Você está na página 1de 8

A PARTICIPARAÇÃO BRASILEIRA NO ACORDO DE PARIS DE 2015

WIKIPEDIA

- O Acordo de Paris foi concebido como um complemento à Convenção-Quadro das Nações


Unidas sobre a Mudança do Clima pelos 195 Estados-membros presentes na Conferência das
Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2015, incluindo os Estados Unidos sob a
presidência de Barack Obama. Devido ao fato de ser um dos maiores emissores de dióxido de
carbono (juntamente com a China), o governo estadunidense concordou e foi um dos maiores
apoiadores da realização do acordo. O principal objetivo do Acordo de Paris é "assegurar que
o aumento da temperatura média global fique abaixo de 2°C acima dos níveis pré-industriais",
predominantemente através da redução de gases do efeito estufa. O acordo diverge do
Protocolo de Quioto – até então a mais recente medida global adotada pela Convenção-
Quadro – à medida em que reduz ou retira a responsabilidade dos países em desenvolvimento.
Pelo contrário, as metas de emissão foram acertadas individualmente para cada nação de
acordo com sua realidade ambiental e econômica, sendo que tais metas devem ser seguidas
voluntariamente. Segundo analistas do governo estadunidense, este aspecto tornaria o Acordo
de Paris "uma meta executiva" e não um acordo intergovernamental de fato, além de excluir a
necessidade de ratificação pelo Congresso dos Estados Unidos.[13] Em abril de 2016, os
Estados Unidos assinaram o Acordo de Paris e aceitaram sua ordem executiva em setembro
do mesmo ano. Obama comprometeu-se a contribuir com 3 bilhões de dólares ao Fundo
Verde do Clima, cujo objetivo é alcançar a marca de 100 bilhões de dólares até 2020.[14][15]

LÁZARO, GREMAUD

- O estudo se baseou na revisão da literatura e na avaliação de 461 projetos, registrados no


primeiro período do Protocolo de Kyoto.

- O Acordo de Paris inclui objetivos de longo prazo para limitar as emissões de GEE, e é o
primeiro aplicável a todos os países Partes da Convenção do Clima, diferente do PK, que
apenas estabeleceu metas obrigatórias de redução para os países desenvolvidos. Contudo, esse
novo Acordo continua sendo um “negócio inacabado”, por apenas oferecer aspirações para
manter o aumento da temperatura média global em 1,5–2ºC (graus), o que ainda precisará ser
fortalecido em negociações futuras para se ter metas claras e mecanismos para seu
cumprimento. P. 54
- Além disso, avaliar a contribuição do MDL para o desenvolvimento sustentável nos países
em desenvolvimento tem sido um desafio ainda maior, em parte, em virtude da ausência de
uma definição internacionalmente aceita do que é desenvolvimento sustentável (OLHOFF et
al., 2004; RUTHNER et al., 2011), uma vez que pode variar de nação para nação, de acordo
com os critérios de análise de cada país receptor, re-sultando em critérios pouco objetivos e de
difícil verificação. Em alguns casos, até há o equivocado entendimento de que
desenvolvimento sustentável é apenas sinônimo de “crescimento” econômico (SUBBARAO;
LLOYD, 2011). Todavia, o fato de ser um mecanismo de mercado tem levantado muitas críti-
cas, principalmente, tem sido acusado de promover atos de “neoespoliação colonial”
(LOHMANN, 2006), ser concebido para servir às necessidades do capital, fornecendo
reduções de emissões de baixo custo, uma nova forma de aquisição de terras e re-cursos em
países pobres para sustentar o consumo perdulário dos ricos, ou seja, um “colonialismo de
carbono” (NEWELL; PATERSON, 2010). P. 55

- Existe a percepção de que o aproveitamento das riquezas ecológi-cas deve ter como
principal propósito o de nutrir o progresso e alcançar o status de desenvolvimento dos países
chamados desenvolvidos, mesmo que para consegui-lo signifique esgotar e deteriorar os
recursos naturais (GLIGO, 2006). Razão pela qual Celso Furtado alertava, já em 1974, com a
publicação de seu livro O mito do desenvolvimento econômico, para os impactos do processo
econômico no meio físico e na natureza, e para a ideia do desenvolvimento sendo utilizado
uni-camente para legitimar a destruição do meio físico e justificar formas de dependência que
reforçam o caráter predatório do sistema produtivo. Assim, para os países latino--americanos,
essa ideia de desenvolvimento seria um mito, simplesmente irrealizável (FURTADO, 1974) p.
58

JOLY ET AL

- O Brasil já possui uma ampla variedade de instrumentos de política e opções de governança


socioambiental, bem como compromissos globais (ODS, Metas de Aichi, Acordo de Paris)
relacionados à possibilidade de um futuro sustentável. Entretanto, o controle ineficiente da
gestão ou a falta de incentivo para cumprir as regras traz riscos para a consolidação do
caminho para esse futuro. O país tem instituições fortes e capazes, mas problemas de
infraestrutura, processos lentos, medidas ineficazes e conflitos judiciais, sociais e ecológicos
impedem a realização de um desempenho eficiente. Há uma falta de comunicação entre a
ciência e a sociedade que precisa ser melhorada por meio do estabelecimento de um fluxo
efetivo que torne a comunicação inclusiva e representativa, alcançando os tomadores de
decisão públicos e privados. Esforços permanentes para integrar essas duas esferas de
conhecimento na sociedade são desejáveis para criar confiança entre os formuladores de
políticas e os pesquisadores. –resumo

OLIVEIRA

- a pesquisa vale-se do método dedutivo, uma abordagem estruturalista e materialista-histórica


para a análise de conteúdo dos textos jurídicos, focando na persistência da desigualdade Norte
e Sul e nas possibilidades que se podem construir dentro do texto do Acordo de Paris. P. 156

- Maljean-Dubois (2016), assim como Falkner (2016), também é cética em relação à


capacidade do Acordo de Paris de conseguir o seu objetivo inscrito no artigo 2.1(a). A autora
assinala que mesmo as contribuições nacionais inscritas no âmbito do Acordo de Copenhague
não sinalizavam essa ambição e mesmo aquelas oferecidas para depois de 2020, apesar de
mais ambiciosas, também não o são no nível necessário. Susskind e Ali (2015) colocam que
negociações sobre monitoramento e implementação são também espaço de grandes contendas
no âmbito dos acordos ambientais multilaterais. Todavia, no âmbito desses acordos, o
objetivo desses mecanismos vai além de simplesmente identificar e punir eventuais
inadimplentes ou mesmo free-riders, mas envolve também compreender melhor o problema
objetivo do acordo e como ele evoluiu ao longo do tempo, ajustando até mesmo as próprias
obrigações convencionais em termos padrões e/ou metas de modo a assegurar a efetividade do
tratado. P. 168

- Porém, não há como identificar se as Partes – especialmente aquelas desenvolvidas – estão


contribuindo de acordo com sua responsabilidade diferenciada, uma vez o texto diz que o
balanço global avalia o progresso coletivo. Do mesmo modo, o Acordo não deixa claro o
alcance da ‘análise facilitadora e multilateral’ a qual cada Parte está submetida para avaliar a
implementação e cumprimento de suas contribuições nacional-mente determinadas.
Igualmente, Rajamani (2016) observa que o Acordo não menciona se o balanço será feito
apenas das contribuições implemen-tadas ou se também avaliará a ambição das propostas. P.
171

- conforme se observa com base na Revisão Periódica Universal dentro do sistema de direitos
humanos das Nações Unidas, a efetividade dessa tática para que os países em
desenvolvimento consigam assegurar a liderança dos países desenvolvidos passa por um
intrincado conjunto de relações política que se estabelecem fora da CQMC, o que pode
enfraquecer a posição desses países. Desse modo, o Acordo de Pa-ris, que chega em um
momento cuja unidade do Sul, para reivindicar uma ordem global mais justa, encontra-se
dispersa, tende a institucionalizar essa dispersão. P. 177

RAJAMANI

- Many developing countries advocated it as a way toensure that developed countries did not
take on commitments less rigorous than theirKyoto commitments. It also formed the basis for
Brazil’s‘concentric differentiation’approach that envisioned gradual progression towards
more ambitious type and scaleof commitments over time for all Parties. P. 501

- The Paris Agreement contains ambitious goals, extensiveobligations and rigorous oversight.
Admittedly the goals are aspirational, theobligations largely of conduct, andmuch of the
mechanics of the oversightmechanisms have yet to befleshed out. Further, the Paris
Agreement in a show ofsolidarity with developing countries is alsofirmly anchored in the
CBDR principle,and contains nuanced differentiation tailored to the needs of each Durban
pillar—mitigation, adaptation,finance, capacity building,technology and transparency. P. 513

DIMITROV

- “Developed country Parties shall provide financial resources to assist developing countries”
while “other Parties are encouraged” to provide such support voluntarily (Art. 9). The
accompanying Decision includes a provision that, after entry into force, Parties shall set a new
collective financial goal “from a floor of USD 100 billion per year” (para. 54). The PA also
establishes a market-based mechanism for sustainable development and carbon trading,
proposed by Brazil and strongly supported by Japan and other developed countries, whose
modalities are to be finalized later. Global stocktaking is to take place in 2023 and every five
years thereafter, with comprehensive scope to reconsider mitigation, adaptation and finance
policies. Compliance mechanisms are weak, with a “facilitative” committee whose work is
“non-adversarial and non-punitive” (Art. 15).

CLÉMEÇON

- Brazil has pledged to cut emissions by 37% by 2025, with the ambition to reacha 43%
reduction by 2030. Both targets will be measured against a 2005 baseline.Under the plan,
renewables will make up 45% of the country’s total energy mixby 2030, up from 40% today.
Brazil also plans to increase the share of sustain-able biofuels by 18% and boost the share of
renewables from non-hydropowersources to at least 23% by 2030.The country, which has
been at the center of global efforts to halt widespreadillegal deforestation, also promised to
halt illegal deforestation and reforest 12million hectares of land by 2030. Climate Action
Tracker ranks Brazil’s INDCas one of the most ambitious one, and close to adequate to what
the countryshould adopt in line with the global objectives the Paris Agreement sets out. p. 17

OLIVEIRA – TESE

- método hipotético-dedutivo, dentro de uma perspectiva estruturalista e materialista-histórica,


por meio de técnicas de pesquisa bibliográfica e documental, a presente pesquisa localiza-
se,do ponto de vista de referencial teórico, dentro de autores que lidam com uma abordagem
crítica.

Um tanto mais cético, George F. Will –um colunista do The Washington Post –lembra que, há
alguns dias atrás, o Reino Unido estava fechando sua última mina de carvão. Um pequeno
evento com enorme significado –lembra o colunista –uma vez que foi o carvão britânico o
motor da Revolução Industrial, responsável por despejar tantas toneladas de dióxido de
carbono na atmosfera desde então. Esse pequeno ato de aparente grande significado, continua
o colunista, não deve ser visto com grande expectativa em relação a uma mudança de postura.
O fechamento da mina não se deve ao abandono do carvão mineral, mas ao declínio de seus
preços internacionais. P. 12

- Durante as negociações, os países em desenvolvimento, segundo Bodansky (2001), eram um


pouco mais unidos que os países desenvolvidos. Eles concordavam uníssonos sobre a
necessidade de assistência financeira e transferência de tecnologia. Por sua vez, os pequenos
estados insulares, temendo os efeitos decorrentes do aumento do nível domar, apoiavam
fortemente o estabelecendo de metas e prazos para os países desenvolvidos. Por sua vez, os
países produtores de petróleo questionavam a ciência da mudança climática e se
posicionavam favoráveis a um enfrentamento mais brando. Já os grandes eindustrializados
países em

144desenvolvimento –entre os quais se inclui o Brasil –focavam que as medidas de


enfrentamento das mudanças climáticas não podiam violar sua soberania no que toca ao
direito de desenvolvimento, uma vez que, sendo o Norte o principal responsável pelas
emissões que geraram o problema em causa, deles deveria ser a responsabilidade de enfrenta-
lo. P. 144-145

- Não se pode determinar de modo preciso quem sejam esses países emergentes, mas, no
âmbito das mudanças climáticas, o destaque repousa principalmente sobre quatro países:
Brasil, África do Sul, Índia e China. Uma abordagem relativamente comumsobre o eixo
Norte-Sul, principalmente no campo das relações internacionais ambientais, com destaque
para as mudanças climáticas, é que a situação econômica presente destes quatropaíses do Sul
reunidos em coalizões como os BASIC (Brasil, África do Sul, Índia e China), e às vezes
simplesmente nomeados como ‘poderes emergentes’ ou ‘economias emergentes’ desconfigura
a noção de Sul Global, herdeira da noção de Terceiro Mundo. A heterogeneidade
impossibilitaria que esses países negociassem em bloco sob o rótulo de G-77 ou mesmo que
estivessem colocados sob o mesmo rótulo de ‘países em desenvolvimento’. P. 198

- Para outros países, como o Brasil, Índia e China e União Europeia, suas contribuições
podem ser adimplidas simplesmente pela continuidade de suas políticas atuais, abrindo espaço
mesmo para que possam superá-las por meio de políticas adicionais implementadas até 2025
ou 2030. P. 227

KÄSSMAYER, K.; FRAXE NETO, H. J. A Entrada em Vigor do Acordo de Paris: o que


muda para o Brasil?

- Portanto, depois de esgotada a viabilidade de se alcançar um acordo internacional em


Copenhague (COP-15), o Acordo de Paris pode ser considerado um sucesso diplomático ao
possuir a natureza jurídica de um instrumento jurídico internacional vinculante, com status de
um tratado internacional, nos termos da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, de
1969,de acordo com a análise do Professor da Universidade de Lisboa Tiago Antunes25, que
preceitua: Não se trata de um compromisso estritamente político, nem de um gentlemen’s
agreement, nem de uma mera proclamação de intenções ou de um exemplo de soft law. Trata-
se, sim, de um instrumento jurídico devidamente formalizado e gerador de obrigações
internacionais, mediante um processo que se iniciará em 22 de abril de 2016, em Nova Iorque,
com a abertura do Acordo de Paris a assinatura, seguindo-se as formalidades constitucionais
necessárias à vinculação a cada Estado (que, em muitos casos, implicarão um processo de
ratificação), com vista à respectiva entrada em vigor (que ocorrerá após a vinculação de 55
Estados que representem pelo menos 55% das emissões mundiais de gases com efeito de
estufa) e produção de efeitos jurídicos a partir de 2020. P. 9
- Inclusive, extrai-se da Declaração Conjunta emitida na conclusão da 23a Reunião de
Ministros do BASIC (Brasil, África do Sul, Índia e China) sobre Mudança do Clima-
Marrakesh, Marrocos, de 17 de outubro de 2016: Eles enfatizaram a importância da
Conferência sobre Mudança do Clima de Marrakesh como uma etapa significativa no
processo de implementação do Acordo de Paris e como um novo marco na aceleração da
implementação pré-2020. Eles reafirmaram que os trabalhos para a implementação do Acordo
de Paris e para a aceleração da implementação pré-2020 devem estar plenamente alinhados
aos princípios da equidade e das responsabilidades comuns, porém diferenciadas e respectivas
capacidades. Eles reiteraram a importância de um processo aberto, transparente, inclusivo e
conduzido pelas Partes. P. 11

- No caso do Acordo de Paris, houve a assinatura e o envio da Mensagem (MSC) nº235, de 19


de maio de 2016, pela então Presidente da República, Dilma Rousseff, encaminhando o
Acordo de Paris para análise pelo Congresso. Aprovado pela Câmara dos Deputados e Senado
Federal em menos de três meses de tramitação, transformou-se no Decreto Legislativo nº140,
de 16 de agosto de 2016 p. 12

- A participação do Brasil no sistema REDD+ é talvez a de maior destaque entre as Partes da


UNFCCC, tanto na liderança das negociações que conduziram à sua regulamentação quanto
nas ações e compromissos de combate ao desmatamento e de restauração florestal. P. 14

- a NDC inclui ainda medidas de adaptação e meios de implementação. Considerando as


medidas de mitigação, o Brasil compromete-se a reduzir em 2025 as emissões de GEE em
37% abaixo dos níveis de 2005. E a reduzir, em 2030, essas emissões 43% abaixo dos níveis
de 2005. Portanto, nossa NDC adota como parâmetro uma meta absoluta em relação a um
ano-base (2005). Essa estimativa de redução corresponde a níveis de emissão de 1,3 GtCO2eq
em 2025 e 1,2 GtCO2eq em 203047. A NDC ressalva que o compromisso nacional voluntário
estabelecido no art. 12 da Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), qual seja,
reduzir entre 36,1% e 38,9% as emissões projetadas até 2020, corresponde a emitir 2
GtCO2eq em 2020. P. 21

- Texto da NDC: – fortalecer o cumprimento do Código Florestal, em âmbito federal, estadual


e municipal; – fortalecer políticas e medidas com vistas a alcançar, na Amazônia brasileira, o
desmatamento ilegal zero até 2030 e a compensação das emissões de gases de efeito de estufa
provenientes da supressão legal da vegetação até 2030; – restaurar e reflorestar 12 milhões de
hectares de florestas até 2030, para múltiplos usos; – ampliar a escala de sistemas de manejo
sustentável de florestas nativas, por meio de sistemas de georeferenciamento e rastreabilidade
aplicáveis ao manejo de florestas nativas, com vistas a desestimular práticas ilegais e
insustentáveis. Essas metas da NDC dependem, fundamentalmente, do concerto federativo
para o cumprimento das regras do Código Florestal e para modelos de planejamento e de
execução de políticas públicas p. 25

Você também pode gostar