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LÓGICA PROPOSICIONAL

Prof. Cesar Tacla/UTFPR/Curitiba

Slides baseados no capítulo 1 de


DA SILVA, F. S. C.; FINGER M. e de MELO A. C. V.. Lógica para Computação. Thomson
Pioneira Editora, 2006.
Conceitos básicos
• PROPOSIÇÃO
– Enunciado/sentença ao qual se pode atribuir um valor-verdade,
i.e. verdadeiro ou falso.
– acreditar/desacreditar; concordar/discordar; afirmar/negar

– Exemplos:
• Chove em Curitiba agora.
• João gosta de jogar futebol.
• Tweety é um pássaro.

– Contraexemplos
• Feche a porta! Sentença imperativa, não podemos dizer se é F ou V
• Que horas são? Sentença interrogativa, idem.
Conceitos básicos
• Proposição: restrições
– Uma sentença se refere a uma só proposição
• SEM AMBIGUIDADES DA LINGUAGEM NATURAL
• Ex. todo homem ama uma mulher (todos amam a mesma
mulher?) ou
• o homem viu a mulher com o binóculo (que segura o binóculo ou
por meio de um binóculo?)

– O contexto deve estar definido para atribuirmos valor-


verdade a uma proposição

– Não há proposições autorreferentes na lógica clássica


proposicional
• Ex: esta sentença é falsa // o que ocorre se ela for V?
Conceitos básicos
• Construção de proposições complexas
Chove em Curitiba E uso guarda-chuva
Piu-piu é um pássaro OU Piu-piu é um mamífero
Se Piu-piu é um pássaro ENTÃO Piu-piu tem asas
É falso que Piu-piu é um mamífero

E = conjunção
OU = disjunção
SE – ENTÃO* = implicação
É FALSO QUE = negação

*implicação não é necessariamente uma relação causal


LINGUAGEM PROPOSIONAL
SÍMBOLOS PROPOSICIONAIS E DE CONECTIVOS

Chove em Curitiba E uso guarda-chuva


pq

Tweety é um pássaro OU Tweety é um mamífero


rs

Se Tweety é um pássaro ENTÃO Tweety tem asas


r→u

É falso que Tweety é um mamífero E =  = conjunção


u OU =  = disjunção
SE-ENTÃO = → = implicação
É FALSO QUE =  = negação
Linguagem proposicional
• LINGUAGEM
– Alfabeto: símbolos da linguagem
– Gramática: para construir fórmulas bem formadas
– Semântica: significado das fórmulas
Linguagem Proposicional

• Alfabeto é composto por:


– Um conjunto infinito e contável de símbolos
proposicionais (ou átomos): P = {p, q, r, s , t, u, ...}
– Conectivo unário da negação: 
– Conectivos binários:   
– Pontuação: ( )
Linguagem proposicional
• Gramática: regras de formação de fbf
– fbf = fórmulas bem-formadas
– Llp =conjunto das fórmulas proposicionais

[fonte: (Silva, Finger e Melo, 2006)]


Linguagem proposicional
Exemplos de geração de FBF
Fórmula atômica

A A
A (A  B)

p ¬A
¬A ¬A p

¬ ¬A ¬q
¬q

¬¬ q
(¬q  p)
Linguagem proposicional
Exemplos de geração de FBF

(A  B)

(A  B) p (A  p)

(A  B) q ((A  q)  p)

¬A p (((¬A  p)  q)  p)

¬r (((¬r  p)  q)  p)
Linguagem proposicional
Exemplos de geração de FBF

(A  B)

p
(A  B)

q
(A  B)

¬A p

¬r

(p  (q  (¬r  p)))
Linguagem proposicional
A gramática não permite gerar UMA FÓRMULA MAL-FORMADA

(A  B)

p
(A  B)

(A  B)

¬A p

¬r

(p  ( (¬r  p)))
Linguagem proposicional
• Omissão de parênteses (1/2)

– Parênteses mais externos podem ser omitidos


(p  (q  (¬r  p))) ≡ p  (q  (¬r  p))

– Uso repetido de IMPLICAÇÃO: parênteses aninham-se à direita


¬r → p → q → p ≡ (¬r → (p → (q → s)))
Linguagem proposicional
• Omissão de parênteses (2/2)

– Uso repetido de E: parênteses aninham-se à esquerda


¬r  p  q  s ≡ ((¬r  p)  q)  s)

– Uso repetido de OU: parênteses aninham-se à esquerda


¬r  p  q  s ≡ ((¬r  p)  q)  s)

– Precedência dos operadores: NEG > E > OU > IMPLICAÇÃO


¬r  p  s → q  p ≡ ((((¬r)  p)  s) → (q  p))
Linguagem proposicional
• Prioridade dos operadores ou conectivos

NEG > E > OU > IMPLICAÇÃO

Exemplo

¬r  p  s → q  p ≡ ((((¬r)  p)  s) → (q  p))
Linguagem Proposicional
• SUBFÓRMULAS
Exemplos

p = {p}

¬p = {¬p, p}

p  q = {p, q, p  q}

¬p  ¬q → r = {p, q, r, ¬p, ¬q, ¬p  ¬q, ¬p  ¬q → r}


Subfórmulas
CASOS
• Básico: A=p subf(A) = {p} para toda fórmula atômica p  A
• A = ¬B subf(A) = {¬B} ⊔ subf(B)
• A=B C subf(A) = {B  C} ⊔ subf(B) ⊔ subf(C)
• A=B C subf(A) = {B  C} ⊔ subf(B) ⊔ subf(C)
• A=B→C subf(A) = {B → C} ⊔ subf(B) ⊔ subf(C)
Subfórmulas
Exemplo de aplicação dos casos indutivos do slide anterior

A = (¬p  ¬q) → r

Subf(A)
= {(¬p  ¬q) → r} ⊔ subf((¬p  ¬q) ) ⊔ subf(r)
= {(¬p  ¬q) → r} ⊔ {(¬p  ¬q)} ⊔ subf(¬p) ⊔ subf(¬q) ⊔ {r}
= {(¬p  ¬q) → r} ⊔ {(¬p  ¬q)} ⊔ {¬p} ⊔ subf(p) ⊔ {¬q} ⊔ subf(q) ⊔ {r}
= {(¬p  ¬q) → r} ⊔ {(¬p  ¬q)} ⊔ {¬p} ⊔ {p} ⊔ {¬q} ⊔ {q} ⊔ {r}
= {(¬p  ¬q) → r, (¬p  ¬q), ¬p, p, ¬q, q, r}
Tamanho ou
Complexidade das Fórmulas

• Quantidade de símbolos proposicionais e


conectivos
• Exemplos:
|p| = 1
|¬p| = 2
|p  q| = 3
|(¬p  ¬q) → r| = 7
Tamanho ou
Complexidade das fórmulas

|p| = 1 para toda fórmula atômica p  P


|¬A| = 1 + |A|
|A ∘ B| = 1 + |A| + |B| tal que ∘  {→, , }
EXPRESSÃO DE IDEIAS
• Para computar com símbolos lógicos, temos que transformar fatos e
regras em proposições

• Exemplos:
Pessoas podem ser crianças, adolescentes, adultas ou idosas
pqr s

Idosos são adultos:


s→t

Adultos e Empregados
tu

Crianças e adolescentes vão para escola


(p  q) → e
SEMÂNTICA
Na lógica proposicional clássica consiste em atribuir
valores verdade às fórmulas: verdadeiro ou falso.

V: P  {0, 1} ou {F, V} ou {F, T} // 0 = FALSO

Em seguida, estende-se a valoração para todas as


fórmulas da LP:
V: Llp  {0, 1} ou {T, F} ou {V, F}
SEMÂNTICA
V(¬A) = 1 sse V(A) = 0

V(AB) = 1 sse V(A) = 1 e V(B) = 1

V(AB) = 1 sse V(A) = 1 ou V(B) = 1

V(A→B) = 1 sse V(A) = 0 ou V(B) = 1

Primeiro valora-se as subfórmulas e, então, a fórmula


SEMÂNTICA
A B (A  B) A B (A  B)
0 0 0 0 0 0
0 1 0 0 1 1
1 0 0 1 0 1
1 1 1 1 1 1

A B (A  B) A ¬A
0 0 1 0 1
0 1 1 1 0
1 0 0
1 1 1
SEMÂNTICA
• Valoração de uma fórmula complexa: inicia pela valoração das
subfórmulas mais internas

Exemplo:
(¬p  ¬q) → r

Valoração dos átomos:


V(p) = 1 V(q) = 0 V(r) = 1

V((¬p)) = 0
V((¬q)) = 1
V((¬p  ¬q)) = 1
V((¬p  ¬q) → r) = 1
SEMÂNTICA
Satisfazibilidade e Validade para uma fórmula A
• Satisfazível se existe ao menos uma valoração V de seus átomos tal
que V(A) = 1;

• Insatisfazível se para toda valoração V de seus átomos V(A) = 0;

• Válida ou tautológica se toda valoração V de seus átomos é tal que


V(A) = 1;

• Falsificável se existe pelo menos uma valoração V de seus átomos


tal que V(A) = 0.

• Contingente se é satisfazível e falsificável


SEMÂNTICA
• Relações entre as definições satisfazibilidade e validade
Válida  satisfazível
Insatisfazível  falsificável

A é válida  ¬ A é insatisfazível
A é insatisfazível  ¬ A é válida
A é satisfazível  ¬ A é falsificável
A é falsificável  ¬ A é satisfazível

Há fórmulas que são tanto satisfazíveis como falsificáveis =


contingentes
Ex: p  q p q pq
TABELAS-VERDADE
• Método exaustivo para verificar satisfazibilidade
das fórmulas:
– Construa uma tabela com uma coluna para cada
subfórmula de A, colocando os átomos nas colunas
mais a esquerda e a fórmula A mais a direita (na
última coluna)
– Para cada valoração possível para os átomos de A,
inserir uma linha
– Fazer a valoração para cada átomo e calculá-la para
cada subfórmula segundo as regras de valoração
Consequência Lógica
• Representa-se 𝐴 ⊨ 𝐵
• Lê-se: avaloração
fórmula B é consequência lógica da fórmula A, se toda
V que satisfaz A também satisfaz B

Observe que

V(A) = 1 implica em V(B) =1


V(B) pode ser 1 e V(A)=0, ainda assim A acarreta B
Consequência Lógica
Para verificarmos se 𝐴 ⊨ 𝐵, basta verificar se
A B é válida.

• Exercício: com o método dedutivo da tabela-


verdade verifique se

p  q r ⊨ p r
Consequência Lógica
• Considere um conjunto de fórmulas Γ (gama
maiúsculo):  ={ A1, A2 … An }

• Queremos saber se  acarreta A

⊨A

• Para isto, toda valoração V que satisfaz todas as


fórmulas de  deve satisfazer A.
Consequência Lógica
• Exemplo: verificar Modus Ponens
Modus (método) que afirma o Ponens (consequente)
ou, alguns dizem, Método que afirma o consequente
afirmando o antecedente = Modus ponendo ponens.

p  q, p ⊨ q
Teorema da dedução

Γ, 𝐴 ⊨ 𝐵 𝑠𝑠𝑒 Γ ⊨ 𝐴 → 𝐵

Exemplo
p q, p ⊨ q

pelo teorema da dedução tem-se:

p q ⊨ p  q !!!
Equivalência lógica

𝐴 ≡ 𝐵 𝑠𝑠𝑒 A ⊨ 𝐵 ∧ 𝐵 ⊨ 𝐴

Tabela-verdade é um método que permite a verificação de


equivalências: basta que as colunas das valorações de A e B
sejam idênticas.

outra forma, é verificar se (A  B )  (B  A ) é válida


Equivalências notáveis
Dupla Negação (DN) ¬¬p ≡ p
Idempotente (IP) p  p ≡ p pp≡p
Comutativa (COM) p  q ≡ q  p pq≡qp
Associativas (ASS) p  (q  r ) ≡ ( p  q )  r p  (q  r ) ≡ ( p  q )  r
Leis De Morgan (DM) ¬(p q) ≡ ¬p ¬q ¬(p  q) ≡ ¬p ¬q
Leis Distributivas (DIS) p  (q  r ) ≡ (p  q)  (p  r) p  (q  r ) ≡ (p  q)  (p  r)
Contrapositiva da implicação
p  q ≡ ¬q ¬p
ou da condicional (CP)
Reescrita da implicação ou
p  q ≡ ¬p  q
condicional (COND)

Reescrita da Bicondicional (BI) p  q ≡ (p  q)  (q  p)


Identidade (ID) p  0 ≡ p p  0≡ 0
p1≡1 p1≡p
Complementares (COMPLE) p  ¬p ≡ 1 p  ¬p ≡ 0

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