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− FRESAGEM
Autoria: Jorge Alves – para CICCOPN
ÍNDICE
I – FRESAGEM......................................................................................................................... 5
1. O QUE É A FRESAGEM .................................................................................................. 5
2. FRESADORAS ................................................................................................................ 6
3. FRESAS ......................................................................................................................... 10
2.1. FRESAS DE PERFIL CONSTANTE ....................................................................... 13
2.2. FRESAS ANGULARES .......................................................................................... 13
2.3. FRESAS PARA RASGOS....................................................................................... 14
2.4. FRESAS DE DENTES POSTIÇOS ......................................................................... 14
2.5. FRESAS PARA DESBASTE ................................................................................... 15
II – FRESAR SUPERFÍCIES PLANAS .................................................................................... 17
1. FRESAGEM SIMPLES DE SUPERFÍCIE PLANA .......................................................... 18
2. FRESAGEM DE SUPERFÍCIE PLANA INCLINADA ....................................................... 29
I – FRESAGEM
As peças a serem maquinadas podem ter as mais variadas formas. Este poderia ser um fator
de complicação do processo de maquinação; porém, graças à máquina fresadora e às suas
ferramentas e dispositivos especiais, é possível maquinar praticamente qualquer peça e
superfícies de todos os tipos e formatos. A operação de maquinação feita por meio da
máquina fresadora é chamada de fresagem.
1. O QUE É A FRESAGEM
O movimento de avanço pode levar a peça contra o movimento de giro do dente da fresa; é o
chamado movimento discordante. Ou pode também levar a peça no mesmo sentido do
movimento do dente da fresa; é o chamado movimento concordante.
A maioria das fresadoras trabalha com o avanço da mesa baseado numa porca e um
parafuso. Com o tempo e desgaste da máquina ocorre uma folga entre eles. No movimento
concordante, a folga é empurrada pelo dente da fresa no mesmo sentido de deslocamento da
mesa. Isto faz com que a mesa execute movimentos irregulares, que prejudicam o
acabamento da peça e podem até quebrar o dente da fresa. No movimento discordante, a
folga não influi no deslocamento da mesa. Por isso, a mesa tem um movimento de avanço
mais uniforme. Isto gera um melhor acabamento da peça.
Assim, nas fresadoras dotadas de sistema de avanço com porca e parafuso, é melhor utilizar
o movimento discordante. Para isso, basta observar o sentido de giro da fresa e fazer a peça
avançar contra o dente da ferramenta. Como outros processos, a fresagem permite trabalhar
superfícies planas, convexas, côncavas ou de perfis especiais, com a vantagem de ser mais
rápido que o processo de tornear, limar, aplainar. Isto deve-se ao uso da fresa, que é uma
ferramenta multicortante.
2. FRESADORAS
EXERCÍCIOS
Exercício 1
Assinale com X a alternativa correta.
As fresadoras são, geralmente, classificadas de acordo com:
Exercício 2
Faça corresponder corretamente as fresadoras (coluna A) às posições dos eixos-árvore
(coluna B).
Coluna A Coluna B
4. Vertical
5. Plana, vertical
3. FRESAS
A fresa é dotada de facas ou dentes multicortantes. Isto confere-lhe uma vantagem sobre
outras ferramentas: quando os dentes não estão a cortar, eles vão arrefecendo. Isto contribui
para um menor desgaste da ferramenta.
Quanto menor o desgaste, maior a vida útil da ferramenta. A escolha da ferramenta é uma
das etapas mais importantes da fresagem. Ela está relacionada, principalmente, com o tipo de
material a ser trabalhado. Ao escolher uma fresa, deve-se levar em conta se ela é resistente
ao material que será maquinado. Os materiais são mais ou menos resistentes. Assim, uma
fresa adequada à maquinação de um material pode não servir para a maquinação de outro.
Escolher a fresa
Então como escolher a ferramenta adequada? Para começar, deve saber-se que os dentes da
fresa formam ângulos. Estes, por sua vez, formam a cunha de corte.
Recordar é aprender
São ângulos da cunha de corte o ângulo de saída (ϒ), de cunha (β) e de folga (α).
Pois bem, são os ângulos b dos dentes da fresa que lhe dão maior ou menor resistência à
quebra. Isto significa que quanto maior for a abertura do ângulo b, mais resistente será a
fresa. Inversamente, quanto menor for a abertura do ângulo b, menos resistente a fresa será.
Com isto, é possível classificar a fresa nos tipos W, N e H, como ilustra a figura.
Percebe-se que a soma dos ângulos α, β e ϒ em cada um dos tipos de fresa é sempre igual a
90°, certo? Então também se percebe que, em cada um deles, a abertura dos ângulos sofre
variações, sendo, porém, o valor do ângulo de cunha sempre crescente. Pois bem, a partir
desta observação e de acordo com o material a ser trabalhado, já é possível escolher a fresa
adequada ao trabalho.
A fresa tipo W, por ter uma abertura de ângulo de cunha menor (β = 57°), é menos resistente.
Por isso, ela é recomendada para a maquinação de materiais não-ferrosos de baixa dureza,
como o alumínio, o bronze e plásticos.
A fresa tipo N (β = 73°) é mais resistente que a fresa tipo W e, por isso, é recomendada para
maquinar materiais de média dureza, como o aço com até 700 N/mm2 de resistência à tração.
Finalmente, a fresa tipo H (b = 81°) é mais resistente que a fresa W e a fresa N. Portanto, é
recomendada para maquinar materiais duros e quebradiços, como o aço com mais de
700 N/mm2 de resistência à tração. Ainda quanto às fresas tipo W, N e H, a pergunta que se
coloca é por que razão uma tem mais dentes que outra.
A resposta tem que ver com a dureza do material a ser maquinado. Suponha que é
necessário maquinar uma peça de aço. Por ser mais duro que outros materiais, menor volume
dele será cortado por cada dente da fresa. Portanto, menos apara será produzida por dente e
menos espaço para a saída será necessário. Já maior volume por dente pode ser retirado de
materiais mais moles, como o alumínio. Neste caso, mais espaço será necessário para a
saída da apara.
Um dos problemas de maquinar materiais moles com uma fresa com muitos dentes é que o
cavaco fica preso entre os dentes e estes não são refrigerados adequadamente. Isto acarreta
o desgaste dos dentes e pode ainda gerar um mau acabamento da peça.
Qual a importância dos ângulos? Eles permitem classificar as fresas de acordo com o tipo de
material a ser maquinado.
EXERCÍCIOS
Exercício 3
O que confere à fresa uma vantagem sobre outras ferramentas é o facto de ser
______________________ de dentes ______________________.
a. flexível / variados
b. dotada / multicortantes
c. multicortante / variados
Exercício 4
A escolha da ______________________ está relacionada, principalmente, com o tipo de
______________________ a ser maquinado.
a. temperatura, material
b. ferramenta, material
c. máquina, componente
Outra preocupação deve ser quanto à aplicação que você vai dar à fresa. É o que vamos ver
agora, estudando os diversos tipos de fresas e as respetivas aplicações.
São fresas utilizadas para abrir canais, superfícies côncavas e convexas ou gerar
engrenagens entre outras operações. Vejam-se alguns tipos dessa fresa e suas aplicações.
Fresas planas
Trata-se de fresas utilizadas para maquinar superfícies planas, abrir rasgos e canais. As
imagens a seguir mostram fresas planas em trabalho e suas aplicações.
Estas são fresas utilizadas para a maquinagem de perfis em ângulos, como rasgos
prismáticos e encaixes do tipo rabo-de-andorinha.
As fresas para rasgos são utilizadas para fazer rasgos de chavetas, ranhuras retas ou em
perfil T, como as das mesas das fresadoras e furadeiras.
Exercício 5
Exercício 6
Faça corresponder o material (coluna A) ao tipo de fresa e ao ângulo de cunha, colocando
1, 2 ou 3 na coluna B.
COLUNA A COLUNA B
H = 81°
2
1 Aço de média dureza com o aço de 700 N/mm W = 57°
N = 73°
H = 73°
2 Alumínio, bronze e plásticos N = 81°
W = 57°
N = 73°
3 Materiais duros e quebradiços H = 81º
W = 57°
Exercício 7
Assinale com V as afirmações verdadeiras e com F as falsas.
b. Usinando material mole com fresas para trabalhar material mais duro, o
acabamento da superfície maquinada é melhorado.
c. Quanto mais duro o material a ser maquinado, maior deve ser o número de
dentes.
d. Quanto mais mole o material, menor deve ser o número de dentes da fresa.
Como vamos fazer uma fresagem tangencial em superfície plana utilizando fresadora
horizontal, escolhemos trabalhar com a fresa cilíndrica para mandril com chaveta longitudinal.
Trata-se de um tipo de fresa muito utilizado para maquinar superfícies planas em fresadora
horizontal. A fresa cilíndrica para mandril com chaveta longitudinal permite uma fixação mais
rígida à máquina. E isso garante maior retirada de material e também um melhor acabamento
da superfície.
Dica tecnológica
Caso a largura da fresa não seja suficiente para maquinar toda a extensão da superfície da
peça, monte duas ou mais fresas, com a inclinação das hélices ou facas laterais de corte
invertidas, isto é, uma hélice com inclinação para a esquerda e a outra para a direita. Veja-se
a figura abaixo.
Tendo escolhido a fresa, o passo seguinte é a fixação da peça. Como fazer? Pode escolher
entre várias formas de fixação, de acordo com o perfil da peça e o esforço de corte que ela
sofre. Pode-se fixar a peça diretamente à mesa ou com o auxílio de dispositivos de fixação,
como prensa (morsa), cantoneiras, calços reguláveis, aparelhos divisores e outros.
Agora podemos fixar a fresa. Esta fixação pode ser por pinças e mandris, também chamados
eixos porta-fresas. Os mandris dispõem de hastes com cones do tipo morse ou ISO. Esta é
uma informação importante na hora de fixar a fresa. O mandril de cone morse é fixado por
pressão e deve ser utilizado para trabalhos em que a fresa não seja submetida a grandes
esforços. Nesse caso, o mandril recomendado é o de cone ISO, cujo sistema de fixação
impede que ele se solte durante a operação de fresagem.
Optamos por trabalhar com o eixo porta-fresas do tipo haste longo, por ser o mais adequado à
nossa fresa de trabalho, a cilíndrica com chaveta longitudinal. O mandril escolhido garante
menor vibração da ferramenta durante a maquinação e, portanto, melhor acabamento.
Finalmente, resta determinar os parâmetros de corte. Vamos relembrar como fazer isso?
O primeiro passo é determinar a velocidade de corte. Para isso, precisamos da
profundidade de corte, da dureza do material e do material da fresa. No nosso caso,
5 mm, 240 HB, aço rápido (HSS);
Com esses dados, encontramos na tabela de velocidade de corte o valor 12-18 m/min.
Agora podemos calcular as rpm. Lembra-se de que devemos ficar com a média do
valor encontrado na tabela? Pois bem, o resultado do cálculo da rotação será de
120 rpm;
Passemos ao cálculo do avanço da mesa. Para isso, precisamos do avanço por dente
da fresa. Consultando a tabela de avanço por dente da fresa, vamos encontrar
0,20 mm/dente;
Com isto já é possível calcular o avanço da mesa, que é de 240 mm/min.
Percebeu que esses são os cálculos dos parâmetros de corte necessários para regular a
fresadora? Bem, aprendemos a escolher e a fixar a peça e a fresa à máquina. Também
determinamos os parâmetros de corte com os quais regulamos a máquina. Agora é só
maquinar!
Mas ainda mantemos o tipo, isto é, a fresa tipo H, visto que o material da peça continua a ser
o ferro fundido. Feita a escolha da fresa, podemos escolher o meio de fixação da peça. Como
no exemplo anterior, o meio recomendado é a prensa (morsa).
Para fixar a fresa, vamos usar um eixo porta-fresas curto, que dispõe de chaveta transversal e
parafuso, que asseguram uma boa fixação da fresa.
Neste momento, devemos garantir que, no máximo, 2/3 do diâmetro da fresa fiquem em
contacto com a peça. Isto favorece a refrigeração dos dentes da fresa, uma vez que
necessariamente 1/3 do seu diâmetro ficará de fora.
A refrigeração dos dentes evita o sobreaquecimento da fresa e contribui, portanto, para o
aumento da vida útil desta.
Bem, escolhemos o tipo de fresa e como fixá-la. E sabemos como efetuar o desbaste. O que
falta? Fixar a peça e maquinar as superfícies. Vamos fazê-lo? Para isso vamos retomar o
exemplo do primeiro caso. Com a diferença de que, agora, em vez de maquinar uma só
superfície, vamos maquinar quatro.
O primeiro passo é fixar a peça à prensa (morsa). Das quatro superfícies, escolha a de
formato menos irregular, que se apoia melhor contra o mordente fixo.
Encoste esta superfície ao mordente fixo da prensa (morsa) e fixe-a, utilizando um rolete.
Maquine a primeira superfície, que passa a ser a superfície de referência para as demais.
Veja-se a figura abaixo.
Dica tecnológica
Em geral, as peças em bruto têm formato irregular, o que torna difícil a sua fixação. Isso pode
ser solucionado, colocando-se um rolete entre a peça e o mordente móvel da prensa (morsa),
como mostra a figura.
Como já temos uma superfície de
referência, vamos aprender a
maquinar a segunda superfície.
Mas, antes, retire a peça da
prensa, lime as rebarbas e limpe
a prensa. Em seguida, coloque
de novo a superfície de referência
da peça em contato com o
mordente fixo da prensa. Fixe-a, utilizando um rolete.
Fixada a peça, maquine a segunda superfície em esquadria com a superfície de referência.
Após a maquinação, retire a peça da prensa, lime as rebarbas e limpe a prensa.
Agora podemos passar à maquinação da terceira superfície. Para isso, gire a peça 180°, isto
é, de maneira que a última superfície maquinada fique voltada para baixo e a superfície de
referência continue encostada no mordente fixo. Fixe-a, utilizando um rolete. Maquine a
terceira superfície.
Após a maquinação, retire a peça da morsa, lime as rebarbas e limpe a morsa.
Em seguida, para maquinar a quarta e última superfície, fixe de novo a peça, utilizando calços
para apoiá-la bem contra a base da prensa e maquine a superfície.
Dica tecnológica
Use calços para assentar bem a peça. Se necessário, dê umas pancadinhas de leve na peça
até assentá-la. Utilize um martelo de cobre ou latão, ou de qualquer outro material macio, para
não danificar a peça.
Quando acabar de maquinar a quarta superfície, solte a peça e lime as rebarbas.
A peça está pronta.
EXERCÍCIOS
Exercício 1
b) Uma peça em bruto, de superfície irregular, deve ser fixada à prensa como auxílio de
___________________, para ficar mais bem assente contra o mordente fixo.
Exercício 2
a. trocar a fresa
Há três modos de fresar uma superfície plana inclinada: pela inclinação da prensa, pela
inclinação do cabeçote vertical ou pela inclinação da mesa.
Dica tecnológica
A inclinação do cabeçote deve ser feita após a fixação e o alinhamento da prensa ou da peça
no sentido de deslocamento da mesa. Este alinhamento é necessário na fresagem de
superfícies planas inclinadas e também na fresagem de rasgos, canais e rebaixos. O
alinhamento da prensa ou da peça deve ser feito independentemente do tipo de fresadora
com que estamos a trabalhar.
A fresagem de uma superfície plana inclinada segue os mesmos critérios que a fresagem em
esquadria para a escolha da fresa e dos parâmetros de corte. A diferença é que, com este tipo
de fresagem, é preciso fazer o alinhamento da prensa ou da peça no sentido do deslocamento
da mesa. O alinhamento é necessário porque como se trata da fresagem de uma superfície
inclinada – se a mesa não avançar paralelamente à superfície da peça, a tendência é o
chanfro ficar desalinhado.
Vamos aprender como fazer isso? Retomemos mais uma vez o exemplo dado no primeiro
caso. Agora a peça de ferro fundido já está com as quatro superfícies maquinadas. Pede-se,
então, para fresar uma superfície inclinada a 45° numa das arestas.
Por onde começar? Do mesmo modo que nos casos anteriores: pela escolha da fresa, dos
meios de fixação e dos parâmetros de corte. Nesse terceiro caso, como estamos também a
utilizar a fresadora vertical, a fresa deve ser de tipo H e cilíndrica frontal para mandril com
chaveta. Ou seja, a mesma utilizada para a fresagem de superfícies perpendiculares a uma
superfície de referência.
Também devem ser os mesmos os meios de fixação da peça e da fresa e os parâmetros de
corte. Assim, vamos utilizar prensa e um eixo porta-fresa curto. E os parâmetros de corte
serão: 120 rpm e 240 mm/min para o avanço da mesa.
Agora, fixe o relógio comparador ao cabeçote da máquina. Para isso, utilize uma base
magnética;
máquina. Repita estes passos quantas vezes for necessário até obter no relógio
comparador uma variação próxima de zero.
Dica tecnológica
O alinhamento da peça segue os mesmos procedimentos que os observados para o
alinhamento da prensa. Ao alinhar a peça, certifique-se de que a superfície de alinhamento
tenha sido previamente maquinada.
Aprendeu como alinhar a prensa e a peça em relação ao sentido de deslocamento da mesa.
Agora é só maquinar!
EXERCÍCIOS
Exercício 3
Em que tipo de fresagem é necessário o alinhamento da prensa?
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Exercício 4
Qual a pressão mínima com que a ponta do relógio comparador deve trabalhar em contacto
com o mordente fixo da prensa, quando estamos a fazer o alinhamento? Porquê?
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Exercício 5
Em que sentido deve ser alinhado o mordente fixo da prensa?
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