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NR-35 TRABALHO EM ALTURA

Sumário
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 6
2. NORMAS E REGULAMENTOS APLICÁVEIS AO TRABALHO EM ALTURA ................................. 7
2.1 Introdução ..................................................................................................................... 7
2.2 Normas Regulamentadoras ........................................................................................... 7
2.3 NR 35 – Trabalho em Altura ........................................................................................ 25
2.4 Normas Técnicas .......................................................................................................... 26
3. ANÁLISE DE RISCO E CONDIÇÕES IMPEDITIVAS .................................................................. 29
3.1 Introdução ................................................................................................................... 29
3.2 Conceitos Básicos ........................................................................................................ 29
3.3 Métodos de Análises de Risco ..................................................................................... 31
3.4 Elaboração da Análise de Riscos.................................................................................. 32
3.5 Avaliação do Risco ....................................................................................................... 33
4. RISCOS POTENCIAIS INERENTES AO TRABALHO EM ALTURA E MEDIDAS DE PREVENÇÃO E
CONTROLE ................................................................................................................................... 45
4.1 Introdução ................................................................................................................... 45
4.2 Controle do Risco ........................................................................................................ 45
4.3 Riscos Inerentes ao Processo ...................................................................................... 47
5. SISTEMA DE PROTEÇÃO COLETIVA CONTRA QUEDAS – SPCQ ............................................ 50
5.1 Introdução ................................................................................................................... 50
5.2 Guarda-Corpo .............................................................................................................. 51
5.3 Redes de Proteção ....................................................................................................... 51
5.4 Fitas Antiderrapantes .................................................................................................. 52
5.5 Isolamento e Sinalização de Áreas de Risco ................................................................ 52
6. SISTEMA DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL CONTRA QUEDAS – SPIQ .......................................... 54
6.1 Introdução ................................................................................................................... 54
6.2 Sistema de Ancoragem ................................................................................................ 57
6.2.1 Dispositivo de ancoragem ................................................................................... 58
6.2.2 Ponto de ancoragem ........................................................................................... 59
6.2.3 Ancoragem estrutural.......................................................................................... 59
6.2.4 Tipos de dispositivos de ancoragem ................................................................... 59
6.2.5 Fator de queda .................................................................................................... 62
6.2.6 Distância de queda livre ...................................................................................... 64
6.2.7 Distância de frenagem ......................................................................................... 64
6.2.8 Zona livre de queda – ZLQ ................................................................................... 65
6.2.9 Cordas e Nós........................................................................................................ 65
6.3 Elemento de Ligação ................................................................................................... 68
6.3.1 Trava-queda ......................................................................................................... 69
6.3.2 Talabarte .............................................................................................................. 71
6.3.3 Mosquetões......................................................................................................... 74
6.3.4 Dispositivos descensores..................................................................................... 76
6.4 Equipamento de Proteção Individual – EPI ................................................................. 77
6.4.1 EPI para proteção da cabeça ............................................................................... 78
6.4.2 EPI para proteção dos olhos e face ..................................................................... 79
6.4.3 EPI para proteção auditiva .................................................................................. 80
6.4.4 EPI para proteção respiratória ............................................................................. 80
6.4.5 EPI para proteção do tronco ................................................................................ 81
6.4.6 EPI para proteção dos membros superiores ....................................................... 81
6.4.7 EPI para proteção dos membros inferiores ......................................................... 82
6.4.8 EPI para proteção do corpo inteiro ..................................................................... 83
6.4.9 Cinturão de segurança tipo paraquedista ........................................................... 83
7. ACIDENTES TÍPICOS EM TRABALHOS EM ALTURA ............................................................... 87
7.1 Introdução ................................................................................................................... 87
7.2 Causa dos Acidentes de Trabalho ................................................................................ 87
7.2.1 Ato inseguro ........................................................................................................ 88
7.2.2 Condição insegura ............................................................................................... 89
7.3 Casos de Acidentes ...................................................................................................... 90
8. CONDUTAS EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA: INCLUINDO NOÇÕES DE TÉCNICAS DE
RESGATE ...................................................................................................................................... 94
8.1 Introdução ................................................................................................................... 94
8.2 Queda em Altura ......................................................................................................... 95
8.3 Suspensão Inerte ......................................................................................................... 96
8.4 O Resgate..................................................................................................................... 96
8.4.1 Plano de resgate .................................................................................................. 96
8.4.2 Categorias de resgates......................................................................................... 97
8.5 Equipe de Resgate ....................................................................................................... 97
8.6 Equipamentos de Resgate ........................................................................................... 98
8.6.1 Equipamentos de proteção individual contra quedas ......................................... 98
8.6.2 Maca .................................................................................................................... 99
8.6.3 Triângulo de evacuação ....................................................................................... 99
8.7 Procedimentos Seguros no Resgate ............................................................................ 99
8.8 Etapas de Salvamento e Resgate ............................................................................... 100
8.9 As Técnicas de Resgate .............................................................................................. 100
8.9.1 Técnicas de ascensão ......................................................................................... 101
8.9.2 Técnicas de descensão....................................................................................... 101
8.9.3 Técnicas de auto-resgate ................................................................................... 104
9. PRIMEIROS SOCORROS ...................................................................................................... 105
9.1 Primeiros Socorros: Importância, Legislação e Conceitos ......................................... 105
9.1.1 Importância dos Primeiros Socorros ................................................................. 105
9.1.2 Conceitos Básicos .............................................................................................. 106
9.1.3 Legislação .......................................................................................................... 107
9.2 Caixa de Primeiros Socorros ...................................................................................... 108
9.3 Etapas Básicas de Primeiros Socorros ....................................................................... 110
9.3.1 Avaliação da Cena.............................................................................................. 110
9.3.2 Avaliação da Vítima ........................................................................................... 112
9.4 Funções, Sinais Vitais e de Apoio .............................................................................. 115
9.4.1 Introdução ......................................................................................................... 115
9.4.2 Funções vitais .................................................................................................... 115
9.4.3 Sinais Vitais ........................................................................................................ 116
9.5 Ressuscitação Cardiopulmonar ................................................................................. 127
9.6 Estado de Choque...................................................................................................... 128
9.6.1 Causas................................................................................................................ 129
9.6.2 Sintomas ............................................................................................................ 130
9.6.3 Prevenção do Choque ....................................................................................... 131
9.7 Emergências Clínicas ................................................................................................. 132
9.7.1 Infarto ou Ataque Cardíaco ............................................................................... 133
9.7.2 Insolação............................................................................................................ 136
9.7.3 Exaustão pelo Calor ........................................................................................... 138
9.7.4 Cãibras de Calor................................................................................................. 140
9.7.5 Desmaio ............................................................................................................. 142
9.7.6 Convulsão .......................................................................................................... 144
9.7.7 Choque Elétrico ................................................................................................. 147
9.8 Emergências Traumáticas .......................................................................................... 151
9.8.1 Avaliação da Vítima de Trauma ......................................................................... 152
9.9 Ferimentos ................................................................................................................ 153
9.9.1 Ferimentos Fechados ........................................................................................ 154
9.9.2 Ferimentos Abertos ........................................................................................... 155
9.10 Lesões Traumato-Ortopédicas ................................................................................... 158
9.10.1 Entorse............................................................................................................... 159
9.10.2 Luxação .............................................................................................................. 161
9.10.3 Fraturas.............................................................................................................. 162
9.11 Telefone Úteis ............................................................................................................ 165
9.11.1 Corpo de bombeiros – 193 ................................................................................ 165
9.11.2 Polícia Militar – 190 ........................................................................................... 166
9.11.3 SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) – 192.............................. 166
9.11.4 Polícia Rodoviária Federal – 191........................................................................ 166
9.11.5 Defesa Civil – 199 .............................................................................................. 167
9.11.6 Disque Intoxicação (ANVISA) – 0800-722-6001................................................. 167
10. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 169
10.1 Bibliografia................................................................................................................. 170
1. INTRODUÇÃO

O trabalho em altura revela um percentual muito alto de acidente. Entre


os principais motivos está a queda, que ocorre em trabalhos como o de
escavações de poços; plataformas e andaimes; carga e descarga em caminhões
e trens; depósito de materiais e silos; montagem e desmontagem de estruturas;
plantas industriais; manutenção de equipamento; manutenção e limpeza de
fachadas prediais; instalação de torres de energia, telefonia, para-raios e de TV
a cabo; outdoors; operação de gruas e guindastes; entre outros.
A NR 35 – Trabalho em Altura, vem com o objetivo de reduzir os números
de acidentes de trabalho em altura, trazendo os requisitos mínimos e as medidas
de proteção para o trabalho em altura, envolvendo o planejamento; a
organização e a execução, de forma a garantir a segurança e a saúde dos
trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente com esta atividade.
De acordo com a norma, é considerado trabalho em altura, toda atividade
executada acima de 2,00 m (dois metros) do nível inferior, onde haja risco de
queda.
O curso de NR 35, abordará os seguintes assuntos: estudo e aplicação
das normas regulamentadoras; análise de riscos e condições impeditivas; riscos
potenciais inerentes ao trabalho em altura e as medidas preventivas; o sistema
de proteção coletiva e individual contra quedas; acidentes típicos em altura; as
condutas em situações de emergência; técnicas de resgate e primeiros socorros.
O treinamento da NR 35 – Trabalho em Altura, visa alertar e capacitar o
trabalhador, com medidas preventivas e equipamentos que garantam a
segurança e a saúde do trabalhador em altura.
2. NORMAS E REGULAMENTOS APLICÁVEIS AO
TRABALHO EM ALTURA

2.1 Introdução

No ambiente de trabalho, o maior patrimônio de uma empresa, são as


vidas dos seus trabalhadores, e para que essas vidas sejam protegidas, existem
regras específicas para garantir a sua segurança e sobrevivência.
A legislação aplicada na segurança do trabalho, é composta por um
conjunto de normas regulamentadoras; portarias e decretos, bem como,
convenções internacionais da Organização Internacional do Trabalho (OIT),
devidamente ratificadas pelo Brasil.

2.2 Normas Regulamentadoras

No Brasil, a legislação sobre a segurança do trabalho são as normas


regulamentadores (NRs).
As normas regulamentadoras foram criadas a partir da lei nº 6.514, de 08
de junho de 1978. As mesmas são elaboradas e modificadas, por uma comissão
tripartite, composta por representantes do governo, empregados e
empregadores. Elas só podem ser elaboradas e modificadas, por meio de
portarias expedidas pelo MTE, o que acontece quando se sente que algo precisa
ser modificado, melhorado ou excluído.
As Normas Regulamentadoras (NRs), são orientações trabalhistas, sobre
procedimentos obrigatórios, relacionados à saúde e à segurança do trabalhador,
visando promover e preservar a integridade física do mesmo, estabelecendo a
regulamentação da legislação pertinente à segurança e medicina do trabalho,
além de instituir políticas sobre esses assuntos, dentro das empresas.
As NRs relativas à segurança e saúde ocupacional, são de obrigação para
toda a empresa ou instituição que admite empregados registrados pela
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), e isso também inclui empresas
privadas e públicas, órgãos públicos da administração direta ou indireta, bem
como os órgãos do Poder Legislativo.
As normas regulamentadoras, são elaboradas pelo Ministério do Trabalho
e um sistema tripartite paritário, formado por representantes do Governo; dos
trabalhadores e dos empregadores, os três com o mesmo peso de decisão.
O Ministério do Trabalho é um órgão do Governo Federal, que trata das
políticas e diretrizes para a geração de emprego e renda e de apoio ao
trabalhador; das políticas e diretrizes para a modernização das relações do
trabalho; da fiscalização do trabalho, inclusive do trabalho portuário; da política
salarial; da formação e desenvolvimento profissional; da segurança e saúde no
trabalho; política de imigração e cooperativismo e associativismos urbanos.
São 37 normas regulamentadoras, sendo que 36 estão vigentes. Cada
uma possui seus próprios parâmetros de regulamentação, com o objetivo de
prevenir acidentes e doenças provocadas pelo trabalho.
Segundo o Ministério do Trabalho:

Normas Regulamentadoras – NRs, relativas à segurança e medicina do


trabalho, são de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas
e pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos
órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados
regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.

A seguir serão apresentadas as normas regulamentadoras e seus


objetivos:
NR 1 – DISPOSIÇÕES GERAIS

Relativas à segurança e medicina do trabalho, são de observância


obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da
administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo
e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do
Trabalho – CLT.

NR 2 – INSPEÇÃO PRÉVIA

Todo estabelecimento novo, antes de iniciar suas atividades, deverá


solicitar aprovação de suas instalações ao órgão regional do Ministério do
Trabalho.

NR 3 – EMBARGO OU INTERDIÇÃO
Embargo e interdição, são medidas de urgência, adotadas, a partir da
constatação de situação de trabalho que caracterize risco grave e iminente ao
trabalhador.

NR 4 – SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA DE


SEGURANÇA E EM MEDICINA DO TRABALHO

As empresas privadas e públicas; os órgãos públicos da administração


direta e indireta e dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam
empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, manterão,
obrigatoriamente, Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em
Medicina do Trabalho, com a finalidade de promover a saúde e proteger a
integridade do trabalhador no local de trabalho.

NR 5 – COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES


A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA - tem como
objetivo, a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo
a tornar compatível, permanentemente, o trabalho com a preservação da vida e
a promoção da saúde do trabalhador.

NR 6 – EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI

A norma regulamenta a utilização do EPI. Considera-se Equipamento de


Proteção Individual – EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual, utilizado
pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos, suscetíveis de ameaçar a
segurança e a saúde no trabalho.

NR 7 – PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE


OCUPACIONAL
Estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implementação, por parte
de todos os empregadores e instituições, que admitam trabalhadores como
empregados, do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional –
PCMSO, com o objetivo de promoção e preservação da saúde, do conjunto dos
seus trabalhadores.

NR 8 – EDIFICAÇÕES

Estabelece requisitos técnicos mínimos, que devem ser observados nas


edificações, para garantir segurança e conforto aos que nelas trabalhem.

NR 9 – PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


Estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte
de todos os empregadores e instituições, que admitam trabalhadores como
empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, visando
à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da
antecipação; reconhecimento; avaliação; e consequente controle da ocorrência
de riscos ambientais, existentes, ou que venham a existir no ambiente de
trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos
naturais.

NR 10 – SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM


ELETRICIDADE

Estabelece os requisitos e condições mínimas, objetivando a


implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, de forma a
garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que, direta ou indiretamente,
interajam em instalações elétricas e serviços com eletricidade.

NR 11 – TRANSPORTE, MOVIMENTAÇÃO, ARMAZENAGEM E


MANUSEIO DE MATERIAIS
Normas de segurança para operação de elevadores; guindastes;
transportadores industriais e máquinas transportadoras.

NR 12 – SEGURANÇA NO TRABALHO EM MÁQUINAS E


EQUIPAMENTOS

Esta Norma Regulamentadora e seus anexos, definem referências


técnicas; princípios fundamentais e medidas de proteção, para garantir a saúde
e a integridade física dos trabalhadores, e estabelece requisitos mínimos para a
prevenção de acidentes e doenças do trabalho, nas fases de projeto e de
utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos, e ainda, à sua
fabricação; importação; comercialização; exposição e cessão a qualquer título,
em todas as atividades econômicas, sem prejuízo da observância do disposto
nas demais Normas Regulamentadoras – NRs, aprovadas pela Portaria nº 3.214,
de 8 de junho de 1978, das normas técnicas oficiais e; na ausência ou omissão
destas, nas normas internacionais aplicáveis.

NR 13 – CALDEIRAS, VASOS DE PRESSÃO E TUBULAÇÃO

Estabelece requisitos mínimos para a gestão da integridade estrutural de


caldeiras à vapor; vasos de pressão e suas tubulações de interligação, nos
aspectos relacionados à instalação; inspeção; operação e manutenção, visando
à segurança e à saúde dos trabalhadores.

NR 14 – FORNOS

Os fornos, para qualquer utilização, devem ser construídos solidamente,


revestidos com material refratário, de forma que o calor radiante, não ultrapasse
os limites de tolerância, estabelecidos pela Norma Regulamentadora – NR 15.

NR 15 – ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES

Trata de atividades que expõem os empregados a agentes nocivos à


saúde, acima dos limites legais permitidos.

NR 16 – ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS


Trata das atividades e operações perigosas, no exercício do trabalho.

NR 17 – ERGONOMIA

Visa a estabelecer parâmetros, que permitam a adaptação das condições


de trabalho, às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a
proporcionar um máximo de conforto; segurança e desempenho eficiente.

NR 18 – CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA


INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO
Estabelece diretrizes de ordem administrativa; de planejamento e de
organização, que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas
preventivos de segurança, nos processos; nas condições e no meio ambiente de
trabalho, na indústria da construção.

NR 19 – EXPLOSIVOS

Estabelece diretrizes para o trabalho com explosivos. Considera-se


explosivo, material ou substância que, quando iniciada, sofre decomposição
muito rápida em produtos mais estáveis, com grande liberação de calor e
desenvolvimento súbito de pressão.

NR 20 – SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO COM INFLAMÁVEIS


E COMBUSTÍVEIS

Estabelece requisitos mínimos para a gestão da segurança e saúde no


trabalho, contra os fatores de risco de acidentes, provenientes das atividades de
extração; produção; armazenamento; transferência; manuseio e manipulação de
inflamáveis e líquidos combustíveis.
NR 21 – TRABALHOS A CÉU ABERTO

Estabelece requisitos mínimos para os trabalhos realizados a céu aberto,


sendo obrigatória a existência de abrigos, ainda que rústicos, capazes de
proteger os trabalhadores contra intempéries.

NR 22 – SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL NA MINERAÇÃO

Tem por objetivo, disciplinar os preceitos a serem observados, na


organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatível, o
planejamento e o desenvolvimento da atividade mineira, com a busca
permanente da segurança e saúde dos trabalhadores.

NR 23 – PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS


Estabelece que todos os empregadores, devem adotar medidas de
prevenção de incêndios, em conformidade com a legislação estadual e com as
normas técnicas aplicáveis.

NR 24 – CONDIÇÕES SANITÁRIAS E DE CONFORTO NOS LOCAIS


DE TRABALHO

Estabelece as condições sanitárias mínimas no ambiente de trabalho.

NR 25 – RESÍDUOS INDUSTRIAIS

Estabelece requisitos sobre a utilização e destinação de resíduos


industriais, provenientes dos processos industriais, na forma sólida; líquida ou
gasosa, ou combinação dessas, e que, por suas características físicas; químicas
ou microbiológicas, não se assemelham aos resíduos domésticos, como cinzas;
lodos; óleos; materiais alcalinos ou ácidos; escórias; poeiras; borras; substâncias
lixiviadas e àqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de
poluição; bem como aos demais efluentes líquidos e emissões gasosas
contaminantes atmosféricos.

NR 26 – SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA
Trata da utilização de cores na segurança do trabalho, estabelecendo a
adoção de cores para segurança em estabelecimentos ou locais de trabalho, a
fim de indicar e advertir acerca dos riscos existentes.

NR 27 – REGISTRO PROFISSIONAL DO TÉCNICO DE SEGURANÇA


DO TRABALHO

Revogada.

NR 28 – FISCALIZAÇÃO E PENALIDADES

Trata da fiscalização sobre o cumprimento das disposições legais e/ou


regulamentares sobre segurança e saúde do trabalhador, obedecendo a CLT e
as Normas Regulamentadoras.
NR 29 – NORMA REGULAMENTADORA DE SEGURANÇA E SAÚDE
NO TRABALHO PORTUÁRIO

Objetiva regular a proteção obrigatória contra acidentes e doenças


profissionais; facilitar os primeiros socorros a acidentados; e alcançar as
melhores condições possíveis de segurança e saúde aos trabalhadores
portuários.

NR 30 – SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO AQUAVIÁRIO

Tem como objetivo, a proteção e a regulamentação das condições de


segurança e saúde dos trabalhadores aquaviários.

NR 31 – SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA AGRICULTURA,


PECUÁRIA, SILVICULTURA, EXPLORAÇÃO FLORESTAL E AQUICULTURA
Tem por objetivo, estabelecer os preceitos a serem observados na
organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatível o
planejamento e o desenvolvimento das atividades da agricultura; pecuária;
silvicultura; exploração florestal e aquicultura, com a segurança; saúde e meio
ambiente do trabalho.

NR 32 – SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM SERVIÇOS DE


SAÚDE

Tem por finalidade, estabelecer as diretrizes básicas para a


implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos
trabalhadores dos serviços de saúde, bem como, daqueles que exercem
atividades de promoção e assistência à saúde em geral.

NR 33 – SEGURANÇA E SAÚDE NOS TRABALHOS EM ESPAÇOS


CONFINADOS
Tem como objetivo, estabelecer os requisitos mínimos para identificação
de espaços confinados e o reconhecimento; avaliação; monitoramento e controle
dos riscos existentes, de forma a garantir, permanentemente, a segurança e a
saúde dos trabalhadores, que interagem direta ou indiretamente nestes espaços.

NR 34 – CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA


INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO, REPARAÇÃO E DESMONTE NAVAL

Estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção à segurança;


à saúde e ao meio ambiente de trabalho, nas atividades da indústria de
construção; reparação e desmonte naval.

NR 35 – TRABALHO EM ALTURA
Estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção para o
trabalho em altura, envolvendo o planejamento; a organização e a execução, de
forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores, envolvidos direta ou
indiretamente com esta atividade.

NR 36 – SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM EMPRESAS DE


ABATE E PROCESSAMENTO DE CARNES E DERIVADOS

O objetivo desta Norma, é estabelecer os requisitos mínimos para a


avaliação; controle e monitoramento dos riscos existentes, nas atividades
desenvolvidas na indústria de abate e processamento de carnes e derivados,
destinados ao consumo humano, de forma a garantir, permanentemente, a
segurança; a saúde e a qualidade de vida no trabalho, sem prejuízo da
observância do disposto nas demais Normas Regulamentadoras – NRs, do
Ministério do Trabalho e Emprego.

NR 37 - SEGURANÇA E SAÚDE EM PLATAFORMAS DE PETRÓLEO


Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece os requisitos mínimos de
segurança, saúde e condições de vivência no trabalho a bordo de plataformas
de petróleo em operação nas Águas Jurisdicionais Brasileiras - AJB.

2.3 NR 35 – Trabalho em Altura

A NR 35 – Trabalho em altura, estabelece os requisitos mínimos e as


medidas de proteção para o trabalho em altura, envolvendo o planejamento; a
organização e a execução, de forma a garantir a segurança e a saúde dos
trabalhadores envolvidos, direta ou indiretamente, com esta atividade.
A NR 35, foi publicada em 23 de março de 2012, através da portaria SIT
nº 313. Porém, em setembro de 2010, durante o 1º Fórum Internacional de
Segurança do Trabalho em Altura, realizado pelo sindicato dos engenheiros do
estado de São Paulo, diante dos fatos apresentados, o Ministério do Trabalho e
Emprego, viu a necessidade de criar uma norma específica para os trabalhos
neste ramo.
A NR 35 está subdivida em capítulos e anexos, conforme a seguir:

35.1 Objetivo e campo de aplicação;


35.2 Responsabilidades;
35.3 Capacitação e treinamento;
35.4 Planejamento, organização e execução;
35.5 Sistemas de proteção contra quedas;
35.6 Emergência e salvamento;
ANEXO I – ACESSO POR CORDAS;
ANEXO II – SISTEMAS DE ANCORAGEM.

2.4 Normas Técnicas

O órgão responsável por gerenciar e emitir as Normas Técnicas (NBR’s),


é a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), reconhecido como o
único foro de normatização, por meio da Resolução nº 07 do CONMETRO, de
24.08.1992.
As NBR’s são estabelecidas por um processo de consenso, e aprovadas
por um organismo reconhecido. São baseadas em estudos de base científica;
tecnológica e da experiência acumulada, visando benefícios para a comunidade.
Essas normas fornecem regras; diretrizes ou características, para produtos e
processos, além de requisitos de qualidade; desempenho e segurança. Para
isso, estabelecem procedimentos; padronização de formas; dimensões; usos;
tipos; classificações; terminologias; símbolos; entre outras características.
As empresas não possuem obrigações de cumprir NBR’s. No entanto, se
uma norma técnica da ABNT for reconhecida por algum dispositivo legal, tais
como, medidas provisórias; leis, etc., o seu cumprimento passa a ser obrigatório.
Na ausência de alguma normatização técnica específica de um assunto,
podem ser utilizadas normas técnicas internacionais, como: ISO; BSI; NFPA;
dentre outras.
A seguir, apresenta-se as principais normas regulamentadoras:

ABNT NBR 14626:2011 – Equipamento de proteção individual contra


queda de altura — Trava-queda deslizante guiado em linha flexível: Esta
Norma especifica os requisitos; métodos de ensaios; marcação; manual de
instruções e embalagem, para trava-queda deslizante guiado em linha flexível.

ABNT NBR 14627:2011 – Equipamento de proteção individual contra


queda de altura — Trava-queda guiado em linha rígida: Esta Norma
especifica os requisitos; métodos de ensaios; marcação; manual de instruções e
embalagem para trava-queda deslizante guiado em linha rígida.

ABNT NBR 14628:2011 – Equipamento de proteção individual contra


queda de altura — Trava-queda retrátil: Esta Norma especifica os requisitos;
métodos de ensaios; marcação; manual de instruções e embalagem para trava-
queda deslizante guiado em linha flexível.

ABNT NBR 14629:2011 – Equipamento de proteção individual contra


queda de altura — Absorvedor de energia: Esta Norma especifica os
requisitos; métodos de ensaios; marcação; manual de instruções e embalagem
para o absorvedor de energia.

ABNT NBR 15834:2011 – Equipamento de proteção individual contra


queda de altura – Talabarte de segurança: Esta norma especifica os
requisitos; métodos de ensaio; marcação; manual de instruções e a embalagem
para talabartes de segurança, de comprimento fixo e regulável. Os talabartes de
segurança conformes com esta norma, serão utilizados como componentes ou
elementos de conexão.

ABNT NBR 15835:2011 – Equipamento de proteção individual contra


queda de altura — Cinturão de segurança tipo abdominal e talabarte de
segurança para posicionamento e restrição: Esta norma especifica os
requisitos; métodos de ensaios; marcação; manual de instruções e embalagem
do cinturão abdominal e talabartes de segurança, para posicionamento e
restrição.

ABNT NBR 15836:2011 – Equipamento de proteção individual contra


queda de altura — Cinturão de segurança tipo paraquedista: Esta norma
especifica os requisitos; métodos de ensaio; marcação; manual de instruções e
embalagem do cinturão de segurança tipo paraquedista.

ABNT NBR 15837:2011 – Equipamento de proteção individual contra


queda de altura – Conectores: Esta norma especifica os requisitos; métodos
de ensaio; marcação e manual de instruções, para os conectores de
equipamentos de proteção individual para trabalhos em altura.

ABNT NBR 6494:1991 – Segurança nos andaimes: Esta norma fixa as


condições exigíveis de segurança dos andaimes, quanto à sua condição
estrutural, bem como de segurança das pessoas que neles trabalham e
transitam.

ABNT NBR 14718:2008 – Guarda-corpos para edificação: Esta norma


especifica as condições mínimas de resistência e segurança, exigíveis para
guarda-corpos de edificações, para uso privativo ou coletivo.

ABNT NBR 15475:2015 – Acesso por corda — Qualificação e


certificação de pessoas: Esta norma estabelece uma sistemática para a
qualificação e certificação de profissionais de acesso por corda, por um
organismo de certificação.

ABNT NBR 15595:2016 – Acesso por corda — Procedimento para


aplicação do método:
Esta norma estabelece uma sistemática para aplicação dos métodos de
segurança do profissional, de sua equipe e de terceiros, no acesso por corda.
3. ANÁLISE DE RISCO E CONDIÇÕES IMPEDITIVAS

3.1 Introdução

TODO TRABALHO EM ALTURA DEVE SER PRECEDIDO POR


ANÁLISE DE RISCOS.

O trabalhador deve ser treinado a conhecer e interpretar as análises de


risco, podendo contribuir para o aprimoramento das mesmas, assim como
identificar as possíveis condições impeditivas à realização dos serviços, durante
a execução do trabalho em altura.
São consideradas condições impeditivas, as situações que impeçam a
realização ou continuidade do serviço, que possam colocar em risco a saúde ou
a integridade física do trabalhador.

3.2 Conceitos Básicos


A análise de risco, é um método sistemático de exame e avaliação de
todas as etapas e elementos de um determinado trabalho para desenvolver e
racionalizar toda a sequência de operações que o trabalhador executará;
identificar os riscos potenciais de acidentes físicos e materiais; identificar e
corrigir problemas operacionais e implementar a maneira correta para execução
de cada etapa do trabalho com segurança. A análise de risco deve ser efetuada
por profissionais legalmente habilitados.
Para o desenvolvimento da análise de riscos, é necessário entender
alguns conceitos, conforme segue:

 Perigo: é a possibilidade que determinado agente tem, de causar algum


dano; lesão ou ferimento no trabalho ou dano material no ambiente de
trabalho;
 Risco: é a probabilidade ou a chance que o perigo de determinado agente
possa ocorrer;
 Dano: severidade da lesão ou perda física; funcional ou econômica,
resultante da perda de controle sobre um risco;
 Causa: origem de caráter humano ou material, relacionado com o evento
catastrófico (acidente), pela materialização de um risco que resulte em
danos;
 Perda: prejuízo sofrido por uma organização, sem garantia de
ressarcimento por seguro ou outros meios.
3.3 Métodos de Análises de Risco

A adoção de medidas de controle, deve ser precedida da aplicação de


técnicas de análise de risco.
Análise de risco é um método sistemático de exame e avaliação, de todas
as etapas e elementos de um determinado trabalho, para desenvolver e
racionalizar toda a sequência de operações que o trabalhador executará;
identificar os riscos potenciais de acidentes físicos e materiais; identificar e
corrigir problemas operacionais; e implementar a maneira correta para execução
de cada etapa do trabalho, com segurança.
É, portanto, uma ferramenta de exame crítico da atividade ou situação,
com grande utilidade para a identificação e antecipação dos eventos
indesejáveis e acidentes possíveis de ocorrência, possibilitando a adoção de
medidas preventivas de segurança e de saúde do trabalhador, do usuário e de
terceiros, do meio ambiente e até mesmo evitar danos aos equipamentos e
interrupção dos processos produtivos.
A NR 35, não estabelece uma metodologia específica a ser empregada,
mas não há que se esquecer que, a análise de risco deve ser documentada e é
fundamentada em metodologia de avaliação e procedimentos conhecidos
divulgados e praticados na organização e, principalmente, aceitos pelo poder
público, órgãos e entidades técnicas.
São exemplos de metodologias:
Análise Preliminar de Risco (APR): É uma técnica que visa à prevenção
de acidentes do trabalho, através da antecipação dos riscos. É uma visão
antecipada do trabalho a ser executado, que permite a identificação dos riscos
envolvidos em cada passo da tarefa, e ainda permite condições de evitá-los ou
conviver com eles em segurança.

Análise de Risco da Tarefa (ART): É um método de análise de risco que


consiste no estudo, durante a fase de concepção; desenvolvimento ou execução
de uma tarefa ou operação, com o fim de se determinar os riscos que poderão
estar presentes.

Análise de modos de falha e efeitos – FMEA (AMFE): Envolve um


estudo detalhado e sistemático das falhas de componentes e/ou sistemas
mecânicos. Nesta análise, os modos de falhas de cada componente do sistema
são identificados, e os efeitos destas falhas no sistema são avaliados, sendo
propostas medidas de eliminação; mitigação ou controle das causas e
consequências destas falhas.

Hazard and Operability Studies – HAZOP: É a aplicação de um exame


crítico; qualitativo; formal e sistemático em um processo, e em planos de
engenharia e operação de plantas novas ou existentes, com a finalidade de
identificar perigos e problemas de operabilidade, que possam prejudicar a
operação segura e eficiente.

Análise Preliminar de Perigo – APP: É uma técnica para identificar a


existência de perigos e riscos nas operações empresariais, que envolvem
materiais perigosos, e de novos perigos e riscos, que passarão a existir, em
virtude da ampliação das instalações, ou alterações em processos produtivos.
Por meio dela é possível investigar os eventos perigosos nas instalações, tanto
na parte mecânica, quanto nos sistemas e nas operações de produção e
manutenção.

3.4 Elaboração da Análise de Riscos


A análise de riscos, consiste em avaliar por métodos sistemáticos, as
condições do local de trabalho, visando identificar os perigos com potencial de
causar lesões e danos à saúde dos trabalhadores e aspectos de desvios de
processos, que comprometam a segurança do trabalho.
A análise de riscos deve ser elaborada por profissionais legalmente
habilitados.

3.5 Avaliação do Risco

Algumas perguntas importantes para avaliar os riscos:

 O trabalhador está apto para o trabalho em altura?


 O equipamento e os sistemas de ancoragens estão em condições
para uso?
 Há trabalhos simultâneos no mesmo ambiente?
 Há trânsito de pessoas e cargas no local de trabalho?
 Há riscos meteorológicos (ventos; chuvas; raios; etc.)?
 Há presença de redes eletrificadas?
 Há presença de gases tóxicos ou inflamáveis no local?
 Há riscos de soterramento e queda de materiais?
 Há um plano de comunicação e emergência?

O local em que os serviços serão executados e seu entorno


Deve ser avaliado, não somente o local onde os serviços serão
executados, mas também o seu entorno, como a presença de redes energizadas
nas proximidades; trânsito de pedestres; presença de inflamáveis ou serviços
paralelos sendo executados.
Se, por exemplo, para realizar uma tarefa, se planejou utilizar um andaime
móvel, é necessário verificar se o terreno é resistente; plano e nivelado. Caso
contrário, outra solução deverá ser utilizada.

Isolamento e sinalização no entorno da área de trabalho

Fonte: http://g1.globo.com

A sinalização deve ser feita no solo, utilizando fitas; bandeiras reflexivas;


grades; placas e lanternas luminosas para o serviço noturno.

Estabelecer sistemas e pontos de ancoragem


Fonte: fallprotectionxs.com

Entende-se por sistemas de ancoragem, os componentes definitivos ou


temporários, dimensionados para suportar impactos de queda, aos quais o
trabalhador possa conectar seu Equipamento de Proteção Individual (EPI),
diretamente, ou através de outro dispositivo, de modo que permaneça
conectado, em caso de perda de equilíbrio, desfalecimento ou queda.
Além de resistir a uma provável queda do trabalhador, a ancoragem pode
ser para restrição de movimento.
O sistema de restrição de movimento, impede o usuário de atingir locais
onde uma queda possa vir a ocorrer.
Sempre que possível, este sistema que previne a queda é preferível,
sobre sistemas que buscam minimizar os efeitos de uma queda.

Condições meteorológicas adversas


Fonte: https://canaldaprevencao.com

Como condições meteorológicas adversas, entende-se: ventos fortes;


chuva; descargas atmosféricas; etc., desde que possam comprometer a
segurança e a saúde dos trabalhadores. É importante ressaltar que algumas
outras condições meteorológicas devem ser consideradas.
A baixa umidade atmosférica, por exemplo, desde que comprometa a
segurança e a saúde dos trabalhadores, pode ser considerada, na análise de
riscos e no estabelecimento de medidas de controle.
Usar de forma correta os equipamentos de proteção

É importante considerar na seleção; inspeção e forma de utilização dos


sistemas de proteção, coletiva e individual, que estes possuem limitações de
uso, o que pode ser obtido, por meio de consulta às normas técnicas vigentes e
às orientações do fabricante.

Observar risco de queda de materiais e ferramentas

Para evitar a queda de ferramentas e materiais, que podem pôr em risco


a vida, tanto de trabalhadores, quanto de pedestres, devem ser adotadas
medidas impeditivas, com a utilização de procedimentos e técnicas, tais como:
emprego de sistemas de guarda-corpo e rodapé; utilização de telas ou lonas de
vedação; amarração das ferramentas e materiais; utilização de porta-
ferramentas; utilização de redes de proteção; ou quaisquer outros, que evitem
este risco.
Observar os riscos específicos de trabalhos simultâneos

Além dos riscos inerentes ao trabalho em altura, devem ser considerados


os trabalhos simultâneos, que porventura estejam sendo executados, que
coloquem em risco a segurança e a saúde do trabalhador. Por exemplo: o
trabalho de soldagem, executado nas proximidades de atividades de pintura, vai,
necessariamente, requerer medidas adicionais, que devem ser consideradas na
análise de riscos.

Atendimento aos requisitos de segurança e saúde contidos nas demais


normas regulamentadoras

A segurança no trabalho deve ser feita de forma sistemática,


considerando que os riscos específicos de uma atividade, podem estar
presentes em outras.
A NR 35, não exclui a aplicabilidade de outras normas regulamentadoras.
Os requisitos normativos, devem ser compreendidos de forma sistemática,
quando houver outros riscos, como por exemplo, o risco de contato elétrico;
áreas classificadas e espaços confinados. As Normas Regulamentadoras nº 10,
20 e 33, respectivamente, deverão ser cumpridas.

Riscos adicionais

Além dos riscos de queda em altura, intrínsecos aos serviços objeto da


Norma, podem existir outros riscos, específicos de cada ambiente ou processo
de trabalho que, direta ou indiretamente, podem expor a integridade física e a
saúde dos trabalhadores, no desenvolvimento de atividades em altura.
Desta forma, é necessária a adoção de medidas preventivas de controle,
para tais riscos “adicionais”, com especial atenção aos gerados pelo trabalho em
campos elétricos e magnéticos; confinamento; explosividade; umidade; poeiras;
fauna e flora; ruído; e outros agravantes existentes nos processos ou ambientes,
onde são desenvolvidos os serviços em altura, tornando obrigatória, a
implantação de medidas complementares, dirigidas aos riscos adicionais
verificados.
Dentre os riscos adicionais pode-se elencar:

 Riscos mecânicos: São os perigos inerentes às condições estruturais do


local, como por exemplo: falta de espaço; iluminação deficiente; presença
de equipamentos que podem produzir lesão e dano.
 Elétricos: São todos os perigos relacionados com as instalações
energizadas existentes no local, ou com a introdução de máquinas e
equipamentos elétricos, que podem causar choque elétrico.

 Corte e solda: Os trabalhos à quente; solda e/ou corte, acrescentam os


perigos próprios destas atividades, como: radiações; emissão de
partículas incandescentes; etc.

 Líquidos, gases, vapores, fumos metálicos e fumaça: A presença


destes agentes químicos contaminantes, gera condições inseguras e
facilitadoras para ocorrências de acidentes e doenças ocupacionais.
 Soterramento: Quando o trabalho ocorre em diferença de nível maior que
2 metros com o nível do solo, ou em terrenos instáveis, existe a
possibilidade de soterramento por pressão externa, por exemplo:
construção de poços; fosso de máquinas; fundação; reservatórios; porão
de máquinas; etc.

 Temperaturas extremas: Trabalho sobre fornos e estufas, pode


apresentar temperaturas extremas, que poderão comprometer a
segurança e saúde dos trabalhadores.

Outros riscos:
 Pessoal não autorizado próximo ao local de trabalho;
 Queda de materiais;
 Energia armazenada.

Condições impeditivas
São situações que impedem a realização ou continuidade do serviço, que
possam colocar em risco a saúde ou a integridade física do trabalhador.
Essas condições não se restringem às do ambiente de trabalho. A
percepção do trabalhador em relação ao seu estado de saúde, no momento da
realização da tarefa ou atividade, assim como a do seu supervisor, também
podem ser consideradas condições impeditivas.

Situações de emergência e o planejamento do resgate e primeiros


socorros, de forma a reduzir o tempo da suspensão inerte do trabalhador

Na análise de riscos, devem ser previstos os possíveis cenários de


situações de emergência; respectivos procedimentos; recursos necessários para
as respostas de resgate e primeiros socorros.
A queda não é o único perigo no trabalho em altura. Ficar pendurado pelo
cinto de segurança, pode ser perigoso, devido à prolongada suspensão inerte.
Suspensão inerte é a situação em que um trabalhador, permanece
suspenso pelo sistema de segurança, até o momento do socorro.
A necessidade de redução do tempo de suspensão do trabalhador se faz
necessária, devido ao risco de compressão dos vasos sanguíneos, ao nível da
coxa, com possibilidade de causar trombose venosa profunda e suas possíveis
consequências.
Para reduzir os riscos relacionados à suspensão inerte, provocada por
cintos de segurança, o empregador deve implantar planos de emergência, para
impedir a suspensão prolongada e realizar o resgate e tratamento o mais rápido
possível.
Quanto mais tempo a vítima ficar suspensa, maiores serão os riscos para
sua saúde.
Sistemas de comunicação

Esse item diz respeito à necessidade da existência de sistemas de


comunicação em sentido amplo, não só entre os trabalhadores, que estão
executando as tarefas, como entre eles e os demais envolvidos, direta ou
indiretamente, nos serviços, inclusive em situações de emergência.

Observar a forma de supervisão


De acordo com o item 35.2.1 alínea “j”, é responsabilidade do empregador,
assegurar que todo trabalho em altura, seja realizado sob supervisão, cuja forma
é definida pela análise de riscos. Poderá ser presencial ou não. A forma será
àquela que atenda aos princípios de segurança, de acordo com as
peculiaridades da atividade e com as situações de emergência.
4. RISCOS POTENCIAIS INERENTES AO TRABALHO
EM ALTURA E MEDIDAS DE PREVENÇÃO E
CONTROLE

4.1 Introdução

Antes de iniciar um trabalho, é necessário avaliar os cenários e os riscos


envolvidos na operação.

4.2 Controle do Risco

Controlar a exposição a riscos ocupacionais, é o método fundamental


para proteger os trabalhadores. Tradicionalmente, uma hierarquia de controles,
tem sido usada, como um meio de determinar como implementar soluções de
controle viáveis e efetivas.
A ideia por trás dessa hierarquia, é que os métodos de controle, na parte
superior do gráfico, são potencialmente mais efetivos e seguros, do que aqueles
na parte inferior. Seguindo esta hierarquia, normalmente, leva à implementação
de sistemas inerentemente mais seguros, onde o risco de doença ou lesão foi
substancialmente reduzido.
A eliminação e a substituição, embora mais eficazes na redução dos
riscos, também tendem a ser as mais difíceis de implementar em um processo
existente. Se o processo ainda estiver no estágio de projeto ou desenvolvimento,
a eliminação e substituição de perigos, podem ser de baixo custo e simples de
implementar. Para um processo existente, podem ser necessárias grandes
mudanças nos equipamentos e procedimentos para eliminar ou substituir um
perigo.
Os controles de engenharia protegem os trabalhadores, removendo
condições perigosas, ou colocando uma barreira entre o trabalhador e o perigo.
Exemplos:
 Colocar proteção nas partes móveis das máquina e equipamentos;
 Enclausurar equipamentos;
 Sistemas de ventilação.
Os controles de engenharia bem projetados, podem ser altamente
eficazes na proteção dos trabalhadores e, geralmente, serão independentes das
interações dos trabalhadores. Eles, geralmente, não interferem com a
produtividade do trabalhador ou com o conforto pessoal, e tornam o trabalho
mais fácil de executar e não mais difícil. O custo inicial dos controles de
engenharia, pode ser maior do que alguns outros métodos de controle, mas, a
longo prazo, os custos operacionais são frequentemente mais baixos e, em
alguns casos, podem fornecer uma economia de custos em outras áreas do
processo.
Medidas administrativas, são controles baseados nos trabalhadores, que
reduzem a dose recebida de um agente perigoso particular. A dose pode ser
reduzida, diminuindo a quantidade de tempo que uma pessoa está em uma área
particular, e pela redução do número de trabalhadores expostos, através da
realização de determinadas operações, quando menos trabalhadores estão
presentes. Como medidas administrativas podemos citar:
 Elaborar análise de riscos;
 Elabora Permissão de Trabalho;
 Treinamentos e conscientização;
 Placas de advertência.
A duração; frequência e número de pessoas expostas, constituem
controles administrativos. No entanto, boa gestão; formação e supervisão,
também estão incluídos nesta categoria. Uma boa limpeza pode remover os
contaminantes do ambiente. A capacitação dos trabalhadores é considerada
controle administrativo.
Equipamento de Proteção Individual (EPI), envolve o uso de
equipamentos de proteção individual, como, protetor auricular; bota de
segurança; óculos de Segurança; luvas; capacete de segurança, etc. Os EPI’s
não são a primeira escolha, mas pode ser uma forma adequada de controle,
onde outras escolhas não são praticáveis, ou em combinação com outras
medidas, onde a natureza do perigo requer um nível de camadas de proteção.
Os controles administrativos e EPI, são frequentemente usados com
processos existentes, onde os riscos não são particularmente bem controlados.
Os controles administrativos e os programas de proteção individual, podem ser
relativamente baratos para estabelecer, mas, a longo prazo, podem ser muito
caros para sustentar. Esses métodos para proteger os trabalhadores, também
provaram ser menos efetivos do que outras medidas, exigindo esforços
significativos dos trabalhadores afetados.

4.3 Riscos Inerentes ao Processo


Entre as diversas causas de acidentes, relacionados ao trabalho em
altura, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), apresenta alguns
exemplos:

 Imprudência de trabalhadores em áreas de risco;


 Manuseio de cargas com peso acima do permitido;
 Deslocamento, balanço e colapso de estruturas;
 Más condições das estruturas;
 Quedas de cargas, materiais e equipamentos;
 Más condições ergonômicas;
 Danos fisiológicos por exposição ao tempo;
 Danos psicológicos pelos riscos do trabalho em altura;
 Stress, causado pelo ambiente de trabalho (ruído, calor, ventilação
deficiente, produtos químicos, gases nocivos).

Os riscos relacionados em atividades em altura, estão, normalmente,


relacionados a temas como:

 Queda de materiais: as áreas próximas aos trabalhos em altura devem


ser sinalizadas e isoladas. Equipamentos e ferramentas utilizados, devem
possuir dispositivos que evitem a queda dos mesmos;
 Aberturas em áreas de passagem: locais de trabalho elevados, devem
ser protegidos por guarda-corpos e rodapés, que cumpram as leis e
regulamentos nacionais. Quando não são fornecidos guarda-corpos e
rodapés, cintos de segurança adequados devem ser fornecidos, e
utilizados junto com os sistemas de ancoragem;
 Uso inadequado de escadas: mais da metade dos acidentes de escada,
são causados pelo deslizamento na base ou no topo da mesma. O pé de
uma escada deve estar em uma base firme e nivelada;

Dentre os riscos específicos, relacionados ao uso de andaimes, pode-se


citar:
 Relação excessiva entre a altura da torre e a largura da base;
 Sobrecarga na plataforma superior;
 Torre móvel sobre rodas não bloqueadas;
 Colocação de escada na parte superior da plataforma, para aumentar a
altura da torre;
 Uso de ferramentas com produção de força e desequilíbrio na parte
superior da torre;
 Movimentação da torre móvel, com pessoas ou materiais;
 Torre é instalada em declive ou terreno irregular;
 Torre não firmada ao prédio ou estrutura, quando aplicável.

Há vários tipos de riscos associados ao trabalho em altura. Além das


medidas preventivas associadas às boas práticas de trabalho, a proteção contra
quedas pode ser reforçada, através da limitação do trabalhador em seu campo
de movimentação, restringindo-o a execução do trabalho no local. Neste sentido,
devem-se utilizar pontos de ancoragem ou linhas de vidas verticais ou
horizontais, com os respectivos EPI’s.
A postura do trabalhador e do empregador, é fundamental para o sucesso
de uma atividade sem acidentes.
5. SISTEMA DE PROTEÇÃO COLETIVA CONTRA
QUEDAS – SPCQ

5.1 Introdução

O Sistema de Proteção contra Quedas – SPQ, é um sistema destinado a


eliminar o risco de queda dos trabalhadores, ou a minimizar as consequências
da queda, podendo ser coletivo ou individual.
SPCQ é o Sistema de Proteção Coletiva contra Quedas. É todo o
dispositivo, sistema ou meio, fixo ou móvel, de abrangência coletiva, destinado
a preservar a integridade física e a saúde dos trabalhadores envolvidos com a
atividade principal, assim como, à proteção de outros funcionários, que possam
executar atividades paralelas nas redondezas, ou até de pessoas que estejam
apenas passando nos arredores, cujo o percurso pode levá-los a exposição ao
risco inerente.
Em todo o serviço realizado em altura, devem ser adotadas,
prioritariamente, medidas de proteção coletiva, para garantir a segurança e a
saúde dos trabalhadores.
O SPCQ deve ser projetado por profissional legalmente habilitado.
Seguem alguns exemplos de proteção coletiva contra quedas.
5.2 Guarda-Corpo

O guarda-corpo é um elemento construtivo de proteção, com ou sem


vidro, para bordas de sacadas; escadas; rampas; mezaninos; passarelas e
construção civil.
Guarda corpo é um componente essencial na segurança e proteção nos
trabalhos em andaimes. É composto por peças horizontais paralelas de 1,5 m,
fixado no nível de trabalho do andaime, e circundando a plataforma, com a
finalidade de proteger os trabalhadores contra quedas.

5.3 Redes de Proteção

As redes de proteção são de extrema necessidade, para os trabalhadores


que executam suas tarefas em áreas de risco, como por exemplo, a manutenção
de telhados em galpões industriais e comerciais; manutenção em pontes e
viadutos; dentre outros.
As redes de proteção, são utilizadas para proteger os trabalhadores, no
caso de quedas com risco de morte.
A rede de proteção, é uma rede de material resistente e elástico, com a
finalidade de amortecer o choque da queda do trabalhador.

5.4 Fitas Antiderrapantes

A finalidade da fita antiderrapante, é evitar acidentes em escadas; rampas


e outros pisos escorregadios. As fitas antiderrapantes, podem ser refletivas;
fotoluminescentes; zebradas; emborrachadas; coloridas; transparentes; à prova
d’água; entre outros modelos.

5.5 Isolamento e Sinalização de Áreas de Risco


O isolamento de áreas de riscos, deve ser implantado quando há
presença de trabalho de máquinas; abertura de valas; produtos tóxicos ou risco
de explosão, mantendo assim, a integridade daqueles que ali trabalham ou estão
de passagem.
Para auxiliar neste processo, existem equipamentos específicos, que por
si só, já passam a mensagem necessária. Cones, por exemplo, são sinais de
alerta e também podem ser utilizados para isolamento de uma determinada área,
como estacionamentos temporários ou áreas de obra. Correntes plásticas e fitas,
também são bastante utilizadas, especialmente em áreas internas. Há também
placas e pedestais, com orientações sobre obras, por exemplo, que alertam
sobre a presença de máquinas ou homens trabalhando.
São muitas opções disponíveis no mercado, que incluem pedestais com
legendas; com fita retrátil; com correntes plásticas. Todos são feitos em materiais
resistentes e leves, que facilitam o reposicionamento. Mas há também materiais
pesados, para maior estabilidade, utilizados, principalmente, em áreas externas.
Mas nem só para isolamentos estes materiais são utilizados. Pedestais
com fita retrátil e corrente plástica, são bastante utilizadas para sinalização e
orientação de fluxos de pessoas, além de organizar filas em bancos, lotéricas,
ou qualquer que seja o ambiente (interno ou externo), que necessite de
organização de tráfego. São também formas de orientação e sinalização. Há
modelos que possuem dois ganchos, nos quais podem ser fixadas correntes
plásticas ou fita zebrada para isolamento de área. É recomendada uma distância
de 1,5 m entre os pedestais, para maior eficiência na utilização de correntes
plásticas e barras de isolamento. Podem ser utilizados em qualquer tipo de piso,
já que sua base é preenchida com concreto, para garantir a fixação.
A segurança é fundamental em qualquer área de atuação. Por isso, invista
em produtos de qualidade e diminua os riscos a seus colaboradores, clientes e
fornecedores (FARIA, 2014).
6. SISTEMA DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL CONTRA
QUEDAS – SPIQ

6.1 Introdução

O sistema de proteção individual contra quedas – SPIQ, deve ser utilizado,


na impossibilidade de adoção do SPCQ, sempre que o SPCQ não ofereça
completa proteção contra os riscos de queda e atendimento a situações de
emergência.
O sistema de proteção individual contra quedas é composto pelos
seguinte elementos, sistema de ancoragem, elemento de ligação e
equipamentos de proteção individual.
O sistema de proteção contra individual contra quedas, deve ser
adequado a tarefa a ser executada; ser selecionado de acordo com a análise de
riscos; considerando, além do risco a que o trabalhador está exposto, os riscos
adicionais; ser selecionado por profissional qualificado em segurança do
trabalho; ter resistência para suportar a força máxima aplicável, prevista quando
de uma queda; atender às normas técnicas nacionais, ou na sua inexistência, as
normas internacionais aplicáveis e ter todos os seus elementos compatíveis e
submetidos a uma sistemática de inspeção.
Antes de iniciar o trabalho, deve ser efetuada a inspeção de rotina de
todos os elementos do SPIQ, devendo-se sempre, registrar os resultados das
inspeções. Os elementos do SPIQ que apresentarem defeitos; degradação;
deformações; ou sofrerem impactos de queda, devem ser inutilizados e
descartados, exceto quando sua restauração for prevista em normas técnicas
nacionais, ou na ausência, em normas internacionais, e de acordo com
recomendações do fabricante.
O SPIQ pode ser utilizado nas seguintes aplicações:

Retenção de queda

Normalmente, os sistemas de travamento de queda individuais, incluem:


um cinturão tipo paraquedista e um subsistema de conexão (talabarte com
absorvedor de energia). Para todas as aplicações de proteção, conecte o
subsistema de travamento de queda (p. ex., talabarte, trava-queda retrátil,
absorvedor de energia, etc.) à argola em D ou ao elemento de engate nas suas
costas, entre suas escápulas.

Posicionamento no trabalho

Normalmente, os sistemas de posicionamento incluem: um cinturão tipo


paraquedista; talabarte de posicionamento e um sistema de travamento de
queda individual de reserva. Para as aplicações de dispositivos de
posicionamento, conecte o subsistema de posicionamento (p. ex.: talabarte,
talabarte em Y, etc.), aos elementos de ancoragem, para fixação dos dispositivos
de posicionamento, montados no lado inferior (nível do quadril), ou cinto (argolas
em D). Nunca use esses pontos de conexão para travamento de queda.

Resgate

O cinturão tipo paraquedista, é usado como um componente de um


sistema de resgate. Os sistemas de resgate são configurados, de acordo com o
tipo de resgate. Para aplicações de acesso limitado (espaço confinado), os
cinturões tipo paraquedista, equipados com argolas em D nos ombros, podem
ser usados para a entrada e saída de espaços confinados, onde o perfil do
trabalhador é um problema.

Descida controlada

Para as aplicações de descida controlada, os cinturões tipo paraquedista,


equipados com uma única argola em D no nível do esterno; uma ou duas argolas
em D frontais montadas ou um par de conectores, vindos de baixo da cintura
(como o assento-eslinga), podem ser usados para a conexão a uma unidade de
descida ou sistema de evacuação.

Restrição de Movimentação

O cinturão tipo paraquedista é usado como componente de um sistema


de restrição, para evitar que o usuário enfrente um risco de queda. Normalmente,
os sistemas de restrição incluem: um cinturão tipo paraquedista e um talabarte
ou linha de restrição.

6.2 Sistema de Ancoragem

Sistema de ancoragem é um conjunto de componentes, integrante de um


Sistema de Proteção Individual contra Quedas (SPIQ), que incorpora um ou mais
pontos de ancoragem, aos quais podem ser conectados a EPI contra quedas,
diretamente, ou por meio de outro componente, e projetado para suportar as
forças aplicáveis.
Os sistemas de ancoragem, são destinados a restrição de movimentação
e devem ser dimensionados para resistir forças que possam vir a ser aplicadas.
O sistema de ancoragem é composto de ponto de ancoragem; estrutura
(não faz parte do dispositivo de ancoragem); elemento de fixação; dispositivo de
ancoragem; ancoragem estrutural (não faz parte do dispositivo de ancoragem);
elemento; e fixação permanente.
A ABNT NBR 16325-1, traz as principais informações a respeito da
proteção contra quedas de altura: dispositivos de ancoragens tipos A, B e D.

6.2.1 Dispositivo de ancoragem

O dispositivo de ancoragem é a montagem de elementos, que incorporam


um ou mais pontos de ancoragem ou pontos de ancoragem móveis, que podem
incluir um elemento de fixação. É projetado para utilização como parte de um
sistema pessoal de proteção de queda, e também, de forma que possa ser
removido da estrutura e ser parte do sistema de ancoragem.
Um dispositivo de ancoragem seguro, é um componente essencial de
qualquer sistema de trabalho em altura, que utiliza um cinturão de segurança,
tipo paraquedista.
6.2.2 Ponto de ancoragem

Ponto de ancoragem é o ponto do sistema de ancoragem, onde o


equipamento de proteção individual é projetado para ser conectado.

6.2.3 Ancoragem estrutural

Ancoragem estrutural é um elemento fixado de forma permanente na


estrutura, no qual, um dispositivo de ancoragem ou um EPI, pode ser conectado.
Um dispositivo de ancoragem, fixo de forma permanente à estrutura, por
exemplo, soldado, concretado ou colado com resina, torna-se uma ancoragem
estrutural.
A ancoragem estrutural não faz parte do dispositivo de ancoragem.
Fazem parte da ancoragem estrutural:

 Ancoragem de extremidade: ancoragem em cada extremo de uma


linha de vida rígida;
 Ancoragem intermediária: ancoragem que pode ser adicionada, se
necessário, entre as ancoragens de extremidade;
 Linha de ancoragem rígida: uma linha rígida entre ancoragens
estruturais, na qual, um dispositivo de conexão pode ser conectado diretamente
ou por meio de um ponto móvel de ancoragem;
 Ponto móvel de ancoragem: é um elemento móvel na linha rígida
de ancoragem, no qual, um dispositivo de conexão pode ser conectado;
 Bloqueador de fim de linha: é o dispositivo que assegura que não
seja possível que o ponto móvel de ancoragem, ou o componente de união, seja
desconectado da linha de ancoragem involuntariamente.

6.2.4 Tipos de dispositivos de ancoragem

O sistema de ancoragem pode ser temporal ou fixo. A linha de vida


temporal é desmontada, quando determinada fase da obra é finalizada,
enquanto a fixa permanece até o final da construção. Neste caso, os
componentes devem ser resistentes, preferencialmente feitos de materiais como
aço inoxidável.
Os dispositivos de ancoragem podem ser do tipo A1, A2, B, D.

 Dispositivos tipo A1: dispositivos de ancoragem, projetados para serem


fixados a uma estrutura, por meio de uma ancoragem estrutural ou de um
elemento de fixação;

 Dispositivos tipo A2: dispositivos de ancoragem, desenvolvidos para


serem fixados em telhados inclinados;

 Dispositivos tipo B: dispositivos de ancoragem transportáveis, com um ou


mais pontos de ancoragens estacionários;
 Dispositivos tipo D: dispositivos de ancoragem empregando uma linha de
ancoragem rígida, que não se desvie do plano horizontal por mais de 15°,
quando medido, entre uma ancoragem de extremidade e uma
intermediária, em qualquer ponto de sua trajetória.
6.2.5 Fator de queda

O fator de queda é a razão entre a distância de queda livre e o


comprimento do talabarte de segurança, inclusive, com todos os conectores,
ambas as quantidades sendo expressas nas mesmas unidades de medida.
Os fatores de queda são classificadas como Fator de Queda Zero, Fator
de Queda 1 e o Fator de Queda 2.
Fonte: Manual NR-35.

 Fator de Queda Zero: O ponto de ancoragem está acima do


usuário, nesta situação de queda, o trabalhador terá um impacto
menor no corpo, pois o trava queda ou equipamento de talabarte
fica preso em um ponto de ancoragem acima da cabeça.
 Fator de Queda 1: O ponto de ancoragem está a nível de ombro,
nesta situação, o trava queda ou equipamento de talabarte, é
fixado a um ponto de ancoragem situado na altura do abdome,
sendo assim, caso ocorra uma queda, o trabalhador sofrerá o
impacto equivalente ao tamanho do equipamento de proteção de
queda, e o impacto no corpo será aumentado.
 Fator de Queda 2: O ponto de ancoragem a nível do pé, este fator
é considerado como o mais perigoso, nele o equipamento de
talabarte ou trava queda fica preso em um ponto de ancoragem
abaixo dos pés do trabalhador, é altamente arriscado pois em caso
de queda o trabalhador terá um impacto equivalente a 2 vezes o
tamanho do equipamento de proteção de queda, o impacto sofrido
no corpo será ainda maior.

6.2.6 Distância de queda livre

A distância de queda livre é a altura total, da qual um trabalhador cai,


desde o começo da queda, até o início da retenção.
É a distância vertical compreendida entre a posição do centro de
gravidade do trabalhador no início da queda e a posição do centro de gravidade
do trabalhador no início da retenção da queda (não inclui a distância de
frenagem). Se a posição inicial do trabalhador for em pé, a distância de queda
livre coincide com a distância vertical compreendida entre a posição do elemento
de engate no início da queda e a posição do elemento de engate no início da
retenção da queda.

Distância de queda livre (h) com o trabalhador em pé, agachado ou deitado.


Fonte: NBR 16489 (adaptado).

6.2.7 Distância de frenagem


A distância de frenagem é a distância vertical, que se inicia no final da
queda livre e termina quando há parada completa da queda. Durante a frenagem
é que ocorre a absorção da energia da queda, pela deformação prevista do
absorvedor.

6.2.8 Zona livre de queda – ZLQ

É a distância mínima medida, desde o ponto de ancoragem do dispositivo


de ancoragem, até o nível do chão, ou próxima a plataforma inferior real, ou
obstáculo significativo mais próximo.

6.2.9 Cordas e Nós

A NR-35 considera-se acesso por corda a técnica de progressão


utilizando cordas, com outros equipamentos para ascender, descender ou se
deslocar horizontalmente, assim como para posicionamento no local de trabalho,
normalmente incorporando dois sistemas de segurança fixados de forma
independente, um como forma de acesso e o outro como corda de segurança
utilizado com cinturão de segurança tipo paraquedista.
Os nós são tipicamente utilizados para formar terminações em cabos de
ancoragem têxteis e existem muitos nós que são adequados para o uso de
acesso por corda. Para cada tipo de atividade, temos um ou mais tipos de nó. O
profissional precisa saber que tipo de nó melhor se aplica a atividades que vai
realizar, devendo para isso analisar a força de blocagem, se é fácil de fazer ou
desfazer.
Para que um nó seja útil, precisam-se avaliar algumas características
como:
 Precisam ser fáceis de confeccionar;
 Devem ser relativamente fáceis de desfazer;
 Devem apresentar fácil visualização;
 Causar pouco efeito na resistência da corda.
Embora o nó reduz a força geral de uma corda (o que pode ser levado em
consideração durante a escolha de uma corda), um benefício é que eles
absorvem energia.
Marinho e Bergnon (2016) citam que o aperto do nó a um componente
que está em contato com ele provoca atrito, diminuindo assim a resistência do
material, podendo provocar até mesmo a ruptura da corda.
Abaixo será apresentada a tabela com a resistência da corda conforme a
amarração:

CORDA RESISTÊNCIA
Volta da Ribeira, Volta Redonda e dois cotes 100%
Laís de Guia 60%
Volta do fiel 60%
Oito duplo 55%
Azelha simples 50%
Sete 50%
Nove 70%
Borboleta 50%
Pescador duplo 55%
Nó direito 45%
Nó simples ou meia-volta 45%

Abaixo iremos apresentar os principais tipos de nós utilizados nos


trabalhos em altura.
 Nó Simples: é um tipo de nó simples utilizado em várias
circunstâncias;

 Nó de Oito ou Trempe: tem aparência de um número oito, e é


utilizado para ancoragem por ser um nó bem resistente;
 Nó de Azelha: é um nó muito forte, prático e confiável, porém é
muito difícil de ser desfeito. Este nó pode ser simples ou em oito.

 Nó de pescador duplo: é composto de dois nós simples, utilizado


para emendar duas pontas de uma mesma corda ou para unir
cordas de espessuras diferentes. São fáceis de fazer porém difícil
de desfazer.

 Nó Volta do Fiel; é utilizado para fixar um corda a qualquer lugar,


ele é feito no meio da corda, serve para fixar a um mosquetão por
exemplo, com muita facilidade, podendo ser utilizado apenas para
uma das mãos nesse processo, sendo um nó seguro muito fácil de
se fazer.
 Nó de Prusik: é um tipo de nó blocante, este nó permite segurança
no acesso vertical de subida por corda, sem muito esforço.

 Nó de fita ou nó duplo: é utilizado para unir as pontas de um fita


de segurança, criando um anel de fita que pode servir como costura
ou como fita solteira. É feito com um nó simples em uma das pontas
da fita, e com outra ponta com um outro nó no caminho inverso

 Nó Laís de Guia: é um nó bastante versátil, reunindo as melhores


características de um nó, simples, fácil de fazer e desfazer e muito
firme. É um tipo de laço fixo em uma das extremidades da corda.
O nó Laís pode ser de guia singelo ou guia duplo.

6.3 Elemento de Ligação


O elemento de ligação, tem a função de conectar o cinturão de segurança
ao sistema de ancoragem, podendo incorporar um absorvedor de energia.
Também é chamado de componente de união.
O componente de união faz a união entre o elemento de engate, para
retenção de queda do cinturão de segurança tipo paraquedista e o ponto de
ancoragem. Pode ser um talabarte de segurança ou um trava-queda deslizante
e seu extensor, ou um trava-queda retrátil e sua linha de ancoragem retrátil,
incluindo seus conectores.

6.3.1 Trava-queda

É um dispositivo de segurança, que tem a função de reter a queda do


trabalhador, em caso de acidente, por meio de elementos que travam
automaticamente a descida, se forem submetidos a uma carga em sentido de
deslocamento.
 Trava-queda guiado em linha rígida

Equipamento automático de travamento, que se desloca numa linha de


ancoragem fixa e rígida, destinado a travar a movimentação do cinturão de
segurança, quando ocorrer uma queda. Linha de ancoragem rígida, é o cabo de
aço ou perfil rígido preso numa estrutura, de modo que fica limitada sua
movimentação lateral.

 Trava-queda deslizante guiado em linha flexível

Dispositivo antiqueda, que dispõe de uma função de bloqueio automático


e de um mecanismo de guia. Trava-queda deslizante, com bloqueio automático,
unido a linha de ancoragem flexível e conector, ou extensor, terminado em um
conector. A linha de ancoragem flexível é constituída de uma corda de fibras
sintéticas ou de um cabo metálico, planejados para serem fixados em um ponto
de ancoragem superior.

 Trava-queda retrátil

Equipamento desenvolvido com um elemento de amarração retrátil,


confeccionado em cabo de aço; fita sintética ou corda sintética. Possui função
de liberação e retrocesso automático e bloqueio em caso de queda.

6.3.2 Talabarte

O talabarte de segurança é um dispositivo de união, que faz parte do


sistema individual de proteção de queda. Esse sistema é composto por um ponto
de ancoragem; talabarte e cinturão paraquedista.
Os talabartes podem ser feitos de material têxtil sintético ou material
metálico, devendo suportar pesos de até 22 kN (talabartes de fibras) e 15 kN
(talabartes metálicos), sem que haja rasgamento, separação ou rupturas em
seus componentes.
Quanto a sua funcionalidade, temos dois tipos de talabartes:

 Talabarte de restrição e posicionamento

Utilizados apenas para ancorar o trabalhador, de modo que ele atinja uma
área com risco de queda.

 Talabarte absorvedor de impacto

Que contém sistemas de amortecimento de quedas, para absorver o


impacto de uma eventual queda.
Quanto ao seu formato, podemos classificar dois tipos de talabartes de
segurança:

 Talabarte simples

São talabartes que possuem uma perna e duas conexões de ancoragem.


São utilizados nos casos em que o trabalhador não precisa soltar-se de um
dispositivo de ancoragem, para se conectar a outro, necessitando ficar num só
local de trabalho. Pode ter ou não absorvedores de impacto.

 Talabarte duplo

Os talabartes duplos possuem duas “pernas”. São utilizados nos casos


em que se exija o deslocamento do trabalhador entre estruturas, sem o auxílio
de uma linha de vida ou pontos fixos de ancoragem. Existem dois tipos de
talabartes duplos: o talabarte em “Y” e o talabarte em “V”.
Os talabartes também podem ser reguláveis, através de dispositivos, no
qual o usuário pode ajustar o tamanho ideal do talabarte.
Recomendações de manutenção e cuidados com o talabarte:

 O comprimento de um talabarte não pode exceder dois metros;


 Todo talabarte com mais de 90 cm, que fizer parte de um sistema
de proteção contra queda, deve, obrigatoriamente, possuir um
meio de amortecimento de energia;
 Antes de usar, é importante verificar se todas as fitas de nylon estão
sem cortes, furos, rupturas, ou se estão desfiadas ou queimadas,
mesmo que somente em algumas partes;
 Verificar também, se as costuras não estão desfiando ou se
desfazendo;
 Verificar se não há ferrugens, amassados ou danos nos pontos
metálicos do equipamento;
 O talabarte não deve ser exposto a contaminação por produtos
químicos;
 Nunca altere ou tente consertar o equipamento;
 Evitar o contato do talabarte com objetos cortantes.

6.3.3 Mosquetões

Segundo a NBR 15837, os mosquetões, são conhecidos como


determinados conectores metálicos, que regularmente, são utilizados nas
atividades verticais, sendo considerados fundamentais nas atividades de
salvamento e resgate em alturas, podendo ser fabricados com um tipo de
alumínio especial ou em aço.
Os mosquetões são compostos de:

O mercado oferece uma variedade enorme de formatos de mosquetões,


cada um deles, com características distintas, como rupturas de cargas
diferentes:
 Mosquetão N ou Normal: utilizado para fixações em geral;
 Mosquetão X ou Oval: suporta pequenas cargas, não oferecendo
proteção em caso de quedas. Muito utilizado para fixação de
ascensores, descensores e polias;
 Mosquetão D ou Direcional: recebe, exclusivamente, cargas em
apenas um sentido. Apresenta mais resistência;
 Mosquetão HMS ou Pera: utilizados com o nó dinâmico.
Geralmente possui trava e é fixado na cadeirinha ou na ancoragem;
 Mosquetão K ou Klettersteig: para auto-segurança na via de
escalada.

Os mosquetões podem ter ou não travas e, quanto ao tipo de trava, podem


ser classificados como:

 Mosquetões sem trava: este tipo de mosquetão é utilizado quando


não apresenta risco para o trabalhador;
 Mosquetões com trava: os mosquetões com trava, evitam a
abertura indesejada do equipamento, seja por descuido, por atrito
ou queda. O travamento se faz por meio de uma rosca, sendo
apresentado em diversas formas de funcionamento: convencional,
automático e semiautomático:
 Travamento convencional: a trava desse tipo de
mosquetão é constituída por uma rosca interna, sobre o
gatilho. Para travar ou destravar o equipamento, o usuário
deve enroscar a trava num sentido ou no outro;
 Travamento automático: o travamento ocorre
automaticamente, por um dispositivo de mola, que é
acionado quando o usuário enrosca a trava cerca de um
quarto de volta;
 Travamento semiautomático: funciona, semelhantemente,
ao travamento automático, com a diferença de que, para
abri-lo, necessita de uma ação de giro sobre seu eixo.
Independente do modelo ou tipo do mosquetão, eles foram projetados
para suportar cargas unidirecionais ao longo do dorso, no eixo longitudinal e com
a trava fechada. Qualquer tipo de sujeição de força, caracteriza-se numa ação
perigosa.
Recomendações de manutenção e cuidados com o mosquetão:

 Evitar contato do equipamento com produtos corrosivos durante o


uso, especialmente na armazenagem;
 Antes de utilizar, verificar possível fissuras, fraturas, fendas,
desgaste, oxidação, corrosão, ou qualquer outro tipo de
irregularidade;
 Testar todas as partes móveis;
 Caso haja algum tipo de irregularidade ou disfunção, o
equipamento deve ser descartado;
 Nenhum tipo de reparo deve ser feito;
 Evitar sujeitar o mosquetão a pancadas;
 Após utilizar os mosquetões, limpá-los, seguindo as
recomendações de limpeza do fabricante;
 Manter os mosquetões ligeiramente lubrificados.

Os fabricantes não determinam o tempo de vida útil dos mosquetões, os


mesmos podem durar vários anos, dependendo do uso.

6.3.4 Dispositivos descensores


São dispositivos que controlam a velocidade de deslocamento vertical,
utilizando o atrito no contato com a corda:

 Freio em oito: é um dispositivo simples de usar e barato. Porém,


é pouco utilizado, devido ao mau funcionamento e o desgaste
demasiado da corda;
 ATC “Air Traffic Controller”: é um dispositivo que tem as mesmas
funções do freio oito no trabalho vertical, mas com vantagens de
ser mais leve, mais simples de ser usado e não provoca torções na
corda, sendo mais utilizado em descidas curtas;
 Rack: é um dispositivo recomendado para longas descidas, tendo
como atributos, permitir a regulagem da velocidade durante a
descida e não provocar a torção da corda;
 Dispositivos autoblocantes: dispositivos de frenagem
automática, através de alavancas, que controlam automaticamente
a velocidade de descida vertical, pelo atrito com a corda. Os
dispositivos autoblocantes suportam bem grandes cargas, não
torcem a corda e eliminam a necessidade do uso das mãos para
segurá-los. Os tipos de autoblocantes mais utilizados são
Stop/Dresler ou Grigri.

6.4 Equipamento de Proteção Individual – EPI


Os Equipamentos de Proteção Individual – EPIs, devem obedecer as
regulamentações da NR 06, devendo ser certificados; ser adequados para a
utilização pretendida; ser utilizados, considerando os limites de uso; e ajustados
ao peso e à altura do trabalhador, sendo que deve ser solicitado ao fabricante ou
fornecedor do EPI, informações quanto ao desempenho dos equipamentos e os
limites de uso, considerando a massa total aplicada ao sistema (trabalhador e
equipamento).
Segundo a NR 35, que estabelece requisitos para a utilização dos EPIs:

35.5.5.1. Os Equipamentos de Proteção Individual devem ser:


a) certificados;
b) adequados para a utilização pretendida;
c) utilizados considerando os limites de uso;
d) ajustados ao peso e à altura do trabalhador.
35.5.5.1.1. O fabricante e/ou o fornecedor de EPI, deve disponibilizar
informações quanto ao desempenho dos equipamentos e os limites de uso,
considerando a massa total aplicada ao sistema (trabalhador e
equipamentos) e os demais aspectos previstos no item 35.5.11.
35.5.6. Na aquisição e periodicamente, devem ser efetuadas inspeções do
SPIQ, recusando-se os elementos que apresentem defeitos ou deformações.
35.5.6.1. Antes do início dos trabalhos, deve ser efetuada inspeção rotineira
de todos os elementos do SPIQ.
35.5.6.2. Devem-se registrar os resultados das inspeções:
a) na aquisição;
b) periódicas e rotineiras, quando os elementos do SPIQ forem recusados.

6.4.1 EPI para proteção da cabeça

O capacete é o componente destinado a proteger a cabeça do


trabalhador, de possíveis batidas em paredes e estruturas, bem como de quedas
de materiais.
O capacete adequado a segurança, deve ter como características: leveza;
resistência; fácil regulagem; ser compacto; e permitir uma boa ventilação.
O capacete de proteção, tipo aba frontal com viseira, é utilizado para a
proteção da cabeça e face, em trabalhos onde haja risco de explosões com
projeção de partículas, e queimaduras, provocadas por abertura de arco voltaico
(arco elétrico).
Para garantir a utilização de um capacete, de forma segura, jamais realize
os procedimentos a seguir:

 Modificações no capacete, como, por exemplo, furos para


aumentar a ventilação. Isso compromete a resistência do capacete;
 Colocar objetos entre a cabeça e o capacete. Isso atrapalha o
amortecimento em caso de choque;
 Sentar em cima do capacete pode danificar a estrutura;
 Pintar o capacete.

6.4.2 EPI para proteção dos olhos e face

Os óculos são utilizados na proteção dos olhos contra impactos


mecânicos; partículas volantes; luminosidade intensa; radiação ultravioleta e
radiação infravermelha.
O protetor facial é utilizado para a proteção da face, contra impactos de
partículas volantes; radiação infravermelha; luminosidade intensa; riscos de
origem térmica e contra radiação ultravioleta.
A máscara de solda é utilizada para proteção dos olhos e face, contra
impactos de partículas volantes; radiação ultravioleta; radiação infravermelha e
luminosidade intensa.

6.4.3 EPI para proteção auditiva

A proteção auditiva é utilizada para a proteção dos ouvidos, nas atividades


e nos locais, que apresentem qualquer sinal de ruído, principalmente em locais
com ruídos excessivos. Há 3 tipos de protetor auditivo: o circum auricular; o
protetor auditivo de inserção; e o protetor auditivo semiauricular.

6.4.4 EPI para proteção respiratória

A proteção respiratória é utilizada em atividades e locais que apresentem


tal necessidade, em atendimento a Instrução Normativa Nº 1 – Programa de
Proteção Respiratória.
Os respiradores são subdividos em 5 grandes grupos:
● Respirador purificador de ar não motorizado;
● Respirador purificador de ar motorizado;
● Respirador de adução de ar tipo linha de ar comprimido;
● Respirador de adução de ar tipo máscara autônoma; e
● Respirador de fuga.

6.4.5 EPI para proteção do tronco

A proteção do tronco pode ser realizada, através de vestimenta contra


riscos de origem térmica; mecânica; radioativa; umidades provenientes de
precipitação pluviométrica ou operações com uso de água; ou contra agentes
químicos.

6.4.6 EPI para proteção dos membros superiores


Os membros superiores são as partes do corpo onde ocorrem lesões com
maior frequência. As mãos são a parte do corpo que mais sofrem lesões. Por
este motivo, deve-se usar luvas; cremes protetores; mangas; braçadeiras e
dedeiras.
As luvas evitam um contato direto com materiais abrasivos; escoriantes;
cortantes; perfurantes; choque elétrico; agentes térmicos, biológicos e químicos;
vibrações; bem como de umidade, proveniente de operações com o uso de água
e ainda, contra radiações ionizantes.

6.4.7 EPI para proteção dos membros inferiores

A proteção de membros inferiores, visam garantir a segurança do


trabalhador, com a utilização de calçados; meias; perneiras e calças.
Nos trabalhos com energia elétricas, os equipamentos mais utilizados
são:

● Calçados de proteção tipo botina de couro: utilizados para a


proteção dos pés contra torção, escoriações, derrapagens e
umidade;
● Calçados de proteção tipo bota de couro cano médio: utilizados
para a proteção de pés e pernas contra torção, escoriações,
derrapagens e umidade;
● Calçado de proteção tipo bota de couro cano longo: utilizados
para a proteção de pés e pernas contra torção, escoriações,
derrapagens, umidade e ataque de animais peçonhentos;
● Calçado de proteção tipo bota de borracha cano longo:
utilizado para a proteção de pés e pernas contra umidade,
derrapagens, agentes químicos agressivos e animais
peçonhentos;
● Calçado de proteção tipo condutivo: utilizado para a proteção
dos pés quando o trabalhador realiza trabalhos ao potencial;
● Perneiras de segurança: utilizadas para a proteção das pernas,
contra objetos perfurantes, cortantes e ataques de animais
peçonhentos.

6.4.8 EPI para proteção do corpo inteiro

A proteção de corpo inteiro, pode ser feita através de macacão para a


proteção do tronco e membros superiores e inferiores ou vestimenta de corpo
inteiro.
A vestimenta de proteção tipo condutiva, é utilizada para a proteção do
trabalhador, quando este executa trabalhos ao potencial.

6.4.9 Cinturão de segurança tipo paraquedista


O cinturão de segurança tipo paraquedista, é o único tipo de cinto de
segurança, autorizado para os trabalhos em altura, por oferecer maior segurança
aos trabalhadores dessa atividade.
O cinto tem como finalidade, unir o trabalhador à corda, com auxílio de
talabartes, na atividade vertical, devendo permitir liberdade de movimentos, com
segurança, devendo reunir as seguintes características para obter qualidade:

 Oferecer um ponto de ancoragem forte e confiável;


 Ter o menor número possível de costuras;
 Ter um sistema de regulagem cômodo, de utilização fácil;
 Oferecer dispositivos (cintas e anéis) para pendurar o material a
ser utilizado.

Esse dispositivo consegue distribuir o peso do corpo do usuário em queda


livre, em diversas partes, como nas coxas e no peito, minimizado lesões na
coluna, pelo impacto de tração, no estiramento do talabarte.
O cinturão deve estar de acordo com as normas de utilização;
manutenção e armazenamento, para garantir a qualidade do equipamento e a
segurança do trabalhador. Faça um exame detalhado no equipamento, antes de
usá-lo. Verifique:

 As condições das fitas de nylon, se não possuem danos, como


cortes, furos, rupturas, partes queimadas ou desfilamento;
 Os pontos de costura, em busca de desfilamentos ou descosturas;
 Todos os componentes metálicos, se estão sem ferrugens,
amassamentos ou danos;
 Possíveis contaminações com produtos químicos;
 Além destas verificações, destine, sempre que possível, o uso de
equipamentos ao mesmo trabalhador. Isso proporciona ganho de
tempo no ajuste do cinturão.

Manutenção; conservação e limpeza:


 Armazenar os equipamentos em local seco, não exposto ao sol,
sem contato com cimento, calor, produtos químicos, abrasivos ou
cortantes;
 Limpar o cinturão com água e sabão neutro, sem utilizar
substâncias como: solventes, ácidos ou bases fortes. A secagem
deve ser feita em local ventilado e na sombra.

A vida útil do cinturão, vai depender da frequência de uso; dos cuidados


de manuseio; e do grau de exposição a fatores como: luz solar e produtos
químicos.
7. ACIDENTES TÍPICOS EM TRABALHOS EM
ALTURA

7.1 Introdução

Acidentes típicos em trabalhos em altura, são os acidentes, advindos da


característica da atividade profissional desempenhada pelo acidentado
(MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2018).
Muitos dos acidentes típicos em trabalhos em altura, ocorrem enquanto
os trabalhadores estão se movimentando em equipamentos de acesso, como:
andaimes; escadas; torres; telhados; plataformas elevatórias; dentre outros.
Contudo, torna-se necessário estar atento às condições de segurança do
equipamento; seu estado de funcionamento; seguindo as exigências das normas
regulamentadoras e a utilização correta.
Os acidentes não ocorrem somente por falha de equipamentos, mas
também por falha humana.

7.2 Causa dos Acidentes de Trabalho

Os acidentes são causados por dois fatores: os atos inseguros e as


condições inseguras.
Conforme estatísticas mundiais, os acidentes de trabalho são
quantificados, segundo suas causas, da seguinte forma:
 Atos inseguros: 86%;
 Condições inseguras: 12%;
 Elementos da natureza/situações especiais: 2%.

7.2.1 Ato inseguro

Fonte: http://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/noticia/2012/08/homens-sem-equipamento-
de-seguranca-sao-flagrados-em-bauru.html

Atos inseguros, são fatores mais relevantes, que mais colaboram para a
ocorrência de acidentes do trabalho e que são definidos como causas de
acidentes, que residem, exclusivamente, no fator humano. Isto é, aqueles que
decorrem da execução das tarefas, de forma contrária às normas de segurança,
ocorrendo a violação de um procedimento aceito como seguro, que pode levar à
ocorrência de um acidente.
Os atos inseguros podem ser exemplificados como:

 Dirigir em excesso de velocidade e de forma perigosa;


 Carregar materiais pesados de maneira inadequada;
 Trabalhar em velocidades inseguras;
 Utilizar esquemas de segurança que não funcionam;
 Usar equipamentos inseguros ou usá-lo inadequadamente;
 Não usar EPI’s;
 Não usar procedimentos seguros;
 Assumir posições inseguras;
 Subir escadas ou degraus depressa;
 Distrair-se;
 Negligenciar as recomendações de segurança;
 Arriscar-se, brincar, correr, pular e saltar durante a execução das
atividades.

7.2.2 Condição insegura

Fonte: http://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2013/09/trabalhadores-da-construcao-
civil-se-arriscam-em-joao-pessoa.html

Condições inseguras, são consideradas falhas técnicas, que, presentes


no ambiente de trabalho, comprometem a segurança dos trabalhadores e a
própria segurança das instalações e dos equipamentos, bem como, que
oferecem perigo ou risco no ambiente de trabalho. São defeitos; deficiências;
irregularidades técnicas; ou ausência de dispositivos de segurança.
São exemplos de condições inseguras:

 Equipamentos sem proteção;


 Procedimentos arriscados em máquinas ou equipamentos;
 Armazenamento inseguro;
 Iluminação deficiente;
 Ventilação imprópria;
 Temperatura elevada ou baixa no local;
 Condições físicas ou mecânicas inseguras;
 Ruído em excesso;
 Ambiente sujo e desorganizado;
 Piso escorregadio ou danificado;
 Iluminação inadequada;
 Passagens perigosas;
 Ventilação inadequada;
 Instalações elétricas perigosas ou inadequadas;
 Falta de EPC’s;
 Arranjo físico disfuncional;
 Alto risco de incêndio, etc.

7.3 Casos de Acidentes

HOMEM MORRE AO CAIR DE ESCADA EM SANTO ÂNGELO

Um homem morreu neste sábado, 26, ao cair de um poste em Santo


Ângelo. As informações são do jornal “A Tribuna Online”.
O fato aconteceu por volta das 17 horas, no cruzamento das ruas Duque
de Caxias e Antunes Ribas. A vítima trabalhava numa empresa terceirizada de
telefonia, que fazia manutenção da rede.
O homem teria escorregado da escada, caiu e acabou batendo a cabeça
no asfalto, tendo morte instantânea.
Chovia no momento do acidente.

Fonte: http://www.trespassosnews.com.br/noticias/item/9361-homem-morre-ao-cair-de-
poste-no-noroeste-do-rs-morre-ao-cair-de-poste-no-noroeste-do-rs
PEDREIRO CAI DE ANDAIME DE SETE METROS DE ALTURA EM
ARIQUEMES – RO

O trabalhador realizava reboco no alto da construção. A vítima foi


socorrida com vida ao hospital. O atendimento está em andamento.
Um pedreiro caiu de um andaime de sete metros de altura, enquanto
trabalhava em uma obra particular, na manhã desta terça-feira (17), em
Ariquemes (RO), localizada no Vale do Jamari. De acordo com outros operários,
o trabalhador realizava o reboco no alto da construção, quando uma madeira do
andaime quebrou. A vítima foi socorrida com vida ao Hospital Regional (HR).
O pedreiro caiu de costas no chão, estava consciente e se queixava de
muita dor nas costas. O encarregado da obra, Valdir Santos de Jesus, afirma que
a empresa dispõe de equipamentos de segurança. “No momento do acidente,
ele estava com o capacete, mas estava sem o cinto. Às vezes, o equipamento
incomoda e o trabalhador não usa, mas temos todos os equipamentos
disponíveis”, enfatiza.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), imobilizou o
pedreiro e o conduziu ao HR. O estado de saúde da vítima não foi informado
pela unidade de saúde, pois o atendimento está em andamento.

Fonte: http://g1.globo.com/ro/ariquemes-e-vale-do-jamari/noticia/2015/03/pedreiro-cai-de-
andaime-de-sete-metros-de-altura-em-ariquemes-ro.html
HOMEM MORRE QUANDO FAZIA MANUTENÇÃO EM ANTENA E
FICA PENDURADO NA TORRE

Um homem, identificado como Adélio Lemos do Amaral, 66 anos, morreu,


por volta das 8h30 da manhã, desta segunda-feira (30), quando realizava um
serviço de manutenção na antena da TV Canção Nova, que fica no Centro de
Feira de Santana. Ele ficou preso ao cinto e o Corpo de Bombeiros retirou o
corpo do local.
O major José Alberto, do 2º Grupamento de Bombeiros Militar (GBM),
informou que somente a perícia vai poder constatar a causa da morte. Mas ele
acredita que se trata de um mal súbito, já que a vítima não apresentava sinais
de queimaduras no corpo, que poderiam ter sido provocados por um choque
elétrico. Segundo a publicação, a antena tem aproximadamente 35 metros de
altura.

Fonte: http://www.interiordabahia.com.br/2017/01/30/feira-homem-morre-quando-fazia-
manutencao-em-antena-e-fica-pendurado-em-equipamento/
ANDAIME ROMPE E DOIS FUNCIONÁRIOS FICAM SUSPENSOS

Por volta das 17h desta quarta-feira, 23, um acidente de trabalho foi
registrado na Rua Presidente Kennedy, em Frederico Westphalen. Dois
funcionários de uma obra ficaram suspensos, após o rompimento de um
andaime, entre o quinto e sexto andar da construção.
A equipe do SAMU, Brigada Militar, e Corpo de Bombeiros, atenderam a
ocorrência e auxiliaram no resgate dos funcionários que, felizmente, não
apresentaram graves ferimentos.
Após o resgate, as vítimas foram encaminhadas para o hospital Divina
Providência, para atendimento médico.

Fonte: http://www2.comunitaria.com.br/andaime-rompe-e-dois-funcionarios-ficam-suspensos-
em-fw/
8. CONDUTAS EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA:
INCLUINDO NOÇÕES DE TÉCNICAS DE RESGATE

8.1 Introdução

Todas as ações de prevenção e segurança nos trabalhos em altura,


infelizmente, não garantem a ausência total de acidentes, especialmente os
acidentes de queda do trabalhador.
Podem ocorrer quedas em que o trabalhador apenas fique suspenso, que
pode ser extremamente perigoso e fatal, ou que ocorra o choque do corpo, em
um patamar que pode estar a dois metros ou mais do ponto inicial da queda.
Durante a análise de risco, devem ser previstas as situações de
emergência e o planejamento do resgate e primeiros socorros, de forma a reduzir
o tempo da suspensão inerte do trabalhador.
Em casos de acidentes, a NR 35, prevê disposições gerais a respeito de
emergência e salvamento.

35.6. Emergência e Salvamento.


35.6.1. O empregador deve disponibilizar equipe para respostas em caso de
emergências para trabalho em altura.
35.6.1.1. A equipe pode ser própria, externa, ou composta pelos próprios
trabalhadores que executam o trabalho em altura, em função das
características das atividades.
35.6.2. O empregador deve assegurar que a equipe possua os recursos
necessários para as respostas a emergências.
35.6.3. As ações de respostas às emergências que envolvam o trabalho em
altura, devem constar do plano de emergência da empresa.
35.6.4. As pessoas responsáveis pela execução das medidas de salvamento,
devem estar capacitadas a executar o resgate, prestar primeiros socorros e
possuir aptidão física e mental, compatível com a atividade a desempenhar.
Quando for efetuada a análise de riscos, o técnico deve prever os cenários
de possíveis situações de emergência, bem como, os procedimentos e os
recursos necessários, para que haja um pronto resgate e primeiros socorros. A
Permissão de Trabalho (PT), também deve informar sobre a comunicação e
procedimentos de resgate.

8.2 Queda em Altura

Fonte: ehsdailyadvisor.blr.com

http://g1.globo.com/mg/grande-minas//videos/v/acidentes-em-queda-de-
altura-representam-40-das-ocorrencias-no-mte/2541558/
Segundo a Revista Veja, o ministério do trabalho, estima que 40% dos
acidentes, ocorreram por quedas. Sendo assim, este serviço é uma das
atividades que mais causam acidentes fatais.
A queda é uma desaceleração vertical abrupta, com possíveis
consequências graves na pessoa, tais como: traumatismos; lesões de medula e
cérebro; ferimento em órgãos internos. O impacto do corpo no solo, provoca
danos aos órgãos internos, como contusões pulmonares; ruptura de bexiga;
lacerações de baço e fígado.
8.3 Suspensão Inerte

Fonte: http://responsesafety.ca

As quedas não são o único perigo enfrentado pelo trabalhador em altura.


A suspensão inerte, ou seja, a situação em que o trabalhador fica pendurado
pelo cinto de segurança, pode ser também, uma ocorrência séria, que exige uma
imediata intervenção de resgate. Em alguns casos, dependendo de alguns
fatores, a suspensão inerte pode ser fatal.

8.4 O Resgate

8.4.1 Plano de resgate

Fonte: https://www.abfad.co.uk
A empresa deve estabelecer um plano de resgate, que é o planejamento
das ações em caso de queda, que envolve, principalmente, o treinamento. O
trabalhador deve ser treinado e devidamente habilitado, de modo a efetuar o
autorresgate, ou pode ajudar um companheiro em situação de risco.
Caso não seja possível o autorresgate, uma equipe de resgate da própria
empresa, deve ser imediatamente acionada. Essa equipe deve ter todo
equipamento necessário e o conhecimento das técnicas de resgate, para efetuar
o socorro às vítimas de queda.
Se o acidente for grave demais, será necessário acionar, com rapidez, um
serviço de ambulância, no caso de queda efetiva, ou de corpo de bombeiros, no
auxílio do resgate do trabalhador suspenso. O apoio externo pode contar com
instituições públicas, como o corpo de bombeiros; a defesa civil ou o SAMU.
Caso a empresa não tenha equipe de resgate preparada para atender a
situação deve ser acionado o Corpo de Bombeiros para o resgate imediato.

8.4.2 Categorias de resgates

O resgate pode ser dividido em duas categorias, como, regate simples e


resgate complexo.
Resgates simples, são aqueles onde as vítimas apresentam apenas
lesões leves, podendo ser realizado por um resgatista apenas.
O resgates complexos, são aqueles que há vítimas com grandes lesões.
Para realizar esse tipo de resgate, é necessário utilizar uma equipe, com no
mínimo quatro resgatistas.
Deve ser levado em consideração, o estado de consciência das vítimas:
se estão conscientes ou inconscientes. Para cada uma dessas condições, deve
ser aplicada a técnica mais apropriada.
Existem várias técnicas que podem ser aplicadas no resgate de vítimas
de acidente em altura. A escolha da melhor técnica, vai depender de alguns
fatores, mas as principais, estão ligadas às condições em que as vítimas se
encontram. São importantes os fatores de complexidade e de consciência.

8.5 Equipe de Resgate

De acordo com a Norma 35.6.1, é de responsabilidade do empregador,


disponibilizar uma equipe, preparada para o caso de emergência do trabalho em
altura, tendo como função, agir rapidamente, no caso de acidente de queda, nos
trabalhos em altura. O grau de risco envolvido na tarefa de resgate e salvamento,
deve ser levado em consideração, tanto para o trabalhador, quanto para os
membros da equipe.
A equipe de resgate deve receber treinamento específico de técnicas de
resgate; do uso de equipamentos apropriados, e dispor de conhecimentos no
uso de nós; tipos de ancoragem e de primeiros socorros.
O resgatista deve levar em consideração, o fator segurança, na própria
operação de resgate, estabelecendo a seguinte ordem de prioridades:

 Segurança do resgatista;
 Segurança da equipe de resgate;
 Segurança da vítima;
 Segurança do material;
 Segurança do patrimônio.

8.6 Equipamentos de Resgate

8.6.1 Equipamentos de proteção individual contra quedas

O conhecimento dos equipamentos, tanto de proteção individual, quanto


dos equipamentos de resgate e sua utilidade, são essenciais na execução da
tarefa, dentre os quais pode-se citar:

 Capacete;
 Luvas de vaqueta;
 Cordas;
 Fitas;
 Cinto tipo paraquedista;
 Descensores (freio oito, autoblocante, descensor de barras, ATC e
plaquetas);
 Bloqueadores (blocantes, trava-quedas);
 Conectores (mosquetões, malhas rápidas);
 Equipamentos de manobra de força.
8.6.2 Maca

Equipamento essencial no resgate de feridos em locais de difícil acesso,


permitindo o deslocamento em todos os planos: inclinado; vertical e horizontal.
As macas podem ser rígidas, constituídas por uma estrutura metálica que
as tornam mais pesadas e resistentes; podendo ser também flexíveis, feitas de
material plástico, muito resistente à deformações e abrasões. Essa última,
apesar de muito leve, exige do resgatista, maior conhecimento técnico durante
sua utilização.

8.6.3 Triângulo de evacuação

São equipamentos de resgate, destinados às vítimas com poucas lesões


e que estejam conscientes. É muito versátil, por ser muito cômodo e ocupar
pouco espaço.

8.7 Procedimentos Seguros no Resgate

A própria equipe de resgate, precisa ter procedimentos seguros no ato de


um resgate, uma vez que isso envolve riscos. As condições básicas de
segurança devem envolver quatro tipos de controle: emocional; da situação; dos
materiais e dos acessos à vítima. A equipe de resgate deve efetuar exercícios
simulados periódicos de salvamento, no mínimo, uma vez por ano.
Antes de efetuar um resgate, é necessário o cumprimento de algumas
etapas e fases táticas, para um resgate efetivo e seguro:

 Considerar os cenários do acidente, a partir da análise de risco,


analisando todos os riscos possíveis;
 Fazer um diagnóstico da situação, considerando fatores como:
altura, natureza da ocorrência, número de vítimas, idades das
vítimas, grau de lesões;
 Determinar o plano de ação, verificar o acesso, os materiais e
equipamento necessários, definindo pontos de ancoragem;
 Determinar as técnicas de resgate a serem adotadas.

8.8 Etapas de Salvamento e Resgate

As operações de salvamento e resgate, devem ser muito bem planejadas


e realizadas com eficiência.
O planejamento deve seguir as seguintes etapas:

 Planejamento preliminar: nesta etapa, são levantadas as informações,


para garantir a segurança da operação. Exemplos: escolha de líder,
identificação do número de vítimas, identificação dos pontos de entrada,
saída e as possíveis rotas de fuga; identificação dos riscos adicionais,
estabelecimento de canais de comunicação eficazes;
 Procedimentos operacionais: procedimentos operacionais são as
ações praticadas para realizar o resgate técnico, podendo ser em três
etapas:
 Reconhecimento e abordagem: reconhecimento dos ambientes,
vítimas e estados das vítimas;
 Exploração de local: em casos mais graves, em que haja vítimas
fatais, a equipe deve fazer um levantamento do local do acidente,
em busca de sobreviventes;
 Execução das técnicas: feito todos os levantamentos preliminares
e decidido o conjunto de técnicas e equipamentos a serem
utilizados, a equipe de resgate deve executar as ações de resgate,
com disciplina, obedecendo todos os cuidados de segurança;
 Reavaliação: essa é uma etapa importante no processo de salvamento e
resgate.

8.9 As Técnicas de Resgate

Assim como o trabalho de acesso vertical nos trabalhos em altura, o


resgate também se utiliza de técnicas de acesso vertical, com uso de cordas e
cabos.
O resgate, no ambiente de trabalho em altura, é feito com o auxílio de
cordas, conhecido como resgate técnico ou resgate vertical. Nos ambientes de
trabalho, normalmente existem várias estruturas, que podem ser utilizadas como
ancoragem.
As principais técnicas utilizadas no resgate vertical são:

 Técnicas de ascensão;
 Técnicas de descensão;
 Técnicas de auto-resgate.

8.9.1 Técnicas de ascensão

Essa técnica é utilizada para ascender o resgatista, para atingir a vítima,


por meio de uma corda fixada em um determinado local (ancorada), podendo ser
de dois tipos: ascensão mecânica ou manual.
A técnica de ascensão mecânica, recebe esse nome, por se utilizar de
algum aparelho ascensor mecânico, preso na corda, de modo que se possa
elevar o corpo, com movimento de empuxo para cima. Enquanto a técnica
manual, se utiliza de nós blocantes presos à corda e a cadeirinha do escalador.

8.9.2 Técnicas de descensão

Rapel é uma técnica usada para efetuar uma descida vertical, com a ajuda
de uma corda. O resgatista se utiliza dessa técnica, para descer com a vítima
que exija um resgate complexo, de forma controlada, com auxílio de cordas ou
cabos, podendo-se utilizar macas ou triângulos de evacuação, dependendo das
lesões que vítima tenha sofrido.
No resgate utilizando maca, se utilizam duas cordas: uma principal e outra
de segurança, sendo que as duas são controladas por integrantes da equipe de
resgate, no alto. Nos casos em que a vítima exija uma assistência, ou o terreno
da operação de resgate for irregular, de modo a dificultar uma descida livre, o
resgatista deverá acompanhar a vítima na maca. Caso contrário, deverá ser
utilizado um cabo-guia, para afastar a maca da parede e qualquer outro eventual
obstáculo.
Recomendações Gerais:

 Levar um capacete extra para vítima;


 Para tranquilizar a vítima, o resgatista deve mantê-la informada do
procedimento que está fazendo, durante a operação de resgate;
 Em caso de resgate com incêndio, proteger os cabelos da vítima
da melhor forma possível;
 Orientar a vítima a não tocar nos aparelhos de frenagem.
8.9.3 Técnicas de auto-resgate

Fonte: http://bombeiroswaldo.blogspot.com.br/2012/07/salvamento-em-altura-sumario-
introducao_06.html

O uso de técnicas de auto resgate, só pode ser efetuado, em casos de


resgate simples, onde exija apenas um resgatista para efetuar o salvamento,
sem o auxílio de outras pessoas.
Nessa técnica, o resgatista pode optar por dois métodos: cortando o cabo
da vítima, ou preservando o cabo da vítima.
9. PRIMEIROS SOCORROS

9.1 Primeiros Socorros: Importância, Legislação e Conceitos

Para iniciar os estudos, se faz necessário conhecer os conceitos;


importância e a legislação de primeiros socorros, para que assim, possa-se
desenvolver bons atendimentos e de forma adequada.

9.1.1 Importância dos Primeiros Socorros

É de essencial importância a prestação de atendimentos emergenciais. É


importante ter a consciência de que a prestação dos primeiros socorros, não
elimina a importância de uma equipe especializada para o atendimento.
É importante manter a calma e verificar se há condições, seguras o
bastante, para a prestação do socorro sem riscos para você. Não se esqueça
que um atendimento de emergência mal feito, pode comprometer, ainda mais, a
saúde da vítima. Entretanto, a pessoa que chama por socorro especializado, por
exemplo, já está prestando e providenciando o socorro.
Os momentos após um acidente, principalmente as duas primeiras horas,
são os mais importantes, para se garantir a recuperação ou a sobrevivência das
pessoas feridas.

9.1.2 Conceitos Básicos

9.1.2.1 O que é primeiros socorros?

Segundo Hafen; Karren e Frandsen (2014), primeiros socorros refere-se


ao atendimento temporário e imediato de uma pessoa que está ferida ou que
adoece repentinamente. Os primeiros socorros incluem: reconhecer condições
que põem a vida em risco; e tomar as atitudes necessárias para manter a vítima
viva e na melhor condição possível, até que se obtenha atendimento médico.
Os principais objetivos dos primeiros socorros são:

 Reconhecer situações que ponham a vida em risco;


 Aplicar respiração e circulação artificiais, quando necessário;
 Controlar sangramentos;
 Tratar de outras condições que ponham a vida em risco;
 Minimizar o risco de outras lesões e complicações;
 Evitar infecções;
 Deixar a vítima o mais confortável possível;
 Providenciar a assistência médica e transporte.
9.1.2.2 Socorrista ou socorrista leigo?

Socorrista é o profissional que está habilitado a praticar os primeiros


socorros, utilizando-se dos conhecimentos básicos e treinamentos técnicos, que
o capacitaram para esse desempenho.
Portanto, uma pessoa que possui apenas o curso básico de primeiros
socorros, se chama socorrista leigo.
Atendimento especializado, pode ser solicitado através do Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência – SAMU.

9.1.3 Legislação

A legislação é muito clara sobre a prestação e omissão de primeiros


socorros, conforme pode ser visto nas leis abaixo:
9.1.3.1 Lei 2848/40

Lei de Omissão de Socorro – Artigo 135 do Código Penal Brasileiro –


Decreto-Lei 2848/40.
Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco
pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao
desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro
da autoridade pública:
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo Único – A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta
lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.

9.1.3.2 Lei abandono de incapazes

Lei abandono de incapazes – Artigo 133 do Código Penal Brasileiro.


Art. 133. Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância
ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos
resultantes do abandono:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos.
§1º. Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena — reclusão, de 1(um) a 5 (cinco) anos.
§ 2º. Se resulta a morte:
Pena — reclusão de 4 (quatro) a 12(doze) anos.
§ 3º. As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:
I — se o abandono ocorre em lugar ermo;
II — se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou
curador da vítima.
III — se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (inciso introduzido pela
Lei n° 10.161, de 1° de outubro de 2003).

9.2 Caixa de Primeiros Socorros


A caixa de primeiros socorros deve ser de plástico, com uma tampa
segura e que feche bem, para poder ser usada em viagens, ou pode ser do tipo
necessaire com fecho, devendo ser constituída por:

Itens da caixa de primeiros socorros

Termômetro

Tesoura
Instrumentos
Pinça

Conta-gotas

Algodão hidrófilo

Gaze esterilizada

Material para curativo Esparadrapo

Ataduras de crepe

Caixa de curativo adesivo

Água oxigenada – 10 volumes


Antissépticos
Álcool

Medicamentos Soro fisiológico

Equipamento de proteção Luvas cirúrgicas


Fonte: Fundação Oswaldo Cruz Fiocruz (2016)
Apesar do kit de primeiros socorros ser essencial em casos de
emergências, é necessário ir ao hospital, para o médico fazer uma avaliação,
diagnóstico e tratamento de qualquer tipo de ferimento.

9.3 Etapas Básicas de Primeiros Socorros

Inicialmente, deve-se ter em mente, que quem presta socorro, deve


avaliar a cena; manter a segurança da área; avaliar o estado da vítima;
administrar socorro de emergência e chamar por socorro.

9.3.1 Avaliação da Cena


A primeira atitude a ser tomada no local do acidente, é a avaliação dos
riscos que possam colocar em perigo a pessoa prestadora dos primeiros
socorros. Se houver algum perigo em potencial, deve-se aguardar a chegada do
socorro especializado.
Neste período, verifica-se também as prováveis causas do acidente; o
número de vítimas; a provável gravidade de suas lesões; e outras informações
que possam ser úteis para a notificação do acidente. É imprescindível a
utilização de equipamentos de proteção individual como: máscaras; luvas; ou
óculos, no atendimento da vítima.
A fim de se isolar os riscos, e promover um socorro efetivo, até a chegada
de profissionais, a avaliação da cena é dividida em quatro fases:

 Segurança – verificar se a cena é segura para ser abordada;


 Cinemática do trauma – verificar como se deu o acidente ou
sinistro;
 Bioproteção;
 Triagem/Nr de vítimas.

9.3.1.1 Segurança

É necessário verificar se a cena é segura para ser abordada, e assim,


procure tornar o ambiente adequado para o atendimento prévio. Por exemplo,
no caso de acidentes de trânsito, deve-se procurar improvisar um espaço para
desviar o fluxo de veículos, sinalizando aos carros que vêm no sentido do
problema ocorrido.
9.3.1.2 Cinemática

Verificar como se deu o acidente ou mal sofrido pela vítima, perguntando


a ela, se estiver plenamente consciente, ou às pessoas próximas, que
testemunharam o ocorrido. Na carência das duas hipóteses, deve-se adotar
procedimentos que serão abordados mais adiante.

9.3.1.3 Bioproteção

Deve-se procurar maneiras de evitar possíveis infecções, que podem


ocorrer, através do contato direto com o sangue das vítimas, usando luvas
cirúrgicas, se possível. Em situações adversas, não deve-se abortar os
procedimentos por falta de instrumentos.

9.3.1.4 Apoio

Procure o auxílio de pessoas próximas da cena para: ajudar a dar o


espaço necessário para o atendimento prévio; chamar imediatamente o socorro
especializado; desviar o trânsito de veículos; manter a ordem e a calma entre as
outras pessoas; etc. No caso de não ter pessoas por perto, isso deve ser feito
com o máximo de agilidade e tranquilidade, pela própria pessoa que presta o
socorro inicial.

9.3.2 Avaliação da Vítima

A avaliação e exame do estado geral de um acidentado de emergência


clínica ou traumática, é a segunda etapa básica, na prestação dos primeiros
socorros. Ela deve ser realizada ao mesmo tempo, ou rapidamente, logo após a
avaliação do acidente e proteção do acidentado.
O exame deve ser rápido e sistemático, observando as seguintes
prioridades:

 Estado de consciência: avaliação de respostas lógicas (nome, idade,


etc.);
 Respiração: movimentos torácicos e abdominais, com entrada e saída de
ar, normalmente, pelas narinas ou boca;
 Hemorragia: avaliar a quantidade, o volume e a qualidade do sangue que
se perde. Se é arterial ou venoso;
 Pupilas: verificar o estado de dilatação e simetria (igualdade entre as
pupilas);
 Temperatura do corpo: observação e sensação de tato na face e
extremidades.
Deve-se ter sempre uma ideia bem clara do que se vai fazer, para não
expor, desnecessariamente, o acidentado, verificando se há ferimento, com o
cuidado de não movimentá-lo excessivamente.
Em seguida, proceder a um exame rápido das diversas partes do corpo.
Se o acidentado está consciente, perguntar por áreas dolorosas no corpo
e incapacidades funcionais de mobilização. Pedir para apontar onde é a dor;
pedir para movimentar as mãos; braços; etc.

9.3.2.1 Cabeça e pescoço

Sempre verificando o estado de consciência e a respiração do acidentado,


apalpar com cuidado o crânio, à procura de fratura; hemorragia ou depressão
óssea.
Proceder da mesma forma para o pescoço, procurando verificar o pulso
na artéria carótida (pescoço), observando frequência; ritmo e amplitude; correr
os dedos pela coluna cervical, desde a base do crânio até os ombros, procurando
alguma irregularidade. Solicitar que o acidentado movimente lentamente o
pescoço; verificar se há dor nessa região. Movimentar lenta e suavemente o
pescoço, movendo-o de um lado para o outro. Em caso de dor, pare qualquer
mobilização desnecessária.
Perguntar a natureza do acidente; sobre a sensibilidade e a capacidade
de movimentação dos membros, visando confirmar suspeita de fratura na coluna
cervical.

9.3.2.2 Coluna Dorsal

Perguntar ao acidentado se sente dor. Na coluna dorsal, correr a mão pela


espinha do acidentado, desde a nuca até o sacro. A presença de dor pode indicar
lesão na coluna dorsal.

9.3.2.3 Tórax e Membros

Verificar se há lesão no tórax, se há dor quando respira ou se há dor


quando o tórax é levemente comprimido.
Solicitar ao acidentado que movimente, de leve, os braços e verificar a
existência de dor ou incapacidade funcional. Localizar o local da dor e procurar
deformação; edema e marcas de injeções. Verificar se há dor no abdome e
procurar todo tipo de ferimento, mesmo pequeno.
Apertar cuidadosamente ambos os lados da bacia, para verificar se há
lesões. Solicitar à vítima que tente mover as pernas, e verificar se há dor ou
incapacidade funcional.
Não permitir que o acidentado de choque elétrico ou traumatismo violento,
tente levantar-se prontamente, achando que nada sofreu. Ele deve ser mantido
imóvel, pelo menos para um rápido exame, nas áreas que sofreram alguma
lesão. O acidentado deve ficar deitado de costas, ou na posição que mais
conforto lhe ofereça.

9.3.2.4 Exame do acidentado inconsciente

O acidentado inconsciente é uma preocupação, pois além de se ter


poucas informações sobre o seu estado, podem surgir complicações, devido à
inconsciência.
O primeiro cuidado é manter as vias respiratórias superiores
desimpedidas, fazendo a extensão da cabeça, ou mantê-la em posição lateral,
para evitar aspiração de vômito. Limpar a cavidade bucal.
O exame do acidentado inconsciente, deve ser igual ao do acidentado
consciente, só que com cuidados redobrados, pois os parâmetros de força e
capacidade funcional, não poderão ser verificados. O mesmo ocorrendo com
respostas a estímulos dolorosos.
As observações das seguintes alterações, deve ter prioridade, acima de
qualquer outra iniciativa. Elas podem salvar uma vida:

 Falta de respiração;
 Falta de circulação (pulso ausente);
 Hemorragia abundante;
 Perda dos sentidos (ausência de consciência);
 Envenenamento.

9.4 Funções, Sinais Vitais e de Apoio

9.4.1 Introdução

A atividade de primeiros socorros, implica no conhecimento dos sinais que


o corpo emite, e servem como informação para a determinação do seu estado
físico.
Alguns detalhes importantes sobre as funções vitais e os sinais vitais do
corpo humano, precisam ser compreendidos.
9.4.2 Funções vitais
Algumas funções são vitais, para que o ser humano permaneça vivo.
São vitais as funções exercidas pelo cérebro e pelo coração.
As funções vitais do corpo humano são controladas pelo Sistema Nervoso
Central, que é estruturado por células muito especializadas, organizadas em alto
grau de complexidade estrutural e funcional. Estas células são muito sensíveis
à falta de oxigênio, cuja ausência provoca alterações funcionais. Conforme será
advertido outras vezes nesta apostila, chamamos a atenção para que se perceba
que:
O prolongamento da hipóxia (falta de ar) cerebral determina a morte do
Sistema Nervoso Central, e com isso, a falência generalizada de todos os
mecanismos da vida, em um tempo de aproximadamente três minutos.
Para poder determinar em nível de primeiro socorro, como leigo, o
funcionamento satisfatório dos controles centrais dos mecanismos da vida, é
necessário compreender os sinais indicadores, chamados de sinais vitais.

9.4.3 Sinais Vitais

Sinais vitais são aqueles que indicam a existência de vida. São reflexos
ou indícios, que permitem concluir sobre o estado geral de uma pessoa. Os
sinais sobre o funcionamento do corpo humano, que devem ser compreendidos
e conhecidos são:

 Temperatura;
 Pulso;
 Respiração;
 Pressão arterial.
Os sinais vitais podem ser facilmente percebidos, deduzindo-se assim,
que na ausência deles, existem alterações nas funções vitais do corpo.

9.4.3.1 Temperatura corporal

A temperatura corporal é a medida do calor do corpo: é o equilíbrio entre


o calor produzido e o calor perdido.
Nosso corpo tem uma temperatura média normal, que varia de 35,9 a 37,2
ºC. A avaliação da temperatura é uma das maneiras de identificar o estado de
uma pessoa, pois em algumas emergências, a temperatura muda muito.
Abaixo será apresentada a variação de temperatura do corpo, de acordo
com o estado térmico e a temperatura.

● Subnormal – 34 a 36° C;
● Normal – 36 a 37° C;
● Estado febril – 37 a 38° C;
● Febre – 38 a 39° C;
● Febre alta (pirexia) – 39 a 40° C;
● Febre muito alta (hiperpirexia) – 40 a 41° C.

Verificação da temperatura

Oral ou bucal – Temperatura média varia de 36,2 a 37º C. O termômetro


deve ficar por cerca de três minutos, sob a língua, com o paciente sentado; semi-
sentado (reclinado) ou deitado.
Não se verifica a temperatura de vítimas inconscientes; crianças depois
de ingerirem líquidos (frios ou quentes); após a extração dentária ou inflamação
na cavidade oral.
Axilar – Temperatura média varia de 36 a 36,8º C. A via axilar é a mais
sujeita a fatores externos. O termômetro deve ser mantido sob a axila seca, por
3 a 5 minutos, com o acidentado sentado; semi-sentado (reclinado) ou deitado.
Não se verifica temperatura em vítimas de queimaduras no tórax; processos
inflamatórios na axila ou fratura dos membros superiores.
O acidentado com febre muito alta e prolongada, pode ter lesão cerebral
irreversível. A temperatura corporal abaixo do normal, pode acontecer após
depressão de função circulatória ou choque.

Perda de calor

O corpo humano perde calor, através de vários processos, que podem ser
classificados da seguinte maneira:
 Eliminação - fezes, urina, saliva, respiração;
 Evaporação - a evaporação pela pele (perda passiva), associada à
eliminação, permitirá a perda de calor em elevadas temperaturas;
 Condução - é a troca de calor entre o sangue e o ambiente. Quanto
maior é a quantidade de sangue que circula sob a pele, maior é a troca de calor
com o meio. O aumento da circulação, explica o avermelhamento da pele
(hiperemia) quando estamos com febre.

Febre

A febre é a elevação da temperatura do corpo acima da média normal. Ela


ocorre quando a produção de calor do corpo excede a perda.
Tumores; infecções; acidentes vasculares ou traumatismos, podem afetar
diretamente o hipotálamo, e com isso, perturbar o mecanismo de regulagem de
calor do corpo. Portanto, a febre deve ser vista, também, como um sinal que o
organismo emite. Um sinal de defesa.
Devemos lembrar que pessoas imunodeprimidas podem ter infecções
graves e não apresentar febre.
A vítima de febre apresenta a seguinte sintomatologia:

● Inapetência (perda de apetite);


● Mal estar;
● Pulso rápido;
● Sudorese;
● Temperatura acima de 40 graus Celsius;
● Respiração rápida;
● Hiperemia da pele;
● Calafrios;
● Cefaleia (dor de cabeça).

Primeiros socorros para febre

Aplicar compressas úmidas na testa; cabeça; pescoço; axilas e virilhas


(que são as áreas por onde passam os grandes vasos sanguíneos). Encaminhar
a vítima com febre para atendimento médico.
Devemos salientar que os primeiros socorros, em casos febris, só devem
ser feitos em temperaturas muito altas (acima de 40°C), por dois motivos já
vistos. A febre é defesa orgânica (é o organismo se defendendo de alguma
causa) e o tratamento da febre deve ser de suas causas.

9.4.3.2 Pulso
A alteração na frequência do pulso, denuncia alteração na quantidade de
fluxo sanguíneo.
As causas fisiológicas que aumentam os batimentos do pulso podem ser:
digestão; exercícios físicos; banho frio; estado de excitação emocional; e
qualquer estado de reatividade do organismo.
No desmaio/síncope, as pulsações diminuem.
Através do pulso ou das pulsações do sangue dentro do corpo, é possível
avaliar se a circulação e o funcionamento do coração estão normais ou não.
Pode-se sentir o pulso com facilidade, tomando-se os seguintes cuidados:

● Procurar acomodar o braço do acidentado em posição relaxada;


● Usar o dedo indicador, médio e anular sobre a artéria escolhida para sentir
o pulso, fazendo uma leve pressão sobre qualquer um dos pontos, onde
se pode verificar mais facilmente o pulso de uma pessoa;
● Não usar o polegar para não correr o risco de sentir suas próprias
pulsações;
● Contar no relógio as pulsações, num período de 60 segundos. Neste
período, deve-se procurar observar a regularidade, a tensão, o volume e
a frequência do pulso;
● Existem no corpo, vários locais onde se pode sentir os pulsos da corrente
sanguínea.

A variação de frequência varia de acordo com a idade. A seguir serão


descritas as médias normais:
● Lactentes: 110 a 130 bpm (batimentos por minuto);
● Abaixo de 7 anos: 80 a 120 bpm;
● Acima de 7 anos: 70 a 90 bpm;
● Puberdade: 80 a 85 bpm;
● Homem: 60 a 70 bpm;
● Mulher: 65 a 80 bpm;
● Acima dos 60 anos: 60 a 70 bpm.

9.4.3.3 Respiração

A respiração é uma das funções essenciais à vida. É através dela que o


corpo promove, permanentemente, o suprimento de oxigênio necessário ao
organismo, vital para a manutenção da vida.
A frequência da respiração é contada pela quantidade de vezes que uma
pessoa realiza os movimentos combinados de inspiração e expiração em um
minuto. Para se verificar a frequência da respiração, conta-se o número de vezes
que uma pessoa realiza os movimentos respiratórios: 01 inspiração + 01
expiração = 01 movimento respiratório.
A contagem pode ser feita, observando-se a elevação do tórax, se o
acidentado for mulher, ou do abdome se for homem ou criança. Pode ser feita
ainda, contando-se as saídas de ar quente pelas narinas.
A frequência média por minuto dos movimentos respiratórios, varia com a
idade, se levarmos em consideração uma pessoa em estado normal de saúde.
Por exemplo: um adulto possui um valor médio respiratório de 14 - 20
respirações por minuto (no homem); 16 - 22 respirações por minuto (na mulher);
enquanto uma criança, nos primeiros meses de vida, 40 - 50 respirações por
minuto.
Fatores fisiopatológicos podem alterar a necessidade de oxigênio ou a
concentração de gás carbônico no sangue. Isto contribui para a diminuição ou o
aumento da frequência dos movimentos respiratórios. A nível fisiológico, os
exercícios físicos; as emoções fortes e banhos frios, tendem a aumentar a
frequência respiratória. Em contrapartida, o banho quente e o sono, a diminuem.
Algumas doenças cardíacas e nervosas, e o coma diabético, aumentam
a frequência respiratória. Como exemplo de fatores patológicos que diminuem a
frequência respiratória, podemos citar o uso de drogas depressoras.
Os procedimentos a serem observados e os primeiros socorros, em casos
de parada respiratória serão estudados a frente.

9.4.3.4 Pressão Arterial

A pressão arterial é a pressão do sangue, que depende da força de


contração do coração; do grau de distensibilidade do sistema arterial; da
quantidade de sangue e sua viscosidade.
Não é recomendável a instrução a leigos da medição da pressão arterial
com o aparelho, para não induzir a diagnósticos não autorizados após a leitura.

9.4.3.5 Sinais de Apoio


Além dos sinais vitais do funcionamento do corpo humano, existem outros
que devem ser observados, para obtenção de mais informações sobre o estado
de saúde de uma pessoa. São os sinais de apoio, sinais que o corpo emite em
função do estado de funcionamento dos órgãos vitais.
Os sinais de apoio podem ser alterados em casos de hemorragia; parada
cardíaca; ou uma forte batida na cabeça, por exemplo. Os sinais de apoio
tornam-se cada vez mais evidentes, com o agravamento do estado do
acidentado. Os principais sinais de apoio são:

● Dilatação e reatividade das pupilas;


● Cor e umidade da pele;
● Estado de consciência;
● Motilidade e sensibilidade do corpo.

9.4.3.6 Dilatação e reatividade das pupilas

A pupila é uma abertura no centro da íris, a parte colorida do olho. A sua


função principal é controlar a entrada de luz no olho. Com pouca ou quase
nenhuma luz, a pupila se dilata, fica aberta. Quando a pupila está totalmente
dilatada, é sinal de que o cérebro não está recebendo oxigênio, exceto no uso
de colírios midriáticos ou certos envenenamentos. A dilatação e reatividade das
pupilas são um sinal de apoio importante.
Muitas alterações do organismo provocam reações nas pupilas, como por
exemplo, iminência de estado de choque; parada cardíaca; intoxicação; abuso
de drogas; colírios midriáticos ou miótico; traumatismo crâneo-encefálico e
condições de stress. Tensão e medo também provocam consideráveis
alterações nas pupilas.
Devemos observar as pupilas de uma pessoa contra a luz de uma fonte
lateral, de preferência, com o ambiente escurecido. Se não for possível, deve-se
olhar as pupilas contra a luz ambiente.

9.4.3.7 Cor e umidade da pele

A cor e a umidade da pele são também sinais de apoio muito útil no


reconhecimento do estado geral de um acidentado. Uma pessoa pode
apresentar a pele pálida, cianosada (azulada) ou hiperemiada (avermelhada e
quente).
A cor e a umidade da pele devem ser observadas na face e nas
extremidades dos membros, onde as alterações se manifestam primeiro. A pele
pode também ficar úmida e pegajosa. Pode-se observar melhor estas alterações
no antebraço e na barriga.
A seguir serão apresentadas algumas alterações orgânicas que provocam
modificações na cor e umidade da pele.

COR E UMIDADE DA PELE


Alteração Ocorrência

Cianose (pele azulada) Exposição ao frio, parada cardiorrespiratória,


estado de choque, morte.

Palidez Hemorragia, parada cardiorrespiratória,


exposição ao frio, extrema tensão emocional,
estado de choque.

Hiperemia (pele vermelha e Febre, exposição a ambientes quentes, ingestão


quente) de bebidas alcoólicas, queimaduras de primeiro
grau, traumatismo.

Pele fria e viscosa ou úmida e Estado de choque.


pegajosa

Pele amarela Icterícia, hipercarotenemia.

9.4.3.8 Estado de consciência

Este é outro sinal de apoio importante. A consciência plena é o estado em


que uma pessoa mantém um nível de lucidez, que lhe permite perceber
normalmente o ambiente que a cerca, com todos os sentidos saudáveis,
respondendo aos estímulos sensoriais.
Quando se encontra um acidentado, capaz de informar com clareza sobre
o seu estado físico, pode-se dizer que esta pessoa está perfeitamente
consciente. Há, no entanto, situações em que uma pessoa pode apresentar
sinais de apreensão excessiva; olhar assustado; face contraída e medo.
Esta pessoa, certamente não estará em seu pleno estado de consciência.
Uma pessoa pode estar inconsciente por desmaio; estado de choque;
estado de coma; convulsão; parada cardíaca; parada respiratória; alcoolismo;
intoxicação por drogas; e uma série de outras circunstâncias de saúde e lesão.
Na síncope e no desmaio, há uma súbita e breve perda de consciência e
diminuição do tônus muscular. Já o estado de coma, é caracterizado por uma
perda de consciência mais prolongada e profunda, podendo o acidentado, deixar
de apresentar, gradativamente, reação aos estímulos dolorosos e perda dos
reflexos.
9.4.3.9 Motilidade e sensibilidade do corpo

Qualquer pessoa consciente, que apresente dificuldade ou incapacidade


de sentir ou movimentar determinadas partes do corpo, está, obviamente, fora
de seu estado normal de saúde. A capacidade de mover e sentir partes do corpo
é um sinal que pode dar muitas informações.
Quando há incapacidade de uma pessoa consciente realizar certos
movimentos, pode-se suspeitar de uma paralisia da área que deveria ser
movimentada.
A incapacidade de mover um membro superior, depois de um
acidente, pode indicar lesão do nervo do membro. A incapacidade de movimento
nos membros inferiores, pode indicar uma lesão da medula espinhal.
O desvio da comissura labial (canto da boca), pode indicar lesão cerebral
ou de nervo periférico (facial). Pede-se à vítima que sorria. Sua boca sorrirá torta,
só de um lado.
Quando um acidentado perde o movimento voluntário de alguma parte do
corpo, geralmente também perde a sensibilidade no local. Muitas vezes, porém,
o movimento existe, mas o acidentado reclama de dormência e formigamento
nas extremidades. É muito importante o reconhecimento destas duas situações,
como um indício de que há lesão na medula espinhal.
É importante, também, nestes casos, tomar muito cuidado com o
manuseio e transporte do acidentado, para evitar o agravamento da lesão.
Convém ainda lembrar, que o acidentado de histeria; alcoolismo agudo ou
intoxicação por drogas, mesmo que sofra acidente traumático, pode não sentir
dor por várias horas.
A verificação rápida e precisa dos sinais vitais e dos sinais de apoio, é
uma chave importante para o desempenho de primeiros socorros. O
reconhecimento destes sinais dá suporte; rapidez e agilidade no atendimento e
salvamento de vidas.

9.5 Ressuscitação Cardiopulmonar

Socorristas leigos sem treinamento, devem fornecer ressuscitação


cardiopulmonar, somente com as mãos, com ou sem orientação de uma
atendente, para adultos, vítimas de parada cardiorrespiratória. O socorrista deve
continuar a ressuscitação cardiopulmonar, somente com compressões, até a
chegada de um Desfibrilador Externo Automático ou de um socorrista com
treinamento adicional, ou até que os profissionais do serviço médico de
emergência, assumam o cuidado da vítima ou que a vítima comece a se mover.
Todos os socorristas leigos devem, no mínimo, aplicar compressões
torácicas em vítimas de parada cardiorrespiratória, numa frequência de no
mínimo 100 vezes por. Além disso, se o socorrista leigo treinado, puder realizar
ventilações de resgate, as compressões e as ventilações, devem ser aplicadas
na proporção de 30 compressões para cada 2 ventilações.

9.6 Estado de Choque

O estado de choque se dá, quando há mal funcionamento entre o coração;


vasos sanguíneos (artérias ou veias) e o sangue, instalando-se um desequilíbrio
no organismo.
O choque é uma grave emergência médica. O correto atendimento, exige
ação rápida e imediata. Vários fatores predispõem ao choque. Com a finalidade
de facilitar a análise dos mecanismos, considera-se, especialmente para estudo,
o choque hipovolêmico, por ter a vantagem de apresentar uma sequência bem
definida. Há vários tipos de choque:

Choque hipovolêmico: é o choque que ocorre devido a redução do


volume intravascular, por causa da perda de sangue; de plasma ou de água,
perdida em diarreia e vômito;
Choque cardiogênico: ocorre na incapacidade de o coração bombear
um volume de sangue que seja suficiente para atender às necessidades
metabólicas dos tecidos;
Choque septicêmico: pode ocorrer devido a uma infecção sistêmica;
Choque anafilático: é uma reação de hipersensibilidade sistêmica, que
ocorre quando um indivíduo é exposto a uma substância, a qual é extremamente
alérgico;
Choque neurogênico: decorre da redução do tônus vasomotor normal,
por distúrbio da função nervosa. Este choque pode ser causado, por exemplo,
por transecção da medula espinhal, ou pelo uso de medicamentos, como
bloqueadores ganglionares ou depressores do sistema nervoso central.
O reconhecimento da ameaça de choque, é importante para o salvamento
da vítima, ainda que pouco possamos fazer para reverter a síndrome. Muitas
vezes é difícil este reconhecimento, mas podemos notar algumas situações
predisponentes ao choque e adotar condutas para evitá-lo ou retardá-lo. De uma
maneira geral, a prevenção é consideravelmente mais eficaz do que o tratamento
do estado de choque.
O choque pode ser provocado por várias causas, especialmente as de
origem traumática. Devemos ficar sempre atentos a possibilidade de choques,
pois a grande maioria dos acidentes e afecções abordadas nesta apostila, pode
gerar choque, caso não sejam atendidos corretamente.

9.6.1 Causas

● Hemorragias intensas (internas ou externas);


● Infarto;
● Taquicardias;
● Bradicardias (baixa frequência nos batimentos cardíacos);
● Queimaduras graves;
● Processos inflamatórios do coração;
● Traumatismos do crânio e traumatismos graves de tórax e abdômen;
● Envenenamentos;
● Afogamentos;
● Choque elétrico;
● Picadas de animais peçonhentos;
● Exposição a extremos de calor e frio;
● Septicemia.
No ambiente de trabalho, todas as causas citadas podem ocorrer,
merecendo especial atenção, os acidentes graves com hemorragias extensas,
como perda de substâncias orgânicas em prensas, moinhos, extrusoras; ou por
choque elétrico; ou por envenenamentos por produtos químicos; ou por
exposição a temperaturas extremas.

9.6.2 Sintomas

A vítima de estado de choque ou na iminência de entrar em choque,


apresenta, geralmente, os seguintes sintomas:

● Pele pálida, úmida, pegajosa e fria;


● Cianose (arroxeamento) de extremidades: orelhas, lábios e pontas dos
dedos;
● Suor intenso na testa e palmas das mãos;
● Fraqueza geral;
● Pulso rápido e fraco;
● Sensação de frio, pele fria e calafrios;
● Respiração rápida, curta, irregular ou muito difícil;
● Expressão de ansiedade ou olhar indiferente e profundo, com pupilas
dilatadas;
● Agitação;
● Medo (ansiedade);
● Sede intensa;
● Visão nublada;
● Náuseas e vômitos;
● Respostas insatisfatórias a estímulos externos;
● Perda total ou parcial de consciência;
● Taquicardia.

9.6.3 Prevenção do Choque

Algumas providências podem ser tomadas para evitar o estado de


choque. Mas, infelizmente, não há muitos procedimentos de primeiros socorros
a serem tomados para tirar a vítima do choque.
Existem algumas providências que devem ser memorizadas, com a
finalidade permanente de prevenir o agravamento e retardar a instalação do
estado de choque.

DEITAR A VÍTIMA: a vítima deve ser deitada de costas. Afrouxar as


roupas da vítima no pescoço; peito e cintura e, em seguida, verificar se há
presença de prótese dentária, objetos ou alimento na boca e os retirar.
Os membros inferiores devem ficar elevados em relação ao corpo. Isto
pode ser feito, colocando-os sobre uma almofada; cobertor dobrado ou qualquer
outro objeto. Este procedimento deve ser feito apenas se não houver fraturas
desses membros, pois serve para melhorar o retorno sanguíneo e levar o
máximo de oxigênio ao cérebro.
Não erguer os membros inferiores da vítima a mais de 30 cm do solo. No
caso de ferimentos no tórax, que dificultem a respiração, ou de ferimento na
cabeça, os membros inferiores não devem ser elevados.
No caso de a vítima estar inconsciente, ou se estiver consciente, mas
sangrando pela boca ou nariz, deitá-la na posição lateral de segurança (PLS),
para evitar asfixia.

RESPIRAÇÃO: verificar, quase que simultaneamente, se a vítima respira.


Deve-se estar preparado para iniciar a respiração boca a boca, caso a vítima
pare de respirar.

PULSO: enquanto as providências já indicadas são executadas, observar


o pulso da vítima. No choque, o pulso da vítima apresenta-se rápido e fraco.

CONFORTO: dependendo do estado geral e da existência ou não de


fratura, a vítima deverá ser deitada, da melhor maneira possível. Isso significa
observar se ela não está sentindo frio e perdendo calor. Se for preciso, a vítima
deve ser agasalhada com cobertor ou algo semelhante, como uma lona ou
casacos.

TRANQUILIZAR A VÍTIMA: se o socorro médico estiver demorando,


tranquilizar a vítima, mantendo-a calma, sem demonstrar apreensão quanto ao
seu estado. Permanecer em vigilância junto à vítima, para dar-lhe segurança e
para monitorar alterações em seu estado físico e de consciência.

9.7 Emergências Clínicas


A importância das emergências clínicas é facilmente reconhecida, na
medida em que se consideram as frequências com que causam óbito ou
incapacidade, as dificuldades que existem para preveni-las e o grande potencial
de recuperação, quando são convenientemente atendidas.
Neste módulo, abordaremos as emergências clínicas mais comuns e que
podem ser atendidas com sucesso, por uma pessoa que venha a prestar os
primeiros socorros.

9.7.1 Infarto ou Ataque Cardíaco

É um quadro clínico, consequente à deficiência do fluxo sanguíneo na


região do coração.
As principais causas são a arteriosclerose, a embolia coronariana e
espasmo arterial coronário, tendo como complicação, a parada cardíaca por
fibrilação ventricular (parada em fibrilação) e até mesmo o óbito.

9.7.1.1 Sintomas
● A maioria das vítimas de infarto agudo do miocárdio, apresenta dor
torácica. Esta dor é descrita classicamente com as seguintes
características:

a) dor angustiante e insuportável na região precordial (subesternal),


retroesternal e face anterior do tórax;
b) compressão no peito e angústia, constrição;
c) duração maior que 30 minutos;
d) a dor não diminui com repouso;
e) irradiação no sentido da mandíbula e membros superiores,
particularmente do membro superior esquerdo, eventualmente
para o estômago (epigástrio);
● A grande maioria das vítimas apresenta alguma forma de arritmia
cardíaca;
● Palpitação, vertigem e desmaio;
● Deve-se atender as vítimas com quadro de desmaio, como prováveis
portadoras de infarto agudo do miocárdio, especialmente se
apresentarem dor ou desconforto torácico antes ou depois do desmaio;
● Sudorese profusa (suor intenso), palidez e náusea. Podem estar
presentes vômitos e diarreia;
● A vítima apresenta-se, muitas vezes, estressada, com sensação de morte
iminente;
● Quando há complicação pulmonar, a vítima apresenta edema pulmonar,
caracterizado por dispneia (alteração nos movimentos respiratórios) e
expectoração rosada;
● Choque cardiogênico.
9.7.1.2 Primeiros socorros

Muitas vezes, a dor que procede a um ataque cardíaco, pode ser


confundida, por exemplo, com a dor de uma indigestão. É preciso estar atento
para este tipo de falso alarme, sendo os seguintes os primeiros socorros:

● Procurar socorro médico ou um hospital com urgência;


● Não movimentar muito a vítima. O movimento ativa as emoções e faz com
que o coração seja mais solicitado;
● Observar com precisão os sinais vitais;
● Manter a pessoa deitada, em repouso absoluto, na posição mais
confortável, em ambiente calmo e ventilado;
● Obter um breve relato da vítima ou de testemunhas, sobre detalhes dos
acontecimentos;
● Tranquilizar a vítima, procurando inspirar-lhe confiança e segurança;
● Afrouxar as roupas;
● Evitar a ingestão de líquidos ou alimentos;
● No caso de parada cardíaca, aplicar as técnicas de ressuscitação
cardiorrespiratória;
● Ver se a vítima traz nos bolsos, remédios de urgência. Aplicar os
medicamentos segundo as bulas, desde que a vítima esteja consciente,
como vasodilatadores coronarianos e comprimidos sublinguais.
A confirmação da suspeita de quadro clínico de um infarto agudo do
miocárdio, só ocorre com a utilização de exames complementares, do tipo
eletrocardiograma (ECG) e exames sanguíneos (transaminase, etc.), que
deverão ser feitos no local do atendimento especializado.

9.7.2 Insolação

É causada pela ação direta e prolongada dos raios de sol sobre o


indivíduo.

Sintomas

Surgem lentamente:

● Cefaleia (dor de cabeça);


● Tonteira;
● Náusea;
● Pele quente e seca (não há suor);
● Pulso rápido;
● Temperatura elevada;
● Distúrbios visuais;
● Confusão.

Surgem bruscamente:

 Respiração rápida e difícil;


 Palidez (às vezes desmaio);
 Temperatura do corpo elevada;
 Extremidades arroxeadas;
 Eventualmente pode ocorrer coma.

9.4.1 Primeiros Socorros

 O objetivo inicial é baixar a temperatura corporal, lenta e gradativamente;


 Remover o acidentado para um local fresco, à sombra e ventilado;
 Remover o máximo de peças de roupa do acidentado;
 Se estiver consciente, deverá ser mantido em repouso e recostado
(cabeça elevada);
 Pode-se oferecer bastante água fria ou gelada, ou qualquer líquido não
alcoólico para ser bebido;
 Se possível, deve-se borrifar água fria em todo o corpo do acidentado,
delicadamente;
 Podem ser aplicadas compressas de água fria na testa, pescoço, axilas e
virilhas. Tão logo seja possível, o acidentado deverá ser imerso em banho
frio ou envolto em panos ou roupas encharcadas.
Atenção especial deverá ser dada à observação dos sinais vitais. Se
ocorrer parada respiratória, deve-se proceder à respiração artificial, associada à
massagem cardíaca externa, caso necessário.

9.7.3 Exaustão pelo Calor

A exaustão pelo calor é outro tipo de reação sistêmica à prolongada


exposição do organismo à temperaturas elevadas, que ocorre devido à
eliminação de sódio, desidratação, ou combinação de ambas.
O trabalhador que exerce a sua atividade em ambientes, cuja temperatura
é alta, está sujeito a uma série de alterações em seu organismo, com graves
consequências à sua saúde. Estes ambientes, geralmente são locais onde
existem fornos; autoclaves; forjas; caldeiras; fundições; etc.

9.7.3.1 Sintomas
Quando a origem dos sintomas for devida, predominantemente à perda
de água, o acidentado reclama de sede intensa; fraqueza e acentuados sintomas
nervosos, que podem incluir falta de coordenação muscular; distúrbios
psicológicos; hipertermia; delírio e coma. Se a falência circulatória sobrevier, a
situação pode progredir rapidamente para golpe de calor.
O acidente pode ocorrer, devido à perda de sódio, em pessoas não
aclimatadas a altas temperaturas, que irão apresentar sintomas sistêmicos de
exaustão pelo calor. Esta situação, ocorre quando a sudorese térmica é resposta
por ingestão adequada de água, mas não de sal. O acidentado, geralmente,
reclama de câimbra muscular, associada à fraqueza; cansaço; náusea; vômito;
calafrios; respiração superficial e irregular. O acidentado não demonstra estar
sedento. Pode se observar palidez; taquicardia e hipotensão.

9.7.3.2 Primeiros Socorros

 Remover o acidentado para um local fresco e ventilado, longe da fonte de


calor;
 Deve ser colocado em repouso, recostado;
 Afrouxar as roupas do acidentado;
 Oferecer líquido em pequenas quantidades, repetidas vezes, se possível
com uma pitada de sal. Se o acidentado não conseguir tomar líquidos
oralmente, não insistir, para não piorar suas condições;
 Providenciar para que o acidentado, neste caso, tenha atendimento
especializado, pois a ele terá de ser administrado solução salina
fisiológica ou glicose isotônica, por via intravenosa.
Observar os sinais vitais, para a necessidade de ressuscitação
cardiorrespiratória, e remoção para atendimento especializado, se os primeiros
socorros não melhorarem o estado geral do acidentado.

9.7.4 Cãibras de Calor

As cãibras de calor ocorrem, principalmente, devido à diminuição de sal


do organismo.

9.7.4.1 Sintomas
Vítimas de cãibras apresentam contrações musculares involuntárias,
fortes e muito dolorosas. Ocorrem nos músculos do abdômen e nas
extremidades.
A pele fica úmida e fria. Nestes casos, a temperatura do corpo estará
normal ou ligeiramente baixa. Há hemoconcentração e baixo nível de sódio no
organismo.

9.7.4.2 Primeiros Socorros

 A vítima de cãibras deve ser colocada em repouso, confortavelmente, em


local fresco e arejado;
 Pode-se tentar massagear, suavemente, os músculos atingidos, para
promover alívio localizado;
 Pode-se dar à vítima, água com uma pitada de sal, que muitas vezes faz
o acidentado melhorar quase que imediatamente;
 Pode-se oferecer alimento salgado.
Dependendo da gravidade do ataque, a vítima precisará ser mantida em
repouso por vários dias.
9.7.5 Desmaio

É a perda súbita, temporária e repentina da consciência, devido à


diminuição de sangue e oxigênio no cérebro. É causada geralmente por
hipoglicemia; cansaço excessivo; fome; nervosismo intenso; emoções súbitas;
susto; acidentes, principalmente os que envolvem perda sanguínea; dor intensa;
prolongada permanência em pé; mudança súbita de posição (de deitado para
em pé); ambientes fechados e quentes; disritmias cardíacas (bradicardia); entre
outras.

9.7.5.1 Sintomas

 Fraqueza;
 Suor frio abundante;
 Náusea ou ânsia de vômito;
 Palidez intensa;
 Pulso fraco;
 Pressão arterial baixa;
 Respiração lenta;
 Extremidades frias;
 Tontura;
 Escurecimento da visão;
 Devido à perda da consciência, o acidentado cai.

9.7.5.2 Primeiros Socorros

A. Se a pessoa apenas começou a desfalecer:

 Sentá-la em uma cadeira, ou outro local semelhante;


 Curvá-la para frente;
 Baixar a cabeça do acidentado, colocando-a entre as pernas e pressionar
a cabeça para baixo;
 Manter a cabeça mais baixa que os joelhos;
 Fazê-la respirar profundamente, até que passe o mal-estar.
B. Havendo o desmaio:

 Manter o acidentado deitado, colocando sua cabeça e ombros em posição


mais baixa em relação ao resto do corpo;
 Afrouxar a sua roupa;
 Manter o ambiente arejado;
 Se houver vômito, lateralizar-lhe a cabeça, para evitar sufocamento;
 Depois que o acidentado se recuperar, pode ser dado ao mesmo, café,
chá ou mesmo água com açúcar;
 Não se deve dar jamais bebida alcoólica.

9.7.6 Convulsão

É uma contração violenta, ou uma série de contrações dos músculos


voluntários, com ou sem perda de consciência.
Nos ambientes de trabalho, podemos encontrar esta afecção em
indivíduos com histórico anterior de convulsão ou em qualquer indivíduo de
qualquer função. De modo específico, podemos encontrar trabalhadores com
convulsão, quando expostos a agentes químicos de poder convulsígeno, tais
como, os inseticidas clorados e o óxido de etileno.
As principais causas da convulsão é a febre muito alta, devido a processos
inflamatórios e infecciosos, ou degenerativos; hipoglicemia; alcalose; erro no
metabolismo de aminoácidos; hipocalcemia; traumatismo na cabeça; hemorragia
intracraniana; edema cerebral; tumores; intoxicações por gases, álcool ou
drogas alucinatórias; insulina; dentre outros agentes e devido a epilepsia, ou
outras doenças do Sistema Nervoso Central.

9.7.6.1 Sintomas
 Inconsciência;
 Queda desamparada, onde a vítima é incapaz de fazer qualquer esforço
para evitar danos físicos a si própria;
 Olhar vago, fixo e/ou revirar dos olhos;
 Suor;
 Midríase (pupila dilatada);
 Lábios cianosados;
 Espumar pela boca;
 Morder a língua e/ou lábios;
 Corpo rígido e contração do rosto;
 Palidez intensa;
 Movimentos involuntários e desordenados;
 Perda de urina e/ou fezes (relaxamento esfincteriano).
Geralmente, os movimentos incontroláveis duram de 2 a 4 minutos,
tornando-se, então, menos violentos e o acidentado vai se recuperando
gradativamente. Estes acessos podem variar na sua gravidade e duração.
Depois da recuperação da convulsão há perda da memória, que se
recupera mais tarde.

9.7.6.2 Primeiros socorros

 Tentar evitar que a vítima caia desamparadamente, cuidando para que a


cabeça não sofra traumatismo e procurando deitá-la no chão com
cuidado, acomodando-a;
 Retirar da boca: próteses dentárias móveis (pontes, dentaduras) e
eventuais detritos;
 Remover qualquer objeto com que a vítima possa se machucar e afastá-
la de locais e ambientes potencialmente perigosos, como por exemplo:
escadas; portas de vidro; janelas; fogo; eletricidade; máquinas em
funcionamento;
 Não interferir nos movimentos convulsivos, mas assegurar-se que a
vítima não está se machucando;
 Afrouxar as roupas da vítima no pescoço e cintura;
 Virar o rosto da vítima para o lado, evitando assim a asfixia por vômitos
ou secreções;
 Não colocar nenhum objeto rígido entre os dentes da vítima;
 Tentar introduzir um pano ou lenço enrolado entre os dentes, para evitar
mordedura da língua;
 Não jogar água fria no rosto da vítima;
 Quando passar a convulsão, manter a vítima deitada, até que ela tenha
plena consciência e autocontrole;
 Se a pessoa demonstrar vontade de dormir, deve-se ajudar a tornar isso
possível;
 Contatar o atendimento especializado do SAMU, pela necessidade de
diagnóstico e tratamentos precisos.
No caso de se propiciar meios para que a vítima durma, mesmo que seja
no chão, no local de trabalho, a melhor posição para mantê-la é deitada na
Posição Lateral de Segurança – PLS.
Devemos fazer uma inspeção no estado geral da vítima, a fim de verificar
se está ferida e sangrando. Conforme o resultado desta inspeção, devemos
proceder, no sentido de tratar as consequências do ataque convulsivo, cuidando
dos ferimentos e contusões.
É conduta de socorro bem prestado, permanecer junto à vítima, até que
ela se recupere totalmente. Devemos conversar com a vítima, demonstrando
atenção e cuidado com o caso, e informá-la onde está e com quem está, para
dar-lhe segurança e tranquilidade. Pode ser muito útil, saber da vítima, se ela é
epiléptica.
Em qualquer caso de ataque convulsivo, a vítima deve ser encaminhada
ao centro clínico, mesmo que ela tenha consciência de seu estado e procure
demonstrar a impertinência dessa atitude. A obtenção ou encaminhamento para
o centro clínico, deve ser com a maior rapidez, especialmente se a vítima tiver
um segundo ataque; se as convulsões durarem mais que 5 minutos ou se a
vítima for mulher grávida.

9.7.7 Choque Elétrico

São abalos musculares causados pela passagem de corrente elétrica pelo


corpo humano. As alterações provocadas no organismo humano pela corrente
elétrica, dependem, principalmente, de sua intensidade, isto é, da amperagem.
Dependendo da intensidade dessa corrente, pode causar um simples
formigamento, uma queimadura de 3° grau ou até mesmo a morte.
Em condições habituais, correntes de 100 a 150 Volts, já são perigosas,
e acima de 500 Volts, são mortais.
De acordo com os valores aproximados, as consequências causadas por
um choque elétrico podem ser:

 1 mA a 10 mA: sensação de formigamento;


 10 mA a 20 mA: sensação de formigamento, acompanhada de fortes
dores;
 20 mA a 100 mA: convulsões e parada respiratória;
 100 mA a 200 mA: fibrilação;
 Acima de 200 mA: queimaduras, parada cardíaca e óbito.
9.7.7.1 Causas principais

Nos ambientes de trabalho, encontramos este acidente, quando há falta


de segurança nas instalações e equipamentos, como: fios descascados; falta de
aterramento elétrico; parte elétrica de um motor que, por defeito, está em contato
com sua carcaça; etc.
Estas condições, geralmente encontramos por imprudência; indisciplina;
ignorância ou acidentes; etc.
Observação: corrente alternada – tetanização com tempo de exposição;
corrente contínua – contração muscular brusca, com projeção da vítima,
podendo ocorrer traumatismo grave.

9.7.7.2 Sintomas

 Mal estar geral;


 Sensação de angústia;
 Náusea;
 Cãibras musculares de extremidades;
 Parestesias (dormência, formigamento);
 Ardência ou insensibilidade da pele;
 Escotomas cintilantes (visão de pontos luminosos);
 Cefaleia;
 Vertigem;
 Arritmias (ritmo irregular) cardíacas (alteração do ritmo cardíaco);
 Falta de ar (dispneia).

Principais Complicações:

 Parada cardíaca;
 Parada respiratória;
 Queimaduras;
 Traumatismo (de crânio, ruptura de órgãos internos, etc.);
 Óbito.

9.7.7.3 Primeiros socorros

Antes de socorrer a vítima, cortar a corrente elétrica, desligando a chave


geral de força, retirando os fusíveis da instalação ou puxando o fio da tomada
(desde que esteja encapado).
Se o item anterior não for possível, tentar afastar a vítima da fonte de
energia, utilizando luvas de borracha grossa ou materiais isolantes, e que
estejam secos (cabo de vassoura, tapete de borracha, jornal dobrado, pano
grosso dobrado, corda, etc.), afastando a vítima do fio ou aparelho elétrico, bem
como:

 Não tocar na vítima, até que ela esteja separada da corrente elétrica ou
que esta seja interrompida;
 Se o choque for leve, seguir os itens do capítulo "Estado de Choque";
 Em caso de parada cardiorrespiratória, iniciar imediatamente as
manobras de ressuscitação;
 Insistir nas manobras de ressuscitação, mesmo que a vítima não esteja
se recuperando, até a chegada do atendimento especializado;
 Depois de obtida a ressuscitação cardiorrespiratória, deve ser feito um
exame geral da vítima, para localizar possíveis queimaduras, fraturas ou
lesões, que possam ter ocorrido, no caso de queda durante o acidente;
 Deve-se atender primeiro a hemorragias, fraturas e queimaduras, nesta
ordem.

9.7.7.4 Eletrocussão

Eletrocussão é o termo designado para caracterizar uma morte provocada


por choque elétrico. Tensão superior a 600 volts já é o suficiente para causar o
óbito. A presença de água, no cenário do choque, aumenta potencialmente a sua
intensidade, devido às propriedades condutoras de eletricidade que a água
possui.
A eletrocussão pode provocar a morte imediata; perda prolongada dos
sentidos; convulsões e queimaduras no ponto de contato. É preciso tomar muito
cuidado na hora de tentar socorrer a vítima. Tocá-la é extremamente perigoso.
Mesmo em situações de extrema emergência, o mais seguro é:

● Pegar com um objeto de plástico, pois conduz pouca eletricidade;


● Afastá-lo imediatamente do objeto que está provocando o choque;
● Verificar os sinais vitais da vítima;
● Caso a vítima se encontre em processo de parada cardiorrespiratória,
deve-se retirar os eventuais objetos, como dentaduras, óculos e outros;
● Exponha o tórax da pessoa;
● Se possível, faça o procedimento para a reanimação, colocando sobre o
tórax, as duas mãos sobrepostas, fazendo compressões seguidas com
até 5 cm de profundidade, até a chegada do socorro médico.

9.8 Emergências Traumáticas

Uma emergência traumática é toda a intervenção onde há um trauma,


como, traumatismos; fraturas; mordeduras de animais; queimaduras; e até
mesmo, amputações.
Segundo o manual do SAMU, o trauma é a lesão corporal, resultante da
exposição da energia (mecânica, térmica, elétrica, química ou radiação), que
interagiu com o corpo, em quantidade acima da suportada fisiologicamente. O
trauma pode ser intencional ou não intencional, e varia de leve a grave.
Um trauma pode ser classificado como:

 Trauma fechado: é o trauma em que não ocorre a ruptura da pele;


 Trauma aberto: é caracterizado pela ruptura da pele, devido ao
impacto no local.
9.8.1 Avaliação da Vítima de Trauma

Avaliar a vítima de trauma, consiste em examinar o paciente, em


diferentes formas, seguindo os critérios: via aérea com controle da coluna
cervical; ventilação/respiração; circulação e estado neurológico.

9.8.1.1 Via aérea com controle da coluna cervical

Antes do socorrista iniciar a avaliação da permeabilidade da via aérea da


vítima de trauma, ele precisa impedir os movimentos do pescoço.
A via aérea (espaço para respiração = boca) precisa estar livre de
coágulos de sangue; vômitos; restos de alimentos; e outros corpos estranhos,
como fragmentos dentários; próteses; etc. Se estes estiverem presentes, devem
ser retirados.
Se a vítima está falando, a via aérea está liberada. Notar que a vítima não
deve ingerir líquidos ou qualquer alimento. Já se a vítima não está respondendo,
verificar novamente a via aérea e ver se há objeto visível que precisa ser
removido.

9.8.1.2 Respiração

Após checar a via aérea, verifique a respiração da vítima e se o tórax ou


abdômen se eleva e retorna a sua posição. Observe a qualidade e a frequência
da respiração, se está muito rápida, lenta ou se não respira.
9.8.1.3 Circulação

Sempre procure por sinais de hemorragia externa, caso encontre, faça


pressão forte sobre o local que está sangrando e mantenha, até a chegada do
serviço especializado ou transporte até a emergência.
Deve ser estancado qualquer sangramento visível que ameace a vida,
sempre observando a coloração da pele:

 Pele rosada e aquecida = sem grande perda sanguínea;


 Pele pálida, com suor frio = pode significar grande perda
sanguínea.
Se o sangramento não for contido apenas com a compressão direta no
local do ferimento, poderá ser elevado o membro afetado, e, se possível, aplicar
pressão no vaso anterior a lesão, mantendo a compressão direta no local.

9.9 Ferimentos

É muito comum ocorrer ferimentos em acidentes de trabalho. Por este


motivo, é de fundamental importância, a utilização dos Equipamentos de
Proteção Individual e Coletivas, conforme indica as atividades realizadas, sendo
de fundamental importância, o treinamento correto, quanto a utilização dos
mesmos.
Ferimentos são lesões que surgem, sempre que existe um traumatismo,
seja de que proporção for, desde pequeno corte ou escoriação, até violentos
acidentes, com politraumatismo e complicações.
Todos os ferimentos, logo que ocorrem:
 Causam dor;
 Originam sangramentos; e
 São vulneráveis.
Os ferimentos são lesões que rompem a continuidade dos tecidos e
provocam o rompimento da pele ou não e, conforme seu tipo e profundidade,
rompimento das camadas de gordura e músculos.
Os ferimentos podem ser classificados como abertos ou fechados.

9.9.1 Ferimentos Fechados

São os ferimentos onde não existe solução de continuidade da pele. A


pele se mantém íntegra, podendo ser classificados em:

 Contusão: é a lesão por objeto contundente, que danifica o tecido


subcutâneo subjacente, sem romper a pele;

 Hematoma: é o extravasamento de sangue no subcutâneo, com aumento


de volume, pela ruptura de veias e arteríolas, consequência de uma
contusão. Quando localizado no couro cabeludo, é o hematoma subgaleal;

 Equimose: é o extravasamento de sangue no subcutâneo, sem formação


de volume, consequência da ruptura de capilares.
Estas lesões são as mais frequentes e podem ocorrer nos ambientes de
trabalho, pelos mais diversos motivos, entre os quais: batidas em ferramentas;
escadas; mobiliários; equipamentos; quedas; sendo também frequentes as suas
ocorrências no trajeto residência-trabalho-residência.
Logo após a contusão, o acidentado sente dor. Será mais ou menos
intensa, conforme a inervação da região. Se a batida for muito intensa, a parte
central da área afetada pode apresentar-se indolor pela destruição de filetes
nervosos.

9.9.1.1 Primeiros socorros

As lesões contusas podem ser tratadas de maneira simples, desde que


não apresentem gravidade. Normalmente, bolsa de gelo ou compressa de água
gelada, nas primeiras 24 horas e repouso da parte lesada, são suficientes.
Se persistirem sintomas de dor; edema e hiperemia, pode-se aplicar
compressas de calor úmido. Deve ser procurado auxílio especializado.
As contusões simples, de um modo geral, não apresentam complicações,
nem necessitam de cuidados especiais. Todavia, deve-se ficar alerta para
contusões abdominais, mesmo que não apresentem nenhum sintoma ou sinal,
pois poderá ter havido complicações internas mais graves. Mais adiante
trataremos de ferimentos abdominais.

9.9.2 Ferimentos Abertos


São os ferimentos que rompem a integridade da pele, expondo tecidos
internos, geralmente com sangramentos. Também são denominados feridas.
Os ferimentos podem ser classificados em:

 Incisos: são provocados por objetos cortantes, têm bordas regulares e


causam sangramentos de vários graus, devido ao seccionamento dos
vasos sanguíneos e danos a tendões, músculos e nervos;

 Contusos ou lacerações: são lesões teciduais de bordas irregulares,


provocados por objetos, através de trauma fechado sob superfícies ósseas,
com o esmagamento dos tecidos. O sangramento deve ser controlado por
compressão direta e aplicação de curativo e bandagens;

 Perfurantes: são lesões causadas por perfurações da pele e dos tecidos


subjacentes por um objeto. O orifício de entrada pode não corresponder à
profundidade da lesão;

 Transfixantes: este tipo de lesão constitui uma variedade de ferida que


pode ser perfurante ou penetrante. O objeto vulnerante é capaz de penetrar
e atravessar os tecidos ou determinado órgão, em toda a sua espessura,
saindo na outra superfície. Pode-se utilizar como exemplo, as feridas
causadas por projétil de arma de fogo, que são feridas perfurocontusas,
podendo ser penetrantes e/ou transfixantes. As feridas transfixantes
possuem:
 Orifício de entrada: ferida circular ou oval, geralmente pequena, com
bordas trituradas e com orla de detritos deixada pelo projétil (pólvora,
fragmentos de roupas);
 Orifício de saída: ferida geralmente maior, com bordas irregulares,
voltadas para fora;

 Penetrante: quando o agente vulnerante atinge uma cavidade natural do


organismo, geralmente tórax ou abdômen. Apresenta formato externo
variável, geralmente linear ou puntiforme;

 Avulsões ou amputações: são lesões onde ocorrem descolamentos da


pele em relação ao tecido subjacente, que pode se manter ligado ao tecido
sadio ou não. Apresentam graus variados de sangramento, geralmente de
difícil controle. A localização mais comum ocorre em mãos e pés.
Recomenda-se colocar o retalho em sua posição normal e efetuar a
compressão direta da área, para controlar o sangramento. Caso a avulsão
seja completa, transportar o retalho ao hospital. A preparação do retalho
consiste em lavá-lo com solução salina, evitando o uso de gelo direto sobre
o tecido;

 Escoriações ou abrasões: são produzidas pelo atrito de uma superfície


áspera e dura contra a pele, sendo que somente esta é atingida.
Frequentemente contém partículas de corpo estranho (cinza; graxa; terra;
etc.);

 Lacerações: quando o mecanismo de ação é uma pressão ou tração,


exercida sobre o tecido, causando lesões irregulares.

9.9.2.1 Primeiros Socorros


No atendimento à vítima com ferimentos, deve-se seguir os seguintes
passos e cuidados:

1) Controle do ABC é a prioridade, como em qualquer outra vítima de


trauma. Ferimentos com sangramento importante, exigem controle já no passo
C;
2) Avaliação do ferimento, informando-se sobre a natureza e a força do
agente causador, de como ocorreu a lesão e do tempo transcorrido até o
atendimento;
3) Inspeção da área lesada, que deve ser cuidadosa. Pode haver
contaminação, por presença de corpo estranho e lesões associadas. O ferimento
deve ser exposto e, para isto, pode ser necessário cortar as roupas da vítima.
Evite movimentos desnecessários com a mesma;
4) Limpeza da superfície do ferimento para a remoção de corpos
estranhos livres e detritos. Utilizar uma gaze estéril para remoção mecânica
delicada e, algumas vezes, instilação de soro fisiológico, sempre com cautela,
sem provocar atrito. Não perder tempo na tentativa de limpeza geral da lesão,
isto será feito no hospital. Objetos empalados não devem ser removidos, mas
sim imobilizados, para que permaneçam fixos durante o transporte;
5) Proteção da lesão com gaze estéril, que deve ser fixada no local, com
bandagem triangular ou, se não estiver disponível, utilizar atadura de crepe.

9.10 Lesões Traumato-Ortopédicas


Todo acidentado de lesão traumato-ortopédica, necessita,
obrigatoriamente, de atendimento médico especializado. O sofrimento do
acidentado e sua cura, dependem, basicamente, da proteção correta do membro
atingido; do transporte adequado do acidentado e do atendimento especializado
imediato.

9.10.1 Entorse
São lesões dos ligamentos das articulações, onde estes alongam além de
sua amplitude normal, rompendo-se. Quando ocorre entorse, há uma distensão
dos ligamentos, mas não há o deslocamento completo dos ossos da articulação.
As formas graves produzem perda da estabilidade da articulação, às
vezes, acompanhada por luxação.
As causas mais frequentes da entorse são violências, como puxões ou
rotações, que forçam a articulação. No ambiente de trabalho, a entorse pode
ocorrer em qualquer ramo de atividade.
Uma entorse, geralmente é conhecida por torcedura ou mau jeito.
Os locais onde ocorre mais comumente, são as articulações do tornozelo,
ombro; joelho; punho e dedos.
Após sofrer uma entorse, o indivíduo sente dor intensa ao redor da
articulação atingida; dificuldade de movimentação, que poderá ser maior ou
menor, conforme a contração muscular ao redor da lesão. Os movimentos
articulares, cujo exagero provoca a entorse, são extremamente dolorosos e esta
dor aumentará em qualquer tentativa de se movimentar a articulação afetada.
As distensões são lesões aos músculos ou seus tendões, geralmente são
causadas por hiperextensão ou por contrações violentas. Em casos graves pode
haver ruptura do tendão.

9.10.1.1 Primeiros socorros

Aplicar gelo ou compressas frias durante as primeiras 24 horas.


Após este tempo, aplicar compressas mornas.
Imobilizar o local como nas fraturas. A imobilização deverá ser feita na
posição que for mais cômoda para o acidentado.

Fique atento

Antes de enfaixar uma entorse ou distensão, aplicar bolsa de gelo ou


compressa de água gelada na região afetada, para diminuir o edema e a dor.
Caso haja ferida no local da entorse, agir conforme indicado no item referente a
ferimentos; cobrir com curativo seco e limpo, antes de imobilizar e enfaixar. Ao
enfaixar qualquer membro ou região afetada, deve ser deixada uma parte ou
extremidade à mostra, para observação da normalidade circulatória. As
bandagens devem ser aplicadas com firmeza, mas sem apertar, para prevenir
insuficiência circulatória.

9.10.2 Luxação

São lesões, em que a extremidade de um dos ossos, que compõe uma


articulação é deslocada de seu lugar. O dano a tecidos moles pode ser muito
grave, afetando vasos sanguíneos; nervos e cápsula articular.
Nas luxações, ocorre o deslocamento e perda de contato total ou parcial
dos ossos que compõe a articulação afetada. Os casos de luxação, ocorrem
geralmente, devido a traumatismos, por golpes indiretos ou movimentos
articulares violentos, mas, às vezes, uma contração muscular é suficiente para
causar a luxação. Dependendo da violência do acidente, poderá ocorrer o
rompimento do tecido que cobre a articulação, com exposição do osso.
As articulações mais atingidas são o ombro; cotovelo; articulação dos
dedos e mandíbula. Nos ambientes de trabalho, a luxação pode se dar em
qualquer ramo de atividade, devido a um movimento brusco.

9.10.2.1 Sinais e sintomas

Para identificar uma luxação deve-se observar as seguintes


características:

 Dor intensa no local afetado (a dor é muito maior que na entorse),


geralmente afetando todo o membro, cuja articulação foi atingida;
 Edema;
 Impotência funcional;
 Deformidade visível na articulação, podendo apresentar um encurtamento
ou alongamento do membro afetado.

9.10.2.2 Primeiros socorros

O tratamento de uma luxação é atividade exclusiva de pessoal


especializado em atendimento a emergências traumato-ortopédicas. Os
primeiros socorros limitam-se à aplicação de bolsa de gelo, ou compressas frias,
no local afetado, e à imobilização da articulação, preparando o acidentado para
o transporte.
A imobilização e enfaixamento das partes afetadas por luxação, devem
ser feitas da mesma forma que se faz para os casos de entorse. A manipulação
das articulações, deve ser feita com extremo cuidado e delicadeza, levando-se
em consideração, inclusive, a dor intensa que o acidentado estará sentindo.
Nos casos de luxações repetitivas, o próprio acidentado, por vezes, já
sabe como reduzir a luxação. Neste caso o socorrista deverá auxiliá-lo.
O acidentado deverá ser mantido em repouso, na posição que lhe for mais
confortável, até a chegada de socorro especializado ou até que possa ser
realizado o transporte adequado para atendimento médico.

9.10.3 Fraturas

É uma interrupção na continuidade do osso.


Uma fratura ocorre, normalmente, devido à queda; impacto ou movimento
violento, com esforço maior que o osso pode suportar.
As fraturas podem ser classificadas como:
 Fratura fechada ou interna: são as fraturas, nas quais os ossos
quebrados permanecem no interior do membro, sem perfurar a pele.
Poderá, entretanto, romper um vaso sanguíneo ou cortar um nervo;
 Fratura aberta ou exposta: são as fraturas em que os ossos quebrados
saem do lugar, rompendo a pele e deixando exposta uma de suas partes,
que pode ser produzida pelos próprios fragmentos ósseos ou por objetos
penetrantes. Este tipo de fratura pode causar infecções;
 Fratura em fissura: são aquelas em que as bordas ósseas ainda estão
muito próximas, como se fosse uma rachadura ou fenda;
 Fratura em galho verde: é a fratura incompleta, que atravessa apenas
uma parte do osso. São fraturas, geralmente, com pequeno desvio e que
não exigem redução. Quando exigem, é feita com o alinhamento do eixo
dos ossos. Sua ocorrência mais comum é em crianças e nos antebraços
(punho);
 Fratura completa: é a fratura na qual o osso sofre descontinuidade total;
 Fratura cominutiva: é a fratura que ocorre com a quebra do osso em três
ou mais fragmentos;
 Fratura impactada: é quando as partes quebradas do osso permanecem
comprimidas entre si, interpenetrando-se;
 Fratura espiral: é quando o traço de fratura encontra-se ao redor e através
do osso. Estas fraturas são decorrentes de lesões que ocorrem com uma
torção;
 Fratura oblíqua: é quando o traço de fratura lesa o osso diagonalmente;
 Fratura transversa: é quando o traço de fratura atravessa o osso numa
linha mais ou menos reta.

9.10.3.1 Primeiros socorros

✓ Observar o estado geral do acidentado, procurando lesões mais graves,


com ferimento e hemorragia;
✓ Acalmar o acidentado, pois ele fica apreensivo e entra em pânico;
✓ Ficar atento para prevenir o choque hipovolêmico;
✓ Controlar eventual hemorragia e cuidar de qualquer ferimento, com
curativo, antes de proceder a imobilização do membro afetado;
✓ Imobilizar o membro, procurando colocá-lo na posição que for menos
dolorosa para o acidentado, o mais naturalmente possível. É importante
salientar que imobilizar significa tirar os movimentos das juntas acima e
abaixo da lesão;
✓ Trabalhar com muita delicadeza e cuidado. Toda atenção é pouca, pois
os menores erros podem gerar sequelas irreversíveis;
✓ Usar talas, caso seja necessário. As talas auxiliarão na sustentação do
membro atingido;
✓ As talas têm que ser de tamanho suficiente para ultrapassar as
articulações acima e abaixo da fratura;
✓ Para improvisar uma tala, pode-se usar qualquer material rígido ou semi-
rígido como: tábua, madeira, papelão, revista enrolada ou jornal grosso
dobrado;
✓ O membro atingido deve ser acolchoado com panos limpos, camadas de
algodão ou gaze, procurando sempre localizar os pontos de pressão e
desconforto;
✓ Prender as talas com ataduras ou tiras de pano, apertá-las o suficiente
para imobilizar a área, com o devido cuidado para não provocar
insuficiência circulatória;
✓ Fixar em pelo menos quatro pontos: acima e abaixo das articulações e
acima e abaixo da fratura;
✓ Sob nenhuma justificativa, deve-se tentar recolocar o osso fraturado de
volta no seu eixo. As manobras de redução de qualquer tipo de fratura, só
podem ser feitas por pessoal médico especializado. Ao imobilizar um
membro que não pôde voltar ao seu lugar natural, não forçar seu retorno;
✓ A imobilização deve ser feita dentro dos limites do conforto e da dor do
acidentado;
✓ Não deslocar, remover ou transportar o acidentado de fratura, antes de
ter a parte afetada imobilizada corretamente. A única exceção a ser feita
é para os casos em que o acidentado corre perigo iminente de vida. Mas,
mesmo nestes casos, é necessário manter a calma, promover uma rápida
e precisa análise da situação, e realizar a remoção provisória, com o
máximo de cuidado possível, atentando para as partes do acidentado.

9.11 Telefone Úteis

Há órgãos e departamentos governamentais especializados em atender


situações de emergência, os quais, em toda ocorrência, devem ser acionados,
ainda que os primeiros socorros já estejam sendo realizados. Esse contato
explica-se porque todo caso acidental ou clínico, deve passar por uma avaliação
médica, para excluir possíveis sequelas e também para restabelecer plenamente
a vítima.

A seguir, alguns telefones úteis e a atribuição específica de cada


instituição, todos com ligação totalmente gratuita:

9.11.1 Corpo de bombeiros – 193

Solicitar em casos de emergências, incêndios, acidentes domésticos, de


trânsito, resgate de vítimas, e em situações que não é possível realizar os
primeiros socorros. São encarregados de realizar o transporte das vítimas a uma
unidade de saúde especializada, de acordo com o caso específico.
9.11.2 Polícia Militar – 190

Responsável por fazer atendimentos prévios, no caso de ser o primeiro


serviço especializado a chegar ao local; manter a ordem do fluxo de trânsito e
de pessoas (curiosos); apurar circunstâncias do acidente e em eventualidades,
realizar o transporte de vítimas.

9.11.3 SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) – 192

É um serviço específico de atendimentos de urgência, criado por uma


portaria do Ministério da Saúde, e gerido pela Secretaria de Saúde de cada
estado ou município. Realiza um serviço de atendimento às vítimas de acidentes
e estados clínicos que necessitam de acompanhamento, realizando um
atendimento prévio no próprio local ou dentro de ambulâncias, enquanto as
vítimas são transportadas a um hospital ou unidade de saúde mais próximos.

9.11.4 Polícia Rodoviária Federal – 191


Em casos de acidentes em rodovias mais isoladas de grandes centros, é
recomendável acionar o serviço da PRF, pois é a instituição que, provavelmente,
estará mais próxima da ocorrência, uma vez que é a polícia responsável por
zelar pelo bom fluxo em rodovias nacionais.

9.11.5 Defesa Civil – 199

É um órgão nacional, responsável por organizar prevenções de acidentes


e desastres naturais ou de grandes proporções e trabalhos de resposta a esses
acontecimentos, como medidas de remoção de famílias em áreas
potencialmente de risco de desmoronamentos, deslizamentos e alagamentos.

9.11.6 Disque Intoxicação (ANVISA) – 0800-722-6001


É um serviço criado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, com o
objetivo de esclarecer pessoas e profissionais de saúde quanto às ocorrências,
envolvendo intoxicações dos mais diversos tipos.
10. CONCLUSÃO

O trabalho em altura é um dos grandes causadores de acidentes de


trabalho, tanto que em 2012 foi publicada a NR-35 que trata exclusivamente
sobre o trabalho em altura.
Para que os acidentes sejam evitados muitas medidas de segurança
devem serem tomadas, estas medidas podem ser desde a análise de riscos,
aplicação de medidas de controle de riscos como o sistema de proteção contra
quedas e as condutas a serem tomadas em caso de emergência.
A análise de risco é de grande importância, pois a partir dela que o
trabalhador identifica e analisa os risco presentes no ambiente de trabalho,
podendo contribuir para o aprimoramento das práticas seguras, assim como
identificar as possíveis condições impeditivas na execução do trabalho em
altura.
O Sistema de Proteção contra Quedas – SPQ, é um sistema destinado a
eliminar o risco de queda dos trabalhadores, ou a minimizar as consequências
da queda, podendo ser coletivo ou individual.
No caso da não aplicação das medidas de prevenção dos acidentes, o
trabalhador está exposto a acidentes, por isso a importância de trabalhar
condutas e noções de salvamento bem como as noções de primeiros socorros.
Contudo se pode observar a importância da utilização correta dos
equipamentos para a segurança no trabalho em altura.
Agora que você já conhece as práticas seguras no ambiente de trabalho
em altura, mas fique atento, não esqueça de realizar treinamento prático quanto
a utilização dos equipamentos presentes no seu ambiente de trabalho antes de
iniciar as suas atividades.
Desejamos a você segurança e saúde no trabalho!
11. REFERÊNCIAS
Bibliografia

CANTU, Carlos César Micalli. Ferramentas de análise de riscos:


Metodologia. São Paulo: Biblioteca 24 horas, 2015.

Conect Segurança do Trabalho: trabalho em altura. 2018. Disponível em:


<http://materiais.conect.online/trabalhos-em-altura-na-industria-catalogo>.
Acesso em: 08 mar. 2018.

ERTHAL, Leopoldo Alberto Vicente. Análise de risco aplicada ao


trabalho em altura e propostas de medidas de controle. 2014. 52 f.
Monografia (Especialização) - Curso de Engenharia de Segurança do Trabalho.
Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Utfpr. Curitiba, 2014.

FARIA, Herbert. Utilizar a sinalização correta colabora na redução de


riscos. 2014. Disponível em: <http://blog.seton.com.br/utilizar-a-sinalizacao-
correta-colabora-na-reducao-de-riscos.html>. Acesso em: 08 mar. 2018.

IMAGENS – Segurança do trabalho. 2018. Disponível em:


<https://pixabay.com>. Acesso em: 16 mar. 2018.

MAINARDES, Christiane Wagner et al. Análise da aplicação da norma


NBR 15.836: 2011: cintos de segurança tipo paraquedista em um canteiro de
obras. Curitiba, v.1, n.1, p.71-77. Disponível em:
<http://www.dcc.ufpr.br/mediawiki/images/f/fc/Artigo_-
_cintos_de_segurança.pdf>. Acesso em: 12 mar. 2018.

MORAES, Giovanni. Gestão de riscos. Rio de Janeiro: Gerenciamento


Verde, 2013.

ROJAS, Pablo Roberto Auricchio. Técnico em segurança do


trabalho. Porto Alegre: Bookman, 2015.

3M. Manual de instruções: cinturões do tipo paraquedista. 2016.


Disponível em:
<http://api.capitalsafety.com/api//assets/download/4245?assetKey=>. Acesso
em: 12 mar. 2018.

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