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Filosofia antiga 4

Conceitos-Chave:
1. Filosofia: institucionalização da produção-fundamentação do conhecimento e da ação;
fundamentação institucionalizada da objetividade epistemológico-moral;
fundamentação objetiva da normatividade.
2. Objetividade epistemológico-moral: correção lógica (um conceito deve possuir um
único significado, ser claro e não-contraditório); justificação intersubjetiva ou
universalidade (um conceito, para ser objetivo, precisa ser válido para diferentes
grupos em diferentes contextos, precisa ser válido para todos os contextos particulares
– universalidade como condição da particularidade); correlação entre conceito e objeto
material.
3. Natureza humana: nossa essência, nossa condição fundamental que nos define como
seres humanos, diferentemente dos animais. Para Sócrates, Platão e Aristóteles, nossa
natureza humana é constituída pela alma, uma entidade espiritual-racional. Para os
filósofos modernos, ela é pura e simplesmente nossa racionalidade, nossa atividade
cognitiva. Para a filosofia contemporânea, não existe natureza humana essencial, de
modo que o ser humano é definido em termos de linguagem, de cultura e de
intersubjetividade.

Intuições fundamentais:
4. Conhecimento científico é conhecimento justificado objetivamente. Conhecimento
que não pode ser justificado objetivamente não é científico, mas senso comum.
5. Por que a objetividade epistemológico-moral é importante? Porque evita o ceticismo,
o relativismo e o subjetivismo, oferecendo valores epistemológico-morais objetivos
tanto para a orientação das instituições quanto para a vida social de um modo mais
geral.
6. Correlação ciência, política e educação: a ciência desenvolve o conhecimento
verdadeiro, objetivo sobre nossa natureza humana. As instituições políticas, de posse
desse conhecimento sobre nossa natureza humana, utilizam-se da educação para
formas os indivíduos e os grupos sociais.

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco.


1. Tentativa de definição científica de uma noção de natureza humana e de como ela
pode ser realizada desde as instituições.
2. Qual é o bem propriamente humano, qual é nossa natureza humana? De que ciência
ele/ela é objeto? Qual faculdade humana permite-nos conhecê-la e alcançá-la?
3. Conhecer nossa natureza humana, desde a ciência institucionalizada, é importante
porque isso nos oferece – a nós, indivíduos e grupos sociais, e às instituições, o quadro
normativo, o paradigma a partir do qual ela pode ser realizada ao longo do tempo.
4. A ciência política é a ciência superior a todas, porque define todas as atividades
formativa e organiza todas as instituições que lhe são correlatas (como as instituições
educacionais) em vista da realização de nossa essência humana (p. 49).
5. A ética, na medida em que define uma noção de natureza humana, serve de base para a
política institucionalizada, e a política se responsabiliza pela organização e pela
formação do corpo dos cidadãos.
6. A política existe por convenção, não por natureza. Isso porque constituição enquanto
seres humanos é uma constituição social, um trabalho de nós sobre nós mesmos. Não
nascemos prontos, esse é o pressuposto fundamental da ética. Nossa formação é

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resultado de um processo de formação árduo e longo – como insistiram também
Sócrates e Platão (p. 50).
7. O bem mais alto do ser humano é a felicidade; o mesmo vale para a sociedade. Mas o
que é a felicidade? Vida de prazeres, vida contemplativa ou política? (p. 51-52).
Ora, para entender-se o que é a felicidade, devemos entender o que é o ser humano, qual sua
característica mais fundamental, qual sua natureza (p. 55).
Vida nutritiva, vida sensitiva e vida racional. O ser humano se define como vida racional
(vontade e razão) (p. 56). Felicidade como atividade conforme à alma, como vida virtuosa.
A virtude nos vem por natureza? É por natureza que adquirimos a virtude? Como se alcança a
felicidade? A felicidade não é nossa condição natural nem nos é dada pelos deuses; ela é
resultado de um permanente e árduo trabalho de si sobre si mesmo.
A felicidade é uma atividade da alma conforme à virtude. Ora, qual é a natureza da virtude?
Não se trata da virtude do corpo, mas da alma. Nossa alma é constituída por três partes:
desejo, vontade e pensamento (p. 63).
O político deve conhecer a alma humana, como condição do bom exercício da atividade
política.

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