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lavas Eanes ‘reso 28 Trade deg Cen Fev Fa Cor Acie od aoa Mota ers (Csr Coca, Emanuele “Avid scrfel/ Emanuele Cacia: [radator Diogo Core]. — esero[otandpolis} Cultura Barbie, 2010 ‘O6p-PANRHESIA, Colegio de Ensios) NOTA SOBRE A TRAOUCHO BPASILERA “Tada teadugso se deparacoma difculdade de transportermos eexpresses ‘deuma inguaaoutra sem perder, minimamente queseja ntensidade de pensamento exposta pelo texto original As inguas italiana e portuguesa ambas cacregando consige os ratuos de uma mesma matrix latina, possuem similtades, mas nem sempre © uso dos vemos em cada dessas linguas apeeenta uma intensidade de mesmo gras, Alguns teemos gue, no italiane, #0 coergusivas, ee traduridesiteralmenre para a parent ‘tun origiast- La Vita Sensible ISBN 978 9565008-01-0 1. Filosofia 2 Flosofiaantign 8 Posi oven Tita, pu: areas Sime sssumiiam um aspeco raroe pecioita que nao condi com o original Podemos traduair um texto em italiano, mas no podemos tradusit 3 Ningua italiana pura e simplesmenc, ainda mais quando a experncia que se cem com a linguagem também comporta 0 uso de termos de ‘outeasLaguas, como 0 latim ou 0 rego. se € 0 caso de A aida snsivel, ‘Coma se poderé perceber no segundo ponto do livo, 6 autor ui orrentemente o terme Intino specie. A grafia do termo € 4 mesma no Invirn eno italiano. Em um primeito momento, specie podeia sigificar 0 syplexo das aracterstieas coincident em muitos individuos, ou ea, lero “espéie" sal qual uiizco pela taxonomis bioldgia, Por out ee ice Ae ir, Tia gs aa ee ata ‘comma a ‘umn ear es a fname ‘rotahreveand orspdemuabatsitt Fp apontam para oucassignificagées que dizem respeito 20 pensamento das Imagens ¢ do intelectoselevantes para aleitua de A vida senioek a Sgura exterior que pode ser vist, a forma, 6 aspecto, 2 aparénca, as imagens impressis na imaginacio. Assim, quando no texto italiano lemos expressio“ipecie ntenional’,optamos por traduzit forma intencional” ~ ou seja,aquelas Formas que se delinelam na imaginaio dos viventes =e, quando a palivra “perc” surge soxlnha, craduzimos geralmente ‘como “fig (¢ excepcionalmente como “espécie", conforme 0 «250), ico, Além disso, quando ‘specie aparece em latim, mantivemos 0 terma no traduzide € em {ulic, conforme a versio italiana. No segunda parte do ensaio,o autor santendo 0 original entre colehetes €e uclna seguidamente o termo “abit”, que remete tanto &roupa como, mn uma significagio menos coriqueia, a hdbivo, no sentido de costume. Optamos por cadusi-o como “roupa", utilzando a palavra “hibico™ apenas para traduzir o remo original “abitudine”. Nas ctagbes de O obo 3 epirite, de Maurice Merleau-Ponty, fzemos uso da traduo de Paulo Neves ¢ Matia Ermantina Galvio Gomes Pereira (So Paulo: Cosac 8 Naif, 2004). Em relagio a décima sext € xo décimo sétimo pontos do Livro, quando o autor retoms as consideragées de Jacques Lacan sobre 0 “eatidio do expelho”, pata as viias citagSes presentes no corpo do texto, sprimosa tradusio de*O estidia do esplho come formadora da funcio do eu tal como nos é revels na expertncia psicanaltica Feit por Vera Ribeiro, presente na edigfo dos teritor de Lacan publicados pela Eitora Jorge Zahar (Rio de Janeiro, 1998), Diego Cereelin EMANUELE COCA AVIDA SENSIVEL ‘radi DIEGO CERVELIN 1 ‘Vivemos porque podemos ver: uve, sents saborear © mundo que nos circunds, E somente grasas a0 sensvel chegamos a pensar: sem a5 Imagens que nosss sentidos sio capans de capta, nossos conclts, tl ‘ual fs ecreve, no pasariam de regras vans, operages conduridas sobre o nada, A influéncia da sensacto © do sensvel sobre nossa vida € ‘enorme, embors permanosa praticamente inexplorada. Eniicada pols ‘culdades superiors, filosoiararemente medio peso da sensibilidade sobzea existéncia humana. Bsforcando-se por provarefundar a racion2 lidade do homem, procurando separi-lo a qualquer custo do resto dos nimi cla froqdentemente exquccen que todo homem vive no meio cla expertncia sensivel e que pode sobreviver apenas gras 3s sensagées HA meio séeulo, Helmuth Plessner ainda podia considerar como nio solucionado o enigma relatvo a “qual especfcas possbiidades © thomem obém de seus sents, aqucles em que normalmence conia de que depende”. © seu projero de “uma extesiologa do expt, t= ‘minado posteriormente no quadro de "uma antropologis dos semtidos” se defronta, porém, com wma Feil objedo. Sentido e sensaco néo pos- scm nada de especiicamente humano, A seniagio nio € aquilo que ‘eansforma um animal em algo humano; ea é, pelo contriti, segundo 1 tradigio, “a ficuldade através da qual os viventes, para além da posse 0 arose 4a vida, se rornam animal” (Alezandre de Altos, In De erie, 38, 18-15). B provavelmente em fingéo disso que aa infvénca sj tio Alf de peceberecematia. (© sensivel (0 ser daquilo que chamamos agi de imagem em sen- ‘ido amplo) € aquilo pelo qual vivrosiiferentomente nosadiferenga ‘specifics cle animals acionais:paradoxalment, ele define a nossa vida ‘enquanto da ainda nio ter nada de prime humano, Na experi- {éncia€ no sonho, dormindo e em vig, vivernos uma vida inferior 20 [Pensimeno, nao necssariamente defini pela astoconcidnca, e inter sralmencetecida peo sens ‘A perguntaformulada por lesser devi se, nto, invertida: mais do que questionar qua so as posibildades expecifcat que © homem ‘obeém des sentido, deveremasperguntar que forma vida tem na ensa- 40, canto nos homens como mos animals. Do que o sens! &capaz no ‘homem e no seu corpo até onde podem chegarforsaa ag. ainfubne ‘ia da senso nay aividades humana? ainda, a qual estiio da vida sensivel gual vod da vida dis imagens, acescumame-aoss chamar “homer io & apenas © ponto de vitx ve muda com esa iver so diakica. Tints, anes de eit presopor uma naturesa humana squém das poréncas que definem, A vida animal ~ a vida senael em todas as sus formas — pode see ‘efnida como uma facaldade patil de se tlacionat com as imagens: ‘lau vida queas prprias imagens eseulpitam ¢ tormaram possvl, Cada animal oo € sento uma forma particular de abertura ao senivl, uma certs capacidade de apropiarse dee © de imeragir com ele. “Como a Faculdade vegtativa opera sobre oalmiento, asin a faculdade seasiiva precisa do susie para poder ativatse™ (Alene de Affodisa, fn De rina, 39,23). Se 6a frealade sensiva que di nome e formas todos ‘animals 2s imagens deserpenham umn pape semelhance a alimento, 0 deliner 8 manera pela qual cada um vive A vida precisa. na mesma medida taaro do serie e das imagens quanto da natiio. O sensve define a formas, sidades slimes da vids ania. Portanta para qe a vida exists se d® como experiencia e sonho,“é necesiio que exis osensive” (De anima, 417 25-0. B somente inerogando-se sobre a nacorer es frmas de exttnels do reasvel que & pouivel defini as condigbes de pousblidade da vide ‘em uaa sus formas, sea humana ou animal A bviadisencia que ‘pra. o home do resto des viventesnio coincide defo com o abismo ‘ue divide a senbsildade do ineeco, a imagem do conto. Hl se expres Inteirmente na intesidade da sensagio © da expel, na fone ena eficicla da relagso com o mundo ds imagens. E prova ifie tel dso o fro de que grande pare dos Fendmenos que denominamos espa (jam eset 0 sono a mod, a para ou ate) no ape ss presnupcm alguns Forma de relgo com o sas come eambérn so pons ment races capacdade de produ imagens ou de sr feta por eas. Para compreendes“quasespciasposibildades o homem obtém de wt setidos, agueles em que normalmente confia ¢ dot quai Aepende’,€ acest, enti, resolver um dup enigma. Em orimeico lagu, sex necesrioimcrogsrse sole 0 modo de exbeénls dayule que charamos ene rar dexinada primera parte dese iva Sea ida sensivel no cem necesaramenteorgensIumanas (sem que oro sea estraha ao homer}, a citncia do sensivel~ , em um fell ‘ilogismo, a céacia do vivente~ tem uma extenso mais asta € mais sera do que ade um ancopologi A ciécia dar imagens pode ser scaled somente nos termos de ma isd seas Flo coat, uma antropologia da tmagem no devs se interessar pelo modo sravés do qual a imagens eo sense existem diante do bomem dotado de ‘enti, mas deverd eda os modos pels quai imagem &4 corpo i srvidades eptitais Qqulo que Heed chamasia epi objcce, que 2 poesoni ‘como sever, mo coasisteseno de imagens] e também dé forma a0 seu riprio corpo. a esa exigincia que a segunda parte do livia procarn responder 2 “Tul ingest sobreo moda de exintncia do sense deve confton tie. coca suclees divin usm sce ut lnagras ean ecpene dda modernide, Contea 0 senarel eas imagens nia x armaram, como Inia acontecido no mundo tardo-antigo, © poder polio ea toga ue, depos do segundo Conclo de Nita, durum a sofia dae pias leogesfcas ea perspicaesrénlcs de prodgao do seasvel), Sento a filosofia mesma, que jé hé entorefcloe dedarou um vend 5c). Nese sentido, rodo meio no ésomente aquilo que reeche (agile ‘ques apropria de algo segundo a forma em se transforma sca cans formar © objeto do qual recebe a form). Fazenda coisas exitcem enguanto imagens, rodo meio €rmbézn a transmissr: isto & permite ‘todos apropriaren-se das imagens. Fm certo sentido, todo meio trans Forma aquilo com 0 qual tem uma regio de contigidade eum meio ‘apar de alquirc a forma que ele fx exisi Exirameate por iso, 2 imagem 0 lugar da transis. © métko 4s onioctvea sempre foi precsamente aque de pens que apenas no ‘sonbo o viventecomseguetansmiiras mesmo a verdades mais secrets, ‘Bapenas mn imagens quea vkla pode se transmitda, e€somente travis dda imagens que a humanidide pode transmit «si mesma as verlades mas perignsas. © sonho € lugar por excelénca da twice de was 28 verdades (das divinas is humana) ede eomunicagSo, nio apenas dos vives com os mores, como karibém do sueito consiga mesmo, Ele é 6 priprio ser da tadici, Eno, ea images € 0 lygar ers que o hamano se toma transmisvel, coda Imagem & comme am fagimento de sauho, n sone [No armbito da cular, 6 sono coincide com aquile que, na mica eas chamarye samente; $e a imagem é de fo uma forma enquanto onsevivel eabsolutamenteapropeive, imag algo sempre significa uansmiiealguma coisa. Eis porque a reprodigso deve acantecer sub ‘specie imaginis Porque & apenas no lag em que ana vid se torn iat gem que ea pode se fazer tarsmisval: a roprodugdo é ma imaginasso

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