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Amamentação

Importância e aspectos fisiológicos

Anatomia e Histologia das mamas

As mamas são órgãos anexos ao sistema reprodutor feminino, sendo parte do sistema tegumentar. É
uma proeminência bilateral na porção anterior do tórax,
localizada verticalmente da segunda a sexta costela e
horizontalmente da parte lateral do externo até a linha
axilar médio lateral, estando apoiadas sobre o músculo
peitoral maior, serrátil anterior e oblíquo externo. São
estruturas pares e assimétricas separadas pelo sulco
intermamário.
Embriologicamente começa a se desenvolver entre a 5ª e
a 6ª semana de vida intrauterina a partir da regressão da
linha mamária que anteriormente se estendia da linha
axilar até a região inguinal.
Ao nascer, o indivíduo apresenta apenas os ductos lactíferos principais e nas fêmeas com a ação
hormonal da fase puberal ocorre o desenvolvimento alveolar, sendo as glândulas mamárias
consideradas glândulas sudoríparas modificadas
Composição externa:
1-Aréolas: Região circular que possui um espessamento e
pigmentação maior que o restante da pele adjacente. Possui
glândulas sebáceas que promovem elevações em sua
superfície, folículos pilosos e glândulas sudoríparas
2-Papilas: São saliências cônicas que possuem orifícios aonde
desembocam os ductos lactíferos, terminações sensoriais e
faixas de musculatura lisa com função erétil
Composição interna:
1-Parênquima: O parênquima por definição é o tecido
funcional do órgão, sendo que o parênquima mamário consiste em 10 a 100 ácinos ou alvéolos que
se organizam em lóbulos (20-40) e esses se organizam em lobos (10-15).
Histologicamente o parênquima mamário é classificado como glândula exócrina apócrina composta
ramificada túbulo acinosa
Os ductos principais se ramificam formando os ductos
segmentares e esse se ramificam formando os ductos
terminais. Os ductos terminais acabam em um
agrupamento de ductor com terminações cegas uma
coleção de ácinos, os lóbulos
-O ducto extralobular terminal é a porção do ducto
terminal localizada imediatamente antes do lóbulo e o
ducto intralobular terminal é a porção do ducto
terminal localizada imediatamente dentro do lóbulo

-Na porção mais próxima a papila os ductos lactíferos principais possuem dilatações que funcionam
como pequenos armazenadores de leite materno, os seios galactóforos
-Externamente os alvéolos são ricamente vascularizados e possuem células mioepiteliais que são
responsáveis pela sua contração e ejeção do leite para os ductos lactíferos quando sensibilizadas
pela ocitocina
-O conjunto dos lobos mamários é chamado de corpo da mama
2-Estroma: O estroma, por sua vez, é o tecido de sustentação e nutrição das glândulas mamárias e é
constituído por tecido conjuntivo fibroso que se organizam nos ligamentos de Cooper ou ligamentos
suspensores das mamas que sustentam e dão forma a essas estruturas e por uma grande quantidade
de tecido adiposo. Uma camada posterior de tecido adiposo constitui o espaço retromamário que se
situa entre a base das glândulas e o plano muscular localizado na parede anterior do tórax que
facilita o deslizamento da mama sobre o músculo. A camada mais anterior de tecido adiposo é
localizada entre a pele e as glândulas, partindo da porção mais profunda e preenchendo os espaços
entre os lobos.
Ainda, as mamas possuem prolongamentos em direção as axilas denominadas caudas de Spence ou
processo axilar

Mamogênese e Modificações Gravídicas

Infância e Puberdade
A mamogênese tem início no período puberal e termina no climatério, chegando ao auge da
maturação no período gestacional. No decorrer da infância, somente os ductos principais estão
formados e no sexo masculino permanecem rudimentares. Na puberdade, com ação das
gonadotrofinas ocorre a produção de estrogênio e progesterona.
O estrogênio atua na proliferação mitótica dos adipócitos promovendo a maior deposição de
gordura, no fortalecimento do tecido conjuntivo fibroso e na ramificação dos ductos galactóforos. A
progesterona, por sua vez, atua no desenvolvimento de pequenas estruturas lóbulo alveolares nas
extremidades dos ductos.
Além dos hormônios sexuais, o desenvolvimento mamário na puberdade também tem relação direta
com outros hormônios como o GH e a prolactina

Fase Adulta (ciclo menstrual)

Na mulher adulta, as mamas são constituídas basicamente pelos ductos lactíferos sendo sua parte
secretora formada por túbulos de epitélio simples cúbico que terminam nas partes dilatas chamadas
de alvéolos. A luz das estruturas túbulo alveolares são extremamente diminutas e alguns são
compactos. Algumas experimentaçõhyes afirmam existir interações entre o estroma e o parênquima
que impedem o desenvolvimento das mamas em repouso.
Na fase pré menstrual, ocorre a proliferação dos adipócitos e hidratação do tecido conjuntivo pela
ação dos hormônios sexuais, deixando as mamas mais volumosas. Durante o ciclo menstrual
propriamente dito, com as oscilações do estrogênio e da progesterona os ductos retomam seu
crescimento e ocorre a proliferação da porção secretora e há um pequeno acúmulo de secreções
nessas estruturas, sendo que a luz dos ácinos ficam menos compactas. Até o vigésimo sétimo dia do
ciclo com a declinação hormonal as alterações proliferativas regridem mas não retornam
completamente ao seu estado inicial.
Com o avançar da idade e ao atingir o climatério a atividade proliferativa mamária regride
Gravidez e Lactação
-Durante a gravidez as mamas completam o seu desenvolvimento devido principalmente aos altos
níveis de estrogênio, progesterona e lactogênio placentário. Os ductos desenvolvem luz em
canalículos pela ação do estrogênio e a partir da terceira semana há maior diferenciação das células
secretoras e proliferação dos ductos. Há o aumento tão significativo do parênquima que esse se
torna mais numeroso que o estroma.
Embora sejam ressaltados o papel do estrogênio, progesterona e lactogênio humano é válido
pontuar que o desenvolvimento mamário, como já citado, depende de interações fatoriais locais
entre o próprio estroma e o parênquima, além da ação de outros hormônios como a insulina,
cortisol, tiroxina e hormônios estimuladores do metabolismo proteico de maneira geral, são
importantes na atividade mitótica das células glandulares.
A concentração do tecido glandular nesse estágio é maior próximo as papilas do que distalmente,
sendo o tecido conjuntivo invadido por plasmócitos, linfócitos e eosinófilos. O desenvolvimento
mamário durante a gravidez pode ser dividida em quatro estágios:

Lactogênese I:
Ocorre o aumento nos níveis de prolactina sanguíneo devido ao estímulo do estrogênio placentário
na adeno hipófise o que induz a hiperplasia dos lactotrófos e também pela produção placentária
desse hormônio
Apesar do grande aumento de prolactina durante a gravidez, sua ação na diferenciação final das
células produtoras de leite é limitada pelos níveis elevados de progesterona, hormônio lactogênico
placentário e estrogênio, por esses possuírem maior afinidade aos receptores das células dos
alvéolos
Os hormônios esteróides ainda agem nos neurônios dopaminérgicos induzindo a menor atividade ou
síntese da dopamina, principal fator inibitório que controla a síntese e a secreção de prolactina. O
aumento da prolactina pela queda dopaminérgica exerce um papel de autorregulação da sua síntese
e secreção da adeno-hipófise
A partir do segundo semestre de gravidez as mamas já possuem plena capacidade de funcionamento
e pode fazer pequenas excreções do leite inicial, o colostro. Também ocorre o amplo
desenvolvimento vascular mamário o que contribui para o surgimento de vasos visíveis pela
epiderme denominada rede de Haller. Ainda, ocorre uma maior pigmentação areolar e a proteção
epitelial é reforçada pelo desenvolvimento das glândulas sebáceas dessa região, que formam os
chamados tubérculos de Montgomery
O colostro é um fluido cremoso, amarelado, mais denso que o leite com composição altamente
proteíca e com baixo teor de gorduras, neste período pela não total maturação da mama o epitélio
alveolar ainda tem permeabilidade de nutrientes do sangue, dessa forma possui importantes
imunoglobulinas e interleucinas, bem como células do sistema imunológico e hemocitopoético, que
atuarão na proteção e no desenvolvimento do sistema digestório e imunológico do bebê. Sua
excreção, no geral, dura 72 horas pós parto, mas pode variar de 1 a 7 dias.
Lactogênese II:
-Essa etapa tem início de 24 a 48 horas após o parto e é marcada pela saída da placenta, que
promove uma queda brusca dos hormônios placentários. A queda possibilita a ação da prolactina em
seus receptores mamários produzindo uma série de efeitos nas células alveolares, como
diferenciação celular da fase pré-secretora para fase secretora, estímulo da síntese de RNA para a
produção de proteínas específicas do leite (Caseína, alfalactoalbumina) e indução de enzimas
catalisadoras (galactosiltransferase e lactose sintetase). Nesse estágio, a mama ganha volume na
glândula mamária em função da maior quantidade de alvéolos maduros e do maior aporte sanguíneo
dos tecidos adjacentes, além disso ocorre alterações na interação estroma epitélio e deposição de
células do sistema imunológico no estroma.
-Com esse ajuste final na estrutura mamária também aumenta a sensibilidadee dos sensores
cutâneos nervosos na região da papila e na aréola, importante para o processo neuroendócrino de
ejeção do leite. Esse fenômeno é conhecido como apojadura, ou a chegada do leite maduro ao final
do processo de maturação mamária total o leite materno apresenta aumento da quantidade de
carboidratos e gorduras em sua composição, com redução relativa de proteínas (leite de transição 6-
10 dia). Essa descida ocorre 3 dias após o parto e é independente da sucção do mamilo pelo bebê.

Lactopoese e Galactocinese (décimo dia até 40 dias após o desmame):

Em primeira instância é preciso definir cada termo. Nesse sentido, a lactopoese é a manutenção da
lactação estabelecida e que depende da frequência do hábito de amamentar e se estende do final da
lactogênese II até o início da involução mamária que se dá aproximadamente após 40 dias da última
mamada. A galactocinese, por sua vez, diz respeito ao mecanismo que descreve a excreção do leite
durante a sucção das mamas pelo neonato.
A sucção deforma os mecanorreceptores presentes no mamilo, ativando-os. Os sinais sensoriais
aferentes trafegam por nervos torácicos entrando no sistema nervoso central pela raiz dorsal da
medula espinhal. Estes sinais acendem via coluna anterolateral para o hipotálamo aonde realizam
sinapses, os neurônios que participam dessa via polissináptica se projetam para os núcleos
paraventricular e supraóptico, induzindo a liberação de ocitocina dos seus terminais presentes na
neuro-hipófise.
A ocitocina liberada por essa via vai atuar nas células mioepiteliais induzindo sua contração e
ejeção do leite e também aturá no útero atuando na sua involução
Também se projetam para os neurônios dopaminérgicos em especial do núcleo arqueado inibindo a
liberação de dopamina na eminência mediana e para os neurônios produtores de fatores liberadores
de prolactina, estimulando-os a secretarem seus produtos que induzirão a liberação de prolactina.
Sem o controle inibitório dopaminérgico os lactotófros secretam prolactina que induzem a síntese
de leite.
Algumas vias passam pelo sistema límbico e seguem para o hipotálamo, dessa forma envolvem
diretamente fatores emocionais. Escutar o bebê e tocá-lo pode induzir a produção e secreção láctea.
Nesse estágio, o leite maduro já está sendo produzido (é produzido a partir da segunda quinzena
pós-parto) e esse leite possui maior teor lipídico e de lactose e uma menor quantidade de proteínas.
A mamada pode ser dividida em diferentes partes do leite, com valores nutritivos diferentes:
O leite anterior (solução): é ralo e doce, ocorrendo o predomínio de proteína do soro e lactose
No meio da mamada (suspensão): é maior a quantidade de caseína
O leite posterior (emulsão): tem grande quantidade de gordura, necessário para saciar o lactente

Importância da amamentação
Essa prática é de fundamental importância, uma vez que o leite materno possui todos os nutrientes
necessários para a criança, promovendo dessa forma um desenvolvimento de todos os sistemas de
maneira efetiva e uma menor sobrecarga do sistema digestório de modo a evitar cólicas e diarreias.
Além disso, o leite materno contém anticorpos que protegem a criança contra patologias comuns
evitando o aumento da mortalidade infantil. Ainda, o aleitamento promove benefícios também para
a mãe, uma vez que previne contra o câncer de mama e ovários, ajuda na involução uterina e
favorece o estreitamento dos laços entre mãe e filho. Segundo a OMS, a amamentação deve ser a
fonte de alimentação exclusiva da criança até os 6 meses de idade, sendo após que após esse
período é recomendado a introdução de alimentos passando o leite materno ao caráter
complementar.
Outros benefícios para o bebê:
-Auxilia no desenvolvimento neurológico pela presença de ácidos graxos que favorecem o processo
de mielinização
-Fortalece os pulmões e evita alergias
-Ajuda no desenvolvimento da arcada dentária
-Combate a anemia tanto na mãe como na criança

Desmame e alimentação complementar

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