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SUMÁRIO
É
FÁCIL CONSIDERAR O SER HUMANO COMO UM SER ÚNICO entre os organismos vi- Ligação Gênica e Crossing
vos. Apenas os humanos desenvolveram linguagens complicadas que per- Over (Recombinação), 9
mitem interações complexas e significativas de ideias e emoções. Grandes
civilizações desenvolveram e alteraram o ambiente global de maneiras incon-
cebíveis para qualquer outra forma de vida. Em vista disso, sempre existiu uma Mapeamento
tendência de imaginar que algo especial diferencia os seres humanos de cada Cromossômico, 11
uma das outras espécies. Essa crença encontrou expressão nas muitas formas
de religião pelas quais se buscam as razões de nossa existência e, ao fazer isto,
tentamos criar regras viáveis para conduzir nossas vidas. Pouco mais de um sé- A Origem da Variabilidade
culo atrás, parecia natural pensar que, assim como toda vida humana começa e Genética por meio
termina em um tempo fixo, a espécie humana e todas as outras formas de vida de Mutações, 13
deveriam ter sido criadas em um momento exato.
Essa crença foi seriamente questionada pela primeira vez há quase 150 anos,
quando Charles Darwin e Alfred R. Wallace propuseram suas teorias da evo- Especulações Iniciais Sobre
lução, com base na seleção do mais adaptado. Eles sugeriram que as diversas o que são os Genes e
formas de vida não seriam constantes, mas que, continuamente, dariam origem Como eles Atuam, 15
a plantas e animais ligeiramente diferentes, alguns dos quais se adaptariam para
sobreviver e se multiplicariam de forma mais eficiente. Na época dessa teoria,
eles não conheciam a origem dessa variação contínua, mas perceberam correta- Tentativas Preliminares para
mente que para formar as bases da evolução essas novas características deveriam Encontrar uma Relação
persistir na progênie. entre Gene e Proteína, 16
No início, houve uma grande fúria contra Darwin, a maior parte dela vinda
de pessoas que não queriam acreditar que os seres humanos e macacos de apa-
rência grotesca poderiam ter um ancestral comum, mesmo que este ancestral
tivesse vivido há cerca de 10 milhões de anos. Houve também uma oposição
inicial de vários biólogos que não estavam convencidos pelas evidências de
Darwin. Entre eles estava o famoso naturalista Jean L. Agassiz, na época em
Harvard, que passou muitos anos escrevendo contra Darwin e seu defensor,
Thomas H. Huxley, o mais bem-sucedido popularizador da evolução. Contudo,
no fim do século XIX, a discussão científica estava praticamente concluída;
tanto a distribuição geográfica atual de plantas e animais como sua ocorrên-
cia seletiva em registros fósseis do passado geológico apenas podiam ser expli-
cadas admitindo-se que grupos de organismos sofreram evolução contínua e
descendiam de um ancestral comum. Atualmente, a evolução é aceita como
fato, exceto por uma minoria fundamentalista, cujas objeções baseiam-se em
doutrinas e princípios religiosos e não em conhecimento científico.
Uma consequência imediata da teoria darwiniana é a constatação de que
a vida surgiu na Terra há mais de 4 bilhões de anos como uma forma simples,
AS DESCOBERTAS DE MENDEL
Os experimentos de Gregor Mendel baseavam-se nos resultados de cruzamentos
experimentais (cruzamentos genéticos) entre linhagens de ervilhas que diferiam
em características bem-definidas, como o formato da semente (liso ou rugoso), a
coloração da semente (amarela ou verde), a forma da vagem (cheia ou enrugada)
e o comprimento da haste (longo ou curto). Sua concentração em diferenças
bem-definidas foi de grande importância; muitos criadores já haviam tentado
seguir a herança de aspectos mais genéricos, como o peso do corpo, e não ha-
viam sido capazes de identificar regras simples sobre a transmissão dessas carac-
terísticas dos progenitores para a descendência (ver Quadro 1-1, Leis de Mendel).
C O N C EI TO S AVA N Ç A DOS
A qualidade mais impressionante de uma célula viva é sua durante a meiose foram identificadas como necessárias para
habilidade para transmitir propriedades hereditárias de uma a manutenção do número cromossômico constante. Esses fa-
geração celular para outra. A existência da hereditariedade tos, no entanto, meramente sugeriam que os cromossomos
deve ter sido observada pelos primeiros seres humanos, que eram portadores da hereditariedade.
testemunharam a transmissão de características, como cor A prova veio na virada do século com a descoberta das
dos olhos ou dos cabelos, de genitores para descendentes. regras básicas da hereditariedade. Os conceitos foram primei-
Sua base física, no entanto, só veio a ser compreendida nos ramente propostos por Gregor Mendel em 1865 em um artigo
primeiros anos do século XX, quando, durante um período entitulado “Experiments in Plant Hybridization” (“Experimen-
excepcional de atividade criativa, a teoria cromossômica da tos em Hibridização de Plantas”) apresentado à Natural Scien-
hereditariedade foi estabelecida. ce Society em Brno. Em sua apresentação, Mendel descreveu
A transmissão hereditária pelo espermatozoide e em detalhes os padrões de transmissão das características em
pelo óvulo tornou-se conhecida em 1860, e em 1868 Ernst plantas de ervilha, suas conclusões sobre os princípios da he-
Haeckel, notando que o espermatozoide é composto basica- reditariedade, e sua relevância para as controversas teorias
mente por material nuclear, postulou que o núcleo era res- da evolução. O clima da opinião científica, no entanto, não
ponsável pela hereditariedade. Quase 20 anos se passaram foi favorável, e essas ideias foram completamente ignoradas,
antes que os cromossomos fossem identificados como os apesar dos esforços iniciais de Mendel para chamar a atenção
fatores ativos, porque os detalhes da mitose, da meiose e da dos biólogos notórios de seu tempo. Em 1900, 16 anos após a
fertilização precisaram ser compreendidos primeiro. Quan- morte de Mendel, três melhoristas de plantas trabalhando de
do isso foi feito, pôde-se notar que, ao contrário de outros maneira independente em diferentes sistemas confirmaram o
componentes celulares, os cromossomos são igualmente significado do trabalho esquecido de Mendel. Hugo de Vries,
divididos entre as células-filhas. Além disso, as complicadas Karl Correns e Erich von Tschermak-Seysenegg, todos fazendo
alterações cromossômicas que reduzem o número cromossô- experimentos semelhantes aos de Mendel, chegaram a conclu-
mico de espermatozoides e óvulos para o número haploide sões similares antes de conhecer o trabalho de Mendel.
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geração F2
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