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FACULDADE DOCTUM MANHUAÇU

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA E AGRAVO EM RESP E RE

MANHUAÇU
2019
1- EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA

Primeiramente cabe destacar que o Embargos de Divergência é um recurso previsto nos


artigo 1.043 e 1.044 do NCPC conforme trecho transcrito abaixo:

Art. 1.043. É embargável o acórdão de órgão fracionário que:


I - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do
julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo os
acórdãos, embargado e paradigma, de mérito;
II- REVOGADO
III - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do
julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo um
acórdão de mérito e outro que não tenha conhecido do recurso,
embora tenha apreciado a controvérsia;
IV-(REVOGADO)
§ 1º Poderão ser confrontadas teses jurídicas contidas em
julgamentos de recursos e de ações de competência originária.
§ 2º A divergência que autoriza a interposição de embargos de
divergência pode verificar-se na aplicação do direito material ou do
direito processual.
§ 3º Cabem embargos de divergência quando o acórdão paradigma
for da mesma turma que proferiu a decisão embargada, desde que
sua composição tenha sofrido alteração em mais da metade de seus
membros.
§ 4º O recorrente provará a divergência com certidão, cópia ou
citação de repositório oficial ou credenciado de jurisprudência,
inclusive em mídia eletrônica, onde foi publicado o acórdão
divergente, ou com a reprodução de julgado disponível na rede
mundial de computadores, indicando a respectiva fonte, e
mencionará as circunstâncias que identificam ou assemelham os
casos confrontados.
§ 5º - REVOGADO
Art. 1.044. No recurso de embargos de divergência, será observado
o procedimento estabelecido no regimento interno do respectivo
tribunal superior.
§ 1º A interposição de embargos de divergência no Superior
Tribunal de Justiça interrompe o prazo para interposição de recurso
extraordinário por qualquer das partes.
§ 2º Se os embargos de divergência forem desprovidos ou não
alterarem a conclusão do julgamento anterior, o recurso
extraordinário interposto pela outra parte antes da publicação do
julgamento dos embargos de divergência será processado e julgado
independentemente de ratificação.
Nota-se então que se trata de um recurso que busca a uniformização de
entendimentos no Superior Tribunal de Justiça e Superior Tribunal Federal.

Quanto ao cabimento de Embargos de Divergência podemos destacar os seguintes


pontos:
 São restritos aos Tribunais Superiores (STJ e STF);
 Seja o julgado, enfrentado pelo recurso, de mérito ou sob o ângulo processual, inclusivamente quanto
à admissibilidade recursal, proferido por Turma ou Seção, que tenha divergido de qualquer outro
órgão do tribunal;
 Necessário que a decisão recorrida haja sido proferida por colegiado (acórdão;
 Incabíveis contra acórdão que aprecia Agravo, previsto no artigo 1042, do atual CPC, que não
conheça REsp ou RE, como assim impõe a súmula 315, do STJ).

Quanto ao prazo inexiste valor expresso quanto ao prazo recursal, de interposição do


recurso de Embargos de Divergência, cabível a regra geral dos prazos, ou seja, de quinze dias
úteis, à luz da previsão contida no art. 1003, § 5º do NCPC.

2- DO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL E EM RECURSO


EXTRAORDINÁRIO

Este recurso tem como objetivo combater a decisão da primeira análise


admissibilidade que inadmite o Recurso Especial ou o Recurso Extraordinário :

Art. 1.042. Cabe agravo contra decisão do presidente ou do vice-


presidente do tribunal recorrido que inadmitir recurso
extraordinário ou recurso especial, salvo quando fundada
na aplicação de entendimento firmado em regime de repercussão
geral ou em julgamento de recursos repetitivos.

Cabe ressaltar que no caso de Recurso Especial e Recurso Extraordinário existe o duplo grau
de admissibilidade:

1. Inadmissão por qualquer motivo que não seja precedentes: caberá Agravo em Resp ou
em RE:

§ 2º A petição de agravo será dirigida ao presidente ou ao vice-


presidente do tribunal de origem e independe do pagamento de
custas e despesas postais, aplicando-se a ela o regime de
repercussão geral e de recursos repetitivos, inclusive quanto à
possibilidade de sobrestamento e do juízo de retratação.
§ 3o O agravado será intimado, de imediato, para
oferecer resposta no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 4o Após o prazo de resposta, não havendo retratação, o agravo
será remetido ao tribunal superior competente.

 Relator do STJ ou STF recebe o agravo e faz o julgamento. Na mesma decisão ele
resolverá o agravo, a segunda admissibilidade e, se for o caso, o mérito do Resp ou
RE
§ 5o O agravo poderá ser julgado, conforme o
caso, conjuntamente com o recurso especial ou
extraordinário, assegurada, neste caso, sustentação oral,
observando-se, ainda, o disposto no regimento interno
do tribunal respectivo.

 Dependendo da sistemática do tribunal, o relator poderá enviar o agravo para


julgamento colegiado.

2. Se for inadmitido por precedente: caberá agravo interno


 Leva o processo para o órgãos especial do próprio Tribunal local
 Mais pessoas julgando para analisar se aquele precedente se aplica ou não ao caso
 O resultado do agravo interno será um acórdão decidindo se o Resp ou RE é ou
não admissível
 Esse acórdão será atacável por Resp ou RE
 Então, esse Resp ou RE irá tratar sobre a admissibilidade do outro Resp ou RE,
que foi negada no agravo interno. Dessa forma, forma-se um ciclo, na medida em
que esse segundo Resp ou RE, que ataca o acórdão que negou a admissibilidade do
primeiro Resp ou RE, também será submetido ao juízo de admissibilidade do
Tribunal a quo, que poderá ser atacado por agravo interno e assim por diante.

Destaco também que este recurso não tem preparo, cabe retratação do Presidente ou Vice
presidente que negar a admissibilidade do recurso e sua remessa ao Tribunal julgador.

3- DO INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS

O IRDR é o incidente de resolução de demandas repetitivas foi introduzido no


ordenamento jurídico brasileiro com o Novo CPC. Como o próprio nome revela, relaciona-
se com a existência de demandas repetitivas em um determinado órgão de julgamento. Ou
seja, em um tribunal local existe grande demanda em face de cobrança indevida de empresas
de telefonia. E a quantidade de processos semelhantes congestiona a atividade julgadora. O
Tribunal, então, poderá admitir um IRDR. E, desse modo, os casos semelhantes serão
julgados sob uma mesma tese. Assim, não apenas se promove o andamento dos processos,
como se uniformiza uma decisão, de forma a evitar o julgamento diferenciado de objetos
semelhantes. Entendendo que não é um Recurso e sim um Incidente Processual.

O art. 976, Novo CPC, então, estabelece quando o IRDR poderá ser instaurado. Desse
modo, é cabível quando houver, simultaneamente – ou seja, é um rol cumulativo e não
alternativo:
1. efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre a mesma questão
unicamente de direito;
2. risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica.

O Novo CPC, então, prevê também a suspensão do processo diante de IRDR.


Instaurado o incidente de resolução de demandas, os processos que possuam como objeto a
matéria sobre a qual ele verse deverão ser suspensos por até 1 ano, conforme o art. 313, IV,
Novo CPC.

Uma vez que o incidente seja julgado, a decisão deverá ser aplicada não apenas aos
processos já em curso. Deverá ser aplicada, também, a todos os processos vindouros. Nesses
casos, então, independentemente da citação do réu, o juiz poderá julgar improcedente o
pedido, caso ele contrarie o entendimento firmado no IRDR.

Desse modo, é a redação do art. 332, Novo CPC:

Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz,


independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente
o pedido que contrariar:
III – entendimento firmado em incidente de resolução de demandas
repetitivas ou de assunção de competência;

Conforme o art. 928 do Novo CPC, percebe-se que o código se esforça em esclarecer
que a decisão do IRDR não recai sobre a causa em específico, mas sobre uma tese jurídica.

Art. 928. Para os fins deste Código, considera-se julgamento de casos


repetitivos a decisão proferida em:
I. incidente de resolução de demandas repetitivas;
II. recursos especial e extraordinário repetitivos.
Parágrafo único. O julgamento de casos repetitivos tem por objeto
questão de direito material ou processual.

Cabe destacar que essa demanda tem origem na aplicação do common law, onde se
é aplicado os precedentes das cortes com seu efeito vinculante, e tem sido por alguns
doutrinadores tratadas como inconstitucionais. Porém esse incidente deve enfim trazer maior
celeridade nas demandas judiciais.

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