
Ro~n bcrg inclui a lnglaterm nos países europeus orientais. Como veremo s mais tarde, isto é compreensíve l mas é que agora , devido a um meca ni smo de mercado mais elaborado, e sobreruOO dc" idJ 3 um \ ol:umc- l!:r.l-"Ydcmier.tc
con fuso . Uma da.s bases para fa r.er-se esta ligação da ;:t•rury inglesa com os senhore s da Europa Oriental é dada por acrescido de cxccden1es di sponíveis na Élbia Oriental. na Pol ónia e na Es1óni3.. áre:is com défl«"S ó: c;~:J.J pe.rma-
Zs. P.. Pach. qu: diz que_ambas eram ..: burguc:sasn. Ver fol Die Abbiegun der Ungarischen Agrarenentwicklung von nen1es ou temporários podiam ser abas!ecidas mai s amplamente d~ fo ra e com m3.ior rrgularid.lck 00 q ~ rm t empo~
der\\ csteuropa1sc hen• . m l111a 11a1innal Cn11,1t.ress of /listorical Scirnces, Estocolmo. 1960. Résumés drs communi- anteriores. Por meados do séc ulo XVI. a quantidade de Ctrt'31 e., ponad.3 an ual fllC"nte a1ravés do pcl'!"tO de Di'Uig aa
carinns (Gotemburgo: A. lmq vis1 & Wikse ll. 1960). 155. de seis a dez vezes mai or que a média nos anos 149()..92. (...) 0Wls ou três import.l!ltes OO\"li fon1e.s de alnncnto
102. \.i . Malowis1. " Poland. Ru ss ia and Wes1cm Trade in the 15th and J6th Ccnturies », Past & Present, animal abriram- se ::io homem europeu neste período: os ritos bancos de pesc.3 do Cabo COO :l('I La,T3:dof da\•am
:u_.
n.{r 13. ~ bril 1958. Ver Llmbé m M. Malo wi st. 4< The Problem of the Inequ ality of Economic Devc lopmenl in quan1idades cada vez maiores de rica.e;. protcina.o;., enquanro que as plan íc ie s húngara e n.13quiamL llSS im como as
Euro~ 1? lhe Latcr M1ddle Ages "' . En momic llistory Rniew. 2 .1sé rie . XIX. 1, Abri l 1966. 15-28. Stanislaw Hos- terras bai xas dinamarquesas. se tinham uns lcmpos an1es tomado Cml ~ de cri aç5o de gr;mJ(' n ú ~ro dC' bois para
z~ws k i C"1ta um dipl~mat3 inglê s da primeim in etade do século XVII . Si r George Carew, que dis se: «A Polónia tinha- exportar para a Áustria. Alemanha e Holanda•. Cambrid~e Economic llisron- Pf Eur~. lV. pp. n-78. 1

-se tomado nu ce le1r~ da Eu ropa e no am1azé m de materiais para a conslrução naval ». (~The Po li sh Baltic Trade in 110. Reginald R. Betts . .e la soc ié1é dans l' EuroPe centr.ile et d3ns rÊ.uropt- Ol.""'C"idcnra.lei. . Rri·we ã histoirt·-""
the .15th- 181h ~e n1un~ s -* . in Pnla_rrd at rhe Xlth /111eniatio11a/ Cmrgress o/ Historical Sciences in Srocf.:.lwlm (Var- comparée, n.s., VII, 1948, 173.
sóv ia: The Poi1 5h AcadC'm_y of Sc1 cnces. The (ns1itu1c of Hi story, 1960), 11 8. 111 . Zs. P. Pach, • The Dcve.lopment offeudal Rent in Hung.:uy in the Fífte'rnth Ccnrury•. Econ.omir flirrory ,~
10.3. Ye. r ~·t aJ ow1st. Past & Present, n.9 13, pp. 26-27. Rniew, 2.1 série, XIX, 1. Abril 1966, 13.
Th . . I04. A_trc:x=a ~e. ~rotlut~ primários das colónias por bens manufacturados da metrópole é descrita em Fressy 112 . «A ascensão económica da Europa Ocidental tomou-se uma das cau.\llS nu is poderas.as do declínio ,.
. ; e.t. la Romame •wm1eririt! cm Moye11 Age (Paris: Boccard. 1959), 304-305. Creta é descrita como o «Celeiro do das cidades na Europa Orien1aJ,.. H::inung e Mousnier. Rela:ioni dt'l X Congrrsso lnte,..na=innale di Scün::t Storicht ,
~~fic~~ ~...~~:~·~,?~;;r~;;,elações idênticas com paf~s ex1eriores ao im pério• .cos cercais do império não sendo
1 IV, p. 46 . .cDc meados do ~éculo XV I a meados do século XV III . o U"3ÇO Cilr.Ktcristico da «onom ia polac.2 foi a
difusão da economia dominial baseada no trabalho scn 'il. Por su3 ..-ez. C"sta impediu o dcsem ·olvimento d.as c idades
: :05. Ver Jai_me_ Vice~s Vives . A~ ~conomic History o[Spai11, cap. 17, esp. 2 11 -215. e, duma maneira geral, teve efeitos negativos sobre as cond içõe~ económic3."i e Sl"C iais no país • . Hoszov.•sl:i, Poland
-<
1 ~: ~:~ ~~~~1~1ra Mar~ues. Srud1 m onore di Arma~1º Sapori, _U, p. 449. ar the Xlth l nurnational Con.~rtss o/ Historical Scirnces in S1ncJ:hol"' · p. 117 .
• 108. Bmudel, ci',.:~ ;;:~·~10~r%~,:~•p!x::.-xvw siec/es) (Pans: Monta igne, 1964), 76-80.
1 113. Ver Dorccn Warriner, • Some Contrm·ersial Is.sues in lhe J·li.s1ory of Agr.uian Europe·• . Slal'Dnic A-
and Ea51 E11ropean R•"ifw, XXJO , n.978, Dez. 1953. 174- 175.

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r . . . . • d
graçõcs e vários dec hmos. e acima de tu o en
fraqucccram a autoridade rela1iva dos reis e dos

c.grJndcs príncipe~'"''· . na a ui é o rincípio geral de que no decurso da inleracção ~ocial


geográfico e de mogr:'i fico do mundo do comércio e da indú <tria algumas á reas da Europ;
pudera'." _açam barcar os .benefício< desta expansão e tanlo mais ~e puder~m espL...:ializar-S<·
nas act1 v1dadcs cssenera1s para colherem esse bc r . r
·e u tempo. força de traba lho , terra e o . .
.
. nc 1c10 .. ivcram ª"1m de ga-t.u menu< do
Aq uilo que func10_ . '1.. ~ p. d . e ·iabilizadas e definidas como «lrad1c1ona1s». O s sicas. Ou a Euro a Oriental se Ir . ulros recurso' na_1ura1< para prover.à' ' u"' necc\Sidadcs
pequenas difcr~ nças •_mciais sao '.c or~-~ ª~~i ,aspcclo e uma criação do presente, nunca do
bá. P_ . · ansforma va no • ceiem,. da Europa Oc ide nta l ou vice-versa.
Qualqu.e r das soluçocs lena_ serv ido as • nccc,>idades do momcn lu • . A lii:e1 ,.a vantagem-'
•tradicion~ I · !01 cntao. como '~~1prc ". drc G;mde r Frank argume nta: «0 desenvolvimento
detenrnnou qua.I das_ahem a1i vas prevaleceria. E aí. a lii:eira va ntagem do \écul<1 XV tomou·
passado. b iando d o mundo imx cmº:-~ :, duas faces de uma mesma moeda. Ambas consti-
c n subdi:srnvol\'101Cnto ccononuco sa . . . .. . - . . -se na grande disparidade do século XVII e na monumental dife rença do ,é.cu lo X IX" "''.
tucm rcs ull;ido necessário e as man ifestações contemporaneas _das conlrad1çoes mle mas do As considerações fundamen1a is na fo rma de cont ro lo do 1rahalho adop1ada na Europa-
0
'<:istcma mundial capilalista>)111 ''· ~t..ts este processo é muito mais geral do que Fr~nk md1ca. Or.ie~lal .foram a oportumdadc de um grande lucro se a prod uçiin foS>e aumen tada rdcv ido à
Como Owen Latt imorc diz." ª Civilização gerou a barbárie•"'"· Falando da re laçao enlre os ex1s1cncra de um mercado mundia l) mais a combinação de uma rel at iva c"''"'e' de 1raba lhu
sedentários e os nómadas nos fro meiras do mundo. La111more afirm a que a form a de conce ber com uma grande quanlidade de terra di spon íve l " ~". Na Europa O riental do >écu lo XV I e cm
a sua ori eem e os seus relacionamentos res ide cm observar al g u~ as zonas da economia da América Es panhola, o lraba lho coercivo cm produçõc> mer-
3
r: m1açào di: dois tipos divergentes ::1. parti r do que originalm~nte tinha ~ido uma sociedade canti s era enlão desejável (luc rau voJ. necessário (cm te rmos do inleres>e prúprin do propric-
un ificad 3 • Poderemos chamar-lhes. por conven iência. ~ progressi va"' (a agnc ultura tom ando-se 1ári o) e poss ível (cm lermos do lipo de lrahalho necessári o). A e>erava tu ra era im praticável
primordi al. e 3 caça e calceta sec undári as) e .~ atrasada» (mantend~-se a caç~ e a ca lceta fu~­ dada a relativ~ escassez_ de traba lho. A escra vização do 1rabalho indíli""ª é u mpre c'cassa _,
damentais. 3 agricuhura tomando-se sec undá.na, em alguns casos nao ultrapassando um estádio face às necessidades, pois é demasiado difíc il de con1rolar e a importação longínqua de escra-
incipicnte) 1117 '. vos não era lucrati va para produ1os que exigiam 1an1os c uidados como o tri go. Afinal de contas,
Assim . se num dado momento. dev ido a uma série de anlecedentes. uma re gião tem uma o cuslo dos escravos não era neg li ge nciáve l.
ligeira vantagem sobre outra em termos de um factor chave, e se se verifica ~m ~ conjugação Embora prcs umivelmcnle o camponês pre fi ra um sistema de trabalho coerc ivo à ei.cra-
de acon1ecimentos que faz com que esla ligeira vantagem se tome de 1mpon anc1a central em vatura. devido ao mínimo de dignidade e de pri vilégios ine rcn1cs à liberdade fo m1al. daqui
termos de acção social determ inante, então a ligeira van tagem transforma-se numa grande não decorre necessari amen1c que as condições materi ais do lrabalho coerc ivo sejam melhores
disparidade e a vantage m subsisle mesmo para além da refe rida conjugação de acontecimen- que as do trabalho escravo. Na verd ade , Fernando Guillén Martinez afirma que, na América
tos'" ''· Foi este o caso na Europa dos séculos XV e XVI. Dada a grande expansão do alcance Espanhola, os índios sujeitos ii e11m mie11da eram pior traladns do que os escravos. funda me n-
1almen1e de vido à situação soc ial insegura do e11comcndero '"''. AI varo Jara afirma da mesma

1. 11-L Bens defende o par...1lc lo enlre. por um lado. cslas invasões e o .. scp_undo fe ud.ll ismo• e. por o utro, as
primeiras inYaMl<:'i e a criação do .. primeiro .. fe udalismo na Europa. Ver B ~ns . Rrrut' ãhisroirr comparir , p... 175. mudanças e m .quantidade. em ~u . eles descobririam q ue " mudança..<; em q ualidade" de foc10 só r~u llam de mudan-
ças e~ quanlldade . ~slo é váhdo lamo para muda nças nas ideias e per5peçl iva~ soc iais como par.a mudança..1i na

l'-
Ele realça o impacto da." úl1i01as invasões sobre os gove rn antes da Europ;i _Or1ental nas pp. 175-1 80. Doreen V-:amner,
Slammc und Eu s1 Eurnp1•ar1 Re\'Ú:'n", XXX I. espec ula que .. se o~ cana is [europeus ] de comérc io não se U\' esscm o rga m1..ação eco nó m ica. ( ... }
dei: locado f rel:i1ivamcme falando] para Oes1e (a partir d.1 Europíl Oricma l 1à proc ura de melais ult ram ari nos. a Europa . M udanças de qua~ida_dc nfio "ão mais q ue um ceno estádio de in leno;idade aling: ido por mudança..\ e m quan-
Oriental poderia 1c r coniinuado a seguir o me smo desenvo lvimento 1.1 ue a Europa Ocidental. com o comércio e a lldade prcceden1es .... " Cap1tah sm and Rcform ation • . Ernn f'mic lfisrvry Rl'1·ir"-. VIII . 1. Nov . 19J9. ~ -5 .
expan~ão urb:111a acluando como solventes da econo m ia e da soc iedade feudais. Ou. em alte rnativa . a depressão do 11 9. TrJ ian S1oianovich d e fende a mesma d i~paridade crescente e mre a Europa Ociden1.a l e n Europa do~
~cu l o X\' na Europa Ocidcnta l pcxkria 1er-se deslocado para o Lc~ te fp. 176 ).... Sudesle : ~ Se no sécul o XIV se encont ra pouca d iferença quan1i 1a1iva entre 3 orienl.lÇào r~rrea da.o; .\Oeiedadcs baldni-
11 5. Andre Gundc r Frank. Copilalism ond Underdt•\"elopm,·n1 in Uitin Amatca (Nova Iorque; ~fonlhl y ca:<; e ~ o n cniação f~rrea da Europa !OcidcmalJ , !ai distinç.ãn era s ignificariva em 1700. mu i10 maior ainda em JROCJ,
Re\·lew Prcss . 19671 . 9. Fran k prossegue: .. ixscnvoh•imcn to e subdcsenvo l\·imenlo econó m icos n ão são exac1a- e m~nve~menre m:u or e'." 1850 ..... Materia l Foundat ions of Pre indu ~irial CiYililarion in thc Aalkans•, Jo 11 rnal nf
men1e re l:uivos e quan1i1aÜ\'Oi.. no sentido de que um rcprcse ntc mais dcscm ·olv imcnto econó mico que o o u1ro; s,x·1al lfwory, IV. 3. Primavera 11J71, 22 3.
dcsenvolvimc mo e subdesc nvolvimcmo económicos são re lacionais e qua.li ta1ivos, no sentido de que são estru1u- 120. E vsey D. Domar~ a hipó1ese: .. [)o.; três c lcme nlos de uma es lru turJ :tgrícob re le\·antes f par-d o .. ··
ra lmcn1e di ferent es da i.ua re lação um com o outro. se bem q ue C.lusados por ela. Mas o descnvolvi me mo e o sub- fc nó~eno da escravatura e da serv1d.lo j - lcrra livre , camponeses livre!' e propri etirios de leTTJ não irabalhadores
dcscn,·olvimem o. embora dialcclicamcn1e con1rad i1ó rios. são o mesmo no sentido d e que são o produto duma - dois deles podem COC"x is1ir. mos flunco º ·" três sim11lta11eomrntl' . A combi nação a se r rncon1rad.3 n.:1 realidade
única cmurnra económica e dum único p roce~so de L"'api1alismoio. dependerá do compo~~unen 10 de fac1o rcs politicos - medidas govem amenl;us. (...)• . • The Cau5Cs of S'3very or
11 6. Owen Lattimore ..... La civi1i..ation. mCre dl! la Barbarie? •, Annolts E.S.C.. XV II. 1. Jan .-Fe v. 1962, 99. Serfdom : A Hypo1hcs 1s• . Jm1rnal nf fronomic llútory, XXX , 1. Março 1970, 2 1.
11 7. OwL· n Lanimore, Rdtôm1i dd X Congr,•sso di Scien;e Srori,·he. I. p. 11 0. Um pcm10 de v ista m ui10 121: .. A c riaç;1o e co_nsti1uição de casl a.~. grupos pc-rmanememenle subjugados a o ulroll\. nllo conSC"guiu .{ •
scmelhan1c é avançado ix;ir Mo n oo Fried : ..-fA I maioria das 1ribos parece ser fenómeno sec undário num sentido receber sançao lega l lna América es panho la ). a não st r cmbrion:iria e prov isommcnte. A le~ i sl aç3o o fi c ial w brc 0 ..
muilo específico: podem bem .-.cr o pro<lulodc proccs'l.Os c~1imul ad os pelo aparecimento dê ~oc iedades re lativamente lraha.lho pesso al d os índios nunca aceito u propriamenle a desigualdade juríd ica in lrinscca en1re hrancos, fndios e ='·
muno or1;an izadas no meio de o u1r..1s :t0e icdades organizadas dum modo m uilo mais simples. Se islo se pode mes11ços . (. ... )
º
demonstrar.. 1ribalismo pode então ser visto como reacção à criação de estrulu ras polílicas complc u .11 em vez. P recisam ente por causa das suas prrcauçõcs e charadas eura- legai11, a classt e :t plor.tdor:a fck propriet.árim
de um e.s.tád10 n1:cessariameme pre liminar da sua evolução ... ...Qn lhe Concept o f ... Tribc" and º"Triba l Society"-.., in da rerra e burocra1as se us aliados) veio a rer carJclrrfsticas tJe irrcspono;abilidade mor.t i, rapinagem e violfociJ
June Helm. ed . . Essays on tht Prvblrm o/Trib~. Procecdi ngs of 1967 Annual Spring Mcel in g of 1hc American desumana , desconhecid a onde e la co ns1i1u ía um esu ato ari s1ocrá1ico firm cmcnle apoiado pelo Estado na sua s itua-
. Ethnolog ical Socie1y. 15 . ção económica privileg iada . 1al co mo na A lema nha. França ou lláli.1 .
- .1 18. De fac10. a consciência dcs1e efei to cumulativo de pequenos di ferenc ia.is proporciona uma porue para . _E v idê ncia d islo pode en<.·on1rar-~ no fac10 de que qu3Jldo a importação de escravos negros para Nova Granada
se 1t~5~ r o argunl(mo algo e~a~ri l a propósi10 de quan1idade e q ualidade. Concordo co m P . e.
Go rdon-Walker: fo i au1onz.ada. a fim de traba lharem nas minas de Antioquia e para serem traba.Jhadores agrícolas na região cJo Rio
• A d1\lmçào emrc mud.3nças cm qualidade e m udanças em quan1idade ~ irreal . Se os histori adores procurassem

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r . . . . • d
graçõcs e vários dec hmos. e acima de tu o en
fraqucccram a autoridade rela1iva dos reis e dos

c.grJndcs príncipe~'"''· . na a ui é o rincípio geral de que no decurso da inleracção ~ocial


geográfico e de mogr:'i fico do mundo do comércio e da indú <tria algumas á reas da Europ;
pudera'." _açam barcar os .benefício< desta expansão e tanlo mais ~e puder~m espL...:ializar-S<·
nas act1 v1dadcs cssenera1s para colherem esse bc r . r
·e u tempo. força de traba lho , terra e o . .
.
. nc 1c10 .. ivcram ª"1m de ga-t.u menu< do
Aq uilo que func10_ . '1.. ~ p. d . e ·iabilizadas e definidas como «lrad1c1ona1s». O s sicas. Ou a Euro a Oriental se Ir . ulros recurso' na_1ura1< para prover.à' ' u"' necc\Sidadcs
pequenas difcr~ nças •_mciais sao '.c or~-~ ª~~i ,aspcclo e uma criação do presente, nunca do
bá. P_ . · ansforma va no • ceiem,. da Europa Oc ide nta l ou vice-versa.
Qualqu.e r das soluçocs lena_ serv ido as • nccc,>idades do momcn lu • . A lii:e1 ,.a vantagem-'
•tradicion~ I · !01 cntao. como '~~1prc ". drc G;mde r Frank argume nta: «0 desenvolvimento
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passado. b iando d o mundo imx cmº:-~ :, duas faces de uma mesma moeda. Ambas consti-
c n subdi:srnvol\'101Cnto ccononuco sa . . . .. . - . . -se na grande disparidade do século XVII e na monumental dife rença do ,é.cu lo X IX" "''.
tucm rcs ull;ido necessário e as man ifestações contemporaneas _das conlrad1çoes mle mas do As considerações fundamen1a is na fo rma de cont ro lo do 1rahalho adop1ada na Europa-
0
'<:istcma mundial capilalista>)111 ''· ~t..ts este processo é muito mais geral do que Fr~nk md1ca. Or.ie~lal .foram a oportumdadc de um grande lucro se a prod uçiin foS>e aumen tada rdcv ido à
Como Owen Latt imorc diz." ª Civilização gerou a barbárie•"'"· Falando da re laçao enlre os ex1s1cncra de um mercado mundia l) mais a combinação de uma rel at iva c"''"'e' de 1raba lhu
sedentários e os nómadas nos fro meiras do mundo. La111more afirm a que a form a de conce ber com uma grande quanlidade de terra di spon íve l " ~". Na Europa O riental do >écu lo XV I e cm
a sua ori eem e os seus relacionamentos res ide cm observar al g u~ as zonas da economia da América Es panhola, o lraba lho coercivo cm produçõc> mer-
3
r: m1açào di: dois tipos divergentes ::1. parti r do que originalm~nte tinha ~ido uma sociedade canti s era enlão desejável (luc rau voJ. necessário (cm te rmos do inleres>e prúprin do propric-
un ificad 3 • Poderemos chamar-lhes. por conven iência. ~ progressi va"' (a agnc ultura tom ando-se 1ári o) e poss ível (cm lermos do lipo de lrahalho necessári o). A e>erava tu ra era im praticável
primordi al. e 3 caça e calceta sec undári as) e .~ atrasada» (mantend~-se a caç~ e a ca lceta fu~­ dada a relativ~ escassez_ de traba lho. A escra vização do 1rabalho indíli""ª é u mpre c'cassa _,
damentais. 3 agricuhura tomando-se sec undá.na, em alguns casos nao ultrapassando um estádio face às necessidades, pois é demasiado difíc il de con1rolar e a importação longínqua de escra-
incipicnte) 1117 '. vos não era lucrati va para produ1os que exigiam 1an1os c uidados como o tri go. Afinal de contas,
Assim . se num dado momento. dev ido a uma série de anlecedentes. uma re gião tem uma o cuslo dos escravos não era neg li ge nciáve l.
ligeira vantagem sobre outra em termos de um factor chave, e se se verifica ~m ~ conjugação Embora prcs umivelmcnle o camponês pre fi ra um sistema de trabalho coerc ivo à ei.cra-
de acon1ecimentos que faz com que esla ligeira vantagem se tome de 1mpon anc1a central em vatura. devido ao mínimo de dignidade e de pri vilégios ine rcn1cs à liberdade fo m1al. daqui
termos de acção social determ inante, então a ligeira van tagem transforma-se numa grande não decorre necessari amen1c que as condições materi ais do lrabalho coerc ivo sejam melhores
disparidade e a vantage m subsisle mesmo para além da refe rida conjugação de acontecimen- que as do trabalho escravo. Na verd ade , Fernando Guillén Martinez afirma que, na América
tos'" ''· Foi este o caso na Europa dos séculos XV e XVI. Dada a grande expansão do alcance Espanhola, os índios sujeitos ii e11m mie11da eram pior traladns do que os escravos. funda me n-
1almen1e de vido à situação soc ial insegura do e11comcndero '"''. AI varo Jara afirma da mesma

1. 11-L Bens defende o par...1lc lo enlre. por um lado. cslas invasões e o .. scp_undo fe ud.ll ismo• e. por o utro, as
primeiras inYaMl<:'i e a criação do .. primeiro .. fe udalismo na Europa. Ver B ~ns . Rrrut' ãhisroirr comparir , p... 175. mudanças e m .quantidade. em ~u . eles descobririam q ue " mudança..<; em q ualidade" de foc10 só r~u llam de mudan-
ças e~ quanlldade . ~slo é váhdo lamo para muda nças nas ideias e per5peçl iva~ soc iais como par.a mudança..1i na

l'-
Ele realça o impacto da." úl1i01as invasões sobre os gove rn antes da Europ;i _Or1ental nas pp. 175-1 80. Doreen V-:amner,
Slammc und Eu s1 Eurnp1•ar1 Re\'Ú:'n", XXX I. espec ula que .. se o~ cana is [europeus ] de comérc io não se U\' esscm o rga m1..ação eco nó m ica. ( ... }
dei: locado f rel:i1ivamcme falando] para Oes1e (a partir d.1 Europíl Oricma l 1à proc ura de melais ult ram ari nos. a Europa . M udanças de qua~ida_dc nfio "ão mais q ue um ceno estádio de in leno;idade aling: ido por mudança..\ e m quan-
Oriental poderia 1c r coniinuado a seguir o me smo desenvo lvimento 1.1 ue a Europa Ocidental. com o comércio e a lldade prcceden1es .... " Cap1tah sm and Rcform ation • . Ernn f'mic lfisrvry Rl'1·ir"-. VIII . 1. Nov . 19J9. ~ -5 .
expan~ão urb:111a acluando como solventes da econo m ia e da soc iedade feudais. Ou. em alte rnativa . a depressão do 11 9. TrJ ian S1oianovich d e fende a mesma d i~paridade crescente e mre a Europa Ociden1.a l e n Europa do~
~cu l o X\' na Europa Ocidcnta l pcxkria 1er-se deslocado para o Lc~ te fp. 176 ).... Sudesle : ~ Se no sécul o XIV se encont ra pouca d iferença quan1i 1a1iva entre 3 orienl.lÇào r~rrea da.o; .\Oeiedadcs baldni-
11 5. Andre Gundc r Frank. Copilalism ond Underdt•\"elopm,·n1 in Uitin Amatca (Nova Iorque; ~fonlhl y ca:<; e ~ o n cniação f~rrea da Europa !OcidcmalJ , !ai distinç.ãn era s ignificariva em 1700. mu i10 maior ainda em JROCJ,
Re\·lew Prcss . 19671 . 9. Fran k prossegue: .. ixscnvoh•imcn to e subdcsenvo l\·imenlo econó m icos n ão são exac1a- e m~nve~menre m:u or e'." 1850 ..... Materia l Foundat ions of Pre indu ~irial CiYililarion in thc Aalkans•, Jo 11 rnal nf
men1e re l:uivos e quan1i1aÜ\'Oi.. no sentido de que um rcprcse ntc mais dcscm ·olv imcnto econó mico que o o u1ro; s,x·1al lfwory, IV. 3. Primavera 11J71, 22 3.
dcsenvolvimc mo e subdesc nvolvimcmo económicos são re lacionais e qua.li ta1ivos, no sentido de que são estru1u- 120. E vsey D. Domar~ a hipó1ese: .. [)o.; três c lcme nlos de uma es lru turJ :tgrícob re le\·antes f par-d o .. ··
ra lmcn1e di ferent es da i.ua re lação um com o outro. se bem q ue C.lusados por ela. Mas o descnvolvi me mo e o sub- fc nó~eno da escravatura e da serv1d.lo j - lcrra livre , camponeses livre!' e propri etirios de leTTJ não irabalhadores
dcscn,·olvimem o. embora dialcclicamcn1e con1rad i1ó rios. são o mesmo no sentido d e que são o produto duma - dois deles podem COC"x is1ir. mos flunco º ·" três sim11lta11eomrntl' . A combi nação a se r rncon1rad.3 n.:1 realidade
única cmurnra económica e dum único p roce~so de L"'api1alismoio. dependerá do compo~~unen 10 de fac1o rcs politicos - medidas govem amenl;us. (...)• . • The Cau5Cs of S'3very or
11 6. Owen Lattimore ..... La civi1i..ation. mCre dl! la Barbarie? •, Annolts E.S.C.. XV II. 1. Jan .-Fe v. 1962, 99. Serfdom : A Hypo1hcs 1s• . Jm1rnal nf fronomic llútory, XXX , 1. Março 1970, 2 1.
11 7. OwL· n Lanimore, Rdtôm1i dd X Congr,•sso di Scien;e Srori,·he. I. p. 11 0. Um pcm10 de v ista m ui10 121: .. A c riaç;1o e co_nsti1uição de casl a.~. grupos pc-rmanememenle subjugados a o ulroll\. nllo conSC"guiu .{ •
scmelhan1c é avançado ix;ir Mo n oo Fried : ..-fA I maioria das 1ribos parece ser fenómeno sec undário num sentido receber sançao lega l lna América es panho la ). a não st r cmbrion:iria e prov isommcnte. A le~ i sl aç3o o fi c ial w brc 0 ..
muilo específico: podem bem .-.cr o pro<lulodc proccs'l.Os c~1imul ad os pelo aparecimento dê ~oc iedades re lativamente lraha.lho pesso al d os índios nunca aceito u propriamenle a desigualdade juríd ica in lrinscca en1re hrancos, fndios e ='·
muno or1;an izadas no meio de o u1r..1s :t0e icdades organizadas dum modo m uilo mais simples. Se islo se pode mes11ços . (. ... )
º
demonstrar.. 1ribalismo pode então ser visto como reacção à criação de estrulu ras polílicas complc u .11 em vez. P recisam ente por causa das suas prrcauçõcs e charadas eura- legai11, a classt e :t plor.tdor:a fck propriet.árim
de um e.s.tád10 n1:cessariameme pre liminar da sua evolução ... ...Qn lhe Concept o f ... Tribc" and º"Triba l Society"-.., in da rerra e burocra1as se us aliados) veio a rer carJclrrfsticas tJe irrcspono;abilidade mor.t i, rapinagem e violfociJ
June Helm. ed . . Essays on tht Prvblrm o/Trib~. Procecdi ngs of 1967 Annual Spring Mcel in g of 1hc American desumana , desconhecid a onde e la co ns1i1u ía um esu ato ari s1ocrá1ico firm cmcnle apoiado pelo Estado na sua s itua-
. Ethnolog ical Socie1y. 15 . ção económica privileg iada . 1al co mo na A lema nha. França ou lláli.1 .
- .1 18. De fac10. a consciência dcs1e efei to cumulativo de pequenos di ferenc ia.is proporciona uma porue para . _E v idê ncia d islo pode en<.·on1rar-~ no fac10 de que qu3Jldo a importação de escravos negros para Nova Granada
se 1t~5~ r o argunl(mo algo e~a~ri l a propósi10 de quan1idade e q ualidade. Concordo co m P . e.
Go rdon-Walker: fo i au1onz.ada. a fim de traba lharem nas minas de Antioquia e para serem traba.Jhadores agrícolas na região cJo Rio
• A d1\lmçào emrc mud.3nças cm qualidade e m udanças em quan1idade ~ irreal . Se os histori adores procurassem

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a ue driio de ,·ida dos índios sujeitos à e11c01'.1ie11da: mas ~go~2~10 Chile, estava «a
~::ív~I mí:mo. utili zando este conceito no seu sentido mais estn·t.o »
0
. . basicamcnt~ ~ uito m~is alta (mesmo cm períodos de declínio demográfico como os séculos
1 Assim. nas áreas gcocconomicamcnte pc_n féncas da econonu~:mund~ nas~ente, exis- XIV e XV) · ~ agncul.tura era consequentemente mais imensi,·a' '''"· Adicionalmente uma
t:~ tiam duas actividadcs primárias: mineração. pnnc1palmente de_ metais prec10sos, e _agncul~ parte da terra foi transfen~a do c~ltivo para a pa~torícía. o re~ultado foi uma menor c~rção.
... -tura principalmente de alcuns alimentos. No século XVI, a Amé nca ~spanhola fornecia essen- Em part:, um trabalho m~1s _especiali zado pode in~istírnuma coerção j urídica menor. Ou antes! -:-
cial~iente os primeiros"~". enquanto que a Europa Oriental _fome~ia fund~entalmente os a c~rçao tem .de_ser mai s md~recta. pela via dos mecanismos de mercado. Em pane. acon-
1segundos. Em qualquer dos casos. a tecnologia era trabalho-intensiva e o sistema so71al de tecia que na cnaçao de gado fot sempre uma tentação, !>Obretudo no Inverno. desviar a comida
exploração do trabalho. Os excedentes destinavam-se de forma globalmente desproporcionada do gado para os homens. Um sistema dominíal não era capaz de lidar eficazmente com este
11271
à satisfação das necessidades da população das áreas _c_entra1s. Os lucros 1med1atos ~este proble'.11ª . Mas o século XVI foi u~a época de procura cre!.Cente de carne. procura que
empreendimento eram reparlidos. como teremos ocasiao de ve~, _entre grupos. nas _areas é elásuca e_que s~ ~xp.ande com a subida do padrão de vida "'''- Dada também a expansão
centrais. grupos de comércio internac10na1 s, e pessoal. de _s uper.:1sao local (que tnclu1, por da populaçao,_e:1st1a igualmente uma maior procura de cereais. As comequéncias foram
exemplo. quer os aristocratas na Polónia quer os func1onanos_ c_1v1s e os encomenderos na simples. A cnaçao de gado, que era lucrativa, exigia uma organização social do trabalho
América Espanhola). A grande massa da população estava sujeita a traba~h.o coercivo, um diferente. Quando esta não se desenvolveu, quaisquer que fossem as razões. a pastorícia
sistema definido, circunscrito e controlado pelo Estado e o seu aparelho JUd1c1al. Os escravos
eram usados na medida em que era lucrativo fazê-lo, e onde tais extremismos judiciais eram l 25. Todavia. a d_ensidade declinou na Europa Meridional à medida que o procc>50 de 'Cffii-pcrifrriali- •
excessivamente caros a alternati va era empregar nos domínios virados para a produção mer- zação, a descrever mais adiante, ocoma. Ao comentar um artigo de Marizn ~talov.ist rela:ti ..·o a de:ser,..-olvlmentos
12 na Europa Oriental nesta época. Jaime Viccns Vi\res fez a seguinte comparação com a Ca!ilunha: ...Com efeito.
• cantil trabalho agrícola formalmente livre mas de facto legalmente compulsivo < • 1• reparámos, como especialistas da evolução das classes camponesas num país bem diferc:ru.e da Polónll do iC:culo
r No centro da economia-mundo, na Europa Ocidental (incluindo o mundo mediterrânico XV, como é a Catalunha, que se há em ambas as áreas uma concordância flagrante no que t~rnos cksigtl3do por
"segundo feudalismo", esta semelhança não pode ser explicada por causas idênticas. O Sr. MaloW'!st.. K"guindo os
1.
crisl.30), a situação era, em numerosos aspectos, diferente. A densidade populacional era
se us precursores polacos. [considerJ] como elemenlos primordiais para o começo dum.a no.. a feud.alização nos séculos
XV e XVI o desenvolvimento do comércio no B:illico polaco e o alargamento dos mcrodo1. internos - rrsultado
Cauca ou na costa aLlãrnica. o tratamento paternal que eles recebiam dos seus senhores era muito menos cruel, imoral nonnal do crescimenlo das cidades. Na Catalunha. bem pelo contrário. as caus.as da deg:rad.ação do esuruto jurídico
ou birbaro do que o que as tribos atribuídas aos tncomenderos tinham anteriormente recebido. O proprielário do da população camponesa foram a decadência do comércio mediterrânico, por um lado. e o despcn-oomcnto d:ts cidades.
escravo negro era confirmado por lei na sua situação privilegiada, e esta consciência da estabilidade da escravatura por outro. Assim se chega a resultados idênticos p3!tindo de factos opostos•. Comentários fciios .M>tn o •Rappon
dan aos proprietários um cena sentido de responsabilidade concreta que faltava aos encomenderos a quem os índios de M. Malowist>. p. 148.
,_csta\·arn sujeitos•. Guillén. Rai: yfururo, 8 1. Para além do facto de eu não acred11arque V1cens caractenze a posição de ~ Wo.. isl com wuJ conceção.
.. 122. Ah·aro Jara. .. salario en una economia carac1erizada por las relaciones de dependencia personal•. Third acho que ele falha o ponto principal. As causas do no,·o estatuto dos camponeses ru PolónU e na C:ualunha s3o
lnuma.Jiona/ Conference of Eronomic History, Munique 1965 (Paris: Mouton, 1968). 608. idênticas. São apenas os seus pontos de panida que são diferentes. tendo a Catalunha sido no século XIV uma d.u
~ia.is e..·idfocia sobre o baixo nível de vida do índio na encomienda pode encontrar-se na Guatemala. onde áreas relativamente mais avançadas da Europa. O despovoamento da Catalunha e o aumrnto da popul.a,çào n.J. Polt.lla
o produto era o indigo. Em 1563, a Coroa espanhola apoiou uma decisão prévia da Audiencia de proibir o emprego podem ter aproximado bastante uma da omra as densidades res ultanles, reflectindo por YOlta do fm.J.I do •lon!O•
de índios na bas.c de que era .. trabalho mui10 nocivo•. Robcn S. Smith assinala que esle decreto foi ineficaz: século XVI os seus estatu1os não mui1 0 diferenles na economia-mundo europeia.
r • Em 1583 os funcionários coloniais descobriram que os donos das plantações tinham arranjado um sub- Do mesmo modo, quando Pierre Jeann in indica que os JX>nos do Báltico aumentam~ facto cm umanho e
terfúgio: cm \ 'CZ de contratá-los por salário. entendiam-se com os índi os para colherem plantas de indigo a tanto por actividade no século XVI, acautelando-nos para não afirrnannos demasiado o declínio da cKbdc na periferia.. temos
carregamento, pagando-lhes em roupas com apenas um décimo do que deveriam receber em salários monetários. de reconhecer que é assim mesmo. Ver «Les rela1 ions économiqucs dcs villes ck' la Bahiquc a\·~c -~ ..·ers _au XV1~
(... )Sete anos mais tarde o foca l descobria que ..muitos mestiços, mulatos e negros livres e mesmo escravos" (i.e., si~c lc», Vierteljahrschrifrfür So:ial- und Wirtscha/tsgeschichte . XUll. 3. ScL 1956. 196. Ma.s hi ..-:mas coisas a ter
os trabalhadores de quem o go ..•emo esperava que fizesse m o trabalho) estavam a viola r a lei ao alugarem índios em men1e. 1) Um aumcnco no comérc io inlemacional conduz dtter1o a um aumento nJ 3Cti ..,id:lde portuária. Mas
para .colher e ~sponar xiquilite (a planta que era a principal fon1e de indigoJ por salários apenas nominais». quanto a cen1ros administrativos e centros de comércio local? 2) Um aumento dJ população global h.ncria nor-
•lndigo Product1on and Trade in Colonial Gua1emala• , llispanic American Historical Re view, XXXIX, 2, Maio malmente de ter como consequência um aumento do tamanho absoluto das. _ci~dcs. nus quais são as ~~s
l--1959, 187. Alé escravos alugavam índios - aí eslá o modelo! urbanas relativas? 3) Mesmo um aumen10 relalÍ't'Oda população urban3da pcnfe.na podt.corresponde.r ~ e sem du't'lda
. 123. • (Os) objecti~os. in iciais .Ida conquista espanhola mostram] uma fone convergência na criação de correspondeu) a um declínio relafrrn em relação ao grau de urbanização da Europa Oc1denW.
f
economias exploraçao mme1ra n?s d1íe_re n1es lugares de ocupação e colonização. (... )O que os índios davam à 126. Agricultura mais intensiva requer melhores condições para os cam~scs. Ver -~rdant sobre como
.J

~era undamentalmente ~e1a1 s ~r~c1osos. Produtos coloniais apareciam relegados para um modesro segundo as dízimas de sencorajam a produtividade (Théorit soriolo~ique dt I' impõr. 1. p. 208). e de como unpostos ou rendas
ug~ · AI varo Jara. Grande! _mies :_riarlflmes da ns le monde, XVr -XtXr siic/es, pp. 249-250. Jara indica que os quadros
e~~~raj~~l~:~i~~ll~ ~~~-;~~.>;,,o
::s
dos olumes de tráfico manumo sao claros a eSle respeito: • Excepto para as décadas de t591-t600 e de t621-1630,
as ou:r:as entre 1503 e 1660 parecem adequar-se a esta fórmula: quamo maior a produção mineira maior o
ico manumo como contrapanida comercial [p. 266J• . '
fi xos a dilema teórico: • (Uml sistema que coloca so!tt os servos a responsabiU-""• •
dade maior ~a função da "reprodução", isto é, dos cuidados com o gado. cria :issim as piores c~ições possíveis ' .....,
para a criação de gado. Negligên:ias dos cam~neses para com. os animais. uma fonte ~I~~~~ ~l~;~
.. nologia :r~:n~~~~e~~: uma ~ist~nção ~n~rc economias de plantação e economias de herdade, uma tenni- que para eles ~a constante arrelia de quem dmge uma senhona. Os anos de esc~z . g . 1
de baixa pluv iosidadc, colocam o c~ponês per:1"~e a alte~ativa de ~i~ntar os t:i~~o:i:~~";:~~~: ::r':s::'~
0

rcspectivos pnxfutos ti icos A pnnc1pal d1 stmçã_o p~rece centrar-se na forma do conlrolo de trabalho e nos
V
Lações produ7.em produfos d~ -:~i~r:_ral Econonuc fl~s~ory (Nova Iorque: Free Press. 1950), 79-92. As plan- A escolha pode ser facilmente adivmhad~. Por ~lmno, 3 baixa prod~~ivlda~n~m fom cns•. Thiorie écon.omiqut
dades são u1ilizadas para cri.dão de ( d gundol Weber). tipicamente cana-de-açúcar. tabaco, café, algodão. As her- grande manada, o que agravava ainda mais :is d1ficutdadesde aprov1stoll3Jll . \ g 1970 31 3' Esuconsi
que a distinção assim afirmada seja ~~ ° ~ P an~ções de tngo, ou uma combinação das duas. Não es1ou certo de du systeme f éodal: Pour un modêlt de/' iconomit po/onaist, ~6" -18" sitclesi~~~::~°:~octan~ru; n~· Langued~
1
0

Europa Oriental eram de longe mais p~ ~~ as • erdades,. (tal como são aqui definidas) que se encontravam na deração não era meramente teórica. Em manuel Le Roy Ladune mostra que
lngla1erra. por exemplo. eci as com as • plantações• das Américas do que com as <c herdades» da entre l 5 t5-t 530. Les paysans de languedor (Paris: S.E.V.P.E.N.:,1'{'6). 1. i~p- p 45.52 .o apo~u do combt:io' "
128. Ver Kri sto"r Glamann, Fontano Econom1c H1 story 01 umpe • • · ·
de gado coi ncidiu com a idade de ouro da nobreza IP· 50)•.
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a ue driio de ,·ida dos índios sujeitos à e11c01'.1ie11da: mas ~go~2~10 Chile, estava «a
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. . basicamcnt~ ~ uito m~is alta (mesmo cm períodos de declínio demográfico como os séculos
1 Assim. nas áreas gcocconomicamcnte pc_n féncas da econonu~:mund~ nas~ente, exis- XIV e XV) · ~ agncul.tura era consequentemente mais imensi,·a' '''"· Adicionalmente uma
t:~ tiam duas actividadcs primárias: mineração. pnnc1palmente de_ metais prec10sos, e _agncul~ parte da terra foi transfen~a do c~ltivo para a pa~torícía. o re~ultado foi uma menor c~rção.
... -tura principalmente de alcuns alimentos. No século XVI, a Amé nca ~spanhola fornecia essen- Em part:, um trabalho m~1s _especiali zado pode in~istírnuma coerção j urídica menor. Ou antes! -:-
cial~iente os primeiros"~". enquanto que a Europa Oriental _fome~ia fund~entalmente os a c~rçao tem .de_ser mai s md~recta. pela via dos mecanismos de mercado. Em pane. acon-
1segundos. Em qualquer dos casos. a tecnologia era trabalho-intensiva e o sistema so71al de tecia que na cnaçao de gado fot sempre uma tentação, !>Obretudo no Inverno. desviar a comida
exploração do trabalho. Os excedentes destinavam-se de forma globalmente desproporcionada do gado para os homens. Um sistema dominíal não era capaz de lidar eficazmente com este
11271
à satisfação das necessidades da população das áreas _c_entra1s. Os lucros 1med1atos ~este proble'.11ª . Mas o século XVI foi u~a época de procura cre!.Cente de carne. procura que
empreendimento eram reparlidos. como teremos ocasiao de ve~, _entre grupos. nas _areas é elásuca e_que s~ ~xp.ande com a subida do padrão de vida "'''- Dada também a expansão
centrais. grupos de comércio internac10na1 s, e pessoal. de _s uper.:1sao local (que tnclu1, por da populaçao,_e:1st1a igualmente uma maior procura de cereais. As comequéncias foram
exemplo. quer os aristocratas na Polónia quer os func1onanos_ c_1v1s e os encomenderos na simples. A cnaçao de gado, que era lucrativa, exigia uma organização social do trabalho
América Espanhola). A grande massa da população estava sujeita a traba~h.o coercivo, um diferente. Quando esta não se desenvolveu, quaisquer que fossem as razões. a pastorícia
sistema definido, circunscrito e controlado pelo Estado e o seu aparelho JUd1c1al. Os escravos
eram usados na medida em que era lucrativo fazê-lo, e onde tais extremismos judiciais eram l 25. Todavia. a d_ensidade declinou na Europa Meridional à medida que o procc>50 de 'Cffii-pcrifrriali- •
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12 na Europa Oriental nesta época. Jaime Viccns Vi\res fez a seguinte comparação com a Ca!ilunha: ...Com efeito.
• cantil trabalho agrícola formalmente livre mas de facto legalmente compulsivo < • 1• reparámos, como especialistas da evolução das classes camponesas num país bem diferc:ru.e da Polónll do iC:culo
r No centro da economia-mundo, na Europa Ocidental (incluindo o mundo mediterrânico XV, como é a Catalunha, que se há em ambas as áreas uma concordância flagrante no que t~rnos cksigtl3do por
"segundo feudalismo", esta semelhança não pode ser explicada por causas idênticas. O Sr. MaloW'!st.. K"guindo os
1.
crisl.30), a situação era, em numerosos aspectos, diferente. A densidade populacional era
se us precursores polacos. [considerJ] como elemenlos primordiais para o começo dum.a no.. a feud.alização nos séculos
XV e XVI o desenvolvimento do comércio no B:illico polaco e o alargamento dos mcrodo1. internos - rrsultado
Cauca ou na costa aLlãrnica. o tratamento paternal que eles recebiam dos seus senhores era muito menos cruel, imoral nonnal do crescimenlo das cidades. Na Catalunha. bem pelo contrário. as caus.as da deg:rad.ação do esuruto jurídico
ou birbaro do que o que as tribos atribuídas aos tncomenderos tinham anteriormente recebido. O proprielário do da população camponesa foram a decadência do comércio mediterrânico, por um lado. e o despcn-oomcnto d:ts cidades.
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dan aos proprietários um cena sentido de responsabilidade concreta que faltava aos encomenderos a quem os índios de M. Malowist>. p. 148.
,_csta\·arn sujeitos•. Guillén. Rai: yfururo, 8 1. Para além do facto de eu não acred11arque V1cens caractenze a posição de ~ Wo.. isl com wuJ conceção.
.. 122. Ah·aro Jara. .. salario en una economia carac1erizada por las relaciones de dependencia personal•. Third acho que ele falha o ponto principal. As causas do no,·o estatuto dos camponeses ru PolónU e na C:ualunha s3o
lnuma.Jiona/ Conference of Eronomic History, Munique 1965 (Paris: Mouton, 1968). 608. idênticas. São apenas os seus pontos de panida que são diferentes. tendo a Catalunha sido no século XIV uma d.u
~ia.is e..·idfocia sobre o baixo nível de vida do índio na encomienda pode encontrar-se na Guatemala. onde áreas relativamente mais avançadas da Europa. O despovoamento da Catalunha e o aumrnto da popul.a,çào n.J. Polt.lla
o produto era o indigo. Em 1563, a Coroa espanhola apoiou uma decisão prévia da Audiencia de proibir o emprego podem ter aproximado bastante uma da omra as densidades res ultanles, reflectindo por YOlta do fm.J.I do •lon!O•
de índios na bas.c de que era .. trabalho mui10 nocivo•. Robcn S. Smith assinala que esle decreto foi ineficaz: século XVI os seus estatu1os não mui1 0 diferenles na economia-mundo europeia.
r • Em 1583 os funcionários coloniais descobriram que os donos das plantações tinham arranjado um sub- Do mesmo modo, quando Pierre Jeann in indica que os JX>nos do Báltico aumentam~ facto cm umanho e
terfúgio: cm \ 'CZ de contratá-los por salário. entendiam-se com os índi os para colherem plantas de indigo a tanto por actividade no século XVI, acautelando-nos para não afirrnannos demasiado o declínio da cKbdc na periferia.. temos
carregamento, pagando-lhes em roupas com apenas um décimo do que deveriam receber em salários monetários. de reconhecer que é assim mesmo. Ver «Les rela1 ions économiqucs dcs villes ck' la Bahiquc a\·~c -~ ..·ers _au XV1~
(... )Sete anos mais tarde o foca l descobria que ..muitos mestiços, mulatos e negros livres e mesmo escravos" (i.e., si~c lc», Vierteljahrschrifrfür So:ial- und Wirtscha/tsgeschichte . XUll. 3. ScL 1956. 196. Ma.s hi ..-:mas coisas a ter
os trabalhadores de quem o go ..•emo esperava que fizesse m o trabalho) estavam a viola r a lei ao alugarem índios em men1e. 1) Um aumcnco no comérc io inlemacional conduz dtter1o a um aumento nJ 3Cti ..,id:lde portuária. Mas
para .colher e ~sponar xiquilite (a planta que era a principal fon1e de indigoJ por salários apenas nominais». quanto a cen1ros administrativos e centros de comércio local? 2) Um aumento dJ população global h.ncria nor-
•lndigo Product1on and Trade in Colonial Gua1emala• , llispanic American Historical Re view, XXXIX, 2, Maio malmente de ter como consequência um aumento do tamanho absoluto das. _ci~dcs. nus quais são as ~~s
l--1959, 187. Alé escravos alugavam índios - aí eslá o modelo! urbanas relativas? 3) Mesmo um aumen10 relalÍ't'Oda população urban3da pcnfe.na podt.corresponde.r ~ e sem du't'lda
. 123. • (Os) objecti~os. in iciais .Ida conquista espanhola mostram] uma fone convergência na criação de correspondeu) a um declínio relafrrn em relação ao grau de urbanização da Europa Oc1denW.
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economias exploraçao mme1ra n?s d1íe_re n1es lugares de ocupação e colonização. (... )O que os índios davam à 126. Agricultura mais intensiva requer melhores condições para os cam~scs. Ver -~rdant sobre como
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~era undamentalmente ~e1a1 s ~r~c1osos. Produtos coloniais apareciam relegados para um modesro segundo as dízimas de sencorajam a produtividade (Théorit soriolo~ique dt I' impõr. 1. p. 208). e de como unpostos ou rendas
ug~ · AI varo Jara. Grande! _mies :_riarlflmes da ns le monde, XVr -XtXr siic/es, pp. 249-250. Jara indica que os quadros
e~~~raj~~l~:~i~~ll~ ~~~-;~~.>;,,o
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dos olumes de tráfico manumo sao claros a eSle respeito: • Excepto para as décadas de t591-t600 e de t621-1630,
as ou:r:as entre 1503 e 1660 parecem adequar-se a esta fórmula: quamo maior a produção mineira maior o
ico manumo como contrapanida comercial [p. 266J• . '
fi xos a dilema teórico: • (Uml sistema que coloca so!tt os servos a responsabiU-""• •
dade maior ~a função da "reprodução", isto é, dos cuidados com o gado. cria :issim as piores c~ições possíveis ' .....,
para a criação de gado. Negligên:ias dos cam~neses para com. os animais. uma fonte ~I~~~~ ~l~;~
.. nologia :r~:n~~~~e~~: uma ~ist~nção ~n~rc economias de plantação e economias de herdade, uma tenni- que para eles ~a constante arrelia de quem dmge uma senhona. Os anos de esc~z . g . 1
de baixa pluv iosidadc, colocam o c~ponês per:1"~e a alte~ativa de ~i~ntar os t:i~~o:i:~~";:~~~: ::r':s::'~
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V
Lações produ7.em produfos d~ -:~i~r:_ral Econonuc fl~s~ory (Nova Iorque: Free Press. 1950), 79-92. As plan- A escolha pode ser facilmente adivmhad~. Por ~lmno, 3 baixa prod~~ivlda~n~m fom cns•. Thiorie écon.omiqut
dades são u1ilizadas para cri.dão de ( d gundol Weber). tipicamente cana-de-açúcar. tabaco, café, algodão. As her- grande manada, o que agravava ainda mais :is d1ficutdadesde aprov1stoll3Jll . \ g 1970 31 3' Esuconsi
que a distinção assim afirmada seja ~~ ° ~ P an~ções de tngo, ou uma combinação das duas. Não es1ou certo de du systeme f éodal: Pour un modêlt de/' iconomit po/onaist, ~6" -18" sitclesi~~~::~°:~octan~ru; n~· Langued~
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Europa Oriental eram de longe mais p~ ~~ as • erdades,. (tal como são aqui definidas) que se encontravam na deração não era meramente teórica. Em manuel Le Roy Ladune mostra que
lngla1erra. por exemplo. eci as com as • plantações• das Américas do que com as <c herdades» da entre l 5 t5-t 530. Les paysans de languedor (Paris: S.E.V.P.E.N.:,1'{'6). 1. i~p- p 45.52 .o apo~u do combt:io' "
128. Ver Kri sto"r Glamann, Fontano Econom1c H1 story 01 umpe • • · ·
de gado coi ncidiu com a idade de ouro da nobreza IP· 50)•.
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rei redi u n..: mo ''"''. As im. por tod 3 a Europa. a grJnde questão passo u a se r um a divisão do como alremari va generali zada._ Para 'Cr ma i preci\Cl. a parceria er• coohttida em outras
árc~s. Ma.< ocupou um lugar pn mac1al ne•ta alt ura ape nas na ~iperikna. A "'~::odria na
rrabJ lho ,cn:scentc. 'd• dc . n ----,·<·i3m ·is inJ úsrrias nasciam. os mercadores transfonnav am. l!áha e afârlterre na Pro vença eram J:Í conhecida, desde o 1'éculo XIII ;• mlraw1~~ no rcs:.õ'
o C'(Jl tro. as c1 ... s v •.. .•. . . .
do Sul da França desde o século XIV. E à medida que dificuld.lde• ec~n(,rmca• ~
ª'
·se numa forc;a t"l·onómica e rx1li1icamente signifira.ti·"ª· E ccno 4~e a agncuh_ura pe?11ane-
senhores aumentavam nos "écul us XI V e XV .°' domíni°' eram cre scmttmcm.e ccdidm
et:u durJ nlc tuJo 0 sérnlo XVI a :1r 1i vidaJc da maion a da popul ~ç ao . (Na realid ade , isto foi
sob esta forma, não como um todo. m°' em parcela\ mai• pequenas. ma is odequw• ao
w rdade ate ao s"culo XIX p.irJ 0 Noroeste europe u. e até ao sccul o XX para a E uropa do
sustento de um a família do que ao de uma ald<:ia in1eira. Duby a \Ina la que em meados
Sul). Arcs3r disso, 3 incl usúo da Europa Orient al e da A mé ric~ Es pmho l3 n3 econo mia-mundo
do século XV «as ex plorações prod utora\ de cercai' em gra nde ti.Ca la que poóeriam aind.1
cu ropei 3 durJn le 0 século XV I não só fo mereu cap11al (:11ravcs do sa4uc e dc .mar~en s de lucro
m anter-se na Europa Ocidental desapareceram._ A isto refere-i;c ele corno • uma das tra..,-'-
altí.simas). mas libe n ou taml>l' m algum 1rabalho no cenlro para espec 1ahzaçao em outras fonnações fundamentais da vida rura1. m2 1

o
m -cfas. espectro das tarefas oc upac ionais no ce nl ro er3 ex tre mamente complexo. Em grande Porque é que. no entanto. a tran <fonnação tomou esta fonna particular" Ou seja. porq ue
pane era aincb 3n:l logo ao da pe ri fe ri a (por cxcmp.h na ~rodução de cereais). M ~s ª.tendênci.a é que, se hav ia a ameaça de uma transformação. n>o se viroo o liCnhor p:ira o Estado r.o sen-
no centro erJ no se ntido da v3ried3de e d3 cspeciah zaçao enquanto que a tendenc1a na pen- tido de forçar os camponeses a pennanece r na terra. como aconteceu na Europa Ork ntal? E.
feri3 era para a monocuhura. por ourro lado, porque é que, se houve concessões. estas 1omaram a fonn a d<: pan:eria mais do
, A expansão do séc ul o XVI não foi somcnre geográfica. Fo i uma expansão económica que de transferência da terra para pequenos agricultores que adqu iririam plenam,,nte a terra
_ um pe ríodo de crcscimenlo demográfico , de produtividade agrícola crescente e da «pri- ou pagariam uma renda fi xa - a princi pal (embora não a ún ica) sol ução adaptada na Europa
meirJ re volução industri al• . Marcou o estabelecimento de um comércio regular entre a do Noroeste?
Eump> e o resto do mundo habitado" "''. Nos finais do século. a economia parecia s imples- Dobb, comparando a Europa Ocidental com a Oriental em termos da reacção sen horial
mente diferente e melhor 41311 • ao fenómeno da deserção e despovoamento. e considerando a Europa Ocidental como a areru
· Até >qui . descre vemos as form as de produção e de controlo do trabalho emergentes na da «concessão» e a Europa Oriental como a da «coe rção reno..,·ada ... atribui as diferentC's
pe ri fe ri 3 e trali mo-las co ntrastmdo-as explícita e implicirameilte co m as do centro. De facto, reacções à «força da resistência camponesa" '""· lan Blanc hard. por outrO lado. concorda que
3 estrutura do cenlro é mais complicada do que até a4u i demos a e ntender. No entmto, antes o grau de agitação camponesa é um fac lor a ter em conta. embora de urna fo rnu me™"
de abord arm os esta comple xidade deveremos co ns iderar a produção ag ríco la da terceira zona directa. O facror cru cial era a di sponibilidade de trabalho. ArgumenLl ele que ate 1520 existia
estrutural. a semi peri fe ria. Ainda não ex plicam os o papel da semi pe riferia para o funci onamento · uma escassez de trabalho na Inglaterra e que os legisladores procuraram efecli\'amente coogir
do sistema mund ial. Para já. basta dizer que com base num cena número de critérios económi- os trabalhadores a ficarem na terra. enquanto os proprietários encetaram relutantemente um
cos (ma' não em todos). a se mi pe riferi a represe nta um ponto inrennédio num conti111111m que processo de enclos11re .faure de mieux ""'· Assi m. a coe rção. segundo o argumento de Bl:in-
vai desde o centro até à periferia. Isto é panicul arm enre ve rdadeiro no que respeita à com- chard, foi também utili zada em Inglaterra enquanto a população se mante"e escassa. Foi
plex idade das institu ições económi cas, ao g rau de recompensa econó mica (quer em tennos somente quando a população começou a crescer que os camponeses se agitaram. exigindo de
1 de níve l méd io qu er de gama) e acima de tudo às formas de controlo do 1rabalho. facto terra.
\. A pe riferi a (Europa Ori ental e Améri ca Espanhola) utili zava trabalho forçado
(escravat ura e trabalho coercivo em produções mercantis). O centro, co mo veremos,
132. Duby, Rural Economy. p. 325; ver 1ambém p. 275 . No cnun10. cm Castcl.J a situaçkJ parece 1cMc •
usava cada vez mais trabalho livre. A se miperiferia (anrigas áreas centrais transforman- desenvolvido alE'. o diíercntemente: •Nos stculos XIV e XV, a aristocroci:i Ca.\1elh3na atingiu um pincarodc pockr.
do-se no sentid o de estruturas pe riféri cas) desenvolve u uma fonna intermédia, a parceria, uma importância de 1al modo esmagadora que pa.\SOUa dominar o Esudo. Os nobcn tastetha.nos não adopt:l:r.Lm
uma posição defensiva como noulros remos oc i dental.~. mas, muito pelo contrário. mudaram de dina.sti35. apcdc:r.11-
ram-sc do pa1rimónio real e fi zeram do poder real um ins1rumento das suas ambições. Este fenómeno deu - ~ porque
a monarquia não pod ia con1ar co~ apoio sólido por parte das ci~cs. Muil:lS das .ci~s i:a.s.telh~:is ~''"lffi 00
129. Assim como no Langucdoc. Ve ra descrição de Lt: Roy Laduric : • Üs arroteamentos diminuem a 1erra lado da aristocracia. e muitas mais eram subjuiadas por elJ •. V.cens. An Economic Htst(I~' of Spai tt . P· -~5. ~·
para pa.,ra~e m . ~ pla.n1açõrs (oliveira. castanheiro. etc.). os socalcos e as \'Clfaçõcs cm pedra restringem os campos tanto, defende Vicens. o século XV I testemunhou a a..~ müo n:i fatremaôur.i e na And.aluz.1:1 de gr.indts IJ!Ífundi a.
abenos 1.om direito aos comun s. Por todas estas r.izõc!i. a c ria~·ãu de gado ati nge um patamar e depois declina. Nesta que tinham sido preparados pelas grandes concessões de 1erra dos séculos XIV e XV. ~.c:r PP· 2~!-248.
ngricullura an raga. que não co nhece plantas forr.igc iras ou que as confina a honas, não é possíve l dcsem1olver-se 133. E. acrescenta Dobb, à força da resistência camponesa . •ao poder poltt1co. e md~W' dos s.enhorcs ..
si mullaneamcnte prod ução animal e vcgclal . o ~ seus rcqu iSitos são contrnditórios, porque ambas procuram a 1erra locais, tomando ou fáci l ou diífcil. conforme o caso. \'e:ncer a rtsistência camponesa_t evitar assim forç~
que ef.t.i ainda li\·rc. mas que se 1oma cada dia mais escassa. Por falta duma Mtsta , como cm Espanha, para defender a deserção dos domlnios, e 1l extensão cm que o poder real exercia a sua in.fluênc1a. p;ira n:f~~ a autoci<bdie
os intcn:sse1;; dos cr~do rl! o; , n dei.cn\'olvimcnio da cri ação de gado é cedo sacrificado numa sociedade: tradicional senhorial ou. pelo contrário. acolhia bem a oponun idack de enfraquecer a pos.ção de ste tOrt"S m•ats d..1 notwcz.a ...
em CJ1:pansão ... U s f?ü.fJu11s tlt' ú.mgurdoc 1. p. 324 .
130. Vc:r J. H. Parry , -Tramport and Tradc Routes•, in Cambridgt Economic. Histor)' of Europt. IV, S1udit s,~j·4~l~~~~ cntan10], do final de 1520 cm di3lltc os rendeiros. at~ então tiosilcnc~ ~ 1.5 <n<lo~MTn. ,
E. E. R1ch e C. H. Wilw n. eds., Tht Ernnumy of E.xpanding Europe in tht / 6th and / l tlr Ctmurits (Londres e 1omaram·sc vocifcran1ês nas sua.'> denúncias daqueles que m3ntinham terras pata pastagem. ·~~indo-os wun de
Nova lorque: CambridgeU niv . Press . 1967), 19 1, adquirir novas parcela.." que eram necessária.\ para satisfazer uma popul ação crescente.i:sta
ll1l e~ frequcn1~mm1c
13 1. Ver esta compar..ição da Europa de 16(X) com a Europa de 1500: • Primeiro de 1udo, um sector agrl· orgnni u da por meios l~gais, mas tornou-se cada vez mais óbvio que eles não obcdcctnõlm à k 1 e detrutariam u
cola, ainda a a<.:t_ividadc principal. que é capaz de alimentar muito mais homens do que cm 1500, e de os alimenlar vedações•. Blanchard, Eronomir llisrory Rt \'i<M', XXlll . P· 440.
melhor: comércio com os mundos ultramari nl>!i; uma indústria têxtil ainda maior que a de 1 5~ uma exploração
mineira e uma indúst· i 1 n1etalúrgica de longe maior•. Mauro, U XV/• sii clt ruroplt!n, p. 257.
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rei redi u n..: mo ''"''. As im. por tod 3 a Europa. a grJnde questão passo u a se r um a divisão do como alremari va generali zada._ Para 'Cr ma i preci\Cl. a parceria er• coohttida em outras
árc~s. Ma.< ocupou um lugar pn mac1al ne•ta alt ura ape nas na ~iperikna. A "'~::odria na
rrabJ lho ,cn:scentc. 'd• dc . n ----,·<·i3m ·is inJ úsrrias nasciam. os mercadores transfonnav am. l!áha e afârlterre na Pro vença eram J:Í conhecida, desde o 1'éculo XIII ;• mlraw1~~ no rcs:.õ'
o C'(Jl tro. as c1 ... s v •.. .•. . . .
do Sul da França desde o século XIV. E à medida que dificuld.lde• ec~n(,rmca• ~
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·se numa forc;a t"l·onómica e rx1li1icamente signifira.ti·"ª· E ccno 4~e a agncuh_ura pe?11ane-
senhores aumentavam nos "écul us XI V e XV .°' domíni°' eram cre scmttmcm.e ccdidm
et:u durJ nlc tuJo 0 sérnlo XVI a :1r 1i vidaJc da maion a da popul ~ç ao . (Na realid ade , isto foi
sob esta forma, não como um todo. m°' em parcela\ mai• pequenas. ma is odequw• ao
w rdade ate ao s"culo XIX p.irJ 0 Noroeste europe u. e até ao sccul o XX para a E uropa do
sustento de um a família do que ao de uma ald<:ia in1eira. Duby a \Ina la que em meados
Sul). Arcs3r disso, 3 incl usúo da Europa Orient al e da A mé ric~ Es pmho l3 n3 econo mia-mundo
do século XV «as ex plorações prod utora\ de cercai' em gra nde ti.Ca la que poóeriam aind.1
cu ropei 3 durJn le 0 século XV I não só fo mereu cap11al (:11ravcs do sa4uc e dc .mar~en s de lucro
m anter-se na Europa Ocidental desapareceram._ A isto refere-i;c ele corno • uma das tra..,-'-
altí.simas). mas libe n ou taml>l' m algum 1rabalho no cenlro para espec 1ahzaçao em outras fonnações fundamentais da vida rura1. m2 1

o
m -cfas. espectro das tarefas oc upac ionais no ce nl ro er3 ex tre mamente complexo. Em grande Porque é que. no entanto. a tran <fonnação tomou esta fonna particular" Ou seja. porq ue
pane era aincb 3n:l logo ao da pe ri fe ri a (por cxcmp.h na ~rodução de cereais). M ~s ª.tendênci.a é que, se hav ia a ameaça de uma transformação. n>o se viroo o liCnhor p:ira o Estado r.o sen-
no centro erJ no se ntido da v3ried3de e d3 cspeciah zaçao enquanto que a tendenc1a na pen- tido de forçar os camponeses a pennanece r na terra. como aconteceu na Europa Ork ntal? E.
feri3 era para a monocuhura. por ourro lado, porque é que, se houve concessões. estas 1omaram a fonn a d<: pan:eria mais do
, A expansão do séc ul o XVI não foi somcnre geográfica. Fo i uma expansão económica que de transferência da terra para pequenos agricultores que adqu iririam plenam,,nte a terra
_ um pe ríodo de crcscimenlo demográfico , de produtividade agrícola crescente e da «pri- ou pagariam uma renda fi xa - a princi pal (embora não a ún ica) sol ução adaptada na Europa
meirJ re volução industri al• . Marcou o estabelecimento de um comércio regular entre a do Noroeste?
Eump> e o resto do mundo habitado" "''. Nos finais do século. a economia parecia s imples- Dobb, comparando a Europa Ocidental com a Oriental em termos da reacção sen horial
mente diferente e melhor 41311 • ao fenómeno da deserção e despovoamento. e considerando a Europa Ocidental como a areru
· Até >qui . descre vemos as form as de produção e de controlo do trabalho emergentes na da «concessão» e a Europa Oriental como a da «coe rção reno..,·ada ... atribui as diferentC's
pe ri fe ri 3 e trali mo-las co ntrastmdo-as explícita e implicirameilte co m as do centro. De facto, reacções à «força da resistência camponesa" '""· lan Blanc hard. por outrO lado. concorda que
3 estrutura do cenlro é mais complicada do que até a4u i demos a e ntender. No entmto, antes o grau de agitação camponesa é um fac lor a ter em conta. embora de urna fo rnu me™"
de abord arm os esta comple xidade deveremos co ns iderar a produção ag ríco la da terceira zona directa. O facror cru cial era a di sponibilidade de trabalho. ArgumenLl ele que ate 1520 existia
estrutural. a semi peri fe ria. Ainda não ex plicam os o papel da semi pe riferia para o funci onamento · uma escassez de trabalho na Inglaterra e que os legisladores procuraram efecli\'amente coogir
do sistema mund ial. Para já. basta dizer que com base num cena número de critérios económi- os trabalhadores a ficarem na terra. enquanto os proprietários encetaram relutantemente um
cos (ma' não em todos). a se mi pe riferi a represe nta um ponto inrennédio num conti111111m que processo de enclos11re .faure de mieux ""'· Assi m. a coe rção. segundo o argumento de Bl:in-
vai desde o centro até à periferia. Isto é panicul arm enre ve rdadeiro no que respeita à com- chard, foi também utili zada em Inglaterra enquanto a população se mante"e escassa. Foi
plex idade das institu ições económi cas, ao g rau de recompensa econó mica (quer em tennos somente quando a população começou a crescer que os camponeses se agitaram. exigindo de
1 de níve l méd io qu er de gama) e acima de tudo às formas de controlo do 1rabalho. facto terra.
\. A pe riferi a (Europa Ori ental e Améri ca Espanhola) utili zava trabalho forçado
(escravat ura e trabalho coercivo em produções mercantis). O centro, co mo veremos,
132. Duby, Rural Economy. p. 325; ver 1ambém p. 275 . No cnun10. cm Castcl.J a situaçkJ parece 1cMc •
usava cada vez mais trabalho livre. A se miperiferia (anrigas áreas centrais transforman- desenvolvido alE'. o diíercntemente: •Nos stculos XIV e XV, a aristocroci:i Ca.\1elh3na atingiu um pincarodc pockr.
do-se no sentid o de estruturas pe riféri cas) desenvolve u uma fonna intermédia, a parceria, uma importância de 1al modo esmagadora que pa.\SOUa dominar o Esudo. Os nobcn tastetha.nos não adopt:l:r.Lm
uma posição defensiva como noulros remos oc i dental.~. mas, muito pelo contrário. mudaram de dina.sti35. apcdc:r.11-
ram-sc do pa1rimónio real e fi zeram do poder real um ins1rumento das suas ambições. Este fenómeno deu - ~ porque
a monarquia não pod ia con1ar co~ apoio sólido por parte das ci~cs. Muil:lS das .ci~s i:a.s.telh~:is ~''"lffi 00
129. Assim como no Langucdoc. Ve ra descrição de Lt: Roy Laduric : • Üs arroteamentos diminuem a 1erra lado da aristocracia. e muitas mais eram subjuiadas por elJ •. V.cens. An Economic Htst(I~' of Spai tt . P· -~5. ~·
para pa.,ra~e m . ~ pla.n1açõrs (oliveira. castanheiro. etc.). os socalcos e as \'Clfaçõcs cm pedra restringem os campos tanto, defende Vicens. o século XV I testemunhou a a..~ müo n:i fatremaôur.i e na And.aluz.1:1 de gr.indts IJ!Ífundi a.
abenos 1.om direito aos comun s. Por todas estas r.izõc!i. a c ria~·ãu de gado ati nge um patamar e depois declina. Nesta que tinham sido preparados pelas grandes concessões de 1erra dos séculos XIV e XV. ~.c:r PP· 2~!-248.
ngricullura an raga. que não co nhece plantas forr.igc iras ou que as confina a honas, não é possíve l dcsem1olver-se 133. E. acrescenta Dobb, à força da resistência camponesa . •ao poder poltt1co. e md~W' dos s.enhorcs ..
si mullaneamcnte prod ução animal e vcgclal . o ~ seus rcqu iSitos são contrnditórios, porque ambas procuram a 1erra locais, tomando ou fáci l ou diífcil. conforme o caso. \'e:ncer a rtsistência camponesa_t evitar assim forç~
que ef.t.i ainda li\·rc. mas que se 1oma cada dia mais escassa. Por falta duma Mtsta , como cm Espanha, para defender a deserção dos domlnios, e 1l extensão cm que o poder real exercia a sua in.fluênc1a. p;ira n:f~~ a autoci<bdie
os intcn:sse1;; dos cr~do rl! o; , n dei.cn\'olvimcnio da cri ação de gado é cedo sacrificado numa sociedade: tradicional senhorial ou. pelo contrário. acolhia bem a oponun idack de enfraquecer a pos.ção de ste tOrt"S m•ats d..1 notwcz.a ...
em CJ1:pansão ... U s f?ü.fJu11s tlt' ú.mgurdoc 1. p. 324 .
130. Vc:r J. H. Parry , -Tramport and Tradc Routes•, in Cambridgt Economic. Histor)' of Europt. IV, S1udit s,~j·4~l~~~~ cntan10], do final de 1520 cm di3lltc os rendeiros. at~ então tiosilcnc~ ~ 1.5 <n<lo~MTn. ,
E. E. R1ch e C. H. Wilw n. eds., Tht Ernnumy of E.xpanding Europe in tht / 6th and / l tlr Ctmurits (Londres e 1omaram·sc vocifcran1ês nas sua.'> denúncias daqueles que m3ntinham terras pata pastagem. ·~~indo-os wun de
Nova lorque: CambridgeU niv . Press . 1967), 19 1, adquirir novas parcela.." que eram necessária.\ para satisfazer uma popul ação crescente.i:sta
ll1l e~ frequcn1~mm1c
13 1. Ver esta compar..ição da Europa de 16(X) com a Europa de 1500: • Primeiro de 1udo, um sector agrl· orgnni u da por meios l~gais, mas tornou-se cada vez mais óbvio que eles não obcdcctnõlm à k 1 e detrutariam u
cola, ainda a a<.:t_ividadc principal. que é capaz de alimentar muito mais homens do que cm 1500, e de os alimenlar vedações•. Blanchard, Eronomir llisrory Rt \'i<M', XXlll . P· 440.
melhor: comércio com os mundos ultramari nl>!i; uma indústria têxtil ainda maior que a de 1 5~ uma exploração
mineira e uma indúst· i 1 n1etalúrgica de longe maior•. Mauro, U XV/• sii clt ruroplt!n, p. 257.
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Em qua!qU<"r dos=- 0 grau de rcsi$tência camponesa exp.li ~a muito pouco uma vez resumo. quand o o trabalho abunda_ a P3ItCri é
que o oue i;ostarfamo de saber é porque é que o camponeses res1s uram mais na Inglaterra balho coercivo "Y'>_ a Pf<r<a>-elmet.•e IT\ali recthel Ót> que o tra-
do q c.11.1 p !óni:i - acreditari realmente Dobb nisto?'"" -porque é que os senhores eram No que respeita ao ancndamcnw, sem dúvida ue , . • , .,
=is fones ou mais fncos. porque é que os re is fo rtaleciam ou enfraqueciam a autoridade ainda do que o tra balho coerci,·o. Há, contudo, uma res~h ~ «~ lopu e_la e r:i.aa renti-.d
~.hori:il É pro,·frel que chegu---.mos à conclusão de que as razões deste facto residem na e ganham e m mo mentos de inflação. pelo r.v.:nos medida. Os r-.ndc 11 os ttm conuzu" fi<l.1$
ili'<l)!Cncu u.-mpl::rnenw no seio ck uma única economia-mundo. para o que sugerimos duas Pr:azo re lativamente longo. De facto . 1' reverso
• - na.. . em que~""' tor.ira.:.ç,o; tfm 1.m
também e ,.erd.ade· -
e.-plic:açõ:s: a força rel:ni,·a d:ls cid:ldes no ponto em que a di,·ergênc ia se inicia. e o grau de me rcado pioram . A parce ria é as;im uma forma de . . . tro quz:>do cood•> de ª'
disponibilid:1.ie de telT.1. parceria a parecer.í mai; provave lmente em 1.0nas de mm•m:?.zr °"
n~ ·'"- · So:g:.ie-~ que a
A ·disponibilid:lde · de terra pode ser aferida em termos de ratio terra/trabalho. Se existe de flut~ações ul trapassam os cu >tm de transacç~. ayicu tura l:>P"..dal tzad;. or.de os rnros
abundância d< terra. e po · ível a utilizaç3o de meios de prod ução relativamente ineficientes. · Mas este era predsamente um momento de alto ri~. Uma in~ cor.ti uada é muito
ptxi(: utilizar-se uma agricultura extensiva. Podem usar-se escravos ou o utras formas de tra-
penurbadora A parce ria aprese ncava-.; e como o remédio'"' •. Em algu."°"' áreas., os =;xr.e-
b11bo coerci,o. A al!licultura intensiva exi2e trabalhadores liHes. Porquê e ntão a parceria? ses foram_sufic ientemente felizes para terem defesa\ Jegai.s que fizeram com que a Í.'ll!l i?ú ·
Obviamente porque ' nos encontramos peran,te uma situação intermédi a. da parce ria fosse excessivamente cara para o proprietário, quo optOO enlào pre{aencia~:ner.~
Saliente-se que do ponto de vista dos camponeses a parceria é talvez preferível ao pelo arrendame nto puro e s1mple;. A Inglaterra foi um desses casos. Oieung wtere '!'JC o e~ ­
trabalho coercivo em produções mercantis. mas não em dema,ia. Os rendimentos líquidos me nto chave fo i a tenure livre. conhecida em Inglaterra mas não, por exemplo, fran? 1 - '. ;m
são baii<O'i. embora em tempos de prosperidade possam aume ntar. A coerção através de . ? s factores legais não são os únicos determinantes, pois te~ ainda de explicar a
mecanismos de dívida é por vezes tão real como a coerção legal. Para H. K. T akahashi , os d1screpanc 1a e ntre a França >etentnonal , que evoluiu generaJi 7.adamente pna acordos de
mérayen 'ão • qu=-servos•, trabalhando para " pro prietários us urári os ~ " 36 '. Bloch vê esta arrenda mento, e a França mend1onal. onde a parceria foi a solução dominante. Em ambos os
evolução em França como um processo de le nta regressão em relação à gradual Iibcnação casos. a lei e ra sensivelmente a mesma. Duby localiza as diferenças principai• na rela!Jva
dos camponeses que vinha tendo lugar desde os fi nais da Idade Média: opulência do camponês no Non e, em contraste com ~as condiçõc• ccooómic<B d~siva.­
~ - hipótese absurda- a Revolução [Francesa ! tivesse surgido cerca de 1480, teria entregue do cam ponês me ridional, ~trabalhando numa terra cuja produtividade não tinha prova-·cbnrn:~
a terra. por intermédio da supres.são doo; encargos senhoriais (charges stiRneuria/e1). qi.Jasc sido aumentada pe l a~ melhorias têcnicas como no Norte• " º '.
e<clusiv• mente a uma mu ltidão de pequenos camponese<. Mas. desde 1480 até 1789, passa-
ram-se três séc ulos duriltlte os quais as grandes propriedades se rcconsti tuíram 11 371 •
139. Como Duby diz. a vantagem da mitayagt pano propridirio cb tem aa que •Ol CUSVA óc: cu.'l••o 4

Mesmo assim . porquê a parceria e não o arrendame nto, por um lado, ou, por outro lado, eram baixos, e os pro\lc:ntos c m géneros comc rci.ávci.li (... ) mu1l0 alta\ llbid_ p. 280) • .
o 1rabalho coercivo em produções mercanlis? Embora a parceria ti vesse a desvantagem, quando 140. Stcvcn N. S. Ow:u ng afirma teoricamente esta pmpo!tição: •As conc:bç<..e.1 nurn COO'.rllO de part.i-:õl.. •
entre outras coi.us. inc luem a percentagem de renda, o ratio inpuu não !und..driosltara e m HpM de cu!:.i•o a prz:i-
comparada com o tra balho coercivo, de uma maior di fic uldade de supervisão, tinha a vanta- car. Elao; si\o mutuamente decididas entre o dono dJ terra e o agricultor. No cntanlO. P2f3 c.ontn:.m u!anai.' e p::ar4:
contraias de rendas fi xa,. cbdos os pr~os de mercado. uma só pane podU decidir 1o0.tmh3 ~do\ ~ W
\·'. gem de encorajar os esforços dos camponeses para a ume ntarem a produti vidade. desde que
o camponês continuasse a traba lhar para o senhor na ausênc ia de compulsão legal"'"· Em outra poderia ela empregar e que cuhiYos haviam de i.c.r fcit~. E vU.10 que num conrnto de pa.."tiltia i par..;.J:.a da
produç!io t ba.r..eada no produlo r~al , o proprielário da terra lC'.m de cs.forçar-M: pani 1ie cntifl(;tt do nY.AlDrnt cb
colhe i1a. Deste modo a negoc iação e a aplic.aç3o são mais complc1a,., nwn contrato de part.Jthi 00 que num c:oo.-
tra10 de rcn~ ÍIÃa~ ou !talaria!. ( ... )
135. Uma nplicação ~'>fvcl 1>ara um grau diícrcmc de rc!iislê:ncia l'ftctiva t sugerida por Braudcl - (Se 1o cu~ 1 0 de tsansac~ :io é a única con!tidcração a ter cm conu, cnlão (... )os contnuos dt p;uti!tu nun(."I
I' diferente dcn~id:-1de de população. Ao pôr cm contr~1 e º"' c!IUbc lec.:imcntos de baiÃa dens idade na Europa serão escolh idos. Porq u e~ que ~ão então os con1ratm. ck: panilha ncolh~? ( ... ) S4Jb um comrno de rmcb fu. .a.. o
Central com Oi de a lta dcn!.id1dc: cm h~ l ia ( .. cida.de!t·ílld i:1a.-t•) e com os gran<lc5 cC"n l ro~ do Reno. d o Mosa e da rendei ro acarrc1a cum a maior pan e.~ não com lodo. o ri!.Co (de fat:t0<e.' n ót:coc.K à fu.nçàu de produçin que cau -
t>acia de Pari,, Braudd d11: •Es1a OOiu densidade de aJdcias. cm tanlos países da Europa Ccn lral e Oriental, não sam grandes variaçc>cs no pro<lulo l: sob um contraio salanal. o proprie11rio d.l tC'rra :tiearreta com " m;aior piL"lC. scnlo
pode ela i.cr um 1t da!'> c<:iu~a.i. r:ssendais da M>l1c do campcs inato'! Pe rante os !tenhorc~. eles encontravam ·~ tanto com a tolalidadc. do r i~o . A p:m:cria pock então !>Cr con1oiderada como um m\1rumc:nw dC' p:uttl~ de r:-"Cu (ou dé
mai s desarmados quanto lhes fa ltava o !iCntimcnto de solidariedade: das grandes comunidades ... Cfriliwtion malf · dispc: rs.io de risco)•. Th ~ Throry n/ Sharr Trnon9 (Chicago. Illinois: Un1v . of O ncago Prc..~ " · 19691, 67-68.
rirll~. p. 42. 141 . •ílruM:ame nlc. a panir do ~c ul o XV I, a p:rrceria, anlc\ tãudc!!oigu<ilmcntc drstnbu ída. e m:i.mo oo..1c -
136. li . K. Takahashi. "The Tramition from Fcuda lism to Ca pitalism: A contribu lion 10 1he Swcezy-Dobb conhecida tão rara, expandiu-se p(lr toda a França e ma.nlC'\IC' aí um lugar mc:...\mo proemincnlc. rdo nYnO\ a1f ao
contro•,,crsy .. , St itnrr wul Sucie1)',· XVJ. 4, Ourono 1952, 324. sécul o xvm. Con1rafluriwçrir1 mmu·rá r itU, não há rrml-Jitr maÍJ St"KUW . o.. burgl.K~.S i t.alJ~ . fuu1n1m\ su.bt1s.
l31 . Bloc h. Caracr ~rr.s orixit1uux, I, p. 154. fora m os prime iro1 a percebê -lo. Não 1ivcso;em c lc "i Í(k.I por vc1.e.\ t:io longe - por ncmplo. cm Bolonh~ .il pastlf de
. 13M. Ver Ouby: .. A mirayaKr oferec ia aos senhores uma grande vantagem. Pcrm iti<1·lhes aproveitar do 1376 - qua nlo a requererem por lei C!>la c!>pél.:ie de conlr:tlo a catb cidadllo d:1 ci~I.! domrn:ulle qut arr~
dc.\tj Jdo crc\.C i."'.ento da produ1ividadc do domínio, as~im como da e lc\lação dos prct;o~ agrícolas. ( ... ) Mesmo 1crra aos habitante s do co11tddo 1provfnci;i circundante), 4ue eram domm~ e ~ubmc111'.krs a ~"!!ÓC'. O!t P'''?'lCIJ-
q_ua~o a pamc 1 ~a<;ílo tio scn.hor era mínima. o <:on1 ra10 as-.cgurava. Jhe uma pane importante nos lucros rios franceses não demoraram a f:v.e r 3 mesma ohl.crvaçio• . Rlol'h, Coru(lfrt"s oris:inau.• , 1. p. 1~ :!. Mihhnhado TJ011so.
hqu1dos. lPr~i..um1 v~ lmcntc mais do que se de am ndassc a terra ao camponCs ). Pois não nos dc"emos esq ue- 142. u:Sob um arrc:ndamcmoprrpét:uo lttuc ru uhav•de al&tk.Kemqoc umarrend:uncn10 vita\ícMJ cn1mposto "
cer que o tt1 t tayrr linha de descont":" as semcnlcs e por ve't es as díz imas da porção que lhe era deixada, e isto por lei ), o custo da aplicação de um con1ra10 de pan:cn:t pode ser de l:Jl nune1ra 11ho que de s.t lorna •n<k-~p\·d,
era u~ cncarg~ pc~ado sobre os rend1mcn1os normal mente baixos da agricuhur.1. Nào obs1ante, o sis1ema aprcsen- uma vez que a rcsci!riào do contrai o~ o in!tlru mcnlo eficaz par.i precaver contn. um m.;au de.11C.mpc:nho por lX111C do!i
'ª"ª nlC'On\lcmentcs do!I quais os ~nhore~ 1inham be m consciência. As amplas fl utuações nas colheitas requeriam parceiros». Cheung, Tire Th fo r_v tJ/Slwre Tmanry, p. 34.
uma su p:.rvis~o ape nada•. Rural Eronnmy, pp. 275-276. 143. Duby, Rura l Econumy, p. 327.

108 109

Scanned by CamScanner
Em qua!qU<"r dos=- 0 grau de rcsi$tência camponesa exp.li ~a muito pouco uma vez resumo. quand o o trabalho abunda_ a P3ItCri é
que o oue i;ostarfamo de saber é porque é que o camponeses res1s uram mais na Inglaterra balho coercivo "Y'>_ a Pf<r<a>-elmet.•e IT\ali recthel Ót> que o tra-
do q c.11.1 p !óni:i - acreditari realmente Dobb nisto?'"" -porque é que os senhores eram No que respeita ao ancndamcnw, sem dúvida ue , . • , .,
=is fones ou mais fncos. porque é que os re is fo rtaleciam ou enfraqueciam a autoridade ainda do que o tra balho coerci,·o. Há, contudo, uma res~h ~ «~ lopu e_la e r:i.aa renti-.d
~.hori:il É pro,·frel que chegu---.mos à conclusão de que as razões deste facto residem na e ganham e m mo mentos de inflação. pelo r.v.:nos medida. Os r-.ndc 11 os ttm conuzu" fi<l.1$
ili'<l)!Cncu u.-mpl::rnenw no seio ck uma única economia-mundo. para o que sugerimos duas Pr:azo re lativamente longo. De facto . 1' reverso
• - na.. . em que~""' tor.ira.:.ç,o; tfm 1.m
também e ,.erd.ade· -
e.-plic:açõ:s: a força rel:ni,·a d:ls cid:ldes no ponto em que a di,·ergênc ia se inicia. e o grau de me rcado pioram . A parce ria é as;im uma forma de . . . tro quz:>do cood•> de ª'
disponibilid:1.ie de telT.1. parceria a parecer.í mai; provave lmente em 1.0nas de mm•m:?.zr °"
n~ ·'"- · So:g:.ie-~ que a
A ·disponibilid:lde · de terra pode ser aferida em termos de ratio terra/trabalho. Se existe de flut~ações ul trapassam os cu >tm de transacç~. ayicu tura l:>P"..dal tzad;. or.de os rnros
abundância d< terra. e po · ível a utilizaç3o de meios de prod ução relativamente ineficientes. · Mas este era predsamente um momento de alto ri~. Uma in~ cor.ti uada é muito
ptxi(: utilizar-se uma agricultura extensiva. Podem usar-se escravos ou o utras formas de tra-
penurbadora A parce ria aprese ncava-.; e como o remédio'"' •. Em algu."°"' áreas., os =;xr.e-
b11bo coerci,o. A al!licultura intensiva exi2e trabalhadores liHes. Porquê e ntão a parceria? ses foram_sufic ientemente felizes para terem defesa\ Jegai.s que fizeram com que a Í.'ll!l i?ú ·
Obviamente porque ' nos encontramos peran,te uma situação intermédi a. da parce ria fosse excessivamente cara para o proprietário, quo optOO enlào pre{aencia~:ner.~
Saliente-se que do ponto de vista dos camponeses a parceria é talvez preferível ao pelo arrendame nto puro e s1mple;. A Inglaterra foi um desses casos. Oieung wtere '!'JC o e~ ­
trabalho coercivo em produções mercantis. mas não em dema,ia. Os rendimentos líquidos me nto chave fo i a tenure livre. conhecida em Inglaterra mas não, por exemplo, fran? 1 - '. ;m
são baii<O'i. embora em tempos de prosperidade possam aume ntar. A coerção através de . ? s factores legais não são os únicos determinantes, pois te~ ainda de explicar a
mecanismos de dívida é por vezes tão real como a coerção legal. Para H. K. T akahashi , os d1screpanc 1a e ntre a França >etentnonal , que evoluiu generaJi 7.adamente pna acordos de
mérayen 'ão • qu=-servos•, trabalhando para " pro prietários us urári os ~ " 36 '. Bloch vê esta arrenda mento, e a França mend1onal. onde a parceria foi a solução dominante. Em ambos os
evolução em França como um processo de le nta regressão em relação à gradual Iibcnação casos. a lei e ra sensivelmente a mesma. Duby localiza as diferenças principai• na rela!Jva
dos camponeses que vinha tendo lugar desde os fi nais da Idade Média: opulência do camponês no Non e, em contraste com ~as condiçõc• ccooómic<B d~siva.­
~ - hipótese absurda- a Revolução [Francesa ! tivesse surgido cerca de 1480, teria entregue do cam ponês me ridional, ~trabalhando numa terra cuja produtividade não tinha prova-·cbnrn:~
a terra. por intermédio da supres.são doo; encargos senhoriais (charges stiRneuria/e1). qi.Jasc sido aumentada pe l a~ melhorias têcnicas como no Norte• " º '.
e<clusiv• mente a uma mu ltidão de pequenos camponese<. Mas. desde 1480 até 1789, passa-
ram-se três séc ulos duriltlte os quais as grandes propriedades se rcconsti tuíram 11 371 •
139. Como Duby diz. a vantagem da mitayagt pano propridirio cb tem aa que •Ol CUSVA óc: cu.'l••o 4

Mesmo assim . porquê a parceria e não o arrendame nto, por um lado, ou, por outro lado, eram baixos, e os pro\lc:ntos c m géneros comc rci.ávci.li (... ) mu1l0 alta\ llbid_ p. 280) • .
o 1rabalho coercivo em produções mercanlis? Embora a parceria ti vesse a desvantagem, quando 140. Stcvcn N. S. Ow:u ng afirma teoricamente esta pmpo!tição: •As conc:bç<..e.1 nurn COO'.rllO de part.i-:õl.. •
entre outras coi.us. inc luem a percentagem de renda, o ratio inpuu não !und..driosltara e m HpM de cu!:.i•o a prz:i-
comparada com o tra balho coercivo, de uma maior di fic uldade de supervisão, tinha a vanta- car. Elao; si\o mutuamente decididas entre o dono dJ terra e o agricultor. No cntanlO. P2f3 c.ontn:.m u!anai.' e p::ar4:
contraias de rendas fi xa,. cbdos os pr~os de mercado. uma só pane podU decidir 1o0.tmh3 ~do\ ~ W
\·'. gem de encorajar os esforços dos camponeses para a ume ntarem a produti vidade. desde que
o camponês continuasse a traba lhar para o senhor na ausênc ia de compulsão legal"'"· Em outra poderia ela empregar e que cuhiYos haviam de i.c.r fcit~. E vU.10 que num conrnto de pa.."tiltia i par..;.J:.a da
produç!io t ba.r..eada no produlo r~al , o proprielário da terra lC'.m de cs.forçar-M: pani 1ie cntifl(;tt do nY.AlDrnt cb
colhe i1a. Deste modo a negoc iação e a aplic.aç3o são mais complc1a,., nwn contrato de part.Jthi 00 que num c:oo.-
tra10 de rcn~ ÍIÃa~ ou !talaria!. ( ... )
135. Uma nplicação ~'>fvcl 1>ara um grau diícrcmc de rc!iislê:ncia l'ftctiva t sugerida por Braudcl - (Se 1o cu~ 1 0 de tsansac~ :io é a única con!tidcração a ter cm conu, cnlão (... )os contnuos dt p;uti!tu nun(."I
I' diferente dcn~id:-1de de população. Ao pôr cm contr~1 e º"' c!IUbc lec.:imcntos de baiÃa dens idade na Europa serão escolh idos. Porq u e~ que ~ão então os con1ratm. ck: panilha ncolh~? ( ... ) S4Jb um comrno de rmcb fu. .a.. o
Central com Oi de a lta dcn!.id1dc: cm h~ l ia ( .. cida.de!t·ílld i:1a.-t•) e com os gran<lc5 cC"n l ro~ do Reno. d o Mosa e da rendei ro acarrc1a cum a maior pan e.~ não com lodo. o ri!.Co (de fat:t0<e.' n ót:coc.K à fu.nçàu de produçin que cau -
t>acia de Pari,, Braudd d11: •Es1a OOiu densidade de aJdcias. cm tanlos países da Europa Ccn lral e Oriental, não sam grandes variaçc>cs no pro<lulo l: sob um contraio salanal. o proprie11rio d.l tC'rra :tiearreta com " m;aior piL"lC. scnlo
pode ela i.cr um 1t da!'> c<:iu~a.i. r:ssendais da M>l1c do campcs inato'! Pe rante os !tenhorc~. eles encontravam ·~ tanto com a tolalidadc. do r i~o . A p:m:cria pock então !>Cr con1oiderada como um m\1rumc:nw dC' p:uttl~ de r:-"Cu (ou dé
mai s desarmados quanto lhes fa ltava o !iCntimcnto de solidariedade: das grandes comunidades ... Cfriliwtion malf · dispc: rs.io de risco)•. Th ~ Throry n/ Sharr Trnon9 (Chicago. Illinois: Un1v . of O ncago Prc..~ " · 19691, 67-68.
rirll~. p. 42. 141 . •ílruM:ame nlc. a panir do ~c ul o XV I, a p:rrceria, anlc\ tãudc!!oigu<ilmcntc drstnbu ída. e m:i.mo oo..1c -
136. li . K. Takahashi. "The Tramition from Fcuda lism to Ca pitalism: A contribu lion 10 1he Swcezy-Dobb conhecida tão rara, expandiu-se p(lr toda a França e ma.nlC'\IC' aí um lugar mc:...\mo proemincnlc. rdo nYnO\ a1f ao
contro•,,crsy .. , St itnrr wul Sucie1)',· XVJ. 4, Ourono 1952, 324. sécul o xvm. Con1rafluriwçrir1 mmu·rá r itU, não há rrml-Jitr maÍJ St"KUW . o.. burgl.K~.S i t.alJ~ . fuu1n1m\ su.bt1s.
l31 . Bloc h. Caracr ~rr.s orixit1uux, I, p. 154. fora m os prime iro1 a percebê -lo. Não 1ivcso;em c lc "i Í(k.I por vc1.e.\ t:io longe - por ncmplo. cm Bolonh~ .il pastlf de
. 13M. Ver Ouby: .. A mirayaKr oferec ia aos senhores uma grande vantagem. Pcrm iti<1·lhes aproveitar do 1376 - qua nlo a requererem por lei C!>la c!>pél.:ie de conlr:tlo a catb cidadllo d:1 ci~I.! domrn:ulle qut arr~
dc.\tj Jdo crc\.C i."'.ento da produ1ividadc do domínio, as~im como da e lc\lação dos prct;o~ agrícolas. ( ... ) Mesmo 1crra aos habitante s do co11tddo 1provfnci;i circundante), 4ue eram domm~ e ~ubmc111'.krs a ~"!!ÓC'. O!t P'''?'lCIJ-
q_ua~o a pamc 1 ~a<;ílo tio scn.hor era mínima. o <:on1 ra10 as-.cgurava. Jhe uma pane importante nos lucros rios franceses não demoraram a f:v.e r 3 mesma ohl.crvaçio• . Rlol'h, Coru(lfrt"s oris:inau.• , 1. p. 1~ :!. Mihhnhado TJ011so.
hqu1dos. lPr~i..um1 v~ lmcntc mais do que se de am ndassc a terra ao camponCs ). Pois não nos dc"emos esq ue- 142. u:Sob um arrc:ndamcmoprrpét:uo lttuc ru uhav•de al&tk.Kemqoc umarrend:uncn10 vita\ícMJ cn1mposto "
cer que o tt1 t tayrr linha de descont":" as semcnlcs e por ve't es as díz imas da porção que lhe era deixada, e isto por lei ), o custo da aplicação de um con1ra10 de pan:cn:t pode ser de l:Jl nune1ra 11ho que de s.t lorna •n<k-~p\·d,
era u~ cncarg~ pc~ado sobre os rend1mcn1os normal mente baixos da agricuhur.1. Nào obs1ante, o sis1ema aprcsen- uma vez que a rcsci!riào do contrai o~ o in!tlru mcnlo eficaz par.i precaver contn. um m.;au de.11C.mpc:nho por lX111C do!i
'ª"ª nlC'On\lcmentcs do!I quais os ~nhore~ 1inham be m consciência. As amplas fl utuações nas colheitas requeriam parceiros». Cheung, Tire Th fo r_v tJ/Slwre Tmanry, p. 34.
uma su p:.rvis~o ape nada•. Rural Eronnmy, pp. 275-276. 143. Duby, Rura l Econumy, p. 327.

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Se. no entanto. se trar:issc somente de uma qucsrào recnol ógica scr'.amos levados
som•nte a wcuar um passo. para pergunrar porque é que os progressos tccnológ1cos rea lizados poderosos muiras das propric~des ca_íram _nas mM>s dest« citad i"°' à procura de prn!ecçáo
numa áwa n~o foram adopiados numa nurra não rão di sranrc quer do ponto de v1sra geográfico contra a fome e_do srarus s~>eral associado a propriedade da lcrr• . '°"'
não da' preocupaçõe
quer do ponlo de vista culrural. Brauckl sugere que as condições do solo na Europa medi- próprias '~'~' acu ~1dadc ag:1cola. Ceder terra num regime de parceria era um cornpmmi 50
rcrr.inica eram fundamcnralmcn1e diferentes das da Europa serentnonal, sendo as primeiras razoável . . Quao «razoavcl ''. era C•M: me'<no compromis'° do ponro de • i>la óe)) campo-
bastanre piores'' " '. Porc hnev sugere que um outro as pccro reside no grau de envol vimento neses é scn ~mcnrc posro cm duvida por G. E. de f alguerollcs, urna vez q ue a orientação dcs1CS
na economia-mundo. esrando a ex isrc'ncia de grandes propriedades (e consequentemente a burgueses c1ta_dinos 1a no scm1do de rcrirarcrn d°' >cus invcsrímemos lucros a curto prazo. 0
ausência da parceria) corre lacionada com um alto grau de envolvimento "">. que teve o e fe ito de exaurir a te rra d urante o !>éculo >eguinre " " '·
Poderemos cnrão conside r;ir a parceria como uma espécie de segunda escolha? Inca- Temos cnrão um segundo paradoxo re;peitanre à área mais • avanç<i<la • . H dcmo\coota
pazes de percorrer o caminho que conduzia às grandes propriedades baseadas quer na enclo- da força dos rrabalhadores urbano' na manure11ção de alros níveis Wl.laria is. colocando as~ i m
s11re e arrendamcnro como em lnglarcrra. quer no rrabalho coercivo em produções mercantis a l!ália setentriona l em desvantagem índu; rrial em relação ao 1'.'oroest< europeu. Tah«z q u<
como na Europa Oriental. as classes proprietárias da França meridional e da Itália seren- esta mesma força dos rrabal?adorcs possa ju; ri fi ca r a manutenção de um nú mero dc; propor-
rrional optaram por fi car a meio do caminho' '"'· pela parceria, como uma resposta parcelar cionad_o de camponeses nas areas rurais pela uri li wção dos regulamenro; das corpor-.ç&s para
à criação de uma econom ia-mundo capiralisra. na form a de empresas semi-capitalistas efec- impedir o seu acesso a um emprego urbano, durante o período de explosão demográfica do
rivamenre apropriadas para as áreas scmiperiféricas. século XVI. ls!O reri a por consequência o enfraquecimento da capa<·idade negocial do cam-
Se as áreas scmipcriféricas assim se manriveram e não se transformaram em satélites ponês. Em qualquer dos casos, a «força» da burguesia urbana parece ter cood u ~ido a uma
perfeitos ramo foi o caso das :íreas periféricas, não foi apenas devido ao elevado ratio terra/ maior viabilidade da parceri a e consequentemcnrc à não emergência do _w oma n. q ue viria a
/trabalho. Pode rambém rer sido porque a exisrência de uma forte b11rg11esia indígena teve um desempenhar um papel tão importame no avanço económico da Europa do l'oroc~I• .
impacm panicular no desenvolvimenro da produção agrícola em épocas de penúri a. Duby Voltemo-nos agora para as áreas qu~ por volra de 1640 estari am incluída.' no centro
salienta que em áreas onde os mercadores urbanos tinham sido numerosos e relarivamente da econo mia-mundo europeia: a Inglaterra, a Holanda e em certa medida a França do Norte.
Estas áreas desenvolveram uma combinação da pasrorícia com a prodvção agrícola baseada
cm trabalho livre ou mais livre e un idades de dimensão re l~ri vam em~ eficiente. Pode notar-se
144. Cor_npar.mdo a ~i1uaçào das duas áreas , diz BrJudd : • Era raro que UrT\3 colheita (na án:a medite.rrãnica)
que a Espanha se iniciou nesta via. que abandonou posreriormeme. integrando-se na semipe-
~=:~~:: ~~~i~~~~~s~:~:v~uàe ~i::ç;~~;~.~sil~~i~h:,~: ;;:,~r:;;~~:. ~·. ~~~ a pequena área usada para riferia. As razões que explicaFR esra aheração de posicionamenro económico serão analisadas
. A IJo de M adda l~na n:io concorda: • No gera l ~ preciso reconhecer-se que a produtividade da rcrra arável mais deralhadarnente num capírulo posr.erior.
I~~ J1jJ 1:i Jera ba.sta~ tc ba1_x a. cxcepco em ci rcunstânci as e,;."cepcionais . Brnudel culpa o cl ima por esta baixa prcxlu-
tn idade do .solo ~d1 terrân~co, mas dev~ também levar-se em conta as deficiência'> do aparelho 1ccnológ ico. do sisicma
Na crise do fim da Idade Méd ia, quando um declínio populacional conduzi u a uma <-
cul~ural. da ?~t~na .agr:'ina.' da capacidade mercamil. d.1 disponfüilidade de capi1al. da estn.ilu ra adm ini strativa e dim inuição da procura de produros agrícolas bem como a um aumento dos salários dos !ra-
!iOC1a l. dJ.S \'1c1ssirudcs poli11cas e mi lir~rcs_ de modo_a atingir-se uma visão ma.Js v:1lid.J e historicamente mais justi- balhadores urbanos (e consequcmcmeme a uma melhor posição negocial para os trabalhadores
ficada d~ fcnómen.o ~ ... 11 mondo rur.ilc 11alrano nel cmquc e ncl sciccmo ... Rfris1a sror ica ilafiana , LXXVI, 2, Julho
1964._4-3. S~m duvida qu e _se _deve ter cm coma lodos estes factor~. mas a exaustividade f raras vezes um modo rurais ), os grandes domínios decli naram na Europa Ocidental. como já li\'Cmos ocasião de
;;~~::;::~,:d;~~~~~~~=~x~:;~~~~ i~~~~3~3 ~11~~i~v;~:~~~~~~.3c~;~:°M~~i~º deSy lvia Thrupp, pn:viamcnte ver. Eles não podiam transformar-se em propriedades vocacionadas para a produção m•r·
cantil como na Europa Oríenral do século XVI, porque não existia um mercado internacional
. l.J S. Bo~i s Porch~ ,. notJ que é verdade: que não se dcsen \"Ol\"cr.tm cm França grandes domínios neste
r;nOdo da maneira que: aco_n1c~cu em lng larc ~ : ... [Tais domíni os] ac: vc:m não obstan1e encon trar-se cm fracas num conrexto económico generalizadamenre sombrio. Só se lhes apresentavam d u.:is alter-
~~~~:/~~o uma tmdênc13 económica_~inda pouco dc ~ n vol v ida . cspecialrncnie nas província" perif~ricas nativas significarivas . Por um lado, poderiam converter as obrigações feudais em rendas
cb Pro! 3
~·:-;~~n~os mares of~recc poss1 b1l1 da~s comerciais vantJjo~L"i:-Os portos da Guyenne, do Lan gucdoc,
agricol .tlÇ · _ong:e. do Pono~, da Normandia e: da Breianha faci l1 uvam a exportação de vinho. de produtos
monetárias 11 ..1, que reduziriam os custos e aumenrariam o rendimenro do proprietário do
1
Em re.s~~~.g:s~~~~~~;:,~ :: d~~~~od~c r:nrra~~o e até lentati~as de exportar gado, paniculanncnle carneiros.
1613 à 1648 fParis: S.E. V.P.E.J 1963 ) 28910 pro1b1do do comérc1o>o. ÚJ sn~lhe~1ents pnpuloires en Fra nce de 147 . 4'0 contrato de mbayage, tão difundido na vi1jnhanç-.a de cidades ital ianas e fn.ocesa.s mcdiu-ni- ..
sua lista. fhv~ de vol!u a es~~ uest!o n . Note-se con1udo .que Porchnev mclu1 ~ Langucdoc e J Provença na nicas cm 1erras tomadas vagas por migração fno período de dc:prcss.ão dus séculos XI\' e XVJ e cujo controlo o,;
caso de mUILipla caus..i lidade . q um capítulo postcnor. Por agord, bas ta dizer que es1amos perante um cit.ad inos linham sido capa1..cs de a.-;sumir. foi de ÍJCIO uma forma de coope ração cnlrC borp-ue~ s e c.a.m('O'lCSõ
com o propósi to de promoverem o culti \'o de c c~ai s• . Du by , Rural Ewn{I"'·''· pp. J~ó-357 .
original dle4:~:.;~a ~:~:ri~t.a~~-mo uma casa a m_c: io do c~inho: • Como uma fonna de transição d3 forma 148 . . c Tal como era praticada, a parceria tinha a aparência de um rcgim(" cs ~i a lmcn ?e capi tl!ista. ~­
aqui falta do C2piuJ suficien1e p!:.a u: · ~emas ~0~ 1derar o sistema de parceria. ( ...) Por um lado. o 13vrador tem pondcndo às necessidades dos propric1irios burguc:.ses. O ideal dek s er.1. oblcr dJ..<t suas !erras uma pme do r;:':ndi-
não a.s!.ume a forma pura de renda Pod~~aJo cap1t.a. ts~ ~ompl~ta. Por ou1ro, a parceri3 aqui adoptada. pelo senhor mento sob fonna líquida, convc ni,•el em dinhe iro. Da\'anl à go tão das suas r'mprc sa.~ um a.r mcrca.n~i l : fW.im cui-
adicional. (... )A renda j.i não a~c ui coi:e~t~o: uir um JUro so~re o _c apital avançado por ele e uma renda dadosamente entrar nos seus li\-res de 8ai:wn ou l frrts dr Rt a rus a pane recc:bida dJ. colhc: ila. as 'cnd.ls de cerr~ s
quer emçre,ue o sc:u próprio trabaJho~ de 3 nonnal de mais-,·aha em geral. Por um lado. o cultivador, ou de gado, à mistura com os juros dos seus empréstimos (/e produil d~ i<ur usurt l. Para estes llUlSid~~ Vorai.1U ),
trabalhador mas como possuidor de pane d"os ins°::~~ :c!:"a uma porção do prod u10 não na sua qualidade de
sua _J>311C não exc.lu\ i\'amcmc na base da sua uaiidade de:
1 ~bal~o. Por outro lado, o senhor da tem reclama a
o in1crcssc no lucro er..l a consideração prioritária; eram milis ou mc:oos 1gnoran1es c1!1 as.~u nl'h a~ol as •. G. E. de
Falguerollcs. -.La décadcnce de l 'économie agricole dans le Consularde Lempau1 3 U:\ X:VIJ . c.' I .X'\'l u· siklo.... AMClt"J
;b3
capu.al • . Capital, III , cap. X.LVJf. scc. V, p. _ propnct.irioda terra mas tam~m como emprestador de du M idi. Lltl, t9-l I, t49.
149 . .. rA libc:naçâo dos servos] era-lhes menos ofcm;ida do que vendida •. Marc BkK:h. Caracrtr~J on - ..
gioa1<r,l.p. Jtt.
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Se. no entanto. se trar:issc somente de uma qucsrào recnol ógica scr'.amos levados
som•nte a wcuar um passo. para pergunrar porque é que os progressos tccnológ1cos rea lizados poderosos muiras das propric~des ca_íram _nas mM>s dest« citad i"°' à procura de prn!ecçáo
numa áwa n~o foram adopiados numa nurra não rão di sranrc quer do ponto de v1sra geográfico contra a fome e_do srarus s~>eral associado a propriedade da lcrr• . '°"'
não da' preocupaçõe
quer do ponlo de vista culrural. Brauckl sugere que as condições do solo na Europa medi- próprias '~'~' acu ~1dadc ag:1cola. Ceder terra num regime de parceria era um cornpmmi 50
rcrr.inica eram fundamcnralmcn1e diferentes das da Europa serentnonal, sendo as primeiras razoável . . Quao «razoavcl ''. era C•M: me'<no compromis'° do ponro de • i>la óe)) campo-
bastanre piores'' " '. Porc hnev sugere que um outro as pccro reside no grau de envol vimento neses é scn ~mcnrc posro cm duvida por G. E. de f alguerollcs, urna vez q ue a orientação dcs1CS
na economia-mundo. esrando a ex isrc'ncia de grandes propriedades (e consequentemente a burgueses c1ta_dinos 1a no scm1do de rcrirarcrn d°' >cus invcsrímemos lucros a curto prazo. 0
ausência da parceria) corre lacionada com um alto grau de envolvimento "">. que teve o e fe ito de exaurir a te rra d urante o !>éculo >eguinre " " '·
Poderemos cnrão conside r;ir a parceria como uma espécie de segunda escolha? Inca- Temos cnrão um segundo paradoxo re;peitanre à área mais • avanç<i<la • . H dcmo\coota
pazes de percorrer o caminho que conduzia às grandes propriedades baseadas quer na enclo- da força dos rrabalhadores urbano' na manure11ção de alros níveis Wl.laria is. colocando as~ i m
s11re e arrendamcnro como em lnglarcrra. quer no rrabalho coercivo em produções mercantis a l!ália setentriona l em desvantagem índu; rrial em relação ao 1'.'oroest< europeu. Tah«z q u<
como na Europa Oriental. as classes proprietárias da França meridional e da Itália seren- esta mesma força dos rrabal?adorcs possa ju; ri fi ca r a manutenção de um nú mero dc; propor-
rrional optaram por fi car a meio do caminho' '"'· pela parceria, como uma resposta parcelar cionad_o de camponeses nas areas rurais pela uri li wção dos regulamenro; das corpor-.ç&s para
à criação de uma econom ia-mundo capiralisra. na form a de empresas semi-capitalistas efec- impedir o seu acesso a um emprego urbano, durante o período de explosão demográfica do
rivamenre apropriadas para as áreas scmiperiféricas. século XVI. ls!O reri a por consequência o enfraquecimento da capa<·idade negocial do cam-
Se as áreas scmipcriféricas assim se manriveram e não se transformaram em satélites ponês. Em qualquer dos casos, a «força» da burguesia urbana parece ter cood u ~ido a uma
perfeitos ramo foi o caso das :íreas periféricas, não foi apenas devido ao elevado ratio terra/ maior viabilidade da parceri a e consequentemcnrc à não emergência do _w oma n. q ue viria a
/trabalho. Pode rambém rer sido porque a exisrência de uma forte b11rg11esia indígena teve um desempenhar um papel tão importame no avanço económico da Europa do l'oroc~I• .
impacm panicular no desenvolvimenro da produção agrícola em épocas de penúri a. Duby Voltemo-nos agora para as áreas qu~ por volra de 1640 estari am incluída.' no centro
salienta que em áreas onde os mercadores urbanos tinham sido numerosos e relarivamente da econo mia-mundo europeia: a Inglaterra, a Holanda e em certa medida a França do Norte.
Estas áreas desenvolveram uma combinação da pasrorícia com a prodvção agrícola baseada
cm trabalho livre ou mais livre e un idades de dimensão re l~ri vam em~ eficiente. Pode notar-se
144. Cor_npar.mdo a ~i1uaçào das duas áreas , diz BrJudd : • Era raro que UrT\3 colheita (na án:a medite.rrãnica)
que a Espanha se iniciou nesta via. que abandonou posreriormeme. integrando-se na semipe-
~=:~~:: ~~~i~~~~~s~:~:v~uàe ~i::ç;~~;~.~sil~~i~h:,~: ;;:,~r:;;~~:. ~·. ~~~ a pequena área usada para riferia. As razões que explicaFR esra aheração de posicionamenro económico serão analisadas
. A IJo de M adda l~na n:io concorda: • No gera l ~ preciso reconhecer-se que a produtividade da rcrra arável mais deralhadarnente num capírulo posr.erior.
I~~ J1jJ 1:i Jera ba.sta~ tc ba1_x a. cxcepco em ci rcunstânci as e,;."cepcionais . Brnudel culpa o cl ima por esta baixa prcxlu-
tn idade do .solo ~d1 terrân~co, mas dev~ também levar-se em conta as deficiência'> do aparelho 1ccnológ ico. do sisicma
Na crise do fim da Idade Méd ia, quando um declínio populacional conduzi u a uma <-
cul~ural. da ?~t~na .agr:'ina.' da capacidade mercamil. d.1 disponfüilidade de capi1al. da estn.ilu ra adm ini strativa e dim inuição da procura de produros agrícolas bem como a um aumento dos salários dos !ra-
!iOC1a l. dJ.S \'1c1ssirudcs poli11cas e mi lir~rcs_ de modo_a atingir-se uma visão ma.Js v:1lid.J e historicamente mais justi- balhadores urbanos (e consequcmcmeme a uma melhor posição negocial para os trabalhadores
ficada d~ fcnómen.o ~ ... 11 mondo rur.ilc 11alrano nel cmquc e ncl sciccmo ... Rfris1a sror ica ilafiana , LXXVI, 2, Julho
1964._4-3. S~m duvida qu e _se _deve ter cm coma lodos estes factor~. mas a exaustividade f raras vezes um modo rurais ), os grandes domínios decli naram na Europa Ocidental. como já li\'Cmos ocasião de
;;~~::;::~,:d;~~~~~~~=~x~:;~~~~ i~~~~3~3 ~11~~i~v;~:~~~~~~.3c~;~:°M~~i~º deSy lvia Thrupp, pn:viamcnte ver. Eles não podiam transformar-se em propriedades vocacionadas para a produção m•r·
cantil como na Europa Oríenral do século XVI, porque não existia um mercado internacional
. l.J S. Bo~i s Porch~ ,. notJ que é verdade: que não se dcsen \"Ol\"cr.tm cm França grandes domínios neste
r;nOdo da maneira que: aco_n1c~cu em lng larc ~ : ... [Tais domíni os] ac: vc:m não obstan1e encon trar-se cm fracas num conrexto económico generalizadamenre sombrio. Só se lhes apresentavam d u.:is alter-
~~~~:/~~o uma tmdênc13 económica_~inda pouco dc ~ n vol v ida . cspecialrncnie nas província" perif~ricas nativas significarivas . Por um lado, poderiam converter as obrigações feudais em rendas
cb Pro! 3
~·:-;~~n~os mares of~recc poss1 b1l1 da~s comerciais vantJjo~L"i:-Os portos da Guyenne, do Lan gucdoc,
agricol .tlÇ · _ong:e. do Pono~, da Normandia e: da Breianha faci l1 uvam a exportação de vinho. de produtos
monetárias 11 ..1, que reduziriam os custos e aumenrariam o rendimenro do proprietário do
1
Em re.s~~~.g:s~~~~~~;:,~ :: d~~~~od~c r:nrra~~o e até lentati~as de exportar gado, paniculanncnle carneiros.
1613 à 1648 fParis: S.E. V.P.E.J 1963 ) 28910 pro1b1do do comérc1o>o. ÚJ sn~lhe~1ents pnpuloires en Fra nce de 147 . 4'0 contrato de mbayage, tão difundido na vi1jnhanç-.a de cidades ital ianas e fn.ocesa.s mcdiu-ni- ..
sua lista. fhv~ de vol!u a es~~ uest!o n . Note-se con1udo .que Porchnev mclu1 ~ Langucdoc e J Provença na nicas cm 1erras tomadas vagas por migração fno período de dc:prcss.ão dus séculos XI\' e XVJ e cujo controlo o,;
caso de mUILipla caus..i lidade . q um capítulo postcnor. Por agord, bas ta dizer que es1amos perante um cit.ad inos linham sido capa1..cs de a.-;sumir. foi de ÍJCIO uma forma de coope ração cnlrC borp-ue~ s e c.a.m('O'lCSõ
com o propósi to de promoverem o culti \'o de c c~ai s• . Du by , Rural Ewn{I"'·''· pp. J~ó-357 .
original dle4:~:.;~a ~:~:ri~t.a~~-mo uma casa a m_c: io do c~inho: • Como uma fonna de transição d3 forma 148 . . c Tal como era praticada, a parceria tinha a aparência de um rcgim(" cs ~i a lmcn ?e capi tl!ista. ~­
aqui falta do C2piuJ suficien1e p!:.a u: · ~emas ~0~ 1derar o sistema de parceria. ( ...) Por um lado. o 13vrador tem pondcndo às necessidades dos propric1irios burguc:.ses. O ideal dek s er.1. oblcr dJ..<t suas !erras uma pme do r;:':ndi-
não a.s!.ume a forma pura de renda Pod~~aJo cap1t.a. ts~ ~ompl~ta. Por ou1ro, a parceri3 aqui adoptada. pelo senhor mento sob fonna líquida, convc ni,•el em dinhe iro. Da\'anl à go tão das suas r'mprc sa.~ um a.r mcrca.n~i l : fW.im cui-
adicional. (... )A renda j.i não a~c ui coi:e~t~o: uir um JUro so~re o _c apital avançado por ele e uma renda dadosamente entrar nos seus li\-res de 8ai:wn ou l frrts dr Rt a rus a pane recc:bida dJ. colhc: ila. as 'cnd.ls de cerr~ s
quer emçre,ue o sc:u próprio trabaJho~ de 3 nonnal de mais-,·aha em geral. Por um lado. o cultivador, ou de gado, à mistura com os juros dos seus empréstimos (/e produil d~ i<ur usurt l. Para estes llUlSid~~ Vorai.1U ),
trabalhador mas como possuidor de pane d"os ins°::~~ :c!:"a uma porção do prod u10 não na sua qualidade de
sua _J>311C não exc.lu\ i\'amcmc na base da sua uaiidade de:
1 ~bal~o. Por outro lado, o senhor da tem reclama a
o in1crcssc no lucro er..l a consideração prioritária; eram milis ou mc:oos 1gnoran1es c1!1 as.~u nl'h a~ol as •. G. E. de
Falguerollcs. -.La décadcnce de l 'économie agricole dans le Consularde Lempau1 3 U:\ X:VIJ . c.' I .X'\'l u· siklo.... AMClt"J
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capu.al • . Capital, III , cap. X.LVJf. scc. V, p. _ propnct.irioda terra mas tam~m como emprestador de du M idi. Lltl, t9-l I, t49.
149 . .. rA libc:naçâo dos servos] era-lhes menos ofcm;ida do que vendida •. Marc BkK:h. Caracrtr~J on - ..
gioa1<r,l.p. Jtt.
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õr..:. · c:1 ç:ie :i.."":L-r--.=i=i am lr'-~eréncil graducl do seu controlo sobre a terra. Ou 1\3 criação de gado verificou-se precisa.'Tla!!e em fapa.v ..a_ A• d= /d ,
>tja. is&> rorr~ PQ<-~hel a i_;c=S:l d ~cno agricultor ele lipo yeo,,..an , como rendeiros
=
domínios cm terra arrendada e a da terra arã·,cJ em P3SIOI - •triíican.
~-ie :i:~CNC &:is
r ..pr.OO =6 fi u_ ou. r:>e lhcr :i!nd.J.. como proprielários independentes (que i:>OOem Pois a úlnma.. ao tomar ~ ~ rra a:"~el ainda mais ~sa. íu..ia ~w ~~~
1 1
= ,is· com.o ll ~-ém cr~e. "--' aquisição d:l ~rn. p:igou a renda de v:irios anos de urna só
•teLl' Ui'. 1 • A l.l:~mari\tl eu.tio aiJeTt:!. :ios proprieci:rios consistia em com·enerem a sua terra
valor para arre.ndamento ., . Ad1c1onalmrnte. à medida q;,e a !em zrl·•el ,.. tor.'l2•a ~
escassa. o culu,·o unha de ser ~s intensí»o, 0 que •igiüfü:«•a <l'Je • <r.:aJidaêe. do rr--.WZ-
º'
rn: ~ · para bo' ir.os ou i:1os. '\o sérulo X\. quer os preços da lã quer os da carne lho era muno '.mix;:;:me, um esumulo mais para a substirui~ oo;
\<:rv iw. em tnl:c:. ., po!"
pa.--:cia.--:i t!f resistido melhor aos efeitos da depressão e. ainda por cima. os custos com 0 rendas monetanas '. ·
~. entio esc-..tS o e pon:2.!1 CO C"-!O. era.rn menores " '' 1• O aumento da criação de carneiros no século XVI conduzi u ao grande IDCNim<t::n " ..
~eiL1 altura.. rar.10 a Inglaterra como a EsP3Jlha aumentaram as suas pastagens. das enclosures em Inglaterra e na Espanha. Ma., pararlox2l;ne,..u: não foi 0 çm prietá.-io em
!\a ecooomia em <>f"'..nsão do século J(V J. o trigo parecia ganhar van tagem sobre a lã"'". grande escala que pensou nelas, mas um novo tipo. 0 propri~o independ..--r.!.e de fl'Xl=
nus r.io sobre o gado. que fomeciJ não apenas c:ime mas também sebo. couro e lacticí- escala " " '. Foi certamente a renovação ecooómica do sécu!o XVI <r.>e tomou possível 0 cresci-
nios. cujo consumo se e 'pandi1 com a prosperidade " " >. O aspecto mais importante a salien- mento sustentado destes pequenos agricultore. independer~s .
tar sobre a p;,;toric ia no século XVI. em es pecial no tocante ao gado. reside no facto de Uma vez que •os carneiros comiam os homens~. como dizia 0 ditado. 0 :mmrnto d:!-.
que eb se es tava a transfonnar cada vez mais numa actividade regionalmente especia- criação de carneiros criava assim uma escassez alimentar que tinb.. que ser compemada umo
lizada. ~b is gado numa zona. uma vantagem para os grandes proprietários. significava por uma produção agrícola mais eficiente na Inglaterra (os y t ol7U'n ) como pelos cereais do
também menos gado noutras, o que sign ificava muitas vezes uma redução no consumo Báltico (cultivados com trabalho coercivo)º " '·
camponês de carne e lacticínios, uma deterioração da sua dieta º"'· Esta ultra~specialização Além do mais, o aumento das enclosures tomou possível o crescimento de indústrias
anesanais nas áreas rurais ""'· Contudo, em Espanha, a Mtsra era de=íado poderosa para
15-0. • !Sob um sistc:ma de propricdlde de parec ias de terra!. o ~o d3 terra (representa] nada mais que
renda c:ap:u.lizad:i. .. Karl " fa.n. Capira/. Ul. cap. XL Vil, sec. V. p. 805.
151. Ver Slichcr \an Bath, A.A.G B .. n.o:: 12. 164·1 68. Ver Peter J. Bowden: •Foi a maior rentabilidade: da uponação e os trabalhadores emigravam. (_.) Msim. o daaparecimemo di.:.'!13 ric:J. foo:e de r.utri;'lo ~·
produçok> de lã em re lação ã produção de cereais que fo i largamente responsáve l pela expansão d:l criação & car- nhava o empobrecimento, a sujeição do campcsinato. a estabilidade na wa de lucro fpri.r ~ rrn t'lll) e ar.IribufJ
neiros. el pct ía.lmente no centro de lngla;erra entre meados do século XV e meados do século XVI. (... ) para o sub-empre go:.. J~ Gentil da Silva. En Espagrir: dh"eloppnr.rnr fronomit[ia. skhrllrcr.ct . dirbtt (Paris:
Como a produção e a exportação ~ tecidos aumt:ntou. os preços d3 lã subiram. Tomando como base a década Mou<on. 1965). 169·!70.
de 1451-60. o preç o da 11 produzida intername nte tinha aproximadamente duplicado em 1541-50. Os preços dos 155. Ver Dobb. Srudirs. p. 58: Oougla'! C. Nonh e Robert P<tul Thonm:. "'·.\.." Economic Theay ol me
ctrea.is permanece ram co mp.ant iv~nte estáve is durante o período final do §éculo XV e n3o mostraram tendência Growth ofthe Westem World • . Economic HinoryRnüM·, 2.' ~. XXIIf. 1, Abril 1970. 13.
assinaláve l para ~ub i r a não ser após 1520. quando os prccos subiram em geral ... The Woo/ Trade in Tudor al'ld Stuart 156. Ver Dobb, ihid., p. 53.
England (S o,·a forque: .\fac \f illan. 1962). 4-5. 157. Julius Klein mostra como isto deveria ser assim: ..O movimento de t nclo iiut init& e o pnx:c:L\O • -.
152... !\.·o entanto, por vo lta de meados do século XVI a pressão para se mudar dos cercais para a lã estava idêntico em Castela( ... ) siocroni1.aram-se duma forma surprcendeo1e. Em am~ os casos o episódio te\·c 05 ~Ili
a en fraquece r. A terra tomava-se mais escassa e o trabalho menos abundante. Os preços dos cercais, que linharn começos numa estimulação da indUstria ligada à criação de camei ~ no ~lo XIV. (. .. ).A e:iploraçào d.a:s ttTTU
estado a subir desde a década de 1520. dupl icaram na de 1540, quando o nivcl geral de preços subiu abrupta- monástica.-. confiscadas e a aquisição pela Coroa da..ç grandes propnedades das Ofdens m1liwn em ~la. c~­
mente. Depois. em 1557. o mercado ex temo para os [ecidos in gleses entrou cm colapso e os preços da lã caíram tribuíram matcrialmcnre para o crescim ento da indús1ria pastoril cm amb<» os pa1$CS durante as ~c3du 11u~diis
(Bowdcn, ;h;d.. p. 5)• do séc ulo XVI. No entanto, de entào em dianle, cm cada um d~ paiscs há um aparente aumcn10 gradual d3s '"'""
Ver Pe1cr Rawsey: • Falando duma maneira muito geral. podia então ainda ser compensador convcner sur~s. não tanto para empresas de criação de carneiros cm grande cs.cala como para o pequeno cofitcu~ no caso dt:
terra arável em pa.o;tagcns [em lnglaterra). até cerca de 1550, contanto que pudessem ser feitas economias cm tra· Jngla1erra e para criação !.edent.1ria e agricultura camponc~ ."º caso de Castela. Em cada um dos ~.s.cs ~ al"...u
balho. Até aqu i os primeiros comentadores sào confirmados. MJS após 1570 compensaria prova\'elmente mais instâncias (... ) protegiam o movimcn10. e cm cada um o mouvo para \'ed.lr ~ tc:rr.is comuns era apoi~ por um
reconvcncr a tem de pastagem pat'J culti..,o, desde que o aumcn!o cm custos de rrabalho não ultrapassasse o ac-ris- desejo de se. estimular a criação sedentária de carneiros. O efeito final cm ambo'> foi promover unu agnculruu de
cimo de lucros na ..·cnda do cercai:.. . Tu dor Economic Problem.I (Londre s: Gollancz, 1968), 25. pequena escala.( ... ) Na Península o elemento que lutou contra o mo\· i~n10 de \'ed3ção e que. de facto. obstruiu
com. !'"Cesso 0 seu avanço por dois sécul~, foi a in~ústria migrató.ria pastori~ cmt:~~: ~:~.N~~::~~,.\T=~
1 ~3 Tal como Delumeau disse de Roma • Para uma cidade crescendo em população e nqueza parecia [aos
nos 1meresscs anti-tnclo.i:ure esta..,am mu110 espcc~almcnte n:prcscn~as.cla.!~ . g PK IQJQl
1
barões do campo! mais ' antaJOSO 'endcr carne e queijo do que tngo Em consequência disso, sabotavam s1ste· 314 .JIS.
ma11camentc rodos os esforços das autorid:idcs para forç:i·los a limitar as suas pastagens. Esta avickz pelo lucro por in Span;sh Econom;c ffürory . 1273-1836 fCambnd~e , Mas~husct_u ._lhr:S~ol~~~~ co~oo 00• ~Ido ~culo
158. «O comércio de exportação de ccrC3.lS 3 panir da _Prússia e ~adas Paise.s Baixos. !'oruc~a
pane da nobrcz.J .e o crcscenle favor que ela concedia à criação de gado parece ter sido claramenlc acompanhada
por uma ' 'crdade1ra reacção senhorial - um fenómeno que, para mais, não era peculiar ao mundo rural romano• .
Dclumeau, Vie fronnmiq iu, IJ, pp. 567, 569.
XUJ, e foi seguido no século XIV pelo dos países bálucm.. Os certats e~ cm d'
Setentrional e para panes de Inglaterra onde havia csca.llóseZ de cereais. como 0 asmto
F: F
cn e
1
grande ZOl\J de

criação de carneiros•. Slicher van Bath, A.A.G.B .• n. 12 • l70.


9
Georges Duby liga a expansão da criação de gado em França a panir do fim do século XIII à «crescente · algumas áreas do que noutns Joan
procura de c~ . couro e lã que se o~gina\'a nas cidades• . Por sua vez, a importância crcscenle da produção de gado 159. Ao explicar porque I! que es1as indústrias se encontravam mms n •
vac~m (e de \·1nho) «acelera va consideravelmente a comercialização do mundo rural francês•. 41ThC French Coun· Thirslc. observa: . Iasa comunidadt de pequenos agricultores. frcquen1e-
111'. side a! the End of che 13th CentUr)'n, in Rondo Cameron, ed .• Essavs in French Ec-onomic History (Homewood. •Os factorcs comuns parecem ~r es1cs. uma .po~~ com um dircim de pos..~ qU3SC 1ão bom como o da
llhnois: lrwin. lnc., 1970). p. 33. · ment~ proprietários livres( ... ) ou rendmos c~nsuetudi.~ EI~ pode apoiar-sr nos l3Ctidnios..ca.w mt QtJC as tt:~
< 154. .. fAl crcscen1e procura !por toda a Europa] de cercais e ..,inho priva\'am o campo. e espccialmenre propncdade li\'rc (... ) praticando uma economia paslon: ão senhonal e 0 cult\..-o coopcrauvo. cm conse~nc1._
os cam~scs. de: carne, e poru:i1~ de um eli:men10 imponante para a sua subsistência. As aldeias, que por muito são geralmente vedadas precocemente e em que a organiza\ t io C"m pa.-.ios generosos. em que não hJ mcen-
s.ão fracos ou ine:'ll:istentes. Ou pode basear-se na criação ~; :cn :~fértil. e cm que nao há igualmcnlc um3 forte
1
1
lempo tn~~-rtstrvado a.-. suas. uh1ma.s pastagens para o abate, a~abaram por perdê-las todas.( ... )
eg1oes .cm q~e a relat1 ..·a insuficiência da popu lação significava uma incapacidade em conseguir-se uma llvo prático para se vedarem as 1erras. em que. a terra ar.1. ( ~uhjacC"nle a rudo isto podemos por veze.s. ver uma
produção per capna mais all.1. como Aragão. abandonavam as terras menos féneis. desenvolviam uma produção de rede de campos abcnos apoiando uma economia cooixranva. ···

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õr..:. · c:1 ç:ie :i.."":L-r--.=i=i am lr'-~eréncil graducl do seu controlo sobre a terra. Ou 1\3 criação de gado verificou-se precisa.'Tla!!e em fapa.v ..a_ A• d= /d ,
>tja. is&> rorr~ PQ<-~hel a i_;c=S:l d ~cno agricultor ele lipo yeo,,..an , como rendeiros
=
domínios cm terra arrendada e a da terra arã·,cJ em P3SIOI - •triíican.
~-ie :i:~CNC &:is
r ..pr.OO =6 fi u_ ou. r:>e lhcr :i!nd.J.. como proprielários independentes (que i:>OOem Pois a úlnma.. ao tomar ~ ~ rra a:"~el ainda mais ~sa. íu..ia ~w ~~~
1 1
= ,is· com.o ll ~-ém cr~e. "--' aquisição d:l ~rn. p:igou a renda de v:irios anos de urna só
•teLl' Ui'. 1 • A l.l:~mari\tl eu.tio aiJeTt:!. :ios proprieci:rios consistia em com·enerem a sua terra
valor para arre.ndamento ., . Ad1c1onalmrnte. à medida q;,e a !em zrl·•el ,.. tor.'l2•a ~
escassa. o culu,·o unha de ser ~s intensí»o, 0 que •igiüfü:«•a <l'Je • <r.:aJidaêe. do rr--.WZ-
º'
rn: ~ · para bo' ir.os ou i:1os. '\o sérulo X\. quer os preços da lã quer os da carne lho era muno '.mix;:;:me, um esumulo mais para a substirui~ oo;
\<:rv iw. em tnl:c:. ., po!"
pa.--:cia.--:i t!f resistido melhor aos efeitos da depressão e. ainda por cima. os custos com 0 rendas monetanas '. ·
~. entio esc-..tS o e pon:2.!1 CO C"-!O. era.rn menores " '' 1• O aumento da criação de carneiros no século XVI conduzi u ao grande IDCNim<t::n " ..
~eiL1 altura.. rar.10 a Inglaterra como a EsP3Jlha aumentaram as suas pastagens. das enclosures em Inglaterra e na Espanha. Ma., pararlox2l;ne,..u: não foi 0 çm prietá.-io em
!\a ecooomia em <>f"'..nsão do século J(V J. o trigo parecia ganhar van tagem sobre a lã"'". grande escala que pensou nelas, mas um novo tipo. 0 propri~o independ..--r.!.e de fl'Xl=
nus r.io sobre o gado. que fomeciJ não apenas c:ime mas também sebo. couro e lacticí- escala " " '. Foi certamente a renovação ecooómica do sécu!o XVI <r.>e tomou possível 0 cresci-
nios. cujo consumo se e 'pandi1 com a prosperidade " " >. O aspecto mais importante a salien- mento sustentado destes pequenos agricultore. independer~s .
tar sobre a p;,;toric ia no século XVI. em es pecial no tocante ao gado. reside no facto de Uma vez que •os carneiros comiam os homens~. como dizia 0 ditado. 0 :mmrnto d:!-.
que eb se es tava a transfonnar cada vez mais numa actividade regionalmente especia- criação de carneiros criava assim uma escassez alimentar que tinb.. que ser compemada umo
lizada. ~b is gado numa zona. uma vantagem para os grandes proprietários. significava por uma produção agrícola mais eficiente na Inglaterra (os y t ol7U'n ) como pelos cereais do
também menos gado noutras, o que sign ificava muitas vezes uma redução no consumo Báltico (cultivados com trabalho coercivo)º " '·
camponês de carne e lacticínios, uma deterioração da sua dieta º"'· Esta ultra~specialização Além do mais, o aumento das enclosures tomou possível o crescimento de indústrias
anesanais nas áreas rurais ""'· Contudo, em Espanha, a Mtsra era de=íado poderosa para
15-0. • !Sob um sistc:ma de propricdlde de parec ias de terra!. o ~o d3 terra (representa] nada mais que
renda c:ap:u.lizad:i. .. Karl " fa.n. Capira/. Ul. cap. XL Vil, sec. V. p. 805.
151. Ver Slichcr \an Bath, A.A.G B .. n.o:: 12. 164·1 68. Ver Peter J. Bowden: •Foi a maior rentabilidade: da uponação e os trabalhadores emigravam. (_.) Msim. o daaparecimemo di.:.'!13 ric:J. foo:e de r.utri;'lo ~·
produçok> de lã em re lação ã produção de cereais que fo i largamente responsáve l pela expansão d:l criação & car- nhava o empobrecimento, a sujeição do campcsinato. a estabilidade na wa de lucro fpri.r ~ rrn t'lll) e ar.IribufJ
neiros. el pct ía.lmente no centro de lngla;erra entre meados do século XV e meados do século XVI. (... ) para o sub-empre go:.. J~ Gentil da Silva. En Espagrir: dh"eloppnr.rnr fronomit[ia. skhrllrcr.ct . dirbtt (Paris:
Como a produção e a exportação ~ tecidos aumt:ntou. os preços d3 lã subiram. Tomando como base a década Mou<on. 1965). 169·!70.
de 1451-60. o preç o da 11 produzida intername nte tinha aproximadamente duplicado em 1541-50. Os preços dos 155. Ver Dobb. Srudirs. p. 58: Oougla'! C. Nonh e Robert P<tul Thonm:. "'·.\.." Economic Theay ol me
ctrea.is permanece ram co mp.ant iv~nte estáve is durante o período final do §éculo XV e n3o mostraram tendência Growth ofthe Westem World • . Economic HinoryRnüM·, 2.' ~. XXIIf. 1, Abril 1970. 13.
assinaláve l para ~ub i r a não ser após 1520. quando os prccos subiram em geral ... The Woo/ Trade in Tudor al'ld Stuart 156. Ver Dobb, ihid., p. 53.
England (S o,·a forque: .\fac \f illan. 1962). 4-5. 157. Julius Klein mostra como isto deveria ser assim: ..O movimento de t nclo iiut init& e o pnx:c:L\O • -.
152... !\.·o entanto, por vo lta de meados do século XVI a pressão para se mudar dos cercais para a lã estava idêntico em Castela( ... ) siocroni1.aram-se duma forma surprcendeo1e. Em am~ os casos o episódio te\·c 05 ~Ili
a en fraquece r. A terra tomava-se mais escassa e o trabalho menos abundante. Os preços dos cercais, que linharn começos numa estimulação da indUstria ligada à criação de camei ~ no ~lo XIV. (. .. ).A e:iploraçào d.a:s ttTTU
estado a subir desde a década de 1520. dupl icaram na de 1540, quando o nivcl geral de preços subiu abrupta- monástica.-. confiscadas e a aquisição pela Coroa da..ç grandes propnedades das Ofdens m1liwn em ~la. c~­
mente. Depois. em 1557. o mercado ex temo para os [ecidos in gleses entrou cm colapso e os preços da lã caíram tribuíram matcrialmcnre para o crescim ento da indús1ria pastoril cm amb<» os pa1$CS durante as ~c3du 11u~diis
(Bowdcn, ;h;d.. p. 5)• do séc ulo XVI. No entanto, de entào em dianle, cm cada um d~ paiscs há um aparente aumcn10 gradual d3s '"'""
Ver Pe1cr Rawsey: • Falando duma maneira muito geral. podia então ainda ser compensador convcner sur~s. não tanto para empresas de criação de carneiros cm grande cs.cala como para o pequeno cofitcu~ no caso dt:
terra arável em pa.o;tagcns [em lnglaterra). até cerca de 1550, contanto que pudessem ser feitas economias cm tra· Jngla1erra e para criação !.edent.1ria e agricultura camponc~ ."º caso de Castela. Em cada um dos ~.s.cs ~ al"...u
balho. Até aqu i os primeiros comentadores sào confirmados. MJS após 1570 compensaria prova\'elmente mais instâncias (... ) protegiam o movimcn10. e cm cada um o mouvo para \'ed.lr ~ tc:rr.is comuns era apoi~ por um
reconvcncr a tem de pastagem pat'J culti..,o, desde que o aumcn!o cm custos de rrabalho não ultrapassasse o ac-ris- desejo de se. estimular a criação sedentária de carneiros. O efeito final cm ambo'> foi promover unu agnculruu de
cimo de lucros na ..·cnda do cercai:.. . Tu dor Economic Problem.I (Londre s: Gollancz, 1968), 25. pequena escala.( ... ) Na Península o elemento que lutou contra o mo\· i~n10 de \'ed3ção e que. de facto. obstruiu
com. !'"Cesso 0 seu avanço por dois sécul~, foi a in~ústria migrató.ria pastori~ cmt:~~: ~:~.N~~::~~,.\T=~
1 ~3 Tal como Delumeau disse de Roma • Para uma cidade crescendo em população e nqueza parecia [aos
nos 1meresscs anti-tnclo.i:ure esta..,am mu110 espcc~almcnte n:prcscn~as.cla.!~ . g PK IQJQl
1
barões do campo! mais ' antaJOSO 'endcr carne e queijo do que tngo Em consequência disso, sabotavam s1ste· 314 .JIS.
ma11camentc rodos os esforços das autorid:idcs para forç:i·los a limitar as suas pastagens. Esta avickz pelo lucro por in Span;sh Econom;c ffürory . 1273-1836 fCambnd~e , Mas~husct_u ._lhr:S~ol~~~~ co~oo 00• ~Ido ~culo
158. «O comércio de exportação de ccrC3.lS 3 panir da _Prússia e ~adas Paise.s Baixos. !'oruc~a
pane da nobrcz.J .e o crcscenle favor que ela concedia à criação de gado parece ter sido claramenlc acompanhada
por uma ' 'crdade1ra reacção senhorial - um fenómeno que, para mais, não era peculiar ao mundo rural romano• .
Dclumeau, Vie fronnmiq iu, IJ, pp. 567, 569.
XUJ, e foi seguido no século XIV pelo dos países bálucm.. Os certats e~ cm d'
Setentrional e para panes de Inglaterra onde havia csca.llóseZ de cereais. como 0 asmto
F: F
cn e
1
grande ZOl\J de

criação de carneiros•. Slicher van Bath, A.A.G.B .• n. 12 • l70.


9
Georges Duby liga a expansão da criação de gado em França a panir do fim do século XIII à «crescente · algumas áreas do que noutns Joan
procura de c~ . couro e lã que se o~gina\'a nas cidades• . Por sua vez, a importância crcscenle da produção de gado 159. Ao explicar porque I! que es1as indústrias se encontravam mms n •
vac~m (e de \·1nho) «acelera va consideravelmente a comercialização do mundo rural francês•. 41ThC French Coun· Thirslc. observa: . Iasa comunidadt de pequenos agricultores. frcquen1e-
111'. side a! the End of che 13th CentUr)'n, in Rondo Cameron, ed .• Essavs in French Ec-onomic History (Homewood. •Os factorcs comuns parecem ~r es1cs. uma .po~~ com um dircim de pos..~ qU3SC 1ão bom como o da
llhnois: lrwin. lnc., 1970). p. 33. · ment~ proprietários livres( ... ) ou rendmos c~nsuetudi.~ EI~ pode apoiar-sr nos l3Ctidnios..ca.w mt QtJC as tt:~
< 154. .. fAl crcscen1e procura !por toda a Europa] de cercais e ..,inho priva\'am o campo. e espccialmenre propncdade li\'rc (... ) praticando uma economia paslon: ão senhonal e 0 cult\..-o coopcrauvo. cm conse~nc1._
os cam~scs. de: carne, e poru:i1~ de um eli:men10 imponante para a sua subsistência. As aldeias, que por muito são geralmente vedadas precocemente e em que a organiza\ t io C"m pa.-.ios generosos. em que não hJ mcen-
s.ão fracos ou ine:'ll:istentes. Ou pode basear-se na criação ~; :cn :~fértil. e cm que nao há igualmcnlc um3 forte
1
1
lempo tn~~-rtstrvado a.-. suas. uh1ma.s pastagens para o abate, a~abaram por perdê-las todas.( ... )
eg1oes .cm q~e a relat1 ..·a insuficiência da popu lação significava uma incapacidade em conseguir-se uma llvo prático para se vedarem as 1erras. em que. a terra ar.1. ( ~uhjacC"nle a rudo isto podemos por veze.s. ver uma
produção per capna mais all.1. como Aragão. abandonavam as terras menos féneis. desenvolviam uma produção de rede de campos abcnos apoiando uma economia cooixranva. ···

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. A diferença estava menos nas altemat_ivas que se colocavam aos camponeses. embora1
que 0 pequeno proprietário pudesse ir muito_longe. E, como veremos m~is l~rdc, a polílica csias 11vessem º.seu papel'. d? que_ nas alternativas dos proprietários. Onde é que e~tes poderiam
imperial de Carlos v deu ainda uma força ad1c1on~l a est~s gr"."~es propnetános. Em vez de obier lucros maiores e mais i~ediatos? Por um lado. podiam convener a sua terra a outras uli-
1 :
utilizar os desempregados rurai s para o desenvolv1men10 mdustnal, a Espanha expulsou-os e li zações (pastos. com uma ma_is ~levada ta~a de lucro, ou amendando-a por dinheiro a peque-
exponou-os. . .
Temos de explorar um pouco mais esta questão do_dese_nvolv1mento da_agricultura da
Europa Ocidental e da razão porque esta não poderia seguir a via da Europa Onental: grandes
nos lavradores - ambas as h1potes.es significando a dispensa das exigências feudais em ser-
viços) e usar os novos lucr~s para investir no comércio e na indústria e/ou em bens de lu xo
consumidos_ pela a n s loc~acia. Por outro lado. podiam procurar obter maiores lucros pela
l
propriedades utilizando trabalho coercivo em produções mercantis. l~so acontecia, em úhima intensificaçao da produçao para o mercado de bens de primeira necessidade (especialmeme
- análise. porque uma economia-mundo cap11ahsta escava em formaçao .. P_aul Sweezy postula cereais). investindo subsequentemenle os novos lucros no comércio (mas não na indústria 1
6
uma espéc ie de conrimmm ecológico: «Próximo dos centros comerc1a1s, o efe110 sobre a e/ou em bens de luxo)" ''. A primeira alternativa era mais plausível na Europa do Noroeste.
1
economia feudal [da expansão do comércio] é fonemente desmlegrador; mais longe o efeito a última na Europa Oriental, principalmente porque a ligeira diferença já estabelecida nas
tende justamente a ser 0 oposlo»' '"''· Esta é uma formulação excessivamente simples, como especializações produ1ivas significava que a maximização dos lucros era obtida. ou pelo menos
Poslan afirma e Dobb concorda" '"· O argumemo de Sweezy baseia-se nas altemalivas para pensava-se que o era. fazendo mais extensamente e mais eficientemente o que já se era 0 melhor
·-os camponeses, a sua capacidade de fugirem para a cidade, a «proximidade civilizadora da a fazer""'>. Assim, as autoridades estatais encorajaram as enclosures para a pastorícia (e para
vida urbana»'""· Ele negligencia a possibilidade de em muitas regiões periféricas, por a honicultura) na Inglaterra, e a criação de grandes domínios para a produção de trigo na
exemplo na Europa Oriental, os camponeses terem a altemaliva oferecida por áreas de fron- Europa Oriental. J
teira. frequentemente tão atractivas como as cidades . Na realidade, foi exactamente por os Quanto às razões porque a prestação de trabalho era contratual no Noroeste europeu e
camponeses usarem esta allemativa que se verificou no século XVI a introdução de meios coerciva na Europa Oriental é insuficiente aduzir o confronto entre a utilização da terra para
jurídicos tendentes a vinculá-los à !erra. a pastorícia ou para o cultivo. Porque nesse caso a América Espanhola leria tido formas de
presiação de trabalho contratuais. Como já sugerimos. é antes a demografia que desempenha
certa lógica no modo como es1es foc1orcs comuns cs1ão ligados entre si. Algum3 da rerra mais apropriada para pastagens 0 papel crítico. A alternativa da Europa Ocidental baseava-se na presunção de que haveria
1 .' não foi desbravada :ué um cs1ádio relal ivame nle tardio na história da colonização local. Ela era passive i de ser vedada uma reserva de força de trabalho suficiente a preços suficientemente baixos para satisfazer as
de imediaio. Era pas.sível de dar origem a uma comunidade de agricuhores inde pendentes que reconheciam não o
lu,garejo ou a aldeia, mas a família, como a unidade coopcraliva de trabalho. Se a te rra era apropriada para os lacti-
necessidades dos proprietários sem custos excessivos''.,'. Na Europa Oriental e na América
cínios, tinha então também água suficiente para apoiar uma indústria de 1ecidos. Em regiões menos hospitaleiras Espanhola existia uma escassez de trabalho em relação à terra cuja exploração era rentável.
onde houvesse grandes charne cas ou grandes baldios de 1erra pan1anosa e pouca seara, a economia estava destinada devido à exislência de uma economia-mundo. E na presença de uma tal escassez " ª expansão
à criação e pastoreio de carneiros. Os baldios comuns a1rafam jovens sem 1erra_ A sua exploração requeri a menos
trabalho que: 'uma seara e deixa\·a aos homens tempo para se enlregarem a ocupações subsidiárias1t. «Industries in
dos mercados e o crescimento da produção é Ião susceptível de conduzir ao aumento do tra-
lhe Counl.J)·s ideit , in F. J. Fishcr, ed., Essays in the Economi<: and Social History o/ Tudor and Stuarl England
Lll..ondresc Nova Jorque: Cambridge Uni v. Prcss, 1961), 86-87.
160. Swcezy. Science a11d Soâety, XlV, p. 14 1. Ver também pp. 146- 147. Joan Th irs k contribui com 163 . l!'õ!O deveria ser precisado. Os proprietários capitalistas no~rts da Europa Oriental esu v~ ~ ...
algum apoio à hipó1cse de Sweezy: «Mas no começo do século XVI con1rastes claros podiam ainda ser o bser- interessados no lu xo ari s1ocrá1ico. Na verdade, Jeannin vai ao pon10 de dizer: ·É ct:no que, a~.sar das llm1tat;
vados nos confins do reino. A Comualha e o Dcvon, o Cumbcrland, o Westm oreland e o Nonhumberland tinham sobre as compras por causa da penúria. passageira ou permanen!c:, dos 1esouros reais. o ~.sc1.men10 ~ consumo
muitas comunid4.tdc s dispersas por quin1as so li11rias, algumas preservando ainda vestígios do espírito de clã, sumptuário consti1ui uma da'i mudanç.a~ significativas que caracieri~m ~ evoluç~o da \'1~ anst~~ica no N~
ainda quase comple1amen1e isoladas do m undo come rci al. Aldeias produtoras de cereais no Eas1 Anglia e no Kcnt [da Europa, isto é, dos estados à volta do Báltico] no stcuto XVI•. V1mrl;ahrschr1ffür So~ial~ "'!" Hmsrhafrs~tJ_
c..'itavam. por ou1ro lado, profundamen1e envolvidas em transacções comerciais de comestíveis cm grande escala c:hichtt, XLIII p. 215. Mas nole·se que não obs!ante Jeannin se rtferc à penúria como um hmite. E este~ prcci·
e co_nduz1am ~ seus negócios apa.rememcme sem consideração por qualquer obrigação social, quer para com sarnente o po~to. Numa economia em expansão. a entrega ílbsoluta à_ lu:-; úri a a~Ol(n!ava. mas com~da • 0 ~u
o ~ la, a fam ília ou o senhor feudal. Encre as zonas de terras ahas e as de terras baixas (por exe mplo, nas Wesl aumento na Europa Ocidental podemos provavelmente falar_ num rela11~0 d~clfmo. .· , . . . •As ,,
M1dlandsJ os contrastes eram esbatidos». • The Farming Regions of England», in Thr A1.:rariu11 /fistory o/ 164 . °?ug lass C. North e Robert P~ul Thomas. m Econon11c lluw'! ~~~'~tax;:~· ~~~~
~n~land and lValt's, .IV, Joan Thirsk, cd., 1 500-1 64~ (L~mdres e Nova Iorque: Cambridge Univ. Press. 1967), 15. tnclnsures que lmham lugar nesta altura ocomam ( ... )em pastagens que: produzia od.1s . ta
à horticuhura . As primeiras faziam-se em rcspos!a a uma procura cre.scenle ~e '! ~ru~a;o~i:;:r de ;:~=e
:ir:a aqueles que possam obse rv~ que o East Anglla nao é cxacrameme um ponto assim tão próx imo do centro,
de\~m~ lembrar q~e é a sua posição no século XVI e não a do século XX que está cm questão. Thirsk observa 1 1 0
aumentos na p~ocu:ra. loca l ~e al imentos por parte das áreas urbanas c:m c~~ :~os c.s rados eram ali mais elevados
C:,
aqui : •O Ea.'il Anglia ocupa actualmente uma posição geográfica algo afastada das principais vias de tráfico entre século XVI fo1 mais mtens ivo nas terras altas de_ lng~aterra porque os ~n im asta ~ns imham uma densidade de
Londre_s e o Nane. No século XVI, pelo contrário, os seus rios, peneirando bem no coração da região a s ua do que nas regiões aráveis. por duas razões. Primeiro. as áreas p~pnas para P g rdo an. a \'tdação ocorrcr.
:~~f:~:~~e~~:~:~~o:.aseus m~itos pano~. coloc_avam-no em r~cil comunica~ão com os mercados de Londres, da população inferior à das terras _ar~veis; por isso( ...) menos gente tmh~:ldl:~~ ~ ~~ :,ºque ~ indi,•íduos que deti·
1

d . . • Escócia, dos PaJScs Baixos e do Báltico. A sua agncu ltura consequentemente cedo se 1 0
Segundo, e provavelme 1:ne mai s importante, o _aumento no_preço da tentarem a ascentar mais carttt'iros. O custo
c:;;:~;~:=~~~I ~::~mos nacionais e_ intem~cionai~, e a _es~ialização e;tava tão avançada ~ue pelo nham tc~a ~m comum a utilizassem ?e mod~ ineficaz devidoª todos uasc nulo .pmas 0 custo para 1 sociedade por
cereais lpp. 40--4 !)... anos de boas colhena~ munas d1 stntos estavam longe da auto-suficiência em para um md1ví?uo cm ap~e ntar mais carneiros na te~ comum era ~sivamente utilizadas e a produção tôlal de li
todo~ fazerem isso era positivo. As terra-; comuns tendiamª ficar exce mu.ns podiam evitar essa ocorrência 1Jcdnndo
; Noroeste~~· r;~ ~:e~~~~o ª;:~da:~~ Inglaterra).' mais longínquas dos grandes mercados. sobretudo no cfcct1vamente declinava.( ... ) Indivíduos com poder para vedaras terra.sco
retc ..·c por mais tempo•. M. Postan «The Chr~~adas mais cedo, enqu.anto que o Sudoeste, mais progressivo, as ªsua área e negando o seu acesso a todos os outros (p. 13)•. proletários ou scmi·proletários•. Scitncr 1(,
Sociny, 4.' série XX 1937 171 . rk,bb S . ology 0 ~ Labour Services,., Transactions o/ 1he Ro)'al /Jistorical 165. Dobb chama a uma tal reserva de força de trabalho "e 1ementos
-e 162. S~ecz;, Scie;1ce Soc~-e~'.t~~~~;~ f4~ltfy, XIV, p. 161 .
dnd and Society, XIV , p. 16l. \
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. A diferença estava menos nas altemat_ivas que se colocavam aos camponeses. embora1
que 0 pequeno proprietário pudesse ir muito_longe. E, como veremos m~is l~rdc, a polílica csias 11vessem º.seu papel'. d? que_ nas alternativas dos proprietários. Onde é que e~tes poderiam
imperial de Carlos v deu ainda uma força ad1c1on~l a est~s gr"."~es propnetános. Em vez de obier lucros maiores e mais i~ediatos? Por um lado. podiam convener a sua terra a outras uli-
1 :
utilizar os desempregados rurai s para o desenvolv1men10 mdustnal, a Espanha expulsou-os e li zações (pastos. com uma ma_is ~levada ta~a de lucro, ou amendando-a por dinheiro a peque-
exponou-os. . .
Temos de explorar um pouco mais esta questão do_dese_nvolv1mento da_agricultura da
Europa Ocidental e da razão porque esta não poderia seguir a via da Europa Onental: grandes
nos lavradores - ambas as h1potes.es significando a dispensa das exigências feudais em ser-
viços) e usar os novos lucr~s para investir no comércio e na indústria e/ou em bens de lu xo
consumidos_ pela a n s loc~acia. Por outro lado. podiam procurar obter maiores lucros pela
l
propriedades utilizando trabalho coercivo em produções mercantis. l~so acontecia, em úhima intensificaçao da produçao para o mercado de bens de primeira necessidade (especialmeme
- análise. porque uma economia-mundo cap11ahsta escava em formaçao .. P_aul Sweezy postula cereais). investindo subsequentemenle os novos lucros no comércio (mas não na indústria 1
6
uma espéc ie de conrimmm ecológico: «Próximo dos centros comerc1a1s, o efe110 sobre a e/ou em bens de luxo)" ''. A primeira alternativa era mais plausível na Europa do Noroeste.
1
economia feudal [da expansão do comércio] é fonemente desmlegrador; mais longe o efeito a última na Europa Oriental, principalmente porque a ligeira diferença já estabelecida nas
tende justamente a ser 0 oposlo»' '"''· Esta é uma formulação excessivamente simples, como especializações produ1ivas significava que a maximização dos lucros era obtida. ou pelo menos
Poslan afirma e Dobb concorda" '"· O argumemo de Sweezy baseia-se nas altemalivas para pensava-se que o era. fazendo mais extensamente e mais eficientemente o que já se era 0 melhor
·-os camponeses, a sua capacidade de fugirem para a cidade, a «proximidade civilizadora da a fazer""'>. Assim, as autoridades estatais encorajaram as enclosures para a pastorícia (e para
vida urbana»'""· Ele negligencia a possibilidade de em muitas regiões periféricas, por a honicultura) na Inglaterra, e a criação de grandes domínios para a produção de trigo na
exemplo na Europa Oriental, os camponeses terem a altemaliva oferecida por áreas de fron- Europa Oriental. J
teira. frequentemente tão atractivas como as cidades . Na realidade, foi exactamente por os Quanto às razões porque a prestação de trabalho era contratual no Noroeste europeu e
camponeses usarem esta allemativa que se verificou no século XVI a introdução de meios coerciva na Europa Oriental é insuficiente aduzir o confronto entre a utilização da terra para
jurídicos tendentes a vinculá-los à !erra. a pastorícia ou para o cultivo. Porque nesse caso a América Espanhola leria tido formas de
presiação de trabalho contratuais. Como já sugerimos. é antes a demografia que desempenha
certa lógica no modo como es1es foc1orcs comuns cs1ão ligados entre si. Algum3 da rerra mais apropriada para pastagens 0 papel crítico. A alternativa da Europa Ocidental baseava-se na presunção de que haveria
1 .' não foi desbravada :ué um cs1ádio relal ivame nle tardio na história da colonização local. Ela era passive i de ser vedada uma reserva de força de trabalho suficiente a preços suficientemente baixos para satisfazer as
de imediaio. Era pas.sível de dar origem a uma comunidade de agricuhores inde pendentes que reconheciam não o
lu,garejo ou a aldeia, mas a família, como a unidade coopcraliva de trabalho. Se a te rra era apropriada para os lacti-
necessidades dos proprietários sem custos excessivos''.,'. Na Europa Oriental e na América
cínios, tinha então também água suficiente para apoiar uma indústria de 1ecidos. Em regiões menos hospitaleiras Espanhola existia uma escassez de trabalho em relação à terra cuja exploração era rentável.
onde houvesse grandes charne cas ou grandes baldios de 1erra pan1anosa e pouca seara, a economia estava destinada devido à exislência de uma economia-mundo. E na presença de uma tal escassez " ª expansão
à criação e pastoreio de carneiros. Os baldios comuns a1rafam jovens sem 1erra_ A sua exploração requeri a menos
trabalho que: 'uma seara e deixa\·a aos homens tempo para se enlregarem a ocupações subsidiárias1t. «Industries in
dos mercados e o crescimento da produção é Ião susceptível de conduzir ao aumento do tra-
lhe Counl.J)·s ideit , in F. J. Fishcr, ed., Essays in the Economi<: and Social History o/ Tudor and Stuarl England
Lll..ondresc Nova Jorque: Cambridge Uni v. Prcss, 1961), 86-87.
160. Swcezy. Science a11d Soâety, XlV, p. 14 1. Ver também pp. 146- 147. Joan Th irs k contribui com 163 . l!'õ!O deveria ser precisado. Os proprietários capitalistas no~rts da Europa Oriental esu v~ ~ ...
algum apoio à hipó1cse de Sweezy: «Mas no começo do século XVI con1rastes claros podiam ainda ser o bser- interessados no lu xo ari s1ocrá1ico. Na verdade, Jeannin vai ao pon10 de dizer: ·É ct:no que, a~.sar das llm1tat;
vados nos confins do reino. A Comualha e o Dcvon, o Cumbcrland, o Westm oreland e o Nonhumberland tinham sobre as compras por causa da penúria. passageira ou permanen!c:, dos 1esouros reais. o ~.sc1.men10 ~ consumo
muitas comunid4.tdc s dispersas por quin1as so li11rias, algumas preservando ainda vestígios do espírito de clã, sumptuário consti1ui uma da'i mudanç.a~ significativas que caracieri~m ~ evoluç~o da \'1~ anst~~ica no N~
ainda quase comple1amen1e isoladas do m undo come rci al. Aldeias produtoras de cereais no Eas1 Anglia e no Kcnt [da Europa, isto é, dos estados à volta do Báltico] no stcuto XVI•. V1mrl;ahrschr1ffür So~ial~ "'!" Hmsrhafrs~tJ_
c..'itavam. por ou1ro lado, profundamen1e envolvidas em transacções comerciais de comestíveis cm grande escala c:hichtt, XLIII p. 215. Mas nole·se que não obs!ante Jeannin se rtferc à penúria como um hmite. E este~ prcci·
e co_nduz1am ~ seus negócios apa.rememcme sem consideração por qualquer obrigação social, quer para com sarnente o po~to. Numa economia em expansão. a entrega ílbsoluta à_ lu:-; úri a a~Ol(n!ava. mas com~da • 0 ~u
o ~ la, a fam ília ou o senhor feudal. Encre as zonas de terras ahas e as de terras baixas (por exe mplo, nas Wesl aumento na Europa Ocidental podemos provavelmente falar_ num rela11~0 d~clfmo. .· , . . . •As ,,
M1dlandsJ os contrastes eram esbatidos». • The Farming Regions of England», in Thr A1.:rariu11 /fistory o/ 164 . °?ug lass C. North e Robert P~ul Thomas. m Econon11c lluw'! ~~~'~tax;:~· ~~~~
~n~land and lValt's, .IV, Joan Thirsk, cd., 1 500-1 64~ (L~mdres e Nova Iorque: Cambridge Univ. Press. 1967), 15. tnclnsures que lmham lugar nesta altura ocomam ( ... )em pastagens que: produzia od.1s . ta
à horticuhura . As primeiras faziam-se em rcspos!a a uma procura cre.scenle ~e '! ~ru~a;o~i:;:r de ;:~=e
:ir:a aqueles que possam obse rv~ que o East Anglla nao é cxacrameme um ponto assim tão próx imo do centro,
de\~m~ lembrar q~e é a sua posição no século XVI e não a do século XX que está cm questão. Thirsk observa 1 1 0
aumentos na p~ocu:ra. loca l ~e al imentos por parte das áreas urbanas c:m c~~ :~os c.s rados eram ali mais elevados
C:,
aqui : •O Ea.'il Anglia ocupa actualmente uma posição geográfica algo afastada das principais vias de tráfico entre século XVI fo1 mais mtens ivo nas terras altas de_ lng~aterra porque os ~n im asta ~ns imham uma densidade de
Londre_s e o Nane. No século XVI, pelo contrário, os seus rios, peneirando bem no coração da região a s ua do que nas regiões aráveis. por duas razões. Primeiro. as áreas p~pnas para P g rdo an. a \'tdação ocorrcr.
:~~f:~:~~e~~:~:~~o:.aseus m~itos pano~. coloc_avam-no em r~cil comunica~ão com os mercados de Londres, da população inferior à das terras _ar~veis; por isso( ...) menos gente tmh~:ldl:~~ ~ ~~ :,ºque ~ indi,•íduos que deti·
1

d . . • Escócia, dos PaJScs Baixos e do Báltico. A sua agncu ltura consequentemente cedo se 1 0
Segundo, e provavelme 1:ne mai s importante, o _aumento no_preço da tentarem a ascentar mais carttt'iros. O custo
c:;;:~;~:=~~~I ~::~mos nacionais e_ intem~cionai~, e a _es~ialização e;tava tão avançada ~ue pelo nham tc~a ~m comum a utilizassem ?e mod~ ineficaz devidoª todos uasc nulo .pmas 0 custo para 1 sociedade por
cereais lpp. 40--4 !)... anos de boas colhena~ munas d1 stntos estavam longe da auto-suficiência em para um md1ví?uo cm ap~e ntar mais carneiros na te~ comum era ~sivamente utilizadas e a produção tôlal de li
todo~ fazerem isso era positivo. As terra-; comuns tendiamª ficar exce mu.ns podiam evitar essa ocorrência 1Jcdnndo
; Noroeste~~· r;~ ~:e~~~~o ª;:~da:~~ Inglaterra).' mais longínquas dos grandes mercados. sobretudo no cfcct1vamente declinava.( ... ) Indivíduos com poder para vedaras terra.sco
retc ..·c por mais tempo•. M. Postan «The Chr~~adas mais cedo, enqu.anto que o Sudoeste, mais progressivo, as ªsua área e negando o seu acesso a todos os outros (p. 13)•. proletários ou scmi·proletários•. Scitncr 1(,
Sociny, 4.' série XX 1937 171 . rk,bb S . ology 0 ~ Labour Services,., Transactions o/ 1he Ro)'al /Jistorical 165. Dobb chama a uma tal reserva de força de trabalho "e 1ementos
-e 162. S~ecz;, Scie;1ce Soc~-e~'.t~~~~;~ f4~ltfy, XIV, p. 161 .
dnd and Society, XIV , p. 16l. \
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_. . seu declínio• ' ',.;'· De facto. na América Espanhol~ o declínio da A Inglaterra e a França tinham ~guido o mesmo padrão na Baixa Idade Méd ia. Em 4-
_'º
balho compul. 1 como ao ·.
0 10
da criação de gado. que se gencrahzou no século ambas se deu a manum i.\sào da servidão, a emergência do arrend.arnento monetário e correla-
população é o facto que explica aumdecnescala com uma imponante componente de trabalho tivamente a ascensão do trabalho assa lariado. No entanto. al go de curie>W aconteceu no século
XVI sob 3 fonna de empresas em gran
XVI. A Inglaterra con_tinuou nesta via. A Europa Oriental dc~ locou -se para a .. ~gunda ~­
for do J 3 da 3 c>c:1ssez de tr~balho''º"· .
'>" Fi~almt·ntc, , ejamos 0 4 ue significou a emergência do arren_damcnto monetário. Recor- vidão». A França mcndwnal deslocou-se para a parceria. Na frança ~entrional . a transfor-
de -se que na Europa Ocidental a con\'ersão dos cncarg~s feudais _em rendas monet~t'.15 se mação pareceu terminar rapidamente. Corno Bloch salicnt.1, •a.\ aldeia1 que (no .l.écul o XVI)
gcneral: l"tr;i na Baixa Idade l'o·lédia. como vimos no capitulo antenm, devido ao dechmo da não tinham ainda sido capa7-CS de obter a sua liberdade viram-!>C numa situação cm q ue era
popu lação. Não dc,·emos encarar esta situação cm termos de altem_auva. Os encar~os feudais cada vez mais difícil obtê-la» 11721 •
podiam ~c r pagos em trabalho. cm espécie ou em dinheiro. E'.:3 mui.tas vezes vant~JOSO para 0 Urna forrna de encarar esta situação é como uma limitação à capacidade do .K"rto para
· proprietário passar de uma forma para outra ...... Por esta razao, ª.simples alteraçao na forma se libertar. Bloch encara-a preferencialmente como uma limitação à capacidade do ,;enhor para
da renda feudal não era por si só crítica. Na reahdade. Takahasht chega ao ponto de afirmar obrigar o servo a um acordo relativo à exploração da terra 11 71 '. Bloch explica esta dikrença
que isso era um epifcnómeno''º' '· 0 que me par,ece ultrapassar a que~tão. Mesmo que pudess_e crucial entre a França e a Inglaterra em termos de diferenças anteriores. A FranÇ<i era m:iis
»er \'Crdadc . cm alguma medida. nos séculos XIII e XIV, a afirmaçao do pagamento de obn- desenvolvida do ponto de vis1.1 económico do que a Inglaterra. no =tido de que uma eco-
gaçõcs em dinheiro cenamente ew/11i11 para uma d!ferença significativa _no séc~lo XVI, nomia monetária se tinha desenvolvido mais cedo e mais extcrui,·arne nte. A lnglalerra era
prc.-ci samenle porq ue forças coercivas « extra-económic~s,. esta~am a pressionar nao os tra- politicamente mais «desenvolvida" do que a França. no sentido de que possuía instiruiçõcs
lxtlhadores rurais mas os proprietários no sentido de irem mais longe do que o que pre- centrais mais fones devidas ao facto de o poder real se ter originado na Inglaterra numa
tendiam"'°'· Ou pelo menos impulsionavam alguns proprietários. Numa época de expansão, si tuação de conquista enquanto que em França os reis ti veram que construir gradualmente a
existia concorrência pelo trabalho. Os proprietários mais ricos podiam perrnitir-se aliciar os sua autoridade por entre uma verdadeira di spersão feudal. Vejamos qual a lógica de cada um
trabalhadores dos outros. O s pequenos não tinham muitas vezes outra escolha senão procurar destes argumentos.
estabelecer rendeiros nas suas terras. Foram os de dimensão média que se pude= agarrar Em primeiro lugar, a França possuía uma localização muito mais central cm rela.,.-00 às
mais tempo às velhas obrigações feudais"'"· correntes do comércio e da tecnologia europeias do que a Ingl aterra e. consequentemente, as
suas classes terratenentes desenvolveram-se mais cedo. desem·olvendo-se também ma is cedo
166. Posl3n . Tra nsacrions nf rlie Royal HiJtorirnl Socier_v. XX . pp. 192- 193. 0 processo de conversão das prestações feudais .em rendas monetárias "" '- Mas. uma vez que
167. Ver Ft3flço is: Che\•alier, Landa11d Socieryin Colonial Me.u"co tBerkeley: Univ . ofCalifomia Press. 1963). as pressões contrárias ao desmantelamento dos domínios se verificaram mais ou menos
168 ... o dcsenvol,·imc..·n10 da renda monetária não está se mpre relacionado com a comu1ação de serviços em
1rab:i.l ho. Num ceno nú.mero de senhorias a rend:i monetária ~urg iu como co mutação da renda em es pécie. Por fim ,
a rcnd!I mone1.1ria podia ~u rgi r lado a lado com a renda em trabalho e com a renda em espécie e desenvo lver-se como Igreja . Mais ainda. quando ocorriam "aITT"batamcn1os"" ou raptos forç_ados de servos de- um 5oenhor por our:ro. ~ o.J
m ultado do arrc nd::i.mentodc pmcs do domínio ... Eugc n A. K osminsk y. Past & Presellt, n.11 7, pp. 16- 17. Ver Pos1an: domínios mais pequenos os mais s ujei1os a sofrer com a concorrénc1a e as depr~d.açõcs por p::ute dos seus ,·ui.r~
• Tem sido 1ar:itameme 3'.\Sumido nes1e ensaio que as renda:-; e os se rviços em trabalho estavam numa relação com· mais ricos e poderosos, e por isso eram eles os mais ansiosos por ob<cr pro1ecçào da lei . ( ...... } Mas por \ c.z.e._lli. l - \ isto
pkmcntar umas com os outros. e que. em circunstâm.: ias normais. um aume n10 num se ria acomJXlflhado dum 1inha um efei10 oposto. Se a quan1idadc de tr;ib3lho sc r.il que um dominio podia d irigir caís.se abai.to dum ~.r.o
decrésc imo no outro ..... Transactions of tht' Roya l llistorical S ocú ry. XX. p. 19 L número crucial . o senho r. se d~ todo achasse que valia a pen.:i cu ltivar o do míno. era fOf"Ç'Jdo por n«essicbde a conW'
169... A mudança na estrutura de propriedade da terra feuda l. acompanhando o declínio do sistema senhorial, sobrcludo com trabalho alugado; e a questão da qua.ntid:lde de ~ í\· iços compulsónos que ele pcxha cu gir dr od.t
introd uziu um:i mudança na forma da rcnd.J.: em lngl:i.1erra par.i a renda mone1ária, em França e na Alemanha para um dos seus servos era uma preocupação rc la1ivamen1c pequena para ek. de qualquer moJo d!! ~u 1 m menor monta
uma renda fr udal de difrren1e na1uro_a. Os camponcsc:s prcstavnm amcriorrnenh! lrJbalho excedente directamcnrc para ele d o que pàra o seu vizinho mai s rico. Se não ha via trJbalho alug.1do d isponi'liel. a altemat1 \ :i plJ"3 d e: rUo cn
na fonnJ Je 1r.ib:i.lho. e agurJ pagavam-no cm fom1as realizadas - cm prcxlutos ou no seu preço cm dinheiro. A aumentar o u ex pandi r o s serviços cm trabalho (Vi sto quc estcs seriam in:idequados em qu:ilquer CiL'iO) . nu.s &Nndo-
mudança não fo i m ai~ nad:i senão isto.( ... ) Em ambos os casos, os se nho res feudai s. em vinude da s ua posição. nar o cu ltivo do domínio e. cm vez di ssu. encontrar como pudesse ocupantes para a 1eTT3. que lhe pagau.em unu
util i1. :1111 u111:1 ''c()('rçào C).tra-cconómic:.i'' directa. !'e m a intervenção das leis de troca de men;:adori3s. parJ rclirar o rC"nda pc:lo seu uso .. . SJudies , pp. 59-60.
e:<eedemc. 31JS produtores carnpoí)(!SCS {tt·rinncit'n. Brsit:a) que de facto ocupavam a lerra, os meios de prcxluçáo•. 172 . Bloch, Caractere:r origi11mu, 1. p. 117 . . ...
Takahash1 . Sdrnce amJ Sr>ciery. XVI , p. 327. 173. «- Na Alemanha Oricn1al para além do Elba. e nos países eslnos para Leste. todo o sistema senhoriàl •
170 Weber explica com• mcentemcn tc por que era no interesse dum ceno numero de forças ex tenores à mudou e abriu caminho a um novo. As obri gações fcudJ.i s já ni'lo er.1m lucrativas . Nlo 1inhJi importância ~ O fid.1.lgo
i.enhona cmpUITar-sc esll!' proi.:cs so em direcção a uma transformação maJs completa dJ. situação .cO m1eressc tomava-se ele mesmo produtor e mercador dl!' trigo. N:t~ suas mãos jun r.av:un-se c3111pos tomados 30~ aldeões..( -)
comcr~1 al da rcc~ ~ -estabclecida burguesia das cidadl!'s ( .... ) promovia o cnfraquecimemo ou a di ssolução ela o domínio devorava ou s ugava as anteriores pan:clas dos camponcs.es. !'ia ~ng lalcrr.1 os acontecimcmll!> 1omararn
senhona.porque limitava ~ sua.-. própria.li oponunidadcs de mercado.( ... .) Atr.:1vés da mera cxis1ência dos serviços outro curso. Ali também. é verdade . o c ultivo dn-ecto (pelo~ senho res ! cresna deprc~3 à custa d3 tara nmponcsa
compulsivos e de pagamcn~os po~ p;.1.rtc dos camponeses. o sislema se nhorial punha limites ao poder de compra ou comunal.. Contudo. o s.cnhor permanece cm grande medida um :imnillldor ..~b.s a m.J.iori~ d.n swa..'õ rtnda..li lki~:u:n
Ja população n.ir.11 . porque 1mpcd1a os campo nC"ses de dc\'olarcm integralmente a sua força de trabalho à produçllo de ser imutáveis . Daqui parn dianlc p1:quenas parecias tiaxcri:un quando multo Jc_ s.er ccd1 cb.s .por um tempo h~l­
P3?' o mercado e de J.i:scnvo l Ycrem o se u poder de compra . ( ... ) Além disso ha'1ia o imeresse por pane do capi· tado, mai s usualmente à ,·o ncadc do senhor. Nada mais simples. cm cad.t rcnovaçao. d~1 que aJU.:-tar a n:nJa. ts cn~
tali s~<;> em dcscnv~h' 1men10 ~a cria~ào dum mercado livre de trabalho. ( ...) O desejo de os no vos capitalislas cunstâncias económicas do momenco. Nos dois confins da Europa. o traço fundamental é o mcsmo . o rrgune de
adi.tumrrm 1erra cnou-lhes mai s um mte rcs~ antagónico au sistema senho rial.. ( .... ) Por fim. o imcresse fiscal do posse camponesa perpétu a. amplamente responsâ\'tl pela crise [dos s('('ulos Xll.I ~ XIVI. fo i a~lkio.
E.~t~do iambém deu uma ~ão. contando com a di ssol uç.ào da senhoria para aumentar a capacidade de pagame.nlo Mas cm França isto er.1. impossível de um modo Ulo manifes to (~loch . 1b1d. , l. ~31 - l~ "' l• -
d1.: 1mpos1os nas zonas rurais· Gt'neral Economic H istory, p 9-i 174. • [Em Inglaterra. o) mo\·imento para a diminuição das scnhonasoco~u mu110 ~ 1s tarde (que cm fnn-
171 Ver Dobb •Acont~1a frequ cn1amct11c que os domímos m31s pequenos (. ) estavam muno menos bem ça): fim do século XIII-XIV-XV, em'"' dos stculos XI-XII-começos do stcul_o Xlll (apro>imad>Jtk'nlc). Umº"'"º
provido:; com rraba.Jho se" li, rehmv:imen1e às suas nccess1d::tdes, do que os domínios maiores, espec1almen1e os da natural. visto a senhoria ter sido a{ crfada mais tanic• . Mm Bloch. Scig"curre frança.is~ ri ......ant.Hr ª",glJ IS , P· 114.

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_. . seu declínio• ' ',.;'· De facto. na América Espanhol~ o declínio da A Inglaterra e a França tinham ~guido o mesmo padrão na Baixa Idade Méd ia. Em 4-
_'º
balho compul. 1 como ao ·.
0 10
da criação de gado. que se gencrahzou no século ambas se deu a manum i.\sào da servidão, a emergência do arrend.arnento monetário e correla-
população é o facto que explica aumdecnescala com uma imponante componente de trabalho tivamente a ascensão do trabalho assa lariado. No entanto. al go de curie>W aconteceu no século
XVI sob 3 fonna de empresas em gran
XVI. A Inglaterra con_tinuou nesta via. A Europa Oriental dc~ locou -se para a .. ~gunda ~­
for do J 3 da 3 c>c:1ssez de tr~balho''º"· .
'>" Fi~almt·ntc, , ejamos 0 4 ue significou a emergência do arren_damcnto monetário. Recor- vidão». A França mcndwnal deslocou-se para a parceria. Na frança ~entrional . a transfor-
de -se que na Europa Ocidental a con\'ersão dos cncarg~s feudais _em rendas monet~t'.15 se mação pareceu terminar rapidamente. Corno Bloch salicnt.1, •a.\ aldeia1 que (no .l.écul o XVI)
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popu lação. Não dc,·emos encarar esta situação cm termos de altem_auva. Os encar~os feudais cada vez mais difícil obtê-la» 11721 •
podiam ~c r pagos em trabalho. cm espécie ou em dinheiro. E'.:3 mui.tas vezes vant~JOSO para 0 Urna forrna de encarar esta situação é como uma limitação à capacidade do .K"rto para
· proprietário passar de uma forma para outra ...... Por esta razao, ª.simples alteraçao na forma se libertar. Bloch encara-a preferencialmente como uma limitação à capacidade do ,;enhor para
da renda feudal não era por si só crítica. Na reahdade. Takahasht chega ao ponto de afirmar obrigar o servo a um acordo relativo à exploração da terra 11 71 '. Bloch explica esta dikrença
que isso era um epifcnómeno''º' '· 0 que me par,ece ultrapassar a que~tão. Mesmo que pudess_e crucial entre a França e a Inglaterra em termos de diferenças anteriores. A FranÇ<i era m:iis
»er \'Crdadc . cm alguma medida. nos séculos XIII e XIV, a afirmaçao do pagamento de obn- desenvolvida do ponto de vis1.1 económico do que a Inglaterra. no =tido de que uma eco-
gaçõcs em dinheiro cenamente ew/11i11 para uma d!ferença significativa _no séc~lo XVI, nomia monetária se tinha desenvolvido mais cedo e mais extcrui,·arne nte. A lnglalerra era
prc.-ci samenle porq ue forças coercivas « extra-económic~s,. esta~am a pressionar nao os tra- politicamente mais «desenvolvida" do que a França. no sentido de que possuía instiruiçõcs
lxtlhadores rurais mas os proprietários no sentido de irem mais longe do que o que pre- centrais mais fones devidas ao facto de o poder real se ter originado na Inglaterra numa
tendiam"'°'· Ou pelo menos impulsionavam alguns proprietários. Numa época de expansão, si tuação de conquista enquanto que em França os reis ti veram que construir gradualmente a
existia concorrência pelo trabalho. Os proprietários mais ricos podiam perrnitir-se aliciar os sua autoridade por entre uma verdadeira di spersão feudal. Vejamos qual a lógica de cada um
trabalhadores dos outros. O s pequenos não tinham muitas vezes outra escolha senão procurar destes argumentos.
estabelecer rendeiros nas suas terras. Foram os de dimensão média que se pude= agarrar Em primeiro lugar, a França possuía uma localização muito mais central cm rela.,.-00 às
mais tempo às velhas obrigações feudais"'"· correntes do comércio e da tecnologia europeias do que a Ingl aterra e. consequentemente, as
suas classes terratenentes desenvolveram-se mais cedo. desem·olvendo-se também ma is cedo
166. Posl3n . Tra nsacrions nf rlie Royal HiJtorirnl Socier_v. XX . pp. 192- 193. 0 processo de conversão das prestações feudais .em rendas monetárias "" '- Mas. uma vez que
167. Ver Ft3flço is: Che\•alier, Landa11d Socieryin Colonial Me.u"co tBerkeley: Univ . ofCalifomia Press. 1963). as pressões contrárias ao desmantelamento dos domínios se verificaram mais ou menos
168 ... o dcsenvol,·imc..·n10 da renda monetária não está se mpre relacionado com a comu1ação de serviços em
1rab:i.l ho. Num ceno nú.mero de senhorias a rend:i monetária ~urg iu como co mutação da renda em es pécie. Por fim ,
a rcnd!I mone1.1ria podia ~u rgi r lado a lado com a renda em trabalho e com a renda em espécie e desenvo lver-se como Igreja . Mais ainda. quando ocorriam "aITT"batamcn1os"" ou raptos forç_ados de servos de- um 5oenhor por our:ro. ~ o.J
m ultado do arrc nd::i.mentodc pmcs do domínio ... Eugc n A. K osminsk y. Past & Presellt, n.11 7, pp. 16- 17. Ver Pos1an: domínios mais pequenos os mais s ujei1os a sofrer com a concorrénc1a e as depr~d.açõcs por p::ute dos seus ,·ui.r~
• Tem sido 1ar:itameme 3'.\Sumido nes1e ensaio que as renda:-; e os se rviços em trabalho estavam numa relação com· mais ricos e poderosos, e por isso eram eles os mais ansiosos por ob<cr pro1ecçào da lei . ( ...... } Mas por \ c.z.e._lli. l - \ isto
pkmcntar umas com os outros. e que. em circunstâm.: ias normais. um aume n10 num se ria acomJXlflhado dum 1inha um efei10 oposto. Se a quan1idadc de tr;ib3lho sc r.il que um dominio podia d irigir caís.se abai.to dum ~.r.o
decrésc imo no outro ..... Transactions of tht' Roya l llistorical S ocú ry. XX. p. 19 L número crucial . o senho r. se d~ todo achasse que valia a pen.:i cu ltivar o do míno. era fOf"Ç'Jdo por n«essicbde a conW'
169... A mudança na estrutura de propriedade da terra feuda l. acompanhando o declínio do sistema senhorial, sobrcludo com trabalho alugado; e a questão da qua.ntid:lde de ~ í\· iços compulsónos que ele pcxha cu gir dr od.t
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uma renda fr udal de difrren1e na1uro_a. Os camponcsc:s prcstavnm amcriorrnenh! lrJbalho excedente directamcnrc para ele d o que pàra o seu vizinho mai s rico. Se não ha via trJbalho alug.1do d isponi'liel. a altemat1 \ :i plJ"3 d e: rUo cn
na fonnJ Je 1r.ib:i.lho. e agurJ pagavam-no cm fom1as realizadas - cm prcxlutos ou no seu preço cm dinheiro. A aumentar o u ex pandi r o s serviços cm trabalho (Vi sto quc estcs seriam in:idequados em qu:ilquer CiL'iO) . nu.s &Nndo-
mudança não fo i m ai~ nad:i senão isto.( ... ) Em ambos os casos, os se nho res feudai s. em vinude da s ua posição. nar o cu ltivo do domínio e. cm vez di ssu. encontrar como pudesse ocupantes para a 1eTT3. que lhe pagau.em unu
util i1. :1111 u111:1 ''c()('rçào C).tra-cconómic:.i'' directa. !'e m a intervenção das leis de troca de men;:adori3s. parJ rclirar o rC"nda pc:lo seu uso .. . SJudies , pp. 59-60.
e:<eedemc. 31JS produtores carnpoí)(!SCS {tt·rinncit'n. Brsit:a) que de facto ocupavam a lerra, os meios de prcxluçáo•. 172 . Bloch, Caractere:r origi11mu, 1. p. 117 . . ...
Takahash1 . Sdrnce amJ Sr>ciery. XVI , p. 327. 173. «- Na Alemanha Oricn1al para além do Elba. e nos países eslnos para Leste. todo o sistema senhoriàl •
170 Weber explica com• mcentemcn tc por que era no interesse dum ceno numero de forças ex tenores à mudou e abriu caminho a um novo. As obri gações fcudJ.i s já ni'lo er.1m lucrativas . Nlo 1inhJi importância ~ O fid.1.lgo
i.enhona cmpUITar-sc esll!' proi.:cs so em direcção a uma transformação maJs completa dJ. situação .cO m1eressc tomava-se ele mesmo produtor e mercador dl!' trigo. N:t~ suas mãos jun r.av:un-se c3111pos tomados 30~ aldeões..( -)
comcr~1 al da rcc~ ~ -estabclecida burguesia das cidadl!'s ( .... ) promovia o cnfraquecimemo ou a di ssolução ela o domínio devorava ou s ugava as anteriores pan:clas dos camponcs.es. !'ia ~ng lalcrr.1 os acontecimcmll!> 1omararn
senhona.porque limitava ~ sua.-. própria.li oponunidadcs de mercado.( ... .) Atr.:1vés da mera cxis1ência dos serviços outro curso. Ali também. é verdade . o c ultivo dn-ecto (pelo~ senho res ! cresna deprc~3 à custa d3 tara nmponcsa
compulsivos e de pagamcn~os po~ p;.1.rtc dos camponeses. o sislema se nhorial punha limites ao poder de compra ou comunal.. Contudo. o s.cnhor permanece cm grande medida um :imnillldor ..~b.s a m.J.iori~ d.n swa..'õ rtnda..li lki~:u:n
Ja população n.ir.11 . porque 1mpcd1a os campo nC"ses de dc\'olarcm integralmente a sua força de trabalho à produçllo de ser imutáveis . Daqui parn dianlc p1:quenas parecias tiaxcri:un quando multo Jc_ s.er ccd1 cb.s .por um tempo h~l­
P3?' o mercado e de J.i:scnvo l Ycrem o se u poder de compra . ( ... ) Além disso ha'1ia o imeresse por pane do capi· tado, mai s usualmente à ,·o ncadc do senhor. Nada mais simples. cm cad.t rcnovaçao. d~1 que aJU.:-tar a n:nJa. ts cn~
tali s~<;> em dcscnv~h' 1men10 ~a cria~ào dum mercado livre de trabalho. ( ...) O desejo de os no vos capitalislas cunstâncias económicas do momenco. Nos dois confins da Europa. o traço fundamental é o mcsmo . o rrgune de
adi.tumrrm 1erra cnou-lhes mai s um mte rcs~ antagónico au sistema senho rial.. ( .... ) Por fim. o imcresse fiscal do posse camponesa perpétu a. amplamente responsâ\'tl pela crise [dos s('('ulos Xll.I ~ XIVI. fo i a~lkio.
E.~t~do iambém deu uma ~ão. contando com a di ssol uç.ào da senhoria para aumentar a capacidade de pagame.nlo Mas cm França isto er.1. impossível de um modo Ulo manifes to (~loch . 1b1d. , l. ~31 - l~ "' l• -
d1.: 1mpos1os nas zonas rurais· Gt'neral Economic H istory, p 9-i 174. • [Em Inglaterra. o) mo\·imento para a diminuição das scnhonasoco~u mu110 ~ 1s tarde (que cm fnn-
171 Ver Dobb •Acont~1a frequ cn1amct11c que os domímos m31s pequenos (. ) estavam muno menos bem ça): fim do século XIII-XIV-XV, em'"' dos stculos XI-XII-começos do stcul_o Xlll (apro>imad>Jtk'nlc). Umº"'"º
provido:; com rraba.Jho se" li, rehmv:imen1e às suas nccess1d::tdes, do que os domínios maiores, espec1almen1e os da natural. visto a senhoria ter sido a{ crfada mais tanic• . Mm Bloch. Scig"curre frança.is~ ri ......ant.Hr ª",glJ IS , P· 114.

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;iniu!IJ.."la:"X'n iu lnfbtcrn e n;i Fr:mç3 . ,q:uc-<e q u - do m!nios inglc_ses :<e ~ianiivcram
rd.1.ti ;t.~U m.u inr:ict <d qoc os fran.:c no dcal ar d0 ·I< ngo ~ crn lo XVI. A irn,
1\ r.~ ~olução cb 4 uc\Ut• da posse da tctu ie.·c P'.>r :1oe1> r .,.00 ~= ~..m.:i:ft
,-.cpi..'lJo Bl :n_ e pnipri tino infl,<("< c>tl \ J m rc: :i11\:mt· nte 1na1< hl~ n os p.1ra P<Xlc rcrn
113 <lctenrn nJÇ' o do 1:opd '!uc cada país íru C:Cv.tn;:<T.!-.lf no s~-m-"'®· Um $,.;:ema de
t;iro-.1'i!:rr""' , l 1'~''' tidades_ d c·omcrctJ hlaç.10 ~I 1. gra~dc s do m1mo < d o q ue os pro- ge;tão da terra cu~ o da 1:.u ropa Orten'.41req-xr gn..-.-IM =~~}de l'C'-"':»l w;icr.-Doi.
-rncúno> fnr. ~- o- m,,ksc;; \' tr:tram -' · pa ra um s1, tcma de tr:tb.1 lho a,sa l:m ado e conti-
Se os propnetánm ingle"' ' se tl »e~ m<r.id<, nc <e i.e~. ul•<z r. ~ tr>-e>.c ctt~
r.."'31".un rorn :i m.unmu . . ·o. Os frJJlCC'.S s ti>'crnm q ue :tpr0\e1mr o mel ho r possível uma má pessoa l s u~c 1en te paraocu par °'m 1to<.en<r. "'I' """~· 00<..,..e~ • -m:."'1do
•nn.,"3o ., o- pn.~ct.1.n<" ~-urar:im Jumcntar o< seu< rend ime ntos por intermédio de em a.scen.')aO .re~~e na - gt.')l(J{C\ C{JffiCfcJ.ai~. C\t: U:J.2frne:t!e pe:i..v..4.J i.::!~.;&:! !'ll) , e:!.;_ . • 11. é
,d. ~ X• r'('l>(l\3dls. . . • . que os propnetano' cede ...:m o "'° "
P•"\OOJ p;:n t\14> ,,,,,,..__, •uç.é . r.: ~ a r.ec!rll :>e
0 . ·undo ~ t tnu da re b ç:io entre o rei e: a no breza Jª a p:imr do século XII . estas se expandissem ha,c n a mcncr.. pe''°"-' hnei para p:&iç d<: ~-;xnr • 0 ,.....,_ pr:>--
Os Ínf =:s ~i-.lum ,...u bc k c ido um fone conrrolo central sobre o poder judicia l. A o utra face pried:ides. A cessão da exp loração era um.a a.Uh.
des'..:i rc iz:i - 1 era. no entanto. qc dentro do domínio o senhor. embora ti vesse perdido poder Vejamos entio o qu:idro glob:il. ,;, Europa do . ·OflX1.t!: e\ti em ·w &: 0 -••~'"''""<!:> •
>Obre~- of = -nmina•' - ob:eve plena au torid:ide para faze r o que bem entendes se acerca tenr:t entre a pastorícia e a produção agrícolL h to ;ó f0< pD'i · et ar:'J<:6.-I-> a:: 0 eia--~ =t:l
dl fí'mu <l.l su.i n p!onç:io. :-;O< ~-ul os XI V e XV. o s trib una is senho ri ais m eno sprezaram exp:insão criou um mercado ainda maior pzn o.. pro:fu:o-. li~ á C1Uf'40 d-. pd!'.> - .• t ~
0 =.;i= .~ 03 sm in:erprc!3 :io do direi to consuerudin:írio. Qu:indo a jus tiça real final- medida que a perife ri a da economia-mundo í~i;, .....,.. ""-. ana::o de orr<-x• ~ i."!:ll
~.r< "'' ._,.""1Z de U::ef\ ir= tais q uestões nos finais do século XV. descobriu que • O d ireito centr.lis. A semi-periferia afastava-se da mdú ma (u..,, = t a ac=._-:;rr;:, ox;fmrlr;i ..,
C\'X!~~.uh:'liri .. pe:mitiJ. rencb._ \:!.riheis. centro ) e em direcção a um3 relati va auto- uficirn...-U agrirol.J.. .>, ~lUIÇ:lo _ · ~do
, 1 fr>
..n'3- coorudo. n.10 ex i,tia uma justiç:i criminal central izada. Por outro lado, os centro encoraJª' ~ - mo net:iri ução das relações de L"'llb:illlo =>..--01 t:iru •= o tr.illcl!:o
~ u,-ica ti' er..m urru Ju!0rid:id< e \ clu-iva sobre as leis da terra. Assim , a patrimonia- era m3ÍS es pecializado e os pro prietários desej;mun hbetur--i.e dos ~°" ~
lié....-:P. n:io ~J:t ser tiic f cilme. te min"cb. Quem era o verdadeiro " prop rietário,. tomara-se por tr.lbalhadores agrícolas excedentários. O traOOlbo nsall:."1300 e • ~ eo d:::.:-t=
.cru .:est.."-0 leo.l ·cura. Por ' oiro do século XV I. exi tiam j uri stas di spostos a anru- tom aram-se o s meios de controlar o trab3lho. 1'= s· =.cm=· de peç-~ z;n-
r:r.c.u: .qir: o ur:Z"-ri.r n..'io poderi:J. ser de ' ojado. Incapaz . pon:into. de alterar as ren~ 0 cuhores independe ntes poderia emergir e ~rue crc:...":eU for~-::ier.:e .-ª no • ~ -
501.'xlf r::-.t d~ re:>d.:;uirir 3 tm:i. - per interméd io de m:in ipulação judicial de documentos e aos prod utos agrícolas q uer no que respeita às suas ligações com no• is~ =
peb ~~--obem · e e <po...'ls:'io das obrigações feudais " " '· A longo prazo. esta d iferença D3do o aume nto da população e o declínio do saliri -. seg<:ir ·,.,·IJ.. ecoo '.\'..!.o• ifux..
f':'\ ~ b.r - ~ - b ~1 ~ 1 -.,.. estes veomen ~ enriq ueceram à c usta quer dos seu trab:tlb::>~ oer êos ~ · ..,,,. .
~o qu: Bloch p:i=e :irgument:lr é que. pelo facto de o sistema legal inglês admitir Eles ~surpar:im (por intermédio das enc/oJorrs ) as ierras óos primei~. " ' S ' =
=ior r <x1bilid.lde - proµrietário. o arrendamento monetário e o trabalho assalariado
•.i.'lll publicamente a nece ssidade de garantir o fornecimento de llh..-ien: ao ;x:iís " e p.......:..~
se coc.tinaar.un a r>p:md1r . permitindo que r a exp:insão d os pastos quer a transformação do rionnente contr:tta,·:in1 -nos por salirios bai' os enq=:o obti.-ilii.-n por = nC:3..n.:...."Cl)5, fiUlS
agric-J l" ) r .L• num m embro da pequen:i nobre za. Isso impeliri3 também cada vez mais cad3 vez mai.s terr.l dos propriet:írios de gr:indt:s domínios. 1'ão qi_-erc.'IIOS sobrn-:.!Dn.ur a
tn bo runl p:!r:! as áreas urb:inas. formando o proletariado com q ue se viria a fazer a indus- força desta no ' 'ª classe de yromen. É suficiente apercebermo-nos de q:ie e!~ se tcrr= ""-"-n3
trl' iz.!>,"ão. Em França. p:iradoxalmente . a própri3 força da monarquia forçou a classe senho- força económ ica sign ific:3tiva e consequentemente numa força politira. A w forç:i ecunécrlo
rUI a mi!.n'.: r fomus de e>.plora~o da terra econo m icamente me nos func ionais, m3is • feu- residia no facto de possuírem todos os incrnÚ\'OS p.:!.f:l se tomarem ..err:p -..-:adtôcs:s• . ~
6.is.-. q!!i! rr:nari:un o cksenvolvimcnro francês . curavam a riqueza e mobil idade ascrndente: o caminho P3rJ o ü ito pa5-""'" pell e.fui~
económica. Mas não estavam aind:i sobrecarrepd · quer pe lls obrig:lÇ>.'es U'31ticionris ~
prodigalidade quer pel as obri pções de Jtatus que implicav:l.-n g;i;tos ·wnpnliri · = 6.-6
pel a vida urb:ina " 1•

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económica. Mas não estavam aind:i sobrecarrepd · quer pe lls obrig:lÇ>.'es U'31ticionris ~
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pel a vida urb:ina " 1•

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Este quadro d e uma força de trabalho não produtora de alimentO'I em expansão é difi -
Obviamente que urna tal redistribuição do esforço económico rural teve um grande cilmente conciliável, no entanto, com outro facto. Jones e Woolf a rgumentam que um a pré·
impacto 110 carácter das áreas urbanas. O 4ue é que se passava nas cidades? Sabemo~ que 0 -condição para o desenvolvimento industrial, atingida hi storicamente pel a primeira vez na
século XVI foi uma época de crescimento gcnerah1.ado da popul ação e de crescimento Europa do Noroeste no século XVI. é que, simultaneamente com um aumento da produtividade
da dimensão das cidades. cm termos absolutos por toda a parte mas em temias relativos um al argamento do mercado, se verifique «Uma atenuaç.ão da intensa pressão populacional
princi palmente nas áreas centrais. Sabe mos que daí se seg ue, .quer do ponto de vista lógico ~urante a qual se multipliquem mais os rendimento~ do que os homens• " "'·
quer em tennos da e vidência empírica, que, como Helle me r dtz, «temos de assumir que [no Mas o que se passa com os excedentes de população que enchiam então as cidades d os '
século XVII a prcssào da populaç:ío sobre os rec ursos agrícolas era crescente» " "'· Na estados ce ntrais, que vagueavam pelos campos? Bem, por um lado. continuavam a morrer em
Europa Oriental. algumas pessoas deslocaram-se para terras de fronteira. Da Península grande quantidade. Algu~s eram en:orcados por serem vagabundos' " "'. A s fomes eram fre- --
Ibérica algumas parti ram para as Américas ou foram expul sas Uudeus e mai s tarde mou- que ntes, dado, em especial, «a lentidão e o preço proibitivo dos transportes, [e l a irregula-
: ri scos) para out rns áreas do Mediterrâneo. Na Europa Ocidental em geral, ho uve emigra- ridade das colheitas» 11 ' " ' · Como Braudel e Spooner afirmam, uma análise desta economia
ção para as cidades e uma crescente vagabundagem, que se tomou «endémica »" " '· Não «deve toma r em consideração a "juventude" desta população !vagabundai cuja esperança
ex istia somente um êxodo rural, dos trabalhadores rurais vítimas das enclosures e expul sos de vida era em média baixa dadas as fomes e as epidemias" ""''· _,
e do trabalhador mi grante que descia das montanhas para as planícies durante algumas Isto explicaria então um fenómeno salientado por Braudel e que de outra forrna nos
sem anas da época da s colheitas, os «verdadeiros proletários rurais» para Braude(t ll3>, deixa ria perplexos: «O proletariado das cidades não poderia ter mantido a sua dimensão, e
Existi a também a vagabundagem «provocada pelo declínio dos corpos de servidores feudais muito menos crescer, se não exi stissem ondas constantes de emigração•<""· Ajuda também
e pelo desmantelamento dos exércicos que se tinham congregado para servir os rei s contra os a explicar as circunstâncias paradoxais notadas por Phelps-Brown e Hopkins, que, apesar da
seus vassalos » 0 11 • 1. queda significativa dos salários dos trabalhadores, tenha existido uma revolta social relati-
'- O que faziam todos estes vagabundos? Forneciam , é claro, o trabalho não especia- vamente insignificante. Segundo eles: «Uma pane da resposta pode consistir no facto de que
li zado para as novas indústrias. Segundo Marx, «a rápida ascensão das manufacturas, par- a queda se deu a partir de um nível alto [o do século XV] de forma que, por grande que fosse ,
ti cularmente em Inglaterra, absorveu-os gradualmen!e»""'· E, como vimos, a sua disponi- ainda permitia ao assalariado a sua subsistência» 1192' . _
bilidade era uma das condições para a boa vontade dos proprietários em comutarem os M a~ esta manutenção do nível salarial dos trabalhadores da Europa do Noroeste a '
serv iços feudais em rendas " " '· níveis de subsistência só foi poss(vel pela existência de uma periferia a partir da qual se podia
importar trigo e obter metais preciosos para garantir a circulação, e pela admi ssão da morte
l>?~tõuía gc.ralmenlc dcma.'iiados campo'i diíe rc~tes, di..; perws por aqui e por ali. para que lhe fosse possível supcr- de uma parte da população; quem concretamente, é um assunto cuja investigação seria fas· ,
vmoná -los a t cxlo~ ~ m pe ssoa • . Caracth e.s on ginatH, 1, p. 149.
18 1. Hellcincr, Cambridge Economic /listory o/ Europ e, JV , p. 24 . cinante prosseguir. Não será provável que já no século XVI existissem distinções étnicas
182. llraude l e Spooner, Rrlo:ioni dei X Cong resso lnterna:io nale di Scienu Storiche, IV, p. 242. de categoria sistemáticas no seio da classe trabalhadora das várias cidades europeias?_ Por
# • • ~ 83 . ~ ra ude l. La ':féditerra11it , ~ · p. 67 . .. suj eito a cond ições de saúde e higifoicas terrfvei s , o ç ampom! s exemplo, Kazimierz Tyminiecki assinala precisamente este fenómeno nas cidades da Elbia
lmha aqu i de vive r com ~u110 pouco. Ele 1mha amos; o que ele produz ia era para os se us amos. Mui tas vezes recl!m-
< heg.ado, um homem simp les arr~ncado à _sua casa no mon1c , era frcqucntemenle ludibriado pelo proprietário ou Oriental no século XVI, onde os trabalhadore s alemães excluíam os emigrantes eslavos das
Ju~~~;~ :::c":a~· ,~1.; ~~ª;,~~~;i:u;~e:::r:~ ~~~:=~cie de enclave colonial, qualquer que fosse a sua situação
· : ~ : ~~~..~;~~lThe Guman lden/ogy (Nova Iorqu e: lntcmational Publ .. 1947), 51. o resultado de pressão social suficien1e. mais, onde for o caso, a poupança do custo da..\ ~feições. Na ou.tra coluna..
devemos colocar o preço dos dias de trabalho as salariado que tomava o lugar da cor\'c1a. Conf~ °. total d~a
.. 186. ~h.b. Studin, P· 55 . Dobb acrescenta: •Tem-se realmente o paradoxo de que, mesmo que esse nível coluna excedesse ou não 0 da outra, considerar-se-ia ou não vantajoso dispensar as contia1 • . Sttgn,ur1e françau t.
c~ 1 ~.1 co ~e prod uti v ida~e (re la1 ivo ao preço do t~balho alugado) ti vesse sido atingido, o trabalho alugado leria ainda pp. tt6-tl7.
a.'is im sido mrnos efic1en1e que o tra balh ~ servil, e o seu uso poderia ainda ter !i.ido uma vanta cm [ 561• E acrcs- 187. Jones e Woolf, Agraria n Changt and Economic Dtvtlopment , P· .t.
~~:t~i:~hno~a: ".?,~~·edt'ntc !Ornado dispon íve l ~lo trabalho alugado não prec isa va de ser !aior~ue 0 ~roduzido 188. Marx, Gtrma11/deology, 51.
rrabalho alu~a~:~stá-a ~li~~;~~~ood~1~~~~:~i~1I para o ~nhor), já que e mbora partamos do princípio de que o 189. Braudel, La Mtdi1erranée, 1. p. 300. . . . . ., .11

tar-u ao tra balho servil como/onre deu . d S no domínio. ele não está na verdade a substituir mas a acrrsctn - 190. Braudel e Spooner. Rela:ioni dei X Congrn so lnter~aJJ?nalc d1 ~c1tn:e Sum che, lV, PP· . 4 1-2.il. :'
19 l. Braudel, La Mtditt rra née . 1. p. 306. • Estes imigrante.s md1spensávc~s n:.\o eram freq~nt~mcntc ~.ns ' ~
o equ i ~alc me do que 0 lempo de traba lhe: e:~~de ne~~u:;rnos que o ~nhor co~ulav a a renda cm trabalho sc_ gundo
domínio, en1âo 0 senhor hav ia de ganh udanç servos podia procluur quando empregue no culuvo do cm desgraça ou de qualidade medíocre. Muicas ve zes traziam c~ns1go novas tfcnicas. ~? menos md1 spc:as.oivc1s ~ : . ,
acima dos seus salários, "·islo ele agori1 :rc~~ :xmcdc ª s.c 0 novo trabalho alugado produzisse algum excedente as suas pessoas para a vida urbana. Os judeus. forçados a partir J_>Or causa da sua rch g1ào e não pela s pobre •

descmpc~~~e~~eªl~~~~o~~:oHn;;~~;~:!:~;~;:. .~~ ~~~ ;.~~4.


1 1
tadas da pane dos ~us servos• , e nlc como acrcscenlo ao que recebera como obrigações comu-
vida-'~
As diferenças relativ as cm estilos de
Ademais, como Marc Bloch nos recorda • a corvlt não de vária.e; classes de ci tadinos pode não ter sido de iodo.diferente da Elrropa contemporánc~. Uma sugestão acerc~
Era costume, espccialmcn1c durante os ~rfod de era sempre absolutamenle gratu ita {para o senhor].
~le n!lo valia , portanto, a pena se 0 preço da aJ~n pc>~:~!uc fosse o senhor a alimentar o trabalhador (ltnancitr] . disso pode tirar-se dum estudo de 1559 sobre 3.906 c~ais (cerca de 12 (XX) pcss.0:3s) cm M~laga. Este e!ttudo cncon
nr-sc que os salários pudessem ser inferiores taç d r cdcssc o val or do trabalho. Pode parecer absurdo suge- trou uma divisão de classes como segue : remediados [ra:.onablts ). não ncces sanamente ncos, I O'i~ gente pequena
1
00
~ixa .qu~lidadc do trabalho. (. ..) (Além do m:~ ~us~:..; ª ;-ientação ~ ass.alari.ado. M;u devemos lembrar-nos da (pequeno~!',~~~ ~~~ce:.~r7.;~º:~·:J~;I~~ de Mãlag•. ou mesmo de Paris, revelaria íl•grantc desacordo com
ISliO ! 1gmficava que es1e úhimo os linha comutado~ isl.o ~ e ~ se req~cnam serviços do camponês sujeito à con-Ü,
de colocar numa coluna o valor do pagamento de ~;t il ui· ão rcqucn~o um pagamento no seu lugar. Assim. temos isto? A estatística f citada por Braudel. ú.I Mt dituran! e, 1, P· 413 .
ç que podia ser razoavelmente esperado. representando

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Este quadro d e uma força de trabalho não produtora de alimentO'I em expansão é difi -
Obviamente que urna tal redistribuição do esforço económico rural teve um grande cilmente conciliável, no entanto, com outro facto. Jones e Woolf a rgumentam que um a pré·
impacto 110 carácter das áreas urbanas. O 4ue é que se passava nas cidades? Sabemo~ que 0 -condição para o desenvolvimento industrial, atingida hi storicamente pel a primeira vez na
século XVI foi uma época de crescimento gcnerah1.ado da popul ação e de crescimento Europa do Noroeste no século XVI. é que, simultaneamente com um aumento da produtividade
da dimensão das cidades. cm termos absolutos por toda a parte mas em temias relativos um al argamento do mercado, se verifique «Uma atenuaç.ão da intensa pressão populacional
princi palmente nas áreas centrais. Sabe mos que daí se seg ue, .quer do ponto de vista lógico ~urante a qual se multipliquem mais os rendimento~ do que os homens• " "'·
quer em tennos da e vidência empírica, que, como Helle me r dtz, «temos de assumir que [no Mas o que se passa com os excedentes de população que enchiam então as cidades d os '
século XVII a prcssào da populaç:ío sobre os rec ursos agrícolas era crescente» " "'· Na estados ce ntrais, que vagueavam pelos campos? Bem, por um lado. continuavam a morrer em
Europa Oriental. algumas pessoas deslocaram-se para terras de fronteira. Da Península grande quantidade. Algu~s eram en:orcados por serem vagabundos' " "'. A s fomes eram fre- --
Ibérica algumas parti ram para as Américas ou foram expul sas Uudeus e mai s tarde mou- que ntes, dado, em especial, «a lentidão e o preço proibitivo dos transportes, [e l a irregula-
: ri scos) para out rns áreas do Mediterrâneo. Na Europa Ocidental em geral, ho uve emigra- ridade das colheitas» 11 ' " ' · Como Braudel e Spooner afirmam, uma análise desta economia
ção para as cidades e uma crescente vagabundagem, que se tomou «endémica »" " '· Não «deve toma r em consideração a "juventude" desta população !vagabundai cuja esperança
ex istia somente um êxodo rural, dos trabalhadores rurais vítimas das enclosures e expul sos de vida era em média baixa dadas as fomes e as epidemias" ""''· _,
e do trabalhador mi grante que descia das montanhas para as planícies durante algumas Isto explicaria então um fenómeno salientado por Braudel e que de outra forrna nos
sem anas da época da s colheitas, os «verdadeiros proletários rurais» para Braude(t ll3>, deixa ria perplexos: «O proletariado das cidades não poderia ter mantido a sua dimensão, e
Existi a também a vagabundagem «provocada pelo declínio dos corpos de servidores feudais muito menos crescer, se não exi stissem ondas constantes de emigração•<""· Ajuda também
e pelo desmantelamento dos exércicos que se tinham congregado para servir os rei s contra os a explicar as circunstâncias paradoxais notadas por Phelps-Brown e Hopkins, que, apesar da
seus vassalos » 0 11 • 1. queda significativa dos salários dos trabalhadores, tenha existido uma revolta social relati-
'- O que faziam todos estes vagabundos? Forneciam , é claro, o trabalho não especia- vamente insignificante. Segundo eles: «Uma pane da resposta pode consistir no facto de que
li zado para as novas indústrias. Segundo Marx, «a rápida ascensão das manufacturas, par- a queda se deu a partir de um nível alto [o do século XV] de forma que, por grande que fosse ,
ti cularmente em Inglaterra, absorveu-os gradualmen!e»""'· E, como vimos, a sua disponi- ainda permitia ao assalariado a sua subsistência» 1192' . _
bilidade era uma das condições para a boa vontade dos proprietários em comutarem os M a~ esta manutenção do nível salarial dos trabalhadores da Europa do Noroeste a '
serv iços feudais em rendas " " '· níveis de subsistência só foi poss(vel pela existência de uma periferia a partir da qual se podia
importar trigo e obter metais preciosos para garantir a circulação, e pela admi ssão da morte
l>?~tõuía gc.ralmenlc dcma.'iiados campo'i diíe rc~tes, di..; perws por aqui e por ali. para que lhe fosse possível supcr- de uma parte da população; quem concretamente, é um assunto cuja investigação seria fas· ,
vmoná -los a t cxlo~ ~ m pe ssoa • . Caracth e.s on ginatH, 1, p. 149.
18 1. Hellcincr, Cambridge Economic /listory o/ Europ e, JV , p. 24 . cinante prosseguir. Não será provável que já no século XVI existissem distinções étnicas
182. llraude l e Spooner, Rrlo:ioni dei X Cong resso lnterna:io nale di Scienu Storiche, IV, p. 242. de categoria sistemáticas no seio da classe trabalhadora das várias cidades europeias?_ Por
# • • ~ 83 . ~ ra ude l. La ':féditerra11it , ~ · p. 67 . .. suj eito a cond ições de saúde e higifoicas terrfvei s , o ç ampom! s exemplo, Kazimierz Tyminiecki assinala precisamente este fenómeno nas cidades da Elbia
lmha aqu i de vive r com ~u110 pouco. Ele 1mha amos; o que ele produz ia era para os se us amos. Mui tas vezes recl!m-
< heg.ado, um homem simp les arr~ncado à _sua casa no mon1c , era frcqucntemenle ludibriado pelo proprietário ou Oriental no século XVI, onde os trabalhadore s alemães excluíam os emigrantes eslavos das
Ju~~~;~ :::c":a~· ,~1.; ~~ª;,~~~;i:u;~e:::r:~ ~~~:=~cie de enclave colonial, qualquer que fosse a sua situação
· : ~ : ~~~..~;~~lThe Guman lden/ogy (Nova Iorqu e: lntcmational Publ .. 1947), 51. o resultado de pressão social suficien1e. mais, onde for o caso, a poupança do custo da..\ ~feições. Na ou.tra coluna..
devemos colocar o preço dos dias de trabalho as salariado que tomava o lugar da cor\'c1a. Conf~ °. total d~a
.. 186. ~h.b. Studin, P· 55 . Dobb acrescenta: •Tem-se realmente o paradoxo de que, mesmo que esse nível coluna excedesse ou não 0 da outra, considerar-se-ia ou não vantajoso dispensar as contia1 • . Sttgn,ur1e françau t.
c~ 1 ~.1 co ~e prod uti v ida~e (re la1 ivo ao preço do t~balho alugado) ti vesse sido atingido, o trabalho alugado leria ainda pp. tt6-tl7.
a.'is im sido mrnos efic1en1e que o tra balh ~ servil, e o seu uso poderia ainda ter !i.ido uma vanta cm [ 561• E acrcs- 187. Jones e Woolf, Agraria n Changt and Economic Dtvtlopment , P· .t.
~~:t~i:~hno~a: ".?,~~·edt'ntc !Ornado dispon íve l ~lo trabalho alugado não prec isa va de ser !aior~ue 0 ~roduzido 188. Marx, Gtrma11/deology, 51.
rrabalho alu~a~:~stá-a ~li~~;~~~ood~1~~~~:~i~1I para o ~nhor), já que e mbora partamos do princípio de que o 189. Braudel, La Mtdi1erranée, 1. p. 300. . . . . ., .11

tar-u ao tra balho servil como/onre deu . d S no domínio. ele não está na verdade a substituir mas a acrrsctn - 190. Braudel e Spooner. Rela:ioni dei X Congrn so lnter~aJJ?nalc d1 ~c1tn:e Sum che, lV, PP· . 4 1-2.il. :'
19 l. Braudel, La Mtditt rra née . 1. p. 306. • Estes imigrante.s md1spensávc~s n:.\o eram freq~nt~mcntc ~.ns ' ~
o equ i ~alc me do que 0 lempo de traba lhe: e:~~de ne~~u:;rnos que o ~nhor co~ulav a a renda cm trabalho sc_ gundo
domínio, en1âo 0 senhor hav ia de ganh udanç servos podia procluur quando empregue no culuvo do cm desgraça ou de qualidade medíocre. Muicas ve zes traziam c~ns1go novas tfcnicas. ~? menos md1 spc:as.oivc1s ~ : . ,
acima dos seus salários, "·islo ele agori1 :rc~~ :xmcdc ª s.c 0 novo trabalho alugado produzisse algum excedente as suas pessoas para a vida urbana. Os judeus. forçados a partir J_>Or causa da sua rch g1ào e não pela s pobre •

descmpc~~~e~~eªl~~~~o~~:oHn;;~~;~:!:~;~;:. .~~ ~~~ ;.~~4.


1 1
tadas da pane dos ~us servos• , e nlc como acrcscenlo ao que recebera como obrigações comu-
vida-'~
As diferenças relativ as cm estilos de
Ademais, como Marc Bloch nos recorda • a corvlt não de vária.e; classes de ci tadinos pode não ter sido de iodo.diferente da Elrropa contemporánc~. Uma sugestão acerc~
Era costume, espccialmcn1c durante os ~rfod de era sempre absolutamenle gratu ita {para o senhor].
~le n!lo valia , portanto, a pena se 0 preço da aJ~n pc>~:~!uc fosse o senhor a alimentar o trabalhador (ltnancitr] . disso pode tirar-se dum estudo de 1559 sobre 3.906 c~ais (cerca de 12 (XX) pcss.0:3s) cm M~laga. Este e!ttudo cncon
nr-sc que os salários pudessem ser inferiores taç d r cdcssc o val or do trabalho. Pode parecer absurdo suge- trou uma divisão de classes como segue : remediados [ra:.onablts ). não ncces sanamente ncos, I O'i~ gente pequena
1
00
~ixa .qu~lidadc do trabalho. (. ..) (Além do m:~ ~us~:..; ª ;-ientação ~ ass.alari.ado. M;u devemos lembrar-nos da (pequeno~!',~~~ ~~~ce:.~r7.;~º:~·:J~;I~~ de Mãlag•. ou mesmo de Paris, revelaria íl•grantc desacordo com
ISliO ! 1gmficava que es1e úhimo os linha comutado~ isl.o ~ e ~ se req~cnam serviços do camponês sujeito à con-Ü,
de colocar numa coluna o valor do pagamento de ~;t il ui· ão rcqucn~o um pagamento no seu lugar. Assim. temos isto? A estatística f citada por Braudel. ú.I Mt dituran! e, 1, P· 413 .
ç que podia ser razoavelmente esperado. representando

120 121

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comcrd ar. quand<J º .dc'·eria fazer. o que ~·nu"" Comerriaóoi. Pa:a i.l<m áuw Ó'!!>t" nr.i
resuin g tr as ~1b1hdadesdc a _ rona runl circur.d:Jnu:cur.crrur>em >er~IC, i.::..~.
0 resultado fm o que Dobb d~ t gnou por uma csi;ttie de • rolooii!í...,,.,., oru.,.,.,._•.., .. Com 0
p:issar do tempo. estes vános mecannmos ftr.eram com G"" os ~ de trr;x;a v. IOO:aS~
favodvets aos homen> das c 1 ~ . favor:i"ri' ponar.to li clui.e. comctt:lat. "' >a.\. siz::J.
-r-.a..!ls.. l31leamente co ntra os propneunos e comn .,. cl>.\V-S C2.mp<lr~ .
: • dt,a:>< - = ··•
·quinto i q""'m cksi~ por trabalhadores urbanos Mas os luc ros q ue daí ad inham, embora i~ eram pequer.o. ~ ccc>-
~ - !_ ,.r:nct"::~ ~'~1-nos
qll:!Jldo :nufü.3.mos 3S cl:isses superiore-s. ~a Euro~ par.idos co m os que pod•.am ser obudo. oo comércio a longa ch~'lCiL em e&p-;cnl 0 colorual
~-.. 1,,; _ s:.:..~ ':..~~ e-nrn Ctti005 ~ l : propri~tiriCtS gu~rre iros chamados nobres. e sernicolo m:i.J. Henn See calcula a.' margem de lucro da>~~ de corr;Croio
17:..!.:{'(" prt: . :-nLil ' ili ~n;~ hcrno~ ~n~ do p0nlO de ,-ist:l (\..--Upacior11L que se d istin- colonial como. sendo muno _a ltas:.• Al'.?"m"' ,.CU1 u!trapa;;sando 200 ou W J'k cm r.egOC'Íolo
. ~-aüo í'-.1.!;:u.lo. ~~ irtJOente relacion:ido com o umanho do q ue pouco m ais eram que p1ra12na... ':-it'·'. Na realidade. exiuiam dou~ disti!l:OS ne\!1 -
r~ e o r. ~o ! \JS.cl~: . P.:.r.::. Kl'IDOS nu.is P-rtti..'-OS. os indi\ íduos e as famílias :i.Jta ta:c.a de lucro . Um era a situação de ~!OO!lOpSÓ!lio• na área 00 ooial. 00 !o<}a. ~
.fO 6' t:-'lll f'..L...,- .io ~ ~;..<.!6es. Existiam umbém :i.Jgumas cidades or,de na . aquis ição• da terra e do trabalho. Isto era po'>sh·el. corr.o vimos. ~lo "'° do f""1 kvl.
~ ~ p.:::-i=t..:... ~ - H Cis...-ut i . · no capitulo anterior algumas das confusões quer na América Espanhola quer na Europa Oriental. O !o<gur.do r~idia r.a fala cfecti,-a de
- ~Ó!' -:::.~ ! . - !' i.'.:O d=-u CHiçem. concorrência nas áreas de ,-enda dos produros prill'.ários. a E.:Jropa Ocid._-mal E.m fz..'Ll d<
~hs... i .-J s...~ ~(\1. en o ?tri ~tirio-merr21ior um aristocrau ou um burguês? É concorrência foi a consequência em pane da falta de dõen' olvir= tccnológiro e em.,.,.,.,,
cb ~ :;:e ~~-r-'"~ :: t;t.~ ~~.:-itlel..:-n!n:e isto não era daro. O quadro tinha -se da das cadeias venicfil> de tran>acção.
~-:-6do ... .:. .:n~'":i_., ~ ~1..Y1auli 3 -rr.undo ·~ no comiércio e rn agricultura capi- Para s.er mais preciso. a te...--nologia das operações rqociais ti:tlta •iào objoao de- -
:ris::i. .~k~"""S Y..L-·: ·H!\ a...-n:!'n:!' os ~~ in:!'macionais e os «'industrialistas ... imponante> avanço> nos finai' do século Xm e princípios do !.éculo XI V: b•mros de Oepósito.
11
. - - 2 s;::..J 1....i-:=-::V:.:~;-- .., ~ =og::-:ifi.:-::. q:i~r os S..."°lli L~os com 3..5 class.es proprietárias. a kua de câmbio. corretores. delegações de orgi!!li1.ações comerciai5 centrali. Chaur.u s::;iõe
Eo - ·~· · :- s.e-:-~h.. ~ ~~-5 d! p .. · rom~i3..i.s utiliza.d.as no ~"cu1 o XVl eram que estas técnicas permitiram ao capitalismo comercial d.""'1volvcr. •põ\SÍY< L-:xn~ decl:pli -
'! ::1=:00n : que 2S i~~ 2.!Jrend.er:a..rn a utili2..1r com o seu hinttrlan.d car~ . a sua capacidade de drenar os exced.."!ltes e assim~ •os Wros. os homem. os ~
r- ~ ri:no il0'5 fi:u:_;. .:..i J6:l! .\ 1 ~ O . !;!"ma do co!ecrj,o urbano residia em comrol.aro necessários para alimentar a aventura da exploração e. ckpois. da renta!Jiliuç3o dos DOH><
~ pr ..:._~ • · ' l':):!"?""~ o. re ~ji em s.er e~ cP- simult?.ne:arnente reduzir o custo dos bens
~ · · : w ~~v e d!' nir.i...-:üz.z: o ~ l dos merc~rlort~.s esrran!:eiros \l 'io' •. Duas técnicas
= cr!=L'-'. P;,r t:m lado. os cirl.aóes pro."Uravam obter não só dire itos legais para tri butar
~'es dt e-~ e= =bém o direito d.e regular a operação comercial (quem deveria

1;; ·'1 ~.::~~a l...c$:.! do, Eb.. d?.~..! !lJ'il\b 00 Bra.-xic:".ht....""gO z:.é ao ~ 1ed'..~go
- toe:"L
<AO z::r:::a e::: qz... ~ ã=:i kq:o doc±.Jo p:.los ~ lou por príncipes g~~). o ck -
- · ·~-, .e-.1 z::l!l f.:r..r.. e!.p..é:-~ oo ca::;.."t() - , -é-!iooe (f.l!!' r~ perlodo. iSL'.:I é. do stcu1o XJ V an dianle.
- C1..,'"1C.~ oo :::JO X · ~ ~ ~ óo ~ X"'L \YfZ:':\ n1"cz..-nt:n!: a eUstir rn.trições i actmn-
W.z ~~ · ::x;~1e~~As-c:::i.pr-i~lhiC.\CT"~ê<-\:u.ba.scdanxior'..ilidadc.
\:::::::.ct ?'= _x ~:.-~~-é::pda5.ccc::-J: 2pop;.!h,..""âo { e\.li '=: } . ls:oép!O"oc-adopel.a.5 fortes ~dõu
"b::o:a • ~~ F"J ~ ~ .. ~ T~-::a:i.ccb.. ·Lc :!oel"\~e o Poiogne t1 dar..\ Jõ pays limr.rophcs au
· . ~ 4e_.. !...; f' :N:-r~ .J .\ · CD': rrn fr..:rr..-.a..-:~.;;;JdLJ Sc~l'iUS H :storiq"KJ à R~c <Vu~·il.: Acadêmic Pok>-
r !Cde• ~ bs:..c.~= · }i:s !)'.;-e_ l~ 5 1. ~ .
19-=. I>: oe:t:i :::ic-:l;) pcde ra:!.Zl'"~ :k>an :n:ze:n ~..{ como s.im;:;Jesmcn:e .,..mcrc:ador em-1..,1eiro•
±1 +-:1 de .., s:.J. -2 ht...!'JC\.U! ~ \ "et a~ de FrT!z P..cChch· • 10 ] gro\W> &x "'g".Jbrnttt~ restritivos e

h CV-~ ó:~~ [:.o:=J 111"ts:.C'--=z:.z.i DO COCJérno] ~"?:a t~ ~ido em.!tido e ~Me onginado numa. daI.a b;u.-

=~~~~:7~~:~:~i:;·~..=·~~~~ .~=i::;:~:~
us:..~ Ji,.X.'rt ..: ~ ~.Dt""..1:! ó:' ~ L"Il.;:ios:.ll p::ra proteger mercadore\ urbano\ vneaçados pdiii con-
~:J nct-r._ e r..-i ptqY- ~ a.."tJ \~ fos.."<m consideradn impróprias ?i?n nobres. ( _. j As proibições
~ Le1 ~ uâ.1 a \ "t:r COCI 1 .. en,1a ~ reu!..~ e os. of;cios: elas dcnm semprt lug.v ao que designamos
?".X act"'t~~ ~"":.l.JS oz .1.gn...~ 1~ ôe' p:1!lde õC1b (... J e em muitos ca!.05 u .-nbém no comér-
~ ~. ;~ Ans~-:o· a.""1 Economic txvdopmcnl•. E..r11lorations in Emrrprrflrurial History.

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"b::o:a • ~~ F"J ~ ~ .. ~ T~-::a:i.ccb.. ·Lc :!oel"\~e o Poiogne t1 dar..\ Jõ pays limr.rophcs au
· . ~ 4e_.. !...; f' :N:-r~ .J .\ · CD': rrn fr..:rr..-.a..-:~.;;;JdLJ Sc~l'iUS H :storiq"KJ à R~c <Vu~·il.: Acadêmic Pok>-
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19-=. I>: oe:t:i :::ic-:l;) pcde ra:!.Zl'"~ :k>an :n:ze:n ~..{ como s.im;:;Jesmcn:e .,..mcrc:ador em-1..,1eiro•
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h CV-~ ó:~~ [:.o:=J 111"ts:.C'--=z:.z.i DO COCJérno] ~"?:a t~ ~ido em.!tido e ~Me onginado numa. daI.a b;u.-

=~~~~:7~~:~:~i:;·~..=·~~~~ .~=i::;:~:~
us:..~ Ji,.X.'rt ..: ~ ~.Dt""..1:! ó:' ~ L"Il.;:ios:.ll p::ra proteger mercadore\ urbano\ vneaçados pdiii con-
~:J nct-r._ e r..-i ptqY- ~ a.."tJ \~ fos.."<m consideradn impróprias ?i?n nobres. ( _. j As proibições
~ Le1 ~ uâ.1 a \ "t:r COCI 1 .. en,1a ~ reu!..~ e os. of;cios: elas dcnm semprt lug.v ao que designamos
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~ ~. ;~ Ans~-:o· a.""1 Economic txvdopmcnl•. E..r11lorations in Emrrprrflrurial History.

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..,
cadores estrangeiros ou mercadores rico\ que tinham fácei• ace1w\ ª°' met <'.3~
- espaços.. em e.stRi ta lig.ação com o Estado• "'"· Em qu3Jqucr dos casos, o somatório total destas
inm~ões comerciais era insuficiente para possibilitar aos comerciantes de longa distância a
estrangeiros»'~"': Estes mercadores podiam assi m apropriM·>e 00.. hxr°' da\ alu: raçõe\ ~
preços e mu.luphcá-los. A forma como e.ie ,;,tema implicava uma rede vertical de explo-
emrada no merrado mundial~ um capital subsl3ncial e normalmente sem aJguma assistência
ração e de cnação de lucros é claramente descrita por Malowi,t. nos moldes em que funcionava ·
õUUJ. A 1m. ~ eram muitos os que podiam entrar, e os que já lá estavam não faziam
, qualquer esforço para alterar esta situação' ""· na Polónia:
~ Ainda mai' importantes eram as ligações verticai s. As fontes de capital eram limita- No século XVI e nos inícim do >tculo XVíl . quando °'
macadorn de Gc.mk d.a• iro
dll. Recordemos que me.mo os aparelhos de Esta.do pediam emprestado em grande escala. menos atenção ao comércio marítimo. começaram a exerc.cr uma influêncu crC1'C:crü.C ri.4i azo ..
Os lucr0< das planuções de açúcar portuguesas baseadas em trabalho escravo, por exemplo, cultura. um pouco por toda a Polónia. S os finais do Y-culo XVI. quando " cor.di<;6e1 pata
não ""·erti= e xcl usivamente para os portugueses nelas directa.mente envolvidos, mas também a exportação de ccreai c; eram pan ic ularmente favorávei ~ . ag.entC'S drn merc ~ore-s ~ Gdrn·k.
para ~'°as das economias mais •avançadas• da Europa, que forneciam ta.nto o capital ini- eram regulanncnlc vi !-itos n<>'i mercados da') cidade"' e aldeia.\ da Po16nii_ onde adqu iriam
cial como o escoamento industrial "'"· Não se tratava apena.s do facto de que a Europa Seten- cercais. L .) No século XVII , os mcrcadorc:\ riem de Gdam k. u.! e<)ffi() (/\ mercadrr.':S de "
trional podia descn\'Ol\'er as fábricas. mas ta.mbém do facto de que as ligações comerciais Ri ga. fizeram pagamentos adíantadm não W ã peque!l.l nobreza mas me~mo a1x nr~ nobres
\'Crtlca Ls encorajavam uma depend•ncia financeira. Na verdade, não seria excessivo falar de da Polónia e da Lituãnia {...).Este grande ílorc!ie imcnto do comérd Qde Gda.."i\ k no \'aUO i..~c·
um si, tem.:i de dependéncia financeira internacional, primeiramente aperfeiçoado pelos mer- rior pode explicar-se pelo aumento imenso da riqw:1.a c'.<b rnaodore<.dc Gdan<lt duran!.e o periOOo
da revolução dos preços( ... ). Os mercadores de Gdaru.lt recebiam paz>l!'.cn:os adi..o!aOO. dos
-cadore• h.:m~áticos em relação aos pescadores e caçadores de peles noruegueses nos finai s
holandeses. e (.. .) estes recolhiam por vezes cenas quantias para esse ftm de mer~ de
da Jctide '1.lédia 13· e mais tarde pelos mercadores alemães em cidades como Riga, Revai e
Antuérpia i2fm.
Gdamk em relação ao interior leste-europeu. A técnica era conhecida noutros lados, sendo
utilizada pcl"' me rcadores de Toulouse, pelos genoveses na Penínsu la Ibérica, e em parte do Este sistema de peonagem internacional por dívidas permitiu que um conjunto de
:-comtrcio de lã da Inglaterra e da E'panha. Que método era esse'! Muito simples: implicava mercadores internacionais ultrapassasse (e assim acab3'se por destruir) as cl3'i.eS mer-
a compra de bens antes de serem produzidos. ou seja, pagamentos adiantados por fome- cantis ind(genas da Europa Oriental (e em certa medida as da Europa Meridional) e esta-
cim<:nt<x a faze r no futuro. Is to impedia a venda num mercado aberto. Permitia que fossem belecesse ligaçõe' directa' com proprietários-empresários (nobreza incluída) que eram
os =readores. e não os produtores, a decidir o momento óptimo para a revenda a nível fundamcnta.lmente agricultores capitalistas. produzindo os bens e controlando-os até que
m undial. E urna vez que o dinheiro emprestado tendia a estar já gasto por altu ras da entrega estes alcançassem a principal zona portuária. a partir da qual passavam para as mãos de
dos bem - quando não existiam já dívida' - o produtor era sempre tenta.do a perpetuar alguns mercadores da Europa Ocidental (o u da Itália setentrional)"°" que. por sua vez,
o sistema Teoricamente proibido por lei, este sistema só podia ser aplicado por mercadores trabalhavam por intermédio de e com uma ílorescente classe financeira centtada cm algu-
que tivessem os meios e a iníluéncia necessários para o manter na prática, ou seja, «mer- mas poucas cidades. . . -·.
Se os mercadores internacionais na economia-mundo europeia eram fundamen-
taJmente de certa• nacionalidades, seria isto !aJTlbém verdade e~ r~lação _aos :md~tna­
19?. Ouunu. L" nparaion tru opünnt . p. 311.
19ft • Foi pred \amcnle a falta de de~nvo l vimc nto do mercado - a incapacidade de os produtores tro- li sta''" e qual seria a relação entre estes dois grupos? A produçao mdustnal J3 cx1sua na _
cucm O'\ ~ s produ1 0~ písra al ~ m de uma e'\Cala paroquial - que deu ao capital mercantil a sua oportunidade de Idade Média, ma• estava dispersa, era de pequena escala e esta"ª fun~enta.lmcnte_ voca-
ouro. 1~- ) Enquantn e..ta \ condiçr;c, prim iti va.\ prcvaJeccram , mantíveram-M: tam~m a'i oponunidades de ganho cionada para um mercado de bens de luxo. Foi somente com a ascensao de um si.sterna
e-..a-pc k>ful pan: aqu ele~ que tH'\h.<im r.l"I mt.: io'i de e,; piorá -las; e era natural que a perpetuação de tais condições, e
não a \.u.a r:moçJo._-.c l!lrr"'5 \ '-C a política cun\Cieme do capital mcrcanlil... Dobb, StuditJ , p. 89. capitalista no co ntexto de uma economia-mundo que puderam sur)!ir empresários mdus·
IY:J .. o 11\lC:Tla dt: plantac_.1)(\ de cana-de -açúcar que cxi'!llia rcm s. To~] CSla\l a intimamente ligado ao
triais 1204 '. · •
c:omfrcio fn1emacl()O~ \ d.e grande C' ...Cala, no qual primeiro a.\ grandes companh ias de Antubpia e depois a.1 de Foi preci samente nas áreas de maior especialização agrícola qu_e houve um impubo
Ar!le'ltr~J tom::i ... a.m pane. ~e'- '>C !. grande\ cemroc; de vi da económica t !ltavam estabe lecidas numcr05as refinarias d ão mas também cm momentos de
de açóc..ar fu nc. 1onandn "'' c.é.culo XV I graças às cada vez maiores re~s~s de melaços vindos de S. Tom~ . Obser· para a industrialização. não só em momentos e expans . indústria
varúmcl\ que, 2pc!>ar do pape l mu ito ac1 ivo dír.. mercadores ponugue~s na CJ!:portação do açúcar a panir da ilha , o contracção. Marian Malowist falada conjugação nesus áreas do crescimento de uma J

procu1.(_1de refi~~ nâr> era empreend ido em Port ugal, cuja economia era fraca, mas pelos países que então pros--
~"il m ecooom1can'l(n1e. ~uc tinham importante\ m ..-ur'iOS de capii.al, trabalho e!iopeci&Jlizado e livre, isto t. pafscs
P"' caminho drJ dc senvol·.-i.mc nrn ... . ~1arian Ma lo"'i"'1.... Lcs d~but.\ du systême des plantalions dans la ~riodc eles 201. Jbid .• p. 194.
graride-s d«ow. erte-. .. . A/rirnrUJ Ru/Jnin, n.11 10, 1969. 29 . 202. lhid .• p. 114.
2f11. •fatc era um 'ii11tma de compra de bens atravh do pagamcn10 adiantado de futuros fomccimen·
UX. f .J t ~bido que duran1e 250 arnx os mcrcadorc!io hameáticos cm Bergen conseguiram por meio deste mt1odo
~~- ~~~~:~ !:~:;:·c~~iratista, i.c .. na Idade Média. o sistema::~:~:~a!::a::; ~ ·
maritt:r r. ~ WJ \ mk,,_ qu.a\C iodo o combci'> de peixe e peles da Noruega Sete ntrional . ~ mercadores hanscáticos propriedade ~rivada dos meios de produção ~los:~~~~~~~::~ g~ficios organizad~ cm ~Ocs..
ll)ma ram ~ pe\Cadorc!í. d~ '.'o'orucga Setentrional directa~ntc dependente s deles fa1.cndo-lhcs pagamentos adian· cultura dos pequenos campone!oes. homen~ hv~ I' ·_tados 3fllpliá-los e inndonná -los. na~ pock'r~ al.3·
~· Ao mõ':°° tempo J!>~o perm iti u-lhes eliminar por muito tempo os burgueses noruegueses deste com~rcio•. ( ... )Concentrar este..~ meios de produção du...\Cm~n~ e ':~le o ~ptl histórico da produção capi~füta e ~ i.cu
Mari.a.tt Ma.lo'Nl.i!il, ... A Ccrta~n Tradc 1 cchniquc in dlt: Balric Coontrics in lhe Fiftttnth to lhe Scventhccth Ccnrurics•, vancas de produção dos nossos dias - este. f~1 p~~1~~ mi Scirnrific (Nova Iorque: lntcmaIJOnal Pubh~.
~~o;::i~:::.';~)~~r~;~~onal Conxun of /lisroricol SC'itnetJ (V:móvia: Polish Ac:adcmy of Scienccs, Thc Jnsti- agente, a burguesia•. Fricdcrich Engels. Social1Jm . ropian ª
t953). 28.

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..,
cadores estrangeiros ou mercadores rico\ que tinham fácei• ace1w\ ª°' met <'.3~
- espaços.. em e.stRi ta lig.ação com o Estado• "'"· Em qu3Jqucr dos casos, o somatório total destas
inm~ões comerciais era insuficiente para possibilitar aos comerciantes de longa distância a
estrangeiros»'~"': Estes mercadores podiam assi m apropriM·>e 00.. hxr°' da\ alu: raçõe\ ~
preços e mu.luphcá-los. A forma como e.ie ,;,tema implicava uma rede vertical de explo-
emrada no merrado mundial~ um capital subsl3ncial e normalmente sem aJguma assistência
ração e de cnação de lucros é claramente descrita por Malowi,t. nos moldes em que funcionava ·
õUUJ. A 1m. ~ eram muitos os que podiam entrar, e os que já lá estavam não faziam
, qualquer esforço para alterar esta situação' ""· na Polónia:
~ Ainda mai' importantes eram as ligações verticai s. As fontes de capital eram limita- No século XVI e nos inícim do >tculo XVíl . quando °'
macadorn de Gc.mk d.a• iro
dll. Recordemos que me.mo os aparelhos de Esta.do pediam emprestado em grande escala. menos atenção ao comércio marítimo. começaram a exerc.cr uma influêncu crC1'C:crü.C ri.4i azo ..
Os lucr0< das planuções de açúcar portuguesas baseadas em trabalho escravo, por exemplo, cultura. um pouco por toda a Polónia. S os finais do Y-culo XVI. quando " cor.di<;6e1 pata
não ""·erti= e xcl usivamente para os portugueses nelas directa.mente envolvidos, mas também a exportação de ccreai c; eram pan ic ularmente favorávei ~ . ag.entC'S drn merc ~ore-s ~ Gdrn·k.
para ~'°as das economias mais •avançadas• da Europa, que forneciam ta.nto o capital ini- eram regulanncnlc vi !-itos n<>'i mercados da') cidade"' e aldeia.\ da Po16nii_ onde adqu iriam
cial como o escoamento industrial "'"· Não se tratava apena.s do facto de que a Europa Seten- cercais. L .) No século XVII , os mcrcadorc:\ riem de Gdam k. u.! e<)ffi() (/\ mercadrr.':S de "
trional podia descn\'Ol\'er as fábricas. mas ta.mbém do facto de que as ligações comerciais Ri ga. fizeram pagamentos adíantadm não W ã peque!l.l nobreza mas me~mo a1x nr~ nobres
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da revolução dos preços( ... ). Os mercadores de Gdaru.lt recebiam paz>l!'.cn:os adi..o!aOO. dos
-cadore• h.:m~áticos em relação aos pescadores e caçadores de peles noruegueses nos finai s
holandeses. e (.. .) estes recolhiam por vezes cenas quantias para esse ftm de mer~ de
da Jctide '1.lédia 13· e mais tarde pelos mercadores alemães em cidades como Riga, Revai e
Antuérpia i2fm.
Gdamk em relação ao interior leste-europeu. A técnica era conhecida noutros lados, sendo
utilizada pcl"' me rcadores de Toulouse, pelos genoveses na Penínsu la Ibérica, e em parte do Este sistema de peonagem internacional por dívidas permitiu que um conjunto de
:-comtrcio de lã da Inglaterra e da E'panha. Que método era esse'! Muito simples: implicava mercadores internacionais ultrapassasse (e assim acab3'se por destruir) as cl3'i.eS mer-
a compra de bens antes de serem produzidos. ou seja, pagamentos adiantados por fome- cantis ind(genas da Europa Oriental (e em certa medida as da Europa Meridional) e esta-
cim<:nt<x a faze r no futuro. Is to impedia a venda num mercado aberto. Permitia que fossem belecesse ligaçõe' directa' com proprietários-empresários (nobreza incluída) que eram
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o sistema Teoricamente proibido por lei, este sistema só podia ser aplicado por mercadores trabalhavam por intermédio de e com uma ílorescente classe financeira centtada cm algu-
que tivessem os meios e a iníluéncia necessários para o manter na prática, ou seja, «mer- mas poucas cidades. . . -·.
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19ft • Foi pred \amcnle a falta de de~nvo l vimc nto do mercado - a incapacidade de os produtores tro- li sta''" e qual seria a relação entre estes dois grupos? A produçao mdustnal J3 cx1sua na _
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2f11. •fatc era um 'ii11tma de compra de bens atravh do pagamcn10 adiantado de futuros fomccimen·
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~~- ~~~~:~ !:~:;:·c~~iratista, i.c .. na Idade Média. o sistema::~:~:~a!::a::; ~ ·
maritt:r r. ~ WJ \ mk,,_ qu.a\C iodo o combci'> de peixe e peles da Noruega Sete ntrional . ~ mercadores hanscáticos propriedade ~rivada dos meios de produção ~los:~~~~~~~::~ g~ficios organizad~ cm ~Ocs..
ll)ma ram ~ pe\Cadorc!í. d~ '.'o'orucga Setentrional directa~ntc dependente s deles fa1.cndo-lhcs pagamentos adian· cultura dos pequenos campone!oes. homen~ hv~ I' ·_tados 3fllpliá-los e inndonná -los. na~ pock'r~ al.3·
~· Ao mõ':°° tempo J!>~o perm iti u-lhes eliminar por muito tempo os burgueses noruegueses deste com~rcio•. ( ... )Concentrar este..~ meios de produção du...\Cm~n~ e ':~le o ~ptl histórico da produção capi~füta e ~ i.cu
Mari.a.tt Ma.lo'Nl.i!il, ... A Ccrta~n Tradc 1 cchniquc in dlt: Balric Coontrics in lhe Fiftttnth to lhe Scventhccth Ccnrurics•, vancas de produção dos nossos dias - este. f~1 p~~1~~ mi Scirnrific (Nova Iorque: lntcmaIJOnal Pubh~.
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da imaginação e da ousadia. Isto parece apoiar a crença de Henri Pimine na de.cootir.uicb1e
têxtil e da crise 3grícola dos sérulos XI\' e ~-V '~ '. JCX!Jl Thirsk saJienu como o impulso rural dos empresários capitali stas 1 ~'.
e a necessid.Jde de encontrar possibilidadi:s de emprego alternativas p:ira o trabalho rural s omos assim levados a ~r prudent~ no uso da l"lO!i.:U t~nn inologia. As classes bur- ""
C\pulso continuMam a operar na Jn glatc rn do século XVJI;)';"''. euesas e feudais. numa expl ~c ação que u1 ili7..a categorias. de cla.1'\C para explicar l mudança
S o em.into. e lJ. pressão rur31 não funciono u nas áreas mais • avançadas,. dado que 0 ;ocial. não de\'em ser entendidas. como nonnalmente o ~o. como ~1gmficando .. mtr:=.adores-
fac-to de muit:is desus i ndU.stri~ se locJ.liurcm então nas áreas rurais era fu nção não só da e .. proprietário~ :... Durante o longo p:riodo di= cri3ção da etonomB· mu.ndo c-uropeia. OO"i paÍ.5te"\
procura runl d;: emprego ma-. wn~m da rejeiç5o urbJ.nJ. ~ 1u i t os dos ce ntros da indústria centrais desLa economia-mundo. existiam algu ns me rcadore-s e al gun propnetários que: ?po!t-
têxtil medicv:tl na Flandres e na Itália do S orte tinham os seus capiuis inve tidos na produção taram em lucrar com a manutenção daquelas forma!'> de: produ~-ã.o a.\s.ocia.d..a..s ao . feudal1~mo · .
de lxn' de lu\Oe era.rn incJ.pa.zes ou não queriam deslocá-los para o"º' o mercJ.do. tomado nomeadamente aquela...:; em que o trabalho camponês era por alg uma íorma s1s1emá!iC"3 t
primeiro neces~ãrio pela cri s~ monel.ÍrÍa dos séculos XI\' e XV e posterio.nneme tomado legalmente compelido a entregar a maior pane da sua produção õ!.O proprietário fe.g. a ror-
rentá, el JX!la criação de uma economia-mundo no século X\' I. Estes empretlrios njo e.stavam \•eia. a renda feuda l. etc.). E exisliam alguns mercadores e algun'i proprietirios que a~ t.J...1'3JT1
neste e.aso preocupados com as frontciras :0· •. Um pas.so fundamental e fam m.o deste tipo foi
1
em lucrar com a afi nnação de novas fom1a3 de produção ind ustrial ba..i.e.::d.a" em trabalho
a fu gJ do~ c.apitJJista'\ flamengos para a Inglaterra. O que de\emos ter presente é que nesta contratual. S o ~éc ulo XV I esta divis5.o corrc!'s.pcmdeu irequenteml.!me . numa pmra:in. apro-
f35C rod:is a.~ indústria...~ tinham uma base 1énue. Emergiam e de~aparcciam. Eram como vaga- ximação. aos grandes e aos p:quenos. o ~ gr.mdes mercadores e os gr.inde~ propn-ct..irios
bundos ã procura de um abrigo: • Assemelhavam-se a um mil har de p:quenos incendios ateados lucra\'am mais com o \'C lho ~ i s tema feudal;º" pequenos {médios?. em a..o,censão? 1 co.-r1 :is OO\'a-;
simultaneamente. num vasto campo de e" 'ª seca,. <:xa 1• É claro que os \"C lhos centros mais fonnas capitalis1as. Mas esta dicotomia pequeno-grande de\e util i1..ar-se com cuidJdo e com
ª"a.nçados. o controladores do comércio inte rnacional. não eram necessariamente os centros gradações e só se mantém neste pomo do 1empo histórico. É claro que teoricJ.mente da faz.
todo o sent ido. Nova..;; fonnas de organização social tendem nonnalmc:ntc!' a ser menos atn:en-
~5 . .. E.rn Jnilatem. nos P:tl~ Bai:r.os. na Alemanha !l.1erid1oru.I e ru lt.iha. é ~cis.:imcnte nos ~los tes para aque les que estão bem no sis1ema ex iste nh." do que par..l aqueks que s5o enérgicos
XI V e XV (... ) que &:pua.mos com um ~n \"ol vimcnio 3cen1U3do duma. indUsltia tê ~ Ili rural Ch c::unpone~-. entram e ambiciosos mas que ainda Já não cheg.3f3m. Empiricamente. no entamo. ela é complicada
em nomt de emprr !oário)o que \n·cm na.s cidâdcs. ou por \"CZCS por !.>ua própria conta. Parece-me que esle facto
f)('la
prD'·a que a a ~cultun n5o bJ.)fJ q 1· para dar-!hcs .. u~temo . I. .. ) Com cieiro. enquanto que n.l Flandres. no Braban1c por outras considerações. . . . . _
e na T ~na podt•nlO\ ob<.e:f'\' '11 um declínio gr.ldual d:I pro<lu\ào & produt~de lu\O dur.intc este ~riodo. ru própria. Quaisque r que sejam as suas onge ns. esta nova classe de .. mdu smJhstas~. alguns
Flandres. no Hat.'l3u!t. nl Jiol:mdJ . nJ. lng!Jterr.i e Akmmh3 ~ frridlOl'\a.I e cm pmes d3 ltáha um OO\O ripo de produção
têu1/ Crt'SCc 025 cidade!> rcqucn:i" e no C3JT1po. E,1c) tê\lcis não er.un da melhor qualidade.~ eram mai.s baratos
provenientes das fi leir.:L~ dos yeomen. alg.uns mercadores reconvert 1 ~0'S . t:SlJ\"am e:mpe~had?'~
e Cst.I\ am portanto ao a.k.1.r\Cc cb. no brC'1.a cmpobrcc1dJ. e de ou!~ consumidore!i menos ab3.stados. ( ... ) Durante os no que Vilar designa como a característica essencial de uma economia moderna: "'ª reahz.açao
'li'culos XI\" e XV . tanto n<i mdüstria como no comércioJ longa dislinciao p.lpcl dos artigos de u.."Ocomum 1omou- de lucros médios em mercados mui to maiores: ve nder mais. vende r cm quantidade. embora
-se c:>da \C'Z m:i1\ 1mronan1c quando compa.rJ.do com o dos migo~ de lu.\o ... ~t ~b.l owi s l. .. Thc Econom ic and
ganh ando me nos numa base unitária .. 1=101• Pane dos lucros provinha do lag sal aria.J f~ 1 •1 1 • Pane:
Sod.:i.I CX\clopmcnt of lhe BJ ltic Counlrics from t.hc 151h 10 1he 171h Ccnturics•. Economfr· llistory Rnit"M.•.
2.' séne . XII. 2. 19 ~ 9. 178. eram ocasionais. Parte prov inha de taxas de juro real baixas. Pane er3.JTI lucros rcllí3dOS a
Ver ~! an : .. .-\,. funnas históm·ai. orig ina.i.s n a.~ qu.:iis o c:ipi1a l aparece. a princípio esporadicamente ou ganhos fu turos por se não considerarem as depreciações'=1: 1• Mas o lucro existia. E o seu
/()('a_!mr11!e . ti.:dn a l11dl 1 wm o~ \·e lhos modos de produçfo. mas gradualmente e-. pulsando-os. são a. m:inufac tur.i no
M!nudo própno da pala \·ra (n:lo ainda a í.1brica). Isto acon1cce onde há produçào cm ma.~ 5-a para exportaç-do - logo
na Ms.e d< comhnn trrrt'Jtrl.' t marítimo t"m '<r umlt' eJ<Ulo. e nos centrui. de 1al comércio. como a.~ ciduks i1alianJ.S. 209. •Creio que parn cacb pcriodo cm que a llQ!>.~ história _económic-:1 pc!Je s.cr d 1\ idi~ h~ uma clnsc ·
Con.s1.animop!a. ;l.) ndddes ílamt"nga.~ e hol:uidcsas. algumas espanholai. co mo Barce lona. etc .. .-\ manufx 1ura nào especific a e d istinta de ca.pi1atiMa.S. Por ou1rns p.!la,·n.~. o pupo de cap1lilhs1as duma dOO.:i tpo:a 1U\J sur~(' do gru~
c_apl.3 iniciatmcn1e ih 1:hamadu arteJ ur ba111Js, ma.~ sim ss ocup.lç&s JUhJ"l<Jiárias ru ru is . 3 fiação e a tecelagem. o c:1.pi1:ilista da época precedente. Por cada mudança ma organização t"Conómica. encoot~ um:1. quebra de conti·
t ipo_de trdbalho que rt"q ucr menos C) p.:c1alila\·ão. menos treino 1éc:nico. À p:irte aquele~ ~~ empórios nos nuicbdc. É co mo se os capi1alistas que cs1h·er.im até cntào x1i,-~ reconhcLci.:..em 4ue e~ '.ncª~3:'-c' ~ .)(: :adapu.~
q~~1~ cncomrJ a ba~ dum mcn-aJo de t .1purruçdo. e onde a produção é. como cr.i {>f'lo J/la nature:a e:fponuiMa. às condiçõc!' invocada.~ por necessidades a1é enlào desconht"Cubs ~ que requenlffi nl("t~o\ att' ah não cmprt
dmgida ~u \al ur de troca - i.c .. m:inufanuf'3.s d 1rectamentc re b c 1onad.J.s com a navegação. incluindo a própria gucs. Re tiram -se da lula e tom run·sc numa arh1ocrx:ia. q~ se \'ler oo,·~eme .ª de.sempcn~i:ir_ u~I .p.!pcl 00
con.~1ruç:io na\'al. e rc . - . 11 manufa.;;tur.i cs1abC'lecc-!< pri meiro não n:u cidmk s ma!> nas zonas runii.. cm aldeias curso dos negóc ios 0 fará apenas duma maneir.i pa!'lsiva ~. Mcnn Pirennc. Amn1fan Jl uwricul Rt\'J" "' · XIX . 3. Al'inl
!.cm corpora.~·õc~. e11: .. A' cx upaçõei. ~ub~idi ina ~ rurais con1ê m aba~ alargadJ das manufac1ur.is. enquanto é nc· 19 14, 494-495 .
ccss.ino um eb·:ido grau de pro~.rcsw na produção para conduzir os rll(.Slcres urban os a indUs1rias fabri s. Ramos de 210. Pierre V ilar. in Actts tlu Col111qur 1le lo Rrnais~una · P· 30. ha,.· .. decli· ~
produção ~·orno o~ 1rabalh{1~ do vidro_. fábrku de met a. is, Sef'Ta\·Oc:s . c1c ., que de sde o início requerem uma maior 21 1. Mesmo J. O . ~ould. céptico cm _re1~3o a esta h1pól: sc. rc~';~~n~~~~:~:i ~'i:i R:oo~~tcd • ,
coocc ntraç~o de forç ,~ de trabalho. uufü.am ma is e ne rgia natura l e rt'l(uercm 1an10 produção em mass.a como uma nio muit~ ac~ntuado n~ n:ndtmc~m ~~1 dll a.,~alan~du - ncsle re~od~bb· .Qs noiávt'is ganha\ do c:ipi1al mcrt".Ln·
conccntraçao dw mc 1m de produção, ele.. fatcs lambem ~ pre stavam à manufac1ura. ldcn1icamcn1c. fábricas de
0
~cmwm1c llu/llryRrnt,..... 2.• séne: . X \ li. 2. 1964 . ~ 6 ~; "~~1:"~7dos po~ uma uclu'\ão d:t ma.s~ dos produte«"\
papel. e1c .... Prr-r aplloJf /Sf Enirwm1c Fo r mutimu. p. 116 .
111 no<i stc.u~os XIV e XV. enquanto fi:u to do mon< p(I : . do ainvés de qu:il1.1ucr ikrrõUo real no nível ~<'n.I
206. • P01.lcr· "C·~ r.uoJ\·cln~ me prn.l ular a lguma a.ssociação entre o aumento de população e de pressão dos ~ndic 1os dum ' 'o lume tk comérc 1o cm C.\P3fl~~~ :~.: ct!~ comercianie rro"inham dum:a reJ U(ào rei.uiva.
~bn: a 1errJ. no !iá:u lo XV I e o 'urguncmo d a i ndü~tria de bordados nos pequenos vides do Yorkshire•. Thirsk.
Essays m...~;onomu orul SoncJ~ /la tor): "/Tu1_
·.
fo_r wul S~mirt EnJ:land. p . 88.
- · • Quand~ oi. capuahst~!o mduMna1i.. sw.p1rnndo por tcndos bar.uos para \"endcrcm, tcntarJ. m que 1ai.s
de vida.. Por outra..; palavras. os lucrus .abunclanth
que nào absoluta. no rendimento dos produ1~s. ~1as na
no século XVII . pe lo menos durnn1c a sua pnmcir.1 metade) há fl
1
- q
ti< ~· lo XVI lc prm ;l\·clmcn1c 1:r.mbém

·
1
scsumla :~~~e~ )ue c~ie Óc=iur:i de ~ 0 ca."O• . Smdir1.

lecidos ftX~rn produzido~ nas ~Uôb cuJ<M:lc!>. desc~rirnm que nã~ lhes crn pennitido fazê· lo. Entregar.un ent:lo cada pp. 11 9- 120. . . :tnte: .. É mnpl:tmentc reconhecido hoje qUt". cm "
' 'ez mais .º .se u tr;1b:ilh~> .ª.tr:ib:1lhad~)re~ ru rais. Se mu era proibido pelas corpornçôcs e pelo governo das c idades, 2 12 . P.ara Gould. e~te factor era _p:inicul:mn~nte •mfrt ··odusin:.is pro' ·inhamcnosdcqua.lqucr atr.LS-O
eles chcga~:Hn a mudar as suas mdu~Tnas pilra ouuo~ países . Os "'pahcs ... no Co n1incntc não e ram assim 1ào g,ran· meado:\ d_o st:cu lo XX o im pacto dos preçosc~~~nics sobrt o~à~c:: haviffil ial Ili.raso_ do que d.t d ifrrtnç• de
1

~h. Robt-n L Rt"ynolds, E.uropl" Em er.i:es (~fadi<;011 ; Univ . o f Wisconsin Prcss 1967)' 399 .. dos salários c m rt laç5o aos preços - na ma1ona dos ca!oO'S
208. HraudrJ. La !tl fdurrranü , 1. p . .199. ' • ·

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da imaginação e da ousadia. Isto parece apoiar a crença de Henri Pimine na de.cootir.uicb1e
têxtil e da crise 3grícola dos sérulos XI\' e ~-V '~ '. JCX!Jl Thirsk saJienu como o impulso rural dos empresários capitali stas 1 ~'.
e a necessid.Jde de encontrar possibilidadi:s de emprego alternativas p:ira o trabalho rural s omos assim levados a ~r prudent~ no uso da l"lO!i.:U t~nn inologia. As classes bur- ""
C\pulso continuMam a operar na Jn glatc rn do século XVJI;)';"''. euesas e feudais. numa expl ~c ação que u1 ili7..a categorias. de cla.1'\C para explicar l mudança
S o em.into. e lJ. pressão rur31 não funciono u nas áreas mais • avançadas,. dado que 0 ;ocial. não de\'em ser entendidas. como nonnalmente o ~o. como ~1gmficando .. mtr:=.adores-
fac-to de muit:is desus i ndU.stri~ se locJ.liurcm então nas áreas rurais era fu nção não só da e .. proprietário~ :... Durante o longo p:riodo di= cri3ção da etonomB· mu.ndo c-uropeia. OO"i paÍ.5te"\
procura runl d;: emprego ma-. wn~m da rejeiç5o urbJ.nJ. ~ 1u i t os dos ce ntros da indústria centrais desLa economia-mundo. existiam algu ns me rcadore-s e al gun propnetários que: ?po!t-
têxtil medicv:tl na Flandres e na Itália do S orte tinham os seus capiuis inve tidos na produção taram em lucrar com a manutenção daquelas forma!'> de: produ~-ã.o a.\s.ocia.d..a..s ao . feudal1~mo · .
de lxn' de lu\Oe era.rn incJ.pa.zes ou não queriam deslocá-los para o"º' o mercJ.do. tomado nomeadamente aquela...:; em que o trabalho camponês era por alg uma íorma s1s1emá!iC"3 t
primeiro neces~ãrio pela cri s~ monel.ÍrÍa dos séculos XI\' e XV e posterio.nneme tomado legalmente compelido a entregar a maior pane da sua produção õ!.O proprietário fe.g. a ror-
rentá, el JX!la criação de uma economia-mundo no século X\' I. Estes empretlrios njo e.stavam \•eia. a renda feuda l. etc.). E exisliam alguns mercadores e algun'i proprietirios que a~ t.J...1'3JT1
neste e.aso preocupados com as frontciras :0· •. Um pas.so fundamental e fam m.o deste tipo foi
1
em lucrar com a afi nnação de novas fom1a3 de produção ind ustrial ba..i.e.::d.a" em trabalho
a fu gJ do~ c.apitJJista'\ flamengos para a Inglaterra. O que de\emos ter presente é que nesta contratual. S o ~éc ulo XV I esta divis5.o corrc!'s.pcmdeu irequenteml.!me . numa pmra:in. apro-
f35C rod:is a.~ indústria...~ tinham uma base 1énue. Emergiam e de~aparcciam. Eram como vaga- ximação. aos grandes e aos p:quenos. o ~ gr.mdes mercadores e os gr.inde~ propn-ct..irios
bundos ã procura de um abrigo: • Assemelhavam-se a um mil har de p:quenos incendios ateados lucra\'am mais com o \'C lho ~ i s tema feudal;º" pequenos {médios?. em a..o,censão? 1 co.-r1 :is OO\'a-;
simultaneamente. num vasto campo de e" 'ª seca,. <:xa 1• É claro que os \"C lhos centros mais fonnas capitalis1as. Mas esta dicotomia pequeno-grande de\e util i1..ar-se com cuidJdo e com
ª"a.nçados. o controladores do comércio inte rnacional. não eram necessariamente os centros gradações e só se mantém neste pomo do 1empo histórico. É claro que teoricJ.mente da faz.
todo o sent ido. Nova..;; fonnas de organização social tendem nonnalmc:ntc!' a ser menos atn:en-
~5 . .. E.rn Jnilatem. nos P:tl~ Bai:r.os. na Alemanha !l.1erid1oru.I e ru lt.iha. é ~cis.:imcnte nos ~los tes para aque les que estão bem no sis1ema ex iste nh." do que par..l aqueks que s5o enérgicos
XI V e XV (... ) que &:pua.mos com um ~n \"ol vimcnio 3cen1U3do duma. indUsltia tê ~ Ili rural Ch c::unpone~-. entram e ambiciosos mas que ainda Já não cheg.3f3m. Empiricamente. no entamo. ela é complicada
em nomt de emprr !oário)o que \n·cm na.s cidâdcs. ou por \"CZCS por !.>ua própria conta. Parece-me que esle facto
f)('la
prD'·a que a a ~cultun n5o bJ.)fJ q 1· para dar-!hcs .. u~temo . I. .. ) Com cieiro. enquanto que n.l Flandres. no Braban1c por outras considerações. . . . . _
e na T ~na podt•nlO\ ob<.e:f'\' '11 um declínio gr.ldual d:I pro<lu\ào & produt~de lu\O dur.intc este ~riodo. ru própria. Quaisque r que sejam as suas onge ns. esta nova classe de .. mdu smJhstas~. alguns
Flandres. no Hat.'l3u!t. nl Jiol:mdJ . nJ. lng!Jterr.i e Akmmh3 ~ frridlOl'\a.I e cm pmes d3 ltáha um OO\O ripo de produção
têu1/ Crt'SCc 025 cidade!> rcqucn:i" e no C3JT1po. E,1c) tê\lcis não er.un da melhor qualidade.~ eram mai.s baratos
provenientes das fi leir.:L~ dos yeomen. alg.uns mercadores reconvert 1 ~0'S . t:SlJ\"am e:mpe~had?'~
e Cst.I\ am portanto ao a.k.1.r\Cc cb. no brC'1.a cmpobrcc1dJ. e de ou!~ consumidore!i menos ab3.stados. ( ... ) Durante os no que Vilar designa como a característica essencial de uma economia moderna: "'ª reahz.açao
'li'culos XI\" e XV . tanto n<i mdüstria como no comércioJ longa dislinciao p.lpcl dos artigos de u.."Ocomum 1omou- de lucros médios em mercados mui to maiores: ve nder mais. vende r cm quantidade. embora
-se c:>da \C'Z m:i1\ 1mronan1c quando compa.rJ.do com o dos migo~ de lu.\o ... ~t ~b.l owi s l. .. Thc Econom ic and
ganh ando me nos numa base unitária .. 1=101• Pane dos lucros provinha do lag sal aria.J f~ 1 •1 1 • Pane:
Sod.:i.I CX\clopmcnt of lhe BJ ltic Counlrics from t.hc 151h 10 1he 171h Ccnturics•. Economfr· llistory Rnit"M.•.
2.' séne . XII. 2. 19 ~ 9. 178. eram ocasionais. Parte prov inha de taxas de juro real baixas. Pane er3.JTI lucros rcllí3dOS a
Ver ~! an : .. .-\,. funnas históm·ai. orig ina.i.s n a.~ qu.:iis o c:ipi1a l aparece. a princípio esporadicamente ou ganhos fu turos por se não considerarem as depreciações'=1: 1• Mas o lucro existia. E o seu
/()('a_!mr11!e . ti.:dn a l11dl 1 wm o~ \·e lhos modos de produçfo. mas gradualmente e-. pulsando-os. são a. m:inufac tur.i no
M!nudo própno da pala \·ra (n:lo ainda a í.1brica). Isto acon1cce onde há produçào cm ma.~ 5-a para exportaç-do - logo
na Ms.e d< comhnn trrrt'Jtrl.' t marítimo t"m '<r umlt' eJ<Ulo. e nos centrui. de 1al comércio. como a.~ ciduks i1alianJ.S. 209. •Creio que parn cacb pcriodo cm que a llQ!>.~ história _económic-:1 pc!Je s.cr d 1\ idi~ h~ uma clnsc ·
Con.s1.animop!a. ;l.) ndddes ílamt"nga.~ e hol:uidcsas. algumas espanholai. co mo Barce lona. etc .. .-\ manufx 1ura nào especific a e d istinta de ca.pi1atiMa.S. Por ou1rns p.!la,·n.~. o pupo de cap1lilhs1as duma dOO.:i tpo:a 1U\J sur~(' do gru~
c_apl.3 iniciatmcn1e ih 1:hamadu arteJ ur ba111Js, ma.~ sim ss ocup.lç&s JUhJ"l<Jiárias ru ru is . 3 fiação e a tecelagem. o c:1.pi1:ilista da época precedente. Por cada mudança ma organização t"Conómica. encoot~ um:1. quebra de conti·
t ipo_de trdbalho que rt"q ucr menos C) p.:c1alila\·ão. menos treino 1éc:nico. À p:irte aquele~ ~~ empórios nos nuicbdc. É co mo se os capi1alistas que cs1h·er.im até cntào x1i,-~ reconhcLci.:..em 4ue e~ '.ncª~3:'-c' ~ .)(: :adapu.~
q~~1~ cncomrJ a ba~ dum mcn-aJo de t .1purruçdo. e onde a produção é. como cr.i {>f'lo J/la nature:a e:fponuiMa. às condiçõc!' invocada.~ por necessidades a1é enlào desconht"Cubs ~ que requenlffi nl("t~o\ att' ah não cmprt
dmgida ~u \al ur de troca - i.c .. m:inufanuf'3.s d 1rectamentc re b c 1onad.J.s com a navegação. incluindo a própria gucs. Re tiram -se da lula e tom run·sc numa arh1ocrx:ia. q~ se \'ler oo,·~eme .ª de.sempcn~i:ir_ u~I .p.!pcl 00
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ccss.ino um eb·:ido grau de pro~.rcsw na produção para conduzir os rll(.Slcres urban os a indUs1rias fabri s. Ramos de 210. Pierre V ilar. in Actts tlu Col111qur 1le lo Rrnais~una · P· 30. ha,.· .. decli· ~
produção ~·orno o~ 1rabalh{1~ do vidro_. fábrku de met a. is, Sef'Ta\·Oc:s . c1c ., que de sde o início requerem uma maior 21 1. Mesmo J. O . ~ould. céptico cm _re1~3o a esta h1pól: sc. rc~';~~n~~~~:~:i ~'i:i R:oo~~tcd • ,
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papel. e1c .... Prr-r aplloJf /Sf Enirwm1c Fo r mutimu. p. 116 .
111 no<i stc.u~os XIV e XV. enquanto fi:u to do mon< p(I : . do ainvés de qu:il1.1ucr ikrrõUo real no nível ~<'n.I
206. • P01.lcr· "C·~ r.uoJ\·cln~ me prn.l ular a lguma a.ssociação entre o aumento de população e de pressão dos ~ndic 1os dum ' 'o lume tk comérc 1o cm C.\P3fl~~~ :~.: ct!~ comercianie rro"inham dum:a reJ U(ào rei.uiva.
~bn: a 1errJ. no !iá:u lo XV I e o 'urguncmo d a i ndü~tria de bordados nos pequenos vides do Yorkshire•. Thirsk.
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fo_r wul S~mirt EnJ:land. p . 88.
- · • Quand~ oi. capuahst~!o mduMna1i.. sw.p1rnndo por tcndos bar.uos para \"endcrcm, tcntarJ. m que 1ai.s
de vida.. Por outra..; palavras. os lucrus .abunclanth
que nào absoluta. no rendimento dos produ1~s. ~1as na
no século XVII . pe lo menos durnn1c a sua pnmcir.1 metade) há fl
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ti< ~· lo XVI lc prm ;l\·clmcn1c 1:r.mbém

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scsumla :~~~e~ )ue c~ie Óc=iur:i de ~ 0 ca."O• . Smdir1.

lecidos ftX~rn produzido~ nas ~Uôb cuJ<M:lc!>. desc~rirnm que nã~ lhes crn pennitido fazê· lo. Entregar.un ent:lo cada pp. 11 9- 120. . . :tnte: .. É mnpl:tmentc reconhecido hoje qUt". cm "
' 'ez mais .º .se u tr;1b:ilh~> .ª.tr:ib:1lhad~)re~ ru rais. Se mu era proibido pelas corpornçôcs e pelo governo das c idades, 2 12 . P.ara Gould. e~te factor era _p:inicul:mn~nte •mfrt ··odusin:.is pro' ·inhamcnosdcqua.lqucr atr.LS-O
eles chcga~:Hn a mudar as suas mdu~Tnas pilra ouuo~ países . Os "'pahcs ... no Co n1incntc não e ram assim 1ào g,ran· meado:\ d_o st:cu lo XX o im pacto dos preçosc~~~nics sobrt o~à~c:: haviffil ial Ili.raso_ do que d.t d ifrrtnç• de
1

~h. Robt-n L Rt"ynolds, E.uropl" Em er.i:es (~fadi<;011 ; Univ . o f Wisconsin Prcss 1967)' 399 .. dos salários c m rt laç5o aos preços - na ma1ona dos ca!oO'S
208. HraudrJ. La !tl fdurrranü , 1. p . .199. ' • ·

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ue a Inglaterra isabclina ou a França rcna~cen1i sta cruvam rnaduru para w;
montan te não S(" limit nva 3 criar unta base política para esta classe; linha um impacto ime-
q ,llb• Finalmente. sustenta 4uc longe de o feudalismo ~r ínc f 5CiC. -~ °
diato sobre t<kb a C"connm i:a. lslo foi sentido po r muitas fomtas: como um estímul o para a
pnxtuç~o de matfrias·pri m 3 s <.~para a mobiliwção da força de trJb~1lho, c.o~no resposta a uma
111
~" 10 . a expansão do mercado externo na América fap~hol - :m~t "e com CJ'JM· 1
°
ta isnolidar fo fcudalismoJ >,12111. .a í'\'lu p:ira •..Centuar e
pn.X'ura c n:::.c<.·ntc que ,e t ran~fonnou numa pro..:ura de massa .. f\fas ad1c1onalmenle tomou cons
po:-:-ívcl a imh'b tri 3 rc" r ons.ivcl pela criação de muitas cconom1:1s externas: estrndas, meios Na verdade. o que Laclau fa':
é complicar a questão. Em primeiro lugar. a dif<renç~-
entre o se rvo da gleba d.a Idade Media e o e<eravo ou o trabalhador numa encr,m1n uJa <!a
di:: contro\u d~ l"Judai~. pono' 1 ~ • 1 11

É t:unOCm daro que 0 :o,éc ulo XVI assistiu a uma de slocaçào notáve l da localização da Arnéric::i Espan ~ol a no sec ulo XVI. ou um .... !)Cf\'o., na Polónia. cnvol\ ia ttés aspectO'\: a dife-
i m1ú ~ i ria lhtil. !\o s fin:ii.;; Jo sfr ul n XV e princípios do sécul o XVI. estas indústrias expan- rença entre dcs11.n_ar uma uparte .. do e ~cedemc para o mercado e dc~tinar "ª maior pmc do
dir.inH ..t~ no:-. •. n•lho-; .. c~ ntro' : 11.:í!i.1dn Norte. Alema.nh::i meridional . Lore na. Franchc-Comté, excedente»; a d1teren~·a entre produçao p~tra o mercado local e produção para 0 ~reado
p 3 h,c:i [hno.;; c:\p::mhói~. e na lngl31erra ~emente no Sudocsle ~apenas na lã. Poste riormente mundi al: a difere nça c nt.re cla~~es ex?loradoras qut: gastam os luCTo<. e as que são molÍ\ad..J.s
pa r::i os maximi~ar e re1~ vcst 1r parc1almc~te . Com respeito à inferência de Lad3ll s.obre a
3 pan:c-eram novos centro~. principalmen1 e cm lngla1crra e no Nort e dos Países Baixos. em
paÍS('"i que tinh.:im sido. como f'\ef diz. te indusui::ilmcnlc atrasados no início do século xv1. 1214 1_ Jno laterra isabelma. ela e absurda e polémica. Com respeito ao facto de: 0 cm oh imento num
rn;rcado capitalista mundia.l acentuar o feudalismo. perfeitamente de 3cordo. ~que 5oc: tnta
de uma nova variedade de (~fe udali s mo # .
Ne!ttc capilulo procurámos apresentar a emergência de um novo quadro económico de O ponto é que a.'i «relações de produção-. que definem um sistema são ai\ .. rel:içõe -:: ...
.:icção no século XV I - a economia-mundo europeia baseada cm métodos capitalistas. Ela de produção» do sistema como um todo, e o sistema nesta altura era a economia-mundo
implicou uma di"isão do 11.1.halho produ tivo que só pode apreciar-se devidamente tendo em europeia. O trnbalho livre é realmente uma car.icterísti c:i definidora do capiuli_mo. mas
consid~rJção ::i c:conomi:i- mundo como um todo. A eme rgência de um sector ind ustrial foi n5.o 0 trabalho livre e m tod as as empresas produti\'as. O trabalho li\Te é a forma d!: con-
irnpon~te . ma~ o 4uc a mmou po~s ivel foi a mmsformaçào da act ividade agrícola de formas trolo do trabalho utili zado para o trabalho especializado nos paises centr.lis cnqu:mto que o
feudJ.is paT3 fonnJ.s ca pitalista..c:.. Nem todas estas «formas» capitalistas estavam baseadas em trabalho coercivo é utilizado para formas menos especial iuda.s nas âreas ~ri.féric1S . A
tr.ibalho • livre .. - somente as do cen tro da economia. ~fas as motiv::ições dos proprietários combinação é assim a essência do capitalismo. Quando o trJbalho fo r sempre li\f'e. teremos
e dos tr.!balhado res nm sectore s «não-livres» e ram rào capital istas como no centro. o social ismo.
Não devemos ab:mdonar es te tema se m abordar as objecçõcs que são feitas a esta análise. Mas o capitalismo não pode ílorcscer no quadro de um império-mundo. Esta é urru cb.S-.
Ernesto uclau in terpelou Andre Gund<r Frank por este afinnar que a Amé rica Espanhola razões porque ele nun ca emergiu em Rom::i. As múltiplas vanta gen5 de que os mef'C"ldore
do séc ul o XV1 tinha umJ economia capitalista. Ele argument::i que isto é simultaneamente usufruíam na economia-mundo nascente eram todJ.S politicamente mais f:íccis de obter do
íncomcc10 e n:1o marxista. Sem nos perdermos num longo excursus de exegética marxista. que se eles as tivesse m procurado no quadro de um ún ico Estado. cujos governantes teri~
dei.xem qUi: ,·os diga s imp le~menle que penso que Laclau está certo em terinos da letra dos de dar resposta a interesses e pressões múlt iplos 1=15 1• Foi por isso que o ~eg.redo do c-2~1·
areumento~ de Marx. rnJ.S não em termos do se u es pírito. Em termos substanti\'OS, o prin- talismo consistiu no estabelecimento da di\'isão do trabalho no quadro de uma ec-onom1a-
ci?al argumento de L3clau é que a definição de Frank. de capit::ilismo como produção ·mundo que 11ãn era um império cm 1·ez d~ no qu adro de um unico Estado n.c ional. Em
lu nti,·:i par3 um mercado em que o lucro não vai para o produtor directo. e de fe udalismo países subdesenvolvidos do século XX. K. Berrill salienta que t(o comércio inter:":i~i on~I
como uma e..conomia de ubsisténcia fechada. estão ambos co nce ptualmente errados. Ele é frequentemente mais barato e fácil do que o comêrcio interno e (... ) a e.spcr1:ihz.:içao
argumenta que a defin ição de Frank. ao omitir as «relações de prod ução» (ou seja. essen- entre p>íses é frequentemente mais f:ícil e precoce do que a especializaç:ip entre r.:giões de
cialmente c:,e o tra balho é ou não .. liv re .. ). torna possíve l ::i su:t aplic::ição não só â América
Espmhola do sé ulo XVI mas também ao «escravo no lati/1mdi11m rom::ino ou ao servo
cb gleb::i na Eu ropa medieval. pelo menos nos casos - a esmagadora maioria - em que 216. lhid., p. 30. •
~ ~. ~~~·~tt Parsons argumenta que o descn,·oh imcnio orig.inll do in....-+ustnllismo k'"I:' de.re'C'S!11 3 f~
o . enhor destinava a vencb uma parte (o sublinhado é me uJ do excedente económico
C:\tnído do ser.oi.
11151
. Ele sugere então que. se Frank tivesse razão. «teríamos de concluir
;
do capi talis~o. que~ um si<;tcma que implica .. reStlÍÇÔC:"i instituciomus ao e.\.trckio_ 00 p>..~ rol1t~O e
prl'UÍtllttmtnu da estrulura .política propici:iria um impulso e:.pedfico ao.,&!ten\·oh ~to ~=:~é-~;:::;:~~
re in.Je ·

and_Proc_ru . in .\ fodrrn Socrn1n ('.'\o\ a IPrque : Frec f're s:-. 1960)._I OI • 10 - · A ~o. .-...~no prazo rellti\~ qxr
c.uslm de- capic.l! que eks 1mphc.a..tn. f...) Pane - uma pane cre!loCentc - do lucro apar~nu é dcpreci3Ç'io imprópria ot. A mfluenc~ política como ui 1.. . ) r :m: ce ~r oncntad.l quer pm t~teresses el~.1 ~~d . ~ 1 inílu""f).-fa - a.-o-
que 1cm dt: lJgum modo de ~ r tomada cm conta qWL'ldo por fim a m;iquim tem de~ substitufd.a. O dil dJ 3V3liitÇ~ cair depressa cm estereotipt'lS tr.1.dicionai!o. 8t:is p:ueccm )('f M ruocs do que C\d 1 ~;o,e • n: ..
fir..1lmtt1e c.heµ_ ~b..1, se a ..."1.1 da m.iquin.J ou dt ~rura é longa - e este pode: bem ter sido o C3.SO com uma nomicamen1c irracional" dos interes!.C"' poli1icos tp. 101.1... • d 0 plpcl '-"' 8t3\k> oodesen· ·
Jla.~ subo.u."'ICl.a.J do ... a;Hu j fi , o úcos período\ Tudor e S1ua.rt : rOOa.s hidráulicas. recipien1cs para sal, fomos. C'tc. - E.<.tc é um raciocínio plau~i"el. mas não pam .:c J-.""g:ir com 0 bcto ~pltlCO e 3 componente ga.~K.'.~
::iru.o all4.\ tau..; & JJC. roaparenrt p:xicm ~r 1Jo regra naqueles )éculos•. /bid., p. 264. \·oh·i~cnto capiulista ler sido cons1an1e atn'.e~ da h1Môri 3 ~m:i.' p~n:, ~~:;;,~~um.3 ~onomu-mundo. ao
~ 13 . Ver \l :r.no. U .\TI' sucle eun~pün. p. 298. ~scnc1al da diferenciação estrutural. qu( a l Cll\ 1d.a<k económica unha. l u~ adl 3. ire m:ns requc~ qut ::t.s imrh·
21.1.. -'tf. Co""/llf'.II fl{ .\formal Vt'orld. p. 11 6. passo que a au1oridade dos líderes ~lític~s. s.e. n5o o seu p.xkr. er:i hmti d c~ptulisw os.eu , cnto dc fdç~
l 9'71. /15. EmeMO Lacfau. ·ft:ud.llism & CaptulWn in Laun Amenca•, Ncw LL[r Rn-ieM.•, n.e 67 , f\faio-Junho cada.s peta iniciativa económica. Rn csu disparidade csuurunl cruçial que: eu am.
2 nscncial.

128 129

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ue a Inglaterra isabclina ou a França rcna~cen1i sta cruvam rnaduru para w;
montan te não S(" limit nva 3 criar unta base política para esta classe; linha um impacto ime-
q ,llb• Finalmente. sustenta 4uc longe de o feudalismo ~r ínc f 5CiC. -~ °
diato sobre t<kb a C"connm i:a. lslo foi sentido po r muitas fomtas: como um estímul o para a
pnxtuç~o de matfrias·pri m 3 s <.~para a mobiliwção da força de trJb~1lho, c.o~no resposta a uma
111
~" 10 . a expansão do mercado externo na América fap~hol - :m~t "e com CJ'JM· 1
°
ta isnolidar fo fcudalismoJ >,12111. .a í'\'lu p:ira •..Centuar e
pn.X'ura c n:::.c<.·ntc que ,e t ran~fonnou numa pro..:ura de massa .. f\fas ad1c1onalmenle tomou cons
po:-:-ívcl a imh'b tri 3 rc" r ons.ivcl pela criação de muitas cconom1:1s externas: estrndas, meios Na verdade. o que Laclau fa':
é complicar a questão. Em primeiro lugar. a dif<renç~-
entre o se rvo da gleba d.a Idade Media e o e<eravo ou o trabalhador numa encr,m1n uJa <!a
di:: contro\u d~ l"Judai~. pono' 1 ~ • 1 11

É t:unOCm daro que 0 :o,éc ulo XVI assistiu a uma de slocaçào notáve l da localização da Arnéric::i Espan ~ol a no sec ulo XVI. ou um .... !)Cf\'o., na Polónia. cnvol\ ia ttés aspectO'\: a dife-
i m1ú ~ i ria lhtil. !\o s fin:ii.;; Jo sfr ul n XV e princípios do sécul o XVI. estas indústrias expan- rença entre dcs11.n_ar uma uparte .. do e ~cedemc para o mercado e dc~tinar "ª maior pmc do
dir.inH ..t~ no:-. •. n•lho-; .. c~ ntro' : 11.:í!i.1dn Norte. Alema.nh::i meridional . Lore na. Franchc-Comté, excedente»; a d1teren~·a entre produçao p~tra o mercado local e produção para 0 ~reado
p 3 h,c:i [hno.;; c:\p::mhói~. e na lngl31erra ~emente no Sudocsle ~apenas na lã. Poste riormente mundi al: a difere nça c nt.re cla~~es ex?loradoras qut: gastam os luCTo<. e as que são molÍ\ad..J.s
pa r::i os maximi~ar e re1~ vcst 1r parc1almc~te . Com respeito à inferência de Lad3ll s.obre a
3 pan:c-eram novos centro~. principalmen1 e cm lngla1crra e no Nort e dos Países Baixos. em
paÍS('"i que tinh.:im sido. como f'\ef diz. te indusui::ilmcnlc atrasados no início do século xv1. 1214 1_ Jno laterra isabelma. ela e absurda e polémica. Com respeito ao facto de: 0 cm oh imento num
rn;rcado capitalista mundia.l acentuar o feudalismo. perfeitamente de 3cordo. ~que 5oc: tnta
de uma nova variedade de (~fe udali s mo # .
Ne!ttc capilulo procurámos apresentar a emergência de um novo quadro económico de O ponto é que a.'i «relações de produção-. que definem um sistema são ai\ .. rel:içõe -:: ...
.:icção no século XV I - a economia-mundo europeia baseada cm métodos capitalistas. Ela de produção» do sistema como um todo, e o sistema nesta altura era a economia-mundo
implicou uma di"isão do 11.1.halho produ tivo que só pode apreciar-se devidamente tendo em europeia. O trnbalho livre é realmente uma car.icterísti c:i definidora do capiuli_mo. mas
consid~rJção ::i c:conomi:i- mundo como um todo. A eme rgência de um sector ind ustrial foi n5.o 0 trabalho livre e m tod as as empresas produti\'as. O trabalho li\Te é a forma d!: con-
irnpon~te . ma~ o 4uc a mmou po~s ivel foi a mmsformaçào da act ividade agrícola de formas trolo do trabalho utili zado para o trabalho especializado nos paises centr.lis cnqu:mto que o
feudJ.is paT3 fonnJ.s ca pitalista..c:.. Nem todas estas «formas» capitalistas estavam baseadas em trabalho coercivo é utilizado para formas menos especial iuda.s nas âreas ~ri.féric1S . A
tr.ibalho • livre .. - somente as do cen tro da economia. ~fas as motiv::ições dos proprietários combinação é assim a essência do capitalismo. Quando o trJbalho fo r sempre li\f'e. teremos
e dos tr.!balhado res nm sectore s «não-livres» e ram rào capital istas como no centro. o social ismo.
Não devemos ab:mdonar es te tema se m abordar as objecçõcs que são feitas a esta análise. Mas o capitalismo não pode ílorcscer no quadro de um império-mundo. Esta é urru cb.S-.
Ernesto uclau in terpelou Andre Gund<r Frank por este afinnar que a Amé rica Espanhola razões porque ele nun ca emergiu em Rom::i. As múltiplas vanta gen5 de que os mef'C"ldore
do séc ul o XV1 tinha umJ economia capitalista. Ele argument::i que isto é simultaneamente usufruíam na economia-mundo nascente eram todJ.S politicamente mais f:íccis de obter do
íncomcc10 e n:1o marxista. Sem nos perdermos num longo excursus de exegética marxista. que se eles as tivesse m procurado no quadro de um ún ico Estado. cujos governantes teri~
dei.xem qUi: ,·os diga s imp le~menle que penso que Laclau está certo em terinos da letra dos de dar resposta a interesses e pressões múlt iplos 1=15 1• Foi por isso que o ~eg.redo do c-2~1·
areumento~ de Marx. rnJ.S não em termos do se u es pírito. Em termos substanti\'OS, o prin- talismo consistiu no estabelecimento da di\'isão do trabalho no quadro de uma ec-onom1a-
ci?al argumento de L3clau é que a definição de Frank. de capit::ilismo como produção ·mundo que 11ãn era um império cm 1·ez d~ no qu adro de um unico Estado n.c ional. Em
lu nti,·:i par3 um mercado em que o lucro não vai para o produtor directo. e de fe udalismo países subdesenvolvidos do século XX. K. Berrill salienta que t(o comércio inter:":i~i on~I
como uma e..conomia de ubsisténcia fechada. estão ambos co nce ptualmente errados. Ele é frequentemente mais barato e fácil do que o comêrcio interno e (... ) a e.spcr1:ihz.:içao
argumenta que a defin ição de Frank. ao omitir as «relações de prod ução» (ou seja. essen- entre p>íses é frequentemente mais f:ícil e precoce do que a especializaç:ip entre r.:giões de
cialmente c:,e o tra balho é ou não .. liv re .. ). torna possíve l ::i su:t aplic::ição não só â América
Espmhola do sé ulo XVI mas também ao «escravo no lati/1mdi11m rom::ino ou ao servo
cb gleb::i na Eu ropa medieval. pelo menos nos casos - a esmagadora maioria - em que 216. lhid., p. 30. •
~ ~. ~~~·~tt Parsons argumenta que o descn,·oh imcnio orig.inll do in....-+ustnllismo k'"I:' de.re'C'S!11 3 f~
o . enhor destinava a vencb uma parte (o sublinhado é me uJ do excedente económico
C:\tnído do ser.oi.
11151
. Ele sugere então que. se Frank tivesse razão. «teríamos de concluir
;
do capi talis~o. que~ um si<;tcma que implica .. reStlÍÇÔC:"i instituciomus ao e.\.trckio_ 00 p>..~ rol1t~O e
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re in.Je ·

and_Proc_ru . in .\ fodrrn Socrn1n ('.'\o\ a IPrque : Frec f're s:-. 1960)._I OI • 10 - · A ~o. .-...~no prazo rellti\~ qxr
c.uslm de- capic.l! que eks 1mphc.a..tn. f...) Pane - uma pane cre!loCentc - do lucro apar~nu é dcpreci3Ç'io imprópria ot. A mfluenc~ política como ui 1.. . ) r :m: ce ~r oncntad.l quer pm t~teresses el~.1 ~~d . ~ 1 inílu""f).-fa - a.-o-
que 1cm dt: lJgum modo de ~ r tomada cm conta qWL'ldo por fim a m;iquim tem de~ substitufd.a. O dil dJ 3V3liitÇ~ cair depressa cm estereotipt'lS tr.1.dicionai!o. 8t:is p:ueccm )('f M ruocs do que C\d 1 ~;o,e • n: ..
fir..1lmtt1e c.heµ_ ~b..1, se a ..."1.1 da m.iquin.J ou dt ~rura é longa - e este pode: bem ter sido o C3.SO com uma nomicamen1c irracional" dos interes!.C"' poli1icos tp. 101.1... • d 0 plpcl '-"' 8t3\k> oodesen· ·
Jla.~ subo.u."'ICl.a.J do ... a;Hu j fi , o úcos período\ Tudor e S1ua.rt : rOOa.s hidráulicas. recipien1cs para sal, fomos. C'tc. - E.<.tc é um raciocínio plau~i"el. mas não pam .:c J-.""g:ir com 0 bcto ~pltlCO e 3 componente ga.~K.'.~
::iru.o all4.\ tau..; & JJC. roaparenrt p:xicm ~r 1Jo regra naqueles )éculos•. /bid., p. 264. \·oh·i~cnto capiulista ler sido cons1an1e atn'.e~ da h1Môri 3 ~m:i.' p~n:, ~~:;;,~~um.3 ~onomu-mundo. ao
~ 13 . Ver \l :r.no. U .\TI' sucle eun~pün. p. 298. ~scnc1al da diferenciação estrutural. qu( a l Cll\ 1d.a<k económica unha. l u~ adl 3. ire m:ns requc~ qut ::t.s imrh·
21.1.. -'tf. Co""/llf'.II fl{ .\formal Vt'orld. p. 11 6. passo que a au1oridade dos líderes ~lític~s. s.e. n5o o seu p.xkr. er:i hmti d c~ptulisw os.eu , cnto dc fdç~
l 9'71. /15. EmeMO Lacfau. ·ft:ud.llism & CaptulWn in Laun Amenca•, Ncw LL[r Rn-ieM.•, n.e 67 , f\faio-Junho cada.s peta iniciativa económica. Rn csu disparidade csuurunl cruçial que: eu am.
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1

um mesmo pais• ' ""· Isto é també m vcnladciro p:tra a Europa do século XV I. Iremos 1emar car este faclor conjuntamente com os movimentos sec ulares dos preços ':..!''. Braudel e Spoo-
demon·tnr como(' porquê istn se: verificou ao longo d~ste volu~e. ner. por outro lado. acautelam· nos quanto à confusão entre flutuações acidentais (a rr:\O-
Em n-sumo, quais foram as re31izaçõcs cconónncas d~ ~cculo XVI. e como é q_uc as lução dos preços) e aherações eslrutumis " "'·O que é claro é que no século XVI emerge um3
uNnt:\mos·~ Ele n:io foi um sécul o de grande ~1v arn;o tcc nolog1co. s~ c xceptuarmos a intro- «época capitalist3,. i :.i 7i e qu e esta toma a ÍOm13 de uma economia·mundo. Sem dúvida . .,.a
dução do c:irvtio {' Offill coni bustívcl cnt Inglaterra e na França. sc~c.ntno nal. A. Rupc~ Hall vê fra gilidade desta primeira unidade do mundo•""'' é uma \•ariável explicativa critica na e vo-
tanto a indústria como a :igricultur3 n:is "'últimas fases de! um:i se n.e de trln sfonnaçoes. t_a nto lução política. Mas o facto é que esta uni dade sobrevive e nos sécul os XVII e XVlll con·
tecno!ô,!icas co mo orf:ania cion3is .... que tinham começado_no _sec ulo. XI.V. com a «cn se». seguiu consolidar-se. •
l'-fas. sc~undo ek. foi no sécul o XVI q ue se verificou uma · d1fusao de lecmcas do centro para Uma das princip3is características do sistema-mundo europeu do século XVI é que_
a pcrifrri:i lb civ ili z.;i,·;io curn)X'ia ... 1 ~ : ·t11. . • . não existe um a resposta simples para a questão de quem dominava quem. Um bom exemplo
H:i quatro a."pc.-cios marcante s no que rc s~tla ao sc~ ulo XV~ .. A Europa ~~ ~andm-se
·
par.ias Américas. Isto pod~ n5o ter sido dctemunante em st mas fm 1mponante - . O facto
1 disto pode ser a expl oração da Polónia pelos Países Bai xos via Gdansk. e cenamcnte 3 explo-
ração pela Esponha das suas possessões ameri canas. O centro dominava a periferia. :\fas o
cru<ial resp..•itlntc 3 expansão foi captado por Braudel : • Ü ouro e a praia do N_ovo Mundo centro era tão vasto! Foram os mercadores e banqueiros genoveses que util il..JJ"3.IT1 a EspanhJ..
c11 ~1 ci tar.im 3 Europa par;,i vive r ac ima das su3.S posses. parJ mvest1r para alem das suas o u foi o imperialismo espanhol que absorwu panes da Itália? Foi Flore nça que dominou Lyo n.
1>0 upanças ., i ::: ~ 1 • _ a França que do minou a Lombardia. ou as duas coisas? Como se podem dcscre\•er os ver-
Investir p:ira além da poupança e aumentar essa poupança. pela re voluçao dos dadeiros laços entre An tuérpia (e mais tarde Amesterdão) e a Inglaterra? Repare-se que cm
preços e pc:la e x istê-nci3 de um lag salari;.il. Fosse 3 expansã~ dos ~etais preciosos rcs- todos estes casos lidamos com uma cidade-estado mercantil. por um lado. e com uma nação-
pons:ivel ou não pela expans ão da produção. e qualquer que sep a medida em que a expan- -estado mais vasta. por outro.
sào demo crática foi também causa ou consequência. os metais preciosos em si eram uma Se quisennos destrinçar ainda mais este quadro. temos de dar atenção aos aspectos
~·merc::tdoria . e uma expansão generalizada do comércio esteve subj acente à "prosperi- políticos. às fonnas como vários g ru pos procuraram uti li zar as estruturas estatais para pro-
dade· do século XVI. que n3o foi nem um jogo nem uma mirage m, nem uma ilusão teger e impiememar os seus interesses. É para esta questão que agora nos volta.remos.
monetiria u 1.!1 3 '.
A tercoira aherJção marcante de u-se no padrão de traba lho !:lJral - o surg imento do
trabalho coercivo em produções mercantis na peri feria e dos lavradores de tipo yeoman no
centro. Takahas hi pode cxager.u qu:indo chama aos yeomen o «motor» 1::.s, no fim do feu-
d.31ismo. ma.sé duv idoso que se tivesse tid o um sistema capitalista sem eles. ~fas o mesmo
se pode di zer do trabalho cocreirn em produções mercantis.
Jean Ne n! ataca Dobb por este dar ênfase exclusiva à disponibilidade de trabalho
proletaril.ado na sua explicação p:tra a ascens ão do capitali smo. Segundo ele temos de colo-

:!1 9. K. Ekrrill . ... JntcrnJtional Tr.Jdc and lhe Raie of Economic Growth ... Economic H istary Rt'"if'M'. 2.'
sirie. XU . 3. 1%0. 352.
2...""0. A. Ru pen Hall. · Scicntific ~1ethod and lhe Prog~ss ofTechniques• . Comhridgr Economic llis100 ·
of Eurl>fJ'. I\'. E. E.. Rich e C. H. W il.son. eds .• Tht Econonry of Expanding EurOJH in the / 6th and Jlrh Ctnruril's
(Lond~s e S ova Iorque: Cambndge Vni..·. P~s. 1967). 100.
22 1. • A a~nura duma no' 'ª íromeira na costJ. lo nginqu.a do Atlârnico criava portanto novas oponunidldes
e um clima de peruamente que c \timula\'a a con fiança na.o; possibilidades de sucesso. Ao; oponu n idad~ e xistiam:
rm.s também o-. ind1vídO<K que c Stavam pronios e eram ca pazes de as agarrar.( ... ) A Amênca pode bem 1er aprcs·
s.ado o mmo doª' anço d3 Europ:i.. Erm ~ mo possível que o a\'anço não ti,· es~ ocorrido st"m a América. ~13s se esta
~içiu e.-.lr'C'm:a. é K <"ite. '<na ainda rec~ ndá ve l lembrar o ª'·i!.o lapidar do profe ~.sor Br.iudel: - L ' Amlrique
nc commande pa."' ~ule ... A Amfoc a não ~ a Unic;a ~ m andar •. J. H. EJ liolt. Thr Old lforldand tht Nt"l't·. 1492 -1650 225 . •O Sr. Dobb ( ...)escol}\( como fi o condutor d3 história económica as -variações da força de trabalho
{Londres e 1'D' i lorquc ; Cambridge Uni... . Prcss. 1970 ), 78 . disponfvcl ..; e.is.e seria ccnamcntc um fe nómeno imcrcssante a e.studar°. mas o nosso autor ( ... ) neg1igC"ncia quase
21~ . Braudcl. m Choptas. p. 268. i m eira~ nce aque la outra chave. os mo..,imcntos de preços a longo prazo:( ... ) ele não con.sider• a pos.sibil.idade de
223. Braudcl C' Spooocr . Rela :ioni d.e( X Congrruo /ntrrna:io11<Jlr di Scirn:r Stnriche , IV, p. 243 . co mbin.3J' as duas abordJgcns•. Jean Néri. •Lc ~"· eloppemen 1 du capita.l ismc•. R<nu• hütoriqlle. CCllI. fan .· Muto
224 . .. Q mr.tM qUC" abol iu i ordem k uda.J de produção e propriedade. e que muito naturalmente provocou t950. 68.
a formação da scx;~r.J3dc cap1uli,.ta. ÓC \'e ser enconu-ado no de.sm\·OJ\·imento da peqUC"na produção de ~rcadorias 226. •Cada fl utuação económica.. mesmo quando de.::i'ih·a. violenta ou cria.1in. pcmuncct &inda um acidai te .
(pequena ~u e campones.es 1ndcpendcn1es como produtores de mercadorias). e consequente~nte na sua numa história - estruturar. de longo pr.u:o- o desenvol ..·imento do capit.tlismo -que pela sua natureza tran5eende
- po.lari.z.aç.ão.. económw:a rn~ ~' capiulisw indu.stri11i1 e ~ trabal hadores asulariad~ de.spojados d.a sua tem e os aciden1ts ... Braudel e Spooncr. Cambridgr Economic l fü tory o/ Ew~ . JV , p. 450. _
obri~ a ' ender ~ ~us s.e~·1Ços. ó te l.ipo de evo lução capitalista~ . estamos em crer. a característica clássica e 227. •Embora dc:paremos com o primeiro começo da produção capitafüta P nos itculos X IV t XV, tm •
espccff~ da h is~6fi a «ooómH:a da Europa Ocidental• . •On thc "'Transition" from Feudali5m lO the Bourgcois certas cidades do Mcdirtrrãneo a. era capilalista data do século XVI•. Man. Capi1al. J. Ca.p. X.XVI . p. 7 1S.
Rc~ olu[J()n•. l nd1an Journa/ o/ Ecnnomics. XXXV, I ~. 195.5 . 149. JSO. 228. Braudcl , in Chaptrrs, p. 285.

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um mesmo pais• ' ""· Isto é també m vcnladciro p:tra a Europa do século XV I. Iremos 1emar car este faclor conjuntamente com os movimentos sec ulares dos preços ':..!''. Braudel e Spoo-
demon·tnr como(' porquê istn se: verificou ao longo d~ste volu~e. ner. por outro lado. acautelam· nos quanto à confusão entre flutuações acidentais (a rr:\O-
Em n-sumo, quais foram as re31izaçõcs cconónncas d~ ~cculo XVI. e como é q_uc as lução dos preços) e aherações eslrutumis " "'·O que é claro é que no século XVI emerge um3
uNnt:\mos·~ Ele n:io foi um sécul o de grande ~1v arn;o tcc nolog1co. s~ c xceptuarmos a intro- «época capitalist3,. i :.i 7i e qu e esta toma a ÍOm13 de uma economia·mundo. Sem dúvida . .,.a
dução do c:irvtio {' Offill coni bustívcl cnt Inglaterra e na França. sc~c.ntno nal. A. Rupc~ Hall vê fra gilidade desta primeira unidade do mundo•""'' é uma \•ariável explicativa critica na e vo-
tanto a indústria como a :igricultur3 n:is "'últimas fases de! um:i se n.e de trln sfonnaçoes. t_a nto lução política. Mas o facto é que esta uni dade sobrevive e nos sécul os XVII e XVlll con·
tecno!ô,!icas co mo orf:ania cion3is .... que tinham começado_no _sec ulo. XI.V. com a «cn se». seguiu consolidar-se. •
l'-fas. sc~undo ek. foi no sécul o XVI q ue se verificou uma · d1fusao de lecmcas do centro para Uma das princip3is características do sistema-mundo europeu do século XVI é que_
a pcrifrri:i lb civ ili z.;i,·;io curn)X'ia ... 1 ~ : ·t11. . • . não existe um a resposta simples para a questão de quem dominava quem. Um bom exemplo
H:i quatro a."pc.-cios marcante s no que rc s~tla ao sc~ ulo XV~ .. A Europa ~~ ~andm-se
·
par.ias Américas. Isto pod~ n5o ter sido dctemunante em st mas fm 1mponante - . O facto
1 disto pode ser a expl oração da Polónia pelos Países Bai xos via Gdansk. e cenamcnte 3 explo-
ração pela Esponha das suas possessões ameri canas. O centro dominava a periferia. :\fas o
cru<ial resp..•itlntc 3 expansão foi captado por Braudel : • Ü ouro e a praia do N_ovo Mundo centro era tão vasto! Foram os mercadores e banqueiros genoveses que util il..JJ"3.IT1 a EspanhJ..
c11 ~1 ci tar.im 3 Europa par;,i vive r ac ima das su3.S posses. parJ mvest1r para alem das suas o u foi o imperialismo espanhol que absorwu panes da Itália? Foi Flore nça que dominou Lyo n.
1>0 upanças ., i ::: ~ 1 • _ a França que do minou a Lombardia. ou as duas coisas? Como se podem dcscre\•er os ver-
Investir p:ira além da poupança e aumentar essa poupança. pela re voluçao dos dadeiros laços entre An tuérpia (e mais tarde Amesterdão) e a Inglaterra? Repare-se que cm
preços e pc:la e x istê-nci3 de um lag salari;.il. Fosse 3 expansã~ dos ~etais preciosos rcs- todos estes casos lidamos com uma cidade-estado mercantil. por um lado. e com uma nação-
pons:ivel ou não pela expans ão da produção. e qualquer que sep a medida em que a expan- -estado mais vasta. por outro.
sào demo crática foi também causa ou consequência. os metais preciosos em si eram uma Se quisennos destrinçar ainda mais este quadro. temos de dar atenção aos aspectos
~·merc::tdoria . e uma expansão generalizada do comércio esteve subj acente à "prosperi- políticos. às fonnas como vários g ru pos procuraram uti li zar as estruturas estatais para pro-
dade· do século XVI. que n3o foi nem um jogo nem uma mirage m, nem uma ilusão teger e impiememar os seus interesses. É para esta questão que agora nos volta.remos.
monetiria u 1.!1 3 '.
A tercoira aherJção marcante de u-se no padrão de traba lho !:lJral - o surg imento do
trabalho coercivo em produções mercantis na peri feria e dos lavradores de tipo yeoman no
centro. Takahas hi pode cxager.u qu:indo chama aos yeomen o «motor» 1::.s, no fim do feu-
d.31ismo. ma.sé duv idoso que se tivesse tid o um sistema capitalista sem eles. ~fas o mesmo
se pode di zer do trabalho cocreirn em produções mercantis.
Jean Ne n! ataca Dobb por este dar ênfase exclusiva à disponibilidade de trabalho
proletaril.ado na sua explicação p:tra a ascens ão do capitali smo. Segundo ele temos de colo-

:!1 9. K. Ekrrill . ... JntcrnJtional Tr.Jdc and lhe Raie of Economic Growth ... Economic H istary Rt'"if'M'. 2.'
sirie. XU . 3. 1%0. 352.
2...""0. A. Ru pen Hall. · Scicntific ~1ethod and lhe Prog~ss ofTechniques• . Comhridgr Economic llis100 ·
of Eurl>fJ'. I\'. E. E.. Rich e C. H. W il.son. eds .• Tht Econonry of Expanding EurOJH in the / 6th and Jlrh Ctnruril's
(Lond~s e S ova Iorque: Cambndge Vni..·. P~s. 1967). 100.
22 1. • A a~nura duma no' 'ª íromeira na costJ. lo nginqu.a do Atlârnico criava portanto novas oponunidldes
e um clima de peruamente que c \timula\'a a con fiança na.o; possibilidades de sucesso. Ao; oponu n idad~ e xistiam:
rm.s também o-. ind1vídO<K que c Stavam pronios e eram ca pazes de as agarrar.( ... ) A Amênca pode bem 1er aprcs·
s.ado o mmo doª' anço d3 Europ:i.. Erm ~ mo possível que o a\'anço não ti,· es~ ocorrido st"m a América. ~13s se esta
~içiu e.-.lr'C'm:a. é K <"ite. '<na ainda rec~ ndá ve l lembrar o ª'·i!.o lapidar do profe ~.sor Br.iudel: - L ' Amlrique
nc commande pa."' ~ule ... A Amfoc a não ~ a Unic;a ~ m andar •. J. H. EJ liolt. Thr Old lforldand tht Nt"l't·. 1492 -1650 225 . •O Sr. Dobb ( ...)escol}\( como fi o condutor d3 história económica as -variações da força de trabalho
{Londres e 1'D' i lorquc ; Cambridge Uni... . Prcss. 1970 ), 78 . disponfvcl ..; e.is.e seria ccnamcntc um fe nómeno imcrcssante a e.studar°. mas o nosso autor ( ... ) neg1igC"ncia quase
21~ . Braudcl. m Choptas. p. 268. i m eira~ nce aque la outra chave. os mo..,imcntos de preços a longo prazo:( ... ) ele não con.sider• a pos.sibil.idade de
223. Braudcl C' Spooocr . Rela :ioni d.e( X Congrruo /ntrrna:io11<Jlr di Scirn:r Stnriche , IV, p. 243 . co mbin.3J' as duas abordJgcns•. Jean Néri. •Lc ~"· eloppemen 1 du capita.l ismc•. R<nu• hütoriqlle. CCllI. fan .· Muto
224 . .. Q mr.tM qUC" abol iu i ordem k uda.J de produção e propriedade. e que muito naturalmente provocou t950. 68.
a formação da scx;~r.J3dc cap1uli,.ta. ÓC \'e ser enconu-ado no de.sm\·OJ\·imento da peqUC"na produção de ~rcadorias 226. •Cada fl utuação económica.. mesmo quando de.::i'ih·a. violenta ou cria.1in. pcmuncct &inda um acidai te .
(pequena ~u e campones.es 1ndcpendcn1es como produtores de mercadorias). e consequente~nte na sua numa história - estruturar. de longo pr.u:o- o desenvol ..·imento do capit.tlismo -que pela sua natureza tran5eende
- po.lari.z.aç.ão.. económw:a rn~ ~' capiulisw indu.stri11i1 e ~ trabal hadores asulariad~ de.spojados d.a sua tem e os aciden1ts ... Braudel e Spooncr. Cambridgr Economic l fü tory o/ Ew~ . JV , p. 450. _
obri~ a ' ender ~ ~us s.e~·1Ços. ó te l.ipo de evo lução capitalista~ . estamos em crer. a característica clássica e 227. •Embora dc:paremos com o primeiro começo da produção capitafüta P nos itculos X IV t XV, tm •
espccff~ da h is~6fi a «ooómH:a da Europa Ocidental• . •On thc "'Transition" from Feudali5m lO the Bourgcois certas cidades do Mcdirtrrãneo a. era capilalista data do século XVI•. Man. Capi1al. J. Ca.p. X.XVI . p. 7 1S.
Rc~ olu[J()n•. l nd1an Journa/ o/ Ecnnomics. XXXV, I ~. 195.5 . 149. JSO. 228. Braudcl , in Chaptrrs, p. 285.

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A MONARQUIA ABSOLUTA
E O «ESTATISMO»

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A MONARQUIA ABSOLUTA
E O «ESTATISMO»

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É cvidcnlc que a asci:nsào ela monru-quia :i.1>3olu1.a r141 Eur0p;t Ocidcnt.:11 é 1Cncron.a cum
3 emergência W cconomia·mundo europeia. 1'.·las é cJ3 cau~ ou con.-.cqu(nc;:i11? Hd boru argu·
mcnros num sentido e noulro. Por um lado, n."io rora a cxpan.s3o do comércio e a 21firmat;âo de
umn o.gricuhura capi1afüaa e dificilmente h:ria exisudo 3 tn~ económica para fin;mçaar ~
cs1ru1ums e.sLilwis burocrática.\ alarga<la1i 11'. Mas. por ou1m lado, o.s CSU'Ututa.) C>ltU.a.1~ cr.am
cm si próprias um suponc económico fundamental do novo slstcmn C3piufüu (para nJ.o ducr
que crJ.m a sua garantia política). Como diz Brnudcl. "4UCr o quisessem 4ucr não, (~ ~tado~
errun) os maiore~ cmprcsário,'i do século- 1 ~ 1• Além do mah, eram clientes cs.itenci.2is polra m
mercadores 1 ' •.
Existem diversos argumentos dift:rcnlC!i ~Obre O papel rJo E~Lldo na cmprcu c:api-
lalista. Um diz respeito~ sua extensão. um segundo ao seu 1mpac10 económico. e um tcn::ciro
ao seu comeúdo de cl~sc. Eslc último discuti-lo-emos nuis tarde. Em pnmciro lugar.
embora o <lcsacórdo seja gr-Jndc no que rcspcila à CAtens.âo do cn\·oh·imcnto til.al.a..I na
cconomi::&·mundodo sêculo XIX. p:mcc existir umcon!.Cn~ gcncrali1.11do de que cm pcriodas
anteriores do ~il\tcm:i mundial moderno. com início pelo menos no s6culo XVI c nuruendo-
-~ pelo menos até ao século XVIII. os estados ~ram actorcs económicos fund.:unentais d.J
cconomia·mundo europeia_
Mas se a maiorfa concorda QUC' os C'Slado.s ck:scmpenhar.un c.slc p.tpc:I. alguM coniidc·
r:tm·no desnecessário e indesejável. Por uemplo, Schumpctcr, fiel à SU3 crença na superior
eficiência da empresa pi"ivacb a longo prazo. nega que o Esudo beneficiasse °' ncgóciM como
<<>mpradorde bens ou de crtdito. Segundo ele.tum •lmoJ imp:rdo.i>cl I''"'""
que na OIJ5ência

1. ·Ck~. noM!cu&u XVttiwtnC"mn.b 'C"/m.tL'ºf\IPddt ~C°""1flttlC rTd1)tnbu~dr


tc.ndunmao; ~tn'ds ~ im~"'· d.i vc1.U de carp. dr 1md.n. ck cnní1"'11Çftto,, ck:! ~w dumil ~
enorme dos Vilrios "'produt~ naci~-. ~·~lo m\&!11ri1, t c Íl(IJ' ~4""""' 1wçamrntn11 'af'Utn llUu Cal
mc.nQide acordo com oc1udod;.i rcunomU e \t'fUCm 00.:.1111.l'C t»IAO\&J:\ nlH1,dr ptt.'(m A L~dol. ~~
ll('IUC l..h itn a lcndêncu W vnl..i "°'M"lmjj;a, n&.Jt r.cldcnW.Mm 1111u fefÇ• pcrwrbadon cotmJOMrf" A. 5cbumpt-
lcr Cunitdc:ruu um PQUCO à pro~·. Bn.udcl. 1...1 AtldtUufJJl/f" 1, p 4(1),
2. /bfd,, 1. pp.409-llO.
3. • Xm ~ ncgóc~ loctW\'OS eomados pcwf~CI\ pc.b cmprbdmo:t llO E.\Udo, rt-ll e~ dr: 1~-
1os. pcl..i CJ.pk:lr.lçao ckdominio'\ rua. pelo& Cl)W.dc 1uanc romaronc.ucçualutno comc:KW nunn &r:natkio.,
um crucimcnto lllo c~P«Ueul.u n:1 primcin nKUJc do titculo XVI•. t1Anun1 e Mou.,nm. Rflol:WH ~l X CM-
Rriuo lntuna;ln""I" "' Sácn:lfSwrirli~. IV. p. 44,

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É cvidcnlc que a asci:nsào ela monru-quia :i.1>3olu1.a r141 Eur0p;t Ocidcnt.:11 é 1Cncron.a cum
3 emergência W cconomia·mundo europeia. 1'.·las é cJ3 cau~ ou con.-.cqu(nc;:i11? Hd boru argu·
mcnros num sentido e noulro. Por um lado, n."io rora a cxpan.s3o do comércio e a 21firmat;âo de
umn o.gricuhura capi1afüaa e dificilmente h:ria exisudo 3 tn~ económica para fin;mçaar ~
cs1ru1ums e.sLilwis burocrática.\ alarga<la1i 11'. Mas. por ou1m lado, o.s CSU'Ututa.) C>ltU.a.1~ cr.am
cm si próprias um suponc económico fundamental do novo slstcmn C3piufüu (para nJ.o ducr
que crJ.m a sua garantia política). Como diz Brnudcl. "4UCr o quisessem 4ucr não, (~ ~tado~
errun) os maiore~ cmprcsário,'i do século- 1 ~ 1• Além do mah, eram clientes cs.itenci.2is polra m
mercadores 1 ' •.
Existem diversos argumentos dift:rcnlC!i ~Obre O papel rJo E~Lldo na cmprcu c:api-
lalista. Um diz respeito~ sua extensão. um segundo ao seu 1mpac10 económico. e um tcn::ciro
ao seu comeúdo de cl~sc. Eslc último discuti-lo-emos nuis tarde. Em pnmciro lugar.
embora o <lcsacórdo seja gr-Jndc no que rcspcila à CAtens.âo do cn\·oh·imcnto til.al.a..I na
cconomi::&·mundodo sêculo XIX. p:mcc existir umcon!.Cn~ gcncrali1.11do de que cm pcriodas
anteriores do ~il\tcm:i mundial moderno. com início pelo menos no s6culo XVI c nuruendo-
-~ pelo menos até ao século XVIII. os estados ~ram actorcs económicos fund.:unentais d.J
cconomia·mundo europeia_
Mas se a maiorfa concorda QUC' os C'Slado.s ck:scmpenhar.un c.slc p.tpc:I. alguM coniidc·
r:tm·no desnecessário e indesejável. Por uemplo, Schumpctcr, fiel à SU3 crença na superior
eficiência da empresa pi"ivacb a longo prazo. nega que o Esudo beneficiasse °' ncgóciM como
<<>mpradorde bens ou de crtdito. Segundo ele.tum •lmoJ imp:rdo.i>cl I''"'""
que na OIJ5ência

1. ·Ck~. noM!cu&u XVttiwtnC"mn.b 'C"/m.tL'ºf\IPddt ~C°""1flttlC rTd1)tnbu~dr


tc.ndunmao; ~tn'ds ~ im~"'· d.i vc1.U de carp. dr 1md.n. ck cnní1"'11Çftto,, ck:! ~w dumil ~
enorme dos Vilrios "'produt~ naci~-. ~·~lo m\&!11ri1, t c Íl(IJ' ~4""""' 1wçamrntn11 'af'Utn llUu Cal
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lcr Cunitdc:ruu um PQUCO à pro~·. Bn.udcl. 1...1 AtldtUufJJl/f" 1, p 4(1),
2. /bfd,, 1. pp.409-llO.
3. • Xm ~ ncgóc~ loctW\'OS eomados pcwf~CI\ pc.b cmprbdmo:t llO E.\Udo, rt-ll e~ dr: 1~-
1os. pcl..i CJ.pk:lr.lçao ckdominio'\ rua. pelo& Cl)W.dc 1uanc romaronc.ucçualutno comc:KW nunn &r:natkio.,
um crucimcnto lllo c~P«Ueul.u n:1 primcin nKUJc do titculo XVI•. t1Anun1 e Mou.,nm. Rflol:WH ~l X CM-
Rriuo lntuna;ln""I" "' Sácn:lfSwrirli~. IV. p. 44,

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r d1 e<tr.1 ' · :inria dls e ncs não teriam exi stido lxns equivalentes provenientes dos campo-
ne e dos burgueses. de qu<:m o- correspondentes meios tinham sido retirados,. •' >. Pode ser
imperdcxh el . ma> u iva n:io se ITJte de um erro. Por que r.uão não é concebível que, para dar
XX "'· O i_mpulso inicial dos .rrcçta~radores da ordem• do stculo XV foi originado pela " crise- ;-
do feudali smo». O aperto económico dos scnJ1ores tinha C-Oflduz.ido 3 uma exploração cres -
cente dos camponeses e comequentemente à sua rebe.lião. Tinha conduz.ido ieualmcnte a
1
resposn a e\ igencias fisc3i s. um c3mponês produza um excedente que de outra forma poderia g uerras intes tinas entre a nobreza. A nobre7..a enfraquecida virava~ para os reis ~a que estes
;:on umir ou nem produz ir"~ Ser.i que Schumpeter realmente pensa que no século XVI os a preservassem das ameaçru. de uma desordem :tinda maior. (.k rei• aprnvcitav1m1-sc das ci r-
campone;...'"> europeus estavam totalml.'nte oriem:idos para um mercado comercial? cunstâncias parn engrandecer a ~ ua própria riqueza e poder em relaç;io a esu mesma :-.obrcz.a.
Qu:inro 3 t ~ de que os gasr s d;is cones eram vit:iis p:ira a criação de crédito. Schwnpe- Este foi o preço da s ua segurança. o que Fre<kric Lane ciuma a sua , re nda de prcJteCÇ<Í<IA e
ter t•m d•.1:i.> =po.t:i . Um:i é que qualquer lucro obtido no de envolvimento de uma «engre- que nos recorcb ser nessa altura s1muhaneameme ~um.a das font~ principai das forema, feitai.
113gem de credito • de' e se r comp;u-:ido • com toda a destruição provocad3 e toda a paralisia no comércio [e] uma fonte de lucros mais importante(._ ) do que a ~-uperic:ridade na t.écnica
da 3C!.i •·icbrle ..-conómic.:i difund ida que r pelos métodos de criação desse rendimento quer pelas ou na organização indusrrial » !'>_
apli,_ õe. que fin:lllc iav:i •". Isto implica um argumento contra-factual tremendo. cuja vali- É claro que o avanço do rei não era apell3S uma função das opommic!ack s mas ta."?lbém
dade ...-; pode ser aprecfada em termos d3 tese glob:il des te livro. A perspectiva aqui exposu das p~ s?es que sobre ele recaíam. Eisenstadt argumenta que aquilo que ~ igna por "POli-
ser.\ a de que o dl.'sen' o J\·imento de estados fortes nas áreas centrais do mundo europeu foi tica burocrática» surgiu quando «os dirigentes políticos deixaram de poder confiar n· faci-
L:llU componente essencial do desenvolvimento do capitalismo moderno. A sua segunda
lidades disponíveis através dos seus próprios rec urs.os le.g. os domínios reais ;. o u am v6 dos
resposo é de que a c.ontnparticb dos empréstimos às cones eram privilégios económic;s que empenhamentos incondicionais de outros grupos• " "'. Mas seria esse empenha~nto =?í"
scrum muno pro,·3velmente prejudici:tis do ponto de vista económico na perspectiva dos incondicional ? E. no que respeita à disponibilidade de recursos. o fa::to de os recu= pes-
=s
ir:
-=
da omunidade m:tis alargada 16>. Sem dúvida que isto é verdade. mas a mim parece-
unu descriçjo da e sência do capiul.ismo e não uma distorção acidental das suas opera-
soais dos reis serem insuficientes para os seus objectivos era função de objecti,·os mais ambi-
ciosos. Temos então de analisar as pressões que conduziram os goYemantõ a procu.-arem
ções . .: ass im um:i asserçiio que de facto fornece uma boa pane da refutação da primeira afir- desenrnfrer objectirns m:tis ambiciosos.
rm' .3o d~ Sch umpeter. Uma sugestão provém de Archib:ild Lewis. que a liga à disponibililhde de trrrn:
Já ~os em re'' ista os vários aspectos da crise económica dos séculos XIV e XV «Quando ( ... )o soberano tinha distribuído toda a te.rra livre e nenhum:i mais restava, wnoYa-
- coooibuiram para o lento mas estável crescimento das burocracias estatais. Já mencionámos -se-lhe necessário começar a tributar - retomando sob outra forma a riqueu qae tinha :<ntes
igll.'.!lmente a evolução d;i tecnologi ~ .m i litar que. tomou obsoleto o ca,·aleiro medieval e distribuído pelo seu povo ~ " "· Esta necessicbde de tributação a.acional iüo conduziu im:-
assim fortaleceu o poder das autoridades centrais que podiam controlar um grande número de diatamente ao «absolutismo». Pelo contrário. o soberano teve de criar parlamentos para obter.
trop:lS de infamaria. O principal objectivo polírico dos monarcas era a res ta-uração da ordem.
o apoio da nobreza no processo oibutário, mas apenas ..até ao ponto em que os govem:mtes
um pré-requ isito para a recuperação económica De acordo com o resumo sucinto de Géni- se sentiram suficientemente poderosos p:ira dispensar wn tal apoio• " ' '· Dobb <li um.> ênfase
cot. • ao revelar os efeitos perversos de uma quebra de autoricbde. os tempos conturbados diferente a est:i questão. Ele vê a pressão sobre o rei como sendo proveniente niio da =s..<e:Z
estabeleceram as bases para a centralização,. n '. da terra mas da «escassez do trabalho•. O crescimento do aparelho de Estado s.en·iu p:!r7l
. Mas porque é que uis regimes políticos haveriam de surgir nesta época prc- promover"º controlo do mercado do trabalho»"" -
cl5.1? Um.l resposta clássica é falar em termos dos fenómenos centrifugos dos novos
e tarlo . argumento frequentemente utilizado a propósito dos novos estados do século 8. Mo usnier diz da Europa Ckid<ntlll do st<:ulo X\'l: •A~ dum pod<r [<cr.ml] furte!""= e!>
própria composição cbs n><;ões Ji.e .. estados]. Elas s3o unu jusr:aposiç>o d< romunid3des t=i:ori.m. l'""~ -u._
regiões (pays ] . municipal idades. comunidades de 3lóeia t estrutur.l.S corpor:itiYas. uis cerno u Ortkr.s. (_) os D.YpOS
~- l=ph A. Sch1J11lp<t<r. BUJin<" C)-cfrs . L p. 236.
5. I !d_ de funcionários, a.~ uni versidades. as corpor.ições & oIJCios. (_.l O rei rinJ..a de ser ~fi....":io:te~tc furte FJ: ~
trar os seus conflitos e coordenJr os seus esforços ccm ,·isu ao bem comum. \'ll.s a.s tfüi sões e.:re das dlo-lhe ;a
6. •Er..;:re-s.ur à cor.e . ;;..~ do juro C' Xorbitante usU3lmente pronl(tido. .só muito r:ir.uncnte era um bom
~'"JO ~ s1 IT'. esno. !l.fas pr-cisznenle porque uis emprblimos não podiam. em re2r.1. sc-r reembolsados con-
possibilid3de de jogar uma...;, contr.i as outr:lS•. ú.s X\"f• <I :t.TI,.. siidrs. r. 97. O i~--o e nosso.
t.!-.J.ZUI:J à ~ iç:!.J <k ~' ilég.ios e cooces.sõc:s no campo do combcio e d3 indústri:i qu~ eram os grandes ne~ócios Tinha de ser? Porquê assim? Uma cxpl ie&i-ão gt.nêtica r.ir.uncn.tc ~h·c o pmblcnu g"C"1Xoco. àdo que
do t...~. '-·• A as.."t"1"630 dos Fu gge:r a uma pos iç3o jamais igua.lad3 por qu3lquerca.s.:J financtira tem( ... ) muito a não só é possível C'ncarar aJtcmati,·a.11< funcionais como o fracasso cm St' id.entlfh."':llf a rlC\..'"'C'~ iunciam.I t &lo
ver com os cmt....-..;os d< Carlos V llbid .• f. p. 236. n. 11•. só uma contingência possí,·el como freqUC"ntemente a conting(-ncia mais pl3usivd . S~ pc'll'tl!\tn. d:"
• 7 . Gê:--~"Ol. Cambridge EcoffLH'f'fic History uf Euro~. L p. 700. JoSt"ph Scrayer dcfrndc- igualmente que momento, o julgamento sobre a ccau.sa.•.
~~cm~ n:isal tttre o rompuncnto da ordem na B:W..a Idade Médi.3 e a no-.·a disponibilidade d3 aristOCT3Ci3 cm 9. Ver~. \ rt'niu anJ H istory, pp. 421-422
::..: 1=::~~'10 século XV1. EJ~ suspeiu que a "ariá•tcl inten·cnicntc possa estar numa mudança n.a
10. S. N. Eiscnstadt, .. f oliric3l Strug,glc in Bu.ttaucnric Societies•. World Poli!ic.s. lX. 0.J.L 195'6. 11 .
1 t. Archibald Lewis. SJKculum. XXXUI. p. 483 .
. , ..- Ê ~ific-iJ dec~dir ~ fa...1ores f~eram mucbr o compon:unenro das classes possidentcs. Algumas del3S, l 2. l bid.• p. 483. Ver Ed"'-.rd Miller: •A 1enutiva da esubel<=r unu tribumç:i<> dim."'t:l fcnl fai u= d>s
C:S.f«U.lrrc'..c os prornctí'1os menon:s. rinham sofrido tanto com a violê'ncia interna como os pobres e tal como os principais influências por decr.is do ap;uttimcntO, do s«tJlo XJU em dia.'"LtC, de L~mbleilS ~reunindo
~ q:>enam paz e ~guranç:i. Alguns d<tes descobriram q"" podiam aproveitar m1is c:ibaf;.,.,nte o ;...surgimento os vários grupos de contribuintes nas pes5035 dos S<Us procuradores cu d<kgO<los• . FMio1"'1 ÜCOt<H!<il: Hisl.-,ry of
=~-: =~ rna:u~csur-se se apoiassan governos está\'cis. Alguns deles podem ter ficado imprcs- Europ•. I. p. t 4.
.Stau f Princelon. ·~~· Jersey~~c~ 7i:~!~:Ol ~~~ rulo XV•. On tire Medina/ Origin.s of the Modern
13. Dobb, Srudits. p. 2-4. Dobb COQ.tr3Sl.3 ...:inrervmçiodo E.sudo• com • Et"Cnbde- . C'('[OO: dt;."!is modos õe
organizaç3o politica no seio d3S sociecbde.' capitnlisw - unu ,.islo cstt'L~Yfk!nte ti~ pan um mzn:isu.. Ek

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r d1 e<tr.1 ' · :inria dls e ncs não teriam exi stido lxns equivalentes provenientes dos campo-
ne e dos burgueses. de qu<:m o- correspondentes meios tinham sido retirados,. •' >. Pode ser
imperdcxh el . ma> u iva n:io se ITJte de um erro. Por que r.uão não é concebível que, para dar
XX "'· O i_mpulso inicial dos .rrcçta~radores da ordem• do stculo XV foi originado pela " crise- ;-
do feudali smo». O aperto económico dos scnJ1ores tinha C-Oflduz.ido 3 uma exploração cres -
cente dos camponeses e comequentemente à sua rebe.lião. Tinha conduz.ido ieualmcnte a
1
resposn a e\ igencias fisc3i s. um c3mponês produza um excedente que de outra forma poderia g uerras intes tinas entre a nobreza. A nobre7..a enfraquecida virava~ para os reis ~a que estes
;:on umir ou nem produz ir"~ Ser.i que Schumpeter realmente pensa que no século XVI os a preservassem das ameaçru. de uma desordem :tinda maior. (.k rei• aprnvcitav1m1-sc das ci r-
campone;...'"> europeus estavam totalml.'nte oriem:idos para um mercado comercial? cunstâncias parn engrandecer a ~ ua própria riqueza e poder em relaç;io a esu mesma :-.obrcz.a.
Qu:inro 3 t ~ de que os gasr s d;is cones eram vit:iis p:ira a criação de crédito. Schwnpe- Este foi o preço da s ua segurança. o que Fre<kric Lane ciuma a sua , re nda de prcJteCÇ<Í<IA e
ter t•m d•.1:i.> =po.t:i . Um:i é que qualquer lucro obtido no de envolvimento de uma «engre- que nos recorcb ser nessa altura s1muhaneameme ~um.a das font~ principai das forema, feitai.
113gem de credito • de' e se r comp;u-:ido • com toda a destruição provocad3 e toda a paralisia no comércio [e] uma fonte de lucros mais importante(._ ) do que a ~-uperic:ridade na t.écnica
da 3C!.i •·icbrle ..-conómic.:i difund ida que r pelos métodos de criação desse rendimento quer pelas ou na organização indusrrial » !'>_
apli,_ õe. que fin:lllc iav:i •". Isto implica um argumento contra-factual tremendo. cuja vali- É claro que o avanço do rei não era apell3S uma função das opommic!ack s mas ta."?lbém
dade ...-; pode ser aprecfada em termos d3 tese glob:il des te livro. A perspectiva aqui exposu das p~ s?es que sobre ele recaíam. Eisenstadt argumenta que aquilo que ~ igna por "POli-
ser.\ a de que o dl.'sen' o J\·imento de estados fortes nas áreas centrais do mundo europeu foi tica burocrática» surgiu quando «os dirigentes políticos deixaram de poder confiar n· faci-
L:llU componente essencial do desenvolvimento do capitalismo moderno. A sua segunda
lidades disponíveis através dos seus próprios rec urs.os le.g. os domínios reais ;. o u am v6 dos
resposo é de que a c.ontnparticb dos empréstimos às cones eram privilégios económic;s que empenhamentos incondicionais de outros grupos• " "'. Mas seria esse empenha~nto =?í"
scrum muno pro,·3velmente prejudici:tis do ponto de vista económico na perspectiva dos incondicional ? E. no que respeita à disponibilidade de recursos. o fa::to de os recu= pes-
=s
ir:
-=
da omunidade m:tis alargada 16>. Sem dúvida que isto é verdade. mas a mim parece-
unu descriçjo da e sência do capiul.ismo e não uma distorção acidental das suas opera-
soais dos reis serem insuficientes para os seus objectivos era função de objecti,·os mais ambi-
ciosos. Temos então de analisar as pressões que conduziram os goYemantõ a procu.-arem
ções . .: ass im um:i asserçiio que de facto fornece uma boa pane da refutação da primeira afir- desenrnfrer objectirns m:tis ambiciosos.
rm' .3o d~ Sch umpeter. Uma sugestão provém de Archib:ild Lewis. que a liga à disponibililhde de trrrn:
Já ~os em re'' ista os vários aspectos da crise económica dos séculos XIV e XV «Quando ( ... )o soberano tinha distribuído toda a te.rra livre e nenhum:i mais restava, wnoYa-
- coooibuiram para o lento mas estável crescimento das burocracias estatais. Já mencionámos -se-lhe necessário começar a tributar - retomando sob outra forma a riqueu qae tinha :<ntes
igll.'.!lmente a evolução d;i tecnologi ~ .m i litar que. tomou obsoleto o ca,·aleiro medieval e distribuído pelo seu povo ~ " "· Esta necessicbde de tributação a.acional iüo conduziu im:-
assim fortaleceu o poder das autoridades centrais que podiam controlar um grande número de diatamente ao «absolutismo». Pelo contrário. o soberano teve de criar parlamentos para obter.
trop:lS de infamaria. O principal objectivo polírico dos monarcas era a res ta-uração da ordem.
o apoio da nobreza no processo oibutário, mas apenas ..até ao ponto em que os govem:mtes
um pré-requ isito para a recuperação económica De acordo com o resumo sucinto de Géni- se sentiram suficientemente poderosos p:ira dispensar wn tal apoio• " ' '· Dobb <li um.> ênfase
cot. • ao revelar os efeitos perversos de uma quebra de autoricbde. os tempos conturbados diferente a est:i questão. Ele vê a pressão sobre o rei como sendo proveniente niio da =s..<e:Z
estabeleceram as bases para a centralização,. n '. da terra mas da «escassez do trabalho•. O crescimento do aparelho de Estado s.en·iu p:!r7l
. Mas porque é que uis regimes políticos haveriam de surgir nesta época prc- promover"º controlo do mercado do trabalho»"" -
cl5.1? Um.l resposta clássica é falar em termos dos fenómenos centrifugos dos novos
e tarlo . argumento frequentemente utilizado a propósito dos novos estados do século 8. Mo usnier diz da Europa Ckid<ntlll do st<:ulo X\'l: •A~ dum pod<r [<cr.ml] furte!""= e!>
própria composição cbs n><;ões Ji.e .. estados]. Elas s3o unu jusr:aposiç>o d< romunid3des t=i:ori.m. l'""~ -u._
regiões (pays ] . municipal idades. comunidades de 3lóeia t estrutur.l.S corpor:itiYas. uis cerno u Ortkr.s. (_) os D.YpOS
~- l=ph A. Sch1J11lp<t<r. BUJin<" C)-cfrs . L p. 236.
5. I !d_ de funcionários, a.~ uni versidades. as corpor.ições & oIJCios. (_.l O rei rinJ..a de ser ~fi....":io:te~tc furte FJ: ~
trar os seus conflitos e coordenJr os seus esforços ccm ,·isu ao bem comum. \'ll.s a.s tfüi sões e.:re das dlo-lhe ;a
6. •Er..;:re-s.ur à cor.e . ;;..~ do juro C' Xorbitante usU3lmente pronl(tido. .só muito r:ir.uncnte era um bom
~'"JO ~ s1 IT'. esno. !l.fas pr-cisznenle porque uis emprblimos não podiam. em re2r.1. sc-r reembolsados con-
possibilid3de de jogar uma...;, contr.i as outr:lS•. ú.s X\"f• <I :t.TI,.. siidrs. r. 97. O i~--o e nosso.
t.!-.J.ZUI:J à ~ iç:!.J <k ~' ilég.ios e cooces.sõc:s no campo do combcio e d3 indústri:i qu~ eram os grandes ne~ócios Tinha de ser? Porquê assim? Uma cxpl ie&i-ão gt.nêtica r.ir.uncn.tc ~h·c o pmblcnu g"C"1Xoco. àdo que
do t...~. '-·• A as.."t"1"630 dos Fu gge:r a uma pos iç3o jamais igua.lad3 por qu3lquerca.s.:J financtira tem( ... ) muito a não só é possível C'ncarar aJtcmati,·a.11< funcionais como o fracasso cm St' id.entlfh."':llf a rlC\..'"'C'~ iunciam.I t &lo
ver com os cmt....-..;os d< Carlos V llbid .• f. p. 236. n. 11•. só uma contingência possí,·el como freqUC"ntemente a conting(-ncia mais pl3usivd . S~ pc'll'tl!\tn. d:"
• 7 . Gê:--~"Ol. Cambridge EcoffLH'f'fic History uf Euro~. L p. 700. JoSt"ph Scrayer dcfrndc- igualmente que momento, o julgamento sobre a ccau.sa.•.
~~cm~ n:isal tttre o rompuncnto da ordem na B:W..a Idade Médi.3 e a no-.·a disponibilidade d3 aristOCT3Ci3 cm 9. Ver~. \ rt'niu anJ H istory, pp. 421-422
::..: 1=::~~'10 século XV1. EJ~ suspeiu que a "ariá•tcl inten·cnicntc possa estar numa mudança n.a
10. S. N. Eiscnstadt, .. f oliric3l Strug,glc in Bu.ttaucnric Societies•. World Poli!ic.s. lX. 0.J.L 195'6. 11 .
1 t. Archibald Lewis. SJKculum. XXXUI. p. 483 .
. , ..- Ê ~ific-iJ dec~dir ~ fa...1ores f~eram mucbr o compon:unenro das classes possidentcs. Algumas del3S, l 2. l bid.• p. 483. Ver Ed"'-.rd Miller: •A 1enutiva da esubel<=r unu tribumç:i<> dim."'t:l fcnl fai u= d>s
C:S.f«U.lrrc'..c os prornctí'1os menon:s. rinham sofrido tanto com a violê'ncia interna como os pobres e tal como os principais influências por decr.is do ap;uttimcntO, do s«tJlo XJU em dia.'"LtC, de L~mbleilS ~reunindo
~ q:>enam paz e ~guranç:i. Alguns d<tes descobriram q"" podiam aproveitar m1is c:ibaf;.,.,nte o ;...surgimento os vários grupos de contribuintes nas pes5035 dos S<Us procuradores cu d<kgO<los• . FMio1"'1 ÜCOt<H!<il: Hisl.-,ry of
=~-: =~ rna:u~csur-se se apoiassan governos está\'cis. Alguns deles podem ter ficado imprcs- Europ•. I. p. t 4.
.Stau f Princelon. ·~~· Jersey~~c~ 7i:~!~:Ol ~~~ rulo XV•. On tire Medina/ Origin.s of the Modern
13. Dobb, Srudits. p. 2-4. Dobb COQ.tr3Sl.3 ...:inrervmçiodo E.sudo• com • Et"Cnbde- . C'('[OO: dt;."!is modos õe
organizaç3o politica no seio d3S sociecbde.' capitnlisw - unu ,.islo cstt'L~Yfk!nte ti~ pan um mzn:isu.. Ek

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Pode seguir-se dcsla anjlisc que se a crise económica conduziu a um maior poder por tcmpuránca "º'.·
Mas a dife_rcnça de ram:inho e de estrutura quando com .
parte dos monarcas. a expansão económica do século XVI leria lido o efci10 inverso. Em cena da Idade Média rcprcscnia mesmo assim um saho qualitativo_ parada com a dos fill3Js
medida. como vcn·mos. is10 foi verdade. O •primeiro» século XVI fui uma época de esforços Como é que um r~1 ~ecruiava estes homens? Comprava-<)S b . •
de não ter agenles. Ex1st1am pessoas que descmpcnh 0
f · pro lema do rei nao era
unpenai . não de estados fones. como ten:rnos ocasião de d1scu11r no próxuno capflulo. Não 0
rares no reino, mas que não estavam na sua dependé,:.:am unções administrativas e mili-
foi senão após o . fracasso do império• . de que falan:mos pos1cnormen1e, que cslados fones d . - ' e consequentemcnre não estavam
uma vez mais enlrJram cm cena. E na verdade seria apenas o século XVIII que os hisloria- obrigados a execular as suas ec1soes em face de pressões ad,·er~ derivadas .
don:s conceberiam como •a era do absolu1ismo• 11 •>. próprios interesses ou dos dos seus pares e famílias. O rei vira . _ dos seus
De fae10. no en1an10. apesar de flu1uaçõcs na curva, esLamos confrontados com um mente de «Origens modesras,, 117', rransformando-as em pessoal va-sc par. pes'>Oa.S nonnal- .
. . _ . , . permanente pago. A pnnc1paJ
aumento secular do poder es1a1al ao longo da época moderna. A economia-mundo capi- insutu1çao que wmou ISlo poss1vel velQ a ser conhecida como venafdad d
ulista parece ler exigido e facili1ado esle processo secular de crescente centralização e conrraste com as burocracias baseadas numa norma de dcsintere~ li~ e os cargos._Em _
conirolo interno. pelo menos nos es1ados do cenlro. universal, não há dúvida de que estas formas sublinhavam 0 poder 11.nucctdiro ed recru1amen1o
. a o o re1e a pro-
Como é que os reis. que eram os dirigen1es do aparelho esratal no século XVI, se babifidade de o rendimento estalal ~r desviado para pagamemos acrescidos a ~ta burocracia
conseguiram fonalecer? U1ilizaram quatro mecanismos principais: burocratização, mono- venal. Mas, por contraste. com o sistema feudal precedente, a venaJidade !ornou possível a
polização da força. criação de legi1imidade e homogeneização da população a eles sujeira. relativa supremacia. do s1s1ema estatal. Como Hanung e Mousnier afirmam. • apesar das
Trataremos cada um deles isoladamente. aparências, a venahdade dos cargos era na maior pane dos casos fa,·orá,el 30 monarca
Se o rei se fortaleceu. isso deveu-se indubiravelmente ao facto de que ele pôde passar absoluto» <18 '-
a utilizar novos meios. um corpo de funcionários permanentes e dependentes CI SJ. É claro A escolha política era feita pelo rei entre alternativas realistas. De forma a estabeleccr-
que a es1e respeito a Europa limitava-se a aproximar-se da China. Assim, sabemos que uma burocracia racional, o Estado necessitava de uma fonte segura de rendimentos prévia
uma estrulura estalai burocrálica é por si só insuficiente para demarcar as grandes transfor- àquela que a burocracia lhe acarretaria. K. W. Swan sugere que o que falta,·a aos monar-
mações do século XVI e muilo menos para as explicar. Mesmo assim , o desenvolvimento cas no século XVI, ao conrrário dos governos posteriores, era a possibilidade de «conuair
da burocracia estatal foi crucial, porque viria a allerar regras fundameniais do jogo político empréstimos sem atribuir uma pane específica do seu rendimento à garantia do juro• ""·
.ao .assegurar que a panir de então as decisões de política económica não poderiam ser Eles eram apanhados num ciclo porque para obterem esta possibilidade tinham de criar
fac1lmenre tomadas sem passarem pela estrutura estatal. Ele significava que a energia de primeiro um aparelho de Estado mais fone. A venalidade dos cargos tinha a ,-inude de for-
homens de lodos os estratos tinha de se canalizar numa parcela significativa para a con- necer tanto rendimento imediato (a venda do cargo) como pessoal. É claro que isto ia a par
e.qu1s1a d~ reino político. Para ser mais preciso, eslamos ainda a falar nesta época de uma com o desenvolvimento de um grupo organizado de funcionários venais. com interesses
burocracia relativamente pequena, pelo menos quando comparada com a da Europa con- próprios <20>. Para ser mais preciso, a venalidade cria um «círculo vicioso,., como Richard
Ehrenberg· salienta, em que a burocracia crescente devora o rendimento e cria dí•i das con-
~P!kª a sua alternância em rcrmos da escassez de lrabalho . .c A liberdade floresce mais sob o capitalismo quando duzindo a necessidades fiscais do Estado ainda maiores 1211 • O truque consistia em transfor-
. ,.,~ª um prolewiado superabundante, o ~odo de produção é seguro, enquanro que a compulsão legal se 10~
:~:n: ~p::fce!~~~~~~e~~p~~°J~~)~~a e o modo de produção se toma menos rentável como fonte 16. • O espectácuto de grandes máquinas poUticas pode ser uma imagem enpnadvn.. COIJl!=l'l'lo as do
século XVI com as do século XV, vemo-las dcsordcnadamcnre aumentadas em tamanho. Ma.se alnd:I reWi ,·o. Se se
14. Ver, por exemplo, Max Beloff, The Age of Absolu1ism, 1660-1815 (Nova Iorque· Harper 1962) pensa nos rempos actuais e na massa enonne de funcionários ci\•is que trabalham p;l13 o Estado. o númc:ro de
ttórico ~~~~ i~~~ que rcs::,d.i~ enlào pela diferença cmrc um absolurfamo real no século X.VI e um ~bsolu;ismo "funcionários" no século XVI é ridiculamen1e pequeno• . Braudel, La Midiu"anü.11. P· 37.
mitcntementc? ia. um a uusmo que nunca se tomou real ou o foi apenas momenlânea, descontínua e inter-
:~: ~~~;·o"~~~"ricnniciu aos reis de Espanha trazer as municipalid3dcs par>• SUJ pro<ecçio.~que: deu cm
e c:11;tensã~c=~:::u~~d a no,ssa resposra num .novo ó~ão estrutural interno do Esrado, isto é, no reforço França a Luís Xll, Francisco 1 e Henrique li. Henrique IV e Luís Xlll_wn llo poderoso meio de influtll<:l• sobre 1
o que chamamos hoje ··i~~i~~ ~~! i~=~~ores publicas'. os ."funcionário~" do ~i- (ou do prindpe) _ Cone e sobre as companhias. (... ) Foi só após a Guerra da Sucessão da Austria (1 7481 que• venalid>de(-l sc tomoo
vidas .. actividadc diária do Esiado Sq0 b d ndo para 0 pnmetro plano da vida pubhca e esravam envol- msuportáveJ ,.. Hanung e Mousnicr, Rtla:ioni dtl X Con.~rtsso. IV. P· 48.. ,.
pp. 63-64. · retu 0 quanto a ..assuntos" externos -.. Chabod, Acte.r du C.olloque, 19. K, W. Swan, Sale ofOffices in the Se.-tntunth Cen1urJ <.Haia: Nijhoff. l9-l:~·i~~ia dos fun-
Edouard Perroy defende que este processo com F . 20. «A medida que cresce a regra da fiscahdade na monarqul3. também ª~ . fi .
1
ridade privada do rei em França lanio se h ·ai eçou em rança Já no século XIII: • Ü progresso da auro- cionários financeiros no Esiado, À medida q.ue a vcnalidade se descm:olve. ?" ~""'=u~i::,;,u.::;
fccnlr.llJ. (...) • n on como feudal, levou ao desenvolvimento dos órgãos de podei-
P!1cam-sc, organizam-se, 1untam -se cm associações que levam à cx_1en530. doam. Ho«s instirutiorll administrati-
(No) úhimo quanel do siculo XIU, o poder real sem . . . vista assegurarem mais lucros para si mesmos•. G. Pag~s. «Essa1 sur 1 évolu°'.°'1 . modr n.s n • 1 Jan.-
transfo~·sc na sua narurcza. sob a influência de dois facto deu:ar de. se _10'!1ar cada vez. mais forte, começou a vcs en France du commencemenr du XVI' siecle à la fin du XVII'•. Rr>·ue JhWOIFt '"" ·• · •
J~~1aJ. ( ...) O ourro. igualmente importa111e, foi a ressã~sd Um fo1 ~ideia de absoJuusmo, de poder pú~lico ·Fev. 1932, 26. . nec<SS4riopelascondiçõcsquc:vimos.
munus1mo com a co~p!exidade cresceme da adminislra~o ~o usoos próprios h_omens d~ rei, cujo número crescia 21. •Um endividamenro excessivo por parte dos principes tra lornodo nJwnenio de ramos indi-
;!asse começav~ a ex1s11r, a dos agentes do pOOer, dos homens da le~~da vez mais genera11zado da escri1a: uma nova E.le não podia ser suportado sem o sistema de arrcnuamen10 Jlos imposl,':::; .~:.,;:.~iro. que era incvi!Jvet
rpos de ~ssoa~ govcmamenta.J, os depositários colcctivos dum ~a pena. (... ) Nesse momento, com efeito, os v1duais de rcndimenro. lsro conduzia a uma degenerescência assus~c dos débilos•. Richard Ehrcnberg, Capital
seus própnos mcms, começavam a eclipsar o persona 1 a aurondade que era agora capaz de se mover pelos enquanto durassem as circunstâncias que levavam ao amontoar constan
gem rea •. ú Moyen Age, pp. 372-373. and Financt in the Age ofrht Renaissanct (Nova Iorque: Harrourt. 1928 >· 39·
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Pode seguir-se dcsla anjlisc que se a crise económica conduziu a um maior poder por tcmpuránca "º'.·
Mas a dife_rcnça de ram:inho e de estrutura quando com .
parte dos monarcas. a expansão económica do século XVI leria lido o efci10 inverso. Em cena da Idade Média rcprcscnia mesmo assim um saho qualitativo_ parada com a dos fill3Js
medida. como vcn·mos. is10 foi verdade. O •primeiro» século XVI fui uma época de esforços Como é que um r~1 ~ecruiava estes homens? Comprava-<)S b . •
de não ter agenles. Ex1st1am pessoas que descmpcnh 0
f · pro lema do rei nao era
unpenai . não de estados fones. como ten:rnos ocasião de d1scu11r no próxuno capflulo. Não 0
rares no reino, mas que não estavam na sua dependé,:.:am unções administrativas e mili-
foi senão após o . fracasso do império• . de que falan:mos pos1cnormen1e, que cslados fones d . - ' e consequentemcnre não estavam
uma vez mais enlrJram cm cena. E na verdade seria apenas o século XVIII que os hisloria- obrigados a execular as suas ec1soes em face de pressões ad,·er~ derivadas .
don:s conceberiam como •a era do absolu1ismo• 11 •>. próprios interesses ou dos dos seus pares e famílias. O rei vira . _ dos seus
De fae10. no en1an10. apesar de flu1uaçõcs na curva, esLamos confrontados com um mente de «Origens modesras,, 117', rransformando-as em pessoal va-sc par. pes'>Oa.S nonnal- .
. . _ . , . permanente pago. A pnnc1paJ
aumento secular do poder es1a1al ao longo da época moderna. A economia-mundo capi- insutu1çao que wmou ISlo poss1vel velQ a ser conhecida como venafdad d
ulista parece ler exigido e facili1ado esle processo secular de crescente centralização e conrraste com as burocracias baseadas numa norma de dcsintere~ li~ e os cargos._Em _
conirolo interno. pelo menos nos es1ados do cenlro. universal, não há dúvida de que estas formas sublinhavam 0 poder 11.nucctdiro ed recru1amen1o
. a o o re1e a pro-
Como é que os reis. que eram os dirigen1es do aparelho esratal no século XVI, se babifidade de o rendimento estalal ~r desviado para pagamemos acrescidos a ~ta burocracia
conseguiram fonalecer? U1ilizaram quatro mecanismos principais: burocratização, mono- venal. Mas, por contraste. com o sistema feudal precedente, a venaJidade !ornou possível a
polização da força. criação de legi1imidade e homogeneização da população a eles sujeira. relativa supremacia. do s1s1ema estatal. Como Hanung e Mousnier afirmam. • apesar das
Trataremos cada um deles isoladamente. aparências, a venahdade dos cargos era na maior pane dos casos fa,·orá,el 30 monarca
Se o rei se fortaleceu. isso deveu-se indubiravelmente ao facto de que ele pôde passar absoluto» <18 '-
a utilizar novos meios. um corpo de funcionários permanentes e dependentes CI SJ. É claro A escolha política era feita pelo rei entre alternativas realistas. De forma a estabeleccr-
que a es1e respeito a Europa limitava-se a aproximar-se da China. Assim, sabemos que uma burocracia racional, o Estado necessitava de uma fonte segura de rendimentos prévia
uma estrulura estalai burocrálica é por si só insuficiente para demarcar as grandes transfor- àquela que a burocracia lhe acarretaria. K. W. Swan sugere que o que falta,·a aos monar-
mações do século XVI e muilo menos para as explicar. Mesmo assim , o desenvolvimento cas no século XVI, ao conrrário dos governos posteriores, era a possibilidade de «conuair
da burocracia estatal foi crucial, porque viria a allerar regras fundameniais do jogo político empréstimos sem atribuir uma pane específica do seu rendimento à garantia do juro• ""·
.ao .assegurar que a panir de então as decisões de política económica não poderiam ser Eles eram apanhados num ciclo porque para obterem esta possibilidade tinham de criar
fac1lmenre tomadas sem passarem pela estrutura estatal. Ele significava que a energia de primeiro um aparelho de Estado mais fone. A venalidade dos cargos tinha a ,-inude de for-
homens de lodos os estratos tinha de se canalizar numa parcela significativa para a con- necer tanto rendimento imediato (a venda do cargo) como pessoal. É claro que isto ia a par
e.qu1s1a d~ reino político. Para ser mais preciso, eslamos ainda a falar nesta época de uma com o desenvolvimento de um grupo organizado de funcionários venais. com interesses
burocracia relativamente pequena, pelo menos quando comparada com a da Europa con- próprios <20>. Para ser mais preciso, a venalidade cria um «círculo vicioso,., como Richard
Ehrenberg· salienta, em que a burocracia crescente devora o rendimento e cria dí•i das con-
~P!kª a sua alternância em rcrmos da escassez de lrabalho . .c A liberdade floresce mais sob o capitalismo quando duzindo a necessidades fiscais do Estado ainda maiores 1211 • O truque consistia em transfor-
. ,.,~ª um prolewiado superabundante, o ~odo de produção é seguro, enquanro que a compulsão legal se 10~
:~:n: ~p::fce!~~~~~~e~~p~~°J~~)~~a e o modo de produção se toma menos rentável como fonte 16. • O espectácuto de grandes máquinas poUticas pode ser uma imagem enpnadvn.. COIJl!=l'l'lo as do
século XVI com as do século XV, vemo-las dcsordcnadamcnre aumentadas em tamanho. Ma.se alnd:I reWi ,·o. Se se
14. Ver, por exemplo, Max Beloff, The Age of Absolu1ism, 1660-1815 (Nova Iorque· Harper 1962) pensa nos rempos actuais e na massa enonne de funcionários ci\•is que trabalham p;l13 o Estado. o númc:ro de
ttórico ~~~~ i~~~ que rcs::,d.i~ enlào pela diferença cmrc um absolurfamo real no século X.VI e um ~bsolu;ismo "funcionários" no século XVI é ridiculamen1e pequeno• . Braudel, La Midiu"anü.11. P· 37.
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:~: ~~~;·o"~~~"ricnniciu aos reis de Espanha trazer as municipalid3dcs par>• SUJ pro<ecçio.~que: deu cm
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o que chamamos hoje ··i~~i~~ ~~! i~=~~ores publicas'. os ."funcionário~" do ~i- (ou do prindpe) _ Cone e sobre as companhias. (... ) Foi só após a Guerra da Sucessão da Austria (1 7481 que• venalid>de(-l sc tomoo
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pp. 63-64. · retu 0 quanto a ..assuntos" externos -.. Chabod, Acte.r du C.olloque, 19. K, W. Swan, Sale ofOffices in the Se.-tntunth Cen1urJ <.Haia: Nijhoff. l9-l:~·i~~ia dos fun-
Edouard Perroy defende que este processo com F . 20. «A medida que cresce a regra da fiscahdade na monarqul3. também ª~ . fi .
1
ridade privada do rei em França lanio se h ·ai eçou em rança Já no século XIII: • Ü progresso da auro- cionários financeiros no Esiado, À medida q.ue a vcnalidade se descm:olve. ?" ~""'=u~i::,;,u.::;
fccnlr.llJ. (...) • n on como feudal, levou ao desenvolvimento dos órgãos de podei-
P!1cam-sc, organizam-se, 1untam -se cm associações que levam à cx_1en530. doam. Ho«s instirutiorll administrati-
(No) úhimo quanel do siculo XIU, o poder real sem . . . vista assegurarem mais lucros para si mesmos•. G. Pag~s. «Essa1 sur 1 évolu°'.°'1 . modr n.s n • 1 Jan.-
transfo~·sc na sua narurcza. sob a influência de dois facto deu:ar de. se _10'!1ar cada vez. mais forte, começou a vcs en France du commencemenr du XVI' siecle à la fin du XVII'•. Rr>·ue JhWOIFt '"" ·• · •
J~~1aJ. ( ...) O ourro. igualmente importa111e, foi a ressã~sd Um fo1 ~ideia de absoJuusmo, de poder pú~lico ·Fev. 1932, 26. . nec<SS4riopelascondiçõcsquc:vimos.
munus1mo com a co~p!exidade cresceme da adminislra~o ~o usoos próprios h_omens d~ rei, cujo número crescia 21. •Um endividamenro excessivo por parte dos principes tra lornodo nJwnenio de ramos indi-
;!asse começav~ a ex1s11r, a dos agentes do pOOer, dos homens da le~~da vez mais genera11zado da escri1a: uma nova E.le não podia ser suportado sem o sistema de arrcnuamen10 Jlos imposl,':::; .~:.,;:.~iro. que era incvi!Jvet
rpos de ~ssoa~ govcmamenta.J, os depositários colcctivos dum ~a pena. (... ) Nesse momento, com efeito, os v1duais de rcndimenro. lsro conduzia a uma degenerescência assus~c dos débilos•. Richard Ehrcnberg, Capital
seus própnos mcms, começavam a eclipsar o persona 1 a aurondade que era agora capaz de se mover pelos enquanto durassem as circunstâncias que levavam ao amontoar constan
gem rea •. ú Moyen Age, pp. 372-373. and Financt in the Age ofrht Renaissanct (Nova Iorque: Harrourt. 1928 >· 39·
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mar 0 círculo numa espiral ascendente e m que a burocracia era suficiente mente eficiente
quando comp~rado com esta.d os posterioresC2•' . Mesmo assim , a fraq ueza do Estado"
parn espremer da população um excedente superior aos cu~to_s d~ m:mu_te nção do aparelho.
enquanto manipulador financeiro não contraria 0 facto de a~ div ida.~ nacionais reflcctirem
Ah: uns estados conseguiram-no. Outros não. O fac tor de d1stmçao crucial sena o seu papel
os interesses. autó nomos cresce~tes dos estados enquanto actorcs eronómicos, actores que
na-economia-mundo. no e_n tanto tinham uma capacidade especial para pros~guirem os seus objecti vo.s eco-
: A espiral ascendente funcion ava mais ou menos assim. As vantage ns momentâneas nó micos.
obtid a~ pelo rei nos fin ais d a Idade Médi a dev ido às dificuldades econó micas da nobreza Talvez que o uso mais impoilantc a que o excedente de dinheiro era afectado, uma-:,,
gcr.iram os fundos que to m aram possíve l o início da «aquisição » de uma burocrac ia. Por seu vez deduzidos os custos da máquina administrativa utilizada na sua colecta. fo~r.e a criação ' --
turno. isto tomo u possível lanto o tributar mais co mo o contrair mais e mpréstimos. Naquelas de'exé rcitos permanentes. Uma vez mais, a fonna como os estados obtinham inici almente o '
:ireas da economia-mundo cm que a tra nsfom1ação económica se processava de forma a garantir seu pessoal era a compra. A contrapartida dos burocratas «venais• e ram os w ldados «mer-
uma paile desproporcionada do excedente mundial, o s estados viram facilit ados a tributação cená rios». ..J
e o em préstimo. um mero rellexo da confiança que de positavam no futuro os eleme ntos que Que m, no entanto, estava disponível para ser comprndo? Não era bem qualq uer um.
pos,uíam moeda . O s estados usa vam estes rendime ntos acrescidos para aumentarem o seu uma vez que ser-se mercenário era uma ocupação perigo. a. embora ocasionalmente compen-
poder coerciti vo que. por sua vez, aumenta va o que se poderia designar por «confiança no sadora . Não era, em termos gerais. uma ocupação de eleição. Aqueles que podiam sair-se
potencial coe rcitivo» do Estado. melhor, faziam-no gostosamente. Era por isso uma ocupação cujo recrut.amemo era geográfica 1
Isto tom ou possível o a parec imento de dívidas nacionais, ou seja, orçamentos e statais e socialmente distorcido, parte e parcela da nova divisão do trabalho e urope ia ,
defi c i tário~. A d ív ida nac ional era desconhecida no mundo anti go e impensáve l na Idade Média, O crescimento populacional na Europa Ocidental conduziu. como ti vemos ocasião de '
1
i dada a fraqueza dos gove rnos centrais e a incerteza na sucessão. Somente co m o regime de mencionar, ao fenómeno da «vagabundagem». Crescia por todo o lado um ~ lumpen- prole ­
Francisco 1 e m França. no século XVI. é que encontramos. pela primeira ve z, este fenómeno ta riado». Ele era uma ameaça à ordem ainda não muito bem estabelecida dos novos estados.
i económico°"'. Isto porq ue as dív idas nacionais só podem ex istir quando o Estado pode forçar Incorporar alguns nos ex ércitos acarretava múltiplas vantagens. Fornecia emprego a alguns e
as pessoas a aceita rem atrasos no seu pagame nto o u e m momentos opoilunos recusa r-se a pagá- utilizava esse grupo para suprimir os outros' 21 '. Dava aos reis novas armas para controlarem

t
-las .forçando-as ~ imulta n eam ent e a fin a nciar cm espéc ie e por intermédio de outras operações os senhores mas também para os sustentar. V. G. Kieman indicou quantos destes mercenários_,
de títulos o défi ce corrc nlc. Faz paile do jo go assegurar rendime ntos crescentes pa ra a Coroa. provieram de cantos «menos desenvolvidos• da Europa Ocidental: da Gasconha. da Picllrdia.
Esta necessitava de dinheiro pa ra edificar o seu apare lho de Estado e tinha apare lho de Estado da Bretanha, de Gales, da Córsega, da Sardenha, da Dalmácia. «No conjunto, um número
suficiente para obte r o d inheiro . O sistema utili zado não e ra ainda tanto o mercantili smo, uma espantoso destas zonas de recrutamento situava-se nas regiões montanhosas limítrofes da
política apostada cm fo rtalecer a lo ngo prazo a base fisc al do Estado, co mo o « fi s~ali smo ~ . Europa, habitadas por povos estrdnhos como os celtas ou os bascosH '"''· E. segundo parece ,
na expressão de Martin Wolf "''. uma política apostada e m a um enta r o rendimento i!ftediato acima de tudo, da Suíça 127' .
do Estado.
Nesta altura. apesar disso , a falta de um a pa relho financei ro estatal digno desse nome 24. «Os vastos c:stados não estão ainda cm contacto lotal com a mas.s.a dos contribuirno e pcnu:ato C3JliilUS
era ai nda gritante, «um o ut ro sinal de fraqueza», como di z Braudel, do Estado do século XVI, de ex plorá-las à vontade: daqui a sua peculiar fraqueza fiscal e, consequentemente. fi nancein.. faccptuando luru
poucos de lugares cm! l!ália, na ponia final do súulo XVI. os estados não tinham ainda Tcsour:irias ou B:inros de
Es1ado•. Braudel. lo Miditerranét.11 . p. 39.
22. Ver Earl J. l-l am ilton .... Qrigi n and Grow1 h of the Na1iona l Debt in We!tlc:m E urope•, American Economic 25. Fritz Rcdlich indica que havia duas espécies de merce~ - Havi a certamente individum: de~r&i1~
R~ \Ü"K . XXXVJI . 2. ~1aio 1947. 11 8- 130 . Esta afi rmação é verdadeira se fa lamos de e stados presentemente cx is- - na linguagem da ~poca/ahrendes Vo lk . \'agabundos. Havia também na Suiça e na A le~ uma v1nedadc _rnJ.~5
~ntC'\ . Realmemc. 1al como com mu ito' íc nóme: nos mode rno~. o q ue havia na ç c idade!'I ita li a na~ do Renasc imento • sedentária • que «permanecia enrai zada na.~ suas comunidades locais•. Es1es cn m ~tc•dos. com um.a mt~l8
era um .._ prt -Enado .. . Marvin B: Bcckc r ~cg ue o c r~ime n lo duma dívida pública c: m Florenç a a pan ir d uma ..-soma con vocada cm emergênci as . ..Thc Gcnnan Mil itary Entrcpriscr and lfü Work Forcc- . 1. Vu rrrl1a'1rschr 1ftfor So=ial#
inJ1igmficantc .. em 13íJ3 para um a , uma aproà 1mada mcn1 e igual em 1427 à riquc7..a tolal da po pulaç ão ílorcnl ina. •md Wimcl1af1.rRest·hichte. Sup. n.• 47, 1964. 115· 117.
Ver • E.conomM: Changc .ilnd 1hc Eme rging Florentinc Territorb l Sta1c ... Studie.f in rhe Rt nai.u anct. XIII . 1966. 7-9. 26. V. G. Kieman , 61foreign Mercenaries and Absolutc Monarchy• . Pa.st & PrrJt"t. n! 11. Abci l
23. ~1 amn W1,lfc. · Fl ~a l and fa:onornic Polic y m R t:na i .,~nce France .... Third lnternatitmul Conferenct of 1957, 70. . .
Ervri.omii ll1w10. \ 1uniqu.e . 1%5 <Pari (ó: Moutr>n, 1968J. 61<7-689. Ver Fcmand Braude l: .. c omeçando no ~c ul o 27. • Em frança. cujo exemplo foi decisivo~ a Europ~. Luís XI inaug~rou um S15ttml des una.do a
XV I e L-om m_<::1\ e ~pkndo_r t'le\tc !.éculo d.e renovação. o\ e\tado\ - pelo menos aqueles que: hav i;!m de \•iver. pros- sobreviver ai~ à Revolução quando. cm 147~. aJistou auxiliares suíços por acordo feno ~om ~ Cantl>cs. ~então
perar.e ~'pec1al~nte re,.1, 111 à"I exau ~t i ... a\ âe"lpt:\a... d.il guerra terre~tre e mari1ima - domi nam, dcfonnam a vida cm diante a Suíça, convenientemente pró:..ima, foi para os re is francc~ o que Ga.lcs unha 11do panos ingk~
econi:..muca. '-!J)C tt.a':11-r.a a urna lt1.a de con!.trang1mcntrr;:: ele\ cêi pl uram -na com a ~ ua rede. É gra nde a tentação de llhid .. p. 721 • . . . V 1f
Ouon La.skowski atribui a popularidade dos ~~cnários suíços à su3 c. o mpc~!ncia malnar. er • n antry
u ph.ca11~ atrav~ ~ de~J<" e da<1 fraque1_a, do \ C\t.J dn~ . do' .-.C U\ jogO\ i mtáve i~. Ma'i. a hi\ tória n ão tem nunca
um 1~ '° P<..de corilll.do ckferxkr-\C com '6l1 ck_r.. a.rgumento\ a pro~ i ção ~ gundo a qua l a parte da vi da económica
Tactics and Firing Powcr in lhe XVllh Ccn1u1p. Ttb Huroryr:n<, IV, 1950. 106- 1L . . .
EJcs eram tanto mais nccess:1rio!"t à Franç.a quanto ncs.s.a alNni a mfantana frances.J_era nolOl'l3mt.nte 1nfc·
Cf'X ni:'iu _altu;a c:ra ma ~ \ mcxlema. aquela que prom<:.me nte de..,ig.nariarn l)(i como ope rando por dentro da urd idura
do capn.a!,,rrt0 mcrcanu} de gr~nd.c C\Cala. C\ tavrs ligada a e\le\ ah<K e bai x~ fi n:Jnceiros do Estado; esti mulada e rior. A explicação . segundo Sir Charles Oman. era _que ctiranOO ~ n:~i_men:"'s:í\~~~~~r~7r:.~:Cef
~!.1ad:l pelo E\tado. é progrcs.w.iameme para l i ~'2da pela gul a dc\le Uh1 mo e pela e~ l e ri lídade inevi tável de despesas 1uamentc a ser recrutada.e; à pressa. e eram despt:'.d 1 ~ q~ uma cn.s:.a ~ ~ num r.u.o m:ii' d.pido do que
publica..' dema.uado pesada\. fata gula e e."3 inc fM:ác1a - grandes forçac; da hi i;;t6ria - dese mpenharam um papel War, p. 45. Isto leva-nos a pcrgunlar porque é que a mfanlana francesa :ta
pt'df t
cm qualquer outro lado. A rc5 ~ta não ~ clara. nem o facto ~ certo. · s. se O or ·
mJ,
um• cndic~ da t.uta
no que ~na~ ~ft~xo 1rephl ~ ~culo X~' f .... • Le p3Cte de ricor.!ta au K rvi ct du roi d ' Espagnc ct de ses pré1curs à
la fm du XVI .,,,_ .,._ m .Sri"11 1n º"'"' d z Armando Sapqri IMil:W: lsti1u10 Edil. Cisalpino, 1957). li . l 115. acfrrima da monarqu ia francesa para criar um Estado forte.

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mar 0 círculo numa espiral ascendente e m que a burocracia era suficiente mente eficiente
quando comp~rado com esta.d os posterioresC2•' . Mesmo assim , a fraq ueza do Estado"
parn espremer da população um excedente superior aos cu~to_s d~ m:mu_te nção do aparelho.
enquanto manipulador financeiro não contraria 0 facto de a~ div ida.~ nacionais reflcctirem
Ah: uns estados conseguiram-no. Outros não. O fac tor de d1stmçao crucial sena o seu papel
os interesses. autó nomos cresce~tes dos estados enquanto actorcs eronómicos, actores que
na-economia-mundo. no e_n tanto tinham uma capacidade especial para pros~guirem os seus objecti vo.s eco-
: A espiral ascendente funcion ava mais ou menos assim. As vantage ns momentâneas nó micos.
obtid a~ pelo rei nos fin ais d a Idade Médi a dev ido às dificuldades econó micas da nobreza Talvez que o uso mais impoilantc a que o excedente de dinheiro era afectado, uma-:,,
gcr.iram os fundos que to m aram possíve l o início da «aquisição » de uma burocrac ia. Por seu vez deduzidos os custos da máquina administrativa utilizada na sua colecta. fo~r.e a criação ' --
turno. isto tomo u possível lanto o tributar mais co mo o contrair mais e mpréstimos. Naquelas de'exé rcitos permanentes. Uma vez mais, a fonna como os estados obtinham inici almente o '
:ireas da economia-mundo cm que a tra nsfom1ação económica se processava de forma a garantir seu pessoal era a compra. A contrapartida dos burocratas «venais• e ram os w ldados «mer-
uma paile desproporcionada do excedente mundial, o s estados viram facilit ados a tributação cená rios». ..J
e o em préstimo. um mero rellexo da confiança que de positavam no futuro os eleme ntos que Que m, no entanto, estava disponível para ser comprndo? Não era bem qualq uer um.
pos,uíam moeda . O s estados usa vam estes rendime ntos acrescidos para aumentarem o seu uma vez que ser-se mercenário era uma ocupação perigo. a. embora ocasionalmente compen-
poder coerciti vo que. por sua vez, aumenta va o que se poderia designar por «confiança no sadora . Não era, em termos gerais. uma ocupação de eleição. Aqueles que podiam sair-se
potencial coe rcitivo» do Estado. melhor, faziam-no gostosamente. Era por isso uma ocupação cujo recrut.amemo era geográfica 1
Isto tom ou possível o a parec imento de dívidas nacionais, ou seja, orçamentos e statais e socialmente distorcido, parte e parcela da nova divisão do trabalho e urope ia ,
defi c i tário~. A d ív ida nac ional era desconhecida no mundo anti go e impensáve l na Idade Média, O crescimento populacional na Europa Ocidental conduziu. como ti vemos ocasião de '
1
i dada a fraqueza dos gove rnos centrais e a incerteza na sucessão. Somente co m o regime de mencionar, ao fenómeno da «vagabundagem». Crescia por todo o lado um ~ lumpen- prole ­
Francisco 1 e m França. no século XVI. é que encontramos. pela primeira ve z, este fenómeno ta riado». Ele era uma ameaça à ordem ainda não muito bem estabelecida dos novos estados.
i económico°"'. Isto porq ue as dív idas nacionais só podem ex istir quando o Estado pode forçar Incorporar alguns nos ex ércitos acarretava múltiplas vantagens. Fornecia emprego a alguns e
as pessoas a aceita rem atrasos no seu pagame nto o u e m momentos opoilunos recusa r-se a pagá- utilizava esse grupo para suprimir os outros' 21 '. Dava aos reis novas armas para controlarem

t
-las .forçando-as ~ imulta n eam ent e a fin a nciar cm espéc ie e por intermédio de outras operações os senhores mas também para os sustentar. V. G. Kieman indicou quantos destes mercenários_,
de títulos o défi ce corrc nlc. Faz paile do jo go assegurar rendime ntos crescentes pa ra a Coroa. provieram de cantos «menos desenvolvidos• da Europa Ocidental: da Gasconha. da Picllrdia.
Esta necessitava de dinheiro pa ra edificar o seu apare lho de Estado e tinha apare lho de Estado da Bretanha, de Gales, da Córsega, da Sardenha, da Dalmácia. «No conjunto, um número
suficiente para obte r o d inheiro . O sistema utili zado não e ra ainda tanto o mercantili smo, uma espantoso destas zonas de recrutamento situava-se nas regiões montanhosas limítrofes da
política apostada cm fo rtalecer a lo ngo prazo a base fisc al do Estado, co mo o « fi s~ali smo ~ . Europa, habitadas por povos estrdnhos como os celtas ou os bascosH '"''· E. segundo parece ,
na expressão de Martin Wolf "''. uma política apostada e m a um enta r o rendimento i!ftediato acima de tudo, da Suíça 127' .
do Estado.
Nesta altura. apesar disso , a falta de um a pa relho financei ro estatal digno desse nome 24. «Os vastos c:stados não estão ainda cm contacto lotal com a mas.s.a dos contribuirno e pcnu:ato C3JliilUS
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22. Ver Earl J. l-l am ilton .... Qrigi n and Grow1 h of the Na1iona l Debt in We!tlc:m E urope•, American Economic 25. Fritz Rcdlich indica que havia duas espécies de merce~ - Havi a certamente individum: de~r&i1~
R~ \Ü"K . XXXVJI . 2. ~1aio 1947. 11 8- 130 . Esta afi rmação é verdadeira se fa lamos de e stados presentemente cx is- - na linguagem da ~poca/ahrendes Vo lk . \'agabundos. Havia também na Suiça e na A le~ uma v1nedadc _rnJ.~5
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Ver • E.conomM: Changc .ilnd 1hc Eme rging Florentinc Territorb l Sta1c ... Studie.f in rhe Rt nai.u anct. XIII . 1966. 7-9. 26. V. G. Kieman , 61foreign Mercenaries and Absolutc Monarchy• . Pa.st & PrrJt"t. n! 11. Abci l
23. ~1 amn W1,lfc. · Fl ~a l and fa:onornic Polic y m R t:na i .,~nce France .... Third lnternatitmul Conferenct of 1957, 70. . .
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XV I e L-om m_<::1\ e ~pkndo_r t'le\tc !.éculo d.e renovação. o\ e\tado\ - pelo menos aqueles que: hav i;!m de \•iver. pros- sobreviver ai~ à Revolução quando. cm 147~. aJistou auxiliares suíços por acordo feno ~om ~ Cantl>cs. ~então
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um 1~ '° P<..de corilll.do ckferxkr-\C com '6l1 ck_r.. a.rgumento\ a pro~ i ção ~ gundo a qua l a parte da vi da económica
Tactics and Firing Powcr in lhe XVllh Ccn1u1p. Ttb Huroryr:n<, IV, 1950. 106- 1L . . .
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Cf'X ni:'iu _altu;a c:ra ma ~ \ mcxlema. aquela que prom<:.me nte de..,ig.nariarn l)(i como ope rando por dentro da urd idura
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publica..' dema.uado pesada\. fata gula e e."3 inc fM:ác1a - grandes forçac; da hi i;;t6ria - dese mpenharam um papel War, p. 45. Isto leva-nos a pcrgunlar porque é que a mfanlana francesa :ta
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cm qualquer outro lado. A rc5 ~ta não ~ clara. nem o facto ~ certo. · s. se O or ·
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la fm du XVI .,,,_ .,._ m .Sri"11 1n º"'"' d z Armando Sapqri IMil:W: lsti1u10 Edil. Cisalpino, 1957). li . l 115. acfrrima da monarqu ia francesa para criar um Estado forte.

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Kicman argumenta que c:sre padrão de r~crutamenro n:lo foi apena ~ dircclamcntc
Pan além di \so, não hoe trata va apenai de °' c:úrtit.o; rr.c:r~ uf cr crem 1
re l"'flÚ'·cl r<lo conrrolo d• explosão social do século XVI '"'; 1c ve lamb<!m um segundo crnprcgo aos pobres e ''P"'r1unidadc-" t rnpreuriaí \. f.h u b dtf)! lltih:un óe w:f 4t! ar~.
im px10 mah subril. embora iguaJmeorc import:mte. se nos lcmhrannos que, na.-. nossas
Tipícame~tc, º' rncrctstfore1 de vf vc.rcs acompan1iavam °' n.i rcur1t no n.nipo de opc::r~.µ , ,
pal.l\'f3S. cc;C..uno s a lidar com uma economia-mundo: liervindo 1g u.alrnc nle de 1n1c nncd1 ~110~ pata o lalfúe m .. Al:im J: cn tt 'ifr t urnr:rtU ({IK 0 ~
eh rnc,....•.. tóm>' de rrcrut..a.mcnro de mcrc:cn.irim m<tnliver.t m--.c politic3mcn1c C\ lagnados qu;.in1o ICC" ÍmtnlO afuncnlaJ do C~~~C Jtl) f ~I um t.!tfrnulo fuOO..meriU I íJ<IU a pr'.A: l;,Ji í"....,,~~ L~H:alifcta
comparltd<,.. com 01-.cu \'i1i nho:s, de certa fonn;1 como aconrcc:cu c.:om o Nepal e o Punjab, duati: regional na lngl atc~a d11s 1udor 4 '.e que atie\timuloo oCQfllifrc. ~iupr~x -1~ h.w~ W40
g~ndc\ ~ f't .l\ de r<X' rulam cn1n para o C'.1.bcil<J hri1ânico. No 4uc fC\ J>Ci la à Suí~· a , º' três ~fr ulo"i maí c; plau1fvcl hC 11 vcnr11"' crr.1 tonla 4uc ''"'e.si.oda\ umJ..t.rn \.C'f (lir411l .r. r n>'~·).ilbtJ~ de:
de: ~1mb10\C c om tt Franç a t lc:\ p(Hlc.<1 ll'" c rarn c1 m~~u é 11c i;1"' m;1ligna"i . A polí1ic: a canromd foi garanl ir que u,1i ~uas burcx.rnc1a1 crc\Ct:ntc\ l.IVC\ "'Cm 1g ua.Jmc-mc corm.dai... A C ). ~)~ do
corromp1d:1 pt" l.1\ t;n a\ rt·<C"bi1Ja \ pc !n li c:r-nc1amen ro da cA:p<Jr1 ;u,:fío de v1ldad11\, e drltllrl'I de c;ipi1afümo veio a ~ ~ im M:rvir a.\ ncct ,.,\id.adc:1 de curtn pra:r.11 do b .i....drJ.
parric iO'I :wmt" nf4tram íl '<: U pocter à c:u, ra Jo flO\'o ( ... ). Corno Alfieri vi ria a notar ;unargame mc, Aqui, como c:om a hurc.x:rada civil, o m<1rusru enfrcntav;, um dak:tru O cmpsNJ't0
ci lc'\ horncm li vre\ da\ mnn1anha\ 1om3r:un -i.c no' principai\ cãc•H lc· fila c.fa lirania. A hi.!i lória milirar era um adjunro nccc~~ário à procura de poder ptl11 mon..u ca.. Mu [;,:mt*rn dr-:nn a &.:J1i3
curop:ia. podc rrn le r 1omadn urn .\C ntido difercnle se os i. uíçu ~ M: 1i vcsscrn rna111ido uma força hoa pane drnt cxccdcnl.ci. Sem dúvida tjllC o cmpre11an o rn iliw en um as;cmc do prf!JC.' tpc"
tlo rcvnluc.1onária cm 152-1. qu:.indu i.<: rravou a Guerra <.lf•, ümpU11C\CS, (;IJ1l10 oero1m cinquenta
rnai ~ digno de coutiança do que um Va\\alo nobre, ma~ cm Glumo. ;.n.il1v. umbém c..k prl.X:-.c,.
:.Lnos ante\ il'' 1•
g uia prioritariamcult º'
J.Cw1 próprio.;; intc:tt•SC:'\. Pohrc: do prfnc1 p:: t t1;.11 hqu1&l filha~ · ,~~
Ô \ rnc rccná rin~ nem ~c4ucr eram recrutados c.Jircctamcntc pe lo E~tado, na maior parte Cont udo, a prohahilidadc de i"oacr>ntccer era uma vez ma" lunçkl din:cto do p;.pr:I do (:u..do
d~ ca.\Os. O aparelho cxi\tcnle não o permitia. Pelo con1r:írio, o E\tado fazia c.:on 1ra1os com na cconomia-mundn.
•empre c;;ário~ mili~irc: .. ... que v í ~ avam a nhlcnção de lucros. Rcdlich duvida 4uc cMe fos~c um Alé um ccno porllo, cm qual4ucr c..-:a~o.t.J!l cxtrciuJS p;tgli"·am ·sc J •i prflpOCI'\-. h io porq~ ·
{
meio óptimo de Jcumul:tç:lo de c;1pi1al. uma vez que o ~u rcndirncnw era ••cx1r.:.ior<linariarncn1c tomavam pos~ fvci s mai11 irnpn~IOs. Uma vez que *'º pc.10 !deites 1mpc~tn\ J recaia cp.ai.e:
inteiramente ,.;ohrc o povo - cspccialrrK?ntc M'"...flrc os: c1ue vi\-iarn no e:ampr·t· ')t·, o povo 1
11 1
alio( ... ) fma .. f .:L\ ~ ºª' dc\pc..,;1\ tipicamente 1rcmcnda.~,." • Mao; C1'- la é uma prova adicional l
da fonna como a crmi.tnH,·;10 do Estado aíccrou a cmcrgCnc.:ia do capito:1 li .~ mo . J\ curlo pra1.o. cntrnv;1 cm ebu li ~·ão e. quando podia, revolta va ~~ ' lll'. (h u.ércllO'\ cnc.on:1.r:1u nH•e. c:ntJtJ
pelo meno'\. unuma ~oc: i e<fadc em que cxi~tia um sutx:mprcgo c.: r6nico dos rccur~ os, as des-
pesa..~ mil irares crc!ooCcnlc!> c ~t ímulavam frcqucn1cmcn1c mais pro<lu~·iio de ou1ros ripo~ . de fonna
pron10.11 a suprimir essa" rchcliõc.:11. tanto quanto podi um. A runrm m.ai" 'unplc.." <k rn ólta,,
por ser a mai' difícil de combater por pane do Estado, era o band tti\Cno. que= obvl)JT~• l
que o montante de cxccdcnle c: rc~c ia cm rcmpm t.Jc gucrra .. 1•11. Ma~ m1 empresa milit;1rcsrava ranto mai.• fácil 4uanto mais montanhosa fosse a rc gião 1tr11• A polkía do ~taôo c:ni C'l'\00 . 1
implicado muito mai ~ tio que comércio e prnduçfü1. O ~isl cma cm gernúor de c.:rédito, pois
1
não eram ~6os príncipc1t a pedir ernprc~1ado art~ banqucin1s: lamhém o fazi \1111 os cmprc!-lários )J, Ver J.tctllu.:h. Vm1rlj11hr.u-hr l/ t / úr .'ifJ.~ 1ul untl W11 tt• Nlf11 t r1• Ji ~ hl r . Su~ " ' ) 1( pi) , r;.!I()
milit:Hcs c ujo capi ral cm fornecido pelos grandes mcrcadorcs-hanquciros. como os ruggcr. E
isto manlcr·sc· ia verdadeiro aré à própria Guerra <lo"i Trin1a Anos <ll•.
.14. Ver Al:IFI E't'crill , .. Thc r•.-br'kt"llnJ of Agrw:uhura.l l'ru.:l1Xc ... .,, Htr Apar14" Il i~"( f.A.Kt..-1 o"'1
IVulr.t. IV: Jo1111 Th i111k , cd .• / jf>{). lf;..I(} fl.; M1clrc' e Noo lrnque: Camhodzr Uno f "r~ ' · 14', ,)71 ~ !I ~ , "! .? .

nunr•u~
35. 11(h h1vn11lnrr• 1nglr\C• , t1ll<' ('Ili lcmpo de Jt.ICffil aumc-nt11vvn • t.Ua rrod\.M;lf• (IU c·~,.,,.. '"' W.llt
p:llll rc.\pt m1kr fl " l k'.'l:r,~i1Li dc 1 cios ckérL ll ~ du<ri Tuc.1•11 . cncoriu•, • rn M! w1hrcn .rrr adf"·'fUMW.~J 1 J!a1 na
l
1
IC\lll11rudu, cum 11111 ru:cdc11tc tun~ ttk r áY cl Cc1111l(Kb1puthatxltdlllk . 1 <ri u.ti tarr u t 1w; 11i rsn icmpoôe t l.k"f"r" -.ii.-'"f\.t 1
28. .. o~ (COVctnix C'u ropc u ~ apoiavum-M: .1a.1.i m ft1nc111emc ern mC"rccnário• c~ rrnn 1tc iro1'. lJnm tlól!I carcía!I 11c11pedicnte1lc t'kpl11rn rrm mcrcAll!.)'11 curu1)C11 ... c o ~u c11cedcnlc (.fl pu udo do w 1 l~1 mJSi• r-- o ltk'\j,'J fr...:-t.4
pari que C"le' e~rava m p11n1culam1c111c brm prepara1k1" er;i a e lim inaçl1o de súhdilo• n:hc ldc-• . e m1 .~.culo XVI, ena ou ll:1111eng11 l/1111/., p. 2~4 1 ...
fpoca de revolU{:io cndbrncu, c: ram frcqucnlcmc:nlc ch:unndos para e ~~ cfciu, "(.h1dc ~que CMlljl O'i meu~ i.u(ç(.,1", )6. •A Hlll\'l\n de f'C.\!•rnd c)pcd11 1i1.11do cnlle "' r111rreJ.dí-"' !ltJ JOVT""M.' - u1t.ft.1indo> rc.W-.-~
ral cn o i:riio de mui lm monatcB' apuqucnrudns, purn al~m de ( '!áudio. ( ... ) J.tchchrtcs cnc:ihcçrufoiç por hmncns °'
C\ t rci lll!I pc-n111mcnlCl1 - mulllpl k•vlu n Onúmrro tlc boU.\ 6ÍOtnOd.lll Jlúl" que.m e\...•rfnot. l1nh&m tt.~l.
c odmhc 11 ~Jo~ pod rnm oilugar C'X ~ u ' própriO:\ mernnMius. (. .. ) C'onludn, gcrnlmr.nlc, ncMc JOgu mo (o:OVt'm0!1 elude d1rcct11 •. (1mrlc' Tilly, .rund Sup11ly amei Publ k (.)rdcr in Wt\lt'l n Cumpc• (JdK:t ipáado), P· ~. Vrr t.im~m
PQ(.ham pagí111mm qur ,,, rebt:lfk, ... Kirn11111, 1~w1 & Prt'.irnl. n." 11, pp. 74 -7.1. pp. :lti-40.
JU u111 ~p un• k1 ~ 11 11do !>C'g uodo o qual o mo de 111<'rcr nlirim t·nn1111ha a nplosãu 1>oci11 I. Ek Jimi11va H Vr r C. S. 1.. t.>oav ir!I: •PmK.:011 pruhlrma'11fron11rW Jtovrm<tci numa C'til ptt-1ndu\lrU1I \Cl• rn u.> J ir" .t1\ de
dc-Yll\ C-.ôes da guema. Oman md1r a qur m rncrccm1rifl' ~ rcliravam ljU tmdo mlo rr11m pugu1'. lslo linha um imp11clo rcxolvC"r 1.·omn o dn fumct' Ullt'Ulí• dll nlioK' n!O\ !iUÍ1ckn1r~ 1 um e•trt" 1tu rm can1panha •. ~1·roootlf\1 for A.rm~~
d1rccio S<>Ne a rác"rit.a mil1111r. Em"'ª d11 ;nsalro fronr:tl . urn j41jtO de c.. pcrn crn frcqucnlrmcnlc melhor 11it1cccfülo do 150''·.SO: A S1u1ly ln thc Erfrt·hvcnc.' " ofl~rly Tudnr Oovnnnl('tll\ • , frr,,wmil' ll1Jl•? ft Rt 11r i.'. 2 ' wlur . XVlL 2.
que forçar-se uma v:m1agem n111il.1r. o, chck~ milir.:irc•. ;to vrrrm •sin11i~ J c dc'l<'51"''° no camro hostil •, muil RJ 19M. 234.
vc z.es ikiu ..·am 1>implnmcn1e o 1rmpo pa!i~a r. port1uc •umas poucu milill f.C'm:tnas de pr i vaç ~, e banc1:1rroU1 arrul · 37 . .. Rrnlmcnrr: , o pior rHK"O pnra c1 w-nhuf 1hr1 gucrn C'T'I que o <''t'IJ'fC''int>mU1w ,. • jJ •,:~. ~ 1
nariam o opos itor.- . Oman . A ll1Jf111)' o/1hr Art o/ War, p. )H . ío~a de lrnhulho, rc-nllti.!'t"m fit1.CM•C pa,1:11r ll C"U ~la d;_,.. otijt-<·1"·05 fM•I Íll(O' tlo.1 ~u p:il ll'~~ l"t k~ nln J'-1l a1l"Cl"tt0 ~
29. K1rman , PüJf 1~ /'reu ni. n." 11 , p. 76. (leio nrraso 110 p11gamrnio dtP'i ~us d<' tiiur-. (que eram ín-qucnlt\ na imcuu 1v' cmJ'l'ClJma\ nuht.1 1 r n ~u 1'\t.JUf
30. Ncdlkh, VirrfffjoJu .u hrift fiir So:wl· ut1tl Wirw ·ht1/URt .rchir hrr , p. 401. ri!<...:O) o !!CllhOJ dn guctr"'J C"orriu 0 "°"'º di: pr.rckr 1 )!UCffll tn vitlb rm .\tu nnntr por um rmpn-Jno t' l.U1tJ l flf('a de:
31. Fredc ric Lanc atribui eslc ponto de visla a li. John lfabakkuk . Linc acrcscrnta csla reserva: •N~o &t lrabu.lhu n(lo pagos•. kcdlil:h. '' rrrtf'lji1lint'hrift jür So:11.1l· 11.rw:l 't4'i11.11"h4"1/HKtJrl11r ltu . P· ~.
pode:~ dizer que a longo pr:uo, mantC'ndo·.e.C o rcslo 1naltcr11do, uma Mteicd;tdc <1uc 1. c1pn1. de aringir um alio nível
38. Gfokol. Ctm1hrill1fr / 'Â 'onomil' ll11mrv of /i. urrort. l. P· 700. . . ~
de cmprrgo de n:curMls '"6 .,tnvés de grnrMks di s~ n<lios mililluell produz menos cxccdenlcs do que se fosse capai. W Uraudd not·iquc 11 primrim p•H1C(l11i.tculu X\11 ín1par1.culvmrntc 1mnmb. c crocc.lrp;'l'dc tOI W.JlC
ca lmo ele. 1~50 a 1600. Comenta : .(~ pmtnnto Jl'MÍ'o'C'l ( ... ~que• J.OMrt dos t''t*"~ ~., crmf'):. hltpr uplllflX'
de 1ringir o mc!-mo nlvcl de t'mprrgo de rccun.os com mrnorn dcspcus mili1ares?•. Vtnict' & llütwy. p. 422, 11
CMc mutiMnn, csla, diM.·ri\:00 pnpul11r. A poHd11 cm dcm~s1adu d.un,•. Ut A~:7:~~-·c~; :~!1N'o. J1<W ~ b lado 1
n. 1J, Com certc.7.i, muo problrma esrá no·~· fin 11I.
32. Ver fril.7. Redlich, • MiliUtry ErurcJmnC'unihip nnd lhe Crcdi1 Sysic.m in lhe l61h nnd 1he 17th Ccniuric~ • .
40. • A:r\s nn, qmtn<lu o ~culo XVI thcga ao fim, u ~~IÕd monl~ ~.ln. fui.a fuctU J.Jfu~
KyklM. X. 1957. 186· 188. l'Obrcc11mg11da5 de homrru e t·onstran~imrn10~. c1plodir.un para giutnllrcm 1 J.t.ll 11

142 143

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,,
Kicman argumenta que c:sre padrão de r~crutamenro n:lo foi apena ~ dircclamcntc
Pan além di \so, não hoe trata va apenai de °' c:úrtit.o; rr.c:r~ uf cr crem 1
re l"'flÚ'·cl r<lo conrrolo d• explosão social do século XVI '"'; 1c ve lamb<!m um segundo crnprcgo aos pobres e ''P"'r1unidadc-" t rnpreuriaí \. f.h u b dtf)! lltih:un óe w:f 4t! ar~.
im px10 mah subril. embora iguaJmeorc import:mte. se nos lcmhrannos que, na.-. nossas
Tipícame~tc, º' rncrctstfore1 de vf vc.rcs acompan1iavam °' n.i rcur1t no n.nipo de opc::r~.µ , ,
pal.l\'f3S. cc;C..uno s a lidar com uma economia-mundo: liervindo 1g u.alrnc nle de 1n1c nncd1 ~110~ pata o lalfúe m .. Al:im J: cn tt 'ifr t urnr:rtU ({IK 0 ~
eh rnc,....•.. tóm>' de rrcrut..a.mcnro de mcrc:cn.irim m<tnliver.t m--.c politic3mcn1c C\ lagnados qu;.in1o ICC" ÍmtnlO afuncnlaJ do C~~~C Jtl) f ~I um t.!tfrnulo fuOO..meriU I íJ<IU a pr'.A: l;,Ji í"....,,~~ L~H:alifcta
comparltd<,.. com 01-.cu \'i1i nho:s, de certa fonn;1 como aconrcc:cu c.:om o Nepal e o Punjab, duati: regional na lngl atc~a d11s 1udor 4 '.e que atie\timuloo oCQfllifrc. ~iupr~x -1~ h.w~ W40
g~ndc\ ~ f't .l\ de r<X' rulam cn1n para o C'.1.bcil<J hri1ânico. No 4uc fC\ J>Ci la à Suí~· a , º' três ~fr ulo"i maí c; plau1fvcl hC 11 vcnr11"' crr.1 tonla 4uc ''"'e.si.oda\ umJ..t.rn \.C'f (lir411l .r. r n>'~·).ilbtJ~ de:
de: ~1mb10\C c om tt Franç a t lc:\ p(Hlc.<1 ll'" c rarn c1 m~~u é 11c i;1"' m;1ligna"i . A polí1ic: a canromd foi garanl ir que u,1i ~uas burcx.rnc1a1 crc\Ct:ntc\ l.IVC\ "'Cm 1g ua.Jmc-mc corm.dai... A C ). ~)~ do
corromp1d:1 pt" l.1\ t;n a\ rt·<C"bi1Ja \ pc !n li c:r-nc1amen ro da cA:p<Jr1 ;u,:fío de v1ldad11\, e drltllrl'I de c;ipi1afümo veio a ~ ~ im M:rvir a.\ ncct ,.,\id.adc:1 de curtn pra:r.11 do b .i....drJ.
parric iO'I :wmt" nf4tram íl '<: U pocter à c:u, ra Jo flO\'o ( ... ). Corno Alfieri vi ria a notar ;unargame mc, Aqui, como c:om a hurc.x:rada civil, o m<1rusru enfrcntav;, um dak:tru O cmpsNJ't0
ci lc'\ horncm li vre\ da\ mnn1anha\ 1om3r:un -i.c no' principai\ cãc•H lc· fila c.fa lirania. A hi.!i lória milirar era um adjunro nccc~~ário à procura de poder ptl11 mon..u ca.. Mu [;,:mt*rn dr-:nn a &.:J1i3
curop:ia. podc rrn le r 1omadn urn .\C ntido difercnle se os i. uíçu ~ M: 1i vcsscrn rna111ido uma força hoa pane drnt cxccdcnl.ci. Sem dúvida tjllC o cmpre11an o rn iliw en um as;cmc do prf!JC.' tpc"
tlo rcvnluc.1onária cm 152-1. qu:.indu i.<: rravou a Guerra <.lf•, ümpU11C\CS, (;IJ1l10 oero1m cinquenta
rnai ~ digno de coutiança do que um Va\\alo nobre, ma~ cm Glumo. ;.n.il1v. umbém c..k prl.X:-.c,.
:.Lnos ante\ il'' 1•
g uia prioritariamcult º'
J.Cw1 próprio.;; intc:tt•SC:'\. Pohrc: do prfnc1 p:: t t1;.11 hqu1&l filha~ · ,~~
Ô \ rnc rccná rin~ nem ~c4ucr eram recrutados c.Jircctamcntc pe lo E~tado, na maior parte Cont udo, a prohahilidadc de i"oacr>ntccer era uma vez ma" lunçkl din:cto do p;.pr:I do (:u..do
d~ ca.\Os. O aparelho cxi\tcnle não o permitia. Pelo con1r:írio, o E\tado fazia c.:on 1ra1os com na cconomia-mundn.
•empre c;;ário~ mili~irc: .. ... que v í ~ avam a nhlcnção de lucros. Rcdlich duvida 4uc cMe fos~c um Alé um ccno porllo, cm qual4ucr c..-:a~o.t.J!l cxtrciuJS p;tgli"·am ·sc J •i prflpOCI'\-. h io porq~ ·
{
meio óptimo de Jcumul:tç:lo de c;1pi1al. uma vez que o ~u rcndirncnw era ••cx1r.:.ior<linariarncn1c tomavam pos~ fvci s mai11 irnpn~IOs. Uma vez que *'º pc.10 !deites 1mpc~tn\ J recaia cp.ai.e:
inteiramente ,.;ohrc o povo - cspccialrrK?ntc M'"...flrc os: c1ue vi\-iarn no e:ampr·t· ')t·, o povo 1
11 1
alio( ... ) fma .. f .:L\ ~ ºª' dc\pc..,;1\ tipicamente 1rcmcnda.~,." • Mao; C1'- la é uma prova adicional l
da fonna como a crmi.tnH,·;10 do Estado aíccrou a cmcrgCnc.:ia do capito:1 li .~ mo . J\ curlo pra1.o. cntrnv;1 cm ebu li ~·ão e. quando podia, revolta va ~~ ' lll'. (h u.ércllO'\ cnc.on:1.r:1u nH•e. c:ntJtJ
pelo meno'\. unuma ~oc: i e<fadc em que cxi~tia um sutx:mprcgo c.: r6nico dos rccur~ os, as des-
pesa..~ mil irares crc!ooCcnlc!> c ~t ímulavam frcqucn1cmcn1c mais pro<lu~·iio de ou1ros ripo~ . de fonna
pron10.11 a suprimir essa" rchcliõc.:11. tanto quanto podi um. A runrm m.ai" 'unplc.." <k rn ólta,,
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implicado muito mai ~ tio que comércio e prnduçfü1. O ~isl cma cm gernúor de c.:rédito, pois
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não eram ~6os príncipc1t a pedir ernprc~1ado art~ banqucin1s: lamhém o fazi \1111 os cmprc!-lários )J, Ver J.tctllu.:h. Vm1rlj11hr.u-hr l/ t / úr .'ifJ.~ 1ul untl W11 tt• Nlf11 t r1• Ji ~ hl r . Su~ " ' ) 1( pi) , r;.!I()
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c odmhc 11 ~Jo~ pod rnm oilugar C'X ~ u ' própriO:\ mernnMius. (. .. ) C'onludn, gcrnlmr.nlc, ncMc JOgu mo (o:OVt'm0!1 elude d1rcct11 •. (1mrlc' Tilly, .rund Sup11ly amei Publ k (.)rdcr in Wt\lt'l n Cumpc• (JdK:t ipáado), P· ~. Vrr t.im~m
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29. K1rman , PüJf 1~ /'reu ni. n." 11 , p. 76. (leio nrraso 110 p11gamrnio dtP'i ~us d<' tiiur-. (que eram ín-qucnlt\ na imcuu 1v' cmJ'l'ClJma\ nuht.1 1 r n ~u 1'\t.JUf
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pode:~ dizer que a longo pr:uo, mantC'ndo·.e.C o rcslo 1naltcr11do, uma Mteicd;tdc <1uc 1. c1pn1. de aringir um alio nível
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ca lmo ele. 1~50 a 1600. Comenta : .(~ pmtnnto Jl'MÍ'o'C'l ( ... ~que• J.OMrt dos t''t*"~ ~., crmf'):. hltpr uplllflX'
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CMc mutiMnn, csla, diM.·ri\:00 pnpul11r. A poHd11 cm dcm~s1adu d.un,•. Ut A~:7:~~-·c~; :~!1N'o. J1<W ~ b lado 1
n. 1J, Com certc.7.i, muo problrma esrá no·~· fin 11I.
32. Ver fril.7. Redlich, • MiliUtry ErurcJmnC'unihip nnd lhe Crcdi1 Sysic.m in lhe l61h nnd 1he 17th Ccniuric~ • .
40. • A:r\s nn, qmtn<lu o ~culo XVI thcga ao fim, u ~~IÕd monl~ ~.ln. fui.a fuctU J.Jfu~
KyklM. X. 1957. 186· 188. l'Obrcc11mg11da5 de homrru e t·onstran~imrn10~. c1plodir.un para giutnllrcm 1 J.t.ll 11

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excessivamente fraca para fazer a lguma coisa a esse propósito, exce pto nas zonas centrais, e de emprego para a pequena nobreza '"''. É claro que exi stia uma alternati va para ca valeiros
este bandi tismo encontrou frequentemente uma caixa de ressonânc ia na oposição que a lguns empobrecidos em mui tas áreas. Podiam entrar no serviço do rei. Para além d isso, onde o re i
dos senhores trad ic ionais moviam aos novos estados'"'· era ma is fone, o banditismo e ra mais difíc il. Mas em área.• onde 0 príncipe era fraco. a sua
Sem dúvida. como diz De lumcau. « O banditismo foi muitas vezes a insurreição do t
fraqueza tomava o banditi smo mais lucrativo e o serviço a lternati vo mcnm dispon ível. neste '
campo contra a cidade ~ '" '· Mas quem no campo. e ma is imponante a inda, quando? É claro sentido que o banditismo era impl icitamente uma exigência de um fatado m ai~ fone mais do
que o envol vimento dos campo neses no banditismo parece estar sig nificati vamente correla- que um desvio para uma resistênc ia «tradicionalh. Era uma forrna de oposição. em alguns casai ·
1 cionado com épocas de escassez de ce reais '" '· É cl aro que quando se verificava um motim "ª maior forrn a de oposição ex istente dentro do reino~ '"'· mas uma oposição deniro do
alimentar. os muito pobres estavam envolvidos. mas no banditi smo enquanto movimento enquadramento do Estado moderno. .
espec ialmente na zona med iterrânica. não eram os ve rdadeiros pobres que constituíam ~ Se ria assim um e rro grave ver o banditismo como uma forrna de oposição feudal tradi:;
coração do movimento. Eram mais claramente os ycomen nascentes que, nos fi nais do século cional à autoridade estatal'"'· Ele foi a consequência do crescimento inadequado da autori - .,
XVI. encontraram no bandi ti smo a s ua fo rrna de protesto contra a «re feud ali zação» que da de estatal, da incapacidade do Estado para compensar ª' penurbaçõcs provocadas pela ··
estava em c urso. contra a semiperiferização das suas zonas '"" '. Em ta is zonas, foram par- turbulência económica e social. da falta de vontade do Estado para garantir uma maior igual- "
ticularmente os peq uenos empresários, como os massari da Itáli a meridional. que, tendo dade de di stribuição em tempos de inflação, crescimento populaci onal e esca~sez de alimen -'
menos me ios de resistência aos anos de piores colhei tas do que os grandes proprietários, tos. O banditismo foi , neste sentido, criado pelo próprio Estado, tanto por pri var alguns nobres
temeram uma queda intempestiva nas fil eiras dos pobres ru rais e por isso utilizaram o ban- de direitos tradiciona is (e ponanto de fontes de riqueza) e alguns camponeses do seu produ to ~·.
di tismo contra estes grandes proprietários. por e les vistos como os inimigos imedi atos"». para alimentar as novas burocracias como por criar no próprio Estado uma maior concentração ,._
O outro elemen to imp licado no bandi ti smo era uma pane da nobreza. mas. uma vez de riqueza, a ponto de se tomar mais tentador procurar sacar uma pane dela. O bandi tis mo fo i ''
mais. qual'' P:uece ter sido aque la que foi espremida pe lo ressurgimen to económico . Na nossa um sintoma das perturbações causadas pelas tremendas reafectações económicas resultantes
discuss:io sobre os mercenários. apontamos que o crescimento da população. conjuntamente da criação da economia-mundo europeia. --"
com os viri os impul:<os em di recção às enc/osures. criaram o problema da vagabundagem, e O s organismos políticos são sempre mais estáveis na medida em que alcançam uma ·
que a ascens:io dos exércitos mercenários servi u. entre outros fins. para e mpregar alguns destes legitimidade, a inda que parcial . Existe muita mistificação nas análises do processo de legiti-
• \' a ga b undos ~ na contenção dos outros. Os exérc itos merce nários fonaleceram os príncipes. mação, devido a uma atenção quase exclusiva dada à relação entre os governos e a massa da
Da mesma cajadada enfraq ueceram a nobreza tradic ional . não só por estabelecerem forças população. É duvidoso que na história da humanidade tenha havido muitos governos conside-
ufi ientemente poderosas para apoiarem a vontade real . m as tam bém por criarem um vácuo rados «legítimos» pela maioria dos explorados, oprimidos e ma ltratados por eles. As massas
podem estar resignadas ao seu destino, estar surdamente impacientes, deslumbradas pela sua-
con~""ldt-- ~ 3 ~sos olhos com essa outrJ forma di sfarçada e in1ermin:i \·el de fazrr a guerra social a que chamamos
boa sone temporária ou activamente insubordinadas. Mas os governos tendem a ser s uporta-
ron.:tJ.smo.. unu pab.\•r.t \ 3ga. ~ aJ ~urru ~xiste . Nos Alpes e nos Piri.nt:u.s. nos A~ninos ou nas outras cordi lheiras. dos e não apreciados ou admirados ou amados ou mesmo apoiados. E assim era de certeza na
Cfl'W ou m~ulnun.as. um dc:-s tin<' ,;:-omwn pude ser c-sboçado ao longo dcs1cs enonnes círculos monlanhosos. no Europa do século XVI. ~
IDC'-10 d.."'S q:.:.m ~pl!3. i.l mar (Br.tudd. 1t>id.. p. 93 )• .
-' 1. ·P.-vr lk·tru d...l:\ rLrJ.f.3." mamimos [lacowJr maririm~ J e..sta\'am as c idades. as cid:Jdes-cst3dos. Por detrás
A legitimação não diz respeito às massas. mas aos quadros. A questão da esubilidadc . _ , .,
J.c s.t!t.:~ ~ t.strad..t [!..; n•wu1a• ~sur ).C"Sl:1 ,·aoCOC'lStante:suxílio dos ~nhorc:squeapoiavamosavenrurciros. política gira em tomo da medida em que o pequeno grupo de dirigentes do aparelho de Estado-, . _ •1
Ch s.!lr-..-ll.i:IC'::S lln.h.J.m freq u~ntt> m;:ntc à su:s frenrC' l.-'U atrás ckle.s um $C' nhor aut~n1 iro. ( ... ) é capaz de convencer o grupo de pessoal central e de potentados regionais de que o regime foi :· · ,·
~ )., sunrllr~Ut"mus.di:nusudo.: cs,JUlludu e sob muitas "'uic:dades. oOOnditismo er.1 usado por alguns nobres.
!l1lJ i"' k> r.~.l'K.h ~ ! mesnu frc-Q~1Ki:i <n dirigido CC'Ctl.""a ou c:ros.. ( ...) Pois o b3.nditismo nlo e-sul só ligado à crise
constituído e funciona na base dos eventuais valores consensuais q ue esses quadros possam '
fJum '-"Cr.C C' k.n'li('n:r JJ. Ik~':l.. Ek tum mon m <."fltO c\"lm unu ba..."<' Campones3. um mo\•in:lenro de nus..us (lbid.• ser levados a acreditar que existam e de que é do interesse desses quadros que es te regime
Ll. rr s.. .:J()J.
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\ cr Lk !J. lt . f'r· 5-.aJ. ~Ó-5-J. . t-QS. 6.:5 .
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~ -~ ['(' !.is~ i.1.1 f'":'\1o."1l!t. rur.tl 4L.'C' ttl\t"..1.-n :K"\'fltp.J.:"ili.JJ..., 3 difus.:lo d3 Rd omu ProtrsI:111tC""....~3da :sgor3 à iTim-
J'.~'*" ,".lo.!l 'C"l nnb lli.."'rnr-..1.li.!:s ..k- N-n~-:i\·-(~·s fun1á.rU.s frud:u.s e:\ f,'C\,~ l'tXltrmf',Yl.1)('3dJ mn.3Jli~"':lo n:onórn.h.-a
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~'('t'~ ~~ !! n;.r'\.~ qUc: Lk'-('ntpnv'u' .1m um rat'"'C'.16: :vJ.n1m1str.J.;ào t a,p-c~::tÇki Sl..Xi:a l oo c.i.'l'lpo.
. ~ t"n.m Oi. t'm_rn-.s..10\~ l...~°'-'-,Us.. os ~ "i. ~lr.ll3.J...'n":> s.emi -<.·aplt::thS1'!LS J.:t rf\..JUÇ~""I de CC'rttis:
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~~~~~-T'tt~. ~:..~--- Cem ur.u fi~~n.U ~m dis.tinVA ~ d:.l bur}!UC'Sl3 rn)s~r..t.. os mas.sari tin?wn
. ·- . C°4l .L"Ut..."">\~ ~ !.,-,s;;: t.:- UT!f\:.Tt!n....-u n.J. ?'1-"\;.'lpal rn~·iu d..' rúoo
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continue a runcioll3r st•m perturbações de maior. Quando estas circunstâncias se realizam, A ascensão do Estado como força M>Cial. e do abwluti~rrw como sua ideologia, n:.O
podemos considcmr o rc!!ime • leg itimado•. _ deve ser confundida com a nação e o nacionali\mo. A criação de Citados fonei no ~>o de um
- Parn além disso. a legitimidade não é uma questao que se resolva de uma vez por sistema mundi al foi um pré-requisito hi ~tóri co da iL'>Cen>lío do nacionafamo tan:o no ..cio 00$
tod.ls. Traia-'c de um t ompromisso constante. No século XVI a ideologia que surgiu como estados fortes como na periferia. O nacionali~ mo é a acci~o do<i rrl<'.mbros de um E'tado
mái de lec i1 inuç5o da nova autoridade dos monarcas foi o direito divino dos reis, o sis- como membros de um grupo de status, como cidadãrn., com todos oç requisitos de 1.0lidane·
tema qur a~abamos por d"ignar po r monarquia absoluta. Uma vez que o absolutismo era dade colectiva que isso implica. O absolutismo é a afirmação da imponãncia primordial da
uma ideoloda. deve mo' ter cuidado cm não tomam1os as suas pretensões pelo se u valor sobrevivência do Estado enquanto tal. O primeiro é por dc:liniç ~o um ..entimcnto de rnllsas:
facial. Scri; útil examinar ronsequentemcnlc com a máxima cxactidão que pretensões eram 0 último é por definição um sentimento de um pequeno grupo de pc•soas direcwneme inte-
e ~as e a fom1a como correspond iam i\s realidades da estrutura social. ressadas no aparelho de Estado. .
Em primeiro lugar. em que medida o «absoluto» significava absoluto? A teoria de que Sem dúvida que os defensores de um Estado forte virão com o passar dot.empoa Cllltiv~
n:io c•istiam entidades humanas que pudesse m. na mai or parte das circunstâncias, manifestar 0 sentimento nacional como um sólido reforço para os seus object.ivo,. E cm alguma medjda
qu:ilquer pretensão legítima a recusar-se a executar a vontade proclamada do monarca não eles tinham já algo com que trabalhar no século XVI "''· ~ias este sentimento colecti,·o e~tava
er:i de todo t' m todo nova. No entanto. esta ideia obteve uma defe sa e uma aceitação intelec- em geral primordialmente ligado. na medida em que existisse. mais à ~soJ do prínci pe do
tual mais general izada nesta época do que antes e depois. «Absoluto» é uma designação que à colectividade como um todo '" '· O monarca absoluto era uma fi gura *heróica · " "· e o
equívoca. no entanto. tanto na teoria como na prática. Em teoria. absoluto não significava processo de deificação tomava-se cada vez mais intenso com o pa.' sar do tempo. Esta foi a 1
ilimitado. uma vez que . como Hartung e Mousnier salientaram , ele era «limitado pelas leis época em que o elaborado cerimonial da corte se desem·olveu. a melhor forma de afastar o 1
d1Yina e nJturah•. Eks argumentam que <<absoluto>' não de ve ser entendido como «ilimi· monarca do contacto com o trabalho banal (e acessoriamente a melhor forma de garantir
tado~ mas sim como «não supervi sionado» (pas contrôlée). A monarquia era absoluta em emprego aos aristocratas da corte, mantendo-os assim suficientemente peno para =em su- ,,
oposição à dispersão do poder feudal no passado. «Não significava despotismo e tirania»"•'. pervisionados e controlados).
Da me ma fom1a, Maravall diz que «ne m nas fases iniciais nem nas fases subsequentes do Somente nos fins do século XVII e no século XVlll, no contexto do mercantilismo. é -;
Estado moderno. a ··monarquia absoluta" significou monarquia ilimitada. Era um absoluto que o nacionalismo viria a encontrar os seus primeiros ve.rdadeiros defensores entre a bur-
relativo• ""'· A reivindicação operacional chave era que o monarca não deveria ser limitado guesia <>•1. Mas no século XVI os interesses da burguesia não estavam ainda "e~inunente
pelas restrições da lei: ab legibus solutus. fixados no Estado. Um número excessivamente grande de burgueses esu»a ainda mais inte-
Quaisquer que fossem as pretensões, os poderes do monarca eram de facto bastante ressado numa economia aberta do que numa economia fechada. E para os construtores de 1
limitados, não só em teoria mas também na realidade. Por muitas formas, o poder do rei era estados um nacionalismo prematuro represenuva o risco da sua cristal ização em tomo de
bastan te menor do que o de um executivo da democracia liberal do sécuio XX, apesar das uma entidade etno-territorial. excessivamente pequena. Numa fase inicial. o estatismo podia
restrições morais e institucionais que sobre este último impendem. Por uma razão, o aparelho quase ser considerado como anti-nacionalista. uma vez que as fronteiras do sentimento "113Cio-
de Esudo do século XX tem um grau de capacidade organizacional por detrás de si que mais
do que compensa as suas maiores restrições. Para compreender o verdadeiro poder de um a pagar, e de agitare:m provavclmcmc WTl3 revolta dcspendiosa sem~ qut tmuvam obc:er um rtndimmro adequado-.
monarca • absol uto• temos de o colocar no contexto das realidades políticas do tempo e do William J. Bowsma, •Politics in thc Age of thc Rcnaissancc•. in Chaptrrs i11 Wtstt'Tn C irili=arion. 3.• cd.. CNon
espaço. Um monarca era absoluto na medida em 4ue tinha uma probabilidade razoável de Iorque: Cotumbia Univ. Prcs.s. 1961), l, 233.
53. •Não hav ia verdadeira tradição nacional nos sfculos XV e XVI: m'6 ha,·ia um scntimano de ccrrcci-
prevalecer contra outras forças dentro do Estado quando as confrontações políticas ocorriam<">, dade que os reis eram capazes de fazer inflcctir a favor dos seus propnos object.ivos. tomando as.sun K'('i:;t"\TI o IC\I
Mas mesmoº' estados mais fones no século XVI tinham sérias dificuldades em demonstrar próprio apego ao poder, algo em que toda a gente ljvrcmente co!abonva•. M.an\·&Jl, Ca.hi~n tr'ltutoi.rr ~k.
VI, p. 796.
1
dentro das suas fronteiras uma clara predominância sobre os meios de força, ou poder sobre
S4 . ..- (Dc vcrfamos Jevitar a tentação de" intcrprcurcst.1 00\'I orientação do pcnsamct1to político {a idei"A do
as fontes de riqueza "". para não falarmos da primazia da lealdade dos seus súbditos. Estado) como uma consciência de solidariedades nacionais colcctiv:is. (... )
Deveríamos notar o facto de que os juristas e os ideólogos q~ elaborarmn prog::rcssivL"nt't'.U 1 ideia dt
Estado no ~culo XVI falavam muito mai s frcqucntc:mcntc: no Prfoâ~ (segundo o uso de Maqui.3-v r:l) do que- no 1
49. Ha.rtung e Mousnier, Rda:ioni dei X Congrww, IV, p. 8. povo, muito mais de autoridade do que de colecrfridadt. Oc.,·crfa.mos portanto rcfkctir ~ponto de fWTida: o
50. J~ A. MaravaJJ, ... Thc Origins or the Modem Sta1e,., Cahius d' histoire montliale , VI, 4, 1961 . 800.
. 51. Erik .M olnardâc~ta defin içáocuidado~a : .-O absoluti smo~ um regime político cm que: o poder do Estado
'"Estado" não existe cm si mesmo. É prirmiro de iudo csr.encialmente a afirmação de uma. 00\·1 fomu de auio..
ridadc: o poder priblico do soberano• . Georges de Lagardc. •Rtflcxions sur la crista.lliYtion de b noóon d"Em
j,
~~erc~ ~~?' 13 1 e: efectivamcnrc pelo soberano sobre a lotalidade do território, com o auxílio da organiwção au XVI• siCcle•, in Enrico Castelli, cd., Umant'simo e scitn:a política l~fü3o: Don.. Cario Mam:nti. 19S l ),
ocrático-mJhtar que tem sob o ~u controlo. & ta definição inclu i como critério essencial o poder cfcctivo que 247-248.
u~ualmentc, quando contc\lado. prc.., alecc contra a.!> piraç(')(-s ad\'tna.~. como, por exemplo as que são fonnulada.5 SS . -.A moda da Antiguidade anunci3, no ~ lo XVI. uma nova força do din-iro rormno e adician.l:· lhc: a
~\'~~ ~~:~~n~~rC::.n'::~::t'~:~~i: ~eredi~a.... "' ~!I fondcment'i ~onomiqucs ~t ~iaux ~ l 'absolutism~··
(VIC113: Verbg Ferdmand Berger & So~n:~~~~;~~'~;.t'.s. Rappons, JV: Mllhodologtt' n histmrt co111t'mpora1ne
ideia antiga do .. herói", do semi..:lcus. todo-poderoso e: beneficente. ( ... ) O herói~ o modelo do ser a quem as penõlS
sentem a necessidade de se cnucgar• . Mousnicr. l.Ls X\'/' ti XVII' si;cles. PP· 9'>97 ·
1:
56 . • m, um lugar, nos antípodas da economia pura. para a subtil fórmula mista: ""o ll\C1"Cado '-a escotA ~
C"r-.:onrra:! ;~~~~c=i.s da;~cnr O'i limites do pockr real no s&-u lo XVJ do que o facto de os governos se que a burguesia primeiro aprende 0 nacionalismo"• . Pierre Vilar. la Catalogn.e dilll.f f Elpag"t mod~rne , 1 (Paris:
· • e cm 1 JCU d.ades financeiras, incapv~ de sangrarem a prosperidade dos mais aplos S.E.V.P.E.N., t962), 34.
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continue a runcioll3r st•m perturbações de maior. Quando estas circunstâncias se realizam, A ascensão do Estado como força M>Cial. e do abwluti~rrw como sua ideologia, n:.O
podemos considcmr o rc!!ime • leg itimado•. _ deve ser confundida com a nação e o nacionali\mo. A criação de Citados fonei no ~>o de um
- Parn além disso. a legitimidade não é uma questao que se resolva de uma vez por sistema mundi al foi um pré-requisito hi ~tóri co da iL'>Cen>lío do nacionafamo tan:o no ..cio 00$
tod.ls. Traia-'c de um t ompromisso constante. No século XVI a ideologia que surgiu como estados fortes como na periferia. O nacionali~ mo é a acci~o do<i rrl<'.mbros de um E'tado
mái de lec i1 inuç5o da nova autoridade dos monarcas foi o direito divino dos reis, o sis- como membros de um grupo de status, como cidadãrn., com todos oç requisitos de 1.0lidane·
tema qur a~abamos por d"ignar po r monarquia absoluta. Uma vez que o absolutismo era dade colectiva que isso implica. O absolutismo é a afirmação da imponãncia primordial da
uma ideoloda. deve mo' ter cuidado cm não tomam1os as suas pretensões pelo se u valor sobrevivência do Estado enquanto tal. O primeiro é por dc:liniç ~o um ..entimcnto de rnllsas:
facial. Scri; útil examinar ronsequentemcnlc com a máxima cxactidão que pretensões eram 0 último é por definição um sentimento de um pequeno grupo de pc•soas direcwneme inte-
e ~as e a fom1a como correspond iam i\s realidades da estrutura social. ressadas no aparelho de Estado. .
Em primeiro lugar. em que medida o «absoluto» significava absoluto? A teoria de que Sem dúvida que os defensores de um Estado forte virão com o passar dot.empoa Cllltiv~
n:io c•istiam entidades humanas que pudesse m. na mai or parte das circunstâncias, manifestar 0 sentimento nacional como um sólido reforço para os seus object.ivo,. E cm alguma medjda
qu:ilquer pretensão legítima a recusar-se a executar a vontade proclamada do monarca não eles tinham já algo com que trabalhar no século XVI "''· ~ias este sentimento colecti,·o e~tava
er:i de todo t' m todo nova. No entanto. esta ideia obteve uma defe sa e uma aceitação intelec- em geral primordialmente ligado. na medida em que existisse. mais à ~soJ do prínci pe do
tual mais general izada nesta época do que antes e depois. «Absoluto» é uma designação que à colectividade como um todo '" '· O monarca absoluto era uma fi gura *heróica · " "· e o
equívoca. no entanto. tanto na teoria como na prática. Em teoria. absoluto não significava processo de deificação tomava-se cada vez mais intenso com o pa.' sar do tempo. Esta foi a 1
ilimitado. uma vez que . como Hartung e Mousnier salientaram , ele era «limitado pelas leis época em que o elaborado cerimonial da corte se desem·olveu. a melhor forma de afastar o 1
d1Yina e nJturah•. Eks argumentam que <<absoluto>' não de ve ser entendido como «ilimi· monarca do contacto com o trabalho banal (e acessoriamente a melhor forma de garantir
tado~ mas sim como «não supervi sionado» (pas contrôlée). A monarquia era absoluta em emprego aos aristocratas da corte, mantendo-os assim suficientemente peno para =em su- ,,
oposição à dispersão do poder feudal no passado. «Não significava despotismo e tirania»"•'. pervisionados e controlados).
Da me ma fom1a, Maravall diz que «ne m nas fases iniciais nem nas fases subsequentes do Somente nos fins do século XVII e no século XVlll, no contexto do mercantilismo. é -;
Estado moderno. a ··monarquia absoluta" significou monarquia ilimitada. Era um absoluto que o nacionalismo viria a encontrar os seus primeiros ve.rdadeiros defensores entre a bur-
relativo• ""'· A reivindicação operacional chave era que o monarca não deveria ser limitado guesia <>•1. Mas no século XVI os interesses da burguesia não estavam ainda "e~inunente
pelas restrições da lei: ab legibus solutus. fixados no Estado. Um número excessivamente grande de burgueses esu»a ainda mais inte-
Quaisquer que fossem as pretensões, os poderes do monarca eram de facto bastante ressado numa economia aberta do que numa economia fechada. E para os construtores de 1
limitados, não só em teoria mas também na realidade. Por muitas formas, o poder do rei era estados um nacionalismo prematuro represenuva o risco da sua cristal ização em tomo de
bastan te menor do que o de um executivo da democracia liberal do sécuio XX, apesar das uma entidade etno-territorial. excessivamente pequena. Numa fase inicial. o estatismo podia
restrições morais e institucionais que sobre este último impendem. Por uma razão, o aparelho quase ser considerado como anti-nacionalista. uma vez que as fronteiras do sentimento "113Cio-
de Esudo do século XX tem um grau de capacidade organizacional por detrás de si que mais
do que compensa as suas maiores restrições. Para compreender o verdadeiro poder de um a pagar, e de agitare:m provavclmcmc WTl3 revolta dcspendiosa sem~ qut tmuvam obc:er um rtndimmro adequado-.
monarca • absol uto• temos de o colocar no contexto das realidades políticas do tempo e do William J. Bowsma, •Politics in thc Age of thc Rcnaissancc•. in Chaptrrs i11 Wtstt'Tn C irili=arion. 3.• cd.. CNon
espaço. Um monarca era absoluto na medida em 4ue tinha uma probabilidade razoável de Iorque: Cotumbia Univ. Prcs.s. 1961), l, 233.
53. •Não hav ia verdadeira tradição nacional nos sfculos XV e XVI: m'6 ha,·ia um scntimano de ccrrcci-
prevalecer contra outras forças dentro do Estado quando as confrontações políticas ocorriam<">, dade que os reis eram capazes de fazer inflcctir a favor dos seus propnos object.ivos. tomando as.sun K'('i:;t"\TI o IC\I
Mas mesmoº' estados mais fones no século XVI tinham sérias dificuldades em demonstrar próprio apego ao poder, algo em que toda a gente ljvrcmente co!abonva•. M.an\·&Jl, Ca.hi~n tr'ltutoi.rr ~k.
VI, p. 796.
1
dentro das suas fronteiras uma clara predominância sobre os meios de força, ou poder sobre
S4 . ..- (Dc vcrfamos Jevitar a tentação de" intcrprcurcst.1 00\'I orientação do pcnsamct1to político {a idei"A do
as fontes de riqueza "". para não falarmos da primazia da lealdade dos seus súbditos. Estado) como uma consciência de solidariedades nacionais colcctiv:is. (... )
Deveríamos notar o facto de que os juristas e os ideólogos q~ elaborarmn prog::rcssivL"nt't'.U 1 ideia dt
Estado no ~culo XVI falavam muito mai s frcqucntc:mcntc: no Prfoâ~ (segundo o uso de Maqui.3-v r:l) do que- no 1
49. Ha.rtung e Mousnier, Rda:ioni dei X Congrww, IV, p. 8. povo, muito mais de autoridade do que de colecrfridadt. Oc.,·crfa.mos portanto rcfkctir ~ponto de fWTida: o
50. J~ A. MaravaJJ, ... Thc Origins or the Modem Sta1e,., Cahius d' histoire montliale , VI, 4, 1961 . 800.
. 51. Erik .M olnardâc~ta defin içáocuidado~a : .-O absoluti smo~ um regime político cm que: o poder do Estado
'"Estado" não existe cm si mesmo. É prirmiro de iudo csr.encialmente a afirmação de uma. 00\·1 fomu de auio..
ridadc: o poder priblico do soberano• . Georges de Lagardc. •Rtflcxions sur la crista.lliYtion de b noóon d"Em
j,
~~erc~ ~~?' 13 1 e: efectivamcnrc pelo soberano sobre a lotalidade do território, com o auxílio da organiwção au XVI• siCcle•, in Enrico Castelli, cd., Umant'simo e scitn:a política l~fü3o: Don.. Cario Mam:nti. 19S l ),
ocrático-mJhtar que tem sob o ~u controlo. & ta definição inclu i como critério essencial o poder cfcctivo que 247-248.
u~ualmentc, quando contc\lado. prc.., alecc contra a.!> piraç(')(-s ad\'tna.~. como, por exemplo as que são fonnulada.5 SS . -.A moda da Antiguidade anunci3, no ~ lo XVI. uma nova força do din-iro rormno e adician.l:· lhc: a
~\'~~ ~~:~~n~~rC::.n'::~::t'~:~~i: ~eredi~a.... "' ~!I fondcment'i ~onomiqucs ~t ~iaux ~ l 'absolutism~··
(VIC113: Verbg Ferdmand Berger & So~n:~~~~;~~'~;.t'.s. Rappons, JV: Mllhodologtt' n histmrt co111t'mpora1ne
ideia antiga do .. herói", do semi..:lcus. todo-poderoso e: beneficente. ( ... ) O herói~ o modelo do ser a quem as penõlS
sentem a necessidade de se cnucgar• . Mousnicr. l.Ls X\'/' ti XVII' si;cles. PP· 9'>97 ·
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56 . • m, um lugar, nos antípodas da economia pura. para a subtil fórmula mista: ""o ll\C1"Cado '-a escotA ~
C"r-.:onrra:! ;~~~~c=i.s da;~cnr O'i limites do pockr real no s&-u lo XVJ do que o facto de os governos se que a burguesia primeiro aprende 0 nacionalismo"• . Pierre Vilar. la Catalogn.e dilll.f f Elpag"t mod~rne , 1 (Paris:
· • e cm 1 JCU d.ades financeiras, incapv~ de sangrarem a prosperidade dos mais aplos S.E.V.P.E.N., t962), 34.
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nalista,- eram freq uentemente mais estreitas do que o Estado submetido ao monarca "'•. Só Média. Uma das coi sa~ a salientar é que !<Ir.to cm tCfrTJO\ económíC05 como cm termo:i ·
muito mais tanle os dirigentes do aparelho de Estado viriam a procurar estados «integrados,,<-'ll, sociai s exi stia uma .,firme deterioração do estatuto de~ j udeuf llO'I finais da Idade Média- •t>111_ r
no' quais 0 grupo émico dominante viria a uassim ilar» as áreas adjacentes. Por um lado, à medida que a Inglaterra. a frança e a fapanha criavam ~trutu r~ centrali7.<i-
· 0 século XV I. alguns estados fi zeram progressos substanc1 a1s na centralização do das mais forte s, começaram a expuhar os j ude u~: a Inglaterra em 12\/(J. a França 00 fim do
poder e em conseguirem uma acei tação pelo menos parcial da leg itimidade desta centralização. século XIV,· a Espanha cm 1492. Ma~ e~ r.e fen6rneno também M'. n:l'lfit.Ou na Akmanha,
Não é demasiado difíci l delinear as cond ições em que este processo provavelmente se veri- onde, quando não eram expul sos. o~ jude u., fo ram enfraquecido' por vári~~ lCJrma' no i.eu
ficou. Sempre que os vários quadros. os vários grupos que controlava m recursos. pensavam
que os seus interesses de cl asse eram pol iticamente melhor servidos pel a tentati va de persuadir
papel de grupo come rcial. Tinham sido os judeus a condu1jr muito do comércio imuri:.cional
entre a Europa Ocide ntal e a Europa Oriental ao longo da rota tramcunrioe.r.tal v.:ten rional
i
e iníluen iar o monarca do que pe la prossecução dos seus fin s políticos por canais de acção entre 800 e 1200 e eram eles o seu princi pal \ upone •'·'·. Durante c~te periooo. em arnba) a..
alternativos. podemos falar de um sistema monárquico relativamente eficaz, um Estado rela- regiões, o seu estatuto legal fora razoavelmente favorável"·'•. Nos ~culo<> XIII e XIV houve
U\ amente «absoluto ... um declínio geral tanto no estatuto legal como no papel económico d°" judem pnr ioda a
1
• Absoluto• acarreta um tom errado. aquele que o~ reis de facto esperavam que acarre- Europa 1631 • No entanto, no século XVI, podemos fa lar de um deJequil fbrío geográfico: a 1
usse. O absolutismo era uma inj unção retórica e não uma afirmação rigorosa. Talvez fosse sua presença acr escida na Europa Oriental e em partes da Europa ~ eri dional , ou i.eja. u:na
3Üsado desdramatizar a concentração na pessoa do rei e fa lar simplesmente de um Estado a usência no centro e um r.eforço na periferia e semipcriferia '"''.
forulecido. ou de mais #estati sm o~ '"''· E preferfre l designarmos essa ideolog ia por «esta-
1i. mo • . Este é uma exigência de mais poder para o apare lho de Estado. No século XVI isto
60. Saio W. Baron. A Srx..~;aJ and Rrlixinus Hwo,., o/ tht: ) rwJ, 2.' t'd , XJ: Ciri.:n1 A.!1<'1 C<fl':.fW'~f
igníficava poder nas mãos do monarca absoluto. Era uma exigência de poder, sendo essa
(1f'
1
<Nova Iorque: Columbia Univ. f'rcs.. 1%7a). 192.
exig~nci.a uma p:irte da tentativa de o alcançar. Ni ng uém. então como agora. a tomava ou 6 1... .-..:o fi m do !.é.culo XII 1. a pusiç.ão d<x judeu~ no comércKJ intemacion21 tinha rnfragucú.-SO n.. AJe..
de,·eria to= como uma descrição do mundo real da época. Esta exi gência era até certo ponto manha tam ~ m como resul tado de uma !ttnc de proibições t-ontni eiõ <!irigi.da..1. [)e\\C tem po e:m d~.te IOdo <'
comác io e-0m o Leste fl uiu ao lon go dos canais mai\ anti go\ : o 1Ulo-meditrrrimco r;o Sul e o ~ícc ro
»alid:lda cm alguns estados . aqueles que viriam a constitu ir o centro da econom ia-mundo Korte . A estrada tran.M:ontincntal <ttravé\ da Rús\ ia e da Pol~ dcüou ~ fi gurM nas f~ hn.l6nc.ll uJ como
el.'fO~ i i Frai:a!>sari a nas outras áreas por ra.zl>es que mais tarde elucidaremos. tinha funcionado cm séculm an tcriorcv. J. Brutz.k.u\ . ..:Trade "''th Easkm Europe. 8(1).12'.I>•. ÚO'lt."'1tir llu:or}
Cma das principais indicações de êxito. bem como um mecanismo importante no R.vín.·, XIII. 1943. 4 1. 11
62. Da Polónia afirma Saio W. Bamn: · Sabemos muito pouco acCTu eh vj~ dO'.I jtd:m d-.in.n:.t: ff.11 ..ttu-
procõso de centralizaçiio do poder. era o grau em que a população podia ser transformada. los XI c XJ.IJ . mas é cvidcn1c que: go1.avam de plena liberdade de acção e ntanm 111je iux a~.) . \<C i. que a a~....n.
fo1se por que meio foue. num grupo cultura lmente homogéneo. Uma vez mais , a<; massas são
mer.o; relevantes do que o são os quadros em sentido law: o rei. a sua burocracia e con csãos,
rõ triçí>cs Jcgaü .... A Soe tal and kd1 ~icJu1 lluwry of rht JrwJ, 2! ed-, Ili: JfrtrJ a/ R.r.Hu ar.d Prma :f-ibdt'!faz:
Jewí sh Pu bl ica1ion Socie ty o í A menca, I CJ5701>. 21 9. Na Europa Ocidcnu.J. o ~i~t~m.i fcud.. l tendia a \C'r f~r-.ôrl "' cf
aos judeus por faur deJc, • um gru po novo ck va.._\.!.alo~ reail . aJgn semelhan te ~ nr.hre"( LTI\.~.I\ .. . Saio V.. . 8MOrL
j
os proprietários rurais (grandes e pequenos). os mercadores. No século XVI. enquanto os A Social and RrliKio u.r llil tol')"nf the hw$, 2.' cd .. IV: Murm ;: nf Ewt &- Wt ..>l •.F1lai.1i lf1.1. Je-...., Vt Pt.bht..J'!IOf"• Society
~~centrais se mo·. em no sentido de uma maio r homogeneização «é tnica,. entre estes of Amertca. J957 bJ. 50 . l ~to era "'crdade cm rclaçfo a fapanh.i. '"c-r pp. J(r 43J. .3 r-r.nça carol1npa 1'-'c.t pp. Jli ) .. ~)1 ,
à Alemanha (ver pp. 64-75). â lngla1crra e à t'orm:indu1 ('.·er pp. 75-MJ. Ernhor;, o f cutU..h~mn · .c.om;::f-".::uv: JPll·
estratos . as áreas çeriféricas de locam-se precisamente na d irecção oposta.
dcmcme a vida dO\ judeu\ na Europ<i. Ocícknt.al. tanto pela \Ua dr.-erudade a.'l:ircr.JicJ comr, p::lo rtforço d.i J.UlDn•
Comecemos por obse rvar a atitude do aparelho de Estado em relação ao comerciante dadc da Jgrcja sobre O'\ judell.'i .... dá-\C 1ambém oº"'" ({Ut= "' fJ\ f11gl"' proHnciai\ e cmu11Ít; d:t Ii~r.s c.omn~íirn
que pene ncía a um grupo .-minoritárioh. Em primeiro lugar, existiam os judeus, um grupo :!i ig_ni ficativamcn1c p31.c. a ~gurança dt.J\ 1udeu_\ atr:,v6 cb !. Ul con1ínua in.\ 1\ ténci2 na to!:1iinca bâ:ste.a. do iC'U 1
reforço do poder real p<tr me io da Enfíll.C no dire ito d1v1no do\ rch. dt:>\ ).CU \ a;xlo\ p:a:ra que ~ rc'!\ ~~\ie!Jt com ;
que ~sem penhou um papel considerável nas actividades comerciais ao longo de toda a Idade
ju.\liça. e da sua propagação inc:an~vel de pactO\ dc\t1nadcx a cuabdcccr a -u~~ drvm:i"" ~u r" ~>\ rmu
indefews: da população, incluindo cléri gct\ e judeu1o lpp. 53 -54) .. .
63. Na Alta Idade Média. rh judeu~ 1inh am bcncfKiadodo fac:HJ de !i.erem .. ,,·a.\WO\ re.an• S a lluu l.d:MJc {
~cor_s~ .. g~~~p!'\.~-S (~~ocidcnuUJ. es~l~erwcapt~isoupenodeW . estavam acomcçar MMia ~lc'i mc~mos rei!io 1omaram -\C mai~ forte\. ~1 .u a pc>"\IÇão dos judeu\ COOX"ÇOU a dc:clir..a..r . 8aror. c:orrer.U:..
l I
--..e sibf.ux paruc:ulare\ 00 rei , com um esu.rato idêntKo do qu.e sena hoje chamado um SttJO.t.svolk. (.. .)
lJ:n ~rr""'&~a lf-X hr: ~ por tr:!.Ur 'I ··bd~tc.K u~tra~poderO"iOS para ~b o !Cu controlo podia volw contra si mesmo a.s
~ ~-- rn..J.'\ ~a õpCf3.f um.bém
.,,Vis 10 que os seu~ rc\ pcctivos af'T}(/\ reai ~ c xlra.íam bcncfic1m. fo.ca1\ r-ad.1 vc1. m.;uorõ do\C. rebciolu.~ao. t.
duplamente 5urpreenden lc que fraca'i~!\Cm no C"mprcgo do seu pot:kr cre -..ccnLe P"f.1 proter,er nu.J.) doc.u,.mcntc os
'9.C\J..\ .. servos'' judcu!l fp. 198J•. Baron cncontra:ac1plicaçãono ... 01wu1 ipndc riac1r.J1Ul~crx.1m1u·.-~ 1rad.:atmen:c
l 1

P'f'OV~a~=~
:;mngtr o !.CU propó\ ito pe la e xpa.'Ulo. levando de vencida o feudalis mo
~m.ando a> qut.: era..~ er..tcn ores ... . K1c:man. P aJJ &: Pr~Jmt. n.' ) 1. p. 33 . forma na Baixa Idade Média f p. 199 l·~ Para mais, "'ª creKc:nlc laici1.ação da.\ soei<-~ r.1ccbcun rn'C11S1 ÍK'.3"ºiJ. a 1.
1. , · • • ~ ~tedadc devia ser mtegrada. de que dc"·ia haver. se poss ível. uma só raça. uma !ua intolerância ct ncrrc li giosa (p. 200 )..
~"'U:J... _ ur.z cu lt:J:a m.:rn Esiaao. e: qu!' codíJ\ ou quase todos <X povos com fronrcira\ políricao; dev iam ter direito a 64 . .,Em purrado\ du m pai\ para outro (00\ ~culm. XI V e XV. L.) ex judeus) ~kJC.anm ·SC tm número
W0~~~.: Q:J( de·. ena .;cr b :o - rudt> ~to é no"º · o re.su_ltado do pensamento ocidental do s«uJo XlX•. crescente para a.\ froncei r~ aberta\ da Europa Ccntnl-Orkn1al e estabe lec iam cornun~ c:adl ve1. rr...a-a auto-- 1
m59 . C.~~~C~~.u:.º:i~aª:'.::~:~,1 : S°:'ª'. F~rc eJ in 1\fed1n·~/ China tLciden: Brill. 1965), 2.' ed. rev., ~· ·afirmarivas e cm CTC'?CÍmento rxK tcrritôrio" C'- lavO\, húngaros e liruarm . Em mu itos dcu cs t"fl)fÇ"O.. ck5c:obna.m 1
z:aç6:1 r.SOgovcma.:..<m.ai., . cemraJiz ~~ e~ atrn~:_s da "'.l.UIOfl(JfTlta .forma l, diferenciação cm relação a orgam-
~-:t: c1Ubt hdadc- po1 : oordcnaçao int~ml ... D_aqu1 \e ~gue que um .. C.\taiismo ex tremo nunca
a s~a utilidade para a~ respectivas wcicdades como fomect"dorc._ de dinheiro e dr. aéd~. ~ ~ ~ nt~. e~
obJCCt~ dhponívc: is c frcqucntc:mcnic indcfcws de rribub:jão. revdanm ·i<' a.\ suu nu.111ro rmporwn~ fonta de mco
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.a.;
11.s~ nomu.frnc·r..te a.u~.tl~~:~u~~: na arena mtcmac1onaJ. P~ pen'iar-sc que um aumento ~e C.\ta-
;rumenu .1 5':3 czpocidadt: em libertai rccur~ a u: :.lbrc. ~ recu r.ws ~óv e1 o; dentro da população ~ ua sllbd•U:1· que
fi~ ims •. Saio W. Baron. A. S&c ia l anil R~ligíou.J llutory of 1h~ j,.,,.-s, 1.' cd., Xll: ÚON"Jmt< Cotolytt <Nova
Iorque: Columbia Univ. Prcss. 1967b). JO-J I. · l
off..l.!rnpca:nSu1cm.iüng.•.l'2,.,,_-urihopolic lado doca~ nacional ou 1mcmac1-0n.al• . ... R eflcctions on lhe ff1story
Eorop< (Prixctoo. :-;cw Jeney: P:ir.ceton"PUn ivmity ~:~:. ~~ Tílly.cd., Th• Bui/díngo/Starn in Wnurn
. . A Alemanha era uma área marginal: •No entanto. após a cat.htrofc d.li Pene Nr.ua. ~ ~uJ alemk-\.
dlllmadm e cmpobrecid<x, foram forçado\ a concentrar-se cadi \ cz ma:111ro oo crr.prt ..n~ de dinheiro. Embora <ã
seus lucr°' financeiros diminu í,!t.Cm fonem:ntc, incorriam por causa dt.uo na intenU .amrno\ichde da populaç:.J;n.
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nalista,- eram freq uentemente mais estreitas do que o Estado submetido ao monarca "'•. Só Média. Uma das coi sa~ a salientar é que !<Ir.to cm tCfrTJO\ económíC05 como cm termo:i ·
muito mais tanle os dirigentes do aparelho de Estado viriam a procurar estados «integrados,,<-'ll, sociai s exi stia uma .,firme deterioração do estatuto de~ j udeuf llO'I finais da Idade Média- •t>111_ r
no' quais 0 grupo émico dominante viria a uassim ilar» as áreas adjacentes. Por um lado, à medida que a Inglaterra. a frança e a fapanha criavam ~trutu r~ centrali7.<i-
· 0 século XV I. alguns estados fi zeram progressos substanc1 a1s na centralização do das mais forte s, começaram a expuhar os j ude u~: a Inglaterra em 12\/(J. a França 00 fim do
poder e em conseguirem uma acei tação pelo menos parcial da leg itimidade desta centralização. século XIV,· a Espanha cm 1492. Ma~ e~ r.e fen6rneno também M'. n:l'lfit.Ou na Akmanha,
Não é demasiado difíci l delinear as cond ições em que este processo provavelmente se veri- onde, quando não eram expul sos. o~ jude u., fo ram enfraquecido' por vári~~ lCJrma' no i.eu
ficou. Sempre que os vários quadros. os vários grupos que controlava m recursos. pensavam
que os seus interesses de cl asse eram pol iticamente melhor servidos pel a tentati va de persuadir
papel de grupo come rcial. Tinham sido os judeus a condu1jr muito do comércio imuri:.cional
entre a Europa Ocide ntal e a Europa Oriental ao longo da rota tramcunrioe.r.tal v.:ten rional
i
e iníluen iar o monarca do que pe la prossecução dos seus fin s políticos por canais de acção entre 800 e 1200 e eram eles o seu princi pal \ upone •'·'·. Durante c~te periooo. em arnba) a..
alternativos. podemos falar de um sistema monárquico relativamente eficaz, um Estado rela- regiões, o seu estatuto legal fora razoavelmente favorável"·'•. Nos ~culo<> XIII e XIV houve
U\ amente «absoluto ... um declínio geral tanto no estatuto legal como no papel económico d°" judem pnr ioda a
1
• Absoluto• acarreta um tom errado. aquele que o~ reis de facto esperavam que acarre- Europa 1631 • No entanto, no século XVI, podemos fa lar de um deJequil fbrío geográfico: a 1
usse. O absolutismo era uma inj unção retórica e não uma afirmação rigorosa. Talvez fosse sua presença acr escida na Europa Oriental e em partes da Europa ~ eri dional , ou i.eja. u:na
3Üsado desdramatizar a concentração na pessoa do rei e fa lar simplesmente de um Estado a usência no centro e um r.eforço na periferia e semipcriferia '"''.
forulecido. ou de mais #estati sm o~ '"''· E preferfre l designarmos essa ideolog ia por «esta-
1i. mo • . Este é uma exigência de mais poder para o apare lho de Estado. No século XVI isto
60. Saio W. Baron. A Srx..~;aJ and Rrlixinus Hwo,., o/ tht: ) rwJ, 2.' t'd , XJ: Ciri.:n1 A.!1<'1 C<fl':.fW'~f
igníficava poder nas mãos do monarca absoluto. Era uma exigência de poder, sendo essa
(1f'
1
<Nova Iorque: Columbia Univ. f'rcs.. 1%7a). 192.
exig~nci.a uma p:irte da tentativa de o alcançar. Ni ng uém. então como agora. a tomava ou 6 1... .-..:o fi m do !.é.culo XII 1. a pusiç.ão d<x judeu~ no comércKJ intemacion21 tinha rnfragucú.-SO n.. AJe..
de,·eria to= como uma descrição do mundo real da época. Esta exi gência era até certo ponto manha tam ~ m como resul tado de uma !ttnc de proibições t-ontni eiõ <!irigi.da..1. [)e\\C tem po e:m d~.te IOdo <'
comác io e-0m o Leste fl uiu ao lon go dos canais mai\ anti go\ : o 1Ulo-meditrrrimco r;o Sul e o ~ícc ro
»alid:lda cm alguns estados . aqueles que viriam a constitu ir o centro da econom ia-mundo Korte . A estrada tran.M:ontincntal <ttravé\ da Rús\ ia e da Pol~ dcüou ~ fi gurM nas f~ hn.l6nc.ll uJ como
el.'fO~ i i Frai:a!>sari a nas outras áreas por ra.zl>es que mais tarde elucidaremos. tinha funcionado cm séculm an tcriorcv. J. Brutz.k.u\ . ..:Trade "''th Easkm Europe. 8(1).12'.I>•. ÚO'lt."'1tir llu:or}
Cma das principais indicações de êxito. bem como um mecanismo importante no R.vín.·, XIII. 1943. 4 1. 11
62. Da Polónia afirma Saio W. Bamn: · Sabemos muito pouco acCTu eh vj~ dO'.I jtd:m d-.in.n:.t: ff.11 ..ttu-
procõso de centralizaçiio do poder. era o grau em que a população podia ser transformada. los XI c XJ.IJ . mas é cvidcn1c que: go1.avam de plena liberdade de acção e ntanm 111je iux a~.) . \<C i. que a a~....n.
fo1se por que meio foue. num grupo cultura lmente homogéneo. Uma vez mais , a<; massas são
mer.o; relevantes do que o são os quadros em sentido law: o rei. a sua burocracia e con csãos,
rõ triçí>cs Jcgaü .... A Soe tal and kd1 ~icJu1 lluwry of rht JrwJ, 2! ed-, Ili: JfrtrJ a/ R.r.Hu ar.d Prma :f-ibdt'!faz:
Jewí sh Pu bl ica1ion Socie ty o í A menca, I CJ5701>. 21 9. Na Europa Ocidcnu.J. o ~i~t~m.i fcud.. l tendia a \C'r f~r-.ôrl "' cf
aos judeus por faur deJc, • um gru po novo ck va.._\.!.alo~ reail . aJgn semelhan te ~ nr.hre"( LTI\.~.I\ .. . Saio V.. . 8MOrL
j
os proprietários rurais (grandes e pequenos). os mercadores. No século XVI. enquanto os A Social and RrliKio u.r llil tol')"nf the hw$, 2.' cd .. IV: Murm ;: nf Ewt &- Wt ..>l •.F1lai.1i lf1.1. Je-...., Vt Pt.bht..J'!IOf"• Society
~~centrais se mo·. em no sentido de uma maio r homogeneização «é tnica,. entre estes of Amertca. J957 bJ. 50 . l ~to era "'crdade cm rclaçfo a fapanh.i. '"c-r pp. J(r 43J. .3 r-r.nça carol1npa 1'-'c.t pp. Jli ) .. ~)1 ,
à Alemanha (ver pp. 64-75). â lngla1crra e à t'orm:indu1 ('.·er pp. 75-MJ. Ernhor;, o f cutU..h~mn · .c.om;::f-".::uv: JPll·
estratos . as áreas çeriféricas de locam-se precisamente na d irecção oposta.
dcmcme a vida dO\ judeu\ na Europ<i. Ocícknt.al. tanto pela \Ua dr.-erudade a.'l:ircr.JicJ comr, p::lo rtforço d.i J.UlDn•
Comecemos por obse rvar a atitude do aparelho de Estado em relação ao comerciante dadc da Jgrcja sobre O'\ judell.'i .... dá-\C 1ambém oº"'" ({Ut= "' fJ\ f11gl"' proHnciai\ e cmu11Ít; d:t Ii~r.s c.omn~íirn
que pene ncía a um grupo .-minoritárioh. Em primeiro lugar, existiam os judeus, um grupo :!i ig_ni ficativamcn1c p31.c. a ~gurança dt.J\ 1udeu_\ atr:,v6 cb !. Ul con1ínua in.\ 1\ ténci2 na to!:1iinca bâ:ste.a. do iC'U 1
reforço do poder real p<tr me io da Enfíll.C no dire ito d1v1no do\ rch. dt:>\ ).CU \ a;xlo\ p:a:ra que ~ rc'!\ ~~\ie!Jt com ;
que ~sem penhou um papel considerável nas actividades comerciais ao longo de toda a Idade
ju.\liça. e da sua propagação inc:an~vel de pactO\ dc\t1nadcx a cuabdcccr a -u~~ drvm:i"" ~u r" ~>\ rmu
indefews: da população, incluindo cléri gct\ e judeu1o lpp. 53 -54) .. .
63. Na Alta Idade Média. rh judeu~ 1inh am bcncfKiadodo fac:HJ de !i.erem .. ,,·a.\WO\ re.an• S a lluu l.d:MJc {
~cor_s~ .. g~~~p!'\.~-S (~~ocidcnuUJ. es~l~erwcapt~isoupenodeW . estavam acomcçar MMia ~lc'i mc~mos rei!io 1omaram -\C mai~ forte\. ~1 .u a pc>"\IÇão dos judeu\ COOX"ÇOU a dc:clir..a..r . 8aror. c:orrer.U:..
l I
--..e sibf.ux paruc:ulare\ 00 rei , com um esu.rato idêntKo do qu.e sena hoje chamado um SttJO.t.svolk. (.. .)
lJ:n ~rr""'&~a lf-X hr: ~ por tr:!.Ur 'I ··bd~tc.K u~tra~poderO"iOS para ~b o !Cu controlo podia volw contra si mesmo a.s
~ ~-- rn..J.'\ ~a õpCf3.f um.bém
.,,Vis 10 que os seu~ rc\ pcctivos af'T}(/\ reai ~ c xlra.íam bcncfic1m. fo.ca1\ r-ad.1 vc1. m.;uorõ do\C. rebciolu.~ao. t.
duplamente 5urpreenden lc que fraca'i~!\Cm no C"mprcgo do seu pot:kr cre -..ccnLe P"f.1 proter,er nu.J.) doc.u,.mcntc os
'9.C\J..\ .. servos'' judcu!l fp. 198J•. Baron cncontra:ac1plicaçãono ... 01wu1 ipndc riac1r.J1Ul~crx.1m1u·.-~ 1rad.:atmen:c
l 1

P'f'OV~a~=~
:;mngtr o !.CU propó\ ito pe la e xpa.'Ulo. levando de vencida o feudalis mo
~m.ando a> qut.: era..~ er..tcn ores ... . K1c:man. P aJJ &: Pr~Jmt. n.' ) 1. p. 33 . forma na Baixa Idade Média f p. 199 l·~ Para mais, "'ª creKc:nlc laici1.ação da.\ soei<-~ r.1ccbcun rn'C11S1 ÍK'.3"ºiJ. a 1.
1. , · • • ~ ~tedadc devia ser mtegrada. de que dc"·ia haver. se poss ível. uma só raça. uma !ua intolerância ct ncrrc li giosa (p. 200 )..
~"'U:J... _ ur.z cu lt:J:a m.:rn Esiaao. e: qu!' codíJ\ ou quase todos <X povos com fronrcira\ políricao; dev iam ter direito a 64 . .,Em purrado\ du m pai\ para outro (00\ ~culm. XI V e XV. L.) ex judeus) ~kJC.anm ·SC tm número
W0~~~.: Q:J( de·. ena .;cr b :o - rudt> ~to é no"º · o re.su_ltado do pensamento ocidental do s«uJo XlX•. crescente para a.\ froncei r~ aberta\ da Europa Ccntnl-Orkn1al e estabe lec iam cornun~ c:adl ve1. rr...a-a auto-- 1
m59 . C.~~~C~~.u:.º:i~aª:'.::~:~,1 : S°:'ª'. F~rc eJ in 1\fed1n·~/ China tLciden: Brill. 1965), 2.' ed. rev., ~· ·afirmarivas e cm CTC'?CÍmento rxK tcrritôrio" C'- lavO\, húngaros e liruarm . Em mu itos dcu cs t"fl)fÇ"O.. ck5c:obna.m 1
z:aç6:1 r.SOgovcma.:..<m.ai., . cemraJiz ~~ e~ atrn~:_s da "'.l.UIOfl(JfTlta .forma l, diferenciação cm relação a orgam-
~-:t: c1Ubt hdadc- po1 : oordcnaçao int~ml ... D_aqu1 \e ~gue que um .. C.\taiismo ex tremo nunca
a s~a utilidade para a~ respectivas wcicdades como fomect"dorc._ de dinheiro e dr. aéd~. ~ ~ ~ nt~. e~
obJCCt~ dhponívc: is c frcqucntc:mcnic indcfcws de rribub:jão. revdanm ·i<' a.\ suu nu.111ro rmporwn~ fonta de mco
!
.a.;
11.s~ nomu.frnc·r..te a.u~.tl~~:~u~~: na arena mtcmac1onaJ. P~ pen'iar-sc que um aumento ~e C.\ta-
;rumenu .1 5':3 czpocidadt: em libertai rccur~ a u: :.lbrc. ~ recu r.ws ~óv e1 o; dentro da população ~ ua sllbd•U:1· que
fi~ ims •. Saio W. Baron. A. S&c ia l anil R~ligíou.J llutory of 1h~ j,.,,.-s, 1.' cd., Xll: ÚON"Jmt< Cotolytt <Nova
Iorque: Columbia Univ. Prcss. 1967b). JO-J I. · l
off..l.!rnpca:nSu1cm.iüng.•.l'2,.,,_-urihopolic lado doca~ nacional ou 1mcmac1-0n.al• . ... R eflcctions on lhe ff1story
Eorop< (Prixctoo. :-;cw Jeney: P:ir.ceton"PUn ivmity ~:~:. ~~ Tílly.cd., Th• Bui/díngo/Starn in Wnurn
. . A Alemanha era uma área marginal: •No entanto. após a cat.htrofc d.li Pene Nr.ua. ~ ~uJ alemk-\.
dlllmadm e cmpobrecid<x, foram forçado\ a concentrar-se cadi \ cz ma:111ro oo crr.prt ..n~ de dinheiro. Embora <ã
seus lucr°' financeiros diminu í,!t.Cm fonem:ntc, incorriam por causa dt.uo na intenU .amrno\ichde da populaç:.J;n.
!
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f Europ;l
tut
:1'= "5 juJeus d~sem~nh 3 ss~m um p:ipe l sempre crescente na ~ida económica da
Onent.ll. , :; lhes era pe.nnitido o p~rel ~e .m ercador entre as pro~ ssoes .ac1ma do e.sta-
de d ,.., tr.lh:l.lh .. dor:i. Só p;ir:l eks a ' 'la cl:i.<s1ca de empresirio parJ arrendador se revelou
Os judeus eram um alvo fácil para os seu concorrente.' porque se pod iam transformar
numa causa ideol ógica. Podia argumentar-se contra o seu papel económico com um fun~·
mento reli gio o. Uma das fonnas de os monarcas lidarem com ; ,10 n) Europa Ocident.1.1 ioi
imp<'S'i'd "''. De mr-Jo idtntirn. m h:ília d Non e. como '."'sultado do ded1mo _da força expul sar os judeus. substituindo-os por um ou1 ro grupo mcno• vu l ncr~ ' d no terreno da re li·
fi r..:m eira d3 ; id:iMs-esrados. que '"~ firnu a d ·wr em pane a sua pequena d1mensao com a gião. embora. do ponto de vista dos mcrcadorc.' indígena.\ , igualmente concorren te. Por
n;equente ~quena ti3se de 1rihuta;-:io e inopaci dade .de proteger os seu.s cidadãos fora do exemplo. P. Elman descreve como. quando o monarca 111gJi:, fu i finalmen1c fon;:tdo a expul-
p;i ís '""'. 3 rosi :io dns juJeus come,·ou de :i li:unu maneira a melhorar. mai s uma vez desem- sar os judeus em 1290. ele acolheuº' usurári o, italiano' em >cu lugar. Urn a vez q ue fr~-q u e n ­
penh:mdo principalmeme o pl pd de mercadores "''· A questão dos judeus. tal como se apre- temente o rei.não pagava os empréstimos. "Cm termo, práticos ns cmpré\timos italiano< n:io
s nt.3 , 3 aos º ' e mJ. n l e~. erJ um di lema de ., fi sc ali s m o >~ rusus «merc:intili smo» nascente. diferiam muitas vezes gr.mdcrnenlc das talha.~ pagas pel o' judeu, . "''. Me" no ª"im. no , é(:ulo
Por um l:td,;,
estes me rcadores judeus er:un um3 fonte importante de rendimento para 0 XVI os italianos foram desalojados do se u papel de emprcs:lrim no interior da fnglaterrn '· '.
fa tadü: ror üulro bdo. os mercadores n:io judeus viam-nos como concorrentes e os proprie- e mesmo em Espanha' ' ". mas os judeus estavam a desalojar pol acos na Polónia ,,., ., Como era
t:írio, comn crcdorc ·. ambos os grupos combinando por vezes as suas pressões sobre o gover- isso poss ível ?
nante par:i os eliminar. A primei ra consideraç:io prevaleceu inicialmente tantas vezes quantas Na Europa Ocidental, a base agrícola crescentemente di versifi cada, juntamente com -
as que os reis esta"am em pos iç3o de a contemplar ("' '. À medida que a burguesia indígena as indústrias nascentes. fortaleceram a burguesia comercial até ao ponto em q ue o rei foi
e fona l~c i 3 nos estados centrais. a intoler:incia para com os judeus fez prog ressos legais obrigado a tê-los politicamente em conta. A outra face da moeda foi a de que eles eram capa-
substan i3is. zes de servir como sustentáculo fi scal da monarquia - como contribuintes. empre,tadores e

L .1 Os rrópnos ~ov e m .:m t cs que . .uravés dos seus impos1os . eram cm muilos aspectos sóc ios s ilenc iosos dos ban- 69. P. Elman. ,;n 1c Econo míc Causes o f lhe fa.pul.\ion o f lhe Jc.,., , m 1 ~ ... Ecoft0"1i< l/u1o f)' Rrn""'.
qu ('1 ro~ judeu~ .
dc:frndiam agor.t cad.'.I \ ' C:l. menos vigorosam<.·. ntc as suas gu:trd:&s. ( ... )As cond ições foram de mal a VII, J. Nov. 1936 , 151. Elman argumenta ai nda que foi porque o s judeu foram • Su gado~ 3 1 ~ à C" U ustl.u· qué' fot
piar n.:as décadas 1 cm pc s 1u o~ :ts do 1.·. omeço do séc ulo XVI. quando a ag i1açào soci:i.I e as querelas reli giosas prcpara- ped ido aos i1alianoi1 que romasscm o seu lugar.
' 'am o terreno parn i uerras ci \l is e de reli gifo fpp. 15 1- 153 }... 70. e. Por essa altura.( ...) os mcrcali ures ultramar ino~ ingleses 11nh3.m reun ido forç as com os cinadmoi in glc).('i
6~ . • Pan:ce quC" a s i(lJ aç:io era d ife rente pa ra o s nume roso s judeus d:I Po lóni a, para quem o acesso à 1crra e 3 xcno íobi a urbana c sta .... a a evoluir para um nac ion.:ifo.• mo económico . No fi nal do s.éru lo XIV as trota.ü u do'\
e o 3\'anço soc ial cs1:ivam em princípio vedados. Neste caso , cremos que c:ra m ais frequen1 emen1c empreendido o mcrc.ido res de 1ec idos in glese s para penetrarem no Bfü ico encontraram pouc a receptividade na~ c~ adõ han.-.dti-
imcs1imento de capi tal {e m ac1ividadcs mineiras e indu striais ]->. Marian Mal owi st, • L'~ volu1ion industriclle cn C":l.li . Nesta.li ci rc un stânc ias , os pri,· ilé g io~ dos hanscá1icos cm ln glat crrJ (q ue inc lu fam d irci1os sobre o ~ tecidos rr.a1s
Pologne du XI V• au XV II• s ie-c k : trJ ils géné raux» , Srudi in 011ore di Armando Sapori (Milão: Js1i1u10 Edn. Cisalpino, baixos ainda que os que os na1urai s pag:1vam) parec iam mJondamcntc injus1ificados. e O"i comc rc1an1cs U\f lCSC'S
t957 ). I. 60 1. pedi am o u reci proc idade no Bá ltico uu u co rte dus pri vil ég io " han-.1:á1 icos cm lngl:i.tcrr.1. 1...) Entretanto O\ i t.ai i~
66 . .. Ma.~ como p:>dcmos nós e xpli car esta queda (da liderança me rcant il das cidades-es mdos iralianas]7 c ncomravant·SC no centro dt: uma cont rové rsi a se melh ante . ( ... ) JO)I homc:m dJs c id:.id~ vir:av:i.m-sc J contra. as noç ões
Os C'l cme nlos que co ntri bufr:un para C'la são os seguinic s: a luta d e classes que n o rcsceu nas cidades-estados , as buli o ni ~ t as que se to ma\' am m oc<la corrente . 1\ s !.Uas ac ti \' id adc ~ bancárias e as .!>U.:U opcraç 6e~ de câmbto eram
bancanot3s dc,•icfas à inso lvência dos devedo res reais (bancarrota dos Bardi Pcruzzi}. a au sência dum Estado grande acusadas de conduzir a uma ex ponaç ão c.k ouro e praia , e a na1urc1...:i do se u c:omfrcm 1.. nmh.a.ri a.\" de JuJ..o ] il Um.J.
que prolC" gessc os seus cidadãos no estrangeiro; is10 ~.a causa fundamental cs1á na própria eslrutura da cidadc-cs· cons la ntc sang ria de o uro ... Edward M iller, • Thc Econom ic Po lic ie s o f GuHmment.s: Francc and En g-land · . tn
lado, que não~ podia transformar num Estado 1crri1o ria lme nte g randeio. An1o nio Gram sc i, /I RiJorgimenro (Roma: Cambádge E<·onomic llistory of Europe, Ili : M. M . Po)l1an , E. E . Rich e Edward ~t i ll c r. cJ,_, Ew nnmic O r~ am­
Giu lio E in:1ud 1 Ed .. 1955), 9. :a1iot1 m1d Polidrs ;,, th e Middl r A.grs (Londres e Nova Iorque : Cambridge Uni\·. Prcss . 1963). J JO.J3 L
juck us fo~~.:~~~~:~,:S~~~i~~~~:~~a~~~~~~~~~~e::::i;,~~~c~;dºo~~:1~7~s r:cnudr: :~:~i;ii~:d1~:~:~e3~1~~ 71 . 149 2 é a data ch a \'c . Anlcs d isso. Viccns nora: .. Não h:.i"i:.i liurg: ues1a urb3Ila. 1al co mei noi,, outrô\ p.i.íses.
do Ocidente . Esta lac una era pree nch ida por um a d a..o;M: .!.o cial forJ da reli gião c ri~t :l : m. jud(' u~· - A 11 Ecoll()mtc / /iJ .
mC'nte cxcc:d1am os se u ~ própr_ios, me)l mfJ no resto d:i Europa. Con1udo . após a.~ cri~s financeiras do ~culo XIII, tory of Spa;,1, p. 248 . Depois di sso. d o minaram os gc nO\'c-;cs: .. Q po n1 0 de "irn gem na hi"tlória ~~ rncrcadorc-s
que lc varJm à fol~nc i:i d~ ( ~á n as j grand~s finna" L .. ). novas oponunidadcs se abriram parJ os judeus. ( ... ) ge noveses cm Es panha foi a desco berta da 1\mé rica e a s u b~~ uc n tc abcnu n1 de rdaçüe ~ co mcrc1 :iifi com o nO\•o
.º" princ 1 pados_ 11a! iano~ a prc~ i ava m tam bém há mui10 :1 presenç a dos jude us como fon1e adici onal de força con1inc n1e. D;1í em di anie , a sua as ce nsão à predonun ánc ia econó m ica cm Espanha acompanhou a emc rgênc1.:a des ta
eC'on6m1ca .. _ Uaron , A Sona! arid Reltxinu.r llistory of tlieíews, XII. PP- 161 , 163. nação com o polê nc ia d o minanrc no mundo do )lécu lo XVI. A ~ rl e deu ~ imu ltane a m c me à Ec;_panha. dor\ 1 mpc!~ .
. Q uando os j udeu'i da Es panha e da Sic ília foram expul sos cm 1492, -.a hália em a única terra na Europa um no Velho Mundo. o u1ru no No vo. A impn: paração da Espanha para rcsJX>n)abil idades: 1 m pc-m.i~. p:miculM-
~~~~i~':~~:~:. r~~~~;;~~s-.. Cec il Rolh , Th e llisrory o/ 1/ie Je ws of ltaly (Filadé lfia: Jewi sh Publica1io n Society or m cnlc na es fera eco nó mica. foi o 1rampol im para o av anço gt:no\'é s ... Ruth Pike . · Tht: Gc:nocsc m Sc,·j JI~ and lhe
Opcnin g of thc New World .+ , Jmmial o/ Ernnomic Uil11Jry, XXlll . 3. Sei. 1961. 348. Ver Chaunu. Shtlle. Vltl.
68 . .. & o:-. j~de us não foram totalmente dispens ávei s em cenas regiões (da Europa Ocidental 1(..• )isso deveu- (! ), 285-286.
-se .e m boa pan e aos m1 ercsses fi scais dos respectivos gove rnos, rcprc~nlad os pela.li receitas que ob1inham , dirccla
Ve r ta mbém Javicr Rufz Almansa: .:Cad;,1 um dos 1rCs gru pos raciais ícrisWos. judea_'i , mouros ) t inh.:! -se
ou mdircc1 amc ~1~, at ra~~ s dos cmpr6.1imos de judeus ou da s ua tributação cresccnrcmcn1c cxorbi1antc•. Baron, A
SoClal anti Rell1i: w1u Jlurory o/ th~ Jt ....s. XII, p. 197. e nc arregado , na c s1.ru1ura econó mic a do te mpo, de uma funç ão detmninada . A ehminaçào moo um \'i.cuo d ifki l
d e preenche r e produziu um verdadeiro lc \'antamento orgânico da soc ie~dc csp.IDttol~ ~ ~rc:iOOre..fi: ~e~
, Ve r J. Lec ?hnc idm~n ~obre Aragão nos séculos XUJ e XIV: .:G cralmen1e, quando se empresta d inheiro
veses e ílamcngos ocuparam as funç ões anterio nncnte dese m pen hadas pelos Ju deus . m as nao inteiramente. Os aru -
C"spcra-se que ek l>CJa devolvi do. Mas isto não é inrcirame nre verdade quando se empresta ao Es1ado Embora os
fi cc s da França Meridio nal preencheram uma grande pane da lacu na dC'i:uda pcl~s mo_un .-.cos • . •L:i 1dc:a.s Y las
m s pag~i:.t.em freq ue 111: men1e ~qu.c n o~ c~prést imos . a prá1ica no nnal era repor o dinheiro atravts de
um novo
Csladis ticas de població n cn Espaiia cn cl si glo xv1 ... R<'.\'ista in~trna~1onal _d t soc1.ol~g1a . 1. 19-'7 . .crL~ por ! u~
empréstimo ou consegui -lo dum md~vfduo d 1fC"rcnte para pagar ao primeiro. Normalmente o dinheiro que o s judeus
cmprest.a.vam ao fatado estava perdido. e e lt s tinham de o rec uperar com os lucros da cobrança de .impos tos. VislO Reglá, «La expuls ió n de los morisco s y s us consecuenc rn.) "'. /lu pama. re\·uta upanola Je hurona , XIII . n. 5- .
195 3, 445 .
~~~c~~ ;:c~ucrr~: se lom~vam fonte d~ nov~s. cmprts1imo s, os .mo narcas empenhavam-se em assegurar que o s
1 3
72. • (Na) Pol ónia , que sa ltou de repente para a m odernidade no começo do ~u i~ XV. há uma crc'-C~te
tNova lorq:: N;:my:;t~~~v~ ~';:~::!ilt~~~)~~'.~~~~cro,._ Th~ Rur o/ tht Aragonese·Catalan Empirt, /200·1350 asce ndência judaica , resultado do seu número . e mesm o quase uma 0 3Çào ~um Estado Jud:u~, que scclo varridos
pe las dific uldades cconómicali e pela repressão impiedosa d o século XVII .... Brau<k l. LA M édzrerranfe . n. p . 137.

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:1'= "5 juJeus d~sem~nh 3 ss~m um p:ipe l sempre crescente na ~ida económica da
Onent.ll. , :; lhes era pe.nnitido o p~rel ~e .m ercador entre as pro~ ssoes .ac1ma do e.sta-
de d ,.., tr.lh:l.lh .. dor:i. Só p;ir:l eks a ' 'la cl:i.<s1ca de empresirio parJ arrendador se revelou
Os judeus eram um alvo fácil para os seu concorrente.' porque se pod iam transformar
numa causa ideol ógica. Podia argumentar-se contra o seu papel económico com um fun~·
mento reli gio o. Uma das fonnas de os monarcas lidarem com ; ,10 n) Europa Ocident.1.1 ioi
imp<'S'i'd "''. De mr-Jo idtntirn. m h:ília d Non e. como '."'sultado do ded1mo _da força expul sar os judeus. substituindo-os por um ou1 ro grupo mcno• vu l ncr~ ' d no terreno da re li·
fi r..:m eira d3 ; id:iMs-esrados. que '"~ firnu a d ·wr em pane a sua pequena d1mensao com a gião. embora. do ponto de vista dos mcrcadorc.' indígena.\ , igualmente concorren te. Por
n;equente ~quena ti3se de 1rihuta;-:io e inopaci dade .de proteger os seu.s cidadãos fora do exemplo. P. Elman descreve como. quando o monarca 111gJi:, fu i finalmen1c fon;:tdo a expul-
p;i ís '""'. 3 rosi :io dns juJeus come,·ou de :i li:unu maneira a melhorar. mai s uma vez desem- sar os judeus em 1290. ele acolheuº' usurári o, italiano' em >cu lugar. Urn a vez q ue fr~-q u e n ­
penh:mdo principalmeme o pl pd de mercadores "''· A questão dos judeus. tal como se apre- temente o rei.não pagava os empréstimos. "Cm termo, práticos ns cmpré\timos italiano< n:io
s nt.3 , 3 aos º ' e mJ. n l e~. erJ um di lema de ., fi sc ali s m o >~ rusus «merc:intili smo» nascente. diferiam muitas vezes gr.mdcrnenlc das talha.~ pagas pel o' judeu, . "''. Me" no ª"im. no , é(:ulo
Por um l:td,;,
estes me rcadores judeus er:un um3 fonte importante de rendimento para 0 XVI os italianos foram desalojados do se u papel de emprcs:lrim no interior da fnglaterrn '· '.
fa tadü: ror üulro bdo. os mercadores n:io judeus viam-nos como concorrentes e os proprie- e mesmo em Espanha' ' ". mas os judeus estavam a desalojar pol acos na Polónia ,,., ., Como era
t:írio, comn crcdorc ·. ambos os grupos combinando por vezes as suas pressões sobre o gover- isso poss ível ?
nante par:i os eliminar. A primei ra consideraç:io prevaleceu inicialmente tantas vezes quantas Na Europa Ocidental, a base agrícola crescentemente di versifi cada, juntamente com -
as que os reis esta"am em pos iç3o de a contemplar ("' '. À medida que a burguesia indígena as indústrias nascentes. fortaleceram a burguesia comercial até ao ponto em q ue o rei foi
e fona l~c i 3 nos estados centrais. a intoler:incia para com os judeus fez prog ressos legais obrigado a tê-los politicamente em conta. A outra face da moeda foi a de que eles eram capa-
substan i3is. zes de servir como sustentáculo fi scal da monarquia - como contribuintes. empre,tadores e

L .1 Os rrópnos ~ov e m .:m t cs que . .uravés dos seus impos1os . eram cm muilos aspectos sóc ios s ilenc iosos dos ban- 69. P. Elman. ,;n 1c Econo míc Causes o f lhe fa.pul.\ion o f lhe Jc.,., , m 1 ~ ... Ecoft0"1i< l/u1o f)' Rrn""'.
qu ('1 ro~ judeu~ .
dc:frndiam agor.t cad.'.I \ ' C:l. menos vigorosam<.·. ntc as suas gu:trd:&s. ( ... )As cond ições foram de mal a VII, J. Nov. 1936 , 151. Elman argumenta ai nda que foi porque o s judeu foram • Su gado~ 3 1 ~ à C" U ustl.u· qué' fot
piar n.:as décadas 1 cm pc s 1u o~ :ts do 1.·. omeço do séc ulo XVI. quando a ag i1açào soci:i.I e as querelas reli giosas prcpara- ped ido aos i1alianoi1 que romasscm o seu lugar.
' 'am o terreno parn i uerras ci \l is e de reli gifo fpp. 15 1- 153 }... 70. e. Por essa altura.( ...) os mcrcali ures ultramar ino~ ingleses 11nh3.m reun ido forç as com os cinadmoi in glc).('i
6~ . • Pan:ce quC" a s i(lJ aç:io era d ife rente pa ra o s nume roso s judeus d:I Po lóni a, para quem o acesso à 1crra e 3 xcno íobi a urbana c sta .... a a evoluir para um nac ion.:ifo.• mo económico . No fi nal do s.éru lo XIV as trota.ü u do'\
e o 3\'anço soc ial cs1:ivam em princípio vedados. Neste caso , cremos que c:ra m ais frequen1 emen1c empreendido o mcrc.ido res de 1ec idos in glese s para penetrarem no Bfü ico encontraram pouc a receptividade na~ c~ adõ han.-.dti-
imcs1imento de capi tal {e m ac1ividadcs mineiras e indu striais ]->. Marian Mal owi st, • L'~ volu1ion industriclle cn C":l.li . Nesta.li ci rc un stânc ias , os pri,· ilé g io~ dos hanscá1icos cm ln glat crrJ (q ue inc lu fam d irci1os sobre o ~ tecidos rr.a1s
Pologne du XI V• au XV II• s ie-c k : trJ ils géné raux» , Srudi in 011ore di Armando Sapori (Milão: Js1i1u10 Edn. Cisalpino, baixos ainda que os que os na1urai s pag:1vam) parec iam mJondamcntc injus1ificados. e O"i comc rc1an1cs U\f lCSC'S
t957 ). I. 60 1. pedi am o u reci proc idade no Bá ltico uu u co rte dus pri vil ég io " han-.1:á1 icos cm lngl:i.tcrr.1. 1...) Entretanto O\ i t.ai i~
66 . .. Ma.~ como p:>dcmos nós e xpli car esta queda (da liderança me rcant il das cidades-es mdos iralianas]7 c ncomravant·SC no centro dt: uma cont rové rsi a se melh ante . ( ... ) JO)I homc:m dJs c id:.id~ vir:av:i.m-sc J contra. as noç ões
Os C'l cme nlos que co ntri bufr:un para C'la são os seguinic s: a luta d e classes que n o rcsceu nas cidades-estados , as buli o ni ~ t as que se to ma\' am m oc<la corrente . 1\ s !.Uas ac ti \' id adc ~ bancárias e as .!>U.:U opcraç 6e~ de câmbto eram
bancanot3s dc,•icfas à inso lvência dos devedo res reais (bancarrota dos Bardi Pcruzzi}. a au sência dum Estado grande acusadas de conduzir a uma ex ponaç ão c.k ouro e praia , e a na1urc1...:i do se u c:omfrcm 1.. nmh.a.ri a.\" de JuJ..o ] il Um.J.
que prolC" gessc os seus cidadãos no estrangeiro; is10 ~.a causa fundamental cs1á na própria eslrutura da cidadc-cs· cons la ntc sang ria de o uro ... Edward M iller, • Thc Econom ic Po lic ie s o f GuHmment.s: Francc and En g-land · . tn
lado, que não~ podia transformar num Estado 1crri1o ria lme nte g randeio. An1o nio Gram sc i, /I RiJorgimenro (Roma: Cambádge E<·onomic llistory of Europe, Ili : M. M . Po)l1an , E. E . Rich e Edward ~t i ll c r. cJ,_, Ew nnmic O r~ am­
Giu lio E in:1ud 1 Ed .. 1955), 9. :a1iot1 m1d Polidrs ;,, th e Middl r A.grs (Londres e Nova Iorque : Cambridge Uni\·. Prcss . 1963). J JO.J3 L
juck us fo~~.:~~~~:~,:S~~~i~~~~:~~a~~~~~~~~~~e::::i;,~~~c~;dºo~~:1~7~s r:cnudr: :~:~i;ii~:d1~:~:~e3~1~~ 71 . 149 2 é a data ch a \'c . Anlcs d isso. Viccns nora: .. Não h:.i"i:.i liurg: ues1a urb3Ila. 1al co mei noi,, outrô\ p.i.íses.
do Ocidente . Esta lac una era pree nch ida por um a d a..o;M: .!.o cial forJ da reli gião c ri~t :l : m. jud(' u~· - A 11 Ecoll()mtc / /iJ .
mC'nte cxcc:d1am os se u ~ própr_ios, me)l mfJ no resto d:i Europa. Con1udo . após a.~ cri~s financeiras do ~culo XIII, tory of Spa;,1, p. 248 . Depois di sso. d o minaram os gc nO\'c-;cs: .. Q po n1 0 de "irn gem na hi"tlória ~~ rncrcadorc-s
que lc varJm à fol~nc i:i d~ ( ~á n as j grand~s finna" L .. ). novas oponunidadcs se abriram parJ os judeus. ( ... ) ge noveses cm Es panha foi a desco berta da 1\mé rica e a s u b~~ uc n tc abcnu n1 de rdaçüe ~ co mcrc1 :iifi com o nO\•o
.º" princ 1 pados_ 11a! iano~ a prc~ i ava m tam bém há mui10 :1 presenç a dos jude us como fon1e adici onal de força con1inc n1e. D;1í em di anie , a sua as ce nsão à predonun ánc ia econó m ica cm Espanha acompanhou a emc rgênc1.:a des ta
eC'on6m1ca .. _ Uaron , A Sona! arid Reltxinu.r llistory of tlieíews, XII. PP- 161 , 163. nação com o polê nc ia d o minanrc no mundo do )lécu lo XVI. A ~ rl e deu ~ imu ltane a m c me à Ec;_panha. dor\ 1 mpc!~ .
. Q uando os j udeu'i da Es panha e da Sic ília foram expul sos cm 1492, -.a hália em a única terra na Europa um no Velho Mundo. o u1ru no No vo. A impn: paração da Espanha para rcsJX>n)abil idades: 1 m pc-m.i~. p:miculM-
~~~~i~':~~:~:. r~~~~;;~~s-.. Cec il Rolh , Th e llisrory o/ 1/ie Je ws of ltaly (Filadé lfia: Jewi sh Publica1io n Society or m cnlc na es fera eco nó mica. foi o 1rampol im para o av anço gt:no\'é s ... Ruth Pike . · Tht: Gc:nocsc m Sc,·j JI~ and lhe
Opcnin g of thc New World .+ , Jmmial o/ Ernnomic Uil11Jry, XXlll . 3. Sei. 1961. 348. Ver Chaunu. Shtlle. Vltl.
68 . .. & o:-. j~de us não foram totalmente dispens ávei s em cenas regiões (da Europa Ocidental 1(..• )isso deveu- (! ), 285-286.
-se .e m boa pan e aos m1 ercsses fi scais dos respectivos gove rnos, rcprc~nlad os pela.li receitas que ob1inham , dirccla
Ve r ta mbém Javicr Rufz Almansa: .:Cad;,1 um dos 1rCs gru pos raciais ícrisWos. judea_'i , mouros ) t inh.:! -se
ou mdircc1 amc ~1~, at ra~~ s dos cmpr6.1imos de judeus ou da s ua tributação cresccnrcmcn1c cxorbi1antc•. Baron, A
SoClal anti Rell1i: w1u Jlurory o/ th~ Jt ....s. XII, p. 197. e nc arregado , na c s1.ru1ura econó mic a do te mpo, de uma funç ão detmninada . A ehminaçào moo um \'i.cuo d ifki l
d e preenche r e produziu um verdadeiro lc \'antamento orgânico da soc ie~dc csp.IDttol~ ~ ~rc:iOOre..fi: ~e~
, Ve r J. Lec ?hnc idm~n ~obre Aragão nos séculos XUJ e XIV: .:G cralmen1e, quando se empresta d inheiro
veses e ílamcngos ocuparam as funç ões anterio nncnte dese m pen hadas pelos Ju deus . m as nao inteiramente. Os aru -
C"spcra-se que ek l>CJa devolvi do. Mas isto não é inrcirame nre verdade quando se empresta ao Es1ado Embora os
fi cc s da França Meridio nal preencheram uma grande pane da lacu na dC'i:uda pcl~s mo_un .-.cos • . •L:i 1dc:a.s Y las
m s pag~i:.t.em freq ue 111: men1e ~qu.c n o~ c~prést imos . a prá1ica no nnal era repor o dinheiro atravts de
um novo
Csladis ticas de població n cn Espaiia cn cl si glo xv1 ... R<'.\'ista in~trna~1onal _d t soc1.ol~g1a . 1. 19-'7 . .crL~ por ! u~
empréstimo ou consegui -lo dum md~vfduo d 1fC"rcnte para pagar ao primeiro. Normalmente o dinheiro que o s judeus
cmprest.a.vam ao fatado estava perdido. e e lt s tinham de o rec uperar com os lucros da cobrança de .impos tos. VislO Reglá, «La expuls ió n de los morisco s y s us consecuenc rn.) "'. /lu pama. re\·uta upanola Je hurona , XIII . n. 5- .
195 3, 445 .
~~~c~~ ;:c~ucrr~: se lom~vam fonte d~ nov~s. cmprts1imo s, os .mo narcas empenhavam-se em assegurar que o s
1 3
72. • (Na) Pol ónia , que sa ltou de repente para a m odernidade no começo do ~u i~ XV. há uma crc'-C~te
tNova lorq:: N;:my:;t~~~v~ ~';:~::!ilt~~~)~~'.~~~~cro,._ Th~ Rur o/ tht Aragonese·Catalan Empirt, /200·1350 asce ndência judaica , resultado do seu número . e mesm o quase uma 0 3Çào ~um Estado Jud:u~, que scclo varridos
pe las dific uldades cconómicali e pela repressão impiedosa d o século XVII .... Brau<k l. LA M édzrerranfe . n. p . 137.

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parceiro comercial - 1:io bem senão melhor qu':' os mercadores estrangeiros. o reflexo
• na(·ionahst.1 • era assim natural ""· Na Europa Oncntal . conludo. a questão apresentava-se classe dentro do s ist~ ma polll ico de um Estado são fu~ão da forma como " gsupo di rii;cntc
de fonm muito diferente. Os monarc:~ eram_m:11s frarns , os mercadores também e os PIO· é dominado pnmordialmcnle pela.' pesMJas cujo<intcreso,es esllo liga&.:.. à vcndl de produl~
dutorcs agricolJs mais fo nes. A <JU<'S lao na F:uropa Oncntal no século XVI , bem como e prim~ri os n.um m~ r~ado mundial ou por aquela.< cujo< intcrc""' « llo ligados • lucrD"
t0<las as res tantes p;irt<'S do ;~ istema mundi al capital!sta 4uc vi'.1h:1m _progr~ssivamente a es: comcrciais-intlustna1 s. . ,..;
ciali zar-sc na prod ução agn cola para o mercado. nao era a ex1stenc1a ou 111ex1s1ência de um Não eram somente os Judeus os joguetes dc<tas aliança< polít ico~conómicas
burguesia comercial. Se existe uma econom ia moncl:\ria. devem exi stir pessoas para servi~ transnacionais . Os mercadores nos paÍ!-.CS c:a1 ól ico~ eram frequentemente wprotcua.nte'"· A
como fu nis para a complexa troca de hcns e serviços que o uso do dinheiro encoraja. A questão principal controvérsia idco_Iógica pan-curopcia d°' M'culo' XVI e XV ll _ Reforma i·rrmJ
Contra-Rcfonna - estava mcx1r1cavc lrncntc hg;.1C1a â uí;iç5o tan10 de cs tadM fortes COlll(j do
crJ se esra burguesia com..:rcial viri a a ser predominantemente estrangeira ou indígena. Se
sistem:.1 c"-lpitali sla. Não foi acidental que a4 uc:l <.1 "i pa ne ~ da Europa que \'Íram 0 ~u pendor
indigcna. acrcsccn1 aria um impon:1111c factor '' política interna. Se estrangeira, os seus inte-
agrícola rd'orç~d o no século X~I fossem aquela'. cm ~ uc a Contra- Reforma triunfou. enquanw
r.sses estariam primordialmente li gados aos dos pólos de desenvolvimento em emergência,
que na s ua mai o r parte os pa1scs cm mdu~1n a l 111_'çao continuaram prulc!r.tan te\. Alemanha.
que mais tarde viri am a ser designados por metrópoles.
f rança e .e Bélgica :.' eram de al guma fomla ''º mc10 termo., , se ndo o resuhado a longo prazo
Não foi o fac to de os proprietários indígenas (e tal vez também os mercadores na Ulll compromisso ideológico. A Alemanha t::o.Lava divid ida entre prote ~tantc~ e católicos. A
Europa Ocidental) preferirem ter judeus como indispensáveis mercadores locais na Europa franç.a e a «Uélgka>) vieram a te r poucos protestante!-. ma~ dcM:" nvolveram uma tradição de
Orie111al cm vez de uma burgues ia comercial indígena uma razão críti ca para a boa recepção li vrc-pcnsamcnlo anti clerical à 4ual rc rtm grupos podiam aderi r. . ..
dispensoda aos judeus na Europa Orie111al do século XVI '" '? A burguesia comercial indígena, Isto não fo i nc itk ntal. não por4uc, como Webe r. pe nsemos que a 1eo log1a protestante
se se 1i veS>e fon ak cidu. leria obtido uma base política (lotalmenle ause nte no caso dos judeus) é por algu ma fomla mais consonante rnm o capitalismo do que a teologia cat61ira. Sem dúv1_da
e poderia ter sonhado cm transfo m1ar·sc numa burgues ia m;mufacturc ira. O caminho que sem que se pode defender cslc po n10 tk ''_i st ~ . Por out ro lado. ~arccc ser g e ral m~nte vt'rdadeiro
dúvida teriam escolh ido implicaria a redução da «abertura » da economia nacional. o que teria que qualquer sistema complexo de 1c.l c1as pode se r marnpula<lo p<.1 ra ~~n· ir u":1 qualquer
ameaçado os intere5Ses simbióticos do prop rietári o-mercador da Europa Oriental. Embora objectivo político ou srn..·ial part icular. C~na mc.nh! 4~e tamhém ª.1 col og 1 ~ católica provou
saibamos que o início d:.i Idade Moderna fo i um período de ,/ec/ín io para a burguesia indígena
3
sua capacida<lc de se adaptar ao seu meio social . Ma puucas ra1.ocs ;10 m v~ I abm~c.to das
da Europa Oriental '"'. «no campo, por out ro lado. os judeus desempenhavam um papel cres- ide ias para que se não pudesse ter C!-.c rito um ~ivro p~ a~s fvcl 1nt i1u~adu .. A Éw.:a Catoll_ca e .ª
cente. tanto como agentes dos proprietários como dos comerciantes e dos artesãos, nas pequenas Ascensão <lo Capitali smo». E poderia a lcolog1a calv1m'\ta !'<:r constdcraJ.a como tendo 1mpl~ ·
aldeias».,. ,_ Isto il ustra um fenómeno mais geral de uma economia-mundo. As alianças de caçõcs anticapi1alistas m Aquilo que me interessa é dife rente. Por . um~ sCri.e de desc.nvolv1-
1

mcntos históricos intelectualmente acidentais 1710 • o protestantismo vem a 1dent1ficar·sc cm larga


73 . • No \'irar dos séculos XIII e XIV, as grande s casas i1a li anas ( ... ) estavam a domi nar as e xponaçõcs
in!o!lesas de ll. e em alguns anos c x trc ~r.1.m um monopólio to ta l sobre as ex ponaçõcs e disfru1amm de um 1otal con-
77 •Nilo obsianic, t considerado frcq uen1c men1e como iu.iomálic~ ~ojc em ~ii 't~ o cah·~nl!•ITTO si~
trolo das alfâ ndegas rcafa. Desta posição acaharam os italianos por serexpu l..as por corpor.içõcs de mcn:adores na1ivos
e, por fim . pc.· la English Co mpany of S1aple. (.. .)Cerca de 136 1 a English Company of Stapl e eslava na posse dum
1
emer ido c~mo a religião que encorajava os esforços dos homens de ne~óc1011 . N:u );U:l." fon~11s m11~ crua~ ur
nl<mopólio \'irtual da" ··e,;port:içUcs de là 'º parn u Europa Sc1entrio nal. ( ... ) O monopólio conv inha( ... ) aos merca· doui~na afimi a que 0 cal1,1inismo glorificava o zelo aquisiuw, ou. pclu menos. qu_c ~I~ cncik°7:J:' ~ ~e~~~ f>CC"\~f­
dortl dc I:\ 1... ): con,·inha aos in1en:sscs crrsccnlcs dos rece lõc:s, pois criava grandes d iscrC'p:i ncias enlrt os preços da o sucesso nos negóc ios pod ia "'cr considcr.idn como sinal de ser-sr conl:ido <'ntn.' o~ <' cllth : m m~is que
1:1 no p:t i1i e nu e s t ra.n ~ eiro . E. sobrciudo. convinha ao re i. Os dire itos e tribulos sobre a expon ação de lã eram a s!io do ~al vi~ismo não é im()(nSá\'Cl. cmbor.l \'a\ha a pena noiar·!ie não s~ que ~n a um:l pcf'cr . mas. · ami.nos.a
melhor ~gur:mç a rossinl que C' ic pc..'C!ia oferece r. c uma companhia pri vilegiada go1.ando dum monopó lio de comércio ~ria uma pc~ersào pnn icul3m1e_n1e T':~ul.S ÍVil p:trJ O~ C~ah•_i niSUIS an;l~~~\~.~ ~l\~~;;~~~1 i;:~~~r:h·ÍmM~
er:i uma fome mui10 mais segura r..l t.> empré-s1i mos que a sé rie de fi nnas e sindicatos QUl' lmham. uma a uma, e n1rado de: .' "º~ar desvendar os in~ond~v:1s d~si~~tl~S d~ _Pr~~iJc.~ ~'ª:r!!~r ue a ~rença n:; Prede!>tin:tção re:i, \·ula~se pln o
em bancarro1a nos primeiros anos d:i Guerra dos Ce m Anos. (...) O único inlerc.ssc que era prejudicado era o dos len a sido di.: na1ure1:a mmlo d1f: rcnh: . Ela çon.s lltuin ~ e pcró rio i':.abalho de c:tda um al r3~·é.;. dum scnumcnlo de
produlorts de lã: e e s1:i pode 1er ~ido uma das razões pd;1s quais a produç3o de lã dec linou ... M. M. Postan. •The ~a1alis?'º: e co11Juz1sse à .k1~~1a e_~ f~l-i a de . mt~rcs~~~nh~r. IU a.l~un!> anos, t>S Cl\fll l~s.iri~ de.!"ign:>dos pc.b.
Tradc of MC'dieval Eu ro ~ : l11t": Nonh ,. , in Camhridge Ernnomic HisTOr)' o/ Europe , li: M. M. Poslan e E. E. Rich, nnpou:nc 1a dos e~forços md1v1dua 1s fat: e à "oniadc d . .. os Pohf"cs" mt A.fm;a do Sul debateram ,;en•·
8
cds... Tradr and /nd1mn in thr Middle A~t'S (Londres e Nova Iorque: Cambridge Uni"" Prc ss. 1952). 238. Carnegie Corpora1ion para inquirir ~cerca d~ prn~c~~cia~''ª er:\~1o-conlian-.;u entre os ~ 0 r.inc0;o. l'o™:5'" rUo
74. Co nvcrs&s forç adas ocorreram em Espanha e Portuga l. Isto era idea l pa.r'J a sc mi-pcriferização. Aos mente se um dos fo ctores para a fa lta de e.spim~ . d .. Isto proporc iona um in1cresumc: coill<'nlirio sobtt
scriJ este 1ipo de fat al i s m~ g.:: r.ldo ~r ~.m "c~l'' ~~~~:i~n~ ·da iniciaiiva empresarial. Sugc.rt . com muita f~
judeus era-lhes perm itido ac1uar como marr.mos. Js10 pem1i1ia-l hcs desC'm~ nha r um pap<'.'I de lo nge mais impor- 101
tante no interior da burgues ia do que an ceri onnenie. Quando o desen volvimen10 na Península Ibérica acingiu o ponto a crtnça amplamcmc aceite do ca_l,· m.• s~o cClm~ . · . _ dos calvinistas às opununid~ e c:stfmulos rc~
em que parec ia deS('jável criar uma burgues ia local. a coinc idê nc ia entre • burgueses• e • c ris13os novos• fe z dos de fac 10, que iníluênc ias n5o doumnárm.." delerm~i~am as re:KÇ: in lhe Si:ticernh Cent ury•. Sm1//1Afrwarr. ) i.1MrN.J/
últ:imos um fáci l alvo de pcr.r.<"guição. Ve r 1. S. Revah, • L'htrésie marrane daru l'Europc ca1holique du 15• au 18' nómicos•. H. M. Robcnson. .. European Economtc Dcvclor mc .
sitt leio. in Jacq1JCS Lc Goff. Hhisies et socinis dans l'Europr priindustrirllC'. I Jr. J8' sitcln( Paris: Mouron. 1968), o/ Erorr.omk s XVIII . Março 1950. 48. 'd . fã ·rlus.ara irolo~ia calv ini.;.13 p.lr.tJUstif..:u aanivi-
cs-p. p . 333 CC\m rtfe r(ncia a Pon ugal. ys. Não estou a proc urar negar que possa ter s'wo :ª'~n~a as;;im ma.;; il?ua\mC'T\te n f31em •li!uru. ~!.CUS
75. Ver M:ilo vá st. Pa.st & Prrunt, n.11 13; Ferdo Gt!strin , Anna fes E.S.C .• XVII (1962). dade capital ista do que a 1eologia c:atóli_c a. Não ª~~as u~c:ia: .[)Qutrin~ que C'mprcg1m os Ol('l(i.~oS' do ccnç!:;
76. Salo W. Baron, carta pessoal, J 6 de Nov ., 1970. Ver D. S1anley Ei1zen: · Os judeus eram ainda mais crilicos mais fon es. Por c:c.cmplo. Chnst~phcr ~ d ~ d"v'dual mais li... rcmc ntc . Oort'sccm e~ialmen1(' ~
alvo de ant:ipalia por caus.:i do 1r.1balho que faziam para os nobres e prínci pes tno ~ul o XVJJ . Eles serv iam de agentes permitindo pressões socia is par~ inílucnctar 8 c~~~~is'c:postas 30 ~u efei to A Cris~ surg:iu~:~ os
fi nanceiros para os prfncipcs. arrendav am e admin istravam domínios da Coroa e propriedades da RC'ntr)' e operavam períodos de rápida mudança soc1.11l. e cn~ as pe fo rmadorc'S tanto beberam. \'h·eu também num1 tpocParco::":"'ef
frcqucntelllC'nte como colectores de impostos». •Two Minorities: Thc Je ws of Poland and the Chinesc of the assim: San10 Agostinho, em cuja teologia os ~ ua mo1wação inicriorem vet di1.tteÇàC\ t'ltcmL ( ...)
Philippines .. , Ít'M'i.Jh Journal o/ Sodology. X. 2. Dez. 1968, 227. velhos padrões estavam a ruir: e tamtXm ele re ço

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parceiro comercial - 1:io bem senão melhor qu':' os mercadores estrangeiros. o reflexo
• na(·ionahst.1 • era assim natural ""· Na Europa Oncntal . conludo. a questão apresentava-se classe dentro do s ist~ ma polll ico de um Estado são fu~ão da forma como " gsupo di rii;cntc
de fonm muito diferente. Os monarc:~ eram_m:11s frarns , os mercadores também e os PIO· é dominado pnmordialmcnle pela.' pesMJas cujo<intcreso,es esllo liga&.:.. à vcndl de produl~
dutorcs agricolJs mais fo nes. A <JU<'S lao na F:uropa Oncntal no século XVI , bem como e prim~ri os n.um m~ r~ado mundial ou por aquela.< cujo< intcrc""' « llo ligados • lucrD"
t0<las as res tantes p;irt<'S do ;~ istema mundi al capital!sta 4uc vi'.1h:1m _progr~ssivamente a es: comcrciais-intlustna1 s. . ,..;
ciali zar-sc na prod ução agn cola para o mercado. nao era a ex1stenc1a ou 111ex1s1ência de um Não eram somente os Judeus os joguetes dc<tas aliança< polít ico~conómicas
burguesia comercial. Se existe uma econom ia moncl:\ria. devem exi stir pessoas para servi~ transnacionais . Os mercadores nos paÍ!-.CS c:a1 ól ico~ eram frequentemente wprotcua.nte'"· A
como fu nis para a complexa troca de hcns e serviços que o uso do dinheiro encoraja. A questão principal controvérsia idco_Iógica pan-curopcia d°' M'culo' XVI e XV ll _ Reforma i·rrmJ
Contra-Rcfonna - estava mcx1r1cavc lrncntc hg;.1C1a â uí;iç5o tan10 de cs tadM fortes COlll(j do
crJ se esra burguesia com..:rcial viri a a ser predominantemente estrangeira ou indígena. Se
sistem:.1 c"-lpitali sla. Não foi acidental que a4 uc:l <.1 "i pa ne ~ da Europa que \'Íram 0 ~u pendor
indigcna. acrcsccn1 aria um impon:1111c factor '' política interna. Se estrangeira, os seus inte-
agrícola rd'orç~d o no século X~I fossem aquela'. cm ~ uc a Contra- Reforma triunfou. enquanw
r.sses estariam primordialmente li gados aos dos pólos de desenvolvimento em emergência,
que na s ua mai o r parte os pa1scs cm mdu~1n a l 111_'çao continuaram prulc!r.tan te\. Alemanha.
que mais tarde viri am a ser designados por metrópoles.
f rança e .e Bélgica :.' eram de al guma fomla ''º mc10 termo., , se ndo o resuhado a longo prazo
Não foi o fac to de os proprietários indígenas (e tal vez também os mercadores na Ulll compromisso ideológico. A Alemanha t::o.Lava divid ida entre prote ~tantc~ e católicos. A
Europa Ocidental) preferirem ter judeus como indispensáveis mercadores locais na Europa franç.a e a «Uélgka>) vieram a te r poucos protestante!-. ma~ dcM:" nvolveram uma tradição de
Orie111al cm vez de uma burgues ia comercial indígena uma razão críti ca para a boa recepção li vrc-pcnsamcnlo anti clerical à 4ual rc rtm grupos podiam aderi r. . ..
dispensoda aos judeus na Europa Orie111al do século XVI '" '? A burguesia comercial indígena, Isto não fo i nc itk ntal. não por4uc, como Webe r. pe nsemos que a 1eo log1a protestante
se se 1i veS>e fon ak cidu. leria obtido uma base política (lotalmenle ause nte no caso dos judeus) é por algu ma fomla mais consonante rnm o capitalismo do que a teologia cat61ira. Sem dúv1_da
e poderia ter sonhado cm transfo m1ar·sc numa burgues ia m;mufacturc ira. O caminho que sem que se pode defender cslc po n10 tk ''_i st ~ . Por out ro lado. ~arccc ser g e ral m~nte vt'rdadeiro
dúvida teriam escolh ido implicaria a redução da «abertura » da economia nacional. o que teria que qualquer sistema complexo de 1c.l c1as pode se r marnpula<lo p<.1 ra ~~n· ir u":1 qualquer
ameaçado os intere5Ses simbióticos do prop rietári o-mercador da Europa Oriental. Embora objectivo político ou srn..·ial part icular. C~na mc.nh! 4~e tamhém ª.1 col og 1 ~ católica provou
saibamos que o início d:.i Idade Moderna fo i um período de ,/ec/ín io para a burguesia indígena
3
sua capacida<lc de se adaptar ao seu meio social . Ma puucas ra1.ocs ;10 m v~ I abm~c.to das
da Europa Oriental '"'. «no campo, por out ro lado. os judeus desempenhavam um papel cres- ide ias para que se não pudesse ter C!-.c rito um ~ivro p~ a~s fvcl 1nt i1u~adu .. A Éw.:a Catoll_ca e .ª
cente. tanto como agentes dos proprietários como dos comerciantes e dos artesãos, nas pequenas Ascensão <lo Capitali smo». E poderia a lcolog1a calv1m'\ta !'<:r constdcraJ.a como tendo 1mpl~ ·
aldeias».,. ,_ Isto il ustra um fenómeno mais geral de uma economia-mundo. As alianças de caçõcs anticapi1alistas m Aquilo que me interessa é dife rente. Por . um~ sCri.e de desc.nvolv1-
1

mcntos históricos intelectualmente acidentais 1710 • o protestantismo vem a 1dent1ficar·sc cm larga


73 . • No \'irar dos séculos XIII e XIV, as grande s casas i1a li anas ( ... ) estavam a domi nar as e xponaçõcs
in!o!lesas de ll. e em alguns anos c x trc ~r.1.m um monopólio to ta l sobre as ex ponaçõcs e disfru1amm de um 1otal con-
77 •Nilo obsianic, t considerado frcq uen1c men1e como iu.iomálic~ ~ojc em ~ii 't~ o cah·~nl!•ITTO si~
trolo das alfâ ndegas rcafa. Desta posição acaharam os italianos por serexpu l..as por corpor.içõcs de mcn:adores na1ivos
e, por fim . pc.· la English Co mpany of S1aple. (.. .)Cerca de 136 1 a English Company of Stapl e eslava na posse dum
1
emer ido c~mo a religião que encorajava os esforços dos homens de ne~óc1011 . N:u );U:l." fon~11s m11~ crua~ ur
nl<mopólio \'irtual da" ··e,;port:içUcs de là 'º parn u Europa Sc1entrio nal. ( ... ) O monopólio conv inha( ... ) aos merca· doui~na afimi a que 0 cal1,1inismo glorificava o zelo aquisiuw, ou. pclu menos. qu_c ~I~ cncik°7:J:' ~ ~e~~~ f>CC"\~f­
dortl dc I:\ 1... ): con,·inha aos in1en:sscs crrsccnlcs dos rece lõc:s, pois criava grandes d iscrC'p:i ncias enlrt os preços da o sucesso nos negóc ios pod ia "'cr considcr.idn como sinal de ser-sr conl:ido <'ntn.' o~ <' cllth : m m~is que
1:1 no p:t i1i e nu e s t ra.n ~ eiro . E. sobrciudo. convinha ao re i. Os dire itos e tribulos sobre a expon ação de lã eram a s!io do ~al vi~ismo não é im()(nSá\'Cl. cmbor.l \'a\ha a pena noiar·!ie não s~ que ~n a um:l pcf'cr . mas. · ami.nos.a
melhor ~gur:mç a rossinl que C' ic pc..'C!ia oferece r. c uma companhia pri vilegiada go1.ando dum monopó lio de comércio ~ria uma pc~ersào pnn icul3m1e_n1e T':~ul.S ÍVil p:trJ O~ C~ah•_i niSUIS an;l~~~\~.~ ~l\~~;;~~~1 i;:~~~r:h·ÍmM~
er:i uma fome mui10 mais segura r..l t.> empré-s1i mos que a sé rie de fi nnas e sindicatos QUl' lmham. uma a uma, e n1rado de: .' "º~ar desvendar os in~ond~v:1s d~si~~tl~S d~ _Pr~~iJc.~ ~'ª:r!!~r ue a ~rença n:; Prede!>tin:tção re:i, \·ula~se pln o
em bancarro1a nos primeiros anos d:i Guerra dos Ce m Anos. (...) O único inlerc.ssc que era prejudicado era o dos len a sido di.: na1ure1:a mmlo d1f: rcnh: . Ela çon.s lltuin ~ e pcró rio i':.abalho de c:tda um al r3~·é.;. dum scnumcnlo de
produlorts de lã: e e s1:i pode 1er ~ido uma das razões pd;1s quais a produç3o de lã dec linou ... M. M. Postan. •The ~a1alis?'º: e co11Juz1sse à .k1~~1a e_~ f~l-i a de . mt~rcs~~~nh~r. IU a.l~un!> anos, t>S Cl\fll l~s.iri~ de.!"ign:>dos pc.b.
Tradc of MC'dieval Eu ro ~ : l11t": Nonh ,. , in Camhridge Ernnomic HisTOr)' o/ Europe , li: M. M. Poslan e E. E. Rich, nnpou:nc 1a dos e~forços md1v1dua 1s fat: e à "oniadc d . .. os Pohf"cs" mt A.fm;a do Sul debateram ,;en•·
8
cds... Tradr and /nd1mn in thr Middle A~t'S (Londres e Nova Iorque: Cambridge Uni"" Prc ss. 1952). 238. Carnegie Corpora1ion para inquirir ~cerca d~ prn~c~~cia~''ª er:\~1o-conlian-.;u entre os ~ 0 r.inc0;o. l'o™:5'" rUo
74. Co nvcrs&s forç adas ocorreram em Espanha e Portuga l. Isto era idea l pa.r'J a sc mi-pcriferização. Aos mente se um dos fo ctores para a fa lta de e.spim~ . d .. Isto proporc iona um in1cresumc: coill<'nlirio sobtt
scriJ este 1ipo de fat al i s m~ g.:: r.ldo ~r ~.m "c~l'' ~~~~:i~n~ ·da iniciaiiva empresarial. Sugc.rt . com muita f~
judeus era-lhes perm itido ac1uar como marr.mos. Js10 pem1i1ia-l hcs desC'm~ nha r um pap<'.'I de lo nge mais impor- 101
tante no interior da burgues ia do que an ceri onnenie. Quando o desen volvimen10 na Península Ibérica acingiu o ponto a crtnça amplamcmc aceite do ca_l,· m.• s~o cClm~ . · . _ dos calvinistas às opununid~ e c:stfmulos rc~
em que parec ia deS('jável criar uma burgues ia local. a coinc idê nc ia entre • burgueses• e • c ris13os novos• fe z dos de fac 10, que iníluênc ias n5o doumnárm.." delerm~i~am as re:KÇ: in lhe Si:ticernh Cent ury•. Sm1//1Afrwarr. ) i.1MrN.J/
últ:imos um fáci l alvo de pcr.r.<"guição. Ve r 1. S. Revah, • L'htrésie marrane daru l'Europc ca1holique du 15• au 18' nómicos•. H. M. Robcnson. .. European Economtc Dcvclor mc .
sitt leio. in Jacq1JCS Lc Goff. Hhisies et socinis dans l'Europr priindustrirllC'. I Jr. J8' sitcln( Paris: Mouron. 1968), o/ Erorr.omk s XVIII . Março 1950. 48. 'd . fã ·rlus.ara irolo~ia calv ini.;.13 p.lr.tJUstif..:u aanivi-
cs-p. p . 333 CC\m rtfe r(ncia a Pon ugal. ys. Não estou a proc urar negar que possa ter s'wo :ª'~n~a as;;im ma.;; il?ua\mC'T\te n f31em •li!uru. ~!.CUS
75. Ver M:ilo vá st. Pa.st & Prrunt, n.11 13; Ferdo Gt!strin , Anna fes E.S.C .• XVII (1962). dade capital ista do que a 1eologia c:atóli_c a. Não ª~~as u~c:ia: .[)Qutrin~ que C'mprcg1m os Ol('l(i.~oS' do ccnç!:;
76. Salo W. Baron, carta pessoal, J 6 de Nov ., 1970. Ver D. S1anley Ei1zen: · Os judeus eram ainda mais crilicos mais fon es. Por c:c.cmplo. Chnst~phcr ~ d ~ d"v'dual mais li... rcmc ntc . Oort'sccm e~ialmen1(' ~
alvo de ant:ipalia por caus.:i do 1r.1balho que faziam para os nobres e prínci pes tno ~ul o XVJJ . Eles serv iam de agentes permitindo pressões socia is par~ inílucnctar 8 c~~~~is'c:postas 30 ~u efei to A Cris~ surg:iu~:~ os
fi nanceiros para os prfncipcs. arrendav am e admin istravam domínios da Coroa e propriedades da RC'ntr)' e operavam períodos de rápida mudança soc1.11l. e cn~ as pe fo rmadorc'S tanto beberam. \'h·eu também num1 tpocParco::":"'ef
frcqucntelllC'nte como colectores de impostos». •Two Minorities: Thc Je ws of Poland and the Chinesc of the assim: San10 Agostinho, em cuja teologia os ~ ua mo1wação inicriorem vet di1.tteÇàC\ t'ltcmL ( ...)
Philippines .. , Ít'M'i.Jh Journal o/ Sodology. X. 2. Dez. 1968, 227. velhos padrões estavam a ruir: e tamtXm ele re ço

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med ida du rante a Rcfom1a com as forças favor:lvcis à e xpansão do capitalismo comercial no e da Escócia. O ~ara~clismo entre estas ' rea, e aJ da Rcfomu t t ritante: bem como o . raleio no
conrexto de estados nacionais fon es e nos pafs~s cm que estas forças eram dominantes. tempo cnrrc a pnmeir~ fa.e da revolução dos preçO$ e Loicro (a:ntm cerca de 1520:0) e entre
Ass.im. qua ndo estas for\·as perderam na Poló nia. ou na Espanha. ou na «Itália», ou na a segunda fase e Calvino (arn ba.• ccrea de IS45-81JJ" l,
Hungria. o pro restanti smo rambém declinou, e muitas vezes rapidamente. O s factores que
Não é necessário aceitannos todos os detalhes hist6ric-0s para vc~ que esta é uma
favoreceram a expansão da ag riculrura de e xponação favoreceram também a reafinuação
hip6tese relevante.
do c.atolicismo.
Mai_s. ainda, poss~fmos provas ad'.cionaís da e~trei ta ligação entreª' conjunturas reli -
É necessá rio que analisemos a Re forma à medida que ela se desenvolveu. Como
giosa e pohttco-ec~nómtca quando no~ viramos parn o triu nfo da Contra- Reforma na Po lónia.
Chri stophe r Hill salienta:
Stefan C zamowsk1 . p~ocedc a u~1a cmdadosa análise das rnzões pelas quai' a Polónia retro-
A Igreja d<·sdc há muito que era uma fonte de poder, de patrocínio e de riqueza para os gover- gradou para o catolicismo a pan1r de uma Reforma que parecia ganha r terreno e porque 0 fez
nantes das pri ncipais potências, como a França e a Espanha. Os governos que romperam com rapidamente. Ele refere uma sincroni1.ação entre o momento cm que a nobrC7.a terri torial
Roma nos in íc ios do século XVI localizavam-se nos limites da civilização católica, porências assumiu o poder político nos termos daquilo que dc~ igna por uma "d itadura de c l=~ e 0
secundárias cujos govcman rcs nõo rinham sido suficientemente fortes para negociar com 0 papado momento da ofensiva cató lica. Na sua an~lise , distingue entre a aristocracia, a nobreza terri -
- como a Inglaterra. a Suécia, a Dinamarca, a Suíça, a Escócia P9>.
toria l e a pequena nobreza. Argumenta que foi nas fileiras da ari ~t ocrac i a (bem como na ~ da
Nesta altura e xistia clarame nte um elemento de irritação da Europa do None contra 0 burgues ia) que o s panidários da Refonna se localizaram . Vê a aris tocracia como cobiçando
peso económico do mundo mediterrânico cristão mais «avançado» 18º l. M as, como sabemos, as terras da Ig reja . O s pequenos proprietários vi am-!.C em maiores difi culdades pa.ra comb:ller
por fi nais do longo século X VI o No roeste da Europa trans formara-se no centro da econo- 0 representante eciesiástico local, apoiado como este era pelo ainda poderow epilCopado
mia- mun do, a Europa Orie nta l na periferi a e a Europa Meridio nal e scorregava rapidamente católico. A ssim , era para eles menor a vantagem de abraçarem o prote~ tanti smo e . cun<,cquen-
nessa direcção. temente, tenderam a não o fazer. Czamowski e outros salientam que na Polónia. enqu.amo"1
P. C. Gordon-W alker procura ligar a evolução do protestantismo- primeiro Lutero foram os senhores a favorecer o calvinismo, o rei e a burguesia inclinaram -se pa:ra o lutrra-
depois Calvino- às d uas fa ses da revolução dos preços: 1520-1540/50- sua ve e limitad~ ni smo I'"·Isto é uma verdadeira inversão do tema wcbcriano, mas recorda-nos o arg umento_,
à Al eman ha e aos Países Baixos (prod ução de prata da Europa Central); de 1545 até cerca de
um séc ulo mai s tarde (prata a~eri ca n a). A rg umenta ele que e sta coincidência e stá ligada às 82. P. C. Gordon-Walker, Economic l/iJtnry Rtvit w, VIIJ, 1937. p. 14 . .O. rew!...00. c.oncrctu< da!°""
necessidades estrul ura1s s ucess ivas do novo sistem a capita lista: luterana ( ...) foram a dcslJl.l ição do domfnio ca16Llco sobre as classes m6di1. e baíu e a aprO",.açk>do~ dl
propriedade ca1ólica e feudal. (... )
O .problema soc ial colocado pe la revolução dos preços era realmente um problema bipartido. A (No segundo estádio) o principal problema era agora• aclimatizor;õo de cl•"•<'- (_ ) A burgueúr úr:l>.a de
pnmc1ra necessidade era a ac umulação primária. ( ... ) A segunda, subsequente, e realmente a l!ocar a sua subserviência pela vontade de govrntaJ . ( ... ) A cJa.s"iC uabal~ tinha de uocar o \etl U>baJW.; dar-.....
grado e cxtcruivo pelo trabalho organizado. rcguJar e disciplinado. (... ) A WX'ied.aóc. apiti.!iru 1- ) J'l't:CU;lYm do
ncce5'idade básica. era a aclimatação das cl asses de uma sociedade capitalista às novas posições
ind ividuali.smo para encobrir a cstruLUra de cWscs da wcicdade. q0t: e\ta~·a agora ma.t \ à wptrfk-~ dfJ que no feu-
tomadas necc5'árias pel os recursos da acumulação primitiva . (... ) dalismo. ( ... ) A estrutura de cla.-.scs estava tanto just ific.ada fcb de a etern idade: ) como ~urc:cid.a pelo ,....alt::t dJldo
Estas duas fa.,es controlaram a importância das várias partes da Europa. Desde 1520-40 as áreas ao compon.amenro espiritual indi vidua) como dnico crittrio dt d iv i~ social; e a ttaa. wxi a.1 e O\ mbodo\ corream:
dommanres eram a fa panha (que não he rdou um a classe méd ia forte da Idade Média) e a Ale- para a sua aplicação esta va m pr~-dcterm inados por auto-impm,5çio CD~ O"í EJc:itos. e, ie necc:s-•.trio. por ur..poriçlo
manha (que rmha uma burguesia feudal fo ne ). Desde 1545-80 tanto a Espanha como a Alemanha coerci va sobre os Rt probos. (... J
• IÀ medida que) a adaptaÇlo da• cla<SC5. que foi a miii• imporuruc tatefa d> Reforma_ en ~"'°""
decaíram e a lide rança foi assumida pela Inglaterra, pelos Países Baixos e por panes da França acabada. os protestante!i tinham de ceder a outras ietividadei que se lomJ.\l afJl mai1 imporum.e.s: .obretudo.rla unf:ui:
de dar lugar ao Estado sccular e à cifocia [pp. 16- 17. 18] ..
83. Ver S1eían C7.amow•ki. • La rtaction calholiquc cn Pologn!: 1. la í111 du XVJ ' riccl< e1 r• cléb<A éu X\·11'
cr:ru ~ia .penn ~nt.e de ;u igrejas es~bcl ecí~ r~orrcrem ~ aspecto cerimonia l e de ~grupos de oposição siêclc .... La Po/o~nt ou XVII' Crmgrts Jnttrna11onalt dts Scitnus /Ji.ntJTiqWLJ (Soc-.tú Poklnair,c: d~lüwr.nrc. Vv -
~::;4~ 0 ~~rnto m emo .._.•Protcstanusm an.d lhe R1sc of Capuafüm ... in J. F . Fi~her, ed .. En ays ;,, the Econo· sóvia: 1933), li , p. 300. Ver Thadé<: Grabow1ki : .o, prirx:ipo.U proponenlO do Jutaa.oismo (<rate 15~ < 15551
· "":, " ~ 0/ Tudorand Stuarr En?landO-=drc• e N"'·a Iorque: C:.mbridge Univ. Press , 1960). 34-35.
10
• eram membros do clero. burgucloCS d< llCendênci• ikml e <>tud>tlle> po~ regn:•....r-" d< W i=bcr& e
·w 0 q - e-st.ou ª defender é q~. dada a nece\ \ 1d.adc soc ial. o caro lici.~mo poderfa Le r sido usado para justificar Kõn ig.sberg. ent.lo ccn tr~ de educação unf\·eniúria.. .
~i~ \~~· \~ ~~tammrX> não preciw-J de o ser. Quando mui to. eu C'\"ta:ria de acordo com a íormubção de A nobreza mal ci.1ava envolv ida. O loteranísmo en dernuiado rnode1'3do p'3?'ili eli e apc;un ( ._ J o poder
: ·
rr.zu em r:nao ª .' ldl.J.d.
00
~r.ne\tant1 mo q 1J~ cond uz.a a.utomztic.a.mentc 4() capita!Umo· a sua importância estava
~~.nrntnaW';a ~~t.JlO\ que a~ imUVJÍÇúes e CC~ mais rígidas do C310Ji~isroo impunham Jp. 37]•.
Huiory q Brrrmr. ~re~~l~~i:.:";:~~~~;:.~rrtaf Rn·olution, 1530 -1 780 , Vol. J1 da Pelican Economic
real. ( ...) Sendo dcnwiado dogmático e monárquico. ele deugradzn L :I .ao<t v:r.htxc.1 que a:Ma~rn ~ wxâar
com uma república no estilo da antiga república romana • . ... 1...a rt for.nc rd1~~ en ~ C1 co. P°""V.t•. ú:I
Polo~ne au v~ Congri J l nrernaiilJ f'lille d,J ScrerU. t'J l/ iJIOTUjJUJ , Bnac lll. 1923 (Vlf\Ó\!2. 1~.i ,. 67...tJ.S .
Suni•law Amolddefende coorudo que i 110 não t muuo ngo<™T. • É ccr.nq:;c·u""' pmc. mu ...Sw:aprtL.
ea veL~ ~·=.ia, na de~_.a de IS20. "c-K>ª gra.'lde revolta. a revoJta de Lutero. Ela~ foj uma revolta dcnuo dos magnata.s se tomoU adepta da Reforma.. e!ipecufmcmc do aivini11M. ~b.' o nf YmD<iJO W"lla pm~
SctcmnoruJ e CC':r~~~:::: :Wropa~:ot t"na rC"\·oJ ta da..\ áreas "t>ubde~,·oJv~-. ..coloniaíl .. , da Europa OI elementos mais progreu ís:t.a..<\ da mM ia nobn::z.a que a 1tlo detinham o p--Ar no paú. ei-p<:C~ ~· CT.c:z....
•w idéc. politiqucs et MJCiaux de Ja R<nallwx:c cm Polognc-. LA Pa/01 ~ a~ X· C~tr « ,,,,,.,,.,,,,,,.,,,/da
C1v11iza;Jo &-..> ).f.ed!.~rtccJ e do k.enr.>.- H. ·R ~~:tt~ e e-.11plor~s. (corno J.C: loCTluamJ para S.US1e111Vrm a alta
TiY. ExTO(Han K'1tc.&-Cra.:.t" o{ ri-.e Sint~~ h a~ r~ or-Roper, •Re li ~. r.he Reformation, and Social Change.. , in Scfrnus llistnriqu<J à R~ <Vanóvia: Aadtm ic Polon2i><. de• Sc1C11CC>. lr.sow: d lfo<m~. 1 95~ 1. P- WJ.

Arnold~:·. <.;.=";,=e=~~g! ~.~=


l9(:9h1. J2-33. rsd Snemu.nJh Cemun es. ond orht r Eu o ys fNova Iorque: Hatpcr.
Cumow>li e c;m:o..ro. Ver P. Mn. .n.e
~I. Ver Bm:r.c A SrJCuú ar.d Rtl1 fiou1fli.rtory <ef rr.L l r.. J. Xll. p. l8. R.efomwion in Poland.o. in TllL Cambridge /11st17? <! Poland. L W• f . R<dda ...Y n ai .. d!•- F,_ rlt< OntL<J"'

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med ida du rante a Rcfom1a com as forças favor:lvcis à e xpansão do capitalismo comercial no e da Escócia. O ~ara~clismo entre estas ' rea, e aJ da Rcfomu t t ritante: bem como o . raleio no
conrexto de estados nacionais fon es e nos pafs~s cm que estas forças eram dominantes. tempo cnrrc a pnmeir~ fa.e da revolução dos preçO$ e Loicro (a:ntm cerca de 1520:0) e entre
Ass.im. qua ndo estas for\·as perderam na Poló nia. ou na Espanha. ou na «Itália», ou na a segunda fase e Calvino (arn ba.• ccrea de IS45-81JJ" l,
Hungria. o pro restanti smo rambém declinou, e muitas vezes rapidamente. O s factores que
Não é necessário aceitannos todos os detalhes hist6ric-0s para vc~ que esta é uma
favoreceram a expansão da ag riculrura de e xponação favoreceram também a reafinuação
hip6tese relevante.
do c.atolicismo.
Mai_s. ainda, poss~fmos provas ad'.cionaís da e~trei ta ligação entreª' conjunturas reli -
É necessá rio que analisemos a Re forma à medida que ela se desenvolveu. Como
giosa e pohttco-ec~nómtca quando no~ viramos parn o triu nfo da Contra- Reforma na Po lónia.
Chri stophe r Hill salienta:
Stefan C zamowsk1 . p~ocedc a u~1a cmdadosa análise das rnzões pelas quai' a Polónia retro-
A Igreja d<·sdc há muito que era uma fonte de poder, de patrocínio e de riqueza para os gover- gradou para o catolicismo a pan1r de uma Reforma que parecia ganha r terreno e porque 0 fez
nantes das pri ncipais potências, como a França e a Espanha. Os governos que romperam com rapidamente. Ele refere uma sincroni1.ação entre o momento cm que a nobrC7.a terri torial
Roma nos in íc ios do século XVI localizavam-se nos limites da civilização católica, porências assumiu o poder político nos termos daquilo que dc~ igna por uma "d itadura de c l=~ e 0
secundárias cujos govcman rcs nõo rinham sido suficientemente fortes para negociar com 0 papado momento da ofensiva cató lica. Na sua an~lise , distingue entre a aristocracia, a nobreza terri -
- como a Inglaterra. a Suécia, a Dinamarca, a Suíça, a Escócia P9>.
toria l e a pequena nobreza. Argumenta que foi nas fileiras da ari ~t ocrac i a (bem como na ~ da
Nesta altura e xistia clarame nte um elemento de irritação da Europa do None contra 0 burgues ia) que o s panidários da Refonna se localizaram . Vê a aris tocracia como cobiçando
peso económico do mundo mediterrânico cristão mais «avançado» 18º l. M as, como sabemos, as terras da Ig reja . O s pequenos proprietários vi am-!.C em maiores difi culdades pa.ra comb:ller
por fi nais do longo século X VI o No roeste da Europa trans formara-se no centro da econo- 0 representante eciesiástico local, apoiado como este era pelo ainda poderow epilCopado
mia- mun do, a Europa Orie nta l na periferi a e a Europa Meridio nal e scorregava rapidamente católico. A ssim , era para eles menor a vantagem de abraçarem o prote~ tanti smo e . cun<,cquen-
nessa direcção. temente, tenderam a não o fazer. Czamowski e outros salientam que na Polónia. enqu.amo"1
P. C. Gordon-W alker procura ligar a evolução do protestantismo- primeiro Lutero foram os senhores a favorecer o calvinismo, o rei e a burguesia inclinaram -se pa:ra o lutrra-
depois Calvino- às d uas fa ses da revolução dos preços: 1520-1540/50- sua ve e limitad~ ni smo I'"·Isto é uma verdadeira inversão do tema wcbcriano, mas recorda-nos o arg umento_,
à Al eman ha e aos Países Baixos (prod ução de prata da Europa Central); de 1545 até cerca de
um séc ulo mai s tarde (prata a~eri ca n a). A rg umenta ele que e sta coincidência e stá ligada às 82. P. C. Gordon-Walker, Economic l/iJtnry Rtvit w, VIIJ, 1937. p. 14 . .O. rew!...00. c.oncrctu< da!°""
necessidades estrul ura1s s ucess ivas do novo sistem a capita lista: luterana ( ...) foram a dcslJl.l ição do domfnio ca16Llco sobre as classes m6di1. e baíu e a aprO",.açk>do~ dl
propriedade ca1ólica e feudal. (... )
O .problema soc ial colocado pe la revolução dos preços era realmente um problema bipartido. A (No segundo estádio) o principal problema era agora• aclimatizor;õo de cl•"•<'- (_ ) A burgueúr úr:l>.a de
pnmc1ra necessidade era a ac umulação primária. ( ... ) A segunda, subsequente, e realmente a l!ocar a sua subserviência pela vontade de govrntaJ . ( ... ) A cJa.s"iC uabal~ tinha de uocar o \etl U>baJW.; dar-.....
grado e cxtcruivo pelo trabalho organizado. rcguJar e disciplinado. (... ) A WX'ied.aóc. apiti.!iru 1- ) J'l't:CU;lYm do
ncce5'idade básica. era a aclimatação das cl asses de uma sociedade capitalista às novas posições
ind ividuali.smo para encobrir a cstruLUra de cWscs da wcicdade. q0t: e\ta~·a agora ma.t \ à wptrfk-~ dfJ que no feu-
tomadas necc5'árias pel os recursos da acumulação primitiva . (... ) dalismo. ( ... ) A estrutura de cla.-.scs estava tanto just ific.ada fcb de a etern idade: ) como ~urc:cid.a pelo ,....alt::t dJldo
Estas duas fa.,es controlaram a importância das várias partes da Europa. Desde 1520-40 as áreas ao compon.amenro espiritual indi vidua) como dnico crittrio dt d iv i~ social; e a ttaa. wxi a.1 e O\ mbodo\ corream:
dommanres eram a fa panha (que não he rdou um a classe méd ia forte da Idade Média) e a Ale- para a sua aplicação esta va m pr~-dcterm inados por auto-impm,5çio CD~ O"í EJc:itos. e, ie necc:s-•.trio. por ur..poriçlo
manha (que rmha uma burguesia feudal fo ne ). Desde 1545-80 tanto a Espanha como a Alemanha coerci va sobre os Rt probos. (... J
• IÀ medida que) a adaptaÇlo da• cla<SC5. que foi a miii• imporuruc tatefa d> Reforma_ en ~"'°""
decaíram e a lide rança foi assumida pela Inglaterra, pelos Países Baixos e por panes da França acabada. os protestante!i tinham de ceder a outras ietividadei que se lomJ.\l afJl mai1 imporum.e.s: .obretudo.rla unf:ui:
de dar lugar ao Estado sccular e à cifocia [pp. 16- 17. 18] ..
83. Ver S1eían C7.amow•ki. • La rtaction calholiquc cn Pologn!: 1. la í111 du XVJ ' riccl< e1 r• cléb<A éu X\·11'
cr:ru ~ia .penn ~nt.e de ;u igrejas es~bcl ecí~ r~orrcrem ~ aspecto cerimonia l e de ~grupos de oposição siêclc .... La Po/o~nt ou XVII' Crmgrts Jnttrna11onalt dts Scitnus /Ji.ntJTiqWLJ (Soc-.tú Poklnair,c: d~lüwr.nrc. Vv -
~::;4~ 0 ~~rnto m emo .._.•Protcstanusm an.d lhe R1sc of Capuafüm ... in J. F . Fi~her, ed .. En ays ;,, the Econo· sóvia: 1933), li , p. 300. Ver Thadé<: Grabow1ki : .o, prirx:ipo.U proponenlO do Jutaa.oismo (<rate 15~ < 15551
· "":, " ~ 0/ Tudorand Stuarr En?landO-=drc• e N"'·a Iorque: C:.mbridge Univ. Press , 1960). 34-35.
10
• eram membros do clero. burgucloCS d< llCendênci• ikml e <>tud>tlle> po~ regn:•....r-" d< W i=bcr& e
·w 0 q - e-st.ou ª defender é q~. dada a nece\ \ 1d.adc soc ial. o caro lici.~mo poderfa Le r sido usado para justificar Kõn ig.sberg. ent.lo ccn tr~ de educação unf\·eniúria.. .
~i~ \~~· \~ ~~tammrX> não preciw-J de o ser. Quando mui to. eu C'\"ta:ria de acordo com a íormubção de A nobreza mal ci.1ava envolv ida. O loteranísmo en dernuiado rnode1'3do p'3?'ili eli e apc;un ( ._ J o poder
: ·
rr.zu em r:nao ª .' ldl.J.d.
00
~r.ne\tant1 mo q 1J~ cond uz.a a.utomztic.a.mentc 4() capita!Umo· a sua importância estava
~~.nrntnaW';a ~~t.JlO\ que a~ imUVJÍÇúes e CC~ mais rígidas do C310Ji~isroo impunham Jp. 37]•.
Huiory q Brrrmr. ~re~~l~~i:.:";:~~~~;:.~rrtaf Rn·olution, 1530 -1 780 , Vol. J1 da Pelican Economic
real. ( ...) Sendo dcnwiado dogmático e monárquico. ele deugradzn L :I .ao<t v:r.htxc.1 que a:Ma~rn ~ wxâar
com uma república no estilo da antiga república romana • . ... 1...a rt for.nc rd1~~ en ~ C1 co. P°""V.t•. ú:I
Polo~ne au v~ Congri J l nrernaiilJ f'lille d,J ScrerU. t'J l/ iJIOTUjJUJ , Bnac lll. 1923 (Vlf\Ó\!2. 1~.i ,. 67...tJ.S .
Suni•law Amolddefende coorudo que i 110 não t muuo ngo<™T. • É ccr.nq:;c·u""' pmc. mu ...Sw:aprtL.
ea veL~ ~·=.ia, na de~_.a de IS20. "c-K>ª gra.'lde revolta. a revoJta de Lutero. Ela~ foj uma revolta dcnuo dos magnata.s se tomoU adepta da Reforma.. e!ipecufmcmc do aivini11M. ~b.' o nf YmD<iJO W"lla pm~
SctcmnoruJ e CC':r~~~:::: :Wropa~:ot t"na rC"\·oJ ta da..\ áreas "t>ubde~,·oJv~-. ..coloniaíl .. , da Europa OI elementos mais progreu ís:t.a..<\ da mM ia nobn::z.a que a 1tlo detinham o p--Ar no paú. ei-p<:C~ ~· CT.c:z....
•w idéc. politiqucs et MJCiaux de Ja R<nallwx:c cm Polognc-. LA Pa/01 ~ a~ X· C~tr « ,,,,,.,,.,,,,,,.,,,/da
C1v11iza;Jo &-..> ).f.ed!.~rtccJ e do k.enr.>.- H. ·R ~~:tt~ e e-.11plor~s. (corno J.C: loCTluamJ para S.US1e111Vrm a alta
TiY. ExTO(Han K'1tc.&-Cra.:.t" o{ ri-.e Sint~~ h a~ r~ or-Roper, •Re li ~. r.he Reformation, and Social Change.. , in Scfrnus llistnriqu<J à R~ <Vanóvia: Aadtm ic Polon2i><. de• Sc1C11CC>. lr.sow: d lfo<m~. 1 95~ 1. P- WJ.

Arnold~:·. <.;.=";,=e=~~g! ~.~=


l9(:9h1. J2-33. rsd Snemu.nJh Cemun es. ond orht r Eu o ys fNova Iorque: Hatpcr.
Cumow>li e c;m:o..ro. Ver P. Mn. .n.e
~I. Ver Bm:r.c A SrJCuú ar.d Rtl1 fiou1fli.rtory <ef rr.L l r.. J. Xll. p. l8. R.efomwion in Poland.o. in TllL Cambridge /11st17? <! Poland. L W• f . R<dda ...Y n ai .. d!•- F,_ rlt< OntL<J"'

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i•
" de Erik Moinar. que entreviu uma aliança da monarquia, pequena nobreza e burguesia contra
3
arist0<-rac ia. Cz:1mowsk i argumenta a inda que a «hurguesia» estava neste caso dividida. A
«alta burcucsia" d:1s cidades. especialmente de CrJcóvia (um «velho» ccntrncomcrcial), aliou:
-se com ; aristocrac ia. Ele refere-se aqui ao patriciado urbano, àqueles que desde os finai s do
cado. pois .º avanço s~ial da Europa do Noroeste tomou -se possível pela ..regressão• da
Europa Oncnt~I .e _Meridional , bem como, é claro, pela dominação das Américas. A Contra·
-Reforma .foi dmg ida nil~ apena~ contra o protestanfümo mas também contrn todas as forças
do huma m smo que associamos ao Renascimento. Isto é iluwado pelas te nsôe~ enue Venew
f
!
/
l
sécul o XV até cerca ck me ados do século XVI «eram parte d a classe de emprestadores e e Ro ma no sécu~o XVI. A con_trovérsia ~u lminou em 1605 quandoª' acções vc:nezian3'i par.i
8
mercadores que :1pa rcccram com a ascensão do capitalismo nascente»' " . M as a Polónia não lim ita r alguns dire itos da l~reJ~ conduziram à excomunhão do Senado de Venc-La por Roma.
estava destinada a imitar a Inglaterra como um local ele fixação da burguesia da economia- A contra-Refonna cm ltáha fo1 um Contra-Renascimento "'', e o seu triunfo aí foi função da
. -munJo europe ia. A grande crise de 1557, de que falaremos mais !arde, arruinou não só os transfonnação da 11:\lia setentrional numa arena semiperiférica da economia-m undo.
finan ceiro> cm Lyon. e m Antuérpia, na Alemanha do Sul , mas também os banqueiros de Foi por a Igreja. ~nqu.anto instituição /ran snacinna/, ter sido ameaçada pela emu,g.éocia~ -r-
Cracóvia: dc um sistema económico igualmente transnacional que encontrou a sua força po/í1íca na
criação de fortes aparelhos de Es1ado em certos estados (centrais). um desenvolvimento que
Daí em diante. o impulso da aristocracia e do calvinismo enfraqueceu. ( ... ) Os bens que tinham
ameaçava a posição da Igreja nesses estados. que e'ta se atirou de alma e coraçiio na oposição
pcrmi1ido o ílorcscimenlo do grande comercialismo de tempos amcriores: a praia de Olkusz, 0
à modernidade . Mas paradoxalmente foi o seu próprio suces!>D nll'I paí es periférico. que
cobre húngaro. os produ1os induslriais. declinaram continuamcnie em valor. O dinheiro com
asseg urou o s ucesso a longo prazo da economia-mundo europeia. A acalmia fina l das pai,,.ões
o qual os camponeses pagavam as suas rendas deprec iou-se com uma rapidez desesperante.
Enlre tanto. a procura in1emacional do trigo. do potássio. casca de carvalho, peles e gado polacos da ba talha d a Reforma depois de 1648 pode ter-se devido não ao facto d: ambos os lados
crescia. Quanto melhor os produtores destes bens pudessem passar sem moedas, usando 0 tra- estarem exaustos e terem chegado a um beco sem saída, mas antes ao facto de a d iviiâo
balho fo rçado não pago de servos e lrocando os seus produtos por aqueles de que necessitavam geográfica da Europa ser a realização natural dos impulsos subjacentes à economia-mundo.,
1anto melhor resis1iriam !aos efei tos da crise finance ira]. Foi precisamente isto o que os peque: Quanto ao papel da ética protestante, concordo com C. H. Wilson:
nos e méd ios proprietários e nobres foram capazes de fazer FRS1. Se o protestanti smo e a ética protestanle parecem explicar menos os fenómenos económicos do
Isto não significava, salienta Czamowski , que não existisse burguesia na Polónia. que em cena altura parecia, também parece que existe na época da Refonna rnen<» p= ser
explicado.( ... ) A liderança em assumos económicos deslocou-se lentamente do Meditettlneo
A burguesia de Cracóvia pode ter sido arruinada, mas foi substituída por ita lianos, armé-
nios e a lemães. Em 1557, uma rede internacional sucumbiu e a burguesia-aristocracia
para Nonc. e à medida que ª'
cidades italianas declinaram . as dos Países Baixos desenvol -
veram-se; mas havia pouco na forma como a técnica comercial ou industrial era u1ilizada nas
polaca que ne la estava inserida sucumbiu igua lmente. Depoi s disso, uma outra surgiu. Os economias do Nane que tivesse sido desconhecido do mercador veneziano ou de um tecelão
polacos que trabalharam com e la - a «nobreza» - aceitaram o novo papel da Polónia ílorentino do século XV""·
na economia-mundo. Entregaram as suas c rianças aos jesuítas para que estes as educassem
e as afastassem da influência da velha aristocrac ia: «Ass im a Igreja da Polónia acabou por No século XVI, alguns monarcas alcançaram grand~ força por intermédio de burocra-
ser, podemos di zê-lo, a expressão relig iosa da nobreza,, (86 '. E esta nobreza agora triunfante cias venais, de exércitos mercenários, do direito divino dos reis e da uniformidade religiosa
podia de finir o senumenlo «nacional» polaco como sendo vinualmente idêntico à piedade (cuius regio ). Outros fracassaram. Isto está directamente relacionado. como ' ugerimos.
católica. com o papel da sua área no contexto da economia-mundo. Diferentes papéis conduziram
Foi assim que a Polónia se tomou seguramente católica porque se tomou definitivamente a diferentes estruturas de classe, que conduziram a políticas diferentes. Isto conduz-nos à
uma área periférica na economia-mundo. A Contra-Reforma simbolizou (não causou) a cláss ica questão do papel do Estado em relação às classes dirigentes da nova época capi·
«regre~ssão social» que os protesta ntes viam nela. Mas o seu choque piedoso estava deslo-
talista, o s proprietários capitalistas e os mercadores capitalistas, por ve1.es referidos de
forma não muito feliz por arisuocracia e burguesia, uma vez que alguns aristocratas e.r am
capitalistas e outros não. Infelizmente , o papel que o Estado desempenhava, de quem era
Sohi•.<ki (tn 1696) (Londres e Nova Iorque: Cambridge Univ. Press. t950), 329, 345-346; J. Tazbir, • Thc Common- agente, o grau em que ele podia ser considerado como uma terceira força. são quest.ões
;::'~~:;;;:,.~~6~~.n;';i;."I ~~.Aleksander Gieyszior et ai.• Hisrory o/ Poland (Varsó,·ia: PWN . Polish Scien1ific
84. Czamowski . p. 30 1. 87. • Pois por delrás das novas heresias do luteranismo e do c~lvini~mo escondiam-~ in~igos ~­
85. lbid.. p. 3C>l . cialmcntc ainda mais perigosos. de cuja existência as autoridades católicas rmh~ bem C'Of\.\Cifocia. E C':1"a ª
. 8~. lh~·d .. _P· 308. J. Uminski realça os ingredientes não polacos do prmesrantismo na Polónia: .:O Jutera~ estava a longo prazo provavelmente menos preocupad.3 em suprimir o proresun11s.mo,<~m 3 a.rnc.lÇa ~~gcJra\
:~::::.;~~:~ pnncipalment e a população d~ ~endênc ia alemã que habitava nas cidades polacas. ( ... )O chamado do que em repelir o crescente particularismo político da ~poca. centralizar .uma admmis:rr3Ção ec~á~t7:,; ~
-lriniri!Iismosmo, que cedo co~eçou a s.u ~s.'1ru1r o caJvinismo entre a nobreza. não era propriamenre polaco. O anli- por todo o la.do se tomava cada vez mais federal e. a~róno~a. subordi~ os k•E°: :f::;"::; :;:; . ~ ~jec::L
in Tht Comb~;~ ~;: ~;g.:;~z:;!~;.~~~~ 1~.º sobretudo poreslrangeirosi.. *The Counter-Reformation in Poland•. a~abar c?m ª' liberdades pcri~osas da cult~ra amsuca e m.rclectual. reafi"!1ar ªs múlti bs a....-ti,·i~ da Crisran-
1 0 h1erárqu1ca e fil osófica da realidade que apoiava as suas as.pira~õcs e supc::~ 3 as~ar com 1 n2 do Renasci·
Polónia ~=~~:cT::t:~~~:t·'di;~~~:i~õe~ intenucionais do ~acional ismo religioso: «0 catolicismo demarcava a dade; em resumo , deter todos aqueles processos que os h1stonad~res tê. B k 1 . Univ ofCal ifomia Pttss
menta». William J. Bouwsma. Vmice and tht Dtftn.st5 of Rtp11bl1can Libuty ( cr e ey. . .
procurou reaJizar, através da Polónia. nãoºa odoxa e da Turq.u1a . maomc~a (p. 228]:., Inversamente. • O Papado
burgo lp. 229]•. penas os seus ObJccllvos pollucos, mas frequen(emente os dos Habs- 1968), 2~~. C. H . Wilson. •Trade. Sociely and lhe State•, in Cambridgt Economic //iltnry o/ Eurof". IV. 4Q().

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i•
" de Erik Moinar. que entreviu uma aliança da monarquia, pequena nobreza e burguesia contra
3
arist0<-rac ia. Cz:1mowsk i argumenta a inda que a «hurguesia» estava neste caso dividida. A
«alta burcucsia" d:1s cidades. especialmente de CrJcóvia (um «velho» ccntrncomcrcial), aliou:
-se com ; aristocrac ia. Ele refere-se aqui ao patriciado urbano, àqueles que desde os finai s do
cado. pois .º avanço s~ial da Europa do Noroeste tomou -se possível pela ..regressão• da
Europa Oncnt~I .e _Meridional , bem como, é claro, pela dominação das Américas. A Contra·
-Reforma .foi dmg ida nil~ apena~ contra o protestanfümo mas também contrn todas as forças
do huma m smo que associamos ao Renascimento. Isto é iluwado pelas te nsôe~ enue Venew
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l
sécul o XV até cerca ck me ados do século XVI «eram parte d a classe de emprestadores e e Ro ma no sécu~o XVI. A con_trovérsia ~u lminou em 1605 quandoª' acções vc:nezian3'i par.i
8
mercadores que :1pa rcccram com a ascensão do capitalismo nascente»' " . M as a Polónia não lim ita r alguns dire itos da l~reJ~ conduziram à excomunhão do Senado de Venc-La por Roma.
estava destinada a imitar a Inglaterra como um local ele fixação da burguesia da economia- A contra-Refonna cm ltáha fo1 um Contra-Renascimento "'', e o seu triunfo aí foi função da
. -munJo europe ia. A grande crise de 1557, de que falaremos mais !arde, arruinou não só os transfonnação da 11:\lia setentrional numa arena semiperiférica da economia-m undo.
finan ceiro> cm Lyon. e m Antuérpia, na Alemanha do Sul , mas também os banqueiros de Foi por a Igreja. ~nqu.anto instituição /ran snacinna/, ter sido ameaçada pela emu,g.éocia~ -r-
Cracóvia: dc um sistema económico igualmente transnacional que encontrou a sua força po/í1íca na
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Daí em diante. o impulso da aristocracia e do calvinismo enfraqueceu. ( ... ) Os bens que tinham
ameaçava a posição da Igreja nesses estados. que e'ta se atirou de alma e coraçiio na oposição
pcrmi1ido o ílorcscimenlo do grande comercialismo de tempos amcriores: a praia de Olkusz, 0
à modernidade . Mas paradoxalmente foi o seu próprio suces!>D nll'I paí es periférico. que
cobre húngaro. os produ1os induslriais. declinaram continuamcnie em valor. O dinheiro com
asseg urou o s ucesso a longo prazo da economia-mundo europeia. A acalmia fina l das pai,,.ões
o qual os camponeses pagavam as suas rendas deprec iou-se com uma rapidez desesperante.
Enlre tanto. a procura in1emacional do trigo. do potássio. casca de carvalho, peles e gado polacos da ba talha d a Reforma depois de 1648 pode ter-se devido não ao facto d: ambos os lados
crescia. Quanto melhor os produtores destes bens pudessem passar sem moedas, usando 0 tra- estarem exaustos e terem chegado a um beco sem saída, mas antes ao facto de a d iviiâo
balho fo rçado não pago de servos e lrocando os seus produtos por aqueles de que necessitavam geográfica da Europa ser a realização natural dos impulsos subjacentes à economia-mundo.,
1anto melhor resis1iriam !aos efei tos da crise finance ira]. Foi precisamente isto o que os peque: Quanto ao papel da ética protestante, concordo com C. H. Wilson:
nos e méd ios proprietários e nobres foram capazes de fazer FRS1. Se o protestanti smo e a ética protestanle parecem explicar menos os fenómenos económicos do
Isto não significava, salienta Czamowski , que não existisse burguesia na Polónia. que em cena altura parecia, também parece que existe na época da Refonna rnen<» p= ser
explicado.( ... ) A liderança em assumos económicos deslocou-se lentamente do Meditettlneo
A burguesia de Cracóvia pode ter sido arruinada, mas foi substituída por ita lianos, armé-
nios e a lemães. Em 1557, uma rede internacional sucumbiu e a burguesia-aristocracia
para Nonc. e à medida que ª'
cidades italianas declinaram . as dos Países Baixos desenvol -
veram-se; mas havia pouco na forma como a técnica comercial ou industrial era u1ilizada nas
polaca que ne la estava inserida sucumbiu igua lmente. Depoi s disso, uma outra surgiu. Os economias do Nane que tivesse sido desconhecido do mercador veneziano ou de um tecelão
polacos que trabalharam com e la - a «nobreza» - aceitaram o novo papel da Polónia ílorentino do século XV""·
na economia-mundo. Entregaram as suas c rianças aos jesuítas para que estes as educassem
e as afastassem da influência da velha aristocrac ia: «Ass im a Igreja da Polónia acabou por No século XVI, alguns monarcas alcançaram grand~ força por intermédio de burocra-
ser, podemos di zê-lo, a expressão relig iosa da nobreza,, (86 '. E esta nobreza agora triunfante cias venais, de exércitos mercenários, do direito divino dos reis e da uniformidade religiosa
podia de finir o senumenlo «nacional» polaco como sendo vinualmente idêntico à piedade (cuius regio ). Outros fracassaram. Isto está directamente relacionado. como ' ugerimos.
católica. com o papel da sua área no contexto da economia-mundo. Diferentes papéis conduziram
Foi assim que a Polónia se tomou seguramente católica porque se tomou definitivamente a diferentes estruturas de classe, que conduziram a políticas diferentes. Isto conduz-nos à
uma área periférica na economia-mundo. A Contra-Reforma simbolizou (não causou) a cláss ica questão do papel do Estado em relação às classes dirigentes da nova época capi·
«regre~ssão social» que os protesta ntes viam nela. Mas o seu choque piedoso estava deslo-
talista, o s proprietários capitalistas e os mercadores capitalistas, por ve1.es referidos de
forma não muito feliz por arisuocracia e burguesia, uma vez que alguns aristocratas e.r am
capitalistas e outros não. Infelizmente , o papel que o Estado desempenhava, de quem era
Sohi•.<ki (tn 1696) (Londres e Nova Iorque: Cambridge Univ. Press. t950), 329, 345-346; J. Tazbir, • Thc Common- agente, o grau em que ele podia ser considerado como uma terceira força. são quest.ões
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84. Czamowski . p. 30 1. 87. • Pois por delrás das novas heresias do luteranismo e do c~lvini~mo escondiam-~ in~igos ~­
85. lbid.. p. 3C>l . cialmcntc ainda mais perigosos. de cuja existência as autoridades católicas rmh~ bem C'Of\.\Cifocia. E C':1"a ª
. 8~. lh~·d .. _P· 308. J. Uminski realça os ingredientes não polacos do prmesrantismo na Polónia: .:O Jutera~ estava a longo prazo provavelmente menos preocupad.3 em suprimir o proresun11s.mo,<~m 3 a.rnc.lÇa ~~gcJra\
:~::::.;~~:~ pnncipalment e a população d~ ~endênc ia alemã que habitava nas cidades polacas. ( ... )O chamado do que em repelir o crescente particularismo político da ~poca. centralizar .uma admmis:rr3Ção ec~á~t7:,; ~
-lriniri!Iismosmo, que cedo co~eçou a s.u ~s.'1ru1r o caJvinismo entre a nobreza. não era propriamenre polaco. O anli- por todo o la.do se tomava cada vez mais federal e. a~róno~a. subordi~ os k•E°: :f::;"::; :;:; . ~ ~jec::L
in Tht Comb~;~ ~;: ~;g.:;~z:;!~;.~~~~ 1~.º sobretudo poreslrangeirosi.. *The Counter-Reformation in Poland•. a~abar c?m ª' liberdades pcri~osas da cult~ra amsuca e m.rclectual. reafi"!1ar ªs múlti bs a....-ti,·i~ da Crisran-
1 0 h1erárqu1ca e fil osófica da realidade que apoiava as suas as.pira~õcs e supc::~ 3 as~ar com 1 n2 do Renasci·
Polónia ~=~~:cT::t:~~~:t·'di;~~~:i~õe~ intenucionais do ~acional ismo religioso: «0 catolicismo demarcava a dade; em resumo , deter todos aqueles processos que os h1stonad~res tê. B k 1 . Univ ofCal ifomia Pttss
menta». William J. Bouwsma. Vmice and tht Dtftn.st5 of Rtp11bl1can Libuty ( cr e ey. . .
procurou reaJizar, através da Polónia. nãoºa odoxa e da Turq.u1a . maomc~a (p. 228]:., Inversamente. • O Papado
burgo lp. 229]•. penas os seus ObJccllvos pollucos, mas frequen(emente os dos Habs- 1968), 2~~. C. H . Wilson. •Trade. Sociely and lhe State•, in Cambridgt Economic //iltnry o/ Eurof". IV. 4Q().

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sobre as quais não exi re con~eruo. Pierre Vilar colocou bem a questão teórica básica plina. mas. por outro _lado. em proteger o~ privilégi~ dc~u contr.a a csslio lar~"''· A
·s ubjacente: posição de A. D. Lublmskaya parece muito pr6r.imada de Braudel '"'I. rHur~tfi=acentuao
dilema d os mon_arcas , que "SC viam cm dificuldades para gove rnar ~ma nobreza, ma5 que
Uma que\ lão panic ubnncnte relevante é a forma como os rendimcn1os feudais eram divididos igualmente se vmm em dificuldades pa ra governar com ela»""'·. .
por in1ermédio de um sis tema de ~ adjudicações ~ . e por outras forma~. entre uma aristocracia
Um terce ir~ ponto de vi sta, talvez o mai1 tradicional. e: 0 ck Roland MouS11ier. sc.gundo
ociosa e uma clas »e intennédia de • agricultores mercadores» ou tipos si mil ares que transfor-
0 qual a monarqu~a é vista como uma força autónoma frequentemente aliada ã burguesia
mavam os rendimentos senhori ais e os conservavam prontos para novos tipos de investimento·
contra a anstocrac1a, ocas ional mente 1crvindo de mediadora entre as duas""'·
por outra' palavras. a forma como os rendimentos foudai s vieram a ser mobilizados para inves'.
Mas existirá uma conjugação ncces\ária destas dua~ afinnações. a do papel relati va-
1imento'i capiraJi.stas º'Y 1.
mente autónomo do aparelho de Estado e a de se ver a Juta de cla~.-.es como o;cndo uma luta
Um a~pecto desta questão é o gra u cm que o Estado absoluto deveria ser visto como 0 entre a aristocracia e a burguesia? Moinar não parece pensar a~~ im . Em primeiro Jug;ir, uti -
último recurso da a ri s tocracia feud a l face à «crise» do feudalismo, à redução dos re ndimentos li za mai s categorias. Fala de uma arbtocracia feudal a quem o monarca estava cm clara
senhoriais e il in vestida d e o utras cl a~ses ( a burguesia comercial, os yeomen. os trabalhadores oposição. Adicionalmente, existia a « nobre7.a ~ r. a burguesia. ambas potenciais aliadas. A
ag ricolas). Uma perspectiva é a de T a ka has hi , que vé o abso luti s mo como «nada mais do que nobreza parece ser constituída por pequenos proprietários e pelos que e&tão mai s ori.:ntados
um s istema de força conce ntrada para contraba lançar a cri se do feudalismo surgida deste desen- para a agricultura capitalista; mas isto não é inteiramente claro. Moinar salienta que embora
volvimento inevitável [n a direcção d a li be rtação e da independência dos camponeses] ,,<9<!>_ 0 absolutismo parecesse implicar uma pesada tributação do cam~inato. é menos clara a forma
fa ra o pini ão é s ub sta ncialmente partilhada por Chri stopher HiJl !9'>, V . G. Kieman 1•21, Erik como o dinheiro era d istribuído. Por outro lado, o crescente orçamento do Estado era uti-
.Molna r 1• 31 e Bo ris Porchnev '">. lizado para pagar aos colectores de impostos e à burocracia, para pagar o s emprésümus do
Um seg undo ponto de vis ta d efende que a política da monarquia absoluta é uma política Estado e para adquirir equipamento militar, beneficiando isto tudo a burguesia. Mas. por outro
sobre a qu al a ari stocracia tem uma influência cons iderável, tal vez determinante, mas em que lado, todas a~ des pesas correntes do Estado - ou seja, a manutenção da corte e do exácito-
o monarca e ra mai s do que uma si mples extensão d as necessidades des ta aristocracia. Por e ram pag amentos à nobreza. Segundo ele, esta era uma tácüca que permitia ~ manobrar ( ... )
exemplo. Jose ph Sch umpeter argumenta: °''
entre a nobreza e a burguesia» 11 1• Engels aponta igualmente para as maneiras pelas quais o
aparelho de Estado vem a desempenhar, por vezes a contragosto, uma fun ção mediadora. pelo
Assim, a ari stocracia [sob a monarquia absoluta] como um todo era ainda um facror poderoso
menos durante «períodos excepcíonais» 11 º"·
que 1inha de ser 1omado cm linha de conta. A sua s ubmissão à Coroa era mais do tipo de um
acordo do que de uma rendição. Assemelhava-se a uma eleição - uma e leição de facto com-
pulsiva, do rei como líder e órgão executivo da nobreza. (... ) 96. •Na Cristandade como no Islão, a nobrc1.a ocupa a posição cimeira e não dc•ístirá dela. 1. ..) Por IOdo o
A ratio [por que os nobres não resis ti am. mesmo pass ivamente, a este regime] era, fundamcn - lado, 0 Estado, revolução tão política como social que ~sU em marcha, tem de lutar con t~ cs.tes -JX>Siuidores de
talmeme, por o rei faze r o que ele s queriam e colocar os recursos internos do Estado à sua dis- feudos. senhores das aldeias. campos e estradas. guardiões da imensa população rur.J"'. Lutar Sigmfica ch<gar a acordo
com eles. dividi-los mas também preservá-los. JX>is não é po-;sh·cl reter o poder numa dada sociedade~ a cum·
posição.( ... ) Era mai ~ uma classe do que um indivíd uo quem realmente governava o Estado 1" >.
plicidadc da sua classe dominante. O Estado moderno empunha e~ta .arma; cas~ ele a paru!)SC', t u~ ltna de st.r
refeito. E a criação de uma ordem social não é coisa pequena. tanw mais quanlo ninguém ~ns.ava ~.namente nc.ii;ta
A na logamente, Braudel insiste em que o conflito do rei com a aristocracia era limi-
possibilidade no século XV I•. Braudcl, La Mi diierra11ie. íl. p. 50 cCf. tambc'm.p. 541.. .
tado e incluía um esforço por parte do rei, por um lado, em colocar a nobreza sob a sua disci- 97. • Em relação a ambos os grupos da nobreza. a po~ítica do a~~uns~ visava ~f~~ os seus un~
rcsses básicos de classe . ism é. a sua propriedade. A monarquia absoluta nao sausfez as _cuge~ abenamen
rcac.cionárias da nohlesse d'epü. e cm muitos C<BOS opôs-se a elas dirccwnenre - mas isto está am~ longe do
89. Vilar, PaJt & Presem. n.• 10, pp. 33·34. "iguali1arismo·· •. A . D. Lublinskaya, French Abso/Ulism: Tht Crucial fhast . 1610- 1629 (1..ond= e Non la<quc:
90. Tahha.\hi . Science w1d Sociny , XVI. p. 33 ~.
9 1. • I A) monarquia absoluta é uma fo nna de Es1ado feudal .. Christopher Hill. • TI>c Transition from Cambrid~~-UJni~u~~~~·l~.9~:~~:i· Struclure, Officc-Holding and Polilícs. Oiicíly ín W":'tcrn Emopc•, Nt>o• Cam·
hridge Modtrn Hisrory. Ili: R. B. Wemham. ed .. Tht Counur-Refonnarion .a::, :• f; ~~-~:;1'º:·~~~{~
Feudalism ro Capiul ism•. Science and Society. XVII. 4 . Outono 1953. 350.
92. • A monarquia absoluta no Ocidente cresceu a partir dum tipo particular de monarquia feudal-. V. G. 1 ~O.,s ele<
(Londres e Nova Iorque: Cambridge Univ. Press. 1968J, 130. Ele prossegue. orno
1 lini:n
ambições e
Kieman, Pas1 & Preun1, n.' 31. p. 21. f~nç~o da arist~~ci~ na sociedade era mcrcnt~~ntc auto<o~tradnóna.d~ rei na az. Mas como funcionários
93. • Todas a.1 fonnas ck absolu1ismo europeu serviam os interesses de classe dos nobres ou proprieLirios nvahdadcs trad1c1ona1s que frequentemente colrd1am com os interesses. . p k ai cu i1' força cootínu.a
da rerra e ex pressavam o seu domínio poJitico sobre as outras classes d3 sociedade. e em primeiro lugar sobre o hereditários - que muitos deles eram - esperava-se que pusessem em vigor um sistema g .r
campesiruto. que era a cl.lsst- mais numerosa.-. Erik Moinar. X\11/"Congrfs /nternotiona/ des ScienceJ /Jistoriqu~s: dependia do vergar dos seus próprios poderes egoístas.. . burg~sia e• nobrrz;i. (.-l
Rappom . IV. p. 156. 1
99. •[AI monarquia absoluta res.ulta da nvalcdade de dua~ eª'-~" ~as monarquias ahwlutas•. Mousnícr.
94. Porchnev procura explicar as origens burguesas da burocracia como deri\•ando precisamente das con· Esta luta de classes t talvez o pnncipal fac1or no descnvo vuncn O
tradições inerentes a um sislema feudal e-m que a indivisibi lidade dos fenómenos políticos e económic.os significa ús XV/• er XVI/' sitclts, pp. 97-99. . . . . . Ra rs . IV . . 163.
que cada nobre prossegue interesses específico não ncce\Sariamente de acordo com os da roralidade da sua classe. 100. Moinar. XII' Cnngris /nrunarronal dtl Scrtnctl f/rsum quts.os f~::;;onórios ~ ... ) aprcscn!am"se 11 si
• Da/ resuJ u uma estranha di ficul dade : a estrutura de poder dum Esudo ariscocrático Ji 1a1 nobi/ilaird não pode ser IOI. •Na posse do poder públ ico e do direito de lançar 1mpos1os.
colocad.J nas mãos de ari.iocratas. pois a 1omada do poder por um grupo específico de aristocratas 1cm de provocar mesmos como órgãos da socied_ade ccloca<k>s acim/J do. ~~~~~)os antllgonísmos dc classe. mas 13m1'.6"' no
mevrrnelmcrue uma luta aberta com os ouuos elementos da classe senhorial•. ú s soultvement.r populaires. p. 563. Como o Estado emergiu da necessidade de mantt . poderosa e economicamente dominante.
95. Joseph A. Schumpctcr. •1bc Sociology of lmperialísm•, in Social Classes. lmperialism (Nova Iorque: âmago da luta entre as d as.ses, ele t n=Imcnte o EsL1do da e1asse mais
Meridian Boob. 1955). 51-58.
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sobre as quais não exi re con~eruo. Pierre Vilar colocou bem a questão teórica básica plina. mas. por outro _lado. em proteger o~ privilégi~ dc~u contr.a a csslio lar~"''· A
·s ubjacente: posição de A. D. Lublmskaya parece muito pr6r.imada de Braudel '"'I. rHur~tfi=acentuao
dilema d os mon_arcas , que "SC viam cm dificuldades para gove rnar ~ma nobreza, ma5 que
Uma que\ lão panic ubnncnte relevante é a forma como os rendimcn1os feudais eram divididos igualmente se vmm em dificuldades pa ra governar com ela»""'·. .
por in1ermédio de um sis tema de ~ adjudicações ~ . e por outras forma~. entre uma aristocracia
Um terce ir~ ponto de vi sta, talvez o mai1 tradicional. e: 0 ck Roland MouS11ier. sc.gundo
ociosa e uma clas »e intennédia de • agricultores mercadores» ou tipos si mil ares que transfor-
0 qual a monarqu~a é vista como uma força autónoma frequentemente aliada ã burguesia
mavam os rendimentos senhori ais e os conservavam prontos para novos tipos de investimento·
contra a anstocrac1a, ocas ional mente 1crvindo de mediadora entre as duas""'·
por outra' palavras. a forma como os rendimentos foudai s vieram a ser mobilizados para inves'.
Mas existirá uma conjugação ncces\ária destas dua~ afinnações. a do papel relati va-
1imento'i capiraJi.stas º'Y 1.
mente autónomo do aparelho de Estado e a de se ver a Juta de cla~.-.es como o;cndo uma luta
Um a~pecto desta questão é o gra u cm que o Estado absoluto deveria ser visto como 0 entre a aristocracia e a burguesia? Moinar não parece pensar a~~ im . Em primeiro Jug;ir, uti -
último recurso da a ri s tocracia feud a l face à «crise» do feudalismo, à redução dos re ndimentos li za mai s categorias. Fala de uma arbtocracia feudal a quem o monarca estava cm clara
senhoriais e il in vestida d e o utras cl a~ses ( a burguesia comercial, os yeomen. os trabalhadores oposição. Adicionalmente, existia a « nobre7.a ~ r. a burguesia. ambas potenciais aliadas. A
ag ricolas). Uma perspectiva é a de T a ka has hi , que vé o abso luti s mo como «nada mais do que nobreza parece ser constituída por pequenos proprietários e pelos que e&tão mai s ori.:ntados
um s istema de força conce ntrada para contraba lançar a cri se do feudalismo surgida deste desen- para a agricultura capitalista; mas isto não é inteiramente claro. Moinar salienta que embora
volvimento inevitável [n a direcção d a li be rtação e da independência dos camponeses] ,,<9<!>_ 0 absolutismo parecesse implicar uma pesada tributação do cam~inato. é menos clara a forma
fa ra o pini ão é s ub sta ncialmente partilhada por Chri stopher HiJl !9'>, V . G. Kieman 1•21, Erik como o dinheiro era d istribuído. Por outro lado, o crescente orçamento do Estado era uti-
.Molna r 1• 31 e Bo ris Porchnev '">. lizado para pagar aos colectores de impostos e à burocracia, para pagar o s emprésümus do
Um seg undo ponto de vis ta d efende que a política da monarquia absoluta é uma política Estado e para adquirir equipamento militar, beneficiando isto tudo a burguesia. Mas. por outro
sobre a qu al a ari stocracia tem uma influência cons iderável, tal vez determinante, mas em que lado, todas a~ des pesas correntes do Estado - ou seja, a manutenção da corte e do exácito-
o monarca e ra mai s do que uma si mples extensão d as necessidades des ta aristocracia. Por e ram pag amentos à nobreza. Segundo ele, esta era uma tácüca que permitia ~ manobrar ( ... )
exemplo. Jose ph Sch umpeter argumenta: °''
entre a nobreza e a burguesia» 11 1• Engels aponta igualmente para as maneiras pelas quais o
aparelho de Estado vem a desempenhar, por vezes a contragosto, uma fun ção mediadora. pelo
Assim, a ari stocracia [sob a monarquia absoluta] como um todo era ainda um facror poderoso
menos durante «períodos excepcíonais» 11 º"·
que 1inha de ser 1omado cm linha de conta. A sua s ubmissão à Coroa era mais do tipo de um
acordo do que de uma rendição. Assemelhava-se a uma eleição - uma e leição de facto com-
pulsiva, do rei como líder e órgão executivo da nobreza. (... ) 96. •Na Cristandade como no Islão, a nobrc1.a ocupa a posição cimeira e não dc•ístirá dela. 1. ..) Por IOdo o
A ratio [por que os nobres não resis ti am. mesmo pass ivamente, a este regime] era, fundamcn - lado, 0 Estado, revolução tão política como social que ~sU em marcha, tem de lutar con t~ cs.tes -JX>Siuidores de
talmeme, por o rei faze r o que ele s queriam e colocar os recursos internos do Estado à sua dis- feudos. senhores das aldeias. campos e estradas. guardiões da imensa população rur.J"'. Lutar Sigmfica ch<gar a acordo
com eles. dividi-los mas também preservá-los. JX>is não é po-;sh·cl reter o poder numa dada sociedade~ a cum·
posição.( ... ) Era mai ~ uma classe do que um indivíd uo quem realmente governava o Estado 1" >.
plicidadc da sua classe dominante. O Estado moderno empunha e~ta .arma; cas~ ele a paru!)SC', t u~ ltna de st.r
refeito. E a criação de uma ordem social não é coisa pequena. tanw mais quanlo ninguém ~ns.ava ~.namente nc.ii;ta
A na logamente, Braudel insiste em que o conflito do rei com a aristocracia era limi-
possibilidade no século XV I•. Braudcl, La Mi diierra11ie. íl. p. 50 cCf. tambc'm.p. 541.. .
tado e incluía um esforço por parte do rei, por um lado, em colocar a nobreza sob a sua disci- 97. • Em relação a ambos os grupos da nobreza. a po~ítica do a~~uns~ visava ~f~~ os seus un~
rcsses básicos de classe . ism é. a sua propriedade. A monarquia absoluta nao sausfez as _cuge~ abenamen
rcac.cionárias da nohlesse d'epü. e cm muitos C<BOS opôs-se a elas dirccwnenre - mas isto está am~ longe do
89. Vilar, PaJt & Presem. n.• 10, pp. 33·34. "iguali1arismo·· •. A . D. Lublinskaya, French Abso/Ulism: Tht Crucial fhast . 1610- 1629 (1..ond= e Non la<quc:
90. Tahha.\hi . Science w1d Sociny , XVI. p. 33 ~.
9 1. • I A) monarquia absoluta é uma fo nna de Es1ado feudal .. Christopher Hill. • TI>c Transition from Cambrid~~-UJni~u~~~~·l~.9~:~~:i· Struclure, Officc-Holding and Polilícs. Oiicíly ín W":'tcrn Emopc•, Nt>o• Cam·
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Feudalism ro Capiul ism•. Science and Society. XVII. 4 . Outono 1953. 350.
92. • A monarquia absoluta no Ocidente cresceu a partir dum tipo particular de monarquia feudal-. V. G. 1 ~O.,s ele<
(Londres e Nova Iorque: Cambridge Univ. Press. 1968J, 130. Ele prossegue. orno
1 lini:n
ambições e
Kieman, Pas1 & Preun1, n.' 31. p. 21. f~nç~o da arist~~ci~ na sociedade era mcrcnt~~ntc auto<o~tradnóna.d~ rei na az. Mas como funcionários
93. • Todas a.1 fonnas ck absolu1ismo europeu serviam os interesses de classe dos nobres ou proprieLirios nvahdadcs trad1c1ona1s que frequentemente colrd1am com os interesses. . p k ai cu i1' força cootínu.a
da rerra e ex pressavam o seu domínio poJitico sobre as outras classes d3 sociedade. e em primeiro lugar sobre o hereditários - que muitos deles eram - esperava-se que pusessem em vigor um sistema g .r
campesiruto. que era a cl.lsst- mais numerosa.-. Erik Moinar. X\11/"Congrfs /nternotiona/ des ScienceJ /Jistoriqu~s: dependia do vergar dos seus próprios poderes egoístas.. . burg~sia e• nobrrz;i. (.-l
Rappom . IV. p. 156. 1
99. •[AI monarquia absoluta res.ulta da nvalcdade de dua~ eª'-~" ~as monarquias ahwlutas•. Mousnícr.
94. Porchnev procura explicar as origens burguesas da burocracia como deri\•ando precisamente das con· Esta luta de classes t talvez o pnncipal fac1or no descnvo vuncn O
tradições inerentes a um sislema feudal e-m que a indivisibi lidade dos fenómenos políticos e económic.os significa ús XV/• er XVI/' sitclts, pp. 97-99. . . . . . Ra rs . IV . . 163.
que cada nobre prossegue interesses específico não ncce\Sariamente de acordo com os da roralidade da sua classe. 100. Moinar. XII' Cnngris /nrunarronal dtl Scrtnctl f/rsum quts.os f~::;;onórios ~ ... ) aprcscn!am"se 11 si
• Da/ resuJ u uma estranha di ficul dade : a estrutura de poder dum Esudo ariscocrático Ji 1a1 nobi/ilaird não pode ser IOI. •Na posse do poder públ ico e do direito de lançar 1mpos1os.
colocad.J nas mãos de ari.iocratas. pois a 1omada do poder por um grupo específico de aristocratas 1cm de provocar mesmos como órgãos da socied_ade ccloca<k>s acim/J do. ~~~~~)os antllgonísmos dc classe. mas 13m1'.6"' no
mevrrnelmcrue uma luta aberta com os ouuos elementos da classe senhorial•. ú s soultvement.r populaires. p. 563. Como o Estado emergiu da necessidade de mantt . poderosa e economicamente dominante.
95. Joseph A. Schumpctcr. •1bc Sociology of lmperialísm•, in Social Classes. lmperialism (Nova Iorque: âmago da luta entre as d as.ses, ele t n=Imcnte o EsL1do da e1asse mais
Meridian Boob. 1955). 51-58.
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r Uma fonte desta fa lta de clareza na relação entre o mo na rca e a arist . .
a mbig uidade qu.: ex iste sob": a composição da nobn:za. Sem dú vida uc os crité~i~:~:
é a
4
tença famrl 1ar na nobreza va rram ao longo do tempo: trata-se de un.1a s ituação de rennan:r- das suas terras, o ~écu lo XVJ foi uma époc· d
mobil1dade e m todas as sociedades em 4ue existe um a nobreza. Mas século XVI ~ . te
-.
ª 3 1&J'CJa enquamo cmpre\ário agrícola capi-
mob~1i
0 ta li sta, especia lmente na Itália"""·
época em que niio só se verificou essa mobilidade famili a r como também uma Uma A o utra face desta moeda era que 0 bur ·u· be _
o<:upac1onal. Por exemplo. o estatuto de nobre era pres umivclmen1e incomp r
temente cm proprietário e nobre, e trinta ano, ~~~ tar';.~,::,~"' tran formava. consta~ - '
d dade
feud ali smo oc iden tal corn .i oc upação de e mp resário. Isto já era provavelmen~:ve
1 urante 0
linhas claramente separadora,_cnr re º ' dai\. R. li. Tawncy ,.é este p~;::~ ~~~:::~:
la rg a medida. nas municipalidades dos finais da Idade Média. Mas no séc ulo X~~ mllo, em
simp lesme nte fa lso para o conj unt o da Europa, e ta nto e m áreas urbanas com era e P~ra normal;,~~e fo1 no entan'.o mu110 a: clcrndo durante 0 !oéculo XVJ"'º'. Ta"m BraudeJ. "• co;,,o
. -. . . • . • · o em areas Postan concordar:" na percepçao de um padriio contínuo de tran, içiio de empre, ário para
__ rurai s. Por todo o lado - lt<llia,
na na .Hun gria. na Polo ma, na Elbia Oriental, na Suécia arrendador em relaçao aos que tinham um t\tatuto niio nobre. e vêem-no como uma procura
1w Inglaterra - mem bros da nobreza tinh am-se tornado em presários(lo2,_ Tanto era assim' de seg~rança a longo prazo. O que é crucial. no entanto. é notar qU<: ape"2 r de,la mobilidade
4ue a nobreza procurou com sucesso eliminar lodos os impedi mentos formai s para este ocupacwna~ a força da classe.prnprietária não se de, integrou_ Como diz \1arc Bloch: •O regime
pape l ocupac ional onde quer que estes ex isti ssem, como acontecia na Espanha ('""· Nem senhonal nao trnha sido d_e b1htado. Na realidade. viria rapidamente a possuir um ,.icor reno-
nos de vemos esquecer que ernbora nos países protestantes a Igrej a assistisse à confiscação vado. No entanto, a propnedade senhorial veio em grande medida a mudar de Foi rm°': "•.
o absolutismo do monarca _q ue criou a estabil idade que permitiu em de, locaçãn em grande
escala de pessoal e ocupaçoes sem que. ao me,mo tempo. pelo menos nesta época_ se <ksfi -
que p<Jr seu int<nnédio se •_orna JJmbém na classe JJQliticamente dom inante. e arranja então novos meios de vergar zesse a divisão hierárquica básica de estatutos e recompensas_
e explorarª' cl:issc. oprnmdas. Ornrrcm contudo_períodos excepcionais quando as classes em guerra são quase tão
1gua1< cm for1·a 4uc o poder do Es1ado. como mediador aparente, adquire por um momento uma cena independência Que dizer então do presumido papel chave do Estado no apoio à burEue,ia omen:iat
cm relaç:lo a amb:is. 1<10 apl1ca~sc à monarquia absoluta dos sécu los XVIJ e XVJll [mas não do século XVl?J que para que esta se afinn asse. obtivesse os seus lucros e os conservasse? A ligaç-Jo cerument•
equilibro a nobreza e a hurgucSJa uma contra a outra .. _Fnederich Engels. The Orig1ns of the Family . Prfrate Pro-
p erty and Tht• Srare (Londres: La wrence Wishan. J 940). 195- 196.
que existia, mas era uma questão de grau e de oportunidade_transformando-se o apoio m~1uo
da ligação inicial no controlo sufocante de anos posteriores. Não é acidental que a relação
102. Au discutir o fenómeno da presença. no século XV. de aristocratas nos negócios em várias cida-
d< · Italiana;. Paul Coles di1.: «A nobreza esta va a ensaiar o importante papel que iria desempenhar na actividade
simbi ótica entre o mercador e o rei viesse nos séculos XV II e XVUl a parecer uma relação de
negoc ial
Abril 195europeia
7. 19. no século XVI». «Thc Crisis of Rcnaissance Society: Genoa. 1448- 1507», Pasr & Presem, 11 ,
•!Por volta do final do "<cuia XV começa) uma nova 1cndência no desenvolvimento húngaro [que] pode 104 . ~(Na corrida para o inves1imen10 em !erras. a Igrej:i e as as.sociaçÕ!'S r..lo lucr:Hi\:is. {l:'!J tr::z a i}
(na maiori a sob a iníluênc ia da (I greja]) encomravam.se numa posição nntJjo!i.l ÇK'>f'q!K 1uü1:im rntrado nela Ir~
ser resumida econom icamente como a panicipa1·ão crescente da classe senhorial no comércio e mais tarde na própria
cedo que os leigos e os ··panidos pri vados". No final do século XVI metade dJ propn~de fundúr'.J de !--1'il3o
produção de macadurias lvinho. gado. lrigo j.. _Zs. P. Pach, «En Hongrie au XVI• siecle: l'activité commerciale des
seigneurs e1 le ur produc1iun marchandt: •) , Am1ales E.S.C. , XII , 6, Nov.-Dcz. 1966, 121 3. eslava nas suas mãos. com consequências soc iai s e religiosas ~jamente conJle.::idJs ... Bu!fe.reni. ArcJi.J\ 10 s"-"1ro
/ombardo. IV, pp. 21-22.
uA pan icipação da nobreza no comércio de expon ação de produros agrícolas e pecuários, começando 105 . «Desde mui lo cedo o mercador ~m sucedido comprou dignidilk e comidrnJÇão ~W ao 1m es.ur as
no fim do século XV e aumentando com o 1emp<J. consti 1ui mais um dos interessantes fenómenos ligados ao suas economias em propriedades fund iárias. O fidalgo sem recursos rc~lJurou a fonuru dcclmJr1!~ ..:12. SUJ ~por

:~~~i~:. ~.io~~!ªt~~::~:e:~~~; ~uª~'r;t~~:s ~~~::;~od~u;cªu:~~-~ :=~7~::~<~:~:ir~u~:.~,:,':;:


desenvol vimen1 u da ex pl ora\·5.o dircc ra da rcrra pela nobreza. ( ... ) O factor que fac ilirou esre desenvolvimento
los nobres como imponadorcs de 11.!cidos e produtos de lu xo J no século XV I foi a supressão gradual de direitos
1.alfandegários
PP- 5R7-588 na<cidades maiores. sob pressão da nobreza». Marian Malowist. Srudi in onore di Armando Sapari, laneamente com uma rapidez que era anrerionnen~e de~conheci~a e que k'm de ~r t" \ plicadJ ro~ J :oo'\Cquc::i-""C
do grande crescimento de lodas as formas de ac1iv1d3de comt"rcial. O surgi~e~10 Je.g~e-s n:-ndi~m_C"' t\tr.údos
... A gama das acrividadcs empresariais dos Junkas alargou-se durante o sécu lo XVI com o assalto à pro- do comércio linha trazido à existência uma nova ordem de homens de negocios CUJa~ cmpre~' rut1 t°')tJ \ "1-:n ~­
dução indwmial e aos monopólioli comercia is nas cidades. ( ... ) A emergênc ia do Junker como negociante , contra- finadas ao porto de mar e à cidade privilegiada. mas alastrJ\'am.à tflmpra d.e propncdJ1.k s. mesmo :!.m: t. c1.1 )O...'"Culan.'
bandista e induSJrial esmagou definitivamente o equilib rio tradicional entre a cidade e o campo». Hans Rosenberg,
Amen ran llurorica/ Rniell', XLIX. p. 236. ~~~~~~;~~' C:,~,~:I~:~~,~~~~;:~::.,:~~ ~;;,~"~~ ~:,c:\~ç~~:~~~~;~:nmt~;~)~'t ~\<la cm3 ge~ção- .R~H : : : :
~~~c~~r;!~t~l~~;~~"~~:ªc:~::~ r~~~~'.~!:~~~;~~q~,'u~;,•;:'~~~i~~ª;,d,:~:~'.~d :oJ~~~~res =~"',1 ~~~~i~
A p.inir do.; fins do século XVJ a maior pane dos campos romanos es ra va nas mãos duma dúzia de proprie- 106. (<A burgues ia , no século XV I. atada à mon~trq~1~ e ao ser.1ço~o re i..es.tJ\ J.f~~: 3 :Jac:i~ da

1
tário!\. A <tkunha era mcrumti di campa1.: 11a, mercadores do campo. Ver Delumeau, Vie fronom ique, II, p. 571.
SUí.l
Ü !oo emprl':-.:írios mili tares prev iamente referidos eram na maior parte de origem nobre. E se não o eram, esre
ri po ele ac1 i vid~1Llc:. cmpn:sarial condu1: ia usualmcnrc à nobiJiração. Ver Redlich, Vierteljahrschrift /ür Sozia/- und a sua indo lência tranquila. O serviço do rei leva\·~ mui!~ rnpid:in~<:~l~~~:i":'"~f~~~r~~~~~r. li. p. · ~
Wirtsd iaf r.<;:i'schich r,._ Supl. n.'' 47. pp. 41 1. 427-428. nho, que não deixa de fora outros, que a bur~uesia desapareceu. · _ . d·f· . d e\plk:'ar o. acidcnrc:sdoromérrio
107. «A pro"':nsão para relir".'_-se parJ uma vida d< ~~~~'~;,n~~;nr~~~'.·ci~'"'º , ;., opommidadcs pioravam
1
Ver também Goran Oh/in. <<En1rrpreneurial Acliv ir ies of rhe Swedish Aristocracy )>. Exp/orations in Entre· _
preneuriaf llistm)', VI. 2. J9.5 ] , 147- J62 : Lawrence Sronc, «The Nobiliry in Busincss, 1540· 1640», fap/orarions in ac11vo ."ºestrangeiro nao eram sempre. 1g~~lados ~~ opo~~s ~ ueno~. Ao mesmo tempo. e pro\ :ixel que o capital
E11trt•pre11curia / llisrory, X. 2. Dc1:. 1957, 54-6 1. à medida que os mercadores estrangeiros~ 1omavam m. pe,q· ( ) {Este processo] erJ rt:lc,·arui: ape".nas ~
!03. <~Para ev itar quaisquer dificuldades fu1uras e estabe lecer uma regra unifonnc, uma bula papa l era fosse ainda suficientemente escasso para d1'.ar uma aha ~xa ~;,!.~~;~b.;m_ Sob«tudo h•"' -º' ho:nens q~< pro-
obtid;1em 1622. c~1endcndo a Ioda!-. <Is Ordens f mi li1arcs J o cs1a1uro de Santiago, que a proibição sobre a acrividade uma componente da nova hw-~'"!w. e h.I\ "- outras '~e :'u , ções Jincfa sobreiudo romcrnai<. Con.egu1am-no
comercial /para membros das Ordens! não >e aplicasse a empresdrios de grande escala, mas apenas ao pequeno curavam e achavam segurança nao fora. m~:-. dcnt~1 ornani~dos e protc:!!idos. (. ..) o gro~l.O tio .:omcrc10 esta\ a
Jojisr.'.l ou ;..i o empn.!., rador de dinheiro comum. ( ...) O comércio em claramenrc um facror vital para a conllnuação negociando em menor escala. dentro de mercad~s be medianos eks procum·am ;<guranç1 e m:omr:ivam-na_n3
da Espanha rnmo fX>lência imperial, ~ não podia ser posro de lado como modo vulgar de fazer dinheiro)>. L. P. nas mãos dos homens de estofo mediano. E sc.:ndo ~1 M P:n:in in Camlmdu Ew n11m1c: Hisrory of
cooperação, na combinação e ma is geralmente na massa... · . · 1 • l;, •
Wright, •Thc Milirary Orders in Si., teenth and Seventecnth-Century Spanish Society», Pa.rr & Presem, n.' 43,
Maio 1969, 66-67.
Europ1', 'ioC.' ~ll~h, Caracteres origir1m<r. I. p. 129.

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r Uma fonte desta fa lta de clareza na relação entre o mo na rca e a arist . .
a mbig uidade qu.: ex iste sob": a composição da nobn:za. Sem dú vida uc os crité~i~:~:
é a
4
tença famrl 1ar na nobreza va rram ao longo do tempo: trata-se de un.1a s ituação de rennan:r- das suas terras, o ~écu lo XVJ foi uma époc· d
mobil1dade e m todas as sociedades em 4ue existe um a nobreza. Mas século XVI ~ . te
-.
ª 3 1&J'CJa enquamo cmpre\ário agrícola capi-
mob~1i
0 ta li sta, especia lmente na Itália"""·
época em que niio só se verificou essa mobilidade famili a r como também uma Uma A o utra face desta moeda era que 0 bur ·u· be _
o<:upac1onal. Por exemplo. o estatuto de nobre era pres umivclmen1e incomp r
temente cm proprietário e nobre, e trinta ano, ~~~ tar';.~,::,~"' tran formava. consta~ - '
d dade
feud ali smo oc iden tal corn .i oc upação de e mp resário. Isto já era provavelmen~:ve
1 urante 0
linhas claramente separadora,_cnr re º ' dai\. R. li. Tawncy ,.é este p~;::~ ~~~:::~:
la rg a medida. nas municipalidades dos finais da Idade Média. Mas no séc ulo X~~ mllo, em
simp lesme nte fa lso para o conj unt o da Europa, e ta nto e m áreas urbanas com era e P~ra normal;,~~e fo1 no entan'.o mu110 a: clcrndo durante 0 !oéculo XVJ"'º'. Ta"m BraudeJ. "• co;,,o
. -. . . • . • · o em areas Postan concordar:" na percepçao de um padriio contínuo de tran, içiio de empre, ário para
__ rurai s. Por todo o lado - lt<llia,
na na .Hun gria. na Polo ma, na Elbia Oriental, na Suécia arrendador em relaçao aos que tinham um t\tatuto niio nobre. e vêem-no como uma procura
1w Inglaterra - mem bros da nobreza tinh am-se tornado em presários(lo2,_ Tanto era assim' de seg~rança a longo prazo. O que é crucial. no entanto. é notar qU<: ape"2 r de,la mobilidade
4ue a nobreza procurou com sucesso eliminar lodos os impedi mentos formai s para este ocupacwna~ a força da classe.prnprietária não se de, integrou_ Como diz \1arc Bloch: •O regime
pape l ocupac ional onde quer que estes ex isti ssem, como acontecia na Espanha ('""· Nem senhonal nao trnha sido d_e b1htado. Na realidade. viria rapidamente a possuir um ,.icor reno-
nos de vemos esquecer que ernbora nos países protestantes a Igrej a assistisse à confiscação vado. No entanto, a propnedade senhorial veio em grande medida a mudar de Foi rm°': "•.
o absolutismo do monarca _q ue criou a estabil idade que permitiu em de, locaçãn em grande
escala de pessoal e ocupaçoes sem que. ao me,mo tempo. pelo menos nesta época_ se <ksfi -
que p<Jr seu int<nnédio se •_orna JJmbém na classe JJQliticamente dom inante. e arranja então novos meios de vergar zesse a divisão hierárquica básica de estatutos e recompensas_
e explorarª' cl:issc. oprnmdas. Ornrrcm contudo_períodos excepcionais quando as classes em guerra são quase tão
1gua1< cm for1·a 4uc o poder do Es1ado. como mediador aparente, adquire por um momento uma cena independência Que dizer então do presumido papel chave do Estado no apoio à burEue,ia omen:iat
cm relaç:lo a amb:is. 1<10 apl1ca~sc à monarquia absoluta dos sécu los XVIJ e XVJll [mas não do século XVl?J que para que esta se afinn asse. obtivesse os seus lucros e os conservasse? A ligaç-Jo cerument•
equilibro a nobreza e a hurgucSJa uma contra a outra .. _Fnederich Engels. The Orig1ns of the Family . Prfrate Pro-
p erty and Tht• Srare (Londres: La wrence Wishan. J 940). 195- 196.
que existia, mas era uma questão de grau e de oportunidade_transformando-se o apoio m~1uo
da ligação inicial no controlo sufocante de anos posteriores. Não é acidental que a relação
102. Au discutir o fenómeno da presença. no século XV. de aristocratas nos negócios em várias cida-
d< · Italiana;. Paul Coles di1.: «A nobreza esta va a ensaiar o importante papel que iria desempenhar na actividade
simbi ótica entre o mercador e o rei viesse nos séculos XV II e XVUl a parecer uma relação de
negoc ial
Abril 195europeia
7. 19. no século XVI». «Thc Crisis of Rcnaissance Society: Genoa. 1448- 1507», Pasr & Presem, 11 ,
•!Por volta do final do "<cuia XV começa) uma nova 1cndência no desenvolvimento húngaro [que] pode 104 . ~(Na corrida para o inves1imen10 em !erras. a Igrej:i e as as.sociaçÕ!'S r..lo lucr:Hi\:is. {l:'!J tr::z a i}
(na maiori a sob a iníluênc ia da (I greja]) encomravam.se numa posição nntJjo!i.l ÇK'>f'q!K 1uü1:im rntrado nela Ir~
ser resumida econom icamente como a panicipa1·ão crescente da classe senhorial no comércio e mais tarde na própria
cedo que os leigos e os ··panidos pri vados". No final do século XVI metade dJ propn~de fundúr'.J de !--1'il3o
produção de macadurias lvinho. gado. lrigo j.. _Zs. P. Pach, «En Hongrie au XVI• siecle: l'activité commerciale des
seigneurs e1 le ur produc1iun marchandt: •) , Am1ales E.S.C. , XII , 6, Nov.-Dcz. 1966, 121 3. eslava nas suas mãos. com consequências soc iai s e religiosas ~jamente conJle.::idJs ... Bu!fe.reni. ArcJi.J\ 10 s"-"1ro
/ombardo. IV, pp. 21-22.
uA pan icipação da nobreza no comércio de expon ação de produros agrícolas e pecuários, começando 105 . «Desde mui lo cedo o mercador ~m sucedido comprou dignidilk e comidrnJÇão ~W ao 1m es.ur as
no fim do século XV e aumentando com o 1emp<J. consti 1ui mais um dos interessantes fenómenos ligados ao suas economias em propriedades fund iárias. O fidalgo sem recursos rc~lJurou a fonuru dcclmJr1!~ ..:12. SUJ ~por

:~~~i~:. ~.io~~!ªt~~::~:e:~~~; ~uª~'r;t~~:s ~~~::;~od~u;cªu:~~-~ :=~7~::~<~:~:ir~u~:.~,:,':;:


desenvol vimen1 u da ex pl ora\·5.o dircc ra da rcrra pela nobreza. ( ... ) O factor que fac ilirou esre desenvolvimento
los nobres como imponadorcs de 11.!cidos e produtos de lu xo J no século XV I foi a supressão gradual de direitos
1.alfandegários
PP- 5R7-588 na<cidades maiores. sob pressão da nobreza». Marian Malowist. Srudi in onore di Armando Sapari, laneamente com uma rapidez que era anrerionnen~e de~conheci~a e que k'm de ~r t" \ plicadJ ro~ J :oo'\Cquc::i-""C
do grande crescimento de lodas as formas de ac1iv1d3de comt"rcial. O surgi~e~10 Je.g~e-s n:-ndi~m_C"' t\tr.údos
... A gama das acrividadcs empresariais dos Junkas alargou-se durante o sécu lo XVI com o assalto à pro- do comércio linha trazido à existência uma nova ordem de homens de negocios CUJa~ cmpre~' rut1 t°')tJ \ "1-:n ~­
dução indwmial e aos monopólioli comercia is nas cidades. ( ... ) A emergênc ia do Junker como negociante , contra- finadas ao porto de mar e à cidade privilegiada. mas alastrJ\'am.à tflmpra d.e propncdJ1.k s. mesmo :!.m: t. c1.1 )O...'"Culan.'
bandista e induSJrial esmagou definitivamente o equilib rio tradicional entre a cidade e o campo». Hans Rosenberg,
Amen ran llurorica/ Rniell', XLIX. p. 236. ~~~~~~;~~' C:,~,~:I~:~~,~~~~;:~::.,:~~ ~;;,~"~~ ~:,c:\~ç~~:~~~~;~:nmt~;~)~'t ~\<la cm3 ge~ção- .R~H : : : :
~~~c~~r;!~t~l~~;~~"~~:ªc:~::~ r~~~~'.~!:~~~;~~q~,'u~;,•;:'~~~i~~ª;,d,:~:~'.~d :oJ~~~~res =~"',1 ~~~~i~
A p.inir do.; fins do século XVJ a maior pane dos campos romanos es ra va nas mãos duma dúzia de proprie- 106. (<A burgues ia , no século XV I. atada à mon~trq~1~ e ao ser.1ço~o re i..es.tJ\ J.f~~: 3 :Jac:i~ da

1
tário!\. A <tkunha era mcrumti di campa1.: 11a, mercadores do campo. Ver Delumeau, Vie fronom ique, II, p. 571.
SUí.l
Ü !oo emprl':-.:írios mili tares prev iamente referidos eram na maior parte de origem nobre. E se não o eram, esre
ri po ele ac1 i vid~1Llc:. cmpn:sarial condu1: ia usualmcnrc à nobiJiração. Ver Redlich, Vierteljahrschrift /ür Sozia/- und a sua indo lência tranquila. O serviço do rei leva\·~ mui!~ rnpid:in~<:~l~~~:i":'"~f~~~r~~~~~r. li. p. · ~
Wirtsd iaf r.<;:i'schich r,._ Supl. n.'' 47. pp. 41 1. 427-428. nho, que não deixa de fora outros, que a bur~uesia desapareceu. · _ . d·f· . d e\plk:'ar o. acidcnrc:sdoromérrio
107. «A pro"':nsão para relir".'_-se parJ uma vida d< ~~~~'~;,n~~;nr~~~'.·ci~'"'º , ;., opommidadcs pioravam
1
Ver também Goran Oh/in. <<En1rrpreneurial Acliv ir ies of rhe Swedish Aristocracy )>. Exp/orations in Entre· _
preneuriaf llistm)', VI. 2. J9.5 ] , 147- J62 : Lawrence Sronc, «The Nobiliry in Busincss, 1540· 1640», fap/orarions in ac11vo ."ºestrangeiro nao eram sempre. 1g~~lados ~~ opo~~s ~ ueno~. Ao mesmo tempo. e pro\ :ixel que o capital
E11trt•pre11curia / llisrory, X. 2. Dc1:. 1957, 54-6 1. à medida que os mercadores estrangeiros~ 1omavam m. pe,q· ( ) {Este processo] erJ rt:lc,·arui: ape".nas ~
!03. <~Para ev itar quaisquer dificuldades fu1uras e estabe lecer uma regra unifonnc, uma bula papa l era fosse ainda suficientemente escasso para d1'.ar uma aha ~xa ~;,!.~~;~b.;m_ Sob«tudo h•"' -º' ho:nens q~< pro-
obtid;1em 1622. c~1endcndo a Ioda!-. <Is Ordens f mi li1arcs J o cs1a1uro de Santiago, que a proibição sobre a acrividade uma componente da nova hw-~'"!w. e h.I\ "- outras '~e :'u , ções Jincfa sobreiudo romcrnai<. Con.egu1am-no
comercial /para membros das Ordens! não >e aplicasse a empresdrios de grande escala, mas apenas ao pequeno curavam e achavam segurança nao fora. m~:-. dcnt~1 ornani~dos e protc:!!idos. (. ..) o gro~l.O tio .:omcrc10 esta\ a
Jojisr.'.l ou ;..i o empn.!., rador de dinheiro comum. ( ...) O comércio em claramenrc um facror vital para a conllnuação negociando em menor escala. dentro de mercad~s be medianos eks procum·am ;<guranç1 e m:omr:ivam-na_n3
da Espanha rnmo fX>lência imperial, ~ não podia ser posro de lado como modo vulgar de fazer dinheiro)>. L. P. nas mãos dos homens de estofo mediano. E sc.:ndo ~1 M P:n:in in Camlmdu Ew n11m1c: Hisrory of
cooperação, na combinação e ma is geralmente na massa... · . · 1 • l;, •
Wright, •Thc Milirary Orders in Si., teenth and Seventecnth-Century Spanish Society», Pa.rr & Presem, n.' 43,
Maio 1969, 66-67.
Europ1', 'ioC.' ~ll~h, Caracteres origir1m<r. I. p. 129.

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oposição dirccta. Hartung e Mousnier vêem sinais desta tensão já_ no século X~·!!'~'. D,auglass
Tentaremos, assim, dar carne e sangue.ªº que até aqui pode ser considerado uma análise
e. North e Robert Paul Thomas, ao procurarem delinear o surgimento de vanas mslltuições
jurídicas e económicas que tiveram o efeito de encorajar a actividade empresarial baseada
em- produtividade crescente por contraposição a formas de com~rc10 .que apenas redistri-
abstracta. Esperamos também conseguir demonstrar
desenvolvimentos não foram acidentais mas pelo co ;
variações possível, estruturalmente determin~dos. nr
;;t
0
1·dad d
d e e todo o processo. Os ·
• entro de uma certa gama de
_

buíam rendimento"'º'· procuram elucidar as condições sob as quais fana senudo acentuar 0
papel institucional do Escada. Argumentam que juntamente com as distorções económi-
cas que a intervenção estatal traz ao mercado e consequentemente à probabilidade da ino-
i vação deve colocar-se o «poder coercivo que permite ao governo levar a cabo certas polí-
i' rticas mesmo que estas sejam fortemente contrariadas por uma parte da sociedade,,< 111 1. Esta
1; formulação da questão alerta-nos para a necessidade de ver a importância do estatismo para 0
i capitalismo em tem1os de uma análise custo/benefício. Enquanto que para a aristocracia a
monarquia absoluta representava uma espécie de última trincheira de defesa dos privilégios,
1
'I· para os que obtinham o seu rendimento através da maximização da eficiência económica de
d
uma empresa o aparelho de Estado era por vezes extremamenle útil<"" e por vezes o princi-
!i' pal obstáculo.
:1
'- Já delineámos então os dois elementos constitutivos do sistema mundial moderno.
Por um lado, a economia-mundo capitalista construiu-se sobre uma divisão do trabalho à
escala mundial, em que as várias zonas desta economia (as que designamos por centro,
semiperiferia e periferia) 1inham papéis económicos específicos. desenvolviam estruturas
de classe diferentes, utilizavam consequentemente diferentes formas de controlo do traba-
lho e beneficiavam desigualmente do funcionamento do sistema. Por outro lado, a acção
política verificou-se prioritariamente no contexto de estados que, como consequência dos
seus diferentes papéis na economia-mundo, estavam estruturados de forma diversa, sendo
os estados do centro os mais centralizados. Analisaremos agora todo o século XVI em
termos de um processo no contexto do qual certas áreas se transformaram em áreas peri-
féricas ou semiperiféricas e outras se transformaram no centro desta economia-mundo.

109. t1.A ligação do capitalismo com a monarquia absoluta não foi sempre favorável ao capitalismo. É certo
que desde os anos 60 do século XVJ as bancarroras que afeclavam toda a Europa e o funcionamento do Estado não
eram de modo algum.fac1ores menores para o abrandamento do progresso do capiralismo comercial no continente.
Este a~ran~nto foi porourro lado favorável a longo prazo à monarquia absoluta. Ele impediu um desenvolvimento
~mas1ado d.p1do da bur~ues ia e ajudou a manter um equihôrio relativo entre burguesia e nobreza que é cenamente
:e~ S~;~:ed;,;:,.~~~,~~~;.n: ~uropa Ocidemal». Hanung e Mousnier. Relazioni dei X Congresso Jnrernazio-
5
uma forma~
51
~~: ~~li:n~ ar~un:i~n~o semelh~te:. ~os monopóli.os nà.o eram maus em si mesmos: eles eram
com defesa n~cionJI _! . as mdust~as num pais.atrasado. Os mais antigos monopólios estavam relacionados
0

para a produção de canh:S E~~~:: Mm~ ~o~al .visavam 'ºrn:a1' a lngJaterra independente do cobre estrangeiro
3

·SC rapidamtnle prejudiciais. uando fo::5hos 1dent1cos para? nitrato~ a pólvora. Mas os monopólios tomararn-
capitalisu. No século XVII '!s monopólio:~dos P~ propósitos fiscais por_governos hostis.ªº desenvolvimc~to
Rerolurion. p. 96. oram cnados para serem vendidos,.. Reformarron to the /ndusmal

··intemaJi ~ãoE!~~~,:~~~~;sarnasª ~conomias de .escala mas à redução de custos de transacção.por meio


1
da
informação (via cormagem) e cusr!°~em~~o~v~º!3:1e:iz:Jão dos ~ircitos de propriedade), reduzindo cusros de
lbomas. Economic Hisrory Re.,.iew, XXlll . es anómmas). Ver Douglass C. Nonh e Robert Paul
t 11. lbid.. p. 8. • pp. 5 7.
112. Simon Kuzne<s toca na tecla da ut'lid d d Es
~rano implica definilivamente a possibilidade d~ ~c~sã tado ~os empresários. «A existência de um governo
fluos que muitas ve~s se apoiam directa e ex.plicitamemc e~ onde ex~s~. dentro do país e e~tre as pessoas. _con·
•Thc Stare as lhe Unn of Srudy of Economic Growth J, d.ltema11vas rmportames de cresctntento económico•.
" ourna/ of Economic History, Xl, J, Inverno 1951, 28.

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oposição dirccta. Hartung e Mousnier vêem sinais desta tensão já_ no século X~·!!'~'. D,auglass
Tentaremos, assim, dar carne e sangue.ªº que até aqui pode ser considerado uma análise
e. North e Robert Paul Thomas, ao procurarem delinear o surgimento de vanas mslltuições
jurídicas e económicas que tiveram o efeito de encorajar a actividade empresarial baseada
em- produtividade crescente por contraposição a formas de com~rc10 .que apenas redistri-
abstracta. Esperamos também conseguir demonstrar
desenvolvimentos não foram acidentais mas pelo co ;
variações possível, estruturalmente determin~dos. nr
;;t
0
1·dad d
d e e todo o processo. Os ·
• entro de uma certa gama de
_

buíam rendimento"'º'· procuram elucidar as condições sob as quais fana senudo acentuar 0
papel institucional do Escada. Argumentam que juntamente com as distorções económi-
cas que a intervenção estatal traz ao mercado e consequentemente à probabilidade da ino-
i vação deve colocar-se o «poder coercivo que permite ao governo levar a cabo certas polí-
i' rticas mesmo que estas sejam fortemente contrariadas por uma parte da sociedade,,< 111 1. Esta
1; formulação da questão alerta-nos para a necessidade de ver a importância do estatismo para 0
i capitalismo em tem1os de uma análise custo/benefício. Enquanto que para a aristocracia a
monarquia absoluta representava uma espécie de última trincheira de defesa dos privilégios,
1
'I· para os que obtinham o seu rendimento através da maximização da eficiência económica de
d
uma empresa o aparelho de Estado era por vezes extremamenle útil<"" e por vezes o princi-
!i' pal obstáculo.
:1
'- Já delineámos então os dois elementos constitutivos do sistema mundial moderno.
Por um lado, a economia-mundo capitalista construiu-se sobre uma divisão do trabalho à
escala mundial, em que as várias zonas desta economia (as que designamos por centro,
semiperiferia e periferia) 1inham papéis económicos específicos. desenvolviam estruturas
de classe diferentes, utilizavam consequentemente diferentes formas de controlo do traba-
lho e beneficiavam desigualmente do funcionamento do sistema. Por outro lado, a acção
política verificou-se prioritariamente no contexto de estados que, como consequência dos
seus diferentes papéis na economia-mundo, estavam estruturados de forma diversa, sendo
os estados do centro os mais centralizados. Analisaremos agora todo o século XVI em
termos de um processo no contexto do qual certas áreas se transformaram em áreas peri-
féricas ou semiperiféricas e outras se transformaram no centro desta economia-mundo.

109. t1.A ligação do capitalismo com a monarquia absoluta não foi sempre favorável ao capitalismo. É certo
que desde os anos 60 do século XVJ as bancarroras que afeclavam toda a Europa e o funcionamento do Estado não
eram de modo algum.fac1ores menores para o abrandamento do progresso do capiralismo comercial no continente.
Este a~ran~nto foi porourro lado favorável a longo prazo à monarquia absoluta. Ele impediu um desenvolvimento
~mas1ado d.p1do da bur~ues ia e ajudou a manter um equihôrio relativo entre burguesia e nobreza que é cenamente
:e~ S~;~:ed;,;:,.~~~,~~~;.n: ~uropa Ocidemal». Hanung e Mousnier. Relazioni dei X Congresso Jnrernazio-
5
uma forma~
51
~~: ~~li:n~ ar~un:i~n~o semelh~te:. ~os monopóli.os nà.o eram maus em si mesmos: eles eram
com defesa n~cionJI _! . as mdust~as num pais.atrasado. Os mais antigos monopólios estavam relacionados
0

para a produção de canh:S E~~~:: Mm~ ~o~al .visavam 'ºrn:a1' a lngJaterra independente do cobre estrangeiro
3

·SC rapidamtnle prejudiciais. uando fo::5hos 1dent1cos para? nitrato~ a pólvora. Mas os monopólios tomararn-
capitalisu. No século XVII '!s monopólio:~dos P~ propósitos fiscais por_governos hostis.ªº desenvolvimc~to
Rerolurion. p. 96. oram cnados para serem vendidos,.. Reformarron to the /ndusmal

··intemaJi ~ãoE!~~~,:~~~~;sarnasª ~conomias de .escala mas à redução de custos de transacção.por meio


1
da
informação (via cormagem) e cusr!°~em~~o~v~º!3:1e:iz:Jão dos ~ircitos de propriedade), reduzindo cusros de
lbomas. Economic Hisrory Re.,.iew, XXlll . es anómmas). Ver Douglass C. Nonh e Robert Paul
t 11. lbid.. p. 8. • pp. 5 7.
112. Simon Kuzne<s toca na tecla da ut'lid d d Es
~rano implica definilivamente a possibilidade d~ ~c~sã tado ~os empresários. «A existência de um governo
fluos que muitas ve~s se apoiam directa e ex.plicitamemc e~ onde ex~s~. dentro do país e e~tre as pessoas. _con·
•Thc Stare as lhe Unn of Srudy of Economic Growth J, d.ltema11vas rmportames de cresctntento económico•.
" ourna/ of Economic History, Xl, J, Inverno 1951, 28.

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4
DE SEVILHA A AMESTERDÃO:
O FRACASSO DO IMPÉRIO

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4
DE SEVILHA A AMESTERDÃO:
O FRACASSO DO IMPÉRIO

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f5
1. .

A economia-mundo europeia que se estava a criar era uma grande presa e é com-
preensível que os homens procurassem apoderar-se dela. A via da dominação Íl}lperial era o
caminho clássico, familiar aos homens desta era. Os Habsburgo, com Carlos V, fizeram UIJla
valente tentativa de absorção de toda a Europa. Cerca de 1557. a sua tematÍ\•a tinha falhado .
E a Espanha começou a perder a um ritmo constante não só o seu império político como também
0 seu papel económico central. Muitas ci~des aspiravam a ser o eixo da economia-mundo
europeia. Sevilha, Lisboa, Antuérpia, Lyon, Génova e Hamburgo, todas elas tinham aspirações
nesse sentido, quando não o afirmavam mesmo. Mas de facto seria Amesterdão. um candi-
dato pouco provável em 1450, que por alturas de 1600 teria alcançado a proeminéncia. Volta-
mos agora a esta história do fracasso do império, que trouxe consigo o declínio da Espanha e
o de todas as cidades-estados suas aliadas a favor dos rebeldes triunfantes de Amesterdão.
A curva económica ascendente que começou por volta de 1450 criou uma prosperi-
dade efervescente, sobretudo em todos os velhos centros de comércio, na que foi chamada a
espinha dorsal da Europa - a Flandres, o Sul da Alemanha e o Norte da Itália - e. e"i den-
temente, como resultado dos descobrimentos, na Espanha. É revelador ver a precisão com
que estas áreas vieram a constituir o império dos Habsburgo com Carlos V. Nesta expansão;-'
o elemento significativo mais recente foi o comércio transaúântico espanhol do século XVI ,
centrado em Sevilha e na sua Casa de Contraraci6n de las Jndias. um comércio que chegou a
ser tão importante que «toda a vida europeia e a vida do mundo inteiro, na medida em que
existia um mundo, poderia dizer-se que dependeram [deste tráfico]. Sevilha e as suas contas
( ... )poderiam dar-nos o ritmo do mundo,. (I>. ~
Como chegou a Espanha a ter um papel tão central? Bem vistas as coisas. como dis-
cutimos no Capítulo 1, foi Portugal e não a Espanha quem se pôs à cabeça da expansão
ultramarina europeia do século XVI. Além disso, o século XV não foi uma época tranquila
na história da Espanha. De facto, Jaime Vkens Vives diz que "ª palavra crise sintetiza a
evolução histórica espanhola durJ.llte o século XV» 1' )·
A crise era política (um período de rebelião e guerra interna) e económica {recessão
em toda a Europa). A reacção da Espanha à crise cm termos cconómic.os foi desenvolver a

1. Oiounu. Slvill•. VI11 (!). p. t4. . . . '


2. Jaime Viccns Vives, Approachu 10 rh• History of Spai~ . 2.' cd. (lkdtley: Uruv. of Cahfomi.a Press. '
1970). 76.

167

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f5
1. .

A economia-mundo europeia que se estava a criar era uma grande presa e é com-
preensível que os homens procurassem apoderar-se dela. A via da dominação Íl}lperial era o
caminho clássico, familiar aos homens desta era. Os Habsburgo, com Carlos V, fizeram UIJla
valente tentativa de absorção de toda a Europa. Cerca de 1557. a sua tematÍ\•a tinha falhado .
E a Espanha começou a perder a um ritmo constante não só o seu império político como também
0 seu papel económico central. Muitas ci~des aspiravam a ser o eixo da economia-mundo
europeia. Sevilha, Lisboa, Antuérpia, Lyon, Génova e Hamburgo, todas elas tinham aspirações
nesse sentido, quando não o afirmavam mesmo. Mas de facto seria Amesterdão. um candi-
dato pouco provável em 1450, que por alturas de 1600 teria alcançado a proeminéncia. Volta-
mos agora a esta história do fracasso do império, que trouxe consigo o declínio da Espanha e
o de todas as cidades-estados suas aliadas a favor dos rebeldes triunfantes de Amesterdão.
A curva económica ascendente que começou por volta de 1450 criou uma prosperi-
dade efervescente, sobretudo em todos os velhos centros de comércio, na que foi chamada a
espinha dorsal da Europa - a Flandres, o Sul da Alemanha e o Norte da Itália - e. e"i den-
temente, como resultado dos descobrimentos, na Espanha. É revelador ver a precisão com
que estas áreas vieram a constituir o império dos Habsburgo com Carlos V. Nesta expansão;-'
o elemento significativo mais recente foi o comércio transaúântico espanhol do século XVI ,
centrado em Sevilha e na sua Casa de Contraraci6n de las Jndias. um comércio que chegou a
ser tão importante que «toda a vida europeia e a vida do mundo inteiro, na medida em que
existia um mundo, poderia dizer-se que dependeram [deste tráfico]. Sevilha e as suas contas
( ... )poderiam dar-nos o ritmo do mundo,. (I>. ~
Como chegou a Espanha a ter um papel tão central? Bem vistas as coisas. como dis-
cutimos no Capítulo 1, foi Portugal e não a Espanha quem se pôs à cabeça da expansão
ultramarina europeia do século XVI. Além disso, o século XV não foi uma época tranquila
na história da Espanha. De facto, Jaime Vkens Vives diz que "ª palavra crise sintetiza a
evolução histórica espanhola durJ.llte o século XV» 1' )·
A crise era política (um período de rebelião e guerra interna) e económica {recessão
em toda a Europa). A reacção da Espanha à crise cm termos cconómic.os foi desenvolver a

1. Oiounu. Slvill•. VI11 (!). p. t4. . . . '


2. Jaime Viccns Vives, Approachu 10 rh• History of Spai~ . 2.' cd. (lkdtley: Uruv. of Cahfomi.a Press. '
1970). 76.

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do centro com a periferia relativamente fáciJl'l. Fernando e I . .
criação de carneiros e ganhar. como resultado dos baillOS preços , um_a parte considerável do um forte sistema de mercados nacionais''º> Cri . sabei ªJUdaram a Mesra a criar
(reduzido) mercado mundial '-". A força do gru po de produtores de la em Espanha. a Mesta, bem que num contexto de manutenção dos ·vai ara~ um s~stema de mobilidade individual , se
era tal que as ientati, as dos burgueses castelhanos em potência para que o rei adaptasse políti- burocracia fazendo dela algo que estava «enr ore~ e posição e hierarquia ' " '· Fortaleceram a
rei pub/icae" »'"'· Nacionalizaram por assin~t~a na comunidade( ...) da qual é ( ... ) "pars
0
cas prot(.'{·c ioni sta' fr:i cassaram nos séculos XIV e XV" '· Inclusivamente com os reis católi-
«condições nas quais o potencial e~onómico e tz;r, clero católico "-''. Sobretudo, criaram
0
cos. Fernando e Isabe l. supostos panid:\rios da act1v1dade mdustnal. V1cens acha que as
indústrias mencionadas produziam .. ou bens de luxo ou tinham apenas um mercado local•"l. reali zado»' " )· x1s ente em Castela podia ser completamente
Diversamente da ln c13terra. a Espanha não avançava no sentido do des envolvimento de uma Se o ouro e a prata fluí am através da Espanh C . •
im pon:rnie indústri; têxtil"'· Ironicame nte. pode ter sido? _próprio facto d~ concorrência céu europeu. foi, diz Pierre Vilar, «ao mesmo tem ª · se aste!a ~e ascender ao centro do
po consequenc1a e causa• ""· Mas conse-
castelhana. combinada com a depressão de fi ns da Idade Med ia. o que encoraJOUa Inglaterra
a empreender o caminho do crescimento industrial. O facto é, no entanto, que a Espanha não
~~~;::~ç~~~~~~nhol era •O e.:;lidio supremo do fe udalismo.-. • lt tcmp~ de Quichocte•, E11rope, 34, n.' 121-122.
empreendeu esse caminho.
' l\hs então, se a economia espanhola era estruturalmente tão débil. como explicamos a No entamo. já defendemos no capítulo an1erior ~ .
/a!ifundia não devia ser considerado um ~ segundo feudr.srque que a c merg~nc ia de um fenó.m('nO como os'
posição econâmica central da Espanha na primeira metade do século XVI? Em pane porque lista•. Ver. mesmo assim. Vilar: • Em Espanha, (...)ou ant c~~~ ~:, ªt'es uma..forma ~e • agnculturJ capita·
1

as debilidades eram a longo prazo. e em p:irte porque a detenninados níveis o seu sistema na Conquista à maneira da Reconquista: à manrira f rlldill. Àoc u 3 · i!eo ªd.as cl::1.Sses dommnnre~ e1wolveram -stJ
político era forte. Castela teve uma cl ara tarefa «nac ional• ao longo de toda a Idade Média. missão. amontoando tesouros, n.'.lo pn: pard uma pessoa ara .•. P/.. a.ir.. ler:as , for~an~o os homens à !iuh-
15
burguc:sia nascen.te ~eria 1ê-lo feito. E de cerca de i.isÓa ~~.,. c: ~ ~o scmid~ .~apllahsrn da pa lavra. Uma
1

· Por um lado. houve a Recn11q11ista. a expulsão gradual dos mouros da Península Ibéri ca. que sua pos ição no c1rcu110 monct.irio. ela tcnlou prim eiro 0 capiialism~ ~ .;;u~udcm azc-.lo. ~~uu.d o, por caus.a da
culminou com a queda da Granada muçu lmana e a expuls:io dos judeus. ambas em 1-192, o 3. -torç:ss proJu1 ivas" à sua disposição - terra , homt ns, inova ·õesn:éc~~caso~rtos ~ da!i feiras. Alt m disso:
ano de Colombo. Por outro lado. hav ia o impulso para unificar os estados cri stãos da Penínsul a. ~ rendimt-ni~ dccresccnit s nas planície s de Castela. Em rc.o; uh~do disso. após 1 5~Óre~s~. c~ocaram c?m a Jc1
nhlAnteS da.~ IOJCCÇÕC:S monc tá.rias. Gasta-se , impona-se, cmprcs1a-sc a ·ums. ProJuz-:nri~ se os efc: uos1 es.te~
:;p;~ ~scnvotve-sc
0 ~.~·n'.;<~~=.,~;~ ~~'.
Este impulso culminou numa uni ão apenas na cúpu la. retendo Aragão uma legislatura. um
orçamento de Estado e um sistema sóc io-legal separados.
d
o parasuismo e o espiri10 de inicialiva dec lina. isso signi fica

Dado que a Espanha se construiu com base numa reconqui sta. o frucbli smo como forma A &sc uss.ão de .Vi lar sobre o ~ capitali sm~ in sláve l dos portos e das feir.t.'i • parrce rrferir-~ ao ce ticismo.,
política erJ débil"'· Por consegui nte. como afirma José Maravall. ~uma ordem política e social ~ Ma~ acerca da quaJ1da~ progress~'"'ª do cap nal men:amil: • Mas o seu descnvolvi mcnru (...) ~por s~ mt smo
inc~ ~az de promov~ r e explicar.a transição dum modo de produção para outro.( ...) Pelo conrrário, onde quer que 0
que não estava baseada na estruturJ feudal proporcionava um terreno favorável ao desen-
volvimento de fom1as .. estatais ..•"'· Um sistema de estradas de primeira classe tomava a ligação
~~::'t"::~:.ul ameia prcdommc, deparamos com condições de atraso». Capital. UJ. Cap. XX. p. 327. o subli -

9 . ..: Foi o ''transporte ~ tracç~"' que penni1iu a Castela assegurar as li gaçtics t ntre as regiões perifc!ricas-'~
da Península que a rodeav am e .que multas vezes a scpamvam do mar. Foi este fenómeno. e n3o Cas1el3 ela mesma
3. ~Sem a cnsc d ;)§ sét·ulo!i XIV e XV. se m o atracti,·o dos prt:ços prov3yc[mcn1e baü.m da lã castcltun.1.. que co~ IOnega; G:iss.et] disse . .. fez a Espanha"'. (...) Pois não são as comunicações o primt" iro requisi1o par~
stm o bem conhecido 1bnrnd:t mcn10 d.is C'Xpomções de lã inglesas e sem a atractiva indúsu\3 de teeidos dJ.5 cid:ides ~~ ~; ~7.:: ;;~~~~r;;;~:l\(~~ ) ~r rodas estas razões, tomou-se no centro de gravidade, no coração da Espanha1t.
iuli:ma.s. o de~n''Cll " imcnto da mJÇ:to de camcim:oo cm Castela. cem os ~us milhõc de carneiros err..mle'.s, teria 1 4
sido impc.)$.'i f.,.rl. 1mpens.i\'C'J .. . Braudd. Lu .\ fiditerrunh. 1. p. 8..1 . . 10. · -O intercss.e especial etc. Fernando e Isabe l cm restringir e re gul ar os porta:.gos lanliga taxa lançad.11 ..;
\· -1 • • o ier a i ndú~1ria de teci d o~ aüng idn t:o1rndcr.ivd de scnvolvimc:Ho no sé-cu lo XV t mostrado. de facto. ~bs c11Jades sobfc mercadorias e animais a caminho do mercado! sobre os rebanhos da Mesta d~vcu - sc à grande
pr1:1 propos1:1 dJ, Coni:s Ji: 1:tJX. reun idJ.li e-m \bdrigal. requCTtndo 3 proibição da imporução de tecidos csltil11geiros 1m~il des1a organização como instrumento para o inceniivo à comun icação in trma. A nacionalização do
I! da c.~ P4Jrt.1Çân_ ~lã ca~1dh:i.na . fata polillC:J lkctd !d~mt.'nte protecci onistJ. náo fo i ace ite por João li çor causa da comf rt:1?, a e~o l ução de mercados locais e metropolitanos para mercados naci onais. foram um11 fase de l!l"tanço
finne intervrll{ao J3 M tli13 e iJo,. que e:i.1avam a lun ar com o comércio da lj: l'Tl('l'C3d ore,, co lectores, comcrc iante.s e~ooóm1co CUJ:l profunda importância estes soberanos ilum inados fo ram os pri me iros na Península 11 saber apre-
e usuráno~: Fn1encào t.JUC os grandes ~prier:íno.:: ck:i.encJde.:ir:.un um::1. ,·tolc1HJ luta plr.1 e .. 1urem o de~nvolvimcnto ciar •. Klein, The Mesto, p. 223.
d1 burgues mcri'lle!han:i. Em: r o !il:nlido segundo {'l qual dc \·emO'i en1cnJer o acordo feito pe las Cortl!S de Toledo cm . 11 . ~O cfeiro ms políticas de Fernando e Isabel foi ponanto confinnar e consolidar u ímponãncia da postçió' ~
146 2.' qu.a n~1 Hc:nrrqut> IV fix ou t'm um 1c:rço a proporç:lo d:ts cJi: portações tOUJs d3 Mcs ta que podtl111 ser rc:üdas e~ h1erarqu1a na sociedade caMelhana. mas ao mesmo tempo oferece r ram!Xm oponunidadcs de a~ens.ão sociul a
pd.a mdusma cas1clhar:iJ. de teci~. Es~ era uma proporç:lo baiu se houves..~ aJgum.a m1enção de m.llltet no país muuos que teriam rido muito menos esperança de adquirir um e.staruto pri vilegiado em reinados anteriores. Uma das
3 nqucu que CSI J.~a a ir p;rra o ~tí4Jlf('1ro e a faz.cr a fortuna de t.:intos aristocrata!•. Jai me Vicens Vi ves. Arr Ectr c~ves para csu ascensão er.i a educação. que: podia cvcntualmcn1e conduzir a um lugar no scniiço real. A oolra era
nt)lt11< l h.Ht1r.\' 11/ S{'ú1n. pp. 259-260 ª.nqu~za, a riqueza urba na part icularmcn1e, que 1oma\'a posdvcl a aliança t ntrc as famíli as de mercadores riem
" 5 lbid.. p. 305. (incluindo a~ de ori g,cm judaica) e as famíli as de linhagem aristocr1tica rcspeiLivel•. J. 11 Ellion. Jmpt'rial Spaín.
... ~· ·~tc l.1 m b:J_s~c~n1e c~ po1tad~ra de: matérias primas. de lã e não de 1~idos. e (... } um dos fund3- 1469- 1716 (Nova Iorque : Men1or. t966), 113-1t4.
ment~s da i:iolf11ca mcn:ant ~llst a dos Rt1s Caróhcos foi o inccn li,·o à Jj dt' mcrino dos rebanh0<i; da mnto. Por outro 12. Marava\I, Cahius áhisroíre mondiole . VI, p. 805.
l~. 3 lngl.ate rra. onde .ª mação de carn('1r~ ef'!J também Ooresccn1c, e de que nove décimm. d3 1osquia eram tradi- 13. · ·Os Reis Católicos não queriam estran geiros nas posições cclcsiáM ica5 do se u reino, cm part e de forma ~
c ron~al mem~ c-;.. ~.,; µara a Aandre; . <'omcÇa\·a.., já no ~ukl XJV. quando os rebanhos começaram a crescer cm 1 preservar os seus pri,1 iJ~gios. ma.s cm pane rambém em vi sta do pouco que os estrangcirm sabiam acerca daJ coiti.as
uma:ioo. u.nil po ht1ca panle la &: ll Jn.o;; forrMlíào md~maJ das m.ut.nas · • J s.é _ -
1
. cannlumo,.,.~u:; r~l!a ( /500·/l~JJ( \hdnd: r\tla._;, , J Q~ J ). 0. pnmM · o. Llrru, La rpoco dtlmer - no "'" re ino llhid ., p. 861• .
14. Ell ion , /mper-ia / Spain. p. 117. fJ lion tt.Ssina l:1. porou1ro lado. al guma.~ caracierf.~ tica.s negativas acerca .o:
7. Uu -, Vnale fazuma hMade r mc õe 1 · f
outros paí!>e' europciJs ocidcntai;;;.· Elas ce-mr~a:~: ~I: !~~:x~~.smo "~ ~~f;:> em Espanha do que nos do seu reinado. Ver pp. 123- 127 .
. IS. Vilar. PaJt & Prtu nt . n.• 10. p. 32. ~ acreSCCTlf.a Alvaro lar~. a Espanha pair.a no 1111? porque ela., ' "
.. ' d> ~trn•8c ~ P"P<:i'"~'~ da burgurna. V<r ltmn '""""·a· Reforrn vr ~~~~~::;:'. ~- ~~;:;_ulmlllW. do p3pel conqu1s:u. a ~rica: •A EJ; panha nlo cJtava íso l2da da rede da Europa; rcetb1a, por sua vez. a mfl~~1a e o rr ncxo
económic~ ~;~ªndcs ~:;~~~~:~~~ia/~ ~ 1 • P· 79 ~ . L&io n.ão quer oecessarfamt:nte dizer que o pape l da! ncce"isidades ccOOómica.s que ~uf!Íam dM centros financeiros europeus e que c bt a ... am em comunic.aç!lo com ela
o. e o cor.trário. Pie~ Vilar ddendc com ba.Y neste facto que o

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do centro com a periferia relativamente fáciJl'l. Fernando e I . .
criação de carneiros e ganhar. como resultado dos baillOS preços , um_a parte considerável do um forte sistema de mercados nacionais''º> Cri . sabei ªJUdaram a Mesra a criar
(reduzido) mercado mundial '-". A força do gru po de produtores de la em Espanha. a Mesta, bem que num contexto de manutenção dos ·vai ara~ um s~stema de mobilidade individual , se
era tal que as ientati, as dos burgueses castelhanos em potência para que o rei adaptasse políti- burocracia fazendo dela algo que estava «enr ore~ e posição e hierarquia ' " '· Fortaleceram a
rei pub/icae" »'"'· Nacionalizaram por assin~t~a na comunidade( ...) da qual é ( ... ) "pars
0
cas prot(.'{·c ioni sta' fr:i cassaram nos séculos XIV e XV" '· Inclusivamente com os reis católi-
«condições nas quais o potencial e~onómico e tz;r, clero católico "-''. Sobretudo, criaram
0
cos. Fernando e Isabe l. supostos panid:\rios da act1v1dade mdustnal. V1cens acha que as
indústrias mencionadas produziam .. ou bens de luxo ou tinham apenas um mercado local•"l. reali zado»' " )· x1s ente em Castela podia ser completamente
Diversamente da ln c13terra. a Espanha não avançava no sentido do des envolvimento de uma Se o ouro e a prata fluí am através da Espanh C . •
im pon:rnie indústri; têxtil"'· Ironicame nte. pode ter sido? _próprio facto d~ concorrência céu europeu. foi, diz Pierre Vilar, «ao mesmo tem ª · se aste!a ~e ascender ao centro do
po consequenc1a e causa• ""· Mas conse-
castelhana. combinada com a depressão de fi ns da Idade Med ia. o que encoraJOUa Inglaterra
a empreender o caminho do crescimento industrial. O facto é, no entanto, que a Espanha não
~~~;::~ç~~~~~~nhol era •O e.:;lidio supremo do fe udalismo.-. • lt tcmp~ de Quichocte•, E11rope, 34, n.' 121-122.
empreendeu esse caminho.
' l\hs então, se a economia espanhola era estruturalmente tão débil. como explicamos a No entamo. já defendemos no capítulo an1erior ~ .
/a!ifundia não devia ser considerado um ~ segundo feudr.srque que a c merg~nc ia de um fenó.m('nO como os'
posição econâmica central da Espanha na primeira metade do século XVI? Em pane porque lista•. Ver. mesmo assim. Vilar: • Em Espanha, (...)ou ant c~~~ ~:, ªt'es uma..forma ~e • agnculturJ capita·
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as debilidades eram a longo prazo. e em p:irte porque a detenninados níveis o seu sistema na Conquista à maneira da Reconquista: à manrira f rlldill. Àoc u 3 · i!eo ªd.as cl::1.Sses dommnnre~ e1wolveram -stJ
político era forte. Castela teve uma cl ara tarefa «nac ional• ao longo de toda a Idade Média. missão. amontoando tesouros, n.'.lo pn: pard uma pessoa ara .•. P/.. a.ir.. ler:as , for~an~o os homens à !iuh-
15
burguc:sia nascen.te ~eria 1ê-lo feito. E de cerca de i.isÓa ~~.,. c: ~ ~o scmid~ .~apllahsrn da pa lavra. Uma
1

· Por um lado. houve a Recn11q11ista. a expulsão gradual dos mouros da Península Ibéri ca. que sua pos ição no c1rcu110 monct.irio. ela tcnlou prim eiro 0 capiialism~ ~ .;;u~udcm azc-.lo. ~~uu.d o, por caus.a da
culminou com a queda da Granada muçu lmana e a expuls:io dos judeus. ambas em 1-192, o 3. -torç:ss proJu1 ivas" à sua disposição - terra , homt ns, inova ·õesn:éc~~caso~rtos ~ da!i feiras. Alt m disso:
ano de Colombo. Por outro lado. hav ia o impulso para unificar os estados cri stãos da Penínsul a. ~ rendimt-ni~ dccresccnit s nas planície s de Castela. Em rc.o; uh~do disso. após 1 5~Óre~s~. c~ocaram c?m a Jc1
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Este impulso culminou numa uni ão apenas na cúpu la. retendo Aragão uma legislatura. um
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o parasuismo e o espiri10 de inicialiva dec lina. isso signi fica

Dado que a Espanha se construiu com base numa reconqui sta. o frucbli smo como forma A &sc uss.ão de .Vi lar sobre o ~ capitali sm~ in sláve l dos portos e das feir.t.'i • parrce rrferir-~ ao ce ticismo.,
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inc~ ~az de promov~ r e explicar.a transição dum modo de produção para outro.( ...) Pelo conrrário, onde quer que 0
que não estava baseada na estruturJ feudal proporcionava um terreno favorável ao desen-
volvimento de fom1as .. estatais ..•"'· Um sistema de estradas de primeira classe tomava a ligação
~~::'t"::~:.ul ameia prcdommc, deparamos com condições de atraso». Capital. UJ. Cap. XX. p. 327. o subli -

9 . ..: Foi o ''transporte ~ tracç~"' que penni1iu a Castela assegurar as li gaçtics t ntre as regiões perifc!ricas-'~
da Península que a rodeav am e .que multas vezes a scpamvam do mar. Foi este fenómeno. e n3o Cas1el3 ela mesma
3. ~Sem a cnsc d ;)§ sét·ulo!i XIV e XV. se m o atracti,·o dos prt:ços prov3yc[mcn1e baü.m da lã castcltun.1.. que co~ IOnega; G:iss.et] disse . .. fez a Espanha"'. (...) Pois não são as comunicações o primt" iro requisi1o par~
stm o bem conhecido 1bnrnd:t mcn10 d.is C'Xpomções de lã inglesas e sem a atractiva indúsu\3 de teeidos dJ.5 cid:ides ~~ ~; ~7.:: ;;~~~~r;;;~:l\(~~ ) ~r rodas estas razões, tomou-se no centro de gravidade, no coração da Espanha1t.
iuli:ma.s. o de~n''Cll " imcnto da mJÇ:to de camcim:oo cm Castela. cem os ~us milhõc de carneiros err..mle'.s, teria 1 4
sido impc.)$.'i f.,.rl. 1mpens.i\'C'J .. . Braudd. Lu .\ fiditerrunh. 1. p. 8..1 . . 10. · -O intercss.e especial etc. Fernando e Isabe l cm restringir e re gul ar os porta:.gos lanliga taxa lançad.11 ..;
\· -1 • • o ier a i ndú~1ria de teci d o~ aüng idn t:o1rndcr.ivd de scnvolvimc:Ho no sé-cu lo XV t mostrado. de facto. ~bs c11Jades sobfc mercadorias e animais a caminho do mercado! sobre os rebanhos da Mesta d~vcu - sc à grande
pr1:1 propos1:1 dJ, Coni:s Ji: 1:tJX. reun idJ.li e-m \bdrigal. requCTtndo 3 proibição da imporução de tecidos csltil11geiros 1m~il des1a organização como instrumento para o inceniivo à comun icação in trma. A nacionalização do
I! da c.~ P4Jrt.1Çân_ ~lã ca~1dh:i.na . fata polillC:J lkctd !d~mt.'nte protecci onistJ. náo fo i ace ite por João li çor causa da comf rt:1?, a e~o l ução de mercados locais e metropolitanos para mercados naci onais. foram um11 fase de l!l"tanço
finne intervrll{ao J3 M tli13 e iJo,. que e:i.1avam a lun ar com o comércio da lj: l'Tl('l'C3d ore,, co lectores, comcrc iante.s e~ooóm1co CUJ:l profunda importância estes soberanos ilum inados fo ram os pri me iros na Península 11 saber apre-
e usuráno~: Fn1encào t.JUC os grandes ~prier:íno.:: ck:i.encJde.:ir:.un um::1. ,·tolc1HJ luta plr.1 e .. 1urem o de~nvolvimcnto ciar •. Klein, The Mesto, p. 223.
d1 burgues mcri'lle!han:i. Em: r o !il:nlido segundo {'l qual dc \·emO'i en1cnJer o acordo feito pe las Cortl!S de Toledo cm . 11 . ~O cfeiro ms políticas de Fernando e Isabel foi ponanto confinnar e consolidar u ímponãncia da postçió' ~
146 2.' qu.a n~1 Hc:nrrqut> IV fix ou t'm um 1c:rço a proporç:lo d:ts cJi: portações tOUJs d3 Mcs ta que podtl111 ser rc:üdas e~ h1erarqu1a na sociedade caMelhana. mas ao mesmo tempo oferece r ram!Xm oponunidadcs de a~ens.ão sociul a
pd.a mdusma cas1clhar:iJ. de teci~. Es~ era uma proporç:lo baiu se houves..~ aJgum.a m1enção de m.llltet no país muuos que teriam rido muito menos esperança de adquirir um e.staruto pri vilegiado em reinados anteriores. Uma das
3 nqucu que CSI J.~a a ir p;rra o ~tí4Jlf('1ro e a faz.cr a fortuna de t.:intos aristocrata!•. Jai me Vicens Vi ves. Arr Ectr c~ves para csu ascensão er.i a educação. que: podia cvcntualmcn1e conduzir a um lugar no scniiço real. A oolra era
nt)lt11< l h.Ht1r.\' 11/ S{'ú1n. pp. 259-260 ª.nqu~za, a riqueza urba na part icularmcn1e, que 1oma\'a posdvcl a aliança t ntrc as famíli as de mercadores riem
" 5 lbid.. p. 305. (incluindo a~ de ori g,cm judaica) e as famíli as de linhagem aristocr1tica rcspeiLivel•. J. 11 Ellion. Jmpt'rial Spaín.
... ~· ·~tc l.1 m b:J_s~c~n1e c~ po1tad~ra de: matérias primas. de lã e não de 1~idos. e (... } um dos fund3- 1469- 1716 (Nova Iorque : Men1or. t966), 113-1t4.
ment~s da i:iolf11ca mcn:ant ~llst a dos Rt1s Caróhcos foi o inccn li,·o à Jj dt' mcrino dos rebanh0<i; da mnto. Por outro 12. Marava\I, Cahius áhisroíre mondiole . VI, p. 805.
l~. 3 lngl.ate rra. onde .ª mação de carn('1r~ ef'!J também Ooresccn1c, e de que nove décimm. d3 1osquia eram tradi- 13. · ·Os Reis Católicos não queriam estran geiros nas posições cclcsiáM ica5 do se u reino, cm part e de forma ~
c ron~al mem~ c-;.. ~.,; µara a Aandre; . <'omcÇa\·a.., já no ~ukl XJV. quando os rebanhos começaram a crescer cm 1 preservar os seus pri,1 iJ~gios. ma.s cm pane rambém em vi sta do pouco que os estrangcirm sabiam acerca daJ coiti.as
uma:ioo. u.nil po ht1ca panle la &: ll Jn.o;; forrMlíào md~maJ das m.ut.nas · • J s.é _ -
1
. cannlumo,.,.~u:; r~l!a ( /500·/l~JJ( \hdnd: r\tla._;, , J Q~ J ). 0. pnmM · o. Llrru, La rpoco dtlmer - no "'" re ino llhid ., p. 861• .
14. Ell ion , /mper-ia / Spain. p. 117. fJ lion tt.Ssina l:1. porou1ro lado. al guma.~ caracierf.~ tica.s negativas acerca .o:
7. Uu -, Vnale fazuma hMade r mc õe 1 · f
outros paí!>e' europciJs ocidcntai;;;.· Elas ce-mr~a:~: ~I: !~~:x~~.smo "~ ~~f;:> em Espanha do que nos do seu reinado. Ver pp. 123- 127 .
. IS. Vilar. PaJt & Prtu nt . n.• 10. p. 32. ~ acreSCCTlf.a Alvaro lar~. a Espanha pair.a no 1111? porque ela., ' "
.. ' d> ~trn•8c ~ P"P<:i'"~'~ da burgurna. V<r ltmn '""""·a· Reforrn vr ~~~~~::;:'. ~- ~~;:;_ulmlllW. do p3pel conqu1s:u. a ~rica: •A EJ; panha nlo cJtava íso l2da da rede da Europa; rcetb1a, por sua vez. a mfl~~1a e o rr ncxo
económic~ ~;~ªndcs ~:;~~~~:~~~ia/~ ~ 1 • P· 79 ~ . L&io n.ão quer oecessarfamt:nte dizer que o pape l da! ncce"isidades ccOOómica.s que ~uf!Íam dM centros financeiros europeus e que c bt a ... am em comunic.aç!lo com ela
o. e o cor.trário. Pie~ Vilar ddendc com ba.Y neste facto que o

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quência de qué. e:1tacumcnte? Duma longa série de factos ce.? trados no papel económico dos maneiras, e não apenas como financeiros ""· Mas por que razào não pode .
05
meuis: 3 débil base de mel3is preciosos do mundo med1terramco. a antenor centralidade do veses ter conseguido o seu ouro através de Ponugal' TaJ . f nam geno-
Sud:lo como fornecedor de ouro. o impacto d3 explllsào ponugucsa sobre os intem1cdiários país que na exploração ia à cabeça significasse que as · 'condez _orça _de Ponug~ como
ª
Gé 5 uas 1çoes nao fo=m tao van-
none-afric.l!lOS das cid3des-esudos il31i3.1135. o papel dos genoveses em Espanha e o desejo tajosas para . . nova como as que_a Espanha oferecia '""· Tahez tambêm a sua própria
dos geno"cscs de encontrarem uma fonte não ponugucsa de metais preciosos (um desejo que força con_duz1 sse a uma falta de imaginação. A imaginação habitualmente não é outra
só a Espanha podia re.alizar). coisa senao a procura de l_ucr~s a m~io prazo pelos que têm os canais a cuno prazo blo-
Recom;rruamos esu história complexa. Já falámos do papel do ouro no comér- queados. Quando os canais nao estao bloqueados a imaginação s.ofre. Ponugal já esta,·a
cio medieval. e de como o ouro do Sudão chegava à Europa através do None de África e a sair-se bastante bem c~m a navegação ao longo da costa africana. Não se sentia pressio-
do mundo mediterrânico cristão. Subil3mente, em meados do século XV, o papel nane-afri- nado a lançar-se em pengosas aventuras de navegação para Ocidente" "· Chaunu defende
cano diminuiu 2randcmente. A extensão desta diminuição parece ser uma questão bastante eloque~temente a afirmação sensata de que não é a sone que jus tifica 0 descobrimento
debatida. Braudel fala dum colapso da posiÇão none-africana U•>. Malowist reconhece a ela Am:nca pela Espanha. A Espanha era o país melhor dotado. no contexto daquele tempo,
-redução mas não a considera caustrófica tl7l. A súbita e scassez de ouro e de prata agravou a «~ão so, para aproveitar todas as opo~un_idades que se lhe ofereciam mas também para as
carga financeira do Estado espanhol, que tinha vindo a aumentar continuamente devido aos cnar» cz- 1• A _l~glate~a empregou o 1taJ1ano John Cabo!, mas a sua segunda expedição
crescentes gastos militares e da cone, causando uma queda do valor da moeda de conta, o «inglesa» ex1gm apoio espanhol. Seria só no século XVII que a França e a Inglaterra se
1..mara,·edi 11 ' 1• tomaram países com explorações ultramarinas e só no século XVHJ elas tiveram realmente
A crise financeira foi séria e fez reagir os genoveses de Espanha, pois eles eram êxito 123 >.
simultaneamente os banqueiros da Espanha e os compradores do ouro. FaJámos já do A Espanha, no entanto, teve êxito já no século XVI na criação dum vasto império
papel de Génova no comércio espanhol. Os genoveses estavam nele implicados de muitas nas Américas, tão grande quanto o permitia o custo do transponc marítimo "''· Isto signi-
ficou um crescimento relâmpago do comércio transatlãntico, multiplicando-se o seu volume
por oito entre 1510 e 1550 e de novo por três entre 1550 e J6JO C>>. O foco ccmral deste
dum modo ou de outro. Quer estas fossem as necessidades do consumo espanhol (cnrendendo consumo no sentido
gcnl de aprovisionamento) ou as exigências das campanhas militares da monarquia, as colónias americanas for- comércio era um _mono~l~o jo ~~~~º- em_ Sevilha, que em muitas fonnas se transformou
mnam um pano de fundo protcctor srm cujo au,;ílio seria imposs ível explicar o predomínio espanhol. Ass im não
temos dr: hõiur:e~- f~ d~ coincidência de mtcresses paralelos entre os rasgos da conquista espanhola na América
- baseada na 1~1c1ann pm1 ~~ - e as necessidades do aparelho de Estado metropolicano, que encorajava uma 19. Os genoveses e outros não espanhóis desempenharam um importlnl< papel não apenas na procun de "
rorma. de ~onqu1sta q~c pcrmu1a amomoar tesouros prodigiosos sem risco nem grande dispêndioi.. "'Estructuras de melllis preciosos e no com~rcio em Espanha, mas Jambém na produção primári3 nas Ilhas Canárin. Ver Mmucla
colomz.ac1ón Y modalidades dcl tráfico cn cl Pacifico sur hispano-americano•, Les grandes l'Dies maririmes dans Marrem, • Los italianos en la fundación de Tencrifc hispánico•. in Srudi in onort di Ami.ruOf"t Far.fani, ~1: E\·i modn-no
Je~~·,:""'·X/X• site/e, VU Colloque, Commission IntcmationaJe d'Histoire Maritime (Paris: S.E.V.P.E.N.. • cont•mporaneo (Milão: Don. A. GiuffrC·Ed., 1962), 329-337.
20. «É para a honra de Génova, se honra existe nisso, ter sido a ún.K:a a procurar cn1ào uma soluçio aru.i- ...
" 16. •~e a últ~ d&ada do século >cy. o ouro sudanês começa a não chegar mais, pelo menos não -portuguesa». Braudel, Annalts E.S.C., l, p. 14.
~ mesma quanudade. às cidades d~ None de Áínca. (...) (0} Mediterrâneo é subitamente privado de uma parte 21. • Ü fracasso de Colombo em Portugal pode ser explicado pelo próprio avanço do conhecimento~ •
imJ>OfU.Ote da sua fonte de abastcc1mcnto de ouro. (...) Com isso a prosperidade local do None de África cai gráfico nos meios do governo e comerciais do país. Ningutm estava disposto a confw dinheiro e vidas humanas na
como~ ~astclo de cartas.( ...) Que aconieccu? (... )Apenas isto: _Cm 1460, os exploradores ponugueses atingiram base de hipóteses obviamente erróneas, seu íossc sensato e se tivesse cm conta cspecialme:rue u disi.à."lr...-W que
~=A~~=~~:lfo ~Guiné.(. .. ) Em 14~3. São Jorge da Mma (... )começa a ser construída.( ... ) Isio dá início tinham de ser cobcnas.
. P1w:3 . ~o ~co económico do Saara. a uma inversão de direcção e a um desvio• fernand Portugal, além disso, esiava por demais empenhado na bem sucedida poUtica da cxplonçJo africma. llll
~~~'i-~~:onnaics ct c1vd1sa11on: de J'or du Soudan à J'argent d' An.ierique• , Annales E.S.C.. J, I, J~.-Março procura de uma via marítima dirccta para as ilhas das especiarias. para se agarrar a uma hipótese incerta como a pro-
posla por Colombo•. Chaunu, SMll•. Vill (1), pp. 89-90.
~ de·:::~~:;:=:~~~i~U::ido ª respeilo da .innu~ncia das feimrias ponuguesas de Arguim (depois
7
..-; de l4-4S) 22. lbid., p. 235.

t 1 s:re o comércio afncano de ~ro. Temos de admitir que a feitoria de


Arguim modificou em cena medida d. 23. «A partir do momento em que se recuse reconhecer que hou\"C uma revolução tecnológica mm os ..
dos paísc1 transaarianos irccç o exportação do ouro sudanes, sem contudo prejudicar os interesses princípios do século XVI e o stculo XVIII. que se recuse admitir que o papel de Castela era logicamente favor<Cido
dos neste co~n:io tinh:r;,u::::u haçõe~ ~)Os fornecedores sudaneses, assim como os nómadas berberes ocupa- pela sua posição como ponia-de-lança da "Rcconquisia", na inter>eeção do McdiJrninco e do OcC300. na inienccção
algum afccta\la a s~a posição nestec~!~rc · ~uro~us ª.Arguim, novos compradores do mineral, mas isto de modo do ponto alto dos ventos alfseos em direcção ao Nane e do ponto de conrra-fluxo das latirudes médias para Sul.
os magrebinos e os egípcios que parece e~~ sto n o era v~rdade P:ir3 os compradores de ouro tradicionais, isto é, então atribui-se ao acaso, isto~. ao absurdo, a descoberta da A~rica (Klr um navegador genm·Cs partindo de Paios.
nas costas da África Ocidental. (~ .. ) ' ' vam para senur os efenos do aparecimento de concorrentes europeus e, no mesmo espírito, o monopólio da Andaluz.ia. uma vez que se negligencie considerar os. ventos, a vida da Anda-
luzia no século XVI e o longo e aturado esforço dos ibéricos meridionais da Ptnínsula.. toma-se oo frulO absurdo
o Egipto ~~!t~~::c~u;li~s~':::if~~ão, pensamos ames que a exponacão de ouro sudanês para o Magrebe e para dum capricho absurdo•. Chaunu. SMll•. VIII(!), pp. 236-237. ,
~bc. Par~-O<_>S duvi~so 1ambém qu:~~r~~i~~enf:~~;~ :0 não teve proporções catastróficas ~ara o mund~
1
24. «A América Espanhola atingiu as suas dimensões cm menos de meKl skulo. O fracas.soda conqulsta "<
do Chile araucaniano prova-o. A ~rica colonial, para crescer e sobttviver. cedo começou a basear-se num efi-
\Idade da r~11ona da Mina, que csta\la localizada demasiado 1 ção de ouro em Vardan possa ser ambufdo à acu-
ciente sistema de com~rcio marítimo. O custo do rranspone JU&UCria uma grande produção de valores. Ele conde·
ScJa ~uai for o caso, nos fins do s6culo XVI e no infc~~g:~ (...) .
o.autor~ Tonl:h es-Sou.dan, um grande centro de lroca de sal saari século XVII, Dje~né era ainda, de acordo com nou a primeira Am~rica aos únicos sistemas capazes de produzirem esses valores imediawnallc•. PicJTC O:Launu.
d or et d esclaves au Soudan Occidental Afi . . ano por ouro•. Manan Malowist «l..e commcrcc l'Amirique tt lts Amiriquts (Paris: Lib. Armand Colin, 1964), 85-86. . . -'
\' 18. Ver Miguel Angcl Ladero~ ~canr._:ullet1n , n.º 4, 1966a, 56-59. • 25. «Que espantoso o dinamismo desta primeira fase de ex~: estamos aqui vcrdadclf3mCn~e oa prc· "
Annal~s E.S.C., XXV, Mai<rJunho 1970, ;~. a, « s financcs royales de Castille à la veille des temps modemes», sença (... )de uma quebra estrulural. Esla disparidade f facibnenle explicada: 1504-1550, n1o f es1e período o da
transição do nada para o ser?•. Chaunu, Sivill•. VIII (2). p. 51.

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quência de qué. e:1tacumcnte? Duma longa série de factos ce.? trados no papel económico dos maneiras, e não apenas como financeiros ""· Mas por que razào não pode .
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meuis: 3 débil base de mel3is preciosos do mundo med1terramco. a antenor centralidade do veses ter conseguido o seu ouro através de Ponugal' TaJ . f nam geno-
Sud:lo como fornecedor de ouro. o impacto d3 explllsào ponugucsa sobre os intem1cdiários país que na exploração ia à cabeça significasse que as · 'condez _orça _de Ponug~ como
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none-afric.l!lOS das cid3des-esudos il31i3.1135. o papel dos genoveses em Espanha e o desejo tajosas para . . nova como as que_a Espanha oferecia '""· Tahez tambêm a sua própria
dos geno"cscs de encontrarem uma fonte não ponugucsa de metais preciosos (um desejo que força con_duz1 sse a uma falta de imaginação. A imaginação habitualmente não é outra
só a Espanha podia re.alizar). coisa senao a procura de l_ucr~s a m~io prazo pelos que têm os canais a cuno prazo blo-
Recom;rruamos esu história complexa. Já falámos do papel do ouro no comér- queados. Quando os canais nao estao bloqueados a imaginação s.ofre. Ponugal já esta,·a
cio medieval. e de como o ouro do Sudão chegava à Europa através do None de África e a sair-se bastante bem c~m a navegação ao longo da costa africana. Não se sentia pressio-
do mundo mediterrânico cristão. Subil3mente, em meados do século XV, o papel nane-afri- nado a lançar-se em pengosas aventuras de navegação para Ocidente" "· Chaunu defende
cano diminuiu 2randcmente. A extensão desta diminuição parece ser uma questão bastante eloque~temente a afirmação sensata de que não é a sone que jus tifica 0 descobrimento
debatida. Braudel fala dum colapso da posiÇão none-africana U•>. Malowist reconhece a ela Am:nca pela Espanha. A Espanha era o país melhor dotado. no contexto daquele tempo,
-redução mas não a considera caustrófica tl7l. A súbita e scassez de ouro e de prata agravou a «~ão so, para aproveitar todas as opo~un_idades que se lhe ofereciam mas também para as
carga financeira do Estado espanhol, que tinha vindo a aumentar continuamente devido aos cnar» cz- 1• A _l~glate~a empregou o 1taJ1ano John Cabo!, mas a sua segunda expedição
crescentes gastos militares e da cone, causando uma queda do valor da moeda de conta, o «inglesa» ex1gm apoio espanhol. Seria só no século XVII que a França e a Inglaterra se
1..mara,·edi 11 ' 1• tomaram países com explorações ultramarinas e só no século XVHJ elas tiveram realmente
A crise financeira foi séria e fez reagir os genoveses de Espanha, pois eles eram êxito 123 >.
simultaneamente os banqueiros da Espanha e os compradores do ouro. FaJámos já do A Espanha, no entanto, teve êxito já no século XVI na criação dum vasto império
papel de Génova no comércio espanhol. Os genoveses estavam nele implicados de muitas nas Américas, tão grande quanto o permitia o custo do transponc marítimo "''· Isto signi-
ficou um crescimento relâmpago do comércio transatlãntico, multiplicando-se o seu volume
por oito entre 1510 e 1550 e de novo por três entre 1550 e J6JO C>>. O foco ccmral deste
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gcnl de aprovisionamento) ou as exigências das campanhas militares da monarquia, as colónias americanas for- comércio era um _mono~l~o jo ~~~~º- em_ Sevilha, que em muitas fonnas se transformou
mnam um pano de fundo protcctor srm cujo au,;ílio seria imposs ível explicar o predomínio espanhol. Ass im não
temos dr: hõiur:e~- f~ d~ coincidência de mtcresses paralelos entre os rasgos da conquista espanhola na América
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20. «É para a honra de Génova, se honra existe nisso, ter sido a ún.K:a a procurar cn1ào uma soluçio aru.i- ...
" 16. •~e a últ~ d&ada do século >cy. o ouro sudanês começa a não chegar mais, pelo menos não -portuguesa». Braudel, Annalts E.S.C., l, p. 14.
~ mesma quanudade. às cidades d~ None de Áínca. (...) (0} Mediterrâneo é subitamente privado de uma parte 21. • Ü fracasso de Colombo em Portugal pode ser explicado pelo próprio avanço do conhecimento~ •
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~=A~~=~~:lfo ~Guiné.(. .. ) Em 14~3. São Jorge da Mma (... )começa a ser construída.( ... ) Isio dá início tinham de ser cobcnas.
. P1w:3 . ~o ~co económico do Saara. a uma inversão de direcção e a um desvio• fernand Portugal, além disso, esiava por demais empenhado na bem sucedida poUtica da cxplonçJo africma. llll
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posla por Colombo•. Chaunu, SMll•. Vill (1), pp. 89-90.
~ de·:::~~:;:=:~~~i~U::ido ª respeilo da .innu~ncia das feimrias ponuguesas de Arguim (depois
7
..-; de l4-4S) 22. lbid., p. 235.

t 1 s:re o comércio afncano de ~ro. Temos de admitir que a feitoria de


Arguim modificou em cena medida d. 23. «A partir do momento em que se recuse reconhecer que hou\"C uma revolução tecnológica mm os ..
dos paísc1 transaarianos irccç o exportação do ouro sudanes, sem contudo prejudicar os interesses princípios do século XVI e o stculo XVIII. que se recuse admitir que o papel de Castela era logicamente favor<Cido
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nas costas da África Ocidental. (~ .. ) ' ' vam para senur os efenos do aparecimento de concorrentes europeus e, no mesmo espírito, o monopólio da Andaluz.ia. uma vez que se negligencie considerar os. ventos, a vida da Anda-
luzia no século XVI e o longo e aturado esforço dos ibéricos meridionais da Ptnínsula.. toma-se oo frulO absurdo
o Egipto ~~!t~~::c~u;li~s~':::if~~ão, pensamos ames que a exponacão de ouro sudanês para o Magrebe e para dum capricho absurdo•. Chaunu. SMll•. VIII(!), pp. 236-237. ,
~bc. Par~-O<_>S duvi~so 1ambém qu:~~r~~i~~enf:~~;~ :0 não teve proporções catastróficas ~ara o mund~
1
24. «A América Espanhola atingiu as suas dimensões cm menos de meKl skulo. O fracas.soda conqulsta "<
do Chile araucaniano prova-o. A ~rica colonial, para crescer e sobttviver. cedo começou a basear-se num efi-
\Idade da r~11ona da Mina, que csta\la localizada demasiado 1 ção de ouro em Vardan possa ser ambufdo à acu-
ciente sistema de com~rcio marítimo. O custo do rranspone JU&UCria uma grande produção de valores. Ele conde·
ScJa ~uai for o caso, nos fins do s6culo XVI e no infc~~g:~ (...) .
o.autor~ Tonl:h es-Sou.dan, um grande centro de lroca de sal saari século XVII, Dje~né era ainda, de acordo com nou a primeira Am~rica aos únicos sistemas capazes de produzirem esses valores imediawnallc•. PicJTC O:Launu.
d or et d esclaves au Soudan Occidental Afi . . ano por ouro•. Manan Malowist «l..e commcrcc l'Amirique tt lts Amiriquts (Paris: Lib. Armand Colin, 1964), 85-86. . . -'
\' 18. Ver Miguel Angcl Ladero~ ~canr._:ullet1n , n.º 4, 1966a, 56-59. • 25. «Que espantoso o dinamismo desta primeira fase de ex~: estamos aqui vcrdadclf3mCn~e oa prc· "
Annal~s E.S.C., XXV, Mai<rJunho 1970, ;~. a, « s financcs royales de Castille à la veille des temps modemes», sença (... )de uma quebra estrulural. Esla disparidade f facibnenle explicada: 1504-1550, n1o f es1e período o da
transição do nada para o ser?•. Chaunu, Sivill•. VIII (2). p. 51.

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.. h d Es ha "º' o elemento central do comércio transa-
na estrutura burocrati~a c a~e a · A pan ·ncíp.io os espanhóis limitaram-se a recolher 0 obstante. a França. localizada "~º coração»!JIJ do Império Espanhol. era suficientemente
tlântico eram os metais preciosos. o pn . . od til_ forte para fazer com que a .h1 stona dos cinquenta anos seguintes fosse de guerra virtual-
ouro extraído los incas e utilizado nos seus rituais 121i. Isto consmmu t o um 1 ao. Pre- menle constante entre os dms g!gantes imperiais. os Habsburgo e os Va!ois. uma luta que
pe b os espanhóis conseguiram descobnr o método
cisamente quando ele se estalv~h a aca~;iu extrair lucrativamente a prat; que existia tão acabaria por conduzlf ao esgotamento de ambos em 1557 e ao desaparecimento dos sonhos
0 imperiais na Europa por um longo período de tempo.
da amálgan1a da prata. qua es petl xo realmente importante de metais preciosos para
abundantemente e que representou o u A longa luta dos dois gigantes, a França e a Espanha, desenvolveu-se em termos mili-
a Europa '"J. - ,. tares principa.lmente na. Penínsul a Italiana, primeiro com as guerras franco-e spanholas de 1494-
o «crescimento relâmpago» do comercio foi acompanhado por uma expansao polit1:a -1516 e depois com a nvahçlade entre os Habsburgo e os Vai ois que continuou até 1559°''· o
espectacular na Europa. Depois da coroação de Carlos V cmi:io 1m.perad?r do ~acro I.m péno motivo para lutarem pela Itália, do ponto de vista dos impérios. era claro. As cidades-estados
Romano Germânico em 1519. os seus domínios europeus mclmram areas tao.:ariadas e do Norte de Itália tinham sido na Baixa Idade Média o centro das actividades económicas.
descontínuas como a Espanha (incluindo Aragão), os Países Baixos, ván~s reg~oes do Sul industriais e comerciais mais «avançadas» do continente europeu. Se bem que já não monopo-
da Alemanha (incluindo a Áustria), a Boémia, a Hungria, o Franche-Comte, M1lao e as pos- lizassem o comércio de longa distância, eram ainda fortes pelo seu capital acumulado e pela
r sessões espanholas do Mediterrâneo (Nápoles, Sicília, Sardenha e as Baleares). Durante um sua experiência mi, e um candidato a império-mundo precisava d_e assegurar o seu controlo
momento. este império, paralelo na sua estrutura ao contemporâneo império otomano de sobre elas. No disperso mapa político da Itália 134l, só a Lombardia tinha desenvolvido um
Suleiman 0 Magnífico e ao império moscovita de Ivan o Terrível, pareceu estar a absorver
0 espaço político da Europa. Parecia que a nascente economia-mundo podena convert.er-se
noutro império. Carlos V não foi o único a tentar absorver a economia-mundo europeia no 31. A expressão é de um espanhol do século XVI, A. Pérez, in L' art de gou\·erner. Discoun addrrrsi à ~
Philippe li , citado em Ruggiero Romano . .cLa pace di Ca1eau-Cambrésis e l"cquilibrio europeo a mclà dei ~olo
seu império. Francisco Ide França estava a tentar fazer o mesmo 1291 e a França tinha as van- XVI», Rivista storica italiana, LXI, 3. 1949, 527.
. tagens do seu tamanho e da sua centralidade! 301 • Mas a França tinha menos recursos para tal, 32. Ver Oman, A History of 1he Art o/ War, p. 14, que comenta a grande percentagem de luta.'i militares ~
que riveram lugar em Itália.
~e a eleição de Carlos V como imperador, por cima de Francisco [, foi um grande revés. Não
33. R. S. Lopez sugere que a comparação com a Inglaterra após 1870 é válida, e acrescenta: • Se tudo isto ~
implicava decadência. nem os italianos nem os seus novos concorrentes o percebiam inteiramente• ... Thc Tradc: of
Medieval Europc: The South», in Camhridge Eco11omk History o/ E11rope, 11: M. M. Postanc E. E. Rich.eds.. Trade
26.• Q Estado espanhol , incapaz de se libertar, na sua política oceânica, da influência do grupo de homens and /ndustry in the Middle Ages (Londres e Nova Iorque: Cambridge Univ. Press, 1952). 351. ~
que na Andaluzia comrolavam a si1uação, procurou com toda a sua força assegurar um respeito estrito po~ um Amintore Fanfaní observa rnmbém a glória de Itália na Bai:s.:a Idade Méd ia e o seu declínio nos séculos XV
l. ~ _;
monopólio [o de Sevilha] que favorecia, enlre as suas outras virtudes, a eficácia do seu controlo». Huguene e Pierre e XVI: i(A boa sone da Ii:ilia na Idade Médiaeslá ligada ao facto de os ponos da Península serem a b.1se do comércio
~ ~ ... ~:...... - Oiaunu, ·Économie aLlantique, économie-monde (1504-1650)~. Cahiers d'hisroire mond;a/e, I. J, Julho 1953, 92. ocidental com o Levante e do comércio levantino com o Ocidenre; mais ainda. está ligada ao facro de os elos
•..-u4 • ../.,, ~ 27. Ver Alvaro Jara, «la producción de metales preciosos en el Perú en el siglo XVI», Boletín de la Uni· comerciais com o Levante serem de na1ureza colonial. enquanto que os elos com o Ocidente eram os dum e:s.:por-
r <Y ( J: ....-r.-,..~ ,·trfidad de Chile, n.11 4-l, Nov. 1963. 60. Ver o Qu.idro da página 63. rador de bens industriais. Não é bem verdade que os italianos possuíssem as suas próprias colónias de além-mar e
)e- 28. orÉ prováve l que sem o uso da técnica base.ida nas propriedades do mercúrio tivesse sido detido elas lhes falrassem para lá dos Alpes. mas de facto todos ou quase todos os italianos goza,·am dos benefícios duma
todo o processo inflacionário europeu e a exploração mineira americana tivesse entrado numa fase de estagna- colonização -puramente económica, não muito evidente, e por isso grandemente tolerada. mas consistente, e por-
ção e decadência•. Alvaro Jara, ocEconomía minera e his1oria económica hispano-americana», in Tres ensayos lanlo extremamenle frutuosa. . _,
sobu economia minera hispano-americana (Santiago, Chile: Centro de lnvestigaciones de Historia Americana, Ainda no século XIV dois factos começaram a perturbar a siruação sobre a qual asscnm•a a prosperidade
1966). 37. italiana. (... ) Com os turcos que avançavam, e os franceses e ingleses que se libertavam. as perspectius de pros-
29. or(No século XVIJ há um imperialismo francês. Primeiro de tudo, os franceses recusavam-se a reco- peridade para a economia italiana eram reduzidas, embora ao longo do século XVI os italianos conseguissem não
nhecer qualquer dependência em relação ao Imperador (Sacro Romano]. "O rei é imperador no seu reino". Então ser inteiramen1e eliminados,>. Storia dei /avoro in Ira/ia da/la fine dei seco/o XV ag/i ini:::i de/ X\'111 (Milão: Don.
Carlos VIII desceu à Itália r1494] para atingir o Oriente, ·conduziu uma cruzada. obteve alguns novos tírulos no Império A. Giuffre-Ed., t 959). 24-25.
de Consran1inopla. ~Irou em Nápoles, coroa dourada na cabeça, segurando na~ mãos o ceptro e globo imperiais, 34. ((Porque era a Itália tão politicamenre desunida não é relevante para esta aná_lise. A resposta reside '
com toda a gen~e a gma~: "Mui augus10 lmperndor! º'. Com_ o que houve pânico na Alemanhi1. onde pensavam que provavelmente nos desenvolvimentos polílicos da Alta Idade Média combinados com o relativo sucesso económ1co
ele estava deSCJOSO do Ululo de Imperador do Sacro.Império Romano Germânico. Este imperialismo francês, que de algumas das cidades-estados na Baixa Idade Média. Uma explicação clássica é ofer~id~ por J ac~b Burclhardr:
tomou a forma de tema1ivas para dominar a Itália e da candidatura de Francisco 1 na [eleição do] Sacro Império ..A luta entre os Papas e os Hohenstaufen deix"ou a Itália numa condição pol~tica que difena c s~nc1alm~n1e da de
fRo~oj de 1519, foi substituído, após a eleição de: Carlos V, por uma política def~nsiva contra os Habsburgo». outros países do Ocidente. Enquanto que em França, Espanha e Ingla1erra o s1stem<:1 feudal era tao organ izado que.
Mousrner. les XV' ec XV/' siecles, pp. _132-133.
no tenno da sua existência, foi nmuralmcnle 1rànsfonnado numa monarquia unificada. e enquanto que na Alemanha
. A_tichel '.ranç~is fal~ de modo semelhan1e da •dupla herança~ ~e Francisco J, por um lado como monarca ele ajudava a manter, pelo menos cxterionnenh:, a unidade do império. a hália tinha·se d~sembai:açado dele ~uasc
CUJa aurondade tmha ~ido cn_a~. i><:'º t~balho árduo dos filósofos políricos (/igistes) e dos homens de goVemo, e inteiramente. Os imperadores do século XIV, mesmo no caso mais favorável. não eram mais ~ceb1doç_ e respc11ados
por o_utro como herdeiro d~ m1c1a11vas 1mi:ie:riais italianas de Carlos VII e Luís XII. que tinham «aberto perspecti- como senhores feudais, mas como possíveis líderes e apoiantes de po1ências já existenres: embora o Papado, com as
vas smgufa.rmCemlel alarga.das par~ª monarquia francesa~. «L 'idée d'empire sous Charles-Quint», in Charles Qu;nr suas criaturas e aliados, fosse suficientemente forte para impedir a unidade nacional n~ futu_ro: n~ o era para levar
)( et son ttmps, o. oques mrcrnauonaux du C.N.R.S., 1959, 25.
a caOO essa unidade. Entre os dois exisria uma mullidão de unidades políticas (... ) CUJª e:ustenc1a estava fundada
de órbita ~~o~ !;:i~~~ :~~:~~ f(~:~~il:ierra, ~spanha ~u~tri~-Borgonha
a ea lançadas como se numa espécie simplesmente no seu poder para as mante!'l+. The Cfrilization of rhe Rtna;ssance in ltaly (Nova Iorque: Modem
e a posição central que ocupava. Par~ Euro ~~~ia. (j .. ) ~ p~mcipais ~antagens da França eram o seu 1amanho
Library, l95 4 l. 4. . · sariamcnie diferentes dos do None.1
Ingla1crra. a Espanha, a Jiália e 0 Império Ge::.náni ema no m.ícm ~o perJOdo moderno, a França era o coração. A V~r ":'allace Ferguson: <c Os_ esta.dos ~a l1áha renasce~usta eram ncces sulrado de doi s factos pura·
França comandava as linhas inreriores E 0 à co ficavam simerncamente disposras à volta dela, de modo que a porque a h1S16na passada de Itália foi muito d1feren1e, e essa diferença era em pane 0 ~ S pé . R ano
coraç 0 era também 0 reino mais populoso,... Garrett Mattingly, Renais- 1
mente ~líticos:"primeiro, o facto de que do século X_ ao século XIII a há_lia ~steve ~e:U"3.v:sa:~:C:, : : :0 da
0
uma Diplomacy, pp. 129, 131. ·
Gennãmco, e, segundo, o facto de que os Papas regiam um Estado tem!onal que

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....
.. h d Es ha "º' o elemento central do comércio transa-
na estrutura burocrati~a c a~e a · A pan ·ncíp.io os espanhóis limitaram-se a recolher 0 obstante. a França. localizada "~º coração»!JIJ do Império Espanhol. era suficientemente
tlântico eram os metais preciosos. o pn . . od til_ forte para fazer com que a .h1 stona dos cinquenta anos seguintes fosse de guerra virtual-
ouro extraído los incas e utilizado nos seus rituais 121i. Isto consmmu t o um 1 ao. Pre- menle constante entre os dms g!gantes imperiais. os Habsburgo e os Va!ois. uma luta que
pe b os espanhóis conseguiram descobnr o método
cisamente quando ele se estalv~h a aca~;iu extrair lucrativamente a prat; que existia tão acabaria por conduzlf ao esgotamento de ambos em 1557 e ao desaparecimento dos sonhos
0 imperiais na Europa por um longo período de tempo.
da amálgan1a da prata. qua es petl xo realmente importante de metais preciosos para
abundantemente e que representou o u A longa luta dos dois gigantes, a França e a Espanha, desenvolveu-se em termos mili-
a Europa '"J. - ,. tares principa.lmente na. Penínsul a Italiana, primeiro com as guerras franco-e spanholas de 1494-
o «crescimento relâmpago» do comercio foi acompanhado por uma expansao polit1:a -1516 e depois com a nvahçlade entre os Habsburgo e os Vai ois que continuou até 1559°''· o
espectacular na Europa. Depois da coroação de Carlos V cmi:io 1m.perad?r do ~acro I.m péno motivo para lutarem pela Itália, do ponto de vista dos impérios. era claro. As cidades-estados
Romano Germânico em 1519. os seus domínios europeus mclmram areas tao.:ariadas e do Norte de Itália tinham sido na Baixa Idade Média o centro das actividades económicas.
descontínuas como a Espanha (incluindo Aragão), os Países Baixos, ván~s reg~oes do Sul industriais e comerciais mais «avançadas» do continente europeu. Se bem que já não monopo-
da Alemanha (incluindo a Áustria), a Boémia, a Hungria, o Franche-Comte, M1lao e as pos- lizassem o comércio de longa distância, eram ainda fortes pelo seu capital acumulado e pela
r sessões espanholas do Mediterrâneo (Nápoles, Sicília, Sardenha e as Baleares). Durante um sua experiência mi, e um candidato a império-mundo precisava d_e assegurar o seu controlo
momento. este império, paralelo na sua estrutura ao contemporâneo império otomano de sobre elas. No disperso mapa político da Itália 134l, só a Lombardia tinha desenvolvido um
Suleiman 0 Magnífico e ao império moscovita de Ivan o Terrível, pareceu estar a absorver
0 espaço político da Europa. Parecia que a nascente economia-mundo podena convert.er-se
noutro império. Carlos V não foi o único a tentar absorver a economia-mundo europeia no 31. A expressão é de um espanhol do século XVI, A. Pérez, in L' art de gou\·erner. Discoun addrrrsi à ~
Philippe li , citado em Ruggiero Romano . .cLa pace di Ca1eau-Cambrésis e l"cquilibrio europeo a mclà dei ~olo
seu império. Francisco Ide França estava a tentar fazer o mesmo 1291 e a França tinha as van- XVI», Rivista storica italiana, LXI, 3. 1949, 527.
. tagens do seu tamanho e da sua centralidade! 301 • Mas a França tinha menos recursos para tal, 32. Ver Oman, A History of 1he Art o/ War, p. 14, que comenta a grande percentagem de luta.'i militares ~
que riveram lugar em Itália.
~e a eleição de Carlos V como imperador, por cima de Francisco [, foi um grande revés. Não
33. R. S. Lopez sugere que a comparação com a Inglaterra após 1870 é válida, e acrescenta: • Se tudo isto ~
implicava decadência. nem os italianos nem os seus novos concorrentes o percebiam inteiramente• ... Thc Tradc: of
Medieval Europc: The South», in Camhridge Eco11omk History o/ E11rope, 11: M. M. Postanc E. E. Rich.eds.. Trade
26.• Q Estado espanhol , incapaz de se libertar, na sua política oceânica, da influência do grupo de homens and /ndustry in the Middle Ages (Londres e Nova Iorque: Cambridge Univ. Press, 1952). 351. ~
que na Andaluzia comrolavam a si1uação, procurou com toda a sua força assegurar um respeito estrito po~ um Amintore Fanfaní observa rnmbém a glória de Itália na Bai:s.:a Idade Méd ia e o seu declínio nos séculos XV
l. ~ _;
monopólio [o de Sevilha] que favorecia, enlre as suas outras virtudes, a eficácia do seu controlo». Huguene e Pierre e XVI: i(A boa sone da Ii:ilia na Idade Médiaeslá ligada ao facto de os ponos da Península serem a b.1se do comércio
~ ~ ... ~:...... - Oiaunu, ·Économie aLlantique, économie-monde (1504-1650)~. Cahiers d'hisroire mond;a/e, I. J, Julho 1953, 92. ocidental com o Levante e do comércio levantino com o Ocidenre; mais ainda. está ligada ao facro de os elos
•..-u4 • ../.,, ~ 27. Ver Alvaro Jara, «la producción de metales preciosos en el Perú en el siglo XVI», Boletín de la Uni· comerciais com o Levante serem de na1ureza colonial. enquanto que os elos com o Ocidente eram os dum e:s.:por-
r <Y ( J: ....-r.-,..~ ,·trfidad de Chile, n.11 4-l, Nov. 1963. 60. Ver o Qu.idro da página 63. rador de bens industriais. Não é bem verdade que os italianos possuíssem as suas próprias colónias de além-mar e
)e- 28. orÉ prováve l que sem o uso da técnica base.ida nas propriedades do mercúrio tivesse sido detido elas lhes falrassem para lá dos Alpes. mas de facto todos ou quase todos os italianos goza,·am dos benefícios duma
todo o processo inflacionário europeu e a exploração mineira americana tivesse entrado numa fase de estagna- colonização -puramente económica, não muito evidente, e por isso grandemente tolerada. mas consistente, e por-
ção e decadência•. Alvaro Jara, ocEconomía minera e his1oria económica hispano-americana», in Tres ensayos lanlo extremamenle frutuosa. . _,
sobu economia minera hispano-americana (Santiago, Chile: Centro de lnvestigaciones de Historia Americana, Ainda no século XIV dois factos começaram a perturbar a siruação sobre a qual asscnm•a a prosperidade
1966). 37. italiana. (... ) Com os turcos que avançavam, e os franceses e ingleses que se libertavam. as perspectius de pros-
29. or(No século XVIJ há um imperialismo francês. Primeiro de tudo, os franceses recusavam-se a reco- peridade para a economia italiana eram reduzidas, embora ao longo do século XVI os italianos conseguissem não
nhecer qualquer dependência em relação ao Imperador (Sacro Romano]. "O rei é imperador no seu reino". Então ser inteiramen1e eliminados,>. Storia dei /avoro in Ira/ia da/la fine dei seco/o XV ag/i ini:::i de/ X\'111 (Milão: Don.
Carlos VIII desceu à Itália r1494] para atingir o Oriente, ·conduziu uma cruzada. obteve alguns novos tírulos no Império A. Giuffre-Ed., t 959). 24-25.
de Consran1inopla. ~Irou em Nápoles, coroa dourada na cabeça, segurando na~ mãos o ceptro e globo imperiais, 34. ((Porque era a Itália tão politicamenre desunida não é relevante para esta aná_lise. A resposta reside '
com toda a gen~e a gma~: "Mui augus10 lmperndor! º'. Com_ o que houve pânico na Alemanhi1. onde pensavam que provavelmente nos desenvolvimentos polílicos da Alta Idade Média combinados com o relativo sucesso económ1co
ele estava deSCJOSO do Ululo de Imperador do Sacro.Império Romano Germânico. Este imperialismo francês, que de algumas das cidades-estados na Baixa Idade Média. Uma explicação clássica é ofer~id~ por J ac~b Burclhardr:
tomou a forma de tema1ivas para dominar a Itália e da candidatura de Francisco 1 na [eleição do] Sacro Império ..A luta entre os Papas e os Hohenstaufen deix"ou a Itália numa condição pol~tica que difena c s~nc1alm~n1e da de
fRo~oj de 1519, foi substituído, após a eleição de: Carlos V, por uma política def~nsiva contra os Habsburgo». outros países do Ocidente. Enquanto que em França, Espanha e Ingla1erra o s1stem<:1 feudal era tao organ izado que.
Mousrner. les XV' ec XV/' siecles, pp. _132-133.
no tenno da sua existência, foi nmuralmcnle 1rànsfonnado numa monarquia unificada. e enquanto que na Alemanha
. A_tichel '.ranç~is fal~ de modo semelhan1e da •dupla herança~ ~e Francisco J, por um lado como monarca ele ajudava a manter, pelo menos cxterionnenh:, a unidade do império. a hália tinha·se d~sembai:açado dele ~uasc
CUJa aurondade tmha ~ido cn_a~. i><:'º t~balho árduo dos filósofos políricos (/igistes) e dos homens de goVemo, e inteiramente. Os imperadores do século XIV, mesmo no caso mais favorável. não eram mais ~ceb1doç_ e respc11ados
por o_utro como herdeiro d~ m1c1a11vas 1mi:ie:riais italianas de Carlos VII e Luís XII. que tinham «aberto perspecti- como senhores feudais, mas como possíveis líderes e apoiantes de po1ências já existenres: embora o Papado, com as
vas smgufa.rmCemlel alarga.das par~ª monarquia francesa~. «L 'idée d'empire sous Charles-Quint», in Charles Qu;nr suas criaturas e aliados, fosse suficientemente forte para impedir a unidade nacional n~ futu_ro: n~ o era para levar
)( et son ttmps, o. oques mrcrnauonaux du C.N.R.S., 1959, 25.
a caOO essa unidade. Entre os dois exisria uma mullidão de unidades políticas (... ) CUJª e:ustenc1a estava fundada
de órbita ~~o~ !;:i~~~ :~~:~~ f(~:~~il:ierra, ~spanha ~u~tri~-Borgonha
a ea lançadas como se numa espécie simplesmente no seu poder para as mante!'l+. The Cfrilization of rhe Rtna;ssance in ltaly (Nova Iorque: Modem
e a posição central que ocupava. Par~ Euro ~~~ia. (j .. ) ~ p~mcipais ~antagens da França eram o seu 1amanho
Library, l95 4 l. 4. . · sariamcnie diferentes dos do None.1
Ingla1crra. a Espanha, a Jiália e 0 Império Ge::.náni ema no m.ícm ~o perJOdo moderno, a França era o coração. A V~r ":'allace Ferguson: <c Os_ esta.dos ~a l1áha renasce~usta eram ncces sulrado de doi s factos pura·
França comandava as linhas inreriores E 0 à co ficavam simerncamente disposras à volta dela, de modo que a porque a h1S16na passada de Itália foi muito d1feren1e, e essa diferença era em pane 0 ~ S pé . R ano
coraç 0 era também 0 reino mais populoso,... Garrett Mattingly, Renais- 1
mente ~líticos:"primeiro, o facto de que do século X_ ao século XIII a há_lia ~steve ~e:U"3.v:sa:~:C:, : : :0 da
0
uma Diplomacy, pp. 129, 131. ·
Gennãmco, e, segundo, o facto de que os Papas regiam um Estado tem!onal que

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área de tamanho médio"''. mas na sua se tomou realidade. Ruth Pike assinala que o maior aumento de genoveses em Sevilha ocorre
aparelho de Estado relativamente forte sobre um:obreviver politicamente<36>. ntre J 503 e l 530. e que em meados do século «controlavam largamente 0 comércio ameri-
aparência era ainda excessivamente pe:en~l~:amente pequena. • um pequeno .q uadrilátero ~ano e exerciam uma poderosa iníluência sobre a vida económica de Sevilha~'"'· No entanto,
Estamos de facto a falar de uma ª FI ença com os seus conflitos, as suas tal como tinham feito os ponugueses com uma primeira onda de genoveses, os espanhóis
urbano constituído por Veneza. Milão. Génovadef e~~e ,..,;, o problema político para estas dissolveram-nos por absorção: «Com a naturalização vinham a estabilidade e a assimilação,
1
rivalidades. tendo cada cidade um peso própnoh edro desde j1á muito tempo o de «[se eman- que na Espanha do século XVI não conduzia senão ao abandono do comércio pelos seus
s da Flandres) t<n a si · • . · 0
cidades-estados (como paraª po manterem] à distancia a mais recente descendentes»,.... ,_
ciparem] da in1erferência feudal e tw mesn~o t~ epresentado pelos novos monarcas»<"l. Além de controlar três das quatro principais cidades-estados italianas (Veneza ficou 1 •• •
ameaça de um controlo polític~ ~a>s cent~~~r ºu~as era estarem ligadas a um império".,· sempre fora do seu dom ínio), o império de Carlos V tinha outros dois pilares económicos: as
' Uma das formas de manter à d.-tancia as \se passou entre 1530 e l 539 como sendo casas de banqueiros mercantis do Sul da Alemanha (em panicular os Fugger) e o grande
- De modo que, embora Gino Lunato descre~? oi~ da Es~~nha sobre a maior parte da Penín- mercado da economia-mundo europeia do «primeiro» século XVI, Antuérpia.
a queda da Itália no •domínio directo oául m irec o tem• dominante da história internacional A situação das cidades comerciais do Sul da Alemanha, do outro lado dos Alpes. não
e 1 d' de modo an ogo que « "
sula•"'"· e Paul o es iga. XVI f . 1 t ;,.ia Itália entre o imperialismo francês e o espa- era na realidade demasiado diferente da das cidades do None de Itália. R. S. Lopez. por
na primeira metade do século 'd~ a u ~dos resisti ssem excessivamente a esta forma de exemplo, assinala: •No século XV, a região que avança mais rapidamente cobre as cidades
1
nhol• ""· não fica daro que as _c ; es-es ~derado a s~a melhor alternativa. Não devemos
ª- do Sul da Alemanha e a Suíça•'" '· De 1460 até cerca de 1500 ou 1S1 O, a extracção de prata
' •dominação». Possivelmentde te- a-ao con. mundo e .que os focos de actividade económica
:. esquecer que não se tratava uma econom<a- 1 . d d f
cresceu num ritmo muito rápido na Europa Central, fornecendo mais uma fonte de poder
económico ' 46 1• A expansão do comércio no século XVI apenas pareceu reforçar o papel alemão,
e as «nacionalidades» dos grupos económicos chave não estavam re_ aciona. os e orma
\' biunívoca com os centros de decisão política. Num tal quadro. a hgaçao das. cidades com o como canal de comércio entre o None de Itália e a Flandres""· Ao princípio, nem sequer º .:.i
._império foi antes de mais um «casamento de conveniência»'m. No qual. além disso, a metáfora crescimento do comércio atlântico e o relativo declínio do comércio mediterrânico pareceram
a:1 afectar a .sua prosperidade económica, especialmente dado que puderam panicipar nos bene-
1! 1
0
Península•. •Toward thc Modem Slatc•, in Wallacc Ferguson, ed .. RtntJissana Srudits, n. 2 (Londres, Ontário: fícios do comércio atlântico no quadro do império dos Habsburgo'"'·
Esta foi a era do ílorescimento dos mais espectaculares de todos os capitalistas mer-
• ,I .. • Univ. of ~~s!~mq~cº;:!º~ i:;~d~~-f~;!·do rt:sto da Itália nos stculos XIV e XV foi a s~a tran sformaçllo_poHtica.
( ) {A] signoria t~l a "inovação" fundamental subjacente às vastas muda~~ económ1c11S na Lom~1a. nesse
cantis modernos, os Fugger. O apogeu do seu poder, a era de Carlos V, tem sido chamada às
···nodo.( ... ) Em vários aspccios, a política económica da ~poca na Lombardia, indo tic:m altm das po t1cas comu· vezes a era dos Fugger. Os Fugger compraram para Carlos V o seu trono imperial'"'· Eram o
~ais rcss.agiava 0 mercanlilismo da lngla1erra, pelo menos no 1.r.namento ~do à lgre~a e às s~as .1e~. ( ... )
'p No que podem ser chamadas as suas obras públicas. as suas .poli~1cas enc~Jando a mdus~~a e o com~r·
cio os seus melhoramentos na agricultura e as suas poUticas populac1ona1s (encora1a.~entos matena1s às .ran:in1as do comércio lcvantino. Compcnsnçõcs deste 1ipo eslava a Espanha, at.rnv~s das suas possessões no Novo Mundo e
n~rosas, e de rcp:i.triaç3o e migraç3o para a Lombardia). os duques milaneses amcc~param. d~ fonna significa· mais tarde na Flandres, admiravelmente capacitada pam providenciar. A história das relações entre 1 Espanha e os
tiva. os chamados estados mercanlis ainda distanlCS». Douglas F. Dowd, • 'Thc Ec~om1~ Expans1on of Lombardy, estados italianos no stcu 1o XVI é basicamente a de um cas.amenlo de in1eresses, a Coroa espanhola devorando
130()..1 SOO: A Smdy in Political Stimuli 10 Economic Changc», Journal of Eco11om1c ll1story, XXI, 2, Junho 1961 , polilicamentc a hália, os homens de negócio italianos devorando economicamente a Espanha [lbid., p. 41 )•.Ver as
47 160 suas referências na nota 57. pp. 46-47.
t '36. P:ua prova de que cs<e fenómeno não se res<ringia à U>mbardia. ver Mousnier, us XVI' <1 XVII' si(· 43. Ru1h Pikc , Journol of Economic llistory. XXII, p. 370.
riu. p. 93. 44 . lbid .. p. 35 t.
37. Braudcl, Lo Mlditmanlt, I. p. 354. 45 . Lopez, Camhridge Ec-onomic llistory of Europe. li, p. 349. .. "'
38. C. H. Wilson, Cambridgt Economic llistory of Europt. IV, p. 492. 46. Ver John U. Ncf, • Silver Production in Central Europe, 1450· 1618• , Journal of Poltticaf Econonry, '-
39. Henri Pircnne ass.inalao processo de emancipação cm duaJ f;,ucs de aJgumas das cidades: •Uma república XLIX , 4, Agosto 1941, pp. 575-591 . Sobre as ligações entre o papel dos ~lc~3cs do Sul nos no~os mund~. colo--
municipal não gozava de facto duma independência absoluta quando linha rompido a sua fidelidade para C?m ~seu niais de Espanha e Portugal e na.~ operações industriais na Alemanha Mcndional , ver Jacob Strc1dcr. •Origm and
senhor imediato. Só escapava ao poder do conde ou do bispo pondo-se sob o poder dircclo do suserano maJs ac1ma. Evolution of Early European Capitalism», Journa l o/ Econnmic wrd Busiriess llistory . n. 1, Nov. 1929, 18.' . . - . ,
A cidade alemã era apenas livre no sentido de que trocara a autoridade vizinha e muito activa do seu senhor pcl3 47 . •Ao longo da maior parte do século XVI a Itália Se1entrional e a Flandres eram asdua.'i.árt:as pnnc1pa1s
muito fraca e distante autoridade do imperador-. Early Dtm0<:radts in rlrt low Countrits (Nova Iorque: Norton, de actividade industrial e comercial na Europa , e o contac10 entre elas era essencial parJ a pros~ndadc d~ ambas. .J.
.t97t), t83. ( ... )Para IOdos os 1ipos de mercadoria...'\, exc('p!o para as mui10 volumosas, [as) vias 1errestrcs tinha".1 muitas. van·
As consequências para a criação de estados fones foi clara: •Enquanto que em França e lngla.tcrra o Estado tagcns. ( .. .)O comércio lransalpino florescente cntn: 0 Norte da lt.ália e o Sul da Alemanha não sobrev1 ..·eu muno ao
moderno encontrava os seus principais adversários nos grandes nobres, nos Países Baixos eram as cidades que
~impediam o seu progr<sso [p. 1871•. stcuto x~~ ~':íci ~:~;~~~;;a:~~~~~~i~~Z:/o!~:fe~~~·t~~~~tação
.... geográfica do seu comércio: •(Elcsl ..
-... 40. Gino luzza10, Storia tconomica dtll'trd modtrna t conttmporanta, Pane 1, L'ttd modtrna (Pd.dua: tinham .se ajustado a este desenvolvimento inlensificando os seus antigos contactos com es~s centros de tráfico
CEDAM. 1955), 116. Acrescenta ele: •Só Veneza permanecia independente cm ltália, mas ela foi imobilizada pela ~uropcu [Antuérpia e Lisboa] . Durante ccrcn de meio stculo a seguir a 1500. o novo com~r~10 mc.ekrou o tráfi~o
~cada vez ~is s.tria dos twt:os (p. 1l7]•. Ainda assim, Domenico Sella sente que e Veneza encontrou a sua internacional de Nurembcrg3 3 Augsburgo e outras cidades, e m11is do que co~pcnsou o dc..-chmo rápido do c~nlt~t0
própria sorte na cnsc que se abateu sobre as outras cidades da Península.. Annafts E.S.C., XII, p. 36. transalpino do qual tinham primeiramente dependido ... Nuremherg in th~ Smunth Ctnt11ry (Nova. Iorque . W1\cy,
... 41. Cole:s,Past& Prtstnt , n! ll,41.
1966), 148. Pany acima citado parece pensar que não houve um • rápido declínio• até um ~culo mais tarde. Ambos
' r 42. •O im~lismo do s«uto. XVI em ItáJ_ia env~lvia mais do que a conquista miliw inicial. Medidas de os ª?l~res conco~m contud~ que. pelo menos ;ué cerca de l ~50, o ~om~rcio estava florcsccntc na Alem.anha
com~nsação económica para a perda da 1ndcpadnc1a polftlcadas repúblicas itllianas eram uma necessidade tomada Mcnd16nal. Ver também Streider, JourM I o/ Economic ond BusmtJS History , 14-15.
especialmente urgen1e no caso de Génova. cujos cldadãos estavam amiosos de reparar perdas causadas pela reuacção
49. Ver Richard Ehrenbcrg, Capital and Financt, pp. 74-79.

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área de tamanho médio"''. mas na sua se tomou realidade. Ruth Pike assinala que o maior aumento de genoveses em Sevilha ocorre
aparelho de Estado relativamente forte sobre um:obreviver politicamente<36>. ntre J 503 e l 530. e que em meados do século «controlavam largamente 0 comércio ameri-
aparência era ainda excessivamente pe:en~l~:amente pequena. • um pequeno .q uadrilátero ~ano e exerciam uma poderosa iníluência sobre a vida económica de Sevilha~'"'· No entanto,
Estamos de facto a falar de uma ª FI ença com os seus conflitos, as suas tal como tinham feito os ponugueses com uma primeira onda de genoveses, os espanhóis
urbano constituído por Veneza. Milão. Génovadef e~~e ,..,;, o problema político para estas dissolveram-nos por absorção: «Com a naturalização vinham a estabilidade e a assimilação,
1
rivalidades. tendo cada cidade um peso própnoh edro desde j1á muito tempo o de «[se eman- que na Espanha do século XVI não conduzia senão ao abandono do comércio pelos seus
s da Flandres) t<n a si · • . · 0
cidades-estados (como paraª po manterem] à distancia a mais recente descendentes»,.... ,_
ciparem] da in1erferência feudal e tw mesn~o t~ epresentado pelos novos monarcas»<"l. Além de controlar três das quatro principais cidades-estados italianas (Veneza ficou 1 •• •
ameaça de um controlo polític~ ~a>s cent~~~r ºu~as era estarem ligadas a um império".,· sempre fora do seu dom ínio), o império de Carlos V tinha outros dois pilares económicos: as
' Uma das formas de manter à d.-tancia as \se passou entre 1530 e l 539 como sendo casas de banqueiros mercantis do Sul da Alemanha (em panicular os Fugger) e o grande
- De modo que, embora Gino Lunato descre~? oi~ da Es~~nha sobre a maior parte da Penín- mercado da economia-mundo europeia do «primeiro» século XVI, Antuérpia.
a queda da Itália no •domínio directo oául m irec o tem• dominante da história internacional A situação das cidades comerciais do Sul da Alemanha, do outro lado dos Alpes. não
e 1 d' de modo an ogo que « "
sula•"'"· e Paul o es iga. XVI f . 1 t ;,.ia Itália entre o imperialismo francês e o espa- era na realidade demasiado diferente da das cidades do None de Itália. R. S. Lopez. por
na primeira metade do século 'd~ a u ~dos resisti ssem excessivamente a esta forma de exemplo, assinala: •No século XV, a região que avança mais rapidamente cobre as cidades
1
nhol• ""· não fica daro que as _c ; es-es ~derado a s~a melhor alternativa. Não devemos
ª- do Sul da Alemanha e a Suíça•'" '· De 1460 até cerca de 1500 ou 1S1 O, a extracção de prata
' •dominação». Possivelmentde te- a-ao con. mundo e .que os focos de actividade económica
:. esquecer que não se tratava uma econom<a- 1 . d d f
cresceu num ritmo muito rápido na Europa Central, fornecendo mais uma fonte de poder
económico ' 46 1• A expansão do comércio no século XVI apenas pareceu reforçar o papel alemão,
e as «nacionalidades» dos grupos económicos chave não estavam re_ aciona. os e orma
\' biunívoca com os centros de decisão política. Num tal quadro. a hgaçao das. cidades com o como canal de comércio entre o None de Itália e a Flandres""· Ao princípio, nem sequer º .:.i
._império foi antes de mais um «casamento de conveniência»'m. No qual. além disso, a metáfora crescimento do comércio atlântico e o relativo declínio do comércio mediterrânico pareceram
a:1 afectar a .sua prosperidade económica, especialmente dado que puderam panicipar nos bene-
1! 1
0
Península•. •Toward thc Modem Slatc•, in Wallacc Ferguson, ed .. RtntJissana Srudits, n. 2 (Londres, Ontário: fícios do comércio atlântico no quadro do império dos Habsburgo'"'·
Esta foi a era do ílorescimento dos mais espectaculares de todos os capitalistas mer-
• ,I .. • Univ. of ~~s!~mq~cº;:!º~ i:;~d~~-f~;!·do rt:sto da Itália nos stculos XIV e XV foi a s~a tran sformaçllo_poHtica.
( ) {A] signoria t~l a "inovação" fundamental subjacente às vastas muda~~ económ1c11S na Lom~1a. nesse
cantis modernos, os Fugger. O apogeu do seu poder, a era de Carlos V, tem sido chamada às
···nodo.( ... ) Em vários aspccios, a política económica da ~poca na Lombardia, indo tic:m altm das po t1cas comu· vezes a era dos Fugger. Os Fugger compraram para Carlos V o seu trono imperial'"'· Eram o
~ais rcss.agiava 0 mercanlilismo da lngla1erra, pelo menos no 1.r.namento ~do à lgre~a e às s~as .1e~. ( ... )
'p No que podem ser chamadas as suas obras públicas. as suas .poli~1cas enc~Jando a mdus~~a e o com~r·
cio os seus melhoramentos na agricultura e as suas poUticas populac1ona1s (encora1a.~entos matena1s às .ran:in1as do comércio lcvantino. Compcnsnçõcs deste 1ipo eslava a Espanha, at.rnv~s das suas possessões no Novo Mundo e
n~rosas, e de rcp:i.triaç3o e migraç3o para a Lombardia). os duques milaneses amcc~param. d~ fonna significa· mais tarde na Flandres, admiravelmente capacitada pam providenciar. A história das relações entre 1 Espanha e os
tiva. os chamados estados mercanlis ainda distanlCS». Douglas F. Dowd, • 'Thc Ec~om1~ Expans1on of Lombardy, estados italianos no stcu 1o XVI é basicamente a de um cas.amenlo de in1eresses, a Coroa espanhola devorando
130()..1 SOO: A Smdy in Political Stimuli 10 Economic Changc», Journal of Eco11om1c ll1story, XXI, 2, Junho 1961 , polilicamentc a hália, os homens de negócio italianos devorando economicamente a Espanha [lbid., p. 41 )•.Ver as
47 160 suas referências na nota 57. pp. 46-47.
t '36. P:ua prova de que cs<e fenómeno não se res<ringia à U>mbardia. ver Mousnier, us XVI' <1 XVII' si(· 43. Ru1h Pikc , Journol of Economic llistory. XXII, p. 370.
riu. p. 93. 44 . lbid .. p. 35 t.
37. Braudcl, Lo Mlditmanlt, I. p. 354. 45 . Lopez, Camhridge Ec-onomic llistory of Europe. li, p. 349. .. "'
38. C. H. Wilson, Cambridgt Economic llistory of Europt. IV, p. 492. 46. Ver John U. Ncf, • Silver Production in Central Europe, 1450· 1618• , Journal of Poltticaf Econonry, '-
39. Henri Pircnne ass.inalao processo de emancipação cm duaJ f;,ucs de aJgumas das cidades: •Uma república XLIX , 4, Agosto 1941, pp. 575-591 . Sobre as ligações entre o papel dos ~lc~3cs do Sul nos no~os mund~. colo--
municipal não gozava de facto duma independência absoluta quando linha rompido a sua fidelidade para C?m ~seu niais de Espanha e Portugal e na.~ operações industriais na Alemanha Mcndional , ver Jacob Strc1dcr. •Origm and
senhor imediato. Só escapava ao poder do conde ou do bispo pondo-se sob o poder dircclo do suserano maJs ac1ma. Evolution of Early European Capitalism», Journa l o/ Econnmic wrd Busiriess llistory . n. 1, Nov. 1929, 18.' . . - . ,
A cidade alemã era apenas livre no sentido de que trocara a autoridade vizinha e muito activa do seu senhor pcl3 47 . •Ao longo da maior parte do século XVI a Itália Se1entrional e a Flandres eram asdua.'i.árt:as pnnc1pa1s
muito fraca e distante autoridade do imperador-. Early Dtm0<:radts in rlrt low Countrits (Nova Iorque: Norton, de actividade industrial e comercial na Europa , e o contac10 entre elas era essencial parJ a pros~ndadc d~ ambas. .J.
.t97t), t83. ( ... )Para IOdos os 1ipos de mercadoria...'\, exc('p!o para as mui10 volumosas, [as) vias 1errestrcs tinha".1 muitas. van·
As consequências para a criação de estados fones foi clara: •Enquanto que em França e lngla.tcrra o Estado tagcns. ( .. .)O comércio lransalpino florescente cntn: 0 Norte da lt.ália e o Sul da Alemanha não sobrev1 ..·eu muno ao
moderno encontrava os seus principais adversários nos grandes nobres, nos Países Baixos eram as cidades que
~impediam o seu progr<sso [p. 1871•. stcuto x~~ ~':íci ~:~;~~~;;a:~~~~~~i~~Z:/o!~:fe~~~·t~~~~tação
.... geográfica do seu comércio: •(Elcsl ..
-... 40. Gino luzza10, Storia tconomica dtll'trd modtrna t conttmporanta, Pane 1, L'ttd modtrna (Pd.dua: tinham .se ajustado a este desenvolvimento inlensificando os seus antigos contactos com es~s centros de tráfico
CEDAM. 1955), 116. Acrescenta ele: •Só Veneza permanecia independente cm ltália, mas ela foi imobilizada pela ~uropcu [Antuérpia e Lisboa] . Durante ccrcn de meio stculo a seguir a 1500. o novo com~r~10 mc.ekrou o tráfi~o
~cada vez ~is s.tria dos twt:os (p. 1l7]•. Ainda assim, Domenico Sella sente que e Veneza encontrou a sua internacional de Nurembcrg3 3 Augsburgo e outras cidades, e m11is do que co~pcnsou o dc..-chmo rápido do c~nlt~t0
própria sorte na cnsc que se abateu sobre as outras cidades da Península.. Annafts E.S.C., XII, p. 36. transalpino do qual tinham primeiramente dependido ... Nuremherg in th~ Smunth Ctnt11ry (Nova. Iorque . W1\cy,
... 41. Cole:s,Past& Prtstnt , n! ll,41.
1966), 148. Pany acima citado parece pensar que não houve um • rápido declínio• até um ~culo mais tarde. Ambos
' r 42. •O im~lismo do s«uto. XVI em ItáJ_ia env~lvia mais do que a conquista miliw inicial. Medidas de os ª?l~res conco~m contud~ que. pelo menos ;ué cerca de l ~50, o ~om~rcio estava florcsccntc na Alem.anha
com~nsação económica para a perda da 1ndcpadnc1a polftlcadas repúblicas itllianas eram uma necessidade tomada Mcnd16nal. Ver também Streider, JourM I o/ Economic ond BusmtJS History , 14-15.
especialmente urgen1e no caso de Génova. cujos cldadãos estavam amiosos de reparar perdas causadas pela reuacção
49. Ver Richard Ehrenbcrg, Capital and Financt, pp. 74-79.

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dioso cm c~.~los .d.e _1r... ns~.Hlc lran\llando 'Ji.1,1 Jlambur~o. :;:'~ por uc.mplo. 1.cr 1i1do dbJ'IC~·
( h llUlllC' d,· J.il..'>h h~J:CI e ih"- \CU' )u\\rmho.. :iillo rnnht·cillos 1:'"1 l odos O) reinos e: te:rrns: $Ím aos co01crc1an1cs a 1mcn\td.W de: van1agcm "'«' nd.1 . pcccn..tmC'rnc pufqut ufcr~
e mt"ll'' enuc ,\'\ p..1~ln-1; lmpcrJJm·c·'· rei'-. pn""-' i('lt"i e !roenhorc~ t~vcr.im tr-:il tl corn de. 0 Pa~ categoria J>Olha oícrcccr" 11• u na., qlk "6 wn mercado irnpcri.al dC' tal
~'\!"'' , tu.mMllkrlht:' "('U fi\ho am3Jo C ;a\,Qçoo-U, C º'
Cl.fJ.CJ.l'ii l~"i3lll:l.r.Jffi-\C 1\4 5U3. p rc.
Além. di.sso. nesta tpoc::i, A01uérpia lurnou.M: 0 )U remo
~0.." r"''"" "' i.'.Ullk'f(l:tnh.''t iliJ:mmclo lhe ch:in1ar:11n h~~~lcm 1hJ\HaJo, e IOOos U'\ P.Jg~ M:
nuu' 11tur..lln c1"1n de [ k ( a (:1011.:1 lk to<l.1 d 1\km.111lw •
Europa. •pnnc1palmcmc por QUsa da nc~cn1c prcx.u~
siooada fundamcnlalmcntc pela polhu:;s mum;h- 1 .._ .
trCd1 mcrt ;xk> mortt~ d.i
\O\ • cuno pnJu. ucai·
/c
· boi • "'' nnpcndor Cntl<» V."' A ~ ,
th l·ui:~er, Cario' ~crJm·...: mu1U.1111en1e poder e apoio. Ma\ i<ln >i~ni ficou também não s6 scf\l lli como sa_ d~ v:1lor~ lln un pério: a própn.l c:KW..sc como e~ nc rpi;1
~ue )ubium e G1ir.un 1un10,. Por4uc.:: n~ r~·;ilitfallc, a ac1ividadc <.Jo!rio F11gs1:r estava telimitOOa convcrtru·SC num do~ pr111c1pa1) crct.lurc, Jc CarJo, 4..,, Da.do kt.tivicbdc
30\ confiru t1~1 imp15no de Cai lo' e erJ in1cmacional 3pcnJ~ na mcd icl'\ ( ... )cm que um império ci3m duma base de tributação, dcpara"am çorn J1ftculd;idc~ na oh1 qu~-~d imrcn()\ e.are-
i 00 • . •nç~ " 11pn de crtd110
pode \C'r cun,1dcrado m1i:mac1on~1 .. 'H 1• Qu:induCarlos e os !'>C\IS ~ut..·cs\Orc~ n5o podiam pag3J', que o~ csl~t o~ m . c~10s cOnM:gucrn com rda11va facíhd:idc. Uin imrérto do W:cuk.t XVl
º' l*Uf~Cf n:lo roJ.13111 ~;mhm. No fun. Ulô pt:r<l..L.\ lOl:.t.i~ dO\ Fuggcr por CJU)a ~.s dívidas n3o linha crédito n~ mc<luJa cm 4ue o ~u M>hcr<&OO o uvc,'IC''....·. A>,im \Cndo, unha l.(UC ~
...1.Ls.Ls "º'
l IJt>-bur~o a1é oleados do -.éculo XVI 1~poJcm ovolior-sc sem cxogcro nenhum virJr para as c1d~dcs. çomo •C(~lru\ de riquc1.a pUblica ..'•11. pana gmntir ll'I cmprC.'-
c-m rnw m1lhfk, de tlonns rcnano, .. ('11• timos. M~ lambém a~ c1d:.11.lt:~ llnli~m um cr~di10 limitado e rur \Ua ''Cl ntcc~1~, ~
M,,, Jim.Lt m:ii' 1mpon.m1c meMno4ue o Nonc de h:\liJ ou <1uc o~ tui!gcr foi Antuérpia.. dJ garantia de e-a.Soa\ como a dos l·uggc.r.. como t 11u\tndo 00 .)i.(guintc pui&n{o de
que •<k\Cinpcnhou um papd ru1•dJJncn1:il na \Ida cconómic3 do ..éculo XV1'· ' ''1. J. A. Y3J1 Lonchay:
llnuuc r.:<:.onhcci:u a l!rJndc lhfercnç;t cnm.· IlrubC' no -..éculo XI\' . um cc111ro do mercado O cm.ti10Ja., cidw.:lcs. co.nootb.' pmvfnc1ll.comoo OO..cubr..adorn.cn IUT\luJo Put ow 11.ium
•1uc1onJI· (ou .;.('j:I. fund:uni:111.1l1ncnte p;1.r.1 a Flandrc!'), e /\ntu~rpi.l no ~ulo XVI. um c.~t!nlro fiNnecinh CJ.Íti:un a g3ranl1:a du.m.1 Ca\3 C\Jfncrtt.al Mil\-C'n1C de rrdcrêncu ldwn iJ'll'.ldC' ~'1
• tnlcm:.ic1cin1I· tk mcrc;uJu. qur li};J\.1 '" c.·oc111.'H'.'IO'\ do Mcdiu:rr..tneo e do B31ticu com o nntc~ de acc1urcm a concc~'OO dum cr~d110 ao ,so,·cmo. "'~lm. cm 1S5~ O\ CtffntrcuintC\ \Oli·
i.:omén:in 1ran,con1111cntal .:1tra\·é-. llJ 1\h.:111.'.rnb.1 111-:mlional ,.,4 ' . N~1o ~ú Amué rpia coordenava dt.3.r.ml como G:m:mtia de um ~mp1~)1itno de 200.0C.O hbn\ 1r1ulrt\ de obnF-a;loOO.. e~ w
l!rJmk pJrlc do l'.on1t..·11.·1u 1111cm:icional tio unpéuo do" Hab,burl!o como era 1ambém o t lo o •:t\•al • dos Fuggcr. M:ana d:1. llungri1 Mlhci1ou a Ond. o bctCI" cSJ,qurbcau. '(lM' dato< 1 \UI
pur nv.-10 dn ttU;?l ló!irllo J ln~la1crra como Pun ui;_Jl C)la\am ligado' à economia-mundo ~um.. iprtJ"aÇio. e promc:&.cu dar·lhc em lnxa uma contragmn1m din rcet1tJ\ dO\ 1mpcMitoo. (lt rm·
pc.ill"1. C'on\ t1tui:1 cmrc outra~ cni~a.' o cntrcpo~lo Ja., cxport.:\çl\c, inglcsa.~ 06•. Se podb dull dts aidtsJ"'11.

'li <·,1»• "'' 1l·d- p. MJ. h ~u;t\ rt'-t'il·' ' ( ... 1O.. priw1~gios, q !JC '6 1.IQum.1.' C1tt.adc.\ C'\lo1v11m .apw •d.d. nlo c nun f'Ol'Unl O o-.m-
!.ujc1UU·..C
SI l..ublnhb)l, fu...rlt Aflw1lwt1~ . ~J. 1$. c1.m Qu.lkl~r c~dc trndu um mcrndo O\l '"cntrcpou.o '" lno.\Cnc.kloc.unradi>1cnnn1'"f"1tn1< JWID llT'.p.f • t.(v
S!, O.icnta~.C.irm1l.Jn.lfm1.1r,r1, p I li domlllao,JtJWf OU ~Í"''"·M'.ihrcum.tttpilJnu1,o.;lllCOO\U~dc:t1..1)1tfc:m1w.Jrr.id..un1mu~ ·<~~
Sl Cm11c Cuunucn. •U rt~ du ")utmc captUlu.1c: gn.nJ nJlil.ll!ltnc cl ~e-onomtc lntdJOoncUc IU gtltld~ nui1ch6 ft".1..nÇ&.1:0. dan\ la llll"icn.. hyi·BU CI ~\ lc Soro.Ide la l~an« .. u ÍUI 4~ ~\o)-c:n Ar.e CI - ...
de"''"'
XVI' t.Ctk•, A'11Ulr1 Jlv1t,.,r, '"""'"""i•' f'l ll'I 1111,. \'Ili, 1'136. 1?1 XVI' ~k!-clC'. Co runbu110t1 ~ l'foJdc Oc 11 no(ion d'ttApc• . S1w1t1m 111111u rJ1 Arm.1tMI" ."'4Jro11. li tM11Aff l"-1Ullo'.) Edl1.
S4 \'cr J •' ~.111 H1.,i•1e. • lhurn c1 l\n\ C'T\. ni.irche~ "n..irion.lu\- ou ..1nlC'rtul1uu.1iu ''" du XIV' ;u&XVI' C~ l p100. 19,7t. 8 19 .
~ln ... Nl'\Wl'J.. r.,~J. "XXlV \(''~ l''L llQ< Hemun \ ln Jc:r WcC' 11%.J) •A cmt:rgf""u. de Antuoérp12.como .S7 Ver W1lí1cJ 8tvk1, ·Lr~ ruu1C\tunu111cn..i..tlc,d"Anlk"1tt cnll.l!x •ll XVI• Mtík•.~ t111MNtdr
IT'IC"U·Íf'"k rnr"Cn:L.ll .!.. l lll•'f"-' 0.aJcnLa.I e u \TC', 1mc:ntu do n.-mlft"h.> lru1U<U1111"'1tt~I corn N<rC ru Alc.rlW\h.a AM111tiw,. f ur{u111, VI. /;uo _ _.lctM( ~Lllo: Ovl1 A. G1ulfr(.fL 1\16?), 181·18"4.
Ccnu~ C'\(J\.IJll 1n.stp.1t.a\c.:mcnte .,, ...1o-. ..ª' c;t11Mtlt "' ,,., ""'"'''r M11dt'I .mJ ,,,, l . Mftlpt'U ll Cr'"""1ff S8. Van <kr WC"c. Tht' c;,,,.,.,i, nftltll'Ant~ r1p M11rlrt ~fkl IM F.i.r()flt tm #;'('r1111W'l;r. li. P .!61 Ek' lkícndc~'
tll,11..1 ~•s}i!Jlf. ll~1l1 li. 11 1i Ht d<lrntJ: 4'.IC 1\ !U1icrnrc JJll' I \u!w .Jc l.flJ3. 1s:oc que 0, .1.km.\cHkl Sul 1um.vvn que. :ar.<.s:.u dum rcl;i1h·u JctlmlO ~ ül11""" ana.i.. ..., mtK.kkl mor1ttino Jt M~ pC"rmanc::a o centro
CIJn-C~!JC'tll('n~lc ... Jklcr..n;.. \ l.lC11<f'H.;!J. C'lll Am~t.1duUntC'11 rnmtir.1 nl("u.k Jo ~uk> X\'l fp 1311 Vc.r t'lnlti•rn~\ ÍllW\\.:t.~~ l~buraomomoMW.:m~.w~cin.tutnulp ~I·
P~ ~.,.M1n ~01.·ür1(,,ll, tc"Oc\trt de 1\n&lltfpt.1r11•1i«ulu XVI a11ng1.1um..11m1~1.i •S\UI, ~ n1ilJ lupcnor. O Clll'l'1131C'in.ul.awil rot mclU de ut-ltngcm cnl1c Antuérp1o1. Vcnc1..a.. L2°"· Puc.cn.14 ~.1. ScY.shi e
IU 1.<:1 1x1ou nuntimc•· \lrrrd)"ll:thlirlft f .,r Sl>:UJf-wiJ ""muh.IJU 't'Jclriclirf'. XLlll. p. \9N \'n l!.hrcnbc:rg. R1•utn. Ver Jo~ Gt.nt1I d.t S1lwa ... Tr:ifi(':\ JIJ Nord. m iudl'\ J u "MCIJ•.ljl'JfM • fino1ncu stnCll'<t. rcchr'ft't\n CI .
C°ll/"t1...l!Q11<./fm,.Jnt ' · PP 112· 11] doc:umen.1\ 'tUf 1.. COOJOfl\.IUfC. l;i f1n du xv· \~lk .... Rt'l'W du "'"'"· xu 195''· 140
• ~'· · f.hr4'!W'1uo lllik'dt l« tdo"k\ C um unpx-1uJcn\l\O ~r aptV'lpctl~d( A n1utrpi.1. A \WCun'1
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C\p.lf"-"1ut1,<1•rc•gtc ... 14.,,"J/r, /... ~ ( . XVI.: \hn;o-Abnl IWll. !.'~· W J Uma naçlo, 1!.to t. uma n.:açlo pti..JuuYa. <btrn dmbc1w l ....1lnlQllC f - ) ~ ,.. ~ pell'"' ntüi.. fl"kl'·
\ t:""á1pdr\11r' ·:'l.own~utJ.1-.tc;u!o X\ l .ilns:l~mtoo'tllll.n.1 f i com~P.J:hic~dm l~So
11114 1
Ú(c.f 'tl\ plit;Jl'(I'), rK"1l1d;al..k, r;1p11JU: ~ ª' i:.anclCnWC... ~ ttr.; .I tLt.,.... di.:"Or"lllo, ..1 ~U. f:~a M
lk 11:6-luttm t'ot.llJ'O'l.."lcu ~ w •.wJt c.;.....-....UK.i. dJ 1.1u.11 Amu.trp1.. e .. M.1~lzn cr._.,, °' ccnl1'0 íUWJCCiro e flO!.. A. !.1l~So «õll cMcrrntc no ..(or..1110 XVI, Pvr {~IJU d.a c\La\KI~.L:~:~w'
1111 wu i;-~1enMClúJJ 1 1n~110 ~
lMd\lfuJ. ·L .anin"""llt •nslo.hoJU.an.!:u!< ~u X\ li' 1 1c.. k•, AM.Jft1 f .'i C . V. 1. J.lil ·~btço 1930, •0.. oícrcc1a o-. \CLU \U-.1ÇQ\ :1 l:U\ tU't ckv11o1kn p;lll \jUCm pc:Ji.aC"nl7~l\lio.> l:uu ISi•l.lftlr,J.!:I m:rt 0 Clic.tc do f..t,u,dot •
l'or ""'1rD l~h· . .l ll\'~lidio.Jc 1mpcrul a1m1iu li\ rtl..çlot-s C\.un6rmc.ll Jc l\ntllt:rp1.a curn a fnnç.i.. -~tuJto
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th l·ui:~er, Cario' ~crJm·...: mu1U.1111en1e poder e apoio. Ma\ i<ln >i~ni ficou também não s6 scf\l lli como sa_ d~ v:1lor~ lln un pério: a própn.l c:KW..sc como e~ nc rpi;1
~ue )ubium e G1ir.un 1un10,. Por4uc.:: n~ r~·;ilitfallc, a ac1ividadc <.Jo!rio F11gs1:r estava telimitOOa convcrtru·SC num do~ pr111c1pa1) crct.lurc, Jc CarJo, 4..,, Da.do kt.tivicbdc
30\ confiru t1~1 imp15no de Cai lo' e erJ in1cmacional 3pcnJ~ na mcd icl'\ ( ... )cm que um império ci3m duma base de tributação, dcpara"am çorn J1ftculd;idc~ na oh1 qu~-~d imrcn()\ e.are-
i 00 • . •nç~ " 11pn de crtd110
pode \C'r cun,1dcrado m1i:mac1on~1 .. 'H 1• Qu:induCarlos e os !'>C\IS ~ut..·cs\Orc~ n5o podiam pag3J', que o~ csl~t o~ m . c~10s cOnM:gucrn com rda11va facíhd:idc. Uin imrérto do W:cuk.t XVl
º' l*Uf~Cf n:lo roJ.13111 ~;mhm. No fun. Ulô pt:r<l..L.\ lOl:.t.i~ dO\ Fuggcr por CJU)a ~.s dívidas n3o linha crédito n~ mc<luJa cm 4ue o ~u M>hcr<&OO o uvc,'IC''....·. A>,im \Cndo, unha l.(UC ~
...1.Ls.Ls "º'
l IJt>-bur~o a1é oleados do -.éculo XVI 1~poJcm ovolior-sc sem cxogcro nenhum virJr para as c1d~dcs. çomo •C(~lru\ de riquc1.a pUblica ..'•11. pana gmntir ll'I cmprC.'-
c-m rnw m1lhfk, de tlonns rcnano, .. ('11• timos. M~ lambém a~ c1d:.11.lt:~ llnli~m um cr~di10 limitado e rur \Ua ''Cl ntcc~1~, ~
M,,, Jim.Lt m:ii' 1mpon.m1c meMno4ue o Nonc de h:\liJ ou <1uc o~ tui!gcr foi Antuérpia.. dJ garantia de e-a.Soa\ como a dos l·uggc.r.. como t 11u\tndo 00 .)i.(guintc pui&n{o de
que •<k\Cinpcnhou um papd ru1•dJJncn1:il na \Ida cconómic3 do ..éculo XV1'· ' ''1. J. A. Y3J1 Lonchay:
llnuuc r.:<:.onhcci:u a l!rJndc lhfercnç;t cnm.· IlrubC' no -..éculo XI\' . um cc111ro do mercado O cm.ti10Ja., cidw.:lcs. co.nootb.' pmvfnc1ll.comoo OO..cubr..adorn.cn IUT\luJo Put ow 11.ium
•1uc1onJI· (ou .;.('j:I. fund:uni:111.1l1ncnte p;1.r.1 a Flandrc!'), e /\ntu~rpi.l no ~ulo XVI. um c.~t!nlro fiNnecinh CJ.Íti:un a g3ranl1:a du.m.1 Ca\3 C\Jfncrtt.al Mil\-C'n1C de rrdcrêncu ldwn iJ'll'.ldC' ~'1
• tnlcm:.ic1cin1I· tk mcrc;uJu. qur li};J\.1 '" c.·oc111.'H'.'IO'\ do Mcdiu:rr..tneo e do B31ticu com o nntc~ de acc1urcm a concc~'OO dum cr~d110 ao ,so,·cmo. "'~lm. cm 1S5~ O\ CtffntrcuintC\ \Oli·
i.:omén:in 1ran,con1111cntal .:1tra\·é-. llJ 1\h.:111.'.rnb.1 111-:mlional ,.,4 ' . N~1o ~ú Amué rpia coordenava dt.3.r.ml como G:m:mtia de um ~mp1~)1itno de 200.0C.O hbn\ 1r1ulrt\ de obnF-a;loOO.. e~ w
l!rJmk pJrlc do l'.on1t..·11.·1u 1111cm:icional tio unpéuo do" Hab,burl!o como era 1ambém o t lo o •:t\•al • dos Fuggcr. M:ana d:1. llungri1 Mlhci1ou a Ond. o bctCI" cSJ,qurbcau. '(lM' dato< 1 \UI
pur nv.-10 dn ttU;?l ló!irllo J ln~la1crra como Pun ui;_Jl C)la\am ligado' à economia-mundo ~um.. iprtJ"aÇio. e promc:&.cu dar·lhc em lnxa uma contragmn1m din rcet1tJ\ dO\ 1mpcMitoo. (lt rm·
pc.ill"1. C'on\ t1tui:1 cmrc outra~ cni~a.' o cntrcpo~lo Ja., cxport.:\çl\c, inglcsa.~ 06•. Se podb dull dts aidtsJ"'11.

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SI l..ublnhb)l, fu...rlt Aflw1lwt1~ . ~J. 1$. c1.m Qu.lkl~r c~dc trndu um mcrndo O\l '"cntrcpou.o '" lno.\Cnc.kloc.unradi>1cnnn1'"f"1tn1< JWID llT'.p.f • t.(v
S!, O.icnta~.C.irm1l.Jn.lfm1.1r,r1, p I li domlllao,JtJWf OU ~Í"''"·M'.ihrcum.tttpilJnu1,o.;lllCOO\U~dc:t1..1)1tfc:m1w.Jrr.id..un1mu~ ·<~~
Sl Cm11c Cuunucn. •U rt~ du ")utmc captUlu.1c: gn.nJ nJlil.ll!ltnc cl ~e-onomtc lntdJOoncUc IU gtltld~ nui1ch6 ft".1..nÇ&.1:0. dan\ la llll"icn.. hyi·BU CI ~\ lc Soro.Ide la l~an« .. u ÍUI 4~ ~\o)-c:n Ar.e CI - ...
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XVI' t.Ctk•, A'11Ulr1 Jlv1t,.,r, '"""'"""i•' f'l ll'I 1111,. \'Ili, 1'136. 1?1 XVI' ~k!-clC'. Co runbu110t1 ~ l'foJdc Oc 11 no(ion d'ttApc• . S1w1t1m 111111u rJ1 Arm.1tMI" ."'4Jro11. li tM11Aff l"-1Ullo'.) Edl1.
S4 \'cr J •' ~.111 H1.,i•1e. • lhurn c1 l\n\ C'T\. ni.irche~ "n..irion.lu\- ou ..1nlC'rtul1uu.1iu ''" du XIV' ;u&XVI' C~ l p100. 19,7t. 8 19 .
~ln ... Nl'\Wl'J.. r.,~J. "XXlV \(''~ l''L llQ< Hemun \ ln Jc:r WcC' 11%.J) •A cmt:rgf""u. de Antuoérp12.como .S7 Ver W1lí1cJ 8tvk1, ·Lr~ ruu1C\tunu111cn..i..tlc,d"Anlk"1tt cnll.l!x •ll XVI• Mtík•.~ t111MNtdr
IT'IC"U·Íf'"k rnr"Cn:L.ll .!.. l lll•'f"-' 0.aJcnLa.I e u \TC', 1mc:ntu do n.-mlft"h.> lru1U<U1111"'1tt~I corn N<rC ru Alc.rlW\h.a AM111tiw,. f ur{u111, VI. /;uo _ _.lctM( ~Lllo: Ovl1 A. G1ulfr(.fL 1\16?), 181·18"4.
Ccnu~ C'\(J\.IJll 1n.stp.1t.a\c.:mcnte .,, ...1o-. ..ª' c;t11Mtlt "' ,,., ""'"'''r M11dt'I .mJ ,,,, l . Mftlpt'U ll Cr'"""1ff S8. Van <kr WC"c. Tht' c;,,,.,.,i, nftltll'Ant~ r1p M11rlrt ~fkl IM F.i.r()flt tm #;'('r1111W'l;r. li. P .!61 Ek' lkícndc~'
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C°ll/"t1...l!Q11<./fm,.Jnt ' · PP 112· 11] doc:umen.1\ 'tUf 1.. COOJOfl\.IUfC. l;i f1n du xv· \~lk .... Rt'l'W du "'"'"· xu 195''· 140
• ~'· · f.hr4'!W'1uo lllik'dt l« tdo"k\ C um unpx-1uJcn\l\O ~r aptV'lpctl~d( A n1utrpi.1. A \WCun'1
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Deste modo. Carlos V. C 1std a. /\n1uérpia . os Fuggcr, estavam todos im plicados numa
T
1 considerados sufi cientemente importantes «para serem objeeto de ate ,
homens ele Estado preoc upados com os in teresses nac ionais• '..' nçao por pane dos
gigantesca cri aç-ão de crédito sobre créd iio. 1ítulos sobn: títul os. cm qu e a mira dos lucros o que é que causou a crise social. com as suas qualidad · J" . .
assentava na e pemnça e no op1 im is1110. de consequências não muito diferentes da subjugação d" es.po ll icameme autodestrutr vas. '·
Da Meada J c 15.'lh-m dianlc. o comércio 1ransa1l:in1icoc rcscc111c deu a Aniuérpi a urna ex perimentaram? Provave lmente o mesmo fa ctor: a falta ~ecta que _grandes ~onas da Itália
r ·-,
nova fase de cx pans:io '""· A combin:1ç-ão dos dois focos de c.xpansão comercial - o comércio . d Ih e uma umdade pol1t1ca prfria ou
seja a ausênc ia um apare o de Estado a.i nda em embrião A A I . , .'
tr..mscontinental. no qu:1l crJm tão ccn1r..1is os mercadores do Sul da Aleman ha. e o comércio ' é 1 1 · ~ emanh11>•. no prmc1p10 do
séc ul o XVI. um exce _ente, cxemp .º de_quão di ssolveme pode ser 0 >enti mento «.nac iona-
atlàn1ico dos espanhóis (cum genovc ·cs). un idos no mercado de An1uérpia. que era lambém lista,, se pr:ccde a ex 1stcnc1a de uma enti dade ad min istrativa em vez de crescer dentro dela.
um mcrcado 111one1:íri o -criou a atmosfem de um «febril /Joom capi1ali sta»'"'>. Este /Joo111 Carlos V nao p_o dia, en ca_beça~ o prot.~ stantrsmo alemão pois tinha entre mãos um império. Os
linha a sua di nâmica própria. que tr.msvasou do quadro políti co-admini strati vo do império- homens de Estado ale_maes nao podiam _tomar em consideração as necessidades dos i·eomen
-mundo pulati' o dos 1-!Jbsburgo. Press ionados pe las incríve is tensões fin anceiras causadas dentro do qu adro d_os interesses nac1ona1s nu ma situação em que não existia qualque; Estado
pe la crise S(>-: ial que arrJsa va as Alem:mhas e pelos gastos militares resultantes do desejo de que pudesse traduzir u_m qualquer compromisso a que se pudesse chegar. Os homens voltaram-
englobar o resto da Europa. ou o império ou as fo rças capita listas tinham que ir à bancarrota. -se para as arenas polrt1cas onde podiam alcançar os seus objectivos. E tas eram os principa-
Estas última.> acabarJm por se revelar mais fo rtes. Passemos em revi sta as duas tensões sob dos, e dado que estes ernm demasiado pequenos para serem economicamente significativos,
que ope rJva o império. voltaram-se para benfellores ex tenores. Os resul tados fo ram o desconcerto e 0 desastre.
Politicameme. o período de 1450 a 1500 fo i um tempo de «consolidação dos principa- O momento crítico parece terem sido os primeiros anos do reinado de Carlos V. De
d os ~ na Aleman ha. uma tarefa difíci l mas que em parte teve êx ito. Geoffrey Barraclough
forma um tanto dramát ica mas não menos persuasiva, A. J. P. Taylor argumenta:
escre ve: ~ os príncipes(. .. ) le1·an taram a Alemanha da sua herdada anarqui a»< 65 i. A consoli -
dação foi no entanto e ~cess i l" am e nt e parcial. Quando a Reform a e a guerra dos camponeses Os primeiros anos de Carlos V foram o momemo da frase de Goethe segundo a qual a eternidade,
de 1525 l"ierJm perturbar a nova prosperidade, as di visões políticas tomaram impossível conter uma vez perdida. nunca mais nos é devolvida. A oportunidade de criar uma Alemanha da elas e
os distúrbios. como outros países foram capazes de fazer nesses tempos <66l. O fracasso da média nacional perdeu-se em 1521 talvez para sempre, por séculos certamente. Em 152.5 era
• naç-5o ~ alem5 tem sido explicado de diversas maneiras. Napoleão disse uma vez que a culpa
ev idente que o período do despertar nacional tinha passado e nessa mesma a.Jrura começou um
avanço contínuo do absoluti smo e do autoritarismo que continuou sem interrupção durante mais
foi de Carlos V. por não se colocar à cabeça do protestan ti smo alemão <67l. Engels argumen-
de duzentos e cinquenta anos c7o1.
tou extensamente que ele resultou do medo de Lutero e da classe média às aspirações revo-
lucionárias do campesinato <68' . Tawney assinalou o con traste com a Inglaterra, onde os cam- Seja como for. a agitação continuou de uma form a muito aguda até ao Tratado de
poneses (ou seja, os yeomen) encontraram aliados significati vos noutras cl asses e foram Augsburgo em 1555, com a sua solução duma Alemanha dividida e baseada no princípiocuius
regio eius religio. Nem mesmo então a agitação terminaria. No princípio do século XVIJ a
Alemanha transformou-se no campo de batalha da Guerra dos Trinta Anos e sofreu uma severa
"' 63: • A no\'a expansão comercial era mu iro vanrajosa para os Países Baixos. Isco não era coincidência. Os
regressão, tanto demográfic a como economicamente.
contactos h1sp~o-~0J~d:se~ ri nham_originado urna sólida união dinás tica. aJX>iada pelo consumo crescente de lã
A agitação social nas Alemanhas era no entanto apenas um dos problem:i.s de Carlos V.
:n
espanhola_pela rndusrna tex!-1:1dos P<uses Baixos. Os merais preciosos do Novo Mundo começaram a desempenhar
papel imporunrc na poliuca dos H~bsbu rgo dos ~os Lrinra em diante. Vi sro que o seu fin anciamen10 era gran-
emcn1': baseado_no me.reado moner.irio de Anrubp1 a, es1e era um impon ame estímulo suplemenrar. Em 1539 a
e talvez não o maior. É com certeza insuficiente para explicar a queda do seu império. Por que
razão se dividiu este? Por que razão se viu reduzido no fim essencialmente à Espanha mais a ;
: onorrua d?S Paiscs Baixos esia Ya i.á Ião fonememe ligada à Espanha via Antuérpia que Van der Mo len escrev ia
a= : ~~s.cd':su-:;: :;~aíld:"·alon ~çã?: '"S~ g~~des encomendas não chegam depressa de Itália ou de Espanha,
América Espanhola? E por que razão perdeu a Espanha a sua proem.inência convenend°:se
1
European Afarter, II. p. 178. engos irá a faJenc1a • . Van der Wee , The Growth of rhe Anrwerp Market and th e em parte da semi periferia da Europa? Pierre Chaunu vê o aumento da importincia económica
64. lbid.. p. 317. da América Espanhola, a sua centralidade para a vida económica do império dos Habs~urgo.
' ~ ~:,'~~re;a ª.";ª~~ugh. The Or1g111s of Modern _Germany (Oxford · Blackwelt, 1962), 352 e de facto de toda a Europa, não como «a consequência mas como causa da repartiçao dos
isto é durame a era ~e ca:Os Vento~ambém grandes tensoes soc1a1s durante a primeira metade do século XV I, estados de Carlos y ,; (71 >. J. H. Elliott e Ramón Carande argumentam , de forma semelhante,
u dos .pelo atraso salanal q uestã~ em ~d aq ui as! prrnctpa1s queixas pareçam provir de ltabalhadores urbanos afec-
e1 soc1ales en Belg1que ~ 1é u~u~ n~h se~ a u trapassada alé 1561 Ver Charles Verlmden, •Cnses économ1ques
' C.N R S, Pam. 30 Sei 3 Ou;'t958 ~Part:' ~ ~~·~ ~Charles Qutllf et son temps, Colloques mlemauonaux du
69. Tawney, Agrarian Problem, p. 347. ;..
n: voltas políucas neste período uma demons1rJ ão talvezR S . 1959), esp p 183 Antuérpia não ass1s11u contudo a
menos d.'Jdos que os camponeses 3 recorrer a s ~ . _. da hipóiese de Fanon de que os trabalhadores urba.nos são 70. T~ylor, The Course ?fG erman Hürory.~ P· 162. . N rd XLD. (960. 269. Acrescenmelc:' '
L (Nova Iorque Grove Press 1966),
71. Pierre Chaunu, •Sévtlte el la "Belg1que . 1555-1_648~. Rei ue du ºr~ multiplicação? Teremos
85. 11 7. u evaçoes esponlãneas Ver Fran1z Fanon, The Wretched of the Earth ~Teremos já dado atenção suficienre ao facro de que esra dt!a divisão é na rea 1d:ls i.::ssões fomc<:idas por his-
,' 67. Ci1ado por A. 1. P. Taylor The C r <f .
Hurs1fie ld: •A Reforrnaprotestame. que ;,ooia re:~n~~:.d German History (Londres: H~ihon, l945), t63. Ver Já ~ompreendtdo que a extensão dos estados de Fihpe Udepois de 1 .5 60 ;::,,.dme~re maior que o império de
,_o Imperador•. New.Cambridge Modern History, Ili, p. J3i
a Alemanha conlra o Papa, d1v1d1u a Alemanha conlra tonadores demasiado alentos apenas à Europa, rcm uma exrensão rnco A é . ( )'
Carlos V antes de 1540, isto é, antes das mudanças fundamenrais causadas pela ~7~\,;;;,j,ec,iva. Carlos V não
" 68. Fnednch Engels The Prosant W . G -
of Chicago Pn:ss. 1967). passim. ar 1n ermany, m The German Revo/utions (Chicago, Illinois: Univ. . Uma vez aceite este ponto, a panição de l555 - l559 é coloca~ ,~;::"~~eçado. Parecia impossível segurar
conStderou o seu filho incapaz de continuar na Europa as mrefas qu

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Deste modo. Carlos V. C 1std a. /\n1uérpia . os Fuggcr, estavam todos im plicados numa
T
1 considerados sufi cientemente importantes «para serem objeeto de ate ,
homens ele Estado preoc upados com os in teresses nac ionais• '..' nçao por pane dos
gigantesca cri aç-ão de crédito sobre créd iio. 1ítulos sobn: títul os. cm qu e a mira dos lucros o que é que causou a crise social. com as suas qualidad · J" . .
assentava na e pemnça e no op1 im is1110. de consequências não muito diferentes da subjugação d" es.po ll icameme autodestrutr vas. '·
Da Meada J c 15.'lh-m dianlc. o comércio 1ransa1l:in1icoc rcscc111c deu a Aniuérpi a urna ex perimentaram? Provave lmente o mesmo fa ctor: a falta ~ecta que _grandes ~onas da Itália
r ·-,
nova fase de cx pans:io '""· A combin:1ç-ão dos dois focos de c.xpansão comercial - o comércio . d Ih e uma umdade pol1t1ca prfria ou
seja a ausênc ia um apare o de Estado a.i nda em embrião A A I . , .'
tr..mscontinental. no qu:1l crJm tão ccn1r..1is os mercadores do Sul da Aleman ha. e o comércio ' é 1 1 · ~ emanh11>•. no prmc1p10 do
séc ul o XVI. um exce _ente, cxemp .º de_quão di ssolveme pode ser 0 >enti mento «.nac iona-
atlàn1ico dos espanhóis (cum genovc ·cs). un idos no mercado de An1uérpia. que era lambém lista,, se pr:ccde a ex 1stcnc1a de uma enti dade ad min istrativa em vez de crescer dentro dela.
um mcrcado 111one1:íri o -criou a atmosfem de um «febril /Joom capi1ali sta»'"'>. Este /Joo111 Carlos V nao p_o dia, en ca_beça~ o prot.~ stantrsmo alemão pois tinha entre mãos um império. Os
linha a sua di nâmica própria. que tr.msvasou do quadro políti co-admini strati vo do império- homens de Estado ale_maes nao podiam _tomar em consideração as necessidades dos i·eomen
-mundo pulati' o dos 1-!Jbsburgo. Press ionados pe las incríve is tensões fin anceiras causadas dentro do qu adro d_os interesses nac1ona1s nu ma situação em que não existia qualque; Estado
pe la crise S(>-: ial que arrJsa va as Alem:mhas e pelos gastos militares resultantes do desejo de que pudesse traduzir u_m qualquer compromisso a que se pudesse chegar. Os homens voltaram-
englobar o resto da Europa. ou o império ou as fo rças capita listas tinham que ir à bancarrota. -se para as arenas polrt1cas onde podiam alcançar os seus objectivos. E tas eram os principa-
Estas última.> acabarJm por se revelar mais fo rtes. Passemos em revi sta as duas tensões sob dos, e dado que estes ernm demasiado pequenos para serem economicamente significativos,
que ope rJva o império. voltaram-se para benfellores ex tenores. Os resul tados fo ram o desconcerto e 0 desastre.
Politicameme. o período de 1450 a 1500 fo i um tempo de «consolidação dos principa- O momento crítico parece terem sido os primeiros anos do reinado de Carlos V. De
d os ~ na Aleman ha. uma tarefa difíci l mas que em parte teve êx ito. Geoffrey Barraclough
forma um tanto dramát ica mas não menos persuasiva, A. J. P. Taylor argumenta:
escre ve: ~ os príncipes(. .. ) le1·an taram a Alemanha da sua herdada anarqui a»< 65 i. A consoli -
dação foi no entanto e ~cess i l" am e nt e parcial. Quando a Reform a e a guerra dos camponeses Os primeiros anos de Carlos V foram o momemo da frase de Goethe segundo a qual a eternidade,
de 1525 l"ierJm perturbar a nova prosperidade, as di visões políticas tomaram impossível conter uma vez perdida. nunca mais nos é devolvida. A oportunidade de criar uma Alemanha da elas e
os distúrbios. como outros países foram capazes de fazer nesses tempos <66l. O fracasso da média nacional perdeu-se em 1521 talvez para sempre, por séculos certamente. Em 152.5 era
• naç-5o ~ alem5 tem sido explicado de diversas maneiras. Napoleão disse uma vez que a culpa
ev idente que o período do despertar nacional tinha passado e nessa mesma a.Jrura começou um
avanço contínuo do absoluti smo e do autoritarismo que continuou sem interrupção durante mais
foi de Carlos V. por não se colocar à cabeça do protestan ti smo alemão <67l. Engels argumen-
de duzentos e cinquenta anos c7o1.
tou extensamente que ele resultou do medo de Lutero e da classe média às aspirações revo-
lucionárias do campesinato <68' . Tawney assinalou o con traste com a Inglaterra, onde os cam- Seja como for. a agitação continuou de uma form a muito aguda até ao Tratado de
poneses (ou seja, os yeomen) encontraram aliados significati vos noutras cl asses e foram Augsburgo em 1555, com a sua solução duma Alemanha dividida e baseada no princípiocuius
regio eius religio. Nem mesmo então a agitação terminaria. No princípio do século XVIJ a
Alemanha transformou-se no campo de batalha da Guerra dos Trinta Anos e sofreu uma severa
"' 63: • A no\'a expansão comercial era mu iro vanrajosa para os Países Baixos. Isco não era coincidência. Os
regressão, tanto demográfic a como economicamente.
contactos h1sp~o-~0J~d:se~ ri nham_originado urna sólida união dinás tica. aJX>iada pelo consumo crescente de lã
A agitação social nas Alemanhas era no entanto apenas um dos problem:i.s de Carlos V.
:n
espanhola_pela rndusrna tex!-1:1dos P<uses Baixos. Os merais preciosos do Novo Mundo começaram a desempenhar
papel imporunrc na poliuca dos H~bsbu rgo dos ~os Lrinra em diante. Vi sro que o seu fin anciamen10 era gran-
emcn1': baseado_no me.reado moner.irio de Anrubp1 a, es1e era um impon ame estímulo suplemenrar. Em 1539 a
e talvez não o maior. É com certeza insuficiente para explicar a queda do seu império. Por que
razão se dividiu este? Por que razão se viu reduzido no fim essencialmente à Espanha mais a ;
: onorrua d?S Paiscs Baixos esia Ya i.á Ião fonememe ligada à Espanha via Antuérpia que Van der Mo len escrev ia
a= : ~~s.cd':su-:;: :;~aíld:"·alon ~çã?: '"S~ g~~des encomendas não chegam depressa de Itália ou de Espanha,
América Espanhola? E por que razão perdeu a Espanha a sua proem.inência convenend°:se
1
European Afarter, II. p. 178. engos irá a faJenc1a • . Van der Wee , The Growth of rhe Anrwerp Market and th e em parte da semi periferia da Europa? Pierre Chaunu vê o aumento da importincia económica
64. lbid.. p. 317. da América Espanhola, a sua centralidade para a vida económica do império dos Habs~urgo.
' ~ ~:,'~~re;a ª.";ª~~ugh. The Or1g111s of Modern _Germany (Oxford · Blackwelt, 1962), 352 e de facto de toda a Europa, não como «a consequência mas como causa da repartiçao dos
isto é durame a era ~e ca:Os Vento~ambém grandes tensoes soc1a1s durante a primeira metade do século XV I, estados de Carlos y ,; (71 >. J. H. Elliott e Ramón Carande argumentam , de forma semelhante,
u dos .pelo atraso salanal q uestã~ em ~d aq ui as! prrnctpa1s queixas pareçam provir de ltabalhadores urbanos afec-
e1 soc1ales en Belg1que ~ 1é u~u~ n~h se~ a u trapassada alé 1561 Ver Charles Verlmden, •Cnses économ1ques
' C.N R S, Pam. 30 Sei 3 Ou;'t958 ~Part:' ~ ~~·~ ~Charles Qutllf et son temps, Colloques mlemauonaux du
69. Tawney, Agrarian Problem, p. 347. ;..
n: voltas políucas neste período uma demons1rJ ão talvezR S . 1959), esp p 183 Antuérpia não ass1s11u contudo a
menos d.'Jdos que os camponeses 3 recorrer a s ~ . _. da hipóiese de Fanon de que os trabalhadores urba.nos são 70. T~ylor, The Course ?fG erman Hürory.~ P· 162. . N rd XLD. (960. 269. Acrescenmelc:' '
L (Nova Iorque Grove Press 1966),
71. Pierre Chaunu, •Sévtlte el la "Belg1que . 1555-1_648~. Rei ue du ºr~ multiplicação? Teremos
85. 11 7. u evaçoes esponlãneas Ver Fran1z Fanon, The Wretched of the Earth ~Teremos já dado atenção suficienre ao facro de que esra dt!a divisão é na rea 1d:ls i.::ssões fomc<:idas por his-
,' 67. Ci1ado por A. 1. P. Taylor The C r <f .
Hurs1fie ld: •A Reforrnaprotestame. que ;,ooia re:~n~~:.d German History (Londres: H~ihon, l945), t63. Ver Já ~ompreendtdo que a extensão dos estados de Fihpe Udepois de 1 .5 60 ;::,,.dme~re maior que o império de
,_o Imperador•. New.Cambridge Modern History, Ili, p. J3i
a Alemanha conlra o Papa, d1v1d1u a Alemanha conlra tonadores demasiado alentos apenas à Europa, rcm uma exrensão rnco A é . ( )'
Carlos V antes de 1540, isto é, antes das mudanças fundamenrais causadas pela ~7~\,;;;,j,ec,iva. Carlos V não
" 68. Fnednch Engels The Prosant W . G -
of Chicago Pn:ss. 1967). passim. ar 1n ermany, m The German Revo/utions (Chicago, Illinois: Univ. . Uma vez aceite este ponto, a panição de l555 - l559 é coloca~ ,~;::"~~eçado. Parecia impossível segurar
conStderou o seu filho incapaz de continuar na Europa as mrefas qu

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que 0 imperialismo europeu de Carlos V chegou a ser indevidamente cus.toso ~ara a Espanha, Uma vez mais, a van~gem estrutural duma economia-mundo sobre um . .
especialmente para Castela m'. De facto. Brau<;lcl argumenta que mesmo o 1111pcno
1
na sua fonna como sistema, parece ser evidente. Por exemplo, H. G. Koenigsber er descrev~m~no-m~ndo,
reduzida (a Espanha e os Países Baixos. sem a Europa Central) acabaria por ser «exces- de a Espanha explorar a sua colónia sicili ana atribuindo-a à f 1 : . ª•~capacidade
sivamente vasto» em tcm1os da sua capacidade para manter a sua cabeça financeira fora de arece-me colocar o carro à freme dos bois. A Espanha n'o ta tah uma teonapoht1ca ',.'. ls10
P . d . . a '" a uma teona que fomentasse
água. dada a enom1e inflação'"'· uma carga financeira superior ao seu va lor como fonte de 0 estabelecimento um monopólio comercial na Sicília porque, burocraticamente estava ·.á
r receitas. e muito especialmente talvez nesta etapa inicial do capi1ali smot1'l, A Espanha era excessivament~ dispersa p~ra ex pi.orar a.dcquadamente 0 seu império. Dedicava a s~a ener ~a
um império quando o que era necessário no século XVI era um Estado de tamanho médio. principalmente a manutençao dum 1mpéno nas Américas, bem como à guerra nos Países Bai;os
A sua burocracia acabava por ser inadequada porque a Espanha imperial exigia uma burocra- e ao gov.emo da Espanha. Para manter o seu império na América linha que investir numa-,
cia maior do que a que podia construir. dados os seus recursos humanos e financeiros. Esta é burocracia cresc_endt.e .~~e mantivesse sob controlo os colonos espanhóis e os aliados destes
a causa fundamental daquilo a que os historiadores chamaram a «lentidão" da burocracia entre a nobreza m ia •
,_espanhola'"'· Poderia o .i mpério ~spanho.I ter funcionado? Talvez, se tivesse sido estruturado de -'
maneira diferente. Co"'.º. diz Koemgsberger: «A sua debilidade fundamental era( ... ) a estrei-
teza da s ua base !nbutana. ~astela e a prata financiavam e defendiam 0 império; os outros
junros estados cada vez mais vastos. cada vez mais numerosos, proJongados para além dos mares. ao nível dum mundo
que medido cm termos do sofrimenro, tempo e fadiga dos homens, é muito mais semelhan1e a um cosmos do que 0 domínios eram, em grau maior ou menor, espectadores» '"'· Ferrán Soldevila documenta a
nosso mllito pequeno planeta do sécu lo XX.(... ) Foi sob o impulso da América no fim da conquista que o império de maneira como os castelhanos excluíram deliberadamente do comércio hispano-americano um
Carlos V foi dividido, ou. ma.is precisamen1e, constituído à volta do seu eixo de abastecimenro. o tráfico entre Sevilha grupo tão «próximo» como os catalães C79l_ Mas se tivesse sido estruturado doutra maneira não
,_e as C=íbas [pp. 270-271 )•.
72. • O imperi:llismo de Carlos V, ao conlrário do do seu filho. foi essencialmenle um imperialismo baseado
teria sido um império, que é precisamente onde queremos chegar. Se os catalães tivessem sido
EnU:
na Euro~ _os 1erri1órios ~~pcus de Carlos•.foram os Países Baixos e a Itália que aguem.aram com 0 peso das incorporados num Estado único, juntamente com os castelhanos. coisa que não aconteceu, e
despesas unpena.1s durante a pnme1ra metade do remado. Mas como sucessivamenle ambas secaram de ião espremi- se as ambições imperiais de Carlos V não tivessem sangrado Castela nem a tivessem levado
das. Carlos foi compelido a procurar noulro lado fontes adicionais de rendimento. ( ... ) (Depois de J540J as con-
a inevitáveis conflitos de interesses com partes do seu império, conflitos que eram autodestru-
tribuições financeiras da Espanha - que significava essencialmente Castela - ass umiram uma imponância cres-
ccnre em relação à dos Pai.ses Baixos. (...) tivos "º',então a Espanha talvez pudesse ter tido realmente alguma possibilidade de se trans-
O fracasso do Imperador em ex1rair maiores contribuições da Coroa de Aragão tomou-o inevi1avelrnen1e formar num Estado do centro da economia-mundo europeia. Em vez disso. o excesso de -
c~ vez mai_s dependente dos r~cursos fiscais de Caste la. onde as Cortes eram de longe menos poderosas e onde
extensão limitou-se a esgotar Carlos V e os seus sucessores.
r ha\'13 fon1es 1mporunces de rend1men10 fora do co~t_rolo das Cortes"'. Elliou, /mperial Spain. pp. 197, 199.
Car~os _V. enfren~do o 1orment.o da penuna. perpétua como o Inferno. sabia que a economia era a serva
"!as
dos _.scus ~.s1gn1~. a
nao teve à sua d1spos rçiio uma política congruente com hegemonia espanhola que con-
duZJu ao ~u zémt~. Nem ele nem os castelhanos começaram a entender, mesmo que rudimentanneme, os lampejos 76. «Visto q ue a Sicília era um reino de há muilo estabelecido. gozando de relações comcrtiais uadicio-- ,.
dum~ pohuc~ nacional. Os seus poderes não eram lã.o grandes quanco as suas aspirações eram elevadas, e mesmo nais com os se11s vizinhos. nunca ocorreu a9s homens de Estado espanhóis tratá-la como as colónias americ.:mas. A
que ~~esse sido capaz ~ c~ebcr uma políLic.a adequada, que na es fera imperial lhe foi proposca por Gauinara, ausência duma teoria do império espanhola desen volvida na Europa salvou a Sici1ia do monopólio de com&cio que
'-- é du idoso que. ~ a s11uaçao, a pudesse ter_1mpl~menl3do. As causas múl1iplas des1es actos penosos deixaram a Espanha impunha aos colonos no novo mundo. FaJ1ando uma coordenação genuín:.. d:>s recursos económicos. ui
~tela empobrecida. apesar da chegada e do imed1a!O transbordo das maiores quantidades de riqueza da econo- monopólio de comércio teria sido o único modo pelo qual o imperialismo económico espanhol se poderia Ler mani-
mia ~ma~. Ramon ~de. Carlos \1 y sw banqut!ros: La vida económica en Castilla (1516-1556), 2.' ed. festado. A Sicília não era capaz de se emancipar da tutela financeira dos banque iros genoveses e da sua dependência
0tadrict Soc1edad de Esrud1os y Publícacíones, 1965j, 1. p. t40. comercial e industrial em relação aos produtore s venezianos e ílorentinos: mas os seus cidadãos eram. pelo menos.
tt.. ' • 73. "'lNJesta tcmpesrade de preços. foram os estados mediterrânicos, ou os situados junto ao Medilerrâneo capazes de \'ender a ma ior pane do ·seu trigo e seda àqueles que os abasteciam com produ1os ac:ibados•. H. G.
maJ.S af~ que os ouuos ou não? Uma resposta afirma1iva parece-nos provaveJmenre correcta pelo menos n~ Koe:nigsberger. The Gmwnmenr o/ Sicily Under Philip li o/ Spain "fLondre s: Staples Press. 1951 ). 143.
,J:r:..~~:!e~~~~!';;!t1;~~B~. se tiver em menle as enormes despesas de guerra neste im~rio demasiado 77. «Da década de 1570 cm diante era evidente que as operações de iniciali\·a privada e a adminisuação
colonial tinham de ser modificadas para restringir a bru1alidade sem limiles dos espanhóis e dos se~ aliados. os
OI

.,,. teta.. cujJ ~~~~~~:~:o ~ ver-se d~.nlr~ do..Irnpério. (... ) o isolamento, no se io da Europa, de Cas-
7 caciques da nobreza ameríndia através de quem e les operavam para ob1er tribulos e trabalho. Para a efic1e~tc preser-
. fardos que. por causa dcst.e isolamen~~~~ pou;1~~ºsc~ ourros membros do lmpfoo e a muhiplicidade de
vação, organiza"Ção e manipulação das comunidades índias era necessário urban izá-las. cristianizá-las e incorporá-
-las na economia europeia ociden tal"'. Stanley J. e Barbara H. S1ein, Tht Colonial llerüage ofliJcinAmerica (l...oodres
Peru Su:= =~se um::~~=o ~logo_ n~ ~méric~ onde os dinâmicos sectores mineiros do México e do
T"vez
50
mais deficiente. ~ c~o se os bordos ~xrgencias rapidamenre cres_ce~les d um a periferia financeiramente cada
e Nova lorque: Oxford Univ. Press, 1970), 71.
78. H. G . Koenigsberger, • The Europcan Cívil Wa<•, ín The Hopsburgs and Europe. 1516-l óóO (!rhaea, •
como $oC o custo da coesão im ·a1 à • p . los a !teparar-se d? corpo pnnc1pal, se tomassem extremamente pesados, Nova Iorque: Comei! Unív. Press, 1971), 257. . .
ultrapasse todas as ro r ões ~n ·. mechda qu: a econom1_a muda de expansão para comracção a longo prazo. 79. Ver Ferran Soldevila, "Barcelona demana a l'Emperador Catks V L' au1orització perª comc:c~ ..
rior no ou1ro. J.sio é ~:~lo '~r~dade de c~sao e de dominação, Castela num caso, o México ou o Peru Supe- directarnent arnb Ame rica ( 1522 )~. in Studi in onore di Amintort Fanfani, V: Em moderno e conumporoneo (M ilão.
Ca.sttta. desencadeia-se um ressur ime~~:e:ó;i no séc~J? ~periferias ila.Jiana e flamenga~ se~aram- de
xvn!. Dou. A. Gíuffre-E<l.J, 638-641. . madc ind da, <
1
nos quais se acabna por <ksgasia:. sem pro\'eito p : :n~~ ;:.· t'.:;Wldo-a dos seus encargos de.cotsão 1mpcnal, . 80. P~r exemplo. ver Malowisc: •!odaa pcnurbação nos fome.c~ntos de a~::a;:aiexos e ;;ai~sav':n 0

tomaram:;a~~c~%sas~u:::~~e~~: med:irrânicas, elementos di~icos na primeira metade do século XVI,


por meio de soldados e dinheiro, semp~ ~ r menii:;;emenros passivos pelos quais era preciso pagar, mantidos
Polónia produzia uma subida no custo de vida na Holanda e nourras pro" ínctas d<ni p .
8 8
comércio ex remo holandês por impedirem a troca de bens com os países da Península lbénca. co~ õere
tanh.1

a lnglacen:a. Assim, os mercadores de Amesterdã~ ~das cidades vizinhas te~r_av: mant;~!::5 ;~~uranrc 3
e:=
·,
L esforço adicíonal para a defesa comum • . 0ia::. ~'/.m,"~~/{º"'f' Aragão cm 1640) quando se pedia deles um
75. \'cr Braudel, ÚJ Midirerranle. I, p. 343. • 1), pp. 248-249.
e a Polónia, e opuseram-se cnergícamcnlc à pohuca de Carlos \' de hosuhda p=
primeira meJade do século XVI, potr1ica que provocou o cncerramenro do Sunda e tornou po
rtanto impossível o

acesso ao BáJricoit. Economic History Re••iew, XII. p. 185. J

180 181

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que 0 imperialismo europeu de Carlos V chegou a ser indevidamente cus.toso ~ara a Espanha, Uma vez mais, a van~gem estrutural duma economia-mundo sobre um . .
especialmente para Castela m'. De facto. Brau<;lcl argumenta que mesmo o 1111pcno
1
na sua fonna como sistema, parece ser evidente. Por exemplo, H. G. Koenigsber er descrev~m~no-m~ndo,
reduzida (a Espanha e os Países Baixos. sem a Europa Central) acabaria por ser «exces- de a Espanha explorar a sua colónia sicili ana atribuindo-a à f 1 : . ª•~capacidade
sivamente vasto» em tcm1os da sua capacidade para manter a sua cabeça financeira fora de arece-me colocar o carro à freme dos bois. A Espanha n'o ta tah uma teonapoht1ca ',.'. ls10
P . d . . a '" a uma teona que fomentasse
água. dada a enom1e inflação'"'· uma carga financeira superior ao seu va lor como fonte de 0 estabelecimento um monopólio comercial na Sicília porque, burocraticamente estava ·.á
r receitas. e muito especialmente talvez nesta etapa inicial do capi1ali smot1'l, A Espanha era excessivament~ dispersa p~ra ex pi.orar a.dcquadamente 0 seu império. Dedicava a s~a ener ~a
um império quando o que era necessário no século XVI era um Estado de tamanho médio. principalmente a manutençao dum 1mpéno nas Américas, bem como à guerra nos Países Bai;os
A sua burocracia acabava por ser inadequada porque a Espanha imperial exigia uma burocra- e ao gov.emo da Espanha. Para manter o seu império na América linha que investir numa-,
cia maior do que a que podia construir. dados os seus recursos humanos e financeiros. Esta é burocracia cresc_endt.e .~~e mantivesse sob controlo os colonos espanhóis e os aliados destes
a causa fundamental daquilo a que os historiadores chamaram a «lentidão" da burocracia entre a nobreza m ia •
,_espanhola'"'· Poderia o .i mpério ~spanho.I ter funcionado? Talvez, se tivesse sido estruturado de -'
maneira diferente. Co"'.º. diz Koemgsberger: «A sua debilidade fundamental era( ... ) a estrei-
teza da s ua base !nbutana. ~astela e a prata financiavam e defendiam 0 império; os outros
junros estados cada vez mais vastos. cada vez mais numerosos, proJongados para além dos mares. ao nível dum mundo
que medido cm termos do sofrimenro, tempo e fadiga dos homens, é muito mais semelhan1e a um cosmos do que 0 domínios eram, em grau maior ou menor, espectadores» '"'· Ferrán Soldevila documenta a
nosso mllito pequeno planeta do sécu lo XX.(... ) Foi sob o impulso da América no fim da conquista que o império de maneira como os castelhanos excluíram deliberadamente do comércio hispano-americano um
Carlos V foi dividido, ou. ma.is precisamen1e, constituído à volta do seu eixo de abastecimenro. o tráfico entre Sevilha grupo tão «próximo» como os catalães C79l_ Mas se tivesse sido estruturado doutra maneira não
,_e as C=íbas [pp. 270-271 )•.
72. • O imperi:llismo de Carlos V, ao conlrário do do seu filho. foi essencialmenle um imperialismo baseado
teria sido um império, que é precisamente onde queremos chegar. Se os catalães tivessem sido
EnU:
na Euro~ _os 1erri1órios ~~pcus de Carlos•.foram os Países Baixos e a Itália que aguem.aram com 0 peso das incorporados num Estado único, juntamente com os castelhanos. coisa que não aconteceu, e
despesas unpena.1s durante a pnme1ra metade do remado. Mas como sucessivamenle ambas secaram de ião espremi- se as ambições imperiais de Carlos V não tivessem sangrado Castela nem a tivessem levado
das. Carlos foi compelido a procurar noulro lado fontes adicionais de rendimento. ( ... ) (Depois de J540J as con-
a inevitáveis conflitos de interesses com partes do seu império, conflitos que eram autodestru-
tribuições financeiras da Espanha - que significava essencialmente Castela - ass umiram uma imponância cres-
ccnre em relação à dos Pai.ses Baixos. (...) tivos "º',então a Espanha talvez pudesse ter tido realmente alguma possibilidade de se trans-
O fracasso do Imperador em ex1rair maiores contribuições da Coroa de Aragão tomou-o inevi1avelrnen1e formar num Estado do centro da economia-mundo europeia. Em vez disso. o excesso de -
c~ vez mai_s dependente dos r~cursos fiscais de Caste la. onde as Cortes eram de longe menos poderosas e onde
extensão limitou-se a esgotar Carlos V e os seus sucessores.
r ha\'13 fon1es 1mporunces de rend1men10 fora do co~t_rolo das Cortes"'. Elliou, /mperial Spain. pp. 197, 199.
Car~os _V. enfren~do o 1orment.o da penuna. perpétua como o Inferno. sabia que a economia era a serva
"!as
dos _.scus ~.s1gn1~. a
nao teve à sua d1spos rçiio uma política congruente com hegemonia espanhola que con-
duZJu ao ~u zémt~. Nem ele nem os castelhanos começaram a entender, mesmo que rudimentanneme, os lampejos 76. «Visto q ue a Sicília era um reino de há muilo estabelecido. gozando de relações comcrtiais uadicio-- ,.
dum~ pohuc~ nacional. Os seus poderes não eram lã.o grandes quanco as suas aspirações eram elevadas, e mesmo nais com os se11s vizinhos. nunca ocorreu a9s homens de Estado espanhóis tratá-la como as colónias americ.:mas. A
que ~~esse sido capaz ~ c~ebcr uma políLic.a adequada, que na es fera imperial lhe foi proposca por Gauinara, ausência duma teoria do império espanhola desen volvida na Europa salvou a Sici1ia do monopólio de com&cio que
'-- é du idoso que. ~ a s11uaçao, a pudesse ter_1mpl~menl3do. As causas múl1iplas des1es actos penosos deixaram a Espanha impunha aos colonos no novo mundo. FaJ1ando uma coordenação genuín:.. d:>s recursos económicos. ui
~tela empobrecida. apesar da chegada e do imed1a!O transbordo das maiores quantidades de riqueza da econo- monopólio de comércio teria sido o único modo pelo qual o imperialismo económico espanhol se poderia Ler mani-
mia ~ma~. Ramon ~de. Carlos \1 y sw banqut!ros: La vida económica en Castilla (1516-1556), 2.' ed. festado. A Sicília não era capaz de se emancipar da tutela financeira dos banque iros genoveses e da sua dependência
0tadrict Soc1edad de Esrud1os y Publícacíones, 1965j, 1. p. t40. comercial e industrial em relação aos produtore s venezianos e ílorentinos: mas os seus cidadãos eram. pelo menos.
tt.. ' • 73. "'lNJesta tcmpesrade de preços. foram os estados mediterrânicos, ou os situados junto ao Medilerrâneo capazes de \'ender a ma ior pane do ·seu trigo e seda àqueles que os abasteciam com produ1os ac:ibados•. H. G.
maJ.S af~ que os ouuos ou não? Uma resposta afirma1iva parece-nos provaveJmenre correcta pelo menos n~ Koe:nigsberger. The Gmwnmenr o/ Sicily Under Philip li o/ Spain "fLondre s: Staples Press. 1951 ). 143.
,J:r:..~~:!e~~~~!';;!t1;~~B~. se tiver em menle as enormes despesas de guerra neste im~rio demasiado 77. «Da década de 1570 cm diante era evidente que as operações de iniciali\·a privada e a adminisuação
colonial tinham de ser modificadas para restringir a bru1alidade sem limiles dos espanhóis e dos se~ aliados. os
OI

.,,. teta.. cujJ ~~~~~~:~:o ~ ver-se d~.nlr~ do..Irnpério. (... ) o isolamento, no se io da Europa, de Cas-
7 caciques da nobreza ameríndia através de quem e les operavam para ob1er tribulos e trabalho. Para a efic1e~tc preser-
. fardos que. por causa dcst.e isolamen~~~~ pou;1~~ºsc~ ourros membros do lmpfoo e a muhiplicidade de
vação, organiza"Ção e manipulação das comunidades índias era necessário urban izá-las. cristianizá-las e incorporá-
-las na economia europeia ociden tal"'. Stanley J. e Barbara H. S1ein, Tht Colonial llerüage ofliJcinAmerica (l...oodres
Peru Su:= =~se um::~~=o ~logo_ n~ ~méric~ onde os dinâmicos sectores mineiros do México e do
T"vez
50
mais deficiente. ~ c~o se os bordos ~xrgencias rapidamenre cres_ce~les d um a periferia financeiramente cada
e Nova lorque: Oxford Univ. Press, 1970), 71.
78. H. G . Koenigsberger, • The Europcan Cívil Wa<•, ín The Hopsburgs and Europe. 1516-l óóO (!rhaea, •
como $oC o custo da coesão im ·a1 à • p . los a !teparar-se d? corpo pnnc1pal, se tomassem extremamente pesados, Nova Iorque: Comei! Unív. Press, 1971), 257. . .
ultrapasse todas as ro r ões ~n ·. mechda qu: a econom1_a muda de expansão para comracção a longo prazo. 79. Ver Ferran Soldevila, "Barcelona demana a l'Emperador Catks V L' au1orització perª comc:c~ ..
rior no ou1ro. J.sio é ~:~lo '~r~dade de c~sao e de dominação, Castela num caso, o México ou o Peru Supe- directarnent arnb Ame rica ( 1522 )~. in Studi in onore di Amintort Fanfani, V: Em moderno e conumporoneo (M ilão.
Ca.sttta. desencadeia-se um ressur ime~~:e:ó;i no séc~J? ~periferias ila.Jiana e flamenga~ se~aram- de
xvn!. Dou. A. Gíuffre-E<l.J, 638-641. . madc ind da, <
1
nos quais se acabna por <ksgasia:. sem pro\'eito p : :n~~ ;:.· t'.:;Wldo-a dos seus encargos de.cotsão 1mpcnal, . 80. P~r exemplo. ver Malowisc: •!odaa pcnurbação nos fome.c~ntos de a~::a;:aiexos e ;;ai~sav':n 0

tomaram:;a~~c~%sas~u:::~~e~~: med:irrânicas, elementos di~icos na primeira metade do século XVI,


por meio de soldados e dinheiro, semp~ ~ r menii:;;emenros passivos pelos quais era preciso pagar, mantidos
Polónia produzia uma subida no custo de vida na Holanda e nourras pro" ínctas d<ni p .
8 8
comércio ex remo holandês por impedirem a troca de bens com os países da Península lbénca. co~ õere
tanh.1

a lnglacen:a. Assim, os mercadores de Amesterdã~ ~das cidades vizinhas te~r_av: mant;~!::5 ;~~uranrc 3
e:=
·,
L esforço adicíonal para a defesa comum • . 0ia::. ~'/.m,"~~/{º"'f' Aragão cm 1640) quando se pedia deles um
75. \'cr Braudel, ÚJ Midirerranle. I, p. 343. • 1), pp. 248-249.
e a Polónia, e opuseram-se cnergícamcnlc à pohuca de Carlos \' de hosuhda p=
primeira meJade do século XVI, potr1ica que provocou o cncerramenro do Sunda e tornou po
rtanto impossível o

acesso ao BáJricoit. Economic History Re••iew, XII. p. 185. J

180 181

Scanned by CamScanner
Em 15560 império dividiu-se. Carlos V abdicou . Filipe li de Espanha, s.eu filho, rece- As consequên ci~ para a França do facto de não , .
beu os Países Baixos . mas as terrns da Europa Central passaram a ser tcrntónos scpar..idos. terra, uma rclat1va fu sao da nobreza com a nova entr~ ter 1 prnduz1do, como em Jngla- 'ª
Em 1557 , Filipe declarou-se cm bancarrota. No conjunto Espanha-P~íses Bai xo: ,º. centro de momento concentremo-nos nas suas impli cações p! ra a> c~merciance foram múliiplas. De
gravidade político deslocou-se novamente para a Espanha quando F1hpe paraª' fo1 viver em dia!. Edward Miller ass inala que a força política dos ipolmca do Estado no sistema mun- -
~ 1559. Corn i so sobreveio a Revolução dos Países Baixos'"'· que acabou, cerca de oitenta Ingl aterra que em França. Por consequência, a lít ica nteresse.s comerciais era maior em
anos depoi s, ao fim de muitos trabalhos . idas e vindas. na di visão da, área e~tre as Províncias aberta na Baix a Idade Média"''. o rcsultad 0 lº
• comercial francesa era muito mais
mais poderosa, no princípio do século XVI ~n~ foi .que, ape ar de ter uma burocrac ia
1
Unidas. ao None . independentes e calvinistas (mai s ou menos os Pa1ses Baixos actua1 s), e os
direcção económica»,.., que a Jnglaicrra A a rança tinha adqu irido menos «poderes de
chamados Países Baixos espanhóis. ao Sul, católicos (mai s ou menos a Bélgica contemporânea).
empurraram o monarca francê s para ambiç~ p.ressões. do fiscalismo. numa tal situação:-
Mas e ta cri se não foi somente uma crise espanhola, ou uma crise imperial dos Habsburgo.
também as tinham. Podia ter tentado uma cx p~'.":pe~iai s, forriori porq ue os Habsburgo
ª
Foi um ponto crucial na evolução da economia-mundo europeia, pois um elemento funda-
tava-lhe o capital internacional por trás ou SeJ· sao u traman na, como a Espanha. mas fal-
mental nesta revolução foi a paz de Cateau-Cambrésis, assinada pela Espanha e pela França ' a. o capi tal do Norte de Itál ia' '. A aliema-
em 1559. Para compreenderrnos a imp0nãncia deste tratado devemos fixar-nos primeiramente
1
na outra candidata ao domínio imperial, a França. uma imunidade tributária e os nobres , se en1ra varn em negóc'
Nenhum país ilustra melhor que a França os dilemas dos estados europeus ocidentais o Estad o perdi a alg um do ~eu novo e i:mpon ante rendimento.'~:)~~=: com eles a sua im:i"ida&: pc~ool. e
no «primeiro» século XVI. Por um lado, provavelmente nenhum outro Estado europeu emer- r~ceosa da nobreza para nao ousar reurar-lhe a imunidade.-. Rushlon Coulbou França ~ra sufic1entementl!
hs m », Part UI , R~shton_ Coul~um, ed., Feudalism in ffotory. p. 31 6 _ m. • A Compara.1Ye Study of Feuda-
giu dos fins da Idade Média com uma monarquia comparativamente mais fone '" '· Analisámos
já num capítulo anterior as explicações de Bloch sobre as diferenças entre a França, a Ingla- comercia~;,· à ';:z ~~esnuç:~odn~% ~~~e [~~e~~~~r~~ ~e~ae;~~~::::ança
1 1
mais u~a_.
\ ' CZ um de loc~ encon~ro
ck rotas""
da "mulLipJic~ção_" do ~ráfico e das mercadorias dentro do reino. (~1u::;~pai.s e de que ~ nqueza .havia d~ provir
terra e a Europa Oriental em terrnos dos tipos de propriedade da terra tal como emergiram no
em certa medida mscnto do la~o dos imeresses co merciais nativos e falhou ~~então.o apcoodo P.º \~mo fot apena.~
século XVI, baseados nas diferentes dinâmicas das suas estruturas jurídicas na Baixa Idade forma pcrmane~temenle org amzada >'. Miller. Cambridge Economic llistory of ~u~~~~J~;-~~3~~~ses.
de uma
Média. Enquanto o sistema inglês permitia, como vimos, uma redefinição legal da proprie- 86. lb1d .. p. 3 38. Joseph Scryer defend e do mesmo modo q p · · .
dade para satisfazer as novas necessidades dos proprietários entre os séculos XIV e XVI, na admini s tração mascarav a uma muno meno r uni formidade legal ue 1 rrnu

:a.
13 f
~e~a ck nw~.ccntrahzação
política eco nómica nacional : « Para a França como para a Jn glatc ' e d u~ muito m~n?r \•1ab1hd.adr: ~ uma
a~ fi~anças. edi;:~3i:nt~~ente~~ee~:es:: tn:,~t~~ol~· ~~to
estas definições estavam mais congeladas em França. Daí que a nobreza tivesse que ser poli- 1 1
eram a jus1iça e Mas os rt:i s france ses tinham de
ticamente mais activa para conservar as suas vantagens. Assim, conquanto Bloch assinale eram de longe m~1s simples ~ menos formali zada.lõ que as de Inglaterra.( ...) · i.; pnmilnas
adequadamente a «decadência da justiça senhorial » C8J> em França no século XVI, também é . . [~~ ) muita~ anexaçoc~ [pela França. nos sécul os XII e XIII) puse ram st rias questões ao ovemo francês
As mstttu1 çoes rela11~a~cn1e simpl es que tinham si~o adequadas para reger um domínio real pequ!io renarn c.lilTil~
ceno que, como assinala Rushton Coulboum, a política da nobreza conduziu a uma estrutura
m~nte de se r exp~d1~ a~ <: re fin ada s para poderem hdar com as áreas e populações muito mai o~ s agora su · itas ao
económica menos capacitada para manobrar na nova economia-mundo'"'J.
:,~~~;~:C,~~ouv:~~,~~l~n:,~.':~'~~~s f..'~prias insticuições e cost umes. que eram muim vezes mais sofistf~do.< e
. A solução básica para es:cs problem~. foi descobena por Filipe Au gusto ( 11 S0-1~2 3). 0 rei que foi 0 vcr-
De modo idêntico. os mercadores de Antuérpia estavam feridos pelas tentativas de Carlos V para manter d~d~ 1ro fun~ador_ do Es tad o francc s._ E le pcrm1t1u que cada prOYincia manti\·esse os seus própnos costumes e msti-
um rotio fixo entre o ouro e a prata, o que conduziu em vários locais à inundação de ouro vindo dos Países Baixos lu1çoes. mas en~1ou homens ~e Pans para preencher 1cxlos os cargos pro\·inciais impon antes. As.sim. os nibunais
para a França. VcrFlorcnce Elder . .cThe Effects ofthe Finanlial Measures of Charles Von the Commerce of Antwerp, "~1:'1 ~nd os conrmu~am a aplicar a lei nonnanda. mas os funci onários que a eles p~s i diam não eram normandos.
1539-42•, R'""' belgr de philologie e1 d'hisroire, XVI, 3-4, Julho-Dez. 1937, 665-673. mas_sim a ~e nt es reais rec rurados sobretudo nos velhos domínios reai s. O orgulho provincial era aplllCado. enq u:into
)( 81. Para um rela10 do seu conteúdo social e uma avaliação das suas causas, ver J. W . Smit, .. The Nclher· o rei mantinha um control o cfectivo das suas novas posscssões. L .)
lands. Revolution •. in Roben Forst~r e Jack P. Greene, eds., Preconditions of Re,,o/ution in Early Modern Europe (Por c~n1.ras1c. º. Estado in glês, com a sua insi sl~ncia em leis e inslituições un iformes. tinha gr:mde difi -
(Balumore, Maryland: Johns Hopkins Press, 1970), 19-54. O anigo contém uma boa e sucinta bibliografia. culdade .em ass1m1lar regu)es com Lr;.1dições políticas es pecíficas. tais como os principados de Gales ou os minú.s-
"' 82. ·~a em França que~ bases para uma monarquia absolula eslavam melhor lançadas.( ... ) Com efeito. c~l~s reinos da .Irlanda). Mas o cmcrgenlc Estado francês tinha de pagar um ~sado preço peb sua fü.xib ilidade:. Os
desde.a fa!Cnc1a dos Estados Gerai s de 1484 não havia reivindicação de liberdade privada ou pública que pudesse dmgente s locais es ravam prin cipalmenle preoc upados com a presen1ação de costumes e pri \; lé-gios locais; eles
ser feua contra (a auloridade] do re i•. Mousnier, les XV/' et XVW siec/es, p. 100. d_e sc_o nfia.vam d o governo ccnlra l 1al como o governo central dl!sconfiava deles. Não podiam ~ r utilizados de modo
r VcrEJi F. Hed .scher: ... Geograf!camentc . (a Frmça) era um reino compacto e unificado já na primeira metade s ig~ificar1 vo no trabalho da adminislrnção local. De facto. a rtgra bisica da admini~tração fr.in cesa ('í3 que nin gu ~m
do século. XVI. quase completam~nte livre de enclaves e de eslados soberanos sobrepostos. O seu monarca tinha devia exercer cargos na sua província natal" . On rhe Mediaal Ori.i,:ins of tht MMfern Staff. pp. 49-5 1.
talvez maior poder sobre o ~u pais do que qualquer outro na Europa e, por fim , os seus homens de Estado tinham 87. <e Nos sé culos XV e XVI, a França falh o u duas vezes nos sete mares dri mundo. !...) Falhou no século
dcsd~ tempos rc~otos scgmd~ u_ma. política económica consciente, na qual as ponagens tinham um propósito XV quando as grandes de sco OCrtas foram feilas sem os se us marinheiros- ('I U qu a~. f 3. lhou no\·amcnte no século
definido a c~mpnr. ( ... ) A pers1stenc1a de .formas feu~~s de organização manifestou-se realmente apenas nas por- XVI quando(. .. ) desisliu da luta por rolas. ilhas, c:osias e lucros no Atl ânlico. na ..\frica e na Arntrica. (... )
tagens em nos e estradas, f!eaf:t!S (peda~1a), ':1'15· ad1c1onaJmente, sobreviveram as ponagens de cidade - aqui, . A preocupação predominante. mesmo anlcs da Guerr.l dos Ce m Anos. linha sidn, desde que as galés geno·
t..~:~:°~ ~~:~~.~l~~~~~ ~~;~~om1a mais ou menos au16noma da cidade ,.. Mercantilism. l, ed. rev . (Londres:
7 v~sa~ tmham feit o com s ucesso a li gação entre o Meditcrr:in co e o Mar do Non.c. a n dus.'.io em rC" l~ção aos gnmdes
cucunos de comércio das rotas tran scontinentais e da economia frJn cesa. As feira..;. da Champagnc unham dLJrado só
"X 83. Bloch, Caracrües originaux, l. p. 107. um pouco. Agora, sem se ter em cons ideração es ta colaboraçiio da economia ger.d . quero dizer. S(' m o apoio de Veneza
'< ' •84 . .:No século x.v • 3 no~rcz.a [francesa] tinha mostrado a mesma 1endência ara se associar com os ou Génova, sem a cumplicidade do capital internacional nórdico ou italiano. como se pod~ em:io e.~pli. car Lisboa ou
.. ~ rorurtf!rs {plebeus]. cor~o
unham feno _os seus pares em Inglaterra, mas no século XVJ : governo rocurou deli-
ª c~ptura de Ceuta, ou essas rotas que os genoveses andavam a estabelecer na Andaluzia. ou ainda. muno ~~is tarde.
''' ~c~~~~~~:'re~~~ ~s,::'bl~~~nr'.;;gu~~~~r
q
meio de legislação que interditava o comércio e out~ actividades
rança, como em munas pafscs conunenta1s, a nobreza tinha edificado
a v1~gem de Magalhães? Por detrás da boa sorte ibérica há eSlc ímpeto dos sóculos XIV e XV. esta cumplletdadc do
capualis mo internacional e o seu reunir forças com Sevilha. Li sboa e mais t.ardc An[uérpia. cidades com destmos

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Em 15560 império dividiu-se. Carlos V abdicou . Filipe li de Espanha, s.eu filho, rece- As consequên ci~ para a França do facto de não , .
beu os Países Baixos . mas as terrns da Europa Central passaram a ser tcrntónos scpar..idos. terra, uma rclat1va fu sao da nobreza com a nova entr~ ter 1 prnduz1do, como em Jngla- 'ª
Em 1557 , Filipe declarou-se cm bancarrota. No conjunto Espanha-P~íses Bai xo: ,º. centro de momento concentremo-nos nas suas impli cações p! ra a> c~merciance foram múliiplas. De
gravidade político deslocou-se novamente para a Espanha quando F1hpe paraª' fo1 viver em dia!. Edward Miller ass inala que a força política dos ipolmca do Estado no sistema mun- -
~ 1559. Corn i so sobreveio a Revolução dos Países Baixos'"'· que acabou, cerca de oitenta Ingl aterra que em França. Por consequência, a lít ica nteresse.s comerciais era maior em
anos depoi s, ao fim de muitos trabalhos . idas e vindas. na di visão da, área e~tre as Províncias aberta na Baix a Idade Média"''. o rcsultad 0 lº
• comercial francesa era muito mais
mais poderosa, no princípio do século XVI ~n~ foi .que, ape ar de ter uma burocrac ia
1
Unidas. ao None . independentes e calvinistas (mai s ou menos os Pa1ses Baixos actua1 s), e os
direcção económica»,.., que a Jnglaicrra A a rança tinha adqu irido menos «poderes de
chamados Países Baixos espanhóis. ao Sul, católicos (mai s ou menos a Bélgica contemporânea).
empurraram o monarca francê s para ambiç~ p.ressões. do fiscalismo. numa tal situação:-
Mas e ta cri se não foi somente uma crise espanhola, ou uma crise imperial dos Habsburgo.
também as tinham. Podia ter tentado uma cx p~'.":pe~iai s, forriori porq ue os Habsburgo
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Foi um ponto crucial na evolução da economia-mundo europeia, pois um elemento funda-
tava-lhe o capital internacional por trás ou SeJ· sao u traman na, como a Espanha. mas fal-
mental nesta revolução foi a paz de Cateau-Cambrésis, assinada pela Espanha e pela França ' a. o capi tal do Norte de Itál ia' '. A aliema-
em 1559. Para compreenderrnos a imp0nãncia deste tratado devemos fixar-nos primeiramente
1
na outra candidata ao domínio imperial, a França. uma imunidade tributária e os nobres , se en1ra varn em negóc'
Nenhum país ilustra melhor que a França os dilemas dos estados europeus ocidentais o Estad o perdi a alg um do ~eu novo e i:mpon ante rendimento.'~:)~~=: com eles a sua im:i"ida&: pc~ool. e
no «primeiro» século XVI. Por um lado, provavelmente nenhum outro Estado europeu emer- r~ceosa da nobreza para nao ousar reurar-lhe a imunidade.-. Rushlon Coulbou França ~ra sufic1entementl!
hs m », Part UI , R~shton_ Coul~um, ed., Feudalism in ffotory. p. 31 6 _ m. • A Compara.1Ye Study of Feuda-
giu dos fins da Idade Média com uma monarquia comparativamente mais fone '" '· Analisámos
já num capítulo anterior as explicações de Bloch sobre as diferenças entre a França, a Ingla- comercia~;,· à ';:z ~~esnuç:~odn~% ~~~e [~~e~~~~r~~ ~e~ae;~~~::::ança
1 1
mais u~a_.
\ ' CZ um de loc~ encon~ro
ck rotas""
da "mulLipJic~ção_" do ~ráfico e das mercadorias dentro do reino. (~1u::;~pai.s e de que ~ nqueza .havia d~ provir
terra e a Europa Oriental em terrnos dos tipos de propriedade da terra tal como emergiram no
em certa medida mscnto do la~o dos imeresses co merciais nativos e falhou ~~então.o apcoodo P.º \~mo fot apena.~
século XVI, baseados nas diferentes dinâmicas das suas estruturas jurídicas na Baixa Idade forma pcrmane~temenle org amzada >'. Miller. Cambridge Economic llistory of ~u~~~~J~;-~~3~~~ses.
de uma
Média. Enquanto o sistema inglês permitia, como vimos, uma redefinição legal da proprie- 86. lb1d .. p. 3 38. Joseph Scryer defend e do mesmo modo q p · · .
dade para satisfazer as novas necessidades dos proprietários entre os séculos XIV e XVI, na admini s tração mascarav a uma muno meno r uni formidade legal ue 1 rrnu

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13 f
~e~a ck nw~.ccntrahzação
política eco nómica nacional : « Para a França como para a Jn glatc ' e d u~ muito m~n?r \•1ab1hd.adr: ~ uma
a~ fi~anças. edi;:~3i:nt~~ente~~ee~:es:: tn:,~t~~ol~· ~~to
estas definições estavam mais congeladas em França. Daí que a nobreza tivesse que ser poli- 1 1
eram a jus1iça e Mas os rt:i s france ses tinham de
ticamente mais activa para conservar as suas vantagens. Assim, conquanto Bloch assinale eram de longe m~1s simples ~ menos formali zada.lõ que as de Inglaterra.( ...) · i.; pnmilnas
adequadamente a «decadência da justiça senhorial » C8J> em França no século XVI, também é . . [~~ ) muita~ anexaçoc~ [pela França. nos sécul os XII e XIII) puse ram st rias questões ao ovemo francês
As mstttu1 çoes rela11~a~cn1e simpl es que tinham si~o adequadas para reger um domínio real pequ!io renarn c.lilTil~
ceno que, como assinala Rushton Coulboum, a política da nobreza conduziu a uma estrutura
m~nte de se r exp~d1~ a~ <: re fin ada s para poderem hdar com as áreas e populações muito mai o~ s agora su · itas ao
económica menos capacitada para manobrar na nova economia-mundo'"'J.
:,~~~;~:C,~~ouv:~~,~~l~n:,~.':~'~~~s f..'~prias insticuições e cost umes. que eram muim vezes mais sofistf~do.< e
. A solução básica para es:cs problem~. foi descobena por Filipe Au gusto ( 11 S0-1~2 3). 0 rei que foi 0 vcr-
De modo idêntico. os mercadores de Antuérpia estavam feridos pelas tentativas de Carlos V para manter d~d~ 1ro fun~ador_ do Es tad o francc s._ E le pcrm1t1u que cada prOYincia manti\·esse os seus própnos costumes e msti-
um rotio fixo entre o ouro e a prata, o que conduziu em vários locais à inundação de ouro vindo dos Países Baixos lu1çoes. mas en~1ou homens ~e Pans para preencher 1cxlos os cargos pro\·inciais impon antes. As.sim. os nibunais
para a França. VcrFlorcnce Elder . .cThe Effects ofthe Finanlial Measures of Charles Von the Commerce of Antwerp, "~1:'1 ~nd os conrmu~am a aplicar a lei nonnanda. mas os funci onários que a eles p~s i diam não eram normandos.
1539-42•, R'""' belgr de philologie e1 d'hisroire, XVI, 3-4, Julho-Dez. 1937, 665-673. mas_sim a ~e nt es reais rec rurados sobretudo nos velhos domínios reai s. O orgulho provincial era aplllCado. enq u:into
)( 81. Para um rela10 do seu conteúdo social e uma avaliação das suas causas, ver J. W . Smit, .. The Nclher· o rei mantinha um control o cfectivo das suas novas posscssões. L .)
lands. Revolution •. in Roben Forst~r e Jack P. Greene, eds., Preconditions of Re,,o/ution in Early Modern Europe (Por c~n1.ras1c. º. Estado in glês, com a sua insi sl~ncia em leis e inslituições un iformes. tinha gr:mde difi -
(Balumore, Maryland: Johns Hopkins Press, 1970), 19-54. O anigo contém uma boa e sucinta bibliografia. culdade .em ass1m1lar regu)es com Lr;.1dições políticas es pecíficas. tais como os principados de Gales ou os minú.s-
"' 82. ·~a em França que~ bases para uma monarquia absolula eslavam melhor lançadas.( ... ) Com efeito. c~l~s reinos da .Irlanda). Mas o cmcrgenlc Estado francês tinha de pagar um ~sado preço peb sua fü.xib ilidade:. Os
desde.a fa!Cnc1a dos Estados Gerai s de 1484 não havia reivindicação de liberdade privada ou pública que pudesse dmgente s locais es ravam prin cipalmenle preoc upados com a presen1ação de costumes e pri \; lé-gios locais; eles
ser feua contra (a auloridade] do re i•. Mousnier, les XV/' et XVW siec/es, p. 100. d_e sc_o nfia.vam d o governo ccnlra l 1al como o governo central dl!sconfiava deles. Não podiam ~ r utilizados de modo
r VcrEJi F. Hed .scher: ... Geograf!camentc . (a Frmça) era um reino compacto e unificado já na primeira metade s ig~ificar1 vo no trabalho da adminislrnção local. De facto. a rtgra bisica da admini~tração fr.in cesa ('í3 que nin gu ~m
do século. XVI. quase completam~nte livre de enclaves e de eslados soberanos sobrepostos. O seu monarca tinha devia exercer cargos na sua província natal" . On rhe Mediaal Ori.i,:ins of tht MMfern Staff. pp. 49-5 1.
talvez maior poder sobre o ~u pais do que qualquer outro na Europa e, por fim , os seus homens de Estado tinham 87. <e Nos sé culos XV e XVI, a França falh o u duas vezes nos sete mares dri mundo. !...) Falhou no século
dcsd~ tempos rc~otos scgmd~ u_ma. política económica consciente, na qual as ponagens tinham um propósito XV quando as grandes de sco OCrtas foram feilas sem os se us marinheiros- ('I U qu a~. f 3. lhou no\·amcnte no século
definido a c~mpnr. ( ... ) A pers1stenc1a de .formas feu~~s de organização manifestou-se realmente apenas nas por- XVI quando(. .. ) desisliu da luta por rolas. ilhas, c:osias e lucros no Atl ânlico. na ..\frica e na Arntrica. (... )
tagens em nos e estradas, f!eaf:t!S (peda~1a), ':1'15· ad1c1onaJmente, sobreviveram as ponagens de cidade - aqui, . A preocupação predominante. mesmo anlcs da Guerr.l dos Ce m Anos. linha sidn, desde que as galés geno·
t..~:~:°~ ~~:~~.~l~~~~~ ~~;~~om1a mais ou menos au16noma da cidade ,.. Mercantilism. l, ed. rev . (Londres:
7 v~sa~ tmham feit o com s ucesso a li gação entre o Meditcrr:in co e o Mar do Non.c. a n dus.'.io em rC" l~ção aos gnmdes
cucunos de comércio das rotas tran scontinentais e da economia frJn cesa. As feira..;. da Champagnc unham dLJrado só
"X 83. Bloch, Caracrües originaux, l. p. 107. um pouco. Agora, sem se ter em cons ideração es ta colaboraçiio da economia ger.d . quero dizer. S(' m o apoio de Veneza
'< ' •84 . .:No século x.v • 3 no~rcz.a [francesa] tinha mostrado a mesma 1endência ara se associar com os ou Génova, sem a cumplicidade do capital internacional nórdico ou italiano. como se pod~ em:io e.~pli. car Lisboa ou
.. ~ rorurtf!rs {plebeus]. cor~o
unham feno _os seus pares em Inglaterra, mas no século XVJ : governo rocurou deli-
ª c~ptura de Ceuta, ou essas rotas que os genoveses andavam a estabelecer na Andaluzia. ou ainda. muno ~~is tarde.
''' ~c~~~~~~:'re~~~ ~s,::'bl~~~nr'.;;gu~~~~r
q
meio de legislação que interditava o comércio e out~ actividades
rança, como em munas pafscs conunenta1s, a nobreza tinha edificado
a v1~gem de Magalhães? Por detrás da boa sorte ibérica há eSlc ímpeto dos sóculos XIV e XV. esta cumplletdadc do
capualis mo internacional e o seu reunir forças com Sevilha. Li sboa e mais t.ardc An[uérpia. cidades com destmos

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r:tpil.>1 m1 pnm:ipio ,]l1 ,cculC1 XVI. 1:1mu l: >ºn l:Ol~tu An1ucrp1:1 00 1e~u".1ra111 u ?<•~c:.r tios Nantcst. Nilo ~ui~ a pena discutir qu:.il é ;:i da1:s mai~ •tdcquada. já quc um.OI mud.Jmça dr
fin.L"h.cuo"' Hh.li\ldu.11 .,, até limi1cs 1okr:íh·.1s 1 1..~ 1L,s1111l 1omou·:.e [XJssf\cl rcunu gr.mde~ direcção urga1111.;111va é M!lllpn: gradu.:il.dmlo quc O\ fai:1orc\ 01ru1ura1~ \UbJ:.ccrilc\ !tC mo\·em
lll:t'~·'' ilc 1..tpit.il ltllll t.i:\.:t' de JUrH t11o<li.:r;1da,. .. 1": 1• l.yn~ 11.io fni um tcntro i111crn;1donal corno os ~ laciarc:-..
L~tmiil r\lllu\'rpi:i \\•iqm: 11:-. rd' 1 r.uu:c.,1.·~ 11.·n1:u:un l·~mvcHc-l.1 sm1uil:u~i.:amcmc no ~)roe~ ur!o.C· Ma.\. que houve muda~:u;a. houYc. e v;llc ;a peru dc.scrcvc.r a.'i àmphcaçÕl'.:.!l 4uc ela k\'C:
n:il tin.Ull'Cirn.. ,. •.. T!io· P'Hll·n çomn i:cnl m comcrc1al d1eguu Lyon a 1gu.:1lar Antucrp1a. Em na cconmm~i-rnun<l~ e~ropc1a. Cum..:crmo!oo com u <lc,crição de R. H. Ta~ncy dJ dirccçào
J~>U~·:r;;; p:1b\í:..... 01:up.1\ ;1 um )r,C~u mlo lug.u. . . . orgfüliLntiva Ju 1tprimc1rn~ :-.éculo XVJ:
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i111pé'nu.. dos llab,burgo (.' Jos ValOJ)r, fr.1ca..~s;1rJm
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1 5.~7. t h lbh!tburgo lu:am nt) cm:mto \ •:oi primr:iro3. p;tr.t re.J.l<;ar a s u :1 prinwLia inclu~ivc na um gr-Ju Jc cfic1éncia qu~· cm n;ida crJm not.wclmen1C" inkriorc' n-O!I tlc tré\ \éculu'I f!l3b wdc:.
Jcrroltt. o~ tlm.. fr;tc:t\'\fü fi11.1nl.'~irn ... l·onch11ir.1111 llllllll l r.1pi1b1111..·1nc :ln fim t.lru; luta.. rnili- Antc'i 1.jUC 0 '.11 mai\ org:in11aJo'i \l~tcm;i3 Cl.'01\ÔmiC'O'i: d.a él"'J'':l >e \ l\'ICffi .trniin.ldn\ reu luta
lan:, e :m 1ra1JJ0 dt" C.utc;1u-Camhrési'i 1.k 1559. que iria alh.'rar d ur.ulll" cem ano~ os ccmms cnl.rc a Esp~a e o~ Paí~s Hai ..O\ r: pch\ gLK"rn\ dc rcl1gd oem h :a11\<l. lu\ ·1.1 Lal\ C/ du .ai dou
ea"3..' comc.n:rniscujo.. mC"rcados monetJnos r:r.un <N gcr.kJore.s firutfl( C'lfl)<> dt1 c:on~rcto curorcu
<lc n:í.:rCnoa politic.1 na Europa. Esta' banr;ino1ac; for:.u11 fl(Jr COll!iit•guinlc :1lgo mais que um
e c;uj:i\ opiniões e puli1ic;i eram d~nsi\'3\ na dctcmlimçSo Ja~ co11l!u;õc.'i'. fin.uKc1n.... t'1' nWdc.!.
rraju~Hmu:n!Cl f111;111cdro. T0t!o um mundo linha dcsmoron;ido.
da Fl.u1dn:s. Fmnça e llália, onde ~ a1ingiu um zéni!e, e~ qua1, l lní!latcrr.. cr.a 111 2JJJIU. a
O que: ~~ Jc-.moronou n:Í(l foi m c.rmn-:n1c um:i C'l'M.J c "lrutura J o Estado. Foi m."li~ es'êm:ia d.'I orl!aniT..1ç!io financciradu sfru!o XVI era o Jn1.cmacirnuli~mn. a libcrd..dt de 1oOO e
4ut.· 11 1rág1t."a :lbd1l'.':lÇ<io de Carlos V. no mc10 das lágrima~ dos seus c;wakiros. O que veio qual~ucr cop1talis1.J cmpnx11dcr Ioda cq!U.lqucrlr.lnsxy:W :11.1 )(U :ilcanc-c, unu umdack que: 11nh:i
abaixo foi u sis1em:i mundial. Dur.mtc cem anos a Europ:i linha \1indo a gozar de pros- como sintoma o movimcnlo con~antedc 1Wos m. principab mcn:-3do1 C' como C"k1to :s mob1h-
peridaJe. ()-; homens 1inham 1en1ado m.ufruí-la à antiga maneira. ~1fa.,, os avanços lccno- zaç5o lk íl."4.'Uf'SOS imcn..'-Os nus pomos eMmé.gioos d.a firunç;1 1ntcm..tcion.ll. O ~u centmc ,.&nbtilo
lóg~th e a irrupção <lc elementos c:1pi1:ilis1a.s tinh:1m já progredido demasiado para 4ue cni a Dolsa de Antuérpia, com o seu signific.oil1\'Ulema. ~Ad wum marnmrum rJ1)t01/:.it goi:iJ
m· linx 1we ... n ndc, como di:...;c G1.11ccian:lini. :'!A' 1X'Ji.am ou\'ir 10Ws ilS lin~u.li di Tcrru. ou u
feiras de L)·on. que form:t\':Sffi. !<teguritlo :t~ r:il:lsras dum \·cnctiilnO. • J b:i~ da~ triUl.u cçüa
hga.00'. rui•\' d 1•' ul1npal~''olm "frllçi.. A culmm;ir 1\lo 1udo (... )os dnma"> d.I Guerra dos Cem Aoos loma\•am
11,1;lo> pmr. Tom>1~4Ill J'10f, ma_~ r.Jo c11a\':im u11u cnse que Jli 1111N ) 1111.l dt~nc.:Wead.I com :s rcvoluçfl;) IU) ro1;a., pccuniárii.. de co<la a ltãlb e de uma bo'* pane da fap3nhJ e dos Pisist'S Bai.\o)I. .. '" "'.
(OOl(f(UI•·- FrnlWk1 fü:iuJd, .. 1..u doubk t.lilhlc "'1,.·oloni;tlc~ de la Frmct. .IU A xv· (' I XVI· sikl~-. ·' '"1111/('J E.Se.•
JV,.a.ou1 · Ü('I 1~.:·~• .:~ T.tl\u nàu ÍV'""" Jf"=íl.l~ a Ju.'oêrtL"i:i dt' arcnoc11t'mo. Bra.udel t:ondui: •A \'DCa{OOcoluní.al Tawncy diz que cslc sistema se desmoronou por causa de gucrr~\ ruin~1!!. F..stá c-cno. '
J'.< n n ~ur,l.lo li H l.i Ulle!IJ i..W 2 hUUIUra dum r•ii :11~ li ~ililS cntr~ritw.., A Fr;u'<'3 do ~ulo XVI 1...1 n.lo c:s1:i mas a scquênci~ causal é c;w;rc.,,'li,·amenlc limitada. Sul!erimos no capí1ul11 :im~rior que 11 c.:ausa
J'tC~I p..D l!ih"\ IHl,.r'r(t' .:JIUJ I f"11}11r"..Jimt'f1t) jp J~ól•.
KM Rul:«n·lfrnn a.rnL'•ncr \l..'i., \Cf UIFllC '"PhC3ç:lio. ·t'a 11(.')l.'41 opm1~. ll.\ C'3U.\aS d:. Gn.·útJ~ncllt' declínio eficiente foi a inviabilid3dc dum sistema imperial dad~ a~ ~olicitações c~onómica.~ da
c1ls fe1r.L~ oJJ l'tumpJ;:ni: c•Lki rclxtonJ..L~ wm J tr.Hhlrmtu,;;iio !-!tra i dJ cconomi.1 ocãdc.m.JI no fim &.1 .Jculu XIII Europa do século XVI e a.'\ sua.\ limitações es1rururah. is10 é. o nívd rclali\'Jmcntc baixo de
(' l'Ollft'Ç\.I\ du ..t-rulo ,\:I\ ,\luJ.m~:ri:t LmponillllC\ Ol.:UITTl1UTI cm tlUJ.."i .itc2.\ C!»Cflfl.11): li\ .. índu.'llri:lltll~ ili· produtividade e ::t insuficiêm.·ia do quadro buro..:rj1ico face a uma i:col\omia cm cxpan.'ião
hJn.i. e t ~J .:1 IC\Uh.xlo l\O ~n••t.1.1 J.), mtUi) preC'IOSOS. ( ... )
Vi.:o 4uc o pnnl.'1p:il f!ll!pfü1tu r:1.r.1 ">fr1r.u dJ. Ch.unpaptc era a pmvi~o de' dinhcuu para J..\ C\\lllpra~
ba...;eada em empresas de tamanho m~dio dispersas. ...
aul1~rl<i\_ tk 1cu~i.1 , fr1nrr"'' ou 11.a.mcng°'. a ,u.) t.lc:<·.:ll.l foc ia 1omou-~ inc,·111'<'1. pois :i indúsrn:1 1ht:I de: uxb :a Um estrangulamento crucial foram as crescentes C:\ig~nci::i.~ financeiras do, aparelhos
Fnn;• Sc:r:n1J100.al 1fMoncu nJ lrie) mJ.U1.-.C. t ...) de Es1ado imperiais e a conseq uente inflação do crédito pUblico que conduziu à~ banc:irrot~
A <conotnlJ m1C"m.1~1~1.Jf bJ!tC.1\·;1.~ 1r.idicion.. J111cntc n.J prat.a: rio final do !>éculo XIII 0 ouro come~
11
ikxmpt"nh~ um p;ipd. <' ll.\ bru'o(~\ \J.O.JÇÔI:'~ ru ~L.\o 00\ do" mtt.tiJ. dc:.org.cmizou complct;uncmc (1 cquill'hrio
imperiais de meados do século. Carlos V tinha perconidu os estad~ ~os seus comcrdantes
d:t.o. rnmpanh;;u ~up .Km.1.1.i.k ~ tu.-.coiv:1 oo~ c.ámb10-,: e ru. \'CIH!J a tl1nhciro•. •lllc fa1rs o( Chllrnp:ignc:•. in como fontes de financiamento: N:ípolcs. SicíliJ, Milão. Antuérpia, C:islcl:i" 1 1• A fJ;~iç~o
Camerun. cd.. Ü J.JU rn Frrmh l.r.-mr.nt1r lfutDn, 62-63. clássica Llcslc argumemo foi feita por Henri ll:1Uc;cr. t1uc ar~umenlOU que a cnse finJJ1cc1ra
g1,1_ Vu f..h1rflhr1s. f"r11.~l W'l4 f '11:.mr;, pp. 28 1-306.
'..<J \'tt 1b1,I.. pp. .::02.220.
\l i Ver lMJ, p. 111J.
9! f&u,J. JI. J)J . 9-1. R. H. Ta,,.,:ney... Jntroducuvn• li. Tbt>ma' W1l~. "'Dur~Tsr UptM Umr)' (lnnJrrt: fkll & Son.,, •
9j lhfd.• p. J.01. 1925). 62.
9S. Dr.i.udcl. CMrln Quinl tf JfJn umpJ, p. ti)').

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i111pé'nu.. dos llab,burgo (.' Jos ValOJ)r, fr.1ca..~s;1rJm
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lan:, e :m 1ra1JJ0 dt" C.utc;1u-Camhrési'i 1.k 1559. que iria alh.'rar d ur.ulll" cem ano~ os ccmms cnl.rc a Esp~a e o~ Paí~s Hai ..O\ r: pch\ gLK"rn\ dc rcl1gd oem h :a11\<l. lu\ ·1.1 Lal\ C/ du .ai dou
ea"3..' comc.n:rniscujo.. mC"rcados monetJnos r:r.un <N gcr.kJore.s firutfl( C'lfl)<> dt1 c:on~rcto curorcu
<lc n:í.:rCnoa politic.1 na Europa. Esta' banr;ino1ac; for:.u11 fl(Jr COll!iit•guinlc :1lgo mais que um
e c;uj:i\ opiniões e puli1ic;i eram d~nsi\'3\ na dctcmlimçSo Ja~ co11l!u;õc.'i'. fin.uKc1n.... t'1' nWdc.!.
rraju~Hmu:n!Cl f111;111cdro. T0t!o um mundo linha dcsmoron;ido.
da Fl.u1dn:s. Fmnça e llália, onde ~ a1ingiu um zéni!e, e~ qua1, l lní!latcrr.. cr.a 111 2JJJIU. a
O que: ~~ Jc-.moronou n:Í(l foi m c.rmn-:n1c um:i C'l'M.J c "lrutura J o Estado. Foi m."li~ es'êm:ia d.'I orl!aniT..1ç!io financciradu sfru!o XVI era o Jn1.cmacirnuli~mn. a libcrd..dt de 1oOO e
4ut.· 11 1rág1t."a :lbd1l'.':lÇ<io de Carlos V. no mc10 das lágrima~ dos seus c;wakiros. O que veio qual~ucr cop1talis1.J cmpnx11dcr Ioda cq!U.lqucrlr.lnsxy:W :11.1 )(U :ilcanc-c, unu umdack que: 11nh:i
abaixo foi u sis1em:i mundial. Dur.mtc cem anos a Europ:i linha \1indo a gozar de pros- como sintoma o movimcnlo con~antedc 1Wos m. principab mcn:-3do1 C' como C"k1to :s mob1h-
peridaJe. ()-; homens 1inham 1en1ado m.ufruí-la à antiga maneira. ~1fa.,, os avanços lccno- zaç5o lk íl."4.'Uf'SOS imcn..'-Os nus pomos eMmé.gioos d.a firunç;1 1ntcm..tcion.ll. O ~u centmc ,.&nbtilo
lóg~th e a irrupção <lc elementos c:1pi1:ilis1a.s tinh:1m já progredido demasiado para 4ue cni a Dolsa de Antuérpia, com o seu signific.oil1\'Ulema. ~Ad wum marnmrum rJ1)t01/:.it goi:iJ
m· linx 1we ... n ndc, como di:...;c G1.11ccian:lini. :'!A' 1X'Ji.am ou\'ir 10Ws ilS lin~u.li di Tcrru. ou u
feiras de L)·on. que form:t\':Sffi. !<teguritlo :t~ r:il:lsras dum \·cnctiilnO. • J b:i~ da~ triUl.u cçüa
hga.00'. rui•\' d 1•' ul1npal~''olm "frllçi.. A culmm;ir 1\lo 1udo (... )os dnma"> d.I Guerra dos Cem Aoos loma\•am
11,1;lo> pmr. Tom>1~4Ill J'10f, ma_~ r.Jo c11a\':im u11u cnse que Jli 1111N ) 1111.l dt~nc.:Wead.I com :s rcvoluçfl;) IU) ro1;a., pccuniárii.. de co<la a ltãlb e de uma bo'* pane da fap3nhJ e dos Pisist'S Bai.\o)I. .. '" "'.
(OOl(f(UI•·- FrnlWk1 fü:iuJd, .. 1..u doubk t.lilhlc "'1,.·oloni;tlc~ de la Frmct. .IU A xv· (' I XVI· sikl~-. ·' '"1111/('J E.Se.•
JV,.a.ou1 · Ü('I 1~.:·~• .:~ T.tl\u nàu ÍV'""" Jf"=íl.l~ a Ju.'oêrtL"i:i dt' arcnoc11t'mo. Bra.udel t:ondui: •A \'DCa{OOcoluní.al Tawncy diz que cslc sistema se desmoronou por causa de gucrr~\ ruin~1!!. F..stá c-cno. '
J'.< n n ~ur,l.lo li H l.i Ulle!IJ i..W 2 hUUIUra dum r•ii :11~ li ~ililS cntr~ritw.., A Fr;u'<'3 do ~ulo XVI 1...1 n.lo c:s1:i mas a scquênci~ causal é c;w;rc.,,'li,·amenlc limitada. Sul!erimos no capí1ul11 :im~rior que 11 c.:ausa
J'tC~I p..D l!ih"\ IHl,.r'r(t' .:JIUJ I f"11}11r"..Jimt'f1t) jp J~ól•.
KM Rul:«n·lfrnn a.rnL'•ncr \l..'i., \Cf UIFllC '"PhC3ç:lio. ·t'a 11(.')l.'41 opm1~. ll.\ C'3U.\aS d:. Gn.·útJ~ncllt' declínio eficiente foi a inviabilid3dc dum sistema imperial dad~ a~ ~olicitações c~onómica.~ da
c1ls fe1r.L~ oJJ l'tumpJ;:ni: c•Lki rclxtonJ..L~ wm J tr.Hhlrmtu,;;iio !-!tra i dJ cconomi.1 ocãdc.m.JI no fim &.1 .Jculu XIII Europa do século XVI e a.'\ sua.\ limitações es1rururah. is10 é. o nívd rclali\'Jmcntc baixo de
(' l'Ollft'Ç\.I\ du ..t-rulo ,\:I\ ,\luJ.m~:ri:t LmponillllC\ Ol.:UITTl1UTI cm tlUJ.."i .itc2.\ C!»Cflfl.11): li\ .. índu.'llri:lltll~ ili· produtividade e ::t insuficiêm.·ia do quadro buro..:rj1ico face a uma i:col\omia cm cxpan.'ião
hJn.i. e t ~J .:1 IC\Uh.xlo l\O ~n••t.1.1 J.), mtUi) preC'IOSOS. ( ... )
Vi.:o 4uc o pnnl.'1p:il f!ll!pfü1tu r:1.r.1 ">fr1r.u dJ. Ch.unpaptc era a pmvi~o de' dinhcuu para J..\ C\\lllpra~
ba...;eada em empresas de tamanho m~dio dispersas. ...
aul1~rl<i\_ tk 1cu~i.1 , fr1nrr"'' ou 11.a.mcng°'. a ,u.) t.lc:<·.:ll.l foc ia 1omou-~ inc,·111'<'1. pois :i indúsrn:1 1ht:I de: uxb :a Um estrangulamento crucial foram as crescentes C:\ig~nci::i.~ financeiras do, aparelhos
Fnn;• Sc:r:n1J100.al 1fMoncu nJ lrie) mJ.U1.-.C. t ...) de Es1ado imperiais e a conseq uente inflação do crédito pUblico que conduziu à~ banc:irrot~
A <conotnlJ m1C"m.1~1~1.Jf bJ!tC.1\·;1.~ 1r.idicion.. J111cntc n.J prat.a: rio final do !>éculo XIII 0 ouro come~
11
ikxmpt"nh~ um p;ipd. <' ll.\ bru'o(~\ \J.O.JÇÔI:'~ ru ~L.\o 00\ do" mtt.tiJ. dc:.org.cmizou complct;uncmc (1 cquill'hrio
imperiais de meados do século. Carlos V tinha perconidu os estad~ ~os seus comcrdantes
d:t.o. rnmpanh;;u ~up .Km.1.1.i.k ~ tu.-.coiv:1 oo~ c.ámb10-,: e ru. \'CIH!J a tl1nhciro•. •lllc fa1rs o( Chllrnp:ignc:•. in como fontes de financiamento: N:ípolcs. SicíliJ, Milão. Antuérpia, C:islcl:i" 1 1• A fJ;~iç~o
Camerun. cd.. Ü J.JU rn Frrmh l.r.-mr.nt1r lfutDn, 62-63. clássica Llcslc argumemo foi feita por Henri ll:1Uc;cr. t1uc ar~umenlOU que a cnse finJJ1cc1ra
g1,1_ Vu f..h1rflhr1s. f"r11.~l W'l4 f '11:.mr;, pp. 28 1-306.
'..<J \'tt 1b1,I.. pp. .::02.220.
\l i Ver lMJ, p. 111J.
9! f&u,J. JI. J)J . 9-1. R. H. Ta,,.,:ney... Jntroducuvn• li. Tbt>ma' W1l~. "'Dur~Tsr UptM Umr)' (lnnJrrt: fkll & Son.,, •
9j lhfd.• p. J.01. 1925). 62.
9S. Dr.i.udcl. CMrln Quinl tf JfJn umpJ, p. ti)').

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1
icn...H• ni.c'" ' ..l. k ...uuJ,1 •1 11 h.· umpumtnh,.. de." 1"-1,:an1cntc" e ÍOf"\"~ndu Jinbos os cM:i<los à paro ele m;n~ ~vcrn proveio cm pnmc1m lupr d... m\Olv~ e a \Cf":t ~ ~ou cb
p.11 Jc (°J:C'.IU ( ',im~ll""I" Clll 1<'i•J , t ' • Coroa cs~nhnlil. que devorou 101.ahncn~c não Y1a_\1nr1:u-n.a.., flC-\\(QJ' dtx J-uzgu ~ t.ln'bém
"' 1., ,.1'""'1ucn.. 1.1, p.u.s ,, ,.,14·11..,• 1ml'bm,!11' ll.\b't,ur!!~l for.1111 gr~n~lcs e conduz1mm 35 da maio r pane dus grnmk~ banquem,.. tOl'ntrcuntc'i do Sul d.I Akma.~'a.·',,., C.:un a
Ju.:, t.um:nlr ...._1 u)mt",·o ,t,1 (!(•(".hli'nl."1.1 cl.1 E~1~111h.1 1~ • 1\ r nsc cu11J111.1na n uma ruptura s ituação a dcgrad~1r-~c econurnicnmcmc. ()\ corncrc1311tc::" do Sul w Ak:m:mt-..a e°' dv 1'ortc:
11

Jctunu,,1rnuc Antucrpu e .1 l11!-'.l.11ar.1. d1. 1\3n1lu C)l.1 h\•rt: p;irJ tJcs..·nvuh•cr_a sua nova e
0
da hália. antcrionncnte aliadoi.. <'OffiCÇ3titm a in.. ~ir O\ rt'\f.CdH<.a k:m:iJnooi. numa hr.a
lllwJl.il ah.lll\·.1 n.\'°'\trn\' J ,·om AnlC .. tt'nUo • · N3 pn'1rn:i An1uéqm1. a llmsp:ndadc bascad:i compc1i1iva de procura de negócios. a.cuv1cbdc muho.mcnte de\tn;Uv> ~
1.._1 Cl \P e.""" .1 E'p.inh.1dlC)!1M.1 :10 fim .. ,\ h.am.·:mut.1 Jc: Flhpi.: 11cm 1557 trouxe consigo ;i As consequências polillca' <k\le col•J>Ml pm u Akman.'ia• f""'""TI cnannc• A Ale.·
ruptur;a 11uc Jc1.1d1u 11n.1f111('ntr o 1k.,11no de Antuérp1.1• 1w\ . . .. manha viu-se varrida por aquilo :1 que 8'1tTKlough ctwru o .. rmncnio f't'\oluc~o do
P1.1r h\la J. 1=1Jmlrt'' J cri~ l·nnJu1 mJ u um rcfor\·o das tc:n<lcnc1a:-. c.alvm1sl;L.. , espc. protcstaniismo. c.1ue. no r~agir ~onrra a quc<b do 1mpénu r.. 1. c n de tM1clc1 fortcrnoik
c-i.J!nlC'11lc cnUt' o~ 1r:11'11hadurc., c ..pcdJ.li1.ado~. Em 1567 os espanhóis mandaram o duque nacional•"°''· M&. como Já a.~smal1mos, o cmolvuncnto de Cu\°' \'no impeno >1rnrfa,'1.
Jr: 1\IN rC"pomir a R0\ 3 Jj:Haçlo \ÓC10·pol111ca. m<b h10 l(VC: simplcsmcnic como n:suludo ciuc n3o podia aposlllr polilic•mcntt "" unific"'.io dJ Aknuntu. do rn<"1lQ modo crx r.>o
~ loni!íl pr.uo um c,~l do... con1CfC'1antC'' e <los JrtCsio\ calvinista) p:u·.- países protcstan· podia adop13r a ~rs~cll''ª dum nac1~alnmo t \p.inhot. O comprom1'..a di: uuMJ ''fu>
ll."'S • • E i."'CnJ de l!IS~ ..ohrC\t'iO C\ dc~rnoronamcnlo dJ indú~tri.a e tJo comércio n:imcngos. entrincheirou os pnnc1pados alemãc:s. mmou a burguc:'\1a alcnti e anulou tr~ 1 c•f.<n:nÇ:a de
°' l{UJI~ • 'te." qurd.ll:lJU p.tr.ldl>:-. dur.mlc :mo~ ... 11º1'. A rcvoh:t dos Paf'\eS u~i)l;OS, combinando unificaçi'io dura.me ~éculos. A Alemanha viria a ficar d1\1d1dacm fnndc pane rrur:: ~m SOl"U:
3 :rgll.11,·J" 'Oeial e polh1c;1 que se seguiu a c~lc deSaltrc. criou uma base política viável na e Noroeste lu1cranos. este último pelo mcno\ cconom1nmc:'11c '11u.:sJo na pmkna Jo Lot:
da Europa. e um Sud~tt ma1) rico e católico f1~lumdo µ3nn J.J Rcnàrul1. Como da A. J.
""' lkM lbol..-cf, ~Tbc [IUUf'UZl fuu.n..ttal Cm1~ or 1~~4'1", /tMUW{ '" CU((lptUff Biumru llJJJIJfj' . li. P. Taylor: •Ambos os dcscnvol\'llnen1os fon:m um rruocr•\O cm rclaç.lo ""' Ih>• fklrn.
f<"" 1•no, :J1 r.u:aJ Jr... 1l\Ju dJ1nil.a1;J...1r-" \l.& diJncJa\J. "crpp :!.&:!-2.~I. ccntcs do Renascimento. 4uc tinham abarc:i.do toda a Alcm:rnh.1 .. Mt>mo no Su.ior:J.~c.
,#. .

"7 • \t.&, l11t11M..·c·1• 1n1ro\•1ot•l rnn..cl'C'I o c~t:wl.1 1k ~·11o,c líllCnlc lOfO (J('.w k o começo 00 rc1nit,lo de rchuivamentc m:-iis rico. \'iria a da.r·~ um rctroc:c:.!I~ p:u-a a 1ndú,1n3 .mcQIUJ nu ~u1o
f-tl1f'( li ~ 1~1W"1r:11~ ;a .k-....t"kr~.\,1 c1._, nu11.11n0.11.mm1rio ~uc wri~çu11 no rcrfOOo IS60.(i5. NJo t. por ::.ca~>
~a J'flmtU'J Ntte'lnL'C.& J..1 bu...111l"tu j.11...,omJo cm 13.H. nem l(Uf 11 pnn\t1ra Jotnndc v1n.gem 11..1 polf1,ça de XVII "°''· Taylor pode CAO~rr.u a u 1ensão do pr<»peridad< < d:1 hckno.,-. a:onómia d.l
F1l•rc O\urc,-c cm 1~ .. ~:a.W. llup,;tW. >..IX.. r ~1 .l. S;MJ:.il ux!K.&. oo conmlno dt H.11n1hon, w:gundo u qwl a Alemanha no principio do s«ulo XVI. mõb sem dú,id.l qu(' c~li corrccto *> M.Sm:W:r o
....t.J.i.at ri":\""~ .ulmlnOl.I "'-' fimJ.1 '-kulo.>.~uc ~d.kkJ~ nlOilJ:.fll umaw1k"f\lO n.::aiordc 1501a15'6 colapso dramá1ko do descn\'Oh·imcnto económico rustc:ntt' "' •
1 1
_ •
(llf"' •Jr.1'4W"Jr l~.SI J l fol\'1'·"1·,1 \'t"r 11..J . rf' ~li 512.
"'~ .,t, .:n.c Jc J~(7 rm.'u J-' J.ÍC'C1Jdo Jc-..;i,tr0""1!1CnlC a 00~ d:a rosiçkt de An1ull'J'ill no camj'IO d.il
O esforço de Carl0> V pam dominar poli11rllll<nte a <eooom••·mundo rrpcmrua-
fuun.,.u í'\-l'b~.,,, Em .1111,.. ul~fWf\"• u Jc.i:hn10 C•tullll\kltl Sob o imrul~ ck Gru'1111t1 ;i Coroa inglc:Mi livrou-se •SC por conseguinte ncgaLiv3.mCnle cm Espanhu e na Alemanha. n:LS ci~ ~.AJ.l\C1re3 _e
ur.sr ktamc!llc 1!..i • JJ~LI ck' Ant!JC'rrii. oc11kcur"u J,I'\. :mm <.r~nlll. do None da h:llia e nas cosas comerriais que ligor.un os seus dc1unos ao 1mpcno. A ain>-
Qu.&..,J.1rm 151"' 1• rnit\ar~u .1111:Jo-hul.11!41i\ "onJ1.111u a uuu nipu.1r.& rnmplcu, a lng.l.:ltt"m stntU·K i u0-
1.ir.1ucmcr.i.c (.>n= ~·"' hNrw <!.i m1lufo.. 1.& c0trw1t ul e r~u~ Jc ;\nrub-p..&. H.unburso recebeu u tfgltJo
(o:nct\ul Jc•U ulluru.." lJ1udrc;. o \.CU kµJo Íln.lncc1to Amtu.' 11nl\2.m :a..~gut:ldo um futuro t'lílhõlnlt. A"im.
A:.üa?J.ptriku rm \Cmptt J Jcrnk1r.a N-c d.a ~UJ rnmcin.up.imJQ•. \'llnder Wtt, ThrG,.,,..rhof11rrAnr..rrp
W.;rlr1 .i.,,J tli,. I i.111fVoJ" r., 1•r..-Hrn , li, rP ~!!. 118
fT/ lhiJ.. p !U7
11 11 \u 1.' -iJ. pr !J~ -1lh Ver P.ut}: .. ,\ "füri11 c,i,p.1.nhub.. Jc l.S76 pttjuJ1cou sc.,.cr;m'lC"lil< l\n1ut.r·
r\ol. o \(r\O ik" r~'Tr..i. e .& ""rcun. J..i ,l(bk ttm ISS!i r~hou na rcllrad:J uu nJ. hancwou de mult:1s c11.sas de:
l!Ci'lo.~ ( " t\lllP ~ rnnc1 p.1ln~ntt p.lD Anlc3JC'IJ.kl - Jt flll~ Jc- IU1cdQ.. prll(tJUnln. (._.o comtrdo
llW\Om(_o ~ •\1m.itq•u •intu coouobdü doJOCOU•'< p.an ~rnUo· c.r,,l/Jridgr lrfJN!mi< llutcKV of E11mtw.
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IUI \ an dC1 ~tC". 11r,. Gf'm1th •i 1hr Arr~·up ,\la,J.w un.J 1l1r E11topr1.m Ecorrr>1n;)'. li. p. IKJ.
r1o.._·m•..'C'C\ r~cr.1c-. .l\...C\C't.un í \lf\luJi.J qLK "drc.Umn de Ari.1u~rpia t. t ' llj.?CrJdQ t que c:I~ ptmumcccu rtb.li·
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umtnlc fmr J1nd.l muuo 1~1111•1 Ver 1.in Cr~~·"«~ '· ·Lcs i11Ju11ric1 J'c , poru110t1 tl.ms !e..; villcs n 31113r)l.}cs
.1u X\I' ' it..k r:...iniculitr<rn«U ..1 ( iW c1 a ffNJ:C~·. 5r"411"' <l'lollff' ú1 Affmllmr f1m/ülf1, I\': l:.\ il motlrrn11
tM1Uo ~I A f 1Jufrc-Ll . l'if-1~. 4 1~. :-\loob\,l.-11c. Crx)t-.n:.b aJ.in11c ~ ~~ Cnlr'fõM de Aniuttpí1111~ IS8j
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Ju.:, t.um:nlr ...._1 u)mt",·o ,t,1 (!(•(".hli'nl."1.1 cl.1 E~1~111h.1 1~ • 1\ r nsc cu11J111.1na n uma ruptura s ituação a dcgrad~1r-~c econurnicnmcmc. ()\ corncrc1311tc::" do Sul w Ak:m:mt-..a e°' dv 1'ortc:
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1.._1 Cl \P e.""" .1 E'p.inh.1dlC)!1M.1 :10 fim .. ,\ h.am.·:mut.1 Jc: Flhpi.: 11cm 1557 trouxe consigo ;i As consequências polillca' <k\le col•J>Ml pm u Akman.'ia• f""'""TI cnannc• A Ale.·
ruptur;a 11uc Jc1.1d1u 11n.1f111('ntr o 1k.,11no de Antuérp1.1• 1w\ . . .. manha viu-se varrida por aquilo :1 que 8'1tTKlough ctwru o .. rmncnio f't'\oluc~o do
P1.1r h\la J. 1=1Jmlrt'' J cri~ l·nnJu1 mJ u um rcfor\·o das tc:n<lcnc1a:-. c.alvm1sl;L.. , espc. protcstaniismo. c.1ue. no r~agir ~onrra a quc<b do 1mpénu r.. 1. c n de tM1clc1 fortcrnoik
c-i.J!nlC'11lc cnUt' o~ 1r:11'11hadurc., c ..pcdJ.li1.ado~. Em 1567 os espanhóis mandaram o duque nacional•"°''· M&. como Já a.~smal1mos, o cmolvuncnto de Cu\°' \'no impeno >1rnrfa,'1.
Jr: 1\IN rC"pomir a R0\ 3 Jj:Haçlo \ÓC10·pol111ca. m<b h10 l(VC: simplcsmcnic como n:suludo ciuc n3o podia aposlllr polilic•mcntt "" unific"'.io dJ Aknuntu. do rn<"1lQ modo crx r.>o
~ loni!íl pr.uo um c,~l do... con1CfC'1antC'' e <los JrtCsio\ calvinista) p:u·.- países protcstan· podia adop13r a ~rs~cll''ª dum nac1~alnmo t \p.inhot. O comprom1'..a di: uuMJ ''fu>
ll."'S • • E i."'CnJ de l!IS~ ..ohrC\t'iO C\ dc~rnoronamcnlo dJ indú~tri.a e tJo comércio n:imcngos. entrincheirou os pnnc1pados alemãc:s. mmou a burguc:'\1a alcnti e anulou tr~ 1 c•f.<n:nÇ:a de
°' l{UJI~ • 'te." qurd.ll:lJU p.tr.ldl>:-. dur.mlc :mo~ ... 11º1'. A rcvoh:t dos Paf'\eS u~i)l;OS, combinando unificaçi'io dura.me ~éculos. A Alemanha viria a ficar d1\1d1dacm fnndc pane rrur:: ~m SOl"U:
3 :rgll.11,·J" 'Oeial e polh1c;1 que se seguiu a c~lc deSaltrc. criou uma base política viável na e Noroeste lu1cranos. este último pelo mcno\ cconom1nmc:'11c '11u.:sJo na pmkna Jo Lot:
da Europa. e um Sud~tt ma1) rico e católico f1~lumdo µ3nn J.J Rcnàrul1. Como da A. J.
""' lkM lbol..-cf, ~Tbc [IUUf'UZl fuu.n..ttal Cm1~ or 1~~4'1", /tMUW{ '" CU((lptUff Biumru llJJJIJfj' . li. P. Taylor: •Ambos os dcscnvol\'llnen1os fon:m um rruocr•\O cm rclaç.lo ""' Ih>• fklrn.
f<"" 1•no, :J1 r.u:aJ Jr... 1l\Ju dJ1nil.a1;J...1r-" \l.& diJncJa\J. "crpp :!.&:!-2.~I. ccntcs do Renascimento. 4uc tinham abarc:i.do toda a Alcm:rnh.1 .. Mt>mo no Su.ior:J.~c.
,#. .

"7 • \t.&, l11t11M..·c·1• 1n1ro\•1ot•l rnn..cl'C'I o c~t:wl.1 1k ~·11o,c líllCnlc lOfO (J('.w k o começo 00 rc1nit,lo de rchuivamentc m:-iis rico. \'iria a da.r·~ um rctroc:c:.!I~ p:u-a a 1ndú,1n3 .mcQIUJ nu ~u1o
f-tl1f'( li ~ 1~1W"1r:11~ ;a .k-....t"kr~.\,1 c1._, nu11.11n0.11.mm1rio ~uc wri~çu11 no rcrfOOo IS60.(i5. NJo t. por ::.ca~>
~a J'flmtU'J Ntte'lnL'C.& J..1 bu...111l"tu j.11...,omJo cm 13.H. nem l(Uf 11 pnn\t1ra Jotnndc v1n.gem 11..1 polf1,ça de XVII "°''· Taylor pode CAO~rr.u a u 1ensão do pr<»peridad< < d:1 hckno.,-. a:onómia d.l
F1l•rc O\urc,-c cm 1~ .. ~:a.W. llup,;tW. >..IX.. r ~1 .l. S;MJ:.il ux!K.&. oo conmlno dt H.11n1hon, w:gundo u qwl a Alemanha no principio do s«ulo XVI. mõb sem dú,id.l qu(' c~li corrccto *> M.Sm:W:r o
....t.J.i.at ri":\""~ .ulmlnOl.I "'-' fimJ.1 '-kulo.>.~uc ~d.kkJ~ nlOilJ:.fll umaw1k"f\lO n.::aiordc 1501a15'6 colapso dramá1ko do descn\'Oh·imcnto económico rustc:ntt' "' •
1 1
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(llf"' •Jr.1'4W"Jr l~.SI J l fol\'1'·"1·,1 \'t"r 11..J . rf' ~li 512.
"'~ .,t, .:n.c Jc J~(7 rm.'u J-' J.ÍC'C1Jdo Jc-..;i,tr0""1!1CnlC a 00~ d:a rosiçkt de An1ull'J'ill no camj'IO d.il
O esforço de Carl0> V pam dominar poli11rllll<nte a <eooom••·mundo rrpcmrua-
fuun.,.u í'\-l'b~.,,, Em .1111,.. ul~fWf\"• u Jc.i:hn10 C•tullll\kltl Sob o imrul~ ck Gru'1111t1 ;i Coroa inglc:Mi livrou-se •SC por conseguinte ncgaLiv3.mCnle cm Espanhu e na Alemanha. n:LS ci~ ~.AJ.l\C1re3 _e
ur.sr ktamc!llc 1!..i • JJ~LI ck' Ant!JC'rrii. oc11kcur"u J,I'\. :mm <.r~nlll. do None da h:llia e nas cosas comerriais que ligor.un os seus dc1unos ao 1mpcno. A ain>-
Qu.&..,J.1rm 151"' 1• rnit\ar~u .1111:Jo-hul.11!41i\ "onJ1.111u a uuu nipu.1r.& rnmplcu, a lng.l.:ltt"m stntU·K i u0-
1.ir.1ucmcr.i.c (.>n= ~·"' hNrw <!.i m1lufo.. 1.& c0trw1t ul e r~u~ Jc ;\nrub-p..&. H.unburso recebeu u tfgltJo
(o:nct\ul Jc•U ulluru.." lJ1udrc;. o \.CU kµJo Íln.lncc1to Amtu.' 11nl\2.m :a..~gut:ldo um futuro t'lílhõlnlt. A"im.
A:.üa?J.ptriku rm \Cmptt J Jcrnk1r.a N-c d.a ~UJ rnmcin.up.imJQ•. \'llnder Wtt, ThrG,.,,..rhof11rrAnr..rrp
W.;rlr1 .i.,,J tli,. I i.111fVoJ" r., 1•r..-Hrn , li, rP ~!!. 118
fT/ lhiJ.. p !U7
11 11 \u 1.' -iJ. pr !J~ -1lh Ver P.ut}: .. ,\ "füri11 c,i,p.1.nhub.. Jc l.S76 pttjuJ1cou sc.,.cr;m'lC"lil< l\n1ut.r·
r\ol. o \(r\O ik" r~'Tr..i. e .& ""rcun. J..i ,l(bk ttm ISS!i r~hou na rcllrad:J uu nJ. hancwou de mult:1s c11.sas de:
l!Ci'lo.~ ( " t\lllP ~ rnnc1 p.1ln~ntt p.lD Anlc3JC'IJ.kl - Jt flll~ Jc- IU1cdQ.. prll(tJUnln. (._.o comtrdo
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.1u X\I' ' it..k r:...iniculitr<rn«U ..1 ( iW c1 a ffNJ:C~·. 5r"411"' <l'lollff' ú1 Affmllmr f1m/ülf1, I\': l:.\ il motlrrn11
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t. A Ciiufut-Ed .• 1%11, 700, A'-'lnJ.b a1M.i.f.jUC ><obloquc1oc111 tcmpoJc gucm.aÍC\'.UJou ocon1trciom:ar(u~
&- ~l>tlJ'I.&. tlc nill .1f«Wu '' t<u tomtrctú lmntrt. V<r dHú. p. 720. Afürm1que=_, longo do iokulo XVII a.'I
clw<.. nvrnn.ri; de Annat:t;'u h.l'wn de mm&a MnM uoponincl'1 ~ •ncahgcncihcl Jp. 7221•.

186 181

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trução dum império tinha parecido ser uma tentativa razoável ou mesmo possível. Mas ússern descon~entes com a Coroa e a burocracia não se tenh .
i}lão era. . , . . noma. Além disso, os c~lonos, muitas vezes de origem hu :im organizado como força autó-
Narrámos já em grande parte a histona da empresa colonial espanhola nas Américas. colónias serem economias de exponação t11•i milde, beneficiavam do facto de as
Seria melhor descrever aqui simplesmente a situação como um fenómeno interno ao império De f~cto, ~º'.11º frequentemente ac~ntece nas estrut . . . "'
espanhol. para se medir o impacto da decadência da Espanha nas Américas. A Espanha tinha crescer s~b-u"'.1penaltsmos .- camadas dentro de camadas. pc:as 1mpena1s, começaram a~
estabelecido colónias nas Caraíbas e em parte do litoral que as rodeia (os actuais México México (1_sto e, os espanhó1.s do M~~ico) «colonizou» 0 Peru. emos falar da forma como 0
0
Guatemala e Colômbia). bem como no Peru e no Chile. Estas colónias tinham sido concebid~ muito maior. Houve ~ma dtspombrlidade constante nos níveis d~éx1co tmha uma população-'
como complementos económicos não só da Europa como um todo mas da Espanha em par- XVI e XVII. O Méxrc? ~xponava manufacturas, produtos de lu:reços ao longo dos séculos
'-ticular1109>. A Espanha não tinha a energia administrativa necessária para criar uma grande recebia em troca mercuno e moeda<' "l. Quando as Filipinas entra~ae escravos para o Peru, e
burocracia nas Américas. Recorreu, por conseguinte, ao velho expediente dos impérios, à comércio, o espanhol do México transformou-se em i t d. á m na esfera espanhola de
1
cooptação para o sistema político de chefes locais como agentes intermédios entre a Coroa e deixando de fora os espanhóis de Manilatll 6J. Esta reexpon: e_rmde no entre. Manila. e Lima,
. p çao e produtos chmeses vra Man'l
._os colonos espanhóis"'º>. do México para o eru :o.nverteu-se no supone principal do comércio intercolonial'"'l. A Co~
espanho~~ :ento.u sem ex1.to ac.abar c?m o papel do México, dado que prejudicava os lucros de
--p ,- De resto também a Espanha não tinha a energia necessária para controlar inteiramente
os seus próprios colonos. Para manter a sua lealdade política, fez muitas concessões económi-
8
Castela e • «N m!luém d1scuurá», diz Chaunu, «que durante 0 século XVI 0 México se com-
cas. Uma delas foi a de proibir aos índios o estabelecimento de bases independentes de poder portava em relaçao ao Peru como uma metrópole em relação à sua colónia., 111•)
económico, proibindo-lhes a criação de gado, a única actividade em que poderiam competir Um dos ~feitos duma extensão política excessiva na Europa combinad~ com 3 con-
,_eficazmente na nova economia capitalista< 111 >. Mais ainda, não só os índios se viram afas- tracção .ec~~~>mrca no «seg~ndo» século XVI foi o aumento da emig~ção de espanhóis para
tados desta actividade rentável como também o seu desenvolvimento os debilitou econo- a América . Isto proporc10nava uma fonte de trabalho aos espanhóis disso necessitados e
micamente porque os carneiros devoravam homens tanto na América Central como na Ingla- uma fonte imediata de receitas ao Estado espanhol, dado que os postos na burocracia colonial
º'
r terra 2>. Os colonos dependiam apesar disso dum contínuo apoio espanhol, não tanto contra americana se vendiam <121 >. Por outro lado, a crescente população espanhola a viver da 1erra na
as rebeliões de escravos, índios e africanos, como contra as intrusões dos ingleses e outros
no seu comércio, logo nas suas margens de lucro 013 l . Daí que embora ocasionalmente se sen- levaram esta corrida ao trárico de escravos os mercadores do século XVI que um grupo poderoso de mercadores

109. «Os cofonos imponavam de Espanha os bens de que necessitavam para manter o Seu modo de vida
ingleses viu a JX>SSibilidade de montar uma sociedade anglo-espanhola para o tráfico cm tennas tais que haviam de
sa1isfazer a necessidade de escravos dos colonos, o desejo do governo espanhol de aumentar a sua força económica
e o seu controlo, e o desejo dos mercadores ingleses pelos lucros implicados.(. .. ) John Hawk.ins começou a negociar
:l
em escravos para as fndias Ocidenlais na esperança de que pudesse estabelecer uma cooperação comercial regular 1
espanhol num ambiente americano. Para pagar estas importações. desenvolviam uma economia de ranchos. plan-
enrre a Inglaterra e a Espanha». Cambridge Economic fliswry of Europe. lV, pp. 325-326. Temos de nos perguntar
tações e minas, produzindo bens para venda na Europa. Para as suas planrações precisavam de escravos, e assim por que razão as au1oridades espanholas não foram receptivas aos projcctos de Hawkins, que pareciam principalmente
criaram um mercado para todo um novO comércio com a África Ocidental. Por fim . a meio do século, deram com as apontados aos mercadores ponugucses. Não seria porque a intrusão inglesa parecia a longo prazo mais perigosa
minas de praia mais ricas no mundo, que lhes penniriram pagar ainda mais imponações, e que alimenraram o comércio para a Coroa e para o colono e que a Çoroa via esta proposta como uma abcrt.ura forçada? .
com a Europa ao fornecerem o dinheiro necessário para a compra de produros orientais-. Parry, Cambridge Eco· 114. «Desde o começo da sua existência colonial [século XVI], o Chile teve uma e~onom1a de expona!ão . ..oi:
nomic History of Erirope, IV, p. 199. (... )Muito tipicamente o Chile começou a sua existência como exportador de ouro. Mas as minas( ... ) _não eram ncas
"'r 110. «No seio das várias sociedades indígenas, o fim da supremacia das auroridades dos rempos pré-colom- e não duraram muito.( ... ) Porém, ao contrário do que era trpico entre as colónias espanholas do conunentc, e~bo~
•·<> bianos levou, por um lado, a um aumento dos abusos de poder por pane de chefes tradicionais (caciques, curacas) talvez não na Guatemala, mesmo nessa altura o Chile exportava um produto da sua terra: ~bo do seu gado,... n
~.i,: sobre a massa da população, e, por ourro, a uma colaboração pronta da pane desses chefes com os colonos. espc-
Gunder ~~~·.;:,rf;:::;;::d ~;:,~d;;~;;p~;l~n'.:i~:;:,n~'::Jc~d,.;~;;ion Betwwi Me.rico and Peru . Ibero- •
8
c
1
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: _ .
.~l ~lalmenl~~: ce:~~:el~~~~~:~~ ~ França, a Bélgica. etc., em África ou na Ásia do século XIX. o Estado espanhol na
América do século XVI ajustou as antigas subdivisões rerriroriais das sociedades indígenas, deslocou os ccnrros
8
-America1n:~.3~~~~i~~~,% ~i~c~~~~l~~~~~c~~~·~:~~ ~~ ~!~i:~alleon>, flispanic American flis<nrical •
" · •· · ' - populacionais e afirmou reconhecer apenas uma hierarquia de chefes, a que era designada (in\'estie) e controlada Re"iew, I, 4, Nov. 1918, 391.
'.-,?~ '~:.' ~ ..~;.1:,. ~o::~~:i~;.~1 ;~~~~~o~:c:!ix:;; ~~~~~:~e0~o:~~:~;:::i;~v:~~=çe: ~~7~;,':':~~s·~:I~~ 117. Ver Borah, Early Colonial Trade , p. 121. \
1 .. . ·' · ' ., Vcrlinden, • L'état et l'adminisrrarion des communaurés indigenes dans l'empire espagnol d'Amérique•, Interna- : :~: ~i:~~1g:,;:!u'. t«8P~~~~~;4hils7~ire économique de l'Amérique cspagno\c colonialc•, Rrvue hisrori· ·'
, .. ••. ' · :.' ,1.. tiona/ Congress of Hi.rrorica/ Sciences. Estocolmo, 1960. Résumés des communications (Gotemburgo: Atmquisl
, & Wiksell, 1960), 133. que, LXXX, 216, Out.-Dez. 1956, 218. Nadai in LA poblaci6n tspanola (sixlos XI'/ a XX) 1
, ..•. ·'-'\'- ,,- Ili. VerWolí,SonsoftheShakingEarth,pp.182-183. 120. A extensão da emigração é explorada por Jorge • AI ima em !duma Casiela supcrpciv.oada]
[. . "'· •• ·< 112. Ver ibid., pp. 197-198. (Barcelona: Ariel, I 966), 73-80. Havia de ceneza e•cesso de pop~\~~:~~Vlillages :astillans ct types de producuon.•~
é inseparável da da grandeza de Espanha., afinna José Genul da v rá cnrão a emigração ser ligada ao dccHmo.
~r 113. Ver a descrição que E. E. Rich faz da economia do tráfico de escravos: • Era quase uma característica XVI' siecle•, Anna/es E.S.C., XVIII. 4, Julho-Agosto 1963, 73S. De e . fk, ,
inevitável de rodos os dependen1es do rrabalho escravo que a procura nunca fosse salisfeita completarnenr~ e de
modo barato, pois a força de lrabalho é o facror mais facilmente gasro num sistema esclavagista. (... ) Em tais cir- Talvez, mas não numa correlação simples. anhó. de todas os escalões e posses oponumdadesl
121. •O funcionalismo colonial( ... ) dava aos esp . is 1r0poÚranacmconrracção.Maisainda.osaar·
cunstâncias não é de admirar que embarques de contrabando e secretos fossem numerosos e atraentes. (... ) Era em emprego e enriquecimento que lhes eram negadas pela ccono;ia ~uia espanhola aoponunidade de vcnfkr cargos
geral assumido que !ai.> embarques lesavam seriamente uma propriedade real de Ponugal quando se dirigiam às costaS gados. quadsos da organização administrativa colonial dav: v:Z~ncon1111varn ourros cspanh61S prontos a avançar
africanas para capturar escravos. mas que ao levá-los para serem vendidos nas possessões espanholas eles estariam coloniais a funcionários públicos ambiciosos que por 5
c•penas a evadirem um vero formal; Ponugal era obstáculo mais Sério ao tráfico livre do que Espanha. Tão longe
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trução dum império tinha parecido ser uma tentativa razoável ou mesmo possível. Mas ússern descon~entes com a Coroa e a burocracia não se tenh .
i}lão era. . , . . noma. Além disso, os c~lonos, muitas vezes de origem hu :im organizado como força autó-
Narrámos já em grande parte a histona da empresa colonial espanhola nas Américas. colónias serem economias de exponação t11•i milde, beneficiavam do facto de as
Seria melhor descrever aqui simplesmente a situação como um fenómeno interno ao império De f~cto, ~º'.11º frequentemente ac~ntece nas estrut . . . "'
espanhol. para se medir o impacto da decadência da Espanha nas Américas. A Espanha tinha crescer s~b-u"'.1penaltsmos .- camadas dentro de camadas. pc:as 1mpena1s, começaram a~
estabelecido colónias nas Caraíbas e em parte do litoral que as rodeia (os actuais México México (1_sto e, os espanhó1.s do M~~ico) «colonizou» 0 Peru. emos falar da forma como 0
0
Guatemala e Colômbia). bem como no Peru e no Chile. Estas colónias tinham sido concebid~ muito maior. Houve ~ma dtspombrlidade constante nos níveis d~éx1co tmha uma população-'
como complementos económicos não só da Europa como um todo mas da Espanha em par- XVI e XVII. O Méxrc? ~xponava manufacturas, produtos de lu:reços ao longo dos séculos
'-ticular1109>. A Espanha não tinha a energia administrativa necessária para criar uma grande recebia em troca mercuno e moeda<' "l. Quando as Filipinas entra~ae escravos para o Peru, e
burocracia nas Américas. Recorreu, por conseguinte, ao velho expediente dos impérios, à comércio, o espanhol do México transformou-se em i t d. á m na esfera espanhola de
1
cooptação para o sistema político de chefes locais como agentes intermédios entre a Coroa e deixando de fora os espanhóis de Manilatll 6J. Esta reexpon: e_rmde no entre. Manila. e Lima,
. p çao e produtos chmeses vra Man'l
._os colonos espanhóis"'º>. do México para o eru :o.nverteu-se no supone principal do comércio intercolonial'"'l. A Co~
espanho~~ :ento.u sem ex1.to ac.abar c?m o papel do México, dado que prejudicava os lucros de
--p ,- De resto também a Espanha não tinha a energia necessária para controlar inteiramente
os seus próprios colonos. Para manter a sua lealdade política, fez muitas concessões económi-
8
Castela e • «N m!luém d1scuurá», diz Chaunu, «que durante 0 século XVI 0 México se com-
cas. Uma delas foi a de proibir aos índios o estabelecimento de bases independentes de poder portava em relaçao ao Peru como uma metrópole em relação à sua colónia., 111•)
económico, proibindo-lhes a criação de gado, a única actividade em que poderiam competir Um dos ~feitos duma extensão política excessiva na Europa combinad~ com 3 con-
,_eficazmente na nova economia capitalista< 111 >. Mais ainda, não só os índios se viram afas- tracção .ec~~~>mrca no «seg~ndo» século XVI foi o aumento da emig~ção de espanhóis para
tados desta actividade rentável como também o seu desenvolvimento os debilitou econo- a América . Isto proporc10nava uma fonte de trabalho aos espanhóis disso necessitados e
micamente porque os carneiros devoravam homens tanto na América Central como na Ingla- uma fonte imediata de receitas ao Estado espanhol, dado que os postos na burocracia colonial
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r terra 2>. Os colonos dependiam apesar disso dum contínuo apoio espanhol, não tanto contra americana se vendiam <121 >. Por outro lado, a crescente população espanhola a viver da 1erra na
as rebeliões de escravos, índios e africanos, como contra as intrusões dos ingleses e outros
no seu comércio, logo nas suas margens de lucro 013 l . Daí que embora ocasionalmente se sen- levaram esta corrida ao trárico de escravos os mercadores do século XVI que um grupo poderoso de mercadores

109. «Os cofonos imponavam de Espanha os bens de que necessitavam para manter o Seu modo de vida
ingleses viu a JX>SSibilidade de montar uma sociedade anglo-espanhola para o tráfico cm tennas tais que haviam de
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e o seu controlo, e o desejo dos mercadores ingleses pelos lucros implicados.(. .. ) John Hawk.ins começou a negociar
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em escravos para as fndias Ocidenlais na esperança de que pudesse estabelecer uma cooperação comercial regular 1
espanhol num ambiente americano. Para pagar estas importações. desenvolviam uma economia de ranchos. plan-
enrre a Inglaterra e a Espanha». Cambridge Economic fliswry of Europe. lV, pp. 325-326. Temos de nos perguntar
tações e minas, produzindo bens para venda na Europa. Para as suas planrações precisavam de escravos, e assim por que razão as au1oridades espanholas não foram receptivas aos projcctos de Hawkins, que pareciam principalmente
criaram um mercado para todo um novO comércio com a África Ocidental. Por fim . a meio do século, deram com as apontados aos mercadores ponugucses. Não seria porque a intrusão inglesa parecia a longo prazo mais perigosa
minas de praia mais ricas no mundo, que lhes penniriram pagar ainda mais imponações, e que alimenraram o comércio para a Coroa e para o colono e que a Çoroa via esta proposta como uma abcrt.ura forçada? .
com a Europa ao fornecerem o dinheiro necessário para a compra de produros orientais-. Parry, Cambridge Eco· 114. «Desde o começo da sua existência colonial [século XVI], o Chile teve uma e~onom1a de expona!ão . ..oi:
nomic History of Erirope, IV, p. 199. (... )Muito tipicamente o Chile começou a sua existência como exportador de ouro. Mas as minas( ... ) _não eram ncas
"'r 110. «No seio das várias sociedades indígenas, o fim da supremacia das auroridades dos rempos pré-colom- e não duraram muito.( ... ) Porém, ao contrário do que era trpico entre as colónias espanholas do conunentc, e~bo~
•·<> bianos levou, por um lado, a um aumento dos abusos de poder por pane de chefes tradicionais (caciques, curacas) talvez não na Guatemala, mesmo nessa altura o Chile exportava um produto da sua terra: ~bo do seu gado,... n
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.~l ~lalmenl~~: ce:~~:el~~~~~:~~ ~ França, a Bélgica. etc., em África ou na Ásia do século XIX. o Estado espanhol na
América do século XVI ajustou as antigas subdivisões rerriroriais das sociedades indígenas, deslocou os ccnrros
8
-America1n:~.3~~~~i~~~,% ~i~c~~~~l~~~~~c~~~·~:~~ ~~ ~!~i:~alleon>, flispanic American flis<nrical •
" · •· · ' - populacionais e afirmou reconhecer apenas uma hierarquia de chefes, a que era designada (in\'estie) e controlada Re"iew, I, 4, Nov. 1918, 391.
'.-,?~ '~:.' ~ ..~;.1:,. ~o::~~:i~;.~1 ;~~~~~o~:c:!ix:;; ~~~~~:~e0~o:~~:~;:::i;~v:~~=çe: ~~7~;,':':~~s·~:I~~ 117. Ver Borah, Early Colonial Trade , p. 121. \
1 .. . ·' · ' ., Vcrlinden, • L'état et l'adminisrrarion des communaurés indigenes dans l'empire espagnol d'Amérique•, Interna- : :~: ~i:~~1g:,;:!u'. t«8P~~~~~;4hils7~ire économique de l'Amérique cspagno\c colonialc•, Rrvue hisrori· ·'
, .. ••. ' · :.' ,1.. tiona/ Congress of Hi.rrorica/ Sciences. Estocolmo, 1960. Résumés des communications (Gotemburgo: Atmquisl
, & Wiksell, 1960), 133. que, LXXX, 216, Out.-Dez. 1956, 218. Nadai in LA poblaci6n tspanola (sixlos XI'/ a XX) 1
, ..•. ·'-'\'- ,,- Ili. VerWolí,SonsoftheShakingEarth,pp.182-183. 120. A extensão da emigração é explorada por Jorge • AI ima em !duma Casiela supcrpciv.oada]
[. . "'· •• ·< 112. Ver ibid., pp. 197-198. (Barcelona: Ariel, I 966), 73-80. Havia de ceneza e•cesso de pop~\~~:~~Vlillages :astillans ct types de producuon.•~
é inseparável da da grandeza de Espanha., afinna José Genul da v rá cnrão a emigração ser ligada ao dccHmo.
~r 113. Ver a descrição que E. E. Rich faz da economia do tráfico de escravos: • Era quase uma característica XVI' siecle•, Anna/es E.S.C., XVIII. 4, Julho-Agosto 1963, 73S. De e . fk, ,
inevitável de rodos os dependen1es do rrabalho escravo que a procura nunca fosse salisfeita completarnenr~ e de
modo barato, pois a força de lrabalho é o facror mais facilmente gasro num sistema esclavagista. (... ) Em tais cir- Talvez, mas não numa correlação simples. anhó. de todas os escalões e posses oponumdadesl
121. •O funcionalismo colonial( ... ) dava aos esp . is 1r0poÚranacmconrracção.Maisainda.osaar·
cunstâncias não é de admirar que embarques de contrabando e secretos fossem numerosos e atraentes. (... ) Era em emprego e enriquecimento que lhes eram negadas pela ccono;ia ~uia espanhola aoponunidade de vcnfkr cargos
geral assumido que !ai.> embarques lesavam seriamente uma propriedade real de Ponugal quando se dirigiam às costaS gados. quadsos da organização administrativa colonial dav: v:Z~ncon1111varn ourros cspanh61S prontos a avançar
africanas para capturar escravos. mas que ao levá-los para serem vendidos nas possessões espanholas eles estariam coloniais a funcionários públicos ambiciosos que por 5
c•penas a evadirem um vero formal; Ponugal era obstáculo mais Sério ao tráfico livre do que Espanha. Tão longe
189

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a desenvolver-~ ~mo ~pici:idor de ll'lCn~~ bcfl(fícios p;ini d a e "" m>iorc dificuld.Jdcs
Ambi~3 • P'" ca~ d.o rontrn. ilu <'C'onômicJ. < 3 d :s.i stnJS3 qutd:1 d~mu~r.lfic3 d'.'5 índios políiicas. Se~a fácil. mais t.lnlc. p:1ra outros estados curoreus. ob!mm bcncf'icios ecc00mi-
dunnre a p<in. ir.1 ct:1.pa d:I d<lminn\àO csranhola. rnmbmar:un-se p:ir.i cn:ir um ~'éculo de
cos ~~ ~~!~m·a espanhola enquanto A Espar.ba cootinua:fa l SUjX>!Ur os CU\los políticos do
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1111pcno ·
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SJ~t.....nw '"'Jctcr..,•...i.l l SC . . · ·~ l• ã 11:-.. 1 um mundo de relativa Daí que no. período posterior a 1557 a Esp:inh 3 nlo só !'<'rd<s"' 3 rti;iúes centro-.,
uda pa.r"3 um mut~' t""\."'Oll1..\1m.."\."I m::us pn.tucno ~m:_ a P :uuaç o • .. . -europeias do seu 1m~~o como. ªP<~S uma longa luta. 0 Noru: dos PJí~$ Bai •os. E>un a
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perd.er parte dos b.!ncf1c10~ das colóni as 4~e .lhe rtslal'am. Mrus :tin<U. 0 proprio fX"to d.:.._,
Amenc:1s se lerem convemdo num~ fonle wo 1mponanie de rteeoLu p:tr.I Espanha. até c""t:lr
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mais que tempor:ino.
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europeia. A causa. quan10 a nós . p:irccc ser a de que u Espanha n.lo c"!'u<u (pron"clmeme
porque niio er:i c:ipaz de erguer) o tipo de ar arclho de E,taJo que 1eria jX'TTllit1do às cl~<e>
dominante'$ espanholas be-net.ki:irem com a cri3Çiio di: uma economia-mundo curo.pdL
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XVI. Isto indica que as :íreas do ... ce-mro» não t~m que $Cf ncce sariilrn:-ntc as mais • Ct"ntrai:c. •~
tâlltO em 1em10s geogr:ificos como cm tennos de movimentos COlll('ITlai.s.

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t:xk> d.1 f'C'\•olução d.JS prc\t.'°' J..., s.k'ulo XVI). 1. prJU ('a!>SOO a st.r meoos C't.P'X".:lda par.à .1 &lro;\I C' st:l"\-Tu .L.rt:o
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pp. 9'>- IOO. . . •
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ct.'ll-J \"\"'Oikru..>.• :s tm.url.!i\1.1.'. f\"'f um l.tJ..•. lS f,_'flun.ss ~"\~11 l"'flfC'nl n..• ,-,,'l"tl(n,·1l' C' n.lS mm.lS nih• c-stax:im illrtt· u-ntiJll dC' qU(' ('r:t fill30Ci 3do rom ba.."(' nos m·ursos d:l AmCrii:'.s. e duml Ca..qeb que tu-Ju. d .1 ~ ~"C'ht.io

:=~~~~~~:~~~~1~r::~~-;,~~~;~;~~:~~;,~: ~:::,~~~~i:~~:a~~~!:!~~ ;::.~:,,:·~~~ in_jec\·('.es ~gu lan'.'s & prata d:is mirus d..1 Novo ~lu nJo. (_ )
A p:.m ir J3 déc'.1du de 1590 (._ \ 1..-. ("('Ot')Omi:is d.!l E.spanhis e lias suas ?-~'<.55'..'cs 3Jlle'n<.--VW ~ •
J i.'1~ 1.J..'-.· Uurt. •E.l"\\.'\."ltflt<n..b iBJ H.K1cnd..'I: Tht- Ewlutloo d lhe: Gn:-:u E..~ :lle m tht:' Spanish l.nd l('~•. J/Upanic dc.~·m"Oh"C"f·SC à pane (1Sl\.l t. IOC'IUr.:tnl-S(" C'\.-OnQmias COO.."<.'C'"ftOCi:l.is ma.J~ (j.) QUC C'\.""\"lOOfTli1.'- rortr..p.~ntlrnJ.
th !1f-i.-vn U :.f:11r:.-.IJ l\n :<.. , XLL\: . .~ . Ap.~lu 1%>.l . .i: ~ enquan10 que os intrusos h01aih.kSC"..S e infkS('.'i :inda\:am a :lf'C'l't!lr-~ um. coorn as outros num ~"""'Q ~ ~ 1.1

=:i~~~t:&:H:~~~~s~~ts.~§~E'.§t~§êÉ~~,§~;§n1~
al~:mcJo ... . EltiN1. /,,..,'Yrial Sf'nn. l'P· ~~5. ::s7. Isso é Nl.tru m...-d> de dizer que~ fap.Jt"J\l: SC' esta'"~ tQll"!Uf" p.2.i"tr
d.l S('mi p:rikri;i dl ecooomi.l-mundo europi.•i.a.
Andrê- Gun&:-r Fr.mk .usiru.l:l o ~nu C"m qU(' o u cedrntC" C\."Uf11."'mico ~.t.lo na 0.1\e l'K't 56..--u1o X \~J en
g:i..'ilO em t--cns de luxo. o que (XX!ia s.er ''is.to como cqu.1vaknrc • WT\3 .,Jmugem de divisas esl!2n~tt1..' ~de: l"CINl -
.!J Â:,.;,n(,iJ . :l pl:l!l~·:\o ('1"".1 um.1 wu.!.kk ~'\.•!"k'ffit..:!l imk~n&:n!C' ,·rUJJ
.."Olltn..""1\\ ran proJuzir beru fund!lmen- 1
SC'IS in1emos do Oüle•. (' não llC'C'C'S."-lriamC"nle par.s \"JJllJ.gtm dJ Esr-mbL Cq'f-!:J.lism. alLI Ul'lll.. ~.rdncli.'f""'<!t! UI
uis t'M".1 l) .:-.~U:""l"h' n .,!.êtTIO. l'.:!-h'(. ('UT\'f'."U ... nu {\l/. •7:.t-.J/ 11..-r-:u ..a:< r7f L.znn .\ 'fi(f ica . P- 4(l,

1:'.5 ~~\..y h~l!3 d.,• mK-to J..i ~1l<i.1 de I :''X). :a fr•nn3'·3o ~ rn'pne..hJ('S Jt:'!i.bs por t'Sp..uth\.\is atingiu
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L:Jrin Amt'n·n .1 . p. JJ.
1~7. •Era n:itund que Fali(".' 111) ck-,·es...~ desejar •.t'? pml ~ St'J!~~ idi.1t ~fü C1..U'.f.J~
.

pn.l\•[ocia.s cx is1ente.s pudes..(.('m K"f J'(l\ o.:td..ls rom espanM1s 1ndu~'Tl\."l50S e _ind.K""tS coloo.i~ e ~is • ro'
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,:.:at" f.1!<."r u TX'lTS.."t<..~ .llirn-:-ntlln'"s d.is c-kBJes c-sp.:mholas. l:ao n:kl qu('r d izer que l1S ddl&s estiv('Ssem li\1'\"S íuncioo:irios públicos o~ientes e mc"tó:ii...<)S. Acim:i de tuOO, o dt-sc':'h.."'tlfli}.lfOCn:O l t'p.1-~' ~tu 00. ~~
&- n.."1-1 1 &J"('OJé!l..· i~ cm rt l:tç1', à j:"t\.'1uçit, ínJ ilL. nus :m!es que qu:ind...., em apur\)s ('135 pod.iJm ~~vi,·c-r rom a cimento eh impooânc"il. Cf'C'$C"enre cbs [ndilS como fon<t de rt"C'C' ÍlJ R'.':al. \ - ) Ao lmtpco dJ a.~us..N ck Fi_t~ IC
poder. o ~nJimemo das lnJiJ.s e~ quase IO ~ ccnm 00 :>e~ ~m('tlt>J ~C' \~:u~: :~~~:- ~::
«>milt f"'t'1un:h r't"i.lS rn.'Çritd.ldes p:.rtenC"efttt' a e rontrul:iJ::is li~tID?'l("fllC' f'(' los S<"US próprios n•nno.s•. Bor:lh.
.\'1""4 S.f'J<'t. p. _:._;.
~randcs débilos e dos t:nofm('S comrromis..."'-"1.' euroreus de:' F1lipt. ' aumc:mo :ip.J.: ~ ~
lnd.i;is t~~sc ine\·iu\·c-Imentc: um fim m:Uo.-dJ. rc:)j itk.·a rtal. btm romoJ.~"t:~~s~r~:lll~oi:~-o
\' er H: J~"U('Tll" e Pie-~ Ouwtu. que n..xam qU(' 15 ~\ plm.içõe s d3 Espanha para 3.S ~rh..·as. qUC" no s&'ulo
X'"\"I ma:n n"lll~~tis princiJ.Wnk:ntC' ror bens prirmi.rtOS destinOOos :K.'-" ..-olOlK\S. ~no ~rulo XVU a ser
t:lraN!hoíndionamineraçlodepnt:1eouD115 .lk.-Clnda•~s~1cr.a:sdc~ ~ ~ b.ri,·as. e ~
conninzilu ~-il!mm1" por bl-ns nunub..lur.ú'.'S em ltilia ou n:i Eu.rupa X tentrional e rttxporu.:Sos reb E.."P-3- das pro\•{ncias existentes t lucrativas. nWs Jo que a d1.SS1paç.ao de efl'C'r&15 em 00\"IS < M";ilr.JJ' ~ pecu
~ Ek~ Ul(bµm: •Ü:lfno pccJremose:\rlic:u c-su impamL"lte muJin\s? Pdo fa.;.·10 de a <.'Olonill(ão csp.:lllholL à
t('.s•. J_H. Pan)'. NrM.' Cambrid.~ t Modrrn Histor')'. 111. Pfl-.510-51 l. •
DlC'J.ldl que ~ dtsc:m h-ia. se tomar
m:!.i.s 3 &...""<t3 d.is ~U3S condiçiks naturais. Um e,,cmplo. entrC' outros: a plan·

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mais que tempor:ino.
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europeia. A causa. quan10 a nós . p:irccc ser a de que u Espanha n.lo c"!'u<u (pron"clmeme
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dominante'$ espanholas be-net.ki:irem com a cri3Çiio di: uma economia-mundo curo.pdL
:ipcs:tr d3 posição !)eogrJfica e económica centrJI dJ Espanha nesL:l t"<:onom1a-mundo no S<Xulo
XVI. Isto indica que as :íreas do ... ce-mro» não t~m que $Cf ncce sariilrn:-ntc as mais • Ct"ntrai:c. •~
tâlltO em 1em10s geogr:ificos como cm tennos de movimentos COlll('ITlai.s.

1uç:ll) t"<C"m su..."<'d1d.:1 d(' ,·inhas na C"C'su do Poc1firo. nos o.is.is~~ e).-., FTru. J.f'C'SolT J;is ir.reroiÇ'\b alg:o pl.lll'w-.k.b
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ªf:~I:~~~i~i~fr.~~~~I:,t~::~~i:~f~i~ª~fi22s~i:tfÉÊ
preçi' do merrúrio l'K"\.'C'"s......ruio par..1. l!I .:muilgllml e cspec.i.:tlm('nte o T'C'Jundo p;..Ü'T tk- n'lln j'f":I J.i pn!;! l""Oma ~
t:xk> d.1 f'C'\•olução d.JS prc\t.'°' J..., s.k'ulo XVI). 1. prJU ('a!>SOO a st.r meoos C't.P'X".:lda par.à .1 &lro;\I C' st:l"\-Tu .L.rt:o
p.'tf'l criar n:i Amf'rica unu C'Cl..'OQ(T1i.:1 mdh""•r equiliN-:lda e m:lis di\Crs.ific.3da•. C.iJi..lC"fS ~>: u:.--.u < f!t1:1nd6C"!, , J.
pp. 9'>- IOO. . . •
J.J (\.""* rcm ~tJ..· l"('~f'.'ll.."-'1.t-i lil' ."-13 rc:l.'1 .X:;trUi' .l...' J.1 <r.,·, -.r(11.!.;. nu:;,., J~~n \·,)hi mc.-nc,, ru.tur..1.I d.J.."' co!...'1ni:is 1::6. -.0 im~ri 11lismo do ~ino Jc F1hpt 11 tinh.l sido basallJ numl C'l". "OOOOtil t".is;!mo-MU.""?uca.. RO · •
ct.'ll-J \"\"'Oikru..>.• :s tm.url.!i\1.1.'. f\"'f um l.tJ..•. lS f,_'flun.ss ~"\~11 l"'flfC'nl n..• ,-,,'l"tl(n,·1l' C' n.lS mm.lS nih• c-stax:im illrtt· u-ntiJll dC' qU(' ('r:t fill30Ci 3do rom ba.."(' nos m·ursos d:l AmCrii:'.s. e duml Ca..qeb que tu-Ju. d .1 ~ ~"C'ht.io

:=~~~~~~:~~~~1~r::~~-;,~~~;~;~~:~~;,~: ~:::,~~~~i:~~:a~~~!:!~~ ;::.~:,,:·~~~ in_jec\·('.es ~gu lan'.'s & prata d:is mirus d..1 Novo ~lu nJo. (_ )
A p:.m ir J3 déc'.1du de 1590 (._ \ 1..-. ("('Ot')Omi:is d.!l E.spanhis e lias suas ?-~'<.55'..'cs 3Jlle'n<.--VW ~ •
J i.'1~ 1.J..'-.· Uurt. •E.l"\\.'\."ltflt<n..b iBJ H.K1cnd..'I: Tht- Ewlutloo d lhe: Gn:-:u E..~ :lle m tht:' Spanish l.nd l('~•. J/Upanic dc.~·m"Oh"C"f·SC à pane (1Sl\.l t. IOC'IUr.:tnl-S(" C'\.-OnQmias COO.."<.'C'"ftOCi:l.is ma.J~ (j.) QUC C'\.""\"lOOfTli1.'- rortr..p.~ntlrnJ.
th !1f-i.-vn U :.f:11r:.-.IJ l\n :<.. , XLL\: . .~ . Ap.~lu 1%>.l . .i: ~ enquan10 que os intrusos h01aih.kSC"..S e infkS('.'i :inda\:am a :lf'C'l't!lr-~ um. coorn as outros num ~"""'Q ~ ~ 1.1

=:i~~~t:&:H:~~~~s~~ts.~§~E'.§t~§êÉ~~,§~;§n1~
al~:mcJo ... . EltiN1. /,,..,'Yrial Sf'nn. l'P· ~~5. ::s7. Isso é Nl.tru m...-d> de dizer que~ fap.Jt"J\l: SC' esta'"~ tQll"!Uf" p.2.i"tr
d.l S('mi p:rikri;i dl ecooomi.l-mundo europi.•i.a.
Andrê- Gun&:-r Fr.mk .usiru.l:l o ~nu C"m qU(' o u cedrntC" C\."Uf11."'mico ~.t.lo na 0.1\e l'K't 56..--u1o X \~J en
g:i..'ilO em t--cns de luxo. o que (XX!ia s.er ''is.to como cqu.1vaknrc • WT\3 .,Jmugem de divisas esl!2n~tt1..' ~de: l"CINl -
.!J Â:,.;,n(,iJ . :l pl:l!l~·:\o ('1"".1 um.1 wu.!.kk ~'\.•!"k'ffit..:!l imk~n&:n!C' ,·rUJJ
.."Olltn..""1\\ ran proJuzir beru fund!lmen- 1
SC'IS in1emos do Oüle•. (' não llC'C'C'S."-lriamC"nle par.s \"JJllJ.gtm dJ Esr-mbL Cq'f-!:J.lism. alLI Ul'lll.. ~.rdncli.'f""'<!t! UI
uis t'M".1 l) .:-.~U:""l"h' n .,!.êtTIO. l'.:!-h'(. ('UT\'f'."U ... nu {\l/. •7:.t-.J/ 11..-r-:u ..a:< r7f L.znn .\ 'fi(f ica . P- 4(l,

1:'.5 ~~\..y h~l!3 d.,• mK-to J..i ~1l<i.1 de I :''X). :a fr•nn3'·3o ~ rn'pne..hJ('S Jt:'!i.bs por t'Sp..uth\.\is atingiu
'lf'-Ut:O!t'111<'n1C' l.!!11 t''<ll\l cm qiX'. r.l\ .."l..\(').f1,-io .k S"' k rem .t_.._'<."~unr m:\o-&:- ...~ sufidenie . :. SU.'1 proJui.~ podia
L:Jrin Amt'n·n .1 . p. JJ.
1~7. •Era n:itund que Fali(".' 111) ck-,·es...~ desejar •.t'? pml ~ St'J!~~ idi.1t ~fü C1..U'.f.J~
.

pn.l\•[ocia.s cx is1ente.s pudes..(.('m K"f J'(l\ o.:td..ls rom espanM1s 1ndu~'Tl\."l50S e _ind.K""tS coloo.i~ e ~is • ro'
:::;ib
· ·

,:.:at" f.1!<."r u TX'lTS.."t<..~ .llirn-:-ntlln'"s d.is c-kBJes c-sp.:mholas. l:ao n:kl qu('r d izer que l1S ddl&s estiv('Ssem li\1'\"S íuncioo:irios públicos o~ientes e mc"tó:ii...<)S. Acim:i de tuOO, o dt-sc':'h.."'tlfli}.lfOCn:O l t'p.1-~' ~tu 00. ~~
&- n.."1-1 1 &J"('OJé!l..· i~ cm rt l:tç1', à j:"t\.'1uçit, ínJ ilL. nus :m!es que qu:ind...., em apur\)s ('135 pod.iJm ~~vi,·c-r rom a cimento eh impooânc"il. Cf'C'$C"enre cbs [ndilS como fon<t de rt"C'C' ÍlJ R'.':al. \ - ) Ao lmtpco dJ a.~us..N ck Fi_t~ IC
poder. o ~nJimemo das lnJiJ.s e~ quase IO ~ ccnm 00 :>e~ ~m('tlt>J ~C' \~:u~: :~~~:- ~::
«>milt f"'t'1un:h r't"i.lS rn.'Çritd.ldes p:.rtenC"efttt' a e rontrul:iJ::is li~tID?'l("fllC' f'(' los S<"US próprios n•nno.s•. Bor:lh.
.\'1""4 S.f'J<'t. p. _:._;.
~randcs débilos e dos t:nofm('S comrromis..."'-"1.' euroreus de:' F1lipt. ' aumc:mo :ip.J.: ~ ~
lnd.i;is t~~sc ine\·iu\·c-Imentc: um fim m:Uo.-dJ. rc:)j itk.·a rtal. btm romoJ.~"t:~~s~r~:lll~oi:~-o
\' er H: J~"U('Tll" e Pie-~ Ouwtu. que n..xam qU(' 15 ~\ plm.içõe s d3 Espanha para 3.S ~rh..·as. qUC" no s&'ulo
X'"\"I ma:n n"lll~~tis princiJ.Wnk:ntC' ror bens prirmi.rtOS destinOOos :K.'-" ..-olOlK\S. ~no ~rulo XVU a ser
t:lraN!hoíndionamineraçlodepnt:1eouD115 .lk.-Clnda•~s~1cr.a:sdc~ ~ ~ b.ri,·as. e ~
conninzilu ~-il!mm1" por bl-ns nunub..lur.ú'.'S em ltilia ou n:i Eu.rupa X tentrional e rttxporu.:Sos reb E.."P-3- das pro\•{ncias existentes t lucrativas. nWs Jo que a d1.SS1paç.ao de efl'C'r&15 em 00\"IS < M";ilr.JJ' ~ pecu
~ Ek~ Ul(bµm: •Ü:lfno pccJremose:\rlic:u c-su impamL"lte muJin\s? Pdo fa.;.·10 de a <.'Olonill(ão csp.:lllholL à
t('.s•. J_H. Pan)'. NrM.' Cambrid.~ t Modrrn Histor')'. 111. Pfl-.510-51 l. •
DlC'J.ldl que ~ dtsc:m h-ia. se tomar
m:!.i.s 3 &...""<t3 d.is ~U3S condiçiks naturais. Um e,,cmplo. entrC' outros: a plan·

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A Esp:inh 3 sofria jj de algun defeito subjacente · à ·ua e, uui.ura económica quando alirrnaçõe~ scmelhantc: à ele Vilar: • P'.>rquc os mculi$ ql.ll! enriquedam de forma ttária
entrou 00 si-culo ;'(VI. Em primeiro lug:ir. como mencioná.mos prcv1a'.nente. a força relau- a Espanha( ... ) ílu1am para aquele.~ pa rs<:• ntrdt o u u podtr ~ compro rro tr.OJO~'
,.amt'nte organizad;J do< criador<' de ovelhas mi grant" foi uma b:irrc1ra 1mponante para o Viccns: «Na verdade. Ca, tcla contou com a injtcçào de . . - Ou
ap;ir<eim<'nm duma ·' rr>rrUJ ~n-. j que foram capazes de manter as su3:' pr~rrog at '.~as contra o momentos crítico' da sua luta com 0 re•to da Europa.' " ' ' rnctaa PltO<JSOIJ da An>híça. no<
proce •ode ved.1ç:io (mclos urej da terra arivcl. Na lnglatcrrJ. a cnaçao do ovelhas era m~nos É ceno que aqu r um factor era o contínuo papel finarn.ciro chave dos csuan' iro5·"
migratória e mai,; compatível com um sistema de endosure que. pem11tw o knto progresso da genoveses. holandcsc,. Judeu' ponugut '<:s, franceses " "''· Outro eram as retic!r"fa, ~
entiteu.<c '·"'. Em -Cl!undo lugar. havia a falta dum sector mdus~nal ~1gmlica11vo: e o que ex1st1a Carlos V em tomar uma p<:r•.pcctrva naâonalisw espanhola e a.doptar urna políuca meittn-
o.xido' e i.cda< em- Ci<tel al viria abaixo na crise de 1590 11 • '. V1cens atnbu1 isto u.m tanto tili sta ' '"' antes de a bu.rgues1a castelhana ser •ubmcrgida pelo impacto 00. preços cr=cn-
misticamente 3 •i ncompreensão do mundo capitalista~ por ~ane de Castela" "'>. Seja como tes. 0 ~ g'.1-'tos _s umptuários ~.~.~nstocrac1a e os cfcít"' inílacionários e antipn.ceccloníl>US dos
for. a ~ua desc nçjo empírica cto que aconteceu depois da c~ sc indica que a estrutura dos gastos empres11mos ao 1rnpcrador • tudo isto estando ligado ao envolvimento espanhol 00 império
fo i pe lo menos uma vari:lvcl que teve um papel na decadenc1a:
~ç~~~:,;: ,if~~n~~~. ~ ~:i !.º~~~ ~~~~~ ~~~j1 '."1~;.wfouOObnd•. Prcxmhnp
1
PrcdsJ.mcntc aqueles que possuem o dinheiro (aristocrarns, ~dalgos :i"daluz.cs .e estremenho~, ulUJ Tro1UOCt•<•M of V:~ p~
funcionários rt form:idosl (Xtriíicam-no cm con~tru~õc.s (ig reJ.as. pal~c1os, mosteiros) ou s~c~~l 1;
zam- no cm obrlSde anc. Mas nenhum cede à u:ntaçao mduslnal ou s1mplcsmcnte mcrcanul .
1 134. Vilar. fa st &: Prtst'nt, n.0 10, p. 32 (n. fs.8 1.
13.~ - Viccns Vive!<.. Approarhrs. p. 97.
136 . .. Qs princ1pai~ ~ndicij rios dôra cri.!IC foram os õtrmgeirOJ - os ciaõbdos gcnove.!ia (""moat!!JI
Um afastamento seme lhante no esquema de investimentos afectou a burguesia catalã, brarn::os''. 1al e~'!'~ um <.:ala lao irado lh~s chama,·a). os judeu.!i portug~!lõ e ()) hefrp bolL~l. Os ~:n»
es1range.1ros dm g1am a!<. ~n;,nças ~a Coroa: os mercadores rslrange1rr.K tinham t a.'41.Jlt ido am estUJ'\t'..;WT.esw dõ1
que estava muito mai s oricniuda para a nova economi a capitalis~a ..Braud~I assinala o seu economia caslc lhana em seus tentacu loi. c:s1avam a enrolar - ~ à volta do lucra1jvo c.omérdo lt.'T>C'nc:oo de Se ib.• .
crcscc:ntc 3 fo, i;t:unc:nto do comércio pilra invcs11r em terras cult1vavc1s. <(Nao é este um dos John Ell ioll , PcJJ'I &: Prtst'nt . n.v 20, p. 69.
aspeclO' do drama ccon<lmico de Barcelona' A burguesia de Barce lona começou a investir o • Ü est'ám io prufundn por a.'isuntO!<. terrenos e o ida J dum.a m i~são ccumênKa para a bf\&f'._1>...:; er..r.ctn.u::n
dclini1ivamc01e qualquer programa para a rccupcraçãocconómicadc.-Ca...zel3. BmqtJCu\t\ S!eTIO\OC monoprJlt~
t~ rra!\ em
11
!)C U dinhcirc ) cm ve 1. de con tinuar a arrisd· lo cm emp reend imentos marítimos» l?i.
os lucros da cxplorJç:io tia'< mina" americanas: fomcctdores grnovc5it'\ control3vam 0 a.pr0\-is: 1oo:imeruo d.a.\ frotn.
l\to foi.· nn:-. rc:flc:ctir: como é ro~" ívc l que num Cl' nlro do mai s importante im pério da Europa En1re1anto. mcrcadorl's italianos. ílamcngos e france!'es assegur.svam o controlo do C'umtteJO colom.U pc.tt rr.c10 d;i1,
da época. a ~ua burg u~ ~ j3 p:tssc.· Uu investimento ultramarino para o cultivo de cereais. em vez fei ra'i cm M~dina dei Campo~ dos embar4ucs a partir de Sevilha e C~fü . Lonse de re<t~1 r , a monarquia cnrnlvi• ·llit
cada \'Cl mais cm desonkns linanceirns pcngo~ que a punham n:. ~n& nci a d..1 m;iqum.a c ap:Uh.\O do OOtTO
de construir uma base indu,trial?"·' '>. Existe out ro 4ucbra-cabcças. Muitos escritores fazem lado dos Pirenéus: 3 princípio esta depcndênl"ia era indi :) ptO~ \·cl. depob foi ruino:-a. e por fim esttnl. i _ ) '.\ io
deparamos com capi1al inve~lido no pai" 'IUcr para aumeniar a produ1i vid:uk do solo a.~cot. 4ucr pani fomur
companhias comerciais para nplorar u mundo occ::inirn - nem ~smu p.lf1 explorar o comêr::lO de cscra"·O!o. qne:
J :!K . .. (A' gmnde .. ciJ..illc'i esp:mhol:1s no sér ulo XV II es1avamjj a vcrifo:ar um~ verdade funda~en1al cm ·estava cmreguc nas màos dos ponugucses e do!> franceses ... Viceru. Vive:), A. pproarh~J . pp. 97-98 .
ernnom13 ;i ~rária que: . mu i10 infrli t mcntl' para C11s1da. nfü1 i.cria ~ompk1~mente apreciada. até que dois séculos Ramón Carnndc toma claro que esta dept'.'ndência da 8.panh:i do ~c ul o XV( cm relaçio ~banqueiros
d~:mro"m ckcorrts<,t> m. O f:K IO C TJ que viJa p:1.~1oril e n 1hivo poch:un mu110 bem ser combinados. e nlo cr.im de c:stmngciros ~ uma conSl'quência direr.:ta da cApulsão do!> judeus: • Anlcs do ~ulo XV I. 1~ banquc1r\1'\ estnngc-™
modo algum ho:-tt~ . nem ~ nclu lam mutuamente ... Kkin . Th e Mt'sta. pp. 327 ·328. . nào c: ~ tavam prcse n1cs em ca.. . tcla e Arn~flo comu o C!<.t.n am cm Jnglatcna e França. por t:\C"mplo . .Slo qut n.i..~
1~9 ... J)ú ~rnl1' XV I au :.éçulo XV II . o:- P:1 b es B:iiXl'S. J lnglu1crrn e a frJnça 1mpona.,•am de E.'ipanha lenha h;wido pur muim lcmpo, ao longo do:) i.éru los XIII. XIV e XV, mcrcadorer.. eÃÓhcos O(~t.e!> re ino-.. (_ l Sio
matéria:- pri mária..~.111"· i 1 c, 1.·orantt", , l.i. e11yuan11• 4U1.: a Espanha rec~hi :11.•m 1nx:a as !i uas m:mufac.curas, _mas também ubstan1e , os nossos rt•is. os de Cai.tC'la e de Aragão. não pr1."<"t!>~V am de 00.nquci r~ e i.~gC" ir()) no ~• no. O... Abrlt..'e\.
ccTenis A e~pc'°i:i l i1:i~·:10 mtcmaciunal a.,,im defi nilla imf)l;di11 a mdlistria c:spanhola de ob1cr mvc:sumcnto dura· !saques e Samucis chegavam. Os judeus. mt esfera l"Conómica e especialmente no campu do cm.lito, ni.o depararam
douro. S..10l\:'nle a r-<qucna emprl·:-a t1nc ...;mal pcnn anecia para lutar pe la sua cxis1êm.:ia ... Da Si lva, En Espa~n~. ao longo da Jdadc Média, m) interior llo país. l'OTTI rnmpctidorcs capv cs Jc os ~ u~li1u1r. Ch JlhkU'> C"ram sunulu-
pp. 111.178. ncamente os tesoureiros e os linanciadort!'> tios rei~ · - E/ a tdit11 dt• Ca.1·tillo rn ri prrcio de- la J'ôlir1co •'"f'C"'ll.
130. V11,·e n" Vh·c1;, Ar pm.1r heJ, p. 98. Ramón Canmde t ral\'tl mais rckva111c quando indica que no longo tliscurso lcido nn1e la Real Academia de la Hi!ltClri:t. (Madrid. 19-l9J. ~~. Ver Klein. Thr Mma. p 3S. _
do M'\."ulo XV I ~ r roJuçi'llJ e~r~hlll:i t.k tecidos CSlll V!l 8 lkdinar deçisivam("nte cm qual idade. Ver Carlos V. l, 137. Ellion , /mpcrit1/ Spain. p. 196. fale t também o pcmlor dv capitulo de RJ.mon Cu.r.indc inlltubdo '
pp. 19 1· 192. Ver Ellimt. lmr~n,;l Spai11 , p. 193 • The mcrrnnlilist cro!<.sroaJs .. , CiJrlos \'. t, r.:ar. vii. Vcr 11.í: «ACl pms.~gu ir os !<USotljo:t1\·os. C.vlO!> V fu ~E.~

~~;~~ ~~n~:ó:~o~~:::,~~~:; ~:: 1~~~~:~~i~ 1~~-:~uu~~~~~;~~~~: ~;:~~:ç~~~~~~ ~~~~:~~~:::.


I J.\ . \l i("tlh V1\ t'S.AfJpm1.1d1~'J' , p. 99. 1

13.!. Rr:iuckl. /..i Mr tlu1·m ,,,fr. 1. p. 63.


133. A E(,p,:mh:t t':-l:J \ ll l"Jd:t \ C:l m:ns a \'Ohar-St' p:trJ produ1os agrícola.~ adl'quaJos à produç:lo em herda· ritórios e-rJm outras tantas pmvincia...;, com int("n:ss.cs inc omJ>J.tí\'eis. 1al rnmo no!> !em~)~ cl:is.\K~ . . EmbJini nill
do. trm dos pri n~i p:ii' C \ C"mp lu~ rr.t o vinho. qu~ se transfon nou no •.lrabalhn dl' c:impom:ses as.\3larial11.,s. de trabJ· cnvoh·idos no impfri\) ..:omo um 1000. os seus in1ere~scs tc.'l'nómicO'i colecli rn~ eslJ.\ a.m \k·renJcnic-s. ~u t,"1'13d..l de
lh:xl..m:i. rur:ii ~ ... D:i S1h J. E•1EJr11gne, p. 159. Al ém Jisso, º" llÍ\"cis Je :ulári1'S des1cs trabalhadorcsc stavam a str d1.-cisôoes pdo illlperJdor e ponanio não m.::cbi;un :i rcqucriJ:i n.tcnçl u ." ~ in1eriur Jo m<"n:a_do rut.: k,fl.l l lp. l~\J J ..
!linda nujs dimmuiJlh pt·l~1 mflu \o de 1mignm1l's frnnc6l'S 1p. 1 L\) . VC"r N~\1.bl , L.J r ohlc1ciá11 opmiola, pp. 8()..88. Luis Vitall· dC"fcnde quC" a poli1i1.·3 ci.p;.inhola nlloer.i .. nlc.'n:ant1l1sm.. mas .. camb1.iri1•. ftrt..lolrt1~n111 1 rlnm.
ln'o'Cr.i:tn'ICl'\lc. e,1.1.a,·:i a ri-·nkr n:t ("'t.'S.Cl cumo pruduwra. manl("ndo-sc cmbora no merct1do Je l'.on sumo. H. n.• 27 , p. 23 . Ele ddendc na \IC rdadc qul" as r:iil.cs do..11.""CliniodJ tsr.mha r~iJem no ~u frJ~l.~"O C'.m ~~~
A. l nni~ expl."'\t• as i.mphC' :t\l>e-~ dí::-le facto: ...o d(.""Clíniv d.J pc: sca csranholJ (na Terra No,·ai é o re\'erso Ja abcnura política protecc ioni s1a... r:i.rado~almcnte a fap.anh:i convcneu·sc no principal motl' f dla mJol~m 3 dos í'l.~ ll'luni·
do ~:iJo t~p;;m hol lO J)(SCadll d:t FrJnça. dJ lnglatrrr.t e d:t Nov;1 lngb11.•rrJ. Elt' anum.:iava o co m~rcio que por gos , a lnglatcm1 c a FT3nça (p. 24J•. . . do perad.Jr
s& ula-< sigm fi-1:\\U parJ a l n~ÜtC" rr..t o J<~ m o lv imen ro d:i Tcrr.t NO\o, a mairntcnç3o dum:t escola par.:i marinhdros, 138. Ver Elliou . Imrrrial Spain. pp. 192-19.' . Klein indica?"~ ~~ os.~~~ ..~~~iosdl
o comumo de: ~ns manuf:11,,1 ur.tdos in~k'<~ e: o mc11.} d(' se aprupri a.r Jas divis:is. espanholas. Não é pruv:i.velmcnte prcjudic:i.vam a sua capa.ci~e de julgar os.contlitos int~mos e.sp3~ls. ~o 1 ~~:.t 5('(,·irl~ in;~ q~ ~ .
J emJ.Slal'.h.l dita·M" que OQ<.. séculos XVI l' X Vil a pcdr.t ang.ular do Império Britinico ti nha sido rea.lmr:nlc lançada ~ksta, tendo levado à sub1d3 dos preços alimentares. fornm combAudos nas ~ aJ ~ . f 1 iod.l
0
mm N..se oo rnmfo:io r spanhol. O rnnsumo de bacalhau da lnglaterrJ protes1:11ne dec linou com o (Xldrl.O de vida ja\'IUTl encorajar a agricu l1urJ propriamente diu: .,Q próprio Carlos '!ti,·a n= ~~ t ;, sua~ r~ 05 i
em murl...m\J . rofém 3 Esp:mh3 n tólic:l. ap~.scn t.a\"l um mercado firme e em cresc imcn10. O brinde dos pescadorTS o problema da pastoriri3. Em pnffi("iro lugar, ele n:i.tUDlmcntc_propos eJ.p ., 't s:ntidl'I fot tambCm enco-
d:l Tem t\ova... Ao PJpa e dez idins-. é um brinde: a que 1odos os bons cidad.3.os do Império Britinico se hão-de stus avós tinham feito - o que si~nifk:a\•a pa."torici.s sem restnçõcs. A SWl P.' me.a ncs e 1

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A Esp:inh 3 sofria jj de algun defeito subjacente · à ·ua e, uui.ura económica quando alirrnaçõe~ scmelhantc: à ele Vilar: • P'.>rquc os mculi$ ql.ll! enriquedam de forma ttária
entrou 00 si-culo ;'(VI. Em primeiro lug:ir. como mencioná.mos prcv1a'.nente. a força relau- a Espanha( ... ) ílu1am para aquele.~ pa rs<:• ntrdt o u u podtr ~ compro rro tr.OJO~'
,.amt'nte organizad;J do< criador<' de ovelhas mi grant" foi uma b:irrc1ra 1mponante para o Viccns: «Na verdade. Ca, tcla contou com a injtcçào de . . - Ou
ap;ir<eim<'nm duma ·' rr>rrUJ ~n-. j que foram capazes de manter as su3:' pr~rrog at '.~as contra o momentos crítico' da sua luta com 0 re•to da Europa.' " ' ' rnctaa PltO<JSOIJ da An>híça. no<
proce •ode ved.1ç:io (mclos urej da terra arivcl. Na lnglatcrrJ. a cnaçao do ovelhas era m~nos É ceno que aqu r um factor era o contínuo papel finarn.ciro chave dos csuan' iro5·"
migratória e mai,; compatível com um sistema de endosure que. pem11tw o knto progresso da genoveses. holandcsc,. Judeu' ponugut '<:s, franceses " "''· Outro eram as retic!r"fa, ~
entiteu.<c '·"'. Em -Cl!undo lugar. havia a falta dum sector mdus~nal ~1gmlica11vo: e o que ex1st1a Carlos V em tomar uma p<:r•.pcctrva naâonalisw espanhola e a.doptar urna políuca meittn-
o.xido' e i.cda< em- Ci<tel al viria abaixo na crise de 1590 11 • '. V1cens atnbu1 isto u.m tanto tili sta ' '"' antes de a bu.rgues1a castelhana ser •ubmcrgida pelo impacto 00. preços cr=cn-
misticamente 3 •i ncompreensão do mundo capitalista~ por ~ane de Castela" "'>. Seja como tes. 0 ~ g'.1-'tos _s umptuários ~.~.~nstocrac1a e os cfcít"' inílacionários e antipn.ceccloníl>US dos
for. a ~ua desc nçjo empírica cto que aconteceu depois da c~ sc indica que a estrutura dos gastos empres11mos ao 1rnpcrador • tudo isto estando ligado ao envolvimento espanhol 00 império
fo i pe lo menos uma vari:lvcl que teve um papel na decadenc1a:
~ç~~~:,;: ,if~~n~~~. ~ ~:i !.º~~~ ~~~~~ ~~~j1 '."1~;.wfouOObnd•. Prcxmhnp
1
PrcdsJ.mcntc aqueles que possuem o dinheiro (aristocrarns, ~dalgos :i"daluz.cs .e estremenho~, ulUJ Tro1UOCt•<•M of V:~ p~
funcionários rt form:idosl (Xtriíicam-no cm con~tru~õc.s (ig reJ.as. pal~c1os, mosteiros) ou s~c~~l 1;
zam- no cm obrlSde anc. Mas nenhum cede à u:ntaçao mduslnal ou s1mplcsmcnte mcrcanul .
1 134. Vilar. fa st &: Prtst'nt, n.0 10, p. 32 (n. fs.8 1.
13.~ - Viccns Vive!<.. Approarhrs. p. 97.
136 . .. Qs princ1pai~ ~ndicij rios dôra cri.!IC foram os õtrmgeirOJ - os ciaõbdos gcnove.!ia (""moat!!JI
Um afastamento seme lhante no esquema de investimentos afectou a burguesia catalã, brarn::os''. 1al e~'!'~ um <.:ala lao irado lh~s chama,·a). os judeu.!i portug~!lõ e ()) hefrp bolL~l. Os ~:n»
es1range.1ros dm g1am a!<. ~n;,nças ~a Coroa: os mercadores rslrange1rr.K tinham t a.'41.Jlt ido am estUJ'\t'..;WT.esw dõ1
que estava muito mai s oricniuda para a nova economi a capitalis~a ..Braud~I assinala o seu economia caslc lhana em seus tentacu loi. c:s1avam a enrolar - ~ à volta do lucra1jvo c.omérdo lt.'T>C'nc:oo de Se ib.• .
crcscc:ntc 3 fo, i;t:unc:nto do comércio pilra invcs11r em terras cult1vavc1s. <(Nao é este um dos John Ell ioll , PcJJ'I &: Prtst'nt . n.v 20, p. 69.
aspeclO' do drama ccon<lmico de Barcelona' A burguesia de Barce lona começou a investir o • Ü est'ám io prufundn por a.'isuntO!<. terrenos e o ida J dum.a m i~são ccumênKa para a bf\&f'._1>...:; er..r.ctn.u::n
dclini1ivamc01e qualquer programa para a rccupcraçãocconómicadc.-Ca...zel3. BmqtJCu\t\ S!eTIO\OC monoprJlt~
t~ rra!\ em
11
!)C U dinhcirc ) cm ve 1. de con tinuar a arrisd· lo cm emp reend imentos marítimos» l?i.
os lucros da cxplorJç:io tia'< mina" americanas: fomcctdores grnovc5it'\ control3vam 0 a.pr0\-is: 1oo:imeruo d.a.\ frotn.
l\to foi.· nn:-. rc:flc:ctir: como é ro~" ívc l que num Cl' nlro do mai s importante im pério da Europa En1re1anto. mcrcadorl's italianos. ílamcngos e france!'es assegur.svam o controlo do C'umtteJO colom.U pc.tt rr.c10 d;i1,
da época. a ~ua burg u~ ~ j3 p:tssc.· Uu investimento ultramarino para o cultivo de cereais. em vez fei ra'i cm M~dina dei Campo~ dos embar4ucs a partir de Sevilha e C~fü . Lonse de re<t~1 r , a monarquia cnrnlvi• ·llit
cada \'Cl mais cm desonkns linanceirns pcngo~ que a punham n:. ~n& nci a d..1 m;iqum.a c ap:Uh.\O do OOtTO
de construir uma base indu,trial?"·' '>. Existe out ro 4ucbra-cabcças. Muitos escritores fazem lado dos Pirenéus: 3 princípio esta depcndênl"ia era indi :) ptO~ \·cl. depob foi ruino:-a. e por fim esttnl. i _ ) '.\ io
deparamos com capi1al inve~lido no pai" 'IUcr para aumeniar a produ1i vid:uk do solo a.~cot. 4ucr pani fomur
companhias comerciais para nplorar u mundo occ::inirn - nem ~smu p.lf1 explorar o comêr::lO de cscra"·O!o. qne:
J :!K . .. (A' gmnde .. ciJ..illc'i esp:mhol:1s no sér ulo XV II es1avamjj a vcrifo:ar um~ verdade funda~en1al cm ·estava cmreguc nas màos dos ponugucses e do!> franceses ... Viceru. Vive:), A. pproarh~J . pp. 97-98 .
ernnom13 ;i ~rária que: . mu i10 infrli t mcntl' para C11s1da. nfü1 i.cria ~ompk1~mente apreciada. até que dois séculos Ramón Carnndc toma claro que esta dept'.'ndência da 8.panh:i do ~c ul o XV( cm relaçio ~banqueiros
d~:mro"m ckcorrts<,t> m. O f:K IO C TJ que viJa p:1.~1oril e n 1hivo poch:un mu110 bem ser combinados. e nlo cr.im de c:stmngciros ~ uma conSl'quência direr.:ta da cApulsão do!> judeus: • Anlcs do ~ulo XV I. 1~ banquc1r\1'\ estnngc-™
modo algum ho:-tt~ . nem ~ nclu lam mutuamente ... Kkin . Th e Mt'sta. pp. 327 ·328. . nào c: ~ tavam prcse n1cs em ca.. . tcla e Arn~flo comu o C!<.t.n am cm Jnglatcna e França. por t:\C"mplo . .Slo qut n.i..~
1~9 ... J)ú ~rnl1' XV I au :.éçulo XV II . o:- P:1 b es B:iiXl'S. J lnglu1crrn e a frJnça 1mpona.,•am de E.'ipanha lenha h;wido pur muim lcmpo, ao longo do:) i.éru los XIII. XIV e XV, mcrcadorer.. eÃÓhcos O(~t.e!> re ino-.. (_ l Sio
matéria:- pri mária..~.111"· i 1 c, 1.·orantt", , l.i. e11yuan11• 4U1.: a Espanha rec~hi :11.•m 1nx:a as !i uas m:mufac.curas, _mas também ubstan1e , os nossos rt•is. os de Cai.tC'la e de Aragão. não pr1."<"t!>~V am de 00.nquci r~ e i.~gC" ir()) no ~• no. O... Abrlt..'e\.
ccTenis A e~pc'°i:i l i1:i~·:10 mtcmaciunal a.,,im defi nilla imf)l;di11 a mdlistria c:spanhola de ob1cr mvc:sumcnto dura· !saques e Samucis chegavam. Os judeus. mt esfera l"Conómica e especialmente no campu do cm.lito, ni.o depararam
douro. S..10l\:'nle a r-<qucna emprl·:-a t1nc ...;mal pcnn anecia para lutar pe la sua cxis1êm.:ia ... Da Si lva, En Espa~n~. ao longo da Jdadc Média, m) interior llo país. l'OTTI rnmpctidorcs capv cs Jc os ~ u~li1u1r. Ch JlhkU'> C"ram sunulu-
pp. 111.178. ncamente os tesoureiros e os linanciadort!'> tios rei~ · - E/ a tdit11 dt• Ca.1·tillo rn ri prrcio de- la J'ôlir1co •'"f'C"'ll.
130. V11,·e n" Vh·c1;, Ar pm.1r heJ, p. 98. Ramón Canmde t ral\'tl mais rckva111c quando indica que no longo tliscurso lcido nn1e la Real Academia de la Hi!ltClri:t. (Madrid. 19-l9J. ~~. Ver Klein. Thr Mma. p 3S. _
do M'\."ulo XV I ~ r roJuçi'llJ e~r~hlll:i t.k tecidos CSlll V!l 8 lkdinar deçisivam("nte cm qual idade. Ver Carlos V. l, 137. Ellion , /mpcrit1/ Spain. p. 196. fale t também o pcmlor dv capitulo de RJ.mon Cu.r.indc inlltubdo '
pp. 19 1· 192. Ver Ellimt. lmr~n,;l Spai11 , p. 193 • The mcrrnnlilist cro!<.sroaJs .. , CiJrlos \'. t, r.:ar. vii. Vcr 11.í: «ACl pms.~gu ir os !<USotljo:t1\·os. C.vlO!> V fu ~E.~

~~;~~ ~~n~:ó:~o~~:::,~~~:; ~:: 1~~~~:~~i~ 1~~-:~uu~~~~~;~~~~: ~;:~~:ç~~~~~~ ~~~~:~~~:::.


I J.\ . \l i("tlh V1\ t'S.AfJpm1.1d1~'J' , p. 99. 1

13.!. Rr:iuckl. /..i Mr tlu1·m ,,,fr. 1. p. 63.


133. A E(,p,:mh:t t':-l:J \ ll l"Jd:t \ C:l m:ns a \'Ohar-St' p:trJ produ1os agrícola.~ adl'quaJos à produç:lo em herda· ritórios e-rJm outras tantas pmvincia...;, com int("n:ss.cs inc omJ>J.tí\'eis. 1al rnmo no!> !em~)~ cl:is.\K~ . . EmbJini nill
do. trm dos pri n~i p:ii' C \ C"mp lu~ rr.t o vinho. qu~ se transfon nou no •.lrabalhn dl' c:impom:ses as.\3larial11.,s. de trabJ· cnvoh·idos no impfri\) ..:omo um 1000. os seus in1ere~scs tc.'l'nómicO'i colecli rn~ eslJ.\ a.m \k·renJcnic-s. ~u t,"1'13d..l de
lh:xl..m:i. rur:ii ~ ... D:i S1h J. E•1EJr11gne, p. 159. Al ém Jisso, º" llÍ\"cis Je :ulári1'S des1cs trabalhadorcsc stavam a str d1.-cisôoes pdo illlperJdor e ponanio não m.::cbi;un :i rcqucriJ:i n.tcnçl u ." ~ in1eriur Jo m<"n:a_do rut.: k,fl.l l lp. l~\J J ..
!linda nujs dimmuiJlh pt·l~1 mflu \o de 1mignm1l's frnnc6l'S 1p. 1 L\) . VC"r N~\1.bl , L.J r ohlc1ciá11 opmiola, pp. 8()..88. Luis Vitall· dC"fcnde quC" a poli1i1.·3 ci.p;.inhola nlloer.i .. nlc.'n:ant1l1sm.. mas .. camb1.iri1•. ftrt..lolrt1~n111 1 rlnm.
ln'o'Cr.i:tn'ICl'\lc. e,1.1.a,·:i a ri-·nkr n:t ("'t.'S.Cl cumo pruduwra. manl("ndo-sc cmbora no merct1do Je l'.on sumo. H. n.• 27 , p. 23 . Ele ddendc na \IC rdadc qul" as r:iil.cs do..11.""CliniodJ tsr.mha r~iJem no ~u frJ~l.~"O C'.m ~~~
A. l nni~ expl."'\t• as i.mphC' :t\l>e-~ dí::-le facto: ...o d(.""Clíniv d.J pc: sca csranholJ (na Terra No,·ai é o re\'erso Ja abcnura política protecc ioni s1a... r:i.rado~almcnte a fap.anh:i convcneu·sc no principal motl' f dla mJol~m 3 dos í'l.~ ll'luni·
do ~:iJo t~p;;m hol lO J)(SCadll d:t FrJnça. dJ lnglatrrr.t e d:t Nov;1 lngb11.•rrJ. Elt' anum.:iava o co m~rcio que por gos , a lnglatcm1 c a FT3nça (p. 24J•. . . do perad.Jr
s& ula-< sigm fi-1:\\U parJ a l n~ÜtC" rr..t o J<~ m o lv imen ro d:i Tcrr.t NO\o, a mairntcnç3o dum:t escola par.:i marinhdros, 138. Ver Elliou . Imrrrial Spain. pp. 192-19.' . Klein indica?"~ ~~ os.~~~ ..~~~iosdl
o comumo de: ~ns manuf:11,,1 ur.tdos in~k'<~ e: o mc11.} d(' se aprupri a.r Jas divis:is. espanholas. Não é pruv:i.velmcnte prcjudic:i.vam a sua capa.ci~e de julgar os.contlitos int~mos e.sp3~ls. ~o 1 ~~:.t 5('(,·irl~ in;~ q~ ~ .
J emJ.Slal'.h.l dita·M" que OQ<.. séculos XVI l' X Vil a pcdr.t ang.ular do Império Britinico ti nha sido rea.lmr:nlc lançada ~ksta, tendo levado à sub1d3 dos preços alimentares. fornm combAudos nas ~ aJ ~ . f 1 iod.l
0
mm N..se oo rnmfo:io r spanhol. O rnnsumo de bacalhau da lnglaterrJ protes1:11ne dec linou com o (Xldrl.O de vida ja\'IUTl encorajar a agricu l1urJ propriamente diu: .,Q próprio Carlos '!ti,·a n= ~~ t ;, sua~ r~ 05 i
em murl...m\J . rofém 3 Esp:mh3 n tólic:l. ap~.scn t.a\"l um mercado firme e em cresc imcn10. O brinde dos pescadorTS o problema da pastoriri3. Em pnffi("iro lugar, ele n:i.tUDlmcntc_propos eJ.p ., 't s:ntidl'I fot tambCm enco-
d:l Tem t\ova... Ao PJpa e dez idins-. é um brinde: a que 1odos os bons cidad.3.os do Império Britinico se hão-de stus avós tinham feito - o que si~nifk:a\•a pa."torici.s sem restnçõcs. A SWl P.' me.a ncs e 1

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,...
1

>an -europt'u dos llahsburgo. o resultado destes dois factorcs. o gr'.mdc pa~I dos interesse~ dirigida contra a ari stocracia latifundiária. uma espécie de último esforço por pnrte dos ele-
~nancciros n:iocspanhóis dentro de Espanha e a foltn ,1c_ vontade (o~ mc.1pac1dade! d~ g~vcrn~ men1os burgueses da Espanha para quebrar o poder desta clas..' c não prcp3rad3 para o cresci-
pura adopt:lr medidas protcctoras ackquadas. conduL 111 à 1nvers.10 do papel cconom1co da mento capitalista ""'. M a~ a aristocracia salvou-se encontrando uma compensação para os
Espanha ''"''. . . . . , rendimentos perdidos na recusa cm pagar os empréstimos devido' à burguc,ia. atitude cm
· Em vez de se opor cios comerciantes estrangeiros. a .Espanha to~10u o cam.mho de que foi apoiada pelo Estado 1"6l. Pierre Vilar resume as consequência' ducndo: ~ Em vez
expulsar os espanhóis não ratólicos . um cami nho autodesrru11vo. A pos1çao mternac1o~al da de prejudicar a economi a feudal, voltou-se deste modo contra o~ seu' credores: os agricul -
Espanha como cabeça da oposiç:io às forças do protestantismo na Europ:~ e às do lsla~ ~?
J\kditarànco conduz.i u-a, uma vez so frida a derrota da Armada lnvenc1vcl em 1588 •
1 tores desafogados (/abourers riches ) e os burgueses·,, ""'· O resultado líyuido foi duplo. Por ·
um lado. «a expulsão dos mouriscos teve como conseq uênci a desequilibrar durante mais
a cguir '" concl usões internas lóg icas da sua política internacional. Tendo expulso ~s de um século a Península Ibérica. Decidida em Castela. quebrou a espinha a Valência e a
judeus cm 1492. os mouros em 1502 e 1525 . e tendo perseguido os marra11os e os. «erasm1- Aragão»'"" · Por outro lado. tomou ainda mais profundas as difi culdades económicas,,,, ,
ias ~ dur.mte todo 0 seculn XV I. a Espanha expul sou a última mmon a pseudo-rehg1osa. os e fez com que a Espanha buscasse novos e efémeros bodes expiatórios para justificar a sua
chamados mnri»eOJ. em 1609 ''"'. Os mouri scos eram 300.000 e na sua maior parte tra- decadência ""''.
b:llhadorc> agrícol:is. concentrando-se principalmente em Valê ncia e na Andaluzia'"" · A Entretanto. o governo encontrava-se cada vez mais endividado ao exterior?
expuls:io do," mouriscos pertu rbou a estrutura social interna da Espanha. Ela foi conse- cada vez mais inclinado a enfrentar a crise orçamental por meio do repúdio das dí,,idas
quência. em parte. dos problemas económicos da primeira década do século XVII ""' ' e, ( 1557. 1575. 1596. 1607, 1627. 1647). e, finalmente, ~ incapaz de continuar a lu tar~ " "'·
em pme. da situação internacional declinante da Espanha " " '· Tratava-se de uma acção E internamente. "ª política externa fantasticamente di spendiosa de Carlos V e a sua depen ·
dência do crédito para a financiar» teve como consequência. argumenta J. H. Elliott.
r.1j aJJ r-: k> f:K.:ro d~ 4ui: c-m 15 25 ck ti ntu urendJdo a.o' seus c redor-e~. os Fu ggcr. ª " muito va liosas lt: rras de pas- não só « O domínio dos banqueiros estrangeiros sobre as fontes de riqueza do país ~ mas
uzem Jos nwestr'1:~os - ou cr3o-mc urados das o rdens m ilit.a.rrs: e: pt!nn irir qlJJ.i 'G~r incu~õcs do culti"o nestas também que. •<em Castela. a maior parte do peso fosse suportado pelas classes menos capa-
t~.s podl.1 k' .JI 3 ob~çõc ~baraçoc;..:is por pa rti: dos seus banquctros. Por outro l.Jdo. com o a.s SU3S necc s~idadcs
fin.mccir.b 11rJum aumrnudo. su~idim cspcciai.i ou sL"n icins unham de ~r requi s1t.ad0'\ à.' Cones. Dt: modo a citadas para o fazer »'""· O dilema resultante para a Espanha foi percebido já no ano dcJ
assccunr c~.i ~ maJ ek era com ~l ido a cooçl!'(fer licençis p;in a ... ed.lç :jo ck terra..10 púb licas a virias cidade.s maiores 1600 por um advogado e teólogo chamado Martin González de Cellorigo: ~ E assim. a
c u· -infl:x!rK'!l en nece:s~:in:i ~ promo... c r o '-' OlO dO" subs idio-. a tra ... es d:is C ones. l .. 1
.\ f.1 5- C.ttlÜ"> rUo demorniJ cm 1omar a :i:i:i dcci.sâo. po is os !'CUS pLlll ~ e ambições n:io eram de um tipo que
~ie eiper:ir paa;~r;_~r.t~ relo d..-scm oh. 1mer.to de 100.J. umJ. no .. a mdú mi:! . E le prec isava de arranjar fundos 145. Ver Juan Rcglá. · La cxpulsión de los moriscos y su'l co nsecu ~ncia~·. H up11ma. rt'tisra ~\?Jf.ola ,
d;: r.rr.aJ~ . ~ u..11 di."S recur~ m.1H explor1ve1s e d !.')pon1.. e1s oo .. ~u do m ínios espJ.11hói ~ er3 J indlisui.1 pastoril. d e historio . XIII. n .'~ 5 1. 1953. 222. Kl~ i n . contudo. ,.ê i!.lO como sendo em part~ uma defe~ &! mtere s~~ ~
de t.1 muito N" odccid:i e l=: a m•Jlti"-.mno íloreieente. n~s.e tcmpo m.l b pró,pera do que nunca fora oo do que con1ra in1c rcsses a!?ricolas : • Pode diLcr -!te que não par~cc impro"·.:hrc l que a Mesta u.u~~ a M J3 míluê-nl.:l.3 junt o ~
... uu 2 ~r . •.. • ..\ ('OlbC'?"'loJÇ.iõ íloresial e: a teTTJ a::h el ~narn .:unba.\ ubordin.ld.3..s aos interesses da p.lStoricia.-. m on3rcas par.i assc!? urar a e.1.pul ~o d ~ mouri""'°' cm 1609 . O s rc g1,tos das !ioUJ~ firi p.ç~ r orHrJ as \."eda.çõc:
K ~ m- T"i>~ J.tt r:J . çp. 32i -32 . ind ividua is de pa~tagen.s pa r.i fin5 de cuhh·o mo'.ilram . duran1e os úll imos anítS do reina-do de Filipe li. um ntimero
E cc-."M ~ LS n.io "t3.UC. o declínio d3.'i impon.a.çõe.s de pr:ata após 1590 lc1o ou o go .. emo espanhol a s urprecndcmemcnrc ele vado de acu .,.ados mouriscos. Embora uma parte consider:i\"el drn. mouris':°' los\C'm "'endt-·
!Cf"'~ r:ct: ~-I J.; St.:llo p!'rd.l... por mc tO de urn a dcsastros.'.l polílica de sobre-uibutaçfo da ~u..,te burguesi.l esp:i- dores ambu lantes. comcrciantc'i e mendican tc!l. . a mJ.ior pane dele'í eram campone~ s agriC'u ltort'".. . A ~u:a upul..do
.J. Vet E:.11;.r.;r_ P.ir: &. Prtu1:.:. n. 1 20. p. 71. ( ... )foi( ... ) inqucstionavc lmcn1e uma da " ma is SC\'e ras pt"rdas ali; uma \Cl conhecida.'i na hi itóri.J 2!'niri3 csp.J.nhofa • .
1J9 .. fi!:;iie Jl pa.."':1-""l:-r:-.e ter- ~ encontrado t't' gul.ltnYn ~c n.1 posição de! um governo su l-americano do The Me1ta. p. JJS. Ver Jorge !\adal: .. Qs moti\ OS desta pc:rse.guição podem )eT reduLidos a· d ois: por um l..ildo. a
;.b..-do XI~ . n::.:i "':.3 rrod.:;ção e mli..l:S. oo m.s ~U1S pL:muções. ma di!-\a.rnudo face ii finança intemaciona.I. O minoria moura. idcologica.TTl('nte inamm Í\·cl . emergiu das crcscrntes dificuldades ecooóm1cu melhor doq!.ll: a minoria
!'~r.-r..o e::i lf'o i'!' Ó! d...io.::cTd.r e• .?:.! 6: ~ in:. nus d..'""pc6 era forçado a submct.C"r-s.e. a recic lar O'\ ~us recursos. cris tã: por outro lado.~ vassalos muçulmanos. mJis dóceis do que os seus opositores. fnorttiam os mtr~ da
• .1e •:..J..'""' J ;.er - ccrn:.;:-ree n.\i\ o- • . Bi:l!.dcL La \.ffd1urrar.à. 1. p. -U>l . aris tocracia feudal •. LA pohlación espaitnla. p. 63.
1 ' .. .. 1.!p.:.r. t!'"t:' ;x> fa."b:C lt"r sido a;:-~n!.e ~ a fa;:tar..h.a ~tJ~ l a perder a su3 bata.lha contra as l.J6. Ve r J u:m Reglá . Hüpania. rt\ Ú ta espoiiola de hüto ria. XI.li. n.• 52. 1953. 446.
Lv-;:a.s çr~ãOS..- c:..:cr.x.JOC""...l.l. t...J ~ alp.:...-:l a..'10 a uuh 3 d.ivi\.l.J ena:: a E!p:inh.:i tri on fane dos primci- 147. Vil.1r. Europc. ~. P- 6.
~d H..t..""'s..b--p t l. E.iç-~...r-l ~ e êt-'id1..1.!!.d.J dEx Soe"~ Süoe'\~es. C"1iC ano é o de 15 8 • . Elliou . Imperial 148. Ouunu. Rn ·ue hü 10riqut . CCXXV. p. 97. Ver Ju31\ Rcglá.. .. La C.\pol.stón de: los moris;.:os y sus .-
S~c...~. ~f ~ : -~ J coosecucncW cn la economia \alenc i:ina• . Studi iff onore di Aminrort Fanfani. V: E n mt:>dlrna r cr>r.ttMp<i<aMo
J.! i ~ ~.!..)l:: - é o \.:nnoç;có:-\,;pu C'5 ma;ulrrwlos "h. endo cm k'1Titório crisúo e que foram forçados (~f j Jio: Do n . A . Gi uffre-Ed .• 196.:!). 525-545. J . H. Ellion . se é algo res.crvado a rcspc-i10 do imp.leto económico
.lii:~ o =~cru..z .a~..!: 1 ~.J:a.iça..1irde 150'2 emCasteb e de 152.5em Aragão . •.\ rruiorU negati\'O sobre a Espanh3 sobretudo da cApu lsão dos mouri.\Cos, admi te: · Pe lo menos par.i VaJ(nci.i. a eA.pulsjo dos
~~~-=\"~~~-=-~~~~--~:. bÊ,.n ~ os \ ~ lhos cosrumc:s L~he\· . ~ou ~rita por Joan Conndly mouri.s...:os foi cnüo um deSMtre económ ico•. "'Thc Span i.sh Pcnín~ u!a. 1598- 1fH.8 • . .Vew. · Ca.mbrul~e Modun lfzs .
tory, IV: J. P. Coop<r. ed .. The Decline a/ Spain and the Thiny Yeari War. / 609 -4~159 tl..ondrc:s e !'ova Iorque:
~-:- ~;~:.~~E~E;;:-~{..:::.-:~:l; ~ 1- ~i.~~p~~\I~ ~~ mi~ no trab31ho &: Henri Carnbrid,ge Univ. Prco;o;. 1970 >. 455.
149. • É prová.\•e l ql.o.e um:a ~ cons.cq~r.cias imediau..s da expul.\ão dos mouri~ tentu. ii..:to qltt: o . .
t t J · : >~ ~.......;::'"M;tJoo\ ~--:-JCT ~"\:i.-.oc; -s6:-._!o X V IJ {em E.! p:arJ;aocorrt'lJ 1mUI im~da ter.dênc1a volume de comércio da Correra no período 161.$- 1622 foi incapu: de igualM o do pcriodo mhimo 1605-16 13.-.
~~::..:....~~.:-..:c-t~ : li"li -!!f,.:. _ ::- --::::i: t:i."'ot'l'"\.loc.lr_~~=-...c-.4 J-.ciçnJ fdo} \ <>lume 2.lobJ.J de comércio cru~ Oiaunu. Ren1e hiJrorique. CCXXV. p . 93.
~ó-,A!'..Z".f>.:.t1 C"i.pl.-::'.oi =.?1-i .. iyr..o- A:;;in..• en I~ lifh. A 411Z3Çâo prcci'2 ;, tanpod.l npu l..sàodoi 150. ·Scr.i que já d.:mos suficiente aicnção à f. .. ) tratufcrrncu Ide objcctoJ que ororr< no dCruno da -'

~ L-_,,/J.";: ;;,~~;.:~~ 'j~ .:~;f~;;_~::'cÓ~~l~: 1~;;:;~·,~~~norit6


<k.ter ioração conjuntural da Espanh3 do século XV I L quando o útil bode e:t.pi:uó rio mouri~o faltou dt repente. Jnn
<t conjonc· os jude-.is ou para ~ q ue eram acu.s.ados de Strcm judeus? ... Chaunu. ibid., p. 94.
· ,-.,, ~cx5.:.41~~~ X\ l o;. :r.:'.>al!COSent.:1~urrr...t ....qt::nta c.oti..m.a.-pottnefa.l 151. G. ~- 03.Tk, The Se,·entrenth Ce"tury (Londres e ~ou Iorque: Odord Lniv. Prt:ss IO:JRndom:- ~

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1929), 42.
morna Yb 152. El lioU. /mp<!ría/ Spain. p. 21».

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1

>an -europt'u dos llahsburgo. o resultado destes dois factorcs. o gr'.mdc pa~I dos interesse~ dirigida contra a ari stocracia latifundiária. uma espécie de último esforço por pnrte dos ele-
~nancciros n:iocspanhóis dentro de Espanha e a foltn ,1c_ vontade (o~ mc.1pac1dade! d~ g~vcrn~ men1os burgueses da Espanha para quebrar o poder desta clas..' c não prcp3rad3 para o cresci-
pura adopt:lr medidas protcctoras ackquadas. conduL 111 à 1nvers.10 do papel cconom1co da mento capitalista ""'. M a~ a aristocracia salvou-se encontrando uma compensação para os
Espanha ''"''. . . . . , rendimentos perdidos na recusa cm pagar os empréstimos devido' à burguc,ia. atitude cm
· Em vez de se opor cios comerciantes estrangeiros. a .Espanha to~10u o cam.mho de que foi apoiada pelo Estado 1"6l. Pierre Vilar resume as consequência' ducndo: ~ Em vez
expulsar os espanhóis não ratólicos . um cami nho autodesrru11vo. A pos1çao mternac1o~al da de prejudicar a economi a feudal, voltou-se deste modo contra o~ seu' credores: os agricul -
Espanha como cabeça da oposiç:io às forças do protestantismo na Europ:~ e às do lsla~ ~?
J\kditarànco conduz.i u-a, uma vez so frida a derrota da Armada lnvenc1vcl em 1588 •
1 tores desafogados (/abourers riches ) e os burgueses·,, ""'· O resultado líyuido foi duplo. Por ·
um lado. «a expulsão dos mouriscos teve como conseq uênci a desequilibrar durante mais
a cguir '" concl usões internas lóg icas da sua política internacional. Tendo expulso ~s de um século a Península Ibérica. Decidida em Castela. quebrou a espinha a Valência e a
judeus cm 1492. os mouros em 1502 e 1525 . e tendo perseguido os marra11os e os. «erasm1- Aragão»'"" · Por outro lado. tomou ainda mais profundas as difi culdades económicas,,,, ,
ias ~ dur.mte todo 0 seculn XV I. a Espanha expul sou a última mmon a pseudo-rehg1osa. os e fez com que a Espanha buscasse novos e efémeros bodes expiatórios para justificar a sua
chamados mnri»eOJ. em 1609 ''"'. Os mouri scos eram 300.000 e na sua maior parte tra- decadência ""''.
b:llhadorc> agrícol:is. concentrando-se principalmente em Valê ncia e na Andaluzia'"" · A Entretanto. o governo encontrava-se cada vez mais endividado ao exterior?
expuls:io do," mouriscos pertu rbou a estrutura social interna da Espanha. Ela foi conse- cada vez mais inclinado a enfrentar a crise orçamental por meio do repúdio das dí,,idas
quência. em parte. dos problemas económicos da primeira década do século XVII ""' ' e, ( 1557. 1575. 1596. 1607, 1627. 1647). e, finalmente, ~ incapaz de continuar a lu tar~ " "'·
em pme. da situação internacional declinante da Espanha " " '· Tratava-se de uma acção E internamente. "ª política externa fantasticamente di spendiosa de Carlos V e a sua depen ·
dência do crédito para a financiar» teve como consequência. argumenta J. H. Elliott.
r.1j aJJ r-: k> f:K.:ro d~ 4ui: c-m 15 25 ck ti ntu urendJdo a.o' seus c redor-e~. os Fu ggcr. ª " muito va liosas lt: rras de pas- não só « O domínio dos banqueiros estrangeiros sobre as fontes de riqueza do país ~ mas
uzem Jos nwestr'1:~os - ou cr3o-mc urados das o rdens m ilit.a.rrs: e: pt!nn irir qlJJ.i 'G~r incu~õcs do culti"o nestas também que. •<em Castela. a maior parte do peso fosse suportado pelas classes menos capa-
t~.s podl.1 k' .JI 3 ob~çõc ~baraçoc;..:is por pa rti: dos seus banquctros. Por outro l.Jdo. com o a.s SU3S necc s~idadcs
fin.mccir.b 11rJum aumrnudo. su~idim cspcciai.i ou sL"n icins unham de ~r requi s1t.ad0'\ à.' Cones. Dt: modo a citadas para o fazer »'""· O dilema resultante para a Espanha foi percebido já no ano dcJ
assccunr c~.i ~ maJ ek era com ~l ido a cooçl!'(fer licençis p;in a ... ed.lç :jo ck terra..10 púb licas a virias cidade.s maiores 1600 por um advogado e teólogo chamado Martin González de Cellorigo: ~ E assim. a
c u· -infl:x!rK'!l en nece:s~:in:i ~ promo... c r o '-' OlO dO" subs idio-. a tra ... es d:is C ones. l .. 1
.\ f.1 5- C.ttlÜ"> rUo demorniJ cm 1omar a :i:i:i dcci.sâo. po is os !'CUS pLlll ~ e ambições n:io eram de um tipo que
~ie eiper:ir paa;~r;_~r.t~ relo d..-scm oh. 1mer.to de 100.J. umJ. no .. a mdú mi:! . E le prec isava de arranjar fundos 145. Ver Juan Rcglá. · La cxpulsión de los moriscos y su'l co nsecu ~ncia~·. H up11ma. rt'tisra ~\?Jf.ola ,
d;: r.rr.aJ~ . ~ u..11 di."S recur~ m.1H explor1ve1s e d !.')pon1.. e1s oo .. ~u do m ínios espJ.11hói ~ er3 J indlisui.1 pastoril. d e historio . XIII. n .'~ 5 1. 1953. 222. Kl~ i n . contudo. ,.ê i!.lO como sendo em part~ uma defe~ &! mtere s~~ ~
de t.1 muito N" odccid:i e l=: a m•Jlti"-.mno íloreieente. n~s.e tcmpo m.l b pró,pera do que nunca fora oo do que con1ra in1c rcsses a!?ricolas : • Pode diLcr -!te que não par~cc impro"·.:hrc l que a Mesta u.u~~ a M J3 míluê-nl.:l.3 junt o ~
... uu 2 ~r . •.. • ..\ ('OlbC'?"'loJÇ.iõ íloresial e: a teTTJ a::h el ~narn .:unba.\ ubordin.ld.3..s aos interesses da p.lStoricia.-. m on3rcas par.i assc!? urar a e.1.pul ~o d ~ mouri""'°' cm 1609 . O s rc g1,tos das !ioUJ~ firi p.ç~ r orHrJ as \."eda.çõc:
K ~ m- T"i>~ J.tt r:J . çp. 32i -32 . ind ividua is de pa~tagen.s pa r.i fin5 de cuhh·o mo'.ilram . duran1e os úll imos anítS do reina-do de Filipe li. um ntimero
E cc-."M ~ LS n.io "t3.UC. o declínio d3.'i impon.a.çõe.s de pr:ata após 1590 lc1o ou o go .. emo espanhol a s urprecndcmemcnrc ele vado de acu .,.ados mouriscos. Embora uma parte consider:i\"el drn. mouris':°' los\C'm "'endt-·
!Cf"'~ r:ct: ~-I J.; St.:llo p!'rd.l... por mc tO de urn a dcsastros.'.l polílica de sobre-uibutaçfo da ~u..,te burguesi.l esp:i- dores ambu lantes. comcrciantc'i e mendican tc!l. . a mJ.ior pane dele'í eram campone~ s agriC'u ltort'".. . A ~u:a upul..do
.J. Vet E:.11;.r.;r_ P.ir: &. Prtu1:.:. n. 1 20. p. 71. ( ... )foi( ... ) inqucstionavc lmcn1e uma da " ma is SC\'e ras pt"rdas ali; uma \Cl conhecida.'i na hi itóri.J 2!'niri3 csp.J.nhofa • .
1J9 .. fi!:;iie Jl pa.."':1-""l:-r:-.e ter- ~ encontrado t't' gul.ltnYn ~c n.1 posição de! um governo su l-americano do The Me1ta. p. JJS. Ver Jorge !\adal: .. Qs moti\ OS desta pc:rse.guição podem )eT reduLidos a· d ois: por um l..ildo. a
;.b..-do XI~ . n::.:i "':.3 rrod.:;ção e mli..l:S. oo m.s ~U1S pL:muções. ma di!-\a.rnudo face ii finança intemaciona.I. O minoria moura. idcologica.TTl('nte inamm Í\·cl . emergiu das crcscrntes dificuldades ecooóm1cu melhor doq!.ll: a minoria
!'~r.-r..o e::i lf'o i'!' Ó! d...io.::cTd.r e• .?:.! 6: ~ in:. nus d..'""pc6 era forçado a submct.C"r-s.e. a recic lar O'\ ~us recursos. cris tã: por outro lado.~ vassalos muçulmanos. mJis dóceis do que os seus opositores. fnorttiam os mtr~ da
• .1e •:..J..'""' J ;.er - ccrn:.;:-ree n.\i\ o- • . Bi:l!.dcL La \.ffd1urrar.à. 1. p. -U>l . aris tocracia feudal •. LA pohlación espaitnla. p. 63.
1 ' .. .. 1.!p.:.r. t!'"t:' ;x> fa."b:C lt"r sido a;:-~n!.e ~ a fa;:tar..h.a ~tJ~ l a perder a su3 bata.lha contra as l.J6. Ve r J u:m Reglá . Hüpania. rt\ Ú ta espoiiola de hüto ria. XI.li. n.• 52. 1953. 446.
Lv-;:a.s çr~ãOS..- c:..:cr.x.JOC""...l.l. t...J ~ alp.:...-:l a..'10 a uuh 3 d.ivi\.l.J ena:: a E!p:inh.:i tri on fane dos primci- 147. Vil.1r. Europc. ~. P- 6.
~d H..t..""'s..b--p t l. E.iç-~...r-l ~ e êt-'id1..1.!!.d.J dEx Soe"~ Süoe'\~es. C"1iC ano é o de 15 8 • . Elliou . Imperial 148. Ouunu. Rn ·ue hü 10riqut . CCXXV. p. 97. Ver Ju31\ Rcglá.. .. La C.\pol.stón de: los moris;.:os y sus .-
S~c...~. ~f ~ : -~ J coosecucncW cn la economia \alenc i:ina• . Studi iff onore di Aminrort Fanfani. V: E n mt:>dlrna r cr>r.ttMp<i<aMo
J.! i ~ ~.!..)l:: - é o \.:nnoç;có:-\,;pu C'5 ma;ulrrwlos "h. endo cm k'1Titório crisúo e que foram forçados (~f j Jio: Do n . A . Gi uffre-Ed .• 196.:!). 525-545. J . H. Ellion . se é algo res.crvado a rcspc-i10 do imp.leto económico
.lii:~ o =~cru..z .a~..!: 1 ~.J:a.iça..1irde 150'2 emCasteb e de 152.5em Aragão . •.\ rruiorU negati\'O sobre a Espanh3 sobretudo da cApu lsão dos mouri.\Cos, admi te: · Pe lo menos par.i VaJ(nci.i. a eA.pulsjo dos
~~~-=\"~~~-=-~~~~--~:. bÊ,.n ~ os \ ~ lhos cosrumc:s L~he\· . ~ou ~rita por Joan Conndly mouri.s...:os foi cnüo um deSMtre económ ico•. "'Thc Span i.sh Pcnín~ u!a. 1598- 1fH.8 • . .Vew. · Ca.mbrul~e Modun lfzs .
tory, IV: J. P. Coop<r. ed .. The Decline a/ Spain and the Thiny Yeari War. / 609 -4~159 tl..ondrc:s e !'ova Iorque:
~-:- ~;~:.~~E~E;;:-~{..:::.-:~:l; ~ 1- ~i.~~p~~\I~ ~~ mi~ no trab31ho &: Henri Carnbrid,ge Univ. Prco;o;. 1970 >. 455.
149. • É prová.\•e l ql.o.e um:a ~ cons.cq~r.cias imediau..s da expul.\ão dos mouri~ tentu. ii..:to qltt: o . .
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~~::..:....~~.:-..:c-t~ : li"li -!!f,.:. _ ::- --::::i: t:i."'ot'l'"\.loc.lr_~~=-...c-.4 J-.ciçnJ fdo} \ <>lume 2.lobJ.J de comércio cru~ Oiaunu. Ren1e hiJrorique. CCXXV. p . 93.
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<k.ter ioração conjuntural da Espanh3 do século XV I L quando o útil bode e:t.pi:uó rio mouri~o faltou dt repente. Jnn
<t conjonc· os jude-.is ou para ~ q ue eram acu.s.ados de Strcm judeus? ... Chaunu. ibid., p. 94.
· ,-.,, ~cx5.:.41~~~ X\ l o;. :r.:'.>al!COSent.:1~urrr...t ....qt::nta c.oti..m.a.-pottnefa.l 151. G. ~- 03.Tk, The Se,·entrenth Ce"tury (Londres e ~ou Iorque: Odord Lniv. Prt:ss IO:JRndom:- ~

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1929), 42.
morna Yb 152. El lioU. /mp<!ría/ Spain. p. 21».

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1i<11t<'rn• " ' ". prmpcrl1l11clc 11, 11 •ohrcvivcu mu11u tempo à rcc<truiuraç , do · 1 . nd 1 .J
.• , iins ,1 .1 i.:, 111111 tm. c<•mhinmlas 1·11111 n inrnpncidmlc
. . , século XVI . , "crna mu '" no ·•cgun< 1l>•
~ r\!'- cn:s\.''t" l\tt*S dlhl'ltll1!\\1("S ('U)IH 11
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nl ,, t."\m~l·~ui~ l''\r "'''hl\)11'~ 1. A 1\ IN\littt\ll .. da hon:~·n.u:in au111c1tll~ll 1..'t1' ~·~1. d~ St'. ntc:m1~ir, ~t\
' uc ,...,.,,· i,.1111<'1111· c,rns ,liti"11ld:1d1·s cri:ir:un 1111111 nµulcz 1•s1n1111r.1l 1111 "io_d:1 qunl «Os reis
1 , 11 pituli•lll CUJUSc• lados <"entrais iriam fi car cnrrclaçadn< numa , 11 ur fio tle ltn,r.o económica " '
e mililllr cnrl'lan lc. rnncc_incndu pelo pri vi légio ck explorar ª' ~rc;s, pcriféri a~ le en fraque-
1 1 .. . . • . • i l •tini<hmcnlc e guvcnmr com 111111111111mu de mudan-
l"'l'!lllh'''' ,·ram ,,:u 1~ui:s,1t" se m.m 1t r 11l t • ce r-lhes c~ s 1~1iarclho~ de b rado) e pcrrni1indo que cen;i, cnud•ck• <le\Cmp<:11ha»Cm um papel
ça;,. ik l\'fonna>• ''"'. E :1pi·s:1r d:1 q\l(·d:1 d11s n•r1•i111s do Estudo. cst~ m'a1.11cv,c'.'.'u m11ncnto11 intcnncdulno cspec ral11.:1do c:orno poli·ncia\ -.cmipc riférica <.
me>m<•. o alt" nil'cl de!!""'''' sumptu:lrios de un~a hurocrucrn ~urlcsà 11.1r.1~11·~~1.1. " . . Os cslados do ccnlro linham rirado urna "'udável liçllo financeira da< catá, trofes·.
o ci>ll"' Jctinilirn i-.-.k 11·r sid1> d1·mni:r:ll1co (foctor que q11.111do m1cncm o l.11. como económi cas dos impérios dos ll abshurgn e do\ Valoi<. G ta,.am ckremunados a nfio se
um 3 ":i.rÚl'el ,·nll\' i•uir.is. , 0 111 0 11rg11nwn1:lmos atr:ls). Se no «pnme1ro» ~éculo . XVI a deixar enredar. numa . teia financeira que escapa•se ao seu conrrolo. Em prmv.:iro lugar.
ro1•ulnç:"io 1·sp:111hob (<>li pdo llll'nos a 1k Cas1da) er.1 grande e crescei:te .. , .. , isto dc1xo.u de procuraram criar o 11po de controlo da.< imporuçôes que lhe• permiti ';c manter uma
~r l'cnbik no •secundo• século XVI por múltiplas razões : em1graçao para as Améncas, balança comercial favorável. um conceito que começou a circular ne•ta época ""'"· las
moncs na cuerr.1. r~ome e pesle em 1599- 1600 na Andaluzia e Castela, e, como vimos, a os estados fizeram mais do que preocuparem -se com a balança comercial. Prtoocuparam-se
·expulsão d~s mouris,·os em 1609. A qucs1ão não é. cn1ào, que a Espanha fosse de algum n_iodo também com o produto nacional bru10. se bem que não lhe chama!;sem a 1m. e com a pane
menos cmprecndedor.1 que ou1ras panes da Europa""'. Sucedeu que, ~elas razões aduz1~as, do PN B correspondente ao Estado e com o seu co ntrolo wbre el a. O resultado foi que no fim
0 ap=lho de Es1ado não cr.1 adequado nem fora devidamente construido, e p?r causa disso do «segundo» sécu lo XVI. como assinala Carl Friedrich. •o próprio Estado se tinha com a -
• as cireunst:incias adl'ersas acabar.impor ser cxccssivamcnle fones », para ut1hzar a frase de 1ido em fome de crédito, mais do que as casas finance ira!; que até enliio tinha.-n emprestado
Ellion "'"·e a Espanha manifes1ou uma «hipersensibilidade( ...) ao fenómeno da conlracção fundos» 11ti 11.

1
~ul:ll'• , nas palal'ras de Chaunu '""· Seja como for, a Espanha não se tomou a primeira . Assim começou um período de involução. No geral . o período seguinte poderia
considerado, como o faz R. B. Wemham, «Um dos mais brutais e fanáticos da hisiória dJ Europ3
=-
potencia da Europa. Pelo contrário, eslava des1inada a ser primeiramenle semiperiférica e depois
periférica a1é que. no século XX. ten1asse lenlamentc vol1ar a ascender. Mas a Espanha lambém moderna» 1' 6". mas os confli1os. inicialmente. davam-se mais no seio dos estados do qtx: entre
.-não decaiu sozinha. Tinha arras1ado na sua queda todas as parles da Europa que tinham estes. En1rc os estados reinava por um momento uma calma relativa. nascida do cansaço -
estado ali3das à sua ascensão: o Nane de llália, o Sul da Alemanha, Antuérpia, Cracóvia, c<uma coexistência cheia de escaramuças e ainda explosi,·a .. 11 '3 1•
Ponugal. Com e.~cepção de Ponugal , todas eram essencialmenle cidades-estados que serviam Este dobrar-se sobre si mesmo por pane do Estado - isto é, este estatismo. pois não
se !ralava necessariamenle de nacionalismo - estal'a intimamente liszado à 11.'.Uure.za do
153. Ciudo por Vilar, Europ~. 34. p. 10. H. G. Kocnigsbcrgc:r faz a mesma observação erri linguagem mais desenvolvimento económico. É imponame começar por recordar a drm;g:r.ifia romp;mui<·a.
modma: •Au im. para o esp.11110 de estrangdros, toda a prata do Peru nilo podia fazer da Espanha um país rico . O A França, em 1600. tinha uma população calculada em 16 milhões de habiuntes. a maior da
==~:a~1~~: in \' !:f~ ~~ =:~~di;:~:~r vec:~~:~ªoª:,:~~~u;c~n~:i:~~u~~~~ xe:~~~:.sq:ª~
3 3

império de Carlrn. V se tomava cetda \'ez mais um império espanhol, a fraqueza económica da Espanha tomou-se
umi dcwantagem cada vez mais séria n3 sua luta com os seus rivais do Ocidente europeu •. «The Empire of Charles 160. -.O colapso financdm de todas as grandes pcuéncias sob o e-sforço d.J ~uern nos últtn1(b ~ cb ),,
V in Euf'Of'J('• , in N"""· Cambridge Modun llistory. li: G. R. Ehdn, ed., Tlie Reformatirm, 1520- 1559 (Londres e déc:ad.1 de 1550 e a conscquen1c paz de Careau· Cam~ sis linha imprt'SSiorudo iodas os ~\ Cf'TIO'\ cem 1 ncccuid..ide
N0>> Iorque: Cambridge Univ l'r<ss. t958), .122-323. de juntarem um resouro de guerra cm ouro e pr.113•. LaYoTencc Stone. •Elizabcth.ln Chcrse.u Trade· . Ernnomi.c
15"' Da S1ha a1nbu1 o i:urg1mcn10 do band111smo ao faclo de que .. ª"extremas rcnsõcs dos preços de venda 1-Ji.'itory Ret•ie w, 2.1 ~rie, li, 1, 1949, 35. Stonc cita o OO\'O principio d1rrcth'o francb : ·ln choses dc:squc.fles k.s
e o mc~ado colocavam os camponeses à mercê dos senhores locais» E,, Espaxne, p 161 Juan Reg lá considera-<> hommes se pcuvenr passe ne doib.,,·cnl cstrejug~s n«-cssairc'.s » (•Ascoisas sem asquii! os homens podem Jli5Ur
um dos )Ub~utos da cnsc francesa: •M.:us ainda , a crise francesa projcctou na Ca1alu11ha e em Arag:lo copiosas n~o devem ser julgada.o; necessárias . . ).
~s de emigrantes dJ Ga~onha que_se envolviam no handuismo com grande vigor». l/i:rpa11ia, XIII, p. 233. Sem 161. Carl J. Friedrich, The A~e o/ the Baroque (No>'3 Iorque: Harp<r. 1952). ~-
uv~ que~ um pouco eu.gerado alnbuf·lo lodo aos ga~ões. Mas Enrique Scrraima nota que em 1582 n si luação 162: "IntnxJuc1ion», Nrw Cambrid.e.e Modern lliJ1ory. Ili: R. 8. Wcmham. ed. .. Tlr' ÜlU1!1"-Reformatimt~... .
nos Prre.nfos !t toma calam i10~ pon~ue os hugueno1es e os bandidos monranheses mdígcnas • fazem causa comum• a11d the Price Rnolwiun, 1559-1610 (Londres e Nova Iorque: Cambrid!!c Uni\•. Ptt.s.s. 1968}. 1. ...1
4

•Huguenotcs Y bandidos en d Pmneo catalán », Eltudws de lumma moderna , IV, 1954, 21 1 163. •Então os ~r.i.ndc s conílilos que 1inham d1lacC'rado a Europa dunnte 3 primeln. mcudc do sk"ulo XVI
ISS . V. G. K1eman, Pu.,-r & Preunt, n.11 31, p. 37. diss iparam .se à medida que os combatentes caíram. um por um . exau tos. !"\o l..olc . a lonpa luta cn.ln' crislàos e
~ la 156
· ·~ ~dcs suce!lsos imperiais da Espanha do stculo XVI 1inham sido conseguidos principalmente turcos muçulmanos am:fcccu lentamente numa<.·ocxio;1ênciJ aindacAplosiva e C'Cll1fl i t~ ~ ocmtro , no Sacro Império
~ ~g:h: :,1.ahdadc da população exccdcnrária de um.a Cas1da sobrepovoada. Os números relarivos à popula· Romano, o acordo de Augsburgo de 1555 rnn.sagra\'3 um triplo niu illbrio. precírio llU.) gcn.lmenlc rtl31ltido. entre
~ordo e! a coru= ~VI~ escas~ e não ~áveis, ma' provavelmente ~cr·sc-ia, dum modo geral, csrar de
tm ua.tqucr arte da. q popu~ 0 de Ca~rela aumcnrou durante a maior parte do ~cu lo, como uumcnrou
príncipes católicos, luteranos e um imperador lta ~bur~o cujo poder (UI como en J f"f"\idJa cad.3 ,.cz mau, n.as
longínqua." fronteira." oricn1ais do império, nos ducados au!riUi31..·<» e da Bormi.t :"o ().·tdcrne, o JCordo de Catc:au·
n.• ~. p. 57 . P Europa. com 0 índice de crescnnento mais rjpido na dlcada de 1530 ... Elliou. Past & Pre.stnf, -Cambr6is cm Abril de 1559 reconhecia um cquilibrio instável e rm:irio cnur a monarquia fnmcesa e o ramo
e~panhol da Ca.'\a de f lamburgo, os dois lc viatils que ainda p;iiravam 3Cinu de. ~ a.'~\ potmciu e .cuja !°"'-ª
157. Ver<» argWl'l<lllO< de Elliou in lmptrial Spoin, pp. 194- 195 d1.s pu1a estava agora mais cm suspenso do que acabada. Cada um ~ld cor:in1tos. l mcdHb ~ue c.. morec1a. ~1uva
158. lbid .. p. 195. .
para Irás o seu sislcma polílico particular e. após 1559, cad3 um de,res ~1<1cm.u f'l'OS'-t'~u1u cada vez mais à sua
159. ~nu.Sé>•///" VIII (1), p. 244.
maneira num isolamento crescente do resto• . lhid .. p. 2.

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1i<11t<'rn• " ' ". prmpcrl1l11clc 11, 11 •ohrcvivcu mu11u tempo à rcc<truiuraç , do · 1 . nd 1 .J
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e mililllr cnrl'lan lc. rnncc_incndu pelo pri vi légio ck explorar ª' ~rc;s, pcriféri a~ le en fraque-
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me>m<•. o alt" nil'cl de!!""'''' sumptu:lrios de un~a hurocrucrn ~urlcsà 11.1r.1~11·~~1.1. " . . Os cslados do ccnlro linham rirado urna "'udável liçllo financeira da< catá, trofes·.
o ci>ll"' Jctinilirn i-.-.k 11·r sid1> d1·mni:r:ll1co (foctor que q11.111do m1cncm o l.11. como económi cas dos impérios dos ll abshurgn e do\ Valoi<. G ta,.am ckremunados a nfio se
um 3 ":i.rÚl'el ,·nll\' i•uir.is. , 0 111 0 11rg11nwn1:lmos atr:ls). Se no «pnme1ro» ~éculo . XVI a deixar enredar. numa . teia financeira que escapa•se ao seu conrrolo. Em prmv.:iro lugar.
ro1•ulnç:"io 1·sp:111hob (<>li pdo llll'nos a 1k Cas1da) er.1 grande e crescei:te .. , .. , isto dc1xo.u de procuraram criar o 11po de controlo da.< imporuçôes que lhe• permiti ';c manter uma
~r l'cnbik no •secundo• século XVI por múltiplas razões : em1graçao para as Améncas, balança comercial favorável. um conceito que começou a circular ne•ta época ""'"· las
moncs na cuerr.1. r~ome e pesle em 1599- 1600 na Andaluzia e Castela, e, como vimos, a os estados fizeram mais do que preocuparem -se com a balança comercial. Prtoocuparam-se
·expulsão d~s mouris,·os em 1609. A qucs1ão não é. cn1ào, que a Espanha fosse de algum n_iodo também com o produto nacional bru10. se bem que não lhe chama!;sem a 1m. e com a pane
menos cmprecndedor.1 que ou1ras panes da Europa""'. Sucedeu que, ~elas razões aduz1~as, do PN B correspondente ao Estado e com o seu co ntrolo wbre el a. O resultado foi que no fim
0 ap=lho de Es1ado não cr.1 adequado nem fora devidamente construido, e p?r causa disso do «segundo» sécu lo XVI. como assinala Carl Friedrich. •o próprio Estado se tinha com a -
• as cireunst:incias adl'ersas acabar.impor ser cxccssivamcnle fones », para ut1hzar a frase de 1ido em fome de crédito, mais do que as casas finance ira!; que até enliio tinha.-n emprestado
Ellion "'"·e a Espanha manifes1ou uma «hipersensibilidade( ...) ao fenómeno da conlracção fundos» 11ti 11.

1
~ul:ll'• , nas palal'ras de Chaunu '""· Seja como for, a Espanha não se tomou a primeira . Assim começou um período de involução. No geral . o período seguinte poderia
considerado, como o faz R. B. Wemham, «Um dos mais brutais e fanáticos da hisiória dJ Europ3
=-
potencia da Europa. Pelo contrário, eslava des1inada a ser primeiramenle semiperiférica e depois
periférica a1é que. no século XX. ten1asse lenlamentc vol1ar a ascender. Mas a Espanha lambém moderna» 1' 6". mas os confli1os. inicialmente. davam-se mais no seio dos estados do qtx: entre
.-não decaiu sozinha. Tinha arras1ado na sua queda todas as parles da Europa que tinham estes. En1rc os estados reinava por um momento uma calma relativa. nascida do cansaço -
estado ali3das à sua ascensão: o Nane de llália, o Sul da Alemanha, Antuérpia, Cracóvia, c<uma coexistência cheia de escaramuças e ainda explosi,·a .. 11 '3 1•
Ponugal. Com e.~cepção de Ponugal , todas eram essencialmenle cidades-estados que serviam Este dobrar-se sobre si mesmo por pane do Estado - isto é, este estatismo. pois não
se !ralava necessariamenle de nacionalismo - estal'a intimamente liszado à 11.'.Uure.za do
153. Ciudo por Vilar, Europ~. 34. p. 10. H. G. Kocnigsbcrgc:r faz a mesma observação erri linguagem mais desenvolvimento económico. É imponame começar por recordar a drm;g:r.ifia romp;mui<·a.
modma: •Au im. para o esp.11110 de estrangdros, toda a prata do Peru nilo podia fazer da Espanha um país rico . O A França, em 1600. tinha uma população calculada em 16 milhões de habiuntes. a maior da
==~:a~1~~: in \' !:f~ ~~ =:~~di;:~:~r vec:~~:~ªoª:,:~~~u;c~n~:i:~~u~~~~ xe:~~~:.sq:ª~
3 3

império de Carlrn. V se tomava cetda \'ez mais um império espanhol, a fraqueza económica da Espanha tomou-se
umi dcwantagem cada vez mais séria n3 sua luta com os seus rivais do Ocidente europeu •. «The Empire of Charles 160. -.O colapso financdm de todas as grandes pcuéncias sob o e-sforço d.J ~uern nos últtn1(b ~ cb ),,
V in Euf'Of'J('• , in N"""· Cambridge Modun llistory. li: G. R. Ehdn, ed., Tlie Reformatirm, 1520- 1559 (Londres e déc:ad.1 de 1550 e a conscquen1c paz de Careau· Cam~ sis linha imprt'SSiorudo iodas os ~\ Cf'TIO'\ cem 1 ncccuid..ide
N0>> Iorque: Cambridge Univ l'r<ss. t958), .122-323. de juntarem um resouro de guerra cm ouro e pr.113•. LaYoTencc Stone. •Elizabcth.ln Chcrse.u Trade· . Ernnomi.c
15"' Da S1ha a1nbu1 o i:urg1mcn10 do band111smo ao faclo de que .. ª"extremas rcnsõcs dos preços de venda 1-Ji.'itory Ret•ie w, 2.1 ~rie, li, 1, 1949, 35. Stonc cita o OO\'O principio d1rrcth'o francb : ·ln choses dc:squc.fles k.s
e o mc~ado colocavam os camponeses à mercê dos senhores locais» E,, Espaxne, p 161 Juan Reg lá considera-<> hommes se pcuvenr passe ne doib.,,·cnl cstrejug~s n«-cssairc'.s » (•Ascoisas sem asquii! os homens podem Jli5Ur
um dos )Ub~utos da cnsc francesa: •M.:us ainda , a crise francesa projcctou na Ca1alu11ha e em Arag:lo copiosas n~o devem ser julgada.o; necessárias . . ).
~s de emigrantes dJ Ga~onha que_se envolviam no handuismo com grande vigor». l/i:rpa11ia, XIII, p. 233. Sem 161. Carl J. Friedrich, The A~e o/ the Baroque (No>'3 Iorque: Harp<r. 1952). ~-
uv~ que~ um pouco eu.gerado alnbuf·lo lodo aos ga~ões. Mas Enrique Scrraima nota que em 1582 n si luação 162: "IntnxJuc1ion», Nrw Cambrid.e.e Modern lliJ1ory. Ili: R. 8. Wcmham. ed. .. Tlr' ÜlU1!1"-Reformatimt~... .
nos Prre.nfos !t toma calam i10~ pon~ue os hugueno1es e os bandidos monranheses mdígcnas • fazem causa comum• a11d the Price Rnolwiun, 1559-1610 (Londres e Nova Iorque: Cambrid!!c Uni\•. Ptt.s.s. 1968}. 1. ...1
4

•Huguenotcs Y bandidos en d Pmneo catalán », Eltudws de lumma moderna , IV, 1954, 21 1 163. •Então os ~r.i.ndc s conílilos que 1inham d1lacC'rado a Europa dunnte 3 primeln. mcudc do sk"ulo XVI
ISS . V. G. K1eman, Pu.,-r & Preunt, n.11 31, p. 37. diss iparam .se à medida que os combatentes caíram. um por um . exau tos. !"\o l..olc . a lonpa luta cn.ln' crislàos e
~ la 156
· ·~ ~dcs suce!lsos imperiais da Espanha do stculo XVI 1inham sido conseguidos principalmente turcos muçulmanos am:fcccu lentamente numa<.·ocxio;1ênciJ aindacAplosiva e C'Cll1fl i t~ ~ ocmtro , no Sacro Império
~ ~g:h: :,1.ahdadc da população exccdcnrária de um.a Cas1da sobrepovoada. Os números relarivos à popula· Romano, o acordo de Augsburgo de 1555 rnn.sagra\'3 um triplo niu illbrio. precírio llU.) gcn.lmenlc rtl31ltido. entre
~ordo e! a coru= ~VI~ escas~ e não ~áveis, ma' provavelmente ~cr·sc-ia, dum modo geral, csrar de
tm ua.tqucr arte da. q popu~ 0 de Ca~rela aumcnrou durante a maior parte do ~cu lo, como uumcnrou
príncipes católicos, luteranos e um imperador lta ~bur~o cujo poder (UI como en J f"f"\idJa cad.3 ,.cz mau, n.as
longínqua." fronteira." oricn1ais do império, nos ducados au!riUi31..·<» e da Bormi.t :"o ().·tdcrne, o JCordo de Catc:au·
n.• ~. p. 57 . P Europa. com 0 índice de crescnnento mais rjpido na dlcada de 1530 ... Elliou. Past & Pre.stnf, -Cambr6is cm Abril de 1559 reconhecia um cquilibrio instável e rm:irio cnur a monarquia fnmcesa e o ramo
e~panhol da Ca.'\a de f lamburgo, os dois lc viatils que ainda p;iiravam 3Cinu de. ~ a.'~\ potmciu e .cuja !°"'-ª
157. Ver<» argWl'l<lllO< de Elliou in lmptrial Spoin, pp. 194- 195 d1.s pu1a estava agora mais cm suspenso do que acabada. Cada um ~ld cor:in1tos. l mcdHb ~ue c.. morec1a. ~1uva
158. lbid .. p. 195. .
para Irás o seu sislcma polílico particular e. após 1559, cad3 um de,res ~1<1cm.u f'l'OS'-t'~u1u cada vez mais à sua
159. ~nu.Sé>•///" VIII (1), p. 244.
maneira num isolamento crescente do resto• . lhid .. p. 2.

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Europa, embora os diversos princi pados alcm5es somas~:m 20 mil~ões . Espan~a ~ Portu- ª
eia"";. ~~~~;, caso, diz, era penúria de cereai s a cau~a imediata da tensão no mercado,
·gal (unidos a partir de 1580) tinham cerca de 10 m'.lhões , a J~glaterra e o ; a rs d~ Ga~es, 4,5 moncla~~o . Um dos rcsu_l1ados d1~to fo i fortalecer enormemente 0 poder de Amesterdão,
milhi>es. A s dcn,idade> ordenam -se de uma maneira bem diferente. As arcas das c1dades- que eraJa naqucl~ época o p1 vo1 do mercado de cercais báltiCO'i e que. ne~!>a medida, cr.i capaz
-eMado~ comcrcial-indu~triais tradicionai s encabeçavam a lista : a Itália com 114 habitantes de se manlc~ mais so lvente q~e Antuérpia e outra~ cidades das provínci~ do Sul.
por milha uad rada e os Pahc' flai w s com 104. A França tinha 88 e a Inglaterra e o País de E assim vamos de Sevilha para Ame51erdão. A hi~tória do "M:gundo,;. ~ulo XVI é a~ ,, . , . , . . :
4 hi~ tória de como Ames1erdão r~colheu as malhas do império dos Habsburgo em di 5 wl ução. ·
Gales 78. A E~panha (e Po rtu gal) tinham apenas 44 ""''· . , , •
,... O s igniírca do tanlo dos números absolutos como da~ densidades e amb1guo. Os numeros cnando um quadro de bom func1 onar:iicnto para a economia-mundo que permiliria que a França
signiírcavam força na guerra e na indústria. Si gnificavam igualmente gente a governar e bocas e a Jnglat_e rra co_meç~ssem a emergir como estados fones. e acab-<13scm por pôr de pé fones
a ali mentar. O tamanho ópt imo está longe de ser claro, como indicava já a nossa discussão «economias nac1ona1 s».
Lantcrior. Parn o «segundo " sécul o XVI. Frank C. Spooner manifesta algum cepticismo sobre Es te~ de_se nvolvimento~ foram na 5Ua maior parte consequência do faeto de a primeira
os bcncfici~ económicos duma população cm expansão. Fala de «ganhos decrescentes» 11 6Sl. fase expanswmsta da economia-mundo europeia estar a chegar ao fim neste período. Era 0
Inicialmente. depois de Catcau-Cambrésis. "ª actividade económica da Europa Ocidental gozou momento e m que «a grande maré começava a deler-se, como se a 5ua subida carece~se do
dum período prolongado de bem-estar e recuperação» 11"''· Este foi o período da inflação de impulso necessário para se sobrepor aos obstáculos e impedimentos que ela pr6pria tinha
prata. que abateu a extracção mineira germânica, valorizou o ouro e estimulou a economia levantado•>1mi_ Vollar-nos-emos agora para as respostas dos centros tradicionais de população
·europeia ' 11'7'. Uma con..e4uéncia da inflação de prata foi que, como observa Tawney, «no final e finanças, os Países Baixos e o Norte de Itália. No próximo capítulo abordaremos a emergência
do séc ulo XVI a agricultura, a indústria e o comércio externo dependiam em grande pane do da Inglaterra não só como lerceira potência política europeia (juntamente com a França e a
crédito.- ' ''-'•. Uma segunda conseq uência foi a deslocação definitiva do centro de gravidade Espanha) mas como a que mai s rapidamente avançou na esfera industrial. e a forma como a
, çconómico da Europa Central para o novo comércio atlântico com o Ocidente. Spooner diz França, ao passar duma orientação imperial para uma o rientação estatista. não conseguiu colher
do lr.lt;Jdo de Cateau-Carnbrésis que «não foi tanto o fecho dum período como uma abertura a totalidade dos benefícios de tal mudança organizativa.
ao futuro•, e acrescenta: " ºcaminho do futuro está( ... ) do outro lado do Atlântico e nos sete Até que ponlo eram os Países Baixos importantes nesta época'.' Lucien Febvre. na s ua
mares do mundo-.w..,_ introdução à magnum opus de Chaunu sobre o comércio atlânúco, sugere - não. afirrna-
Economicamente, no entanto, o acontecimento mais significalivo destes tempos que o comércio de e para os Países Baixos empalidece em comparação:
não se localizou no Atlântico mas no Norte. Astríd Friis defende que ele foi a «expansão Do ponto de vista de uma hislória económica considerada de cima. do ponto de viST..a da história
excepcional do comércio maríúmo nos Países Baixos e Inglaterra, coincidindo com um cultural e do mundo em grande escala, que há de comum entre es1e comércio costeiro de merca-
rápido aumento das importações de mercadori as bállicas, em especial cereais, para outras dorias por grosso, úteis, mas de modo nenhum preciosas, que ia do 1'one para Sul e do Sul para
panes da Europa""'"'· Segundo o seu ponto de vista, as crises de metais preciosos, cré- o None ( ... ),este comércio costeiro de alimentos, a cabotagem. as compras mode, tas. o trans-
dito e finanças não são o motor da mudança económica (e política), ma~ sua consequên- pone a cunas distânc ias a que de u lugar - e, considerando "1mente o comércio que ia da América
para a Europa - a contribuição de metais preciosos cm quantidades até ai de!>Conhecidas. que
' t64. E"" ••.lorn tro<:ontram-><: em Frank C. Spooner. • 7be Economy of Europc, 1559-1609•, New
ª'
iria revivescer tanto a economia como a organiza~·ão polilica, Mgrandes políticas>- das potências
europeias. precipitando e acelerando desse modo movimentos 'ociais de alcance: incalrul.ável : o
Sa;;.t;rt.::.:r..der~ llntory. Ili; R. ª·.w~. ed.. The Counur-ReforfTllJ/Íon and the Prir:e Rem lution, 1559· enriquecimento duma burguesia mercantil e financeira que ascende. como os Fugger e Llntos
Ci~>il>. Gum"',,:,;';;;;;,_i;~~~bridge Vm v. Pre"· 1968). 33. Ver Braudel. La Midiierran!e, 1, pp. 361-362;
oulros, ao nível principesco; a decadência progressiva duma nobreza que mantém o seu statu.s e
'rC<ll":'"Jll' ~ 5 - ~\ u "'ari~' ~- popu l~~ n.io erd.ITJ _~mpre tão favoráveis ao des.envolvimento económico o seu esplendor através somente da exploração parasitária dos benefícios conseguido' pelos
...... . . da ~ wr~ s.cr inugmado ..\faa homtn\ implicava mais vagabund<J\ e bandidcri a viver à mar-
criadores de riqueza; a longa supremacia na Europa dos Habsburgo. senhores do ouro e da prata
~ ~. 0 c~í:.c':~~ ~kl 31JJJ"~l4fv~ ~m~ 3 procura -~ emprego, o que criava outro problema difícil.
/.;·
•enieri.t.eJ. É pc>\\i-.el ( ... J q.ue:
~ão~~c~.,~ toda ur:;a ~ne de ~anLagen~, à mí\tura com fardos e incon·
u.m prcr•..eu o de daeri<Jraç~> { A Ew . ha ;1 produçao humana .uga ª~ Je1s dcx rendimenicx decrescentes,
ultramarinos: ao lado de tantas coisas grandes. que imponância tem este comércio local ( rrafic
1
· m:aú t\.pec.nbncnte rtO\ paí~ -;JCÍdclit/'Pª
tin -~~no fim do ~ul o XV( rel.<1tiví1men1e sobrepovoada,
t71. Dirigindo-se especificamente 3 tese de thuser acerca da crise de t557-t 559. ela afirma: • A origem,,·
Rn-~ Jndi.ruri;J, podi.a ter ia.IYo ia :~;u:.::a,. só"':~rósper~. Uma revCJJ~ção Lecnológica. tal como a do desenvolvimento deve ser encon1rada nas condições ccon6mica..~ prevakccmes mais do que na. política ímar\(.·..eir.i. ·.
t pou ivcl Q'.Jt: o nh'd de produção mo pude:\ • . . . lec~u dol\ ~cu los m a i s tarde. Por OUlfa\ palavras,
pCJpU~Jo. C.orn d eito a arena não re~poncfa ~ a1mg1r a c.ap-de1dade requerida e que fos!.C ín~ uficientc para a Não que cu atribua algum méri to à úllima. Prova\'clmcmc. uma ruprura nas finança\ da Espanha ho Wldcs.a não podia
1.JJI, p. 34. . 1
procura crescente ... Spooner, New Cambridge Modern J/isrory, ler sido evitada a longo pra1.0. Ma.~ certamente que a capacidade dos habilanres pan pagM ím~os e JV311Çat
empréstimo~ pelos quais o rendimento a panir do'\ im pcxtos podiJ ser :intecipado era um factor impon.anle no sís-
!(;',. lbid.. p. 14.
167. Ver rbid .• p. 26. lema finance iro do regcnle dos Paí!>Cs Baix~. ( ... )
' Jl;Ss. T...,.,.,,,_y. A Discour~ Upon UJury p !l6
. W. R. Scott. que( ... ) se tem preocupado muito com"" deprcs..Xs do início dos tempos moderno•. tsp<: ·
cialmentc cm Ingla1crra. diz que enlre os factorcs s imulláncos que as podem rcr pro.,·ocado. :u mis cofhcit.is. til
l ffl. Fr..ok e. SpcxJ<lCT. •The 11>,,.bur~- v. 1,;;, Stru gJc
,!. c;:•w
, .
EllDn, ed.. Tlt, P.eforma_üon 1520-155~ ILondrei e l'ova Jor Camhridx< Mo<ürn lfis rory, li: O. R. pcs1es e as interrupções do com~rcio por mo1ívo de guerra ~ão demasiado marcantes para sc:rcm ignoracLu. Prcci~­
' . 170. Aslrid fn,.. •An fnquiry intn the Rei t' bdq · brid~e Umv. Pres.. 1958), 358. mcme estes trê< factores podem""' encontrados nos Paf.M:s Bai•os no ano fatíd ico de t557•. lbid.• p. 195. _,
19 9
Cc:t::no>-. Jc andinavian EcnN>mic lfírrory Reiie:...~. ;~ ~~::;:;,~.~~on in thc Si>tcenth 172. Ver ihid., pp. 213-217.
173. Spooner, New Camhridxt Modern J/iJlory, 111. p. 42.

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Europa, embora os diversos princi pados alcm5es somas~:m 20 mil~ões . Espan~a ~ Portu- ª
eia"";. ~~~~;, caso, diz, era penúria de cereai s a cau~a imediata da tensão no mercado,
·gal (unidos a partir de 1580) tinham cerca de 10 m'.lhões , a J~glaterra e o ; a rs d~ Ga~es, 4,5 moncla~~o . Um dos rcsu_l1ados d1~to fo i fortalecer enormemente 0 poder de Amesterdão,
milhi>es. A s dcn,idade> ordenam -se de uma maneira bem diferente. As arcas das c1dades- que eraJa naqucl~ época o p1 vo1 do mercado de cercais báltiCO'i e que. ne~!>a medida, cr.i capaz
-eMado~ comcrcial-indu~triais tradicionai s encabeçavam a lista : a Itália com 114 habitantes de se manlc~ mais so lvente q~e Antuérpia e outra~ cidades das provínci~ do Sul.
por milha uad rada e os Pahc' flai w s com 104. A França tinha 88 e a Inglaterra e o País de E assim vamos de Sevilha para Ame51erdão. A hi~tória do "M:gundo,;. ~ulo XVI é a~ ,, . , . , . . :
4 hi~ tória de como Ames1erdão r~colheu as malhas do império dos Habsburgo em di 5 wl ução. ·
Gales 78. A E~panha (e Po rtu gal) tinham apenas 44 ""''· . , , •
,... O s igniírca do tanlo dos números absolutos como da~ densidades e amb1guo. Os numeros cnando um quadro de bom func1 onar:iicnto para a economia-mundo que permiliria que a França
signiírcavam força na guerra e na indústria. Si gnificavam igualmente gente a governar e bocas e a Jnglat_e rra co_meç~ssem a emergir como estados fones. e acab-<13scm por pôr de pé fones
a ali mentar. O tamanho ópt imo está longe de ser claro, como indicava já a nossa discussão «economias nac1ona1 s».
Lantcrior. Parn o «segundo " sécul o XVI. Frank C. Spooner manifesta algum cepticismo sobre Es te~ de_se nvolvimento~ foram na 5Ua maior parte consequência do faeto de a primeira
os bcncfici~ económicos duma população cm expansão. Fala de «ganhos decrescentes» 11 6Sl. fase expanswmsta da economia-mundo europeia estar a chegar ao fim neste período. Era 0
Inicialmente. depois de Catcau-Cambrésis. "ª actividade económica da Europa Ocidental gozou momento e m que «a grande maré começava a deler-se, como se a 5ua subida carece~se do
dum período prolongado de bem-estar e recuperação» 11"''· Este foi o período da inflação de impulso necessário para se sobrepor aos obstáculos e impedimentos que ela pr6pria tinha
prata. que abateu a extracção mineira germânica, valorizou o ouro e estimulou a economia levantado•>1mi_ Vollar-nos-emos agora para as respostas dos centros tradicionais de população
·europeia ' 11'7'. Uma con..e4uéncia da inflação de prata foi que, como observa Tawney, «no final e finanças, os Países Baixos e o Norte de Itália. No próximo capítulo abordaremos a emergência
do séc ulo XVI a agricultura, a indústria e o comércio externo dependiam em grande pane do da Inglaterra não só como lerceira potência política europeia (juntamente com a França e a
crédito.- ' ''-'•. Uma segunda conseq uência foi a deslocação definitiva do centro de gravidade Espanha) mas como a que mai s rapidamente avançou na esfera industrial. e a forma como a
, çconómico da Europa Central para o novo comércio atlântico com o Ocidente. Spooner diz França, ao passar duma orientação imperial para uma o rientação estatista. não conseguiu colher
do lr.lt;Jdo de Cateau-Carnbrésis que «não foi tanto o fecho dum período como uma abertura a totalidade dos benefícios de tal mudança organizativa.
ao futuro•, e acrescenta: " ºcaminho do futuro está( ... ) do outro lado do Atlântico e nos sete Até que ponlo eram os Países Baixos importantes nesta época'.' Lucien Febvre. na s ua
mares do mundo-.w..,_ introdução à magnum opus de Chaunu sobre o comércio atlânúco, sugere - não. afirrna-
Economicamente, no entanto, o acontecimento mais significalivo destes tempos que o comércio de e para os Países Baixos empalidece em comparação:
não se localizou no Atlântico mas no Norte. Astríd Friis defende que ele foi a «expansão Do ponto de vista de uma hislória económica considerada de cima. do ponto de viST..a da história
excepcional do comércio maríúmo nos Países Baixos e Inglaterra, coincidindo com um cultural e do mundo em grande escala, que há de comum entre es1e comércio costeiro de merca-
rápido aumento das importações de mercadori as bállicas, em especial cereais, para outras dorias por grosso, úteis, mas de modo nenhum preciosas, que ia do 1'one para Sul e do Sul para
panes da Europa""'"'· Segundo o seu ponto de vista, as crises de metais preciosos, cré- o None ( ... ),este comércio costeiro de alimentos, a cabotagem. as compras mode, tas. o trans-
dito e finanças não são o motor da mudança económica (e política), ma~ sua consequên- pone a cunas distânc ias a que de u lugar - e, considerando "1mente o comércio que ia da América
para a Europa - a contribuição de metais preciosos cm quantidades até ai de!>Conhecidas. que
' t64. E"" ••.lorn tro<:ontram-><: em Frank C. Spooner. • 7be Economy of Europc, 1559-1609•, New
ª'
iria revivescer tanto a economia como a organiza~·ão polilica, Mgrandes políticas>- das potências
europeias. precipitando e acelerando desse modo movimentos 'ociais de alcance: incalrul.ável : o
Sa;;.t;rt.::.:r..der~ llntory. Ili; R. ª·.w~. ed.. The Counur-ReforfTllJ/Íon and the Prir:e Rem lution, 1559· enriquecimento duma burguesia mercantil e financeira que ascende. como os Fugger e Llntos
Ci~>il>. Gum"',,:,;';;;;;,_i;~~~bridge Vm v. Pre"· 1968). 33. Ver Braudel. La Midiierran!e, 1, pp. 361-362;
oulros, ao nível principesco; a decadência progressiva duma nobreza que mantém o seu statu.s e
'rC<ll":'"Jll' ~ 5 - ~\ u "'ari~' ~- popu l~~ n.io erd.ITJ _~mpre tão favoráveis ao des.envolvimento económico o seu esplendor através somente da exploração parasitária dos benefícios conseguido' pelos
...... . . da ~ wr~ s.cr inugmado ..\faa homtn\ implicava mais vagabund<J\ e bandidcri a viver à mar-
criadores de riqueza; a longa supremacia na Europa dos Habsburgo. senhores do ouro e da prata
~ ~. 0 c~í:.c':~~ ~kl 31JJJ"~l4fv~ ~m~ 3 procura -~ emprego, o que criava outro problema difícil.
/.;·
•enieri.t.eJ. É pc>\\i-.el ( ... J q.ue:
~ão~~c~.,~ toda ur:;a ~ne de ~anLagen~, à mí\tura com fardos e incon·
u.m prcr•..eu o de daeri<Jraç~> { A Ew . ha ;1 produçao humana .uga ª~ Je1s dcx rendimenicx decrescentes,
ultramarinos: ao lado de tantas coisas grandes. que imponância tem este comércio local ( rrafic
1
· m:aú t\.pec.nbncnte rtO\ paí~ -;JCÍdclit/'Pª
tin -~~no fim do ~ul o XV( rel.<1tiví1men1e sobrepovoada,
t71. Dirigindo-se especificamente 3 tese de thuser acerca da crise de t557-t 559. ela afirma: • A origem,,·
Rn-~ Jndi.ruri;J, podi.a ter ia.IYo ia :~;u:.::a,. só"':~rósper~. Uma revCJJ~ção Lecnológica. tal como a do desenvolvimento deve ser encon1rada nas condições ccon6mica..~ prevakccmes mais do que na. política ímar\(.·..eir.i. ·.
t pou ivcl Q'.Jt: o nh'd de produção mo pude:\ • . . . lec~u dol\ ~cu los m a i s tarde. Por OUlfa\ palavras,
pCJpU~Jo. C.orn d eito a arena não re~poncfa ~ a1mg1r a c.ap-de1dade requerida e que fos!.C ín~ uficientc para a Não que cu atribua algum méri to à úllima. Prova\'clmcmc. uma ruprura nas finança\ da Espanha ho Wldcs.a não podia
1.JJI, p. 34. . 1
procura crescente ... Spooner, New Cambridge Modern J/isrory, ler sido evitada a longo pra1.0. Ma.~ certamente que a capacidade dos habilanres pan pagM ím~os e JV311Çat
empréstimo~ pelos quais o rendimento a panir do'\ im pcxtos podiJ ser :intecipado era um factor impon.anle no sís-
!(;',. lbid.. p. 14.
167. Ver rbid .• p. 26. lema finance iro do regcnle dos Paí!>Cs Baix~. ( ... )
' Jl;Ss. T...,.,.,,,_y. A Discour~ Upon UJury p !l6
. W. R. Scott. que( ... ) se tem preocupado muito com"" deprcs..Xs do início dos tempos moderno•. tsp<: ·
cialmentc cm Ingla1crra. diz que enlre os factorcs s imulláncos que as podem rcr pro.,·ocado. :u mis cofhcit.is. til
l ffl. Fr..ok e. SpcxJ<lCT. •The 11>,,.bur~- v. 1,;;, Stru gJc
,!. c;:•w
, .
EllDn, ed.. Tlt, P.eforma_üon 1520-155~ ILondrei e l'ova Jor Camhridx< Mo<ürn lfis rory, li: O. R. pcs1es e as interrupções do com~rcio por mo1ívo de guerra ~ão demasiado marcantes para sc:rcm ignoracLu. Prcci~­
' . 170. Aslrid fn,.. •An fnquiry intn the Rei t' bdq · brid~e Umv. Pres.. 1958), 358. mcme estes trê< factores podem""' encontrados nos Paf.M:s Bai•os no ano fatíd ico de t557•. lbid.• p. 195. _,
19 9
Cc:t::no>-. Jc andinavian EcnN>mic lfírrory Reiie:...~. ;~ ~~::;:;,~.~~on in thc Si>tcenth 172. Ver ihid., pp. 213-217.
173. Spooner, New Camhridxt Modern J/iJlory, 111. p. 42.

198
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r-
i
<aJ.ar.itr). c-s~t coméft'io a..'"t~ do S~c as sua.st~3S. arr_sundo prudentemente os seus A importância dos Paí~s BaiJ<os para o corntrcio intra<uropeu não é. ernlentaner.k,
gordos .. entres ckb~i Ao de um ccu cheio de brumlS · nada de novo . Como nos recorda S. T. Bindoff. •do séC1Jlo XI ao .tculo XVII os Paíics Baixos
foram um dos pontos nodais do comércio europeu.• "'" · A5'inalámos já 0 papel cha•c de
Esu é a que tio. \l esmo supondo que os dados de Febvre fossem totalmente c~rrec.~~
_e parece hJ,cr razê<s p.:ira pem:u que ele subestima seriamente o comerc10 do Nonc Antuérpia no " prime~ro -_sécu lo XVI ll~ i. Antuérpia caiu em 1559 ''•., e o importante é ob\er-
\•ar que a sua sucessao nao era de modo aJgum ób\·ia.. Como sabemos. Amc:~terd.Iio ª''ançotl
- . dc'-'eri:imO'\ he-~itJ.r ante' d<! 3 cei ur os floreJ:dm intimidlmes da su ~ pr?sª: dado ~ue este
para a brecha. mas Lawrence Stone argumenta que uma forma de inkrpreta r es:.e f acto é
cmr.ércio local e anes:i..'lJI tr:msportJ va mJtêrias -prim1S p3I3 as novas_ 1~d~ s tnas e ~hmentos
pa.ra as cicbdes 'n.•. Como vimos. ele m:u-cou e codificou u~~ "º'ª
d1nsao europeia do tra- cons iderá- lo um fraca>so da Inglate rra tanto como um êxito dos holandese>. um fracasso que
«retardaria• a ascensão ing le"H! no sistema mundia.I mi .
balho. ~o fim di: contas. os m~l1i~ preciosos têm de ser uuhz.ados p:l!J. co~pra r mercado-
ri.J..s ,erdadeiras e. como \ imo, t.l.ffibc:m. os metais precioso s pode m não ter feito por Espanha O êx ito de Amesterd.'io foi imponante. por con~guinte , tanto política como econo- ~
micamente. f\fas qual foi o quadro politico 4ue tomou possi\·el este êxito? A~ últimas cioco
mui to mais do que pa)...a r pel.15 ~uas :ircas. . . .
A questão tão-pouco era somente a da centr.tlidade econ~m~ca ~o comerc10 que gu:iva décadas do século XVI a>sina lam não só a a<censão de Amosterdão ma.• também a chamada
em tomo do s Paíse(,. B aixo~. Era u mbé m uma questão de espec1ahzaçao nas novas capac ida- Revolução dos Paí~s Baixos. cuja• fromeira.s noc•paço e no tempo -.ão tão fl uidas (ou . melhor
des cxigid:l" para ge rir um foco financeiro e comercial da economia-mundo. Fo i o domín~o dito. tão contestadas) c~mo o seu conteúdo sociaJ. _J

de u i< cap;icid.Jde' que permitiu que os ho landeses arrebatassem º . controlo do comén:10 Para começar, fm uma re\'olução? E . ~ si m. foi uma re\•o lução na.CÍO!l..31ou uma re,·o-
mundial de- especiarias aos portugueses com a pa5sagem do " pnme1ro• par.1 o •segundo • Jução burguc~ a? E existirá pon·cntura algum.:t d iferença entre estes dois co nceitos'! Não pen~
começar agora um longo excur<o >Obre o conceito de revolução. Não c<il;!JflO'; ai nda prontos.
século XVI "''.
na lógica desta obra. para abordar esta que.tão. Go•taria 'imple•mente de sublinhar ne•te
ponto que. em m in ha opinião. esta questão não é mais ambígua (nem. certamente. mai~ clara)
-- ~~-Ft bne . .. Préface• a Hugucac: & Pierre: Ouunu. Si\ 1/lc ~t r.-itla11nqut: ( l 504- lô501, 1: l r.1ro- no caso da • Rernlução .. dos Países Baixos do que no ca'>O de qualquer outra das gr~ -re>·o-
duc1t011"=iJ ~Wulo(rq:u 1 Pm s: L1b. Ama.'ki Colin. !95!i }. J. ii1.
175. Ver l r~er. 'ião ~ Jan Craeyhech '' 30 liHode Emi le Coomacr1. Ln f ra"{OISUlt: (Q1Pt"11 r a lfllrr· luções• da era moderna_
narzunalc .i A. n. a J 'fi"'
d J .n ·..n ·r 1ztclr 11. n.J qU.õll d.e ~rva que o hvro de Coorn3en .fornece provas .:abundan- .l\ literatura historiográfica revela uma enonne diYi ~ão na interpretação des ra qu.estã.o.
tt' & q:Joe" 0 t.r ifKo emrc J.' .,
ina.l p;i.lc:, LJtJ .. eioo coot1ncr.r: era &: k:irig7 mais do q"JC: um.a espé:cu: de nmc -rame A lguns consideram a Revolução es..~e ncialmcnte como a história da naç.ã o • holandc a.-. isto
q~id ral'> 1rr o uHr .J, n q~ ·fldi ,n ). como d1l Luc1 en FebHe r.o '.:oCU ~fác10 ~ pnmcuu .,.olumc d;t obr.I noú.,·el de
r
H. r P. Ch.al-:1 .,,OC.re Sr Hlfr ,; A1lan flq~r A afirmação prec1u. de: ~ r comldcra., elmcn1e rc.,. 1.i;ta 4uando pc:rccbc- é. dos Países Baixos do None. calvinistas lutando pela liberdade e pela independéncia contra
mn'\ i:;ue ~u·. isr.1 i<t chepd:s, de .. mho de ~ f i ddlehu rg p.ira 1gU.Jl..ar OlJ mc\mo e:tcedier. pelo menos em tonelagem.
s.tnlo em \ 2lcr . o .. olum: ::.ntl.ll do trá fic o entre a E\pa.nha e o S o"o ~f undo .. . •Le '> fr.inç:m er An.,en au XVI ..
~!êclc .. . Arrr.a i(' l F. 5 C . XVII . 3. ~1a 11')- J unho 1%2. 543. de íil'!'OQUC do Mar d<J Norte: coloca .. a-os. também. num l'ontaclo COOlC'tcW prD'>'cÍ!O'W com Ponupl r o Me.:!i-
176 \ cr a de...;;n çlo por Ak.s.cl E. Oin , tt'n~n : .. Ao; ex.pxuçt\esdo B ~Jücn, L. ) aJtm do\ cercais. napritica tarànco. e o lioC" U comércio btluco de mlidcira\. linho, akatrãr.1 e pdei roma .. a ~ ind is~mJ vtiJ pan °' oo!r<M
c.onsu.:wn C:\d ..i.l\a.rtKntt cm l'i'..a.tC:ri.a.\- pnmas e maténa.'\. au .ülia.rC" par.ri a) 1ndU;.1rí.a._o;, da Holanda e d.J Europa do e~ da Europa OcidcnU:I. em pamcufar para lngl.attrra.• . ·bpamion as a Conccm of Ali Europt .... Nr1t1i: Cam·
S~ '\.t.c F..lllfc: ª"' inJU\!tlM que da.. ap-rta"am. a cons1rução ~nl era a ma1.'Jo procmincn1e. ( ... l O cinhamo era a bndte Modt:rl"I llutury, 1: G. R. Po<tcr. cd.. Tht Rcnalliancc, l-1 9J. / 52Q(l..c.ind:e~ e Mo-:. Iorque: Cambridge Unh .
maltrt.'.1-pntmi pln a cordoo..- u. uma ind ~s tna e' pecifica wb\tdi.ána da COO.litnJÇão n.a.., al e d:H pescai (rede\ de pese.a). Prcs!I. 1957 ). J 6R. _
enqu.:no q!X o linho era a ba\C de outra 1nd1htru au.:t ihu , a d.ls Yda..1 . {Tambán p icfi(- , alcair'..Ji() e mct:u.s pan a 178. S . T . Bindoff... f.cot;i0m k Change : Tbc GreilU'JC'\\ of Anr-.erp• . .VCA Combnd1e Modcrt'f /luwry. li.:
6

con.wução na\.al! f •• ) G . R. Elton. ed_ Thr Refl'Jrmotw n , Jj]0 . 155 9 CLondrc:s e NovJ forque . Cm>bridge Uni-. . Preu . ISl5Ss). SI.
Rca!mim1e . n comttclO bálucu fo i a ··mác'- e a -a1nu- do comércK> hobndés. não apen.n o mais an1igo e 179 . O co~rcío h.an ~~!K.O pata França e mai' 1ardc P3r" a Penínwl.a l bblca põS.\~ "• por Brugc\ j.í no •
amc:b o mau •mP"".Jn:tnte comt~ por Junw. ma.o; umbém a ba-,e fundamenu1 para a pru\peddadc e cre\Cimcnto d.i !.é ulo XIII. Pot \'Oha do \éc ulo XVI. Aniuérpia não pod ra ~' u ltta ~\Wa . Em yeral. ?CM' ... olu de.la tpuca... os
m..l.'lnl-~ mc.rc-;an:e-. IJUJch Trade 111 rhe Balr1c: uOOur / (/j} (Copenhaga: ~f unUgaard. 19~1 J, 365· 366. Ver J. G. nn navHx h3nsdlicos M>t>re\·iviam mai'i como transportadorc) do que CJJmO men: ~s no comércKJ atl3nuoo. Ver
D1llen, .. Arn, tc:rciam ·., Role in Se-.entecmh-Cenlul') Du1c h Pol1tic'i and it~ Econom ic Background •. in J. S. Bromley Pierre Jcannín. •Anvel"\ ct t.. Baltiquc au XVI' •ieck.-, Re n~e du Nord. XXXVIJ. Abnl-Junho 1 9 ~.S . IITT- IO'J.
e E. H KO\ilmtn. ed\ . Rmail"I and tht f.'ttlinla ndJ , li fGrooi ngen. Wo l1en. 19fi-i J. e.!p. pp 133- 135. Jcannin .:assinala que •O mc:to de Anluérpia ;;iria como um diuoi ,entt lb.' irlldiçóe\ e ln\l1tu;i;Gci fwlK~­
urru
177 .. nma economia-mundo e\ rava (... J criada (na .i;egund.l mellkk do stculo XV J. uma economia c:i.< lp. 97 1• .
na qul.I L1\h:>a t 3 Cu sa J, C n111ra1ac u; r1 cnru rola\'2111 o comé«.·1•J de e~pec1aria.s no M undo e dingiam a froc..a de 180. ?'cm Y.KkM csião de: acot"do. Frank J. Smolar. Jr., defende que: o .\t.u dtc.HnW> t euzendo m ,.R_nj. "
ba.rcO!> corri C\ f)CC1.an a ' par:s o \CU ent!epo<olrJ cm Goa e dc:po1'.t. paraº" ancoradoo rrx do Tejo. A adminis tração por- licncy of Enkrpri~ : Economic Cau)o('S and Rccovery in lhe Spani\h Serhcrland.i in 1hc Earty .XvC"ou:enlh Ccn·
tu g~ t ª" tkn..,;a, ftnarteeua..\ revelavam-~ 1n.:Wc1.1iud.u para CMfól\ làtJ luc r.1liva'i . 1eJ ~ hobndco;e\ rcvelanm tury•, in Ch.atle\ li. Cancr, cd .. From thr Rt:NJlls.ana to the Cmutta ·R,/nrmallOll fLond:re\ e NOYl I~ : R.an-
a W3 rapacll'ia!'..e C(lm(1 m1ermed1.ino-. . L . J O comi rc10 de c ~p....-c 1ar ia'> t,,.t)b c.vntrolíJ hola.:xih formava um acessório dom lfou'\C. 196SJ, 247-268. O argumcn10 dct.alhadoc.\Lá n.u: pp. 2.S l -252. e ck condur: - ~ia fon.et ti indw:at;óe\
tneak u!á-.cl f!"'ra u '\CU comérc:in com o Báluco e com a Europa do S oroc\lc. () nO\-o cl)f'f)ércio ala rgado de c!lpccia- de força cconómia incrente e de potenc.:i.1.1 para uma recuperação comple~ as prou.\ úo t:rande.\ e por e'lpknt
na~ e produtll'\ •Klcnu1.. fm mcluldo num ~•Mcma comercial que "'C' e'.t. p<ilhava pela Europa e, de fx 10 . atrav6 do lp. 2SJJ •.
r\ ilár.oco .. E. E. Rich, .. Prcfacc•, cm CambndKI' Econmmc J/ wnry o/ EuM M , IV: E. E. Rich e C. li. Wilson. eds .• 181. .. A lngla1erra consegui u rcorg31li1.u os.cu combcio de modo a ~ompcnur adcq~mc o ~lpc
Tht f..toflM'f1 ,'J o/ f;.tpafldff!X E1mJ(H' tn rhr /fuh cJnd l lth Crflfunei 0...ondre"i e Nova Iorque: Cambridge: Univ. C!lm.agador rcprcscnrado pelo colapw de Antuérpia... Ma~ d-3 falhou - na realidade mal o &en~ - em ace1w o
Pre.u. 196 h 11. n. mamo de EliH . A únic.:. oponu nidade que lhe foi oferecida. no pc~• en1re a q~da. de An1utrpta e a ~tuão de:
Ver 1.ambém E. E. Rkh. de nõYO'. .. 05 holande ~\ . enlrct.anto. linh.am colhidn as \1antagens do corni€rcio do Amc\tcrdlo foi deiudtl csc..apar. ft.1 indiit:açõei de que 00 período crlrtco da hl\lflria cconómtfa_mglQll cl.a de facto
Sovtl M u~ '!Cm a<.ha rcm necei.\ári<J panteipar acl iYameruc na_\ viagens e no negócio . quer para o Oriente quer conseguiu retirar ã Alemanha a liderança naJ mina._' e na) [fc-nrc.:t..1 mdusm:m. M~.\ perdeu a wmda pcl:. Miprcm.ac:Q
p;lt3 o Ocideme Mu11a da ~ c:nerg1;, era ah-.orv1da na._, ~u.n di\fM" rel igKl'Sa\ e na longa luta com 8p-Mlha; e nocorntrciu e na navegação em fa.,·or d05 h<il.:.ndc!.o. melhor organi1.Mios e ma1J ef1n:n1n. Não t ôema-11~sug:e­
foram capaa o;, cm vin udc cb r.ua fJO'\;çlo geográfica e d.a sua peop1các ia comercial, de fu..cr du seu pais e da sua riMc que este falh;.nço cm arroveíiar 0 colapM> de Antué.rp1a rcu~dcJo. a ;a_i.c;endo da lngl:.tc:nll a umt Pf'J!>Wilo de
cidade de An1uerp1a n emre~lo pau a.\ c"pcc1an:n; do Oriente e a bolsa para a.. lesou~ da Aménca. O c~rcio grandc7..a mundial duramc pelo menos um ~ulo• . SlOOC . E<on-0mff llu101y ltt'wtw, 11. P· .S4. J

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<aJ.ar.itr). c-s~t coméft'io a..'"t~ do S~c as sua.st~3S. arr_sundo prudentemente os seus A importância dos Paí~s BaiJ<os para o corntrcio intra<uropeu não é. ernlentaner.k,
gordos .. entres ckb~i Ao de um ccu cheio de brumlS · nada de novo . Como nos recorda S. T. Bindoff. •do séC1Jlo XI ao .tculo XVII os Paíics Baixos
foram um dos pontos nodais do comércio europeu.• "'" · A5'inalámos já 0 papel cha•c de
Esu é a que tio. \l esmo supondo que os dados de Febvre fossem totalmente c~rrec.~~
_e parece hJ,cr razê<s p.:ira pem:u que ele subestima seriamente o comerc10 do Nonc Antuérpia no " prime~ro -_sécu lo XVI ll~ i. Antuérpia caiu em 1559 ''•., e o importante é ob\er-
\•ar que a sua sucessao nao era de modo aJgum ób\·ia.. Como sabemos. Amc:~terd.Iio ª''ançotl
- . dc'-'eri:imO'\ he-~itJ.r ante' d<! 3 cei ur os floreJ:dm intimidlmes da su ~ pr?sª: dado ~ue este
para a brecha. mas Lawrence Stone argumenta que uma forma de inkrpreta r es:.e f acto é
cmr.ércio local e anes:i..'lJI tr:msportJ va mJtêrias -prim1S p3I3 as novas_ 1~d~ s tnas e ~hmentos
pa.ra as cicbdes 'n.•. Como vimos. ele m:u-cou e codificou u~~ "º'ª
d1nsao europeia do tra- cons iderá- lo um fraca>so da Inglate rra tanto como um êxito dos holandese>. um fracasso que
«retardaria• a ascensão ing le"H! no sistema mundia.I mi .
balho. ~o fim di: contas. os m~l1i~ preciosos têm de ser uuhz.ados p:l!J. co~pra r mercado-
ri.J..s ,erdadeiras e. como \ imo, t.l.ffibc:m. os metais precioso s pode m não ter feito por Espanha O êx ito de Amesterd.'io foi imponante. por con~guinte , tanto política como econo- ~
micamente. f\fas qual foi o quadro politico 4ue tomou possi\·el este êxito? A~ últimas cioco
mui to mais do que pa)...a r pel.15 ~uas :ircas. . . .
A questão tão-pouco era somente a da centr.tlidade econ~m~ca ~o comerc10 que gu:iva décadas do século XVI a>sina lam não só a a<censão de Amosterdão ma.• também a chamada
em tomo do s Paíse(,. B aixo~. Era u mbé m uma questão de espec1ahzaçao nas novas capac ida- Revolução dos Paí~s Baixos. cuja• fromeira.s noc•paço e no tempo -.ão tão fl uidas (ou . melhor
des cxigid:l" para ge rir um foco financeiro e comercial da economia-mundo. Fo i o domín~o dito. tão contestadas) c~mo o seu conteúdo sociaJ. _J

de u i< cap;icid.Jde' que permitiu que os ho landeses arrebatassem º . controlo do comén:10 Para começar, fm uma re\'olução? E . ~ si m. foi uma re\•o lução na.CÍO!l..31ou uma re,·o-
mundial de- especiarias aos portugueses com a pa5sagem do " pnme1ro• par.1 o •segundo • Jução burguc~ a? E existirá pon·cntura algum.:t d iferença entre estes dois co nceitos'! Não pen~
começar agora um longo excur<o >Obre o conceito de revolução. Não c<il;!JflO'; ai nda prontos.
século XVI "''.
na lógica desta obra. para abordar esta que.tão. Go•taria 'imple•mente de sublinhar ne•te
ponto que. em m in ha opinião. esta questão não é mais ambígua (nem. certamente. mai~ clara)
-- ~~-Ft bne . .. Préface• a Hugucac: & Pierre: Ouunu. Si\ 1/lc ~t r.-itla11nqut: ( l 504- lô501, 1: l r.1ro- no caso da • Rernlução .. dos Países Baixos do que no ca'>O de qualquer outra das gr~ -re>·o-
duc1t011"=iJ ~Wulo(rq:u 1 Pm s: L1b. Ama.'ki Colin. !95!i }. J. ii1.
175. Ver l r~er. 'ião ~ Jan Craeyhech '' 30 liHode Emi le Coomacr1. Ln f ra"{OISUlt: (Q1Pt"11 r a lfllrr· luções• da era moderna_
narzunalc .i A. n. a J 'fi"'
d J .n ·..n ·r 1ztclr 11. n.J qU.õll d.e ~rva que o hvro de Coorn3en .fornece provas .:abundan- .l\ literatura historiográfica revela uma enonne diYi ~ão na interpretação des ra qu.estã.o.
tt' & q:Joe" 0 t.r ifKo emrc J.' .,
ina.l p;i.lc:, LJtJ .. eioo coot1ncr.r: era &: k:irig7 mais do q"JC: um.a espé:cu: de nmc -rame A lguns consideram a Revolução es..~e ncialmcnte como a história da naç.ã o • holandc a.-. isto
q~id ral'> 1rr o uHr .J, n q~ ·fldi ,n ). como d1l Luc1 en FebHe r.o '.:oCU ~fác10 ~ pnmcuu .,.olumc d;t obr.I noú.,·el de
r
H. r P. Ch.al-:1 .,,OC.re Sr Hlfr ,; A1lan flq~r A afirmação prec1u. de: ~ r comldcra., elmcn1e rc.,. 1.i;ta 4uando pc:rccbc- é. dos Países Baixos do None. calvinistas lutando pela liberdade e pela independéncia contra
mn'\ i:;ue ~u·. isr.1 i<t chepd:s, de .. mho de ~ f i ddlehu rg p.ira 1gU.Jl..ar OlJ mc\mo e:tcedier. pelo menos em tonelagem.
s.tnlo em \ 2lcr . o .. olum: ::.ntl.ll do trá fic o entre a E\pa.nha e o S o"o ~f undo .. . •Le '> fr.inç:m er An.,en au XVI ..
~!êclc .. . Arrr.a i(' l F. 5 C . XVII . 3. ~1a 11')- J unho 1%2. 543. de íil'!'OQUC do Mar d<J Norte: coloca .. a-os. também. num l'ontaclo COOlC'tcW prD'>'cÍ!O'W com Ponupl r o Me.:!i-
176 \ cr a de...;;n çlo por Ak.s.cl E. Oin , tt'n~n : .. Ao; ex.pxuçt\esdo B ~Jücn, L. ) aJtm do\ cercais. napritica tarànco. e o lioC" U comércio btluco de mlidcira\. linho, akatrãr.1 e pdei roma .. a ~ ind is~mJ vtiJ pan °' oo!r<M
c.onsu.:wn C:\d ..i.l\a.rtKntt cm l'i'..a.tC:ri.a.\- pnmas e maténa.'\. au .ülia.rC" par.ri a) 1ndU;.1rí.a._o;, da Holanda e d.J Europa do e~ da Europa OcidcnU:I. em pamcufar para lngl.attrra.• . ·bpamion as a Conccm of Ali Europt .... Nr1t1i: Cam·
S~ '\.t.c F..lllfc: ª"' inJU\!tlM que da.. ap-rta"am. a cons1rução ~nl era a ma1.'Jo procmincn1e. ( ... l O cinhamo era a bndte Modt:rl"I llutury, 1: G. R. Po<tcr. cd.. Tht Rcnalliancc, l-1 9J. / 52Q(l..c.ind:e~ e Mo-:. Iorque: Cambridge Unh .
maltrt.'.1-pntmi pln a cordoo..- u. uma ind ~s tna e' pecifica wb\tdi.ána da COO.litnJÇão n.a.., al e d:H pescai (rede\ de pese.a). Prcs!I. 1957 ). J 6R. _
enqu.:no q!X o linho era a ba\C de outra 1nd1htru au.:t ihu , a d.ls Yda..1 . {Tambán p icfi(- , alcair'..Ji() e mct:u.s pan a 178. S . T . Bindoff... f.cot;i0m k Change : Tbc GreilU'JC'\\ of Anr-.erp• . .VCA Combnd1e Modcrt'f /luwry. li.:
6

con.wução na\.al! f •• ) G . R. Elton. ed_ Thr Refl'Jrmotw n , Jj]0 . 155 9 CLondrc:s e NovJ forque . Cm>bridge Uni-. . Preu . ISl5Ss). SI.
Rca!mim1e . n comttclO bálucu fo i a ··mác'- e a -a1nu- do comércK> hobndés. não apen.n o mais an1igo e 179 . O co~rcío h.an ~~!K.O pata França e mai' 1ardc P3r" a Penínwl.a l bblca põS.\~ "• por Brugc\ j.í no •
amc:b o mau •mP"".Jn:tnte comt~ por Junw. ma.o; umbém a ba-,e fundamenu1 para a pru\peddadc e cre\Cimcnto d.i !.é ulo XIII. Pot \'Oha do \éc ulo XVI. Aniuérpia não pod ra ~' u ltta ~\Wa . Em yeral. ?CM' ... olu de.la tpuca... os
m..l.'lnl-~ mc.rc-;an:e-. IJUJch Trade 111 rhe Balr1c: uOOur / (/j} (Copenhaga: ~f unUgaard. 19~1 J, 365· 366. Ver J. G. nn navHx h3nsdlicos M>t>re\·iviam mai'i como transportadorc) do que CJJmO men: ~s no comércKJ atl3nuoo. Ver
D1llen, .. Arn, tc:rciam ·., Role in Se-.entecmh-Cenlul') Du1c h Pol1tic'i and it~ Econom ic Background •. in J. S. Bromley Pierre Jcannín. •Anvel"\ ct t.. Baltiquc au XVI' •ieck.-, Re n~e du Nord. XXXVIJ. Abnl-Junho 1 9 ~.S . IITT- IO'J.
e E. H KO\ilmtn. ed\ . Rmail"I and tht f.'ttlinla ndJ , li fGrooi ngen. Wo l1en. 19fi-i J. e.!p. pp 133- 135. Jcannin .:assinala que •O mc:to de Anluérpia ;;iria como um diuoi ,entt lb.' irlldiçóe\ e ln\l1tu;i;Gci fwlK~­
urru
177 .. nma economia-mundo e\ rava (... J criada (na .i;egund.l mellkk do stculo XV J. uma economia c:i.< lp. 97 1• .
na qul.I L1\h:>a t 3 Cu sa J, C n111ra1ac u; r1 cnru rola\'2111 o comé«.·1•J de e~pec1aria.s no M undo e dingiam a froc..a de 180. ?'cm Y.KkM csião de: acot"do. Frank J. Smolar. Jr., defende que: o .\t.u dtc.HnW> t euzendo m ,.R_nj. "
ba.rcO!> corri C\ f)CC1.an a ' par:s o \CU ent!epo<olrJ cm Goa e dc:po1'.t. paraº" ancoradoo rrx do Tejo. A adminis tração por- licncy of Enkrpri~ : Economic Cau)o('S and Rccovery in lhe Spani\h Serhcrland.i in 1hc Earty .XvC"ou:enlh Ccn·
tu g~ t ª" tkn..,;a, ftnarteeua..\ revelavam-~ 1n.:Wc1.1iud.u para CMfól\ làtJ luc r.1liva'i . 1eJ ~ hobndco;e\ rcvelanm tury•, in Ch.atle\ li. Cancr, cd .. From thr Rt:NJlls.ana to the Cmutta ·R,/nrmallOll fLond:re\ e NOYl I~ : R.an-
a W3 rapacll'ia!'..e C(lm(1 m1ermed1.ino-. . L . J O comi rc10 de c ~p....-c 1ar ia'> t,,.t)b c.vntrolíJ hola.:xih formava um acessório dom lfou'\C. 196SJ, 247-268. O argumcn10 dct.alhadoc.\Lá n.u: pp. 2.S l -252. e ck condur: - ~ia fon.et ti indw:at;óe\
tneak u!á-.cl f!"'ra u '\CU comérc:in com o Báluco e com a Europa do S oroc\lc. () nO\-o cl)f'f)ércio ala rgado de c!lpccia- de força cconómia incrente e de potenc.:i.1.1 para uma recuperação comple~ as prou.\ úo t:rande.\ e por e'lpknt
na~ e produtll'\ •Klcnu1.. fm mcluldo num ~•Mcma comercial que "'C' e'.t. p<ilhava pela Europa e, de fx 10 . atrav6 do lp. 2SJJ •.
r\ ilár.oco .. E. E. Rich, .. Prcfacc•, cm CambndKI' Econmmc J/ wnry o/ EuM M , IV: E. E. Rich e C. li. Wilson. eds .• 181. .. A lngla1erra consegui u rcorg31li1.u os.cu combcio de modo a ~ompcnur adcq~mc o ~lpc
Tht f..toflM'f1 ,'J o/ f;.tpafldff!X E1mJ(H' tn rhr /fuh cJnd l lth Crflfunei 0...ondre"i e Nova Iorque: Cambridge: Univ. C!lm.agador rcprcscnrado pelo colapw de Antuérpia... Ma~ d-3 falhou - na realidade mal o &en~ - em ace1w o
Pre.u. 196 h 11. n. mamo de EliH . A únic.:. oponu nidade que lhe foi oferecida. no pc~• en1re a q~da. de An1utrpta e a ~tuão de:
Ver 1.ambém E. E. Rkh. de nõYO'. .. 05 holande ~\ . enlrct.anto. linh.am colhidn as \1antagens do corni€rcio do Amc\tcrdlo foi deiudtl csc..apar. ft.1 indiit:açõei de que 00 período crlrtco da hl\lflria cconómtfa_mglQll cl.a de facto
Sovtl M u~ '!Cm a<.ha rcm necei.\ári<J panteipar acl iYameruc na_\ viagens e no negócio . quer para o Oriente quer conseguiu retirar ã Alemanha a liderança naJ mina._' e na) [fc-nrc.:t..1 mdusm:m. M~.\ perdeu a wmda pcl:. Miprcm.ac:Q
p;lt3 o Ocideme Mu11a da ~ c:nerg1;, era ah-.orv1da na._, ~u.n di\fM" rel igKl'Sa\ e na longa luta com 8p-Mlha; e nocorntrciu e na navegação em fa.,·or d05 h<il.:.ndc!.o. melhor organi1.Mios e ma1J ef1n:n1n. Não t ôema-11~sug:e­
foram capaa o;, cm vin udc cb r.ua fJO'\;çlo geográfica e d.a sua peop1các ia comercial, de fu..cr du seu pais e da sua riMc que este falh;.nço cm arroveíiar 0 colapM> de Antué.rp1a rcu~dcJo. a ;a_i.c;endo da lngl:.tc:nll a umt Pf'J!>Wilo de
cidade de An1uerp1a n emre~lo pau a.\ c"pcc1an:n; do Oriente e a bolsa para a.. lesou~ da Aménca. O c~rcio grandc7..a mundial duramc pelo menos um ~ulo• . SlOOC . E<on-0mff llu101y ltt'wtw, 11. P· .S4. J

200 201

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lecesscm. poderiam controlar ' iu..i. Em pouca.' palavra., th·a •rm um reflt.1;0 de ~i ~ vnacio-
. . " .."h ·los c:tl<í liclls «be lgas• (dos Países Bai~os do Sul).
a Coroa e ·Pl'.nhob . :1.1ud:ida. e ª.I ~~n;c~nna rcvnlla de ioda a na1;ão dos Pa,íses Bahos
1 nali stah " "'· :
Analisemos algumas da! prova... existente ~. Nos Paísc~ Baüc.... C(1IDO DO'Jtt C-" ,iJJ.ios. a"
Out ros <.'\lnS1ticra111-na cssc~ct.~:so·ts de icxh>s os gnipos reli giosos. que so conseguiu
nobreza esta va cada vez m ais endiv idada. Além di3so, o imperador ccmr•a c.or:um.nmeni.e .U
(•lx1q;.onhc.'a• l. :1poiad.i P' r .1 : · : . uma p:morãmica da hi sloriografia com este muito
lit-.c 11ar meia n:içi\o. J. \\.1 Smtt ence rra s uas fonte s de rendimento ""'. Quando Fil ipe li a..~u miu o poder, dcpam·~ c.=i u.irn , .;hi1.1
scns:ilo l"Om::nt=irio: resistência à recolha de fundos""'. Os último'> 1u10' de CarfO\ V foram ar.oi de n~i:oen-..
. . l ·ntanto. :-ó p<)lklll s<..·r resolvidos se J eixannos de trntar a Rcvolt.a como um
tação _grandes exigéncia.s do imperado r combinadas com uma d im i n \J.i~, do<. r eodlmen~.n
[;o.te" rn"'hkm:i,, Ih 1.: t• •I • uma ~éri e d1..· revolta.li. que representavam os rntcresscs e reais da nobreza devido à mflação dos preços. As bancarrotas e u d ificu!d--~& ecU"lÕmlcas
blo.. ll..: _nos dc.·~no" conra c. i.: ~uc ~0~1. v1.: ·condmicos e i<lcológico:\: n:voltas que ocasionalmente resultantes do tratado de paz de Cateau-Cambrés is fizeram com que a s inaçáo picr.a.ue subi-
º' idt":iis de Li l\'<.' f~,,s _grupú' :' (l(':\'õe~ c:: ntram cm conflito umas com as outras e noutras ainda tamente <19"J.
correm p:1r.tlc!Jmc 1~h.'. nou1:-'.:-; OC'< i 1s21 .
se cvli!!::i.m num ún1cn mov11ncn10 . Depois. por cima das queixas económicas. Filipe li obte" e em 1559 a:;norin>:;:ão ~
Roma para criar novas dioceses. Com isto pretendia raciona.lizar ª'
fronleiras poli!.i=~ l!n-
0 ., ponto de visla do sislcma mund'.al 1:11 e.orno est~ ~e ia .desenv~lvendo: temos q~e guísticas. aumentar o número de dioceses. e exigir que os bis~ tive '!>effi prep:a!'".<ç-ào :.êrnia
pen:uniar: por que ral:io icve lu gar nos Pa1 scs Baixos. e so ~eles. uma complexa revoluç~o (isto é. que fosem teólogos em vez de filhos de grandes senhores1. Por z..,,-bcimo. o pl.:>:XJ
naciollJI e socia l 110 "se ~undo • século XVI. uma era de relativa tranqu1ltdade_e ordem social exigia que os fundos necessários para dotar as novas dioceses ÍO\\em tomados dos ren&!n<:n-
noulro> Ju~ arc < tcom a cxccp<;:1o. mui!O importante, da França). e como fot que a revolta lOS de certas abadias histórica~ e até então independentes. substituindo os nOH)'l bi~ os
co nsegui u ~er larca mrnte bem s ucedida <lliJ ?
1
abades em diversas assembleias políticas. Sem dú vida. como assinala r.or~e P~u:r Ge) l,
- Na época ;lcCarl os V. a po litica interna dos Países Baiws não foi not~velmc~te dife- isto demonstra que Filipe era um ~diligente » constru!Or do Estado ' "''. !"o entanto. --não é: de
rente da polit ica de outras partes da Europa. A nobreza manllnha uma relaçao amb1valente estranhar que surgisse uma tempestade de oposição a um plano que sup'J.nh:i -.eme!lwne
com 0 ' " " principe. !emendo o seu crescente poder político e económico, vendo-o como reforço da autoridade do rei num momento em que os seus des ígnios crnm ~f" ado<; com
proicclor d<» ,c us interesses tan lo contra a burguesia como contra as revoltas populares,
cncon1n 11 do no >erviço do príncipe uma salvação financeira para os «filhos segundos» ou para
0 5 se us pares arruinados. pondo-se. cm última instânci a. ao lado do príncipe' "'''. Então, de
total desconfiança» 11•».

186. a Não são as grandes revoluções de»idas à coojunção de e ~ prosporn cr..: e;== !D<mT·" ' ""'"'"
r
repente . cncomramo-nos numa situação em que «OS fru strados e prósperos burgueses das
lucio n:iri as co m classes desgraçadas que são obrigadas a fazer o ~mo. ao passo c;ue ~ rn·oluçõc:s de pun pobc'o-~
cidades cm expans:io se uniram aos desesperados artesãos desqualificados e aos nobres 1êm realmenle uma ' 'ida breve'! ... Co mentários de PiC'rrc Vilar in Charl~J · Qw.ir.1 ct J011 lor.(tf. P- l &S.. ~
Jlorescemes ou em decadéncia, convergindo os distúrbi os locais numa revolução geral»""'· 187. •No sécuJo XVI. quase pela primeira \ 'CZ, os mo,·i.."llC'fttos de oposição anngir.un am i.~.....o n.a...-ia:W - .., 1
Como pode islu ser"' e incluíam classes ou elementos de classes. desde príncipes de sangue a. me2os deianprci~· . H. G . Nxrip-
bergcr. • Thc Organization of Re voluti onary Partic s in Francc and lhe S rth...--r!.mds Dunog tbe S i.t.~ Cer::::::::ry • .
Creio que a chave do desencadear da revolução não se encontra no descontentamento Th< J o urna l o/ M odcrn lliJ1ory . XXYll . 4, Dn. 1Q55. 336.
social dos anesãos e dos 1rabalhadores urbanos nem na burgues ia. que sem dúvida alguma 188. • Ü governo central e os detestados homt"n~ de le is e s ~nm . .Uod.J ~~ nu-;_s, ~ 1~-:.::çv ~ c:ir:u dos •
>eria a grande benefic iári a da revolução. mas sim no facto de que grandes sectores da nobreza seus direitos senhoriais rcmanesccnLes. Em 1520 uma proclllrru.ção proibia. o lanç~r.w de DO\·~ d.W::r.ii e pro-
curava abolir direitos feudais que tivesse m me nos dr: .$0 anos. Em 153 1. a Coroa proibu os .scfl~ de u: igx:nn
do~ <'P;,i íses B ~iixos•• temeram subilamcntc que o príncipe não fosse seu agente, que a sua
dádiva~ ou novos serviços dos ~ u s dependentes. O declínio dos rmdimcntos provenientc-s do dir:1to dr juri.Jdt,..-:io
política a cuno e a médio pril ZOli ameaçasse significativamente os seus interesses e que não já foi mencionado •. H. G. Koenigsbt rger. • Propeny and lhe Prict Rc,·e>Juuon fHii."13'.Jft.. l47 -l-1 S 73~. ÚO#lülr..x'
e'tives' e ao alcance das sua' possibilidades políticas persuadi-lo a mudar de polílica, dado Jli.stor'Y RnieK·, 2.' série, IX. 1, 1956, 14.
. Ver Smit : .iMas é difícil dctenninar se tal hostilid.ldc: era in.splrad:t cm primeiro lu1-2r por u:rr.....a prrocupaçi<:t
que a sua arena polít ica (o impéri o espanhol) e ra muilo maior que a que eles, se a estabe-
de preservação da sua posição econ ómica o u pefo desC'jo de manter o seu status s.ocUl ,o\ nobrua mii.J ~k'\-adl ff'=dxl
ilinda rendimentos consideráveis. mas a sua posição económica rC'lati..-a. como a cb nobreza n:w> blili.u irm m::nor
extensão). parece ter declinado por causa <los ~us gastos exccssi\ OS. Obvia."T\Cntc que <1..s prt:5.\ÕCS ~.1C"H car:::!
apenas um dos muitos agravos da nobreza, mas elas consti tuíam um impon:m1e incenti"·o à ~-o l oç-So our.n c:buc
182. J. \V. .Smi1. "Thc Pr c:S<.-nl Posi1 ion of S1ud ics Reganling th c Rcvolt nf th c Nc-1hcrlands ... , in Bromlcy &
Kos'.'lomann. ed'i., Bmwn and lhe Nt•tht•r/ands <Gron in i;cn: W o lters . 196-l), (. 28. que se sentia assediada por todos os lados•. Puconditions of R t~·oluli0tt, Pr- .i 1-U.
IRl · ~J dcscn"ol'f imcn to po lí1 1cn que C... ) oco rre u (nu \éc.'ulo XV IJ . combinado com a ascensão dra málic3 189. Ver Pieter Geyl, The Rnolr of rhe NttMrlands 11559-/ 609) (l..ondrrs: Willi>ms & !"orpu:. 193::\ ·
69-70.
de ~a eco~~mia reg ill~ ~r um a cJ33-.e merr.:am il c•mdul.ii.Ja pcl:..1" famílias regc nlc s. explica em grJndc medid3. a
~t~~i:l. po-.t~«Hlquc da'.'i v i ~ram ª ter na lfol~ nda no século XVIJ ,,. D . J. Roorda , «Thc Ruling Classes in Uol land in l 90. •Se o declínio do rendimento real da nobrcz.a foi. de facto. de~;do à subida doi ~- rnüo c:k não -

1
t 1,;\.~~,;~mh Ccm ury ... , 10 Bromle y & Ko~'> ntan , Cd'.'i. , !Jruain anel the N1•thrrlonds (Groningen: Woltcrs, 1964), se di.stribuiu de modo igual ao longo dos primeiros três qua..1 éls do séc ulo XVI. antes se C'OD:C"'lllrotJ DJS t S ou ~O
anos anteriores à irrupção da grande revolta. os anos após l.S50. quand\l os preços subiram muito rro1!J. r~l.C!

~u :iliar-~8~~ .:;;~~e;~:i;::,:a ~lpç~í~:ic ~nx:~rar ª ª!uc~ do prín~ipc_ cunlra os se-~s comuns inim igos burgueses que dantes. Assim, se ho uve uma crise. ela foi relativamcnle acenruad.l <: bruJ.cL :s g.n-.·Jda J~h dc:sr:iobilillçio cbs
bandts ã ordonnancts, a cavalaria aristocrática ho landc~ após o tratado de C1~3u --C.L.."lhrt.s.i.s. em 1 ~w •. Koe-
~ rr1nado de c3rlos v a nobreza pa~ct ,:;)quacd:ão .~s fa\ ~ n~e~os tncl~nado a red uzi'. o ~er dos nobn:s. D~rante nigsbcrgcr. Economic lli:rmry Rt••it:w. IX. p. 14.
•m~rador, enquanto que 3 nobreza inferior:: c.:on1~1~v~rmc1pc . A ah<1 ~ubrcza ~ u~ia r~p1damcnt~ ao serviço do .. 191 . • Era um exemplo ílagrante do que o monarca podi• faz.a na vi3 da rdl!ic..,- ão do E..<t>do. • rno<m ·
SCNJÇO no cxCrci.to:.. J. w. Sm it Prtconduio1/s o/ Rnultal~~e rpc~~ funçoes adm m1 o;1r:i11vas menore s quer com o Fihpc como um trabalhador dilige.nte na tradiçãod3 sua casa.... Gc)·I. Tht: Rn'Olt o/tltt N'-lht-T~ds. p. 7 1.
IW5 . / hu/.p. 41. · · ·
t 92. /bid., p. 72.

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lecesscm. poderiam controlar ' iu..i. Em pouca.' palavra., th·a •rm um reflt.1;0 de ~i ~ vnacio-
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Analisemos algumas da! prova... existente ~. Nos Paísc~ Baüc.... C(1IDO DO'Jtt C-" ,iJJ.ios. a"
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nobreza esta va cada vez m ais endiv idada. Além di3so, o imperador ccmr•a c.or:um.nmeni.e .U
(•lx1q;.onhc.'a• l. :1poiad.i P' r .1 : · : . uma p:morãmica da hi sloriografia com este muito
lit-.c 11ar meia n:içi\o. J. \\.1 Smtt ence rra s uas fonte s de rendimento ""'. Quando Fil ipe li a..~u miu o poder, dcpam·~ c.=i u.irn , .;hi1.1
scns:ilo l"Om::nt=irio: resistência à recolha de fundos""'. Os último'> 1u10' de CarfO\ V foram ar.oi de n~i:oen-..
. . l ·ntanto. :-ó p<)lklll s<..·r resolvidos se J eixannos de trntar a Rcvolt.a como um
tação _grandes exigéncia.s do imperado r combinadas com uma d im i n \J.i~, do<. r eodlmen~.n
[;o.te" rn"'hkm:i,, Ih 1.: t• •I • uma ~éri e d1..· revolta.li. que representavam os rntcresscs e reais da nobreza devido à mflação dos preços. As bancarrotas e u d ificu!d--~& ecU"lÕmlcas
blo.. ll..: _nos dc.·~no" conra c. i.: ~uc ~0~1. v1.: ·condmicos e i<lcológico:\: n:voltas que ocasionalmente resultantes do tratado de paz de Cateau-Cambrés is fizeram com que a s inaçáo picr.a.ue subi-
º' idt":iis de Li l\'<.' f~,,s _grupú' :' (l(':\'õe~ c:: ntram cm conflito umas com as outras e noutras ainda tamente <19"J.
correm p:1r.tlc!Jmc 1~h.'. nou1:-'.:-; OC'< i 1s21 .
se cvli!!::i.m num ún1cn mov11ncn10 . Depois. por cima das queixas económicas. Filipe li obte" e em 1559 a:;norin>:;:ão ~
Roma para criar novas dioceses. Com isto pretendia raciona.lizar ª'
fronleiras poli!.i=~ l!n-
0 ., ponto de visla do sislcma mund'.al 1:11 e.orno est~ ~e ia .desenv~lvendo: temos q~e guísticas. aumentar o número de dioceses. e exigir que os bis~ tive '!>effi prep:a!'".<ç-ào :.êrnia
pen:uniar: por que ral:io icve lu gar nos Pa1 scs Baixos. e so ~eles. uma complexa revoluç~o (isto é. que fosem teólogos em vez de filhos de grandes senhores1. Por z..,,-bcimo. o pl.:>:XJ
naciollJI e socia l 110 "se ~undo • século XVI. uma era de relativa tranqu1ltdade_e ordem social exigia que os fundos necessários para dotar as novas dioceses ÍO\\em tomados dos ren&!n<:n-
noulro> Ju~ arc < tcom a cxccp<;:1o. mui!O importante, da França). e como fot que a revolta lOS de certas abadias histórica~ e até então independentes. substituindo os nOH)'l bi~ os
co nsegui u ~er larca mrnte bem s ucedida <lliJ ?
1
abades em diversas assembleias políticas. Sem dú vida. como assinala r.or~e P~u:r Ge) l,
- Na época ;lcCarl os V. a po litica interna dos Países Baiws não foi not~velmc~te dife- isto demonstra que Filipe era um ~diligente » constru!Or do Estado ' "''. !"o entanto. --não é: de
rente da polit ica de outras partes da Europa. A nobreza manllnha uma relaçao amb1valente estranhar que surgisse uma tempestade de oposição a um plano que sup'J.nh:i -.eme!lwne
com 0 ' " " principe. !emendo o seu crescente poder político e económico, vendo-o como reforço da autoridade do rei num momento em que os seus des ígnios crnm ~f" ado<; com
proicclor d<» ,c us interesses tan lo contra a burguesia como contra as revoltas populares,
cncon1n 11 do no >erviço do príncipe uma salvação financeira para os «filhos segundos» ou para
0 5 se us pares arruinados. pondo-se. cm última instânci a. ao lado do príncipe' "'''. Então, de
total desconfiança» 11•».

186. a Não são as grandes revoluções de»idas à coojunção de e ~ prosporn cr..: e;== !D<mT·" ' ""'"'"
r
repente . cncomramo-nos numa situação em que «OS fru strados e prósperos burgueses das
lucio n:iri as co m classes desgraçadas que são obrigadas a fazer o ~mo. ao passo c;ue ~ rn·oluçõc:s de pun pobc'o-~
cidades cm expans:io se uniram aos desesperados artesãos desqualificados e aos nobres 1êm realmenle uma ' 'ida breve'! ... Co mentários de PiC'rrc Vilar in Charl~J · Qw.ir.1 ct J011 lor.(tf. P- l &S.. ~
Jlorescemes ou em decadéncia, convergindo os distúrbi os locais numa revolução geral»""'· 187. •No sécuJo XVI. quase pela primeira \ 'CZ, os mo,·i.."llC'fttos de oposição anngir.un am i.~.....o n.a...-ia:W - .., 1
Como pode islu ser"' e incluíam classes ou elementos de classes. desde príncipes de sangue a. me2os deianprci~· . H. G . Nxrip-
bergcr. • Thc Organization of Re voluti onary Partic s in Francc and lhe S rth...--r!.mds Dunog tbe S i.t.~ Cer::::::::ry • .
Creio que a chave do desencadear da revolução não se encontra no descontentamento Th< J o urna l o/ M odcrn lliJ1ory . XXYll . 4, Dn. 1Q55. 336.
social dos anesãos e dos 1rabalhadores urbanos nem na burgues ia. que sem dúvida alguma 188. • Ü governo central e os detestados homt"n~ de le is e s ~nm . .Uod.J ~~ nu-;_s, ~ 1~-:.::çv ~ c:ir:u dos •
>eria a grande benefic iári a da revolução. mas sim no facto de que grandes sectores da nobreza seus direitos senhoriais rcmanesccnLes. Em 1520 uma proclllrru.ção proibia. o lanç~r.w de DO\·~ d.W::r.ii e pro-
curava abolir direitos feudais que tivesse m me nos dr: .$0 anos. Em 153 1. a Coroa proibu os .scfl~ de u: igx:nn
do~ <'P;,i íses B ~iixos•• temeram subilamcntc que o príncipe não fosse seu agente, que a sua
dádiva~ ou novos serviços dos ~ u s dependentes. O declínio dos rmdimcntos provenientc-s do dir:1to dr juri.Jdt,..-:io
política a cuno e a médio pril ZOli ameaçasse significativamente os seus interesses e que não já foi mencionado •. H. G. Koenigsbt rger. • Propeny and lhe Prict Rc,·e>Juuon fHii."13'.Jft.. l47 -l-1 S 73~. ÚO#lülr..x'
e'tives' e ao alcance das sua' possibilidades políticas persuadi-lo a mudar de polílica, dado Jli.stor'Y RnieK·, 2.' série, IX. 1, 1956, 14.
. Ver Smit : .iMas é difícil dctenninar se tal hostilid.ldc: era in.splrad:t cm primeiro lu1-2r por u:rr.....a prrocupaçi<:t
que a sua arena polít ica (o impéri o espanhol) e ra muilo maior que a que eles, se a estabe-
de preservação da sua posição econ ómica o u pefo desC'jo de manter o seu status s.ocUl ,o\ nobrua mii.J ~k'\-adl ff'=dxl
ilinda rendimentos consideráveis. mas a sua posição económica rC'lati..-a. como a cb nobreza n:w> blili.u irm m::nor
extensão). parece ter declinado por causa <los ~us gastos exccssi\ OS. Obvia."T\Cntc que <1..s prt:5.\ÕCS ~.1C"H car:::!
apenas um dos muitos agravos da nobreza, mas elas consti tuíam um impon:m1e incenti"·o à ~-o l oç-So our.n c:buc
182. J. \V. .Smi1. "Thc Pr c:S<.-nl Posi1 ion of S1ud ics Reganling th c Rcvolt nf th c Nc-1hcrlands ... , in Bromlcy &
Kos'.'lomann. ed'i., Bmwn and lhe Nt•tht•r/ands <Gron in i;cn: W o lters . 196-l), (. 28. que se sentia assediada por todos os lados•. Puconditions of R t~·oluli0tt, Pr- .i 1-U.
IRl · ~J dcscn"ol'f imcn to po lí1 1cn que C... ) oco rre u (nu \éc.'ulo XV IJ . combinado com a ascensão dra málic3 189. Ver Pieter Geyl, The Rnolr of rhe NttMrlands 11559-/ 609) (l..ondrrs: Willi>ms & !"orpu:. 193::\ ·
69-70.
de ~a eco~~mia reg ill~ ~r um a cJ33-.e merr.:am il c•mdul.ii.Ja pcl:..1" famílias regc nlc s. explica em grJndc medid3. a
~t~~i:l. po-.t~«Hlquc da'.'i v i ~ram ª ter na lfol~ nda no século XVIJ ,,. D . J. Roorda , «Thc Ruling Classes in Uol land in l 90. •Se o declínio do rendimento real da nobrcz.a foi. de facto. de~;do à subida doi ~- rnüo c:k não -

1
t 1,;\.~~,;~mh Ccm ury ... , 10 Bromle y & Ko~'> ntan , Cd'.'i. , !Jruain anel the N1•thrrlonds (Groningen: Woltcrs, 1964), se di.stribuiu de modo igual ao longo dos primeiros três qua..1 éls do séc ulo XVI. antes se C'OD:C"'lllrotJ DJS t S ou ~O
anos anteriores à irrupção da grande revolta. os anos após l.S50. quand\l os preços subiram muito rro1!J. r~l.C!

~u :iliar-~8~~ .:;;~~e;~:i;::,:a ~lpç~í~:ic ~nx:~rar ª ª!uc~ do prín~ipc_ cunlra os se-~s comuns inim igos burgueses que dantes. Assim, se ho uve uma crise. ela foi relativamcnle acenruad.l <: bruJ.cL :s g.n-.·Jda J~h dc:sr:iobilillçio cbs
bandts ã ordonnancts, a cavalaria aristocrática ho landc~ após o tratado de C1~3u --C.L.."lhrt.s.i.s. em 1 ~w •. Koe-
~ rr1nado de c3rlos v a nobreza pa~ct ,:;)quacd:ão .~s fa\ ~ n~e~os tncl~nado a red uzi'. o ~er dos nobn:s. D~rante nigsbcrgcr. Economic lli:rmry Rt••it:w. IX. p. 14.
•m~rador, enquanto que 3 nobreza inferior:: c.:on1~1~v~rmc1pc . A ah<1 ~ubrcza ~ u~ia r~p1damcnt~ ao serviço do .. 191 . • Era um exemplo ílagrante do que o monarca podi• faz.a na vi3 da rdl!ic..,- ão do E..<t>do. • rno<m ·
SCNJÇO no cxCrci.to:.. J. w. Sm it Prtconduio1/s o/ Rnultal~~e rpc~~ funçoes adm m1 o;1r:i11vas menore s quer com o Fihpc como um trabalhador dilige.nte na tradiçãod3 sua casa.... Gc)·I. Tht: Rn'Olt o/tltt N'-lht-T~ds. p. 7 1.
IW5 . / hu/.p. 41. · · ·
t 92. /bid., p. 72.

202
203

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Na outra direcção. a nobreza procurava transíonnar o Conselho de Estado cm «urn corpo
Baixos, de 1557 a 1648, terem sido imediatamente p d'd
executivo exclusivamente aristocrático» 11 • i 1• Filipe recusou, mas adoptou uma posição de Espanha e,.,,, rece 1 os por uma crise financeira em
compromisso retirando as forças espanholas, deixando o seu governo nos Países Baixos apenas
Se bem que a Revolução dos Países Baixos fosse um movim " . .
com as forças fornecidas pela nobreza local e pelos centros urbanos para manter a ordem. Se · compreendia uma componente religiosa desde o seu in' . E bo ento nac1on_ahsta», ele
se acrescentarem a este quadro as queixas generalizadas das classes baixas e da burguesia média curado inicialmente monopolizar a forma e a natureza ~e'~. m ra ª nobreza uvesse pro-
pela n.'Cessào da d~ada de 1560u .. 1, e a fraqueza geral da Igreja. atacada já desde há quarenta calvinista rompeu com a sua habitual postura passiva lanç;d::ta co~ o rei . a comunidade
anos. tomava-;e possível uma revolta: a Destruição das Imagens, que varreu o país de no~c a sul G ~u~ re~esi conhecido como
Turbas indiferenciadas no aspecto religioso atacaram as cadeias, detestados símbolos da opressão, estavam «paralisadas de medo» e que os dirigentes calvini st~ ~> ta irma que as autondades
e libcnaram os protestantes. A tolcrjncia tomou-se palavra de ordem geral, formando, juntamente certo» <199>, Foi a religião que deu o toque de paixão ideológ'1os 'raRvam •, su_:pre,;a e descon-
, .. ca a evo uçao e que tomou
com a cxi~ência de E.<tados Gerais livres, o núcleo do progrnma político da oposição. Durante poss1vel que !. Schoffer comparasse a Destruição das Imagens com a tomada da Bastilha e
algum te,;;po estos palavras de ordem funcionaram como crenças perfeitamente .generaliza- com os tumultos de rua em Petrogrado em Março de 1917 •~.:"'.
das de ãmbito nacional ou interprovincial: eram princípios simples e, sobretudo, socialmente ~e bc'.11 que esta. fase ~cnha pass,ado rapidamente. a força dos calvinistas como panido
neutroso95 •.
r~vo.luc10nário, c?mo Jacob.mos do seculo XVI na analogia de H. G. Koenigsberger'"'".
r Não devemos esquecer que isto ocorre pouco depois da paz de Cateau-Cambrésis, que s1gmficava que tmham o vigor necessáno para persistir quando outros se mantinham de
pennitiu que se reatassem as sessões do Concílio de Trento e, por consequência, que se insti- lado, para utilizar uma política de «aterrorizar a população ~ '""'' e •mobilizar as massas em
tucionali7.asse a Contra-Refonna " 96>. Assim, o catolicismo e a Coroa espanhola viram-se mais ocasiões estratégicas»"º"· Quando mi Pacificação de Gand as autoridades tentaram resol-
'-intimamente identificados que anteriormente. ver o conflito por meio da participação religiosa, não fizeram mais do que entrincheirar 0
partido re.f~rma~ na Holanda e na Zelândia e reforçar a identificação ela causa política
A «revolução» atravessou uma série de fases: o primeiro levantamento (tanto no norte
como no sul) e a sua supressão (1566-1572); o segundo levantamento (mais «protestante»), com a rehg1osa 1
, o que acabou por conduzir à «protestantização• de áreas sob controlo
apenas na Holanda e na Zelândia. ao norte (1572-1576), que terminou com a Pacificação de
Gand; um levantamento radical na Flandres, ao sul ( 1577-1579); uma divisão do país em dois esta po~ítica: quase resuhou. Falhou porque era talvez já demasiado tarde, mesmo em 1567, e·porque 0 duque de
Alb~ nao com~dou a força naval para esmagar os Wattr Btggars. Sem dúvida, Filipe não compreendeu a com·
de 1579 em diante (ao none as Províncias Unidas, ao sul um regime lealista); uma tentativa plex1dade da situação, e Alba: mos lrou ser a escolha errada para os seus propósitos. Mas também 1~w não era tão
de reunificação em 1598: conclusão duma trégua duradoura em 1609. óbvio como se veio a !ornar, JXJis Alba tinha·sc comportado com tacto considerável na guerra contra o Papa Puulo
r Ao longo deste período, o que deve assinalar-se é que o conflito - amorfo e multi- lV. _M.as (... )mesmo a crueldade de Alba não suscitou uma explosão csponrãnea de rebelião da pane dum povo
oprimido; a revolla de 1572 tomou·se apenas possível atravts da acção dos \fora Bl'gRars, ahameme ori;anizados
polar ao princípio - tomou uma forma cada vez mais clara como luta do norte protestante, e impiedosos, e da sua também altamente organizada ..quinl3 coluna" nas cidades da Holanda e da Zrlãndia•. Jour·
ou melhor. «protestantizado», pela sua independência nacional, com um regime em conso- 110/ of Modem Hisrory, XXVll, p. 341.

nância com as necessidades da burguesia comercial, cuja força à escala mundial cresceu 198. A ligação entre os desenvolvimentos inremos cm Espanha e os ahos e baixos da Revolução Holan· l
desa é clammente expressa por H. Lonchay: •Não apenas interessavam est::as crises lfiruncciras espanholas] aos
du~nte a luta e subsequentemente no sécu lo XVII. Uma vez começado o conflito, pouco câmbios de Anrnérpia, Londres e Amesterdão, como tiveram também um impacto som os acontecimentos [da
havia provavelmente que a Espanha, dado «O fracasso do império» pudesse fazer para o Bélgica l cm que se não tem reparado. A de 1557 explica porque, apcSM das vitórias de St Qurotin e~ Gravelines,
197 Filipe II estava com 1anta pressa para fazer as pazes co m a França. A de 1575 faz.nos comprttnder a Fúria fap.i·
1_deter• •, especialmente dado, como veremos, o novo equilíbrio de ' forças na Europa. De nhola e todos os excessos dos soldados estrangeiros. de há muito priva:dos do SC'U soldo. A 1raruocção de 1596 pre·
facto, as pressões sob que actuava a Espanha ficam claramente indicadas pelo facto de cede a entrega dos Pa:íses Baixos aos arquiduques. pela qual se decidiu Filipe II só porque peMl\.·a ~r assim mais
praticamente· todos os pontos políticos críticos nas relações entre a Espanha e os Países fácil estabelecer a paz nos Países Baixos em vez de usar a: força. Os decretos de 1607 · 1 60..~ dio--ncx as razões porque
Filipe Ili se resignou a assinar a Trégua dos Doze Anos, tão conirária ao seu or~ulho. A de 1647 não foi certa.menlt~
irrelevante para a súb ita disponibilidade de Filipe IV em reconhecer definitivamente a indc:pc:l)dência d.15 Províncias
Unidas. Assim ficou o des1ino da Bélgica li gado ao da Espanha e muit:is vezes não !'e pode perceber a his1~ri:1 política,
J93. Smit, Preconditions pf Rtrolution, p. 47. duma sem se conhecer a ~ituaçào financeira da outra,.. Acudémir Royalr dt' Drl~iqur. pp. 99.i-995 ..J
194. Ver ibid.. pp. 4243.
199. Geyl acrcscenra: 1<Em todo o caso. era um trabalho verdadeirJmcnte calvinista, feroz e honesto, sem, ·
195. lbid .. p. 48.
qualquer respeito pela arte e pela bele1.a, csforçunc.lo--sc por purgar a terra. para os eleitos de Deus, dos ornamentos
•r 196. •A paz cn1rc o Françac a E.<panha ~ · f d ã0 lí ·
tina do catolicismO. Um facro de cspe ·
1 º~: ~n aç po_ ttca sobre a qual repousou a reorganização 1ren- demoníacos da idolatria e por denubar dum só golpe um passado de mil anos. E à Sl'Çâo. um:s \'CZ levada a cabo, não
1andade•. Manuel Fernandez Alvarczcia ~~scen ncia, não ilpenas .Pª~ as pessoas em si, mas para toda a Cris- faha.va: a obstinada aprovação dos líderes in1clec1uais do culvini!imO•. Geyl. Thr Rl'rnlt o/ rht Nrthfrlonds. p. 93. ~
i!'JX. n.0 77,'0ut-Dcz. 1959, 544. ' • az de Careau-Cambrésis•, Hispania, Ul'ista' tsp01iola de historia, 200. Ver I. Schõffer. t(The Dulch Revolution Analomiled: Some Commcnts•. Comparatfrt' Studits in ..
• . 197. Koenigsbergcr vem cm defesa de Fili li' • FT t . . . . . Sociery and Nisror)', Ili, 4, Julho 1961. 471.
enviar Alba para os Países Baixos. Ma's não têm est::'u l. . tpe r ~em sido quase universalmente condenado por
1 20 l. Ver Koenigsbergcr. Jnumal of Modem Hi.<tory, XXVll. p. 335. Gordon Grifíi1hs sug<rc do mes~o ,
rcrior do historiador? Poderia um dirigcnie pod j ~amtmos sido largamente baseados na ~omprccnsão pos~ modo que a Revoluçào Holandesa pode ser vi sta como a.rúloga à Rc\'olução F~ cm tennos das ca1cgonas
desenvolvidas por Crane Brinton. Ver •The Revolutionary Charactcr of lhe Rcvolut1on of r~ Nethcrland-;•, Com·
com ::a dupla oposição da aha nobre 7..1 (se bem q:roso
0 5
e~ 0 XVI t~r a~tuado de otrtro modo quando enfrcnt.àdo ·
lu~ionário c.om uma: organi 1.aç3o miliurr (se bem ~uue:~ ~::~~~ c~.~t:1onaJ) e de um mo~imcnto r~l~gios~ rcvo- parative Srudies in Saâery and flistory, li . 4, Julho 1960. 452-472.
cd1ficado as suas formidáveis organizações por ca d r ci.a · França~ na Escócia os calvinistas tmham 202. Kocnigsberger, Jouma/ of Modem llistory. XXVll, p. 342.
-comum dos homens de Estado do século XVI dize':!ª ª raquc7.3. .dos go~emos fninces e escocês. Era um lugar· 203. lbid .. p. 343.
. m queª rebelião devm ser esmagada à nascença. Além disso, 204. Ver Gcyl, Tice Rel'O/I of the Neilcer/ands. p. 161.

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Na outra direcção. a nobreza procurava transíonnar o Conselho de Estado cm «urn corpo
Baixos, de 1557 a 1648, terem sido imediatamente p d'd
executivo exclusivamente aristocrático» 11 • i 1• Filipe recusou, mas adoptou uma posição de Espanha e,.,,, rece 1 os por uma crise financeira em
compromisso retirando as forças espanholas, deixando o seu governo nos Países Baixos apenas
Se bem que a Revolução dos Países Baixos fosse um movim " . .
com as forças fornecidas pela nobreza local e pelos centros urbanos para manter a ordem. Se · compreendia uma componente religiosa desde o seu in' . E bo ento nac1on_ahsta», ele
se acrescentarem a este quadro as queixas generalizadas das classes baixas e da burguesia média curado inicialmente monopolizar a forma e a natureza ~e'~. m ra ª nobreza uvesse pro-
pela n.'Cessào da d~ada de 1560u .. 1, e a fraqueza geral da Igreja. atacada já desde há quarenta calvinista rompeu com a sua habitual postura passiva lanç;d::ta co~ o rei . a comunidade
anos. tomava-;e possível uma revolta: a Destruição das Imagens, que varreu o país de no~c a sul G ~u~ re~esi conhecido como
Turbas indiferenciadas no aspecto religioso atacaram as cadeias, detestados símbolos da opressão, estavam «paralisadas de medo» e que os dirigentes calvini st~ ~> ta irma que as autondades
e libcnaram os protestantes. A tolcrjncia tomou-se palavra de ordem geral, formando, juntamente certo» <199>, Foi a religião que deu o toque de paixão ideológ'1os 'raRvam •, su_:pre,;a e descon-
, .. ca a evo uçao e que tomou
com a cxi~ência de E.<tados Gerais livres, o núcleo do progrnma político da oposição. Durante poss1vel que !. Schoffer comparasse a Destruição das Imagens com a tomada da Bastilha e
algum te,;;po estos palavras de ordem funcionaram como crenças perfeitamente .generaliza- com os tumultos de rua em Petrogrado em Março de 1917 •~.:"'.
das de ãmbito nacional ou interprovincial: eram princípios simples e, sobretudo, socialmente ~e bc'.11 que esta. fase ~cnha pass,ado rapidamente. a força dos calvinistas como panido
neutroso95 •.
r~vo.luc10nário, c?mo Jacob.mos do seculo XVI na analogia de H. G. Koenigsberger'"'".
r Não devemos esquecer que isto ocorre pouco depois da paz de Cateau-Cambrésis, que s1gmficava que tmham o vigor necessáno para persistir quando outros se mantinham de
pennitiu que se reatassem as sessões do Concílio de Trento e, por consequência, que se insti- lado, para utilizar uma política de «aterrorizar a população ~ '""'' e •mobilizar as massas em
tucionali7.asse a Contra-Refonna " 96>. Assim, o catolicismo e a Coroa espanhola viram-se mais ocasiões estratégicas»"º"· Quando mi Pacificação de Gand as autoridades tentaram resol-
'-intimamente identificados que anteriormente. ver o conflito por meio da participação religiosa, não fizeram mais do que entrincheirar 0
partido re.f~rma~ na Holanda e na Zelândia e reforçar a identificação ela causa política
A «revolução» atravessou uma série de fases: o primeiro levantamento (tanto no norte
como no sul) e a sua supressão (1566-1572); o segundo levantamento (mais «protestante»), com a rehg1osa 1
, o que acabou por conduzir à «protestantização• de áreas sob controlo
apenas na Holanda e na Zelândia. ao norte (1572-1576), que terminou com a Pacificação de
Gand; um levantamento radical na Flandres, ao sul ( 1577-1579); uma divisão do país em dois esta po~ítica: quase resuhou. Falhou porque era talvez já demasiado tarde, mesmo em 1567, e·porque 0 duque de
Alb~ nao com~dou a força naval para esmagar os Wattr Btggars. Sem dúvida, Filipe não compreendeu a com·
de 1579 em diante (ao none as Províncias Unidas, ao sul um regime lealista); uma tentativa plex1dade da situação, e Alba: mos lrou ser a escolha errada para os seus propósitos. Mas também 1~w não era tão
de reunificação em 1598: conclusão duma trégua duradoura em 1609. óbvio como se veio a !ornar, JXJis Alba tinha·sc comportado com tacto considerável na guerra contra o Papa Puulo
r Ao longo deste período, o que deve assinalar-se é que o conflito - amorfo e multi- lV. _M.as (... )mesmo a crueldade de Alba não suscitou uma explosão csponrãnea de rebelião da pane dum povo
oprimido; a revolla de 1572 tomou·se apenas possível atravts da acção dos \fora Bl'gRars, ahameme ori;anizados
polar ao princípio - tomou uma forma cada vez mais clara como luta do norte protestante, e impiedosos, e da sua também altamente organizada ..quinl3 coluna" nas cidades da Holanda e da Zrlãndia•. Jour·
ou melhor. «protestantizado», pela sua independência nacional, com um regime em conso- 110/ of Modem Hisrory, XXVll, p. 341.

nância com as necessidades da burguesia comercial, cuja força à escala mundial cresceu 198. A ligação entre os desenvolvimentos inremos cm Espanha e os ahos e baixos da Revolução Holan· l
desa é clammente expressa por H. Lonchay: •Não apenas interessavam est::as crises lfiruncciras espanholas] aos
du~nte a luta e subsequentemente no sécu lo XVII. Uma vez começado o conflito, pouco câmbios de Anrnérpia, Londres e Amesterdão, como tiveram também um impacto som os acontecimentos [da
havia provavelmente que a Espanha, dado «O fracasso do império» pudesse fazer para o Bélgica l cm que se não tem reparado. A de 1557 explica porque, apcSM das vitórias de St Qurotin e~ Gravelines,
197 Filipe II estava com 1anta pressa para fazer as pazes co m a França. A de 1575 faz.nos comprttnder a Fúria fap.i·
1_deter• •, especialmente dado, como veremos, o novo equilíbrio de ' forças na Europa. De nhola e todos os excessos dos soldados estrangeiros. de há muito priva:dos do SC'U soldo. A 1raruocção de 1596 pre·
facto, as pressões sob que actuava a Espanha ficam claramente indicadas pelo facto de cede a entrega dos Pa:íses Baixos aos arquiduques. pela qual se decidiu Filipe II só porque peMl\.·a ~r assim mais
praticamente· todos os pontos políticos críticos nas relações entre a Espanha e os Países fácil estabelecer a paz nos Países Baixos em vez de usar a: força. Os decretos de 1607 · 1 60..~ dio--ncx as razões porque
Filipe Ili se resignou a assinar a Trégua dos Doze Anos, tão conirária ao seu or~ulho. A de 1647 não foi certa.menlt~
irrelevante para a súb ita disponibilidade de Filipe IV em reconhecer definitivamente a indc:pc:l)dência d.15 Províncias
Unidas. Assim ficou o des1ino da Bélgica li gado ao da Espanha e muit:is vezes não !'e pode perceber a his1~ri:1 política,
J93. Smit, Preconditions pf Rtrolution, p. 47. duma sem se conhecer a ~ituaçào financeira da outra,.. Acudémir Royalr dt' Drl~iqur. pp. 99.i-995 ..J
194. Ver ibid.. pp. 4243.
199. Geyl acrcscenra: 1<Em todo o caso. era um trabalho verdadeirJmcnte calvinista, feroz e honesto, sem, ·
195. lbid .. p. 48.
qualquer respeito pela arte e pela bele1.a, csforçunc.lo--sc por purgar a terra. para os eleitos de Deus, dos ornamentos
•r 196. •A paz cn1rc o Françac a E.<panha ~ · f d ã0 lí ·
tina do catolicismO. Um facro de cspe ·
1 º~: ~n aç po_ ttca sobre a qual repousou a reorganização 1ren- demoníacos da idolatria e por denubar dum só golpe um passado de mil anos. E à Sl'Çâo. um:s \'CZ levada a cabo, não
1andade•. Manuel Fernandez Alvarczcia ~~scen ncia, não ilpenas .Pª~ as pessoas em si, mas para toda a Cris- faha.va: a obstinada aprovação dos líderes in1clec1uais do culvini!imO•. Geyl. Thr Rl'rnlt o/ rht Nrthfrlonds. p. 93. ~
i!'JX. n.0 77,'0ut-Dcz. 1959, 544. ' • az de Careau-Cambrésis•, Hispania, Ul'ista' tsp01iola de historia, 200. Ver I. Schõffer. t(The Dulch Revolution Analomiled: Some Commcnts•. Comparatfrt' Studits in ..
• . 197. Koenigsbergcr vem cm defesa de Fili li' • FT t . . . . . Sociery and Nisror)', Ili, 4, Julho 1961. 471.
enviar Alba para os Países Baixos. Ma's não têm est::'u l. . tpe r ~em sido quase universalmente condenado por
1 20 l. Ver Koenigsbergcr. Jnumal of Modem Hi.<tory, XXVll. p. 335. Gordon Grifíi1hs sug<rc do mes~o ,
rcrior do historiador? Poderia um dirigcnie pod j ~amtmos sido largamente baseados na ~omprccnsão pos~ modo que a Revoluçào Holandesa pode ser vi sta como a.rúloga à Rc\'olução F~ cm tennos das ca1cgonas
desenvolvidas por Crane Brinton. Ver •The Revolutionary Charactcr of lhe Rcvolut1on of r~ Nethcrland-;•, Com·
com ::a dupla oposição da aha nobre 7..1 (se bem q:roso
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e~ 0 XVI t~r a~tuado de otrtro modo quando enfrcnt.àdo ·
lu~ionário c.om uma: organi 1.aç3o miliurr (se bem ~uue:~ ~::~~~ c~.~t:1onaJ) e de um mo~imcnto r~l~gios~ rcvo- parative Srudies in Saâery and flistory, li . 4, Julho 1960. 452-472.
cd1ficado as suas formidáveis organizações por ca d r ci.a · França~ na Escócia os calvinistas tmham 202. Kocnigsberger, Jouma/ of Modem llistory. XXVll, p. 342.
-comum dos homens de Estado do século XVI dize':!ª ª raquc7.3. .dos go~emos fninces e escocês. Era um lugar· 203. lbid .. p. 343.
. m queª rebelião devm ser esmagada à nascença. Além disso, 204. Ver Gcyl, Tice Rel'O/I of the Neilcer/ands. p. 161.

204 205

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··prote stante. A di ,,i-;:io do país em 1579 conduziu a um~-~?ns~lidaç~o de ambas ~s partes Irlanda 1l!Jll'. · Ond_c a rcl.igião não esteve firmemente ligada à cau"' naciooal. não se re\ clou ca
e. ne sa medida. 3 uma polarização religiosa duradoura · · . As hnh.1s de s:paraça? admi- de sobreviver. como aconteceu com o calvmi\mo em França - ". PaJ'
nimativa cr:im de facto 0 resultado de factorcs geom1h1ares. O Sul dos Pa1ses Baixos era O que se pas~ava era que. _no torYelinho de interes~ em conflito. 16 r«l.iam com-
t ·rreno ahcnu o nde a ~a valaria espanhola podia imperar. A pane nonc csrnva coberta de canais iruir-se novas estruturas organ17.allvas por _meio de cstranh~ e instá veis ahança>. Oi homens
e" outras barrei ra< :io mov imento da cavabria. Era. em poucas palavras. um território ideal procuravam assegurar essas alianças. li. G. Koenigsbergcr capta com preci>ão c•te por.:o:
para a g uerrilha ' '""· Com 0 passar do tempo. os do None tomaram-se protestantes. os do
A religião era a forç~ aglutinadora que rl'-"11tinha unidos°" dif: mnes ,,,.iern....., da. difr re-i::e:.
Sul tomar.un-sc católicos. cl ~sc s e fües fornecia u1113 orgam1.ação e_um apru-elho de propaµnd. <>;>a>:ô <k crilt"" pn-
D.u que 0 protestant 1· mo não seja. como muitos já arg~mentaram , particular-
me1:os partidos genuinamente ~acmna1 s e mtemacionaís da modem.a: hi, tóna europeu. pcri\ ckn
mente cotNJllJnle com a mudança soc ial - não mais com o nacionalismo do que com partidos nunca abarcavam mais que uma minon.1 de cada um 2 d! J a_c. ct.i~~'I com.u· ~ .r.te\_
0 c:ipitalismo. Como disse si r Lewis Namier. o que ~comece é que «a religião é o nome Mais ainda, era por meio da religião que podiam apelar às ela -.e.. rnaí•. baix» < à 1;nto p--...r.i CfX
do nac ionalismo no sécu lo XVI »"º"· O protestanti smo serviu para um ficar os Países desse_m curso à ira da sua pobreza e ao dese~pero do r.eu de\Cmprego cm birb.ns "'"':::...,,,--.s ,
Baixo' do No ne. Assinal:ímos no capítulo anterior o como e o porquê do facto de o catoli- fanáucas pilhagens. O descontentamento '>OC1al e eeonómico era um tcm:oo férrii pan 0 '"""",,_
cbmo ter ficado li gado ao sentimento nacional polaco. E o catolicismo fez o mesmo pela 1amen10 por qualquer das panes, e a tirania dcmocrá!ica popular ap:rreceu u,~ 10 ,.. Gar,1 olv i-
ni sta como na católica Paris <:? 101•

Se a rei igião serve então como cimento nacional. pouco n~ diz "obre o cooteúdo .,0 cial
:!05. PiC"IC' r Gc~ I argumcn1:i : . .- ,\ verdad.:ira c ~ pl icação da divi são dos Países Baixos num Nonc protes.
1Jnle e num Sul c:a1õlico L' t:xac1amL ·ntc o pos 1~1 à corrente . N;1o foi porque o Sul era católico e o Non e protestante das estruturas estalais resultantes. J. W . Smit argumenta que a Revolução dos Paí<.cs Bai.~o>
que a rt~llii • l fol hou nqu i e rc ... ullou acol3: foi porque os ri os pcrmi1iwm à re\'oluç;'io ent rinchcir.ir·se no Norte. foi essencialmente. apesar das suas ambiguidades. uma revolução burguesa que levou a bur-
cnqu:m:o a b pJnhJ n:rnper:n·a J'i pro\'íncias !.ilu adas no lado errado da barreira estratégica, que com o tempo veio· guesia ao poder. e que a divi são dos Países Baixos e as fronteiras estatais resultantes são um:!
3 ~l. i:i.m t"'ife ~i ...temJ dua l da RL·pU blic.1 Pro1rs1.:m1c do None ~ dos Paí:;.c::i Baixos Ca16licos do Sul, ou Holanda
prot~'.!t l:rn1 t e Bél!!ic:1 c1.fü1lic::. ... Drharh wuh fli sroricins (Nova Iorque : Mcridian. 1958). 209. Ver 1-fenri Lapcyrc, medida do grau da sua força frente aos seus inimigos '"' '.
LeJ mo111.ircl11n e1Jropécm1ei Ju X\ ·1· J1t;cle, Collcction Nouvelk: Clio 39 (Paris: Presses Universi ta ires de France,
1967). 188- 189.
O H'PJ.r.J.lismo admini slrJli\'O leva ass im à polarização religiosa. Além disso. n5o eram os calvinistas que 209. co l-la via (... )uma diferença essencill entre os regimes da Fr..nç11 e dcK P~ Blhos que ~-~ -
se tomavJm capira!l!)tas, ma!' os capirnli,tJs que ~e tomavam calvi ni stas. H. R. Trevor·Roper di z de sua razão: profundamente os re spectivos caracteres da sua oposiç5o política. CturiD.J {dJ Frmi.,--a}. eb lil'C'~T...L C1"J ClC'il;)
41 St: os gr.mdc!. c mpre,:l m1~ calvinis1as d.: me:.t<los so ~éc ulo XVII não estavam unidos pela devoção calvinista, ou cs1r.mgeira. mas encabeçou um go\'cmo re31 que pcm1aneccu um !.ímbolo de uni<bd::: nx-ior.J.l num pie; dJvidi.do..
rne~mo pe b \ U:t s u po~ t a l"' xprc51,:io ~oc i a l . o que é que os unia então"! Se reparannos atc n tame nt~ neles, depressa Margarid;i. como filha de Carlos V e como mulher namcnga.. era holandcs:t por ruscim.cnto: rn3S c.nabeçou um
tk~ob ri n- 1110-. al_gun.:; f~K I O" ôbvios. Primeiro. bons ou maus c a l vini~ l~b. a maioria deles não era natural do país em governo rea l que foi crescememcnle considerado como e;;tr.tnho. A longo prazo. este fa...i o rC'\·e ~o,H.e ~ nr.por·
que trabalhav;i. " em J llcilanda. nem a Escócia. nem Genchra, nem o Palalinado - as quatro sociedades obvia- tância incalculáve l. pois permitia à oposição ap~cer - como nunc3 o po:kril n3 fri.'lÇ"l d.J. décad.:I de 1560 -
mcn1e calvi ni!ilas - pn:xl u11:.1m <h !<.C us própri os empresários. O em.i no ca lvinista obriga16rio no qual os naturais como u defensorJ de tradições nacionais contra inovações estr.m g.eiras•. Ellion. ibid.. p. 1: 6.
dcs~ :is comu ni dJd c~ cr:un doutrina dos n:io 1inha tal CÍl'iro . Quase toclos os grand es empresários eram imigrantes. Se perguntam1m. porque é que: o calvinismo não foi rt\'Olucionário cm lngla.Iem sob ls.lbd COCll.) o f~ nos
Seg undo. a m:iioria di:.,~c ... 11ni1_! ranrcs era ho!andl!sa. ( ... )Ma.is ai nda. quando olhamos ainda mais de perto descobri· Países Bai:\OS e na França nessa altura. mais uma vez a posição da au1oricbdc rc~ é rde,:lnlc: ·Pani romcç.u. a
mo::i que esse.:; ho!Jndl'-.e'i vin ham gera lmeme dum a classe p;irtic:ular denrro da República Holandesa. Mesmo aí eles lnglaterrJ já tinha gasto muito do seu espírito nacionalista contra o Pap.1dO. sob as di'!ipuW de Htnrlqur \' {11 com ll
cr.1m. ou o~ !-t:.u~ pais tin ham siJ o, imigrJ.ntcs. Eram ou "flamengos" - isto é, imigranles das províncias do Sul Igreja Romana. (. .. )Na Inglaterra, a questão da intluência estrangeir3 a(lÔ'\ a r:11nhJ. M:uia nllfli..'"'3 ~ \'lilou :a~ ~
~~~7 ~~ .dçim uuo c . . p:mhol - ou licge nscs. do prim: ipatfo·bispado católico de LiCge ... Tfie European Wirch·Craze. problema sé rio até ;io rei nado de CarJ os li. M3.s ainda mais imponante na s1tuaç3o mglõa rra a :.uscncu._il ~ gu.rr J;
5 1588. dum sobera no ca1ólic:o. que cm França e na Holanda sen.·iam como ur.:'3 consuntc k-mbr:in;a do :'"',u-Cri~o
:!06. ·1 A Bé lg i~ a (p.ira u-,;1r um lermo moderno) em na sua maior parte um "país de cavalaria", próprio para roma no)> . Leo F. Soh. · Rcvo\uti onary Calvinist Partics in Engbnd Under Ehzabelh 1 wd Char1~ I•. C1t~rh fl u ·
J; rJn~cs lxitalha' ao :ir hHc. de Gernblours a \Vaterloo. ··o Campo de Ba1alha da Europa·· é uma reg ião que pode ser
~rdiJ~ ou f JnhJ ni:. campo. Ni10 lan!o a.\sim a 1lolan<la (para usar novamen te uma palavra moderna). que é na maior tnry. XX~ll~'_ 3K~~i~~~;c;;,5jn11rnal n/ Mndern llistor1·. XXVll. pp. 350->51. \'<r Robm M. Km~doo ><>ln oc·
pane ~ SU J ex tcn . . :10 rnnJda por bmços de mar. rios. canai~ e pâmanos. onde é difícil cnconlrar, dentro das suas calvinismo como mov ime'"nto trJnsnacional: .. As revoltas do século XVJ nio podem !J.Cr \' bl3.S unk:'~Nc como
capítulos em hi s!órias nacionais separadas: elas precisam de ser considc:r:id.3s eofTk) sendo pelo ~ em ~"'te
0
fromcira~. lugar .pa ra mon1ar ~111 grande ~\L'Kilo rm f~rmação ... Oman , ·" N istory of rhe Art of War. p. 541.
-? 7· Cna<lo cm Chnstophe r Hill. Rtformawm to tht• l ndusrrwl Remlutirm. p. 23. Numa comunicação 1mbalho duma organi zação reli giosa in1emacion:il revolucion~a - a 1.g:C~ª CahiniMa• . .c~tohtJGI Rcsisun....~
of lhe Calvinists in France and th c Low Coun1ries~. Churdi lfot~r·'~ ~X~_ll. 3· Se~- l SS. -:-~·tn ·ãore.slmn \?e
9
Jle~:-oa l. Hill afirma que " ~amicr fez esta obscrvaçfio numa das vária~ noites de discussão qu e estudantes do Colégio
. . 211. «Afinal, apcsardas.rese1:vasqued~,·amosta. a~nova~~pubh1.. ;º:: S('rTk.~~ril_ A ~H para uml
3
~~í\~~11:;!~~~1~11 ~~e~~:~~m.n~: 193-1 . 4ua:1do es.tava u proferir as Ford Lectures em Oxford »_Ver F. Chabod: «~e 0
c~pual1sta e_ burguesa com uma 1d~~1 1~~1de n~c1onal _íortementc a1.:en1u::.~\ olu ·io rtsu lh."l !-.ó an p:mc 00.s P:ti.;;cs
dn que nacicnai~ l)U ~ . . pc ~ ~m pape l na vida.do Est~do no século XVI. eles ~ão de namrcza religiosa. mais
C'SIC: \ 'C dcst.k cedo d~.., :n~~·.~: ~ cas~_da F_
l1ntcrpretaçao destes factos contrJJ1tonos l rc:s1d<. cre1L>, no facto de q~e: 3 . ~ . . ,. 1 te cnl!'t muil.3.s <lU.Iru
1
Actt'J du C >lfoqui' . p. ~Q . •
rJnça. i st~ apl1ca·sc someme à política interna. pois a política externa
B~ixos. Gostaria <li: dcfend~r ~ proposição de 4ue .ª .~e,·ol~~o dos ~1~~::~:º~ ;~~ ~(~~) ~ra dcmasa~ fntta
1
1 1
6 ulogta. Mas. no ca....o dos l-labsburgo. não se aplicava isto à política externa?,..
co1~us, uma revolução social movadura e prog~ssism_. Mas a cl~ podia~ ful'k1nr um EstJdo à w.:i própn2 ima.qC"m
o
10X ... catolicismo na Irl:rnda co 0 ~ · , .
d.i sua idcniificação com uma causa nac iona~~ pro~c ~t~ll~m~ no.s P:uses Ba1:c:os.' tm~a extraído uma nova ~orça
par.i estabelecer o se~ governo em t~os os Pa1scs ~Jl).OS. _ .
L:· \~':v 3do dr: dc:~m ol\'imcnto. fo i xckracU ~
apc~as na Holanda, onde a cconom1a de! merca~. Já em cst~dào da~aior part(' dns ~ruf(h s.oi.:i .. is ri,·ais ... Sm1t.
que: a dos Pai--c::i Bai~o~ a sua luta . d
":1bora ª. sociedad~ irlandesa fosse mfinu amenle menos sofisucada
capital, ~e.n1c e capacida~es do Sul e em que na~ unha .º~ ~i:rrn da in<kprndência &: l5t'6-1605 cootn a f..s~·
luta holandesa comra 3 d~min;ição d:O~lr~ ah or~m:içào m~lesa ~01 caracterizada por muitos do'i mesmos traços. da
de idL 1HidJde nac ional e era por s . .~~an ª· m am~as as socied:.tdes uma causa religiosa estimulava um senudo
0 Pr~cmu/Jt!º'~s nf Rtm luuon. pp. 52·53. Ver T. \~,u~an . .' le~ os critbim duma R"voluç:ln burgUtta. A~ lutas ~~11·
nha c:o.nst1tu1u um processo coercn1e e prce~ch<' mh:i~n:: sua resistência~ opresJo rsp.in.l\ol:a e à .tgrrp. Católlc~ :
n:iovimem~l ~ligioso in temacion;ll P~~;,c~iJ::v:s,~~'~:~ 1~nulado: Em amb~'. a filiação.d~ airige~tes nacionais ~um
E1Jrope Dmdt.•d. 1559- 1598 (Nova Iorque: Harper, si~~~'.dades de a'iõsegurar apoio mtern ac1onal », J. H. Elhott.
196 ~f~~~:1 !nd::i:~~~~: u;:~~:~ :~:~~:::~s~u~~~t ~s Esrados CkrJis ums lidcnu~·a q~. CSflC'ct1lmcnte dc:pois

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e. ne sa medida. 3 uma polarização religiosa duradoura · · . As hnh.1s de s:paraça? admi- de sobreviver. como aconteceu com o calvmi\mo em França - ". PaJ'
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t ·rreno ahcnu o nde a ~a valaria espanhola podia imperar. A pane nonc csrnva coberta de canais iruir-se novas estruturas organ17.allvas por _meio de cstranh~ e instá veis ahança>. Oi homens
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A religião era a forç~ aglutinadora que rl'-"11tinha unidos°" dif: mnes ,,,.iern....., da. difr re-i::e:.
Sul tomar.un-sc católicos. cl ~sc s e fües fornecia u1113 orgam1.ação e_um apru-elho de propaµnd. <>;>a>:ô <k crilt"" pn-
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mente cotNJllJnle com a mudança soc ial - não mais com o nacionalismo do que com partidos nunca abarcavam mais que uma minon.1 de cada um 2 d! J a_c. ct.i~~'I com.u· ~ .r.te\_
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do nac ionalismo no sécu lo XVI »"º"· O protestanti smo serviu para um ficar os Países desse_m curso à ira da sua pobreza e ao dese~pero do r.eu de\Cmprego cm birb.ns "'"':::...,,,--.s ,
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cnqu:m:o a b pJnhJ n:rnper:n·a J'i pro\'íncias !.ilu adas no lado errado da barreira estratégica, que com o tempo veio· guesia ao poder. e que a divi são dos Países Baixos e as fronteiras estatais resultantes são um:!
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LeJ mo111.ircl11n e1Jropécm1ei Ju X\ ·1· J1t;cle, Collcction Nouvelk: Clio 39 (Paris: Presses Universi ta ires de France,
1967). 188- 189.
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se tomavJm capira!l!)tas, ma!' os capirnli,tJs que ~e tomavam calvi ni stas. H. R. Trevor·Roper di z de sua razão: profundamente os re spectivos caracteres da sua oposiç5o política. CturiD.J {dJ Frmi.,--a}. eb lil'C'~T...L C1"J ClC'il;)
41 St: os gr.mdc!. c mpre,:l m1~ calvinis1as d.: me:.t<los so ~éc ulo XVII não estavam unidos pela devoção calvinista, ou cs1r.mgeira. mas encabeçou um go\'cmo re31 que pcm1aneccu um !.ímbolo de uni<bd::: nx-ior.J.l num pie; dJvidi.do..
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mcn1e calvi ni!ilas - pn:xl u11:.1m <h !<.C us própri os empresários. O em.i no ca lvinista obriga16rio no qual os naturais como u defensorJ de tradições nacionais contra inovações estr.m g.eiras•. Ellion. ibid.. p. 1: 6.
dcs~ :is comu ni dJd c~ cr:un doutrina dos n:io 1inha tal CÍl'iro . Quase toclos os grand es empresários eram imigrantes. Se perguntam1m. porque é que: o calvinismo não foi rt\'Olucionário cm lngla.Iem sob ls.lbd COCll.) o f~ nos
Seg undo. a m:iioria di:.,~c ... 11ni1_! ranrcs era ho!andl!sa. ( ... )Ma.is ai nda. quando olhamos ainda mais de perto descobri· Países Bai:\OS e na França nessa altura. mais uma vez a posição da au1oricbdc rc~ é rde,:lnlc: ·Pani romcç.u. a
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cr.1m. ou o~ !-t:.u~ pais tin ham siJ o, imigrJ.ntcs. Eram ou "flamengos" - isto é, imigranles das províncias do Sul Igreja Romana. (. .. )Na Inglaterra, a questão da intluência estrangeir3 a(lÔ'\ a r:11nhJ. M:uia nllfli..'"'3 ~ \'lilou :a~ ~
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5 1588. dum sobera no ca1ólic:o. que cm França e na Holanda sen.·iam como ur.:'3 consuntc k-mbr:in;a do :'"',u-Cri~o
:!06. ·1 A Bé lg i~ a (p.ira u-,;1r um lermo moderno) em na sua maior parte um "país de cavalaria", próprio para roma no)> . Leo F. Soh. · Rcvo\uti onary Calvinist Partics in Engbnd Under Ehzabelh 1 wd Char1~ I•. C1t~rh fl u ·
J; rJn~cs lxitalha' ao :ir hHc. de Gernblours a \Vaterloo. ··o Campo de Ba1alha da Europa·· é uma reg ião que pode ser
~rdiJ~ ou f JnhJ ni:. campo. Ni10 lan!o a.\sim a 1lolan<la (para usar novamen te uma palavra moderna). que é na maior tnry. XX~ll~'_ 3K~~i~~~;c;;,5jn11rnal n/ Mndern llistor1·. XXVll. pp. 350->51. \'<r Robm M. Km~doo ><>ln oc·
pane ~ SU J ex tcn . . :10 rnnJda por bmços de mar. rios. canai~ e pâmanos. onde é difícil cnconlrar, dentro das suas calvinismo como mov ime'"nto trJnsnacional: .. As revoltas do século XVJ nio podem !J.Cr \' bl3.S unk:'~Nc como
capítulos em hi s!órias nacionais separadas: elas precisam de ser considc:r:id.3s eofTk) sendo pelo ~ em ~"'te
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fromcira~. lugar .pa ra mon1ar ~111 grande ~\L'Kilo rm f~rmação ... Oman , ·" N istory of rhe Art of War. p. 541.
-? 7· Cna<lo cm Chnstophe r Hill. Rtformawm to tht• l ndusrrwl Remlutirm. p. 23. Numa comunicação 1mbalho duma organi zação reli giosa in1emacion:il revolucion~a - a 1.g:C~ª CahiniMa• . .c~tohtJGI Rcsisun....~
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Jle~:-oa l. Hill afirma que " ~amicr fez esta obscrvaçfio numa das vária~ noites de discussão qu e estudantes do Colégio
. . 211. «Afinal, apcsardas.rese1:vasqued~,·amosta. a~nova~~pubh1.. ;º:: S('rTk.~~ril_ A ~H para uml
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~~í\~~11:;!~~~1~11 ~~e~~:~~m.n~: 193-1 . 4ua:1do es.tava u proferir as Ford Lectures em Oxford »_Ver F. Chabod: «~e 0
c~pual1sta e_ burguesa com uma 1d~~1 1~~1de n~c1onal _íortementc a1.:en1u::.~\ olu ·io rtsu lh."l !-.ó an p:mc 00.s P:ti.;;cs
dn que nacicnai~ l)U ~ . . pc ~ ~m pape l na vida.do Est~do no século XVI. eles ~ão de namrcza religiosa. mais
C'SIC: \ 'C dcst.k cedo d~.., :n~~·.~: ~ cas~_da F_
l1ntcrpretaçao destes factos contrJJ1tonos l rc:s1d<. cre1L>, no facto de q~e: 3 . ~ . . ,. 1 te cnl!'t muil.3.s <lU.Iru
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Actt'J du C >lfoqui' . p. ~Q . •
rJnça. i st~ apl1ca·sc someme à política interna. pois a política externa
B~ixos. Gostaria <li: dcfend~r ~ proposição de 4ue .ª .~e,·ol~~o dos ~1~~::~:º~ ;~~ ~(~~) ~ra dcmasa~ fntta
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1 1
6 ulogta. Mas. no ca....o dos l-labsburgo. não se aplicava isto à política externa?,..
co1~us, uma revolução social movadura e prog~ssism_. Mas a cl~ podia~ ful'k1nr um EstJdo à w.:i própn2 ima.qC"m
o
10X ... catolicismo na Irl:rnda co 0 ~ · , .
d.i sua idcniificação com uma causa nac iona~~ pro~c ~t~ll~m~ no.s P:uses Ba1:c:os.' tm~a extraído uma nova ~orça
par.i estabelecer o se~ governo em t~os os Pa1scs ~Jl).OS. _ .
L:· \~':v 3do dr: dc:~m ol\'imcnto. fo i xckracU ~
apc~as na Holanda, onde a cconom1a de! merca~. Já em cst~dào da~aior part(' dns ~ruf(h s.oi.:i .. is ri,·ais ... Sm1t.
que: a dos Pai--c::i Bai~o~ a sua luta . d
":1bora ª. sociedad~ irlandesa fosse mfinu amenle menos sofisucada
capital, ~e.n1c e capacida~es do Sul e em que na~ unha .º~ ~i:rrn da in<kprndência &: l5t'6-1605 cootn a f..s~·
luta holandesa comra 3 d~min;ição d:O~lr~ ah or~m:içào m~lesa ~01 caracterizada por muitos do'i mesmos traços. da
de idL 1HidJde nac ional e era por s . .~~an ª· m am~as as socied:.tdes uma causa religiosa estimulava um senudo
0 Pr~cmu/Jt!º'~s nf Rtm luuon. pp. 52·53. Ver T. \~,u~an . .' le~ os critbim duma R"voluç:ln burgUtta. A~ lutas ~~11·
nha c:o.nst1tu1u um processo coercn1e e prce~ch<' mh:i~n:: sua resistência~ opresJo rsp.in.l\ol:a e à .tgrrp. Católlc~ :
n:iovimem~l ~ligioso in temacion;ll P~~;,c~iJ::v:s,~~'~:~ 1~nulado: Em amb~'. a filiação.d~ airige~tes nacionais ~um
E1Jrope Dmdt.•d. 1559- 1598 (Nova Iorque: Harper, si~~~'.dades de a'iõsegurar apoio mtern ac1onal », J. H. Elhott.
196 ~f~~~:1 !nd::i:~~~~: u;:~~:~ :~:~~:::~s~u~~~t ~s Esrados CkrJis ums lidcnu~·a q~. CSflC'ct1lmcnte dc:pois

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,
1:
Certamente que ;1 nobreza esteve implicada cm diversos lugarc$ e momentos, parti- dores criaram para si mesmos uma wnfederação maleável sem 0 aparelho adminis .
culannentc no princípio. mas os nobres descnaram da causa nuc1onallsta assu_stados pelas maior parte dos outro_s estados. Muitos classificaram este facto como . . trativo da
correntes subjacentes de mdicalismo social ""'· Mas se. os movunc_ntos sociais r:1dicais Smit parece estar mais perto da queslão quando nos recorda uma debiltdade, mas
tinham uma base suficiente no lumpen-proktariado das cidades, nascida da expansao eco- República Holandesa «pcrmiliu a realização dum grau de inteque ~ aparel~o _de Estado da
nómica cum recessão, como fica exemplificado pelo breve controlo de Gand por Jan van qualquer das monarquias da Europa. A burguesia da Holanda t~ç ~ ec~nom1ca maior que
Hembyzc de 1577 a 1579 '" ''· virari1-se rapidamente isolados e autodescruíram-se ao per- reforma exactamente necessário para promover a expansão i;c: óeva o a cabo o grau ~e
· d r - . n mica e se sentrr, nao
derem de vista o tema nacional e ao voltarem-se contra a burguesia e, por consequência, obstante, livre uma centra izaçao excessiva• '"''. Assim. a Revolução dos Países Baixos-;
par.idoxalmentc. pam uma aliança com as forças do rei <' '"· poderia nunca ter começado sem a deserção de muitos nobres em relação à ordem estabe-
Assim. lentamente, emergiu uma confederação de governos urbanos-que prescindiu lecida. Poderia nunca ter tido um se~undo fôlego sem as correntes radicais procedentes de
mpidamentc de todo 0 adorno «democrático•, mas que também estava livre dos encargos baixo. Mas final_mente foi a burguesia quem tomou firmemente as rédeas e quem acabou
económicos que a sua participação no antigo sistema espanhol lhe impunha'"''· Os merca- sendo a beneficiaria da nova ordem social.
Porquê'. no entanto, _os PaíSe~ Baixos _e_n~o outro lugar? Dissemos que 0 •seg undo~..:
d.1 formação da União de Utreque. e apesar de 1cxlos os seus limi.tes e ~ontradições, expressava as aspirações sociais século XVI foi uma e~a ?e 1mroversao, de re1e1çao do ideal imperial em proveito da procura
da burguesia» ... Quelqucs probll'mes relatifs à la dictature révolut1onna1re des grandes v1lles de Flandres, 1577-1579~ .
dum Estado forte. Existia amda no entanto. durante parte deste período. uma arena em que
St"dia hi:r1orica. n.1> 40 (Acade micae Scientarum Hun garicae», 1960, 3-4.
.: 2 12 . ... Sempre que ha\•ia uma ameaça séria de revolução social-da quebra das imag.ens em 1566 à agres. intervinham todas as grandes potências, na qual todas estavam implicadas. Eram os Países
si 1o•3 ditadura dos calvinis1as de Gand, nos últimos anos da década de 1570- a nobreza do Hamault cerrava fileiras Baixos. Uma forma de interpretar a Revolução dos Países Baixos é vê-la como o resultado do~
e unia·sc para a preservação do s10111s quo social, ainda que isto significasse submissão ao domínio espanhol». H. G.
esforço dos grupos dominantes locais em realizarem a mesma exclusão dos estrangeiros da
Koenigsbcrgcr. Econom;c Hi.srory Re,·ie"''· [X , p. 15.
o.A longo prazo. nem mesmo a religião era capaz de reconciliar a nobreza com as diraduras democráticas, interferência política, o mesmo controlo de si mesmos que a Espanha, a França e a Inglaterra
e um lado ou outro era levado à aliança com os inimigos anteriormente comuns. O resultado era. em lodos os casos, pelo menos faziam por ter.
a cisão do panido revolucionirio e a derrota do movimento popular>t. H. G. Koenigsberger. Journal o/ Modcrn His·
Outra forma de a interpretar é dizer que, devido ao facto de a parlir de 1559 a Espanha,
'º'>" xxvn. p. 351.
a França e a Inglaterra se anularem mutuamente, os habitantes dos Países Baixos tiveram espaço
213. Ver Wiuman: «As corporações( ... ) não es1avam de .mdo por detrás do ímpeto da ala esquerda da
re\·oluçào: elas eram anles os seus beneficiários, e mesmo, mais cuc uma vez. as suas grilhetas. Nas grandes cidades social para afirmarem a sua identidade e se libertarem do jugo espanhol. Isto foi particularmente .
flamengas as condições para a radicali zação eram reais: pauperi.7a1jão e diferenciação social acelerada provocadas
certo depois da derrota da Armada Invencível espanhola em 1578 ""'·Não é que algum destes-
pela decomposição do regime feudal, numa simação em que os factores que contribuíram para uma rápida 1ransição
para a produção capi1aJista ainda não eÃistiam. As massas plebeias formadas das fileiras de patrões arruinados, países apoiasse a independência dos Países Baixos. A Espanha não queria perder parle dos
~ssalariados , aprendizes, pequenos mercadores e elementos vários do Jumpen·proletariado renectiam no seu com- seus domínios. A França, ainda que desejasse enfraquecer a Espanha. vacilava por causa das
ponamento político. se bem que só ins1 inti vamente, este estádio da evolução». S111dia historica, p. 16. Winmann
implicações na luta religiosa interna ~m França. A Inglaterra queria que a Espanha saísse. mas
acrescenta. numa nota: .. com respeito ao enonne crescimento do lumpcn-proleiariado no século XV(. ( ... }Engels
fez algumas observações peninentes em Thr Peasam War in Germany. ( ... ) Ao analisarem os movimentos de mas· não queria deixar entrar a França, e preferia, por conseguinte, a autonomia dos Países Baixos
sa'i na Idade Média , os his1oriadores marÃistas ainda não dedicarJm uma ;,itenção profunda a este fac1or [p. l6] i>. sob soberania nominal espanhola '""· No entanto, a questão é que este conflito no interior do1
1~ Smil comenta as perspectivas religiosas destes lumpen·prolc1.irios do seguinte modo: «Devemos ao mesmo sistema mundial , este enfraquecimento do predomínio mundial espanhol, rnmou possível que
1empo pergun1ar-nos a que ponto se espalhou a indiferença para com a religião dogmática entre as massas também:
a que ponto a ge.nte que tinha.sido iconoclasra em l 566 e os desempregados revolucionários de 1572 eram um grupo a burguesia das Províncias Unidas manobrasse para defender os seus interesses. Em 1596
n.u1uan1e de in_d1fcrenres. mais osfwuras recrutas do que de rpomenio a vanguarda do proteslantismo ou do catoli- podiam já participar como iguais num tratado com a França e a Inglaterra. quando pouco tempo
c1smo. O co~s1d erar- se a Revolta como calvinista no seu carácter-ou puramente política, moderna ou conservadora, antes se tinham oferecido como súbditos a uma e a outra panes. Como comenta Geyl: «Mais
L depende mullo do CÃarne <la estrutura ideológica e soc ial da população». Britain and the Nttherlands. l, p. 24 . .
" 214 .. .. Em nenhuma outra pane foi levada tão longe a revo1uçào como em Gand ». Koenigsbergcr. Journal uma vez, os ciúmes mútuos da França e da Inglaterra acabaram por ser um benefício. no que
01 Mod~rn H1s10?, X~Vll._ p. 344. Ver também Winman: .. Não obstan1e, nem existia a condição objcctiva. uma
respeita aos Países Baixos» 12191• ...J
burguesia revoluc1onána guiada pelos seus próprios interesses, nem a condição subjectiva, uma política mais conse- 1
O significado da Revolução dos Países Baixos não é o de ter estabelecido um modelo
quen1e por pnrt.e de ~e~~yzc e dos ~.cus apoiantes. A ?ão rnd.icali zação destes levou à sua própria negação quando
em 1583, de-pois da Funa Francesa . Hembyze , que unha mmado rotalm enre a au1oridade dos orangistas, se colo· da libertação nacional. Apesar da historiografia liberal romântica do século XIX. o exemplo
cou à cabeça das forç~ de Gand contra Guilherme de Orange e apelou à ajuda aos espanhóis:LA 1raição de Hcmbyze holandês não serviu como gerador de correntes ideológicas. A sua importância r:side no. seu
não lev;ua uma quesrao moral - contrariamente à forma como aré aqui tem sido usualmenle trarada pelos historia· impacto económico sobre a economia-mundo europeia. A Re\'olução dos P:uses . Baixos
~':rires. d::~~:~::~~~~ue pode ser en.cont rado em revoluções burgu.csas precoces. Em In glaterra, também. no libertou umll, força que podia suslentar o sistema mundial como sistema durante alguns difí·
JX> . o~well, alguns úiellers, logo que o seu partido fracasso u. estabeleceram relações com
1

J< os realist~; c~m º. espanh61s .. ta.I como 1-!e~1byze e Dahhenus tinham feito)). Stut!ia historica. p. 36.
5

que 3 Revol~ le~~:~·:~~~~:~sc:~Republi~a não ~sta~·am a~:açados ~r bai;a:;o. Contudo, é ainda mais notável

r
216, Smit. Prtconditions of Revolution. p. S2. -...
metade do século XVI aadm· · ~ que q~a_se todas.as restnçoes a pan1r de cima desaparecessem. Na primeira
proemincnrcs e ambic,ioso 1n1straçao cent~ linha apOJado os palrícios locais conrra todas as coligações de home~s 217. VerGeyl, TlieRe"o/tofthtNfthtrlands,pp. 2 l7- 219 · l'c• Procudín softh•BritishAra··
218. Sobre a França. verG. N. Clark, •The Buthofthe Dutch Re~b '~ Revoll o/the Netherland••. in
ram~m feiro com que os ~e~~~t::~~~n;:e~~~:~:os descontentes nas suas ci~des: A l.ldministração central [inha demy, t 946, 191. Sobre a Inglaterra, ver R. B. Wemh:un, • Enghsh Pohc) and
oucro fado, as magistraturas urbanas vieram a esta:nn pode~ fora das suas pró~nas cidades. Depois da. Revolta, por Bromley e Kossmnn, eds .• Brirain and the Nttherlands (Groningen: Woltcrs. 1964J. 1. 30.. 3 1. "
a interferência de quem quer que fosse:. R d ~ p~tica completamente independentes. Elas governavam sem 219. Geyl, The Rtl'olt ofthe Ntther/ands, p. 225.
. oor a, 8 rtta1n and th• Netherlands, li, PP· 114-115.

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1:
Certamente que ;1 nobreza esteve implicada cm diversos lugarc$ e momentos, parti- dores criaram para si mesmos uma wnfederação maleável sem 0 aparelho adminis .
culannentc no princípio. mas os nobres descnaram da causa nuc1onallsta assu_stados pelas maior parte dos outro_s estados. Muitos classificaram este facto como . . trativo da
correntes subjacentes de mdicalismo social ""'· Mas se. os movunc_ntos sociais r:1dicais Smit parece estar mais perto da queslão quando nos recorda uma debiltdade, mas
tinham uma base suficiente no lumpen-proktariado das cidades, nascida da expansao eco- República Holandesa «pcrmiliu a realização dum grau de inteque ~ aparel~o _de Estado da
nómica cum recessão, como fica exemplificado pelo breve controlo de Gand por Jan van qualquer das monarquias da Europa. A burguesia da Holanda t~ç ~ ec~nom1ca maior que
Hembyzc de 1577 a 1579 '" ''· virari1-se rapidamente isolados e autodescruíram-se ao per- reforma exactamente necessário para promover a expansão i;c: óeva o a cabo o grau ~e
· d r - . n mica e se sentrr, nao
derem de vista o tema nacional e ao voltarem-se contra a burguesia e, por consequência, obstante, livre uma centra izaçao excessiva• '"''. Assim. a Revolução dos Países Baixos-;
par.idoxalmentc. pam uma aliança com as forças do rei <' '"· poderia nunca ter começado sem a deserção de muitos nobres em relação à ordem estabe-
Assim. lentamente, emergiu uma confederação de governos urbanos-que prescindiu lecida. Poderia nunca ter tido um se~undo fôlego sem as correntes radicais procedentes de
mpidamentc de todo 0 adorno «democrático•, mas que também estava livre dos encargos baixo. Mas final_mente foi a burguesia quem tomou firmemente as rédeas e quem acabou
económicos que a sua participação no antigo sistema espanhol lhe impunha'"''· Os merca- sendo a beneficiaria da nova ordem social.
Porquê'. no entanto, _os PaíSe~ Baixos _e_n~o outro lugar? Dissemos que 0 •seg undo~..:
d.1 formação da União de Utreque. e apesar de 1cxlos os seus limi.tes e ~ontradições, expressava as aspirações sociais século XVI foi uma e~a ?e 1mroversao, de re1e1çao do ideal imperial em proveito da procura
da burguesia» ... Quelqucs probll'mes relatifs à la dictature révolut1onna1re des grandes v1lles de Flandres, 1577-1579~ .
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St"dia hi:r1orica. n.1> 40 (Acade micae Scientarum Hun garicae», 1960, 3-4.
.: 2 12 . ... Sempre que ha\•ia uma ameaça séria de revolução social-da quebra das imag.ens em 1566 à agres. intervinham todas as grandes potências, na qual todas estavam implicadas. Eram os Países
si 1o•3 ditadura dos calvinis1as de Gand, nos últimos anos da década de 1570- a nobreza do Hamault cerrava fileiras Baixos. Uma forma de interpretar a Revolução dos Países Baixos é vê-la como o resultado do~
e unia·sc para a preservação do s10111s quo social, ainda que isto significasse submissão ao domínio espanhol». H. G.
esforço dos grupos dominantes locais em realizarem a mesma exclusão dos estrangeiros da
Koenigsbcrgcr. Econom;c Hi.srory Re,·ie"''· [X , p. 15.
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e um lado ou outro era levado à aliança com os inimigos anteriormente comuns. O resultado era. em lodos os casos, pelo menos faziam por ter.
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Outra forma de a interpretar é dizer que, devido ao facto de a parlir de 1559 a Espanha,
'º'>" xxvn. p. 351.
a França e a Inglaterra se anularem mutuamente, os habitantes dos Países Baixos tiveram espaço
213. Ver Wiuman: «As corporações( ... ) não es1avam de .mdo por detrás do ímpeto da ala esquerda da
re\·oluçào: elas eram anles os seus beneficiários, e mesmo, mais cuc uma vez. as suas grilhetas. Nas grandes cidades social para afirmarem a sua identidade e se libertarem do jugo espanhol. Isto foi particularmente .
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1~ Smil comenta as perspectivas religiosas destes lumpen·prolc1.irios do seguinte modo: «Devemos ao mesmo sistema mundial , este enfraquecimento do predomínio mundial espanhol, rnmou possível que
1empo pergun1ar-nos a que ponto se espalhou a indiferença para com a religião dogmática entre as massas também:
a que ponto a ge.nte que tinha.sido iconoclasra em l 566 e os desempregados revolucionários de 1572 eram um grupo a burguesia das Províncias Unidas manobrasse para defender os seus interesses. Em 1596
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c1smo. O co~s1d erar- se a Revolta como calvinista no seu carácter-ou puramente política, moderna ou conservadora, antes se tinham oferecido como súbditos a uma e a outra panes. Como comenta Geyl: «Mais
L depende mullo do CÃarne <la estrutura ideológica e soc ial da população». Britain and the Nttherlands. l, p. 24 . .
" 214 .. .. Em nenhuma outra pane foi levada tão longe a revo1uçào como em Gand ». Koenigsbergcr. Journal uma vez, os ciúmes mútuos da França e da Inglaterra acabaram por ser um benefício. no que
01 Mod~rn H1s10?, X~Vll._ p. 344. Ver também Winman: .. Não obstan1e, nem existia a condição objcctiva. uma
respeita aos Países Baixos» 12191• ...J
burguesia revoluc1onána guiada pelos seus próprios interesses, nem a condição subjectiva, uma política mais conse- 1
O significado da Revolução dos Países Baixos não é o de ter estabelecido um modelo
quen1e por pnrt.e de ~e~~yzc e dos ~.cus apoiantes. A ?ão rnd.icali zação destes levou à sua própria negação quando
em 1583, de-pois da Funa Francesa . Hembyze , que unha mmado rotalm enre a au1oridade dos orangistas, se colo· da libertação nacional. Apesar da historiografia liberal romântica do século XIX. o exemplo
cou à cabeça das forç~ de Gand contra Guilherme de Orange e apelou à ajuda aos espanhóis:LA 1raição de Hcmbyze holandês não serviu como gerador de correntes ideológicas. A sua importância r:side no. seu
não lev;ua uma quesrao moral - contrariamente à forma como aré aqui tem sido usualmenle trarada pelos historia· impacto económico sobre a economia-mundo europeia. A Re\'olução dos P:uses . Baixos
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JX> . o~well, alguns úiellers, logo que o seu partido fracasso u. estabeleceram relações com
1

J< os realist~; c~m º. espanh61s .. ta.I como 1-!e~1byze e Dahhenus tinham feito)). Stut!ia historica. p. 36.
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que 3 Revol~ le~~:~·:~~~~:~sc:~Republi~a não ~sta~·am a~:açados ~r bai;a:;o. Contudo, é ainda mais notável

r
216, Smit. Prtconditions of Revolution. p. S2. -...
metade do século XVI aadm· · ~ que q~a_se todas.as restnçoes a pan1r de cima desaparecessem. Na primeira
proemincnrcs e ambic,ioso 1n1straçao cent~ linha apOJado os palrícios locais conrra todas as coligações de home~s 217. VerGeyl, TlieRe"o/tofthtNfthtrlands,pp. 2 l7- 219 · l'c• Procudín softh•BritishAra··
218. Sobre a França. verG. N. Clark, •The Buthofthe Dutch Re~b '~ Revoll o/the Netherland••. in
ram~m feiro com que os ~e~~~t::~~~n;:e~~~:~:os descontentes nas suas ci~des: A l.ldministração central [inha demy, t 946, 191. Sobre a Inglaterra, ver R. B. Wemh:un, • Enghsh Pohc) and
oucro fado, as magistraturas urbanas vieram a esta:nn pode~ fora das suas pró~nas cidades. Depois da. Revolta, por Bromley e Kossmnn, eds .• Brirain and the Nttherlands (Groningen: Woltcrs. 1964J. 1. 30.. 3 1. "
a interferência de quem quer que fosse:. R d ~ p~tica completamente independentes. Elas governavam sem 219. Geyl, The Rtl'olt ofthe Ntther/ands, p. 225.
. oor a, 8 rtta1n and th• Netherlands, li, PP· 114-115.

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cei s anos de njustamento. até os ingleses (e o:; france ses) estarem prontos para dar os passos Logo que a luta política no interior dos Paíse, Baixos a .. ,
necessários à sua consolidação dd'initiva. deses passaram. rapidamente de mero centro do comércio bálti~ rec~u cstab1lwir-sc. °': holan- '.." ·:-~ ..
' Recordemos a história ccomírnica :interior de Amesterdão e doutras cidades do None dial ""'· Mais ainda,º. novo comércio aumentou cm vez de dimin~~ra ccmro ~o comércio '"'.'un- : -" : · -· _.
báltico, que os próprios holandeses chamavam «comércio-mãe . r ~ m~c1a clo comercm 1 ·.:·~~ -~.~,:~ ·
1
dos Países Baixos. Os holandeses es1avam a desempenhar um papel crescente no comércio
bálti co 'i::m. Estahc lcccram uma testa de ponte em finai s da Idade Médi a, e no princípio do fornecia tanto os cereai s para alimentar as cidades hol d · final , a Europa Oriental
essenciais aos interesses pesqueiros e à construçã~ nav~~ de~ cio~ ~ ~~trechos navais
0
século XVI estavam já a subslituir as cidades han scáticas. O seu comércio total no Báltico
seguiu uma curva ascendente no século XVI. alcançando. por _volta de 1560, ~rn ponto em 1
naval, por s.ua vez, era a chave para o .êxito holandês no~tro~~u:a::. ~~.s - '- A construção
que con1rolava cerca de 70% das transacções. Se bem que o penodo rcvoluc1onano afcctassc Isto ilustrn urna vez mais a qualidade cumulativa das vantagen~ ccrmómicas. Dado ué ""
um tanlo 0 nível do comércio b:íltico, os holandeses recuperari am desta queda temporária por os holan.descs t1~ham vantagen~ no comércio báltico, convcncram-»e no principal merc~do :: _
volla de 1630 ""'· °"
de madeira. Devido a serem o principal mercado de madeira, redu 7.iram cu, 1 ~ da construção '
1

O cfri lo da Re volução não foi só o de assegurar o declínio económico da Flandres, naval e foram nel_a t.ecnolo~1camente inovadores. E por isso eram ainda mais capaJ.es de
mas 1a111hém fort:ilccc r o Nor1e cm pessoal. graças à emigração para o Norle de muitos bur- concorr~~ n~;,~rnerc10 ~o Balt1co. Gr:ças a esta~ vantagens. podiam fin anciar uma expamão
gueses ll amcngos. «Se a Hol anda e a Zc lfodia floresceram, foi em parte devido a terem-se ainda maior . Nesta b,1se. Amesterdão conveneu-se num 1nplo centro da economia e.uropeia?
alimentado das melhores forças viiai s da Flandres e do Brabante»""'· Mais ainda, o princípio mercado de produtos, centro de embarque e mercado de capitais, e tomou-se udifícil dizer 1
de tolerãncia religiosa proc lamado pelas Províncias Unidas em 1579 provocou a chegada de que aspecto da sua grandeza era mais substancial, ou dissociar um deles da sua dependência
juc.Jcu' sefarditas a partir de 1597. «Trazendo as suas riquezas e a sua experiência nos negócios
pJra suplcmcn lar a prosperidade dos estados mercantis do Norte, tal emigração conveneu-se
224. " Durante fo) breve período cn1re 1590 e 1600. os holandcs~s (...)criaram um JÜtrmo dt e<J'f7férrin ..
por defini ção num fe nómeno europeu" 1m 1• cnmplewmt•nte "º"°· Embora ainda na inrãncia, as rotas do com~rcio Jevantino e colonial holandi..."-1 (. _H inh.Jm
sido duma vez estabclccid;.is. O novo comércio, principalmente o comércio itaJiano, tomou -se de uma ~ez ~ tcntro
~~r~n~~~:~s~~~::~~n~~~.ir;;;;;~),ç.~~Z.i~~~I~~ como <los mercadores mai. imponantcs e de todo o públtco tontern-
220 " No det ur o;o do ~ érn lo XV, as ciúadc.11 t:spccializ;ulas na t·onstrução nava l e pescas dai; província.li da Vio lct Barbour sugere que a rapidez da ascensão de Amesterdão foi ,. i ~i\·d aos ~us contemporànem.: «Os
Z.el:lndia e 1la l lolanJa pro!\pt:ravam lt'nla ma' i rrcs i ~ ti vc lm cn1e, prolongavam o se u comércio costeiro cada vez mais estran geiros observavam o acesso de Amestcn.lão à supremac ia no comércio mundi al com !i.Urpresa, não 5('111 mscn-
para lonP.c até 4uc- ' t· 1onia ram nvai" mui1 í11 ~ imn pcrigmos da lfano;a, mr.:smo naquelas po~iç õcs prussianas em que 1imcn10 à mi st ura. A cidade parece ter ~ ur g ido de um dia para o oulroot, Capiwlism in Amsrudam;,, tht Se\'t'mun:h
a .~~m a v ;i i1 prinó pal frJrç;1 ccon6mic:.. da Liga». Ca rl Brinkmann , 11"ll1c Hanscatic Lcague: A Survey of Reccnt Ccntury (Ann Arbor, Michigan: An~ Arbor Papcrbacks. 1963 ). 17. Vr:r Da Silva, Rmu• d11 Nord. XU . p. l·O. que
Literatu rc .... Jm1111vl nf f:m ,,,1mir 01ul llu1im•.o;:i; lli.wory . li, ·1, Agos to 1930. 59 1. data a su premé.lcia holandesa muito exacw.mcntc entre 1597 e 1598.
Ao me.., mo lcmpo. :.. lfo la11da C!\l:Mt a fü·:1r com um a grandc parte do comércio marítimo da Escócia, cerca 225 . Christcnscn , Durc/1 Trude , p. 424. Ver Barbour: ~ A fonte principal da nova prosprridade da cidade:,..,·
de rnewdc d.11ond:1gc.: m por vol 1a de 1560. A ~ l' ~ta l Í!\ ti c a s não ~ão u ~s im rão fortes: uEm qualquer caso o número. ou assi m como da sua modesta imponãncia anterior, parece 1cr !)ido o comércio de cercais e apetrtthos navais, e o
mesmo a rond agt·m 10 1:i l. el a~ cmhan·açõc"> ~c g uind o ao longo das diíc:rcnt cs rota o; de comé rci o seriam um guia transporte, armazenagem e comerciali7.a~· ão destas e de ou1rns mercadorias. A'i circunstâncias - a fome. a guerra e
1mpe rftiro p11 r:1 o :<-. i!!nifo.:ado rc:.i l do comérdo cnirc a EscóciJ e os Países Bai x.os porque, ::Mm de carvão e sal, as as diícrcnies técnicas de fa1.er a guerra. que requeriam canhões cada vez maiore s. bem como as ;iYentura.s maríti·
mercadoria \ que: rnt ravam nc'>te w mfrcio eram c.J c v;J lor rclau vamcnlc all o comparado, por exemplo. com a~ do mas. que exigiam mais navios, maiores e melhor armados - aumcn1aram muitíssimo il procura dos hen.H SC"f"\'iços
comt rc10 norueg uês !tia fac6cia /,, . S. G. E. Lyrh e, Th t• Eámomy o/ Snu/aml ;,, itJ European Se11ing, 1550-1625 que Amesterdão esrnva preparada para fornecer ... Capitalism in Anutrrda m, p. 26. Ela fala tambtm dl1 papel de
!Edimburgo: (Jli ver & Boy<l , )9601, 245. Amestcrdào nos seguros marítimos após 1592 (pp. 33-35} e no fornecimento de annas e mun)çõt.\ após 160Q
22 1. 1Jma anfüs~ cio número de barcos nu comén.:io holandês para o Bállico leva~ conclusão preliminar
11
(pp. 35 -42). '
de que nem a n:voh<i con rra a Espanha nem a gra nde cxpan.1oão para a.o; novas rotas di s1an1es duranlc os anos antes e 226. «Sc:ndo Amesterdão o entreposto principal para a madei ra. a construç ão naval na Holandl era mais·· '
após 1600 im plicar:1111 um dcdín ío dum.douro do domínio holandês sobre o comércio do Dálticoot. Chris1enscn, Dutch b~\rata do que cm qualquer ou1ro lado. Enquanto que os inglc!'Cs se agarravam a navios grandes e annado!>. °' holan-
Tt adr, p 90 deses, por volta de 1595, começaram a construir um novo tipo de navio chamado barro-~oi;ca lf1uyt} , um barco leve
o~car Albcn Johnscn mostra que os norucguc!-les aprove ilaram o levanta mento holandês de 1572 contra os ma.li pra1icávcl. longo, c.strcito e rápido, empregado no trJnspo ne de cargas pesadas e m~ómoda.<\, O barco- mo~il
espa~h61 \ p;-irJ 1n;iugurar "r.:Jaç ões comerciais dircc lao; e rcg ula re~ co m os países do re i de Espanha. (...)1'>, Contudo. era fácil de manobrar com uma pequena lripulaç5o. O baixo custo do afrctamen10 exphca porque ou~s nac;oes
depois dn fim da Trégua dos Do.lc An os cm 1621 a frota holandesa era sufici entemcnle forte para alacar os marítimas dificilmente 'podiam competir com a marinha holandesa no Báhico. na Norue~a e .na M.oscó'·'.ª '" · J. ?·
norucgu(<;c<\: "<Esta pirataria e esras con tí o;ca\·ôes arruinaram pralicamcntc por in1e iro a nossa navegação no Medi· van Dillen. Brirain and the Ne1herland.~. II, p. 136. Ver Violet Barbour. ·Dutch and Engh!>h Merchant ~~1wmg in
ICrrânCfM. "" Les rela1ions commcrcialcs cnl rc la Norvêge e! l' Espagnc dans Jes remps modemesj.>, Rew1e his10rique, thc Scventccnth Century», in CarUs-Wilson, ed .. Essays ;,, Enmnmir HisWr}· (Nova Iorque: Sl. Manm s. 19M).
55.v ano. faãc. 1. Se1.-Dc1.. 11JJO. 7M. John~en admi re qut: não foi apenas a força nava l da J lolanda que arruinou a 227 25
Noruega mas a sua força comercial. Vr r p. 80. 1. - ~á uma breve descrição das vantagens técnicas dos ffoyt holandeses cm J. H. Pª.rTY: Tlie of A.~~
Reconnaissance (Nova Iorque : Mentor Books. 1963). p. 83. Herbert Heaton defende que 3 supcn~ndad.e da cons-
Como Pierre Jcannin diz: e. Pode debater-se o momen10 exaclo cm que o comércio holandês ganhou à
~~:~·p~~~~:l ~~~ta de 16CXl o triunfo era complc:lo». Vierreljahrscltrift /iir Snzia/. und Wirtschaftsxeschichte , e
trução naval holandesa é C1'-plicada por consid.craçõcs económicas fin_ancc.iras~~;~a~~~~~~~:=!l~r~::s e~~~:
compradas por grosso a dinheiro e a preços ba1~os; (. .. ) (2) Na conslruÇ:lO ~ªs~~tor podja dir dinh: iro cmprcs·
222. Gey l, Reroft of the Nethuland.r, p. 239 dard1Zação de desenho. componentes e mé1odos do construção.( ...) Ol Oco peN . 1 . HaI]l<r
. . ~23. Spc~ne r. Nt•tt · Cambridge Mod<·r:1 llis10ry , Ili , p. 31. Braadcl vai mais longe: «Como a depressão lado a taxas mais baixas que o seu rival estrangeiro». Economic J/istory Pf Europe. cd. rcv. t ova orquc. ·
sec ulé.ir d~ 1350- 1450 empurrou os mercadoreo; Judeus para Itália e par-J a sua abrigada economia, a crise de J60(). 1948), 275. a manter em movimento a marinha mercante de-= ~
- 1 ~50 ~ª 1 e~co~trá-l o... dl· no vo no abri go, desta vez no do Mar do None. O mundo protestante salvou·OS por prc· 227. «Os cereais providenciavam cargas e fretes pagos par ue arravancavam menos os navios.( ....) Ainda
~cn · los e eles, mvcr,amc~1~ . salvaram o mundo pro1cstan1c por preferirem este. Afinal como observou Wcmer Amesterdão. e tomavam assim possível o trans~rte b~rato de bens~ A ttrdão e'S tava envolvldo no com~rcio
º,rn~an. Génov:1 esta~a ~ao be m c~locada como Hamburgo ou Amesterdão em 1cnnos' das rola.li marítimas que em 1666 foi calculado que três-quanos do cap1ial act1vo no bolsa e mes , · _,
le\3\·am ?l Aménca, à lndia ou à China .... La M édilerranée.11 , p. 151 . báhico•. Barbour, Capiralism in Amsrerdam, p. 27.

210 211

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cei s anos de njustamento. até os ingleses (e o:; france ses) estarem prontos para dar os passos Logo que a luta política no interior dos Paíse, Baixos a .. ,
necessários à sua consolidação dd'initiva. deses passaram. rapidamente de mero centro do comércio bálti~ rec~u cstab1lwir-sc. °': holan- '.." ·:-~ ..
' Recordemos a história ccomírnica :interior de Amesterdão e doutras cidades do None dial ""'· Mais ainda,º. novo comércio aumentou cm vez de dimin~~ra ccmro ~o comércio '"'.'un- : -" : · -· _.
báltico, que os próprios holandeses chamavam «comércio-mãe . r ~ m~c1a clo comercm 1 ·.:·~~ -~.~,:~ ·
1
dos Países Baixos. Os holandeses es1avam a desempenhar um papel crescente no comércio
bálti co 'i::m. Estahc lcccram uma testa de ponte em finai s da Idade Médi a, e no princípio do fornecia tanto os cereai s para alimentar as cidades hol d · final , a Europa Oriental
essenciais aos interesses pesqueiros e à construçã~ nav~~ de~ cio~ ~ ~~trechos navais
0
século XVI estavam já a subslituir as cidades han scáticas. O seu comércio total no Báltico
seguiu uma curva ascendente no século XVI. alcançando. por _volta de 1560, ~rn ponto em 1
naval, por s.ua vez, era a chave para o .êxito holandês no~tro~~u:a::. ~~.s - '- A construção
que con1rolava cerca de 70% das transacções. Se bem que o penodo rcvoluc1onano afcctassc Isto ilustrn urna vez mais a qualidade cumulativa das vantagen~ ccrmómicas. Dado ué ""
um tanlo 0 nível do comércio b:íltico, os holandeses recuperari am desta queda temporária por os holan.descs t1~ham vantagen~ no comércio báltico, convcncram-»e no principal merc~do :: _
volla de 1630 ""'· °"
de madeira. Devido a serem o principal mercado de madeira, redu 7.iram cu, 1 ~ da construção '
1

O cfri lo da Re volução não foi só o de assegurar o declínio económico da Flandres, naval e foram nel_a t.ecnolo~1camente inovadores. E por isso eram ainda mais capaJ.es de
mas 1a111hém fort:ilccc r o Nor1e cm pessoal. graças à emigração para o Norle de muitos bur- concorr~~ n~;,~rnerc10 ~o Balt1co. Gr:ças a esta~ vantagens. podiam fin anciar uma expamão
gueses ll amcngos. «Se a Hol anda e a Zc lfodia floresceram, foi em parte devido a terem-se ainda maior . Nesta b,1se. Amesterdão conveneu-se num 1nplo centro da economia e.uropeia?
alimentado das melhores forças viiai s da Flandres e do Brabante»""'· Mais ainda, o princípio mercado de produtos, centro de embarque e mercado de capitais, e tomou-se udifícil dizer 1
de tolerãncia religiosa proc lamado pelas Províncias Unidas em 1579 provocou a chegada de que aspecto da sua grandeza era mais substancial, ou dissociar um deles da sua dependência
juc.Jcu' sefarditas a partir de 1597. «Trazendo as suas riquezas e a sua experiência nos negócios
pJra suplcmcn lar a prosperidade dos estados mercantis do Norte, tal emigração conveneu-se
224. " Durante fo) breve período cn1re 1590 e 1600. os holandcs~s (...)criaram um JÜtrmo dt e<J'f7férrin ..
por defini ção num fe nómeno europeu" 1m 1• cnmplewmt•nte "º"°· Embora ainda na inrãncia, as rotas do com~rcio Jevantino e colonial holandi..."-1 (. _H inh.Jm
sido duma vez estabclccid;.is. O novo comércio, principalmente o comércio itaJiano, tomou -se de uma ~ez ~ tcntro
~~r~n~~~:~s~~~::~~n~~~.ir;;;;;~),ç.~~Z.i~~~I~~ como <los mercadores mai. imponantcs e de todo o públtco tontern-
220 " No det ur o;o do ~ érn lo XV, as ciúadc.11 t:spccializ;ulas na t·onstrução nava l e pescas dai; província.li da Vio lct Barbour sugere que a rapidez da ascensão de Amesterdão foi ,. i ~i\·d aos ~us contemporànem.: «Os
Z.el:lndia e 1la l lolanJa pro!\pt:ravam lt'nla ma' i rrcs i ~ ti vc lm cn1e, prolongavam o se u comércio costeiro cada vez mais estran geiros observavam o acesso de Amestcn.lão à supremac ia no comércio mundi al com !i.Urpresa, não 5('111 mscn-
para lonP.c até 4uc- ' t· 1onia ram nvai" mui1 í11 ~ imn pcrigmos da lfano;a, mr.:smo naquelas po~iç õcs prussianas em que 1imcn10 à mi st ura. A cidade parece ter ~ ur g ido de um dia para o oulroot, Capiwlism in Amsrudam;,, tht Se\'t'mun:h
a .~~m a v ;i i1 prinó pal frJrç;1 ccon6mic:.. da Liga». Ca rl Brinkmann , 11"ll1c Hanscatic Lcague: A Survey of Reccnt Ccntury (Ann Arbor, Michigan: An~ Arbor Papcrbacks. 1963 ). 17. Vr:r Da Silva, Rmu• d11 Nord. XU . p. l·O. que
Literatu rc .... Jm1111vl nf f:m ,,,1mir 01ul llu1im•.o;:i; lli.wory . li, ·1, Agos to 1930. 59 1. data a su premé.lcia holandesa muito exacw.mcntc entre 1597 e 1598.
Ao me.., mo lcmpo. :.. lfo la11da C!\l:Mt a fü·:1r com um a grandc parte do comércio marítimo da Escócia, cerca 225 . Christcnscn , Durc/1 Trude , p. 424. Ver Barbour: ~ A fonte principal da nova prosprridade da cidade:,..,·
de rnewdc d.11ond:1gc.: m por vol 1a de 1560. A ~ l' ~ta l Í!\ ti c a s não ~ão u ~s im rão fortes: uEm qualquer caso o número. ou assi m como da sua modesta imponãncia anterior, parece 1cr !)ido o comércio de cercais e apetrtthos navais, e o
mesmo a rond agt·m 10 1:i l. el a~ cmhan·açõc"> ~c g uind o ao longo das diíc:rcnt cs rota o; de comé rci o seriam um guia transporte, armazenagem e comerciali7.a~· ão destas e de ou1rns mercadorias. A'i circunstâncias - a fome. a guerra e
1mpe rftiro p11 r:1 o :<-. i!!nifo.:ado rc:.i l do comérdo cnirc a EscóciJ e os Países Bai x.os porque, ::Mm de carvão e sal, as as diícrcnies técnicas de fa1.er a guerra. que requeriam canhões cada vez maiore s. bem como as ;iYentura.s maríti·
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comt rc10 norueg uês !tia fac6cia /,, . S. G. E. Lyrh e, Th t• Eámomy o/ Snu/aml ;,, itJ European Se11ing, 1550-1625 que Amesterdão esrnva preparada para fornecer ... Capitalism in Anutrrda m, p. 26. Ela fala tambtm dl1 papel de
!Edimburgo: (Jli ver & Boy<l , )9601, 245. Amestcrdào nos seguros marítimos após 1592 (pp. 33-35} e no fornecimento de annas e mun)çõt.\ após 160Q
22 1. 1Jma anfüs~ cio número de barcos nu comén.:io holandês para o Bállico leva~ conclusão preliminar
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(pp. 35 -42). '
de que nem a n:voh<i con rra a Espanha nem a gra nde cxpan.1oão para a.o; novas rotas di s1an1es duranlc os anos antes e 226. «Sc:ndo Amesterdão o entreposto principal para a madei ra. a construç ão naval na Holandl era mais·· '
após 1600 im plicar:1111 um dcdín ío dum.douro do domínio holandês sobre o comércio do Dálticoot. Chris1enscn, Dutch b~\rata do que cm qualquer ou1ro lado. Enquanto que os inglc!'Cs se agarravam a navios grandes e annado!>. °' holan-
Tt adr, p 90 deses, por volta de 1595, começaram a construir um novo tipo de navio chamado barro-~oi;ca lf1uyt} , um barco leve
o~car Albcn Johnscn mostra que os norucguc!-les aprove ilaram o levanta mento holandês de 1572 contra os ma.li pra1icávcl. longo, c.strcito e rápido, empregado no trJnspo ne de cargas pesadas e m~ómoda.<\, O barco- mo~il
espa~h61 \ p;-irJ 1n;iugurar "r.:Jaç ões comerciais dircc lao; e rcg ula re~ co m os países do re i de Espanha. (...)1'>, Contudo. era fácil de manobrar com uma pequena lripulaç5o. O baixo custo do afrctamen10 exphca porque ou~s nac;oes
depois dn fim da Trégua dos Do.lc An os cm 1621 a frota holandesa era sufici entemcnle forte para alacar os marítimas dificilmente 'podiam competir com a marinha holandesa no Báhico. na Norue~a e .na M.oscó'·'.ª '" · J. ?·
norucgu(<;c<\: "<Esta pirataria e esras con tí o;ca\·ôes arruinaram pralicamcntc por in1e iro a nossa navegação no Medi· van Dillen. Brirain and the Ne1herland.~. II, p. 136. Ver Violet Barbour. ·Dutch and Engh!>h Merchant ~~1wmg in
ICrrânCfM. "" Les rela1ions commcrcialcs cnl rc la Norvêge e! l' Espagnc dans Jes remps modemesj.>, Rew1e his10rique, thc Scventccnth Century», in CarUs-Wilson, ed .. Essays ;,, Enmnmir HisWr}· (Nova Iorque: Sl. Manm s. 19M).
55.v ano. faãc. 1. Se1.-Dc1.. 11JJO. 7M. John~en admi re qut: não foi apenas a força nava l da J lolanda que arruinou a 227 25
Noruega mas a sua força comercial. Vr r p. 80. 1. - ~á uma breve descrição das vantagens técnicas dos ffoyt holandeses cm J. H. Pª.rTY: Tlie of A.~~
Reconnaissance (Nova Iorque : Mentor Books. 1963). p. 83. Herbert Heaton defende que 3 supcn~ndad.e da cons-
Como Pierre Jcannin diz: e. Pode debater-se o momen10 exaclo cm que o comércio holandês ganhou à
~~:~·p~~~~:l ~~~ta de 16CXl o triunfo era complc:lo». Vierreljahrscltrift /iir Snzia/. und Wirtschaftsxeschichte , e
trução naval holandesa é C1'-plicada por consid.craçõcs económicas fin_ancc.iras~~;~a~~~~~~~:=!l~r~::s e~~~:
compradas por grosso a dinheiro e a preços ba1~os; (. .. ) (2) Na conslruÇ:lO ~ªs~~tor podja dir dinh: iro cmprcs·
222. Gey l, Reroft of the Nethuland.r, p. 239 dard1Zação de desenho. componentes e mé1odos do construção.( ...) Ol Oco peN . 1 . HaI]l<r
. . ~23. Spc~ne r. Nt•tt · Cambridge Mod<·r:1 llis10ry , Ili , p. 31. Braadcl vai mais longe: «Como a depressão lado a taxas mais baixas que o seu rival estrangeiro». Economic J/istory Pf Europe. cd. rcv. t ova orquc. ·
sec ulé.ir d~ 1350- 1450 empurrou os mercadoreo; Judeus para Itália e par-J a sua abrigada economia, a crise de J60(). 1948), 275. a manter em movimento a marinha mercante de-= ~
- 1 ~50 ~ª 1 e~co~trá-l o... dl· no vo no abri go, desta vez no do Mar do None. O mundo protestante salvou·OS por prc· 227. «Os cereais providenciavam cargas e fretes pagos par ue arravancavam menos os navios.( ....) Ainda
~cn · los e eles, mvcr,amc~1~ . salvaram o mundo pro1cstan1c por preferirem este. Afinal como observou Wcmer Amesterdão. e tomavam assim possível o trans~rte b~rato de bens~ A ttrdão e'S tava envolvldo no com~rcio
º,rn~an. Génov:1 esta~a ~ao be m c~locada como Hamburgo ou Amesterdão em 1cnnos' das rola.li marítimas que em 1666 foi calculado que três-quanos do cap1ial act1vo no bolsa e mes , · _,
le\3\·am ?l Aménca, à lndia ou à China .... La M édilerranée.11 , p. 151 . báhico•. Barbour, Capiralism in Amsrerdam, p. 27.

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- dos outro · dois• ''""'· Este processo de vantagens, cumulativas funci?,na mais e melhor num a sua rota no «segundo» século XVI, qua.ido predominou nos mares r. ft,. .
estádio expansionista do desenvolvimento econom1co. antes de a arca que . lidera sofrer a em plena luta por um lugar ao sol comercial, Amesterdã t' h ". ~"iuanto ~~~a amda
teccioni sta tHI >. o m a praucado wna poü uca pro-
des vantaccm de equi pamentos antiquados e custos de trabalho elevados e relativamente fixos .
E~ is ti a unrn outra razão para a capac idade dos hola~dese s para prosperarem. Braudel Do ponto de vi sta da eco~omia·m.undoeuropeia como um túdo. com a sua era de -_'.
pergunta por que razão. depois de 1588. os ing leses não vieram~ ~ommar os mares, como são a chegar ao fim . o comércio mundial holandh convene . . exp-.m
acabJr.un depois por fazer. Encontra a resposta nas ~cl aç<>c:s. ec~~~m1~as dos h~landeses com fluido vital que mantinha a máquina em andament~ enquan~-: .nu.-na es~ie de precioso ·
. .~ªº pode_'.:1~ a Inglaterra vam em reorganizar a sua máquina eco nómica e polí;ica interna ~\e~ patses lie concentra-
3 Espanna. re lati vamente intac tas apesar da ag11açao pohuca r. d p ' B. ectproc:a=te_DO entanto
ter cri ado 0 mesmo vínculo com o tesouro amen cano da Espanha. Amda nao. a Inglaterra 0 êxito da po nica os a1ses a1 xos_dependia do facto de nem a lng.laterr• nem a ~a ten:U:
representava uma anieaça ainda excessiva para a Espanha para ~e .lh_e permitir este. tipo de ainda conseguido levar as suas tendenc1as mercanti fütas até ao ponto em que realmemc im·a-
relação 1::.v>'. E a Espanha e ra ainda suficientemente fone para re~1st1~ a lnglate"".. O império diam 0 mercado dos mercadores holandeses ope_rando na base do comértio li\·~ "-"'. Isto po<k
pode te r fracassado. mas o concrolo da economia-mundo europeia amda dependia do acesso dever-se ao facto de que o~ hol andeses eram ainda del'na!oiado f= s devido ao seu relali\'O
à riqueza colonial espanhola. A Holanda, àinda que rebelada contra a Espanha, continua a controlo do mercado !11onctano, graça~. aos seus ainda pe~ístentes vínculos com a Espanha cit...
faze r pane dela. E. seja como for. a Holanda não era uma ameaça política, como a França e a Se Am~sterdao suc.edeu a Sevilha. se os Países Baixos do Nane se convenrram 00 , , ~_;,.
lnelate rra. centro comercial e financeiro da economia-mundo europeia no «segundo• ~~ lo XVJ , como
- A Holanda beneficiou. ass im, de ser um país pequeno e um Estado «financeiramente poderíamos descrever o que aconteceu nas cidades-estados do Norte da Itália. especialmente
sólido~ 2.1 11 • Oferecia vantagens m á~im as aos comerciantes que qui sessem utilizar a sua arena. Veneza e Génova, que pareciam expandir, em vez de verem diminuir. os seus papéis comer-
A sua rota para a riq ueza não era a do mercantili smo incipiente de outros estados !23°• -essen- ciais e financeiros precisamente nesta época? O que podemos dizer é que es12 expamão fo( '
cial para obcer van tagens a longo prazo. mas não para maximizar. a cuno prazo o lucro das breve e que encobria um processo de declínio oculto por baixo do esplendor. de t:sJ forma 1
classes mercantis e fin ance iras. A sua rota era a rota do comé rcio livre •m•. Ou antes, esta foi que pelos fins do «segundo» século XVI estas áreas se veriam relegruW pa."ll a serniperifr:rill
da economia-mundo europeia.
_28. BJ..:t<x.i r. 1bid.. p. 18. André-E. Sayous proclama a vantage m do p:ipel de Amesterdão como centro O verdadeiro salto em frente de Ame5terdão não aconteceu antes de 1590. Entre a crise-
fir...1:\CC'1ro. .. por outro lado. Amcs1c rdão melhorou a.s suas 1écnicas : 1omou- sc mais fácil di slribuir riscos marítimos de 1557 e J 590 deu-se a Revolução dos Países Bai xos. O papel dos Países Bailas no comércio
rnue grupos d:: c.apu..al~!as e obl:e r crédito em fo nnas modernas. Os seguros marít imos dc~ n volveram-sc graças à
J)3J1Jcip.Jdio !k mu itas ~ ~ soas . que dividiam os riscos e fa ziam uma avaliação mais exacta da sua extensão ao fixarem mundial foi necessariamente menor neste período. Como rc5ultado. Génon apod..-roo-se ~
a ~pec1n.a s 1a..xa~: l ... J Quanto a creditos, se os método"I não melhoraram. pelo me nos a~ quan tias emprestadas algumas das funções anteriormente desempenhadas por Antuérpia. e. na a.cti,· ~ b:mcá."1a.
p:lr.l rm oi' 1me to no Lomêrcio au mc:nwam: e a letra de càm bio era uti liza.da não apenas para transferir pagamen-
pelos Fugger '"''· Curiosamente. a Inglaterra. que era quem mais tinha a perder =na queda
llh d-um lui;ar para outro. 01.:ú 14mb.:m como verdadeiro crédito anteçipado: não M: rvia no l!nta.111 0 para arbiuagem
sepmdo a.; cx1gênc1a\ do mercado • . •Lc: rôle d ' Am ~ 1 crd.am dam l'histoirc du capitaJisme commercial el financier».
Rnw hworiq"'· CLXXXl!I . l. Out.-Dez. 193R. 263. Ve r 1ambém pp. 27(,. 277. Para Sayous, os factores chave na como instrumentos de crédito ncgociávci . cujo desconto e venda se tomou nl!m oqócio zn:cn:da r..2 cidãX'"".
asceruãn de A me s ~~dâo são de fac to a\ .. novas formas de ca pita l a~ rupado e de e ~ pcc ul aç ão IP· 279 )... Capitali.rm in Amsrerdam, p. 53. _.
229 . .. 56 uma ei. plicaç.ão é pla u ~íve l; a Holanda. graça\ à \ Ua locali1.ação pró.-.ima dos Pai-5oes Baixoscatóli~ 234 . • Uma condição essencial para a afinnaçáo do popel de Amcstcrd.io ctlmO boi.a dt =::aclorizs da
cose pda )ua ms~énc1 ;: cm forçar ar, portas de Espanha. pe rmaneceu mais !que a fnglate rra] li gada à Península Europa Ocidental parece rer l ido providenciada pela linha pro<ecClOllista st~uida na su.> polí"=a =ri:lma d"""" a
(Jbénca] e éO'. ~u~ lc~.J!JTO'> am!'ricanO'i. ~m O\ 4uai ~ ela n:1o poch a al imtntar o seu próprio comércio.( ... ) Entre a segunda metade do !.éculo XV. De acordo com tia. todos oscapilies de novio ch<;;ojos do Bi!uroqx ! = cid..:!ioo
&p~"lha e a Hol.i:r.d.:i há o elo do di nheiro. re iterado pela paz de 1609 a 162 1. ces.\afldo. 1al como a boa fonuna da de Amesterdão eram in~1ados a aporur nesta cidade. O mesmo se aplica\'2 aos ci<b.iio!ri de A.mcsL. -rlâo ro-propn::-
Es-p.inha. por "oita <l~ !YY'_zdo., do \êculo XV H, altura em que - será pura coincidência? - a roda começa a girar lárí os d uma embarcação cujo capitão nio fosse cicbdão. Esta regra. qlX aa uma ln de n:vep.,--JD em cm.bnlo.
contt~ a Holar.d..s•. Braudd IA AfMuerranfr. 1. pp. 572-573. dirigia-se co ntra Lübeck e con tra o tráfico directo do Bá.Irtco pan a Flandrt's. especi.i!me:v.e 8f'.?!::S.•. G~
B.z.rbot.:1 ~lfenta o cootrolu de Ame'iterdão ~br e os ce rtai.\ : • É ~~ívtl q ue a ascensão de Amesaerdão Fnnta na Ec:onomlC JJiJrory nf Europe. rJ . p. 35.
como rr.err~ de: metal\ precwr,or, deve\\é muilo ao cumércio de guerra c:om a E\ panh3. e algo aos despojos de 235. "Grandes compras. crédito liberaJ e transpon c banto cor.Jbi ruva.m-sc pl.11 rr...JT.ttr o.. preç ~ ~ ~ ·
g-ut'rtt. ~~~•m. em _ 1595 e em \·ilriO\ ano!rl \uWquentes até 1630. o govemu espan hol era obrigado a autorizar a terdào ao nível dos que pre vale ciam nos lugares de orige m. Em lf:f.Jóurn membrodl Uu do! Conw\5 tr.SUitlJ: ~m
t l.por_.a; ;c de meu1 s prec-10\0\ a troco de 1mportaçõe~ de ct:reai.r, .. . Cupitalism in AmJterdam, p. 49. E. mais uma que os holandeses podiam ree xportar lccido inglês preparado 00'5 Pai \e'i 8 ai.1.os JTW.s b::.?.o do q-.t.e n c.ompan>:u.a.s
vez, U'IDO\ '2 \ vamagcr...s da acumu lação: · ~a\ ali reme~~a\ de prata da barra~ Cádis para a Holanda eram só um de comércio in glesa.' o faziam • Barbour Capiralism in AmJ tt rdam, p. 95. _ \
Lidei da: hi...tóna. Haüa laTT1bém rcr.ies~\ indi rcctas ck paf~c) cu~ na iura i\ ünham panilhado do 1csoum descarre· 236. Porcxemplo. ver Barbour .;,brc o inve>limcnlo e>tranieiro boU.'ldê> < • s:a ÍOf\Z · ( ~o "":lo X\' [[]. ·
gado em Cátbr, - paµ."l'lCn~ por c,crvittnc. de com pra de mtrcadona..~. a.trúdos ~r possíbiJídades cspeculatí vas. ou ª
a maiori a dos bens cstrangciro'i que procuravam crédito para compras. ou na.~os C'\iJ10 pruo. dlripam·!iit ~
r.i<r=aut em bu"-• d~ '<gurança e liberdade de dispo>ição fpp. 50-51 J•.
23<J. Ver Braudel. La Mrdi!tr-ronü. l. p. 209. capital p~vua~~ ~c~s~~1~;d:;~~J entre as coroas ~tcntriorws peLt supmm...'"ia no Bfüico. o ~iuJ tna'ldés , :a1
231 Fn~nch. 1 h~ A.ft: of th~ Boroq~ . p. 8. como a nave gação holandesa. lutava de ambos os lados. ( ... ) ., . do • do M 'l< '
do 23~ - Co!'oo Jo·~ Lórru <1943J di 1.. . M: hooveum mercant il.ismo holandês, ele foi • antes uma versão JiberaJ A l~glaterra e a Fr~ça. oferec_i~ me~ soJo v~c:m para oc:a~ 1 ml:moc.t'::°° O"fl'i=ti':~eoc-on~~
mercant1lmno.-. IA tpü< a dei mtrcantt/tJmo. p 186.
sen~o_as ap.hdões comerciai s e md~stnaJ_~ da_' suas próprias classes médi.u i1=-~ e.s;,~. 1 funcior.ar-. lbid....
um e~~~ r;~~ ~~~::r1t;r;,i~ ª favnr do~orntrcioo m.a í~ abcno po<osí~cl cm todo o lado; os ingleses preferiam apeno acérnmo para O!. ~u.s respcct 1 v~ bens. Mas em ambos os países 0 cap
pai~t de for-a,. Rob.:-n ~ -~ 1.mente ~tr ~ ª fng.late~a e as i~a\ colónta..\, mas tam~m entre a lngJatcrra e os pp. 105, 11 t, t 19. Ver Braudcl na nota 229, acima. , rcló "' do gninde c>prtafi>mo. se
\'cr ~~m H~~~~ ~~~~~~zu~tJ íM adJ..Wn; Unr v..of W~scon~in Prese;. 1967), 442. . 237. • Ü século dos banqueiros gcnov<scs d <_ 1557 • 1627 · q:;.tmlão. .
00
~ ) É claro que: • forro...,. dos 1
°"
XVJ1 1 aJudava a t\t:&.biliar a'l I . de . bt e c.tponar ~ttab ~etam..ávea.\ , rara nos demais países no século
õLU.\ cam o cm Amc\ te rdão e ~Mtn encorajava a ci rculação de Jetr.s.s de câmbio
enca,.a emrc o breve !iéculo dos Fuggtr e o do éap!Ul""."' m LSto~ <m 1551• no alvorcc<r da e>ln!11ha b>11·
geno\'escs não surgiu repc:nunamcntc por acção duma vorinr.a de l
212 :m 1
j

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- dos outro · dois• ''""'· Este processo de vantagens, cumulativas funci?,na mais e melhor num a sua rota no «segundo» século XVI, qua.ido predominou nos mares r. ft,. .
estádio expansionista do desenvolvimento econom1co. antes de a arca que . lidera sofrer a em plena luta por um lugar ao sol comercial, Amesterdã t' h ". ~"iuanto ~~~a amda
teccioni sta tHI >. o m a praucado wna poü uca pro-
des vantaccm de equi pamentos antiquados e custos de trabalho elevados e relativamente fixos .
E~ is ti a unrn outra razão para a capac idade dos hola~dese s para prosperarem. Braudel Do ponto de vi sta da eco~omia·m.undoeuropeia como um túdo. com a sua era de -_'.
pergunta por que razão. depois de 1588. os ing leses não vieram~ ~ommar os mares, como são a chegar ao fim . o comércio mundial holandh convene . . exp-.m
acabJr.un depois por fazer. Encontra a resposta nas ~cl aç<>c:s. ec~~~m1~as dos h~landeses com fluido vital que mantinha a máquina em andament~ enquan~-: .nu.-na es~ie de precioso ·
. .~ªº pode_'.:1~ a Inglaterra vam em reorganizar a sua máquina eco nómica e polí;ica interna ~\e~ patses lie concentra-
3 Espanna. re lati vamente intac tas apesar da ag11açao pohuca r. d p ' B. ectproc:a=te_DO entanto
ter cri ado 0 mesmo vínculo com o tesouro amen cano da Espanha. Amda nao. a Inglaterra 0 êxito da po nica os a1ses a1 xos_dependia do facto de nem a lng.laterr• nem a ~a ten:U:
representava uma anieaça ainda excessiva para a Espanha para ~e .lh_e permitir este. tipo de ainda conseguido levar as suas tendenc1as mercanti fütas até ao ponto em que realmemc im·a-
relação 1::.v>'. E a Espanha e ra ainda suficientemente fone para re~1st1~ a lnglate"".. O império diam 0 mercado dos mercadores holandeses ope_rando na base do comértio li\·~ "-"'. Isto po<k
pode te r fracassado. mas o concrolo da economia-mundo europeia amda dependia do acesso dever-se ao facto de que o~ hol andeses eram ainda del'na!oiado f= s devido ao seu relali\'O
à riqueza colonial espanhola. A Holanda, àinda que rebelada contra a Espanha, continua a controlo do mercado !11onctano, graça~. aos seus ainda pe~ístentes vínculos com a Espanha cit...
faze r pane dela. E. seja como for. a Holanda não era uma ameaça política, como a França e a Se Am~sterdao suc.edeu a Sevilha. se os Países Baixos do Nane se convenrram 00 , , ~_;,.
lnelate rra. centro comercial e financeiro da economia-mundo europeia no «segundo• ~~ lo XVJ , como
- A Holanda beneficiou. ass im, de ser um país pequeno e um Estado «financeiramente poderíamos descrever o que aconteceu nas cidades-estados do Norte da Itália. especialmente
sólido~ 2.1 11 • Oferecia vantagens m á~im as aos comerciantes que qui sessem utilizar a sua arena. Veneza e Génova, que pareciam expandir, em vez de verem diminuir. os seus papéis comer-
A sua rota para a riq ueza não era a do mercantili smo incipiente de outros estados !23°• -essen- ciais e financeiros precisamente nesta época? O que podemos dizer é que es12 expamão fo( '
cial para obcer van tagens a longo prazo. mas não para maximizar. a cuno prazo o lucro das breve e que encobria um processo de declínio oculto por baixo do esplendor. de t:sJ forma 1
classes mercantis e fin ance iras. A sua rota era a rota do comé rcio livre •m•. Ou antes, esta foi que pelos fins do «segundo» século XVI estas áreas se veriam relegruW pa."ll a serniperifr:rill
da economia-mundo europeia.
_28. BJ..:t<x.i r. 1bid.. p. 18. André-E. Sayous proclama a vantage m do p:ipel de Amesterdão como centro O verdadeiro salto em frente de Ame5terdão não aconteceu antes de 1590. Entre a crise-
fir...1:\CC'1ro. .. por outro lado. Amcs1c rdão melhorou a.s suas 1écnicas : 1omou- sc mais fácil di slribuir riscos marítimos de 1557 e J 590 deu-se a Revolução dos Países Bai xos. O papel dos Países Bailas no comércio
rnue grupos d:: c.apu..al~!as e obl:e r crédito em fo nnas modernas. Os seguros marít imos dc~ n volveram-sc graças à
J)3J1Jcip.Jdio !k mu itas ~ ~ soas . que dividiam os riscos e fa ziam uma avaliação mais exacta da sua extensão ao fixarem mundial foi necessariamente menor neste período. Como rc5ultado. Génon apod..-roo-se ~
a ~pec1n.a s 1a..xa~: l ... J Quanto a creditos, se os método"I não melhoraram. pelo me nos a~ quan tias emprestadas algumas das funções anteriormente desempenhadas por Antuérpia. e. na a.cti,· ~ b:mcá."1a.
p:lr.l rm oi' 1me to no Lomêrcio au mc:nwam: e a letra de càm bio era uti liza.da não apenas para transferir pagamen-
pelos Fugger '"''· Curiosamente. a Inglaterra. que era quem mais tinha a perder =na queda
llh d-um lui;ar para outro. 01.:ú 14mb.:m como verdadeiro crédito anteçipado: não M: rvia no l!nta.111 0 para arbiuagem
sepmdo a.; cx1gênc1a\ do mercado • . •Lc: rôle d ' Am ~ 1 crd.am dam l'histoirc du capitaJisme commercial el financier».
Rnw hworiq"'· CLXXXl!I . l. Out.-Dez. 193R. 263. Ve r 1ambém pp. 27(,. 277. Para Sayous, os factores chave na como instrumentos de crédito ncgociávci . cujo desconto e venda se tomou nl!m oqócio zn:cn:da r..2 cidãX'"".
asceruãn de A me s ~~dâo são de fac to a\ .. novas formas de ca pita l a~ rupado e de e ~ pcc ul aç ão IP· 279 )... Capitali.rm in Amsrerdam, p. 53. _.
229 . .. 56 uma ei. plicaç.ão é pla u ~íve l; a Holanda. graça\ à \ Ua locali1.ação pró.-.ima dos Pai-5oes Baixoscatóli~ 234 . • Uma condição essencial para a afinnaçáo do popel de Amcstcrd.io ctlmO boi.a dt =::aclorizs da
cose pda )ua ms~énc1 ;: cm forçar ar, portas de Espanha. pe rmaneceu mais !que a fnglate rra] li gada à Península Europa Ocidental parece rer l ido providenciada pela linha pro<ecClOllista st~uida na su.> polí"=a =ri:lma d"""" a
(Jbénca] e éO'. ~u~ lc~.J!JTO'> am!'ricanO'i. ~m O\ 4uai ~ ela n:1o poch a al imtntar o seu próprio comércio.( ... ) Entre a segunda metade do !.éculo XV. De acordo com tia. todos oscapilies de novio ch<;;ojos do Bi!uroqx ! = cid..:!ioo
&p~"lha e a Hol.i:r.d.:i há o elo do di nheiro. re iterado pela paz de 1609 a 162 1. ces.\afldo. 1al como a boa fonuna da de Amesterdão eram in~1ados a aporur nesta cidade. O mesmo se aplica\'2 aos ci<b.iio!ri de A.mcsL. -rlâo ro-propn::-
Es-p.inha. por "oita <l~ !YY'_zdo., do \êculo XV H, altura em que - será pura coincidência? - a roda começa a girar lárí os d uma embarcação cujo capitão nio fosse cicbdão. Esta regra. qlX aa uma ln de n:vep.,--JD em cm.bnlo.
contt~ a Holar.d..s•. Braudd IA AfMuerranfr. 1. pp. 572-573. dirigia-se co ntra Lübeck e con tra o tráfico directo do Bá.Irtco pan a Flandrt's. especi.i!me:v.e 8f'.?!::S.•. G~
B.z.rbot.:1 ~lfenta o cootrolu de Ame'iterdão ~br e os ce rtai.\ : • É ~~ívtl q ue a ascensão de Amesaerdão Fnnta na Ec:onomlC JJiJrory nf Europe. rJ . p. 35.
como rr.err~ de: metal\ precwr,or, deve\\é muilo ao cumércio de guerra c:om a E\ panh3. e algo aos despojos de 235. "Grandes compras. crédito liberaJ e transpon c banto cor.Jbi ruva.m-sc pl.11 rr...JT.ttr o.. preç ~ ~ ~ ·
g-ut'rtt. ~~~•m. em _ 1595 e em \·ilriO\ ano!rl \uWquentes até 1630. o govemu espan hol era obrigado a autorizar a terdào ao nível dos que pre vale ciam nos lugares de orige m. Em lf:f.Jóurn membrodl Uu do! Conw\5 tr.SUitlJ: ~m
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Lidei da: hi...tóna. Haüa laTT1bém rcr.ies~\ indi rcctas ck paf~c) cu~ na iura i\ ünham panilhado do 1csoum descarre· 236. Porcxemplo. ver Barbour .;,brc o inve>limcnlo e>tranieiro boU.'ldê> < • s:a ÍOf\Z · ( ~o "":lo X\' [[]. ·
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231 Fn~nch. 1 h~ A.ft: of th~ Boroq~ . p. 8. como a nave gação holandesa. lutava de ambos os lados. ( ... ) ., . do • do M 'l< '
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mercant1lmno.-. IA tpü< a dei mtrcantt/tJmo. p 186.
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um e~~~ r;~~ ~~~::r1t;r;,i~ ª favnr do~orntrcioo m.a í~ abcno po<osí~cl cm todo o lado; os ingleses preferiam apeno acérnmo para O!. ~u.s respcct 1 v~ bens. Mas em ambos os países 0 cap
pai~t de for-a,. Rob.:-n ~ -~ 1.mente ~tr ~ ª fng.late~a e as i~a\ colónta..\, mas tam~m entre a lngJatcrra e os pp. 105, 11 t, t 19. Ver Braudcl na nota 229, acima. , rcló "' do gninde c>prtafi>mo. se
\'cr ~~m H~~~~ ~~~~~~zu~tJ íM adJ..Wn; Unr v..of W~scon~in Prese;. 1967), 442. . 237. • Ü século dos banqueiros gcnov<scs d <_ 1557 • 1627 · q:;.tmlão. .
00
~ ) É claro que: • forro...,. dos 1
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XVJ1 1 aJudava a t\t:&.biliar a'l I . de . bt e c.tponar ~ttab ~etam..ávea.\ , rara nos demais países no século
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dt." r\ntutrpi j , dado que: r ia anll'::t\:iva pri' ur ~1 lnglaterra d11:\~..:sso aos n1ctais preciosos am~ri · tcsic-rnunha d_~m ~ande _re~'urg_i~ntn ~ s.cu ''-A'll6t io. t ' fêC 1A}fhP:: • ,.> ~tedr.ar ~
canos 1 ~v. 1. C'mprr<'nd1.· u um:t imp<~tu n:- :l sérfr de cup1ura' militares de tcso~ros procedentes da oriental i 1.o1 ~1 · f::.~lc re1i \ urg1m('mo li nha come;~, ~Jf' voh..- de 1 ' J e ÓO CJ· ~ P,.':C i
Amé ri(' a. 0 uc le vou os (' ~ p~llllH\i s a transpo rtar llS mt•tais preciosos utravcs de Gé nova lll91, A incapacid"dc ponu gu~••. cm control>r o coménrn do Otnoo !:><:.._,. ., . , .cm tv"-< • •lt-
4
for\:i t.k G~no\ a dc ri'':\\ a. por c on se ~uintr.:. cm parte da agi1açãu nos Países Baixos, em pane vrm tagcn s conc?rrencia1 ", de VC" m:1..a 'iOtxt- Pnnu .aJ .... e: nn P"-lf1! 1 tk: ";~ f<."1.Jl~ tJ
12 11
dl ~U3. luta i tk H~ ::\o J pri m:l lia cJ:1s c0n s idc: ra,·õc~ cco nómicas "( • cm parte dos seus víncu. Europa c.:""1, assim como a cn \.C da fa.pa.nho1 fV)\,. bi\C\ tt~ ' r" .-
2 1 Mas o rcna~cimenlo dn Norte da lti l1.l nio ptxi~1 ;Jf'"l'f ~;-t'm 2 ).n
los c~ trcihl.S e l'C nn:ine ntc~ cnm ;.1 monarquia e o siste ma comercial cspanhóis <·.11 • vínculos .apk.-: . nct;l
r uj!l!. ori gens já cxpfücmo~ cm po nncnor :.intC"rionnente. . a sua base industri al eram st>Jidas. ao cootrán!> c.!l\ dth P2í1JC1 K i.-1. ~ do 1 • 2 c. of.xl i d;;
Quanto a Vt."ne7. a. enquanto o ~ prime iro>• século XV I foi uma era de de.cadência da lnglatcrrn. e pelo ' écul o XVII fala ·><: Jj d. dtc..,J<r>:: i> d> !!.\tu
Jo comár in mcd itcrd nico l>Ob o impacto da conqu is ta de Constantinopla e do Egiplo pelos A debilidade da ba'><: agrícola era múltipla. da<lo,, m" rmcr.lo dJ r . t.çi;> .,., ~cm
turcos e dJ'\ no\'as rotas marítimas JX>rtugucsas para o Oriente). o ~'segundo» século XV I foi XVI. paniculam1enle ar e ntuadnno pcrfr <lo ck 1~>IH f 620 · . ~ kr ji, d:fcuY-"""' .,;h,o:,.
re lati va das comJiçôcs do ..,o\o. E ce rto q ~ dur!Jl!e '' •pmr.clro• ~!o ~ ·1. ~ •• .:m'll
0 ~ lucros do comé rcio.12 houve 1
um de\ IOC.3.mC'nlO do 1:n ... 1rtncr..$0 ~ 1 a;ncçlt-... C"\pr·
c~rrou do fa u J o c, p3nhul. e não d~·:o.a pareçeu da noi1e para .º d ia cm 1627.' por ocasiàu da_quinm ~u sex ta bancar- c ialmcnle para o tri go ·" '. Isto foi espccialm-rnte CTI'. o oo a~ d:u rxdcT.\ ~tY..»..
rullll e-3 r.mll<'la. ( .. J Gfoo\'a pemum:cc u pur mui to tempo amda um dos CIAOS da fi nança m1cmac1o n::il ... Oraudcl ,
W MM J:rn u,,if. I. pp. .i5.t-l55.
Ver 1.amtiém El l1<.•11 : "º"'
b;.m4ue1ru-. genoveses rnovi:1m-se ao lado dos Fuggc rcomo credores de Carlos V, 2.S l . o1Ciru\·3, à t·onvcrgenda de \ '1ll\ forç li c!ofctm:l:\. r« \ +-.1 õt ~< a')A ()) ~~ X'• t l"' ~ ·~
e i."f'mO 3 1nOuCnci.1 J ..i;;; Fug.l!l'r dec li nas~ J c poi.., da b;rncarrota rea l de 1557 a dos genoveses cresce u a pan ir de do Lcvan1c ei.1::1,·am bem fu mc<:1do, dt: tncttad.Jon 1.-1flCt'l:Jl1A e \ O":"<..n ~ , . ,•-.. mia... ~ t~ aJ
entlu• . Eut P/'f." lln ul.-d. pp. 59-60. anterio r. M;1.. a d cprc~ ~:l u unha suJn ptvfund.!J dur.mtr a pnmrn mcu.::k ~1 lC.: "·t· lf': ~..U ~.("'e !tti..
E Spi"'(lner: .. Ap(i' cc:"rca dl' 1 ~70 . rnmc\n\•a o grn mk di a dos genoveses. in augu rando um século em que .. Lc n.:pl i vén itie n e t t gyplit: 11 ri 1:1 toulc du C ;&p. \ J 1H7t· 15J l .. . 1!1 f •Ht!;;l(J, ! b t s~ 4..- -... J• ~,...._.._,...
tom:mam e Ul'1=ó.:io""" Fun:c r. c up procmint:m: ia fin ;mceira dccl mou com a quebra da prosperidade das
1:lc o; Ft'lll'rr. Vol. 11 l l'ari, , L1b. Am1andCt1hn. 19531. '\{.(l \ 'er Frf\1r.ne \ l~ . - ll-c ,. l~ Si=-:c ~ t
rmn.n .a k m j~ :i.pó' 1c;30 ....\ll"K' Ccmrhn,/,i:t' \l<)l./a n /li.\ 10 1')·, Ili, p. ~7 Rc" ival m lhe S i:\ ti:cnlh Ccntu ry•., in \ 't'riu rcmJ Hu rnn 1 8 .1 ~ c . \ !lt)ttn:J ~ Horli:=:-t ~. t "'r-~ . 9 }.
\"cnc t.J. 1.unt>ém dc '> t~ nqx· nho u um p:.ipd íinancciro c h;l\'C nc,1c pc ríodu : 1o Vc11cza linha .se !Ornado , n:. . ~ti() , (' l) seu art igo l\lllt nor . .. vcnl·t1an Shl ppm~ l.Àln fl~ thc e. ~ •.., k~ ~ - . \ ., ...J 11--:#'1
longa C J.{Un~o t"Cunómica do ltéc ul•' XVI. urn ponto in1ennéd10 <lcc1:. ivo para a c ircula\·ão in1cmacional <h: letras
0
IJ -24: VC'f tj mbém E. E. Rich. f\'( 'M ' ( 1.Jnih1 1di,: r-M1-..!er l'I H1trt:W"\ , J. t~ t .U ,
de dunbto. f ... J Dc-.dc l 5fl7 ~u c= Veneza tinh:i um banco de dC"f"h lloS, o IJm rm ele/la l'ia::a di Rinlm. Pelo dccrclo 2-4 3 . .. (: pnw:ivel 4ue o cumfo.111mc:J11r rrinll O. lJJ:>t.iJ. lt" ttern".c.1.l1Y'4 ..............._ f.,. w ~ikf°t...'"'1: J«l: •
rJe J.593. o Srnado c ~ ti pu lJ\ a q ui: a ~ k tnii. tk dm bi11 de\ i;un !-.C r hqu idada!'i por lançamcn1os nos seus livros de ,i. ofl'n:<:c ndo pf'l\ni. m :t i ~ alto". n ... pn--...iu1t1'\ <k m•mlf q ~ <X p;.Yt~ tyO" , .. , C'ür-:""!2nli..
re gisto. Foi J.'>~ tm rri ado um p :mdr in'> ltumcnh.l das lrJnsaC\"ÕC!o mte mm: ionais. Com d eilo. a Repüblica tinha atendo-se a 1m~çm de l'ompra c \tft' m:uncntc ti:i1"~ na A ~ .... • 1 :'lo. lo ~ oc~ l"t'W!:...~ O t'"' o ' ~
um duplo <:isu· ma nmne ráno: la m 11m ·w 1·0,.,.( llft' e a m o 11t•W tli b11nC'o )•. Frank C. SptlOncr . .. v enice and lhe Levant: l"ll: rdidu ne nhum do seu 1111t"rc!<i-.t" r :ira º' 1n1c m1c:J1l~v-.o.. ek 1.1) ~1 J \oe'!' ~>Jf\ :. ~ .&.. o ::w ':pdlC.l\-1 o~....a
An Aspec1o f M on('l:lJ)' 11 1:.lury ( 1610 -lb l-i J... in Srudi i11 Umire di 1\ minrnrt' F1 .mfani, V : f•·i modt'm<J t cofllrmpo· 0 ~ pontoi. d l• ori j:<'nl . O s ponu g ue -.c- ~ COOJiCf UlraJTI l l./c: 1'-tO ern ~j:ui , t <"~ e. • \J n o n p êa • ~
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2JK... 1' inha :. ido rx:i "ívd um.1 pn l11 ica llc u li a n~· a t'ntre Fili pe li e ).. anel, já que h rainha e ao.;; mcrL·adores ~.l-4 . .. Nl1 mkio do M1<:11lo XVI. C ' çumt r::io mcdltt"Tiimeo t')p.M'.. 1 ~• C°1"-''• i.::r~ "l!"o -CO m~ ~ •
i n~ t escs erJ penniudo, mtd 1:mtl' o rl·cur!<ill à IJul\ a de Antuérpia. p.1n i<:i parcm nas minas de ouro da América (par· con"l'qurnc ia J a :1N:nurn dum l·o11t<' 1c io (lQrtui; ut .. dtm:\I..' n.'fn a lnJ•.t prl.1 "-'° ,).> C~· ~ ~ LlJ"n.:-..• • 1~l
mll' t. Comudo. pn.·C"1sanh.'.n lc i:' 'ª nrdc111. e.. :.e equi líbrio. fni arnc:i\·ado p: la cri.;;e de: 1566 e fM!lo ussalro ameaçador mnnof")ho ptmu ~ m'~ , . c:untuJo. rcvc l<lU ~-r de \ •1J.I. brt 't. Emt.....n. f U'l""dn kn u:!a"'°'' no f"!'.iN O. rt'..:JI ~ Utt
do Dm.~ ue dt.: Alba :m~ P.:.i i,e s U :w. o~ cm 1 ~ (17 . 1 .. . ) lJ;iqui pa ra a frt ntt.' tudo mudou no enorme ~cc 1 o rdn Atltln1ico ... pod i:m1 c .. pcrJ1. l'Ol ll un .. 4uan1 0.. \'a 'u' dr Fucn a O,'t.'r.tndo • rwiri Jc: ~ m~ ~Llrih. .... ~:t ~·
Brnudt: l, la MiJ1w·ra11f-,·. 1. p. 4;\S. 1wntcml'lllt: ICJ1..h1 um l·om<'rc io llnres.."<'nlC: que aN QC"C'i.I o EJ1f'O e o lmrt.na Ttllt'o.. .b>\C"I ~ IC"'l'!fô e9t
239 ... t\o d<~m i n i o finai1Cl'i111. ( ... ) Antuérpia começou a pc nk r a sua pn s i~· ;l u ccnrrnl a partir de 1568, e .. ) O t'<lln~rdn c .. p~mh1ll dn l)(:c:tnn fnd 1n 1- ou a rnaM)I P"-".c Jck - ceJo ~..., ~ -.C>I' u~ "~
quando f)<i;1bd de Jng latcrr:i rnnfi !l>Cou o tesou ro encontrado a borJo duma fro1:1 de galé.;; csp:111hol.:1s que se 1lnham ck rc:.,.i vcu o l'C'1111ért'io mclhterrânicu cm Nm:~ " rnc114ll(n. Em ~rtad.ii coo.. OtTfoc :;.a óe ~ < ;u!.;!::iJt, ~
refu giado no pc1 fh ) Jc í'lymou1h. {.. J O C ma l d.1 M:incha j:í nàn crn ~j! um : dai ljU l" º'
lxtnqueiros ~ c:llO\'e SC:S
decidis.;cm mud:i r o 1tincd .no d•is mctai.. prcd o)>U\ falc:n du·O!<i p:i">sar pc1r Ci<'nm a l' pe lai. fileiras de Besan\'On.
\' Unl agen~ nl'lo <"Sl:1vam \lc mod\1 a\~um 1\Xl:ts do lad.:i 00 conlt'rt'kJ o.·C"1.·uc·o p«11: uit..
du Cnho cr:un )trnnJcs e tendi am a aumentar: e º ' ~lU F ll(''Õ n.io t1nh.L.11 mcr.:»YU:o ~ i\f:t'!"('("I' ;rc
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A ~, 1m . c<.::t ült una ci1J.ick tornilU·M'.. por volta <lo íi111 d\1 ~ éc u l n XV I." loc al id:1<le hand ria dumi n:tnte na Europa com pc-ns ar na idn n cu .. 10 ti\\ 1r.111i.f")Oe.. Ek! ç1.1 111Pfll' am c) pic..:1aru .. c1>m ouro t rn:.a t D' l:JOOllJ CJ ' ':&fd'l ,
regresso 1inh:111~ 1lc C\1hrir 1:11nhêm ~ cu.' 1u.~ da rn1~em ~ 1d.l C · ' P~ umttr:r ~ : : : : . ; :~~:pt.-.
Oc1dl·01:1I t' o cc:mm de dl\\n bu1ç5o da pra1:1 que Ctmlinu :n•a a chrgar. \•mda dn Novo Mu ncl\l. 1
Dum r-c.m11.1 de ' 1 ~ I J ban,::1.rio. nào fo i pm1an10 r\111cstc1d.lu que lírnu t·um a succi.sâu de An1u ~ rpiu: ( ... ) cfo dc d:1s espec iarias. 1endt ml11 11s t i. pt.•nan :b pcin uiul·..as a c 't~ agu ·"" t ' flt
Amc")>!CrJ MI nào ~ 1umnu nu centro mum.lml Ji: mct:u s prcc i o ~ (l S a1 é 1(>ollJ .. . Haymond dC' N.<XIVt·r. «Anvers comme mar• . J. ti . Parry, Ccm1hridç r Fcmu>tt111 ll u t1ir1 <>f fu wr r. 1\ · N1• l ~· l b..li • NmO~.t. ii per'TQ·
ntltcht monfl;lirc :tu XV I' ~ 1 êr ll· " · H" "' "' fid ,Ct' Jr• philnl11"i1· ('/ dºlti.1toirc•, XXX I. -1 , 19S.\. 1()..t-l· l o.i5. 245. Ve r S. T . llind off :.~bn: o impal'm J;i 1n1errup;!o Jl lctU"":1J. "°;il ~:ir.~ ,,::ut>holi~
\"e1 Arauúd : .. A panir dt:" 1 5~0. o ''crdadc 1rn ct"nl ro de d i~ l ri bu i~· ãn do mcrnl hranl.·o. iamo ou mais <1ue a ne nh.' r.m 154Q. • Quaisquer 4Ul' i.tJ:im ª"' ratÕC'~ pllnt C'i'ltt' p;.M.C'. •,y "' ).u;l~ con..rqi ~ • ·
própri<t E~ p:rnha , cr:m1 ª' vr:mJc:. cidaJC"!<i de lt j lia. Elas 1iravam delltc pupt' I bcncficios enonnc<:. nu condiç ão de a pnssagcm de umn era •. N rK' C:amtmcl~r M1'< t.-ni llu ton-. 11 · P·· bttJl.M.1'W Rt\llnes Ou • E~. 11- "'-""" th.1 •
e\ portare:n par:i o l.t"vantt:" . ..:01...:1 fáci l e pn)\'cito ..a. uma pane das ~ u pc rJ bu nd :m1 es m()(das de praia de fa panha•.
Lo .'-IM1ttmm1r1'. 1. pp. -l ~ íl-45 1 .
24 6. Ver J. ll . Mani ..on.• ('ul\•Ol.ll ~\·elü('fne'nl 3nd ln!cmni e Rtf. ll"1DJ! 61a1 ,,.. f nt"f Rrwt-
Af~ica ... Nl'w Cllmbridgt' Mo.l r;11 /11.m;r~· . .l1I: R. ~ · \\ c~'r::'.!~ ~, '7{~;"'-,. 1 1
2-tO. Pen~1 4ul· é dl·,nccc ~1'.i nn in:. i,1ir no faclo lx m sahitlo de que Génova cr:t um mL"rcadu nmneti rio
/1mm1. 1559·16 IO (l<lndres e Ncw.J. k' ro.1lk"- C:aml'inJ ge l"' 15s:a r- tblO..!b:'.:l . !U.. C' urna c •f~ ~
2.S'7 . Por e:o.('lllJllí>. C:ulo ~1. C1 ~ll ~ 1 ~º~ 11 que .e ~-~ ~·\~= d .' s.i. /7J 1t il'uu. L . A...~0\llft.
'.;t 1 1
n rc:pcll)nalmcni e l1we d:t in tru,Jt> de 11ualqlll'r clcmcnlo nào comcrda l. Nunca e.\ is1iu, por exemplo. tju alqut.'r pressão 11
eclt )1:b tic;i tJ r~na de nutJ <:(1brc act1,·11ladcs fin anrci r:ts ... Cario M. Cipolla, Enmomit1 illfa na:imia lc•, V, p. 256.
S:lO dc.' 1110,!;~Íll:a inlcl\!i.J.o. :\fOU\'( nl(tl l l _ 1'10IUl.1/r.-s d3 '1 J
2.t 1 Lonc ha)' tk~non~l rJ que: a 1ax:i de j uro rc:tl cobrada h rnmJ e llpanhola pc.:los banqu.:iros i1ali anos
1952)_. _, 1. Uma exp:msào análoga t o~.,c~·~d;i r:1':1 1619
C'()IT\ . :V c1..irno ~ ;k \ P'I~ fU!'a N,i \ O. t'n'I
Flctt~ ~:a.Uk" l"l t"llll~tt::rt .... ,-t.,..Xr~ l .S C \ 11. 7. ( lt:t.·
era de l(>.]Qrk. Ver i'.w(lr1111e ~"Y"lr dt' lll'l~ ique, pp. Q50.<)5 1. 1-1. U. Koc11 igst\Crger diz: .. ~fai s d" qu~ qunlqucr Ru g.g1ero Romano .... A Fltlll'.lll"C :m XVI s1«k. mJu'imc: . ...
outro ~tadu. C:énova 1inh:1 am.~ r11d o a sua soni: na da nmn arqui:i c ~ panho lu. (...) Enquanto o Pl·ni envi;1si.c a sull
P~.ata para Sc\•dh;1, a plu1ocrac1:t i eno,•csa floresceria ..... w es1em Europc und 1hc Power of Spain .. , Nr K· Com·
·De z. 1952. ~08·51 2 . _ .><Jon nond>.k cb P"~-to •'1l'<'l,.->tn iodz"" ·
148. .. Q trigo eslubl'l«""CU p.x ,.1 rfl(':.n..:> f~J~ . . ~ tü.Wlll funJammal d.1 " ted:-lmiOCO, tmbura 0
b 11 dR~ Modrrn llm i•ry-. Ili: R. B. Wc:mham. ed .. Th" Couritrr-Hefom w1ion "'"' thr fria Rt'ml11 tim1, 1559· /ô l O
fLondres e Nova turquc: Cambridge Univ . Prt-ss, 1968), 257 .
1
outrjs lactividudc::s C"conómicas no skulo XVI]. A agncu~ é :~I LA MJ-:1~t. p ~ S.
trigo n~o Ct'preseme senão uma pant do f('ndimento apii.:' a•. ·
l
215
21 4

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,.-
1

dt." r\ntutrpi j , dado que: r ia anll'::t\:iva pri' ur ~1 lnglaterra d11:\~..:sso aos n1ctais preciosos am~ri · tcsic-rnunha d_~m ~ande _re~'urg_i~ntn ~ s.cu ''-A'll6t io. t ' fêC 1A}fhP:: • ,.> ~tedr.ar ~
canos 1 ~v. 1. C'mprr<'nd1.· u um:t imp<~tu n:- :l sérfr de cup1ura' militares de tcso~ros procedentes da oriental i 1.o1 ~1 · f::.~lc re1i \ urg1m('mo li nha come;~, ~Jf' voh..- de 1 ' J e ÓO CJ· ~ P,.':C i
Amé ri(' a. 0 uc le vou os (' ~ p~llllH\i s a transpo rtar llS mt•tais preciosos utravcs de Gé nova lll91, A incapacid"dc ponu gu~••. cm control>r o coménrn do Otnoo !:><:.._,. ., . , .cm tv"-< • •lt-
4
for\:i t.k G~no\ a dc ri'':\\ a. por c on se ~uintr.:. cm parte da agi1açãu nos Países Baixos, em pane vrm tagcn s conc?rrencia1 ", de VC" m:1..a 'iOtxt- Pnnu .aJ .... e: nn P"-lf1! 1 tk: ";~ f<."1.Jl~ tJ
12 11
dl ~U3. luta i tk H~ ::\o J pri m:l lia cJ:1s c0n s idc: ra,·õc~ cco nómicas "( • cm parte dos seus víncu. Europa c.:""1, assim como a cn \.C da fa.pa.nho1 fV)\,. bi\C\ tt~ ' r" .-
2 1 Mas o rcna~cimenlo dn Norte da lti l1.l nio ptxi~1 ;Jf'"l'f ~;-t'm 2 ).n
los c~ trcihl.S e l'C nn:ine ntc~ cnm ;.1 monarquia e o siste ma comercial cspanhóis <·.11 • vínculos .apk.-: . nct;l
r uj!l!. ori gens já cxpfücmo~ cm po nncnor :.intC"rionnente. . a sua base industri al eram st>Jidas. ao cootrán!> c.!l\ dth P2í1JC1 K i.-1. ~ do 1 • 2 c. of.xl i d;;
Quanto a Vt."ne7. a. enquanto o ~ prime iro>• século XV I foi uma era de de.cadência da lnglatcrrn. e pelo ' écul o XVII fala ·><: Jj d. dtc..,J<r>:: i> d> !!.\tu
Jo comár in mcd itcrd nico l>Ob o impacto da conqu is ta de Constantinopla e do Egiplo pelos A debilidade da ba'><: agrícola era múltipla. da<lo,, m" rmcr.lo dJ r . t.çi;> .,., ~cm
turcos e dJ'\ no\'as rotas marítimas JX>rtugucsas para o Oriente). o ~'segundo» século XV I foi XVI. paniculam1enle ar e ntuadnno pcrfr <lo ck 1~>IH f 620 · . ~ kr ji, d:fcuY-"""' .,;h,o:,.
re lati va das comJiçôcs do ..,o\o. E ce rto q ~ dur!Jl!e '' •pmr.clro• ~!o ~ ·1. ~ •• .:m'll
0 ~ lucros do comé rcio.12 houve 1
um de\ IOC.3.mC'nlO do 1:n ... 1rtncr..$0 ~ 1 a;ncçlt-... C"\pr·
c~rrou do fa u J o c, p3nhul. e não d~·:o.a pareçeu da noi1e para .º d ia cm 1627.' por ocasiàu da_quinm ~u sex ta bancar- c ialmcnle para o tri go ·" '. Isto foi espccialm-rnte CTI'. o oo a~ d:u rxdcT.\ ~tY..»..
rullll e-3 r.mll<'la. ( .. J Gfoo\'a pemum:cc u pur mui to tempo amda um dos CIAOS da fi nança m1cmac1o n::il ... Oraudcl ,
W MM J:rn u,,if. I. pp. .i5.t-l55.
Ver 1.amtiém El l1<.•11 : "º"'
b;.m4ue1ru-. genoveses rnovi:1m-se ao lado dos Fuggc rcomo credores de Carlos V, 2.S l . o1Ciru\·3, à t·onvcrgenda de \ '1ll\ forç li c!ofctm:l:\. r« \ +-.1 õt ~< a')A ()) ~~ X'• t l"' ~ ·~
e i."f'mO 3 1nOuCnci.1 J ..i;;; Fug.l!l'r dec li nas~ J c poi.., da b;rncarrota rea l de 1557 a dos genoveses cresce u a pan ir de do Lcvan1c ei.1::1,·am bem fu mc<:1do, dt: tncttad.Jon 1.-1flCt'l:Jl1A e \ O":"<..n ~ , . ,•-.. mia... ~ t~ aJ
entlu• . Eut P/'f." lln ul.-d. pp. 59-60. anterio r. M;1.. a d cprc~ ~:l u unha suJn ptvfund.!J dur.mtr a pnmrn mcu.::k ~1 lC.: "·t· lf': ~..U ~.("'e !tti..
E Spi"'(lner: .. Ap(i' cc:"rca dl' 1 ~70 . rnmc\n\•a o grn mk di a dos genoveses. in augu rando um século em que .. Lc n.:pl i vén itie n e t t gyplit: 11 ri 1:1 toulc du C ;&p. \ J 1H7t· 15J l .. . 1!1 f •Ht!;;l(J, ! b t s~ 4..- -... J• ~,...._.._,...
tom:mam e Ul'1=ó.:io""" Fun:c r. c up procmint:m: ia fin ;mceira dccl mou com a quebra da prosperidade das
1:lc o; Ft'lll'rr. Vol. 11 l l'ari, , L1b. Am1andCt1hn. 19531. '\{.(l \ 'er Frf\1r.ne \ l~ . - ll-c ,. l~ Si=-:c ~ t
rmn.n .a k m j~ :i.pó' 1c;30 ....\ll"K' Ccmrhn,/,i:t' \l<)l./a n /li.\ 10 1')·, Ili, p. ~7 Rc" ival m lhe S i:\ ti:cnlh Ccntu ry•., in \ 't'riu rcmJ Hu rnn 1 8 .1 ~ c . \ !lt)ttn:J ~ Horli:=:-t ~. t "'r-~ . 9 }.
\"cnc t.J. 1.unt>ém dc '> t~ nqx· nho u um p:.ipd íinancciro c h;l\'C nc,1c pc ríodu : 1o Vc11cza linha .se !Ornado , n:. . ~ti() , (' l) seu art igo l\lllt nor . .. vcnl·t1an Shl ppm~ l.Àln fl~ thc e. ~ •.., k~ ~ - . \ ., ...J 11--:#'1
longa C J.{Un~o t"Cunómica do ltéc ul•' XVI. urn ponto in1ennéd10 <lcc1:. ivo para a c ircula\·ão in1cmacional <h: letras
0
IJ -24: VC'f tj mbém E. E. Rich. f\'( 'M ' ( 1.Jnih1 1di,: r-M1-..!er l'I H1trt:W"\ , J. t~ t .U ,
de dunbto. f ... J Dc-.dc l 5fl7 ~u c= Veneza tinh:i um banco de dC"f"h lloS, o IJm rm ele/la l'ia::a di Rinlm. Pelo dccrclo 2-4 3 . .. (: pnw:ivel 4ue o cumfo.111mc:J11r rrinll O. lJJ:>t.iJ. lt" ttern".c.1.l1Y'4 ..............._ f.,. w ~ikf°t...'"'1: J«l: •
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A ~, 1m . c<.::t ült una ci1J.ick tornilU·M'.. por volta <lo íi111 d\1 ~ éc u l n XV I." loc al id:1<le hand ria dumi n:tnte na Europa com pc-ns ar na idn n cu .. 10 ti\\ 1r.111i.f")Oe.. Ek! ç1.1 111Pfll' am c) pic..:1aru .. c1>m ouro t rn:.a t D' l:JOOllJ CJ ' ':&fd'l ,
regresso 1inh:111~ 1lc C\1hrir 1:11nhêm ~ cu.' 1u.~ da rn1~em ~ 1d.l C · ' P~ umttr:r ~ : : : : . ; :~~:pt.-.
Oc1dl·01:1I t' o cc:mm de dl\\n bu1ç5o da pra1:1 que Ctmlinu :n•a a chrgar. \•mda dn Novo Mu ncl\l. 1
Dum r-c.m11.1 de ' 1 ~ I J ban,::1.rio. nào fo i pm1an10 r\111cstc1d.lu que lírnu t·um a succi.sâu de An1u ~ rpiu: ( ... ) cfo dc d:1s espec iarias. 1endt ml11 11s t i. pt.•nan :b pcin uiul·..as a c 't~ agu ·"" t ' flt
Amc")>!CrJ MI nào ~ 1umnu nu centro mum.lml Ji: mct:u s prcc i o ~ (l S a1 é 1(>ollJ .. . Haymond dC' N.<XIVt·r. «Anvers comme mar• . J. ti . Parry, Ccm1hridç r Fcmu>tt111 ll u t1ir1 <>f fu wr r. 1\ · N1• l ~· l b..li • NmO~.t. ii per'TQ·
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\"e1 Arauúd : .. A panir dt:" 1 5~0. o ''crdadc 1rn ct"nl ro de d i~ l ri bu i~· ãn do mcrnl hranl.·o. iamo ou mais <1ue a ne nh.' r.m 154Q. • Quaisquer 4Ul' i.tJ:im ª"' ratÕC'~ pllnt C'i'ltt' p;.M.C'. •,y "' ).u;l~ con..rqi ~ • ·
própri<t E~ p:rnha , cr:m1 ª' vr:mJc:. cidaJC"!<i de lt j lia. Elas 1iravam delltc pupt' I bcncficios enonnc<:. nu condiç ão de a pnssagcm de umn era •. N rK' C:amtmcl~r M1'< t.-ni llu ton-. 11 · P·· bttJl.M.1'W Rt\llnes Ou • E~. 11- "'-""" th.1 •
e\ portare:n par:i o l.t"vantt:" . ..:01...:1 fáci l e pn)\'cito ..a. uma pane das ~ u pc rJ bu nd :m1 es m()(das de praia de fa panha•.
Lo .'-IM1ttmm1r1'. 1. pp. -l ~ íl-45 1 .
24 6. Ver J. ll . Mani ..on.• ('ul\•Ol.ll ~\·elü('fne'nl 3nd ln!cmni e Rtf. ll"1DJ! 61a1 ,,.. f nt"f Rrwt-
Af~ica ... Nl'w Cllmbridgt' Mo.l r;11 /11.m;r~· . .l1I: R. ~ · \\ c~'r::'.!~ ~, '7{~;"'-,. 1 1
2-tO. Pen~1 4ul· é dl·,nccc ~1'.i nn in:. i,1ir no faclo lx m sahitlo de que Génova cr:t um mL"rcadu nmneti rio
/1mm1. 1559·16 IO (l<lndres e Ncw.J. k' ro.1lk"- C:aml'inJ ge l"' 15s:a r- tblO..!b:'.:l . !U.. C' urna c •f~ ~
2.S'7 . Por e:o.('lllJllí>. C:ulo ~1. C1 ~ll ~ 1 ~º~ 11 que .e ~-~ ~·\~= d .' s.i. /7J 1t il'uu. L . A...~0\llft.
'.;t 1 1
n rc:pcll)nalmcni e l1we d:t in tru,Jt> de 11ualqlll'r clcmcnlo nào comcrda l. Nunca e.\ is1iu, por exemplo. tju alqut.'r pressão 11
eclt )1:b tic;i tJ r~na de nutJ <:(1brc act1,·11ladcs fin anrci r:ts ... Cario M. Cipolla, Enmomit1 illfa na:imia lc•, V, p. 256.
S:lO dc.' 1110,!;~Íll:a inlcl\!i.J.o. :\fOU\'( nl(tl l l _ 1'10IUl.1/r.-s d3 '1 J
2.t 1 Lonc ha)' tk~non~l rJ que: a 1ax:i de j uro rc:tl cobrada h rnmJ e llpanhola pc.:los banqu.:iros i1ali anos
1952)_. _, 1. Uma exp:msào análoga t o~.,c~·~d;i r:1':1 1619
C'()IT\ . :V c1..irno ~ ;k \ P'I~ fU!'a N,i \ O. t'n'I
Flctt~ ~:a.Uk" l"l t"llll~tt::rt .... ,-t.,..Xr~ l .S C \ 11. 7. ( lt:t.·
era de l(>.]Qrk. Ver i'.w(lr1111e ~"Y"lr dt' lll'l~ ique, pp. Q50.<)5 1. 1-1. U. Koc11 igst\Crger diz: .. ~fai s d" qu~ qunlqucr Ru g.g1ero Romano .... A Fltlll'.lll"C :m XVI s1«k. mJu'imc: . ...
outro ~tadu. C:énova 1inh:1 am.~ r11d o a sua soni: na da nmn arqui:i c ~ panho lu. (...) Enquanto o Pl·ni envi;1si.c a sull
P~.ata para Sc\•dh;1, a plu1ocrac1:t i eno,•csa floresceria ..... w es1em Europc und 1hc Power of Spain .. , Nr K· Com·
·De z. 1952. ~08·51 2 . _ .><Jon nond>.k cb P"~-to •'1l'<'l,.->tn iodz"" ·
148. .. Q trigo eslubl'l«""CU p.x ,.1 rfl(':.n..:> f~J~ . . ~ tü.Wlll funJammal d.1 " ted:-lmiOCO, tmbura 0
b 11 dR~ Modrrn llm i•ry-. Ili: R. B. Wc:mham. ed .. Th" Couritrr-Hefom w1ion "'"' thr fria Rt'ml11 tim1, 1559· /ô l O
fLondres e Nova turquc: Cambridge Univ . Prt-ss, 1968), 257 .
1
outrjs lactividudc::s C"conómicas no skulo XVI]. A agncu~ é :~I LA MJ-:1~t. p ~ S.
trigo n~o Ct'preseme senão uma pant do f('ndimento apii.:' a•. ·
l
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n:kl foram JUl•>rizmlJ . egípcios e bfri os eram com frequência ínac-.:-.frci~. quer JlO!qt7. 12• .t..mi eJ;e. ~fri~m de~­
3 panicipar no ,·o im'rcio urbam>. Esrn tt•mll•nc ia vi u-se acent uada
panicul:un~nt t· n:i Tcrr:ifrnna 3 volta de Vt•ncza ''" '. ent re 1570 e 1630, tiuanJ~ ns in v.est i- casscz ou de vido a um estado de guerra com°" turcos=•.
don·s 1,x·ai s rc;i-..inMrJm 30 aumento dos pn'\'OS ai: rko l a~ e ;\ queda dos lucros 1~1d u stn a 1 s. Mai s amda, na medida em que e.iavam a rmpc.JfUr ettcaí\, rm 4 'Tl-1>0 ri~ p;me• con- -
No cntanio. apc.»a r .i,, aumen to ,13 produç:io. havia tome_. Pa ~c da exphcaçao para este <l ições de n egocia~ão e at'.avé s do \e u n val comcr~úl. ix hofa.~ PIJ!'que Are"'- tm1lo
facto ~'\ idl· num f:Ktllr 4 ul·. dn r o nto dt.• visra J o sist1:ma soc ial, e acidental e extcmo: um controlava as ex 1s 1~ nc1~~ bal!tcas de cerea11 e pod'.ª fomecé-Jo. a \eu p!o ::.· Ü1.t •.vium11
subito aumento JJ chll\ a e do frio nas últimas déc:1d:15 no s<'culn XV I. que levou a um aumento co nj unt ural da Ho lan_d a sobre o No11c da Itál ia pódc tram fomw .i.e cntJo em alw => ver·
d3.s tCITl!!o ~'an t..lllOSJS e por c,m:o;t•yuê ncia d!l malária m-• • O que se revelaria particularmente
11
manente devido aos vmculos. criados pela economia-mundo. SP'..«>a a>'1r..:iJ;i 0 ~J (!a, oov;u
~r:l' e d:iJt• yuc 3 l1:lli :1 ,·sta \'a a s0frcr j:i do seu aumenlO em rcsulud~ da ex tensão do cuhivo e sofi sti cadas técnicas de credt10 - endosso de letra.\ de cám ·0 . paun dt ricr.rJ.:J < ~:iu Íorn';a
de t...rr.b m' procc' """, de l'<'loniz.:1,·jo in tema 1-=--~ 1 ;. Ainda assim. poder-se-ia pensar que uma região de créd ito a c urto prazo) e banc~s públicos -que e11av·am. !od.11 ela1. a err.er ., p:eciu.-nentt
1
com 1.1! qu;m1idadc de nic 1~i s prt•cio<os pode ria ter importado trigo. Isto parece ter acontecido nessa altura . Este s istema de credito era tntemacional. e com 0 corr.~ do &o:!:. 00 S<mt
em cena nwdid:i. o suficiente para ,·spalhar os d eilOs da fom e. criando escassez no utros luga- da Itália o foco destas ac11v1dades deslocou -se snn zpelo nem zgrno '""" ' . pois os fou.~
rn .:•: .mas não o suficiente. aparentemente. para manter uma boa base agrícola para a pro- -mercadores sal varam-se a s1 mesmos. cm Génova como llO'Jttos fugarõ, san ~ ....nhll:u
dução industrial. Porque n !io ·~ Pode supor-se que os novos grandes prod utores agríco las (tais preocupações com lealdades geográficas.
comoº' mosteiros) n3o empresta,·am o seu peso político à expansão das importações de Mas. e a indústria? Porvent ura não era o J'\orte da Iú lia um cern-0 inc! "1al_ cm~
c-ere.'.li- '~' ". Havia.. evidentemente. o factor custo. Os cereais bálticos estavam longe. e os cereais iro in dustria l a que se ti nha infundido nova vida, es pecialT.Cnte em Verteza? J_H. ElJion men-
ciona no vos investimentos entre 1560 e 16(X) e um momento dt copoJknto esp!Cldt:;r. =._ A
~J 9 . •A r.u..io fun...bmental (p:ir.1 esu \'iragem ] devem ser St:guramente os proveitos que os venezianos
e-s:pen.' '1lil obl('! d.J terra. (...l Um incentivo inicia l foi provavelmente o exemplo dos proveitos obtidos pelos pape l crescente como porto de tri go? A grande fome ~ 1591 e o mr.llla de D'l~ •r?:.t.» do~..(' <- 1
rni."1des. rno4C"1fQf.. .1tTJ vei. do arrole:L"Tl(nl o de te rra s já no séc ulo XV.( ... ) cremo s. o ma ior pon lo de \' iragem•. Femand Braudd e Rugpcro Romx:ic., Nnuu n ~~~U'i r,-cru
O pcncJo rruci:!.I de mudança pan activ id.ldes íundianas parece se r entre J570 e 1630, quando as possessões du Porl de l frmm1e r154 7-1 6 11 J (Paris: lib. Armand Coltn. 1951 ;. .!;_
Vtnc'ZÍ.lllJ..\ al:JTIC' r.Llr4..'71 pron' elmcmc: 35c:< - . S. J. Woolf. .. \Ienice and the Terraíerma: Problems of 1hc Changc 254. Qu.10 imponanrc t esle corte do U:vanie Cor.KJ font e de ;~111 é l!".:::.aó:J ;:da~ tµ:' J_H.- -
from Commrn: 1i l 10 Landed ...\rn' itle"S•. in Brian Pull:in. rd .. CriJi.r and Change in tlrl' \lt>ntrian Econnmy in rht Parry fa z da situação no séc ulo XV: · 1'o Oc ickn1e. mais. popd~ e mcilt.'l\ proê.;mo. 1 ~.iJ. tn ~ c9i:.::1.
Si.u ur.tll aJLi Sn en:u r11h Crr:runt'J I Londre'll: ~ fet huen . 1968J . 19-1· 195. Fl orença. G énova . Veneza. Ragusa, Nápoles e as cidade!> W. Cog;J oci:c:ru.al dJ. úp.;r.:... - õt2) ~ ~
\'er Bot; .... :r.a; .. ...\ po<i!I< de 1err.is por par'l e da lgr,:ja tinha estado a exp3.ndir-s.e no ptriodo da Contra- m ente em reg iões produtoras de ..-inho. ou aze i1e, ou lj - CTa..'TI tOC;H unpor-..xk.."l!il de e~ fQ" :nr. • i. q:x a
-Refomu f.!01 tocb :1 ltã..!ü: e condições espcciai " tinham le~· ado e'ita trndCncia mais longe no território veneziano do sua ofena local em inadeq uada ou não fi:h d C' o transporte loc.a.I por t.et!'3 eni n..'O A .1 prm..~ for-~ CJC'ldt:n-
q-Jc em q>J.J.lquer outto . .-\s corporações cc k si:í!!ttlc:u linham pamcipado en t u s i~ 1 i c am e n1 e co m as suas acumul ações ta is eram a Apúlia e a S i1..· íl ia. ambas controladas politicamente pcb,. rqtr.'..::i de Anpu. ~ ~ c::çiQC ·
c:specia.rs de C3p1u1 nos ;:randc.!> pro.~tos de: arrotc.:!menio da época.... Vtnice a11d Iht Dtftnsu. p. 343. tadores regulares: ma.e; o Mediterrâneo oc iden1aJ como um todo ~tt- cr.1 ~~xJ["~"U et1 ceem ~
250 Bn::Jdc l conc lui o seu rcl:u o )fibre a rel<1çfio emre as ch uvas e: a recessão com este comentário: "'T odo as cidJ..des impon ado ras r~ o rr i a m também constame ~ nte ao cnu.I .J.bu:lda:r....r e b;!..rz.:o 00 ~ .. \'ex.a
o Cn..'n;3 wxul d.J f~ . Ql.I( dommou o ~cu lo n~ S.C U.'i anos fina is. tem a sua verck!dcir.i on gem nesta instabilidade, apobva-sc. paniculanncnu:. nos een:ais. orien1ai'i: 11s s,u.t.'i co!óni.u do E~eiJ en.m ~ for..!L" bl de ...~
uhet ~UJ'i.te lige1n.. dls condições aL·nosféncas. faia hipó1esc é ava nçada no ex iremo limi1e da nossa prudência, menta, e: a república também im porta\'a reg ularmente cercais do Ei' i;ic.o . Ú.liUl... por..E;D. oo MM:'..atbeo
r.us ur.Ju de !!.Ct profe rida ... la .\ f;Ju'!rronit. 1. p. 2..iR . oriental um comê.reio mari1 imo de cereai'\ especialilado. compllcido C' nt.eCS..'3.Tla...:'!lC!lU: f:.c.\h~l Os lll'~ ~e::it:·
. .2:5 1. .. ~ão se pode escapar em 1~ o lado à impressão dum rec rudesci memo da doe nça fda malária] no zianos. ge no ve ~e s e ragusano\ eram gr.indes. fe11os para carrrµr a. su1 carp. ' 'oltnnOS.L e r-n.hnt:r:.t: rJ.o ~
~lo X\ L TaJ\'eZ porque o homem se aphcava ne!!t\e rc: mpo ao de'>t'nvolvimc nto do se u ve lho inimigo. as renas vam mais n ada ~ . The A,i:r nf Ruonnainancr. p. ~ J. ~
bz:i.u.s. ~odo o >éculo XVI. e mesmo o século XV. foi de procura de: terras adicionais. Onde é que era mais provável 255. • No Medi1crrânco as condições eram difc-rent1ts: por cau.Q do pc-ri~ COOSU..'1:...~ m::r~ :S...."\i ' •
t:=l.:or.Itl-la do que nas pl.m k1 e~ htirr.1da'i e de lc-rra ~i r.a? ~t.n nada é mai s pe rn ic ioso do que o revolver de terra corsári os argel inos. barcos gr.indes e armado~ er.lm indispcns.h'eis ncsU: Ve1. ( _) Coot'.dl. Aix.stcr'.....3o ~ii
mfeYMia. L J A coloou.ação mtema que pf0)5oCgui<i cm todo o lado no .\h:diterr::ineo no século XV I envo lvia um capcurar parte do comérc io medircrrãnico. devido às suas grandes t"C!'C'T"'l.S <k ccraJ .M...uws das IDO!o dt1' flnfi ÓJ
aho ~- L.. } EJe era patucu!aJTTl('nrc lho e m Itália_ Se C'ita ú/1ima falh o u na conquis ra de 1erras longínquas. ~cu lo XV I t~ d.a prime ira metade do sécul o XV II acon1cura.m SC"r tempos de eseb~.1 de e~~ hib. C' cm
fica."'ldo ~ fora dc!i:e t-r~nde rr.ovimen10. ruo ~r:i. entre ouua.s raLões. por4 ue andava ocupada com a conquista E.olpanha, ao passo que O!!i annaztn.s de Amesterdão CSLll\' :lJT\ bem atwl«ldos rom e~ C' tn,go r.-U r dJi i·
~.ma de~ a área culuvá\eJ .pela l~cnolog ia ent.Jo di~poníve l. de sdt: as plan íc ies inundadas aré aos cimos Prússia O ricnlal . de manei ra que os mercadores holanck!>Cs podiam obca gr:lJ1de.s llA...-rov. Van DtUc:n. Bn.=• ;;,.,.J.
das mor.ta:-.ha' ~ . B ~u&: I , ú1 Méduerrar.h. l. 59. Ver P. J. Jones. .. f'e r la Moria agrari a i1aliana ne l medio evo: th• Neth.rlands. li . p. 136.
hnamc-ru1 e prOOlemi .. , Rr. ma Uú nca llülüma. LXXV J. 2. Junho 196-i 307-308 Ver Parry, Camhr idKe. Ecorromic H isrory o/ fa.rO(H. fV. pp. 1SS-IS9. P';irr)' -.~i r.ws -.:ca C'CllSt-
de mcia.uz~;~~~;;:~~e~~ar 11"~--~fedilerr~o ~ria co~ toda a pr~babilidad~ sido muito ma is stria se o fluxo deração para 3 cau!o.a da escassez de cercais no Medilminc:o: •.A esc:al;i nui.·)Ç'2 dJs host·il ~ C!J"OO-Opíi:"..i:obs
A!s im, ~ fluru..,.~o do clima trifTI0~- _sse pro" idenciado me1~ de: pa~ame mo para as grandes compra'i de cereais. na década. de 1570 e a associação de Ve-oc.t.a com Esp~ desorg1nizaram namtiêm o romkno DOrn"'~ ik' ~
lt.d;; Eu . "-t" num do~ íactores qur ajudou a e!.palhar os e feitm do innuxo de metais por
lam~m ,:;: -~pan\41'> dt:> co~r~iCJ e da nave~ação, que 1jnha prosseguido de!.dc meados do séc ulo XV. deve
m~?to P~íl 0 ~ r:traqU:C~~~:: ef:i.tm da" '."•h _c~l~it.as. !'5o ob!l1ame. as mu danças cl imá1icas contribuíram
. 256. • Po r outru lado, a u[ens.ão do créd110 e.,13v:i. inu ~nte hgil\b ''~~
as:-oc1açõcs de mercado~s. cm JX>n os, mc rcl!.dos e fe iras por 1 ~ 1 Eu~pa. A xt1 'cb E
! =::-;::. .
e ao mesmo 1e-mpo aumen1ar.im a procura de \'Í\ercs pelas mari~ti:i.s. ei.tn.:m-s e ~u.ll'DJÇÕCi tp. 15ª!•- .

.! C'l'l\·ohidos nJ
,1

.\.fM~ do '"on.e .. l 'w:n.i rôm 5 O':.,Jª '>t \ m~dilenamrns em rela~·ào à11 nações q ue emergiam no At lântico e nos
n:
1
cc1ros de Géno va era um exemplo de rele"º · Es rabc lec1dos t' m ltál1 J. o ce .. tro ~K"KWU~ CJl\..ll~Yés dor. :at! a
2S J .. An~ .. ~orOC.:~~s~~~=nali~=~~1c llw or y J<e \·1ew: lll ._p. 44. _ . grande aven1ura atlântica da Espanhl. com ~g~nte.s po~ iodo º. conl ~te. eb fonm C' att".., A.lti.~"'C'I .ass;:n
d3 Y.JJ própna •gnc:i.:hura. :" alfa ocorre ~ se co::'.de 15 9 1J. 0 ."1ed itcmmco v1 ve- u esscnc1almeme d os produ1os m udança de l nfasc foi efect uada na econorma ~ntemx 1onal de Sul 3 r" orte ~ Et.~ C.vnbrl4e< ,\ fodt'rn llrn.,,... ,
Arne&ttrdJI>. ~J com o qu.o: lerá lugar ex:mivament pare com .º que s.e _dcsem·olve nos . Pafsc~ Ba_ü ws no ~a\O de: que prepararam o c.am inho pnra o extraordinário succ:"w da Hol!lllda•. Spooner. ·
urbanos nlo pan am a maa nineuém a tare! de ~·mas mais tarde, .na Inglaterra do li vrc -camb10. Os universos Ili, p. 3 1. a cbr m.11s azr~lr..1 C' rccu~ ao com&tlo
."i"it.l obstante. a importação de ce:caJ$ °:u~Mecer co_m PTO\'Jsõcs .... Araude l, la MMuerranlt, I. p. 387. . 257. - N uma ah ura. em que ou1n..." P":"cs da Europa esi;vamvencziaru Comc:t."00 1 ck\:'füw ,,....,,. aoois a,..,m
tr.dicou o pa,od qw. 0 uig.'> ~mpenhoo.J 03 e.x anüo ~:u. -~OJ d~ fa:=to Braudel que, junta"?Cnrc c~m Romano,
7~:~ ~) ~~e: 1~:~~: ~~=n;~:~:r;cc: = ~!:°~do~ H·nczi~ d1s actividsdel
11 1
rr. L1 omo. • Não e.!ltá a ascensão de L1vomo ligada ao seu

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n:kl foram JUl•>rizmlJ . egípcios e bfri os eram com frequência ínac-.:-.frci~. quer JlO!qt7. 12• .t..mi eJ;e. ~fri~m de~­
3 panicipar no ,·o im'rcio urbam>. Esrn tt•mll•nc ia vi u-se acent uada
panicul:un~nt t· n:i Tcrr:ifrnna 3 volta de Vt•ncza ''" '. ent re 1570 e 1630, tiuanJ~ ns in v.est i- casscz ou de vido a um estado de guerra com°" turcos=•.
don·s 1,x·ai s rc;i-..inMrJm 30 aumento dos pn'\'OS ai: rko l a~ e ;\ queda dos lucros 1~1d u stn a 1 s. Mai s amda, na medida em que e.iavam a rmpc.JfUr ettcaí\, rm 4 'Tl-1>0 ri~ p;me• con- -
No cntanio. apc.»a r .i,, aumen to ,13 produç:io. havia tome_. Pa ~c da exphcaçao para este <l ições de n egocia~ão e at'.avé s do \e u n val comcr~úl. ix hofa.~ PIJ!'que Are"'- tm1lo
facto ~'\ idl· num f:Ktllr 4 ul·. dn r o nto dt.• visra J o sist1:ma soc ial, e acidental e extcmo: um controlava as ex 1s 1~ nc1~~ bal!tcas de cerea11 e pod'.ª fomecé-Jo. a \eu p!o ::.· Ü1.t •.vium11
subito aumento JJ chll\ a e do frio nas últimas déc:1d:15 no s<'culn XV I. que levou a um aumento co nj unt ural da Ho lan_d a sobre o No11c da Itál ia pódc tram fomw .i.e cntJo em alw => ver·
d3.s tCITl!!o ~'an t..lllOSJS e por c,m:o;t•yuê ncia d!l malária m-• • O que se revelaria particularmente
11
manente devido aos vmculos. criados pela economia-mundo. SP'..«>a a>'1r..:iJ;i 0 ~J (!a, oov;u
~r:l' e d:iJt• yuc 3 l1:lli :1 ,·sta \'a a s0frcr j:i do seu aumenlO em rcsulud~ da ex tensão do cuhivo e sofi sti cadas técnicas de credt10 - endosso de letra.\ de cám ·0 . paun dt ricr.rJ.:J < ~:iu Íorn';a
de t...rr.b m' procc' """, de l'<'loniz.:1,·jo in tema 1-=--~ 1 ;. Ainda assim. poder-se-ia pensar que uma região de créd ito a c urto prazo) e banc~s públicos -que e11av·am. !od.11 ela1. a err.er ., p:eciu.-nentt
1
com 1.1! qu;m1idadc de nic 1~i s prt•cio<os pode ria ter importado trigo. Isto parece ter acontecido nessa altura . Este s istema de credito era tntemacional. e com 0 corr.~ do &o:!:. 00 S<mt
em cena nwdid:i. o suficiente para ,·spalhar os d eilOs da fom e. criando escassez no utros luga- da Itália o foco destas ac11v1dades deslocou -se snn zpelo nem zgrno '""" ' . pois os fou.~
rn .:•: .mas não o suficiente. aparentemente. para manter uma boa base agrícola para a pro- -mercadores sal varam-se a s1 mesmos. cm Génova como llO'Jttos fugarõ, san ~ ....nhll:u
dução industrial. Porque n !io ·~ Pode supor-se que os novos grandes prod utores agríco las (tais preocupações com lealdades geográficas.
comoº' mosteiros) n3o empresta,·am o seu peso político à expansão das importações de Mas. e a indústria? Porvent ura não era o J'\orte da Iú lia um cern-0 inc! "1al_ cm~
c-ere.'.li- '~' ". Havia.. evidentemente. o factor custo. Os cereais bálticos estavam longe. e os cereais iro in dustria l a que se ti nha infundido nova vida, es pecialT.Cnte em Verteza? J_H. ElJion men-
ciona no vos investimentos entre 1560 e 16(X) e um momento dt copoJknto esp!Cldt:;r. =._ A
~J 9 . •A r.u..io fun...bmental (p:ir.1 esu \'iragem ] devem ser St:guramente os proveitos que os venezianos
e-s:pen.' '1lil obl('! d.J terra. (...l Um incentivo inicia l foi provavelmente o exemplo dos proveitos obtidos pelos pape l crescente como porto de tri go? A grande fome ~ 1591 e o mr.llla de D'l~ •r?:.t.» do~..(' <- 1
rni."1des. rno4C"1fQf.. .1tTJ vei. do arrole:L"Tl(nl o de te rra s já no séc ulo XV.( ... ) cremo s. o ma ior pon lo de \' iragem•. Femand Braudd e Rugpcro Romx:ic., Nnuu n ~~~U'i r,-cru
O pcncJo rruci:!.I de mudança pan activ id.ldes íundianas parece se r entre J570 e 1630, quando as possessões du Porl de l frmm1e r154 7-1 6 11 J (Paris: lib. Armand Coltn. 1951 ;. .!;_
Vtnc'ZÍ.lllJ..\ al:JTIC' r.Llr4..'71 pron' elmcmc: 35c:< - . S. J. Woolf. .. \Ienice and the Terraíerma: Problems of 1hc Changc 254. Qu.10 imponanrc t esle corte do U:vanie Cor.KJ font e de ;~111 é l!".:::.aó:J ;:da~ tµ:' J_H.- -
from Commrn: 1i l 10 Landed ...\rn' itle"S•. in Brian Pull:in. rd .. CriJi.r and Change in tlrl' \lt>ntrian Econnmy in rht Parry fa z da situação no séc ulo XV: · 1'o Oc ickn1e. mais. popd~ e mcilt.'l\ proê.;mo. 1 ~.iJ. tn ~ c9i:.::1.
Si.u ur.tll aJLi Sn en:u r11h Crr:runt'J I Londre'll: ~ fet huen . 1968J . 19-1· 195. Fl orença. G énova . Veneza. Ragusa, Nápoles e as cidade!> W. Cog;J oci:c:ru.al dJ. úp.;r.:... - õt2) ~ ~
\'er Bot; .... :r.a; .. ...\ po<i!I< de 1err.is por par'l e da lgr,:ja tinha estado a exp3.ndir-s.e no ptriodo da Contra- m ente em reg iões produtoras de ..-inho. ou aze i1e, ou lj - CTa..'TI tOC;H unpor-..xk.."l!il de e~ fQ" :nr. • i. q:x a
-Refomu f.!01 tocb :1 ltã..!ü: e condições espcciai " tinham le~· ado e'ita trndCncia mais longe no território veneziano do sua ofena local em inadeq uada ou não fi:h d C' o transporte loc.a.I por t.et!'3 eni n..'O A .1 prm..~ for-~ CJC'ldt:n-
q-Jc em q>J.J.lquer outto . .-\s corporações cc k si:í!!ttlc:u linham pamcipado en t u s i~ 1 i c am e n1 e co m as suas acumul ações ta is eram a Apúlia e a S i1..· íl ia. ambas controladas politicamente pcb,. rqtr.'..::i de Anpu. ~ ~ c::çiQC ·
c:specia.rs de C3p1u1 nos ;:randc.!> pro.~tos de: arrotc.:!menio da época.... Vtnice a11d Iht Dtftnsu. p. 343. tadores regulares: ma.e; o Mediterrâneo oc iden1aJ como um todo ~tt- cr.1 ~~xJ["~"U et1 ceem ~
250 Bn::Jdc l conc lui o seu rcl:u o )fibre a rel<1çfio emre as ch uvas e: a recessão com este comentário: "'T odo as cidJ..des impon ado ras r~ o rr i a m também constame ~ nte ao cnu.I .J.bu:lda:r....r e b;!..rz.:o 00 ~ .. \'ex.a
o Cn..'n;3 wxul d.J f~ . Ql.I( dommou o ~cu lo n~ S.C U.'i anos fina is. tem a sua verck!dcir.i on gem nesta instabilidade, apobva-sc. paniculanncnu:. nos een:ais. orien1ai'i: 11s s,u.t.'i co!óni.u do E~eiJ en.m ~ for..!L" bl de ...~
uhet ~UJ'i.te lige1n.. dls condições aL·nosféncas. faia hipó1esc é ava nçada no ex iremo limi1e da nossa prudência, menta, e: a república também im porta\'a reg ularmente cercais do Ei' i;ic.o . Ú.liUl... por..E;D. oo MM:'..atbeo
r.us ur.Ju de !!.Ct profe rida ... la .\ f;Ju'!rronit. 1. p. 2..iR . oriental um comê.reio mari1 imo de cereai'\ especialilado. compllcido C' nt.eCS..'3.Tla...:'!lC!lU: f:.c.\h~l Os lll'~ ~e::it:·
. .2:5 1. .. ~ão se pode escapar em 1~ o lado à impressão dum rec rudesci memo da doe nça fda malária] no zianos. ge no ve ~e s e ragusano\ eram gr.indes. fe11os para carrrµr a. su1 carp. ' 'oltnnOS.L e r-n.hnt:r:.t: rJ.o ~
~lo X\ L TaJ\'eZ porque o homem se aphcava ne!!t\e rc: mpo ao de'>t'nvolvimc nto do se u ve lho inimigo. as renas vam mais n ada ~ . The A,i:r nf Ruonnainancr. p. ~ J. ~
bz:i.u.s. ~odo o >éculo XVI. e mesmo o século XV. foi de procura de: terras adicionais. Onde é que era mais provável 255. • No Medi1crrânco as condições eram difc-rent1ts: por cau.Q do pc-ri~ COOSU..'1:...~ m::r~ :S...."\i ' •
t:=l.:or.Itl-la do que nas pl.m k1 e~ htirr.1da'i e de lc-rra ~i r.a? ~t.n nada é mai s pe rn ic ioso do que o revolver de terra corsári os argel inos. barcos gr.indes e armado~ er.lm indispcns.h'eis ncsU: Ve1. ( _) Coot'.dl. Aix.stcr'.....3o ~ii
mfeYMia. L J A coloou.ação mtema que pf0)5oCgui<i cm todo o lado no .\h:diterr::ineo no século XV I envo lvia um capcurar parte do comérc io medircrrãnico. devido às suas grandes t"C!'C'T"'l.S <k ccraJ .M...uws das IDO!o dt1' flnfi ÓJ
aho ~- L.. } EJe era patucu!aJTTl('nrc lho e m Itália_ Se C'ita ú/1ima falh o u na conquis ra de 1erras longínquas. ~cu lo XV I t~ d.a prime ira metade do sécul o XV II acon1cura.m SC"r tempos de eseb~.1 de e~~ hib. C' cm
fica."'ldo ~ fora dc!i:e t-r~nde rr.ovimen10. ruo ~r:i. entre ouua.s raLões. por4 ue andava ocupada com a conquista E.olpanha, ao passo que O!!i annaztn.s de Amesterdão CSLll\' :lJT\ bem atwl«ldos rom e~ C' tn,go r.-U r dJi i·
~.ma de~ a área culuvá\eJ .pela l~cnolog ia ent.Jo di~poníve l. de sdt: as plan íc ies inundadas aré aos cimos Prússia O ricnlal . de manei ra que os mercadores holanck!>Cs podiam obca gr:lJ1de.s llA...-rov. Van DtUc:n. Bn.=• ;;,.,.J.
das mor.ta:-.ha' ~ . B ~u&: I , ú1 Méduerrar.h. l. 59. Ver P. J. Jones. .. f'e r la Moria agrari a i1aliana ne l medio evo: th• Neth.rlands. li . p. 136.
hnamc-ru1 e prOOlemi .. , Rr. ma Uú nca llülüma. LXXV J. 2. Junho 196-i 307-308 Ver Parry, Camhr idKe. Ecorromic H isrory o/ fa.rO(H. fV. pp. 1SS-IS9. P';irr)' -.~i r.ws -.:ca C'CllSt-
de mcia.uz~;~~~;;:~~e~~ar 11"~--~fedilerr~o ~ria co~ toda a pr~babilidad~ sido muito ma is stria se o fluxo deração para 3 cau!o.a da escassez de cercais no Medilminc:o: •.A esc:al;i nui.·)Ç'2 dJs host·il ~ C!J"OO-Opíi:"..i:obs
A!s im, ~ fluru..,.~o do clima trifTI0~- _sse pro" idenciado me1~ de: pa~ame mo para as grandes compra'i de cereais. na década. de 1570 e a associação de Ve-oc.t.a com Esp~ desorg1nizaram namtiêm o romkno DOrn"'~ ik' ~
lt.d;; Eu . "-t" num do~ íactores qur ajudou a e!.palhar os e feitm do innuxo de metais por
lam~m ,:;: -~pan\41'> dt:> co~r~iCJ e da nave~ação, que 1jnha prosseguido de!.dc meados do séc ulo XV. deve
m~?to P~íl 0 ~ r:traqU:C~~~:: ef:i.tm da" '."•h _c~l~it.as. !'5o ob!l1ame. as mu danças cl imá1icas contribuíram
. 256. • Po r outru lado, a u[ens.ão do créd110 e.,13v:i. inu ~nte hgil\b ''~~
as:-oc1açõcs de mercado~s. cm JX>n os, mc rcl!.dos e fe iras por 1 ~ 1 Eu~pa. A xt1 'cb E
! =::-;::. .
e ao mesmo 1e-mpo aumen1ar.im a procura de \'Í\ercs pelas mari~ti:i.s. ei.tn.:m-s e ~u.ll'DJÇÕCi tp. 15ª!•- .

.! C'l'l\·ohidos nJ
,1

.\.fM~ do '"on.e .. l 'w:n.i rôm 5 O':.,Jª '>t \ m~dilenamrns em rela~·ào à11 nações q ue emergiam no At lântico e nos
n:
1
cc1ros de Géno va era um exemplo de rele"º · Es rabc lec1dos t' m ltál1 J. o ce .. tro ~K"KWU~ CJl\..ll~Yés dor. :at! a
2S J .. An~ .. ~orOC.:~~s~~~=nali~=~~1c llw or y J<e \·1ew: lll ._p. 44. _ . grande aven1ura atlântica da Espanhl. com ~g~nte.s po~ iodo º. conl ~te. eb fonm C' att".., A.lti.~"'C'I .ass;:n
d3 Y.JJ própna •gnc:i.:hura. :" alfa ocorre ~ se co::'.de 15 9 1J. 0 ."1ed itcmmco v1 ve- u esscnc1almeme d os produ1os m udança de l nfasc foi efect uada na econorma ~ntemx 1onal de Sul 3 r" orte ~ Et.~ C.vnbrl4e< ,\ fodt'rn llrn.,,... ,
Arne&ttrdJI>. ~J com o qu.o: lerá lugar ex:mivament pare com .º que s.e _dcsem·olve nos . Pafsc~ Ba_ü ws no ~a\O de: que prepararam o c.am inho pnra o extraordinário succ:"w da Hol!lllda•. Spooner. ·
urbanos nlo pan am a maa nineuém a tare! de ~·mas mais tarde, .na Inglaterra do li vrc -camb10. Os universos Ili, p. 3 1. a cbr m.11s azr~lr..1 C' rccu~ ao com&tlo
."i"it.l obstante. a importação de ce:caJ$ °:u~Mecer co_m PTO\'Jsõcs .... Araude l, la MMuerranlt, I. p. 387. . 257. - N uma ah ura. em que ou1n..." P":"cs da Europa esi;vamvencziaru Comc:t."00 1 ck\:'füw ,,....,,. aoois a,..,m
tr.dicou o pa,od qw. 0 uig.'> ~mpenhoo.J 03 e.x anüo ~:u. -~OJ d~ fa:=to Braudel que, junta"?Cnrc c~m Romano,
7~:~ ~) ~~e: 1~:~~: ~~=n;~:~:r;cc: = ~!:°~do~ H·nczi~ d1s actividsdel
11 1
rr. L1 omo. • Não e.!ltá a ascensão de L1vomo ligada ao seu

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opulência, no entanto. não durou . De área industrial das mais avançadas da Europa em 1600, dos o s cust?s d a m ão-de-obra. o~ irnpo~to 5 cMatais eram com . . 1.
a Itália do Nonc passou a ser uma região agríco la deprimida cerca de 1670. Sugerimos já que nos produziam p~ra um mercado de qualidade. Out r0<; aparccc~~~:arr~n.1e al~~-'h 1ta.1ia -
a prosperidade era enganosa. Domenico Se11a diz. acerca da prosperidade económica de Veneza e de maior color_1do; m e nos duradouro~. de qualidade inferior , rna\ m_tecíd~ m&J\ ligemx
em fin s do século XVI, que ela não pode «OCUitar o facto de que a base sobre que se apoiava do éxito mdustnal moderno revelava-se precocemente . Quand<i a r~J\ bar 4 <1A_O M:gredo
era um t.u no mai estreita que no passado e que. por conseguinte, a sua economia se tinha inte rferiu também no mercado alemão, dcu-~e 0 d••··' . <um a d<A 1 nma AnlYI
. . . • -~ ·,tre . queda da produç" de .
· tomado um tan to mai s vulnerável• '"''· Existem aqui duas considerações fundamentais . Uma de sinvestlm~n.to de c~p1tal, em1graçao da~ indú; tria' para as área.s n:rai\ ~ .tet:Jd<rl,
é a perda da Inglaterra e ela França como clientes. por causa do aparecimento das suas próprias c ustos grcm1~1~ da mao-de-obra e ao cobrador de impo<;to~. Uma veL ~a~~ c~apu ~
indústrias textei s. Daí que o mercado se reduzisse agora mais ou menos ao Norte da Itália e à eram c o mpetitivas . foram morrendo " •I•. . · que ai. mdu ~rna~ n:oo
Alemanha. A seg und:i é que o rranspone marítimo estava cada vez mais nas mãos de navios
, Pode ria o Norte de Itália_ ter tido. pelo menos . o papel do None dos f'aí<,.e<, Bau.1X' : '
não venc1janos. Como diz Cario Cipoll a: «A totalidade da estrutura económica do país era poss1vel , mas provavelmente nao havia lugar para ambo<, e H d ·E
excessivamente depende nte da sua capacidade de vender no exterior uma alta proporção dos f _ _ a o1an a estan me!h<.J!' equf-
pad~ par~~ tare ª: por u~ rnonlao de razoes, do que Veneza. \1ilào 00 Gén<J•a. T1ír>- """°
·
:i.nigos m:mu fac turados e dos serviços que podia oferecer» " 59 '.
Que quer dize r ser demasiado dependente da venda de bens manufacturados? Em última
pod,'~ a !~alia seguir o cammho da l?glaterr~ e da França. entre outras C-OÍ..a; por falta de 1 ;,rl,e !
po lil!ca '- '. Quando a peste,aun~1u a It~h a em 1630'""'. reduziu a pressão wbre a ofc.na <!e
63
inst:incia. o segredo do êx ito das áreas do centro duma economia-mundo é que trocam as suas
m anu facruras pelas matérias-primas das áreas periféricas. Mas esse quadro tão simples deixa alimentos, mas elevou também amda mai s os salários. Esta foi a úhima gota. o Nort~ de l.tilti
de fora dois factores : a capacidade político-económica em manter baixos os preços das
importações de matérias-primas (que. corno argumentámos. era mais possível para o s Países verdade an1es da era indu ~tria l. Era entào que a.s fábrica.s. isto é. a !ílXiaçôc:s d .. ltJ.hi'ha.dore\ _
BaL<os do que para o Norte da Itália), e a capacidade de concorrer nos mercados dos países do dc ic rminado loca l sob ~upcrv isão directa. eram usadas apena.~ naque ~ e ~ ra.~ . j :~ .nu--n ...

centro com os produtos manufacturados doutros países do centro. c ial. como e~ al g un <t art igos de luxo. ou aquc:lcli c uja pcrfciçii.o w 1 al tarm"ntc e~im:~·;; ~.O: :;a. ~
ou onde ha via a lgu m outro probl ema que requeresse um cle\'ado grau de con trolo Tal en 0 Jl;..~ •
A hi stóri a. aqui . era bastan te simples. Enquanto os holandeses podiam vender mais
b:irato que os ingleses em Inglaterra. os italianos. em comparação, tinham prov'a velrnente preços
produc.-·ão de corda. CcordoariaJ na Venci.a do ~cuia XVJ , em q ue o Ser.ado \(' ~H =··~K;;.~!
no~sJ ~ g_al é!. e navHJ'. do m esmo. m cxlo que com os nos!>OS marinhei ros e caj'ÍuJ... Além dis.WJ. 0 Ser~ r. con-
·
demas iado al tos '""'. e estavam antiquados ' 261'. As corporações italianas mantinham eleva- fiava uma ta l cm~resa ª.mãos pr1\·ad~s . A declaração do Sena~ é citadJ por Fredcnc ~"K ern •Th:- Ropt" FacGOr)
and Hemp Trnde m lhe F1f1eenthand S1xrecnth Centuries .... in Vemu and lfütory fBah ifl')l'..xe, MV)!ol.~ ~ fohn-. fk'f*i:m.
Prcss. 1966). 270.
~.ríti!nas para ::1c-1ivi~~s c~nt~ ne~~s. Aqui ele era us ado, não no comércio, mas para a aquisição de terra e . 262 . ... Q~ando um país c~tá na posição infe liz em que a IL1!ia se cnconm ... a no começo oo !oén:!.o XVJL
P.:rrJ a _mom.a~em d:! uma mdustna _tex u l de grande escala capaz de competir com suces.!.o co m as indústrias têxteis m ai s c~do o u ma is ta rde um certo nún:ic ro de forças, quer n.a1urai~ quer mdtw d:'.J:.;.. cr.tr.1 em c;rna ~.,, p!O\••)C-Jlf
da~táh:i do .S an: e _dos_ Paises Baixos. prej udicadas ambas com as g uerras europeias . Esta política. pelo menos a um reaJ.ustamcnto. O s passos necessános para corrigi r o dc~u i librio pod<:m ~r , mados.: de~, ol ... imem d('
rur:o praz.o. pr~u.zrn ncas ~compensas . _P~lo resto d~ séc ul o. ( ... ) [Vene1..aJ regalou-se num esplendor opulento no vos ti po~ de produção, proc ura de novos mercados. desencorajamento de ceno-, l !JXI' de cor;w:mo. 2.ba.tu..'"nl:r.to
:~ ~h~;~~ pareu r que os dias d.l sua glon a passada tmham miraculosamenle \'Ditado•. ElliotL Europe Divided,
8 da re lação e ntre o n í~·e l de preços domésticos e o nível de preço-\ mundiJJ. e a lii~im pr:x J :ank. Se um ~í\ é ca;::u dr
dese nvolver novos li po"' de produção o u explorar novos rnercad~. ele prJdi:. falando dum2 m.:me·u a 2cnL fT""..t."n.er
C _2..58: n:ome~ico Seita . ., C:ris.is an.d Transfonnation in Vene1 ian Trade l!o, in Brian Pullan. ect .• Crisis anti 1a n10 o !te u ní vel de empre go como o seu padrão de \'ida. ,\ não ~er a_s~ im ck tem roturalmemc de coc.f~-s.t: Ca!'..
ll<lllge '~/;'" \ entt;an E_conomy rn rhe St._rrunth a11d Se\·enteenrJr Cenruries {Lo ndres : Methuen. 1968), 90. uma. red uçiio dr;h tic<J do seu nível de vida e. mui ro prova vclmcme . do seu ní,·d &! cmprc! O•. CipoUa. [w~..,,,..u
Re..,,., V'~- ~~-'~ ~ 18~~~11 ~ •The Dec!me.of l<aly: The Case of a Fully Matured Economy., Econnmic flistory lli.trory Rel'iew. V, pp. 186- 187.
• · - ·. =>- . · sto e \erdade não apen as para Veneza, mas para Milão rambém Ver Ci lia Mou E. J. Ho b-,bawm duvid.i que fosse pct\Sívcl à Itália do ~one le r fen o de outro mocb: .. o ~··diJuo d:.l lúl~
~r:;~~c'"cº~~;'~eI, ~~~~-;~(,~~ d:1al~es de:.1~ declínio de Veneza estão admirave\men1e e.:<presso~o ~im~ (. .. }i lustra a fraqueza do "capitalismo" parasirário num mundo fe udal . Assim. Oi it:s li ilOO'"< rlo stc.uk> XVI axnmta.-
Aui dei Corn·e ,1 ~ - . " -' - 1. t 20. _AJpem e cau se de/la ~ecaden:a economica l'eneziana nel seco/o XVII. ,.am pro vave lmente a~ mai orc!'I concentrações de capital. mas in,·c~tiam-rua.s Oagraruememe mal cm ed:fu:~ ~ do­
1
.
260. ·~ ~.';.( ~: ~:7:~ ::i't~ :e~~~ CVcne ..a-R~ma: .lst1 ruto per la Collaborazio ne Culturale. 1961).
0 7 pcrdiçaram -naç, em c mpréM imos ao esLrangeiro durante a revolução dm preço' ío qJ..'C ia ..·or enu n.atun.i:ne%t' O'\
lizna. Ver .. Th~ Cri ~is of lhe Sc,·e-n~..... th C ado qu~to a validade d'! Me argu~_en_t o ace rca da alta dos preços ita- devedores), o u desv iaram-nas de ac:fr"to·idades manufactureiras para fonnas divc ru~ de líl\'Cíol.Jmento imot\\h~r.o. ( __ )
Rout.ledge & fo\i!g:mPaul 1%5) ICJ B. n '. emury ". rn T rnor Asto n. ed., Crms m E11rope, 1560- 1660 (Londres: Ma~ os invc s tido re i italianm . que tinham de há muito consciência de que ca1edr;,i1.,, dcmas L.ido r:ranOC\ ~]Udic:.a­
in Cormneni,il Cns1.S a~ Ch~~ ·. ~'T} /Su pple forn ece c oniudo al!!uns dados con firm at ivos da hipó1e se de Cipolla v~rn OS negócios. e stavam a agir muito sensatamente. A c:\pcriênc1a de séculQ\ tinha m0<.tr.1doquc l u.;:~ !"lll!) ekni:~
1 59-l ~J. Vcrrambém aeAplit:açJ:~; R:: 7;~ ~r:~~~ ()..ll íLondre_~ : Nova lorqu~ : Cambridge ~niv. Pres~. 1959). nao ~e obti nham com o progresso técnico ou mesmo na produção.{ ... ) Se ga.. tavam p:i rn..ic' quanLx!adcs de ca.paal
ap6'5 l::i70: .. fA ?-1lftica de ~mpréstimoç,~:,ua constru ~~r<1-odech.n10daconstruç:.ionaval 1r·enez1ana:cspcc1almcntc de modo não produtivo, pode ter sido !-.implcç,mcnte porque não tinham maii. onde 1nve-.tH & forma Pfogres.s1v•
~suletro~ \Cfü.· ~i.a.nos. alto s em com paração com os d; n:3"º ~li1 contrabalançar os altos preços im~stos pelos
~:op~ Se1cnt:onaJ • . "'La marine marchande véni 1 ie nn~º:~irutª? ~~va i e~ qualquer ou1ro lado, c spcc1almente na
numa e sca la qualquer dentro d os lim ites do ··~ cl or capitalista". ( ...J A o pan'ào gcnnah1~ do\ fnun. do s.êc-.J~
XVI( ... ) e as exigê ncia~ subita memc dilatada~ d~ grandes monarquia!-. ab'!oo h.itaJ. qut L·on t; Jvam cm JU.'Tt'I~ pn-
J his~utrt" marir1mt: en Eumpe, tfu Mown Age au XVlJI• . . ·/ X
1 s iecle ... m M. Mollat et ai.• eds .• Us sourus de vados , e 0 lu:<o sem preceden1e~ da.~ suas ari s1oc racias . adiaram os mau!i. dia!o>. Cruu 1r1 fJJ' l'P'· P'1 18- 1<1. .
CPans: S.E.V.P.E.N.. 1% 2i. p. 46. · 51
" ' · Acies du IV• Colloque ln1ema1ional d'Histoire Maritime _ . 263. Aminto rc Fanfani faz desta a prime ira. se bem q ue não a únic.a, CJ.phc:.ção ~f'l lHk:climo : .. En; ldha
nao h~v i ~ ou1ra JX><>sibilidadc se não prix:urar- sc refúgio na agricultura. e ror outr~ 1 ladu eles n;lo r-.lden.~ tu-..kl ~
~·m enos a~~!;á:~ ~'~~c::~~r:~~:: ~o N~rte era devido a doi s factorcs : cu stava menos e a sua qualidade talvez de~adcncia por causa da falta de rrCs coilias: l 1) faha dum g.rande me rcado uni!íno 00 d úrTU fo ne Jc ndé-~ 12 pau •
ES. C., XII, p. 39. cnez1anos, res pondia melhor às nova." exigências da moda•. Seita. Ànnalts unificação: (2) a ausência da Itália no grande mov imenm da upanr.!io _o cdmc.i curO{X"t'1: (3 ) fai?ll dum imporwnc;
. . C?e'·e~ lembrar-nos que trabalho de ua/idad . . .Progrnma eco nó mico adequado às necessidade!. rcai li da eco nomi a ita ha n:l- . StN:u dd lawu o, P: "'8..
mdu n na hzado. N uma época em que o trabalho b ·1 ~ no j sé~u lo XVI significava mais, e nào menos, trabalho 264. A severidade da pc3tc é indicada pelo seu im pac10 n:i j'OPU\ação: • AS grd!\.-:k:s cpiticmi:a.,, de: 16 W c
como '1rtesanato artístico para um mercado especi:li~:~ r:S:1ado à produçã~ m~s iva. e oartesanato sobrevive 1657 cancelaram os ganhos do período 1580- 1629 e 163 1-.15 e lfouxeram a popul><;io oulmu dt: ':°'~ª r.f~ cl dos "°
• q um esforço de tmagmaçào pensar que o oposto tra cerca de 1t milhões•. Cario M. Cipolla, •four Ccn1uries of ll•lian O.mograph.: Developmcnl •. m D. V. Gim .li
D. E. C. Eversley, eds.. Popu/atinn in /listory (Londres: Arnold. 1%51. 573.
'2)8J
1:
ttr !
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opulência, no entanto. não durou . De área industrial das mais avançadas da Europa em 1600, dos o s cust?s d a m ão-de-obra. o~ irnpo~to 5 cMatais eram com . . 1.
a Itália do Nonc passou a ser uma região agríco la deprimida cerca de 1670. Sugerimos já que nos produziam p~ra um mercado de qualidade. Out r0<; aparccc~~~:arr~n.1e al~~-'h 1ta.1ia -
a prosperidade era enganosa. Domenico Se11a diz. acerca da prosperidade económica de Veneza e de maior color_1do; m e nos duradouro~. de qualidade inferior , rna\ m_tecíd~ m&J\ ligemx
em fin s do século XVI, que ela não pode «OCUitar o facto de que a base sobre que se apoiava do éxito mdustnal moderno revelava-se precocemente . Quand<i a r~J\ bar 4 <1A_O M:gredo
era um t.u no mai estreita que no passado e que. por conseguinte, a sua economia se tinha inte rferiu também no mercado alemão, dcu-~e 0 d••··' . <um a d<A 1 nma AnlYI
. . . • -~ ·,tre . queda da produç" de .
· tomado um tan to mai s vulnerável• '"''· Existem aqui duas considerações fundamentais . Uma de sinvestlm~n.to de c~p1tal, em1graçao da~ indú; tria' para as área.s n:rai\ ~ .tet:Jd<rl,
é a perda da Inglaterra e ela França como clientes. por causa do aparecimento das suas próprias c ustos grcm1~1~ da mao-de-obra e ao cobrador de impo<;to~. Uma veL ~a~~ c~apu ~
indústrias textei s. Daí que o mercado se reduzisse agora mais ou menos ao Norte da Itália e à eram c o mpetitivas . foram morrendo " •I•. . · que ai. mdu ~rna~ n:oo
Alemanha. A seg und:i é que o rranspone marítimo estava cada vez mais nas mãos de navios
, Pode ria o Norte de Itália_ ter tido. pelo menos . o papel do None dos f'aí<,.e<, Bau.1X' : '
não venc1janos. Como diz Cario Cipoll a: «A totalidade da estrutura económica do país era poss1vel , mas provavelmente nao havia lugar para ambo<, e H d ·E
excessivamente depende nte da sua capacidade de vender no exterior uma alta proporção dos f _ _ a o1an a estan me!h<.J!' equf-
pad~ par~~ tare ª: por u~ rnonlao de razoes, do que Veneza. \1ilào 00 Gén<J•a. T1ír>- """°
·
:i.nigos m:mu fac turados e dos serviços que podia oferecer» " 59 '.
Que quer dize r ser demasiado dependente da venda de bens manufacturados? Em última
pod,'~ a !~alia seguir o cammho da l?glaterr~ e da França. entre outras C-OÍ..a; por falta de 1 ;,rl,e !
po lil!ca '- '. Quando a peste,aun~1u a It~h a em 1630'""'. reduziu a pressão wbre a ofc.na <!e
63
inst:incia. o segredo do êx ito das áreas do centro duma economia-mundo é que trocam as suas
m anu facruras pelas matérias-primas das áreas periféricas. Mas esse quadro tão simples deixa alimentos, mas elevou também amda mai s os salários. Esta foi a úhima gota. o Nort~ de l.tilti
de fora dois factores : a capacidade político-económica em manter baixos os preços das
importações de matérias-primas (que. corno argumentámos. era mais possível para o s Países verdade an1es da era indu ~tria l. Era entào que a.s fábrica.s. isto é. a !ílXiaçôc:s d .. ltJ.hi'ha.dore\ _
BaL<os do que para o Norte da Itália), e a capacidade de concorrer nos mercados dos países do dc ic rminado loca l sob ~upcrv isão directa. eram usadas apena.~ naque ~ e ~ ra.~ . j :~ .nu--n ...

centro com os produtos manufacturados doutros países do centro. c ial. como e~ al g un <t art igos de luxo. ou aquc:lcli c uja pcrfciçii.o w 1 al tarm"ntc e~im:~·;; ~.O: :;a. ~
ou onde ha via a lgu m outro probl ema que requeresse um cle\'ado grau de con trolo Tal en 0 Jl;..~ •
A hi stóri a. aqui . era bastan te simples. Enquanto os holandeses podiam vender mais
b:irato que os ingleses em Inglaterra. os italianos. em comparação, tinham prov'a velrnente preços
produc.-·ão de corda. CcordoariaJ na Venci.a do ~cuia XVJ , em q ue o Ser.ado \(' ~H =··~K;;.~!
no~sJ ~ g_al é!. e navHJ'. do m esmo. m cxlo que com os nos!>OS marinhei ros e caj'ÍuJ... Além dis.WJ. 0 Ser~ r. con-
·
demas iado al tos '""'. e estavam antiquados ' 261'. As corporações italianas mantinham eleva- fiava uma ta l cm~resa ª.mãos pr1\·ad~s . A declaração do Sena~ é citadJ por Fredcnc ~"K ern •Th:- Ropt" FacGOr)
and Hemp Trnde m lhe F1f1eenthand S1xrecnth Centuries .... in Vemu and lfütory fBah ifl')l'..xe, MV)!ol.~ ~ fohn-. fk'f*i:m.
Prcss. 1966). 270.
~.ríti!nas para ::1c-1ivi~~s c~nt~ ne~~s. Aqui ele era us ado, não no comércio, mas para a aquisição de terra e . 262 . ... Q~ando um país c~tá na posição infe liz em que a IL1!ia se cnconm ... a no começo oo !oén:!.o XVJL
P.:rrJ a _mom.a~em d:! uma mdustna _tex u l de grande escala capaz de competir com suces.!.o co m as indústrias têxteis m ai s c~do o u ma is ta rde um certo nún:ic ro de forças, quer n.a1urai~ quer mdtw d:'.J:.;.. cr.tr.1 em c;rna ~.,, p!O\••)C-Jlf
da~táh:i do .S an: e _dos_ Paises Baixos. prej udicadas ambas com as g uerras europeias . Esta política. pelo menos a um reaJ.ustamcnto. O s passos necessános para corrigi r o dc~u i librio pod<:m ~r , mados.: de~, ol ... imem d('
rur:o praz.o. pr~u.zrn ncas ~compensas . _P~lo resto d~ séc ul o. ( ... ) [Vene1..aJ regalou-se num esplendor opulento no vos ti po~ de produção, proc ura de novos mercados. desencorajamento de ceno-, l !JXI' de cor;w:mo. 2.ba.tu..'"nl:r.to
:~ ~h~;~~ pareu r que os dias d.l sua glon a passada tmham miraculosamenle \'Ditado•. ElliotL Europe Divided,
8 da re lação e ntre o n í~·e l de preços domésticos e o nível de preço-\ mundiJJ. e a lii~im pr:x J :ank. Se um ~í\ é ca;::u dr
dese nvolver novos li po"' de produção o u explorar novos rnercad~. ele prJdi:. falando dum2 m.:me·u a 2cnL fT""..t."n.er
C _2..58: n:ome~ico Seita . ., C:ris.is an.d Transfonnation in Vene1 ian Trade l!o, in Brian Pullan. ect .• Crisis anti 1a n10 o !te u ní vel de empre go como o seu padrão de \'ida. ,\ não ~er a_s~ im ck tem roturalmemc de coc.f~-s.t: Ca!'..
ll<lllge '~/;'" \ entt;an E_conomy rn rhe St._rrunth a11d Se\·enteenrJr Cenruries {Lo ndres : Methuen. 1968), 90. uma. red uçiio dr;h tic<J do seu nível de vida e. mui ro prova vclmcme . do seu ní,·d &! cmprc! O•. CipoUa. [w~..,,,..u
Re..,,., V'~- ~~-'~ ~ 18~~~11 ~ •The Dec!me.of l<aly: The Case of a Fully Matured Economy., Econnmic flistory lli.trory Rel'iew. V, pp. 186- 187.
• · - ·. =>- . · sto e \erdade não apen as para Veneza, mas para Milão rambém Ver Ci lia Mou E. J. Ho b-,bawm duvid.i que fosse pct\Sívcl à Itália do ~one le r fen o de outro mocb: .. o ~··diJuo d:.l lúl~
~r:;~~c'"cº~~;'~eI, ~~~~-;~(,~~ d:1al~es de:.1~ declínio de Veneza estão admirave\men1e e.:<presso~o ~im~ (. .. }i lustra a fraqueza do "capitalismo" parasirário num mundo fe udal . Assim. Oi it:s li ilOO'"< rlo stc.uk> XVI axnmta.-
Aui dei Corn·e ,1 ~ - . " -' - 1. t 20. _AJpem e cau se de/la ~ecaden:a economica l'eneziana nel seco/o XVII. ,.am pro vave lmente a~ mai orc!'I concentrações de capital. mas in,·c~tiam-rua.s Oagraruememe mal cm ed:fu:~ ~ do­
1
.
260. ·~ ~.';.( ~: ~:7:~ ::i't~ :e~~~ CVcne ..a-R~ma: .lst1 ruto per la Collaborazio ne Culturale. 1961).
0 7 pcrdiçaram -naç, em c mpréM imos ao esLrangeiro durante a revolução dm preço' ío qJ..'C ia ..·or enu n.atun.i:ne%t' O'\
lizna. Ver .. Th~ Cri ~is of lhe Sc,·e-n~..... th C ado qu~to a validade d'! Me argu~_en_t o ace rca da alta dos preços ita- devedores), o u desv iaram-nas de ac:fr"to·idades manufactureiras para fonnas divc ru~ de líl\'Cíol.Jmento imot\\h~r.o. ( __ )
Rout.ledge & fo\i!g:mPaul 1%5) ICJ B. n '. emury ". rn T rnor Asto n. ed., Crms m E11rope, 1560- 1660 (Londres: Ma~ os invc s tido re i italianm . que tinham de há muito consciência de que ca1edr;,i1.,, dcmas L.ido r:ranOC\ ~]Udic:.a­
in Cormneni,il Cns1.S a~ Ch~~ ·. ~'T} /Su pple forn ece c oniudo al!!uns dados con firm at ivos da hipó1e se de Cipolla v~rn OS negócios. e stavam a agir muito sensatamente. A c:\pcriênc1a de séculQ\ tinha m0<.tr.1doquc l u.;:~ !"lll!) ekni:~
1 59-l ~J. Vcrrambém aeAplit:açJ:~; R:: 7;~ ~r:~~~ ()..ll íLondre_~ : Nova lorqu~ : Cambridge ~niv. Pres~. 1959). nao ~e obti nham com o progresso técnico ou mesmo na produção.{ ... ) Se ga.. tavam p:i rn..ic' quanLx!adcs de ca.paal
ap6'5 l::i70: .. fA ?-1lftica de ~mpréstimoç,~:,ua constru ~~r<1-odech.n10daconstruç:.ionaval 1r·enez1ana:cspcc1almcntc de modo não produtivo, pode ter sido !-.implcç,mcnte porque não tinham maii. onde 1nve-.tH & forma Pfogres.s1v•
~suletro~ \Cfü.· ~i.a.nos. alto s em com paração com os d; n:3"º ~li1 contrabalançar os altos preços im~stos pelos
~:op~ Se1cnt:onaJ • . "'La marine marchande véni 1 ie nn~º:~irutª? ~~va i e~ qualquer ou1ro lado, c spcc1almente na
numa e sca la qualquer dentro d os lim ites do ··~ cl or capitalista". ( ...J A o pan'ào gcnnah1~ do\ fnun. do s.êc-.J~
XVI( ... ) e as exigê ncia~ subita memc dilatada~ d~ grandes monarquia!-. ab'!oo h.itaJ. qut L·on t; Jvam cm JU.'Tt'I~ pn-
J his~utrt" marir1mt: en Eumpe, tfu Mown Age au XVlJI• . . ·/ X
1 s iecle ... m M. Mollat et ai.• eds .• Us sourus de vados , e 0 lu:<o sem preceden1e~ da.~ suas ari s1oc racias . adiaram os mau!i. dia!o>. Cruu 1r1 fJJ' l'P'· P'1 18- 1<1. .
CPans: S.E.V.P.E.N.. 1% 2i. p. 46. · 51
" ' · Acies du IV• Colloque ln1ema1ional d'Histoire Maritime _ . 263. Aminto rc Fanfani faz desta a prime ira. se bem q ue não a únic.a, CJ.phc:.ção ~f'l lHk:climo : .. En; ldha
nao h~v i ~ ou1ra JX><>sibilidadc se não prix:urar- sc refúgio na agricultura. e ror outr~ 1 ladu eles n;lo r-.lden.~ tu-..kl ~
~·m enos a~~!;á:~ ~'~~c::~~r:~~:: ~o N~rte era devido a doi s factorcs : cu stava menos e a sua qualidade talvez de~adcncia por causa da falta de rrCs coilias: l 1) faha dum g.rande me rcado uni!íno 00 d úrTU fo ne Jc ndé-~ 12 pau •
ES. C., XII, p. 39. cnez1anos, res pondia melhor às nova." exigências da moda•. Seita. Ànnalts unificação: (2) a ausência da Itália no grande mov imenm da upanr.!io _o cdmc.i curO{X"t'1: (3 ) fai?ll dum imporwnc;
. . C?e'·e~ lembrar-nos que trabalho de ua/idad . . .Progrnma eco nó mico adequado às necessidade!. rcai li da eco nomi a ita ha n:l- . StN:u dd lawu o, P: "'8..
mdu n na hzado. N uma época em que o trabalho b ·1 ~ no j sé~u lo XVI significava mais, e nào menos, trabalho 264. A severidade da pc3tc é indicada pelo seu im pac10 n:i j'OPU\ação: • AS grd!\.-:k:s cpiticmi:a.,, de: 16 W c
como '1rtesanato artístico para um mercado especi:li~:~ r:S:1ado à produçã~ m~s iva. e oartesanato sobrevive 1657 cancelaram os ganhos do período 1580- 1629 e 163 1-.15 e lfouxeram a popul><;io oulmu dt: ':°'~ª r.f~ cl dos "°
• q um esforço de tmagmaçào pensar que o oposto tra cerca de 1t milhões•. Cario M. Cipolla, •four Ccn1uries of ll•lian O.mograph.: Developmcnl •. m D. V. Gim .li
D. E. C. Eversley, eds.. Popu/atinn in /listory (Londres: Arnold. 1%51. 573.
'2)8J
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~e . · • a ·l:i::..r n = c.ii::i on:o como oclr'..:s :íreas mro11err:mcas. ~r exem.plo o Sul
6 { '}u ~" e.is : ~ · T ' ~ . t:r'...1$ ~tl 5-~ wi1a peq1.!:=1tl -onwbpo ~os ~cuios_ \' t~douros~
R_ s. ~L 20 f=r .t ~-=-.s.!o & rodo o que rorreu rrul ao ~l eduerr~. cnsr-:_o desde
i .:: ~ - · rum :n ·eu:. . f,· itkn :~:e. :i µrim:i.zia do po'os med1terr:u11cos nao podia
. '\ fver 1 L:?::W ~\ ('T"Sk!.!~~· '!1'·

5
OS ESTADOS FORTES DO CENTRO:
FORMAÇÃO DE CLASSFB E COMÉROO INTERNAOO~AL

:!65. • A \·end.J de terra !e consequente mente o surgimento do ca pitalismo feu da l J deu-se através da península
[itali..aru ]. Je_"-1e o P:emonre f.. . ) até à Sicíl ia.<...),. . Bu lferini . Archii io sMricn /omhard n. IV. p. 2 1. nota 30. Villari
de."'-"Teve para a h.âl1:i meridion;d o processo do que e le d~s igna por ... comerc ia li zação de renas frudai s (feudo) .... La
m YJ ira ar.rispu ~nolJ a Napvli. p. 16-.1. A \'tnda de.. ui\ terras pe lo Estado faci litav a a eme rgê nc ia de novos grupos
q ue ÍI C:J\' 3J11 enobrec idos. -Era um movimento comp leÃo de CÃpansão e con.w lidaç5o de domínios feudai s u que a
burg~sia mrm altJ deu um fone impulso e que coincidi u com uma afi rmação muilo e nérgica do poder económico
e soct;i.I d.J nobrc1...a tradic1ona l !p. 19 2J... Uma consequência foi a ..: feuda lização das cidad(!'s (p. 16&J .... à qual se
~i suu fcnemenre mi\ de forma não efiC<1,2. O esti lo de vida nas c idades mudo u: «Uma das conseq uências mais
vi s f\·e i~ da c1 pansào feud.i l foi o aumento no cons umo de bens d~ luxo e não pn:xlu1ivos. com a construção de palácios,
capela:., ca~, de campo e jardins nos cenrros urbanos de província numaºº"ª fa'ic do se u dese nvolvimento urbano
fpp. 193- 194( • .
266 . .. St·nameme sub- industrializada. com a maioria dos seus bancos e crtdito controlados por estrangeiros.
com o~ lucros do 'c:u comércio de exportação a enriquece r os mercadores genoveses. ve nezianos e catalães. e com
um .sislema agríco la que combi nava as dewanta gens da economia feuda l com as dum sistema de crédito moderno,
a s.lCíli3 permane.c1J um pais pobre e nunca fo i capaz de de sa fiar a liderança que o Norte de Jtjlia tínha ganho na
B:uxa Idade Méd ia ... Koen ig.,bc: rgcr. The Gmwnment o/ Sicifr. p. 82 .
. '267. Lo pt"z. Cambrid,r:e Ecmwmic· lli.Hory o/ EurnPe. II . p. 353. Braudc l rcfere·se a um .f/(rrfluxo da
econom ia"' através do !\·1edic.en:d!1eo começando na década de 1620. • L'économic de la Méditerranéc au XVIJ'
siec1:~· Us Ca~ias d,~ Tunisi~'. IV . 14. 2." trimestre 1954, 195. Emmanuel Le Roy Ladu rie fala desta .f/(lepra de
~\·l;:~:.':"~;~.nanaJ que afli ge [dt: 1620 em diante! os ilalianos , os castelhanos~ os his pano-americanos•.

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OS ESTADOS FORTES DO CENTRO:
FORMAÇÃO DE CLASSFB E COMÉROO INTERNAOO~AL

:!65. • A \·end.J de terra !e consequente mente o surgimento do ca pitalismo feu da l J deu-se através da península
[itali..aru ]. Je_"-1e o P:emonre f.. . ) até à Sicíl ia.<...),. . Bu lferini . Archii io sMricn /omhard n. IV. p. 2 1. nota 30. Villari
de."'-"Teve para a h.âl1:i meridion;d o processo do que e le d~s igna por ... comerc ia li zação de renas frudai s (feudo) .... La
m YJ ira ar.rispu ~nolJ a Napvli. p. 16-.1. A \'tnda de.. ui\ terras pe lo Estado faci litav a a eme rgê nc ia de novos grupos
q ue ÍI C:J\' 3J11 enobrec idos. -Era um movimento comp leÃo de CÃpansão e con.w lidaç5o de domínios feudai s u que a
burg~sia mrm altJ deu um fone impulso e que coincidi u com uma afi rmação muilo e nérgica do poder económico
e soct;i.I d.J nobrc1...a tradic1ona l !p. 19 2J... Uma consequência foi a ..: feuda lização das cidad(!'s (p. 16&J .... à qual se
~i suu fcnemenre mi\ de forma não efiC<1,2. O esti lo de vida nas c idades mudo u: «Uma das conseq uências mais
vi s f\·e i~ da c1 pansào feud.i l foi o aumento no cons umo de bens d~ luxo e não pn:xlu1ivos. com a construção de palácios,
capela:., ca~, de campo e jardins nos cenrros urbanos de província numaºº"ª fa'ic do se u dese nvolvimento urbano
fpp. 193- 194( • .
266 . .. St·nameme sub- industrializada. com a maioria dos seus bancos e crtdito controlados por estrangeiros.
com o~ lucros do 'c:u comércio de exportação a enriquece r os mercadores genoveses. ve nezianos e catalães. e com
um .sislema agríco la que combi nava as dewanta gens da economia feuda l com as dum sistema de crédito moderno,
a s.lCíli3 permane.c1J um pais pobre e nunca fo i capaz de de sa fiar a liderança que o Norte de Jtjlia tínha ganho na
B:uxa Idade Méd ia ... Koen ig.,bc: rgcr. The Gmwnment o/ Sicifr. p. 82 .
. '267. Lo pt"z. Cambrid,r:e Ecmwmic· lli.Hory o/ EurnPe. II . p. 353. Braudc l rcfere·se a um .f/(rrfluxo da
econom ia"' através do !\·1edic.en:d!1eo começando na década de 1620. • L'économic de la Méditerranéc au XVIJ'
siec1:~· Us Ca~ias d,~ Tunisi~'. IV . 14. 2." trimestre 1954, 195. Emmanuel Le Roy Ladu rie fala desta .f/(lepra de
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Cm do; w:r~ ~ p:r-~ .:-.L'"1 ci. ~~é.o :::=do ~J'.) é o , z:-.-6:::2

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~ i:_:_~s._-s lo...-zis ~..io Jiµjos óe a!l'..::r...! f ··- L-...teé:..o lCS ~\'CJ".;._.-~ ru~ - ·
t-;gz..~ 00 rrumdo. ~cc::ros r.u.rc..:os.. C'S U'.Wr!'.5 x·.ciz:1. t-:-.-4,~ ~ eL--r=- os ~ .__ 'r.r-,.xs · ·
J '-:ne-L~. L~ a \ef ~ r:-'~ e refcr;o ê?5 fr.:r..:....,_~ C,,; ~ ,._ e 01\ - -;;e
p :oardni ai.r.di í~peios a_'U".=i..=t::os _ ~&.:l l:::~p..'"!zó.."c~~ Tz;,-;;e_
e'\-~~~-rr~:..:.e .
zpen.as: d! ur.;:!.;ri,;:::.;;_J. e ~ ~ os a:..~ estio ütTI ~ ?. a ~~ a
t.:r-~i? domi.~~:e. as~L~ CCClO tz!1k~ cio~ ci:ri~_::tea o:i ;:-t'U""i.,~d :i ~ ;xr-
f'?r'>.!'. ~!"5. .
~·eria suhlinhzr ql!e es!.OU a f2!.zr à: ~ ~ãnci.l oc~..:.va e ~~~ A .... . . _
.- -o não é ~ a ecooomia-mimdio está i:ms O'J ~ i:!'!:...~ ~ ~ ~ slc Í!!f;l-
cio:tlrias ou &flacio nirias. !>e os direi'.O'S de P'O?ri~ e>-:ão mm O'.J =-= ~
~ 'mã\ eis h1IU1urai5 sust!'nta:"'!l a5 op;õe-s org::_~\'.?S. ~ a ~-3!1 ~e z:r.
não s.e estz.bel.ece a médio ma\ a longo prazo...\.s CJ?.i'"'Õ!"S ~I.lliYas s.-l'D ~:..:lS. P-tl-·
cn. sã.o deci.sõe5 que os homens fazem~ ~ fe>r!Il2.S 'l'"" = maioor ~ pod=
:::poíar os l.etls inter= .
No •5e2Ulldo,. século XVL c!epoi; da paz de Cma:i-ú m..~is ~ ~.,., ~.:ooéxél::t _
oscilou. O nor~ da Europa tomou-se o c~o a:ooómiro d.l ero.=n:.n..~ e-..::ope'.i !.- "" '
É agora o momento de e1"aminar o que deu il lnglaiem e à Frniiça tt.-:i.a for;a tio f=C:::':=:tl. : .• ,__
Dado que o aparecimento do sector industrial é um e~to i.-npomn~ de>""tt 12Ó'O. •·tj;nros ~- •
ql!!: lipo de trarufo~ão indu;ui:!l e; u va em mar&.a e po< que r..zão foi es.,---e.::U!mro~ a
lnglaierra que pareceu beneficiar 1amo. .
O a5pecto mai imporwne da uansfofm3'3o indl!suU! do •S!"gunOO• =lo :\'\:1
não é a novidade da sua tecnolocia (se bem que houves~ z.lgw·n:i r.em ª=
crr-r->-
Z4ão social . A fábrica e a prod;;..ão em ma»:! cooticU!lvam a = _esscnciilin<n!:O ~­
conhecida5. Tão-pouco cresceu muito o nível glob:il d! prod!Jiio L'ld!>Stnnl d:! econo-
mia-mundo europeia. Domenico Sella recorda-nos que, 3pcs:ir de todo 0 dõen, oh~JO
económico do • longo• século XVI. "º sector indust:ri:il d3 Eurotu- ul como exima =
223

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e'\-~~~-rr~:..:.e .
zpen.as: d! ur.;:!.;ri,;:::.;;_J. e ~ ~ os a:..~ estio ütTI ~ ?. a ~~ a
t.:r-~i? domi.~~:e. as~L~ CCClO tz!1k~ cio~ ci:ri~_::tea o:i ;:-t'U""i.,~d :i ~ ;xr-
f'?r'>.!'. ~!"5. .
~·eria suhlinhzr ql!e es!.OU a f2!.zr à: ~ ~ãnci.l oc~..:.va e ~~~ A .... . . _
.- -o não é ~ a ecooomia-mimdio está i:ms O'J ~ i:!'!:...~ ~ ~ ~ slc Í!!f;l-
cio:tlrias ou &flacio nirias. !>e os direi'.O'S de P'O?ri~ e>-:ão mm O'.J =-= ~
~ 'mã\ eis h1IU1urai5 sust!'nta:"'!l a5 op;õe-s org::_~\'.?S. ~ a ~-3!1 ~e z:r.
não s.e estz.bel.ece a médio ma\ a longo prazo...\.s CJ?.i'"'Õ!"S ~I.lliYas s.-l'D ~:..:lS. P-tl-·
cn. sã.o deci.sõe5 que os homens fazem~ ~ fe>r!Il2.S 'l'"" = maioor ~ pod=
:::poíar os l.etls inter= .
No •5e2Ulldo,. século XVL c!epoi; da paz de Cma:i-ú m..~is ~ ~.,., ~.:ooéxél::t _
oscilou. O nor~ da Europa tomou-se o c~o a:ooómiro d.l ero.=n:.n..~ e-..::ope'.i !.- "" '
É agora o momento de e1"aminar o que deu il lnglaiem e à Frniiça tt.-:i.a for;a tio f=C:::':=:tl. : .• ,__
Dado que o aparecimento do sector industrial é um e~to i.-npomn~ de>""tt 12Ó'O. •·tj;nros ~- •
ql!!: lipo de trarufo~ão indu;ui:!l e; u va em mar&.a e po< que r..zão foi es.,---e.::U!mro~ a
lnglaierra que pareceu beneficiar 1amo. .
O a5pecto mai imporwne da uansfofm3'3o indl!suU! do •S!"gunOO• =lo :\'\:1
não é a novidade da sua tecnolocia (se bem que houves~ z.lgw·n:i r.em ª=
crr-r->-
Z4ão social . A fábrica e a prod;;..ão em ma»:! cooticU!lvam a = _esscnciilin<n!:O ~­
conhecida5. Tão-pouco cresceu muito o nível glob:il d! prod!Jiio L'ld!>Stnnl d:! econo-
mia-mundo europeia. Domenico Sella recorda-nos que, 3pcs:ir de todo 0 dõen, oh~JO
económico do • longo• século XVI. "º sector indust:ri:il d3 Eurotu- ul como exima =
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l 700. P3"'CiJ-se muito ma is com 0 seu antec<dente medie\'al do q ue com o seu sucessor Ambos os autores concordam porém em assin:ilar a grande subida da Inglaterra. Isto é '
do !>éculo XIX · "'. . . . . tan to mais surpreende nte quanto recordamos que muitos descrevem a relação da lne laterra ;
. A mudança fundam<n u l deu-se na distribuição geog:r:lfica da ind usm a. Ate cerca d~ medieval com 0 continente europeu como •_colonial• "'· e que Nef manu' m que att u~ia dat a
15 · 0 havi3 focos de activi dade ind ustrial em di ver.>as partes da Europa. A • espinha dorsal tão.rece nt e como 15_47 a lng l_atc rra _estava ·~ ndustria!mente estagnada cm com paração com a
industri al dJ Eu ropa ia( ... ) da R:mdres à Toscana• "'. m as havia algum3 indústria em todo 0 mruor pan e dos patses continentais, mclumdo a Franç.a•. No entanto, d.-·ido à expansãÕ
lado. A partir de 1550. 3 prtnim 3 damen te. J acti vidade industrial começou a c~n centrar-se em ind ustn al d a lng lat_e rra, part1cu larmemc entre 1575 e l 620, . .., JX» içõcs de ambos os países
ccn os estodos do • noro.:ste• da Europa e a declinar noutros estad os europeus. E surpreendente (acabaram) por se inverter• '"·
a medidJ em que es te declíni o ati ngiu. umJ após outra. as áreas dos terri tórios que consti- A Baixa Idade Média ~oi _testemunha duma mudança imponante na cornposiç.ão. e nessa
tuiam o impêrio de Carlos V 131 . medida no desu no, do comercio de exportação inglês. Começou como fonte de matéri as -
• Enquanto , ind ústrio ded inava dras ti cament e em algumas áreas. porecia d ividi r-se em -pri mas: cereais, made ira e em grau menor metais e couro. Por alt uras do século XVI a
duas variedades nas restantes :lreas da Europa. John Nef d istin gue entre o Non e de Itália, França expon ação destes p rodutos tinha declinado relativamente, e no caso dos cerea is em termos ·• '
e Suíça. por um lado. e o «Nan e• do Europa (Inglaterra. República Holandesa, Suécia, Dina- abso lutos, e os tecidos tinham-se conve n ido na principal exportação da Inglaterra.
marca e Escócia). po r outro. Segundo Nef: Os cereais (e m particular o trigo) ti veram um papel cada vez menor a panir do stc ulo
XV I. Isto deve u-se, em pane, ao fac to de que a Europa Oriental começou a exponar cereais e
~~ (pri m eiras ) deu· sc um notáve l cresc imento na produção da.~ indústri as anís1icas e de lu:to.
um novo dc scnvol•á mento da ane e do an esan:i to. mas só um ligeiro J.umcm o nl produção das
chegou a absorver uma parte mui to grande do mercado de cereais internacional. lsro pode ter
indústria s pesadas, e, por conseguin te. ne nhuma mudança not5\'CI no \'Ciume do produto. {Nas serv ido para desa lentar q ualquer tendência para au mentar desnecessariamente a produção
úllimas] houve uma expansão d.as indústrfas pes:ida.s e, por conseguinle, do produto, de que n3o ing lesa'"· Em vez d isso. como sabemos, na Inglaterra procede u-se ao desmantelamento das
havia precedentes 141• reserv as senh oriais, um facto r habi tualmente explicado pelo declínio demogr:í!ico. a uma
queda do nível de preços (especialme nte dos cereais) e a uma cl.evação do cu.. to de vida. Sem
Sella desenh a as suas linhas geográfi cas um tanto di versam ente. Incl ui a Flandres e o
Sul da Aleman ha. juntamente com o No ne da .ll:ilia. entre :is áre:i.s de dec-Jdê nc ia. para o que,
como vimos. tem boas rnzões. Não menciona a Suíça. Di stingue entre a França e a Suécia. que as indúsuias do aço desempenham no Terceiro Mundo comemporineo. Jun1amen1c com il el as~ mercantil ap:1·
4ue mostrJm cc n os avanços, e a lng laterrJ e a Rep ública Ho landesa. onde os avanços con- rcceu a classe dos indu!otriais. A grande son e da lngla1em e dos Países Baixos en possuírtm ambas: um:i ajudando
a outra. um:i. fornecendo miqujn as, a ou1.ra os produtos de consumo para a massa dos 1 ra~ lha do n: s . An :u érpia- Ll~ g e ­
seg uidos foram << muilo ma is n otáveis >) 151 e em c:ida uma das q ua is se estabelece u «um amplo -Hondschom c: e ste~ o triângulo do s ucesso hclga no s«ulo XVI. Londrcs- N e ~· cas Llc . cs1e o eix.o da re,·o \ução pré-
espectro de acti v idades indus1riais» r6i . -industrial británica sob o reinado de Isabel ... U XV/• .tijcft• rurophit , pp. 298-299.
7 . P ostan, C<JmbrülJ:e Economic lfistory o/ Europr. U. p. 233. Nau1ro local. contudo. P0'1::m manifesta
uma ma ior relutância em ver as relações da lngla1erra com a Itália na ldilde ~Mdi a como para lebs do ciclo de emprés-
1. Domcnirn Sclla, ... Eurorean Industries, 1500- 1700 .. , Fonrona Economic llistory o/ Europe. 11, 5 , 1910. fimo de ttcnicas e capital carncteris1ico d., co lonialismo do sfrulo XX . seguido pela expul\io da po1C'nci:>. colU!l.ial.
Ruggiem Romano afinna q ue havia muito poucas .. ,·ercbdeiras • indú.m i as no século XV I: •Essencialmente pro- Ele defende q ue a d iferença es1á na gradu3\idade do crcsc imenlo inglês . tuj3. causa s.e encontr.t princ ipalmente na
dutos 1h 1ci.s . i n d1h t ria~ de ex 1racç3.o mineral e co n ~truç ào ruval. TotU a restante ilc1iv id.lde produliva se baseava expansão da população e nou!ros foc1ores internos. co mbinados talvez com algum emprt'itimo e im ·r st imento
essencia lnH': ntc no trabalho dos arlesãos i n d i ~ id u ai s ... Rt>i·isra srork a italiana. LXXJV. p. 500. es trangeiro. Ele defende aqui q ue o domínio dos i1alianos era • mui10 secundário e reliuiv:unente !t('m impor-
2. Sella, Fm1tww fr rmomic /-li!,wry o/ Europe. li. 5. p. 64. tânc ia se posto em confro nto co m a imagem da economia nncionill como um lodo. Realmente pode bem S(:r que o
J. • tlou\•t.' um acentuado declinio no vo lume de produção. uma di m inuição de el'CaJa da empresa indus uial. impacto do s italianos fosse milis efic:iz, não no seu in'o'estimento directo mm nas suas liçõcli de têcn i<:a su perior ,
e um retraimento na imporüncia rd.:itiv::i da indúslna ( ... J (numa ) gr.mde parte da Europa, nos do mínios espanhóis
e imperiais. inc luindo o Franche-Comté e os Países B::i i ~ {)) do Sul - tudo terri16rios que tinham estado no minal-
mt"nle un 1do!> durantí: uma t!t.: r:ição sob o impt"rador Carlos V- . John U. Ne f. War and /luma n Progrr:u (Nova
Iorque: Non on, J963 J. 6. Nef fornece da t.!ls parJ o dec línio de cada uma cbs panes do anterior complexo imperial
mas no papel que dcstmpcnharam em ajudar os reis a agi1ar a vicb económica do pais. Os imposl~ e a~ Í lllllllÇ:U"'
reais e xtraíam d as c l a.-.~ s fund iárias e camponesas grandr quantidlide de rique1a previamente imobili zada e JepD-
sita'o'am·na nas mãos d os mercadores, financeiros, contratadores dos e x~rcitos e r speruladores de guc:rn . Dc:!t1a
mane ira alguma da riqueza do país que de outro modo estaria acum ulada !ornava-se disponfvel para ocomtrc io e a ·
·l
dos H a ~burgo n:i \ pp, 6-7. indús trin ... • ltaly ;md lhe E.conomic Ocvclopment of England in lhe Middlc Ages•. Journnl o/ Econnmir llistory.
4 . lhid .. p. 6. Xl. 4. 0utono 195t . 345 .
~ . ~ li a . F(l flltlfW Econumic l fo.rory uf Europt' , li. 5. p. 65. 8. John U. Ne f, l ndwtr)' and Go\•t rnment in Franct and EnRland. 1$40 -l tHO flth aca: Grtat SeaJ Bools. ·
6. /hui. . p. 66. Ver Heaton. Emnrmlit· l fü wryof E11rope . pp. 31-'·'3 19 . O q uadro que Eli F. Hed scher pinta t957}, [.
da Suéc ia no período q ue." designa de • maturidade da economia medieval-. cntrt l 520 e l 6CX), 1ende a confi rmar Sei la: 9. «Ao longo d3 Idade f\.·1tdia. mas m:iis especialmente no século XIII , n l nglatem foi ~Ãpoiudora de ali·
.. Q q ue é notivl"I acerca da ec~nomia !roueca no sécu lo XVI njo t que por fim ll\·essc hav ido uma mucbnça . mas que mentas, inclu indo cereai s. Mais 1arde ainda, uma ouu-.i e mui10 m:iis importame fonte de <TI't'a1s 1tp:u~u. Como
a mud!lnça ~rda!l'\C' t:i._111 ~ em v.1r. A Suécia pc-nnant"ce u e.sM:ni..· ialmeme med icv::il ao longo desse pcrlodo . Isolado q ue resultado da çolonizaçdo alemã da.li terras esla vas além du Elba. no\'CM rec~r~ ~gricola.'i fo~am d i~ponibil iudos. e
csta\•a po lí11ca . econü n11c.a e 1mrkc1uahnen1e. o pais ,arnda olhava mais p3ta 0 passado do que para o fu turo. As do fim do stculo XIII em d iante 0 cenlc:io da Alemanha Oriental e dJ Po lónia fl oiu par:i. o Oc idente . Pelo C'O~o do
!ardas dcsemrc nhaJ~!\ pie i~ );OH'rno r-ram ainda 1:10 d iminutas que nem os regen1es nl! m os co niribuinics se sen1irun sécu lo XIV o cerca i do B:Ulico começou a coni ribuir para o aba!.tcc1mt nto alimen~ar ~;unengo. e ne'ii.3 al!W2 c:le
cmbaraç~dos. (X' l.a ex.1i;: rénc1a de u~~ tt.·onomia natural. 0-Jdo que o governo não fazia de.spe:S3.'i subsLanciJis no expu lsou o cerca) ing lês dos men:ados r:S<:andín3VOS •. f'ostnn, Canrhrid~t frtw>m u: lli~tc•f)' 11[ E.'·' ~'~/U". 1.1. P· 12 1.
cstrangm u . não p~c1sa va d~ adqu mr IO<X'd:as .e slrJngeir.is por meio J e CÃpon ações. O modo de vida da população Ver A. R. Myers; • Alé ao séc ulo .\'. VI as eÃpon açõcs inglesas. exrepto de 1a 1dol!. con~1 sllam sobretudo
permanectu genen c:imcnu.· 1":1ul.áve l. ck mane ira que. ex.cep1 0 para o ui. o cormrcio de importação era em geral de em m::i1~ria!i-prima.\ _metais. trigo e outro5 géneros ólhmentares, 11 e couro - e ™'.' ~u lo Xl\ ~ exportadores
pequena mama ~. An Eco~o~uc fl 1swry o/ Swedcn (Cambrid ge . ~h~s.achu-"SCllS: Harvard Univ . Press. 1954 ), 77-78. ing leses destas mercado rias, esped alme nle de trigo . es tavam a cnfl'?'nlar ~ coocontnct3 cada vc~ mau ~r~ da~
Frédé~c ~·~ au~ ms~st~ no fe nóm eno das indú s1rias chave para eÃplic :u 0 papel d.l Ing laterra e da Ho land.11 : IC:IT3s recém-co lo nizadas da Alemanha Orienta l.- . Engfand in th t lart /tluJdle A,.tJ. Volume 1\ da Pchc.an t-h~tory
ttFor:im ( ... ) as mdus1na.~ mineira e rTH': lalúrgica que desempenharam um pa pel na rcvoluç3o comercial análogo ao of England (Londres: Penguin Book.<. t952). 57.

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l 700. P3"'CiJ-se muito ma is com 0 seu antec<dente medie\'al do q ue com o seu sucessor Ambos os autores concordam porém em assin:ilar a grande subida da Inglaterra. Isto é '
do !>éculo XIX · "'. . . . . tan to mais surpreende nte quanto recordamos que muitos descrevem a relação da lne laterra ;
. A mudança fundam<n u l deu-se na distribuição geog:r:lfica da ind usm a. Ate cerca d~ medieval com 0 continente europeu como •_colonial• "'· e que Nef manu' m que att u~ia dat a
15 · 0 havi3 focos de activi dade ind ustrial em di ver.>as partes da Europa. A • espinha dorsal tão.rece nt e como 15_47 a lng l_atc rra _estava ·~ ndustria!mente estagnada cm com paração com a
industri al dJ Eu ropa ia( ... ) da R:mdres à Toscana• "'. m as havia algum3 indústria em todo 0 mruor pan e dos patses continentais, mclumdo a Franç.a•. No entanto, d.-·ido à expansãÕ
lado. A partir de 1550. 3 prtnim 3 damen te. J acti vidade industrial começou a c~n centrar-se em ind ustn al d a lng lat_e rra, part1cu larmemc entre 1575 e l 620, . .., JX» içõcs de ambos os países
ccn os estodos do • noro.:ste• da Europa e a declinar noutros estad os europeus. E surpreendente (acabaram) por se inverter• '"·
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tuiam o impêrio de Carlos V 131 . medida no desu no, do comercio de exportação inglês. Começou como fonte de matéri as -
• Enquanto , ind ústrio ded inava dras ti cament e em algumas áreas. porecia d ividi r-se em -pri mas: cereais, made ira e em grau menor metais e couro. Por alt uras do século XVI a
duas variedades nas restantes :lreas da Europa. John Nef d istin gue entre o Non e de Itália, França expon ação destes p rodutos tinha declinado relativamente, e no caso dos cerea is em termos ·• '
e Suíça. por um lado. e o «Nan e• do Europa (Inglaterra. República Holandesa, Suécia, Dina- abso lutos, e os tecidos tinham-se conve n ido na principal exportação da Inglaterra.
marca e Escócia). po r outro. Segundo Nef: Os cereais (e m particular o trigo) ti veram um papel cada vez menor a panir do stc ulo
XV I. Isto deve u-se, em pane, ao fac to de que a Europa Oriental começou a exponar cereais e
~~ (pri m eiras ) deu· sc um notáve l cresc imento na produção da.~ indústri as anís1icas e de lu:to.
um novo dc scnvol•á mento da ane e do an esan:i to. mas só um ligeiro J.umcm o nl produção das
chegou a absorver uma parte mui to grande do mercado de cereais internacional. lsro pode ter
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úllimas] houve uma expansão d.as indústrfas pes:ida.s e, por conseguinle, do produto, de que n3o ing lesa'"· Em vez d isso. como sabemos, na Inglaterra procede u-se ao desmantelamento das
havia precedentes 141• reserv as senh oriais, um facto r habi tualmente explicado pelo declínio demogr:í!ico. a uma
queda do nível de preços (especialme nte dos cereais) e a uma cl.evação do cu.. to de vida. Sem
Sella desenh a as suas linhas geográfi cas um tanto di versam ente. Incl ui a Flandres e o
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como vimos. tem boas rnzões. Não menciona a Suíça. Di stingue entre a França e a Suécia. que as indúsuias do aço desempenham no Terceiro Mundo comemporineo. Jun1amen1c com il el as~ mercantil ap:1·
4ue mostrJm cc n os avanços, e a lng laterrJ e a Rep ública Ho landesa. onde os avanços con- rcceu a classe dos indu!otriais. A grande son e da lngla1em e dos Países Baixos en possuírtm ambas: um:i ajudando
a outra. um:i. fornecendo miqujn as, a ou1.ra os produtos de consumo para a massa dos 1 ra~ lha do n: s . An :u érpia- Ll~ g e ­
seg uidos foram << muilo ma is n otáveis >) 151 e em c:ida uma das q ua is se estabelece u «um amplo -Hondschom c: e ste~ o triângulo do s ucesso hclga no s«ulo XVI. Londrcs- N e ~· cas Llc . cs1e o eix.o da re,·o \ução pré-
espectro de acti v idades indus1riais» r6i . -industrial británica sob o reinado de Isabel ... U XV/• .tijcft• rurophit , pp. 298-299.
7 . P ostan, C<JmbrülJ:e Economic lfistory o/ Europr. U. p. 233. Nau1ro local. contudo. P0'1::m manifesta
uma ma ior relutância em ver as relações da lngla1erra com a Itália na ldilde ~Mdi a como para lebs do ciclo de emprés-
1. Domcnirn Sclla, ... Eurorean Industries, 1500- 1700 .. , Fonrona Economic llistory o/ Europe. 11, 5 , 1910. fimo de ttcnicas e capital carncteris1ico d., co lonialismo do sfrulo XX . seguido pela expul\io da po1C'nci:>. colU!l.ial.
Ruggiem Romano afinna q ue havia muito poucas .. ,·ercbdeiras • indú.m i as no século XV I: •Essencialmente pro- Ele defende q ue a d iferença es1á na gradu3\idade do crcsc imenlo inglês . tuj3. causa s.e encontr.t princ ipalmente na
dutos 1h 1ci.s . i n d1h t ria~ de ex 1racç3.o mineral e co n ~truç ào ruval. TotU a restante ilc1iv id.lde produliva se baseava expansão da população e nou!ros foc1ores internos. co mbinados talvez com algum emprt'itimo e im ·r st imento
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2. Sella, Fm1tww fr rmomic /-li!,wry o/ Europe. li. 5. p. 64. tânc ia se posto em confro nto co m a imagem da economia nncionill como um lodo. Realmente pode bem S(:r que o
J. • tlou\•t.' um acentuado declinio no vo lume de produção. uma di m inuição de el'CaJa da empresa indus uial. impacto do s italianos fosse milis efic:iz, não no seu in'o'estimento directo mm nas suas liçõcli de têcn i<:a su perior ,
e um retraimento na imporüncia rd.:itiv::i da indúslna ( ... J (numa ) gr.mde parte da Europa, nos do mínios espanhóis
e imperiais. inc luindo o Franche-Comté e os Países B::i i ~ {)) do Sul - tudo terri16rios que tinham estado no minal-
mt"nle un 1do!> durantí: uma t!t.: r:ição sob o impt"rador Carlos V- . John U. Ne f. War and /luma n Progrr:u (Nova
Iorque: Non on, J963 J. 6. Nef fornece da t.!ls parJ o dec línio de cada uma cbs panes do anterior complexo imperial
mas no papel que dcstmpcnharam em ajudar os reis a agi1ar a vicb económica do pais. Os imposl~ e a~ Í lllllllÇ:U"'
reais e xtraíam d as c l a.-.~ s fund iárias e camponesas grandr quantidlide de rique1a previamente imobili zada e JepD-
sita'o'am·na nas mãos d os mercadores, financeiros, contratadores dos e x~rcitos e r speruladores de guc:rn . Dc:!t1a
mane ira alguma da riqueza do país que de outro modo estaria acum ulada !ornava-se disponfvel para ocomtrc io e a ·
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dos H a ~burgo n:i \ pp, 6-7. indús trin ... • ltaly ;md lhe E.conomic Ocvclopment of England in lhe Middlc Ages•. Journnl o/ Econnmir llistory.
4 . lhid .. p. 6. Xl. 4. 0utono 195t . 345 .
~ . ~ li a . F(l flltlfW Econumic l fo.rory uf Europt' , li. 5. p. 65. 8. John U. Ne f, l ndwtr)' and Go\•t rnment in Franct and EnRland. 1$40 -l tHO flth aca: Grtat SeaJ Bools. ·
6. /hui. . p. 66. Ver Heaton. Emnrmlit· l fü wryof E11rope . pp. 31-'·'3 19 . O q uadro que Eli F. Hed scher pinta t957}, [.
da Suéc ia no período q ue." designa de • maturidade da economia medieval-. cntrt l 520 e l 6CX), 1ende a confi rmar Sei la: 9. «Ao longo d3 Idade f\.·1tdia. mas m:iis especialmente no século XIII , n l nglatem foi ~Ãpoiudora de ali·
.. Q q ue é notivl"I acerca da ec~nomia !roueca no sécu lo XVI njo t que por fim ll\·essc hav ido uma mucbnça . mas que mentas, inclu indo cereai s. Mais 1arde ainda, uma ouu-.i e mui10 m:iis importame fonte de <TI't'a1s 1tp:u~u. Como
a mud!lnça ~rda!l'\C' t:i._111 ~ em v.1r. A Suécia pc-nnant"ce u e.sM:ni..· ialmeme med icv::il ao longo desse pcrlodo . Isolado q ue resultado da çolonizaçdo alemã da.li terras esla vas além du Elba. no\'CM rec~r~ ~gricola.'i fo~am d i~ponibil iudos. e
csta\•a po lí11ca . econü n11c.a e 1mrkc1uahnen1e. o pais ,arnda olhava mais p3ta 0 passado do que para o fu turo. As do fim do stculo XIII em d iante 0 cenlc:io da Alemanha Oriental e dJ Po lónia fl oiu par:i. o Oc idente . Pelo C'O~o do
!ardas dcsemrc nhaJ~!\ pie i~ );OH'rno r-ram ainda 1:10 d iminutas que nem os regen1es nl! m os co niribuinics se sen1irun sécu lo XIV o cerca i do B:Ulico começou a coni ribuir para o aba!.tcc1mt nto alimen~ar ~;unengo. e ne'ii.3 al!W2 c:le
cmbaraç~dos. (X' l.a ex.1i;: rénc1a de u~~ tt.·onomia natural. 0-Jdo que o governo não fazia de.spe:S3.'i subsLanciJis no expu lsou o cerca) ing lês dos men:ados r:S<:andín3VOS •. f'ostnn, Canrhrid~t frtw>m u: lli~tc•f)' 11[ E.'·' ~'~/U". 1.1. P· 12 1.
cstrangm u . não p~c1sa va d~ adqu mr IO<X'd:as .e slrJngeir.is por meio J e CÃpon ações. O modo de vida da população Ver A. R. Myers; • Alé ao séc ulo .\'. VI as eÃpon açõcs inglesas. exrepto de 1a 1dol!. con~1 sllam sobretudo
permanectu genen c:imcnu.· 1":1ul.áve l. ck mane ira que. ex.cep1 0 para o ui. o cormrcio de importação era em geral de em m::i1~ria!i-prima.\ _metais. trigo e outro5 géneros ólhmentares, 11 e couro - e ™'.' ~u lo Xl\ ~ exportadores
pequena mama ~. An Eco~o~uc fl 1swry o/ Swedcn (Cambrid ge . ~h~s.achu-"SCllS: Harvard Univ . Press. 1954 ), 77-78. ing leses destas mercado rias, esped alme nle de trigo . es tavam a cnfl'?'nlar ~ coocontnct3 cada vc~ mau ~r~ da~
Frédé~c ~·~ au~ ms~st~ no fe nóm eno das indú s1rias chave para eÃplic :u 0 papel d.l Ing laterra e da Ho land.11 : IC:IT3s recém-co lo nizadas da Alemanha Orienta l.- . Engfand in th t lart /tluJdle A,.tJ. Volume 1\ da Pchc.an t-h~tory
ttFor:im ( ... ) as mdus1na.~ mineira e rTH': lalúrgica que desempenharam um pa pel na rcvoluç3o comercial análogo ao of England (Londres: Penguin Book.<. t952). 57.

22~ 225

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dú ida que 0 crescimento do mercado de Londres nos sécul~s X~ ~ XVI 'criou_uma nova de ~ardar ">. Estas indústrias rurais produziam tecidos •não de primeira qualidade mas( ... )
1

pl\x-urn ,_k nigo "°'· 1


mas ness.1 allur.1 as reservas senhon a1s mg~~ ~as est:l\ am Jª fragmen- mais baratos e por conseguinte ao alcance da nobreza empobrecida e de outros clientes cm
t:ld -. e 0 re:ii s er.1m fornecidos em pane a panir do exteno r . ~ Irlanda e a ~~ruega 19
pior situaçã0» 1 '· Esta expansão da indústria têx til rural na Inglaterra compensou sobejamente
tom:ir:un-se. o lôni:is• t'conómicas d:i lng laterr.1. embor.1 esta fosse amda uma «coloma» do algum declínio nos centros urbanos '''"· !\·las cm tempos de contracção económica. o mercado
, ntineJlte " ' '. Este foi r:imb.:m 0 pen"ooo da incorpor.1ção legal de Gales na Coroa inglesa, interno era demasiado pequeno para manter a indústria. •Nessa medida, esta indústria teve
que PI\ pon· ionou à lngbtara uma co lónia interna dedicada nessa altura especialmente à que procurar mercados no exterior. Isto( ... ) não deixou ela de o fazer. na Inglaterra e na Irlanda,
criJ"'":iO d.:... i: nt:.!0 1
"
1
• a partir da segunda metade do século XIVi. " "·
~ o c.~ mt'rcio de exp<.Jn3çiio de lii •estava a declinar já regularmente » "" no século XV Assim. os têxteis tomaram-se o eixo do comércio de exportação inglês. uma mudançá ~...
ikvido :i w n.-o m'nd a espanhola. ao cresc imento d:is exponações de tC:xtei s e à absorção da em relação ao século XIII. no qual a exponação de cereais tinha um papel maior. isto no
u pe!J ind ústria têxti l na pnípria lngl.iterr.1. Em panicular.- os impostos sobre .ª exportação contexto daquilo a que Postan chama um -;..mercantilismo precoce • ci>_ Um aspecto deste último ·
de t:i . utili zado; c<>mo mn :anism,1 fiscal pelo Estado. «funcionaram como barreira protectora foi a expulsão progressiva de comerciantes estrangeiros. em particular italianos, le\•ada a cabo
par.1 a 11 a,.-e 111 ,· md1isrri:i tê\ til ingle.sa • •" '. A exportação de 13 foi proibida fo rmalmente em no século xv m1• sem dúvida não sem dificuldades '" '. Foi ainda mais difícil expulsar os
1614 . mc>menio em que :i tngbterr.1 tentou regular o comérc io de 13 da Irlanda, convenendo a mercadores hanseá ticos. mas também isso se conseguiu no século XVI '" '·
fr!Jnda em e \ pvn 2<lor.1 de Li . mas não de tecido. e apen:is p3!"3 a lng laterr.1 "º'. O comércio de tecidos causou grandes dificuldades à ln2Jaterra A neces.sidade de-
.\ indm r:í.1 t~\t il in~ k sa tinha duas caracten";;ticas muito impon antes p3!"3 a economia- vender e m muitos mercados significav; que a Inglaterra estava s~jeita a mais perdas. como
-mund~ ema _enie. Era oda n~z mais um:i indúsrri:i rural na inglaterra. e envolveu este p:ús resultado da concorrência e das dificuldades políticas. que no relativamente protegido comér-
num:i pro.:ura- d~ mercados de exportação alargados. cio da lã " º'. De facto. a indústria de tecidos sofreu uma série de contratempos no século XV :
Referimos ji num capítulo anterior a teoria de ~farian Malowist segundo a qual em
ln 2 I:irerr.i . como noutras panes d:i Europa. a recessão dos séculos XIV e XV. que tinha
J 8. « A rápida expansão d o uso de api.soadores. do fim do século Xll em dimtc. con.segu iu pelo poder dl
c:?~ do wn:i m:m::ida redução nos rendimentos agrícolas. conduziu à criação de indús- água fazer o que alé enião era feito à mão ou ao pé. Água corrente para fazer com que: os moin."x>s t?i1NJ.hasscm ft'!
rri:ls r~,~ te i.s rurais para sup lementar os rendimentos. Do ponto de vista dos capitalistas. as enconuada nos Cotswolds , nos Apeninos e na região dos lagos e por volta do começo do ~cul o )\1\" a indústria l!Itil
indústri as rurJis rinh:im também a virtude-de iludir os elevados salários impostos pelas cor- estava já em mo,·imen10 nesses distritos. Tec idos de lã torcida:. fritO\ panicul.armente no E.2.st An g.lia. rúo ~ ­
\'am de apisoamento. e portanlo não dependiam t.anto da água como força motriz. m.n a;:ê a lllJ.11 ufa-tu... ra de ll torcicb
por:ições das cid:ides ' ' ' , e de aproveitar a energia hidráulica. mais barata para as oficinas tendeu a des locar-se par.l as aldeias por causa da política resrritiva dos mcs1eres urtxmos. M sua.~ tem.Itrivll p:in
manterem eJe ..·ados os preços dos seus produros apressaram a SU.J decadé'ocia.. pois °' tnbalhadorcs nu aldt:i:H njo
eslavam organiz.J.dos e es1a ..·am di spostos a aceiw salários mais ba.i~ os. I ... J O d.e~m ol·ámento da indt.istria runJ de
lO. Ver F. J. Fi.s.bcr. E..J.sa_,s in Eccmomic Hi..srory, lJ. pp. 197-207. tecidos na lng l3rerra d3 Baixa Idade Mtdia foi assim devK1o mais a este ª"'anço na ttcnica e na organização do que
11. \ '<r ~ L ~t. Posun . • Thc Erooomk and Po lilical Rela1ions o f England :i.nd Lhe Hanse (1-IOO 10 t475)._ (como por "'ezcs se alega ) ao convite feito por Eduardo lll a<X tecelões flameng os para que se im~ sc:m em Ingb-
tn Eile:!n E.. f\i ,., ~r e ~t. \1. Posun. cds .. StiJ.dies in English Trade in rhe F1freenrh Ceniury (N0\'3 Iorque: 8.unes terr.t•. Myers. Eng/and in tht .\1iddl~ Ages, p. 56.
:\o·'.:-. 19661. esp. 139 - 1.J I. \'e r ~ - S . Gr.LS : - ~o pe riodo T udor oco ITT"u uma mudançad31T1.1ior importinci.L (. .. ) 19. ~·1 . ~falowist . EconomlC History Rel·ino." XIJ. p. 178.
~ U."\o'u <; ~ ~br.!do a concinuid.J.Je d.J sua .:uuerio r indcpendênci:i do ce~:i.J estr.lJ1geiro. ( ..•) O crescimcnro de 20. •O declínio da indúsoia [de tecidos] no século Xlll n3Cj:ucks que tinham sido m seus c:rntro\ urtxmo5 -
l.orL."?i lI"i..' u :nado u!iU f r:l!lde procura. q ue por su3 w: z deu ori gem a um c~ rc io ~ imponação o rganiudo. mais florcscen1es é 1ão espantoso como a sua expansão em rcgiõc:s rurais durante o mesmo período. nus cr.a o b:i.3
1...) TL.Jo 1Sl(' t unto IT'..:tis 1. r..:~ress.;inte qw.;uo s..: im:igina que tu vi3 um grande aumento na exportação geral de urbano do assunto que a1é aq ui Linha atraido a atenção dos hiszoriadotts, e daí q~ tenham f.t.ls.amcruC' deduzido cm
e~~ no ~ lo XYf .... Th~ Ew l!irw n of 1he En,i luh Com Morker (Cambridge: Hl.rVard Univ. ~ss. 1915 ). 101 - declínio na indústria como um lodo•. E. M. Carus-W1lson. •An Industrial RcYolution of lhe Tb inecnth Cc:nttaY•.
- 1 0~ . Ver .\llr.i 'l ~t J.Jo'hi s t. · Hi.stoire Sociah: : êpoquc comc:mporaire•. in IX' Con~ ris l nternoti.onol de.s Scitnus Economic H isto ry Rel'i<'K'. 2.' série. XVIII. 1. Agosto 1965. 39-60. •
Hu roru;un. J: R:ippom (Pa.ns: Lib. Amund Co lm . 1950J. 3 10. 21. MaJowist , Eco nomic Hisrory. p. 179. Ver Posun : .. EnqU311tO :is cxponaçõcs ing lc:su comis1ir.im prin-. ~
.\las cf. " illl DilJcn: •[i'°o século XVl lJ a In 2IJicrrJ era au10-sufic ien1e. ma.s os Países Baixos não. Esta~ a cipalmeme cm li'i~ não era nc:cessário que os mercadores ingleses fossem m uito longe cm btUC3 de mc:rt'ado e clien-
razão por q ue origina.l rncmc os ccreai\ import.:idos -eram principalmeme desrinados aos Países Baixos•. Brirain tes . A lã era um3 matéria-prima da indúsnia: os seus clicnccs eram produtores de cecidos estrangeiros: e ~ únicos
anJ tM Ntrhtr/ands. li. p. JJJ. \ ·er tambt!m Alan Everi u in A ~ rarian Huto')'. IV , pp. 524-527. centros de produção de tecidos estavam não apenas muito loca liz.ados. mas situados ao akancc da mão, princ1p;ilrrw:nte
12. G. ~ - Cl ark , Th' w ,a/rh uf Eri.~ landfrom /J 96 10 1760 (Londres: Oxford Univ. Press. 1946). 27-88. . nOs Países Baixos. Por outro lado. o tecido aca bado rinh3 de ser \·endido a clientes potenciais e nos cemrOi pri.ncipais
M.i." a ~oni.ega CS!3va també m a exportar prcx1utos primários para a Escócia. a Dinamarca e os Países Baixos, o de consumo potencial, ou, por outras palavras. a homens e mu lht'res de toda a Europa continenta l e a~m delz,. .
que dim inuia a sua de pendênc ia da Ing laterra. Ver Lythe . Th e Economy o/ Scot/and, p . J47 . Cambridg t Econom ic llistor)' o/ Europt, li. p. 245.
13. • A.ç mudanças adm ini strat ivas no País de Gales duran1e o pcrioclo Tudor favorecem o desenvolvimento 22. Poslan. in Power e Pos1an, ab .. Sruditr in Eng lish Trad, . p. t 03; cf. O>ri<. IA'ra!rh o{ Eng lond,
do comércio~ gado ao dominare m a desordem nas marcas ... Caroli.ne Skeel. «The Canle Trade Berwccn WaJes and pp. 39-40.
England from tlx Fift« nth ro lhe !'\inc:tecnth Cc:nruries .... Transactions of rht Royal Hislorica/ S ocitry, 4.1 .strie, lX. 23. Ver Alwyn A. Ruddock . /ra /ian Merchan11 anti Shippinx in S owhompton , 1270-/ 61)() (Soutlwnp<oo:
t926. t 3 . Uni vers i1y College, t951).pas1im .
· IJ.. Eileen E. Po u.·er. • The Woo/ Tradl! in lhe Fifteenth Century:.., in Eileen E Powcrc M . M . Postan. eds .• 24. Ver J acques Hecrs , '"'Les Génois tn Anglcterre: la crise&: 14.58- 1466•, in S1ud1 i11 onM t d; Armando
Studies 1n tht Engli.Jh Tradt in tht F1/1un1h Ct11tury (No•• a Iorque : Sarnes & Noble, 1966). 39. Sapori (Milão: Jsii1u10 Edil. Cisalpino, 1957 ). li. 812. 824.
15. Myers. England in tht lurt Middlt Agts. p. t 32. 25. Ver Poslan. S1udit1 in EnR!üh Tradt. p. 101.
16. Ver P. J. Bowden. The Woad Tradt in Tudor &: S tuart En gland (Londres: Mocmillan. 1962). 26. •Uma diferença re levante cnrre o comtrtio da lã e o de tccidos no s&-ul? XV ru~de nM condições sob ·
pp. 20J.212. • as quai5 cada JTlC'rcadoria era comercializada. Exupruando os emb.Jrquc.s com desuno a 11.iha . .a 11 cn vendida a
17. Ver Poçtan , Cambridgt Economic llisrory o/ Europt, U. p. 244. Ver Ramsey. Tudor Economic Pro- compradores continentais por ing leses cm Cala.is. um mercado 1\3 posse dos in~le~ e expli~it.amcnte ac.arinh3do
b lem1. p. 101. pelo governo. Em contraste. os tecidos vendidos no continenre tanro por estrange1~ como por lngl~5 eram comer-

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dú ida que 0 crescimento do mercado de Londres nos sécul~s X~ ~ XVI 'criou_uma nova de ~ardar ">. Estas indústrias rurais produziam tecidos •não de primeira qualidade mas( ... )
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mas ness.1 allur.1 as reservas senhon a1s mg~~ ~as est:l\ am Jª fragmen- mais baratos e por conseguinte ao alcance da nobreza empobrecida e de outros clientes cm
t:ld -. e 0 re:ii s er.1m fornecidos em pane a panir do exteno r . ~ Irlanda e a ~~ruega 19
pior situaçã0» 1 '· Esta expansão da indústria têx til rural na Inglaterra compensou sobejamente
tom:ir:un-se. o lôni:is• t'conómicas d:i lng laterr.1. embor.1 esta fosse amda uma «coloma» do algum declínio nos centros urbanos '''"· !\·las cm tempos de contracção económica. o mercado
, ntineJlte " ' '. Este foi r:imb.:m 0 pen"ooo da incorpor.1ção legal de Gales na Coroa inglesa, interno era demasiado pequeno para manter a indústria. •Nessa medida, esta indústria teve
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par.1 a 11 a,.-e 111 ,· md1isrri:i tê\ til ingle.sa • •" '. A exportação de 13 foi proibida fo rmalmente em no século xv m1• sem dúvida não sem dificuldades '" '. Foi ainda mais difícil expulsar os
1614 . mc>menio em que :i tngbterr.1 tentou regular o comérc io de 13 da Irlanda, convenendo a mercadores hanseá ticos. mas também isso se conseguiu no século XVI '" '·
fr!Jnda em e \ pvn 2<lor.1 de Li . mas não de tecido. e apen:is p3!"3 a lng laterr.1 "º'. O comércio de tecidos causou grandes dificuldades à ln2Jaterra A neces.sidade de-
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num:i pro.:ura- d~ mercados de exportação alargados. cio da lã " º'. De facto. a indústria de tecidos sofreu uma série de contratempos no século XV :
Referimos ji num capítulo anterior a teoria de ~farian Malowist segundo a qual em
ln 2 I:irerr.i . como noutras panes d:i Europa. a recessão dos séculos XIV e XV. que tinha
J 8. « A rápida expansão d o uso de api.soadores. do fim do século Xll em dimtc. con.segu iu pelo poder dl
c:?~ do wn:i m:m::ida redução nos rendimentos agrícolas. conduziu à criação de indús- água fazer o que alé enião era feito à mão ou ao pé. Água corrente para fazer com que: os moin."x>s t?i1NJ.hasscm ft'!
rri:ls r~,~ te i.s rurais para sup lementar os rendimentos. Do ponto de vista dos capitalistas. as enconuada nos Cotswolds , nos Apeninos e na região dos lagos e por volta do começo do ~cul o )\1\" a indústria l!Itil
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11. \ '<r ~ L ~t. Posun . • Thc Erooomk and Po lilical Rela1ions o f England :i.nd Lhe Hanse (1-IOO 10 t475)._ (como por "'ezcs se alega ) ao convite feito por Eduardo lll a<X tecelões flameng os para que se im~ sc:m em Ingb-
tn Eile:!n E.. f\i ,., ~r e ~t. \1. Posun. cds .. StiJ.dies in English Trade in rhe F1freenrh Ceniury (N0\'3 Iorque: 8.unes terr.t•. Myers. Eng/and in tht .\1iddl~ Ages, p. 56.
:\o·'.:-. 19661. esp. 139 - 1.J I. \'e r ~ - S . Gr.LS : - ~o pe riodo T udor oco ITT"u uma mudançad31T1.1ior importinci.L (. .. ) 19. ~·1 . ~falowist . EconomlC History Rel·ino." XIJ. p. 178.
~ U."\o'u <; ~ ~br.!do a concinuid.J.Je d.J sua .:uuerio r indcpendênci:i do ce~:i.J estr.lJ1geiro. ( ..•) O crescimcnro de 20. •O declínio da indúsoia [de tecidos] no século Xlll n3Cj:ucks que tinham sido m seus c:rntro\ urtxmo5 -
l.orL."?i lI"i..' u :nado u!iU f r:l!lde procura. q ue por su3 w: z deu ori gem a um c~ rc io ~ imponação o rganiudo. mais florcscen1es é 1ão espantoso como a sua expansão em rcgiõc:s rurais durante o mesmo período. nus cr.a o b:i.3
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e~~ no ~ lo XYf .... Th~ Ew l!irw n of 1he En,i luh Com Morker (Cambridge: Hl.rVard Univ. ~ss. 1915 ). 101 - declínio na indústria como um lodo•. E. M. Carus-W1lson. •An Industrial RcYolution of lhe Tb inecnth Cc:nttaY•.
- 1 0~ . Ver .\llr.i 'l ~t J.Jo'hi s t. · Hi.stoire Sociah: : êpoquc comc:mporaire•. in IX' Con~ ris l nternoti.onol de.s Scitnus Economic H isto ry Rel'i<'K'. 2.' série. XVIII. 1. Agosto 1965. 39-60. •
Hu roru;un. J: R:ippom (Pa.ns: Lib. Amund Co lm . 1950J. 3 10. 21. MaJowist , Eco nomic Hisrory. p. 179. Ver Posun : .. EnqU311tO :is cxponaçõcs ing lc:su comis1ir.im prin-. ~
.\las cf. " illl DilJcn: •[i'°o século XVl lJ a In 2IJicrrJ era au10-sufic ien1e. ma.s os Países Baixos não. Esta~ a cipalmeme cm li'i~ não era nc:cessário que os mercadores ingleses fossem m uito longe cm btUC3 de mc:rt'ado e clien-
razão por q ue origina.l rncmc os ccreai\ import.:idos -eram principalmeme desrinados aos Países Baixos•. Brirain tes . A lã era um3 matéria-prima da indúsnia: os seus clicnccs eram produtores de cecidos estrangeiros: e ~ únicos
anJ tM Ntrhtr/ands. li. p. JJJ. \ ·er tambt!m Alan Everi u in A ~ rarian Huto')'. IV , pp. 524-527. centros de produção de tecidos estavam não apenas muito loca liz.ados. mas situados ao akancc da mão, princ1p;ilrrw:nte
12. G. ~ - Cl ark , Th' w ,a/rh uf Eri.~ landfrom /J 96 10 1760 (Londres: Oxford Univ. Press. 1946). 27-88. . nOs Países Baixos. Por outro lado. o tecido aca bado rinh3 de ser \·endido a clientes potenciais e nos cemrOi pri.ncipais
M.i." a ~oni.ega CS!3va també m a exportar prcx1utos primários para a Escócia. a Dinamarca e os Países Baixos, o de consumo potencial, ou, por outras palavras. a homens e mu lht'res de toda a Europa continenta l e a~m delz,. .
que dim inuia a sua de pendênc ia da Ing laterra. Ver Lythe . Th e Economy o/ Scot/and, p . J47 . Cambridg t Econom ic llistor)' o/ Europt, li. p. 245.
13. • A.ç mudanças adm ini strat ivas no País de Gales duran1e o pcrioclo Tudor favorecem o desenvolvimento 22. Poslan. in Power e Pos1an, ab .. Sruditr in Eng lish Trad, . p. t 03; cf. O>ri<. IA'ra!rh o{ Eng lond,
do comércio~ gado ao dominare m a desordem nas marcas ... Caroli.ne Skeel. «The Canle Trade Berwccn WaJes and pp. 39-40.
England from tlx Fift« nth ro lhe !'\inc:tecnth Cc:nruries .... Transactions of rht Royal Hislorica/ S ocitry, 4.1 .strie, lX. 23. Ver Alwyn A. Ruddock . /ra /ian Merchan11 anti Shippinx in S owhompton , 1270-/ 61)() (Soutlwnp<oo:
t926. t 3 . Uni vers i1y College, t951).pas1im .
· IJ.. Eileen E. Po u.·er. • The Woo/ Tradl! in lhe Fifteenth Century:.., in Eileen E Powcrc M . M . Postan. eds .• 24. Ver J acques Hecrs , '"'Les Génois tn Anglcterre: la crise&: 14.58- 1466•, in S1ud1 i11 onM t d; Armando
Studies 1n tht Engli.Jh Tradt in tht F1/1un1h Ct11tury (No•• a Iorque : Sarnes & Noble, 1966). 39. Sapori (Milão: Jsii1u10 Edil. Cisalpino, 1957 ). li. 812. 824.
15. Myers. England in tht lurt Middlt Agts. p. t 32. 25. Ver Poslan. S1udit1 in EnR!üh Tradt. p. 101.
16. Ver P. J. Bowden. The Woad Tradt in Tudor &: S tuart En gland (Londres: Mocmillan. 1962). 26. •Uma diferença re levante cnrre o comtrtio da lã e o de tccidos no s&-ul? XV ru~de nM condições sob ·
pp. 20J.212. • as quai5 cada JTlC'rcadoria era comercializada. Exupruando os emb.Jrquc.s com desuno a 11.iha . .a 11 cn vendida a
17. Ver Poçtan , Cambridgt Economic llisrory o/ Europt, U. p. 244. Ver Ramsey. Tudor Economic Pro- compradores continentais por ing leses cm Cala.is. um mercado 1\3 posse dos in~le~ e expli~it.amcnte ac.arinh3do
b lem1. p. 101. pelo governo. Em contraste. os tecidos vendidos no continenre tanro por estrange1~ como por lngl~5 eram comer-

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r , r causa da sua posição exposta. Tanto Postan com_o S. T. Bindoff consi~er~ estes c~n- um comércio de exportação florescente, doi s terços do qual se dirigia para Antuérpia e o terço
::tempos como a explicação fundamental do aparecimento da nova orgamzaçao comercia~ restante para a França e a Península Ibérica. O seu défice líquido com a frança ficava cobeno
de mercadores ultramarinos, a Fe/lowship of Merclzant Adl'e11111rers_ de Londres, qu_e foi pelos metais preciosos resultantes da sua balança favorável com as áreas dos Habs burgo. No
form almente criada em 1486 e monopoli zou as relações de exportaçao com Antué~1al21•. início da éra isabelina, o comércio ultramarino da Inglaterra pod ia já ser descrito em terrnos
Mas 0 que os ingleses perderam em amplitudC: de '"'.1ercad?s ganharam-no em qua~u~ade. brilhantes'" '·
Mai s ainda, viram-se forçados à rac1onali1~1çao e a efic1enc1a, dado que. como _assmaJa A Inglaterra tinha vantagens tanto política~ como económicas quando o «segundo,;
Bindoff. "ª nova situ ação supunha não só um aumento da prncura de tecidos, espe~1almen~e século XVI começou. Poderia argumentar-se que a Inglaterra estava internamente excep- ··
dos tipos particulares fa vorecidos pelo comprador estrangeiro, mas - o que era amda m_a1s cionalmente unificada, e desde uma época relativamente precoce "''· Não voltaremos aqui ·
importanre _ uma proc ura de mais lecidos a serem entregues nu_1~ m_crcado ullrama~mo às razões desse facto. que j á discutimos com certa extensão anteriormente, excepto para Msi-
numa dada data»'2". Por acréscimo, a parte inglesa estava mais um ficad a que a dos P:uscs nalar que as explicações incidem sobre dois terrenos fundamentais: disse-se que a forma da
Baixos , a qu al se via assediada pela concorrência entre as cidades, e como consequência os estrutura social medieval se prestava particularmente bem ao desenvolvimento duma monar- -.- · F..
Mercham Adl'e11turers podiam «evitar deliberadamente qualquer compromisso em utilizar quia forte m i, e que a geografia n_atural da Inglaterra insular apresentava menos obstáculos
unica mente uma das c idade s»'"'~ . ficando portanto numa posição de negociação economi- ao impulso centralizador do monarca que as áreas do continente ' }<'·
camenle vantajosa. Dadas tais explicações, vejamos de que forma os monarcas Tudor aproveitaram ao ; .;,,
Ex isre outro aspecto positivo na posição do comércio inglês. Os seus impostos máximo estas oportunidades <<naturais». explicando assim a capacidade da Inglaterra para · · · ,_~ ·
eram menos opress ivos que os de alguns dos mais antigos centros de comércio (a Flandres, o levar por diante as suas titubeantes vantagens industriais, no «segundo» século XVI. . ·~ ,_. - ' · ·
Nort e de h:ília) e a sua organi1,ação técnica estava actualizada e por conseguinte em mais Um factor foi a chamada «revolução administrativa» henriquina ou Tudor. que
económica, oferecendo- lhe ass im vantagens concorrenciais já mesmo no princípio do «pri- G. R. Elton apresenta como tendo ocorrido entre 1530 e 1542, sob o génio do «mais radi-
meiro» séc ulo XVI 130 '. Des lc modo, no princípio do «segundo » século XVI, a Inglaterra tinha ·I
rávei s do que o de Gtnova. que manlinho uma polílica de impostos de longe mai s pesada . Em todo o caso, certas
ci~ lizado~ C'rn n.· g.iõcs quC" se estend iam dc: sd( a Prússia por toda a costa ocidental da Europa alé Itália . Esta cxtrnsa téc nicas comerciais (1ranspones ou operações acessórias) cst.lvam suficie-ntemente ª"·ançadas p3.r3 permitir preços
e dc~rrotc:gid:i ára. de mcrl·ado C"Stava mais ex posta a pcnurbações do que o concentrado e protegido mercado eh 11 rel::uivamenle baixos. Quer se tratasse de anigos caro s como tecidos ingleses ou de produtos bantos como o a.lúmen.
de Cabis cci m o seu com~ rdo iral iuno suplementar. Os maiores mercados para os tecidos in gleses eram as ttgiõcs e stes custos permaneciam baixos: uma marca duma economia mais moderna. ( ... )
b:\llic.:is. e~ pt.'\.· 1:1. l mente: u Pnis~ i a e a Po ló nia. os Paí!'l<'s Baixos e o Bai xo Reno. e: tam bém a França Sclcntrio nal e a As condições de: crédilO eram também muito importantes. Em Londres obtinha-se d inheiro facilmente.
Gui(nne. ,.\ rnn1.:cru 4ue. dur.mtt' o pt"ríodo l-l~ ::<-76, n:lo a~ n as a Gu ienne se perdeu par.ia ln~laterra como os sem formalidades excessivas e sem se t"r de utilizar métodos mais ou menos subrcpticios•. Hcitn. Studi in mtorr
meorcado:i; do lHlt1rn forJm rx·nu rhados por di ssr: n,·()\:s po líticas. As co nd ições das tris irc:as de mercado devem úi Armando Sapori, II. p. 832.
pon.into ~t" r l ilb.'> i:m t"í'nta ao a,·a liar-M" ª" n.·sJXm.sabili dad1..~s do declín io do comfrcio de tecidos•. H. L. Gray. 31. •O comércio marítimo inglês (... ) consislia cm uocar um único produ10, tecidos - o rcsu1 tado do que. ·
·Engli.sh Fnn-i gn TrjJt: from l ~b lo 1-l S~ ... in Eikcn E. Powc:r & M. M . Past.J.n. eds .• Studfrs in English Trad~ in para a época. era uma industrialização \ erdadeiram('nte gigantesca. en\•olvendo uma grande revolução agrári:i e \l.m.3
1

1he Fifreouh Ctm11r,· (SovJ IN4u( : Dam c:s & Nob k . 1966). 25. mudança de todo o padrão da economia interna - por um ttno númml de artigos. muitos dos quais (a Inglaterra]
27 . .. Por nt('ados do século X\'º ' mc:n·adores J c: 1c-c idos in ~ k scs tinham sido exclu ídos de todos os seus era climaticamente incapaL de produzir, juntamente com uma série d~ produtos industri ais de uxb a e spécie pua
J'IDIO.s avançados ma1~ di~ 1:1.n1 i:s. O m('rcudo c~and i navo tinha sido ~rd ido ao "·ir:ir do século. As conexões com a servir as crescentes n('ces.sidade-s da.~ classe!' média e superior civllizadas e amantes do luxo. A ln~laterra vestia o
Prussia ('. :urJvt.s dc:,St" pais. 1.·. um toJa a Eunlp:.t Ce-n[r:i.J e: Ori(' nlll c:sta\•am fin.Jlmc nte con.Jd:i.~ pelos sucessivos camponês do Nonc europeu r cm troca absorvi3 uma grande: proporção d os produtos fo rj3dos pc13s 1uus tCcn.icas
<.·. onflitos ang.lv-h;ubetiticos das dck:aihs dt.> 30 e: 50 . A concc: ntr:.u;ão d o comércio ing!Cs nos Pa i~ Baixos. a cspe- europeias que imponava do Leste e do Sul através da marinha mercante d3 Euro pa. O equilihrio do comércio dc:1X"11-
cia.li t::t\ilo d.:1 indús tri.i ingk~.1 nos tt:"·iJos crus. o ~urg i me nto da "·ompanhia ". do mo nopó lio dos Macham Ad\·tn- di3 inteirnmeme da capacid3dc da Europa em manipular. transpona.r e comprar os t«idos de que a lng lucrra era
turrr.t - tí"-.ll'S C:!!ites trj1,'1 \3 fa.mill::tn."s do comércio i n g l~s º'-' fr·cho d:.t Idade: MkJ ia pockm S<- r rcfrridos ao declCnio quase um fornecedor ilimirado..... L:lwrence Stonc. Econnmi<- His1ory Rnit....-, li , p. 39.
do imrbio meJ i('' .il ingli'' no fun il..'l Gut'ITJ dl\~ Ct:m Anos•. Postan . Eco11omic H u ron · Rr,·it·K'. XII. 19-t2. 3. 32. Ver Strayer. On rhe Medieml Origim o/ rhe M 0<fern Srate. pp. 44-45. Eti F. Heckschcr assinala que .
Vtr l:unNm Po\ tJn m Pm\a ..~ Postan. c:J s .. Sru~il~J in En:~lüh Tradt'. p. 153. . o lng lo<erra tinha umo cunhagem unificada sob Henrique li . na segunda ~<ade do século XII . enquanto a Fr.i.nça
- ~t:lS s.\o in..tutJ11:s vd rnt'ntc os in~ l(:<S qlk" Jc:1i:m l'l preço do loc:li entre as ··naçõe s .. de Antuérpia deste só o conseg uiu em 1262, Merca nriliJm, 1. p. l l9.
1emJX'· e. a _c s1..«.'lh:.1 l'.k An1u~rp1 J ~ umo a .. ("u.1.1ck c:mrx-'rlo .. pM:t o.s 1ec idos ing. lesc:s ~ o S<'gundo moti\'O. a seguir 33. Por ('Aem plo. ~farc Blcx· h: ... (A. conquisu de Guilhenne] tinha ocorrido precisamente no momento em ...
~. tspn:13.n:is. pN yut.> \l' n\C'n.·.J.J0n:s dt" ti.JJ.J :t Eu rup:i er.un :.i trjidos para 3Ji, ForJ em face de muitos descnco- que a mms formação das condiç~ ~ ('(.'Onómicas e intelectuais no Ocidc:me começ3\'a a fa vol"'CCC'r n luu comr:ti 3.
r:u~mc:mo~ ~ue (l ..·o~~_m o de: tc·,:u.los mglCs unhJ lut.1do par.i 3dqumr um enm~ posto nos Países Bai.'\OS dunnte desintegrnção. É significat irn qut" esta mo narqui a. nasc ida dum3 guerra bt:m sucedida. P3J"e\ª ter tido ao seu di spor
o S<'i.."'U f<\ X'\ . A f<rs.!St1.·nc1j de:- qu~ d('U rrm .1$. t' que tSlJ\'3 p3.r.1 S<'r tão amp13lllt"nle n:com pcnsacb. fo i UJl\.3 vir- desde longo data um ()<SSoa.I educado e um aparelho bumcníuco. ( ... \
rudc M$Chil d.J 0<1..~~i.Jadc. f'l' is fot :i s.u.J ill\.- ap.Aid:llk em se nunt<-r C"m quJ.lquer outro local ao longo d:t costa da Embora [não dcwní an1es ler-se rorquc?J em cc n os aspectos nenhum Est3do fosse ma.is c.omp!etomcnte
Euf'(\çu qU<" ~<~1.Ju ~t : mc:c3dt.."'rts lngl('S('s ~ f~nt31" as suas fonun:is nos P:Uscs Bah;os: muito S<- pode diz.er feudal, o seu feudalis mo era dum 1ipo que em última insrâ.oci a realçava o p~ stígio cb Coro3. N este pab: cm que c ad.3
e:-i ~axnr ~ !~i:s ..k -~l)(" o surgtIJ'l('nlO do comé'rcl"' in~lo:!_.s die t~lC.ios em Antuirpia. assim como o sur~ imcnto d3. bocado dC' terra era uma concessão. o rti CTJ litl!r.ilmente o ~nhor de todos os senhores . Em nenhum outro local
e__ -r-i-F\hu U\.lS Mrrt ~~,.H ~.../\~r.1;,,,rrrs que: \ (IO :i d~rruna-lo. foi urna funç-lo não Jo crescimento m3S d3 conrnc- fora o sis tenu de fruclos mili~ mJis metodicame nte aplicado .... Ft"udal Soci<l)". pp. 4 29-430 .
.10 lhl o~r..: 10 !1U.'1.U":o ~gles l'\.-lfTio um l •o · . S. T . Bindoff. ,\'cw Cam.bridgt M oJa n H ijfon·. lI. pp. 53-5-i. 34. Por exemplo. Ued.:schcr: •Liffi3 dis d uas principais causas (das dific uldades em c ri ar um Estado cm - -
t~~ I. :Õ'. S T . Btndoft . Twd..u- En,( /,; .,J. ' OI. \" dl Pd ican lllStory of England (Londres: P<nguin Books. tralizlldo na td3de Média ] er.i • cond ição dos rn<:ios de com un icaç:i<>. cm pani<:ul;ir da comu nicaçõo por 1erra. os
quais, sob condições técnic:is primith ·il.1. sem pre ofrrecernm maiores dific uldades :unes du. ,grandes 1nvenç~s do
:9· B~ioff. :'Vel4: Ca.: bn::fst M · em H frtt>r)·. U. p. 54. que os cursos de água int~riorcs ou o trá fico 10 lon~o d3 cosu. Por esta ra.1..lo . um país com o a ln gl3tcrn. C<!m a
· _;.o. - ~o ci~ quer do~ in!e.m xional ou & ~~ intanJ: ~ ~ custos de cmtnlagcm. mms- su:i c osta nouvelmrn<e longa em rcl:.;ão à :lrca t<m!Orial. tinha de longe llUÍ<>res fOMi bihd:!ldcs de con,.-guir u=

1..-m xto
.
ponc/1:..s...~ ~-GTICm - ~Ptl e 1mfX'S! nlo R'l(ITTU\ a.".'l s.m3o a uma pcqoou pmc do pl'C\1'() de custo. Este
qt."C \<liC' 3 pctU .w .. · clur. es::.: cC!!CTlttoo ocíder~uJ . oo 5tculo X\'. esu:n sujeito a condições m:lis. fayo-
união política do quC" os ~udos contincnLt is. d<M quiis. ~nhum ~ta''ª cm pior s.irll3Ção 00 q u·e 3 Alcm3Jlha•. MtT-
cantilism . I. p. 36. Ver Cl:ul<. Tl:t Wea /rh of E:ng/.;r.tl. PP- 4- 5. 4-l-15 : •

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r , r causa da sua posição exposta. Tanto Postan com_o S. T. Bindoff consi~er~ estes c~n- um comércio de exportação florescente, doi s terços do qual se dirigia para Antuérpia e o terço
::tempos como a explicação fundamental do aparecimento da nova orgamzaçao comercia~ restante para a França e a Península Ibérica. O seu défice líquido com a frança ficava cobeno
de mercadores ultramarinos, a Fe/lowship of Merclzant Adl'e11111rers_ de Londres, qu_e foi pelos metais preciosos resultantes da sua balança favorável com as áreas dos Habs burgo. No
form almente criada em 1486 e monopoli zou as relações de exportaçao com Antué~1al21•. início da éra isabelina, o comércio ultramarino da Inglaterra pod ia já ser descrito em terrnos
Mas 0 que os ingleses perderam em amplitudC: de '"'.1ercad?s ganharam-no em qua~u~ade. brilhantes'" '·
Mai s ainda, viram-se forçados à rac1onali1~1çao e a efic1enc1a, dado que. como _assmaJa A Inglaterra tinha vantagens tanto política~ como económicas quando o «segundo,;
Bindoff. "ª nova situ ação supunha não só um aumento da prncura de tecidos, espe~1almen~e século XVI começou. Poderia argumentar-se que a Inglaterra estava internamente excep- ··
dos tipos particulares fa vorecidos pelo comprador estrangeiro, mas - o que era amda m_a1s cionalmente unificada, e desde uma época relativamente precoce "''· Não voltaremos aqui ·
importanre _ uma proc ura de mais lecidos a serem entregues nu_1~ m_crcado ullrama~mo às razões desse facto. que j á discutimos com certa extensão anteriormente, excepto para Msi-
numa dada data»'2". Por acréscimo, a parte inglesa estava mais um ficad a que a dos P:uscs nalar que as explicações incidem sobre dois terrenos fundamentais: disse-se que a forma da
Baixos , a qu al se via assediada pela concorrência entre as cidades, e como consequência os estrutura social medieval se prestava particularmente bem ao desenvolvimento duma monar- -.- · F..
Mercham Adl'e11turers podiam «evitar deliberadamente qualquer compromisso em utilizar quia forte m i, e que a geografia n_atural da Inglaterra insular apresentava menos obstáculos
unica mente uma das c idade s»'"'~ . ficando portanto numa posição de negociação economi- ao impulso centralizador do monarca que as áreas do continente ' }<'·
camenle vantajosa. Dadas tais explicações, vejamos de que forma os monarcas Tudor aproveitaram ao ; .;,,
Ex isre outro aspecto positivo na posição do comércio inglês. Os seus impostos máximo estas oportunidades <<naturais». explicando assim a capacidade da Inglaterra para · · · ,_~ ·
eram menos opress ivos que os de alguns dos mais antigos centros de comércio (a Flandres, o levar por diante as suas titubeantes vantagens industriais, no «segundo» século XVI. . ·~ ,_. - ' · ·
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económica, oferecendo- lhe ass im vantagens concorrenciais já mesmo no princípio do «pri- G. R. Elton apresenta como tendo ocorrido entre 1530 e 1542, sob o génio do «mais radi-
meiro» séc ulo XVI 130 '. Des lc modo, no princípio do «segundo » século XVI, a Inglaterra tinha ·I
rávei s do que o de Gtnova. que manlinho uma polílica de impostos de longe mai s pesada . Em todo o caso, certas
ci~ lizado~ C'rn n.· g.iõcs quC" se estend iam dc: sd( a Prússia por toda a costa ocidental da Europa alé Itália . Esta cxtrnsa téc nicas comerciais (1ranspones ou operações acessórias) cst.lvam suficie-ntemente ª"·ançadas p3.r3 permitir preços
e dc~rrotc:gid:i ára. de mcrl·ado C"Stava mais ex posta a pcnurbações do que o concentrado e protegido mercado eh 11 rel::uivamenle baixos. Quer se tratasse de anigos caro s como tecidos ingleses ou de produtos bantos como o a.lúmen.
de Cabis cci m o seu com~ rdo iral iuno suplementar. Os maiores mercados para os tecidos in gleses eram as ttgiõcs e stes custos permaneciam baixos: uma marca duma economia mais moderna. ( ... )
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meorcado:i; do lHlt1rn forJm rx·nu rhados por di ssr: n,·()\:s po líticas. As co nd ições das tris irc:as de mercado devem úi Armando Sapori, II. p. 832.
pon.into ~t" r l ilb.'> i:m t"í'nta ao a,·a liar-M" ª" n.·sJXm.sabili dad1..~s do declín io do comfrcio de tecidos•. H. L. Gray. 31. •O comércio marítimo inglês (... ) consislia cm uocar um único produ10, tecidos - o rcsu1 tado do que. ·
·Engli.sh Fnn-i gn TrjJt: from l ~b lo 1-l S~ ... in Eikcn E. Powc:r & M. M . Past.J.n. eds .• Studfrs in English Trad~ in para a época. era uma industrialização \ erdadeiram('nte gigantesca. en\•olvendo uma grande revolução agrári:i e \l.m.3
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1he Fifreouh Ctm11r,· (SovJ IN4u( : Dam c:s & Nob k . 1966). 25. mudança de todo o padrão da economia interna - por um ttno númml de artigos. muitos dos quais (a Inglaterra]
27 . .. Por nt('ados do século X\'º ' mc:n·adores J c: 1c-c idos in ~ k scs tinham sido exclu ídos de todos os seus era climaticamente incapaL de produzir, juntamente com uma série d~ produtos industri ais de uxb a e spécie pua
J'IDIO.s avançados ma1~ di~ 1:1.n1 i:s. O m('rcudo c~and i navo tinha sido ~rd ido ao "·ir:ir do século. As conexões com a servir as crescentes n('ces.sidade-s da.~ classe!' média e superior civllizadas e amantes do luxo. A ln~laterra vestia o
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<.·. onflitos ang.lv-h;ubetiticos das dck:aihs dt.> 30 e: 50 . A concc: ntr:.u;ão d o comércio ing!Cs nos Pa i~ Baixos. a cspe- europeias que imponava do Leste e do Sul através da marinha mercante d3 Euro pa. O equilihrio do comércio dc:1X"11-
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do imrbio meJ i('' .il ingli'' no fun il..'l Gut'ITJ dl\~ Ct:m Anos•. Postan . Eco11omic H u ron · Rr,·it·K'. XII. 19-t2. 3. 32. Ver Strayer. On rhe Medieml Origim o/ rhe M 0<fern Srate. pp. 44-45. Eti F. Heckschcr assinala que .
Vtr l:unNm Po\ tJn m Pm\a ..~ Postan. c:J s .. Sru~il~J in En:~lüh Tradt'. p. 153. . o lng lo<erra tinha umo cunhagem unificada sob Henrique li . na segunda ~<ade do século XII . enquanto a Fr.i.nça
- ~t:lS s.\o in..tutJ11:s vd rnt'ntc os in~ l(:<S qlk" Jc:1i:m l'l preço do loc:li entre as ··naçõe s .. de Antuérpia deste só o conseg uiu em 1262, Merca nriliJm, 1. p. l l9.
1emJX'· e. a _c s1..«.'lh:.1 l'.k An1u~rp1 J ~ umo a .. ("u.1.1ck c:mrx-'rlo .. pM:t o.s 1ec idos ing. lesc:s ~ o S<'gundo moti\'O. a seguir 33. Por ('Aem plo. ~farc Blcx· h: ... (A. conquisu de Guilhenne] tinha ocorrido precisamente no momento em ...
~. tspn:13.n:is. pN yut.> \l' n\C'n.·.J.J0n:s dt" ti.JJ.J :t Eu rup:i er.un :.i trjidos para 3Ji, ForJ em face de muitos descnco- que a mms formação das condiç~ ~ ('(.'Onómicas e intelectuais no Ocidc:me começ3\'a a fa vol"'CCC'r n luu comr:ti 3.
r:u~mc:mo~ ~ue (l ..·o~~_m o de: tc·,:u.los mglCs unhJ lut.1do par.i 3dqumr um enm~ posto nos Países Bai.'\OS dunnte desintegrnção. É significat irn qut" esta mo narqui a. nasc ida dum3 guerra bt:m sucedida. P3J"e\ª ter tido ao seu di spor
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rudc M$Chil d.J 0<1..~~i.Jadc. f'l' is fot :i s.u.J ill\.- ap.Aid:llk em se nunt<-r C"m quJ.lquer outro local ao longo d:t costa da Embora [não dcwní an1es ler-se rorquc?J em cc n os aspectos nenhum Est3do fosse ma.is c.omp!etomcnte
Euf'(\çu qU<" ~<~1.Ju ~t : mc:c3dt.."'rts lngl('S('s ~ f~nt31" as suas fonun:is nos P:Uscs Bah;os: muito S<- pode diz.er feudal, o seu feudalis mo era dum 1ipo que em última insrâ.oci a realçava o p~ stígio cb Coro3. N este pab: cm que c ad.3
e:-i ~axnr ~ !~i:s ..k -~l)(" o surgtIJ'l('nlO do comé'rcl"' in~lo:!_.s die t~lC.ios em Antuirpia. assim como o sur~ imcnto d3. bocado dC' terra era uma concessão. o rti CTJ litl!r.ilmente o ~nhor de todos os senhores . Em nenhum outro local
e__ -r-i-F\hu U\.lS Mrrt ~~,.H ~.../\~r.1;,,,rrrs que: \ (IO :i d~rruna-lo. foi urna funç-lo não Jo crescimento m3S d3 conrnc- fora o sis tenu de fruclos mili~ mJis metodicame nte aplicado .... Ft"udal Soci<l)". pp. 4 29-430 .
.10 lhl o~r..: 10 !1U.'1.U":o ~gles l'\.-lfTio um l •o · . S. T . Bindoff. ,\'cw Cam.bridgt M oJa n H ijfon·. lI. pp. 53-5-i. 34. Por exemplo. Ued.:schcr: •Liffi3 dis d uas principais causas (das dific uldades em c ri ar um Estado cm - -
t~~ I. :Õ'. S T . Btndoft . Twd..u- En,( /,; .,J. ' OI. \" dl Pd ican lllStory of England (Londres: P<nguin Books. tralizlldo na td3de Média ] er.i • cond ição dos rn<:ios de com un icaç:i<>. cm pani<:ul;ir da comu nicaçõo por 1erra. os
quais, sob condições técnic:is primith ·il.1. sem pre ofrrecernm maiores dific uldades :unes du. ,grandes 1nvenç~s do
:9· B~ioff. :'Vel4: Ca.: bn::fst M · em H frtt>r)·. U. p. 54. que os cursos de água int~riorcs ou o trá fico 10 lon~o d3 cosu. Por esta ra.1..lo . um país com o a ln gl3tcrn. C<!m a
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1..-m xto
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ponc/1:..s...~ ~-GTICm - ~Ptl e 1mfX'S! nlo R'l(ITTU\ a.".'l s.m3o a uma pcqoou pmc do pl'C\1'() de custo. Este
qt."C \<liC' 3 pctU .w .. · clur. es::.: cC!!CTlttoo ocíder~uJ . oo 5tculo X\'. esu:n sujeito a condições m:lis. fayo-
união política do quC" os ~udos contincnLt is. d<M quiis. ~nhum ~ta''ª cm pior s.irll3Ção 00 q u·e 3 Alcm3Jlha•. MtT-
cantilism . I. p. 36. Ver Cl:ul<. Tl:t Wea /rh of E:ng/.;r.tl. PP- 4- 5. 4-l-15 : •

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1
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ca] dos modcmizadores»'" '. Thomas Cromwell. Elton argumenta que este foi um período A Inglaterra foi capaz de dcscm·olvcr uma capital fone como força cultural e cconó- -f: .. 1;
de verdadeira mudança. te.stemunha da criação do Estado soberano moderno: «Ü Estado Tudor mica unificadora <' 1l. E foi capaz de manter a paz interna. num período de agitação no con-. '.- 1 •
era uma monarquia nacional até um grau nunca visto em Inglaterra. e embora realçasse tinente, sem um exército regular. o que em pane' explica 0 i;cu avanço industrial"·''· A , · ·.
aparentemente 0 papel do monarca. o vcnladeiro acento residia j:í no seu cará:ter n~c.io­ questão está em saber como conseguiu escapar às guerras religiosas do conti nente, quando . "·
nal» ""'· A revolução administrativa é concomitante de uma maior coordenaçao ex1g1da podia argumentar-se. como o faz R. B. Wcmham. que no período que se ,eguiu ao tratado de . , . ·
pelos interesses capitalistas emergentes. Se a Inglaterra queria ser uma entidade coerente Cateau-Cambrésis «a instabilidade interna das Ilhas Britânicas (cau•ada em grande pane pela , " · -.,, .:,
no quadro da economia-mundo. não podia continuar a ser várias economias de certa forma insegurança da sucessão inglesa] as convcneu na( ... ) área de perigo e ponl<! focal das rivn- . ·
separadas "''· !idades na Europa Ocidental», .... ,. Fundamentalmente foi esta mesma rivalidade e o relati vo i, ··. •
Ehon v~ a introdução de uma série de novos procedimentos - uma nova forma de esgot~mento dos impérios francês e espanhol (que já expusemos), combin:tdos com a audácia _ , ..
gerir as finanças. a centrali zação da administração na figura do primeiro secretário, a organi- do Act .o f Supremacy de 1559, que es tabelecia a Ingl aterra como fatado anglicano '' " · o que
zação do Conselho Pri vado como esfera de coordenação. a racionalização da casa do rei-, «tomou possível a emergência de uma terceira grande potência na Europa Ocidental, e ror
cada um dos quais supunha uma reorganização «no sentido duma maior definição ou espe-
cialização da ordem burocrática»'"'· O trabalho de Elton fez surgir uma dessas infindáveis 1 .... - ...

42. «O séc ulo XVI assisliu à integração das cidades inglesas numa unidade naci onal únic.a, .a um pon:o Utl
controvérsias cm que os hi stori adores debatem, se m a ajuda de dados quantitativos, o grau que nãó foi igualada no continente.( ... ) A significativa exp.in!<Jo de Londrc.~. e o seu poder cresc:cnt~ co mo ÍOJ\8 uru · ·
em que algumas «diferenças» concorrem para ocasionar um salto qualitativo " 9' . fic:idora, pode data.r-se da época pos1erior à Reforma. ( ... ) Tirando vanragem do esra~ l ccimcmo da ki . d1 on:km r: • 1 '-
da polícia in1erna , do fim da guerra pri\lada no País de Gale s e no Non e. da eliminação de:. privilfp.im e do lento
Foi a reforma de Henrique realmente nova ou não? Foi a mudança administrativa
me lhordfllento das comunicações. os mc:rcadores d;1cidade derrubaram gradu a.lmcn1e o-s pri vtltgios dn corporD<,,'Õd.
realmente revolucionária, ou simplesmente um passo mais num processo contínuo que vai do locais. Ao mesmo tempo . os pregadores protestantes, financiados a panir de Londres. trabalhavam p:ira conduzir os.
século XIV ao séc ulo XVII? Chri stopher Hill defende, em minha opinião, um ponto de vista cantos escuros do reino a uma real compreensão da religião aceite na ca.pi1 al• . llill. ibid .. pp. 2:'i-27 .
A posição e x.cepcional da Inglaterra comparada à do contincn1e é també m acentuada por ll e.d.~her: .. f.m
sensatamente equilibrado sobre o que aconteceu: nenhum outro país foi a tarefa de es labc lecer um sistema unificado de porugem rc:la1i-.·êfl-.en1e tão f<\cil como na
ln glaterrá, e doi s facl o rcs eram no essenc ial responsáve is por isto . O primeiro. como cm lod:J!t as ou tras ofem, fl.M
Ao longo da Idade Média cominuou o vaivém: governo mais «burocrático» sob controlo da a força unida e intacta da monarquia inglesa, e o segundo a esmagadora importância do uan~pone por mar. sendo
nobreza quando o rei era fraco ou de menor idade. governo da «casa do rei ». sob o seu controlo as estradas por terra e os curso~ de água interi ores de longe menos importanles do que o eram cm blocos MCO!fá-
pessoal, quando eSle era forte. Mas no século XVI este ciclo rompeu-se. As repanições •saíram ficos tão compactos como a Alemanha e a França.(. .. )
da Corte• sem que o rei perdesse o controlo sobre elas( ... )''°'· A Inglaterra ocupava uma posição única não ape nas pela insignificá.ncia das suas portagens rodoviárias e
fluvi ais. Ela foi também capaz de fazer evoluir um sistema alfandegário nac ion al inteiramente indcpcndnlte das
Este período de reforço administrativo do Estado foi ao mesmo tempo. como ponagens municipai s e complc1amcntc na!i mãos do Estado, nJ.o se ndo as alfündega.s modificada." por isenções.
numerosas nem normalmente arrendadas.( .. ) -
também no-lo recorda Hill. « O único período da história inglesa a panir de l 066 em que o Era, além disso. carac terístico que não apenas elas estivessem nas mãos do Estado mal evídenci.assc:m
país não teve possessões ultramarinas (excepto a Irlanda)»'" '· De modo que o talento admi- também uma di stinção precoce entre comércio interno e comércio ex.temo». Mucantilism, pp. 46. ~ 1, 52.
nistrati vo _pod ia ser dirigido totalmente para o interior. Os resultados são muito directos e Ver Gino Luzzatto. l ' etil modema (Pádua: CEDAM), p. 14.
Barry Supple fonnula mais conserva.doramenle a questão da integração económica: .. Nio podemos airub
imponantes.
falar dum mercado nacional parn os factores de produção ou p3r3 a m:iio ria dos bens de consumo. M:u: a e5opccia-
lização regional e o comércio eram suficientemente avançados para criar um equilibrio tt:~onóm ico q~ SC"ria abr-
35. A fr ase t de H. R. Trevor-Ropcr, encontrando-se em .: England's Mcxlemizer: Thomas Crommwcll•, man1emente s usceptível a penurbaçõc:s comerciais». Commerciat Crisis, p. 3. Sobre o crescimento do mercado de
in fl i.storica/ Euays (Nova Jorque: Harper. 1966). 74. Londres como estímulo ao des.cnvol vim en10 econó mico nacion al, \'Cr do is anigos de F. J. FisJl(-.r: • Thc Ow:velopment
36 . G . R. Elton , Tlle Tudor Rem/ution in Go\·ernment (Londres e Nova Io rque : Cambridge Univ. Press. of the Food Markct , 1540-1640,., in Carus-Wilson, ed .. I. 135-5 1; • Thc Developmen1 of London as a Centre of
1953). 4. Cons picuous Consumplion in Lhe 16th and 171h Ccnturies., , in Caros-Wilson. ed .. li. 197-207.
37. •Re giões diff!'rentes da Inglaterra (e a1é cena ponto mesmo cidades diferentes) tinham nos( ... ) séculos 43. •Na transição dos tempos medievais para os tempo!<. modernos, o po ... o inglés es1:1.va cuhun.ltnC'nte
XIV e XV difercnte.s hi s1 6ri ~"li cconómica."li , da mesma maneira que o desenvolvimento económico de diversas nações atrasado, se comparado com o do resto da Europa Ocidental e Central, incluindo a Alemanha Ckidcnlal e Meridional.
da ~u~pa no sécu lo XIX é Justamente tratado cm histórias bem demarcadas. ( ... )A este respeito o surgimento do quer esta época seja datada do fin al do séc ulo XV ou de um ~rfodo an1erior. e quer e.sta comparnç..:io seja feita cm
cap1tahs mo é ele mes mo uma poderosa influência coordenadora», Dobb, Srudies, p. 21. tennos de civilização industrial e material ou em termos im:uc riai s de realização intelcc1usl e de ane & v iver. Mas
. . 38. Eh_on. !udor Rerolu1ir111. ~- 415. Também a • mudança fundamental (foi] a mudança de uma burocra- no século seguinte a comunidade ingle sa tinha feito tais progre ssos que por vol1a do seu fin:.1.I ela esta,·a (talvez
duvidosamente) a par dos seus vizinhos continentais. Este progresso britânico era tanto absoluto como re lativo . e
~~;;~n:;aE~~~r~~'. ~~ ~=- casa do
8 rei para uma buroc racia Lreinada cm casa de minis tro e depois empregue: no devido a um avanço acelerado no território da Ilha. embora o atraso seja mais visivel no Continen1e durante o ~cul o
XV!t do que mesmo por volca do final do século XVI.( ...)
39. Ver Pcnry Williams e G . L. Harriss. • A Re:volution in Tudor History?,. , Pasr &: Presenr, 25, Julho
196J. J-5 81: ~ - R. Ehon . .. The !ud~r Revo lution : A Rcply.1t . Pmr &. Preun1, 29, Dez. 1964 , 24-49; G . L. Haniss A Inglaterra isabclina 1inha uma van1agem diferencial cm matéria de ~mpresa porq~ o resto da Cristan-
e Penry . \\1~ham s,. •A Revo\ut1on m Tudor Hi story? ... Past &: Presem. 31. Julho 1965, 87 -96: G . R. Elto n, «A dade estava então envolvido em guerras destrutivas. as quais . afonuna.damentc para a comunidade" industri3 l mgleu,
Rcvoluuon m i:-udor Hsitory"!:.. . Past & Presen t. 32. Dez. 1965. 103-1 09. se aba1eramcom cx.ccpcional severidade sobre os seus rh·ais industriais.e comerc iais mai s capazes• . Thorstcin Veblen.
' . 40 . Hill. Refo rmation 10 lndu.stria f R~volution , p. 28. lsto é melhor como resumo do que a versão algo Imperial Germany and rhe Indu strial Remf111io11 (Ann Arbor, Michi~an: Ann Arbor Papcrbacks. 1966). 92. 98.
mai s eurcma de Ehon: • As reformas de _1530. a burocratização do go ...cmo, conseguiram obter essa conrinui-
44. R. B. Wemham. •The British QueSlion. 1559-69•. Nr-· Cambridge Mod•m History. Ili: R. B.
Wemham , cd., The Counter-Reformation and the Pria Rt\·ol11rion, 1559 -Jô / O (Londres e No\'a Iorque: Cambridge
:~~ :u;J~arca 0 governo moderno e evna uma real anarquia me smo nos dias da guena civil,.. Tudor Revo/u -
Univ. Press, 1968). p. 209.
41. H ill. ihid . p. 25 . 45. Ver ibid.• 2t2.

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ca] dos modcmizadores»'" '. Thomas Cromwell. Elton argumenta que este foi um período A Inglaterra foi capaz de dcscm·olvcr uma capital fone como força cultural e cconó- -f: .. 1;
de verdadeira mudança. te.stemunha da criação do Estado soberano moderno: «Ü Estado Tudor mica unificadora <' 1l. E foi capaz de manter a paz interna. num período de agitação no con-. '.- 1 •
era uma monarquia nacional até um grau nunca visto em Inglaterra. e embora realçasse tinente, sem um exército regular. o que em pane' explica 0 i;cu avanço industrial"·''· A , · ·.
aparentemente 0 papel do monarca. o vcnladeiro acento residia j:í no seu cará:ter n~c.io­ questão está em saber como conseguiu escapar às guerras religiosas do conti nente, quando . "·
nal» ""'· A revolução administrativa é concomitante de uma maior coordenaçao ex1g1da podia argumentar-se. como o faz R. B. Wcmham. que no período que se ,eguiu ao tratado de . , . ·
pelos interesses capitalistas emergentes. Se a Inglaterra queria ser uma entidade coerente Cateau-Cambrésis «a instabilidade interna das Ilhas Britânicas (cau•ada em grande pane pela , " · -.,, .:,
no quadro da economia-mundo. não podia continuar a ser várias economias de certa forma insegurança da sucessão inglesa] as convcneu na( ... ) área de perigo e ponl<! focal das rivn- . ·
separadas "''· !idades na Europa Ocidental», .... ,. Fundamentalmente foi esta mesma rivalidade e o relati vo i, ··. •
Ehon v~ a introdução de uma série de novos procedimentos - uma nova forma de esgot~mento dos impérios francês e espanhol (que já expusemos), combin:tdos com a audácia _ , ..
gerir as finanças. a centrali zação da administração na figura do primeiro secretário, a organi- do Act .o f Supremacy de 1559, que es tabelecia a Ingl aterra como fatado anglicano '' " · o que
zação do Conselho Pri vado como esfera de coordenação. a racionalização da casa do rei-, «tomou possível a emergência de uma terceira grande potência na Europa Ocidental, e ror
cada um dos quais supunha uma reorganização «no sentido duma maior definição ou espe-
cialização da ordem burocrática»'"'· O trabalho de Elton fez surgir uma dessas infindáveis 1 .... - ...

42. «O séc ulo XVI assisliu à integração das cidades inglesas numa unidade naci onal únic.a, .a um pon:o Utl
controvérsias cm que os hi stori adores debatem, se m a ajuda de dados quantitativos, o grau que nãó foi igualada no continente.( ... ) A significativa exp.in!<Jo de Londrc.~. e o seu poder cresc:cnt~ co mo ÍOJ\8 uru · ·
em que algumas «diferenças» concorrem para ocasionar um salto qualitativo " 9' . fic:idora, pode data.r-se da época pos1erior à Reforma. ( ... ) Tirando vanragem do esra~ l ccimcmo da ki . d1 on:km r: • 1 '-
da polícia in1erna , do fim da guerra pri\lada no País de Gale s e no Non e. da eliminação de:. privilfp.im e do lento
Foi a reforma de Henrique realmente nova ou não? Foi a mudança administrativa
me lhordfllento das comunicações. os mc:rcadores d;1cidade derrubaram gradu a.lmcn1e o-s pri vtltgios dn corporD<,,'Õd.
realmente revolucionária, ou simplesmente um passo mais num processo contínuo que vai do locais. Ao mesmo tempo . os pregadores protestantes, financiados a panir de Londres. trabalhavam p:ira conduzir os.
século XIV ao séc ulo XVII? Chri stopher Hill defende, em minha opinião, um ponto de vista cantos escuros do reino a uma real compreensão da religião aceite na ca.pi1 al• . llill. ibid .. pp. 2:'i-27 .
A posição e x.cepcional da Inglaterra comparada à do contincn1e é també m acentuada por ll e.d.~her: .. f.m
sensatamente equilibrado sobre o que aconteceu: nenhum outro país foi a tarefa de es labc lecer um sistema unificado de porugem rc:la1i-.·êfl-.en1e tão f<\cil como na
ln glaterrá, e doi s facl o rcs eram no essenc ial responsáve is por isto . O primeiro. como cm lod:J!t as ou tras ofem, fl.M
Ao longo da Idade Média cominuou o vaivém: governo mais «burocrático» sob controlo da a força unida e intacta da monarquia inglesa, e o segundo a esmagadora importância do uan~pone por mar. sendo
nobreza quando o rei era fraco ou de menor idade. governo da «casa do rei ». sob o seu controlo as estradas por terra e os curso~ de água interi ores de longe menos importanles do que o eram cm blocos MCO!fá-
pessoal, quando eSle era forte. Mas no século XVI este ciclo rompeu-se. As repanições •saíram ficos tão compactos como a Alemanha e a França.(. .. )
da Corte• sem que o rei perdesse o controlo sobre elas( ... )''°'· A Inglaterra ocupava uma posição única não ape nas pela insignificá.ncia das suas portagens rodoviárias e
fluvi ais. Ela foi também capaz de fazer evoluir um sistema alfandegário nac ion al inteiramente indcpcndnlte das
Este período de reforço administrativo do Estado foi ao mesmo tempo. como ponagens municipai s e complc1amcntc na!i mãos do Estado, nJ.o se ndo as alfündega.s modificada." por isenções.
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também no-lo recorda Hill. « O único período da história inglesa a panir de l 066 em que o Era, além disso. carac terístico que não apenas elas estivessem nas mãos do Estado mal evídenci.assc:m
país não teve possessões ultramarinas (excepto a Irlanda)»'" '· De modo que o talento admi- também uma di stinção precoce entre comércio interno e comércio ex.temo». Mucantilism, pp. 46. ~ 1, 52.
nistrati vo _pod ia ser dirigido totalmente para o interior. Os resultados são muito directos e Ver Gino Luzzatto. l ' etil modema (Pádua: CEDAM), p. 14.
Barry Supple fonnula mais conserva.doramenle a questão da integração económica: .. Nio podemos airub
imponantes.
falar dum mercado nacional parn os factores de produção ou p3r3 a m:iio ria dos bens de consumo. M:u: a e5opccia-
lização regional e o comércio eram suficientemente avançados para criar um equilibrio tt:~onóm ico q~ SC"ria abr-
35. A fr ase t de H. R. Trevor-Ropcr, encontrando-se em .: England's Mcxlemizer: Thomas Crommwcll•, man1emente s usceptível a penurbaçõc:s comerciais». Commerciat Crisis, p. 3. Sobre o crescimento do mercado de
in fl i.storica/ Euays (Nova Jorque: Harper. 1966). 74. Londres como estímulo ao des.cnvol vim en10 econó mico nacion al, \'Cr do is anigos de F. J. FisJl(-.r: • Thc Ow:velopment
36 . G . R. Elton , Tlle Tudor Rem/ution in Go\·ernment (Londres e Nova Io rque : Cambridge Univ. Press. of the Food Markct , 1540-1640,., in Carus-Wilson, ed .. I. 135-5 1; • Thc Developmen1 of London as a Centre of
1953). 4. Cons picuous Consumplion in Lhe 16th and 171h Ccnturies., , in Caros-Wilson. ed .. li. 197-207.
37. •Re giões diff!'rentes da Inglaterra (e a1é cena ponto mesmo cidades diferentes) tinham nos( ... ) séculos 43. •Na transição dos tempos medievais para os tempo!<. modernos, o po ... o inglés es1:1.va cuhun.ltnC'nte
XIV e XV difercnte.s hi s1 6ri ~"li cconómica."li , da mesma maneira que o desenvolvimento económico de diversas nações atrasado, se comparado com o do resto da Europa Ocidental e Central, incluindo a Alemanha Ckidcnlal e Meridional.
da ~u~pa no sécu lo XIX é Justamente tratado cm histórias bem demarcadas. ( ... )A este respeito o surgimento do quer esta época seja datada do fin al do séc ulo XV ou de um ~rfodo an1erior. e quer e.sta comparnç..:io seja feita cm
cap1tahs mo é ele mes mo uma poderosa influência coordenadora», Dobb, Srudies, p. 21. tennos de civilização industrial e material ou em termos im:uc riai s de realização intelcc1usl e de ane & v iver. Mas
. . 38. Eh_on. !udor Rerolu1ir111. ~- 415. Também a • mudança fundamental (foi] a mudança de uma burocra- no século seguinte a comunidade ingle sa tinha feito tais progre ssos que por vol1a do seu fin:.1.I ela esta,·a (talvez
duvidosamente) a par dos seus vizinhos continentais. Este progresso britânico era tanto absoluto como re lativo . e
~~;;~n:;aE~~~r~~'. ~~ ~=- casa do
8 rei para uma buroc racia Lreinada cm casa de minis tro e depois empregue: no devido a um avanço acelerado no território da Ilha. embora o atraso seja mais visivel no Continen1e durante o ~cul o
XV!t do que mesmo por volca do final do século XVI.( ...)
39. Ver Pcnry Williams e G . L. Harriss. • A Re:volution in Tudor History?,. , Pasr &: Presenr, 25, Julho
196J. J-5 81: ~ - R. Ehon . .. The !ud~r Revo lution : A Rcply.1t . Pmr &. Preun1, 29, Dez. 1964 , 24-49; G . L. Haniss A Inglaterra isabclina 1inha uma van1agem diferencial cm matéria de ~mpresa porq~ o resto da Cristan-
e Penry . \\1~ham s,. •A Revo\ut1on m Tudor Hi story? ... Past &: Presem. 31. Julho 1965, 87 -96: G . R. Elto n, «A dade estava então envolvido em guerras destrutivas. as quais . afonuna.damentc para a comunidade" industri3 l mgleu,
Rcvoluuon m i:-udor Hsitory"!:.. . Past & Presen t. 32. Dez. 1965. 103-1 09. se aba1eramcom cx.ccpcional severidade sobre os seus rh·ais industriais.e comerc iais mai s capazes• . Thorstcin Veblen.
' . 40 . Hill. Refo rmation 10 lndu.stria f R~volution , p. 28. lsto é melhor como resumo do que a versão algo Imperial Germany and rhe Indu strial Remf111io11 (Ann Arbor, Michi~an: Ann Arbor Papcrbacks. 1966). 92. 98.
mai s eurcma de Ehon: • As reformas de _1530. a burocratização do go ...cmo, conseguiram obter essa conrinui-
44. R. B. Wemham. •The British QueSlion. 1559-69•. Nr-· Cambridge Mod•m History. Ili: R. B.
Wemham , cd., The Counter-Reformation and the Pria Rt\·ol11rion, 1559 -Jô / O (Londres e No\'a Iorque: Cambridge
:~~ :u;J~arca 0 governo moderno e evna uma real anarquia me smo nos dias da guena civil,.. Tudor Revo/u -
Univ. Press, 1968). p. 209.
41. H ill. ihid . p. 25 . 45. Ver ibid.• 2t2.

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fim afas tamen to dos impérios gémeos dos Habsburgo e dos Valois por meio de um equilí-
0
governo» ""· nas palavras de G. E. Aylmer. Este paradoxo é de facto o segredo do relativo' :-,r~ e '"
brio múltiplo de poderes»<'••. . . . , êxito da lnglatc:rra. Par~ o compreendermos devemos voltar-nos para um debate central da . •/
. Um:1 re lati va paz interna e a ausência dum exé rcito regular significam também uma
moderna htstonografia inglesa: a nature1..a das classes altas inglesas durante o século anterior
menor nece~s id ade de impostos e de uma burocracia inchada para além do seu tamanho eficaz à Revolução Inglesa, e o papel da tão di scutida ge111ry.
pela venda de ca rgos'"'· A expansão do poder central fez-se mais por meio de uma burocracia 1
Analisando a literatura sobre este debate, que J. H. llexter designou por " tempes- · , _,.
eficiente do que de uma burocracia muito maior (e mais onerosa). El a foi também possível tade acerca da gelllry» ""· dá-nos a sensação de estarmos a assistir a uma rápida e aparen- - . - .'' . · .
pe la posição económica do próprio monarca, o maior proprietário de !erras da lnglaterra"''- temente interminável paryida de pingue-pongue em que cada jogada se vê brilhantemente ·~·--·- ·
Mas. como maior proprietário de terras numa economia relativamente isolada e unificada respondida ad injinirum. E preciso distracção em vez de concentração para nos darmos conta ' __
cuja força iria se r erg uida sobre as novas indústrias. de que lado estavam os interesses do rei? de que existem dois debates interpenetrados : um sobre as questões substantivas da história
Não há dúvida de que e les eram ambíguos. já que como proprietário o rei procurava maxi- inglesa no «segundo» século XVI e outro sobre as linhas fundamentai s de batalha na ciência
mi7.Jr os rendimentos das suas terras. e como rei proc urava maximizar os seus rendimentos social moderna. Armados com esta perspectiva global, exige-se-nos então concentração para
_provenientes dos proprietários de terras '" '· Uma fom1a de tentar resolver o dilema por parte nos darmos conta de que algumas pessoas estão de facto a mudar de campo a grande velocidade
da Coroa aa reduzir o seu papel como proprietário de !erras. [Vias então a monarquia tinha a meio do debate, criando assim a ilusão dum simples e directo jogo de bola.
de cncon!rJr uma fonte de re ndime ntos alternativa. Po r isso. em 1610. a Coroa ofereceu ao Se o debate é difícil de deslindar, isso deve-se a que a própria história é muito comple- -. ' .. · ,
Parbmemo o «g rande con!r.lto» -a substituição dos seus direitos feudais po r uma prestação xa. Comecemos por observar o que se supõe ter-se passado em termos de propriedade da terrn.. • · · '
::muni ' ''". Esta proposta fra cassou devido ao desacordo sobre o se u valor. Dado que as receitas Frank C. Spooner defende que a profunda crise económica que sacudiu a Europa entre , .,
1
das rendas reai s estavam então a diminuir, este fracasso contribuiu para as tensões políticas aproximadamente 1450 e 1560 «foi particularmente severa no caso da Inglaterra.. " ''- Este foi .
de SJ época. sem dúvida um dos factores que levaram à proclamação oficial da Reforma. que tomou prn;-
Instabilidade e pJz internas. uma revolução ad ministrJtiva mas uma burocracia relati- sível a confiscação dos mosteiros e outras propriedades da Igreja. Então a Coroa ,·cndeu a
vamente pequena . uma rede nacional de me rcados e o rei como grande proprietário de terras maior parte desta !'erra para obter receitas imediatas e como meio de consofidação política,
- uma c uriosJ combi nJção. que conduz ao «paradoxo e ao trui smo de que a primitiva Ingla- dando aos compradores. como afirma Christopher Hill, «interesses adquiridos no protestan-
terra dos StuJn erJ s imult:ineamente um país .. muito governado .. e um país com muito pouco tismo»"' '· Esta decisão política expandiu de forma espectacular a quantidade de terra dispo-_,
nível no mercado. o que acelerou todo o processo de extensão dos modos de operação capi-
talista numa forma e numa medida que nenhum outro pJís europeu (exceplo possi,·elmente os
-16. /bid .• p. 233. Países Baixos do Norte) experimentava naquela época "''· Vendidas uma vez. as terr.li eram
~ 7 . \ "t-r Hurstfil!' ld sobre o problem a geral cm toda a Europa. incluindo a lngbterm: • Ent:ioos governos de
vendidas de novo (e frequentemente eram-no várias vezes). A que conduziu tudo isto nos
tod.J :i Eump3 do stc ulo XVI encontram-se com recurs.os rela.li' amen1e exíguos perante compromissos SC'mprc
cre~.cntcs . {... ) (Eles] C"n frentJvam um a situação n.1. qu::i.I as cl~s médias não poderiam. ou não quereriam. arcar setenta e cinco anos seguintes? Esta parece ser uma das pedra~ :ingulare.s do debate.
com a maior pane do~ ..:u ,.!Os ~ um governo nac ional ~hs se as classes médias nj o se mostr.l\'3ffi cooper.intcs. as Parece haver relativamente pouca discussão sobre os argumentos que R. H. Tawney
própna..s moru.rquils er:lIJl :ut certo pomo ::unbígua..s em relaç3o ài classes médias . ( ... ) [Ass im . d.'.ú resulmuJ por apresentou nos seus estudos iniciais. O primeiro é que "ª tendência dum mercado de terras f' -:_
tod.J 3 Europ3 u:n1 llrg:i sCri c de temJti\':lS t ... ) de S(' t ribut~ a economil por meio de subterfúgios. de st utilizar
pnlC'õS(..\ S c~rciiis e indusrrüi-1 como c~ ponja fiscal. Ebs en,•olviam ~cssariamcntc a diswrsão da economia: activo era. em termos globais, a de aumentar o número de propriedades de tamanho médio.
• j J • •
e i5to prosxgutJ numa e-s.ca la macip. A sua melhor manifes ução ê a e~ten.sa. \·enda de cargos • . J. Hu~tfi e ld , New diminuindo por sua vez o número das maiores •,,.,_ Observa-se no entanto que isto não nos
Cambrid.~t .Hodun Hi.stor _ \ . Ili. pp. 139- 1-lO.
~ fas ' e:r Chnstophcr Hill sobre a Jngbtcrr.i: • A paz Tudor, e a faha dum cxércita perma.ne:ntc em Ingla-
1em. significau q~ a tribut3.;ào erJ re latiYameme le \ C p:!los padrões do conrinente. ( ... ) "E..s..ças pequenas quantias
contribuira.-n por sua ,ez pan a 1nc-apacida<k da lngla!err.J em fazer C\'Oluir uma burocracia de força compará\'CI, 51. G. E. Aylmer. Tht King' J Sen·tJnts (Nova Iorque: Columbia Univ. Prcss .. 196~ ). 7: _
dipmos. à dJ. Frmça•. R~fornum on. 10 lndusmal Rtrnlurion. p. 101. 52. J. H. Hexter. • The Myth of thc Middlc Classes in Tudor Eng.1and.•. Rtopp ra1Sai.s rn llw ory (~~·a lorquc:
.$.& . .. o fa~to fun~ma l n3 rest3ur.ição do poder real foi a rtstaunção da riqueZ3 real: par.t ser o homem Harper. 1963). t !7-t62. . .
nuis poderoso no remo. o rei linha de ser o mais rico. ~ l realidade: isto significava. por volta do fim do século XV, 53. Spooncr. Ntw CtJmbridgt Modtrn HistOT)', IIL p. 15. la\lo-rcnce StOO(: d1! qu~ a parur de I~ hou'"t'
q!JC' ele tinha de ~ r o maior proprier.irio de terras • . Elton, T1Jdor Remlur1on. p. 25. • um período de três ciclos de expansões cada \ ºCZ ma.is e.sJonteante.s e ~prc~s<Xs :9.b1s~1s . a.::ahando no colapso
49. ...O pcriodo do absolu1 iszno fo i inaugur.tdo pela dis so luç3o dos mosteiros. que deu um novo fõlego fis.cal cm 1553 • . «State Contrai in Sixt~nth -Century England•. Econnmu Hm ory RtHr-·. X\ li. 1. 19..$7. 106.
54. Christopher Hill . -.Some Social ConscqUt'ncCS of lhe Hrnrician Re,·olution•. in Pun·:~m.IM and Rn-o-
c:ronómit:.o à c: l.355': dingen1: e a re,taurou a panir de bai.\ O ao dot:i- la com novas famílias. Durante algum 1empo
a."1.le3o eh~ ocorrência os ~nhores da tem unham procurado reconstruir o seu (X>der económico por me io de endo-
lurion tNo,·a Iorque: S<hocken Bool.:s. 1958). 4-1. Marc füoch afirma que • • dissolução dos mosteiros l ! 536- 1539)
surt1 e aumem~ de rendas . m.l.\ tais ffi(dicb.s provocaram o descontenumcnto camponês e tomaram necessário um
apressou a fusão de classes. A Coroo deu ou vendeu a ma1or pane . Todas as cbs.o;.cs. nobre~ ~~mry (murtl d..ã qual
rinha servido os monges como administradora ou arrendado as suas terras ) t mercadores (sind1'2tos de mcrcadoru
forr..C" fO'etnO centr3l J7JJ'i reforçar po!iticarnente o poder económico e social dos senhores da 1erra. Porém. is10 levou
a ~ui• ahsoh.iü ao dilema <;uc nunca ;c50h eu e que cau"OU a sua queda. Se de s~e acx senhores da terra uma mão de Londres). foram SuaS beneficiárias ... S~igMurit françaiu , p. 122. . . .
55 . Ver Clark. \Vea/rh of England. pp. !»-65. Lawrence S1one dcferxk qtJC: par>_m;us. as <>•8~,as do
livre. tinha de enfr?nur re, ol u.' c:amponcs.as que: podcria.-n derrubar a cllsse dirigen te: se rcprimis5C os senhores da
sistema famili:ir leunm a \.·enda.s consider3\.·eis d.as terras da nobrez.a. Ver Th~ Crms OJ tJ:t Ar111ocra0 . 1558·
tem e ~g~ os camponeses. era confrmtad:l por u.m3 revolta na clas!i.C dirigcmc que poderia pôr cm perigo a
monarquu.... Bnan ~bnnmg. • The ~obl:-s. lhe Peoplc and Ül(: Corntirution • . Pasr &: Prt1tnt. 9, ..\bri11956. 48. -1641. ed. abrcv. (Londres: O xford Univ. Pn:ss. 1967), 76-88. . ,. . .
56. R. H. Ta,.·ncy. •Th< Risc af lhe Gcntty, J558-!b40•. rn E. M. Carus-\\ ilson. <d.• ESJOys 111 Er""omic
50. Ver Gordon B2tho. • l..3.nd.Jordi in England. A. Thc Crown .. . in ni~ Agranan llisror; of England tJnd
lfolts. Joan Th11'I.:. <d-. IV: 1500- JN O \ Londres e Nova [a rque : C1mbridge Un iv. Press. !967). i73. History (Nova Iorque: Si. M:U1in "s. ! 965). 1. 202.

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fim afas tamen to dos impérios gémeos dos Habsburgo e dos Valois por meio de um equilí-
0
governo» ""· nas palavras de G. E. Aylmer. Este paradoxo é de facto o segredo do relativo' :-,r~ e '"
brio múltiplo de poderes»<'••. . . . , êxito da lnglatc:rra. Par~ o compreendermos devemos voltar-nos para um debate central da . •/
. Um:1 re lati va paz interna e a ausência dum exé rcito regular significam também uma
moderna htstonografia inglesa: a nature1..a das classes altas inglesas durante o século anterior
menor nece~s id ade de impostos e de uma burocracia inchada para além do seu tamanho eficaz à Revolução Inglesa, e o papel da tão di scutida ge111ry.
pela venda de ca rgos'"'· A expansão do poder central fez-se mais por meio de uma burocracia 1
Analisando a literatura sobre este debate, que J. H. llexter designou por " tempes- · , _,.
eficiente do que de uma burocracia muito maior (e mais onerosa). El a foi também possível tade acerca da gelllry» ""· dá-nos a sensação de estarmos a assistir a uma rápida e aparen- - . - .'' . · .
pe la posição económica do próprio monarca, o maior proprietário de !erras da lnglaterra"''- temente interminável paryida de pingue-pongue em que cada jogada se vê brilhantemente ·~·--·- ·
Mas. como maior proprietário de terras numa economia relativamente isolada e unificada respondida ad injinirum. E preciso distracção em vez de concentração para nos darmos conta ' __
cuja força iria se r erg uida sobre as novas indústrias. de que lado estavam os interesses do rei? de que existem dois debates interpenetrados : um sobre as questões substantivas da história
Não há dúvida de que e les eram ambíguos. já que como proprietário o rei procurava maxi- inglesa no «segundo» século XVI e outro sobre as linhas fundamentai s de batalha na ciência
mi7.Jr os rendimentos das suas terras. e como rei proc urava maximizar os seus rendimentos social moderna. Armados com esta perspectiva global, exige-se-nos então concentração para
_provenientes dos proprietários de terras '" '· Uma fom1a de tentar resolver o dilema por parte nos darmos conta de que algumas pessoas estão de facto a mudar de campo a grande velocidade
da Coroa aa reduzir o seu papel como proprietário de !erras. [Vias então a monarquia tinha a meio do debate, criando assim a ilusão dum simples e directo jogo de bola.
de cncon!rJr uma fonte de re ndime ntos alternativa. Po r isso. em 1610. a Coroa ofereceu ao Se o debate é difícil de deslindar, isso deve-se a que a própria história é muito comple- -. ' .. · ,
Parbmemo o «g rande con!r.lto» -a substituição dos seus direitos feudais po r uma prestação xa. Comecemos por observar o que se supõe ter-se passado em termos de propriedade da terrn.. • · · '
::muni ' ''". Esta proposta fra cassou devido ao desacordo sobre o se u valor. Dado que as receitas Frank C. Spooner defende que a profunda crise económica que sacudiu a Europa entre , .,
1
das rendas reai s estavam então a diminuir, este fracasso contribuiu para as tensões políticas aproximadamente 1450 e 1560 «foi particularmente severa no caso da Inglaterra.. " ''- Este foi .
de SJ época. sem dúvida um dos factores que levaram à proclamação oficial da Reforma. que tomou prn;-
Instabilidade e pJz internas. uma revolução ad ministrJtiva mas uma burocracia relati- sível a confiscação dos mosteiros e outras propriedades da Igreja. Então a Coroa ,·cndeu a
vamente pequena . uma rede nacional de me rcados e o rei como grande proprietário de terras maior parte desta !'erra para obter receitas imediatas e como meio de consofidação política,
- uma c uriosJ combi nJção. que conduz ao «paradoxo e ao trui smo de que a primitiva Ingla- dando aos compradores. como afirma Christopher Hill, «interesses adquiridos no protestan-
terra dos StuJn erJ s imult:ineamente um país .. muito governado .. e um país com muito pouco tismo»"' '· Esta decisão política expandiu de forma espectacular a quantidade de terra dispo-_,
nível no mercado. o que acelerou todo o processo de extensão dos modos de operação capi-
talista numa forma e numa medida que nenhum outro pJís europeu (exceplo possi,·elmente os
-16. /bid .• p. 233. Países Baixos do Norte) experimentava naquela época "''· Vendidas uma vez. as terr.li eram
~ 7 . \ "t-r Hurstfil!' ld sobre o problem a geral cm toda a Europa. incluindo a lngbterm: • Ent:ioos governos de
vendidas de novo (e frequentemente eram-no várias vezes). A que conduziu tudo isto nos
tod.J :i Eump3 do stc ulo XVI encontram-se com recurs.os rela.li' amen1e exíguos perante compromissos SC'mprc
cre~.cntcs . {... ) (Eles] C"n frentJvam um a situação n.1. qu::i.I as cl~s médias não poderiam. ou não quereriam. arcar setenta e cinco anos seguintes? Esta parece ser uma das pedra~ :ingulare.s do debate.
com a maior pane do~ ..:u ,.!Os ~ um governo nac ional ~hs se as classes médias nj o se mostr.l\'3ffi cooper.intcs. as Parece haver relativamente pouca discussão sobre os argumentos que R. H. Tawney
própna..s moru.rquils er:lIJl :ut certo pomo ::unbígua..s em relaç3o ài classes médias . ( ... ) [Ass im . d.'.ú resulmuJ por apresentou nos seus estudos iniciais. O primeiro é que "ª tendência dum mercado de terras f' -:_
tod.J 3 Europ3 u:n1 llrg:i sCri c de temJti\':lS t ... ) de S(' t ribut~ a economil por meio de subterfúgios. de st utilizar
pnlC'õS(..\ S c~rciiis e indusrrüi-1 como c~ ponja fiscal. Ebs en,•olviam ~cssariamcntc a diswrsão da economia: activo era. em termos globais, a de aumentar o número de propriedades de tamanho médio.
• j J • •
e i5to prosxgutJ numa e-s.ca la macip. A sua melhor manifes ução ê a e~ten.sa. \·enda de cargos • . J. Hu~tfi e ld , New diminuindo por sua vez o número das maiores •,,.,_ Observa-se no entanto que isto não nos
Cambrid.~t .Hodun Hi.stor _ \ . Ili. pp. 139- 1-lO.
~ fas ' e:r Chnstophcr Hill sobre a Jngbtcrr.i: • A paz Tudor, e a faha dum cxércita perma.ne:ntc em Ingla-
1em. significau q~ a tribut3.;ào erJ re latiYameme le \ C p:!los padrões do conrinente. ( ... ) "E..s..ças pequenas quantias
contribuira.-n por sua ,ez pan a 1nc-apacida<k da lngla!err.J em fazer C\'Oluir uma burocracia de força compará\'CI, 51. G. E. Aylmer. Tht King' J Sen·tJnts (Nova Iorque: Columbia Univ. Prcss .. 196~ ). 7: _
dipmos. à dJ. Frmça•. R~fornum on. 10 lndusmal Rtrnlurion. p. 101. 52. J. H. Hexter. • The Myth of thc Middlc Classes in Tudor Eng.1and.•. Rtopp ra1Sai.s rn llw ory (~~·a lorquc:
.$.& . .. o fa~to fun~ma l n3 rest3ur.ição do poder real foi a rtstaunção da riqueZ3 real: par.t ser o homem Harper. 1963). t !7-t62. . .
nuis poderoso no remo. o rei linha de ser o mais rico. ~ l realidade: isto significava. por volta do fim do século XV, 53. Spooncr. Ntw CtJmbridgt Modtrn HistOT)', IIL p. 15. la\lo-rcnce StOO(: d1! qu~ a parur de I~ hou'"t'
q!JC' ele tinha de ~ r o maior proprier.irio de terras • . Elton, T1Jdor Remlur1on. p. 25. • um período de três ciclos de expansões cada \ ºCZ ma.is e.sJonteante.s e ~prc~s<Xs :9.b1s~1s . a.::ahando no colapso
49. ...O pcriodo do absolu1 iszno fo i inaugur.tdo pela dis so luç3o dos mosteiros. que deu um novo fõlego fis.cal cm 1553 • . «State Contrai in Sixt~nth -Century England•. Econnmu Hm ory RtHr-·. X\ li. 1. 19..$7. 106.
54. Christopher Hill . -.Some Social ConscqUt'ncCS of lhe Hrnrician Re,·olution•. in Pun·:~m.IM and Rn-o-
c:ronómit:.o à c: l.355': dingen1: e a re,taurou a panir de bai.\ O ao dot:i- la com novas famílias. Durante algum 1empo
a."1.le3o eh~ ocorrência os ~nhores da tem unham procurado reconstruir o seu (X>der económico por me io de endo-
lurion tNo,·a Iorque: S<hocken Bool.:s. 1958). 4-1. Marc füoch afirma que • • dissolução dos mosteiros l ! 536- 1539)
surt1 e aumem~ de rendas . m.l.\ tais ffi(dicb.s provocaram o descontenumcnto camponês e tomaram necessário um
apressou a fusão de classes. A Coroo deu ou vendeu a ma1or pane . Todas as cbs.o;.cs. nobre~ ~~mry (murtl d..ã qual
rinha servido os monges como administradora ou arrendado as suas terras ) t mercadores (sind1'2tos de mcrcadoru
forr..C" fO'etnO centr3l J7JJ'i reforçar po!iticarnente o poder económico e social dos senhores da 1erra. Porém. is10 levou
a ~ui• ahsoh.iü ao dilema <;uc nunca ;c50h eu e que cau"OU a sua queda. Se de s~e acx senhores da terra uma mão de Londres). foram SuaS beneficiárias ... S~igMurit françaiu , p. 122. . . .
55 . Ver Clark. \Vea/rh of England. pp. !»-65. Lawrence S1one dcferxk qtJC: par>_m;us. as <>•8~,as do
livre. tinha de enfr?nur re, ol u.' c:amponcs.as que: podcria.-n derrubar a cllsse dirigen te: se rcprimis5C os senhores da
sistema famili:ir leunm a \.·enda.s consider3\.·eis d.as terras da nobrez.a. Ver Th~ Crms OJ tJ:t Ar111ocra0 . 1558·
tem e ~g~ os camponeses. era confrmtad:l por u.m3 revolta na clas!i.C dirigcmc que poderia pôr cm perigo a
monarquu.... Bnan ~bnnmg. • The ~obl:-s. lhe Peoplc and Ül(: Corntirution • . Pasr &: Prt1tnt. 9, ..\bri11956. 48. -1641. ed. abrcv. (Londres: O xford Univ. Pn:ss. 1967), 76-88. . ,. . .
56. R. H. Ta,.·ncy. •Th< Risc af lhe Gcntty, J558-!b40•. rn E. M. Carus-\\ ilson. <d.• ESJOys 111 Er""omic
50. Ver Gordon B2tho. • l..3.nd.Jordi in England. A. Thc Crown .. . in ni~ Agranan llisror; of England tJnd
lfolts. Joan Th11'I.:. <d-. IV: 1500- JN O \ Londres e Nova [a rque : C1mbridge Un iv. Press. !967). i73. History (Nova Iorque: Si. M:U1in "s. ! 965). 1. 202.

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di z necessariamente nada sobre quem, nobreza ou gentry, p~ssui estas propri~dades _de abismo» <••~. Por acréscimo, a aristocracia tinha que suponar os altos custos dos litígios e dos
«tamanho médio-•''"· o segundo ponto que Tawncy apresenta e que esta mud~~>ça d~ maos serviços pubhcos. dado que «Os Tudor agiam através duma burocracia não paga• <•!í. Mas os
da terra teve como resultado uma «agricultura mais parecida com um negócio» . Mais uma seus esforços em aumentar os rendimentos não serviram de nada: negoc iaram arrendamentos
vez relativamente pouca di scussão sobre isto. de longo prazo em troca de rápidas receitas cm dinheiro, endividaram -se cm excesso. apoia ·
.. Ma> qual a class ificação soc ial dos que controlavam a terra? Aqui é que está a tal ram-se nos favores do Estado até que este não quis ou não pôde dar mais. Tudo para nada:
tempest:ide. Esta é muito mais que uma questão semfmtica, mas a semântica tem também o O processo de desgaste dos recursos económicos da aris_tocracia (... )continuou sem interrupção
seu pape l. dado que toda a ge nte dá diferentes significados a ari stocracia. gentry (alta, bai~a. ao longo de todo o·período isabclino. ( ... ) Cerca de 1603 parecia que toda a e-strutura hierárquica
simples .~t'1ttry, xemlemen) e yeo me11. Não é por acaso que os estudiosos di scutem isto funo- da sociedade Tudor estava à beira da dissolução iminente<.,•.
samente. já que toda a questão reside em que este período da hi stóri a inglesa não é só um
momento de mudança económ ica e de grande mobilidade soc ia l individual. mas também um Ainda assim, é este mesmo autor que, peucos anos mais tarde, canta a imaginação e o
momento de alteração de categorias. E não somos só nós que não estamos seguros de como espírito empreendedor destes mesmos aristocratas nesta mesma era isabelina:
designar os agrupamentos sociais significativos; eis homens daque le tempo também o não Neste período, a nobreza preenchia um papel que nenhuma outra classe, nem a genrry nem os . .
estavam os.1_ No entanto. ass inal ar a fluidez dum conceito numa época dada não implica comerciantes, podia ou queria emular. ( .. .) A imponãncia da aristocracia neste período dcve-S"e ., . ·....
afimiar a sua inutilidade. Isto deveria levar o estudioso a uma audácia céptica. em boa medida à sua di sposição em estimular e financiar novas empresas consideradas como
Para deslindar os fios, devemos começar per seguir os termos do discurso. Percor- perigosas, e que por isso não co nseg uiam o apoio de grupos sociais mais cautelosos. Dado que
a extracção mineira em grande escala e as indústrias metalúrgkas eram ainda novidades no período •·- · ..
ramos sucess ivamente a ari stocracia, a xenrry e os yeomen. Mas enquanto o fazemos. recor-
demos que «as mudanças económicas estavam a empurrar os mais empreendedores entre Tudor, puseram-se à cabeça da sua expansão. Dado que o comércio e a exploração oceânicos · '. ~ _.:.~ ;,
eram novidades, também neles dese mpenharam um papel proeminente í&O. ,, ,.1
!aqueles que controlavam a terra, qualquer que fosse a sua designação ! para novos métodos
de gestão das suas propriedades. ( ...)Tinham muito a ganhar se adaptassem as suas culturas Nem tão-pouco, parece, estava ausente esta iniciativa nos seus dominios:
às novas condições comerciai s. Tinham muito a perder se fos sem tão conservadores que
A nobreza mais antiga mostrou uma surpreendente disposição ( ... ) para de senvolver no..,·os
aderissem aos velhos métodos»'''"- Parece bastante claro que não havia correlação directa entre recursos nas suas próprias terras. (... ) A decadência económica e social da aristocracia em
a posição soc ial e a adaptabilidade às exigências da agricultura capitalista. Lawrence Stone relação com a gentry entre 1558 e 1642 não se deve com toda a ceneza à falta de iniciativa
traça um quadro da aristoc racia no qual esta aparece como culpada duma «gestão incom- empresarial 16s'.
ixtente» das grandes propriedades e com um «gosto cada vez maior pelos gastos ostentató-
ri os» tal que «a di stância entre rendimentos e gastos passou duma fenda diminuta a um vasto É difícil reconciliar os dois quadros traçados per Stone. Dado que as estatisticas de
Stone sobre o grau de crise financeira da aristocracia têm sido submetidas a tantos ataques, e . .
57. Este é pan icularmcnlc o pomo d\! um dos crfli cos mai s sevcros de Tawney, J. P. Cooper. que sugere dado que ele recuou parcialmente mas não totalmente (66', poderíamos perguntar, como H. R. . _
que mu il()s p:ires possuíam propriedades de tamanho médio e que muitos indivíduos do tcrcciro estado detinham Trevor-Ropcr: •
mais de dez senhorias. Ver .. Thc Coum ing of Manon;•). Ecmwmic flisrory Reriew, 2.' série . VIII, 3. 1958, 381-383.
58. Ta wney, E.uuys i11 En mnmic liis. rory. 1. p. 189. Se «mais de dois terços da aristocracia inglesa viv ia cm 1600 não só acima dos seus meios
59. fl Nào se pock . se m !<>C ser engan<Jdo, cons ide rJ.r os começos da soc iedade mode rna em 1e m 10s rigorosos mas à beira da ruína financeira». ( ... ) como explicaremos o facto de que não some-ntc ~la
de ··c1a.,,.sc''. especialmente se se ins is1e em re~ lringi r a noç ão de clas'\.C â cl assifi cação tripanida marxista. Em dado recuperou des ta ruína iminente mas também sobreviveu à crise infinitamente maior dos
momcn10. os traba l hadon.·~ assalariados podem agi r con Lra o~ se us patrões. após o que podem, pe lo contrário, agir
com os ~cu s p::mô1.:s comra a opressão do capital -.:omcrci al o u conrra o gove rno; os camponeses pc:xJiam muito bem
le,·an tar-sc iodo;; à uma cont rJ as manobr.is do fl' i para di minu ir o poder dos se11s nobres e contra as tcnta1ivas dos
61. Lawre nce Swne, • The Anatomy of the Eliz.abclhan Arisrocracy ... Economic U i.nory Review. XVUL
nobres para :iumemarcm as raxas das obrigações feudai s. Ao nível do país como um todo. os camponeses nunca
t & 2, 1948, 3-4.
consegui ram csrabc:lcc:er uma soli dariedade re al; e, pe lo comrário . encomrJmos frequentt>men 1c traba lhadores urba -
62. lbid., p. 15.
~~:,~~~: !~~~~X:~;s~~e:i<l~~ªoª~~n:~~a~~n~al~h~;~~~~~~~~~ ~~~~~~I~ ~~~ª_:~~~: ~ua~·sc~~;~;i~~ (,~':J::~
5 63. Jbid., pp. 37-38. Ver Tav.ney: «Ü S materiais para uma gcnerahzação mal estão aindu i:-eunidos; mas
di zer-se que muitas famílias nobres - em lx>ra não apenas ela~ - encomraram nas duas gc r3ções an1cnores. à Guerra
do ter.mo: a su a classe económi~a.' A maior pane das vezes. sem dúv ida, ele definia-:>.e cm term os que eram uma Civi l uma crise financei ra, não~ provave lmente uma afinnação exagerada·• . Essays in Econnmic llisrory, I, P- 1SI.
combinaçao de stas pertenças socrn1s dive rsas. Fal ava-!:le dos "1rabal h;ido rcs de tecidos do Norfo lk" em vez dos rra-
64. Lawrence Stone, • The NobiUty in Business, 1540- 1640», E:rplomrions i ff Enrnpr~neurial lliJtory. X.
balh.:1dores dt! tec ido~ co mo um todo ou d03 homrn s do Norfolk como um todo. A OQ\'àO que os indivíd uos tinham
2, Dez. 1957, 61.
de s1 me~mos. das !iuas pertenças e dJ~ suas fidcl id<.HJ~s . depcnd i:.i s imple smc mc das circ unstâncias do momento. A
~ucslào de satx-r qua~ e ra. ª. fi~c lidadc ··fun damcmal" dum in<li víduo é uma ques rão para a qual nào há resposta, não
só porque os dados sao d 1f1ce1s de ava liar mas rambém porq ue" es ta s escolhas raramente são feita s em ahstracto mas
~: ~~:·;tR~revor-Ro~r ... The Eliz.abethan Aristocracy: An Anatomy Anatomized•. Econnmic Hürory
Review, 2.' série, Ili. 1951, 269-298. e resposta: .. Mas o Sr. Trc\•or-Roper está provavclmc.n~e certo ao a~~ar-mc
antes cm rdação l·~n_i c ircuns1â ncia3 paniculares11. C. S. L. Dav ic:s , «Lcs révoltcs popu laires em Ang leterre ( J500-
de ex agerar a gravidade a longo pr.u:o da crise da. década de 159(}.. Lawrence Stonc. ""The Eli1.abeth:.m Ans1~racy
?.C.,
-~7~>:·~ " 11;1t· 1·. E .. 2.4. 1. Jan.-Fev. 196Y , 59-60. O que Dav ics di z acerca do modo e da comp lex idade da auto- -A Restatement •, Economic Hiswry Rtview, 2.' s~rie. IV. 1. 2 & 3•. 1951-52. 3 11. Na secç_ã~ fina l Sroi:ie d1z: c A
dt:signaçao da fillaçao ~.- ial é com l'e ncza verdade. mas de modo alg um contradiz um modelo marxista de classes.
negação (por Trcvor-Ropcr] de que um a maioria da aristocracia isabehna estava em IOlal dec hnio ccon6m1co parece
Marx tc~e cm ':o~ ta ~rec1samc~1e .'.L" mc~mas ~onsidcrações. Con tud o. Davies é úlil por nos lembrar que neste tempo, ser contradita pela evidência (p. 320]•. Ver uun!Xm Coopcr, Encou111rr. ~1. P- 388~ Lawrtnce S1onc, • Let tcr to thc
para muitos. a filiação de classe era mai s regional do que nacional.
60. Tawnc y, Th e Agrurian Prohlem. p. 195.
Editor., Encounrtr, XI. J, Julho 19.58, 73; J. H. Hextcr. -. Lencr to the Editor-, Encounttr, XI. 2. Agosto 1Q58. 76.

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di z necessariamente nada sobre quem, nobreza ou gentry, p~ssui estas propri~dades _de abismo» <••~. Por acréscimo, a aristocracia tinha que suponar os altos custos dos litígios e dos
«tamanho médio-•''"· o segundo ponto que Tawncy apresenta e que esta mud~~>ça d~ maos serviços pubhcos. dado que «Os Tudor agiam através duma burocracia não paga• <•!í. Mas os
da terra teve como resultado uma «agricultura mais parecida com um negócio» . Mais uma seus esforços em aumentar os rendimentos não serviram de nada: negoc iaram arrendamentos
vez relativamente pouca di scussão sobre isto. de longo prazo em troca de rápidas receitas cm dinheiro, endividaram -se cm excesso. apoia ·
.. Ma> qual a class ificação soc ial dos que controlavam a terra? Aqui é que está a tal ram-se nos favores do Estado até que este não quis ou não pôde dar mais. Tudo para nada:
tempest:ide. Esta é muito mais que uma questão semfmtica, mas a semântica tem também o O processo de desgaste dos recursos económicos da aris_tocracia (... )continuou sem interrupção
seu pape l. dado que toda a ge nte dá diferentes significados a ari stocracia. gentry (alta, bai~a. ao longo de todo o·período isabclino. ( ... ) Cerca de 1603 parecia que toda a e-strutura hierárquica
simples .~t'1ttry, xemlemen) e yeo me11. Não é por acaso que os estudiosos di scutem isto funo- da sociedade Tudor estava à beira da dissolução iminente<.,•.
samente. já que toda a questão reside em que este período da hi stóri a inglesa não é só um
momento de mudança económ ica e de grande mobilidade soc ia l individual. mas também um Ainda assim, é este mesmo autor que, peucos anos mais tarde, canta a imaginação e o
momento de alteração de categorias. E não somos só nós que não estamos seguros de como espírito empreendedor destes mesmos aristocratas nesta mesma era isabelina:
designar os agrupamentos sociais significativos; eis homens daque le tempo também o não Neste período, a nobreza preenchia um papel que nenhuma outra classe, nem a genrry nem os . .
estavam os.1_ No entanto. ass inal ar a fluidez dum conceito numa época dada não implica comerciantes, podia ou queria emular. ( .. .) A imponãncia da aristocracia neste período dcve-S"e ., . ·....
afimiar a sua inutilidade. Isto deveria levar o estudioso a uma audácia céptica. em boa medida à sua di sposição em estimular e financiar novas empresas consideradas como
Para deslindar os fios, devemos começar per seguir os termos do discurso. Percor- perigosas, e que por isso não co nseg uiam o apoio de grupos sociais mais cautelosos. Dado que
a extracção mineira em grande escala e as indústrias metalúrgkas eram ainda novidades no período •·- · ..
ramos sucess ivamente a ari stocracia, a xenrry e os yeomen. Mas enquanto o fazemos. recor-
demos que «as mudanças económicas estavam a empurrar os mais empreendedores entre Tudor, puseram-se à cabeça da sua expansão. Dado que o comércio e a exploração oceânicos · '. ~ _.:.~ ;,
eram novidades, também neles dese mpenharam um papel proeminente í&O. ,, ,.1
!aqueles que controlavam a terra, qualquer que fosse a sua designação ! para novos métodos
de gestão das suas propriedades. ( ...)Tinham muito a ganhar se adaptassem as suas culturas Nem tão-pouco, parece, estava ausente esta iniciativa nos seus dominios:
às novas condições comerciai s. Tinham muito a perder se fos sem tão conservadores que
A nobreza mais antiga mostrou uma surpreendente disposição ( ... ) para de senvolver no..,·os
aderissem aos velhos métodos»'''"- Parece bastante claro que não havia correlação directa entre recursos nas suas próprias terras. (... ) A decadência económica e social da aristocracia em
a posição soc ial e a adaptabilidade às exigências da agricultura capitalista. Lawrence Stone relação com a gentry entre 1558 e 1642 não se deve com toda a ceneza à falta de iniciativa
traça um quadro da aristoc racia no qual esta aparece como culpada duma «gestão incom- empresarial 16s'.
ixtente» das grandes propriedades e com um «gosto cada vez maior pelos gastos ostentató-
ri os» tal que «a di stância entre rendimentos e gastos passou duma fenda diminuta a um vasto É difícil reconciliar os dois quadros traçados per Stone. Dado que as estatisticas de
Stone sobre o grau de crise financeira da aristocracia têm sido submetidas a tantos ataques, e . .
57. Este é pan icularmcnlc o pomo d\! um dos crfli cos mai s sevcros de Tawney, J. P. Cooper. que sugere dado que ele recuou parcialmente mas não totalmente (66', poderíamos perguntar, como H. R. . _
que mu il()s p:ires possuíam propriedades de tamanho médio e que muitos indivíduos do tcrcciro estado detinham Trevor-Ropcr: •
mais de dez senhorias. Ver .. Thc Coum ing of Manon;•). Ecmwmic flisrory Reriew, 2.' série . VIII, 3. 1958, 381-383.
58. Ta wney, E.uuys i11 En mnmic liis. rory. 1. p. 189. Se «mais de dois terços da aristocracia inglesa viv ia cm 1600 não só acima dos seus meios
59. fl Nào se pock . se m !<>C ser engan<Jdo, cons ide rJ.r os começos da soc iedade mode rna em 1e m 10s rigorosos mas à beira da ruína financeira». ( ... ) como explicaremos o facto de que não some-ntc ~la
de ··c1a.,,.sc''. especialmente se se ins is1e em re~ lringi r a noç ão de clas'\.C â cl assifi cação tripanida marxista. Em dado recuperou des ta ruína iminente mas também sobreviveu à crise infinitamente maior dos
momcn10. os traba l hadon.·~ assalariados podem agi r con Lra o~ se us patrões. após o que podem, pe lo contrário, agir
com os ~cu s p::mô1.:s comra a opressão do capital -.:omcrci al o u conrra o gove rno; os camponeses pc:xJiam muito bem
le,·an tar-sc iodo;; à uma cont rJ as manobr.is do fl' i para di minu ir o poder dos se11s nobres e contra as tcnta1ivas dos
61. Lawre nce Swne, • The Anatomy of the Eliz.abclhan Arisrocracy ... Economic U i.nory Review. XVUL
nobres para :iumemarcm as raxas das obrigações feudai s. Ao nível do país como um todo. os camponeses nunca
t & 2, 1948, 3-4.
consegui ram csrabc:lcc:er uma soli dariedade re al; e, pe lo comrário . encomrJmos frequentt>men 1c traba lhadores urba -
62. lbid., p. 15.
~~:,~~~: !~~~~X:~;s~~e:i<l~~ªoª~~n:~~a~~n~al~h~;~~~~~~~~~ ~~~~~~I~ ~~~ª_:~~~: ~ua~·sc~~;~;i~~ (,~':J::~
5 63. Jbid., pp. 37-38. Ver Tav.ney: «Ü S materiais para uma gcnerahzação mal estão aindu i:-eunidos; mas
di zer-se que muitas famílias nobres - em lx>ra não apenas ela~ - encomraram nas duas gc r3ções an1cnores. à Guerra
do ter.mo: a su a classe económi~a.' A maior pane das vezes. sem dúv ida, ele definia-:>.e cm term os que eram uma Civi l uma crise financei ra, não~ provave lmente uma afinnação exagerada·• . Essays in Econnmic llisrory, I, P- 1SI.
combinaçao de stas pertenças socrn1s dive rsas. Fal ava-!:le dos "1rabal h;ido rcs de tecidos do Norfo lk" em vez dos rra-
64. Lawrence Stone, • The NobiUty in Business, 1540- 1640», E:rplomrions i ff Enrnpr~neurial lliJtory. X.
balh.:1dores dt! tec ido~ co mo um todo ou d03 homrn s do Norfolk como um todo. A OQ\'àO que os indivíd uos tinham
2, Dez. 1957, 61.
de s1 me~mos. das !iuas pertenças e dJ~ suas fidcl id<.HJ~s . depcnd i:.i s imple smc mc das circ unstâncias do momento. A
~ucslào de satx-r qua~ e ra. ª. fi~c lidadc ··fun damcmal" dum in<li víduo é uma ques rão para a qual nào há resposta, não
só porque os dados sao d 1f1ce1s de ava liar mas rambém porq ue" es ta s escolhas raramente são feita s em ahstracto mas
~: ~~:·;tR~revor-Ro~r ... The Eliz.abethan Aristocracy: An Anatomy Anatomized•. Econnmic Hürory
Review, 2.' série, Ili. 1951, 269-298. e resposta: .. Mas o Sr. Trc\•or-Roper está provavclmc.n~e certo ao a~~ar-mc
antes cm rdação l·~n_i c ircuns1â ncia3 paniculares11. C. S. L. Dav ic:s , «Lcs révoltcs popu laires em Ang leterre ( J500-
de ex agerar a gravidade a longo pr.u:o da crise da. década de 159(}.. Lawrence Stonc. ""The Eli1.abeth:.m Ans1~racy
?.C.,
-~7~>:·~ " 11;1t· 1·. E .. 2.4. 1. Jan.-Fev. 196Y , 59-60. O que Dav ics di z acerca do modo e da comp lex idade da auto- -A Restatement •, Economic Hiswry Rtview, 2.' s~rie. IV. 1. 2 & 3•. 1951-52. 3 11. Na secç_ã~ fina l Sroi:ie d1z: c A
dt:signaçao da fillaçao ~.- ial é com l'e ncza verdade. mas de modo alg um contradiz um modelo marxista de classes.
negação (por Trcvor-Ropcr] de que um a maioria da aristocracia isabehna estava em IOlal dec hnio ccon6m1co parece
Marx tc~e cm ':o~ ta ~rec1samc~1e .'.L" mc~mas ~onsidcrações. Con tud o. Davies é úlil por nos lembrar que neste tempo, ser contradita pela evidência (p. 320]•. Ver uun!Xm Coopcr, Encou111rr. ~1. P- 388~ Lawrtnce S1onc, • Let tcr to thc
para muitos. a filiação de classe era mai s regional do que nacional.
60. Tawnc y, Th e Agrurian Prohlem. p. 195.
Editor., Encounrtr, XI. J, Julho 19.58, 73; J. H. Hextcr. -. Lencr to the Editor-, Encounttr, XI. 2. Agosto 1Q58. 76.

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~ _ _ =i.iG:.- ~ _.\ ;i.t ~.X.t::l\ 2 .ê-:...""Ci2 oãodim.!:.~uio nesses !JlOS. C -~ :l Como ~gu.i u
d,:its.w-:' 1·i.
A e•rt;.,_r:;o ~ Tre\(:>r-Roper é qu_ os prob!em:lS d:i :iristocra~ia: • :linda qu.e genuí-
no:;. n· ~-n indl de t:!o sério como o senhor Stcne. com os seu s nwneros empol;idos,
sttpõe•_ q~ el.1 ...__«: 2gJ.Crou• is su:i· terras. e que o aumenwdo v~lo: da terra a panir de
1 fr z .n-ui· do q~ o rei faime ou q ue qualquer outro rei pod1:1 lazer» para suster as Se i><:>r ~onscgu!nte se verifica haver menos d~ sobre a vi~ do ~..ie 0 .<'
· fomirw '""'. ;\'!as _ nt:ece qtre Stone n.io e_t.i em desacordo com isto. _Se bem que fue qu_e .parecena a p~me 1ra ':!Sta.
~remos di.r.er 0 mes.-:r.o !.Obre a gmrry, qt>e c:ra 0 foco
3 ~::?cm 16W_ diz que: ongmal do debate. Genrry é_e v1dentemem:. um termo nmito mm
vago.~ u inah
algumas das dificuldades:
~l~o m:iis l!ll.'OC'.;>'!e<:le [rr.rm!:ro d.:!s cl= proprietiri:i.s] não podia dei.•ar de beneficiar
COCl 0 '"""""°~º m:ici\Q d:!> renJ::ts rnMi:i.s no início do século XVll_ e a p:irtir daí o ni,·elamen1o A nobreza é um grupo de irwfü·ídllOS q·.ie goum <!= = l!pbxr::e ôef:.."lido qz y.r- , -.
dc:s ~~\OS t"!d:iziu l L"Tl~rti.-:cü d3 in.eficiê.fü.-ia n:i gest~o chs propriedades (~ •. °' ítl::ios c.eoor."1 a,,., oofr: • e
ten..rc ( ... )apenas a um membro varão~ c>d.! fa.-:-~1!a. k sim_ .• -- ~-"
os seus descenden~ aparecer.ia como gt"1Ty ra daillfiaçio do pro~=n T•""'"'.'· Os
Quanto a J. H. He.x1er. qu.: amca· s1on.: e Tawney por um lado e Trevor-Roper por grandes propnetirios de terras. sanpre q•Je i""i--n.-,:i permi:ir_,,,_ = ~--!r.:Jrn-_,, r:=s ,
0
oo:ro. argurn~r~u:
f\.-q- '"' 1-01 d.l d.t-~ ~ 1580. o men;3.cf de t ~rras iniciou a sUJ. exp.:ms.io e esta p:?rt'Ce ter con-
~:.,::,:s:r::::.~~~=~~_ci;~~~oã.?oc>e~~~.,!;:. ---~-'
tin:J:ldo â~~...nu: o meio s.."culo seguinte. ( .._) . -o conjunto. é prodwl que um aumento geral por bai.•o. como a nobreza, rros t2mbém de ci.-na. (.. J Além d!.sso. e= !'!1-'P"" rao ~ coc;- - ;

e!<> nJOO'. d.l t'1r.l ~j.i m1is fi?,·or.frel gJobalmenre aos homens que tenham ma.is terras de que patívcis noutro aspecto: a nobreza é um p-1.!po est.-iw:icn:.: defm.:.dó ~ seu l!:='".l.! ·i rpl
~ <..•:ro..ir lucros. ou ~ji precis:lmeme o segmento da classe proprietária de terras a que
enquanto que a geniry· não é defrriveI de iornu t&ntiC2.. É um.i d.~.ss.if~ se~~J z !lef'..l!'.U
=:o Taw1'C~ CU!::10 Trernr-Rcper atri bu"m deb il ida~ econôrnica l°"J. e em pane segundo o modo de vida. (.-J Se bem cpe a ~ill ~ l61J3 ~~=:-~a •·<nd.a
de tirulos, a entrada na nobreza nunca era fruto curru sT.;pl~ d=~-b de riq-= e estilo
Nfo o "l:!.nte. fon duma djscussão wbre as datas. a posição que Hexter toma sobre de vida mi.
este :i.ssunr niio ~ distinl:!. da de Stone e Trevor-Roper. Fmalmenre_ vejamos um quarto
Quem são então os que formam a gentry' Aqueles que ainda não são ool:lre.s e já são... -.
pcmo de \'Lst:l. diferente em muitos :!Spectos dos outros três, o de Christopher Hill. Sobre
mafs que yeomen . sendo este termo tão difícil de .Ufinir como o µrimeiro. M.as emão desco- : , .
e;.!:!. uest:l:o. diz el:!:
brimos que fazem pane da gentry não só os filhos menores da> nobres. nu.> ,-ãr..:i.s caregorias . ~- ' "'
De modo qu~ p:lr:I tlilll p:!!te da aristocr.icia :i Reforma implicou uma perda económica, ainda como knights. esquires e genrlemen. Isto de,·eria tomar claro o que &ont=. Na Ol'lb1l hi:- · '- : · . ·
qu;, n.io P"-"' :i cl:i.sse como um todo. Deveríamos ter o cuidado de niio ver nada de •antifeudal• rárquic:a da sociedade feudal desenvoheu-se um grande número de categorias que ~ - ·__ ' -
r..: ·te pr=o [d: transfen!ncia de ter=j. De facto. em ccno sentido a dissolução [dos mos- viam posição. deveres. privilégios e honras. As posições est:1vam em nolução consll!llte. a ·_ ,_ ·
continuidade familiar era evidentemente instável. e a correlação enrn: posição e rmdimtmo5 ,
67. T re\·or-RQP('r. Ecor.ornic lfi.stt>r)' R~-..ü.,,..·. IH. pp. 290-291. variava A expansão da agricultura capitalista esta\·a reflectida no sistema de estr.itificação --·
6S. lbià.. :!9 1-~2- P. J. Bo\lod('n d:J u.YJt:l l!' ~p-licação suplemcnw da r.izão por que o declínio era menos ar:nvés do aparecimento de uma nova categori:i de • proprietários• (que sem dfr>icb podia
~no do qu:: .llguns i:.!põem: .. MC'~1 1.o em c-irrimsti'K'ias como e:sus. ni-o s.e ~gue n«:C'Ssariamente que o senhor
subdividir-se segundo o tamanho da propriedade). A genrry emergiu como um lermo cobrindo .
c:b letn e.sn"~ de:cin:JJo a ruporu: um d!\:linio no seu r:ndimen10 re.a.!. A ass.unç-.io feita anteriormente de que :t
;endl C'Q ~ ü.nica fo~ •e dt:" rendir.ltnto dv S<nhor dJ. tem nio rep~~nt.J.Ya de." facto 3 verd:ldei ra siruJ.ção. A s recei- os proprietários capitalistas. Os outros termos não desapareceram. Mas gentry en urn rórulo
w dos ~n~l,re5- d.J :::-rn r~.;: "-ãcul X\'l e XVU pro, ~m dum:i multiplicid:J.de de fontes. Muiros de les provavel- para este grupo. rótulo que se expandiu lentamente. absorvendo e deixando sem uso outroS . ·-•, ·-
miente t"" " º"- ~r.im-se n:i t" ' p.l-ol .sç:k• di.rt\..1'::i ran 21.cnder is nece.s.sidJ.d<S da C:iSJ.. 5<! n:lo do rrt('rcado. (... )
tennos. No período isabelino. havia ainda ~aristocratas • e •yeomen•. pelo menos, :i..lém d3 ··
fonte de~~~~7~~.;;:: a :;: :;1~~s ~~~~s !d~~~-r:~!;n~~~~~~~~~~.' ~~1d~~~t~~ ~:~:n~~~3;~~
0 1
gemry·. No século XX realmente só existem •agricultores• [•farmers .• !. Não chegaremos a
·"Xr'11"'...i.n lf üt of En:lii.Ir.l.i and H·ales. Joar1 Thirsk. N .. 1\' : / 500-/ ó-10 (Londres e No\· a lorqix: Cambrid sz.e Univ. pa ne nenhuma se reiticarmos a «genrry• definindo-a quer segundo a definiç;io do termo em
~\. 1967). 675. fJi7 . Bo""'den J.fi~ qu~ ~~u~ algumas ~ ndas er.m1 fLus e outras n.110. as cor1S(:quênci3S ~ais
determinado momento quer segundo a determinação que fizermos da realidade soci:il nes..<e . _,, .·
~ du.Js: "? le-qu.e cbs rendas. en!n: d1fc r~m.:-s pt.lssc s~ [aJargou -se ]•: e •odifrrencial entre os seus \'3lores para
qw.I~ r t0rn e mdho<es & tem [ csm: itou - ~J {pp. 689. 69JJ•. dado momento. O problema é que a «gemry • não só era uma classe em formação mas também -,
6Q . 51~. The Crrns l>f rhe .-\r i.H11(·r..;c_\·. p. 9-t um conceito em formação . Mas tratava-se. no enranto. dum vinho no•·o em garrafas velhas. ,_ ., , r ,
70. 1. H Hoex t~r . ., The Storm o_,er
lhe Genrry•. in Reappraisals in H istory (Nova Iorque: Ha..rper. 1963). Na minha opinião, F. J. fi sher apresenta a questão com total exactid3o: ..o efeito das mu- ·----'·-· ~
133. _A ~rerm..:tS (':m ~lnt-:r ~e ter ha.\ ido dois l:utos nesu contru\·érsia - TaYt-ney e T~vor-R opcr - mas ele.
He:··uc:r, ~~u rn:is C'(\~"'C t~u_nC'nt~ que :lITlbos os concorrentes er:im .. pscudo-marxianos•, aos quais opôs a sua danças económicas dos novos séculos XVI e XVII foi menos a criação ck novas Cltegona.s d~ _:::· ,.,.
propna •<rme~ret:!'\30 v. h1g .... E tanto mais curios,o. t'.'nt5o, d~obrir. apôs um exame mais ponncnorindo. que
os argUIDC'r. I~~ de !-ln1~r podem d(' facto ser sepandos e m ais C3tegorias - uma de facto pró-Ta·wney (e ... pi oo-,
rgund_o Oirisrcphe_r Hill). um:i segunda pró-T n: ,·or-Roper e uma terceira diferente de ambas. Nada nos garante que
~~~::-~~~~~J.tl:ts scj-J a ma ior. Mais aind.J.. como a citação o demonstr.1. He xte.r im·rnta por vezes diferenças

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~ _ _ =i.iG:.- ~ _.\ ;i.t ~.X.t::l\ 2 .ê-:...""Ci2 oãodim.!:.~uio nesses !JlOS. C -~ :l Como ~gu.i u
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De modo qu~ p:lr:I tlilll p:!!te da aristocr.icia :i Reforma implicou uma perda económica, ainda como knights. esquires e genrlemen. Isto de,·eria tomar claro o que &ont=. Na Ol'lb1l hi:- · '- : · . ·
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continuidade familiar era evidentemente instável. e a correlação enrn: posição e rmdimtmo5 ,
67. T re\·or-RQP('r. Ecor.ornic lfi.stt>r)' R~-..ü.,,..·. IH. pp. 290-291. variava A expansão da agricultura capitalista esta\·a reflectida no sistema de estr.itificação --·
6S. lbià.. :!9 1-~2- P. J. Bo\lod('n d:J u.YJt:l l!' ~p-licação suplemcnw da r.izão por que o declínio era menos ar:nvés do aparecimento de uma nova categori:i de • proprietários• (que sem dfr>icb podia
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subdividir-se segundo o tamanho da propriedade). A genrry emergiu como um lermo cobrindo .
c:b letn e.sn"~ de:cin:JJo a ruporu: um d!\:linio no seu r:ndimen10 re.a.!. A ass.unç-.io feita anteriormente de que :t
;endl C'Q ~ ü.nica fo~ •e dt:" rendir.ltnto dv S<nhor dJ. tem nio rep~~nt.J.Ya de." facto 3 verd:ldei ra siruJ.ção. A s recei- os proprietários capitalistas. Os outros termos não desapareceram. Mas gentry en urn rórulo
w dos ~n~l,re5- d.J :::-rn r~.;: "-ãcul X\'l e XVU pro, ~m dum:i multiplicid:J.de de fontes. Muiros de les provavel- para este grupo. rótulo que se expandiu lentamente. absorvendo e deixando sem uso outroS . ·-•, ·-
miente t"" " º"- ~r.im-se n:i t" ' p.l-ol .sç:k• di.rt\..1'::i ran 21.cnder is nece.s.sidJ.d<S da C:iSJ.. 5<! n:lo do rrt('rcado. (... )
tennos. No período isabelino. havia ainda ~aristocratas • e •yeomen•. pelo menos, :i..lém d3 ··
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gemry·. No século XX realmente só existem •agricultores• [•farmers .• !. Não chegaremos a
·"Xr'11"'...i.n lf üt of En:lii.Ir.l.i and H·ales. Joar1 Thirsk. N .. 1\' : / 500-/ ó-10 (Londres e No\· a lorqix: Cambrid sz.e Univ. pa ne nenhuma se reiticarmos a «genrry• definindo-a quer segundo a definiç;io do termo em
~\. 1967). 675. fJi7 . Bo""'den J.fi~ qu~ ~~u~ algumas ~ ndas er.m1 fLus e outras n.110. as cor1S(:quênci3S ~ais
determinado momento quer segundo a determinação que fizermos da realidade soci:il nes..<e . _,, .·
~ du.Js: "? le-qu.e cbs rendas. en!n: d1fc r~m.:-s pt.lssc s~ [aJargou -se ]•: e •odifrrencial entre os seus \'3lores para
qw.I~ r t0rn e mdho<es & tem [ csm: itou - ~J {pp. 689. 69JJ•. dado momento. O problema é que a «gemry • não só era uma classe em formação mas também -,
6Q . 51~. The Crrns l>f rhe .-\r i.H11(·r..;c_\·. p. 9-t um conceito em formação . Mas tratava-se. no enranto. dum vinho no•·o em garrafas velhas. ,_ ., , r ,
70. 1. H Hoex t~r . ., The Storm o_,er
lhe Genrry•. in Reappraisals in H istory (Nova Iorque: Ha..rper. 1963). Na minha opinião, F. J. fi sher apresenta a questão com total exactid3o: ..o efeito das mu- ·----'·-· ~
133. _A ~rerm..:tS (':m ~lnt-:r ~e ter ha.\ ido dois l:utos nesu contru\·érsia - TaYt-ney e T~vor-R opcr - mas ele.
He:··uc:r, ~~u rn:is C'(\~"'C t~u_nC'nt~ que :lITlbos os concorrentes er:im .. pscudo-marxianos•, aos quais opôs a sua danças económicas dos novos séculos XVI e XVII foi menos a criação ck novas Cltegona.s d~ _:::· ,.,.
propna •<rme~ret:!'\30 v. h1g .... E tanto mais curios,o. t'.'nt5o, d~obrir. apôs um exame mais ponncnorindo. que
os argUIDC'r. I~~ de !-ln1~r podem d(' facto ser sepandos e m ais C3tegorias - uma de facto pró-Ta·wney (e ... pi oo-,
rgund_o Oirisrcphe_r Hill). um:i segunda pró-T n: ,·or-Roper e uma terceira diferente de ambas. Nada nos garante que
~~~::-~~~~~J.tl:ts scj-J a ma ior. Mais aind.J.. como a citação o demonstr.1. He xte.r im·rnta por vezes diferenças

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ei - e:r. s nm·a.s opomnridades e in1>pirá-la:

De>:::::x.. ccr..i_-nectr put::do f11.."totk qur a• rr.:ry• nlo ~,... ·m• cl~!-< c-conómica. Era um.a
- ~" uk k;:2i: - ..,,·, 71rn:r ~:.:i ,-3 di, idida. O i.écu!o de inílaç.ão anterior a l~O foi
g~~=ó: ~ ·& át..u.... d~:.c oqm.J. rm reda._ .a~ !i.e':"Çôes da comunjdade. li\ era.i-n lugar
é.'~le") e..:cn.: ~cn AJ;uns ~!'OfT..fn a"(c-nde:ra.T11àtrn:ry : 01Jtros ~ubmergimn . Alguns nob~
ai.-.......,, ..!:.r.L"7! ~~ ;:"70f'i1~s. oua _~prz.m a lxir.a da bancarrota. É fá.ciJ a.rgum eruar que
a • .rrr;tr> • •- -rn<k-" ou d::-c-aru v: coo ider.umos a.mOS!ras da classe. poi algumas familias
3 de aj r 1i ' '.

Err.bor:l a d=rição empírica dos factores wciais me pareça inatacável. em minha


orindo a eoriução ilude a questão. precisamente a que stão m=i sta. "ºque distinguia a
. er.1r-y• . diz Julian Com-...·all . • era a posse de terra,."''· O termo genll)' vinha cobrir um grupo
~homens mm .l me.sm.a relação com os meios de produção: proprietários de terras livres JA sugeri que foram os cargos mais q"<' a 1em1 a ba;,: & e: :i.i f -: ._ • • ,.i.,.- •
~ 'ínculo; e produzindo para o mercado. A clareza deste processo viu-se obscurecida pelo .a~ndentes•. Agora iria mais longe. Em .. ez da cfatinção tr'..J'~ •')-:;:~e •r..r.r.X:::;:;;.~ ~
fac:o de os homen 'alorizarem ainda os atributos soc iais de uma categoria legal mai s tários . ~. terr-d!>. entre nobr= e genrry. >'Jl<Tiri.? q:JC • dnti.-x;>o 1<gr..'.fJCZtiva '-' y~ -
antiga ,-•. Mas foi o impul>o eronómico comum o tema unificador dominante desta catego- • fund1ana,, d ~ T udor e d~ Stuart s.eri.a a di~rfoç:ão er.:re •"J Corte... e •o a.x;:x>--. cr=t °' fi;;:y ,.,
ria no sfrulo XVJ e depoi'. No ' eio duma classe económica uns podem ser mais ricos que cionários e "' si mp lc• pruprietári°' de 1crras. «...)
outro>. ter mais êxito no mercado que outros. A variedade dos rendimentos não demonstra Que fortunas fizeram os funcionário; de Henrique VIII qU< 1.-.ua.'!1 a ca!io l l'.ll:>U<".:t~C. 1
que um grupo não eja uma cla;se. propriedade monáslica! S atu r; lmtnte que ,,., melhora n<gócio. frn.-n pra eb , pan ca ~"' 1
Que luz lança então i110 sobre o já cl ássico debate sobre a 1:enll)'.' O ponto esencial de
agcnies locais. a gentry funcionária dos condados. (...) l
Tawneyera que a )!enrry era um grupo com um estilo de vida melhor adaptado à sobrevivência
numa era de infl ação que a nobreza esbanjadora e os especuladores de ocasião. «Comparada
Mas. e a s imples genrry que não tinha tais posiçõc.? À rnodida '!'-"' o prmo s.e torr..., .. mvs
valioso, mais se afastava do seu alcance 1u 1• -l1· '
com os aventureiros que negociavam com propriedades que jamais tinham visto, a genrry Por conseguinte, a guerra civil inglesa pode ser considerada. pelo menos rni pme. -
local era uma popul ação eswbclecida confrontada com simples ladrões de quintas,, m>. A como a rebeli ão, contra uma Cone renascentista. da genlry •simples•. sobrec~gada de
impostos. ,
Finalmente, J. H. Hexter insiste em que exi, te um • terceiro grupo de propriet.irios 1
73. F. J Fhher, .-n u: S iltccnth and Scve ntccnth Ccnturics: TI1e Detrk Ages in Engli!lh Econo mic His- ingleses,. " 11• Diz que uma análise à oposição parlamentar aos Stu.m mostra qu~ ell não
tof)'" ·· Econr"'1scu. n.s. , XXJV, 93. 1957. 17. Con1udo, Físhcr lcm br.s.nos 1 am ~ m que o velho significado das ca1e-
gon35 nio e.. LJ\'3 amd.J de!lp:ij3do de con~ qu ê n ci~ M>C Í <Ül!r.: .. E o;e a u~rra r.ão cra por si só um passapone ~uficicnle
para a bcm-a .. enlurança MX"ia l. a di~t inr_ãn não estava fura de alcance. À primcira vi!.la é verdade que o l!r. istema de 78. /b1d.• p. 174.
Jtütu.r dCK stcu lo' XVI e XVII n:io parece !>tr alt;1mcn te favorável para o homem cm a ~en~ã o . Tal como eu o 79. /bid .• p. 175. Est• avaliação d> situação holandc>a t contr>d11.a nunu di•IC!1l>Çio de ô.:Jut<nmmD
compreendo. C!IS.C l!r. i,1ema. pe lo meno!<- n a~ suas ma n i fe !l t.a ~· õc s mais c rua ~ . era cssc ncialmcn1e bi ológico . Era baseado recente, de que foi publicado um resumo. e que ddcndc que o ~ rural cn cm udo ~ 1mporutne RJ t:COOClflri.1
num J barmra de l Or. embor:i. a cor rc:lc\•antc ÍO\~c a do o;an guc m a i ~ do que a da pele. O swws dum homem dependia holamics3 do tempo como o era n:i inglc\3. Ver Jan dt: Vrics, • Thc Rok oí l"he Runl Scct'.JI' in lhe ~-r~
~no~ d.1 sua di\linção pró priJ do que da po~ 'C dum am i: pa.s!ooatlo qu e !l.C ri ..·c s~e dic;tinguído an tes dele. E quanto mais of thc Du1ch Econonty: 15CWJ- l ?OO ... , Journal nf Em nomic· lfisrnr.v, XX.XI. 1. Março 197 1. 266-:!68.
rc~m fo :.~ es~c antepa\sadu. <' prcsumi\'elmcn te 4uan10 menos do seu ~ ngu e corresse nas veias dum isabcli no, 80. Tawncy, Essays in Eronomic Jl1story, I. p. 175.
m.l1s elevado se na o s1at11.s dc sst 1 ~abc li 11 0. Uma t.141 ~ hi ~ l ó rias ma is p<lléticas do ~é c ul o XVI é, creio, a dos esforços o
81... Professor Pircnnc. num bem conhecido cn~aio. ckkmku qUC' m c ap1tall~ta\ dr ad1 trooS:JC"tS--
de Lord Burk il?h - um homem dic;1imo ~gundu qualquer critério rJcional - para provar a sua descendência dum siva !ião nonnalmentc rccrurados não nos da precedente ma..\ cm indivldoos ck origem hunuldt crx tmlam fi.nr:
principc-iito g.a lCs que provave lmente nunca cxísti ra e qu e, a (Cr cxisrido, seria prova\'elmente diíícil de distinguir fo nnam cm seu devido tempo uma nova plutocracia; rendo-o urna vez upcrinxnt.ado rr inodcm t m d1ioo lOl'f'O'l'"· t
dos carne.i ro~ d.:is s u a~ colina'i nali\'ac: (pp. 13- 14] ,.. por ~ua vez são substituídos. lfá períodos cm que umil mesma altaninc•.a tritrr proi!J"\~O e efi"tl~ pode ser
74. Chri ~l ophc r Hill , .. Rt-cc m Jnterprctations ofthe Civil War-.. in Puâ1aniJma11rl Rtt•o/ution (Nova Iorque: Observada na histó ria das clas~S fundiárias. A."i Uts gerJÇÕCSlnlC~~S a fbmn gton fon.,rn um dtJe~·- R. U. n·•-ncy,
Schoden Booh t958J. 8. «liarrington ' s ln1 crpreta1ion of Hi s Age•, Prorudin)(S o/ tht Brmsh Acadrmy. J9J 1. .1 8.
75 . Juliln Comwall. ~The Ear ly TudorGentry 11 , Economic 1-fisrory Ret•iew, 2.' s~ ric. XVII, 3, 1965. 470. ll,2. lhid., p. 207. Th G 1540-1()40 f.corwmir lliston li<rtro. Sopplcniau l. 19'3,
c::le 11crcscentl: .. Ele~ eram de facto a principal classe proprietária de terras, de longe ultrapassando o pariato, que 83. Ver H. R. Tn:vor-Ropcr, • e Jt'ntry, '" · . · E
M Carus-Wilson cd. E.Js:iyr
~-24. Para a conrinuação dcsla parte do dcbat~, ~cr ~- H. Tawneyi ;:O~tsen~"'~;<-~~ ;,, Xl, rP· 3n:s 1; fic.lra,
1
0

em todo o caso era pouco numeroso nesta época....


. 76. Ta'-'-~Y· a pro~siro. defende que a gentry. ou antes, neste ponto do argumento, a fidalguia rural, 111 Ecmwmic lfistory (Nova Iorque: St Manm s. 1~65). 1, ~ - oopc •
dt!.Unha ruma posu;ão de1enn11u da não por qualquer distinção Jcgal. mas anics pela opi nião comum». Essays in Rtappraisals in Hisrory, pp. 124-t29; Hill. ·Recen< lntcrprtu!l~;Q p. 9.
Eronomil' flistory , p. 174. 84. Trcvor-Ropcr. Ewnonric Uiswry Rmrw. PP· 26, 2 • -
77. /bid., p. 197. 85. Hexler, Rl'appraisals ili /Jistnry. P· 131.

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- ~" uk k;:2i: - ..,,·, 71rn:r ~:.:i ,-3 di, idida. O i.écu!o de inílaç.ão anterior a l~O foi
g~~=ó: ~ ·& át..u.... d~:.c oqm.J. rm reda._ .a~ !i.e':"Çôes da comunjdade. li\ era.i-n lugar
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ai.-.......,, ..!:.r.L"7! ~~ ;:"70f'i1~s. oua _~prz.m a lxir.a da bancarrota. É fá.ciJ a.rgum eruar que
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~homens mm .l me.sm.a relação com os meios de produção: proprietários de terras livres JA sugeri que foram os cargos mais q"<' a 1em1 a ba;,: & e: :i.i f -: ._ • • ,.i.,.- •
~ 'ínculo; e produzindo para o mercado. A clareza deste processo viu-se obscurecida pelo .a~ndentes•. Agora iria mais longe. Em .. ez da cfatinção tr'..J'~ •')-:;:~e •r..r.r.X:::;:;;.~ ~
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outro>. ter mais êxito no mercado que outros. A variedade dos rendimentos não demonstra Que fortunas fizeram os funcionário; de Henrique VIII qU< 1.-.ua.'!1 a ca!io l l'.ll:>U<".:t~C. 1
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Que luz lança então i110 sobre o já cl ássico debate sobre a 1:enll)'.' O ponto esencial de
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Tawneyera que a )!enrry era um grupo com um estilo de vida melhor adaptado à sobrevivência
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74. Chri ~l ophc r Hill , .. Rt-cc m Jnterprctations ofthe Civil War-.. in Puâ1aniJma11rl Rtt•o/ution (Nova Iorque: Observada na histó ria das clas~S fundiárias. A."i Uts gerJÇÕCSlnlC~~S a fbmn gton fon.,rn um dtJe~·- R. U. n·•-ncy,
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75 . Juliln Comwall. ~The Ear ly TudorGentry 11 , Economic 1-fisrory Ret•iew, 2.' s~ ric. XVII, 3, 1965. 470. ll,2. lhid., p. 207. Th G 1540-1()40 f.corwmir lliston li<rtro. Sopplcniau l. 19'3,
c::le 11crcscentl: .. Ele~ eram de facto a principal classe proprietária de terras, de longe ultrapassando o pariato, que 83. Ver H. R. Tn:vor-Ropcr, • e Jt'ntry, '" · . · E
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~-24. Para a conrinuação dcsla parte do dcbat~, ~cr ~- H. Tawneyi ;:O~tsen~"'~;<-~~ ;,, Xl, rP· 3n:s 1; fic.lra,
1
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em todo o caso era pouco numeroso nesta época....


. 76. Ta'-'-~Y· a pro~siro. defende que a gentry. ou antes, neste ponto do argumento, a fidalguia rural, 111 Ecmwmic lfistory (Nova Iorque: St Manm s. 1~65). 1, ~ - oopc •
dt!.Unha ruma posu;ão de1enn11u da não por qualquer distinção Jcgal. mas anics pela opi nião comum». Essays in Rtappraisals in Hisrory, pp. 124-t29; Hill. ·Recen< lntcrprtu!l~;Q p. 9.
Eronomil' flistory , p. 174. 84. Trcvor-Ropcr. Ewnonric Uiswry Rmrw. PP· 26, 2 • -
77. /bid., p. 197. 85. Hexler, Rl'appraisals ili /Jistnry. P· 131.

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l'f\."-~ U.i • l;i,,· 11 ·\fü n.mil fa mint3 d · pod n- de _Tawn<' )'. ~ado 4ul".,é t'~mtitu fdu por fa voráveis ela~ mt dia •. sal.vo "~m pequeno círculo in:erior de b'.mquc.ir~rrinnres
~ rr.in ri.:"3 do l'll1'i''' 1 ~-rj i:a o real mente t:io dikrc.nr de fa wney . ): tau- pouco são Tud or~ . um gruro de: "cap1tah tas liglldOi à C1m:,. •.
~ .n\~<ti, , ir.id<'-' nJun...:id ,5 ~ ck Tn., o r· Rop1.•r. dado 4uc_estes e r~m um ~ g rupo de A política dos Tudor era realmente muito coerente-:
hc l lffiS inu>it.><i m:·nce ocm et!u.·. ,l, s• (scr:í isto realme1fü· rnc-o mp;l!l\'cl com Tre\'Or-
Era usualmenle b:istan te •offcita com °'
i merc:>.~ •d<pfr.idm. Pr=g;• os ~JfO" e cm,.,.
-R, r<r:l '. . ou1ros novos nas formas emergentes de empresa.{ ... ) NÜ> <rz poli' . d<>< l <IÓ<K opoc-= ·se
~ ,1 <:"nWnl<' . se ~e ~u im 1 ' S • s 3fimu ç-ôcs de He.\ ter. seremos de lacto confrontados
cegamente à correnle di .m udança nem conceder-lhe redeli 10f'.a. m '1m i:mj-h. CO<'Jd;:zi· l:i.
im t:n qu:ldn' r.uixn c.l~l<"nte cl3ro do p:!pel Sl'<:ial d3 gentry. :iind:i que não aquele a que como eles d1z1am, a um tipo de rcgrn confonne com a txn orde:n '" '.
3 ;uxn~tinro : ~ d pe n:.<il'·.t, mJuzi r· nos. Diz de a um dad,, momento da sua critica: «Fica-
n . -; ain.ii , 1m 0 pn1t>km:1 que Ta wne~ fonnulou n~ su;i busca. (... ) Por que raz.'io ne.s ~ E. para acabar, Hcx ter acrcscema: ..o s Tudor coosi d..~va m a cfa:s5C' média wmo 3 • 1
l
""""untur hisr,>ric3 p.m icub r en, ntrJ' 3 o ··campo a s11a hderança em estr.itos sociais vaca lei reira da soc iedade"'°"'·
inf ·ri,>r.-s? p._,~q u<' tu . •our" e n5o na nobrez.f ?» '" '· A resposta de Hex tcr é essenc ialmente Mas foi precisamente Lawrence Sione quC'ITl realçou 0 grau em q-.ic os T udor c~­
que :1 · cen;..lo p.llitk a d:! gm1~· se explica pelo facto de o cre scente poder militar do rei ceram o controlo económico, favoreceram um punhado de empresários. mas nio as cl.u~
incidir C<l 1 , d ·adência d<J poda mil it:ir dos magn:itas terri toriais. «Por conseg uinte. a burg uesas como um lodo, e aprcsentavani o reforço do poder mililat do Es.tndo co rno funda -
, er.Jr>· d rerfodo Tudor 1~i1 mm m3iN dé pendênci:i que os seus l?redecessores nos dias de mental '9 " ; e a essência do argumento de Trcvor-Roper é que a gentry se rc beloo par rao querer
l:in.."!IS l ~ r e York" """· Como muitos obsen ·3r.1m. quem :tlgum3 vez defende u o contrário? E ser uma vaca leiteira. -11
romo 1 <in1b cenad.unemc Srone: ~ o dms ex machina do senhor Hexie r para explicar a Finalmente. diz Hexter, não é certo que o espírito capitali sta tenha emagido soment~ -
suhid:! ao poder político d.i grm~· é completamente superficial: d iz que a aristocracia perdeu no século XVI. j á que há muito existi a. nem que - os proprier.irios fund iários do século XVI
e nrmlo militar. E,·identemenre. mas por que razão aconteceu isso?» " º'. Regressamos renham esperado pelo e xemplo e pela inspiração dos comerciantes cidades.- · • p::r.1ms
poli.ln!O :Is nri:h eis e-entrais que remos vindo a discutir (assim como Tawney e Trevor-Roper); se empenharem numa agricultura capitalista. PreciSll!TICntc. Mas então estamos no ,·a--
o c:re;;c1menr d um 3p1relho de Estado burocrático e o desenvolvimento da agricultura capi- mente perante o quadro duma classe capitalista emerg~tc recrutada em dj ,-ersos es tr.J.LOs 1
ralisra - e a re laç:io entre :unbos ,...,,_ sociais <•71 •
Em seguida Hexrer arremete contra ~ o mi ro da d asse média». Mas aqui está a desafiar Por que razão teria isto de ser estranho? Estava a acontecer. como ,i mos. por 1odj
na realid.:lde o liberalismo do sécul o XIX e n5o o marxismo «inconsciente» que, segundo ele, a economia-mundo europe ia ''8'. Sem dúvida. existiam dhcrsas expre sões políticas dos 1
esr:i subja:eme 3 mui13 da história económica moderna '"'· De fac to, a sua própria an:ili se não diferentes subgrupos no interior da «gentry •. Barrington Moore. por exemplo. oferece-
esu na real idad~ r5o afastada da de Tawney e Trevor-Roper. Os Tudor. diz ele. n5o eram
92. J. H. Hex tcr. R eappraisals in History•. pp. 103. 105 .
. 86. ~bui.. ~: .1) 5-136 . .~foutru pomo. He" cr, qu e nunca se arr.ipalha com imagens . mas q ue roo gosta de 93. l bid.• p . t 09.
t s:u.ilin-' as. dlZ do rn1c10 dd lng l.11tc-IT3 Stuan : .. p:ifJ o ' ':lCuo c::aus.ado fXl::i incJ~cicb.de temror.iria dos mas:?:Jl.3W 94. l bid.• p. 11 o.
tr.trou a .fo ury rural - nàC" a rcquen.1 ,i!~nrry \i vaz C' obs.tinada do Proíc!'SOr T.l\' ncy , ni: m ai nda 3 s im p les Kentry 95. « A primeira me1ade do sécul o XVI foi um f)(ri'odo de tenutl\"3s e ~ o rcrltnct.li de conuofa ccooó-
bok>re nu e mordida pchs pul~a.s do Protessor Tre\'Or· Ro~r - m3s os ca..·alc:iros e fid3Jgos ri cos e bem ed ucados mico cada ve z mais numerosas , mas não há provas de um aumento da libcrd.W comercial. (_ )
UC" S( se~Ll \ :L,, n~~ Pa~b~c: to~ de: Jaime 1e Carl os 1 (p. J.a SJ-.. Ver o coment~o de Coopcr sobre a ati tude de Segur:mça. não prosperiihdc. era o principal objecti'\·o dl polítiC3. trork..."m.b ckx Tudor. (- )
Hc~1er ~;u :i com as csra11sliC'as . .. Por fi m. rn nira o Professor He.u er. cre io que se li \•esse primciro havido um estudo ~t:is o parado:rn da adminis1.ração Tudor. e ta lvCl. :J cau..u fundam~ ntal do cobpso de todo o ill~ deve
mau ~id:idoso cbs <.."cnus e rcnJ"5 e menos con1agcm de S<'nhori as. a co nin..wêrs ia nunca leria precisado de tomar se r encontrado na c:x1ens!lo cm que o seu programa ck Estado paicnu li.su. ou a jusüça S...."("1a.l e o ConscT\ adoriuno...
1
suJ .vrma prcS<"ntc. ~ara ser J USIO para com o Sr. Srone cu <1crcsccntaria que desde :J sua primeira i ncu~o no a'isunto foram sacri ficados à implemcn1 açào das neccs~id3dcs ma.i~ prtmente-s da au13J'ci:i pl20i f.cld.J t d.t.\ füwlÇU ck- ~
etc tem de v01ado mu n~ lcmpo a 1ais es1udos. lmaEino que o S r. Sto ne e cu podemos pelo menos estar de acordo na opo nun istas. Todos os gm·cmos Tudor fora m os mJ.is resolutos opositore-.s 1c."6ricos das mud.ln<; .n S01.i.1i e dn nm-a.s
~::::r; ;~:;,u:~~~'.n~~~;:i_s r;~t~s~_cm \ ' rl de os abando nar. co mo o Professor Hcx1cr su~erc•. • l.cUer 10 classes burguesas das quai s se supt"\c lerem eles obtido um considt"r.hcl apt1io•. Stooe. Econcvr.ir H UJ()r'f Rnfr.,.·.
·
1
87. H~xle r. Reappra isals in Hisrory. p. 142.
xvm. PP· 109. 111 . 11 s . •
96. Hcxtc r, Rwpprai.w ls in flisrory. p. 9 1: cf. lllmb<m pp. 83-8-l.
88. lbi<I.. p. 147.
97. Pcx:lc dar-se o seguinte caso, como Chri stopher l-l ill sugere: • No ~u lo mflocion1rio. JW't'C("m lt'r s ido
89. Uwrmcc: Srone, Enrnunru , p. 7.S. os lav rJ do rcs. os Y<'Omt'n e os sc.- nhorcs da 1c:rrJ. menores 4uc primeiro dc-S<".n\"olvcfil1Tl iLS qw.Jid.ldc:) bwpx-~
cxpcnsas: ~~:rt;>:r~~J:~:ai,n~ ª~~': s~;0í(se~as te~ .ª do ~ro~essor
T3wney de que a ,r:,emry cresceu a nec e ssária.~ ao 5.uccsso - poupança. di li g~ n c i a. pm n1 idio cm cxorbiur rt'Otbs e obscn l r rr.erc:.das. ronsumo ~ ­
tra(ào d.J..'i: suas propnecfades, não ~ ~ ne qar :anal~ Jacob_m~ di fena ~arcada1~ente do i sa~l i no na adminis· rJdo e rc invcs1imcn10 dt: lucros. Pares e fidalgos mius imp.mantcs. com p:JdrÕC's tradtcioruh de d~sa. a rrwttt'T,
Scuan, dC\'C.$.Ç(m o seu cs1a1u10 me lh orado ao: l ucro~en~ao de cenas .faml11a s. cs~1a lm.cn 1e no in ício do .pcrfodo eram mais lentos a ada ptar- ~. e continua ..·am a di ~pcnder quantia~ -iUC não c.-nm justifK"nJ.15 pdos St'W. ~g is:tos de
3

J~s S:U3s terns ... Gordon B:uho . .,Landlords in En landº ~arg~. pr.ofi ss.lo ou comércio mais do que ~os rrnd1men1os rendas. Tais homens 1omavam-se Cólda vez mais dc."pendenlc.- s da l"\lrte pJ.rJ 3 sua s00rt'vi ..·àlc1;a C\.-cnómic.a ~ P.rftH ·
1-futory of En.~land and Wa/es. IV, Joan Thin k e~ 5 · N ~blcmcn , Gemlcme n. and Yeomcn ... m The A,lJrarian ma tion l o l ndus 1ria/ Re \·(1/uticm . p p. 65-66. Mas é qtt:mdlJ muito uma q ues1ão ~ _çnu .
1967}. 285. M a..~ . acre.~enta Batho: .. A import :- · . ··d· ()(). / 6-JO !Londres ~ Nova Iorq ue: Cambridge Univ. Prcss.
1 98. Ver a compa.ruçào cspedfi~a dez..-.... S. Pac h dl. llungri.t com a lngla1em: • IPropnetirios de tC'1TI como
.algumas família~ na hierarq uia social não dcv:~~ rªu: ~~:i~çã~ de cargo~ e da i n íluê~c ia po lí1i ca na elevação de
1
mercadore s] nJ.os!io um fr nómcno orig ina l se corn p.ar.umos (a 1lun gria) aos dcscn..-oh·imenfos \'aifK.""ado!i cm lngbtC'fTa
poucos afortunados . a maioria das ocupações do é t" g ª· nquanto g randes rend1men1os eram obti dos pelos neste período, onde um processo an:.11ogo estava a ler IU!!:U- E.stamos a pensar n.1··no ..·1 nobrtt~ ... na t tnt r )' i.ng~
grandes ganhos além dos honorários oficiais. m:~~~c~s e no gove rno cc nlra l erJ mode sla memc: paga e não pcnnil ia q ue recebia essenc ia lmente cm fo nna de renda o que lhe tinha sido dc-.·ido como obrig:llÇÕõ kudais. Ek.s nrtpt-
9 1. J. H. Hexler. ~A New Frnmework fo r S ~ tl cH~po dos Stuart fp._289J». nhavam-sc na. venda de 13, de trigo e de outros bens, e tendo u propriado os ~uC"f\OS camponeses e apicultores..
ocia mory .. , Rtapprauals. p . 14 . entravam na ex ploração d irccta das suas propried:Jdes c3!8Clcristica da bur}ucs il.•. Arutalts E..S.C .. XX I. p. 1230.

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l'f\."-~ U.i • l;i,,· 11 ·\fü n.mil fa mint3 d · pod n- de _Tawn<' )'. ~ado 4ul".,é t'~mtitu fdu por fa voráveis ela~ mt dia •. sal.vo "~m pequeno círculo in:erior de b'.mquc.ir~rrinnres
~ rr.in ri.:"3 do l'll1'i''' 1 ~-rj i:a o real mente t:io dikrc.nr de fa wney . ): tau- pouco são Tud or~ . um gruro de: "cap1tah tas liglldOi à C1m:,. •.
~ .n\~<ti, , ir.id<'-' nJun...:id ,5 ~ ck Tn., o r· Rop1.•r. dado 4uc_estes e r~m um ~ g rupo de A política dos Tudor era realmente muito coerente-:
hc l lffiS inu>it.><i m:·nce ocm et!u.·. ,l, s• (scr:í isto realme1fü· rnc-o mp;l!l\'cl com Tre\'Or-
Era usualmenle b:istan te •offcita com °'
i merc:>.~ •d<pfr.idm. Pr=g;• os ~JfO" e cm,.,.
-R, r<r:l '. . ou1ros novos nas formas emergentes de empresa.{ ... ) NÜ> <rz poli' . d<>< l <IÓ<K opoc-= ·se
~ ,1 <:"nWnl<' . se ~e ~u im 1 ' S • s 3fimu ç-ôcs de He.\ ter. seremos de lacto confrontados
cegamente à correnle di .m udança nem conceder-lhe redeli 10f'.a. m '1m i:mj-h. CO<'Jd;:zi· l:i.
im t:n qu:ldn' r.uixn c.l~l<"nte cl3ro do p:!pel Sl'<:ial d3 gentry. :iind:i que não aquele a que como eles d1z1am, a um tipo de rcgrn confonne com a txn orde:n '" '.
3 ;uxn~tinro : ~ d pe n:.<il'·.t, mJuzi r· nos. Diz de a um dad,, momento da sua critica: «Fica-
n . -; ain.ii , 1m 0 pn1t>km:1 que Ta wne~ fonnulou n~ su;i busca. (... ) Por que raz.'io ne.s ~ E. para acabar, Hcx ter acrcscema: ..o s Tudor coosi d..~va m a cfa:s5C' média wmo 3 • 1
l
""""untur hisr,>ric3 p.m icub r en, ntrJ' 3 o ··campo a s11a hderança em estr.itos sociais vaca lei reira da soc iedade"'°"'·
inf ·ri,>r.-s? p._,~q u<' tu . •our" e n5o na nobrez.f ?» '" '· A resposta de Hex tcr é essenc ialmente Mas foi precisamente Lawrence Sione quC'ITl realçou 0 grau em q-.ic os T udor c~­
que :1 · cen;..lo p.llitk a d:! gm1~· se explica pelo facto de o cre scente poder militar do rei ceram o controlo económico, favoreceram um punhado de empresários. mas nio as cl.u~
incidir C<l 1 , d ·adência d<J poda mil it:ir dos magn:itas terri toriais. «Por conseg uinte. a burg uesas como um lodo, e aprcsentavani o reforço do poder mililat do Es.tndo co rno funda -
, er.Jr>· d rerfodo Tudor 1~i1 mm m3iN dé pendênci:i que os seus l?redecessores nos dias de mental '9 " ; e a essência do argumento de Trcvor-Roper é que a gentry se rc beloo par rao querer
l:in.."!IS l ~ r e York" """· Como muitos obsen ·3r.1m. quem :tlgum3 vez defende u o contrário? E ser uma vaca leiteira. -11
romo 1 <in1b cenad.unemc Srone: ~ o dms ex machina do senhor Hexie r para explicar a Finalmente. diz Hexter, não é certo que o espírito capitali sta tenha emagido soment~ -
suhid:! ao poder político d.i grm~· é completamente superficial: d iz que a aristocracia perdeu no século XVI. j á que há muito existi a. nem que - os proprier.irios fund iários do século XVI
e nrmlo militar. E,·identemenre. mas por que razão aconteceu isso?» " º'. Regressamos renham esperado pelo e xemplo e pela inspiração dos comerciantes cidades.- · • p::r.1ms
poli.ln!O :Is nri:h eis e-entrais que remos vindo a discutir (assim como Tawney e Trevor-Roper); se empenharem numa agricultura capitalista. PreciSll!TICntc. Mas então estamos no ,·a--
o c:re;;c1menr d um 3p1relho de Estado burocrático e o desenvolvimento da agricultura capi- mente perante o quadro duma classe capitalista emerg~tc recrutada em dj ,-ersos es tr.J.LOs 1
ralisra - e a re laç:io entre :unbos ,...,,_ sociais <•71 •
Em seguida Hexrer arremete contra ~ o mi ro da d asse média». Mas aqui está a desafiar Por que razão teria isto de ser estranho? Estava a acontecer. como ,i mos. por 1odj
na realid.:lde o liberalismo do sécul o XIX e n5o o marxismo «inconsciente» que, segundo ele, a economia-mundo europe ia ''8'. Sem dúvida. existiam dhcrsas expre sões políticas dos 1
esr:i subja:eme 3 mui13 da história económica moderna '"'· De fac to, a sua própria an:ili se não diferentes subgrupos no interior da «gentry •. Barrington Moore. por exemplo. oferece-
esu na real idad~ r5o afastada da de Tawney e Trevor-Roper. Os Tudor. diz ele. n5o eram
92. J. H. Hex tcr. R eappraisals in History•. pp. 103. 105 .
. 86. ~bui.. ~: .1) 5-136 . .~foutru pomo. He" cr, qu e nunca se arr.ipalha com imagens . mas q ue roo gosta de 93. l bid.• p . t 09.
t s:u.ilin-' as. dlZ do rn1c10 dd lng l.11tc-IT3 Stuan : .. p:ifJ o ' ':lCuo c::aus.ado fXl::i incJ~cicb.de temror.iria dos mas:?:Jl.3W 94. l bid.• p. 11 o.
tr.trou a .fo ury rural - nàC" a rcquen.1 ,i!~nrry \i vaz C' obs.tinada do Proíc!'SOr T.l\' ncy , ni: m ai nda 3 s im p les Kentry 95. « A primeira me1ade do sécul o XVI foi um f)(ri'odo de tenutl\"3s e ~ o rcrltnct.li de conuofa ccooó-
bok>re nu e mordida pchs pul~a.s do Protessor Tre\'Or· Ro~r - m3s os ca..·alc:iros e fid3Jgos ri cos e bem ed ucados mico cada ve z mais numerosas , mas não há provas de um aumento da libcrd.W comercial. (_ )
UC" S( se~Ll \ :L,, n~~ Pa~b~c: to~ de: Jaime 1e Carl os 1 (p. J.a SJ-.. Ver o coment~o de Coopcr sobre a ati tude de Segur:mça. não prosperiihdc. era o principal objecti'\·o dl polítiC3. trork..."m.b ckx Tudor. (- )
Hc~1er ~;u :i com as csra11sliC'as . .. Por fi m. rn nira o Professor He.u er. cre io que se li \•esse primciro havido um estudo ~t:is o parado:rn da adminis1.ração Tudor. e ta lvCl. :J cau..u fundam~ ntal do cobpso de todo o ill~ deve
mau ~id:idoso cbs <.."cnus e rcnJ"5 e menos con1agcm de S<'nhori as. a co nin..wêrs ia nunca leria precisado de tomar se r encontrado na c:x1ens!lo cm que o seu programa ck Estado paicnu li.su. ou a jusüça S...."("1a.l e o ConscT\ adoriuno...
1
suJ .vrma prcS<"ntc. ~ara ser J USIO para com o Sr. Srone cu <1crcsccntaria que desde :J sua primeira i ncu~o no a'isunto foram sacri ficados à implemcn1 açào das neccs~id3dcs ma.i~ prtmente-s da au13J'ci:i pl20i f.cld.J t d.t.\ füwlÇU ck- ~
etc tem de v01ado mu n~ lcmpo a 1ais es1udos. lmaEino que o S r. Sto ne e cu podemos pelo menos estar de acordo na opo nun istas. Todos os gm·cmos Tudor fora m os mJ.is resolutos opositore-.s 1c."6ricos das mud.ln<; .n S01.i.1i e dn nm-a.s
~::::r; ;~:;,u:~~~'.n~~~;:i_s r;~t~s~_cm \ ' rl de os abando nar. co mo o Professor Hcx1cr su~erc•. • l.cUer 10 classes burguesas das quai s se supt"\c lerem eles obtido um considt"r.hcl apt1io•. Stooe. Econcvr.ir H UJ()r'f Rnfr.,.·.
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87. H~xle r. Reappra isals in Hisrory. p. 142.
xvm. PP· 109. 111 . 11 s . •
96. Hcxtc r, Rwpprai.w ls in flisrory. p. 9 1: cf. lllmb<m pp. 83-8-l.
88. lbi<I.. p. 147.
97. Pcx:lc dar-se o seguinte caso, como Chri stopher l-l ill sugere: • No ~u lo mflocion1rio. JW't'C("m lt'r s ido
89. Uwrmcc: Srone, Enrnunru , p. 7.S. os lav rJ do rcs. os Y<'Omt'n e os sc.- nhorcs da 1c:rrJ. menores 4uc primeiro dc-S<".n\"olvcfil1Tl iLS qw.Jid.ldc:) bwpx-~
cxpcnsas: ~~:rt;>:r~~J:~:ai,n~ ª~~': s~;0í(se~as te~ .ª do ~ro~essor
T3wney de que a ,r:,emry cresceu a nec e ssária.~ ao 5.uccsso - poupança. di li g~ n c i a. pm n1 idio cm cxorbiur rt'Otbs e obscn l r rr.erc:.das. ronsumo ~ ­
tra(ào d.J..'i: suas propnecfades, não ~ ~ ne qar :anal~ Jacob_m~ di fena ~arcada1~ente do i sa~l i no na adminis· rJdo e rc invcs1imcn10 dt: lucros. Pares e fidalgos mius imp.mantcs. com p:JdrÕC's tradtcioruh de d~sa. a rrwttt'T,
Scuan, dC\'C.$.Ç(m o seu cs1a1u10 me lh orado ao: l ucro~en~ao de cenas .faml11a s. cs~1a lm.cn 1e no in ício do .pcrfodo eram mais lentos a ada ptar- ~. e continua ..·am a di ~pcnder quantia~ -iUC não c.-nm justifK"nJ.15 pdos St'W. ~g is:tos de
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J~s S:U3s terns ... Gordon B:uho . .,Landlords in En landº ~arg~. pr.ofi ss.lo ou comércio mais do que ~os rrnd1men1os rendas. Tais homens 1omavam-se Cólda vez mais dc."pendenlc.- s da l"\lrte pJ.rJ 3 sua s00rt'vi ..·àlc1;a C\.-cnómic.a ~ P.rftH ·
1-futory of En.~land and Wa/es. IV, Joan Thin k e~ 5 · N ~blcmcn , Gemlcme n. and Yeomcn ... m The A,lJrarian ma tion l o l ndus 1ria/ Re \·(1/uticm . p p. 65-66. Mas é qtt:mdlJ muito uma q ues1ão ~ _çnu .
1967}. 285. M a..~ . acre.~enta Batho: .. A import :- · . ··d· ()(). / 6-JO !Londres ~ Nova Iorq ue: Cambridge Univ. Prcss.
1 98. Ver a compa.ruçào cspedfi~a dez..-.... S. Pac h dl. llungri.t com a lngla1em: • IPropnetirios de tC'1TI como
.algumas família~ na hierarq uia social não dcv:~~ rªu: ~~:i~çã~ de cargo~ e da i n íluê~c ia po lí1i ca na elevação de
1
mercadore s] nJ.os!io um fr nómcno orig ina l se corn p.ar.umos (a 1lun gria) aos dcscn..-oh·imenfos \'aifK.""ado!i cm lngbtC'fTa
poucos afortunados . a maioria das ocupações do é t" g ª· nquanto g randes rend1men1os eram obti dos pelos neste período, onde um processo an:.11ogo estava a ler IU!!:U- E.stamos a pensar n.1··no ..·1 nobrtt~ ... na t tnt r )' i.ng~
grandes ganhos além dos honorários oficiais. m:~~~c~s e no gove rno cc nlra l erJ mode sla memc: paga e não pcnnil ia q ue recebia essenc ia lmente cm fo nna de renda o que lhe tinha sido dc-.·ido como obrig:llÇÕõ kudais. Ek.s nrtpt-
9 1. J. H. Hexler. ~A New Frnmework fo r S ~ tl cH~po dos Stuart fp._289J». nhavam-sc na. venda de 13, de trigo e de outros bens, e tendo u propriado os ~uC"f\OS camponeses e apicultores..
ocia mory .. , Rtapprauals. p . 14 . entravam na ex ploração d irccta das suas propried:Jdes c3!8Clcristica da bur}ucs il.•. Arutalts E..S.C .. XX I. p. 1230.

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i
muito mais íntima entre si que com a IT)1Jrtarqu u1. e cm tempo~ de Cfl5C tcnha."Tl muito mai s cm - . . , . r
-nos uma su!!est;'lo acerca da oposição polí1ica da wgr111r~· decud~ntc » de Trcvor-Ropcr comum entre si du que com a Coroa "'il• ·, . ., ' ;, ' i
1 que wma tal fenóme no 1otal111cnte cumpa1fvcl com a opos1çiin pol111ca da Nfientry us~c~1- ' ... ,.,1
! dcnlc» de Tawney. F.lc ci ta cslc úl1imo: «Doa p:trte da ge111ry estagna ou afunda-se. Sena Stone e Hurstfield demonstram ambos o ponto crucia1 ne&ta questão: 0 proces~o de ' ·-~ .~~ ·
fAci l cn('Qntrar proprk1ário~ nohres que se mo vam cm concordância com os tempos e que e mergência duma nova categoria de clas.\C, no seio da qual a «velha» di~Ji nção entre ari sto- •• ·
rirem 0 máximo partido das suas propriedades »'"'''· Moore diz, depois, daqueles que cracia e gentry estava a perder o significado. Como resume Pcre-L Zagorin. a tendência geral
"c.i, tagnam •>: no «longo » século XVI, em Inglaterra, era .-dar a homens <...1cm posição d<: invest.ir capital j
na agricultura, no comércio e na indústria(. ..) o comando da vida wcíal~ ';i,., . E ~t.a classe
r;s1c 5 • rnunmiradurcs e dcsrnn1entes» podem 1er fornecido uma parte do elemento radical 1
combinada acabou por ganhar à cu ~ta do campcs inato •i~ •. A situação inglesa é uma boa ilus- 1
tração da generalização de Lattimore: «Em qualquer sociedade em muda~ gradual , são
que c\lcve por cd' de Cromwe ll e da Hcvolução Puricana, embora csle ímpeto tenha tido as suas
ori cns funda mentai' cm rnnu' in ferinrcs da escala soc ial. Assim. sob o impacto do comércio e li
de alguma indúmia . a sociedade in glesa escava a dividir·se de cima a baixo duma forma que sempre os que governam que ficam com o melhor do que perdura da velha ordem e ao me.smo
pcnniciu o aparccimemo cemporá rio de bolsas de dcscontemamcnto radical produzido por estas tempo se apropriam do melhor que é oferecido pela nova, [o que com o tempo conduz a ) uma
m~m" forÇ<L\. (... ) Ncslc processo. 3 medida que a ordem amiga se ia decompondo, secções diversificação consideráve1 ,,< 106 •. _. !
da ,ocierlade que ci nham cncrad o em decadência devido a cendéncias económicas de longo Se "gentry,, fosse simplesmente o nome dos agriculcores capitalistas w transformarem· !
prazo aparecem à superfície e faze m boa pane do «lrabalho sujo» violento de destruição do
ancien ré!li" " " deixando deste modo li vre o caminho para um novo conjunlo de inslitui-
ções. Em Jngla1crra. o principal trabalho sujo desce tipo foi o simbólico acto da decapicação
-se em classe, quem são os yeomen? Yeomen é um termo como gen1ry, um termo >ácio-legal
pré-existente cujo conteúdo est.ava em evolução no século XVI. Mildred Campbel!. no seu
livro sobre os yeomen ingleses, estuda os diversos usos da pala\-Ta e a sua relação com termos
ll
de Carlos 1° 001. como agricultor (farmer]. cavalheiro [gentleman). proprietário [freeholder). lavrador [hu.s- --··.
Provavelme nte He xtcr está certo ao sugerir que havia três tipos de proprietários bandman) e jornaleiro [laborerj, assinalando acerbarnente: «Não há nada de semelhante •.,-'.• 1
fundi :í rios - «ascend entes,,. «decadentes» e outros. E é muito plausível que a oposição podemos dizê-lo desde já, à dislinção de que acabámos de nos desembaraçar,. •"" '· A sua , , "-- · __ .,
pul í1 ica tenda a ·~ s l ar correlacionada mai s com os dois primeiros tipos do que com o ter- conclusão é que , _. '1~·.:. I 1
ceiro. Para expli car a polílica da primeira época dos Stuan, estes pormenores são cru- a posição dos yeomen em termos da sua relação com ouuos grupos da e.strutura sociltl assume .• ·~.,.. -·· 1
ciais " º"· Para valorizar as tendê ncias da mudança soc ial. é muito mais importante ver a um carácter baseante definido. Eram uma classe média rural nwnerosa. cuja prim:ipal preoc'Jpa- 1
subida da i:rentry não como forç a económica nem como entidade política mas como cate- ção girava em tomo da terra e dos interesses agrícolas. um grupo que ~i vi.a " na l.O!lll intermédia
gori a social.
A concen craçã o nos pormenores. embora amiúde deixe a descobeno a vacuidade duma
generalização débil, pode também ob>cureccr a mudança sec ular. Lawrence Stone, depois de 103. Hurstfield. New Cambridge Modem Hütory. íll. p. 1~8 . . .
t 04. Perez Zagorin. • lbe Social Interpretation of ihe Engii.;h Rf'olution•. l o• rnal eof fronom;c Hmary.
faze r prec isamente um a análise pormenorizada das complexidades da mobilidade social na XIX. 3, Set. t959, 388. Ele acrescenta: •A classe: cuja formação é o pre'><nte ccniro de rnt=sc eSIJln •ser c.anll·
Inglate rra d e~ ta época. ass inala que esta forma de análise tende a fazer perder de vista duas nuamente recrutada. e naturalmente compreendia elementos di,·crsos quant~ a estatuto. nquez:i e foot: de ~­
mud an~as importantes na sociedade inglesa: mento. Mas apesar destas e doutras diferenças. os seus membros eram espécies de um me.smo f,énero. Eles conSIJ·
tu íam uma classe económica única, pois o que tinham em comum c-ra a posse de capiul que emprega,,-a::n com 0 fim
A primeira era uma polari1..açiio da soc iedade em ricos e pobres: as classes altas comaram-se
rela1ivamen1c mais numerosas. e os seus rendimentos reais aumentaram. O segundo era uma maior do lucro ~~5~ :~~l~~~~~a~ã~7~ !ª!~~ltado final da grande acli"idade de trnruferéncia de ICJ'TII:' pz=e ter sido
algo como um movimento líquido de uansferência dum quarto da terra ~través da.s. barreiras SOCIAtS. umas ve~cs
igua ldade emre as classes alias: cm primeiro lugar a riqueza e o poder da altagenrry cresceu em
sendo o proprietário a cruzar uma fronteira levando as terras consigo, outra5 vezes .sendo as terns a cruzarª bartttr.a
relação à da arÍ \locrac ia; e cm seg undo luga r os membros dos ofícios e profissões aumenlaram por 1roca de propriecário Os ganhadores neste processo eram os grandes proprietários e a genrry. os perdedores eram
cm riqueza, número e posição socia l cm relação às classes propri~1 árias de terras C10l 1_ O< deten1ores institucio~ais. a Corpa e a Igreja. e os camponeses. prova\'elmentc em proporções arredo<id>damente

J. Hurstfi eld defe nde um ponto de vista semelhante, dando ênfase ao seu impacto sobre ig.ais. (... ) . . . . d ado à procura crcscent< de produtos
No século XVI a estru1ura fundiária respondia as pres~s 0 "."rc · a rox imar de u= amcullura
a política do "Segundo" século XVI: agr~colas, com uma iendência para se afastar da ag.ncultura de s_u~i~rencian:_, ~n! a. s.it --ão li.1 q~ mui~
maJs comercial, e isto linha o seu efeito. ~brc o ct:mento C.3JTI~ncs. nao ~~m ofrrccia~~id.a~s para os
Em lnglaccrra. a aristocracia nunca se converteu numa ca~ta e a ge111ry proprielária de terras nunca senhores feudais exploravam os seus d1mcos legai s alé ao máximo. mas pond'1 às pressõe> do competi-
chegou a ser um:r nobreza menor. Nessa medida as classes média e alta mantinham uma relação afortunados e empreendedores yeomen pros~rarcm. Mas es~ csr~tura també~ ~ ~ se-guranÇa na terra o
tivo mundo _dos cst~tutos sociais e à 1endênc1a_ da riqueu ~merc. anlll r:,t:-;::s e~ de súbditos e segui~.
es_cacuto soc.1al precisava de novas defesas. mais em despesas do que ncscs•. F. M. L Thompson. • TI>e Social Dis-
CJJ . Til wncy, E.t.rayJ ín Econom;c /Ji.flory, J. p. 186.
e isso constnuía uma nova fonte de pre5'ão sobre a posição dos cam~. Economic Hsirorv Rn-ie••. 2.' ed .. XIX. 3,
l%/;J, ::;o· Ban ingwn Moore. Jr .• .fof'iat Orixins ! Dictatorship and Democracy (Bos1on: Beacon Press,
0

attrca ~º;;n~y:s.t~:~:~~~:~,C::!<J ~::::11 :~~~.';~;:M)futamcn1e t·.eno: Devíamosdeixar defazer generaJizações


(e
tribution of Landed Propeny in England sincc the S1X1eenth Centur) ·
1966, 515 .

I07. Mildred Campbcll. Tht Eng/rsh Y'º"""'


.
-

106. Owen Lauimore, /nner Asian.Frontiers ofu':i'na;J;1 t-;;i, and the Early Stuam (New Haven. Con-
er ·ª
l t
102. Lawrence Scone. •Sociol MobÍliiy in England. f~()(). J?OO. , Past & Present, 33. Abril 1966. 28-29. nccticut: Yale Univ. Press, 1942), 25.

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i
muito mais íntima entre si que com a IT)1Jrtarqu u1. e cm tempo~ de Cfl5C tcnha."Tl muito mai s cm - . . , . r
-nos uma su!!est;'lo acerca da oposição polí1ica da wgr111r~· decud~ntc » de Trcvor-Ropcr comum entre si du que com a Coroa "'il• ·, . ., ' ;, ' i
1 que wma tal fenóme no 1otal111cnte cumpa1fvcl com a opos1çiin pol111ca da Nfientry us~c~1- ' ... ,.,1
! dcnlc» de Tawney. F.lc ci ta cslc úl1imo: «Doa p:trte da ge111ry estagna ou afunda-se. Sena Stone e Hurstfield demonstram ambos o ponto crucia1 ne&ta questão: 0 proces~o de ' ·-~ .~~ ·
fAci l cn('Qntrar proprk1ário~ nohres que se mo vam cm concordância com os tempos e que e mergência duma nova categoria de clas.\C, no seio da qual a «velha» di~Ji nção entre ari sto- •• ·
rirem 0 máximo partido das suas propriedades »'"'''· Moore diz, depois, daqueles que cracia e gentry estava a perder o significado. Como resume Pcre-L Zagorin. a tendência geral
"c.i, tagnam •>: no «longo » século XVI, em Inglaterra, era .-dar a homens <...1cm posição d<: invest.ir capital j
na agricultura, no comércio e na indústria(. ..) o comando da vida wcíal~ ';i,., . E ~t.a classe
r;s1c 5 • rnunmiradurcs e dcsrnn1entes» podem 1er fornecido uma parte do elemento radical 1
combinada acabou por ganhar à cu ~ta do campcs inato •i~ •. A situação inglesa é uma boa ilus- 1
tração da generalização de Lattimore: «Em qualquer sociedade em muda~ gradual , são
que c\lcve por cd' de Cromwe ll e da Hcvolução Puricana, embora csle ímpeto tenha tido as suas
ori cns funda mentai' cm rnnu' in ferinrcs da escala soc ial. Assim. sob o impacto do comércio e li
de alguma indúmia . a sociedade in glesa escava a dividir·se de cima a baixo duma forma que sempre os que governam que ficam com o melhor do que perdura da velha ordem e ao me.smo
pcnniciu o aparccimemo cemporá rio de bolsas de dcscontemamcnto radical produzido por estas tempo se apropriam do melhor que é oferecido pela nova, [o que com o tempo conduz a ) uma
m~m" forÇ<L\. (... ) Ncslc processo. 3 medida que a ordem amiga se ia decompondo, secções diversificação consideráve1 ,,< 106 •. _. !
da ,ocierlade que ci nham cncrad o em decadência devido a cendéncias económicas de longo Se "gentry,, fosse simplesmente o nome dos agriculcores capitalistas w transformarem· !
prazo aparecem à superfície e faze m boa pane do «lrabalho sujo» violento de destruição do
ancien ré!li" " " deixando deste modo li vre o caminho para um novo conjunlo de inslitui-
ções. Em Jngla1crra. o principal trabalho sujo desce tipo foi o simbólico acto da decapicação
-se em classe, quem são os yeomen? Yeomen é um termo como gen1ry, um termo >ácio-legal
pré-existente cujo conteúdo est.ava em evolução no século XVI. Mildred Campbel!. no seu
livro sobre os yeomen ingleses, estuda os diversos usos da pala\-Ta e a sua relação com termos
ll
de Carlos 1° 001. como agricultor (farmer]. cavalheiro [gentleman). proprietário [freeholder). lavrador [hu.s- --··.
Provavelme nte He xtcr está certo ao sugerir que havia três tipos de proprietários bandman) e jornaleiro [laborerj, assinalando acerbarnente: «Não há nada de semelhante •.,-'.• 1
fundi :í rios - «ascend entes,,. «decadentes» e outros. E é muito plausível que a oposição podemos dizê-lo desde já, à dislinção de que acabámos de nos desembaraçar,. •"" '· A sua , , "-- · __ .,
pul í1 ica tenda a ·~ s l ar correlacionada mai s com os dois primeiros tipos do que com o ter- conclusão é que , _. '1~·.:. I 1
ceiro. Para expli car a polílica da primeira época dos Stuan, estes pormenores são cru- a posição dos yeomen em termos da sua relação com ouuos grupos da e.strutura sociltl assume .• ·~.,.. -·· 1
ciais " º"· Para valorizar as tendê ncias da mudança soc ial. é muito mais importante ver a um carácter baseante definido. Eram uma classe média rural nwnerosa. cuja prim:ipal preoc'Jpa- 1
subida da i:rentry não como forç a económica nem como entidade política mas como cate- ção girava em tomo da terra e dos interesses agrícolas. um grupo que ~i vi.a " na l.O!lll intermédia
gori a social.
A concen craçã o nos pormenores. embora amiúde deixe a descobeno a vacuidade duma
generalização débil, pode também ob>cureccr a mudança sec ular. Lawrence Stone, depois de 103. Hurstfield. New Cambridge Modem Hütory. íll. p. 1~8 . . .
t 04. Perez Zagorin. • lbe Social Interpretation of ihe Engii.;h Rf'olution•. l o• rnal eof fronom;c Hmary.
faze r prec isamente um a análise pormenorizada das complexidades da mobilidade social na XIX. 3, Set. t959, 388. Ele acrescenta: •A classe: cuja formação é o pre'><nte ccniro de rnt=sc eSIJln •ser c.anll·
Inglate rra d e~ ta época. ass inala que esta forma de análise tende a fazer perder de vista duas nuamente recrutada. e naturalmente compreendia elementos di,·crsos quant~ a estatuto. nquez:i e foot: de ~­
mud an~as importantes na sociedade inglesa: mento. Mas apesar destas e doutras diferenças. os seus membros eram espécies de um me.smo f,énero. Eles conSIJ·
tu íam uma classe económica única, pois o que tinham em comum c-ra a posse de capiul que emprega,,-a::n com 0 fim
A primeira era uma polari1..açiio da soc iedade em ricos e pobres: as classes altas comaram-se
rela1ivamen1c mais numerosas. e os seus rendimentos reais aumentaram. O segundo era uma maior do lucro ~~5~ :~~l~~~~~a~ã~7~ !ª!~~ltado final da grande acli"idade de trnruferéncia de ICJ'TII:' pz=e ter sido
algo como um movimento líquido de uansferência dum quarto da terra ~través da.s. barreiras SOCIAtS. umas ve~cs
igua ldade emre as classes alias: cm primeiro lugar a riqueza e o poder da altagenrry cresceu em
sendo o proprietário a cruzar uma fronteira levando as terras consigo, outra5 vezes .sendo as terns a cruzarª bartttr.a
relação à da arÍ \locrac ia; e cm seg undo luga r os membros dos ofícios e profissões aumenlaram por 1roca de propriecário Os ganhadores neste processo eram os grandes proprietários e a genrry. os perdedores eram
cm riqueza, número e posição socia l cm relação às classes propri~1 árias de terras C10l 1_ O< deten1ores institucio~ais. a Corpa e a Igreja. e os camponeses. prova\'elmentc em proporções arredo<id>damente

J. Hurstfi eld defe nde um ponto de vista semelhante, dando ênfase ao seu impacto sobre ig.ais. (... ) . . . . d ado à procura crcscent< de produtos
No século XVI a estru1ura fundiária respondia as pres~s 0 "."rc · a rox imar de u= amcullura
a política do "Segundo" século XVI: agr~colas, com uma iendência para se afastar da ag.ncultura de s_u~i~rencian:_, ~n! a. s.it --ão li.1 q~ mui~
maJs comercial, e isto linha o seu efeito. ~brc o ct:mento C.3JTI~ncs. nao ~~m ofrrccia~~id.a~s para os
Em lnglaccrra. a aristocracia nunca se converteu numa ca~ta e a ge111ry proprielária de terras nunca senhores feudais exploravam os seus d1mcos legai s alé ao máximo. mas pond'1 às pressõe> do competi-
chegou a ser um:r nobreza menor. Nessa medida as classes média e alta mantinham uma relação afortunados e empreendedores yeomen pros~rarcm. Mas es~ csr~tura també~ ~ ~ se-guranÇa na terra o
tivo mundo _dos cst~tutos sociais e à 1endênc1a_ da riqueu ~merc. anlll r:,t:-;::s e~ de súbditos e segui~.
es_cacuto soc.1al precisava de novas defesas. mais em despesas do que ncscs•. F. M. L Thompson. • TI>e Social Dis-
CJJ . Til wncy, E.t.rayJ ín Econom;c /Ji.flory, J. p. 186.
e isso constnuía uma nova fonte de pre5'ão sobre a posição dos cam~. Economic Hsirorv Rn-ie••. 2.' ed .. XIX. 3,
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tribution of Landed Propeny in England sincc the S1X1eenth Centur) ·
1966, 515 .

I07. Mildred Campbcll. Tht Eng/rsh Y'º"""'


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106. Owen Lauimore, /nner Asian.Frontiers ofu':i'na;J;1 t-;;i, and the Early Stuam (New Haven. Con-
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l t
102. Lawrence Scone. •Sociol MobÍliiy in England. f~()(). J?OO. , Past & Present, 33. Abril 1966. 28-29. nccticut: Yale Univ. Press, 1942), 25.

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entre a grandez:i e 3 necessidade~. servindo a lnglatcra e~~~ podia fazê-lo uma «geme média.. vação se viram sujeitos efectivamentc atai~ formas de e xpropriaçlío e calcula que el.e s repre-
( ...) cuja condi1·:lo estava entre a gentry e os camponeses . senrariam a pen~~ .cerca de 35% do campesma10 111 º'· Quanto à venda de te rras, o quadro e s tá
longe de ser uml.ater.11: ·
,.- Par.1 apredannos 0 papel deste grupo te?1os de voltar~ um te~a dis~utido num capf.
tulo ante rior, 3 evoluçao uo sistema de propncdade na a_g ncultura inglesa. _Marx, na sua ourante [esteÍ período ( ... )houve sem dúvida senhores frei.gnt'w-sJ que ~on1praram terra.~ aos
discussão acerca da génese da re nda fundiári~ c~!1itali sta, assinala um ponto crucial que amiúde camponeses; h_o~ve também camponeses que acumularam tal q uantidade de bens que se viram
elevados à pos1çao da genlf)i. Em am bos os caws o resultado foi um.a diminuição da .propriedade
é pass;iclo por alto nas ex egese s das s uas op1moes:
camponesa. Mas houve também camponeses que compraram os grar1ôe' domínios q uando
Além di so. a partir do momento em que a renda adopla a fonma de renda em dinheiro, e com foram postos à venda ou que obtiveram arrendamentos por cnfileuse. o r~u l tado líq uido
isso 3 relação entre 0 camponês que paga renda e o propnetáno da terra assume a forma duma destas transacções não é conhecido. Mas é perfeitamente possfrel q ue es~' aquisições fos·
!"l'lação contratual _ 1ransfom1ação que, gera lmente . só é possível qu ando o mercado mundial, sem antes um avanço que um recuo para o campcsiruno: enquanio, por um larlo. 0~ senho1"es
0
comércio e a manufactura atingiram já um nível relativamente alto - . também intervém expropriavam os camponeses, por outro lado os camponeses, ao adquirirem bens. roíam os
necessariamente o arre ndamento do solo a capitalistas que até esse momento se encontravam domínios dos senhores 1111 >.
fo ra dos limi tes rurais. e que agora transferem para o campo e para a agricultura capital adqui-
rido no meio urbano desenvolvendo com isso os métodos de produção capitalistaS1- i.e. trans- A capitalização total da agricultura estava ainda por vir na Inglaterra. No século-
formando o produto em mera mercadoria e em simples meio de apropriação de mais-valia. Esta XVI o yeoma11 tinha ainda um papel a desempenhar. A crescente comerc:íalização da
fo rma pode converter-se em regra geral apenas naqueles países que. quando se dá a transição agncultura nesta época oferecia ao pequeno proprietário não apenas " perigo " mas .
do modo feudal de produção para o capitalista, dominam o mercado mundial"'" '· também «Oportunidades». Campbell, que é um tanto romântico, vê o yeoman de modo .
A impo rtância do arg umento de Marx é que o processo de transforrnação do sistema bastante heróico:
de propriedade da terra não é exclusivo da Inglaterra, como é evidente. Mas ao tomarem-se Proprietários calculistas e vizinhos famintos de terras estavam sempre dispostos a tirar partid-0
a Inglaterra e a República Holandesa cada vez mais nos territórios centrais da economia- das desgraças alheias. Se bem que os preços em geral subissem continuamente. havia por v= s
-mundo europe ia no «seg undo» século XVI (e mais ainda em fin s do século XVII e no século flutuações que apareciam sem aviso prévio e em sequencias imprevisíveis. Outros m ales
X VIII) . o processo vai mais longe e mais rapidamente nestas áreas precisamente porque vinham somar-se à insegurança dos tempo>. As epidemias descontroladas eram um teITOT
con tituem o centro. É crucial que os recursos sejam utilizados mais eficientemente para constante. A s perdas devidas ao fogo eram correntes. e desconhecia-se praticamente qualquer
permitir que benefi ciem da posição comercial e financeira central na economia-mundo. Em tipo de seguro. Um homem devia ter poupanças disponíveis para os tempos difíceis se niioqueria
lnglaterr:i . foi compensador para as classes proprietárias pass ar a um sistema de terra total· endividar-se. ( ... )
men te ali enáve l do mesmo modo que às classes proprietárias da Polónia (e mesmo também,
acrescente-se, do Sul da França) foi compensadora a restrição dos movimentos nessa 110. Ver H. John Haba!Jrnk. •Ladisparition du paysanangl:i.is-.Annales E.S .C. . X-X.4, Julh<>-Agosto 1%5.
652-654. Tawney assinala como o aspecto legal func ionava para permitir esta •ituação: · Se c-Jusas<roOOcru..--a.s torn.»-arn
mesma d irecção .
um novo sistema de cultivo rentável. não é menos verdade que causas legais decidiam por quem os IUO"ffi dc\-iam ser
T o mar a terrn totalmente alienável . transformar a produção para venda como merca· gozados. ( ... ) Muitos de1entores consuetudinirios de te~ pratic3\·am a criaçio d( C3.J"lleiros num.a escl.!.:! conside-
doria na co ns ideração fund amenta l da agricultura, implicava eliminar vários tipos de posse ra,·el. e não é fácit descobrir qualquer razão económica para explicar por que nio d.eYes.se a lii b3.Iilta neo:~iJn!. par.i
o desenvolvimento da indústria de tecidos ser fornecida pelos próprios cam~scs em cujas casas tia e-ra c:irdad:i.
fe udJ l d~ terra_- mas não só. H a vi a que eliminar também o agricultor camponês, dado que o fiada e tecida. O factor decisivo( ... ) era o facto de o 1í1ulo de posse d.1 grande maioria dos pequenos culuvadOfe> os
campones i:cxh a apegar-se à terra e de dicar-se a actividades de produção de tipo marginal por deixar à mert'ê de multas exorbitantes e sujeitos a serem expulsos d.3....; ~ u a.s terras quando ct-.e,gi'\scm ao fim as vlda.s
cons1deraçoes que não m ax imizam a rentabilidade a curto prazo. Como se conseguiu de facto cuja duração determinava a da sua posse . Foi infortúnio seu que a protecç3o da.da pe las corus desde o s.Cculo >..'V aos
esta elim inação? enfileuros não fosse mJ.is além da imposição das obrigações senhoriais esta~lcci da.s P"!lo cos1umc. (... } Vivendo
como viviam com as marcas da posse servil ainda sobre el~s. os pequenos cuhi\'adores do nosso período eram agri -
H. John Habakkuk assinala que existem três maneiras de expropriar os camponeses: lhoados pelos vestígio• remane scentes da inj1miça legal d.1 Idade Mtdia sem goun:m cLi seyura.nçn pritica que era
ex puls:\-los das suas parcelas e incorpornr a sua terra nos domínios; forçá-los a aceitar arren- garantida pelo coslume medieval , e provavam do pão amargo do comercialismo moderno sem a r rorccção do Esudo
danientos limuaclos em substituição da posse v italícia: eliminar progressivamente os direitos moderno englobante, único factorquc o pode 1omar aceitá>«l •. AKrarianProblmu, pp. 406-40S. (S Ole -"' Q1l" Ta"'Tie)' i'
comunais dos camponeses. Argumenta ele que no «segundo» século XVI só o s camponeses
fal a da • gr.indc maioria dos pequenos cultivadores ... EJe nunca emrou nestaquesLlo empínca. contudo. tão pcrmenori·
zadamente como Habakkuk). t
que fo sem rendeiros durante um tempo limitado ou por uma vida mas sem direito a rena· As ambiguidades do sistema de posSt da terra eram ademJ.is um importante factor par. o s.urp~to ~a
classe legista nas cidades. À medida que mais terra se t0rnava de facto alienável era procurada um.a ~ finição m.:us
108. l bid .. p. 6 !. cxacta dos direitos individuais. Para 0 pequeno cullivador. uma altemat~,·a a \'Cndas forç3da.s ou outras mu~-as l-
meniodo ~~i~::,;,~~~ilar 1~1 · cap. XL Vil. scc. IV. p. 799. O sublinhado é nosso. Ele acn:scenta: • Este apareci -
1

mas gradualmen1e e em ! ~~~~d:~;!;;'~; do~inanrc ."ª agriculru~ nã? ocorre duma v~z só e duma maneira gemi.
indesejáveis nas suas terras era defender-se contra as incursões ~ mi-lega.is 0\1" seus direitos conrnundo ad\·ogado .
. . «Para além dos mercadores privados. seus agentes e servidores. surgiu no século X VI uma eli1e de profi.s... i
l
Mona1s, pequena mas poderosa. Cada cidade de provínci a de qualquer tamanho unha ":' "'us corpos de notários,
mas r.lmoS de ~roduç:1o como . . ao ç ~ ,cu l:itt~ . Envolve pnmeLramentc não agncuJtura propriamente di~ advogados e escrivães; vilas do wnanho de Nonhampton ou Ma1d..ic>0e poduun ter meia duzia d<:s.\C> ~· mu1tss
~mc:iros cst~d10~ cornaame ex~~:~ dodc ~~º· cspec1almente carneiros. cujo principal produto. a lã, oferece nos vezes •podando-se de "cavalheiros" e descendendo de famfüas proprieúrias dc unportlnci 3 mcnof". Evcnu, Agra -
tna. e só s.c nJ\'c/a mais tarde Ass· p . ç de mercado sobre 0 custo de produção duran1e a ascensão da indús- rian Hisrory, IV, p. 555. . t
. un tam bém em Inglaterra durame o século XVI [p. 801 J•.

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111. H.abakkuk, Annales E.S.C .• XX. p. 657.
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entre a grandez:i e 3 necessidade~. servindo a lnglatcra e~~~ podia fazê-lo uma «geme média.. vação se viram sujeitos efectivamentc atai~ formas de e xpropriaçlío e calcula que el.e s repre-
( ...) cuja condi1·:lo estava entre a gentry e os camponeses . senrariam a pen~~ .cerca de 35% do campesma10 111 º'· Quanto à venda de te rras, o quadro e s tá
longe de ser uml.ater.11: ·
,.- Par.1 apredannos 0 papel deste grupo te?1os de voltar~ um te~a dis~utido num capf.
tulo ante rior, 3 evoluçao uo sistema de propncdade na a_g ncultura inglesa. _Marx, na sua ourante [esteÍ período ( ... )houve sem dúvida senhores frei.gnt'w-sJ que ~on1praram terra.~ aos
discussão acerca da génese da re nda fundiári~ c~!1itali sta, assinala um ponto crucial que amiúde camponeses; h_o~ve também camponeses que acumularam tal q uantidade de bens que se viram
elevados à pos1çao da genlf)i. Em am bos os caws o resultado foi um.a diminuição da .propriedade
é pass;iclo por alto nas ex egese s das s uas op1moes:
camponesa. Mas houve também camponeses que compraram os grar1ôe' domínios q uando
Além di so. a partir do momento em que a renda adopla a fonma de renda em dinheiro, e com foram postos à venda ou que obtiveram arrendamentos por cnfileuse. o r~u l tado líq uido
isso 3 relação entre 0 camponês que paga renda e o propnetáno da terra assume a forma duma destas transacções não é conhecido. Mas é perfeitamente possfrel q ue es~' aquisições fos·
!"l'lação contratual _ 1ransfom1ação que, gera lmente . só é possível qu ando o mercado mundial, sem antes um avanço que um recuo para o campcsiruno: enquanio, por um larlo. 0~ senho1"es
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comércio e a manufactura atingiram já um nível relativamente alto - . também intervém expropriavam os camponeses, por outro lado os camponeses, ao adquirirem bens. roíam os
necessariamente o arre ndamento do solo a capitalistas que até esse momento se encontravam domínios dos senhores 1111 >.
fo ra dos limi tes rurais. e que agora transferem para o campo e para a agricultura capital adqui-
rido no meio urbano desenvolvendo com isso os métodos de produção capitalistaS1- i.e. trans- A capitalização total da agricultura estava ainda por vir na Inglaterra. No século-
formando o produto em mera mercadoria e em simples meio de apropriação de mais-valia. Esta XVI o yeoma11 tinha ainda um papel a desempenhar. A crescente comerc:íalização da
fo rma pode converter-se em regra geral apenas naqueles países que. quando se dá a transição agncultura nesta época oferecia ao pequeno proprietário não apenas " perigo " mas .
do modo feudal de produção para o capitalista, dominam o mercado mundial"'" '· também «Oportunidades». Campbell, que é um tanto romântico, vê o yeoman de modo .
A impo rtância do arg umento de Marx é que o processo de transforrnação do sistema bastante heróico:
de propriedade da terra não é exclusivo da Inglaterra, como é evidente. Mas ao tomarem-se Proprietários calculistas e vizinhos famintos de terras estavam sempre dispostos a tirar partid-0
a Inglaterra e a República Holandesa cada vez mais nos territórios centrais da economia- das desgraças alheias. Se bem que os preços em geral subissem continuamente. havia por v= s
-mundo europe ia no «seg undo» século XVI (e mais ainda em fin s do século XVII e no século flutuações que apareciam sem aviso prévio e em sequencias imprevisíveis. Outros m ales
X VIII) . o processo vai mais longe e mais rapidamente nestas áreas precisamente porque vinham somar-se à insegurança dos tempo>. As epidemias descontroladas eram um teITOT
con tituem o centro. É crucial que os recursos sejam utilizados mais eficientemente para constante. A s perdas devidas ao fogo eram correntes. e desconhecia-se praticamente qualquer
permitir que benefi ciem da posição comercial e financeira central na economia-mundo. Em tipo de seguro. Um homem devia ter poupanças disponíveis para os tempos difíceis se niioqueria
lnglaterr:i . foi compensador para as classes proprietárias pass ar a um sistema de terra total· endividar-se. ( ... )
men te ali enáve l do mesmo modo que às classes proprietárias da Polónia (e mesmo também,
acrescente-se, do Sul da França) foi compensadora a restrição dos movimentos nessa 110. Ver H. John Haba!Jrnk. •Ladisparition du paysanangl:i.is-.Annales E.S .C. . X-X.4, Julh<>-Agosto 1%5.
652-654. Tawney assinala como o aspecto legal func ionava para permitir esta •ituação: · Se c-Jusas<roOOcru..--a.s torn.»-arn
mesma d irecção .
um novo sistema de cultivo rentável. não é menos verdade que causas legais decidiam por quem os IUO"ffi dc\-iam ser
T o mar a terrn totalmente alienável . transformar a produção para venda como merca· gozados. ( ... ) Muitos de1entores consuetudinirios de te~ pratic3\·am a criaçio d( C3.J"lleiros num.a escl.!.:! conside-
doria na co ns ideração fund amenta l da agricultura, implicava eliminar vários tipos de posse ra,·el. e não é fácit descobrir qualquer razão económica para explicar por que nio d.eYes.se a lii b3.Iilta neo:~iJn!. par.i
o desenvolvimento da indústria de tecidos ser fornecida pelos próprios cam~scs em cujas casas tia e-ra c:irdad:i.
fe udJ l d~ terra_- mas não só. H a vi a que eliminar também o agricultor camponês, dado que o fiada e tecida. O factor decisivo( ... ) era o facto de o 1í1ulo de posse d.1 grande maioria dos pequenos culuvadOfe> os
campones i:cxh a apegar-se à terra e de dicar-se a actividades de produção de tipo marginal por deixar à mert'ê de multas exorbitantes e sujeitos a serem expulsos d.3....; ~ u a.s terras quando ct-.e,gi'\scm ao fim as vlda.s
cons1deraçoes que não m ax imizam a rentabilidade a curto prazo. Como se conseguiu de facto cuja duração determinava a da sua posse . Foi infortúnio seu que a protecç3o da.da pe las corus desde o s.Cculo >..'V aos
esta elim inação? enfileuros não fosse mJ.is além da imposição das obrigações senhoriais esta~lcci da.s P"!lo cos1umc. (... } Vivendo
como viviam com as marcas da posse servil ainda sobre el~s. os pequenos cuhi\'adores do nosso período eram agri -
H. John Habakkuk assinala que existem três maneiras de expropriar os camponeses: lhoados pelos vestígio• remane scentes da inj1miça legal d.1 Idade Mtdia sem goun:m cLi seyura.nçn pritica que era
ex puls:\-los das suas parcelas e incorpornr a sua terra nos domínios; forçá-los a aceitar arren- garantida pelo coslume medieval , e provavam do pão amargo do comercialismo moderno sem a r rorccção do Esudo
danientos limuaclos em substituição da posse v italícia: eliminar progressivamente os direitos moderno englobante, único factorquc o pode 1omar aceitá>«l •. AKrarianProblmu, pp. 406-40S. (S Ole -"' Q1l" Ta"'Tie)' i'
comunais dos camponeses. Argumenta ele que no «segundo» século XVI só o s camponeses
fal a da • gr.indc maioria dos pequenos cultivadores ... EJe nunca emrou nestaquesLlo empínca. contudo. tão pcrmenori·
zadamente como Habakkuk). t
que fo sem rendeiros durante um tempo limitado ou por uma vida mas sem direito a rena· As ambiguidades do sistema de posSt da terra eram ademJ.is um importante factor par. o s.urp~to ~a
classe legista nas cidades. À medida que mais terra se t0rnava de facto alienável era procurada um.a ~ finição m.:us
108. l bid .. p. 6 !. cxacta dos direitos individuais. Para 0 pequeno cullivador. uma altemat~,·a a \'Cndas forç3da.s ou outras mu~-as l-
meniodo ~~i~::,;,~~~ilar 1~1 · cap. XL Vil. scc. IV. p. 799. O sublinhado é nosso. Ele acn:scenta: • Este apareci -
1

mas gradualmen1e e em ! ~~~~d:~;!;;'~; do~inanrc ."ª agriculru~ nã? ocorre duma v~z só e duma maneira gemi.
indesejáveis nas suas terras era defender-se contra as incursões ~ mi-lega.is 0\1" seus direitos conrnundo ad\·ogado .
. . «Para além dos mercadores privados. seus agentes e servidores. surgiu no século X VI uma eli1e de profi.s... i
l
Mona1s, pequena mas poderosa. Cada cidade de provínci a de qualquer tamanho unha ":' "'us corpos de notários,
mas r.lmoS de ~roduç:1o como . . ao ç ~ ,cu l:itt~ . Envolve pnmeLramentc não agncuJtura propriamente di~ advogados e escrivães; vilas do wnanho de Nonhampton ou Ma1d..ic>0e poduun ter meia duzia d<:s.\C> ~· mu1tss
~mc:iros cst~d10~ cornaame ex~~:~ dodc ~~º· cspec1almente carneiros. cujo principal produto. a lã, oferece nos vezes •podando-se de "cavalheiros" e descendendo de famfüas proprieúrias dc unportlnci 3 mcnof". Evcnu, Agra -
tna. e só s.c nJ\'c/a mais tarde Ass· p . ç de mercado sobre 0 custo de produção duran1e a ascensão da indús- rian Hisrory, IV, p. 555. . t
. un tam bém em Inglaterra durame o século XVI [p. 801 J•.

l
111. H.abakkuk, Annales E.S.C .• XX. p. 657.
244
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1
~h• qu 3ndo s~ trat it d~ <•u n:1d;ir ou ufo~nr-sc. :1 rncn11s que as probabilidades contra t uc se defrontavam as endosures para past~ ' "''. Pane das mc lh _ • . ,.,,~_ .,, '
~ej:.lm cxrcssi,,:imcnll· g~rndc.". nomrnlmcntc ~m homem ti:nta nadar. (... ) E apes~r da.,
rondi\·OCs (k inn·rteia <.:it;H.t:\s mais ucin1a. m:11s qu~ l'lll qualquer oulrn. épocn. ar_ltcnor na
f~actores que aumentavam a eficiência do trabalho· Thirsk atnvui-as
· ~_: . onas procediam _doutros ,_ .,•. _
ao :. _ ·,.
hi,1i\ri:1 dn pn>pric·daik fumli '1 ri:r "" tn~l:11crra. ,, homem. 1~1odcsto que era rndus~noso e sobe. uso de rotações ~ais rntcnsrvas, acompanhadas de uma ll'LJ.JO< adub . ,, - -· - -, .
jar1"'1ll< cmprecmkdor rnn>ntrava a su:t ~ ramk oportunrdadc. Aqueles que podrarn enfrentar melhoradas de grao. e, provavelmente o mars rmportame. o trn '' -~<""· ~ ~.so de 'anedade$ .
ífcre iota! de terra lavrada como resultado da recu ' dp<. " Jn4111, aam~'Tllo d> super- .
·as wm,\"nlj.S cnçonlnl\'::un nos preços mais e lcv~utns e no melhor mercado oportunidades
para 0 lu ru que os irnpcli:trn a esforços ainda lll3iores. O lucro desperta o desejo de maiores
pastos ( ... )A maior adubação da• zonas arávm r::·~ t' b:::M
< ili con,el"\ào d05 • ,.~.,'. .
maror número de animars, o que ~upós um grande aument~; · ~ > ;.emcntt, rn>.ntendo um ~ ~ . .......
lw.·rus l 11 : 1• produtos animars. Uma maror criação de gado for JX>'isf\el c:no enal~ carne e ll e de muros ' , '
· Eml10 r3 0 yp 1111 w11 niio fosse o hcnefic i<lrio directo da dissolução dos mosteiros, ros por meio de fen1lrzantes, por mero da mclhona dos pastos:;:: - dos p2':0< e lame1- . ,, ·: '~: ,
p<xli:i c"cntu:ilment~ conseguir um boc:1do do bolo'"·''. ção dos lameiros na zona oeMe do país e 0 cultrvo do JOIO noui 1 rnivera, ~ran:e imga- .. ~" "L- j
3
dade de pa•tos de Verão. mediante o uso de pântanos e a rec~::.:Jª~ e pe maror quanu- • ·" ~ ·
2
Como muitos assin:tlaram. existi am dois lipos de vedação [enclos11re] de terrenos r
naqucb época: a cnd1>s11l'l' de grandes dorninios para pastos e a conso lidação de pequenas costeiros. Ass1m.y;s me/honas 110 cu/t1ro e na pasrorícia iam a par. ~uda':,,e;:5::::me~ !;
t~ITJS pam um cultivo mais eficiente. Era neste último processo que o yeoma11 desempe- e serrindo ambas p~ra promm·er a especia/i:ação e a inttrdependéncia da.J regiões''" '·
nha"ª um papel central. um papel tanto mais importante quanto tinha consequências sociais A inclusão de Gale~'fll!. divisão do trabalho inglesa nessa época colaborou neste processo . • ... ,
importantes. ao :tumentar a ofrrta de alimentos sem suscitar o tipo de oposição política com de dese nvolviment~ agrícola> E~tre ou~a~ coisas. a imposição das formas legais inglesas, .~j ""'
particulannente a pnmogenitura, conduziu a uma grande incerteza quanto ao sistema de posse <. ·- "~ •• J. .
1J ::!. Campbd l, f11gli.sh rrt1men. pp. 68-69. Eric Wolf é mais pertinaz na sua anál ise das condições sob.as da terra. Isto foi propício ao aparecimento de grandes domínios cm Gales. ~ Dum extremo ao ~ ' '
qu.1is os c:tmrxlnc-~c~ cr.ul1 NienlJdo:. p:.ira aumt.' nl:.m:m a pro<lução parJ o mercado: c.. O problema perene do cam- outro do País de Gales esta foi urna época de fonnação de grandes propriedades e de consti-
p<sin:uo consiste ª"sim cm t'.'quil 1hrJr as ex igê nci:t" do mundoex temo com as ncccssidadi:s dos camponeses em abastecer tuição de fortunas familiares » •11 • 1• Isto era particulannente cena nas ~ terras baixas anglici-
:9.S suas cas.as. Aodt"lront:m:m eslt' problt.'ma dt• rJil, os camponeses podem no enlanl o seguir duas estralégias diame-
lr.i.lmtn!< opo.~ I J.S. A primt~ir..1 dt'~ t:.i.s t: aumcntJr a pmduçf1u; a segunda. diminuir o consumo. zadas» que mostravam «uma acentuada desigualdade no tamanho dai propriedldes (... ). '" ·-
Sr: um camponê!! ~egu.:.· a primeira es1r:ttégia. precisa de ~1umentar o res ultado do trabalho nas suas próprias Eu suspeitaria que os proprietários fundiários eram na sua maior parte ingleses. O grau de-
terrns. dc: modo a c:k \'Jr :i ~u:i produtivid:tdc e Humcntar a quan1idadc de produro qu e fará entrar no mc: rcado. A sua melhoria agrícola introduzido pelas e11c/os11res no País de Gales parece ter sido maior que em
~:ipac id:ide c:m c11nsq;ui-lo d(·p::nde mui lo de quão í:icil lhr:- é mobilizar os foctores de produção requeridos - terra,
tnbJlho, co.pitll lquer na fo rr:1J dt: JXlUp:mças. dinheir·a a camada. ou crédito)-e, com certeza, das condições gerais Inglaterra. O País de Gales .tinha suportado até essa altura «técnicas predatórias,, ' "' '- Isto
do mrrcado. (... ) sign ificou, no entanto. deslocamentos ainda maiores de população, que emigrava para l.
Primeim . !est:.1 es1 ra1~g w.) 10m:t-se possível quando os direiros de retenção tradicionais sobre os fundos dos
Inglaterra, tomando-se aí, com toda a probabilidade. parte do lumpen-proleL1riado ou. em
camponi:~e" enfr:iquc:ct m - uma condição que oco rre provavelmente! quando se toma ineficaz a estnnura de poder
alnvés da qua l C'$.SCS fundos s.;lo de.sviados para os seus se nh ores trw..licionais. Depois. é de esperar encon1.rar este muitos casos, acabando como mercenários, corno já mencionámos. .:
lrnómt"no ondl· sr torm.m possível que os camponesr:s cscõlpasscm às exigências que lhes eram im postas para subs- Campbell diz que esta foi a era da «fome de terra» 11 19 '. «Entre os famintos de terra : . .. ... ·
crever c0m gas.ICl!> cerimoni:tis os !Jços soc iais lradicionais que m:.1nt inham com os seus companheiros. Se ele pode
m:us.lr aphcJr o ~ u exced::n1c em dispC ndi0s ce rimoniais. pode então u1ili zar os fundos assim libenos para apoiar
nenhum era mai s avarento que o yeoman» "'º'· Evidentemente, isto teve consequé.néias. -· -
a sua !l..\Cl"mão econômi l·a. A.s duas mudanps anda m frequcnlX'mr:nte de mãos dadas. Com o enfraquec imento da dadas as provas de que dispomos sobre a construção rural na Inglaterra de 1570 a J<HO, o , , " ~~, ;
es.rrurura Je rt-'k r, mui1os laçC':;. lrn.<licionai s pt." rd cm também as suas sanções particulares. A comun idade camponesa.
~ ll •S circuns!lnciJs. podl' ver o surgimenw de camponcses prósperos que ombreiam com os seus companhe iros
me nos afo11unatlos e '-l' mo\·em no vác uo dr: poder dt'ixado pi:los de tentores superi ore s de poder em retirada. No 114. «Mil$ usualmente os yeomen estavam entre os mordiscadore s dc: ''°rr.i.s que eram_rebli\'2men1C hvres
de-cun.o da ;;u::i a!-Ce n~ào . vio!Jm frequentemente :.1 s expectativas tradicionais de como as relações sociais devem ser
cond uzida..; C' ;o. im boii1.:.1das - fn:quenrememc us:.tm o se u pcx:h:r rec~m-adqu irido para enriquece r à custa dos se us
º
de opróbrio encre os seus conLemporâneos. e para a maioria entTc os. ~scrirores po!.teriorts .. tado ~ambémJ ~~:,:
ns pequenas enclosures eram geralmente para benefício da lavoura mais do que para con\'ersa~ ""'?pastagens JU
"izinhos. Tai<> h0me ns emm us _W.'(lmcn em ascensão na ln glatc.! rra do s~c ulo XVI. os campon!i!ses ricos da China, os então os homens que as faziam a escapar a muito do abuso acumulldo por aqueles que ron1nbu1.Jm p.a.ra 0 processo
b/Q ki c u .. punhos·· da Rú ss i:i pré -n.~rn lu c ionária ». Pu1sa11ts, pp. 15- 16. de despovoamento». Campbell, Englilh Yeomen. p. 91. . •

115 . Joan Thirsk. ~1 Farming Techniques», in Agrarian flistnf"!o· (lf En?la~d ª 1}'1n alt 5 ._ I\ · Jron Thirsk... edth
1
l U . ., J>rO\.:J\'dml•nic plli.1..:os _w omen n o ~ primeiros anos após J. di ssolução lucraram com a li beração de
terras monâsticas. pois csla prnpned:1de ÍJ. primei ro pa ra grandes deten1orcs de terras na fonna de dádi Vas e de paga·
meru.l de serviçns ou CTJ por clcs comprJda. ~1as grandes extensões dela fora m cedo parar às mãos de especuladores,
e
1500- 1640 (Londres Nova Iorque: Cambridge Univ. Press.
1 9~7)'. t99. O itáhco;;º:· :;,~;::':ha~;;.,nourna
lnglaterra. ao contrário do que se passa\'a en1re a Inglaterra e o Pai~ d1.: G~es. é meno~ ruldlsqa\·.i.li --ãõdc impostos
e portamo ao mc rc:ido. onde apó ~ Ji\'isões repe tidas. nos fin ais do séc ul o XV I, eslavam ao alcance do pequeno especiatiz..ação regional demasiado gr.:mde. Pel~ menos E. J. Buckat7.sch most.ra n~~ ~c;;senc:i1lmen;e~ mcsm.'.t desd('
compr.ulol'>. Campb<ll, En,<li.1h l'eome11, pp. 70-71. que «O padrão de distribuição geográfica da nque1.a em Jnglatcrr.i (... ) pennan .:· l XVIJl• •'il'.O G<ographi-
. Joyce 'r~ouing s acJ.u!da-nos con tTJ exageros: <> Mui1a da rerra monás1ica era reve ndida pelos seus conces· 0 fim do século XIII ao fim do século XV II. (só mudando] fundamenc almem< no "' " ~9
S~Olidnos ongm:us. al guma ck.Ll ~rndando de m ã~s muitas vezes. mas o mercado não era tão vivo, nem a especulação cal Disiribu1ion of Wealth in England, !086-1834•, Economir History Rr• ·" " :_mir' 2
, ;11 E~~land
50 9~ al!d Walts.
t.ao frrq ueme . como mt.Jllos ('SC ntores 1em sugendo. (... )Nem todas estas mudanças na posse da terra eram vendas t 16. Frank Emery, • Tht Fanning Regions of Wak s•. m The .~grarran t.;:;rit 24 · ·
: l3r1s.. En~;r:ps de partes de rroprirdades entre sóc ios numa concessão poc:lt: m se r ignoradas, mas algumas das
revendas podem cla.ra t' s1mpll~.s men1e ler represe ntado entregas por agentes aos seus directores». «Landlords in
Joan Thirsk. ed., IV: 1500- 1640 (Londres e Nova Iorque: Cambndge Uni'. Press. ). ·
~~Iam!. C. The Chun:h• , in The ARarian Hisrory of E11gland and \Vales, Joan Thirxk, ed., tV: 1500-1640 (Londres t t7. lbid.. p. t52. . Nobil il & Gcntry-. in Tht Agrarian Hisrory of
e 1 ou Iorque: C3mbridge Univ . Prcss. 1967). 349-350. Ela indica. além disso. que: «Para .a maioria dos leigos. t 18. T . fones Pierce, • landlords rn Wales. A. The Nova iorque: Cam~ridge Uni'" Press, 1967). 380.
E11gland and \Vales, Joan Thirsk. ed., IV: 1500-1640 (Londr« e
1
~~:st~;::t'.:~[:r~~~:'[p~~ ~~J:m, estavam para se r obtidos lucros mais rápidos por arrenda mento do que por t 19. Campbcll. English Ytomtn , p. 65.
t 20. lbid., p. 72.

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b/Q ki c u .. punhos·· da Rú ss i:i pré -n.~rn lu c ionária ». Pu1sa11ts, pp. 15- 16. de despovoamento». Campbell, Englilh Yeomen. p. 91. . •

115 . Joan Thirsk. ~1 Farming Techniques», in Agrarian flistnf"!o· (lf En?la~d ª 1}'1n alt 5 ._ I\ · Jron Thirsk... edth
1
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terras monâsticas. pois csla prnpned:1de ÍJ. primei ro pa ra grandes deten1orcs de terras na fonna de dádi Vas e de paga·
meru.l de serviçns ou CTJ por clcs comprJda. ~1as grandes extensões dela fora m cedo parar às mãos de especuladores,
e
1500- 1640 (Londres Nova Iorque: Cambridge Univ. Press.
1 9~7)'. t99. O itáhco;;º:· :;,~;::':ha~;;.,nourna
lnglaterra. ao contrário do que se passa\'a en1re a Inglaterra e o Pai~ d1.: G~es. é meno~ ruldlsqa\·.i.li --ãõdc impostos
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compr.ulol'>. Campb<ll, En,<li.1h l'eome11, pp. 70-71. que «O padrão de distribuição geográfica da nque1.a em Jnglatcrr.i (... ) pennan .:· l XVIJl• •'il'.O G<ographi-
. Joyce 'r~ouing s acJ.u!da-nos con tTJ exageros: <> Mui1a da rerra monás1ica era reve ndida pelos seus conces· 0 fim do século XIII ao fim do século XV II. (só mudando] fundamenc almem< no "' " ~9
S~Olidnos ongm:us. al guma ck.Ll ~rndando de m ã~s muitas vezes. mas o mercado não era tão vivo, nem a especulação cal Disiribu1ion of Wealth in England, !086-1834•, Economir History Rr• ·" " :_mir' 2
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50 9~ al!d Walts.
t.ao frrq ueme . como mt.Jllos ('SC ntores 1em sugendo. (... )Nem todas estas mudanças na posse da terra eram vendas t 16. Frank Emery, • Tht Fanning Regions of Wak s•. m The .~grarran t.;:;rit 24 · ·
: l3r1s.. En~;r:ps de partes de rroprirdades entre sóc ios numa concessão poc:lt: m se r ignoradas, mas algumas das
revendas podem cla.ra t' s1mpll~.s men1e ler represe ntado entregas por agentes aos seus directores». «Landlords in
Joan Thirsk. ed., IV: 1500- 1640 (Londres e Nova Iorque: Cambndge Uni'. Press. ). ·
~~Iam!. C. The Chun:h• , in The ARarian Hisrory of E11gland and \Vales, Joan Thirxk, ed., tV: 1500-1640 (Londres t t7. lbid.. p. t52. . Nobil il & Gcntry-. in Tht Agrarian Hisrory of
e 1 ou Iorque: C3mbridge Univ . Prcss. 1967). 349-350. Ela indica. além disso. que: «Para .a maioria dos leigos. t 18. T . fones Pierce, • landlords rn Wales. A. The Nova iorque: Cam~ridge Uni'" Press, 1967). 380.
E11gland and \Vales, Joan Thirsk. ed., IV: 1500-1640 (Londr« e
1
~~:st~;::t'.:~[:r~~~:'[p~~ ~~J:m, estavam para se r obtidos lucros mais rápidos por arrenda mento do que por t 19. Campbcll. English Ytomtn , p. 65.
t 20. lbid., p. 72.

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período d3 . Grande Reronstruçl o- . obn. segundo W. G. Hoskfos. dos • maiores lavradores Na contra~~!º económica \•erifk acla. algum htxnens humilde' ga.'lhan.m, nus mui1os mai ..
(husband.,..Ln ]. dos Yeomen e d:i genrry b:iiu. rodos em grande parte com um:i me.~ma origem perderam - . i;>e fac to. o_pr?pno proce so de libcruç:iodo cz.mpooê:s <hs i:nposiçõe~ do feu .
social nos séculos medie\•ais •'""· Lawrence Stone ei ra este mesmo fac to, no entanto, como dalismo podera ter constnu1do u".1 ~odo adicional de empobrecimen!O. Akxa.~ Sa vioe.
pro\"J ad i~i01l.:!1 da • JScen..:io da genrry.,. " ::'. o que indica uma vez mais a flu idez dos termos no seu artigo sobre as remane~enc1as da servidão feudal na lngia~mi Tudor. 3! inala •.
0
que uriliz.:nllO\. ~ ão são este· yeome11 implesmente a versão menos capitJl iz:ida da genrry par:idoxo de que • para o sef\·o do século XV I a sua d..j)Cndtocia ~MXl.l cm rtlaç'1o ao senhor : • .
o · riruid:l pelos Jgricultores capital istas " '"' . tomou-se um fardo mamr_no momento em que conseguiu a liberdade.- " "-·. O pua0o10 é fácil . ·
· E.sra quest.lo :idara-se m:iis se observannos quem são os que ficam de fac to a perder de deslindar. A alfom~ nao era grátis. Comprava -se. De facto. tinha de =comprada"por um
no proce ;o das enclosure J (em ambas as suas variantes). Com a cominuaçãCl das enc/osures preço alto, porque Sav me assmala:
- quer z. mclo.rnres em grande escala para a criação de ovelhas ou as enclosures de pequena
A alforria dos ser\'OS era consider>da urm fonte regullr de rendi lTl<n.t!>'< =.horru>. <-1 A hber·
es..--ala dos _veomen próspe ros - . um:i série de homens que ante riormente viviam na e da terra
iação dos últimos servos foi uma política que deu dividendo.. A coisa .,.. fei.u 1.M> akmmeme
\Íl"Wl·~ obrindos a abandoná-la.. e outros viram-se red uzidos à condição de jornaleiros sem
no século XVI queº.' concsãos isabclínos podiam r=ber como si112l .. pe;:ial de flv"' do KJbe.
terra. tr2balh;ndo a troco dum sal ário " :' •. Este facto foi durante muito tempo considerado rano a comissão de hbcrtamn um número dd inido de fa::-u1ia.s scni.s do< domínios da C=: ou
como um ekmento central n:i criação do excedente de mão-de-obra que constirui um elemento seja. permitia-se-lhes reparar as suas fonunas com"' pagamer.!OS ligados 1 essa J~ " " '·
crítico na "comercializ:ição da vida inglesa» " '-''. EstJ mudança teve lugar entre 1540 e 1640.
Os servos já não forneciam ao senhor a prestação semanal ele JT>..balho na r=rva • - •
senhoriaJC'"'' · Ou antes, "ª dependência pessoal do servo tomou-se um mero ~texto p=
1 "!. W. G. Hoskins. •The Reboilding of Ru!ll Engl:md. 157(). lf>lO ·. Pa.it & Present. n.• 4. l'ov. 1953, 30.
l.!2. Stonc. Pan & Prtsent. n." 33. p. 26.
a extorsão»""'>. Ass im . neste processo, muitos passaram, sem dúvida. a pobres sem terra.
Encontramos mais prov3S destJ pauperização no desap:lrCCimenw vi rtual da ca!egoria 7.
123. Peta ~len 'é a divisào chave de dane como operando entre os ca,·alhciros fnobres e ger.rry) e os
OI..~' t omtr. e t.rabllludores cc·mu:i.i. J. Ver Tf.e U'orld We Ha•·e lo11 f.'ova Iorque: Scri ~r · s . 196.5 ), cap. 2. de lavrador (lwJbandman). Por um lado. alguns deles estavam ~.a subir e a convene r- ~ em
t ! p. 26-:.i . ~tu neste mesmo c<:pítulo repro:iuz o esquema de Grego!)· King lpp. 32-3J ) para 1688. que , a meu ,.er yeomen. e as distinções entre husbandmen e yeomen começavam a tomar-se confu.ças~ "'"· E
rn.Jis corra.-~:nente. es t:!belece e.'is.a di' isão entre. r.J terminologia de King:. aqueles que ~ a umcnum ·· a riqueza do por outro lado. os lavradores mais pobres começavam a estar em pior situação que muitos
reino (nchrt-.s, ~en:ry. mcrcadore . propnetános de l ~rra5 não vinc uladas. anesâos) e aque:k.s que a ''diminuem..
(.}OIT'.3..le~. rnua.t:erJ. ~1mp!e-s s.oldados. ' agabundosJ . <l5t0 é. eu tenho a linhJ de divisão de King como correcu.. jornalei ros que eram couagers e precisavam de dedicar-se a trabalhos assalariados a rempo
nlo a sUJ ca..ra...rtenzação da nan..Teu do trabalho d:: cada lado da hnhaJ. l...as!C"tt reconhece que yt0rnan •era a parcial para sobreviverem m:i_ Não poderiam os huJbandnun com !TabJ.lho espor.ídico ter
destpa.;~ do est.aicto ~ia! ~ mais be m sucedidos entre aqueles que trabalhavam 3 terra ... e observa que ele desejado tomar-se jornaleiros com emprego regular?
•foi mui:o cedo ~ .:s l entsCo [p . ..;_; j ... ~ 1a.~ parece preoc upar-se com a prefer!?ncia da genrry em ncl uir Jque les que
nlo eran1 •<>:1osos--. mai; do qu~ com a sua o~n· ação como a.nalisu dos seus intere sses económicos e polftlcos.
Seja como for, estas duas ca1egori as de agriculmres eram ,-uJnerá»eis à n:closuu
[).)';'i. tempos isabelino ... em diante há abund..J.ntes im·entirios domêsücos que moscram o estilo de \•ida da e à usurpação dos seus dire itos ao uso dos pas1os comuns. Esta usurpação. em p:uticubr,
ge'llry rn010r. ele en com cen:z:i ind1 stinguí ~·t1 do do yeoman mais próspero•. ~ 1. \\ '. Barley. • Rural Housing in conduziu ao abandono de aldeias inteiras e à emigração '"'>. Everin assinala que a =s-
En~l.md•. in Thc A ~ rarzar. Hü roryof Eng/ar.d ar.d ~ ·ales. Joan Th irsk. ed.. IV: 1500-1640 (Londres e Nova Iorque:
Dmbndg< t:ni-. Prcs.s. 1967J. 713.
Ve? Gordon B:nho: · \ fas não ha, ia difc:rença séria entre a gent') menor e os yeomen mais ricos. (... ) De
facto. a óefimção (legal dum .H"Omar.] r.:.ão tir.hJ vinual~nt e significado. JXJis muitos yeorr.en d.a tpoca Tudor e do problema salarial medieval. que consistia na ~l da mão-de-<>br.1. pan o problema sahrW ~- ~e;·
infcio d.J dos Stu.Jn. como o pai de Latmier. não linharn l~rra própria. m:i.s eram enfiteu t3s ou arrendatários. Em siste na sua abundância•. Tawncy, Agrcuia n Probltms, p. 3. Ver Joan 'lllifik. -.f.nc~ing & Enposm::!~ ·· m. ~
inúmcrm ~ stamentos e documcmos l:!ga is da época um homem é d-: Krito num loc3J como yeornan e noutro como Agrar ian Hi.srory of En.~land and \\'ol t'S, Joan Thirsk. cd .• IV: 1500- Jf>.tOll....ondru e Nov2 lorq1.-e: Camtridgt lruv.
gt1r.1lr"1!1.J1. ou :ipre~nt.l· SC como ~ entltma11 mas t ~s.c:rito por outros corno yeorr.an. pois não era a nobreza de Prcss. 1967 ), 2 10-, Bowden. A~rarian HiJto0-. IV. P· 598. . . rtl.nivimcae
n1iC'imefito ou o grau do: prospuidade que distinguia as cl~. Muitos dos filhos mais no\ 'OS da ger.try menor se 126. • Uma p<qucna minori• de trabalhadores agnco!Js esun aind.1 ru J'O'S< de p:utt\ll
tonu" am yeom~n: m.J1:os mcm~ da g t'r.Jry eram recém·promo... idos da yeomanry ou. com a ajuda de: negócios e: extensas ou de direitos comun~ e en capaz de lucrar com as non~ ~ c~t:"WS !::i:~ ~=~
lucros profis.~ ionz.i.s. de origc:ru ma.is humildõ aindJ. Poucoi membros da gtntf)' conscguil.m faur remontar a SU3 numa geração ou duas, às fi leU"a.S da Jt'.º'!'.IJ_"ry. Os e~tos mtdios " mais ~:v~um prole'~ iCD ictn • .
1..r.cest."l.li.<lade a ub. !ticulos atr-4.:.....s. como a.Jgumas farm1i.as ·yMmen. como os Reddaway.s de l)e,·on. podi:l111•. A-'ra· van1contudo a perder os seus modestos direttos de propied;ade e a rncrgullw . •
rran. f!UJtH)'. I\'. p. 30 1. Alan Everin, •Social Mobi lity in Early Mo<km England-. Palt & Prmr.r, 33 'Si;1 /~i;·
1
127. Alexandc: r Savinc. · Bondmen Undet lhe Tudors•. Transacnons .,, 1 e oya lil~rc:
·.
1
ai Socim IU..
••
124. O po!ltO é~ o aperto era num S(:nlldo ou no ouuo: .. para resumir. um número substanciaJ de peque·
nm ~gnC1Jltorcs e&uva !lujeito a ser desapossldo n.lqUCles condados em que o incenti,·o para. vedar as terras era fone, XV II, 1903. 268.
o cr.Je era \'CTcbdc para a.s ~ fiddland!. no começo e no fim do século XV I. Onde a • ed:lção não era a regra. ficavam 128. lbid .• pp. 270-271.
wjcitos ao b ·antamento d.e mx:f.a.s. a muí~ arburirias e à inva.!.ào dos S(:US direitos de pastagem nos comuns. (...) 129. Ver ibid.• p. 275.
A ULY.:gutança era muito geral, e os cofüt JJW. que formavam (como concorda..·am os contemporâneos) a espinha 130. / bid. , p. 276. •
dorY:l d:! Jng_l.!lcm agrá.ri:a. só podiam esperar protec.ção parcial e intermitente do go\'emo Tudor•. Ram.scy, Tudor 131. Batho. Agrarian Histary. IV. P· 303. ._:ultor ttmedi>do trab;;lhando 1 ""' próprU pzittll e
Ec-UWfr'..i.c Problcms. p. 36. 132. • Ha..·ia por \·ezes pouca difemic;.a ~trc :,'~ e 0 pobre agricultorcujl pa.rcel1 m imufic.alte f!MI
125. •C>.lITl ponto de 't'ista mais laIO as muda.'1Ç3S agrárias do ~ulo XVJ podem ser consideradas como melhorando o seu rendimento com ~lho a.ss.a1ariado a salirio para ;wmen!V os St'. :S recurses. Tudo o que
t.i:l loogu passo na romerciahzaç~ da vida ingle.sa. O crescimento das indústrias téxteis está intimamente re:lacio- sustentar a fanu1ia e se voltava ocas~ment.e ~ 0 ~e 0 do ú1umo UTt"gub:r•. E\·mn.. •fJ.rm La~··
n~ com o dcsen,,.of\·imemo da exploração de pastagens e foi a cxporução de lanifícios. esse - prodígio de comér· pode ser dito é que o cm~go do pnmcuo tendi•ª';;,~ e<Í.. I\": /500- 16'0 (Londres < i'lon Ior.iuc : Dmbridi;<
CK> .... qu-: ~"'"I>Cm> trouxe ma.tJifesumcnte a lngW.erra ao comércio mundial e foi moti,·o para mais do que uma 111 Th• Agrarian History of Eng/and andWalcs. Joan •
das primeiras "pediçõcs P""' descobrir "°"°' mercados, das quais surgiram plantações, colónias, imp<!rio. (...) O Univ. Press, 1967), 397.
afasu.mcn~o das SUM terras &: um número consider;hcl de famnía.s acelerou. se é que nào iniciou. a transição do 133. Ver ibid .• p. 4(/J .

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período d3 . Grande Reronstruçl o- . obn. segundo W. G. Hoskfos. dos • maiores lavradores Na contra~~!º económica \•erifk acla. algum htxnens humilde' ga.'lhan.m, nus mui1os mai ..
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social nos séculos medie\•ais •'""· Lawrence Stone ei ra este mesmo fac to, no entanto, como dalismo podera ter constnu1do u".1 ~odo adicional de empobrecimen!O. Akxa.~ Sa vioe.
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0
que uriliz.:nllO\. ~ ão são este· yeome11 implesmente a versão menos capitJl iz:ida da genrry par:idoxo de que • para o sef\·o do século XV I a sua d..j)Cndtocia ~MXl.l cm rtlaç'1o ao senhor : • .
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iação dos últimos servos foi uma política que deu dividendo.. A coisa .,.. fei.u 1.M> akmmeme
\Íl"Wl·~ obrindos a abandoná-la.. e outros viram-se red uzidos à condição de jornaleiros sem
no século XVI queº.' concsãos isabclínos podiam r=ber como si112l .. pe;:ial de flv"' do KJbe.
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como um ekmento central n:i criação do excedente de mão-de-obra que constirui um elemento seja. permitia-se-lhes reparar as suas fonunas com"' pagamer.!OS ligados 1 essa J~ " " '·
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Os servos já não forneciam ao senhor a prestação semanal ele JT>..balho na r=rva • - •
senhoriaJC'"'' · Ou antes, "ª dependência pessoal do servo tomou-se um mero ~texto p=
1 "!. W. G. Hoskins. •The Reboilding of Ru!ll Engl:md. 157(). lf>lO ·. Pa.it & Present. n.• 4. l'ov. 1953, 30.
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123. Peta ~len 'é a divisào chave de dane como operando entre os ca,·alhciros fnobres e ger.rry) e os
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•foi mui:o cedo ~ .:s l entsCo [p . ..;_; j ... ~ 1a.~ parece preoc upar-se com a prefer!?ncia da genrry em ncl uir Jque les que
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Seja como for, estas duas ca1egori as de agriculmres eram ,-uJnerá»eis à n:closuu
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En~l.md•. in Thc A ~ rarzar. Hü roryof Eng/ar.d ar.d ~ ·ales. Joan Th irsk. ed.. IV: 1500-1640 (Londres e Nova Iorque:
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Ve? Gordon B:nho: · \ fas não ha, ia difc:rença séria entre a gent') menor e os yeomen mais ricos. (... ) De
facto. a óefimção (legal dum .H"Omar.] r.:.ão tir.hJ vinual~nt e significado. JXJis muitos yeorr.en d.a tpoca Tudor e do problema salarial medieval. que consistia na ~l da mão-de-<>br.1. pan o problema sahrW ~- ~e;·
infcio d.J dos Stu.Jn. como o pai de Latmier. não linharn l~rra própria. m:i.s eram enfiteu t3s ou arrendatários. Em siste na sua abundância•. Tawncy, Agrcuia n Probltms, p. 3. Ver Joan 'lllifik. -.f.nc~ing & Enposm::!~ ·· m. ~
inúmcrm ~ stamentos e documcmos l:!ga is da época um homem é d-: Krito num loc3J como yeornan e noutro como Agrar ian Hi.srory of En.~land and \\'ol t'S, Joan Thirsk. cd .• IV: 1500- Jf>.tOll....ondru e Nov2 lorq1.-e: Camtridgt lruv.
gt1r.1lr"1!1.J1. ou :ipre~nt.l· SC como ~ entltma11 mas t ~s.c:rito por outros corno yeorr.an. pois não era a nobreza de Prcss. 1967 ), 2 10-, Bowden. A~rarian HiJto0-. IV. P· 598. . . rtl.nivimcae
n1iC'imefito ou o grau do: prospuidade que distinguia as cl~. Muitos dos filhos mais no\ 'OS da ger.try menor se 126. • Uma p<qucna minori• de trabalhadores agnco!Js esun aind.1 ru J'O'S< de p:utt\ll
tonu" am yeom~n: m.J1:os mcm~ da g t'r.Jry eram recém·promo... idos da yeomanry ou. com a ajuda de: negócios e: extensas ou de direitos comun~ e en capaz de lucrar com as non~ ~ c~t:"WS !::i:~ ~=~
lucros profis.~ ionz.i.s. de origc:ru ma.is humildõ aindJ. Poucoi membros da gtntf)' conscguil.m faur remontar a SU3 numa geração ou duas, às fi leU"a.S da Jt'.º'!'.IJ_"ry. Os e~tos mtdios " mais ~:v~um prole'~ iCD ictn • .
1..r.cest."l.li.<lade a ub. !ticulos atr-4.:.....s. como a.Jgumas farm1i.as ·yMmen. como os Reddaway.s de l)e,·on. podi:l111•. A-'ra· van1contudo a perder os seus modestos direttos de propied;ade e a rncrgullw . •
rran. f!UJtH)'. I\'. p. 30 1. Alan Everin, •Social Mobi lity in Early Mo<km England-. Palt & Prmr.r, 33 'Si;1 /~i;·
1
127. Alexandc: r Savinc. · Bondmen Undet lhe Tudors•. Transacnons .,, 1 e oya lil~rc:
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124. O po!ltO é~ o aperto era num S(:nlldo ou no ouuo: .. para resumir. um número substanciaJ de peque·
nm ~gnC1Jltorcs e&uva !lujeito a ser desapossldo n.lqUCles condados em que o incenti,·o para. vedar as terras era fone, XV II, 1903. 268.
o cr.Je era \'CTcbdc para a.s ~ fiddland!. no começo e no fim do século XV I. Onde a • ed:lção não era a regra. ficavam 128. lbid .• pp. 270-271.
wjcitos ao b ·antamento d.e mx:f.a.s. a muí~ arburirias e à inva.!.ào dos S(:US direitos de pastagem nos comuns. (...) 129. Ver ibid.• p. 275.
A ULY.:gutança era muito geral, e os cofüt JJW. que formavam (como concorda..·am os contemporâneos) a espinha 130. / bid. , p. 276. •
dorY:l d:! Jng_l.!lcm agrá.ri:a. só podiam esperar protec.ção parcial e intermitente do go\'emo Tudor•. Ram.scy, Tudor 131. Batho. Agrarian Histary. IV. P· 303. ._:ultor ttmedi>do trab;;lhando 1 ""' próprU pzittll e
Ec-UWfr'..i.c Problcms. p. 36. 132. • Ha..·ia por \·ezes pouca difemic;.a ~trc :,'~ e 0 pobre agricultorcujl pa.rcel1 m imufic.alte f!MI
125. •C>.lITl ponto de 't'ista mais laIO as muda.'1Ç3S agrárias do ~ulo XVJ podem ser consideradas como melhorando o seu rendimento com ~lho a.ss.a1ariado a salirio para ;wmen!V os St'. :S recurses. Tudo o que
t.i:l loogu passo na romerciahzaç~ da vida ingle.sa. O crescimento das indústrias téxteis está intimamente re:lacio- sustentar a fanu1ia e se voltava ocas~ment.e ~ 0 ~e 0 do ú1umo UTt"gub:r•. E\·mn.. •fJ.rm La~··
n~ com o dcsen,,.of\·imemo da exploração de pastagens e foi a cxporução de lanifícios. esse - prodígio de comér· pode ser dito é que o cm~go do pnmcuo tendi•ª';;,~ e<Í.. I\": /500- 16'0 (Londres < i'lon Ior.iuc : Dmbridi;<
CK> .... qu-: ~"'"I>Cm> trouxe ma.tJifesumcnte a lngW.erra ao comércio mundial e foi moti,·o para mais do que uma 111 Th• Agrarian History of Eng/and andWalcs. Joan •
das primeiras "pediçõcs P""' descobrir "°"°' mercados, das quais surgiram plantações, colónias, imp<!rio. (...) O Univ. Press, 1967), 397.
afasu.mcn~o das SUM terras &: um número consider;hcl de famnía.s acelerou. se é que nào iniciou. a transição do 133. Ver ibid .• p. 4(/J .

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rebelião palítica 1139'. Mas 0 seu signi~~ado económico não era o de um apoio directo às classes J,,. . ,_. '.:..~
;,,,,._ - <• cente distinção entre os yeomen e os «intrUsos e vagabun~os pobres. prat.icamente sem capitalistas. Era uma forma de estabilização polílica cujo efeito era tão constrangedor para os ·• .; ·'· ·
r-:.,,, . ,:~--terras, com frequência expulsos doutro . lugar». era um fenomeno q ~,:;, podia observar-se 1 patrões como par~ os .trabalh~dores, t~lvez mesmo mais para aqueles <'""'. Esta política 1- · de :.:··, r·
::--:--.~~~.. particularmente nas áreas florestais mais recememente co.lomzadas e que «era neste interferência monarquica no hvre func~onamento do capitalismo no século XVI aparece em
-_:~:-.,. •-. último grupo, como consequência das suas ongens sem1vagabundas, que se recrutava contraste acentuado com a colaboraçao do Estado no processo das grandes e defini1ivas
.; -~-,.. em grande parte 0 exército de .trabalhadores s~zonais tomado necessário pela agricultura enclosures do século XVIII <14 ". ' , • • , ,,_;. •· ,

, .. .. "- ~ ~ comercial» <"" · Os Tudor e os primeiros Stuart são acusados com frequência de terem «fracassado», 1 ~' ··:·. : , /: !
c._.t-v. ,,._ Assim surgiu 0 problema político crucial dos mendigos e da vagabundagem, uma parque o resul.tado final da sua.política foi a Revolução Inglesa. Mas talvez a Revolução Inglesa ,~:;·· -. i
';":.":~~~~?:::: .característica notória da Inglaterra isabelina 11 36 1• Frank Aydelotte vê três f~ctores distintos que devesse ser vtsla como um «exlto» dos monarcas Tudor e Stuart. na medida em que foram _ - 1
. ,.,4.~,._ --se combinam para explicar o aparecimento da vagabundagem na época 1sabelina: as enc/o- capazes de adiar durante tanto tempo a rebelião. Observemos as reacções dos camponeses P. "'·:; ·
·•'- -~.-:.~' sures. como factor fundamental e com toda a certeza; mas também a paz Tudor e, portanto, a ingleses sob tensão no século XVI. Muitos escolheram a vagabundagem. Outra possibilidade :.. · · ·' ·: , 1
:~ ·:._-::~ dissolução de enormes séquitos mantidos pelos nobres; e também a dissolução dos mosteiros eram as revoltas campones~s, e houve-as, ~om certeza. Mas deveria assinalar-se que houve :'. ~. : ~:· i
• •. ,.... !. --. e o desaparecimento do seu papel como dispensadores de caridade. O ponto de vista de
menos em Inglaterra nesta epoca que antenormente, e menos nesta época em Inglaterra que .. • . . ·
'~ ~ - ··_·' 'Aydelotte sobre estes vagabundos, que não pode ser muito distinto do dos governantes daqueles em França e noutros pontos do continente.
:L.::.~- ~ tempos. é considerá-los um problema social: Cada um destes contrastes merece ser observado. R. H. Hilton argumenta que as- . ;."::.
Longe de serem uma classe impolente ou inofensiva, os vagabundos do século XVI represen- enclosures do século XVI tiveram uma «pré-história». O processo de abandono da terra ~.~' ·"' ·
tavam uma boa parte da sólida força da Inglaterra medieval. Muitos deles eram de boa cepa, mas remonta ao século XIII. Existia evidentemente um fenómeno de despovoamento, mas
no esquema económico da Inglaterra moderna não tinham encontrado uma posição útil. Tinham Hilton acha que a pobreza é uma explicação mais directa para o éxodo rural""'· Depois
cérebro para planear malfei1orias e audácia para as levar a cabo. Nas suas fileiras havia descon- veio o «longo» e inflacionário século XVI. Enquanto que na Europa Oriental os proprie-
Jentes e agitadores políticos, religiosos e sociais. Por isso eram tão perigosos como a peste na tários obrigavam os trabalhadores a voltar à terra dado que a expansão da produção agrí-
Inglaterra de Isabel. Os vagabundos eram ameaça suficiente para fazer com que os legisladores, cola para o mercado o exigia, a Inglaterra tomou o caminho da criação de gado (que exigia
de Henrique VII em diante, dedicassem o melhor do seu pensamento à procura dum remédio,
menos mão-de-obra) e do aumento da eficiência da produção de lavradio (que exigia menos
criando leis e preocupando-se com o seu cumprimento, até que o problema foi finalmente
resolvido, na medida em que a legislação podia resolvê-lo, com as admiráveis leis dos pobres mão-de-obra). Longe de desejar o cultivo directo das suas terras, os grandes proprietários
1_1 .... -........ .;, .. procuravam rendeiros, e preferiam como inquilinos «agricultores capitalistas» a «campo-
de 1572, 1597 e 1601 " 37' .
Admiráveis? Talvez, embora sem dúvida não no simples sentido em que Aydelotte
J 39. «A maior pane da legislação anri-enclosurts do século XVI coincide co~ períodos de: esc.assez.
quer que as admiremos. Ouvem-se queixas de escassez na altura dos levantamentos de 1536. 1548-9 e 1596•. Edwm F. Gay. •The Midland
Estas leis lançam porém verdadeira luz sobre o papel que o aparelho de Estado desem- Revolt and rhe Jnqujsitions of Depopulation of I607it. Transacrions o/ rht Royal H1s10ncal Soe1ery. n.s .. XVIII.
penhava. Em primeiro lugar assinalemos que a legislação de «bem-estar social», até então
1904, 21~4~: 2(;_ N. Clark, ao descrever o código económico Tudor que pode ser delineado a p.r1ir do Est.:1tuto dos
~esconhec1~ na E'."'°pa. aparece em cena em muitos sítios nesta época. Mais ainda, nem sequer Artífices (ou Aprendizes). das pautao;; aduaneiras. das leis para encorajai:- a construção nav~I. dos Dec~tos contra .~
e uma quest~o de mvenção s~multânea, mas de difusão cultural consciente <•381. Em segundo enclosures e da lei dos pobres. tem isto a dizer: «A nova legislação ~ceua ..·a e até f~,·~rec1a.a economia i:none~1a.
::::A: lugar. a relaçao da tal legtslaçao com a transformação económica é ambígua. Ela foi sem dúvida ela acentuava a limitação do comércio. ou pagava salários em espécie. Mas a te~denc1a geral das suas d1~s1ções
era conservadora: elas visavam propiciar uma oferta adequada de líabal~o prim~1ro pa~a a agriculrura e depois para
·~·-·~-,,,~ :..ma resposta a uma cnse social produzida pela mudança económica, uma forma de evitar a os mesteres mais simples. e restringir a entrada nas ocupações de posição social mais elevada e naquelas que .se

pensava ~r~Zii~~~~;~~~~a.sv~::,'}~~~~< ~~~~?i;:s~ ~;/ruiura de classes existente, a localiL1ção da indústria e o


flu.xo de ofena de mào-de-obra ao conceder privilégios e ao pôr obstáculos no c~in~o da mo~ !111ade e da hber·
dos bosq~~;· fi~m: ~;r;:,~õcs~ das áreas florestais era ª.disponib~Jidade de sub-empregos (mestcres da floresta e 1
1
History, IV, pp. 109-110. . canhamo ou lã). Ver Evenn, Agranan History. IV, PP· 425-429; Thirsk, Agrarian d.ade de contrato; mas ela não era o produto duma simples política económica doumnária: reconc1hava ou efccruava
35. Evcritt, Pa.st ~ Preunt. n.' 33, p. 58 . um compromisso entre interesses conflituais». \Vealth of En.~land: PP· 84 · 86· [ séc I XVII ·
so ~rque
J
141. «A Jngla1erra resistiu sem grande prejuízo à calamidade das tnclosures do uo
os Tudors e os primeiros Stuans usaram o poder da Coroa para refrear o process::::e : ~~~:~·~ ~;~:;;:~:~
1
há pro•..~ :~::';1~~:~e,;.,~~·~~,';'1'gem na Inglaterra não começaram no século XVI. (...) Não obstante.
nunca.-. Frank. Ayckloue, Eli:aberhan Rogue: :n.d~~ntag~m de vadios e vagabundos na população era maior do que
1
que ele se tomou socialmente suportável - empregando 0 poder do governo cen m:nos devastador-. Karl Polanyi .
(lon<!r<s e Kovaforque: Oxford Univ. Press, (Cl,:..~ªon),,~l~~l~mc ! dos Oxford Historical and Literary S1udies formação e tentando canalizar o processo de mudança de modo a 1omar 0 seu curso
.. Qs \•adios s.em lei e os 1emíveis bandos de dint' r: '. . · . The Grear Transformation (BosJon: Beacon Press. 1944), 38. . 1 d ·idas à incapacidade da
rama _sua c.ocura~anida nos "ociosos devassos que r:samc~:~ a~ih~s. aos esrud1osos da Inglaterra isabelina, tive~
Escócia. ex1orqu1 am aJimC"ntos e dinheiro ro band 51 própnos se chamavam egípcios", que rumavam à 142. «As que~as. das pareei~ nas ~ãos do senhor não eram.. si.:_pn~::e~~~ta ~; terra, mas a de equipa·
Econom.v of Sc01/and. p. 29. • u 0
• ameaçando e levando o pânico a quintas isoladas>. Lythe. The população para se substttuir naturalmenteª." mesma.( ... ) A pob•~"ª. (.d) arcelasJ. não incompatível com a dcs·
monto e reservas de dinheiro - pode ter sido um. lacior [na cedcncta e PA 5 d · · the Pre-History of English
137. Aydeloue, Eli:ab<rhan Roeues and Va bonds
138. VerRobertM.Kingdom So•:'alW ltga . .p.17. locação para as cid.ades ou para as indústria~ rurais-- Rodney ~- ~"'º~j ~Mil~~: ~s:~tuto Edit. Cisalpino. 1957),
1 Enclosure m the Fifteentlr Century•, Stud1 rn onort d1 Arma o apo
l,fe\·. 1971 . 50..51 . , e e aremCalvm'sEurope•,AmericanHistorica/Re1:iew, LXXVI.
l, 678-679.

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o
rebelião palítica 1139'. Mas 0 seu signi~~ado económico não era o de um apoio directo às classes J,,. . ,_. '.:..~
;,,,,._ - <• cente distinção entre os yeomen e os «intrUsos e vagabun~os pobres. prat.icamente sem capitalistas. Era uma forma de estabilização polílica cujo efeito era tão constrangedor para os ·• .; ·'· ·
r-:.,,, . ,:~--terras, com frequência expulsos doutro . lugar». era um fenomeno q ~,:;, podia observar-se 1 patrões como par~ os .trabalh~dores, t~lvez mesmo mais para aqueles <'""'. Esta política 1- · de :.:··, r·
::--:--.~~~.. particularmente nas áreas florestais mais recememente co.lomzadas e que «era neste interferência monarquica no hvre func~onamento do capitalismo no século XVI aparece em
-_:~:-.,. •-. último grupo, como consequência das suas ongens sem1vagabundas, que se recrutava contraste acentuado com a colaboraçao do Estado no processo das grandes e defini1ivas
.; -~-,.. em grande parte 0 exército de .trabalhadores s~zonais tomado necessário pela agricultura enclosures do século XVIII <14 ". ' , • • , ,,_;. •· ,

, .. .. "- ~ ~ comercial» <"" · Os Tudor e os primeiros Stuart são acusados com frequência de terem «fracassado», 1 ~' ··:·. : , /: !
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. ,.,4.~,._ --se combinam para explicar o aparecimento da vagabundagem na época 1sabelina: as enc/o- capazes de adiar durante tanto tempo a rebelião. Observemos as reacções dos camponeses P. "'·:; ·
·•'- -~.-:.~' sures. como factor fundamental e com toda a certeza; mas também a paz Tudor e, portanto, a ingleses sob tensão no século XVI. Muitos escolheram a vagabundagem. Outra possibilidade :.. · · ·' ·: , 1
:~ ·:._-::~ dissolução de enormes séquitos mantidos pelos nobres; e também a dissolução dos mosteiros eram as revoltas campones~s, e houve-as, ~om certeza. Mas deveria assinalar-se que houve :'. ~. : ~:· i
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menos em Inglaterra nesta epoca que antenormente, e menos nesta época em Inglaterra que .. • . . ·
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Longe de serem uma classe impolente ou inofensiva, os vagabundos do século XVI represen- enclosures do século XVI tiveram uma «pré-história». O processo de abandono da terra ~.~' ·"' ·
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no esquema económico da Inglaterra moderna não tinham encontrado uma posição útil. Tinham Hilton acha que a pobreza é uma explicação mais directa para o éxodo rural""'· Depois
cérebro para planear malfei1orias e audácia para as levar a cabo. Nas suas fileiras havia descon- veio o «longo» e inflacionário século XVI. Enquanto que na Europa Oriental os proprie-
Jentes e agitadores políticos, religiosos e sociais. Por isso eram tão perigosos como a peste na tários obrigavam os trabalhadores a voltar à terra dado que a expansão da produção agrí-
Inglaterra de Isabel. Os vagabundos eram ameaça suficiente para fazer com que os legisladores, cola para o mercado o exigia, a Inglaterra tomou o caminho da criação de gado (que exigia
de Henrique VII em diante, dedicassem o melhor do seu pensamento à procura dum remédio,
menos mão-de-obra) e do aumento da eficiência da produção de lavradio (que exigia menos
criando leis e preocupando-se com o seu cumprimento, até que o problema foi finalmente
resolvido, na medida em que a legislação podia resolvê-lo, com as admiráveis leis dos pobres mão-de-obra). Longe de desejar o cultivo directo das suas terras, os grandes proprietários
1_1 .... -........ .;, .. procuravam rendeiros, e preferiam como inquilinos «agricultores capitalistas» a «campo-
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Admiráveis? Talvez, embora sem dúvida não no simples sentido em que Aydelotte
J 39. «A maior pane da legislação anri-enclosurts do século XVI coincide co~ períodos de: esc.assez.
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35. Evcritt, Pa.st ~ Preunt. n.' 33, p. 58 . um compromisso entre interesses conflituais». \Vealth of En.~land: PP· 84 · 86· [ séc I XVII ·
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(lon<!r<s e Kovaforque: Oxford Univ. Press, (Cl,:..~ªon),,~l~~l~mc ! dos Oxford Historical and Literary S1udies formação e tentando canalizar o processo de mudança de modo a 1omar 0 seu curso
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Escócia. ex1orqu1 am aJimC"ntos e dinheiro ro band 51 própnos se chamavam egípcios", que rumavam à 142. «As que~as. das pareei~ nas ~ãos do senhor não eram.. si.:_pn~::e~~~ta ~; terra, mas a de equipa·
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137. Aydeloue, Eli:ab<rhan Roeues and Va bonds
138. VerRobertM.Kingdom So•:'alW ltga . .p.17. locação para as cid.ades ou para as indústria~ rurais-- Rodney ~- ~"'º~j ~Mil~~: ~s:~tuto Edit. Cisalpino. 1957),
1 Enclosure m the Fifteentlr Century•, Stud1 rn onort d1 Arma o apo
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l, 678-679.

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neses· " •J1_ Dado que is to era de van tajoso par:t muito deles nas áreas rurai s, porque razão· da criação dum proletariado q ue na ~ua maior pane nw e•tá .
niio re i tiram mais os camponeses? Hil con arg umenta que eram demas iado fracos para resis. nas c idades. antes . se .compõe de «vagabundos. , traba]~ainda finr~rr.en:c estabr..leddo . -··- .. • _ ...
tir " ..'· Encontramos uma confi rmação d isto na o bse rv a~'ão de C. S . L. Davies de que houve parcelas de subs1stenc1a e lum~n-proletaríarlo urbano. . es 3 • 1alariados uumais com ·~·
relativamente mais resistênc ia camponesa no «primeiro» século XVI que no «segundo» O aparelho de Est.ado nao era uma rorça independe • • · ':·- '
porquanto se a durez:i das condições era sufi ci ente para ex pli car as explosões camponesas: batalha de duas tendências co nílnuats _ as~ me, forte e coerente. rr.óli c.amyo de
5
o conrr:írio teria também acon tec ido. Só a partir de 1590 é que os aumentos das rendas se melhor dos casos se iam adaptando parcialmente , com um llalu.1 W.odicional alto. qu<: no
elementos em ascensão (qualquer que fosse a sua:,nov~ pom!;ilidades econ6rruC31, e °"
adiantam aos aumen tos de preços. Dav ies dá dois tipos de explicação para isto: por um ·
qualquer que fosse a sua riqueza relauva no presentefem e;11 tem-.<x de ,s/O!ws trad1c1anal e
lado. o concei to de renda vari ável era re lati vamente novo, e portanto escandaloso no «pri-
meiro" século XV I, enq uanto que no «segundo» os camponeses j á estavam habituados a esse
total comercialização da vida económica. ' que =
pre~sao no senado duma ..
co nceito " ' " · E seg undo, e talvez mais s ignificati vamente, « OS yeomen não foram afectados Embora e stes dois elementos buscassem e por veze~ recebessem a. as.sis:ência do •
negativamente pe las enc/os11res» "''». Estado, nenhum deles estava seguro de que tive~ algo 3 ga!lhar com um ap:u-e!hu ~ Estarlo ·.
Façamos agora uma comparação da sorte que coube aos yeomen em Inglaterra e em muito reforçado, em grande p~e porque cada uma das partes temia qt:t a Ol.ltr3 domi~ a
França durante este mesmo período. Aqui Davies assinala que foi o peso dos impostos qué burocraci_a do Estado .. A pohuca de " bem-estar social. cumpriu a função de re~a.r a
conduziu mais di rectamente à revolta contra a autoridade central , e que este peso era menor ordem e mterfe nr no JOgo pleno das forças do mercado. Facilitou a trarisição e per. canse- _---_
em Inglaterra que em França devido às meno res dimensões do Estado, a uma burocracia rela- quênc1a te ve vantagens para todas as forças em jogo.
tivamente menos venal e por consequênc ia menos extracti va, e à debilidade institucional das . A posiçã.o d~ lnglaterr.i na economi a-mundo foi precisamente 0 que lOl?IV'. ; ~\Íve (
regiões, que reduzia o peso do apare lho de Estado, eliminando focos de rebelião <147J. este Jogo de eqmlíbn ~. E~ a es~v_a protegida duma excessiva imerferfocia ~tranl=eini pela lut!
Finalmente, consideremos um último contraste, as revoltas camponesas na Inglaterra das _dua~ gr~des ~~e~~~~s m1htares: a fapanti.: e a França r>ão ~t.ava sobrecarrepda por
do século XV I e as do séc ul o XVIII . Tawney assinala que este é um contraste entre a sua obn gaçoes 1mpe~1a1s . logo estava d1spom vel para prosseguir a sua especializa;:ão
' . quência (... ) em meados do século XVI » e a sua comparativa raridade duzentos anos mais económica, especi almente graças às matérias-primas da Europa Orienul. fo=cidas em ·
tarde ». embor.i a mesma causa potencial, as enclosures, estivesse presente"" >. Tawney argu- pela sua aliança comercial com a República Holandesa. que também procurava um al:iiigtr-
menta q ue a~ agitações agrárias do século XVI «m arcam a transição das revoltas feudais do contra os dois gigantes militares e que «pagou as custas • de manter a máquina do comérrio
século X VI. baseadas na união de todas as classes duma localidade contra o governo central, mundial em funcionamento. O aparelho de Estado inglês era suficientemente fo:te para pre- -
para aquelas em que uma classe se opõe a outra devido à oposição dos seu s interesses econó- servar a Inglaterra de influências externas funestas, mas suficientemente débil para não dz:r ·
micos» º"'9>. demasiada vantagem aos elementos «tradicionalistas • ou aos norns parasit.aS da burocracia
De que estamos en tão a fal ar? Parece que o século XVI. especialmente o período entre do Estado, de modo que nem uns nem outros foram capazes de devorar toulmcntc o ex~~te
154 1 e 1640, é um período de f ormação de classes, uma classe agrícola capitalista (cujos das forças mais produtivas. Em resumo, era uma questão de posição óptima: isolame:uo político
membros mais ricos rece bem o nome de gentry e os mais pobres o de yeomen). O processo relativo gozando embora das vantagens económicas da economia-mundo. um rel:ui,.oequilibno
social de consolidação fundi ária nesta época em Inglaterra implica crescentes rendimentos de forças interno que m aximizava a paz interior mas minimizava os erros dum ap<ITT lho <k
para esta classe em geral, incluindo os se us m embros meno res , ao mesmo tempo que o início Estado excessivamente pesado. _
Como ocorreu, então, a Revolução Ingfesa? -poderiamos perguntar. Podcrúmos dizrr " ; _
agora que estamos a argumentar que a prova do «êxito» da Inglaterra durante esta época é :1 • ·• •
143 ... o domfnjo podia ser arrendado a grandes agricul!ores ca pitalistas que hav iam de re1irar a maior
pane do ~u rendimen10 dos prod utos da terra e não da sua própri a propriedade. Para os senhores da terra este Revolução Inglesa ter ocorrido quando ocorreu - nem antes nem depois - e as foiÇllS do - ~· : ; . ,
mfoxio e~ pre ferive l de rodos os pontos de vista. O agricuhor capi talista 1inha uma base de capital maior que capita lismo moderno terem emergido claramente triunfantes, apesar da sua suposta • d=rrou,. ·
o camponcs. e não era tentado, como o camponês. a dar m.Uor cu idado à sua própria quinta, à cu sta da terra que e duma suposta «Restauração» do antigo. Para avaliannos a questão do rimmg mnosde_a"al~ . •· , ....
arrendava ao ~nhor. Pcrcebe·se por is.so a razão por que o senhor preferia fazer arrendamentos limirados a um
pequeno número de agricu hores capitalistas do que a um grande número de camponeses». Habilluk, Annalu E.S.C., três fenómenos relacionados: as políticas de aliança nesta época. os esquemas de emigraçao · ' .,-.,
XX, p. 650.

um•~: ::"~.:~:-::a.:':
. .. 144. •As comunidades camponesas inglesas nos sécul os XIII e XIV tinh am sido capazes de grande resis-
1~. e mcsm~ de rcsrsténcia bem sucedida. aos ataques dos senhores da terra às suas condições. Se elas se penni- . 150. • O fim da Idade Média em Inglaterra foi marcado por
~ ram_ ser re_m ovidas n<>< .tculos XV e XVI. foi porque as mudanças económicas e sociais tinham destruído a coesão e ia ao longo sonho de conquista em Fr:inça, e. o qut <p:u:t1cuWm<nI< ~ Ju .vcio m:U> "'.,.. ,.,:z ,.,.__""1criir.
que Unha s·1do a sua força no passado .... Hilton, Studi in onore di Armando Sopori, p. 685. área de control o inglês e da língua e civilização inglesas na Irlanda. ~!"(~°c;.i,.~y. d<tr>dc irns postos ....,.
145. Ver C. S. L. Davie.. Annoles E.S .C. . XXIV. p. 35. como a água de um lago. a.s mura lhas das cidades - . Dubhn, Watc V · 0cl'lo de°""" Gi<ndo..,cr. o Pais
1 ~6. Comudo.... c.\te não era de rodo obviamenre o caso daqueles que tinham de viver pelos seus salários. çados do anlcrior domínio angto-_irlandés. ~os princípios ~ stculo xf~~~ e esmaplo. o Pai• de ?ales
nem daqueles ~quem>< ":'"cndatirios que tin h31Tl de complet.u os seu• recursos com salári os adicionais de trabalho de Gales conseguiu uma quase mdependehcia tempo~•· cm~'ll progrt>SO reJJ foi frito com • 1n1<gr>?O da
mdu..inal e agncola. Os ulumos perderam duramen te durante este pcriodo•. /bid., pp. 36-37. permaneceu ressentidamente ao largo e por a~orvtr. Nc.m neMai m que ok> t."'11 Ptrcy". r_. mal!!> do ES'ÃÔI>• .
147. Ver ib1d. pp. 54-55. Ver Tawney, Agrarion Problmu pp. 340-342 Comualha ou da.s fronle ira.s escocesas. onde " nao conhc<Wll n:i ~odcm !fuW<Y•. ll"iUiam and Mar f Qr.ana l}.
l48. lbid., p. 321. • . A . L. Rowsc, • Tudor Expansion: 1llc Traruition from Mcdicvol to ·
149. lbid .. p. 312 3.' .trie. XIV, 3 Julho 1957, 31 2.

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neses· " •J1_ Dado que is to era de van tajoso par:t muito deles nas áreas rurai s, porque razão· da criação dum proletariado q ue na ~ua maior pane nw e•tá .
niio re i tiram mais os camponeses? Hil con arg umenta que eram demas iado fracos para resis. nas c idades. antes . se .compõe de «vagabundos. , traba]~ainda finr~rr.en:c estabr..leddo . -··- .. • _ ...
tir " ..'· Encontramos uma confi rmação d isto na o bse rv a~'ão de C. S . L. Davies de que houve parcelas de subs1stenc1a e lum~n-proletaríarlo urbano. . es 3 • 1alariados uumais com ·~·
relativamente mais resistênc ia camponesa no «primeiro» século XVI que no «segundo» O aparelho de Est.ado nao era uma rorça independe • • · ':·- '
porquanto se a durez:i das condições era sufi ci ente para ex pli car as explosões camponesas: batalha de duas tendências co nílnuats _ as~ me, forte e coerente. rr.óli c.amyo de
5
o conrr:írio teria também acon tec ido. Só a partir de 1590 é que os aumentos das rendas se melhor dos casos se iam adaptando parcialmente , com um llalu.1 W.odicional alto. qu<: no
elementos em ascensão (qualquer que fosse a sua:,nov~ pom!;ilidades econ6rruC31, e °"
adiantam aos aumen tos de preços. Dav ies dá dois tipos de explicação para isto: por um ·
qualquer que fosse a sua riqueza relauva no presentefem e;11 tem-.<x de ,s/O!ws trad1c1anal e
lado. o concei to de renda vari ável era re lati vamente novo, e portanto escandaloso no «pri-
meiro" século XV I, enq uanto que no «segundo» os camponeses j á estavam habituados a esse
total comercialização da vida económica. ' que =
pre~sao no senado duma ..
co nceito " ' " · E seg undo, e talvez mais s ignificati vamente, « OS yeomen não foram afectados Embora e stes dois elementos buscassem e por veze~ recebessem a. as.sis:ência do •
negativamente pe las enc/os11res» "''». Estado, nenhum deles estava seguro de que tive~ algo 3 ga!lhar com um ap:u-e!hu ~ Estarlo ·.
Façamos agora uma comparação da sorte que coube aos yeomen em Inglaterra e em muito reforçado, em grande p~e porque cada uma das partes temia qt:t a Ol.ltr3 domi~ a
França durante este mesmo período. Aqui Davies assinala que foi o peso dos impostos qué burocraci_a do Estado .. A pohuca de " bem-estar social. cumpriu a função de re~a.r a
conduziu mais di rectamente à revolta contra a autoridade central , e que este peso era menor ordem e mterfe nr no JOgo pleno das forças do mercado. Facilitou a trarisição e per. canse- _---_
em Inglaterra que em França devido às meno res dimensões do Estado, a uma burocracia rela- quênc1a te ve vantagens para todas as forças em jogo.
tivamente menos venal e por consequênc ia menos extracti va, e à debilidade institucional das . A posiçã.o d~ lnglaterr.i na economi a-mundo foi precisamente 0 que lOl?IV'. ; ~\Íve (
regiões, que reduzia o peso do apare lho de Estado, eliminando focos de rebelião <147J. este Jogo de eqmlíbn ~. E~ a es~v_a protegida duma excessiva imerferfocia ~tranl=eini pela lut!
Finalmente, consideremos um último contraste, as revoltas camponesas na Inglaterra das _dua~ gr~des ~~e~~~~s m1htares: a fapanti.: e a França r>ão ~t.ava sobrecarrepda por
do século XV I e as do séc ul o XVIII . Tawney assinala que este é um contraste entre a sua obn gaçoes 1mpe~1a1s . logo estava d1spom vel para prosseguir a sua especializa;:ão
' . quência (... ) em meados do século XVI » e a sua comparativa raridade duzentos anos mais económica, especi almente graças às matérias-primas da Europa Orienul. fo=cidas em ·
tarde ». embor.i a mesma causa potencial, as enclosures, estivesse presente"" >. Tawney argu- pela sua aliança comercial com a República Holandesa. que também procurava um al:iiigtr-
menta q ue a~ agitações agrárias do século XVI «m arcam a transição das revoltas feudais do contra os dois gigantes militares e que «pagou as custas • de manter a máquina do comérrio
século X VI. baseadas na união de todas as classes duma localidade contra o governo central, mundial em funcionamento. O aparelho de Estado inglês era suficientemente fo:te para pre- -
para aquelas em que uma classe se opõe a outra devido à oposição dos seu s interesses econó- servar a Inglaterra de influências externas funestas, mas suficientemente débil para não dz:r ·
micos» º"'9>. demasiada vantagem aos elementos «tradicionalistas • ou aos norns parasit.aS da burocracia
De que estamos en tão a fal ar? Parece que o século XVI. especialmente o período entre do Estado, de modo que nem uns nem outros foram capazes de devorar toulmcntc o ex~~te
154 1 e 1640, é um período de f ormação de classes, uma classe agrícola capitalista (cujos das forças mais produtivas. Em resumo, era uma questão de posição óptima: isolame:uo político
membros mais ricos rece bem o nome de gentry e os mais pobres o de yeomen). O processo relativo gozando embora das vantagens económicas da economia-mundo. um rel:ui,.oequilibno
social de consolidação fundi ária nesta época em Inglaterra implica crescentes rendimentos de forças interno que m aximizava a paz interior mas minimizava os erros dum ap<ITT lho <k
para esta classe em geral, incluindo os se us m embros meno res , ao mesmo tempo que o início Estado excessivamente pesado. _
Como ocorreu, então, a Revolução Ingfesa? -poderiamos perguntar. Podcrúmos dizrr " ; _
agora que estamos a argumentar que a prova do «êxito» da Inglaterra durante esta época é :1 • ·• •
143 ... o domfnjo podia ser arrendado a grandes agricul!ores ca pitalistas que hav iam de re1irar a maior
pane do ~u rendimen10 dos prod utos da terra e não da sua própri a propriedade. Para os senhores da terra este Revolução Inglesa ter ocorrido quando ocorreu - nem antes nem depois - e as foiÇllS do - ~· : ; . ,
mfoxio e~ pre ferive l de rodos os pontos de vista. O agricuhor capi talista 1inha uma base de capital maior que capita lismo moderno terem emergido claramente triunfantes, apesar da sua suposta • d=rrou,. ·
o camponcs. e não era tentado, como o camponês. a dar m.Uor cu idado à sua própria quinta, à cu sta da terra que e duma suposta «Restauração» do antigo. Para avaliannos a questão do rimmg mnosde_a"al~ . •· , ....
arrendava ao ~nhor. Pcrcebe·se por is.so a razão por que o senhor preferia fazer arrendamentos limirados a um
pequeno número de agricu hores capitalistas do que a um grande número de camponeses». Habilluk, Annalu E.S.C., três fenómenos relacionados: as políticas de aliança nesta época. os esquemas de emigraçao · ' .,-.,
XX, p. 650.

um•~: ::"~.:~:-::a.:':
. .. 144. •As comunidades camponesas inglesas nos sécul os XIII e XIV tinh am sido capazes de grande resis-
1~. e mcsm~ de rcsrsténcia bem sucedida. aos ataques dos senhores da terra às suas condições. Se elas se penni- . 150. • O fim da Idade Média em Inglaterra foi marcado por
~ ram_ ser re_m ovidas n<>< .tculos XV e XVI. foi porque as mudanças económicas e sociais tinham destruído a coesão e ia ao longo sonho de conquista em Fr:inça, e. o qut <p:u:t1cuWm<nI< ~ Ju .vcio m:U> "'.,.. ,.,:z ,.,.__""1criir.
que Unha s·1do a sua força no passado .... Hilton, Studi in onore di Armando Sopori, p. 685. área de control o inglês e da língua e civilização inglesas na Irlanda. ~!"(~°c;.i,.~y. d<tr>dc irns postos ....,.
145. Ver C. S. L. Davie.. Annoles E.S .C. . XXIV. p. 35. como a água de um lago. a.s mura lhas das cidades - . Dubhn, Watc V · 0cl'lo de°""" Gi<ndo..,cr. o Pais
1 ~6. Comudo.... c.\te não era de rodo obviamenre o caso daqueles que tinham de viver pelos seus salários. çados do anlcrior domínio angto-_irlandés. ~os princípios ~ stculo xf~~~ e esmaplo. o Pai• de ?ales
nem daqueles ~quem>< ":'"cndatirios que tin h31Tl de complet.u os seu• recursos com salári os adicionais de trabalho de Gales conseguiu uma quase mdependehcia tempo~•· cm~'ll progrt>SO reJJ foi frito com • 1n1<gr>?O da
mdu..inal e agncola. Os ulumos perderam duramen te durante este pcriodo•. /bid., pp. 36-37. permaneceu ressentidamente ao largo e por a~orvtr. Nc.m neMai m que ok> t."'11 Ptrcy". r_. mal!!> do ES'ÃÔI>• .
147. Ver ib1d. pp. 54-55. Ver Tawney, Agrarion Problmu pp. 340-342 Comualha ou da.s fronle ira.s escocesas. onde " nao conhc<Wll n:i ~odcm !fuW<Y•. ll"iUiam and Mar f Qr.ana l}.
l48. lbid., p. 321. • . A . L. Rowsc, • Tudor Expansion: 1llc Traruition from Mcdicvol to ·
149. lbid .. p. 312 3.' .trie. XIV, 3 Julho 1957, 31 2.

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e :s:< c."..!nu.US 1.·ri= l.'i. 1K-:n:i.li>_da prim ira lfr<-X:-: Stuan. lstl' p.:mlitir-nos-ií falar das questões
~_u, .,, ut' 1\....,m1.u11' p.i. Lk rumfo d3 Rev luç:io ln!!lt"S:l. Com a passagem do tempo, 0 peso das de ·s0e d Co -. . . . -.
agricultores c:ipitulistns. cm oposiç 10 à ari 1 e~. s 3 roa ia-se mchnando a fuvur dos • •' ..
H. R. Tre,·\ ·- R <' f~ r m;:im· c.-m 1ue contlito es~end !l l er.1 entre a Cone e o campo. Se
sobreviver. começou a assimilar-5' cada v:z~~:~·~ enq1111n10 llll M». Esta últim3. purn p<ldcr '~· ' i •.•.·.,
: c.-sl~ 0 !J'U'1l'-' ,- n3, . c.- nt~o g:mh u. ponjU<' os seus presun:id0s oposit_ores - por e:\emplo, 1110 de vi sta do campcs ina10, lomou-sc cada "~Z .::~en~ry lascc~den~~~ ~n.c m medida. do .
Sn: e e Hi ll " '' - o >1,-...11:tr.i.m. O problema. no entanto. nao est:I aqui. O problema é saber po . • .. • .. . "~" c~p ornuma ' . '" "que us relações ,
~' r olm.x sr.n-:i :1 Cnne :i j p r. ·omo se _rela innaYa este jogo com a transfomiaçào entre o se_i:hor ~ O ( .impon~' s~ .lc~ham tom. do mais ténues. e não era mais pn>\'á\'cl que os"
: ·'.tl ,, ê'n · mi:.J 4 ~ e.; t:n :ia lX'Offi'r. <'de que !om1:1 er.1 ele c:iusa e conse4uencia do papel carnpon~scs respondessem.\ pcliçocs de lcaldndl· regional \'cnical nos wnílims n;icionais nrn.
d:.i ln,:bte-rr.1 na .-onPmi:i -mund0 e.urop.:ia. A própria burocracm da Coroa csrn~u no entanto a tomar-se desmcsuradi• e •csbanjadom• ,
um processo que unha os seus lnnncs naturais. comn argumema Tre\'Or-Roper " " '· Então.
• O ap.;rel h, 1k Estado. a Cone. er.1 simultant•:unente protagonist:i do drama e agente
concordam Stonc e Trcvor-Roper, cerca de 1590 o excesso de gn.,1os obrigou à sua redução.
m~üJ>r. um ' <..:te r 1.h.• f rç:is diferent·s. Isto aplica-se a todas as chamadas monarquias
A paz na Europa (o interv alo entre 159i; e 1618) reduziu os cus10· para lodos os cs!lldos'' "'·
3 . ·olma:;. Equ ili r.n am f f'Ç".lS . sen'iam como :1gentes de poder. efectuavam compromissos.
Em Inglaterra , a venda de títulos por Jaime 1 aumemou as receitas"''" e desse, modo evitou-se
M:is um do· ~ . ultaJ s por que esp.:ra,·am era reforçarem-se a si mesmas. tomarem-se abso- a crise. Evitou-se a crise mas a ex travagància aumcmou, devido à lógica da poHlica ambi·
lur.is d<> fa.:to e rd simplesmente em teoria e n:1s aspirações. valente da Coroa 11 "''·
DJd!l 3 ambiguidade do seu pap.:l e dos seus objecti vos. a Cone er.1 ambivalente quanto Um século de governo Tudor pode não ter causado uma tào marcada decad~ncia ,., '. ,. , l
ao aµan-c i m~ n to d;.> elementos capitali stas. Por um lado. a Coroa conejava a «burguesia», isto na posse de terras pelos nobres como pensou primeiramente Tawney. Parece. 4ue ludo o '
é , o cong l mer.ido d s proprietários capirnlistas e dos agricultores desafogados, dos pro- 4 ue se passou, em última análise, foi que os domínios ~eais for;uu parcialmeme dividi- ,
fissionais \ad\'ogados. lérigos. mt!dicos). dos comerciantes ma.is ricos'"~ '. «Perseguido pelo dos em parcelas entregues a agricultores capi1alistas não pertcncemes à nohreza "•".· · ,. -'.~ .
medo d ~ revoltas fr udais» 11 'l 1, como diz Tawney. o Estado viu neles aliados para os seus Os beneficiários do governo Tudor foram se111 dúvida aqueles. nobres ou não. 4we podiam
propri os fins .. las a Con e, em última instância. estava dominada pela aristocracia. com o rei dominar a nova economia 11631. Os jogos malabares dos Tudor mantiveram-nos na crista da
em prim;.> iro lugar - antigos aristocratas. homens recém-chegados ao título e que o valori- onda. Mas o «longo» sécu lo XVI aproximava-se do fim. E as tensõe.s das suas contra-
zavam tanto m:üs por isso mesmo. geme ao serviço do rei que aspirava à nobreza - . e não dições sentir-se-iam com o governo dos primeiros S1uart. Este é o pomo que Trevor-Ropcr
pod ia wr com enrusiasmo a erosão do sistema hierárquico das posições sociais do qual era a sublinha:
cúpul a. E não o fez.. Acarinhou o sistema. reforçou-o. melhorou-o. pagou-o. A Corte renas- Mesmo na década de 1590. uma burocracia muito menos "ª"' e mais eficiente conseguiu sal- ·,_-~~.. >~·
centista eclipsou em bri lho todas quantas a Europa tinha conhecido. var-se apenas a1ravés da paz: como podia esle sis1ema mui10 mais escandal?so [o dos Stuan e , , , .,: .-.•
A nec.:ssidade de dinheiro e de aliados políticos conduziu a Cone a um maior comércio outros monarcas europeus da época] sobreviver se a longa prospc,ndade do seculo XVI ou a paz 1 • __ J •• •
e a uma maior comercialização. A necessidade de estabilidade e deferência levou-a a sentir- salvadora do século XVU falhassem? • , -, . .
-se intranquila pelos ê:\ itos agressivos da nova classe. Na medida em que era competente para
isso. a Corte tentou travar o processo ace lerado de transformação capitalista. aumentando ao
mesmo tempo o centralismo político das instituições estatais. Nisto não houve diferença entre 155. VerS1one,CrisisofrheArisrocracy. pp. 124.133. " . b 'lhan1e uecomcça c(lnllsabel \
156. VerTawney,AgrarianProb/ems. 19l-J92.Tawneyconclu1.•A<poc• n bem~ uc os seus agen1es !•
a Inglaterra dos Tudor e a França dos Valois ou a Espanha dos Habsburgo. A diferença estava reluz contra um fundo de miséria e sordidez scx:ial. (...) Tudo o que os camponeses sa q ·
nos antecedentes históricos e na posição internacional no séc ulo XVI, que fizeram com que a fundiários são mais duros [p .• 193]•.
nova classe capitalista inglesa fosse relativamente mais forte e mais capaz de absorver no seu 157. Ver ibid., p. 229. ·ias anomalias muiios abusos. Podia m<smo
158 . «Uma economia ~m grande cxp~s~o ~eª~~~~ "::~rcnasccnt~. incri..,elmen~ e.sbanj~oru.
seio muitos elementos da ve lha aristocracia. arrastar -contanto que nãocontmuasscacxp~dir se aco d. _ gM~ durante quanto tempo pode.na expandir-se'?
Muitos escritores ass inalam que, cerca de 1590-1600, existiu um momento crítico na • of
ornamentais e parasitárias. Contanto que contmua.\SC: e~p~ ~:::~r-Ropcr. The General Crisis the Scventccnth
política da Inglaterra. Tawney escreve: ~~~:~~i:~~n 1i~ ~~%;:~:"'~;~;;:~~~:~ ~~~~~~~ ~nd Jlrh Ctnrurits and 01htr Essa.vr (Nova Iorque: Harper.
1969a), 68-69.
Poucos dirigentes actuaram com menos remorsos que os primeiros Tudor, a partir da máxima de
que as bases do poder são económicas. Tinham feito do aumento dos domínios reais e da pro- :~· ~~~ ~~~/f:~~~omic Hisrory Rtview, XVJll, P· 39 ·. da d'cada de 1590 a aristocracia estava ela
tecção do cu ltivador camponês duas das pedras angulares da Nova Monarquia. Nos anos finais t 61: Quando l~abel procurou responder à crise ec~;~~~; Ain~a .não pron1a p;,,. eliminar • O apoio que
de Isabel. a primeira dessas políticas estava a desmoronar-se claramente, e a outra, sempre mesma ameaçada. Ver Stone, Crisis ofrlie Ari~toc;~~·~~~~in gs ~ftht. British Acodem)-. p. 212), a Coroa renovou e
só uma.aristocracia lhe pod~ oferecer• (T~wn Y; The Europeun Wirch-Cra:e. p. 69.
impopular entre os grandes proprietários, suscitava uma oposição cada vez mais tenaz< 154>. expandiu a sua euravagãnc1a. Ver Trevor Rope h, Edilor• En cn11nt<f. XI. Julho 1958. 74-75. 74 M se for

151. S<one, Encounter, XI. p. 73: Hill, Puritanism and Rel'olution, p. 28.
163. Ver H. R. Trevor-Roper. 4< Lct~er ton:e há
verdade que, como J. P. Cooper susienta, •ainda
::s
162. Ver R. W. K. Hin1on .• Letterio t e Ed .. • Encounrer, XI. 1. Julho 1958, 73- . esmo
~rovas de que a riqueza fundiária t~o :::::v:
74) t prováv<l que a 1erra mudasse para p q
152. VerTawney, EssaJS in Economic Hisrory, I, p. 176. menor [em 1642 do que em 15591• (Encounrtr. XI. p. '
t 53. Tawney, Proceedings of the British Academy, p. 21J. orientados para o mercado capilJllista.
t54. lbid., p. 216. Ver Tawney, Essays in Economic History. (, pp. 176-177. 255

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e :s:< c."..!nu.US 1.·ri= l.'i. 1K-:n:i.li>_da prim ira lfr<-X:-: Stuan. lstl' p.:mlitir-nos-ií falar das questões
~_u, .,, ut' 1\....,m1.u11' p.i. Lk rumfo d3 Rev luç:io ln!!lt"S:l. Com a passagem do tempo, 0 peso das de ·s0e d Co -. . . . -.
agricultores c:ipitulistns. cm oposiç 10 à ari 1 e~. s 3 roa ia-se mchnando a fuvur dos • •' ..
H. R. Tre,·\ ·- R <' f~ r m;:im· c.-m 1ue contlito es~end !l l er.1 entre a Cone e o campo. Se
sobreviver. começou a assimilar-5' cada v:z~~:~·~ enq1111n10 llll M». Esta últim3. purn p<ldcr '~· ' i •.•.·.,
: c.-sl~ 0 !J'U'1l'-' ,- n3, . c.- nt~o g:mh u. ponjU<' os seus presun:id0s oposit_ores - por e:\emplo, 1110 de vi sta do campcs ina10, lomou-sc cada "~Z .::~en~ry lascc~den~~~ ~n.c m medida. do .
Sn: e e Hi ll " '' - o >1,-...11:tr.i.m. O problema. no entanto. nao est:I aqui. O problema é saber po . • .. • .. . "~" c~p ornuma ' . '" "que us relações ,
~' r olm.x sr.n-:i :1 Cnne :i j p r. ·omo se _rela innaYa este jogo com a transfomiaçào entre o se_i:hor ~ O ( .impon~' s~ .lc~ham tom. do mais ténues. e não era mais pn>\'á\'cl que os"
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d:.i ln,:bte-rr.1 na .-onPmi:i -mund0 e.urop.:ia. A própria burocracm da Coroa csrn~u no entanto a tomar-se desmcsuradi• e •csbanjadom• ,
um processo que unha os seus lnnncs naturais. comn argumema Tre\'Or-Roper " " '· Então.
• O ap.;rel h, 1k Estado. a Cone. er.1 simultant•:unente protagonist:i do drama e agente
concordam Stonc e Trcvor-Roper, cerca de 1590 o excesso de gn.,1os obrigou à sua redução.
m~üJ>r. um ' <..:te r 1.h.• f rç:is diferent·s. Isto aplica-se a todas as chamadas monarquias
A paz na Europa (o interv alo entre 159i; e 1618) reduziu os cus10· para lodos os cs!lldos'' "'·
3 . ·olma:;. Equ ili r.n am f f'Ç".lS . sen'iam como :1gentes de poder. efectuavam compromissos.
Em Inglaterra , a venda de títulos por Jaime 1 aumemou as receitas"''" e desse, modo evitou-se
M:is um do· ~ . ultaJ s por que esp.:ra,·am era reforçarem-se a si mesmas. tomarem-se abso- a crise. Evitou-se a crise mas a ex travagància aumcmou, devido à lógica da poHlica ambi·
lur.is d<> fa.:to e rd simplesmente em teoria e n:1s aspirações. valente da Coroa 11 "''·
DJd!l 3 ambiguidade do seu pap.:l e dos seus objecti vos. a Cone er.1 ambivalente quanto Um século de governo Tudor pode não ter causado uma tào marcada decad~ncia ,., '. ,. , l
ao aµan-c i m~ n to d;.> elementos capitali stas. Por um lado. a Coroa conejava a «burguesia», isto na posse de terras pelos nobres como pensou primeiramente Tawney. Parece. 4ue ludo o '
é , o cong l mer.ido d s proprietários capirnlistas e dos agricultores desafogados, dos pro- 4 ue se passou, em última análise, foi que os domínios ~eais for;uu parcialmeme dividi- ,
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medo d ~ revoltas fr udais» 11 'l 1, como diz Tawney. o Estado viu neles aliados para os seus Os beneficiários do governo Tudor foram se111 dúvida aqueles. nobres ou não. 4we podiam
propri os fins .. las a Con e, em última instância. estava dominada pela aristocracia. com o rei dominar a nova economia 11631. Os jogos malabares dos Tudor mantiveram-nos na crista da
em prim;.> iro lugar - antigos aristocratas. homens recém-chegados ao título e que o valori- onda. Mas o «longo» sécu lo XVI aproximava-se do fim. E as tensõe.s das suas contra-
zavam tanto m:üs por isso mesmo. geme ao serviço do rei que aspirava à nobreza - . e não dições sentir-se-iam com o governo dos primeiros S1uart. Este é o pomo que Trevor-Ropcr
pod ia wr com enrusiasmo a erosão do sistema hierárquico das posições sociais do qual era a sublinha:
cúpul a. E não o fez.. Acarinhou o sistema. reforçou-o. melhorou-o. pagou-o. A Corte renas- Mesmo na década de 1590. uma burocracia muito menos "ª"' e mais eficiente conseguiu sal- ·,_-~~.. >~·
centista eclipsou em bri lho todas quantas a Europa tinha conhecido. var-se apenas a1ravés da paz: como podia esle sis1ema mui10 mais escandal?so [o dos Stuan e , , , .,: .-.•
A nec.:ssidade de dinheiro e de aliados políticos conduziu a Cone a um maior comércio outros monarcas europeus da época] sobreviver se a longa prospc,ndade do seculo XVI ou a paz 1 • __ J •• •
e a uma maior comercialização. A necessidade de estabilidade e deferência levou-a a sentir- salvadora do século XVU falhassem? • , -, . .
-se intranquila pelos ê:\ itos agressivos da nova classe. Na medida em que era competente para
isso. a Corte tentou travar o processo ace lerado de transformação capitalista. aumentando ao
mesmo tempo o centralismo político das instituições estatais. Nisto não houve diferença entre 155. VerS1one,CrisisofrheArisrocracy. pp. 124.133. " . b 'lhan1e uecomcça c(lnllsabel \
156. VerTawney,AgrarianProb/ems. 19l-J92.Tawneyconclu1.•A<poc• n bem~ uc os seus agen1es !•
a Inglaterra dos Tudor e a França dos Valois ou a Espanha dos Habsburgo. A diferença estava reluz contra um fundo de miséria e sordidez scx:ial. (...) Tudo o que os camponeses sa q ·
nos antecedentes históricos e na posição internacional no séc ulo XVI, que fizeram com que a fundiários são mais duros [p .• 193]•.
nova classe capitalista inglesa fosse relativamente mais forte e mais capaz de absorver no seu 157. Ver ibid., p. 229. ·ias anomalias muiios abusos. Podia m<smo
158 . «Uma economia ~m grande cxp~s~o ~eª~~~~ "::~rcnasccnt~. incri..,elmen~ e.sbanj~oru.
seio muitos elementos da ve lha aristocracia. arrastar -contanto que nãocontmuasscacxp~dir se aco d. _ gM~ durante quanto tempo pode.na expandir-se'?
Muitos escritores ass inalam que, cerca de 1590-1600, existiu um momento crítico na • of
ornamentais e parasitárias. Contanto que contmua.\SC: e~p~ ~:::~r-Ropcr. The General Crisis the Scventccnth
política da Inglaterra. Tawney escreve: ~~~:~~i:~~n 1i~ ~~%;:~:"'~;~;;:~~~:~ ~~~~~~~ ~nd Jlrh Ctnrurits and 01htr Essa.vr (Nova Iorque: Harper.
1969a), 68-69.
Poucos dirigentes actuaram com menos remorsos que os primeiros Tudor, a partir da máxima de
que as bases do poder são económicas. Tinham feito do aumento dos domínios reais e da pro- :~· ~~~ ~~~/f:~~~omic Hisrory Rtview, XVJll, P· 39 ·. da d'cada de 1590 a aristocracia estava ela
tecção do cu ltivador camponês duas das pedras angulares da Nova Monarquia. Nos anos finais t 61: Quando l~abel procurou responder à crise ec~;~~~; Ain~a .não pron1a p;,,. eliminar • O apoio que
de Isabel. a primeira dessas políticas estava a desmoronar-se claramente, e a outra, sempre mesma ameaçada. Ver Stone, Crisis ofrlie Ari~toc;~~·~~~~in gs ~ftht. British Acodem)-. p. 212), a Coroa renovou e
só uma.aristocracia lhe pod~ oferecer• (T~wn Y; The Europeun Wirch-Cra:e. p. 69.
impopular entre os grandes proprietários, suscitava uma oposição cada vez mais tenaz< 154>. expandiu a sua euravagãnc1a. Ver Trevor Rope h, Edilor• En cn11nt<f. XI. Julho 1958. 74-75. 74 M se for

151. S<one, Encounter, XI. p. 73: Hill, Puritanism and Rel'olution, p. 28.
163. Ver H. R. Trevor-Roper. 4< Lct~er ton:e há
verdade que, como J. P. Cooper susienta, •ainda
::s
162. Ver R. W. K. Hin1on .• Letterio t e Ed .. • Encounrer, XI. 1. Julho 1958, 73- . esmo
~rovas de que a riqueza fundiária t~o :::::v:
74) t prováv<l que a 1erra mudasse para p q
152. VerTawney, EssaJS in Economic Hisrory, I, p. 176. menor [em 1642 do que em 15591• (Encounrtr. XI. p. '
t 53. Tawney, Proceedings of the British Academy, p. 21J. orientados para o mercado capilJllista.
t54. lbid., p. 216. Ver Tawney, Essays in Economic History. (, pp. 176-177. 255

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De facto. na d. ada de 1620 folh:irom ~mbus d um a ~·ez. Em 161 8. uma crise polí1ica em Praga
pôs ~m monmento 3S potêncins europcias. (...)Entretanto a economia europeia( ...) viu-se subi- ramos~ """l.
A_ ex plicação geográfi ca de Taylor. po ue fal a _
lamentc sncudida por uma grande depressão. a universal ~qu c:da do comércio» de l 62QllM1. ção à economia-mundo face ao argumento d· N f ~ da l'O'•Ç3o da Inglaterra em rela-
mais satisfatóri a, dado que aborda um elem: nt e suas. vamageru geográficas internas. é
De modo que nos voltamos uma vez mais para o funci onamento do sistema mundial. mais. se nos lembrarmos da nova importância d: que .prcw.amentc muda no !iécuio XVI. E
A reac:ção d:i lng laterr.i à ch:inuda -.crise do século XV II » foi um tanto diferente da de outros reforçado. Ainda a~sim. e por si mesmo, é in,u fi:::ci;~áltico_c atl&.mico. ~raciocínio sai
p;ifses. Estn é razão pt"lu qual el a pôde entrar na era do mercantili smo com muito maior força . Fr.mça. Talvez tenhamos de procura r no inrcrior da Fra::ça r:~~-ar a d'.~repaocia quant_o à . , ~ ..
Um aspe<·to d sta fon;a fo i o elevado grau de comerci alização da sua agricultura, um processo da nova geografia o mesmo panido que 3 Inglaterra e~ que ª 1mped1ram de tirar
que temos ' 'indo :i descl't'ver. A outr.1 face ta fo i a sua «industrialização».
Nor~-se além disso que a dupftcação da população ingle.a foi 5t'lect1 a. ·
John Nef argume nra que a lnglaterr.i sofreu urna «revolução industrial precoce» no 1 m~llco~ nao só u.rn crescimento demogrJfico mas também uma miigraç:io de qualidad= , ,_
periodo de 1540 a 1640 e que-. em comparação. tal não ocorreu em Françaº"''· Afim1a que emrgraç:o favo ravel. Por um l~d~, temos a rão a~smal ada emrada de an esãos rontincntais . '
h<uve u-..'s desenvolvimentos básicos em lnglaterr.i. Introduziram-se algumas indústrias - recel~es da Fl andres. met:alurg1cos alemães. crc - . cuia chegada se atnbui usualmente • '
tmte rionn.:nte conhecidas no continente, mas nóio em lnglaterr.i (fi\bricas de papel e de pólvora, à ag1taçao das guerras rehgrosas. Mas se foram para a Inglaterra é porque como argumt:nla • · ' '
fundiçôcs de canhões. fáb ricas de alum íni o e cap:irrosa. refi narias de açúcar. fábricas de sali- G. N. Cl ark. a lngl,uerr.i se tmha co~veni~o em ~lugar onde 0 capital e a gestão mipre~al
tre e lnrJo). Importaram-se novas rfr nicas do continente. especialmente de minas e metalur- podr ~ n~ obter uma t11a1or re ~un eraçao~_" 'º' . Recordemo' no entanto que 0 fi m da era i~bc-
,!!i:t. Fin:ilmcn re. C'IS ingleses deram a sua própria contribuiçiio positiva para a tecnologia, hna to1 um momento de rensao económica e soci:tl: gastos cxcesst\'OSdJ Cone. crescimento ..
espcc i3f111enrt· <'rn rc laç:io com a substituição da made ira pelo carvão li""'· Além disso, Nef da popul ação combinado com as c11clos11res e por via destas o crescimento da ,.3 cahundaucm.
argumenta que" º invcsri mt'nto de capital, juntamente com a inventiva técnica. orientaram-se Corno F. J. Fi shernos recorda. os contemporâneos considera\•am a In ~laterr:t isabelina •c~no • ', 1
como nu111:a anreri onnt'nte c•m di recção à produção em nome da quantidade »ºº" · Contudo, um país onde a pressão da população estava a conduzir !!radualmeme. muiros à pobreza e pos- '
se perg unt:im10,; a Nd o porq uê desta súbita passagem da lnglatem1 de país industrialmente sivc lmente a diminuir o rend imento nacional per capita~ ""'. .
esragnadC'I" a país re lati vamente avançado. ele oferece principalmente uma ex pl icação geo- Ex istem duas fonnas de resolver o problema do excedente de popula ão no intm or - .. ·
gniiica. O amplo mercado inremo. um requi siro prév io da conccntr.1ção industrial, era possível dum país: des locá- lo das cidades (isto é, segregá-lo geograficamente). ou tir:í-lo dircctruneme -
«JX'l:!s fa r ilidadcs em 1ra nspo11e aqu:íriro barato de que a Grã-Breranha. em vi11ude da sua do país. Na lnglarerra dos Tudor e dos Stuan tentaram-se os dois métodos. Por um lado. as i~·~.
pos ição insular e dos se us bons po11os, disfrutava cm maior grau que qualquer outro país leis dos pobres. as «leis contra os pobres», como lhes chama Braudet ' ';''. empurraram-nos
europe u. ·alvo a Holanda »' '""'· Sem dúvida que isto é ve rdade, mas . dado que a geografia era para as úrc:1s rurais. para um modo de vida marginal. Por outro la<lo. é precis:i.mentc nesu . 1•
a mesma em sécul os anteri ores. fi camos na dúvida do porquê da repentina mudança. época que a Inglaterra começa a pensar na colonização ultramarina: cm primeiro lugar na
O que efecti vamcnre p:irece claro é que ex istiu urna mudança: na tecnologia indus- Irl anda, mais ou menos desde 1590, depois na América do None e nas Índi:i.s Ocidentais. No
tri al. no grau <l<' in J us1riali1..:ição. e correlativamente na população. K. W. Taylor, ao obser- caso da emigração exrerna. o alracrivo para os emigrantes era a mohil idadc social 1171 ' . Malowisr
var a duplicação da popul ação inglesa durante a governação dos Tudor, oferece duas expli· sugere que procuremos uma explicação da segunda \'aga da expansão europeia. que começa
caçc'X's: a paz. doméstica eu nova geografia do comérc io mundial, que mudou a localização da em fin s do sécul o XVI - a da Inglaterra. da Holanda e cm menor grau da França - . não ·
só nos fac tores comerciais, ami úde citados, mas rambém na necessidade d~ colocar o ellcc-
lnglaren-J no «mundo» e nt."ssa medida acabou com a concenrrnção da sua população no Sul
clcnte de popul ação. Ass inala que muiros consideram a expansão demogrifica como um
e no Leste . «Como uma pl anta num vaso, abandonada dura nre muito tempo no peitoril duma
estímulo à expansão económica. mas lembra-nos que cx isre um ponto óptimo. - ~s situações ·
janela e de pois transfo rida para um jardim, a economia da Inglaterra deitou novos rebentos e
económicas difíceis e cen as situações soc iais desfavoráveis ao progresso :conom":º pan:-
cem, por conseguinte. criar condições que favorecem a cmigrJção. inclusive a mats ams-
16·'- Tr~v or - R opt'r. Thr E11ropcan Witch-Cra:e. p. 70.
165. Ver folm U. N<f, "" Comparison of lndus1rial Growth in France nnd England from 1540 to 1640•,
169. K. w. Taylor. .. some Aspc.cts of Popul:nion Hi~tOí)'•, Canadia11Jourrtal 1if Erono11tics anel Po/, tical
in Th• C""'I""" vf tlir M•lfn w/ \Vt>r!.I (Ch i ca~o. Illinois: Univ. of Chicago Prcss. 1964), 144-212. Ver contudo
ns reservas de" P. J. llowllcn sohrl~ C'~ la hipó1csc in A,l!rarian llismry . IV, pp. 608-609. Uma apreciaç:lo mais s im~ Srie11rt'. XVI , Agosto 1950. 308. _ . En landDunng th<:TuJor
pática d:-i" r ~scs dl' Nef numa fnn ft' frnnrcsa cnrnntra-se em Gaslnn Zc llcr, «lndustry in France Beforc Colbert• , in . 170. Clark, IV1•11/1/i nf England, I" 51. V<r F;lwardToub< .• coe;m:nd~~~~~:~: ,.~ 05 modos !.<gundll os
Rondo C:uncrun, cd., Es.w1y.< i11 Fro1d1 E<'o110111ic: /listory (l!omcwood. Illinois: lrwin. !nc.. 1970). 128-1 39. Pcn.od• , !º~1rnal nf l:.'rnnrm1ic llistnry . tV. 14, f.c\'. 1 93~: ', 6 !·!~~·l,:,
0 cm as~unlus bi~it<'S nxntl nos triviais~
qmus os unigrantcs flamengos f<alterarnm os pndrõcs d.l "1da .m.~ ~~ ~ w Countrk!. 00 S l~tc.tnth and Seventecnth
t66. A produç;lo de caf\,lo cm NcwL"asllc passou de 30.000 toneladas anuais cm 1563-64 u 500.000 cm
1658-59. Ver Draudcl , Cfrili.<ation matéril'f /, •, p, 28 1. encontra-se cm John J, llforray . • ll1c Cullural lmpact of thc Flc;~· ~IJ Este 0 tllmbtm 0 pe.ríod<> dll prinu:irJ
9
Ccntury England)),American lliMorica l Rcdrw, LXll.4. Ju\ho 1 •PP· · ,~ ss.
167. Jcihn U. Ncf. • Thc J>rogress of Tcchnology and Growth of Largc-Scale lndustry in Greal Britain, 1540-
grande imigração galesa parn lnglatorra. Ver Bind<>ff. Tudor En.~ /<1nd. P· • ·
· 1IHO• . in Conque.<t r1' rhe Marrrial IVorld (Chicago. Illinois: Univ. of Chicago Prcss, 1964). 136.
168. l bid , p. t42. Ver Ncf novamcn1e: •A lngla1crra devia a sua cada vez maior independência e poder 171. Fishcr, Ern11omica. XX IV. P· 16. . N. Clark noto: . ;.. partir do ano dll Annada Espanhola a
económicos sobrcrudo à c ~p:tn s~o fenomenal do comé-rcio coslciro e do comércio terrestre e fluvial. E."la expansão 172. Braudel, Cmlism1on 11wrérirlle. P· 56. G. rerosdol'llrlam<nlo,dC'pOisporproclJ.mações.oonussões
foi poS5fve l rela exploração vigorosa dos recursos n:11urnis e dos mercados no interior da Grfl.· Bretanha. tão rica cm
Coroa tentoudeter a exp:uts:lo de Londres. pnmc1ro por De< ·
e proccdi~;~t~j,"~;~~~'.~a1:;r~/1~ r1,;,~~~:~)~j,~
4
minerais e bom sCllo e tão bem provida de portos que 1omavan1 possível o embarque de mercadorias por água a um 32_ 33 .
cus10 relarivnmcntc haixo pam lodos os portos nas Ilhas Britânicas•. War anti fl uman Progress. p. 111 .
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De facto. na d. ada de 1620 folh:irom ~mbus d um a ~·ez. Em 161 8. uma crise polí1ica em Praga
pôs ~m monmento 3S potêncins europcias. (...)Entretanto a economia europeia( ...) viu-se subi- ramos~ """l.
A_ ex plicação geográfi ca de Taylor. po ue fal a _
lamentc sncudida por uma grande depressão. a universal ~qu c:da do comércio» de l 62QllM1. ção à economia-mundo face ao argumento d· N f ~ da l'O'•Ç3o da Inglaterra em rela-
mais satisfatóri a, dado que aborda um elem: nt e suas. vamageru geográficas internas. é
De modo que nos voltamos uma vez mais para o funci onamento do sistema mundial. mais. se nos lembrarmos da nova importância d: que .prcw.amentc muda no !iécuio XVI. E
A reac:ção d:i lng laterr.i à ch:inuda -.crise do século XV II » foi um tanto diferente da de outros reforçado. Ainda a~sim. e por si mesmo, é in,u fi:::ci;~áltico_c atl&.mico. ~raciocínio sai
p;ifses. Estn é razão pt"lu qual el a pôde entrar na era do mercantili smo com muito maior força . Fr.mça. Talvez tenhamos de procura r no inrcrior da Fra::ça r:~~-ar a d'.~repaocia quant_o à . , ~ ..
Um aspe<·to d sta fon;a fo i o elevado grau de comerci alização da sua agricultura, um processo da nova geografia o mesmo panido que 3 Inglaterra e~ que ª 1mped1ram de tirar
que temos ' 'indo :i descl't'ver. A outr.1 face ta fo i a sua «industrialização».
Nor~-se além disso que a dupftcação da população ingle.a foi 5t'lect1 a. ·
John Nef argume nra que a lnglaterr.i sofreu urna «revolução industrial precoce» no 1 m~llco~ nao só u.rn crescimento demogrJfico mas também uma miigraç:io de qualidad= , ,_
periodo de 1540 a 1640 e que-. em comparação. tal não ocorreu em Françaº"''· Afim1a que emrgraç:o favo ravel. Por um l~d~, temos a rão a~smal ada emrada de an esãos rontincntais . '
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a mesma em sécul os anteri ores. fi camos na dúvida do porquê da repentina mudança. época que a Inglaterra começa a pensar na colonização ultramarina: cm primeiro lugar na
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lnglaren-J no «mundo» e nt."ssa medida acabou com a concenrrnção da sua população no Sul
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16·'- Tr~v or - R opt'r. Thr E11ropcan Witch-Cra:e. p. 70.
165. Ver folm U. N<f, "" Comparison of lndus1rial Growth in France nnd England from 1540 to 1640•,
169. K. w. Taylor. .. some Aspc.cts of Popul:nion Hi~tOí)'•, Canadia11Jourrtal 1if Erono11tics anel Po/, tical
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ns reservas de" P. J. llowllcn sohrl~ C'~ la hipó1csc in A,l!rarian llismry . IV, pp. 608-609. Uma apreciaç:lo mais s im~ Srie11rt'. XVI , Agosto 1950. 308. _ . En landDunng th<:TuJor
pática d:-i" r ~scs dl' Nef numa fnn ft' frnnrcsa cnrnntra-se em Gaslnn Zc llcr, «lndustry in France Beforc Colbert• , in . 170. Clark, IV1•11/1/i nf England, I" 51. V<r F;lwardToub< .• coe;m:nd~~~~~:~: ,.~ 05 modos !.<gundll os
Rondo C:uncrun, cd., Es.w1y.< i11 Fro1d1 E<'o110111ic: /listory (l!omcwood. Illinois: lrwin. !nc.. 1970). 128-1 39. Pcn.od• , !º~1rnal nf l:.'rnnrm1ic llistnry . tV. 14, f.c\'. 1 93~: ', 6 !·!~~·l,:,
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qmus os unigrantcs flamengos f<alterarnm os pndrõcs d.l "1da .m.~ ~~ ~ w Countrk!. 00 S l~tc.tnth and Seventecnth
t66. A produç;lo de caf\,lo cm NcwL"asllc passou de 30.000 toneladas anuais cm 1563-64 u 500.000 cm
1658-59. Ver Draudcl , Cfrili.<ation matéril'f /, •, p, 28 1. encontra-se cm John J, llforray . • ll1c Cullural lmpact of thc Flc;~· ~IJ Este 0 tllmbtm 0 pe.ríod<> dll prinu:irJ
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Ccntury England)),American lliMorica l Rcdrw, LXll.4. Ju\ho 1 •PP· · ,~ ss.
167. Jcihn U. Ncf. • Thc J>rogress of Tcchnology and Growth of Largc-Scale lndustry in Greal Britain, 1540-
grande imigração galesa parn lnglatorra. Ver Bind<>ff. Tudor En.~ /<1nd. P· • ·
· 1IHO• . in Conque.<t r1' rhe Marrrial IVorld (Chicago. Illinois: Univ. of Chicago Prcss, 1964). 136.
168. l bid , p. t42. Ver Ncf novamcn1e: •A lngla1crra devia a sua cada vez maior independência e poder 171. Fishcr, Ern11omica. XX IV. P· 16. . N. Clark noto: . ;.. partir do ano dll Annada Espanhola a
económicos sobrcrudo à c ~p:tn s~o fenomenal do comé-rcio coslciro e do comércio terrestre e fluvial. E."la expansão 172. Braudel, Cmlism1on 11wrérirlle. P· 56. G. rerosdol'llrlam<nlo,dC'pOisporproclJ.mações.oonussões
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m:ii' ur 11 lns:lalcrr.t 3 diC'l!Jr a C'!t'C' ("~u1hhno r f,~.10 ~ ("U!\la dr: um3 }!Ul'fTU 1nicm:i que
"'(~ 4 :il unlJ.."' fr•f\"ª' '"te!ofa\'od\C'I( e (''l:JlUl,ou al~un~:-" dJ' favor.hei' - J~sfov?rá\·cis N:i rcgiloquC", cm lnm( o' l.1110\. '•1deP•.m cd.. ntn• do 1..c.. rc llO Mtdikl"rineo. 11: Fr:aoça t.u1a
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A inflaç\o afretou o~ r\.·mlimcnto\ Ja nohf\'J;J, pan1cullm1cn1c o.s da tx1i.u nobrczo1' llu E~panh:i era f:vcr p:1rl\." dum 1,.·unJunu1m.1ior. o Império J n.. Flab-.bUfJ!O. llUt'. pt'lll rndl~
que \' l \'ia 1k n..·nd.1' fha ... f\.fa_, os: c~unp<mc'c!\ n:iu hendiciar:1m nud:1. como normalmente com CnrJos V, n:lo cnntn•la\•;1 r\.·aln1cnte. o pn•hlema cJ.1 frJnç.:s: crJ, :3 plntr Jc 15Si. \Cf·!>C
poc.Jcri:1 cspcrnr·,c. dc,•itlo à dcv:1s liJ\·âu pnKluLid:.1 pela ~uerm civi l. Uma importanlc come. ntr.ifda pelo mcnO!\ parn 1 rr:~ din:cçOC!o difc-rcnlc' O coração poliuco 00 p;w . - ('"ff! lf3ÇO\
<JUCnc:i11 foi o rnnnne aumr:nto d3 imponüm:i:i do aparelho Jc f-,rado. não só pela gr.indc grossos, o noroeste. incluindo ;1 capiral - v1.l·~ atraído p.:an1 um~ 1on:i l OOllncnl.11. 3 C"C.1J·
c"tpans:io do arrcndami:n10 de imposlo'i que se deu nessa época. ma..' também porque os nobres nomia que tinh.:i ~ido domimmlc no .. primr:UO• MXulo XVI. olOe. ('~13\.l "~ .l Amu&p:a.
que dcscja\•am ,nbrevivcr cconomic;:1men1c procuraram rcfúi;io fin:snceiro na Su.1 incorpo. mesmo depois do dcd fniodc., 131 1• : •• O nor()('\IC" C" o OC\IC" \1 am·)(' ..ur-.udcn PJ.D 3 nO\ .J; 1Xo-
r.-çào na Conc11tin'. nomi:1-mundo ~urope iu e para o seu com&cio a1l:i.n1ico C" báJuco ..' ' · O ' ui c'u'.:a 1 de!tCll·
A frJn\~a. ncs'a épocu. defronta'' ª o impor1anle problema de 1cn1ar rcorient.ur·sc no volver o si.srema de mllu)'u~r que discutimos 3.lltcrionncntc. como pane do mo,·1mcnto geral
"º"ºmundo ~uropt."u depois de Cate:1u -Cumbré~is. Não era carne! nem pci.tc. pois j:i não era
um im~rio, ma' 1ào·pout:o ainda uma nuç:1o·Esrado. Eslava organi1.ada ffi(tadc para o 1rnns·
UCI . Coomxrt, Hn MI' J'h1Jtr>1rr lrtmfJnÕ41" ri Jt'lt'IQ.'f '. XXV. p. 2-12
ponc 1crre~1rc e metade.~ p;ira o 1r:m~ponc m:u(1imo. O seu aparelho de llirndo era simulla· 18:!. •Que A niutrpb eoniinuauC' •atrair ~nlt Ot fDni..""t...~~ muna ~ I~~ t e tpliado
neamcntc dt:ma~iado fone e dcma~iado déhil. relu fr.iccionl lll("nfo '"""""'"º'"'"'> ecnnómiro da f nn("a. uni pah IMl,O C'Q\llpamt'TllO ~.ruruJ tT'I.. pan rnart..
Exi1;1em doi' 1c-rrcno' cm que csca ambiguidade de opções pode vcM1c claramente. Um 'nndt:mcn1c in'l'.uficicntc'•, bn C'r.1()-bcch, •lt\ fDnÇa.t, c1 An' "' 1111 X\'J• ukk• -'"""''*''
C.5 C . ,\'VJL J,
~b1o·lunho 1% 2. S48. N~ ,C'ftbdr, \U\ltnuNtf.c~nk"mmtt 1M4!f.t 11Cfttt • fO,.Jc~ &l"IO' Ói: Cft"""nntnm
~ o do comtrcio. o outro o da polí1ica e da rclig_i:lo. A realidndc d:L~ zonts económicas de r.lptdo ru inJú«n~ inJlc"' l 1$50·1(IXIJ fooam tm Fnnç' um rtfl<'dodc rttroc~.o· ('~Jr aft~ Ma:rnol l4 1wld~
1964~. p. 146
18 .l , Ver J JI, P:ury••("olorual Or-vdopnmu.and lntrnurJl)ft.I.) Rnalt) Qu1,Klt F.worr 1 Anmc..a ... .v~
17-1 M..alo-.1\1, A11NJl<1 C..S C.. XVII, p 929. CaMhrulxr M r"'1ar. ll/JIN) , Ili: R. o. Y.'cmh.am, ed. n, C~N,.,.R,,Vl""111'M oN1 ,~/"nu '"°'IUUNI,
JjJt).
17.5 Hriudcl.f'l11/uotwn mu:l,.,,lft. p. 37. Lublln\\":1)'1 noc:s ql)C l\IOtn tkítndi<lopor A.de Monlchttcicn · IOIO (1.omlre) r No.,·:i forque: Can1Md'Ff Univ f"n'l~. I~>. .HO fl A lnn" ll\\tnJb .. 'l:a rnman mcute do
jJcm 161.5. VrrFflrtr liA'>u>lurnm.p 1)2. \lculn XVI. ª '° frota' rc'~UC'U11\ nc1 Novo Mundo unlum ~n<"llftd.-J rnncipa.lmc-ntc j ~·· Tlr, ("Cid ruNn"
176 " Ule"oe- con1udo• que P1en t' f'.oob<rt defende C4UC' 1 populitÇfo (n.m·c\~ crr'K'.ni fifm('mcnlt d"ranlc o Cl'e..._ llot\'C'fl: Y.t't Vmv Prt,\. llMOJ, <l'J T1n10 °""puno' du Cat1.tl romo ett W b t'C'..1• r"\Ult'lm t n'N '"1do!i. O
\lculo XVI arcw du $'.UC'r r.n tthg1t~.u . •Rec.·e n1 Theor1e~ Md H.e"°arch in french Populatlon bet...,·em ISOO and C'tlmtn:K> ena lll• c:uen_..o qur-dt' rodu.m \&lporUI .. l p OOl.içlodum c •ccdat-.t dt" reue 'C'•'º f\1'11 o mrr\'lldt'1 m1lk•.
1700... m O \1 G lal\ t U I~ C Enn lc:). cd\. l'1.11iutarwn 1-: llutnry ll..ondre•: Arnold, 196.S). 46$. Do momo modo, Jrmrun nuu : .. N._, t'Ãpt'djç(ic:, rna.nflln.ü frant"t'M; .o Hü uro. o fnl'IC"JP"I p;Jj'CI t (_ )
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Crnn tn f rance ftum lhe S1•ftn1h w 1tw E.ighrttnth CcnlUI)•, m lJ. V. GU\\ t O E.C. ilH·nJcv. «b.. l't'f'Ml4timt tncnlt da 1"unnandia. e cnttt °' nomundon .a ,me dt Dtc-~ t ~ 1 r~ru/p/'J.rlvt/I fi' ~'w:1al· flNI
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Sarr,.,, ( \h!Jo l"nutrt hli1. C1~ptnt1. 19.571. li 1001 tÃportad..a\ m11nufa::tur.1\ e wntÇ•""-· t um romb\;1o dJ lht>C"au.. M qo..uJ o u! e o , lftb:f mm°' t'flnclf.191' produtO\
11'J \'tr ltr1odel. ln .\fld11"""u1ü. r. "41/ Ver l!mi k Coom:acn, .. Lt, 4!chõlngodc U fl"2fX'c ª''~ l 'AIJc· tktAporuçlo Vn L)1 hc-, 71., úuNNflofSrflflm•rl.pp 172· 1"~· Ocomtn-N'I ~ aa muuo iru.at .o que m
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indub11~~<'l quC' a l" 'Pºl:l\··io dn rr.uwa n l.1''ª ,1c n<wo l'ttui lilir:h .1 • i ns ,..m.n mu muito si1uuçi\o 110 início do -.teu lo XVI:
m:ii' ur 11 lns:lalcrr.t 3 diC'l!Jr a C'!t'C' ("~u1hhno r f,~.10 ~ ("U!\la dr: um3 }!Ul'fTU 1nicm:i que
"'(~ 4 :il unlJ.."' fr•f\"ª' '"te!ofa\'od\C'I( e (''l:JlUl,ou al~un~:-" dJ' favor.hei' - J~sfov?rá\·cis N:i rcgiloquC", cm lnm( o' l.1110\. '•1deP•.m cd.. ntn• do 1..c.. rc llO Mtdikl"rineo. 11: Fr:aoça t.u1a
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180, \er l knn fl.w1tr, •Thc Cba.:acttmhc 1 c.tMe!.of frmth Economic 111.uory frmi lhe Middlc of the produlO\ ve1ruü cspedficO:\,•mM 11ntwn um nJ'd rtllb urnrtlt alw dr ltcrua 1ndu)tnal •mlx" M:nWn tttmo
Snk'Cnlh CC1l.IUI}' 10 d'C' \IKldk oi lhe EIVU:ttnlh CcnNry•. &0Mm1C' UurDrJRt\·I~'. IV, 3,0ut. 1931. 261-262. t ntrtpo.\IO'I p:111 btn!I CAótkO\ vinru\ dt kWl!t' lpp. 17.&· l 7~)·.

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do Mediterrâneo cristão para a produção primária, para uma agricultum capitalista oricntad
para a exportação• 1s•1. a
muiro pc_sados e volumosos 0 transporte á . . .. •
. :ara Henri Hauser este conjunto vari~gado de activi~ades e orientações criou uma cunstânc1as [com a exccpção de gado vív: " gua ser 0 m<us =móm1co nn todas li! cir- , .,.,.
«s1tuaçao feliz cm que (a França] podia prescindir dos seus vmnhos, ao passo que estes nã que nos referimos anteriormente, foi provav~I · O dc:sen~olv~!O da fluyr holan<lcsa. a : · • : · ·
podiam prescindir de la» ci ~>. Inc~usive , ele ~uer chamar a isto «autarcia». Em minha opiniã~ Inversamente, no século XVI 0 trdnsponc te=~:• du"'." irnporut,"\Cia chave neMe aspecto. ', .' ~~.",.
trata-se _exactame~te do cont~o. duma situação em que a França é uma soma de forças mais eficiente e mai s seguro para 0 transporte d~ ~ continuava a ser um meio rrum bara10. ·
econón11cas ccntnfugas. O desejo de contrariar este fracc10namento é que leva os controla- preço e de metais preciosos"'">. mens. de nunu.facturai hgeir.15 e de alio
dores do apare lho de Estado a moverem-se tão espectacularmente para o reforçar, para criar Que s1gmficado tem isto par4 a França' Já • •
o Estado mais fone da Europa, que se conveneria, com Luís XIV, no próprio modelo, para os XVI como girando em volta da~ tentat ivas ·da ;:scn~~pc>l mcaoo "Pflme1m ·~lo· ·
seus contemporâneos e para a história, da monarquia absoluta. economia-mundo europeia num rmpéno-mu0 d0 A ç.a das panha para t.-arufcmnarcm a '
tentativas estavam pnmanam pesar exploraçõci. do Atlã.·mco. esta.• '
U ma das fontes cruciais do dilema económico da França surge duma mudança no . ente onentadas para as rotas terrestres De foc:o e' t.a pode ter '
substrato tecnológico da economia-mundo europeia. sido uma cau~a s~plement~r do seu fracasso. A política do "segundo~ ~lo X\'I fm onen- .- ·
Para apreciar a sua imponância, devemos primeiro dissecar alguns dados contraditórios t~d~ para a cnaçao de naçoes-estados coerentes capaus de obter , anu.geos polí1JCO<Omer-
sobre os custos re lati vos do transporte marítimo e terrestre na Europa pré-industrial. Por um c1a1s no quadro dum~ ~conom1a-mundo não impenal. Estas tent<ttJvas °'-uvam prtrP.anamr.nte
lado está o argu mento frequente e aparentemente óbvio de que na Europa pré-industrial «o onentadas para a max1ma ut1hzação das rotas marítimas (externas e imem:isl '\s vamagrns
transpone terrestre era ainda extraordinariamente caro, e as nações que tinham o maior con- geográficas_ naturais dos Países Baixos do None e da Inglaterra forom-lh~ m:mo weis neste
trolo sobre o comércio marítimo asseguravam o crescimento económico mais rápido» <1861. Mais ca~o. A poht1ca da França exprimia uma tens3o, amiúde não explicitada. entre aqudes que se
onentavam para a terra e aqueles que o faziam para 0 mar"" '. A dif~ critica en..-e a França.
ainda. como s ugere Kristof Glamann, a teoria dos círculos que se alargam como resultado das
relações económicas aplica-se particularmente ao comércio marítimo. De facto, diz ele, «O
por ~m la~o, e a Inglaterra e as Províncias Unidas. por outro. era que. no =
~~taS últimas.
a m:entaçao para o mar e o desejo de construir uma organização pol.ítica e unu ~ia ,.
comércio internacional [via rotas marítimas] é em muitos casos mais barato e mais fácil de
nacional fortes eram opções compatíveis, enquanto que para a França. devido à sua geografia.
e.stabelecer que o comércio interno» 1187 >. Por outro lado, Wilfrid Brulez assinala: elas eram de cena modo contraditórias.
No século XVI, (... ) o transpon e terrestre mantinha um papel primordial. Este facto é indiscutí- A primeira indicação fone que temos disto surge das controvénias religiosa5 e das~
vel no caso do comércio entre os Países Baixos e a Itália: embora contando com Antuérpia, guerras civis.que sacudiram a França desde amorte de Francisco ll. em 1560. alé à paz pro- : .. •
uma saída marítima de primeira categoria e, o que ainda é mais, um centro mundial , os Países clamada no Edito de Nantes em 1598.
Baixos processavam a esmagadora maioria das suas relações comerciais com a Itália por via Observemos brevemente algumas das coordenadas geográficas e de classe da IUUI .
terrestre. [O comércio marítimo] entre os dois países existia, mas a sua importância não passou religiosa. Enquanto a França esteve orientada fundamentalmente para uma lutarom o Império
de mínima 0881 • Habsburgo e contou com Lyon como candidato a centro supremo do comércio internacional.

A situação parecia ser diferente no século XVII. Que se tinha passado? Muito simples.
t89. Glamann. Fontano Economic History of brop•. ti. p. 31.
Parece que, embora tenha havido nesta época melhorias tecnológicas tanto no transporte 190. Ver Jacques Hccrs, -.Rivalité ou collaboration de la tmc ct de l'eau'? Pos.ition g~ de.s problt-
marítimo como no terrestre, o ritmo desse progresso foi diferente, até ao ponto de «para bens mes• , U s grandes \'O;es maricimes dans lt monde . .\l'f-.YV/~ sitclts, Vll• Colloque. Commi:s.s:ioc Inetm!iona!c
d"HiSJoire Maritime (Paris: S.E.V.P.E.N., t965). 47-50.
t 91. Ver esla discussão por A. L Rowse de como o Esudo francis falhou em servir os irumsses dos
grupos oriemados para o mar em meados do século XVI: ..Na décad3 de 1550 os intrusos franceses C!>U\'IITl
184. •Como era praticada. a métayage parecia ser um modo de produção essencialmenle capi1alista, in~o cada vez mais activos nas indias Ocidcnuis. Mas pela trégua de 1556 a Franç..s h.-citoo a n ii;éncia de Ftlipc l1
ao cnconlIO das necessidades dos proprietários burgueses•. G. E. de Falguerolles, •La décadence de l'économ1c de proibição do comércio, excepto com sua esprcial licença - que não se podc:na espera fosse d3da proo.ta-
agricole dans lc Consular de Lempau1 aux XV!l' e1 XVIII' siecles•. Annales du Midi. Lili, 194t , 149. De Falgue- mente, podemos supor. Os capitães de mar franceses rccusaram-st 3. xeiur ~te f:h..io. mas n:.o tir.harn o apoio
rolles defende que a origem deste sistema deve encontrar-se nos débitos acumulados pelos pequenos possuidores do seu governo. Contraste com a Ingl:uerra de Isabel: o facto de a lngl:nemi ser prolC'S'.a.-u.e era uma vanu.gem
da terra como consequência da subida dos imposlOs reais e da inflação do fim do século XVI. Ver PP· 142-146. inestimável· deu-nos mão livre e não fomos mais refreados e repelidos como os franc~s o foram. MllS pelo
Ele vê o sistema como colocando um fardo enorme sobre a 1erra, ao exigir que ela tomasse possível: (1) pagamen- 1ra1ado deflnilivo de Ca1eau-Cambrtsis (1559). Henrique li. no inreru.<e da uni<bde rnólic.l. renunciou a
los de taxas por exponações de trigo; (2) pagamentos de rendas à burguesia (partilha de cereais. vegetais. produtos qualquer iniciativa francesa na América do Sul. (...) O que a França não ~rdeu com os m~rá\cis (e onodo-.
animais, lijolos. colheita de Outono. colheita da primeirn árvore); (3) permitir que homens e gado subsistissem._A xos) Valais! o facho passou para as mãos do almirante Colig.ny. o li~r hu_guenoce. o vcnhdc:~ npoc:ntc com
combinação dos três fardos levou à calástrofe por volta do século XVJll: •Exaustão da terra, ruína da burguesia, vistas largas dos interesses da frIDça•. The Eli:almhans and Ammca (No~• lorqu<: M:icM1llan. 1959). 7·8.
mistria da população rural (p. 167)-.
t 85. Hauser, Economic History Rel'iew. IV, p. 260.
As paix~s protcsuntcs de Rowse devem sem dú~~ida ser descontadl.s. M~ ªna~i~m~':!ª.to :;:_r:
grupos diferentes em f rJJtça. e as suas consequên<1_as para o pap<l da F':~ do seu dc.:línio o~ Polónia t
186. K. Berrill, Economic History Re\'iew. 2. 1 série, XII, 3. p. 357. sensatos. O ponto acerca do protestantismo, como Já d1scunmos q~.00 oo contexto duma economia-mundo
187. Glamann. Fomana Economic History of Europe. II, p. 7. que aqueles que tinham in1ere~ses no _n_ovo surto de º 3 \ÕC~,~~.1:simboliundoumaopo5içã.o aopodcrimpc-
188. Wilfrid Brutez, Studi in onore di Amintore Fanfani. IV, 125. Mais ainda, acrescenta Brulez, parecem
ser os mesmos factores que respondem pela maior pane do comércio terrestre anglo-italiano nesta altura: •Cc11os ~~d~":l~;/~~';Zucuon~so;,~~::S':!~~~~~~::i:v: =~e U:tinum<t1le ligad• à Coon-Reforma após Caieau-
têx1eis, que eram o coração do comércio anglo-italiano. nunca usavam a rota marítima a não ser secundariamente, e ·Cambrésis.
continuaram, atravts do século, a ser transponados por lerra [p. 126)•.
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do Mediterrâneo cristão para a produção primária, para uma agricultum capitalista oricntad
para a exportação• 1s•1. a
muiro pc_sados e volumosos 0 transporte á . . .. •
. :ara Henri Hauser este conjunto vari~gado de activi~ades e orientações criou uma cunstânc1as [com a exccpção de gado vív: " gua ser 0 m<us =móm1co nn todas li! cir- , .,.,.
«s1tuaçao feliz cm que (a França] podia prescindir dos seus vmnhos, ao passo que estes nã que nos referimos anteriormente, foi provav~I · O dc:sen~olv~!O da fluyr holan<lcsa. a : · • : · ·
podiam prescindir de la» ci ~>. Inc~usive , ele ~uer chamar a isto «autarcia». Em minha opiniã~ Inversamente, no século XVI 0 trdnsponc te=~:• du"'." irnporut,"\Cia chave neMe aspecto. ', .' ~~.",.
trata-se _exactame~te do cont~o. duma situação em que a França é uma soma de forças mais eficiente e mai s seguro para 0 transporte d~ ~ continuava a ser um meio rrum bara10. ·
econón11cas ccntnfugas. O desejo de contrariar este fracc10namento é que leva os controla- preço e de metais preciosos"'">. mens. de nunu.facturai hgeir.15 e de alio
dores do apare lho de Estado a moverem-se tão espectacularmente para o reforçar, para criar Que s1gmficado tem isto par4 a França' Já • •
o Estado mais fone da Europa, que se conveneria, com Luís XIV, no próprio modelo, para os XVI como girando em volta da~ tentat ivas ·da ;:scn~~pc>l mcaoo "Pflme1m ·~lo· ·
seus contemporâneos e para a história, da monarquia absoluta. economia-mundo europeia num rmpéno-mu0 d0 A ç.a das panha para t.-arufcmnarcm a '
tentativas estavam pnmanam pesar exploraçõci. do Atlã.·mco. esta.• '
U ma das fontes cruciais do dilema económico da França surge duma mudança no . ente onentadas para as rotas terrestres De foc:o e' t.a pode ter '
substrato tecnológico da economia-mundo europeia. sido uma cau~a s~plement~r do seu fracasso. A política do "segundo~ ~lo X\'I fm onen- .- ·
Para apreciar a sua imponância, devemos primeiro dissecar alguns dados contraditórios t~d~ para a cnaçao de naçoes-estados coerentes capaus de obter , anu.geos polí1JCO<Omer-
sobre os custos re lati vos do transporte marítimo e terrestre na Europa pré-industrial. Por um c1a1s no quadro dum~ ~conom1a-mundo não impenal. Estas tent<ttJvas °'-uvam prtrP.anamr.nte
lado está o argu mento frequente e aparentemente óbvio de que na Europa pré-industrial «o onentadas para a max1ma ut1hzação das rotas marítimas (externas e imem:isl '\s vamagrns
transpone terrestre era ainda extraordinariamente caro, e as nações que tinham o maior con- geográficas_ naturais dos Países Baixos do None e da Inglaterra forom-lh~ m:mo weis neste
trolo sobre o comércio marítimo asseguravam o crescimento económico mais rápido» <1861. Mais ca~o. A poht1ca da França exprimia uma tens3o, amiúde não explicitada. entre aqudes que se
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ainda. como s ugere Kristof Glamann, a teoria dos círculos que se alargam como resultado das
relações económicas aplica-se particularmente ao comércio marítimo. De facto, diz ele, «O
por ~m la~o, e a Inglaterra e as Províncias Unidas. por outro. era que. no =
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a m:entaçao para o mar e o desejo de construir uma organização pol.ítica e unu ~ia ,.
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e.stabelecer que o comércio interno» 1187 >. Por outro lado, Wilfrid Brulez assinala: elas eram de cena modo contraditórias.
No século XVI, (... ) o transpon e terrestre mantinha um papel primordial. Este facto é indiscutí- A primeira indicação fone que temos disto surge das controvénias religiosa5 e das~
vel no caso do comércio entre os Países Baixos e a Itália: embora contando com Antuérpia, guerras civis.que sacudiram a França desde amorte de Francisco ll. em 1560. alé à paz pro- : .. •
uma saída marítima de primeira categoria e, o que ainda é mais, um centro mundial , os Países clamada no Edito de Nantes em 1598.
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de mínima 0881 • Habsburgo e contou com Lyon como candidato a centro supremo do comércio internacional.

A situação parecia ser diferente no século XVII. Que se tinha passado? Muito simples.
t89. Glamann. Fontano Economic History of brop•. ti. p. 31.
Parece que, embora tenha havido nesta época melhorias tecnológicas tanto no transporte 190. Ver Jacques Hccrs, -.Rivalité ou collaboration de la tmc ct de l'eau'? Pos.ition g~ de.s problt-
marítimo como no terrestre, o ritmo desse progresso foi diferente, até ao ponto de «para bens mes• , U s grandes \'O;es maricimes dans lt monde . .\l'f-.YV/~ sitclts, Vll• Colloque. Commi:s.s:ioc Inetm!iona!c
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t 91. Ver esla discussão por A. L Rowse de como o Esudo francis falhou em servir os irumsses dos
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184. •Como era praticada. a métayage parecia ser um modo de produção essencialmenle capi1alista, in~o cada vez mais activos nas indias Ocidcnuis. Mas pela trégua de 1556 a Franç..s h.-citoo a n ii;éncia de Ftlipc l1
ao cnconlIO das necessidades dos proprietários burgueses•. G. E. de Falguerolles, •La décadence de l'économ1c de proibição do comércio, excepto com sua esprcial licença - que não se podc:na espera fosse d3da proo.ta-
agricole dans lc Consular de Lempau1 aux XV!l' e1 XVIII' siecles•. Annales du Midi. Lili, 194t , 149. De Falgue- mente, podemos supor. Os capitães de mar franceses rccusaram-st 3. xeiur ~te f:h..io. mas n:.o tir.harn o apoio
rolles defende que a origem deste sistema deve encontrar-se nos débitos acumulados pelos pequenos possuidores do seu governo. Contraste com a Ingl:uerra de Isabel: o facto de a lngl:nemi ser prolC'S'.a.-u.e era uma vanu.gem
da terra como consequência da subida dos imposlOs reais e da inflação do fim do século XVI. Ver PP· 142-146. inestimável· deu-nos mão livre e não fomos mais refreados e repelidos como os franc~s o foram. MllS pelo
Ele vê o sistema como colocando um fardo enorme sobre a 1erra, ao exigir que ela tomasse possível: (1) pagamen- 1ra1ado deflnilivo de Ca1eau-Cambrtsis (1559). Henrique li. no inreru.<e da uni<bde rnólic.l. renunciou a
los de taxas por exponações de trigo; (2) pagamentos de rendas à burguesia (partilha de cereais. vegetais. produtos qualquer iniciativa francesa na América do Sul. (...) O que a França não ~rdeu com os m~rá\cis (e onodo-.
animais, lijolos. colheita de Outono. colheita da primeirn árvore); (3) permitir que homens e gado subsistissem._A xos) Valais! o facho passou para as mãos do almirante Colig.ny. o li~r hu_guenoce. o vcnhdc:~ npoc:ntc com
combinação dos três fardos levou à calástrofe por volta do século XVJll: •Exaustão da terra, ruína da burguesia, vistas largas dos interesses da frIDça•. The Eli:almhans and Ammca (No~• lorqu<: M:icM1llan. 1959). 7·8.
mistria da população rural (p. 167)-.
t 85. Hauser, Economic History Rel'iew. IV, p. 260.
As paix~s protcsuntcs de Rowse devem sem dú~~ida ser descontadl.s. M~ ªna~i~m~':!ª.to :;:_r:
grupos diferentes em f rJJtça. e as suas consequên<1_as para o pap<l da F':~ do seu dc.:línio o~ Polónia t
186. K. Berrill, Economic History Re\'iew. 2. 1 série, XII, 3. p. 357. sensatos. O ponto acerca do protestantismo, como Já d1scunmos q~.00 oo contexto duma economia-mundo
187. Glamann. Fomana Economic History of Europe. II, p. 7. que aqueles que tinham in1ere~ses no _n_ovo surto de º 3 \ÕC~,~~.1:simboliundoumaopo5içã.o aopodcrimpc-
188. Wilfrid Brutez, Studi in onore di Amintore Fanfani. IV, 125. Mais ainda, acrescenta Brulez, parecem
ser os mesmos factores que respondem pela maior pane do comércio terrestre anglo-italiano nesta altura: •Cc11os ~~d~":l~;/~~';Zucuon~so;,~~::S':!~~~~~~::i:v: =~e U:tinum<t1le ligad• à Coon-Reforma após Caieau-
têx1eis, que eram o coração do comércio anglo-italiano. nunca usavam a rota marítima a não ser secundariamente, e ·Cambrésis.
continuaram, atravts do século, a ser transponados por lerra [p. 126)•.
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,. , - a tolerância religiosa foi possível 11n1. Depois de Cateau-Cambrésis esta necessi~ade financeira Nas cidades, os pequenos ar/e sãos e lendeiros a" h · . .
1

'· '' ,_ internacional de tolerância religiosa desapareceu. Ao mesmo temp~, a prosperidade de ~yon lação e pelo periódico colapso da capacidade a ~~ ;'.m -se visto a!Jngi_dos por uma forte tribu-
como a de 1557. Os jornaleiros viam crescer! s uva.~ral nlo seguimento de más colheitas, 1,, - •. , _
declinou, tanto pela sua menor importância como centro finance1r? como ~arque foi um
importante campo de batalha nas guerras de religiiio 0911 • As guerras tinham. um~cado. ~uir:is os salários e como a crescente influência e rigide~~;~:-o:s ~~~:~t~ mais rapidamente que .. \ ",1,
maioria para a mestrança. (... ) {JO r b oqucavam o avanço da
forças díspares, cuja política ficava frequentemente separada das suas motwaçoes origma1s,
como costuma acontecer no meio do calor de longas agitações políticas. No entanto, pode- Depois de 1559 a nobreza 1miu·.re ao mm·imento em ivande número, es~cialmenre no Sul. ( )
'·l Só [em 1573 J_a organização hugueno1c alcançou o ~cu desenvol vimento pleno num amplo ~o
ríamos deslindar alguns dos fios . O relato de Hurstfield das origens das guerras civis na
que se estendia desde o Daupltiné através da Pro»ença e do Lan11 uedoc até 0 a i arn e a Guienne.
New Cambridge Modem History é o seguinte: T~I como nos Pafse~ Baixos, a revolução triunfante lcnd ia a tomar-se lorali:ada. tanlo por uma
Em França. durante este período, a tensão entre a monarquia e a nobreza explodiu numa longa a!Jança com os sent1ment~s provinctats contra as interferências do governo central como las
.,, ..I \ esperanças da situação m1htar!l9s1. pc
e sangrenta luta. É bem conhecido, evidentemente, que as guerras civis francesas tiveram
causas seculares não menos poderosas que as causas religiosas.( ... ) O movimento calvinista em
. Em rea~ção a isto surgir~ uniões locais católicas, fazendo também finca-pé na sua
França tinha ganho, cm primeiro lugar, em meados do século XVI, os mercadores e os artesãos;
idenudade reg10nal e nas suas aspirações à (tradicional) autonomia provincial. Os localistas"
e os seus primeiros mártires - como na Inglaterra mariana - provieram das camadas mais
de Paris puser:im-se do lado da Liga ?1tólica "'°'· Mais ainda, ambos os campos estavam ligados ·,
humildes. Mas quando começaram as guerras civis em 1562, a nobreza. tanto a alta como a pro-
1 1 / '•• vincial, tinha-se unido a ele, e de facto tinha tomado o seu controlo. Os seus contemporâneos a forças exteriores, os huguenotes a Inglaterra e aos príncipes prolestantes da Alemanha. os -
cm França reconheciam a importância de distinguir entre ambas as alas do movimento des- católicos a Roma e aos governantes da Espanha e da Sabóia. "Assim, todos os movimentos ' ' ·' ~- '
crevendo um dos grupos como «huguenotes de religião» e o outro como «huguenotes de Esta- revolucionários do período estavam ligados a poderes e interesses exteriores às suas frontei- ~ -- . · 1 .
do•. Estes últimos representavam muito mais que uma dissenção religiosa. Representavam a ras nacionais» !197!, .-

velha hostilidade das famílias govemanles da França provincial para com o poder de Paris, a O rei Henrique III, tentando arbitrar a luta, acabou atingindo e enfrentando ambos os-'
Coroa e o aliado desta, a Igreja Católica, e, sobretudo, os Guise, a família mais estreilamenlc campos. Num certo sentido foi um brilhante golpe láctico tenlar apaziguar o conflito por meio -~ , ~.\~:
identificada com esta Igreja e mais furiosamente oposta aos objectivos e interesses dessas do reconhecimento do pretendente protestante, Henrique de Navarra (Henrique IV), como seu
casas nobres provincianas e com frequência em decadência. (0 uso tradicional da expressão sucessor, com a condição de se fazerca16lico. Foi então que Henrique IV produziu a sua famosa
•nobreza provincial• confunde em parte a questão: a maior parte dos seus membros leria sido frase: «Paris vau/ une messe». Note-se que era Paris, não a França, e que foi Henrique de
considerada em Inglaterra como pertencente não à nobreza, mas às famílias dos cavaleiros e da Navarra quem o disse.
gentry) 11941•
Henrique IV mudou de campo, coisa que foi fácil dado que as suas motivações eram- ,.«-r'-w
Hurstfield traça assim um quadro da França próximo do de Trevor-Roper sobre a diferentes das da sua base de massas . A nobreza afas1ou-se então em geral do conflito, e
Inglaterra, com o campo contra a Corte, e tal quadro evoca a mesma falta de clareza que a fez-se católica, o que tomou mais difuso o conteúdo religioso do conflito e nessa medida
analogia inglesa: estava a nobreza (ou a gentry} em «ascensão» ou em «queda»? No interesse enfraqueceu a oposição política 1198 l. Também frustrou as classes baixas, que se lançaram
. de quem agia, na prática, o Estado? nas iradas mas relativamente ineficazes jacqueries 11991 • No fim os huguenotes estavam
- Punhamas ao lado de Hurstfield o quadro que Koenigsberger nos traça no mesmo
volume da Cambridge History:
19S. H. G. Koenigsberger, .westem Europe and the Power of Spain•. Ntw Cambridge Modem Hinory.
Depois da bancarrota de 1597, Henrique Il extraiu mais sele milhões de libras, em imposto5 UI: R. B. Wcmham, ed., The Counter-Reformation and lhe Prict Rt1·0/urion, 1559-1610 (Londres e Nova Iorque:
extraordinários, dos seus infelizes súbditos. No entanto, tinha-se chegado ao limite. Havia revol- Cambridge Univ. Press, 1968), 281-282, 290. O itálico é nosso. Note-se que Koenigsbcrger fala da influência cres-
tas camponesas na Normandia e no Lang11edoc. Os nobres, se bem que isentos dos impostos, cente das corporações. John U. Nef faz a seguinte comparacão: •Mas durante o final do século XVI e o inicio do
sé.culo XVII o sistema corporarivo estava a começar a cederem lnglatcrra. ao mesmo tempo que estava a ser reforçado
tinham gasto os seus rendimentos e hipotecado ou vendido as suas possessões ao -serviço do e alargado cm França•. lndusrry and Government, p. 1.S .
rei, nos grandes resgates exigidos pela libertação de nobres prisioneiros depois do desastre de 196. Ver Koenigsbergcr, New Cambridgt Modern History , IIl, pp. 302-303.
S. Quentin (1557). (... ) · 197. lbid., p. 292.
198. •A religião era a força de ligação que mantinha juntos os in1eresses divergentes das dik=tes classes
e lhes fornecia uma organização e uma máquina de propaganda capaz de fonnaros primeiros partidos genuinamente
.talianos 192. •Em 15S2, para cobrir as despesas da "jornada alemã", o rei, ou antes, Toumon, apelou não só para os nacionais e internacionais da história europeia moderna; pois estes panidos nunca abraçavam mais doque.uma_minona
t mas p_ara doJS Augsburgo, os irmãos Zangmeister, e para Georg Weikrnan de Ulm os tri!s estabelecidos de cada uma das classes suas consrituimes. Era através da religião que eles podiam apelar às cbsscs maJ.S bat~as e às
cm Lyon. O rei t~~ estes ~gentes da finança anü-imperialis1a sob protecção, garantiu a s~a liberdade religiosa massas para descarregarem a ira da sua pobreza eo desespero do seu desemprego em pilhagens faníticas ecm massacres
e promet~~-lhes Sigilo>. Henn _Hauser, Journa/ of European Businus History, U, p. 247. bárbaros •. Koenigsberger, New Cambridge Modun Hisrory, III. pp. 306-307. .
.ão A 3. • Em França a cnse de St. Quentin foi seguida quase imediatamente pela irrupção das guerras de reli- , 199. • Quando os partidos perderam o seu ímpeto re\'olucionário e abandonaram• pregação do seu con-
g1 ·.da
gora a cidade de Lyon estava pan1culanncnte exposta por causa da sua posição geográfica. Foi ocupada. teudo social, eles perderam rapidamente o apoio das classes mais baixas. As devastações causadas pelas guerns
~~S~a7c'.:'i:1;~.~ ;:,.~::: i~~~~'';ds~ugucnotes, e ameaçada por todos os inimigos da França. com 0 Duque da Liga e a miséria crescen1e dos camponeses franceses produz.iram um número crescente de 010\omlCnt~ campo-
neses dirigidos contra os senhores e as suas rendas, conua o clero e as SU3S dízimas e coorra os colecrorcs de ~postos
194. Hurstlield. Ntw Cambridge Modem Hütory, UI, p. JJJ. e a sua raille-, mas não quiseram saber de religião ou partidos políticos. Esw jacquerits culminaram no movunenlo

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,. , - a tolerância religiosa foi possível 11n1. Depois de Cateau-Cambrésis esta necessi~ade financeira Nas cidades, os pequenos ar/e sãos e lendeiros a" h · . .
1

'· '' ,_ internacional de tolerância religiosa desapareceu. Ao mesmo temp~, a prosperidade de ~yon lação e pelo periódico colapso da capacidade a ~~ ;'.m -se visto a!Jngi_dos por uma forte tribu-
como a de 1557. Os jornaleiros viam crescer! s uva.~ral nlo seguimento de más colheitas, 1,, - •. , _
declinou, tanto pela sua menor importância como centro finance1r? como ~arque foi um
importante campo de batalha nas guerras de religiiio 0911 • As guerras tinham. um~cado. ~uir:is os salários e como a crescente influência e rigide~~;~:-o:s ~~~:~t~ mais rapidamente que .. \ ",1,
maioria para a mestrança. (... ) {JO r b oqucavam o avanço da
forças díspares, cuja política ficava frequentemente separada das suas motwaçoes origma1s,
como costuma acontecer no meio do calor de longas agitações políticas. No entanto, pode- Depois de 1559 a nobreza 1miu·.re ao mm·imento em ivande número, es~cialmenre no Sul. ( )
'·l Só [em 1573 J_a organização hugueno1c alcançou o ~cu desenvol vimento pleno num amplo ~o
ríamos deslindar alguns dos fios . O relato de Hurstfield das origens das guerras civis na
que se estendia desde o Daupltiné através da Pro»ença e do Lan11 uedoc até 0 a i arn e a Guienne.
New Cambridge Modem History é o seguinte: T~I como nos Pafse~ Baixos, a revolução triunfante lcnd ia a tomar-se lorali:ada. tanlo por uma
Em França. durante este período, a tensão entre a monarquia e a nobreza explodiu numa longa a!Jança com os sent1ment~s provinctats contra as interferências do governo central como las
.,, ..I \ esperanças da situação m1htar!l9s1. pc
e sangrenta luta. É bem conhecido, evidentemente, que as guerras civis francesas tiveram
causas seculares não menos poderosas que as causas religiosas.( ... ) O movimento calvinista em
. Em rea~ção a isto surgir~ uniões locais católicas, fazendo também finca-pé na sua
França tinha ganho, cm primeiro lugar, em meados do século XVI, os mercadores e os artesãos;
idenudade reg10nal e nas suas aspirações à (tradicional) autonomia provincial. Os localistas"
e os seus primeiros mártires - como na Inglaterra mariana - provieram das camadas mais
de Paris puser:im-se do lado da Liga ?1tólica "'°'· Mais ainda, ambos os campos estavam ligados ·,
humildes. Mas quando começaram as guerras civis em 1562, a nobreza. tanto a alta como a pro-
1 1 / '•• vincial, tinha-se unido a ele, e de facto tinha tomado o seu controlo. Os seus contemporâneos a forças exteriores, os huguenotes a Inglaterra e aos príncipes prolestantes da Alemanha. os -
cm França reconheciam a importância de distinguir entre ambas as alas do movimento des- católicos a Roma e aos governantes da Espanha e da Sabóia. "Assim, todos os movimentos ' ' ·' ~- '
crevendo um dos grupos como «huguenotes de religião» e o outro como «huguenotes de Esta- revolucionários do período estavam ligados a poderes e interesses exteriores às suas frontei- ~ -- . · 1 .
do•. Estes últimos representavam muito mais que uma dissenção religiosa. Representavam a ras nacionais» !197!, .-

velha hostilidade das famílias govemanles da França provincial para com o poder de Paris, a O rei Henrique III, tentando arbitrar a luta, acabou atingindo e enfrentando ambos os-'
Coroa e o aliado desta, a Igreja Católica, e, sobretudo, os Guise, a família mais estreilamenlc campos. Num certo sentido foi um brilhante golpe láctico tenlar apaziguar o conflito por meio -~ , ~.\~:
identificada com esta Igreja e mais furiosamente oposta aos objectivos e interesses dessas do reconhecimento do pretendente protestante, Henrique de Navarra (Henrique IV), como seu
casas nobres provincianas e com frequência em decadência. (0 uso tradicional da expressão sucessor, com a condição de se fazerca16lico. Foi então que Henrique IV produziu a sua famosa
•nobreza provincial• confunde em parte a questão: a maior parte dos seus membros leria sido frase: «Paris vau/ une messe». Note-se que era Paris, não a França, e que foi Henrique de
considerada em Inglaterra como pertencente não à nobreza, mas às famílias dos cavaleiros e da Navarra quem o disse.
gentry) 11941•
Henrique IV mudou de campo, coisa que foi fácil dado que as suas motivações eram- ,.«-r'-w
Hurstfield traça assim um quadro da França próximo do de Trevor-Roper sobre a diferentes das da sua base de massas . A nobreza afas1ou-se então em geral do conflito, e
Inglaterra, com o campo contra a Corte, e tal quadro evoca a mesma falta de clareza que a fez-se católica, o que tomou mais difuso o conteúdo religioso do conflito e nessa medida
analogia inglesa: estava a nobreza (ou a gentry} em «ascensão» ou em «queda»? No interesse enfraqueceu a oposição política 1198 l. Também frustrou as classes baixas, que se lançaram
. de quem agia, na prática, o Estado? nas iradas mas relativamente ineficazes jacqueries 11991 • No fim os huguenotes estavam
- Punhamas ao lado de Hurstfield o quadro que Koenigsberger nos traça no mesmo
volume da Cambridge History:
19S. H. G. Koenigsberger, .westem Europe and the Power of Spain•. Ntw Cambridge Modem Hinory.
Depois da bancarrota de 1597, Henrique Il extraiu mais sele milhões de libras, em imposto5 UI: R. B. Wcmham, ed., The Counter-Reformation and lhe Prict Rt1·0/urion, 1559-1610 (Londres e Nova Iorque:
extraordinários, dos seus infelizes súbditos. No entanto, tinha-se chegado ao limite. Havia revol- Cambridge Univ. Press, 1968), 281-282, 290. O itálico é nosso. Note-se que Koenigsbcrger fala da influência cres-
tas camponesas na Normandia e no Lang11edoc. Os nobres, se bem que isentos dos impostos, cente das corporações. John U. Nef faz a seguinte comparacão: •Mas durante o final do século XVI e o inicio do
sé.culo XVII o sistema corporarivo estava a começar a cederem lnglatcrra. ao mesmo tempo que estava a ser reforçado
tinham gasto os seus rendimentos e hipotecado ou vendido as suas possessões ao -serviço do e alargado cm França•. lndusrry and Government, p. 1.S .
rei, nos grandes resgates exigidos pela libertação de nobres prisioneiros depois do desastre de 196. Ver Koenigsbergcr, New Cambridgt Modern History , IIl, pp. 302-303.
S. Quentin (1557). (... ) · 197. lbid., p. 292.
198. •A religião era a força de ligação que mantinha juntos os in1eresses divergentes das dik=tes classes
e lhes fornecia uma organização e uma máquina de propaganda capaz de fonnaros primeiros partidos genuinamente
.talianos 192. •Em 15S2, para cobrir as despesas da "jornada alemã", o rei, ou antes, Toumon, apelou não só para os nacionais e internacionais da história europeia moderna; pois estes panidos nunca abraçavam mais doque.uma_minona
t mas p_ara doJS Augsburgo, os irmãos Zangmeister, e para Georg Weikrnan de Ulm os tri!s estabelecidos de cada uma das classes suas consrituimes. Era através da religião que eles podiam apelar às cbsscs maJ.S bat~as e às
cm Lyon. O rei t~~ estes ~gentes da finança anü-imperialis1a sob protecção, garantiu a s~a liberdade religiosa massas para descarregarem a ira da sua pobreza eo desespero do seu desemprego em pilhagens faníticas ecm massacres
e promet~~-lhes Sigilo>. Henn _Hauser, Journa/ of European Businus History, U, p. 247. bárbaros •. Koenigsberger, New Cambridge Modun Hisrory, III. pp. 306-307. .
.ão A 3. • Em França a cnse de St. Quentin foi seguida quase imediatamente pela irrupção das guerras de reli- , 199. • Quando os partidos perderam o seu ímpeto re\'olucionário e abandonaram• pregação do seu con-
g1 ·.da
gora a cidade de Lyon estava pan1culanncnte exposta por causa da sua posição geográfica. Foi ocupada. teudo social, eles perderam rapidamente o apoio das classes mais baixas. As devastações causadas pelas guerns
~~S~a7c'.:'i:1;~.~ ;:,.~::: i~~~~'';ds~ugucnotes, e ameaçada por todos os inimigos da França. com 0 Duque da Liga e a miséria crescen1e dos camponeses franceses produz.iram um número crescente de 010\omlCnt~ campo-
neses dirigidos contra os senhores e as suas rendas, conua o clero e as SU3S dízimas e coorra os colecrorcs de ~postos
194. Hurstlield. Ntw Cambridge Modem Hütory, UI, p. JJJ. e a sua raille-, mas não quiseram saber de religião ou partidos políticos. Esw jacquerits culminaram no movunenlo

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entrincheirados reg ionalmente de fonna mais forte que nunc~;inham perdido as suas tinha o preço sido ainda pago na totalidade. A era de l.uít XIII e~ Rid.dieu seria ainda
con regaçõcs no Norte e no Leste, e continuavam fortes .no Sul . . tes temunho de custos ulteriores. Não olxtante, para calcular este preço dev~ volt.ar agora
- g Uma das tensões subjacentes era claram ente reg ional. Por um l~do, a Nonnandta e à situação geral da cconomía·mundo.
a Bretan ha tendiam a afas tar-se do re sto: por outro. o mes mo s ucedia com a totalidade O a longo » século XVI chegava ao fim . E, 33\Ím o afirma a maioria dos hi11oríadoreJ. · · · ·
rdo Sul. c ujo ,,c;paiali mo tinha permanecido latente d.esde a sua derrota no .sécul? XIII. As existem provas de que havia uma cris.e. Uma ou várias cri ~\'! P01'que hou"e uma recc.<.~ ióo
razões de ta ten~ão eram c m ambos os casos que a cnação de uma economia ~ac~onal ~o~e económica na década de 1590, uma ainda maior na década de 1620. e o que ;<fgum coo_~i · _
servia mais pa ra limitar do que para ampliar as oportumdades .de l~cro d~s notavc1s locais: a deram o golpe de misericórdia por volta de 1650. Nilo nm alarg.arem!n e~\ Í~amente
' bu rgu~ia do oe~te marítimo, que pret endia ~tilizar o seu dmhetro mais para penet~ar no na discussão so bre as data~ - sobre se o ponto de corte ideal é 1622. 1640 o u 1650. ,
comé rcio ailfi nti co-báltico do que parn construir uma burocracia de Estado e um cxérctto; os Spooner argumenta, de facto, que um dos elemento~ c have a observar wbre este #.p onw e
capitafo1115 proprietários do Sul, que pretendi am um. mercad~ intemaciona~ livre. Os par- divi sória culminantes» do «longoh sécu lo XVI foi que o ponto de infledo W\e estend-::u
ti d~ ri o~ do centro não tinham uma orie ntação an11cap1tah sta. Tmham uma onentação essen- ao longo dum período de tempo bastante amplo-..<m•. Escolhemos como data terminal. por
cia lmente intermédia: reforce mos primeiro o Estado, e as poss ibilidades comerciais apare- diversas razões, a de 1640, mas não nos comprometemos, me ~mo <úsím, a nãu ultrapa ~ ~
cerão a seguir. este limite. A questão fundamental, no entanto, é que. virtualmente sem excepção. os hím>-
Do mesmo modo que em Inglaterra , a monarquia estava apanhada na contradição de riadores aceitam a ideia de que houve algum tipo de ponto de inflexão crítico numa altur.l
dc -.ej ar a criação duma economia nac ional baseada em novas forças que pudessem concorrer 3
qualquer desta época '"' ' . •
com êx ito na no ,·a economia-mundo e ao me smo tempo cons tituir a cúpula dum sistema de Em que consiste ele? Em primeiro lugar. numa inversão dos preç~. no fim da infla-
.rraru.s e pri v i légio~ baseado em força~ wc ialme nte conservadora5. Desej ando não escolher ção de preços que tinha sustentado a expansão económica da economia-mundo eu~i2. '
imprudentemente, o rei- tanto cm França co mo na Ing laterra - sentia-se m ais à vontade na A tendência dos preços não se inverteu de repente . É decisivo para a compreensão ~te .
sua preferência ari m>erática do que no papel de introdutor do no vo. O que diferia, no entanto, período e do subsequente desenvolvimento da economia-mundo ver que. em geral , e:>5:3
era que cm Inglaterra o5 elementos ca pitali sta\ nascentes, tanto rurai s comu urbanos, sentiam inversão aconteceu primeiro no Sul que no Norte, primeiro no ~s te que no Le~t.e e pn-
que tinham muito a ganhar com um a econom ia nacional ma i5 forte . A França. no entanto, meiro nas áreas marítimas que no interior do cvntineme a:><'. Exi'1iu um de.s fa:umemo. e
tinha clemento5 mercan tis que sentiam que estavam a ser sacrificados a uma Paris remota, de não poucos anos.
e uma agricultura capitalista no Sul cuja estrutura e. portanto, cuj as necessidades estavam Em Espanha o s problemas começaram pouco depois da derrota da Invencível Armada. -
mais perto das dos proprietários fundiários de p a íses periféricos como a Polónia (que pre· No entanto, o comércio ainda teve os seus altos e baixos. Os dados de Chaunu apre ·ernam .º
cisavam acima de tudo duma economia aberta) do que das dos proprietários ingleses em cujos ano de 1608 como ponto culminante do comércio atlântico espanhol. Depois vem uma espécie
domínio5 estavam a crescer as novas indús trias a domicílio. Na Inglaterra havia um sentido de planalto até 1622. que Chaunu atribui às qualidades economicamente terapêuticas da paz
em que o rei podia conw com que os se us oposi tores se refreassem, dado que a sua activi· temporária 1= i, seguida duma descida definitiva. A derrota político-militar da Armada lrrven-
dade .. nacional n ia a favor dos seLL5 interesses " ªcurto prazo». Em França. o rei não podia cível. no entanto, não fez mais do que furar um balão já cxce55ivamente ade lgaçado pelo
faz.é-lo e teve que usar mei o5 mais severos para manter o país unificado; daí a guerra civil esgotamento da base de recursos da prosperidade espanhola.. A ellploração espanhola ~ ~ •· ,
na segunda metade do século XVJ e o centralis mo burocrático que apareceria na primeira metade Américas tinha sido particularmente destrutiva. uma espécie de caça e colheita primitivas
do século XVII.
O preço, no entanto, foi elevado. As guerras de religião facilitariam a ascensão do desfavorávelousodoEstadoromo a~entc~ordeint= existmtnm!lSamcaçados~~pri!JQcorr:=··
ab~l uti smo. Mas, como acrescenta Mous nier. «Ao contrário do que aconteceu na Inglaterra, Na Alemanha, a multiplicidade de autoridades significava a~ dos l'l'ICfCados • rcmuua • =~!:oda d'1s
o desenvolvimento do comé rcio, da indústria e da burguesia foi travado""'"' >. Nem tão-pouco corporações e do monopólio urbano. •Em França. também. o poder <W corporações un!u sido coruiõcn....,lm<n:<
reforçado por volu do fim do stcu lo. por meio das ordenações de 158 l e 1591• .• Europca~ Ecaxxn><: Dcvclopmem
in lhe Sixt..,nth Century~. South A/rica Journa/ of Economic1. XVIII. 1. 1950. 46. . . .
202. Frank C. Spooner, • Thc European Economy. 1609-50». N"" Cambrid_ge Mo&rn lfurory. [\ : ! ·.P·
do. Croquar:u na FratlÇ.' central e meridional cm 1594-95. T ravaram uma baulha campal conua uma liga desenho- Cooper, cd., The Decline of Spain and the Thirry Yean' War , 1609-48149 (Lrodres e Novo tOJqUC: Ca..."'l.."ndgc t,;mv.
"'" fomiada com o unico propó!.110 de as derrotar. Esu e mu ita.• irrupções similares no século XVII lançaram uma Prcss, l 970). 69. i:
:~~~~".";b~d"."':.~: rural e o •istema fiscal da França: mas permaneceram sem efeito potflico a~ à rev<>- 203. Excep10 tal vez Rcné Bae lsrel, que vai contra a cmn:nlt e indica uma ta.. de preço C()('10 ~
de 1594 a 1689, naquaJ t628-55é simplcsmenteo pcriodoimedU!o. Ver Urucrousana: 1'1B=eProw -,,..,,,,1c
A ~ y.icqucrits ~são difkcis de explicar cm vista do que Lc Roy Ladurie descreve como a ·dupla pauperi·
..,
z.at;•<,. '°fndapel0< nfvm mais baixos do campe,inato do Languedoc nos anos l 550-1590· • A que afligia os peque- (finXV/';~~l~~;~~~~.;.,s~;·~~~·~~~~~~;end.ln<.., rrl.ljcurcdcsptúctdc>xtivittsr.i XVTI' siecle-•.
:::~~~~~3~.;~1~úmero aumcn1:3'1a ~~ di~isão de terras. sem que o rend imento real por unidade Srudi in onore di Amintore Fanfani. IV: E\'O moderno (Milão: Don. A. G1ufflt-Ed .. 19621. 231. .,
205. • A paz é ulvez o segredo princi pal desta manutenção tà:> ~ul do trifico pan além':" 1608- l-.
•ualariadm. como resultado da q = ~:':'O: ~:~:ufa~,~':zs~~=~~i.ºp~ ~';;afligia os trabalhadoreS at6 1619-22, dos pouco mais de dez anos que separam por um.a longa h<siuçao o cloro fll!I da f= ascendem~ m.ma ·
1
~: ~ :,~o;'.~'f,~Xf.·::;;,. c_ambrid~e MOtÚrn lfiJtory, 111. p. 3 14. Prosperidade que já não existia e o ponto exacto de inicio da fase dechmnte do Al.~--o .sp».hol•. ~ O>aunu.
um efeito cwnul•tivo
'
.,.;i,• como H. 'M ·/~~·defende.
I03. O efertocconóm1co negativo das Guerras de Religião teve
•onde as condiçõc.1 económicas tiveram uma evolução
Shil/e er l'Atlaniique (1504·1650/ , Vol. Vlll 12 bi.s): .lA conjoncturet/59J ./650 1(1'2ru: S.E V J>.L .... .. 1959). 889.
Ver tambl!m pp. t404- l405.

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entrincheirados reg ionalmente de fonna mais forte que nunc~;inham perdido as suas tinha o preço sido ainda pago na totalidade. A era de l.uít XIII e~ Rid.dieu seria ainda
con regaçõcs no Norte e no Leste, e continuavam fortes .no Sul . . tes temunho de custos ulteriores. Não olxtante, para calcular este preço dev~ volt.ar agora
- g Uma das tensões subjacentes era claram ente reg ional. Por um l~do, a Nonnandta e à situação geral da cconomía·mundo.
a Bretan ha tendiam a afas tar-se do re sto: por outro. o mes mo s ucedia com a totalidade O a longo » século XVI chegava ao fim . E, 33\Ím o afirma a maioria dos hi11oríadoreJ. · · · ·
rdo Sul. c ujo ,,c;paiali mo tinha permanecido latente d.esde a sua derrota no .sécul? XIII. As existem provas de que havia uma cris.e. Uma ou várias cri ~\'! P01'que hou"e uma recc.<.~ ióo
razões de ta ten~ão eram c m ambos os casos que a cnação de uma economia ~ac~onal ~o~e económica na década de 1590, uma ainda maior na década de 1620. e o que ;<fgum coo_~i · _
servia mais pa ra limitar do que para ampliar as oportumdades .de l~cro d~s notavc1s locais: a deram o golpe de misericórdia por volta de 1650. Nilo nm alarg.arem!n e~\ Í~amente
' bu rgu~ia do oe~te marítimo, que pret endia ~tilizar o seu dmhetro mais para penet~ar no na discussão so bre as data~ - sobre se o ponto de corte ideal é 1622. 1640 o u 1650. ,
comé rcio ailfi nti co-báltico do que parn construir uma burocracia de Estado e um cxérctto; os Spooner argumenta, de facto, que um dos elemento~ c have a observar wbre este #.p onw e
capitafo1115 proprietários do Sul, que pretendi am um. mercad~ intemaciona~ livre. Os par- divi sória culminantes» do «longoh sécu lo XVI foi que o ponto de infledo W\e estend-::u
ti d~ ri o~ do centro não tinham uma orie ntação an11cap1tah sta. Tmham uma onentação essen- ao longo dum período de tempo bastante amplo-..<m•. Escolhemos como data terminal. por
cia lmente intermédia: reforce mos primeiro o Estado, e as poss ibilidades comerciais apare- diversas razões, a de 1640, mas não nos comprometemos, me ~mo <úsím, a nãu ultrapa ~ ~
cerão a seguir. este limite. A questão fundamental, no entanto, é que. virtualmente sem excepção. os hím>-
Do mesmo modo que em Inglaterra , a monarquia estava apanhada na contradição de riadores aceitam a ideia de que houve algum tipo de ponto de inflexão crítico numa altur.l
dc -.ej ar a criação duma economia nac ional baseada em novas forças que pudessem concorrer 3
qualquer desta época '"' ' . •
com êx ito na no ,·a economia-mundo e ao me smo tempo cons tituir a cúpula dum sistema de Em que consiste ele? Em primeiro lugar. numa inversão dos preç~. no fim da infla-
.rraru.s e pri v i légio~ baseado em força~ wc ialme nte conservadora5. Desej ando não escolher ção de preços que tinha sustentado a expansão económica da economia-mundo eu~i2. '
imprudentemente, o rei- tanto cm França co mo na Ing laterra - sentia-se m ais à vontade na A tendência dos preços não se inverteu de repente . É decisivo para a compreensão ~te .
sua preferência ari m>erática do que no papel de introdutor do no vo. O que diferia, no entanto, período e do subsequente desenvolvimento da economia-mundo ver que. em geral , e:>5:3
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que tinham muito a ganhar com um a econom ia nacional ma i5 forte . A França. no entanto, meiro nas áreas marítimas que no interior do cvntineme a:><'. Exi'1iu um de.s fa:umemo. e
tinha clemento5 mercan tis que sentiam que estavam a ser sacrificados a uma Paris remota, de não poucos anos.
e uma agricultura capitalista no Sul cuja estrutura e. portanto, cuj as necessidades estavam Em Espanha o s problemas começaram pouco depois da derrota da Invencível Armada. -
mais perto das dos proprietários fundiários de p a íses periféricos como a Polónia (que pre· No entanto, o comércio ainda teve os seus altos e baixos. Os dados de Chaunu apre ·ernam .º
cisavam acima de tudo duma economia aberta) do que das dos proprietários ingleses em cujos ano de 1608 como ponto culminante do comércio atlântico espanhol. Depois vem uma espécie
domínio5 estavam a crescer as novas indús trias a domicílio. Na Inglaterra havia um sentido de planalto até 1622. que Chaunu atribui às qualidades economicamente terapêuticas da paz
em que o rei podia conw com que os se us oposi tores se refreassem, dado que a sua activi· temporária 1= i, seguida duma descida definitiva. A derrota político-militar da Armada lrrven-
dade .. nacional n ia a favor dos seLL5 interesses " ªcurto prazo». Em França. o rei não podia cível. no entanto, não fez mais do que furar um balão já cxce55ivamente ade lgaçado pelo
faz.é-lo e teve que usar mei o5 mais severos para manter o país unificado; daí a guerra civil esgotamento da base de recursos da prosperidade espanhola.. A ellploração espanhola ~ ~ •· ,
na segunda metade do século XVJ e o centralis mo burocrático que apareceria na primeira metade Américas tinha sido particularmente destrutiva. uma espécie de caça e colheita primitivas
do século XVII.
O preço, no entanto, foi elevado. As guerras de religião facilitariam a ascensão do desfavorávelousodoEstadoromo a~entc~ordeint= existmtnm!lSamcaçados~~pri!JQcorr:=··
ab~l uti smo. Mas, como acrescenta Mous nier. «Ao contrário do que aconteceu na Inglaterra, Na Alemanha, a multiplicidade de autoridades significava a~ dos l'l'ICfCados • rcmuua • =~!:oda d'1s
o desenvolvimento do comé rcio, da indústria e da burguesia foi travado""'"' >. Nem tão-pouco corporações e do monopólio urbano. •Em França. também. o poder <W corporações un!u sido coruiõcn....,lm<n:<
reforçado por volu do fim do stcu lo. por meio das ordenações de 158 l e 1591• .• Europca~ Ecaxxn><: Dcvclopmem
in lhe Sixt..,nth Century~. South A/rica Journa/ of Economic1. XVIII. 1. 1950. 46. . . .
202. Frank C. Spooner, • Thc European Economy. 1609-50». N"" Cambrid_ge Mo&rn lfurory. [\ : ! ·.P·
do. Croquar:u na FratlÇ.' central e meridional cm 1594-95. T ravaram uma baulha campal conua uma liga desenho- Cooper, cd., The Decline of Spain and the Thirry Yean' War , 1609-48149 (Lrodres e Novo tOJqUC: Ca..."'l.."ndgc t,;mv.
"'" fomiada com o unico propó!.110 de as derrotar. Esu e mu ita.• irrupções similares no século XVII lançaram uma Prcss, l 970). 69. i:
:~~~~".";b~d"."':.~: rural e o •istema fiscal da França: mas permaneceram sem efeito potflico a~ à rev<>- 203. Excep10 tal vez Rcné Bae lsrel, que vai contra a cmn:nlt e indica uma ta.. de preço C()('10 ~
de 1594 a 1689, naquaJ t628-55é simplcsmenteo pcriodoimedU!o. Ver Urucrousana: 1'1B=eProw -,,..,,,,1c
A ~ y.icqucrits ~são difkcis de explicar cm vista do que Lc Roy Ladurie descreve como a ·dupla pauperi·
..,
z.at;•<,. '°fndapel0< nfvm mais baixos do campe,inato do Languedoc nos anos l 550-1590· • A que afligia os peque- (finXV/';~~l~~;~~~~.;.,s~;·~~~·~~~~~~;end.ln<.., rrl.ljcurcdcsptúctdc>xtivittsr.i XVTI' siecle-•.
:::~~~~~3~.;~1~úmero aumcn1:3'1a ~~ di~isão de terras. sem que o rend imento real por unidade Srudi in onore di Amintore Fanfani. IV: E\'O moderno (Milão: Don. A. G1ufflt-Ed .. 19621. 231. .,
205. • A paz é ulvez o segredo princi pal desta manutenção tà:> ~ul do trifico pan além':" 1608- l-.
•ualariadm. como resultado da q = ~:':'O: ~:~:ufa~,~':zs~~=~~i.ºp~ ~';;afligia os trabalhadoreS at6 1619-22, dos pouco mais de dez anos que separam por um.a longa h<siuçao o cloro fll!I da f= ascendem~ m.ma ·
1
~: ~ :,~o;'.~'f,~Xf.·::;;,. c_ambrid~e MOtÚrn lfiJtory, 111. p. 3 14. Prosperidade que já não existia e o ponto exacto de inicio da fase dechmnte do Al.~--o .sp».hol•. ~ O>aunu.
um efeito cwnul•tivo
'
.,.;i,• como H. 'M ·/~~·defende.
I03. O efertocconóm1co negativo das Guerras de Religião teve
•onde as condiçõc.1 económicas tiveram uma evolução
Shil/e er l'Atlaniique (1504·1650/ , Vol. Vlll 12 bi.s): .lA conjoncturet/59J ./650 1(1'2ru: S.E V J>.L .... .. 1959). 889.
Ver tambl!m pp. t404- l405.

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só escapa como mais ou menos 1590-1670 é um ,
levadas a cabo com uma rccnologia avançada'""'>. Ncsrc processo. Espanha .esgotou us ª desa tm i. penodo de rxpansão agrícola holan-
71
ª
rerras e os seus homens. Mais ainda, a Espanha não só esgotou mão-de-obra índrn: esgotou,
Por que ra1..'lo teria estado rclauvamcnte tão isolada a Eur
por outras forma s, como vimos, a sua própria mão-de-obra t'.º • _ • •
ventos da pouca sorte? Chaunu tem uma explicação que é um tan opa do Norocsre contra os ,
., •• .! • Uma consequência muiro importante foi a queda na 11nportaçao ~e melais preciosos.
os preços do Noroeste da Europa aumentaram menos accntu~º complcJta No ~éculo XVI -
Por exemplo, a importação anual média de metais preciosos para Sevilha procedenle das
• T
devido ao atraso na chegada dos metais preciosos N0 damen1e que em fu panha
Américas no período 1641-1650 foi 39% da do período 1591-16~ no caso d~ prata, e só_ 8%
oblinha sempre parte dos seus metais preciosos atr~ é dentanto, 0 Noroeste da Europa
' no do ouro. A produção de melais preciosos tinha caído «VÍlima da mexorável lei da d1mmu1ção
metais preciosos introduzidos por contrabando foi au~~~ w.º dconrrabando A proporção de
e.•>"~-. dos rendimcnros marginais e da queda dos lucros»tlOMt. No entanto, dad? qu: o comérc.io não
°
Nessa medida, o impacto innac1onário do ouro e da prata~ n cobm 3 passagem do 1empo.
, diminuiu de repeme - de facro conlinuou a expandir-se - a desvalonzaçao era mevnável.
percentagem sobre o impacto total precisamente quando : contra ando estava a crescer cm
. Aqui , pela primeira vez, a exisrência de uma única economia-mundo de desenvolvi- . O d E d N 0
preços espanhóis começavam a
...... ~} mcnro nacional desigual era uma diferença crucial. Os países do Noroeste da Europa desva- decair. « s preços a ~ropa o _orte, por causa da sua menor rcccpt1v1dade a0<; facrores
lorizaram muiro menos que os da Europa do Sul. Cenlro e Leste t'W>_ Falamos eviden1emen1e depressivos, tendem as~im a aproximar-se dos níveis de preços espanhótS• º '••. Isto arec~
._dos preços dos merais preciosos. René Baehrel faz uma brilhanre digressão na qual demons- um tanto descabe_lad_o, Já .que a sua plausibilidade depende de assumirmos que não ~ouve
tra que as variações dos preços dos melais preciosos não estão necessariamenle relacionadas nenhuma queda significativa na oferta absoluta em oposição à ofena relati\'J de metai pre-
com as variações dos preços. e que os homens !ornam as suas decisões económicas reais ciosos de c~ntra?ando, o que, segundo o que pode inferir-se dos números de Spooncr. prova-
fundamentalmente em termos destes últimos t2 'º1• É significativo no entanto que faça isto num velmente nao foi o caso.
livro dedicado à discussão da economia dos séculos XVII e XVIII. A. D. Lublinskaya assi- Pierre Jeannin parece estar mais perto da verdade ao analisar a resistência do Noroeste ,,.
nala que o que distingue o século XVII do século XVIII é precisamente o faclo de que, a da Europa às forças depressivas como consequência d3s vantagens que esta regiiio derinha / "· ·
partir de 1615, existe pela primeira vez «um movimento i11depe11de11te dos preços, que 11ão no interior da economia-mundo <2171 • Cila a localização geográfica (no Atlântico. numa encru-
depende das entradas de ouro e prata»º "'· Afirma que esre fac10 marca o fim da «revolução zilhada de caminhos entre os celeiros e bosques do Nordeste e os países necessitados das ·
· · · dos preços». Ruggiero Romano insiste em que a desvalorização se agrava subitamenle nos suas exportações): as capacidades industriais (enraizadas no passado. como os tecidos ingle-
' anos 1619-1621 : ~ o que importa é a inlensidade do fenómeno » tm>. Havia tal abundância de ses e holandeses; ou no potencial económico libertado pela extensão da economia interna-
dinheiro cm 1619 que o juro baixou até 1,2%, «a taxa de juro mínima absoluta de todo o período cional, como o ferro sueco). Além disso, a própria expansão das forças produri vas no Norte
1522-1625»(.?tJj. supunha um crescimento contínuo da população precisamente num momento de declínio •
Da depressão geral escapam apenas a Holanda e em certa medida (imediatamente demográfico da região mediterr.1nica. Pierre Chaunu calcula que emre 1620 e 1650 a popula-
veremos em que medida) a Inglaterra (lt•>. De facto, Romano argumenta que a Holanda não ção do Império passou de vinte para sete milhões, diminuindo a população da Itália dois milhões _ ., ... 1

entre 1600 e 1650. Re/atimmente protegidas desta queda demográfica estavam a lnglaterrn e. · · · •
desta vez, a França tl tK> .
. :?.06. •Toda a Amfrica do século XVI tinha sido pc:nsada como um gigantesco campo de colheita (cliamp
de auille~e). A acumufaç!lo. quer por umJ simpleS' tmnsferência para ril"C'uitos comerciais de potenciais riquezas Como fenómeno geopolítico, isto significava o fim do Atlântico espanhol e o cstabc-· ·
""'":'u~. dUl'JJlte sécul~~ de trabruho esréril ou pelo esgrnvorar do filões superficiais ou solos junto a vias de trans- lecimento dum Atlântico europeu <Jr91_ A guerra, cujo reacender em 1624 assinala de fac10 um
:::~ uso~::;~~~! ª.rr:i' es dum 1 ~1cmi~d1d.rio, a~nJs graças ao paliari vo da humanidade' dos índios. Mas o pri- golpe esmagador na economia espanhola, começou com o ataque holandês à colónia portu- 0 '
como bem que não SC~C'e~~: ~:1t~1nha sido d_c srru1~or dit hom( ns sem tju alquer cuid;1do em conserv~-los. usados .~ .
em sttcnta anos. A ~10 dc as ~~~ D~qu'. a r.1p1da ~:taus13.o da área semeada em quartnla nnos, de toda o terra
import>do•. Chaunu. ibiJ.. pp. ~ J. onrações do século XVII terem de fazer inteiramente uso de trabalho
1 14 215 . Ver Romano, Rfriua .rtorica italiana. LXXIV. p. 516. Glamann indica• prl'pósiro rorqu< t que isto ·- ·
chega no fim. Ele nota que o papel dos cereais b:llticos na Europa declina em significado •r<ls 1650. • d:iqu1que o ' ·
~7. Ver ibid.. pp. 1~23- 1~ 25.
~.a~I ~conómic~ dos holandeses decline. por causa do surgimento duma nova auto-suficifnci:1 nn c~ais ru1 Euro~ ~ ,._ .
208. Spooncr. Nr• · Camhridge Mo.lern ltisrory, IV, p. 79. lend1onnl e Ocidental. Fomana Economic /listory of Europ<, li, r-~2 . 1.io pode por SU3 \ 'CZ ""' «phcado em p:ine
209. Spooner roma ISIO claro como cristal in ib 'd Q dro
Holand:! são as nuis resistentes à desvalorizaçao • p 1d ." e!:: li (p. 86) e Mapa 1 (p. 87). A lnglatcrr:l e a
0 nza. nova e Espanha as m•nos. A França t só muito
por uma redu\'30 da população (lalvez) e em maior medida pelo oumento tontll da produt ivid:rdc como da •xtensâo
d~ lerra arável, o que paro a Europa Meridional era parte da sua pc:riferizoç3o. Mais oind.>. n• ronrt'llC\·Ao d.u con<>-
hsezr.imente melhor que a Espanha. '
. . 210. Ver Baehrel. Une Croissance. PP 2-20· também R
m13-_mundo europeia de 1650-1750, a Inglalerr:l achou lucrativo manter as SU3S pnlprias bol>nças comemllls (.m
iu .
pru•. ln E•-rrJ11i/ de /' hiJtoire ,·franre · hom · à ené Baehrel. «F.conomie e1 hisroirc à propos dcs n!veis elevados, ao dirigir para áreas periféricas algum do comtrcio inremru:ionol de cernis que em época.< mais
Ba<tzr.I conclui este anigo: • Dê-se are~ç:lo :~~-~-~iomt~"" Feb"~' (Paris: Lib. Annand Colin, 1953). I. 287-310. lucra1ivas tinha detido.
:"falar de "biombos económicos"! Lucien Febvre ensin~~'.:,':'~ • "".'omenda M~ Bloch. Precisaremos também 216. Chaunu, Sél'il/e, VIII (2 bis), p. 90. .
1
poder
r> que elas forneciam um3 fol5.l segurança Pod d' ma 'ez que a Objecç:lo de Lutero :ls indulgêncios m. . 2 ~ 7. •A prosperidade gozada pc:lo Noroeste não t um~ fonn• ru, groç•. con<Tdid:r por um q':,~';;~nros
;: ~ . ~ublinskaya, _Frenrh AbsolurÍsm , ;.~~os zz•r o mesmo ac•rca dos preços-metal? [p. 31 O]•. es 1Steno~o, resu.lta de ~ousas mtemas, ~ntre as quais um mv•nririo resumido disllnguc npi~~~:ices tntraui
llJ: lbo;;"'º· ~tl'IJfa storira italiana , LXXIV. p. 522. ~tu".1'~ ecoll.Juntur:us~. Piem Jeannm, • usrontptes duSundcommesou=pour ~co;n'(IUCI. g 325
Quadro m . . p. 525. Ronuno extraJ estes números de Ci de 1 3 ctivnt économique en Europe (XVl'-XVll' si~cles)- , Rtl'ut hist1>rique, CCXXXI. Abril-Junho IC/6.l . ~Ú 3·
. , 1~Crero que Ro1Tl3no copiou mal o número de CipoU ~la. ~Noue sulle sroria dei saggio d ' interesse•, 2 18. Ver Pienc Chaunu •Réílexions sur lc toumanr dcs années 16'0-16.."!P. Cahrers áhr.<toire, · ·
(967. 259-260.
- . VerRuggiero Romano,•Encorela crisede 1619~2 ' \'ena ser 1,1 %. . '
- •. Anna/es E.S.C., XIX, 1. Jan.-Fev. 1964, 33. 219. Ver Lublinskaya, Frenc/1 Abso/urism, p. 52.
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só escapa como mais ou menos 1590-1670 é um ,
levadas a cabo com uma rccnologia avançada'""'>. Ncsrc processo. Espanha .esgotou us ª desa tm i. penodo de rxpansão agrícola holan-
71
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rerras e os seus homens. Mais ainda, a Espanha não só esgotou mão-de-obra índrn: esgotou,
Por que ra1..'lo teria estado rclauvamcnte tão isolada a Eur
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ventos da pouca sorte? Chaunu tem uma explicação que é um tan opa do Norocsre contra os ,
., •• .! • Uma consequência muiro importante foi a queda na 11nportaçao ~e melais preciosos.
os preços do Noroeste da Europa aumentaram menos accntu~º complcJta No ~éculo XVI -
Por exemplo, a importação anual média de metais preciosos para Sevilha procedenle das
• T
devido ao atraso na chegada dos metais preciosos N0 damen1e que em fu panha
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oblinha sempre parte dos seus metais preciosos atr~ é dentanto, 0 Noroeste da Europa
' no do ouro. A produção de melais preciosos tinha caído «VÍlima da mexorável lei da d1mmu1ção
metais preciosos introduzidos por contrabando foi au~~~ w.º dconrrabando A proporção de
e.•>"~-. dos rendimcnros marginais e da queda dos lucros»tlOMt. No entanto, dad? qu: o comérc.io não
°
Nessa medida, o impacto innac1onário do ouro e da prata~ n cobm 3 passagem do 1empo.
, diminuiu de repeme - de facro conlinuou a expandir-se - a desvalonzaçao era mevnável.
percentagem sobre o impacto total precisamente quando : contra ando estava a crescer cm
. Aqui , pela primeira vez, a exisrência de uma única economia-mundo de desenvolvi- . O d E d N 0
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...... ~} mcnro nacional desigual era uma diferença crucial. Os países do Noroeste da Europa desva- decair. « s preços a ~ropa o _orte, por causa da sua menor rcccpt1v1dade a0<; facrores
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tra que as variações dos preços dos melais preciosos não estão necessariamenle relacionadas nenhuma queda significativa na oferta absoluta em oposição à ofena relati\'J de metai pre-
com as variações dos preços. e que os homens !ornam as suas decisões económicas reais ciosos de c~ntra?ando, o que, segundo o que pode inferir-se dos números de Spooncr. prova-
fundamentalmente em termos destes últimos t2 'º1• É significativo no entanto que faça isto num velmente nao foi o caso.
livro dedicado à discussão da economia dos séculos XVII e XVIII. A. D. Lublinskaya assi- Pierre Jeannin parece estar mais perto da verdade ao analisar a resistência do Noroeste ,,.
nala que o que distingue o século XVII do século XVIII é precisamente o faclo de que, a da Europa às forças depressivas como consequência d3s vantagens que esta regiiio derinha / "· ·
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depende das entradas de ouro e prata»º "'· Afirma que esre fac10 marca o fim da «revolução zilhada de caminhos entre os celeiros e bosques do Nordeste e os países necessitados das ·
· · · dos preços». Ruggiero Romano insiste em que a desvalorização se agrava subitamenle nos suas exportações): as capacidades industriais (enraizadas no passado. como os tecidos ingle-
' anos 1619-1621 : ~ o que importa é a inlensidade do fenómeno » tm>. Havia tal abundância de ses e holandeses; ou no potencial económico libertado pela extensão da economia interna-
dinheiro cm 1619 que o juro baixou até 1,2%, «a taxa de juro mínima absoluta de todo o período cional, como o ferro sueco). Além disso, a própria expansão das forças produri vas no Norte
1522-1625»(.?tJj. supunha um crescimento contínuo da população precisamente num momento de declínio •
Da depressão geral escapam apenas a Holanda e em certa medida (imediatamente demográfico da região mediterr.1nica. Pierre Chaunu calcula que emre 1620 e 1650 a popula-
veremos em que medida) a Inglaterra (lt•>. De facto, Romano argumenta que a Holanda não ção do Império passou de vinte para sete milhões, diminuindo a população da Itália dois milhões _ ., ... 1

entre 1600 e 1650. Re/atimmente protegidas desta queda demográfica estavam a lnglaterrn e. · · · •
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""'":'u~. dUl'JJlte sécul~~ de trabruho esréril ou pelo esgrnvorar do filões superficiais ou solos junto a vias de trans- lecimento dum Atlântico europeu <Jr91_ A guerra, cujo reacender em 1624 assinala de fac10 um
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~.a~I ~conómic~ dos holandeses decline. por causa do surgimento duma nova auto-suficifnci:1 nn c~ais ru1 Euro~ ~ ,._ .
208. Spooncr. Nr• · Camhridge Mo.lern ltisrory, IV, p. 79. lend1onnl e Ocidental. Fomana Economic /listory of Europ<, li, r-~2 . 1.io pode por SU3 \ 'CZ ""' «phcado em p:ine
209. Spooner roma ISIO claro como cristal in ib 'd Q dro
Holand:! são as nuis resistentes à desvalorizaçao • p 1d ." e!:: li (p. 86) e Mapa 1 (p. 87). A lnglatcrr:l e a
0 nza. nova e Espanha as m•nos. A França t só muito
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. . 210. Ver Baehrel. Une Croissance. PP 2-20· também R
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Ba<tzr.I conclui este anigo: • Dê-se are~ç:lo :~~-~-~iomt~"" Feb"~' (Paris: Lib. Annand Colin, 1953). I. 287-310. lucra1ivas tinha detido.
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r> que elas forneciam um3 fol5.l segurança Pod d' ma 'ez que a Objecç:lo de Lutero :ls indulgêncios m. . 2 ~ 7. •A prosperidade gozada pc:lo Noroeste não t um~ fonn• ru, groç•. con<Tdid:r por um q':,~';;~nros
;: ~ . ~ublinskaya, _Frenrh AbsolurÍsm , ;.~~os zz•r o mesmo ac•rca dos preços-metal? [p. 31 O]•. es 1Steno~o, resu.lta de ~ousas mtemas, ~ntre as quais um mv•nririo resumido disllnguc npi~~~:ices tntraui
llJ: lbo;;"'º· ~tl'IJfa storira italiana , LXXIV. p. 522. ~tu".1'~ ecoll.Juntur:us~. Piem Jeannm, • usrontptes duSundcommesou=pour ~co;n'(IUCI. g 325
Quadro m . . p. 525. Ronuno extraJ estes números de Ci de 1 3 ctivnt économique en Europe (XVl'-XVll' si~cles)- , Rtl'ut hist1>rique, CCXXXI. Abril-Junho IC/6.l . ~Ú 3·
. , 1~Crero que Ro1Tl3no copiou mal o número de CipoU ~la. ~Noue sulle sroria dei saggio d ' interesse•, 2 18. Ver Pienc Chaunu •Réílexions sur lc toumanr dcs années 16'0-16.."!P. Cahrers áhr.<toire, · ·
(967. 259-260.
- . VerRuggiero Romano,•Encorela crisede 1619~2 ' \'ena ser 1,1 %. . '
- •. Anna/es E.S.C., XIX, 1. Jan.-Fev. 1964, 33. 219. Ver Lublinskaya, Frenc/1 Abso/urism, p. 52.
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~ucs.J J o lir.bil. pcnl.'ncl.'ndo n:1qucl11 tixx·a Ponu~.ll à Coroa espanhola 11·'01• E.m 1cnnos do lnglaicn-a M; 1cnhti expandido_ cm tcrmoi :t.lxoluloi. declinou cm rcl~lo à mdú.,lna intrma
comén•t0 a,1.í11r0. e l'rn c."'J'CL'i;tl U!i pimcn1.1. entre l.')90 e 16(X) os holanUc!-c~ e us ingleSC"• quanlCI à cohcrtura d_a~ ne«~11dadc~ de curuumo: 2) w: bem 'lue Atnt.ltcn:JAo tC'nh.l ;uccd1~
'"' :1d1r.m1 t' •iuc.· 1111h.J ''d'' :uc- <"nl:111 um 111t111upólio lu.so-csranhul, o que c-~plica 0 colapso a Aniué rpi. 1como eixo cb ecorK>mta·mundo curopc1:.. ;a rdaçio J.J lnghtcmi ccl'l'n os P.1hc11.
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Jc~m,,IHr.1111 um:i l"~J'-'l'll\a 111cn-.u111h,1a 11uc l" lc'ou ;1~cn1ir qu~ .:u total da prospcri. rivnlitJ;mdc: J >o ,.,,.oércm c:x1cmo da lng_b1crra tomou·~ muito m ..1.. d 1' ra1fk!*do dtntru d;i
cb<lc no murufo l'r'J c11n ...1.m h: ...• f4ut.·J o uhjc"-·1i' o d3 rolíuca comcrci.JJ ( ... J cm assegurar para Europa. e a Jn!!lalcrr.s ini~iou ~m comércm ~istcmãuco com 3 ku~'-•.J~ o L.rv•ntc. a iire3 do
ca<l.1 n.1ç.\o 111J " 1JuJ I .1 m:uor IJllJ flO"Í'~I do bolo.. •!!: 1• Oceano indico e~ 1\ménca.1o ··~·.
1\.'J' tk' fa1.10 cl.1 nju cr.1 co11,1an1C'. Por um lado. pcxlia argumentar·sc que o fim do Anreit do final do reinado de l\3bd. O<\cnwuo. e''~" mudah\•" a11\d.:, n..io 11nham d.>do
'\C'CUIO X\'l ''fOIÍIC'ou p.u~1 1oJ.1 u Europa u •COl.ap..'o do lucro. a eYaporação das rendas a n:.atb uc se ,.j..,-.c. Nem tão pc.1u<.·o ~ d~..en\fJltwcrJm de um.1 fomu t.w 'unrle.ti tomo )Ugcrc
4
c~u~n:i,:ju ~"unó1111ca•·:.?'•. M_:b e prc,c.: 1so s~r-M: mais específico. Romano in.sis1c cm qu~ 0 Clark. pois al1er..1ram o ddicado cquihbnu " '),;1:il c polirn: o ~t.c º' 1 ud-x LM1 h3h11mcnte
'-C'culo XVI rrn . •l:il romo O'\ ...cculo, XII e XI II. um sécuJo de grande-~ lucros a.~rfcolas..~''· unham 1en1ado cnar e deixaram a nu º'
intcro\.C' con011u:a1' que h.l' cnam Oc d1l.>ecr~r o
En queda d°' lu"·ml'o 3~rkol.b fát:cu 4uc explica o crcscentl: papel da agriculrura capic.a.lista si.siem3 poliuco inl!lés. Abordemo' cad:ã um;s d!',l-1' rnud.ln,.1\ crn ...cp.irado
c.m.il~~ c.scal:• b:hl::u.Lt ~um.1 n~:io·dc·obra :.i'ricol.:1 co.u.b vez mai'i coagida e pior paga, cm Sem dúvid.1 que ocorwO:rcio m1c:mac1onJ.I c:k.:'hnou "º"'°
Pft lf"Y.\ .)l)dt' pnduto nxional
fins Jo Sl"Culo XVI I e no 'l!culn XVI II. Os con1cm:1nos de Roi11.mo são apropriados: brulO e ul! is10 poJena ser 111tcrpret.1do como um ..in.11 rl3 , 3udc c-ctmonm.1' W1 ln~latcrr.& a
4
longo pr.u.o. Mas i~to esquece o facto de 4ue o própnn pr1111.:t°""° de 1nJutitI1Aht...a.,âo m1.rm11
faic .. L Ulll\ ll·n(ITTlt:rkJ,. a ~u~ Fcm:i nd Or:u.M.ll"l chamou por um IJdo ..Jui/111~ •• •traltiJon dt Ja mmou a cs1nuura s.oci31 da l nglalerT3 não menm, m:h nu1' depçndcn1c.- do!t J\ 3UHC\ li:> mc:r·
hüur~,,m,,• ... e pur uu1111 .. r,1m t11m u1s 111·1ff1t1/t> ... n.io part'ccm S<'r, ob'iC'f\'3do... de perto, doiJ codu mundial. Ban y Supplc a."i.s1m11a que. d 1vcrsamt.'Tllt: du 4uc: acon1c.:rn:i r~ pcricldo ~te­
11po:i. ~cpar:.J1~ e di...1int(J), mas um Unicn: qu.i'W." a... m~1n.J.~ po~s. uu pelo mtOO\ °' do.cenden· nor 3 Revolução lnUustriaJ. o capital fiAO tinha um papel redu11du na c'-11ntJfl11;, anduruu.J. e
ICs duma í:tmíli~. ~ue 1ri1í1m1 a) ~UJ..'i OrlE!C"-" hur~u('....:is te sobrtluJ o a.~ )U.'.lS fuoçiM..~ burguesas)
por 1;.:onseguimc as nu1uaçõcs na economia nacional não cr.im i.:au,zst.b ) J'CJf um "'cc:tw de
e (nlr.iv~ no ~1~1crna da rlac111111.1'tignt'u11uf,~. um fenómeno a 4ue. 30 1r.1ur do nso i13.liino
ch:um:1 •Rlcml;.ilitaçfo.-tW1, ' c:ipacídatk nem podíam idcntificar·sc com a.~ tlutuaçõc~ dunu 10d1htna de bcnti de cu111t.1l.
A::,. flutuações do crétfüo 1inham também menor importância do yue \ inam J. ~\,unur pHle·
f.._'as. mais uma vc1. c:omo obscrvn Romano. a Holanda. e cm menor medida a lnglntcrru. ril>m1cntc. Portanto. a prosperid:ldl! do mcrc:ado interno cru cm ~r:indc mcdid:J. íunção da~
. ..IU 3$ CM.:Cf>'l,'<~S. nuwaçõcs da.' colheitas (induzidas pelas variaçi.:s clim:iEka'.!r>I e tfa • rro..:ura ul:r.immr..a. que
No cnldlllo. rnlo devemos ndi:uuar·nO!t ~ nos~:i narrJ~·5o. É crucial. par.i compreender era frcqucn1cmcntc o dctcnnimmte estrJlégico d:is alterações na act1,•idack mtcm.!1· 1::'. E ui~
.1 cr:.1 5ul,..cqm· mc. uhscrvnr d~ pcr1u cumu a lnglatcm1e a França cnfrenlurarn as convulsões :ihcra\ÕCS forum politicamente cruciais precisamente de\'ido 30 d~n\'Oh mlCnto mdui tnal
l jUe cn~crrar.1111. o (c lcm~o.... .,éculu XVI. 1\ t.:on~olidac;.àu <l.a eccmomia·munc.Jo europeia. que da lngla1crrJ:
o...·orrcrrn no.!- !tt''-'uJo, XVII e XVIII , ~cncrar·se-i.. 1111 concorrência en1.rc ;.i França e a Jngla·
A produç:io de lecido) ()lava ~uficicnl(men1e J.\':lnÇ31.b para tld\il! de' \Cr, cm genl. um •
1crrJ pi:b pn111.11Ja. M:1' em ccno ~c1111do a~ canas decil>fra.s 1inham sido já d.ada~ no pcr(odo
crnprego marginal ~ra uma popul3çáo predoiniruntcmenrc :ig.ri.n:i. 0Jf que- p.1:11 o J;'.O'tmo r
1600-JMO.
p:.ra :i (•omunióJ,te- ('m gcr.il a ciis1ênc1a. tl.l indúti1nl \CA.lll 'l1~ntfü'lb'< 1 amn\1 pntnc dwn:i
OuanJo G. N. CIJrl 1cn1a explicar o ···not;h"cli. ol\'anço da indústria cm ln&latcrr.a no irrupção de ma.J-e~l:ir e dc.'\.Onleru. no 'cio duma cl:t\~ s.c.m 1cm C' fl\('\mo \Cm bcru. f..sa
- scgu11Jo .. ...éculo XVI 'ui;crc que .:.i rai.l dc.ssc: factocM:i no comércio in1cmacionaJ. E quando si1uot\il.o con1nbuiu p:ira o 3pan:-cimcnlo ti.a l...c-i ~ Pobre-~ Í'3bcluu r ícz r:orn que ECP\ÕO
JJlah~a u con1érc10 intcm:tcionJf da ln~la1crr.1 neste período cnconlr.l uês con1ras1es funcb· de es.tai.hsl3J• receassem 3poi:u o crc.scirnento mdustn:ll '::=.'.
ment:m entre u fim1I du período e o seu começo: 1) se bem que o comércio inu:m:1cionaJ tb
Que podia então fazer a lngl31crr.i parJ gar.lJltir a c~ubihd.Jdc cconónuca e por coo·
sci;_uintc polhica? Uma soluçào vem indicada por Supplc: n:1roccdcr :aind.J. maio; F J. Fishcr ...
ob'\crva que ~nacon cons idcrav.1 o rcin.:ido de Isabel comu um pcnOOo cJillcO dunntc o t.1WI
a lngl:uerra. Linha dependido perigosamente do~ cercai' ~1r.111~ciros.... • ~·. Com o tempo. C\lC:
foo o caminho de dcsindusuiali1.açào que a h :ilia do l'\011< 1om<11L Ou1n1 wluç:lo pnJOJ ''"o
impulso para o extcriur. superando a insuficiência d3 ofcn.a por meio de fon~ adJciorl3~ de-

226. V~r Cbr~. ~ ('lJlth o{ En,( ltutd. pp. 10.\· 107


221. Suplk, Comnr"rrwl Crisu, p. ~.
228. Supp1c, ,h1d .6-7. Ver Aund Friu..AtJ"1ma11 Cod.u ntt' J Pr,..)fft a!tdWClllfltTt"'ll(~('
0

Lc"ut & Munk'PMtl 1927). 22.


229. F. J. Fi).hct. ·Tawnc:y·, Ccrnury• . ín f't.'bef.etl•. fJJ.IYJ Ili lht 1-.<flftOt'f"' UttJSooulllUl.JrJ •'Í r..i...w
llNI StlUJ!t E.1tJ:IJJlliCL.ondn:s e Nuva l01qur: Cambód1c L'n1v. Prc;.s, 1961>. ... , .

~69

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~ucs.J J o lir.bil. pcnl.'ncl.'ndo n:1qucl11 tixx·a Ponu~.ll à Coroa espanhola 11·'01• E.m 1cnnos do lnglaicn-a M; 1cnhti expandido_ cm tcrmoi :t.lxoluloi. declinou cm rcl~lo à mdú.,lna intrma
comén•t0 a,1.í11r0. e l'rn c."'J'CL'i;tl U!i pimcn1.1. entre l.')90 e 16(X) os holanUc!-c~ e us ingleSC"• quanlCI à cohcrtura d_a~ ne«~11dadc~ de curuumo: 2) w: bem 'lue Atnt.ltcn:JAo tC'nh.l ;uccd1~
'"' :1d1r.m1 t' •iuc.· 1111h.J ''d'' :uc- <"nl:111 um 111t111upólio lu.so-csranhul, o que c-~plica 0 colapso a Aniué rpi. 1como eixo cb ecorK>mta·mundo curopc1:.. ;a rdaçio J.J lnghtcmi ccl'l'n os P.1hc11.
&,,... pn-\•..,. llt<-. c.''l X·n:uiJ .. •:!•'. Pt \.IC "-'' 1mp1,~ndcr·~ focllmcnlc como o.s homens daquc:la lPQca B:iiAOit 111 ucJou de uma _rclaç-Jo de tlepe~ncu e compk1nc.niand..OC p..u;t um.a rd~.lo de
Jc~m,,IHr.1111 um:i l"~J'-'l'll\a 111cn-.u111h,1a 11uc l" lc'ou ;1~cn1ir qu~ .:u total da prospcri. rivnlitJ;mdc: J >o ,.,,.oércm c:x1cmo da lng_b1crra tomou·~ muito m ..1.. d 1' ra1fk!*do dtntru d;i
cb<lc no murufo l'r'J c11n ...1.m h: ...• f4ut.·J o uhjc"-·1i' o d3 rolíuca comcrci.JJ ( ... J cm assegurar para Europa. e a Jn!!lalcrr.s ini~iou ~m comércm ~istcmãuco com 3 ku~'-•.J~ o L.rv•ntc. a iire3 do
ca<l.1 n.1ç.\o 111J " 1JuJ I .1 m:uor IJllJ flO"Í'~I do bolo.. •!!: 1• Oceano indico e~ 1\ménca.1o ··~·.
1\.'J' tk' fa1.10 cl.1 nju cr.1 co11,1an1C'. Por um lado. pcxlia argumentar·sc que o fim do Anreit do final do reinado de l\3bd. O<\cnwuo. e''~" mudah\•" a11\d.:, n..io 11nham d.>do
'\C'CUIO X\'l ''fOIÍIC'ou p.u~1 1oJ.1 u Europa u •COl.ap..'o do lucro. a eYaporação das rendas a n:.atb uc se ,.j..,-.c. Nem tão pc.1u<.·o ~ d~..en\fJltwcrJm de um.1 fomu t.w 'unrle.ti tomo )Ugcrc
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226. V~r Cbr~. ~ ('lJlth o{ En,( ltutd. pp. 10.\· 107


221. Suplk, Comnr"rrwl Crisu, p. ~.
228. Supp1c, ,h1d .6-7. Ver Aund Friu..AtJ"1ma11 Cod.u ntt' J Pr,..)fft a!tdWClllfltTt"'ll(~('
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Lc"ut & Munk'PMtl 1927). 22.


229. F. J. Fi).hct. ·Tawnc:y·, Ccrnury• . ín f't.'bef.etl•. fJJ.IYJ Ili lht 1-.<flftOt'f"' UttJSooulllUl.JrJ •'Í r..i...w
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fomecuucnto e ;1 in ..uficu~nci3 d.t procura por mdo da conquisl.3 de novo;; mcrc.ados(L""• Fio:ilmentc. até que ponm foi a cr.1 1\.abchn:a um.a cD de dJ\tfl·,flCaÇào no ultr.u'TW7 •
F~1c: r r.a u cJnunho c:rn 'Iº~ C!r.l:J... arn a cmhJn::u o:.. Paí~s l:bixus do Nonc. Tentar uma~ Em primeiro lugar. foi ~e)la_ époc:. 4u~ º'
barc"!' '.ngl~~ , oJw2111 ao Billlco e cumoça.nam
ouLr.1 ~oluçào 'il:IUÍICJ.\ a rum.ir dcl·1,.ücs cr111ca .. cm tenno:-. lfa c~lrutum MXial interna da (' c:r viagcn' ao Mcd11crranco. :'I H.uM.ia e a Aínca. E t'\LI foi ::1. ~da CO(hlltuiçlo d:t.1i
lnglJ.lt'rr.t. E~t:.t" lur.sm pn:c1...1rm::1111.· ª" lk'l'f,l)c:S que m T udor h.:n1:1r.im cvic.1r com toda a ª ri·i~cir~•" con1p;.1nhia .. co~n ..:an:1 Jc priv1lég.10 .. M.n dc\ CnlO) ter ..:u:dado cm n;lo c.agerJ.t.
'un c11erg1.1 O rc,ul1:u.h1 foi fü:ar·~ a 111\." IO .:;um nho. O e>.am..: li!) volumé du comércio P um ln.do. a Europ;.1 Oncni;.11c'la'' ª a111d:i ma1fo mlnn.uncntl' hgada !i\ a<J110nu .., d.t t-rmça
uhramarino ba~l1110 rc..Jla1ad1J por Lav.rcnc c Stone h.!va-o à conc:lu,lo de que •il fi.tmosa po; ~p;inh;1 l vl~I AmC~lcr<l;ioJ do ~UC à tb lni;lau:rrat.: 11•, e. por OUlro l~. C o eorucn:l(ICOfn
up.m...:.o Ju comércw c.Jur.1n11.· u r<in;1do Je h.ahcl pareci: ...cr um mno pu;.·do.:..u• 1: 111. F'
e anÇil e com a) provincia' hol.mdc>a."' rc bcldc!tt ~uc con1inUJ a ).C1' fund.unc:ntil par.1 o
Se OO!t \'olwrrno' <nt:!o p;:ua o smu cm que a lng.la1crra \e unha libcrtaJo da tutcli : ~JICfrJ 110 llC."n0t.lo t.k babel l!"' .
ccooómtc:a h11l:sndc~ por 3hur.b c.k 1600, "enfieamo:. que sc:m dú' id.1 o proccs!>.O de con. n~ A<r. n:;,lid..tdcfii dJ cen.i comercial ingl~ ~ao me'mo 1t:mpo ou~ e r..oo"<'qtXncu
lrolo Cl"('!>CCntc por panl..' d:i buri;ucsia con'k:rcrnl inglesa ~obre o conx·n:io 1memo inglês se dJS polilica.. cios mon»CõL"' Tudor. E!-tavam çorn um ré em cad..i lado'!"". A ffi)( ccooóm1n
complcrou 111:11.s ou menos com ;1c1os como :1 aboliç!io dos pn,ilégios han~eá1 icos. primcfrro intemacional do pcrioJn 15'Xl· lí-..10 lr.lfl~.furmou c!.t.a f(htÇ~Ot"m ;ilgC1cadJ \C/ rrw' 1m?--.,,,hcl
t'nt 155:! e J diru11vamcnte cm 1598 1:>~·. Isto beneficiou o:, mo nop()lios fc:ch:u.los como os e d;if ~ ..;..1abil i1b dc p<Jl1tt~a da 11u.mar4u1a e Uo~ monopohc1\ por c::l3 protc~1~ comi::\ ar o1 M:J
j\ frrclumr Atl~ 1·mun·rs ' 1 "1• o.. imcrcsscs de t:11s grupos residiam fun<lamcntalmc111c 110 cat.1a \'C/. mc11or. t\ c.;:.1abilicl11dc 1•tio ~ ~mpre o s 11m1111m1 l1tmw11d~ toJ:;. a }!:Cf\\t . Par.i :lli,uM
l"~uihbrio m.slj\'cl dcviJo :ao foc10 de se pcrm;mcccr a meio caminhu. era - irritantc ... •1 ...' '. Cc1ca de \~.a 1mtação do~ mcn:adort'' que 41K"ri:un 3PfO\'t:tt.u ª' po!!>·
Quando. com º' S1wn, au1ros me rcadores ob1h·eram os d1reuo:, legai:, par3 desa. ,jbilidadc~ tia cxpansàocomc1ci;U e ncontrou a '\U3.0(lrC)!>l11cm til\ er~ Ido; -.obf't o rornérdo
liar de fonna ma1" dirccl!l o papel hol:indês no acnbarnc:nto industrial de 1ccidos - o c ha· li\'fC' <iuc for.im h:\•adas ao P;idamcnro. O impuho 1mcd1JIO \CIO prm a, dmeme d.l p.u com
maJo pruj«10 do Vcr~31.lor CocL3ync c!).I, - . fraca....s:iram. Se1;undo Supplc. este fracas.so
3 E.,P3flha. que: 1inha ab!n o novas P:Ní"XÜ\'asdc c~ércio. como nomuhnenu: )Ul.."cdc OC\tõ
dcmoll'•lrOU 4ue ca."-Ol!l, lanto eh minando c..:rus ohs1ruçõcs aocom~rt:mcomo pelo dcs.cmpre~o. pai;- J.'\'lm d1LCT.
°'
3 dl\ i.Wo 1f\1C"ma.:1urul do 1r.iba.lho por 1llt'10 d.:11 qu.:.I ho13lldeses 1in1?iam e remat3\"3Jll os lccidos
do antcnom1~n1c norcsccmc bando de cur~á.rio!.<::. 11•
scnu-m:inuf~t\Jl".ldo;;; d:i. ln~latt"tr.1 nln era um fcnómeno;i.rbitrlrio \U,tcntado pcl.1 wbre'·ivtncia Durante a d écada. ~s;uintc as coisas pa.ri.:.ccram correr bem ~ ::i mdúnn:i têJ;ul
an1fic1:il dJ.~ nomu' cmprcs.J.ri:u~. Pelo cun1r.1rio, no pnndpío do )éculo XVII rcOcc1ia reali· inglcs;:1, l jUe c hegou a um máximo das suas cxpona.çõcs cn\ l6\..\. Mas cl.1 i,.erU, uuln..i.."\dti
dadc!io cconóm1cá.. que :l lnf!.lalcrr.1 :ió podrn enrr~n111r sob a ~ua r rópn:.i re,.ponsubilichdc•!IJ•. ;1 fra!oe lle Supplc. «Um fuga.t Verão de S. ~t3rtinho» 1 !'? 1• Sc~u1u-sc-lhc uma depre~!>do
económica ~sem par.ilclo.. que «dctcm1ino u uma n:striç~o p!m1ancn1c da mcrt.xlo ultra·
Port.rnlo. a:. hc:iilJÇÕC:s i:..abel ina.' 1:m expantlir·sc para o u1crior poJcnam nào ter
marino parJ o'I. panos antígos• 1in1• Qu.al foi a call!W lks1~ queda súb1u1 De facm não fm t.lo
~ido 1.:10 insen.s.;,i1;i .. •:."'•. o .. Tudor rinham C)ladocom isso a adiarº' coníluos. soci 3is imcmos
~úbit:i., mas mais. como diz. R . \ V . K. Hinton. • um agravamento súbitodunu snu~..oquc ji
:ué ruem rrforçado .1 autonumi:i polítÍL'a Jo aparelho d..: Estado. p.:ar.1 que a fnglalcrr.t pudc.ssc
se \•tnha a dc1erior.1f lú um ccno 1empo• '~ 1• O que: aconteceu fui que .t. Jô, aloru~\.lo &.'
ler a forp_n~ceslhir1.1 p:ir.i tokrar o explosivo m;u; incviú,·cl reajustamento cbs forç;is polí-
moc<l.L\ continentais cm rclaç:lo ~ ingksa criou tcnnos de 1roca ~hamcnt~ dcsfa,·ori\ci' qu-:
uca~ e soc1ai...
• elevaram o rircço dos tecidos 1inglcM:s) afastando-os dos lsc:u..\ men:ados do ?\onc e Ccntm

ll1. Ver R. W . K.1 1in1on, Thc fuitl.iru.llrmlr:llnJtlrt Ci"""nJO'I H'tal 1n rlu-Sn-<Plftt'r-JJI Ct NwnU..ondru
f N0\'3 l~LK" : Cambnd~c Univ. l>Tt:t.1. l'JSQ). h·:..,
238. \ 'c:r Stonc. &,,,,.""''"
Jlütnr-v H.r.tt'" . XVII. SI . r-
2 ,\ 9, •A C\t:1bthd:1dc lkpcnd1:i da r~\lm;'.\o Ji;1 ,~h!mo iJo,· a,pua!.n'fM.c a:u u-J a poi1t .., ~~
d.;i nMUrqu1;1 :a~luu L.1 IAo moin.1 1cmpo t ª"
C"J.1gtncl.ll m1liutC'" e C'\&nugti..~\ ~ mgrW"qllUI ~ t~~
wim • alunC"nw cm algum.a nw:4M!ol " Clf'IC'fJ:.tt-.t'1:adoc:sph.&11•flkl 1nd&l,tn11~. ~lllnn1r:1. l'~u &. Prtwe1. n. ' IJ. f' "
:?-'O. • l'clo fim Ju ~~ln XVI. :11 c..a...b1hJ.a..k. q\K' ~rn"C"D tJiu Óôej.i'c1 IJIN .-::t'.nllll;Jo .&."U.r"oo. lotu t.Wu
~ pc"""': ànw:Jid.Jiquc ;.,coodiçôc' p..u-.. 1 c'rílniólodo comcttKI unta \Ct RUJ'~ 'tnf..:-~nr.1.o ~t1rnemõ
«>ntn t.:11 e-'pan_Uo dcchnava: e u ~nr..ltJlflKnlo dc...lc.\ 11\lcru.s.ci ~u1nJoo. ~ 11rJum c~t.iol • ~ du
~•ç~ d.a ~n.nJcdC'Jlíe-.Üf> 10m<-'l.M•C' uma~mn' impon:unt'WC'flll'dn !ik\.ilo X\' lJ • . l;Jvr. ln CAN'· Wi lí.on..
W., bStt1J m F.ro11om1r llnwry. t p. 11?.
24 l . Ver Fri130. AMont.Jn CftC'Ãd)11r"J Pw;t<I. pp 14'1·1~1
:?.il, Surplt". Ct•n&n1nnul ('' ""· p. 29.
2-'l. '"'''·· r- ~:?.
~- H mton. Thr 1-....utl.m.1 ftudr. p. :?U. Vu Sup('k • f\M t Nm k:rr.tnrquie O im;o..10 '°'!"::i=
~ M'i pude \C'f oplu::ldo cum rcfut1.c1:a oo prr:jul1odcn\.a.li W l'fUJIC'i.'"\O ót Coe~)~.nncxtmt'AW.._,.,ncNC''" al 1
flV.&U, U.:o t:nc:UJO.. ft~CU\" WJbrc O\ '"°j,do,. ingk5.ts. a.~ pcttW'bll;~ ("U\~~ rela pKtn 00' • al 1
ame~ d1ficuhhdo scncr:aht_aJ.l.~ p;&ra ~ mcraJcn• inglnn. EaUrS u;zuf1Unm que. • n.'<'O.lf1:.1&. .e ruma 1
c.al;unMb,k ()('urrcuc h:svr:ru de upcnmcnur ~00... uuuu 1h4udo pc-~ de Jcockn.o twnOmKO t \ tttmO QUC'
~ m .. 1~ hiuóncrn. ~rpt11.K)) pcl• a,tnbu~lo dl lik!!.lJnJÇ.liv -<lrw\1t lkprC'.:t...'Jlt" .. c,....,..,,.,f"íwl Cu.JJJ, p.. b-' 1
270

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fomecuucnto e ;1 in ..uficu~nci3 d.t procura por mdo da conquisl.3 de novo;; mcrc.ados(L""• Fio:ilmentc. até que ponm foi a cr.1 1\.abchn:a um.a cD de dJ\tfl·,flCaÇào no ultr.u'TW7 •
F~1c: r r.a u cJnunho c:rn 'Iº~ C!r.l:J... arn a cmhJn::u o:.. Paí~s l:bixus do Nonc. Tentar uma~ Em primeiro lugar. foi ~e)la_ époc:. 4u~ º'
barc"!' '.ngl~~ , oJw2111 ao Billlco e cumoça.nam
ouLr.1 ~oluçào 'il:IUÍICJ.\ a rum.ir dcl·1,.ücs cr111ca .. cm tenno:-. lfa c~lrutum MXial interna da (' c:r viagcn' ao Mcd11crranco. :'I H.uM.ia e a Aínca. E t'\LI foi ::1. ~da CO(hlltuiçlo d:t.1i
lnglJ.lt'rr.t. E~t:.t" lur.sm pn:c1...1rm::1111.· ª" lk'l'f,l)c:S que m T udor h.:n1:1r.im cvic.1r com toda a ª ri·i~cir~•" con1p;.1nhia .. co~n ..:an:1 Jc priv1lég.10 .. M.n dc\ CnlO) ter ..:u:dado cm n;lo c.agerJ.t.
'un c11erg1.1 O rc,ul1:u.h1 foi fü:ar·~ a 111\." IO .:;um nho. O e>.am..: li!) volumé du comércio P um ln.do. a Europ;.1 Oncni;.11c'la'' ª a111d:i ma1fo mlnn.uncntl' hgada !i\ a<J110nu .., d.t t-rmça
uhramarino ba~l1110 rc..Jla1ad1J por Lav.rcnc c Stone h.!va-o à conc:lu,lo de que •il fi.tmosa po; ~p;inh;1 l vl~I AmC~lcr<l;ioJ do ~UC à tb lni;lau:rrat.: 11•, e. por OUlro l~. C o eorucn:l(ICOfn
up.m...:.o Ju comércw c.Jur.1n11.· u r<in;1do Je h.ahcl pareci: ...cr um mno pu;.·do.:..u• 1: 111. F'
e anÇil e com a) provincia' hol.mdc>a."' rc bcldc!tt ~uc con1inUJ a ).C1' fund.unc:ntil par.1 o
Se OO!t \'olwrrno' <nt:!o p;:ua o smu cm que a lng.la1crra \e unha libcrtaJo da tutcli : ~JICfrJ 110 llC."n0t.lo t.k babel l!"' .
ccooómtc:a h11l:sndc~ por 3hur.b c.k 1600, "enfieamo:. que sc:m dú' id.1 o proccs!>.O de con. n~ A<r. n:;,lid..tdcfii dJ cen.i comercial ingl~ ~ao me'mo 1t:mpo ou~ e r..oo"<'qtXncu
lrolo Cl"('!>CCntc por panl..' d:i buri;ucsia con'k:rcrnl inglesa ~obre o conx·n:io 1memo inglês se dJS polilica.. cios mon»CõL"' Tudor. E!-tavam çorn um ré em cad..i lado'!"". A ffi)( ccooóm1n
complcrou 111:11.s ou menos com ;1c1os como :1 aboliç!io dos pn,ilégios han~eá1 icos. primcfrro intemacional do pcrioJn 15'Xl· lí-..10 lr.lfl~.furmou c!.t.a f(htÇ~Ot"m ;ilgC1cadJ \C/ rrw' 1m?--.,,,hcl
t'nt 155:! e J diru11vamcnte cm 1598 1:>~·. Isto beneficiou o:, mo nop()lios fc:ch:u.los como os e d;if ~ ..;..1abil i1b dc p<Jl1tt~a da 11u.mar4u1a e Uo~ monopohc1\ por c::l3 protc~1~ comi::\ ar o1 M:J
j\ frrclumr Atl~ 1·mun·rs ' 1 "1• o.. imcrcsscs de t:11s grupos residiam fun<lamcntalmc111c 110 cat.1a \'C/. mc11or. t\ c.;:.1abilicl11dc 1•tio ~ ~mpre o s 11m1111m1 l1tmw11d~ toJ:;. a }!:Cf\\t . Par.i :lli,uM
l"~uihbrio m.slj\'cl dcviJo :ao foc10 de se pcrm;mcccr a meio caminhu. era - irritantc ... •1 ...' '. Cc1ca de \~.a 1mtação do~ mcn:adort'' que 41K"ri:un 3PfO\'t:tt.u ª' po!!>·
Quando. com º' S1wn, au1ros me rcadores ob1h·eram os d1reuo:, legai:, par3 desa. ,jbilidadc~ tia cxpansàocomc1ci;U e ncontrou a '\U3.0(lrC)!>l11cm til\ er~ Ido; -.obf't o rornérdo
liar de fonna ma1" dirccl!l o papel hol:indês no acnbarnc:nto industrial de 1ccidos - o c ha· li\'fC' <iuc for.im h:\•adas ao P;idamcnro. O impuho 1mcd1JIO \CIO prm a, dmeme d.l p.u com
maJo pruj«10 do Vcr~31.lor CocL3ync c!).I, - . fraca....s:iram. Se1;undo Supplc. este fracas.so
3 E.,P3flha. que: 1inha ab!n o novas P:Ní"XÜ\'asdc c~ércio. como nomuhnenu: )Ul.."cdc OC\tõ
dcmoll'•lrOU 4ue ca."-Ol!l, lanto eh minando c..:rus ohs1ruçõcs aocom~rt:mcomo pelo dcs.cmpre~o. pai;- J.'\'lm d1LCT.
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3 dl\ i.Wo 1f\1C"ma.:1urul do 1r.iba.lho por 1llt'10 d.:11 qu.:.I ho13lldeses 1in1?iam e remat3\"3Jll os lccidos
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da Euroi ai ~"'!>. isto ·riou um nuxode metais prcci~isc'.s p:~~·1. o c~teri~r que se ~;.~ agravul)o li 7.ar 05 mo.nup<'>lios. para ver ~e tal me~ id~ podia r~i rrw u ~'Otnlrcio e ;i indúi.tria •:z:>l>_ M.as
pela nccessid:idc de çcrcais esmmgc1ros dadas as mas ~ol11c1t;1s ~e 16-1 e 1622 .. ~perua
1 nàv podia 1 ~ m.u1to lo~~c ne~t~ dtrccçao. Já que ª.manutenç'..o de COI Jl;lnhia privilegiadas
espt'Ct:I ul:u de mctais pn:ciosos «teve uma gm~1'.lc 1.111po11:~nc~~ :mma econonua simples tinha dcrnas1ad.L5 v~ntagens para o govcmo ..GarantJa a lcaldndc dum.a h<JrocrilCÍ qua\<' pública
dcp1mJ ~ n1c do fornecimento cst:ívcl de moeda mct.\ hc.1 s_egur,1»
7. . que realizava funçoes. consularc ~ e ad uanc1r~, era uma fon :e dt receita~ aua ó de cmpr é .
J. o. Gould argumenta que a Inglaterra pagou cntao o preço de ler «esbanjado» a sua timos e impostos, e mclustv;1mcntc proporc ionava \JIJ1 ~u!»liMo da armldJ como aj.llre·
lho protector no comércio in.tc~~cional ' -Y>,• •~A~ p~tent~ e~ monop<'>li~. - d i~~t mu l.:.ç:lu
1
vantai:cm inlcrnacional a preços de 1550- 1600 «numa disputa de privilégios». Consequen-
temc i;te. agorn que a vantagem de preços se tinha invc11ido, «a Inglaterra viu-se carregada de ubjectivos egoístas com Jnv1ahdades reJóncas. eram pane integrante da uama do governo
com uma economia rígida. oligopolística e ele custos clev:1dos, mal adaptada para concorrer Stual1 » 12111. Se o governo chegou a avançar algo na direcção d-O antimono-polhmo foi dt !aoo
com um rival (os holandeses] que crescia com base cm baixos custos, adaplabilidade e actua- apenas sob a pressão do Parlamento, «vocifcrantemente reprci.entat i, 0 dO!> e~ponadore~ e da
li z;ição contínua»"' 8 '. Os holandeses podiam agora introduzir-se no próprio comércio de baixa gentry» l2·m. , .,
imponaç5o da lngb1erra 11491. e as expo11ações ele têxteis para a Alemanha e para o leste da Tão pouco eslavam os deuses propíc ios à lnglateITll. Ores urglmcmo do comérc:i~-.
Europ:i viam-se atingidas tanto pela concorrência holandesa como pela local 125<lJ. cm 1623-1624 foi prejudicado pela peste de 162.5, bem como por uma má co!hcii... O rra-
· Tan10 os mercadores como o governo ficaram alarn1ados. Os mercadores reagiram tamento da guerra com a Espanha. tão prejudicial a e~UI úhima. como \'lmOlo. ct!l n;lÓa
exigindo mais protecção. como a limilação do direito dos não ingleses importarem merca- ajudou a Inglaterra. A renovada necess idade de cereais prO\'OCOU ootra cnS<: cla balança de
dorias para lngla1erra. o aumenlo da utilização obrigatória de barcos ingleses, a liberdade de pagamentos l259>. Assim, o coração tradicional da indústria inglesa chcgO'J ao e~t.:.do dt ~
reexportação dos~ereais bálticos, que aumentaria o comércio de tecidos e forneceria metais encontrar "ª meio de uma prolongada hi stória de dccadfocia. ada~ clol~ e som-e-
preciosos para a compra de cereais' ~u. O governo tinha uma perspectiva bastante dife- produção geral» 1260>. A interferência da Coroa não resolveu o problema; apenzu ªl7'1' ou .n
rente . Em primeiro lugar, os interesses agrícolas, amplamente representados no Parlamento si1uação ao criar uma «crise de confiança metcantib• ª •l•.
press ionavam no sentido de uma proibição da importação de trigo, por causa da sua neces~ Aparentemente não era tão fácil para a indústria tb:til inglesa reduzir os custos. hto ~ 1.#
sidadc de pro lecção contra os baixos preços ' 252 >. Em segundo lugar, o governo preocupava-se era em parte consequência de os comerciantes estarem demasildo 1ntim:i1nem: imi1.CUidos
em reconciliar a necess idade «de aliviar a pobreza local, para evitar motins e tumultos e no aparelho de Estado para que a Coroa pudesse forçar os industrU.i.s a conformar-se c:om
de avivar o comércio, com o fim de manter a estabilidade e o poder económicos»1m1. P~a menos l262>. Além disso, os trabalhadores devem ter ~ ido. em lermo~ rd ati»o>. suficieme-
cumpri.r o primeiro objec.tivo, o go;emo viu-se tentado pela solução adaptada pelos governos mente fortes para se oporem à introdução de cones significativos na:s seus .sal.árim 11t>.1·. Por
dos p~1ses_ subde~envolv ~os do seculo XX: a criação de emprego. Mas, tal como hoje, essa
1
soluçao nao era simples 1. Em vez de oferecer nova protecção, o governo tendeu a libera-
conseguinte, a única solução, excluindo a da desindustrialização. era obviar aos intere_1.~

245. Supple. ibid .• p. 80. 255. Ver ibid.. pp. 68-69.


246. Ver ibid.. pp. 89-96. 256. Ver ibid.• pp. 242-243.
247. l hid.. p. 162. 257. lbid .• p. 227.
1. 1954, ~~8. J. D. Gould. "The Trad< Dcpression of lhe Early 1620"s•, Economic flistory Rel'iew, 2.' série, VII, ;;~: ~~~·;[;;/~~. 99·102. VerW. B. Stephens: ·Mcnos e»idcnteap:irurde l~IJ:aá:us éq:.c oofüw~
da década de vinte tenham sido para muitos ponos de exportação os venl;aiXiro< ilJlOS de cruc.tnq::M"' qi.e o re•-ts
•Os anos2:;·l 6~~r a~i~:~nfo~~~ Trade. pp. 18· t 9. Ver ~mbém o >eu regiSlo dum estudo emplrico particular: sofrido no início dessa década foi limi1ado. cuno e seguido por urna espécie de OO"<l cxp;msio.:>•. • Tbc Ckcll E.lpa<U
~. estiveram em paz, e em que pon~~~so~.,~u~~~r~~~ pen.ado em q~c lanl~ a lngla1erra co~o as Provínci~ U~i~ of lhe Provincial Ports. t 600-1640• . E<·onomic /fistor)' Re1i "''· 2.' série. XXII. 2. AgOSU> 1969. :~ 1.
E v1sivclque nc!l.tacompet ição cm [ermos igu . . h J· d e mercadores c~mpe11ram a este respeito cm termos iguais. 260. Supple, Commercial Crüi.1, p. 119.
absoJlJtO. sem dúv ida princi almeme atr~.. . a.is ~s ~ an e~es t!'ltavam ra.p1damc ntc a estabelecer um domínio comercial
ano qu~ \emo~ no.!. livrai; ~ porto de Bo!.l~ndi°~i~~-:~~-.!i ~-~tavclr~cnt.c ba~.llos <l~ssem; fret~s. O ano de 1615éoprimeiro ;~;: ~~d~~~~~;~onfrontou-sc: desde o início com uma urda sc:m !.Oluçlo. Se a.> e.ti ém:z k-p.a r~
.!i.CCO!i (1.c .. e1.:ct'pto vinho)imJX1rusdos das Pro\·ínci:.i.'\ Lln<./ De_sco.~nmos que cm 1615-IR o valor de todos os produtos postas em vigor os cus tos subiriam a pontos de augurarem dt~mpRgo cm m2ii.SL Se i.::ru m~ nos metoOO!l
de todos os OUIIO!t .!iilios jumos . .:nquamo que o in1r·e r~ :~e r~r:1a1orque ~va l ~rde todos os produ1os sccos imponados de produção era. o res ultado da dcprc~ C'Conómica. como muito frcq<xntc:mr'nic - ~e ttt )~ 0 e&-'K.l , en:lo
todo~ os etnos_do m~~mo periodo entravam mai~ navio~ cm~ <tdc en:i qua_Jqucr ourr..o ~riod~. Do mesmo modo. cm não era re sposta para a última tentar restnngir a primeira. Dadas iil técnh."'"» indusJ:rws contanpoc31X3.i.. pode lCT
-,
outros síuos ;untos. o que não é ve rdade . . o~ ron vindos das Provmc1as Unidas do que de lodos os havido alguM casos cm que o processo causal era o inverso: e neste caso. uau ,-cz qur :t t L'-3 manl;. bctun c:a só
pouco Cúmércio. ( ... ) (Estes facros J dSo t"O~ ~e!~~~~ad~~~~~i~~ ou~o na .\érie ~excepto 1628, um ano de muito
<m grande pan< ao cf<ito do cmrepo\!o holand. çb
:1°º
poran.e a da dcpressao de 1620. de que era atribulvel
Tradc ;u BostDn. lincs .. 16(0-40 ... Ernnomic 11~~,:'n. r~ as_m~r;~don_as de impo~ção inglesas•. tt: Outch Entrcpôt
;so. ~mton. Ecm land Trade. p. 45 . '""k · ·
uma forma limitada e inútil ~ conar aos custos. as rcsposus ao problema d.l lngla:an cncoc'.!nm · ~ not.1 ru dJ."flX.-
Ções-. lbid., p. 147.
263. • Onde o tr•balho não especializado en barato e abwKW>::. an il!<" de bai.u 'luali:J:Mlc podimi = 3
l 1
- »éne, IV, 3. Abnt 1957, 470. manufacturados a baixo custo. Isto era especialmente su.'ltepti»d de »<rif"2f·S<: onde • robn"n µneraliud.I ª.
-51. \cr 1bid .. pp. 28. 31·32. típica, numa região cm que a produção de téxtcL'i proporcioruva apenas wt><mpttgo panos ~~cs cnv0t-
t
252. Ver ibid.. p. 29. vidos. O trabalho num emprego do 4ual não se cspcr2 G"": produza compku.-neot::' :;;";,, ~~~>~;! 1
253. Supple, Commercia/ CrisiJ. p. 64. normalmente matS barato do que 11uma ocupação de t<rnpo inteiro. E.su =.rujo g . r .. do .tal.lo xva i
acomin~ 41'Ao tenLar. e~ "'ariados graus de sucesso. encontrar aJ . .
estrangeiro o {~comr;;: t~1do numa al tura em que eles rec lamavam gu~ meios para persuadir os comerciantes
. onst Privado] viu·se a braços com um ninho de serem mcapazes de o vender rentavelmente no
explicar o baixo preço histórico dos tecidos grosseir0> cm cornpar:>Çào com"',,,.,. f\00\. ~ inkio
a.~ co~~içõcs económicas na Europa Oriental apro~ima,·am-sc: ~u sim3Çlo ..~ isto si~:J ~~~~~=~
propicia à produção efecliva de 1ccidos baralos se as cxpecuuvas óe qu>lidodc di f'"""

,l
vespas de resultadoscontroversos•. Jbid., p. 237. lbid. , p. 140.
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da Euroi ai ~"'!>. isto ·riou um nuxode metais prcci~isc'.s p:~~·1. o c~teri~r que se ~;.~ agravul)o li 7.ar 05 mo.nup<'>lios. para ver ~e tal me~ id~ podia r~i rrw u ~'Otnlrcio e ;i indúi.tria •:z:>l>_ M.as
pela nccessid:idc de çcrcais esmmgc1ros dadas as mas ~ol11c1t;1s ~e 16-1 e 1622 .. ~perua
1 nàv podia 1 ~ m.u1to lo~~c ne~t~ dtrccçao. Já que ª.manutenç'..o de COI Jl;lnhia privilegiadas
espt'Ct:I ul:u de mctais pn:ciosos «teve uma gm~1'.lc 1.111po11:~nc~~ :mma econonua simples tinha dcrnas1ad.L5 v~ntagens para o govcmo ..GarantJa a lcaldndc dum.a h<JrocrilCÍ qua\<' pública
dcp1mJ ~ n1c do fornecimento cst:ívcl de moeda mct.\ hc.1 s_egur,1»
7. . que realizava funçoes. consularc ~ e ad uanc1r~, era uma fon :e dt receita~ aua ó de cmpr é .
J. o. Gould argumenta que a Inglaterra pagou cntao o preço de ler «esbanjado» a sua timos e impostos, e mclustv;1mcntc proporc ionava \JIJ1 ~u!»liMo da armldJ como aj.llre·
lho protector no comércio in.tc~~cional ' -Y>,• •~A~ p~tent~ e~ monop<'>li~. - d i~~t mu l.:.ç:lu
1
vantai:cm inlcrnacional a preços de 1550- 1600 «numa disputa de privilégios». Consequen-
temc i;te. agorn que a vantagem de preços se tinha invc11ido, «a Inglaterra viu-se carregada de ubjectivos egoístas com Jnv1ahdades reJóncas. eram pane integrante da uama do governo
com uma economia rígida. oligopolística e ele custos clev:1dos, mal adaptada para concorrer Stual1 » 12111. Se o governo chegou a avançar algo na direcção d-O antimono-polhmo foi dt !aoo
com um rival (os holandeses] que crescia com base cm baixos custos, adaplabilidade e actua- apenas sob a pressão do Parlamento, «vocifcrantemente reprci.entat i, 0 dO!> e~ponadore~ e da
li z;ição contínua»"' 8 '. Os holandeses podiam agora introduzir-se no próprio comércio de baixa gentry» l2·m. , .,
imponaç5o da lngb1erra 11491. e as expo11ações ele têxteis para a Alemanha e para o leste da Tão pouco eslavam os deuses propíc ios à lnglateITll. Ores urglmcmo do comérc:i~-.
Europ:i viam-se atingidas tanto pela concorrência holandesa como pela local 125<lJ. cm 1623-1624 foi prejudicado pela peste de 162.5, bem como por uma má co!hcii... O rra-
· Tan10 os mercadores como o governo ficaram alarn1ados. Os mercadores reagiram tamento da guerra com a Espanha. tão prejudicial a e~UI úhima. como \'lmOlo. ct!l n;lÓa
exigindo mais protecção. como a limilação do direito dos não ingleses importarem merca- ajudou a Inglaterra. A renovada necess idade de cereais prO\'OCOU ootra cnS<: cla balança de
dorias para lngla1erra. o aumenlo da utilização obrigatória de barcos ingleses, a liberdade de pagamentos l259>. Assim, o coração tradicional da indústria inglesa chcgO'J ao e~t.:.do dt ~
reexportação dos~ereais bálticos, que aumentaria o comércio de tecidos e forneceria metais encontrar "ª meio de uma prolongada hi stória de dccadfocia. ada~ clol~ e som-e-
preciosos para a compra de cereais' ~u. O governo tinha uma perspectiva bastante dife- produção geral» 1260>. A interferência da Coroa não resolveu o problema; apenzu ªl7'1' ou .n
rente . Em primeiro lugar, os interesses agrícolas, amplamente representados no Parlamento si1uação ao criar uma «crise de confiança metcantib• ª •l•.
press ionavam no sentido de uma proibição da importação de trigo, por causa da sua neces~ Aparentemente não era tão fácil para a indústria tb:til inglesa reduzir os custos. hto ~ 1.#
sidadc de pro lecção contra os baixos preços ' 252 >. Em segundo lugar, o governo preocupava-se era em parte consequência de os comerciantes estarem demasildo 1ntim:i1nem: imi1.CUidos
em reconciliar a necess idade «de aliviar a pobreza local, para evitar motins e tumultos e no aparelho de Estado para que a Coroa pudesse forçar os industrU.i.s a conformar-se c:om
de avivar o comércio, com o fim de manter a estabilidade e o poder económicos»1m1. P~a menos l262>. Além disso, os trabalhadores devem ter ~ ido. em lermo~ rd ati»o>. suficieme-
cumpri.r o primeiro objec.tivo, o go;emo viu-se tentado pela solução adaptada pelos governos mente fortes para se oporem à introdução de cones significativos na:s seus .sal.árim 11t>.1·. Por
dos p~1ses_ subde~envolv ~os do seculo XX: a criação de emprego. Mas, tal como hoje, essa
1
soluçao nao era simples 1. Em vez de oferecer nova protecção, o governo tendeu a libera-
conseguinte, a única solução, excluindo a da desindustrialização. era obviar aos intere_1.~

245. Supple. ibid .• p. 80. 255. Ver ibid.. pp. 68-69.


246. Ver ibid.. pp. 89-96. 256. Ver ibid.• pp. 242-243.
247. l hid.. p. 162. 257. lbid .• p. 227.
1. 1954, ~~8. J. D. Gould. "The Trad< Dcpression of lhe Early 1620"s•, Economic flistory Rel'iew, 2.' série, VII, ;;~: ~~~·;[;;/~~. 99·102. VerW. B. Stephens: ·Mcnos e»idcnteap:irurde l~IJ:aá:us éq:.c oofüw~
da década de vinte tenham sido para muitos ponos de exportação os venl;aiXiro< ilJlOS de cruc.tnq::M"' qi.e o re•-ts
•Os anos2:;·l 6~~r a~i~:~nfo~~~ Trade. pp. 18· t 9. Ver ~mbém o >eu regiSlo dum estudo emplrico particular: sofrido no início dessa década foi limi1ado. cuno e seguido por urna espécie de OO"<l cxp;msio.:>•. • Tbc Ckcll E.lpa<U
~. estiveram em paz, e em que pon~~~so~.,~u~~~r~~~ pen.ado em q~c lanl~ a lngla1erra co~o as Provínci~ U~i~ of lhe Provincial Ports. t 600-1640• . E<·onomic /fistor)' Re1i "''· 2.' série. XXII. 2. AgOSU> 1969. :~ 1.
E v1sivclque nc!l.tacompet ição cm [ermos igu . . h J· d e mercadores c~mpe11ram a este respeito cm termos iguais. 260. Supple, Commercial Crüi.1, p. 119.
absoJlJtO. sem dúv ida princi almeme atr~.. . a.is ~s ~ an e~es t!'ltavam ra.p1damc ntc a estabelecer um domínio comercial
ano qu~ \emo~ no.!. livrai; ~ porto de Bo!.l~ndi°~i~~-:~~-.!i ~-~tavclr~cnt.c ba~.llos <l~ssem; fret~s. O ano de 1615éoprimeiro ;~;: ~~d~~~~~;~onfrontou-sc: desde o início com uma urda sc:m !.Oluçlo. Se a.> e.ti ém:z k-p.a r~
.!i.CCO!i (1.c .. e1.:ct'pto vinho)imJX1rusdos das Pro\·ínci:.i.'\ Lln<./ De_sco.~nmos que cm 1615-IR o valor de todos os produtos postas em vigor os cus tos subiriam a pontos de augurarem dt~mpRgo cm m2ii.SL Se i.::ru m~ nos metoOO!l
de todos os OUIIO!t .!iilios jumos . .:nquamo que o in1r·e r~ :~e r~r:1a1orque ~va l ~rde todos os produ1os sccos imponados de produção era. o res ultado da dcprc~ C'Conómica. como muito frcq<xntc:mr'nic - ~e ttt )~ 0 e&-'K.l , en:lo
todo~ os etnos_do m~~mo periodo entravam mai~ navio~ cm~ <tdc en:i qua_Jqucr ourr..o ~riod~. Do mesmo modo. cm não era re sposta para a última tentar restnngir a primeira. Dadas iil técnh."'"» indusJ:rws contanpoc31X3.i.. pode lCT
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pouco Cúmércio. ( ... ) (Estes facros J dSo t"O~ ~e!~~~~ad~~~~~i~~ ou~o na .\érie ~excepto 1628, um ano de muito
<m grande pan< ao cf<ito do cmrepo\!o holand. çb
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poran.e a da dcpressao de 1620. de que era atribulvel
Tradc ;u BostDn. lincs .. 16(0-40 ... Ernnomic 11~~,:'n. r~ as_m~r;~don_as de impo~ção inglesas•. tt: Outch Entrcpôt
;so. ~mton. Ecm land Trade. p. 45 . '""k · ·
uma forma limitada e inútil ~ conar aos custos. as rcsposus ao problema d.l lngla:an cncoc'.!nm · ~ not.1 ru dJ."flX.-
Ções-. lbid., p. 147.
263. • Onde o tr•balho não especializado en barato e abwKW>::. an il!<" de bai.u 'luali:J:Mlc podimi = 3
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- »éne, IV, 3. Abnt 1957, 470. manufacturados a baixo custo. Isto era especialmente su.'ltepti»d de »<rif"2f·S<: onde • robn"n µneraliud.I ª.
-51. \cr 1bid .. pp. 28. 31·32. típica, numa região cm que a produção de téxtcL'i proporcioruva apenas wt><mpttgo panos ~~cs cnv0t-
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252. Ver ibid.. p. 29. vidos. O trabalho num emprego do 4ual não se cspcr2 G"": produza compku.-neot::' :;;";,, ~~~>~;! 1
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explicar o baixo preço histórico dos tecidos grosseir0> cm cornpar:>Çào com"',,,.,. f\00\. ~ inkio
a.~ co~~içõcs económicas na Europa Oriental apro~ima,·am-sc: ~u sim3Çlo ..~ isto si~:J ~~~~~=~
propicia à produção efecliva de 1ccidos baralos se as cxpecuuvas óe qu>lidodc di f'"""

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adquiridos mediante o de senvolvimento de novas indústrias. Foi aqui de facto que a Inglaterra mercado espanh~; em particular, era atractivo devido à q ua inflaç~ interna e às suas com-
2641
encontrnu a sua salvação industrial , nas chamadas • 1rew draperies » < • que experimentaram pras coloniais". .' A lngl~terra estava a começar a comer os podres do Império Espanhol.
uma subida notável como artigos de exportação precisamente à medida que as • o/d draperies. E com a decadenc1a da mdustna ttahana, as cxponações ingl~ praú=cme preencheram
decaíam <26.' '. o vazio c2101.
Havia uma segunda solução para o dilema dos preços elevados: a Inglaterra desen. Quanto à colonização, temos de recurdar que durante um longo tempo não foi nece~sário'
volveu um comércio de reexportação. E foi este aspecto da política comercial da Inglaterra à Inglaterra (França ou Holanda) meter-se em empresas directamente color.iais. o trataóo de
que estimul ou as duas características novas mais marcantes do século XVII : o interesse pela Cateau~Cambrésis, sem dúvida em pane como sinal d.e cansaço da expansão imperial. incluía ·..y • • --. • · •
expansão colonial e a rivalidade anglo-holandesa. Ambas as tendências cristalizariam depois uma cláusula extraordinári~ q~e d~zia as~im: «A oeste do primeiro mendianoe a sul do Trópico ''"'··.• ·
da guerra civil. mas ambas eram evidentes antes dela <206 >. de Câncer ( ... ) nenhuma v1olenc1a rcaltzadz por qualquer das panes contra a contraria ser.i
Os no \'os produtos exigiam novos mercados, e foram a Espanha e a área mediterrâ- considerada como violando os tratados,, tn n. Este conceito_ conhecido popularmente como · · -.- ,. ,. i ·
nica em geral os mai s importantes dos novos campos para as exportações da Inglaterra <mi, «Não há paz para além da linha», foi reafirmado em Vervim ern 1598. Permitia_de'de logo. · '•
uma área re lativamente livre das con struções dos velhos monopólios ingleses <268J. o a liberdade de criar novos estabelecimentos, mas também a liberdade de >aque . E durante -- - ·"
aproximadamente cinquenta anos o saque foi muito mais rentável do que a colonização teria
26-i . As variedades de tec ido eram múltiplas. Parece ter hav ido (a) lanifícios: quen1e s e pesados: isto l.,
sido <272>. Em contrapartida, esta parecia uma aventura duvidosa. Ti nha~ po~ e' identc que os
tecidos largos de pri meira. apreciados pel a resistê nci:i das qualidades de fe ltro d3 13; usacbs fibras de fio cU110 cncara- espanhóis se tinham apoderado já dos bons lugares e .. mesmo os dmámic:m i!>abe lioos - e
colJdas; frequentemente o fio era cardado. depois conve rti do num novelo: a lã era pisoada. isto é , encharcada e batida sem dúvida alguma a própria rainha-estavam conscientes do absurdo de fazer ~pecç õcs
em esta.do húmido ?Ma que fkisse mais quente. mais opaca e mais dur.:i"·et de dese nho mo n ó t on o ~ apropriada para
à sorte num vasto conúnente» cmi. Além disso, a)nglaterra tinha a Irlanda como saída para os
climas mais fri os; (b) •tipos mais recen tes » de tecidos (mas ai ndJ basicamcn1e lan ifícios): mais estreitos e mais
baratos: inclui tecidos m:Us grosse iros designados em ing. lc?s por keT$ies . do:ens. straits: prime ira mudança de emigrantes locais <21• 1• _,
dií«'çfio rumo a novos mercados meridion::i. is: (e) cstambres propri::i.menre ditos: fi ados com lã penteada e de fio Estas atitudes mudaram durante o período posterior a 1600. A Inglaterra consoli- ~ ,, • •
longo: ba,s(-.avam-se na força dJ urdidura e d::i. t.r.lma: mais l!!ves q ue os de prime ira e usando menos lã por jarda~ não
dou as suas relações com a Escócia ao unir os tronos na pessoa de Jaime L A colonização da , ·
pisoodos: bem próprios para c lima m ed i t~rrânico n3o tropi cal: (d) "' novas faund a.s ·~ ou -. tecid os"': bas icamenu:: uma
' '\lf13.nte dos esta.rnbres: os m1is Je,·es de todos; grande variecbde de padrões: ocasionalmente piscados: por vezes a Irlanda ganhou assim uma nova importância, tanto para a lnglat::rra como p:ira a E..o;cócia = •. · ' ; ' -~ -
tnma er.i fci tJ com~ . linho o u algodão: inclui baeus. sarjas. p.;:rpetuanas . est.:iminJ.S. fustões e muit os outros. Ver A Irlanda ficou integrada na divisão britânica do trabalho. Os seus bosqu.es foram utilizado~
Bowd<n. ll'ool Tradc. pp. 41-43; Friis. A!Jerman Cockayne's Projl'Ct. p. ~ ; Su pp le. Commercial Crisis, p. 5; D. C.
Coleman. •An lnnovation :md its Diffusion: The "Ne w Drapcries ..... Economic Hisrory Re\'iew. 2.' série , XXU, 3,
Dez. 1969. 41 -413. eia de concorrência, não no sentido de resuições legais de entrada. Por meaOOs do s&m.1 X'\1Il.. .i. U ck fio kx:go
: 65. A ausa deste aumento foi auibuida ixir P. J. B o ~den mais a factores tecnológicos do que a facto- era produzida na Irlanda, e por volta do fim do stculo. em pequenas quantid>des. OJ Hol:ii>!L ü ü.1'b • - . S
res comerri:ü.s: .. :\ p35t.:!.gem tinha uma influêncil de lo nge maior do que a tem peratura sobre a excelência do fio. (Ver p. 53, n . 3).
~1 m m.li.s alimen:o tinhJ o carne iro. m3ior se- 1om Jv.1. O fio d3 lã não era e xc.epç ão e como qualquer oulr3 pane 269. Fisher, Economic Histon · Rn'it~'. UI. p. 155.
do :mimai il U~ntJ.v a em comprimento e volume em resullado de uma me lho r alimentação.( ... ) As tnrlosurts para 270. Ver Charles Wilson . • cio!h Production and ln1emariooal Competilioo in chc 1ié Ctnlm) • . Eront>-
cri3'.,;--io de carneiros fac11it'.!' :l?TI :i "idl. umo aos africui ro res como aos seus C31Tll!iros. Como já Lord Ernle declarou, mic flistory Ren'ew. 2.' série . Xlli. 2. 1960. 2l:!.
··,l rtk!"di11 que- se- rnult!p lica' ama:,, enclosurc•.s. os ~:i.meiro s er::im me lho r aJimrnt.ados e a tosq uia au mentava em peso 271. Citado em Rich. New Cambrid.~ e Modtrr. Hisrnry. 1. P· 467 . . , de !od:l
e comrrinl'"'...nio. :mtx>::i pe rdesS<' algo d.l excelênc ia da su.1 qualidade". Assim. ao longo dos séc ulos XVI e XVU 272. • Os colonos Iespanhóis do !'o\"O Mundo l - :lv1dos de = ·os < de •rugas ~ ~
ho:ne u-ni.a diminui ão grJCual r.a ofena. de 13 firu e curw de produção inglesa e um au mento na de lã ma is comprida a espécie. com uma grande quantid:lde de dinh<iro à sua disposição. se bem <r"" ccr.dic~ pcla lei 1 nei;o.:a.'ml

d!=
com um monopólio ineficaz e voraz - propon:i onavam um mercado perfr i:o pa.""2 o cománo cLmdest.ino. CMl
e pns..(Ctr.!• .... \\'('Qi Supply and the \Voolle n Indu s1ry ... Econonuc HisU>ry RniO\'. 2.• séri e. XI. 1. 1956. 45-46.
risc os consideráveis de entrada• . Parrv. f\"e.-.· Cambridgt Mc-.Jm1 lliste>r:-" UI. PP· 516-517. _
Suppk- reç i;...""..! Cf'.JC: Bo\\den ·nlo tem em conta quer a expans5.o cb indlistria continental. comr:i a q~ l um produto
infrrior ti.'lhJ de !Oer :s, J.1i3do. quer o cres.c1mento notá, e! d3. ofen.a e uropeia de lã. na qual se baseava a industriali· John Maynard Keynes foi u~ dos primáros a rec~:er 1 ~~~~u de ::;;~tKJ~=
o;_ão cor.ri:."'k!n!.3.J . ~h1"S . a con....-·orrénci:! en rruis aces.a não dirutamtme no mercado de 3lta qualid l de. mas no mer· de acumulação de capiul na lng.latcrra. Ele censurou uma gcn;ão ant: nor O< ~~ c.':'nplD:3 i:,úimbridJt
~de tt..U ! I.S rt"b:ti,·a.:-nen:e- m::J..J..S gIOS.i!1 ros - que pr:.s umi"elmente se expandiam a ponto de ani gos infcriotts importante fonte de melais preciosos: · E carac1ensuc:o ~s nouos ~~
Modern HistOT)' não faça m enção destes factores económicos como mol.d::lndo ~
T ~ f'1:sabc.!ma
"" e nabl:liu.ndo a
proc..-'uz:idos no ey r:anti:eiro csurem a s.ubstiru1r o te-cido largo tradicional ing lês. Foi uma série de mudanças radicais
oo r::--~ e r...a.s ofmis :ihem:i.rh as. n.30 :?.penas umJ ~ierioraç5o da indLi.stria inglesa. que teve lào infelizes rcper· sua grandeza• . Treatüe onMoney. li. p. 156. n. 1. de prodllrida•. lsu> é: · Em vez de amn-
ruilÕc$ ~-a n \ Clha.s fa.zend.ll• . Co~.muna l Crisis. p. 1..iJ.
. Wcbb designa assim este processo: •Agarrar ~ sort~ 1°'° depcns \"l:.'Tl·ncK aD!li '5F.."i.61s pouco &.pois d.e
Jarcm o ouro e a prata na s ua fonte . como os õpanhó1s f3lJ,.JI?L e ~ troU
:!66. Ver F. J. FL<l'.<r. ·Londoo·s E<p<>n T r:!d.! in the E.lrly Sevent.,,nth Centll!)'•, Econamic Hürory
Rrn rc, 2.' s&.e.111. ~ - l 50. 159-161. estes os terem adquirido•. The Gr~at Frvnt!tr. p. 196. ..
273. Parry, N n.· Cambridge Modtrn Hutof)» !ll, P· 5.~. f . rcinad> nesu aJ:u...._ A LrUn:1a ""~
267 . • ..; ! ~a cr!'SC'eote cb ecooomiJ L"lg_les..a oo meio s«ulo an t~ d3 G uerra Civ il e m nenhum ouuo lado
foi rn:1u ~rn e1 Ç':"e' · u do q-:.1:e n.l.s Sl.U.5 re l.3Çôes co m o ~fedite"rr.ineo. N~te período a indú:stria inglesa resoh·eu . . 274 . Ver ibiJ ., p. 526. Mem"' na lrland-1. • atirude dJ ~ng~~:oorudos e c1cscor= não proc-.ira-
c a.a,·a mtensamente com a Espanha. ..\md.3 que ~ tni!CSi!'S C'Sl l ~ ~ mJ.is i vontade do que cm ano\
prnhk."!'..15 16...,,xo. . ti enüo a tmlu_ .,, retido e tm1ndou os m<r.:ados do \tediterrâMo Oriental e Ocidental
ram reprimir o comérc io .• A In glaterra '."b lsal>el °'~"· nesie.as~ ~:nentOS e;:móm1co••" Cyril Falis.
~ 1L"llfi:x>s. cor.~~.:!:!':!!:~ ;cduzindo a TL.T4cia e a ltilU ao p::!pel de fomecedore5 de! m:uéria5-primas indus-
J>OStenorcs. O s ca16 lico s u landcses nao estavam se"ql..' fi SJ.:)C"I
tn.in• . R.alpb D ~- ·Er!gb..')j u.d ti11c: \ led1te:n.ne..1.n. 1570· 1670•. in F. J. Fi her. ed. . Essan in the Economic
Eli:aberh' s /ru h \\'ars (Londres: l\leth ucn 1950). ~- Um> t<1lll!i•• tsGOC<S3 scm<lbllll« ~ «t>lx-~
.::-:.1 5oc-..;J Hu:orr_·r .. • • ar.d St•.i'1E"tw •.J1Lcodres e~º" Ioni"": Cambridge Uni\'. fu'5. 196ll. t 17.
215. Ver Lythc. The Eronamy of Sro:!Md. PP· 6J-70 · Es..""Ó<ia já niO tird",. ama pol1oa •~=
. 26&. \:a t~. Ewr~vr.. r H" '"":· Rn:,..., UL p. 336. Ver Bo"'den: .Qs {,-dhos tecidos de lã! eram
~olónias na N 0 , .3 Escócia fracasso-J nõta altu.':l porque: ~~ 603 ~ e. na Nova Escócia. colidia com • França.
= =
~.3l!o;, p.;.--:i ~ ca Europa S<:tomri.onal. Central e Orientll. enquamo que os {novos estamb<CSI •lldepcndcruc, ainda não tinha assegurado toda a boa vor~ i
= ~--c~-ncn:: m:!""""5 p;i_-, o ~l~. <peru: J'!U5 não tropical. A sonc d3 ln 2laterra foi pos!.Uirum ªúnica outra nação que podi.a tor defendido as ;i:a• am~ (p. 1•. 75
.,....._.., ~:,., d! la de fio longo•. Ec,,,,n.r~c Hu :ory Rmr-" IX. p. 57. ~lonopólio agor::; no sentido de ausb>-
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adquiridos mediante o de senvolvimento de novas indústrias. Foi aqui de facto que a Inglaterra mercado espanh~; em particular, era atractivo devido à q ua inflaç~ interna e às suas com-
2641
encontrnu a sua salvação industrial , nas chamadas • 1rew draperies » < • que experimentaram pras coloniais". .' A lngl~terra estava a começar a comer os podres do Império Espanhol.
uma subida notável como artigos de exportação precisamente à medida que as • o/d draperies. E com a decadenc1a da mdustna ttahana, as cxponações ingl~ praú=cme preencheram
decaíam <26.' '. o vazio c2101.
Havia uma segunda solução para o dilema dos preços elevados: a Inglaterra desen. Quanto à colonização, temos de recurdar que durante um longo tempo não foi nece~sário'
volveu um comércio de reexportação. E foi este aspecto da política comercial da Inglaterra à Inglaterra (França ou Holanda) meter-se em empresas directamente color.iais. o trataóo de
que estimul ou as duas características novas mais marcantes do século XVII : o interesse pela Cateau~Cambrésis, sem dúvida em pane como sinal d.e cansaço da expansão imperial. incluía ·..y • • --. • · •
expansão colonial e a rivalidade anglo-holandesa. Ambas as tendências cristalizariam depois uma cláusula extraordinári~ q~e d~zia as~im: «A oeste do primeiro mendianoe a sul do Trópico ''"'··.• ·
da guerra civil. mas ambas eram evidentes antes dela <206 >. de Câncer ( ... ) nenhuma v1olenc1a rcaltzadz por qualquer das panes contra a contraria ser.i
Os no \'os produtos exigiam novos mercados, e foram a Espanha e a área mediterrâ- considerada como violando os tratados,, tn n. Este conceito_ conhecido popularmente como · · -.- ,. ,. i ·
nica em geral os mai s importantes dos novos campos para as exportações da Inglaterra <mi, «Não há paz para além da linha», foi reafirmado em Vervim ern 1598. Permitia_de'de logo. · '•
uma área re lativamente livre das con struções dos velhos monopólios ingleses <268J. o a liberdade de criar novos estabelecimentos, mas também a liberdade de >aque . E durante -- - ·"
aproximadamente cinquenta anos o saque foi muito mais rentável do que a colonização teria
26-i . As variedades de tec ido eram múltiplas. Parece ter hav ido (a) lanifícios: quen1e s e pesados: isto l.,
sido <272>. Em contrapartida, esta parecia uma aventura duvidosa. Ti nha~ po~ e' identc que os
tecidos largos de pri meira. apreciados pel a resistê nci:i das qualidades de fe ltro d3 13; usacbs fibras de fio cU110 cncara- espanhóis se tinham apoderado já dos bons lugares e .. mesmo os dmámic:m i!>abe lioos - e
colJdas; frequentemente o fio era cardado. depois conve rti do num novelo: a lã era pisoada. isto é , encharcada e batida sem dúvida alguma a própria rainha-estavam conscientes do absurdo de fazer ~pecç õcs
em esta.do húmido ?Ma que fkisse mais quente. mais opaca e mais dur.:i"·et de dese nho mo n ó t on o ~ apropriada para
à sorte num vasto conúnente» cmi. Além disso, a)nglaterra tinha a Irlanda como saída para os
climas mais fri os; (b) •tipos mais recen tes » de tecidos (mas ai ndJ basicamcn1e lan ifícios): mais estreitos e mais
baratos: inclui tecidos m:Us grosse iros designados em ing. lc?s por keT$ies . do:ens. straits: prime ira mudança de emigrantes locais <21• 1• _,
dií«'çfio rumo a novos mercados meridion::i. is: (e) cstambres propri::i.menre ditos: fi ados com lã penteada e de fio Estas atitudes mudaram durante o período posterior a 1600. A Inglaterra consoli- ~ ,, • •
longo: ba,s(-.avam-se na força dJ urdidura e d::i. t.r.lma: mais l!!ves q ue os de prime ira e usando menos lã por jarda~ não
dou as suas relações com a Escócia ao unir os tronos na pessoa de Jaime L A colonização da , ·
pisoodos: bem próprios para c lima m ed i t~rrânico n3o tropi cal: (d) "' novas faund a.s ·~ ou -. tecid os"': bas icamenu:: uma
' '\lf13.nte dos esta.rnbres: os m1is Je,·es de todos; grande variecbde de padrões: ocasionalmente piscados: por vezes a Irlanda ganhou assim uma nova importância, tanto para a lnglat::rra como p:ira a E..o;cócia = •. · ' ; ' -~ -
tnma er.i fci tJ com~ . linho o u algodão: inclui baeus. sarjas. p.;:rpetuanas . est.:iminJ.S. fustões e muit os outros. Ver A Irlanda ficou integrada na divisão britânica do trabalho. Os seus bosqu.es foram utilizado~
Bowd<n. ll'ool Tradc. pp. 41-43; Friis. A!Jerman Cockayne's Projl'Ct. p. ~ ; Su pp le. Commercial Crisis, p. 5; D. C.
Coleman. •An lnnovation :md its Diffusion: The "Ne w Drapcries ..... Economic Hisrory Re\'iew. 2.' série , XXU, 3,
Dez. 1969. 41 -413. eia de concorrência, não no sentido de resuições legais de entrada. Por meaOOs do s&m.1 X'\1Il.. .i. U ck fio kx:go
: 65. A ausa deste aumento foi auibuida ixir P. J. B o ~den mais a factores tecnológicos do que a facto- era produzida na Irlanda, e por volta do fim do stculo. em pequenas quantid>des. OJ Hol:ii>!L ü ü.1'b • - . S
res comerri:ü.s: .. :\ p35t.:!.gem tinha uma influêncil de lo nge maior do que a tem peratura sobre a excelência do fio. (Ver p. 53, n . 3).
~1 m m.li.s alimen:o tinhJ o carne iro. m3ior se- 1om Jv.1. O fio d3 lã não era e xc.epç ão e como qualquer oulr3 pane 269. Fisher, Economic Histon · Rn'it~'. UI. p. 155.
do :mimai il U~ntJ.v a em comprimento e volume em resullado de uma me lho r alimentação.( ... ) As tnrlosurts para 270. Ver Charles Wilson . • cio!h Production and ln1emariooal Competilioo in chc 1ié Ctnlm) • . Eront>-
cri3'.,;--io de carneiros fac11it'.!' :l?TI :i "idl. umo aos africui ro res como aos seus C31Tll!iros. Como já Lord Ernle declarou, mic flistory Ren'ew. 2.' série . Xlli. 2. 1960. 2l:!.
··,l rtk!"di11 que- se- rnult!p lica' ama:,, enclosurc•.s. os ~:i.meiro s er::im me lho r aJimrnt.ados e a tosq uia au mentava em peso 271. Citado em Rich. New Cambrid.~ e Modtrr. Hisrnry. 1. P· 467 . . , de !od:l
e comrrinl'"'...nio. :mtx>::i pe rdesS<' algo d.l excelênc ia da su.1 qualidade". Assim. ao longo dos séc ulos XVI e XVU 272. • Os colonos Iespanhóis do !'o\"O Mundo l - :lv1dos de = ·os < de •rugas ~ ~
ho:ne u-ni.a diminui ão grJCual r.a ofena. de 13 firu e curw de produção inglesa e um au mento na de lã ma is comprida a espécie. com uma grande quantid:lde de dinh<iro à sua disposição. se bem <r"" ccr.dic~ pcla lei 1 nei;o.:a.'ml

d!=
com um monopólio ineficaz e voraz - propon:i onavam um mercado perfr i:o pa.""2 o cománo cLmdest.ino. CMl
e pns..(Ctr.!• .... \\'('Qi Supply and the \Voolle n Indu s1ry ... Econonuc HisU>ry RniO\'. 2.• séri e. XI. 1. 1956. 45-46.
risc os consideráveis de entrada• . Parrv. f\"e.-.· Cambridgt Mc-.Jm1 lliste>r:-" UI. PP· 516-517. _
Suppk- reç i;...""..! Cf'.JC: Bo\\den ·nlo tem em conta quer a expans5.o cb indlistria continental. comr:i a q~ l um produto
infrrior ti.'lhJ de !Oer :s, J.1i3do. quer o cres.c1mento notá, e! d3. ofen.a e uropeia de lã. na qual se baseava a industriali· John Maynard Keynes foi u~ dos primáros a rec~:er 1 ~~~~u de ::;;~tKJ~=
o;_ão cor.ri:."'k!n!.3.J . ~h1"S . a con....-·orrénci:! en rruis aces.a não dirutamtme no mercado de 3lta qualid l de. mas no mer· de acumulação de capiul na lng.latcrra. Ele censurou uma gcn;ão ant: nor O< ~~ c.':'nplD:3 i:,úimbridJt
~de tt..U ! I.S rt"b:ti,·a.:-nen:e- m::J..J..S gIOS.i!1 ros - que pr:.s umi"elmente se expandiam a ponto de ani gos infcriotts importante fonte de melais preciosos: · E carac1ensuc:o ~s nouos ~~
Modern HistOT)' não faça m enção destes factores económicos como mol.d::lndo ~
T ~ f'1:sabc.!ma
"" e nabl:liu.ndo a
proc..-'uz:idos no ey r:anti:eiro csurem a s.ubstiru1r o te-cido largo tradicional ing lês. Foi uma série de mudanças radicais
oo r::--~ e r...a.s ofmis :ihem:i.rh as. n.30 :?.penas umJ ~ierioraç5o da indLi.stria inglesa. que teve lào infelizes rcper· sua grandeza• . Treatüe onMoney. li. p. 156. n. 1. de prodllrida•. lsu> é: · Em vez de amn-
ruilÕc$ ~-a n \ Clha.s fa.zend.ll• . Co~.muna l Crisis. p. 1..iJ.
. Wcbb designa assim este processo: •Agarrar ~ sort~ 1°'° depcns \"l:.'Tl·ncK aD!li '5F.."i.61s pouco &.pois d.e
Jarcm o ouro e a prata na s ua fonte . como os õpanhó1s f3lJ,.JI?L e ~ troU
:!66. Ver F. J. FL<l'.<r. ·Londoo·s E<p<>n T r:!d.! in the E.lrly Sevent.,,nth Centll!)'•, Econamic Hürory
Rrn rc, 2.' s&.e.111. ~ - l 50. 159-161. estes os terem adquirido•. The Gr~at Frvnt!tr. p. 196. ..
273. Parry, N n.· Cambridge Modtrn Hutof)» !ll, P· 5.~. f . rcinad> nesu aJ:u...._ A LrUn:1a ""~
267 . • ..; ! ~a cr!'SC'eote cb ecooomiJ L"lg_les..a oo meio s«ulo an t~ d3 G uerra Civ il e m nenhum ouuo lado
foi rn:1u ~rn e1 Ç':"e' · u do q-:.1:e n.l.s Sl.U.5 re l.3Çôes co m o ~fedite"rr.ineo. N~te período a indú:stria inglesa resoh·eu . . 274 . Ver ibiJ ., p. 526. Mem"' na lrland-1. • atirude dJ ~ng~~:oorudos e c1cscor= não proc-.ira-
c a.a,·a mtensamente com a Espanha. ..\md.3 que ~ tni!CSi!'S C'Sl l ~ ~ mJ.is i vontade do que cm ano\
prnhk."!'..15 16...,,xo. . ti enüo a tmlu_ .,, retido e tm1ndou os m<r.:ados do \tediterrâMo Oriental e Ocidental
ram reprimir o comérc io .• A In glaterra '."b lsal>el °'~"· nesie.as~ ~:nentOS e;:móm1co••" Cyril Falis.
~ 1L"llfi:x>s. cor.~~.:!:!':!!:~ ;cduzindo a TL.T4cia e a ltilU ao p::!pel de fomecedore5 de! m:uéria5-primas indus-
J>OStenorcs. O s ca16 lico s u landcses nao estavam se"ql..' fi SJ.:)C"I
tn.in• . R.alpb D ~- ·Er!gb..')j u.d ti11c: \ led1te:n.ne..1.n. 1570· 1670•. in F. J. Fi her. ed. . Essan in the Economic
Eli:aberh' s /ru h \\'ars (Londres: l\leth ucn 1950). ~- Um> t<1lll!i•• tsGOC<S3 scm<lbllll« ~ «t>lx-~
.::-:.1 5oc-..;J Hu:orr_·r .. • • ar.d St•.i'1E"tw •.J1Lcodres e~º" Ioni"": Cambridge Uni\'. fu'5. 196ll. t 17.
215. Ver Lythc. The Eronamy of Sro:!Md. PP· 6J-70 · Es..""Ó<ia já niO tird",. ama pol1oa •~=
. 26&. \:a t~. Ewr~vr.. r H" '"":· Rn:,..., UL p. 336. Ver Bo"'den: .Qs {,-dhos tecidos de lã! eram
~olónias na N 0 , .3 Escócia fracasso-J nõta altu.':l porque: ~~ 603 ~ e. na Nova Escócia. colidia com • França.
= =
~.3l!o;, p.;.--:i ~ ca Europa S<:tomri.onal. Central e Orientll. enquamo que os {novos estamb<CSI •lldepcndcruc, ainda não tinha assegurado toda a boa vor~ i
= ~--c~-ncn:: m:!""""5 p;i_-, o ~l~. <peru: J'!U5 não tropical. A sonc d3 ln 2laterra foi pos!.Uirum ªúnica outra nação que podi.a tor defendido as ;i:a• am~ (p. 1•. 75
.,....._.., ~:,., d! la de fio longo•. Ec,,,,n.r~c Hu :ory Rmr-" IX. p. 57. ~lonopólio agor::; no sentido de ausb>-
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p;u-a o fomc:cimento de rr.:!deir:i à lnglat: rra_•::-:•,_ '.º
d~urso d.o s cem '.1-°os seg~tes conver. Ex i te m d uas q ue tões um tanto estúpi<hs em t.o:r.o d:i eclosão da gu:nu ci~il Uma é
ter-~-ia em sede d~ wna importante mdu tna do !erro controlada por mgl~se~ . E a lng(a. se e la era o u não ine vit_:h'el. Perante a afi~ <!e Tawney de c;:ie ..a c;u:da da morar1:pm
teTT3 come-çari:i a criar esubel~ im e ntos na América d_o Norte. p~, a1nbu1 a mudança ao foi aceler.ida pelas med idas ado_p tada pel0>_Tudorpam2 pn:serv;u. ai: .. Tt~\-or-Ropcr afimu
d>Xlínio do pn:Hígio espanhol e à procura de m a t én as - ~n mas - comida b~ta, especialmente q ue 0 problem a fun dame ntal f~1 uma adrmm tração e~j:ador-.... que podia ter sido rdo:m da
peue '-' . e fome-cime ntos estr.Jtégicos (made ira: canhamo e i:e~). CUJ_as fontes bálticas lo P:irl:imento . «Porque. e\'ldentemente. a monarquia cm si mesma não cr.i obstáC1l o. Ê
podilffi er rtarlas em tempos de guerra. Por a::res c1mo, as colo mas senam um novo mer- ~surdo d ize r que tal política era impossível !>em uma re•olu..,.--ão~ ª1'.
aido p:rra as m:mufacruras e um lugar para onde exportar o s pobres <=•. Sem dúvida alguma Ve re mos d entro de pouco tempo ai. conscquéri..-ias qut: ti' cra."n pa.'"ll a França as ,
tudo isw e ti certo, mas . excepiuando a consideração sobre o poderio m il itar da Espanha, fo rmas admin istrativas que Trevor-Roper recomenda retrospecti,-ameni.e ao Parlamento · ·. ••
1udo r:~ ri a e tad certo em boa parte um século antes. A nova corrida às colónias em que se ~largado. Mas a «ine vitabilidade,. é uma ~u _são sem sentido. Se u:m e emenw ti.-esse ido· , - ·
m~ tmun as trê potê.n::ias do noroeste da Europa não é um simples indicativo da sua compe. diferente é evide nte que o s res ultados tenam sido diferentes. ~tas !te·~ U.'Il, parque · .·.
titivid:!de". 1'ão er.i em boa parte uma colonização preventiva. espec ialm ente na es teira da não doi s ou três? A realidade é que a guerra civil aconteçcu d:: facto. c·:i wcla do in"~ga- -·- · -. - ~ _,~·
d.x-adfo ia da Espanha? dor é e xpl icá-la. ·
O im cto destaS convulsões económicas inte rnaciona is forçou uma crise política A o utra questão estúpida é se as ., ,·erdadeiras ~ questões que divilfu.-n a ln~ en.-n
n::i Inglaterra. Em minha opiniào. Perez Zagorin captou com bastante precisão a natureza o u não crenças sobre a liberdade e a religião. He.xtcr ins iste que o prob!:ma. era est~ . e p11-crc ;. _. ..... ...
o onflito: sentir-se um tanto surpreendido por ver que tantos dos seus comp:mheiros e a1112gonis~ na
A g~nese d:! rcvoluçfro ingle.~ não se encon1r.1 numa lu1.a de classes - dado que as frac;ç_õcs controvérsia es tejam de acordo (Hinton. Stone. Pocock. Hill. Trevor-Roper fala.orlo po i
dirigem~> de :imbas :is p:mes na g u~rrn civil in, luíam geme procedente da mesma"d aSsc: mesmo e por Taw ney). Dá-lhes as boas-vindas à sua companhia wr..ig '°""'. J. G. A. Pocock.
<conómi.:a. cujo d6envolvimemo se linha produzido de maneira constante duran(; Ósêéuio pelo menos. cobre-se um pouco. insistindo em que é um «pós-marxista,. maiJ. do q~ um i::t o-
prec<<knt<. Ames se encon1r.1 num conflito no seio desta classe entre os grupos govem:mtes -whig 1wi. Mas trata-se duma discussão estúpi da. já que. evidentemente.. os promgo.-ll=.\ da~~ ··· ~ ·-',
1
d:! lni:!Jterra ': •
guerra c ivil exp ressaram muitas das suas divisões em termos ideológicos, qu:: gi.."G,·arn em , .... '··
E est:i guerr.i interna no se io da cl asse dominan te não fo i apenas força da pelas exi- ;orno d a liberdade política e das perspectivas religiosas. E com certez::i faziam-r.o s.eri:m:~nte.
gências d::i arena económica intern acional. fo i tomada possível por uma prévia elimina- E co m ce rteza o resultado d a guerra civil iria ter consequências no sistcnu norm:tü•·o que
dirig ia a v ida política inglesa. ~ ,:
ç-J.o de dois gr:indes perigos que. como afi rma Scone. o sistem::i político inglês enfrentava:
..o palco [tinha fi cado] limpo de toda a inte rferência por parte dos pobres ou dos espa- Di ssecar as coorde nadas ideológicas dum conflito político e social no er.tl!.11!0, llWlC!l- :-
nhó is...»1°'"· é significati vo. salvo se se pode enraizar tal análise nas relações sociais p~val=ntes nesse ·.-
momento e nessa m edida compreender as exigências ideológicas que estas rda:ções imp!iC3!Tl. '__·:~
Na rea lie/ade o de bate g ira em tomo d a totalidade de tas relações. em turno de . e devemun :;., .._:-
1iô. Em 160J J Iriand3 ~~ t.:wa cobc m1 por bosq ues cm um o itllvo do s.eu território. Por miei de 1700
t'lC' · nru:un ' irtll.:lln1<'n11.· de.~:i~·ido. O btinh.u1He l uc ro~ ripido.:i da vC'nd!J. de m3d e ir.t p=1r..1 curtição de couro, ma nter-se com o estão ou mudar numa direcção determinada. " . .. ,·
cc~s.truç..:o nJ \~I. m.:mufatr.Jr.1 de tubos e aduel:l.S ~ ha.rri s ~ fun d iç.ão do frrro. A madeira cam~ m C'C3. coruda A gue rra c wil ing lesa foi um confluo complexo. como o são todos os gr.in~s con- , .
Pz:r3 usos domt,,lll."<.'~ ~m:ucriais de construç3o. k nhn). Pam altm dos m0ti\•os econó micos. havia a p~ocu P3Çio flit os soc ia is. Um d os maiores enfrentarnentos era o exi stente entre. por um !:ido. 3'Jades que ~ ',
mll:ur lk ~hm~~:ir ~r.:~ e txJsqu~s em ~ue o.~ rcsisc~mC"S irl~deses não pudesse m se r pe~guidos p:los cavaleiros ... {.!
~j~~~ _vc7 E• l~n '1, Cncl< n. • Tho \\ oodl3ncls N lrdond cm'" 160(J., /rish Hiswrica/ Studies. XI. 44. Ser. 1959. realçavam o papel da monarquia. esper.indo agarrar-se desse modo a um si te.nu d: pri,·il<'gio
9 e submissõe.s em derrapagem ~~i. cujo medo a uma revolução social pesava ma_:s q~e qu.:ilquer
_~ ?1: ... Tc-m-;.r: p:rnlmcme- supcmo 4ue o su~tmcn10 d3. indústri.1 <lo ferro controlada pela lnglatC'mt na o utr.i conside ração e que estavam de alguma fom1a paralis:idos perante ns opço<.: torçad::is d::i "-· · '".- - ~
l~l..\.nd.i \.~mciJiJ com um:i es.ca..-.~z 1.k c_ombllitiY(I t: rn Inglate rra. Parece a cora prm::t ..·e l que o custo do combus·
ti \ (). mJ.ts dt' ~u~ a su~ c~:.bo~Z. c:rJ. .a di.fi culdadi: qu<- atom1e-nl.J\'J 3 indü5~.!l inclesa. (... )
economi a-mundo e por outro !:ido, aqueles que davam a primazia à pro~u~o da corm:r-
_ ~lo tnn JL' ~t.:ulo X\.' l o rnmbusi Í\' t:' I e a m:l(>-<l~·~brJ C'rJm as ru brica."' n~ais carJ..S no custo de exploração ci alizaçãO da agri~ultura. que aclamavam uma certa mudança dos es.qu~m:is soci3 i;. que ,·iam -~~ : __: <~ :
dumJ or1;;nJ 1 ~~ks.~ ..t ... ) D~..Jllc o me~~o p<'riod~' na lrl:rnd:J r le er.i mui to mais bar:ito•. /bili.• p. 295. ~ ...: .· ...
._ - s.. · 0 r<mxh> 1 )~0- l óOO. os m~ leses •mham tonl<\"Odo a afasi:ir os e<panhóis dos bancos de pesca da
-~~~~~: ~l'~~ ~ l~in t 1 3m~ r~~1s Vt"r\b;.k Jpó~ 15SO. t.IlUndo J Dinam::tre"a com~"ÇOU a impor um siste.ma de licm- uma fase do seu desc.nvol\•im~ro cm que estavam mais indin.ld:ts :i t;,:wnar t.rn bo.s r.ll"te ''~ ~:=-:0~:: t~ > . ... ·
~ foi,~lJ J...L\~~:~b .1 ~l_JndtJ. Pc:l1.1 ~~m Lk1 ~ulo. a lng!Jtcrra t.~s1ava estabe lecida na ~nínsula de A\lulOO- M3S go"emo e esti ves.sem mais c on ~icntes de objectivos que tivessem fnOO por 1.". "ll!I:pm doo<u::: :: ·ih · cn.m n:u:i§ -:o "": ·
põd~ l" · lt'I. llquea lnglakfr.l ~ mamc:,·e segurameme aquanelada na Tcrra Novac naNovalnglatem 0
q ui: e ram realmente conseguidos. Dada uma ui atit ude dt e-spírito. as q1.Ktns_.1 ~ ~ . c4:~ (~'1d::.htüt~ ··
1
-·;· "F:.
t: c.a.;;urar .o n ~n-.1J(' .t'spa~ho l. ~·c-r lnn 1s. Th c Cod Fl!iheries. pp. 30...8 1.
~usc.i:ptívc: is deassun~iruma importãncia ~sproporcio~~ aos ol~OOs i.:~~~rd:d:nuoC'O de ft.n t t . - . .> .~~,-·
t'
~ ,9. \ ,~J" l .:ury. :\( t'i < ~bnd.~t' .\ foJcr1i llistory, Ili. p. 5:?7 . tn F1sher. cd., 15 1. Twc:ss.c.: a escruturJ. so,:1a.I c~tado sujeita a um Htdadc. ~ part ,.. ..~·· ..~ ..·
.

:,:~~n~:~~.1~ t~';:~~'t:~~:n~~fr fhsrQry. ~IX. PP· 39 1-392. Es1c ar~ument.o é muito S<'melhante ao origi·
n:!lmente... d ifícil imJ.g innr que as companhias pri vilegiadas S<- ti\'( sstm <.k~u l p.:u:Jo. .. >.~ '
di:im m.~~ .3 J-'C'C ulia.ridadt--s rc-i ionais d~ q";~paa~~~i~~;=il~~ ..." ~~ae~o~o~_11: de ~1po~ diferentes que correspon·
3 1 282. Tawney. Procu dings nf rhe Briru h Aradrmy. P· 21!. ... · . .. ~-..-.'
- SI. Sion<.Eronomic l/isron · Rri·iiw. X\l ll 1 · > e nomrc lfistory , I. p. 186. 283. Tn:vor-Roper. The E~ropean Wirch.Cra:e. PP· Stí-87.

que rodt"mos c.ncomrar a image-m ruri~~ das com , · .P· - 1 .Dt.~c.no que é num tal ambiente de rei.ali a scgurançm
~: ~~'.e;:_ ~:::~:·;~:~:i;:~he Editor•.Ennnmra. XI, 4. Ü\ll. t95S. iO.
Vcjl·SC a cx pli<J\Jo de Robcn \ sh1on." É d "fl" l pruth1as pnnlcg1adas voll.'.lndo-se contra o seu benfeitor, o Esbdo.
1
'· •• 1.: i cvita.raconc lusãode q ucmuiw dascom panhias tivcs.sematingido 286. Ver Storn:, Crisis of rhe Arisuxr<Jcy, PP· 349-351.

276 '. 277


'":. ~-.

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p;u-a o fomc:cimento de rr.:!deir:i à lnglat: rra_•::-:•,_ '.º
d~urso d.o s cem '.1-°os seg~tes conver. Ex i te m d uas q ue tões um tanto estúpi<hs em t.o:r.o d:i eclosão da gu:nu ci~il Uma é
ter-~-ia em sede d~ wna importante mdu tna do !erro controlada por mgl~se~ . E a lng(a. se e la era o u não ine vit_:h'el. Perante a afi~ <!e Tawney de c;:ie ..a c;u:da da morar1:pm
teTT3 come-çari:i a criar esubel~ im e ntos na América d_o Norte. p~, a1nbu1 a mudança ao foi aceler.ida pelas med idas ado_p tada pel0>_Tudorpam2 pn:serv;u. ai: .. Tt~\-or-Ropcr afimu
d>Xlínio do pn:Hígio espanhol e à procura de m a t én as - ~n mas - comida b~ta, especialmente q ue 0 problem a fun dame ntal f~1 uma adrmm tração e~j:ador-.... que podia ter sido rdo:m da
peue '-' . e fome-cime ntos estr.Jtégicos (made ira: canhamo e i:e~). CUJ_as fontes bálticas lo P:irl:imento . «Porque. e\'ldentemente. a monarquia cm si mesma não cr.i obstáC1l o. Ê
podilffi er rtarlas em tempos de guerra. Por a::res c1mo, as colo mas senam um novo mer- ~surdo d ize r que tal política era impossível !>em uma re•olu..,.--ão~ ª1'.
aido p:rra as m:mufacruras e um lugar para onde exportar o s pobres <=•. Sem dúvida alguma Ve re mos d entro de pouco tempo ai. conscquéri..-ias qut: ti' cra."n pa.'"ll a França as ,
tudo isw e ti certo, mas . excepiuando a consideração sobre o poderio m il itar da Espanha, fo rmas admin istrativas que Trevor-Roper recomenda retrospecti,-ameni.e ao Parlamento · ·. ••
1udo r:~ ri a e tad certo em boa parte um século antes. A nova corrida às colónias em que se ~largado. Mas a «ine vitabilidade,. é uma ~u _são sem sentido. Se u:m e emenw ti.-esse ido· , - ·
m~ tmun as trê potê.n::ias do noroeste da Europa não é um simples indicativo da sua compe. diferente é evide nte que o s res ultados tenam sido diferentes. ~tas !te·~ U.'Il, parque · .·.
titivid:!de". 1'ão er.i em boa parte uma colonização preventiva. espec ialm ente na es teira da não doi s ou três? A realidade é que a guerra civil aconteçcu d:: facto. c·:i wcla do in"~ga- -·- · -. - ~ _,~·
d.x-adfo ia da Espanha? dor é e xpl icá-la. ·
O im cto destaS convulsões económicas inte rnaciona is forçou uma crise política A o utra questão estúpida é se as ., ,·erdadeiras ~ questões que divilfu.-n a ln~ en.-n
n::i Inglaterra. Em minha opiniào. Perez Zagorin captou com bastante precisão a natureza o u não crenças sobre a liberdade e a religião. He.xtcr ins iste que o prob!:ma. era est~ . e p11-crc ;. _. ..... ...
o onflito: sentir-se um tanto surpreendido por ver que tantos dos seus comp:mheiros e a1112gonis~ na
A g~nese d:! rcvoluçfro ingle.~ não se encon1r.1 numa lu1.a de classes - dado que as frac;ç_õcs controvérsia es tejam de acordo (Hinton. Stone. Pocock. Hill. Trevor-Roper fala.orlo po i
dirigem~> de :imbas :is p:mes na g u~rrn civil in, luíam geme procedente da mesma"d aSsc: mesmo e por Taw ney). Dá-lhes as boas-vindas à sua companhia wr..ig '°""'. J. G. A. Pocock.
<conómi.:a. cujo d6envolvimemo se linha produzido de maneira constante duran(; Ósêéuio pelo menos. cobre-se um pouco. insistindo em que é um «pós-marxista,. maiJ. do q~ um i::t o-
prec<<knt<. Ames se encon1r.1 num conflito no seio desta classe entre os grupos govem:mtes -whig 1wi. Mas trata-se duma discussão estúpi da. já que. evidentemente.. os promgo.-ll=.\ da~~ ··· ~ ·-',
1
d:! lni:!Jterra ': •
guerra c ivil exp ressaram muitas das suas divisões em termos ideológicos, qu:: gi.."G,·arn em , .... '··
E est:i guerr.i interna no se io da cl asse dominan te não fo i apenas força da pelas exi- ;orno d a liberdade política e das perspectivas religiosas. E com certez::i faziam-r.o s.eri:m:~nte.
gências d::i arena económica intern acional. fo i tomada possível por uma prévia elimina- E co m ce rteza o resultado d a guerra civil iria ter consequências no sistcnu norm:tü•·o que
dirig ia a v ida política inglesa. ~ ,:
ç-J.o de dois gr:indes perigos que. como afi rma Scone. o sistem::i político inglês enfrentava:
..o palco [tinha fi cado] limpo de toda a inte rferência por parte dos pobres ou dos espa- Di ssecar as coorde nadas ideológicas dum conflito político e social no er.tl!.11!0, llWlC!l- :-
nhó is...»1°'"· é significati vo. salvo se se pode enraizar tal análise nas relações sociais p~val=ntes nesse ·.-
momento e nessa m edida compreender as exigências ideológicas que estas rda:ções imp!iC3!Tl. '__·:~
Na rea lie/ade o de bate g ira em tomo d a totalidade de tas relações. em turno de . e devemun :;., .._:-
1iô. Em 160J J Iriand3 ~~ t.:wa cobc m1 por bosq ues cm um o itllvo do s.eu território. Por miei de 1700
t'lC' · nru:un ' irtll.:lln1<'n11.· de.~:i~·ido. O btinh.u1He l uc ro~ ripido.:i da vC'nd!J. de m3d e ir.t p=1r..1 curtição de couro, ma nter-se com o estão ou mudar numa direcção determinada. " . .. ,·
cc~s.truç..:o nJ \~I. m.:mufatr.Jr.1 de tubos e aduel:l.S ~ ha.rri s ~ fun d iç.ão do frrro. A madeira cam~ m C'C3. coruda A gue rra c wil ing lesa foi um confluo complexo. como o são todos os gr.in~s con- , .
Pz:r3 usos domt,,lll."<.'~ ~m:ucriais de construç3o. k nhn). Pam altm dos m0ti\•os econó micos. havia a p~ocu P3Çio flit os soc ia is. Um d os maiores enfrentarnentos era o exi stente entre. por um !:ido. 3'Jades que ~ ',
mll:ur lk ~hm~~:ir ~r.:~ e txJsqu~s em ~ue o.~ rcsisc~mC"S irl~deses não pudesse m se r pe~guidos p:los cavaleiros ... {.!
~j~~~ _vc7 E• l~n '1, Cncl< n. • Tho \\ oodl3ncls N lrdond cm'" 160(J., /rish Hiswrica/ Studies. XI. 44. Ser. 1959. realçavam o papel da monarquia. esper.indo agarrar-se desse modo a um si te.nu d: pri,·il<'gio
9 e submissõe.s em derrapagem ~~i. cujo medo a uma revolução social pesava ma_:s q~e qu.:ilquer
_~ ?1: ... Tc-m-;.r: p:rnlmcme- supcmo 4ue o su~tmcn10 d3. indústri.1 <lo ferro controlada pela lnglatC'mt na o utr.i conside ração e que estavam de alguma fom1a paralis:idos perante ns opço<.: torçad::is d::i "-· · '".- - ~
l~l..\.nd.i \.~mciJiJ com um:i es.ca..-.~z 1.k c_ombllitiY(I t: rn Inglate rra. Parece a cora prm::t ..·e l que o custo do combus·
ti \ (). mJ.ts dt' ~u~ a su~ c~:.bo~Z. c:rJ. .a di.fi culdadi: qu<- atom1e-nl.J\'J 3 indü5~.!l inclesa. (... )
economi a-mundo e por outro !:ido, aqueles que davam a primazia à pro~u~o da corm:r-
_ ~lo tnn JL' ~t.:ulo X\.' l o rnmbusi Í\' t:' I e a m:l(>-<l~·~brJ C'rJm as ru brica."' n~ais carJ..S no custo de exploração ci alizaçãO da agri~ultura. que aclamavam uma certa mudança dos es.qu~m:is soci3 i;. que ,·iam -~~ : __: <~ :
dumJ or1;;nJ 1 ~~ks.~ ..t ... ) D~..Jllc o me~~o p<'riod~' na lrl:rnd:J r le er.i mui to mais bar:ito•. /bili.• p. 295. ~ ...: .· ...
._ - s.. · 0 r<mxh> 1 )~0- l óOO. os m~ leses •mham tonl<\"Odo a afasi:ir os e<panhóis dos bancos de pesca da
-~~~~~: ~l'~~ ~ l~in t 1 3m~ r~~1s Vt"r\b;.k Jpó~ 15SO. t.IlUndo J Dinam::tre"a com~"ÇOU a impor um siste.ma de licm- uma fase do seu desc.nvol\•im~ro cm que estavam mais indin.ld:ts :i t;,:wnar t.rn bo.s r.ll"te ''~ ~:=-:0~:: t~ > . ... ·
~ foi,~lJ J...L\~~:~b .1 ~l_JndtJ. Pc:l1.1 ~~m Lk1 ~ulo. a lng!Jtcrra t.~s1ava estabe lecida na ~nínsula de A\lulOO- M3S go"emo e esti ves.sem mais c on ~icntes de objectivos que tivessem fnOO por 1.". "ll!I:pm doo<u::: :: ·ih · cn.m n:u:i§ -:o "": ·
põd~ l" · lt'I. llquea lnglakfr.l ~ mamc:,·e segurameme aquanelada na Tcrra Novac naNovalnglatem 0
q ui: e ram realmente conseguidos. Dada uma ui atit ude dt e-spírito. as q1.Ktns_.1 ~ ~ . c4:~ (~'1d::.htüt~ ··
1
-·;· "F:.
t: c.a.;;urar .o n ~n-.1J(' .t'spa~ho l. ~·c-r lnn 1s. Th c Cod Fl!iheries. pp. 30...8 1.
~usc.i:ptívc: is deassun~iruma importãncia ~sproporcio~~ aos ol~OOs i.:~~~rd:d:nuoC'O de ft.n t t . - . .> .~~,-·
t'
~ ,9. \ ,~J" l .:ury. :\( t'i < ~bnd.~t' .\ foJcr1i llistory, Ili. p. 5:?7 . tn F1sher. cd., 15 1. Twc:ss.c.: a escruturJ. so,:1a.I c~tado sujeita a um Htdadc. ~ part ,.. ..~·· ..~ ..·
.

:,:~~n~:~~.1~ t~';:~~'t:~~:n~~fr fhsrQry. ~IX. PP· 39 1-392. Es1c ar~ument.o é muito S<'melhante ao origi·
n:!lmente... d ifícil imJ.g innr que as companhias pri vilegiadas S<- ti\'( sstm <.k~u l p.:u:Jo. .. >.~ '
di:im m.~~ .3 J-'C'C ulia.ridadt--s rc-i ionais d~ q";~paa~~~i~~;=il~~ ..." ~~ae~o~o~_11: de ~1po~ diferentes que correspon·
3 1 282. Tawney. Procu dings nf rhe Briru h Aradrmy. P· 21!. ... · . .. ~-..-.'
- SI. Sion<.Eronomic l/isron · Rri·iiw. X\l ll 1 · > e nomrc lfistory , I. p. 186. 283. Tn:vor-Roper. The E~ropean Wirch.Cra:e. PP· Stí-87.

que rodt"mos c.ncomrar a image-m ruri~~ das com , · .P· - 1 .Dt.~c.no que é num tal ambiente de rei.ali a scgurançm
~: ~~'.e;:_ ~:::~:·;~:~:i;:~he Editor•.Ennnmra. XI, 4. Ü\ll. t95S. iO.
Vcjl·SC a cx pli<J\Jo de Robcn \ sh1on." É d "fl" l pruth1as pnnlcg1adas voll.'.lndo-se contra o seu benfeitor, o Esbdo.
1
'· •• 1.: i cvita.raconc lusãode q ucmuiw dascom panhias tivcs.sematingido 286. Ver Storn:, Crisis of rhe Arisuxr<Jcy, PP· 349-351.

276 '. 277


'":. ~-.

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cs assas \'irtudc · 11;1s extmvnc511 ias da Curte e que se oricnt:wum para a muximizuçào das
vantagcn da lnglutcm1 nn cconom1a-mundo. com a si1u;u;ão concrcla. O mais significaiivo destes c. uato é a buroc . .
s.. u no/Jlcs.re de robe: rnc1a de ongem bur-
Voltemos à Fr..m1;a. onck se passava a mesma coisa mas onde :is coisas não guC. ,1•
fundu111t'ntalmcn1e as mcs m:1s. Davis Binon di z dos anos 1560-1640 que foram «urnae;~in No momcn.to cm que um trabalhador. que manteve as ~ua.' hta~õeHU<n • aldci1. rde ' .
crucü1l 11:1 rr.msiç;io da nobn:z;1fr:mccsn da Baixa Idade Média para a nobn:za francesa do A :ise lho na fábrica : converte-se_novamcme cm camponê\ Da mesma fonna , quorido :icnta~~raba:
Regime» •~ '. També m o for..un em lngla1cm1. l\fas que diferente foi a trnnsiçào cm Fr ntigo batar aos o1[i~·1er:1 os seus d1rc'.'rx e pnv1lég1os de prvpricda&. í~to é.1Y.1vflos do -.eu >tatu.• c :o
No ~i.:rande debate entn: Boris Porchn;v_ e . Roland Mousnier - que abordaremos dentrança! oem nobrcia pr1vilcg1ada, autom aticamente calam praticamcn~ de 00, 0 ™> loe\l <latuJ origin.il de bur·
pouco - Porchne'· aq:umcnta em csscnc1a que o que aconteceu em França nesta época ~ . guescs. ( ...) 1Os] offic1ers afcc1ado. negauva:neme por 111$ decÍJÕe\ d: J MW1TU10 >cnnJm~ bur.
que " ª vcnd a de cargos n3o irouxc consigo o "aburguesamento" do poder mas uma "feud ~~ gueses, e no pnncfp10 da Fronda a sua atitude foi a ~sma da <b IO!alú!3&: ~ d:mc burguesa e"<•.
1
z.:1çào.. d::i burgucsi::i» 1 ~' 8 '. Ao que Mousnier responde: «Não existiu nada semelhante a ª Foi prccisamenle por ~ausa da re!ati va fac ilidade em adquirir a posíçãv m s:ocrálica-1 . ,_
ordem ··feuda l-absolutista". Na medida em que existia uma tendência para o absolutismo"~ª fomial em França (o que ~m~m acontecia em Inglaterra com ~ Stuan. mai. !'OaKr..J(j Ut. surgiu ._ ; ~;
·c. la,·a inserida numa lula con1rn a ordcm feudal. O que restava da ordem feudal tend'.1e a no século XVI essa «arnb1gu1dade do status nobre ~ de que~ guei~ ava 3 ari>tocracia francei.a , ,,.
paralisar o absolutismo» iis•i. Embora eu pense que este debate é parcialmente semântico
'e
ªª e que levou à sua «preocupação intensa, obses5iva. pelos pri\i légio. hooorífi~ os· ~ -. e: também ·'- ·- :····
q~e. qu a ~t o ao reslo. Porchnev leva a melhor, o que se pode dizer é que Mousnier se apro- à sua fixação em regras estritas de comportamento e na teoria da déro~ tar.t e::-" . ,._·_. . ·
xima m:lls da verd ade se_ se aplicarem os seus raciocínios para explicar o caso da Inglaterra e A descrição tradicional da monarquia absoluta como aliada da burguesia contra ;: • , . _ ,
os de Porchnev para explicar o da França. Isto é, esquematicamente e simplificando demasiado, nobreza chocava sempre com o facto de o chamado regime clhsico da mo:iarquia a~ol uta de ·. ·
poder-se-ia afirmar que em Inglaterra a aristocracia ficou a perder a curto prazo e a ganhar a Luís XIV ser também o principal exemplo de reafurnaç'".ill dü!o pri,-ilégicr~ ~-.1horili . M:i.rc ·
longo prazoªº.transformarem-se os seus elementos em capitalistas burgueses, enquanto que Bloch resolveu este dilema argumentando que a reafinnação 5enhorial foi o ma.is fund=en-
em França a anslocracia ganhou a curto prazo e perdeu a longo prazo ao obrigar a burguesia tal dos dois fenómenos antitéticos, e que sem a monarquia absoluta esta ter:l&nda teria tido ,
a aba?donar a sua !unçã~ própria e cont~buindo assim, em alguma medida, para a estagnação força plena. Por outras palavras, pode dizer-se que «a vitória da monarquia zbsokta limitou
econom1ca. A ra zao de isto ter ac_ontec1do assim, argumentamos nós aqui, é essencialmente a extensão da ''reacção feudal"» 1297l. _.
fun ção das suas diferentes relações com a economia-mundo. A. D. Lublinskaya está de acordo com isto noessenciaJ 091 '. traçando o segui."11!: quadro ·,:, .:.i .
Mas em primeiro lugar passemos mais uma vez em revista até que ponto esta é uma da França no «segundo» século XVI. A partir de 1559 o papel dos banqueiros estrangeiros
descrição correc1a do sistema social francês. Por rnzões já por nós esboçadas, o Estado francês
em_1600 era mais forte que o inglês. Isto significava que a burocracia era «para a burguesia o
declinou em França, tanto devido à decadência da Itália e da Al=anha roma ckvido às gu=s
religiosas. Estas guerras, no entanto. evitaram que a burguesia comercial
chesse o espaço tomado vazio. Por isso, e para obter fundos. o governo fr:incõ rnou ura sis-
pm:n- ' " :nn=
meio fundamental de subir na hierarquia social» 1290>, num grau muito maior que em Inglaterra.
Por s u~ vez esta venalidade conduzia a um interesse muito maior da burguesia na monarquia tema de arrendamento de impostos. Os arrendatários de impostas acabaram por s:: fandlr com
france~a mi'. Isto leva Mousnier a argumentar que naquela época havia em França urna o aparelho financeiro do Estado. «Ü arrendamento de impostos era um negócio rrntá'·el Fm
s!luaçao de classe relativamente aberta l 2921 . Mas o próprio Mousnier mostra quão difícil era sobre este facto que o gove_mo fundou o seu sistema de empréstimos f~~'CJS ~r ~~ dDS
principais arrendatários de impostos. convertendo-9S em seus credores.. - · Dlll .15 ~o._unas
a ascensão social. Assinala ele que para que um rotllrier chegasse à posição de maítre des - entre os «financeuos· » e o Es tado. a tal pon 1o qu e a slL'.I pro'rnia sobrevwencia
requêres _e~ necessárias geralmente quatro gerações <293 >. Eu julgo que de facto Porchnev rel açoes r · . { )
dependia da força do Estado, na pressuposição de que "ºgoverno forre qu: ~Ja,·am --
capta a s1tuaçao de cla~se com mais subtileza. Não se trata tanto de existir muita mobilidade
continuasse fortemente necessitado dos seus créditos»'- 1• Se bem qu: t ih·ez O:ª .SCJ: certo
enrre as classes como de existirem estratos de pessoas para quem o sentimento de classe varia
que a monarquia não submetesse de todo a impostos a nobre.za ''"'· erJ 8 sua propna epen·

287. Bitton. The Frenc/1 Nobiliry in Crisis (Slanford, Califomia: Stanford Univ. Press. 1969). 1. 294. Porchnev, u~ soulhements populairrs. p. 578.
). ;{.8· Bons Porchnev, ús soulh w1enrs populaires en France de 1623 à 1648 (Paris: S.E.V.P.E.N., 295 . Binon. The Fre11ch Nobilit)' in Crisis, p. 100.
1963 5
296. Ver ibid., pp. 70-76.
(P .. p 2B9. Roland ~fousnier, ed., Lettres et mémoires addressés ª"
Chancelier Séguier ( 1633-1649), Vol. 1 297 . Bloch. Coracréres origir1t1u.r. t, P· 139. . • ui• W'l'.i d:r.->."\"io fJ> orá,.,,1à_b<Jrlti:<>i:L que
ans. ;~"' Umversuaires _de France. 196_4). 82-83. 298. A linha principal da política da monarquia •b~l~~-~r "" ....,, in?crr~«> "°ooómict>S. p2t3 além
· Roland Mousmer, La 1·enal11e des of!ices sous Henri fV e1 Louis X/li (Rouen: Ed. Maugard. s/d. precisava instantemente duma autoridade central fone. ·~...• Frrr•:h ,{};,,,f;.r.sm. p 330.
1ca. 1945]• 58). Vertambém pp. 51 8-532. das fron1eiras da França assim como dcnuo d<!las~. Lubh115 l ·
1932• 49 ~~9.iVer G. Pagês, • La venalilé des offices dans l'ancienne France», Revue historique, CUWC, 3. 299 . lbid., p. 240.
300. lbid., p. 27 l . . . ~.Lt " "''"' «imr tewnenie pro<<],: ~ : ntr<
"d> da pressões

havia um~~~e~ ~an~n~ as distâncias na hierarquia de classes, e alguma~ vezes mesmo a luta de classes. nilo . _ 30 l. «Seria totalmente inexacto imag.'113~-se q;;: ~«<~•• •- ~rtt D<yon. •.": pro-":.c~l. Abril·
múl1iplas e var·1~ c araM e c_asscVs. A p_assagem de uma para outra ocorria por gradações mínimas através de relações fi scais impostas ao país pelos gov•mas de Luo Xlll e moilié.du :-.\1l'si. ·1<•. R""' huwnq .
as». ousnier, tnalué, p. 532. ta noblesse et la monarchic absolue pcndant b prcmierc
293. Ver Mousnier, Lmres er mémoires, I. pp. 168 _169 _ -Junho 1964, 342.
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cs assas \'irtudc · 11;1s extmvnc511 ias da Curte e que se oricnt:wum para a muximizuçào das
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s.. u no/Jlcs.re de robe: rnc1a de ongem bur-
Voltemos à Fr..m1;a. onck se passava a mesma coisa mas onde :is coisas não guC. ,1•
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Regime» •~ '. També m o for..un em lngla1cm1. l\fas que diferente foi a trnnsiçào cm Fr ntigo batar aos o1[i~·1er:1 os seus d1rc'.'rx e pnv1lég1os de prvpricda&. í~to é.1Y.1vflos do -.eu >tatu.• c :o
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pouco - Porchne'· aq:umcnta em csscnc1a que o que aconteceu em França nesta época ~ . guescs. ( ...) 1Os] offic1ers afcc1ado. negauva:neme por 111$ decÍJÕe\ d: J MW1TU10 >cnnJm~ bur.
que " ª vcnd a de cargos n3o irouxc consigo o "aburguesamento" do poder mas uma "feud ~~ gueses, e no pnncfp10 da Fronda a sua atitude foi a ~sma da <b IO!alú!3&: ~ d:mc burguesa e"<•.
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z.:1çào.. d::i burgucsi::i» 1 ~' 8 '. Ao que Mousnier responde: «Não existiu nada semelhante a ª Foi prccisamenle por ~ausa da re!ati va fac ilidade em adquirir a posíçãv m s:ocrálica-1 . ,_
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·c. la,·a inserida numa lula con1rn a ordcm feudal. O que restava da ordem feudal tend'.1e a no século XVI essa «arnb1gu1dade do status nobre ~ de que~ guei~ ava 3 ari>tocracia francei.a , ,,.
paralisar o absolutismo» iis•i. Embora eu pense que este debate é parcialmente semântico
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ªª e que levou à sua «preocupação intensa, obses5iva. pelos pri\i légio. hooorífi~ os· ~ -. e: também ·'- ·- :····
q~e. qu a ~t o ao reslo. Porchnev leva a melhor, o que se pode dizer é que Mousnier se apro- à sua fixação em regras estritas de comportamento e na teoria da déro~ tar.t e::-" . ,._·_. . ·
xima m:lls da verd ade se_ se aplicarem os seus raciocínios para explicar o caso da Inglaterra e A descrição tradicional da monarquia absoluta como aliada da burguesia contra ;: • , . _ ,
os de Porchnev para explicar o da França. Isto é, esquematicamente e simplificando demasiado, nobreza chocava sempre com o facto de o chamado regime clhsico da mo:iarquia a~ol uta de ·. ·
poder-se-ia afirmar que em Inglaterra a aristocracia ficou a perder a curto prazo e a ganhar a Luís XIV ser também o principal exemplo de reafurnaç'".ill dü!o pri,-ilégicr~ ~-.1horili . M:i.rc ·
longo prazoªº.transformarem-se os seus elementos em capitalistas burgueses, enquanto que Bloch resolveu este dilema argumentando que a reafinnação 5enhorial foi o ma.is fund=en-
em França a anslocracia ganhou a curto prazo e perdeu a longo prazo ao obrigar a burguesia tal dos dois fenómenos antitéticos, e que sem a monarquia absoluta esta ter:l&nda teria tido ,
a aba?donar a sua !unçã~ própria e cont~buindo assim, em alguma medida, para a estagnação força plena. Por outras palavras, pode dizer-se que «a vitória da monarquia zbsokta limitou
econom1ca. A ra zao de isto ter ac_ontec1do assim, argumentamos nós aqui, é essencialmente a extensão da ''reacção feudal"» 1297l. _.
fun ção das suas diferentes relações com a economia-mundo. A. D. Lublinskaya está de acordo com isto noessenciaJ 091 '. traçando o segui."11!: quadro ·,:, .:.i .
Mas em primeiro lugar passemos mais uma vez em revista até que ponto esta é uma da França no «segundo» século XVI. A partir de 1559 o papel dos banqueiros estrangeiros
descrição correc1a do sistema social francês. Por rnzões já por nós esboçadas, o Estado francês
em_1600 era mais forte que o inglês. Isto significava que a burocracia era «para a burguesia o
declinou em França, tanto devido à decadência da Itália e da Al=anha roma ckvido às gu=s
religiosas. Estas guerras, no entanto. evitaram que a burguesia comercial
chesse o espaço tomado vazio. Por isso, e para obter fundos. o governo fr:incõ rnou ura sis-
pm:n- ' " :nn=
meio fundamental de subir na hierarquia social» 1290>, num grau muito maior que em Inglaterra.
Por s u~ vez esta venalidade conduzia a um interesse muito maior da burguesia na monarquia tema de arrendamento de impostos. Os arrendatários de impostas acabaram por s:: fandlr com
france~a mi'. Isto leva Mousnier a argumentar que naquela época havia em França urna o aparelho financeiro do Estado. «Ü arrendamento de impostos era um negócio rrntá'·el Fm
s!luaçao de classe relativamente aberta l 2921 . Mas o próprio Mousnier mostra quão difícil era sobre este facto que o gove_mo fundou o seu sistema de empréstimos f~~'CJS ~r ~~ dDS
principais arrendatários de impostos. convertendo-9S em seus credores.. - · Dlll .15 ~o._unas
a ascensão social. Assinala ele que para que um rotllrier chegasse à posição de maítre des - entre os «financeuos· » e o Es tado. a tal pon 1o qu e a slL'.I pro'rnia sobrevwencia
requêres _e~ necessárias geralmente quatro gerações <293 >. Eu julgo que de facto Porchnev rel açoes r · . { )
dependia da força do Estado, na pressuposição de que "ºgoverno forre qu: ~Ja,·am --
capta a s1tuaçao de cla~se com mais subtileza. Não se trata tanto de existir muita mobilidade
continuasse fortemente necessitado dos seus créditos»'- 1• Se bem qu: t ih·ez O:ª .SCJ: certo
enrre as classes como de existirem estratos de pessoas para quem o sentimento de classe varia
que a monarquia não submetesse de todo a impostos a nobre.za ''"'· erJ 8 sua propna epen·

287. Bitton. The Frenc/1 Nobiliry in Crisis (Slanford, Califomia: Stanford Univ. Press. 1969). 1. 294. Porchnev, u~ soulhements populairrs. p. 578.
). ;{.8· Bons Porchnev, ús soulh w1enrs populaires en France de 1623 à 1648 (Paris: S.E.V.P.E.N., 295 . Binon. The Fre11ch Nobilit)' in Crisis, p. 100.
1963 5
296. Ver ibid., pp. 70-76.
(P .. p 2B9. Roland ~fousnier, ed., Lettres et mémoires addressés ª"
Chancelier Séguier ( 1633-1649), Vol. 1 297 . Bloch. Coracréres origir1t1u.r. t, P· 139. . • ui• W'l'.i d:r.->."\"io fJ> orá,.,,1à_b<Jrlti:<>i:L que
ans. ;~"' Umversuaires _de France. 196_4). 82-83. 298. A linha principal da política da monarquia •b~l~~-~r "" ....,, in?crr~«> "°ooómict>S. p2t3 além
· Roland Mousmer, La 1·enal11e des of!ices sous Henri fV e1 Louis X/li (Rouen: Ed. Maugard. s/d. precisava instantemente duma autoridade central fone. ·~...• Frrr•:h ,{};,,,f;.r.sm. p 330.
1ca. 1945]• 58). Vertambém pp. 51 8-532. das fron1eiras da França assim como dcnuo d<!las~. Lubh115 l ·
1932• 49 ~~9.iVer G. Pagês, • La venalilé des offices dans l'ancienne France», Revue historique, CUWC, 3. 299 . lbid., p. 240.
300. lbid., p. 27 l . . . ~.Lt " "''"' «imr tewnenie pro<<],: ~ : ntr<
"d> da pressões

havia um~~~e~ ~an~n~ as distâncias na hierarquia de classes, e alguma~ vezes mesmo a luta de classes. nilo . _ 30 l. «Seria totalmente inexacto imag.'113~-se q;;: ~«<~•• •- ~rtt D<yon. •.": pro-":.c~l. Abril·
múl1iplas e var·1~ c araM e c_asscVs. A p_assagem de uma para outra ocorria por gradações mínimas através de relações fi scais impostas ao país pelos gov•mas de Luo Xlll e moilié.du :-.\1l'si. ·1<•. R""' huwnq .
as». ousnier, tnalué, p. 532. ta noblesse et la monarchic absolue pcndant b prcmierc
293. Ver Mousnier, Lmres er mémoires, I. pp. 168 _169 _ -Junho 1964, 342.
279
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dência em relação aos officiers venais que tomava isto mais difícil, dado que, como afirma Se nos perguntarmos ro:
que razão a inglaterra e a Holanda produziram uma nobreza
.embo1irgeo1sée» e.ª França nao, .ªresposta é que «em França o feudalismo o ,
-
Lublinskaya, a refomia tributária teria suposto necessariamente o desembolso de dinheiro na
'ção e duma vitalidade clássica que impediam 0 embour . g zaia duma
recompra dos cargos, o que era excessivamente caro 13•m. Tudo quanto aumentasse o endivi- perfe1 . geor ~men1 da nobreza•"">
damento do Estado reforçava a posição destes officiers. Em particular, «a guerra era muito Não se trata de um maior alr~so da_ França. mas de «as panicularidad!s qualitati1·as d~
rentável para os financeiros» ' 3031 . economia frances~ tornarem imposs1vel_ u~ agrupamento de classes capaz de pcnnitir
·· Que alguns destes raciocínios têm um carácter muito ad hoc pode verificar-se com uma uma semi-revoluçao burguesa de modelo mgles»()111. A lucidez dos argumentos de Porchnev
rápida referí:nc ia à Ing late rra. onde o «feudalismo fiscal» ou o arrendamento de rendas por começa a vac.ilar n~sta com_raração_cruc1al, na qual tem de se apoiar em perfeições inex-
assoc iações de.: negociantes se converteram em práticas comuns durante o reinado de Isabel e plicadas, paruculandades nao defimdas, e na vacuidade conceptual do tenno •semi-revo-
dos primeiros Stuart r)()J 1. sem gue rras religiosas que o expliquem e sem qualquer crescimento lução».. . . . 1
1'
e m grande escala duma burocracia venal como consequência disso. Mai s ainda, na medida E precisamente neste ponto que Corrado V1van11 oferece ajuda a Porchnev. Concor-
cm que havia restriçõe s à obtenção de lucros por via tributária, esta foi consequência de refor- dando totalmente com a refuta_ç ão por Por~hne_v dos argumentos de Mo~ni er no sentido de
mas admin istrativas cuja motivação imediata eram as exigências financeiras da guerra e a ue a Fronda foi um elemento isolado na h1stóna francesa , sugere que Porchncv não seguiu a
necess id ade de reduzir significativamente o corte dos intermediários fiscais entre o Estado e ~gica do seu pr_ó prio argument~ até ao f~m, e q.ue em vez disso_ patina ao denunciar a bur-
os contribuintes ' 30' 1• uesia como traidora da revoluçao. Ela nao podia fazer outra COl!.a, dado que •não formava
Não obstante. isto não importa. Contra esta linha de raciocínio houve um ataque mais ~inda um grupo social suficientemente fone e autónomo• 'm'. Vivanli apresenta esta hipótese
fundamental. cfectuado por Bori s Porchnev . Porchnev desencadeia um ataque em grande escala na forma de uma pergunta:
contra o argumento de que «a ve nalidadc era uma forma da supremacia política dos burgue- Em que medida se pode dizer que a «reacção• ou o • restauracionismo feud31 • e a própri..traição
ses» '""''· teo ri a que atribui a Pages e depois a Mousnier. Porchnev pretende argumentar que a da burguesia» no século XVII assentaram as bases -duma maneira diferente da que pcxkriamos
França do século XVl! era, «nas suas características principais , ainda uma sociedade feudal, encontrar noutros lugares, em condições de crise análogas- para aquela acumulação de capital
caracteri zada pelo predomínio das relações feudai s de produção e das formas feudais de eco- que a economia [francesa] do século XVI não tinha conseguido criar? ll 1".
nomia»t:W 7i_
Isto é, dados «esses obstáculos objectivos que finalmente impossibilitaram o Ter- -t-
Porchnev a rgumenta que existiam formas capitalistas. mas que a burguesia «SÓ parti-
ceiro Estado de empreender uma acção autónoma nas arenas social e política.. cmi. não ,,
cipava no pode r político do Estado feudal na medida em que não agia como classe da sociedade
constituiu este caminho a segunda melhor alternativa? Se não permitiu à França o grau
capi tali sta» •J01< 1. A burguesia perseguia os títulos por razões de vaidade e inveja. e ad9ptou
também um estil o de vida aristocrático. Por acréscimo. viu-se induzida a abandonar as acti·
de desenvolvimento que a Inglaterra haveria de ter. evitou no entanto que a França descesse
a um papel de país semiperiférico como aconteceria com a Espanha e a Itália.~ksmo o Sul
,,
'I
1

vidadcs económicas verdadeiramente burguesas devido às vantagens fi scais da utilização do


de França. que se lançou na via da parceria agrícola, não teve uma rcgressao económica
dinheiro rn mo capital de crédito mai s do que como capital industrial ou agrícolaº"'>.
comparável à das áreas vizinhas no Mediterrãneo. Le Roy Ladurie_imiste que se pode
Ass im . quando se deram os levantamentos camponeses do período 1623-1648 (que
afirmar do Sul de França (e da Catalunha), ao contrário do Norte de ltaha e de Castela,.que
abordaremos de ntro em pouco) a burguesia vacilou. Po r um lado, também os burgueses
o estado da economia «é calmo e contido, modifica-se e vai-se tomando pesado. mas amda
estavam dcscontcnles com os imposios elevados. Por outro lado , identificavam-se com os não entra em involução. ( ... )O drama do Languedoc não é a queda. mas a falra_de_elasuct-
inlcrcsses da aristocracia e temi am os plebeus. Alguns rebelaram-se; alguns fugiram do país; dade, a rigidez da produção agrícola; não a regressão [décrnissance), mas 3 ausencia de um
e outros acabaram po r pactua r com o Estado, comprando cargos e metendo o seu dinheiro em crescimento marcado» 0 1•>, Isto acabaria por acontecer ao Sul da França, mas 50 anos mais
operações de crédi1o m 01 .
tarde que a outras áreas. . a1 · te a monarquia
Lucien Goldmann faz uma crítica paralela da teona da '.ança en r .
302. Ver Lublin:; kaya. Prnzch Ahsolutism. p. 226. Cerrado Vivanti acrescenta que um tal movimento teria trá · a aliança básica era entre a monarquia
absoluta e a burguesia. Argumenta que, pe1o con no, · do uma nova bur·
sido pcrigo~o tanto polílica como financei ramente para o Estado. dado que teria "'implicado uma coligação de todo
e a nobreza, se bem que no entanto a monarquia cobrisse os flancos cn:~ta burguesia como 1
o Terceiro fatado co11 1rn a monarquia absoluta» . .. Le rivolle popolari in Francia prima delta Fronde e la crisi dei
. . G ld recisamente para manter i;
,.
sccolu XVJI .,, Rh ista storica italiana. LXXVI. 4, Dez. 1964 , 966. guesia. Então, evidentemente, diz o mann, P . . rrod . reforma da pau/erre no
30) . Luhlin~kaya, Frcndi Ah.w luti.\'111 , p. 271.
304 . Ve r J. 1lursllicld . ··íhc Pro füs of Fiscal Feudalism, 1541· t602 •. Economir Hisrory Rnitw, 2.1 süie.
burguesia e não como pseudo-aristocracia. a monarquia 111 unu ª j:
VIII. 1. 1955. 53-ói ; Robe rt i\shlon. • Revcnuc Farming undcr lhe Earty S1ua.rts• , Economir /listory Rtl'itw, 2.'
si!ne, VIII, 3. 1'156. 3 10-322 .
305. Ver Murstfield, Ecmromic /-Ji.uory Review , VIII . p. 60. 311. lbid., p. 580.

~: ;: ~~~~~-~i~~~ ii;,,;sta swrira italiana. LXXVl. P· 966·


306. Porchncv, Lt:s :wulêvtmtnts populaircs, p. 39. 1
307. lbid.• p. 43.
308. lhid .. p. :545. 314. Jbid .• p. 965.
309. Ver ibid.. pp. 545-56 1. 315 . lbid., p. 965.
310. Ver ihid.. pp. 282-285. 446. 316. Lc Roy Laduric, Paysans, pp. 636-637.
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dência em relação aos officiers venais que tomava isto mais difícil, dado que, como afirma Se nos perguntarmos ro:
que razão a inglaterra e a Holanda produziram uma nobreza
.embo1irgeo1sée» e.ª França nao, .ªresposta é que «em França o feudalismo o ,
-
Lublinskaya, a refomia tributária teria suposto necessariamente o desembolso de dinheiro na
'ção e duma vitalidade clássica que impediam 0 embour . g zaia duma
recompra dos cargos, o que era excessivamente caro 13•m. Tudo quanto aumentasse o endivi- perfe1 . geor ~men1 da nobreza•"">
damento do Estado reforçava a posição destes officiers. Em particular, «a guerra era muito Não se trata de um maior alr~so da_ França. mas de «as panicularidad!s qualitati1·as d~
rentável para os financeiros» ' 3031 . economia frances~ tornarem imposs1vel_ u~ agrupamento de classes capaz de pcnnitir
·· Que alguns destes raciocínios têm um carácter muito ad hoc pode verificar-se com uma uma semi-revoluçao burguesa de modelo mgles»()111. A lucidez dos argumentos de Porchnev
rápida referí:nc ia à Ing late rra. onde o «feudalismo fiscal» ou o arrendamento de rendas por começa a vac.ilar n~sta com_raração_cruc1al, na qual tem de se apoiar em perfeições inex-
assoc iações de.: negociantes se converteram em práticas comuns durante o reinado de Isabel e plicadas, paruculandades nao defimdas, e na vacuidade conceptual do tenno •semi-revo-
dos primeiros Stuart r)()J 1. sem gue rras religiosas que o expliquem e sem qualquer crescimento lução».. . . . 1
1'
e m grande escala duma burocracia venal como consequência disso. Mai s ainda, na medida E precisamente neste ponto que Corrado V1van11 oferece ajuda a Porchnev. Concor-
cm que havia restriçõe s à obtenção de lucros por via tributária, esta foi consequência de refor- dando totalmente com a refuta_ç ão por Por~hne_v dos argumentos de Mo~ni er no sentido de
mas admin istrativas cuja motivação imediata eram as exigências financeiras da guerra e a ue a Fronda foi um elemento isolado na h1stóna francesa , sugere que Porchncv não seguiu a
necess id ade de reduzir significativamente o corte dos intermediários fiscais entre o Estado e ~gica do seu pr_ó prio argument~ até ao f~m, e q.ue em vez disso_ patina ao denunciar a bur-
os contribuintes ' 30' 1• uesia como traidora da revoluçao. Ela nao podia fazer outra COl!.a, dado que •não formava
Não obstante. isto não importa. Contra esta linha de raciocínio houve um ataque mais ~inda um grupo social suficientemente fone e autónomo• 'm'. Vivanli apresenta esta hipótese
fundamental. cfectuado por Bori s Porchnev . Porchnev desencadeia um ataque em grande escala na forma de uma pergunta:
contra o argumento de que «a ve nalidadc era uma forma da supremacia política dos burgue- Em que medida se pode dizer que a «reacção• ou o • restauracionismo feud31 • e a própri..traição
ses» '""''· teo ri a que atribui a Pages e depois a Mousnier. Porchnev pretende argumentar que a da burguesia» no século XVII assentaram as bases -duma maneira diferente da que pcxkriamos
França do século XVl! era, «nas suas características principais , ainda uma sociedade feudal, encontrar noutros lugares, em condições de crise análogas- para aquela acumulação de capital
caracteri zada pelo predomínio das relações feudai s de produção e das formas feudais de eco- que a economia [francesa] do século XVI não tinha conseguido criar? ll 1".
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Isto é, dados «esses obstáculos objectivos que finalmente impossibilitaram o Ter- -t-
Porchnev a rgumenta que existiam formas capitalistas. mas que a burguesia «SÓ parti-
ceiro Estado de empreender uma acção autónoma nas arenas social e política.. cmi. não ,,
cipava no pode r político do Estado feudal na medida em que não agia como classe da sociedade
constituiu este caminho a segunda melhor alternativa? Se não permitiu à França o grau
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comparável à das áreas vizinhas no Mediterrãneo. Le Roy Ladurie_imiste que se pode
Ass im . quando se deram os levantamentos camponeses do período 1623-1648 (que
afirmar do Sul de França (e da Catalunha), ao contrário do Norte de ltaha e de Castela,.que
abordaremos de ntro em pouco) a burguesia vacilou. Po r um lado, também os burgueses
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e outros acabaram po r pactua r com o Estado, comprando cargos e metendo o seu dinheiro em crescimento marcado» 0 1•>, Isto acabaria por acontecer ao Sul da França, mas 50 anos mais
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tarde que a outras áreas. . a1 · te a monarquia
Lucien Goldmann faz uma crítica paralela da teona da '.ança en r .
302. Ver Lublin:; kaya. Prnzch Ahsolutism. p. 226. Cerrado Vivanti acrescenta que um tal movimento teria trá · a aliança básica era entre a monarquia
absoluta e a burguesia. Argumenta que, pe1o con no, · do uma nova bur·
sido pcrigo~o tanto polílica como financei ramente para o Estado. dado que teria "'implicado uma coligação de todo
e a nobreza, se bem que no entanto a monarquia cobrisse os flancos cn:~ta burguesia como 1
o Terceiro fatado co11 1rn a monarquia absoluta» . .. Le rivolle popolari in Francia prima delta Fronde e la crisi dei
. . G ld recisamente para manter i;
,.
sccolu XVJI .,, Rh ista storica italiana. LXXVI. 4, Dez. 1964 , 966. guesia. Então, evidentemente, diz o mann, P . . rrod . reforma da pau/erre no
30) . Luhlin~kaya, Frcndi Ah.w luti.\'111 , p. 271.
304 . Ve r J. 1lursllicld . ··íhc Pro füs of Fiscal Feudalism, 1541· t602 •. Economir Hisrory Rnitw, 2.1 süie.
burguesia e não como pseudo-aristocracia. a monarquia 111 unu ª j:
VIII. 1. 1955. 53-ói ; Robe rt i\shlon. • Revcnuc Farming undcr lhe Earty S1ua.rts• , Economir /listory Rtl'itw, 2.'
si!ne, VIII, 3. 1'156. 3 10-322 .
305. Ver Murstfield, Ecmromic /-Ji.uory Review , VIII . p. 60. 311. lbid., p. 580.

~: ;: ~~~~~-~i~~~ ii;,,;sta swrira italiana. LXXVl. P· 966·


306. Porchncv, Lt:s :wulêvtmtnts populaircs, p. 39. 1
307. lbid.• p. 43.
308. lhid .. p. :545. 314. Jbid .• p. 965.
309. Ver ibid.. pp. 545-56 1. 315 . lbid., p. 965.
310. Ver ihid.. pp. 282-285. 446. 316. Lc Roy Laduric, Paysans, pp. 636-637.
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d com a assi milaçào dos officiers à nobrc1.a. Rcajc com d' .
princípio do século xv11 u111. A pauleue, instituindo de facto .um irnpos.to sobre os cargos, tu o . , . tocrata. a igmdade ofendida dum ver-
manteve a burocracia venal. fa 7.endo assim com que a burguesia se mantivesse burguesa 011, dadeiro ans
13 1
e, conscqucn1cmen1c, dependesse também da monarquia '' >. • Um offider de cena importância é judicialmcnic um nobre. Um nobre ma , .
A explicação de Goldrnann centra-se na distinção entre duas variedades de funcioná- ou um senhor (un f éoda/) . Porshnev nunca faz c~lil di>1inção. Chamaria~°"
veneziana, a esses grande~ mercadores, um corJX> feudal? E F
';º
um c~valheiro
P< e.niu'.a ª.nobreza
rios do Estado: uma mais antiga composta pelos 11otahles e pela 11obles.1·e de rohe. os officiers
distinções. . m rança, o púbhco mm tia na1
e os membros das Cours So111•erai11s e dos parleme111s , e outra mais recente , formada pelos
commissaires e Crmscillen d'Etat e por aqueles que serviam como i111e11da111s e maftres de Um officier, nobilirndo pelo seu cargo, contin~ava a ser um burguês. A' pcs~a' deploravam
requétes. Goldmann vê estes úllimos a deslocar os primeiros «n.a primeira metade do século faclo <lc a verdadeira nobre1.a, a dos cavalhe1rO'i, nAo ter emprego no fatado. e de car mi °"0

XVII e espccialmenle de 1620 a 1650» <12°•. Goldmann analisa o impulso que há por trás deste públicos serem pre~~oga11va daquele~ a quem se chamava ironicamente •canlheiros da pc! e
novo sistema como uma 1en1 a1iva da monarquia, «depois da subida ao poder de Henrique IV do tinteiro». Burgucs, é o que cada um con lmuava a ... r. fosse üf/ícier ou cummiS<aire, ainda
que sentado rrnjleur de lys e revc ~lul o com a púrpura do seu cargo, e TTMO>mo quc t<juipado com
cm J 598. para recuperar o terreno pcrdido»13211durante as guerras religiosas.
um título <le cavaletro, barão, presidente do Parlamento ou membro do Conr.elho Re<tl '""''·
Dado que os nfficiers tinham sido de grande utilidade à monarquia durante as guerras
reli giosas, e ponanto esperavam que o seu poder e a sua imponância crescessem cm vez de Mousnier conclui negando que ele ou Pages alguma vez tenham ~u gerido que a
diminuir, viram-se incomodados tanto pela pau/e// e ll' 2' como pela ascensão dos cnmmi.uaires. burguesia controlasse a monarquia. «Era a monarquia quem subjugava 1oda1 a1 classes na
A 1.cnsllo entre officiers e commi.uaires foi crescendo, chegando a um ponto culminante por reconstrução do Estado. Mas neste trabalho foi ajudada pela burgue~ia~ 1m1_
volta de 1637-1638. Goldmann relaciona isto com o crcscimcnlo do jansenismo entre os offi· É imponante notar que neste debate se misturou uma série de questões. Uma é a narureza · ..
ders. uma ideologia que ~ in s i s tia na vaidade essencial do mundo e no facto de que a salvação do sistema. Outra é a natureza das relações entre a.~ classes. Uma terceira é o papel da monar-
só podia ser encontrada na solidào e no rei ir<>» 11 m. qui a. Explicámos já num capítulo anterior a razão por que acreditamos que o termo ~ reuda ·
Embora o quadro da monarquia traçado por Goldmann seja próximo do de Porch- !ismo», referido à produção agrícola nesta época (culturas para o mercado, ainda que baseadas
nev, o se u retrato da burguesia aproxima-se mais do de Mousnier, que manifesta «um cm mão-de-obra coerciva ou sernicocrciva), é confuso e não facilita a análise. lnsi}tir em que
sentimento de extrema rcpugnfincia perante a ideia de considerar o séc ulo XVII corno a França estava nesta época substancialmente envolvida numa econom ia-mundo capitalista
uma época "feudal ", dado que foi mais uma época cm que o "capitalismo comercial" tinha não é necessariamente afirmar, no entanto, que a burguesia exercia um poder político subs-
penetrado profundamente no país» 13241 - na lolalidadc do país e não só nas cidades. Os tancial. É óbvio que não o exercia. No Leste da Europa, os aristocratas eram agricultores
monopólios nilo foram uma ruptura na ascensão do capitalismo, mas «uma condição para capitalistas e a burguesia comercial indígena estava cm vias de extinção. Nem tão pouco nos
,.° seu desenvolvimento neste estádio» 1m 1• Mas Mousnier sente-se escandalizado sobre- diz nada necessariamente sobre o papel particular da monarquia em França em contraposição
com outros estados desta economia-mundo. J. H. M. Salmon observa que • !ai como o debate
sobre a genlry e a aristocracia em Inglaterra, a controvérsia [ sobr~ a ~rança de princípi~,~~
3~7. A paulrur foi assim designada u p;irtir do financeiro Paulct, que a concebeu. Anres do decreto de
1604 ~uc instalou 11 paulmr: os c.argos podiam ser vendidos por uma pessoa a outra, mas nao passavam para os
século XVII 1 centra-se no carácter da sociedade e do governo no mfc10 da era moderna• ·
herdeiros, porque se um func1onáno morresse menos que 40 dia!i depois da sua re signação, a rran sacçílo era invali ~ Precisamente! . ~
dada. O dccrero ~e 1604 tomou poss íve~ deixar o cargo aos hcrdcirus, desde que o funci onário paga'iSC no começo Mousnier terá provavelmente mais ra1lio que Porchnev ao considerar a monarquia como •
de cada ano um imposto (a pa11/ttte) CUJO valor cm a soxagé•ima pane do valor do cargo. Ver Stwan, The Safe o/
Offias. pp. 9-10. uma instituição que, longe de dominar claramenle a situação. lutava por afirmarª sua supe·
318. •O.governo d~ monarquia limi1ada dependia dos officirrs e das Cours sOUl'trains, e ponanto prcssu· rioridadc política, inclusive em França. Mas Porchnev tem mais razão que Mousmer ao ver · · '
punha .um entcndimcnlo ínfimo entre o rei e o Terceiro Eslado. O governo da monarqu io1 absolula dependia dos que um dos desenvolvimentos que mais claramente distingue a França da Inglaterra é 0 co~- · · · •
Crm.ml.\ e dos lntri~tlants, e ponanlo pressupunha um et1uilibriu de poder entre as diferentes classes, entre a nobreza
dum lado .e os offh_'ters c o Terceiro Estado do uu1ro. O desenvolvimento da monarquia absoluta envolvia assim( ... ) parativo êxito polftico cm França da antiga aristocracia, cujos interessesª cuno prazo nao " , ,
uma polr11ca de aliança cnlrc a Coroa e os nobres, o que implicava o risco de que a aristocracia fizesse carreira no
~~lho d~ governo, do mesmo modo que a burguesia fizera quando o rei linha estado aliado ao Terceiro Es1ado.
cla.'l~~~;;i~n c~>rtanlu, em .p~~c:iro lugar, d.e velar por que este aparelho pcnnancccsse acima de todas BS 326. lhid., p. 110. Corrado Vivanti responde. a Mousnier: •Ade'.'.'~'~=~~º::';.ª~~':.:'.=
Goldmann Th' j .~und~, d;(~ "''°furar 4uc os offices pcnnane<cssem campo exclusivo da classe mtdia>. Lucien
1 trar as consequências e os abusos extremos de tal tcrmmolog1a. perg.unui. f rsos· 1"u que tsrr i na Sardenha
3j9, ~e:i/1i~~. ;~~20. ova orque: HumamlJes Prcss, 1964), 127-128. Ergo, apa11/etre. grandes mercadores, um corpo feudal?", P?r ~alogia saltam ao ~spf~to~ :;: ~.~ v~~~ ~mínimo levado 11 replic~
320. lhid., p. 14 L
0
mas um burguês cm Pisa". I"Voi che re s1ete m Sardcgna I ed'" Pisa cJtta . I dos domínios feudais do tmptno
Oriental (1.c., Bizantino, mais tarde 01omano] e da Terraferma•. Ri 1 15
321 . lbid., p. 106. qu7, com .efeito, o patriciado veneziano tam!Xm se cmpc:nhava cm. ~P:~:,:.; italiana. LXXVI. p. 969.
322. üngados, islo t à primeira Uma vez d'1d . l IO
viram o lado ben~fico da pau/;11, Ver G ·ld Thpcr. . as as suas nn11gas esperanças de poder e influência. eles 327. Mousnicr, Reme d' liis1oirr modtrnt rt conremporamt: .v. ~ Se~cnttcnt.h Ccn1ury Francc"• fo..rt &.
323. lhid., p. 120. . o mann, 'l11dden God, p. 129. 328. J. H. M. Salmon. •Vcnality of Orfice and Popular Scd111o;i.nn> Prcstwick numa recensão do livro de
324. Rolnnd Mousnier, •Rcchen:hes sur les s I~ . Presem, n.' 37, Julho 1967, 43. Qua..c a mesma linguagemt usada"°',~.:., uma contt0vfr>ia sobre a natuJ<:za dos
d'histoirtmodtr~ttt conrtmporafrre, V, 1958 , J07. ou vcmcnts populaucs cn France avant la Fronde», Rtvut Pon:hnev e de um oulro de Robcr1 Maneirou: •Assim. o que começo~< accn:a da esuutunida sociedade edocaracter
325. lh1d., p. 108. levantamentos populares na França do stculo XVII tomou-se um deba
do governo •. English Historical Rtvie.•, CCCXX. Julho 196ó. 572·
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d com a assi milaçào dos officiers à nobrc1.a. Rcajc com d' .
princípio do século xv11 u111. A pauleue, instituindo de facto .um irnpos.to sobre os cargos, tu o . , . tocrata. a igmdade ofendida dum ver-
manteve a burocracia venal. fa 7.endo assim com que a burguesia se mantivesse burguesa 011, dadeiro ans
13 1
e, conscqucn1cmen1c, dependesse também da monarquia '' >. • Um offider de cena importância é judicialmcnic um nobre. Um nobre ma , .
A explicação de Goldrnann centra-se na distinção entre duas variedades de funcioná- ou um senhor (un f éoda/) . Porshnev nunca faz c~lil di>1inção. Chamaria~°"
veneziana, a esses grande~ mercadores, um corJX> feudal? E F
';º
um c~valheiro
P< e.niu'.a ª.nobreza
rios do Estado: uma mais antiga composta pelos 11otahles e pela 11obles.1·e de rohe. os officiers
distinções. . m rança, o púbhco mm tia na1
e os membros das Cours So111•erai11s e dos parleme111s , e outra mais recente , formada pelos
commissaires e Crmscillen d'Etat e por aqueles que serviam como i111e11da111s e maftres de Um officier, nobilirndo pelo seu cargo, contin~ava a ser um burguês. A' pcs~a' deploravam
requétes. Goldmann vê estes úllimos a deslocar os primeiros «n.a primeira metade do século faclo <lc a verdadeira nobre1.a, a dos cavalhe1rO'i, nAo ter emprego no fatado. e de car mi °"0

XVII e espccialmenle de 1620 a 1650» <12°•. Goldmann analisa o impulso que há por trás deste públicos serem pre~~oga11va daquele~ a quem se chamava ironicamente •canlheiros da pc! e
novo sistema como uma 1en1 a1iva da monarquia, «depois da subida ao poder de Henrique IV do tinteiro». Burgucs, é o que cada um con lmuava a ... r. fosse üf/ícier ou cummiS<aire, ainda
que sentado rrnjleur de lys e revc ~lul o com a púrpura do seu cargo, e TTMO>mo quc t<juipado com
cm J 598. para recuperar o terreno pcrdido»13211durante as guerras religiosas.
um título <le cavaletro, barão, presidente do Parlamento ou membro do Conr.elho Re<tl '""''·
Dado que os nfficiers tinham sido de grande utilidade à monarquia durante as guerras
reli giosas, e ponanto esperavam que o seu poder e a sua imponância crescessem cm vez de Mousnier conclui negando que ele ou Pages alguma vez tenham ~u gerido que a
diminuir, viram-se incomodados tanto pela pau/e// e ll' 2' como pela ascensão dos cnmmi.uaires. burguesia controlasse a monarquia. «Era a monarquia quem subjugava 1oda1 a1 classes na
A 1.cnsllo entre officiers e commi.uaires foi crescendo, chegando a um ponto culminante por reconstrução do Estado. Mas neste trabalho foi ajudada pela burgue~ia~ 1m1_
volta de 1637-1638. Goldmann relaciona isto com o crcscimcnlo do jansenismo entre os offi· É imponante notar que neste debate se misturou uma série de questões. Uma é a narureza · ..
ders. uma ideologia que ~ in s i s tia na vaidade essencial do mundo e no facto de que a salvação do sistema. Outra é a natureza das relações entre a.~ classes. Uma terceira é o papel da monar-
só podia ser encontrada na solidào e no rei ir<>» 11 m. qui a. Explicámos já num capítulo anterior a razão por que acreditamos que o termo ~ reuda ·
Embora o quadro da monarquia traçado por Goldmann seja próximo do de Porch- !ismo», referido à produção agrícola nesta época (culturas para o mercado, ainda que baseadas
nev, o se u retrato da burguesia aproxima-se mais do de Mousnier, que manifesta «um cm mão-de-obra coerciva ou sernicocrciva), é confuso e não facilita a análise. lnsi}tir em que
sentimento de extrema rcpugnfincia perante a ideia de considerar o séc ulo XVII corno a França estava nesta época substancialmente envolvida numa econom ia-mundo capitalista
uma época "feudal ", dado que foi mais uma época cm que o "capitalismo comercial" tinha não é necessariamente afirmar, no entanto, que a burguesia exercia um poder político subs-
penetrado profundamente no país» 13241 - na lolalidadc do país e não só nas cidades. Os tancial. É óbvio que não o exercia. No Leste da Europa, os aristocratas eram agricultores
monopólios nilo foram uma ruptura na ascensão do capitalismo, mas «uma condição para capitalistas e a burguesia comercial indígena estava cm vias de extinção. Nem tão pouco nos
,.° seu desenvolvimento neste estádio» 1m 1• Mas Mousnier sente-se escandalizado sobre- diz nada necessariamente sobre o papel particular da monarquia em França em contraposição
com outros estados desta economia-mundo. J. H. M. Salmon observa que • !ai como o debate
sobre a genlry e a aristocracia em Inglaterra, a controvérsia [ sobr~ a ~rança de princípi~,~~
3~7. A paulrur foi assim designada u p;irtir do financeiro Paulct, que a concebeu. Anres do decreto de
1604 ~uc instalou 11 paulmr: os c.argos podiam ser vendidos por uma pessoa a outra, mas nao passavam para os
século XVII 1 centra-se no carácter da sociedade e do governo no mfc10 da era moderna• ·
herdeiros, porque se um func1onáno morresse menos que 40 dia!i depois da sua re signação, a rran sacçílo era invali ~ Precisamente! . ~
dada. O dccrero ~e 1604 tomou poss íve~ deixar o cargo aos hcrdcirus, desde que o funci onário paga'iSC no começo Mousnier terá provavelmente mais ra1lio que Porchnev ao considerar a monarquia como •
de cada ano um imposto (a pa11/ttte) CUJO valor cm a soxagé•ima pane do valor do cargo. Ver Stwan, The Safe o/
Offias. pp. 9-10. uma instituição que, longe de dominar claramenle a situação. lutava por afirmarª sua supe·
318. •O.governo d~ monarquia limi1ada dependia dos officirrs e das Cours sOUl'trains, e ponanto prcssu· rioridadc política, inclusive em França. Mas Porchnev tem mais razão que Mousmer ao ver · · '
punha .um entcndimcnlo ínfimo entre o rei e o Terceiro Eslado. O governo da monarqu io1 absolula dependia dos que um dos desenvolvimentos que mais claramente distingue a França da Inglaterra é 0 co~- · · · •
Crm.ml.\ e dos lntri~tlants, e ponanlo pressupunha um et1uilibriu de poder entre as diferentes classes, entre a nobreza
dum lado .e os offh_'ters c o Terceiro Estado do uu1ro. O desenvolvimento da monarquia absoluta envolvia assim( ... ) parativo êxito polftico cm França da antiga aristocracia, cujos interessesª cuno prazo nao " , ,
uma polr11ca de aliança cnlrc a Coroa e os nobres, o que implicava o risco de que a aristocracia fizesse carreira no
~~lho d~ governo, do mesmo modo que a burguesia fizera quando o rei linha estado aliado ao Terceiro Es1ado.
cla.'l~~~;;i~n c~>rtanlu, em .p~~c:iro lugar, d.e velar por que este aparelho pcnnancccsse acima de todas BS 326. lhid., p. 110. Corrado Vivanti responde. a Mousnier: •Ade'.'.'~'~=~~º::';.ª~~':.:'.=
Goldmann Th' j .~und~, d;(~ "''°furar 4uc os offices pcnnane<cssem campo exclusivo da classe mtdia>. Lucien
1 trar as consequências e os abusos extremos de tal tcrmmolog1a. perg.unui. f rsos· 1"u que tsrr i na Sardenha
3j9, ~e:i/1i~~. ;~~20. ova orque: HumamlJes Prcss, 1964), 127-128. Ergo, apa11/etre. grandes mercadores, um corpo feudal?", P?r ~alogia saltam ao ~spf~to~ :;: ~.~ v~~~ ~mínimo levado 11 replic~
320. lhid., p. 14 L
0
mas um burguês cm Pisa". I"Voi che re s1ete m Sardcgna I ed'" Pisa cJtta . I dos domínios feudais do tmptno
Oriental (1.c., Bizantino, mais tarde 01omano] e da Terraferma•. Ri 1 15
321 . lbid., p. 106. qu7, com .efeito, o patriciado veneziano tam!Xm se cmpc:nhava cm. ~P:~:,:.; italiana. LXXVI. p. 969.
322. üngados, islo t à primeira Uma vez d'1d . l IO
viram o lado ben~fico da pau/;11, Ver G ·ld Thpcr. . as as suas nn11gas esperanças de poder e influência. eles 327. Mousnicr, Reme d' liis1oirr modtrnt rt conremporamt: .v. ~ Se~cnttcnt.h Ccn1ury Francc"• fo..rt &.
323. lhid., p. 120. . o mann, 'l11dden God, p. 129. 328. J. H. M. Salmon. •Vcnality of Orfice and Popular Scd111o;i.nn> Prcstwick numa recensão do livro de
324. Rolnnd Mousnier, •Rcchen:hes sur les s I~ . Presem, n.' 37, Julho 1967, 43. Qua..c a mesma linguagemt usada"°',~.:., uma contt0vfr>ia sobre a natuJ<:za dos
d'histoirtmodtr~ttt conrtmporafrre, V, 1958 , J07. ou vcmcnts populaucs cn France avant la Fronde», Rtvut Pon:hnev e de um oulro de Robcr1 Maneirou: •Assim. o que começo~< accn:a da esuutunida sociedade edocaracter
325. lh1d., p. 108. levantamentos populares na França do stculo XVII tomou-se um deba
do governo •. English Historical Rtvie.•, CCCXX. Julho 196ó. 572·
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pennitiram que a longo prazo a França pudesse tirar o m:himo benefício da divisão do tra- Isto colocou então a França numa posição inltnnéd·
balho na economia-mundo. Enqu
anto os franceses estavam capacitados para •tnl
.
'ªdentro da <conomia-rmmdo.
- - ~ orar em cena medida
Voltemos agora à ~cri se~ final do • longo» século XVI , e vejamos exactamente que Alemanha. os mgleses e os holandeses podiam explorar 0 · a ópan.ba e a
m mercado fra:icb as>im roma 0
impa ro reve n:i arena política francesa. Podemos partir do facto de que a queda de preços espan h o1 13 .
cm Franç:i durJ.nte o período 1600-16 1O foi economicamente favorável à França e à sua bur- A relaüva for~a ~o aparelho de Estado frdllcês comparado com 0 da ln wem :
guesia ' " '. E mcs:mo Porchnev :ldmite que seria excessivo afirmar que os capitalistas indus- Províncias Umdas nao a favorecia necessanamcntc nesta questão e g e0 ~
· . hd · ->e ~ r:Kin.:m:as f=e>CS
triais não tinham peso algum em França. Aceita que «a e,·olução do capitalismo continuou da época se uvessem em~n . a o sem reservas no de1envoh'imcnto da i~a e dos i~te-
mas a um ritmo mJ.is lento• nJOi_ ' rcsses da burguesia, sem du vida que a França poderia ter superado a vantagem. a:iinal não tão
O problema residia em grande pane no comércio e:iuemo. cuja imponância para as acentuada, que l_he lev~v:"1 as outras duas nações. Mas os monarcas franc=s mun •mbi-
ernn mi as nacionai s di scutimos anteriormente ao anali sarmos a reacção da Inglaterra à crise valentes. A sua tntrom1ssao nem sempre conduzia à maximização do!i intert•-.:s co:n=iai•
omercial. Se b.!m que a França tivesse recuperado em cena medida entre 1600 e 1610 das nacionais na econo~ta-_mundo_- De facto, Nef atribui um dos segredos do é.\ÍlO da lnclaierra
perdas oca ionadas pelas guenras re li giosas. produziu-se outra grande queda a partir de 1610, não a diferentes des1gmos reais. mas ao facto de os france"'s "'rcm nuis <fi::iente; !l3 sua
nesta oca ião em grande pane consequência da concorrência holandesa e em cena medida da interferência com as empresas burguesas <mi. De forma semelhante. ar~umeniz Sef. 0 com-
ingles:i. E o que fez com que os holande.ses e mesmo os ingleses fossem capazes de superar parativo isolamento da lng!aterra no que_respeita às guerras europeias neste perí00o ,ignifi-
em preços os franceses neste período fo i que, num momento de contracç.ão do mercado mundial, cava atribuir uma menor enfase aos «hab1tos de obediência à autoridade rea1. 1r><. do qu~
a vantagem acumulada em capital e tecnologia industriais dos cinquenta-sessenta anos ante- aconiecia em França. A capacidade do monarca francês para estabelecer impostos. combülJlda
riores era crucial: com a da nobreza para ver-se isenta deles, implicava uma carga mais pesada não s6 para a
populaça mas também para a burguesia. .
A França ficou atr:ls dos seus concorremos no que se refere a rodos os índices importantes. A Finalmente. não devemos esquecer a relação entre a posição alcançada na economia='
divi. ão do tr:lbatho nas m:mufacturas francesas estava num nível inferior. a escassez de traba- -mundo, por exemplo cerca de 1610. e a posição fu1ura. As dificuldades dos frar.cese em
lhadores especializados não permitia que os empresários estabelecessem uma hierarquia ade-
concorrer com os holandeses e os ingleses nos seus mercados internos levaram-nos a corr
quad.3 de níveis salari:iis. Os subsídios est:uais. absolutamente necessários naquela época~ eram
casuais e esporádicos. e de baixo montante. enquanto que a acumulação de dinheiro não se fazia centrar-se-na produção daquelas mercadorias em que tinham cena vantagem histórica eu,.-, • ,
a um<t rscaJa suficiente: a França viu-se c.'l\cluida do saque <lirccto das colónias que alimentou a mercado interno relativamente maior que outros países europeus - anigos de luxo, em
acumu!Jç;J.o primitin na Holanda e em Esp:mha, assim como a indústria em Inglaterra. espec ial sedas'"''. Mas os bens mais baratos para mercados mais amplos u:rinm fornet.ido
As consequências disto eram que os produtos industrfais franceses er:lITl comparativamente C3toS. a longo prazo uma base industrial mais segura. , . . ;
Como resultJdo. a burguesia comercial e industrial francesa era incapaz de concorrer com êxito A Guerra dos Trinta Anos impôs grandes pressões aos franceses. A medida que cresrura ,
com os hul.:mdeses e ingleses no seu próprio mercado doméstico. e em certa medida também nos os gastos militares e se expandiam os exércitos. crescia também o volume da burocracia do
mercado:- estrangeiros. Vi u-se obrigada a utilizar o seu capital doutras maneiras.( ... ) A construção Estado, e, como causa e consequência, aumentava também o nível dos tmpostos, lllnto direc-
naval e a naH·gaç5o francesa. e: porconseguinte também o comércio transoceânico francês, cSU\'a tamente por pane do Estado como de facto por acréscimo através da depredação dll tropas •·
Jtrá~ dos ingkses e holandeses. tfr nica e t."Conomicamenlc. ( .. .)
Por tod.:is estas razões. a burguesia francesa estava muito interessada numa maior protecção. e o
~ovemo da França iez o possível por cobrir as suas necessidades neste aspecto <33 11. d.as e a lnglau:rra. A produção capitalisra significava uma l~ntati''ª dt tirar ,·anugcm da xumubçio de ~iro
para maximi~ os lucros num mercado con: meios monet.irios adequ.a@;~-nes 00 campo das nu..1Ufa...~ ~
É fácil compreender. em comparJçao. porque f que os. es.fol'\"O:S . bnn sucedida! de desco,ulver
3.:!9 . .. Qs rreços baixos não a.fectar.un advC"rsamente a indústria. Na Fr.inça. por exemplo. a primeira década Henrique lV a Lu!s XIV. não f~ram sen3o uma série de tl!n1auvas nuus ou ~nos todo pam:m..--cU r_;lQude
do s«ulo XV II foi um jX'riodo Jc gr:inde expans.'.io d:is J11!1J1UÍ3cturas. da produção ancsanal e da agricultur.1. um indústrias de luxo visando a Jimnação das imponaçõc:s. Apesar de tudo. 0 ~:s cor;:i~rnti!lh.a rtX"OCJicch:k> quzndo
período no qu al l dínd::i do Estldo er:i. n..duzida. ú seu orçamento equilibrJdo e ass im por diante. Os lucros dos estado de pobreza mone tária observada por Iksmarcts. m35 que Colbtn. J em led~rt~ l:!l:f'lis de imj'Oi~ cm
m~rr.adores e dos produtores aum~n rav am ~ eles con!'eguiam tomar-se consideravelmente ricos naqueles anos•. admiti u perante o rei "a dificuldade geral" experimentada pelos a~!.:'u~:s e : -00 c.offitrcto públ)o..""O" .. . J~
Lubhns ~ay a. Frenâ1 Absoh.rism. p. 13. "extorquirem dinheiro ~as P~'·íncias" e quando c~ncl~~~ qu~ 0 ~~,~~~y in~óili and J7th Cro:ur)' !·r~'lCC•. m
3.30. Porchncv. Us soulhemenu populain•s. p. 560. Mcuvrct. «- Monctary Ctrcu lat~on and lhe Econo.m1c .Liti li7.nthl:C"'ood Illinois: lrv.-in. tnc .. 19,0). IJl'i-1 ... ~.
331. Luhlinsbya. French Abso fu1ism. pp. 1#-145. Zdler indica que todo o sis1ema de nianufactu.rts Rondo Cameron, cd., E~sap rn Fre11cl1 Econom~c J/1.Sto1· (Ho · ·. . ·m.
royales que .fü're~l'U no s~\-ulo XV I em França . especialmente sob Henriqu~ IV. era baseado no desejo de evitar 332. Ver Lubhnskaya: F rr11cl1 Absulutum. ~- 3- 8 j !aterra] não residia na na.1un:u d!I~ ka.;, l.•ndusm k!s
que os me ta.is ~rec1.oi;os dt 1xasse m o p:iís. Assim, o rei encorajava o estabdecimento de indús1rias de bens dt luxo, 333 ... Mas a grande d1fcre~r.·a entre la frJJ'IÇa e 3 "funcionáriOS eram tão ngoro.~ ~ ~posi'!:~os
mas antes no modo como elas eram impostas. Em Françadostuielo Em InglattmosfUfl('-.c-ram rc- ullmen~
05
por forma a ev itar 1mponá- los. Ess1.1ys in Frem h Economic llistory. pp. 130... IJ 1.
. . .. As con~qu~ncias foram strias nas contrJcções do início do ~culo XVII. t1A~deílação era panicularmente que os artífices tentavam porvc1.es mass3".1 á-los porcauS2
1
J
·torarosc-udc\"Cr. t...JAm:ui::nadi..1s Gai rn·
dtfi:il pa.ra a t"("on~mu francesa. Os p.n~utos que :i Fran~a expon.a,·a niio propon:ion.3vam grandes margens de lucro. que OS trabalhadores por \'CZ.CS cnt;avam cm peve pa.r'd lh~~c;:: r:;u!'uill
c:apiWiSl3 • - "'ef, /fli(/uJ;ry a (
A.s )iU3S c."por:1.JÇocs ba~ava 1~1-se pr:mc1palmemc nas diferenças entre os preços france ses e espan hóis . A partir do tos tra duma espécie que interfena com o p:rog.resso da P
d1:i em quc o m!luxl1 dt.• metais preciosos abrandou. essa diferença diminuiu. fflt''11,p . 56_
. . Dum our:o pon10 de '.' is1a. o pcriodo dcíllc ionirio foi marcado por uma tcntaúva notável de racionalizaç.io
econom1ca cm p,:11St"s que SC' un ham lan,·3do r(sol utamcntc cm direcção à produção capitali sta: as ProY(ncias Uni· ~~~: ~~~-s~i1~.8Fonrana Ecanomil' lliswry o/ EurOpf. li. P·:6.
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pennitiram que a longo prazo a França pudesse tirar o m:himo benefício da divisão do tra- Isto colocou então a França numa posição inltnnéd·
balho na economia-mundo. Enqu
anto os franceses estavam capacitados para •tnl
.
'ªdentro da <conomia-rmmdo.
- - ~ orar em cena medida
Voltemos agora à ~cri se~ final do • longo» século XVI , e vejamos exactamente que Alemanha. os mgleses e os holandeses podiam explorar 0 · a ópan.ba e a
m mercado fra:icb as>im roma 0
impa ro reve n:i arena política francesa. Podemos partir do facto de que a queda de preços espan h o1 13 .
cm Franç:i durJ.nte o período 1600-16 1O foi economicamente favorável à França e à sua bur- A relaüva for~a ~o aparelho de Estado frdllcês comparado com 0 da ln wem :
guesia ' " '. E mcs:mo Porchnev :ldmite que seria excessivo afirmar que os capitalistas indus- Províncias Umdas nao a favorecia necessanamcntc nesta questão e g e0 ~
· . hd · ->e ~ r:Kin.:m:as f=e>CS
triais não tinham peso algum em França. Aceita que «a e,·olução do capitalismo continuou da época se uvessem em~n . a o sem reservas no de1envoh'imcnto da i~a e dos i~te-
mas a um ritmo mJ.is lento• nJOi_ ' rcsses da burguesia, sem du vida que a França poderia ter superado a vantagem. a:iinal não tão
O problema residia em grande pane no comércio e:iuemo. cuja imponância para as acentuada, que l_he lev~v:"1 as outras duas nações. Mas os monarcas franc=s mun •mbi-
ernn mi as nacionai s di scutimos anteriormente ao anali sarmos a reacção da Inglaterra à crise valentes. A sua tntrom1ssao nem sempre conduzia à maximização do!i intert•-.:s co:n=iai•
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perdas oca ionadas pelas guenras re li giosas. produziu-se outra grande queda a partir de 1610, não a diferentes des1gmos reais. mas ao facto de os france"'s "'rcm nuis <fi::iente; !l3 sua
nesta oca ião em grande pane consequência da concorrência holandesa e em cena medida da interferência com as empresas burguesas <mi. De forma semelhante. ar~umeniz Sef. 0 com-
ingles:i. E o que fez com que os holande.ses e mesmo os ingleses fossem capazes de superar parativo isolamento da lng!aterra no que_respeita às guerras europeias neste perí00o ,ignifi-
em preços os franceses neste período fo i que, num momento de contracç.ão do mercado mundial, cava atribuir uma menor enfase aos «hab1tos de obediência à autoridade rea1. 1r><. do qu~
a vantagem acumulada em capital e tecnologia industriais dos cinquenta-sessenta anos ante- aconiecia em França. A capacidade do monarca francês para estabelecer impostos. combülJlda
riores era crucial: com a da nobreza para ver-se isenta deles, implicava uma carga mais pesada não s6 para a
populaça mas também para a burguesia. .
A França ficou atr:ls dos seus concorremos no que se refere a rodos os índices importantes. A Finalmente. não devemos esquecer a relação entre a posição alcançada na economia='
divi. ão do tr:lbatho nas m:mufacturas francesas estava num nível inferior. a escassez de traba- -mundo, por exemplo cerca de 1610. e a posição fu1ura. As dificuldades dos frar.cese em
lhadores especializados não permitia que os empresários estabelecessem uma hierarquia ade-
concorrer com os holandeses e os ingleses nos seus mercados internos levaram-nos a corr
quad.3 de níveis salari:iis. Os subsídios est:uais. absolutamente necessários naquela época~ eram
casuais e esporádicos. e de baixo montante. enquanto que a acumulação de dinheiro não se fazia centrar-se-na produção daquelas mercadorias em que tinham cena vantagem histórica eu,.-, • ,
a um<t rscaJa suficiente: a França viu-se c.'l\cluida do saque <lirccto das colónias que alimentou a mercado interno relativamente maior que outros países europeus - anigos de luxo, em
acumu!Jç;J.o primitin na Holanda e em Esp:mha, assim como a indústria em Inglaterra. espec ial sedas'"''. Mas os bens mais baratos para mercados mais amplos u:rinm fornet.ido
As consequências disto eram que os produtos industrfais franceses er:lITl comparativamente C3toS. a longo prazo uma base industrial mais segura. , . . ;
Como resultJdo. a burguesia comercial e industrial francesa era incapaz de concorrer com êxito A Guerra dos Trinta Anos impôs grandes pressões aos franceses. A medida que cresrura ,
com os hul.:mdeses e ingleses no seu próprio mercado doméstico. e em certa medida também nos os gastos militares e se expandiam os exércitos. crescia também o volume da burocracia do
mercado:- estrangeiros. Vi u-se obrigada a utilizar o seu capital doutras maneiras.( ... ) A construção Estado, e, como causa e consequência, aumentava também o nível dos tmpostos, lllnto direc-
naval e a naH·gaç5o francesa. e: porconseguinte também o comércio transoceânico francês, cSU\'a tamente por pane do Estado como de facto por acréscimo através da depredação dll tropas •·
Jtrá~ dos ingkses e holandeses. tfr nica e t."Conomicamenlc. ( .. .)
Por tod.:is estas razões. a burguesia francesa estava muito interessada numa maior protecção. e o
~ovemo da França iez o possível por cobrir as suas necessidades neste aspecto <33 11. d.as e a lnglau:rra. A produção capitalisra significava uma l~ntati''ª dt tirar ,·anugcm da xumubçio de ~iro
para maximi~ os lucros num mercado con: meios monet.irios adequ.a@;~-nes 00 campo das nu..1Ufa...~ ~
É fácil compreender. em comparJçao. porque f que os. es.fol'\"O:S . bnn sucedida! de desco,ulver
3.:!9 . .. Qs rreços baixos não a.fectar.un advC"rsamente a indústria. Na Fr.inça. por exemplo. a primeira década Henrique lV a Lu!s XIV. não f~ram sen3o uma série de tl!n1auvas nuus ou ~nos todo pam:m..--cU r_;lQude
do s«ulo XV II foi um jX'riodo Jc gr:inde expans.'.io d:is J11!1J1UÍ3cturas. da produção ancsanal e da agricultur.1. um indústrias de luxo visando a Jimnação das imponaçõc:s. Apesar de tudo. 0 ~:s cor;:i~rnti!lh.a rtX"OCJicch:k> quzndo
período no qu al l dínd::i do Estldo er:i. n..duzida. ú seu orçamento equilibrJdo e ass im por diante. Os lucros dos estado de pobreza mone tária observada por Iksmarcts. m35 que Colbtn. J em led~rt~ l:!l:f'lis de imj'Oi~ cm
m~rr.adores e dos produtores aum~n rav am ~ eles con!'eguiam tomar-se consideravelmente ricos naqueles anos•. admiti u perante o rei "a dificuldade geral" experimentada pelos a~!.:'u~:s e : -00 c.offitrcto públ)o..""O" .. . J~
Lubhns ~ay a. Frenâ1 Absoh.rism. p. 13. "extorquirem dinheiro ~as P~'·íncias" e quando c~ncl~~~ qu~ 0 ~~,~~~y in~óili and J7th Cro:ur)' !·r~'lCC•. m
3.30. Porchncv. Us soulhemenu populain•s. p. 560. Mcuvrct. «- Monctary Ctrcu lat~on and lhe Econo.m1c .Liti li7.nthl:C"'ood Illinois: lrv.-in. tnc .. 19,0). IJl'i-1 ... ~.
331. Luhlinsbya. French Abso fu1ism. pp. 1#-145. Zdler indica que todo o sis1ema de nianufactu.rts Rondo Cameron, cd., E~sap rn Fre11cl1 Econom~c J/1.Sto1· (Ho · ·. . ·m.
royales que .fü're~l'U no s~\-ulo XV I em França . especialmente sob Henriqu~ IV. era baseado no desejo de evitar 332. Ver Lubhnskaya: F rr11cl1 Absulutum. ~- 3- 8 j !aterra] não residia na na.1un:u d!I~ ka.;, l.•ndusm k!s
que os me ta.is ~rec1.oi;os dt 1xasse m o p:iís. Assim, o rei encorajava o estabdecimento de indús1rias de bens dt luxo, 333 ... Mas a grande d1fcre~r.·a entre la frJJ'IÇa e 3 "funcionáriOS eram tão ngoro.~ ~ ~posi'!:~os
mas antes no modo como elas eram impostas. Em Françadostuielo Em InglattmosfUfl('-.c-ram rc- ullmen~
05
por forma a ev itar 1mponá- los. Ess1.1ys in Frem h Economic llistory. pp. 130... IJ 1.
. . .. As con~qu~ncias foram strias nas contrJcções do início do ~culo XVII. t1A~deílação era panicularmente que os artífices tentavam porvc1.es mass3".1 á-los porcauS2
1
J
·torarosc-udc\"Cr. t...JAm:ui::nadi..1s Gai rn·
dtfi:il pa.ra a t"("on~mu francesa. Os p.n~utos que :i Fran~a expon.a,·a niio propon:ion.3vam grandes margens de lucro. que OS trabalhadores por \'CZ.CS cnt;avam cm peve pa.r'd lh~~c;:: r:;u!'uill
c:apiWiSl3 • - "'ef, /fli(/uJ;ry a (
A.s )iU3S c."por:1.JÇocs ba~ava 1~1-se pr:mc1palmemc nas diferenças entre os preços france ses e espan hóis . A partir do tos tra duma espécie que interfena com o p:rog.resso da P
d1:i em quc o m!luxl1 dt.• metais preciosos abrandou. essa diferença diminuiu. fflt''11,p . 56_
. . Dum our:o pon10 de '.' is1a. o pcriodo dcíllc ionirio foi marcado por uma tcntaúva notável de racionalizaç.io
econom1ca cm p,:11St"s que SC' un ham lan,·3do r(sol utamcntc cm direcção à produção capitali sta: as ProY(ncias Uni· ~~~: ~~~-s~i1~.8Fonrana Ecanomil' lliswry o/ EurOpf. li. P·:6.
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nas wnas rurais tl.16>. o impacto da guerra sobre o preço dos cereais bálticos, e portan10 sobre emprego fixo. que andava dum lado para o outro, e cuja margem de existência era exces-
-os preços dos alimentos em geral. já foi anteriormente mencionado. Tudo isto se viu consi- sivamente estreita para suportar .um agravamento demasiado da crise '" ''·
deravelmente agravado pelas grandes epidemias que irromperam entre 1628 e 1633, e Robert Mandrou contnbu1 para este debate pedindo-nos que consideremo os Jennta- "
especialmente em 1630-3 l. Ou as m.is colheitas levassem à expansão da doença ou esta mentos populares de 1623- 1648 no contexto do d~v1r da história de França, que foi testemunha
provocasse a escassez de cereais, ambas ocorreram simultaneamente e atingiram duramente de tais levantamentos tanto antes como depois. Recorda-nos que os di versos impostos
a França 1rn 1• «devem ser considerados como s1~a1 s duma s.1tu.açào económica grandemente deteriorada e
Dada esta análise é fácil compreender porque foram tão gerais em França, nesta época, não simplesmente como a causa .umca ou mai s imediata das revoltas» (}41'. Maneirou incita-
os levantamentos camponeses. Não só estavam a aumentar as exacções do Estado sobre 0 -nos então a empreender um caminho mutto mais proveitoso. Pede-nos que estejamos
campesinato mas também a nobreza tinha dificuldade em obter as suas rendas e prestações atentos às localizações, à cartografia: o Oeste. Norm~ia. Guyenne. 0 Centro (Man:h~ 8 ,
dos camponeses devido ao aperto económico destes cm >. Sem dúvida, isto significou em muitos Bourbonnais): esta é a área mais frequememente afcctada. a mais estimulada por eru rea~~
., .. . ,,,t. casos que tanto os nobres como os camponeses duma determinada área se encontrassem cadeia de d1sturb1os. Podemos ver ntsso uma consequência da maior panicipação dl!S províncias
zangados com a monarquia, e que em certa medida « O sentido de lealdade e de obrigação mútua que têm de se enfrentar com uma ruplUra no crescimento do •longo• século XVI. >Crido 0
[entre o senhor e o camponês] persistiria» 133•> na França de princípios do século XVII; mas refluxo dos anos 1620-1680 precursor duma depressão mais evidente a:i ui que nas á.-eas mais
- · ' - - seria um erro levar esta ideia demasiado longe, como alguns parecem inclinados a fazer. Porque continentais, mais carecidas de desenvolvimento? Mas porventura estas ronas de agitação rural
,. ··· não só os investigadores acruais mas também os camponeses de então podiam perceber que, e urbana do século XVII não foram também as províncias onde as guerras religiosas foram
depois das guerras de religião, o senhor, como diz Salmon, «quer pertencesse à antiga mais ardentes durante o século precedente '"''?
. , .. - .noblesse ou à nova, era m~nos um companheiro de misérias do camponês do que uma causa Esta é realmente uma pista magnífica, que encaixa perfeitamente na nossa hipótese geral
parcial das mesmas• '""''· E afinal precisamente a actuação política da nobreza que explica 0 e na qual além disso coincidem tanto Mousnier como Porchnev. Mousnier diz:
- ~ '-_ ~ - - ritmo lento do desenvolvimento económico"" "· Ao mesmo temi?°, a industrialização parcial
, -.- _ da França perm1t1u que tal descontentamento se estendesse das áreas rurais às urbanas, ligadas O estudo de cada levantamento é inseparável da investigação das economias locais e das estnuu-
ras sociajs. Por que razão se deram principalmente no Oeste. Cenlio e Sudoeste os lc:...~ar.tamcn­
ambas entre si pelo número crescente de pessoas, uma espécie de lumpen-proletariado sem
tos rurais? Não seria possível classificar as cidades de acordo como grau de de!>Cnvolvimroto do
capitalismo, e examinar se existe aJguma correlação com alguma das constantes das re\·olus{.}(S"?
336. Tanto Porc:.hncv como Mo~~ier c.oncordam. Ver Porchnev, Us soulhements populairts, pp. 458-
~~e;9~~~~3o1ut_mcr, Peasam Upnsings m St venretntli-Century France. Russia, and China (Nova Iorque: Porshnev assinala que os levantamentos de 1623-1648 foram precedidos por oulr.!5
três séries ao longo do século XVI. As duas primeiras foram a de 152(}.1550, ligada à
. •A g~erra. d_e facto ~o~ncid!nclo com os longos anos de depress'1o económica, fez exigências aos recursos
fi~eiros e a máquina adrmmstrauva des~s ~sl.ados _(~a Europa OcidentaJ e Setentrional} que forçaram os seus Reforma, e a de 1570-1590, durante a qual os movimentos populares "colocavam as suas espe-
~memos 3 au~nwem tanto a sua competenc1a admm1 scrativa ~?mo os impostos. Mas embora estas duas polí- ranças na Liga Católica, de que se declaravam partidários». Depois de 1590-1600 houve uma
ticas fossem logicamen1e comple~en~~ · elas reveJa ..·am -se pol1ucamen1e incompatíveis. A máquina burocrática
última vaga que adaptou já um formato não religioso '""'. De facto. Porchnev argumenta além-:... · -' -
P~;~lt:nsão_do ~r real ou nao ex1s11~ de lodo, ou, onde existia, era ineficaz e maJ concrolada. Quan10 maior a
~:~~'. ~· mau os governos cenlfillSeram privados da cooperação volunciria das classes privilegiadas e das disso que o descontentamento popular contra as guerras religiosas levou à dessacralização da :-·: - ·
autoridade, o que por sua vez explica a grande necessidade de reafirmação da autorida~ do '· ·---~.
de tribui~~e~!i~::i~~~~~~m:~t abso~uta. A sua auto~dade legi slativa e _execu1iva e os seus poderes Estado sentida no princípio do século XVII cJ.1 7>_
pelas imunidades virtualmente inmc! . d le ace11es por mdoo pa.Js. Contudo, na práuca, a monarquia era limitada
tiv_o ~bre 0 5 corpos grandes e heterog~e~!osed~ ~~i~~~raç~s e indivíduos, e pela falta de controlo central efec-
ex1g1a uma maiorcenr.raliz.ação como toma . d"ff . ~s rea.Js. Como em todo o lado, a produção da guerra 1an10
EurOfN, pp. 279-280. va mais 1 ci 1 evá-la a caboit. H. G. Koenigsbcrger, The llap1burgs and 342. Ver Porchnev. U s soulb'emenrs populairn. pp. 268~275. Porchnev toma cmpresa.io _o rcrmo:·plc-
bcus» de Peasant War in G~rmany de EngeJs para descrever esses cit:lCtinos. Diz eJe: •Os plebeus roo ror.smUC"m
milhões 1;~b~rc~!f~~;~~ f~l~ion ~History, csp. ~P· 511-512. • Na França a carga fiscaJ variou de 43 a 80 ainda o pré-prolecariado, mas uma massa díspar que 1em raízes cm diferences grupos da socicdldc fc:ucb.I. e que.
Esta conjunção de aumento fiscaJ ~ dc;:gr~orcço d~ ~go desc~u assinalavelmente a panir do período 1638-40. a pouco e pouco, se vai fundindo acé se tomar numa verdadeira un idade [p. 269]•. . _ • .. UnaleJ
Richclicu... Ardanl , lmpór, II, p. 754. s 0 econ mica explica as grandes revoltas do fim do minis1ério de 343. Robert Mandrou, «Les soulevemenlS populaires e1 13 sociélé françaisc du XVU 51 1:ck•. •
ES.C., XIV, 4, Out.-Dcz. 1959, 7«J.
~;:~ ~l~;:~~h~~~~J ~~:1~~l'n~:':°puloiu~, p. J 19. 344. Jbid., p. 761.
Junho 1965, 150. · gn of RenaJSsance France., Journa/ of Modern History , XXXVIJ. 2, 345. Mou snier,Rev11ed'hisroiumoder11eetconun1poraine, V.p. IJ2. do o&' ·mo
340. Salmon, Pas1 &: Presenl , n.v 37, p. 43. 346. • Para o fim do século XVI, convencidas da inutilidade das b:indciras da Reforms e ""' '"' de
1
. . 341. •A França pennanecia uma terra de cam eses ~:1:3 ªdefesa_dos seu s interesses, as massas pop~lares reje~c~m qualqu_cr co~~ ~~''-WS: paracs~s~~~UC',
q~ viviam de rendas; pennanecia um país br pon ~res sobrecarregada por uma classe de senhores n sscs. depois de terem passado por todas as desilusões pollucas e confessior:i:us. Fo1 ~ ~m k s e franca.
naJJ. As lendências que começ~ no pcrf:o e
~';;z~n~~~;;flv1do baseado em m~!°'.'1ºs económicos tradicio- a.~ final do sécu~o XVI. qoando as massas populares francesas fal~ uma .lll1~u:1~~ccke ucccndopas suas que-
enquan10 que em lngla1erra elas 1n·cram um franc d . rrupção das guerras rehg1osas não amadureceram classcs feudai s francesas se apressaram a ··pôr fim às guerras rchgiosas micsunas • sq . 49-50 Ver
culrurc:-. N"""'·CambridgeModernllistory IJ-G B ºE1:scnv;lv1mento. Fricdrich Lürge, •Economic Changc: Agri~ relas, se uniram em tomo da monarquia de Henrique IV• . Porchnev. Ú5 soult1•rmer. 15 f'OP"loius. PP· ·
Qunbridge Univ. Press, t958), p. 47. • . . . on, e ., The Reformation 1520-J559 (Londres e Nova Iorque: lambém pp. 280-281.
· 347. Ver ibid., pp. 572-573.
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nas wnas rurais tl.16>. o impacto da guerra sobre o preço dos cereais bálticos, e portan10 sobre emprego fixo. que andava dum lado para o outro, e cuja margem de existência era exces-
-os preços dos alimentos em geral. já foi anteriormente mencionado. Tudo isto se viu consi- sivamente estreita para suportar .um agravamento demasiado da crise '" ''·
deravelmente agravado pelas grandes epidemias que irromperam entre 1628 e 1633, e Robert Mandrou contnbu1 para este debate pedindo-nos que consideremo os Jennta- "
especialmente em 1630-3 l. Ou as m.is colheitas levassem à expansão da doença ou esta mentos populares de 1623- 1648 no contexto do d~v1r da história de França, que foi testemunha
provocasse a escassez de cereais, ambas ocorreram simultaneamente e atingiram duramente de tais levantamentos tanto antes como depois. Recorda-nos que os di versos impostos
a França 1rn 1• «devem ser considerados como s1~a1 s duma s.1tu.açào económica grandemente deteriorada e
Dada esta análise é fácil compreender porque foram tão gerais em França, nesta época, não simplesmente como a causa .umca ou mai s imediata das revoltas» (}41'. Maneirou incita-
os levantamentos camponeses. Não só estavam a aumentar as exacções do Estado sobre 0 -nos então a empreender um caminho mutto mais proveitoso. Pede-nos que estejamos
campesinato mas também a nobreza tinha dificuldade em obter as suas rendas e prestações atentos às localizações, à cartografia: o Oeste. Norm~ia. Guyenne. 0 Centro (Man:h~ 8 ,
dos camponeses devido ao aperto económico destes cm >. Sem dúvida, isto significou em muitos Bourbonnais): esta é a área mais frequememente afcctada. a mais estimulada por eru rea~~
., .. . ,,,t. casos que tanto os nobres como os camponeses duma determinada área se encontrassem cadeia de d1sturb1os. Podemos ver ntsso uma consequência da maior panicipação dl!S províncias
zangados com a monarquia, e que em certa medida « O sentido de lealdade e de obrigação mútua que têm de se enfrentar com uma ruplUra no crescimento do •longo• século XVI. >Crido 0
[entre o senhor e o camponês] persistiria» 133•> na França de princípios do século XVII; mas refluxo dos anos 1620-1680 precursor duma depressão mais evidente a:i ui que nas á.-eas mais
- · ' - - seria um erro levar esta ideia demasiado longe, como alguns parecem inclinados a fazer. Porque continentais, mais carecidas de desenvolvimento? Mas porventura estas ronas de agitação rural
,. ··· não só os investigadores acruais mas também os camponeses de então podiam perceber que, e urbana do século XVII não foram também as províncias onde as guerras religiosas foram
depois das guerras de religião, o senhor, como diz Salmon, «quer pertencesse à antiga mais ardentes durante o século precedente '"''?
. , .. - .noblesse ou à nova, era m~nos um companheiro de misérias do camponês do que uma causa Esta é realmente uma pista magnífica, que encaixa perfeitamente na nossa hipótese geral
parcial das mesmas• '""''· E afinal precisamente a actuação política da nobreza que explica 0 e na qual além disso coincidem tanto Mousnier como Porchnev. Mousnier diz:
- ~ '-_ ~ - - ritmo lento do desenvolvimento económico"" "· Ao mesmo temi?°, a industrialização parcial
, -.- _ da França perm1t1u que tal descontentamento se estendesse das áreas rurais às urbanas, ligadas O estudo de cada levantamento é inseparável da investigação das economias locais e das estnuu-
ras sociajs. Por que razão se deram principalmente no Oeste. Cenlio e Sudoeste os lc:...~ar.tamcn­
ambas entre si pelo número crescente de pessoas, uma espécie de lumpen-proletariado sem
tos rurais? Não seria possível classificar as cidades de acordo como grau de de!>Cnvolvimroto do
capitalismo, e examinar se existe aJguma correlação com alguma das constantes das re\·olus{.}(S"?
336. Tanto Porc:.hncv como Mo~~ier c.oncordam. Ver Porchnev, Us soulhements populairts, pp. 458-
~~e;9~~~~3o1ut_mcr, Peasam Upnsings m St venretntli-Century France. Russia, and China (Nova Iorque: Porshnev assinala que os levantamentos de 1623-1648 foram precedidos por oulr.!5
três séries ao longo do século XVI. As duas primeiras foram a de 152(}.1550, ligada à
. •A g~erra. d_e facto ~o~ncid!nclo com os longos anos de depress'1o económica, fez exigências aos recursos
fi~eiros e a máquina adrmmstrauva des~s ~sl.ados _(~a Europa OcidentaJ e Setentrional} que forçaram os seus Reforma, e a de 1570-1590, durante a qual os movimentos populares "colocavam as suas espe-
~memos 3 au~nwem tanto a sua competenc1a admm1 scrativa ~?mo os impostos. Mas embora estas duas polí- ranças na Liga Católica, de que se declaravam partidários». Depois de 1590-1600 houve uma
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última vaga que adaptou já um formato não religioso '""'. De facto. Porchnev argumenta além-:... · -' -
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~:~~'. ~· mau os governos cenlfillSeram privados da cooperação volunciria das classes privilegiadas e das disso que o descontentamento popular contra as guerras religiosas levou à dessacralização da :-·: - ·
autoridade, o que por sua vez explica a grande necessidade de reafirmação da autorida~ do '· ·---~.
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ex1g1a uma maiorcenr.raliz.ação como toma . d"ff . ~s rea.Js. Como em todo o lado, a produção da guerra 1an10
EurOfN, pp. 279-280. va mais 1 ci 1 evá-la a caboit. H. G. Koenigsbcrger, The llap1burgs and 342. Ver Porchnev. U s soulb'emenrs populairn. pp. 268~275. Porchnev toma cmpresa.io _o rcrmo:·plc-
bcus» de Peasant War in G~rmany de EngeJs para descrever esses cit:lCtinos. Diz eJe: •Os plebeus roo ror.smUC"m
milhões 1;~b~rc~!f~~;~~ f~l~ion ~History, csp. ~P· 511-512. • Na França a carga fiscaJ variou de 43 a 80 ainda o pré-prolecariado, mas uma massa díspar que 1em raízes cm diferences grupos da socicdldc fc:ucb.I. e que.
Esta conjunção de aumento fiscaJ ~ dc;:gr~orcço d~ ~go desc~u assinalavelmente a panir do período 1638-40. a pouco e pouco, se vai fundindo acé se tomar numa verdadeira un idade [p. 269]•. . _ • .. UnaleJ
Richclicu... Ardanl , lmpór, II, p. 754. s 0 econ mica explica as grandes revoltas do fim do minis1ério de 343. Robert Mandrou, «Les soulevemenlS populaires e1 13 sociélé françaisc du XVU 51 1:ck•. •
ES.C., XIV, 4, Out.-Dcz. 1959, 7«J.
~;:~ ~l~;:~~h~~~~J ~~:1~~l'n~:':°puloiu~, p. J 19. 344. Jbid., p. 761.
Junho 1965, 150. · gn of RenaJSsance France., Journa/ of Modern History , XXXVIJ. 2, 345. Mou snier,Rev11ed'hisroiumoder11eetconun1poraine, V.p. IJ2. do o&' ·mo
340. Salmon, Pas1 &: Presenl , n.v 37, p. 43. 346. • Para o fim do século XVI, convencidas da inutilidade das b:indciras da Reforms e ""' '"' de
1
. . 341. •A França pennanecia uma terra de cam eses ~:1:3 ªdefesa_dos seu s interesses, as massas pop~lares reje~c~m qualqu_cr co~~ ~~''-WS: paracs~s~~~UC',
q~ viviam de rendas; pennanecia um país br pon ~res sobrecarregada por uma classe de senhores n sscs. depois de terem passado por todas as desilusões pollucas e confessior:i:us. Fo1 ~ ~m k s e franca.
naJJ. As lendências que começ~ no pcrf:o e
~';;z~n~~~;;flv1do baseado em m~!°'.'1ºs económicos tradicio- a.~ final do sécu~o XVI. qoando as massas populares francesas fal~ uma .lll1~u:1~~ccke ucccndopas suas que-
enquan10 que em lngla1erra elas 1n·cram um franc d . rrupção das guerras rehg1osas não amadureceram classcs feudai s francesas se apressaram a ··pôr fim às guerras rchgiosas micsunas • sq . 49-50 Ver
culrurc:-. N"""'·CambridgeModernllistory IJ-G B ºE1:scnv;lv1mento. Fricdrich Lürge, •Economic Changc: Agri~ relas, se uniram em tomo da monarquia de Henrique IV• . Porchnev. Ú5 soult1•rmer. 15 f'OP"loius. PP· ·
Qunbridge Univ. Press, t958), p. 47. • . . . on, e ., The Reformation 1520-J559 (Londres e Nova Iorque: lambém pp. 280-281.
· 347. Ver ibid., pp. 572-573.
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, Este argumento de Porchnev levanta mais uma vez algumas questões sobre 0 signifi- assim como das destrutç~s da Guerra dos Cem Anos, os cam neses .
l .• •
cado dos mov imciitos e agrupamentos reli giosos ~e começos da Europa moderna, as suas
a aguda escassez de mao-dc-obra, o que levou ao d 11 po fugiram. cnando assim
um • C d ec mo relaU\'amcnt• l1Í d d
relações com a reafirmação das entidades nacionais e, mvers~mente. com forças centrffu_ damentos perpetuos em avor os arrendamentos a prazo, mais fav . - ap1 o ~s arrcn-_
volução dos preços e o papel emergente da França na eco orái eis ao campesmato A ~
gas religiosas . Falámos anteriormente do tratamento que Koemgsbe~~er faz dos huguenotes
reenlO de problemas para os camponeses propnetános _ rnomd ta-mundo conduziu ao apareci- 1 :
348
Jª·
como mov imento revo lucionário nacional franc ês ' ' . Cabe. desde dentro do te1TCno da
especul ação razoável que os huguenotes pudessem 1.er-se consolidado no _Sul e n.o Oeste de
!TI

desenvolvimento capitalista()~'. Numa época em que 0 agnc


en as mais elevadas par l
pequenas. regresso p'.11'cia 1 a uma economia natural. em poucas alavra
P ~.
• e:
·
as mais '' ,
uma lra\'agem do '
França, c.k fomia parale la à consolidação dos calv1mstas. no Norte d.os Paise_s ~a1xos, 0 que 11
com as e11clos11res da terra a rável, o seu equivalente nonnand~i ~r )eoman inglês beneliciava , -;-; "~
poderi a ter cond uzido, corno ali . a uma divisão temwnal~ E~te foi sem duvida um temor h 1 d' . - es ª"ªa perder terreno Quanto
presente naq uel a época o••., No quadro de tal perspecuva, nao e surpreendente que num dado à burguesia, Porc nev assma a a 1v1sao entre os seus doi s segmentos: os magistrados Ir a
r mome nt o os huguenote.'> so licitassem auxílio à católica Espanha. A liquidação dos huguenotes dos aos. interesses lo~a1 s e por consegumte part1dános da rebelião; e os financeuos, fin!:e: ·
foi en tão pane integrante do impul so para manter a integridade da França como Estado ll501, e mente hgado~ ao Estado e , logo, empenhados em apoiai a aristocracia local""' A rebelião
Mousnier a.'>sinala o pape l desempenhado pela venda de cargos. a partir de 1620, na compra pode ser c~ns1derada co~o uma am?sl~a. de descontentamenio com a política do centro, que
, dos quadros ca lvini s ta sP~ ' ' · es tava a privar o campes1.n~to p_ropnetano nom1ando (e os burgueses locais) dos benefícios
- Que o regionali smo era mai s fund amental que o cisma reli g ioso vê-se claramente na duma mais completa pan1c1paçao na nova economia-mundo.
fonna co mo o Sul da França, a Occitânia dos anti gos. deixou de ser uma praça fone dos ~o noroeste , tal como na Aquitânia, con~iderava-se que a monarquia prosseguia uma-,
huguenotcs. Henri Espie ux refere que a Reforma encontra as suas praças fones «tanto ria perspecuva «na~1onal » !ranc_e~a que era economicamente regressiva. Em nome da tradição as ••
Aquitânia como nas margens da anti ga Gália romana do século VI. enquanto que o catolicismo províncias ex tenores nao ex1g1am menos, mas mais progresso económico '"' '. Não foi então
é essencialmente do None » 0 m. M:is. ass inala. quando Henrique de Navarra sobe ao trono acidente nenhum que o levantamento de 1639 na Nonnandia se visse seguido por Jevantamen- , ,
<•em detrime nto da causa aq uitana», então, «por meio duma singular reviravolta. a Aquitâ- tos na Prov~nç a , Bretanha, Languedoc e Poitou 'm'. Tão pouco foi um acidente que 0 pano de _ _ . ~
nia tomou-se s impatizant e da Liga lligeuse ) - única fomia que lhe restava de preservar a sua fundo_imed1ato do levanta~ento da ~ormand1a fosse a resistência do monarca a aliviar a carga , • ! . ·~
diferença» 'm'. Fin almente. Espie ux argumenta que os aquitanos a braçaram o janscnismo com 1nbu1ana sobre a Normandia na esteira das dificuldades económicas que se seguiram à epide- _
o mesmo «espírito não rnnfom1ista », causa que .. contribuía para a manutenção da sua atitude mia de 1632-1633, porque «estando Sua Majestade sobrecarregada de gastos excessivamente , ._ ·
rebelde fhwneur f rondeu.rel »'"''. Espieux considera esta rebeldia como sendo o método de a grandes, não pode aliviar o seu povo como seria seu desejo» 1;r,o'· Não podia fazê-lo, dado que
Aq uitânia resistir à sua in tegração n:i França. que lhe foi imposta no éc ulo XVI. concluída e o dinheiro estava a ser utilizado na criação da entidade nacional francesa.
reforçada pe las ca rgas fi sc ais que fo i o brigada a suportar, e tomada ainda mais intolerável Suponhamos - grande jogo histórico-que a França tivesse sido uma entidade geográ- - -' '. ~,, •
pela decadê ncia económi ca de Marselha e Bordé us no «Segundo» século XVI, não só em fica diferentemente moldada, cobrindo apenas o Norte e o Oeste da França. com Rouen como r •• ~
relação a Paris, mas inclusivamente em relação a Barcelona e a G énova - uma vez mais capital. Suponhamos que a Aquitãnia tinha sido um Estado separado a panir do século Xlll .
estratos dentro de es trat os !.'~.''. Não seria possíve l que essa França truncada tivesse descoberto que os interesses nacionais do
A descrição de Porchnev do levantame nto de J 639 na Normandia reg ista temas seme- aparelho de Estado central e os interesses comerciais da burguesia estavam um tanto mais em
lhantes. Tal como ele traça a hi stória, os camponeses s uportaram nos séculos XIV e XV uma ham1onia uns com os outros? Acaso não seria possível que urna tal França, aparentemente
carga senhorial maior na Nom1andia que em qualquer outro lugar da França. Por causa disto, mais débil. tivesse s ido capaz de fazer o que fez a lnglalerra -responder à economia-mundo
emergente criando uma base industrial? Talvez.
J~ R. Ver K ocn•gs bc r~cr, Journa/ uf Modem llistur)' . XXV IJ, PP- 338-3.W. Mas uma tal França não existiu . A que existiu não ern, como di ssemos, nem carne nem 1
3 ~9. Ver Lublin>kaya . Fre11l'h Ahsn/u1üm , p. 166. peixe. e vi a-se dilacerada por lutas religioso-regionais. A pressão para a criação duf!l Estado
. 350'. George> Duby e Robcn Mandrou fa lam do< -ca1ó lico< que esiavam a defender a unidade polfiica do com uma só religião era tão poderosa na Europa do século XVI como a exi slcnlc na Africa do
re1110•: llmo1r~d~ !~' mliJationfronr;atu. \iol. 1: U MoyenA 'ilt' er le X\'/' sit e/e eParis: Annand Colin, 1958). 341 .
Ver ViC'tor-L 1 apie : - ,\ Franp da Regência e dos primeiros anos de Lu ís Xlll ( ... )foi uma presa. f .. . ) Várias provfn- século XX para os estados dum só partido, e pela mesma razão. a necessidade de combater
cns da Fnmça permaneccriim obJc:rlo de- conie!iL.J<.·ão tcrri1orial. t ... ) forças centrífugas. Mas o preço foi elevado. Para a França o preço foi chegar a um acordo
. Nc..lS(i é11uu1 . nc nh~m faia.do era ~ufü· iente fone ou ri co para i:ongre gar a p3.1. e o progresso económico. com a aristocracia praticamente nos tennos desta - a •réac1io11 seigneurialc~ . a -fiodaliJa-
mas ui~ Es.w.d v r e sol~ to .podHt ... al va guardar a~ con<liçc'k~ da ~ua indc-pcndênci J tenitoriaJe pcrmilü aos seu.~ rccur·
sos_tem1 on~1s a poss 1b1hdade de bcnefkiarcm dJ ~ua própriJ fruiç:io. O mérito de Richelieu fo i ptrcebcr isto e o de rio11>• da burguesia. Não iria haver uma guerra civil no séc ulo XVII, rrias só a Fronde. A
;~~<~:' ! :~~~o;;~~c~~~r que o seu min istro o ~rvia. lltm•. La Fruru ·e de ÚJuis XIII ct dt Richt"lieu (Paris : Aam·
J5 L. Ver Mousnier, \ 'eua/i ré. pp. 60 1-602. 356. Vor Po rchnev, us souliremt111l populairts, pp. 402-403. 419-419.
1970), 11.;.2. Henri Espicux. 1-/istoirt dt f'Occitani< (N1mcs: Le Centre Culrurcl Occitan_ Collection Cap-<:-<'.ap. 357. Ver ibid., p. 578. . 1 rndirionalismc por
358. Um exemplo deste fenómeno no século XX é descrito por lcann< Favr<t '" • .e i
353. /hid., p. 159. e>c~ de modcmité •, Euwpran J ournal o/Sociofogy. Vlll. 1, 1967. 71 -93.
354 . l bid.. p. 16 1. 359. Ver Porchncv, u s.<01J/b·tmtnt.r popu/1J1rts, p. 470.
355. Ver ibid.. pp. 146- 154 . 360. lbid., p. 42..S .

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, Este argumento de Porchnev levanta mais uma vez algumas questões sobre 0 signifi- assim como das destrutç~s da Guerra dos Cem Anos, os cam neses .
l .• •
cado dos mov imciitos e agrupamentos reli giosos ~e começos da Europa moderna, as suas
a aguda escassez de mao-dc-obra, o que levou ao d 11 po fugiram. cnando assim
um • C d ec mo relaU\'amcnt• l1Í d d
relações com a reafirmação das entidades nacionais e, mvers~mente. com forças centrffu_ damentos perpetuos em avor os arrendamentos a prazo, mais fav . - ap1 o ~s arrcn-_
volução dos preços e o papel emergente da França na eco orái eis ao campesmato A ~
gas religiosas . Falámos anteriormente do tratamento que Koemgsbe~~er faz dos huguenotes
reenlO de problemas para os camponeses propnetános _ rnomd ta-mundo conduziu ao apareci- 1 :
348
Jª·
como mov imento revo lucionário nacional franc ês ' ' . Cabe. desde dentro do te1TCno da
especul ação razoável que os huguenotes pudessem 1.er-se consolidado no _Sul e n.o Oeste de
!TI

desenvolvimento capitalista()~'. Numa época em que 0 agnc


en as mais elevadas par l
pequenas. regresso p'.11'cia 1 a uma economia natural. em poucas alavra
P ~.
• e:
·
as mais '' ,
uma lra\'agem do '
França, c.k fomia parale la à consolidação dos calv1mstas. no Norte d.os Paise_s ~a1xos, 0 que 11
com as e11clos11res da terra a rável, o seu equivalente nonnand~i ~r )eoman inglês beneliciava , -;-; "~
poderi a ter cond uzido, corno ali . a uma divisão temwnal~ E~te foi sem duvida um temor h 1 d' . - es ª"ªa perder terreno Quanto
presente naq uel a época o••., No quadro de tal perspecuva, nao e surpreendente que num dado à burguesia, Porc nev assma a a 1v1sao entre os seus doi s segmentos: os magistrados Ir a
r mome nt o os huguenote.'> so licitassem auxílio à católica Espanha. A liquidação dos huguenotes dos aos. interesses lo~a1 s e por consegumte part1dános da rebelião; e os financeuos, fin!:e: ·
foi en tão pane integrante do impul so para manter a integridade da França como Estado ll501, e mente hgado~ ao Estado e , logo, empenhados em apoiai a aristocracia local""' A rebelião
Mousnier a.'>sinala o pape l desempenhado pela venda de cargos. a partir de 1620, na compra pode ser c~ns1derada co~o uma am?sl~a. de descontentamenio com a política do centro, que
, dos quadros ca lvini s ta sP~ ' ' · es tava a privar o campes1.n~to p_ropnetano nom1ando (e os burgueses locais) dos benefícios
- Que o regionali smo era mai s fund amental que o cisma reli g ioso vê-se claramente na duma mais completa pan1c1paçao na nova economia-mundo.
fonna co mo o Sul da França, a Occitânia dos anti gos. deixou de ser uma praça fone dos ~o noroeste , tal como na Aquitânia, con~iderava-se que a monarquia prosseguia uma-,
huguenotcs. Henri Espie ux refere que a Reforma encontra as suas praças fones «tanto ria perspecuva «na~1onal » !ranc_e~a que era economicamente regressiva. Em nome da tradição as ••
Aquitânia como nas margens da anti ga Gália romana do século VI. enquanto que o catolicismo províncias ex tenores nao ex1g1am menos, mas mais progresso económico '"' '. Não foi então
é essencialmente do None » 0 m. M:is. ass inala. quando Henrique de Navarra sobe ao trono acidente nenhum que o levantamento de 1639 na Nonnandia se visse seguido por Jevantamen- , ,
<•em detrime nto da causa aq uitana», então, «por meio duma singular reviravolta. a Aquitâ- tos na Prov~nç a , Bretanha, Languedoc e Poitou 'm'. Tão pouco foi um acidente que 0 pano de _ _ . ~
nia tomou-se s impatizant e da Liga lligeuse ) - única fomia que lhe restava de preservar a sua fundo_imed1ato do levanta~ento da ~ormand1a fosse a resistência do monarca a aliviar a carga , • ! . ·~
diferença» 'm'. Fin almente. Espie ux argumenta que os aquitanos a braçaram o janscnismo com 1nbu1ana sobre a Normandia na esteira das dificuldades económicas que se seguiram à epide- _
o mesmo «espírito não rnnfom1ista », causa que .. contribuía para a manutenção da sua atitude mia de 1632-1633, porque «estando Sua Majestade sobrecarregada de gastos excessivamente , ._ ·
rebelde fhwneur f rondeu.rel »'"''. Espieux considera esta rebeldia como sendo o método de a grandes, não pode aliviar o seu povo como seria seu desejo» 1;r,o'· Não podia fazê-lo, dado que
Aq uitânia resistir à sua in tegração n:i França. que lhe foi imposta no éc ulo XVI. concluída e o dinheiro estava a ser utilizado na criação da entidade nacional francesa.
reforçada pe las ca rgas fi sc ais que fo i o brigada a suportar, e tomada ainda mais intolerável Suponhamos - grande jogo histórico-que a França tivesse sido uma entidade geográ- - -' '. ~,, •
pela decadê ncia económi ca de Marselha e Bordé us no «Segundo» século XVI, não só em fica diferentemente moldada, cobrindo apenas o Norte e o Oeste da França. com Rouen como r •• ~
relação a Paris, mas inclusivamente em relação a Barcelona e a G énova - uma vez mais capital. Suponhamos que a Aquitãnia tinha sido um Estado separado a panir do século Xlll .
estratos dentro de es trat os !.'~.''. Não seria possíve l que essa França truncada tivesse descoberto que os interesses nacionais do
A descrição de Porchnev do levantame nto de J 639 na Normandia reg ista temas seme- aparelho de Estado central e os interesses comerciais da burguesia estavam um tanto mais em
lhantes. Tal como ele traça a hi stória, os camponeses s uportaram nos séculos XIV e XV uma ham1onia uns com os outros? Acaso não seria possível que urna tal França, aparentemente
carga senhorial maior na Nom1andia que em qualquer outro lugar da França. Por causa disto, mais débil. tivesse s ido capaz de fazer o que fez a lnglalerra -responder à economia-mundo
emergente criando uma base industrial? Talvez.
J~ R. Ver K ocn•gs bc r~cr, Journa/ uf Modem llistur)' . XXV IJ, PP- 338-3.W. Mas uma tal França não existiu . A que existiu não ern, como di ssemos, nem carne nem 1
3 ~9. Ver Lublin>kaya . Fre11l'h Ahsn/u1üm , p. 166. peixe. e vi a-se dilacerada por lutas religioso-regionais. A pressão para a criação duf!l Estado
. 350'. George> Duby e Robcn Mandrou fa lam do< -ca1ó lico< que esiavam a defender a unidade polfiica do com uma só religião era tão poderosa na Europa do século XVI como a exi slcnlc na Africa do
re1110•: llmo1r~d~ !~' mliJationfronr;atu. \iol. 1: U MoyenA 'ilt' er le X\'/' sit e/e eParis: Annand Colin, 1958). 341 .
Ver ViC'tor-L 1 apie : - ,\ Franp da Regência e dos primeiros anos de Lu ís Xlll ( ... )foi uma presa. f .. . ) Várias provfn- século XX para os estados dum só partido, e pela mesma razão. a necessidade de combater
cns da Fnmça permaneccriim obJc:rlo de- conie!iL.J<.·ão tcrri1orial. t ... ) forças centrífugas. Mas o preço foi elevado. Para a França o preço foi chegar a um acordo
. Nc..lS(i é11uu1 . nc nh~m faia.do era ~ufü· iente fone ou ri co para i:ongre gar a p3.1. e o progresso económico. com a aristocracia praticamente nos tennos desta - a •réac1io11 seigneurialc~ . a -fiodaliJa-
mas ui~ Es.w.d v r e sol~ to .podHt ... al va guardar a~ con<liçc'k~ da ~ua indc-pcndênci J tenitoriaJe pcrmilü aos seu.~ rccur·
sos_tem1 on~1s a poss 1b1hdade de bcnefkiarcm dJ ~ua própriJ fruiç:io. O mérito de Richelieu fo i ptrcebcr isto e o de rio11>• da burguesia. Não iria haver uma guerra civil no séc ulo XVII, rrias só a Fronde. A
;~~<~:' ! :~~~o;;~~c~~~r que o seu min istro o ~rvia. lltm•. La Fruru ·e de ÚJuis XIII ct dt Richt"lieu (Paris : Aam·
J5 L. Ver Mousnier, \ 'eua/i ré. pp. 60 1-602. 356. Vor Po rchnev, us souliremt111l populairts, pp. 402-403. 419-419.
1970), 11.;.2. Henri Espicux. 1-/istoirt dt f'Occitani< (N1mcs: Le Centre Culrurcl Occitan_ Collection Cap-<:-<'.ap. 357. Ver ibid., p. 578. . 1 rndirionalismc por
358. Um exemplo deste fenómeno no século XX é descrito por lcann< Favr<t '" • .e i
353. /hid., p. 159. e>c~ de modcmité •, Euwpran J ournal o/Sociofogy. Vlll. 1, 1967. 71 -93.
354 . l bid.. p. 16 1. 359. Ver Porchncv, u s.<01J/b·tmtnt.r popu/1J1rts, p. 470.
355. Ver ibid.. pp. 146- 154 . 360. lbid., p. 42..S .

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revolução burguesa viria cm J 789, no utra época, !'°r ou~ros motivos, e cm alguns aspectos
- demasiado tarde . No século XVII a burguesia adm m1 strut1va , a noh/esse de robe, viu-se obri-
gada a recordar que não pod ia pcm1~tir- se o lu xo de perseguir demasiado a fundo os seus
acanhados intere s~e s . dado que. se o f 1zcssc . a mtcgndade do Estado e por consegumte a base
, económica desta burguesia admi nistrativa ver-se- iam ameaçadas.
Os dife rentes papéis tpapé is. não intenções) das mo narquias da Inglaterra e da França
for:un. em última análise, um factor cmcial. Uma forma de vem1os isso é definir a luta polí-
tica como uma tenta1iva das monarquias da época erodirem os privilégios de todos os grupos
não estatais. e observar, como Cooper, que ti veram de longe mais êxito contra as cidades (e
ponan to con tra ccnos segmentos da burguesia) do que contra as classes proprietárias de
terras '''" '. Braudcl fala das cidades «mantidas sob controlo» ou «disciplinadas» pelas monar-
quias <."'2i _ Segundo este ponto de vista as classes proprietárias procuravam utilizar o Estado 1
como ajuda para se manterem à frente das rápidas correntes da expansão económica. Nesta
perspecti va, os fronde11rs. se bem que perdessem, saíram a ganhar, enquanto que a aristocra-
cia inglesa, embora tenha havido uma Restauração, saiu a perder. No fim, argumenta Braudel,
6 r
a primazia inglesa no mundo seria a primaz ia de Londres, «que construiu a Inglaterra à sua
vontade (à sa !(11ise) depois da revolução pacífica de 1688»' 363i.
A ECONOMIA-MUNDO EUROPEIA:
Na vaci lação ent re as ex igências da burguesia e as da aristocracia, as monarquias tanto A PERIFERIA CONTRA A ARENA EXTERIOR
da In glaterra como da França foram-se aprox imando progressivamente das exigências da
aristocracia. A diferença era que em Inglaterra os interesses da burg uesia comercial estavam
ligados a um centro poderoso, enquanto que em França de ceno modo estavam ligados à
periferi a nacional. Esta diferença era consequência de considerações geográficas no quadro
da economia-mundo europeia.
Um resultado disto foi que, para manter controlada uma burguesia intrinsecamente mais
irrequie ta. a monarquia francesa teve de reforçar-se e de comprar a burguesia por meio da
venda de cargos. o que por sua vez a afa>tou do investimento industrial. Na Inglaterra, a aris-
tocracia, para sobrev iver. teve que aprender as formas da burg uesia e fundir-se parcialmente
com ela. Em França. a pressão para sobreviver recaiu sobre a burguesia. Em França e em
Inglaterra, o centro triunfou sobre a periferia. Mas em Inglaterra isto significou um passo em
frente na causa da burguesia nacional, enquanto que em França foi um passo atrás para ela.
A Guerra Ci vil Ingl esa acon tece u no últim o momento possível. O ressurgimento das
classes proprictári<t>no\ 150 anos seguintes iria ser grande em todo o lado, mesmo na Inglaterra.
Mas aí, pe lo menos , a bu rguesia tinha obtido o droit de cité. E as classes proprietárias eram
menos a aristocracia que a genuy , formada no fundo por bons hourgeois. Em França, a bur-
guesia era demasiado fraca no séc ulo XVII para produzir um Cromwell. Até 1789 os seus
interesses não chegari am a ser consonantes com os do Estado enquanto Estado. Nessa altura,
a economia-mundo tinha evol uído e seria demasiado tarde para a França conseguir a primazia
. no ~e u seio.

36 1. J. 1'. Coopcr, •General Jmroducrion•, New Cambridxe Modem lli.rtory, JV: J. I'. Coopcr, cd., Tllt
Dedi11 e'if.\p"';10nd tlie ?ºliirry Yead War , IW94Rl59 (Londres e Nova Iorque: Cambridge Univ. Press, t970), J5.
362. hraudcl . ( 1v1lua1w1i mari rrtllt, p. 399.
363. lbid .. p. 396.

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revolução burguesa viria cm J 789, no utra época, !'°r ou~ros motivos, e cm alguns aspectos
- demasiado tarde . No século XVII a burguesia adm m1 strut1va , a noh/esse de robe, viu-se obri-
gada a recordar que não pod ia pcm1~tir- se o lu xo de perseguir demasiado a fundo os seus
acanhados intere s~e s . dado que. se o f 1zcssc . a mtcgndade do Estado e por consegumte a base
, económica desta burguesia admi nistrativa ver-se- iam ameaçadas.
Os dife rentes papéis tpapé is. não intenções) das mo narquias da Inglaterra e da França
for:un. em última análise, um factor cmcial. Uma forma de vem1os isso é definir a luta polí-
tica como uma tenta1iva das monarquias da época erodirem os privilégios de todos os grupos
não estatais. e observar, como Cooper, que ti veram de longe mais êxito contra as cidades (e
ponan to con tra ccnos segmentos da burguesia) do que contra as classes proprietárias de
terras '''" '. Braudcl fala das cidades «mantidas sob controlo» ou «disciplinadas» pelas monar-
quias <."'2i _ Segundo este ponto de vista as classes proprietárias procuravam utilizar o Estado 1
como ajuda para se manterem à frente das rápidas correntes da expansão económica. Nesta
perspecti va, os fronde11rs. se bem que perdessem, saíram a ganhar, enquanto que a aristocra-
cia inglesa, embora tenha havido uma Restauração, saiu a perder. No fim, argumenta Braudel,
6 r
a primazia inglesa no mundo seria a primaz ia de Londres, «que construiu a Inglaterra à sua
vontade (à sa !(11ise) depois da revolução pacífica de 1688»' 363i.
A ECONOMIA-MUNDO EUROPEIA:
Na vaci lação ent re as ex igências da burguesia e as da aristocracia, as monarquias tanto A PERIFERIA CONTRA A ARENA EXTERIOR
da In glaterra como da França foram-se aprox imando progressivamente das exigências da
aristocracia. A diferença era que em Inglaterra os interesses da burg uesia comercial estavam
ligados a um centro poderoso, enquanto que em França de ceno modo estavam ligados à
periferi a nacional. Esta diferença era consequência de considerações geográficas no quadro
da economia-mundo europeia.
Um resultado disto foi que, para manter controlada uma burguesia intrinsecamente mais
irrequie ta. a monarquia francesa teve de reforçar-se e de comprar a burguesia por meio da
venda de cargos. o que por sua vez a afa>tou do investimento industrial. Na Inglaterra, a aris-
tocracia, para sobrev iver. teve que aprender as formas da burg uesia e fundir-se parcialmente
com ela. Em França. a pressão para sobreviver recaiu sobre a burguesia. Em França e em
Inglaterra, o centro triunfou sobre a periferia. Mas em Inglaterra isto significou um passo em
frente na causa da burguesia nacional, enquanto que em França foi um passo atrás para ela.
A Guerra Ci vil Ingl esa acon tece u no últim o momento possível. O ressurgimento das
classes proprictári<t>no\ 150 anos seguintes iria ser grande em todo o lado, mesmo na Inglaterra.
Mas aí, pe lo menos , a bu rguesia tinha obtido o droit de cité. E as classes proprietárias eram
menos a aristocracia que a genuy , formada no fundo por bons hourgeois. Em França, a bur-
guesia era demasiado fraca no séc ulo XVII para produzir um Cromwell. Até 1789 os seus
interesses não chegari am a ser consonantes com os do Estado enquanto Estado. Nessa altura,
a economia-mundo tinha evol uído e seria demasiado tarde para a França conseguir a primazia
. no ~e u seio.

36 1. J. 1'. Coopcr, •General Jmroducrion•, New Cambridxe Modem lli.rtory, JV: J. I'. Coopcr, cd., Tllt
Dedi11 e'if.\p"';10nd tlie ?ºliirry Yead War , IW94Rl59 (Londres e Nova Iorque: Cambridge Univ. Press, t970), J5.
362. hraudcl . ( 1v1lua1w1i mari rrtllt, p. 399.
363. lbid .. p. 396.

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r i

. f

Os limites de uma entidade definida em termos políticos são rclativamwre ~imp:~ de- .:•
determinar. Se quisermos conhecer o território que o império chinês ocupava oo zoo 1600.
teremos que cons ultar alguns arqui vos que nos falem dos títulos jurídicos ~.~ da!a. Sem~
dúvida, aparecerão sempre zonas marginai s cuja soberania é contestada por duas estruturas
estatais rivai s, ou em que a autoridade imperial dificilmente pode !>!:rpercebida como existente
de facto , o que nos pode levar a r.onsiderar que o título não passa duma fi cção jurídica ~las os '
critérios são razoavelmente claros: a combinação da afirmação de autoridade (por mais ampla
que seja) com alguma medida de autoridade efectiva (por mais ténue que seja) dir-nos-á cm
geral o que queremos saber. •
Mas que podemos dizer dos limites dum sistema social não definido em termos políú- -:..: ~
cos, duma «economia-mundo» como a que temos vindo a analisar? Ao dizer que no século . ·- ,
XVI existia uma economia-mundo europeia indicamos que os seus limites eram menores que ·· -·
os da Terra como um todo. Mas em que medida? Não podemos simplesmente incluir nela
qualquer parte do mundo com que a «Europa» comerciasse. Em 1600, Portugal comerciava
com o reino centro-africano do Monomotapa, assim como com o Japão. Não obstante. prima 1
facie, seria difícil argumentar que o Monomotapa ou o Japão fize ssem parte da economia- 1
-mundo europeia naquele tempo. Mas, evidentemente, afirmamos que o Brasil (ou pelo menos
certas áreas da costa do Brasil) e os Açores faziam parte da economia-mundo europeia. Exis -
tia um comércio de trânsito através da Rússia entre a Europa Ocidental e a Pérsiaº'· E ainda
assim argumentamos que a Pérsia estava com toda a certeza fora desta economia-mundo. da
1
mesma forma que a Rússia. A Rússia fora, mas a Polónia dentro. A Hungria dentro, mas o
Império Otomano fora. Sobre que base se determinam esta~ distinções?
Não é uma questão de simples volume de comércio ou da sua composição. Celso ,· .
Furtado diz:
Fora o ouro e a prata, pouco do que se podia produzir na América durante o primeiro sécul~ da
sua colonização era comerciável na Europa. Diversamente das lndias Orientai~. que produz~am
artigos de grande valor por unidade de peso. tais como especiarias. sedas e mus..<ehnas. as Améncas
não produziam nada que pudesse servir de base a um comércio lucrativo lll.

~mo-
1. Par• um resumo deste comércio. ver H. Kcllcnbenz. •Landvnkchr. Fluss- und Sccschiffahrt im -~
pãischen Handel~. in Lu grandts voits mnririmts duns lt mondt. XV'-XIX' sitclts. VII Colloquc, Commassion
lntemationale d ' Histoire Maritime (Paris: S.E.V.P.E.N .. 1965). 132· t37. ·

'· «•• ,......_ "º~''""''"""'"'o/ .........ri~. " · 293 . . ... .

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Os limites de uma entidade definida em termos políticos são rclativamwre ~imp:~ de- .:•
determinar. Se quisermos conhecer o território que o império chinês ocupava oo zoo 1600.
teremos que cons ultar alguns arqui vos que nos falem dos títulos jurídicos ~.~ da!a. Sem~
dúvida, aparecerão sempre zonas marginai s cuja soberania é contestada por duas estruturas
estatais rivai s, ou em que a autoridade imperial dificilmente pode !>!:rpercebida como existente
de facto , o que nos pode levar a r.onsiderar que o título não passa duma fi cção jurídica ~las os '
critérios são razoavelmente claros: a combinação da afirmação de autoridade (por mais ampla
que seja) com alguma medida de autoridade efectiva (por mais ténue que seja) dir-nos-á cm
geral o que queremos saber. •
Mas que podemos dizer dos limites dum sistema social não definido em termos políú- -:..: ~
cos, duma «economia-mundo» como a que temos vindo a analisar? Ao dizer que no século . ·- ,
XVI existia uma economia-mundo europeia indicamos que os seus limites eram menores que ·· -·
os da Terra como um todo. Mas em que medida? Não podemos simplesmente incluir nela
qualquer parte do mundo com que a «Europa» comerciasse. Em 1600, Portugal comerciava
com o reino centro-africano do Monomotapa, assim como com o Japão. Não obstante. prima 1
facie, seria difícil argumentar que o Monomotapa ou o Japão fize ssem parte da economia- 1
-mundo europeia naquele tempo. Mas, evidentemente, afirmamos que o Brasil (ou pelo menos
certas áreas da costa do Brasil) e os Açores faziam parte da economia-mundo europeia. Exis -
tia um comércio de trânsito através da Rússia entre a Europa Ocidental e a Pérsiaº'· E ainda
assim argumentamos que a Pérsia estava com toda a certeza fora desta economia-mundo. da
1
mesma forma que a Rússia. A Rússia fora, mas a Polónia dentro. A Hungria dentro, mas o
Império Otomano fora. Sobre que base se determinam esta~ distinções?
Não é uma questão de simples volume de comércio ou da sua composição. Celso ,· .
Furtado diz:
Fora o ouro e a prata, pouco do que se podia produzir na América durante o primeiro sécul~ da
sua colonização era comerciável na Europa. Diversamente das lndias Orientai~. que produz~am
artigos de grande valor por unidade de peso. tais como especiarias. sedas e mus..<ehnas. as Améncas
não produziam nada que pudesse servir de base a um comércio lucrativo lll.

~mo-
1. Par• um resumo deste comércio. ver H. Kcllcnbenz. •Landvnkchr. Fluss- und Sccschiffahrt im -~
pãischen Handel~. in Lu grandts voits mnririmts duns lt mondt. XV'-XIX' sitclts. VII Colloquc, Commassion
lntemationale d ' Histoire Maritime (Paris: S.E.V.P.E.N .. 1965). 132· t37. ·

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Não obstante. as Américas estão dentro e as Índias Orientais fora , ou pelo menos isso migração ou. colonização, e (... ) todos os demais fa ctores e .
ravelmente ligados a esta matriz»">. Na medida em que isto es t~eram mais ou menos msepa- ,._ .. , .
_r
é o que nós defendemos. . . _ . .
Caracteri zaremos esta distinção como uma d1sunçao entre a penfena dum a econo- 5
do século XVI, quando, analogamente ao resto da Euro a a • ceno. cons111u1 um fenómeno • -
mia-mundo e a sua arena exterior. A periferia duma economia-mundo é aquele seu sector crescimento económico» 161. Afirma-se correntemente pu~ aRuss1a •entrou numa nova era de • '- ' .
geográfico onde a produção é essencialmente de bens de baixa ca.tegoria (isto é, de~~~ cuja no Volga. em 1552, seguida pela de Aslrakhan, em
1 55
~ f conquista do khanato de Kazan. ,
17
.'
0 século seguinte, a Rússia colonizou a zona de esiepe-íl~r~~~: ~nto de viragem ' Duram~ ,
-, _ _
mão-de-obra é pior remunerada). mas que é parte integra:ite do SIStema g.l?~al da dtvtsao do
trabalho. dado que as mercadorias implicadas são essenc1a1 s para o uso d1ano. A arena exte- ao Mar de Azov e ao longo do Volga até ao Cás 10 T bé
1
osu l. ao longo do Don ate
rior duma econom ia-mundo é com posta por aqueles outros sistemas mund1a1s com os quais através da Sibéria. Nessa mesma época os ucran;an a(m ,, mda,ançou consideravelmente
uma economia-mundo dada mantém algum tipo de relações comerciais, baseadas fundamen- 1 • os en..,o eba1xo do domínio 1 )
avançaram ao ongo do Dmepre. o qual, na sua totahdad f po aco _
' talmente no intercâmbio de objec1os preciosos, o que às vezes se chamou «comércios ricos». 1654. A expansão russa para Sul e Leste foi um aconteci e, vma a azer pane da Rússia em '
•· . mento 1mponan1e na h1 stóna mun
-Tentaremos demonstrar esta di stinção fundamentalmente analisando as diferenças existentes dia! moderna , e : importante assinalar que a d1recção da expansão era função da fo a d~
entre a Rússia e di versas partes da Europa Oriental e as existentes entre a área do Oceano regimes das reg1oes que rodeavam a Rússrn. Como nos recorda George Vemadsk ,rç reci-
Índico e a América Espanhola no sérnlo XVI. samente «no mesmo momento_ em que os russos foram detidos e repelidos no Oes~· ::me:'
À primeira vista. tanto a Rússia como a Europa Oriental parecem manifestar çaram a avançar no Leste em direcção à Sibéria,, 1•1_
grandes semelhanças. Parecem ambas experimentar a formação de grandes d_?mínios dedi- . Po: esta razão, n_o caso da Rússia, os comerciantes ocidentais deparavam com um paísl º"-' .
:;,_ • _ : cados a culruras para o mercado e baseados em mão-de-obra coagida. De facto, como assi- mullo maior que a P.oloma ou a Boémia ou o Mecklenburgo, e um país que era claramente ·. · ·.;.
. nala Braudel. isto acontéce também por esta altura no Império Otomano m. Em ambas as u.ma estrutura 1mpenal. Enquanto o comércio externo da Polónia se realizava quase exclu- ~ · ·
áreas. a coacção exercida sobre os camponeses é fundamentalmente obra das autoridades do s1vamen1e. com a Europa Ocidental, a Rússia comerciava ramo para Leste como para Oeste, ·' ·
· Estado. Em-ambas as áreas, a classe proprietária parece emergir desta época grandemente e, como diz Jerome Bium, o «comércio oriental era provavelmente mais importanle ara a '
refo-rçada, e a burguesia, pelo contrário, enfraquecida. Mais ainda, ambas as áreas parecem Rússia que o seu comércio com o Ocidente»"'· p
ver-se afectadas pel a revolução dos preços e conformar-se aos seus parâmetros gerais com Não se trata apenas de o comércio para Leste ser maior em volume, mas de ele ser ,. '_-,.' '' ," r·
·- ~· •· razoável fid elidade. No entanto, uma observação mai s pormenorizada revelará algumas de tal natureza e volume que tendia a criar uma economia-mundo, ou, como dizem aJ runs -:_ , _
1 •" diferenças 1•1. escritores que trabalham num quadro teórico ligeiramente diferente. um mercado naci; nal · . , . .:
Trataremos as diferenças entre as relações mantidas pela Rússia e pela Europa de A. G. Mankov ass inala o papel crucial da produção cerealífera, conceito com que já estamo~=! ·
. , ~ ~ · _., • ,_ Leste com a Europa Ocidental segundo três rubricas distintas: a) uma diferença na natureza familiari zados: «Não se pode falar do desenvol vimento efectivo de relações comerciais no
1
, • .. : . do comércio; b) uma diferença na força e no papel do aparelho de Estado, e c) como conse- interior da sociedade feud al antes de os cereais se converterem em mercadoria - o que
. . ~ · quéncia dos dois pontos anteriores, uma diferença na força e no papel da ·burguesia urbana testemunha um certo nível de diferenciação entre a agricultura e os ofícios [mériers] • 'ioi.
z :/. rr,. .,. ,~ ~ indígena. Examinaremos, por isso, o fenómeno da expansão da produção de trigo, observável tanto~
- .... , ;, ·., O grande hi storiador pré-revolucionário russo V. O. Kluchevsky construiu a sua his-
., .:.,1.,1., tória da Rússia sobre a asserção de que «O factor fundamental na história da Rússia foi a
5. V. O. Ktuchev sky, A History o/Russia. 1 (umdrcs: Denl. t9t t). 2.
6. Jerome Bium . Lord and Peasanr in Russia from rhe Ninth to the Ninetunrh Ct'nrury (Princeton, Ne""'
... ~.; ~-
3. •Se os hiswriadores falam. para o Ocidente entre os séculos XVJ e XVIJJ , de uma "refeudaJi zação", (... )
um fenómeno análogo tem lugar na Turquia.( ... ) O trabalh o pione iro de Busch-Zantner ind icava( ...) estes 1.rchi[r/il:J ,
Jersey: Princeton Univ. Press, J96 1), 120. Ele acrescen ta: li(Entre as evidências mais notáveis deste facto esuvam os
aumentos cm área e população do reino. A Rússia, como os estados atlânticos da Europa Ocidental. mitxucou no
domínios ~a sua opinião criados como parte dum processo de melhoramento e cm regiões de plan ração ccrealfferas. sé~ulo XVI num ambicioso programa de c.x pansão colonial. O colapso do poder mongol e a emergência do Esudo
Omer Lufu Barkan e os seus estudanres (...} 1êm observado csle crescimento da propriedade moderna em beneficio unificado da Rú ssia sob a liderança de Moscovo ofereciam a oponunid.Jdc de aqu isições aparcnremcnte ilimiwtas
do'i suhõcs e paxá~ que ~abe mos lerem cs1ado envolvidos na "explosão" dos cercais: (... ) eles reservavam para si de território na vasta massa de rerrn eurasiana que se locali zava para al~m das fronleiras da Moscóvia•.
mesmos a venda de trigo aos compradores ocidentais, acti vidade que proi biam ao "povo". Podemos calcular a . 7. «A conqu ista de Kazan foi uma vitória militar 1remenda e uma grande realização política. Do ponto de
ex1ensào da lran síormiiç'1o. A Turquia está a viver, como o está a Europa Ocidental, na época da "revolução" dos vista religioso, foi en1endida como um triunfo da Cristandade so bre o Islão•. George Vemadsky. The Tsardom o/
preços e da revoluçJo agrícola que resuhou, ali como cm qualquer ourro fado. do cresdmenw demográfico». Brau- Muscovy, 1547-1682, Vol. V de A Hi.<tOI'}' o/ Russia (New Haven. Conneclicul: Yale Uni v. Pn:ss. 19691. Pane t, 58.
del, La M&lilerranéc, f. p. 537. "A queda de Kazan eliminou subilamentc a barreira da progrcss5o dos es lavos p3.ra Leste•. Rogcr Portal. Lu Sloves
. ?
4. c s.~ n~ ial da nossa posição foi afinnado por J. H. Ellion. Ele reconhece que «vários dos 1rnços da (Paris: Lib. Armand Cotin, f 965), t IO.
mia da.'i reg iões limnrofes da Europa ji.c., Europa OricntaJ J repetiram-se em solo russo,., Com isro está ele a referir· 8. Vemadsky, Tsardom. V, 1, p. t75 . .
-~ .ªº focro de que cm a~ba._ as áreas se desen volviam nesta ahura grandes domínios produzindo para o mercado 9. Bium, Lord and Peasan1, p. 128. Ver M. v. Fechner, TnrgorJ..,.·a ru~skogo gosudarsn•a 10 srro~am l 'OC·
utJhza ndo traba ~h o cm1g1do. Não obstante, diz Elliott: uContudo, a sociedade servil de Moscóv ia permanecia roka v XVI veke, que é eirado por M. Moita! e/ ai. co~o dizendo que o comb c10 russo com 0 ~sre. por_no e cara~
u.m mundo cm ~ 1 , ameaçador para os seus vi zinh os por causa do seu poder militar cresccnlc, mas economicamen1e vana, era 4< mu1to mais importante ,. que o seu com~rc10 com o Ocidente («sempre sobrest imado•). Re~a~ 1om dei
amda n.io rcla~ i onada com o mundo europeu. Por ourro lado. a Polónia. a Silésia. o Brandenburgo e a Prússia Congresso Jmernazionale di Scienze Sroriche, Ili, p. 780. Mollst et ai. hes itam em romar uma posição sobre o

l
estavam a ser mcx~ravelmen.1~ arrastadas para a órbi ta da vi<b curo~ia ocidental• . Europe Divided, p. 47. Ver volume relat ivo f(sem disporem de números». .· ·
Geo~gc Vemadsky. «Geopo/J1 1~amen te falando, o pano de fundo russo não é europeu mas eurasiano. A Rú ssia 1O. A. G. Manlcov le mouvemenr des pri:t dons /'Irar russr au XVI' s1icle (f';lns: S.E. V.P.E.N..
medieval n:1o é ranio Europa Oncntal mas ames Eurás ia Ocidental•. cfeudalism in Russia,., Speculum. XIV, p. 306. 1957), 28. '

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Não obstante. as Américas estão dentro e as Índias Orientais fora , ou pelo menos isso migração ou. colonização, e (... ) todos os demais fa ctores e .
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Índico e a América Espanhola no sérnlo XVI. samente «no mesmo momento_ em que os russos foram detidos e repelidos no Oes~· ::me:'
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5. V. O. Ktuchev sky, A History o/Russia. 1 (umdrcs: Denl. t9t t). 2.
6. Jerome Bium . Lord and Peasanr in Russia from rhe Ninth to the Ninetunrh Ct'nrury (Princeton, Ne""'
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3. •Se os hiswriadores falam. para o Ocidente entre os séculos XVJ e XVIJJ , de uma "refeudaJi zação", (... )
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mesmos a venda de trigo aos compradores ocidentais, acti vidade que proi biam ao "povo". Podemos calcular a . 7. «A conqu ista de Kazan foi uma vitória militar 1remenda e uma grande realização política. Do ponto de
ex1ensào da lran síormiiç'1o. A Turquia está a viver, como o está a Europa Ocidental, na época da "revolução" dos vista religioso, foi en1endida como um triunfo da Cristandade so bre o Islão•. George Vemadsky. The Tsardom o/
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mia da.'i reg iões limnrofes da Europa ji.c., Europa OricntaJ J repetiram-se em solo russo,., Com isro está ele a referir· 8. Vemadsky, Tsardom. V, 1, p. t75 . .
-~ .ªº focro de que cm a~ba._ as áreas se desen volviam nesta ahura grandes domínios produzindo para o mercado 9. Bium, Lord and Peasan1, p. 128. Ver M. v. Fechner, TnrgorJ..,.·a ru~skogo gosudarsn•a 10 srro~am l 'OC·
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amda n.io rcla~ i onada com o mundo europeu. Por ourro lado. a Polónia. a Silésia. o Brandenburgo e a Prússia Congresso Jmernazionale di Scienze Sroriche, Ili, p. 780. Mollst et ai. hes itam em romar uma posição sobre o

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estavam a ser mcx~ravelmen.1~ arrastadas para a órbi ta da vi<b curo~ia ocidental• . Europe Divided, p. 47. Ver volume relat ivo f(sem disporem de números». .· ·
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na Polónia como na Rússia nos séculos XV e XVI. A Polónia, como já argumentamos, está vam 0 tra balho d~s servos» C >, E Stanislaw Hoszowski assinala u . _
_,,. , •• " integrada, já no século XVI. na economia-mundo europeia, em cujos mercados se vende 0 do século XVI nao só os preços polacos começaram a q e na mflaçao global
1
,·. <v··~ , trigo e para cujos mercados se cultiva. Como dizem Braudel e Spooner: «A característica Europa Central e Ocidental, antes do impacto do tesouro aumentar antes mesmo dos da
bé p ló · f americano sobre os preços os1
f.v,·' ··. , dominante do final do século !XVI] é claramente o facto de que o tngo polaco se vê agora mas tam m '. na o ma, oram os «proprietários de terras que obtiveram 0 máximo bene'.
·~·-· ,L 1 • ' absorvido na combinação geral dos preços europeus» (">. Isto foi decisivo tanto para a Poló- fício da [subida 11~1os preços]. e~quanto que os camponeses e os citadinos só obtiveram
nia como para o resto da Europa. para a qual a Polónia naquela época se tinha convertido no perdas com ela» . A contrapartida deste aperto económico dos ca .f . _
eia das suas revoltas c201. mponeses o1 a frequen-
1
«maior exportador de cereais» 1121.
.• ... " .·"-~~ A ascensão de uma economia polaca exportadora de trigo significou, como vimos, Compar:mos agora o papel da produ?ào de trigo na Rússia nesta época. Comecemos"'
o aparecimento de grandes domínios com trabalho coercivo em culturas para o mercado. com a afirmaçao de ~ankov sobre ª . Rússia do século XVI: «Neste tempo pode falar-se
121
. •1-·" '~• '· Significou também o aumento da força política da nobreza, cujo interesse económico apenas dum merca~o. m.t emo de cereais» '. Isto é, embora praticamente não se exportasse
~~;~# ;__~-:_ cm eliminar os obstáculos ao comércio era comparável ao dos mercadores europeus trigo nenhu~, «ex1stta Já no século XV!, um vínculo entre mercados locais que por vezes
ocidentais. Os seus esforços combinados mantiveram a Polónia como uma economia estavam muito longe uns dos outros» 1--l. Assim, a agricultura capitalista emergiu neste...,
aberta " 3'. Até que ponto a prosperidade da nobreza polaca dependia deste comércio aberto momento. e em ~o~as semelhantes, na Polónia (e noutros países do Leste da Europa). por
_,_ .. :·. é algo que se viu claramente ilustrado pelas dificuldades económicas provocadas pelo um lado, e na Russaa, por outro. Mas enquanto a primeira produzia para um mercado euro-
bloqueio do Vístula, entre 1626 e 1629, por Gustavo Adolfo da Suécia. que pretendia peu ocidental em expansão, na Rússii. os «senhores produziam para o mercado interno em
com isso «cortar o nervo» da Polónia (l•l. O facto de que «a exportação de cereais através expansão» mi. De facto, no século XVI «necessitava-se duma autorização especial do Czar
dos portos bálticos tomara rapidamente [na Polónia] proporções tais que dominava a tota- para embarcar [cereais] para o exterior do país» 1241. A especialização da economia-mundo - .<\,,,~, ..,
lidade da estrutura económica do país» (l>l, é utilizado por Jerzy Topolski para explicar os europeia do século XVI via-se repetida em escala menor no interior da economia-mundo '"· •. C,.,
efeitos devastadores da regressão do século XVII na Polónia, efeitos que variaram nas russa. O centro da economia-mundo russa exportava bens manufacturados (artigos metálicos. '' " ·
diferentes regiões de acordo com o grau em que a economia local estava orientada para a produtos têxteis, artigos de couro, armas e armaduras) em troca de artigos de luxo, tela de ·.· ~--,.'
exportação <1•> . 1211
algodão, cavalos e ovelhas • Por acréscimo, reexportava bens manufacturados ocidentais .
, _ 1 ... , r Pode objectar-se que o valor do trigo envolvido é relativamente pequeno como para Leste, «Se bem que esta actividade não fosse aparentemente muito significativa no século
,._. ,,._., proporção do produto total da economia-mundo europeia, mas Boris Porchnev replica XVI» ci•i. A Rússia gozava dos efeitos felizes de ser o ponto focal duma comunidade económica:
t~. ,-,.-.t._ que «não são as quantidades de mercadorias exportadas (de facto não demasiado gran- «Peles, sais, couros e outros produtos fluíam para as regiões mais antigas vindos das colónias.
---.. >. í.,, ·• des) que deveriam ser objecto da atenção dos investigadores, mas antes a taxa de lucro criando nova riqueza e estimulando a actividade comercial e industrial »"''·
~ ·:;.'.~·; '~~:compartilhada pelos mercadores intermediários e pelos proprietários de terras que explora- Mas o que acontecia com o comércio russo com o Ocidente? Não seria porventura : .-..;•. _ '.;
comparável ao polaco? Devemos ter cuidado cm não projectar retrospectivamente no século ª· . ~-, 1
.(.. : • ~ ~ ... y,, ,, - - - - - -
XVI fenómenos dos séculos XVIII e XIX, altura em que a economia-mundo russa como ,. ·:~ ,_,.,
,, 11. Brau_dcl e Spooner. Cam?ridge Economic History o/ Europe, IV, p. 398.
J -·-'í'· , .. ~ .· C
ES.C .. iJi. ;'.'::'~~~J~~~;,"~~k:: ~Europe cenirale dans la rtvolution des prix: XVI' et XVll' siecles•, Annales

decreto p~j~~n!:. ~~c~ ~~ ~ ~~~ª da nobreza enconlrou todavia a sua expressão mais completa no famoso
1
5
00
0
cadorias cstran eiras, e cnc p . ndo o~ mercadores polacos de cxpo~m produtos polacos e importarem mer-
17. Boris Porchnev, ules rappons politiques de l'Europe Occidentale et de l'Europc Orien1ale à l'l'poque
de la Guerre des Trente Ans)). XI' Congrts /nternarional des Sciences Hisroriques , Estocolmo. 1960. Rappom.
quc esta lei pc!aneccu le~~Jo~ºNo~c~~meme os me.rcadorc_s estrangerros a entrarem na Polónia. Certamente IV: Histoire moderrie (Gotemburgo: Almqvist & Wiksell, 1960), 137.
18. Ver Hoszowski , Annales E.S.C., XVI, p. 446.
1
da nobreza JX>laca na época e · d tamc_é u_ma llustraçao eloquente das rendências políticas e económicas
Suécia. Podemos considerar q~~r~~~~· c::a~~:~:c~~ti~ nobreza de outros países báhicos, c~m. a cxc:pc~o ~ 19. lbid. , p. 453.
20. Ver S. Pascu, V. V. Mavrodin, Boris Porchnev e!. G. Anceleva, •Mouvements paysans dans le centre
da burguesia era um anti-mercantilismo sui . M d_e da nobre_za da__época. face ao comerc10 e à mdustna 11
Adcls in dcn O.t.sceliindem im 15 und
.
161.::;:"~" anan _MalowlS[, •Uber d1e Frage des Handelspolitik des
14. ~A exportação de ce;eais lacas v~~-:C",.· H~nmch~ ~eschich1Sblãrrer, 75 Jh ., 1957, 39.
et le Sudest de l'Europe du XV' au XX' siecles-, XII' Congres /nternational des Sciencts l/isroriques, IV: Mbho-
do/ogie eJ histoire contemporaine (Viena: Verlag Ferdinand Berger & Sõhne. 1965), 21-35.
imponância deste facto para a nobreza pol· "O com isso pro1_b1da. Gustavo Adolfo percebeu perfeü.amente a 21. Mankov, Le mo111•ement des prix. p. 28. 1
Ga.bor. "'"praccluso eliam portu Dantisc~o :~ª- .ccup~ro ho~ f!um.me [o Vfs_tula]". disse ele ao enviado de Bethlen
9
niac incisus cst"'_ Tinha razão. Derer-se a cx~:n~~:~ altici adu~ prohibuo. ipse iam ncrvus rei gercndae Polo-
22. lbid., p. 38. Ver análise nas pp. 38-43.
23. Bium, Lord and Peasant. p. 205 .
pela nobreza como pelos camponeses os p . ~ . g? c~nduzia a uma queda de preços no país, sentida tanto 24. lbid., p. 128. .
dif!cil à rnc:dida que as despesas do Es~do sur:::a1sr~:~:bumres da_Polónia. Lançar impostos tomava-se mais . 25. Ver ibid.. 128-129. Ver R. H. Hihon e R. E. F. Smilh: .Dever-se-ia no1ar, a propósno . que o dcsen:
Foi ~ devido aos esforços do rei e da sua comiti: ue a p~~ó~~es~1Ciade de pagar pelo recrutamento das tropas. volvimemo no século XVI de comércio regional duma larga gama de géneros com o Irã~. ª Turquia. a horda Nagai
~ dificuldades financeiras. nesta guerra uc r ue ~ ta põde combater por três anos inteiros. e apesar e os khanatos Uzbek foi panicularmente irnponante. Embora a Rú ssia tenha por ve ze~ sido con s1d1:rada como uma
°'!ue ~ux XVr• ct XVIJf siêcles .. , lmtrnarinali:onn;etanto cs.forç~"· Wl~yslaw Czalpinski . •Le problCme bal- ~~mecedora semi-colonial de matérias-primas para o Ocidenle neSla época. para 0 Onenl~I~~~~:;~~~~~~~
Hwoirt moderne (Gotcmburgo: Almqvist & Wikself. 1~;/,,1~'t'º"ca/ Sciences, Estocolmo, 1960. Rapporrs, IV: ~igos manufacturados assim como de maténas-pnmas:>t- . «lnuodução,. ª R. E. F. Sm •
15. Jeny Topolsk1, •La rtgre5sion économ· ue en p . Russian Peasamry (LI:mdres e Nova Iorque : Cambridge Univ. Press. t968), 27. .
16. Ver ibid., pp. 47-48. "I olognc., Acta po/oniae hislorica, VII , 1962, 46. 26. Bium, Lord and Peasanl, p. 129.
27. lbid., p. 122.

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17
na Polónia como na Rússia nos séculos XV e XVI. A Polónia, como já argumentamos, está vam 0 tra balho d~s servos» C >, E Stanislaw Hoszowski assinala u . _
_,,. , •• " integrada, já no século XVI. na economia-mundo europeia, em cujos mercados se vende 0 do século XVI nao só os preços polacos começaram a q e na mflaçao global
1
,·. <v··~ , trigo e para cujos mercados se cultiva. Como dizem Braudel e Spooner: «A característica Europa Central e Ocidental, antes do impacto do tesouro aumentar antes mesmo dos da
bé p ló · f americano sobre os preços os1
f.v,·' ··. , dominante do final do século !XVI] é claramente o facto de que o tngo polaco se vê agora mas tam m '. na o ma, oram os «proprietários de terras que obtiveram 0 máximo bene'.
·~·-· ,L 1 • ' absorvido na combinação geral dos preços europeus» (">. Isto foi decisivo tanto para a Poló- fício da [subida 11~1os preços]. e~quanto que os camponeses e os citadinos só obtiveram
nia como para o resto da Europa. para a qual a Polónia naquela época se tinha convertido no perdas com ela» . A contrapartida deste aperto económico dos ca .f . _
eia das suas revoltas c201. mponeses o1 a frequen-
1
«maior exportador de cereais» 1121.
.• ... " .·"-~~ A ascensão de uma economia polaca exportadora de trigo significou, como vimos, Compar:mos agora o papel da produ?ào de trigo na Rússia nesta época. Comecemos"'
o aparecimento de grandes domínios com trabalho coercivo em culturas para o mercado. com a afirmaçao de ~ankov sobre ª . Rússia do século XVI: «Neste tempo pode falar-se
121
. •1-·" '~• '· Significou também o aumento da força política da nobreza, cujo interesse económico apenas dum merca~o. m.t emo de cereais» '. Isto é, embora praticamente não se exportasse
~~;~# ;__~-:_ cm eliminar os obstáculos ao comércio era comparável ao dos mercadores europeus trigo nenhu~, «ex1stta Já no século XV!, um vínculo entre mercados locais que por vezes
ocidentais. Os seus esforços combinados mantiveram a Polónia como uma economia estavam muito longe uns dos outros» 1--l. Assim, a agricultura capitalista emergiu neste...,
aberta " 3'. Até que ponto a prosperidade da nobreza polaca dependia deste comércio aberto momento. e em ~o~as semelhantes, na Polónia (e noutros países do Leste da Europa). por
_,_ .. :·. é algo que se viu claramente ilustrado pelas dificuldades económicas provocadas pelo um lado, e na Russaa, por outro. Mas enquanto a primeira produzia para um mercado euro-
bloqueio do Vístula, entre 1626 e 1629, por Gustavo Adolfo da Suécia. que pretendia peu ocidental em expansão, na Rússii. os «senhores produziam para o mercado interno em
com isso «cortar o nervo» da Polónia (l•l. O facto de que «a exportação de cereais através expansão» mi. De facto, no século XVI «necessitava-se duma autorização especial do Czar
dos portos bálticos tomara rapidamente [na Polónia] proporções tais que dominava a tota- para embarcar [cereais] para o exterior do país» 1241. A especialização da economia-mundo - .<\,,,~, ..,
lidade da estrutura económica do país» (l>l, é utilizado por Jerzy Topolski para explicar os europeia do século XVI via-se repetida em escala menor no interior da economia-mundo '"· •. C,.,
efeitos devastadores da regressão do século XVII na Polónia, efeitos que variaram nas russa. O centro da economia-mundo russa exportava bens manufacturados (artigos metálicos. '' " ·
diferentes regiões de acordo com o grau em que a economia local estava orientada para a produtos têxteis, artigos de couro, armas e armaduras) em troca de artigos de luxo, tela de ·.· ~--,.'
exportação <1•> . 1211
algodão, cavalos e ovelhas • Por acréscimo, reexportava bens manufacturados ocidentais .
, _ 1 ... , r Pode objectar-se que o valor do trigo envolvido é relativamente pequeno como para Leste, «Se bem que esta actividade não fosse aparentemente muito significativa no século
,._. ,,._., proporção do produto total da economia-mundo europeia, mas Boris Porchnev replica XVI» ci•i. A Rússia gozava dos efeitos felizes de ser o ponto focal duma comunidade económica:
t~. ,-,.-.t._ que «não são as quantidades de mercadorias exportadas (de facto não demasiado gran- «Peles, sais, couros e outros produtos fluíam para as regiões mais antigas vindos das colónias.
---.. >. í.,, ·• des) que deveriam ser objecto da atenção dos investigadores, mas antes a taxa de lucro criando nova riqueza e estimulando a actividade comercial e industrial »"''·
~ ·:;.'.~·; '~~:compartilhada pelos mercadores intermediários e pelos proprietários de terras que explora- Mas o que acontecia com o comércio russo com o Ocidente? Não seria porventura : .-..;•. _ '.;
comparável ao polaco? Devemos ter cuidado cm não projectar retrospectivamente no século ª· . ~-, 1
.(.. : • ~ ~ ... y,, ,, - - - - - -
XVI fenómenos dos séculos XVIII e XIX, altura em que a economia-mundo russa como ,. ·:~ ,_,.,
,, 11. Brau_dcl e Spooner. Cam?ridge Economic History o/ Europe, IV, p. 398.
J -·-'í'· , .. ~ .· C
ES.C .. iJi. ;'.'::'~~~J~~~;,"~~k:: ~Europe cenirale dans la rtvolution des prix: XVI' et XVll' siecles•, Annales

decreto p~j~~n!:. ~~c~ ~~ ~ ~~~ª da nobreza enconlrou todavia a sua expressão mais completa no famoso
1
5
00
0
cadorias cstran eiras, e cnc p . ndo o~ mercadores polacos de cxpo~m produtos polacos e importarem mer-
17. Boris Porchnev, ules rappons politiques de l'Europe Occidentale et de l'Europc Orien1ale à l'l'poque
de la Guerre des Trente Ans)). XI' Congrts /nternarional des Sciences Hisroriques , Estocolmo. 1960. Rappom.
quc esta lei pc!aneccu le~~Jo~ºNo~c~~meme os me.rcadorc_s estrangerros a entrarem na Polónia. Certamente IV: Histoire moderrie (Gotemburgo: Almqvist & Wiksell, 1960), 137.
18. Ver Hoszowski , Annales E.S.C., XVI, p. 446.
1
da nobreza JX>laca na época e · d tamc_é u_ma llustraçao eloquente das rendências políticas e económicas
Suécia. Podemos considerar q~~r~~~~· c::a~~:~:c~~ti~ nobreza de outros países báhicos, c~m. a cxc:pc~o ~ 19. lbid. , p. 453.
20. Ver S. Pascu, V. V. Mavrodin, Boris Porchnev e!. G. Anceleva, •Mouvements paysans dans le centre
da burguesia era um anti-mercantilismo sui . M d_e da nobre_za da__época. face ao comerc10 e à mdustna 11
Adcls in dcn O.t.sceliindem im 15 und
.
161.::;:"~" anan _MalowlS[, •Uber d1e Frage des Handelspolitik des
14. ~A exportação de ce;eais lacas v~~-:C",.· H~nmch~ ~eschich1Sblãrrer, 75 Jh ., 1957, 39.
et le Sudest de l'Europe du XV' au XX' siecles-, XII' Congres /nternational des Sciencts l/isroriques, IV: Mbho-
do/ogie eJ histoire contemporaine (Viena: Verlag Ferdinand Berger & Sõhne. 1965), 21-35.
imponância deste facto para a nobreza pol· "O com isso pro1_b1da. Gustavo Adolfo percebeu perfeü.amente a 21. Mankov, Le mo111•ement des prix. p. 28. 1
Ga.bor. "'"praccluso eliam portu Dantisc~o :~ª- .ccup~ro ho~ f!um.me [o Vfs_tula]". disse ele ao enviado de Bethlen
9
niac incisus cst"'_ Tinha razão. Derer-se a cx~:n~~:~ altici adu~ prohibuo. ipse iam ncrvus rei gercndae Polo-
22. lbid., p. 38. Ver análise nas pp. 38-43.
23. Bium, Lord and Peasant. p. 205 .
pela nobreza como pelos camponeses os p . ~ . g? c~nduzia a uma queda de preços no país, sentida tanto 24. lbid., p. 128. .
dif!cil à rnc:dida que as despesas do Es~do sur:::a1sr~:~:bumres da_Polónia. Lançar impostos tomava-se mais . 25. Ver ibid.. 128-129. Ver R. H. Hihon e R. E. F. Smilh: .Dever-se-ia no1ar, a propósno . que o dcsen:
Foi ~ devido aos esforços do rei e da sua comiti: ue a p~~ó~~es~1Ciade de pagar pelo recrutamento das tropas. volvimemo no século XVI de comércio regional duma larga gama de géneros com o Irã~. ª Turquia. a horda Nagai
~ dificuldades financeiras. nesta guerra uc r ue ~ ta põde combater por três anos inteiros. e apesar e os khanatos Uzbek foi panicularmente irnponante. Embora a Rú ssia tenha por ve ze~ sido con s1d1:rada como uma
°'!ue ~ux XVr• ct XVIJf siêcles .. , lmtrnarinali:onn;etanto cs.forç~"· Wl~yslaw Czalpinski . •Le problCme bal- ~~mecedora semi-colonial de matérias-primas para o Ocidenle neSla época. para 0 Onenl~I~~~~:;~~~~~~~
Hwoirt moderne (Gotcmburgo: Almqvist & Wikself. 1~;/,,1~'t'º"ca/ Sciences, Estocolmo, 1960. Rapporrs, IV: ~igos manufacturados assim como de maténas-pnmas:>t- . «lnuodução,. ª R. E. F. Sm •
15. Jeny Topolsk1, •La rtgre5sion économ· ue en p . Russian Peasamry (LI:mdres e Nova Iorque : Cambridge Univ. Press. t968), 27. .
16. Ver ibid., pp. 47-48. "I olognc., Acta po/oniae hislorica, VII , 1962, 46. 26. Bium, Lord and Peasanl, p. 129.
27. lbid., p. 122.

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µ

. . h d arecido efectivamente, e a Rússia se tinha convertido numa área


enudade separada tm ª e~ap . eis> Por exen:ip~~· tanto? ª Boémia como na Hungria 0 «trabalho coercivo» dos «servos» CV.t ..
pe
riférica mais da economia-mundo europeia .
· à . · · ta que 0 que se estava a passar no século XVI era que «no seu !
nem sempre ex1sua exclusivamente. sob forma de con·ée, mas às vezes era prestado na e.e .:,
""' , ,,... ~ . ., E certo. pnmeira vis • •. . d t · t' forma de ~trabalho assalanado co~g1do," '. '. Josef Válka assinala que esta forma imennédia ,..,.,. ;.
- -~~~ t . comércio com 0 Ocidente, a Rússia trocava matenas-pnmas e pro u _os sem1-manu actura-
de pres t~çao de trabalho na Boémia esta hgada ao facto de a produção agrícola ser diversi fi- -- ·:
· -- . , dos por artigos manufacturadoi;» C29>. A Rússia exportava d1;ersas matenas-pnmas utilizadas /
cada e dmg1da.P'.11".ª um mercado mtenor m'. Josef Petrán assinala de maneira análoga que em : • '",
.. , , ,,·. para apetrechos navais (linho, cânhamo, gordu_ra. cera), al_em de peles e produtos_ d~ luxo e vários dos temt~nos menores da Europa Central (Boémia, Silésia. Saxónia, Áustria) havia -~­
,- '-·w 1 · artigos metálicos importados (incluindo muniçoes). Mas nao_ parece que este comerc10 ~osse uma menor t~ndencia para o cre~c1m:nto_de grandes propriedades e sugere que somos resremu- .-: :~_·
- v,. --- "~ decisivo em nenhum sentido. Para a Europa Ocidental, nao s~/o~e d1~er que a Russia nhas do nascimento da espec1al1zaçao nao só entre a agricultura e a indústria mas no interior -. _, 1_ l.1. . .
., __ ,,_' " fosse importante como «reserva de cereais e p~odutos florestais» e J at~ ao ~ec ulo XVII. T. s. da própria agricultura, onde, no entanto, «como é na1ural, a especialização não podia ser com- ,1 • . " ,
Willan encontra 0 valor fundamental da Rússia para a Inglaterra, pai ~ ~c1dental com quem piela» CJ 6 >. Malowisl assinala que a especialização agrícola na Dinamarca é paralela à da 7, :,.:·· ~ ·
mais comerciava no século XVI, no facto de ser «uma fonte de matenas essenciais para a Europa Oriental, dado que durante o século XVI a nobreza dinamarquesa e do Hol stein ' J,.,
marinha». Mas acrescenta: «desenvolveu uma economia baseada no trabalho de servos, assim como no comércio de pro-
É um pouco difícil dizer-se que este comércio era igualmente valioso para os russos. O equiva- dutos agrícolas e lácteos, e também no produto dos seus servos. cujas possibilidades de dedi-
lente que recebiam em troca dos apetrechos navais exportados para lngla1erra 1alvez fossem as cação ao comércio estavam limitadas a um mínimo»m'. Mas diz que es1e processo social de !·
armas e munições que a companhia alegava enviar para a Rússia, especialmeme nos anos apropriação aristocrática, «que pode ser visto com a máx ima clareza na Polónia. Brandenburgo.
.-cinquenta» e «sessenta» oo. Pomerânia, Mecklenburgo e Livónia, se apresentou mais debilmenie na Dinamarca»'"'· , ~ . ,._.,; .
O que podemos dizer sobre estes exemplos é que mostram que a textura da divisão ~ .,.,_ "
«Especialmente nos anos "cinquenta" e "sessenta"» -voltaremos a esta observação. europeia do trabalho se estava a tomar mais complexa já no século XVI. Não obs1an1e, o '.. ' '. -.i.
A. Atcman sugere que a importação decisiva não eram os bens metálicos, mas antes a prata, significado dum baixo coeficienle de exportação para a Boémia, um pequeno país rodeado ·,':·-'_.
em forma de lingotes e objectos de arte. Oferece como comprovação desta hipótese a extraor- pelo resto da economia-mundo europeia, e o dum coeficieme analogameme baixo para a Rússia. , , · 1•
dinária acumulação de prata nas igrejas, mosteiros e palácios, assim como importantes des- um grande império na orl~ da econon:iia~mundo eu_ropeia'. de~e ler sido notavelmeme dislin!O ..., ,. , 1
(";-:..-. . r cobertas de lingotes do metal cm. Se nos lem brarmos que uma exportação importante era a A liberdade de acç~o p.ohuca da ~oem1a era_e'.11 ul~1m~ m~tanc1a mullo menor,_e por conse- :· ~ /
,.. :-e.:.- . das peles, «naquele tempo sinal de dignidade e riqueza» mJ, um dos chamados «comércios guinte a sua dependenc1a económica era, em ultima mstanc1a, mullo maior. Este e um caso em .
t~ - .,~ ricos», podemos considerar a maior parte do comércio russo-ocidental no séc ulo XVI como que 0 analista deve fixar-se nos absolutos para os mínimos e nas proporções para os má'imos 09 '. t,J::.·: . ,- 1
I
,., ...:.-:., uma troca de objectos preciosos, um método de consumir excedentes mais do que de os pro- A Boémia tinha menos elasticidade que a Rússia em caso de cone do comércio. Ponanro, as ,1 . , ., , _, 1
·~ P · .. ' '
1
, duzir, logo algo não central para o funcionamento do sistema económico. Isto não significa
suas actividades económicas tinham que se desenvolver mais conscientemente no quadro das , .. - --. ,
,. . · '"" -que ele não fosse importante. Os intermediários beneficiavam com ele. Sem dúvida o Estado necessidades da economia-mundo europeia. _ ',

,....~ ···.~ ' · obtinha com ele receitas aduaneiras. Sem dúvida, também~ ele reforçava o sistema de acumu· Regressemos agora ao comentário de Willan sobre as décadas de 1~50e 1560. Deve~a : ,, _ ..
"• "-'- • -

· - . L r:
1
0
lação de prestígio social. A questão, no entanto, é que se tivesse havido um bloqueio equivalente
ao do Vístula por Gustavo Adolfo, em J626, o seu impacto sobre a economia russa reria sido
ser evidente pela nossa exposição até aqui que a linha.que separa~ penfena da arei:a ex1enor , !'.';::,..
/
é fluida, tanto no sentido de que é difícil para um analista dehm1ta·la como no senudo de que , , .. _ .., .
f'""' .. .. '.. ;·'· muitíssimo menor que o que teve sobre a Polónia. se desloca facilmente. Uma forma de observar a história da Rússia neste período é vê-la como · r'· •• ·
~ '.;, __ '.. · .Temos ulilizado a Polónia como exempio de país da periferia da economia-mundo
, í • :....·, . europeia (em oposição à arena exterior). Mas a Polónia era em muitos sentidos um caso a
34, • [A senhoria checa no século XVI] utiliza, de facto, não apenas_ conü. mas umb<:
rra~:::o
· extremo. Encontraríamos alguma direrença se examinássemos outros países da periferia? assaJ~ado e trabaU 10 assalariado forçado. (... ) ~xistia ponanto trab~o assalana,d~. P.~::~~:~"::a-~ ;~:ies~ ,
A resposta é que haveria algumas diferenças. que no entanto não parecem deci sivas. assalanado fortemente assente em relações feudais: o trabalho assalariado nos dom;n~~sde la sei . curie rc~ uc au 1;
mente numa obrigação mais para os servos•. Josef Válka, • La structure économq_ ~ Mod T" I
XVIc siêcJe,., Deuxieme Conférence lnternationale d'Histoire Economique, II: Mtddlt Ages 0 nn imes .
(Paris: Mou1on, 1965), 214-215. . de tudo sob um regime
crcsccn1c~8da -~ss'i:~po de Ivan o Gr~de. no concluir do ~u/o xy. podemos facilmente traçar as conexões «O trabalho assalariado eslava combinado com a con·ét, '."as semp~, ela~~ ram c.;,,,rerizadas pelo
danç . . om ªEuropa Ocidenial. (. .. )A es1e respeuo o remado de Pedro o Grande não JraZ qualquer feudal e por imposição. Assim. as novas lendências da agncuhura hungara no cu o da erodu -o senhorial mer-
::ibémªd;~~~a_!·~~ :~~~:;~~i ª :-er .verdade que a impres~o sobre os espíritos das gentes forn - e sem dúv!da
alargamento dos domínios senhoriais à custa das, pm:elas camponesas. pelo ·~~nt~XJ,p. ~. 12
canul e pelo recurso a fonnas de trabalho assalanado•. Zs. S. Pach, Annal<I E. · ' p f,
Wor/d (Oxford: Blackw~IJ. l957~~j~'l~~ freme muuo dJferente•. Geoffrey Barraclough, History in a Changmg 35. Ver Válka, Deuxieme Confir~nce lnternationale, 11 -.PP: 2 '.;; ~;~nomique, a. p. 222.
2
1
29. Bium, Lord and Peasanr. p. 128. 36. Josef Petrán. Deuxii!me Co11/tre11ce /nternauonale d Hwo 1, ,
30. MaJowm, Economic Histon- Rei'iew Xll p J 37. Malowist, Economic History Rel'iew, XII, P· 180. 1
31. T. S. Wi llan. •Tradc Bctw~en En ,: d ' 80
d ·. . 38. Ihid., p. J88. Oi1álico é nosso. . . d.is facturas cstranFeiras não impediu o
1
(
EngliJh H~rorica/ Rei·iew, LXJJJ, n.• 247 , Julhogl~~ ~ Russ1a m lhe Second Half of lhe Si.ueenth Century.,
8C20. 39. Ver por exemplo Malowisr: •A grande importância ;anu r causa da imensa área do país, j
3•. C11ado em Mollat er ai Rela·ioni dei X
33. Parry, Comhridge Eco~~ . . ,·1. ·'E ongresso lnternazianale de Scienze Storiche, Ili, p. 782.
d~senvolvimemo da indústria russa do mesmo r.nocto que dnos ~~:ida,, u~~n~iic !lis tOr)' Revi~·. XII. p. 189. i:
nU( IS(Or )' O; Urope, (V, p. J67. a.inda que. a princípio, a indústria russa Uvesse sido pouco csen\' · I1

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. . h d arecido efectivamente, e a Rússia se tinha convertido numa área


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nem sempre ex1sua exclusivamente. sob forma de con·ée, mas às vezes era prestado na e.e .:,
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de pres t~çao de trabalho na Boémia esta hgada ao facto de a produção agrícola ser diversi fi- -- ·:
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,- '-·w 1 · artigos metálicos importados (incluindo muniçoes). Mas nao_ parece que este comerc10 ~osse uma menor t~ndencia para o cre~c1m:nto_de grandes propriedades e sugere que somos resremu- .-: :~_·
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mais comerciava no século XVI, no facto de ser «uma fonte de matenas essenciais para a Europa Oriental, dado que durante o século XVI a nobreza dinamarquesa e do Hol stein ' J,.,
marinha». Mas acrescenta: «desenvolveu uma economia baseada no trabalho de servos, assim como no comércio de pro-
É um pouco difícil dizer-se que este comércio era igualmente valioso para os russos. O equiva- dutos agrícolas e lácteos, e também no produto dos seus servos. cujas possibilidades de dedi-
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O que podemos dizer sobre estes exemplos é que mostram que a textura da divisão ~ .,.,_ "
«Especialmente nos anos "cinquenta" e "sessenta"» -voltaremos a esta observação. europeia do trabalho se estava a tomar mais complexa já no século XVI. Não obs1an1e, o '.. ' '. -.i.
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dinária acumulação de prata nas igrejas, mosteiros e palácios, assim como importantes des- um grande império na orl~ da econon:iia~mundo eu_ropeia'. de~e ler sido notavelmeme dislin!O ..., ,. , 1
(";-:..-. . r cobertas de lingotes do metal cm. Se nos lem brarmos que uma exportação importante era a A liberdade de acç~o p.ohuca da ~oem1a era_e'.11 ul~1m~ m~tanc1a mullo menor,_e por conse- :· ~ /
,.. :-e.:.- . das peles, «naquele tempo sinal de dignidade e riqueza» mJ, um dos chamados «comércios guinte a sua dependenc1a económica era, em ultima mstanc1a, mullo maior. Este e um caso em .
t~ - .,~ ricos», podemos considerar a maior parte do comércio russo-ocidental no séc ulo XVI como que 0 analista deve fixar-se nos absolutos para os mínimos e nas proporções para os má'imos 09 '. t,J::.·: . ,- 1
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,., ...:.-:., uma troca de objectos preciosos, um método de consumir excedentes mais do que de os pro- A Boémia tinha menos elasticidade que a Rússia em caso de cone do comércio. Ponanro, as ,1 . , ., , _, 1
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, duzir, logo algo não central para o funcionamento do sistema económico. Isto não significa
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é fluida, tanto no sentido de que é difícil para um analista dehm1ta·la como no senudo de que , , .. _ .., .
f'""' .. .. '.. ;·'· muitíssimo menor que o que teve sobre a Polónia. se desloca facilmente. Uma forma de observar a história da Rússia neste período é vê-la como · r'· •• ·
~ '.;, __ '.. · .Temos ulilizado a Polónia como exempio de país da periferia da economia-mundo
, í • :....·, . europeia (em oposição à arena exterior). Mas a Polónia era em muitos sentidos um caso a
34, • [A senhoria checa no século XVI] utiliza, de facto, não apenas_ conü. mas umb<:
rra~:::o
· extremo. Encontraríamos alguma direrença se examinássemos outros países da periferia? assaJ~ado e trabaU 10 assalariado forçado. (... ) ~xistia ponanto trab~o assalana,d~. P.~::~~:~"::a-~ ;~:ies~ ,
A resposta é que haveria algumas diferenças. que no entanto não parecem deci sivas. assalanado fortemente assente em relações feudais: o trabalho assalariado nos dom;n~~sde la sei . curie rc~ uc au 1;
mente numa obrigação mais para os servos•. Josef Válka, • La structure économq_ ~ Mod T" I
XVIc siêcJe,., Deuxieme Conférence lnternationale d'Histoire Economique, II: Mtddlt Ages 0 nn imes .
(Paris: Mou1on, 1965), 214-215. . de tudo sob um regime
crcsccn1c~8da -~ss'i:~po de Ivan o Gr~de. no concluir do ~u/o xy. podemos facilmente traçar as conexões «O trabalho assalariado eslava combinado com a con·ét, '."as semp~, ela~~ ram c.;,,,rerizadas pelo
danç . . om ªEuropa Ocidenial. (. .. )A es1e respeuo o remado de Pedro o Grande não JraZ qualquer feudal e por imposição. Assim. as novas lendências da agncuhura hungara no cu o da erodu -o senhorial mer-
::ibémªd;~~~a_!·~~ :~~~:;~~i ª :-er .verdade que a impres~o sobre os espíritos das gentes forn - e sem dúv!da
alargamento dos domínios senhoriais à custa das, pm:elas camponesas. pelo ·~~nt~XJ,p. ~. 12
canul e pelo recurso a fonnas de trabalho assalanado•. Zs. S. Pach, Annal<I E. · ' p f,
Wor/d (Oxford: Blackw~IJ. l957~~j~'l~~ freme muuo dJferente•. Geoffrey Barraclough, History in a Changmg 35. Ver Válka, Deuxieme Confir~nce lnternationale, 11 -.PP: 2 '.;; ~;~nomique, a. p. 222.
2
1
29. Bium, Lord and Peasanr. p. 128. 36. Josef Petrán. Deuxii!me Co11/tre11ce /nternauonale d Hwo 1, ,
30. MaJowm, Economic Histon- Rei'iew Xll p J 37. Malowist, Economic History Rel'iew, XII, P· 180. 1
31. T. S. Wi llan. •Tradc Bctw~en En ,: d ' 80
d ·. . 38. Ihid., p. J88. Oi1álico é nosso. . . d.is facturas cstranFeiras não impediu o
1
(
EngliJh H~rorica/ Rei·iew, LXJJJ, n.• 247 , Julhogl~~ ~ Russ1a m lhe Second Half of lhe Si.ueenth Century.,
8C20. 39. Ver por exemplo Malowisr: •A grande importância ;anu r causa da imensa área do país, j
3•. C11ado em Mollat er ai Rela·ioni dei X
33. Parry, Comhridge Eco~~ . . ,·1. ·'E ongresso lnternazianale de Scienze Storiche, Ili, p. 782.
d~senvolvimemo da indústria russa do mesmo r.nocto que dnos ~~:ida,, u~~n~iic !lis tOr)' Revi~·. XII. p. 189. i:
nU( IS(Or )' O; Urope, (V, p. J67. a.inda que. a princípio, a indústria russa Uvesse sido pouco csen\' · I1

298 299 i'


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~
l:i .
uma reacção a uma tentativa por parte da Europa de.ª incluir ~a ec~nomia-~undo. Esta ten. . Por conseguinte, cm tc.rmos destes dois estrato~ wciaís, a anti 3 ll-Obrcza .•
tativa falhou então porque a tecnologia e a economia europeias nao eram ameia suficiente. comercial urbana. a monarquia absoluta era para cada urn deles um !ai menor: ªaburguesia ...-. · ' "' ·
mente fortes. Acabaria no entanto. numa época posterior, por ter êxito. Robert Reynolds • ·ceu na base da falta de alternativa~. dado que i.ervia bem a ambo<; . • ~ua _força · ~ -, · "
descreve este processo de forma algo etnocêntrica: cdrcas n-tção como entidade conseguir uma participação dcsprorvircion· .•~ocnar-~ po~stbthdade . . ':.'
·;. e ' . . · ,.. ª""no Jirr,.,.uto c~cedente ,
Até onde podemos saber, foram os ingleses quem abriu a brecha e detonaram a expansão russa. da economia-mundo europeia no.~u conj unto. No séc ulo XVI JXtdcmm falar. ljuaJtdo muiio, .· .i ·.~, ·
(... ) A abertura da rota [do None. em 15531 por pane da Inglaterra proporcionou à Rússia um de «fiscali smo» ou de «_mcrca.nt1hsmo prccocen do fatado. ÜC\lle apru»madamente 1650 _ ... .
enorme mercado para as peles. o que estimulou os cossacos na fronteira e os Stroganov, com 0 cm diante, os estados. ~1.dc~ta1s e~precndcram ~ma poHtica merca1ttili\ta em toda 3 eo;cala, -;· .... •
1 seu talento administrativo e o seu capital. a pressionar tão rapidamente quanto possível no scn. calculada para reforçar ainda mais as suas p<Js1çocs relativa.o. na crnnomia-mundo.
1l tido do None e do Leste. Ano após ano apoderaram-se ele novas regiões para o comércio de Ao mesmo tempo ~uc foi um perí~o. de crc;çimcnto do pode r do falado na Europa~ . " 1
! peles. cxactamcntc como os comerciantes de peles frnncescs e ing leses, e depois os america. Ocidental, o século XV 1foi uma era de dccl m1 0 do poder do btado na Europa Oriental. cau'3 . . •
nos, pressionavam cada vez mai s para Oeste na América do None. Com o grande mercado das e consequência da posição ec?nóm.ica de~ta última. fate é um exemplo ma;, do impacto ' ·,. 1
peles abriu-se a possibilidade de comprar lecidos finos. artigos de metal e outros objectos da cumu lalivo das mudanças ~oc1a1s. A medida que a aristocracia da Polónia, atrJ,·éi do seu . - 1
Europa Ocidental""''·
Como encaixa esta entrada inglesa no mundo russo com os desenvolvimentos políti·
cos internos deste? É para este quadro que nos devemos agora voltar, para ver como reage a
rentável pape l no comércio internacional. se tomava cada vez mais fone e enfraqueua a bur· •
guesia indígena. a base tnbutána do .Est,1do foi desaparecendo, o que s1gruficava que 0 rei , ' ·:''. ••
não se podia permttir manter um exércllo adequado '"•. Os magnate.\ nece.~s itavam entJlo de _ , . ,_
1
l
Rússia a «ser trazida para a Europa», e como esta reacção diferenciou ainda mais a Rússia da
Europa Oriental. Malowist assinala que os cereais cultivados na Rússia Central eram vendidos
no Norte e no Nordeste da Rúss ia europeia e na Sibéria""· Assim. o desenvolvimento da pro-
garantir a sua própria protecção, mas isto por sua vez abria a possibi lidade de guerras pri· •
vadas'"'· Alguns destes exércitos privados igualavam cm tamanho o da Coroa '°''· O rei i.. ..
passou a ser um rei eleito. e a legi slatura central, a Seym, começou a ceder uma boa parte da
_

\
l I ~-;

l
dução russa de trigo «tin ha facilitado a colonização e conqui sta» dos seus próprios e riquís- sua autoridade às dietas locais.
simos territórios do Norte e do Leste, que por sua vez «forneceram imensas riquezas, em A parti'r daqui, a desintegração do aparelho de Estado prosseguiu pa~so a passo. Janus2_,
primeiro lugar ao tesouro dos czares. e depois aos mercadores» " 2' . Tazbir mostra como um passo conduzia ao seguinte: 1. ~. '.I

Para apreciarmos o papel do Estado russo deveríamos recapitular o que argumentamos A partir de 1613 as decisões relativas aos impostos. como nonna, foram uansferidas para a; .
no capítu lo an terior sobre o papel do Estado nos estados do centro da Europa Ocidental, dietas locais. Esta descentralização do sistema fiscal conduziu a uma ' ituação cm que algun> .' , 1 1
observar M:g uidamente o papel do Estado nos estados periféricos da Europa Oriental e depois distritos tinham de pagar impostos mais elevados que outros. O caos tomou-se ainda mai; pro- -
comparar ambos com o papel do Estado na Rússia. Apresentámos a monarquia absoluta com fundo quando se confiou às dietas locai s inclusivamente a votação dos impo!>IOS con>igrudo. â
um a estrutura na qual o rei e a sua corte aspi ravam à primazia política com a ajuda directa defesa do Estado ( 1640). Tudo isto tinha 4ue conduzir a uma diminuição das recciw do tesouro.
duma burocracia patrimonial e venal, e de exércitos reg ulares de mercenários. Por um lado, o que, por sua vez, tomava vinualmcntc impossível pagar um exérci10. 1
rei proc urava o apoio de segmentos favorec idos da burguesia comercial urbana. que lhe for· Os soldados, que tinham soldos atrasados, organi zaram ligas ou confederações militareS q~ 'l 1'
neci am dinheiro e eram um certo con trapeso político face às tendéncias centrífugas da velha arrasaram o país, constituindo perigosos centros de fermentação política'" '·
nobreza. Por outro lado. o rei era a cúpula do sistema de s1a111s tradicional, e em última ins·
tância o protec tor da nobreza contra os efeitos corrosivos do sistema capitalista em desen· era feudal (... ). por mais que ele se aproveitasse da.~ possibilidades económic3s proporcionada.\ reto captUlis.mo.
volvimento 14 ' 1• Tudo isto era mais que at::1vismo. Era uma simbiose ac1iva de dois estratos sociais. um dos quais susu:nta\'I o t'>UD"O
economicamente. mas por sua vez era por ele apoiado politicamente .... Cap;talism. SoâalisM and Drm(l('rory
(Londres: Allen & Unwin, 1943), 136. '
40. Reynolds. Europe Emerxes. pp. 450. 453.
41. Ver Malou.isl, Pasi & PrtSt"lll, n.º U . pp. 35-36.
. 44. uQ que (à Polónia) faltava no s6culo XVI nào era um espírito vivo. do qwll muul PfO"ª lu~i:i. ~\
~im .uma grande e ac tiva economia monctj,ria. Se o Estado polaco era tão profundamente frágil. e se.o rei cus.na
!
-'2 . ~1ato ..... isl, Economic J-lisrory Rt1·ie.,.,·, X II, p. 189. m~is para ser repressivo do que para exercer poder". a explicação deve encontrar·~ na orck-m M.K.'.lal e polfuca
·H. Jost'ph A. Schumpe1er capta as contradições internas da monarquia absoluta com muita agudeza: «0 da 'República", a.~sim como na impossibilidade de ac umular recursos signiticativoo em prat.1 e ponMto de ter
... rri, a cone. o C.tiército. a igrej:i e a burocrncia viviam cada vez mais de receitas criadas pelo processo capitalis1a. e
~smo fontes puramen re fcudai~ de rendimento eram ampliadas em consequência de desenvolvimentos capi1aJistas u~ exércl~~ ~~c:~~~~C:~~~~~~~~:~e~;~~~~ 3 l~~~~duúram 1
os magnalas a JlrtK~rar um maior e~~~~
con1emporineos. Cada ..,·ez mais. lambém. as políticas internas e exte rnas e as mudanças insti1ucíonais eram molda· cimento da adminis1ração. A restrição grad ual da.~ prerroga1ivas «"ais ia a _par com o cresdmen~ ~ pnv_ilcgios
das para se rvir e accionar esse desenvolvimento. Nesta base. os elementos feudais na estrutura da chamada monar- dos grandes nobres, especialmente dos 1rn..1gnata.'i das wnas fronteiriças onc:nt:Us, que ti nha..'ll à sua dis~tÇ.ão as
qu~ia 3.b~ol~tJ aparecem apen:i.'\ como títulos a1ávicos que representam de facto o diagnóslico que se adopraria à s~as própria.~ força.li armadas , grande riquc1.a e numerosos dienies en1n: a pcqUt'na nobreia local e depcnde~le. 1
pnme1n \'l.Sla . Tinham assim os magnatas individuais tudo o que ao monarca rr-mante era recusado - recu~ fmanctll'OS
xvu.::i,=:.
Olhando m.1is de peno . pe.rcebcmos no enramo que esses elcmcn1os significa,.·am mais do que isso. A
annaç3o de frrro dc.\sa es1rutur.1 a.inda era composta pelo material humano da sociedade feudal e este material
comport:iva-se aindl segundo padrões pré-capitalistas. Preenchia os cargos do Estado. o oficialato no cxtrcito,
no
~~,u~damcs, um exército fone e o apoio dum panido ~lílico. ( ... ) Já c.omeço do século
T ~tavam empenhadas em guerras prh,.ada' entre s1 , devastando o ~fs e dcvof10do os 5(11
•>.btr, lfistory of Poland, p. 209.
n;::~
li
ll
concebia. políiica.s. funcionava como uma classe dirigtnte, e embora encarregando-se de interesses burgueses, 46. Ver i/Jid.. p. 224.
tinha o cu1cbdo de distanciar-se J3 burguesia. A peça central, o rei, era-o pela graça de Deus, e a r.:iiz desta pc>sição 47. lbid., p. 225.

300 30 1 ti
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mente fortes. Acabaria no entanto. numa época posterior, por ter êxito. Robert Reynolds • ·ceu na base da falta de alternativa~. dado que i.ervia bem a ambo<; . • ~ua _força · ~ -, · "
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concebia. políiica.s. funcionava como uma classe dirigtnte, e embora encarregando-se de interesses burgueses, 46. Ver i/Jid.. p. 224.
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,. . . ro riedade real cresceu a expensas das propriedades da Igreja,
'.,.,,,"~''"
•~ ,~. ·"'
. Na Europa Ocidental, ª P a!a mas não na Pol ónia. Durante o primeiro impacto da
inclusivamente na c_at6hca Es~.. · 1 . ~ m confiscadas pelos protestantes, mas mesmo
Este processo d: declínio do poder dos príncipes na Alemanha co .
todo o século XVI e atingiu o seu ponto mais baixo cm 1648
~.
nlmuou ao longo de ''·· •.
~
àG d ·T · A · com a Paz de Vestefália que ·
R f 1 as terras paroqu1a1s da grep ora pós fim • ucrra os. nnta no: , paz que, como argumenta A. J. P. Taylor, foi • não a c.au a r :··:·:~:; · ,.
·"· !-~ .,-,, e _orma, ª ~um . • riedades im 0 ;antcs da Igreja pemianeceu intacto. Ent~o triunfou a
1 , , ... ;,, : entao o gro.so das prop , 'á p t dámos _Não obstante. por causa da própria debilidade da decadcncia e deb1~1dade gennamcas, mas antes o seu resultado • . Embora a paz te11ha sido . ' r
....-. ; - • Contra-Refonna. por rJzões que J es ~ . , · tm «imposta» ~c!as potenc1~s estrangeiras, sem a sua intervenção as coisas teri am sido ainda •• ·' / "
·- ,_, do Estado as propriedades da Coroa d1mmu1ram . piores. "~ u111c~ altemat1va em 1~8 não era uma menor inJerferéncia estrangeira. mas uma '.'; .
No~tros lugares da Europa do Leste ocorreram.proce.ssos se'.11elhantes. Quase toda a i!1tervençao maior - a con~1~uaçao da guerra até que a maior parte da Alemanha estives~e , , ·' . :.
gente as<ocia actualmente 0 Estado prussiano com dois fenome~os. um Estado forte e uma dividida de facto entre a Suec1a, a França e os Habsburgo" tli1.
forte cla~se de Jimkers. o século XVI viu precisam~nt.e a ascens.ao dun;a poder?sa classe de A posição d.a Suécia merece um breve exame, já que a evolução do aparelho de EstadC:
Jimkers nas áreas que mais tarde constituiriam a Prússia. Mas foi tambem um seculo em que na Su~cia se aproximava do mod~Jo da Europa Ocidental mais que do da periferia. ai nda que
0 Estado estav:1 a enfraquecer, e não a reforçar-se. ela esuvess~ ec?n~m1camente muito subdesenvolvida nesta época. Não era fort e porque 0 seu
"- Por um lado, 0 sistema de propriedades chamado G111sherrschaft, b_aseado na c~rvée e comérc10 e mdustna fossem fortes, embora a produção de ferro tenha crescido continuamente '
/'.~:·:~~ '_em pequenas parcelas com uma casa 1•91, que c_resceu a leste. do ~lba nesta epoc~, substituindo 54
a partir de I540 c >, mas, um tanto paradoxalmente, porque a sua agricultura era débil e os - · :. i ·
. .' " ~ forma feudal mais antiga chamada Gutswmschaft, d1stmgu.1a-se desta muit.o acentuada- seus arist?cratas des:jav:im. deitar a mão aos lucros doutras terras, por falta de capacidade . ·
3
~·.: " _ mente. como 0 próprio nome indica. no sistema interno de autondade. !'1.º
novo sistema, ~orno para os cnarem por st propnos. Ou, pelo menos, como argumenta Malowist: '
., ;."'. refere Friedrich Lütge. «a propriedade [era] algo semelhante a uma espec1e ~e ~equena umdade ,' ~-'·
Valeria a pena ver certos aspectos do domínio sueco sobre o Báltico. De facto, os começos da
política dentro do Estado: os seus habitantes só indirectamente [eram] subdito~ ~o príncipe
expansão sueca, modestos ao princípio, aparecem também no sécu:o XV. Al ém disso. a Suécia.
.- territorial» 1so>, Em segundo lugar, como na Polónia, os .H~~enzollem esta:a a utthzai: as pro- nos séculos XV e XVI, era economicamenle um país muico atrasado. não somtnte em com-
priedades da Coroa, e mesmo as antigas terras da Igrep , c~mo garanlla d.e empres~1mos, paração com a Europa Ocidenlal mas mesmo em comparação com a Alemanha do Leste ou a
processo que progressivamente minava a sua força. Estas medidas, tomadas m extrem1s pela Polónia.( ... ) Assim, dever-se-ia observar que não havia nada na situação dos mercadores sut:eos
52
e. Coroa, foram extremamente benéficas para a classe dos J11nkers' >. que possa explicar a agressão da Suécia contra os seus vizinhos. dado que eles extraiam lucros
infinitesimais das suas conquistas e inclusivamente, por vezes. tenta,·am opor-se à politica de
48. -.;Em contraste marcante com as propriedades eclesiásticas. e panicularmente as monásticas. a pro- conquista, considerando-a anJes como uma fonte crescente de impostos.
priedade real no período moderno continuava a encolher. O Decreto do rei Alexandre (1504) linha restringido o Pelo contrário, o grupo que apoiava finnemenle a expansão era a aristocracia. a nobreza.. inca-
direito real de dar. vender ou hipotecar domínios reais, mas a crónica escassez de dinheiro compeliu o seu suces- paz de aumentar os seus rendimentos, bastante baixos naquela época. a expensas dum campesi-
sor. Segismundo 1 (1506-1548), a continuar a polí1ica do seu irmão, embora numa escala menor. As propriedades nato que era forte e estava bem organizado. E era precisamente aos grandes senhores e à nobreza
reais eram a principal segurança das cidades. Na Europa Ocidental, onde o dinheiro era empres1ado sobreludo por
m~rcadorcs e banqueiros. os credores costumavam aceitar de penhor rendimenlos reais - direitos alfandegários que as conquistas e a administração dos territórios conquistados traziam imponanies fon tes de
ou impostos. Contudo. na Polónia. os credores nobres. assim como alguns banqueiros-mercadores, aproveitaram a novos rendimentos css1.
oponunidade para assegurar como penhor propriedades reais•. Antoni Maczak, •The Social Distribution ofLanded
Propeny in Poland from the Sixteenlh 10 the Eighteenth Cenluries•, Third lnrernationa/ Conference o[ Economic E se perguntarmos por que razão o campesinato era tão forte, é tal\'eZ possível que ' -. ' ·
fosse precisamente porque a Suécia possuí~ naquela época uma «agricultura que dificilmente ~;1 "' ·
1
History (Paris: Mouton, 1968). !, 456-457. '
49. •O Gu!Jherrschafr envolvia a eliminação gradual da antiga posse feudal e a criação de numerosas e
minúsculas parcelas>. Helleiner, Cambridge Economic History o[ Europe, IV, p. 26.
50. Lütge. New Cambridge Modern Hisrory, II, p. 36. Linguagem semelhanle é usada por J. Siemenski a uma taxa excepcionalmente elevada através de investimentos especulati\'OSna terra. Odinheiro rt"ccbido pelo credor
acerca da Polónia: •Em resumo [no século XVI), as grandes propriedades transformaram-se em estados minúsculos estava usualmente mui10 abaixo do valor real dos activos empenhados. A margem te-ndia a alargar-se por conu da ten-
regidos pelos seus senhores e escudeiros que decidiam dos impostos exigidos ao campesinato (na forma de serviços . dência ascendente con1ínua do preço da 1erra e dos géneros agricolas. O credor, ponJn10. esun imunizado com uma
e de uso de monopól1os) e sobre o alcance da autonomia dos camponeses•. «Conslitutional Conditions in lhe Fif- renda económica flexível e exorbiranle que. enquanto em posse do penhor. podia ser 3.indl mJ.is au~ntad!!. por uma
leenth and Stxteemh Centunes•. Cambridge Hisrory o[ Poland, l: W. F. Reddaway et ai., eds .. From the Origins to utilização eficiente ou por uma exploração desalmada. Só a per.;istência de agudos de-s.:ijustarn~nros fiscais e o car.ictcr
Sob1nkl (to 1969) (Londres e Nova Iorque: Cambridge Univ. Press, 1950), 427. restrito do mercado de capilal. que em consequência do declínio económico das cid.3des e dos burgueses tinha estado
. 51 · A confiscação das terras da igreja rambém não ajuda, a não ser que a base económica da área seja sufi- cada vez mais sujeito à influência dos grandes proprie1.irios e dos funcionários superiores do go\'emo. forçou os
Ctcnle~eme fo!1e _para fornece_: uma base tributária adequada: <~Exac1amente como na Inglaterra, a dissolução dos Hohenzollem a recorrer vez após vez a este método». Rosenberg. Amt r:ican Historka/ Rt n·e.,.,·, Parte 1. X'LIX, p. 22.
mosteiros_fna Elbta de leste] nao !ornou os regentes independenles dos votos de crédito garantidos pelas suas gran- O mesmo declínio do poder dos príncipes a favor da nobreza fundiária pode ser encontrado no reino espa-
des propnedades. As crescentes necessidades monetárias dos príncipes e a subida rápida dos preços forçou-os a nhol de Nápoles, dando assim uma prova da ínrima ligação entre o seu p3pel ~onôm1co emer~cnte e a esmuura
:inp~~~~t: ~~~~~ :uita:rdas propri~dades_ mo~ásticas a nobíes. (... ) Assim, contrariamente a uma opinião política. Ali, os senhore~ da terra voltavam-se para a produção d~ cereais. e~pc.--c1a!me~1e no inicio _do ~culo XVII.
Carst Eles mantiveram e aumentaram as suas prerrogativas parlamentares. reduziram efcru\·a.rncnte: o ar:ibuo do poder
0 . . >{ p · . pod dos príncipes nao fot reforçado pela Refomna, mas continuou a declinar•. F. L.
en, 5 {,'8:~;,.g;:;::~~o(~~~~~tso~ Nova Iorque: Oxford Univ. Press (Cl~r.°ndon), 1954),166. . . . do vice-rei espanhol, mantiveram 0 controlo da burocracia colocando a sua própria gl!'nte r:ios mais alros posto~ ,
conservando a venalidade apenas para os postos mais baixos. e manth'eram uma supremacia absoluta OJ orgam-
livo para o credor na época da Revolu ã~~~orma de terra.' especialmente domtnJO~. er_a obv1am~nte mu1t1~s1mo Iucrap zação militar do Estado. Ver Villari, la riro/ra a111ispag110/a. pp. 3-5. 14. 17. 24-25.
nhamemo de propriedades da Coroa~ a tra~:ie~os.. O s15 iema pre_valecente de cn.açao de créd110 por meio do empe·
53. Taylor, Course o[German /lisrory, p. 23.
concra1açãoe "º"'º pagamen[o de empréstimos ~~ncia das~~ gestao como g~ranr1a par~ o credor esta~a na bnse da 54, Ver Frank C. Spooner. New Cambridge Modern Hisrory. IV, p. 97.
ponto de vista do senhor. a procura de crédito" úbl~a ~ombmação de ~conom1a monetána com economia natural '. Do 55. Malowis1, Annales E.S.C. . XVIII. p. 926.
P co abna a oponunidade de fazer com que o capi1al se reproduzisse

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t"
,. . . ro riedade real cresceu a expensas das propriedades da Igreja,
'.,.,,,"~''"
•~ ,~. ·"'
. Na Europa Ocidental, ª P a!a mas não na Pol ónia. Durante o primeiro impacto da
inclusivamente na c_at6hca Es~.. · 1 . ~ m confiscadas pelos protestantes, mas mesmo
Este processo d: declínio do poder dos príncipes na Alemanha co .
todo o século XVI e atingiu o seu ponto mais baixo cm 1648
~.
nlmuou ao longo de ''·· •.
~
àG d ·T · A · com a Paz de Vestefália que ·
R f 1 as terras paroqu1a1s da grep ora pós fim • ucrra os. nnta no: , paz que, como argumenta A. J. P. Taylor, foi • não a c.au a r :··:·:~:; · ,.
·"· !-~ .,-,, e _orma, ª ~um . • riedades im 0 ;antcs da Igreja pemianeceu intacto. Ent~o triunfou a
1 , , ... ;,, : entao o gro.so das prop , 'á p t dámos _Não obstante. por causa da própria debilidade da decadcncia e deb1~1dade gennamcas, mas antes o seu resultado • . Embora a paz te11ha sido . ' r
....-. ; - • Contra-Refonna. por rJzões que J es ~ . , · tm «imposta» ~c!as potenc1~s estrangeiras, sem a sua intervenção as coisas teri am sido ainda •• ·' / "
·- ,_, do Estado as propriedades da Coroa d1mmu1ram . piores. "~ u111c~ altemat1va em 1~8 não era uma menor inJerferéncia estrangeira. mas uma '.'; .
No~tros lugares da Europa do Leste ocorreram.proce.ssos se'.11elhantes. Quase toda a i!1tervençao maior - a con~1~uaçao da guerra até que a maior parte da Alemanha estives~e , , ·' . :.
gente as<ocia actualmente 0 Estado prussiano com dois fenome~os. um Estado forte e uma dividida de facto entre a Suec1a, a França e os Habsburgo" tli1.
forte cla~se de Jimkers. o século XVI viu precisam~nt.e a ascens.ao dun;a poder?sa classe de A posição d.a Suécia merece um breve exame, já que a evolução do aparelho de EstadC:
Jimkers nas áreas que mais tarde constituiriam a Prússia. Mas foi tambem um seculo em que na Su~cia se aproximava do mod~Jo da Europa Ocidental mais que do da periferia. ai nda que
0 Estado estav:1 a enfraquecer, e não a reforçar-se. ela esuvess~ ec?n~m1camente muito subdesenvolvida nesta época. Não era fort e porque 0 seu
"- Por um lado, 0 sistema de propriedades chamado G111sherrschaft, b_aseado na c~rvée e comérc10 e mdustna fossem fortes, embora a produção de ferro tenha crescido continuamente '
/'.~:·:~~ '_em pequenas parcelas com uma casa 1•91, que c_resceu a leste. do ~lba nesta epoc~, substituindo 54
a partir de I540 c >, mas, um tanto paradoxalmente, porque a sua agricultura era débil e os - · :. i ·
. .' " ~ forma feudal mais antiga chamada Gutswmschaft, d1stmgu.1a-se desta muit.o acentuada- seus arist?cratas des:jav:im. deitar a mão aos lucros doutras terras, por falta de capacidade . ·
3
~·.: " _ mente. como 0 próprio nome indica. no sistema interno de autondade. !'1.º
novo sistema, ~orno para os cnarem por st propnos. Ou, pelo menos, como argumenta Malowist: '
., ;."'. refere Friedrich Lütge. «a propriedade [era] algo semelhante a uma espec1e ~e ~equena umdade ,' ~-'·
Valeria a pena ver certos aspectos do domínio sueco sobre o Báltico. De facto, os começos da
política dentro do Estado: os seus habitantes só indirectamente [eram] subdito~ ~o príncipe
expansão sueca, modestos ao princípio, aparecem também no sécu:o XV. Al ém disso. a Suécia.
.- territorial» 1so>, Em segundo lugar, como na Polónia, os .H~~enzollem esta:a a utthzai: as pro- nos séculos XV e XVI, era economicamenle um país muico atrasado. não somtnte em com-
priedades da Coroa, e mesmo as antigas terras da Igrep , c~mo garanlla d.e empres~1mos, paração com a Europa Ocidenlal mas mesmo em comparação com a Alemanha do Leste ou a
processo que progressivamente minava a sua força. Estas medidas, tomadas m extrem1s pela Polónia.( ... ) Assim, dever-se-ia observar que não havia nada na situação dos mercadores sut:eos
52
e. Coroa, foram extremamente benéficas para a classe dos J11nkers' >. que possa explicar a agressão da Suécia contra os seus vizinhos. dado que eles extraiam lucros
infinitesimais das suas conquistas e inclusivamente, por vezes. tenta,·am opor-se à politica de
48. -.;Em contraste marcante com as propriedades eclesiásticas. e panicularmente as monásticas. a pro- conquista, considerando-a anJes como uma fonte crescente de impostos.
priedade real no período moderno continuava a encolher. O Decreto do rei Alexandre (1504) linha restringido o Pelo contrário, o grupo que apoiava finnemenle a expansão era a aristocracia. a nobreza.. inca-
direito real de dar. vender ou hipotecar domínios reais, mas a crónica escassez de dinheiro compeliu o seu suces- paz de aumentar os seus rendimentos, bastante baixos naquela época. a expensas dum campesi-
sor. Segismundo 1 (1506-1548), a continuar a polí1ica do seu irmão, embora numa escala menor. As propriedades nato que era forte e estava bem organizado. E era precisamente aos grandes senhores e à nobreza
reais eram a principal segurança das cidades. Na Europa Ocidental, onde o dinheiro era empres1ado sobreludo por
m~rcadorcs e banqueiros. os credores costumavam aceitar de penhor rendimenlos reais - direitos alfandegários que as conquistas e a administração dos territórios conquistados traziam imponanies fon tes de
ou impostos. Contudo. na Polónia. os credores nobres. assim como alguns banqueiros-mercadores, aproveitaram a novos rendimentos css1.
oponunidade para assegurar como penhor propriedades reais•. Antoni Maczak, •The Social Distribution ofLanded
Propeny in Poland from the Sixteenlh 10 the Eighteenth Cenluries•, Third lnrernationa/ Conference o[ Economic E se perguntarmos por que razão o campesinato era tão forte, é tal\'eZ possível que ' -. ' ·
fosse precisamente porque a Suécia possuí~ naquela época uma «agricultura que dificilmente ~;1 "' ·
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History (Paris: Mouton, 1968). !, 456-457. '
49. •O Gu!Jherrschafr envolvia a eliminação gradual da antiga posse feudal e a criação de numerosas e
minúsculas parcelas>. Helleiner, Cambridge Economic History o[ Europe, IV, p. 26.
50. Lütge. New Cambridge Modern Hisrory, II, p. 36. Linguagem semelhanle é usada por J. Siemenski a uma taxa excepcionalmente elevada através de investimentos especulati\'OSna terra. Odinheiro rt"ccbido pelo credor
acerca da Polónia: •Em resumo [no século XVI), as grandes propriedades transformaram-se em estados minúsculos estava usualmente mui10 abaixo do valor real dos activos empenhados. A margem te-ndia a alargar-se por conu da ten-
regidos pelos seus senhores e escudeiros que decidiam dos impostos exigidos ao campesinato (na forma de serviços . dência ascendente con1ínua do preço da 1erra e dos géneros agricolas. O credor, ponJn10. esun imunizado com uma
e de uso de monopól1os) e sobre o alcance da autonomia dos camponeses•. «Conslitutional Conditions in lhe Fif- renda económica flexível e exorbiranle que. enquanto em posse do penhor. podia ser 3.indl mJ.is au~ntad!!. por uma
leenth and Stxteemh Centunes•. Cambridge Hisrory o[ Poland, l: W. F. Reddaway et ai., eds .. From the Origins to utilização eficiente ou por uma exploração desalmada. Só a per.;istência de agudos de-s.:ijustarn~nros fiscais e o car.ictcr
Sob1nkl (to 1969) (Londres e Nova Iorque: Cambridge Univ. Press, 1950), 427. restrito do mercado de capilal. que em consequência do declínio económico das cid.3des e dos burgueses tinha estado
. 51 · A confiscação das terras da igreja rambém não ajuda, a não ser que a base económica da área seja sufi- cada vez mais sujeito à influência dos grandes proprie1.irios e dos funcionários superiores do go\'emo. forçou os
Ctcnle~eme fo!1e _para fornece_: uma base tributária adequada: <~Exac1amente como na Inglaterra, a dissolução dos Hohenzollem a recorrer vez após vez a este método». Rosenberg. Amt r:ican Historka/ Rt n·e.,.,·, Parte 1. X'LIX, p. 22.
mosteiros_fna Elbta de leste] nao !ornou os regentes independenles dos votos de crédito garantidos pelas suas gran- O mesmo declínio do poder dos príncipes a favor da nobreza fundiária pode ser encontrado no reino espa-
des propnedades. As crescentes necessidades monetárias dos príncipes e a subida rápida dos preços forçou-os a nhol de Nápoles, dando assim uma prova da ínrima ligação entre o seu p3pel ~onôm1co emer~cnte e a esmuura
:inp~~~~t: ~~~~~ :uita:rdas propri~dades_ mo~ásticas a nobíes. (... ) Assim, contrariamente a uma opinião política. Ali, os senhore~ da terra voltavam-se para a produção d~ cereais. e~pc.--c1a!me~1e no inicio _do ~culo XVII.
Carst Eles mantiveram e aumentaram as suas prerrogativas parlamentares. reduziram efcru\·a.rncnte: o ar:ibuo do poder
0 . . >{ p · . pod dos príncipes nao fot reforçado pela Refomna, mas continuou a declinar•. F. L.
en, 5 {,'8:~;,.g;:;::~~o(~~~~~tso~ Nova Iorque: Oxford Univ. Press (Cl~r.°ndon), 1954),166. . . . do vice-rei espanhol, mantiveram 0 controlo da burocracia colocando a sua própria gl!'nte r:ios mais alros posto~ ,
conservando a venalidade apenas para os postos mais baixos. e manth'eram uma supremacia absoluta OJ orgam-
livo para o credor na época da Revolu ã~~~orma de terra.' especialmente domtnJO~. er_a obv1am~nte mu1t1~s1mo Iucrap zação militar do Estado. Ver Villari, la riro/ra a111ispag110/a. pp. 3-5. 14. 17. 24-25.
nhamemo de propriedades da Coroa~ a tra~:ie~os.. O s15 iema pre_valecente de cn.açao de créd110 por meio do empe·
53. Taylor, Course o[German /lisrory, p. 23.
concra1açãoe "º"'º pagamen[o de empréstimos ~~ncia das~~ gestao como g~ranr1a par~ o credor esta~a na bnse da 54, Ver Frank C. Spooner. New Cambridge Modern Hisrory. IV, p. 97.
ponto de vista do senhor. a procura de crédito" úbl~a ~ombmação de ~conom1a monetána com economia natural '. Do 55. Malowis1, Annales E.S.C. . XVIII. p. 926.
P co abna a oponunidade de fazer com que o capi1al se reproduzisse

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podia cohrir us sua~ próriria. 11cccssl du1lcs», e. port:mlo, a sua únka fonte real de rique7.a terras dcsoc upa_das no sudeste do que t-,{,je é a RúJ~ia tul'()<',,eu.. P .
imnlialo <"ra ,cr ;<1J1na c~[lécic de p:1rnsirn vivendo elas debilidades dos se us vizinhos, como camponesa fugis~ para c~las nov~ terra.~. 0 que par.~ ~fi~a .evnar que a popula,1io
ron\cqut'ncia do enorme crc~cimcn!O do poder da nobrc7.a» 1 ~'. fícava perder ª .sua for~a de trabalho e p-~ra 0 guYtrr.o, por.:
rKX .~\ pommia sirni-
contribuintcs. «mtroduz1ram -sc restnçõe~ na liberdade de 11)( :mv.gum.e, tudtr os ;cus
, \ Suéc ia. c·ornn caso moJcraclamcnlc anômal o, ilust ra assim adequadamente o pro.
1

rno c;orncnta Alexander Ger!.Chenkron . .,0 proce;~ _,_ JVllllCnlo <kx cair~ ª «•> .
C'C><o. Como Estado periféri co com uma burguesia fraca , crn uma arena onde o poder po)f. eemo . · uc:emenarr.emoé . . . -.
1irn da uri,1ocracia crcset'U com a cxp:1nsão económica do século XVI, mas o cultivo de trigo 0 poder do Estado. De que outra forma se poderia cl _,., - <iU= 1nconçcb"cl · -
s . S 1 Le e r.....,,= 11'..!f:'l Pilll t.ãci ~
. sios espaços livres ao u e a ~te como era a~~...,,- ....... ..
viu -. e dilicul1ado pela al1craçl10 climatérica da época, que afcctou particularmente e de fonna va . ~ ~ '°"'Y""" •'tle
do aparelho de Est~do estava, por consegumte, muito irnirn:arr-.en:e b
·
~'! • ' o ae:-.:rto para
_ ·_ pape 1
. •••
a..:i':º .: ..
ncga1iva os pahcs csc:1ndinavos '"'· A nobreza precisava, por conseguinte, de conquistas, e
pa ra isso precisav a dum Estado furte, não dum Estado fraco. Uma vez dotados dum Estado se ter visto envolvida numa operação de conquista. gaOOao la::1ode a Russ1a .. ·.
forte . St'riam rapazes, no · séi;ulos XVII e XVIII, de utili7llr o mercantilismo como uma alavanca Igualmente o es~va a Espanha, cv 1dentemen~. '.\las a Es~ha, , au . -· ·
para o avan~·o industrial. evitando assim a sorte da Polônia. preciosos, dos credores Italianos e do<> seus vínculos illl'i H~~bo . ".°" ~ met1.1s •
Estamos agora pron tos para olhar para a Rússia. Uma prova chave a favor da hipótese defíniuvo inumamente ligada à economia-mundo europeia. Aw:,~· ~·a e pc:IT.'lancccu cm . ~
• . . d L!m PfDC1Irava COJ:T a sua - •
de que a Rússia 111io fazia parle da economia-mundo europeia é precisamente o crescimento propna econo~ma-mun o. Apesar dmo. o prOCCS!>O ong.i.ml d;: m ação do Estado r.ruo uni>.a , - ~
/
da monarquia absoluta ni ssa duma forma que manifesta paralelismos substanciais com os algum par~lel~smo com o da Espan.ha~ A Espanha foi cnarla em re~uludo d:tma ra:ooqui~ .. · ·
desc nvolvimcn ios da Europa Ocidental. e que é marcadamente diferente da Europa de V.ste. do seu temtóno por u~a ~ruza'.13 cnsta contra os conquist.ador::s muçulmanos proceden~ do ,
Quais são os factos? A ascensão do uso de mão-de-obra coagida em culturas para 0 Norte de Afnca. A R~s~1~ fm ena~ por um processo d~ lil>ertatão do ~jugo 12.-uro•. de
mercado na Rií ss ia do século XVI foi produto da intervenção do Estado na economia, ligada reconquista do seu te1:ntono por meto duma cruzada cristã comra ex im~ muçulnwms
directamenlc à criação de prebendas militares chamadas pomestia, utilizadas como recom- (ou islamizados) da Asia Central. O papel de Moscóvia foi equi,-..J~ 30 de Caslfil. e 0 '.:._ • :',:
pensa aos que apoiavam o czar. Em certo sentido existe algum paralelismo aqui com as impulso duma luta comum colaborou grandemente no triunfo de :O-!o;cm·íJ'''-. . , •.
encomiendas da América Espanhola. No entanto, ao contrário do que acontecia nesta, o sis- Como parte do preço da ajuda da classe guerreira tradicional os boi.z:·dn1 , ncsu· .--- '
tema de mão-de-obra coagida não podia ser introduzido abruptamente, dado que a terra devia reconquista, os czares de Moscóvia tiveram de conceder-lhes um útu!o & primazia perpé· - ••-, - •.
primeiro ser expropriada à vel ha nobreza (os boiardos) e aos mosteiros. Tão pouco existia um tua segundo uma ordem de posições numa época precoce "''- Este si remi. conh:rúUl como :. - ~· ,,
eq ui va lente ao cacique como inlennediário, salvo na medida em que se possa considerar 0 mestnichestvo, foi uma das tradições importante5 criadas pelo r=so àe murlança. Para ,
padre ortodoxo ru sso como representando um papel análogo em certas áreas. Melhor, a impo- equilibrar esta nova força da aristocracia. Ivan Ili criou no fim do século X'\' um no> o sis- · ·:-. ~·:·~,
s.ição l~g islaliva da «servidão» surgiu no termo dum processo em que a «refeudalização» tema de feudos não alodiais chamados pomestia, que eram concedidos como p:-ebendl cm ....
unha sido posta em marcha por um processo de crescente endividamento camponês. V. O. troca de serviços militares. As pomes/ia foram criadas com base na; imas fronteiriças con· ·
Kluchcvsky descreve como tal se produziu: - ~· quistadas, em terra confiscada aos mosteiros e a boiardos eIT31ltes, e ta.rnbém em terr.i dos
camponeses livres (63 •. .
O empréstimo do proprielário dava lugar a relações em que o camponês tinha de escolher entre
Todavia, por falta duma Reforma, a Igreja foi capaz de cootn1·:1!3Caf. e a elistência.'', :, "
um prazo d~finido como camponês insolvente e um prazo indefinido como escravo [isto é, satis-
fazen.do a d1v1da mediante trabalho pessoal]. No entanto, esta restrição não era uma vinculação de dois tipos de propriedade fundiária, a pomesria e a \•elha forma scnhori:1! conhel:ida como ...~:.:,:
pohc1al ao l.ugar de residência (... ), mas uma mera dependência industri al, através da dívida,
com um md1víduo (a saber, o proprietário da terra), segundo a lei civil geral do pafs. Assim, o 59. Marc Szef1el, •AspeclS of Fcudalism in Russi:in Hiswry•. il1 Rush!OO Oiul.'n:m. cd.. fto:ialwn in
fim do século XVI viu expirar por si mesmo o direito de mobilidade do camponês, e sem ter sido
revogado pela lei.( ... ) llistory (~n~l~;~~;ci;~~~~:::~~t~~e~~~: ~~~~·: ~!)·~·!'e=! b Russl1 iram llr Sindi to Ih< Nin<·
[OJ camponês, ao negociar com o proprietário para conseguir uma parcela e um empréstimo,
teenih Century», Journal of Economic Histor;, XXlV.1. Mar. 196-l. 56. _ 111<3dosdo
61. •Tais eram os novos fenómenos significatirns da absorção de Rus por Mos.."Orn ª p:11tu de
renunciava. por si mesmo, e perpetuamente (através do seu contraio de arrendamento), ao século X~ em diante. Primeiro as comunidades loclis.comecar.:im a rntur·st L"-e!Ummte ~ M:°~~~
d1reno de Jamais pôr fim , por qualquer meio, às obrigações que com aquele contraio assumia' 51 >, sua própn.a.vontade quer a instâncias dos seus rcspecuvos governo~ o~ fez com ru:-:1~ ic;
uma q1JCSL\O de
país adqumsse um carácter diferente e um índice de progresso rr.m dri<k>. lslo ~. l(l"'hc''-'l'· A HiJrM)' ef
. , Contudo, a servidão voluntária tomou-se insuficiente na Rússia quando os êxitos apropnação ou de negociação privada, e 1omou-sc um movunento nJCiooll rehg ·
militares de Ivan o Terrível em meados do século XVI levaram à incorporação de extensas Russia, ll, p. 8.
62. Ver ibid., li. p. 44. 'ed>dc alodial 1>mdi:âri.t ( 1·01r~i...,) e
. 63. •A transformação implica\'3 m:1is do que uma rtdu<;ào da propn de sm·iço ao Esudo por pane do
S6. Malowist. Economic History Rel'iew, XII, p. 189. o surgimento da posse lemporária de terra (pomtSlit) que.1mphc:i.a desem~ . iuvamenl< -n<gru" fi;to é,
57 · •P-MCCe ponan10 que o caso dos aí 6 d' .
si3do ~vero t. extremamente nocivo . , Pd ses n ~ icos deve ~er co_ns1derado especial: um inverno dema· s~u detentor. No decu rso do processo :irca.s cons1derávr1~ de terr.is cam~J:iemenlt político~ razoa,·d·
30 1 hvrcs] ~mm a1ribuídas de novo pelo Es1ado aos stus sen·1dores. E>i~- neces.<idadeS cl<SCtfltCSo. Aleund<r
se~uê~cias. ao passo que isso seria pra~~a~~ntee i~:7ais:51 e uma séne de invernos rigorosos pode ter ~tj~ e~·
HIS/otrr d11 c/inu11. p. 281. en vo ou mesmo benéfico em França•. Lc Roy Ladunc, menic mcomprcensívcl salvo no quadro do Esudo em expansão e ff XII 2. Primam• 1952, P· Ili.
Gerschcnkron. •An Economic Hisiory of Russia>. Jmm l(J/ 01 Economir mor)'. ·
58. Kluchcvsky, A History of Russia, li, pp. 233 . 241 . Sobre as origens fiscais do sis1ema, cf. Anl3n1. /mpô1, li. M. 1os9-t09?.
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podia cohrir us sua~ próriria. 11cccssl du1lcs», e. port:mlo, a sua únka fonte real de rique7.a terras dcsoc upa_das no sudeste do que t-,{,je é a RúJ~ia tul'()<',,eu.. P .
imnlialo <"ra ,cr ;<1J1na c~[lécic de p:1rnsirn vivendo elas debilidades dos se us vizinhos, como camponesa fugis~ para c~las nov~ terra.~. 0 que par.~ ~fi~a .evnar que a popula,1io
ron\cqut'ncia do enorme crc~cimcn!O do poder da nobrc7.a» 1 ~'. fícava perder ª .sua for~a de trabalho e p-~ra 0 guYtrr.o, por.:
rKX .~\ pommia sirni-
contribuintcs. «mtroduz1ram -sc restnçõe~ na liberdade de 11)( :mv.gum.e, tudtr os ;cus
, \ Suéc ia. c·ornn caso moJcraclamcnlc anômal o, ilust ra assim adequadamente o pro.
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rno c;orncnta Alexander Ger!.Chenkron . .,0 proce;~ _,_ JVllllCnlo <kx cair~ ª «•> .
C'C><o. Como Estado periféri co com uma burguesia fraca , crn uma arena onde o poder po)f. eemo . · uc:emenarr.emoé . . . -.
1irn da uri,1ocracia crcset'U com a cxp:1nsão económica do século XVI, mas o cultivo de trigo 0 poder do Estado. De que outra forma se poderia cl _,., - <iU= 1nconçcb"cl · -
s . S 1 Le e r.....,,= 11'..!f:'l Pilll t.ãci ~
. sios espaços livres ao u e a ~te como era a~~...,,- ....... ..
viu -. e dilicul1ado pela al1craçl10 climatérica da época, que afcctou particularmente e de fonna va . ~ ~ '°"'Y""" •'tle
do aparelho de Est~do estava, por consegumte, muito irnirn:arr-.en:e b
·
~'! • ' o ae:-.:rto para
_ ·_ pape 1
. •••
a..:i':º .: ..
ncga1iva os pahcs csc:1ndinavos '"'· A nobreza precisava, por conseguinte, de conquistas, e
pa ra isso precisav a dum Estado furte, não dum Estado fraco. Uma vez dotados dum Estado se ter visto envolvida numa operação de conquista. gaOOao la::1ode a Russ1a .. ·.
forte . St'riam rapazes, no · séi;ulos XVII e XVIII, de utili7llr o mercantilismo como uma alavanca Igualmente o es~va a Espanha, cv 1dentemen~. '.\las a Es~ha, , au . -· ·
para o avan~·o industrial. evitando assim a sorte da Polônia. preciosos, dos credores Italianos e do<> seus vínculos illl'i H~~bo . ".°" ~ met1.1s •
Estamos agora pron tos para olhar para a Rússia. Uma prova chave a favor da hipótese defíniuvo inumamente ligada à economia-mundo europeia. Aw:,~· ~·a e pc:IT.'lancccu cm . ~
• . . d L!m PfDC1Irava COJ:T a sua - •
de que a Rússia 111io fazia parle da economia-mundo europeia é precisamente o crescimento propna econo~ma-mun o. Apesar dmo. o prOCCS!>O ong.i.ml d;: m ação do Estado r.ruo uni>.a , - ~
/
da monarquia absoluta ni ssa duma forma que manifesta paralelismos substanciais com os algum par~lel~smo com o da Espan.ha~ A Espanha foi cnarla em re~uludo d:tma ra:ooqui~ .. · ·
desc nvolvimcn ios da Europa Ocidental. e que é marcadamente diferente da Europa de V.ste. do seu temtóno por u~a ~ruza'.13 cnsta contra os conquist.ador::s muçulmanos proceden~ do ,
Quais são os factos? A ascensão do uso de mão-de-obra coagida em culturas para 0 Norte de Afnca. A R~s~1~ fm ena~ por um processo d~ lil>ertatão do ~jugo 12.-uro•. de
mercado na Rií ss ia do século XVI foi produto da intervenção do Estado na economia, ligada reconquista do seu te1:ntono por meto duma cruzada cristã comra ex im~ muçulnwms
directamenlc à criação de prebendas militares chamadas pomestia, utilizadas como recom- (ou islamizados) da Asia Central. O papel de Moscóvia foi equi,-..J~ 30 de Caslfil. e 0 '.:._ • :',:
pensa aos que apoiavam o czar. Em certo sentido existe algum paralelismo aqui com as impulso duma luta comum colaborou grandemente no triunfo de :O-!o;cm·íJ'''-. . , •.
encomiendas da América Espanhola. No entanto, ao contrário do que acontecia nesta, o sis- Como parte do preço da ajuda da classe guerreira tradicional os boi.z:·dn1 , ncsu· .--- '
tema de mão-de-obra coagida não podia ser introduzido abruptamente, dado que a terra devia reconquista, os czares de Moscóvia tiveram de conceder-lhes um útu!o & primazia perpé· - ••-, - •.
primeiro ser expropriada à vel ha nobreza (os boiardos) e aos mosteiros. Tão pouco existia um tua segundo uma ordem de posições numa época precoce "''- Este si remi. conh:rúUl como :. - ~· ,,
eq ui va lente ao cacique como inlennediário, salvo na medida em que se possa considerar 0 mestnichestvo, foi uma das tradições importante5 criadas pelo r=so àe murlança. Para ,
padre ortodoxo ru sso como representando um papel análogo em certas áreas. Melhor, a impo- equilibrar esta nova força da aristocracia. Ivan Ili criou no fim do século X'\' um no> o sis- · ·:-. ~·:·~,
s.ição l~g islaliva da «servidão» surgiu no termo dum processo em que a «refeudalização» tema de feudos não alodiais chamados pomestia, que eram concedidos como p:-ebendl cm ....
unha sido posta em marcha por um processo de crescente endividamento camponês. V. O. troca de serviços militares. As pomes/ia foram criadas com base na; imas fronteiriças con· ·
Kluchcvsky descreve como tal se produziu: - ~· quistadas, em terra confiscada aos mosteiros e a boiardos eIT31ltes, e ta.rnbém em terr.i dos
camponeses livres (63 •. .
O empréstimo do proprielário dava lugar a relações em que o camponês tinha de escolher entre
Todavia, por falta duma Reforma, a Igreja foi capaz de cootn1·:1!3Caf. e a elistência.'', :, "
um prazo d~finido como camponês insolvente e um prazo indefinido como escravo [isto é, satis-
fazen.do a d1v1da mediante trabalho pessoal]. No entanto, esta restrição não era uma vinculação de dois tipos de propriedade fundiária, a pomesria e a \•elha forma scnhori:1! conhel:ida como ...~:.:,:
pohc1al ao l.ugar de residência (... ), mas uma mera dependência industri al, através da dívida,
com um md1víduo (a saber, o proprietário da terra), segundo a lei civil geral do pafs. Assim, o 59. Marc Szef1el, •AspeclS of Fcudalism in Russi:in Hiswry•. il1 Rush!OO Oiul.'n:m. cd.. fto:ialwn in
fim do século XVI viu expirar por si mesmo o direito de mobilidade do camponês, e sem ter sido
revogado pela lei.( ... ) llistory (~n~l~;~~;ci;~~~~:::~~t~~e~~~: ~~~~·: ~!)·~·!'e=! b Russl1 iram llr Sindi to Ih< Nin<·
[OJ camponês, ao negociar com o proprietário para conseguir uma parcela e um empréstimo,
teenih Century», Journal of Economic Histor;, XXlV.1. Mar. 196-l. 56. _ 111<3dosdo
61. •Tais eram os novos fenómenos significatirns da absorção de Rus por Mos.."Orn ª p:11tu de
renunciava. por si mesmo, e perpetuamente (através do seu contraio de arrendamento), ao século X~ em diante. Primeiro as comunidades loclis.comecar.:im a rntur·st L"-e!Ummte ~ M:°~~~
d1reno de Jamais pôr fim , por qualquer meio, às obrigações que com aquele contraio assumia' 51 >, sua própn.a.vontade quer a instâncias dos seus rcspecuvos governo~ o~ fez com ru:-:1~ ic;
uma q1JCSL\O de
país adqumsse um carácter diferente e um índice de progresso rr.m dri<k>. lslo ~. l(l"'hc''-'l'· A HiJrM)' ef
. , Contudo, a servidão voluntária tomou-se insuficiente na Rússia quando os êxitos apropnação ou de negociação privada, e 1omou-sc um movunento nJCiooll rehg ·
militares de Ivan o Terrível em meados do século XVI levaram à incorporação de extensas Russia, ll, p. 8.
62. Ver ibid., li. p. 44. 'ed>dc alodial 1>mdi:âri.t ( 1·01r~i...,) e
. 63. •A transformação implica\'3 m:1is do que uma rtdu<;ào da propn de sm·iço ao Esudo por pane do
S6. Malowist. Economic History Rel'iew, XII, p. 189. o surgimento da posse lemporária de terra (pomtSlit) que.1mphc:i.a desem~ . iuvamenl< -n<gru" fi;to é,
57 · •P-MCCe ponan10 que o caso dos aí 6 d' .
si3do ~vero t. extremamente nocivo . , Pd ses n ~ icos deve ~er co_ns1derado especial: um inverno dema· s~u detentor. No decu rso do processo :irca.s cons1derávr1~ de terr.is cam~J:iemenlt político~ razoa,·d·
30 1 hvrcs] ~mm a1ribuídas de novo pelo Es1ado aos stus sen·1dores. E>i~- neces.<idadeS cl<SCtfltCSo. Aleund<r
se~uê~cias. ao passo que isso seria pra~~a~~ntee i~:7ais:51 e uma séne de invernos rigorosos pode ter ~tj~ e~·
HIS/otrr d11 c/inu11. p. 281. en vo ou mesmo benéfico em França•. Lc Roy Ladunc, menic mcomprcensívcl salvo no quadro do Esudo em expansão e ff XII 2. Primam• 1952, P· Ili.
Gerschcnkron. •An Economic Hisiory of Russia>. Jmm l(J/ 01 Economir mor)'. ·
58. Kluchcvsky, A History of Russia, li, pp. 233 . 241 . Sobre as origens fiscais do sis1ema, cf. Anl3n1. /mpô1, li. M. 1os9-t09?.
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i·orclrini. d u nos mosteiros uma grJndc oportun idade. quando os don?s d<1s 1·otchi11i começa. por uma buroc~acia p::iga em pane ~m dinheiro e cm pane com a~ ....
0 de u.'".11S · - Es1.1 '1.;t..;.., ;...
rum n vcndr r ou a do:t r as suas terras à Igreja. <~sp<·c i :ilmcnt~ '.ª partir de .1550, cm troca d.'l . fonna não c riou só uma burocracia central. criou ao memio te
re . d . - d . . mpo a ~ua ba'C tIJburári• ;1o11, ' -
ccss!io ,·it:dk iu de tr rras. Claro que houve j ustilk:tções rc hg1osas para tsso. mas o factor . l'oi com bina ·a com a cnaç;io e 1m1Jtuições IOCJil de 80, . . · u • .... "'"°'7
El•1 . • - cmo manudas fi rmem.: .<., •
dtavc parcc<' ser $<k io-politi ro '""· . . _ •os da ~entry local, CUJa ascensao fo i favorecida pela cxn•n•, _,_ . nte nas ·.~· 'r ._
nl.1 . ( 69) . ,,_ ...'41') uJ üU!ond.Jde do c1..a_r e • 1 .... ,._,. ,n -·
F<•i a rriaç:io duma mwa fo nna de propncdade. a f ""ll<'SIW. nao baseada nas obrj. começa com ela . Fo'. neste m~mcnto 0 556) que o serviço mihrar ~ligou firmemcnr~ à . ~ ,..., ..
guções n-ciprocas fc ud:iis 1radi r i1111:iis e amiúde ~·m :ircas .fronteiriças, combinada com o facto propriec.lade das p°.mestra. ~;irantmdo assim ao c1.ar um exército rc-gular rdativamem<:- leal ra•. -~ ,_~ ..Z:
da expa ns:io tcrritnrial 1., 1l(l11:11110. d:t imediata d1spo mh1hd:tdc de l<'rrJ~. q~te levou o governo 0 c rcsciment ? das pome.ma _e . portan~o. a crescente complexidade dJ ~upen·is.\CJ do füncio·
. m> conduziram à cnação dum dep:utam~to
a envcn·d.u pdo caminho 1k tomar as obri_.::içõt·s de trallalho e rcs tdcncta dos camponeses
n.·imento do sistema, - cemral "" .... terra em ,.'f ~ro,·o ·
,. ttb H' L m~i · • ompu lsivas ao longo dll séc ul o XV I. co mr~·:mdo com o Código de 1497 e para as pomestia · _ .
culmin:mdo mm o CÕ<.lii:o da Asst·mlll cia d<' 16-19 "'' 1• Sem t:1is res tri ções os camponeses ter- E ntret:t~t.o. no extenor, Ivan IV seguia ~ma. política de eJp.:msão. não só = direcção ··-,
·St'-i:un ncpdn :10 saviÇo. A for~·a po lítica da Igreja signifi cava que o Estado era inc;ipaz de às terras frontemç as do. Sul ~naquela época a Cnme1a) mas para Oeste e-m dirttção J() Bi!ltim. """~ ..
d<.>l't'r .:st:1 sangri :i tk terr:1 p:ira fo ra do sistl'm:J fi scal. A ún ica ultemat iva em a umentar os a chamada g uerrJ d::i L1vón ia, que se prolongou ao longo de vin1e e cir.rn anoH 155!i- l5ifJJ. ·~~,1 ' • "
ünrxim sllbrc :1 tcrr.1 rcst::mte. cspn:tm·ndo ai nd:1 mais os c:imponcses '"'"· Dado que, por o se u objectivo era converter ::i Rússia numa potência báltica. Foi uma guerra lm ~a e t"Ssen- -~r...,....,
a n:sci mo. se ofc:rc.:i:un aos c:unpnneses rondições mai s fa vor.ívc is nas terras monásticas. 0 cialme nte inconclusiva mi. Ti vesse ela sido mais concludente e a Rússia poderi 3 t~-!'e "isto
aum~ 11 1 0 dos im postos scn ·ia como um impul so .adicional à emigrnç:io camponesa. arrastada definiti vamente para o sistema mundial europeu naquela época.
E.<h.' é o fundo 1b quest:io dos an os "cinquenra e sessc: nra». O reinado de Ivan IV (o Pode compreender-se por que rJilio a expansão p:ira Oesrc tentava o c:zM n3 sua aip:i· ~- : . '.:'·
Tt•rrfr<"n ent re 154 e 1584 foi um período criti co na história rnssa. dado que Ivan, atrnvés da cid ade empreendedora. Ao contrário dos governantes das di\·ersas nações da Europl Oricn- · ~--.. , -
su3 ron entrJ -.k • ab,;olu1:1 no objt"cti "o de: aumentar a aurori dadc do Es rado, cri stalizou a
fonna dJ e>trnrurJ soci:il infl·ma qut' :1 Rú ssia conhect>ria dc:pois d urante v:írios séculos, ten-
tal. 0 czar estava em posiç:io de beneficiar directamenre com a expansão do comércio. porque -=~.
detinha um aparelho de Estado j:í mai s forte. Na Polónia foi a aristocraci3 q:irni coo e-guiu ' ~- , L~~
:· '
t:md,1 l"ntrcrant' t's talldt'\.'er a :nuonomi a do Es t:1do rnssn em rc l:iç:io à economia-mundo um controlo monopolístico sobre o comércio de exponaç-jo; n3 Rússia foi o cz:i.r. Reservou ,~'
curuP'-·iu. Como veremos. u cuno pr.1w t<·,·e i:xito neste últ imo propós iro ou, dito doutra esses dire itos para si mesmo e para aqueles a quem quisrsse favorear ''.Assim. o romtrcio :-:--..:. :..'.:-'
m:ui-~irJ . gunh<iu o tt•mpo sufü·ienre p.m1 g:ir..intir que quando a Rússi::i fosse a bson,id::i mais ex terno em de interesse para o czar não só como fonte de receitas :iduaneiras lll3S COIT"JO sai<U, -A ·--- - ·
t:m:le- na t'<·on11mi:1-111 undo entrasse nda como um Es rado semi perit'frico (como a Esp::inha p:ira a enorme tjuantidade de bens que os camponeses lhe entre!?avam em cs~e. ) l'li!I IV ;.: ~ · ,...
d(~ sé ulo> :\\ 11 e :\V III ) t'm ,·ez de: o fazer como um Estado periférico (como a Polónia). pretendi a utili zar toda a Europ:i da mesma fonna que a cidade scnia ao senhor fr ud:il ~· •~- ·;:_
1\n inr ·rior dJ Rú ·siu. a :1m1a fund:un.-nral do czar p:1rJ aumentar o poder do Estado va i. Dado que a empresa era vasta. considerou convenit'nte e rent.:hd prantir 3 cooperaçâ~ " - : ~ .
e.r.1 a rri:i ·:io dum aparelho d,• Es t:1do p:itrimoni:i l (como na Eu ropa Ocidental). Jig::ido no caso duma burg uesia comercial (tanto estr::ingei.ra .como indígena) que.se encam:pis:: do mo-- :::., .~-~'.__ _
1
d:i Rtis;;i:1. mui; me ·mo 4uc n aso d:i Fr.rnça e d:i ln!!l:ttt rrJ. à rcdistribu ição dos direitos cadejar. Quando os aristocratas polacos ehmmarJJTI os mterrncdlll.nos comerem po.3ros . .,.. , -:., .•.
>obre: a t ·rr.1. L'm:i rcfomu 'hJ\ e foi a abolição do ;;isrema de adm in istr:iç:io regional chamado
o lr ur. um sistema de prellendas lil,'.ado ::io arrendamento de im postos. e a sua substituição 67. Ver ibid.. pp. 142- 143. A p:tl31T.1 kt1nnlt nit r lr.tdui id3 !'<'< .R. E. F. 5,,...it~. r;~•.J~~rr.:ef<"­
Ruuian Peasan~T)" como .modo de \'Íd.'i• _<l ondr<s e Nova Jorquc;: Carnl>ri~!" l': =·ctcr. ,~..;,,, d< lribu-
. 68. Foi no ~gime d~ Ivan o T<m•«I ~ue • .Rús.m pnm<iro '.'" 0 ~u~: . d<!"<'•""""""',.."''" XVI'
raçfo d1~c1a pd o Es1odo. Ver A. Miller. ·Cons1d<r:rnons sur k s msrnuuoos IL'l'~ ~n;' ~- ·-s Mi'!«== dan-
1 7
ei XVll' siecles•, Re\'lle internatimwlt de si~·iolo.(i~. XL 7-S. Julh<.>-Af""':' . -~ ~-1.l..'1'~~ ~_;,,de fv:er P:P,'llC!l-
1
mente como isto C'Stava ligado ll nboliçào dll knrm/tmt: •Visto qt.'< • popu•.l("J<> ~ :ud< .
1
1-<ttfri:r d<>!"'"""°
tos ao "'J.:ormle1uhcltiki .. , in1roduziu-s.e uma sc.'rit" de impostos dai rm dt1nlC t."Qi('\'. ,s; em
""mrn l lp. 378 1•-
69. Ver Vern od.<ky, Tsardom. .f. pp. !l-l-85.
70. Ver ibid.• pp. 85-S6. . . ·io n> ref.l\·i.• S<JVil p.i.... •s.~gl!l"J!"o "'"
71 . • Tornou-~ n«t'Ss.irio introduzi r padronitAÇio e ~uro:nuz31 . ~t< e~id<nl< .,. nccmi!iJação do
Próprio funcionamento. (... ) O "'º'~menta r= • uniformid.d< for e<f."Cl~ • · !7"
tamanho das pan:<lss passada.< para os f'll"'tshchit s•. Bium. l.<>rd aNI Pr::.= .. P. ·
72. Ve r Vernad.<ky. Ts.irdom. t. pp. S7-I H : . esrrM« ÍI'<". um d.» ""1h.lfe< f<11.lai<nuis riro\~
73. "º Czar Ivan IV e-rn ronsidcradv. ru "riniOO dos ·. · . :wn&-do ('\tr.mo ha..~.2\o·am--JC" t"'l: C' · •
~urnpa. ( ... )Os monopólios rt"ai s de -:ornércio muiro lumti~lS~~ri~-:!dl~i:~. Prl~ 1. Ly~heflkn. H:stV! íf
Sl\'nmeme na economia feudal d•> rnl!'fio c1or < dos 'l~ 1,., loni~f.Jcmit:;in. l<>J9). : 1.>-21 4. ,.,, com<t·
rhe Na uonal Econtvn.\' o/ Runta to the /Q/ 7 Rt•:o~~.n tin ': º·i·t !l.:.l f:Jvor.h d tt<' deS('Jl:('lh1~nro de ~ rrnma:s 1
. . Isto podo ~' p l icru- porqu< lnn IV • pn nc 1p1"_par<" • k u<riJ--O mo;ro m.l•'
<I"" ls:i!><I. <q . . J
CIOL< com a lngbterr.i. Reohnen1c. lnna L ubim<nko Jc.• t<nd< <fJ< \ q u s rd.r.ii"'..r e<m"",.,..;/rs "l"~~·il"" '
~.s<:rvos d3 lngl>1err.i qu~ levaram .3 ,.,.._,~ ,;,,knto.:kJ~'':\nc~nnc H00<Ti Qio.-npi<>• . 19'-11· oi{)-.. ·
j l
Ang/crerre ª ''ff /a RUJSh' 11\'aJTt PttrTe I< Grar.J (P..m. ·

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i·orclrini. d u nos mosteiros uma grJndc oportun idade. quando os don?s d<1s 1·otchi11i começa. por uma buroc~acia p::iga em pane ~m dinheiro e cm pane com a~ ....
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. m> conduziram à cnação dum dep:utam~to
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culmin:mdo mm o CÕ<.lii:o da Asst·mlll cia d<' 16-19 "'' 1• Sem t:1is res tri ções os camponeses ter- E ntret:t~t.o. no extenor, Ivan IV seguia ~ma. política de eJp.:msão. não só = direcção ··-,
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d<.>l't'r .:st:1 sangri :i tk terr:1 p:ira fo ra do sistl'm:J fi scal. A ún ica ultemat iva em a umentar os a chamada g uerrJ d::i L1vón ia, que se prolongou ao longo de vin1e e cir.rn anoH 155!i- l5ifJJ. ·~~,1 ' • "
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a n:sci mo. se ofc:rc.:i:un aos c:unpnneses rondições mai s fa vor.ívc is nas terras monásticas. 0 cialme nte inconclusiva mi. Ti vesse ela sido mais concludente e a Rússia poderi 3 t~-!'e "isto
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E.<h.' é o fundo 1b quest:io dos an os "cinquenra e sessc: nra». O reinado de Ivan IV (o Pode compreender-se por que rJilio a expansão p:ira Oesrc tentava o c:zM n3 sua aip:i· ~- : . '.:'·
Tt•rrfr<"n ent re 154 e 1584 foi um período criti co na história rnssa. dado que Ivan, atrnvés da cid ade empreendedora. Ao contrário dos governantes das di\·ersas nações da Europl Oricn- · ~--.. , -
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fonna dJ e>trnrurJ soci:il infl·ma qut' :1 Rú ssia conhect>ria dc:pois d urante v:írios séculos, ten-
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curuP'-·iu. Como veremos. u cuno pr.1w t<·,·e i:xito neste últ imo propós iro ou, dito doutra esses dire itos para si mesmo e para aqueles a quem quisrsse favorear ''.Assim. o romtrcio :-:--..:. :..'.:-'
m:ui-~irJ . gunh<iu o tt•mpo sufü·ienre p.m1 g:ir..intir que quando a Rússi::i fosse a bson,id::i mais ex terno em de interesse para o czar não só como fonte de receitas :iduaneiras lll3S COIT"JO sai<U, -A ·--- - ·
t:m:le- na t'<·on11mi:1-111 undo entrasse nda como um Es rado semi perit'frico (como a Esp::inha p:ira a enorme tjuantidade de bens que os camponeses lhe entre!?avam em cs~e. ) l'li!I IV ;.: ~ · ,...
d(~ sé ulo> :\\ 11 e :\V III ) t'm ,·ez de: o fazer como um Estado periférico (como a Polónia). pretendi a utili zar toda a Europ:i da mesma fonna que a cidade scnia ao senhor fr ud:il ~· •~- ·;:_
1\n inr ·rior dJ Rú ·siu. a :1m1a fund:un.-nral do czar p:1rJ aumentar o poder do Estado va i. Dado que a empresa era vasta. considerou convenit'nte e rent.:hd prantir 3 cooperaçâ~ " - : ~ .
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1
d:i Rtis;;i:1. mui; me ·mo 4uc n aso d:i Fr.rnça e d:i ln!!l:ttt rrJ. à rcdistribu ição dos direitos cadejar. Quando os aristocratas polacos ehmmarJJTI os mterrncdlll.nos comerem po.3ros . .,.. , -:., .•.
>obre: a t ·rr.1. L'm:i rcfomu 'hJ\ e foi a abolição do ;;isrema de adm in istr:iç:io regional chamado
o lr ur. um sistema de prellendas lil,'.ado ::io arrendamento de im postos. e a sua substituição 67. Ver ibid.. pp. 142- 143. A p:tl31T.1 kt1nnlt nit r lr.tdui id3 !'<'< .R. E. F. 5,,...it~. r;~•.J~~rr.:ef<"­
Ruuian Peasan~T)" como .modo de \'Íd.'i• _<l ondr<s e Nova Jorquc;: Carnl>ri~!" l': =·ctcr. ,~..;,,, d< lribu-
. 68. Foi no ~gime d~ Ivan o T<m•«I ~ue • .Rús.m pnm<iro '.'" 0 ~u~: . d<!"<'•""""""',.."''" XVI'
raçfo d1~c1a pd o Es1odo. Ver A. Miller. ·Cons1d<r:rnons sur k s msrnuuoos IL'l'~ ~n;' ~- ·-s Mi'!«== dan-
1 7
ei XVll' siecles•, Re\'lle internatimwlt de si~·iolo.(i~. XL 7-S. Julh<.>-Af""':' . -~ ~-1.l..'1'~~ ~_;,,de fv:er P:P,'llC!l-
1
mente como isto C'Stava ligado ll nboliçào dll knrm/tmt: •Visto qt.'< • popu•.l("J<> ~ :ud< .
1
1-<ttfri:r d<>!"'"""°
tos ao "'J.:ormle1uhcltiki .. , in1roduziu-s.e uma sc.'rit" de impostos dai rm dt1nlC t."Qi('\'. ,s; em
""mrn l lp. 378 1•-
69. Ver Vern od.<ky, Tsardom. .f. pp. !l-l-85.
70. Ver ibid.• pp. 85-S6. . . ·io n> ref.l\·i.• S<JVil p.i.... •s.~gl!l"J!"o "'"
71 . • Tornou-~ n«t'Ss.irio introduzi r padronitAÇio e ~uro:nuz31 . ~t< e~id<nl< .,. nccmi!iJação do
Próprio funcionamento. (... ) O "'º'~menta r= • uniformid.d< for e<f."Cl~ • · !7"
tamanho das pan:<lss passada.< para os f'll"'tshchit s•. Bium. l.<>rd aNI Pr::.= .. P. ·
72. Ve r Vernad.<ky. Ts.irdom. t. pp. S7-I H : . esrrM« ÍI'<". um d.» ""1h.lfe< f<11.lai<nuis riro\~
73. "º Czar Ivan IV e-rn ronsidcradv. ru "riniOO dos ·. · . :wn&-do ('\tr.mo ha..~.2\o·am--JC" t"'l: C' · •
~urnpa. ( ... )Os monopólios rt"ai s de -:ornércio muiro lumti~lS~~ri~-:!dl~i:~. Prl~ 1. Ly~heflkn. H:stV! íf
Sl\'nmeme na economia feudal d•> rnl!'fio c1or < dos 'l~ 1,., loni~f.Jcmit:;in. l<>J9). : 1.>-21 4. ,.,, com<t·
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1

Bium culpa também a pesada tributação comb· da 1


evitaram des a fom 1;i 0 pagamento de certos imposios sobre os seus bens. Desse modo 0
. _ s corno ca usadoras da~ fugas dos campo~eses e~ª c~\tes. más colheitas e inva- ~/;, ::.· ,...1.: ~- 1
·Estado perdeu receitas. e a burguesia polaca decaiu . Quando o soberano é o proprietário da soe 1575 1590 n · massa Um.; acemu da
terra. qualquer imposto di spensado ou evit:tdo representa uma simples transacção contabilística. inílação en1re e . rc ecllu estes factos e acenruou-<>S. A. G , a e su·bita / · .~ ;::;'J;.
u estudo sobre os movimentos de preços na Rússia do séc X. · Mankm, com base no , '
. Er~o. na Rú ssia não havia grandes vantagens financeiras em converter os indivíduos que 10
. ,. ...... ... se er na crise dos anos 1580-1590 uma crise generalizada ~ VI, está m~mo disposto a,..,. - --· i
.:su~rintendiam à transferência de bens em fuJl.cl~:írios. em vez de lhes ser permitido consti-
. t- , ... tu ir-se como empresários independentes. Já que estes últimos tinham tomado a iniciativa, era ~~vista que afinna partilhar com os escrilos hi stóricos ~oviéli~or.omia nacionaJ,. cr.i, pont~i.:" '."";:-·-\
os em geral 1'11 .._ ~ ,.,. , j
mais fác il tkix á- los ir effi"frente. Vemads k y argumenta, numa linha semelhante que a da : . ,•
1 R, . - . h . guerra L1vóma foi um .
/, .- .. ·;. Daí que na Rúss ia. assim como na Europa Ocidental, a burguesia comercial indí- erro terríve ' po~que a uss1a nao lln a outr~ o~ão senão continuar a lutar na frente da;'~-~.';'. '
' -· gena sobrev iq: se e ao mesmo tempo o aparelho de Estado se reforçasse (14>. Se o czar Ivan IV Crimeia, e por ·~~º· ao optar por lutar na Ltvóma. decidia levar a cabo um3 gue :-~· "·
ti vesse tido êxito. não é certo que os mercadores russos tivessem gozado das vantagens que duas frentes. pohllca de resultados desamosos ''~•. Em minha opini •~ . rra em :"" • • •
. . . 1 - . . ~. tsto esquece a que.s- "..,., . '-'
previam. Nunca o saberemos. já que quando a guerra da Livónia acabou empatada do ponto tão decisiva de que poss1_v~ ~ente tao pouco tena a Rússia outra opção na Li,·ónia. Ver- ...... .-,.,...
de vista do exterior. 1udo o que na realidade se tinha conseguido fora levar ao seu ponto nadsky vê a guerr~ ~~ L1voma co'!1~ uma derro1a, na qual os russos ti veram *ª Wf'.e de , ~-'-"'·
culmin:mte uma cri se social e económica no interior da Rússia. conseguir um anmsttc10 ~o~ a !~ec1a em 5 de Agosto de 1583. apesar de os= termos ;::_~,,,_._
Nas áreas políticas intrinsecarnenle instáveis da época, a falta dum êxito continuado serem altamente desfa;or_ave1~» : Talvez, de modo altematirn, possamos coruid.."Tá- la um -, ;:;::~
por parte dum Estado na área internacional conduzia a enfrentamentos abertos de interesses êxito gigantesco. A Russta nao foi arrastada para a economia-mundo europeia. A sua bur-
no seu interior que implic::n·am sempre o risco de desintegração do Estado. Para obstar a esta guesia e o seu monarca salvaram-se, pelo menos momentaneamente. do destino dos seus
rurbulência interna. h ·an IV recorreu a fortes medidas policiais-a famosa Oprichnina, pela · homólogos polacos.
qual ganhou o títu lo de «Tem·vel ». Esta envolveu essencialmente a criação duma guarda Isto não é pura fantasia. Boris Porchnev analisa as grandes linhas das reb~õet ~,.,,. i
palaciana e>pecial, com a ajuda da qual o czar pufgp u drasticamente os seus inLmigos, espe- internacionais na Europa no século XVI considerando que os opositom do objectivo •·- ~..!.-·- i ,
cialmenle en lre a ari s1ocracia. As armas foram duas: a morte e a confiscação da propriedade, Habsburgo-católico de criar um único sistema imperial favoreceram a criação d( uma .;:. • ~·. · :
pe"lnitindo esta última que o czar redistribuisse as terras entre aqueles cuja lealdade esperava barreira oriental de estados - Suécia, Polónia (mais tarde Polónia-Lituânia) e Império ;.:~- ·
preservar. Otomano - «dirigida primariamente contra a Europa Central*, mas que também se con- ...... ·-
- -..J .. ·- 1
Este foi um triunfo político na medida em que acabou com o medo dum coup d' état. ;::::............ ,. \
r.l:is. na opinião de muitos. sai u-lhe o tiro pela culatra. Por exemplo. Bium diz: ...
pulsão extra-económica, "prendendo" a força de trabalho à pomtstyt, cscr:iviundo os 111h2~ do :i;icrm "-:A...(.
..-...:-~
i
O choque da Opriclmina. jun1amen1e com a contínua sangria da longa e infrutuosa guerra da através de endividamentos, empréstimos. duração e assim por diante, mas tambêm arm·és do ~.10 do
Li,·ónia (... )sobre os recursos do país, desequilibraram a esrrurura económica e social do reino. direuo do pomeshchik ao trabalho compulsivo do camponês. (...)
( ... ) A confiscação dos grandes comple~os 1erriroriais e suas subdivisões empomestia danificou A ruína do campesin::uo e o aumento da pressão económica por parte dai pl>'r.nhc,..d forçou t!S ampo-
neses a reduzirem a sua 1erra arável (tendo atingido "mais de 95% por meados do s..'culo XVI". eb declinou "r.l
o sistema agrícola sobre que assentava a economia da nação. fazendo regredir as 1écniêas, dimi- província central( ...) para 31.6% e na província de Novgorod para uns meros 6.9c:t-" C"Crea de 15801e1 procua-
nuindo a produção e criando novas 1ensões entre senhores e camponeses PS>. rem salvação fugindo das terras escravizadas para as terras .. livres··. Em resuludo dis.so tOfTI0'.1-sc: !'\'lÓalle u.."D
declín io não só da pomesrye em si mesma. m:ts também da economia cam~s.a com c.1! ret.acianà6. dunlntr 0
século XVI•. Narional Economy of Russia. pp. 191-193.
rei JJ.. · É assim clar~ ~uc 0 comé~i? maríti~o não só favorecia a acumulaç-jo de capital na Rússia. mas 76. Ver Bl4m. L<>rd and Peasanl, pp. 158-159. d.:
orçava aquel:is forç:i:. CUJO inren:"se residia na unid.lde do pais e no poderio do seu Estado. (... )[Os mercadores, 77. Mankov, ú moul'emenl dcs prix, p. 126. No 1«10 francês lê·« 1570-1580. nus urn.1 ktnn =·
~ ''C~. m 3 is nume~s e prósperos. estavam 1 imeressados ta.mo no comércio Jivre dentro do país como na expan· tcx10 parece indicar que se trata dum erro 1ipográfico. que porunto corrijo. . . .
s.a.~:.luica êf co~ 1 erc1aJ no cstrJ.ngeiro. pois eJa llhes ) pennitiria esrabe lecer contacto com o Ocidente via Lituânia 78. ~A situação mudou bruscamente no decurso d.l década_seguin1e (1580- t590]. em"~"'"" com• cnsc:
~reJe~~º~-~ 1f ;p~~~ª-~~har 3 ec_onómica que se sabe bem ter ocorrido na altu~- A litera~ura h1:rón~a soviétic3 atribui:'"~~~
1
rique za d.1 Sibéria e tah·ez a do Médio e Extremo Oriente•. Malowisl. Past .&
cnse. As suas causas. a sua natureza e o seu âmbuo geografico cem s1d~ :11~13lllc!n~c.~:i~ho des.f!t.,-Of"'jvd, a ruína
décad.ls;; 1 ~~;j~-:~~-~;~0:;,:ª~~:~P;'· 14
6·'.47. Bium_fala também duma •qued.l calamito_sa na produção 1135 de todas as forças da economia nacional durante a dolorosa Gu~ rra da _L1.' óma. 0 :nres s-Kio muito dc:sc'n"olvidl.. a
XVI. 2, Junho 1956 196 Vtr L ashche r1ces m Ru.ssi~ m lhe S1x1eenth Century•. Journa} o/t.conom1c H1srory, e ~bandono de regiões inteiras cm que a economia a~rícola unha prec 1s:i~te dos rin.:i n remtbuiçio
feudal pJra a nova f~rma dapom:srw ºra°da ~A trans iç 3 o da _velha forma .de economia_auco-suficiente ~de.e cnação neste momento da ··oprichnino". que desan1cu)a\'a a remi dos txnarúos < ~ ~311lponc:s.."5 qa:
forçada de terra e a "disseminação da gente miúda".( ... ) A d""ad<ncia da •gn~': ~ ru_uuA P.,i<ur.i
0 3
doixar de produzir no século XVI · d"'; . . por servos. enraizada na máxima exploraçao do trabalho, nao pocba do cere>i.i
de Mo<covo. L.) um ec mio geral razoavelmente adiado de toda a economia nacional do Estado vivi_am nos lf:rritórios re servados conduziu cm partic~ar à reduçã~ d~t=~"· ihiJ.~~~~)- ·
«Atravé~ das suas imun idades 05 rol h1111
· · 1- h. . . . subiu abruptamente por causa da sua falta, e os preços au~_nt:iram .: ' m<J105 parte da re\'oluçio dos ~º'. na
lerra que podiam fac iJmenre reunir g~ ·d . C e m am tancos pm·1fé.gms para prenderem os camponeses à sua Mankov, a propósito, tem a ceneza de que a Russi 3 é ma1>_ou bidJdeprcçosanilotanaRilssiaJ,
(... )A economia média das pomes1ve ~o ~orças de trabalho e conseguir a escravização gradual dos camponeses. Europa. Jerome Bium oferece es1a precaução: · Pode rcalmenle terh•,·ido _fu~:u 185 . -
qual se di,punha em pequena qu.,;tidade 13 se; P;' ticada pelo lrabalho kho/op ["vilão" - ver Smith, p. 162]. do mas os dados [de Mankov) não o provam•. Journal o[ Econonuc J/IJW). X · p.
1
duma economia moneútia. i\ tas ela não e~~: ::txtm~ ~ sua baixa qualidade, p_an~cul~ente sob as condjções 79. Ver Vemadsky, Tsardom, 1. pp. 94:95 da Ll"ónill.. que linha dor.ido umquano de
camponesa economicamente dependente v· ~ P ªbasear a sua produçao mte1ramente em mão-de-0bra séc 80. l?id.• p._ 166. Ele acrcscen1a: ~Assim acabou 3 Gu~ru»0.eq:icjunumen1ecomosef<t1o>posl<·
ffi<"nle mui10 grande. A necessária organ.' i~10 dque ~ orça económica da economia pomtsrye não era frequente- ri ulo, requendo munas atnbulações e sacnfíc1os por Jllt1< _do po ;o-económica.•.
izaç 0 ª mao-de-obra pomestye só podia ser conseguida através de com· . ores da oprichnina mergulhou a Rússia numa profunda cn.<e sóc

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Bium culpa também a pesada tributação comb· da 1


evitaram des a fom 1;i 0 pagamento de certos imposios sobre os seus bens. Desse modo 0
. _ s corno ca usadoras da~ fugas dos campo~eses e~ª c~\tes. más colheitas e inva- ~/;, ::.· ,...1.: ~- 1
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doixar de produzir no século XVI · d"'; . . por servos. enraizada na máxima exploraçao do trabalho, nao pocba do cere>i.i
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(... )A economia média das pomes1ve ~o ~orças de trabalho e conseguir a escravização gradual dos camponeses. Europa. Jerome Bium oferece es1a precaução: · Pode rcalmenle terh•,·ido _fu~:u 185 . -
qual se di,punha em pequena qu.,;tidade 13 se; P;' ticada pelo lrabalho kho/op ["vilão" - ver Smith, p. 162]. do mas os dados [de Mankov) não o provam•. Journal o[ Econonuc J/IJW). X · p.
1
duma economia moneútia. i\ tas ela não e~~: ::txtm~ ~ sua baixa qualidade, p_an~cul~ente sob as condjções 79. Ver Vemadsky, Tsardom, 1. pp. 94:95 da Ll"ónill.. que linha dor.ido umquano de
camponesa economicamente dependente v· ~ P ªbasear a sua produçao mte1ramente em mão-de-0bra séc 80. l?id.• p._ 166. Ele acrcscen1a: ~Assim acabou 3 Gu~ru»0.eq:icjunumen1ecomosef<t1o>posl<·
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,·erteu «num3 barreira que i olava a Rús ·ia do resto da Europa. Rússia que se tomava cada ,,,. ,. quando o czar Mi guel fo i capaz de 1- •• .• à 1
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vez mais fo11e,. t 11. V emergiu uma nova classe de magnates•i(.•. A nova a .
I •
\ll Vil~"' políuc.a~ ~ Ivan !-..- >,., .. 1
. da an t"tga. O•"ftJ tni c~~rvo nwicraciaacabo-Jp<:
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.-.;; ..,.. , Com a ttcuperação do catolicismo na Polónia. no entanto. o Estado da Polónia-Lituã- todos os atn butos f o rm ais foi abohdu

x ~ apropmu de - ..., ,_ ..,_"
.
I 1;

:~· • _..__._. ni:i com·ertc u-se em aliado da Espanha. Quando. nos anos posteriores a Ivan IV, 0 Estado iou-sc transferível de facto por venda e herança, víttando, .. cm 1682. AponuJt/t IOr- ·· - • j.
1 . 1s11 O Código de Leis de 1649 dim· ~.mi tt12 diferençami 1claçiío ._ ,,.... •...,._.f, i
., ,,..,~ . .. russo se viu dilacerado pür lutas inte rnas que culminaram no chamado «período das penur- à \'OIC 1Jl/11 • . si mu1u C-Omi<kra el:ritnte a disf ' •- ...,.. " ' t 1'
.,. _. ·~ , oo õe>» ( 16 10- 16 13) . a Pülónia. apoiada secret amente pelos Habsburgo e por motivos dife- d s fonnas de propnedadc 1 '. e em 173 J senam ambas •fi ada mçao entre a, . 11
rente t:1mbém pela Su& ia. empn.--endeu .. uma tent:11iva de desmembrar e subjugar a Rússia,,IB:ll ua A ascensão dos «homens novos,. aconteceu ev~~ ic• \l!ialmcr.ie '" · -:-::::~ . ·- \!
__ .. - -· r ntativa que fracassou. Mais ainda. Vemadsky afirm a que existia também interesse por Part~
"d 1 • • ' .ni:m.."TM, cm IOOo o lado -
certamente na Europa Oc1 enta . como Jª vimos. e cm mun.os ~ tam',
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dos ingle~ s . nes ·a época. em estabelecer «um protectorado sobre a totalidade ou pane da Oriental. Mas Bium capta o ponto essencial. petv.Js =
l'.a europa ·.: '_'~- ~ • ~.:, li
Rús ia,. •· " . Sem dúv ida que um importante factor que contribuiu para o fracasso destes pro- A experiência russa~ ...) d i~ería num aspet.10 imponar.:e da &:> res"'..oda &.-rop.a <k~ i~ ie- .;. •..: ·~:~ ·
S-· " • · j ·tos foi a existência das :igudas div isões da Guerra dos Trinta Anos, que obrigou constante- melhava-se à do Oc_1dente). Nas outras terras do ~ a zscrn\lo da b2i.u no!Y.:n i; - • .., '::':'_-:;'" lj
- mente o inimigos imediatos da Rússia a vo ltarem-se para questões mais urgentes. possível pelo declfmo do poder dos soberanos. '.\a Rú!sia a Ktr.iryflW.:l t deott • S<l> r..cct:l>1o , ." .••.•
\! as a Rússia aproximava-se cada vez mais da sua absorção pela Europa. A «desas- ao aumento do poder do czar. Ela era a cauda do com:u do tl(I\ 0 ~!M!~ ;,.,~ ""~ . .., ,.. ., ·,..._
! .
j
trosa.. política de Ivan 1\ adiou -a. Veja-se a descrição que faz Kluchevsky do que sucedia no
final do "longo,. século XV I:
Finalmente, o contraste entre a Europa Oriental e a Rússia é claro im · ~~ = -;:·:_-'-'.- 1· !'

\'mios a [nglaterra e a Holand:i ajudar [o czar) Miguel [ 16 13-45 ) a reconciliar-se com os seus
Nas cidades, a burguesia urbana indígena e a indústria nati,·a det~r.:m mail na E::rop:i Oritr.- :;-.:_--·.
tal. Esta é, sem dúvida, uma questão relativa. Em compara.ção rom 2 El!rOpl Oruu.:al. p00e ,.,. . ll.: j!
inimig ~.a PolóniJ e a Suécia. em virtude de \iloscóvia ser um val ioso mercado para a primeira
e também uma rota conveni ente para o Oriente - para a Pérsia e. inclusive. para a Índia. Além
disso. vemos o rei francês propor uma aliança a Miguel. para cobrir os interesses comerciais da
considerar-se que a Rússia decaiu relativamente, se não absolut.amentt. E a de>:;?1.."'"ocia nàD Z--. _;_,_
foi total na Europa Oriental. No entanto, a evidência pa= indiw ur.u dis:'.ir.ci:. qto.li'zin ..._,__ _
entre a Europa Oriental e a Rússia. _. _. , ,,.,,
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Fr>..nvi no Oriente. onde ri,·aJ izava tan to com a Inglaterra como com os holandeses. (...) O império A diferença pode ter sido menor no .:primeiro• século XVI "''· MlS à medid3 q.:e - -- · ·- ·~ '1
do czar ~ liguei era mais débil que o império dos czares Ivan [lV) e Teodoro (1584-98), mas
os proprietários de terras se dedicavam cada vez mais ao comércio dirttto, Cll!pRCl'.dm.m · .:-· ::-- 1
esta a muitís·imo menos isolado na Europa 1841 •

86. • Mas como classe a RtnlT)' P:i"ílhou a ~nória do Vsoluüsmo. tm~..~ ~ ói:e. cz:r::s o~ ~~:: ·: .

.
Em vez de "mas » não deveríamos dizer «e por isso mesmo»? O que Ivan tinha pro-
curado era a cri ação dum Império Russo. não uma parte do bolo europeu. Esse seria mais contra a grande nobreza. líderes do reru.sc1mento nx wr.al no Tempo Cal Atnb-~"UC~ .~,_.i...;.x::~~~.t-~ · 1
XV II] e eleitores do czar Miguel [ 16 13). foram rc:compcnsados com• su> tt>-7'.i!IT!".J!;>D"" • ·- ~ó:>
urde o objectivo de Pedro o Grande.
lugar dos kniazha ta [principesl e boiardos. ~_membros d:i \Clh:' anstocrXl3 q-~t:~":l ~=~ lCD- \
A terce ira grande di fe rença entre a Rússia e a Europa Oriental era, como indicámos, seu poder lutaram em vão contra esta conqu1~ta dos postos ":'ill~ aJ~ do ~~~~.:u 15 ren:~5o dt-
consequência directa da diferente estrutura e direcção do _comércio e da diferente fo5!,dJ tarJm evitá-lo insistindo no sistema de mestm cherrrn ag0!3 ine11Jt3 dmeo . ·
1
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g_eneaJogia não podiam mais resislir à vontade do ~w. s~: ; ~=s=~.X= ~~ Ptt f~ cm
aparelt-o de Estado. Na Rússia. as cidades e a burguesia indígena sobreviveram ao «longo» 1
eram base'1das em mérito~ prova..,el~em~ com mab fr~uenc1a • BlliIIl. Lord~ ft::J~r.:. p. l~L
I!
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século XV[, enquanto que na Europa Oriental em grande pane isso não aconteceu. E a terra, 1682, o sistema de mesrmchestrn . ~a muno obsole.to. fm a.OOh~ · '11"e indistinguh·cn. .i itm dt J1L.."(s ~"\: 1
87. • No !>éculo XV II. bocar e pom~Jhcn1k 'º·"'"'::rvq": rcalmen:. ~·· C !. FoS. . R.iuW>
11 : j' ·
se bem que na sua maior pan e na forma de grandes propriedades iguais às desenvolvidas na
Europa Oriental, estava na Rússia nas mãos de «homens novos», chamados por vezes «gentryw, str hereditária e não comportava uma relaçao neceswia
Expansion to thc East Through the Ecghteenth Centurp. l eu
múr.;of Ec01t""'ic /JJJ!"'J. x.xl l . Da. 1%1 . .t D.
" " ' do•i• "" '~ ccex> rercl.-.a •.
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por ''ezes ~baixa nobreza» (vimos já como é pouco importante esta di stinção). Estes eram • (Em 173 11 outro ukaJt im perial ordenava que de então em diante 2 pom · 1 1:
homens que não descendiam da anti ga classe dos boiardos, mas de dois grupos, os dvoriane Bium, Lord and Peasanr, p. 185. !
(uma e~péci e de nobreza de corte) e os chamados «filho s dos boiardos», que em épocas ante- 88. Ver Vemadsky, Tsardom. I, PP· 39~ 4 1 1. :'
89. Ver Vemadsky, Specullim. XIV, PP· ,321 · 322· opós;to cerno Bium .: decu crJ no"'°~"'~
riores eram aristocratas menores e marginais. Os boiardos que sobreviveram eram em grande 90. Bium. Lord and Pea.<ant. P· 15 1. Nol<·st a pr cu ;llção d! gt..11)' 1"!>..1 COCI' '"°""'!d> 0 1
parte " pare ntes não reais do czar» '8' 1• Assim, especialmente depois do «período das pertur- •genrry. como sinónimo de • pequena nobreza•. Ver Tazb~ bcrta de opcl'i\ioO P"' P"°"'da tl'.!Tt "~,:. '1'
deu origem em 1537 à ''Guerrn de Men··. quando ª ~~~ntaça~ ~i. a rainhl Bor..a c os ~..it;-~~~:~n 1
de ~vov em preparação_para ~ma ~xpedição arrnadatnr~ta\·a rambifm a cor.)O!..-ilr.i"'3D ~: ~~ (1'C)CIJ à \ !i
8l. Porthnev. lnternaríonal Cnngress o/ f/ísrorícal Scít nces , 1960, IV, p. 140. aceuar~m um comprom1sso. !'a ra~z do sucesso da ~ dad~!. c.tploíJiÍJS com ~ se."'Vll. te~ r.u.>S pt"ql)lrtiOS ou 1
82. lb1d .. p. 142. Es1c foi o res ultado do desenvolv1mcn.io de propne an:clos <a quemeram cJad<i; Joc::s de .
custa dos camponeses que eram remo,·1dos das suas P . _ ~ e~ nio podia 1
83. Vemad.sky . Tsardom. r. p. 29 1.
84. Kluchcv. ky. A llitlfJry o/ Ru.ssía. Ili. p. 128. O subl inhado é nosso. menos produtivos•. /liJror.>' o/ Poland. P· 176. dl Pok'r.ia: . A pro>r<"i!>d: «~ p<b ~tn."Y e aquobi ~I \
9 l . Tazbir. por exemplo. argu~lenta acc~ c:tos toda.~ as merc-id..~ romt •ais.lua er~iws a:1"ersm .. 1
85. •Os magnate• do século XVII eram predominantemenie homens novos. Precisamente nove dos vinte
e trh homen"l. mais nov~ an ~rviço do czar em meados do çéculo eram descendentes de velha.ç famílias princi- ser contrariada pe las leis do Seym que i>Cntava ~ºJ~~~is noutrll> pai.e< rclo '"::;'C:, cÓm1<111lti:•s nn>W de 11
pescM. O ~sto eram parentes r~ reais do czar (cuja família era de origem boiarda mo~ov i ta ) e outros membros da
que eram produ1.idas nas suas_propneclades. ldên btm na Polooi>. ness< tcmro~. que impedi> "' buf!ut"' de !
sobre a suuação da ge nte da cidade. Ernuam ~andor muito 1><m. A 1<1de 1.. . 4
claMe scn·1dora sem tílulo, incluindo homens que vie ram da pequena nobrc1..a • . Bium, Lord and Peasanr. p. 2 12.
Vu ~falowi sl , Ecn11omic /Jísrory Rtl'iew. XII , p. 189: Lublin.\kaya, f"renclc Ahsolurism. p. 60. burgueses e membros da gtnlry que estav:im '
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. uma burgµ5~ ~ ~trangeira J'l!i1_ ~burguesia indígena de um , , -
-actividades abertamente «anti-urbanas » na Europa Orient~I ~ • Com asce~são .dos «reizi-
19 1
ª com outro. Os mercadores alemaes que não encontravam pai era ~ bur~a estrangeira
nhos» na Polónia e do Gurslierrschaf r a leste do El~a. O .prmc1pe como propnet.áno de terras 1
de um am mais que bem recebidos na Polónia. e seni iam- ugar na~ ttooomias a bte do
linha poucas ra Tões nas suas prúprias necessidades 1med1atas para senll.r s1mpat1a pelos habi- Elba er• . 111'1 1 D ~ · se. como <iC com........,.- 1.
tanres das cidades c9J>, E com 0 decair das cidades a nobreza ~orn~u-se amda mais forte (14>, Na . amente agradecidos . . e ·~ct~. poder-se-ia especular !.Obre se a . "'~'"'~: po 1-
11c ração da burguesia ai ema nao se deveria ao facto de ter b .!Xl'>-d lenor capacidade de
Rú ssia Kluchevsky poderia falar do «crescimenlo extraordmanamente lento e doloroso das recupe , . , . , . - so re-.•1v1 o cm l u~s
•._ :.
cidade~ e das indústrias urbanas russas dur.rnte os s~cul~s XV.I .e XV~l » , mas ao menos
195 1 , ·aeaEslovema.NaRussia.pelocontrano. sebemqueos~,,....- · . . ~ comua
Po lon1 • . ~ • r.·1Clantes md1i;enas d~
tratava-se de crescimenro, não de decadência. Bium e mais pos111vo. Diz: . m com a concorrenc1a dos grandes proprietários de terras · 1 · ~,,. . - ..-·
rasse • . . . me ui.ouv r..s mos:e-iros e , .-
muito especialment~ o propno czar, ~on~eg~1ram . apesar de tudo. ;obr~vi\er '1'1;" Um fa;.or .~:: ,---r... .,
A nova importância das trocas na vida económica [no século XVI] foi marcada pela reemergência
que contribuiu p~ra ISSO fot que OS pnn_9p_!!t~ ITJr:!Cadores, COnJteci~ rorno
goJtf. tneram a - ,--' _,
da cidade cc mo cen1ro de indús1ria e comércio, e como mercado de produtos agrícolas e outros,
produzidos na Rússia e em países estrangeiros. As antigas cidades re~imaram-se, estabeleceram. possibilidade de JOgar O d,up~O papel c~o~1age~eJ _9~ sza~, tanto comercia! como fiscalmente. e,·:..::·_,
-se ouiras º º " as e algumas povoações rurais (co'."º. mostram _os ~ef; ~tos de terras de Novgorod) de mt;IS.3~<?.res por sua propna conta . Portanto. podiam C\'entualmentc pres;:iodll' d:!.\ ~i:as ;.,. ,, _ . -
começara m a a bandonar a agricultura pelo comerem e a industria .
6 0

Junta mente com a força das cidades desapareceu a força da burguesia comercial longo do século [XVI) <: .. ) ela n.ão parou de declinar lenrarr.ieme. apesar d! al!U'l' mcL'lon:nc·..:0< 1"1~"'"' c
sua situação• . .. Econo~1e et soc1été en Slové~cc au XVI' ; 1ecle., Al!JIQftJ ES.C _ XV!I. p. 68'7.
indíl!ena. As aristocracias locais não só arrebataram o comércio de exportação aos merca- ver Hoszowski: ~[A ge111ry polaca) nao quena apenas um rend1men:o do pro<b:o d:I ,.,, cm1 _ C-4' =-.'+.D
dore~ locais, «reduzindo-os ao papel de agentes» 1971, mas dividiram o comé:_c_~_51:._i~portação do comércio destes produtos. Por esta razão conseguiu. com legi>lação apropri>da da Sey:n. >''iCJ'.-.-.: li!r.t>óe de
trânsiJO no Vístula e nos seus afluentes. portanto hberdade em d1mtos alf;L-xitgános ~ prOOI!°' 1 pro1n e r.._,_
restais a exponar para fOrn dos seus própnos domin1~s. ~!>sim 'º!11º fícar liv~ de pa~a:r di..~:t~ ilfr.d:_ .:.."1~ sot:r-
negoc1.lrem em cereais e que proibia os mercadores pol::J.cos de venderem mercadorias polacas no estrangeiro e de todas as mercadorias importadas para uso n:is suas propnas propned.ldes e qumw . ~. pci'.1ca, a r!as>c f:I>lo.l pult!o-
imponarrm mercadorias estrangeiras para a Polónia. colocou as grandes cidades numa posição bastante vantajosa, gava esle seu privilégio aduaneiro. e sem pa g~ direitos alfandegários e.Ll e;.;~ J. c~~s ..glrlo : o_-::-~~
pois cla.5 se torru.vam a.."i sim as únir:15, intcrme.diirias neste comércio. Os mercadores estrangeiros só estavam autori~ agrícolas comprados aos campon~ses nas aldeias ou n~s ~ercados rur:u:s. TambC~ lf'..t.rodu.zia ~r-. '!:l.li
. rr~.21
zad0< a expo r nelas :is suas me rcadori:is. Mais ainda. a lei de 1565 nunca entrou em vigor. A proibição das compras estrangeiras no país ao longo do V1 stula sem pagaremd1reuos alfandeganos, e lkpois \ ~-li~'i ~Ja~ qx .. tvc:m
de terrJ..S pelos burgucsts. que foi emilida várias vezes pelo Seym. não podia também impedir o desenvolvimento nas suas propriedades . Deste modo. a g enrry reunia nas suas p~pria..s rrijos o com~u de pr0>.fo~o,. ~. l!:l·
das cicbdes. Pelo contrario. favorecia o investimento de capitais derivados do comércio em manufacturasit-. History deirn e produtos florestai s, e.pulsando os burgueses dele e prejudicando se,·erl.'t\Cf'Jt l!5 ~lti de"' mer-
of Pol~nd. pp. 177-1 78. cadores das cidades obterem lucro com produtos imixmadO!.io. Pola.r.d ar 1he Xlt~ lru rr.at:nr.J! Coqrni.. p._ LZ7.
~'13.s en[jo, ~.ss in1la ele lambém: «!':o fi m do século XVI as cidades polacas começaram a sentir os efeitos 98. <c A política económica dos nobres dos países bjlticos tamb(m contribuiu t m ~ rne:!iC:! p:!.l""J; e
do desenvolvirnc:n10 ftr.ne da economia senhorial agrícola baseada no trabalho servil. ( ...) Uma espécie diferente de declínio das cidades. Esta polí1ica consistia na inrensificação das cxporuçô<s d< pro.!u'.o; al.: m<rn=< < 1"1-"'-"""'-
cidades foi fundada no virar do r.éculo XVI nas terr:is dos magnaces latifundi;!rios. (... )Estas municipalidades. sendo e no estímulo à imponação de manufacturas, ao dar um fone apeno 10 comtrcio cstr"l'-!l~iro r.os ioC!:,_; prt:pnm
propriedade dos senhores locai.s. esla\:am naturalmenre por eles sujeitas a uma exploração redobrada. A supremacia territórios. Esta linha de acção destinava-se a asscpurar a abundância de mc:rc~dori.ls estn."!.~mu ~ • rc--::=r c::i
da nobrez.a unha·s.e t3mbém fe110 sentir noutros centros urbanos.( ... ) Os efeitos adversos sobre as cid.'.ldes e mesteres baixo os seus preços». Malowisr, Economic History RerifM', XII. p. 188. MllOl' lSt c~.am• a csu roJ.:oca •= -=·
pol3cO'i da supremac ia politica da ~('lllry e da expansão da econo mia agrícola baseada em trabalho servil esr.avam
p;ua tomar·se evidentes só nos últimos anos . mas os primeiros sinais de uma crise económica eram j~ visíveis na cantilism:~~a característica principal do comtrcio polaco de e.portaç3o = que •!e= do:nimda pela Jai.-ry· 00
primeira metade do >éc ulo XVII [pp. 226-227]•. que se refere a todo o país (...)enquanto as importações \'ieram a conctntr.?r-se ll!i rolos de ~.i.:!<tts es:!El~­
_ 92_. •[OI declinio ci!s cidades fo i muito acelerado pelas políticas anti-urbanas seguidas pela nobreza alemã
onen.taL '" on i:ma. polaca e boémia. C.. J Um dos seus principais objectivos foi romper monopólios urbanos de
comertw eX(emo e interno. Escavam també m dctenninadas a pôr cobro à prática das cidades de acolherem c:IIllpo-
Hoszowski, Po/and ai rhe Xlth /n1erna1io11al ConKrrss. p. 129.
.
foca chegada de capual esrrangelfo [da lt:lha e da Alemanh• ~lendconal] .. Gestnn. ·
,
• Mais temfv."' do que a concorrência n:is áreas rur.iis para • .burgUõl:I ~;.=:
.

.
m..
pcri.t>:l<~
;'l.'\'IL ,_ óSO.
d<ri "'= lit
~ fugiu"os" . Jerome Bium, AmuJcan Hütorica l Rtriek·. LXII. p. 834.
._ 99. • Üs habitantes de Gdansk esUv:IIll bem conscientes das """rag~li=--= ~ 1 ~ oo.
93 . .. A Re fomu tev~ ~nu outra c~nseq uê ncia [na Élbia oriental]: fora da Prussia. os regentes tomaram·
•.do";"'
.
~ ~ doro<X de grand(-s dorrumos. de ~ira que os seus imeresses como senhores da terra coincidiam de então
~:::.t;.c~:.cx da nobret.3 e eram opostos aos das cidades em quesrões de comércio». Carsten. Tht OriginJ of
uma? .política com a Polónia. e portanto.,apc:sar da sua ongem alcnú
patrtc1os. mertadorc:s e homens de negócios d: Gdansk. h:ma uma foct, in<:
Gdansk) estava ansiosa por manter a sua umao com a Polónia. que era 3 10
::;=: da:
•io · 'raa Potóru:i. 1_ 1[A~ dr
pro>-p<ctdJJ< " H="l'Sl:i.

_ 9-!' - ·Sobretudo. foi 0 de<:linio duradouro e a subjugação das cid3des orientais que eliminou toda a rcsis- Poland ai lhe Xlth lmernario11al Congress . p. 141. , domi113ntemen:e C'-'.lOC~dlclassc
t~l1C1.2 30 1eva."l.U.7.enro d:J: oobrcz.a_ f ... ) . 100. • Ao contrário da Europa Ocidental. onde ocomér.:io m pre . m'!r<i<>CZ21'.CCOo os sa:smte-
0
médca, pcssoas_de.todos os níveis da sociedade rusS3 estavam hgadas 3 e!~~ 1 ~ todo~' impén~. t ...l Ti..'>-f'-..,_-o ':'
"-'nu ca..;.:,~~~:d:;..lde~~º..,':: cici.->des .mud'."1. fundamen ralmente o equilíbrio medieval da sociedade e c.essores, os princ1pes de Ki.-·, era 0 homem de negocios mais cm~es fl'.!l'.ll!'.ham ~ dc:r.i_m1os oru­
"'cidades imporu.=~c à p . - , outra. l" a Prúrn.a. o mesmo resultado foi conseguido pela cessão de rodas hm11avam os czares a negociar os produtos dos seus própnosd om'." 1º:,;..ários. >í'J.'?'N!'C>Y> toda a produç-"' d< um:i
95. KJ1.:d'"' l._~16H~~.:;; ~;:,~~~~I: ;·~~'?º ru, Kõnigs berg]•. /bid .. pp. 116, 147. gos. (... )Por vezes. o czar. através dos seus agentes cocn<rccais e ru:
comor.i·ll• . Bium. u.nJ a·.i· fo:='· P· tl9:
mercadona, ele\•ava 0 se:u preço e d~po1s compd1a os merca?or~ os a~C'Ol::-S ~ ncf:lX"'1os do cw. ~n!o.~1!
~: ~~:~':~~:::::.:;~;;';!;.}~~. . .~ . 11
'
d<! =<2!~ dn Bra.-idcn,_"'<irgo oram fenas P.,ias ci<iJd~ · p. l 86; "er Catsten: • Até ao S<!culo XVI ª' cxpo.uções
IOL «Apesar de negociarem por sua conta [o• gosnl ernro i
bérn ~ ll>.-s .ti,-.• rc<;x<'.s>b!lidadc
dos para a função de entre os comerciantes de maior sucesso no ~~ '1;;, co• emo. Em retomo per estes dc:,-eres
CS'.z C<ln!erc-~- Q,.,._-,do • m .,, !""..,... a "'"" mais eins;:,~~· que beneficiavam consideravelmente com ~~ctarem certos impostos e eram obrigados a pagar um3 '°.":,~ ui:do ,-,.,. En"'.osmcrodo~·::":
ÇlJll a mv><b • <:1fera do.=;m-->a urbana [p. ~ produZ!f CCrcaJS para o ~reado. ela come- eq fim 00 ,.;,'li!~ XJ\ com ba..C no ~
1701 ._ lhes concedido um estatuco especial próxcmo do da nobre t.a
Ver Feoc!o Gcrui~: •A bcr~ia C>lovcna ev 0 l . eram os mais famosos. De origem carnpon=. c~aram • subcr "'~r.:íais e ,~--ilis- Tomar.L":i: - ucn;
pro:cs.'IO !'CW- ~tri, do que à proc!oç~ fÜO.• - wu num sem ido oposto ao que podia ser e• pcrado dado o sa:; Com o tempo expandiram as suas acuv1dades • outnS em~diri2Cfl'.< ru explor.>Çll" CM'.<r.iol nq
<lc t:i1l:l!"..o, r:ia. fm. &mi<..Já ~ á.-u pe-~:I~ ela penr:"--icc1a hgada ao comércio. especialmen~ ao com&do pr pnetáJios de terras no Norte colonial e desenipenhar2!11 P"~ ° -
ª
:P c~ dos czm~ e dos -=bores. Eis porque ao da S1béria ... /bid., pp. 130-131.

312 313

Scanned by CamScanner
. uma burgµ5~ ~ ~trangeira J'l!i1_ ~burguesia indígena de um , , -
-actividades abertamente «anti-urbanas » na Europa Orient~I ~ • Com asce~são .dos «reizi-
19 1
ª com outro. Os mercadores alemaes que não encontravam pai era ~ bur~a estrangeira
nhos» na Polónia e do Gurslierrschaf r a leste do El~a. O .prmc1pe como propnet.áno de terras 1
de um am mais que bem recebidos na Polónia. e seni iam- ugar na~ ttooomias a bte do
linha poucas ra Tões nas suas prúprias necessidades 1med1atas para senll.r s1mpat1a pelos habi- Elba er• . 111'1 1 D ~ · se. como <iC com........,.- 1.
tanres das cidades c9J>, E com 0 decair das cidades a nobreza ~orn~u-se amda mais forte (14>, Na . amente agradecidos . . e ·~ct~. poder-se-ia especular !.Obre se a . "'~'"'~: po 1-
11c ração da burguesia ai ema nao se deveria ao facto de ter b .!Xl'>-d lenor capacidade de
Rú ssia Kluchevsky poderia falar do «crescimenlo extraordmanamente lento e doloroso das recupe , . , . , . - so re-.•1v1 o cm l u~s
•._ :.
cidade~ e das indústrias urbanas russas dur.rnte os s~cul~s XV.I .e XV~l » , mas ao menos
195 1 , ·aeaEslovema.NaRussia.pelocontrano. sebemqueos~,,....- · . . ~ comua
Po lon1 • . ~ • r.·1Clantes md1i;enas d~
tratava-se de crescimenro, não de decadência. Bium e mais pos111vo. Diz: . m com a concorrenc1a dos grandes proprietários de terras · 1 · ~,,. . - ..-·
rasse • . . . me ui.ouv r..s mos:e-iros e , .-
muito especialment~ o propno czar, ~on~eg~1ram . apesar de tudo. ;obr~vi\er '1'1;" Um fa;.or .~:: ,---r... .,
A nova importância das trocas na vida económica [no século XVI] foi marcada pela reemergência
que contribuiu p~ra ISSO fot que OS pnn_9p_!!t~ ITJr:!Cadores, COnJteci~ rorno
goJtf. tneram a - ,--' _,
da cidade cc mo cen1ro de indús1ria e comércio, e como mercado de produtos agrícolas e outros,
produzidos na Rússia e em países estrangeiros. As antigas cidades re~imaram-se, estabeleceram. possibilidade de JOgar O d,up~O papel c~o~1age~eJ _9~ sza~, tanto comercia! como fiscalmente. e,·:..::·_,
-se ouiras º º " as e algumas povoações rurais (co'."º. mostram _os ~ef; ~tos de terras de Novgorod) de mt;IS.3~<?.res por sua propna conta . Portanto. podiam C\'entualmentc pres;:iodll' d:!.\ ~i:as ;.,. ,, _ . -
começara m a a bandonar a agricultura pelo comerem e a industria .
6 0

Junta mente com a força das cidades desapareceu a força da burguesia comercial longo do século [XVI) <: .. ) ela n.ão parou de declinar lenrarr.ieme. apesar d! al!U'l' mcL'lon:nc·..:0< 1"1~"'"' c
sua situação• . .. Econo~1e et soc1été en Slové~cc au XVI' ; 1ecle., Al!JIQftJ ES.C _ XV!I. p. 68'7.
indíl!ena. As aristocracias locais não só arrebataram o comércio de exportação aos merca- ver Hoszowski: ~[A ge111ry polaca) nao quena apenas um rend1men:o do pro<b:o d:I ,.,, cm1 _ C-4' =-.'+.D
dore~ locais, «reduzindo-os ao papel de agentes» 1971, mas dividiram o comé:_c_~_51:._i~portação do comércio destes produtos. Por esta razão conseguiu. com legi>lação apropri>da da Sey:n. >''iCJ'.-.-.: li!r.t>óe de
trânsiJO no Vístula e nos seus afluentes. portanto hberdade em d1mtos alf;L-xitgános ~ prOOI!°' 1 pro1n e r.._,_
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negoc1.lrem em cereais e que proibia os mercadores pol::J.cos de venderem mercadorias polacas no estrangeiro e de todas as mercadorias importadas para uso n:is suas propnas propned.ldes e qumw . ~. pci'.1ca, a r!as>c f:I>lo.l pult!o-
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IOL «Apesar de negociarem por sua conta [o• gosnl ernro i
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:P c~ dos czm~ e dos -=bores. Eis porque ao da S1béria ... /bid., pp. 130-131.

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' '"'_.,,,l,.. ' ' ligações com o czar. e mesmo converter-se em seus rivais efectivos. E, em última análise, «a expcnação mais impc~ante da economia-mundo europeia. os tecidos
ter esperado que a mdustrra russa sucumbisse perante a concorrênci~erreno~ que se poderia
,1
:=:~.~~~ empresa privada foi de facto responsável por uma boa parte da expansão russa para o Pacífico i
aior parte do mercado de massa, e mesmo parte do d • ª mdustna local reteve
•-~ "'" ainda que só raramente com o apoio do Estado. e antes em concorrência com ele»t1021. ' am , . merca o de quahdade 0011 1
1
e, ~ • ., Quanto às indústrias artesanais. pareceram decair por todo o lado, em grande pane Poderramos fazer uma anáhse semelhante da razã0 1 •. · ' 1
0
arte da economia-mundo europeia 11081 É talvez . pe ªqual lmpeno 01omano não (,.....;.,. •
_.1,,:,,t,·.,..pnrque a ausência de barreiras alfandegárias pem1itia que os cada vez mais económicos pro- era p , . - ., mais interessante dedicar a nossa atençã ''< ,.,
_._,_ dutos da indústria europeia ocidental fossem mais baratos que os produtos locais t1011. Na à questão do comercto portugues no Oceano lnd.icoeàs suas diferenç . _ , .º .~ .·
atlântico espanhol. as em re 1açao ao comercio ~~ (' "'·
"'~•-. medida em que as indústrias locais sobreviveram. como por exemplo as rendas checas, foi
'~~~.:" servindo como indústrias domésticas rurais para casas comerciais exteriores à sua área li~) Temos de : omeçar por ~rescindir do mito do papel dos iurcos no crescimento do ! ,:;.~. , ,,
,. ,.~-""' - Tudo pesado, isco fazia uma certa diferença, dado que favorecia uma diversificação da agri: comércio portugues no Oceano l~dtco. ~nge de a ascensão do Império Otomano ter moli- r- -- <·--~;~
"~ ,--·-·. cultura e preparava o caminho para o posterior desen volvimento industrial da Boémiat1011. vado 0 encerramento do Medtterrane? onental à Europa Ocidental, moti\•ando assim a busca ·~- ,., •..:.
• Ri.< ·'-""'- Na Rúss ia. no entanto, dado que constituía a sua própria economia-mundo, parte do capital por Portugal da rota do Cabo para a Asia, reco~ece-se geralmente agora que as explorações ~ .:-:_-~· .•
,_..:._1.-<· acumulado foi aplicado no desenvolvimento industriaJ <1061. Mesmo no caso da indústria de ultramarinas de Portugal precederam a ascensao dos otomanos e que 0 declínio do comércio , ~r.·~·­
• ,., ,_;r.. J , . de especiarias no Mediterrâneo oriental foi anterior à entrada de Ponugal nele. De facto, •.. , . ..:· ..
___.. .. .!.
A. H. Lyber atribui precisamente a «decadência" do Levante não às resistências culturais .: -'- ,
~-<--'- ......:....v.""... -.......: ; 101. Foust. Jnurnat o/ Economic Hisrnry, XXI. p. 475.
, , ' 103. •Estas rel::ições comerciai s activas dos Países Baixos, assim como de outros estados oc idcn1 ais, com à tecnologia moderna, mas ao d~o~e~~t~r_!!!._cl~. ~pmé rcio, e portanto à não inclusão do r.~~ ~
~~ .,, .. ' ........._ os países bálticos. leva-nos a nota r de passage m que se a prospe ridade dos nobres polacos estava. por exemplo, Levante na economia-mundo europeia em expansão. :.::~ : :.:_,
,......_.,..... ... !"'I. . li gada à c;.::portação de trigo parda Holanda, então inversamen1e a imponação livre de mercadorias ocidentais ven-
didas a custo inferior e de melhor qualidade (especialmenle os recidos ingleses e holandeses) contribuíam para a [Os turcos] não foram agentes activos na obstrução deliberada das rotas. Não aumentaram gran- ...- ,~ ,
ruína da indlistria nacion.:tl. Do mesmo modo. as tendências monopolísticas cada vez maiores da frota holandesa demente, com a sua notória indiferença e conserndorismo, as dificuldades do tráfico oriental, ·-' ··.,...~·
lc"= gradualmente à ruina as frotas da.< cidades bálticas, incluindo a de Gdansk. o principal porto da Polónia.( ...) se é que as aumentanun de todo. Tão pouco tomaram imperafr•,:o o descobrimento de novas '":~~- •
Extraindo grandes lu ~ros da sua posição económica privilegiada no Báltico, nos Países Baixos. na Ingla-
terra e em breve na França, tiveram um interesse cada vez mais sério pelo que se estava a passar nesta pane da
rotas. Pelo contrário, saíram a perder com a descoberta de urna rota nova e mais "antajosa. Se
Europa. Primeiro de 1udo. estes estados desejavam preservar o seu comércio dos inconvenientes da guerra. Por não tivesse havido um caminho à volta da África. toda a história do Levante desde 1500 poderia
isso se podem not.'.lf _novos esforços de med iação nos conflitos [em 1617, 1629, 1635] ». Czalpinski, X/f Congrtr ter sido bem diferente. Em primeiro lugar. os sultões mamelucos poderiam Ler encontrado no
lnrernarional des Snences Hi.Horiques, Rapporrs, IV, p. 37. seu comércio ininterrupto suficiente apoio finanéelro que lhes pennitisse resistir com cxito ao
104. •Da segunda metade do século XVI em diante, começaram a ser concluídos contratos colectivos ataque dos turcos cm 1516. Mas se os turcos tivessem conquistado o Egipto enquanto a com:me
entre as casas comerciais alem.is de Nuremberga e de outras cidades. por um lado, e as corporações das rendas
checas por outro, que en\'olviam o empenho das corporações em entregar quantidades especificadas de rendas com principal do comércio oriental ainda passava por aí. ter-se-iam visto privados do controlo dcsus
um determinado nivel de qualidade, a preços fixados no contraio. rotas muito antes do que aconteceu na realidade, ou teriam tido que acomodar-se .ª º enonnc e
Após a Guerra dos Trin1a Anos. parece dar-se o caso de que a forma de entre ga colectiva pelas corpo-- crescente comércio através dos seus domínios. Neste último caso poderiam ter-se visto forçados
rações a ~asas comerciais já não podia assegurar, sob as novas condições da época. uma quantidade suficiente de
mercadoria para exponaçõcs ultramarinas. Tinham de desenvolver-se novas formas de produção e comércio. Esta-
belecer-se-ia então? sistema chamado de putting-our (\ler/ag.ssy.srem), cujos começos podem ser encontrados já no
Além do mais. os mercadores investiam pesadamente cm certas indústrias. como~ mincr.ição do sal~ Dl
século XVI. mas CUJO desenvolvimento complero só veio a aconlecer na segunda mcradedos séc ulos XVII e XVIII».
~· Klima e J. Ma~urek, • La question de la transition du fécxtalisme au capitalisme en Europe cenrralc (16'-18'
s1Ccles)•, lnternauanal Congre.s.s o/ Hisrorical Sciences, Estocolmo. 1960, Rapports. IV: Histoire moderne (Gotem-
indústria de ferro dos Urais,que se havia de revelar.de irnpon~cia considc~~·~:~sºc~~~~;':1~1~~~x:=
russos. Por conseguinte, a quantidade de mc~adonas esse~c1a1s à po_P~l~talowi:r Pasr P;t1tnt . n.' 13. p. 39.
&
burgo: Almq\'ist & Wikscll. 1960). 87. número de camponeses era arrastado par.ia teia da econom1.a .~crcanul ·. , ' lha e ~s tecidos nirko eram os mais
~05. "Uma característica especial demarcava a grande propriedade checa do século XVI e início do século 107. «Po rtanto, a nossa concl usão é que. nos lamf1c10s.'· ~ ~en~~~tran eiro Barbe.rini. Ele enfatlza, não
XVII. Ah rambém se observa o desenvol vimento da produção de cereais e da agricultura primária, mas ao mesmo comuns no séc ulo XVI ; isto é corroborado pelo tcstemunh~ do ' 1sJtanie . ~m de for.t: ··Mesmo a.\.sim. nas
sem arrogância, que os russos não sabem manufacturar tecidos e. q~e . ·~~
05
lei:"P'? ~oltavam-se p_ara. a tran~fonn~ção de_produtos agrícolas, por exemplo cerveja a partir de cereais e outros lação princip;i.Jmentc: a nir:tl.
pnnc1p~os de produçao rnd~ stnal. Foi e~f>:CCJalmente a fabricação da cerveja. que deu às propriedades checas, ao regiões rurai s eles fazem pano ordinário para uso das c~asses mais aix~~· r;~~ ª e ~~ ,·cndidos nos mercados
Esses são os tecidos de seriguilha; distinguem entre qualidade melhor, m 1 e ª1
~ontrário das grandes propnedades das vtztnhas Alemanha. Polónia e Hungria Setentrional (isto é, a Eslo\'áquia), os •

~u.s traços es~c1a1s. (... ) Uma outra feição específica da produção agricola checa em comparação com a de países das aldeias". . . ce incluía os iccidos de Qll;31ic!a.de. usados pelas
viz.mhos. p~1culanneme no século XVI, era o desenvolvimento da criação de peixe em viveiros.( ...) Mais ainda, a U~ segundo grupo. cons1deravelmcnte menos tmportan c;am rincipal~nte tecidos imporudos: ~n­
grande propnedade feudal procurou nas.terras checas penetrar também na produção industrial. Nos séculos XVI e classes mais altas da população, bem como pela cone do czar. Estes ~ . clufa ia.mbtm tecidos fei tos na Russ1a.
:evf~;;:,1:. ~~~J.~ ~;'~~;~ente envol vida na procura de minérios metálicos, na exploração mineira e na produção gos (de Bruges, Ypres. Brabante) e mais tarde ingl~ses. Mas csl:~~~;dºe~~ ~ankO\'. u mmMmrnr dts ~rix. p. 102.
Novgorod, cm particular. era célebre pelos seus tecidos de alta q 1 XVI cm rel•çio à Europ• s>o: Bernard
106: «As. condições para a acumulação de capital nas mãos duma classe nativa de mercadores foram 108. Dois artigos que discutem o Império Otorna;' do stc~r:dia islamica. XI. 1958. l ll-t27 ..c ôrncr
~=1110 muito mai~ favorá~eis n~ Rússia do que na Polônia, uma vantagem que era ainda maior porque a nobreza Lewis, •Sorne Reflections of lhe Decline of the Ouoman rnp•.rt._rnboul• Annalrs E5.C.• tX. 2. Abni-Junho
no co·~:~i~~~ug:~~ :~~~sénas no século XVI e no inicio do século XVII, não participou significativamente lutli Barkan. •"la Méditerranée" de Femand Braudcl vue d sta ' .
1954, 189-200. . Intima cnln: poder politico. cmnércio de long~a d~~
muito m:~~~m:e v::·/o%C:e que 0 c~pital _2 cumulado localme~te era usado para fins produtivos numa extensão
Ver o comentário de Otto Brunncr: .Na sua llgaç~o. .10 mais peno do tipo russo .Ide cconorn 1 d
d da Rll q . 1
ª·
O seu mvesttmento acelerava o ntmo da colonização nas regiões economicamente tância e comércio de artigos de luxo, Bizâncio ficava sem du~J~ m~ürgcrtum•. Vitrtel)l1hrschrif1 fwr So:ial· un
i:ª
:=i~c de p~:~~s~~~~a~ fronteira se ten?"lonal ~ do sudeste. Certamente que ajudava a. aumentar a
to para as necessidades internas do país como para o seu comércio externo.
que do [tipo! da Europa Ocidental•. •Europãishes und Russtsc cs
Wirrscliafrs8eschichtt. Xl, 1, 1953. 15.
315
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' '"'_.,,,l,.. ' ' ligações com o czar. e mesmo converter-se em seus rivais efectivos. E, em última análise, «a expcnação mais impc~ante da economia-mundo europeia. os tecidos
ter esperado que a mdustrra russa sucumbisse perante a concorrênci~erreno~ que se poderia
,1
:=:~.~~~ empresa privada foi de facto responsável por uma boa parte da expansão russa para o Pacífico i
aior parte do mercado de massa, e mesmo parte do d • ª mdustna local reteve
•-~ "'" ainda que só raramente com o apoio do Estado. e antes em concorrência com ele»t1021. ' am , . merca o de quahdade 0011 1
1
e, ~ • ., Quanto às indústrias artesanais. pareceram decair por todo o lado, em grande pane Poderramos fazer uma anáhse semelhante da razã0 1 •. · ' 1
0
arte da economia-mundo europeia 11081 É talvez . pe ªqual lmpeno 01omano não (,.....;.,. •
_.1,,:,,t,·.,..pnrque a ausência de barreiras alfandegárias pem1itia que os cada vez mais económicos pro- era p , . - ., mais interessante dedicar a nossa atençã ''< ,.,
_._,_ dutos da indústria europeia ocidental fossem mais baratos que os produtos locais t1011. Na à questão do comercto portugues no Oceano lnd.icoeàs suas diferenç . _ , .º .~ .·
atlântico espanhol. as em re 1açao ao comercio ~~ (' "'·
"'~•-. medida em que as indústrias locais sobreviveram. como por exemplo as rendas checas, foi
'~~~.:" servindo como indústrias domésticas rurais para casas comerciais exteriores à sua área li~) Temos de : omeçar por ~rescindir do mito do papel dos iurcos no crescimento do ! ,:;.~. , ,,
,. ,.~-""' - Tudo pesado, isco fazia uma certa diferença, dado que favorecia uma diversificação da agri: comércio portugues no Oceano l~dtco. ~nge de a ascensão do Império Otomano ter moli- r- -- <·--~;~
"~ ,--·-·. cultura e preparava o caminho para o posterior desen volvimento industrial da Boémiat1011. vado 0 encerramento do Medtterrane? onental à Europa Ocidental, moti\•ando assim a busca ·~- ,., •..:.
• Ri.< ·'-""'- Na Rúss ia. no entanto, dado que constituía a sua própria economia-mundo, parte do capital por Portugal da rota do Cabo para a Asia, reco~ece-se geralmente agora que as explorações ~ .:-:_-~· .•
,_..:._1.-<· acumulado foi aplicado no desenvolvimento industriaJ <1061. Mesmo no caso da indústria de ultramarinas de Portugal precederam a ascensao dos otomanos e que 0 declínio do comércio , ~r.·~·­
• ,., ,_;r.. J , . de especiarias no Mediterrâneo oriental foi anterior à entrada de Ponugal nele. De facto, •.. , . ..:· ..
___.. .. .!.
A. H. Lyber atribui precisamente a «decadência" do Levante não às resistências culturais .: -'- ,
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~~ .,, .. ' ........._ os países bálticos. leva-nos a nota r de passage m que se a prospe ridade dos nobres polacos estava. por exemplo, Levante na economia-mundo europeia em expansão. :.::~ : :.:_,
,......_.,..... ... !"'I. . li gada à c;.::portação de trigo parda Holanda, então inversamen1e a imponação livre de mercadorias ocidentais ven-
didas a custo inferior e de melhor qualidade (especialmenle os recidos ingleses e holandeses) contribuíam para a [Os turcos] não foram agentes activos na obstrução deliberada das rotas. Não aumentaram gran- ...- ,~ ,
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Extraindo grandes lu ~ros da sua posição económica privilegiada no Báltico, nos Países Baixos. na Ingla-
terra e em breve na França, tiveram um interesse cada vez mais sério pelo que se estava a passar nesta pane da
rotas. Pelo contrário, saíram a perder com a descoberta de urna rota nova e mais "antajosa. Se
Europa. Primeiro de 1udo. estes estados desejavam preservar o seu comércio dos inconvenientes da guerra. Por não tivesse havido um caminho à volta da África. toda a história do Levante desde 1500 poderia
isso se podem not.'.lf _novos esforços de med iação nos conflitos [em 1617, 1629, 1635] ». Czalpinski, X/f Congrtr ter sido bem diferente. Em primeiro lugar. os sultões mamelucos poderiam Ler encontrado no
lnrernarional des Snences Hi.Horiques, Rapporrs, IV, p. 37. seu comércio ininterrupto suficiente apoio finanéelro que lhes pennitisse resistir com cxito ao
104. •Da segunda metade do século XVI em diante, começaram a ser concluídos contratos colectivos ataque dos turcos cm 1516. Mas se os turcos tivessem conquistado o Egipto enquanto a com:me
entre as casas comerciais alem.is de Nuremberga e de outras cidades. por um lado, e as corporações das rendas
checas por outro, que en\'olviam o empenho das corporações em entregar quantidades especificadas de rendas com principal do comércio oriental ainda passava por aí. ter-se-iam visto privados do controlo dcsus
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belecer-se-ia então? sistema chamado de putting-our (\ler/ag.ssy.srem), cujos começos podem ser encontrados já no
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~· Klima e J. Ma~urek, • La question de la transition du fécxtalisme au capitalisme en Europe cenrralc (16'-18'
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XVII. Ah rambém se observa o desenvol vimento da produção de cereais e da agricultura primária, mas ao mesmo comuns no séc ulo XVI ; isto é corroborado pelo tcstemunh~ do ' 1sJtanie . ~m de for.t: ··Mesmo a.\.sim. nas
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~ontrário das grandes propnedades das vtztnhas Alemanha. Polónia e Hungria Setentrional (isto é, a Eslo\'áquia), os •

~u.s traços es~c1a1s. (... ) Uma outra feição específica da produção agricola checa em comparação com a de países das aldeias". . . ce incluía os iccidos de Qll;31ic!a.de. usados pelas
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Novgorod, cm particular. era célebre pelos seus tecidos de alta q 1 XVI cm rel•çio à Europ• s>o: Bernard
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1954, 189-200. . Intima cnln: poder politico. cmnércio de long~a d~~
muito m:~~~m:e v::·/o%C:e que 0 c~pital _2 cumulado localme~te era usado para fins produtivos numa extensão
Ver o comentário de Otto Brunncr: .Na sua llgaç~o. .10 mais peno do tipo russo .Ide cconorn 1 d
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to para as necessidades internas do país como para o seu comércio externo.
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a~ fornu.s modmla<. e 1 somu à 'ua =vi_lhosa C:!.pacidade P~ a unificação letritoriaJ o ê;<.ito partug uês, ?u de\'em~s somar-lhe .ª crença de que Por:ug1J ~foi pan a Ásia com
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urn e;qu-.ml paralelo de ori;:mi.zaç.ão do seu comercio. (._) A desl°:;J"º das rotas comerciais um espírito determinado a tnunfar. que fo1 1:1s forte que a \ C>nl:ide de rcsislir d05 po,·
não foi r<.1.li.urla pelos rurcos. mas apõM deles e em pr<juízo deles '.
05
asiáticos» , como mm te G eorge B. S~som • '? .T ah-cz., embora eu tenda a pensar que as" :..., l
e Num capítulo an te rior. tentámos explicar o com plexo de forças que dentro de Por.
uai idades culturais'. i:i1 s co_mo um ~pinto de ps1colog1a coicctiva. são prcxlam de coojun- ,· ,,
~ras estrUtu rais sociais muito especificas e que não sobrevi, cm duran:e demasiado tempo
.. ,.. • · tugal (e Espanha) levaram às explo rações do século XV e ao comércio ultramarino e impé.
rios do s.éculo X VI. É s urpreendente reflectir so bre como as mo tivações económicas da à sua base . ~ ~ l
Seja como for. desde cerca de 1509 . ano em que os portuguese1 denotaram a frota ;,..z-.-'~·
exp:ms2o ibérica apo ntavam marcadame~ t e para as áreas atlân ticas (o he mi s~é rio ocidental. ' pcia em D iu . a armada portuguesa manteve uma ~hegemoni a incontc, tada• ""'' no ,, ___:__, 1
se bem que eles o não soubessem. e a Africa Ocidental), m as não para a Asia._ainda que egieano Índico. Por acréscimo. durante o século XVI (mas Mi até 15i0 no q~ diz re peito ..:. '· .
a ideologia das ex plorações desse grande ênfase à busca de uma rota para as lndias. Por Oc irei tos de M alaca) os mercadores portugueses encontra,·arn-se não só ai mas nQmar , r ·-- ~-·
exemplo. quando Vito rino Magalhães G odinho enume ra longamente o s factorcs que domi- aos es . . . . -- ~ e. ~
da China. nas cos tas d a Afnca Ori_ental e Ocidental. no Atlântico Sul. ruc Terra Nova '. ,._. , '·
naram a fase inic ial da expansão pon uguesa (a falta de o uro. a escassez de cereais. a busca e. evidente me nte, na Europa. « Assim, presente em todo o lado. uma economia ponu·
de terras e escravos par:i a produção de açúcar. a necessidade de zonas pesque iras). não faz
uesa»t im. , . . . .
0 sistem a partuguês de controlo na As1a era basicamente muno scmples: uma frota :i. ~-. '"".
menção da pimenta, da espec iarias . drogas. sedas. porce lanas ~u pedras prec iosas. em g
suma. tudo aq uilo q ue os portugue ses importariam de fac to da Asia no século XVI '"º'· d esqua dras (uma para bloquear o mar Vermelho e a outra para patrulhar a t:ost.a oci- - ... •,._ 1
~las no último q uartel do sécu lo XV o interesse dos portugueses pelo comércio de espe- ~:nt~~a Índ ia) . um governador geral e_m Goa e sete fones na pe~feria"ª'· Com propósitos · · ':: ·~-~-.
ci arias desperto u ""'· e a bu sca do Prestes João fico u ligada a este interesse na mente do rei comerciais mantinham uma série de fetton as e es~belecerarn tres grandes c,::erc:u1os mter· ,..:. ,, ..
mediários, M alaca. Calicute e Ormuz. e um_a estaçao subs1d~ária em Aden . _.:.. maior fe1- '· .. .
11
D. João l i. " dado que o reino [do Preste João] lhe serv iria como estação de trânsito na rota
para a Índi a. donde os capi tães po rt ugueses trariam de volta aquela riqueza até então for· toria era Malaca , que se transform ou num g1 gantesc~ armazem e pono comercial . com uma
nec ida por Veneza»"'"· E o o uro da África Oci dental. mais a pime nta e as especiarias da localização quase obrigató ria porque as monções obngavarn os ban:os _à vela procedentes do
Ásia. constituiriam de facto mais de metade das receitas do Estado portug uê s por volta de leste a descarregarem aí ' ''°'. Esta estrurura foi desenvolvida pela pn~c1p:tl figura_ponug"':sa
1506. c rescendo desde então o peso do comérc io asiático até vir a co nstituir " ª base da eco- em ce na, Afonso de Albuquerque. que a elaborou como uma soluçao para os dilemas m1h·
nomia imperi a1>)º 131 • tares da empresa 0211•
Vasco da Gama c hegou. viu e conq uisto u muito mais e m ais rapidamente que Júlio
César. É sem dú vida e xtraordinário que em mui to poucos anos os nav ios portugueses domi· . deixaram de pousar na água... Isto nào cn ~tónca. So ~-u
nassem completame nte o extenso comércio do Oceano Índico. Qua l e ra a estrutura desta blfcos (nativos) desvaneceram-se e até os pássaros . . d' nu uest:s tinham dcsuuido c:ompktament: o
de qui nze anos desde a sua p~mci~ ~he~ada às águas~~:~ :~Scnkr d3 Conquista.. Ni "cg:açio e CorutrcKl
empresa e como conseguiu ela estabe lecer-se tão ra pidamente? poder naval dos árabes e o rei podia JUSt1ficada"_lcntc a...,......-. -,ed S ·1 82 137
A resposta à última questão é re lati vamente simples: a superio ridade tecnológica da Etiópia. Aráb ia, Pérsia e lndia"•. Cario M. Cipolla. Gun~~~C'\.I:'/' P~- ,.e; F~ Miuro .•Typcs óc r.1v~
do navio com can hões q ue tinha sido desenvolvido na Europa atlântica nos doi s séculos Para uma descrição de.mlh3.d~ dos barcos Po"::1:v1• et Xv1~i~~les•. Rm 1r ã histoirt mixlm v ~ c0«·
ct constructions navalcs dans 1 Atlanuque ponuga1s a
anteriores. e à q ual se t inha acrescentado em 150 1 uma inovação tecno lógica decisiva: ttmporaine, VI, J ulho-Agos<o 1959. 185- 193. di int< razio para duvid>r rh !ollficiCnru d.1
t 15. Citado aprovativamente por C.. R. Boxer. ~:brana :o~: como parece. À ~e o fJ•10
a incorpo ração de abe rturas para os canhões nos próprios cascos dos navios. em vez da sua
colocação na superstrutura '""'. Era este último ava nço tecnológico s uficiente para explicar
1 . de os ponu·
explicação tccnológ i~a: c. Co~tudo. o monopóh~ nãosera:ira fazer ~umprir em tod.ls as ocas~ e lu&ms· 05 fU:
0
g~cscs. nunca te.r~m udo navios de gu~rra suficient~. ~os e a naveg.ação nativa era frequent~~l! fmada ~ ( .
c1onános coloma1s corruptos eram fac ilmente suborna ·. th East IS00.. 1800 ... in H. V. LivCfllX)l'e. ed.. ortM
109. A. H. Lybyer. oitThc Otoman Turk s and lhe Roulcs of Orienu l Trade ,., English H istoricaJ Rtl'i(!H'. em nome de) me rcadores ponuguescs 11 • •The Ponuguc:~ ~xfo~d Univ. Prtss (Cl~). 1 953). 19 ·
· 1:al and Bra: il. an Jnrroduction (Londres e N~va lorqu · .
CXX. Que. 19 15 . 588.
11 6 . Godinho. L' fronomie de l' emp 1rt portugais. P· 18·
110. Godinho. L' icoflomie de/' rmpire portugais, pp. 40-4 1. Por um motivo, a Europa parecia estar bem
prov ida c.:om especiari as Yia Levante (\·er p. 537) e Godinho du \•ida de que ao tempo os ponuguescs li"·esscm mais 117. lbid .• p. t 9.
do que inte resses fu gazes e românticos nas esixc iarias: •Será que [He nrique j ou ouuos ponugueses deste tempo
11 8. Ver ibid .• p. 574.
orientavam verdadeirame me as suas activ idades para estes países de marav ilhas (no Oriente]'? Dific ilmenre parece 119. Ver ibid .• pp. 59 1, 595 . . ovam"' dir<ilOS dos (lO't"·
que sim: porque é que. o comércio ponuguês estaria n:t ahura intere ssado em desviar em seu proveito as rotas das 120. Ve r rb1d .• p. 594. poder maricimo 1gunl ama\ . posios tk g"3í·
especiarias" (p. 548]•. 121 . •À medida que rivai!i euro~us '.º m ho requeria apertada Ofi!Mlll3Ç3o cf ~~ ipoio naval.
111. Ver ibid .. pp. 43. 550-55 1. g~eses, a ~cfcsa do 1
vasto comérci~ ~ue 11 ~ ª sid:e::"uropcus e que aguenw sem q~ 41 Coquerquc. que
dtª'.
11 2. lbid .. p. 551. mção prec isavam de tropas que rcs1sussem ª at~ de tese pelo seu gov'm~r. Aforu,mt:rdo arravk do C'ntrc·
113. lhid., p. 83 1. Ver Quadro na p. 830. A resposta ponuguesa foi trabalhada cm fonna . d dcnics e para canal!W ° Ct _ concentrava o seu 1
11 4. 1o.O Jabrir de! ponos ) era de muito grande importãncia. Dava aos navios maiores a possibilidade de d!!senvolveu um plano para uma ~rie ,de fortes ma :~~és apenas do pono dt usix;~~uma sol~io pal'1 ~ ,
au~lenl a rc ~ enormemente o seu armament o. Montar os canhões no convés principal não só 10mou possível monw ~sto de Goa na Costa do Malabar e para ª Eur;~ico e do Golfo de Ad(m. e qu::it l/Ü!Or'! o{ [11ropt . l\ ·
munos mais mas lambém o uso de-peças muito maiores sem pôr em perigo a estabilidade do navio. (...) sistema de fens ivo na área vulncrá\•cl do Golfo P . Rich Comhndgt Ero
questão da mão-de-obra p<>r me io de populaçào mesuça-. ·
. ~~do os veleiros da Europ:1 Atlântica chegaram [ao Oce.ano indico ), dificilmente alguma coisa IheS
podcna rcm ur. Como 1\l buquerque orgulhos:imentc escreveu ao seu re i em 151 3• .. 30 rumor da nossa chegada os pp. 204.205.
317 .'

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-r
a~ fornu.s modmla<. e 1 somu à 'ua =vi_lhosa C:!.pacidade P~ a unificação letritoriaJ o ê;<.ito partug uês, ?u de\'em~s somar-lhe .ª crença de que Por:ug1J ~foi pan a Ásia com
!l
urn e;qu-.ml paralelo de ori;:mi.zaç.ão do seu comercio. (._) A desl°:;J"º das rotas comerciais um espírito determinado a tnunfar. que fo1 1:1s forte que a \ C>nl:ide de rcsislir d05 po,·
não foi r<.1.li.urla pelos rurcos. mas apõM deles e em pr<juízo deles '.
05
asiáticos» , como mm te G eorge B. S~som • '? .T ah-cz., embora eu tenda a pensar que as" :..., l
e Num capítulo an te rior. tentámos explicar o com plexo de forças que dentro de Por.
uai idades culturais'. i:i1 s co_mo um ~pinto de ps1colog1a coicctiva. são prcxlam de coojun- ,· ,,
~ras estrUtu rais sociais muito especificas e que não sobrevi, cm duran:e demasiado tempo
.. ,.. • · tugal (e Espanha) levaram às explo rações do século XV e ao comércio ultramarino e impé.
rios do s.éculo X VI. É s urpreendente reflectir so bre como as mo tivações económicas da à sua base . ~ ~ l
Seja como for. desde cerca de 1509 . ano em que os portuguese1 denotaram a frota ;,..z-.-'~·
exp:ms2o ibérica apo ntavam marcadame~ t e para as áreas atlân ticas (o he mi s~é rio ocidental. ' pcia em D iu . a armada portuguesa manteve uma ~hegemoni a incontc, tada• ""'' no ,, ___:__, 1
se bem que eles o não soubessem. e a Africa Ocidental), m as não para a Asia._ainda que egieano Índico. Por acréscimo. durante o século XVI (mas Mi até 15i0 no q~ diz re peito ..:. '· .
a ideologia das ex plorações desse grande ênfase à busca de uma rota para as lndias. Por Oc irei tos de M alaca) os mercadores portugueses encontra,·arn-se não só ai mas nQmar , r ·-- ~-·
exemplo. quando Vito rino Magalhães G odinho enume ra longamente o s factorcs que domi- aos es . . . . -- ~ e. ~
da China. nas cos tas d a Afnca Ori_ental e Ocidental. no Atlântico Sul. ruc Terra Nova '. ,._. , '·
naram a fase inic ial da expansão pon uguesa (a falta de o uro. a escassez de cereais. a busca e. evidente me nte, na Europa. « Assim, presente em todo o lado. uma economia ponu·
de terras e escravos par:i a produção de açúcar. a necessidade de zonas pesque iras). não faz
uesa»t im. , . . . .
0 sistem a partuguês de controlo na As1a era basicamente muno scmples: uma frota :i. ~-. '"".
menção da pimenta, da espec iarias . drogas. sedas. porce lanas ~u pedras prec iosas. em g
suma. tudo aq uilo q ue os portugue ses importariam de fac to da Asia no século XVI '"º'· d esqua dras (uma para bloquear o mar Vermelho e a outra para patrulhar a t:ost.a oci- - ... •,._ 1
~las no último q uartel do sécu lo XV o interesse dos portugueses pelo comércio de espe- ~:nt~~a Índ ia) . um governador geral e_m Goa e sete fones na pe~feria"ª'· Com propósitos · · ':: ·~-~-.
ci arias desperto u ""'· e a bu sca do Prestes João fico u ligada a este interesse na mente do rei comerciais mantinham uma série de fetton as e es~belecerarn tres grandes c,::erc:u1os mter· ,..:. ,, ..
mediários, M alaca. Calicute e Ormuz. e um_a estaçao subs1d~ária em Aden . _.:.. maior fe1- '· .. .
11
D. João l i. " dado que o reino [do Preste João] lhe serv iria como estação de trânsito na rota
para a Índi a. donde os capi tães po rt ugueses trariam de volta aquela riqueza até então for· toria era Malaca , que se transform ou num g1 gantesc~ armazem e pono comercial . com uma
nec ida por Veneza»"'"· E o o uro da África Oci dental. mais a pime nta e as especiarias da localização quase obrigató ria porque as monções obngavarn os ban:os _à vela procedentes do
Ásia. constituiriam de facto mais de metade das receitas do Estado portug uê s por volta de leste a descarregarem aí ' ''°'. Esta estrurura foi desenvolvida pela pn~c1p:tl figura_ponug"':sa
1506. c rescendo desde então o peso do comérc io asiático até vir a co nstituir " ª base da eco- em ce na, Afonso de Albuquerque. que a elaborou como uma soluçao para os dilemas m1h·
nomia imperi a1>)º 131 • tares da empresa 0211•
Vasco da Gama c hegou. viu e conq uisto u muito mais e m ais rapidamente que Júlio
César. É sem dú vida e xtraordinário que em mui to poucos anos os nav ios portugueses domi· . deixaram de pousar na água... Isto nào cn ~tónca. So ~-u
nassem completame nte o extenso comércio do Oceano Índico. Qua l e ra a estrutura desta blfcos (nativos) desvaneceram-se e até os pássaros . . d' nu uest:s tinham dcsuuido c:ompktament: o
de qui nze anos desde a sua p~mci~ ~he~ada às águas~~:~ :~Scnkr d3 Conquista.. Ni "cg:açio e CorutrcKl
empresa e como conseguiu ela estabe lecer-se tão ra pidamente? poder naval dos árabes e o rei podia JUSt1ficada"_lcntc a...,......-. -,ed S ·1 82 137
A resposta à última questão é re lati vamente simples: a superio ridade tecnológica da Etiópia. Aráb ia, Pérsia e lndia"•. Cario M. Cipolla. Gun~~~C'\.I:'/' P~- ,.e; F~ Miuro .•Typcs óc r.1v~
do navio com can hões q ue tinha sido desenvolvido na Europa atlântica nos doi s séculos Para uma descrição de.mlh3.d~ dos barcos Po"::1:v1• et Xv1~i~~les•. Rm 1r ã histoirt mixlm v ~ c0«·
ct constructions navalcs dans 1 Atlanuque ponuga1s a
anteriores. e à q ual se t inha acrescentado em 150 1 uma inovação tecno lógica decisiva: ttmporaine, VI, J ulho-Agos<o 1959. 185- 193. di int< razio para duvid>r rh !ollficiCnru d.1
t 15. Citado aprovativamente por C.. R. Boxer. ~:brana :o~: como parece. À ~e o fJ•10
a incorpo ração de abe rturas para os canhões nos próprios cascos dos navios. em vez da sua
colocação na superstrutura '""'. Era este último ava nço tecnológico s uficiente para explicar
1 . de os ponu·
explicação tccnológ i~a: c. Co~tudo. o monopóh~ nãosera:ira fazer ~umprir em tod.ls as ocas~ e lu&ms· 05 fU:
0
g~cscs. nunca te.r~m udo navios de gu~rra suficient~. ~os e a naveg.ação nativa era frequent~~l! fmada ~ ( .
c1onános coloma1s corruptos eram fac ilmente suborna ·. th East IS00.. 1800 ... in H. V. LivCfllX)l'e. ed.. ortM
109. A. H. Lybyer. oitThc Otoman Turk s and lhe Roulcs of Orienu l Trade ,., English H istoricaJ Rtl'i(!H'. em nome de) me rcadores ponuguescs 11 • •The Ponuguc:~ ~xfo~d Univ. Prtss (Cl~). 1 953). 19 ·
· 1:al and Bra: il. an Jnrroduction (Londres e N~va lorqu · .
CXX. Que. 19 15 . 588.
11 6 . Godinho. L' fronomie de l' emp 1rt portugais. P· 18·
110. Godinho. L' icoflomie de/' rmpire portugais, pp. 40-4 1. Por um motivo, a Europa parecia estar bem
prov ida c.:om especiari as Yia Levante (\·er p. 537) e Godinho du \•ida de que ao tempo os ponuguescs li"·esscm mais 117. lbid .• p. t 9.
do que inte resses fu gazes e românticos nas esixc iarias: •Será que [He nrique j ou ouuos ponugueses deste tempo
11 8. Ver ibid .• p. 574.
orientavam verdadeirame me as suas activ idades para estes países de marav ilhas (no Oriente]'? Dific ilmenre parece 119. Ver ibid .• pp. 59 1, 595 . . ovam"' dir<ilOS dos (lO't"·
que sim: porque é que. o comércio ponuguês estaria n:t ahura intere ssado em desviar em seu proveito as rotas das 120. Ve r rb1d .• p. 594. poder maricimo 1gunl ama\ . posios tk g"3í·
especiarias" (p. 548]•. 121 . •À medida que rivai!i euro~us '.º m ho requeria apertada Ofi!Mlll3Ç3o cf ~~ ipoio naval.
111. Ver ibid .. pp. 43. 550-55 1. g~eses, a ~cfcsa do 1
vasto comérci~ ~ue 11 ~ ª sid:e::"uropcus e que aguenw sem q~ 41 Coquerquc. que
dtª'.
11 2. lbid .. p. 551. mção prec isavam de tropas que rcs1sussem ª at~ de tese pelo seu gov'm~r. Aforu,mt:rdo arravk do C'ntrc·
113. lhid., p. 83 1. Ver Quadro na p. 830. A resposta ponuguesa foi trabalhada cm fonna . d dcnics e para canal!W ° Ct _ concentrava o seu 1
11 4. 1o.O Jabrir de! ponos ) era de muito grande importãncia. Dava aos navios maiores a possibilidade de d!!senvolveu um plano para uma ~rie ,de fortes ma :~~és apenas do pono dt usix;~~uma sol~io pal'1 ~ ,
au~lenl a rc ~ enormemente o seu armament o. Montar os canhões no convés principal não só 10mou possível monw ~sto de Goa na Costa do Malabar e para ª Eur;~ico e do Golfo de Ad(m. e qu::it l/Ü!Or'! o{ [11ropt . l\ ·
munos mais mas lambém o uso de-peças muito maiores sem pôr em perigo a estabilidade do navio. (...) sistema de fens ivo na área vulncrá\•cl do Golfo P . Rich Comhndgt Ero
questão da mão-de-obra p<>r me io de populaçào mesuça-. ·
. ~~do os veleiros da Europ:1 Atlântica chegaram [ao Oce.ano indico ), dificilmente alguma coisa IheS
podcna rcm ur. Como 1\l buquerque orgulhos:imentc escreveu ao seu re i em 151 3• .. 30 rumor da nossa chegada os pp. 204.205.
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1
Em geral. o comércio estava n~ mãos do Estado "m.. e quando o papel de PonugaJ rimeira 3 produzir-se, realizou-se «pela força bruta, não r _ . .l
·- c.omeçou a desvanecer-se em fins do seculo XVI o sector pnvado abandonou totalment 0 Poev eu-se fundamentalmente
. . a uma. superioridade
. pol·. po i\l')}
n1co-nava1 concorrenc1a pacífica»('"'•
diminuído comérc io. devido aos ri scos crescentes' 113 '. e A principal 1m~rtação da As1a para Li sboa era a pimenta.~ a . , 1
.• Numas poucas áreas. pequenas. os portugueses exerciam uma soberania directa. Em rias. Já em finai s do scculo XV~ antes_ de Ponugal entrar em cena, a Eu~menta e as_eSJ'C(:ia- 7,'." ,
algum as outras. tais como Coch im ou Ceilão. o governante local encontrava-se sob a «pr0- velmente um quarto da produçao da As1a 1110,: e para cobrir 0 aumento d pa consumia prova- r-;·:".
tecção" portu guesa. Mas na maior pane dos lu gares os portugueses não pretenderam gover- rodução asiá11ca duplicou ao longo do >écul o"l". Em t e procura da Europa. 'i , • _, .._,
aP . roca, o que a A ~1a obtinh · · .
ro •• •. • • nar polit icamente. «circulando e comerciando com respeito pelas leis. usos e costumes dos pa
· (mente da Europa eram metais preciosos, prata e ouroº'" A
_
.
· prata \'lnha cm g d
ª pnn t- " ._t·''"'---
estados em que se encontravam»'"' '. Como escreve Donald F. Lach. os europeus, naquela das Américas e do Japao º" '· O ouro parece ter vindo ao priocípio . .pal ran e.pane
época. «estavam interessados principalmente naqueles países onde uma unidade e uma auto- Ocidental depois do sudeste de África, de Sumatra e da China .~~oci mente da Africa
(I"'·
ridade central efectivas permitiam a existência de condições estáveis para o comércio e de um Dada a apaixonada acumulaç~o de metais preciosos pela Eur~. é "crclad•iramemc . ..
cl ima favorável para a evange lização » 1111 ' . estranho que esta espéc ie de _desequ1líbno. formal de pagamentos pmi~tis~ du~ie tanto '.:1; ·-·
Para apreci armos por que razão não consideramos a área comercial do Oceano Índico tempo. Mas se a Europa dese1ava o que a Asta lhe oferecia, parece que este era 0 preço que , .. - .
.1;,.,. .. .,.... ....
como pane da economi a-mundo europeia. apesar de estar tão completamente dominada por
-, uma potência europeia, devemos suce ssivamente exami nar o significado desta dominação pirJla1i .,..0 to , ver Trcvor-Roper, H.w orical Essays, p. 120, que por sua \'C:Z ~ baieii rnt C R. Bo-.cr. TM ChrL.~~ t-- ~.....;;..
para os paíse' asiáticos afectados, o seu significado para a Europa. e estabelecer uma com- CeillUf)' ;,, Japan . e Sansom. A lltstory o/ l apan. li, p. 268. · • -.....
128. Boxer, Porrugutst Seaborne Empirt. p. 46.
paração com aquelas panes da Américas que estavam sob domínio ibérico. 129 ... Fc~~zmen tc par~ os po~uguescs. no _u:mpo do ~u aparecimento nas águas da Â.~ a 05 im~ do
Parece have r pouca dúvida_de que um el emento importante na asce ndência fulgurante Egipto. Pérsia e V1Jayanagar nao possu1am nave gaçao armada no Oceano Indico, i..e l que pos~ulm\dc todo bmOll.
de Portugal. primeiro no Oceano Indi co e depoi s no mar da China. foi o «vazio de comércio e os barcos chineses estavam oficialmente con_íinJdos à navegação ao longo da cosLl d1 China. por da.."Wo impt:·
ria!». Boxc:r. in Li vennore, Portugal and Bra:1/, pp. 189- 190.
marítimo ... como lhe chama Trevor- Rope r, que ex istia naquela época em ambas as áreas: «Ü 130. Ver Godinho. L' économit der emp1re portugai5, p. 596.
va,10 comércio da Asia - do qual o comércio a longa distância com a Europa não era mais 13 1. Ver ibid .. pp. 58 1-582. 591: Boxer. Porrugum Stabornt fmpiu , p. 59.
que um fragmento - estava aberto ao primeiro que chegasse. Os portugueses chegaram e 132 . .. A pimenta era a principal mercadoria imponada do Oricmc. e: prata em OOsn era a r.xporuç'...o ~
cipal para a "Goa Dourada". (... J Na maior pane da stgunda me1adc do século XVI°" ncgoci;im"' de p1mma do
tomaram-no: e enquan to durou o vazio - até que a Europa lho arrebatasse ou a Ásia lhe ~fal abar recusavam aceitar pagamento cm algo que não ouro•. Bo.u r, Portugutu 5tabornt f.ftl,nirt . pp. 5; _6U
re istisse - fo i monopólio deles;>'"" · O \'3zio não era económico. mas político. porqu~ é Dever·se-ia notar que Chaunu sente que este comérciu cr.i uma boa pechincha para a EurojlJ: .. [X 120 1
150.000 toneladas de: especiaria~ foram compradas. quase sc: m rm:rtadorias de retomo, por 150 tor:-cbdas dt ooro.
decisivo para a compreensão da situação o facto de que os portugueses não criaram o comér- que: o peso da do minação tinha arrancado às débei s M>C iedadcs africanas. e uma quantidade de ~ciu dlf~1l 4!:
cio. Eles apoderaram-se de uma rede de comércio pré-ex istente. que naquele momento se calcular. ma.s de todo não comparável às 6lXXl toneladas cqui..,a.Jcnlc de prata que c-~ta \· am para 5.tt ~um:w •.
encon trava nas mãos de mercadores muçulmanos (árabes e gujarates) no Oceano Índico, e Conquête rt exp/oi10tion des no1o·eaux monde! (XV/' Jitrle J. C0Uec1ion ~ouvcllc Ctio 26 bu, IPilri!t: Prt»CS Uni--
de piram 1rnko no mar da China 11 27 '. A expulsão dos mercadores muçulmanos, que foi a vmitaires de Francc. l96'J). p. 323. . . .
133 . .:Foi só o comércio com a América que pennitiu a Europa descn\lol•ter o seu comemo as~tllO. Poo.s
sem a prata do Novo Mundo, especiarias, pimenta, $Cda, pedras preciosas e mais tarde portcbna. da OUna. lodos
. 12 ~ . .,Q mais ex1enso comé rcio marítimo empreendido pe lo ~tado era o comércio de Pon.ugal com a
sn
estes preciosos luxos não podiam ter sido adquiridos pelo Ocidcnte.-. Ch3UOU, illt . I. PP· 13-14. .
.. Q comércio com o Ocidente ati ngiu um ponto de viragem no período após a abcnun dlü muw de pr1U
f.nd1a e com O!io porto..\ intermediários na co~ 1a :ifricana - um comércio que desbravou um t.crreno completamente
mexicanas e peruana\, pois a sua produç~o fluia cm porção cum.iclcdvcl par.ta ~nina cm ~ 1 da scd1. por.i:~
no,·o. Dt!>odc º' :o..cus prime iros dias e até 1577. c~te comércio colonia l foi prJ licado e. tanto quanto eram respeitadas
e chá .. . Max Webe r. ReliKfrm o/ China , p. 5. Weber ind ica que a prata se ck prmava cm rcla\ào ao ouro n• Chir.a.
as forrna~ lt:~aí'\ que regu\a \' arn o comé rcio. emprctndido por conta do rei. com o 5CU risco e nos sc:us próprios
barcos. e: :ioó cm rnws ê1.apc ionai5 (íam dada'i lic..cnp .s pan o <:omcfrcio ind iano a mercadores privados. embora nesta allura. pas.ando de 4: 1 em 1368 para 8: 1 em 157~. 10: l em 1635.e 20:1 <rn 11; 7. A ridMle de~"""
al~o m::us fr~ucmcmt ntc para o co mérc io africano ... Heclschc: r. Altrcanttlu m . 1. P- 341.
., A seg uir à China o pnnc1pa.I país com quem Portugal come~cm 0 ~ra 0 Japao. . pimpe Sintr/'ortil·
l 2j "C<Jmudo. J parti r do fim do ...Cculo XVI. o infortünio ca.1u sobre a rola do Cabo, cujo tráfico decli- [no século XVII foi em grande medida devida à ex.pc1nação de rnc;taas pr~ios<X de!t~'- ~que lhr for-
nou c.0~1dera ' elmem(.!. Agora 05 ingk~s e O!> holandeses lraliam grandes carregamentos de pimenta e outras guese Trad t, p. 117. Foi a capacidade de Po~ugal _Pªra co~_11ol:11 ~ ~ormrc~;:: na
necc u pane dos metais preciosos com os 4ua1s pocha negociar_na A~ ia do S
f:t:º
. sb... 00 XVI. csti\'I im i·
e:-.pec1íma'i e droga, para J Europa. Esta é a raáo e'isencial porque. a part ir de 1597. o comércio voltou à.'i mJos 1
do Estado: os cmprt~n<x pnv:sdos Já n~o ou\av am a'i!t umir o ri ~o de formar companhias para a "colheil3" das
..o súbilo aumento na produção de ouro e: pr;1La. particularmente de prata. apos 0 •
mercado ria~ de retomo (" la ferme de tra:idll .. I. L.1 Os holJ.ndes.cs em~n haram·st: nas suas operJÇÕCS primiuvas. mamente ligado com ."º''OS desenvolvi~e ntos no co_mércio ~x temo. se 0 aumento conscqumtc dos lLICTOS
e~~ a c.c ne1...l ~e vbtertm luc r°' La.nto do comércio como do apresamento de barcos portugueses; os seus barcos . O dcscnvolv1memo do comércio com o Japa? ~r barros ponug.u~ . por~ ct"linc:sJ em brulo e
"' 1 ~JaV3.m ~ ra p~a l.i \.tm medo de il!aquc. o que não acontec ia com os portugueses. Portanto. os empresários fo i de facto resultado do comércio intermediário cons1sundo na troca de prata pponcs.a
~\'ado\ nao queriam 1n, esur o M= u capital; apena~ a aplicaçiio de pequenas somas. sendo a ma ioria do capital outras mcrca~o~as. . . . . i cr3 assegurar mcr<.-adonlS chif\CS.1:5 n~ 1tr·
1m·e!t.t1d1J ptlo fal<ldo . nlio b~i.ava para con.\tituir 1Jma companhia•. Godinho. L"économie d~ ft'mpirt portugaiJ. . O prmc1pal propósito do comércio aut~ro..ado por Hidcyosh e~uangei~. t5pteialmen~ de: ~ Japo-
pp. f/Jó-697 . cc1 ro pafs por causa da política Ming de proibir airacagcns de bate~ brilhante&: tkscnvol \ íl!'IC111D. e fCM nc-~
124. lbid.. p. 656. ne~s. no continente. O comércio externo japonês p~sav~ P?r um ~ 10 mJis alto,. .A.. . KoNU._. Tbe Prod,ut1C:
. 12 ~. Donald F. Lach. A..!10 in 1Jie MuJ.1r1g o/ Eur()pt, Vol. J: The Ctnrury o/ DiselJ\'U)' (Ch icago. lllinoi.s: período que a produçao de metais prcci~ no JapáO aungiu 0 !1-C pon . J(i.JU>l)' Rru <""·· 2.' !J.nc. XVll.L -·
Umv. of Chicago Pre<>. 19651. Livro ll. 827 -828. >nd Uses of Gold and Si lvcr in 16lh and t7 lh Cen1ury Japan•. [connmoe
126. H. R. Trtvor-Rorer. llw on ca/ En a)'J. p. 120. 1965, 245-246.
, 127. Sobre" t .l.p~ls.ão do'i muçu lmanos no Oceano Índic:.o. ver Godinho, L'économü de l'tmpirt portu- 134. Ver Chaunu, Cofll/Uétt, p. 316. .
;;ais. P- 63-0: C R. íloxcr. 1 ht Purru~ 1Jtu 5tabornt Empirt , pp. 45-48. Sobre os ponugucscs como substitutos doS 135 . Ver Boxcr, Portuguese Seabornt Emptrt , P· 60.
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Em geral. o comércio estava n~ mãos do Estado "m.. e quando o papel de PonugaJ rimeira 3 produzir-se, realizou-se «pela força bruta, não r _ . .l
·- c.omeçou a desvanecer-se em fins do seculo XVI o sector pnvado abandonou totalment 0 Poev eu-se fundamentalmente
. . a uma. superioridade
. pol·. po i\l')}
n1co-nava1 concorrenc1a pacífica»('"'•
diminuído comérc io. devido aos ri scos crescentes' 113 '. e A principal 1m~rtação da As1a para Li sboa era a pimenta.~ a . , 1
.• Numas poucas áreas. pequenas. os portugueses exerciam uma soberania directa. Em rias. Já em finai s do scculo XV~ antes_ de Ponugal entrar em cena, a Eu~menta e as_eSJ'C(:ia- 7,'." ,
algum as outras. tais como Coch im ou Ceilão. o governante local encontrava-se sob a «pr0- velmente um quarto da produçao da As1a 1110,: e para cobrir 0 aumento d pa consumia prova- r-;·:".
tecção" portu guesa. Mas na maior pane dos lu gares os portugueses não pretenderam gover- rodução asiá11ca duplicou ao longo do >écul o"l". Em t e procura da Europa. 'i , • _, .._,
aP . roca, o que a A ~1a obtinh · · .
ro •• •. • • nar polit icamente. «circulando e comerciando com respeito pelas leis. usos e costumes dos pa
· (mente da Europa eram metais preciosos, prata e ouroº'" A
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.
· prata \'lnha cm g d
ª pnn t- " ._t·''"'---
estados em que se encontravam»'"' '. Como escreve Donald F. Lach. os europeus, naquela das Américas e do Japao º" '· O ouro parece ter vindo ao priocípio . .pal ran e.pane
época. «estavam interessados principalmente naqueles países onde uma unidade e uma auto- Ocidental depois do sudeste de África, de Sumatra e da China .~~oci mente da Africa
(I"'·
ridade central efectivas permitiam a existência de condições estáveis para o comércio e de um Dada a apaixonada acumulaç~o de metais preciosos pela Eur~. é "crclad•iramemc . ..
cl ima favorável para a evange lização » 1111 ' . estranho que esta espéc ie de _desequ1líbno. formal de pagamentos pmi~tis~ du~ie tanto '.:1; ·-·
Para apreci armos por que razão não consideramos a área comercial do Oceano Índico tempo. Mas se a Europa dese1ava o que a Asta lhe oferecia, parece que este era 0 preço que , .. - .
.1;,.,. .. .,.... ....
como pane da economi a-mundo europeia. apesar de estar tão completamente dominada por
-, uma potência europeia, devemos suce ssivamente exami nar o significado desta dominação pirJla1i .,..0 to , ver Trcvor-Roper, H.w orical Essays, p. 120, que por sua \'C:Z ~ baieii rnt C R. Bo-.cr. TM ChrL.~~ t-- ~.....;;..
para os paíse' asiáticos afectados, o seu significado para a Europa. e estabelecer uma com- CeillUf)' ;,, Japan . e Sansom. A lltstory o/ l apan. li, p. 268. · • -.....
128. Boxer, Porrugutst Seaborne Empirt. p. 46.
paração com aquelas panes da Américas que estavam sob domínio ibérico. 129 ... Fc~~zmen tc par~ os po~uguescs. no _u:mpo do ~u aparecimento nas águas da Â.~ a 05 im~ do
Parece have r pouca dúvida_de que um el emento importante na asce ndência fulgurante Egipto. Pérsia e V1Jayanagar nao possu1am nave gaçao armada no Oceano Indico, i..e l que pos~ulm\dc todo bmOll.
de Portugal. primeiro no Oceano Indi co e depoi s no mar da China. foi o «vazio de comércio e os barcos chineses estavam oficialmente con_íinJdos à navegação ao longo da cosLl d1 China. por da.."Wo impt:·
ria!». Boxc:r. in Li vennore, Portugal and Bra:1/, pp. 189- 190.
marítimo ... como lhe chama Trevor- Rope r, que ex istia naquela época em ambas as áreas: «Ü 130. Ver Godinho. L' économit der emp1re portugai5, p. 596.
va,10 comércio da Asia - do qual o comércio a longa distância com a Europa não era mais 13 1. Ver ibid .. pp. 58 1-582. 591: Boxer. Porrugum Stabornt fmpiu , p. 59.
que um fragmento - estava aberto ao primeiro que chegasse. Os portugueses chegaram e 132 . .. A pimenta era a principal mercadoria imponada do Oricmc. e: prata em OOsn era a r.xporuç'...o ~
cipal para a "Goa Dourada". (... J Na maior pane da stgunda me1adc do século XVI°" ncgoci;im"' de p1mma do
tomaram-no: e enquan to durou o vazio - até que a Europa lho arrebatasse ou a Ásia lhe ~fal abar recusavam aceitar pagamento cm algo que não ouro•. Bo.u r, Portugutu 5tabornt f.ftl,nirt . pp. 5; _6U
re istisse - fo i monopólio deles;>'"" · O \'3zio não era económico. mas político. porqu~ é Dever·se-ia notar que Chaunu sente que este comérciu cr.i uma boa pechincha para a EurojlJ: .. [X 120 1
150.000 toneladas de: especiaria~ foram compradas. quase sc: m rm:rtadorias de retomo, por 150 tor:-cbdas dt ooro.
decisivo para a compreensão da situação o facto de que os portugueses não criaram o comér- que: o peso da do minação tinha arrancado às débei s M>C iedadcs africanas. e uma quantidade de ~ciu dlf~1l 4!:
cio. Eles apoderaram-se de uma rede de comércio pré-ex istente. que naquele momento se calcular. ma.s de todo não comparável às 6lXXl toneladas cqui..,a.Jcnlc de prata que c-~ta \· am para 5.tt ~um:w •.
encon trava nas mãos de mercadores muçulmanos (árabes e gujarates) no Oceano Índico, e Conquête rt exp/oi10tion des no1o·eaux monde! (XV/' Jitrle J. C0Uec1ion ~ouvcllc Ctio 26 bu, IPilri!t: Prt»CS Uni--
de piram 1rnko no mar da China 11 27 '. A expulsão dos mercadores muçulmanos, que foi a vmitaires de Francc. l96'J). p. 323. . . .
133 . .:Foi só o comércio com a América que pennitiu a Europa descn\lol•ter o seu comemo as~tllO. Poo.s
sem a prata do Novo Mundo, especiarias, pimenta, $Cda, pedras preciosas e mais tarde portcbna. da OUna. lodos
. 12 ~ . .,Q mais ex1enso comé rcio marítimo empreendido pe lo ~tado era o comércio de Pon.ugal com a
sn
estes preciosos luxos não podiam ter sido adquiridos pelo Ocidcnte.-. Ch3UOU, illt . I. PP· 13-14. .
.. Q comércio com o Ocidente ati ngiu um ponto de viragem no período após a abcnun dlü muw de pr1U
f.nd1a e com O!io porto..\ intermediários na co~ 1a :ifricana - um comércio que desbravou um t.crreno completamente
mexicanas e peruana\, pois a sua produç~o fluia cm porção cum.iclcdvcl par.ta ~nina cm ~ 1 da scd1. por.i:~
no,·o. Dt!>odc º' :o..cus prime iros dias e até 1577. c~te comércio colonia l foi prJ licado e. tanto quanto eram respeitadas
e chá .. . Max Webe r. ReliKfrm o/ China , p. 5. Weber ind ica que a prata se ck prmava cm rcla\ào ao ouro n• Chir.a.
as forrna~ lt:~aí'\ que regu\a \' arn o comé rcio. emprctndido por conta do rei. com o 5CU risco e nos sc:us próprios
barcos. e: :ioó cm rnws ê1.apc ionai5 (íam dada'i lic..cnp .s pan o <:omcfrcio ind iano a mercadores privados. embora nesta allura. pas.ando de 4: 1 em 1368 para 8: 1 em 157~. 10: l em 1635.e 20:1 <rn 11; 7. A ridMle de~"""
al~o m::us fr~ucmcmt ntc para o co mérc io africano ... Heclschc: r. Altrcanttlu m . 1. P- 341.
., A seg uir à China o pnnc1pa.I país com quem Portugal come~cm 0 ~ra 0 Japao. . pimpe Sintr/'ortil·
l 2j "C<Jmudo. J parti r do fim do ...Cculo XVI. o infortünio ca.1u sobre a rola do Cabo, cujo tráfico decli- [no século XVII foi em grande medida devida à ex.pc1nação de rnc;taas pr~ios<X de!t~'- ~que lhr for-
nou c.0~1dera ' elmem(.!. Agora 05 ingk~s e O!> holandeses lraliam grandes carregamentos de pimenta e outras guese Trad t, p. 117. Foi a capacidade de Po~ugal _Pªra co~_11ol:11 ~ ~ormrc~;:: na
necc u pane dos metais preciosos com os 4ua1s pocha negociar_na A~ ia do S
f:t:º
. sb... 00 XVI. csti\'I im i·
e:-.pec1íma'i e droga, para J Europa. Esta é a raáo e'isencial porque. a part ir de 1597. o comércio voltou à.'i mJos 1
do Estado: os cmprt~n<x pnv:sdos Já n~o ou\av am a'i!t umir o ri ~o de formar companhias para a "colheil3" das
..o súbilo aumento na produção de ouro e: pr;1La. particularmente de prata. apos 0 •
mercado ria~ de retomo (" la ferme de tra:idll .. I. L.1 Os holJ.ndes.cs em~n haram·st: nas suas operJÇÕCS primiuvas. mamente ligado com ."º''OS desenvolvi~e ntos no co_mércio ~x temo. se 0 aumento conscqumtc dos lLICTOS
e~~ a c.c ne1...l ~e vbtertm luc r°' La.nto do comércio como do apresamento de barcos portugueses; os seus barcos . O dcscnvolv1memo do comércio com o Japa? ~r barros ponug.u~ . por~ ct"linc:sJ em brulo e
"' 1 ~JaV3.m ~ ra p~a l.i \.tm medo de il!aquc. o que não acontec ia com os portugueses. Portanto. os empresários fo i de facto resultado do comércio intermediário cons1sundo na troca de prata pponcs.a
~\'ado\ nao queriam 1n, esur o M= u capital; apena~ a aplicaçiio de pequenas somas. sendo a ma ioria do capital outras mcrca~o~as. . . . . i cr3 assegurar mcr<.-adonlS chif\CS.1:5 n~ 1tr·
1m·e!t.t1d1J ptlo fal<ldo . nlio b~i.ava para con.\tituir 1Jma companhia•. Godinho. L"économie d~ ft'mpirt portugaiJ. . O prmc1pal propósito do comércio aut~ro..ado por Hidcyosh e~uangei~. t5pteialmen~ de: ~ Japo-
pp. f/Jó-697 . cc1 ro pafs por causa da política Ming de proibir airacagcns de bate~ brilhante&: tkscnvol \ íl!'IC111D. e fCM nc-~
124. lbid.. p. 656. ne~s. no continente. O comércio externo japonês p~sav~ P?r um ~ 10 mJis alto,. .A.. . KoNU._. Tbe Prod,ut1C:
. 12 ~. Donald F. Lach. A..!10 in 1Jie MuJ.1r1g o/ Eur()pt, Vol. J: The Ctnrury o/ DiselJ\'U)' (Ch icago. lllinoi.s: período que a produçao de metais prcci~ no JapáO aungiu 0 !1-C pon . J(i.JU>l)' Rru <""·· 2.' !J.nc. XVll.L -·
Umv. of Chicago Pre<>. 19651. Livro ll. 827 -828. >nd Uses of Gold and Si lvcr in 16lh and t7 lh Cen1ury Japan•. [connmoe
126. H. R. Trtvor-Rorer. llw on ca/ En a)'J. p. 120. 1965, 245-246.
, 127. Sobre" t .l.p~ls.ão do'i muçu lmanos no Oceano Índic:.o. ver Godinho, L'économü de l'tmpirt portu- 134. Ver Chaunu, Cofll/Uétt, p. 316. .
;;ais. P- 63-0: C R. íloxcr. 1 ht Purru~ 1Jtu 5tabornt Empirt , pp. 45-48. Sobre os ponugucscs como substitutos doS 135 . Ver Boxcr, Portuguese Seabornt Emptrt , P· 60.
319
318 i
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. . r:i " " " um sentido fundamen tal em que a Ásia n:io era pane da
• tinhl ue ,,:ir. 1sto apon - ,,..-- _ . _ cio ;mr 1-as i:íti co viu-se r.1 i n::i li zado. Não obstante. J. e. van Lcur n'i .• . _ •
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.- ·:.:_:.: •. ~-onumia-mund europei:i neste tempo. dado q ue de 1)()()a 1800 as rel açoes da Europa co~ suficiente p:rr::i f::il::tr de mudJnp soc ial : ' ixns:i que t>IO sr33 • ::.: : ~""·
::; .:__ . os e-;;::!.rl :isiáti.:-os .. foram onduz:id:is ordman amente num quadro e nos tem10s esta~Ieci­
· - .-, •.:. d _pelas nuºôes asi:iticas. Sal ,·o 3queles que \'J\' J:lm em alg~n s ~ucos encl:n es coloniais. os
o regi sto c~l~niJI ponug~:.s (...) n3o im_roduzi u um ó d emento < onómico nm u no comfrci
do Sul dJ A >IJ. ( ... ) O rc ~nne ponugue; ap.:n:is imroduLi u um cscoado"ro n:io in• " '
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• .e_, .:uropeus esr:n am rodos al i numa siru:ição de roler.inci:i » 1. '.· ~i sto ªP".s.ar da superioridade
1
'. - es trutura ~x1 ~t cnt c dt" tra~s portc C' comérci o. O pen"odo ~l'guim~ lo dos ho il ndeses} t~~~i~~:
· , -::· ·-' milit:!I cb Europa. Porque temos de record:rr que esta supenondade m1ht:rr era apenas uma no ~eu tem ~ ~~ nov~1 s_1ste1m d~ comfrri o t~ _ fr:te" estr nt.~iros. introduziri a pc.ne-l~tt.· s~ re~
Hp:::: ·uperioricbde n:n·attir•. . . .
Dum ponto de vista asiático. os comerciantes portugueses drfenam num aspecto fun-
l:içoes co mc.:rc1 a 1:;. e cn:m a n ov~ s l om1 ~s econ0m1cas na EuropJ - t:?h rz nj o ·:-orno n:suh.:ido
directo. mas antes como um d,·scnrn ll'l mc•nto parJ ldo poie 1 ildo r-:lo >istema. (... )
' ~ _,. dzment.al dos qu:: 05 tinham precedido historicamente. Os co~1prador:s ~ram «não merca- o cad cter inte.mac'.onol do comeJ'('io ª.'dtico mante\ e·sc. enqu;imo que a indcpend · nno políu ~a
.:,.l.. ~-: dore · · _ empres:irios pri"ados - . mas antes «uma fonrndavel potencia naval que agia dos estados onentats pemianeceu pra11camen1c mtocJdJ pela inll uênria europeil . ..\ ~nndc rotn
comercial intra-asi:ítica conservou iodo o seu s ign ificado '' ' ~'. •
_ em nome dum Estado estr.lilgeiro. em benefício dos seus mercadores e dele próprio,. (1Js1_
'.~.. ~- -· • ·rSto sürnifi cava que is rela~ões comerciais - de facro, os preços - eram fixados por meio A literatura sobre o temJ tende a apoiar :i apreci:iç:io de Van Leur P·''". Os ponugueses
''; ~~ de tr.lt~dos reçonhecidos pela le i internacional. !\las estados tinham que. tr:1tar co m estados. chegar.1m e depararam com uma tl orescenre eco nomia-mu ndo. Organizaram-na um pou 0 ~ ••
::.5' ~=~· E ws portugueses demorou-lh es algum tempo a acos tumar-se ao alto nÍ\'el de di gnidade melhor e levaram algun s bens p:ua casa como recompe nsa pel os seus csfol'Ç'Os. A organiu :io ' · . -.-· . -· ·
;: •·-:--. ·.:.:..~e s t.atal que enconrraram 1m 1. lnicialmente. os portugueses estavam desejosos de obter os social da economia, bem como as superstruturas políticas. perm aneceram em gnnde pane~-.· · ~- ' ..
::, - -~n orme s benefícios que as capturas podiam oferecer-lhes. mas ao fim de dez bre ves anos intactas. A mudança principal teve lugar na produção de pimenta. a única cspeciariJ que .. deu .~ ··;•-<,
'.~:-:: deram con ta de que esta era uma política de muiro pouco akance ' '.:-01. Tr.msfonnaran1- se origem a uma produção mass iva» ' 1 ~ 7 '. Mas a tecnologia d:i pimenta é t.:'i o simples que se exigia :~:-- ~- ~ ...
1
então em árbitros e intermediários do comércio imra-as iáti co. cujos lucros utilizaram para muito pouca mão-de-obra para expandir a produção tomando-a mJi s extensiva. porque a .... "~
·-~~ · • - c:ipitalizar o comércio da rota do Cabo. trazendo tanto especiarias como metais preciosos pimenta tem uma propriedade imponante: «Uma vez plantada, não é preciso preocupar-s~ ,_ ..., • i1
.._e..... • p;in Portugal. Era. como diz Godinho, um «sonho grandioso », uma «empresa desmesu- (1:
mais com ela» 51. Portanto, um século de domtnJÇào ponuguesa apenas s1gn1 fico u para a ~ , "..::
l
. -. · - .. rada» "· Sacrific= os metais preciosos (e mais) pelas especiarias. mas conseguiram maior pane da Asia que os lucros os obu veram os ponugueses em \ez dos árabes. O hi sto-
um • comércio intra-asiático centralizado» e isso era «algo totalmente no\'O na Asia» '1' :J.
Traduzido em termos da economia-mundo europeia. o papel dos portugueses como inter-
riador indiano K. M . Pannik.kar resume esta perspecti va dizendo:
·\
Não fazia diferença alguma parJ os governantes indianos que os seus mercadorr ,·end<ss<m
• . me.diários signi ficava que «uma boa parte das importações europeias derivavan1 de expor-
:·-~~:·;_t.ações invisíveis de serviços de transporte e comerciais» 1" 31. O grau ~m que o co~é':io
intra-as iático era central para a economia da presença portuguesa na Asia toma-se v1s1vel
as suas mercadorias aos ponugueses ou aos árabes. De facto. os ponugueses linhm1 urm van-

1-15. J. C. \'an Lcur. Jndnnesian Trade atlll Sorirry (H3b: Ho<ve Ltd .. 1955). 11 8-11 9, l ó5 . ~ lesmo ~lci­
ll
·--~· , pelo facto de que foi só ao fim de 75 anos. em 1578, que o primeiro navio expresso foi de link-Roelo fsz. que em ger.il é resen ado ace.rca d:i an3 lis( de! van Leur. vê umJ imponamc mudançJ como ocor-
1

rendo apen as qu : mlo ao século XVII : ~ o pn·sentt.~ estudo só se prop(k moslr.lr quC' jl n.J primei r::J. mcud do _éru1o
,..,_ ,._ ~. Lisboa a Malaca " ""l. XV H (. .. ) a asc ende nc ia e uropeia estJ\":l a começar a man ifrstar-se. uind:i que - ~jJ prontJ.m('ntc 3rlrnm o -
.:.--~..,;... A sim, para a Asia os comerciantes portugueses significaram duas coisas: os comer- isso não fosse ass im em todo o l:tdo o u t~m todos os aspt.~ctos .... As ian Trucfr. pp. l0- 11 . .
;:. _.r _,;.. ci3J1tes asiáticos tinham que tratar com um Estado como agente de comerci3J1tes, e o comér- 146. e. O s ponu gueses n:lo tc:ri i m t·on s1.~t, uido. em ~u in1t· anos. ('l"'rOtrol~r mc:-t3d~ do com~ rno no ÜC'C':m~
Índico caso não 1ivc:-ssem incorporado e 1ra nsct•ndi do uma expt"riê-nciJ 1..k mil anos e n:io m e.s~m s.1do t:<m cap;izcs
de edificar so bre o que j á exis1ia. As suas ro1as im punham um:i nova hi cra n.tui:i; d as d~s \·i:t,·am ~ co~! e.s d:
~.::..-v-~ '·~ 136. Lach. AJia in rht Making of E11mpt, Livro 1, p. xii. Ver Braudel: •Nos séculos XVI e seguin1cs. l~fico mais im ponantes. M :i.s. no fundo. deixaram int:tclos mil :mos d( comuniC;l\'Õt': S e trocns. A rno luç:m J""r·
--.. .- ... •.... ..-. na ''ll5~ área asiática que produz.ia especiarias. drogas e seda, circulavam portanto moedas preciosas de ouro luguesa é r.ipida. porque res1ringida ao au p: ·:- ~h_:. 1 u nu. CN1t/t1ht. P·_177. • .ndi,·"duosem xmcos
- - -~.. e e.<pecul~n 1e de prata [cunlud:J.S no Medi1emineoI. (...) As grandes descobenas podiam virar do avesso ro1:is cc A P.re sença dos portuguese s nJ lnd1a 1 ~ 1 c scass~m1 c n1 e sc~t1 J a . a nao sc-r_~r P?ucos 1 1 . _ 1 ~I
1 .._ ,,.... e pm;os. das nado pod iam mudar da realidade fundamemal {dum défice de pagamentos)• La M éd11trrone<. lugar:~- ( ... ) E pro vá.\"c l que s~ os ponugliescs 11 vt·sst~m :. 1 banc~onado o ~u impén o 1~dmno no ~"~!i~~ ~:~~~rns
,_ .....,_,.,,, 1. p. 422. eles tl\esse m a1 é . .k1x ado mt~ nos marc as que os gre ~os. os c11as e os partos - rn.h cz alfUnt . ~
1
P~lavras mu1il::!das na linguagl':m dos bazares. algum~a~ comunid:\Ck s tfr gcner.1da...4' de san.gue- ~\~~; ; 1 ~~~ ~ª:~:~
1
,_./, "'. 137 . .. Em bora os. eu:o~us \' iajassem co m aparente facilidade ao longo das rotas marítimas da Ásia. rara-
~ .. , ....::!- me_llt~ pe.~trav~ ?º s P':nc1pa.1s estados continentais e só com dificuldade o faziam. E no século XVI nunca dições de svanecentes de c.uemiros e padn" s es1ran cc1ros:-.. Gcor~ e B. Sansom. Tht \\ esrtr · '
~tJ ~~~m e ~ posu;ao de ~m por 3. sua ''OnU?c sobre os go\'em31ltes impe.riais da Índia ou da China; as grande.s (Nova Iorque: Knopf. 195ÕJ. 87. • _ . · las nu~u<SCS. a srQuir
ca ~u~s poh tic 3 ~ e cult ur.u s d o cominente astático de modo algum se sentiam ameaçadas pelas suas ann~. Lach. . «M alaca, como ccn1ro vital de comé rci o. t..·on11nua. 1m: smo npós s sun l .t1.p1Ura _ re po S; 9 •
An a rn th~ M alang o/ Europe. Livro 1. p. xii.
Práticas comerciais de há mui lo e_s~~1bekcidJS!». Lich. A~ia in _ rhe ~:~J.:ing 01 Eur''';~~':rr:~;!· ~ ~u~ posição era
138. G,odinho. L'iconomie de l'tmpire porrugais, p. 619.
re . te Só a sua annad:l pç-m1111~1 4,UC' o ponug ut·~c~ con1111 u:is~~ r~ , na :"'u:i. e. fJcm m t'.' ll('IS .:i. propri:ido que as
rc1
ª
. d< r _ u 9. \.cr maravil.hosa hisiória do passo cm falso de Vasco da Gama ao encontrar pela primeira vez 0
.....,11cu1e in Godinho. 1bid .. pp. 588-590. ~ária. ~3 guerra em 1crra. o se u : mn~un~nlo superi or de pou~o \ J ll,1. Stll~O- de~Jm rf'nfmn mdos com nllmeros
140. Ver ibid ., pp. 627-629. mui:s nar1v~s para co~bater em terre-no tro~i_ra~ . Além do .m ~1 ~:_os ~e-un1~ ~:1dos :to cl imii. As~im. l Olon~o d~
141. lbid.. pp. 630.631. tocto 0 superiores de ~~uivos que estavam famtl1an zados com .l i e~ i.:m 1.: .KO .•lu ~ uenl à \'Olla dos ~ us t" o.: tabck d -
142. MciJink-Roelofsz. Asian Trade, p. l t9. rnem~:éculo. XVI a mlluência ponugucsa pennan<rcu confinoda u uma :ln: • f" q ·
:~· ~?,'tia, Guru a~~ Sails-.p. 136. costeiros• . Meilink-Roelofsz. Asiw1 Trade. I'· 124.
. God inho. L economit dt /'empirt porrugais, p. 655. 147. Godinho, L't•co11omie de /'empire pnrw,:aiJ. J'. 5n.
148. lbid., p. 578 .

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. . r:i " " " um sentido fundamen tal em que a Ásia n:io era pane da
• tinhl ue ,,:ir. 1sto apon - ,,..-- _ . _ cio ;mr 1-as i:íti co viu-se r.1 i n::i li zado. Não obstante. J. e. van Lcur n'i .• . _ •
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· - .-, •.:. d _pelas nuºôes asi:iticas. Sal ,·o 3queles que \'J\' J:lm em alg~n s ~ucos encl:n es coloniais. os
o regi sto c~l~niJI ponug~:.s (...) n3o im_roduzi u um ó d emento < onómico nm u no comfrci
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• .e_, .:uropeus esr:n am rodos al i numa siru:ição de roler.inci:i » 1. '.· ~i sto ªP".s.ar da superioridade
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· , -::· ·-' milit:!I cb Europa. Porque temos de record:rr que esta supenondade m1ht:rr era apenas uma no ~eu tem ~ ~~ nov~1 s_1ste1m d~ comfrri o t~ _ fr:te" estr nt.~iros. introduziri a pc.ne-l~tt.· s~ re~
Hp:::: ·uperioricbde n:n·attir•. . . .
Dum ponto de vista asiático. os comerciantes portugueses drfenam num aspecto fun-
l:içoes co mc.:rc1 a 1:;. e cn:m a n ov~ s l om1 ~s econ0m1cas na EuropJ - t:?h rz nj o ·:-orno n:suh.:ido
directo. mas antes como um d,·scnrn ll'l mc•nto parJ ldo poie 1 ildo r-:lo >istema. (... )
' ~ _,. dzment.al dos qu:: 05 tinham precedido historicamente. Os co~1prador:s ~ram «não merca- o cad cter inte.mac'.onol do comeJ'('io ª.'dtico mante\ e·sc. enqu;imo que a indcpend · nno políu ~a
.:,.l.. ~-: dore · · _ empres:irios pri"ados - . mas antes «uma fonrndavel potencia naval que agia dos estados onentats pemianeceu pra11camen1c mtocJdJ pela inll uênria europeil . ..\ ~nndc rotn
comercial intra-asi:ítica conservou iodo o seu s ign ificado '' ' ~'. •
_ em nome dum Estado estr.lilgeiro. em benefício dos seus mercadores e dele próprio,. (1Js1_
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''; ~~ de tr.lt~dos reçonhecidos pela le i internacional. !\las estados tinham que. tr:1tar co m estados. chegar.1m e depararam com uma tl orescenre eco nomia-mu ndo. Organizaram-na um pou 0 ~ ••
::.5' ~=~· E ws portugueses demorou-lh es algum tempo a acos tumar-se ao alto nÍ\'el de di gnidade melhor e levaram algun s bens p:ua casa como recompe nsa pel os seus csfol'Ç'Os. A organiu :io ' · . -.-· . -· ·
;: •·-:--. ·.:.:..~e s t.atal que enconrraram 1m 1. lnicialmente. os portugueses estavam desejosos de obter os social da economia, bem como as superstruturas políticas. perm aneceram em gnnde pane~-.· · ~- ' ..
::, - -~n orme s benefícios que as capturas podiam oferecer-lhes. mas ao fim de dez bre ves anos intactas. A mudança principal teve lugar na produção de pimenta. a única cspeciariJ que .. deu .~ ··;•-<,
'.~:-:: deram con ta de que esta era uma política de muiro pouco akance ' '.:-01. Tr.msfonnaran1- se origem a uma produção mass iva» ' 1 ~ 7 '. Mas a tecnologia d:i pimenta é t.:'i o simples que se exigia :~:-- ~- ~ ...
1
então em árbitros e intermediários do comércio imra-as iáti co. cujos lucros utilizaram para muito pouca mão-de-obra para expandir a produção tomando-a mJi s extensiva. porque a .... "~
·-~~ · • - c:ipitalizar o comércio da rota do Cabo. trazendo tanto especiarias como metais preciosos pimenta tem uma propriedade imponante: «Uma vez plantada, não é preciso preocupar-s~ ,_ ..., • i1
.._e..... • p;in Portugal. Era. como diz Godinho, um «sonho grandioso », uma «empresa desmesu- (1:
mais com ela» 51. Portanto, um século de domtnJÇào ponuguesa apenas s1gn1 fico u para a ~ , "..::
l
. -. · - .. rada» "· Sacrific= os metais preciosos (e mais) pelas especiarias. mas conseguiram maior pane da Asia que os lucros os obu veram os ponugueses em \ez dos árabes. O hi sto-
um • comércio intra-asiático centralizado» e isso era «algo totalmente no\'O na Asia» '1' :J.
Traduzido em termos da economia-mundo europeia. o papel dos portugueses como inter-
riador indiano K. M . Pannik.kar resume esta perspecti va dizendo:
·\
Não fazia diferença alguma parJ os governantes indianos que os seus mercadorr ,·end<ss<m
• . me.diários signi ficava que «uma boa parte das importações europeias derivavan1 de expor-
:·-~~:·;_t.ações invisíveis de serviços de transporte e comerciais» 1" 31. O grau ~m que o co~é':io
intra-as iático era central para a economia da presença portuguesa na Asia toma-se v1s1vel
as suas mercadorias aos ponugueses ou aos árabes. De facto. os ponugueses linhm1 urm van-

1-15. J. C. \'an Lcur. Jndnnesian Trade atlll Sorirry (H3b: Ho<ve Ltd .. 1955). 11 8-11 9, l ó5 . ~ lesmo ~lci­
ll
·--~· , pelo facto de que foi só ao fim de 75 anos. em 1578, que o primeiro navio expresso foi de link-Roelo fsz. que em ger.il é resen ado ace.rca d:i an3 lis( de! van Leur. vê umJ imponamc mudançJ como ocor-
1

rendo apen as qu : mlo ao século XVII : ~ o pn·sentt.~ estudo só se prop(k moslr.lr quC' jl n.J primei r::J. mcud do _éru1o
,..,_ ,._ ~. Lisboa a Malaca " ""l. XV H (. .. ) a asc ende nc ia e uropeia estJ\":l a começar a man ifrstar-se. uind:i que - ~jJ prontJ.m('ntc 3rlrnm o -
.:.--~..,;... A sim, para a Asia os comerciantes portugueses significaram duas coisas: os comer- isso não fosse ass im em todo o l:tdo o u t~m todos os aspt.~ctos .... As ian Trucfr. pp. l0- 11 . .
;:. _.r _,;.. ci3J1tes asiáticos tinham que tratar com um Estado como agente de comerci3J1tes, e o comér- 146. e. O s ponu gueses n:lo tc:ri i m t·on s1.~t, uido. em ~u in1t· anos. ('l"'rOtrol~r mc:-t3d~ do com~ rno no ÜC'C':m~
Índico caso não 1ivc:-ssem incorporado e 1ra nsct•ndi do uma expt"riê-nciJ 1..k mil anos e n:io m e.s~m s.1do t:<m cap;izcs
de edificar so bre o que j á exis1ia. As suas ro1as im punham um:i nova hi cra n.tui:i; d as d~s \·i:t,·am ~ co~! e.s d:
~.::..-v-~ '·~ 136. Lach. AJia in rht Making of E11mpt, Livro 1, p. xii. Ver Braudel: •Nos séculos XVI e seguin1cs. l~fico mais im ponantes. M :i.s. no fundo. deixaram int:tclos mil :mos d( comuniC;l\'Õt': S e trocns. A rno luç:m J""r·
--.. .- ... •.... ..-. na ''ll5~ área asiática que produz.ia especiarias. drogas e seda, circulavam portanto moedas preciosas de ouro luguesa é r.ipida. porque res1ringida ao au p: ·:- ~h_:. 1 u nu. CN1t/t1ht. P·_177. • .ndi,·"duosem xmcos
- - -~.. e e.<pecul~n 1e de prata [cunlud:J.S no Medi1emineoI. (...) As grandes descobenas podiam virar do avesso ro1:is cc A P.re sença dos portuguese s nJ lnd1a 1 ~ 1 c scass~m1 c n1 e sc~t1 J a . a nao sc-r_~r P?ucos 1 1 . _ 1 ~I
1 .._ ,,.... e pm;os. das nado pod iam mudar da realidade fundamemal {dum défice de pagamentos)• La M éd11trrone<. lugar:~- ( ... ) E pro vá.\"c l que s~ os ponugliescs 11 vt·sst~m :. 1 banc~onado o ~u impén o 1~dmno no ~"~!i~~ ~:~~~rns
,_ .....,_,.,,, 1. p. 422. eles tl\esse m a1 é . .k1x ado mt~ nos marc as que os gre ~os. os c11as e os partos - rn.h cz alfUnt . ~
1
P~lavras mu1il::!das na linguagl':m dos bazares. algum~a~ comunid:\Ck s tfr gcner.1da...4' de san.gue- ~\~~; ; 1 ~~~ ~ª:~:~
1
,_./, "'. 137 . .. Em bora os. eu:o~us \' iajassem co m aparente facilidade ao longo das rotas marítimas da Ásia. rara-
~ .. , ....::!- me_llt~ pe.~trav~ ?º s P':nc1pa.1s estados continentais e só com dificuldade o faziam. E no século XVI nunca dições de svanecentes de c.uemiros e padn" s es1ran cc1ros:-.. Gcor~ e B. Sansom. Tht \\ esrtr · '
~tJ ~~~m e ~ posu;ao de ~m por 3. sua ''OnU?c sobre os go\'em31ltes impe.riais da Índia ou da China; as grande.s (Nova Iorque: Knopf. 195ÕJ. 87. • _ . · las nu~u<SCS. a srQuir
ca ~u~s poh tic 3 ~ e cult ur.u s d o cominente astático de modo algum se sentiam ameaçadas pelas suas ann~. Lach. . «M alaca, como ccn1ro vital de comé rci o. t..·on11nua. 1m: smo npós s sun l .t1.p1Ura _ re po S; 9 •
An a rn th~ M alang o/ Europe. Livro 1. p. xii.
Práticas comerciais de há mui lo e_s~~1bekcidJS!». Lich. A~ia in _ rhe ~:~J.:ing 01 Eur''';~~':rr:~;!· ~ ~u~ posição era
138. G,odinho. L'iconomie de l'tmpire porrugais, p. 619.
re . te Só a sua annad:l pç-m1111~1 4,UC' o ponug ut·~c~ con1111 u:is~~ r~ , na :"'u:i. e. fJcm m t'.' ll('IS .:i. propri:ido que as
rc1
ª
. d< r _ u 9. \.cr maravil.hosa hisiória do passo cm falso de Vasco da Gama ao encontrar pela primeira vez 0
.....,11cu1e in Godinho. 1bid .. pp. 588-590. ~ária. ~3 guerra em 1crra. o se u : mn~un~nlo superi or de pou~o \ J ll,1. Stll~O- de~Jm rf'nfmn mdos com nllmeros
140. Ver ibid ., pp. 627-629. mui:s nar1v~s para co~bater em terre-no tro~i_ra~ . Além do .m ~1 ~:_os ~e-un1~ ~:1dos :to cl imii. As~im. l Olon~o d~
141. lbid.. pp. 630.631. tocto 0 superiores de ~~uivos que estavam famtl1an zados com .l i e~ i.:m 1.: .KO .•lu ~ uenl à \'Olla dos ~ us t" o.: tabck d -
142. MciJink-Roelofsz. Asian Trade, p. l t9. rnem~:éculo. XVI a mlluência ponugucsa pennan<rcu confinoda u uma :ln: • f" q ·
:~· ~?,'tia, Guru a~~ Sails-.p. 136. costeiros• . Meilink-Roelofsz. Asiw1 Trade. I'· 124.
. God inho. L economit dt /'empirt porrugais, p. 655. 147. Godinho, L't•co11omie de /'empire pnrw,:aiJ. J'. 5n.
148. lbid., p. 578 .

320 321

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c;::u ncnte um luxo mas Ião pouco de tinada :-.os qu· :--ni:'Tl iu i.u 3 ir.aux parte e.ame. njo • ~'·· ,......, · <
E.>tJ · 3 r.u5<>por que . ape >.:1r de ~as ,·111pn:s.1s dos rei s ponugueses ( ...)combinarem
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·vel de vida crescente na Europa e um equilíbrio mu~"·i al _._ """" Oiauri u. que om um
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i11lenta se ia convcnendo cada vci menos num luxo ..A .,_ rn•~s•-~-~Urnu..,
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· A,i a. in.:lumdo as ~,: i ôes costeiras do Oce:\flo Indico. não se tomou pane da economia- Quando aparece pela primei.ra vez [a pimcma] no Otidaiic? Trad::~mnn· •
·mundc europeia nu sé ulo X\'I. :\ ,Í.sia era uma arena externa onde a Europa comerciava, vários marcos Ua/011.<I. O pnme1ro são os contamx entre 0 Oriemc e 0 ~ -><i~lam-><: J-. • r •'"""··
00
_' ob' iamt·nte cm rem10s um t:imo desiguais. Isto <!. elementos de monopólio impostos à força rãneo nos sécul os XII e Xfll. no 1em po da.' Crnzadas Para >e . Med.1cr-
interferiam ·om :is ,1 perJ~ôes de men:ado. Existiu. utili zando a fra se ~e Chaunu. uma «con- em consideração dois fac1orcs. O aumento do cons~o da pi~ ~IS c.tactCJ!.. ~.j qu. l!>n'.lt!
qui . t.:i r:ilassocr:iticav " ' ' ' por pane de Ponugal. mas a vida interna da As ia continuou basica- logo. ao aum~nto do consumo de carne no, S<'uil°' XIV e X~~ se-:- Lg · •:let.d<
mente intacta apesar deste contacto. Seria sem dúvid:i difícil defender que a produção primária lecido. Mui10 mais duradouro, no entanto. 0 desen,olvunemo ·d" •
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c~..menie e tabç.
ie C'\QlJC.ma:\ ,.,:; coru.J...-rno que
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asi:ítica faz.ia pane nesta época da divi são europeia do trabalho. implicavam produtos custosos e procedentes de mui:o longe P"'..I<X<-m:: in>cpari>tl d. .,n !ia
Podem encontrar-se provas adicionais se observannos o impacto do comércio asiá- na sit~açào de poder em r~lação aos séculos XII .e Xlll. As especiona; íom::d d°' ro::u wr.d:~- J
do. / sewloj XIII const1tu1am um luxo. Consegu.i-las e"g1a arnpli. r C'-'< pt.d::r ~"" p::nruu n• h
tico ponuguês sobre a Europa. A Europa não conquistou a Ásia no século XVI porque não
Cristandade oc1de_ntal des:nvol\'cr len=eme o seu po1eoci:!.l [/t /rr.i dérol!t mt'11 .k srs ""'"tr.r].
podia faz.!-lo. A sua vantagem militar existia apenas no mar urn. Em terra estava a recuar
fa e :i in\'estida otomana ns.>i e este equilíbrio militar só mudaria com a Revolução Indus-
Este poder pemutm ao Ocidente conseguir uns após O'.ltros esses di' =
esu::iuk--c~ d:l>
gustativas e do sistema nervoso que a Cnstandade latinJ. tinha sido menos hábil em prnd:uirqw:
f. :
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trial , 1!~ l . as civilizações orientais 11 ~s 1 •


O que a Ásia fornecia à Europa nesta época eram bens de luxo. Ora os beos de luxo
são imponantes e nada desprezáveis. mas ocupam um segundo lugar em relação à comida Seja como for. na medida em que a pimenta não era um luxo mas uma ~-=si- -
(cereais. gado. peixe. açúcar) e à força de trabalho necessário para a produzir. Também dade, a mais imponante em q11a111idade, se não em preço. era precis:unente a malacueta d:! .' 1
fican1 em segll!ldo lugar em relação aos metai s preciosos, não como metais preciosos ente- Áfri ca Ocidental. não os produtos asiáticos ""'. -
sourados. mas como dinheiro (ainda que fosse coisa de magia os metais preciosos poderem Não existe, evidentemente, nenhuma dúvida de que o comércio asiáti 0 foi rClllà ~/ t:::-=:.v.-.·
ser utili zados como dinheiro. estando a magia na poss ibilidade do seu uso eventual como para Ponugal. No fundo. era isso que dele se esperava. Godinho gasta 25 pá2inas a a\'aliá-lo. - '~-:~·-1·
~ men:adoria. se fosse preciso). Em comparação com a comida, e mesmo com os metais precio- Um só exemplo, talvez espectacular. bastará. O valor em moeda ponufuesa-da; rne:r.adori- s '::';~:":..
sos. uma economia-mundo pode adaptar-se com relaliva facilidade a oscilações no forneci-
mento de bens de luxo.
156 . «Achamos hoje em dia difícil imaginar a imporúncia dJ.5. es-pcci:1ri1! no ~-ulo XVt. 1... ) .. • ~.amo.
q~ando o :1ç úc~r era quase desconhecido. quando nio havia r.em rcfrigcr?ção nem rO:-I"\ M dr: Jm~CClO ~, ?'O('Cí-
c1on~r algo .ma1 ~ que carne tempc!r.ida com especiari:is ou ~ I no Inverno. quando hJ\'il rou--"'\lS ' ef~.....U pi.~ pro-
149. K. M . ~annikar. Asia and n-'l'Slt'm Domi11nnce. p. 53. porc!o.nar ~ lt~mmas e variedade à dieta. e quando as especiari as ou oucras drog-.u orirnai~ Íorma \ .'.!..'11 .a jll11'lirrpal
150. Fredenc C. Lane. \Ienice arid /-li.<101)'. pp. 426-427 . mmena ml'd 1ca. es tas tinham um lug~ realmente im1xn·t.111h! no comércio dJ. Europl.• . Rot'-c:'ri..500.. Soct:h A;nro'1
151. Boxcr. Porru guese Seabonu• Empire. p. 57 . J~iir~al 0! Economics , XVIll, p. 42. Contudo. não é v\!'rdadc. como Yimos. q~ o a.;úor fos..~ q_nu~r ~sro­
. 151 . C_hau_nu ._Cnnq_uére. P- 2~5. Ver C. ~ - Boxcr: (•O ve lh o i.mpério colonial ponuguês era esscncialmc:mc n c~ i do nesia ahura. Estava a ser inh:nsi v am~ nte planeado nas ilhas do Med.itc-rrãnco e do :\rlir..tiC'o e a se mtro-
u~a t.::1 la.ssocr3 cia. u~ i_mpéno con~ i: rc 1al e mari11 mo, quer quando principalmente envolvido com as especiarias do duz.ido no Bras il e mais tarde nas Cara1bas.
Onc_n.te. quer ~o m os r"icrJ\'OS da Africa Ocide ntal. o a!fÚCar. o tabaco e o ouro do Brasil. Era contudo um império . 157 · Deve no entanlo ter-se em mente a hil:rJrqu ia de:: importinc ia... A pim-:r.ts erJ rd.mnmanc rr.Jis
~3!lll mo fur~di<lo num mo lde eclesi:h1ico e militar... Ract• RL'lmions in /}/ (." P o rrUR U(."St! Colonial Empirt 1415·1825 1?lpor1ante. do que as ou1ras especiarias. Chaunu obs,er\'a: .. A pimcn1a não cr:i considC'rad.?. no .:v.ntrr:w dll' 'iéculo
1 .ondrcs e l'ova Iorq ue. Oxford Uni v. Press (Clarcndon). 1963), 2. ' ~~r~~~ma cs. pe~iaria. ~ pimenta . esta infanlari::i de palác io e da conse-r\'ação da c:ulle. aio t:., e o ~sti~>O du espe·
alumeni~·~.~·ln:·~~h~:i~!arm rela tiva d~s curo.peu~ só exis1ia no ~1:ir. Em (erra continuaram durante muito tempo • no scnllclo cstrno do tenno , nem das drogas ... Cc111 q11êtt'. p. 200.
quana década do !.éc~io ·>/J~~·'··~uro~ us foram inca pazes de criar uma anilharia de cam~ móvel e eficaz até à 15 8. l/Jid .. pp. 316-3t7. O sublinhado é nosso.
... l59 . <> O comércio de especiarias africano rc:prcsenta,·a pira Ponugal um n>lumc ~ tráfk.'O nourvdmtntc
Os europeus sem iam gera.Jmcnie qu. q 1 .
r~giào as iá~ica imcrior não linha hipó(eses de csu~e:!~ec~.. '.~ntauva para estenderem o seu conlrolo sobre qualquer ~la~ s elevado do que o de quaisquer outras c-speciarias asiática.-; qu~ nfto a pimcnD r o gcns;ittt.. ~ frequentmtentc
dnaior ~ue a sua soma total. Por si só, a malague1a excedia qu3.sc:- con~1amem:-·ntc o genjti~- É claro ~e 0 prrç,o
Ainda cm 1689 ._, força.• da Compaoh ' d f d . . .
dos graos era só uma fracção do preço d.ls especiarias orientais: em MJJ\'"O de' 1 5~. um qumr.al cu Ll\"li 8 cruz.a·
na Índia•. Cipolla, Gwu ond Sails . pp. IJS. :ª ~~ n ias Onema1s eram compleramente destroçadas em terra.
141 14
15-'· •Ao passo que a Europa se cMava a . os. ao passo que o da pimenta se vendia por 22 . a canell por 32 e 33. e o g<noibre por IS < 19· Apesar do seu
d.
prcdo.mínio nos cont incmcs da Á.~i a . África e A t:Ã ~an ir ousadament~ no ~ar e a i~por agn:ssívamente o seu preço b::iixo, o valor lotai da malagueta igualava freque-n1emcnte. e por "·ezes ITlC.'.Smo C:\ccdia.. 0 de "ªd.J um d:t..~
prcss;i.o das forç3s 1urcas >-. lbid., p. 140 . ménc.as, na sua fronteira onental reurava av1sadarnente sob a ~~tras. cs~ciarias. exceptuando a pimenta e o geng.i brc. pois 200 quin~s de ~I):) a 8 rnu.a.10S ~e ?Ma . 1•506• 1 ~ 1 1
155. • A conquisl.<.I ou o comrolo efccti vo d . de"'; iguais em val or a 500 de canela a 32 cruzados ou 3 8-IO d< g<11g1bre a 19 cru zados•. Godinho~~:';::; ~ 0
como um dos subprodutos da Revolução Indu strial 1>.º~,~~·~º:.C~~ ~bre as vasu.~ rcgilks interiores veio mais tarde
6 los dempir_e portugais. p. 547 . Ver pp. 539-542 para as dtscriçôcs t·otl111c;1s e localiza.,"ÕCS geozrafic
· ª

1J
Afnca Ocidental.

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c;::u ncnte um luxo mas Ião pouco de tinada :-.os qu· :--ni:'Tl iu i.u 3 ir.aux parte e.ame. njo • ~'·· ,......, · <
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i11lenta se ia convcnendo cada vci menos num luxo ..A .,_ rn•~s•-~-~Urnu..,
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· A,i a. in.:lumdo as ~,: i ôes costeiras do Oce:\flo Indico. não se tomou pane da economia- Quando aparece pela primei.ra vez [a pimcma] no Otidaiic? Trad::~mnn· •
·mundc europeia nu sé ulo X\'I. :\ ,Í.sia era uma arena externa onde a Europa comerciava, vários marcos Ua/011.<I. O pnme1ro são os contamx entre 0 Oriemc e 0 ~ -><i~lam-><: J-. • r •'"""··
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_' ob' iamt·nte cm rem10s um t:imo desiguais. Isto <!. elementos de monopólio impostos à força rãneo nos sécul os XII e Xfll. no 1em po da.' Crnzadas Para >e . Med.1cr-
interferiam ·om :is ,1 perJ~ôes de men:ado. Existiu. utili zando a fra se ~e Chaunu. uma «con- em consideração dois fac1orcs. O aumento do cons~o da pi~ ~IS c.tactCJ!.. ~.j qu. l!>n'.lt!
qui . t.:i r:ilassocr:iticav " ' ' ' por pane de Ponugal. mas a vida interna da As ia continuou basica- logo. ao aum~nto do consumo de carne no, S<'uil°' XIV e X~~ se-:- Lg · •:let.d<
mente intacta apesar deste contacto. Seria sem dúvid:i difícil defender que a produção primária lecido. Mui10 mais duradouro, no entanto. 0 desen,olvunemo ·d" •
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c~..menie e tabç.
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asi:ítica faz.ia pane nesta época da divi são europeia do trabalho. implicavam produtos custosos e procedentes de mui:o longe P"'..I<X<-m:: in>cpari>tl d. .,n !ia
Podem encontrar-se provas adicionais se observannos o impacto do comércio asiá- na sit~açào de poder em r~lação aos séculos XII .e Xlll. As especiona; íom::d d°' ro::u wr.d:~- J
do. / sewloj XIII const1tu1am um luxo. Consegu.i-las e"g1a arnpli. r C'-'< pt.d::r ~"" p::nruu n• h
tico ponuguês sobre a Europa. A Europa não conquistou a Ásia no século XVI porque não
Cristandade oc1de_ntal des:nvol\'cr len=eme o seu po1eoci:!.l [/t /rr.i dérol!t mt'11 .k srs ""'"tr.r].
podia faz.!-lo. A sua vantagem militar existia apenas no mar urn. Em terra estava a recuar
fa e :i in\'estida otomana ns.>i e este equilíbrio militar só mudaria com a Revolução Indus-
Este poder pemutm ao Ocidente conseguir uns após O'.ltros esses di' =
esu::iuk--c~ d:l>
gustativas e do sistema nervoso que a Cnstandade latinJ. tinha sido menos hábil em prnd:uirqw:
f. :
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trial , 1!~ l . as civilizações orientais 11 ~s 1 •


O que a Ásia fornecia à Europa nesta época eram bens de luxo. Ora os beos de luxo
são imponantes e nada desprezáveis. mas ocupam um segundo lugar em relação à comida Seja como for. na medida em que a pimenta não era um luxo mas uma ~-=si- -
(cereais. gado. peixe. açúcar) e à força de trabalho necessário para a produzir. Também dade, a mais imponante em q11a111idade, se não em preço. era precis:unente a malacueta d:! .' 1
fican1 em segll!ldo lugar em relação aos metai s preciosos, não como metais preciosos ente- Áfri ca Ocidental. não os produtos asiáticos ""'. -
sourados. mas como dinheiro (ainda que fosse coisa de magia os metais preciosos poderem Não existe, evidentemente, nenhuma dúvida de que o comércio asiáti 0 foi rClllà ~/ t:::-=:.v.-.·
ser utili zados como dinheiro. estando a magia na poss ibilidade do seu uso eventual como para Ponugal. No fundo. era isso que dele se esperava. Godinho gasta 25 pá2inas a a\'aliá-lo. - '~-:~·-1·
~ men:adoria. se fosse preciso). Em comparação com a comida, e mesmo com os metais precio- Um só exemplo, talvez espectacular. bastará. O valor em moeda ponufuesa-da; rne:r.adori- s '::';~:":..
sos. uma economia-mundo pode adaptar-se com relaliva facilidade a oscilações no forneci-
mento de bens de luxo.
156 . «Achamos hoje em dia difícil imaginar a imporúncia dJ.5. es-pcci:1ri1! no ~-ulo XVt. 1... ) .. • ~.amo.
q~ando o :1ç úc~r era quase desconhecido. quando nio havia r.em rcfrigcr?ção nem rO:-I"\ M dr: Jm~CClO ~, ?'O('Cí-
c1on~r algo .ma1 ~ que carne tempc!r.ida com especiari:is ou ~ I no Inverno. quando hJ\'il rou--"'\lS ' ef~.....U pi.~ pro-
149. K. M . ~annikar. Asia and n-'l'Slt'm Domi11nnce. p. 53. porc!o.nar ~ lt~mmas e variedade à dieta. e quando as especiari as ou oucras drog-.u orirnai~ Íorma \ .'.!..'11 .a jll11'lirrpal
150. Fredenc C. Lane. \Ienice arid /-li.<101)'. pp. 426-427 . mmena ml'd 1ca. es tas tinham um lug~ realmente im1xn·t.111h! no comércio dJ. Europl.• . Rot'-c:'ri..500.. Soct:h A;nro'1
151. Boxcr. Porru guese Seabonu• Empire. p. 57 . J~iir~al 0! Economics , XVIll, p. 42. Contudo. não é v\!'rdadc. como Yimos. q~ o a.;úor fos..~ q_nu~r ~sro­
. 151 . C_hau_nu ._Cnnq_uére. P- 2~5. Ver C. ~ - Boxcr: (•O ve lh o i.mpério colonial ponuguês era esscncialmc:mc n c~ i do nesia ahura. Estava a ser inh:nsi v am~ nte planeado nas ilhas do Med.itc-rrãnco e do :\rlir..tiC'o e a se mtro-
u~a t.::1 la.ssocr3 cia. u~ i_mpéno con~ i: rc 1al e mari11 mo, quer quando principalmente envolvido com as especiarias do duz.ido no Bras il e mais tarde nas Cara1bas.
Onc_n.te. quer ~o m os r"icrJ\'OS da Africa Ocide ntal. o a!fÚCar. o tabaco e o ouro do Brasil. Era contudo um império . 157 · Deve no entanlo ter-se em mente a hil:rJrqu ia de:: importinc ia... A pim-:r.ts erJ rd.mnmanc rr.Jis
~3!lll mo fur~di<lo num mo lde eclesi:h1ico e militar... Ract• RL'lmions in /}/ (." P o rrUR U(."St! Colonial Empirt 1415·1825 1?lpor1ante. do que as ou1ras especiarias. Chaunu obs,er\'a: .. A pimcn1a não cr:i considC'rad.?. no .:v.ntrr:w dll' 'iéculo
1 .ondrcs e l'ova Iorq ue. Oxford Uni v. Press (Clarcndon). 1963), 2. ' ~~r~~~ma cs. pe~iaria. ~ pimenta . esta infanlari::i de palác io e da conse-r\'ação da c:ulle. aio t:., e o ~sti~>O du espe·
alumeni~·~.~·ln:·~~h~:i~!arm rela tiva d~s curo.peu~ só exis1ia no ~1:ir. Em (erra continuaram durante muito tempo • no scnllclo cstrno do tenno , nem das drogas ... Cc111 q11êtt'. p. 200.
quana década do !.éc~io ·>/J~~·'··~uro~ us foram inca pazes de criar uma anilharia de cam~ móvel e eficaz até à 15 8. l/Jid .. pp. 316-3t7. O sublinhado é nosso.
... l59 . <> O comércio de especiarias africano rc:prcsenta,·a pira Ponugal um n>lumc ~ tráfk.'O nourvdmtntc
Os europeus sem iam gera.Jmcnie qu. q 1 .
r~giào as iá~ica imcrior não linha hipó(eses de csu~e:!~ec~.. '.~ntauva para estenderem o seu conlrolo sobre qualquer ~la~ s elevado do que o de quaisquer outras c-speciarias asiática.-; qu~ nfto a pimcnD r o gcns;ittt.. ~ frequentmtentc
dnaior ~ue a sua soma total. Por si só, a malague1a excedia qu3.sc:- con~1amem:-·ntc o genjti~- É claro ~e 0 prrç,o
Ainda cm 1689 ._, força.• da Compaoh ' d f d . . .
dos graos era só uma fracção do preço d.ls especiarias orientais: em MJJ\'"O de' 1 5~. um qumr.al cu Ll\"li 8 cruz.a·
na Índia•. Cipolla, Gwu ond Sails . pp. IJS. :ª ~~ n ias Onema1s eram compleramente destroçadas em terra.
141 14
15-'· •Ao passo que a Europa se cMava a . os. ao passo que o da pimenta se vendia por 22 . a canell por 32 e 33. e o g<noibre por IS < 19· Apesar do seu
d.
prcdo.mínio nos cont incmcs da Á.~i a . África e A t:Ã ~an ir ousadament~ no ~ar e a i~por agn:ssívamente o seu preço b::iixo, o valor lotai da malagueta igualava freque-n1emcnte. e por "·ezes ITlC.'.Smo C:\ccdia.. 0 de "ªd.J um d:t..~
prcss;i.o das forç3s 1urcas >-. lbid., p. 140 . ménc.as, na sua fronteira onental reurava av1sadarnente sob a ~~tras. cs~ciarias. exceptuando a pimenta e o geng.i brc. pois 200 quin~s de ~I):) a 8 rnu.a.10S ~e ?Ma . 1•506• 1 ~ 1 1
155. • A conquisl.<.I ou o comrolo efccti vo d . de"'; iguais em val or a 500 de canela a 32 cruzados ou 3 8-IO d< g<11g1bre a 19 cru zados•. Godinho~~:';::; ~ 0
como um dos subprodutos da Revolução Indu strial 1>.º~,~~·~º:.C~~ ~bre as vasu.~ rcgilks interiores veio mais tarde
6 los dempir_e portugais. p. 547 . Ver pp. 539-542 para as dtscriçôcs t·otl111c;1s e localiza.,"ÕCS geozrafic
· ª

1J
Afnca Ocidental.

323

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•· · •. ,. JOdl em 151 _ por buquerque como se.n~o oi~o w zcs _uperior ao da do continente. Pre~ um i\·elmen re a Á.\ia era •atribl:ldi. a Pvrti: _1 \ · M , _
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1
~ 1 , 1 Ê f -·il wr. pc rtJ.llto. por que r.11.30 a p1mcnm fot •a mercadoria V · reinlerprcrar o rnapl sendc d"fícil · · 1"" ~.i..hje rome11- ,;, r......
ccu Co r1o a. • ' i - r.o ~ulo XVJ C-4kl!!~ l~hwk e tomou i ... _ .:.
=K3Ô<.'"~' c \fX _; __ [ teu!• XVI e XVII ]. :itrJ in lo a atl' nçào do maiores lll('rt<t. " t: da Filipinas cm nome d! Coma espa:lhob em f<'.>I\ ,, - ,· ·-'- • • .
:U:.lil\ l r.:w< íl'QÚ \ cl """' • - . . d ... - ..... Po ~ llrrou.t i.j:.1<'. no entazr.n, .~ ~ ··"~ · ·
fo~sem oc upad.~ de facto at~ 1564. ~ facto. b6 qtun:;b pllnll,,al c..-:m.::ça 1 soçobri:r como
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op.-.: ·· . • " ,, A divi<ibilid:J.d<" e a dumb1 ltlL1 e u:1 puncntn. u.:m corno 3 _
k e lf"' • 31 ..,u< d.i. e.Po---.:a• - - - d 1 • i101,
~ •· · t·· • ":}!W rti Jm -na num e \ ccl nte obJe1:to e especu açao • . fon te de abastec1_m_enro de pimenta. dado o IC\ urinrr~nio de Vme:T...t, ~"Ida a ~~b a f>'.Ja
_:;.:i m.J.')."(171 ~CTP! · . cu - em simpksm ·me J do r:ipi!.'.lli sta como empresário individual· ex pedição às F1hp1nas em busca de piment.a, a.i e na Cii.i,'13 "s. '_
E.<t! ~JX"""U n . •
= ~ runteim-n~e 3 do E.st2 do ponu gues. que proc urava " ªu~~~ ncar a ~qUJ!_~_!).~cionaJ Ass im. e nc~n~ramos um_pre~ín10 npanhc>! 11'1$ i:iéóc;u_ com= r~:i:to pomJ - , ~..... -.-- .
· r:x-:~ l 00 pockr miliW-:· n35 p:?hl\-m · de Frede_nc ~ne . Consideraremos mais guês. e um predomm10 ponugu:S na _A~1a. mm um rC'Jmo espz.·J-, ol É ~r~ ,er·att ·- --..1 .....
1
".. . cu·t : 13 lítica. E pertinente no ent.111to msenr neste ponto a avaliação que que ponlo era semelhante a f'?hu ca 1bin cu em amb;a-1a.sátrai.pol-f 00 ~X\l a lb<'r.;i :..:_-'··~·:..: · -'-
· ~faz. ~u · espt!"-·ub.ç:io• , kcti\"a: estabelece colónias nas Arnen cas. mas feltonll na ~ia •;..-.:._ . '
Es:revemos já sobre a políti ca ~panhola na~ Arr-.é1icai e w!:r.e a poli!:ca pcr.ttip_.u :
~o k --~ pnI"' ~ · -:z::nta ou e-em 3.nos. ~:i pol ílÍC'3 m:iis pad~c-a, favorecendo um maior
~, oJ,i.-nr..:o do cantrcio orieno.L podem ter mmado a naçw mais nca. Se bem que a na Ásia. E dt g_no de nota que cada uma del.:iS ten!a~!.C gc=Juz:r a sw e.J.pe:itnc.J domt- •. ·::-. ;:_; · -
,~,_,~ d1 ;3 t~ :n:mentldn o R"ndim::nto nacimul português durante algum tempo, nante à outra area. mas que. apercebendo-~e do !>eU erro. amlxu ~=pai- itd.."pl111-se , ·- - ··
í.:-: ~L • , rruis ~'"d~ par m:n decréscimo ru produti,•idade da mão-de-obra da nação. Ne.ssa às exigências da área. Os ponugueses tentarzm !imitar a sua ~a no Bra:ü! ao es.u.."e- '..- ~.
:::oii6. d.:i nio e m:! =o cl= de h ito na utilização da força armada para aumentar a pros- tecimento de entrepostos comerciais. mas v iram-~ obrígaQ.os a CC>loniz.á-lc. = i o ~:da 'J. -·-.- _
~ d.J r-çi.:> fI ~ ·. preventiva, cerca de 1530 "'i". De forma semelhante. os CSp:?:Liói_ ~..!end.~ 1.. ·1mir um
~! - pod!ria Porrup.I ter seguido uma oepolítica mais pacifica,.? É duvidoso, em parte,
sistema de encomiendas nas Filipinas. IDa$ o c.omérc?o Í1U.ern2:cionaJ era ins.t.tfici:.nu p.:::..~ =~·= <_.... ·
-~ _ g= 0 pnSµrio L:me. chdo o ópo de capital e de mão-de-obra que existia em Ponugal
~ 1:
SeI'- como for, a ài: us>ão sobre a rentabilidade põe a claro as limitJ,l_ç_~s_j~sJ~C!_?S
suponar os seus custos, e voltaram ao esquema por.ugl!ês. .() comércio de Mr.i'
beleceu-se assim numa troca directa de prata procedente da :-;'ova E~itl por pm!mos ;=~·
711
chineses» Ct _
~

~ '7-- '.-
=-
_'
_ .,;::cui... nu:n.:i :i.Rna ex~rna. Os lucros. em última instância. são os que a pilhagem produz.
E 3 µilh!Ê'!m ~- w iim dum cen o tempo. autodestrutiva. enquanto a exploração no quadro de 167. Ver Pierre Chaunu. • l.e galion d< M"-1:.ilk•. Allr.afes E.S C.. \ 'L J , O::t.-Da. 1951, e .
= W::·a e«-cnomi1-munào se auto-reforça.. :~: Á~;g~ha"%ri;;!;4,!,epretendi•esubclecer!ei:c.v.'..?>. ".á!>mltt-au.õ .~f<o}u:~.,.,. ·=_:;:·:.
Tahez isto fiq e mais claro se tentarmos agora comparar sistematicamente a actuação do ti rx> de políüca económica que reri3 permiti do r.:tl relricr...:u:xr.!O q-J.t" ~-CXJ .i Espr_~ i ~ Lz:s Amz- ,_... ,,..
rr-!ri:-a r.:i •.\si3 c.om a :tetuação ibéric3 nas Américas. Em primeiro lugar, deveríamos dizer descreve este desenvOJ\•imento: •Nem os plácerõ de ouro n.J.dlIDC!!U.~. nr:rn o trfü..--o ~e.~~ .1~
u:T.as palaYras so:ire as re lações entre Portugal e Espanha. A bula papal Inter Coetera, na sua (... )renderam o ' uficiente para igu:i.lar as despesas d.:ls rres pri=c-:t< t.i.pc'...;ki ~ p;r Cottr:x> co
;écu!o XV e para p:igar os salários dos primeiro' colcoos . .'\otici:?s do inioruci.> rm ~ ~"" "" _ .
seg •-:da 'ena.o de Junho de 1~93 . traçou uma famosa linha que supostamente atribuía diver- lharam e le,,aram ao descrêdito nos círcuffis da rone. t ... )
. ' p:m:s do n::undo n.."o europeu ao cuidado de Ponugal e da Espanha para efeitos de evan- (A Con e mudou a sua polí1ica e] . deste modo. o que começruromo =f'= fr·..>él! IIC>:Jt.--.c "''~
:-e!iz:.'"ÇW "" . P~ as reg.iões atlân ticas. isto veio a significar a soberania de Portugal sobre o do século XVI um sistema orgânico de go,.err.o. protótipo do 'l'- " os pais<s coloniu;lor:< err=s à< =."eb:rr oo
decurso dos primeiros do is 5-êc ulos d.3 era modenu.-.. •Las etapis inicüks ~ la ~g~ ~ ~ . Oa:Jc·
B=il e as illia.s do Atlinlic:o não pe nencemes às Cara.toas. mas a da Espanha sobre o grosso nos americanos. VII . 5. Se1.-0u1. 19-18. i n- 178.
l 70 . «Durante a primeira metade do século XVI. os portugueses coosi>!.=n.T. • ~.2 ã:i Bnsil
(1500) como um assun10 de importâocia secundária. De fado. tsforços parac.O<'..solid>ro~ s.--.tn o l!::r.tlt:lo
l A?"\-..!.~ ~..,,- rncor.tnda in ib!d .. pp. 683-709. O ex<rnplo está na p. 699. que é agora o Brasil. mais ou menos entre os actuais ponos de S.amos e óo Ro.: ife.. e:ra."':l ;no..~ C!:l5 a::ção
l 61. G~~ E.wo;yan Trair. p. 52. re ílcxa para e\·ilar que a França e a lnglaterra estJ~l e-ce-ss.cm cncl:i,-cs cas:em:rs oo.çoJITtnCU.!s p~ a c..qx:r-...JÇio
r,.: , r;;i_ ~~l
de planta"i tiniureiras usadas na manufocruo OOs l:lllifícios llllS Paí~s Bai l:os ~ ru lni!t?:.c.""i.1. Só o !:"..aXi cb ctlllCTJr-
15ô. fu!kr.c C. l.2...~.. •!'atimal Weailh and l'ro<ection Co m•. in \ 'rnice and llistory (Bahimorc, Mary· rência levou a uma ocupação consisreme na últim.3. met:1dc do s.écu1o e :!õ es.utckcL~I:!o C:.i..-:u. t"COOOO~ de plmtzr-
1':>:!: h'-= !-l..·'?"<i:,. Pres... 1966). 376. çào•. Stanley J. Stein e Barbar.l H. Stein. Thr Colonral Hrritagr oflA!u: A.t-ttric". p.. ~: C-...i=n.u. C~~rr. P· ~
l f.!. 1 .! - p. 331. Ver esta análise da atitud~ d<! Ponuga! para com o BrJ.Si.l fl('S.0 3.ltJra: ... :\ au...;;Cn:'U. ·.:le t...~'XJ!'OS .q:.>e. redes·
166. "-·~ rtn~ m quaJ os ~guesê'S mostra:va.' ll então superioridade sobre outras nações não era o sem ser fac ilmente saquC'ados diminu iu o inrel't'~SC d<! Ponup l pelo Br.isi l nos pmnc~i.'C'"('rj .oo-i . J.lk~.do es:::i..'ldo _o
t~ ~:a.z... m.u i ª'·cn....~<! ttmc,-á.n.i tanto na na.,,cgação corno na gue rra. Por causa das tradições militareS ~ u c~mêrcio com as Índias OrienL.Jis no seu pomo rruis alto. A ~Lll ~ at"":lir c ptt:!.I 1'"' 33..""' p.L""3 a sua.~
t l':l::~ ~ port"J~~ _ e d::! sl.!3 csuurun de classe. a política de cruzada prosseguida nJ lndia pode bem kr an:1e!1:ana. a Coroa ponugut>sa di vidiu-a em doze capitanilS hi:red.itárbs tdom!inos i. ~\llt assu:nu.~":l m~!l~ ~
~~ ~:gJ2.} ç:r ooun,;i.am rr~; riqu-ez.a que a que os ponu guese.s teriam e:anho por mC"ios menos belico- ~nnl egios reais. A falta duma base C"C'onómica. excrpto na re~ião em Q!Je o rultivP cb ":ma ~-~-u..'"'ll!' u.ihl sKio
~o=~~ de !~J r:o' <l'tlmcmc acharia que os ponugw....s.es pockriam- ganhar mais por meio de uma
SM. Introduzido. conduziu ao colapso desta elperiência. A Coroa te,·e de assumir iC'..SfXXL-~.tl16~1e d.in'cu pe-lc custo ~
~ ª-
_ . PJtCl.lca poa mn cie,·t":n3 s.e-r $oC a clas.s.e g:ovem.:!.nte portue:uesa fosse semelhante em 1500. Nessa defender vastos territ órios que durante muito tempo (l(JTTllllCCC'r.tm de pl'KO ,-u..: t'C~)l..-0•.D":'lbi."'1!'1. fonna.Jmeru.e
\Í.4-'"Ll.~ ~~:m~:~cs_~~i:~ I:gado ao come rcio pacifico ou àadrn in isrraçào de propriedades de pro- ~ode lado sobre instj~uiç~s feudai s pon-ugu~us. o sistcm.J da~ c3pi~'1il_s .~.re.±~.as <k'' m .1 ser ~ecomo
Bizincio. i-!1'..!..Cmro~t dic;rot.eJ e · ~ ou quatroctntos anos ante-s. q u~do provocavam a aha de preços em m esforço para atrair capttal privado com '''"ª
à exp3tlsàO comercial diri!'idl f'< " Coroa. ~ orpo-
166 A ht . , torno mrn:adore. _ou como assaltantes man umos•. lbid .. PP- 395-396. rações de comércio montadas em Inglaterra e na Hol:mda duranie • úl!ima mct>de do scc--ulo X\' J.. Celso Furudo.
(kw: xa (Bo.u,., i?1,& ro cn.
c;=
~""'~"°':~ ' de,mtngas diplom.iticas. Ver Samuel Eliot Morison, Admirai ofthe
. J. 67- 37~. Oiaunu. c o,,,,ui1e. PP- 251 -254 .
Economic Dnelopm<nt of larin America. pp. 9-tO. n. 2.
171 . Hanison. N<w Cambridge Modem lliSJory. lll . r. 5 ~.

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•· · •. ,. JOdl em 151 _ por buquerque como se.n~o oi~o w zcs _uperior ao da do continente. Pre~ um i\·elmen re a Á.\ia era •atribl:ldi. a Pvrti: _1 \ · M , _
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~ •· · t·· • ":}!W rti Jm -na num e \ ccl nte obJe1:to e especu açao • . fon te de abastec1_m_enro de pimenta. dado o IC\ urinrr~nio de Vme:T...t, ~"Ida a ~~b a f>'.Ja
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= ~ runteim-n~e 3 do E.st2 do ponu gues. que proc urava " ªu~~~ ncar a ~qUJ!_~_!).~cionaJ Ass im. e nc~n~ramos um_pre~ín10 npanhc>! 11'1$ i:iéóc;u_ com= r~:i:to pomJ - , ~..... -.-- .
· r:x-:~ l 00 pockr miliW-:· n35 p:?hl\-m · de Frede_nc ~ne . Consideraremos mais guês. e um predomm10 ponugu:S na _A~1a. mm um rC'Jmo espz.·J-, ol É ~r~ ,er·att ·- --..1 .....
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".. . cu·t : 13 lítica. E pertinente no ent.111to msenr neste ponto a avaliação que que ponlo era semelhante a f'?hu ca 1bin cu em amb;a-1a.sátrai.pol-f 00 ~X\l a lb<'r.;i :..:_-'··~·:..: · -'-
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Es:revemos já sobre a políti ca ~panhola na~ Arr-.é1icai e w!:r.e a poli!:ca pcr.ttip_.u :
~o k --~ pnI"' ~ · -:z::nta ou e-em 3.nos. ~:i pol ílÍC'3 m:iis pad~c-a, favorecendo um maior
~, oJ,i.-nr..:o do cantrcio orieno.L podem ter mmado a naçw mais nca. Se bem que a na Ásia. E dt g_no de nota que cada uma del.:iS ten!a~!.C gc=Juz:r a sw e.J.pe:itnc.J domt- •. ·::-. ;:_; · -
,~,_,~ d1 ;3 t~ :n:mentldn o R"ndim::nto nacimul português durante algum tempo, nante à outra area. mas que. apercebendo-~e do !>eU erro. amlxu ~=pai- itd.."pl111-se , ·- - ··
í.:-: ~L • , rruis ~'"d~ par m:n decréscimo ru produti,•idade da mão-de-obra da nação. Ne.ssa às exigências da área. Os ponugueses tentarzm !imitar a sua ~a no Bra:ü! ao es.u.."e- '..- ~.
:::oii6. d.:i nio e m:! =o cl= de h ito na utilização da força armada para aumentar a pros- tecimento de entrepostos comerciais. mas v iram-~ obrígaQ.os a CC>loniz.á-lc. = i o ~:da 'J. -·-.- _
~ d.J r-çi.:> fI ~ ·. preventiva, cerca de 1530 "'i". De forma semelhante. os CSp:?:Liói_ ~..!end.~ 1.. ·1mir um
~! - pod!ria Porrup.I ter seguido uma oepolítica mais pacifica,.? É duvidoso, em parte,
sistema de encomiendas nas Filipinas. IDa$ o c.omérc?o Í1U.ern2:cionaJ era ins.t.tfici:.nu p.:::..~ =~·= <_.... ·
-~ _ g= 0 pnSµrio L:me. chdo o ópo de capital e de mão-de-obra que existia em Ponugal
~ 1:
SeI'- como for, a ài: us>ão sobre a rentabilidade põe a claro as limitJ,l_ç_~s_j~sJ~C!_?S
suponar os seus custos, e voltaram ao esquema por.ugl!ês. .() comércio de Mr.i'
beleceu-se assim numa troca directa de prata procedente da :-;'ova E~itl por pm!mos ;=~·
711
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_ .,;::cui... nu:n.:i :i.Rna ex~rna. Os lucros. em última instância. são os que a pilhagem produz.
E 3 µilh!Ê'!m ~- w iim dum cen o tempo. autodestrutiva. enquanto a exploração no quadro de 167. Ver Pierre Chaunu. • l.e galion d< M"-1:.ilk•. Allr.afes E.S C.. \ 'L J , O::t.-Da. 1951, e .
= W::·a e«-cnomi1-munào se auto-reforça.. :~: Á~;g~ha"%ri;;!;4,!,epretendi•esubclecer!ei:c.v.'..?>. ".á!>mltt-au.õ .~f<o}u:~.,.,. ·=_:;:·:.
Tahez isto fiq e mais claro se tentarmos agora comparar sistematicamente a actuação do ti rx> de políüca económica que reri3 permiti do r.:tl relricr...:u:xr.!O q-J.t" ~-CXJ .i Espr_~ i ~ Lz:s Amz- ,_... ,,..
rr-!ri:-a r.:i •.\si3 c.om a :tetuação ibéric3 nas Américas. Em primeiro lugar, deveríamos dizer descreve este desenvOJ\•imento: •Nem os plácerõ de ouro n.J.dlIDC!!U.~. nr:rn o trfü..--o ~e.~~ .1~
u:T.as palaYras so:ire as re lações entre Portugal e Espanha. A bula papal Inter Coetera, na sua (... )renderam o ' uficiente para igu:i.lar as despesas d.:ls rres pri=c-:t< t.i.pc'...;ki ~ p;r Cottr:x> co
;écu!o XV e para p:igar os salários dos primeiro' colcoos . .'\otici:?s do inioruci.> rm ~ ~"" "" _ .
seg •-:da 'ena.o de Junho de 1~93 . traçou uma famosa linha que supostamente atribuía diver- lharam e le,,aram ao descrêdito nos círcuffis da rone. t ... )
. ' p:m:s do n::undo n.."o europeu ao cuidado de Ponugal e da Espanha para efeitos de evan- (A Con e mudou a sua polí1ica e] . deste modo. o que começruromo =f'= fr·..>él! IIC>:Jt.--.c "''~
:-e!iz:.'"ÇW "" . P~ as reg.iões atlân ticas. isto veio a significar a soberania de Portugal sobre o do século XVI um sistema orgânico de go,.err.o. protótipo do 'l'- " os pais<s coloniu;lor:< err=s à< =."eb:rr oo
decurso dos primeiros do is 5-êc ulos d.3 era modenu.-.. •Las etapis inicüks ~ la ~g~ ~ ~ . Oa:Jc·
B=il e as illia.s do Atlinlic:o não pe nencemes às Cara.toas. mas a da Espanha sobre o grosso nos americanos. VII . 5. Se1.-0u1. 19-18. i n- 178.
l 70 . «Durante a primeira metade do século XVI. os portugueses coosi>!.=n.T. • ~.2 ã:i Bnsil
(1500) como um assun10 de importâocia secundária. De fado. tsforços parac.O<'..solid>ro~ s.--.tn o l!::r.tlt:lo
l A?"\-..!.~ ~..,,- rncor.tnda in ib!d .. pp. 683-709. O ex<rnplo está na p. 699. que é agora o Brasil. mais ou menos entre os actuais ponos de S.amos e óo Ro.: ife.. e:ra."':l ;no..~ C!:l5 a::ção
l 61. G~~ E.wo;yan Trair. p. 52. re ílcxa para e\·ilar que a França e a lnglaterra estJ~l e-ce-ss.cm cncl:i,-cs cas:em:rs oo.çoJITtnCU.!s p~ a c..qx:r-...JÇio
r,.: , r;;i_ ~~l
de planta"i tiniureiras usadas na manufocruo OOs l:lllifícios llllS Paí~s Bai l:os ~ ru lni!t?:.c.""i.1. Só o !:"..aXi cb ctlllCTJr-
15ô. fu!kr.c C. l.2...~.. •!'atimal Weailh and l'ro<ection Co m•. in \ 'rnice and llistory (Bahimorc, Mary· rência levou a uma ocupação consisreme na últim.3. met:1dc do s.écu1o e :!õ es.utckcL~I:!o C:.i..-:u. t"COOOO~ de plmtzr-
1':>:!: h'-= !-l..·'?"<i:,. Pres... 1966). 376. çào•. Stanley J. Stein e Barbar.l H. Stein. Thr Colonral Hrritagr oflA!u: A.t-ttric". p.. ~: C-...i=n.u. C~~rr. P· ~
l f.!. 1 .! - p. 331. Ver esta análise da atitud~ d<! Ponuga! para com o BrJ.Si.l fl('S.0 3.ltJra: ... :\ au...;;Cn:'U. ·.:le t...~'XJ!'OS .q:.>e. redes·
166. "-·~ rtn~ m quaJ os ~guesê'S mostra:va.' ll então superioridade sobre outras nações não era o sem ser fac ilmente saquC'ados diminu iu o inrel't'~SC d<! Ponup l pelo Br.isi l nos pmnc~i.'C'"('rj .oo-i . J.lk~.do es:::i..'ldo _o
t~ ~:a.z... m.u i ª'·cn....~<! ttmc,-á.n.i tanto na na.,,cgação corno na gue rra. Por causa das tradições militareS ~ u c~mêrcio com as Índias OrienL.Jis no seu pomo rruis alto. A ~Lll ~ at"":lir c ptt:!.I 1'"' 33..""' p.L""3 a sua.~
t l':l::~ ~ port"J~~ _ e d::! sl.!3 csuurun de classe. a política de cruzada prosseguida nJ lndia pode bem kr an:1e!1:ana. a Coroa ponugut>sa di vidiu-a em doze capitanilS hi:red.itárbs tdom!inos i. ~\llt assu:nu.~":l m~!l~ ~
~~ ~:gJ2.} ç:r ooun,;i.am rr~; riqu-ez.a que a que os ponu guese.s teriam e:anho por mC"ios menos belico- ~nnl egios reais. A falta duma base C"C'onómica. excrpto na re~ião em Q!Je o rultivP cb ":ma ~-~-u..'"'ll!' u.ihl sKio
~o=~~ de !~J r:o' <l'tlmcmc acharia que os ponugw....s.es pockriam- ganhar mais por meio de uma
SM. Introduzido. conduziu ao colapso desta elperiência. A Coroa te,·e de assumir iC'..SfXXL-~.tl16~1e d.in'cu pe-lc custo ~
~ ª-
_ . PJtCl.lca poa mn cie,·t":n3 s.e-r $oC a clas.s.e g:ovem.:!.nte portue:uesa fosse semelhante em 1500. Nessa defender vastos territ órios que durante muito tempo (l(JTTllllCCC'r.tm de pl'KO ,-u..: t'C~)l..-0•.D":'lbi."'1!'1. fonna.Jmeru.e
\Í.4-'"Ll.~ ~~:m~:~cs_~~i:~ I:gado ao come rcio pacifico ou àadrn in isrraçào de propriedades de pro- ~ode lado sobre instj~uiç~s feudai s pon-ugu~us. o sistcm.J da~ c3pi~'1il_s .~.re.±~.as <k'' m .1 ser ~ecomo
Bizincio. i-!1'..!..Cmro~t dic;rot.eJ e · ~ ou quatroctntos anos ante-s. q u~do provocavam a aha de preços em m esforço para atrair capttal privado com '''"ª
à exp3tlsàO comercial diri!'idl f'< " Coroa. ~ orpo-
166 A ht . , torno mrn:adore. _ou como assaltantes man umos•. lbid .. PP- 395-396. rações de comércio montadas em Inglaterra e na Hol:mda duranie • úl!ima mct>de do scc--ulo X\' J.. Celso Furudo.
(kw: xa (Bo.u,., i?1,& ro cn.
c;=
~""'~"°':~ ' de,mtngas diplom.iticas. Ver Samuel Eliot Morison, Admirai ofthe
. J. 67- 37~. Oiaunu. c o,,,,ui1e. PP- 251 -254 .
Economic Dnelopm<nt of larin America. pp. 9-tO. n. 2.
171 . Hanison. N<w Cambridge Modem lliSJory. lll . r. 5 ~.

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· '

1
L•.--~< .1..
e...'· ··':" • ·
r A razão destas duas diferentes políticas parece se r. como já apontámos, dupla. Por um
lado. os lucros da colonização americana foram em ccno sentido maiores. Por outro lado, as
~:_: · :-:·,~·'· dificul~dcs ...~....m---c~l~ nizar a Ásia eram muito maiores. ~combinação de.ambas significou
~ . .,, r.;_,.,. que a · Américas se conven eram na periferia da economia-mundo europeia no século XVI,
./.,1.-·r"· enq uanto a Ásia continuava sendo uma arena exrema.
,1. 1<.,.. --~· 1• '-- Ao fa lar de lucros não nos referimo s a lucros a cuno prazo, se bem que mesmo neste
da Índia fora~ incorporadas em cen a medida na economi
doras de madeira para os barcos construídos nos

uma forma estável de produção utilizando mão-de-obra b


1
, 1<,."'o~ . ,
. a-mundo europeia como fornece. i...., ;,, _.,
Mas isio é secundário comparado c~m _e~~ w os de Goa "" '. -:Z;,~ :~
e açúcar do Novo Mundo, no qual se pa~sou dauc~ ena de :rietaii precio~s. madeira, courol <·• ,_ -
rante CMe seculo d • . ~... ~-
uma tecmca de colheita a ... -~"'"'
que transformou a estrutura social das áreas envolv idas inarata com super.·11ão europeia 1ro 0 , ';;_',--- 0

..

. , ._ ..,...,, " "~ campo as Américas parecem ter sido cerca de 50% melhores que a Ás ia cm>, mas a lucros europeia im1. • corporando-as naeconomia-mundo ~ ..,,,_,. ~.-
,; t·"' /"' · a longo prazo em term os de custos de oponunidade. O comércio asiático era um comércio Só quando n~o tinha opção. quando não podia con!>e uir um -:..::'.:. •
' "' ,_:;.;.....- de imporração. especialmente aquela sua pane que atravessava o Levante ' 173 ' . De facto, uma sua própria economia-mundo, saía a Europa para a are g . produto no quadro da • ~-...
...,._._ " ~.::.:: das razões por que a Es panha acabou por abandonar o Galeão de Manila foi precisamente a . . na ex tenor para 0 con;eg · <.
custo mais elevado. Vejamos, por exemplo. 0 caso da seda Wood . uir um _,, r~·_,, ª
i:,-.-;.. • ·~~- opos i ção interna à sangria de metais preciosos que ele represe ntava <11• 1• Sem dúvida que isto - d J d od - . - ro" Borah de;cre,eu ..._ c..1..
as razoes o co apso a pr uçao mex icana de seda crua cm fins do século XVI 1n É pre - .,....,_ 1 "
-t - - ~ "- não deixa de ter cxcepções, como já indicámos. Parece, por exemplo, que as florestas de teca
__ ,.. .. ;r;. ... . , cisamente en_tão, como assinala Chaunu . que nos encontramos com •o apogeu do ·comé~: ~,, '-•·'
c;io . do ~ aleao: a massiva. brusca e efémera chegada de ;eda chine~ ao mercado das
9 <··-· ·
172. •Temos não obsiante para a ordem de gmndeza no século XVI. (.. .) Se Lisboa. com o Exrrcmo Jnd1as» 0 '· ~v1dente~ente, quando os espanhóis não têm mai prata americana para ofe-
Oriente, "ªk l. o Brasil vale entre 0.05 e 0.1. e Sevilha 1.5. No começo do século XV!l, Sevilha vale mais ou recer aos chineses , nao podem comprar seda. e o comércio do Gale-ao de Manila afunda-se
menos uml "ez e meia Lisboa•. Chaunu . Conquete. p. 269.
Contudo, isto não nos diz nada acerca da imJX>nância deste comércio para a Europa como um todo. • É
cerca de 1640 11801•
diflcil m-...dir a panilha entre Sevilha e Lisboa. isto é, a partilha do monopólio, a partilha do quarto sudoeste da .co~o regra ~e ral , os limites geográficos de uma economia-mundo são um.a questão-: / ,., -:;.
Pmín.<ula Ibérica. porque o monopólio é mais f:!cil de avaliar do que o mundo europeu sobre o qual assenta. As de equ1líbno. A dmam1ca de forças no centro pode levar a uma pressão expansionisu (como ,......, ".·, ""
difcrenços nas po"'ibilidades de medida em relação à avaliação da importância do comércio americano dominado
por Sevilha e do comércio asi:11ico dominado por Li ~boa não resultam de uma incapacidade intrínseca em medir-
vimos ter acontecido na Europa no século XV). O sistema expandt-se para o exterior aJé J. · - ~ ...
-se monopólios. mas mui10 mais da nossa incapacidade temporária para medir o resto [isto é, o que não é pane que chega ao ponto em que a perda é maior que o ganho. Um factor. evidentemente. é a cfu- ,,,,_;.... n '4
do mooopólioJ-. Jbid., p. 273. tância, uma função do estado da tecnologia. Mencionámos atrás o conceito dum mundo de ·-,.,"
173. • Ao passo que a maioria das im1xm.açõcs de além-mar eram pagas com a exponação de metais sessenta dias. Há muitas formas de calcular o tempo. Compare-se a d~scrição de Oiaunu.J
preciosos e moeda - o comércio do índico oriental era decididamente um comércio de importação cujo objecto
principal era satisfazer uma procur.t. europeia mais do que encontrar mercados para produtos europeus - as do tempo de ir da Península Ibérica às Américas e à Ásia Do primeiro diz.: • Viagem de ida,
importaç~ via Lc\·an1e aprese.nta'w'am uma face muito diferente . Os mundos da Arábia e das Índias cobiçavam
um cato número de artigos dos países do ~·1 cditerrãneo. O cobre era um metal com panicular procura e era des-
p;ichado para o Oriente dc-s.de' a Europa Central via Veneza. O coral das pescarias ao largo da costa tunisina 175. Ver Boxer, Portuguese Seabome Empire. pp. 56-57; também Godinho. l' trONX'".ir tú rrqirr por·
en uporw!o para Oriente. algum dele pela Companhia Francesa do Coral que operava a partir de Marselha na tugais, p. 683.
sc:gu.'lda metade do !>éculo XVL. Tecidos. rru:rcurio e açafrão. juntamenre com ópio do Egip10. entravam na tor- 176. Ver Chaunu. Conq11éu, pp. 290-296. 300-3 11.
re!!~ de mercadorias. trocadas entre os pai~ medíterrãnicos. o Lc\'ante e as Índias. Esta circunstância explica sem 177. Ver a descrição de Boxer do impacto do açlicar sob« a e.irutur.i '°°'1 !nsilei.-.. Poro., ~ ~a·
6,j\·iea um~ por que razão o comércio caravaneiro não p3Iou quando os portugueses descobriram a ''ia mari-
das Amfricas a exploração mintira te,·e um tremendo poder para reorpninr. e mesmo
=
borne Empire. pp. 84-105. Quanro às operações mineiras. "er Ah•aro l:!ra: ·É inqucstimiv<I q"" !:lll.'tll ~IOOS
~~
Lima para as 1ndias e tentaram reorientar o transpone da pimenta•. Glarnann. Fonrana Economic /iistor)' o/ Europe. !Jt'r-'t!'..!f. 1
pp. 56-57. as pessoas tinham tido na época pri-colonial. A non concrntrnção das popu13ções indif~..i< f "1l:!l pcb ~
t 74. • Ü nuior arlver,áriQ do galeão de Manila era sc:m duvida a própria administração espanhola. AOS de centros mineiros - e não estamos apenas a pensar em Poiosi m.is em muitos OU!!'CS ~ dt ~ ~
olhos do< m<rcadomi de Sevilha. cujas queuas facilmcnie atingiam os Conselhos do Rei. aos olhos da ortodoxia ouro. prata e mercúrio - cria\'a pro,·a\·eimeme pela pnmcira ·•ez o knórrieno ~·.xl.Js ~ L"T~:ti .. des-
buliociua dJ Corte. o c.omfrc>0 do g3.le-lo era o pior de todos os comércios com o E.uremo Oriente: o seu défice era pojadas. de. ~nraizadas de rudo sem futuro ou se2urança p.:i.ra o !llWlhi Jg:ru:p3d1s e:n roms ~-us... tm
compemado pch <>poiuçào de metat> preciosos•. Chaunu. Annales ES .C .. VI, p. 45S. quais a concepção da cidade não tinha qualquer ;ignificado cerno tal. pelo menos 00 .so-.!100 IX_cr.r.• ' ~ .l:I!'t:l.1m
u~..a .outra razão. para ~ oporem a esta drenagem de metais preciosos era que ela cada vez mais não pudesSc envolver um aumento dos.eu anrerior nível de vida:~. fara. Tru crJa) OS .s.o/J;r t~:J 1'1Jura upcmD-
ru~•• por L u;boa e Scvrtr..a: •Pela rota do Cabo. os rraleJ Ide prataJ fl uíam para todo o Orienre. Graças a eles. -americana . p. 28. . . . . . ..... ut cn croc:n.i..-o. I! fxitnc:n!e
0 eo<ne=o da China - pon;ela.oa. seda em bruto e tecidos de =la - suplantou outros comércios. e levou a que
178. Woodrow Borah indica que a seda foo ongmalmen" culu' i= ~',.<= DJ cr::ma 00 ""' E.s;o·
!oC frcq'..>Cl':W3e o lap:lo, .aída pan a sc:da. fonre de prata_ A profundidade do de5ejo da China por metal branco. por transponável por carroça ou mula. prometia .baixos custos de lf'll1'l"""· "'; ~k" L' "·oi CAlifO<"-"• Prcss.
um ~ t o clc=voh c-nento da Amc'rica fapznhola. por outro. levou à criação duma rota dirccra de Acapulco 3 nha e grandes lucros .. Silk·raising in Colonial Mw co. fbero. Am<ntm>· - ( ·,,& • "'""dos n=s rratos:
Mv ili.. que de.pcnoo • 00.. chdade de Goa e de Lisboa e que as aproximaram de Sevilha. ieualmcnrc prejudicada•. it &43), 15. Borah oferece rrês explicaç&s oote declínio: dec límo ~~J.:poí ;le:s dos bosq'J<S de
GcwdirJto. L' ; <Momi t' de t ~mptrr portugau . p. 833. - mposws excessivos e exploração dos indios que conduzi> .ª .5113. Fili i!',,. no !JX't<a.io mimôtl Ver ""'
O ca10 e.pa.-,hol faz não 00.tante um contnsie flagrante com o de In elaterra. No início do século XVII. 1 amoreiras; queda nos lucro>por causa da ofertl ad1c1onal 0r1pniri> d.1s P
C~µ.~ Lo gJe.a da. lr.dia.s Orientais veio a estar igualmen1e sob aiaque pela drenagem de prata q"" acompa- longa discussão destas causas em declínio na> pp. 85-101. . dld> oor.to ir>:l;cr que ocrescí-
r-'u: i o~ corntrc-t0 e que fr:w.10\ considera vam responsá \e l pelas de~~ comerciais da ~poca ... para ist.o a 179. Chaunu ._ A_nno les ES.C.. VI. p. ~~2 (n. 1)-_ Embora=:=:~.., ~Jo "'!'m ._qae o ilwmo
::== posu pror.u era Cf«. rm '1 nudc da! re~• pon.lÇÕe< da Companhia para o Con1inente e para o :'l!édio Orienl<
~m -.t.-x. 0 L"'°"-ro en~iar..o para "' lnd1as. ID<l3 • q!.IC'1ào era ilL'Cpzráve l da balança de pagamentos do
""' rodo · K. M . Clu:idlru.'l. •The East Indca Companv and 1he Export of Trea.suro in lhe Earlv I7rb
~nlo do _comércm filipino fo i uma da! causJ> do dechruo dl ~ lviir.<nto 00 ('()Cl)éroo fii qr.io comci<tu com o
ve'.'13delfo, apoiando assim Chaunu: ·Em con!fllll<. 0 descn '*" de ;c1hs ct.ines:ts <0 pnl< cs;:al>. e
dcchmo do cuhi"o da sedl no :'\léxico: ccmcçJvlt!D em 1579 im~t.rai.r.OJ . p. 90.
~·- ÚON=_HWWJ Rnir~.XVl 1. Ago>io 1963_. 25 . A éompanhia linha obvi:unente razão. •A ~ropa• por " 0 1ta dessa época a cultura interna com~ou a dechnaf". Bor>h-
e~ ~FK''º'"""" n.lo • lngla!ma. Foi • incapacidade da Espanha em colocar-se no centro do 180. Ver Chaunu. Annaln ES.C.. VI. PP· 46()-461.
· ' "°""-<~por..u da Europ-• cor..o • bglatem o fez """> tpoca que marcou a diferença. 181. Chaunu, Conqube, p. 290.
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,1. 1<.,.. --~· 1• '-- Ao fa lar de lucros não nos referimo s a lucros a cuno prazo, se bem que mesmo neste
da Índia fora~ incorporadas em cen a medida na economi
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uma forma estável de produção utilizando mão-de-obra b


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custo mais elevado. Vejamos, por exemplo. 0 caso da seda Wood . uir um _,, r~·_,, ª
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__ ,.. .. ;r;. ... . , cisamente en_tão, como assinala Chaunu . que nos encontramos com •o apogeu do ·comé~: ~,, '-•·'
c;io . do ~ aleao: a massiva. brusca e efémera chegada de ;eda chine~ ao mercado das
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172. •Temos não obsiante para a ordem de gmndeza no século XVI. (.. .) Se Lisboa. com o Exrrcmo Jnd1as» 0 '· ~v1dente~ente, quando os espanhóis não têm mai prata americana para ofe-
Oriente, "ªk l. o Brasil vale entre 0.05 e 0.1. e Sevilha 1.5. No começo do século XV!l, Sevilha vale mais ou recer aos chineses , nao podem comprar seda. e o comércio do Gale-ao de Manila afunda-se
menos uml "ez e meia Lisboa•. Chaunu . Conquete. p. 269.
Contudo, isto não nos diz nada acerca da imJX>nância deste comércio para a Europa como um todo. • É
cerca de 1640 11801•
diflcil m-...dir a panilha entre Sevilha e Lisboa. isto é, a partilha do monopólio, a partilha do quarto sudoeste da .co~o regra ~e ral , os limites geográficos de uma economia-mundo são um.a questão-: / ,., -:;.
Pmín.<ula Ibérica. porque o monopólio é mais f:!cil de avaliar do que o mundo europeu sobre o qual assenta. As de equ1líbno. A dmam1ca de forças no centro pode levar a uma pressão expansionisu (como ,......, ".·, ""
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por Sevilha e do comércio asi:11ico dominado por Li ~boa não resultam de uma incapacidade intrínseca em medir-
vimos ter acontecido na Europa no século XV). O sistema expandt-se para o exterior aJé J. · - ~ ...
-se monopólios. mas mui10 mais da nossa incapacidade temporária para medir o resto [isto é, o que não é pane que chega ao ponto em que a perda é maior que o ganho. Um factor. evidentemente. é a cfu- ,,,,_;.... n '4
do mooopólioJ-. Jbid., p. 273. tância, uma função do estado da tecnologia. Mencionámos atrás o conceito dum mundo de ·-,.,"
173. • Ao passo que a maioria das im1xm.açõcs de além-mar eram pagas com a exponação de metais sessenta dias. Há muitas formas de calcular o tempo. Compare-se a d~scrição de Oiaunu.J
preciosos e moeda - o comércio do índico oriental era decididamente um comércio de importação cujo objecto
principal era satisfazer uma procur.t. europeia mais do que encontrar mercados para produtos europeus - as do tempo de ir da Península Ibérica às Américas e à Ásia Do primeiro diz.: • Viagem de ida,
importaç~ via Lc\·an1e aprese.nta'w'am uma face muito diferente . Os mundos da Arábia e das Índias cobiçavam
um cato número de artigos dos países do ~·1 cditerrãneo. O cobre era um metal com panicular procura e era des-
p;ichado para o Oriente dc-s.de' a Europa Central via Veneza. O coral das pescarias ao largo da costa tunisina 175. Ver Boxer, Portuguese Seabome Empire. pp. 56-57; também Godinho. l' trONX'".ir tú rrqirr por·
en uporw!o para Oriente. algum dele pela Companhia Francesa do Coral que operava a partir de Marselha na tugais, p. 683.
sc:gu.'lda metade do !>éculo XVL. Tecidos. rru:rcurio e açafrão. juntamenre com ópio do Egip10. entravam na tor- 176. Ver Chaunu. Conq11éu, pp. 290-296. 300-3 11.
re!!~ de mercadorias. trocadas entre os pai~ medíterrãnicos. o Lc\'ante e as Índias. Esta circunstância explica sem 177. Ver a descrição de Boxer do impacto do açlicar sob« a e.irutur.i '°°'1 !nsilei.-.. Poro., ~ ~a·
6,j\·iea um~ por que razão o comércio caravaneiro não p3Iou quando os portugueses descobriram a ''ia mari-
das Amfricas a exploração mintira te,·e um tremendo poder para reorpninr. e mesmo
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borne Empire. pp. 84-105. Quanro às operações mineiras. "er Ah•aro l:!ra: ·É inqucstimiv<I q"" !:lll.'tll ~IOOS
~~
Lima para as 1ndias e tentaram reorientar o transpone da pimenta•. Glarnann. Fonrana Economic /iistor)' o/ Europe. !Jt'r-'t!'..!f. 1
pp. 56-57. as pessoas tinham tido na época pri-colonial. A non concrntrnção das popu13ções indif~..i< f "1l:!l pcb ~
t 74. • Ü nuior arlver,áriQ do galeão de Manila era sc:m duvida a própria administração espanhola. AOS de centros mineiros - e não estamos apenas a pensar em Poiosi m.is em muitos OU!!'CS ~ dt ~ ~
olhos do< m<rcadomi de Sevilha. cujas queuas facilmcnie atingiam os Conselhos do Rei. aos olhos da ortodoxia ouro. prata e mercúrio - cria\'a pro,·a\·eimeme pela pnmcira ·•ez o knórrieno ~·.xl.Js ~ L"T~:ti .. des-
buliociua dJ Corte. o c.omfrc>0 do g3.le-lo era o pior de todos os comércios com o E.uremo Oriente: o seu défice era pojadas. de. ~nraizadas de rudo sem futuro ou se2urança p.:i.ra o !llWlhi Jg:ru:p3d1s e:n roms ~-us... tm
compemado pch <>poiuçào de metat> preciosos•. Chaunu. Annales ES .C .. VI, p. 45S. quais a concepção da cidade não tinha qualquer ;ignificado cerno tal. pelo menos 00 .so-.!100 IX_cr.r.• ' ~ .l:I!'t:l.1m
u~..a .outra razão. para ~ oporem a esta drenagem de metais preciosos era que ela cada vez mais não pudesSc envolver um aumento dos.eu anrerior nível de vida:~. fara. Tru crJa) OS .s.o/J;r t~:J 1'1Jura upcmD-
ru~•• por L u;boa e Scvrtr..a: •Pela rota do Cabo. os rraleJ Ide prataJ fl uíam para todo o Orienre. Graças a eles. -americana . p. 28. . . . . . ..... ut cn croc:n.i..-o. I! fxitnc:n!e
0 eo<ne=o da China - pon;ela.oa. seda em bruto e tecidos de =la - suplantou outros comércios. e levou a que
178. Woodrow Borah indica que a seda foo ongmalmen" culu' i= ~',.<= DJ cr::ma 00 ""' E.s;o·
!oC frcq'..>Cl':W3e o lap:lo, .aída pan a sc:da. fonre de prata_ A profundidade do de5ejo da China por metal branco. por transponável por carroça ou mula. prometia .baixos custos de lf'll1'l"""· "'; ~k" L' "·oi CAlifO<"-"• Prcss.
um ~ t o clc=voh c-nento da Amc'rica fapznhola. por outro. levou à criação duma rota dirccra de Acapulco 3 nha e grandes lucros .. Silk·raising in Colonial Mw co. fbero. Am<ntm>· - ( ·,,& • "'""dos n=s rratos:
Mv ili.. que de.pcnoo • 00.. chdade de Goa e de Lisboa e que as aproximaram de Sevilha. ieualmcnrc prejudicada•. it &43), 15. Borah oferece rrês explicaç&s oote declínio: dec límo ~~J.:poí ;le:s dos bosq'J<S de
GcwdirJto. L' ; <Momi t' de t ~mptrr portugau . p. 833. - mposws excessivos e exploração dos indios que conduzi> .ª .5113. Fili i!',,. no !JX't<a.io mimôtl Ver ""'
O ca10 e.pa.-,hol faz não 00.tante um contnsie flagrante com o de In elaterra. No início do século XVII. 1 amoreiras; queda nos lucro>por causa da ofertl ad1c1onal 0r1pniri> d.1s P
C~µ.~ Lo gJe.a da. lr.dia.s Orientais veio a estar igualmen1e sob aiaque pela drenagem de prata q"" acompa- longa discussão destas causas em declínio na> pp. 85-101. . dld> oor.to ir>:l;cr que ocrescí-
r-'u: i o~ corntrc-t0 e que fr:w.10\ considera vam responsá \e l pelas de~~ comerciais da ~poca ... para ist.o a 179. Chaunu ._ A_nno les ES.C.. VI. p. ~~2 (n. 1)-_ Embora=:=:~.., ~Jo "'!'m ._qae o ilwmo
::== posu pror.u era Cf«. rm '1 nudc da! re~• pon.lÇÕe< da Companhia para o Con1inente e para o :'l!édio Orienl<
~m -.t.-x. 0 L"'°"-ro en~iar..o para "' lnd1as. ID<l3 • q!.IC'1ào era ilL'Cpzráve l da balança de pagamentos do
""' rodo · K. M . Clu:idlru.'l. •The East Indca Companv and 1he Export of Trea.suro in lhe Earlv I7rb
~nlo do _comércm filipino fo i uma da! causJ> do dechruo dl ~ lviir.<nto 00 ('()Cl)éroo fii qr.io comci<tu com o
ve'.'13delfo, apoiando assim Chaunu: ·Em con!fllll<. 0 descn '*" de ;c1hs ct.ines:ts <0 pnl< cs;:al>. e
dcchmo do cuhi"o da sedl no :'\léxico: ccmcçJvlt!D em 1579 im~t.rai.r.OJ . p. 90.
~·- ÚON=_HWWJ Rnir~.XVl 1. Ago>io 1963_. 25 . A éompanhia linha obvi:unente razão. •A ~ropa• por " 0 1ta dessa época a cultura interna com~ou a dechnaf". Bor>h-
e~ ~FK''º'"""" n.lo • lngla!ma. Foi • incapacidade da Espanha em colocar-se no centro do 180. Ver Chaunu. Annaln ES.C.. VI. PP· 46()-461.
· ' "°""-<~por..u da Europ-• cor..o • bglatem o fez """> tpoca que marcou a diferença. 181. Chaunu, Conqube, p. 290.
327
326

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i
• . • resso seis semanas. incluindo a viagem completa as cargas e descargas, num N;i Ásia, o d?mfni~ponuguês do_Oceano Índléo e dos dt: Mal e~treitos r I
um me · rcg : · ' t' de entre os períodos mort os do Inverno» <181l. Do outro diz: • ·entes desafios a medida que decorria o "longo. $tculo XVI -dos, . ..ca cnf:eniuu
ciclo anual que se cs t n cresct 1'g;i rota do Levante), das cMrela.~ asccndentel do noroes d Eu lfTa!J<":\ cum Vcna,a '1
No ponto de dist;inc il m:lxima - d!gamos o cix~ S'cvilha-Man ila. cer~a d~ 1565 .-. 0 unj.
verw nJsc ido da longa rransfomwç:10 dos s_éculos XV e XVI é u~ umverso de cinco anos.
~ ~: da) e das forças indíg~nas renaM:cnres da Á.sía.
11 e ª
fCJ?a fa Inglaterra e a !
Num capítulo antenor fal ámos já do r~~urgim·nio do M-"·t ·
0
. · 'I
l: ro t! . ónco anos é 0 rempo médio necess;ino para uma viagem de ida e volta da Espanha às - '""1 erraneo orn:nul no "'
«seg undo» século XVI. Portanto, façamos aqu i <ipcnas wna b!e'c rcca:mul;.çrro 'J'-~· .,
Filipinas < ••~>.
u:vante exigra um bloqueio custoso. O núcleo da quest.iio era que · P001iga! não. era ':ri~ ~-:- .-- :
1
00
É claro que a diferença era considerável. cientemente rico ~ara_ mant<~~JeMa v~ta rede, as ~u~ forta leza$, ~ ~!Ja\- CUi tosa> e>qua- ~~ , .·:·_, :-"i
•• . Mas a resistência da distância era mulliplicada pela resistência da autoridade estabe. dras, os se us func1~n~nos» . N~ decada ~ 1530. os tur~ podi.am 00 ,.~e ~'ln- • , ,',_-; 1
-· ~ .. i,.. - , lec ida. As Américas fo rJm conquistadas fac ilmente. Mesmo os estados ~struturados, como 05 barcar no Golfo Pers1co, e a partir_des a epoca a participa~ pon gue;.a 00 comtrcio _ .
.;,. ,
azrecas e os incas. não foram adversários para as armas europeias. A Asia era uma questão declina c1s11. Cerca de 1560. Alexandna exporta va tantas especiaria\ para a Eun:pa coroo cm ..:.;-~-· '. /
fins do séc ulo XV'.' , aind~ que, ~em dú~ida. proporcionalmente~- Além dºs.w. ~por- ,,... __
881
totalmente distinta. Nem Ponugal nem os seus sucessores do século XVH foram capazes de i·
·consrg uir a potência de fogo necessária para fazer conquistas territori ais significativas. À wgueses não quenam ou nao podiam ba1:tar os seus preços para fazer fren~ io w::iwrr~cia - ~ ·
fa lta disto, não podi am es tabelecer um sistema como nas Américas ou na Europa Oriental, veneziana C1•91. E, é claro. só nos referimos ao comércio da pimenta. dado que 0 comfa:cio de !
onde um pouco de força permite uma grande expropriação de excedente. Pelo contrário
'exigia muita força (os portugueses contra os seus rivais marítimos) conseguir a aquisiçã~
forma a criar o excedeme indispensável para prosseguirem a >JJ3 poliuo de ccltt.~ 0 Arhla do 5· •.
i
duma quanridade menor de excedente (porque os governantes locais podiam insistir em reser- • L'ancien royaume du Congo•, Anna/es E.S.C.. XXV. 6. Nov.-Ocz. t970. !725.
var para eles mesmos uma percentagem muito maior). Uma forma de considerar isto é cal- Boxer também diz que o que desjgna por •expcnbcia promis.~· õ::".orc:cn.r. • y"'1Lr dJ: r.;xr....e do t:
cular a rentabilidade dos usos alternativos da força. Frederic Lane conceptualiza-a assim: D. Afonso 1em t 543, •em_parte_por causa dos co'."promissos crcsc_enres G: Partupl a ..i.!ia e o >.mórica oo Sul.
mas sobrerudo devido à d1ssemmaçào e à rntenSJficação do comercio óe e."'"'"'._ P.au ffr """"-'- p XJ v...,
Arrisco-me a propor como hipólcse qu e as empresas /coloniai s] que utilizaram a força para 8 iambém Boxer, Port11g11ese Seaborne Empire. pp. 97-103: Georges Bal:t.'ld:<T. Daily l...sjr :o Ú"-< t:"'t:icto e{ : '
Ko11go (Nova Iorque: Panrheon. 1968).
pilhJgcm e conrra o comé rcio dos seus rivais [por exem plo, os ponugueses na ÁsiaJ, viram-se 186. Braudel, Ln Méditerranée, l. p. 496. Um outro factor r.e>te ccr.iér:io d< !l10 I= cn a m.-;>çi:!·
em geral sujei las a rcceilas dccrescenrcs, mas que muitas empresas que ulilizaram a força para oDurante algumas décadas após 1500 os ponugueses pu"'r:im strios oo.úculo. no caminho do a=t::rio éo M>r
se pro1egcrcm lconrra a deslruição ou caplura do seu capilal e a perda da sua força de trabalho), Vermelho e forçava m os preços das especiarias cm Akxandri:l p;?ra cima do nfrd ~ ~do XV_ ~!An u::lc oo
incluindo muiras que impuseram o trabalho forçado [por exemplo, os ponugueses no Brasil), funcionários ponugueses na fndi:i romaram -se Lào ineficazes. t.'io facilmente corrupú>ea. qt1t Ji r.iop:i:;.'ru: ob<á·
gozaram a vanragcm de receiras crcscenres e JHJJ. cutos cus1osos na rota de comércio alravés do Mar Vermelho e do Golfo Pénico•. Fr.:d<ric C. l...rJC:. l ºrr,;:y W>JÍ
Hisrory. p. 33.
Manobrar na periferia e na arena exterior requer diferentes habilidades. Só na peri- t 87. Ver Lybyer, English Hisrorical Reyiew. XXX. p. .586.
188. Lane, Venice and /(istory, p. 31.
feria ~ grupo econo~icamenre mais poderoso é capaz de reforçar a sua posição por meio I 89. Godinho cita um mercador veneziano do século XVI. Ces.>re dc Fcdrici: •A pimaa '!"" ,..; p:m
també~ _ da don_! r~açao culrural. Os portugueses compreenderam isto muito melhor que os Lisboa não é tão boa como a que vem pelo es1r-.ito de Meca [presumi,·clmc.nte o M.lt \'rmrneooj pc:n;-.ie <>at~iJrlo
espanh o1s. Es res ull1mos consideravam a evangelização cristã como muito mais prioritária do rei de Ponugal fez h:! mu iros anos um conlrato com o rei de Cochim em nome do r::i de Portc;:U e fuou o prr;:o
da pim enta. com a consequência de: que o preço nunca podia subir ou baiur. A\5Ü:i o ~ é mmi.o hJ11o. de
que ~s ponug uescs, qu~ percebiam melhor os limites do se u poder neste grande encontro maneira que os camponeses se desfazem dela com relut.inci:i. ~m es.tllr maduna. r f S-UJJ.. \ ·ato (ft.;( O!S merca-
cnsrao-muçulmano na Asia do século XVI. Chaunu assinala que os espanhóis fizeram gran- dores árabes pagam melhor. é-lhes dada melhor pimema. mais ~m traud.a•. L" k o""'"1U .:it rar.pirr pcrru~au.
638
des esforços para derer a penetração muçulm ana nas Filipinas. Tiveram um certo êxito, mas
~r~g;~~ma~: preço económico: '.'E~ ta ~~ofu~da hostilidade para com o Islão, esta i~ca_pacidade
pp. -~!°iinho
insis1e em que perdas na roia do Cabo não'""
unu eAplicaç:lo d d.oelinio J""01f'"p..é>: ~Em
con·
clusfo: no decurso de 136 anos. as perdas e m v iag~n s de ida montJ.r.im a m~nos dt: 11'< . r r:sn.
:1 ,,,?tm « ~trlflh'l
. g _acordos com os prmc1pezmhos muçulmanos das Molucas não constllmrá a ver- u menos de 15%. Quando. em 1558, ao csiabckcer-se uma espécie de Of\Jrnl."tlto pan o ;om<TC• ' ctis e<t"""'.>..-u.<~
dadeira cx~lu:ação, mai s que a hostilidade dos portugueses, para o facto de os espanhóis das incluiu uma rubrica para uma perda anual de um c:ntrl! ca<la cinco bar\O<::i (~CY<l ru \ IJtrm ~ rt'~\&ô, ~ dku.lo
Filipinas ºª.ºterem conseguido êxi ro no comércio das espec iarias?» 184 J. Comparemos isto
C
mui lo generoso. O iraliano Sassetti, 4ue estava habi1uado ao i\1editerràn~ t' que unhl~: il ~:~7,; ~'~~
forçado a vohar ao seu pono de p:inida no ano prccedenle. escr-.,·eu ~ Coch•m que= rc •
c?m~ dec isao ponuguesa no Congo, onde inicialmente jogaram com a evangelização a colo· do ;..,,,~ (~.lmho. pcorquú que
~izaçao ~ mesmo com a agrkulrura virada para o mercado, e posteriormente se dera:n conta
à lndia do que de Barcelona a Génova lp. 67 11 • . .
.
.
1
Pode pcrgun1ar-sc. como faz Guy Chauss 1naud -No~&rct n~t~J rc~ffl-~omo. fizr:ram m:iü: t.uck O:\ inglt-se:s
b e q~e ~s cust'.15 eram demasrndo elevados e recuaram para uma relação de entreposto na qual ~s ponugucscs nunca dcscnvulvC'ran~ ncMJ alrurJ gr;mdes rnmpanhra:. pn~ .ª:!33~i~ rfw: 3 zr . pl!fl. al!np.:is!oM os !rlc:U'i
. uscavam bas1camcnre escravos e marfim 111, 1• e os holandeses, que pudessem 1er sido capaz<s de usar método< comac a. t n'~ fr..c~N>U I . • f'orque é que
concorrcmes europeus. (A tenca tiva de cri :ar uma lal c?mp.inhia c·~~~<;~i'!:1r:in~!O do c-aritali\mu (~rcral
Ponugal, que p:irccc ter csi:ido à frcnle do grande movum·nto '!"" "'· : k l . k Norte lcuroptu) lenll<•em1cn·
r82 · lbid, P· 277. Um:i longa disc il r . · moocmo, se considerou no começo do séc ulo XVtl _incar:v. de "'8"':~:~.1x~'. ,~ que \"ii;m•a R•u 1cm chamado
l8J. Lanc. Ve11icr. {lfl(/ lli.rtory, ~- u;~. o' o rempo-d1s1finda acha-se nas pp. 277-290.
~,"s ] 7 NUo es1á pane da n:sposia no papel do capnahsmo mlcmx ion • -k Ul."tl1 eram 0 , grandes lx'ncfJCrárw>
t84. Chaunu. A,, 11a/r.r E.S.C. , VI, p. 455 (n 2) cspecut:iç.'1o cosmopoli1a" l '"agi01axe .. ('!O que nos lrJl de •·olta à:c~l::.O~lio: 0 "rri rui pimenu·· ~1u a.< was
,· IR5 . Alfredo Marg:indo nol:i: "º C .. ·. : " do comércio das especiarias. Aparenremente n:lo.<ra o p.1l< que tklJ L' k poi,-rr. k l'onug•I cl l tconomic
nas duma cconomii.l colonia l flconnmie dr ,~:~~ ~~ão rel'usava a marca ~o catolici~mo e resislia às exig2n·
). · ponugueses eram obngados a desguarnecer o reino. por finanças devoradas pela enom1idade dos invesumenlo• l('QUC'íldO'•· • °'·
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clusfo: no decurso de 136 anos. as perdas e m v iag~n s de ida montJ.r.im a m~nos dt: 11'< . r r:sn.
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c?m~ dec isao ponuguesa no Congo, onde inicialmente jogaram com a evangelização a colo· do ;..,,,~ (~.lmho. pcorquú que
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Pode pcrgun1ar-sc. como faz Guy Chauss 1naud -No~&rct n~t~J rc~ffl-~omo. fizr:ram m:iü: t.uck O:\ inglt-se:s
b e q~e ~s cust'.15 eram demasrndo elevados e recuaram para uma relação de entreposto na qual ~s ponugucscs nunca dcscnvulvC'ran~ ncMJ alrurJ gr;mdes rnmpanhra:. pn~ .ª:!33~i~ rfw: 3 zr . pl!fl. al!np.:is!oM os !rlc:U'i
. uscavam bas1camcnre escravos e marfim 111, 1• e os holandeses, que pudessem 1er sido capaz<s de usar método< comac a. t n'~ fr..c~N>U I . • f'orque é que
concorrcmes europeus. (A tenca tiva de cri :ar uma lal c?mp.inhia c·~~~<;~i'!:1r:in~!O do c-aritali\mu (~rcral
Ponugal, que p:irccc ter csi:ido à frcnle do grande movum·nto '!"" "'· : k l . k Norte lcuroptu) lenll<•em1cn·
r82 · lbid, P· 277. Um:i longa disc il r . · moocmo, se considerou no começo do séc ulo XVtl _incar:v. de "'8"':~:~.1x~'. ,~ que \"ii;m•a R•u 1cm chamado
l8J. Lanc. Ve11icr. {lfl(/ lli.rtory, ~- u;~. o' o rempo-d1s1finda acha-se nas pp. 277-290.
~,"s ] 7 NUo es1á pane da n:sposia no papel do capnahsmo mlcmx ion • -k Ul."tl1 eram 0 , grandes lx'ncfJCrárw>
t84. Chaunu. A,, 11a/r.r E.S.C. , VI, p. 455 (n 2) cspecut:iç.'1o cosmopoli1a" l '"agi01axe .. ('!O que nos lrJl de •·olta à:c~l::.O~lio: 0 "rri rui pimenu·· ~1u a.< was
,· IR5 . Alfredo Marg:indo nol:i: "º C .. ·. : " do comércio das especiarias. Aparenremente n:lo.<ra o p.1l< que tklJ L' k poi,-rr. k l'onug•I cl l tconomic
nas duma cconomii.l colonia l flconnmie dr ,~:~~ ~~ão rel'usava a marca ~o catolici~mo e resislia às exig2n·
). · ponugueses eram obngados a desguarnecer o reino. por finanças devoradas pela enom1idade dos invesumenlo• l('QUC'íldO'•· • °'·
328 329

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.,:-o<.· 1 .,,,,
1
drogas não parece ter-se con venido em m ono~lio ponuguês e m mome nto ~l gum <1901. Com
efeito, a decadênc ia ponuguesa deverá ser medida pelo facto de que, a pan1r de 1580, aca- misericórdia p ara Ve~eza, porque Amesterdão, ..mais eficie . /. , ,_
r
j
espinh a do velho comerc10mediterrânico,, 11%1. me que [Lisboa], quebra a '!°"' ~:,:::
baram por procurar apropriar-se de pa11e do próprio comércio ve nezi ano ll 91>. O declínio de
'
1
Ponugal e ra. por i s s~ . muito real. Godinho prev ine-nos para não pas~a:~s ao outro ~x tremo O s holandeses Çe ~s inglese~) não Imham só vanragens na Euro ~ :J;:>~·' · ,
e imaginarmos uma imagem cor-de-rosa de Veneza em plena ascensao ·, ponto de vista que da de na va l no ?c~ano Indico poss u1a uma vanragem financeira adicionai~ A sua supeno~- · -;~""' _. /'
só com o comerc10, mas também com o saque de barcos portu u~s 097; odtarn lucrar nao ;,., ---~·o-;
já anali sámos, poi s Veneza não podia recolh er tudo o ·que Ponugal dei xava ca ir.
holandeses (e os ingleses) não introdumam ameia nenhum g Mesmo assim, os ""'"•· -
, !:»'~ ,~ ; ... . ; 1
Um rival ainda mais eficaz era o noroeste da Europa. N ão devemos esquecer que quando. tico. Continuaram o papel intermediário dos portuguese.s m •.e emenlo novo no cenáno as1á- -;;~· :-;.;,:;:.,'
" · "'-f· u " '"'as coroas de Espanha e França declararam ambas bancarrota em 1557, a Coroa ponuguesa
"v,.i •.•t, seguiu-lhes os passo s em 1560. Não voltaremos às razões d a ascensão da Holanda e da Isto lev~~~os à raiz do que acontece na Ásia. Com 0 colapso dos portugueses. osJ ..:-;::::._,, li
governantes as1a11cos rec uperam algum controlo. Por exemplo de 1570 d' · · .·
, · ..;~~: Inglaterra. Mas devemos tomar nota dum factor decisivo no comércio de especiarias , que é
a exis tência de facto de dois comércios de especiarias, amiúde chamados « O contrato asiá-
1
neses apoderam-se do comércio de especiarias nos estreitos d.e Malac/:1 :~: ;~;ª~ :.~',.
intrusão dos holandese~ em 1596 < >. Durante algum tempo os ponugu~s compensaram isto -.. ;.:.,,,,,.. 1
199
0 i ...:;:. -: 1
·
ti co " e "º contrato europeu ». Isto é, havia lucros ao trazer as e speciarias da Ásia até Li sboa
(ou Veneza. ou ma is tarde até Amesterdão) e havia lucros sobre e stas mesmas e speci arias
com o seu novo monopoho de transpone entre a China e o Japão r.ooi. Mas quando 05 japoneseS..::::' '" . ; 1,
quando eram vendidas aos se us consumidores europeus finais, que se encontravam fund a-
de açúcar e de escravos enlce o Bras il e PonugaJ ou entre a África Ocidemz.I e o Bm i1estava ainda na\ iro.os dos
mentalmente no None da Europa ll 931. mercadores e arrendadores ponugueses. muitos deles de origem judai ca:; mas a eAponação de açúcar de Pononl 1
L Os ponugueses não tinham a rede necessária para vender a p imenta n a Europa, espe- para o resto da Europa era comrolada por holandeses. e os capiiãC'S holan~s umb<m fanam a c;c,..in d;;,,,
cialmente depoi s do declínio de Antuérpia, com quem tinham estreitas relações. Diz Chaunu comércio clandeslino com os panos brasileiros. Os JX>rtugueses locais eram conh en1es com este comércio e rn.is-
tiam às 1entativas da burocracia espanhola para o impedirem. Também em Portugal ~ em~'·am os f 1
do Ponugal de 1585: seus nomes a empresas comerciais ho lande~ . na base duma comissão, dur.rn1e os periodos em crx era oficial- 1 1
Isolado do None. o rei de Espanha. que governa em Lisboa desde I580, oferece em vão o con-
menle proibido o comércio holandês para portos ibéricos•. Pany, Age o/ Rtconr.aissana , p. ~77.
196. Chaunu. Séi'ille. I. p. 13.
1
traio da Europa. A Itália não é suficientemente forte [n' est pas du tail/e]. Ninguém em Espanha 197. Ver Godinho. L'économit de /'empire portugais, pp. 696-697. Mas Gcxiinho fornece wn ª'-iso pru~
pode sonhar com ele. Ele 1em que substiluir Antuérpia por Ioda a força do capitalismo alemão,
o dos Wclser e dos Fugger.
dente co~~h~:::~=~i~5d~ns~~e:~s::~~:·:;:~~e;:odv::::~; ~:~~-~!a6~ ~llruio a f

Como di zer isto mais claramente? Em definiti vo, o contraio da Europa ganha prioridade sobre Espanha inic iou um bloqueio à navegação holandesa na Península Ibérica em 1595. os holandõ<s cxp<rimcnti- I'
ram uma grave falia de sal. um produto de ex portação ibérica. HellllJiln Kelk nbcnz sublinha o facto de que o sol
o contrato da Ás ia <'J•i. l(era muito imponan te para a indústria [holandesa] do arenque•. · Spanien. di~ nõrdfichen \"iecL~ und dic
Skandinavisch-baltische Raum in der We il winschaft und Politik um J6CX> 11 , rirrre/jaJ.Jsch.rift fir die So:ial- und t'
r Mas os Welser e os Fugger, por sua vez, não são suficientemente fone s para enfren- IVirtschaftsgeschichre. XU , 4, 1954. 293.
tarem os ingleses e os holandeses o95 i. E a ascensão dos holandeses é de facto o golpe de Os holandeses descobriram que havia sal à disposição na ~n ínsula de Ar.lla n.JS costas GJr.J.ibian.as d3
América do Sul. Começara m a explorá-lo e os barcos de \ 'Oitl empenhavam-se em coo!J'lbJnde;ir e 115,altir JlOI" .
boa medida. O resullado foi sério para a Espanha: .. Para a própria Espanha. anres do mais. isso s1~fiC3va q~: 3 SU3
mondiaJe,.. Anna/t s E.S.C .• XXV, 6. Nov.-Dcz 1970. 1595. Ver. à luz desle comentário. a visão de Furtado. já regis- política europeia res1ritiva relativamente ao sal [pressão políuca sobre os .. rebeld:!s'' dos ~.a~s fü..L\ OS do !' 0"~1 ~
tada na nota 170. mostrou um fiasco. Ela perdeu complecamente os preços de venda e os dirtitos que pnmciramcnt.e.obti'·erJ.ix:r
A única verdadeira tentat iva dos portugueses para estabelecerem uma tal companhia privada foi vir- dispor de sal peninsular para os holandeses. AgorJ. esles úllimos ~cbiarn ~aJ americ::no ~,.~;!~~e::~
tualmente reali1.ada por inicia1iva do Estado. Fundada em 1628. foi dissolvida por volta de 1633. Ver Da Silva. tos, que estimavam valer um milhão de florins por ano• . Engel Sluner. · Du1ch-Sp3 rush RJ ah)
En Espa,~nt. pp. 140- 14 1. A rea. 1594- 1609 », Hispan ic American Historical Rel·iew, XXV H~ . 2. i'!ai0 J9.:S. 1 8 1.~ e mJ.S só à cusll d1
190. Ve r God inho, C économie de l' empirt portugais. pp. 596-616. Diz ele que as acções portuguesas no A Espanha procurou ex pulsar os holandeses e c?nseguiu faze-lo lcmporan
1
J;i Trl<wi de l609. Foi
Oceano Indico. mesmo no pomo alto da sua eficácia. • quase não 1inham impac10 sobre a ofe rta de drogas Jp. 61 6]-. man urenção de uma grande ann a~a e da reabenura ~ ~cnmsu/J fbénra aos ho.lan= J: hol~~s 035 Car.lí-
19 1. Ver ihid .. p. 771 . Visto que os turcos proibiam aos súbditos do rei de Es panha (que inclu íam os por- em certo senrido demas.iado rarde para desfazer o preJuizo._ ... Pan ~. Espanh~:~~JJ E.u rrmo Oriente. na Africa
tugueses apó~ J 580) comerciarem nos seus domínios. os mercadores ponugueses assumiam nomes franceses. ingle- b~ em grande escala, sincronizada com a sua pesada pressao marmma e ~o r00 3 defe.s:t it-érict1 do mundo
ses ou ve nezianos. Ocidental, no Brasi l, na Guiana e na própria Península. era um facior mais. a comp ~clI íbas e aié Ct"no ponto. em
192. Ver ibid., p. 714. Também Godinho di z da.< dinculdades venezianas iniciais em 1502: «A crise não colonial trop ica l. ( ...) A Espanha remendou 1emporariamenrc as s~as b~i ~~nas a:~ndo ~olonia.J pelos holan-
era causada pelas viagens portuguesas. pois precede-as. (. .. ) Isto é, o e.stabeleci mento da roia das fndi as e a acção todo o lado. mas a que preço ! AI irada bruscamen1e para a defensi"·a ~-u ~ e .3 m ~jo rr"·r enercia de sobra ~ara
empreendida ~on~ra o comércio do M~ Vennelho eram exercidos contra um corpo com feridas abertas e extre- deses neste perfod.o .. el~ exauriu-se de.1al fonna ao pr?re~er zona ~~~'~ "'~:,~~o ~u im~rio. '"só quand.o v~ro
35
1

mamente scns1\'c 1s que, ao durarem mais que a causa imediata do estalar da. crise. a lransfonnou numa depressão
ª
afinn ar as suas re1vind1cações exclusivas em áreas ainda não ocuiare-rra foi capaz <k descobri re maruer a _Virgínia.
duradoura fp. 729]•.
neste co~rex to se toma inteligíve l. por exemplo, ~rque t que.a ln~ertnc ia dos esçunhóis. que es~"'am sohd..3.menre
193. Ver H. Kellenbenz. A nnales E.S.C., XI, p. 8. o seu pnmeiro e magro posto avançado na Aménca,. sem a 1 ~1e li . w rical Rená•. XXV1IT. PP· 195- 196.
194. Chaun u. Conquére. p. 35 8. baseados nas Camíbas e na Florida,>. Sluiler. Hispawc Amrr1ca~ · ..r~aruo os ingleses comoo.s holandeses ac~aram
. J95. • Ha~nburgo só .brevc~cn~e goza desta primazia no comércio internacional das especiarias. A 198. Ver Cipolla G11ns and Sails. p. 136. Ver Chaudhu · . . 0 seu p;idrõo normal de comércio era
década de 1590 fo i de grande 1_mponanc1a para o alargamemo do comércio colonial. Os holandeses e os ingleses ~ pani.cipação no "comércio de província" da ~si:i exrrem3111e~re l~~~:~~as das fndi::1s Orientais •. Economic
~~~~2 pc;~. sucesso ampliar a sua participação no mercado mundial das especiarias•. Kellenbenz, A nnaltS rn~e st 1r a sua prata em bens na Índia que depois eram trocado pe
Hwory R ei·ie w, XVI. p. 26. . . 814-8 17.
. A rede holandesa na Europa lambem estava acostumada a introme1er-se no comércio brasileiro de 199. Ver Godinho, l 'ico11omit dt f tmpirr .p ortu,~t PP·
açucar nesia época: •Ü Brasil era a principal fonte do açúcar consumido na Europa. A maior parte do comén:io 200. Ver Boxer. Por111g11rse Seabome Empirt, P· ·

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holandeses (e os ingleses) não introdumam ameia nenhum g Mesmo assim, os ""'"•· -
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Oceano Indico. mesmo no pomo alto da sua eficácia. • quase não 1inham impac10 sobre a ofe rta de drogas Jp. 61 6]-. man urenção de uma grande ann a~a e da reabenura ~ ~cnmsu/J fbénra aos ho.lan= J: hol~~s 035 Car.lí-
19 1. Ver ihid .. p. 771 . Visto que os turcos proibiam aos súbditos do rei de Es panha (que inclu íam os por- em certo senrido demas.iado rarde para desfazer o preJuizo._ ... Pan ~. Espanh~:~~JJ E.u rrmo Oriente. na Africa
tugueses apó~ J 580) comerciarem nos seus domínios. os mercadores ponugueses assumiam nomes franceses. ingle- b~ em grande escala, sincronizada com a sua pesada pressao marmma e ~o r00 3 defe.s:t it-érict1 do mundo
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192. Ver ibid., p. 714. Também Godinho di z da.< dinculdades venezianas iniciais em 1502: «A crise não colonial trop ica l. ( ...) A Espanha remendou 1emporariamenrc as s~as b~i ~~nas a:~ndo ~olonia.J pelos holan-
era causada pelas viagens portuguesas. pois precede-as. (. .. ) Isto é, o e.stabeleci mento da roia das fndi as e a acção todo o lado. mas a que preço ! AI irada bruscamen1e para a defensi"·a ~-u ~ e .3 m ~jo rr"·r enercia de sobra ~ara
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mamente scns1\'c 1s que, ao durarem mais que a causa imediata do estalar da. crise. a lransfonnou numa depressão
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neste co~rex to se toma inteligíve l. por exemplo, ~rque t que.a ln~ertnc ia dos esçunhóis. que es~"'am sohd..3.menre
193. Ver H. Kellenbenz. A nnales E.S.C., XI, p. 8. o seu pnmeiro e magro posto avançado na Aménca,. sem a 1 ~1e li . w rical Rená•. XXV1IT. PP· 195- 196.
194. Chaun u. Conquére. p. 35 8. baseados nas Camíbas e na Florida,>. Sluiler. Hispawc Amrr1ca~ · ..r~aruo os ingleses comoo.s holandeses ac~aram
. J95. • Ha~nburgo só .brevc~cn~e goza desta primazia no comércio internacional das especiarias. A 198. Ver Cipolla G11ns and Sails. p. 136. Ver Chaudhu · . . 0 seu p;idrõo normal de comércio era
década de 1590 fo i de grande 1_mponanc1a para o alargamemo do comércio colonial. Os holandeses e os ingleses ~ pani.cipação no "comércio de província" da ~si:i exrrem3111e~re l~~~:~~as das fndi::1s Orientais •. Economic
~~~~2 pc;~. sucesso ampliar a sua participação no mercado mundial das especiarias•. Kellenbenz, A nnaltS rn~e st 1r a sua prata em bens na Índia que depois eram trocado pe
Hwory R ei·ie w, XVI. p. 26. . . 814-8 17.
. A rede holandesa na Europa lambem estava acostumada a introme1er-se no comércio brasileiro de 199. Ver Godinho, l 'ico11omit dt f tmpirr .p ortu,~t PP·
açucar nesia época: •Ü Brasil era a principal fonte do açúcar consumido na Europa. A maior parte do comén:io 200. Ver Boxer. Por111g11rse Seabome Empirt, P· ·

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Ta l\'CZ que u rt·ri rnda d1i Japií1>fosse c>n 1sionada 1wla excessiva agress ividade cvan-
cdii .idiir.1da kr.·ja nisrií. como atirm:t C. R. Boxcr 1' "". cuja amplitude de conheci mentos
~ julgamcnlL> l;isr ~lrko cxigc· m r.·s1x· irn. No enra1110, aprc'.scnrou poucos dados empíricos
p:1r.1 fu n il :1111~111:1r o s,:u jll í10. l\xlcria o Japilo não se ter retirado. em qualquer caso. dada
n slla l' rc-sc'<'lll<' força inrcma e :t ex igll itlatlc das suas rd ações com qualquer economi a-
-mundo?
Os p11iprins cidadfü>s porrugllc'sc·s aprcmlc r:un a lição da dl'cad.:ncia do hoom dos
'enrr.·1x11ac>s ('nnwrl'ia is. Comc,·ar:nn a di st;11Kiar-sc da sua pátria e a adaptar-se à sobrevi-
v~nria na .-\sia. Em ramos cron6micos, c1>1wcnera m-se cm gr:tmk pane em as iáticos de
<'Xlnt\\'''' c' lll'l'l'<' i:1. ai nd.1 que' em 1enm>s p<• líricus não fosse ass im na mesma medida e não 0
fo.1>c ,·m alboluro c·m rcnnos c·nlr ura is. J. B. Harrisnn cksc·rcve a nc•scenlc aur onmnia mili-
l:tr e l'< 'líri,·a d,, l:'srac/1 • d<1 Í11tlie1 1H1 dcc-orrcr do séc ulo XV I. pnx:csso que vai a par com a
rrt·><·t 1H<· im1•1rr:i11ria do n> mêrrio inrra -asi:ilico p;i ra os porr uguescs <-'<1.<•. Com o crcscen1e
nrn lli ro dt• inr,·n·sscs cnlrc os porlU!!llCScs de Pnrruga l e us da Índia.
(\.S llt11111 ~ ltl'-H'.S i11(·ms t:in1 -s1.· th)S 111 u11ll\ls llll Orirn l\.', instnlt\nJo-sc por todo o Indo com o castulos
ll itl'f':l\mrnl t;', ~1qul'l1.•s q u 1..~ m :rnt~~ m u111 1.:a s~tl ] . ajustam-se :Los iTm..~rcsscs locais ou regionais,
l'llll't"!! ~Hn -s(~ !1 01x·1":1,·tk·s hx·a is l'll i111t:r-n:g il'l"l.lis i.:1'4 ),

011:111 ln a b p:u1lrn :1bsnrvt' P1'rlU!!:tl cm l 5SO, ucc11111u-sc ninda mais o processo, Os


pt> rt u ;:u~,c s lix·:1is ni\o qucn·m 1k ixnr cn1 r.1r os castelhanos no sc~ u mc•rcado. e o rei de
Es p:tn h ~ nfü• IL'lll fn1\:1 p:1 r:1 os1> h rii:11 r <~t' 1 • !\ las istn signi ficn que cm vez deu irem inmxlu-

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t '.\ \°l l. p ..\r\'l."\" \'H' '"\' t•l qth' 11 J.1~\l1• .k f,1~u~:m .1 11.h1 'l' lc 1i :i 1\·1ir111!11 tttm1 11 s tt!l l'l1nr h:1 isnl,1dnni"'lll. l s h l por SU!t
\ fl. ut'pitç.'\ \1u1• ·' "'l'-Oh.l\1 ul11.wurma .Pl''ll<"'·' o t·s1c J'l.' ll•""' 11:\n 1cri:1 n t~l11 :1d11. º' j .tJ"l.lll('Sl'S. pad flrnmcmc:- o u
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~t\l ..' ~\i 1 '411·'_ •' ' ' 1é't.1111 a f.Ut' rl \'..1lmt·n1t·v . (' . R. H1..' \ t' I'. /"}:(' c·h,-i.w.m ( 't"mmy 111.l.1t""· I'· , ii. ú s t' m p rr 1.li fk il 1.ntlW"
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l\'lllt' . l\,l· r-,,é' ·l,I :-\1.!o>lrtll.l l ~li<' Sl\ l'"'illl' •' J.:1p.\,• !\l' !Yl lf'1U r :m\ ~I ~ll:I úllh' hl\ lk llll.... l1l i:fo c:-ft•t•ti\'tl OC':oi CJ 1\h llr.1 foi
tlc \~-:.i~:i.r dt l'U K" r~u "'' 't"\' Ul\ 1 .'\1.\ d.:· um.1 h\1111.1 ,ufk1~ntt'11W11 ft' 1'"'·"-kl\lSH p..1r:1 rt·s istir a d t.•s(." 1111\Cnhur um Jl3pC'l
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. l m l''"h1,k \ t,1.1 'l'tn\' lh.mh' .h 1.lt· l·~. ,,n ,,1t•1c l' 1111''' ' . .' .i,, 1:.11 l;1mrn101.t Cl'::<. rn~s~o l")r Eijiro llo.njo: -.()s.
m"k ' ~u"' ,.,. "''''' ·na\ .un .\ \h ' :-. 111m~1.;:\n 1h' l ".1\llh,: i,111\1 R l'lll.11\n n.1J.tJ'.\,1 titt"r"!lln 'um l)tt1.' o ~ hll!!.UIUUO T<,kU~ll\\1 1
~k,~'\l a ~'" 3 l"'.1!H,·:i ,\.;- 1'nlJ,' h•tt 1M11•• ... . ... r :K h :m,1 l.!C'.1!\ of J .tp.111 · ~ lhC'~e~ Dt•,·clllpnu.·111 l;..,l>r 10 thc- Mdji
c~,\~--lh'\l\Y, A. '\ \ \l , t l /fH(l \ j~\ h \lJh\P;;, · /...'( \ /( \>,:\. \ ' li. J.m. l ~~' r. 1.
'"' . w· , ~\J. ~ ( I .tt .l!n':'I\. \ ',,.1o· t ·.u~N.d. ~c i\1, 1, f '" l/ r., l, lH. lll. pp. :tt?'~~-0. Godinho di .t d.l f t\pitanht dn.~ MtllU·
)J ~~A \\ L~ iU qu • .C' í;t .,, pr:11 1.-.un~1u.- nhk\~1 hk'ntt' ... . /.. ' fr ,m:vtrit · dr/' ( nv•i fr" /'< •rtr11.:a is. p. 8 1~ -
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I.'$ \b ~JI;:· ' i . 1~11\('lf\11 m,~~ nl1('-nh' dus hitt-li:rnrt"s ponu~ut'~cs 'k M:tr :tu, <'m p-!inko lqu.ando soutxntm cn'
·l' 1. ~ 'nu.,.;;,~t e ':.)f\,tnh.t cm 15SOJ . foi Ct'IC.....:-:ir a ~'t.1ló.nia fora tln Ak:\n1..-c ttos p:m·(m:t~h)rc S t s('J..

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runscp_uiram sui~rnrn an:irqu i:1 iutcnt:t. iki xar:nn de pn:d sar dos porwgucses. Ori ginalmente zindo na situação de área periférica. um século de pre'Cn a . . .
os irnrxr:id\>I\'.' ll ling iiuh:uu proibido us j:tpnrn:scs de<c~mc ~c 1ar dcvulo à sua ira contra os , ., Até mais ou menos um século mais tarde a Fu ~ ibénca dt<laJ>ciou ainda m . ,
As1•1· . ,, . ropa naocon .. a1s a t/: ....·J .
piratas wal. i>. lima WL os 1rnko soh l'ülll rolo. o ,·omcrcm dm:c10 fo1 nov amente poss ível, fo rte para começar a mcorporar e~ tas regiões. · ~egu1r1a '-Cr ' uf1t:ientemenre ,,_ ; ·
Al<' m di s ·o. os holandeses e os ingk ses 1'1tlravam agora em c~na s~· m ncnhuma ge111ilezn para . .. ..... ,

,-om u Esp:rnha (= p11rin gíl ll. Os japones('S corneçav:tm a se1111r-sc 111comrnlados com os jesuf. '" ·..;.,, . .,,

rns. e cm acorn P'"'síH·I ª'' fap:in r.·rir:tr-sc· do mu ndo. cspc•cia lmcnre desde que os fo bricanies (. ,.., . . .. ~

<,r• .i •.c,
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Fi~
l
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1

7
RECAPITULAÇÃO TEÓRICA

1'

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RECAPITULAÇÃO TEÓRICA

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Teorizar não é uma actividade separada da análise dos dados empíricos. As análises só
se podem fazer em termos de proposições e esquemas teóricos. Por outro lado. as análises de
acontecimentos ou processos devem incluir como ponto de panida uma série completa de
valores específicos de algumas das variáveis, sobre cuja base se possa explicar como se chegou
aos r"sultados finais . Para apresentar a explicação histórica com clareza, há muitas vezes que
assumir ou passar por alto a exposição das inter-relações formai s entre as variáveis.
Consequentemente, muitas vezes tem sentido rever o material uma segunda vez. mais
brevemente e de forma mais abstracta, na conclusão. Sem dúvida isto deveria ser útil ao 1
leitor. Mas é ainda mais imponante para o autor,jáque o obriga a um grau de rigor na análise
cuja ausência poderia perfeitamente passar despercebida no meio da complexidade dos 1
pormenores. O material empírico tratado até aqui tem sido, sem dúvida, complexo -de facto,
muito mais complexo do que o que era possível retratar. Por conseguinte, proponho-me rever
o que tenho vindo a argumentar neste livro.
Para descrever as origens e o funcionamento inicial dum sistema mundial, tive que - 1
formular uma cena concepção dum sistema-mundo. Um sistema-mundo é um sistema social.
um sistema que possui limites, estruturas, grupos associados, regras de legitimação e coerência.
A sua vida é feita das forças em conflito que o mantém U_l!i.do por tensão e o dilacc:rarn na
1
medida em que cada um dos grupos procura eternamente remodelá-lo em seu pro,·eito. Tem 1
ª~características dum organismo, na medida em que tem um tempo de ,·ida durante o qual as
suas características mudam em alguns aspectos e permanecem estáveis noutros. Podem
definir-se as suas estruturas, em momentos diferentes, como fortes ou fracas. cm termos da
lógica interna do seu funcionamento. '
1
l
O que caracteriza um sistema social, do meu ponto de vista. é o facto de a'°!.~ no s,eu '
. M: io ser em grande medida autó=Cónticfu~ e de a dinâmica do seu descnrnlvimeoto ser em ~de
medida interna. O leitor pode ~n.sar que a utilizàção da expressão •Cm grande medida .. e um._
1
e~emplo de ámbiguidade académica. Admito que não pos!oO qU.1ntificar. Provavelmente;_unca
n!nguém o poderá fazer, dado que a definição está baseada numa hipótese contrafactU · s,e 0 1
siste .
· ma, por qualquer razão, ficasse isolado de toda!> as orça
nunc· . .
da a acontece}, a definição implica que o sistema ~on~mu
i . s externas (o que praucamente
. b . ·a1m ntc
· aria a funcaonar su stanc1 e
ziro termo su~tancialmentc
l!
mesma maneira. Uma vez mai s. evidentemente, e d1ficil tradu . • ha para
em . · . , é importante. e e a e vc
_cnténos operacionais fones. De qualquer modo.ª q~estan ·d rar a ideia de auto·
muitas das análises empírica~ deste livro. Talvez devesscmos consi e '

337

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Teorizar não é uma actividade separada da análise dos dados empíricos. As análises só
se podem fazer em termos de proposições e esquemas teóricos. Por outro lado. as análises de
acontecimentos ou processos devem incluir como ponto de panida uma série completa de
valores específicos de algumas das variáveis, sobre cuja base se possa explicar como se chegou
aos r"sultados finais . Para apresentar a explicação histórica com clareza, há muitas vezes que
assumir ou passar por alto a exposição das inter-relações formai s entre as variáveis.
Consequentemente, muitas vezes tem sentido rever o material uma segunda vez. mais
brevemente e de forma mais abstracta, na conclusão. Sem dúvida isto deveria ser útil ao 1
leitor. Mas é ainda mais imponante para o autor,jáque o obriga a um grau de rigor na análise
cuja ausência poderia perfeitamente passar despercebida no meio da complexidade dos 1
pormenores. O material empírico tratado até aqui tem sido, sem dúvida, complexo -de facto,
muito mais complexo do que o que era possível retratar. Por conseguinte, proponho-me rever
o que tenho vindo a argumentar neste livro.
Para descrever as origens e o funcionamento inicial dum sistema mundial, tive que - 1
formular uma cena concepção dum sistema-mundo. Um sistema-mundo é um sistema social.
um sistema que possui limites, estruturas, grupos associados, regras de legitimação e coerência.
A sua vida é feita das forças em conflito que o mantém U_l!i.do por tensão e o dilacc:rarn na
1
medida em que cada um dos grupos procura eternamente remodelá-lo em seu pro,·eito. Tem 1
ª~características dum organismo, na medida em que tem um tempo de ,·ida durante o qual as
suas características mudam em alguns aspectos e permanecem estáveis noutros. Podem
definir-se as suas estruturas, em momentos diferentes, como fortes ou fracas. cm termos da
lógica interna do seu funcionamento. '
1
l
O que caracteriza um sistema social, do meu ponto de vista. é o facto de a'°!.~ no s,eu '
. M: io ser em grande medida autó=Cónticfu~ e de a dinâmica do seu descnrnlvimeoto ser em ~de
medida interna. O leitor pode ~n.sar que a utilizàção da expressão •Cm grande medida .. e um._
1
e~emplo de ámbiguidade académica. Admito que não pos!oO qU.1ntificar. Provavelmente;_unca
n!nguém o poderá fazer, dado que a definição está baseada numa hipótese contrafactU · s,e 0 1
siste .
· ma, por qualquer razão, ficasse isolado de toda!> as orça
nunc· . .
da a acontece}, a definição implica que o sistema ~on~mu
i . s externas (o que praucamente
. b . ·a1m ntc
· aria a funcaonar su stanc1 e
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mesma maneira. Uma vez mai s. evidentemente, e d1ficil tradu . • ha para
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_cnténos operacionais fones. De qualquer modo.ª q~estan ·d rar a ideia de auto·
muitas das análises empírica~ deste livro. Talvez devesscmos consi e '

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Defi nimos um siiae~a m u~dial como um sistema em q>Je ois~ uma div · ,
-inclusão como um absoluto teóri co. urn:i e péci e de v~zio soc i_a l. r.uas ~ezes vi síve l e ainda
m.ais imprová,·cl de criar art ifici almente . ma< que ainda assim const'.tu1 uma assimptota
. -- ·-
. do tra balho. Esta d 1v1sao não e merame~te fon:ional _ ism é, ocupacional ~o ex;n- ~~: '~ • . i..
·
l
s1va Querd i7.e r. a gama de tarefas económicas ~ estádiltribu'da ·r mzs ,,eo- · . l
ocfalmenu real. a di. t.incia a p:111ir da qual é de alguma _forma men urn.v_el. ráfí ca. · é - . ·• um O!r.'.ttacnte por todo , ,,_.~. -~-·;
.. Utiliz..ando 13 1 critério. defende-se aq ui qu~ a maior ~arte das e nuda~es ~sualmentc g sistema mundial. Em ~arte i: to con<;e~ue~c1a de coniideraçl'Je:\ ero!ági~. sem dú.-ida. ' ;.-· 1 -· .
d::scriti< como si\iemas sociai - • !ribo ~ .comunidades. naçoes:e. tados_ - nao sao._d~ facto, o1as na sua m aior parte e fu nçao da org~11.açao MJC1al do traOO.lho, q\IC aumenta e kgitima a ::. ._. '- ! .. .
i>iem.:t~ lotai'- Pelo contrário. de foc ro argume ntamos q ue os un1cos s 1 s t~ m as soc1a1s reais I> "c!ade de ce rtos g rupos de ntro d o sistema expforarem 0 t'abalho de outr . .1 0 é , ,
capaci urna m aior parte do exced ente. · O'i . ~ • r= - ·: ; : ~ 1
são. por um lado. as economias de subsistência que não faç am pa;te de _s1stem_a algum que
exija rribu!O'< reg ulares. e. por ou~ro lado. o s i~stemas _mun d1a1s . E prec_is_o, e~ 1dente~ente, berem Enquanto num i~!ͺ a :~!rutura política tende a ligar a ~lrura com a OCU?3Ç'4o, numa~ ··"<": .•.
distinguir e, 1e últimos das primeiras, po rq ue sao _rel at~v_af!l~n~ gr_ande~. 1s:o e, co~sutuem, economi a-mundo a estrutu ra poht1c~ tende a li gar a cultura com a locallZZ:Ç'~ es;iârial. A ratiio :. ,,; A,'~""­ 1
em linguagem fami liar. verdadeiros «mundos». Mais prec isame nte. todavia, sao definidos pelo . que numá econo mia-mundo o pnmet ro ponto de pressão política ~shel aO!o grupo~ é 3 ...._. . • !
fac to de a ua aum-inc lusão como entidade económ1co-maten al estar baseada numa divisão : strutura Jocal (nacional) d~ Estado . A homogen~rzaçào cultural tende a >,!"!VJ r os m=ses , ., .
ex1ensi'a do trabalho e de con terem no se u seio uma mul tipli<; idade de c11huras. ~v de grupos chave, e as pressoes e rg ue m-s~ para cnar 1d_cnt1dades cuhural-na::ionai . . ;~'· '"" 1
Defendc-!>c 13mbém aqui que até ao momento só ex istiram duas variedades de tais Este é partic ul armente o caso nas ~ reas favorecida~ da economia-ml.Cldo _ aquele a _ . _. , ..,.,
si~ t e m a< mundia is: impéri os-mundo. nos quais ex iste um único s i s~e m a _[l91flico sobre a maior que cham ámos Estad os d~ centro . E~ tais es~dos. a criação dum fo~ aparelho de Estado , , ~· . '
pane da área. por mai s atenuado que seja o grau do seu contrqlo _e~ectivo; e aque les sistemas ligado a uma cul tura nacion al.' fe n_o meno mu~tas vezes ch_amado ~nt.egração. ~ei-vc como ._,,, : .. _. \ l
\
em que tal sistema político único não ex iste sobre toda. ou quase toda, a sua e xtensão. Por mecanismo para proteger as d1spandades surgidas no mtenor do .'>I tem;; mundial e como , --/·- _ , 1
conveniência. e à fa lta de um termo me lhor, utili zamos o termo «economia-mundo» para máscara ideoló g ica j ustificadora da manutenção de tais disparidade . • ._;;._,.: . \ l
defini r es t ~s últimos. As econo mias-mundo estão di vididas , pois. em estados do centro e ár-...as pcriféri::-.!5:· ,..~J , .. ,-' i
Finalme nte, argumentámos que antes da era moderna as economias-mundo eram Não d igo estados pe ri fé rico s porque uma característica das áreas periféricas é que o fatado ~ e. - ' · 1
estru tura altamente in stáveis, que te nd iam a converter-se em im périos ou a desintegrar-se. A indígena é débil, o sc ilando e ntre a _nã~ exi~tência ('.sto é: uma situação colonial) e aex.istênda ~~ ::; -
peculi 3ridade do sistema mund ial da Idade Moderna é que uma economi a-mundo tenha sobre- com um escasso grau de a utonomia ( isto e. uma s1tuaçao neocolomal). _, . .- ·
vivido durante 500 anos e no entanto não tenha c hegado a transformar-se em im pério-mundo Existem ta mbém áreas semiperifé ricas que estão entre o centro e a perifrria numa série , "'f~ -~. ' · 1
- peculiari dade que é o segredo da sua força . de dimensões, tais como a complex idade das activi_dades_econó":'i~ . a força d~ ap:uelho_de -::::~~ _:__!
Esta pec uli aridade é o aspecto polít ico da forma de organização económica chamada Estado , a integ ridad e cultural, etc .. Algumas destas arcas u nham sido arcas centraJs em •·cn.oes - ~-~·-, . ,· '
capi talismo. O capiw.lismo fo i capaz de florescer preci samen te porque a econom ia-mundo anteriores de uma certa economia-mundo. Ou tras tinham sido áreas periféricas. promovidas ~- -·!---:-'·.]
cont inha dent ro dos seus limi tes não um mas múltiplos sistemas po lítico s. mais ta rde , por assim dizer, em resultado da geopolítica mutável duma economia-mundo cm G,,., 1-.,.., :
Não esto u a defender aqui o clássico argumento da ideolog ia capi talista segundo o qual expansão. ~ !.1-.;rr P !
o capi talismo é um sistema baseado na não interferênc ia do Estado nos assuntos económicos. Contudo, a sem iperiferia não é um artifício de pontos de cone cstaústicos. rem uma ' ·: y . , l
Antes pelo contrário! O capi talismo baseia-se na constan te a bsorção das pe rdas económicas categori a residual. A semi periferia é um elemento estrutural necessário numa economia-mundo. ~~ r'~:· ·'1
pelas entidades po líticas. enquanto os ganhos económ icos se distribuem entre mãos «privadas». Estas áreas tê m um papel paralelo ao representado. muraris muran~is. pel~s grupos co:ne:- ':.':-~~ ~
O que defendo cm vez disso é q ue o capitali smo como modo económico se baseia no facto de
ciantes interméd io s num império. São pontos colectores de quahficaç~s v1~. com ~ue'.1"1 ª t .•~··! ·
politicamente impopulares. Estas áreas intermédias (como os grupos mte~ed1os num im~no~ ,,., ....,,.,;.,
os fa ctorcs económicos operarem no interior duma are na maior do que a que qualquer enti-
-1
dade políti ca pode controlar !Otalmente. Isto dá aos capitali stas um a liberdade de manobra
que tem uma base estrutura.!. Ela tomou poss íve l a ex pansão económica constante do sistema .
mund ial. apesar du ma distri buição muito desigual dos se us frutos. O úni co sistema mund ial
alternativo que pod ia manter um aho nível de produti vidade e mudar o sistema de d istribuição
desvi am pa rcialme nte as pressões políticas que os grupos localizados pnmanamente nas arca> ::::'
peri fé ricas poderiam noutro caso dirig ir contra os estados do centro e os grupos que o~ram S« '- ..
no interior e através dos seus aparelhos de Estado. Por outro lado, os interesse.s locahzados •"-' '- ·~
·
l
basicamente n a se mi periferia acham -se no exterior da arena política dos estados do_centro. e ~-"f'' l"-'-- 1
en volveri a a reinteg ração dos nívei s de decisão polít ica e económica. Isto constituiria uma
terce1ra forma poss ível de sistema mund ial. um governo mundial socialista. Esta não é uma
é-lhes difícil prosseguir o s seus fin s através de coligações políticas que podenam estar 1
J omia que exista no presente. e não era. nem remotamente concebíve l no século XVI. abe rtas para eles se estivessem na me sma are na política. . . : ,~. . \
A divisão duma economia-mundo supõe uma hierarquia de tarefa 5 ocu~ac i~nais ~a ~ "~·'1'' ~·,
z.: · . _As : azões hi stóricas do facto de a econom ia-mundo, e uropeia a parece r no século XVI
qual as ta refas que exigem m aiores níveis de qualificação e uma maio'. capttah zaçao ~ . °
1 1 ,"""';;;.
5 13
, e res mll r as tentativas da sua transformação num impé rio foram ex postas longame nte. Não
Í
res d , conomia-mundo capita 1s a "" '
voltaremos aqm a elas Deve de 1
: ,\, são f ,, d LI · ·

s acar-se. no entant o. q ue as dimensões duma economia-mundo re erva as as á reas m ais bem pos icio nadas. Dado_ que_uma e a ital humano. em maiClr t.--, , ,,._ . I
e ; '.:nçao
0
esta__ 0 . d3 ~e~nolog ia, e em parti cul ar das possibÚidades de transporte e comu- co~1pensa e ssenc ialme nte o capital acum ulado, mc.lu indo_~ c. P 'fi ca destas qu alifi- · ··--- ', 1
'. ,.. mc,1çao dentro dos seus limit es D d0 é medida q ue a forç a d o trabalho «cm bruto ». a má distn buiçao geogr:i ,· forças':· , .,._,_.,_ ~
A<
sen}Jre fav orá ª
r . ·· que este um fe nó me no em mudança constante, e IJ~ caçõcs . • . 3 sua au lo-manutcoçao. · , "! "" ' - 1
' .
1
vc . os i m!_te~ ~~~a_.;.cEnomi a-m undo siio sempre flu idos~ - - do
1
~upac 1 onais e nvolve um a forte .tendcncia Pª,r:i .. ;~ mecanismo ce ntral na eco- .,. ~"""' · . . 1
nicrcatlo reforçam-na c m ve:z de a rm nar. E a aus.:ncia d :..~· ·. ·;:-"'
338
339 \

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Defi nimos um siiae~a m u~dial como um sistema em q>Je ois~ uma div · ,
-inclusão como um absoluto teóri co. urn:i e péci e de v~zio soc i_a l. r.uas ~ezes vi síve l e ainda
m.ais imprová,·cl de criar art ifici almente . ma< que ainda assim const'.tu1 uma assimptota
. -- ·-
. do tra balho. Esta d 1v1sao não e merame~te fon:ional _ ism é, ocupacional ~o ex;n- ~~: '~ • . i..
·
l
s1va Querd i7.e r. a gama de tarefas económicas ~ estádiltribu'da ·r mzs ,,eo- · . l
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. . . •. . intrndur:ào de forças capa1.cs de contrariar a má distrib . . vari edade dos g rupos de s1a11u: de facto sobrepõcm-i.e fortcmen1c com ou . < . .
nmnia·mundo toma mlntri t 1111c1 1•1 ' u1çno umª tatus. tais como o s d efinidos por critérios élllicm 1;0 , . ~ri:s tipo1 de - ' t·"" - · ?
upos l 1e ·5 ~ . -· · gui hcos <>'J rcl1 " 1oso~ • ,
d ·ss.~s n.'t:Om))(.'nsas. . d ·.. cxp·msiln duma economia-mundo tende a aumentar as disliin . gr . Dizer 4uc nã~ pode haver tres ou ma1 <:la~ses não ig,nifica no entanto :ue c~ i t .'""··•:, .
, Ponantn. n processo e · • • · . . . cuis . . rc duas. Pode nao haver nenhuma •.embora tal i.eja ruo e lr41lsitório. Pode ha" · em ', :~~°'.:_ ..
económi cas e , oc iais cntn: as suas dikn:ntes án:as no pn\pno processo do seu. desenvolvimento.
scnip . · s comum. Pode haver duas, e 1s10 é mai explosi\·o. er wrui.. e -'. • • ~
Um fa tor c tende a mascarar este facto é 411e o processo de dcscnvolv1mcnto duma eco. · toé ma1. · .,
411
nomia-mundo traz consi go avanços tecnológicos que tornam possível a expansão dos seus 1s Di zemos 4 ue pode !1a11cr uma só ela~~- cmlxn-.i terJiamos dito L?mbém que a:s classe " -·-.i ; . .
limites. Nc,tc caso. n:giiks panicularcs do mund~ podem mudar o seu pap~l estrutural na só existem de facto em s llu~çõcs de confltto. e os conflitos pm; up5em d uas pant'S . i'íào ~~f.~
cconomia-mnndo. cm beneficio próprio, apesar de s1111ullanea111ente poder contmuar a aumen. ~Jtiste contr?dição alguma~· to. dado. ~ue um conflico _pcxk dar~ entre uma chw.: que o,e u . . . . .. . .
tar a disparidade de recompensas entre os di.f~rcnlcs ~ecto~cs da ec~n~m~a-mundo no seu concebe a si mes ma c~mo a clas se ~nn ersal e todos o; ouu°" cstrair~ . fata f01 . de fano. 3 ,--·· . .' "· j
conjunto. Foi para observar este fen ómeno dcc1 s1vo que.ms1stm1os na d1stmçaoentre uma área situação habitual no s1s~cma mundial mcxkmo. A cla<;!óe capitaJi,ia ia burgurria ) procla- _ . A.~ ,
periférica duma economia-mundo dada e a arena ex tenor dessa mesma economia-mundo. A ~ou-se como classe universal e pretendeu organizar a vida política para tlc:anç-a os i.eus ( i ·.: .
arena c:<tcrior de um séc ulo convcnc-se com frequência na periferia - ou semiperiferia _ objeclivos contra d~is. o~sit~res . ~or um lado estavam aqueles Gl."e fala\am em prol d.a .~··: .·
do seguinte. I-las. por outro lado, os estados do centro podem também passar a semiperifé- manutenção das t.ra.d1c1ona1s d1st111~oes de Jta_111.s ~de estes 1taru~ poderem tet perdido l • -
ricos e os semipcriféricos a periféricos. sua correlação ongmal com a funçao econ~m1ca. Tais e~emen!os preferia.-.. defüi:r a es1rutura
' Enquanto as vantagens dos estados do centro não deixaram de aumentar ao longo da social como uma estrut~ra sem cl'.15ses. Foi para contranar esu ideologia qi•~ 11 bl.-rgue<;ia ~u
hi stória do sistema mundial moderno. a capacidade dum Estado particular para permanecer como uma classe con~cte~te de s1 me sm~
no sector do ceniro não está livre de ameaças. Os galgos correm sempre atrás da lebre Mas a burguesia unha outro opos itor. os trabalhado=. Sempre cr.:s.e os trab:llha~-1 r. .•_c,
perseguindo o primeiro lug:1r. De facto, bem poderia acontecer que neste tipo de sistema nã~ tomavam consciência de si mesmos como classe, o que não foi d..'"!llaSiado f~ic no século . __ . ~
fo sse estruturalmente possível evitar, ao longo dum extenso período de tempo histórico, uma XVI, definiam a situação co~o uma situação polarizada em duas cl= . Em tz.i.> crnmslá.'l..-W ,, .~. ~ ·.., .
circul ação das elites , no sentido de que o país panicular predominante num dado momento a burguesia encontrava-se face a um profundo dilema láctico . Na medida em qul: mmti.nha ! ·· .. '
rende a ser substituído mais tarde ou mais cedo por outro país. sua própria consciência de classe. instigava com este facto a coml:i éncia de clz.>se doo. lr.lb-
· Insistimos em que a economia-mundo moderna é, e só pode ser, uma economia-mundo lhadores. e arriscava-se, portanto, a minar a sua própria posição política. !"a medida em Cj'JC
capitalista. Foi por esta razão que recusámos a denominação de «feudalismo» para as diver- para resolver este problema silenciava a sua consciência de classe. a,-ri~ '-.i -se a !kbilitar a
sas formas de a~ricultura capitalista baseadas no trabalho coercivo que surgem numa econo- sua posição face aos possuidores de um elevado status tradicional.
m1 ~-mundo. Alem di sso. embora tal não tenha sido discutido neste volume, por esta mesm~ O processo da cristalização da consciência de classe duma burgu~ia qtH: se cons:idera. :J... , _
ra.z aº. observaremos com muita. reserva e prudê~cia em futuros volumes a afirmação de que uma classe universal , que recruta os seus membros em todos os sta.'US soci:lli. foi il:JSI:'"'..do .. • .__,.
ex1skn! no sécu.lo XX economias nacionai s sociali stas no quadro da economia-mundo (por nas nossas discussões da emergência da gentry como categoria social na lr.gla:rm Tudor · ~ · ••.,.(. ,
opos1çao a movimentos sociali stas que controlam certos aparelhos de Estado no interior da ou da a scensão dos burgueses (burghers) nos Países Baixos do Nane. Uma d.15 fcrmas por
economia-mundo).
que apoiavam a sua proclamação como classe universal era através do dõem•ohimemo dum
Se .º 5 s istem.a~ mundiais são os únicos autênticos sistemas sociais (para além· das sentimento nacional. que dava um verniz cultural a essa proclamaç3o. J
ec~non~ias de subs1stenc1a verdadeiramente isoladas), isto implica que a emergência a con- O profundo dilema duma burguesia ameaçada com a insurreição peln esquerda. por ~ -<-e,_.
sohdaçao e os papéis políticos das classes e dos grupos de status devem estudar-s~ como assim dizer, e que temia uma aliança entre os seus dois grupos opositm-es ob ::i. form:i de ~ ~~ ·<'--i • '.
elementos deste si stema mundial E p
. .r · or sua vez segue-se que um dos elementos chave para exigências racionalistas. ficou ilustrada nas nossas discussões sobre J Fnmç.l! do •segundo ~ ..,.. ·· -
ana ;~arduma cla~se ou um grupo de status não é só o estado da sua auto-consciência mas a sécµlo XVI. A burguesia optou ali por um recuo temporário. Talvez n:io th·es~ outrz ali~ma- ·-- .,.. ·
amp Hu e geografica da sua au10-definição. '
tiva viável. Mas este recuo havia de ter as suas consequências a longo prazo no posterior -;:-; :._-• .
·eias . d As class~s e_x i ~tem sempre potencialmente (cm sich). A questão está em que condições radicalismo social da Revolução Francesa (apesar de momemànro) e no atr.:..<o a longo prazo , __ · ' _. •.,
pol.ít~c:~~~~~~~~:~iencia de classe lfiir sich), isto é, sob que condições operam, nas arenas do desenvolvimento económico da França em relação à Inglaterra. . , - ...... "'' ~
... como um grupo e mesmo em d 'd l
auto-con sciência é função d . _' certa me t a como entidade cultural. Ta Os nossos exemplos aqui são de burguesias que se tomaram con..<ei::ntes. m.:is ~o.tL<c ien- ~... ,-~ ,. ·
abeno, e .ponanto a consciê:csnu~.ç~es ~e conflito. Mas para os estratos superiores o conflito ~s ~entro dos limites duma nação-Estado. Claramente. est:i n!io erJ ª.única po~stbihdade . .:._: ~:;. ._ .
"" .: . ~
ª 1
': ~ra. sao ~empre fallle de mie1n. Na medida em que os li mi·
ies de classe não se tomem
. ex p1ic11os sera mais . 1 odt~m ter ganho consciência de si mesmas como uma classe mundial. E muitos i:rupos 1........-':'_.,.,..._ . 1
Dado que em situações de con.tlito as · _provave que se mantenham os privilégios. pressionaram para se conseguir tal definição. A um lado estavam as diversas comumdades de ' 1
em vinudc; da fomiação de alianças. é or defi n:iu~ttplas fra~ções tendem a reduzir-se a duas mer.cadores-banqueiros internacionais. Do outro estivam os muitos grupos de agncultorcs . '.
cientes). E óbvio que pode ex · t. P •mçao 1mposs1vel ter três ou mais classes (cons- capnalistas nas áreas periféricas. ..,.tt>-~r"'";. '.
is 1r uma multtdão de d .
podem organizar-se para agir no interior da estru gru.pos e mt~resses ocupacionai~ que No apogeu de Carlos V eram muitos os que nos Países Baix05. no Sul da Ale.manha. ~ ?-º-"' · :

340
, tura social. Mas tais grupos são na realidade no None de Itália e noutros lugares ligavam as suas esperanças às aspir:tções impenats dos .'.:,:r,~~:: ;
341 z:..-~~~.
,, ......

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. . . •. . intrndur:ào de forças capa1.cs de contrariar a má distrib . . vari edade dos g rupos de s1a11u: de facto sobrepõcm-i.e fortcmen1c com ou . < . .
nmnia·mundo toma mlntri t 1111c1 1•1 ' u1çno umª tatus. tais como o s d efinidos por critérios élllicm 1;0 , . ~ri:s tipo1 de - ' t·"" - · ?
upos l 1e ·5 ~ . -· · gui hcos <>'J rcl1 " 1oso~ • ,
d ·ss.~s n.'t:Om))(.'nsas. . d ·.. cxp·msiln duma economia-mundo tende a aumentar as disliin . gr . Dizer 4uc nã~ pode haver tres ou ma1 <:la~ses não ig,nifica no entanto :ue c~ i t .'""··•:, .
, Ponantn. n processo e · • • · . . . cuis . . rc duas. Pode nao haver nenhuma •.embora tal i.eja ruo e lr41lsitório. Pode ha" · em ', :~~°'.:_ ..
económi cas e , oc iais cntn: as suas dikn:ntes án:as no pn\pno processo do seu. desenvolvimento.
scnip . · s comum. Pode haver duas, e 1s10 é mai explosi\·o. er wrui.. e -'. • • ~
Um fa tor c tende a mascarar este facto é 411e o processo de dcscnvolv1mcnto duma eco. · toé ma1. · .,
411
nomia-mundo traz consi go avanços tecnológicos que tornam possível a expansão dos seus 1s Di zemos 4 ue pode !1a11cr uma só ela~~- cmlxn-.i terJiamos dito L?mbém que a:s classe " -·-.i ; . .
limites. Nc,tc caso. n:giiks panicularcs do mund~ podem mudar o seu pap~l estrutural na só existem de facto em s llu~çõcs de confltto. e os conflitos pm; up5em d uas pant'S . i'íào ~~f.~
cconomia-mnndo. cm beneficio próprio, apesar de s1111ullanea111ente poder contmuar a aumen. ~Jtiste contr?dição alguma~· to. dado. ~ue um conflico _pcxk dar~ entre uma chw.: que o,e u . . . . .. . .
tar a disparidade de recompensas entre os di.f~rcnlcs ~ecto~cs da ec~n~m~a-mundo no seu concebe a si mes ma c~mo a clas se ~nn ersal e todos o; ouu°" cstrair~ . fata f01 . de fano. 3 ,--·· . .' "· j
conjunto. Foi para observar este fen ómeno dcc1 s1vo que.ms1stm1os na d1stmçaoentre uma área situação habitual no s1s~cma mundial mcxkmo. A cla<;!óe capitaJi,ia ia burgurria ) procla- _ . A.~ ,
periférica duma economia-mundo dada e a arena ex tenor dessa mesma economia-mundo. A ~ou-se como classe universal e pretendeu organizar a vida política para tlc:anç-a os i.eus ( i ·.: .
arena c:<tcrior de um séc ulo convcnc-se com frequência na periferia - ou semiperiferia _ objeclivos contra d~is. o~sit~res . ~or um lado estavam aqueles Gl."e fala\am em prol d.a .~··: .·
do seguinte. I-las. por outro lado, os estados do centro podem também passar a semiperifé- manutenção das t.ra.d1c1ona1s d1st111~oes de Jta_111.s ~de estes 1taru~ poderem tet perdido l • -
ricos e os semipcriféricos a periféricos. sua correlação ongmal com a funçao econ~m1ca. Tais e~emen!os preferia.-.. defüi:r a es1rutura
' Enquanto as vantagens dos estados do centro não deixaram de aumentar ao longo da social como uma estrut~ra sem cl'.15ses. Foi para contranar esu ideologia qi•~ 11 bl.-rgue<;ia ~u
hi stória do sistema mundial moderno. a capacidade dum Estado particular para permanecer como uma classe con~cte~te de s1 me sm~
no sector do ceniro não está livre de ameaças. Os galgos correm sempre atrás da lebre Mas a burguesia unha outro opos itor. os trabalhado=. Sempre cr.:s.e os trab:llha~-1 r. .•_c,
perseguindo o primeiro lug:1r. De facto, bem poderia acontecer que neste tipo de sistema nã~ tomavam consciência de si mesmos como classe, o que não foi d..'"!llaSiado f~ic no século . __ . ~
fo sse estruturalmente possível evitar, ao longo dum extenso período de tempo histórico, uma XVI, definiam a situação co~o uma situação polarizada em duas cl= . Em tz.i.> crnmslá.'l..-W ,, .~. ~ ·.., .
circul ação das elites , no sentido de que o país panicular predominante num dado momento a burguesia encontrava-se face a um profundo dilema láctico . Na medida em qul: mmti.nha ! ·· .. '
rende a ser substituído mais tarde ou mais cedo por outro país. sua própria consciência de classe. instigava com este facto a coml:i éncia de clz.>se doo. lr.lb-
· Insistimos em que a economia-mundo moderna é, e só pode ser, uma economia-mundo lhadores. e arriscava-se, portanto, a minar a sua própria posição política. !"a medida em Cj'JC
capitalista. Foi por esta razão que recusámos a denominação de «feudalismo» para as diver- para resolver este problema silenciava a sua consciência de classe. a,-ri~ '-.i -se a !kbilitar a
sas formas de a~ricultura capitalista baseadas no trabalho coercivo que surgem numa econo- sua posição face aos possuidores de um elevado status tradicional.
m1 ~-mundo. Alem di sso. embora tal não tenha sido discutido neste volume, por esta mesm~ O processo da cristalização da consciência de classe duma burgu~ia qtH: se cons:idera. :J... , _
ra.z aº. observaremos com muita. reserva e prudê~cia em futuros volumes a afirmação de que uma classe universal , que recruta os seus membros em todos os sta.'US soci:lli. foi il:JSI:'"'..do .. • .__,.
ex1skn! no sécu.lo XX economias nacionai s sociali stas no quadro da economia-mundo (por nas nossas discussões da emergência da gentry como categoria social na lr.gla:rm Tudor · ~ · ••.,.(. ,
opos1çao a movimentos sociali stas que controlam certos aparelhos de Estado no interior da ou da a scensão dos burgueses (burghers) nos Países Baixos do Nane. Uma d.15 fcrmas por
economia-mundo).
que apoiavam a sua proclamação como classe universal era através do dõem•ohimemo dum
Se .º 5 s istem.a~ mundiais são os únicos autênticos sistemas sociais (para além· das sentimento nacional. que dava um verniz cultural a essa proclamaç3o. J
ec~non~ias de subs1stenc1a verdadeiramente isoladas), isto implica que a emergência a con- O profundo dilema duma burguesia ameaçada com a insurreição peln esquerda. por ~ -<-e,_.
sohdaçao e os papéis políticos das classes e dos grupos de status devem estudar-s~ como assim dizer, e que temia uma aliança entre os seus dois grupos opositm-es ob ::i. form:i de ~ ~~ ·<'--i • '.
elementos deste si stema mundial E p
. .r · or sua vez segue-se que um dos elementos chave para exigências racionalistas. ficou ilustrada nas nossas discussões sobre J Fnmç.l! do •segundo ~ ..,.. ·· -
ana ;~arduma cla~se ou um grupo de status não é só o estado da sua auto-consciência mas a sécµlo XVI. A burguesia optou ali por um recuo temporário. Talvez n:io th·es~ outrz ali~ma- ·-- .,.. ·
amp Hu e geografica da sua au10-definição. '
tiva viável. Mas este recuo havia de ter as suas consequências a longo prazo no posterior -;:-; :._-• .
·eias . d As class~s e_x i ~tem sempre potencialmente (cm sich). A questão está em que condições radicalismo social da Revolução Francesa (apesar de momemànro) e no atr.:..<o a longo prazo , __ · ' _. •.,
pol.ít~c:~~~~~~~~:~iencia de classe lfiir sich), isto é, sob que condições operam, nas arenas do desenvolvimento económico da França em relação à Inglaterra. . , - ...... "'' ~
... como um grupo e mesmo em d 'd l
auto-con sciência é função d . _' certa me t a como entidade cultural. Ta Os nossos exemplos aqui são de burguesias que se tomaram con..<ei::ntes. m.:is ~o.tL<c ien- ~... ,-~ ,. ·
abeno, e .ponanto a consciê:csnu~.ç~es ~e conflito. Mas para os estratos superiores o conflito ~s ~entro dos limites duma nação-Estado. Claramente. est:i n!io erJ ª.única po~stbihdade . .:._: ~:;. ._ .
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ª 1
': ~ra. sao ~empre fallle de mie1n. Na medida em que os li mi·
ies de classe não se tomem
. ex p1ic11os sera mais . 1 odt~m ter ganho consciência de si mesmas como uma classe mundial. E muitos i:rupos 1........-':'_.,.,..._ . 1
Dado que em situações de con.tlito as · _provave que se mantenham os privilégios. pressionaram para se conseguir tal definição. A um lado estavam as diversas comumdades de ' 1
em vinudc; da fomiação de alianças. é or defi n:iu~ttplas fra~ções tendem a reduzir-se a duas mer.cadores-banqueiros internacionais. Do outro estivam os muitos grupos de agncultorcs . '.
cientes). E óbvio que pode ex · t. P •mçao 1mposs1vel ter três ou mais classes (cons- capnalistas nas áreas periféricas. ..,.tt>-~r"'";. '.
is 1r uma multtdão de d .
podem organizar-se para agir no interior da estru gru.pos e mt~resses ocupacionai~ que No apogeu de Carlos V eram muitos os que nos Países Baix05. no Sul da Ale.manha. ~ ?-º-"' · :

340
, tura social. Mas tais grupos são na realidade no None de Itália e noutros lugares ligavam as suas esperanças às aspir:tções impenats dos .'.:,:r,~~:: ;
341 z:..-~~~.
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, endia criar um império-mundo, não um Estado do centro no interior d .
Habsburgo (alguns mantendo ao mesmo tempo." ~rudent~men~e. ~m ~.~a po~ dos Valois). V prct Os impérios desenvolvem-se esplendidamente sobre múlti las r .. uma econom1a~,
r Ainda que estes gnipos continuassem a ser um estrato soc ial_e nao torm:ssem ainda uma classe -i:~~d~~s papéis, poucos d~s
quais ~stão.conccntrados
dentro de f~n~~:i;:t;:~r;~ec::m
·
consc iente. moviam-se ne ssa direcção: e isso parecia ser so uma questao de tempo. Mas com n1 P h mogeneidade nacional no 1ntenor duma heterogeneidade t'nt . . pe ifi-
cas. A 0 . · emac1ona1e a fórmula
fracasso do impé rio as burguesias da Europa deram-se conta de q.u e o seu futuro social e
0 duma economia-mundo-, • . .
económico estava li gado aos estados do centro. E aqueles que , em virtude das suas filiações pelo me~os e s ta e a formula no mfcm do processo. Os estados do centro, dada a sua_.
,.. ~,) .!
émico-religiosas. podiam virar- se para o Estado nacional como a sua arena de acção política, complexa div1sao interna do trabalho. com~am a reflecllr o modelo do sistema no seu con-
fizeram -no. ·unto. No século ~VI a Inglaterra est.ava Jª a ~over-se cm direcção a con,·ener-se na Grã-
,• Quanto aos agricultores capitalistas da periferia. ter-se-iam considerado com grand ~Bretanlia. que teria uma homogeneidade regional dentro da relativa heterogeneidade da
prazer parte duma g e1111-,i· internac ional. Sacrificaram de bom grado raízes culturais locais:
nação como um todo. • .
troco da participação em culturas «mundiai s» '. Mas para const1tu1r uma classe internacional A religião não tem _que ser a caracten~ttca cultural definidora dos principais grupos de P.. , ~ ... _,_, 1
necessitavam da cooperação dos estratos capitalistas dos estados do centro, e esta não se ; pode utilizar-se a hngua. De facto, a hngua começou a ter tal papel no século XVI. e a ,-~ ,, . ·-· \
sua importâ ncia iria.aumentando co~ a passagem dos séculos. O reforço religioso da espe- • •· -.
verificaria. Deste modo, estes agricultores capitalistas periféricos converteram-se progressi- 5101115
i
vamente nos ~nciquados. e s11obs faze ndeiros hi spano - a me ri c ano~ ou nos nobres da Europa cializaçâo dos papéis numa economta-mundo tem. no entanto. vantagens sobre 0 reforço '-':. ··' >..1"[
Oriental dos secu los segumtes. retrocedendo duma potencial consc1encta de classe internacional
para uma solidariedade lo_cal de s!.arus - o que serv ia bem os inte resse s das burgue.sias
linguístico . Interfere men9s com o processo ?e
comunicações que ~ desem•ol\'e no interior ,. --· ·: .' ~ l
da economia-mundo. E presta-se menos (so menos) aos enclausuramentos isolacionista.s. 1
europeias oci dentais. dados os temas universalistas que subjazem às religiões mundiais.
. A concentração ~eog ráfica de actividades económicas particulares fornece uma pressão
A economta-mundo eur~~1a .do século XVI t.end1a globalmente a ser um m 1=a com ;.. ~, ~
continua para a formaçao de grupos de stallls. Quando os estratos dominantes locais se vêem
uma sé classe. Eram as forças dmamtcas que beneficta\'am com a expansão económica e com ,....., ,
ameaçados ~ r .q.ualquer consciência de classe incipiente dos estratos inferiores, a ênfase na
sistema capitalista, especialmente nas áreas do centro. que tendiam a ter consciência de cl<e.se. "-'~ .,
cultura loca l e uu l para desv iar conflitos internos locais, criando em se u lugar solidariedades 0
isto é. a agimo seio da arena política como grupo definido primariamente pelo seu papel comum - · · f..~'.
locatS contra o ex ten~r. Se. por acrésc imo, estes estratos dominantes locais se sentem oprimi-
na economia. Este papel comum estava, de facto, definido um tanto em traços largos numa
dos por estratos supenores do sistema mundial, vêem -se duplamente motivados para pe s ·
a criação duma en tidade local. r eguir perspectiva do século XX. Incluía pessoas que eram agricultores, mercadores e industriais.
E\'idenccmente. não se constrói uma identidade a partir do nada. Constrói-se sobre 0 Os empresários individuais passavam duma a outra de todas estas actividades. ou combina·
vam-nas. A distinção decisiva era a estabelecida entre estes homens. qualquer que fosse a sul
~~=t~ t:nc~ontra - em termos de língua. reli~ i ão e e~tilos de v.ida específicos. No entanto. é
. aro q.ue a ho'.'1ogenc:_1dade e~ pa1xao lmgu1 st1ca e religiosa (e. a fortiori, a devoção ocupação. orientados principalmente para a obtenção de lucros no mercado mundial. e os ourros
por es ul~s :e vida distintos) sao cnaçoes sociais que não podem ser justificadas por simples que não seguiam tal orientação.
~~f~~,e~~ 1 ª es de tradições eternas. São criações sociai s forjadas com dificuldade em tempos Os «Outros » respondiam em termos dos seus privilégios de .rtan1J -os da ari stocracia ; ..
tradici onal. os que os pequenos agricultores tinham obtido do sistema feudal , os resultantes ..i._ ;.,.._
O século XVI foi um tempo dif' ·i d de _mo.n opó lios gremiais já superados. Sob a capa de semelhanças culturais podem cor:i fre- ~~~J:::.',.
• época da Reforma e da e tr -R f ici em ~ran e pan e da Europa. Foi, evidentemente, a
uma era de • partidos re~n . ª e. orma. Foiª epoca de grandes guerras civis de religião. Foi quenc1a consolidar-se estranhas alianças. Essas aliança.s estranhas podem tomar uma rorma
pen urbações rcl igio~~ re~g 1lot so~ internacionais . Mas no fim , quando o pó assentou, todas as muito ac tiva e obrigar os centros políticos a tê-las em conta. A;sinalámos t:lls e:ttemplos na
u aram numa relativa homo 'd d 1· . . . nossa discussão sobre a França. Ou podem tomar uma fonna politicamente passiva. que serve 1
dades políticas. no quadro d . • ., . . . gene1 a e re 1g1osa das diversas entl·
Tentámos ind· . o /msse. ·1aire mtemac1onal: cuius regius eius religio. bem as necessidades das forças dominantes no sistema mundial. O triunfo do catolicismo poLlco · ,

pela qual divers~ fo:::~;ossa d1 scu;;ão dos diversos desenvolvimentos específicos a razão como força cultural foi um exemplo disto. . . • . ~ ru ' <;: • .;4 1 ~· :
~- · ,:. (salvo a França. e também a P~~~est:ti smo acabaram por ser a religião dos estados do centro Os pormenores da tela completam-se com a panopha de mult1plas formas d, g pos . • '
feria e da semiperiferia \fo::o e ser ~esta excepção) e o catolicismo a religião da peri· de srarus com as s uas forças e acentos particulares. Mas o gr.mde impulso é em termos do:;;.:::;;;' :
diversas teologia.\ terem. t.ido gr:::io·nos cepticos sobre a possibilidade de as doutrinas das processo de formação de classes. E neste sentido o século XVI não foi decisirn. Os cstra!os u,- ·~,· ·· ·
• - ..• i ' 1
Melhor, as doutrinas destas teologi~ c~ilsa a ver com isto, embora o pudessem ter facilitado. capitali stas formaram uma classe que sobreviveu e ganhou droir de citi. m35 que não tmm· '" ,._.,,.-: ,
fara a · d .,. .J-.. ·
concepção original. reflectiram e ' ~ como se mam festaram na prática por oposição à sua m a na are~a política. . • . rtez.a. 0 , estados 1 , .... , ,.._.• . '
rema mundial. 5
erviram para manter os papéis das diversas áreas no sis· A evoluçao dos aparelhos de Estado reflecte prec1sament- esta mce .;, .... i•'• !
fon es se . . . •d
. · rvern os interesses de alguns grupos e prejudicamº' e ou
trOS No entanto. do ponto
·• . . -~ · ~- 1
•. 1
J ·- .,, •• i. ,- Diz-se com frequência que Carl 1· ·dão de entidades po11• • •- "~· ~
'~ Es12do.abn1io prote~tante unido ao tent;smV perdeu uma ~ra.nde oportunidade de criar urn d.e vista d 0 s ·istema mundial como um todo se tem que eiusur
· ·
.,'.' _ . um 3 mu ·' odas , .. ·, .J,,J. 1
t1 cas (ist - . · • . .vv1 dar-seocasodequet ........~ • ·. ,
ili! optar por um papel de prot.agoni ta M anter-se como arbHro da di visão reli aiosa em vez e oe, se o s istem a não é um império-mundo). entaonaot""'e d'MI>< de blo- .w A ,....; . r
5
· as urna crítica assim esquece o fac to d~ que Carlos stas ent idades. sejam igualmente fortes. Porque se o fossem. estariam cm con l y - . ,.., ~ .,, -r~ · l
~;::,,•/;~ ,.
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, endia criar um império-mundo, não um Estado do centro no interior d .
Habsburgo (alguns mantendo ao mesmo tempo." ~rudent~men~e. ~m ~.~a po~ dos Valois). V prct Os impérios desenvolvem-se esplendidamente sobre múlti las r .. uma econom1a~,
r Ainda que estes gnipos continuassem a ser um estrato soc ial_e nao torm:ssem ainda uma classe -i:~~d~~s papéis, poucos d~s
quais ~stão.conccntrados
dentro de f~n~~:i;:t;:~r;~ec::m
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consc iente. moviam-se ne ssa direcção: e isso parecia ser so uma questao de tempo. Mas com n1 P h mogeneidade nacional no 1ntenor duma heterogeneidade t'nt . . pe ifi-
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fracasso do impé rio as burguesias da Europa deram-se conta de q.u e o seu futuro social e
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económico estava li gado aos estados do centro. E aqueles que , em virtude das suas filiações pelo me~os e s ta e a formula no mfcm do processo. Os estados do centro, dada a sua_.
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émico-religiosas. podiam virar- se para o Estado nacional como a sua arena de acção política, complexa div1sao interna do trabalho. com~am a reflecllr o modelo do sistema no seu con-
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,• Quanto aos agricultores capitalistas da periferia. ter-se-iam considerado com grand ~Bretanlia. que teria uma homogeneidade regional dentro da relativa heterogeneidade da
prazer parte duma g e1111-,i· internac ional. Sacrificaram de bom grado raízes culturais locais:
nação como um todo. • .
troco da participação em culturas «mundiai s» '. Mas para const1tu1r uma classe internacional A religião não tem _que ser a caracten~ttca cultural definidora dos principais grupos de P.. , ~ ... _,_, 1
necessitavam da cooperação dos estratos capitalistas dos estados do centro, e esta não se ; pode utilizar-se a hngua. De facto, a hngua começou a ter tal papel no século XVI. e a ,-~ ,, . ·-· \
sua importâ ncia iria.aumentando co~ a passagem dos séculos. O reforço religioso da espe- • •· -.
verificaria. Deste modo, estes agricultores capitalistas periféricos converteram-se progressi- 5101115
i
vamente nos ~nciquados. e s11obs faze ndeiros hi spano - a me ri c ano~ ou nos nobres da Europa cializaçâo dos papéis numa economta-mundo tem. no entanto. vantagens sobre 0 reforço '-':. ··' >..1"[
Oriental dos secu los segumtes. retrocedendo duma potencial consc1encta de classe internacional
para uma solidariedade lo_cal de s!.arus - o que serv ia bem os inte resse s das burgue.sias
linguístico . Interfere men9s com o processo ?e
comunicações que ~ desem•ol\'e no interior ,. --· ·: .' ~ l
da economia-mundo. E presta-se menos (so menos) aos enclausuramentos isolacionista.s. 1
europeias oci dentais. dados os temas universalistas que subjazem às religiões mundiais.
. A concentração ~eog ráfica de actividades económicas particulares fornece uma pressão
A economta-mundo eur~~1a .do século XVI t.end1a globalmente a ser um m 1=a com ;.. ~, ~
continua para a formaçao de grupos de stallls. Quando os estratos dominantes locais se vêem
uma sé classe. Eram as forças dmamtcas que beneficta\'am com a expansão económica e com ,....., ,
ameaçados ~ r .q.ualquer consciência de classe incipiente dos estratos inferiores, a ênfase na
sistema capitalista, especialmente nas áreas do centro. que tendiam a ter consciência de cl<e.se. "-'~ .,
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isto é. a agimo seio da arena política como grupo definido primariamente pelo seu papel comum - · · f..~'.
locatS contra o ex ten~r. Se. por acrésc imo, estes estratos dominantes locais se sentem oprimi-
na economia. Este papel comum estava, de facto, definido um tanto em traços largos numa
dos por estratos supenores do sistema mundial, vêem -se duplamente motivados para pe s ·
a criação duma en tidade local. r eguir perspectiva do século XX. Incluía pessoas que eram agricultores, mercadores e industriais.
E\'idenccmente. não se constrói uma identidade a partir do nada. Constrói-se sobre 0 Os empresários individuais passavam duma a outra de todas estas actividades. ou combina·
vam-nas. A distinção decisiva era a estabelecida entre estes homens. qualquer que fosse a sul
~~=t~ t:nc~ontra - em termos de língua. reli~ i ão e e~tilos de v.ida específicos. No entanto. é
. aro q.ue a ho'.'1ogenc:_1dade e~ pa1xao lmgu1 st1ca e religiosa (e. a fortiori, a devoção ocupação. orientados principalmente para a obtenção de lucros no mercado mundial. e os ourros
por es ul~s :e vida distintos) sao cnaçoes sociais que não podem ser justificadas por simples que não seguiam tal orientação.
~~f~~,e~~ 1 ª es de tradições eternas. São criações sociai s forjadas com dificuldade em tempos Os «Outros » respondiam em termos dos seus privilégios de .rtan1J -os da ari stocracia ; ..
tradici onal. os que os pequenos agricultores tinham obtido do sistema feudal , os resultantes ..i._ ;.,.._
O século XVI foi um tempo dif' ·i d de _mo.n opó lios gremiais já superados. Sob a capa de semelhanças culturais podem cor:i fre- ~~~J:::.',.
• época da Reforma e da e tr -R f ici em ~ran e pan e da Europa. Foi, evidentemente, a
uma era de • partidos re~n . ª e. orma. Foiª epoca de grandes guerras civis de religião. Foi quenc1a consolidar-se estranhas alianças. Essas aliança.s estranhas podem tomar uma rorma
pen urbações rcl igio~~ re~g 1lot so~ internacionais . Mas no fim , quando o pó assentou, todas as muito ac tiva e obrigar os centros políticos a tê-las em conta. A;sinalámos t:lls e:ttemplos na
u aram numa relativa homo 'd d 1· . . . nossa discussão sobre a França. Ou podem tomar uma fonna politicamente passiva. que serve 1
dades políticas. no quadro d . • ., . . . gene1 a e re 1g1osa das diversas entl·
Tentámos ind· . o /msse. ·1aire mtemac1onal: cuius regius eius religio. bem as necessidades das forças dominantes no sistema mundial. O triunfo do catolicismo poLlco · ,

pela qual divers~ fo:::~;ossa d1 scu;;ão dos diversos desenvolvimentos específicos a razão como força cultural foi um exemplo disto. . . • . ~ ru ' <;: • .;4 1 ~· :
~- · ,:. (salvo a França. e também a P~~~est:ti smo acabaram por ser a religião dos estados do centro Os pormenores da tela completam-se com a panopha de mult1plas formas d, g pos . • '
feria e da semiperiferia \fo::o e ser ~esta excepção) e o catolicismo a religião da peri· de srarus com as s uas forças e acentos particulares. Mas o gr.mde impulso é em termos do:;;.:::;;;' :
diversas teologia.\ terem. t.ido gr:::io·nos cepticos sobre a possibilidade de as doutrinas das processo de formação de classes. E neste sentido o século XVI não foi decisirn. Os cstra!os u,- ·~,· ·· ·
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Melhor, as doutrinas destas teologi~ c~ilsa a ver com isto, embora o pudessem ter facilitado. capitali stas formaram uma classe que sobreviveu e ganhou droir de citi. m35 que não tmm· '" ,._.,,.-: ,
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concepção original. reflectiram e ' ~ como se mam festaram na prática por oposição à sua m a na are~a política. . • . rtez.a. 0 , estados 1 , .... , ,.._.• . '
rema mundial. 5
erviram para manter os papéis das diversas áreas no sis· A evoluçao dos aparelhos de Estado reflecte prec1sament- esta mce .;, .... i•'• !
fon es se . . . •d
. · rvern os interesses de alguns grupos e prejudicamº' e ou
trOS No entanto. do ponto
·• . . -~ · ~- 1
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J ·- .,, •• i. ,- Diz-se com frequência que Carl 1· ·dão de entidades po11• • •- "~· ~
'~ Es12do.abn1io prote~tante unido ao tent;smV perdeu uma ~ra.nde oportunidade de criar urn d.e vista d 0 s ·istema mundial como um todo se tem que eiusur
· ·
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t1 cas (ist - . · • . .vv1 dar-seocasodequet ........~ • ·. ,
ili! optar por um papel de prot.agoni ta M anter-se como arbHro da di visão reli aiosa em vez e oe, se o s istem a não é um império-mundo). entaonaot""'e d'MI>< de blo- .w A ,....; . r
5
· as urna crítica assim esquece o fac to d~ que Carlos stas ent idades. sejam igualmente fortes. Porque se o fossem. estariam cm con l y - . ,.., ~ .,, -r~ · l
~;::,,•/;~ ,.
342 343
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11.,,. , qu~:rro fu ncionamcntoefectivo cte t•ntidadc~ cçcmómicas. tr.insnaci~nais cujo ccnt.ro estivesse . . e uin e,,.ército mais numemso e eficientes. o que por ; ua vez cond . !
•• • .. noutro Estado. Seguir-se-ia. rntiio. que a dl\'ls:1o mundial do tmbalho se vcna impedida, a
.
c1v 11 . _um processo que continua em espiral. O mccanis ~ ui ª ma'.ores receitas ..::,,.,. i ~• l
1
"· '. ___ e<.' onomia·mwido d,·.:linaria. e o sistema mundial acab;ma por despedaçar-se. fisc:us .d0 oposto: a debilidade condu1. a uma maior &bili~- S<:ulame En func1011J também 1 -. - •. i
scnll . . · · """· Ire estes doi• ,.. , < · · i
- •• Tii°"pourn pode d:u-se 0 çaso de que 11e11h11m apan:lho de Estado seja forte. Porque. no . . çãn reside a políuca de criação do.~tado. E nesta arma que;;_, Caplcidad .· pontos de ,~ .. _ _ .
1
• •.< º"
em tal rnso. cstrJtos rapitalistas can:ccriam de meca111smos para proteger os seus intercs- o>CI ª .
tiri gcntcs '
criam uma diferença. E a ex1 stcncia des te; doi; mecan·1
· · >n10S
base es dos grupos " ~ .
ulan1es expl 1
f". ,. ses. g:uami ndo os seus din:itos de propriedade. assegur.1ndo diversos monopólios, diluindo e • elll certos momentos um pequeno desfasamento no sistema mund;al se s •ca 1
as perdas pt'lo rnnjunto dl P'lpubção. etc .. qu" de rapidez num desfasamento muito grande. po ;a con\encr i·
otll gran . .
Isto implic:i cnt;io qm~ a economia-mundo desenvolve um modelo em que as estrutu- c Naqueles estados onde o apar.cfüo de _Estado.é fraco. os admini tr.ldorcs do Estado 1 \
rJ ·d Estado s,;io n:IJtivamente fones nas áreas do centro e relativamente fracas na periferia. têm 0 papel ele coordenar um mecani smo tnd~stnal-comercial ·agricola tomplno. Antes
050
Que :íreas desempenham os distintos p:J.pt'is é em muitos aspectos uma questão acidental. o e convertem simplesmente num gr~po de proprietários de terras entre outros. com pouco
que é n<"<-'t:s5'Írio é que cm al gumas áreas o aparelho de Estado seja muito mais forte que em ~ireito a afim1ar uma autoridade leg_111m.a sobr~ o conjunto. . 1
outra· . Estes tendem a ser chamados dmgentes trad1c1ona1s. A luta política cxpressa-foe com Í
Que queremos dizer com um ap;irelho de Estado forte? Queremos dizer forte face a _ • ência cm termos de tradição rersus mudança. Esta é, evidentcmentt. uma terrninolcgia · [
cutros estados no interior da economia-mundo, incluindo outros estados do centro, e forte face
às unidades políticas locais dentro das fronteiras do Estado. Com efeito, referimo-nos a uma
trcqu iente equívoca e ideológica. Pode aceitar-se, de facto, como prind pio sociolórico •era\
toscan . .. ~
qualquer momento dado, o que se considera trad1c10nal tem uma origem mais recente
e ' l :
que.en1 Ih 'b . . . ,
sobcrJ11ia tanto de faccn como de jure. Também nos referimos a um Estado forte face a qualquer que a que normalmente se e atn u1 , e representa pnm~n:uncnte os instintos con.serYadon:ç_ ,-• •• • -~ \
grupo social particular no interior do Estado. Obviamente tais grupos variam quanto à quan- de algum grupo ameaçado pela queda do seu .sr~rus social. De facto..parece não ha,·c:r ll3da ~·-v .,,
tidade de pn:.ss3.o que podem exercer sobre o Estado. E obviamente certas combinações destes que apareça tão rapidamente como urna « trad1çao ~ quando h.á necessidade dela. .. ".:_ .
grupos rnntrolam o Estado. O Estado não é um árbitro neutral. Mas o Estado é mais que um Num sistema com uma só classe. o «tradicional • é aquilo em nome de que •cs outros•
simples vector de forças dadas . ainda que apenas porque muitas destas forças estão situadas combatem 0 grupo com consciência de dasse. Se conseguem im.por 05 _seu. valores.. lcgiti- ':"'.:.~'. i
em mais dum Estado ou se definem em termos que têm pouca correlação com as fronteiras mando-os amplamente ou. ainda melhor. incorporando-os em b:rrreuas k g1Slauvas. conse1;uem - -·
do Esu do. desse modo mudar o sistema de maneira favorável para eles. _
Um Estado forte é então uma entidade parcialmente autónoma. no sentido de que tem Os tradicionalistas podem triunfar em alguns estados, mas para uma economia-mundo ;,_,, -_;
ao seu alcance um~ margem de acção que reflecte os compromissos de interesses múltiplos, sobreviver têm que perder mais ou menos nos outros. Mais ainda. o lucro numa região é a ::, '1 -
me smo se estas margens têm limites determinados pela existência de alguns grupos de força contrapartida da perda noutra. . • . , _,..;._,_..1
primordial. Para que exista uma entidade parcialmente autónoma tem que haver um grupo Este não é exactamente um jogo de sorna nula, mas e também mconceb1vcl que todos
de pe soas cujo interesses din:ctos se vejam servidos por tal entidade: administradores do os elementos duma economia-mundo capitalista mudem de valores simultan~ntc e num3
Estado e burocracia de Estado. direcção determinada. O sistema social está construído sobre a base de ter no seu mtenor
Tais grupos emergem no quadro duma economia-mundo capitalista porque o Estado múltiplos sistemas de valores que reílictam as funções específicas que grupos e án:J.s <lesem~
fone é a melhor opção entre alternativas difíceis para os dois grupos mais fortes em termos penham na divisão mundial do trabalho.
políticos. económicos e militares: os estratos capitalistas emergentes e as velhas hierarquias
aristocráticas. · Não esgotámos aqui os problemas teóricos relacionados com o funcion~enwd~
Para os primeiros, o Estado forte na forma das «monarquias absolutas» era um cliente economia-mundo. Procurámos falar apenas dos que aparecem em relevo no penodo mtCIJ.I
magnífico. um guardião contra o banditismo local e internacional, um modo de legitimação de criação da economia-mundo, a saber, a Europa do século XVI. _ Ilido tanto
social, urna protecção prevemin contra a criação de fortes barreiras estatais noutros lugares. Muitos outros problemas surgiram em estádios posteriores; ser.io tra s.
Para as segundas. o Estado forte representava um travão para estes mesmos estratos capita-
empírica como teoricamente, em volumes posteriores. Não er.i fácil 0 esforço de~
listas. um apoio das convenções de status, um mantenedor da ordem, um promotor do luxo.
No século XVI a Europa era como um cavalo por domar. d' ·i;.ão do trabalho
Sem dúvida. tanto os nobres como os burgueses consideravam os aparelhos de Estado \ · undo baseada numa 1\
a guns grupos para estabelecerem uma economia-m político-económicos
corno um oneroso sorvedouro de fundo s e corno uma burocracia intrometida e improdutiva.
particular, criarem estados nacionais nas áreas do centro como_gar:-nte~ os mas wnbém 05
Mas que opções tinham? Apesar di sso, permaneceram sempre renitentes, e a política ime-
diata do s1stem.a mundial era feita com o puxa-e-empurra resultante do esforço de ambos
º;
deste sistema e conseguirem que os trabalhadores pagassem nao so .ucrde isto se ter reali-
custos de ma~utenção do sistema. Deve reconhecer-se à Europa_ m~ntoascido e a,,,.sar de
0
os grupos em isolarem-se daquilo que eles viam como os efeitos negativos do aparelho d o<lemo nao tena n · • r-
.........-....
de Estado. zado, já que sem o impulso do século XVI o mun m ° - tivesse nascido.
todas as suas crueldades é preferível que tenha nascidoª qu~ nao 'do fácil e nãci foi fácil
/ ...... , Um aparelho de Estado implica um mecanismo basculante. Existe um ponto em que a • •
Também se deve reconhecer a Europa 0
mérito de nao ter s1 . . d'
força cria mais força. As receitas fiscais tom~ ~ -Éstà'dó~capaz de possuir uma burocracia levantou a sua ' 'ºZ m ig-
'•~ I ... . · .
Particulannente porque a gente que pagou os custos a curto praz.o
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=ia per..::~ ir.u io~ Os =µo;-.e= e os tr.; " udores da Polónia_ da 1
do llra.\il e óo .\ léxico mx!a.-a.'"!Ke todos. à sca mar._ei:ra. Corno diz R. H. Ta..,:;~
il
rJS cfü.nétbio; •i!IZnrJ. da L~ =ra óo !oéculo X\ 1: • Tais mo•-unemos são prova de ' SObr: :!
nerm, e de urn ef<>adoc cr.gi.lhosoe..,.:rill>. 1.-l Feliz a nação cujo povo nào ~~,itlc~
revoltar~ ' . to:no
A marca do mundo rr_.odemo é a irrug~ dos i.eta beneficiários e a COrara-:1.fi •
do\ opnmidm. A e-xploraçao e a recfila cm acenar a C(plora"1o como inevitáv ~
1
crm 1rutom a perene anrmomia da era moderna. unidas numa dia.léctica que cs~ i°u J' ta
ala:.nç<rr oi.eu máximo r.o ~ulo X X. on e de

BIBLIOGRAFIA

- ------
)46

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crm 1rutom a perene anrmomia da era moderna. unidas numa dia.léctica que cs~ i°u J' ta
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BIBLIOGRAFIA

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\ ',.·anti. Corndõ. 2i;o. ~8 1 . 283 Wincnbc:rg. 155 INDÍCE DAS ILUSTRAÇÕES
V<bicn. l llcN<ill. :JI Wiuman. T .. 207-20l!
VcdJç.ôe . \t•r Ap"liMlhUl.l.. ,.,...;/o- Volg;t. 295 . .
DJtJ
\'N â:tr.J. \ f'T Scnhonis. \ '11tc h1n1
~~~:~~.~:~~~~: i~;/6· 188. 246
Vt fd;td.:- de c1rcubç1o. "''
Woolf. S.J .. 90. 121.2! 6
~ ~<tr.•ll<;.io é> Wright , L. P .. 160
Ya.>IX!Ãltdoo~. •tr~.

..
I:\;: r.J(.11. \CoJl: dt a!· \\' Wü.stunxen (''f'r também A .
lura: retracção das sr;:
Vcn<t..>.16 , J I. ~ .51:>.58. ~O. .
ll'oro. plr.1l.1: .61. b6. 31 8-3 19 , 332
\>. mg Chm. 60
~~~'.vf4~>. 3+35. 44. 46.
• ~ . 9'1. "6. 1 • 1 ;.
17.l~t 5. J;/. l 1. t " \ v-·a."lg Yi,a-rning. 66-67
1 '. ~ IJ- _ . .!Sl. 316. Wminff. Dor=l. 10 1
j ~+. J.: !). .!:<J..33-0
i,; '1.ur lkt,~ ar:s
( \ tr tJmbim RC\'O- X
Ln!J{U'~- ~ o be..i.iL""ll5...p.J- luç>o. 00. f>•i= BaiAOSJ.
M,.t·c:..! 105 Xiqilite. IM
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'. 17'!. IÔI. l o Wa.::rloo. 20!5
Ve;~A:--. Ge:<~ . .. ... ' W;m.on ...\nd~ ~L ~ 7
3ff'. ~ ....;io Wcbb. \'ia!'..:r Pre<con. 83. 275 y
\a-,· . T r1~ ~ ! ~. ~7 ~ w,w. ..\ Lu. 39. 63-6-1. 95. !(}!. Capa
V=..-1..1.. P1Z 6: . 3'13 116. 129. 153. 155. 319 Yangtze. rio. 61 porto d< Lis bo3 no século XVI (gravura em cobre. Frankfurt. 1592)
'~-,:... ~re:u::: 1 Wclr.-.=. ~262 t"eomen. ,.er Agricultores, Jt ome,, 0
\ .cc::i .. -f\I~ : ~...e... ; J_r.1. l'"' - Wd~: { t!T ~..bim Mercadores. York. casa de. 24-0
lr. · • . r;;. 15L i· 7-166. ~ [j~.rll (-bmcá - Yorkshire. 126
na.11. 330 Yoshimitsu. 62 Introduç:io
t~' - l 7~ ·193
~- ~!~_ ,.,._ :!.:: w, ·- =l-..:;,:oi•. 16. 61. 261 Youings. Joyce. 2~6 .. Q saq~ ~ Roma por Carlos V"· gravura em madeira incluída num livros.obre ..:Prir.ica.s e Propiósticos
1. 1 1 .r~. !- l W=.."'=. R. B- 159. 197· 19 . Yl'fCS. 315 Imperiais .... publicado em Esirasburgo cerco de 1535 . Esta gravun celebra o aconte<:imaito qu< forçou
·:.:.::xr,_ \l ("" s.a-i.~ cm. c 1L21s. 23 1. 259. Yuan. Dinastia. 67
0 PJ.p.1 a aceitar a dependência política em relação ao imperador sacnHomano e que trmsformou Carlos
\-_ _p-~~Sr!.!!-'; , 1:7. f.r. I~. 263
\ 'no detentor incontestado do poder cm Itália .... ·········-···-··--························-········-·--·- · - -- -·- 13
. }. 1 • lioó. - .3 W~IP
'• .,,. :l!U:..~. J.U... pj_ .... g ( i=rpr'..UÇ - e.. HistórU).
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•.~ caçad;l à raposa•. ext:r.údo de Das Mittelãlrerlicl1e Hausbuch . d<S<nho à pe03 frito por um anisa
J·;,";_ ~'!. : ti.~- 1Á~_ !A-l!jiz::t. f:l)...61 z~:ngmc ister. irmãos. 262 :tl.."l!ÜO anónimo. 3Ctivo de 1~75 a 1490. conhecido como o Mestre do Lino da Casa ·---·----
v.- Eric~ 92 Zavala. Silvio. 97
~~ 9!. :!.! I ~-t!"~ P-:a-1.~-:0 Zdãndia.. ~205. 210. 275
'• :i..:!:L :;e.~-~~ ".\t.::J.::ci e
H... 3-t. s1. 106, 130. Zcillin. '.\!aurice. ~ Capitulo 2
·.·a:c..t.=.. s.<. <n. w~ 1s;, 15 . 17" . • 275 Zcller. G:J.Ston. 256. 2S4
\ ". .." ...- - ,.,-o!:soo. TOO=-"!. 185 Zol&han. George K.. 38 •Tl!n:do PfO''OCJ:do a exaustão dos ''eios metálicos. os negro5 ti,·eram ck ser emprrgados no fabrico de
~-ã.:ar •. Esta g.r.l\'ura de um engenho de 3Çúcar cm Hispaniola foi feit.3 cm 1595 como pa.rt~ ~uma s:.riC'
C~...d.J por Theodore de Bry. um gra,·ador firtl(ngo. conhecida como Cc>//( crior..u Peregrir-.atior~
corr~morando as .. ctescoberus)ll. das índias Ocidentais e Orienu.is ... ··-······--·-···--·····- ···-·--·- ·- 11

Capítulo J
'. º. Grõo- Duque manda fon ificar o pono de Livomo~ . gravura de l o.:ques Callo< num.a rolecçlio
Cl!l>olJda A Vida de FerruuuJo / MédiciJ. Fernando foi Gr.io-Duque da Toscan• de 15"7 3 1609. A
"'''llta foi fe ita entre
1614 e 1620 .......................................... ...................... ....... . ............. --.. -- 133

C..pitulo ~

~>. ~IJtança do; Inocentes• . óleo de Peter Brueghel. o Velho. Pintado em 1565 como protesto con1r.1
atrocidades espanholas nos Paí5es Bai:>.os .......................................................- ............................... 165

Capitulo 5

~is Ptdintes em luta • . esboço de J:icques Bctlange. pintor. gm·ador e decorador ofi<;Ul da c:~ed:J
of :;:"<m !IOancyde 1602 a 1616. Este esboço foi feitoenuc 1612 e 1617 (W:1sl11ng1on. S • uorul r)
121
· Rosenwatd Collection) ................. - ............. - .............................. .................................. - .......... ..

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\ ',.·anti. Corndõ. 2i;o. ~8 1 . 283 Wincnbc:rg. 155 INDÍCE DAS ILUSTRAÇÕES
V<bicn. l llcN<ill. :JI Wiuman. T .. 207-20l!
VcdJç.ôe . \t•r Ap"liMlhUl.l.. ,.,...;/o- Volg;t. 295 . .
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\'N â:tr.J. \ f'T Scnhonis. \ '11tc h1n1
~~~:~~.~:~~~~: i~;/6· 188. 246
Vt fd;td.:- de c1rcubç1o. "''
Woolf. S.J .. 90. 121.2! 6
~ ~<tr.•ll<;.io é> Wright , L. P .. 160
Ya.>IX!Ãltdoo~. •tr~.

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I:\;: r.J(.11. \CoJl: dt a!· \\' Wü.stunxen (''f'r também A .
lura: retracção das sr;:
Vcn<t..>.16 , J I. ~ .51:>.58. ~O. .
ll'oro. plr.1l.1: .61. b6. 31 8-3 19 , 332
\>. mg Chm. 60
~~~'.vf4~>. 3+35. 44. 46.
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17.l~t 5. J;/. l 1. t " \ v-·a."lg Yi,a-rning. 66-67
1 '. ~ IJ- _ . .!Sl. 316. Wminff. Dor=l. 10 1
j ~+. J.: !). .!:<J..33-0
i,; '1.ur lkt,~ ar:s
( \ tr tJmbim RC\'O- X
Ln!J{U'~- ~ o be..i.iL""ll5...p.J- luç>o. 00. f>•i= BaiAOSJ.
M,.t·c:..! 105 Xiqilite. IM
VcrlJrLc::i. o-..mo. ~ w~~ord. 1.53
'. 17'!. IÔI. l o Wa.::rloo. 20!5
Ve;~A:--. Ge:<~ . .. ... ' W;m.on ...\nd~ ~L ~ 7
3ff'. ~ ....;io Wcbb. \'ia!'..:r Pre<con. 83. 275 y
\a-,· . T r1~ ~ ! ~. ~7 ~ w,w. ..\ Lu. 39. 63-6-1. 95. !(}!. Capa
V=..-1..1.. P1Z 6: . 3'13 116. 129. 153. 155. 319 Yangtze. rio. 61 porto d< Lis bo3 no século XVI (gravura em cobre. Frankfurt. 1592)
'~-,:... ~re:u::: 1 Wclr.-.=. ~262 t"eomen. ,.er Agricultores, Jt ome,, 0
\ .cc::i .. -f\I~ : ~...e... ; J_r.1. l'"' - Wd~: { t!T ~..bim Mercadores. York. casa de. 24-0
lr. · • . r;;. 15L i· 7-166. ~ [j~.rll (-bmcá - Yorkshire. 126
na.11. 330 Yoshimitsu. 62 Introduç:io
t~' - l 7~ ·193
~- ~!~_ ,.,._ :!.:: w, ·- =l-..:;,:oi•. 16. 61. 261 Youings. Joyce. 2~6 .. Q saq~ ~ Roma por Carlos V"· gravura em madeira incluída num livros.obre ..:Prir.ica.s e Propiósticos
1. 1 1 .r~. !- l W=.."'=. R. B- 159. 197· 19 . Yl'fCS. 315 Imperiais .... publicado em Esirasburgo cerco de 1535 . Esta gravun celebra o aconte<:imaito qu< forçou
·:.:.::xr,_ \l ("" s.a-i.~ cm. c 1L21s. 23 1. 259. Yuan. Dinastia. 67
0 PJ.p.1 a aceitar a dependência política em relação ao imperador sacnHomano e que trmsformou Carlos
\-_ _p-~~Sr!.!!-'; , 1:7. f.r. I~. 263
\ 'no detentor incontestado do poder cm Itália .... ·········-···-··--························-········-·--·- · - -- -·- 13
. }. 1 • lioó. - .3 W~IP
'• .,,. :l!U:..~. J.U... pj_ .... g ( i=rpr'..UÇ - e.. HistórU).
::..;;
't-c::l!.. r;1
\ ·_,,.,_ : . 5C. !>'1. &; . 1 • 1 1~
"'°"-'· -·-:. J;_ 59
L~-::.
v.-ir:n T. S_ 2'J.S. 299
z
Zagori.'l. Perez. 2 ~3 . 276
úpitulo 1
•.~ caçad;l à raposa•. ext:r.údo de Das Mittelãlrerlicl1e Hausbuch . d<S<nho à pe03 frito por um anisa
J·;,";_ ~'!. : ti.~- 1Á~_ !A-l!jiz::t. f:l)...61 z~:ngmc ister. irmãos. 262 :tl.."l!ÜO anónimo. 3Ctivo de 1~75 a 1490. conhecido como o Mestre do Lino da Casa ·---·----
v.- Eric~ 92 Zavala. Silvio. 97
~~ 9!. :!.! I ~-t!"~ P-:a-1.~-:0 Zdãndia.. ~205. 210. 275
'• :i..:!:L :;e.~-~~ ".\t.::J.::ci e
H... 3-t. s1. 106, 130. Zcillin. '.\!aurice. ~ Capitulo 2
·.·a:c..t.=.. s.<. <n. w~ 1s;, 15 . 17" . • 275 Zcller. G:J.Ston. 256. 2S4
\ ". .." ...- - ,.,-o!:soo. TOO=-"!. 185 Zol&han. George K.. 38 •Tl!n:do PfO''OCJ:do a exaustão dos ''eios metálicos. os negro5 ti,·eram ck ser emprrgados no fabrico de
~-ã.:ar •. Esta g.r.l\'ura de um engenho de 3Çúcar cm Hispaniola foi feit.3 cm 1595 como pa.rt~ ~uma s:.riC'
C~...d.J por Theodore de Bry. um gra,·ador firtl(ngo. conhecida como Cc>//( crior..u Peregrir-.atior~
corr~morando as .. ctescoberus)ll. das índias Ocidentais e Orienu.is ... ··-······--·-···--·····- ···-·--·- ·- 11

Capítulo J
'. º. Grõo- Duque manda fon ificar o pono de Livomo~ . gravura de l o.:ques Callo< num.a rolecçlio
Cl!l>olJda A Vida de FerruuuJo / MédiciJ. Fernando foi Gr.io-Duque da Toscan• de 15"7 3 1609. A
"'''llta foi fe ita entre
1614 e 1620 .......................................... ...................... ....... . ............. --.. -- 133

C..pitulo ~

~>. ~IJtança do; Inocentes• . óleo de Peter Brueghel. o Velho. Pintado em 1565 como protesto con1r.1
atrocidades espanholas nos Paí5es Bai:>.os .......................................................- ............................... 165

Capitulo 5

~is Ptdintes em luta • . esboço de J:icques Bctlange. pintor. gm·ador e decorador ofi<;Ul da c:~ed:J
of :;:"<m !IOancyde 1602 a 1616. Este esboço foi feitoenuc 1612 e 1617 (W:1sl11ng1on. S • uorul r)
121
· Rosenwatd Collection) ................. - ............. - .............................. .................................. - .......... ..

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ÍNDICE GERAL

AGR .~DECIMENTOS ...

c .. p1lulo 6
• A : I't'J: t l~S.1 ) frem ~ l MO\.-:unbiquc: e a captura de uma carraca (ponuguesa.) peno de Goa». Introd ução
iL:....1.l::3o,-- Jo Dl.:mo de obs.t-n-a~ {>es d wr.a ,·iagem ãs Índias Orientais. por Corntlius Claes:oon de SOBRE O ESTUDO DA MUDANÇA SOCIAL .............. ...................... 13
P'Jl.r'"i.<Ter.i . r;.rnt>n.eirn do Ba.'1:.;;un . ao scniço dDs poderosos senhores da Companhia Unida, publicado
e.m 1 5 i ····--- ···- ····--·····-·············· ·· 291
Ca pítu lo 1
PRELÚDIO MEDIEVAL ............... ...... ... .....................................
C<>pitulo 7
• Pal.á<10 d-: Ric bnond- ou • O Tamisa cm Richmond• . óleo do pri meiro quartel do século XVll, de
Cap ít ulo 2
0 3' id mckcnboom ( 15 78-1629). a.n ista flamengo que emi grou para a Inglaterra e pintou por encargo
rel i r.o 1empo de J al~ 1e Carlos l .. 335 A NOVA DIVISÃO DO TRABALHO EUROPEIA -C. 1-150-1~0 71

Bibliogra fia Capítulo 3

• Ak 0nria d<' Comércio•. gra vura em madeira de Jobst Amman (1 539- 159 1). que vi veu cm Nurem- A MONARQUIA ABSOLUTA E O «ESTATISMO• 133
berp. Foi um dns • Peque'nos Mestres ... fate ponnenor do fundo il ustra a cao;;a de um mercador de
S urernbcrga. à tpoca a.inda c:entro fl orcscenre do comércio rrans-europeu .............................. . 347 Capítulo -1
DE SEVILHA A AMESTERDÃO: O FRACASSO DO IMPÉRIO . 165

Capítulo 5

~!c~~:A:Lº.5. ..~~~.~~·s···°--~· -~~.~RO: FOR~~.~.~--~E···~·~~5.5.~5. ..~..~~~~·~º rmER- 221

Capítulo 6

A ECONOMIA-MUNDO EUROPEIA: A PERlF.ERIA CONTRA A ARENA EXTERIOR 291

Capítulo 7

RECAPITULAÇÃO TEÓRICA .. ....... .... ...................... . 335

BIBLIOGRAFIA 347

ÍNDICE ANALfTICO, ONOMÁST ICO, TOPON(MlCO .. 377

INDJCE DAS IL USTRAÇÕES 401

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ÍNDICE GERAL

AGR .~DECIMENTOS ...

c .. p1lulo 6
• A : I't'J: t l~S.1 ) frem ~ l MO\.-:unbiquc: e a captura de uma carraca (ponuguesa.) peno de Goa». Introd ução
iL:....1.l::3o,-- Jo Dl.:mo de obs.t-n-a~ {>es d wr.a ,·iagem ãs Índias Orientais. por Corntlius Claes:oon de SOBRE O ESTUDO DA MUDANÇA SOCIAL .............. ...................... 13
P'Jl.r'"i.<Ter.i . r;.rnt>n.eirn do Ba.'1:.;;un . ao scniço dDs poderosos senhores da Companhia Unida, publicado
e.m 1 5 i ····--- ···- ····--·····-·············· ·· 291
Ca pítu lo 1
PRELÚDIO MEDIEVAL ............... ...... ... .....................................
C<>pitulo 7
• Pal.á<10 d-: Ric bnond- ou • O Tamisa cm Richmond• . óleo do pri meiro quartel do século XVll, de
Cap ít ulo 2
0 3' id mckcnboom ( 15 78-1629). a.n ista flamengo que emi grou para a Inglaterra e pintou por encargo
rel i r.o 1empo de J al~ 1e Carlos l .. 335 A NOVA DIVISÃO DO TRABALHO EUROPEIA -C. 1-150-1~0 71

Bibliogra fia Capítulo 3

• Ak 0nria d<' Comércio•. gra vura em madeira de Jobst Amman (1 539- 159 1). que vi veu cm Nurem- A MONARQUIA ABSOLUTA E O «ESTATISMO• 133
berp. Foi um dns • Peque'nos Mestres ... fate ponnenor do fundo il ustra a cao;;a de um mercador de
S urernbcrga. à tpoca a.inda c:entro fl orcscenre do comércio rrans-europeu .............................. . 347 Capítulo -1
DE SEVILHA A AMESTERDÃO: O FRACASSO DO IMPÉRIO . 165

Capítulo 5

~!c~~:A:Lº.5. ..~~~.~~·s···°--~· -~~.~RO: FOR~~.~.~--~E···~·~~5.5.~5. ..~..~~~~·~º rmER- 221

Capítulo 6

A ECONOMIA-MUNDO EUROPEIA: A PERlF.ERIA CONTRA A ARENA EXTERIOR 291

Capítulo 7

RECAPITULAÇÃO TEÓRICA .. ....... .... ...................... . 335

BIBLIOGRAFIA 347

ÍNDICE ANALfTICO, ONOMÁST ICO, TOPON(MlCO .. 377

INDJCE DAS IL USTRAÇÕES 401

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