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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Pós-Graduação em Jornalismo Cultural


Disciplina: Jornalismo e Cultura
Prof.: Geraldo Condé
Aluna: Jéssica de Aguiar

Os desafios do Jornalismo Cultural na


atualidade

Rio de Janeiro
Agosto, 2019
Introdução

O Jornalismo Cutural praticado nos veículos de imprensa na atualidade


enfrenta desafios provocados pelo processo de transformação da atividade.
Entre eles, a inserção de novas plataformas para a divulgação de conteúdo, a
necessidade de atualidade provocada pelo imediatismo das plataformas digitais
e os novos produtores de conteúdo da temática, que devido a facilidade de
criação de veículos digitais, podem ser tanto profissionais com formação na
área jornalística, quanto redatores de conteúdo que possuem aprofundamento
somente na temática sobre qual escrevem.

A diversificação de plataformas para disseminação de conteúdo de


jornalismo cultural se mostra uma aliada para atingir o novo público. Público
este que consome informação durante seu trajeto diário, e tem interesses
diversos quanto aos formatos dos conteúdos, vídeos, podcasts e textos
interativos se tornam novas fomas de produção de jornalística. Para atingir
esse novo perfil de consumidor de informação, também é necessária uma
adaptação do jornalista quanto às novas plataformas e suas possibilidades,
buscando se adaptar ao novo público, que não é mais apenas um leitor, mas
também um espectador e ouvinte, que busca opiniões diversas e tem acesso a
diferentes produtores de conteúdo com facilidade.

Com a necessidade de levar a informação para o seu público


instantaneamente, o jornalista cultural tende a buscar no material enviado pelas
assessorias de imprensa o conteúdo para seus textos, perdendo assim o
aprofundamento que é esperado de um especialista na área. Para superar
essa situação, é necessário que o profissional tenha em mente também o perfil
do público para o qual produz seu conteúdo, por ter acesso a diferentes
plataformas e fontes de informação, tende a buscar o conteúdo que se
sobressaia, seja por aprofundameno ou por referenciais, destacando o
jornalista que ofereça uma visão mais ampla sobre o conteúdo divulgado.
Os desafios do Jornalismo Cultural na atualidade

O Jornalismo Cultural se destaca como uma das áreas jornalísticas que


possui suas características de escrita e de conetúdo diferenciadas. Apesar de o
conceito de cultura compreender também outras áreas, como Jornalismo
Esportivo ou Jornalismo Econômico, a área do Jornalismo Cultural se relaciona
com a ideia de cultura voltada para a produção artística e intelectual. Possui
também o diferencial de permitir que a opinião do jornalista, não só seja
exposta, como também se torne um dos focos centrais do texto.

Para Dora Santos Silva (2012), jornalismo cultural pode ser entendido
como o setor que trata, tanto dos produtos culturais veículados pelo grande
mercado midiático, como também as obras que possuem viés reflexivo:

“Comumente, o jornalismo cultural inclui


toda a área cultural, literatura, música,
artes plásticas, teatro, televisao e a
cobertura de eventos (festivais,
exposições, vernissages), as instituições
que geram produtos e fatos (produtoras,
estúdios, galerias, museus,bibliotecas,
teatros, gravadoras), as políticas
públicas para a área (secretarias e
ministérios da Cultura e da Educação e o
dia-a-dia do setor (...)

Além da cobertura das atividades


artísticas editoriais, tem uma forte
presença autoral, opinativa e analítico-
conceitual, incluindo vozes exteriores ao
universo do trabalho dos profissionais de
imprensa. É portanto um terreno híbrido
que veicula quer produtos culturais
submetidos à logica do mercado quer
aqueles que escapam ao entreterimento,
constituindo- se em elementos de
natureza reflexiva e crítica.”

(SILVA, Dora Santos 2012, pág. 70 - 72)

Com tamanha abrangência, a atividade passa a possuir também uma


necessidade de atender às demandas do mercado, descatando as grandes
produções, musicais, cinematográficas e teatrais, assim como eventos e
festivais de grande porte. Isso se dá devido a necessidade de satisfazer a
maior parcela de público possível, que possui essas demandas.
Para Ballerini (2015), o papel do jornalista cultural não se restringe apenas a
divulgação de eventos, e obras artísticas. Para o autor, o jornalista desta área
possui a capacidade e o compromisso de contextualizar a obra ou atividade
com o seu tempo, exercendo assim, o papel de um observador da sociedade e
uma espécie e tradutor sobre as obras para o público geral.

Com essa necessidade de levar para o seu leitor, instantaneamente as


obras, o jornalista pode perder a possibilidade de atingir o aprofundamento
necessário para uma matéria ou crítica que se enquadre nos quesitos
apresentados. Levando ao público um material que possua como base os
releases enviados pelas assessorias de imprensa e atendendo apenas aos
critérios básicos de notícia e não alcançando o produto final esperado.

Ballerini (2015) cita essa obsolencia: “em tempos de velocidade banda-


larga, a notícia cultural torna-se obsoleta cada vez mais depressa. Um autor,
uma fofoca, uma opinião, uma canção de hoje são atropelados e esquecidos
por outro lançamento no dia seguinte” (pág.: 59). Com a intensificação da
necessidade de notícias quentes, comuns ao jornalismo, o conteúdo sofre
impacto e os leitores também, uma vez que podem encontrar diferentes
matérias sobre o mesmo conteúdo com interpretações similares, por serem
baseadas apenas nas informações oferecidas pelas assessorias, ou pesquisas
rápidas que carecem de apuração e aprofundamento.

Com o advento das novas mídias e o destaque recebido pelas


plataformas de streaming, o jornalista também passa a ter a necessidade de
atender às demandas do público multimidiático, tendo assim a função de
desenvolver e divulgar o mesmo conteúdo com linguagens diferentes para
cada tipo de meio. Os podcasts de literatura, os canais de vídeos sobre críticas
cinematográficas e os blogs são exemplos de meios utilizados para essa
disceminação, o que não descarta também a divulgação em plataformas de
redes sociais, o que cria uma sobrecarga muito maior no jornalista que antes
era responsável apenas pela produção do texto.

Apesar de ser um cenário opressor, o jornalista cultural conta também


com a possibilidade de divulgação em plataformas internacionais com mais
facilidade e a facilidade de atingir nichos específicos em ambientes virtuais,
criando assim um público fiel. Outra caracteística das plataformas digitais é a
interatividade, que permite que o jornalista fique recebendo o sugestões de
pautas, assim como respostas sobre a satisfação do público sobre seu
conteúdo, quase que instanatneamente.
Conclusão

O Jornalismo Cultural, assim como as outras vertentes da área, está


passando por um processo de transformação, o que exige do profissional
habilidade para analisar os cenários atual e futuro e se readaptar, explorando
novas capacidades com as diferentes plataformas, tendo em vista as
mudanças sofridas também pelo seu público alvo.

Também é necessário destacar que o jornalista, por ganhar um novo


perfil de concorrência em produção de conteúdo, precisa se destacar usando
as habilidades de especialista na área, produzindo matérias que acrescentem a
carga de referências do autor, assim como o aprofundamento exigido de um
profissional do jornalismo. Visto que a opinião, por si só, se torna um lugar
comum, capaz de ser produzida também por leigos.

Com isso, pode- se concluir que os desafios enfrentados pelo jornalista


cultural podem se tornar meios para a criação de um novo perfil de jornalismo.
Sendo ele voltado para nichos específicos, ou não, mas se destacando pela
convergência de plataformas e mídias, não afastando- se da qualidade de
conteúdo.
Referências Bibliográficas

BALLERINI, Franthiesco. Jornalismo Cultural no século XXI. Editora


Sumus , 2015.

SILVA, Dora Santos. Cultura e Jornalismo Cultural – Tendências e


desafios no contexto das indústias culturais e criativas. Editora: Mediaxxi
Formalpress, 2012.

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