Você está na página 1de 24

JURISPRUDENCIAS SELECIONADAS

CLAUDIA MOLINARO
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER:
EFETIVIDADE DOS DIREITOS SOCIAIS/ FUNDAMENTAIS:

Saúde

Educação

Moradia
EFICÁCIA DOS DIREITOS SOCIAIS DE CARÁTER PRESTACIONAL, como os
previstos no art. 6º da Carta magna e a possibilidade de obter do Judiciário uma tutela
específica que obrigue o Executivo a tomar medidas que busquem a efetividade desses
direitos sociais, tão ligados a dignidade da pessoa humana, sem que se acate todos
aqueles “velhos argumentos de defesa,” apresentados rotineiramente pela
Administração Pública, com base nos Princípios da Separação dos Poderes e da
Reserva do Possível, contra o ativismo judicial que se impõe. Nesse aspecto, a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e dos diversos tribunais estaduais rechaça
a tese de que os direitos sociais constitucionais seriam apenas normas programáticas,
determinando em diversos casos a entrega de prestações materiais aos jurisdicionados,
como no caso da ADPF 45/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, AI 455.802/SP, Rel. Min.
MARCO AURÉLIO - AI 475.571/SP, Rel. Min. MARCO AURÉLIO -RE 401.673/SP,
Rel. Min. MARCO AURÉLIO - RE 410.715-AgR/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO -
RE 411.518-AgR/SP, Rel. Min. MARCO AURÉLIO - RE436.996/SP, Rel. Min. CELSO
DE MELLO.
Segundo o Princípio da Máxima Efetividade, previsto no artigo 5º,
§ 1º da CF/88, “as normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata”. Tal princípio, como ressaltado
em apelação, não abarca apenas os direitos individuais, mas também
todo e qualquer direito fundamental (individuais, sociais, políticos e
de nacionalidade), obrigando, desta forma, os poderes públicos a
promoverem as condições para tornar reais e efetivos esses direitos.
EDUCAÇÃO
0036297-04.2014.8.19.0004 - APELAÇÃO - 1ª Ementa Des(a). FLÁVIA ROMANO DE
REZENDE - Julgamento: 07/03/2018 - DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL
OBRIGAÇÃO DE FAZER - DISPONIBILIZAÇÃO DE PROFESSOR DE APOIO À
MENOR, PORTADORA DE NECESSIDADES ESPECIAIS, NA ESCOLA ONDE
ESTUDA. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. INCONFORMISMO DA
MUNICIPALIDADE. - Cuida-se de ação de obrigação de fazer na qual se pretende
garantir à criança o pleno exercício do Direito Fundamental à Educação, através da
assistência de um professor de apoio, tendo em vista ser portador de necessidades
especiais (quadro de retardo mental moderado, associado a distúrbio do
comportamento com hiperatividade CID: F71.1). - A Constituição Federal elenca a
educação no rol dos direitos sociais, e como tal preconiza ser extensível a todos,
caracterizando como igualitário, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
- Assim, a inclusão de alunos portadores de necessidades especiais em classe
regular é válida desde que sejam proporcionados aos mesmos a convivência e
o desenvolvimento igualitários, visando desenvolver suas potencialidades para
inseri-los no meio social e escolar. Para tanto necessitam de professores
qualificados pedagogicamente para lidarem com as peculiaridades que se
apresentam. - Não deve prosperar a alegação de falta de recursos
orçamentários, pois a doutrina propõe a aplicação do método de
ponderação, pelo qual a prestação pleiteada pelos cidadãos deve estar
cingida àquilo que se pode razoavelmente exigir do Poder Público. Por tal
raciocínio, imperioso reconhecer que o direito a um mínimo vital, à educação
escolar, à assistência médica, à formação profissional, deve ter a efetivação
garantida pelo Poder Público, por conta de que é mínimo o conflito com os
demais princípios constitucionais, competindo ao Judiciário assegurá-lo.
- Por fim, não há que se falar em violação ao princípio da separação de
poderes, já que o Judiciário está sendo constantemente chamado a suprir,
com sua intervenção, conduta omissiva do Poder Executivo em promover a
educação de forma plena, sendo certo que o princípio da Separação dos
Poderes não impede que o Poder Judiciário intervenha caso haja lesão ou
ameaça a direito, conforme cláusula pétrea prevista no art. 5°, XXXV, da
Carta Magna. NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO. Íntegra do Acórdão em
Segredo de Justiça - Data de Julgamento: 07/03/2018
REMESSA NECESSÁRIA. MATRÍCULA DE MENOR EM
CRECHE PÚBLICA PRÓXIMA DA SUA RESIDÊNCIA. ACESSO À EDUCAÇÃO.
GARANTIA CONSTITUCIONAL. TAXA JUDICIÁRIA. REFORMATIO IN PEJUS.
AUSÊNCIA. 1. A Constituição da República inseriu o direito à educação no artigo 6º,
entre os direitos e garantias fundamentais, assim como a Lei 9.394/96, que estabelece
as diretrizes para a educação nacional, no artigo 2º dispõe que a educação é um dever
da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de
solidariedade humana, tendo por finalidade o pleno desenvolvimento do educando,
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. 2. Frise-
se que a citada lei, em seu artigo 3º, inciso I, inclui entre seus princípios a igualdade
de condições para o acesso e permanência na escola. Nesse diapasão, verifica-se que a
igualdade que se quer alcançar com tal norma é aquela destinada a tratar
diferentemente pessoas desiguais, concedendo a estas tratamento desigual na medida
de suas desigualdades. Busca-se uma igualdade material e não meramente formal.
3. O artigo 208, §§ 1º e 2º da Constituição da República estabelece que o acesso ao
ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo, dispondo que o não
oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular,
importa responsabilidade da autoridade competente. 4. No mesmo sentido, a Lei
mencionada, no artigo 4º, incisos I, IV, VIII e X, e artigo 5º, estipula como dever do
Estado garantir ensino fundamental, obrigatório e gratuito, e em creches e pré-
escolas, com atendimento ao educando, por meio de programas suplementares de
material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde e, no último
inciso citado, vaga na escola pública de educação infantil mais próxima de sua
residência, dispondo ser direito público subjetivo o acesso ao ensino fundamental,
prevendo, ainda, a possibilidade de qualquer cidadão exigi-lo do Poder Público
5. A disponibilidade de vaga em unidade pública escolar ou creche distante da
residência do aluno menor significará a imposição de limitações descabidas ao acesso
à educação, em evidente afronta ao disposto no artigo 53, V, do Estatuto da Criança e
do Adolescente. Precedentes do TJRJ. 6. Aplicabilidade do disposto no artigo 141,
§2º, da Lei nº 8.069/90, somente em favor das partes crianças ou adolescentes, razão
pela qual as demais partes, quando sucumbentes, devem arcar com as despesas
processuais. Precedente do STJ. 7. O réu, apesar de beneficiário da isenção prevista
no artigo 17, IX da Lei Estadual nº 3.350/99, deve pagar a taxa judiciária, conforme
jurisprudência consolidada no verbete nº 145 da súmula de jurisprudência do TJRJ.
8. Condenação do Município ao pagamento de taxa judiciária que ostenta natureza de
ordem pública, não se vislumbrando reformatio in pejus na alteração da sentença em
remessa necessária em desfavor da Fazenda Pública. 9. Sentença mantida nos demais
termos.
SAÚDE
0059329-45.2017.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO - 1ª Ementa Des(a).
MARIA HELENA PINTO MACHADO - Julgamento: 28/03/2018 - QUARTA CÂMARA
CÍVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO. OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZATÓRIA.
PLANO DE SAÚDE. TUTELA DE URGÊNCIA. INTERNAÇÃO EM UTI. POSSIBILIDADE DE
TRANSFERÊNCIA PARA A REDE PÚBLICA. DIREITO À VIDA E À SAÚDE (ART. 5º e 6º,
CRFB/88). DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. INCIDÊNCIA DO VERBETE Nº 302 DA
SÚMULA DO STJ. MANUTENÇÃO DA DECISÃO (ENUNCIADO Nº 59 DA SÚMULA
DO TJRJ). - Na hipótese dos autos, o agravado, que conta com 82 (oitenta e
dois) anos de idade, necessita de internação em UTI/CTI, haja vista o quadro de
dispnéia ao repouso, edema de MMII, turgência jugular a 90º e ascite,
conforme indicação médica. -
Verificação, em cognição sumária, do alegado periculum in mora e fumus boni
iuris, eis que envolve direito constitucional à vida e à saúde e implica risco de
violação ao princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CRFB/88).
- Aplicação do enunciado nº 302 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça: "É
abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo a
internação hospitalar do segurado." - Laudo do médico que assiste o agravado
afirma ser possível a transferência do paciente em UTI móvel, e a decisão ora
impugnada deixa clara a possibilidade de remoção do autor-recorrido para
unidade hospitalar da rede pública, após serem prestados todos os
procedimentos de emergência. -
Caberia ao agravante ter sido mais diligente, no tocante à interposição do
presente recurso, considerando que o recorrente tomou ciência da decisão
agravada em 11/10/2017, mas apresentou agravo de instrumento tão somente
no dia 18/10/2017, ou seja, três dias após a alta do paciente, efetivada em
15/10/2017, quando não mais necessitava ser transferido. - Lei n° 9.656/98, em
seu art. 35-C, com a redação dada pela Lei nº 11.935/2009, que estabelece ser
obrigatória a cobertura do atendimento em casos de emergência, como tal os
que implicarem risco de vida ou de lesões irreparáveis para o paciente. - Diante
da solicitação do procedimento pelo médico que acompanhava o autor-
recorrido, apontando a gravidade de seu quadro de saúde, há que ser
mantida a decisão agravada, por força do enunciado nº 59 da Súmula do
TJRJ. RECURSO AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. Íntegra do Acórdão - Data de
Julgamento: 28/03/2018
-
0175783-81.2012.8.19.0001 - APELAÇÃO - 1ª Ementa Des(a). LUIZ ROLDAO DE
FREITAS GOMES FILHO - Julgamento: 21/02/2018 - SEGUNDA CÂMARA CÍVEL
APELAÇÃO CÍVEL. AGRAVO RETIDO. AÇÃO DE CONHECIMENTO COM
PEDIDOS DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA, OBRIGAÇÃO DE FAZER
E COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS, MOVIDA EM FACE DE PLANO DE
SAÚDE, DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO E DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO.
CONTRATO DE PLANO DE SAÚDE NA MODALIDADE AMBULATORIAL.
LIMITAÇÃO DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR AO PERÍODO DE 12 HORAS.
ANTECIPAÇÃO DA TUTELA DEFERIDA PARA DETERMINAR QUE O PLANO DE
SAÚDE RÉU CUSTEIE A INTERNAÇÃO DA AUTORA ATÉ A EFETIVA
TRANSFERÊNCIA PARA A REDE PÚBLICA DE SAÚDE.
DETERMINAÇÃO DE INTERNAÇÃO EM HOSPITAL PARTICULAR, A EXPENSAS
DO ESTADO E DO MUNICÍPIO, NO CASO DE FALTA DE VAGA NA REDE
PÚBLICA SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA EM RELAÇÃO AO PLANO DE SAÚDE
RÉU E DE PARCIAL PROCEDÊNCIA EM RELAÇÃO AO ESTADO E AO MUNICÍPIO.
CONFIRMAÇÃO DA TUTELA. INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE COMPENSAÇÃO
POR DANOS MORAIS. IRRESIGNAÇÃO DO ESTADO RÉU E DA AUTORA.
AGRAVO RETIDO MANEJADO PELO ESTADO RÉU QUANDO AINDA VIGENTE O
CPC 1973. FALTA DE REITERAÇÃO NAS RAZÕES RECURSAIS. RECURSO NÃO
CONHECIDO. DIREITO À SAÚDE QUE DERIVA DOS MANDAMENTOS DOS
ARTIGOS 6º E 196 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. OBRIGAÇÃO DO PODER
PÚBLICO DE FORNECER TRATAMENTO MÉDICO ADEQUADO AOS QUE DELE
NECESSITAREM. POSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO ENTE NA OBRIGAÇÃO
DE CUSTEAR INTERNAÇÃO EM HOSPITAL PARTICULAR, NO CASO DE
INEXISTÊNCIA DE VAGA NA REDE PÚBLICA DE SAÚDE.
EFETIVIDADE DOS COMANDOS CONSTITUCIONAIS. DESPROVIMENTO DO
RECURSO DO ESTADO RÉU. IMPOSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO DO PEDIDO
DE REFORMA DA SENTENÇA PARA CONDENAÇÃO DO ESTADO E DO
MUNICÍPIO AO PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. PLEITO
NÃO FORMULADO NA INICIAL. ABUSIVIDADE DA CLÁUSULA CONTRATUAL
DE LIMITAÇÃO TEMPORAL DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR REALIZADA EM
CARÁTER DE EMERGÊNCIA, AINDA QUE SE TRATE DE CONTRATO FIRMADO
NA MODALIDADE AMBULATORIAL. PLANO DE SAÚDE QUE TEM OBRIGAÇÃO
DE CUSTEAR O TRATAMENTO ATÉ QUE SEJA EFETIVADA A TRANSFERÊNCIA
DA AUTORA PARA A REDE PÚBLICA DE SAÚDE. DANO MORAL CONFIGURADO
IN RE IPSA. VERBETE 337 DA SÚMULA DESTA CORTE. PROVIMENTO DO
RECURSO DA AUTORA, NA PARTE CONHECIDA. REFORMA PARCIAL DA
SENTENÇA. PRECEDENTES DESTA CORTE DE JUSTIÇA. AGRAVO RETIDO NÃO
CONHECIDO. APELO 1: CONHECIDO E DESPROVIDO. APELO 2: CONHECIDO EM
PARTE E PROVIDO
ATENÇÃO – JURISPRUDÊNCIA - STJ!!!
A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) concluiu na manhã desta
quarta-feira (25) o julgamento do recurso repetitivo, relatado pelo ministro
Benedito Gonçalves, que fixa requisitos para que o Poder Judiciário determine
o fornecimento de remédios fora da lista do Sistema Único de Saúde (SUS). Os
critérios estabelecidos só serão exigidos nos processos judiciais que forem
distribuídos a partir desta decisão.
A tese fixada estabelece que constitui obrigação do poder público o
fornecimento de medicamentos não incorporados em atos normativos do SUS,
desde que presentes, cumulativamente, os seguintes requisitos:
1 - Comprovação, por meio de laudo médico fundamentado e
circunstanciado expedido por médico que assiste o paciente, da
imprescindibilidade ou necessidade do medicamento, assim como da
ineficácia, para o tratamento da moléstia, dos fármacos fornecidos pelo SUS;
2 - Incapacidade financeira do paciente de arcar com o custo do
medicamento prescrito; e
3 - Existência de registro do medicamento na Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa). ( RESP 1657.156- RJ)
Modulação
O recurso julgado é o primeiro repetitivo no qual o STJ modulou os efeitos da
decisão para considerar que “os critérios e requisitos estipulados somente serão
exigidos para os processos que forem distribuídos a partir da conclusão do
presente julgamento”.A modulação tem por base o artigo 927, parágrafo 3º, do
Código de Processo Civil de 2015. De acordo com o dispositivo, “na hipótese
de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e dos
tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos,
pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no da
segurança jurídica”.
MORADIA
0504811-50.2014.8.19.0001 - APELAÇÃO -1ª Ementa -Des(a). PAULO SÉRGIO PRESTES
DOS SANTOS - Julgamento: 11/04/2018 - SEGUNDA CÂMARA CÍVEL
Apelação cível. Direito Constitucional. Imposição a entes estatais da obrigação de fazer
consistente na inclusão da demandante em programas habitacionais destinados a
compensar os efeitos de interdições e remoções compulsórias de residências localizados
no Rio de Janeiro. Aluguel social. Matéria que tem regência no âmbito municipal pelo
Decreto n. 38.197/13 (de cuja ementa se extrai "Aprova as diretrizes para a demolição
de imóveis e realocação de moradores de assentamentos populares e altera o Decreto nº
32.115, de 12 de abril de 2010.") e no âmbito estadual pelo Decreto n. 42.406/10 (o qual
"Institui o programa Morar Seguro, de construção de unidades habitacionais para
reassentamento da população que vive em áreas de risco no Rio de Janeiro").
Demandante que fez prova do fato constitutivo de seu direito, encartando ao feito o
Auto de Infração lavrado pela Secretaria Municipal de Defesa Civil, por meio do qual
foi decretada a interdição do imóvel onde residia, em virtude da constatação de indícios
de ameaça à integridade física de pessoas e bens. Endereço constante do auto que foi
corroborado pela declaração de residência juntada com a exordial. Situação em tela que
se amolda ao previsto na legislação vigente, a prever as medidas de compensação a
cargo dos entes estatais, que incluem nova moradia no local, indenização por
benfeitorias, compra de nova moradia em local diverso, auxílio financeiro ou aluguel
social. Reforma da sentença. Provimento do recurso.
1039883-43.2011.8.19.0002 - APELACAO / REMESSA NECESSARIA -Des(a). MARIO
ASSIS GONÇALVES - Julgamento: 08/08/2018 - TERCEIRA CÂMARA CÍVEL -
Aluguel social. Interdição de imóvel em razão das fortes chuvas sofridas no Município
de Niterói. Solidariedade entre entes estadual e municipal. Taxa judiciária. O direito
à moradia, direito público subjetivo, foi expressamente previsto no art. 6º da
Constituição da República que o inseriu entre os direitos e garantias fundamentais
havendo, portanto, indubitável prevalência desse direito constitucional. Nessa vereda,
impôs à União, ao Estado e ao Município um atuar uniforme no sentido de cumprirem
fielmente o imposto pela Constituição da República. Trata-se de resultado da expressão
do mínimo existencial indispensável à consagração do princípio da dignidade da pessoa
humana, consagrado no art. 1º, inciso III da Constituição da República, vetor axiológico
que fundamenta toda atuação estatal e que, por isso, estabelece, em seu art. 23, inciso IX,
que é competência comum dos entes federativos, como anteriormente referido,
promoverem programas de construção de moradias e melhoria das condições
habitacionais e de saneamento básico.
Decretos Estaduais nº 42.406/10 e 43.091/11 e Lei Municipal nº 2.425/07. Da análise dos
documentos juntados aos autos constata-se a existência de documento expedido pela
Secretaria Municipal de Defesa Civil confirmando a interdição do imóvel em razão das
fortes chuvas que assolaram o Município de Niterói em abril do ano de 2010, tragédia
amplamente divulgada pela imprensa, bem como documentos que comprovam que o
apelado residia no local. No que tange à renda familiar, há declaração de
hipossuficiência e informação de que autor está desempregado. Ademais, está
patrocinado pela Defensoria Pública o que reforça a tese de baixa renda familiar.
Destaque-se que caberia a parte ré comprovar a existência de fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do autor, nos termos do artigo 373 do Código de
Processo Civil. Entretanto, não se desincumbiu adequadamente de tal ônus, devendo
prevalecer os documentos juntados pelo autor. Verbete nº 241 deste Tribunal de Justiça.
Correta a sentença ao reconhecer o direito ao benefício e limitar o recebimento ao
período de 12 (doze) meses, prorrogável uma vez por igual período, desde que
preenchidos os requisitos legais.
Isenção de taxa judiciária aplicável ao município apenas quando figure como autor, o
que não ocorre na hipótese. Aplicação do verbete nº 145 deste Tribunal de Justiça.
Provimento do recurso do Estado do Rio de Janeiro para afastar sua condenação ao
pagamento da taxa judiciária. Confusão. Artigo 381 do Código Civil. Primeiro recurso
provido e segundo recurso ao qual se nega provimento. Modificação da sentença, de
ofício, para condenar o município ao pagamento da taxa judiciária.
ESTRUTURA DAS AÇÕES
ENDEREÇAMENTO
QUALIFICAÇÃO/ NOME DA AÇÃO
(GRATUIDADE DE JUSTIÇA E PRIORIDADE IDOSO) – art. 98 e 1048 do CPC
DOS FATOS
DATUTELA DE URGÊNCIA DE NATUREZA ANTECIPADA/ MULTA – ART. 300 E 537
DO CPC
DO DIREITO:
SAÚDE: ARTS. 1º, III, 5º, 6º, 23, 194, I, 196, 197, 198, II TODOS DA CF / LEI DO SUS
MORADIA: ART. 1º, III, ART. 5º §1º , 6º e 23, IX, todos da CF (leis/ decretos)
EDUCAÇÃO: art. 6º e art 208 da CF

Você também pode gostar