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INTRODUÇÃO

O interesse e a curiosidade do homem pelo saber levam-no a investigar a


realidade sob os mais diversificados aspectos e dimensões. Cada abordagem
ou busca admite níveis diferentes de aprofundamento e enfoques específicos
conforme o objecto de estudo, os objectivos visados e a qualificação do
pesquisador. É natural, pois, além do núcleo comum de procedimentos, suas Commented [P1]: A pesquisa é uma actividade para à
investigação de problemas teóricos ou práticos por meio do
próprias peculiaridades. emprego de processos científicos
Commented [P2]: Ela parte, pois de uma dúvida ou
Angola é um Estado Democrático de Direito que tem como fundamento, entre problema e, com o uso do método científico, busca uma
resposta ou solução
outros, a dignidade da pessoa humana e o respeito pela sua liberdade, em
harmonia com o disposto nos artigos 1º e 2º da Constituição da República de
Angola. Ora, é comum os princípios gerais do direito, vigentes num dado Commented [WU3]: Todos Estados Democrático e de Direito, o
Estado e outras instituições subordinam-se à Constituição e a lei.
ordenamento jurídico, comportarem excepções, pelo que os direitos e
liberdades individuais dos cidadãos podem, em certas circunstâncias, sofrer
algumas restrições impostas pelas instâncias de controlo, desde que estejam
legalmente previstas e sejam conformes com o texto constitucional.

Por outro lado, é imperativo que tais restrições, sobretudo as que respeitam à
liberdade dos cidadãos, sejam feitas apenas em casos de manifesta
necessidade e de modo a salvaguardar valores ou interesses jurídicos de igual
ou maior dignidade e por um período de tempo determinado. (Gouveia, 2005,
p. 11).

Sobre nós impende a obrigação de falar sobre os crimes sexuais,


concretamente o crime de pedofilia. Uma vez que o tema é pertinente, actual e
actuante, em primeiro lugar faremos uma abordagem geral do crime, direito
penal, e só mais tarde é que vamos descrever o crime de pedofilia,
fundamentar teoricamente o crime de pedofilia, mencionar algumas medidas
aplicáveis ao pedófilo e finalmente analisar os dados colhidos mediante os
questionários e a entrevista.

1
Situação problemática

Pouco conhecimento sobre a importância do instituto do crime de pedofilia


concretamente os estudantes do 1º ano do período pós-laboral da Faculdade
de Direito da Universidade José Eduardo dos Santos.

Objectivo geral

Descrever o crime de pedofelia

Objectivos específicos:

 Fundamentar teoricamente crime de pedofilia;


 Mencionar algumas características do pedófilo;
 Analisar os resultados obtidos a partir das ténicas de pesquisa.

Perguntas Científicas: Commented [P4]: Em regra o tema resulta do problema


científico.

 Quais são os fundamentos teóricos do crime de pedofilia?


 Quais são as características do pedófilo?
 Como será feita a análise dos resultados obtidos mediante a aplicação
do questionário e da entrevista?
Tarefas Científica

 A fundamentação teórica sobre o crime de pedofilia será feita com base


na bibliografia.
 A menção das características do pedófilo será feita com base nas as
diversas teorias.
 A análise dos resultados será feita em função dos dados fornecidos
pelos questionários e entrevista.

Estrutura

Nesta senda o nosso trabalho está constituído por três (3) capítulo, onde no
primeiro capítulo vamos fundamentar teoricamente o crime de pedofilia, no
segundo capítulo vamos fmencionar algumas medidads aplicáveis ao pedófilo e
finalmente no terceiro capítulo vamos analisar os dados colhidos em função do
questionário e a entrevista.

2
CAPÍTULO-I

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

GENERALIDADES

Cada vez mais, a exploração sexual do menor, em todas as suas acepções


vem sendo ferreamente combatida e amplamente difundida para fins de
prevenção. Inúmeras convenções internacionais em face da dimensão mundial
que o problema tomou e da verdadeira organização internacional que vem
assumindo o tráfico de menores para fins sexuais condenam e punem
duramente os praticantes de tão imoral delito. Commented [P5]: O Estado Angolano também, adoptou esta
convenção.

Mirabete (2010) dispõe sobre o conceito de vulnerável e esmiúça a respeito do


bem jurídico que o legislador quis proteger com a imposição da lei, dizendo que
a pessoa do vulnerável no sentido que o Código Penal lhe conferiu é, em
primeiro plano, a pessoa menor de 14 anos, que, por sua personalidade ainda
incompleta, se encontra particularmente sujeita aos abusos e à exploração e
sofre, em maior intensidade, os efeitos danosos causados por delitos de cunho
sexual.

O renomado autor ainda lecciona que a pessoa vulnerável:

É também aquele portador de enfermidade ou deficiência mental que


não tem o discernimento necessário em relação às práticas sexuais e
que, por essa mesma razão, se encontra também particularmente
sujeita a exploração sexual. Vulnerável é ainda, a pessoa que “por
qualquer outra causa, não pode oferecer resistência”.Refere-se à lei
neste ponto a qualquer pessoa que se encontre na situação de não
poder oferecer resistência à conduta do agente.

Mas para melhor compreensão do fenómeno da pedofilia e sua ligação directa


com os crimes sexuais, fixe-se no primeiro conceito de vulnerável, o menor de
14 anos, que de imediato é o objecto de estudo desde trabalho.

Os crimes sexuais abrangem os crimes de estupro de vulnerável (art. 217-A),


indução de menor de 14 anos a satisfazer a lascívia de outrem (art. 218),
satisfação da lascívia mediante presença de criança ou adolescente (art. 218-
A) e favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de
vulnerável (art. 218-B); frise-se que para ocorrer a pedofilia não é necessário a
consumação de nenhum destes delitos pelo indivíduo; da mesma forma, que
uma conduta para ser enquadrada nos tipos legais em tela não precisa ser
necessariamente realizada por um pedófilo, sendo o saneamento desta
complexidade o intuito principal deste artigo.

Em se tratando de pedófilos, só há crime quando a pedofilia extrapola os


limites da mente e do corpo do próprio pedófilo, atingindo o menor e
enquadrando-se nas tipificações acima.

3
O autor ainda nos ensina que em alguns dispositivos, a lei penal estabeleceu
tratamento diferenciado em relação ao menor de 14 anos e ao maior de 14
anos e menor de 18 anos, reconhecendo que em relação aos últimos há de ser
respeitada alguma liberdade sexual.

Assim, não existe uma correlação assimétrica sobre o que a lei considera
criança (menor de 12 anos, por força do artigo 2º do Estatuto da Criança e do
Adolescente) e o que outros autores de diversas áreas consideram como
criança, para uns criança é o menor de 14 anos, para outros não há limites de
idade prevalecendo as características do desenvolvimento de cada indivíduo,
assim, deste ponto de vista, criança é aquele indivíduo que se aparenta
fisicamente como tal e se comporta como tal.

Observa-se que algumas das tipificações supracitadas são resultados de


acções que sequer depende do contacto físico do autor com a criança para se
ter consumado o crime, como por exemplo, a indução de menor de 14 anos a
satisfazer a lascívia de outrem, prevista no art. 218 do Código Penal.

Rogério Greco (2010) diz:

Que o crime se consuma quando se induz menor de 14 (quatorze)


anos a satisfazer a lascívia de outrem, onde o agente presta
assistência à libidinagem de outra pessoa, com ou sem finalidade
económica. Assim pode-se deduzir que o autor deste tipo penal – o
indutor, não é tido como pedófilo, porém o beneficiário da indução o
é, pois satisfaz sua própria lascívia com o menor de 14 anos
incorrendo no estupro de vulnerável (art. 217-A) […]

Posto isto, grosso modo é importante salientar que nem todos os pedófilos são
criminosos sexuais contra vulneráveis, assim como nem todos os criminosos
sexuais contra vulneráveis são pedófilos. A pedofilia é, portanto fenómeno que
em si não implica em crime, porém exteriorizá-la, praticá-la, envolver a criança
implica em crime.

Em análise ao disposto no artigo 218-A do Código Penal que tipifica a


satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente verifica-se
uma situação interessante, tendo em vista que, o autor deste delito não entra
em contacto directo com a criança, porém, sua satisfação sexual depende da
presença desta; trata-se de uma espécie de voyeurismo onde o ápice da
relação sexual implica no fato de saber que a criança ou o vulnerável assiste
ao ato sexual praticado pelo adulto, sendo esse elemento, mais um factor que
propicia prazer ao agente. Commented [P6]: Estamos havidos de que o futuro Código
Penal, trará alguns aspectos mais claro sobre este assunto.

Pelo explanado até o momento, é necessária elaborar a seguinte questão, o


autor deste tipo penal (art. 218-A) pode ser considerado pedófilo? Em termos
genéricos não, pois, é preferível a terminologia voyeurismo invertido ao invés
de pedofilia, trata-se de variante do voyeurismo onde o factor relevante para a
satisfação sexual do agente está no fato de haver um menor de 14 anos
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assistindo ao ato libidinoso e não de ser o menor de 14 anos o foco principal da
libido do autor, não participando de tais actos libidinosos.

O intuito dos artigos retro mencionados é tutelar bens jurídicos tais como a
liberdade e a dignidade sexual do vulnerável. Rogério Greco (2010) adiciona
ainda o desenvolvimento sexual do vulnerável como bem juridicamente
tutelado pelo art. 217-A.

Assim, é possível elaborar um rol de crimes previstos no Código Penal cuja


prática se dará necessariamente por um pedófilo, seja ele estruturado ou
oportuno, bem como rol de crimes cuja prática não se dará sempre por um
pedófilo, traçando-se um paralelo entre os dois grupos, veja-se:

Estupro de vulnerável – art. 217-A: restringindo-se o termo vulnerável ao menor


de 14 anos, estamos diante de situação que exige a incidência da pedofilia
para a consumação do crime, pois, conforme já foi dito o indivíduo que detém
como objecto de seu desejo sexual a criança é considerado pedófilo, ainda que
de maneira oportuna (conforme as chances que o decorrer da vida propicia).
Um indivíduo cuja sexualidade, ao menos beira a normalidade não é capaz de
praticar actos libidinoso-sexuais com crianças, pondo em causa os direitos Commented [P7]: Os Direitos Fundamentais são direitos ou
posições jurídicas activas das pessoas enquanto tais,
fundamentais. assentes na Constituição

Considerando-se vulnerável em sua forma mais ampla, como por exemplo, o


paciente de doença que o imobilize ou deficiente físico ou mental, por exemplo,
não persiste a necessidade de se incidir a pedofilia para se ter consumado o
crime de estupro de vulnerável, pois o elemento do tipo penal deixou de ser o
menor de 14 anos e passou a ser qualquer pessoa incapaz de oferecer
resistência, independentemente de idade.

Na indução de menor de 14 anos a satisfazer a lascívia de outrem – art. 218,


trata-se de figura híbrida conforme já foi dito, onde se tem no mesmo tipo penal
duas figuras distintas o indutor e o beneficiário da indução, o primeiro não se
enquadra nos conceitos de pedófilo, pois não se aproveita directamente da
criança para satisfação de sua lascívia, o que ocorre com o segundo, que se
beneficia da acção criminosa do primeiro para ter satisfação e prazer sexual,
incorrendo na figura do estuprador de vulnerável (art. 217-A).

[…] na satisfação de lascívia mediante a presença de criança ou adolescente –


art. 218-A: é sem dúvida um dos pontos mais críticos a ser estudado neste
paralelo, pois, como já foi dito a presença da criança é factor que propicia
prazer sexual ao agente do tipo penal, levando-se a crença de que se trata de
uma forma de pedofilia, no entanto.

Autores como Guilherme de Souza Nucci (2012) classificam tal perversão


sexual como forma invertida de voyeurismo, pois, o agente do crime quer que o
menor de 14 anos actue como voyeur de acto sexual seu ou de outrem.

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1.2. Estatuto da criança e do adolescente e crimes sexuais contra
vulneráveis

Annina Lahalle apud Cury (2003), pesquisadora francesa de alto renome,


elogia a legislação brasileira no que concerne a sua inovação e profunda
preocupação com as regras de protecção e de garantia dos direitos da criança,
sendo a primeira legislação latino-americana a aprofunda-se tanto no tema.

No mesmo sentido, Dom Luciano Mendes apud Cury (2003), esmiúça tratar-se
a referida lei de um fruto do esforço conjunto de milhares de pessoas e
comunidades empenhadas na defesa e promoção das crianças e adolescentes
do Brasil. [...] Para resgatar diante de Deus, a dignidade do Brasil, onde
milhares de menores ainda hoje são exterminados pelo descaso e pela
crueldade, é preciso, (com amor, promover, desde o primeiro momento, a vida
de toda criança. Commented [P8]: Infelizmente em Angola, ainda não temos um
estatuto semelhante a do Brasil.

Assim, referido Estatuto representa uma grande inovação legislativa, jurídica,


política, administrativa e social. É uma lei de amplo espectro, destinada a
instrumentar a acção de um novo salto civilizatório.

Os crimes previstos no ECA são todos relacionados à criança e à sua integral


protecção; o Capitulo 1 do Título VII da lei em tela é destinado aos crimes
cometidos exclusivamente contra a criança e o adolescente, boa parcela
destes crimes tem conotação e condutas tipicamente pedofílicas e foram
acrescentados ao Estatuto pela lei 11829 de 25 de Novembro de 2008 que
serão esmiuçados a seguir.

O artigo 240 traz um rol de condutas bastante amplo para caracterizar e


criminalizar o envolvimento da criança ou adolescente em mídias
pornográficas, seja produzindo, dirigindo, fotografando, filmando ou registando,
por qualquer meio cena de sexo explícita ou pornográfica, envolvendo a
criança ou o adolescente, incorre o agente no referido tipo sujeitando-se a uma
pena de quatro a oito anos sem o prejuízo de multa.

O parágrafo único do artigo em análise amplia ainda mais o rol de condutas


criminalizáveis fazendo incorrer nas mesmas penas do caput quem agenciar,
facilitar, recrutar, coagir, ou de qualquer outro modo intermediar a participação
da criança ou do adolescente nas cenas referidas no caput e ainda quem com
a criança ou o adolescente contracenar.

Aumentando-se em 1/3 a pena (parágrafo segundo) quando o agente cometer


o crime no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la
(inciso I) ou ainda prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou
de hospitalidade (inciso II) por conta da facilidade e da possível subjulgação do
menor ao agente e por fim prevalecendo-se de relações de parentesco
consanguíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adopção, de tutor, curador,

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preceptor, empregador da vitima ou de quem, de qualquer outro titulo, tenha
autoridade sobre a vítima, mesmo com seu consentimento.

É medida punitiva em maior grau á quem por hierarquia ou por respeito familiar
tem o poder de submeter a criança ou adolescente caracterizando dupla
perversidade na acção do tipo e pela violação do dever legal e constitucional
de prover e protegê-la criança ao invés de abusá-la seja sexual ou moralmente.

Em síntese os artigos que sucedem o ora analisado todos criminalizam acções


relativas á aquisição, distribuição, compra, venda, divulgação, produção, troca,
disponibilização, armazenamento, exposição, posse, etc. de material mediático,
seja por fotografia, vídeos, cenas, imagens, ou qualquer outro meio que
contenham crianças ou adolescentes em contexto sexual ou pornográfico.

Frise-se que o mero facto de se ter imagens obtidas em grandes sites de busca
como Google, por exemplo, em arquivo de computador ainda que de uso
exclusivo caracteriza o crime, penalizado com reclusão de uma a quatro anos
(artigo 241-B); sendo a pena prevista para o indivíduo que aufere rendimento
com esse material, vendendo ou expondo de quatro a oito anos de reclusão
(artigo 241). Commented [P9]: No Brasil tem sido muito frequente
apreenderem vídeos pornográficos que estavão em posse do
pedófilo.
Importante salientar que a expressão genérica “cena de sexo explícito ou
pornográfica” encontra seu conceito legal no artigo 241-E, tal qual seja:
“qualquer situação que envolva a criança ou o adolescente em actividades
sexuais explicitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma
criança ou adolescentes para fins primordialmente sexuais”. Conceito que
confere a amplitude pretendida pelo Estatuto com fim de punir qualquer
conduta que envolva a criança ou o adolescente num contexto essencialmente
sexual.

Ademais, incorre em pena ainda mais grave (quatro a dez anos e multa) quem
submete criança ou adolescente à prostituição o a exploração sexual – artigo
244-A, caracterizando o profundo repúdio social à esta prática, merecendo
maior punição àquele que explora a criança com finalidade económica através
da prostituição e ainda quem a explore sexualmente de maneira gratuita, que
se pode denominar de a mais detestável e odiosa das possibilidades de
exploração de uma criança ou adolescente, convertendo-se em verdadeira
escravidão sexual, que conforme explicitado nos capítulos anteriores deste
trabalho configura acção traumática á criança.

Trata-se de dezenas de condutas todas com características pedofílicas, no


entanto, algumas condutas como a submissão da criança ou adolescente à
prostituição, por exemplo, podem ser praticadas por indivíduos não pedófilos, o
que permite dizer-se ser ainda mais repulsiva e imoral tal conduta, haja vista,
gozar de plena normalidade e sanidade mental quem a pratica, sendo esta
inescusável pelo seu carácter fútil ou torpe.

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CAPÍTULO-2

MEDIDAS APLICÁVEIS AO PEDÓFILO

A pedofilia é circunstância por demais intrigante, e, como não poderia deixar de


ser cria uma série de debates entre seus estudiosos, havendo certa variação
em sua conceituação. Um ponto em comum entre todos esses conceitos é a
predilecção sexual por crianças e/ou pré-adolescentes, porém, não há
consenso sobre a subdivisão da pedofilia em heterossexual e homossexual, da
delimitação de sua pratica para caracterização, etc.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) elabora de tempos em tempos uma


sistematização de todas as doenças catalogadas no mundo, essa
sistematização é denominada Classificação Internacional de Doenças – CID e
acompanhada do algarismo referente á sua edição, assim, é vigente
actualmente a décima convenção, realizada em 2006, ou seja, CID-10.

O CID-10 classifica as doenças dando-lhe códigos formados por letras e


números, a pedofilia é a doença de código F65.4, inserida no rol dos
Transtornos de Preferência Sexual ou Parafilias (F65) que por sua vez está
agrupado entre os Transtornos Mentais ou Comportamentais (F00-F99), e, é
definida como a preferência sexual por crianças quer se trate de meninos,
meninas ou de crianças de um ou do outro sexo, geralmente pré-púberes ou no
início da puberdade.

Note-se que não há diferenciação entre meninos e meninas, assim, não há um


pedófilo homossexual ou heterossexual, a pedofilia é condição única e Commented [P10]: Actualmente é consensual, afirmar-se que
o pedófilo é um doente.
caracteriza-se pela preferência por crianças, indiscriminadamente.

Partindo-se desta premissa, importante se faz compreender o impacto que isso


pode causar no campo processual penal, tendo em vista o instituto da
Inimputabilidade Penal e seus reflexos no julgamento do indivíduo que comete
ato delituoso.

Rege o Código Penal, através de seu Titulo III denominado “Da Imputabilidade
Penal” as circunstâncias e os critérios que deverão ser usadas no momento de
responsabilizar o indivíduo pelos seus actos no campo processual penal.
Assim, prescreve o Artigo 26º do referido Código que é isento de pena o
agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, era, ao tempo da acção ou omissão, inteiramente incapaz de
entender o carácter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.

Conforme já explanado, o pedófilo (estruturado) se enquadra perfeitamente


nesse contexto, haja vista, o fato de que ao manter contacto sexual com uma
criança este não percebe o abismo que o separa do pequeno, pois, não é

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capaz de compreender, tampouco medir os malefícios que com aquela prática
impõe ao menor.

Trata-se de um indivíduo com sexualidade regredida que ao contrário do que


muitos pensam, não está ali para se satisfazer com a criança, e sim, satisfazê-
la, pelo menos de seu próprio ponto de vista distorcido.

Nas palavras de Muñoz Conde apud Bitencourt (2010) quem carece de


capacidade, por não ter maturidade suficiente, ou por sofrer de graves
alterações psíquicas, não pode ser declarado culpado, e, por conseguinte, não
pode ser responsável penalmente pelos seus actos, por mais que sejam típicos
e antijurídicos.

Este é sem dúvida o ponto crucial da diferenciação necessária entre o pedófilo


denominado estruturado e o pedófilo oportuno, pois, ao primeiro há de se
aplicar a medida de segurança e ao segundo a reclusão em obediência ao
artigo 96 e seguintes do Código Penal. Ao inimputável deverá aplicar-
se medida de segurança, isto é, uma "providência substitutiva ou complementar
da pena, sem carácter expiatório ou aflitivo, mas de índole assistencial,
preventiva e recuperatória, e que representa certas restrições pessoais e
patrimoniais (internação em manicómio, em colónia agrícola, liberdade
vigiada, interdições e confiscos), fundada na periculosidade, e não
na responsabilidade do criminoso”.

Em se tratando de pedófilos, vê-se perfeitamente preenchidos os requisitos


legais para a aplicação da medida de segurança, que conforme lecciona Cézar
Roberto Bitencourt (2010) são: a) a prática de fato típico punível: a acção
pedofilica é tipificada no Código Penal e no Estatuto da Criança e do
Adolescente em inúmeros artigos. b) periculosidade do agente: é visível a
periculosidade do agente pedófilo, que se materializa no risco de subjugar
novas crianças à actos libidinosos e sexuais. c) ausência de imputabilidade
plena: por ser a pedofilia considerada pela OMS como transtorno mental,
verifica-se a plena imputabilidade do pedófilo.

Desta feita, conforme já abordado, a medida de segurança é apropriada


levando-se em consideração o fato de a pedofilia ter pouquíssimos casos de
recuperação plena, logo, como já menciona o Código Penal no parágrafo
primeiro de seu artigo 97, a medida de segurança será por tempo
indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia
médica, a cessação de periculosidade; enquanto que a reclusão manterá o
indivíduo pelo tempo de sua pena afastado da sociedade, no entanto, após
cumpri-la certamente voltará a delinquir.

A história está repleta de indivíduos abusadores que ao retomar o convívio em


sociedade retomaram a vida criminosa, abusando cada vez mais de crianças,
pois, é a pedofilia transtorno mental; não competindo à cadeia recuperar um

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indivíduo que desse transtorno padece, ainda mais quando falamos em
Sistema Penitenciário Brasileiro, cujas impotências e falhas são de
conhecimento público, não necessitando sequer de escusas ao classificá-lo
nesse trabalho como falho e inadequado á qualquer ser humano, por maiores e
horrendos crimes que tenha cometido, quiçá de um detento tão especial como
o pedófilo.

1. A castração química como pena alternativa

Inúmeros estudiosos, médicos, psicólogos e teóricos se ocupam em identificar


uma possível cura para a, até agora, considerada incurável pedofilia. Como já
explanado, não se têm registos de cura plena do indivíduo pedófilo, mas sim,
tratamentos psíquicos e psiquiátricos que têm como intuito ampliar a
capacidade de autocontrolo do pedófilo.

No entanto, muito recentemente vem sendo aprimorada a técnica da castração


química, que já é utilizada em boa parte dos Estados Unidos e Europa. Tal
medida consiste no uso de doses regulares de medicamentos, cuja função é
diminuir a intensidade da libido do pedófilo com o fim de prevenir a prática de
actos libidinosos ou sexuais com crianças e adolescentes.

Em síntese, submete-se o pedófilo aos medicamentos que inibem ou diminuem


seus impulsos sexuais com a diminuição por efeito da produção da
testosterona, harmónio masculino responsável pelo desejo sexual. Tais doses
medicamentosas são à base de progesterona, harmónios femininos que
inoculados no homem reduzem significativamente o apetite sexual, frise-se que
não há registos desse tipo de tratamento em mulheres pedófilas, que apesar de
serem suma minoria no universo de pedófilos também causam problemas
sociais.

Existe (como não poderia deixar de ser) a possibilidade de surgirem inúmeros


efeitos colaterais nessa prática, tais como a ginecomastia, que é o crescimento
de mamas nos homens por conta de alterações hormonais, depressão,
diabetes, excessiva fadiga, alterações na coagulação do sangue, dentre outras.

No entanto, a maioria dos estudiosos da área defende a castração química


como medida curativa da pedofilia, levando em consideração o grande
benefício que a pratica traria á sociedade, justificando-se os sofrimentos
dispensados ao paciente pedófilo.

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Nesse sentido, apontam-se que mais de 90% (noventa por cento) dos
indivíduos pedófilos submetidos á medida da castração química obtiveram
significativa melhora, em compensação, cessando-se as medicações, o índice
de recaídas foi definido pelos ilustres autores como alto. Já as medidas
psicossociais de tratamento e controle, resultam numa melhora de apenas 50%
(cinquenta por cento), enquanto o índice de recaída é definido como baixo a
moderado.

É necessária, portanto, profunda reflexão sobre medidas curativas ou de


controlo da pedofilia, tendo em vista a grande relevância social que emana do
tema e com o fim de afastar qualquer tipo de injustiça, condenando-se os que
devem ser condenados e tratando-se os que devem ser tratados1.

1
TRINDADE, Jorge; BREIER, Ricardo. Pedofilia: aspectos psicológicos e penais. Livraria do
Advogado. Porto Alegre, 2007.Pp. 25-27.

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METODOLOGIA

“Metodologia: “Methodo” significa caminho; “logia” significa estudo. É o estudo


dos caminhos a serem seguidos para se fazer ciência”2.

Objecto de estudo

O Objecto de estudo do nosso trabalho crime de pedofilia no município do


Huambo, concretamente na Cidade Baixa.s. Commented [WU11]: É de referir que o objecto de estudo é
tudo aquilo que incide uma determinada pesquisa.

Tipo de pesquisa

Descritiva

Escolhemos a pesquisa descritiva, porque pretendemos Descrever o crime de


pedofelia.

A pesquisa descritiva observa, regista, analisa e correlaciona fatos ou


fenómenos (variáveis) sem manipulá-los. Procura descobrir, com a maior
precisão possível, a frequência com que um fenómeno ocorre, sua relação e
conexão com outros, sua natureza e suas características.

Busca conhecer as diversas situações e relações que ocorrem na vida social,


política, económica e demais aspectos do comportamento humano, tanto do
indivíduo tomão isoladamente como de grupos e comunidades mais
complexas3.

Modelo de pesquisa

Modelo qualiquantitativo (misto)

O modelo de pesquisa escolhido por nós é o modelo qualitantivo ou misto


atendendo a delimitação do tema bem como o tipo de pesquisa, bem como as
técnicas de colecta de dados que poderemos utilizar. Commented [WU12]: Este modelo junta os modelos
qualitativo e quantitativo, dali normalmente chamar-se além de
modelo misto, também de qualitantivo
Método
Commented [P13]: O método é a via pela se utiliza, para atingir
um fim.
Prático/Empírico (entrevista e questionário)

2
Cfr. GALLIANO, A. Guilherme. O método científico: teoria e prática. São Paulo: harbra, 1986.
P.200.

3
Cfr. GALLIANO, A. Guilherme. O método científico: teoria e prática. São Paulo: harbra,
1986.P.65.

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Técnicas de colecta de dados

 Questionário;
 Entrevista.

Tipo e critério de amostragem

Na nossa pesquisa utilizamos o tipo probabilístico e o critério aleatório

Critério de inclusão e exclusão

Quanto ao critério de inclusão, fazem parte da nossa pesquisa, os estudante do


curso de direito, o sic, advogados, tribunal, ministério público, etc.

Já o critério de exclusão não fazem parte, os estudantes que não frequentam o


curso de direito, os funcionários que não trabalham no sic, tribunal e na
procuradoria geral. Commented [P14]: Normalmente ao aplicarmos o critério de
exclusão, estamos já a aplicar o critério de inclusão.

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CAPÍTULO-3

ANÁLISE DOS DADOS

A nossa população está composta por 80 pessoas, no entanto a população


inicial é 110 pessoas, como não conseguimos recolher todos os questionários,
dali a razão de a população ser composta por 80 pessoas e tem uma amostra
de 72,7%, desta forma a nossa amostra é representativa, pois está acima de
30%. Commented [P15]: A amostra deve necessariamente ser
representativa.

75*100:115=65,21%

Perguntas e respostas do questionário

1-O que sabes sobre crimes sexuais?

Respostas Quantidade Percentagem

SIM 40 53.3%

NÃO 20 26,7%

+/- 15 20%

Total 75 100%

SIM 40*100:75 =53.3%

NÃO 20*100:75=26,7%

+/- 15*100:75=20%

2-Já ouviste falar sobre o crime de pedofilia? Se sim fale um pouco.

R: Boa parte do questionados responderam positivamente, de que já ouviram


falar do crime de pedofilia, e responderam que a pedofilia é um crime, e dá-e
quando um adulto mantém relações sexuais com um menor.

Alguns disseram já ouviram falar, mas conseguem definir.

A doutrina maioritária, entende que o crime de pedofilia é um acto humano, que


consiste ou dá-se quando um adulto envolve-se sexualmente com um menor,
não importando o consentimento nem o sexo. Commented [P16]: Actualmente alguns padres e bispos da
igreja católica estão envolvidos em processos de crime de pedofilia.

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3-O código penal angolano em vigor prevê e pune o crime de pedofilia?

Respostas Quantidade Percentagem

SIM 45 53.3%

NÃO 23 26,7%

+/- 7 20%

Total 75 100%

SIM 45*100:75 = 60%

NÃO 23*100:75= 30,6%

4-Conheces as características de um pedófilo?

R: Quanto a esta questão, poucos responderam, no entanto os que


responderam disseram que as características de um pedófilo são:

1. É um pessoa muito discreta;

É um pessoas normalmente com uma idade superior a 40 anos.

5- Quais são as medidas para diminuir o crime de pedofilia?

R: Das várias respostas, podemos inferer as seguintes medidas:

1ª Aumentar a moldura penal;

2ª Castrar os pedófilos habituais;

6-Quais são as consequências da pedofilia para a vítima?

R: Muitos responderam, que as principais consequências da pedofilia para a


vítima são:

1ª Trauma psicológico;

2ª Gravidez indesejada;

3ª Contração de doenças. Commented [P17]: Dentre as várias doenças que podem ser
contraídas, podemos destacar o HIV-SIDA e a Sífilis.

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7-O pedófilo é um doente mental ou é um criminoso? Justifique a tua
resposta.

R: Muitos afirmaram que é um doente mental e portanto precisar de ser curado,


ainda assim alguns dieeram que o pedófilo é um criminoso e portanto deve
ficar na cadeia.

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DADOS DA ENTREVISTA

Da entrevista feita, conseguimos colher várias informações, onde destacamos


o facto da pedofilia ser um crime de natureza sexual, que tanto pode incidir
sobre meninas como rapazes, desde que sejam menores de idade.

Os autores normalmente rodam entre os 40 anos de idade aos 50 anos de


idade, onde se destaca os vi´vos e solteiros.

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CONCLUSÕES

1. Depois de uma abordagem teórico-prático do nosso tema, podemos concluir


que a pedofilia é um crime de índole sexual, em que as vítimas são as
crianças, e os autores são adultos, e para que este tipo seja considerado de
crime basta que a vítima seja menor não importando o seu consentimento.

2.Das várias características do pedófilo, destacamos as seguintes: discrição,


aliante, solteiro ou viúvo, etc.

3.Finalmente da análise dos resultados, chegamos a conclusão de que alguns


moradores da cidade baixa conhecem sobre o crime de pedofilia bem como as
consequências que este mal causa na vida das vítimas, e como solução a
doutrina aponta mesmo a castração dos pedófilos, como a grande solução para
diminuir com este mal.

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BIBLIOGRAFIA

BITENCOURT, Cézar Roberto. Código Penal Comentado. São Paulo: Saraiva


2010.

BRASIL, Constituição Federal da República Federativa do. 1988.

BRASIL, Lei 8069 de 13 de Julho de 1990 – Estatuto da Criança e do


Adolescente.

CROCE, Delton; CROCE JR. Delton. Manual de medicina legal. 6. ed. São
Paulo: Saraiva, 2009.

CURY, Munir. Estatuto da criança e do adolescente comentado:


comentários jurídicos e sociais. São Paulo, Malheiros, 2005.

DEL-CAMPO, Eduardo Roberto Alcântara. Medicina Legal. 5. ed. São Paulo:


Saraiva, 2008. – (Coleção curso & concurso/coordenação Edilson Moungenot
Bonfim).

GRECO, Rogério. Código Penal Comentado. 4. ed. Niterói: Impetus, 2010.

MIRABETE, Julio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Manual de Direito Penal. V.


2. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 11. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2012.

TRINDADE, Jorge; BREIER, Ricardo. Pedofilia: aspectos psicológicos e


penais. Livraria do Advogado. Porto Alegre, 2007.

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