Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
Portal Educação
CURSO DE
TERAPIA COGNITIVO
COMPORTAMENTAL
Aluno:
12
EaD - Educação a Distância Portal Educação
CURSO DE
TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL
MÓDULO II
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.
13
MÓDULO II
2 TERAPIA COMPORTAMENTAL
2.1 Histórico
14
De acordo com Schultz & Schultz (2005) muitos nomes marcaram a história
da psicologia e suas escolas. No Estruturalismo temos nomes como Wundt, Stumpf,
Kulpe, Titchener, Brentano, Ebbinghaus, no Funcionalismo temos James, Dewey,
Munsterberg, Angell, Carr, Hall, Cattell, Witmer, Scott, Woodworth, na Psicanálise
figuras como Freud, Jung, Adler, Horney se destacaram, no Behaviorismo temos
Thorndike, Pavlov, Watson, Hull, Bekhterev, Lashley, Tolman, Skinner, Rotter,
Bandura, na Psicologia da Gestalt se destacaram Wertheimer, Koffka, Kohler e
Lewin, na Psicologia Humanista temos Maslow e Rogers, na Psicologia Cognitiva
destaques foram para Miller e Neisser e na Psicologia Positiva, Seligman.
Todos esses estudiosos tiveram grande participação para que hoje
tivéssemos abordagens tão consistentes como a Psicologia Comportamental, as
quais serão citadas agora.
Tudo começou quando no ano de 1913 foi marcada uma espécie de
declaração de guerra, com o surgimento de um movimento de protesto cuja intenção
era dilacerar as visões antigas, buscando uma ruptura com ambas as posições, seus
líderes não desejavam modificar o passado, muito menos manter alguma relação
com ele, esse movimento revolucionário foi chamado de Behaviorismo e foi
promovido pelo psicólogo B. Watson, com 35 anos de idade (veja foto logo abaixo):
Disponível
em:<http://www.klickeducacao.com.br/Klick_Portal/Enciclopedia/images/Ps/11532/4072.jpg>. Acesso
em: 24/09/2010.
15
Como já citamos acima o Estruturalismo e o Funcionalismo desempenharam
papéis importantes, só que foram suplantadas por três escolas, o Behaviorismo, a
Psicologia da Gestalt e a Psicanálise. Segundo Atkinson (2002) das três, a que teve
maior influência na América do Norte foi o Behaviorismo, em que Watson acreditava
que para psicologia ser uma ciência, os dados psicológicos deveriam estar abertos
ao exame público como os dados de qualquer outra ciência, defendia o
comportamento como público e a consciência como privada, assim a ciência deveria
tratar apenas dos fatos públicos. Uma vez que os psicólogos estavam ficando
impacientes com a introspecção, o novo Behaviorismo foi rapidamente aceito.
Schultz & Schultz (2005) afirmam que as premissas básicas de Watson eram
simples, diretas e ousadas, buscando uma psicologia científica que lidasse
exclusivamente com os atos comportamentais observáveis e passíveis de descrição
objetiva, por exemplo, em termos de estímulos e respostas. Watson rejeitava
quaisquer termos ou conceito mentalista, na sua visão palavras como imagem,
sensação, mente e consciência, que eram adotadas desde antes da filosofia
mentalista, não significavam absolutamente nada para a ciência do comportamento.
Ele afirmava que ninguém jamais tinha tocado, visto, cheirado, experimentado ou
transferido de um lugar a outro a consciência, sendo sua definição tão improvável
como o conceito de alma.
Deve-se ficar claro que não foi Watson que deu origem as ideias básicas do
movimento Behaviorista, elas já vinham sendo desenvolvidas há algum tempo tanto
na psicologia como na biologia, como qualquer outro fundador, o que Watson fez foi
organizar e promover as ideias e as questões já aceitáveis para o Zeitgeist
intelectual da época, assim ele destacou questões como:
A tradição filosófica objetivista e mecanicista;
A psicologia animal;
A psicologia funcional.
16
Encontramos em Baum (1999) a definição de Behaviorismo como um
conjunto de ideias sobre o comportamento, não como uma ciência, mas como uma
filosofia da ciência. Esse conceito fica mais bem entendido quando percebemos que
houve um rompimento de várias ciências com a filosofia, todas começaram seus
estudos com a filosofia e posteriormente se separaram uma ruptura de ciências
como a astronomia, física, química, biologia com a filosofia, ciência da qual se
originaram, sendo que com a psicologia não foi diferente.
O raciocínio da filosofia parte de suposições para conclusões e sua verdade
é absoluta, já a ciência segue direção oposta, observa e tenta explicar que verdade
poderia levar essa observação e tem a verdade científica como relativa e provisória.
Como dissemos, a Psicologia rompeu com a filosofia, apesar de até na
última metade do século XIX ter usado métodos filosóficos como a introspecção,
método este considerado vulnerável e pouco confiável.
Os psicólogos da época acreditavam que seguindo os métodos objetivos
que eram verificáveis e replicáveis em laboratórios, a Psicologia poderia transformar-
se numa verdadeira ciência.
Em 1913, Watson articulou a crescente insatisfação dos psicólogos com a
introspecção e a analogia como métodos. Ele defendia que a Psicologia deveria ser
definida como a ciência do comportamento e não a ciência da consciência. De
acordo com eles evitar os termos relacionados à consciência e mente deixaria a
Psicologia livre para estudar o comportamento humano e social. Ele contestou
bastante o antropocentrismo.
Para Watson, o caminho era fazer da Psicologia uma ciência geral do
comportamento, que compreendesse todas as espécies, e que estudaria apenas o
comportamento objetivamente observável e deixaria de lado a subjetividade da
introspecção e as analogias entre homem e animal.
Com a ciência do comportamento veio o determinismo noção de que o
comportamento é determinado unicamente pela hereditariedade e pelo ambiente.
Em contra partida a essa tese temos o livre-arbítrio, que é a capacidade de escolha,
e supõe um terceiro elemento além da hereditariedade e do ambiente, que ele diz
ser algo que vem de dentro do indivíduo. O livre-arbítrio afirma que a escolha não é
uma ilusão que são as próprias pessoas que causam o comportamento.
17
De acordo com Baum (1999), alguns filósofos tentaram conciliar
determinismo com livre-arbítrio e propuseram para o livre-arbítrio teorias chamadas
de “determinismo brando” e “teorias compatibilizadoras”, a primeira deixa implícita
que o livre-arbítrio é apenas uma experiência, uma ilusão, e não uma relação causal
entre pessoa e ação, já a segunda define livre-arbítrio como deliberação antes da
ação, isto é, comportamento que pode ser determinado pela hereditariedade e pelo
ambiente passado.
A Psicologia comparativa teve origem na ideia de fazer comparações entre
espécies a fim de conhecer melhor a nossa própria. Passou-se a fazer comparações
entre homem e animal para descobrir seus mecanismos, até mesmo suas formas de
pensar e agir.
Essa Psicologia teve grande influência no estudo do Behaviorismo,
citaremos alguns pontos marcantes.
Jacques Loeb acreditava na reação direta e automática do animal a um
estímulo, afirmando que a reação comportamental forçada pelo estímulo, não cabia
qualquer explicação em termos de definição consciente do animal, o que existia era
o movimento forçado involuntário, que segundo sua teoria era chamado de tropismo,
(veja foto logo abaixo):
18
Disponível em: <http://www.flavinscorner.com/jllab.JPG>. Acesso em: 24/09/2010
19
Disponível em: <http://www.chesapeake.edu/library/Stock/edward_thorndike_HEAD.jpg>. Acesso em:
24/09/2010
20
Disponível em: <http://images.com.br/imgres>. Acesso em: 24/09/2010
21
desenvolveram sua própria psicologia behaviorista, conduzindo a escola de
pensamento em direções distintas.
A carreira produtiva de Watson na psicologia durou pouco menos de 20
anos, mesmo assim, afetou profundamente o curso do desenvolvimento da
psicologia por muito tempo. Watson foi um eficaz agente do Zeitgeist, em uma época
de mudanças não apenas na psicologia, como também nas atitudes científicas em
geral, ele tornou a metodologia e a terminologia da psicologia mais objetiva, embora
hoje suas formulações não sejam mais válidas.
O Behaviorismo de Watson constituiu o primeiro estágio da evolução de
escola de pensamento comportamental aproximadamente em 1913. Mas não parou
por aí, do período de 1930 a 1960, surge o Neobehaviorismo, englobando os
trabalhos de Tolman, Hull e Skinner, em que estes compartilhavam alguns pontos
em comum, como tópico central da psicologia o estudo da aprendizagem, os
comportamentos podem ser entendidos por leis de condicionamentos e o
operacionismo. E o terceiro estágio da evolução behaviorista, que vai de 1960 e
perdura até hoje, chamado de neoneobehaviorismo ou sociobehaviorismo, incluindo
trabalhos de Bandura e Rotter, enfocam o retorno do estudo dos processos
cognitivos, mas mantendo o enfoque na observação do comportamento manifesto.
Edward Tolman foi um dos primeiros convertidos ao Behaviorismo cunhou o
termo Behaviorismo Intencional, em que este combina o estudo objetivo do
comportamento com a ponderação da intenção ou a orientação do propósito no
comportamento. Seu principal enfoque segundo Schultz & Schultz (2005) estava no
problema de aprendizagem. Tolman rejeitou a lei do efeito de Thorndike, afirmando
que a recompensa ou o esforço exerciam pouca influência sobre a aprendizagem, e
em seu lugar propunha uma explicação cognitiva para a aprendizagem, sugerindo
que a repetição do desempenho de uma tarefa reforça a relação aprendida entre as
dicas ambientais e as expectativas do organismo, dessa forma, o organismo acaba
conhecendo seu ambiente, afirmando serem essas relações estabelecidas pela
repetição da realização de uma tarefa, (veja foto logo abaixo):
22
Disponível em: <http://web.syr.edu/~jlbirkla/kb/images/Tolman.jpg>. Acesso em: 24/10/2010.
23
Disponível em: <http://www.uned.es/psico-2-psicologiaII/links/photogallery/1pp/personajes/Clark_L_Hull.jpg>.
Acesso em: 24/09/2010.
24
Disponível em:
<http://3.bp.blogspot.com/_Rg2vOgLY4e0/RwW_V2R4sVI/AAAAAAAAAIM/fTxWXZmueXI/s1600/skin
ner.jpg>. Acesso em: 24/09/2010.
25
das consequências delas decorrentes, e não apenas experimentando o reforço
diretamente) e Autoeficácia (a percepção do indivíduo de sua autoestima e a
competência em lidar com os problemas da vida), (veja foto logo abaixo):
26
Disponível em: <http://psychlops.psy.uconn.edu/founders/Images/7.jpg>. Acesso em: 24/09/2010.
27
contemporânea, principalmente na psicologia aplicada, é diferente daquele que
surgiu nas décadas entre o manifesto de Watson em 1913 e a morte de Skinner, em
1990.
28
este se dá por meio do relato verbal daquele que pensa e sente, ou seja,
pensamentos e sentimentos, também, são levados em consideração, analisados e
passíveis das intervenções do terapeuta.
Cada terapeuta, de acordo com sua abordagem segue uma linha, mas com
o mesmo objetivo, ou seja, melhora e bem-estar do seu paciente, no caso do
terapeuta comportamental, ele entende que o cliente é único e seus problemas ou
dificuldades são produto de uma história particular, com isso percebe-se uma
humanização do processo psicoterápico, buscando assim, entender cada cliente e
cada história, antes de propor qualquer intervenção.
Seu principal instrumento é a análise funcional, ou o levantamento criterioso
das variáveis - eventos, acontecimentos - que estejam funcionalmente relacionados
aos comportamentos desejáveis e indesejáveis do cliente, com esse entendimento é
possível propor uma estratégia eficaz no alcance do bem-estar e da melhora do
paciente, mas que fique claro que na maioria das vezes não é fácil se chegar a
essas variáveis.
De acordo com Saffi, Savoia e Lotufo (2008), a terapia comportamental
utiliza na clínica os conhecimentos derivados das teorias da aprendizagem, sua
principal fonte teórica é o comportamento operante. Diz-se muito que se trata de
uma terapia superficial e que aborda apenas o sintoma, mas isso não é verdade, ela
pode ser aplicada a toda gama de problemas humanos, tanto para o
autoconhecimento como para as dificuldades e conflitos interpessoais. Só que é
uma abordagem que exige conhecimento teórico e técnico sofisticado e o terapeuta
deve possuir empatia, interesse pelo paciente e calor humano.
O terapeuta comportamental busca combater os comportamentos-problema,
ao mesmo tempo em que busca instalar e aumentar a frequência de
comportamentos adequados ao contexto, desejáveis, funcionais e geradores de
satisfação e felicidade. O clínico, entre outras funções, auxilia com suas análises na
construção de um novo repertório ou no fortalecimento do repertório existente,
segundo Skinner (1989).
A terapia comportamental é, segundo Bouchard (1979) citado por Saffi,
Savoia e Lotufo (2008), a aplicação do conjunto de conhecimentos psicológicos,
adquiridos segundo os princípios da metodologia científica, à compreensão e
solução de problemas clínicos, assim é uma prática de ajuda psicoterápica baseada
29
na ciência e na filosofia caracterizada por uma concepção naturalista e determinista
do comportamento humano.
Pode ser conceituada também, segundo os teóricos citados, por um
processo de aplicação de princípios da teoria da aprendizagem para a melhoria de
comportamentos específicos e, simultaneamente, de avaliação de quaisquer
modificações observadas, analisando se elas são de fato atribuíveis ao processo de
aplicação e, em caso positivo, a que parte desse processo.
A terapia comportamental é muito rica em informações e técnicas, ela é
formada por um conjunto considerável de técnicas derivadas de pesquisas, em
laboratório ou no próprio consultório.
Para fecharmos esse tópico falaremos mais um pouco sobre o trabalho do
terapeuta comportamental. O primeiro passo é o bom relacionamento com o
paciente, por meio da empatia, do interesse, do calor humano e de outras
qualidades do psicoterapeuta, segundo Saffi, Savoia e Lotufo (2008). Ele deve fazer
a coleta de informação por meio da anamnese, do uso de diários, de escalas, de
instrumentos diagnósticos e da observação para que se permita conhecer a pessoa
e seus problemas.
A análise funcional é a ferramenta para a coleta de informações e para o
conhecimento da relação entre a pessoa e seu ambiente, em que por meio dela
procura-se estabelecer todas as relações de contingências que afetam a pessoa
procurando-se descrever operacionalmente o problema, detalhando os estímulos
desencadeantes, os comportamentos envolvidos e as suas consequências.
Mostraremos agora uma tabela bastante interessante que faz algumas
diferenciações entre behaviorismo, cognitivismo e construtivismo, para que
posteriormente fiquem mais claras as semelhanças e diferenças entre cada
abordagem.
30
Disponível em: <http://www.prof2000.pt/users/amtazevedo/af24/teorias.gif>. Acesso em: 24/09/2010.
31
1. Quais são os problemas e objetivos da terapia?
32
compreender as contingências sociais e instrumentos presentes, que
podem ter de ser modificadas para um resultado eficaz.
Citaremos uma tabela feita por Rebecca Jones citada por Kaplan e Sadock
(2003):
OBJETIVO Modificar padrões comportamentais
mal-adaptativos aprendidos que
levam a sintomas patológicos.
CRITÉRIOS DE SELEÇÃO Comportamentos mal-adaptativos
específico, bem-definidos, circunscritos e
facilmente identificáveis (por ex. fobia,
consumo excessivo de alimentos,
disfunções sexuais). Transtornos
psicofisiológicos nos quais as
manifestações dos sintomas são
afetadas pelo estresse (por ex. asma,
dor e hipertensão)
DURAÇÃO Geralmente limitado em tempo,
33
específico ao comportamento em
particular.
TÉCNICAS Baseada no princípio da teoria da
aprendizagem da teoria do aprendizado
(por ex. condicionamento clássico e
operante);
Treino de relaxamento;
Reforços;
Terapia aversiva;
Dessensibilização sistemática;
Imersão;
Modelagem participante;
Economia de fichas.
Fobias específicas;
Agorafobia com ou sem pânico;
Fobia social;
Transtornos de ansiedade;
Transtorno obsessivo-compulsivo;
Disfunções sexuais: em especial ejaculação precoce e vaginismo;
Dificuldade de relacionamento interpessoal;
Reabilitação de doentes crônicos;
Depressão;
Transtornos alimentares;
34
Problemas de comportamento na infância;
Problemas de comportamento na adolescência;
Abuso de dependência de álcool e drogas;
Autoconhecimento.
35
Níveis de ansiedade muito elevados ou incapacidade de tolerar
aumento dos níveis de ansiedade (transtorno da personalidade borderline,
histriônica);
Problemas caracterológicos graves, incapacidade de estabelecer um
vínculo com o terapeuta (personalidade esquizoide ou esquizotípica);
Incapacidade de estabelecer um relacionamento honesto com o
terapeuta (personalidade antissocial);
Ausência de motivação.
Sintomas de esquizofrenia;
Sintomas de demência;
Crises convulsivas não epilépticas;
Reabilitação cognitiva;
Insônia;
Síndrome da fadiga crônica;
Transtorno da personalidade borderline;
Conflitos familiares;
Tabagismo;
Obesidade;
Autismo;
Transtorno do pânico;
Depressão;
Fobias;
Transtorno obsessivo-compulsivo;
Tiques;
Parafilias;
Disfunção sexual;
Problemas de comportamento na infância;
Treino de habilidades parentais;
36
Bulimia nervosa;
Transtorno de estresse pós-traumático;
Dor crônica;
Vítimas de abuso sexual;
Jogo patológico;
Dependência de drogas;
Problemas de saúde relacionados a comportamento;
Prevenção de problemas de saúde;
Promoção de saúde;
Ansiedade generalizada;
Enurese noturna;
Transtorno bipolar.
37
Disponível em: <http://www.ip.usp.br/imprensa/aconteceu/hu.JPG>. Acesso em: 24/09/2010.
38
De acordo com Knapp (2004), todos os experimentos comportamentais têm
um elemento cognitivo e a modificação das distorções cognitivas se dá também por
meio das técnicas comportamentais.
Padesky (1994) citado por Knapp (2004) afirma que a forma mais eficaz de
modificar principalmente pressupostos e regras subjacentes é por meio de
experimentos comportamentais, assim o paciente experimenta na prática o que
acontece quando ele se engaja em comportamentos, que permitem examinar a
veracidade e/ou utilidades dessas crenças subjacentes.
Leahy (1996) citado por knapp (2004), diz que o objetivo dessas técnicas ou
intervenções comportamentais é aumentar o comportamento positivo enquanto
diminui o negativo, sendo assim pode-se dizer que o engajamento em um
comportamento que traz resultados positivos aumenta a autoeficácia do indivíduo e
estimula o empenho em novos comportamentos mais adaptativos.
Alvos comportamentais
39
Assim o terapeuta deve questionar o paciente, se o objetivo foi alcançado,
isso depois de algum tempo.
Dessensibilização sistemática
Essa técnica foi criada por Joseph Wolpe, e baseia-se segundo Kaplan e
Sadock (2003) no princípio comportamental do contracondicionamento, o qual afirma
que o indivíduo pode superar a ansiedade mal-adaptativa provocada por uma
situação ou objeto aproximando as situações temidas gradualmente, em um estado
psicofisiológico que iniba a ansiedade.
Nessa técnica o cliente é treinado a relaxar, é colocado em contato com uma
hierarquia de situações geradoras de ansiedade e é solicitado a relaxar enquanto
imagina cada uma delas, assim o paciente atinge um estado de completo
relaxamento, quando é exposto ao estímulo que provoca a resposta de ansiedade.
Nesse caso a reação negativa de ansiedade é inibida pelo estado de relaxamento,
num processo chamado de inibição recíproca.
Ao invés de utilizar as situações ou objetos reais que provocam medo,
paciente e terapeuta preparam uma lista graduada ou uma hierarquia de cenas
provocadoras de ansiedade associadas aos medos do paciente. Finalmente, o
estado aprendido de relaxamento e as cenas provocadoras de ansiedade são
sistematicamente pareados ao tratamento.
Percebemos que a dessensibilização sistemática consiste então de três
etapas: treino de relaxamento, construção de hierarquia e dessensibilização do
estímulo.
Exposição in vivo
40
Confrontar uma situação ou estímulo temido.
Ex: o paciente obsessivo-compulsivo é instigado a refrear a lavagem de suas
mãos após mergulhá-las em água suja.
Flooding ou Inundação
Reforçamento seletivo.
Modelagem.
Modelação (imitação).
41
oferece uma oportunidade para observar outra pessoa passar pela situação
geradora de ansiedade sem se ferir.
Ex: O terapeuta emite comportamentos assertivos durante a sessão que
podem ser copiados pelo cliente e reproduzidos.
Ensaio comportamental.
Hierarquia de respostas/estímulos.
Nessa técnica tem-se uma lista de situações ou respostas, das mais temidas
até as menos temidas, para serem usadas em exposição.
Ex: o paciente e o terapeuta fazem uma lista de situações ou
comportamentos que o primeiro teme, com hierarquia de temor. O paciente fóbico de
elevador coloca – pensar em elevador- como a menos temida e – subir de elevador
o edifício mais alto da cidade-como a mais temida.
Autorrecompensa.
Treinamento de Relaxamento.
42
Relaxar diferentes grupos musculares em sequência, imaginar imagens
relaxantes, praticar exercícios de respiração.
Reforço.
Reforço positivo.
Reforço negativo.
43
Punição
Punição Positiva.
Punição Negativa.
OBSERVAÇÕES:
44
4. Técnicas comportamentais para diminuação de frequência de um
determinado comportamento:
Extinção
45
desejado indesejável indesejado
ocorre. ocorre. ocorre.
Terapia aversiva.
46
A terapia aversiva tem sido usada no tratamento de vários transtornos,
dentre eles:
o Abuso de álcool;
o Parafilias;
o E outros comportamentos com qualidades impulsivas e compulsivas.
Condicionamento respondente.
Estímulo condicionado.
47
Estímulo anteriormente neutro que passa a gerar uma resposta
condicionada por meio de associação com um estímulo não condicionado.
Resposta condicionada.
Comportamento operante.
Aprendizagem social.
3 TERAPIA COGNITIVA
3.1 Histórico
De acordo com Beck (1964), a Terapia Cognitiva foi desenvolvida por Aaron
T. Beck, como uma psicoterapia breve, estruturada, orientada ao presente, para
depressão, direcionada a resolução de problemas atuais e a modificar os
pensamentos e comportamentos disfuncionais.
Segundo Beck (2007), Aaron T. Beck a desenvolveram na Universidade da
Pensilvânia no início da década de 60. Desde lá, Beck e outros vêm adaptando com
sucesso essa terapia para um conjunto surpreendentemente diverso de populações
e desordens psiquiátricas.
O modelo cognitivo propõe que o pensamento distorcido ou disfuncional, que
sabemos que influencia o humor e o comportamento do paciente, seja comum a
48
todos os distúrbios psicológicos. Assim se o paciente faz uma avaliação realista e
modifica seu pensamento, ele produz uma melhora no humor e no seu
comportamento. Para se ter uma melhora duradoura deve-se modificar as crenças
disfuncionais básicas dos pacientes.
Judith Beck enfatiza que a terapia cognitiva é utilizada em uma ampla gama
de aplicações também apoiadas por dados empíricos, que são derivados da teoria.
A terapia cognitiva foi extensamente testada desde 1977, em que estudos
controlados demonstraram sua eficácia no tratamento do transtorno depressão
maior, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de pânico, fobia social,
abuso de substância, transtornos alimentares, problemas de casais e depressão de
pacientes internados.
Beck (1997) diz que a terapia cognitiva pode ser usada também para
pacientes com diferentes níveis de educação e renda, pacientes de todas as idades,
da pré-escola até os idosos.
Outras formas de Terapia Cognitivo-comportamental foram desenvolvidas
por outros teóricos, a Terapia racional-emotiva de Albert Ellis, a modificação do
comportamento de Donald Meichenbaum e a Terapia multimodal de Arnold Lazarus,
e muitos outros contribuíram de forma importante para o desenvolvimento da
Terapia Cognitiva, incluindo Michael Mahoney, Vittorio Guidano e Giovanne Liotti.
A integração entre as abordagens cognitiva e a comportamental aconteceu a
partir da aceitação de ideias cognitivas influenciado pelos “três sistemas” de Lang,
(Salkovskis et al. 1997) que são o comportamental, cognitivo/afetivo e fisiológico,
que enfatiza que os problemas psicológicos poderiam ser conceitualizados de
maneira útil em sistemas de resposta sutilmente ligados. Isso foi um marco para a
aceitação das noções cognitivas na abordagem comportamental.
O tratamento na abordagem cognitivo-comportamental objetiva ajudar o
paciente a reconhecer padrões de pensamento distorcido e comportamento
disfuncional, utilizando-se a discussão sistemática e tarefas comportamentais
previamente estruturadas para ajudar o paciente a avaliar e modificar tanto seus
pensamentos deformados quanto seus comportamentos disfuncionais.
Três proposições fundamentais são identificadas como estando no cerne
das terapias cognitivo-comportamentais (Knapp & cols, 2004):
49
A atividade cognitiva influencia o comportamento, isto é, a avaliação
cognitiva dos fatos pode influenciar a resposta a esses fatos;
A atividade cognitiva pode ser monitorada e alterada;
O comportamento desejado pode ser influenciado mediante a mudança
cognitiva.
50
Pensamentos automáticos: “Pensamentos automáticos são um fluxo de
pensamento mais manifesto” (Beck, 1964);
Estratégia compensatória: São comportamentos que visam aliviar ou
anular os pensamentos automáticos e emoções negativas;
Conceituação Cognitiva: É uma hipótese sobre pensamentos,
suposições, emoções e crenças do paciente.
51
Pensamentos Automáticos
Crenças Subjacentes
(pressupostos e regras)
Crenças Nucleares
(esquemas)
Objetivos da TCC:
52
Rigidez;
Evitação;
Dificuldades interpessoais.
53
Transtorno de déficit de atenção com hiperatividade;
Dor crônica;
Automonitoramento ou autorregulação.
54
Segundo Atkinson (2002), como o cliente e o terapeuta raramente se
encontram mais do que uma vez por semana, o cliente deve aprender a controlar e
regular seu próprio comportamento, de modo que o progresso possa ser feito fora do
horário da terapia. Além disso, quando as pessoas sentem que são responsáveis
pela sua própria melhora, elas têm mais chances de manter os ganhos que
conquistaram.
Essa técnica envolve monitorar, ou observar, nosso próprio comportamento
e usar várias técnicas como autorreforço, autopunição, controle de condições de
estímulo, desenvolvimento de respostas incompatíveis, para mudar o
comportamento de inadaptação. Assim o indivíduo monitora seu comportamento
mantendo um registro cuidadoso dos tipos de situações que provocam
comportamento inadaptativo e os tipos de respostas que são incompatíveis com ele.
Ex.1 Uma pessoa preocupada com seu abuso de álcool observaria os tipos
de situações em que se sente mais tentada a beber e tentaria controlar estas
situações ou imaginar uma resposta mais incompatível com o beber
Ex.2. Um homem que acha difícil não acompanhar os colegas de trabalho
em um drinque na hora do almoço, poderia planejar almoçar no escritório,
controlando assim seu comportamento de beber pelo controle do ambiente. Caso
sinta-se tentado a relaxar com uma bebida ao chegar à casa do trabalho, ele poderia
utilizar em seu lugar uma partida de tênis ou correr em volta da quadra como modo
de aliviar a tensão, em que essas duas atividades seriam incompatíveis com o
beber.
Programação de atividades.
De acordo com Knapp (2004), uma vez monitorada as atividades que mais
dão prazer e/ou habilidades, a dupla terapêutica prescreve atividades diárias que
tragam recompensas ao paciente.
Ex. Uma dona de casa pode ter muitas habilidades em fazer aquele bolo que
seus filhos adoram, o que lhe traz prazer. Como está deprimida e antecipa somente
sentimentos negativos e uma expectativa de futuro sombrio, planeja como
experimento fazer o bolo preferido dos filhos e observar quais as suas recompensas
por ter feito algo que, embora relutasse a princípio, acabou trazendo-lhe grande
55
satisfação. Percebemos que a programação da atividade é útil em aumentar a
autoeficácia do paciente e em encorajá-lo a buscar outras atividades que lhe deem
prazer.
-Terapeuta: “Você me falou que, diferente do que havia imaginado, se
surpreendeu quando percebeu que estava feliz com os seus filhos, que outras
atividades a senhora poderia realizar que talvez lhe tragam satisfação?
Solução de problemas.
56
Nessa técnica o terapeuta busca o aprendizado da assertividade por meio
da instrução de como fazer afirmações e solicitações legítimas. Segundo Knapp
(2004), o paciente pratica comportamentos assertivos fora da sessão, numa escala
de comportamentos assertivos dos mais fáceis até os mais difíceis de realizar, isto
inclui aprender a escutar e interessar-se pelos outros, elogiar e gratificar.
Treinamento de comunicação.
57
A (ativador) B (Beliefs) C
(Consequências)
Nesse modelo assim que o paciente perceber que seu humor está mudando,
piorando, ele deve-se perguntar: O que está passando no meu pensamento? Assim
ele identificará seu pensamento, e a partir dele irá perceber a emoção que vem junta
e consequentemente o comportamento provocado.
Essa técnica foi formulada por Aaron Beck e modificada por Judith Beck, em
que nota-se que ela é bem parecida com a técnica de Ellis.
Experimentos comportamentais.
58
Segundo Padesky (1994), a forma mais efetiva de examinar e desafiar o
pressuposto, pensamentos e esquemas são os experimentos comportamentais, em
que o paciente vai lidar com situações que não confirmem suas falsas crenças de si.
Segundo Beck (2007), os experimentos comportamentais testam
diretamente a validade dos pensamentos ou das suposições do paciente e são uma
importante técnica avaliativa, utilizada sozinha ou acompanhada pelo
questionamento socrático, podendo ser feitas dentro ou fora do consultório.
Técnicas de reatribuição.
Ressignificação.
Seta descendente.
59
feito, segundo Cordioli (2008), mediante perguntas como: “O que isso significaria
para você, e se o pior acontecer, e se isso for verdadeiro, então o que significa”.
Descatastrofização.
Essa técnica visa “fazer com que o indivíduo imagine a consequência mais
temida e possa reavaliá-la por meio de diversas técnicas cognitivas”. (CORDIOLI,
2008).
Continuum Cognitivo
Segundo Cordioli (2008), essa técnica deve ser usada quando uma das
distorções predominantes é o pensamento dicotômico, assim o terapeuta cria um
continuum cognitivo, de 0 a 100%, para o que se está avaliando, em termos de tudo
ou nada. Depois se pede que o paciente compare seu desempenho com o de outros
indivíduos, posicionando-os no gráfico, facilitando assim que o paciente se avalie de
forma mais relativa.
Usado para o paciente ver suas ideias em forma de gráfico. Digamos que ele
poderia colocar no gráfico metas que ela quer alcançar, fazendo assim dois gráficos,
um com o real e outro com o que considera ideal.
60
Cordioli (2008), diz que a visualização dos pensamentos em gráfico é útil
para que o paciente discrimine qual sua parcela de responsabilidade em algum
resultado ou o quanto deseja investir em alguma área de sua vida.
Role-play.
Esta técnica pode ser usada para uma ampla variedade de propósitos, ou
seja, uma dramatização que pode ser usada na identificação de pensamentos
automáticos, para desenvolvimento de uma resposta racional e para a modificação
de crenças, sendo também usada para aprender habilidades sociais, segundo Beck
(1997).
Cartões de enfrentamento.
Empirismo colaborativo.
61
Biblioterapia.
FIM DO MÓDULO II
62