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1.

REVOLUÇÃO CIENTÍFICA: CONCEITO

Até a Idade Média o conhecimento estava atrelado aos dogmas religiosos que a igreja
impusera, porém a partir do século XV uma forma de conhecimento prático começa a ganhar
força, a ciência. Novas formas de constatar as coisas através de métodos e teorias surgem,
observando o empirismo como forma de constatar as coisas. Dá-se ai a Revolução cientifica.

Figuras como Newton, Leibniz, Copérnico, Kepler, Galileu e, Francis Bacon e muitos
outros teriam ajudado a recriar o entendimento de ciência, fazendo-o se estabilizar da forma
que conhecemos na contemporaneidade. A frase de Shakespeare – “Que obra de arte é o
homem” – evidenciava uma mudança na estrutura mental daquela época, pois a visão de
mundo da Idade Média pela relação Deus-Homem estava sendo substituída pela relação
Homem-Natureza. Era a passagem do teocentrismo, o valor das ações feitas às pessoas ou ao
ambiente é atribuído a Divindade, para o Antropocentrismo, o ser humano no centro do
universo.

2. STEVEN SHAPIN
Fonte:Wikipedia

Steven Shapin nasceu em 1943 nos


Estados Unidos, se formou em genética na
Universidade de Wisconsin e após fez um
doutorado em História e Sociologia da
Ciência em 1971. Entre 1972 e 1989
lecionou na Unidade de Estudos
Científicos da Universidade de Edimburgo
e, de 1989 a 2003, foi professor de
Sociologia na Universidade da Califórnia,
em San Diego. Shapin escreveu sobre a
história e a sociologia da ciência sendo
considerado um dos primeiros estudiosos
da sociologia do conhecimento científico e
reconhecido pela criação de novas
abordagens de “grandes questões” na
ciência.
Figura 1: Steven Shapin
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3. QUIMÉRICA REVOLUÇÃO

A obra de Steven Shapin, A Revolução Científica (1998), se inicia com a seguinte frase:
“A Revolução Científica nunca existiu, e este livro é acerca disso”. Aplicando-se ao período
de transição entre os séculos XVI – XVII, que renovou as visões de religiosidade extrema
para bases de conhecimento cientifico e filosofia natural. A termologia Revolução Científica
foi assinalada por Alexandre Koyré em 1943, e esta colocação vem sendo discutida e
contestada entre estudiosos, pelo fato do nome “revolução” ter sentido de ruptura completa
com o passado e descontinuidade, além disso, o adjetivo “científica” remete a ciência tal
como conhecemos na contemporaneidade. A partir dessa contestação iniciam-se os estudos de
Steven Shapin.
Segundo o autor ciência é uma atividade histórica e socialmente situada, contextualizada
e que não haveria algo como uma essência da revolução científica, haveria diversas
questões que caracterizavam as mudanças ocorridas no século XVI, como menciona na página
25 da obra: “Actualmente, estes historiadores rejeitam mesmo a existência, no século XVII,
de uma entidade cultural, singular e coerente denominada •ciência•, à qual se atribui a
responsabilidade de uma mudança revolucionária. O que existiu foi, pelo contrário, um leque
diversificado de práticas culturas empenhadas em compreender, explicar e controlar o mundo
natural [...]”.
No segundo paragrafo é mencionado que os historiadores diziam que um cataclisma
diferenciou a forma com que se via o mundo, introduzindo assim a modernidade. Shapin não
pretende negar as transformações do conhecimento ocorridas no começo da Idade Moderna,
mas tem como meta defender a tese de que a revolução científica, tal como fora narrada pela
vertente histórica inaugurada por Koyré, nunca teria, de fato, existido. Portanto, Shapin
defende a idéia de que existem vários fatores relevantes para o entendimento das
transformações do conhecimento ocorridas entre os séculos XVI e XVII. Isso o permitiu
entender a revolução científica do século XVII de inúmeras formas diferentes e não apenas da
forma como foi narrada pela historiografia que se utilizou de um conceito específico de
revolução científica, tal como pode ser observado em Koyré e em Kuhn.
Sendo assim, Shapin resume sua posição historiográfica científica em 4 tópicos. O
primeiro é que a ciência do século XVII como se ela fosse um fenômeno praticado em
coletivo e historicamente situado. O segundo argumento do autor é a abordagem sociológica e
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historicamente •contextual• da ciência que divide historiadores em fatores intelectuais- ideias,
conceitos, métodos, prova; e fatores sociais- formas de organização, influencias políticas e
econômicas na ciência, e usos ou consequências sociais da ciência. O terceiro tópico apontado
pelo sociólogo é a distinção do social e cientifico, transformando-os em objeto de
investigação. No quarto e ultimo tópico Shapin disserta “Não há uma história única e
coerente capaz de aprender todos os aspectos da ciência, todas as suas transformações, que
nos interessam, a nós, modernos do final do século XX”.
Indicando, pois, uma análise do termo “revolução” de forma isolada, Shapin nos chama a
atenção para o fato de que, até o período moderno, a palavra referia-se a idéia de um
movimento cíclico, e cita como exemplo o modelo de sistema solar de Copérnico, do qual
dizia-se que os planetas realizavam revoluções em torno do sol e, na antiguidade, mesmo
quando se falava em revolução política, a ideia de repetição se fazia presente. O termo
“revolução”, segundo o autor, só vai adquirir o significado de “reorganização radical e
irreversível” com a influência dos filósofos do iluminismo francês que, segundo ele,
transformaram essa concepção de revolução, como recorrência, em seu inverso radical. E diz
ainda: “Na verdade, alguns dos escritores seiscentistas de que trata este livro viam-se a si
mesmos como se estivessem a restaurar ou a purificar antigos estados de coisas e não a
produzir situações totalmente novas.” O conceito de revolução como “mudança sensacional e
irreversível” parte de uma perspectiva linear do tempo e que, segundo Shapin, deve ter sido
empregada primeiramente para análise científica e só depois, aos acontecimentos políticos.
ytydA obra concede-nos saber não unicamente como se concebeu essa associação e
dissociação entre as expressões revolução científica e história da ciência, mas também
possibilita-nos dialogar como o desenvolvimento da disciplina história da ciência se
estabeleceu. Portanto, para o autor não se pode falar em Revolução Científica se no período
não havia noção sobre a mesma, além de não haver uma única essência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

The scientific revolution, Chicago, IL : University of Chicago Press, 1996.


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