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Sanções Administrativas

Como decorrência da prevalência do interesse público sobre o privado, as


falhas e os vícios cometidos pelas empresas ao longo do procedimento de
licitação podem acarretar a aplicação de sanções. Essa prerrogativa decorre
do Poder Disciplinar, e sempre depois de garantidos a ampla defesa e o
contraditório, facultados no prazo de cinco dias úteis (veremos que o prazo
de impugnação dobra quando da aplicação da sanção de declaração de
inidoneidade).
Além da rescisão contratual pela inexecução culposa por parte da empresa,
o art. 87 registra as seguintes penalidades
administrativas: advertência, multa, suspensão temporária e declaração de
inidoneidade.
A aplicação de tais penalidades não pode ficar sob o poder discricionário do
administrador. Afinal, não pode o administrador escolher entre punir ou não
punir (o ato é vinculado). O que pode acontecer, pela circunstância de não
haver uma tipificação fechada (certa, adequada), é a existência de certa
margem de discrição na gradação das penalidades.
A advertência é um tipo de sanção mais branda, cabível para faltas leves. Em
outros termos, desvios que não provoquem prejuízos significativos ao serviço,
devendo a advertência ser anotada no registro da empresa, inclusive para
futuras comprovações de reincidência.
A multa é a única penalidade na Lei 8.666/1993 de natureza pecuniária,
sendo prevista em dois momentos: no art. 86, é prevista a multa de mora, ou
seja, decorrente do atraso injustificado na execução do contrato; já no art.
87, surge a multa decorrente da inexecução total ou parcial do contrato.
Ainda com relação à multa, citamos três peculiaridades.
A primeira é que a multa prevista no art. 87 só pode ser exigida se houver
previsão no instrumento convocatório (edital ou carta-convite) ou no
contrato.
A segunda é que pode ser aplicada conjuntamente com as demais sanções.
Neste caso, a Administração pode aplicar advertência mais multa ou
suspensão temporária mais multa. Isso mesmo, pode a Administração aplicar
advertência e multa, ou suspensão temporária e a multa.
A terceira é que corresponde à exceção aos ensinamentos de que as multas
não podem ter caráter autoexecutório, pois, de acordo com § 2º do art. 87,
a multa poderá ser descontada da garantia do respectivo contratado (art.
56), independentemente de interpelação judicial, se, e somente se, a
garantia for prestada em moeda corrente (exemplo: caução em dinheiro).
Portanto, inaplicável o desconto de forma autoexecutória nos casos de fiança
bancária, caução real e seguro-garantia.
No tocante à suspensão para licitar e contratar e à declaração de
inidoneidade, destaca-se que são sanções aplicadas pela prática de
falhas graves. A seguir, um rápido paralelo entre tais penalidades:
 as duas impedem a participação das empresas em licitações em curso e
celebração de futuros contratos;
 quanto à abrangência, a declaração de inidoneidade é maior, pois enquanto a
suspensão é válida apenas para o órgão ou entidade licitante (contratante), a
declaração gera efeitos para toda a Administração Pública (entendida como
todos os órgãos e entidades de todos os entes da Federação);

NOTA:
- De acordo com o TCU, a suspensão temporária só vale para o órgão/entidade
que a aplicou.

 no que diz respeito ao prazo, a suspensão não pode ultrapassar dois anos. Já a
declaração de inidoneidade não tem prazo máximo, ou seja, só depois de dois
anos é que as empresas podem solicitar reabilitação, logo, não compensando
os prejuízos, caso existentes, permanecerão inidôneas;
 relativamente à autoridade competente para aplicação, a suspensão pode ser
promovida pela autoridade competente da entidade, ao passo que a
declaração de inidoneidade é de competência exclusiva do Ministro de Estado
e de autoridades simetricamente equivalentes nas demais esferas (como
Secretário de Estado, por exemplo), tendo a empresa, nesse último caso, o
prazo de dez dias úteis para pedido de reconsideração.

STJ – MS 17431/DF
A ausência de abertura de prazo para oferecimento de defesa final sobre a possível
aplicação da pena de inidoneidade, consoante a determinação expressa contida no
artigo 87, 3º, da Lei de Licitações, acarreta a nulidade a partir desse momento
processual.

NOTA:
- O declarado inidôneo não poderá firmar novos contratos com a
Administração Pública, em razão da punição aplicada, pelo tempo em que
esta durar.
Por derradeiro, é digno de nota que a Lei do Pregão, ao lado da multa e
da advertência, prevê (art. 7º), de forma inédita, o impedimento de licitar e
contratar com a União, os Estados, o Distrito Federal ou os Municípios e,
ainda, o descredenciamento no Sistema de Cadastramento de Fornecedores –
SICAF, pelo prazo de até cinco anos. O ineditismo decorre do fato de que a Lei
fala em suspensão por até dois anos e declaração de inidoneidade de, no
mínimo, dois anos.

Resumo do capítulo

- Advertência: sanção mais branda, cabível para faltas leves.


- Multa: única penalidade de natureza pecuniária; é prevista a
multa de mora (decorrente do atraso injustificado na execução do
Sanções
contrato) e a multa decorrente da inexecução total ou parcial do
Administrativas
contrato. Pode ser aplicada concomitantemente às demais sanções.
- Suspensão para licitar e contratar e declaração de
inidoneidade: sanções aplicadas pela prática de falhas graves.

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