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Gaia Scientia 2013, 7(1): 119-132

ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO -
Objetivos e Estratégias de Política Ambiental

Vitor Vieira Vasconcelos


Renato Moreira Hadad
Paulo Pereira Martins Junior

Resumo
Este artigo tem como objetivo percorrer o debate sobre as finalidades e utilidades do Zoneamento Ecológico-Econômico, instituído
pelo Decreto nº 4.297, de 2002. Inicia-se por uma discussão teórica sobre os fundamentos de interação entre as áreas de Economia e
Ecologia, e passa-se daí ao contexto dos planejamentos ambientais de uso do solo. O núcleo do artigo refere-se a que deve servir o
Zoneamento Ecológico-Econômico. Para tanto, parte-se da discussão sobre a sua definição e objetivos, para depois adentrar nas
estratégias de articulação institucional para a sua melhor consecução e implementação. Por fim, procura-se mostrar como o
Zoneamento Ecológico-Econômico pode auxiliar os demais instrumentos da política ambiental brasileira.
Palavras-chave: Zoneamento Ecológico-Econômico, Ordenamento do Território, Política Ambiental, Economia, Ecologia.

Abstract
Ecological-Economic Zoning – goals and strategies for environmental policies: The purposes concerning Ecological-Economic
Zoning – ZEE –, established by Brazilian Federal Decree No. 4297, 2002, are discussed in this paper. It begins with a theoretical
discussion on the essential interaction between Economics and Ecology. Then, the paper turns to the context of environmental
territorial planning, analyzing the purpose of the Ecological-Economic Zoning. Thus, a discussion is made on ZEE definition and
objectives. After that, it deals with institutional coordination strategies for their achievement and better implementation. Finally, the
paper concludes how the Ecological-Economic Zoning can help the other Brazilian environmental policy instruments.
Keywords: Ecological-Economic Zoning, Territorial Planning, Environmental Policies, Economics, Ecology.

Introdução

Este artigo tem como tema central o aplicação do ZEE. Os desafios são então
Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE –, confrontados com as possibilidades de aplicação
objetivando sua caracterização e suas do produto do ZEE, tendo como escopo o
possibilidades de aplicação para o ordenamento jurídico brasileiro, o sistema
desenvolvimento sustentável brasileiro. Ainda no nacional de meio ambiente e o contexto
tópico Introdução, são tecidas considerações econômico e político relacionado com os
sobre a área de pesquisa denominada Economia- aspectos ambientais. No decorrer de todo o artigo,
Ecologia, enfocando suas peculiaridades e é mantida em foco a questão sobre como o ZEE
desafios. Em seguida , é apresentado o desafio da pode atuar de maneira articulada com os demais
realização dos estudos ambientais integrados, em instrumentos da política ambiental brasileira.
suas diversas escalas e esferas de aplicação.
No tópico Desenvolvimento, são Fundamentos de Economia-Ecologia
repassadas criticamente as discussões existentes
sobre a definição do que é um Zoneamento A Economia Ecológica é o campo de
Ecológico-Econômico e quais devem ser os seus estudo da Economia que procura estudar as
objetivos. Essas definições mostrar-se-ão implicações entre os sistemas econômicos e o
essenciais para delimitar as estratégias de meio ambiente, observados como sistemas abertos
1
Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Programa de Pós Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais.
Universidade Federal de Ouro Preto. Rua Goitacazes, 201, ap. 1402, Centro. Belo Horizonte, Minas Gerais. CEP: 30.190-050
. vitor.vasconcelos@almg.gov.br (Autor para correspondência)
2 Programa de Pós-Graduação em Geografia – Tratamento da Informação Espacial – Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais (PUC-Minas). Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas). rhadad@pucminas.br
3
Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC); Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
paulo.martins@cetec.br
120 Vasconcelos et al. (2013)

inter-relacionados (KINPARA, 2006: 46-47). A forma, torna-se difícil mensurar valores culturais,
preocupação com esse estudo deu-se afetivos e comportamentais em geral.
principalmente devido ao progressivo aumento da Ademais, outra dificuldade em valorar as
produção e consumo de energia e mercadorias, o externalidades econômico-ambientais é que,
qual abriu a possibilidade de esgotamento de historicamente, os setores produtivos sempre
diversos recursos naturais. O uso de alguns desses procuraram esconder ou dificultar a mensuração
recursos naturais já era capitalizado há tempos, desses efeitos de sua atividade produtiva
como é o caso do carvão e do petróleo; contudo, (RIBEIRO: 2006). O levantamento de dados
outros começam a ser incluídos na valoração quantitativos seguros que evidenciem os impactos
econômica devido a sua escassez mais recente por ambientais e sociais advindos de atividades
uso ou poluição, como é o caso da água potável. produtivas é um dos maiores óbices enfrentados
Esse novo contexto de uma sociedade pelos especialistas em Economia Ecológica.
globalizada de produção levou à necessidade de Outro desafio da Economia-Ecologia é
um conhecimento e gestão do uso de recursos estimar os prejuízos econômicos que as gerações
naturais diante de uma perspectiva que envolva a futuras receberão por via dos impactos ambientais
Economia e a Ecologia, chegando ao conceito anteriores (Peter May, Universidade Federal do
convergente de Capital Natural (DENARDIN & Rio de Janeiro, em BRASIL, 2001: 101). Esse
SULSZBACH, 2002; PIRES et al, 2007: 32; cálculo acrescenta a dificuldade de serem
HADDAD, 2002: 63). Os desafios de estudo da realizados prognósticos econômicos de longo
Economia ecológica são vários, mas sua prazo, em que a taxa de risco aumenta e dificulta
importância para assegurar o desenvolvimento um desconto social voluntário a ser realizado pelo
sustentável é premente. Suas pesquisas são ator econômico em suas decisões individuais
essenciais para possibilitar à sociedade, governo e (MARGULIS, 1990: 164-165). Há também, como
empreendedores uma avaliação correta dos característica primária, o fato de que as gerações
benefícios e prejuízos advindos da ampliação das futuras não participam diretamente no jogo de
atividades econômicas. Além disso, sinaliza as atores do mercado econômico presente
possibilidades de uma nova forma de pensar, que (MARGULIS, 1990: 165).
concilia o progresso econômico com a A gestão de uso dos recursos naturais está
manutenção da harmonia dos sistemas naturais intrinsecamente relacionada ao processo de
(BROWN, 2003: 84-87). ordenamento espacial da produção. Procura-se,
Um dos limites de explicação da teoria com isso, responder à questão sobre como, através
econômica é que ela só abrange aquilo que é da organização do espaço, “retirar desse processo
passível de monetarização, ou seja, bens, resíduos, os melhores resultados, ou seja, maximizar os
produtos e serviços que podem ser avaliados em resultados sociais e econômicos” (Raimundo
termos de estimativas de valores e preços de Garrido, Secretaria de Recursos Hídricos /
mercado (Raimundo Garrido, Secretaria de Ministério do Meio Ambiente, em BRASIL, 2001:
Recursos Hídricos / Ministério do Meio 178-179). É nesse contexto que toma importância
Ambiente, em BRASIL, 2001: 1781). Dessa o instrumento do Zoneamento Ecológico-
Econômico, tema deste artigo.
Ronaldo Seroa da Mota (Instituto de
1
O Zoneamento Ecológico-Econômico tem seu Pesquisa Econômica Aplicada, em BRASIL,
histórico atrelado, em grande parte, a órgãos públicos de 2001: 99) frisa a importância de que um
planejamento e execução de políticas de desenvolvimento
econômico e proteção do meio ambiente. Em virtude disso, instrumento como o ZEE, como integrador entre
grande parte da literatura sobre seu desenvolvimento economia e ecologia, esforce-se para passar aos
estratégico e metodológico foi produzida através de encontros usuários informações que permitam analisar se o
(chamados workshops) envolvendo representantes do meio custo socioambiental de um determinado uso dos
executivo e do meio acadêmico, dos quais os debates foram
publicados posteriormente. Infelizmente, as normas da
recursos naturais é maior ou menor que o seu
ABNT não cobrem explicitamente a forma de referência e benefício. Por exemplo, em determinadas regiões
citação de debates públicos. Consideramos propício, nas a ocupação do solo por pecuária pode gerar um
referências a esses debates, citar não apenas a esfera de retorno econômico tão baixo que a preservação do
governo envolvida, mas também o autor da fala e seu ambiente para a proteção do manancial de cidades
respectivo órgão. Acreditamos que tais dados são essenciais
para o leitor situar a origem e o contexto das posições traga um benefício muito maior para a sociedade.
proferidas. Contudo, ressalta-se que o atual estado da arte dos
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trabalhos em valoração econômico-ecológica tem tradução das políticas econômicas, sociais,


trazido resultados satisfatórios apenas em cultural e ecológica da sociedade. O ordenamento
empreendimentos localizados, e apenas começa a territorial é, simultaneamente, uma disciplina
dar seus primeiros passos em estudos regionais científica ou técnica administrativa e uma política que
se desenvolve numa perspectiva interdisciplinar e
mais amplos (Ademar Romeiro – Universidade
integrada tendente ao desenvolvimento equilibrado das
Estadual de Campinas –Unicamp- e Empresa regiões e à organização física do espaço segundo uma
Brasileira de Pesquisa Agropecuária -Embrapa- estratégia de conjunto. (EUROPA, 1984: 1).
em BRASIL, 2001: 111).
Em virtude de sua análise conjugada de O resultado da boa aplicação do
fatores econômicos e ecológicos, o ZEE pode ser planejamento ambiental de uso do solo seria “o
um núcleo base para o desenvolvimento de melhor aproveitamento do espaço físico e dos
instrumentos econômicos de política ambiental. recursos naturais, economia de energia, alocação”
Um exemplo patente seriam instrumentos e manter a máxima integridade possível dos
econômicos que envolvam o pagamento por “sistemas ecológicos e dos processos da
serviços ambientais (Marcos Estevan del Preste, sociedade, das necessidades sócio culturais a
Ministério do Meio Ambiente, em BRASIL, 2007: atividades e interesses econômicos” (SANTOS,
12). Instrumentos desse tipo servem para 2004: 18).
remunerar instituições, empreendedores e O zoneamento é um instrumento dos mais
cidadãos que contribuam, de alguma forma, para a importantes para o planejamento ambiental, pois
melhoria de processos ecológicos fundamentais permite tratar a espacialização dos atributos
para as atividades produtivas e para a qualidade de ambientais, bem como de suas potencialidades,
vida da sociedade (BRASIL, 2007: 8). Almeida vocações, fragilidades, riscos e conflitos
(1997) e Cánepa et al. (2003), indicam que, por (SANTOS, 2004: 133). Seu resultado
trabalharem com um enfoque de indução ao normalmente é expresso em mapas, tabelas e
comportamento sustentável, ao invés de punição e índices que subsidiam as decisões de
controle, os instrumentos econômicos possuem planejamento ambiental.
maior sinergia com as forças econômicas de Todavia, a construção desses conceitos de
produção, proporcionando uma política planejamento e ordenamento do território
ambientalmente correta com maiores custo- percorreu um longo período histórico de
benefício e capilaridade, que seriam impensáveis desenvolvimento. Até o século XIX, o
por meio dos instrumentos tradicionais de planejamento da administração pública era
fiscalização. claramente desvinculado dos setores acadêmicos
de estudo da natureza. Apenas a partir de 1930-40,
Estudos Ambientais Integrados começaram a ser utilizados os primeiros modelos
multicriteriais de planejamento territorial,
A definição de planejamento do uso do voltados para o abastecimento de água e
solo, sob a perspectiva ambiental, pode ser saneamento públicos. A partir de 1970, essa
tomada como “um processo que interpreta os metodologia passou a ser utilizada para a
recursos naturais como o „substrato‟ das avaliação de impactos ambientais e para
atividades humanas que nele se assentam e sobre elaboração de Planos de Recursos Hídricos de
ele se desenvolvem buscando melhor qualidade de Bacias Hidrográficas (SANTOS, 2004: 16-18 e
vida” (ONU, 1992). Para Santos (2004: 24) o 37).
objetivo do planejamento de uso do solo é As primeiras iniciativas de zoneamento,
“orientar os instrumentos metodológicos, no Brasil, começam na década de 1960, com
administrativos, legislativos e de gestão para o influência da escola americana (na linha de
desenvolvimento de atividades num determinado instrumento de comando e controle) e francesa
espaço e tempo, incentivando a participação (Amenagement du territoire) (Stella Goldenstein,
institucional e dos cidadãos”. Unindo tanto a Secretaria do Meio Ambiente do Município de
perspectiva técnica quanto o contexto sócio- São Paulo, em BRASIL, 2001: 146). Já em 1964,
político das duas definições apresentados, a Carta o Estatuto da Terra (BRASIL, 1964: 43 a 45)
Européia de Ordenamento do Território define previa, através de zoneamentos sócio-econômicos,
Ordenamento Territorial como: “a necessidade de se verificar as disponibilidades
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para melhor destinação econômica das terras, idênticas. A existência de tantos instrumentos
inclusive no que diz respeito à dimensão acaba por demandar um esforço muito maior de
ecológica, à adoção de práticas adequadas e ao integração, além de poder levar a incongruências
melhor potencial de uso das terras” (Rodrigo entre instâncias normativas federais, estaduais
Justus de Brito, Confederação da Agricultura e e/ou municipais (SANTOS, 2004: 106). Com esse
Pecuária do Brasil, em BRASIL, 2007: 23). entendimento, é ponderável a defesa de que, na
O período de 1970 e 1980 foi o dos medida do possível, procure-se tratar os diferentes
grandes planejamentos regionais governamentais. zoneamentos em uma única legislação, que os
Esses eram orientados, inicialmente, com um articule e permita a padronização necessária para
enfoque essencialmente desenvolvimentista. Aos o alcance de seus objetivos.
poucos, conforme evoluiu o debate sobre a
proteção do meio ambiente e sobre o Zoneamento Ecológico-Econômico
desenvolvimento sustentável, esses planos
começaram a incorporar, gradualmente, a Definição e objetivos
preocupação com as questões ambientais
(SANTOS, 2004:18-21). Seguindo o sentido basilar deste
O marco regulatório para o planejamento instrumento, e sendo fiel à própria etimologia do
sustentável de uso do solo foi a Declaração do termo, Araújo (2006: 67) define o Zoneamento
Meio Ambiente (ONU, 1972). Em seus Princípios Ecológico-Econômico – ZEE - como:
13 a 17, a declaração frisa a responsabilidade do
enfoque estatal integrado e coordenado da uma forma de compartimentação de um
planificação do território. No Brasil, a espaço geográfico, a partir das características físicas e
Constituição Federal de 1988, em seu artigo 21, bióticas de seus ecossistemas e suas interações entre si
enumera entre as competências da União e com o meio socioeconômico, em que são
“elaborar e executar planos nacionais e regionais evidenciados e previstos os impactos sobre o sistema
de ordenação do território e de desenvolvimento natural e antrópico.
econômico e social” (BRASIL, 1988). O
planejamento do uso do solo também é ferramenta É consensual a concepção de que o ZEE é
crucial para o objetivo de realização da função um zoneamento que conjuga aspectos ecológicos
social da propriedade (BRASIL, 1988, CF, art. e socioeconômicos com fins de induzir a um
186, II), a qual abarca aspectos produtivos, sociais melhor uso do solo. Desse modo, o ZEE apresenta
e ambientais. a possibilidade de perceberem-se os riscos e as
Existem diferentes tipos de Zoneamentos potencialidades associados ao processo de uso do
e Estudos Ambientais de enfoque espacial, como solo em regiões diferenciadas (Ivan Maglio,
se pode verificar na Tabela 1. Cada modalidade Secretaria de Planejamento do Município de São
de estudo integrado foi criado em um contexto Paulo, em BRASIL, 2001: 158). Contudo, em
que demandava essa planificação. Seu próprio nível de definição mais refinado, existem duas
nome, bem como o contexto legal, institucional ou linhas divergentes de concepção desse
acadêmico em que foi proposto refletem seus instrumento. Há uma linha de autores que o
objetivos, enfoques e a ação a ser orientada após o considera como um instrumento de informação,
zoneamento (SANTOS, 2004: 37). fornecendo subsídios para a tomada de decisão
É importante a articulação entre os vários por intermédio de outros instrumentos de política
Zoneamentos, bem como entre os demais ambiental (Eugênio Miguel Cánepa, Fundação de
instrumentos de planejamento de uso e ocupação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul -
do solo (Stella Goldenstein, Secretaria do Meio Cientec/RS-, em BRASIL, 2001: 206). Como
Ambiente do Município de São Paulo, em exemplo, no momento de deliberar sobre a
BRASIL, 2001: 153). Rodrigo Justus de Brito viabilidade ou não de um licenciamento
(Confederação da Agricultura e Pecuária do ambiental, o técnico responsável do órgão
Brasil, em BRASIL, 2007: 23) argumenta que, ambiental utilizaria certas informações do ZEE
com tantos zoneamentos e planos territoriais, para subsidiar melhor sua decisão. Outro exemplo
aumentam em muito as chances de serem seria o das instituições financeiras e empresariais
despendidos recursos desnecessários para que utilizariam o ZEE para planejar melhor suas
realização de estudos semelhantes sobre áreas políticas de atuação e expansão.
Zoneamento Ecológico Econômico 123

Tabela 1: Zoneamentos e estudos ambientais utilizados no Brasil


Tipo de Zoneamento Regulamentação Objetivo Esfera de atuação Enfoque Territorial
legal federal
Zoneamento Ecológico Decreto nº 4.297, de Estratégias de desenvolvimento do Federal, Estadual Vários
Econômico 2002 território ou Municipal
Zoneamento fundiário sócio- Lei nº 4.504, de 1964 Subsidiar a Reforma Agrária Federal Nacional
econômico
Zoneamento Ambiental Lei nº 6938, de 1981 Preservação, reabilitação e recuperação do Várias Vários
meio ambiente
Planos de Manejo Lei 9.985, de 2000 Zoneamento de unidades de conservação Federal, Estadual Unidades de
ou Municipal Conservação
Planos de Manejo Florestal Lei 4.771, de 1965 e Extração sustentável de produtos da flora Empreendedores Florestas nativas e
Sustentável Lei 11.284 de 2006 em áreas protegidas Reservas Legais
Estudos de Impacto Ambiental Resolução Conama Prever o impacto ambiental de um Empreendedores Área de influência
01, de 1986 empreendimento (bacia hidrográfica)
Planos Diretores de Bacia Lei 9.433, de 1997 Gestão de bacia hidrográfica Bacia Hidrográfica Bacia Hidrográfica
Hidrográfica Federal ou Estadual
Zoneamento Costeiro (GERCO) Lei 7.661, de 1988 Nacional Zona Costeira
Zoneamento Industrial de Áreas Lei 6.803, de 1980 Ocupação industrial Predominantemente Metropolitano
Críticas de Poluição Estadual
Planos Diretores Municipais Lei 10.257, de 2001 Ocupação urbana Municipal Município
Projeto Técnico de Área Verde de Resolução Conama Ocupação urbana de Área de Preservação Municipal Local (APP)
Domínio Público 369, de 2006 Permanente
Plano de Regularização Fundiária Resolução Conama Ocupação urbana de Área de Preservação Municipal Local (APP)
Sustentável 369, de 2006 Permanente
Planos de Habitação - Ocupação urbana Municipal Área urbana
Planos de Saneamento Básico - Expansão da rede de abastecimento e de Municipal Área urbana
esgoto sanitário.
Agrícola, Agro-ecológico ou - Aptidão Agrícola, usualmente por cultivar Estudos desenvolvidos por equipes técnicas
Agropedoclimático privadas, acadêmicas ou governamentais, com
Geoambiental ou Ecológico - Estudos de meio ambiente diferentes enfoques territoriais
Localização de empreendimentos - Melhor localização por critérios de Privado ou Público- Bacias Hidrográficas
Inventário de Potenciais viabilidade técnica, econômica e ambiental Privado
Hidroelétricos

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Nessa concepção, o ZEE seria definido ecológica, as limitações e as fragilidades dos


como um instrumento de segunda ordem, de apoio ecossistemas, estabelecendo vedações, restrições e
à tomada de decisão, assim como hoje o são alternativas de exploração do território e
outros instrumentos de informação ambiental. determinando, quando for o caso, inclusive a
relocalização de atividades incompatíveis com suas
Inobstante, há uma concepção majoritária
diretrizes gerais. (BRASIL, 2002 - Decreto Federal –
segundo a qual o zoneamento ecológico- 4.297/2002 – Cap. 1)
econômico pode incorporar sugestões e normas
que induzam ou restrinjam de forma direta o A noção de um ZEE que estabeleça zonas
processo de ocupação do território. Não se trata de com regras de ocupação está muito ligada à
uma definição antagônica e incompatível à de um experiência dos zoneamentos e planos diretores
instrumento de informação. Mais precisamente, é urbanos. Contudo, essa experiência remete
uma ampliação do poder de utilização do ZEE, também a dificuldades encontradas pelos vários
mas que também não restringe para que ele municípios, em sua implementação. Stela
também seja usado como subsídio para decisão Goldenstein (Secretaria do Verde e do Meio
em outros instrumentos. Esse é o entendimento de Ambiente do Município de São Paulo, em
Araújo (2006: 67-68), como se depreende no BRASIL, 2001: 147) analisa que o zoneamento
trecho que se transcreve a segui costuma referir-se a um mundo formal, e nem
sempre o Poder Público possui meios de exigir o
(O ZEE) é um instrumento de planejamento
cumprimento dessas normas pela sociedade. Pois
destinado a ordenar o uso de a ocupação do solo, por
meio da definição de zonas, em que são especificadas a eficácia de implementação de um zoneamento
as formas de uso, tendo em vista os atributos depende de uma visão estratégica que analise
ambientais e o desenvolvimento de uma região. O ZEE também as relações de política, poder, conflitos e
visa circunscrever e condicionar a ocupação processos sociais (Stela Goldenstein, Secretaria do
territorial, por meio de regras e normas determinadas Verde e do Meio Ambiente do Município de São
a partir de estudos sistematizados das características, Paulo, em BRASIL, 2001: 152).
fragilidades e potencialidades do meio ambiente de Sob esse aspecto, tem sido interessante a
uma área. O zoneamento deve ser o resultado de um busca de inserir os segmentos da sociedade nas
processo político-administrativo e se basear também fases de elaboração, implementação e revisão dos
nos conhecimentos técnico-científicos, a fim de
zoneamentos, por meio de conselhos deliberativos
possibilitar a fundamentação das diretrizes e normas
legais que disciplinam o uso dos recursos naturais em de participação popular, audiências públicas, e de
dado território. outros meios de democracia participativa direta e
indireta (PREFEITURA MUNICIPAL DE IRATI,
Com a edição do Decreto Federal nº 2004). Em regiões de uso mais homogêneo do
4.297, de 2002, o ZEE adquiriu, oficialmente, solo, como as áreas de ocupação agropecuária, a
contornos mais próximos dessa segunda coadunação de esforços frente a interesses comuns
concepção. Os artigos 2º e 3º, abaixo expostos, é mais simples, e funciona como uma forte
demonstram bem esse direcionamento: alavanca para valorização do capital social
(EMPRESA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E
Art. 2o - O ZEE, instrumento de organização EXTENSÃO RURAL DE MINAS GERAIS,
do território a ser obrigatoriamente seguido na 2004). Já em áreas com diversidade maior de
implantação de planos, obras e atividades públicas e representações sociais, o trabalho tornar-se-á mais
privadas, estabelece medidas e padrões de proteção complexo, devido aos interesses mais
ambiental destinados a assegurar a qualidade fragmentados e difusos (Stela Goldenstein,
ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente do
conservação da biodiversidade, garantindo o
Município de São Paulo, em BRASIL, 2001: 153).
desenvolvimento sustentável e a melhoria das
condições de vida da população. Ademar Romeiro (Unicamp e Embrapa,
Art. 3o - O ZEE tem por objetivo geral organizar, de em BRASIL, 2001: 112) é sagaz ao perceber que
forma vinculada, as decisões dos agentes públicos e o ZEE só terá utilidade se conseguir captar os
privados quanto a planos, programas, projetos e objetivos e valores de quem irá utilizá-lo. Isso
atividades que, direta ou indiretamente, utilizem remete a uma questão mais ampla: o que a
recursos naturais, assegurando a plena manutenção do sociedade quer para sua região? Esse
capital e dos serviços ambientais dos ecossistemas. questionamento é provocativo, no aspecto de que
Parágrafo único. O ZEE, na distribuição espacial das muitos projetos de zoneamento são realizados
atividades econômicas, levará em conta a importância
Zoneamento Ecológico Econômico 125

diretamente por pessoal técnico-acadêmico, sem (Teresa Cardoso da Silva, Universidade Federal
uma discussão aprofundada com os setores da Bahia, em BRASIL, 2001: 425). O seguinte
sociais, políticos e produtivos. trecho dá uma boa noção de como essa articulação
Dessa forma, a metodologia de um ZEE é crucial:
deve ajustar-se às finalidades de seus usuários
(Valter Marques, CPRM, em BRASIL, 2001: 276- Por isso o zoneamento tem que ser entendido
277). Por exemplo, o produto final demandado como um processo político (...). Isso significa definir
por economistas, administradores e processo de participação social e de integração entre
empreendedores em geral prima por enfocar os da tomada de decisão e os interlocutores de
implantação dessa decisão. Entre o governo e o
aspectos táticos, questões de viabilidade
mercado, o governo e os instrumentos financeiros
econômica e potenciais de recursos naturais. Para jurídico-administrativos para tomada de decisão e
um órgão de licenciamento ambiental, outros implantação para realização. Entender o processo de
aspectos são importantes, como vulnerabilidade fazer o zoneamento como um vasto, permanente e
natural e social, impactos sobre as águas, entre retro-alimentador processo de articulação para a
outros. A população local, por sua vez, também gestão. (Stella Goldenstein, Secretaria do Verde e do
deseja que o ZEE capte seus problemas e anseios, Meio Ambiente do Município de São Paulo, em
de modo a direcionar as políticas públicas. BRASIL, 2001: 150)
Um dos grandes desafios para o
desenvolvimento sustentável é que os diferentes No mesmo sentido, Veiga (2001: 204)
grupos sociais possuem diferentes interpretações define o ZEE:
sobre a conceituação do termo (RIBEIRO, 2006).
Nesse aspecto, o ZEE é uma oportunidade para como instrumento de gestão que se propõe
que se estabeleça um diálogo entre as diferentes não só a levantar o conhecimento científico disponível,
mas, sobretudo, a estabelecer a participação
visões de desenvolvimento sustentável de um
sistemática dos agentes sociais que atuam na
território (Tereza Cardoso da Silva, Universidade microrregião. Desta forma, o ZEE, muito mais do que
Federal da Bahia, em BRASIL, 2001: 416), um estudo das condições físicas e socioeconômicas da
buscando um consenso e um aprimoramento de microrregião, será um instrumento de negociação e de
sua concepção e de seus objetivos por meio da ajuste entre as diversas visões locais sobre o seu
ação comunicativa (HABERMAS, 2003). desenvolvimento. Ou seja, poderá ser a principal
O potencial de aplicação de um produto alavanca do tão falado ‘desenvolvimento local’.
de ZEE depende bastante de sua legitimidade
social e da existência de um processo político que Outra opção, ante os conflitos entre Poder
o incorpore como instrumento (Stella Goldenstein, Público e agentes de ocupação do solo, é
Secretaria do Verde e do Meio Ambiente do caminhar para mecanismos de negociação,
Município de São Paulo, em BRASIL, 2001: 150). flexibilização e controle social (Ivan Maglio,
Para adquirir legitimidade social, é útil incorporar Secretaria de Planejamento do Município de São
a prática de realizar audiências públicas, Paulo, em BRASIL, 2001: 162). Uma alternativa
seminários abertos, fóruns de discussão (reais e viável é o estabelecimento de “metas sucessivas e
virtuais), contatos entre pesquisadores e recorrentes de planejamento e gestão,
comunidades (FABRÉ & RIBEIRO, 2007: 70), planejamento e articulação, de forma a garantir a
mapeamentos participativos (CASTRO, 2005: 38- implantação de processos negociais de
47) e diversas outras estratégias que, além de planejamento (..) que, certamente, trarão grandes
captar os problemas e desejos da população, ganhos de gestão pública” (Stella Goldenstein,
também a faça sentir-se envolvida no processo. Secretaria do Verde e do Meio Ambiente do
Esse envolvimento contribui para uma maior Município de São Paulo, em BRASIL, 2001: 153).
cooperação com as decisões tomadas a partir do Dessa maneira, supera-se o modelo estático e
ZEE, pois se alicerça em uma conscientização determinista dos zoneamentos tradicionais,
prévia e em uma percepção que ouve uma busca adquirindo, assim, uma visão de processo que
de consensos (FABRÉ & RIBEIRO, 2007: 70; auxilie a sociedade na formulação de seu futuro
SANTOS, 2004: 20). em um horizonte de planejamento (Ivan Maglio,
No caso da incorporação do ZEE no Secretaria de Planejamento do Município de São
processo político, a situação é análoga. Portanto, Paulo, em BRASIL, 2001: 157). O ZEE, por
também vale como estratégia incorporar os fornecer cenários consensuais e visões
tomadores de decisões técnicas e políticas do estratégicas espacializadas (Marcos Estevan del
governo no processo de elaboração do ZEE Prette, MMA, em BRASIL, 2007: 41) pode

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tornar-se uma instrumento que facilite participação da sociedade, potencializaria bastante


negociações e resolução de conflitos, a partir de o compartilhamento de dados e a gestão integrada
dados técnico-científicos (Cícero Antônio Lima, (Ricardo Cartaxo Souza, Instituto Nacional de
Companhia Vale do Rio Doce, em BRASIL, Pesquisas Espaciais, em BRASIL, 2001: 304-
2001: 364). 306). Portanto, mais que uma síntese de
informações, o ZEE pode ser considerado como
2.2. Utilidade e Articulação do Zoneamento um instrumento de convergência de políticas
Ecológico-Econômico com as Políticas Públicas públicas (BRASIL, 2007: 11).
Devido a significativa complexidade e
O ZEE constitui-se, essencialmente, em quantidade de dados e técnicas utilizados no ZEE,
um instrumento de síntese de diversas outras existe uma tendência de que seu trabalho de
informações estratégicas (Isaura Frondizi – Banco elaboração seja dividido em equipes. Desse modo,
Nacional de Desenvolvimento Econômico e uma equipe especializada trataria dos dados sócio-
Social -BNDES-, em BRASIL, 2001: 73). econômicos, outra dos recursos hídricos, outra da
Portanto, ele necessita de um aporte de vegetação, mais outra dos dados geofísicos, e
informações vindas das mais diversas instâncias assim por diante. Essa especialização traz
governamentais. Por exemplo, há informações novamente o risco de uma análise fragmentada da
ambientais em órgãos federais, estaduais e realidade, levando, por conseguinte, a uma
municipais; informações socioeconômicas no dificuldade em sintetizar essas dimensões
IBGE, agroclimatológicas na Embrapa e nas estudadas em um zoneamento final (Antônio
empresas de pesquisa agrícola estaduais (Epamig, Theodorovics, Companhia de Recursos Minerais -
em Minas Gerais); imagens de satélite de recursos CPRM-, em BRASIL, 2001: 232).
naturais, de radar e de satélites meteorológicos no O trabalho de integração e análise de
INPE; entre outros. dados para um ZEE é bastante complexo, de
Bem mais que um assunto técnico, essa forma que não é equivocado atribuir sua execução
convergência de informações exige um esforço a equipes técnicas bem qualificadas. Contudo,
político forte, pois nem sempre há uma cultura esse isolamento técnico gera produtos que têm
institucional de compartilhar as bases de recebido críticas por não conseguirem transmitir
informação (Maria das Graças, Universidade as informações com facilidade a outros
Federal de Viçosa, em BRASIL, 2001: 368). interessados. Muitos dos atores que atuam nas
BRASIL (2001) relembra que informação muitas decisões sobre uso do solo não possuem a
vezes é tida pelos dirigentes como um sinônimo formação acadêmica necessária para interpretar a
de poder; mas que, em contraposição, a não linguagem acadêmica das equipes elaboradoras do
indisponibilidade pública de acesso à informação ZEE. Além disso, muitas instituições e atores não
acaba por ser um fenômeno de retardamento do possuem acesso a sistemas de informação
desenvolvimento de um país. Outro argumento geográfica e, quiçá, computadores. Portanto, um
utilizado para a não disponibilização irrestrita de dos cuidados deveria ser o de uma tradução a
informações é de que, frente à escassez de formas de comunicação mais acessíveis a cada
recursos do governo, as instituições produtoras de perfil de usuário do ZEE (Antônio Theodorovicz,
dados necessitam captar capital para realizar CPRM, em BRASIL, 2001: 232). Para a
novas atualizações (Trento Natali Filho, Instituto população em geral, pequenos panfletos ilustrando
Brasileiro de Geografia e Estatística, em BRASIL, os problemas de ocupação do solo de cada região
2001: 411-412). Esse último argumento, podem ter um efeito educativo maior do que um
pretensamente, justificaria a atual política de mapa disponibilizado em um WebGIS (Antônio
reserva de informações com fins de venda de Theodorovicz, CPRM, em BRASIL, 2001: 240).
dados. Outra crítica recorrente é que o produto
Não obstante, o resultado desse esforço de do ZEE elaborado pela equipe técnica acaba por
integração traria muitos benefícios além do ZEE, representar visões e desejos que não coincidem
pois serviria como mote para uma maior com os dos atores que tomarão as decisões sobre o
integração dos órgãos governamentais envolvidos uso do território e dos recursos naturais. Uma
com as questões ambientais e desenvolvimentistas abordagem como essa poderia levar à defesa de
(Mônica Porto, Escola Politécnica da que se deveria restringir a atuação dita “técnica”
Universidade Federal de São Paulo, em BRASIL, aos trabalhos de disposição dos dados, passando a
2001: 289). A abertura de redes de informação e escolha dos atributos valorativos do mapa de
comunicação, tanto entre os órgãos como para a indicações finais a cargo de gestores e tomadores
Zoneamento Ecológico Econômico 127

de decisão. Em primeiro lugar, essa divisão seria (Eugênio Miguel Cánepa, Cientec/RS, em
algo bastante complicado, pois é difícil separar o BRASIL, 2001).
conteúdo técnico do conteúdo valorativo, o Atualmente, a prática dos órgãos
conteúdo objetivo do subjetivo, quando se trata de ambientais de licenciamento tem seguido a linha
planejamento territorial (Pedro Pinchas Geiger, francesa, em que o processo de licenciamento
Universidade Federal do Rio de Janeiro, em resulta em uma autorização ou não do
BRASIL, 2001: 430). Ponderações sobre o que é empreendimento, sem enfocar as alternativas
mais útil, benéfico ou prejudicial podem variar locacionais, nem o debate com a sociedade
durante todo o processo de integração e análise de (SANTOS, 2004: 38). Nesse caso, o ZEE é útil,
dados. Ademais, uma estratégia como essa na medida em que permite ao técnico analista do
poderia acabar por negar que a comunidade processo de licenciamento ter uma noção dos
técnica e acadêmica tenha contribuições impactos regionais de instalação do
importantes de assessoramento para a gestão empreendimento. Tem sido levantada a hipótese
territorial. de que um dos motivos de perduração excessiva
A visão do ZEE como instrumento de do processo no licenciamento ambiental é
síntese também levanta a importância de que haja justamente a insegurança dos técnicos analistas
um bom entrosamento entre este e os demais em aprovar projetos de alto impacto, devido a
instrumentos da Política Nacional de Meio falta de informações ambientais confiáveis (Luiz
Ambiente, dispostos pelo art. 9º da Lei Federal nº Augusto Barcelos Almeida, Companhia
6.938, de 1981. Esse entrosamento, por um lado, Energética de Minas Gerais –Cemig-, em
permitiria o acesso a informações mais amplas BRASIL, 2001: 286).
para a alimentação do ZEE, e por outro, também Entretanto, caso o Licenciamento
permitiria que o ZEE pudesse ser mais utilizado Ambiental adquira contornos mais próximos do
nas demais esferas da política ambiental. Entre sistema americano, o ZEE apresenta
esses estão o Sistema Nacional de Informações possibilidades ainda mais ampliadas. Afinal, a
sobre o Meio Ambiente, responsável por grande partir da análise dos mapeamentos de risco,
parte das informações georreferenciadas do meio qualidade ambiental e potencial de ocupação, o
ambiente. ZEE pode apontar quais são as alternativas
Além disso, merece relevância o locacionais para o empreendimento que causam
instrumento de Licenciamento Ambiental pelo menos impactos ambientais. Essa metodologia de
aporte das informações que chegam por meio dos licenciamento é especialmente importante no caso
Estudos de Impacto Ambiental – EIA‟s. Ademais, de planos de instalação de empreendimentos em
o ZEE pode ser um instrumento relevante para série, como, por exemplo, projetos de expansão do
que o órgão ambiental consiga analisar o impacto setor elétrico por meio de hidroelétricas e
ambiental da instalação de um empreendimento termoelétricas (Eugênio Miguel Cánepa,
em um contexto regionalizado. Cientec/RS, em BRASIL, 2001: 209-301).
Todavia, a forma como o ZEE poderá ser Em Minas Gerais, tem-se discutido sobre
útil para a análise dos processos de Licenciamento como o ZEE pode ser utilizado no Licenciamento
Ambiental dependerá da resolução de um impasse Ambiental, como uma variável para definir a
ainda existente sobre a normatização e execução classe de enquadramento do empreendimento
destes. A normatização do EIA/Rima no Brasil, (MINAS GERAIS, 2008). Essa classe de
por meio da Resolução Conama nº 1, de 1986, enquadramento, além de indicar processos
emula-se na legislação americana do National diferenciados de licenciamento, também é
Emplacement Protect Act de 1970 (Eugênio referência para a exigência de condicionantes de
Miguel Cánepa, Cientec/RS, em BRASIL, 2001: mitigação e compensação por impactos
208). No contexto americano, o Estudo de ambientais. Atualmente, pela Deliberação
Impacto Ambiental é basicamente um instrumento Normativa COPAM nº 74, de 2004, são utilizadas
de planejamento, em que o objetivo principal é apenas variáveis sobre potencial
negociar as alternativas técnicas e locacionais do poluidor/degradador da atividade e porte do
empreendimento. Já a Resolução Conama nº 237, empreendimento. O ZEE poderia ser utilizado
de 1997, que regulamenta o Licenciamento como uma terceira variável, de natureza espacial,
Ambiental, baseia-se muito mais no modelo que diferenciaria a classe de enquadramento para
francês de licenciamento ambiental, onde o foco cada região, em virtude do zoneamento
maior é a aprovação ou não do empreendimento, e diferenciado.
não a escolha entre suas alternativas de realização Marcos Freitas (Agência Nacional de

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Águas, em BRASIL, 2001: 187) destaca que o Pedro de Oliveira Costa, Secretaria de
ZEE pode ser um instrumento potencial para Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio
incluir a variável ambiental nos planos de Ambiente, em BRASIL, 2001: 338). Todos esses
desenvolvimento do parque hidroelétrico instrumentos citados preocupam-se em estabelecer
brasileiro. O setor hidroelétrico realiza inventários zoneamentos que orientem o uso do solo e dos
de potenciais elétricos, mas há várias críticas de recursos naturais de forma sustentável em áreas
que a demarcação das novas hidroelétricas não ambientalmente sensíveis. O principal conceito
considera os impactos ambientais nos momentos desses zoneamentos é o estabelecimento de áreas-
iniciais de planejamento. Isso estaria resultando núcleo, com importância ambiental máxima,
em embates e entraves recorrentes em momentos contornados por zonas de amortecimento que
posteriores, como o licenciamento ambiental. protegem esses núcleos (BRASIL, Lei Federal
Nesse aspecto, são profícuas certas 9.985, de 2000).
iniciativas já realizadas pelo governo de Minas A Lei Federal de Proteção da Vegetação
Gerais, como a Avaliação Ambiental Estratégica - Nativa também prevê que o ZEE pode alterar a
AAE - do setor elétrico, bem como o Zoneamento exigência sobre o percentual de reserva legal em
Ecológico-Econômico – ZEE-MG -, que também propriedades rurais:
incluiu pesquisas sobre a implantação de
hidrelétricas. Esses estudos levantaram as diversas Art. 13. Quando indicado pelo Zoneamento
possibilidades de barramentos em Minas Gerais, Ecológico-Econômico - ZEE estadual, realizado
avaliando, para cada uma, o custo-benefício para segundo metodologia unificada, o poder público
geração de eletricidade, os impactos federal poderá:
I - reduzir, exclusivamente para fins de
socioambientais e o potencial de criação de
regularização, mediante recomposição, regeneração
conflitos. Tais possibilidades devem ser sempre ou compensação da Reserva Legal de imóveis com
confrontadas com a alternativa de investir na área rural consolidada, situados em área de floresta
reforma e no aperfeiçoamento das barragens e localizada na Amazônia Legal, para até 50%
usinas já existentes, por meio de novas (cinquenta por cento) da propriedade, excluídas as
tecnologias disponíveis. áreas prioritárias para conservação da biodiversidade
Para os programas públicos de e dos recursos hídricos e os corredores ecológicos;
recuperação ambiental, o ZEE é um importante II - ampliar as áreas de Reserva Legal em até
instrumento de informação para que se direcione 50% (cinquenta por cento) dos percentuais previstos
onde é mais urgente realizar-se projetos de nesta Lei, para cumprimento de metas nacionais de
proteção à biodiversidade ou de redução de emissão
preservação e regeneração da vegetação nativa
de gases de efeito estufa. (BRASIL, 2012 – Lei Federal
(Ademar Romeiro – Unicamp e Embrapa -, em nº 12.651 de 2012).
BRASIL, 2001: 111).
Em especial, Sérgio Braga (Secretaria de Contudo, o Decreto Federal 4.297, de
Desenvolvimento Sustentável, Ministério do Meio 2002, em seu artigo 19 especifica que, após
Ambiente, em BRASIL, 2001: 13-15) destaca a definidos os critérios de uso por região, no
estreita relação que o ZEE poderia ter com um primeiro ZEE, essa percentagem não poderá mais
Sistema Estatístico Ambiental, o Sistema de ser alterada durante o período de 10 anos, salvo
Indicadores de Sustentabilidade (UNCED, 2001; para ampliação do rigor da proteção ambiental.
RIBEIRO, 2006; INSTITUTO BRASILEIRO DE Mesmo após o período de 10 anos, as alterações
GEOGRIAFIA E ESTATÍSTICA, 2008) e o só poderão ser realizadas após consulta pública
Sistema de Contas Nacionais Ambientais. seguida por processo legislativo de iniciativa do
Todavia, esse último é um instrumento que, até o Poder Executivo.
momento, se encontra em fase de estruturação. Isaura Frondizi (BNDES, em BRASIL,
Cabe lembrar que o IBGE já possui algumas 2001: 77) destaca que, para as instituições de
estatísticas relacionadas ao meio ambiente, em sua crédito e de fomento, o ZEE é uma poderosa
Pesquisa de Informações Básicas Municipais – ferramenta para o auxílio sobre a decisão de onde
Munic (UNESCO, 2007: 158). alocar os investimentos, e de que maneira. Por
O ZEE também possui um potencial de exemplo, na análise de um projeto que pretenda
articulação com os instrumentos nacionais e receber fomento ou crédito, as agências podem
internacionais de gestão territorial, como as Áreas avaliar os impactos positivos e negativos em um
de Proteção Ambiental – APA‟s -, Áreas de contexto regional. O Zoneamento Agro-
Amortecimento de Unidades de Conservação, climatológico da Embrapa já é utilizado nas
Reservas da Biosfera e os sítios Ramsar (José
Zoneamento Ecológico Econômico 129

avaliações de crédito e seguro bancário, podendo referências para valoração econômica em


ser tecnicamente expandido para incorporar a mercados de ativos ambientais, tais como compra
análise mais abrangente fornecida pelo ZEE e servidão de reservas legais.
(Eduardo Assad, Embrapa, em BRASIL, 2001: José Eli da Veiga (Faculdade de
351; Roberto Vizentin, Ministério do Meio Economia Administração e Contabilidade da
Ambiente, em BRASIL, 2007: 6). Universidade de São Paulo –FEA/USP-, em
As empresas de porte médio e grande, BRASIL, 2001: 114) também indica que,
com raio de atuação estadual, nacional ou futuramente, a caracterização feita pelo ZEE pode
internacional, podem utilizar o ZEE como servir como critério para tributações diferenciadas
subsídio para estratégias de atuação e expansão. regionalmente, induzindo o mercado ao
Além disso, por focar a questão de risco desenvolvimento sustentável. Uma ferramenta
ambiental, o ZEE também pode contribuir para como essa poderia incentivar o desenvolvimento
que as empresas que exercem atividades com econômico em regiões com uma menor
potencial de acidentes ambientais esquematizem fragilidade ambiental, preservando outras. As
seus planos de contingência de maneira preventiva iniciativas já realizadas, em vários Estados, de
(Irani Carlos Varella, Petrobras, em BRASIL, redistribuição de ICMS por critérios ecológicos,
2001: 362). poderia incluir diferenciações conforme a
Thelma Krug (Instituto Nacional de orientação do ZEE (Luiz Camargo de Miranda,
Pesquisas Espaciais, em BRASIL, 2001: 33) Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do
aponta que o ZEE pode auxiliar os Governos Ministério do Meio Ambiente, em BRASIL, 2001:
Federais e Estaduais a definir sua política de 346-347). Contudo, essas são expectativas de
reforma agrária, através da realização de longo prazo, haja vista a dificuldade política em
assentamentos rurais em áreas mais propícias ao se chegar a consensos quanto a qualquer mudança
desenvolvimento sustentável, e que causem menos relativa à reforma tributária.
impacto ao ambiente. Dessa forma, o ZEE supre a Além da tributação, o ZEE representa
função do Zoneamento Sócio-Econômico para o poder executivo um importante instrumento
Fundiário exigido pelo Estatuto da Terra de planejamento para o investimento das receitas.
(BRASIL, 1964), que até hoje não foi Como exemplo, há o esforço do Ministério do
implementado. Planejamento em realizar um Plano Plurianual
Peter May (Universidade Federal do Rio (PPA) territorializado, que apresenta condições de
de Janeiro, em BRASIL, 2001: 102-103) tomar um ZEE nacional como base (Roberto
apresenta a possibilidade de se utilizar o ZEE Vizentin, Ministério do Meio Ambiente, em
como critério para decisão entre alternativas de BRASIL, 2007: 5).
compensação por impactos ambientais. O órgão
ambiental, por meio do ZEE, pode escolher, para Conclusões
receber a compensação, uma área que corra um
risco ambiental maior. Esse fator é muito Toda a discussão sobre o objetivo e
importante em casos como o de permuta de estratégias de implementação do ZEE deve ser
reserva legal, previstos no art. 44 do Código entendida sobre o contexto de reorientação do
Florestal (Lei Federal nº 4.771, de 1965). Afinal, papel do poder público ao longo da segunda
o inciso III do aludido artigo especifica que a metade do século XX. Até a década de 1980, o
compensação da reserva legal deve se dar em área Estado caracterizava-se por um papel
de equivalente importância ecológica, informação empreendedor, intervencionista e, em parte,
que o ZEE é capaz de fornecer. Em uma paternalista, e que liderava as forças de mercado e
elaboração mais complexa, seria possível até definia a alocação dos recursos econômicos
utilizar da explicação das relações entre (ANDRADE, 2002: 19-26). Após 1990, o Estado
economia, ecologia e espaço, para fornecer passa a ter um papel de articulador, negociador e
critérios flexíveis de compensação em que a orientador das forças sociais e produtivas
extensão da área beneficiada, o valor investido e o (ANDRADE, 2002: 26-27). Sua função passa a
impacto ambiental mitigado possam ser ser criar um ambiente adequado ao
calculados de maneira conjunta. Peter May desenvolvimento econômico sustentável, por
(UFRJ) e Ronaldo Seroa da Mota (Instituto de instrumentos legais, técnicos, e de regulação
Pesquisa Econômica Aplicada –IPEA–, em econômica (ANDRADE, 2002: 22 e 27).
BRASIL, 2001: 113-114), refletem sobre a Portanto, a função e a implementação do
possibilidade de utilizar-se do ZEE como uma das ZEE deve inserir-se nesse caminho histórico da

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função do poder público, sob o risco de tornar-se Sustentável - Brasília/DF


um instrumento obsoleto. Essa é a justificativa BANCO DE DESENVOLVIMENTO DE MINAS
para que o ZEE apresente mecanismos flexíveis GERAIS (BDMG) MINAS GERAIS. 2002.
de condução da ocupação do território, tornando- Minas Gerais do Século 21.[vs. 1 a 9]. Belo
se mais um fornecedor de referenciais de Horizonte: Banco de Desenvolvimento de
negociação e orientação para atores nacionais do Minas Gerais (BDMG). Disponível em:
que um instrumento de comando e controle rígido www.bdmg.mg.gov.br/estudos/estudos_mg.
e de duvidosa eficácia. asp. Data de acesso: 10/08/2008
O ZEE é um instrumento de síntese de BRASIL. Constituição Federal, de 5 de outubro
conhecimentos sobre o território, com o fim de de 1988. Texto consolidado até a Emenda
subsidiar as políticas públicas de desenvolvimento Constitucional nº 56 de 20 de dezembro de
sustentável. Sua construção e elaboração 2007.
demandam uma cooperação interinstitucional, o BRASIL. Decreto Federal nº 4.297 de 10 de julho
que é um dos desafios (mas também um dos de 2002. Regulamenta o art. 9o, inciso II, da
objetivos) da administração pública brasileira. Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981,
Mas deve levar em conta não apenas as instâncias estabelecendo critérios para o Zoneamento
governamentais; afinal, a articulação com as Ecológico-Econômico do Brasil - ZEE, e dá
comunidades e com o setor produtivo são outras providências. Diário Oficial da
basilares para a fidedignidade e eficácias do ZEE. União, 2002. Brasília: 11.7.2002.
Ao trazer informações espacializadas BRASIL. Lei Federal nº 4.504, de 30 de
sobre a situação econômica e ambiental, o ZEE novembro de 1964 - Dispõe sobre o
apresenta vários potenciais de aplicação. Contudo, Estatuto da Terra, e dá outras providências.
devido a complexidade dos cenários retratados e Diário Oficial da União, Brasília,
das forças sócio-econômicas em jogo, os casos de 31.11.1964.
uso do ZEE precisam ser alvo de muitas BRASIL. Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de
discussões, até chegar a uma implementação 200 – Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos
efetiva. Em todo caso, o Brasil só tem a ganhar I, II, III e VII da Constituição Federal,
com esse processo. institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza e dá outras
Agradecimentos providências. Diário Oficial da União,
Brasília, 19.7.2000.
Agradecemos à FAPEMIG, à CAPES, à BRASIL. Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de
FINEP e ao CNPq pelo financiamento das 2012. Dispõe sobre a Proteção da
pesquisas que permitiram as reflexões tecidas Vegetação Nativa. Diário Oficial da União,
neste artigo. Brasília, 28.5.2012.
BRASIL. CONAMA. Resolução Conama nº 001,
de 23 de janeiro de 1986 - Estabelece as
Referências definições, as responsabilidades, os
critérios básicos e as diretrizes gerais para
ALMEIDA, Luciana Togeiro de. 1997. O Debate uso e implementação da Avaliação de
Internacional sobre Instrumentos de Política Impacto Ambiental. Diário Oficial da
Ambiental e Questões para o Brasil. Depto. União, Brasília, 17.2.1986.
Economia - UNESP- ARARAQUARA, BRASIL. CONAMA. Resolução Conama nº 237 ,
Anais do II Encontro ECO-ECO. de 19 de dezembro de 1997. Revisa
ANDRADE, Luís Aureliano Gama de. 2002. procedimentos e critérios utilizados no
Desenvolvimento: Missão de Todos. In: licenciamento ambiental, de forma a
ANDRADE, Luís Aureliano Gama de. incorporar ao sistema de licenciamento os
Minas Gerais No Século XXI. instrumentos de gestão ambiental e a
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Editora. p. 13-46. Ambiente. Diário Oficial da União,
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