Você está na página 1de 23

A AGRICULTURA PORTUGUESA

E A POLÍTICA AGRÍCOLA COMUM


1. A Política Agrícola Comum - PAC
A origem da PAC 1962

As Reformas da PAC:
– A Reforma de 1992
– A Nova Reforma em 1999 – a Agenda 2000
– A Reforma de 2003 - a nova PAC
– PAC 2014-2020
1.1 - A origem da PAC:

• No fim da Segunda Guerra Mundial(1939-1945), a agricultura era


um sector problema caracterizado por:
– atrasos tecnológicos;
– baixas produtividades;
– baixos rendimentos;
– baixos níveis de vida da população agrícola (inferior à da restante
população);
– grandes insuficiências alimentares, devido à deficitária produção;
– aumento da dependência agroalimentar em relação a países
terceiros.
• A Política Agrícola Comum constitui uma das bases do Tratado
de Roma, que instituiu a CEE, mas as primeiras medidas
tomadas no seu âmbito só surgem em 1962.
OBJECTIVOS da PAC (Tratado de Roma, artigo 39º):
• Aumentar a produtividade na agricultura,
desenvolvendo o progresso técnico, assegurando o
desenvolvimento racional da produção agrícola, assim
como uma utilização ótima dos fatores de produção,
nomeadamente da mão-de-obra.
• Assegurar, assim, um nível de vida equitativo à
população agrícola, designadamente pelo aumento do
rendimento individual dos que trabalham na agricultura.
• Estabilizar os mercados dos produtos agropecuários;
• Garantir a segurança dos abastecimentos;
• Assegurar preços razoáveis aos consumidores.
Para alcançar estes objectivos a PAC baseou-se em três
princípios fundamentais (1º Pilar da PAC) :

1. o unicidade do mercado – em que existe livre circulação de


produtos agrícolas entre todos os estados-membros (criação
da Organização Comum dos Mercados - OCM);

2. a preferência comunitária – que protege os produtos


agrícolas da UE, uma vez que estes têm preferência em
relação aos que vêm do exterior, sendo colocados no
mercado europeu a preços competitivos (mas baixos);

3. a solidariedade financeira - que cria uma unicidade nos


preços, sendo as despesas suportadas pelo orçamento
comunitário ( através do Fundo Europeu de Orientação e
Garantia Agrícola – FEOGA).
O financiamento da PAC passou a ser da responsabilidade do
FEOGA - Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola,
que representa uma parte substancial do orçamento comunitário. Este
fundo foi subdividido em:

– FEOGA-Orientação:
• Financia os programas e projetos destinados a melhorar
as estruturas agrícolas (construção de infraestruturas
agrícolas, redimensionamento das explorações, etc.);

– FEOGA-Garantia:
• Financia as despesas de regulação dos preços e dos
mercados (apoio direto aos agricultores, despesas de
armazenamento, restituições às exportações, etc.).
• Progressos: • Problemas:

– As explorações – Criação de excedentes agrícolas com


custos muito elevados de
desenvolveram-se em
armazenamento;
dimensão, gestão e
– Desajustamento entre a produção e as
competência
necessidades do mercado (oferta maior
tecnológica; do que a procura);
– A produção triplicou; – Peso muito elevado da PAC no
orçamento comunitário;
– Reduziram-se a
superfície e a mão-de- – Tensão entre os principais exportadores
mundiais (devido a medidas
obra utilizadas;
protecionistas e à política de incentivos à
– Aumentaram a exportação);
produtividade e o – Graves problemas ambientais (devido à
rendimento. intensificação das produções, com
utilização de produtos químicos);
– Problemas ao nível da segurança e
qualidade dos alimentos;
– Aumento das assimetrias no espaço
comunitário.
Revisão da PAC de 1992 – objectivos:

• decréscimo da produção » decréscimo dos excedentes;


• preços competitivos para os produtores;
• diminuição dos encargos comunitários com o setor
agrícola;
• redução das assimetrias entre os estados-membros;
• incentivo de práticas agrícolas ambientalmente menos
agressivas;
• defesa das explorações familiares.
Para atingir os objectivos procedeu-se à:
– diminuição dos preços agrícolas garantidos;
– criação de pagamentos diretos aos produtores sem ligação com as
quantidades produzidas;
– definição de medidas para melhorar os sistemas de produção, de
modo a torná-los mais amigos do ambiente, nomeadamente, o
incentivo:
• ao pousio temporário;
• às reformas antecipadas para os agricultores mais idosos;
• à prática da agricultura biológica – utiliza tecnologia moderna e
recorre à investigação e apoio científico excluindo, porém,
fertilizantes químicos e pesticidas;
• à silvicultura;
• ao desenvolvimento da pluriactividade;
• à orientação para novas produções industriais ou energéticas.
1.2 – As Reformas da PAC:

1.2.1-: A Reforma de 1992

– O desajustamento da PAC face aos mercados e os seus custos de funcionamento


levaram a sucessivas alterações na Política Agrícola Comum, tendo sido tomadas
algumas medidas de controlo da oferta:

1984 – Foi instituído o sistema de quotas – que estabelece um limite de produção


para cada país.

1988 – redução dos preços garantidos, de modo a desincentivar a produção;

foram criados os estabilizadores agro-orçamentais, que consistiam na fixação de


Quantidades Máximas Garantidas (QMG) que reduziam automaticamente os
preços de garantia ou dos subsídios na proporção da ultrapassagem de limites de
produção.
1.2 – As Reformas da PAC:
1.2.1-: A Reforma de 1992
Introduziram-se medidas destinadas a reduzir as terras cultivadas:

• Sistema de retirada de terras aráveis, o set-aside;

• Imposição de sistemas de pousio;

• Regime de incentivo à cessação da atividade agrícola ou reforma


antecipada;

• Reconversão dos produtos excedentários.

1992 – foi levada a cabo a mais significativa reforma da PAC, tendo como principais
objetivos o reequilíbrio entre a oferta e a procura e a promoção de um maior
respeito pelo ambiente.

Antes: quem mais produz mais ganha.


Depois: pagar para não produzir.
• MEDIDAS:
– Quotas - Fixação de Quantidades Máximas Garantidas (Estabilizadores
agro-orçamentais)
• Quotas de produção: Numa perspectiva de evitar os excedentes foram
impostas quantidades máximas de produção por cada produto
agrícola, atribuído a cada país membro, nomeadamente no sector leiteiro,
cereais, produção de tomate, etc.
– Set-aside: redução da área cultivada
• Os agricultores com uma área equivalente a uma produção superior a 92
toneladas/ano de cereais) são obrigados a diminuir em 15% as suas
terras aráveis em exploração, para beneficiarem das ajudas comunitárias,
ou seja, pagar para não produzir.
– Reformas antecipadas
• atribuição de reformas (financiadas em 75% pela UE, nas regiões mais
desfavorecidas , e em 50% nas restantes) aos agricultores com mais de 55
anos e menos de 70, sem com isso perderem o subsídio de reforma que
aufiram ou a que venham a ter direito Esta medida contribui,
naturalmente, para o rejuvenescimento da população agrícola.
• A reforma da PAC de 1992 teve efeitos positivos para a agricultura
europeia. Contudo, mantiveram-se problemas de fundo como a
ineficiência na aplicação dos apoios, a intensificação dos
problemas ambientais e o acentuar das diferenças de rendimento
entre os agricultores;

• A evolução registada nos anos que se seguiram – conjuntura


internacional, o alargamento para a Europa central e oriental, a
preparação para a moeda única com as restrições orçamentais que
acarretou, a crescente competitividade dos produtos dos países
terceiros e uma nova ronda de negociações da Organização Mundial
do Comércio – conduziu a uma nova adaptação da PAC, por outras
palavras, a uma nova reforma. A Agenda 2000 constituiu uma etapa
nesta direcção.
1.2.2 - A Reforma em 1999 – a Agenda 2000 (2ºpilar)

• Em 1999, na perspectiva do alargamento e no âmbito da Agenda 2000,


adoptou-se uma nova reforma que reforçou as alterações introduzidas
em 1992, dando prioridade:
– ao desenvolvimento rural
– à segurança alimentar
– ao bem-estar animal
– à promoção de uma agricultura sustentável
Desenvolvimento Rural

• A PAC visa um desenvolvimento que desempenha múltiplas funções:


– Económica: pelo tradicional papel de produção e contribuição para o
crescimento económico;
– Ordenamento do território: Por ocupar grande parte do território,
constituindo a matriz de enquadramento dos restantes usos do solo;
– Social: Por ser a principal atividade e forma de sobrevivência de
numerosas comunidades rurais;
– Ambiental: Pelo seu papel na conservação dos espaços, de proteção da
biodiversidade e de salvaguarda da paisagem.
Problemas e novos desafios
• Apesar das suas potencialidades, as medidas implementadas em 1999 não foram
suficientes para resolver problemas como:
– a falta de competitividade no mercado mundial;
– a desigualdade na repartição dos apoios entre os produtores e entre regiões
– a pressão ambiental resultante dos sistemas intensivos.
• Ao mesmo tempo surgem novos desafios a que a PAC terá que responder:
– a necessidade de aumentar a competitividade da agricultura europeia, face às
perspectivas de expansão do mercado agrícola mundial;
– o deficiente ordenamento do espaço rural e o predomínio de práticas
intensivas, nefastas para o ambiente e para a segurança alimentar;
– a necessidade de afirmar e valorizar a diversidade da agricultura europeia;
– o alargamento da União a Estados em que o sector agrícola tem ainda grande
importância;
– a defesa da PAC nas negociações internacionais, no quadro da Organização
Mundial do Comércio (OMC).
1.2.3 - Nova PAC - A Reforma de 2003

• Em Junho de 2003 foi aprovada pelo Conselho de Ministros da Agricultura


da União Europeia uma reforma profunda da PAC, que altera a forma
como a UE apoia o seu sector agrícola.

• A Nova PAC orientar-se-á para os consumidores e os contribuintes,


deixando aos agricultores a possibilidade de adaptarem a sua produção às
necessidades do mercado.
Principais elementos da Nova PAC Reforma 2003
• um pagamento único por exploração, independente da produção.
• uma redução dos pagamentos directos (modulação) no caso das
explorações de maiores dimensões, para financiar a nova política de
desenvolvimento da PAC.
• um pagamento sujeito ao respeito das normas ambientais, da
segurança alimentar; da sanidade animal, da fitossanidade e do bem-
estar dos animais, bem como à exigência de manter todas as
superfícies agrícolas em boas condições agronómicas e ambientais
(“eco condicionalidade”).
• uma política de desenvolvimento rural reforçada, dotada de mais
recursos financeiros comunitários e sujeita a novas medidas a favor do
ambiente. É reforçado o apoio à Agricultura Biológica.
• A reforma 2003 tem dois objectivos fundamentais:
– Estimular a competitividade dos agricultores;
– Assegurar a estabilidade dos seus rendimentos.

• Para a sua concretização é fundamental o FEADER – Fundo Europeu


Agrícola para o Desenvolvimento Rural, que será o único instrumento
responsável pelo financiamento e pela programação da política de
desenvolvimento rural. Visa contribuir para melhorar a competitividade
da agricultura, da silvicultura, do ambiente e do espaço rural, assim como
das condições de vida nas áreas rurais.

• A PAC e as suas actualizações visam cada vez mais conciliar a


agricultura com o ambiente e promover o desenvolvimento rural.
PAC 2014-2020
PAC 2014-2020

Você também pode gostar