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=" CAPITULO S © Mensurando a sustentabilidade’ Paulo Gonzaga Mibielli de Carvalho Niiclea de-Meio Ambiente do IBGE e ENCE Frederico Cavadas Barcellos ‘iicleo de Meio Ambiente do IBGE Em Deus eu acredito, mas para o resto preciso de estattsticas, W.E.Dmuama - _ Pretendemos neste capitulo apresentar diversas maneiras de mensurar a sustentabi- lidade por meio de indicadores e indices, mesmo sabendo que, pelo atual estado da arte, a sustentabilidade é imensurAvel. Portanto, o que'vamos mostrar so medidas parciais ¢ . aproximativas da sustentabilidade, mas que mesmo assim séo titeis tanto para estudo ¢ pesquisa quanto para o planejamento ¢ implementac6 de politicas e ainda para a tomada *” de decisdes concernentes ao desenvolvimento sustentavel nas esferas ptiblica e privada. > Nao abordaremos aqui as Contas Econémico-Ambientais, que 8&0 objeto de um capftulo especifico neste livro (veja Young, neste volume). Mas por que a sustentabilidade é imensurdvel? Em primeiro lugar porque nao existe uma definicio piversalmente aceita sobre sustentabilidade que possa ser aplicada a todas as situagbes € que nao seja excessivamente genérica e pouco precisa. Em segundo Ingar, as estatisticas dispontveis sobre esse tema ainda sio insuficientes para dar conta desse objeto, mesmo adotando-se definicSes mais restritas do que seja sustentabilidade. Um bom exem- ” plo disso sio as estat{sticas sobre desmatamento no Brasil. S6 existern séries estatisticas sobre esse tema no pats, e mesmo assim com problemas,* para a Amazbnia, Para o resto do pais pouco existe a respeito. Este texto se divide em seis partes. Na primeira temos uma discussdo sobre o que ¢ sustentabilidade. Em seguida discutimos o que € desenvolvimento sustentével, e depois o que sio estatisticas ¢ indicadores, destacando as propriedades desejdveis dos indicadores. Hid descontlauldade na stele de desmatamento. Ver a reapelto IBGE (2008) cuja fonts 4 0 INPE. Na quarta parte € discutido o que é um fndice e serio apresentados os principais i- ces usados para mensurar a sustentabiidade. Na quinta parte apresentamee on trincpah marcos ordenadores utilizados para apresentaro dos indicadores, destacando 0 modelo “Pressdo-Estado-Resposta” (PER). A guisa de conclusio, apresentamos uma curta nota sobre indicadores que estZo sendo ou serio desenvolvidos, 5.1. O que é sustentabilidade O que nito é bem defimido certamente nao serd bem mensurado, OECD Sustentével é o que pode ser maintido. Em ecologia pode-se dizer que todo ecossiste- ma tem algum grau de sustentabilidade ou resiliéncia, que grosso modo pode set entendido como a capacidade do ecossistema de enfrentar perturbagées externas sem comprometer suas fungbes.* Pelo lado da economia, sem voltar muito atrés, a preocupacao com a sustentabilidade “2 surge da discussSo de como sustentar o crescimento no longo prazo, dado que a funcio de produgo além do capital incorpora agora também os recursos naturais? Nessa aborda- gem € adotada a hipétese usual de substituicao perfeita entre os fatores produtivos. Para Solow, um economista neoclissico, para haver justica e equidade entre as geraces, 0 con- sumo per capita deveria ser constante ou crescente ao longo prazo** — premissa que ficou conhecida como 0 “critério de Solow”. Para isso ser possfvel é necessdrio que o estoque de capital total seja mantido constante.’ O conceito de capital abrangeria tanto o capital na- tural exaurfivel quanto o capital reprodutivel.“** Os textos de Solow iniciaram o que pode ser considerado a “controvérsia do capital” da economia ecolégica. De um lado ficaram os defensores da “sustentabilidade fraca’, se- gundo a qual nao interessava como era feita a distribuico entre capital natural exaurivel € 0 reprodutfvel, o importante era que © capital total permanecesse constante. Ou seja, substituir uma floresta por uma industria no seria um problema, desde que ambos tives- sem o mesmo valor, pois, a principio, se estaria substituindo um tipo de capital por outro. Esté implicito aqui que nfo haveria maiores dificuldades em mensurar monetariamente 0 estoque dos diferentes tipos de capital. Do outro lado ficaram os defensores da “sustentabilidade forte’, como Daly, que de- fendem que o capital natural € complementar ¢ nao substitutvel pelo capital reproduttvel. O capital natural, para se assegurar a sustentabilidade, deveria ser mantido constante, no todo ou em pelo menos uma parte do mesmo, o chamado capital natural crftico. Antes de prosseguirmos ¢ importante esclarecer alguns conceitos. Comumente 0s recursos naturais so apresentados como sendo de dois tipos, os renovaveis ¢ os nao re- novaveis, Essa divisio, embora correta, nos induz a pensar que nossa preocupagao deva © Sequado Brand (2009) p. 606, “relitncia eclégice ¢ definida coma a capachiade de um ecowslatems resists bs pertisbaSes ¢ meme amin manter seu estado expectfico”, ~ Unileaado azn pouce de”econocnls” 1 preocupecso de Solow era com a otimizsrfo da ucumulasdo de capital levando em conts & epaldede entre perictes. : se - O livre de Mobre ¢ Assazonas Desemvolvimente sustentével: a institucionalizecio de um conceito fax urna discussie o comcete de davcowclvaneato pustenttra,incuindo s discunsto ecbre 0 capital natural. Ease tmp também € abordado por Mucl- fer (007), Z : tomas aseviEn ser apenas com 08 recursos nio-renovivels, o que € incorreto, pois ambos sio exauriveis. ‘Tanto o petrleo vai um dia ser exaurido, pois ndo é produzido na nossa escala de tempo esim apenas extraldo da natureza, quanto a égua doce pode acabar, se seu consumo se der a taxas maiores que a da sua reposi¢do pela natureza. Para ambos.os casos ¢ fundamental saber quanto o volume do fluxo (extragio de petréleo e de égua) compromete o nivel dos estoques ¢ também saber qual seria o estoque minimo desejavel ou imprescindtvel (ver Rodrigues, neste volume). Segundo Ekins (1992) e Ekins et al. (2002) existem quatro tipos de capital: mamufa- turado, humano, social/organizacional e natural. O estoque de cada um gera um fluxo de “servigos” que serve de insumo para o processo produtivo e est associado a algum tipo de sustentabilidade, Capital reproduttvel pode set considerado genericamente como “todas as formas de capital, manufaturado, himano ou natural, passfveis.de reproducio’* Segundo Berkes e Folke (1994), citado em England (2006), 0 capital natural abran- geria recursos nao renovaveis extraidos de ecossistemas, recursos renovaveis produzidos € mantidos por ecossistemas e servicos ambientais. Segundo Ekins et al. (2002) sio quatro as funcbes do capital natural: prover matérias-primas para a produgio, absorver os residuos » gerados pela producio ¢ pelo consumo; prover as funigdes bésicas que tornarh posstvel a vida na terra (ex: estabilidade do clima e produgao de oxiggnio) e geraco de servigos de amenidades (ex.: beleza das paisagens). O capital natural erttico pode ser definido como a parte do ambiente natural que desempenha fungées importantes ¢ insubstitufveis (ex.: fungdo de regulacao do clima).* ‘Para a economia ecolégica, a sustentabilidade do capital natural ¢ de especial impor- tancia, pois ¢ ela que garante a existéncia de vida husmiana'na Terra. Portanto, o desdobra- mento natural dessa discussao seria definir os nfveis de capital natural critico (ex.: niveis de qualidade do are da gua, ou do actimulo de gases na atmosfera) e a partir daf os fluxos necessérios a stia manutengao (ex.: emissbes de CO,). Dessa forma, os indicadores mos- trariam se estamos ow nao nos aproximando desse nfvel critico. Mas, antes de entrarmos na discussio sobre indicadores, iremos discutir o conceito de desenvolvimento sustentavel, dado que o mesmo serve de base para a construcao de muitos indicadores. 5.2. O que é desenvolvimento sustentével “Desenvolvimento sustentivel” é um enigma a espera de seu Edlipo. Jost Ex: pa VaiGA A definicdo mais usual de desenvolvimento sustentivel (DS) ¢a do Relatério Brun- ddtland, segundo o qual “o desenvolvimento sustentével ¢ aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as geragbes futures atenderem a suas ' préprias necessidades”* Como bem assinalaram Nobre ¢ Amazonas (2002), essa definigto tem tido grande aceitacdo porque é muito genérica, permitindo, portanto, as mais variadas leituras, Por exemplo, ndo cstio definidas o que sejam as necessidades da atual geragto, que com certeza so diferenciadas por pals, regio, classe social, religilio etc. Quanto bs pré- * “h efio eqaleizads ¢x tradicional qo & suis retta dmenato ecole. Pars waa dicamte sobre comes deo ‘paturlextticn ver Brand ( xmas geragbes, como elas ainda esto por vir, s6 podemos fazer conjecturas sobre quais seriam suas necessidades. Nao se pode negar, no entanto, que essa definicfo de DS toca em dois pontos im- portantes: € fundamental para a sustentabilidade atender as necessidades (minimast) da populacio e isso nao pode ser feito & custa da préxima geragdo. Portanto, existem limites ao desenvolvimento/crescimento. 4 Frequentemente se aborda o tema desenvolvimento sustentivel definindo suas di- mMens6es/elementos, que podem ser intimeras, mas que normalmente se restringem a trés — econémica, social e ambiental — (os chamados “trés pilares”) ou entao quatro — acres- centando a institucional. O enfoque de dimensdes foi adotado no Relatério Brundtland. Portanto, temos uma defini¢io importante, mas muito genérica, ¢ temos suas “partes” que sio as dimens6es, mas néo temos um conceito de bases sélidas na teoria, tal como, por exemplo, o conceito de ecossistema ou de Produto Interno Bruto (PIB). Esse, sem diivida, € um problema, mas pelo menos o DS est em boa companhia, pois o desenvolvimento hu- mano, ¢, portanto, o Indice de Desenvolvimento Humano (IDH), também é muito ques- tionado pelos mesmos motivos’ e nem por isso o IDH perdeu popularidade, muito pelo contrario esta sendo cada vez mais utilizado. Sem diivida, indicadores sintéticos (indices) tém forte apelo para a populacao e para os planejadores de politicas puiblicas. Esse tema (limitagdes do IDH) sera abordado em nosso préximo item. 5.3, O que s&o estatisticas e indicadores Hi trés espécies de mentiras: mentiras, mentiras disfargadas e as estatfsticas. Marx Twain Nesta seco apresentaremos as nogées de estatisticas e indicadores exemplificando com informagées ambientais ou relativas a sustentabilidade. Os principais indices de sus- tentabilidade serao apresentados na se¢io segninte. ‘A melhor maneira de introduzir esse tema é pela abordagem da piramide (Figura 5.1). Na base dessa pirimide temos um aceano de informagées (dados primérios), do qual vird um subconjunto, as estatisticas. Os indicadores so um subconjunto das estatisticas ¢ caminhamos assim até chegarmos em um indice(s) sintético(s),* que pode ser entendido como uma agregacao de indicadores. Vamos explicar os niveis da piramide por meio de um exemplo. Suponha que uma pessoa seja assaltada. Dificilmente ela vai guardar essa informagao para si, pois todo mun- do gosta de contar uma histéria de assalto. Se ela sé contar para os amigos, pouca gente ficar4 sabendo. J4 se sair no jornal, a informacdo atingiré um ptblico maior, mas conti- nuar4 sendo apenas uma informagao. Para essa informagao se tornar uma estatistica, a pessoa terd de registrar seu assalto em uma delegacia. Como os governos estaduais tem atualmente érgios dedicados 4 produgao de estat{sticas na area de seguranga publica, esse registro administrativo scrd coletado, criticado, com vistas a verificar inconsistEncias, de- pois agregado a outras informacées do género, e 86 entdo se tornard uma estatfstica. Essa © A cxpranstalndice sdsiea, Aependdenso da forms como se define indice, pode vex consderado urns redundincs. Pos, we indie, arrencma oat deuce Eee reunddaca, 50 entant, dita dare aque tpe de indice extamot noe referinds. Fonte: Adsptado de Hammond etl. (1995) apud Bellen (2001). Figura 5.1 Pirdmide de informacées. metamorfose, da informagio bruta para a estat{stica, n3o ocorre espontaneamente, exis- tem pessoas trabalhando nisso e um sistema montado para tal. O que significa, por exem- plo, ter um formulério padrao para todas as delegacias, treinamento dos policiais para o preenchimento do formulirio, o que envolve a xedagao de um mannal de instrugSes onde os delitos estao claramente definidos, a partir da literatura técnica pertinente. Além disso, necessita-se de uma equipt de especialistas que faca a critica c agregue essas informagbes € depois analise seus resultados, construindo assim uma série estatistica. A I6gica seré a mes- gna sea informagao for coletada diretamente pelo drgio de estatistica junto 4s empresas (ex: produsao industrial) ou em domicilios (ex: emprego erenda). O grande funil da piramide ¢ 0 grande desafio da sociedade e dos érgios produto- res de estatistica € a transformagao de informag6es dispersas em questionsrios ¢ registros administrativos. Por isso, € importante lembrar, que nem todo mimero com o nome de estat{stica — o que the dé um “status cientifico” — é de fato uma estatistica ¢, em sendo, que seja ttil para o propésito do usudrio, Por exemplo, essa “estatistica” pode ter uma me- todologia falha.* Outro erro comum, dessa vez do usudrio, é a estatistica ser util, mas niio se saber utilizé-la.** ‘Uin indicador é sempre uma estatistica, pelo menos para efeito do que estamos tra- tando aqui, mas existem indicadores que nao sao estatisticas, Daremos dois exemplos. Certo som do apito de um guarda de transit € um indicador, para o motorista, de que deve parar seu carro (e provavelmente isso vai lhe custar caro...) Um cientista faz um estudo em uma regido espectfica ¢ descobre que determinado poluente na Agua, quando acima de certo nivel, indica uma elevacdo da mortandade de peixes. Note que, nesse tltimo exemplo, o indicador pode se tornar uma estatistica se duas condicSes forem atendidas: 0 experimento for repetido em outros locais ¢ periodos de tempo ese chegarem aos mesmos Tesultados e, em fungio disso, passarem a set coletados sistematicamente, com todos os devidos cuidados estatisticos, a informacao ao longo do tempo. Assim cla deixard de ser um dado pontual ese tornard uma série estatistica. © Quantos unutrios de estaiias ge Alo 20 trabelho de ler as metodologian das meamasl Acrednamos que mato pouces Mas two ‘nem sempre é culpa do unui, Mulia vere « metodologia nla est disponivel (sw snl} ou eatd mat # ulin Act entend ta, [pois ¢ recheada de termos técaicos. “1 No caso das extatticas ecombmicas de coojuntura hé livros que procurum sonar cas lecune coma fife al, 2008. Ot © ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE:TEORIAE PRATICA ELSEVIER Feita esea ressalva seguem algumas definig6es usuais de indicadores tirados do livro de Bellen (2005).* O termo indicador € origindzio do latim indicare, que significa descobrir, apontar, anunciar, estimar. A defini¢éo de McQueen e Noak (1988) trata um indicador como uma medida que resume informagées relevantes de um fendmeno particular ou um substituto dessa medida. Para a OECD (1993), um indicador deve sex entendido como um pardmetro, ou valor derivado de parimetros, que apontam ¢ fornecem informagSes sobre o estado de um fenémeno com “uma extensio significative” A definiclo de indicador social por Jannuzzi ¢ bem interessante e se diferencia das existentes no livro de Bellen. Basta substituir social por sustentabilidade na qualificagao do indicador que teremos uma boa defini¢ao de um indicador de sustentabilidade. Por- tanto, a definicao seria a seguinte: um indicador de sustentabilidade € uma medida em geral quantitativa dotada de significado substantivo, usada para substituir, quantificar ou operacionalizar um conceito tedrico (para pesquisa académica) ou programitica (para formulario de politicas).” Na pritica, no entanto, a melhor definigao de indicador, em nossa opinio, néo € ne- nhuma dessas, ¢ sim a de autoria de Rayen Quiroga, consultora da Cepal, que ela utiliza com frequéncia em suas palestras ¢ cursos, mas no consta de seus textos. A definicao € simaples, “um indicador é a estatistica que tem mais apelo” Existem varias estatisticas sobre ‘um determinado tema, aquela que for a mais importante — por isso é a que tem mais apclo _—serd promovida a indicador. Claro que podem haver “empates” e nesse caso mais de um indicador ser4 escolhido. Por exemplo, se o tema for pobreza, os indicadores sexao a percen- tagem da populacio abaixo da linha de pobreza abaixo da linha de miséria. Se o tema for as mudancas climAticas,a principal estatistica seré.a emissao de gases de efeito estufa."* Seo tema ¢ mercado de trabalho, o indicador é a taxa de desemprego. E assim por diante. O iindicador é a estatistica que melhor avalia as condigdes e tendéncias relativas a um determinado tema. Dito assim, parece simples, Mas como identificar um bom indicador? Um bom caminho ¢ saber das propriedades desse indicador. A literatura apresenta varias propriedades desejéveis de um indicador e todas sio mais ou menos as mesmas. Vamos utilizar aqui como base as do livro de Jannuzzi (Tabela 5.1). . ‘Resumidamente, um bom indicador ¢ aquele em que vocé pode confiar, ¢ itil endo €é muito caro. Um indicador precisa tratar de um tema relevante, ter base na teoria (valida- de), ter uma boa cobertura estatistica (em termos regionais, em termos de seus componen- tes etc.), ser sensfyel 4s mudangas do objeto que est4 sendo mensurado, ser especifico para esse objeto, ser de facil entendimento para o piblico especializado (inteligibilidade de sua construgSo) ¢ para o piblico em geral (comunicagio), ser periodicamente atualizdvel, ser * Gallopin (1997) bx um Saleresante opanhado de definicfes sobre o que ja um indicador. Segundo diferentes antores indiador (pode ber defaide como uma varie uma medida, ums medida exttitict, uma prony de ums medida, um valor, um instrument de mnvarssho, won Sadie, um sal. “Senda fr done rms oe erent era omnia deeper eTrex conto stmosferade gus ico etal, Bi ea bt ee il a aa eat ie a RE ee he lr car ane. one pd MENSURANOO ASUSTENTABILIDADE - 105 Tabela 5.1 Propriedades desejdvels de um indlcador Relevincia- Inteligibilidade de sua constructo: Validade Comunicabilidade ‘Confiabllidade Factibitidade para obtencSo Coberture Periodicidade na atualizago ‘Sensibitidade Desagregabilidade Especificidade Historicidade ‘Custo-efetivo Comparabilidade Fonte: Adaptado de Jannuz (2001). desagregével nas suas partes c ter uma séric hist6rica.* Vasnos mostrar a seguir, por meio de um exemplo, a importancia de dessas propriedades. A taxa de analfabetismo no Brasil** era 10,4% em 2006. Analfabetismo sem divida é um tema relevante e sua estatistica também. Mas o que esse ntimero significa? A taxa é alta ou baixa? © que nos leva a outra pergunta. Alta ou baixa em relagéo a qué? Tendo apenas esse mimero nada podemos afirmar. Porém se tivermos uma séric hist6rica podemos afir- mar que o Brasil nunca teve uma taxa de analfabetismo to baixa ¢, além disso, a cada ano ‘que passa ela fica menor. Portanto, nao ha duivida de que a tendéncia é declinante. Esse, por sinal, era o resultado esperado jé que a oferta de vagas no ensino basico tem sido grande 2 quem é analfabeto est praticamente exclufdo do mercado de trabalho. Nesse contexto, > 0 analfabetismo ndo poderia ser crescente. Sdo boas noticias que s6 podemos descobrir . porque esse indicador tem historicidade, €atualizado periodicamente, no caso anualmente, ¢ € sensfvel A realidade. Sea taxa de analfabetismo € a menor em relagao & séric histérica, entio a situagio do : Brasil € muito boa nesse quesito, Doce ilusto, pois quando comparada as taxas de paises vizinhos, o que se percebe é que estamos muito mal. Notsa taxa & mais do que o dobro da do Chile e mais de quatro vezes a da Argentina. E qual é a taxa que desejamos? Qual a nos- sa meta? £ 0% sem divida. Portanto, estamos mal, pois nao alcancamos nossa meta.e, no ritmo em que vamos, iremos demorar a chegar 14. $6 podemos afirmar tudo isso porque a série tem corparabilidade com a de outros paises e, além disso, temos uma meta ou um padrao de comparacao. Quem quer combater o analfabetismo certamente iré colocar a seguinte pergunta. Quem sio esses analfabetos? So, principalmente, pessoas idosas e/ou que moram no Nor- deste rural. Portanto, seré dificil diminuir rapidamente essa taxa... S6 podemos afirmar isso porque a série tem desagregabilidade e boa cobertura regional c por faixa ctiria. Bssa estatistica é levantada pelo IBGE que é uma instituicSo reconhecida pela quali- dade de seu trabalho e, portanto, tem confiabilidade e que disponibiliza sistematicamente a metodologia de suas pesquisas no seu sife na internet. Portanto, nfo hé dividas, em "Estamos aqul, por question de esparo, apresestando as propriedades de forma resumida. Malor detnthamanto pode ver obtico ere annual (2001). ‘+ Percentual de pesrous com 15 anos ou mals de idade que nfo suber ler « ecrever pelo menos um bilhete slzples, wa bioma que ‘concer, na populagto total resident da mesma faa eri Wes = “ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE: TEORUA E PRATICA ELSEVIER Principio, sobre a inteligibilidade da construgfo dessa estatistica ¢ da factibilidade de sua obtencdo. £ também um indicador de custo efetivo, B uma informagao levantada com co- bertura nacional no Censo Demogréfico e na Pesquisa Nacional por Amostra de Domi- cflios (PNAD). Esses levantamentos so caros, mas é um custo que vale a pena, pois suas informagées sd muito utilizadas. Tanto que, apesar dos altos ¢ baixos da econamia e do ‘orgamento piiblico federal, esses levantamentos nunca deixaram de ser realizados por falta de recursos (mas j4 houve um adiamento). ‘Todos sabem que analfabeto é 0 individuo que nao sabe ler e escrever; portanto, todos entendem a taxa que tem comunicabilidade. O conceito de analfabetismo também ¢ bem estabelecido na literatura académica; assim, em principio, nao h4 divida sobre sua valida- de conceitual, sendo urna boa aproximagio da realidade. Em sendo assim, podemos afirmar que ndo hé nenhum problema com a taxa de anal- fabetismo? Toda estatistica tem algum problema ou limitacio, pois, por definicao, a esta- tistica nao & a realidade ¢ sim uma aproximagéo da realidade. Quanto melhor a aproxima- 40, melhor é a estatistica. A PNAD é uma pesquisa por amostragem, portanto, tem uma margem de erro. O Censo Demogréfico nunca consegue ter acesso a 100% dos residentes no pafs (¢ hd os brasileiros que moram no exterior que sio contabilizados nos censos de” outros paises). Mas 0 maior problema é que o analfabetismo é uma varidvel levantada por autodeclaracao do informante. Ele é quem informa se sabe ler e escrever e qual é a sua escolaridade. Mas se ele diz que sabe ler e escrever ¢ tem uma escolaridade muito baixa, serd que sabe mesmo ler e escrever? A “prova dos nove” é, por exemplo, faz#-lo ler e escrever um pequeno bilhete e analisar o resultado. O problema é que realizar esse teste € muito trabalhoso ¢, portanto, caro, pois exigiria a participagio de profissionais da 4rea de educac4o ou um treinamento muito especifico para o entrevistador. Por isso a maioria dos paises, inclusive o Brasil, utiliza o conceito de analfabetismo funcional, considerando analfabeto todos os que tm mais de 15 anos de idade ¢ menos de trés anos de escolaridade no ensino fundamental. Nao h4 nada de errado com as taxas de analfabetismo, mas para se entender corretamente o que significam é preciso, no minimo, consultar o glossério, por exemplo, da publicagio Sintese dos Indicadores Sociais ¢ consultar 0 questionério da PNAD, disponivel no site do IBGE." Portanto, a comunicabilidade e a validade deum indicador dependem também do usuério. Se ele nao consultar a metodologia, pode fazer uma avaliacdo equivocada sobre o contetido do indicador. se No caso de indicadores de sustentabilidade, uma referencia importante s4o os “Prin- cipios de Bellagio’* que apresentam normas, definidas por grupo de especialistas, que devem nortear a construgao desses indicadores e que esto na Tabela 5.2." Ha muito em comum entre os Principios de Bellagio e as propriedades de um bom indicador, definidas por Jannuzzi, mas hd também diferencas importantes ja que os enfoques sto distintos. Por 4 isso, pode-se considerar que as duas relagBes, uma de propriedades e outra de principios, se complementam. Destacamos em Bellagio a importancia da existincia de normas/para- metros para se avaliar a sustentabilidade, a perspectiva a ‘definicdo adiante) ea importancia de ampla participagao na construcéo dos indicadores. : Gallopin 97) destaca que os indicadores devem ser holfsticos representando di- setamente atributos criticos relativos & sustentabilidade do sistema como um todo € nko Tete fo nome de we cidade na lie ene conv x rauita de especlinas em indcadoresabietse- MENSURAHDO A SUSTENTABILIDADE = 107 ‘Tabela 5.2 Principlos de Bellagio 1) Bxisténcla de um gula de visio ¢ normas para avaliar o progresso rumo 4 sustentabilidade 2) Perspectiva holistica 3) Presenga de elementos essencials de avaliagso do progresso rumo A sustentabilidade 5) Face prético 6) Transpartncia 7) Comunicagao efetiva 8) Ampla participacso 9) Avaliacao constante 10) Capacidade institucional Fonte:Hard e Zan (1957) apenas elementos ¢ interrelagSes desse sistema. Mas 0 que seriam exatamente esses indi- cadores? Gallopin reconhece que ¢ necessirio mais pesquisa, tanto no campo empirico quanto te6rico, para serem formulados corretamente e apresenta algumas indicagies. Se~ riam os indieadores de vulnerabilidade sistmica ¢ resiligncia, de satide do ecossistema ¢ de seguranga socioarnbiental, Sem diivida hé muito o que pesquisar e debater nessa dea. __ © enfoque do capital, tema que ser4 visto mais adiante neste capitulo, jé ¢ um avango na diregao de indicadores holisticos. Existem diferentes tipos de indicadores (Tabela 5.3). Resumidamente™ um indica- dor pode ter um valor absoluto (ex: mimero de desempregados) ou relativo (ex: taxa de desemprego), pode ser uma média de virios indicadores (indicador composto, também chamado de indice), pode ser objetivo e quantitativo (ex.; populacdo residente no pals) ou qualitativo e subjetivo (ex. avaliagao da populagao sobre servicas piblicos); pode ser insu- moffluxo/produto (ex: maior nimero de fiscais do IBAMA, portanto, aumento de autua- g6es levando a redugio no desmatamento), pode ser de esforgo/resultado (ex. gastos com vacinas contra gripe para idosos/menor incidencia de gripe entre idosos); fluso/estoque (ex: desmatamento levando a diminvigio da cobertura vegetal), cficincialeficdcialefeti- vidade social (ex: atingiu-se o objetivo otimizando recursos, apenas atingit-se 0 objetivo, atingiu-se um objetivo social mais amplo, respectivamente). ‘Deixamos por tltime os indicadores descritivo/normativo, pois, para esscs, Jannurzi 4 duas definig6es. Os descritivos “apenas descrevern” caractertsticas e aspectos da reali- dade empfrica, ndo sio “fortemente” dotados de significados valorativos, como a taxa de mortalidade infantil ou a taxa de evasdo escolar." Jé 08 normativos incorporam de forma ‘explicita jufzos de valor ou critérios normativos como, por exemplo, a proporg#o de po- bres ¢ a taxa de desemprego. or Na segunda definigdo, Jannuzzi coloca que “a normatividade de um indicador & uma questo de grau, reservando-s¢ 0 termo normativo Aqueles indicadores de construco me- for o indicador, mais valorativo ele seri e, portanto, mais normative. Mas como, desse op = ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE: TEOMA E PRATICA ELSEVIER | ponto de vista, € uma questdo de grau, a diferenciaglo de um indicador descritive de um. normative nem sexpre € muito ficil de ser feita. J& Gallopin (1997) considera que, em ultima instincia, todos os indicadores slo nor- mativos, pois foram selecionados para serem utilizados na tomada de decis6es ¢ nas pol{ti- cas péiblicas, Portanto, todos esto embutidos de um juizo de valor de forma direta como, por exemplo, os indicadores qualitativos — ou no, como no caso de indices de concentra- gio de poluentes, estatistica que sé ganha sentido ao ser comparada a um padrao/norma de qualidade do ar. £ possivel também entendermos um indicador normative de uma outra forma, como sendo aquele que faz referéncia a alguma norma/padrao. Por exemplo, o nimero de vezes que o ar em uma determinada regifo ultrapassou o padréo de poluico do ar fixado pela Iegislacio ambiental, seria um indicador normativo, segundo essa definiclo. ‘Tebela 5.3 Clossificagées usuais de indicadores Fonte: Adapeade de fant, 2001. 5.4.0 que sho indices Vivernos numa era de reimeros. Em muitas dreas a tomada de decisbes é crescenternente impulsionada por estatisticas. (tradugiio dos autores) i Yale Center of Environmental Law and Policy ‘Também nao hé consenso na literatura sobre a definigao do que seja um indice e, para complicar, no senso comum, inclusive de pesquisadores, indice e indicador seriam sin6ni- mos. Esse tiltimo entendimento, por exemplo, € muito comum entre os economistas, em _ especial 08 que trabalham em conjuntura econdmica. O indice frequentemente ¢ definido como um indicador composto, portanto, construide a partir de uma média de indicado- res” ou como um indicador sintético" ou ainda de alto nfvel de agregago e complexida- de.” Para efeito desse texto, vamos considerar que essas definigdes sio equivalentes, dado que nao hé uma grande distincia entre elas. Embora scja, até certo ponto, uma redundin- cia, usaremos aqui 2 expresso indice sintético como sindnimo de indice. Existem pros e contras:no que se refere & construgio de indices. Se a realidade €com- plexa, envolvendo mtiltiplas variéveis e dimensbes, € necessirio algum tipo de “sintetiza- ¢40” ou simplificagSo para tomar o problema inteligivel para a populacio, para os polf- = wursunanoo ASUSTONTARONDE ~ TP ticos ¢ para os fazedores de politicas ptblicas, Jé dizia o Velho Guerreiro “Quem nao se * comunica se trumbica”. Por isso, mesmo indices sintéticos sic muito populares, exceto para uma parte da comunidade académica que prefere trabalhar com dados E Mas esse ultimo grupo tem um bo argumento, pois corre-se @ risco de se simplificar demais caindo no simplismo, o que pode levar a entendimentos € polfticas equivocadas. les dizem que “de nada adianta a mensagem ser clara se ela for equivocada’.A resposta, do outro lado, viria de pronto “de que adianta esses pesquisadores serem rigorosos ¢ precisos se ninguém entende o que dizem seus ntimeros?” Em suma, essa € uma discussio que Yai durar muito tempo.* Nardo et al. (2005) resume esse debate (Tabela 5.4). a geras politicas parcizis, que se preocupam com a parte endo com 0 todo. Por outro lado, indices sintéticos (dependendo do indice, € claro) tenderiam a ser mais holisticos. Os mar- cos ordenadores, que serdo apresentados mais adiante neste capitulo, sto uma tentativa de ‘ Tndicadores parciais, minimizando a ‘Tabala 5.4 Prése.contras dos indfoadores compostos Resumem temas complexos ou multidi- mencionals dando suporte aos tomadores de decisao Mais fécels de interpretar do que tentar encontrar astendéncias de cada indicador separadamente Facilitam a feltura de rankings de paises em ‘temas complexos onde um ponto de refertncia € importante Poder pasar mensaigens equivocadas s#.0 Indice for mal construldo ou mal interpretado Poder ser um corvvite a conclusdes simplistas ‘Podem ser usados erradamente como apoio a pollticas piblicas se o proceso. de construgso do Indice ndo for transparente ‘A selegSo de Indicadores e seus pesos padem ser objeto de questionamento politico Podem encobrir sérias falhas em algumas dimensbes e aumentar a dificuldade de Identificar a acho reparadora apropriada Poder levar a politicas publicas Inapropriadas se Ignoradas as dimenstes da performance que slo dificels de mensurar Permitem acompanhar 0 progresse dos paises 20 longo do tempo em relacdo a temas complexos TReduzem o conunto de indleadores ouincivem ‘mais informagio aum conjunto limitado }& existente Colocam no centro das discussbes temas relativos ao progresso e performance do pals Facilitarn a comunkcagSe como pablo em geral {cidados, midia etc), sendo uma forma dese prestar contas do trabalho realizado Fonte: Nando eta, (2005). Hd crfticasfandamentadas a alguns dos mais populares indices, Ryten (2000) ¢ Gul- mares e Jannuzzi (2004) critica o Indice de Desenvolvimento Humano (IDH) que con- 7 Vie aga mle oma vena velba repr. Malt ro po entendimento «wished inom sre modes coms venga ara teria da metodologis dt construrto dos memos. TW + ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE: TEGRIA E PRATICA ELSEVIER sideram simplista demais, sem fundamento te6rico, com ponderagio arbitréria, combi- nando variaveis de naturezas distintas, Sobre esse iiltimo ponto verifica-se que o PIB é Varidvel fluxo* e pode variar muito de ano para ano enquanto o mimero de alfabetizados © populacdo, que compéem a taxa de alfabetizacio, séo varidveis estoque e tendem a ter Pequena variagao anual. Além disso, as varidveis sio correlacionadas e nesse sentido com certa redundancia, pois renda (PIB) tende a andar junto com escolaridade e expectativa de vida ao nascer. © IDH foi elaborado pelo programa das NacSes Unidas para 0 Desenvolvimento (PNUD) inspirado nas ideias do economista Amartya Sen, ganhador do prémio Nobel. Esse pesquisador inicialmente rejeitou o indice por considerf-lo muito simplista, mas de- pois reviu sua posicio reconhecendo ser necesséria uma medida sucinta de desenvolvi- mento, que no fosse unicamente o PIB per capita.” O IDH & um indice produzido pelo PNUD/ONU ¢ consiste basicamente** em uma média de trés indicadores: Renda (PIB per capita), Longevidade (esperanga de vida ao nascer) Educacao (média ponderada entre taxa de alfabetizacao [peso 2] ¢ taxa de matricula bruta [peso 1]), 0s quais so normati- zadas para ficarem numa escala de 0a 1.*** Em um certo sentido o IDH sofre do mesmo problema do PIB. Ambas sio medidas muito agregadas' e toda medida agregada, parafra- seando Levenstein," mostra o principal, mas esconde o essencial. Bohringer e Jochen (2007) séo muito erfticos ao fazerem uma avaliagSo dos 11 indi- ces de sustentabilidade mais utilizados."" Com relagao aos procedimentos de normalizagao,* ponderacao e agregarao nenhum dos indices “passa pelo teste”. Segundo autores “A nor- malizacio e ponderagao dos indicadores, [...], revela alto grau de arbitrariedade, |...]. Quanto A agregacao nao hé regras cientificas que garantam a consisténcia ¢ significinecia dos indices compostos’.” Nao concordamos com 0 pessimismo desses autores pois o pesquisador cui- dadoso sabe que dados agregados e indicadores sintese so um bom ponto de partida, mas nunca um ponto de chegada. £ importante ser pragmitico, melhor um indice imperfeito (¢ que conheramos as limitagbes) que seja titil do que um indice perfeito que nao existe.* "As varifvcis zo Um dimenallo temporal as varidveis exlogue no. Por exemplo, pode-se dizer nease instante qual £0 volume de ‘bid cestenie em uma caiza de gua sem precisar rdacionar corn algama wnidade de medida temporal Mas o fino de Sus (én- tradat esaldas) ob & pour ser mensursdo asociado « uma dimensto temporal: minuto, hors, més. Outro exemple: putrimtinio 2 uoms varidve extoque rends uma varikvel flaxo. Rends © patrimbnio eafo relacionados, mas eto de dimensBs diferentes ** Por jt ver um tema multe explorede nfo iremos nos alongar sobre o IDH além do miniino neccaira, Pars malores lnformagScx vex hunpd/vernpmed.org br/idh, Para um histérico erftica do IDH ver Manceso (2001), “** ODPIB per eapis, que # medio em délares ppc (paridade de poder de compra), softe was treneformasto! sntesde ser cpevertido pa excala entre Oe 1. Com 0 uso ds transformarto logarinica, 0 acréacieno de rendu em um pals pobre tess proporelo- hudmente maior impacto no indicador que o mesmo aurscato ex ur pals co. 1 en dos autores deme artigo teve aula com Mario Postas na pés-graduarta do Instituto de Economia (UFRD) «esse professor, ex ‘qumee toda sus, repetia, como urn mantra, “todo niimero agregado é mentiroso”. : '¥ Segundo Asroa Levensizin, economists norte-americano, us etaisticas sto como os biquinis.o que ees revelam € sugestivo, mas.0 vr snc: Ling Plane ex.s Footprint (ean Ecol), Cty Dedopet inde, Human Deneopoct index i Sustainable Index, Environmental (indice de Desenvolvimento Humano— IDH), Brvironmental Index, Environmental Vilnerabiiny Index, Indax of Sustzinable Economic Welfare — Progress indicator (Indice de Progresso Genulno), Wl-being Assczonsnt, Gansina Saving, Green Net Nationsl Product e SEEA. A tula de compares, 18 ‘mais importantes para (preiasho do nssentabsidade, segunda levantamento felto por Belen (2005) entre peaquisadares, foram Ezslogical Foopprint, Dash beard of Sentainability, Baroracier of Sustainability, Human Development index ¢ modelo PER e suas variantes. Nermalizagdo de grandezas ¢coloci-las na mesms mnidade de medida de modo s tornar postive mua comparaglo bem comme ma ‘sizacSe cm procedimentos matemiticos. No 1DH, por exemple, os ts indicadores eo normallzadot (tranaformadon) para urna sescala de 0 5 1. Deses forma ¢ posstvel compart-los calcula x édia, (economies Jout Marcio Camargo (PUC-M), um pragmaitico, costurna sempre repctir que “uma estatistica mulm ¢ sempre me- Thor que nenbams ensticicr, ‘ = . MENSURANDO A SUSTENTABILLDADE = 145 a Entre os indices de sustentabilidade mais conhecidos esto a Pegada Ecoldgica (PE), In- _ dice de Sustentabilidade Ambiental (Environmental Sustainability Index — ESI) pas de {Progresso Genuino (IPG),” selecionamos esses indices e o IDH para apresentarmos neste ca- pitulo, pois consideramos que esses 40 os mais conhecidos (IDH e Indice de Sustentabilidade Ambiental) e/ou com maior afinidade com a economia ecolégica (Pegada Ecol6gica e Indice de Progresso Genuino). O IDH nao ¢ estritamente um indice de sustentabilidade ambiental, «pois nfo inclui a dimensao ambiental, entretanto, frequentemente na literatura é apresentado m conjunto com outros indices mais claramente ambientais, A PE ¢ o IPG, de forma apro- ximada, procuram mensurar a sustentabilidade forte. A PE por considerar a capacidade de suporte ¢ 0 IPG por levar em conta a degradagao e a deplecio dos recursos naturais. A Pegada Ecolégica, desenvolvida pelos pesquisadores Wackernagel ¢ Rees (1996), € smuito conhecida entre ambientalistas ¢ em menor medida entre pesquisadores — na Ecolo- gical Economics safram, até 2008, 18 artigos diretamente ligados ao tema* — ¢ organismos internacionais. A PE popularizon o “conceito de pegada”, pois hoje jd se fala em “Pegada de Carbono”, “Pegada de Energia” e “Pegada de Agua”. A PE pode ser considerada um fndice pelo alto nivel de agregacao, n3o sendo uma média de indicadores. A PE mensura o consumo da populagio** que vive numa determinada ‘regio e o transforma na unidade de medida “terra bioprodutiva’, Esse total é confrentado com a oferta disponivel nessa mesma regio de terra bioprodutiva. Se a demanda por terras (consumo da populagao) for superior a oferta, que éa situagdo mais comum, isso caracterizaria uma situacao de desequilfbrio, pois a popu- Jago estaria consumindo acima da capacidade de suporte da regio. Isso significa que se esta utilizando terras de outras regides ou que se est4 sobreutilizando a terra existente; isso ¢ cons- tatado, por exemplo, quando se faz essa conta levando-se em considerago toda a 4rea do planeta Terra. O desejavel é que a oferta de terras bioprodutivas seja superior a demanda. Atransformagao do consumo em terras bioprodutivas ¢ feita de varias formas. Exem- plificaremos com o consumo de alimentos. Uma populagdo consome uma determinada quantidade de carne bovina por ano ¢ que corresponde a uma determinada quantidade de bovinos. Esse montante por sua vez requer a uma determinada drea bioprodutiva que énnecesséria a criagio desses bovinos, que varia em fungao da produtividade da pecufria (quilos de carne por km?). Portanto, transformamos quilos de carne em drea bioprodutiva (lam’). No caso de produtos industriais essa transformagio é feita via consumo de energia. Por exemplo, um automével requer determinada quantidade de energia para ser produ- zido,*** que resulta em uma determinada quantidade de emissBes de CO, ¢ que, por sua ver, para serem neutralizadas, precisam de uma determinada &rea de florestas. A principal critica & PE é que se limita a abordar uma dimensio ambiental (terras bioprodutivas) que €um aspecto da sustentabilidade! O Indice de Sustentabilidade Ambiental (Environmental Sustainability Index — ES!) foi desenvolvido pela Yale Center of Environmental Law and Policy para o Férum Econémi- + Hikelton artigos pré c contra a PE na Ecological Beonomics. As refertacins lncas sos Wackernage «Ross (1996), Chambae Wot ‘al (2007) e wore footprintstandarda.org. Para urna umostra recente dete debate ver Pal (2008) ¢ Kites of (2008) + 0 eonzuma & divide em viriancategorine produtos de apriculrury, da prcoirla, de pesca de madeira, commtropies « demas ‘predlutos(medidos pele commumo de energia) so pega cg nee a em cn» ep toda ren td mm de ho wi de dem, cin traniporte, uso « dispodicto ee gee unter wendligin qu ven clos Pep Recher Ki al 68 pr wma cacao da PE no Brasil ver Cervi (2008). TU © ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE: TEORIAE PRATICA ELSEVIER co Mundial, que refine todo ano ¢m Davos, Sufca, as principais liderangas da politica e da economia mundiais. O {ndice (versto de 2005) partiu de 76 varifveis* que foram agregadas em 21 indicadores,** cuja média constitui o ESI Todas as agregagGes sio médias simples, nao sendo utilizadas ponderagdes. Os indicadores sio também agregados em cinco com- ponentes: sistemas ambientais, redugao da pressio ambiental, redugo da vulnerabilidade humana, capacitacio social e institucional e responsabilidade ambiental global, As estatis- ticas, no caso do ultimo ESI, abrangiam informagoes de 145 paises. Portanto, trabalha-se _ com muitas varidveis, com informagdes nem sempre de boa qualidade ou dispontyel para todos os paises. Para minimizar esses problemas e viabilizar a agregacao de varidveis e in- dicadores sio realizadas imputagbes transformagbes nos dados. Essas iiltimas permitem colocar todas as varidveis na mesma escala.*** O grande apelo desse indice & que produz um ranking para 145 pa(ses, no qual a Fin- India fica em primciro lugar, Noruega em segundo, Uruguai em terceiro, Argentina em nono e Brasil em décimo primeiro. Dificil acreditar que nosso pais esteja praticamente empatado com Austria (décimo) ¢ Gabo (décimo segundo) ¢ bem acima da Alemanha (trigésimo primeiro), Franga (trigésimo sexte), EUA (quadragésimo quinto) e Reino Uni- do (sexagésimo quinto); Nossos vizinhos Paraguai (décimo sétimo) ¢ Bolivia (vigésimo) também ficaram relativamente bem no ranking. O Indice de Progresso Genuine (IPG) parte da critica do uso do Produto Interno Bruto (PIB) come indicador de progresto e desenvolvimento. © PIB quando utilizado com esse propésito teria trés limitagbes basicas, segundo ‘Talberth, Cobb e Slattery (2007): 86 leva em conta as transagSes ocorridas no mercado ¢ que, portanto, tém valor monetérie omitin- | do, por exemplo, o trabalho doméstico nio remunerado e o trabalho voluntério. Considera ‘como agregaco ao PIB algumas transagées que ¢fetivamente diminuem 0 bem-estar da so- ciedade, come os gastos da sociedade com acidentes de trinsito e crimes, ignora os custos ambientais tanto da degradacao ambiental quanto da deplesao de recursos naturais! Q IPG ¢ um aprimoramento do Indice de Bem-estar Econémico Sustentével desen- volvido por Herman Daly e John Cobb Jr." que por sua vez parte de toda uma literatura sobre medidas de bem-estar, que tem come uma de suas mais importantes referencias a contribuiglo de Hicks ¢ seu conceito de “renda sustentével’t © IPG teve mudangas me- *Alguos exesopon de wares inclidar: Pegaca Boologica per cmp; fers de tgua rubtcrrtaca, creachmente de popula «ext 'oom 130 14001. Portanto ¢oasttaide por um conjunio bem betesogtnco de varies, i ‘terra, mabe Index 1 Fis mom vam beraturs sobre a isitsgBes do PB omen indicadoe de bem-erar. Bergh (2007) spresents wma bos rxeaba sobre ‘exc tera. A Comino Europdis, o Balannto Buropen, # OBCD e outras entdade J diutem altemativas uo PAB. Ver Lp!/ srerebyond- pp. Ure sfertcta recente, emai importante sobre ese tera ato ax conclusoes do Relatério da Comvsto10- bre Menmareqio de Perfomance Bcnatmica edo Progreso Soc crisda por iniclatira do preidente da Pranga (Nicolas Sucker) EA Treo de maecablldade, gue vse depts, mente dearest “rcs” come qulqoer aor sicional que ienphape annner cop Sac, Sobas a contrtnicto de Hic bam como de Nordim, Tobin « Zoot, que lnfionciner msi (Gecinmeana »eoostregas da IPG, ver Daly « Cobi (1994), onde ve disc: também as mites do PIB como medida de bem-enar 7 . MENSURANDO A SUSTENTABILOADE = 118 a ios todolégicas ao longo dos anos na direcio de melhorar sua mensuragao. Q IPG pode ser | considerado um “PIB yerde” na medida em que parte do mais importante componente do PIB — o tonsumo das familias — fazendo ajustes, adicionando componentes e sub- ; traindo outros para chegar ao seu resultado final. O que se procura mostrar ¢ que o “PIB verde” (IPG) é frequentemente menor que o PIB e pode ocorrer do PIB estar crescendo e 0 IPG permanecer no mesmo nfvel, Por exemplo, segundo Talberth, Cobb e Slatery (2006) a » partir dos anos 1980 0 IPG per capita dos EUA ficou estagnado, enquanto 0 PIB per capita ‘cresceu. Esse um indice comensuralista, pois todos os seus componentes estao na mesma ‘unidade de medida, no caso, o délar. A Pegada Ecol6gica também € comensuralista, pois, tudo esté mensurado na unidade “terras bioprodutivas” Apresentaremos a metodologia da mais importante estimativa do IPG, aquela que € feita para a economia dos EUA* pela ONG Redefining Progress: Inicialmente, 0 consumo | das familias 6 ajustado pela distribuigéo de renda, de forma a dar mais peso aos acrésci- ‘mos de rendimento das camadas mais pobres da populagio. Em seguida, esse valor recebe acréscimos e deduces até chegar ao resuiltado final (ver Tabela 5.5). ‘Algumas deduces e acréscimos parecem estranhos & primeira vista, mas fazem senti- do dentro da I6gica de construgéo do indice. Esclarecendo alguns pontos: 0 TPG considera que o governo faz basicamente gastos defensivos,** por isso o ponto de partida € 0 con- | gumo das familias ¢ no consumo das familias + gastos do governo. Mas nem todo gasto do governo & defensivo, por isso se incluem como acréscimos os servigo prestados das estradas e ruas, Como a educacéo superior tem impacto multiplicador sobre a renda da sociedade, seus beneficios sociais sio inelufdos no indice.*** Os bens durdveis slo conta- -. bilizados pelos servigos que prestam (que entram como acréscimo) ¢ nfo pelo seu valor de compra (que entra como deduc3o). Portanto, quanto maior a vida stil de um bem, maior _ gerd seu valor para efeito do cflculo do indice. Logo, bens descartéveis tm pouco peso no chlculo, Os empréstimos liquidos sio contabilizados, pois uma situagio de endividamento (empréstimos liquidos negativos) contribuiria para diminuir a sustentabilidade. Esse é 0 tipo de indice que permite infindaveis discuss6es sobre o que deveria ser in clufdo owexcluido e por qué. Os prdprios autores reconhecem isso éna publicaglo do IPG 2006 hé uma pequena resenba sobreas criticas ¢ limitages do indice. Por sinal esse mesmo tipo de questo pode ser colocado em relagao ao ESI. 5.5.0 que é um marco ordenador? Estou afogado em ruimeros. PRsQUisADOR DESESFERADO pesquisador pode preferir nfo utilizar um indice sintese, pelos varios problemas jé levantadios, optando por trabalhar com um conjunto de indicadores, 0 que, sem ditvide, Timer IPG por otros pales ex: Chile «Austr «pa regis (ox Alberta ua provincalende do Csnadh) te que ul pun or SUA pode cope aioe oo grander ota de are pide Gast om tquceqoe certo enntsbilzados no conrusme das fafa. Stator do ade, como oprépic nstorercenhecr or compl Da ¢ Cab (179) dle wm aoe edteno mperior no SEW. A quetto de cducaro Fdarertal + bia no pwd, nederss os wt eich aly eC qer oven a defor do fi devide a problemas de mesure © que ne een ean M14 © ECONOMIA D0 MEIO AMBIENTE: TEORIA € PRATICA ‘ ELSEVIER Tabela 5.5 Acréscimose. feltas ‘sechejor oe Indie de dedugées feltas a0 Consumo Familiar ajustado pela distribulpiio de renda para Aeréscimos (+) © To Valor do trabalho doméstica e famnifiar nko remuneredo Educagao universitaria Trabalho voluntério Servigos prestados por bens de consumo durévels Servicos prestados por estradas ¢ russ Valor das ernpréstimos tequidos do pats (") Valor do custo do crime Valor da perda de tempo de lazer ‘Valor do custo do desemprego e subemprego ‘Valor das compras de bens de consumo duravels Valor dos deslocamentos pendulares entre casa ¢ trabatho Valor dos gastos das familias com a finalidade de diminulr a poluigSo Valor do custo dos acidentes automobilisticos Valor do custo da poluicio da agua, do are sonora Valor das perdas de zonas imicias Valor das perdas de terras produtivas Valor das perdas de cobertura loreal prinra e dos danos causados pela construgso das vias de acesso & floresta ‘Valor do custo da deplegio de recursos enengéticos nao renovévels ‘Valor dos danos causados pelas emissbes de CO, Valor do custo da deplegSo da camada de ozbnio ‘Fomee: ONG Redefining Progress ™ Ferre onde do reales Wguido (ako, esses vrveis podem assum valores neGios, é muito mais rico em termos de informagées, porém esse caminho leva inevitavelmente a duas questBes: Que indicadores selecionar? Como nfo ficar perdido (“afogado em niime- ‘os marcos ordenadores/¢s- catendido como uma proposta de se organizar um con} D ou pode estar me acionsdo a uma concepsfo tebrica, epecifica so tema estudado, facilitan- do desse modo a interpretago dos resultados apresentados.” smo ma smn mec Coma meme tn es aS * _Essas estruturas organizam sempre corm um determinado propésito, portanto, in- find uma determinada leitura. Isso ajuda muito o pesquisador, peak tenibeen evicna _ oolhar €, por isso mesmo, ¢ importante conhecer diferentes marcos ordenadores. Nesse scbdas pode-se fazer analogia com um filme. As mesmas cenas filmadas dadas a editores o candidata CHF perde a cleicdo, Sea cena do candidato CHE somo aa cdc ene feito aparece antes da votagao significa uma coisa (certeza da vitoria), se essa cena aparece depois da eleicao a interpretagao €outra (um sonho, um delirio).. ‘Veremos agora como surgiram na esfera piblica os indicadores ambientais/de desen- volvimento sustentivel e como, nesse movimento, apareceram também os marcos ordena- dores. As Contas Econdmico-ecol6gicas (rontabilidade ambiental) sto também tim marco ordenador, mas nao sera visto aqui pois, como ja foi dito, é tema de outro capitulo. Existem. basicamente quatro tipo de marcos ordenadores sobre meio ambiente € desenvolvimento sustentivel:* marco ordenador simples de componentes ambientais (ex. indicadores de tecursos hidricos, do solo, da ar etc.) organizados segundo 0 modelo Pressio — Estado —Resposta (PER), marco ordenador de desenvolvimento. sustentdvel (ex: modelo teméti- co), marco ordenador do capital natural (ex: ‘contabilidade ambiental) e marco ordenador sistemico da relacdo natureza-sociedade (ex: modelo do grupo Balaton)” ‘Osindicadores ambientais cornearam.aser desenvolvidos por virios paises europeus, pelo Canadf e pela Nova Zelandia nos anos 1980, fruto da preocupago ambiental crescen- ‘te por parte desses paises. O grande marco, no entanto, foi a assinatura pelos representan- tea de 179 paises, da Agenda 21, um dos principais documentos da segunda conferéncia da ONU sobre meio ambiente — Conferéncia sobre Meio Ambiente ¢ Desenvolvimento — realizada no Rio de Janeiro em 1992, também conhecida como ECO-92. Nesse documento, no capitulo 40, afirma-se a necessidade dese desenvolver indicadores de desenvolvimento sustentével por parte dos paises signatérios. Como consequéncia da ECO-92 foi criada, na ONU, a Comissao de Desenvolvimento Sustentavel, que tem entre suas atribuigbes desen- volver os Indicadores de Desenvolvimento Sustentével. Inicialmente, no chamado “livro azul” (UN 1996) foram definidos 134 indicadores apresentados no marco ordenador/mo- delo Pressio— Estado — Resposta (PER). Posteriormente,” o mimero de indicadates foi reduzido para 59 passou-se a utilizar 0-marco ‘ordenador/modelo tematico. (© Modelo PER é 0 marco ordenador** mais utilizado pars apresentagio de esta- tisticas e indicadores das areas ambiental ¢ de desenvolvimento sustentdvel. Esse modelo foi formulado pelo Statistics Canada’ € posteriormente: adotado pela OECD.*** que re- gularmente publica seus indicadores nesse formato.” Esté fundamentado em um vonceltual que aborda os problemas ambientais segundo uma relagio de causalidade. Os indicadores ambientais desenvolvidos pelo modelo PER buscam responder atrés quest6es ‘pisicas: O que esté acontecendo com ‘o ambiente? (Estado) Por que isso corre? (Pressiio) Oquea sociedade est4 fazendo a respeito? (Resposta). preseason veka oa Param nko, a Fe ey tea an rt tend mie ern A genome ordenador PER" ou "etrabureenqucrst PER s+ Organisation for Bonar Corepernsion eget on dma epata nereco Pats Te Smee em eionra plies membros. [MEMSURAMDO ASUSTENTABILIDADE * 115 16 = ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE: TEORIA E PRATICA ELSEVIER Para se entender o modelo PER basta se colocar na posiggo de um médico mina uma pessoa doente e acompanhar seus procedimentos. A primeira iniciative dem, dico 6 tirar a temperatura do paciente, para saber seu estado. Com base nessa ¢ em outras informages, o médico faz um diagndstico acerca do que leyou a pessoa ao atual estado (presse). Hin fo disso, prescreve uma erepia (resposia). Note que ponto de partda ‘0 estado. O modelo PER € 0 mais utilizado na América Latina c tem como referéncia a Divisio de Estatisticas das NagGes Unidas. Nesse marco “o meio ambiente esté constituide por tuma strc de componentes que podem-ser organizads ¢distingudos segundo crtzos Segundo o modelo PER, as estatfsticas ¢ indicadores relativos a cada tema sao dividi- dos em trés categorias™ % 3 PRESSAO: Esses indicadores apresentam as presses que as atividades humanas exer- cem sobre o meio ambiente, Ex.: Emiss5es de poluentes provenientes de fabricas de vefculos automotores. ESTADO: Sio os indicadores que expressam as condig6es do meio ambiente, que re- sultam das presses tanto em termos quantitativos quanto qualitativos. O objetivo final da politica é melhorar esses indicadores. Ex.: Indices de qualidade do ar. RESPOSTA: Os indicadores de resposta mostram as agdes da sociedade que atenuam | ou previnem impactos ambientais negativos, corrigem danos causados a0 meio ambiente, preservam os recursos naturais ou contribuem para melhoria da qua- lidade de vida da populagao, Sao as medidas tomadas para diminuir ou anular as pressGes ambientais para com isso melhorar 0 estado do meio ambiente. Ex: Fiscalizaco ¢ controle de emissBes de poluentes provenientes de fibricas e velculos automotores, que pode ser mensurado na forma de ntimero de multas, vistorias, autuagbes, licengas emitidas, alteracao na legislacio ambiental, reformulagao dos Orgaos fiscalizadores etc. Existem trés variantes dos modelos PER que sio: FER, PEIR ¢ FPIER. A FER substitui a pressio pela forca motriz (F). Forca motriz representa o que est por tris das pressdes; #40 a$ atividades humanas que provocam impacto sobre o meio ambiente. Ex: A atividade industrial produz a emissio de poluentes. Podem também expressar processos mais am- plos como crescimento demogrifico e urbanizacao. © modelo PEIR inclni o impacto (1) no PER ¢ é utilizado pelo Programa das Nacbes Unidas para o Meio Ambiente — PNUMA (ex: relatério GeoBrasil). O modelo FPIER nada mais é do quea inclusio da forca motriz (F) e do impacto (1) no PER. Impacto sio 08 indicadores que medem as consequéncias da degradacao ambiental sobre o homem ¢ em seu entorno. Ex. Incidéncia de doencas respiratorias associadas @ polui¢io do ar. 5 A grande vantagem do modelo PER e suas variantes ¢ apresentar uma visio conjunta dos virios componentes de um problema ambiental, o que facilita 0 diagnéstico do pro- © No exbe ugal sprotedar com discussto conceitaa, ras cabe asdinslar qur 0 Modelo PER tem como ponto de partida um marco weccncid le ceopocones nab, an how reange + de pols icoyore men por expla ecb, roc [nedenclonale. Hane nape pode ser conaderado tambon como inserido mo marce referencal de dercavetvimento austenite, be MENSURANDG A SUSTENTABILIDADE = 117 blema e a elaboragio da respectiva politica publica, pois vai além da mera constatagao da degradacio ambiental, revelando seu impacto, suas causas, o que estd por tris dessas cau- ‘sa8 ¢ as agBes que esto sendo tomadas para melhorar esse quadro. A moldura apresenitada na Figura 5.2 apresenta os trés principais componentes do modelo. Criticas de duas naturezas so feitas ao modelo PER. Uma é conceitual ¢ a outra € relativa ao sew uso na politica pablica. No primeira grupo estéo as colocagées de Quiroga (2001), Gallopin (1997) e Bossel (1999) de que o modelo induz a leitura da existéncia de : relacdo de causalidade linear, simplificando excessivamente uma situacio complexa vi que envolve causalidades miiltiplas e interagao de fendmenos sociais, econdmicos ¢ am- bientais, negligenciando a natureza sistémica ¢ a din&mica do sistema com seus feedbacks. Aadogao do modelo PER agabaria, portanto, estimulando a adogao de politicas corretivas, de curto prazo. Esse modelo também nao estabelece metas de sustentabilidade a serem alcangadas e, como foi concebido originalmente para tratar de indicadores ambientais, nem sempre seria adaptvel para indicadores de desenvolvimento sustentével (IDS) onde a complexidade é maior. No IDS, dependendo do tema estudado, um indicador pode ser a0 mesmo tempo de pressio, estado ou resposta. Por exemplo, o desemprego ¢ uma pressio * quando o tema ¢ pobreza, mas ¢ estado s¢ o tema € emprego. ROE Senypaas HE = ECOMOMIA 00 MANO AMBIENTE: TEORIA & PRATICA ELSEVIER Mas a critica que acabou tendo mais peso foi a da prépria Comissao de Desenvolvi- mento Sustentivel (CDS) da ONU que abandonou o modelo PER em 1999 com o argu- mento de que o mesmo nio enfatizava os temas centrais das politicas pitblicas.” A op¢ao da ONU foi adotada, em grande medida, por motivos de ordem pritica. Os érgios pabli- cos dos diferentes pafses nao se organizam cm torno de “pressio”, “estado” ou “resposta” ¢ sim em fungdo de areas ou temas como educacio, trabalho, meio ambiente etc. A.CDS passou entio a adotar o enfoque tematico em que as quatro grandes dimen: ses do desenvolvimento sustentével (econdmica, social, ambiental e institucional) sio divididas em temas, subternas¢ esses iltimos em indicadores. Essa abordagem & utilizada no Brasil pelo IBGE na apresentacio dos Indicadores de Desenvolvimento Sustentével* Portanto, garantido-se a sustentabilidade econdmica, social, ambiental ¢ institucional au- tomaticamente estaria garantido o desenvolvimento sustentivel. Essa abordagem, que remete ao relatério Brundtland,” é uma extensfo do enfoque dos “trés pilares” — econdmico, social ¢ ambiental — que seriam a base do desenvolvi- mento sustentavel Essa abordagem é muito utilizada cm trabalhos sobre responsabilidade socioambiental das empresas (ver a respeito, VINHA, neste volume). © desenvolvimento sustentavel seria a intersegdo das dimensdes econdmica, social e ambiental. Um problema desse enfoque € que fica implicito que haveria dreas fora da drea de intersecdo. Portanto, existiria, por exemplo, uma drea da dimensio econdmica que seria independente da social da ambiental. Nada mais distante da economia ecolégica.. O modelo PER, no entanto, continua sendo adotado pela OECD e entendemos que, apesar das criticas feitas 20 mesmo, ele tem mais qualidades do que restrigBes. Causalida- de linear é um bom ponto de partida para se analisar um problema ambiental. Metas de sustentabilidade podem ser incorporadas ao modelo sem nenhum problema. Nao con- cordamos que o modelo necessariamente induza a adogio de ages corretivas. AcSes de caréter preventivo podem ser incluidas. Consideramos que o modelo PER é adequado ¢ abrangente para uma abordagem inicial de problemas ambientais. Sua ado¢o nao impede que em um segundo momento sejam incorporadas outras varidveis e se trabalhe com um modelo mais complexo. Nao h4 dtivida de que para um pesquisador o modelo PER é mui- to mais ¢til que o modelo temético, que n4o sugere nenhuma relacao de causalidade entre 08 indicadores, Consideramos o madelo PER mais adequado do que o temético inclusive para formulario de politicas péblicas, exatamente por explicitar causalidades. Em 2005, a ONU iniciou um processo de revisio dos indicadores de desenvolvimen- to sustentivel. Esse processo culminou em 2007 com uma nova edigio dos Guidelines. Manteve-se 0 modelo tematico, mas com outra divisio de temas e os indicadores, seguindo uma pritica jé adotada por paises europeus, foram divididos em dois grupos: um conjunto maior de 96 indicadores ¢ um subconjunto de 50, considerados os mais importantes (core set). Os temas escolhidos foram: pobreza; governanga; satide; educaco; demografia; desas- tres nsturais; ar; terra; oceanos, rios ¢ costas; 4gua doce; biodiversidade; desenvolvimento ‘econdmico; parcerias econdmicas globais ¢ padr6es de produgio ¢ consumo. Alguns exemplos de indicadores, segundo suas respectivas dimensbes. Social: taxa de wate as populacda, indice Gini de distribuigdo da renda, expectativa de vida a0 Vile need Gua ne pie de 20M do [D4 embor o modelo lerdtico coatinuc scado adotado, ( apreseniada ura tabeis, no anex0, mgs inode © then pats pslops mods FEB. = MENSURANOO.A SUSTENTABILIDADE = 119 See ¢ coeficiente de mortalidade por homicidios. Ambiental: con- sumo indu: Ic substincias destruidoras da camada de ozbnio, queimadas, espécies ameacadas de extin¢ao ¢ destinacio final do lixo. Econémica: EI er sae eniioecde de fontes renoviveis na oferta de energia e teciclagem; Institucional: ratificacio de acordos internacionais e gasto piblico com protegao ao meio ambiente. Essa divisio temdtica é uma das intimeras possiveis.* Segundo um levantamento feito pela ONU®” os trés temas mais frequentes entre os paises que produzem indicadores de desenvolvimento sustent4vel (principalmente da OECD) sdo: gestdo dos recursos naturais, energia ¢ mudancas climiticas e produgdo ¢ consumo sustentéveis. A escolha dos temas est4 muito associada as necessidades de cada pais ¢, mais especificamente, 4 sua politica de desenvolvimento sustentavel. Portanto, os temas ¢ indicadores tendem a estar fortemente associados politica publica e nao algum referencial tebrico/conceitual. Uma das desvan- tagens desse enfoque é que, mudando a politica publica, mudam os indicadores, 0 que j& ocorreu, por exemplo, trés vezes na Inglaterra. No Brasil, paradoxalmente, os indicadores surgiram de forma independente de uma politica péblica sobre desenvolvimento sustentd- vel. Nesse caso, até certo ponto, a oferta de estatisticas foi & frente da demanda. Um novo marco ordenador que esta muito em evidencia atualmente €.0 modelo do capital, que ¢ adotado por alguns paises para apresentacio dos indicadores de desenvolvi- mento sustentével, com destaque para o Canad." Esse enfoque adota a seguinte definiglo de desenvolvimento sustentavel: Disertvelvimento sustertdvel ¢ aquele que assegura que a riquera nacional per capita seja ndo declinante por meio de reposigo ou conservagiio das fontes dessa riquera, que so o capital produ- sido, humnano, social e natural UN, EC, IMR OECD, WB, 2005, F. 4 (traduplo dos autores) Esse enfoque ¢ 0 adotado pela ONU na elaboracfo do Sistema de Contas Econdmica — Ambientais — SICEA (SEEA, em inglés),"* embora se restringindo basicamente ao ca- pital natural.*** A ONU" jé considera um quinto tipo de capi i i © capitulo 6 para mais detalhes metodolégicos sobre contabili Nao hi diivida de que a definigo de sustentabilidade adotada é bastante consisten- te conceitualmente, nfo 4 vaga como a definigto clissica do relatério Brundtland,e tem muita afinidade com a economia ecologica, ver discussfio no infcio deste capitulo, © ca- pital financeiro seria constitufdo pelas ages, obrigacdes ¢ depésitos bancfrios, o capital produzido por méquinas, prédios, telecomunicagdes ¢ outros tipos de infraestrururas. Ja © capital natural prende-se aos recursos naturais, terra ¢ ecossistemas, O capital humano tefere-se i escolaridade e satide da forca de trabalho. B, por iltimo, o capital social seria as instituigbes ¢ redes sociais." © Poresemplo, na Beal antre sa getores ambiente ¢ rato como a ndocto de wma clastic qos viilien core magus» raltic tmblental: a oped ral, refee 1 recarvonhrtco (oceenoe, mares row ¢sonas contain). verde a reites 6 amas, 1 marrom se retriagt soe problemas urbanas (ex: pluieto badustria, expoto lisa ak). ss OUSEBA adota o eafogue de cophtal na pics, mas nda formalmante. ficlment ¢ to que o SEBA ¢"perticaerenene "pais fe que xdotam o enfogar do capil ou"iden muitos book%29, acesso em 18 de marco de 2009. Daly, H.; Cobbs J. For The Common Good. 2. ed. revista ¢ ampliada. Beacon Preas, 1994. ¢ ‘Fkins, BA Four-Capital Model of Wealth Creation in Hkiné. Ia: P. Max-Neef, M. (org). Real-life Economies: ‘Understanding Wealth Creation. 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