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DISCURSOS SOBRE A PRIMEIRA DECADA DE TITO LIVIO Nicolau Maquiavel Martins Fontes Nicolau Maquiavel satida Zanobi Buondelmonti e Cosimo Rucellai nto, este presente do coisas dos do-o, parece-me q demonstrei alguma gratidao pelos beneficios recebiclos, seja porque assim me parece estar fugindo 2o costume comum dos que escrevem, que con: siste em optar por enderecar suas obras sempre a algum principe e, cegos pela ambicio e pela ganncia', lou- var neste todas as virtuosas qualidades enquanto deve, iam censuri-lo por tudo © que tém de vituperivel. Mo. vo NAO incorrer nesse erro, nao €ScO= OF que eu, pal hi Os que so principes, mas os que, por suds infinitas boas qualidades, mereceriam s@-Ioj nio os que pode am cumular-me dé titulos;-honras-e riquezas, mas os que, nao podendo, gostariam de fazé-lo. Porque os ho- mens que queiram julgar con aqueles g assim como aqueles que sabem governar um reino, e nao queles que podem mas nfo sabem. E os escritores tou: vam mais 0 siracusano Hierio quando era cidadao pri- vado do que o macedénio Perseu quando rei: porque Para que Hierao fosse principe s6 Ihe faltava o principa: do, ao passo que 0 outro nao tinha qualidade alguma de rei, a ndo ser 0 reino®, Usufruf, portanto, o bem e o mal que vés mesmos desejastes: e, se cometerdes o erro de aprec correc devem dar valor ie so liberais, e ndo aqueles que podem sé-lo, estas minhas opinides, nao deixarei de prosse- guir com o restante da historia’, conforme vos prometi no principio‘, Valete’ 2. O principe, 6S. da R 3. Iso 6 as décadas de Ti io. Esta dedicat na ds LIVRO PRIMEIRO Ainda que, devido 4 natureza invejosa dos homens) sempre tenha sido t&o perigoso encontrar modos e orde. agdes Novos quanto procurar Aguas e terras desconheci 'S ~ Por estarem os homens sempre mais prontos a cen- surat do que a louvar as agdes alheias — a levado pelo natural desejo que em mim sempre houy trabalhar, sem nenhuma hesitagao, pelas coisas que me Parecam trazer beneficios comuns a todos, deliberei en por um caminho que, nao tendo sido ném, se me trouxer enfados e dil bém me podera trazer alguma rec ede nda trilhado tuldades, tam- ompensa, por meio da- queles que considerarem com humanidade os objetivos Geste meu labor. E, se o engenho pobre, a pouca expe das coisas presentes e o pequeno conhecimento das antigas tornarem insuficiente e de ndo grande uti minha tentativa, pelo menos abririo caminho lguém que, com mais virti, mais elogiiéncia ¢ discer- nimento, possa vir a realizar este meu intento: 0 que, se Jo me granjear louvores, nao deveria gerar censuras. Considerando, portanto, as hor agens que se pres- ‘am antiguidade, 0 modo como muitas vezes ~ para nao Citar infinitos outros exemplos ~ um fragmento de estitua antiga € comprado por alto prego por quem deseja té-lo consigo e com ele honrar sua casa permitindo que sea xar de admirar-me e condoer-me 20 mesmo tempo. E tan- tos, que a em de fu ndamento aos juizos dos médicos presente. No entanto, na ordenacao das repiblicas, na manutencao dos estados, no govemo dos reinos, na orde- atual religido conduziu o mundo, ou do mal que um am do fato de nao haver verdadeiro conhecimento das hist6- Fas, de no se extair de sua leitura o sentido, de nao sé sentir nelas 0 sabor que tém, otivo por que infinitas pes- Soas que as Iéem sentem prazer em ouvir a grande varie dade de acontecimentos que elas contém, mas nao pensim as, considerando a imi itac4o nao s6 dificil come também impossivel Como se 0 céu, 0 sol, os elementos, % homens tivessem mudado de movimento, order € po. Get, distinguindo-se do que eram antigamente’. Desejando, ois, afastar os homens desse erro, julguei necessario es. ‘ever, acerca de todos os livros de Tito Livio que nao nos foram tolhidos pelos maleficios dos tempos, aquilo que, do que sei das coisas antigas e modernas, julga ‘0 maior entendimento deles, ar necessario Para que aqueles que lerem estes meus comentarios possam retirar deles mais facilmen 2 utilidade pela qual se deve procurar 0 conhecimento Gas historias. E, ainda que essa empresa seja dificil, aju dado por aqueles que me animaram a inc ir-me desse fardo, creio carregé-lo de tal modo que a algum ou breve © caminho que restar para levé-lo até o destino, 1. Quais foram os principios das cidades em gerall e qual foi o de Roma Quem ler a histéria do principio da cidade de Roma € da forma como tudo for ordenado-s por quais legisla 'o se admirara de que tanta viru se tenha man- tido por vatios séculos naquela cidade; e de que depois ‘enha surgido o império que aquela reptiblica atingiu, F Para discorrer antes sobre o seu nascimento, direi que to las as cidades so edificadas, ou pelos homens nasGidos les edificadas por for homens livres; ou que dependem D8 OU O so por © povo impé 1 principe, cidade de Alexa gem, Fa que seia gressos e defender sob 0 impé os de Sila, € 05 pow idades q que pudes- f como fez M lo edificado, qi nenos ma- que the constituiu o principio. \Virta esta que se de/dois modos: o primeiro é na escolha do local; 0 segun- do, na_ordenacao das leis. como os homens agem por ecessidade ou por escolha, e como se vé que maior a birtii onde haja menos escolhas, € de pensar que, paral cdo das cidades, talvez. fo car-se € a ocupar-se menos com o 6cio, vivessem mais Unidos por terem menos raz0es de disc6rdia, em vista da pobreza do local; foi o que aconteceu em Ragusa’ & em miuitas outras cidades construicas em semelhantes lu- gares:escolha esta que seria mais sabia e mais ttil, des dle que os homens se contentassem em viver do que € seu endo quisessem mandar nos Outros. Portanto, como s6 > poder da seguranca aos homens, é necessario fug © pod essa esterilidade da terra € porsé em lugares fertlissimos, onde, podendo a populacio ampliar-se gracas 4 uberda- de do Solo, 6s homens consigam defenders de quiém os ataque € oprimir quem quer que se oponha a sua grande- ~2a,E, quanto a0"6cio possibilitado pelo lugar, devem-se Gfiar ordenagdes para que as leis guem a tais ne. cessidades, caso 0 lugar nao o faca, € imitar aqueles que foram sabios porque, morando em terras amenas ¢ fér teis, aptas a produzir homens ociosos e inabeis para to ¢ qualquer ago virtuosa, para obviar aos danos porven. tura causados pela amenidade da terra por meio do dcio, impuseram a necessidade de exercicios aos que tivessem de ser soldados; de tal modo que, com tal ordem, eles se tornaram melhores soldados do que 0s das terras natural- mente asperas € estéreis. Entre estes conta-se 0 reino dos sipcigs, que, apesar de viverem em terra amenissima, foi tal a forca dessa necessidade ordenada pelas leis, que ge- raram homens excelentes; ¢, se os seus nomes nao tive sem sido apagados por tanta antiguidade, veriamos que mereciam mais louvores que Alexandre Magno e muitos outros de recente meméria. E quem tivesse considerado © sultanato e a ordem dos mamelucos ¢ seu exército, an- es de serem extintos pelo grio-turco Salim, teria visto 4 quantos exercicios se submetiam os soldados, ¢ ficaria endo como cles temiam o écio a que a benignidade da terra os podia levar, se a tanto nao obviassem com ri gidas lei Digo, pois, Gue € mais prudente escolher lugar Fert desde que os efeitos de tal ferilidade sejam limitados com leis a seus devidos termos Quando Alexandre Magno quis edificar uma cidade para sua gléria, o arquiteto Di- nécrates mostrou-lhe que ele podia edificé-la sobre ¢ Monte Atos, lugar que, além de ser fortificado, poderia ser proveitado de tal modo que a cidade ganhasse forma humana —o que seria coisa maravilhosa e rara, digna de sua grandeza. E, como Alexandre lhe perguntasse de que viveriam seus habitantes, Dindcrates respondeu que nao Pensara no caso; Alexandre riu-se e, deixando de lado 0 monte, edificou Alexandria, onde os habitantes pudessem bem morar gracas a fertilidade da terra e 4 comodidade do mare do Nilo. Quem, portanto, examinar a edificacio de Roma, se considerar que Enéias foi seu primeiro fan- dador, dird que ela esté entre as cidades edificadas por forasteiros; se considerar que foi Romulo, dird que é edificadas pelos homens nascidos no lugar; © modo considerado, vera que Roma teve um principio livre, sem depender de ninguém: verd também, como di- E, visto que as c 2.De quantas espécies so as repiiblicas ¢ de que espécie foi a repiblica romana’ Quero dei tes de todo tipo de por se mo princ que the dé leis de Viver com seguranca sob tais leis, sem precisar corrigilas. E vé-se que Espara as 4s cofrompe scentos perigo- rio sem perigo: porque os homens, em gran. nunca anuem a uma lei nova Portanto, para discorrer sobre as ordenagdes da cida de de Roma e os acontecimentos que a levaram 3 pete Ao, direi o que dizem alguns que escreveram sobre as re piblicas, ou seja, que ha nelas um dos trés estados, cha- nados principado, optimates € popular; e que aqueles que ordenam uma cidade devem voltar-se para um deles, segundo 0 que lhes pareca mais-apropriado. O1 mais sabios, segundo a opiniao de muites ~ s4o de opi- (ido que existe seis formas [ragionil de governo”, das, mas to ficeis de corromper-se, que também elas vm a ser perniciosas. Os bons sao os trés acima citados; os ruins séo outros trés que desses trés decorrem; e cada um destes se assemelhia aquele que lhe es é proximo, © principado fa facilmente passam de um a outro: porque o princip Gilmemte se torn tirinico, os optimates com facilidade se tomam governo de poucos; o popular sem dificulda- de se toma licencioso. De tal modo que, se um ordena- dor de repitblica ordena um desses t + estos numa cidade, 0 ordena por pouco tempo, pois nada poder im peal que resvale para o seu contrario, pela semelhanca que tém neste caso a virtude [virtute] ¢ 0 vicio. Nascem tais variagdes de governos a0 acaso entre 0s homens: porque no principio do mundo os habitantes, que eram escassos, viveram durante algum tempo disper- sos como animais depois, multplicando-se,reuniramese em grupos, e, para poderem melhor defender se, comeca ram a respeitar aquele que, dentre efes, fosse mais forte e corajoso, e, fazendo dele seu dirigente, obedeciam-no. Dai proveio 0 conhecimento das coisas honestas e boas, polnca, 296; Pao, 0 ait 1 diferentes das perniciosas e mas: porque, vendo eles que Se alguém prejudicava seu benfeitor isso suscitava édio ¢ compaixio entre os homens, censurando-se os ingratos € homenageando-se os gratos, e percebendo também que aquelas mesmas injGrias podiam ser-Ihes dirigidas, par escaparem a semelhante mal reuniam-se para fazer leis ¢ ordenar punicdes a quem as violasse: dai proveio 0 co. nhecimento da justica. F isso fazia que, sendo depois pre- ciso escolher um principe, ja nao recorressem ao mais 1 busto, porém ao que fosse mais prudente e justo, Mas como depois se comecou a ser principe por sucessio, ¢ ‘© por escolha, logo os herdeiros comecaram a dege- nerar ¢, detxando as obras virtuosas, aéreditavam que os Principes nada mais precisassem fazer senao sobrepuj 0s outros ‘em sunttiosidade, lascivia e em todos os ouiros 0s de licenca: de modo que, comegando a ser odiado, © principe, temendo por tal ddio, logo passou do temor ‘© alaque, e rapidamente nasceu a tiraniaE dai surgiram go em Seguida os principios das ruinas, das conspi ‘Ses € conjuracdes contra Os principes; nao cometidas esias por quem fosse timido ou fraco, mas por aqueles Que, por generosidade, grandeza de animo, riqueza e no "eza, sobressaiam 20s outros endo podiam suportar a sida desonesta daquele principe: A multidao, ponanto seguindo a autoridade desses poderosos, armava-se con, 'm 0 principe e, morto este, obedecia aqueles como a seus libertadores. E estes, odiando o nome de um s6 go vemante [eqpol”, constitulam por si mesmos um gover. > principio, tendo na memoria a passada tirania, © estado popular, o fez de tao breve vida que, antes de morrer, viu nascer a tirania de Pisistrato: e, embora depois de quarenta anos seus herdeiros tivessem sido expulsos, € Atenas recobrasse a liberdade, o estado popular que se restabeleceu, de acordo com as ordenagdes de Solon, nao se manteve por mais de cem anos, ainda que para man- 1-se fizesse muitas constituicdes, por meio das quais se reprimiam a insoléncia dos grandes e a licenca do povo [universald, coisas que nao foram consiceradas por Solon; contudo, por nao as ter misturado com 0 poder do prin jpado e dos optimates, Atenas viveu brevissimo tempo, em comparacao com Esparta Mas voltemos a Roma, Embora Roma nao tivesse um Licurgo que no principio a ordenasse de tal modo que Ihe nitisse viver livre por longo tempo, foram tantos os jecimentos que nela surgiram, devido a desuniio que havia entre a plebe e 0 senadofque aquilo que nao for feito por um ordenador foi feito pelo acaso,, Porque, se Roma nao teve a primeira fortuna, teve a segunda; pois se suas primeiras ordenagdes foram insuficientes, nem }or isso a desviaram do bom caminho que a pudesse le ar perfeicdo. Porque Romulo e todos os outros reis fi zeram muitas e boas leis, ainda em conformidade com ida livre: mas, como sua finalidade foi fundar um reino, € nao uma repiblica, quando aquela cidade se tomou I vre, faltavam-lhe muitas coisas que cumpria ordenar em favor da liberdade, coisas que no haviam sido ordena das por aqueles reis. E, se bem que aqucles seus reis dessem © poder pelas razdes e nos modos narrad eles que os depuseram, 20 constituirem [ordinandovi] imediatamente dois consules para ficarem no lugar reis, na Verdade depuserain em Roma 0 1 as nao > poder régio: de tal forma que, como 86 tivesse cOnsules © senado, aquela repablica vinha a ser mescla d duas qualidades das trés acima c adas, Ou Seja, principado e optimates, Faltava-he apes dat lugara0 governs pops Jak motivo por que, tornando-sé a nobreza romana in solente pelas razdes que abaixo se descreverio, 0 povo sublevou-se contra ela; ¢ assim, para nao perder tudo, la foi obrigada a conceder a0 povo a sua parte, ¢, por utro lado, © senado ¢ os cénsules ficaram Com tanta au ‘oridade que puderam manter-suas.tespectivas posicoes naquela tepGblica. E assim se criaram os tribunos da ple- cornando-se assit estavel 0 estado daquela re- ica, visto que as trés formas de governo tinham sua te. E foi-the tao favorivel a fortuna que, embora se passasse do governo dos reis € dos optimates 20 povo, aquelas mesmas fases e pelas mesmas raz6es acima narradas, nunca se privou de autoridade 0 governo regio a aos optimates; € nao se iu de todo autoridade dos optimates, para dé-la ao povo; mas, pe perfeicdo a que se chegou devido a(desuniao entre ple mente se demonstrara, ° 3. Que acontecimentos levaram @ criacéio dos tribunos da plebe em Roma, o que tornou a reptiblica mais perfeita” Como demonstram todos aqueles que discorrem so- © a/vida civil e todos os exemplos de que esto cheias TSA pattie dese p obreza, fe ot isso, depois de n e perturbacées, su nos) or 4A desuniao entre plebe e senado t oderosa a repiiblica ro1 Nao quero deixar d 1 ndo tivessem supr que dei NOS AGS OUTROS Roma e ndo 0 povo guerra, . Era Pre faze ‘desejos dos povos livres raras ve berdade, visto. que nascem oy.de ie Virdo a sé-lo, E, hd sempre 6 remédio das surja algum homem de ostre que se en oprimidos ou n sendo falsas verdade lhes & Portanto, deve-se cacao; a boa educacao, a ie muitos conde, narbem-o suk 5. Onde se deposita com mais seguranca a ios Grandes; © quem tem maior razao para eriar ty quem deseja conquistar ou que uarda da liberdade:no povo ou Todos 0 re as 7 1 de Ti constituigao de uma guarda da liberdade: e, dependendo do modo como esta seja instituida, dura mais ou nos tempo aquela vida livre. E, como em toda repibblic ha homens grandes e populares, nao se sabe bem em que naos.é melhor depositar tal guarda’.Entre os lacedemé: nios €, nos Nossos tempos, entre os venezianos, cla fo posta nas mios dos nobres; mas entre as romanos, foi pos- a nas maos da plebe Portanto, € necessario examinar qual dessas repabli- cas fez melhor escolha. E, se remontassemos a5 razdes haveria argumentos de ambas as partes; mas, se exami nassemos os resultados ficariamos do lado dos nobres, > que a liberdade de Esparta ¢ de Veneza teve Vida mais longa que a de Roma. F, indo as razdes, direi, vendo primeiro 0 lado-dos-romanos, que se deve dar a guarda de uma coisa aqueles que tém menos desejo de usurpa- la. E sem duivida, se considerarmos 0 objetivo dos nobres #0 dos plebeus [ignobilil, veremos naqueles grande de sejo de dominar e nestes somente 0 desejo de nao ser do- minados e, por conseguinte, maior vontade de viver livres vistorque podem ter menos esperanca de usurpar a liber- dade do que os grandes; de tal modo que, sendo 0s po- pulares encarregados ¢ ma liberdade, ¢ ra- zoivel que tenham mais zelo e que, nto podendo eles mesmos apoderar-se dela, nao permitirao que outros se apoderem, Por outro lado, quem defende a ordenac&o es partana e veneziana diz. que quem poe a guarda nas maos de poderosos realiza duas boas acdes: uma € Satisfazer mais & ambicdo deles, que, tendo mais participacao na re- piblica com tal bastio em maos, tém mais motive para Contentamento; outra é que negam certo tipo de autorida de aos 4nimos inquietos da plebe, razao de infinitas dis- senses ¢ tumultos numa repdblica, capazes de causar al 0, produzira maus efeit , nls Raz , Prd mas efeitos. Fd como exempo onde, estando i os uibuns da pbs dessa autoridade, nao foi bastante investides ; uum cénsul plebeu®, ¢ sura®, © pretor’’ e todos os outros cargos do - cidade: mas nem isso lhes bastou, pois, I E, realmen- fe, quem discorresse bem sobre uma coisa e outra poderia regar da guarda de tal se aquele que deseja manter as honras nao saber © que escolher para enca liberdade, por nao saber que tipo de uma reptblica, as que nao ter mente chegara a usdo: ou Se pensa numa repablica que queira f zer um império, como Roma, ou numa 4 er-se, No primeiro caso, esta cone I baste mai Roma; no segun. € necessirio fazer tudo Como oma; no segundo, pode-se imitar Veneza e Esparta, pelas fazbes € pelos modos que d E dos que diremos no proximo ca pitulo, ‘Mis, para voliar a discorrer sobre o tipo di ais nocivo numa reptiblica pistar OU ai le homem se aquele que deseja con- uele que teme perder o que conquistou ~ nomear Marcos Menénio ditador © Marcos Falvio mestre de cavalaria, ambos plebeus, para a investi Lap + possi Pl Yo Sex ie estavam sendo cometidas pém Ihes deu aut asse ascender a0 da cidade. E os que tal a pre quem seria m fezes estes 30 causados p » medo de perder quistar; pois o nca © que >. E ha mu mais poder e mbem hi 6. Onde se procura saber se em Roma era possivel ordenar um estado que eliminasse as inimizades entre 0 povo e 0 senado sobre os efeitos produzidos pi Ora, visto que grandez: que chegou sem que nizades Por isso parece tos permanece- npo, vendo que tipo de de quer de leis, € mero suficiente para constituirem uma vida politica, ve daram a todos os que ali passassem a morar 0 acesso a participagio em seu governo; e, com 0 tempo, por se en: contrarem naquele lugar muitos habitantes fora do go verno, para se dar reputacdo aos que governavam, estes foram chamados gentis-homens, ¢ os outros, populares. Veneza péde assim nascer e manter-se sem tumulto, por- que, quando nasceu, todos os que ali ioravam entao participaram do governo, de tal modo que ninguém po dia queixar-se; € os que I foram morar depois, encon: trando 0 estado fixado € delimitado, nao tinham razao nem facilidade para criar tumulto. Razdo nao havia por- que no Ihes tinha sido retirada coisa alguma; ¢ facilidade nao havia porque quem govemava os mantinha refreados € nilo os empregava em coisas das quais eles pudessem ex trair autoridade. Além disso,-os que depois foram morar em Veneza ndo eram muitos, nem em néimero tao grande que houvesse desproporcio entre quem governa ¢ quem € governado; porque ou 0 niimero de gentis-homens é igual ao deles, ou é superior: de tal modo que, por essa ra- 720, Veneza pode ordenar 0 estado e manté-o unido. Esparta, como disse, era governada por um rei ¢ por um pequeno [stretto] senado, Pade manter-se assim por Jongo tempo porque, havendo em Esparta poucos habi tantes, vedando-se 0 acesso a quem ali fosse morar acatando-se as leis de Licurgo com reveréncia (cuja ob- servancia eliminava todas-as razdes para tumultés), pude- ram todos viver unidos por muito tempo. Porque Licur- g0, com suas leis, criou em Esparta mais igualdade de bens menos igualdade de cargos; pois ali havia igual po- breza, e os plebeus nao eram ambiciosos, pois os cargos da cidade se distribuiam por poucos cidadaos ¢ eram mantidos fora do alcance da plebe, enquanto os nobres nunca Thé deram, com maus-tratos, desejo de possui-los Isso porque os reis espartanos, sendo instituidos naquele principado em meio aquela nobreza, para conservar-Ihe 2 dignidade, nao tinham melhor remédio que manter a plebe protegida de injtirias: 0 que fazia a plebe nao te. mer e nao desejar o poder [imperiol; e, como a plebe nao temesse nem desejasse poder [imperiol, estava elimi- nada a disputa que ela pudesse ter com a nobreza, logo, a razdo para tumultos; e assim puderam viver todos uni- dos por muito tempo. Mas duas coisas principais causa- ram essa unio: uma foi serem poucos os habitantes de Esparta, © assim podetem ser governados por poucos outta foi que, nao aceitando forasteiros ei sua republi ca, nao tiveram eles ocasiao para corromper-se nem para crescer tanto que ela se tornasse insuportavel aos poucos ue a governavam. Considerando portanto tudo isso, vé-se que os legis- ladores de Roma precisariam ter feito uma destas duas Coisas, se quisessem que Roma permanecesse tranguiila como as reptiblicas acima citadas: ou nao empregar a ple- be na guerra, como os venezianos, ou nao abrir camintio, para 0s forasteiros, como os espartanos. Mas fizeram am: bas as coisas, o que deu’a plebe forca, ntimero infinitas ocasides pai criar tumultos. Mas, se o estado romano se asse mais tranquilo, decorreria 6 inconveniente dé tor nar-se tainb@Ay tiiais fraco, porque assim Ihe era barra- do o caminho para chegar 4 grandeza a que chegou: de tal modo que, se Roma quisesse eliminar as razdes dos tumultos, eliminaria também as razdes de ampliar se", E 27: Da conguist, IN. da RT em todas as coisas humanas quem bem examinar ve e nunca se pode anular um inconveniente sem que 2 outro. Portanto, se queres criar um povo numero- so e armado para poderes criar um grande impétio, aca- aris por fazé-lo de tal maneira que ndo poderas depois manejé-lo a teu modo; e, se © manténs pequeno ou desar- mado para poderes maneji-lo, se conquistares dominios, nao 0s poderas conservar, ou eles se tornario tio fracos que seras presa facil de quem te atacat. Por isso, em toda as nlossas deliberagdes, devemos considerar aquilo que apresenta menos inconvenientes e tomé-lo por melhor lecisio: porque nunca ha nada que seja de todo nitido ¢ sem suspeitas*. Roma, portanto, assim como Esparta, po: 1m principe vitalicio e um senado pequeno, mas no podia, como ela, deixar de aumentar o nimero de 8 cidadaos, se desejasse criar um grande império: as ir um rei vitalicio ¢ um pequeno senado, em 10, de-pouco Ihe teria servido, Se alguém, portanto, quiser ordenar uma nova rept blica, tera de examinar se quer que ela cresca em domi: nio € poder, como Roma, ou que permaneca dentro de limites exiguos. No primeiro caso, é necessario ordend. como Roma e dar ielhor maneira possivel multos ¢ a dissens6es entre cidadaos [umiversalil, por grande ntimero de homens bem armados, nun lca alguma poderé ampliar-se, €, caso se am- plie, nao podera manter-se. No segundo caso, pode sei denada como Esparta e Veneza: mas, como 0 cresci mento € 0 veneno de semelhantes repGblicas, quem as ordiena deve proibir, de tod s possiveis, que V0 primeir _ haja conquistas; porque tais conquistas, se apoiadas numa repiblica fraca, so motivo de sua ruina. Foi o que ocor- feu a Esparta e a Veneza: destas, a primeira, depois de submeter quase toda a Grécia, mostrou num minimo acon tecimento como era fraco o seu fundamento; porque, em seguida & rebelidio de Tebas, provocada por Pelopidas, Veio a rebeliao das outras cidades, que arruinou de todo aquela repiblica. Veneza, de modo semelhante, depois de ter ocupado grande paite-da-Itélia.— e a maior parte nao com guerra, mas com dinheiro e astiicia -, quando precisou dar prova de suas-forcas;-perdeu tudo numa batalha®. Acredito que, para criar uma reptblica que du. Tasse muito tempo, seria necessirio ordené-la interna- Mente como Esparta ou como Veneza, situa-la em lugar fortificado, € com tal poder que ninguém se acreditasse capaz de subjugi-la em pouco tempo; por outro lado, nao deveria ser tao grande que infundisse terror nos vi- zinhos, e assim poderia gozar-por longo tempo de seu estado. Porque so duas as razoes pelas quais se trava guerra contra uma republica: uma’é querer assenhorear-sé dela; outra € ter medo de ser dominado por ela, Essas duas razbes sio_quase tovalmente anuladas pelo modo de ordenar acima descrito; porque, se for dificil expug né-la, como pressuponho, estando bem ordenada para a defesa, raras ou nenhumas serdo as vezes em que alguém conceberd 0 propésito de conquisté-la. E, se ela ficar den- tro de seus confins, ¢ todos virem, por experiéncia, que nela ndo h4 ambicao, nunca ocorrera que alguém por medo Ihe faca guerra: e, com mais razao isso se daria se nela houvesse constituicao ou lei que lhe vedasse am: 28. Quando o exército veneziano foi derotado pela Liga de Cambra em 1509. 1N-da T possive ter-se-d ve yumana las, € preciso que estejam sse t4o benévolo io a tot eciso pensar fic odo que, me do a necessi que, entre como se discorr 7. Da necessidade das acusacées para conservar 4 liberdade numa repiiblica” cereais geri que que > que ordend: tia cada de Ts nao lhe dando trigo: declaracdo que, chegando aos ouvi- dos do povo, provocou tanta indignacao contra Coriolano, que este, a0 sair do senado, teria sido morto tumultuaria mente, se 0s tribunos nao 0 tivessem intimado a com: parecer diante dos tribunais e defender sua causa. Acon- tecimento este sobre qual se deve notar © que acima dissemos, a respeito da utilidade e da necessidade de as reptiblicas, com suas leis, permitirem 0 desafogo da ira que © povo vota a um cidadao: porque, quando nao ha esses modos ordinérios, recorre-se aos extraordindrios; e sem divida estes produzem efeitos muito piores que aqueles. Porque; S€ um cidadao é punido ordinariamente, ain da que de modo injusto, segue-se pouca ou nenhuma desordem na repiblica; pois a execucao nao é feita com forcas privadas e forcas estrangeiras, que so as que ar- ruinam a vida livre, mas sim com forcas e ordens pabli- cas, dentro de seus préprios termos, nao se ultrapassan- do 0 limite além do qual se amruina a repiblica, E, para conoborar essa opinido com exemplos, entre 0s antigos basta-me esse de Coriolano; e, sobre ele, que todos con: siderem o mal que adviria & repiblica romana, se ele ti: vesse sido morto tumultuariamente: porque dai decorre: ria ofensa entre particulares, ofensa que gera medo; medo que busca defesas; para a defesa arranjam-se partidatios; dos partidarios nascem as faccdes nas cidades; das fac (Ses, a sua ruina, Mas, como a situacdo era conduzida por quem para tanto tinha autoridade, foi possivel eliminar todos os males que poderiam advir do governo por uma autoridade privada Vimos, em nosso tempo, tumultos [novita] que ocor- reram na repiiblica de Florenca por nao poder a multidao desafogar seu 4nimo ordinariamente contra um seu cid: dao; conforme ocoreu quando Francesco Valori jestava como principe da cidade; este era por muitos julgado am- bicioso, homem que com sua audacia e animosidade que- ria transcender a vida civil®, mas, como no houvesse na replica meio de opor-lhe resisténcia, a nao ser com 2 guma facco que fosse contraria a sua, ele nada temit a no ser os modos extraordindrios, e assim comecou a reunir partidarios que o defendessem; por outro lado, aqueles que se Ihe opunham, nao contando com uma via ordinaria para reprimi-lo, pensaram nas vias extraordind- ‘as: a tal ponto que se enfrentaram com armas. E, caso houvesse possibilidade de oposico de modo ordinario, a sua autoridade se teria extinguido com seu dano apenas; sendo preciso extingui-la de modo extraordinirio, 0 dano foi nao somente seu, mas de muitos outros nobres cida: dios. Poder-se-ia ainda alegar, em defesa da citada con- lusto, 0 que aconteceu, também em Florenca, com Piero Soderini, coisa que afinal se deu por nao haver naquéla repfiblica modo nenhum de acusagdes contra a ambi¢ao dos cidados poderosos. Porque nao basta acusar um po- deroso dliante de oito juizes numa repiblica: € preciso que 08 juizes sejam muitos, porque os poucos sempre agem em favor dos poucos. E, assim, se houvesse tais modos, 0u 0s cidados 0 Teriam acusado, caso ele se comportas. se mal, € com tal meio, sem precisar chamar o exército es- Panhol, teriam desafogado seu animo, ou, caso ele nio se comportasse mal, nada teriam ousado fazer contra ele, para ndo serem eles mesmos acusados: e, assim, de to os 08 lados, ter-se-ia extinguido aquele apetite, que foi 230 de tumultos. 32. Tomarse trano.(N. da RT} Assim, conclui-se que, sempre que forem chamadas cas estrangeiras por uma faccdo de homens que vivam, nalguma cidade, pode-se acreditar que isso advém das mas i cidade, por ndo haver, dentro de seus li: ordenacdes dessa cidade, p mites, uma ordenacdo que permita desafogar os humores malignos que nascem nos homens, sem 0 emprego de modos extraordinarios: a isso se prové ao ordenar tudo de tal modo que as acusacdes sejam feitas a um nimero grande de juizes, dando-Ihes acatamento, Modos estes que em Roma foram tao bem-ordenados que, em tantas issensdes entre plebe e senado, nunca o senado, a ple- be ou qualquer cidadao particular tentou valer-se de for cas externas; porque, tendo o remédio em casa, nao pre cisavam ir buscar os de fora, E, embora os exemplos aci na sejam suficientes para prové-lo, quero aduzir outro, ado por Tito Livio em sua historia®: ele conta que em si naquele tempo nobilsima cidade da Toscana, uma inma de Arunte foi violada por um Lucumao, € ndo pod do Arunte vingar-se, devido ao poder do violador, foi a rocura dos franceses, que entio reinavam naquele lugar 08 a ir armados oje se chama Lombardia; ¢ exort a Chiusi, mostrando-Ihes que, com proveito [utile] deles, podiam vings-lo da injriarecebida: se Anuntetvesse percebido que podia vingar-se com os modos da su dace, nto teria buscado 38 fora iaras™ Mas, assim 0 yuma repiiblica, também como tais acusagdes sao titeis numa rep sas as caltinias; como se vera no proxi S.Assim como as acusacdes sao titeis as repiiblicas, sao perniciosas as caltinias Embora a virti de Firio Camilo, depois de libertar Roma da opressio dos franceses", he valesse o reconhe- cimento de todos os cidadaos romanos, sem que com isso Ihes parecesse perder reputagao ou hierarquia, Manlio Capitolino nao suportava que a ele fosse atribuida tanta honra e tanta gloria, pois, em se tratando da salvacio de Roma, parecia-Ihe que ele, Manlio, por ter salvo 0 Capi- {Glio”, tinha tanto mérito quanto Camilo, e, quanto as ou tras glorias bélicas, no se achava inferior aquele. Desse modo, cheio de inveja, nao podendo aquietar-se diante da gloria do outro ¢ vendo que nao conseguia semear a disc6rdia entre os senadores, voltou-se para a plebe, semeando varias opinides sinistras em seu seio. E, entre Outras coisas, contava do tesouro que se amealhara par dar aos franceses ¢ que nao lhes fora dado, mas usurpa do por alguns cidadlaos; tesouro que, quando recuperado, Poderia ser convertido em utilidade publica, aliviando a Plebe dos tributos ou de algum débito particular. Essas Palavras produziram grande efeito na plebe, e desse mo- do ele comegou a ter grande apoio e a provocar, a seu bel-prazer, muitos tumultos na cidade; como o senado se desagradasse desses fatos, que Ihe pareciam importantes perigosos, instituiu um ditador* que deveria examinar esse caso e frear 0 impeto de Manlio. Assim que assumiu A primeira dada de Tito tivo mar, € puseram-se em pablico um © ditador mandou-o intima, ¢ puseram-se em pablico diante do outro, 0 ditador no meio dos nobres © Manlio no meio da plebe, Pediu-se a Manlio que dissesse com c tesouro de que ele falava, porqu quem estava aquele t ul : : senado tinha tanta vontade de sabé-lo quanto a plebe, ao que Manlio nao respondia com exatidao, mas, esquivan- do-se, dizia como nao precisava dizer-Ihes aquilo que eles sabiam: ¢ assim 0 ditador mandou encarceré-lo, E de notar, por esse texto, quio detestaveis so as ca- Unias, tanto nas cidades livres quanto nas que vivem de outros mods, e que, para reprimi-las, € preciso no ne eligencar orden guna qoe as posite Fo pode haver melhor ordenacao, para elimina-las, do que abi nuitos lugares para as acusacdes; porque estas sdo tao a 0 S40 nocivas as caltinias eitosas as repiiblicas, qu proveitosas as rep ; © entre ambas a diferenca € que as caldnias nao preci sam de testemunhas nem de nenhuma outra confrontacao para seem provadas, de tal modo que todos podem ser caluniados por todos; mas nao podem ser acusados, vis- to que as acusagdes precisam de confrontagdes verda- deiras e de circunstdncias que mostrem a sua verdade. As acusacées so feitas a magistrados, a povos, a conselhos as calGnias sao feitas nas pracas € nos pontos de encon. tro, Usa-se mais a caltinia onde menos se usa a acusa ao € onde as cidades esto menos ordenadas para rece- bé-las, Por iso, um ordenador de uma repiblica deverd ordenar que nela se possa acusar qualquer cidadao, sem medo ou receio algum; e, feito e bem observado isso ee nir severamente os caluniadores, e estes ndo podem {ReHPSE ao sere ponds iso que ha lugares sberos para ouvirem-se as acusagdes daquele que porventura te- nha lancado caltinias pelos lugares de encontro. E, onde Zo no € bem-ordenada, sempre ocorrem gran- des desordens: porque as caltinias itritam, e ndo castigam °s Cidadlos; € os inritados pensam em defender-se, odian. do mais que temendo as coisas que deles se dizem, Essa questo, como se disse, era bem-ordenada em Roma; € foi sempre mal ordenada na nossa cidade de Flo. fenea. E, assim como em Roma essa ordenagio fer muito em, em Florenca essa desordem fez muito mal. E quem Ie as historias desta cidade vera quantas caltinias foram langadas em todos os tempos contra seus cida balharam nas coisas importante: diziam que havia rc \daos que 's da cidade, De um eubado o dinheiro ptiblico; de outro, Se nao vencera uma empresa” por ter sido corrompido, € due aqueloutro, por ambicio, cometera este ou aquele inconveniente, Motivo por que de todos os lados surgia 9 Oto: deste se chegava a divisio, e da divisao as fuccdes, as facgoes, 3 ruina. Porque, se em Florenca tivesse havi do uma ordenaco que possibilitasse a acusacio dos et aos e punisse os caluniadores, nao teriam ocottide os is cidadaos, infinitos tumultos nao teriam conseguido preju dicar a cidade € teriam sido acusados com mei ia do que eram caluni que ocorreram; porque condenados ou absolvidos, nos freqiién idos, visto que, como disse, nao Se Pode acusar como se calunia. E, entre gue se valeran outras coisas de alguns cidadaos para chegar que chegaram, estao tais caldinias: estas, cidadaos poderosos que se opun iziam muito pelo caluniador lado do povo e confirmando de tais poderosos, consegu S¢ possivel aduzir mi a grandeza a ancadas contra aM aos seus desejos, porque ele, pondo-se a0 @ m4 opinido que este tinha 4 sua amizade. E, embota fos- tos exemplos, gostaria de conten. 'arme com um apenas. Estava o exército floren ino si- jormem acus: ladeira, devem se punidos, 9. De como & preciso estar ordenar wi repblica nova ou para reformé-la inteirame com ordenacoes diferentes das antigas A primeira dada de Tito Lio pride vinvoso, eno deve dear por hernga a ou tro a autoridade que tomou: porque, visto que os home! sio mas propensos 0 mal que 20 bem, se sucesor po- dera usr ambicosamenteaqulo qu ce viuosamente tivesse usado, Além isso, ainda que um 36 seja capaz de ordenar, a coisa ordenada ndo duraré muito se repousar sobre 0: ombyos de um 36, mas apenas quando for ente ge 20s cuidados de muitos, ea muitos couber manté-la Porque, assim como muitos nao so capazes de ordenar ma coisa, por nao conhecerem o bem que hé nela, de wid 3s os que tém entre si, uma vez que vido as diferentes opinides que tém entre si, u o saa, nose conforma em abandon-o. Ba prova de que Romulo merece esas pelt morte do mio e do compan, ¢ de uve ago que fez ft pelo em co mum, e cio propria, é que ele logo ordenou mum, eno por abi propria, € que ee logo orenou uum senado para servirthe de conselho, a fim de deli rar segundo sua opiniao®. F quem observar bem a auto- ridade que Romo esr pa vert que no reser vou nenhuma outra autoridade além de comandar « exérctos, quando se decidisse entrar em guerra, e de reu- niro senado. E viu-se depois, quando Roma se tornou lit wre com expulsio dos Taquiis, que os romanos nio inovar neryma orderaco at es puseram nob et consules anuais; 0 que ates ar de umn ret perpétuo dois cBn: 25 ta que todas as primelras ordenagdes daquela cade ram mais conformes a vida civil e livre do que a uma ab soluta e trdinica — 1 sustentar © que acima dissemos, poceriamos da infinitos exemplos, como Moisés,Licurgo, Séloa ¢ outros adores de reinos e repablicas, que, por se terem at ivi, 1, 8 [Neda R buido uma autoridade, p uderam criar leis em favor do bem comum: mas dei ixo-0s de lado, como coi a. Darei apenas um exemplo, na deve ser considerado por conheci do to célebre, mas que aqueles que desejem ser orde. nadores de boas leis: & 0 de Agid las, rei de Espamta, que. nOS 40s termos das leis de estando eles em parte afas- 1a cidade tinha perdido muito da ant Por conseguinte, forgas e poder, Agides foi, i Jogo no comego, morto pelos Eforos espa jraim due queria impor a tania, Mas em Cleémenes, que sucedeu no reino, ni 1asceu O mesmo desejo, em vista as lembrancas e dos escritos de Agidas, a, pois neles viu quais er imteng Por desejar restringir os esparta, Licurgo, pois Ihe parecia que, tados delas, a su: A Vite, anos, como ho- , que encontra: Tam 0 pensamento [mente] ¢ as ‘Ses do antecessor, percebeu que no podia fazer esse bem a sua masse Gnica autoridade e io dos homens, que nao Pod fazer 0 bem a muitos contra a vontade de poucos, gPanhada a ocastéo conveniente, mandou matar tocios os ‘foros e quem quer que pudesse opor-se a a ele; depois, renstaurou [vinnové in tuttol as leis de Licurgo, Delibera. cio esta ¢ ‘apaz de ressuscitar Esparta e dara Cleémenes Feputagdo que tivera Licurgo, nao fossem o poderio dos macedOnios ¢ a fraqueza das outras reptiblic Porque tendo sido, depois de tal ord los macedénios, aos q) tendo a quem Patria se nao se tor Parecendo-Ihe, devido a ambig: as gregas, denacio, assaltado pe- ais era militarmente inferior, e nao n recorrer, foi derrotado; e assim aquele de- Signlo, conquanto justo e louvavel, nio foi cumprido Consideradas portanto todas essas coisas, concluo ue, para ordenar uma repiblica, € necessério estat so. € que ROmulo deve merecer escusas, e n: do censuras, pela morte de Remo e de Titc 0 Tacio, 10. Assim como sao louvaveis os fundadores de uma reptiblica ou de um reino, sio vituperdvets os fundadores de uma tirania Entre todos os homens louvados, os mais louvados foram os cabegas e ordenadores de religides, Logo depois destes, 0s que fundaram repiblicas ou reinos, Depois des tes, s20 célebres os que, comandando exércitos, amplia- ram seu proprio dominio ou o da patria, A estes se somam os homens de letras. E, como estes sto de varios tipos, sto eles celebrados segundo 0 mérito de cada um. A qualquer outro homem, cujo nUmero é infinito, atribui-se a parte de louvores que Ihe € dada pela sua arte ¢ pela sua ativi- dade. So, a0 contrario, infames ¢ detestéveis os homens que destroem religides, dissipam reinos e replicas, ini- migos das virti, das letras ¢ de qualquer outra arte que confira utilidade e honra a espécie humana; tais so os impios, os violentos, os ignorantes, os incapazes, 0s ocio- 0s, 0s covardes, E ninguém nunca sera tao louco ou tao sabio, tio malvado ou tio bom, que, sendo encarregado da escolha dos dois tipos de homens, nao louve o que deve ser louvado endo censure o que deve set censura- do: no entanto, depois, quase todos, enganados por um falso bem e por uma falsa gloria, deixam-se levar, volun: tiria ou involuntariamente, pelos passos daqueles que ‘merecem mais censura que louvores; e, embora possam ctiar uma repiiblica ou um reino, para sua perpétua glo- ria, voltam-se para a tirania, sem perceberem quanta fa ma, quanta gl6ria, quanta honra, seguranca, tranqililida de, com satisfaco de 4nimo, perdem com essa decisao, e em quanta infamia, vitupério, censura, perigo ¢ inquie- \¢do incorren E, se todos lesser - sssem as hist6rias e fizessem memoria das antigas coisas, € impossivel que vivem em estado privado numa cabedal da svel que aueles cue vsem em esd repiblica ni prefeissem pido" a César para viverem em sua pita, ou que aque. es que se tornaram prineipes por fortuna ou por ci nto prfersem Ageslau”,Timoleone"eDion® a Nabis= False Dionisio®: porque veriam que estes sio sma te vituperados e aqueles, muitissimo louvados, va, tam ainda que Tinoleonte e os outros nao tiveran em sux pin menos autordade do que tveram Dionisio lis, mas veriam que I houve mui mas seguranea ead ite ninguém se engane com a gloria de Cesar so bretudo 40 ouvir os eseitores que tanto o clebram, per que aqueles que o louvam sto corrompidos por sus hy tuna e deixam-se amedrontar pela duracio do império gue, levando 0 seu home, alo permiia que os es ritores alassem livremente dele. Mas quem quiser saber 08 escritores livres falariam dele, ve lam de Cx. escritores livres falariam dele, veja 0 que falam de be ina. E César € mais censurivel porque deve ver ana censurado aquele que fez u suck queue n mal do que aquele que quis faz8-lo, Veja ainda com quantos louvores celebram Brito, uma vez que, nao podeni enar ez qi podendo condenar aquele, devido ao seu poder, celebravam seu inimigo. E aquele que se tornou principe nalguma repiblica deve considerar que, depois de Roma tornar-se Impétio, 44. PUbtio Comndto Cipito,o Afticano (235-183 aC) ef, Cann 15. Rei de Bspara ene 400 © 360 2. (fi, sbi), orintio que restabeleceu a demoeraia em Dionisio, o Velho, o357 a¢ a aC) (fi, sue louvores os imperadores que viveram de acordo com as leis ¢ como principes bons, do que aque: les que viveram de modo oposto: € vera que Tito Nerva Trajano, Adriano, Antonino e Marco Aurélio nao precisa vam ser defendidos por soldados pretorianos nem pela multidao das legides, porque os seus costumes, a bene- voléncia do povo e © amor do senado os defendiam. Vera também que a Caligula, a Nero, a Vitélio e a tantos outros imperadores celerados nao bastaram 0s exércitos orien- tais e ocidentais para salv-los dos inimigos que haviam granjeado com os maus costumes e a vida cruel que leva vam. E, s€ a historia deles fosse bem examinada, serviria de grande ensinamento a qualquer principe, mostrando- Ihe 0 caminho da gléria ou da condenacio, da seguran- ca ou do medo. Porque, de vinte e seis imperadores que a Maximino, dezesseis foram mortos”, dez ¢, dos que foram assassina- houve de Césa morreram de morte natur dos, alguns havia que eram bons, como Galba e Pertinax, que foram mortos pela corrupgao que seu antecessor dei- xara nos soldados. E, se entre 05 que morreram de mor- te natural, algum houve que era celerado, como Severo, so adveio de sua enorme fortuna € virti, coisas ¢ ‘em poucos homens andam juntas. Vera também, pela tura dessa historia, como se pode ordenar um reino bom porque todos os imperadores que sucederam ao impé rio por heranca, exceto Tito, foram maus; 0s que o her da 1 adocao foram todos bons, assim como os cin aio, Nero, G Vexpastano, 1 o, Antonino de antes € os de depois; em seguida, diga em qual deles gostaria de ter nascido, ou em qual gostaria de governar dadaos ricos gozar de suas riquezas; a nobreza e a vinta ncao do rancor, da licenga, da cx wrup¢ao € da ambicao: fender a opiniao que quiser. Vera, enfim, o mundo triun- r; © principe, cheio de reveréncia e gloria; os povos, cheios de amor e seguranca. E, se considerar, depois, em de adultérios: veri o mar cheio de exilados, os, escolhos cheios de sangue. Vera em Roma inumeraveis c rueldades; ordenar ut Ho, m culp: mas, em sendo possivel ndo merece desc quem os céus da iante de si duas vias a para a Sic 0s faz viver em eles e, de espada e deixar ‘es de chegar o dia 8 Tito foi 11. Da religido dos romanos®* reenadh asse que tivesse Romulo como primeiro ord a ton pesse reconhecer nele, como se h aquilss & ‘educacao que teve, os céus, 7 pério, inspiraram no peito de Numa Pompilio como sucessor de Romulo, para que Romulo deixara sem fazer fossem ordena

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