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NOTAS DE AULA DE ÁLGEBRA LINEAR

Profª Drª Ana Paula Marins Chiaradia

Departamento de Matemática - FEG - UNESP

Versão: 2019
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

INTRODUÇÃO

Com doze andares de altura e pesando 75 toneladas, o US Columbia partiu majestosamente de


sua plataforma de lançamento numa manhã fresca num domingo de abril de 1981, em Palm. Produto
de dez anos de intensa pesquisa e desenvolvimento, o primeiro ônibus espacial dos EUA foi uma
vitória da engenharia de controle de sistemas, envolvendo muitas áreas da engenharia - aeronáutica,
química, elétrica, hidráulica e mecânica.
Os sistemas de controle do ônibus espacial são absolutamente críticos para o voo. Como o
ônibus espacial é uma aeronave instável, ele requer um constante monitoramento por computador
durante o vôo atmosférico. O sistema de controle de voo envia uma sequência de comandos para as
superfícies de controle aerodinâmico e 44 jatos de propulsão.
Matematicamente, os sinais de entrada e saída de um sistema de engenharia são funções. É
importante para as aplicações que essas funções possam ser somadas e multiplicadas por escalares.
Essas operações em funções têm propriedades algébricas que são completamente análogas às
operações de soma de vetor e multiplicação de vetor por escalar no  n . Por este motivo, o conjunto de
todas as entradas possíveis (funções) é chamado de um espaço vetorial.(Texto extraído e adaptado de
Livro “Álgebra Linear e suas aplicações”, David C. Lay, 2ª edição. LTC.).

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Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

ESPAÇOS VETORIAIS

Definição: Um espaço vetorial real (abreviado por e.v.) é um conjunto V, não vazio, com duas
operações definidas: soma

VV  V
v, v  v  v
e multiplicação por escalar

KV  V
a, v  av
satisfazendo a propriedades operatórias análogas às listadas para matrizes e vetores, sendo:
da soma:
A1) u  v  v  u, com u,v  V.
A2) u  v  w  u  v  w.
A3) Existe um elemento nulo 0 em V tal que u  0  0  u  u.
A4) Para cada u em V, existe um elemento oposto u em V tal que u  u  0.
da multiplicação por escalar:
M1)   u  v    u    v.
M2)     u    u    u.
M3)     u    u.
M4)1  u  u, para todo elemento u de V.

Portanto, dizer que V é um espaço vetorial real significa que V é fechado para soma e para a
multiplicação por escalar. Isto é, se u e v são elementos quaisquer de V, então u  v está em V. E se u
é um elemento qualquer de V e  qualquer número real, então   u está em V.

Propriedades:
1. O vetor nulo (0) de V é único.
2. O vetor oposto de v em V, isto é, v  1v, é único.

Observação:
1. Os elementos de V são chamados de vetores.
2. Se V é o conjunto das matrizes de ordem 2, chamaremos mesmo assim as matrizes de
vetores.
3. Em geral se escreve   v  v e u  v  u  v, por simplicidade.

Exemplos: São espaços vetoriais com as operações usuais (a soma e multiplicação por escalar
conhecidas):
  conjunto dos números reais.
 2  x, y/x, y    conjunto dos vetores no plano bi-dimensional.

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3  x, y, z/x, y, z    conjunto dos vetores no plano tri-dimensional.


n
  x 1 , x 2 ,  , x n /x i    conjunto dos vetores n-uplas de números reais.
M mxn  conjunto das matrizes mxn cujos elementos são reais.
M n  conjunto das matrizes de ordem n cujos elementos são reais.
fx  conjunto das funções reais de variável real.
P n x  a 0  a 1 x  a 2 x²  a n x n conjunto dos polinômios de grau menor ou igual a n de
coeficientes reais.

Exercício 1: Descreva o vetor nulo e vetor oposto de cada espaço vetorial citado acima.

Consultar o livro: Steinbruch, A. Winterle, P. Álgebra Linear. 2a. ed. Makron Books. 1987.
Fazer os exercícios 1 a 7 (páginas 87 e 88) do capítulo 2.

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SUBESPAÇOS VETORIAIS

Ás vezes, é necessário detectar, dentro de um espaço vetorial V, subconjuntos S que sejam eles
próprios espaços vetoriais "menores". Tais conjuntos serão chamandos subespaços vetoriais de V.

Exemplo: O conjunto nulo S  0 e o próprio espaço vetorial V são subespaços (triviais) de V.

Definição: Seja V um espaço vetorial real. Um subconjunto S  V (um conjunto não vazio) é um
subespaço vetorial de V se:
a) 0  S .
b) Se v, w  S, então v  w  S.
c) Se k   e v  S, então k  v  S.

Seja V um espaço vetorial real e S um subconjunto não vazio de V. S é um subespaço vetorial de


V se S for um espaço vetorial, com as operações de adição e multiplicação por escalar definidas para
V.
Observação: Muitas vezes usamos a palavra subespaço no lugar de subespaço vetorial e
espaço ao invés de espaço vetorial quando não existe possibilidade de dúvida.
Exemplo: São subespaços de  2 com as operações usuais:

y y
y

x x
x

0,0a origem uma reta que passa pela origem próprio  2

Exemplos: São subespaços de  3 com as operações usuais:


- 0, 0, 0 a origem
- uma reta que passa pela origem
- um plano que passa pela origem.
- e o próprio  3

Exemplo: Não é subespaço vetorial de  2 com as operações usuais:


S  x, y   2 /x  0 e y  0

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OBS:  2   3 , isto é, 1, 3  1, 3, 0!!!!!!!!!!

Exemplo: São subespaços vetoriais de V dado:


a) S nxn  S n  M n /S  S T   conjunto das matrizes simétricas de V  M n (conjunto das matrizes
quadradas de ordem n).

b) Se AX  B é um sistema linear homogêneo de m equações em n incógnitas, então o conjunto


dos vetores-soluções é um subespaço do V   n .

1 2 3 x 0
Exemplo: 2 4 6 y  0 . Encontre a solução deste sistema homogêneo.
3 6 9 z 0

Verifique que o vetor-solução pode ser escrito como x  2y  3z  0 que é a equação de um plano
que passa pela origem, isto é, S  x, y, z   3 /x  2y  3z  0 é subespaço vetorial de  3 com as
operações usuais.
Isto significa que se somarmos duas soluções, a soma de soluçõe também será uma solução do
sistema. Faça o teste: encontre duas soluções e some-as!

O produto de uma constante real por uma solução também será solução do sistema. Faça o
teste: multiplique uma solução por uma constante real qualquer!
E a solução trivial é solução do SEL, o que prova que o vetor-solução é um subespaço vetorial do
3
 com as operações usuais.

E o SEL for não-homogêneo, o conjunto dos vetores-soluções será um subespaço do V 


n
 ? Por quê?

Exemplos:
1) O conjunto S  x, y, z   3 /2x  3y  6z  0 (plano contendo a origem) é um subespaço de
3.
2) O conjunto S  x, y, z   3 /2x  3y  6z  12 (plano não contendo a origem) não é um
subespaço de  3 .

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3) Sejam S 1 e S 2 subespaços do espaço V. A interseção de subespaços S 1  S 2 é um subespaço


de V, mas a união S 1  S 2 não é um subespaço de V.

Exercício 2: Quais dos seguintes conjuntos S são subespaços vetoriais de V? Justifique


1) V   3 e S  a, 0, 0   3 /a  

2) V   3 e S  a, 1, 1   3 /a  

3) V   3 e S  a, b, c   3 /b  a  c  1, em que a, b, c  

a b
4) V  M 2 e S  A  M 2 /a  b  c  d  0, em que a, b, c  
c d

a b
5) V  M 2 e S  A  M 2 / det A  0
c d

6) V  M n e S  A  M n /A T  A

Respostas: São 1, 4 e 6.

Exercícios de Revisão
1) Considere o conjunto cujo único elemento é a Lua. Será este conjunto um espaço vetorial com
as operações LuaLua  Lua e k Lua  Lua para cada número real k? Explique o seu raciocínio.

2) Você considera possível existir um espaço vetorial formado por exatamente dois vetores
distintos? Explique o seu raciocínio.

3) Determine se o conjunto-solução do sistema AX  0 é uma reta pela origem, um plano pela


origem ou somente a origem. Se for um plano, obtenha uma equação para este plano; se for uma reta,
obtenha as equações paramétricas desta reta.
1 1 1 1 2 3 1 2 3
a) A  3 1 0 b) A  3 6 9 c) A  2 5 3
2 4 5 2 4 6 1 0 8

1 2 6 1 1 1 1 3 1
d) A  1 4 4 e) A  2 1 4 f) A  2 6 2
3 10 6 3 1 11 3 9 3

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4) Decida se a afirmação dada é sempre verdadeira ou às vezes falsa. Justifique sua resposta
dando um argumento lógico ou um contra-exemplo.
a) Se AX  B é qualquer sistema linear possível de m equações em n incógnitas, então o
conjunto-solução é um subespaço de  n .
b) Se W é um conjunto de um ou mais vetores de um espaço vetorial V tal que ku  v sempre é
um vetor em W para quaisquer vetores u e v em W e qualquer escalar k, então W é um subespaço de
V.

5) Considere o sistema linear


2x  4y  6z  a
x  y  4z  b
6y  14z  c
Seja W  x, y, z   3 /x, y, z é solução do sistema. Isto é, W é o conjunto-solução do sistema;
Que condições devemos impor a a, b,e c para que W seja subespaço vetorial de  3 ?

Respostas
1) sim
2) não
3) a) reta;x  1/2t, y  3/2t, z  t b) reta; x  2t, y  t, z  0 c) origem
d) origem e) reta; x  3t, y  2t, z  t f) plano; x  3y  z  0
4) a) falsa b) verdadeira
5) a  b  c  0

Consultar o livro: Steinbruch, A. Winterle, P. Álgebra Linear. 2a. ed. Makron Books. 1987.
Fazer os exercícios 8 a 26 (páginas 88 e 90) do capítulo 2.

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SOMA DIRETA

Definição: Sejam S 1 e S 2 dois subespaços vetoriais de V. A soma S de S 1 e S 2 , que representa


por S  S 1  S 2 , é o conjunto de todos os vetores u  v tais que u  S 1 e v  S 2 .
S  S 1  S 2  w  S / w  u  v , em que u  S 1 e v  S 2

Teorema: A soma S de dois subespaços vetoriais S 1 e S 2 de V é um subespaço vetorial de V.

Exemplo: V  M 2
a b a 0
S1  /a, b   e S2  /a, c   .
0 0 c 0

a b
Então, S 1  S 2  /a, b, c  
c 0

Exemplo: V   3
S 1  a, b, 0/a, b   e S 2  0, 0, c/c  

Então, S 1  S 2  a, b, c/a, b, c  

Definição: Sejam S 1 e S 2 dois subespaços vetoriais de V. Diz-se que V é soma direta de S 1 e S 2


se
1) V  S 1  S 2
2) S 1  S 2  0

Notação: V  S 1  S 2

Teorema: Se V é soma direta de S 1 e S 2 , todo vetor v  V se escreve, de modo único, na forma


v  u  w onde u  S 1 e w  S 2 .

Exemplo: V  M 2
a b a 0
S1  /a, b   e S2  /a, c   .
0 0 c 0

a b
Então, V não é soma direta de S 1 e S 2 pois S 1  S 2  /a, b, c   V e
c 0

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a 0
S1  S2  /a   .
0 0

Exemplo: V   3
S 1  a, b, 0/a, b   e S 2  0, 0, c/c  

Então,  3  S 1  S 2  a, b, c/a, b, c  . Qualquer vetor a, b, c   3 pode ser escrito como
soma de um vetor de S 1 e um vetor de S 2 de modo único:
a, b, c  a, b, 0  0, 0, c.

Exemplo: V   3
S 1  a, b, 0/a, b   e S 2  a, 0, c/a, c  . Neste caso  3  S 1  S 2 não é soma direta.

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COMBINAÇÕES LINEARES

Definição: Seja V um espaço vetorial real e S  v 1 , v 2 ,  , v n  uma conjunto de vetores em V.


Dizemos que um vetor qualquer v  V é combinação linear dos elementos de S, se existem escalares
k 1 , k 2 ,  , k n   tal que
v  k 1 v 1  k 2 v 2  k n v n

OBS:
1) Se n  1, então a equação desta definição reduz a v  k 1 v 1 ; ou seja, v é uma combinação
linear de um único vetor v 1 se for um múltiplo escalar de v 1 .
2) Se o sistema obtido for impossível (SI), então não existem escalares de modo que v possa ser
escrito como combinação linear dos vetores v 1 , v 2 ,  , v n . Portanto, v não é combinação linear dos
vetores v 1 , v 2 ,  , v n .
3) Se o sistema tiver solução, isto é, for possível (SP), então v pode ser escrito como combinação
linear dos vetores v 1 , v 2 ,  , v n . Se o sistema for SPD, os escalares são únicos, isto é, v pode ser
escrito de forma única como combinação linear dos vetores v 1 , v 2 ,  , v n .

Exemplo: O vetor v  3, 2, 1  R³ pode ser escrito como uma combinação linear dos vetores
de S  1, 0, 0, 1, 1, 0, 1, 1, 1.
Resp: v  5v 1  3v 2  v 3

Exemplo: O vetor v  4, 3, 6  R³ não é combinação linear dos vetores de


S  1, 3, 2, 2, 4, 1.

Exemplo: O vetor v  4, 18, 7  R³ é combinação linear dos vetores de


S  1, 3, 2, 2, 4, 1.
Resp:v  2v 1  3v 2

Exercícios
1: Determinar escalares p, q, r   tal que 1, 2, 3  p1, 0, 0  q1, 1, 0  r1, 1, 1.
2: Determine o valor de a para que o vetor u  1, a, 7 seja combinação linear dos vetores de
S  1, 3, 2, 2, 4, 1.
3. Determine a condição para que x, y, z de modo que x, y, z seja combinação linear dos vetores
de S  1, 3, 2, 2, 4, 1. Interprete geometricamente.
4 Mostrar que o vetor v  3, 4   2 pode ser escrito de infinitas maneiras como combinação
linear dos vetores de S  1, 0, 0, 1, 2, 1.

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Respostas:
1) p  1, q  1 e r  3
2) a  13
3) x  y  2z  0

Cada vetor a, b, c em  3 pode escrito como uma combinação linear dos vetores:
i  1, 0, 0 j  0, 1, 0 k  0, 0, 1
pois v  a, b, c  a1, 0, 0  b0, 1, 0  c0, 0, 1  ai  bj  ck.

Exercício 5: Escreva os vetores como uma combinação de i, j e k.


a) (-3,4,5)
b) (0,3,0)
c) (-1,0,0)
d) (0,0,3)
e) (0,3,7)
f) (2,0,-4)
g) (3,5,0)
h) (-1,-1,-1)
i) (1,1,1)
k) (10, 9, 4)

Exercícios de Revisão

1) Quais dos seguintes são combinações lineares de u  0, 2, 2 e v  1, 3, 1?
a) (2,2,2) b) (3,1,5) c) (0,4,5) d) (0,0,0)
2) Expresse os seguintes como combinações lineares de u  2, 1, 4, v  1, 1, 3 e w  3, 2, 5.
a) (-9,-7,-15) b) (6,11,6) c) (0,0,0) d) (7,8,9)
4 0
3) Quais das seguintes matrizes são combinações lineares de A ,
2 2

1 1 0 2
B , C ?
2 3 1 4

6 8 0 0 6 0 1 5
a) b) c) d
1 8 0 0 3 8 7 1

Respostas:
1) a, b, d
2) a) 2u  v  2w b) 4u  5v  w c) 0u  0v  0w d) 0u  2v  3w
3) a, b, c

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Consultar o livro: Steinbruch, A. Winterle, P. Álgebra Linear. 2a. ed. Makron Books. 1987.
Fazer os exercícios 27 a 32 (páginas 90 a 91) do capítulo 2.

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ESPAÇOS FINITAMENTE GERADOS

Definição: Seja V uma espaço vetorial. Consideremos um subconjunto A  v 1 , v 2 ,  , v n   V,


A  . O conjunto S de todos os vetores de V que são combinações lineares dos vetores de A é um
subespaço vetorial de V. O subespaço S diz-se espaço gerado pelos vetores v 1 , v 2 ,  , v n ou gerado
pelo conjunto A e é representado por:
S  v 1 , v 2 ,  , v n   v  V / v  k 1 v 1  k 2 v 2  k n v n 
em que v 1 , v 2 ,  , v n são chamados geradores do subespaço S, enquanto A é o conjunto gerador de S.

OBS: A  , então   0, por convenção.

Exemplos:
1)  2  1, 0, 0, 1
2) S  x, y, 0/x, y    1, 0, 0, 0, 1, 0
3)  3  1, 0, 0, 0, 1, 0, 0, 0, 1
4) 1, 2  x, 2x/x  
5) 1, 2, 2, 4  x, 2x/x  
6) 1, 2, 3  x, 2x, 3x/x  
7) 1, 2, 1, , 2, 1, 1  x, y, z   3 /x  3y  5z  0
8) 3, 1, 5, 2   2
9) 1, 1, 1, 1, 1, 0, 1, 0, 0   3 .
10) V  M 2x2
1 2 3 1 2y  t y
,  /y, t  
2 3 1 1 y t

OBS:
a) O subespaço gerado por um vetor do  2 ou  3 , v  0, é uma reta que passa pela origem.
b) O subespaço gerado por dois vetores do  2 ou  3 , não-colineares, é um plano que passa pela
origem.
No caso do  2 , é o próprio  2 .
c) O subespaço gerado por 3 vetores não-coplanares é o próprio  3 .

OBS: O conjunto gerador não é único.

Definição: Um espaço vetorial V é finitamente gerado se existe um conjunto finito A, A  V, tal


que V  A.

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Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

Exemplo: São espaços vetoriais finitamente gerados: 2 ,  3 ,   n , Mnxm.

Exercício: Determine se u  1, 1, 2, v  1, 0, 1 e w  2, 1, 3 geram o espaço vetorial  3 .


Resp: 1, 1, 2,1, 0, 1, 2, 1, 3  x, y, z   3 /x  y  z  0

OBS: O problema reduz a determinar se o sistema obtido tem solução para quaisquer valores de
x, y e z. Isto é, se for possível calcular o determinante, será SP se, e somente se, o determinante da
matriz dos coeficientes for não-nulo. Se o determinante for nulo, então os vetores não geram o espaço.

Exercício de Fixação
Determine se os vetores dados geram  3 .
1) u  2, 2, 2, v  0, 0, 3, w  0, 1, 1
2) u  2, 1, 3, v  4, 1, 2, w  8, 1, 8
3) u  3, 1, 4, v  2, 3, 5, w  5, 2, 9, t  1, 4, 1
4) u  1, 2, 6, v  3, 4, 1, w  4, 3, 1, t  3, 3, 1
5) Sejam f  cos 2 x e g  sen 2 x. Quais dos seguintes estão no espaço gerado por f e g?
a) cos2x b) 3  x 2 c) 1 d) senx e) 0
6) Encontre uma equação para o plano gerado pelos vetores u  1, 1, 1 e v  3, 4, 4.
7) Encontre equações paramétricas para a reta gerada pelo vetor u  3, 2, 5.
8) Mostre que v 1  1, 6, 4 e v 2  2, 4, 1 e v 3  1, 2, 5 geram o mesmo subespaço vetorial de
3
 que os vetores w 1  1, 2, 5 e w 2  0, 8, 9.
9) Decida se a afirmação dada é sempre verdadeira ou às vezes falsa. Justifique sua resposta
dando um argumento lógico ou um contra-exemplo.
a) Se S é um conjunto finito de vetores de um espaço vetorial V, então S é fechado para adição
e multiplicação por escalar.
b) A interseção de dois subespaços de um espaço vetorial V também é um subespaço de V.
c) Se S 1   S 2 , então S 1  S 2 .
10) Sob quais condições dois vetores de  3 geram um plano? E uma reta?
11) Sob quais condições vale u  v? Explique.

Respostas:
1e4
5) a, c, e
6) y  z
7) x  3t, y  2t, z  5t em que t  
9) a) verdadeira b) verdadeira c) falsa

Consultar o livro: Steinbruch, A. Winterle, P. Álgebra Linear. 2a. ed. Makron Books. 1987.
Fazer os exercícios 33 a 45 (páginas 91 a 93) do capítulo 2.

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Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

DEPENDÊNCIA LINEAR

Definição: Sejam V um espaço vetorial e v 1 , v 2 ,  , v n   V um conjunto não-vazio. Dizemos que


o conjunto v 1 , v 2 ,  , v n  é linearmente independente (LI), ou que os vetores v 1 , v 2 ,  , v n são LI, se a
equação
k 1 v 1  k 2 v 2  k n v n  0
implica que k 1  k 2   k n  0. No caso em que exista algum k i  0 dizemos que v 1 , v 2 ,  , v n  é
linearmente dependente (LD), ou que v 1 , v 2 ,  , v n são LD.

OBS: v 1 , v 2 ,  , v n  é LD, se e somente se um destes vetores for uma combinação linear dos
outros. Isto é, um conjunto de vetores é LI se, e somente se nenhum deles for uma combinação linear
dos outros.

Dica: No caso que é possível calcular o determinante, tem-se:


Sistema Determinante LD ou LI
SPD 0 LI
SPI 0 LD

Exemplos: Em cada caso, diga se cada conjunto é LD ou LI:


1) 1, 0, 0, 1 do  2 é um conjunto ___________.
2) 2, 3, 3, 5 do  2 é um conjunto ___________.
3) 2, 3, 4, 6 do  2 é um conjunto ___________.
4) 1, 0, 0, 0, 1, 0, 0, 0, 1 do  3 é um conjunto ___________.
5) 2, 1, 3, 1, 0, 2, 2, 3, 1 do  3 é um conjunto ___________.
6) 1, 3, 2, 0, 1, 1 do  3 é um conjunto ___________.
7) 0, 0, 0, 0, 1, 1, 2, 4, 5 do  3 é um conjunto ___________.
8) 0, 1, 0, 1, 0, 2, 1, 2, 1, 1, 1, 1 do  3 é um conjunto ___________.
1 2 2 3 3 4
9) , , do M 2x2 é um conjunto __________.
3 1 3 0 3 1

1 0 0 1 0 0 0 0
10) , , , do M 2x2 é um conjunto __________.
0 0 0 0 1 0 0 1
11) 1, 0, 0, 0, 1, 0, 0, 0, 1, 2, 3, 1 do  3 é um conjunto ___________.
12) 2, 1, 3, 1, 1, 2 do  2 é um conjunto ___________.
13) 1, 2do  2 é um conjunto ___________.
14) 1, 3, 5do  3 é um conjunto ___________.
1 2 3 6
15) , do M 2x2 é um conjunto __________.
4 3 12 9
16) 0, 0 do  2 é um conjunto ___________.
16
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

1 0 0 1 0 0 0 0
17) , , , do M 2x2 é um conjunto __________.
0 0 0 0 0 0 0 1

1 2 3 6 1 0
18) , , do M 2x2 é um conjunto __________.
4 3 12 9 0 0

OBS: Dois vetores formam um conjunto LD se, e somente se, um vetor é múltiplo escalar do
outro. Veja os exemplos__________.
Propriedades:
Seja V um espaço vetorial real.
1) v  V e v  0, então v é LI. Veja os exemplos _________.

2) Se um conjunto A  V contém o vetor nulo, então A é LD. Veja os exemplos ________.

3) Se uma parte de um conjunto A  V é LD, então A é também LD. Veja os


exemplos___________.

4) Se um conjunto A  V é LI, qualquer parte de A é também LI. Veja os exemplos___________.

Geometricamente:
No  2 ou  3 , um conjunto de dois vetores é LI, se e somente se, os vetores não estão numa
mesma reta.
No  3 , um conjunto de três vetores é LI, se e somente se, os vetores não estão num mesmo
plano.

Exercício 1: Verifique quais conjuntos são LI ou LD, no  2 ou  3 :


No  2 :
a) O conjunto é __________
y

b) O conjunto é __________

17
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

c) O conjunto é __________
y

d) O conjunto é __________
y

e)O conjunto é __________


y

No  3
f) O conjunto é __________
g) O conjunto é __________
h) O conjunto é __________
i) O conjunto é __________
j) O conjunto é __________

18
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

Exercício 2: Quais dos seguintes conjuntos de vetores do  3 são LD? Justifique a sua resposta.
a) 4, 1, 2, 4, 10, 2 Resp: não
b) 2, 0, 1, 3, 2, 5, 6, 1, 1, 7, 0, 2 Resp: sim

Exercício 3:
a) Mostre que os vetores v 1  0, 3, 1, 1,v 2  6, 0, 5, 1 e v 3  4, 7, 1, 3 formam um conjunto LD
4
do  .
b) Expresse cada vetor como combinação linear dos outros dois.

Respostas:
2) a) não b) sim
7
3) b) v 1  27 v 2  37 v 3 v2  7
2
v1  3
2
v3 v3  3
v1  2
3
v2

Exercícios de Revisão:
Suponha que v 1 , v 2 , v 3 são vetores em  3 com pontos iniciais na origem. Em cada parte,
determine se os vetores estão num plano, isto é, se são coplanares:
1) v 1  2, 2, 0, v 2  6, 1, 4, v 3  2, 0, 4
2) v 1  6, 7, 2, v 2  3, 2, 4, v 3  4, 1, 2

Suponha que v 1 , v 2 , v 3 são vetores em  3 com pontos iniciais na origem. Em cada parte,
determine se os vetores estão num reta, isto é, se são colineares:
3) v 1  1, 2, 3, v 2  2, 4, 6, v 3  3, 6, 0
4) v 1  4, 6, 8, v 2  2, 3, 4, v 3  2, 3, 4
5) Classificar os seguintes subconjuntos do  2 em LI ou LD. Justifique a sua resposta.
a) 1, 3 b) 1, 32, 6 c) 2, 1, 3, 5
d)1, 0, 1, 1, 3, 5
6) Classificar os seguintes subconjuntos do  3 em LI ou LD. Justifique a sua resposta.
a) 1, 3, 4 b) 1, 1, 1, 1, 1, 1
c) 2, 1, 0, 1, 3, 0, 3, 5, 0 d) 2, 1, 3, 0, 0, 0, 1, 5, 2
e)1, 2, 1, 2, 4, 2, 1, 3, 0 f) 1, 1, 2, 2, 1, 1, 1, 0, 3
g) 1, 2, 1, 1, 0, 0, 0, 1, 2, 3, 1, 2
7) Determine o valor de k para seja LI o conjunto 1, 0, 2, 1, 1, 1, k, 2, 0.
1 0 1 1 2 1
8) Determinar o valor de k para que , , seja LD
1 0 0 0 k 0

Respostas:
1) não
2) sim
3) não
4) sim
19
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

5) b, d são LD e a,c são LI


6) a,b,f são LI e c,d,e,g são LD.
7) k  3
8) k  3.

Consultar o livro: Steinbruch, A. Winterle, P. Álgebra Linear. 2a. ed. Makron Books. 1987.
Fazer os exercícios 46 a 54 (páginas 93 a 95) do capítulo 2.

20
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

BASE E DIMENSÃO
Um espaço vetorial pode ser gerado por n vetores, ou mais.

Exemplo: O espaço vetorial  3 pode ser gerado por três vetores, ou também por quatro, ou por
cinco, etc.

Assim, três vetores constituem o número mínimo necessário para gerar o  3 . No entanto, quatro,
cinco ou mais vetores podem gerar o  3 . Porém, nesse caso, sobram vetores no conjunto gerador. E
nós estamos interessados no conjunto gerador que seja o menor possível.

Definição: Sejam V um espaço vetorial real e S  v 1 , v 2 ,  , v n   V. O conjunto S é uma base


de V se, e somente se,:
a) S é LI
b) S gera V, isto é, S  V.

OBS: Se S  v 1 , v 2 ,  , v n  é uma base de um espaço vetorial V real, então cada vetor em V pode
ser expresso da forma v  k 1 v 1  k 2 v 2  k n v n de maneira única, isto é, os k i são únicos.

Exemplos:Complete com a palavra "não", se for o caso:


1) 1, 0, 0, 1 ________é uma base do  2 .
2) 2, 3, 3, 5 ________é uma base do  2 .
3) 2, 3, 4, 6 ________é uma base do  2 .
4) 1, 0, 0, 0, 1, 0, 0, 0, 1 ________é uma base do  3 .
5) 2, 1, 3, 1, 0, 2, 2, 3, 1 ________é uma base do  3 .
6) 1, 3, 2, 0, 1, 1________é uma base do  3 .
7) 0, 0, 0, 0, 1, 1, 2, 4, 5 ________é uma base do  3 .
8) 0, 1, 0, 1, 0, 2, 1, 2, 1, 1, 1, 1 ________é uma base do  3 .
1 2 2 3 3 4
9) , , ________é uma base do M 2x2 ..
3 1 3 0 3 1

1 0 0 1 0 0 0 0
10) , , , ________é uma base do M 2x2 ...
0 0 0 0 0 1 0 1
11) 1, 0, 0, 0, 1, 0, 0, 0, 1, 2, 3, 1 ________é uma base do  3 .
12) 2, 1, 3, 1, 1, 2 ________é uma base do  2 .
13) 1, 2 ________é uma base do  2 .
14) 1, 3, 5 ________é uma base do  3 .
1 2 3 6
15) , ________é uma base do M 2x2 .
4 3 12 9
16) 0, 0 ________é uma base do  2 .

21
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

1 0 0 1 0 0 0 0
17) , , , ________é uma base do M 2x2 .
0 0 0 0 0 0 0 1

1 2 3 6 1 0
18) , , ________é uma base do M 2x2 .
4 3 12 9 0 0

OBS: No  2 , um conjunto de dois vetores LI irão gerar o próprio  2 , isto é, este conjunto forma
uma base do  2 .
No  3 , um conjunto de três vetores LI irão gerar o próprio  3 , isto é, este conjunto forma uma
base do  3 .

Exemplos: As seguintes bases são chamadas de base canônica do espaço vetorial dado.
1) 1 do 
2) 1, 0, 0, 1 do  2 .
3) 1, 0, 0, 0, 1, 0, 0, 0, 1 do  3 .
4) 1, 0, 0, 0, 0, 1, 0, 0, 0, 0, 1, 0, 0, 0, 0, 1 do  4 .
1 0 0 1 0 0 0 0
5) , , , do M 2x2 .
0 0 0 0 1 0 0 1

OBS: Sejam V um espaço vetorial e S  v 1 , v 2 ,  , v n   V uma base qualquer de V com n


elementos:
a) Um conjunto com mais de n vetores é LD. Veja os exemplos _________.
b) Um conjunto com menos do que n vetores não gera V, logo não é base. Veja os
exemplos_________.
c) Qualquer conjunto LI com n vetores é base. Veja os exemplos______________.

Todas as bases de um espaço vetorial têm o mesmo número de vetores.

22
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

DIMENSÃO

Definição: O número de vetores de uma base de V é definido como sendo a dimensão de V.


Notação:dimv  n.

Exemplos:
V   então dimV  0 (por convenção).
dim   1 dim M 2x2  2x2  4
2
dim   2 dim M nxm  nxm
3
dim   3 dim 0  0
4
dim   4
dim  n  n

Sejam V um espaço vetorial real tal que dim V  n e S é um subespaço de V, então dim S  n. Se
dim S  n, então S  V.

Exemplos: V  3 e dim 3  3. Qualquer subespaço do  3 só poderá ter 0,1,2 ou 3 como


dimensão, isto é,
dim S  0, então S  0, 0, 0
dim S  1, então S é uma reta que passa pela origem.
dim S  2, então S é um plano que passa pela origem.
dim S  3, então S  V   3 .

Exercício 1: Analise para V   2 .

Reescrevendo: Sejam V um espaço vetorial de dimV  n e S  v 1 , v 2 ,  , v n   V uma base


qualquer de V
a) Um conjunto com mais de n vetores é LD.
b) Um conjunto com menos do que n vetores não gera V, logo não é base.
c) Qualquer conjunto LI com n vetores é base.

Exercício 2: Determinar a dimensão e uma base do espaço vetorial


3
S  x, y, z   /2x  y  z  0.
Resp: dim S  2

Dica: Uma forma prática para determinar a dimensão de um espaço vetorial é verificar o número
de variáveis livres de seu vetor genérico. Esse número é a dimensão do espaço.

Definição: Seja B  v 1 , v 2 ,  , v n  uma base de V. Tomemos v  V, sendo v


23
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

k 1 v 1  k 2 v 2  k n v n . Os números k 1 , k 2 ,  k n são chamados de componentes ou coordenadas de v


em relação à base B e se representa por: v B  k 1 , k 2 ,  k n .
A n-upla k 1 , k 2 ,  k n . é chamada vetor-coordenada de v em relação à base B.

Exercício 3: Seja B  1, 2, 3, 0, 1, 2, 0, 0, 1.


a) Mostre que é uma base do  3 .
b) Determine o vetor-coordenada de v  5, 4, 2 em relação a base B
Resp: v B  5, 6, 1
c) Determine o vetor v   3 cujo vetor-coordenada em relação à base B é v B  2, 3, 4.
Resp: (2,1,4)
d) Determinar o vetor coordenada de (5,4,2) em relação a base canônica do  2 .

Exercício 4: Determine uma base e a dimensão do espaço-solução do sistema homogêneo.


x  2y  4z  3t  0
x  2y  2z  2t  0
2x  4y  2z  3t  0
Resp: dimensão 2 e um exemplo de base: {(-2,0,1,2),(-2,1,0,0)}

Exercício de Revisão:
1. O conjunto B  2, 1, 3, 2 é uma base do  2 . Escrever o vetor genérico x, y do  2
como combinação linear de B.

2. Quais dos seguintes conjuntos de vetores formam uma base do  3 ? Justifique a sua
resposta.
a) 1, 1, 1, 2, 1, 0, 3, 2, 0
b) 1, 0, 1, 0, 1, 2, 2, 1, 4
c) 2, 1, 1, 1, 0, 1, 0, 0, 1
d) 1, 2, 3, 4, 1, 2
e) 0, 1, 2, 2, 1, 3, 1, 0, 1, 4, 1, 2

2 3 1 1 3 2 3 7
3. Mostrar que o conjunto , , , é uma
1 0 0 2 1 1 2 5
base de M 2x2 .

4. Mostrar que os vetores v 1  1, 1, 1, v 2  1, 2, 3, v 3  3, 0, 2 e v 4  2, 1, 1 geram o  3 e
encontrar uma base dentre destes vetores.

5. Determinar o vetor coordenada de v  6, 2 em relação às seguintes bases:


a) B 1  3, 0, 0, 2
b) B 2  1, 0, 0, 1
c) B 3  1, 2, 2, 1

24
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

d) B 4  0, 1, 1, 0

6. No espaço vetorial  3 , consideremos a seguinte base: B  1, 0, 0, 0, 1, 0, 1, 1, 1.
Determinar o vetor coordenada de v   3 em relação à base B se:
a) v  2, 3, 4 b) v  3, 5, 6 c) v  1, 1, 1

7. Sejam os vetores v 1  1, 0, 1, v 2  1, 2, 1, v 3  0, 1, 0 do  3 .


a) Mostrar que B  v 1 , v 2 , v 3  é uma base do  3 .
b) Escrever e 1  1, 0, 0, e 2  0, 1, 0, e 3  0, 0, 1 como combinação linear dos vetores da base
B.

8. Determinar a dimensão e uma base para cada um dos seguintes espaços vetoriais:
a) x, y, z   3 /y  3x
b) x, y, z   3 /y  5x e z  0
c) x, y, z   3 /x  y  0
d) x, y, z   3 /x  3y e z  y
e) x, y, z   3 /2x  y  3z  0
f) x, y, z   3 /z  0

Respostas
1) x, y  2x  3y2, 1  x  2y3, 2.
2) a, c
4) uma das soluções possíveis v 1 , v 2 , v 3 .
5) a) 2, 1 b) 6, 2 c) 2/3, 10/3
d) 2, 6
6) a) 2, 1, 4 b) 3, 11, 6 c) 0, 0, 1
7) ½, ½, 1,0, 0, 1 , ½, ½, 1.
8) a) dim: 2 b) dim: 1 c) dim: 2 d) dim: 1 e) dim: 2 f) dim: 2
As bases ficarão a cargo de cada aluno.

Consultar o livro: Steinbruch, A. Winterle, P. Álgebra Linear. 2a. ed. Makron Books. 1987.
Fazer os exercícios 55 a 75 (páginas 95 a 99) do capítulo 2.

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Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

ESPAÇO VETORIAL EUCLIDIANO

Definição: Produto escalar ou produto interno de um espaço vetorial V é uma função V  V


em  que todo para de vetores u, v  V  V associa um número real, indicado por u. v ou  u, v  tal
que:
1) u  v  v  u
2) u  v  w  u  v  u  w
3) u  v  u  v
4) u . u  0 e u  u  0  u  0 (elemento neutro)

Exemplos: São chamados de produto interno usuais:


1) Para u  x 1 , y 1  e v  x 2 , y 2  temos u  v  x 1 x 2  y 1 y 2 no  2 .
2) Para u  x 1 , y 1 , z 1  e v  x 2 , y 2 , z 2  temos u  v  x 1 x 2  y 1 y 2  z 1 z 2 no  3 .

Exercício 1: Calcular u  v, usando o produto interno usual do  2 .


1) u  3, 4 e v  5, 2
2) u  6, 1 e v   12 , 4
3) u  2, 3 e v  0, 0

Exercício 2: Considere o  3 munido do produto interno usual. Sendo v 1  1, 2, 3, v 2  3, 1, 1
e v 3  2, 2, 0. Determine u   3 tal que u  v 1  4, u  v 2  6 e u  v 3  2.

Respostas:
1)  23 2 7 3 0
2) u  3, 2, 1

Definição: Um espaço vetorial, de dimensão finita, no qual está definido um produto interno, é
um espaço vetorial euclidiano.

Definição: Sejam V um espaço vetorial euclidiano e v  V. A norma ou comprimento de um vetor


é dado por:
v  vv   v, v 
Exemplo: São normas com produto interno usual:
1) V   2  v  x, y  x2  y2
2) V   3  v  x, y, z  x2  y2  z2

Exercício 3: Calcule a norma dos vetores dados, usando produto interno usual:
1) u  3, 4
2) v  5, 2
3) w  6, 1

26
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

4) t   12 , 4
5) s  2, 3
6) r  0, 0

Exercício 4: No  3 . Determine o componente k do vetor v  6, 3, k tal que v  7.

OBS: Se v  1, isto é, v  v  1, o vetor é chamado de unitário. Diz-se que v é normalizado.


Todo vetor não-nulo pode ser normalizado fazendo:
v  v ,v  0
v

Exercício 5: Normalizar os vetores se eles não forem unitários.


1) u  3, 4
2 2
2) v   2
, 2

3) w  1, 1
4) t   12 , 4
5) r  2, 1, 2
6) s  1, 1, 0

Definição: Distância entre dois vetores de um espaço vetorial euclidiano é dada por:
du, v  u  v

Exemplos: Distância entre dois vetores, usando o produto interno usual:


1) V   2  du, v  x 1 , y 1   x 2 , y 2   x 1  x 2  2  y 1  y 2  2
2) V   3  du, v  x 1 , y 1 , z 1   x 2 , y 2 , z 2   x 1  x 2  2  y 1  y 2  2  z 1  z 2  2

Exercício 6: Calcule a distância entre os dois vetores:


1) u  3, 4 e v  5, 2
2) u  6, 1 e v   12 , 4
3) u  2, 3 e v  0, 0
4) u  2, 1, 5 e v  5, 0, 2
5) u  0, 1, 0 e v  1, 0, 0

Propriedades:
Sejam V um espaço vetorial euclidiano, u, v  V e   .
1) v  0 para qualquer v  V e v  0  v  0.
2) v  ||. v para qualquer v  V.
3) |u  v|  u. v para quaisquer u,v  V. ( Desigualdade de Schwarz).
4) u  v  u  v (Desigualdade triangular).
5) u  v  u  v  u e v são colineares.

27
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

Definição. Sejam u e v vetores não-nulos de V. A desigualdade de Schwarz pode ser escrita


assim:
|u  v| uv uv
1  1  1  1
u. v u. v u. v
Por este motivo, o ângulo entre dois vetores é dado por:
cos   uv
u. v
em que 0  cos   .

Exemplos: Seja o produto interno usual no  3 . Determinar o ângulo entre os seguintes vetores:
1) u  3, 4 e v  5, 2
2) u  6, 1 e v   12 , 4
3) u  2, 3 e v  0, 0
4) u  2, 1, 5 e v  5, 0, 2
5) u  0, 1, 0 e v  1, 0, 0

Definição: Seja V um espaço vetorial euclidiano. Diz-se que dois vetores não-nulos u e v de V
são ortogonais e são representados por
u  v  u  v  0 ou cos   0

Exemplos: Seja V   2 com produto interno usual. Verifique se os vetores são ortogonais:
1) u  3, 1 e v   13 , 1
2) u  3, 1, 2 e v  1, 1, 1
3) u  2, 3 e v  0, 0
4) u  2, 1, 5 e v  5, 0, 2

Exercícios de revisão:
1) Consideremos, no  3 , o produto interno usual. Para que valores de m os vetores u e v são
ortogonais?
a) u  3m, 2, m e v  4, 1, 5
b) u  0, m  1, 4 e v  5, m  1, 1

2) Seja V   3 com o produto interno usual. Determinar um vetor u  3 ortogonal aos vetores
v 1  1, 1, 2, v 2  5, 1, 3, v 3  2, 2, 3.

3) Seja v  1, 2, 5. Encontre todos os escalares k tais que kv  4.

4) Encontre um vetor unitário do  3 que é ortogonal a ambos u  1, 0, 1 e v  0, 1, 1.

28
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

a1 b1 a2 b2
5) Se u  e v são matrizes quaisquer de M 2x2 , a seguinte fórmula
c1 d1 c2 d2
define um produto interno nesse espaço:

u  v  a1 a 2  b1b2  c1 c 2  d 1 d 2

1 2 0 2
.Dados os vetores: u  ev  . Determinar:
1 1 1 1
a) u  v
b) ângulo entre u e v.

6) Determinar o valor de m para que os vetores u  2, m, 3 e v  m  1, 2, 4 sejam ortogonais


em relação ao produto interno usual do  3 .

Respostas:
2
1) a) 17 b) 3 ou -1
2) u  1, 7, 4 ,   .
3)k   4
30
1 1 1
4)  , , (esta reposta não é única, existem outras)
3 3 3
4
5) a) 21 b)   arc cos .
42

Consultar o livro: Steinbruch, A. Winterle, P. Álgebra Linear. 2a. ed. Makron Books. 1987.
Fazer os exercícios 1 a 13 (páginas 142 a 145) do capítulo 3.

29
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

BASES ORTONORMAIS

Definição:Seja V um espaço vetorial euclidiano. Diz-se que um conjunto de vetores com mais do
que dois vetores v 1 , v 2 ,  , v n   V é conjunto ortogonal se dois a dois vetores quaisquer distintos
são ortogonais, isto é,
v i  v j  0 para quaisquer i  j
OBS: Um conjunto ortogonal de vetores não-nulos é LI. A recíproca não é verdadeira, isto é, nem
todo conjunto LI é um conjunto ortogonal.

Exemplo: No  3 com produto interno usual, o conjunto 1, 2  3, 3, 0, 1, 1, 5, 3 é um
conjunto ortogonal.

Exercício 1: Verifique se os conjuntos dos  2 e  3 com produto interno usual são conjuntos
ortogonais:
a) 1, 32, 6
b) 2, 1, 3, 5
c)1, 0, 1, 1, 3, 5
d) 1, 1, 1, 1, 1, 1
e) 2, 1, 0, 1, 3, 0, 3, 5, 0
f) 2, 1, 3, 0, 0, 0, 1, 5, 2
g)1, 2, 1, 2, 4, 2, 1, 3, 0
h) 1, 1, 2, 2, 1, 1, 1, 0, 3
i) 1, 2, 1, 1, 0, 0, 0, 1, 2, 3, 1, 2

OBS: Todo conjunto LD não é um conjunto ortogonal.

Definição: Diz-se que uma base v 1 , v 2 ,  , v n  de V é uma base ortogonal se os seus vetores
são 2 a 2 ortogonais entre si.

Exemplo: O conjunto 1, 2  3, 3, 0, 1, 1, 5, 3 é uma base do  3

Exercício 2: Verifique quais dos seguintes conjuntos do  2 e  3 são bases ortogonais.


1) 1, 0, 0, 1
2) 2, 3, 3, 5
1 1 1 1
3) , , ,
2 2 2 2
4) 1, 0, 0, 0, 1, 0, 0, 0, 1
5) 2, 1, 3, 1, 0, 2, 2, 3, 1
6) 2, 1, 1, 1, 0, 1, 0, 0, 1
30
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

3 1 1 3
7) 2
, 2
, 2
, 2

Definição: Uma base B  v 1 , v 2 ,  , v n  de um espaço vetorial eucliadiano V é uma base


ortonormal se B é uma base ortogonal e todos os seus vetores são unitários, isto é,

0 para i  j
vi  vj 
1 para i  j

Exemplo: Verifique que , em relação ao produto interno usual:


1) 1, 0, 0, 1 é uma base ortonormal do  2 .
3 1 1 3
2) 2
, 2
, 2
, 2
é uma base ortonormal do  2 .
3) 1, 0, 0, 0, 1, 0, 0, 0, 1 é uma base ortonormal do  3
4)  35 , 45 ,  4
5
, 35  é uma base ortonormal do  2 .

Definição: Seja V um espaço vetorial euclidiano e B  v 1 , v 2 ,  , v n  uma base ortogonal de V.


Para um vetor w  V, tem-se:
w  a 1 v 1  a 2 v 2  a n v n
em que
a i  vwi  vvii

Exemplo: Sejam V   2 com produto interno usual e B  2, 1, 1, 2 uma base ortogonal.
Encontrar as coordenadas de 4, 7 em relação à B.
Resp: 3, 2

Exercício 3: Sejam V   2 com produto interno usual . Encontrar as coordenadas do vetor u em


relação à B.
1) u  1, 2 em relação à B  1, 0, 0, 1.
2) u  1, 2 em relação à B  2, 1, 1, 2.
3) u  1, 4 em relação à B  1, 0, 0, 1.
4) u  1, 4 em relação à B  2, 1, 1, 2.

OBS: No caso da base ser ortonormal, os coeficientes são dados por:


ai  w  vi
pois v i  v i  1.

Exemplo: Seja B   35 , 45 ,  4
5
, 35  uma base ortonormal do  2 com produto interno usual.
Encontrar as coordenadas de 5, 2 em relação à base B.
Resp:  23
5
,  14
5

31
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

Exercício 4: Encontrar as coordenadas de u em relação à base B.


3 1 1 3
1) u  1, 2 em relação à 2
, 2
, 2
, 2
3 1 1 3
2) u  1, 4 em relação à 2
, 2
, 2
, 2

Exercícios de revisão
1 1 1 1
1) Dado conjunto B  , , , .
2 2 2 2
a) Verifique que é uma base ortonormal do  2 com o produto interno usual.
b) Determinar o vetor coordenada de v  2, 4 em relação à base B.

2) Dado conjunto B  0, 1, 0,  4


5
, 0, 3
5
,  35 , 0, 4
5
. O conjunto B é uma base ortonormal do  3
com produto interno usual? Justifique a sua resposta.

3) Dado o vetor v  1, 1, 2 do  3 com produto interno usual. Encontre o vetor coordenada de v
em relação as seguintes bases:
a) A base canônica do  3 .
b) B  1, 0, 0, 0, 1 , 1 , 0,  1 , 1 
2 2 2 2

4) Dado o vetor v  3, 5. Encontre o vetor coordenada de v em relação as seguintes bases:
a) A base canônica do  2
b) B  2, 3, 1, 1
2 1 1 2
c) C  , ,  ,
5 5 5 5

Respostas:
1) 3 2 , 2
13
4) b)  85 , 1
5
 c) 1
,
5 5

Consultar o livro: Steinbruch, A. Winterle, P. Álgebra Linear. 2a. ed. Makron Books. 1987.
Fazer os exercícios 14 a 21 (páginas 145 a 146) do capítulo 3.

32
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

PROCESSO DE ORTOGONALIZAÇÃO

Dado um espaço vetorial euclidiano V e uma qualquer B  v 1 , v 2 ,  , v n  desse espaço, é


possível, a partir dessa base, determinar uma base ortogonal de V.

Supondo que v 1 , v 2 ,  , v n não são ortogonais, considere-se


w1  v1
e determine-se o valor de w 2  v 2  w 1 seja ortogonal a w 1 :
v 2  w 1   w 1  0
 w v2  w1
1  w1

Isto é,
w2  v2  v2. w1 w1
w1. w1
Assim os vetores w 1 e w 2 são ortogonais.

Considere-se o vetor: w 3  v 3   2 w 2   1 w 1 e determine-se os valores de  2 e  1 de maneira que


o vetor w 3 seja ortogonal aos vetores w 2 e w 1 :
v 3   2 w 2   1 w 1   w 1  0
v 3   2 w 2   1 w 1   w 2  0
Tendo em vista que w 2  w 1  0, tem-se:
v3  w1 e   v3  w2
1  w 1  w1 w2  w2
2

.
Isto é,
w3  v3  v3  w2 w2  v3  w1 w1
w2  w2 w1  w1

Assim os vetores w 3 , w 2 e w 1 são ortogonais.

Pode-se concluir o teorema por indução, admitindo que, por esse processo, tenham sido obtidos
n  1 vetores w 1 , w 2 ,  , w n1 e considerar o vetor:
w n  v n   n1 w n1   2 w 2   1 w 1
sendo  1 ,  2 ,  ,  n1 tais que o referido vetor w n seja ortogonal aos vetores w 1 , w 2 ,  , w n1 .

Os valores de  1 ,  2 ,  ,  n1 que aparecem em w n são:


1  w vn  w1 ,   vn  w2 ,   vn  w3 ,  ,  v n  w n1 .
n1  w
1  w1 w2  w2 3 w3  w3 n1  w n1
2

33
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

Assim, a partir de B  v 1 , v 2 ,  , v n , obtivemos a base ortogonal w 1 , w 2 ,  , w n .

O processo que permite a determinação de uma base ortogonal a partir de uma base qualquer
chama-se Processo de ortogonalização de Gram-Schmidt.

wi
Para se obter uma base ortonormal, basta normalizar cada w i . Fazendo u i  |w i |
, obtemos a base
B   u 1 , u 2 ,  , u n  que é uma base ortonormal obtida a partir da base B  v 1 , v 2 ,  , v n .

Sendo assim, os vetores w 1 , w 2 ,  , w n podem ser expressos do seguinte modo:


1) w 1  v 1
2) w 2  v 2  w 1  v 2  v 2  u 1  |ww11 |  w 2  v 2  v 2  u 1 u 1
3) w 3  v 3   2 w 2   1 w 1  v 3  v 3  u 2  |ww22 |  v 3  u 1  |ww11 |  w 3  v 3  v 3  u 2 u 2  v 3  u 1 u 1

w n  v n  v n  u n1 u n1  v n  u 2 u 2  v n  u 1 u 1

Exemplo: Seja B  1, 1, 1, 0, 1, 1, 0, 0, 1 uma base do  3 . Verifique se esta base é
ortonormal, considerando o produto interno usual. Se não for, obtenha, a partir de B, uma base B que
seja ortonormal.

Exercício 1: Construir, a partir de 1, 2, 1, uma base ortogonal do  3 relativamente ao produto
interno usual e obter, a partir dela, uma base ortonormal.
Exercício 2: Em relação ao produto interno usual, determinar uma base ortonormal do seguinte
subespaço vetorial do  3 : S  x, y, z   3 /x  y  z  0.

Consultar o livro: Steinbruch, A. Winterle, P. Álgebra Linear. 2a. ed. Makron Books. 1987.
Fazer os exercícios 22 a 28 (páginas 147 a 148) do capítulo 3.

34
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

TRANSFORMAÇÃO LINEAR

Definição: T é uma transformação do espaço vetorial V no espaço vetorial W, T : V  W, se cada


vetor v  V tem um só vetor imagem w  W, que será indicado por w  Tv.

Definição: Sejam V e W espaços vetoriais. Uma aplicação T : V  W é chamada de


transformação linear de V em W se:
1) Tu  v  Tu  Tv para u, v  V.
2) Tu  Tu para u  V
3) T0  0

Exemplos: São transformações lineares:


1) T :  2   3 , em que Tx, y  3x, 2y, x  y
2) T :  2   2 , em que Tx, y  x, y (Transformação identidade)
3) T :  3   2 , em que Tx, y, z  x  2y  z, z
xy y
4) T :  2  M 2 , em que Tx, y 
2x 3x  5y
5) T : V  W , em que Tv  0 (Transformação nula)
6) T :  2   3 , em que Tx, y  3x, x  2y, 3x  6y
7) T :    , em que Tx  3x
8) D : P n  P n , em que Df  f sendo f a derivada de f.

Exemplos: Não são transformações lineares:


1) T :   , em que Tx  3x  1
2) T :  3   2 , em que Tx, y, z  3x  2, 2y  z
3) T :  2   2 , em que Tx, y  x 2 , 3y
4) T :  2   , em que Tx, y  |x|

OBS:
1) Uma transformação linear de V em V é chamada operador linear sobre V.
2) Se T0  0 não implica que T é uma transformação linear.
3) Uma matriz A mxn sempre determina uma transformação linear: T :  n   m . E uma
transformação linear T :  n   m sempre pode ser representada por uma matriz mxn.

Propriedades: Seja T : V  W uma transformação linear:


1) Ta 1 v 1  a 2 v 2   a 1 Tv 1   a 2 Tv 2  para v 1 , v 2  V.
2) Ta 1 v 1  a 2 v 2  a n v n   a 1 Tv 1   a 2 Tv 2   a n Tv n  para v i  V.
3) Sejam v 1 , v 2 ,  , v n  uma base do domínio V e v  V tal que v  a 1 v 1  a 2 v 2  a n v n .

35
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

Aplicando a transformação linear T, tem-se Tv  a 1 Tv 1   a 2 Tv 2   a n Tv n .

Exemplo: Seja T :  3   2 uma transformação linear e B  v 1 , v 2 , v 3  uma base do  3 , sendo


v 1  0, 1, 0, v 2  1, 0, 1 e v 3  1, 1, 0. Determinar T5, 3, 2, sabendo que Tv 1   1, 2,
Tv 2   3, 1 e Tv 3   0, 2.
Resp: 10, 20

Exercício 1: Seja T :  3   3 definida por: Tx, y, z  x  2y  2z, x  2y  z, x  y  4z.


a) Determinar o vetor u   3 , em que Tu  1, 8, 11.
b) Determinar o vetor v   3 , em que Tv  v.

Exercício 2: Seja T :  2   3 uma transformação linear onde T1, 1  3, 2, 2 e
T1, 2  1, 1, 3. Determinar Tx, y.

Respostas:
1) a) Resp: 1, 2, 3 b) z2, 1, 1, z  
2) 7x  4y, 3x  y, x  y

Matriz de uma Transformação Linear

Sejam T : V  W uma transformação linear, em que dimV  n e dimW  m. Sejam A uma base de
V e B uma base de W.
Aplicando a transformação linear em v  a 1 v 1  a 2 v 2  a n v n  V, tem-se

Tv  a 1 Tv 1   a 2 Tv 2   a n Tv n ,

em que v A  a 1 , a 2 ,  , a n . Mas Tv  W, portanto, precisa encontrar Tv B .


Portanto,
Tv B  T AB v A
em que T AB é a matriz de T em relação às bases A e B de ordem mxn, onde cada coluna é
formada pelos componentes das imagens dos vetores de A em relação à base de B:

T AB  Tv 1  B  Tv 2  B    Tv n  B

OBS:
1) Fixadas as bases de V e W, a matriz T AB é única.
2) No caso de serem A e B as bases canônicas de V e W, respectivamente, representa-se a
matriz simplesmente por T, que é chamada de matriz canônica de T.
3) Para um operador linear sobre V, T : V  V, a matriz de T em relação à base A é representada
por T A .

36
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

Exemplos: As matrizes canônicas das transformações lineares são:


3 0
2 3
1) T :    , em que Tx, y  3x, 2y, x  y. A matriz canônica é dada por: A  0 2 .
1 1
2) T :  2   2 , em que Tx, y  x, y (Transformação identidade). A matriz canônica é dada por:
1 0
A .
0 1

1 2 1
3) T :  3   2 , em que Tx, y, z  x  2y  z, z. A matriz canônica é dada por: A  .
0 0 1

4) T : V  W , em que Tv  0 (Transformação nula). A matriz canônica é dada por: A  0

5) T :  2   3 , em que Tx, y  3x, x  2y, 3x  6y. A matriz canônica é dada por:


3 0
A 1 2 .
3 6

Exemplo: Seja T :  3   2 definida por: Tx, y, z  2x  y  z, 3x  y  2z.


Considere A  1, 1, 1, 0, 1, 1, 0, 0, 1 base de  3 e B  2, 1, 5, 3 base do  2 .
a) Determine T AB .
b) Se v  3, 4, 2 (em relação à base canônica do  3 ), calcular Tv B , utilizando a matriz
encontrada.
4 5 13
Resp: a) b) (31,-10)
2 2 5

Exemplo: Encontrar T para Tx, y  3x  2y, 4x  y, x onde A e B são as bases canônicas do
 e 3.
2

3 2
Resp: 4 1
1 0

Exercício 3: Dadas as bases A  1, 1, 1, 0 do  2 e B  1, 2, 0, 1, 0, 1, 1, 1, 3 do
2 0
3 2
 . Determinar a transformação linear T :    cuja matriz3
T AB  1 2 .
1 3
Resp:x  y, 3x  8y, 11x  15y).

37
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

Operações

Adição:
Sejam T 1 : V  W e T 2 : V  W. Chama-se a soma de transformações lineares por:
T1  T2 : V  W
v  T 1  T 2 v  T 1 v  T 2 v
Se A e B são bases de V e W, respectivamente, temos:
T 1  T 2  AB  T 1  AB  T 2  AB

Multiplicação por escalar:


Sejam T : V  W e   . Chama-se o produto de T pelo escalar  por:
T : V  W
v  Tv  Tv

Se A e B são bases de V e W, respectivamente, temos:


T AB  T AB

Composição:
Sejam T 1 : V  W e T 2 : V  U. Chama-se aplicação composta de T 1 em T 2 por:
T 2 oT 1 : V  U
v  T 2 oT 1 v  T 2 T 1 v

Se A , B e C são bases de V, W e U respectivamente, temos:


T 2 oT 1  AC  T 2  BC T 1  AB

Exemplo: Sejam T 1 :  2   3 e T 2 :  2   3 e A  1, 0, 0, 1 uma base do  2 e


B  1, 0, 0, 0, 1, 0, 0, 0, 1 base do  3 .
T 1 x, y  x  2y, 2x  y, x
T 2 x, y  x, y, x  y
Determinar
a) T 1  T 2
b) 3T 1  2T 2
Resp: a) 2y, 2x, 2x  y b) 5x  6y, 6x  5y, x  2y

Exemplo: S e T operadores lineares do  2 definidos por Sx, y  2x, y e Tx, y  x, x  y.
Determinar:
a) SoT
b) ToS
Resp: a) 2x, x  y b) 2x, 2x  y

38
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

OBS:
1) ToS  SoT, em geral. Isto é, não é comutativa.
2) Composição de 3 ou mais transformações lineares, como T  T 3 oT 2 oT 1 .
A matriz canônica da transformação composta será T  T 3 T 2 T 1 .

Transformação Linear Inversa

Definição: Seja T :  n   n um operador linear. T é uma transformação linear inversível, isto é,


T 1 :  n   n se e somente se a matriz canônica de T é inversível, isto é, detA  0 e a matriz canônica
de T 1 é T 1 .

Exemplo: Seja T :  2   2 onde Tx, y  2x  y, 3x  4y.


a) Encontre T 1 x, y
b) Calcule T 1 5, 5.

OBS: Se T é inversível e T 1 é a sua inversa. Então ToT 1  T 1 oT  I (identidade)

Exemplo: Seja T :  2   2 onde Tx, y  4x  3y, 2x  2y.


a) Mostre que T é inversível.
b) Encontre T 1 x, y.
3
1 2
Resp: b)
1 2

Transformações lineares especiais

Entende-se por transformações lineares planas as transformações de  2 em  2 e


transformações lineares no espaço as transformações  3 em  3 . Algumas delas têm interpretações
geométricas e têm especial importância. São elas: reflexões, diltações e contrações, projeções,
cisalhamentos e rotações.

Para transformações lineares de  2 em  2 :


A reflexão leva cada ponto x, y para sua imagem simétrica em relação aos eixos dos x, y, das
retas y  x ou da origem. Vejas as transformações 1 a 5 na tabela.
A dilatação acontece quando ||  1. Isto é, aumenta o comprimento do vetor. Se   1, além de
dilatar, muda o sentido do vetor. A contração acontece quando ||  1. Se   1, a transformação é a
39
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

identidade. Veja as transformações 6 a 8 na tabela. Se   0, a transformação será uma projeção


ortogonal sobre o eixo x ou sobre o eixo y. Veja as transformações 7 e 8 na tabela
O efeito do cisalhamento é transformar um retângulo em paralelogramo de mesma base e
mesma altura. Veja as transformações 9 e 10 na tabela
A rotação gira um vetor de sua posição inicial em torno da origem em relação a um ângulo . A
imagem do vetor tem o mesmo comprimento. Veja a transformação 11 na tabela.

Para transformações lineares de  3 em  3 :


A reflexão leva cada ponto x, y, z para sua imagem simétrica em relação aos planos
coordenados, aos eixos coordenados ou da origem. Veja as transformações 12 a 18 na tabela.
As transformações de dilatação, contração e projeção ortogonal são equivalentes em  2 . Veja a
transformação 19 na tabela.
O efeito do cisalhamento é equivalente em  2 .
A rotação no  3 é efeita em torno dos eixos coordenados x, y ou z, fazendo o vetor descreve um
ângulo . Veja as transformações 20 a 22 na tabela.


Exercício: O plano sofre uma rotação de um ângulo 3
. A seguir experimenta uma dilatação de
fator 4 na direção do eixo x e, posteriormente, uma reflexão em torno da reta y  x. Qual a matriz que
representa a única transformação linear e que tem o mesmo efeito do conjunto das três
transformações citadas?

Exercício: Aplique a transformação anterior nos seguintes vértices de um triângulo eqüilátero:


A2, 1, B6, 1 e C4  3 , 2 3 . Faça a figura da transformação.

Exercício: Calcular o ângulo  formado pelos vetores v e T(v) quando o espaço gira em torno
dos eixos dos z de um ângulo , nos seguintes casos:
1)   180  e v  3, 0, 3
3 2 2
2)   90  e v   , 4
, 2

2 2

40
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

Considerando T :  2   2 :
Tipo Equações Matriz canônic
1 0
1). Reflexão em torno do eixo y Tx, y  x, y
0 1

1 0
2) Reflexão em torno do eixo x Tx, y  x, y
0 1

0 1
3) Reflexão em torno da reta y  x Tx, y  y, x
1 0

1 0
4) Reflexão em torno da reta y  x Tx, y  y, x
0 1

0 1
5) Reflexão na origem Tx, y  x, y
1 0

 0
6) Dilatação ou contração na direção do vetor Tx, y  x, y
0 

 0
7) Dilatação ou contração na direção do eixo x Tx, y  x, y
0 1

1 0
8) Dilatação ou contração na direção do eixo y Tx, y  x, y
0 

1 
9) Cisalhamento na direção do eixo dos x Tx, y  x  y, y
0 1

1 0
10) Cisalhamento na direção do eixo dos y Tx, y  x, x  y
 1

cos  sen
11) Rotação pelo ângulo  Tx, y  xcos  ysen, xsen  y cos 
sen cos 

41
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

Considerando T :  3   3
Tipo Equações Matriz canônica
1 0 0
12) Reflexão em torno do plano xy Tx, y, z  x, y, z 0 1 0
0 0 1

1 0 0
13) Reflexão em torno do plano xz Tx, y, z  x, y, z 0 1 0
0 0 1

1 0 0
14) Reflexão em torno do plano yz Tx, y, z  x, y, z 0 1 0
0 0 1

1 0 0
15) Reflexão em torno do eixo dos x Tx, y, z  x, y, z 0 1 0
0 0 1

1 0 0
16) Reflexão em torno do eixo dos y Tx, y, z  x, y, z 0 1 0
0 0 1

42
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

17) Reflexão em torno do eixo dos z Tx, y, z  x, y, z


18) Reflexão na origem Tx, y, z  x, y, z

19) Dilatação ou contração Tx, y, z  x, y, z

1
20) Rotação anti-horária em torno do eixo x positivo Tx, y, z  x, y cos   zsen, ysen  z cos  0
0

co
21) Rotação anti-horária em torno do eixo y positivo Tx, y, z  x cos   zsen, y, xsen  z cos  0
se

cos
22) Rotação anti-horária em torno do eixo z positivo Tx, y, z  x cos   ysen, xsen  y cos , z sen
0

43
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

Exercícios de Fixação

1) Dada a transformação linear T : V  W, tal que Tu  3u e Tv  u  v, calcular em função de


u e v: Tu  v, T3v e T4u  5v.

2) Verifique quais são transformações lineares. Justifique a sua resposta.


a).T :  2   2 , em que Tx, y  x  3y, 2x  5y
b) T :  2   2 , em que Tx, y  x2, y2
c) T :  2   2 , em que Tx, y  x  1, y
d) T :  2   2 , em que Tx, y  senx, y
e) T :  2   2 , em que Tx, y  xy, x  y
f) T :  2   3 , em que Tx, y  x  y, 3x, 2y
g) T :  3   3 , em que Tx, y, z  x  y, x  y, 0
h) T :  2   4 , em que Tx, y  x, y, x, y
i) T :  2   3 , em que Tx, y  x  y, 3x, 2y
2x 3x
j.) T :  2  M 2 , em queTx, y 
y x  2y

a b a b
k) T : M 2  R , em que T  det
c d c d

3) a) Determinar a transformação linear T :  2   3 tal que T1, 1  3, 2, 1 e T0, 1  1, 1, 0.
b) Encontrar v   2 tal que Tv  2, 1, 3.

4) Seja T :  3   2 uma transformação linear definida por T1, 1, 1  1, 2, T1, 1, 0  2, 3 e
T1, 0, 0  3, 4.
a) Determinar Tx, y, z.
b) Determinar v   3 tal que Tv  3, 2.
c) Determinar v   3 tal que Tv  0, 0.

5) Consideremos a transformação linear T :  3   2 definida por Tx, y, z  2x  y  z, x  2y e as


bases A  1, 0, 0, 2, 1, 00, 1, 1do  3 e B  1, 1, 0, 1 do  2 . Determine a matriz T AB .
6) Seja a transformação linear T :  2   3 definida por Tx, y  2x  y, x  3y, 2y e as bases
A  1, 1, 2, 1 do  2 e B  0, 0, 1, 0, 1, 11, 1, 0 do  2 .
a) Determine a matriz T AB .
b) Qual a matriz T AC , em que C é a base canônica do  3 ?

7) Sabendo que a matriz de uma transformação linear T: 2  3 nas bases


3 1
A  1, 1, 1, 0do  2
e B  1, 1, 1, 2, 1, 03, 0, 1 do  3
é T AB  2 5 . Encontrar a
1 1
expressão de Tx, y e a matriz T.

44
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

1 2
8) Seja T  2 0 a matriz canônica de uma transformação linear T :  2   3 . Se
1 3
Tv  2, 4, 2), calcular v.

1 1
2 3
9) Seja T :    . uma transformação linear com matriz T AB  0 1 onde A é a base
2 3
canônica do  2 e B  1, 0, 1, 2, 0, 1, 0, 1, 0 base do  3 . Qual é a imagem do vetor 2, 3) pela T?

10) Consideremos o operador linear T :  2   2 , Tx, y  x  2y, x  y) e as bases


A  1, 1, 1, 0, B  2, 1, 1, 1 e C a canônica. Determinar T A , T B e T C .

11) Sejam S e T operadores lineares de  2 definidos por Sx, y  x  2y, y e Tx, y  2x, y.
Determinar:
a) S  T b) T  S c) 2S  4T d) SoT e) ToS
f) SoS

12) As transformações S :  2   3 e T :  3   2 são tais que Sx, y  y, x  y, 2x  2y e


Tx, y, z  x, y.
a) Sendo B  1, 0, 1, 1, 1, 1, 1, 0, 0 Uma base do  3 , determinar a matriz SoT B .
b) Determinar ToS A e ToS C , sendo A  1, 1, 0, 1 e C a base canônica. do  2 .

13) Sendo S e T operadores lineares do  3 definidos por Sx, y, z  x, 2y, x  y e


Tx, y, z  x  z, y, z, determinar. SoT e . ToS

Respostas:
1) 4u  v, 3u  3ve7u  5v
2) a,f,g,h,i,j
3a) Tx, y  2x, y, x  y, x
3b)3, 4
4a) Tx, y, z  3x  y  z, 4x  y  z
4b) 1, 6  z, z
4c) 0, z, z
2 3 0
5)
3 3 2

3 0 3 3
6a) 5 2 6b) 2 5
3 3 2 2

8 18
7) Tx, y  8x  18y, 6x  11y, 2x  4y e T  6 11 .
2 4
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Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

8) 2, 0.
9)11, 13, 2
2 1 3 1 1 2
10) T A  , T B  e T C 
1 2 6 3 1 1
11) a)3x  2y, 0 b) x  2y, 2y c) 10x  4y, 2y d) 2x  2y, y
e) 2x  4y, y f) x  4y, y
1 4 1
1 1 0 1
12) 1 0 1
1 2 1 1
0 5 0

1 0 1 0 1 0
13) 0 1 0 0 2 0
1 1 1 1 1 0

Consultar o livro: Steinbruch, A. Winterle, P. Álgebra Linear. 2a. ed. Makron Books. 1987.
Fazer os exercícios 1 a 11, 27 a 31, 33 a 36, 39, 40, 42 a 45 (páginas 211 a 221) do capítulo 4.

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Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

MUDANÇA DE BASE

Sejam A e B bases de um espaço vetorial V. Pretende-se relacionar as coordenadas de um vetor


v em relação à base A com as coordenadas do mesmo vetor v em relação à base B.

Para simplicar, consideremos o caso em que dimV  3. O problema para os espaços de


dimensão n é análogo. Sejam as bases A  v 1 , v 2 , v 3  e B  w 1 , w 2 , w 3 .

Dado um vetor v  V, este será combinação linear dos vetores das bases A e B:
v  x 1 v 1  x 2 v 2  x 3 v 3 ou v A   x 1 , x 2 , x 3 
e
v  y 1 w 1  y 2 w 2  y 3 w 3 ou v B   y 1 , y 2 , y 3 

Por sua vez, os vetores da base A podem ser escritos em relação à base B. Substituindo-os em
v  x 1 v 1  x 2 v 2  x 3 v 3 e comparando com a equação v  y 1 w 1  y 2 w 2  y 3 w 3 , temos:

y 1  a 11 x 1  a 12 x 2  a 13 x 3
y 2  a 21 x 1  a 22 x 2  a 23 x 3
y 3  a 31 x 1  a 32 x 2  a 33 x 3

Na forma matricial:
y1 a 11 a 12 a 13 x1
y2  a 21 a 22 a 23 x2
y3 a 31 a 32 a 33 x3

ou simplesmente, pela equação:

v B  I AB v A

sendo
a 11 a 12 a 13
I AB  a 21 a 22 a 23
a 31 a 32 a 33

chamada matriz de mudança de base de A para B.

47
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

Nota-se que o papel dessa matriz é transformar as componentes de um vetor v na base A em


componentes do mesmo vetor v na base B.

Exemplo: Sejam as bases A  2, 1, 1, 1 e B  1, 0, 2, 1 do  2
a) Determinar a matriz-mudança de base de A para B.
4
b) Utilizar a matriz I AB para calcular v B , sabendo que v A  .
3

4 3 7
Resp: a) b)
1 1 1

Consultar o livro: Steinbruch, A. Winterle, P. Álgebra Linear. 2a. ed. Makron Books. 1987.
Fazer os exercícios 8 a 15 (páginas 266 a 267) do capítulo 5.

48
Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

AUTOVALOR E AUTOVETOR

Definição: Se T :  n   n é operador linear, então um escalar  é chamado de um autovalor de


T se existe um vetor não-nulo x em  n tal que:
Tx  x
Os vetores não-nulos x que satisfazem esta equação são chamados de autovetores de T
associados a .

OBS: Isto é, um autovetor x é levado em um vetor que está na mesma reta que x.

Como encontrar:
Seja A a matriz canônica de T, então Tx  Ax  x.
Temos Ax  x  Ax  x  0  Ax  Ix  0  A  Ix  0, que é um sistema
homogêneo. Lembrando que um sistema homogêneo terá solução não-nula, se e somente se,
detA  I  0.

Então, detA  I  0 é denominada equação característica do operador T ou da matriz T.


As suas raízes são os autovalores de T.
O determinante detA  I é um polinômio em  denominado polinômio característico. A
substituição de  pelos valores no sistema homogêneo permite determinar os autovetores associados.

Exemplos: Encontre os autovalores e autovetores de:


1) T :  2   2 em que Tx, y  4x  5y, 2x  y
2) T :  2   2 em que Tx, y  y, x
3) T :  2   2 em que Tx, y  x  2y, x  4y
4) T :  3   3 em que Tx, y, z  x  y  z, 2y  z, 2y  3z
OBS:
1) Se T :  2   2 com  1   2 , o conjunto v 1 , v 2  formado pelos autovetores associados será
uma base do  2 .
2) Se T :  3   3 com  1   2   3 , o conjunto v 1 , v 2 , v 3  formado pelos autovetores associados
será uma base do  3 .

Exemplo: T :  2   2 onde Tx, y  3x  5y, 2y. O conjunto 1, 1, 1, 0 é uma base do  2 .

OBS: Se A é simétrica e T possui autovalores distintos, então a base formada pelos autovetores
é ortogonal.
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Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

Exemplos:
1) T :  2   2 , em que Tx, y  7x  4y, 4x  y
2) T :  2   2 , em que Tx, y  3x  y, x  3y
3) T :  3   3 , em que Tx, y, z  x  z, y, x  z

Exercícios de Fixação:
1) Sejam S e T operadores lineares de  2 definidos por Sx, y  x  2y, y e Tx, y  2x, y.
Determinar:
a) S  T
b) T  S
c) 2S  4T
d) SoT
e) ToS
f) SoS

2) Sendo S e T operadores lineares do  3 definidos por Sx, y, z  x, 2y, x  y e


Tx, y, z  x  z, y, z, determinar:
a) SoT
b). ToS
3) Seja a transformação linear S :  3   4 , Sx, y, z  x  y, z, x  y, y  z :
a) Calcular SoTx, y se T :  2   3 , Tx, y  2x  y, x  y, x  3y.
b) Determinar a matriz canônica de SoT e mostrar que ela é o produto da matriz canônica de S
pela matriz canônica de T.

4) Dados os operadores lineares T em  2 e em  3 . Verifique quais são inversíveis e, nos casos


afirmativos, determinar uma fórmula para T 1 .
a) T :  2   2 , Tx, y  3x  4y, x  2y
b) T :  2   2 , Tx, y  x  2y, 2x  3y
c) T :  2   2 , Tx, y  2x  y, 4x  2y
d) T :  2   2 , Tx, y  5x  2y, 4x  2y
e) T :  2   2 , Tx, y  x, y
f) T :  3   3 , Tx, y, z  x  y  2z, y  z, 2y  3z
g) T :  3   3 , Tx, y, z  x  y  z, x  2y, z
h) T :  3   3 , Tx, y, z  x, x  z, x  y  z
i) T :  3   3 , Tx, y, z  x  y  2z, y  z, 2x  y  3z
j) T :  3   3 , Tx, y, z  x  z, x  z, y

5) Determinar os autovalores e autovetores das seguintes transformações lineares.


a). T :  2   2 , Tx, y  x  2y, x  4y
b).T :  2   2 Tx, y  2x  2y, x  3y
c) T :  2   2 , Tx, y  5x  y, x  3y
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Notas de aula de Álgebra Linear - Profª Ana Paula

d) T :  2   2 , Tx, y  y, x


e).T :  3   3 , Tx, y, z  x  y  z, 2y  z, 2y  3z
f).T :  3   3 , Tx, y, z  x, 2x  y, 2x  y  2z
g)T :  3   3 , Tx, y, z  x  y, y, z

Respostas:
1. a) 3x  2y, 0 b) x  2y, 2y c)10x  4y, 2y d)2x  2y, y
e)2x  4y, y
f) x  4y, y

1 0 1 0 1 0
2a) 0 2 0 2b) 0 2 0
1 1 1 1 1 0
3a) SoTx, y  3x, x  3y, x  2y, 2x  4y

4a) T 1 x, y  x  2y, 1/2x  3/2y


b) T 1 x, y  3x  2y, 2x  y
c) não
d) T 1 x, y  x  y, 2x  5/2y
e)T 1 x, y  x, y
f) T 1 x, y, z  x  y  z, 3y  z, 2y  z
g) T 1 x, y, z  2x  y  2z, x  y  z, z
h) T 1 x, y, z  x, y  z, x  y
i) não
j) T 1 x, y, z  1/2x  1/2y, z, 1/2x  1/2y
5) a). 3, 2, y, y e 2y, y
b).1, 4, 2y, y e x, x
c) 4, 4x, x
d) não existem
e) 1, 1x, y, y, x, x, 2x
f).1, 1, 2, 3z, 3z, z, 0, 3z, z e 0, 0, z
g) 1, 1, 1, x, 0, zx e z não simultaneamente nulos.

Consultar o livro: Steinbruch, A. Winterle, P. Álgebra Linear. 2a. ed. Makron Books. 1987.
Fazer os exercícios 1 a 6 (páginas 314 a 315) do capítulo 6.

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