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CAPÍTULO 1

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AA aa

Aa

SUMÁRIO

A Visão Mendeliana As Descobertas de Mendel, 6




do Mundo Teoria Cromossômica da


Hereditariedade, 8


É
FÁCIL CONSIDERAR O SER HUMANO COMO UM SER ÚNICO entre os organismos vi- Ligação Gênica e Crossing
vos. Apenas os humanos desenvolveram linguagens complicadas que per- Over (Recombinação), 9
mitem interações complexas e significativas de ideias e emoções. Grandes

civilizações desenvolveram e alteraram o ambiente global de maneiras incon-
cebíveis para qualquer outra forma de vida. Em vista disso, sempre existiu uma Mapeamento
tendência de imaginar que algo especial diferencia os seres humanos de cada Cromossômico, 11
uma das outras espécies. Essa crença encontrou expressão nas muitas formas

de religião pelas quais se buscam as razões de nossa existência e, ao fazer isto,
tentamos criar regras viáveis para conduzir nossas vidas. Pouco mais de um sé- A Origem da Variabilidade
culo atrás, parecia natural pensar que, assim como toda vida humana começa e Genética por meio
termina em um tempo fixo, a espécie humana e todas as outras formas de vida de Mutações, 13
deveriam ter sido criadas em um momento exato. 
Essa crença foi seriamente questionada pela primeira vez há quase 150 anos,
quando Charles Darwin e Alfred R. Wallace propuseram suas teorias da evo- Especulações Iniciais Sobre
lução, com base na seleção do mais adaptado. Eles sugeriram que as diversas o que são os Genes e
formas de vida não seriam constantes, mas que, continuamente, dariam origem Como eles Atuam, 15
a plantas e animais ligeiramente diferentes, alguns dos quais se adaptariam para 
sobreviver e se multiplicariam de forma mais eficiente. Na época dessa teoria,
eles não conheciam a origem dessa variação contínua, mas perceberam correta- Tentativas Preliminares para
mente que para formar as bases da evolução essas novas características deveriam Encontrar uma Relação
persistir na progênie. entre Gene e Proteína, 16
No início, houve uma grande fúria contra Darwin, a maior parte dela vinda
de pessoas que não queriam acreditar que os seres humanos e macacos de apa-
rência grotesca poderiam ter um ancestral comum, mesmo que este ancestral
tivesse vivido há cerca de 10 milhões de anos. Houve também uma oposição
inicial de vários biólogos que não estavam convencidos pelas evidências de
Darwin. Entre eles estava o famoso naturalista Jean L. Agassiz, na época em
Harvard, que passou muitos anos escrevendo contra Darwin e seu defensor,
Thomas H. Huxley, o mais bem-sucedido popularizador da evolução. Contudo,
no fim do século XIX, a discussão científica estava praticamente concluída;
tanto a distribuição geográfica atual de plantas e animais como sua ocorrên-
cia seletiva em registros fósseis do passado geológico apenas podiam ser expli-
cadas admitindo-se que grupos de organismos sofreram evolução contínua e
descendiam de um ancestral comum. Atualmente, a evolução é aceita como
fato, exceto por uma minoria fundamentalista, cujas objeções baseiam-se em
doutrinas e princípios religiosos e não em conhecimento científico.
Uma consequência imediata da teoria darwiniana é a constatação de que
a vida surgiu na Terra há mais de 4 bilhões de anos como uma forma simples,

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possivelmente semelhante às bactérias – a forma de vida mais simples conhe-


cida atualmente. A existência dessas pequenas bactérias nos comprova que a
essência da vida é encontrada em organismos muito pequenos. A teoria evo-
lutiva sugere, também, que os princípios básicos da vida se aplicam a todas as
formas de vida.

AS DESCOBERTAS DE MENDEL
Os experimentos de Gregor Mendel baseavam-se nos resultados de cruzamentos
experimentais (cruzamentos genéticos) entre linhagens de ervilhas que diferiam
em características bem-definidas, como o formato da semente (liso ou rugoso), a
coloração da semente (amarela ou verde), a forma da vagem (cheia ou enrugada)
e o comprimento da haste (longo ou curto). Sua concentração em diferenças
bem-definidas foi de grande importância; muitos criadores já haviam tentado
seguir a herança de aspectos mais genéricos, como o peso do corpo, e não ha-
viam sido capazes de identificar regras simples sobre a transmissão dessas carac-
terísticas dos progenitores para a descendência (ver Quadro 1-1, Leis de Mendel).

O princípio da segregação independente dos fatores


Após definir linhagens parentais que produziam uma progênie verdadei-
ra – isto é, sempre originava uma progênie com características particulares
idênticas às dos progenitores – Mendel realizou diversos cruzamentos entre
progenitores (P) que diferiam entre si em apenas uma característica (como o
formato ou a coloração da semente). Todos os descendentes (F1  primeira ge-
ração filial) tinham a aparência de apenas um dos genitores. Por exemplo, em
um cruzamento entre ervilhas com sementes amarelas e ervilhas com semen-
tes verdes, toda a progênie apresentava sementes amarelas. A característica
que aparece na geração F1 é chamada de dominante, enquanto o traço que
não aparece em F1 é chamado de recessivo.

 C O N C EI TO S AVA N Ç A DOS

Quadro 1-1 Leis de Mendel

A qualidade mais impressionante de uma célula viva é sua durante a meiose foram identificadas como necessárias para
habilidade para transmitir propriedades hereditárias de uma a manutenção do número cromossômico constante. Esses fa-
geração celular para outra. A existência da hereditariedade tos, no entanto, meramente sugeriam que os cromossomos
deve ter sido observada pelos primeiros seres humanos, que eram portadores da hereditariedade.
testemunharam a transmissão de características, como cor A prova veio na virada do século com a descoberta das
dos olhos ou dos cabelos, de genitores para descendentes. regras básicas da hereditariedade. Os conceitos foram primei-
Sua base física, no entanto, só veio a ser compreendida nos ramente propostos por Gregor Mendel em 1865 em um artigo
primeiros anos do século XX, quando, durante um período entitulado “Experiments in Plant Hybridization” (“Experimen-
excepcional de atividade criativa, a teoria cromossômica da tos em Hibridização de Plantas”) apresentado à Natural Scien-
hereditariedade foi estabelecida. ce Society em Brno. Em sua apresentação, Mendel descreveu
A transmissão hereditária pelo espermatozoide e em detalhes os padrões de transmissão das características em
pelo óvulo tornou-se conhecida em 1860, e em 1868 Ernst plantas de ervilha, suas conclusões sobre os princípios da he-
Haeckel, notando que o espermatozoide é composto basica- reditariedade, e sua relevância para as controversas teorias
mente por material nuclear, postulou que o núcleo era res- da evolução. O clima da opinião científica, no entanto, não
ponsável pela hereditariedade. Quase 20 anos se passaram foi favorável, e essas ideias foram completamente ignoradas,
antes que os cromossomos fossem identificados como os apesar dos esforços iniciais de Mendel para chamar a atenção
fatores ativos, porque os detalhes da mitose, da meiose e da dos biólogos notórios de seu tempo. Em 1900, 16 anos após a
fertilização precisaram ser compreendidos primeiro. Quan- morte de Mendel, três melhoristas de plantas trabalhando de
do isso foi feito, pôde-se notar que, ao contrário de outros maneira independente em diferentes sistemas confirmaram o
componentes celulares, os cromossomos são igualmente significado do trabalho esquecido de Mendel. Hugo de Vries,
divididos entre as células-filhas. Além disso, as complicadas Karl Correns e Erich von Tschermak-Seysenegg, todos fazendo
alterações cromossômicas que reduzem o número cromossô- experimentos semelhantes aos de Mendel, chegaram a conclu-
mico de espermatozoides e óvulos para o número haploide sões similares antes de conhecer o trabalho de Mendel.

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Capítulo 1 A Visão Mendeliana do Mundo 7

O significado desses resultados tornou-se claro quando Mendel realizou geração


cruzamentos genéticos entre os indivíduos da F1. Esses cruzamentos mos- parental
traram um importante resultado – a característica recessiva reaparecia em RR rr

aproximadamente 25% da geração F2, enquanto a característica dominan-


gametas R r
te aparecia em 75% dos descendentes. Para cada um dos sete traços que ele
acompanhou, a proporção de dominantes para recessivos na F2 era sempre de
aproximadamente 3:1. Quando esses experimentos foram realizados até uma geração
terceira geração (F3), todas as ervilhas de F2 com traços recessivos geraram pro- F1 híbrida
gênie pura (produziram descendentes com traços recessivos). As com traços Rr
dominantes dividiram-se em dois grupos: um terço era puro (produzia apenas
descendentes com o traço dominante) e os dois terços restantes produziam gametas gametas
femininos r R R r masculinos
uma progênie mista, na proporção de 3:1 de dominantes para recessivos.
Mendel interpretou seus resultados corretamente da seguinte maneira
R R
(Fig. 1-1): as diversas características são controladas por pares de fatores (os
quais agora são chamados de genes), um fator proveniente do progenitor r r
masculino e o outro proveniente do progenitor feminino. Por exemplo, as li- RR
nhagens puras de ervilhas lisas contêm duas versões (ou alelos) do gene para Rr Rr
aparência lisa (RR, roundness), enquanto as linhagens puras de ervilhas rugo-
sas apresentam duas cópias do alelo para aparência rugosa (rr). Cada um dos rr
gametas da linhagem lisa possui um alelo para a aparência lisa (R); cada um geração F2
dos gametas da linhagem rugosa possui um alelo para a aparência rugosa (r).
Em um cruzamento entre RR e rr, a fertilização gera uma planta com ambos F I G U R A 1 - 1 Como a primeira lei
os alelos (Rr) em F1. As sementes terão aparência lisa porque R é dominante de Mendel (segregação independen-
sobre r. Refere-se à aparência ou à estrutura física de um indivíduo como seu te dos fatores) explica a proporção
de 3:1 de fenótipos dominante para
fenótipo, e à sua composição genética como seu genótipo. Indivíduos com
recessivo entre os descendentes da
fenótipos idênticos podem apresentar genótipos diferentes; dessa forma, para F2. R representa o gene dominante e r, o
determinar o genótipo de um organismo, com frequência é necessário realizar gene recessivo. A semente lisa representa
cruzamentos genéticos por várias gerações. O termo homozigoto refere-se a o fenótipo dominante, a semente rugosa,
genes nos quais ambos os alelos, materno e paterno, são idênticos (p. ex., RR o fenótipo recessivo.
ou rr). Em contrapartida, os genes nos quais os alelos paterno e materno são
diferentes (p. ex., Rr) são chamados de heterozigotos.
Um determinado gene pode ser representado por uma ou várias letras ou
símbolos. O alelo dominante do gene pode ser indicado por uma letra maiús-
cula (R), por um sinal de  sobrescrito (r), ou por um sinal de  sozinho. Nas
discussões apresentadas aqui, será utilizada a primeira convenção na qual o
alelo dominante é representado por uma letra maiúscula e o alelo recessivo
por uma letra minúscula.
É importante observar que um determinado gameta contém apenas uma
das duas cópias (um alelo) dos genes presentes no organismo original (p. ex.,
R ou r, mas nunca ambos) e que os dois tipos de gametas são produzidos em
números iguais. Portanto, há chance de 50:50 de um dado gameta de uma
ervilha de F1 possuir um determinado alelo (R ou r). Essa escolha é puramen-
te aleatória. Não se espera encontrar proporções exatas de 3:1 ao examinar
um número limitado de descendendentes em F2. A proporção será às vezes
levemente maior e, outras vezes, levemente menor. Porém, à medida que o
tamanho da amostra aumenta, espera-se que a proporção de ervilhas com a
característica dominante em relação às ervilhas com a característica recessiva
se aproxime de 3:1.
O reaparecimento da característica recessiva na geração F2 indica que os
alelos recessivos não são modificados nem perdidos na geração F1 (Rr), mas
que os genes dominante e recessivo são transmitidos de forma independente
e, portanto, são capazes de segregar de maneira independente durante a for-
mação das células sexuais. Esse princípio da segregação independente
dos fatores é frequentemente citado como a primeira lei de Mendel.

Alguns alelos não são dominantes nem recessivos


Nos cruzamentos relatados por Mendel, um membro de cada par de genes era
claramente dominante sobre o outro. Esse comportamento, entretanto, não

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geração parental é universal. Às vezes, o fenótipo heterozigoto é intermediário entre os dois


fenótipos homozigotos. Por exemplo, o cruzamento entre uma boca-de-leão
(Antirrhinum) vermelha pura e uma variedade branca pura gera uma progê-
× nie cor-de-rosa intermediária em F1. Se esses descendentes F1 forem cruzados
entre si, a progênie F2 resultante apresentará flores vermelhas, cor-de-rosa e
AA aa brancas, na proporção de 1:2:1 (Fig. 1-2). Desse modo, torna-se possível dis-
tinguir os heterozigotos dos homozigotos pelos seus fenótipos. Nota-se, tam-
A gametas a bém, que as leis de herdabilidade de Mendel não dependem da dominância
de um alelo do gene sobre o outro.
geração F1
Princípio da distribuição aleatória
Mendel estendeu seus experimentos de cruzamento para ervilhas que dife-
riam em mais de uma característica. Como antes, ele iniciou com duas li-
Aa nhagens de ervilhas, cada uma delas pura quando cruzada entre si. Uma das
linhagens apresentava sementes lisas e amarelas; a outra, sementes verdes e
rugosas. Uma vez que liso e amarelo são dominantes sobre rugoso e verde, a
A gametas a
totalidade da geração F1 produziu sementes lisas e amarelas. As sementes da
geração F1 foram, então, cruzadas entre si, produzindo uma progênie F2 nu-
geração F2 merosa, cujos indivíduos foram examinados pela aparência da semente (fenó-
a A
tipo). Além dos dois fenótipos originais (liso e amarelo; rugoso e verde), dois
gametas gametas novos tipos (recombinantes) surgiram: rugoso e amarelo, e liso e verde.
femininos masculinos
Novamente, Mendel achou que poderia interpretar os resultados pelo pos-
A a tulado dos genes, se ele assumisse que cada par de genes era transmitido in-
Aa dependentemente para o gameta durante a formação das células da linhagem
germinativa. Essa interpretação é ilustrada na Figura 1-3. Qualquer gameta irá
conter apenas um tipo de alelo de cada gene. Assim, os gametas produzidos por
AA aa uma F1 (RrYy) terão as composições RY, Ry, rY ou ry, mas nunca Rr, Yy, YY ou RR.
Além disso, nesse exemplo, todos os quatro gametas possíveis são produzidos
com frequências iguais. Não existe uma tendência de os alelos originados de um
Aa mesmo progenitor ficarem juntos. Consequentemente, os fenótipos da progê-
nie F2 aparecem na proporção de 9 lisas e amarelas, 3 lisas e verdes, 3 rugosas e
amarelas, e 1 rugosa e verde, conforme representado no diagrama de Punnett,
F I G U R A 1 - 2 Herança da cor da cujo nome foi dado em homenagem ao matemático britânico que o introduziu
flor boca-de-leão. Um parental é ho-
(na porção inferior da Fig. 1-3). Esse princípio da distribuição aleatória
mozigoto para flores vermelhas (AA) e o
outro é homozigoto para flores brancas
ou di-hibridismo é frequentemente chamado de segunda lei de Mendel.
(aa). Não há dominância presente, e as
flores heterozigotas de F1 são cor-de-rosa.
A proporção de 1:2:1 de flores vermelhas, TEORIA CROMOSSÔMICA DA HEREDITARIEDADE
cor-de-rosa e brancas na geração F2 é ilus-
trada pela coloração adequada. Um dos principais motivos para a falta de valorização original da descoberta
de Mendel foi a ausência de fatos consistentes sobre o comportamento dos
cromossomos durante a meiose e a mitose. Esse conhecimento, no entanto,
estava disponível quando as leis de Mendel foram confirmadas, em 1900, e
foi aplicado em 1903 pelo biólogo norte-americano Walter S. Sutton. Em seu
artigo clássico “The Chromosomes in Heredity” (Os cromossomos na heredi-
tariedade), Sutton destacou a importância de o conjunto cromossômico ser
diploide, isto é, conter dois conjuntos morfologicamente semelhantes, e que,
durante a meiose, cada gameta recebe apenas um cromossomo de cada par de
homólogos. Ele, então, usou esse fato para explicar os resultados de Mendel,
assumindo que os genes faziam parte do cromossomo, e propôs que os genes
para sementes amarelas e verdes eram carregados por um determinado par de
cromossomos e que os genes para as sementes lisas e rugosas eram carregados
por um par diferente. Essa hipótese explica, prontamente, as proporções de
segregação 9:3:3:1 observadas experimentalmente. Embora o artigo de Sutton
não tenha provado a teoria cromossômica da hereditariedade, foi de extrema
importância porque reuniu, pela primeira vez, disciplinas independentes de
genética (o estudo dos experimentos de cruzamentos) e citologia (o estudo da
estrutura celular).

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Capítulo 1 A Visão Mendeliana do Mundo 9

geração parental F I G U R A 1 - 3 Como a segunda lei


× de Mendel (distribuição aleatória)
RRYY rryy atua. Neste exemplo, a herança da cor da
semente amarela (Y) e verde (y) é seguida
juntamente com a herança do formato da
RY gametas ry
semente lisa (R) e rugosa (r). Os alelos R
e Y são dominantes sobre r e y. Os genó-
tipos dos vários parentais e descendentes
geração F1
estão indicados pelas combinações de le-
tras, e quatro diferentes fenótipos são dis-
RrYy tinguidos pelo sombreamento apropriado.

RY Ry gametas rY ry

geração F2
RY RY

gametas Ry Ry gametas
RRYY

rY rY
RRYy RRYy

ry ry
RrYY RRyy RrYY

RrYy RrYy RrYy RrYy

Rryy rrYY Rryy

rrYy rrYy

rryy

LIGAÇÃO GÊNICA E CROSSING OVER (RECOMBINAÇÃO)


O princípio da distribuição aleatória de Mendel está baseado no fato de que
genes localizados em cromossomos diferentes se comportam de maneira
independente durante a meiose. Entretanto, frequentemente, dois genes
não são distribuídos de forma independente, porque estão localizados no
mesmo cromossomo (genes ligados; ver Quadro 1-2, Os genes estão liga-
dos a cromossomos). Diversos exemplos de distribuição não aleatória foram
encontrados assim que foi possível a identificação de um grande número
de genes mutantes nas análises de cruzamentos. Em todos os casos bem
estudados, o número de grupos de ligação foi idêntico ao número de cro-
mossomos haploides. Por exemplo, existem quatro grupos de genes ligados
na Drosophila, e quatro cromossomos morfologicamente distintos em uma
célula haploide.
A ligação, entretanto, nunca é realmente completa. A probabilidade de
dois genes do mesmo cromossomo permanecerem juntos durante a meiose va-
ria desde pouco menos de 100% até quase 50%. Essa variação na ligação sugere
a existência de um mecanismo para a permuta de genes entre os cromossomos
homólogos. Esse mecanismo é chamado de crossing over (recombinação).
Sua base citológica foi primeiramente descrita pelo citologista belga F.A. Jans-
sens. No início da meiose, por meio do processo de sinapse, os cromosso-
mos homólogos formam pares dispostos paralelamente aos seus eixos longos.
Nesse estágio, cada cromossomo já foi duplicado, formando duas cromátides.
Assim, a sinapse alinha quatro cromátides (uma tétrade), que se entrelaçam
entre si. Janssens imaginou que, possivelmente devido às tensões resultantes
desses enrolamentos, ocorra a quebra ocasional de duas das cromátides em

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