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Lavras – MG
2019
Sumário
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 1
2. OBJETIVOS. .................................................................................................................................. 2
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................................... 2
4. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................................... 5
4.1. Materiais .................................................................................................................................. 5
4.2. Métodos ................................................................................................................................... 5
4.2.1. Ensaio Jar Test ..................................................................................................................5
4.2.2. Análise de Turbidez ..........................................................................................................6
4.2.3. Análise do pH .................................................................................................................. 6
4.2.4. Montagem do Equipamento .............................................................................................. 6
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................................... 6
6. CONCLUSÕES .............................................................................................................................. 9
7. CRONOGRAMA E ORÇAMENTO FINAL ................................................................................. 9
7.1. Cronograma ............................................................................................................................. 9
7.2. Orçamento final ....................................................................................................................... 9
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................... 10
1 – INTRODUÇÃO
Segundo pesquisa da OMS realizada em 2019, aproximadamente 2,2 bilhões de pessoas no
mundo não têm acesso a água potável, fato gerado pela distribuição mundo desigual: cerca de 60%
de toda água doce está concentrada em 10 países como Brasil, Rússia, China, Canadá entre outros.
Mesmo possuindo 12% do total das reservas de água mundiais, a distribuição de água no
Brasil deixa a desejar, pois segundo estudo do Instituto Trata Brasil (2018), apenas 83,3% dos
brasileiros têm acesso à água potável. sendo que em países com PIB menor que o brasileiro como
Marrocos, a distribuição atinge 85,4% da população. Ressaltando que nem toda água distribuída é de
boa qualidade.
As estações de tratamento de água (ETA) são responsáveis pela qualidade da água desde a
captação até a distribuição à população. Visando a melhora dos parâmetros da água, são realizadas
atividades que visam retirar os sólidos presentes na água, corrigir o pH, desinfectar, entre outras.
Dentre os equipamentos utilizados nas ETA’s é possível destacar o sedimentador.
O sedimentador ainda pode ser auxiliado por um agente coagulante, geralmente químico,
capaz de aglomerar partículas, como sulfato de alumínio, cloreto férrico ou policloreto de alumínio,
removendo parte significativa dos sólidos presentes na água e elevando a sua qualidade. Por
intermédio deste procedimento, as ETA’s podem se adequar às normas exigidas, favorecendo a
distribuição de água com boa qualidade para a população. Para encontrar a área da seção transversal
e a altura do mecanismo podem ser usados modelos matemáticos, como os de Kynch e o de Biscaia
Jr.
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2 – OBJETIVOS
O processo de sedimentação utilizado no tratamento de água é estudado através da
construção de um sedimentador em escala de laboratório para a clarificação, sendo este o objetivo
principal do trabalho. É determinada a concentração de sólidos do lodo em amostras de água da
Estação de Tratamento de Água da Universidade Federal de Lavras (UFLA) utilizando argila como
contaminante e sementes de Moringa oleifera como coagulante natural. Uma estimativa inicial é feita
para a concentração do lodo, a qual é comparada com o valor final para esta grandeza. A eficiência
da separação dos sólidos na mistura é verificada pela análise da quantidade do lodo decantada e da
turbidez do clarificado, relacionada, também, ao efeito da adição do coagulante. Por fim, é conferido
se os métodos de Kynch e Biscaia Jr. são representativos dos resultados experimentais.
3 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A sedimentação por gravidade é definida como a remoção por deposição de partículas sólidas
em suspensão por um fluido. Sedimentadores são tanques de seção cilíndrica ou retangular, cuja
operação pode ser contínua ou descontínua, nos quais a deposição de partículas é realizada (Moraes
Jr., 1998).
A coagulação consiste essencialmente na desestabilização das partículas sólidas e suspensas
nas soluções de água com argila utilizadas na alimentação do sedimentador. O objetivo da coagulação
é o de elevar significativamente a velocidade de sedimentação das partículas presentes nas soluções
(Franco, et al., 2017).
No presente trabalho, os coagulantes naturais selecionados para acelerar o processo de
sedimentação foram as sementes moídas de Moringa oleifera, cuja ação pode ser atribuída à presença
de proteínas catiônicas solúveis, segundo conclusões de Ndabigengesere et al. (1994). Entre suas
vantagens, podem-se citar a geração de lodo biodegradável; a manutenção do pH das soluções; e uma
alternativa aos coagulantes químicos (Nkurunziza, et al., 2009). Segundo o citado trabalho, usando-
se uma pequena quantidade destes coagulantes é possível reduzir eficientemente a cor e a turbidez
das soluções em 90%, servindo, também, como uma alternativa econômica.
O Jar Test é o método empregado em estações de tratamento de água para estabelecer as
dosagens ótimas de coagulantes a ser utilizadas. É também aplicado na determinação de parâmetros
básicos na elaboração do projeto de estações de tratamento de água (Milan, 2019) e usado para
simular a sedimentação escolhendo-se os tempos e as velocidades de rotação para as etapas de
agitação lenta e rápida, e o tempo de decantação. Com base em Ferrer (2013), foram selecionados
para a agitação rápida o tempo de 30 s e a velocidade de 100 rpm, que simula a Calha Parshall; para
a agitação lenta 30 min e 30 rpm; e 15 min para a fase de decantação.
A análise de turbidez, um dos parâmetros físicos utilizados na análise da qualidade de água,
é feita para cada solução antes e após a execução do ensaio Jar Test, por meio de um turbidímetro,
com o objetivo de verificar o quanto de seu valor foi reduzido. Mediante a análise deste dado, é
possível conferir com qual concentração de sólidos suspensos a sedimentação foi melhor sucedida.
Outro parâmetro utilizado na análise da qualidade da água é o pH, parâmetro químico que
mostra a concentração de íons H+ em solução. Recomenda-se que, no sistema de distribuição, o pH
da água seja mantido na faixa de 6,0 a 9,5 de acordo com a Portaria nº 2914, de 12 de dezembro de
2011. O pH das soluções é medido antes e depois da adição do coagulante com o uso de um pHmetro,
para validar a pequena ou nenhuma variação do valor após a adição do coagulante.
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Os experimentos de sedimentação gravitacional em batelada são úteis para a determinação e
a avaliação dos parâmetros da operação unitária, como, por exemplo, o tempo necessário para que
ocorra a deposição das partículas, a área da seção transversal e a altura do sedimentador contínuo.
Estes experimentos correspondem a testes de proveta, nos quais a sedimentação é avaliada em escala
de bancada, servindo como base para o projeto final do sedimentador (Massarani, 2001).
O teste de proveta é baseado no deslocamento da interface superior da suspensão com o
tempo, sendo possível observar a coexistência de quatro regiões distintas: a de líquido clarificado (A),
na qual as partículas estão ausentes; a de sedimentação livre (B), tendo a velocidade de sedimentação
e a concentração de sólidos consideradas constantes; a de transição (C), na qual a concentração da
fase particulada aumenta e a velocidade de sedimentação diminui até zero; e a de compactação (D),
na qual a velocidade de sedimentação se torna nula e é atingida concentração máxima de sólidos
(Oliveira, et al., 2004). A Figura 1 ilustra a formação das quatro zonas A, B, C e D.
Embora o teste de proveta seja simples e vantajoso economicamente, uma de suas limitações
é a dificuldade de leitura pelos operadores da interface sólido-líquido, ocasionando a presença de
erros nos valores obtidos para os parâmetros desejados. Portanto, devem ser consideradas as
condições experimentais, como a concentração dos sólidos, a qual quando muito baixa pode retardar
a sedimentação. Além do fator citado, as características do sedimentador e a natureza das partículas
também podem afetar o processo.
Figura 1 – Zonas de sedimentação obtidas durante um teste de proveta.
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um ponto P arbitrário, de coordenadas (tL, qL), equivalente à reta tangente à curva no ponto em questão
(Massarani, 2001). A curva é representada na Figura 2.
Tomando-se por base a curva representada, a velocidade de sedimentação (qL) pode ser
determinada pela Equação 2, sendo ziL (cm) correspondente à altura da suspensão no tempo tL (s)
registrado arbitrariamente e zL (cm) a altura da suspensão ao se atingir a concentração de projeto.
(2)
Figura 2 – Curva de sedimentação típica em ensaios de proveta.
(4)
(5)
4
(6)
(7)
4 – MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Materiais
Tabela 1 – Lista de materiais.
Provetas - -
1 Torneira 3,10 -
1 Válvula 6,50 -
Sementes de Moringa - -
Parafusadeira - -
4.2 Métodos
Após a coleta da água da Estação de Tratamento de Água (ETA) da UFLA, verificou-se que
esta possuía poucos sólidos em suspensão. Para auxiliar no estudo da sedimentação, foi adicionada
argila à amostra de água que foi previamente seca em estufa a 105°C por vinte quatro horas de forma
a reduzir a água presente. Como alternativa à adição de coagulantes químicos ao processo, sementes
de Moringa oleifera foram utilizadas no processo de coagulação.
4.2.1 Ensaio Jar Test
Para a realização do experimento foi utilizado o equipamento JT303 M/6 da Milan
Equipamentos Científicos o qual consiste de 6 cubas com volumes de até 2 litros cada. Foram
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preparadas amostras de 1 L para as concentrações de 1, 2 e 5 g/L, sem e com a adição de coagulante
na concentração de 0,5 g/L.
4.2.2 Análise de Turbidez
Para a análise de turbidez foi utilizado o Turbidímetro Bancada TB-2000 para as
concentrações de 1, 2 e 5 g/L, antes e após a execução do Ensaio Jar test para as todas as seis soluções
preparadas anteriormente.
4.2.3 Análise do pH
Por meio de um pHmetro de bancada foi medido o pH antes e após a adição de coagulante
para as três soluções de argila de 1, 2 e 5 g/L para verificar a influência do coagulante no parâmetro,
analisando a existência, ou não, de variações.
4.2.4 Montagem do equipamento
Com base na concentração inicial de lodo, necessitava-se de uma bacia para o sedimentador
com um diâmetro elevado e então foi comprada uma bacia com diâmetro de 35 cm e altura de 20 cm.
Os 3 baldes reservatórios foram adquiridos no depósito do laboratório, onde um balde foi destinado
a alimentação, outro para o clarificado e o último para a saída do lodo.
No fundo do reservatório de alimentação foi instalada uma torneira para saída da solução e
controle de vazão e para manter a solução da alimentação homogênea, utilizou-se um agitador. Esse
reservatório foi colocado, com, no mínimo, 1 metro acima do sedimentador. A solução chegava então
à bacia do sedimentador por uma mangueira, no qual foi instalada uma calha para fixação de um
raspador, que tinha como finalidade impedir a fixação de lodo no fundo do sedimentador, forçando-
o a descer até o balde do lodo por meio de uma abertura controlada por uma válvula. Realizou-se um
furo para saída do clarificado após a sedimentação.
5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
As concentrações das soluções selecionadas foram de 1, 2 e 5 g/L, as quais possuíam valores
de turbidez variando entre 425 e 1370 NTU, aproximadamente. Baseando-se em Ramos (2005), para
a faixa de turbidez medida optou-se por trabalhar com a concentração de 0,5 g/L de coagulante.
O ensaio de proveta foi realizado utilizando-se a solução de 5 g/L de argila, em razão de as
soluções de 1 g/L e 2 g/L apresentarem baixa velocidade de sedimentação, dificultando a leitura da
interface das partículas na proveta de 500 mL. As alturas foram medidas do fundo da vidraria até a
região da interface sólido-líquido, com o uso da trena, tendo os valores registrados em intervalos de
tempo de 30 s, com o auxílio de um cronômetro. Os dados foram utilizados para a construção da
curva de sedimentação, representada pela Figura 3.
De acordo com a Figura 3, entre os pontos (0;30) e (90; 14,5) a velocidade de sedimentação
permaneceu constante, sendo a área do gráfico entre eles correspondente à região de sedimentação
livre, com a curva representada uma reta. A mesma grandeza apresentou variações de seu valor a
partir do ponto (120;11,7), dando início à região de transição, de onde a curva passou a ser aproximada
por uma função exponencial. A concentração de projeto (CL) foi estimada como 6 vezes o valor da
concentração inicial de 5 g/L, sendo igual a 30 g/L. Segundo a curva de sedimentação, o valor da
concentração de projeto foi atingido no ponto (240;2,4) a partir de quando se iniciou a região de
formação do sedimento. O tempo de residência tR resultou em 120 s.
O método de Kynch foi empregado traçando-se as tangentes à curva, obtendo-se os pares (qiL,
CiL) e por meio das aplicações das Equações 2, 3 e 4; tL foi estimado em 30 s. Foi encontrado como o
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maior valor para o diâmetro do sedimentador, 15,71 cm. O resultado possui imprecisão em razão da
existência de um erro experimental ao se explorar a curva de sedimentação, causado pela dificuldade
de leitura das alturas no eixo das ordenadas, a qual pode variar dependendo do operador.
Figura 3 – Curva de sedimentação do ensaio de proveta.
O método de Biscaia Jr. foi aplicado por meio das Equações 6, 7 e 8. O valor de zmin resultou
em 4,67 cm. Foi feita uma regressão de potência a partir do ponto (120;11,7) da Tabela 2, obtendo-
se a equação representativa z = 1171484,88.t-2,379. O resultado de tmin, foi de 186,01 s. O diâmetro do
sedimentador foi estimado em 14,55 cm, e a altura do sedimentador, em 4,01 cm. Foi feita a média
aritmética do diâmetro com os números obtidos em ambos os métodos, sendo equivalente a 15,12 cm.
Em virtude de a bacia utilizada como base do sedimentador possuir diâmetro igual a 35 cm
e altura de 20 cm, é possível afirmar que os dados dos parâmetros de projeto estão superestimados,
ou seja, se situam acima da margem de segurança de 10% a 50% utilizada por Spirandeli et al. (2015).
As Tabelas 4 e 5 agrupam os resultados de turbidez média das amostras de concentrações de
1 g/L, 2 g/L e 5 g/L de argila, antes e depois da execução do Jar Test. O procedimento foi feito para
as soluções sem e com a adição do coagulante, na concentração de 0,5 g/L.
Tabela 4 – Valores de turbidez média para as soluções sem a adição do coagulante.
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Turbidez média 12,55 NTU 3,20 NTU 3,43 NTU
após jar-test
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sedimentador construído não atingisse um regime contínuo, havendo, também, acúmulo de
particulados no fundo do equipamento, podendo ter influenciado no valor da concentração do lodo
obtida. Para contornar o problema e permitir a determinação da concentração, o sedimentador foi
enchido até o nível do extravasor do clarificado, retirando-se uma amostra e, posteriormente, a válvula
do lodo foi aberta para a retirada da amostragem.
6 – CONCLUSÕES
Com a realização dos experimentos e análise dos resultados, notou-se que a turbidez atingida
no clarificado e a concentração de lodo decantado foram satisfatórios, mesmo a montagem completa
do equipamento apresentando dificuldades no controle das vazões e fixação do raspador. Por último,
através dos ensaios no Jar Test verificou-se o efeito positivo do coagulante para com a sedimentação
e pontuou que os métodos de Kynch e Biscaia Jr. foram representativos com os resultados
experimentais, considerando um trabalho com concentrações mais elevadas das soluções para uma
representatividade com mais efetiva.
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Figura 4 – Curva S.
8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASCOM/ANA, Falta de água potável no mundo aparece relacionada a 80% das mortes e doenças
— Agência Nacional de Águas, disponível em: <https://www.ana.gov.br/noticias-antigas/falta-de-a-
gua-pota-vel-no-mundo-aparece.2019-03-14.1777251782>, acesso em: 24 nov. 2019.
BISCAIA JR., E.C. Simplificação matemática do método de Kynch. Comunicação pessoal, 1997.
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KYNCH, G.J. A Theory of Sedimentation. Trans. Faraday Society, 48, 166-177, Londres, 1952.
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