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Eles discorrem a liberdade pela sua ausência. O Esclarecimento é totalitário:1 ele tem
sua base na divisão do trabalho capitalista, principalmente a da sociedade industrial e na
propriedade privada, que coisifica os indivíduos e os reduz à objetos da engrenagem maior
pela sua totalidade, a mesma que oprime o exército de reserva e os submete às vontades dos
senhores, seja Ulisses seja o capitalista monopolizador. Nele, a coerção social impera na
forma de aparência extremamente ideológica e alienada da liberdade baseada na lei natural,
vinda de sua visão também alienada da natureza repetitiva, a mesma do mito. A sociedade de
classes tem como consequência a impotência das massas frente a apropriação de sua força de
1
ADORNO, T.; HORKHEIMER, M.. Dialética do Esclarecimento. 1947. p. 6
2
trabalho e da riqueza que produz e a superestrutura e tudo (e todos, quando alienados) que
nela existe se direciona a manutenção desse status quo.
A justiça esclarecida não escapa de sua descendência do mito. Muito menos escapa da
materialidade injusta capitalista. As relações entre homens são coisificadas e a injustiça social
é aparentemente intangível.4 A competição da natureza se interioriza no Esclarecimento e dela
decorre sua justiça: a competição meritocrática. A troca, que assumiu o lugar do sacrifício, se
materializa no regente mítico e imaterial do capitalismo: o mercado. Essa divindade para o
esclarecido, baseada na mercadoria fetichizada, controla o comportamento do homem, que o
Esclarecimento chama de racionalidade. A justiça tem uma aparência de meritocracia, mas
Ulisses já demonstra que a burguesia se abstém das regras que impõem: é pela exceção que
cumpre a justiça que é submetido, “o empresário jamais enfrentou a competição unicamente
com o labor de suas mãos.”5
2
Idem. p. 37
3
Idem. p. 9
4
Idem. p. 16
5
Idem. p. 31.
3
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
6
Idem. p. 22.