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NOTA TÉCNICA: Estimativas dos Valores Mínimos de Outorga dos Serviços


Públicos Estaduais de Transporte Coletivo Intermunicipal de Passageiros por Ônibus

I- Introdução
A modelagem original foi desenvolvida durante o ano de 2012 e início de 2013,
pela Fundação Getúlio Vargas – FGV. Encerrado o trabalho, fatos supervenientes
acabaram por determinar um adiamento do processo de licitação e um novo trabalho de
estimação/atualização foi conduzido, tendo como base a mesma pesquisa de campo. Em
linhas gerais, essa extensão, realizada já em 2015, consistiu na aplicação de três
procedimentos metodológicos:
 As estimativas da base 2012 e as projeções 2013/2014, antes elaboradas
pela FGV, foram utilizadas para validar estatisticamente os registros de dados
repassados pelo DETRO/RJ, com origem nos atuais operadores do sistema, para o
triênio 2013-2015, esse último com dados parciais e preliminares;
 Com base em dados e informações atualizadas sobre a economia e os
cronogramas de investimentos que podem impactar, direta ou indiretamente, a demanda
por serviços de transporte rodoviário de passageiros para a área de concessão, foram
elaboradas estimativas para um novo ano base;
 Após alguns ajustes realizados sobre o cenário traçado para o período da
concessão, sobretudo para os primeiros anos de vigência da futura concessão, em função
dos reflexos das severas alterações recentes na conjuntura macroeconômica, foram
elaboradas novas projeções para o período 2015-2034, reutilizando a estrutura modelar
de 2012, mas com novas estimativas para os parâmetros.

II- Premissas Utilizadas


As tarifas consideradas para efeito do cálculo da estimativa do valor mínimo de
outorga referem-se a janeiro de 2016 e correspondem às tarifas autorizadas pelo
DETRO/RJ ajustadas, quando pertinente, de forma a:
 Considerar descontos tarifários autorizados pelo DETRO/RJ; e
 Ajustar as tarifas das linhas com ar-condicionado (AC e SAC) às tarifas
correspondentes sem ar condicionado (A e SA) tendo em vista a implantação do
ar condicionado em todos os veículos que compõem a frota.
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Além disso, considera-se que as gratuidades previstas em Lei deverão ser


respeitadas sem direito a ressarcimento.
No que se refere à estimação dos custos e despesas, as seguintes informações,
extraídas da Planilha Tarifária do DETRO/RJ (2009), por ele fornecida à FGV, foram
utilizadas como base para a as estimativas dos custos de operação do sistema:
 Taxas de depreciação;
 Coeficientes de consumo;
 Limite máximo de recapagens e uma vida útil dos pneus;
 Coeficientes de custos;
 Parâmetro de remuneração do capital como base para a imputação de um
pagamento de aluguel para esses itens;
 Coeficientes de Utilização de Funcionários e Coeficientes de Pessoal
Administrativo e de Manutenção;
 Coeficientes de Despesas Gerais;
 Despesas com seguro obrigatório; e
 Coeficientes de desvalorização para cálculo do IPVA.

Os preços dos principais insumos e os salários, referenciados a 2015, não foram


extraídos da Planilha Tarifária do DETRO/RJ (2009), tendo sido utilizadas as seguintes
fontes de informação:
 As despesas diretas com investimento em frota foram fornecidas pelo
Departamento, com base em levantamento de notas fiscais de compra junto às
atuais permissionárias;
 Os preços do óleo diesel foram considerados com base em valores
fornecidos pelo DETRO/RJ a partir de pesquisa efetuada junto às atuais
permissionárias;
 Os preços médios de pneus e de serviços de recapagem foram
considerados com base em valores fornecidos pelo DETRO/RJ a partir de
pesquisa efetuada junto às atuais permissionárias; e
 As estimativas para os salários foram obtidas através das médias de
valores registrados em Convenções Coletivas dos principais sindicatos da
categoria, no Estado do Rio de Janeiro.
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Cabe registrar, que foi discutida tecnicamente com o DETRO/RJ a utilização da


Planilha Tarifária do DETRO/RJ (2009) tendo em vista a questão do coeficiente de
utilização de trocadores, dada a tendência, verificada internacionalmente, da
universalização do pagamento exclusivamente via cartões eletrônicos.
De fato, a Portaria DETRO/PRES. N° 12521, publicada em 13/05/16,
posteriormente revogada pela Portaria DETRO/PRES. Nº 1318/20172 de 3/5/2017,
chegou a estender a dispensa da utilização dos trocadores de veículos do tipo
micromaster e micro-ônibus urbanos para todos os ônibus urbanos equipados com
sistema de bilhetagem eletrônica.
Na eventualidade da revogação da Portaria DETRO/PRES. Nº 1318/2017, de
forma a permitir às empresas seguirem as tendências tecnológicas, na medida em que
ficasse caracterizada a alteração do Projeto Operacional Básico (Anexos I e III do Edital
de Licitação), o Poder Concedente teria o dever de requerer equilíbrios econômicos
financeiros de forma a repassar os ganhos obtidos à sociedade. No entanto, essa
sistemática foi incorporada de forma mais transparente e objetiva no Contrato de
Concessão adotando-se o seguinte procedimento:
 Os licitantes deverão utilizar nos estudos de viabilidade econômico-
financeira que acompanharão suas propostas de preço, coeficientes de utilização de
trocadores pré-definidos no Edital, equivalentes àqueles utilizados para a estimativa dos
valores mínimos de outorga;
 Quando da apresentação anual do Plano de Operação, cujo primeiro é
condição para a assinatura do Contrato de Concessão, deverão ser especificados os
coeficientes de utilização de trocadores a serem praticados; e
 Na medida em que estes sejam inferiores aos adotados nos estudos de
viabilidade econômico-financeira que acompanharão as propostas de preço, será
calculado o impacto financeiro dessa diferença (mantidas constantes as demais
premissas do estudo de viabilidade, inclusive no que se refere à demanda) e a
compensação compatível com a manutenção do retorno do investimento. Tais valores
poderão ser computados como créditos para abater o subsídio do Bilhete Único

1
Disponível em: http://www.detro.rj.gov.br/uploads/portarias/Portaria%201252-16%20-%20Carta%20-
%20Altera%20Port.%20437%20e%20revoga%20as%20Port.%201234%20e%201238.pdf
2
Disponível em: http://www.detro.rj.gov.br/uploads/portarias/Portaria%201318-17%20-
%20Revoga%20a%20Portaria%201252.16.pdf
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Intermunicipal, ou, na eventualidade de cobrir a totalidade dos subsídios, acarretar a


redução da tarifa para o usuário.

III- Metodologia
Para efeito do cálculo do valor mínimo de outorga, a partir das projeções de
fluxo de caixa, considerou-se a Taxa Interna de Retorno (TIR) real do empreendimento
de 11,0%. Essa taxa representa a remuneração das concessionárias pelo capital
investido, incluindo o pagamento da outorga, aplicando-se o método do Custo Médio
Ponderado do Capital (WACC).
Para a estimativa do valor mínimo da outorga consistente com a determinação de
uma TIR de 11,0% para os fluxos de caixa representativos das premissas apresentadas,
foram levados em consideração os impactos das seguintes condições presentes no Edital
de Licitação:
 Parcelamento da outorga: 20% integralmente quitados na assinatura do contrato3
e o saldo em 120 parcelas mensais iguais e sucessivas, a partir do primeiro mês de
operação, com valores atualizados anualmente pela mesma taxa utilizada para o reajuste
das tarifas;
 Garantia do Pagamento da Outorga: No montante correspondente ao somatório
de 12 (doze) parcelas mensais vincendas do Valor da Outorga, devendo ser mantida
válida até o seu integral pagamento. Foi considerado um custo financeiro de 2,5% a.a.
em termos reais;
 Garantia de Execução do Contrato: Equivalente à Garantia do Pagamento da
Outorga pelo prazo de 120 (cento e vinte) meses subsequentes ao encerramento do
prazo dessa; e
 Pagamento a consultores independentes: R$ 5.900 mil integralmente quitados na
assinatura do contrato.

A Tabela a seguir apresenta o resultado da estimativa do Valor Mínimo de


Outorga e do pagamento à Consultoria Independente para cada um dos oito lotes de
licitação.
Valor Mínimo de Outorga e Pagamento à Consultoria Independente

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Para efeito das projeções do fluxo de caixa, por simplificação do modelo, foi considerado o pagamento
com a primeira parcela mensal do saldo da outorga.
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Valor Mínimo de Valor da Outorga +


Lote Outorga Consultoria Consultoria
(R$ de Jan/16) (R$ de Jan/16) (R$ de Jan/16)

1 (Região I) 245.789.913,16 679.695,24 246.469.608,40


2 (Região I) 253.100.524,36 699.911,64 253.800.436,00
3 (Região I) 182.593.524,83 504.935,08 183.098.459,91
4 (Região I) 565.668.444,52 1.564.271,47 567.232.715,99
5 (Região I) 235.217.192,27 650.457,96 235.867.650,23
6 (Região II) 377.224.358,13 1.043.157,54 378.267.515,68
7 (Região II) 146.902.279,75 406.236,28 147.308.516,03
8 (Região II) 127.048.921,61 351.334,79 127.400.256,40
Total 2.133.545.158,64 5.900.000,00 2.139.445.158,64

Os valores mínimos de outorga representam os limites mínimos para as


propostas de preço a serem apresentadas pelos licitantes e totalizam R$ 2.133.545.158
(dois bilhões, cento e trinta e três milhões, quinhentos e quarenta e cinco mil e cento e
cinquenta e oito reais) em moeda da data base de 31 de janeiro de 2016.

O valor bruto dos investimentos previstos para serem realizados nos 20 anos de
concessão, por sua vez, atingiu R$ 7,1 bilhões. Esse resultado, somado ao valor da
outorga, da ordem de R$ 2,1 bilhões, sinaliza um investimento total por parte das
futuras concessionárias da ordem de R$ 9,2 bilhões.

IV- Conclusão
Considerando o descrito anteriormente, a outorga terá início em 2018 e irá
impactar o Fluxo de Caixa do ERJ durante o período do Regime de Recuperação Fiscal
da seguinte forma:
Efeito no Fluxo de Caixa
Em R$ milhões
2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
Outorga Linhas de Ônibus Intermunicipais 0 426,7 171,1 178,8 186,8 195,3 204

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