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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES DA CENA:

TEATRO, DANÇA E DIREÇÃO DE ARTE


Maria Cecília Silva de Amorim1

Ciência e senso comum: uma discussão inicial


A leitura do texto de Rubem Alves traz reflexões sobre ciência e senso comum.
Sua linguagem é composta por metáforas e exemplos pelos quais o autor procura elucidar
sobre o que a ciência representa no cotidiano e a presença necessária do senso comum na
constituição do sujeito. Este autor prefere não conceituar ciência e senso comum, mas
apoia a ideia de que o senso comum é uma base para o pensamento científico que busca
explicar as razões da existência e dos fatos, corroborando com as discussões postuladas
em sala de aula. Uma vez questionados sobre qual a diferença entre senso comum e
ciência, os discentes apresentaram que o método os diferencia, outros que a experiência,
e por meio de exemplificações buscaram uma aproximação sobre o questionamento. As
mediações realizadas pelos professores incitaram os alunos acerca da importância de
realizar perguntas e ser capaz de se posicionar de forma acadêmica por meio de fontes de
pesquisa.
Algumas ponderações no campo da pesquisa foram colocadas com base em outros
autores. A importância de considerar o “como”, a metodologia da pesquisa trouxe o
pensamento de Demo (2000) que evoca o “educar pela pesquisa” uma vez que o
conhecimento tem um papel transformador. No campo da Arte, a Ciência se apresenta
por meio das pesquisas qualitativas e quantitativas dentre outras maneiras. Cabe então
vislumbrarmos como discentes a apropriação do conhecimento em Arte no viés da ciência
e por meio da pesquisa. O papel do cientista é contemplado na obra de Alves (2000), a
qual ressalta acerca da imagem que um cientista representa socialmente como
influenciador de opiniões: “Veja as imagens da ciência e do cientista que aparecem na
televisão. Os agentes de propaganda não são bobos. Se usam tais imagens é porque sabem
que elas são eficientes para desencadear decisões e comportamentos.” (p. 9)
O caminho da construção do conhecimento irá do senso comum à ciência e a Arte,
embora efêmera, comunga da ciência em seus aspectos epistemológicos “a ruptura, a
construção e a constatação” (SANTOS, 1989). Ao considerar que a ciência é a
reelaboração do senso comum pode-se afirmar que a postura do cientista como
pesquisador assemelha-se a de um pescador. Alves (2000) poetisa que necessitamos
aprender a pesquisar, a buscar e encontrar respostas de forma autônoma.
Dê um peixe a um homem faminto. Quando o peixe acabar e a fome voltar, ele
retornará para pedir mais. Ensine o homem a pescar. Ele nunca mais voltará.
O mesmo é verdade acerca do senso comum e da ciência. Pessoas que sabem
as soluções já dadas são mendigos permanentes. Já as que aprendem a inventar

1
Mestranda do Programa de Pós-graduação em Artes da Cena. Atividade referente ao primeiro fórum da
disciplina Metodologia de Pesquisa em Artes da cena sob a orientação do Prof. Dr. Alexandre Nunes e
Profa. Dra. Fernanda Cunha.
soluções novas abrem novas trilhas. A questão não é saber uma solução já
dada, mas ser capaz de aprender maneiras novas de sobreviver. (p.20)

A discussão que a Arte da Cena provoca sobre senso comum e ciência nos leva a
pesquisar formas de equilibrar esses elementos disponibilizando de criatividade, inovação
e questionamentos sobre a realidade circundante. A ciência não trará respostas... a arte as
buscará por meio da pesquisa e da sua construção filosófica, educativa e artística.

Referências

ALVES, Rubem. Filosofia da ciência. 15. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2000.
DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. 4. ed. São Paulo: Autores Associados, 2000. (p.
9-21)
SANTOS, Boaventura de Sousa. Introdução a uma Ciência Pós-Moderna. 3. Ed. São
Paulo: Graal, 1989. Disponível em
http://www.boaventuradesousasantos.pt/pages/pt/livros/introducao-a-uma-ciencia-pos-
moderna.php . Acesso 23 de agosto de 2019.

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