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Direito de Família
Uma abordagem psicanalítica
Belo Horizonte
2017
CAPÍTULO 1
Embora pareça simples e elementar o conceito de família, uma vez que todos os
grandes juristas já o explicaram, será necessário voltar aquilo que é o mais simples,
pois talvez esteja exatamente aí a chave para entender equívocos e encontrar
explicações que nos remetam a um maior aprofundamento no Direito de Família.
A idéia de família, para o Direito brasileiro, sempre foi a de que ela é constituída de
pais e filhos unidos à partir de um casamento regulado e regulamentado pelo Estado.
Com a constituição de 1988 esse conceito ampliou-se, uma vez que o Estado passou
a reconhecer “como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e
seus descendentes”, bem como a união estável entre homem e mulher (art. 226). Isso
significa uma evolução no conceito de família. Até então, a expressão da lei jurídica só
reconhecia como família aquela entidade constituída pelo casamento. Em outras
palavras, o conceito de família se abriu, indo em direção a um conceito mais real,
impulsionado pela própria realidade.
A FAMÍLIA NAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS
Apesar de certa timidez no texto quando se diz entidade familiar em vez de família,
podemos marcar aí uma evolução.
A PROMISCUIDADE
Até o início do século XIX acreditava-se que existiu uma época primitiva em que
imperava o comércio sexual promíscuo, de maneira que cada mulher pertencia a todos
os homens e cada homem a todas as mulheres.
Com base nessas premissas é que foram constituídas teorias das famílias
primitivas e do parentesco, mas que não passavam de hipóteses; a promiscuidade,
como se observa nos animais, como se nenhuma lei tivessem, como se não houvesse
a noção de parentalidade, não é um dado da realidade.
A promiscuidade presumida não pode ser afirmada em parte alguma, nem mesmo
nos casos ditos de casamento grupal: desde a origem existem interdições e leis. As
formas primitivas da família tem os seus traços essências de suas formas acabadas:
autoridade, se não concentrada no tipo patriarcal, ao menos por um conselho, por um
matriarcado ou seus delegados do sexo masculino; modo de parentesco, herança,
sucessão, transmitidos, às vezes distintamente (Rivers) segundo uma linguagem
paterna ou materna. Trata-se aí de famílias humanas devidamente constituídas. Mas,
longe de nos mostrarem a pretensa célula social, vêem nessas, quanto mais amplo de
casais biológicos, mas, sobretudo, um parentesco menos conforme os laços naturais
da consangüinidade.
FAMÍLIA E CASAMENTO
CAPÍTULO 2
DIREITO E SEXUALIDADE
Para o Direito, a sexualidade não se apresenta como objeto de interesse de
investigação primeiramente. Porém, para o direito penal, nas tipificações dos
crimes contra a honra por exemplo, ou os outros de natureza e conteúdo
sexual, refere-se muito mais à genitalidade do que propriamente à sexualidade.
Porém, há de se analisar em função da complexidade das questões, pois o
Direito pode mesmo legislar sobre a sexualidade, uma vez que essa pressupõe
desejo. Afinal, é o Direito que legisla sobre o desejo, ou é o desejo que
determina o Direito? Essa é a pergunta que “não quer calar” para refletirmos
sobre o tema, ainda existe um certo receio para falarmos sobre sexualidade.
Sendo assim, muitas vezes, afastamos o assunto, como se não nos
interessassem. Porém, em Direito de Família, o assunto toca praticamente
todas as questões e problemas apresentados. Pois, afinal, são as relações
humanas que pressupõem vontade, que pressupõem desejo e que são,
portanto, da ordem da sexualidade.Códigos anteriores ao nosso, como por
exemplo o de 1916, estabelecia normas para o comportamento sexual, dizendo
por exemplo, que o homem poderia anular o casamento se soubesse que a
mulher não era virgem no ato do casamento.
UNIÕES HOMOSSEXUAIS
Conceito de concubinato
Uma das demonstrações de que o Direito de Família é perpassado, ou
determinado pela sexualidade, é o concubinato. Embora esta expressão já
esteja ficando antiga antiga e até antiquadra em razão da carga de preconceito
que traz consigo, ela retrata a conduta moral/ sexual de uma determinada
sociedade em uma determinada época. Em outras palavras, é a legitimação ou
ilegitimação de determinadas relações sexuais e suas conseqüências
econômicas.
O FIM DO CONCUBINATO
Portanto, não é razão que o Estado veio a dar proteção e considerar como
família, também, a comunidade formada pelos pais e seus descendentes. João
Baptista Vilela, com sua clarividência, referindo-se a este art. 226 §4º, da
Constituição Federal, vem dizer o que foi a consagração do óbvio e do
inevitável: Fámilia não é apenas o conjunto de pessoas onde uma dualidade de
cônjuges ou de pais esteja configurada, senão também qualquer expressão
grupal articulada por uma relação de descendência.
CAPÍTULO 3
A SUPERIORIDADE MASCULINA
Pós constituição
Já neste capítulo, o autor diz que seguindo a tendência contemporânea, a
Constituição brasileira de 5 de outubro de 1988, além de dizer genericamente
que “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”, estabeleceu
especificamente em seu art.226, que “os direitos e deveres referentes à
sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher”. Isso,
obviamente, como toda evolução, está inserido em uma história que se vem
fazendo principalmente pelas mulheres, quando passam a reivindicar direitos
iguais, apesar da diferença biológica.
CAPÍTULO 4
A ESTRUTURA PATRIARCAL
CAPÍTULO 5
O DISCURSO DA IGUALDADE
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
O QUE É UM PAI?
De acordo com a concepção do autor Rodrigo da Cunha Pereira, o conceito
de pai, é de aquele que empresta seu nome na certidão de nascimento do filho.
Se nasce dentro do casamento, presume-se que o marido seja o pai, e a
certidão do casamento é documento hábil para se proceder ao registro de um
nascimento do filho com o nome do pai-marido. Sendo assim, uma vez
estabelecida a paternidade por meio do registro civil, decorrem daí direitos e
obrigações, como o de sustento, guarda e educação. A Lei nº 8.069/90,
conhecida como Estatuto da Criança e Adolescente, nos traz uma nova ideía
compreendida pelo nosso ordenamento jurídico, de que o pai é muito mais
importante como função do que propriamente como o genitor. Isto nos obriga a
verificar qual o significado e a importância de um pai em outras culturas
também.
A FUNÇÃO PATERNA
Neste capítulo, o autor Rodrigo da Cunha Pereira, mostra que a relação do
filho com o pai, por uma questão cultural advinda da ideologia patriarcal,
sempre foi marcada, por uma ausência no aspecto afetivo, sendo considerada
em relação à mãe. Com o pai tendo a função de autoridade, de ser a “lei”, e que
os cuidados com a criança é de responsabilidade da mãe, criaram-se mitos em
torno das funções de paternidade e maternidade. O autor cita também, uma
clara demonstração de evolução e revolução, dos papéis masculino e feminino,
o ordenamento jurídico francês, em pelo menos três textos normativos,
expressando o entendimento dessas mudanças em relação à autoridade
paterna.