CARTA DE REPÚDIO DOS ASSEMBLEIANOS DO 3º PERÍODO EM
SOCIOLOGIA DA UFMA, CAMPUS BACABAL
Nós, abaixo-assinados, Graduandos do Curso em Ciências
Humanas/Sociologia da Universidade Federal do Maranhão, campus III, na cidade de Bacabal-MA, através do presente expediente, manifestamos o nosso veemente repúdio à infeliz atitude do professor Márcio Camelo em fazer incitação à “morte de Evangélicos da denominação Assembleia de Deus”, que atuam como missionários propagando o evangelho de Jesus Cristo nas aldeias de Grajaú-MA.
Ocorre que, no dia 17 de outubro do correte ano, aconteceu uma aula
conjunta entre as turmas do 3º Período e 7º Período do curso de Sociologia, articulada pelo professor Márcio. Estavam presente na aula alguns Indígenas que são universitários da UFMA, UEMA e IFMA. Em primeiro momento, eles se apresentaram falando da sua cultura, contextualizando o que é ser Indígena para eles. Ato contínuo iniciaram os debates sobre a cultura dos mesmos, onde foi feito relação com o texto proposto pelo professor para os discentes. Porém, em determinado momento, foi levantada à questão de “interferência cultural religiosa no meio Indígena”. A princípio, os Indígenas não quiseram falar sobre o assunto alegando ser polêmico, ocasião em que o citado professor instigou-os a comentarem sobre o assunto. Eles fizeram suas críticas sobre a interferência religiosa no meio do seu povo, quanto a isto, não vemos nenhum problema, pois segundo o Art. 5. Inciso V da Carta Magna do Brasil: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato".
Todavia, o docente acoroçoou a intolerância Religiosa fazendo a seguinte
pergunta: “Por que não matam esses crentes/Evangélicos?”. Nesta esteira de pensamento, o mesmo “fomentou o ódio contra evangélicos”, e ainda fez brincadeiras pejorativas contra o sagrado. Para fundamentar nosso pensamento, fazemos referência a Lei nº 7.716, de 5 de Janeiro de 1989 (Lei de Intolerância Religiosa), onde na redação do Art. 20 é claro em dizer que é crime: “Praticar, Induzir ou Incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.” Assim, nos sentimos ofendidos com a atitude do Professor Márcio, pois como fazemos parte do contexto cultural Evangélico entendemos que ocorreu uma Intolerância Religiosa na sala. Além do mais, a carta Política do nosso País no seu Artigo 5º. Inciso VI, dispõe ser “inviolável a liberdade de consciência e de crença”. Para Ex- Promotor e Justiça e Professor de Direito da Universidade Federal de Pernambuco Doutor Luís Pinto Ferreira, “a Liberdade Religiosa é o direito que tem o homem de adorar a seu Deus, de acordo com sua crença e seu culto". Dessa forma, esse comportamento por parte do educador possui caráter ideológico, uma vez que, ultimamente se tornou real e indisfarçável o preconceito contra os crentes ou evangélicos em nosso país, pois há muito tempo isto ocorre, mas hoje é um fato inegável que chega a ser preocupante, isso até mesmo nas Universidades, onde são espaços Democráticos que têm como objetivo transmitir e desenvolver conhecimento aos participantes ligados ao estudo e à formação da carreira escolhida. O professor na sala de aula pode fazer críticas a qualquer segmento religioso, essa prerrogativa é legítima. Agora não se pode adotar a postura desrespeitosa que ele cometeu.
A diversidade religiosa está presente na História de nosso país, pois Índios,
Europeus, Africanos, Asiáticos entre outros povos construíram nossa cultura e influenciaram nossos credos e crenças. Num mundo repleto de fanatismos e fundamentalismos, disfarçados ou ostensivos, a garantia do Estado laico é instrumento indispensável de preservação da democracia, da pluralidade e da igual liberdade religiosa. Em qualquer Estado Democrático de Direito a liberdade religiosa (de crença e de não-crença) deve ser entendida também como um comprometimento da ordem jurídica com o pluralismo religioso, cuja essência é respeitar as diferenças entre as pessoas, reconhecendo-as como igualmente dignas. No país onde 86,8% da população é Cristã e 22,2% é evangélica, tal atitude é um insulto contra a diversidade Religiosa.
Logo, o direito à liberdade de religião é inerente à condição humana, e a
religiosidade é um fenômeno sociológico que ganha importância jurídica, graças aos princípios constitucionais de liberdade. Diante do exposto, fazemos menção que a Organização das Nações Unidas (ONU) adotou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, depois da 1ª Guerra Mundial, que defende o respeito aos Direitos Humanos e às liberdades fundamentais, sem distinção de raça, língua, cor ou religião.
NÃO ACEITAREMOS INTOLERÂNCIA RELIGIOSA NA UNIVERSIDADE
PÚBLICA.
Everson de Carvalho Santos, Karen Stephanny de Sousa Silva, Lucas Silva,
Maninalva Sousa Feitosa Costa, Natalino Ferreira dos Santos, Rodrigo de Castro da Costa, Talielma Alves da Silva.